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defensores de políticas isolacionistas, também baixaram diversas leis res- tritivas à migração a partir de 1921, reduzindo drasticamente a entrada de estrangeiros no país. A intensa atividade econômica nos Estados Unidos impulsionou, espe- cialmente a partir de 1928, a especulação financeira por meio da compra e venda de ações de grandes empresas na Bolsa de Valores de Nova York. Em meados de 1929, o valor das ações quadruplicou, e cada vez mais investido- res foram atraídos pela possibilidade de enriquecer facilmente. O aumento do número de investidores e do volume de investimentos, contudo, tinha um limite físico. O mercado interno estava limitado, e os paí- ses europeus, arrasados pela Primeira Guerra Mundial, procuravam recupe- rar sua produtividade e importar menos produtos estadunidenses. Assim, a superprodução agrícola e industrial sem escoamento gerou uma estocagem enorme devido ao subconsumo, o que levou a especulação financeira ao des- controle. Ou seja, o valor das ações estava muito acima de seu valor real, com base apenas na confiança em que esses papéis continuariam valorizados, e não em lucros reais das vendas da produção. O presidente Herbert Hoover (1874-1964), que exerceu seu mandato en- tre 1929 e 1933, manteve sua posição liberal e se recusou a realizar uma intervenção estatal para estancar ou reverter a situação. A crise explodiu em 24 de outubro, quando muitas pessoas tentaram vender suas ações e não encontraram compradores, o que pro- vocou uma redução drástica dos preços. Os investidores, atemorizados, tentavam livrar-se dos papéis, originando uma avalanche de ofer- tas de ações, o que derrubou ainda mais veloz- mente os preços, arruinando a todos. Esse dia ficou conhecido como Quinta-Feira Negra. Do dia para a noite, prósperos empresários passaram a ser donos de papéis sem nenhum valor. A desordem econômica atingiu profunda- mente toda a sociedade estadunidense: 85 mil empresas faliram, 4 mil bancos fecharam e as demissões de trabalhadores alcançaram um total aproximado de 12 milhões. O PIB norte- -americano caiu 25% no total. Foi um período de pobreza e fome. Na foto de 1930, desempregados em fila para receber refeições gratuitas em Nova York. Os efeitos da crise de 1929 podiam ser vistos em cenas como essa nas ruas das principais cidades dos Estados Unidos. 1. Você já viu (na mídia ou pessoalmente) filas de desempregados no Brasil? 2. E sobre a entrega de refeições? Era em situações de grande crise? 3. E em períodos de recuperação econômica? É possível melhorar tais atuações sociais? Como? Veja as respostas no Manual do Professor. Conversa B e tt m a n n A rc h iv e /G e tt y I m a g e s 115 V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_084a121.indd 115V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_084a121.indd 115 9/8/20 5:54 PM9/8/20 5:54 PM New Deal e keynesianismo Em meio à crise econômica, os republicanos fo- ram derrotados nas eleições nacionais pelo Partido Democrata, em 1932. Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) foi então eleito presidente dos Esta- dos Unidos, e uma de suas primeiras providências foi limitar o liberalismo econômico, intervindo na economia por meio do New Deal (“Novo Acordo”), plano elaborado por um grupo de renomados eco- nomistas que se baseava nas teorias do economis- ta inglês John Maynard Keynes (1884-1946). Com o New Deal, o liberalismo de Adam Smith cedeu lugar ao keynesianismo, que defendia a intervenção do Estado para controlar o desen- volvimento da economia, de modo a combater as crises e garantir empregos e direitos sociais. Roosevelt determinou grandes emissões mone- tárias, inflacionando deliberadamente o sistema financeiro; fez grandes investimentos estatais, como hidrelétricas; estimulou uma política de em- pregos, entre outras medidas, o que ativou o con- sumo e possibilitou a progressiva recuperação da O presidente Franklin Roosevelt cumprimenta um trabalhador rural durante campanha presidencial na Geórgia (Estados Unidos), em 1932. economia. Dez anos depois, os Estados Unidos aproximaram-se do patamar econômico em que se encontravam antes da Crise de 1929. A política keynesiana serviu de base para as políticas de bem-estar social desenvolvidas pe- los países capitalistas, o chamado Welfare State (“Estado de bem-estar social”), expressão que entrou em uso principalmente a partir de políticas implementadas nos anos 1950. A Terceira Revolução Industrial Uma nova ordem nas relações internacionais ganhou força com o fim da Guerra Fria, fundamen- tada em novas relações econômicas e geopolíti- cas, que, sem o velho confronto entre o bloco ca- pitalista e o socialista, não mais trazia a marca da divisão leste-oeste. Esse mundo passou a ter no- vas características, como a hegemonia da ordem capitalista, e compunha o que alguns preferiram chamar de Nova Ordem Internacional. Desde a segunda metade do século XX, antes mesmo do fim da Guerra Fria, o capitalismo havia ingressado em uma nova fase de desenvolvimento chamada Terceira Revolução Industrial. Estava ba- seada em uma dinâmica produtiva com sofisticada tecnologia, principalmente em Microeletrônica – que envolvia Computação, Comunicações e Robóti- ca –, Biotecnologia e Química fina. Na região asiática, surgiu outro fator inovador da Nova Ordem Internacional: a emergência da China, cuja economia em constante crescimento a transformou em um dos mais dinâmicos eixos industriais e comerciais do mundo. A partir de 2010, o país tornou-se a segunda maior economia mundial: seu PIB superou o da Alemanha e o do Ja- pão e está atrás apenas dos Estados Unidos. A globalização e o neoliberalismo Com o dinamismo de empresas ligadas a amplos mercados, a qualidade e o preço dos produtos, em meio à intensa competitividade, passaram a ser fa- tores decisivos para a garantia de lucratividade. Len- tamente, em vários países do mundo, tomou corpo a tendência de queda das reservas de mercado, que haviam sido criadas por meio de barreiras pro- tecionistas, favoráveis a apenas alguns setores da economia. Esse dinamismo impulsionou a expansão capita- lista – e a consequente globalização, com a abertu- Reserva de mercado: barreira protecionista que dificulta a entrada de concorrentes. B e tt m a n n A rc h iv e /G e tt y I m a g e s 116 V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_084a121.indd 116V2_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_084a121.indd 116 9/8/20 5:54 PM9/8/20 5:54 PM