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Direito 
Empresarial III
Prof.ª Dra. Carolina Lopes
e-mail: carolin.oliveira@live.estacio.br
AULA 05
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ASPECTO 02: limites de defesa do devedor (sacado/cedido):
O devedor poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, 
arguindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o cedente (CC, 
art. 294), mas não poderá defender-se, quando executado pelo 
endossatário, arguindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o 
endossante (princípio da autonomia das obrigações cambiais e 
subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de 
boa-fé, referidos no art. 17 da LU e 916 do CC).
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
3
LU Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não 
podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações 
pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a 
menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido 
conscientemente em detrimento do devedor.
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4
CC Art. 294. O devedor pode opor ao CESSIONÁRIO as 
exceções que lhe competirem, bem como as que, no 
momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha 
contra o cedente. 
(Cessão de crédito)
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
5
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor 
com os portadores precedentes, somente poderão ser por 
ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver 
agido de má-fé.
(Endosso)
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
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Para transferência de um cheque é suficiente o endosso. 
ERRADO. É necessária também a tradição.
Conclusão: O endosso, tal qual a cessão civil, somente se 
aperfeiçoam com a TRADIÇÃO.
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, 
nominativo e nominal
1) Título ao portador: Não identifica o beneficiário, 
transferível por tradição (CC, art. 904).
Art. 904. A transferência de título AO PORTADOR se faz 
por simples tradição.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, 
nominativo e nominal
2) Título nominativo: Tem acepção diversa da 
classificação tradicional. É título nominativo o emitido em 
favor de pessoa cujo nome conste no registro do 
emitente (art. 921 do CC).
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO
(DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, 
nominativo e nominal
O nome do credor não está no título (como na classificação acima), 
mas sim no registro do emitente. Essa regra do Código Civil teria 
aplicação aos títulos que viessem a surgir após 2002. Na prática, 
não tem qualquer aplicação. Esse título nominativo pode circular 
por termo ou endosso.
Art. 921. É título NOMINATIVO o emitido em favor de pessoa cujo 
nome conste no registro do emitente.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES)
4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, 
nominativo e nominal
3) Nominal (à ordem): É o título nominativo à ordem da 
classificação tradicional, transferível por meio de endosso.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.4.1. ORDEM de pagamento
Um sujeito dá uma ordem para que interposta pessoa efetue o 
pagamento a um terceiro beneficiário. Existem, aqui, TRÊS figuras 
distintas:
1) O Sujeito que dá a ordem de pagamento, sacador; correntista.
2) O Sujeito que recebe a ordem (destinatário da ordem), sacado; 
banco.
3) O beneficiário/tomador da ordem. Aquele que vai ao caixa descontar 
o cheque. Exemplo: duplicata; letra de câmbio; cheque.
4.4. QUANTO À ESTRUTURA: ORDEM DE PAGAMENTO OU 
PROMESSA DE PAGAMENTO
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
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4.4. QUANTO À ESTRUTURA: ORDEM DE PAGAMENTO OU 
PROMESSA DE PAGAMENTO
4.4.2. PROMESSA de pagamento
O próprio devedor se compromete a pagar determinado valor 
ao beneficiário. DUAS figuras:
1) Promitente; (“sacador/sacado”).
2) Tomador/beneficiário (aquele que vai ao caixa 
descontar). Exemplo: nota promissória.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO 
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.1 CONCEITO
Endosso é o ato jurídico pelo qual o credor de um 
título crédito nominativo (‘nominal’), com a 
cláusula à ordem, TRANSMITE o direito ao valor 
constante no título à outra pessoa, sendo 
acompanhado da tradição da cártula.
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5.2 EFEITOS DO ENDOSSO
• Transferência da titularidade do crédito do tomador/endossante 
(Caio) para o endossatário (Daniel).
