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7 Capítulo 3 Dançar e pensar a sociedade 45 Sobrevoo No encontro também aprendemos sobre nós mesmos 46 Para experimentar: Um encontro por meio da dança 50 Para pesquisar: Passinho, a emergência de uma dança urbana brasileira 52 Foco na História: O início do movimento hip-hop 54 Foco no... Hip-hop no Brasil 56 Foco no conhecimento Estratégias para dançar em grupo 58 Processos de criação 60 Organizando as ideias 61 Capítulo 4 Arte que difunde ideais 63 Para pesquisar: Cartazes 63 Sobrevoo Arte e transformação social 64 Para pesquisar: Artes gráficas 65 Foco na História: As vanguardas russas 66 Para experimentar: Pintura com estêncil 69 Foco em... Alexander Rodchenko 72 Para experimentar: Experimentações do olhar 75 Foco no conhecimento Fanzine 76 Processos de criação 77 Organizando as ideias 79 A N D R EA E B ER T © K U LA G IN A , V A LE N TI N A /A U TV IS , B R A SI L, 2 01 8 – M U SE U D E A R TE S M A R T, C H IC A G O 7 8 Capítulo 5 Coletividades que transformam: o teatro de grupo 81 Sobrevoo Coletivos em criação e intervenção na sociedade 82 Para experimentar: Confiar no outro 82 Para experimentar: Movendo-se em coro 87 Foco na História: O teatro experimental do negro 91 Para pesquisar: Teatro de grupo latino-americano 92 Foco no... Teatro de grupo e transformação social 93 Foco no conhecimento Criação coletiva e processo colaborativo 95 Processos de criação 97 Organizando as ideias 99 Capítulo 6 Música e vida em transformação 101 Sobrevoo Músicas e contextos 102 Para pesquisar: As músicas do álbum Tropicalia ou Panis et circencis 108 Foco na História: 1968 – Manifestação política e musical da juventude 110 Para experimentar: Criando versos 112 Foco em... Nina Simone 113 Foco no conhecimento Estruturas musicais 116 Processos de criação 118 Organizando as ideias 119 D AV ID R ED FE R N /R ED FE R N S/ G ET TY IM A G ES R A FA EL T EL LE S/ C LO W N S D E SH A K ES PE A R E 8 9 Capítulo 8 Práticas para estar juntos 139 Para experimentar: Imaginar e transformar modos de estar juntos 142 Para experimentar: Customizar com o grafite 144 Para experimentar: Uma publicação teatral 147 Para experimentar: A letra da canção vira dança 148 Processos de criação Organizando um sarau 150 Organizando as ideias 153 Índice remissivo 154 Referências 155 Referências bibliográficas 156 Guia do CD 160 Capítulo 7 Entre a indústria cultural e a transformação social 121 Sobrevoo Teatro, música e coletividade 122 Foco na História: Em busca de um teatro nacional e popular 125 Para experimentar: Criando uma cena a partir de uma música 126 Para pesquisar: Rap e construção narrativa 131 Foco no... Teatro musical 132 Foco no conhecimento Elementos do teatro musical 135 Processos de criação 136 Organizando as ideias 137 SA R A K R U LW IC H /T H E N EW Y O R K T IM ES /F O TO A R EN A JU C A M A R TI N S/ O LH A R IM A G EM – M U SE U A B ER TO D E A R TE U R B A N A , S Ã O P A U LO 9 10 Participantes da performance Divisor realizada em uma exposição em Hong Kong em 2013. 1010 Este capítulo, “Arte e vida co- letiva”, relaciona-se às Unida- des temáticas da BNCC: Artes visuais; Dança; Música; Teatro; Artes integradas. De acordo com as Competên- cias específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo bus- cam levar os estudantes a: 1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos po- vos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de di- versas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reco- nhecer a arte como um fenô- meno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades. 2. Compreender as relações en- tre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de in- formação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de pro- dução, na prática de cada lin- guagem e nas suas articulações. 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando es- paços da escola e de fora dela no âmbito da Arte. 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consu- mo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, mo- dos de produção e de circulação da arte na sociedade. 