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MULHERES: MAIORIA EM NÚMEROS, MINORIA EM DIREITOS Se as mulheres eram predominantemente analfabetas no Censo de 1900, no final do século XX elas ultrapassaram a escolarização dos homens. Entretanto, ainda hoje, elas são inferiorizadas em relação aos homens no mercado de trabalho, porque são relegadas aos trabalhos que pagam salários mais bai- xos e, quando ocupam os mesmos cargos que os homens, em muitos casos recebem salários menores que os deles. Além disso, apesar de serem maioria no país, o número de mulheres exercendo atividades remune- radas é menor que o de homens. Esse cenário revela que a questão do gênero influencia a participação das pessoas no mercado de trabalho e contribui para a perpetuação da desigualdade social. Fonte: AGæNCIA IBGE Notícias. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/ agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23923-em-2018- mulher-recebia-79-5-do-rendimento-do-homem. Acesso em: 23 dez. 2019. Rendimento médio habitual do trabalho principal da população de 25 a 49 anos de idade ocupada na semana de referência, por sexo, segundo os grupamentos ocupacionais, participação de mulheres na ocupação e razão (%) do rendimento de mulheres em relação ao de homens – Brasil – 4o trimestre – 2018 Grupamentos ocupacionais Rendimento médio habitual do trabalho principal (R$) Participação de mulheres na população ocupada (%) Percentual de horas trabalhadas na semana de referência pelas mulheres em relação ao de homens (%) Razão do rendimento médio habitual de mulheres em relação ao de homens (%)Homem Mulher Total 2 491 1 978 45,6 88,4 79,4 Até o início da década de 1960, era praticamente inexistente a ideia de que as mulheres pudessem ter uma carreira profissional no Brasil. Elas eram educadas apenas para ocupar o tempo livre ou para serem melhores esposas e mães, pois era socialmente inadequado considerar que elas fossem superiores aos seus maridos. Nesse sentido, não casar era sinônimo de fracasso e abandonar um eventual emprego para se dedicar a casa após o nascimento dos filhos era o que se esperava delas. Trocando ideias Converse com os colegas da sua turma sobre as questões abaixo. 11 Considerando apenas as mulheres de sua família, como as ocupações delas podem ser classificadas de acordo com os ramos de atividade identificados no gráfico da página 43? 22 O mercado de trabalho faz distinções entre homens e mulheres. Vocês acham que existem profis- sões e ocupações mais adequadas a cada gênero? Explique. 33 Vocês avaliam que, se o seu gênero fosse outro, as expectativas de sua família sobre seu futuro profissional e educacional seriam diferentes? Respostas pessoais. A realidade social vivenciada pelos estudantes e a história de vida de seus familiares vão condicionar as respostas. É preciso apenas verificar se a classificação que fazem, de acordo com o critério apresentado no gráfico, está correta. É interessante que eles verifiquem se a história de seus familiares confirma os dados do IBGE ou se é um caso excepcional. O gráfico explicita que há clara distinção entre as ocupações de homens e mulheres. A reflexão sobre adequação entre profissão e gênero pode ser feita em debate com a sala. Não escreva em seu livro CG01 MAT1 CHS1 CHS4 CG06 LGG3 LGG5EM13LGG301 EM13LGG303EM13LGG302 EM13LGG502 EM13MAT101 EM13CHS101 CHS5EM13CHS402 EM13CHS404 EM13CHS502 EM13MAT102 44 P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc2_030a045_LA.indd 44P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc2_030a045_LA.indd 44 2/10/20 11:37 AM2/10/20 11:37 AM https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23923-em-2018-mulher-recebia-79-5-do-rendimento-do-homem Emancipação feminina no mercado de trabalho: conquistas e limites A transformação cultural decorrida dos movimentos sociais e políticos do final da década de 1960 alavancou a participação feminina em ocupações que exigiam formação superior e que eram preenchi- das, em sua maioria, por homens, como Medicina, Direito, Engenharia e Arquitetura. Com a mobiliza- ção dos movimentos feministas, que lutam pela igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens, cada vez mais mulheres passaram a se conscientizar de que a educação e a profissionalização também podem fazer parte de seus projetos de vida, e que não são obrigadas a se restringirem à vida doméstica, a