• Tornar o endossante codevedor do título de crédito. Passa a ser 
corresponsável ao pagamento do título. Se na data do vencimento o 
endossatário (Daniel) for cobrar do sacado (Renato) e ele não pagar, 
Daniel pode executar qualquer um dos codevedores
(sacado – Renato; sacador – Maria; tomador/endossante - Caio).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO 
DO TÍTULO DE CRÉDITO
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.2 EFEITOS DO ENDOSSO
O endosso é dado no VERSO do título, bastando para tanto uma 
simples assinatura. No entanto, também é possível a realização do 
endosso no ANVERSO do título, caso no qual, além da assinatura, é 
necessária uma expressão identificadora do endosso (exemplo: pague-
se a..., endosso a..., transfiro a...). Não confundir com o ACEITE que é 
dado com assinatura no ANVERSO. Não há qualquer limite para o 
número de endossos de um título de crédito (no cheque existia limite – 
ver adiante); ele pode ser endossado diversas vezes, como pode, 
simplesmente, não ser endossado.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
1) Endosso em branco;
2) Endosso em preto;
3) Endosso póstumo;
4) Endosso impróprio:
4.1) Endosso-mandato (por procuração);
4.2) Endosso-caução (pignoratício);
5) Endosso "sem garantia”.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.1 ENDOSSO EM BRANCO
É aquele em que NÃO está identificado o endossatário. Ocorre aqui 
a transformação de um título nominativo em um título ao portador.
De acordo com André Santa Cruz, o beneficiário do endosso em 
branco pode tomar três atitudes, quais sejam:
1) Transformá-lo em endosso em preto, completando-o com seu 
nome ou de terceiros;
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.1 ENDOSSO EM BRANCO
2) Endossar novamente o título, em branco ou em preto. Aqui, o 
endossatário, ao realizar o endosso, passa a integrar a cadeia de 
codevedores, responsabilizando-se pelo adimplemento da obrigação 
constante no título.
3) Transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, por mera 
tradição da cártula. Aqui, o endossatário transfere o crédito sem 
assumir nenhuma responsabilidade pelo seu adimplemento, já que 
não pratica novo endosso.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.2 ENDOSSO EM PRETO
É aquele em que está identificado o endossatário
Exemplo: Pague-se a fulano.
Endosso PARCIAL existe? O endossante pode transferir pelo endosso só 
uma parte do valor constante no título? NEGATIVO. O endosso parcial é 
nulo, até porque a transferência do título exige além do endosso a 
tradição. Não é possível entregar apenas parte da cártula parao 
endossatário (LU, art. 12; CC, art. 912, parágrafo único). Não confundir 
com o aceite parcial, que é válido.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.2 ENDOSSO EM PRETO
CC Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o 
subordine o endossante.
Parágrafo único. É NULO o endosso parcial.
LU Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é NULO. O endosso ao 
portador vale como endosso em branco.
Por outro lado, o ENDOSSO CONDICIONAL, em que a transferência do 
crédito fica subordinada a alguma condição, resolutiva ou suspensiva, 
não é nulo, mas referida condição será ineficaz, porque a lei a 
considera não escrita (art. 12).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.2 ENDOSSO EM PRETO
Por outro lado, o ENDOSSO CONDICIONAL, em que a 
transferência do crédito fica subordinada a alguma 
condição, resolutiva ou suspensiva, não é nulo, mas 
referida condição será ineficaz, porque a lei a considera 
não escrita (art. 12).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
É o endosso dado DEPOIS do VENCIMENTO e do PROTESTO do 
título. Nesse caso, não produz os efeitos de endosso, mas sim da 
cessão civil de crédito.
O endosso póstumo não se confunde com o endosso dado depois do 
vencimento, mas ANTES do PROTESTO. Este último é um endosso 
comum, produzindo todos os efeitos a ele inerentes.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
Como vimos, o endosso tem como efeito atribuir ao endossante a 
responsabilidade pela existência e solvência do crédito (é uma 
transmissão pro solvendo), conforme a disposição das leis especiais 
nesse sentido.