7. Problematizar questões polí- ticas, sociais, econômicas, cien- tíficas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produ- ções, intervenções e apresenta- ções artísticas. 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho co- letivo e colaborativo nas artes. para auxiliá-lo a organizar e enriquecer o trabalho neste bimestre: • um Plano de desenvolvimento com uma seleção de objetos de conhecimento, habilidades e práticas pedagógicas a serem utilizados ou adaptados de acordo com a sua realidade ou necessidade para o período. • três Sequências didáticas: 1. “Coreografando com cartas”; 2. “Nossas canções para todos”; 3. “Jogando com o público”. • uma proposta de Projeto que integra os componentes curriculares Arte, Ciências e Matemática. 111o BIMESTRE ARTE E VIDA COLETIVA O que você entende pela palavra “coletivo”? Resposta pessoal. Coletivo pode se referir a algo que é composto ou compartilhado por mais de uma pessoa. Nesse sentido, grande parte do que está ao seu redor pode ser considerado coletivo: espaços públicos, ideias, questões sociais ou bens culturais. Atualmente, é comum usar a palavra “coletivo” para se referir também a grupos de artistas que trabalham com diferentes linguagens artísticas. Isso geralmente enfatiza a opção de se organizar de modo que todos os integrantes tenham o mesmo protagonismo nas decisões do grupo e nos processos de criação. Nos diferentes usos da palavra “coletivo” que poderão aparecer neste livro, tratar-se-á sempre da relação entre pessoas e, consequentemente, das questões e dos desafios que podem surgir dos modos de convivência. Observe a imagem ao lado. Quais elementos chamam a sua atenção? Quais desses elementos podem ser associados à ideia de coletividade? A artista visual Lygia Pape (1927-2004) realizou a performance Divisor pela primeira vez em 1968. Como pode ser visto na imagem, na intervenção um longo tecido branco com diversas fendas era colocado sobre o coletivo de participantes, permitindo que apenas as suas cabeças ficassem visíveis. Desse modo, ao se movimentar, cada participante necessariamente interagia com todos os outros – e a movimentação coletiva gerava uma espécie de coreografia improvisada. Você vê alguma relação entre a performance e a convivência das pessoas nos coletivos dos quais você faz parte, como a família, a escola, o país ou outros? 1 2 Respostas pessoais. 3 Resposta pessoal. Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor. Respostas pessoais. 1 Você considera que uma manifestação artística pode promover transformações no cotidiano? Por quê? 2 Algum tipo de arte já estimulou você a pensar sobre as relações com as pessoas com quem convive? Comente. Para refletir K IN C H E U N G /A P P H O TO /G LO W IM A G E S – © P R O JE TO L Y G IA P A P E 11 Sobre o capítulo Este capítulo foca nas ideias de coletividade e vida coletiva. O objetivo é introduzir e desdo- brar uma das perguntas que nortearão este livro: “Como as artes transformam as realida- des e são transformadas nesta relação?”. A partir desse recor- te, apresentaremos exemplos artísticos que propõem modos específicos de convívio e de ex- periência da vida em comum: seus conflitos, debates, jogos, normas e improvisos. Sobre a imagem A imagem da performance Di- visor, de Lygia Pape, foi esco- lhida,pois transforma as par- ticipações individuais em uma experiência coletiva. As pessoas estão unidas, desenvolvendo uma ação conjunta que resul- ta em um só corpo. É parte da proposta que esta performance possa ser realizada por qual- quer um. Sobre as atividades 2. Aponte para o fato de que, nessa imagem, todas as pesso- as estão envolvidas por uma mesma estrutura material. A coletividade se dá pelo com- partilhamento da ação. O ritmo da performance se dá organica- mente, à medida que todos se movimentam. 