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Príncipe Cruel SINDICATO SOMBRIO LIVRO 1 KHARDINE GRAY FAITH SUMMERS Contents Príncipe Cruel Nota sobre Romance Dark Prologue Chapter 1 Chapter 2 Chapter 3 Chapter 4 Chapter 5 Chapter 6 Chapter 7 Chapter 8 Chapter 9 Chapter 10 Chapter 11 Chapter 12 Chapter 13 Chapter 14 Chapter 15 Chapter 16 Chapter 17 Chapter 18 Chapter 19 Chapter 20 Chapter 21 Chapter 22 Chapter 23 Chapter 24 Chapter 25 Chapter 26 Chapter 27 Chapter 28 Chapter 29 Chapter 30 Chapter 31 Chapter 32 Chapter 33 Chapter 34 Chapter 35 Chapter 36 Chapter 37 Chapter 38 Chapter 39 Chapter 40 Chapter 41 Chapter 42 Chapter 43 Chapter 44 Chapter 45 Chapter 46 Chapter 47 Chapter 48 Epilogue í Príncipe Cruel Sindicato Sombrio Livro 1 Autora Bestseller do USA Today Khardine Gray sob o pseudônimo Faith Summers Copyright Original © 2020 por Khardine Gray Todos os direitos reservados. Tradução: Liz Gavin Revisão: Equipe Elessar Books Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de armazenamento e recuperação de informações, sem permissão por escrito do autor, exceto para o uso de citações breves em uma resenha de livro. Nota sobre Romance Dark AVISO: Este livro é um ROMANCE DARK com uma estória completa contendo cenas que podem ser gatilhos para alguns leitores. Deve ser lido apenas por maiores de 18 anos. Nota da Autora Faith Summers é o pseudônimo de romances dark da Autora Bestseller do USA Today Khardine Gray. Prologue MASSIMO 17 anos atrás – Das cinzas às cinzas, do pó ao pó – padre De Lucca murmura e faz uma pausa por um momento. Olho para ele de pé na cabeceira da sepultura da minha mãe. A expressão solene em seu rosto fica mais intensa o que me diz que ele sente nossa perda também. Lembro-me dele me contando histórias sobre minha mãe quando ela era pequena. Foi ele quem deu a primeira comunhão à minha mãe e celebrou o casamento dos meus pais. Duvido que ele pensou que a enterraria também. Ninguém pensou. Não tão cedo, nem tão de repente. O padre De Lucca respira fundo e olha ao redor para a multidão de pessoas vestindo luto. – Na firme certeza da ressurreição para a vida eterna – continua ele. – Por nosso Senhor Jesus Cristo, que é poderoso e comanda todas as coisas. Deus recebeu um de seus anjos hoje. Entrego o corpo de Sariah Abriella D'Agostino de volta à terra de onde veio. Que Deus cubra sua bela e bondosa alma de bênçãos. Meu pai encara o padre quando ele diz essas palavras finais. Eu me pergunto se o padre De Lucca também achou estranho que minha mãe se mataria. Pa está a alguns passos dele. Uma lágrima escorre pelo seu rosto enquanto uma luz brilha em seus olhos, provavelmente por causa dessa bênção final. A luz desaparece rapidamente. Ele volta a ser um homem quebrado. Apesar dos meus doze anos, sei bem como é ser um homem quebrado porque é como me sinto nesse momento. Até hoje, nunca havia visto o papai chorar. Nunca. Nem mesmo anos atrás, quando perdemos tudo e fomos jogados na rua apenas com as roupas do corpo. Meu avô dá um aperto suave no meu ombro. Quando olho para ele, encontro seu olhar tranquilizador. O tipo de olhar que todo mundo está me dando desde que tudo aconteceu. Vovô tem uma mão sobre mim e a outra em Dominic, meu irmão mais novo. Meus outros irmãos, Andreas e Tristan, estão do outro lado dele. Dominic não parou de chorar, nem uma vez desde que dissemos a ele que Ma não voltaria para casa. Ele só tem oito anos. Odeio que ele tenha que passar por isso. Gostamos de atormentá-lo e chamá-lo de bebê por viver agarrado à mamãe. Mas, na verdade, todos nós nos apegamos a ela da mesma forma. Antes deste, só havia participado do funeral da Nonna. Mas, aos seis anos, era jovem demais para entender a morte. Naquela época, não me senti como agora, como se estivesse anestesiado e com ódio mortal ao mesmo tempo. Essa mistura explosiva ameaça me despedaçar. Talvez me sinta assim porque fui eu quem encontrou Ma no rio. Fui a primeira pessoa a vê-la morta. Fui a primeira pessoa a confirmar nossos piores medos depois que ela havia desaparecido. Eu fui a primeira pessoa a saber que a última vez que nos vimos foi um adeus. Nós a procuramos por três dias. Estava andando pela margem do rio em Stormy Creek quando a vi flutuando na água entre os juncos. Seus olhos ainda abertos, vidrados. Sua pele pálida. Lábios azuis. Seu corpo balançava suavemente de um lado para o outro na água. Nunca vou esquecer essa imagem. Como uma boneca sem vida com seu cabelo loiro-branco flutuando ao redor dela, suas feições delicadas ainda parecendo tão perfeitas. Mas, sem vida. Por dentro, ainda estou gritando. Eles disseram que ela deve ter pulado do penhasco. Isso é o que ouvi os adultos dizendo. Suicídio. Ma se suicidou. Não parece real. Não parece certo. Sou arrancado dos meus pensamentos quando o padre De Lucca acena com a cabeça e papai pega um punhado de terra e joga dentro do túmulo. Quando termina de espalhar a terra, ele se ajoelha e estende a rosa vermelha que ele carrega desde que chegamos aqui. Cada um de nós tem uma. – Ti amo, amore mio – sussurra ele em italiano antes de continuar. – Vou te amar para todo o sempre. Meus pais sempre declararam seu amor um pelo outro. Sempre. Sei que ele sente a mesma culpa que nos angustia. Nós sentimos culpa por não poder salvá-la. Enquanto papai joga a flor no túmulo, o padre De Lucca faz uma oração e o vovô leva meus irmãos até a beira do túmulo para jogarem as flores. Permaneço onde estou, incapaz de me mover. Ainda não posso dizer adeus. Não quero dizer adeus nunca. Sei o que vai acontecer a seguir. Nós vamos embora e eles vão encher a cova com o resto da terra. Cobrindo Ma para sempre. Minhas pernas tremem com o pensamento e essa fraqueza toma conta do meu corpo. As pessoas começam a jogar suas flores também, uma a uma. Alguns olham para mim, outros apenas largam suas rosas, lírios ou dálias; as flores favoritas de mamãe. Aperto a rosa na minha mão com tanta força que os espinhos cortaram minha palma. Quase esqueci dela. Olho para as manchas de sangue no caule e nas folhas. A rica cor carmesim contrasta com o verde escuro. Uma mão pesada repousa sobre meu ombro, me assustando. Quando olho para cima, vejo os olhos azuis pálidos do diabo. O homem que tirou tudo de nós. Riccardo Balesteri. Um homem que papai costumava chamar de seu melhor amigo. Ao menos, pensávamos que fosse antes que tudo mudasse e ele se tornasse um monstro. Papai não nos envolvia em seus negócios, mas não havia ninguém para nos proteger naquele dia, dois anos atrás, quando Riccardo veio à nossa casa com seus homens e nos chutou para fora. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas me lembro da discussão. Lembro-me de papai implorando para ele ser razoável e mamãe chorando enquanto tentava tirar Dominic e Tristan da cama. Foi Andreas quem me pegou e me acalmou quando tentei ajudar. Os homens apenas riram de mim. Agora, este homem está aqui no funeral da minha mãe com um sorriso no rosto. – Meu querido garoto, sinto muito por sua perda – diz ele. Suas palavras são semelhantes ao que me foi dito durante todo o dia, começando quando entramos na igreja esta manhã e quando chegamos ao cemitério. Todos que disseram isso, no entanto, falavam com sentimento verdadeiro. Eram genuínos. Este homem não é. O clique-claque que reconheço como de uma arma sendo engatilhada rouba minha resposta. Não que soubesse o que dizer. Não tenho falado muito desde que encontrei Ma no rio. Olho para cima e vejo Pa segurando duas armas, apontando-as para Riccardo. Vovô coloca um braço protetor em volta dos meus irmãos enquanto os outros convidados olham aterrorizados. A única pessoa que não parece assustada é padre De Lucca. Seu rosto severo fica ainda mais duro quando Riccardo aperta meu ombro. – Tire as mãos do meu filho – Pa exige, inclinando a cabeça para o lado. Riccardo ri. O som ondula através de mim. Ele aperta meu ombro com tanta força que estremeço e meus joelhos se dobram. –Giacomo, você sempre faz uma cena – responde Riccardo em uma voz sibilante. – Eu disse para tirar as mãos do meu filho. Agora – grita papai. Em resposta, Riccardo aplica mais pressão no meu ombro. Enterra seus dedos na minha carne, apesar da barreira do tecido do meu terno. – Deixe-me ir – rosno, lutando contra seu aperto, mas ele é muito forte. Não tenho poder para lutar contra ele. Eu não posso fazer nada. – Isso é tão desrespeitoso em pleno funeral de sua esposa – Riccardo provoca. – Eu me pergunto o que Sariah diria se não estivesse sete palmos embaixo da terra. Talvez a decepção de ter você por marido a tenha feito pular para a morte. Sim, deve ser isso. Acho que ela preferiu a morte a estar com você. Enfurecido, meu pai avança com suas armas, mas Riccardo revida me puxando para mais perto e colocando o cano de aço de sua arma na minha têmpora. Eu grito, deixando cair minha rosa e cerrando os dentes. Isso faz Pa parar. Seus olhos se arregalam e minha alma estremece de medo. Este homem é o diabo. Papai sempre me disse para nunca subestimar Riccardo. Então, não vou fazer isso agora. Não vou subestimar ou assumir que ele não vai me matar. Lágrimas escorrem pelo meu rosto quando ele passa a mão pelo meu pescoço e me segura com mais força. – Seu cachorro de merda – grita papai, ainda com suas armas levantadas. – Como ousa aparecer aqui para se vangloriar? Tire suas malditas mãos do meu filho. Riccardo sorri e chega bem perto das armas estendidas de meu pai. Ele é ousado, como se soubesse que papai não iria matá-lo. – Olhe para você, pensando que é grande merda. Você não pode me matar e sabe disso. – Você quer me testar? – Pa rosna. – Tolo, se pudesse, já teria feito isso. Mas, você sabe que não pode. Sabe que na hora que me matar, você também estará morto. Seus meninos estarão mortos. Seu pai estará morto. Sua família na Itália estará morta. Todo mundo que você conhece estará morto. A lei da Irmandade protege a mim e aos meus. Pa está furioso, mas sua expressão é de derrota. O mesmo olhar derrotado que carregou nos últimos anos quando uma série de coisas ruins aconteceram. – Deixe-nos em paz – responde papai. – Isso mesmo. Gostei de ver. Sabe que não pode fazer nada comigo. Você é impotente e inútil, indefeso para caralho – Riccardo continua a provocar. – Perdeu tudo. Ela era a última coisa boa que você tinha. Ele olha para o túmulo. Apesar das minhas lágrimas, noto o primeiro vislumbre de tristeza em seus olhos duros. Ele me solta, dá um passo para trás, e abaixa a pistola. – Deixe-nos, Riccardo. Vá embora. Vá embora – exige meu pai. – Vim para prestar meu respeito ao anjo que você nunca deveria ter tido. Isso é tudo – responde Riccardo. – E também para ver sua cara. Esse olhar que você tem agora que percebe que realmente perdeu tudo. Com uma risada grosseira e sardônica, Riccardo se vira e vai embora. Pa abaixa suas armas, as coloca de volta em seus coldres, me pega e me puxa para um abraço. – Massimo – ele suspira contra o meu ouvido. – Você está machucado? Eu engulo em seco. – Não – respondo. Ele se afasta para me olhar melhor. Vê a rosa no chão e a pega. Nós nos encaramos. A tristeza em seus olhos me machuca tanto que chega a doer. – Sinto muito, meu garoto. Sinto muito por tudo – diz ele. – Por que ele nos odeia tanto? – pergunto, meus lábios tremendo. O meu pai balança a cabeça. – Não se preocupe com ele, meu rapaz. O dia de hoje não é sobre ele – papai se endireita e estende a rosa para mim. – Massimo, dê a rosa para sua mãe. Está na hora. Hora de dizer adeus. Nós vamos sair dessa. Vamos, sim. Por favor, nunca pense que sua mãe não te amava. Ela te amava com todo o seu coração. Sei que isso é verdade, mas parte de mim quer perguntar a ele por que mamãe me deixou sem se despedir. Mas, sei a resposta. A vida ficou muito difícil depois que Riccardo tirou tudo de nós. É por isso. – Dê sua rosa à sua mãe, amore mio – repete Pa, empurrando a rosa para mais perto de mim. Eu a pego e depois dou aqueles passos que tanto temia. Minhas pernas ficam mais pesadas a cada um passo. Eu paro bem na borda da sepultura e solto a flor. Quando ela cai, meu coração se parte novamente. Riccardo estava certo. Ma era a última coisa boa que nos restava. Ela era realmente um anjo. Olho ao longe e vejo o vago contorno dele andando pelo caminho que leva de volta ao estacionamento. Ele chamou meu pai de impotente, inútil, indefeso. Ele culpou papai por minha mãe querer a morte, mas não é culpa dele. Tudo o que nos aconteceu é culpa do Riccardo. Tudo isso. No momento em que o pensamento me atinge, juro vingança. Enquanto o vejo indo embora, prometo a mim mesmo que vou consertar isso. Não importa quanto tempo demore. Passarei o resto da minha vida ajudando meu pai a reconstruir. E farei Riccardo Balesteri pagar por tudo. Neste momento, podemos ser impotentes, inúteis, indefesos, mas não seremos assim para sempre. Não importa quanto tempo demore. Ele vai perder tudo também. Chapter Um EMELIA Nos Dias de Hoje – Essa vai ser nossa última noite aqui por um tempo – Jacob afirma, olhando ao redor de nossa pequena mesa na lanchonete. Frequentamos aqui há tanto tempo que o lugar se tornou uma segunda casa. – Eu sei – concordo. Uma onda de nostalgia toma conta de mim quando penso em todas as vezes que viemos aqui e nos anos em que somos amigos. Esta também é a última noite em que o verei por muito tempo. Brincando, lanço uma bolinha de queijo para ele que a pega com a boca. Começamos a rir tão alto que as pessoas nas mesas próximas olham em nossa direção. – Já terminou de fazer as malas? – Jacob pergunta, colocando o braço sobre a mesa. – Eu não sei que tipo de pergunta é essa – gargalho, balançando minha cabeça. Ele é meu melhor amigo. Então, não deveria precisar me perguntar algo assim. Nós terminamos nosso primeiro ano na UCLA há algumas semanas. Minhas malas estão prontas desde então. Amanhã de manhã vou para Florença fazer meu segundo ano por lá, na L'Accademia di Belle Arti. Meu sonho sempre foi ser uma artista. Estou animada para ir à Florença desde que papai reservou as passagens. Sempre quis estudar na Itália, assim como minha mãe. Se estivesse viva, ela estaria muito orgulhosa de mim. Ir para a Accademia é a última coisa que farei para seguir seus passos. Vai ser incrível. – Que bobagem a minha, desculpe – Jacob ri. Seus grandes olhos castanhos brilham. – Quis dizer se você está pronta para ir. Mas, provavelmente já nasceu pronta para isso. Dou uma gargalhada. – Nasci mesmo. Vou sentir muito a sua falta, mas confesso que mal posso esperar para ir embora. Vai ser emocionante começar minhas aulas por lá porque alguns dos melhores professores do mundo vão me instruir. Mas, não posso negar que a chance de escapar de Los Angeles, e da mão controladora do meu pai, me atrai também. Apesar de que ainda terei guarda-costas me acompanhando e ficarei na casa do meu tio, esta é a primeira vez que vou à Itália sem papai. – Entendo. Só espero que seu velho não tenha um ataque cardíaco – ele sorri. – Eu sei. Continuo achando que ele vai mudar de ideia. Como ele quase fez sobre eu ir para a faculdade. Eu sempre quis estudar, mas papai não queria saber disso. Ele só concordou em deixar eu estudar na UCLA porque era perto de casa. Ele também não quis saber de me deixar morar no campus da faculdade. Mas, eu adorava estudar lá por causa dos cursos e da possibilidade de ver Jacob. Foi preciso tio Leo garantir que cuidaria de mim, e eu implorar incansavelmente, para que papai me permitisse ir para Florença. – Vamos manter os dedos cruzados para que ele não mude de ideia. Você trabalhou duro para mostrar a ele que vai ficar bem, e trabalhou duro para conseguir a vaga – Jacob acena com a cabeça, parecendo orgulhoso de mim. – Obrigada. Sei o que significa ser uma Balesteri, ser a filha única de um chefe da máfia. Meu pai é um homem poderoso. Como tal, tem inimigos. Experimentei um choque que abriu meus olhos quando meu primo, Porter, foi morto a tiros na rua alguns anosatrás. Minha família não é pouca coisa. Nem a de Jacob. Nós dois temos idade e inteligência suficientes para saber de onde viemos. O pai de Jacob trabalha para o meu, então estamos bem cientes dos perigos que podemos enfrentar apenas por sermos quem somos. Amo muito meu pai e sei que ele só quer me proteger, mas às vezes sinto que estou vivendo em uma grande gaiola dourada. Ir para a Itália me dará a chance de ser livre. Sinceramente, espero que, se tudo correr bem, papai me dê mais liberdade para que possa viajar sem supervisão constante. – Sua mãe ficaria feliz e muito orgulhosa de você – Jacob diz. Eu suspiro, balançando a cabeça lentamente, e ele estende a mão sobre a mesa para cobrir minhas mãos com as dele. Mamãe se foi há três anos. Às vezes, não parece real. Às vezes, a dor volta para me assombrar, e me lembro de como ela sofreu durante os últimos meses, quando o câncer a venceu. Eu não tinha certeza do que a matou primeiro — as sessões rigorosas de quimioterapia ou a própria doença. Ela nem se parecia com minha mãe no final. A única coisa que restava era seu belo espírito. Ela estava me observando pintar quando deu seu último suspiro. Nunca vou esquecer o jeito que ela me olhou. Como se estivesse orgulhosa de mim. Orgulhosa por compartilhar seu dom artístico comigo e orgulhosa por eu querer aprimorar o meu dom. – Isso significa muito para mim, Jacob. – Sei que sim. Realmente, vou sentir muito a sua falta. – Mas vai lá me visitar, certo? – pergunto, esperançosa. Ele solta minhas mãos e me dá um de seus sorrisos arrogantes. – Toda chance que tiver. – É bom você ir mesmo. – Você sabe que eu vou – ele aperta os lábios e eu olho para ele enquanto um silêncio constrangedor preenche o espaço entre nós. Em sua última mensagem de texto, ele mencionou querer me perguntar algo importante. Eu tenho uma boa ideia do que isso pode ser. Ele ficou diferente comigo desde que começamos a faculdade. Diferente de uma maneira que sugere que ele quer que sejamos mais do que amigos. Finjo não notar, mas percebo. Eu vejo isso agora enquanto ele olha para mim. Eu devo ser uma idiota por não querer ele também. Jacob é bonito e sempre cuidou de mim. Mas, para mim, ele é como um irmão. Não consigo nos ver sendo mais do que amigos e também não sinto por ele nada além de amizade. Além disso, mesmo que ninguém nunca tenha dito isso, sei que não importa quão próximo Jacob seja, ou quais laços unam nossas famílias, papai nunca permitiria nada além de amizade entre nós. Definitivamente, não quando ele me disse que terei um casamento arranjado algum dia, do jeito que ele e mamãe tiveram para unir os negócios da família. Essa foi a notícia que papai me deu no meu aniversário de dezoito anos. Foi a única discussão sobre negócios que tivemos. E isso me enfureceu porque sou uma romântica incurável que quer ter um amor verdadeiro. No entanto, como conheço meu pai, sabia que a discussão era definitiva. Da mesma forma que não tenho liberdade, não posso dizer com quem vou acabar. Durante aquela conversa, nem foi preciso dizer que Jacob nunca seria um homem que papai consideraria para mim. Então, mesmo que eu retribuísse os sentimentos de Jacob, sei que não posso desafiar meu pai. – Eu acho que deveria falar com você sobre isso, certo? – ele diz, inquieto e tenso. – Sim, você deveria – quero que ele me diga o que está em sua mente para que eu possa ser honesta com ele. – Eu estava pensando em nós e no relacionamento que temos – ele começa. – Sempre fomos ótimos juntos. – Sim – respondo, mordendo o interior da minha boca. – Emelia, você sabe que realmente valorizo você. Estou prestes a dizer a ele que o valorizo também, como meu melhor amigo, quando a porta do restaurante se abre e Frankie, um dos guardas do meu pai, entra. No momento em que nossos olhos se encontram, sei que algo está errado. Meus nervos aumentam quando ele marcha até nós com um baque pesado do salto de seus sapatos ecoando pelo restaurante. – Emelia – diz Frankie – você tem que vir comigo agora. Eu olho para Jacob e depois para Frankie. – O que? – Preciso que venha comigo, com urgência. Urgência? Oh, Deus. Assim que minha mente processa essa palavra, fico preocupada. – Por quê? Aconteceu alguma coisa com papai? Isso está parecendo quando descobri que mamãe tinha câncer. Estava na aula quando Frankie veio e me disse que ela tinha sofrido um acidente de carro. Ela desmaiou enquanto dirigia e bateu o carro. O acidente não foi nada, mas o que se seguiu depois foi uma jornada que nunca esquecerei. Não sei o que faria se perdesse meu pai. Eu não poderia suportar. Ele é tudo que me resta. – Por favor, me diga que ele está bem – gaguejo. – Está bem e pedindo para te ver. Temos que ir agora. Eu engulo em seco. – Frankie, você está me preocupando. Por favor, me diga do que se trata. – Emelia, não – ele balança a cabeça com firmeza. – Já disse que era urgente e isso é tudo que precisa saber. Agora, venha – exige com os punhos cerrados e um olhar feio que me faz lembrar que, embora eu seja a princesa Balesteri, há certas coisas que não fico a par e ele não tem obrigação de me contar nada. Ele responde ao meu pai, e nós dois sabemos que, quando meu pai diz que preciso estar em algum lugar, lá é onde tenho que estar. Sem argumentos, sem perguntas. Eu me levanto da cadeira. Jacob também. Planejava ficar com ele por mais algum tempo. Afinal, nem chegamos a terminar nossa conversa. – Desculpe, Jacob – digo com um leve encolher de ombros. – Não, não se desculpe. Espero que esteja tudo bem – Jacob responde, mas posso ver a decepção à espreita no fundo de seus olhos. Eu me sinto culpada por isso porque sei que essa é uma conversa que ele queria ter comigo há um tempo e eu a evitei com medo de que minha resposta arruinasse nossa amizade. – Vejo você na Itália. – É melhor mesmo – respondo, jogando meus braços em volta do pescoço dele. – Tem minha palavra – Jacob promete com um sorriso, mas me dá um olhar aguado cheio de preocupação antes de me desejar uma boa noite em italiano – Buona sera. – Buona sera – respondo com um pequeno sorriso. – Vamos – Frankie insiste. Quando eu me movo em direção a ele, ele coloca a mão na parte inferior das minhas costas, me conduzindo para longe. – E o meu carro? – pergunto, olhando para o estacionamento enquanto saímos. – Vou pedir para alguém pegar – responde rispidamente. Sou levada ao Bentley e vejo Gio, o segundo em comando do meu pai, sentado ao volante. Frankie abre a porta de trás para eu entrar. Assim que afivelo o cinto de segurança, ele se junta a Gio no banco da frente. Um nó se forma na minha garganta quando o carro avança pela rua e olho para trás, para a lanchonete. Jacob está observando enquanto nos afastamos. Isso é estranho, muito estranho, mesmo para o meu pai. Ele nunca fez isso antes. Trinta minutos depois, quando passamos pela estrada que nos levaria à minha casa em Malibu, meu coração aperta. Papai estava em casa em seu escritório quando saí mais cedo. Ele nunca costuma sair quando chega em casa à noite, e definitivamente não aos sábados. Meu peito dói e meu coração aperta em desconforto quando passamos pelo complexo da Balesteri Investimentos e continuamos pela Pacific Coast Highway. Quando não fomos para casa, presumi que encontraria papai em seu escritório de trabalho. Esse é o único outro lugar onde ele estaria. Agora, não faço ideia para onde estamos indo. Continuamos pela estrada por mais uma hora, passando pela marina em Long Beach e depois pegando a saída para Huntington Beach. Entramos em uma estrada com lindas e modernas casas de praia que parecem ter sido tiradas de um sonho. Depois, pegamos outra estrada onde tudo o que posso ver é o mar e as ondas se chocando contra a costa. Quando uma grande parede branca aparece e o carro diminui de velocidade, a tensão dá um nó em minhas entranhas. Não tenho ideia de onde diabos estou, ou por que papai estaria aqui a esta hora. Estive em Huntington Beach poucas vezes e nenhuma nos últimos anos. Nunca viemos aqui ver alguém queconhecíamos. Era sempre para participar de algum evento para arrecadar fundos e eu sempre estava com meus pais. O carro para em frente a um grande portão de metal que se abre para nós. Quando passamos, vejo dez homens parecidos com fuzileiros navais guardando a entrada com metralhadoras. Agora sei que quem mora aqui deve ser alguém de grande importância. Ou alguém com muitos inimigos. Chapter Dois G EMELIA io murmura algo baixinho para Frankie, que balança a cabeça várias vezes. Não entendi o que ele disse, mas pelo que ouvi parecia que eles tinham pensamentos semelhantes aos meus. Papai tem guardas, sim, mas nossa casa não é tão protegida assim. À medida que continuamos por um longo caminho, mais guardas aparecem e eu observo meus arredores, notando como a praia se mistura com os jardins. À distância, há uma doca com um iate e dois veleiros atracados. Vejo o contorno de outro barco, mas não consigo enxergar direito daqui. À nossa frente, surge uma mansão. Contra um céu de veludo escuro, sua beleza cosmopolita rouba meu fôlego, mesmo em meu estado de tamanha tensão. Iluminada pela combinação do luar e das luzes do chão, que cercam a frente da casa, posso ver o design mediterrâneo deslumbrante que me faz sentir como se estivesse chegando a uma vila luxuosa na Sicília. Essa sensação faz um contraste intrigante com a incerteza que sinto se formando em minha alma. A mansão é facilmente uma daquelas casas de dez milhões de dólares sobre as quais a gente lê em revistas de arquitetura, com uma vista panorâmica à beira-mar e hectares de terra ao seu redor. Imagino que o proprietário deve ser elegante e gostar de velejar também, pela presença dos barcos na doca. Quem é ele, porém? À medida que nos aproximamos, vejo carros estacionados na entrada e homens armados saindo dos cantos, tirando-me do meu devaneio e encantamento com a beleza da casa. – Puta merda – Gio sibila baixinho. – Sim, que foda de fato. Esse cara é um filho da puta de um peixe grande – murmura Frankie. Meu pai detesta quando seus homens xingam perto de mim. Ele tem medo que isso me contamine. Para mim, é uma tolice ele se preocupar com essas coisas quando sempre há algo maior com que se preocupar. Como o que está acontecendo agora. – De quem é essa casa? – pergunto, mas nem Frankie nem Gio me respondem. Eles fazem questão de me ignorar, continuando a olhar para a frente. Eu cerro os dentes por causa da minha raiva. Eles não precisam ser tão idiotas. Era uma pergunta simples. Uma que eu tenho certeza que qualquer um perguntaria. Como não quero me sentir tola de novo, decido não fazer mais perguntas. É claro que elas não serão respondidas por esses dois. Estacionamos e Frankie sai do carro primeiro. Ambos os homens vêm para o meu lado quando saio, protegendo-me ao mesmo tempo que seguram meus braços. Permito que me conduzam. Meus nervos aumentam quando os guardas armados chegam até nós e apontam a casa, gesticulando para entrarmos. Quando entramos, a tentação de olhar ao redor para registrar tudo é grande. Mas, não posso me distrair com a beleza do lugar. Neste momento, não me importaria se a casa fosse a mais bonita do mundo, porque a sensação sinistra me picando os nervos, e o aperto em meus pulmões, são sinais de que o que está acontecendo não é bom. – Por aqui – diz um dos guardas à nossa frente, apontando para uma sala que posso ver que deve ser a sala de estar. Entramos e, quando vejo papai sentado em um sofá de couro preto, solto a respiração que estava prendendo até este instante. Enquanto ele olha para mim, posso dizer pela sua pele pálida e pelo suor escorrendo pelo lado de seu rosto que algo está muito errado. A preocupação está gravada em todo o seu corpo, e o olhar assustado em seus olhos azuis pálidos acaba com sua vibração habitual. Papai realmente parece assustado. A última vez que o vi assim foi quando mamãe adoeceu. Esse olhar só piorava a cada tratamento que ela fazia e a esperança de sua sobrevivência se esvaía. Por que está assim agora? O que pode ter acontecido? Quando ele se levanta, eu corro até ele e o abraço. Nós nos separamos e ele pega minhas duas mãos nas suas, em seguida, dá um beijo na minha testa. – Pai, o que está acontecendo? De quem é esta casa? – Emelia, algo aconteceu – sua voz está trêmula, outra característica que associo à época em que mamãe estava doente porque meu pai, geralmente, é uma fortaleza sem igual. – O que aconteceu? – Lembra daquela discussão que tivemos, algum tempo atrás, sobre o que aconteceria se houvesse um pedido de casamento? Meus lábios se abrem e eu estreito meus olhos, sem entender onde ele quer chegar com essa conversa. – Sim, lembro – é óbvio que me lembro muito bem daquela discussão. Por coincidência, estava pensando nessa estória há pouco quando estava com Jacob. Na verdade, não é preciso muito para lembrar como fiquei chateada depois que papai e eu tivemos essa conversa. Enquanto olho para ele, prendo minha respiração por causa da apreensão que toma conta de mim. Afinal, porque ele estaria trazendo o assunto à tona nesse momento? Fui trazida a esta casa, um lugar onde nunca estive antes, para encontrar meu pai, que parece muito assustado. Desvio meus olhos dos dele para olhar ao redor da sala e travo meus dentes com força para impedi-los de bater. Quando volto minha atenção para papai, junto minhas mãos à minha frente em um pedido mudo. – De quem é essa casa, pai? – repito minha pergunta anterior. – Minha – uma voz masculina profunda chega a mim vinda do canto mais distante da sala. Eu me viro nessa direção e meu olhar pousa no homem mais bonito que eu já vi na minha vida. Ele tem uma forte mistura de masculinidade agressiva e beleza que eu nunca vi antes. Seus traços são marcantes e ele possui penetrantes olhos azuis como o céu da meia-noite que capturam e prendem minha atenção. Ele é alto, com porte majestoso, e a camisa social branca e a