não ser que assim o desejem. No Brasil, a participação feminina no mercado de trabalho se intensificou no final da década de 1970, com a expansão da industrialização, da urbanização e com o crescimento econômico. Entretan- to, as mulheres estavam submetidas a uma sociedade que ainda impunha limites a sua autonomia. De modo geral, elas não eram encorajadas pelos maridos a trabalhar fora de casa. A crise econômica que se abateu sobre o país na década de 1980 levou mulheres de todas as clas- ses sociais para o mercado de trabalho em busca de renda para complementar o orçamento familiar. Essa situação ajudou a construir uma nova cultura, na qual as mulheres conquistaram mais espaço no mercado de trabalho. No início desse processo, o perfil da mulher trabalhadora era de jovens, solteiras e sem filhos. Na década de 1990 havia muitas mulheres mais velhas (30 a 49 anos), casadas e com filhos, que traba- lhavam. Isso demostra a permanência delas no mercado de trabalho, ao mesmo tempo que passaram a conciliar o emprego com a vida doméstica. Atualmente, apesar de as mulheres ainda enfrentarem di- ficuldades para atuar em algumas ocupações e profissões e serem, na média, mais mal remuneradas, como já vimos, elas vêm conquistando cada vez mais espaço. Calcula-se que 25% dos cargos mais importantes nas grandes empresas estão nas mãos de mulheres. Mas ainda há muito o que ser feito para romper com a cultura do passado e garantir a existência de uma sociedade com oportunidades iguais para todas as pessoas, independentemente do gênero. Deixe claro para os estudantes que essa reflexão sobre a evolução do papel da mulher no mercado de trabalho serve tanto para que compreendam as histórias das mulheres de suas famílias quanto para se inserirem no contexto do mundo em que vivem. Isso tem a ver também com a construção dos projetos de vida, tanto das mulheres quanto dos homens, pois cada um pode imaginar ou desejar que seus projetos compreendam viver em companhia de outra pessoa, que também tem seus projetos de vida. Diário de bordo Quais reflexões, ideias e aprendizagens você acumulou ao longo do estudo deste Percurso e avalia serem as mais relevantes para você? As expectativas de seus familiares são importantes para você definir seu futuro? O que você aprendeu com a sua família que pode ser bastante útil para a construção do seu projeto de vida? E o que pode ter faltado a você? Como você vai agir para superar essa carência? Retome seu Diário de bordo e anote tudo aquilo que considera essencial para ajudá-lo a pensar sobre seu projeto de vida. S n ip e rg ra p h ic s /S h u tt e rs to ck CG01 CG06 LGG3 EM13LGG301 45 P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc2_030a045_LA.indd 45P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc2_030a045_LA.indd 45 2/10/20 11:37 AM2/10/20 11:37 AM P E R C U R S O 3 Juventudes Fragmento do mural Etnias, do artista Kobra, no centro da cidade do Rio de Janeiro, RJ. Foto de 2019. R a q u e l C u n h a /F o lh a p re s s 46 P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 46P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 46 2/10/20 11:37 AM2/10/20 11:37 AM 47 É comum vermos na TV ou na internet jornalistas, médicos, educadores, psicólogos discutindo diferentes aspectos da vida dos jovens. Muitas dessas análises são feitas com base em um modelo de jovem idealizado, sem levar em consideração diferentes contextos e situações de vida. Em geral, esses especialistas falam de um jovem de classe média que vive em um grande centro urbano. Para que uma conversa sobre osjovens seja ampliada, é preciso entendermos que não existe uma única juventude, mas, sim, juventudes. De que maneira um jovem que precisa trabalhar para sustentar sua família tem uma juventude diferente daquele que pode somente estudar? Quais são as diferenças na vida de uma adolescente que tem filho em comparação com outra que não tem? Um jovem que vive em pequenas cidades tem as mesmas experiências que os jovens que vivem nas capitais? Como você acha que trabalhar ou ser pai ou mãe quando jovem marca a vida de uma pessoa? Portanto, falar de juventude é falar de uma grande variedade de realidades. Neste Percurso, vamos dialogar sobre essa questão. Iniciaremos discutindo a construção histórica dos conceitos de infância e juventude, passaremos pelas expectativas do mundo adulto em relação aos jovens e, por