3. A movimentação do cole- tivo de pessoas, unidas pelo tecido que as envolve, pode levar a diferentes associações com atividades ou dinâmicas relacionadas à experiência dos estudantes em diferentes cole- tividades. Se julgar pertinente, proponha uma conversa com a turma a partir das seguintes questões: “Em quais momentos da vida você integrou coletivos com pessoas que não conhe- cia?”; “Em que situações você se deixou levar por um ritmo instituído por um grupo?”; “De que modo as decisões de ou- tras pessoas influenciam as suas ações?”. No Manual do Professor – Digi- tal você encontrará sugestões Sobre as atividades: Para refletir As respostas às questões 1 e 2 são de ordem pessoal. Você pode estimular a reflexão por meio do resgate de exemplos artísticos já conhecidos pelos estudantes, discutindo como as experiências artísticas podem tirar o público de sua zona de conforto. Muitas manifestações artísticas possuem o potencial de provocar transformações, mas elas só acontecem de fato quando o público também se engaja nessa transformação. 12 Coletividade Quais são os espaços públicos que você costuma frequentar em sua cidade? Como é a interação entre as pessoas nesses locais? Que tipo de encontros poderiam ocorrer nesses locais e quais de fato acontecem? Respostas pessoais. 1 Observe a imagem acima. O que parece estar acontecendo nessa praça? O que você identifica como intervenção artística nessa imagem? Respostas pessoais. Na ocupação artística OPAVIVARÁ! AO VIVO!, uma cozinha co- letiva foi instalada na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro (RJ), e qualquer pessoa podia levar seus ingredientes e suas receitas e cozinhar a muitas mãos em plena região central da cidade. Nesse encontro que reuniu indivíduos com perfis diversos, nada era vendido e tudo era compartilhado pelos participantes da ação – de modo que a troca de receitas se tornou também uma troca de experiências. 2 O PA VI VA R Á C O LE TI VO Ocupação OPAVIVARÁ! AO VIVO! na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro (RJ), 2012. 1212 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nesta seção, apresentamos ações artísticas que tratam de questões relativas à coletivi- dade, com foco em ambientes urbanos. Unidades temáticas da BNCC: Artes visuais; Dança; Música; Te- atro; Artes integradas. Objetos de conhecimento: Contextos e práticas; Elemen- tos da linguagem; Processos de criação; Matrizes estéticas e cul- turais; Patrimônio cultural. Habilidades em foco nesta seção: (EF69AR01) Pesquisar, apre- ciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangei- ros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes con- textos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imagi- nário, a capacidade de simboli- zar e o repertório imagético. (EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apre- ciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas. (EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento co- tidiano e do movimento dança- do, abordando, criticamente, o desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicio- nal e contemporânea. (EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da mú- sica (altura, intensidade, tim- bre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diver- sas de composição/criação, exe- cução e apreciação musicais. (EF69AR23) Explorar e criar im- provisações, composições, ar- ranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumen- tos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não conven- cionais, expressando ideias mu- sicais de maneira individual, co- letiva e colaborativa. (EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigan- do os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro. (EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a apri- morar a capacidade de apreciação da estética teatral. (EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômi- ca, estética e ética. 