ATENÇÃO: O CC, em seu art. 914, prevê efeito diverso para o endosso: 
responsabilidade apenas pela existência e não pela solvência do crédito 
(tal como a cessão civil de crédito – pro soluto). Não esquecer: O CC só 
se aplica no silêncio da lei especial (CC, art. 903). Consequência 
prática: Esse dispositivo do CC/2002 não tem aplicação.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
CC Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante 
do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da 
prestação constante do título.
Esse endosso que vimos até aqui é chamado pela doutrina de ENDOSSO 
TRANSLATIVO ou PRÓPRIO (para concurso é somente endosso).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
OBS1: Súmula do 475 STJ
STJ Súmula 475: Responde pelos danos decorrentes de protesto 
indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título 
de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, 
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes 
e avalistas.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
Explicando a súmula: “B”, empresa do ramo de vendas, emitiu 
uma duplicata (título de crédito) por conta de mercadorias que 
seriam vendidas a “A”. Ocorre que o negócio jurídico acabou não 
sendo concretizado (não existiu). Mesmo sem ter existido o 
negócio jurídico, “B” emitiu a duplicata (sem causa) e, além disso, 
fez o endosso translativo desse título para “C” (banco).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
Como visto, o endosso translativo (também chamado de endosso 
próprio), é o ato cambiário por meio do qual o endossante 
transfere ao endossatário o título de crédito e, em consequência, 
os direitos nele incorporados. Em outras palavras, “B” transmitiu 
a “C” seu suposto crédito que teria em relação a “A”.
Ocorre que “A” recusou aceite a essa duplicata.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
Diante disso, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo 
tabelionato de protesto, o que foi feito. Assim, “A” foi intimado pelo 
tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a duplicata. 
Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com 
reparação por danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? 
Quem é o responsável por esse protesto indevido, “B” (que 
emitiu a duplicata) ou “C” (que recebeu a duplicata mediante 
endosso)?
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
Resposta: “C”.
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário 
(“C”) que recebe por endosso translativo título de crédito (no caso, uma 
duplicata) contendo vício formal extrínseco ou intrínseco (no caso, a 
ausência de compra e venda).
Caso o endossatário (“C”), que levou o título a protesto indevidamente, 
seja condenado a pagar a indenização, terá direito de cobrar esse valor 
pago (direito de regresso) contra o endossante (no caso, “B”) e 
eventuais avalistas do título de crédito.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.3 ENDOSSO PÓSTUMO
O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito 
contendo vício formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro 
à emissão de duplicata, responde pelos danos causados diante de 
protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os 
endossantes e avalistas.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO
DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
A doutrina menciona, ainda, uma quarta espécie de endosso: ENDOSSO 
IMPRÓPRIO. É chamado impróprio, pois não tem como efeito a 
transferência da titularidade do crédito (o endossante continua 
credor). O efeito do endosso impróprio é a LEGITIMAÇÃO DA POSSE do 
terceiro que detém a cártula, permitindo assim o exercício dos direitos 
representados na cártula.
Duas são as modalidades de endosso impróprio:
• Endosso-mandato (por procuração);
• Endosso-caução (pignoratício).
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
1) Endosso-mandato (por procuração)
É utilizado para transferir poderes e autorizar um TERCEIRO a exercer os 
direitos inerentes ao título (sem transferir a titularidade). Exemplo: o 
endossante contrata um banco para efetuar a cobrança do crédito. Para 
legitimar a posse do banco sobre seu título, bem como a cobrança, é 
realizado o endosso mandato. Como fazer o endosso mandato? 
Acrescentar a expressão: ‘para cobrança’ ou ‘por procuração’. Se o sacado 
realiza o pagamento ao detentor do título, sem a presença do endosso-
mandato, não se desobrigará do débito (quem paga mal paga duas vezes).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
O art. 917 do CC disciplina o endosso-mandato.