calça preta permitem uma visão completa de seu corpo musculoso. Seus ombros fortes estão retos e sua presença exala autoridade e exige obediência. Sinto seu poder como se fosse algo tangível flutuando no ar. Fico impressionada com sua aparência e a força de sua presença, mas é o jeito que ele olha para mim que me fascina. Ele está olhando para mim como se pudesse ver através de mim, até a minha alma. Um homem mais velho, que sem dúvida tem que ser seu pai, aparece atrás dele e me arranca do transe em que estava. Além de terem a mesma cor de olhos, eles são muito parecidos para não serem pai e filho. Sinto o mesmo ar de autoridade no homem mais velho. Exceto que ele não tem o olhar penetrante do filho. Acredito que ele tem a mesma idade que meu pai e acho que são homens da máfia. Eles emanam essa vibe. O Sr. Bianchi, o advogado da nossa família, aparece em seguida com alguns documentos nas mãos. Quando vejo isso, lembro-me do que papai disse e o pânico toma conta de mim. – A bola está no seu campo, Riccardo – diz o homem mais jovem, me surpreendendo ao chamar meu pai pelo primeiro nome. Só os amigos do meu pai o chamam assim e nunca vi esse homem na minha vida. – Agora que estamos todos aqui, pode terminar o que estava dizendo a ela. Não perco o breve olhar de admiração que ele me dá. Em resposta, inclino a cabeça e tento parecer que não estou perturbada, embora esteja. Muito. Estou acostumada com os homens olhando para mim da mesma forma que olhavam para minha mãe. Ela era muito bonita, e embora eu não afirme possuir o tipo de beleza que ela tinha, as pessoas me disseram que eu pareço exatamente com ela. – Emelia, este é Massimo D'Agostino e seu pai Giacomo – papai os apresenta, apontando para os homens respectivamente. À menção do nome D'Agostino, imediatamente me pergunto se a família tem alguma coisa a ver com uma empresa de petróleo chamada D'Agostino. Lembro-me porque o nome é incomum e não é um que estou acostumada a ouvir. É italiano, e eles são italianos, então talvez eu esteja certa. Não serei uma idiota completa oferecendo gentilezas e boas maneiras a esses homens. Estáclaro que não estamos aqui para uma visita social. Olho de volta para papai e o encaro de frente. – Pai, o que estamos fazendo na casa do Sr. D'Agostino? – exijo, sem rodeios. – Emelia, você vai se casar com Massimo em um mês – ele responde, e meu queixo cai. – O que? Não, não pode ser verdade – balanço minha cabeça furiosamente em descrença. – Como assim? Não vou aceitar. – Vai se casar, sim – ele confirma naquela voz que mostra a profundidade de sua seriedade. Lágrimas brotam dos meus olhos, mas pisco várias vezes para contê-las, me forçando a não chorar. – Pai, isso é ultrajante! Não posso me casar com alguém que não conheço – eu suspiro. – Não imaginei que aconteceria dessa forma. Isso é muito diferente do que ele me disse. Ele prometeu que eu encontraria com o homem com quem iria me casar com bastante antecedência e que haveria tempo para conhecê-lo bem. – Pai, você realmente concordou com isso? – Tive que concordar. Massimo deseja levá-la já esta noite. No segundo em que ele diz isso, meu coração afunda e eu me afasto dele. Minha cabeça está tão leve que posso desmaiar. Tudo o que posso fazer é olhar para ele em choque. – Esta noite! E a Itália? Estou indo embora amanhã. E quanto à escola? – sabia que era bom demais para ser verdade, mas nunca imaginei que algo assim aconteceria. – Você não poderá ir – ele responde, e meu coração se parte em milhões de estilhaços. – Meu curso de arte! Por favor, não tire meus sonhos de mim – eu imploro. – Por favor, papai. Papai. A última vez que o chamei assim foi anos atrás, quando mamãe morreu. Literalmente momentos depois dela expirar, quando eu desmoronei. Eu me sinto como aquela garota novamente. – Emelia, me desculpe. O remorso transborda em seus olhos, mas não é suficiente para me acalmar. Ele sabia o quanto significava para mim poder ir para a Itália. – Eu trabalhei tanto para entrar na Accademia. Papa, é a Accademia, pelo amor de Deus. Você sabe como é difícil conseguir entrar. Os candidatos têm que ser excelentes. Eles disseram que eu tive as melhores notas no teste. Ele estende a mão e segura meu rosto. – Filha, me desculpe. Lamento profundamente. Isso tem que acontecer. Eu não posso fazer nada sobre isso – ele aperta os lábios e segura meu olhar. – Por favor, não torne isso mais difícil do que já é. – Como pode fazer isto comigo? – contra-ataco, e ele deixa cair as mãos ao lado do corpo. Papai lança um olhar penetrante para Massimo, o qual ele retorna com um leve sorriso. É quando tenho a impressão de que há mais por trás dessa estória. – Senhor, está pronto para assinar o contrato? – o Sr. Bianchi pergunta e volto meu foco para ele enquanto ele segura o documento. – Contrato? – interrompo antes que papai possa responder. – Este é um contrato comercial. Como minha herdeira, precisará assiná-lo – papai explica e de repente tudo parece muito pior. Nunca houve qualquer conversa sobre eu assinar algo desse tipo antes. – Como assim? Eu não entendo. – Estou pronto, Sr. Bianchi – papai diz, me ignorando, e o advogado coloca o documento na mesa de centro ao nosso lado e se afasta. – Senhor D'Agostino, por favor, assine aqui – diz Bianchi, e Massimo caminha para assinar na seção que ele apontou. Ele está tão perto de mim que os cabelos da minha nuca se arrepiam quando nossos olhos se encontram. Quando vejo que não há nada em seus olhos, nenhuma alma, nada humano, nada que ele queira dar, me sinto presa nas profundezas de seu olhar azul. É como se tivesse sido sugada para um buraco negro e tudo o que existe na sua profundeza é escuridão. Massimo se endireita e mantém o olhar fixo em mim. – Senhor Bianchi, por que você não dá à senhorita Balesteri a honra de ler as partes relevantes do contrato para que ela tenha clareza do que está assinando? Há uma ameaça proposital em seu tom que chama minha atenção. É zombeteiro e acho que é dirigido ao papai. – Sim, claro – Sr. Bianchi acena com a cabeça e recupera o documento. Ele me dá um olhar de simpatia antes de começar a ler e minha pele fica vermelha. Um medo gelado toma conta de mim – Certifica-se por este instrumento que Massimo D'Agostino se tornará, a partir deste dia primeiro de julho de dois mil e dezenove o único proprietário de Emelia Juliette Balesteri. Ela fará parte de todos os ativos adquiridos de Riccardo Balesteri na tentativa de recuperar os valores de sua dívida. Ela pertencerá a ele, e o casamento com ele vinculará todas as futuras aquisições de negócios e heranças ligadas ao nome dela. – Pare – grito, impedindo-o de ir mais longe. Minha boca está aberta, mas como não consigo formar palavras, apenas encaro o Sr. Bianchi em total descrença. Bile revira meu estômago antes de subir por minha garganta, queimando. Meu cérebro se agita e minha pele se arrepia. A situação é muito pior do que pensava. Não ir para a Itália perseguir meus sonhos de carreira é ruim. A ideia de me casar com um homem que não conheço é devastadora. Mas, isso é pior do que todo o resto junto. As palavras do contrato giram em minha mente enquanto olho para os homens ao meu redor e me concentro em cada um. Giacomo, cujo rosto é severo, sem emoção. Massimo, que me encara com expectativa. Sr. Bianchi, que desvia o olhar envergonhado. Ele parece ser a única pessoa aqui que sabe que isso é errado. Quando meu olhar volta para papai, tudo vem junto. Contrato de venda? Único proprietário? Uma tentativa de recuperar os valores de sua dívida? Jesus Cristo. A razão pela qual isso não é como o que discutimos antes é porque não é. Isso é algo completamente diferente. O tipo de coisa que ouvi falar em sussurros abafados nos círculos em que vivemos. Isso é um inferno. – Você está me vendendo! – Minha voz é estridente, subindo várias oitavas enquanto falo, tremendo enquanto morro por dentro. – Papai, você está me vendendo? O rosto dele se contorce e sua mandíbula aperta, mas ele não responde. Ele está me vendendo. É verdade. Eu sou parte de seus bens. Uma barganha por sua dívida. O que diabos aconteceu? Meu pai é incrivelmente rico, então que merda poderia ter acontecido? – Eu, papai? Como pode? Sou sua filha. Papai, sou eu, Emelia. Você pode olhar para mim como se eu fosse uma coisa e me vender, sem mais nem menos? Quando prometeu à mamãe que sempre cuidaria de mim, era isso que queria dizer? – nesse ponto, estou gritando e não consigo evitar. Nunca levantei minha voz para ele antes, mas não me importo em ser a filha respeitosa que ele está acostumado. Toda essa estória de me trocar por pagamento de dívidas é uma merda enorme que me roubou o chão. Nem estou preocupada com a minha herança, pois ela sempre fará parte dos negócios. – Emelia, preciso da sua assinatura – papai diz. – Pai, como pôde fazer isso? Você está realmente me vendendo – resmungo, e as lágrimas vêm com força agora. Que foda. Como ele pode pensar que está tudo bem? Como ele pôde me tratar como se eu fosse propriedade? Um ativo. A vontade de tentar me manter firme surge com força e me afasto do meu pai. Mas, trombo com uma parede. Não, não é uma parede. Braços me seguram, me mantendo no lugar, me impedindo de fugir. Olho para cima e vejo Frankie. Ele desvia o olhar, porém, e olha para a frente. Estava certo em pensar que eu fugiria, mas até onde eu iria? – Você vai assinar o documento, Emelia – papai olha feio para mim. – Não – grito, e quando a palavra sai dos meus lábios, percebo que é a primeira vez que o desafio. Papai pega a caneta de Massimo e o contrato do Sr. Bianchi e corre para mim rápido como um raio. Perco o fôlego quando ele me puxa para longe de Frankie, agarrando meu braço com tanta força que temo que tenha deslocado meu ombro. Como se eu fosse uma criança petulante, ele me leva até a mesa de centro, abaixa o contrato e pega minha mão para colocar a caneta entre meus dedos. Papai então aperta minha mão com tanta força que eu grito de dor. – Você vai me obedecer – papai se enfurece, apertando mais forte, me chocando. – Você vai fazer isso, Emelia. Em todos os meus dezenove anos, ele nunca se comportoudessa maneira. Nunca me bateu. Nunca me maltratou de forma alguma. Desespero e raiva se misturam em seus olhos. Retiro o que disse antes. Ele não parecia tão assustado assim quando mamãe morreu. Na verdade, nunca o vi tão aterrorizado como agora. – Você não pode me obrigar a fazer isso – tento puxar minha mão, mas ele é muito forte. – Assine isso! – grita ele. Fico chocada quando uma mão pesada pousa em cima da dele, quase cobrindo nossas duas mãos. De repente, Massimo tem uma pistola apontada para a cabeça de papai. Todo o sangue foge do meu corpo enquanto observo o cano de aço lustroso da Glock pressionando a têmpora de papai. Minha cabeça gira enquanto meu cérebro tenta processar o que estou realmente vendo e sinto que estou de pé sobre um gelo fino que está prestes a rachar a qualquer segundo. Papai para e seus dedos soltam os meus. Ele engole em seco, seus olhos ficam tão arregalados quanto os meus. – Emelia, talvez precise de um incentivo. Vou te dar um, porra – diz Massimo tão casualmente e sem esforço que poderia estar falando sobre o tempo. Oh, meu Deus. Ele está falando sério. Ele vai fazer isso, vai matar meu pai. Papai fica rígido, congelado de medo nos braços de Massimo. Medo que só piora quando o martelo na arma engatilha. Clique-claque. O som enche a sala e destaca a gravidade do que estou enfrentando. É um som que pulsa em minha alma. É um som que acho que nunca vou esquecer. É um som que me lembra a escuridão do meu mundo. O mundo do qual meu pai passou a vida tentando me proteger. Está aqui, me encarando nos olhos na forma de um lindo demônio. Aquele olhar sem alma de Massimo D'Agostino é tudo que preciso para entender que ele não hesitaria em puxar o gatilho e matar meu pai bem na minha frente. – Não, por favor. Não o machuque – imploro. – Por favor, não o mate. – Assine o maldito documento então, principessa, ou não vai gostar do que acontecerá – responde. Estou impotente contra sua ameaça. Não adianta dizer mais nada. Eu tenho exatamente uma escolha e isso não envolve sair daqui e pegar aquele avião para Florença pela manhã. Meu olhar cai para o contrato diante de mim descansando na mesa de centro. Contra a madeira escura e polida, o papel de cor creme parece se destacar como uma luz acesa. Com a mão trêmula, seguro a caneta e coloco a ponta na linha em negrito do contrato acima do meu nome, onde devo assinar. Alívio toma conta de mim quando Massimo abaixa a arma, mas lágrimas ardem em meus olhos enquanto abro mão de minha vida e meus sonhos. – Leve-a para o quarto dela – Massimo ordena quando eu me endireito, tremendo. Alguém segura meu braço. Não sei quem é porque as lágrimas agora borram minha visão. Eu me movo, sentindo-me entorpecida por dentro, e não consigo olhar para papai quando saio. Não sei em que diabos ele nos meteu. Tudo o que sei é que, em vez de esperar ansiosamente pelos meus sonhos, estou caminhando para o que parece ser a minha destruição. E o que mais poderia ser além do meu fim? Afinal, fui vendida. Chapter Três E MASSIMO ncaro Manni, meu guarda-costas, enquanto ele leva Emelia embora. Se já tivesse acabado aqui, eu mesmo a levaria para o quarto dela. Não ele. Sinto meu sangue fervendo ao vê-lo tocá-la. Fazendo o primeiro toque no que é meu. A princesa Balesteri. Com seu cabelo negro brilhante, olhos cinzentos e um corpo como uma pin-up perfeita, Emelia Balesteri foi considerada um prêmio no submundo desde que seu pai a exibiu no baile de caridade do Sindicato meses atrás. Ela é um prêmio que eu agora possuo. Uma princesa que foi trancada em uma torre a vida toda e governada pela mão controladora de seu pai. E acabei de mover a princesa de uma torre para outra. A diferença é que não haverá príncipe para salvá-la. Ninguém virá para lhe dar liberdade. Ela é o espólio da guerra, um troféu, e ninguém seria tolo suficiente para me confundir com um bom homem. Portanto, não vou sentir pena dela. Sendo tão linda e inocente como é, Emelia é uma peça no tabuleiro de xadrez e tirá-la de seu pai foi apenas o começo do caos que pretendo causar em suas vidas. Estou apenas começando com Riccardo Balesteri, o demônio de olhos azuis claros que arruinou minha infância. Meu casamento com Emelia significa que, quando ela fizer vinte e um anos, recebo de volta tudo que já pertenceu à minha família. A Balesteri Investimentos era o negócio da minha família. Foi fundada pelo meu tataravô décadas atrás e se chamava D'Agostino Investimentos até que Riccardo roubou a empresa do meu pai, iniciando uma reação em cadeia que nos fez perder tudo. É isso que queremos fazer com ele. Pegar tudo o que possui e deixá-lo sem nada. Destruir o filho da puta. Quando descobrimos a merda que estava fazendo, eu poderia ter apenas exigido a empresa de volta, mas queria causar mais danos. É por isso que quero a filha dele. Casar com Emelia também significa que Riccardo não poderá ganhar o dinheiro que ele esperava vendendo-a para outra pessoa. Pobre menina. Ficou claro que ela não tem ideia de quem seu pai realmente é. Tenho certeza de que ela não teria implorado pela vida de Riccardo se soubesse. Desde a noite do baile, sabia que não havia como ela conhecer o verdadeiro Riccardo Balesteri. Como a maioria dos homens nos círculos em que transitamos, eu nunca a vira antes daquela festa. Riccardo a levou como um cordeiro inocente para o matadouro. Ele a vestiu de preto para declarar a todos nós que ela estava à venda. Pela excitação em seu rosto, era óbvio que ela nem sabia por que estava ali. Esse evento era o que chamamos de Visualização, um sinal para começar o leilão e os interessados darem lances. Ele a exibiu como um pedaço de carne à venda, e ela tem sido o assunto do submundo desde então. Qualquer compaixão que eu pudesse ter sentido por ela ocorreu naquele momento, e terminou ali. Eu me viro para encarar Riccardo e pego o filho da puta me olhando fixamente em estado de choque. Em circunstâncias normais, tenho certeza de que qualquer pessoa que apontasse uma arma para a cabeça dele morreria antes que pudesse piscar. Mas, eu não preciso me preocupar com isso. E o filho da puta sabe exatamente por que fiz isso. Quero mais é que ele se foda. O que fiz não foi nada além de uma doce vingança por tudo que me fez passar no funeral da minha mãe. – Está feito – diz o outro filho da puta, o Bianchi, cortando a espessa névoa de silêncio que se estabeleceu sobre a sala. Ele aplica o selo da família Balesteri no contrato, fechando o negócio. – Bom – diz papai, retomando a liderança. Embora eu possa sentir o olhar quente de Riccardo sobre mim, observo Bianchi enquanto ele junta o contrato e os outros documentos com nossa oferta e começa a colocá-los em um grande envelope pardo. Ele é o que chamo de vaca de presépio. Um merda irritante e covarde que faz tudo o que mandam fazer, sem questionar. Um verme que trabalha para Riccardo há muito tempo. Encaro o idiota e me pergunto se ele se lembra de mim quando menino. Tenho certeza que sim. Ele olha para mim como se ele se lembrasse muito bem. Naquele tempo, quando ele e sua corja de filhos da puta vieram arrancar minha família de nossa casa, eu o encarei da mesma forma que faço agora. Ele riu da minha cara, me chamando de criança idiota. Eu tinha dez anos. Bianchi não está rindo agora. Está se cagando de medo, assim como Riccardo. Agora, com vinte e nove anos, estou prestes a assumir o império do meu pai. Um império que ele construiu do nada depois que perdemos tudo. Com a troca da liderança, o pagamento das dívidas de Riccardo virá para mim. Ao contrário da criança tola que fui chamado, tracei um plano cuidadoso que bloqueou Riccardo por todos os lados. A influência que temos sobre ele garantirá que se ferre, assim como todos que usam o sobrenome Balesteri, se ele apenas olhar atravessado para qualquer um de nós. – Posso ir agora? – Bianchi pergunta e eu quase caio na gargalhada. Ele parece estar pronto para se cagar. Riccardo parece ainda pior pelo fato de que seu amado advogado teve que pedir permissãoa meu pai e a mim para sair. – Pode – papai responde. – Não precisamos de advogado para o que acontece a seguir. É um negócio do Sindicato e, como tal, será tratado entre nós. Será interessante assistir. Continuo observando Bianchi, que sai correndo como a porra do rato que é. – Deixe-nos – digo aos meus homens, e eles me obedecem. Os dois guardas que trouxeram Emelia também vão embora, deixando apenas nós três na sala. – De volta aos negócios – diz meu pai com um sorriso presunçoso. – Que tal voltarmos para o meu escritório? – indago, apontando com minha arma para a porta pela qual entramos. Riccardo mostra os dentes antes de começar a andar. Papai e eu seguimos atrás. Como havia deixado a porta do meu escritório aberta, entramos e sentamos. Eu guardo minha arma e dou ao meu pai a cadeira principal porque esta próxima parte é toda dele. Esta parte é o que chamam de verdadeira arte da guerra, ou seja, saber quando levar seu inimigo exatamente onde você quer que ele esteja e atacar. Não no ponto em que ele está ferido, mas quando você sabe que ele anda na linha entre a vida e a morte e apenas um milagre o salvará. É aí que Riccardo está, e o filho da puta sabe disso. – Você não pode simplesmente tirar meu direito de voto – diz Riccardo, tentando manter seu tom sob controle. – É isso que me liga ao Sindicato. Que tipo de membro seria sem meu direito de votar nas decisões? Seu direito de voto é sua maior preocupação agora? Não a Emelia? Que idiota. – Isso não é problema meu. Quero seu direito de voto, ou o acordo está cancelado – Papai responde, e Riccardo apenas o encara, derrotado. Meu pai está aqui comigo para garantir a última coisa que esse idiota possui: seu direito de voto no Sindicato, na Irmandade. Como Riccardo, meu pai é um dos membros do Sindicato. Direitos de voto significam poder e controle. Este é o ato final do meu pai como chefe. Seu último presente para mim antes de me passar o bastão do império D'Agostino. Nossa exigência do direito de voto de Riccardo foi o choque que ele tomou pouco antes de Emelia entrar. Foi por isso que ele se comportou daquele jeito com ela. Choque e desespero o consumiram pelo fato de termos descoberto seus segredos. Tudo graças ao meu irmão, Dominic. Dominic descobriu que Riccardo estava roubando dinheiro do Sindicato para fazer negócios com o Cartel Sequina no Equador. O tolo fez uma aposta e usou o dinheiro deles, junto com quase todo o dinheiro dele mesmo, para transportar contêineres de heroína para a Europa. Perdeu milhões quando os federais apreenderam a mercadoria e teve que pedir ajuda a nós. Nós, seus inimigos. Ele veio sob o pretexto de que precisava de um empréstimo comercial. Papai deu a ele o dinheiro e fez Dominic checar o que estava acontecendo quando Riccardo não conseguiu nos pagar de volta. Foi então que descobrimos a verdade e percebemos que o babaca só veio até nós porque sabia que não podia recorrer a mais ninguém. Talvez pensasse que poderia usar a amizade que ele e meu pai tiveram muito tempo atrás. Com a chance de destruí-lo aberta diante de nós, aproveitamos para fazer uma oferta que ele seria um tolo se recusasse: sua amada filha, a herança dela e o novo conjunto de apartamentos de luxo que ele comprou no início do ano, em troca de sua dívida. Agora, queremos seu direito de voto em troca de não contarmos ao Sindicato sobre seus crimes contra a Irmandade. – Você me dará o seu direito ou não hesitarei em informar à Irmandade sobre seus erros grosseiros. Duvido que queira essa bomba em suas mãos. O terror faz gotas de suor se formarem no lábio superior de Riccardo. Filho da puta. Ele é um idiota por pensar que logo nós, depois de tudo o que ele nos fez, vamos deixá-lo ganhar essa. Ele é sortudo. Isso é o que ele é. Sorte que só queremos destruí-lo em vez de colocar uma bala em sua testa. O filho da puta fez a única coisa que não deveria fazer em nosso mundo: subestimar. Ele nunca pensou que alguém descobriria seus segredos. – Está adorando isso, não está? – Riccardo zomba. – Sim, estou – Pa responde, curto, doce e sucinto, sabendo que Riccardo não quer o Sindicato na sua cola. Mordo meu lábio para esconder meu sorriso enquanto vejo um sorriso de vitória dançar nos lábios do meu pai. O poder é uma coisa linda. É muito melhor quando você pode prová-lo e senti-lo correndo em suas veias. Ao contrário daquele dia no cemitério, Pa e eu estamos longe de ser impotentes, inúteis ou indefesos. – Giacomo, vocês levaram minha filha – lembra Riccardo ao meu pai. – E com ela recebo de volta o que já foi meu – Pa responde. – Não vamos repetir isso de novo, Riccardo. – É um assunto sério. – Claro, mas um que não está mais em discussão – acrescenta Pa. – Não vejo como você acha que é certo fazer isso comigo. – Não me importo com o que acha que é certo ou errado. É assim que vai ser. Decida. Não temos a porra da noite toda. Devo ligar agora para a Irmandade? Ou vai me entregar o que eu quero? Riccardo olha em volta, fúria e medo transbordando de seus olhos. O idiota realmente achava que era intocável. Mas, todo mundo perde, mais cedo ou mais tarde. Além de nós, a Irmandade do Sindicato é composta por duas outras poderosas famílias criminosas italianas e duas famílias Bratva. Eles não ficarão satisfeitos em saber como Riccardo vem se beneficiando dos investimentos do Sindicato nos últimos dez anos e o quanto já roubou. Ele sabe que vão matá-lo. Farão com ele exatamente como ele nos ameaçou no funeral de Ma. Começaria com ele, depois matariam sua filha, sua família, depois seus amigos. Todo mundo que ele conhece aqui e na Itália. O Sindicato é uma sociedade secreta de famílias criminosas criada para proteger a riqueza e permitir que seus membros floresçam criando ainda mais riqueza. Minta e quebre nossa confiança, e sua sentença será morte para todos que conhece. Não há escapatória. Esse filho da puta egoísta, no entanto, está apenas preocupado consigo mesmo. Eu sei isso. Ele sabe que poderíamos matá-lo, sem qualquer retaliação, por causa das merdas que ele fez. No entanto, a morte seria boa demais para ele. Ele fez exatamente o que queríamos dele. Queríamos ver o idiota desmoronar. Ver seu rosto enquanto ele perdesse tudo. É interessante, porém, porque pensei que sua filha seria o seu bem mais precioso, sua única coisa boa, mas não é. Riccardo Balesteri valoriza mais seu dinheiro e poder. Ele acha que a única coisa boa em sua vida é seu direito de voto no Sindicato. O homem me deixa enojado. Ele está mais magoado por perder isso do que a filha. – O que vai ser, Riccardo? – Pa pergunta e oferece outro contrato para ele. Apesar de ter um texto bem semelhante àquele que Emelia assinou, este precisa ser assinado com sangue. – Seu bastardo. Vocês tinham que levar tudo? – Riccardo indaga, olhando de Pa para mim. Agora é minha vez de falar. – Agradeça por termos deixado você com um teto sobre sua cabeça e roupas no corpo – respondo, e ele me lança um olhar afiado. Ele não diz nada. Posso notar que ainda está abalado por tudo que aconteceu antes. Bom. Isso é bom para caralho. Esperei muito tempo para encontrar uma maneira de pegá-lo. Embora o tenha visto várias vezes desde o funeral de minha mãe, esperei pacientemente pela hora certa de atacar. – Nós não temos a noite toda, Riccardo – repete Pa em uma voz ameaçadora. Pego um canivete da gaveta da minha mesa e entrego para Riccardo. A contragosto, ele o pega e examina o contrato. Um sorriso dança em meus lábios quando ele corta a ponta do polegar e o sangue pinga na linha pontilhada. – Pronto. Isso é tudo – resmunga olhando para mim. – Você tem tudo agora. – Tenho, e você não tem nada – respondo. – Será muito interessante ver o que acontece a seguir. Mais ainda quando me casar com sua filha, arruinando seus malditos planos. Rapaz, esse bastardo já teve seu quinhão de planos para sua filha. Posso imaginar quantos lances ele deve ter recebido por ela no baile, e desde então também. No minuto em que a vi, sabia que o filho da puta queria arranjar um marido paraela e garantir algum tipo de acordo de negócios com tal casamento. Tudo fez sentido quando descobrimos o que ele estava aprontando para cima do Sindicato e o problema que estava enfrentando como resultado de ter perdido todo aquele dinheiro. – Você não vai se safar dessa – ele avisa. Estou surpreso que ele tenha a coragem de dizer isso para mim. Eu me inclino para frente e seguro seu olhar. – Acho que já me safei – pego o contrato e entrego a Pa, que o aceita com prazer. Quando olho para este demônio diante de mim, penso naquele dia no cemitério quando jurei vingança. Este é apenas o começo. Ele está falido, não tem mais a filha para garantir-lhe alguma forma de acordo comercial, nenhum patrimônio para vender, e a herança de Emelia virá para mim dentro de alguns anos. Sem seu direito de voto e com a terrível situação financeira em que se encontra, ele é inútil para caralho. O que é um jeito rápido e certeiro de ser expulso do Sindicato. O Sindicato é um sonho que se espera alcançar. Pelo tamanho das perdas, Riccardo não será capaz de se reconstruir. Quando ficar claro que seu negócio está falindo, ele será inútil para a Irmandade. O que queremos é que eles o chutem da organização. Esse é nosso objetivo final e Riccardo não é estúpido. Ele sabe que é para isso que estamos nos preparando. Assim como ele fez com o papai quando éramos mais jovens. Esse foi o começo de como perdemos tudo e a vida difícil que se seguiu. Pa não foi iniciado porque o Sindicato o considerou inútil. Olho por olho, dente por maldito dente. Uma vez que o Sindicato chutar o traseiro dele, Riccardo não terá mais nada e não será nada. Papai limpa a garganta. – Foi um prazer fazer negócios com você, Riccardo – diz Pa. – Vou contatar a Irmandade, informá-los que transferiu seu direito de voto para nós. Pode ir agora. Riccardo olha para trás sabendo que não tem mais nenhuma carta para jogar. Ele se levanta e sai. – Nós deveríamos ter tirado a casa dele também – afirmo, assim que a porta se fecha. – Não, temos que deixá-lo com uma base para que possamos observar seus próximos movimentos – responde meu pai. – Lar é onde está o coração, mesmo para aqueles com almas sombrias. Ele planejará seus próximos movimentos lá. – Sim, imagino que sim – concordo. Mas, queria realmente deixá-lo na merda, chutá-lo para a beira da estrada, se pudesse. Ainda assim não seria suficiente. – Ele vai tentar retaliar. Nós o incapacitamos muito, com certeza. Mas, não o subestime. – Não vou fazer isso. Pa olha para mim e o orgulho cresce em seus olhos. Ver isso em um homem como ele para mim é uma grande conquista. Meu pai é o tipo de homem que passou pelo inferno e voltou. Ele comanda com mão de ferro, mostrando a extensão de seu poder. Eu o vi no seu ponto mais baixo e no seu mais alto. É onde ele está agora. Um orgulhoso chefe da máfia; um poderoso líder no mundo dos negócios e do Sindicato. Estou honrado em sucedê-lo. O fato de ele ter me escolhido ao invés de Andreas é uma honra que levarei para o túmulo, por pior que me sinta por ter sido escolhido para liderar a família ao invés de meu irmão mais velho. – Você está pronto para ser chefe. Agiu como um hoje – diz ele. Abaixo minha cabeça numa reverência profunda às suas palavras. – Obrigado, pai. – Vou terminar de transferir os ativos ainda hoje, já preparando as coisas para a cerimônia. Depois, teremos a reunião do Sindicato. Vou iniciar você e passar os próximos meses te treinando. Tudo ficará resolvido assim e formarei uma nova liderança com meus irmãos. – Obrigado. – Nossa reunião de negócios acabou – Pa descansa a mão no meu ombro. – Não deixe sua mulher esperando. – Não, não vou. Seu rosto endurece, e sei que ele não tem compaixão