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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 7º PERÍODO- LB1 DISCIPLINA: GEOLOGIA Prof.ª MARIA DE FÁTIMA Atividades Geológicas do Gelo MARÍLIA GABRIELA ALBUQUERQUE WANDERSON MOURA PRISCILA OLIVEIRA RECIFE 2013 Gelos e Geleiras Geleiras são massas naturais de gelo originadas sobre os continentes de limites definidos. São corpos dinâmicos e altamente sensíveis ao clima e se movimentam pela ação da gravidade, podendo eventualmente terminar no mar ou em um lago. Originam-se pela acumulação de neve e sua compactação por pressão transformando-a em gelo (Teixeira et. al., 2009). Há três bilhões de anos ocorre a expansão e recuo das geleiras nos continentes e atualmente cobrem cerca de 10% da superfície terrestre, sendo considerado um dos mais importantes agentes geológicos modificadores do planeta. As geleiras podem ser classificadas em Alpinas, Continentais ou Piemonte. As geleiras são consideradas de grande importância sobre o sistema hidrológico e socioeconômico em diversos países. Em La Paz na Bolívia, 70% da água utilizada provém dessas geleiras. São utilizadas em diversos países para produção de energia em pequenas hidroelétricas, abastecimento de água para o consumo das comunidades e suprir água na agricultura, além de possuírem grande importância na área turística, devido ao seu grande valor paisagístico (Ramirez et al., 2006). Tipos de Geleiras Geleiras Alpinas são geleiras caracterizadas por terem maior acúmulo de gelo em regiões montanhosas e que podem atingir dimensões consideráveis. O nome vem dos Alpes e como exemplos de geleiras alpinas existem os Alpes e Andes. Geleiras Continentais são geleiras que se desenvolvem em áreas extensas e planas, em áreas continentais ou ilhas junto aos pólos. Caracterizam-se por não apresentar movimento e podem atingir o nível do mar. Um exemplo considerável é a Groelândia que possui quase todo o seu território coberto por gelo. Geleiras Piemonte ou Vale são geleiras se que formam em vales entre montanhas. Presença de coníferas (pinheiros) é bem característico dessas regiões. Erosão Glacial Partículas ou detritos do assoalho sobre qual se movem as geleiras podem ser incorporadas ou removidas através do processo de erosão glacial. Existem três principais processos de erosão no gelo que são: Abrasão, Remoção e Ação da água de degelo. Abrasão: Desgaste do assoalho sobre qual as geleiras se deslocam, a partir da ação de partículas rochosas transportadas na base do gelo. Remoção: Remoção de fragmentos rochosos maiores pelas geleiras. Esse processo ocorre devido à infiltração da água de degelo, o seu congelamento, aumento de volume e formação de fraturas ou descontinuidades nas rochas do substrato. Ação de água de degelo: Esse processo de erosão produz efeitos de ação química e mecânica. O embasamento, a quantidade de partículas, a turbulência e velocidade da água são fatores que interferem na ação erosiva da água de degelo. Movimento das Geleiras As Geleiras fluem devido a três fatores: inclinação do terreno, força da gravidade e época do ano. A velocidade média do movimento das geleiras está entre 0,6 e 18m por dia. Balanço de Massas e Fluxo das Geleiras O equilíbrio ou balanço entre a acumulação de neve e sua perda por ablação (derretimento, fragmentação ou sublimação do gelo) é denominado balanço de massa. Este processo afeta a vida das geleiras independente de seu tamanho. Esse balanço pode ser positivo, negativo ou neutro. O balanço positivo caracteriza-se por haver um maior acúmulo e menor perda de neve, acarretando a ampliação e crescimento das geleiras, diferentemente do balanço negativo onde ocorre uma maior perda de neve, podendo ocasionar o desaparecimento de geleiras. Quando as geleiras mantêm uma massa constante o balanço é considerado zero ou neutro. Existem três diferentes tipos de mecanismos de fluxos de geleiras: deformação interna, deslizamento basal e deformação do substrato da geleira. Deformação interna: Rastejamento, deslocamento relativo de cristais de gelo. Maior junto à base das geleiras devido a espessura do gelo ser diretamente proporcional ao esforço cisalhante. Deslizamento Basal: Movimento lento de geleiras que se encontram em temperaturas próximas ao seu ponto de fusão. Deformação do substrato da geleira: Deslizamento ao longo de planos internos da massa de gelo. Assim, transporte e sedimentação são os dois últimos processos do ciclo superfi cial, que modelam e desgastam o relevo. O transporte consiste na “viagem” das partículas e íons retirados das rochas e solos pelo intemperismo e erosão até o seu sítio de deposição. Este transporte é feito pelas correntes de água e de vento e pelo deslocamento das geleiras. Através da deposição ou sedimentação, as partículas e os íons depositam–se quando o vento cessa, as correntes de água se desaceleram, ou as bordas das geleiras se fundem. Quando estas partículas e íons que sofreram erosão e transporte são depositados nos vários ambientes da superfície terrestre são denominados sedimentos. Estes sedimentos podem ser de dois tipos: clásticos; químicos ou bioquímicos. Os sedimentos em uma bacia sedimentar são o reflexo não apenas do agente de transporte e de deposição, mas também do tipo de intemperismo que atuou na área fonte. Para dar um encadeamento seqüencial e lógico no que serão abordadas daqui em diante, os agentes erosivos, as formas de transporte e sedimentação bem como as feições do relevo de cada agente serão tratados nos seus conteúdos específicos. Erosão, transporte e deposição através da atividade glacial Quando as temperaturas médias de uma região se situam abaixo de 0ºC, as precipitações ocorrem mais frequentemente sob a forma de neve, que posteriormente é convertida em gelo. As duas grandes regiões de acumulação de gelo são as regiões polares e as