OBS: 476 Súmula do STJ. STJ Súmula 476: O endossatário de título de crédito por 
endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se 
extrapolar os poderes de mandatário.
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
Explicando a súmula: O endossatário recebe o título de crédito apenas 
para efetuar a cobrança do valor nele mencionado e dar a respectiva 
quitação; após a cobrança, o endossatário deverá devolver o dinheiro ao 
endossante, descontada sua remuneração por esse serviço.
“B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de 
crédito) por conta de mercadorias vendidas a “A”. “B”, após emitir a 
duplicata, fez o endosso-mandato desse título para “C” (banco), a fim 
de que este efetuasse a cobrança do valor de “A”.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADESDO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
Ocorre que “A” recusou o pagamento dessa duplicata alegando que já 
havia pagado. Mesmo assim, “C” apresentou a duplicata para ser 
protestada pelo tabelionato de protesto, o que foi feito. Assim, “A” foi 
intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a 
duplicata. Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com 
reparação por danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem 
é o responsável por esse protesto indevido (“B” ou “C”)?
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
Resposta: como regra, “B” (endossante). “C” (endossatário de endosso-
mandato) somente responderá se ficar provado que EXTRAPOLOU os 
poderes de mandatário. No endosso-mandato, o endossatário não age em 
nome próprio, mas sim em nome do endossante.
Exemplo em que o endossatário responderia: diante da resposta do 
devedor de que já havia pagado o débito, o endossante solicitou ao 
endossatário que aguardasse para protestar o título somente após 
conferir se houve realmente a quitação. O endossatário, descumprindo 
essa determinação, realizou o protesto imediatamente, mesmo sem 
aguardar essa conferência.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
2) Endosso-caução (pignoratício)
É o instrumento adequado para a instituição de penhor sobre o título de 
crédito. Usa-se a expressão: ‘para penhor’ ou ‘para garantia’. É a forma 
de dar um título de crédito como garantia. No endosso-caução, o crédito 
não se transfere para o endossatário, que é investido na qualidade de 
credor pignoratício do endossante. Cumprida a obrigação garantida pelo 
penhor, deve a letra retornar à posse do endossante. Somente na 
eventualidade de não cumprimento da obrigação garantida, é que o 
endossatário por endosso-caução se apropria do crédito representado 
pela letra.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.4 ENDOSSO IMPRÓPRIO
2) Endosso-caução (pignoratício)
O endossatário por endosso-caução não pode endossar o título, salvo 
para praticar o endosso-mandato (LU, art. 19; CC, art. 918).
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.5 ENDOSSO “SEM GARANTIA”
Por fim, há o endosso que não produz o efeito de vincular o endossante 
ao pagamento do título: trata-se do chamado endosso "sem garantia", 
previsto no art. 15 da LU. Com esta cláusula, o endossante transfere a 
titularidade da letra, sem se obrigar ao seu pagamento. A regra, como 
visto, é a da vinculação do endossante (lembre-se que o art. 914 do CC 
não se aplica em razão do art. 903 do mesmo Código). O ato do 
endossante de inserir no endosso a cláusula "sem garantia", porém, 
afasta a vinculação prevista na lei especial.
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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5.3 MODALIDADES DO ENDOSSO
5.3.5 ENDOSSO “SEM GARANTIA”
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.1 CONCEITO
É a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral 
de vontade pela qual uma pessoa física ou jurídica, assume a obrigação 
cambiária autônoma e incondicional de garantir no vencimento o 
pagamento do título nas condições nele estabelecidas. Duas figuras 
existem no instituto do aval:
1) Avalista: É aquele que garante o pagamento do título de crédito em 
favor do devedor principal ou de um corresponsável.