131o BIMESTRE A ação foi organizada pelo coletivo de artistas OPAVIVARÁ! e o objetivo era dar voz e vez aos frequentadores dos espaços públicos da cidade, provocando reflexões sobre como os indiví- duos podem ocupar esses locais, pelos quais normalmente tran- sitam mas com os quais não se relacionam de fato. Além dos espaços convencionais de arte como museus e ga- lerias, o OPAVIVARÁ! atua em praças, praias, ruas e outros lo- cais de convivência. Em suas propostas, o público deixa de ser apenas um espectador e se torna um agente responsável por ativar as intervenções artísticas desse coletivo. O grupo é cons- tituído por ao menos seis integrantes que não se identificam individualmente, pois preferem ressaltar que a autoria de seus trabalhos é coletiva. Quais ações semelhantes à realizada pelo coletivo OPAVIVARÁ! acontecem ou poderiam acontecer em sua cidade? Resposta pessoal. Sua comunidade se manifesta e participa das discussões sobre o que acontece em sua escola ou em seu bairro? Como? Respostas pessoais. A dança dos encontros que transforma a vida coletiva no cotidiano 3 4 DANÇA por correio. Direção: Márcio Greyk. Interpretação e criação: Zumb.boys (Danilo Nonato, David Xavinho, Márcio Greyk, Guilherme Nobre, Igor Souza, Eddie Guedes). São Paulo (SP), 2016. W IL LI A N M A C H A D O /Z U M B .B O YS Observe a imagem acima. Ela transmite alguma ideia de coletividade a você? Qual? Respostas pessoais. 5 13 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Orientações Neste Sobrevoo, escolhemos apresentar ações artísticas que abordam, de diferentes modos, a vida coletiva e as transforma- ções que a arte pode provocar na esfera social. Sobre as atividades 1. Você pode instigar os estu- dantes a refletir sobre a quali- dade dos encontros que aconte- cem nesses espaços. As pessoas param e conversam nesse local? Ou apenas passam por ele? Qual é o perfil dos frequenta- dores? Há atividades que es- timulam a interação entre as pessoas, como feiras, eventos culturais ou sociais? O objetivo desta atividade é partir da vi- vência dos próprios estudantes para então seguir para a leitura da imagem. 2. Conduza a leitura da imagem com os estudantes. Chame a atenção para as pessoas ao re- dor da mesa, para as cadeiras de praia e para as demais insta- lações. O coletivo OPAVIVARÁ! criou nessa praça uma cozinha a céu aberto com mesas, cadei- ras, forno, bebedouros, pias, entre outros elementos. O que torna essa ação uma interven- ção artística é a presença do público e o estímulo dos artistas que conduziram esse movimen- to de apropriação do espaço. 3. e 4. Os estudantes podem tra- zer exemplos de fora do campo artístico, como feiras e outros eventos realizados em locais públicose voltados à partici- pação voluntária e gratuita de qualquer pessoa. O importante é incentivar a turma a refletir sobre o modo como a comuni- dade se organiza e se apropria dos espaços públicos. Sobre os exemplos trazidos pelos estu- dantes, pergunte: “Quem esti- mula essa apropriação coletiva do espaço público?”; “De que modo a arte pode incentivar essa apropriação?”. O trabalho com estas atividades contem- pla as habilidades (EF69AR01), (EF69AR31) e (EF69AR33) da BNCC. (EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas. (EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas euro- cêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.). (EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulá- rio e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas. 14 Dança por correio é uma intervenção artística do grupo Zumb.boys. Ela é realizada em praças, parques e outras áreas de lazer e de convivência. Durante a apresentação, o elenco de dançarinos entrega cartas aos frequentadores presentes nesses lugares e os convida a dançar junto com eles. As cartas trazem instruções de movimentos e ações e sugerem maneiras de experimentar diferentes formas de se relacionar com o outro – dançarino ou espectador – por meio da dança. As pessoas que se mostram interessadas ou abertas ao encontro com os artistas podem criar movimentos e ações de acordo com as propostas das cartas ou então participar da intervenção ape- nas como espectadoras. Esse trabalho do grupo Zumb.boys depende da interação com o público e não é apresentado em espaços teatrais conven- cionais. Por essa razão, os artistas o consideram uma interven- ção artística. DANÇA por correio. Direção: Márcio