último, debateremos a diversidade das experiências juvenis e sua ligação com diferentes contextos sociais e culturais. Vamos lá? Não existe uma única juventude, mas, sim, juventudes. Primeiras impress›es • Quais são as diferenças entre a vida de um jovem que vive em uma cidade grande, como a capital do estado em que você mora, e um jovem que reside em uma pequena cidade de interior? Como você imagina a rotina de cada um deles (pense na vida escolar, nas atividades de lazer e de trabalho, entre outros aspectos)? • Podemos dizer que, apesar de muitas diferenças, esses dois jovens têm semelhanças na vida deles, em seus desejos e em seus projetos de vida? Explique. Os estudantes devem reconhecer, nas perguntas, os assuntos tratados no texto de abertura, percebendo as diferenças entre os jovens que vivem em variados lugares, para além das imagens idealizadas, que homogeneízam diferenças de classe, territoriais, etárias, de gênero. Dessa maneira, espera-se que resgatem a diversidade que justifica o emprego do termo “juventudes”, no plural, para designar essa multiplicidade de ideias, objetivos e projetos. Essa diversidade não exclui, porém, semelhanças e pontos de contato entre esses jovens, como vontade de se inscrever em cursos, de conseguir seu primeiro emprego, entre outros. Não escreva em seu livro CG01 CG06 LGG3 EM13LGG301 47 P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 47P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 47 2/10/20 11:37 AM2/10/20 11:37 AM Muitas vezes temos a impressão de que algumas coisas no mundo sempre foram de uma determinada maneira, como se elas sempre tivessem estado ali, repetindo-se ao longo do tempo, em um processo linear e sem surpresas. Mas será que a experiência humana ocorre dessa forma? Veja as fotos a seguir. Os jovens desempenharam diferentes papéis nas sociedades ao longo do tempo e em diferentes lugares. Houve um momento em que jovens eram apenas adultos pequenos. Na primeira imagem, podemos observar jovens trabalhando em uma tecelagem, em 1910, nos Estados Unidos, enquanto a segunda registra a cena atual de um grupo de jovens em uma escola do mesmo país. Certamente, as experiências dos jovens em cada uma dessas épocas são bem diferentes, por eles serem tratados de formas diferentes. Nos dias de hoje, ao menos na maior parte do mundo ocidental, a juventude e a adolescência são reconhecidas como etapas da vida pelas quais todos nós passamos. Mesmo com todas as diferenças culturais, elas são encaradas na maioria das vezes como períodos de preparação para o mundo adulto e de formação da identidade de cada indivíduo. Nesse sentido, a juventude é o momento de constituição de um projeto de vida e do desenvolvimento de comportamentos, atitudes e habilidades sociais que serão utilizados na vida pessoal e profissional. Esse desenvolvimento acontece tanto na escola como em outros espaços de vivência da juventude. Pensar nesse projeto é uma forma de estabelecer metas e formas de alcançá-las. Se alguém quer ser um agricultor, como deve se preparar para isso? E para ser um músico? Ou um advogado? Ou um capitão de navio? Cada objetivo necessita de certas habilidades e determinados conhecimentos. As- sim, quando sabemos o que queremos, mesmo que isso possa mudar depois, é mais fácil descobrir o caminho para chegarmos lá! TEMA 1 A juventude sempre existiu? Ampliando Quando pensamos em como a sociedade trata jovens e crianças que fazem parte dela, é importante lembrarmos a diversidade de culturas e tradições em diferentes épocas, regiões e países do mundo. Ter 14 anos e estar inserido na cultura indígena do povo Xavante, em uma aldeia africana ou em uma região remota do interior da China é muito diferente da experiência de um jovem brasileiro que vive em uma cidade ou na zona rural. Em cada um desses cenários, crianças e jovens ocupam determinados lugares que abrem alguns caminhos e limitam outros. A passagem para a vida adulta também é marcada de diferentes formas ao redor do mundo. Há países em que um jovem de 16 anos já é considerado legalmente adulto, com uma série de direitos e deveres, enquanto em outros isso só acontece após os 21 anos de idade. A la m y /F o to a re n a M o n k e y B u s in e s s I m a g e s /S h u tt e rs to ck 48 P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 48P4_PV_Eduardo_g21Sa_Mod1_Perc3_046a059_LA.indd 48 2/10/20 11:37 AM2/10/20 11:37 AM