em relação à Emelia. – Certifique-se de que ela saiba quem é o chefe agora. Certifique-se de que ela saiba a quem ela pertence. Cruel. É isso que ele quer que eu seja. Não tenho problema com isso. Não tenho nenhum problema em mostrar a Emelia Balesteri a quem ela pertence agora. A porra do meu pau está duro por causa dela desde que a vi pela primeira vez naquele estúpido baile. Não terei problemas para inaugurar meu novo brinquedo. Chapter Quatro M EMELIA edo em sua forma mais pura me atingiu no minuto em que os homens me tiraram daquela sala de estar e me levaram por uma larga escadaria até o primeiro andar, onde seguimos para o quarto em que estou agora. Eles acenderam as luzes e foram embora. Uma senhora trouxe uma bandeja de sanduíches momentos depois. Embora ela não tenha dito nada para mim, notei que estava curiosa. Em vez de comer os sanduíches, como tenho certeza que ela esperava, encostei contra a parede, afundei até sentar no chão e dei vazão ao choro. Isso tudo aconteceu há meia hora atrás, mas parece uma eternidade. Não sei o que é pior: ficar sozinha com meus pensamentos ou perto das pessoas desta casa. Acho que ficar sozinha é bem pior porque agora estou com muito medo. Aterrorizada mesmo, só esperando para ver o que vai acontecer. O quarto em que estou é enorme, com piso de madeira, uma cama de dossel, móveis de mogno e uma parede inteira de vidro com uma vista deslumbrante para o mar e as rochas na praia. Ao longe, vejo um veleiro. É enorme e bem diferente dos que vi antes. Este tem velas brancas, e mesmo daqui, dá para perceber que foi feito sob encomenda e tem um design grandioso que só uma pessoa que ama velejar teria. É um símbolo claro de riqueza. Dinheiro e poder. Dinheiro e poder suficiente para comprar uma pessoa. O brilho prateado do luar sobre todas as coisas faz parecer que estou dentro de um conto de fadas. Mas isso está longe de ser algo do tipo. Eu me sinto mais como se estivesse presa em um filme de Tim Burton, um pesadelo do qual não posso escapar. Estou aterrorizada e enjoada, como se fosse vomitar tudo o que comi na vida. Sempre que ficava com medo, costumava correr para Jacob, ou pelo menos ligar para ele. Esta noite, não posso fazer nada disso. Não posso sair deste lugar e não posso pedir ajuda a ninguém. Minha bolsa foi a primeira coisa que tiraram de mim e meu telefone estava dentro dela. A última vez que me senti tão abalada foi quando mamãe estava doente e sabíamos que não havia nada que pudéssemos fazer por ela. Sabíamos que ela estava morrendo. Jacob estava lá ao meu lado. Meu pai lidou com sua dor evitando todos. Inclusive eu. Penso em Jacob e sei que ficará preocupado. Ele vai me ligar e, quando eu não responder, vai se preocupar. Aposto, também, que irá até minha casa de manhã para verificar, só para ter certeza de que estou bem. Será que papai vai contar a ele o que aconteceu comigo? Eu duvido. Jacob ficaria louco se soubesse, e não seria bom para ele se fizesse isso. Há um lado do meu pai que já vislumbrei no passado, mas não vi em plena força até esta noite, quando ele apertou minha mão como se fosse quebrá-la se eu desobedecesse. Eu nunca iria querer que ele machucasse Jacob, ou pior, que Jacob tentasse me resgatar. Ele é o tipo de amigo que faria isso. Horas atrás, meus pensamentos estavam consumidos pela ideia de ir para Florença. Agora, meu sonho é apenas isso: uma ilusão. Um desejo do meu coração. Preciso deixar tudo isso de lado para pensar sobre o que está acontecendo aqui e agora. A realidade da situação é esta: devo me casar e viver com Massimo D'Agostino pelo resto da minha vida. E eu deveria aceitar isso? Como? Não acredito que papai faria isso comigo. E, de verdade, o que acontece agora? Estou neste quarto. Será que é do Massimo? Deve ser. Por que me levariam para um quarto de hóspedes se pertenço a ele? Este quarto deve ser dele. Ninguém falou comigo. Ninguém disse nada, nem para mim, nem entre eles. Simplesmente me depositaram aqui como o objeto que me tornei e foram embora. O que vai acontecer quando ele voltar? Vai tirar minha virgindade? Ele se importaria com o fato de que sou virgem? Homens como ele não se importam. Eles pegam. Estou aqui só para ele fazer sexo. Não serei estúpida e imaginar que Massimo também será meu. Como meu pai, eleterá suas mulheres. Papai não faz ideia de que eu sabia sobre seus casos. Também acho que ele não estava ciente de que mamãe sabia. Pelo menos, que eu saiba, ele não parecia estar com ninguém enquanto mamãe ficou doente. Estou certa de que Massimo tem sua lista de mulheres. Um homem tão lindo quanto ele definitivamente teria uma fila de mulheres esperando ansiosas. Eu nunca quis que minha vida acabasse assim. Sempre esperei que fosse me casar por amor. A realidade é uma merda completa. A maçaneta da porta do quarto gira e quase morro do coração. A porta se abre e lá está ele, parado no vão do batente me encarando. Minha respiração fica presa na garganta e meu coração acelera quanto mais ele olha para mim. Aqueles olhos penetrantes parecem mais brilhantes contra sua pele morena. Aterrorizada, eu me levanto quando ele entra e fecha a porta atrás de si. Quero desviar meus olhos, mas sua aparência marcante me fascina e prende meu olhar, tornando difícil para mim focar em outra coisa. Ou até mesmo pensar. Tudo seria mais fácil se ele não fosse tão absurdamente lindo. Ele é o tipo de homem que atrai olhares naturalmente. Estou paralisada sob o peso de seus olhos vigilantes. Mas, ao mesmo tempo, a incerteza sobre o que ele vai fazer comigo me faz querer correr. Correr para longe sem nunca olhar para trás. Ele se aproxima, mas para a alguns passos de distância, seu rosto paira sobre mim. O cheiro de sua loção pós-barba enche meu nariz e cerro os dentes. – Há uma cama para você se deitar. Não precisa sentar no chão – diz, quebrando o silêncio. Sem saber o que dizer, decido não responder. – A menos que você goste do chão – acrescenta. Sua voz se aprofunda e meus nervos pulam quando ele me olha da cabeça aos pés, me avaliando. Comparado comigo, ele parece um gigante. Ele tem cerca de um metro e noventa, enquanto tenho um e sessenta e dois. – Isso não está certo – digo com voz embargada, fraca e cansada, estranha aos meus próprios ouvidos. Não pareço a mulher forte que minha mãe criou. Não pareço a mulher que era esta manhã quando acordei e disse a mim mesma que iria conquistar o mundo e ser a melhor versão de mim mesma. – O que não está certo? – Os cantos de seus lábios se transformam em um sorriso suave, revelando dentes brancos perfeitos. Claro, seu sorriso também é lindo e desarmante. Talvez seja isso que ele usa para intimidar as pessoas. – Você não pode fazer isso, não pode me comprar. Não sou uma propriedade – respondo, tentando firmar meu coração para que ele não salte do meu peito. – O pedaço de papel que assinamos diz diferente, principessa. Principessa quer dizer princesa em italiano. Ele me chamou assim antes. Se ele quer dizer que sou uma pirralha mimada, está muito enganado. Não sou assim. E nunca fui. Sim, nunca passei apertado na minha vida, mas isso não significa que me deram tudo só porque eu queria. – Você não me conhece – retruco. – Não preciso conhecer. – Você está certo, não precisa me conhecer para saber que isso é errado. Deve haver alguma outra maneira de meu pai te pagar. Me deixe ir – exijo, com voz mais firme. Fico muito orgulhosa de mim mesma pelo pequeno discurso, mas o sentimento desaparece quando uma risada profunda ressoa dentro de seu peito. – Sou o credor e escolho como quero ser pago. Escolho o que quero tomar. – Você me escolheu? – dou a ele um olhar incrédulo. – Por que diabos me escolheria? Assim que as palavras saltam dos meus lábios, me sinto estúpida. Sou a única herdeira do meu pai. Isso já é resposta suficiente. Minha parte dos negócios vale vários milhões. Adicione a isso os ativos que fazem parte dele e realmente valho uma fortuna. O contrato estipula que Massimo receberá tudo que tenho e que um dia terei. – Minha querida principessa, você realmente vive no escuro – sorri, revelando uma covinha em sua bochecha esquerda. – Deve haver alguma outra maneira. – Com certeza, mas fiz exatamente o que queria fazer – ele responde. Meu coração aperta. Parece que um tapete foi puxado debaixo de mim. Este é o homem com quem devo me casar. Apesar de parecer um príncipe de conto de fadas, ele não é. Meus lábios se abrem, mas estou sem palavras. – Então, como você vê, não poderia ser de outra maneira, Emelia Balesteri. Eu me caso com você e recebo tudo o que possui. Você pertence a mim e tudo o que tem hoje, ou vai receber no futuro, pertence a mim também. – Isso está errado. Você deve saber disso. – Pare com essa estória – ordena e seu sorriso desaparece. O comportamento frio e calmo retorna e percebo que esse é seu lado perigoso. – Parar com o que? – indago. – Pare de tentar apelar para meu lado bom. Eu não tenho um. Tremo sob seu olhar duro que me atravessa. Ele está me dizendo coisas que eu deveria saber. Está dizendo que não tenho esperança. – Você não tem coração? – minha voz volta àquele tom fraco que desprezo. – Não – responde – não tenho coração, principessa. Teimosa, faço uma tentativa final para alcançar algo que vislumbro nele e que se assemelha a um sentimento humano. – Não tenho nada a ver com essa estória toda do meu pai. Eu nem te conheço. – Massimo D'Agostino, vinte e nove anos, futuro proprietário da D'Agostino Investimentos. Meu último check-up médico saiu limpo – sorri, e minha alma estremece. – Nos casaremos em um mês, você vai morar aqui, e isso é tudo que precisa saber. – Você acha que é o suficiente – retruco. – É suficiente porque digo que é. Chega de frescura. Já respondi suas perguntas. Agora, tire a roupa. Chapter Cinco N EMELIA ão consigo controlar o gemido de choque que sai dos meus lábios. – Não – engasgo, balançando a cabeça. – Sim. Quero verificar minha propriedade. Oh, meu Deus. É isso. Ele vai me estuprar, e não há nada que possa fazer sobre isso. Meu instinto de sobrevivência entra em ação e eu tento passar por ele, mas uma grande mão segura meu pulso e me traz de volta para onde eu estava. – Por favor, não – imploro. – Emelia, se quiser se dar bem aqui, me obedecerá ou sua vida ficará muito difícil. – Te obedecer? Quem pensa que é? Devo ter algum desejo de morte ao desafiá-lo deste jeito. Não estou pensando direito. Quem conseguiria ter clareza num pesadelo como este? – Não me faça responder essa pergunta ou repetir minha ordem – sibila. – Tire suas roupas. Agora. Meu Deus. Ele está falando sério. Vou ter que fazer isso. Obedecer. O que vai acontecer comigo se eu não obedecer? O que seria pior? Deixar que ele faça o que quiser comigo? Ou resistir até que ele tome violentamente o que quer? Ao me soltar, Massimo me dá um olhar endurecido que me alerta para não testá-lo. Se eu o desafiar, não sei o que ele vai fazer comigo. Não posso acreditar que estou tendo esses pensamentos. Seus olhos azuis ficam turbulentos, como um mar tempestuoso, enquanto seu olhar me percorre com ousadia, como dedos invisíveis cheios de luxúria. Engolindo em seco, resolvo que eu mesma vou fazer isso. Com as mãos trêmulas, desço a alça fina do meu vestido de verão pelo ombro esquerdo, depois pelo direito. Eu me amaldiçoo por ter escolhido usar esse vestido estúpido porque me fez parecer inocente. E também porque é muito fácil de tirar. O vestido escorrega para os meus pés assim que eu deslizo a segunda alça. Fico só de sutiã e calcinha, além das minhas sapatilhas. Isso é tudo que estou vestindo. Ele me dá um aceno de cabeça, sinalizando para eu tirar isso também. – Tudo – afirma, apertando a mandíbula. Por onde devo começar? Meu sutiã ou minha calcinha? Enquanto decido, me curvo e tiro meus sapatos, bem lentamente. Um, depois o outro. Ninguém nunca me viu nua. Nem mesmo meus médicos. Eu me endireito e noto o olhar de diversão em seu rosto bonito. Divertiu-se por causa do jeito que tirei os sapatos e a lentidão com que o fiz. Minhas mãos tremem quando alcanço o pequeno fecho de borboleta segurando meu sutiã e me atrapalho para abri-lo. Na verdade, não é tão difícil. Eu simplesmente não consigo colocar minhas mãos para trabalhar. Minha respiração fica presa quando o clipe se abre e estremeço quandoo peso dos meus seios cai. Não consigo olhar para ele. O rubor quente de humilhação que me varre me deixa sem fôlego e tonta. Estou assustada e envergonhada. Estou apavorada e com raiva do que estou sendo forçada a fazer. Eu tiro meu sutiã, e ele cai ao chão, juntando-se ao meu vestido. Meus seios balançam quando me curvo para deslizar minha calcinha pelas minhas pernas. Quando ela se junta às outras peças, endireito minha coluna, desejando ser forte. Mantenho meu olhar fixo à frente, olhando para o branco de sua camisa, evitando seus olhos. Ele estende a mão e levanta meu queixo, guiando meu olhar de volta para o dele. O roçar de seus dedos na minha pele envia um arrepio através de mim. Um arrepio de calor sexual que eu odeio. Eu não deveria sentir nada por este homem. Definitivamente, nada sexual. Nenhuma parte do que ele fizer a seguir será com minha permissão. Nada. Nada mesmo. Ele segura meu olhar por um instante antes de me liberar, mas não antes de passar os dedos pelo meu pescoço. Então, devagar e com deliberação, ele anda ao meu redor, me circulando como um predador faria com sua presa. Seus olhos têm uma chama faminta que fica mais gananciosa a cada segundo que passa. Seu olhar me toca em todos os lugares. Meu rosto, meu peito, meu estômago, até o monte liso do meu sexo, onde permanece por longos segundos, antes de voltar a prender meu olhar. – Agora entendo o furor que você causou – comenta ele, mas não sei do que está falando. – Linda – acrescenta, e minha boceta traidora se aperta de desejo. Nunca senti o peso do desejo no olhar de um homem do jeito que ele está me fazendo sentir agora. Mesmo que tivessem me desejado, eu não notaria porque com certeza teriam escondido isso com medo do meu pai. Também nunca ouvi um homem me chamar de linda, pelo mesmo motivo. Nem mesmo Jacob. – Solte o cabelo para mim – acrescenta. Eu puxo a faixa do meu rabo de cavalo. Assim que o faço, meus longos cachos pretos caem pelos meus ombros e se juntam na parte inferior das minhas costas. O desejo em seus olhos é um sinal de que ele está pronto para atacar. O medo passa por mim como um relâmpago. Ele dá um passo para mais perto e eu recuo, sem pensar. Mais um passo dele e estou pressionada contra a parede, sem lugar para fugir. Ele coloca uma mão no meu ombro, bloqueando-me para que não possa me mover. Não consigo parar de tremer. O terror vem de dentro, do fundo da minha alma. Não posso controlá-lo. Massimo abaixa a cabeça, tirando meu fôlego, e cheira meu cabelo. Ele estende a mão para tocar um cacho, antes de seus dedos roçarem meus mamilos, tornando-os duros. O contato faz uma onda de excitação me atravessar, e minha garganta fica seca. Permitindo que as pontas do meu cabelo se enrolem em torno de seu polegar, ele observa, fascinado. Então, quando ele pressiona a mão na minha barriga, eu sei que é isso. Ele vai atacar. Só não sei como vou sobreviver. – Por favor, assim não. Eu nunca... – estremeço, sem conseguir continuar falando e esperando que ele não ria de mim. – Nunca? Nunca o quê, principessa? – pergunta, seu hálito quente faz cócegas no meu nariz. – Eu nunca estive com um homem. Depois de minha declaração, um sorriso diabólico ilumina seu rosto e me assusta. É diferente do que ele me deu antes. Tem um ar de vitória, como se ele tivesse acabado de ganhar na megasena. – Puta que pariu! Definitivamente mandei bem – ele suspira e ri. – Está tomando pílula, principessa? Eu gosto de foder sem camisinha. Meus lábios se movem, mas não consigo articular meus pensamentos. Não estou acostumada com pessoas falando assim comigo. Sua boca suja me choca. Ao mesmo tempo, o quadro que suas palavras pintam arranca uma resposta do meu corpo de uma maneira que eu não gosto. – Responda-me – ele grunhe. – Sim – respondo, apressada – tomo a pílula para a minha pele. Quando meu médico prescreveu, nunca pensei em sexo. – Boa garota. Certifique-se de tomá-las. Quando a seriedade volta ao seu rosto, ele solta meu cabelo e passa o dedo grosso sobre o plano liso do meu estômago, sem tirar os olhos dos meus. Pressionando-me contra a parede, tento me segurar para não cair enquanto ele traça uma linha por minha barriga até o vale profundo do meu decote. Seus dedos tremulam levemente sobre as protuberâncias dos meus seios, antes de tomarem meu mamilo esquerdo. Ele fica duro sob seu toque enquanto umidade se acumula no fundo da minha boceta. Ele sorri para mim como se soubesse. Então, me ocorre que talvez ele saiba mesmo. Ele sabe que seu toque está me excitando. Eu engulo em seco e luto contra as lágrimas quando ele se aproxima ainda mais e seus dentes beliscam o lóbulo da minha orelha. Isso me enfraquece. Por um momento, desisto de lutar e permito que a excitação tome conta de mim. Minha respiração torna-se elaborada. Seus dedos retornam ao meu estômago, depois descem, lentamente. Cada vez mais baixo até que sua mão cobre meu sexo e seus dedos deslizam sobre o monte sem pelos da minha boceta. Suspiro quando ele desliza um dedo em minha passagem virgem e começa a empurrar para dentro e para fora. Ele retorna ao meu ouvido, mordiscando o lóbulo da minha orelha. – Uau, sua boceta é tão apertada – sussurra – nunca fodi uma virgem antes. Definitivamente vou gostar de você, principessa. Mal posso esperar para sentir seu corpo apertando meu pau. Minhas bochechas queimam com suas palavras sujas, que ele usa para controlar minha excitação e encorajar meu desejo. Minha garganta se aperta tanto que acho que vou desmaiar pela falta de ar quando ele olha para baixo, para minha boceta, e começa a bombear seus dedos para dentro e para fora, cada vez mais rápido. O sorriso desaparece de seus lábios, seu rosto bonito assume aquela feição dura novamente, enquanto ele me fode contra a parede, apenas com seus dedos. A excitação me atinge, fazendo meu corpo ferver. Eu gemo com cada passagem dos dedos dele. Apesar de envergonhada que meu corpo responda a ele dessa maneira, não consigo evitar isso. Até que uma onda de prazer dispara através de mim e perco o controle. Minhas mãos voam da parede para agarrar sua camisa. Ele me dá um sorriso largo, e fico chocada quando ele inclina a cabeça para chupar meu seio esquerdo. Ele chupa forte e acelera os movimentos dos dedos dentro da minha boceta. De repente, o prazer explode em mim. Tento lutar contra ele. Tento abafar os sons de êxtase escapando meus lábios, mas não consigo. Explodo de prazer. Muito prazer. Quando gozo, gemo alto. Nem acredito no som que escapa por entre meus lábios semicerrados. A umidade jorra da minha boceta para seus dedos e ele para de bombear meu sexo e chupar meu seio. Endireitando-se, ele tira os dedos de mim, levantando a mão para eu ver como está brilhando com a prova da minha excitação. Fico ainda mais chocada quando ele coloca os dedos na boca e chupa. Esqueço de respirar quando ele se agacha, puxa meus quadris e aninha seu rosto entre minhas coxas, metendo a língua no meu corpo ainda vibrante. Faíscas de excitação acendem minha boceta novamente enquanto ele lambe a umidade que ficou entre minhas pernas. Intensa vergonha enche meu peito ao observar que o homem lindo que acabou de me comprar, está de joelhos, me comendo com o apetite de alguém provando um prato exótico. Fico chocada e furiosa comigo mesma quando meu coração traidor admite que gosto do que ele está fazendo comigo. Quando ele se levanta, limpando a boca com as costas da mão, uma mecha de seu cabelo preto cai sobre seu olho. Baixo meu olhar e noto a clara saliência que seu pênis cria ao pressionar contra a frente de sua calça. Engulo em seco tentando afastar o medo. – Isso foi muito interessante – ele provoca. – Espero que tenha gostado da amostra, principessa. Da próxima vez será ainda melhor. – Próxima vez? – murmuro, minha voz quase inaudível. Não sei se devo ficar aliviada porque parece que ele não vai me estuprar agora. Ou, se devo me preocupar com a próxima vez. — Sim, na próxima. Não sou esse tipo de monstro, doce e inocente Emelia. Eu não vou te foderesta noite – diz, levantando meu queixo e deslizando a mão pela minha garganta. – Não vou arrancar sua virgindade esta noite. Quando eu fizer isso, você vai me dar esse presente de bom grado. Vai querer que eu possua você. A fúria agarra minhas entranhas, provocada por sua autoconfiança. Odeio que ele pareça tão seguro de si. Ele não me conhece. – Não, não vou. Não vou te dar nada – retruco. Seus dedos ao redor do meu pescoço me apertam com força. Ele alarga seu sorriso e acena com a mesma segurança. – Ah, você vai, sim. E sabe por quê? Minha curiosidade vence. – Por quê? – indago. – Porque você já quer me dar. Posso sentir o cheiro, mesmo agora. Medo e excitação. Senti antes de fazer você gozar. Você já me queria no primeiro momento em que me viu – ele me solta e afundo contra a parede, meus lábios entreabertos. – Está tudo bem. Eu também quero você – confessa, com uma piscadela. Depois, se vira para ir embora. Eu o observo enquanto ele sai e a porta se fecha. Um segundo depois, uma chave chacoalha dentro do buraco da fechadura. Estou trancada. Leva um momento até que eu perceba que não estou respirando. Sacudo a cabeça até que a confusão desaparece da minha mente. Isso é loucura. Eu não o desejo. Não posso desejar. Ele é o inimigo. Meu inimigo. Não posso me permitir ser usada dessa maneira. Só há uma coisa que posso fazer. Escapar. Tenho que tentar, pelo menos. Chapter Seis N MASSIMO ão me lembro da última vez que me masturbei. Foi há tanto tempo que a memória de quando poderia ter acontecido é um borrão completo. Mas, tenho certeza de que estava bêbado. Assim que deixei Emelia de pé contra a parede, nua e linda, excitada por mim, sabia que minha saída seria embaixo da água do chuveiro. Eu tinha só duas opções: masturbação ou ir até o Renovatio, meu clube de strip, e pegar uma das mulheres que trabalham ali. Mas, outra não resolveria meu problema. Já tinha ido longe demais com minha noiva, a beleza de cabelos negros, para me contentar com outra. Estou acostumado a conseguir o que quero, e o que quero é ela. Meu pau está implorando por sua boceta apertada e molhada. Deito na cama, com a cabeça na pilha de travesseiros, olhando para a claraboia. Correndo a língua sobre meus lábios, sorrio. O gosto dela ainda está na minha boca. É um gosto viciante. Quando aquele doce néctar fluiu de sua boceta bonita para minha boca, tudo que eu sabia era que precisava de mais. Puta que pariu, fiquei fascinado desde que surgiu essa ideia de me casar com ela. No baile, pensei que ela fosse mais uma princesa arrogante, mas essa garota está longe disso. Há um fogo dentro dela que me cativa, que a faz pensar que pode me desafiar, me dizer não. Nem lembro quando foi a última vez que uma mulher disse essa palavra para mim. O fato de ter vindo de alguém impotente e indefesa como ela, em sua nudez perfeita, é pura excitação. Posso ver que vou me divertir bastante neste empreendimento comercial. Agora, sou um filho da puta mais feliz. Aprisionei a filha do meu inimigo em minha casa e estou à beira de ver Riccardo perder tudo. O que a princesa deve estar fazendo agora? Posso imaginar minha bela e virgem principessa ainda pressionada contra a parede, mortificada com o que fiz a ela. Aposto que, do jeito que seu querido papai controla tudo e todos, o que fiz com ela hoje foi o máximo de sexo que já experimentou. Vasculhei sua vida antes desta noite e descobri que seu melhor amigo é um homem. Achei incomum, considerando quem é o pai dela, mesmo que o pai do rapaz trabalhe para ele. Tudo que Riccardo faz tem um motivo por trás. Tudo. Aposto qualquer coisa que aquela pequena viagem à Itália, que ela pensou que faria, também era parte de algum plano tático. Só não sei qual. Não sabia da viagem até ontem. Riccardo manteve isso em segredo. E foi a razão pela qual tivemos que adiantar a assinatura do contrato. A princesa não sabe disso, mas, a única coisa que separa nossos quartos é um estrito corredor de ligação. O dela é um dos quartos de hóspedes. Eu mandei que o preparassem quando Pa e eu decidimos que iríamos agir. Estávamos esperando por mais alguns detalhes de Dominic antes de colocarmos em prática nosso plano. Meu irmão mais novo consegue achar sujeira sobre qualquer pessoa. Mesmo quando pensam que não têm sujeira, Dominic encontra merda que podemos usar contra alguém. Desta vez, ele acertou em cheio. Tenho planos para todos os meus irmãos, se eles me apoiarem. Sei que minha ascensão a líder causará rebuliço. Meus irmãos já estão sabendo e me pergunto o que pensam disso. O fato de eu ter comprado Emelia também deve causar agitação. Estávamos todos naquele baile na noite em que Riccardo a apresentou ao submundo. Sei que não fui o único que gostou. Mas, sou o chefe. Agora, ela está na minha casa e quero transar com ela. Eu vou esperar, no entanto. Fui sincero. Não sou o tipo de monstro que estupra. Sou implacável e sem coração, mas nunca forçaria uma mulher. Adoro foder e tudo o que quero agora é enfiar meu pau em minha mulher. Mas ela vai ter que me desejar tanto quanto eu a quero. Mesmo que tenhamos acabado de nos conhecer, essa conexão tem que existir. No meu clube, as mulheres estão sempre dispostas a me dar o que eu quiser. Nem preciso mandar. Não tenho que me esforçar. No entanto, a beleza ardente no quarto ao lado, só me fez sentir mais sede por mais dela. Provei seu gosto e quero mais. E vou conseguir. Mas, ela vai me dar o que eu quero de bom grado. Meu pau endurece só de pensar em subjugá-la. Não tenho dúvida da atração que existe em abundância entre nós. Senti isso no momento em que nossos olhos se encontraram. O que nunca esperava era ficar tão encantado com a filha do meu inimigo, como o chamado de uma sereia fazendo um pobre marinheiro se perder. Desejo e química explodiram esta noite entre nós. Ela sentiu isso também. Tenho certeza que sentiu. Gosto que esteja lutando contra isso. Gosto de um desafio. Quero que ela aceite de mente, corpo e alma que agora pertence a mim. Com essa ideia, adormeço. Q����� ������, resisto à vontade de ir vê-la. Vou pedir às empregadas para cuidarem dela hoje e permitir que ela se acostume a estar aqui. Não vou deixá-la sair de seu quarto. Ainda não. Tomo o café da manhã e envio uma mensagem para meus irmãos, pedindo que me encontrem no clube em uma hora. Ainda não está aberto para o público, mas é lá que sempre nos encontramos e costumamos passar o tempo juntos. Prefiro fazer reuniões de negócios nos escritórios da D'Agostino, mas há algumas que faço no clube. Principalmente aquelas que dizem respeito às ações ilícitas que preciso manter em segredo. Não vejo todos os meus irmãos juntos desde o início da semana passada, quando a merda sobre Riccardo começou a bater no ventilador. Tivemos uma reunião no escritório com Pa, onde ele anunciou que queria passar o comando para mim o mais rápido possível. Foi quando percebi a tensão entre meus irmãos. Me incomoda pensar que eles podem não querer que eu assuma o comando. Hoje, quando nos encontrarmos, serei o chefe oficial, no papel. Quando chego ao clube, Tristan já está lá, jogando sinuca no salão com um charuto cubano enfiado no canto da boca. Meu ânimo melhora quando o vejo. Ele coloca o charuto no cinzeiro e um sorriso se espalha em seu rosto. Ele me encontra no meio do caminho com uma mão estendida e um aceno curto de cabeça. – Bom dia, chefe – diz. – Olá, irmão – respondo com um sorriso largo. Aperto sua mão, mas ele me puxa para um abraço. É uma coisa rara entre nós, feita apenas em ocasiões especiais. Estou feliz que ele parece estar a bordo. De todos os meus irmãos, sou o mais próximo dele. Talvez seja porque temos apenas um ano de diferença. Andreas é dois anos mais velho que eu e Dominic é três anos mais novo que eu. Também somos muito parecidos, tanto que poderíamos ser gêmeos. – Você parece diferente, como um homem no comando – observa ele. – Ou como um homem que fodeu sua mulher. A malícia faísca em seus olhos. Eu rio sabendo que ele deve estar curioso sobre o que aconteceuna noite passada. – Ainda não – confesso. Ele muda seu peso de um pé para o outro e me encara. – Você está brincando. Não mandei mensagem ontem à noite porque achei que estaria ocupado com seu novo brinquedo. Sei que eu teria ficado. – Cuidado, posso pensar que está atrás da minha futura esposa – brinco. Ele revira os olhos. – Seu filho da puta, sabe que todos os homens que a viram estão atrás dela. – Melhor que não estejam, porra. Vão se arrepender de olhar para o que é meu. Eu sou possessivo, e não me importo com quem eu irrite. O que é meu é meu. – Relaxe, estou apenas brincando. Em relação a mim, quero dizer. Não faria uma merda dessas com você. Mas, falando sério, não fez nada com ela? – indaga com um olhar incrédulo. – Não, não fiz merda nenhuma. Ela é virgem. Agora seu queixo cai. – Porra, está brincando. Não estou surpreso, mas ainda assim. – Sim. – Não vai esperar até a noite de núpcias, vai? – arqueia uma sobrancelha. – Claro que não. – Bom – ele concorda. – Como foi com Riccardo? Fez o bastardo sofrer? – Eu diria que sim. Eu definitivamente diria isso. – Coloquei os nossos soldados em alerta. Estendo a mão e dou-lhe um tapinha no ombro. É disso que ele está encarregado. Supervisiona os soldados e associados para manter as coisas na linha e sob controle. Olho para a porta quando ela se abre. Dominic entra carregando uma bandeja de café do Starbucks. Ele também segura um saco de papel. Dominic ri quando nos vê. – Desculpe o atraso, chefe –– afirma ele. Bom. Ele parece estar a bordo também. – Sabe