Greyk. Interpretação e criação: Zumb.boys (Danilo Nonato, David Xavinho, Márcio Greyk, Guilherme Nobre, Igor Souza, Eddie Guedes). Apresentação em uma escola em São Paulo (SP), 2017. K EL SO N B A R R O S/ ZU M B .B O YS 14 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Orientações A apresentação da intervenção artística Dança por correio per- mite estimular reflexões acerca do modo como as pessoas se relacionam em lugares comu- mente destinados ao convívio, ao descanso ou à passagem. Com esse trabalho, os bailari- nos do grupo Zumb.boys pro- vocam alterações nos hábitos e nas ações dos frequentadores desses espaços. Ao aceitar o convite para dançar, feito pelos integrantes do grupo, o indiví- duo pode experimentar ritmos, formas e sensações nem sempre presentes na vida cotidiana. Se possível, apresente alguns trechos dos registros de Dan- ça por correio aos estudantes. Convide-os então a analisar o modo como os bailarinos se aproximam das pessoas. Peça a eles que reparem na simplicida- de das coreografias, que bus- cam deixar os participantes à vontade para interagir e dançar com os bailarinos do grupo. Questione os estudantes sobre a movimentação dos bailarinos: “É possível reconhecer a inspi- ração do break nos movimentos dessa dança?”. Alguns estudan- tes podem ter conhecimentos prévios ou interesse pela virtuo- sidade dos movimentos ou pela competição (ou batalha), pre- sentes na cultura do break. Pro- cure identificar o que interessa os estudantes e converse sobre as relações entre a origem dos movimentos e o contexto de competição ligado ao break. O conteúdo apresentado nestas páginas contempla as habilida- des (EF69AR09) e (EF69AR10) da BNCC. 151o BIMESTRE B-boy e b-girl Praticante de break. Break Dança associada ao movimento hip-hop. Os movimentos característicos do break são dobras e torções pouco usuais das articulações, giros em que o corpo está apoiado com a cabeça no chão, ou com as costas no chão, além de saltos e outros movimentos virtuosos. É uma dança ritmicamente complexa. • Assista a um trecho de uma das apresentações de Dança por correio, dos Zumb.boys. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hq3jyyati5A>. Acesso em: 30 out. 2018. Os integrantes do grupo criam suas coreografias com o ob- jetivo de tornar seu trabalho acessível a qualquer pessoa e pro- põem reflexões sobre a convivência nos diversos contextos em que apresentam suas danças. O grupo Zumb.boys começou a atuar em 2003 como equipe de competição em campeonatos de danças urbanas. Em 2007, incorporaram suas experiências como b-boys, com técnicas de outras modalidades de dança, na criação de seus espetáculos cênicos mas mantendo o break como base da movimentação. Você acha que as danças urbanas podem promover reflexões sobre questões sociais? Por quê? 6 Respostas pessoais. DANÇA por correio. Direção: Márcio Greyk. Interpretação e criação: Zumb.boys (Danilo Nonato, David Xavinho, Márcio Greyk, Guilherme Nobre, Igor Souza, Eddie Guedes). Apresentação em uma escola em São Paulo (SP), 2017. K EL SO N B A R R O S/ ZU M B .B O YS 15 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Orientações As reflexões iniciadas a partir da proposta do grupo Zumb. boys serão desenvolvidas no Ca- pítulo 3, que foca na linguagem da Dança. Sugerimos que você retome posteriormente a apre- ciação das propostas do grupo Zumb.boys, a fim de conectar as conversas sobre a dança e o espaço urbano; sobre a dança e a transformação das relações entre as pessoas; e sobre as pos- sibilidades de transformações de atitudes, hábitos e modos de pensar. Sobre as atividades 6. Historicamente, as chamadas danças urbanas ligadas ao movimento hip-hop nasceram nos bailes das comunidades afro- americanas e periféricas nos Estados Unidos e carregam características dos hábitos e modos de viver das pessoas dessas comuni- dades. Atualmente, a noção de dança urbana tem se ampliado para além das danças do movimento hip-hop. Orientações para o professor acompanham o Material Digital Audiovisual Material Digital Audiovisual • Vídeo: Dança para