2) Avalizado: É devedor ou corresponsável que tem a obrigação de 
pagar o crédito garantido pelo avalista.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.1 CONCEITO
Obrigação autônoma: A relação do avalista com o credor do título é 
autônoma a do avalizado com o credor. Vale dizer, mesmo que o 
avalizado venha a morrer, falir ou tornar-se incapaz, permanece a 
obrigação do avalista para com o tomador do título.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.1 CONCEITO
O avalista que garante antecipadamente a dívida do sacado 
responde por ela até mesmo se este não vier a dar o ACEITE.
Exemplo: Daniel (endossatário), ao receber o título de Caio 
(tomador ou beneficiário/endossante), exige uma garantia a 
mais. Então, Caio pede para o Gugu ser seu avalista. Gugu dá o 
aval. Se o sacado (devedor principal - Renato) não pagar, Daniel 
pode cobrar de qualquer dos codevedores, dentre eles o avalista 
do Renato (sacado), Gugu (avalista).
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.2 COMO É FEITO O AVAL?
Como é feito o aval? Tem que lembrar o endosso.
Endosso pode ser no VERSO (simples assinatura) ou no ANVERSO 
(assinatura + expressão identificadora). Lembrando: o aceite é só 
assinatura no anverso. O AVAL, por sua vez, deve ser dado de forma 
inversa: no ANVERSO (simples assinatura) ou VERSO (assinatura + 
expressão identificadora).
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
45
6.3 ESPÉCIES DE AVAL
Tal como no endosso, existe o AVAL EM PRETO (identifica o 
avalizado) e o AVAL EM BRANCO (não identifica o avalizado). Quando 
o aval é em branco, garante-se aquele que CRIOU o título (e não o 
devedor principal: sacado - Renato), ou seja, o sacador (Maria), nos 
termos do art. 31 da LU.
Art. 31. [...] O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. 
Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.3 ESPÉCIES DE AVAL
Há ainda: o AVAL SIMULTÂNEO ocorre quando todos os avalistas 
garantem o mesmo avalizado; AVAL SUCESSIVO ocorre quando temos 
avais superpostos, ou seja, um avalista garante outro avalista.
Súmula 189 do STF: A existência de avais em branco superpostos 
implica em garantia simultânea (os obrigados são coavalistas do 
sacador) e não sucessiva (os obrigados não são avalistas de avalistas).
SÚMULA Nº 189 STF: AVAIS EM BRANCO E SUPERPOSTOS 
CONSIDERAM-SE SIMULTÂNEOS E NÃO SUCESSIVOS.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.3 ESPÉCIES DE AVAL
É possível também a realização de AVAL PARCIAL, em que somente PARTE do 
crédito é garantida, nos termos do art. 30 da Lei Uniforme de Genebra - LUG.
• Perceber que o endosso parcial não é permitido, entretanto, o aceite 
parcial é permitido. Lógica: no endosso, o título é passado a diante. Tem 
como ‘rasgar’ o título para passar somente parte dele? Tendo em vista 
dentre outras razões, o princípio da Cartularidade, não. Já o aceite pode 
ser limitativo ou modificativo (quem está aceitando pagar pode querer 
pagar parte ou de forma diversa).
• Então, no aval parcial, o avalista pode garantir parte apenas da obrigação 
contida no título, afinal ele não fica com esse título, apenas garante.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
48
6.3 ESPÉCIES DE AVAL
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
49
6.3 ESPÉCIES DE AVAL
O aval dado depois de vencimento e do protesto possui os MESMOS 
EFEITOS do aval dado antes. Não confundir com o endosso póstumo, 
o qual produzirá os efeitos da cessão civil de crédito. Lógica: no 
aval o avalista está garantindo a obrigação cambiária contida no 
título, no endosso, o endossante é quem foi sujeito de uma obrigação e 
pagou endossando o título de crédito. O avalista deve continuar 
garantindo a dívida, afinal: é uma obrigação autônoma. No caso do 
endosso, não pode o criador do título ficar para sempre obrigado à 
dívida do endosso, por isso, depois de vencido e protestado, terá 
direito a se defender como se o título tivesse sido repassado por 
cessão civil.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.3 ESPÉCIES DE AVAL
DICA: Quem dá aval é amigo. Sendo amigo, assina 
somente na FRENTE (anverso). Se ele é amigo, é amigo 
antes, durante ou depois (aval produz efeitos antes, 
durante e depois do vencimento e protesto).