que não vou bater na sua bunda por atraso. Ainda – sorrio. – Não se preocupe. Pensei em apaziguá-lo com o melhor café do mundo. – Seu idiota, você só queria pegar um pouco para si mesmo – Tristan o repreende. – Queria mesmo – Dominic confessa com uma risada. Eu balanço minha cabeça, rindo também. Quando ele chega até nós, coloca a bandeja de café e o saco de papel na mesinha. Em vez de me abraçar, ele bate seu punho no meu e tira um recipiente de plástico do saco, com uma fatia de bolo de cenoura dentro. Eu pressiono meus lábios em uma linha fina sabendo o que aquilo significa. Mamãe costumava assar um bolo de cenoura quando tínhamos algo para comemorar. – Achei que gostaria disso. Quase tem o gosto do dela – diz Dominic. – Obrigado – respondo, aceitando a oferta. – Aprecio o gesto, irmãozinho. Agora ele me abraça. – Que ótimo – Tristan ri e se joga no sofá – parecemos um bando de senhoras se reunindo para tomar café e bolo. – Ei, é um dia raro, tá bom? – Dominic franze a testa e se encosta na beirada da mesa de sinuca. Olho para a porta em antecipação, esperando que Andreas entre em seguida. Como ele nunca se atrasa, estou começando a achar que não virá. Vendo meu desconforto repentino, Tristan e Dominic trocam olhares. – Algum de vocês tem notícias de Andreas? – pergunto. – Não – Tristan responde, sentando-se para frente e apoiando os cotovelos nos joelhos. – Talvez esteja apenas um pouco atrasado – sugere Dominic. – Ou não vem – Tristan entoa e eu lhe dou um olhar afiado. – Vamos, cara, quando é que ele se atrasa? Porra, nunca – ele mesmo responde. Dominic, visivelmente desconfortável, pega seu café e começa a beber. – Bem, acho melhor começar, então – digo, olhando para meus dois irmãos. – Isso era meio não oficial. Eu só queria me encontrar com vocês e atualizá-los sobre o que está rolando. Entro no modo homem de negócios, embora esteja desapontado por Andreas não estar aqui. Desapontado e chateado também, na verdade. Oficial ou não, sou o chefe. Se convoquei uma reunião, ele deveria ter vindo. Acho que realmente estava certo sobre a agitação e a tensão. Ele não está feliz por eu ser o chefe. – Vai mudar alguma coisa? – Tristan pergunta, me dando um olhar curioso e esperançoso ao mesmo tempo. – Sim, vou. Vou mudar tudo. Dominic continua a beber seu café, mas parece tão curioso quanto Tristan. – Como o quê? – pergunta ele. – Vou dividir a empresa e os ativos em quatro partes – respondo. A expressão de Tristan fica pálida e Dominic engasga, mas se endireita e arregala os olhos. – O quê? – ele rosna. Olham para mim com o choque que eu sabia que iria provocar. Afinal de contas, somos todos mafiosos gananciosos. O único homem que conheço que divide sua riqueza é um velho amigo meu, um chefe em Chicago chamado Claudius Morinz. Como resultado, ele tem um grupo de homens leais a ele até a morte. Eu quero isso aqui para nós. Acho que L. A. pode aprender uma coisa ou outra com Chicago. Também acho que deveria funcionar melhor aqui porque já somos irmãos e somos próximos. – Jesus, Massimo – a voz de Tristan está rouca. – Sabe o que está dizendo? Sabe quanto vale o império? – Claro que sei. Mas, sua lealdade vale mais para mim. Já se passaram quatro meses desde que papai anunciou que me escolheu para assumir a liderança. Isso aconteceu depois da morte de nosso avô. Papai sempre dissera que quando isso acontecesse, sinalizaria a hora de ele voltar para a Sicília. E o plano dele sempre foi deixar a nova estrutura organizada antes de ir. Qualquer um de nós quatro poderia liderar o império, mas o meu maior competidor era Andreas. Pa me treinou nos últimos meses. Os próximos meses serão sobre o Sindicato. Pa levou cinco anos para encontrar um novo nicho de negócios e, quando o fez, atingiu o sucesso. Ele entrou na indústria de petróleo e gás. Ele seguiu o caminho legítimo e montou um império para rivalizar com todos os outros. Não há um homem vivo que não conheça a marca D'Agostino. A empresa e tudo o que possuímos valem bilhões. Tristan e Dominic olham um para o outro e depois para mim. – Você é um homem melhor do que pensei, Massimo D'Agostino – diz Tristan. – Você já tinha minha lealdade, irmão. Eu dou um aceno de cabeça em apreciação. – E a minha – acrescenta Dominic. – Você não tem que fazer isso. Fez por merecer sua posição. Ficou claro, desde muito tempo atrás, que seria a melhor opção para assumir a liderança depois de Pa. Não quero que pense que tem que nos dar qualquer coisa em troca do que devemos dar a você naturalmente. – Agradeço suas palavras. O império pertence a todos nós. É meu, mas, quero que seja de vocês também. Vou mandar os advogados redigirem os documentos afirmando exatamente isso. Tenho a sensação de que essa era a intenção de papai. Essa é outra razão pela qual ele deu tudo para mim. Ele sabia que eu faria isso. Todos nós trabalhamos para a empresa da família e cada um tem seus próprios empreendimentos paralelos. Mas, no final das contas, legado é legado. É isso que a D'Agostino é. – Obrigado – diz Tristan. – Eu também agradeço – acrescenta Dominic. – Por nada. Acho que isso nos leva à próxima questão de como ficará a nova estrutura. Papai nunca teve a hierarquia tradicionalmente estabelecida. Ele era o chefe, vovô era seu consigliere e ele nos fez capos. Quero algo um pouco diferente. – Porra, eu nunca vi você tão sério – Dominic ri. – É hora de ser sério – respondo. – Quero que Tristan e Andreas sejam os subchefes e quero que você seja meu consigliere. Olho para os dois que agora estão sorrindo. – Claro que sim, porra – Tristan pega um charuto do humidor. Ele o ascende e acena com a cabeça, satisfeito. – Gosto disso. Definitivamente, estou dentro. – E eu, confia tanto assim em mim? – Dominic pergunta, apontando para si mesmo. Essa é uma pergunta óbvia para mim. – Você sabe que sim. Não há uma maldita informação que você não consegue encontrar. Nenhuma maldita coisa que não consiga fazer. Você não me levaria a fazer nenhuma merda e, nesse momento, o que mais preciso é de uma mente clara. Quero focar no Sindicato porque não sei como irão reagir quando descobrirem que tenho tanto poder. Eu me preocupo com isso. Eles não acreditam em ter um único líder. Ninguém está acima de ninguém. Eles não querem cometer erros como alguns dos outros sindicatos. Somos um sindicato de seis famílias. Em vez de ter uma pessoa liderando o grupo, cada família tem um líder para representá-la. Cinco anos atrás, quando a D'Agostino foi declaradauma empresa da Fortune 500, Pa foi abordado pelo Sindicato para se juntar a eles. Já é ruim o suficiente ser novo no sentido de que nossa família se afiliou a eles há apenas cinco anos. Mas, não apenas sou novo no comando da minha família, como também serei o membro mais jovem do grupo. Ter os direitos de voto de dois líderes fará uma grande diferença que acho que eles não vão gostar. – Eles são um bando de velhos fodidos que precisam de uma boa sacudida. Você não pode se preocupar com eles – Tristan diz. – Eu não estou preocupado. Não desse jeito, pelo menos. A situação é o que é e eles terão que lidar com isso. O que quero é que eles deem um pé na bunda do Riccardo. Quero focar nisso. Por isso preciso manter as coisas bem encaminhadas nos negócios. Eu olho para Tristan. Embora eu tenha escolhido Dominic como meu consigliere, vou precisar de Tristan para esta próxima parte do plano como músculo adicional. Tradicionalmente, o líder da família pode escolher um membro acompanhante que participará de todas as reuniões do Sindicato com ele. Vou escolher Tristan como essa pessoa e isso fará dele meu segundo em comando. – Você – aceno para Tristan – estou escolhendo você para se juntar ao Sindicato comigo. – Eu? – Tristan parece preocupado. – Sim. Você. Tem que ser você, Tristan. – Caso algo aconteça comigo. Eu sempre tenho que estar atento ao perigo. Olho para Dominic e sei que ele já me entendeu – Dominic, você guarda nossos segredos e faz as coisas acontecerem. Estamos entrando em uma nova era. As coisas têm que ser diferentes. – Captei sua mensagem – Dominic concorda. – Andreas não vai ficar feliz com isso. Ele vai se perguntar por que você não o escolheu – Tristan afirma. Ele sabe, também, que acima de tudo, o Sindicato vem em primeiro lugar. Se alguma merda acontecer comigo, ele se tornará chefe devido ao seu vínculo com o Sindicato. – Tristan, fica quieto – Dominic faz uma careta para ele. – Vá se foder, o que quer dizer com isso? – Ele dá de ombros. – Só estou dizendo o que todos estamos pensando. Se eu estivesse errado, ele estaria aqui. Alguém limpa a garganta do outro lado da sala, e todos nós olhamos para Andreas parado na porta, segurando uma garrafa de vinho. Eu me endireito e, embora esteja feliz em vê-lo, tenho aquela sensação de que ele não está exatamente entusiasmado. – Estou aqui – diz Andreas, caminhando até mim e sorrindo. Seus olhos são mais parecidos com os de mamãe. São azul gelo, enquanto o resto de nós tem um tom mais escuro. Para mim, essa cor torna mais fácil perceber quando algo está errado com ele. Como agora. – Desculpe o atraso, chefe – ele me dá um sorriso. – Tudo bem. – Por que você está atrasado? – Tristan desafia. Andreas vira a cabeça e o encara. – Estava ocupado, fodendo duas garçonetes que peguei no bar ontem à noite. Quando vi a mensagem já era tarde. Quer mais detalhes? – Não, obrigado – Tristan faz uma careta. – Isto é para você – Andreas me entrega a garrafa que trouxe. – Obrigado – respondo, pegando o vinho. Ele estende a mão e eu a aperto. – Não há de que. Ouvi a parte sobre você escolher Tristan para se juntar a você no Sindicato. E, sim, estou me perguntando por que não me escolheu. – Porque você é meu segundo subchefe – respondo, apertando minha mandíbula – preciso que você se concentre nos negócios. É por isso. É também porque confio mais em Tristan. Andreas é implacável, sem coração. Ele seria um bom chefe, um grande líder. Ele é exatamente como eu. Tudo se resume a confiar, e ele sabe disso. Ele acena com a cabeça, e os cantos de seus lábios se curvam em um sorriso. – Entendo e agradeço. Meu telefone toca e eu enfio a mão no bolso de trás da calça para atender. É Manni. Eu sempre atendo suas ligações, e definitivamente vou atender esta porque alguma merda deve ter acontecido em casa com a princesa. – Sim? – digo ao telefone. – Ei, chefe, não vai gostar disso. Encontraram o Pierbo morto nas docas esta manhã. Disseram que foi suicídio. Ele se enforcou. Suicídio! Perco a respiração ao ouvir essa palavra como sempre acontece. E como sempre, penso em minha mãe. Pierbo era um dos nossos executores e estava rastreando as atividades de Riccardo. Falei com ele ontem mesmo. Ele deu duro com Dominic para reunir as informações. Foi ele quem descobriu que Riccardo estava envolvido com o cartel. Dominic fez o resto. Sua morte é suspeita para caralho. – Tem certeza de que foi suicídio? – tenho que perguntar. Em nosso mundo, as pessoas podem fazer uma merda parecer o que bem entenderem. Tenho toda a atenção dos meus irmãos à menção de uma morte. – Se enforcou. E deixou um bilhete – responde Manni. – Desculpe, chefe. Te conto mais assim que conseguir descobrir mais alguma coisa. – Tudo bem. Ele desliga e olho para meus irmãos. Algo não está certo. Algo é suspeito para caralho. Pierbo deveria me encontrar mais tarde. Ele disse que tinha algo que queria falar comigo pessoalmente. – Quem está morto? – pergunta Tristan. – Pierbo. Era o Manni ao telefone. Ele disse que Pierbo se matou. Eles trocam olhares preocupados. – Sério? – Dominic pergunta. Eu aceno, mas também não acredito. Estou tão cansado de ter esse sentimento. Assim como com a mamãe. Ainda não acredito. Desta vez, no entanto, vou investigar. Apesar de ser quase impossível alguém chegar até um de nossos executores, isso pode ter acontecido. E não vou deixar Riccardo começar sua vingança mais cedo do que prevíamos. Filho da puta. Chapter Sete E EMELIA u sabia que ia me sentir uma merda assim que o sol nascesse. Estou sentada no chão novamente. Desta vez, bem perto da janela, no vão perto da porta do banheiro da suíte. Estou tentando me distrair com a paisagem, observando as ondas baterem contra a praia dourada. Essa cena tem sido minha única companhia. Ou eu olho para fora ou enlouqueço. Ou contemplo a cena da praia ou permito-me escorregar para o cenário de miséria que minha vida se tornou. Ou seja, estou é fodida. Não há relógio aqui, mas calculo que deve ser final da manhã. O avião em que deveria estar indo para Florença partiu há muito tempo. É curioso. Quando me imaginava indo, sempre me via já na Accademia. Nunca me via entrando no avião. Não fazia parte da visão. Estava sempre faltando essa parte. Talvez seja tolice pensar em coisas assim, mas aconteceu, não é? Nunca entrei no avião. Fiquei aqui. Ao perceber que o avião decolou sem mim a bordo, realmente aceitei que esse pesadelo será meu novo inferno. Continuo repassando os acontecimentos de ontem à noite e me perguntando se papai nunca pensou no que estava por vir. Como chegou a dever tanto dinheiro? O que diabos aconteceu? Como diabos isso aconteceu? Depois, houve a estória com Massimo aqui no quarto. Eu não poderia estar mais envergonhada pela maneira como me comportei enquanto Massimo me tocava. Eu tive um orgasmo. Gozei em seus dedos e adorei sua língua lambendo meu clitóris. Embora não tenha feito sexo com ele, me senti uma vadia. Não posso negar que gostei. A evidência estava lá em meus gemidos e no líquido que o diabo lambeu de seus dedos, junto com minha dignidade. Merda. É tudo uma merda. E o que acontecerá agora? Ele prometeu que haverá uma próxima vez. Olhei para a pequena bandeja de comida que estava sobre a mesa quando acordei. Assumi que ele trouxera. Não toquei nela, não quero nada. Não posso comer até que tenha um bom plano de como vou sair deste lugar. A praia fica perto, mas não vou conseguir fugir daqui. Há uma janela, mas claro que está trancada. E não há nada pesado o suficiente no quarto que eu possa usar para quebrá- la. Além disso, o barulho alertaria as pessoas. Também prefiro não fugir pelo mar, porque não sei nadar muito bem. Quando tinha dez anos, um menino da minha escola primária se afogou. Tenho sido cautelosa com a água desde então. Mas, vou nadar se essa for a única saída. Só conhecerei bem os meus arredores quando Massimo decidir me mostrar. Se ele fizer isso. Não sei se pretende me manter sempre trancada aqui ou o que diabos ele vai fazer comigo. A chavechacoalha na fechadura e meu coração aperta. Eu me ponho de pé e me preparo para enfrentá-lo. Quando a porta se abre, um guarda e duas empregadas uniformizadas entram, e a tensão em meus ombros desaparece. Uma está carregando uma sacola da Neiman Marcus e a outra traz uma bandeja com croissants, alguns outros doces de café da manhã e potes de geleia. Ambas as empregadas são italianas. Uma parece ser um pouco mais velha do que eu, enquanto a outra deve estar na casa dos cinquenta. Elas entram, mas o guarda fica do lado de fora. Uma medida de segurança para ter certeza de que se eu tentar fugir, ele me impedirá. Deus, isso é um pesadelo. – Bom dia, signorina – diz a mais nova com um sorriso. – Eu sou Candace e esta é Priscilla – Ela aponta para a senhora mais velha. – Buongiorno – Priscilla me deseja um bom dia em italiano. – Oi – respondo. Elas parecem inofensivas. Ao menos espero que sim. Candace olha para a comida intocada na outra bandeja. – Você não estava com fome? – pergunta ela. – Não – minto. Estou morrendo de fome, mas acho que vou vomitar e nunca mais parar se comer alguma coisa. – Você trouxe essa comida para mim? – Sim – responde ela, com um aceno de cabeça – deveria tentar comer alguma coisa. Eu não respondo. Ambas parecem pessoas legais, então não quero ofender nenhuma delas. – Você não vai experimentar isso? – Priscila pergunta. Eu balanço minha cabeça. – Eu não quero nada. Elas trocam um olhar. Eu me pergunto o que Massimo disse a elas. Como cheguei aqui e tudo. Será que lhes contou a verdade, que me comprou? Ou seria mais apropriado descrever minha situação como sequestro e cárcere privado? Imagino estar em um tribunal enquanto o juiz dita as diferentes sentenças. Tenho certeza de que qualquer corte concordaria com tudo o que foi dito acima. Eu nunca concordei com nada disso. Tudo o que alguém precisaria fazer seria abrir uma porta e eu correria para muito, muito longe, para nunca mais voltar. – Eu trouxe algumas roupas – Candace diz, estendendo a sacola para mim. O Sr. D'Agostino queria que você ficasse com isso até que suas coisas chegassem – seu sorriso desaparece quando eu não pego sua oferta. Eu balanço minha cabeça para elas. As amenidades que se fodam. Quero que tudo vá para o inferno. Elas são comparsas nessa estória. Não quero nada delas. – Não quero nada disso. Ele me sequestrou e me trouxe para morar aqui. Não quero nada. Não preciso de comida. Não preciso de roupas. Ainda mais quando tenho as minhas próprias. Eu tenho mais roupas do que preciso. Não quero novas. As palavras jorram da minha boca enquanto cerro os punhos. Ambas parecem não saber o que dizer para mim. Não posso culpá- las, pois eu também não saberia. Os lábios de Priscilla se abrem como se fosse dizer algo, mas apenas suspira. – Que tal deixá-las aqui? – Candace oferece, colocando a sacola no canto da penteadeira. – Talvez mude de ideia até a hora do almoço. – Não quero almoçar ou jantar. Não quero nada. Só quero ir para casa –estremeço e olho para Priscilla, que parece oferecer mais simpatia. – Desculpa, querida. Nos mandaram deixá-la confortável. Não podemos fazer mais nada – diz ela. Excelente. Simplesmente ótimo. Perfeito. Levo minhas mãos à cabeça e me forço a não chorar novamente. Não tenho mais lágrimas. Não consigo chorar mais. Já chorei o suficiente. – Quando minhas coisas chegam aqui? – exijo saber. – Não sabemos – Candace responde. – Posso fazer uma ligação? – quero ligar para Jacob. Chamar a polícia seria a coisa mais razoável a se fazer, mas no meu mundo, sei que não devo chamar a polícia. Se alguém consegue sair de uma situação como a minha, deve fugir sem olhar para trás e rezar para que seu inimigo nunca o encontre. – Preciso falar com meu amigo. – Receio que isso não seja possível – responde Priscilla. – Não posso usar um telefone? – suspiro, a agonia na minha voz é evidente. – Vamos falar com o Sr. D'Agostino sobre isso. Eu tenho aquela sensação de tontura novamente, como se eu fosse desmaiar. – Posso ir lá fora, tomar um pouco de ar fresco? Quando Candace morde o interior do lábio, já sei o que ela vai dizer. – Ainda não – diz ela, confirmando minhas suspeitas. – Onde está Massimo? Onde ele foi? – Ele tem reuniões de negócios o dia todo. – Hoje é domingo – aponto, mas logo me sinto uma estúpida. Talvez o negócio seja um código, como geralmente é. Talvez seja código para trepar. Ele é rico. Por que estaria em reuniões o dia todo em um domingo? – Nós vamos sair e dar-lhe algum tempo. Vou voltar e checar mais tarde – Candace promete. As duas saem e a porta se fecha. A chave chacoalha e meu coração aperta. Estou trancada novamente. Caminho até a parede e dou um soco nela, machucando minha mão. Eu não me importo. Isso me faz sentir algo diferente da impotência que me assola desde ontem. Eu me encosto na parede, afundando até o chão, retomando minha antiga postura patética. As horas passam. Candace volta como prometera. Ela tenta falar comigo, mas sou uma concha. Priscila também vem. Dou-lhe o mesmo tratamento. Também não como. Não consigo nem pensar em comida. A noite cai. Fecho os olhos, adormecendo na minha prisão. Antes, pensava que viver com meu pai era como ser mantida em uma gaiola dourada. Aquilo não era nada. Estava tudo ótimo naquela época. Só não entendo por que ele cuidou tão bem de mim para depois permitir que isso tudo acontecesse. Eu o culpo, mas no fundo sei que ele foi forçado. Essa é a única explicação. O monstro D'Agostino forçou sua mão, depois forçou a minha também quando apontou uma arma para a cabeça do meu pai. Mas, no final das contas, papai me vendeu. O contrato foi acertado antes de eu entrar naquela sala. Será que não havia outra maneira? Não sei no que acreditar e o que fazer. Tudo me dói profundamente, e cada vez que penso na Itália, meu coração se parte um pouco mais. Em meu sonho, flutuo no ar até que algo queima e faz cócegas no meu nariz. Eu me mexo. Fumaça. Fumaça de tabaco, do tipo que vovô costumava fumar. Papai também fuma quando tem companhia, mas meu avô sempre fumava charuto. Abro os olhos e vejo a luz do sol brilhante. É de manhã, e uma brisa suave acaricia minha pele. Brisa? Meus olhos se arregalam e me viro em direção à janela, mas paro no meio do movimento quando o vejo. Massimo está sentado no parapeito da janela — sem camisa, fumando um charuto. Minha respiração falha por dois motivos. O primeiro é a visão dele sem camisa. O outro é o pavor. Tenho medo dele. Não vou mentir para mim mesma ou achar que posso dominá-lo. Não posso. Ele apaga o charuto e se levanta, me dando uma visão melhor de seu corpo. Há tatuagens cobrindo todo o lado esquerdo de seu abdômen e por todo o braço, os dois braços. Há um anjo tatuado em seu peitoral esquerdo, e então o que parece ser uma escrita em árabe ao longo do lado direito de seu torso e quadril esquerdo. Não sei o que nada disso significa, porém, não vou dar a ele o prazer de ficar olhando por muito tempo. Não quando ele parece chateado. Eu me levanto quando ele se aproxima e rezo para que meu coração não bata tão acelerado no meu peito. E que eu não morra de susto. Chapter Oito – D EMELIA isseram-me que você não está comendo e está se recusando a usar as roupas que comprei para você. Diga-me por que está fazendo isso — exige Massimo, me encarando. Meus pulmões se contraem, mas me concentro para que meu corpo funcione e minha mente bloqueie o medo. Se mostrar meu medo, ele o usará contra mim para tentar me controlar. Nada disso é bom, e se eu não me defender, ele vai forçar a barra até não sobrar nada de mim. Eu não posso deixar isso acontecer. – Não quero nada de você – respondo, levantando meu queixo em desafio. Um estrondo profundo ressoa em seu peito. Juro que soa como um rosnado, o som que um urso faria, ou um lobo faminto. – Você acha que é assim que isso vai funcionar? – Onde estão minhas coisas? Você me trouxe aqui e esperava que eu ficasse bem com essa merda. – Você acha que é assim que isso vai funcionar? – pergunta novamente, comênfase em cada sílaba, mostrando os dentes. Estou cutucando a fera, sei que estou, mas tenho que dizer o que penso. – Quero dar um telefonema. Prisioneiros geralmente podem fazer isso, não podem? – mantenho meu olhar fixo nele. – A única pessoa que precisa saber que está aqui, já sabe. A próxima vez que falar com seu pai, será na festa beneficente para arrecadar fundos. Não sei quando será isso, mas suponho que seja antes deste casamento que deveríamos ter. – Quero ligar para um amigo – digo e ele ri. – Amigo? – Amigo. – Quer dizer aquele moleque? É assim que o chama? De amigo? Seus olhos se estreitam até virarem duas fendas. Posso estar enganada, mas vislumbro ciúme. E isso me deixa sem chão. Eu não esperava isso. – Moleque? Então, o que eu sou? Apenas uma garota? – desafio. Ele se aproxima, mas eu mantenho minha posição. – Não me tente, Emelia. Você não vai gostar de me ver perder a calma. De repente, o medo pesa em meu peito. Mas, não consigo ficar calada. – O que vai fazer? Me bater? – Deus, e se ele fizer mesmo isso? Eu não suportaria estar com alguém assim. – É assim que me trataria? – Qual é a sua relação com Jacob Lanzoro? – ele me segura firme. Eu vejo agora o flash de raiva em seus olhos. – Ele é meu amigo – respondo. – Você transa com seus amigos? – pergunta. Meu queixo cai. – Não! Qual é o seu problema? Eu te disse ontem à noite que sou virgem. Minha voz morre quando a memória de como me comportei com ele na noite passada volta e minhas bochechas queimam. – As pessoas mentem o tempo todo. – Não estou mentindo. – Você não vai ligar para ele ou falar com ele nunca mais. – Seu idiota – as palavras caem dos meus lábios. – Como pode ser tão cruel? Ele é meu amigo. Vai ficar preocupado comigo. Virá me procurar. Eu sei que Jacob virá. Ele descobrirá de alguma forma o que aconteceu e virá me procurar. – Se aquele filho da puta sabe o que é bom para ele, vai ficar longe. Não gostaria de ter o sangue dele em minhas mãos – Massimo zomba. – Seu monstro! – grito. Quando ele tenta me agarrar, dou um tapa em sua bochecha com tanta força que fica uma marca. Ele rosna e estende a mão para me agarrar novamente. Pulo para fora do seu alcance e tento fugir, mas ele me pega, me levanta e me joga na cama. Um grito sai da minha garganta quando ele sobe em cima de mim. Tudo o que posso fazer é revidar, mas ele agarra minhas mãos e as prende sobre minha cabeça. – Acha que sou um monstro, Emelia? – ele rosna. – Dê graças a Deus por ter vindo parar nas minhas mãos. – Vá se foder – atiro de volta. – Eu estava indo para a Itália. Sou uma artista. Eu ia viver meu sonho, e você o matou. Como ousa me dizer que deveria ser grata? Filho da puta. Fico surpresa quando ele ri. – Você é mesmo uma tolinha se pensa que sua vida iria desenrolar assim – ele me prende para que não possa me mover. – Você é só uma garantia para seu pai. – Mentiroso – acuso quando ele se abaixa até ficar cara a cara comigo. – Seu mentiroso. Ele me ama. Você o forçou a fazer isso comigo. Você apontou uma arma para a cabeça dele e tive que assinar o contrato ou você o mataria na minha frente. Como ousa tentar justificar o que fez? Monstro. – Sim, talvez eu seja um monstro. Mas, não sou ladrão, nem mentiroso, e não traio meus amigos. Ele pressiona uma mão sobre o meu estômago. Estou ciente de que há muitas coisas que não sei sobre meu pai. Mas, como Massimo só me mostrou crueldade, não há razão para lhe dar o benefício da dúvida. – Vocês são todos iguais – digo, incluindo meu pai também. Estou aqui por causa dele. Não importa o quão desesperado ele estivesse, nunca vou perdoá-lo por fazer isso comigo. – Todos farinha do mesmo saco, ruins igual. O que quer que pense que meu pai é, você é o mesmo. De todas as coisas que eu disse a ele, isso parece enfurecê-lo mais. Vejo isso em seus olhos. – Eu não sou nada igual ao seu pai. Ele é o diabo – rosna. – Seu cachorro de merda – bato de volta. – O que pensa que é? Um maldito santo? Vai se foder. Ele responde arrancando minhas roupas. Arranca o vestido de mim em um movimento rápido. Depois, meu sutiã sai também. Ele arranca minha calcinha e, segundos depois, estou nua embaixo dele. Grito e tento lutar, mas ele me segura. Massimo me vira de barriga para baixo e, antes que eu possa respirar, uma mão pesada desce na pele nua da minha bunda, sacudindo meu corpo inteiro. Outro grito escapa dos meus lábios. E outro tapa desce com força na minha bunda. E outro. E outro. E outro. – Pare com isso – grito. – Você está me machucando. No reflexo na parede de vidro, noto que estava se preparando para me espancar novamente, mas ele para quando grito isso. Quando sua mão toca minha bunda novamente, é uma carícia suave de seus dedos correndo sobre minha pele. Por um breve momento, olho para nosso reflexo. Eu nua, presa na cama com meu cabelo caindo sobre o rosto, e ele seminu. Muito perto de mim. Eu continuo imóvel. Fico muito quieta, mas meu pobre coração não aguenta. Está batendo tão descontroladamente no meu peito que acho que pode explodir. Seus dedos flutuam sobre minha bunda, e é só então que percebo o quanto a pele queima. Através do reflexo no vidro, o observo inclinar a cabeça. Depois, sinto seus lábios pressionando contra as manchas ardendo minha pele. Seis beijos pelas seis vezes que ele me bateu. Antes que consiga processar o choque que esse gesto me dá, ele me agarra e me puxa sobre seu colo. Deslizando uma grande mão atrás da minha cabeça, ele me segura firme, me trazendo para frente até que nossos lábios quase se tocam. Estou nua, pressionada contra ele, com nossos olhos e os lábios tão próximos. Sem palavras, apenas o som da minha respiração pesada, a tensão é espessa no ar. A miríade de pensamentos que correm pela minha mente se distorce e se dispersa. Meus pulmões apertam e o ar se dissipa, deixando-me sem fôlego quanto mais ele me encara com aqueles olhos tempestuosos. As únicas coisas das quais estou ciente são minha respiração trêmula, meu coração acelerado, minha pele tocando a dele, meus mamilos duros contra a parede de músculos de seu peito. A umidade acumulada no fundo do meu sexo se agita, crescendo apenas para ele. Uma excitação selvagem toma conta de mim. Talvez eu tenha enlouquecido. Essas últimas quarenta e oito horas me deixaram louca. Afinal, como posso me sentir excitada depois do que ele acabou de fazer? Ele arrancou minhas roupas e me espancou. Ninguém nunca colocou a mão em mim. Como diabos posso ficar excitada por isso? E agora? Ele vai me beijar? Ele vai roubar meu primeiro beijo também? Sou tão ingênua e infantil em pensar assim. Uma tolice. Quando ele se inclina para frente e roça seus lábios sobre os meus, faíscas de eletricidade explodem dentro de mim e pulsam através do meu corpo, mas o instinto me faz virar a cabeça. Instinto de proteger algo que me parece mais significativo do que ele tirar minha virgindade. Não posso dar-lhe o meu primeiro beijo. Eu não vou permitir que ele roube isso também. Ainda. Essa é a palavra que preciso ter em mente porque não posso lutar com ele por muito tempo. Eu sou fraca e indefesa contra sua potência. E contra essa coisa que parece me ferrar toda vez que ele me toca. Esta é a segunda vez que estou nua em sua presença, e veja como meu corpo responde a ele. O que vai acontecer da próxima vez? – Tão bonita, tão pura, tão inocente. Você nunca foi beijada, não é? – sussurra e