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2 Os censos possibilitam identificar fragilidades na habitação. O mapa a seguir apresenta a quantidade de pessoas vivendo nos chamados aglomerados “subnormais”, ou seja, conjuntos de construções irre- gulares e com acesso precário a serviços urbanos básicos, como água encanada. Compare o mapa a seguir com o anterior e faça as atividades. a) Destaque um aspecto já esperado na compa- ração dos dois mapas. b) Destaque um aspecto contrastante entre eles. c) O mapa ao lado indica o número de municí- pios por classe. O que isso significa? Por que essa informação quantitativa é importante? 3 A expressão “aglomerado subnormal” é des- conhecida da maior parte dos brasileiros, que, em geral, usam outros nomes para esse conjunto de moradias. O IBGE inclui uma re- sidência nessa categoria com base em crité- rios técnicos, aferidos nas respostas dadas ao questionário, em informações das prefei- turas municipais e em imagens de satélite. É um exemplo de uso analítico de dados quan- titativos brutos. a) Qual é o nome dado em sua região para esse tipo de conjunto de residências? Para você, que características o definiriam? b) Pesquise os critérios usados pelo IBGE para definir um aglomerado subnormal e redija uma definição resumida. ANALISAR E REFLETIR 1 Analise o mapa Brasil: densidade demográfica (2010) e responda às questões a seguir. BRASIL: PESSOAS VIVENDO EM AGLOMERADOS SUBNORMAIS, POR MUNICÍPIO (2010) 0 585 km 0° Trópico de Capricórnio OCEANO ATLÂNTICO 50° O Equador RS SC SE BA AL PE PB RNCE PA AP DF MT MS TO GO MA PI ES RJ MG SP PR RO AC RR AM Manaus Rio Branco Porto Velho Macapá Boa Vista Cuiabá Belém Natal São Luís João Pessoa Fortaleza Teresina Palmas Recife Maceió Aracaju Salvador Brasília Belo Horizonte Goiânia Porto Alegre Rio de Janeiro Vitória Campo Grande São PauloCuritiba Florianópolis Maior que 250000 Domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais De 20001 a 45000 De 45001 a 250000 De 4501 a 20000 Até 4500 Equador Fonte: elaborado com base em BRASIL. IBGE. Atlas nacional digital do Brasil. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/ atlas_nacional/. Acesso em: 22 jul. 2020. BRASIL : DENSIDADE DEMOGRÁFICA (2010) 50°O 0° Equador GO MG DF BA TO RJ ES MT PAAM RR AP MA CE RN PI AC RO MS RS SC PR SP PB PE AL SE PalmasRio Branco Manaus Porto Velho Boa Vista Macapá Belém Cuiabá Goiânia Brasília São Luís Teresina Vitória Belo HorizonteCampo Grande São Paulo Curitiba Florianópolis Rio de Janeiro Salvador Aracaju Maceió Recife João Pessoa Natal Fortaleza Porto Alegre OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Trópico de Capricórnio Habitantes por km² Menos de 1 De 1 a 10 De 10,1 a 25 De 25,1 a 100 Mais de 100 0 585 km Fonte: elaborado com base em BRASIL. IBGE. Atlas geográ� co escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 114. S o n ia V a z/ A rq u iv o d a e d it o ra S o n ia V a z/ A rq u iv o d a e d it o ra a) Quais são as macrorregiões mais densamen- te povoadas do país? b) Identifique outros aspectos da distribuição populacional do país. c) Identifique qual foi a fonte empírica de dados para a elaboração desse mapa. Debata rapi- damente com um colega sobre como o mapa pode ter sido elaborado. 103 V1_CIE_HUM_Vainfas_g21Sa_Cap4_088a107_LA.indd 103V1_CIE_HUM_Vainfas_g21Sa_Cap4_088a107_LA.indd 103 9/18/20 2:31 PM9/18/20 2:31 PM S É R I E S H I S T Ó R I C A S E M U D A N Ç A S Um dos aspectos mais relevantes dos dados quantitativos em pesquisas perió- dicas é a possibilidade de traçar séries históricas. A comparação dos valores de determinada categoria permite avaliar mudanças na sociedade ao longo do tem- po e dá elementos para a formulação de hipóteses, por parte dos pesquisadores, e de políticas públicas, por parte do Estado. No entanto, nem sempre é possível manter os parâmetros para as informações coletadas. Quando a comunidade científica reconhece determinadas transforma- ções na sociedade, podem ocorrer mudanças nas nomenclaturas propostas para as informações a ser coletadas. Em censos e pesquisas por amostragem re- centes, críticas sobre a invisibilidade de alguns grupos sociais provocaram mu- danças nos questionários. Um deles foi a substituição da indicação