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
516.4 AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE
O art. 1.647 do CC prevê que o aval precisa de autorização do 
cônjuge, tal regra aplica-se aos títulos existentes quando a lei 
especial não tratava do assunto. Assim, a ausência da autorização do 
cônjuge na prestação do aval, era causa de nulidade.
O STJ, em mudança de entendimento, passou a entender que a 
regra do art. 1.647 do CC aplica-se apenas aos títulos de créditos 
atípicos/inominados. Os títulos existentes, regulados em leis 
especiais, não sofrerão a incidência do inciso III do referido artigo.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
52
6.4 AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE
Vejamos a explicação do Dizer o Direito no Informativo 604 do STJ.
O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu que uma pessoa casada somente 
pode prestar aval se houver autorização do seu cônjuge (exceção: se o regime de 
bens for da separação absoluta). Essa norma exige uma interpretação razoável e 
restritiva, sob pena de descaracterizar o aval como instituto cambiário. Diante 
disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é aplicado para os 
títulos de créditos inominados, considerando que eles são regidos pelo Código 
Civil. Por outro lado, os títulos de créditos nominados (típicos), que são regidos 
por leis especiais, não precisam obedecer a essa regra do art. 1.647, III, do CC. 
Em suma, o aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de 
outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de créditos nominados: letra de 
câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
53
6.4 AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE
STJ. 3ª Turma. REsp 1526560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604).
STJ. 4ª Turma. REsp 1633399-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado 
em 10/11/2016.
Conforme já explicado, no que tange aos títulos de crédito nominados, 
o Código Civil tem uma aplicação apenas subsidiária, respeitando-se 
as disposições especiais, pois o objetivo básico da regulamentação dos 
títulos de crédito, no Código Civil, foi apenas o de permitir a criação 
dos denominados títulos atípicos ou inominados.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
54
6.4 AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE
Assim, não deve ser aplicado art. 1.647, III, do CC aos títulos 
nominados porque esta regra é incompatível com as características 
dos títulos de crédito típicos. A exigência de autorização do cônjuge do 
avalista enfraquece a garantia dos títulos de crédito, gerando 
intranquilidade e insegurança. O aval consiste em uma declaração 
unilateral de vontade inserida no próprio título por meio da qual o 
avalista declara garantir o pagamento do valor inscrito no título. É, 
portanto, um instituto comercial muito mais ágil e informal do que a 
fiança, que é feita por intermédio de contrato.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.4 AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE
A outorga uxória ou marital é compatível com o contrato de 
fiança, mas não com o aval que, como dito, é uma declaração 
unilateral. O portador do título de crédito, em regra, não 
tem contato algum com o avalista e, menos ainda, com 
algum documento de identificação deste por meio do qual 
possa descobrir seu estado civil.
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO
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6.5 AVAL X FIANÇA
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BIBLIOGRAFIA
> CAVALLI, Cássio M. O Direito da Empresa no novo Código Civil. 
Revista dos Tribunais, vol. 828, p. 43, Out/2004.
> CADERNOS SISTEMATIZADOS, Direito Empresarial, 2023.
> NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Empresarial - 11ª Edição 
2021. Saraiva Jur. Edição Kindle.
> PEREIRA, Fábio Q. As origens do Direito Comercial e a sua 
formação enquanto espaço de exceção. Rev. Fac. Direito UFMG, 
Belo Horizonte, n. 65, pp. 199 - 217, jul./dez. 2014. 
> RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial: Volume 
Único. 10. ed.. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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