olho para ele. Tento me afastar, mas ele agarra meu cabelo e me segura no lugar. – Responda – exige. – Acabou de me acusar de foder meu melhor amigo. Por que está me perguntando sobre algo tão simples quanto um beijo? – desafio. Não sei de onde vem minha força, ou coragem, para falar com ele com tanto desafio. Talvez seja uma versão aprimorada do medo falando, mas sinto uma pequena vitória quando ele parece contrariado. A vitória é apenas momentânea, porém, porque ele pressiona sua bochecha na minha e se aproxima do meu ouvido. — Responda à pergunta que lhe fiz, Emelia. Nunca foi beijada antes, não é? –sua voz é grosseira,exigente. Quando ele puxa meu cabelo, pressiono minha mão em seu peito. A pele esticada e a crista profunda do músculo apertam sob a palma da minha mão, e ele passa os dedos pela minha bunda. Uma mão na minha cabeça, a outra na minha bunda, certificando-me de que estou trancada, paralisada contra seu aperto. – Não, nunca fui – respondo. – Seus beijos me pertencem agora. Sua excitação é minha, suas fantasias são minhas, você é minha. Nada mais é seu. Você não mexe comigo que eu não castigo você. E assim, ele me tira de cima dele e me coloca de volta na cama. Quando ele se levanta, meu olhar cai para o volume em suas calças. Fica mais evidente na calça de ginástica que veste agora do que naquela que usou no outro dia. Ele sorri ao notar meu olhar. Sorri ainda mais quando pega os pedaços do meu vestido do chão. Ele os rasga em pedaços ainda menores como se fossem papel. Depois, pega minha calcinha e a enfia no bolso. – Não quer minhas roupas? Bem, então não vai usar nenhuma – rosna. – Seu idiota. Não pode me deixar aqui nua – me arrasto sobre a cama. – Vai achando isso – responde, me lembrando que estou prestes a me casar com um monstro. Massimo vai até o canto da sala onde Candace deixou a sacola de roupas e a pega. – Se quiser usar roupas de novo, vai fazer o que mandei – avisa. – Vai realmente me manter trancada aqui, nua? Não posso acreditar. – Sim. Quando achar que aprendeu sua lição, vou deixar você saber que pode usar roupas novamente. – O que diabos está errado com você? Ele é louco. Ninguém se comporta assim. – Não me pressione, principessa. A menos que queira outra surra. Isso foi um castigo, não por prazer. Minhas bochechas esquentam de vergonha. – Eu te odeio. Ele me dá aquele sorriso desarmante e chega mais perto até pairar sobre mim. – Não, você não me odeia, mas isso é assunto para outra hora. Meus lábios se abrem para dizer que está errado, mas minha voz falha quando o lampejo de algo no fundo de seus olhos prende minha atenção, arremessando meus pensamentos pela janela. – Como espera que eu te ame se me trata como merda! O sorriso selvagem em seu rosto é outro sinal de que não sei o que digo. – Não espero seu amor. Não é disso que se trata. Seu olhar ganha um brilho de pedra. Nas profundezas de seus olhos penetrantes, vejo que toda essa provação não é apenas sobre dinheiro. Há mais do que isso. Ele tem dinheiro. Ele tem poder. O que vejo quando olho para ele é uma sede de vingança. Vingança contra o papai. O que meu pai fez para ele? O que papai fez que teria tanta repercussão em mim? E, por que diabos tenho que pagar pelos pecados do meu pai? Quando ele se vira, vejo o enorme dragão tatuado em suas costas, escuro, preenchendo todo o espaço. Ele vai até a janela, tranca com a chave e a coloca no mesmo bolso em que guardou minha calcinha. Depois, vai embora. Mais uma vez, me deixa aqui, nua. Nua e pensando em como diabos vou sair daqui. Preciso encontrar uma maneira de escapar. Mas, como? Massimo faz tudo para garantir que eu não tenha uma chance de escapar. Chapter Nove E MASSIMO la está certa. Eu sou um monstro. E acabo de agir como um. Mas, será que é mesmo quem eu sou? O homem que me tornei? Como foi que a sede de vingança me transformou em algo que nunca quis ser? Meus anos de espera por uma oportunidade de destruir Riccardo me tornaram o tipo de homem que atacaria uma mulher inocente? Mulher! Porra. Ela é quase uma garota ainda. Tem apenas dezenove anos e eu vinte e nove. Dez anos de diferença. Eu deveria saber que meus atos têm consequências. É certo que a porra do meu pau fica duro feito aço todas as vezes que penso nela. Também é verdade que quero fodê-la até nós dois não conseguirmos pensar direito. Mas, a verdade é a verdade. Ela é virgem em todos os sentidos da palavra. Nunca havia sido beijada e nunca havia sido tocada, até que eu a profanasse com minhas mãos sujas de mafioso. Siciliano sujo. Se alguém testemunhasse o que fiz hoje, me chamaria assim, e estaria com a razão. Eu concordo. Mas, faria tudo de novo, e sentiria vergonha depois, só para ter sua bunda exuberante balançando sob as palmas das minhas mãos. Tudo isso está errado. Ela é a única inocente nessa bagunça toda, mas é uma parte necessária do meu plano para destruir Riccardo. Tomar sua herdeira irá destruí-lo em todos os sentidos. Ela é minha noiva virgem roubada. Eu peguei a princesa, tirei-a do aconchego da casa de seu papai e o obriguei a entregá-la para mim. Fase um do plano foi concluída com êxito. Mas, a realidade é foda porque ela está me deixando louco. A mulher está me deixando doido, praticamente insano. E se fosse sincero, admitiria que morro de ciúme de seu amigo patético. Estou atraído por ela, como se ela me puxasse para si o tempo todo. Não contava com a possibilidade de ela sentir-se atraída por mim também. Mas, ela está. E isso mexe com minha mente porque não me preparei para esse cenário. Fico excitado, tanto por causa da luxúria, quanto pelo poder que tenho sobre ela. Faz apenas dois dias que ela está aqui e mal consigo me controlar. A luxúria é como uma sede por sangue que me deixa querendo mais. Quanto mais prazer ela me dá, mais eu quero tirar dela. E não deveria me sentir assim. Caminho pelo corredor e passo por Candace enquanto ela lustra a mesa no segundo andar. Ela me observa colocar a sacola de roupas no quarto que uso para guardar coisas. Fica a duas portas do quarto de Emelia. Normalmente, Candace falaria comigo sobre isso, mas ela não diz nada. Na verdade, nem me disse bom dia. A maioria dos chefes do meu calibre consideraria isso uma insolência e a mataria. Aqui, temos uma relação diferente. Candace e Priscilla são as únicas da equipe da minha casa que trato como família. Também são as únicas que não têm medo de mim. Sabem que não vou matá-las se me contrariarem porque suas famílias trabalham para a minha há gerações, desde a Sicília. Candace, em particular, sabe que é especial para mim. Crescemos juntos e nossas famílias eram tão próximas que sempre pensei nela como uma irmã mais nova. É por isso que está agindo desse jeito agora, me dando o tratamento do silêncio. É por causa do tipo de relacionamento que temos que não suporto quando ela não fala comigo. Então, paro no final do corredor e olho para ela, forçando-a a reconhecer que estou aqui. – O que houve? – exijo. O rubor em suas bochechas sugere que provavelmente ouviu os gritos de Emelia. Não estava exatamente preocupado se alguém nos ouviria. Além disso, o quarto fica no final do corredor. Candace certamente teria escutado, e teria soado como se eu estivesse torturando Emelia. – Nada, chefe. Vejo que está no modo babaca esta manhã e acho melhor ficar quieta. Ela passa o espanador sobre a grade e balança a cabeça para mim em desânimo. Ela trabalha para mim há anos, apesar de que não precisa se sustentar sozinha. E sempre que perde a paciência e fala assim comigo, eu dou corda. – Está coberta de razão – respondo com um sorriso que a irrita ainda mais. – É melhor mesmo ficar quieta se não quiser me irritar. Com um olhar duro, ela se vira e se concentra no que estava fazendo antes. Sigo pelo corredor e passo por Priscilla, que só olha para mim. Ela foi minha babá quando eu era criança e é o tipo de mulher que faz o que mandam sem perguntas ou demonstrações de emoção. Quando cheguei ontem à noite, com sangue nas mãos, ela não disse merda nenhuma. Apenas me entregou um pano e uma tigela de água quente. Foi Priscilla quem me mandou a mensagem me informando sobre o que estava acontecendo aqui, que Emelia havia recusado tudo que ofereci a ela. Mas, percebo que ela também ouviu Emelia agora e não está feliz com isso. Talvez seja melhor que não fale comigo hoje também. Eu não saberia o que dizer e não quero acabar confessando que descontei minha frustração em Emelia por causa da recente merda que aconteceu com Pierbo. Pensei que mandar Candace e Priscilla cuidarem de Emelia seria uma boa ideia. Candace tem vinte e cinco anos, então não é muito mais velha que Emelia.Priscilla tem aquela presença maternal. Agora acho que me enganei. Na verdade, não quero falar com ninguém, exceto com o cara esperando por mim no salão. Quando chego à porta, o vejo. Tristan está parado ao lado da enorme lareira, olhando para minha pintura favorita que Ma fez. Emelia é uma artista. Minha mãe também era, mas pintava apenas para nós. Quando cada um de nós comprou sua própria casa, Pa separou algumas de nossas pinturas favoritas para que cada um de nós ficasse com elas. Acabei ficando com a maioria porque minha casa é maior do que dos meus irmãos. Tristan se vira quando me vê e levanta uma sobrancelha. – Cacete, o que diabos aconteceu contigo? Parece que foi mordido por lobos – ele sugere, rindo. Eu corro minha mão sobre minha bochecha e sinto os vergões onde Emelia me deu um tapa. – Nem pergunte – resmungo. – Tá bom, até parece que vou deixar para lá – balança a cabeça. Depois, sorri. – Você tem que me contar o que aconteceu. – Ela me deu um tapa – respondo. – Tá de gozação! Ela tem garras? – Tristan, por favor. Pode parar. Isso tudo é uma merda. Venha, vamos lá fora. Preciso de ar fresco para me acalmar. Saio pelas portas duplas que levam ao terraço. Estava aqui mais cedo malhando e deixei minha camiseta pendurada na cadeira do pátio. Agarro-a, enfio a cabeça na gola e puxo o tecido para baixo enquanto afundo na cadeira. Tristan se senta à minha frente e tira um documento do bolso interno de sua jaqueta de couro. – O que é isso? – pergunto. – Umas merdas que descobri e que sugere que estamos certos. Parece que Pierbo não se matou mesmo. Ele me entrega o documento que examino com atenção. É um roteiro de viagem para um pacote de férias reservado para um fim de semana. O próximo final de semana. No topo da página, na coluna com os detalhes de contato, está o nome de Pierbo junto com o de uma mulher. Sheila Carmichael. – Sheila? Quem é ela? – A mulher que está grávida do filho de Pierbo. Ele planejava levá-la para viajar no fim de semana. De acordo com os registros que obtive, ele conversou com ela algumas horas antes de morrer. Sheila disse que ele ligou para dizer a ela para levar protetor solar – ele franze a testa e endireita a coluna. – Isso não soa como alguém que se mataria algumas horas depois, não é, Massimo? – Que porra – respondo. O maior problema é que não sei para onde ir agora. Passamos o dia inteiro ontem tentando encontrar respostas. Enquanto Dominic e Andreas faziam suas próprias verificações, Tristan e eu saímos para as ruas. Odiei ter que ir ao necrotério e ver um cara em quem podia confiar morto sobre a mesa. Sem vida. Odeio ainda mais que há uma chance enorme de sua morte ter sido causada por Riccardo. Não temos nenhuma prova, no entanto. Por todo o maldito dia, corremos de um lado paro outro, interrogando um idiota atrás do outro. Minhas mãos acabaram sujas de sangue quando tive que matar um filho da puta que tentou me esfaquear. – E agora? Chegamos a um beco sem saída – afirma Tristan. – Não sei – balanço minha cabeça, encolhendo os ombros. – Temos que nos nortear pelo que está no papel, por enquanto. Só até que algo prove o contrário. Claramente, Riccardo o matou por despeito. Mas, é foda, Tristan. Esse era o Pierbo. Como alguém chega a um cara assim? – Não sei. E não gosto disso. Nada bate com nada. Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Precisamos focar e seguir o plano. Há muita coisa acontecendo que pode tirar nossa atenção. Especialmente para mim. Tenho muitos compromissos importantes nas próximas semanas. O primeiro é a reunião do Sindicato onde serei iniciado. Depois disso, haverá um jantar oficial da família, onde meu pai me dará o anel e declarará à família que sou o novo chefe. Temos familiares vindo da Itália para isso e outros membros do clã D'Agostino estarão presentes. É uma ocasião muito importante. Depois, há o maldito evento para arrecadar fundos, que sinceramente preferiria pular, mas do qual tenho que participar porque faz bem para a imagem da empresa. Riccardo estará lá também. Vou levar Emelia. Isso é daqui a três semanas. Na semana seguinte, é o casamento. Qualquer coisa pode acontecer nesse longo espaço de tempo. Então, preciso manter meus olhos abertos e meus ouvidos atentos. Não duvido que Riccardo esteja planejando algum jeito de levar Emelia de volta. Sei que está. – Não podemos perder o foco – diz meu irmão, que parece ler minha mente, como sempre. – Isso seria um grande erro. Andreas e eu vamos resolver as coisas para a empresa e ficar de olho em Riccardo. Dominic vai fazer as coisas dele. Todo mundo sabe o que deve fazer, então não se preocupe. Trate apenas de ser o chefe. Que não é um trabalho que dá para ser feito da noite para o dia. Especialmente, todo o negócio do Sindicato. Ele está certo. Se fosse apenas aprender a administrar negócios para a D'Agostino Investimentos, não seria tão ruim. Papai preparou todos nós para isso. O Sindicato é diferente, e minha iniciação será apenas o começo. A Irmandade é todo um outro jogo de poder, um nível totalmente diferente de riqueza inimaginável. Riqueza que nunca sonhei ter. Com certeza não quando ficamos sem nada. Esses caras falam em bilhões, nem mesmo milhões. É por isso que Riccardo está fodido. Não conseguiu nem juntar um milhão de dólares para nos pagar, que dizer dos vinte e cinco que deve no total. – Obrigado. Agradeço suas palavras, irmão – levanto um punho e bato no dele. – Beleza. Então, você parece abalado por causa dessa garota. O que está pegando, Massimo? Onde ela está? – sorri. – Trancada no quarto dela. Nua. Mas, essa parte não vou dizer a ele. – Vai mantê-la trancada para sempre? – arqueia uma sobrancelha. – Tristan, não sei o que fazer com ela, e não preciso que me digam que isso é loucura. Já sei que é. – Claro que é, mas sinto que gosta dela – me dá um olhar curioso. – O casamento foi ideia sua. – Fazia sentido. De que outra forma ficaríamos com a herança Balesteri? – Foda-se a herança. Não me venha com essa estória de merda. Gostou dela no baile. Ele balança a cabeça e eu inclino a minha para o lado. Isso é o que acontece quando as pessoas te conhecem muito bem. Tristan não é apenas meu irmão; ele é meu melhor amigo. Nada passa batido por ele. – Eu e a galera toda, lembra? – digo como uma tentativa final. Do jeito que me lembro, todos os homens descompromissados naquele baile de caridade estavam olhando para ela. Todos a queriam. – Porra, quem se importa com o resto da galera? Massimo, ninguém o culpará se você tomar alguma atitude baseado no que ela é ao invés de em quem ela é. Eu tenho que rir. – É tudo a mesma merda. Quem e o quê ela é. – Não, não é – ele balança a cabeça e me dá um sorriso malicioso. – Ela é filha de Riccardo. Isso é quem ela é. A filha do nosso inimigo. Mas, ela é uma mulher. Isso é o que ela é. Uma mulher muito bonita que pertence a você. Não me diga que não notou essa parte. Recosto na cadeira. – Eu notei, sim, senhor. E meu pau também percebeu. Duas vezes eu a tive nua pressionada contra mim, e nas duas vezes eu quis devorá-la. Ambas as vezes, estava bem ciente de que ela é uma deusa com o corpo feito sob medida para o jeito que gosto de foder. – Então é isso – Tristan sorri. – Vai se casar com ela e será uma merda? Ou vai viver no clube de strip? Notei que não foi lá ontem. Ou talvez tenha molhado seu pau aqui mesmo. – Tristan, pare com essa estória. A coisa aqui é só negócios. – E qual negócio é realmente bom sem um pouco de prazer misturado? Quando alguém tem tanto dinheiro como nós temos, vira rei. Pode fazer a merda que quiser que não pega nada. Passos ecoam no cimento, e minhas próximas palavras desaparecem. Priscilla caminha em nossa direção com um sorriso rígido tentando esconder sua desaprovação. Ao lado dela vem a mulher que, provavelmente, foi aquela que mais próxima chegou de ser chamada de minha namorada. Gabriella Mineola. Seu cabelo loiro platinado parece uma auréola no topo de sua cabeça. O sorriso em seu rosto está cheio da travessura que sempre aprontamos quandonos encontramos. – Ah, entendi – Tristan sussurra, inclinando-se para mais perto de mim. – Não sabia que ainda estava molhando seu pau nela – ele afirma, a voz cheia de desdém. Ele não a suporta. – Não estou – respondo pouco antes de Priscilla e Gabriella nos alcançarem. Tristan e eu nos levantamos. Priscilla acena rapidamente com a cabeça e sai. Gabriella olha de mim para Tristan, e seu sorriso se ilumina, alcançando seus grandes olhos verdes. – Massimo e Tristan D'Agostino. Faz um bom tempo desde que vi vocês dois juntos – ela afirma, estendendo a mão para nós beijarmos seus dedos. Por educação, Tristan aperta sua mão. Eu não toco nela. – Tenho que ir – afirma ele. – Lembre-se do que te disse – acrescenta, me olhando com seriedade. Está falando sobre Emelia. Dou-lhe um aceno de cabeça antes que nos deixe. Volto minha atenção para Gabriella, que tem uma expressão sedutora. – Gabriella, não vejo você há um tempo – afirmo. – Eu estava viajando. É uma puta mentira. A verdade é que teve um caso com o senador Braxton, cuja esposa descobriu. Ele chutou Gabriella para rua, em vez de deixar sua esposa como ela achou que ele faria. – Viajar é muito bom – comento, fingindo que nasci ontem, já que ela pensa que sou tão ingênuo assim. – Como consegue ficar mais sexy cada vez que te vejo? – Não sei – dou de ombros. Ela passa o dedo pelo meu peito, mas mantém o olhar fixo no meu. – Lembra-se da última vez que nos vimos? – Claro. Eu me lembro bem. Ela passou o fim de semana inteiro aqui, e não saímos da minha cama para nada. O pai dela é o chefe da família Mineola. Eles são incrivelmente ricos e tentam investir na D'Agostino Investimentos há muitos anos. Toda vez que faziam uma oferta, meu pai recusava. Ele é forte assim. Ele sabe exatamente quando aceitar uma oferta e quando rejeitar por causa da merda que pode dar. Eu, nem tanto. Nunca consegui recusar nada a esta mulher. Sempre acabávamos na cama, ou onde quer que o desejo nos levasse. Ela é quem não aparece aqui há um ano. – Eu também lembro bem – sussurra, rindo. – Foi agradável. Então, ouvi falar sobre sua ascensão à liderança. E seu noivado. Essa última parte só poderia ter saído ontem. As notícias correm rápido em nossos círculos. Posso apenas imaginar as conversas. Eu, o implacável príncipe D'Agostino e a doce princesa Balesteri. Duas famílias que as pessoas sabem serem antigas inimigas. Duas famílias que apenas algumas pessoas especiais sabem que pertencem à Irmandade. Que agitação devemos ter criado. – Sim, vou me casar – respondo a essa parte apenas. Ela deve ter ouvido falar sobre a minha promoção a chefe meses atrás. Isso é notícia velha e nada tem a ver com o motivo de estar aqui. Olhando para a praia, ela inclina a cabeça naquela direção. – Não vai me levar para um passeio? Está um dia tão lindo. Só quero dar uma última olhada antes que a dona da casa comece seu reinado. Ela me dá um sorriso atrevido que eu não retribuo. Vou andar com ela na praia porque precisamos conversar. Sei que olhos nos observam. Tenho certeza de que Priscilla está assistindo de algum lugar, e não quero ser julgado mais ainda hoje. Faço um gesto com minha mão para ela ir à minha frente e descemos pelo caminho até a areia. A praia é o que eu amo mais sobre esta propriedade. Sempre adorei viver perto da água. Era certo que eu seria o irmão a escolher a casa de praia por causa do meu amor por velejar em mar aberto. Não há um barco que eu não possa navegar, e nenhuma água tão turbulenta que eu não possa comandar. Apesar de termos crescido perto da água, meus irmãos moram mais no interior. Tristan, no entanto, ama a floresta. Ele gosta de ficar longe das pessoas. Ao darmos o último passo no caminho, estamos na praia particular que veio com a propriedade. Possuo três quilômetros da costa antes que se torne Huntington Beach. O cabelo de Gabriella se levanta com o vento. Parece fios de sol. Após caminharmos por um tempo, ela se vira para mim. – Vai me convidar para o casamento? – Ainda não decidimos quem vamos convidar. Esta é a versão mais delicada que ela vai conseguir de mim, mas já dá para saber que a resposta é não. – Talvez eu receba um convite diferente. Não posso imaginar você com uma garota inexperiente – ela diz e dá uma volta ao redor de mim, como uma gata marcando seu território. – Ouvi dizer que ela é bonita. – Ela é – concordo. Eu serei muito direto com ela. Em tempos como estes, ninguém consegue distinguir amigo de inimigo. Só porque costumávamos foder como coelhos não significa que ela está aqui tentando voltar para a minha cama. Ou talvez seja isso que ela queira. – Faz sentido. Sempre me perguntei como seria a princesa Balesteri. Riccardo a mantinha longe do mundo. Ninguém nunca soube quem ela era. Foi exatamente assim, mas a maioria das famílias criminosas é assim. É como eu seria se tivesse uma família. Eu os manteria longe dos negócios. Ao primeiro sinal de merda, seus inimigos vêm atrás de você através de suas fraquezas. Esposas e filhos. Nessa ordem. – Você parece muito interessada – noto, olhando para ela dos pés à cabeça. – Relaxe – sorri. – Estou aqui só para saber se ainda poderemos transar depois de suas núpcias, ou talvez antes – ri e inclina a cabeça para o lado. – Gabriella, não vamos mais jogar esse jogo – respondo e seu sorriso desaparece. – Ah, por favor, não me diga que se transformou em um marido amoroso de repente – ri. – Não faz sentido nesse tipo de casamento arranjado de merda. É tão óbvio que foi arranjado. Só não sei como rolou. Eu me inclino mais perto, e ela ri. – Você sabe demais. Riccardo te mandou aqui para checar como está a princesa? – pergunto, cravando meu olhar nela. Seria uma ideia inteligente, já que qualquer outra pessoa teria sido morta a tiros antes que pudesse chegar à minha porta. – E se ele mandou? – Ele mandou? – repito, exigindo saber, meu sangue começa a ferver. – Não. É que sei como vocês, homens da máfia, são. No final das contas, tudo é sempre sobre alguma boceta. Estou apenas te oferecendo a minha. Geralmente, sou bom em notar quando as pessoas estão mentindo. Graças aos acontecimentos dos últimos dias, minhas emoções estão ferradas. Entre me preocupar com meus irmãos e o que pensam da minha liderança até meus encontros com Emelia carregados de tensão sexual. – Você parou de me oferecer isso muito antes dessa notícia – respondo, provavelmente mostrando mais emoção do que pretendia. No passado, pensei em tornar as coisas mais sérias entre nós. E ela sabia que eu estava prestes a fazer isso, sabia como eu me sentia, antes de pular na cama do senador Braxton. Nunca levei ninguém a sério, mas ela me fez pensar em fazer isso. Provavelmente, é por isso que Tristan não a suporta. Ele sabia como eu me sentia. Eu não precisava dizer nada. O sorriso que levanta os cantos de sua boca fica trêmulo. Ela levanta a mão e toca minha bochecha, passando levemente o dedo ao longo do arranhão que Emelia deixou lá. – Você é um homem tão lindo, mesmo com cicatrizes. Faz você parecer ainda melhor. Não queria nada sério naquela época, Massimo. Eu quero agora. Ela solta meu rosto e passa as mãos pelo meu peito, continuando mais para baixo até chegar ao cós da minha calça. Eu as agarro antes que ela possa pegar meu pau e dou-lhe um sorriso. Quando ela desvia o olhar do meu e foca em um ponto distante, por cima do meu ombro, meus nervos tremem. É então que sinto. Olhos em nós, em mim. Estou tão acostumado a caminhar sozinho por esse lado da praia que me esqueci. Que desleixo da minha parte. Estamos a poucos metros do quarto de Emelia. Eu me viro sabendo que só poderia ser ela. E é mesmo. Está parada perto da janela em que eu estava fumando mais cedo. Enrolada no lençol, com seu cabelo negro despenteado, parece que passamos a noite juntos. Mesmo daqui posso ver a umidade em sua pele e aqueles olhos cinzentos enevoados, fazendo um contraste gritante com a escuridão de seu cabelo. Bonita não é a palavra que usaria para descrevê-la. Ela é linda. Ela é beleza pura. E a coisa maisbela sobre Emelia é que ela não sabe que é linda. Estamos em sua linha direta de visão. Não sei o que me impressiona mais: o jeito que ela me encara ou o fato de que não se moveu. Foi pega me observando com outra mulher na praia e continua lá, firme. Obviamente, chateada para caralho. Com ciúmes, posso ver. Bom. Da mesma forma que ela me provocou ciúmes quando perguntou se podia ligar para o amigo. Meu pau endurece quando meu olhar cai para seus seios escondidos da minha vista pelo lençol. Lembro-me como seus mamilos endureceram de excitação contra meu peito. Lembro seu gosto, na outra noite, quando chupei seus seios e sua boceta pela primeira vez. Ela vai me deixar fazer isso de novo. Da próxima vez, vou certificar-me de dar uma boa chupada e aproveitar bem sua boceta antes de brigarmos. Olho de volta para Gabriella e noto a linha dura de sua mandíbula. Ela nunca foi mulher de gostar de competição. Também nunca foi uma mulher para quem as pessoas dizem não. O negócio é diferente comigo. Eu é quem mando. Se pensou que estava me usando, não poderia estar mais errada. – Ela é bonita – afirma. – Eu sei – respondo e fúria brilha em seus olhos. – Mas, posso dizer que você ficará entediado rapidamente também. Ligue-me quando quiser foder uma mulher de verdade e que sabe como agradá-lo na cama. Ela se afasta, e eu deixo. Meu olhar volta para a princesa me observando da janela de seu quarto. Meu pau está duro, pronto para fodê-la enquanto penso no que ela é. Uma mulher que é minha. Uma mulher de quem duvido que vou me cansar porque estarei muito ocupado ensinando-a a me agradar. Ela é uma garota que mal posso esperar para transformar em uma mulher. Eu olho para ela agora e percebo que quero mais do que sua obediência. A faísca de atração que ondula entre nós me diz que ela quer mais também. Isso vai ser muito interessante. Viro de costas para ela e continuo caminhando pela praia, planejando o que farei mais tarde. Chapter Dez S EMÍLIA erá que minha vida vai ser assim agora? Ele terá suas mulheres enquanto eu ficarei presa do lado de fora, olhando. Ou melhor, dentro deste quarto. Ficarei presa vendo o meu marido com outra mulher passando as mãos nele. Continuo vendo Massimo caminhar pela praia. Eu o observo até que ele desaparece da minha vista, então eu pisco para segurar as lágrimas. Isso não é ciúme. Tudo bem, talvez seja. Mas, não no sentido convencional do termo. O que está me irritando é ser forçada a me sentir assim porque estou nessa situação. Eu não me sentiria assim se houvesse alguma parte de todo esse fiasco que fosse normal. Porque, se eu tivesse outra alternativa, não escolheria ficar com um homem que me trai. A maneira como ela o tocou, embora breve, mostrou claramente que eles já foram íntimos. Ela parece ser o tipo dele, o tipo de mulher que sabe o que fazer na cama. Não uma virgem como eu. Embora eles estivessem longe, notei o jeito que ele estava perto dela também. Ela é loira e bonita, tem um corpo invejável. Definitivamente, ela é seu tipo. Com certeza, o tipo de mulher que ele não trataria do jeito que me trata. Então, talvez seja isso. Nós nos casaremos, mas ele continuará com ela e talvez outras mais como ela. Eu não deveria sentir ciúmes. Na verdade, fui ingênua em esperar casar com alguém que me amasse. Eu não posso acreditar no jeito que ele me tratou mais cedo. Ele me espancou e arrancou minhas roupas. Depois, disse que não queria meu amor. Mas também que estupidez da minha parte dizer uma coisa dessas quando ele tinha já marcado encontro com uma mulher que parecia uma Barbie. Eu me afasto da janela e enxugo uma lágrima com a palma da minha mão. Eu quase tropeço na porra do lençol em que tive que me enrolar. Caminhando até a cama, sento-me na beirada, olhando ao redor do quarto. Vai ser mais um dia de absolutamente nada. Mais um dia de merda. A única diferença entre ontem e hoje é que tenho mais merda na cabeça. A mulher na praia com Massimo me irritou, mas o que eu tenho pensado desde que ele foi embora foi no que ele disse sobre papai. Massimo falou como se conhecesse meu pai muito bem. Falou com conhecimento de causa. Quero saber o que papai fez com ele. Para eles. Os D'Agostinos. Naquela primeira noite na sala de estar, estavam Massimo e seu pai. Seu pai não estaria lá se não tivesse algum desejo de vingança contra meu pai também. Então, o que foi que ele aprontou? O que aconteceu? Quando isso aconteceu? Massimo chamou meu pai de mentiroso e ladrão. Sobre o que ele mentiu? O que ele roubou? E será que papai está falido? Deve estar se tinha uma dívida que só poderia ser paga trocando-a por mim? Ele tem que estar. Eu sei que essa coisa toda comigo nunca teria acontecido se ele não estivesse quebrado. Seu comportamento ao me vender foi o de um homem desesperado. Ele sempre fez tudo que podia para me manter fora dos negócios, então não sei muito de nada. Sei apenas o necessário e só referente à minha segurança. Também sei o que Jacob me conta. Mas, isso é tudo. Ao meu entender, papai deveria ser um multibilionário. Devo estar enganada e vivendo no escuro. Afinal, tem também o que Massimo disse sobre minha vida. Ele disse que minha vida não teria saído do jeito que eu