conhecer pessoas e lugares: processos de criação do Avoa! https://www.youtube.com/watch?v=hq3jyyati5A 16 A vida coletiva sobe à cena Observe a imagem acima. Quais elementos estão sendo utilizados cenicamente nessa fotografia? O projeto 100% City, dos artistas do coletivo teatral alemão Rimini Protokoll, já foi apresentado em muitas cidades dife- rentes desde 2008. Em cada localidade por onde passam, os artistas convidam 100 habitantes para participar do espetáculo, de modo a compor, com base em dados estatísticos, uma repre- sentação da população da cidade escolhida. Em 2016, o coletivo se apresentou no teatro municipal da ci- dade de São Paulo (SP). Para a realização da montagem 100% São Paulo, os artistas se perguntaram: “E se a população de São Paulo pudesse ser representada em cena por 100 pessoas? Quem seriam elas? E, dentre elas, estaria faltando alguém?”. Ao longo do espetáculo, os convidados se apresentavam ao público presente no teatro e, após essa introdução, respon- diam a uma série de questões propostas pelo coletivo alemão. 7 100% SÃO PAULO. Concepção: Rimini Protokoll. Direção: Helgard Haug, Stefan Kaegi e Daniel Wetzel. Theatro Municipal de São Paulo, São Paulo (SP), 2016. M IT SP - IN TE R N AT IO N A L TH EA TR E FE ST IV A L O F SÃ O P A U LO 16 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Sobre o Rimini Protokoll Coletivo teatral alemão forma- do pelos autores e diretores de teatro Helgard Haug (1969-), Stefan Kaegi(1972-) e Daniel Wetzel (1969-). Desde 2002, eles desenvolvem espetáculos que criam perspectivas inco- muns para assuntos da reali- dade, explorando as fronteiras entre realidade e ficção. Um dos traços marcantes desses espetáculos é a constante pre- sença de não-atores em cena. A seleção das pessoas para o es- petáculo 100% São Paulo acon- teceu da seguinte maneira: os artistas do coletivo escolheram, em São Paulo, a primeira pes- soa das 100 que iriam compor o elenco. A partir dessa escolha, esse primeiro convidado de- veria indicar alguém – e assim sucessivamente, com cada con- vidado, até atingir o total de 100 pessoas. O intervalo entre as indicações foi de apenas 24 horas. Além disso, os critérios que pautavam essas indicações, no caso de São Paulo, tinham como objetivo contemplar a diversidade da população, ou seja, não se tratava de organi- zar um elenco majoritariamen- te masculino ou de cor de pele branca, por exemplo. Questões como gênero, etnia, idade etc., contavam muito para a seleção, assim como a diversidade re- gional dos indicados. O projeto 100% city já realizou apresen- tações em Berlim (Alemanha), Zurique (Suíça), Paris (França), Copenhague (Dinamarca), Tó- quio (Japão), Melbourne (Aus- trália), entre outros locais. O conteúdo destas páginas con- templa a habilidade (EF69AR24) da BNCC. Sugestões para o professor Conheça o projeto no site do Rimini Protokoll (em inglês). Disponível em: <https://www.rimini-protokoll .de/ website/en>. Acesso em: 26 out. 2018. Assista também ao vídeo de uma apresentação do espetáculo 100% São Paulo. Disponível em: <https:// www.rimini-protokoll.de/website/en/ project/100-sao-paulo>. Acesso em: 22 mar. 2018. Sobre a atividade 7. O espaço cênico é revestido por uma espécie de tapete verde, onde se dispõem algumas das pessoas que atuam na peça; há uma câmera, acima do palco, que as filma e há também uma projeção ao fundo, que exibe ao vivo as imagens captadas, além de microfones fora da arena. Fora esses elementos, não há mais cenografia no espaço. Assim, os corpos dos participantes são os protagonistas da cena. Incentive os estudantes a observar nas imagens a variedade de tipos físicos no palco, assim como a grande quantidade de pessoas que preenchem o espaço. A identificação desses elementos contempla a habilidade (EF69AR25) da BNCC. https://www.rimini-protokoll.de/website/en https://www.rimini-protokoll.de/website/en https://www.rimini-protokoll.de/website/en/project/100-sao-paulo https://www.rimini-protokoll.de/website/en/project/100-sao-paulo https://www.rimini-protokoll.de/website/en/project/100-sao-paulo