de “chefe de domicílio” pela de “pessoa de referência”, ocorrida em 1995, resultando em mais respostas de mulheres como responsáveis principais pela renda domiciliar. Outra mudança diz respeito à identificação dos indivíduos quanto à etnia, cor ou “raça”. O Censo de 1872 incluía a categoria “caboclo”, nomenclatura substituí- da anos depois por “pardo”. Somente com o Censo de 1991 incluiu-se a identida- de “indígena”, o que enfim deu visibilidade a esse grupo na demografia brasileira. O questionário do Censo de 2020 prevê importantes mudanças. Houve redução de cerca de 30% nas perguntas, sob a justificativa de dar agilidade à coleta de dados e economizar recursos. Os críticos das mudanças afirmam que a supres- são de perguntas pode prejudicar pesquisas e políticas públicas em determina- dos setores, como o de habitação – a questão sobre o valor do aluguel pago foi eliminada. Em contrapartida, outras informações foram incluídas. Pela primeira vez, o censo mapeará, em áreas cadastradas previamente pelo IBGE, as pessoas que se consideram quilombolas – ou seja, que descendem de escravizados que construíram comunidades estáveis e longevas e continuam a viver nelas. O MAL DAS MÉD IAS As estatísticas calculadas a partir de um conjunto de dados são um importante instrumento para a compreensão geral de um indicador. No entanto, elas não são isentas de problemas. Tome-se como exemplo a renda per capita de uma popu- lação, usada até bem pouco tempo para avaliar o desenvolvimento de um país. Esse indicador é uma média simples: a soma de todos os rendimentos do país – o produto interno bruto (PIB) – é dividida pelo número de pessoas de sua população. O PIB do Brasil em 2019 foi de R$ 7,3 trilhões e a renda mensal domiciliar per capita, de R$ 1.439,00. Essa média esconde uma grande desigualdade entre os estados. Das 27 unidades federativas, somente Mato Grosso e Espírito Santo tiveram valores próximos a R$ 1.400,00. Nas demais, os valores variaram entre R$ 635,59 (Maranhão) e R$ 2.685,76 (Distrito Federal). Mas será que, em geral, os indivíduos no Distrito Federal, por exemplo, têm essa renda? A resposta é não. Em lugares com grande desigualdade social, a média pode encobrir a realidade. Como a renda per capita se limitava a avaliar a dimensão econômica, e mesmo assim era sujeita a distorções, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi- mento (Pnud) criou, em 1990, outro índice para avaliar o desenvolvimento de um país, estado ou região: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH é um índice complexo e considera variáveis como renda, saúde e educação. Também encobre desigualdades, claro, em especial quando atribuído a um extenso território. Por isso, hoje, se calcula o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), no qual se desconta de cada indicador que compõe o índice um valor correspondente ao grau de desigualdade verificado. Há também o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), que enfoca o nível municipal, tão im- portante para se identificar problemas a serem enfrentados pelos poderes públicos. PIB brasileiro www.ibge.gov.br/ explica/pib.php O IBGE apresenta as variáveis que entram na equação do cálculo do PIB. Rendimento domiciliar per capita https://agenciade- noticias.ibge.gov.br/ agencia-sala-de- imprensa/2013- agencia-de-noticias/ releases/26956-ibge- divulga-o-rendimen to-domiciliar-per- capita-2019 Na página é possível encontrar detalhes sobre a renda per capita por estado. F I C A A D I C A A coleta de dados do censo populacional brasileiro estava prevista para o segundo semestre de 2020, mas a pandemia da covid-19fez com que o governo tivesse de adiá-la para 2021. Ainda que a informatização da análise dos dados tenha dado mais rapidez ao processo, os resultados preliminares, em geral, só começam a ser divulgados cerca de seis meses depois da coleta. OBSERVE QUE . . . Quilombolas no Brasil https://quilombo- las-ibgedgc.hub. arcgis.com Site com informações do IBGE sobre as comunidades quilombolas no Brasil, incluindo uma relação completa delas por unidade federativa. F I C A A D I C A 104 V1_CIE_HUM_Vainfas_g21Sa_Cap4_088a107_LA.indd 104V1_CIE_HUM_Vainfas_g21Sa_Cap4_088a107_LA.indd 104 9/18/20 2:31 PM9/18/20 2:31 PM