imaginava. Que eu era a garantia do meu pai. Eu não acredito nisso. Essa parte não faz sentido para mim porque papai sempre foi tão protetor comigo. Ele me ama. Você só protege alguém, do jeito que ele sempre me protegeu, se você os ama. Ele sempre ficava irritado com caras que eu poderia estar interessada em namorar. E é por isso que nunca fui beijada. Merda, minha vida era praticamente igual a viver em um convento. Sem as freiras. Eu tinha Jacob, mas sempre havia um fluxo constante de pessoas me observando para ter certeza de que estava segura. Massimo devia estar mentindo. De jeito nenhum eu vou acreditar em um monstro ao invés de acreditar nos fatos, na pessoa que sei que meu pai é. Ele só falou todas aquelas merdas para me irritar. Se foi tudo besteira, então por que sinto no fundo que há algum traço de verdade nisso? O buraco da fechadura chacoalha e eu fico tensa. Como um cão treinado por Pavlov, meu corpo está condicionado a ficar ansioso quando ouço esse som. A porta se abre e relaxo quando Priscilla entra com uma bandeja de comida. Antes que ela possa dizer bom dia, meu estômago ronca alto, fazendo-a sorrir. Eu não estou surpresa ao ouvir meu estômago reclamando. Não comi nada desde aquela pizza e o milk shake de chocolate que tomei com Jacob. Isso foi há dois dias. Tomei goles de água e só. Estou com tanta fome agora que poderia comer um boi. Priscilla sorri mais quando eu ofereço a ela um sorriso gentil. – Bom dia, signorina – ela diz. – Bom dia – respondo. Ela olha para mim, notando que estou embrulhada no lençol. Eu me pergunto o que ela deve pensar. Se eu fosse ela, provavelmente assumiria corretamente que estou nua por baixo do pano. Talvez pense que passei a noite com Massimo. – Ontem, dei muito mole para você. Não vou fazer isso hoje – ela afirma, e seu sotaque italiano se torna mais pronunciado. – Você precisa comer alguma coisa. – Tudo bem, eu vou. Priscilla coloca a bandeja de comida na mesinha ao lado da cômoda. Eu vejo que ela preparou algumas guloseimas, como ela fez antes, e adicionou uma pilha de cookies de chocolate. – Espero que coma mesmo. Não foi muito esperto da sua parte parar de comer. Isso só piora as coisas – ressalta. — Achei que gostaria de algo com açúcar. Minha especialidade aqui são os doces. Gosta de folheados? Não conheço ninguém que não goste. Ela está tentando ser amigável e me fazer sentir confortável, então decido que não serei a filha da puta que fui ontem. Na verdade, preciso de alguém com quem conversar. A pior coisa que posso fazer na minha situação é criar inimigos dentre os funcionários da casa. – Eu gosto de doces – respondo. – Esses parecem ótimos. Obrigada por fazê-los para mim. Ela parece satisfeita e aliviada com a minha resposta. – De nada. Acho que vai gostar dos macaroons. Na verdade,são uma receita antiga da Sra. D'Agostino, a mãe de Massimo. Ela adorava adicionar canela. A mãe dele? Como será que ela é? – Quando posso conhecê-la? – pergunto. Melhor fazer perguntas assim a alguém como Priscilla, porque falar com Massimo é como falar com uma parede. O olhar de tristeza no rosto de Priscilla sugere que fiz uma pergunta que não deveria. – Desculpe, querida. Você não vai conhecê-la porque ela morreu há muitos anos. Mas, mantemos seu espírito vivo em nossas memórias e em todas as coisas que ela amava. Eu pressiono meus lábios numa linha fina enquanto uma pontada de culpa machuca meu peito. – Sinto muito. Não sabia. Não sei muito sobre a família D'Agostino – confesso. – Tudo bem. Eu trabalho para a família há muito tempo. Conheci Massimo e seus irmãos quando eram pequenos. – Ele tem irmãos? – Três. Tenho certeza de que os conhecerá muito em breve. Ela fala deles com carinho. Com muito carinho. Se está com a família há tanto tempo, deve saber detalhes do que eles fazem. Ao olhar para ela, tento imaginar o que Massimo teria contado a ela em relação a mim. – Você sabe por que estou aqui? – pergunto em voz baixa. Ela meneia a cabeça, inquieta. – Sim, sei. As notícias já correram sobre seu casamento com Massimo em algumas semanas. Mas, fui informada sobre isso no dia de sua chegada. Minha respiração fica presa quando penso no tipo de notícia que saiu para todos. Minha família. E Jacob. Ele não teve chance de me dizer o que sentia por mim e agora descobriu que vou me casar. O que ele deve pensar de mim? Ela caminha até mim e descansa a mão no meu ombro. – Coma. Apenas coma e pense no resto depois. Volto daqui a pouco com alguns shampoos e acessórios para você usar no cabelo. Vai ajudá-la a se acostumar com o lugar. Eu aceno com a cabeça em agradecimento. Não pergunto mais nada porque sei que não adianta. Não adianta perguntar se posso ir lá fora. Não adianta perguntar quando minhas coisas vão chegar aqui. Não adianta perguntar se posso ligar para Jacob. Quando ela sai, vou até a comida e, assim que dou uma mordida em um biscoito, meu apetite surge de uma vez, e me vejo devorando tudo. Um biscoito após o outro desaparece garganta abaixo. E todos os doces também. A bandeja devia ter comida suficiente para três pessoas, mas devorei tudo. Quando termino, só há migalhas. Estou tão cheia que tenho que me deitar. Priscilla volta um pouco mais tarde com uma cesta de esmaltes, xampus e todos os tipos de coisas que eu compraria na Bath and Body Works. Passo o dia me distraindo com o conteúdo da cesta. Lavo meu cabelo e passo horas na banheira, tratando as marcas deixadas pela mão implacável de Massimo. Quando a noite cai, deito-me na cama e me pego pensando nele assim que minha cabeça encosta no travesseiro. Eu me pergunto onde ele pode estar. Deve ser tarde da noite agora porque os dias são mais longos durante os meses de verão. Em L.A., podemos ter luz do dia até as oito ou nove da noite. Será que está com aquela mulher? É assim que vou passar minhas noites? Sozinha, imaginando em qual cama ele está dormindo? Talvez ele esteja aqui na casa, em seu quarto. Não sei. Nem sei onde é o quarto dele. E se ela estiver lá com ele? Será que ele vai convidá-la para o casamento? Eu vi o jeito que ela olhou para mim. Mesmo estando longe, sem poder ver seu rosto direito, vi o suficiente para notar a carranca e a expressão vingativa que escureceu seu lindo rosto. Ela viu que eu estava observando os dois antes mesmo de Massimo virar. Quando ela me viu foi que começou a acariciá-lo, como se estivesse marcando seu território. Cadela. Mal sabe ela que eu não me importo nem um pouco com os dois. As horas passam e não consigo dormir. Eu continuo pensando que ele está com ela. Ou com outra mulher. Por que não estaria? Ele é lindo. O tipo de homem que derrete você com sua beleza cativante e um rosto que faria os estúdios de Hollywood pagarem milhões. Eu não conheço nenhuma mulher que resistiria a ele, ou que não reagiria a ele do jeito que eu reajo. Todas as garotas que conheço na UCLA morreriam se um homem assim falasse com elas. E elas ficariam doidas de inveja de mim se pudessem me ver agora. Minha mente volta àquela primeira noite que passei aqui. Lembro como ele me tocou. Minha pele aquece com a memória e minha boceta aperta com o desejo. Sou uma idiota por pensar nessa merda, uma besta por não ser forte o suficiente para resistir. Apesar de ser lindo como é, o homem é um monstro. Não deveria sentir nada por ele. Eu deveria era estar pensando em como fugir deste lugar. A porta se abre e dou um pulo, assustada. Estava tão perdida em pensamentos que nem ouvi a chave girar na fechadura. Eu havia reduzido a luz para um brilho âmbar que agora o banha quando ele entra no quarto e tranca a porta atrás dele. Seus olhos encontram os meus, e eu me endireito na cama. Ele está sem camisa novamente, assim como estava hoje de manhã. Tem uma toalha preta pendurada no pescoço e seu cabelo parece úmido. Úmido como se tivesse acabado de tomar banho, ou como se estivesse malhando. Meu olhar desce para sua cueca boxer e aquelas longas pernas atléticas, tão musculosas e, como seu abdômen, cobertas de tatuagens. Percebo que as únicas partes de seu corpo que eu vi que não estão tatuadas são seu rosto e pescoço. Ele também não tem nada em seus antebraços. É o suficiente para dar a ilusão de que ele não tem nenhuma tatuagem quando está vestindo roupa social. Será que fez isso de propósito? Minhas preocupações anteriores sobre ele estar com aquela mulher são substituídas pelo medo gelado que toma conta de mim. O que ele quer agora? Será que veio para continuar me torturando? Jesus, estou ficando louca aqui sem saber o que vai acontecer a seguir. Estou no limite. – O que você quer? – pergunto, sem delicadeza. Ele inclina a cabeça para o lado e me olha com aqueles olhos penetrantes. – É errado um homem querer passar a noite com sua noiva? Minha respiração falha, e o calor se espalha pelo meu corpo. Esta noite? Pode ser que resolve fazer sexo esta noite. Pode ser agora que ele veio me reivindicar. E não estou preparada. Ele coloca a toalha na cadeira ao lado da cama antes de se aproximar. Seu cheiro, uma mistura de almíscar e sabonete, faz cócegas no meu nariz, confirmando que ele acabou de tomar banho. – Gostei de ver que hoje você deitou na cama – afirma ele, pressionando um joelho no colchão, que afunda sob seu peso. – O que você quer? – pergunto novamente. – Relaxe, não vou te foder – responde. Sinto-me tola por parecer visivelmente aliviada com suas palavras. – Mas, vou dormir aqui esta noite. Não nos vemos o suficiente durante o dia. — Achei que você estaria ocupado com outra pessoa. Quero perguntar sobre aquela mulher, o que ela é dele, mas desisto. O canto de sua boca se levanta e um sorriso desliza por seus lábios. – Não me espione, Emelia. Você pode nem sempre gostar do que vai ver. Meu sangue ferve. – Não estava espionando. Só estava olhando a paisagem pela janela quando você apareceu. Com ela. – Acho que é verdade. – Ela vem aqui sempre? Ele sorri, revelando dentes brancos perfeitos. – Cuidado, principessa. Vou começar a achar que está com ciúmes. – Não tenho nenhum motivo para ter ciúmes – respondo, rápido demais. – Você pode ficar com quem quiser. – Sério? E você ficaria bem com isso? – Ele estreita os olhos enquanto sobe de vez na cama, me estudando. – Eu não me importo com o que você faz. Nosso relacionamento é uma transação de negócios, e eu faço parte dos ativos, certo? Ficamos nos encarando por alguns segundos. Então, agarra o lençol. Quando tenta puxá-lo para baixo, levanto o braço para bater em suas mãos, mas ele agarra meus punhos. – Não me toque – grito, estremecendo. Ele me aperta mais e abaixa a cabeça para pressionar seus lábios contra meu ouvido. – Posso tocar em você sempre que quiser, principessa. Você pertence a mim. Você mesma disse isso. Veio junto com os ativos. Lembra que assinou o contrato? Enfurecida, tento puxar minha mão, mas ele apenassegura com mais força. – Eu fui forçada. Isso não é a mesma coisa que eu me entregar a você. – Interessante escolha de palavras – levantando minha mão, dá um beijo em meus dedos. – São apenas palavras – retruco. – Talvez sim, mas acho que está curiosa. Eu estremeço novamente e levanto minhas sobrancelhas. — Sobre o que estou curiosa, Massimo? Ele passa o dedo sobre as costas da minha mão. – Para ver como seria se entregar a mim, como seria se não tivesse roubado você do seu pai. Curiosa para ver como seria estar comigo, para ceder ao desejo. – Não – murmuro, engolindo em seco por causa do nó que se formou na minha garganta enquanto o desejo do qual ele fala acelera meu pulso. – Tire o lençol – ele ordena, seu tom neutro. – Por quê? – Quero ver você – seu olhar cai para meus seios e todo o meu corpo cora com a chama selvagem de desejo que dança em seus olhos. – Você já me viu. – Quero ver você de novo. – E se eu não quiser que você me veja? – desafio. – Isso não é você quem decide. Você não segue ordens muito bem, segue, principessa? – Você é sempre tão besta assim? – rebato. – Sim. – Você gosta de me humilhar, não é? – digo em voz baixa. – Querida, quando um homem pede para você se despir, não é porque ele quer te humilhar. É porque ele gosta de olhar para o seu corpo – os cantos de seus lábios se levantam e ele me dá um sorriso desarmante. Seus olhos nublam, escurecendo por causa daquela névoa sexual tão selvagem, e me prendem. Sinto uma agitação, a excitação, girando bem no fundo do meu sexo. Ele se aproxima, pairando sobre mim com aquele sorriso e aquele olhar, me prendendo ainda mais. – Emelia. Quando um homem pede para você se despir, é porque ele quer você, principessa. A coisa mais estranha acontece comigo ao ouvir essas palavras. Eu esqueço. Só por um momento, esqueço tudo. Vergonha e desejo se misturam, queimando minha garganta, e a força bruta da atração me mantém à mercê de sua vontade. Eu baixo minha guarda. Ele percebe o momento em que faço isso. Desta vez, quando o diabo puxa o lençol, eu permito. Ele o tira de cima de mim, expondo minha nudez para ele mais uma vez. Meus mamilos endurecem sob seu olhar faminto e meu corpo aquece quando ele passa o dedo da ponta do meu queixo até o vale entre meus seios. A vontade de dizer a ele para ir embora desaparece, feito fumaça no ar, quando ele se aproxima. – Deite-se e abra as pernas para mim – ordena. O suave tom de barítono de sua voz mistura-se com o calor sexual, soando rouca de desejo. Minha respiração acelera. Eu engulo em seco. A pergunta entra em minha mente novamente através da neblina. O que ele vai fazer comigo? A pressão crescente do vazio dentro do meu corpo me apavora porque não sei se conseguirei lutar se ele decidir me reivindicar. – O que você vai fazer? – sussurro. – Brincar com você – diz ele. – Brincar? – Sim. Esta noite, nós brincamos. Então, deite-se e desfrute do que vou fazer. Meu coração dispara. Ele está me observando daquele jeito predatório novamente. Olhos focados em cada movimento meu, cada ação minha. Ele sorri quando obedeço e me deito sobre a pilha de travesseiros com as pernas abertas para que ele possa explorar meu corpo. Ele se posiciona sobre mim, me prendendo numa jaula de energia sexual incontrolável. Sua respiração faz cócegas e seu cheiro inunda meu nariz enquanto ele permanece ali diante de mim, pairando sobre mim, olhando para mim. – Pare de lutar contra isso – diz ele, como se pudesse ler minha mente. Quando seus dedos flutuam sobre os lábios da minha boceta, eu me encolho e tento me afastar, mas ele me puxa de volta. – Eu não vou fazer nada com você que você não queira. Eu tremo sob o peso de seu olhar. Eu não quero que ele seja capaz de ver através de mim. Mas, ele consegue. Aquele sorriso em seu rosto diz que ele pode. Ele começa roçando seu nariz no meu. Depois, pressiona seus lábios na minha bochecha e beija minha pele. Ele evita meus lábios, mas é como se eu pudesse senti-lo lá também. Seus lábios trilham um caminho quente até meu pescoço, devagar, sempre tão devagar. O desejo aquece minhas entranhas. Um beijo segue outro, e outro, até que meu corpo ganha vida com o jeito com que ele distribui o calor por toda a minha pele. Beijando meu pescoço, ele desce até meus enormes seios e beija meus mamilos, lambendo as pontas e provocando com a ponta da sua língua. Agarro o lençol quando ele chupa meu mamilo esquerdo. Minha boceta aperta com o choque de prazer. Ele para de chupar, e aquele sorriso diabólico da outra noite retorna ao seu rosto, me assustando. – Já deixou algum homem chupar seus seios, princesa? – o diabo pergunta, prendendo meu olhar. – Não. – Gosta disso? – sussurra no meu ouvido. Constrangimento me faz desviar o olhar, mas ele pega meu rosto e guia meu olhar de volta para o dele. – Responda. Não tenha medo. Diga-me se gostou – seu aperto sobre minha mandíbula aumenta. – Sim – eu me ouço dizendo. Eu não posso acreditar que confessei isso. Satisfação intensa ilumina seus olhos fazendo com que pareçam lava derretida. Ele abaixa a cabeça para chupar novamente. Sugando forte enquanto sua mão encontra meu seio direito, capturando o mamilo entre o polegar e o indicador. Emoções conflitantes torturam minha alma quando começo a gostar das sensações que ele provoca. Sua boca chupando meu seio é incrível. Não tenho palavras para descrever o que sinto quando seus dedos me acariciam. Não consigo controlar o gemido irracional que escapa dos meus lábios, não mais do que consigo controlar a forma como arqueio minhas costas quando ele chupa com mais força. Ele se move de um seio para o outro, chupando e girando sua língua ao redor do meu mamilo. O prazer que corre em minhas veias se torna demais para aguentar. Eu solto um gemido alto quando um orgasmo arrebatador me leva ao limite. Eu me deixo levar pela sedução do prazer, enquanto Massimo se aproveita de meu estado de fraqueza e excitação para descer até minha boceta e lamber a prova do meu prazer. Ele abre mais minhas pernas, enterra o rosto entre minhas coxas e lambe. Ele bebe minha excitação enquanto passa as mãos pela minha bunda, que ainda arde, e me segura firme no lugar para poder chupar a protuberância sensível e inchada do meu clitóris. Meu corpo assume o controle das minhas emoções, jogando o raciocínio lógico pela janela. Não sei como, minhas mãos se movem e seguro sua cabeça, encorajando-o a continuar. O que ele faz com prazer. Mas, não antes de olhar para mim e sorrir diante da minha derrota. Eu não consegui resistir a ele antes. E muito menos agora. Ele me tem exatamente onde quer: implorando para que continue saboreando meu corpo. Quando começo a gemer novamente, ele estende a mão pela minha fronte até agarrar meus seios, massageando-os enquanto me come, me levando ao auge do prazer novamente. Um êxtase animal dispara através de mim, fazendo cada parte do meu corpo ferver e outro orgasmo explode. Gozo forte, mais forte do que antes, tão forte que perco o fôlego. Ele bebe meu prazer de novo, lambendo tudo até não sobrar nada e eu ficar esgotada. Tão esgotada e ofegante que mal consigo focar quando ele se levanta e lambe os lábios, levando os últimos vestígios da minha excitação para sua boca. Minha mão cai na cama, mole, mas ele a segura. Ele ajoelha no colchão para que eu possa ver a protuberância enorme de seu pau pressionando contra sua cueca. Um choque se espalha por mim quando ele leva minha mão até a saliência e prende meus dedos sobre seu membro duro. Ele esfrega minha mão para cima e para baixo em seu pau e segurando-a com força para que eu não solte. – Isso é o que você faz comigo, principessa – confessa e me sinto pegar fogo de novo. Tanto que quase não escuto sua pergunta. – Quer saber um segredo? Um segredo? Há tantos flutuando ao redor. Até demais. Conhecer um diminuiria a angústia de não saber nada. – Sim. – Estou curioso sobre você também – diz ele, com um sorriso dançando em seus lábios. – Estou curioso desde a noite em que te vi pela primeira vez. Você, Emelia Balesteri,a filha do meu inimigo. Enquanto o observo e absorvo suas palavras, sei que não está falando sobre sábado aqui na casa dele. Soa como algo mais antigo, como se tivesse acontecido há muito tempo. Mas, se tivesse visto esse homem lindo antes, com certeza lembraria. Do que ele está falando, então? – Que noite foi isso? – pergunto. – A noite do baile. – O baile de caridade? Será possível que ele estava lá e não o vi? – Acho que pode chamar aquilo assim. É melhor você chamar assim, principessa. A verdade iria te machucar demais. Não quero te machucar desse jeito esta noite – responde, afastando-se de mim. A pele das minhas bochechas pega fogo quando percebo que ainda estou segurando o pau dele. Ignorando meu próprio constrangimento, olho para ele. O que ele quis dizer? Por que posso chamar o baile de caridade assim? Achei que o baile beneficente fosse exatamente isso. O que mais poderia ser? Estava tão nervosa, mas muito feliz, naquela noite por finalmente me juntar ao papai em um de seus eventos. Foi a primeira vez que ele me levou a algo assim. Aquele baile foi alguns meses antes de eu completar dezenove anos. Eu me senti tão crescida, como se fosse uma representante do meu pai e de sua empresa. Ele até me apresentou a um dos investidores. Foi uma boa noite para mim. – Se não era um evento de caridade, o que era? – me apoio em meus cotovelos. – Não. Não, principessa – diz ele, deitado ao meu lado. Estende a mão e me puxa para mais perto, cobrindo nossos corpos com o lençol. – Gosto de você assim. Inocente e imaculada. Sem saber de nada. Pensamentos que me rondaram mais cedo retornam enquanto nos encaramos. Mais uma vez, sei que ele está se referindo ao papai. Ele continua dizendo coisas para me fazer questionar o que eu sei ser a verdade. Fazendo-me questionar papai. Fazendo-me questioná-lo, e a mim mesma, e o que acabamos de fazer. Tudo isso junto me deixa maluca. Se eu ficar aqui, é exatamente isso que vai acontecer comigo. Vou perder a cabeça. E eu vou me perder também. Chapter Onze A MASSIMO caminho da casa de Andreas, voo pela estrada em minha motocicleta, ultrapassando de longe o limite de velocidade. Apesar de faltar apenas cerca de dez minutos para chegar à casa dele, continuo acelerando. Preciso disso, da sensação de perigo correndo por minhas veias para limpar minha mente. Nas últimas semanas, andei optando pelo carro em vez da moto. Sem nenhuma razão específica. Estava apenas curtindo o carro. Da mesma forma que, hoje, senti vontade de pilotar minha Ninja X2. Acho que precisava ouvir o rugido do motor dela, e o zumbido do vento através do capacete, para tirar tudo da minha mente. Já se passaram quatro dias. Exatamente quatro dias desde que Emelia está sob meus cuidados. E parece que minha atração por essa mulher cresce mais a cada dia que passa. Sei bem que não devo dar informações demais a ela, especialmente coisas que ela não precisa saber. Mas, parte de mim acha que as informações que tenho são importantes porque quero que ela odeie o dela da mesma forma que eu odeio. Quero que ela o veja pelo diabo que ele realmente é. Riccardo traiu meu pai. Papai controlava os negócios da nossa família que eram basicamente só investimentos, assim como os do Riccardo. Quando meu pai e Riccardo uniram forças, o filho da puta montou um esquema de inflar e vender, ou seja, inflou o valor das nossas ações e contratou vários laranjas para vender todas elas, fazer o preço despencar e arruinar minha família. Claro que Riccardo só fez isso depois que roubou todos os clientes que meu pai havia conquistado ao longo dos anos. Isso deixou o meu pai falido. Todo o seu dinheiro e bens foram confiscados para pagar dívidas e, como alguns dos membros do Sindicato e suas famílias eram clientes, foi fácil chutá-lo para longe do grupo. A estória toda foi cuidadosamente elaborada para destruir. Às vezes ainda sinto a pressão de sua arma contra minha têmpora. Minha mente volta para o dia do funeral da minha mãe e sou aquele garoto de doze anos de novo, sem poder fazer merda alguma contra Riccardo para me defender. Odeio tanto aquele filho da puta. Só a ideia de que Emelia pensa que ele é perfeito me deixa doente. Ao mesmo tempo, ela é culpada por associação. Afinal, é filha dele. Isso é suficiente para destruir os dois, querer cortá-los pela raiz como erva daninha. Acabar tanto com o império dele quanto com sua preciosa filha. Isso seria tão mais fácil se eu não a quisesse. Em apenas quatro dias, veja em que estado ela me colocou. Ontem à noite, quando mencionei o baile beneficente e vi a confusão tomar conta de seu lindo rosto, senti pena dela. Lamentei por ela não saber onde a meteram e fiquei com ainda mais nojo de Riccardo por apresentá-la em um leilão como aquele. O Sindicato é um bando formado por homens poderosos que têm um monte de dinheiro. E quando você tem tanto dinheiro assim, ele traz certos privilégios. Poderes sombrios e misteriosos aos quais pessoas normais nunca teriam acesso, ou jamais conceberiam. Aquela festa foi um exemplo disso. Foi organizada como um evento para arrecadação de fundos, onde os membros do Sindicato puderam de fato arrecadar dinheiro para as instituições de caridade patrocinadas por suas empresas legitimas. Contudo, o evento serviu para mascarar outras atividades nada lícitas. Coisas que as pessoas classificam como sombrias e, por isso, chamam o grupo de Sindicato Sombrio. Dessas atividades, os leilões de virgens e jovens mulheres são apenas alguns exemplos. Vestir sua filha de dezenove anos de preto e levá-la a um evento desses quer dizer que você a está leiloando e abre espaço para que os membros façam seus lances. Embora o Sindicato ofereça as condições para essas tratativas mais sombrias, ele não as monitora. Ou seja, Riccardo pode ter lidado com qualquer um. Os tipos de homens que compram mulheres nesses leilões nunca são bons. Um comentário como esse, vindo de um homem com uma alma tão escura quanto a minha, deve ser suficiente para se adivinhar os tipos de doentes fodidos com os quais Riccardo deve ter lidado. Emelia não merecia, nem deveria, ter sido sujeita a tomar parte disso. Ainda mais sem saber como estava sendo usada. Acordei esta manhã com ela ainda pressionada contra mim. Nua e perfeita. Meu pau ainda está duro só com a memória dessa imagem. Meu coração ainda está aquecido por causa do jeito que seus dedos vibraram sobre meu peito quando ela se enrolou contra mim. Seu cabelo se esparramou pelo travesseiro, como se tivéssemos passado a noite fazendo sexo selvagem. Estava falando sério quando disse que também estava curioso sobre ela. Compartilhei um segredo que não deveria ter contado a ela. Para que as coisas aconteçam como quero, não posso, em hipótese alguma, demonstrar emoção. Toda essa merda de situação é uma guerra entre nossas famílias que começou anos atrás. No momento em que o pai dela pensou que poderia roubar o meu e arruinar sua vida. O problema é que fazer tudo isso não vai mudar o passado. Nem um pouco. Não vai fazer merda nenhuma acontecer. Não vai trazer minha mãe de volta. Eu sei, no fundo do meu coração, que a vida do meu pai foi arruinada no momento em que ele soube que minha mãe se matou. Riccardo é o inimigo, e Emelia também, então não posso me permitir sentir nada por ela. Estaciono na garagem de Andreas e desço da moto. Estou devendo essa visita há muito tempo. Já deveria ter feito isso antes. As coisas não estão bem entre nós. Posso sentir isso, e não posso permitir que essa merda continue assim se quiser ser o tipo de chefe que pretendo ser. Penduro meu capacete no guidão da moto e passo por seu conversível, que está com a capota aberta. Dentro, sobre o assento, noto um par de calcinhas. Ele mora em um condomínio. Sua casa é a menor de todos nós porque nunca para nela. Quando Andreas não está trabalhando, está velejando. Compartilhamos ao menos uma coisa: nosso amor por tudo que se relaciona à água. Subo a escada até sua porta e percebo que está aberta. São nove da manhã, porra. Porque caralho eleestá com o carro e a porta abertos sem nenhum guarda-costas à vista? Andreas não costuma ser tão desleixado assim. Dadas as circunstâncias, confirmo que minha arma está no coldre de trás. Subo até o quarto dele e me arrependo de abrir a porta no momento em que o faço. Em sua cama, duas mulheres nuas dormem profundamente deitadas por cima das cobertas. Em pé, ao lado da cama, Andreas está recebendo um boquete de uma loira nua. – Porra! – ele estremece quando me vê. Eu saio, fechando a porta. Merda. Eu já estou em maus lençóis com ele. Porra! Sou mestre em tornar uma situação pior do que era. Caminho até a cozinha e paro na porta, notando várias garrafas de vinho e outras bebidas. Algumas vazias, outras pela metade. Ele chega minutos depois vestindo uma calça de ginástica e uma de suas velhas camisetas da faculdade. – Sinto muito – peço desculpas rapidamente. – Não pega nada – responde ele, olhando para a bagunça na cozinha. – O que está acontecendo? – Vim só para ver se você estava bem. – Estou ótimo, irmão – ele gargalha. – Como você pode ver, estou vivendo minha melhor vida. Duas mulheres na minha cama e outra chupando meu pau. O que poderia ser melhor que isso? É como ver alguém que lutou a vida toda para ser o melhor em tudo, de repente, deixar a peteca cair. – Não é sua praia passar a noite com prostitutas. – Você não tem um clube de strip? – Ele levanta uma sobrancelha com ironia. – Isso é diferente – mordo o interior do meu lábio para não dar uma resposta atravessada. – Acha mesmo? Diferente como? Massimo, qual é? Putas fazem parte do pacote. Todos nós as temos. Você as tem em abundância. E sei que essa merda de casamento não vai te mudar da noite para o dia. Você não foi feito para isso para vida doméstica. Bom, tirando esse assunto, tenho certeza de que havia um propósito para sua visita, chefe – o canto de seus lábios se curva e seus olhos ficam mais escuros. – Andreas – começo, mas não sei o que devo dizer a ele. Desculpe porque papai me escolheu em vez de você? Desculpe por eu ter escolhido Tristan para fazer parte do Sindicato e não escolhi você? Ele deve estar puto para caralho com tudo isso, mas não sei como remediar. – O que está pegando, Massimo? Você sabe tão bem quanto eu que não há nada a dizer. As coisas são o que são. Nem mais nem menos. O pai escolheu quem ele queria para ser o líder. Você escolheu quem você queria para apoiá-lo. Simples assim – diz ele, dando de ombros. – Você não concorda com isso. Você não está bem com essa coisa toda – declaro, indo direto ao ponto. – Irmão, eu tenho que estar bem com isso – responde, rindo. – Quero você a bordo, Andreas. Ele estende a mão e segura meu ombro. – Você é meu irmão. Vou apoiá-lo em tudo o que fizer. Isso é tudo que precisa saber. Não importa se pareço estar uma merda ou se ajo como se fosse uma merda. Estou apenas lambendo minhas feridas. Você faria o mesmo se fosse eu. E eu estaria no seu lugar, indo até sua casa para resolver as coisas contigo e pegando você no flagrante. Ele