regiões das altas altitudes. Nestas regiões, o gelo desempenha um papel fundamental na esculturação do relevo terrestre, pois ele é quem mais tem energia para destruir as rochas e transportá-las para regiões mais rebaixadas. Sendo assim, ele se comporta como o agente de intemperismo mais competente para a destruição e reconfiguração das paisagens montanhosas. As geleiras são massas de gelo formadas naturalmente pela acumulação, compactação e recristalização da neve, que se movimentam pela ação da gravidade. Fazem parte da criosfera e são sistemas dinâmicos que envolvem acumulação e transporte de gelo. As partes de um sistema glacial são: zona de acumulação; zona de ablação;linha de neve;A diminuição das geleiras resulta do aquecimento e degelo da frente da geleira. A diferença entre a acumulação e a ablação resulta no crescimento ou na diminuição da geleira. Quando a ablação e a acumulação se anulam, a geleira está em equilíbrio mantendo o seu tamanho. Se a acumulação for maior que a ablação, ocorre o crescimento da geleira e se a ablação for maior que a acumulação ocorre a diminuição da geleira. Este equilíbrio, também denominado balanço glacial, pode se modificar com o tempo. Uma vez que o material sólido é incorporado à geleira, pode ser transportado por vários quilômetros antes de ser depositado na área da ablação. Todos os depósitos deixados pelos glaciares recebem o nome de sedimentos glaciares. Os sedimentos glaciares são divididos pelos geólogos em dois tipos distintos: · Materiais depositados diretamente pela geleira, sendo conhecidos como tilito ou argila glaciária. · Os sedimentos deixados pela água provenientes da fusão da geleira, denominados sedimentos estratificados. Os grandes blocos que se encontram no tilito ou livres sobre a superfície designam-se por erráticos glaciários que são diferentes ao leito de rocha em que se encontram (isto é, a sua litológica não é a mesma que a rocha encaixada subjacente). Os blocos erráticos de uma geleira são rochas soltas e, portanto logo abandonadas pela corrente de gelo. O seu estudo litológico permite averiguar a trajetória da geleira que os depositou. As geleiras transportam rochas erodidas de todos os tamanhos e tipos para jusante eas depositam quando e onde o gelo se derreter. O gelo é um agente de transporte de detritos muito eficiente porque todo o material que recolhe não se afunda, como acontece com a carga transportada pelos rios. Assim como a água e o vento, o gelo tem uma competência e uma capacidade. A competência do gelo é extremamente alta, assim como a sua capacidade. Quando o gelo glacial derrete, ele deposita uma carga de sedimentos muito heterogênea. A principal diferença entre os sedimentos glaciais e os fluviais e eólicos é a sua grande variedade de tamanhos. Os sedimentos fl uviais são bem selecionados e os sedimentos eólicos têm uma seleção ainda melhor do que o fluvial. Os principais depósitos que caracterizam a paisagem pós-glacial são: · Morenas (frontal, basal e lateral) · Drumlim · Esker · Kame · Kettle O nome mais comum para os sedimentos das geleiras é o de morenas. O termo tem origem francesa e foi atribuído por camponeses para referir-se aos rebordos e terraplanagens aluviais de sedimentos encontrados perto das bordas das geleiras nos Alpes franceses. Na geologia moderna, este termo é mais usado num sentido mais lato, porque se aplica a uma série de formas, todas elas compostas por tilito. Drumlin – colina com a forma de extensos cordões alongados de till e substrato rochoso, paralelos à direção de movimento do gelo, em um terreno de geleira continental. Esker – crista longa, estreita e sinuosa formada por areia e cascalho encontrada no meio de uma morena. Kame – depósito fl úvio–glacial formado em uma cavidade ou em uma depressão da geleira que, após o derretimento, forma pequenos montículos. Kettle – depressão formada em uma morena ou em um depósito fl úvio–glacial criado pelo derretimento de um bloco de gelo aprisionado dentro dos materiais. Formas de relevo glaciais As geleiras alpinas esculpem as montanhas de uma maneira bem característica e facilmente reconhecível. Da ação erosiva das geleiras resultam, após o derretimento do gelo, as seguintes paisagens: · Circos glaciais (antigas zonas de acumulação do gelo); · Vales em forma de “U”; · Picos e arestas (delimitam os vales suspensos); · Vales suspensos (resultam da escavação de geleiras menores); · Fiordes (vales glaciais afogados). O substrato rochoso traz as marcas das geleiras. As principais marcas deixadas pelas geleiras são: Rochas moutonnées – São blocos de rochas que foram transportados pela geleira; eles se apresentam cheios de estrias glaciais, ficando com aspecto de fios entrelaçados. Estrias glaciais – são sulcos formados no pavimento rochoso pelas rochas trazidas pelo gelo. Estas estrias permitem determinar a direção e o sentido do escoamento do gelo quando a geleira desaparece. A cartografi a das estrias permite a reconstrução do seu padrão de fluxo, com importantes implicações na reconstrução de antigas linhas de costa e da paleoecologia das regiões. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Educação Pública-Geologia Geral http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/geologia/geologia_geral/unid1_cap0.html RAMIREZ, E.; BERGER, T. e RAMALLO, C.; Impact of climatic on the water resourse availabitlity in the Bolivian Cordillera, a case study: The Zongo an Tuni catchments. In: Cambio Climático – Organizando la Ciência para la Cordillera Americana – CONCORD, 2006, Mendoza. Resúmenes – Simpósio sobre Cambio Climático: Organizando La Ciência para La Cordillera Americana, 1: 87-87, 2006. TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T. R.; TOLEDO, M. C. M.; TAIOLI, F. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2Ed, 2009. 348-375p. image1.jpeg