libera seu aperto sobre mim. – Só quero ter certeza de que você está bem. – Estou bem. Acho que, às vezes, fico meio preso nas tradições. O filho mais velho costuma ser o chefe. Mas, se Pa fosse tradicional, talvez a pessoa certa nunca seria escolhida – ele me dá um aceno curto de cabeça. Não vou dizer nada contra meu pai. Ele é um homem justo. É meu ídolo, porra. Não me importo se eu parecer um menino mimado pensando assim por que é verdade. O homem colocou as cartas na mesa e deu a seus quatro filhos a chance de brilhar. Isso é o que ele fez. Ganhei a liderança de forma justa. Só espero que não tenha me custado meu irmão mais velho. – Eu preciso que você cuide dos negócios na D'Agostino – digo a ele. Acabamos não conversando sobre aquilo que eu tinha falado com os outros na nossa reunião porque ele chegou atrasado. Depois, saímos às ruas para investigar a morte de Pierbo. O máximo que consegui dizer a ele foi que estava dividindo o negócio em quatro partes. Isso foi tudo. Andreas é como eu — não se importa com dinheiro, só com o poder. – Vou cuidar, pode confiar em mim. Estou orgulhoso de você, garoto. A luz volta a brilhar em seus olhos. Fecho minha mão em um punho e bato no dele. – Obrigado. Isso significa muito para mim. Ele acena com a cabeça e me dá o primeiro sorriso verdadeiro desde que Pa anunciou que eu assumiria. – Ela ficaria orgulhosa também. Mamãe, quero dizer. Sei que ela ficaria. Você é mais parecido com o pai do que eu. Agora, dê o fora daqui – ele dá risada. – Preciso voltar para minhas mulheres. Eu sorrio. – Tudo bem. Até logo. Ele inclina a cabeça e eu saio. Eu o entendo e entendo o raciocínio dele. O único que deu tanto duro quanto eu por essa posição foi ele. Eu me sentiria uma merda também se não tivesse conseguido. Chapter Doze Q MASSIMO uando voltei para casa do trabalho, duas coisas haviam chegado para Emelia: o anel que eu havia encomendado e as coisas dela. As coisas foram trazidas por um dos lacaios do pai dela. Já o joalheiro que contratei, em cima da hora, para comprar o anel dela, estava me esperando na sala de estar. Ele me mostra um anel lindo, realmente a cara dela. É o tipo de anel que eu compraria se nosso casamento fosse para valer e ela fosse minha boneca, minha garota. Coloco o anel no bolso de trás, dispenso o joalheiro e vou até o salão onde estão todas as coisas dela. Vou checar tudo pessoalmente. Vai saber o que aquele velho filho da puta colocou no meio? Para dizer a verdade, fiquei surpreso quando ele concordou em enviar tudo. São as coisas que ela arrumou para sua mudança para Florença. Já estava tudo embalado. Então, não sei por que aquele desgraçado demorou quatro dias para enviar já que solicitei no dia seguinte à reunião. Há mais de vinte malas grandes e cinco bolsas que ela deveria carregar no voo, além de quatro caixas grandes que deveriam ser enviadas por uma transportadora. Coisa típica de uma princesa – viajar com um monte de bagagem. Irônico que tenha feito as malas para se mudar para outro país, mas acabou aqui comigo. Levo pouco mais de uma hora para checar tudo. Primeiro, olhei suas roupas. Depois, me perdi em sua arte. Ela empacotou todos os seus materiais de arte e dez pinturas que, tenho que admitir, são de tirar o fôlego. Ela é boa. Ela é muito boa mesmo. E está com a razão quando chama a si mesma de artista. Afinal, estava indo para a Accademia em Florença. Eu sei que eles não aceitam qualquer João Ninguém lá. O candidato tem que ser bom. E dinheiro não consegue comprar um lugar na escola porque o pessoal da administração é muito rigoroso. A pessoa tem que fazer por merecer seu lugar. Ela pinta uma mistura de paisagem e fantasia sombria. Ma preferia pintar paisagens e retratos. Ela adorava pintar pessoas e fez muitos quadros da gente. Quando vasculhei a vida de Emelia, a primeira coisa que me chamou a atenção nela foi seu talento. Agora que o vejo ao vivo, estou encantado. Já passa das sete e o jantar logo será servido. Tenho planos de mudar um pouco as coisas com Emelia. Agora que tenho o anel, acho que está na hora. Olho para o elegante vestido preto que ela usou no baile beneficente que agora repousa no braço do sofá e aceno com a cabeça concordando comigo mesmo. Ela vai usar isso esta noite. Só para mim. Pego o vestido e algumas peças de lingerie. Depois, vou para o meu quarto tomar banho e me trocar. Visto uma camisa preta de manga comprida e calças pretas. Aparo minha barba apenas para limpá-la. Assim que termino, vou até o quarto de Emelia com o vestidinho e a sacola de roupas íntimas, sabendo que ela vai ficar puta da vida por eu ter mexido nas coisas dela. Quando entro no quarto, encontro-a sentada perto da janela ainda enrolada naquele lençol. Ela se endireita e me dá aquele olhar que muitas mulheres me dão e com o qual me acostumei. Vindo dela, porém, o olhar desperta meu interesse porque o fogo da fúria arde em seus olhos. Adoro o fato de que ela me enfrenta. Ela acha que isso é ser corajosa, mas tudo o quefaz é me excitar ainda mais. – Planeja me deixar trancada aqui, nua, pelo resto da minha vida? – ataca ela, retornando à sua antiga postura de desafio. – Você quer ficar trancada nua aqui? Parece confortável sentada aí. Além do que, talvez eu goste da ideia de ter uma mulher nua me esperando em casa. – Encontra uma diferente. A loira com quem você estava no outro dia parecia bem ansiosa para te agradar – sibila. Boa resposta. Sei que está com ciúmes de Gabriella. Não precisaria estar, mas não vou contar isso para ela. Gosto do seu ciúme. Isso a faz parecer mais bonita, e quando seus lábios formam um beicinho, como agora, imagino sua boca virgem ao redor do meu pau, me chupando até eu ver estrelas. – Venha aqui – digo e ela fica tensa. – Por quê? – Porra, venha aqui agora, principessa. Se você me fizer catar você, não vai gostar. Pior que talvez a safada goste. Talvez outra surra seja necessária. Espero que da próxima vez que eu der umas palmadas nela seja por prazer, não para punir. Eu penso em como ela se rendeu a mim na noite passada e minha boca enche de água. Eu a quero de novo, se entregando, explodindo de prazer. Mas, da próxima vez, quero meu pau dentro dela. Sei que ela gosta de mim. Gosta de mim, mas não sabe o que fazer com a atração que vibra entre nós. Nem eu sei. Ela se levanta do assento da janela e caminha até mim. Ela cheira bem, como ontem. Sei que Priscilla trouxe algumas coisas para ela e estou feliz que ela fez isso. A doçura do perfume acentua sua fragrância natural. Quando me alcança, estendo-lhe o vestido. Seus olhos se arregalam quando percebe que é o dela. – Meu vestido. Minhas coisas estão aqui? – Seu olhar agarra o meu e engulo em seco. – Sim, estão aqui – sussurro, me sentindo um idiota por tê-la privado de suas coisas. – Quando vou receber minhas coisas? – Em breve – sorrio. – Por quê? – Seus ombros caem. – Por que não posso tê-las agora? Você sabe quanto isso soa estranho? – Há algumas coisas que preciso que faça por mim – respondo. Chegou a hora de estabelecer as regras. – O que? O que mais preciso fazer além do que já fiz? – Ah, tem muito mais ainda, principessa. Eu quero sua obediência – deixo bem claro porque ainda não havia dito nada desse tipo. – Obediência? O que diabos pensa que eu sou? – Que foda! É melhor você me entender e concordar comigo. Se não fizer isso, ficará trancada aqui nua até o casamento. Se me bater de novo, ou me atacar de qualquer maneira, vai descobrir o que significa ser realmente uma prisioneira. Você me entende? – pergunto, prendendo seu olhar. – Entendo – murmura ela. – A única maneira de sair desta propriedade é se eu disser que pode. Quando te comprar algo, vai vestir. Quando disser para fazer alguma coisa, você fará. – Por que não comprou um cachorro? – Joga na minha cara. – Eles são os melhores amigos do homem porque obedecem cegamente. Agarro seu rosto e a puxo para perto. Ela perde o fôlego. – Essa sua boca atrevida é um problema. Tão linda que quero beijá-la e tão gostosa que quero fodê-la. Você não deve retrucar. Bebê, se quisesse uma porra de um cachorro, eu teria um. Eu a solto e ela respira fundo para recuperar o fôlego. Mordendo de volta um gemido, ela olha para mim, parecendo desapontada. – Parece que você tem dupla personalidade, como se fosse duas pessoas diferentes. Eu sei o que ela quer dizer, mas tem que ser assim. – Isto é o que você ganha por não me obedecer. Agora, coloque o vestido, venha jantar comigo e conversaremos sobre quando poderá pegar suas coisas. – Jantar? – pergunta ela. Eu só dou um sorriso como resposta. – Você quer que eu jante com você? – ela insiste. – Quero que você jante comigo. – E quer que coloque o vestido que usei no baile? – ela observa e me olha com curiosidade. Eu mordo com força meus dentes de trás por ter sido pego, mas sorrio por ela ser tão observadora. – Quero – respondo. – O que posso dizer? Gostei de você usando ele. O vestido representa uma época em que eu não poderia tê-la. Ela era intocável, assim como seu pai. Eu era aquele menino pobre de novo, olhando para algo que nunca poderia ter. Eu admito isso. Se as circunstâncias fossem diferentes, e ela não fosse quem é e a porra do pai dela não fosse quem é, eu teria feito uma oferta por ela. Teria dado um lance alto o suficiente para me assegurar de que a teria. — Por que não falou comigo no baile? – pergunta ela. Sua pergunta me deixa completamente desconcertado. – Não – com uma risada profunda, balanço minha cabeça para enfatizar minha negativa. – Está dizendo não para o quê exatamente? – estreita os olhos, confusa. – Não sou um homem que lutará por você, Emelia Balesteri. Seu pai te manteve no escuro da ignorância. Mas, para mim, você é tão ruim quanto ele. Isso faz de você um nada para mim. Não cometa o erro de pensar que somos algo mais do que realmente somos – sacudo o dedo indicador entre nós. Seus olhos se enchem de lágrimas. Eu me sinto um filho da puta, mas as coisas têm que ser assim. – Tire o lençol e coloque o vestido – eu instruo, e pela primeira vez, ela me ouve e não discute. Ela deixa o lençol cair ao chão, revelando sua nudez para mim. Meu pau endurece enquanto eu a olho de cima a baixo. Nunca vi uma mulher mais perfeita. Tudo nela é perfeito. Tudo. Incluindo sua alma. Não sei como Riccardo conseguiu gerar uma mulher assim. Ela deve ter puxado à mãe. Eu sorrio quando ela olha para mim. Suas bochechas coram. Seus mamilos ficam duros, e o peso de seus seios salta quando ela se abaixa para colocar a calcinha. Ela coloca o sutiã e depois o vestido. Depois os sapatos. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo. Eu quero ele solto, como estava no baile. – Solte o cabelo – eu digo. Mais uma vez, ela faz o que mando e os cachos escuros e brilhantes rolam por seus ombros. Ela coloca uma mecha atrás da orelha e parece ser algo que ela faz por hábito. Eu estendo minha mão para ela que a segura. Minha mão engole a dela e ela parece pequena ao meu lado. Saímos do quarto. Percebo que esta é a primeira vez que caminhamos juntos pela casa. Manni a trouxe aqui sábado à noite, e a única interação que tivemos foi no seu quarto. Apesar do poder que tenho sobre ela, sua tristeza, e a maneira como manchei o que quer que tenhamos compartilhado ontem à noite, ela parece encantada com minha casa. Ela olha para o design e a decoração. Deste lado da casa, tenho uma varanda que dá para o térreo com o teto todo feito de vidro. O piso é de mármore na casa toda, mas muda para pedra quando saímos para o terraço. Quando saímos para a noite, o ar frio levanta seu cabelo e acaricia sua pele. Uma longa mesa de jantar está posta junto à fonte. Tanto Priscilla quanto Candace estão de prontidão, esperando para nos servir. O banquete sobre a mesa parece incrível. São todos os meus pratos favoritos. Espero que Emelia não me dê nenhum aborrecimento esta noite. Priscilla sorri quando nos aproximamos e Emelia responde com um sorriso também. É a primeira vez que a vejo sorrir. É uma visão bonita. – Uau, olhe para você – Priscilla ri. – Está absolutamente deslumbrante. Candace concorda com a cabeça. – Obrigada – responde Emelia. Ambas parecem querer continuar a conversa com minha futura esposa. O humor delas muda instantaneamente quando olham para mim. Elas descobrem a expressão severa no meu rosto e percebem que não devem continuar o bate-papo. – Bem, se não precisar de mais nada, nós vamos embora – Candace diz. – Não há mais nada que eu precise. Pode ir – eu as dispenso e elas saem. Puxo uma cadeira para Emelia. Ela a aceita sem olhar para mim. – Obrigada – murmura, sua voz quase inaudível. Sento-me à cabeceira da mesa em frente a ela. É muito longe, mas funciona. Quero olhá-la bem nos olhos quando falar com ela e contar o que vai acontecer. Depois, lhe darei o anel. Ela examina os arredores e olha para o mar. À luz da lua, parece uma de suas pinturas. Eu me pergunto o que ela vê quando olha para ele. Ma costumava dizer que um verdadeiro artista vê o mundo com outros olhos. – O que foi?– pergunto, assustando-a. Ela volta seu foco para mim e balança a cabeça. – Nada. Não é nada. – Tem certeza? Tive a impressão que você viu alguma coisa. – Eu vi, só não quero compartilhar com você – responde e se endireita em sua cadeira. – Coma. Ela se serve de comida. Não é muito, mas pelo menos está comendo. Quando termina de se servir, larga o garfo e olha para mim. Seus lábios estão entreabertos e ela está pronta para me fazer uma pergunta que sei que não vou querer responder. — O que meu pai fez para você? Eu tinha razão. Não vou responder essa pergunta. – Isso é assunto para outra hora. – Por quê? Você não acha que eu deveria saber por que estou aqui? Acho que mereço saber por que minha vida foi roubada de mim e por que estou passando por isso. Você sabe muitas coisas sobre mim. Sabe quem eu sou, quem são meus amigos. Cacete, você sabia que eu estava indo para a Itália no domingo passado e me impediu de ir. Trabalhei tanto para entrar na Accademia. Dei duro para conseguir aquela vaga. E quando eles me aceitaram foi a melhor coisa que já me aconteceu. Você tirou tudo isso de mim e quero saber por quê. Enquanto as palavras caem de seus lábios, me faço a mesma pergunta, não pela primeira vez. Quem sou e o que me tornei? Que tipo de homem me tornei para fazer isso com uma jovem inocente? Ao olhar para ela e contemplar sua beleza, lembro-me da missão e do plano. Sua beleza é uma parte fundamental das propriedades de Riccardo Balesteri. A bela mulher diante de mim é realmente um ativo precioso. – O quê ele fez para você? – pergunta novamente, sua voz exigente. – Ele tirou tudo de mim, certificou-se de que minha família não teria nada – respondo, falando palavras que nunca compartilhei com ninguém. Quem nos conhece já tem uma boa ideia do que aconteceu, mesmo que não conheça os detalhes sórdidos. – E como isso é minha culpa? Por que tenho que sofrer pelo que ele fez? – É parte da guerra. Às vezes, coisas acontecem e os bons sofrem pelos maus. – Isso é uma grande bobagem. Como se atreve a dizer para mim que perdeu tudo? Olhe para este lugar. Você tem tanto dinheiro. E tomou tanta coisa. Agora, me tomou para foder com meu pai. Como pode ser tão perverso? Já tem muito dinheiro. – Dinheiro não é tudo, principessa. Não pode trazer os mortos de volta –respondo e ela engole suas palavras. – Basta. Não vamos mais falar sobre isso. Não quero, não com ela. Nem com ninguém. Eu me levanto, caminho até ela e tiro do bolso a caixa com o anel de noivado. Ela estremece, mas percebo o jeito que seus olhos brilham de surpresa quando abro a caixa e ela vê o anel. É uma beleza. Nem mesmo ela consegue resistir. – Dê-me sua mão – digo e suas feições endurecem. – Emelia, não me faça pedir de novo. Ela estende a mão. Coloco o anel em seu dedo, sentindo o tremor em sua pele macia. Ela olha para o anel, fecha os olhos com força e, quando os abre, lágrimas escorrem pelo seu rosto. – Eu não entendo por que você compra algo tão lindo para alguém que acha que não vale nada – afirma ela. Cerro os dentes, afastando a emoção que ameaça quebrar a muralha que criei ao redor do meu coração. – Posso voltar para o meu quarto, por favor? – Você não comeu nada. – Eu não estou com fome – ela suspira. – Posso ir? – Pode. Ela se levanta, pronta para fugir, mas agarro seu pulso e a seguro no lugar. – Você vai escolher seu vestido amanhã. A costureira estará aqui ao meio-dia. Esteja pronta quando ela chegar. Eu a solto. Ela não responde, apenas se afasta e eu a sigo com o olhar. Eu fui firme com ela esta noite de propósito. Agora, me sinto como um filho da puta implacável e sem coração. Exatamente o cara que treinei duro para me tornar. Então, deveria estar realizado. Eu consegui ser o que sempre quis. Deveria estar orgulhoso de mim mesmo. Mas, não sinto nada disso porque gosto dela também. Chapter Treze T MASSIMO ristan entra no meu escritório com uma cara fechada. Ele enviou uma mensagem há uma hora solicitando que nos encontrássemos o mais rápido possível. Tinha uma reunião com alguns dos nossos principais investidores, mas remarquei porque sei que quando Tristan pede algo desse jeito, é sério. Sem perder tempo com gentilezas, ele caminha até a minha mesa. De dentro de sua jaqueta preta de motoqueiro, ele tira um envelope branco e o coloca diante de mim. – Você precisa ver isso– afirma com um aceno firme de cabeça. Abro o envelope imediatamente e tiro uma foto. Minhas mãos ficam tensas quando vejo quem está nela. É um homem chamado Vlad Kuznetsov. Ele é um assassino Bratva que pertence a um grupo chamado Círculo das Sombras. Mais do que isso, ele deveria estar morto. Sei disso porque ajudei a matá-lo. Ou assim pensei. – Onde conseguiu isso? Tristan puxa uma cadeira e se senta. Seu ar pálido não me surpreende. Foi ele quem puxou o gatilho. Uma única bala no coração que deveria ter matado o filho da puta que assassinou a esposa de Tristan. Por que estou olhando para uma foto desse homem? Uma foto que parece recente. – Dominic encontrou – responde Tristan, passando a mão pela barba. A resposta é precisa porque Dominic consegue encontrar coisas que ninguém imagina que está acontecendo. Como esta. Tristan suspira e se endireita. – Nossos caras encontraram as coisas de Pierbo em uma lixeira perto das docas. Algumas estavam queimadas, outras não. Entre elas, tinha uma câmera. Estava esmagada e queimada até quase virar carvão. Dominic conseguiu recuperar o chip. Massimo, veja a data em que a foto foi tirada. Eu olho de novo. Meus olhos se arregalam quando me toco de que foi sábado. A data em que Pierbo supostamente se matou. – Que foda – rosno, frustrado. – Sim. Vlad e seu bando de assassinos são inimigos conhecidos de qualquer membro da máfia italiana ou mesmo da Bratva que não fazem parte de seu círculo. Os membros da Bratva que se relacionam com eles formam um grupo bem pequeno. – Se ele está aqui, alguém o contratou – aponto. – Não sei. Porra, Massimo. Isso me derrubou, cara. Achei que tinha pego esse desgraçado. Eu pensei que tinha matado esse filho da puta, mas aqui está ele. Eu já me sentia uma merda porque foi ele quem matou minha Alyssa. Mas, nunca peguei o homem que ordenou o assassinato dela. Empatizo com sua dor enquanto ele fala. Embora cinco anos tenham se passado, o assassinato de sua esposa não é o tipo de dor que irá embora um dia. Não dá para esquecer. Especialmente, porque a cabeça dela foi entregue a Tristan dentro de uma caixa. Mortimer Viggo é o esquivo líder do Círculo das Sombras. Foi ele quem mandou Vlad matar Alyssa. Nenhum de nós jamais o viu, e ninguém sabe como encontrá-lo. Tristan e Alyssa namoravam desde o colegial, mas ela virou moeda para pagar uma dívida de seu pai com Mortimer quando o canalha faliu. Mortimer ia entregá-la a Vlad. Quando ela e Tristan se casaram, isso invalidou o acordo. Mortimer enviou Vlad atrás dela para puni-la. O demônio esperou até a noite de núpcias. Ele a sequestrou, matou e enviou sua cabeça em uma caixa para Tristan, embrulhada para presente. Encontramos o corpo dela em vários pedaços, espalhados por Los Angeles. Isso não é algo que você supera. – Tristan. Procuramos Mortimer em todos os lugares que poderíamos. – Eu sei. Procuramos nos quatro cantos do globo por dois anos e não encontramos nada. Agora, Vlad está de volta dos mortos, aqui em Los Angeles. Isso só aconteceria se Mortimer ordenasse. – Porra, Massimo – Ele fecha os punhos, suas narinas tremem. – Eu não posso te dizer o quão fodido eu me sinto agora. Eu me levanto, caminho até ele e descanso minha mão em seu ombro. – Nós vamos chegar ao fundo disso. Por favor, não faça nada até que tenhamos mais informações – pretendia dizer para não fazer nada estúpido, mas acho melhor assim. Não posso dizer isso a ele. O que quer que ele escolha fazer como retaliação não será estúpido. Ou se quiser garantir que os mortos permaneçam mortos. Ele é um homem como eu. Ele terá sua vingança quando assim decidir. Mas, odeia se sentir impotente ou ficar no escuro sobre qualquercoisa. – Se você estivesse no meu lugar, faria algo sobre isso – ressalta ele. – Vou fazer algo a respeito – só não quero perder meu irmão. Porque isso é exatamente o que aconteceria. Eu o perderia. – Tristan, esse cara desapareceu nos últimos cinco anos e de repente ressurge. Claramente, alguma trama de merda está acontecendo. – Bem debaixo de nossos narizes – ele entoa e pressiono meus lábios. – Pierbo morreu porque o viu. Vlad não deixaria para lá o fato de que nosso homem descobriu que ele estava vivo e de volta à cidade. – Não, ele não deixaria barato – concordo. – E não posso permitir que faça o que quer que esteja fazendo. Já basta que tenha continuado vivo nesses últimos cinco anos. Não posso dar ainda mais moleza para ele. – Você vai mexer em vespeiro, Massimo – afirma Tristan, com preocupação enchendo seus olhos. – Eu sei. – Mexer na porra do vespeiro vai causar problemas. Eu sou o chefe agora, mas se Pa ainda fosse diria o mesmo. – Vamos investigar, colocar nossos melhores homens na rua para encontrá- lo, não importa onde esteja. Vamos matar esse filho da puta e cortar a porra da cabeça dele desta vez só por garantia. Por Alyssa. Ele solta um profundo suspiro e acena com a cabeça. – Obrigado, irmão. É muito difícil para um homem aceitar que foi inútil para ajudar a pessoa que mais precisava dele. Vlad e seu bando de filhos da puta a roubaram de mim, e eu só fiquei sabendo quando já era tarde demais. Eu não consigo tirar da mente como tudo aconteceu. Lembro o tempo todo. Eu a levei para o chalé. Deveríamos partir para nossa lua de mel no dia seguinte. Fui até a cozinha pegar o champanhe e, quando voltei, ela tinha sumido. – Tristan, vamos manter o foco e pegar esse cara. Ele declarou guerra voltando para cá. A���� �� �� ���� ����, decidi passar de novo pela ponte Vincent Thomas. Foi aí que Tristan e eu pensamos ter matado Vlad. Lutamos na ponte. Golpe por golpe, balas voando. Havia quatro de nós no final. Eu e Tristan. Vlad e Aleksei, seu braço direito. Eu apunhalei Aleksei bem no olho e acabei com ele. Ao mesmo tempo, Tristan atirou em Vlad. Eu vi isso acontecer. Eles estavam a poucos passos de distância. A bala entrou em seu peito, e ele caiu. Ele passou por cima do parapeito da ponte, atingiu os painéis antes de cair no mar. A bala deveria tê-lo matado instantaneamente, mas se isso não o pegou, a queda deveria tê-lo feito. A queda é de mais de cem metros. Ele estava fodido de qualquer maneira. No entanto, Vlad está vivo. Pierbo o viu e foi morto. Achei que Riccardo tinha matado Pierbo. Agora, faz sentido. Pierbo era um fenômeno. Apenas um homem como Vlad Kuznetsov e o Círculo das Sombras poderia derrubar um homem como ele. O que significa que agora tenho muito mais merda em minhas mãos. Mais coisas para me foder, e acabar com aqueles próximos a mim. Tristan tinha razão quando falou que eu estava mexendo num vespeiro. Estaria fazendo exatamente isso. Balançando um ninho de vespas. A questão, porém, é que elas não fazem nada até que você as cutuque. Quando faz isso, todas vêm para cima de você. Vêm atrás de você, mas exterminam também quem está com você. Neste momento, temos uma vantagem. Vlad não sabe que sabemos que está vivo. Deve achar que nos enganou bem matando Pierbo e destruindo a câmera. Mas, não tem jeito nenhum de eu conseguir manter o fato de que sabemos que está vivo em segredo. Para procurá-lo, vou ter que fazer perguntas, o que significa que ele saberá que estamos atrás dele. Esse é o risco que terei que correr. Volto para casa e entro no quarto de Emelia. Ela está dormindo, e eu não pretendo acordá-la. As luzes estão apagadas, com apenas o luar derramando sua luz prateada sobre seu corpo etéreo. Ela até parece uma princesa em seu sono. Graciosa com seus cachos escuros espalhados sobre o travesseiro e suas mãos descansando ao lado do rosto. O relatório que recebi sobre ela hoje dizia que esteve quieta. Priscilla disse que mal falou e fez tudo que lhe mandaram. Experimentou vestidos de noiva e não gostou de nenhum. Eu não sei se isso significa que ela estava sendo difícil ou se ela realmente não gostou deles. A costureira volta amanhã. Eu não quero ser um bastardo e escolher um vestido para ela. Eu já me sinto mal o suficiente sobre ter feito isso com o anel. Ela se mexe, como se pudesse me sentir pensando merda. Eu me afasto silenciosamente em direção à porta. Emelia será minha esposa em algumas semanas. Cinco anos atrás, eu não tinha ninguém assim. Agora tenho. Ao balançar o vespeiro para encontrar Vlad vou torná-la um alvo também. Chapter Catorze M EMELIA eu coração aperta quando olho para meu reflexo no espelho comprido. Esse vestido de noiva é lindo demais. Parece que foi tirado de um conto de fadas. Definitivamente digno de uma princesa. Seu corpete sem mangas abraça meu corpo, acentuando meus seios e minha cintura fina. O comprimento infinito de tecido que flui do corpo cria esse efeito mágico, flertando com minhas pernas enquanto me movo. Posso imaginar todos os olhos em mim no grande dia. Experimentei dez vestidos hoje, e este parece o melhor. Realmente não gostei dos de ontem, mas para ser honesta, não teria gostado de nada no mal humor que estava. Experimentar vestidos de noiva para um casamento fadado ao desastre não poderia ter sido mais deprimente para mim. Sempre achei que, quando visse o vestido que queria, me apaixonaria da mesma forma que teria me apaixonado pelo noivo. Ele seria o único, e o vestido seria único também. Isso, claro, se minha vida tivesse saído como planejei. Se fosse um casamento para valer, eu escolheria este vestido. Esta manhã, pensei em tornar as coisas menos difíceis para mim mesma fingindo que o casamento era real. Sabia que se mandasse a costureira embora de novo hoje, Massimo pensaria que eu estava sendo difícil e me puniria por isso ou algo assim. O vestido brilha contra a luz do sol que entra pelas longas janelas francesas do salão. É realmente perfeito. É provavelmente a coisa mais linda que já vi. Assim como o anel no meu dedo, no entanto, não parece que pertence a mim. Parece que não foi feito para mim. Tanto o anel quanto o vestido me lembram veneno. Do tipo que pode entrar no corpo em pequenas doses e matar lentamente. Ambos têm esse efeito em mim. Ambos foram projetados para me machucar. Ambos são um lembrete venenoso de que sou um objeto a ser possuído. Pertenço a Massimo D'Agostino e, tal como um dos seus muitos bens, sou sua propriedade. Isso é tudo que sou para ele, nada mais. – Como ficou? – a costureira chama do outro lado das cortinas. O salão foi preparado para que eu tivesse alguma privacidade para trocar de roupa. – Bom, eu gosto deste – respondo, dando outra olhada no espelho antes de sair detrás das cortinas. A costureira suspira, junto com Priscilla e Candace, que vieram me ajudar. Juro que Priscilla parece que vai chorar. Isso me faz pensar em como eu imaginava que minha mãe reagiria nessa hora. Eu choro só de pensar. – Meu Deus – diz Priscilla. Ela caminha até mim e estende as mãos para pegar as minhas. Eu estendo os braços e ela aperta minhas mãos suavemente. – Emelia, você está realmente linda. – Obrigada. Muito obrigada – respondo. – Minha querida, você é uma das noivas mais lindas que já vi – afirma a costureira, juntando as mãos na frente de si. – Também acho – Candace concorda com a cabeça. – Você está maravilhosa. – Obrigada a todas. Acho que este é o vencedor, então – respondo. – Definitivamente um vencedor – concorda a costureira. – Está perfeito. Acho que só precisamos entrar um pouco aqui – ela aperta um pedaço do pano entre os dedos para marcar o lugar que está um pouco folgado. – Tudo bem. – E posso sugerir que prenda o cabelo para mostrar o design das costas? E coloque uma tiara, a menos que você queira usar um véu. – Gosto da ideia do cabelo preso e da tiara – concordo. Quando vi o vestido pela primeira vez, já pensei que as costas precisavam ser exibidas. Tem recortes descendo em curva. É tão bonito quanto a frente. – Perfeito.Você é uma noiva fácil de se trabalhar – ela sorri, esfregando as mãos. Seus olhos verdes brilham com prazer e os pés de galinha nos cantos se enrugam quando ela sorri. Se tem uma coisa que notei até agora, é que todos que entraram em contato comigo desde que vim morar aqui foram muito legais. – Obrigada, fico feliz em ouvir isso. – Vá se trocar que vou fazer minha mágica. Voltarei em alguns dias e falaremos sobre sapatos e acessórios. – Isso parece ótimo. Estou no modo piloto automático. Como se as palavras estivessem saindo da minha boca, mas eu não sei o que estou realmente dizendo. Candace parece notar. Eu posso dizer pelo olhar simpático que me oferece. Eu volto para trás das cortinas e coloco a mão sobre meu coração quando me olho novamente no espelho. Gostaria de estar feliz. Gostaria que este momento pudesse ser melhor, que não estivesse me casando com um homem que tem esse efeito em mim que não posso explicar. Ele me machucou demais quando disse que não sou nada. Não posso explicar como me machucou quando ele disse isso. Parecia pior do que me sentir como um objeto. Agora, não tenho mais certeza de onde minha mente está. O que eu sou virou uma incógnita. Eu coloco de volta meu jeans e blusa de alcinhas. Minhas roupas de verdade. Quando acordei esta manhã, duas coisas que eu não tinha ontem me aguardavam em meu quarto. A montanha de bagagem que deveria levar para Florença e um pouco de liberdade. A porta estava aberta. Não estava mais trancada. Eu podia caminhar para fora do quarto e até abrir a janela. Massimo certamente estivera no meu quarto ontem à noite enquanto eu dormia para fazer tudo isso. Eu sabia que tinha sido ele porque seu cheiro pairava no ar. O que faltava eram meus materiais de arte e pinturas. Não sei se papai não os mandou ou se estão aqui e Massimo decidiu não me dar. Quando acabei de arrumar minhas coisas, era hora da prova do meu vestido. Prendo meu cabelo para trás em um rabo de cavalo novamente e saio levando o vestido. A costureira o tira de mim e coloca em uma sacola. Candace caminha até mim e bate no meu ombro. Ela não está vestindo seu uniforme hoje. Em vez disso, está usando uma camiseta de manga comprida e jeans. Seu cabelo está trançado para o lado e ela usa um par de tênis Converse que a faz parecer moderna. – Vou te fazer companhia hoje – diz ela. – Que tal um passeio pela praia? – Eu adoraria – respondo, sorrindo – Voltem a tempo para o almoço – Priscilla diz. – Pode deixar – responde Candace. Eu apenas sorrio porque não tenho realmente escolha. Saímos da sala e seguimos pelo mesmo corredor onde andei com Massimo ontem à noite. Mas, em vez de subir as escadas que levam ao terraço, descemos outro lance de escadas. A porta se abre para um pátio que leva à praia. Quando Candace abre as portas, o cheiro salgado do mar me inunda e me sinto viva. É incrível o que deixamos de dar seu devido valor na vida. Pequenas coisas como sentir o sol quente na minha pele enquanto a brisa lânguida levanta as pontas do meu cabelo são coisas das quais senti muita falta nos últimos dias. Sorrio e saboreio as sensações, saboreio a liberdade. E como adoro caminhar na praia, tiro os sapatos para sentir a areia entre os dedos dos pés. Candace ri. Eu sorrio de volta. – Você tem certeza que vai fazer isso? – ela pergunta. – Sim. Sempre tiro meus sapatos na praia. – Talvez eu esteja mais acostumada – ela responde. – Vamos por aqui. Descemos por um caminho perto da piscina revestida de pedra e nos sentamos na areia onde temos uma vista panorâmica do mar sem fim. Isso me lembra a Itália. A praia na Toscana onde papai sempre levava mamãe e eu nas férias. – Vamos ficar aqui um pouco. Depois, vou te mostrar o resto da propriedade e talvez te dar um tour pela casa – ela diz. Acho que ela deve ter recebido permissão para me mostrar mais do que a praia. – Obrigada. Essa praia é linda – eu digo. – Eu amo isso. – Eu também. Me lembra a Sicília. – Sim, concordo. Eu adorava caminhar pela praia quando visitava meus parentes por lá. – Quando foi pela última vez? – indaga ela. – Há alguns anos, com minha mãe. Pouco antes de ela morrer. Ainda acho difícil dizer essas palavras que confirmam sua morte. – Sinto muito – parece sincera. – Tudo bem. Foi há alguns anos. Ainda sinto muita falta dela, mas a morte acontece, não é? Minhas palavras me fazem soar mais corajosa do que me sinto. Mascaram a verdade do que sinto no fundo. Eu ainda choro por ela. Essa tristeza nunca acaba. E se estivesse viva agora, isso não estaria acontecendo comigo. – Sim, a morte acontece – ela responde, com tristeza nublando seus olhos. – Meus pais estão mortos. Foi um acidente. – Lamento ouvir isso – eu simpatizo. – Obrigada. – Minha mãe teve câncer. Nossa viagem à Sicília foi sua última visita à sua terra natal. Nós pintamos. Isso é o que eu faço. Eu pinto. – O que você pinta? – Tudo. Qualquer coisa que minha imaginação evoque. – Parece legal. Eu escrevo poesia. Fiquei com essa mania depois que terminei a faculdade. – Terminou? – Não escondo a surpresa na minha voz. Achei que ela estava perto da minha idade. – Sim, tenho vinte e cinco – sorri. – Você parece muito mais jovem. – Obrigada. Acho que é o meu espírito jovem – dá uma risada. – Estudei literatura inglesa. Queria ser professora e espero um dia dar um jeito na vida. Pode ser difícil começar uma carreira. – Sim – concordo. Começar minha carreira está cada vez mais difícil e por uma razão que tenho certeza que a maioria das pessoas nunca encontra. Na verdade, parece que nunca terei uma carreira. – Há quanto tempo trabalha aqui? – Muitos anos. Mas, conheço Massimo minha vida toda – sua expressão assume aquele olhar carinhoso que vi no rosto de Priscilla. Espero que não vá cantar elogios ou algo assim. Não quero ouvir isso hoje. – Se concordar, não quero falar sobre ele – peço. Essa é a melhor maneira que posso me expressar sem soar muito rude, embora eu provavelmente tenha soado exatamente assim. – Não precisa – ela responde. – Não estou aqui para isso. Achei que talvez você quisesse alguém com quem conversar. Ou apenas passar as horas. Se quiser falar sobre ele, porém, juro que tudo o que me disser ficará só entre nós. Prometo. Olho para ela, me perguntando se posso baixar a guarda e confiar nela. Ela e Priscilla têm sido legais comigo, mas isso não significa nada quando se trata de lealdade. Aprendi isso muito bem lidando com pessoas que trabalhavam para meu pai. No final das contas, sempre responderiam a ele. Talvez, porém, possa apenas falar sobre as coisas que estão pesando na minha mente e que ela já deve estar ciente. – É difícil, muito difícil para mim estar aqui, fazer o que estou fazendo. Casar-me com um homem que não conheço – explico. De repente, sinto que quero abrir meu coração. – Eu sei, imagino – meneia a cabeça. – Eu podia ver isso quando experimentava um vestido após o outro. Parece que você quer ser feliz porque os vestidos e seu anel são tão bonitos, mas a situação estraga tudo. Ela acertou na mosca. – Sim. Todas as minhas esperanças e sonhos foram esmagados de uma hora para outra. Minha vida foi roubada. Não sei como vou viver assim. Não há escapatória para mim. Ela olha para baixo, examinando a areia por um momento. Depois, seu olhar volta para o meu. – Emelia – sua voz soa baixa – sinto muito que isso tenha acontecido com você. Confesso que não concordo. Sou paga para fazer um trabalho, mas vejo muitas coisas de que não gosto. Seu pai prejudicou muito a família de Massimo, mas não concordo que você tenha que sofrer por isso. Suas palavras despertam meu interesse. Talvez ela pudesse me dar algumas respostas. – Não sei o que ele fez. Eu não sei nada. Até a semana passada, nem sabia que meu pai conhecia os D'Agostino. – Sim, faz sentido. Mulheres e filhos costumam ser mantidos longe dos negócios. Eu não tive tanta sorte. Assim como Massimo, vi o lado feio quando era muito jovem. Isso muda você para sempre. Enquanto ela fala, tenho a impressão de que há mais em sua história do que apenas o acidentede seus pais. – O que aconteceu? – pergunto. – Eu não posso falar sobre minha história. Ainda não, de qualquer maneira. Talvez um dia – me dá um sorriso nervoso e trêmulo. – No caso de Massimo, porém, as coisas mudaram muito para ele quando sua família perdeu tudo. Minha família serviu os D'Agostinos por muitas gerações. Sendo filha da empregada, ouvia muitas coisas. Vi muitas coisas. Eu sei coisas que provavelmente não deveria. Meu peito fica apertado. – Como o quê? – Você já ouviu falar do Sindicato? – Não. Nunca – balanço minha cabeça. – Eles são uma sociedade secreta, embora não mantenham sua existência em segredo. Tipo, quem sabe que eles existem, sabe e pronto. O que ninguém de fora sabe é como eles operam e o que fazem. Mas, não é difícil perceber que são intocáveis. Eles são formados por seis poderosas famílias criminosas. Dois dos líderes atuais são o seu pai e o pai de Massimo. Meus olhos se arregalam. – Meu pai? Não posso entender como nunca ouvi nada sobre eles. – Sim. Não estou surpresa que você não saiba. Os membros são apenas homens. Talvez seus tios, ou outros parentes masculinos, façam negócios com eles. Tio Leo é basicamente o braço direito do papai. Tenho certeza que ele sabe. – Entendo – comento em voz alta. – O membro entra para o Sindicato com base em riqueza ou recursos. Tudo o que puder trazer para o grupo que seja valioso. Eles vivem por um contrato que assinam com sangue para se protegerem até a morte – explica ela, abraçando os joelhos contra o peito. – Seu pai e Giacomo D'Agostino costumavam ser melhores amigos. Seu pai roubou o negócio que agora é seu e acabou com Giacomo. Deixou-o sem nada. E como ele ficou sem nada, foi chutado para fora do Sindicato. Isso é pior do que não ter nada. Muitas vezes, pode ser pior do que a morte. Afinal, você tem informações sobre o Sindicato, seus planos e tramas secretas, que poderia compartilhar com outras pessoas e o Sindicato não vai querer isso. Jesus Cristo. Não posso acreditar no que estou ouvindo. – O que aconteceu com eles? – Tudo de ruim. Perderam a casa. Chegaram a morar em um trailer. Quinze anos atrás, Giacomo começou seu negócio de petróleo e prosperou. Sua riqueza se espalhou como um incêndio florestal, mas nunca compensou a maior perda de todas. Eles perderam tudo o que possuíam durante aquele período terrível, mas perderam algo pior quando a mãe de Massimo morreu. – O que aconteceu com ela? – Ela se matou quando Massimo tinha doze anos. Ele a encontrou. – Oh, meu Deus – levo minhas mãos até minhas bochechas. – Eu sei. Foi tão triste porque ela era como um anjo, um ser perfeito, sempre tão legal comigo. Dizia que eu era a filha que nunca teve. Estava sempre com os meninos. Massimo nunca disse isso, mas acho que ele culpa o seu pai pela morte dela. Meus olhos se arregalam quando me lembro do que Massimo disse sobre não ser capaz de trazer os mortos de volta à vida. – Isso é um pesadelo – sussurro com voz embargada. Ela sorri sem humor. – É pior que um pesadelo, Emelia. Esta guerra começou muito antes de nascermos. Massimo culpa o seu pai pela morte da mãe dele e pela vida difícil a que eles foram forçados quando ele estava crescendo. Mas, o pai dele culpa seu pai por muito mais. O problema de ouvir demais é ter que arcar com a responsabilidade de saber quando ficar quieta. A razão pela qual seus pais brigaram foi ela. A mãe de Massimo. Minha respiração trava no meu peito. – O que você quer dizer? – Ambos estavam apaixonados por ela – responde e um peso de aço cai na boca do meu estômago. – Isso é tudo que sei, mas faz você se perguntar, não é? Faz você se perguntar o que mais aconteceu. Segredos e mentiras, é nisso que meu mundo parece se basear. Eu a encaro longa e duramente e me pergunto por que ela está me contando tanta coisa. – Por quê? Por que está me contando tudo isso, Candace? Ela encolhe os ombros antes de me responder. – Talvez me sinta mal por você ter sido arrastada para o meio de uma guerra que não é sua. Talvez me sinta mal porque sua vida será roubada de você quando se casar com Massimo. Talvez porque odiaria ser você. Ou talvez esteja apenas tentando justificar minhas razões para ajudá-la, quebrando a lealdade a um homem que considero um irmão. Meu coração dispara. — O que está querendo me dizer, Candace? Será que vai me ajudar? Como? Ela se inclina para mais perto. Seus olhos ficam vidrados por causa das lágrimas que os inundam. – Sou a pessoa em quem ele mais confia. É por isso que posso sair com você. Eu e Priscila. Mas, ele não é mais o garoto com quem cresci. Nenhum dos irmãos é. Apesar de que não é culpa deles. Não, parece ser do meu pai. – Candace, você vai me ajudar? – pergunto, cautelosamente. Nós duas olhamos em volta nervosamente. Estamos longe dos guardas que estão no terraço e não podem nos ouvir. Mas, é compreensível, nestas circunstâncias, que medo e paranoia nos deixem nervosas. Candace acena com a cabeça quando olho para ela. – Se ele descobrir que fui desleal, não o culparia se me matasse. – Então, não. Eu não aguentaria – estremeço, balançando a cabeça. – O mal sempre continuará a vencer se pessoas boas ficarem quietas e assistirem, Emelia. O mal sempre vencerá se as pessoas boas permitirem que isso aconteça. Eu nunca me perdoaria se não ajudasse você. Mas, por favor, pense antes de agir – ela prende meu olhar enquanto considero suas palavras. Pense antes de agir. Uma chance de escapar vale ouro para mim agora, mas sei o que ela quer dizer. Se eu errar, não serei apenas eu quem será punida. Ela olha à nossa frente e aponta cuidadosamente para o final da praia onde os barcos estão ancorados. – Você vê aquela seção no final das docas? – Sim – daqui é quase um borrão, mas consigo ver o final da prancha de madeira. As ondas batem contra as rochas, e a área parece ser cortada depois desse ponto. – As câmeras não funcionam lá. Logo depois da área com as palmeiras. Há uma câmera em um poste de luz. E só. O barco a remo é o único sem alarme. Eu não posso acreditar em meus ouvidos. Ela acabou de me dar a resposta. – Meu Deus, Candace – suspiro. – Não tente pegar nenhum dos outros barcos. Massimo mantém as chaves com ele o tempo todo e, mesmo que consiga fazê-lo funcionar, ele tem um sistema de segurança que pode controlar de dentro da casa. Irá alertá-lo no segundo em que o motor do barco ligar. Então, sua única opção é o barco a remo. Com lábios trêmulos, eu aceno com a cabeça. – Vou com o barco a remo, então. – Emelia, é perigoso – ela afirma. – Esse é o aviso mais importante que vou te dar. As águas são perigosas. Deste lado, você estará bem no coração delas, mas há um porto a cerca de oito quilômetros. Chegar lá em um barco a remo é a parte mais difícil. Você tem que ter muito cuidado. Deus. Não sei nada sobre remar um barco, muito menos remar em águas perigosas, mas seria uma forma de escapar. Uma chance de liberdade. Uma chance de ter minha vida de volta. Eu seria uma tola de perder uma chance como essa, mesmo com o risco envolvido. – Eu vou ficar bem. Eu tenho que ficar. – Então, se fizer mesmo isso, por favor, certifique-se de fugir e nunca mais olhar para trás. Porque se ele te encontrar, saberá que só poderia ser eu ou a Priscilla quem te disse como escapar. Então, por favor, pense bem antes de tentar. Ele nos deu permissão para lhe mostrar o lugar. Cabe a você ganhar a confiança dele para andar por aí sem supervisão e os guardas em constante vigilância – ela estende a mão e pega minhas mãos. – Por favor, pense nisso antes de fazer qualquer coisa. Esse é o meu único pedido. – Pensarei – prometo a ela. Olho para frente, vejo a liberdade e quase sinto seu gosto. Como faço para que Massimo confie em mim? Obediência. Fazer o que ele mandar. Ser dele. Chapter Quinze F MASSIMO ico de pé, encaro cada membro do Sindicato de frente e levanto a lâmina cerimonial. Todos os olhos estão em mim. Além de Pa, Riccardo e o irmão dele, nunca vi esses homens antes. Contando comigo, somos doze homens com muito poder e incrível riqueza.Todos ao redor da longa mesa retangular na sala de reuniões me observam. Eu, o membro mais jovem, e mais novo, me preparando para ser iniciado e assinar o juramento de sangue. Eles não vão falar comigo até que eu faça o juramento. E temos muito o que conversar. Quando corto a ponta do meu dedo indicador, fixo meu olhar no de Riccardo. Eu o encaro longa e duramente, certificando-me de que os outros membros do Sindicato possam me observar e notar que eu tenho um problema com ele. Eles conhecem a nossa estória, nosso passado. Não me agrada lembrar que esses homens poderiam ter matado a mim e minha família se Riccardo assim o pedisse. Mas, esta estória é para a próxima fase de poder. Gotas de sangue pingam no contrato. Um semelhante ao documento que demos para Riccardo assinar. Este que assino agora estipula que compartilho meus recursos, poder e vida com os demais membros. Um corpo, um poder, tudo para buscar mais riqueza. Meu sangue no contrato é minha assinatura. É uma coisa séria, porque assinar significa entregar sua vida. A única saída é a morte ou, como testemunhei com meu próprio pai, ser rejeitado. Isso não vai acontecer comigo. Quando coloco a faca de volta na mesa, Phillipe, o presidente, acena com a cabeça em aprovação. Eu vi o jeito que ele olhou para mim quando entrei. Ele e os dois líderes da Bratva trocaram olhares curiosos. Há uma faísca de aprovação em seus olhos agora quando me observa. Todos sabem que tenho o direito de voto de Riccardo. O que não sabem é o que vai acontecer agora. Pegar o direito de voto em troca de uma dívida é o tipo de coisa que nunca aconteceu antes. Com certeza, eles farão perguntas que não vamos responder. Sento-me novamente. Pa me dá um aceno. Sou um membro, assim como ele. É aqui que tudo vai começar. A próxima geração. Quando papai for embora, estarei aqui com Tristan da mesma forma que outros líderes estão com seus colegas. Riccardo trouxe Leo, seu irmão. Ambos olham para mim do outro lado da mesa. Furiosos. Impotente, inútil, indefeso. Palavras que descrevem como Riccardo deve se sentir agora. Da mesma forma que me senti naquele dia fatídico. Eu deveria estar rindo. Se não fosse pela imagem da filha dele que não sai da minha mente. Impotente, inútil, indefesa são palavras que também a descrevem. Não a vejo há quatro dias. Estive muito ocupado com meus homens nas ruas, procurando por Vlad. Tenho certeza que os informantes dele de merda já lhe contaram que sei que ele está vivo e que o estou caçando. Afinal, não há vestígios dele em nenhum lugar. Também admito que tenho evitado Emelia. Achei que seria melhor, mas não vê-la está me dando nos nervos. Phillipe me dá um aceno de cabeça e limpa a garganta. Sua pele bronzeada parece esticada quando ele sorri. Como se ele tivesse ficado tempo demais no sol. Isso faz com que seus olhos azuis claros pareçam mais intensos. – Excelente – diz ele. – É ótimo ter um homem poderoso como você em nosso rebanho. Você é igual ao seu pai. – Tomo isso como o maior elogio. O que é verdade. Ainda mais porque Pa se tornou um titã sem ajuda deles. – Deve mesmo – afirma ele – agora, vamos tratar dos negócios. – Manda ver – diz meu pai. – Tirar o direito de voto de um líder o torna impotente em assuntos sobre os quais precisamos concordar como um grupo. Esta é a primeira vez que tal coisa acontece. Adoraríamos que você esclarecesse um pouco o assunto. Phillipe não é tolo. Tenho certeza de que é tão óbvio para ele quanto para Riccardo o que pretendemos fazer. Somos demônios saindo para brincar. Todo mundo tem perguntas. Nós decidiremos como responderemos. Pa junta os dedos e se inclina sobre a mesa. – Ele tinha uma dívida comigo e essa é uma das formas que escolhi para ser reembolsado. Simples assim. – Vamos ser realistas, sim? – Phillipe afirma, mudando seu olhar para Riccardo. – É melhor perder o direito de voto. Também estou ciente de que a maioria de seus bens agora pertence a Massimo em sua ascensão como chefe da família D'Agostino. Todos menos a Balesteri Investimentos, mas se não me engano, sua herdeira receberá essa parte. A notícia do noivado dela com Massimo se espalhou rapidamente. O que significa que o negócio é praticamente dele também. Não é minha função questioná-lo sobre assuntos fora do Sindicato, mas, farei isso sempre que for pressionado. Minha pergunta é, e agora? Eu gosto deste homem. Vai direto ao ponto. Esses homens não são estúpidos. Eles devem saber que temos uma grande dívida pairando sobre a cabeça de Riccardo para exigir tanto em troca. Tenho certeza de que adivinharam que Emelia foi parte do pagamento. Não é difícil descobrir coisas assim em nosso mundo. Riccardo fica tenso, assim como seu irmão. Acoado num canto, exatamente onde o queremos. – Sei que a situação está uma merda, mas me dê um tempo e vou resolver tudo – responde Riccardo. – Acho bom mesmo. Nós lhe daremos oito semanas para resolver isso. Depois, nos reuniremos novamente para discutir. No entanto, ainda há a questão do equilíbrio de poder – Phillipe olha para mim. – Massimo, independentemente do que aconteça com Riccardo, você terá o direito de voto dele e de seu pai. O que planeja fazer com eles? É minha vez de falar. O que disser agora será o guia para o meu futuro. – Não pretendo passar por cima de vocês – todos me olham, curiosos. – O Sindicato só funciona com fraternidade e unidade. O contrato que nos protege também nos une. Quando alguém abusa dele, a estrutura desmorona. Então, não vou usar meu voto extra a menos que alguma situação surja que me obrigue a fazer isso. Se isso acontecer, tenho certeza de que discutiremos o que será justo e razoável para o benefício do grupo. Se, e quando, chegar esse momento. Phillipe assente e sei que está satisfeito. Mas, ele não é estúpido. Nenhum deles é. Sabem que parte de nossa vingança era tornar Riccardo impotente. – Muito bem, então – diz Phillipe. – Bem-vindo à Irmandade, Massimo D'Agostino. Inclino a cabeça com reverência. E passamos a falar sobre negócios. A reunião continua por mais uma hora antes de ser encerrada. Durante todo o tempo, sinto os olhos de Riccardo em mim. Eu me pergunto o que o preocupa mais. O que estou fazendo com sua preciosa filha ou o que vou fazer com ele? Quando a reunião termina, Pa e eu saímos para o estacionamento, esperava que Riccardo viesse atrás de nós. Então, não fico surpreso quando chama meu nome. Eu me viro para encará-lo. Papai para ao meu lado e endireita os ombros. – É melhor que não esteja machucando minha filha – ele vocifera. Tudo o que faço é olhar para ele. – Seu animal. Seu animal sujo. Vocês dois – acrescenta, olhando de Pa para mim. – Você não é muito esperto, é? Nos ofendendo assim quando mal saímos do prédio da Irmandade — retruco. – Isto tudo é um ultraje. Uma indignação total. Mas, era isso o que você queria – olha para o meu pai. – Olho por olho. – Vá se foder, Riccardo – Pa responde. – Eu não sei por que você continua cometendo os mesmos erros. Você não entende, não é? Nós temos a vantagem. Eu posso destruir você com uma palavra. Riccardo cerra os punhos e nos encara, seu rosto se contorcendo de raiva. – Isso ainda não acabou. Você – aponta para mim. – Lembro bem como olhou para minha garota no baile. Teve que puxar meu tapete para me derrubar. Sabia que não haveria nenhuma outra forma na face da Terra de ficar com ela. Seu pedaço de merda. Ela nunca vai querer você. Pode fazer o que quiser. Ela não vai querer você. Você sempre será um nada. Suas palavras não deveriam me atingir. Não deveriam significar nada para mim. Porque, então, quero quebrar a cara dele? – Nada – repete ele. E é a gota d’água. Perco a cabeça e o agarro pelo pescoço. Filho da puta. Não sei com quem diabos ele pensa que está falando. Seguro firme sua garganta e aperto com força. Temos a mesma altura, mas tenho mais músculos. Sou forte como um tanque de guerra e ele é um homem velho. Ele grita, tentando soltar minhas mãos, mas eu o prendo mais. – Me larga – grita ele. – Maldito cão de merda – rosno. – Juro queestou por um fio, tentando me controlar para não acabar com a tua raça, Riccardo Balesteri. Acredite em mim, estou pronto para te matar agora mesmo. Quero muito ver você sofrer. Mas, por Deus, te matar agora talvez fosse melhor. É a mão de Pa no meu ombro que me tira do meio da névoa de ódio. – Deixe-o ir, filho. Ele está abalado porque não pode fazer nada contra a gente. Suas palavras não valem nada. A questão é que as palavras dele me atingiram e ele sabe disso. Foi por isso que ele as disse. Levantando a cabeça, vejo Phillipe e os líderes da Bratva à nossa frente, observando com um ar de curiosidade ainda em seus rostos. Querem saber o que realmente aconteceu. Querem saber como é que estou me casando com a filha do meu inimigo e por que tenho o controle de seu poder. Querem saber como conseguimos encurralar em um canto um homem que deveria ser intocável. Eles rasgariam Riccardo em dois se soubessem o que ele fez. Depois, viriam atrás dela também. Emelia. Eles a matariam sem hesitar só por compartilhar o mesmo sangue, sem se importar com o que ela é para mim. Penso na outra noite quando fui ao quarto dela. Quando lembrei o que Vlad fez com Alyssa e quis protegê-la. Essa mesma força me compele a fazer o mesmo agora. O Sindicato não seria diferente de Vlad. Com exceção do fascínio assustador e desagradável que ele tem pelas mulheres. Os membros do Sindicato a matariam da forma mais brutal que conseguissem, se descobrirem que Riccardo estava roubando deles. Eu receberia mais do que apenas a cabeça dela em uma caixa. Meu comportamento está chamando a atenção para minha família e para ela também. Não posso permitir que meu ódio pelo pai dela me atinja. Solto Riccardo e dou um passo para trás. Ele percebe Phillipe e os líderes da Bratva assistindo e pelo menos tem o bom senso de conter sua raiva. – Não se atreva a falar comigo a menos que tenha algum negócio para tratar – eu exijo. – Vejo você em breve, pai – acrescento em tom de ameaça e com uma risada grosseira. O filho da puta odeia que eu o chame de pai. Papai e eu o deixamos ali, fervendo de raiva. Aquele canalha. Gostaria de não ter que olhar para a cara dele nunca mais. Tem o evento para arrecadação de fundos e depois o casamento. Além das reuniões do Sindicato. Só isso. Fora isso, não quero nada com ele, e também não o quero perto de Emelia. – Ei – diz meu pai, tocando meu cotovelo, parando ao lado do meu carro. – Você está bem? – Estou. – Ele te incomodou. Dá para notar. – Está tudo bem, Pa. Ele sempre me incomoda. – Como estão as coisas em casa com Emelia? Uma merda. Tudo isso é uma merda, mas não posso dizer isso a ele. – Estou mostrando a ela quem é o chefe – respondo, porque é a coisa certa a dizer. – Bom. Essas pessoas merecem o que estão recebendo. Te vejo pela manhã. Eu aceno e o observo ir embora. Tenho que tirar essa garota da minha cabeça. Isso é o que preciso fazer. Não posso mostrar a ninguém que ela é minha fraqueza, muito menos alguém como Riccardo. Eu tenho que manter minha cabeça no lugar e seguir o plano. Casar-me com ela e pegar sua fortuna. Deveria ser tão simples. Ela é apenas uma boceta. Os despojos dessa guerra. Uma mulher para aquecer minha cama e servir a um propósito no grande esquema das coisas. Isso é o que tenho que continuar dizendo a mim mesmo. Não importa o quanto eu esteja apaixonado por ela. Chapter Dezesseis C MASSIMO hegar em casa às quatro da tarde durante a semana é algo extremamente incomum para mim. Normalmente, estou na D'Agostino Investimentos ou no clube. Mas, depois do meu encontro com Riccardo, não consegui nem pensar em ir a nenhum dos dois. No clube, poderia relaxar, mas isso envolveria foder uma das mulheres de lá. Na D'Agostino, eu teria que lidar com algum tipo de burocracia. Só que não posso me dar ao luxo de fazer isso com minha mente desfocada desse jeito. Então, mandei Andreas no meu lugar. E vim para casa. No fundo, sei por que vim para cá. Só não quero aceitar. Aquele filho da puta do Riccardo. Aquele cachorro sempre sabe como me irritar. Sempre. Sempre sabe o que dizer para me tirar do sério, mesmo quando estou em vantagem. Suas malditas palavras sobre Emelia ficaram presas na minha cabeça. Todo o maldito dia, tentei tirar os insultos da minha mente. Mas, não consegui. Não fazia ideia de que o bastardo tinha me visto olhando para Emelia no baile. Muito menos que ele prestaria atenção em mim em um evento como aquele. Isso foi minha culpa. Meu erro. Baixei a guarda e permiti um momento de fraqueza, sem atentar ao fato de que meu inimigo poderia me ver. Mas, por que isso deveria importar? Por que eu deveria me importar? Emelia pertence a mim agora, não importa o quê ele diga ou pense. Ela é minha. Nada pode alterar as assinaturas no contrato. Então, por que me sinto assim? Como se isso importasse. Como se eu quisesse que ela me desejasse. Será que quero? Que foda. Desde quando minto para mim mesmo? Cartas na mesa. Porra, sei muito bem que quero que ela me deseje. Quero isso desde aquele maldito baile. É por isso que estou em casa. Mas, também é por isso que tenho evitado ela. O casamento foi ideia minha, mas, estava sendo um bastardo implacável quando pensei nisso. Eu quero que ela me deseje, mas não deveria. Assim que essa ideia tiver precedência em minha mente, começarei a me importar com ela. E se isso acontecer, arriscaria perder a oportunidade de foder com o pai dela. Existem duas partes a serem cumpridas neste plano. Casar-me com Emelia. Depois, fazer o Sindicato chutar a bunda do Riccardo para fora do grupo. Eu me jogo na minha cama com exasperação e olho através das janelas que vão do chão ao teto, para o mar batendo na areia da praia. A luz do sol atinge a água, brilhando na superfície como diamantes espalhados sobre ela. Então, como em uma fantasia, Emelia emerge da água, me fazendo ficar de pé. Minha futura esposa se levanta das ondas e caminha até a praia. Vestindo um biquíni turquesa, aquele corpo gostoso está em plena exibição, me lembrando quantas coisas sacanas quero fazer com essa virgem, fodê-la até cansar. Devo estar a uns bons dez metros de distância, mas posso ver sua pele dourada brilhando, radiante, sob a luz do sol. Eu a observo. E eu a quero. Eu quero tocá-la e saboreá-la. Consumi-la e devorá-la. A luxúria começa a substituir minha capacidade de pensar direito ou me controlar. Não quero resistir. Quero ceder e saborear essa atração, essa química que acende quando estou com ela. Ficando de pé, afrouxo minha gravata e saio para o terraço, indo atrás do que eu quero, atrás dela. Uma fúria cega me consome quando Manni se aproxima dela segurando uma sacolinha e recebe dela algo que trouxe do mar. A raiva cresce ainda mais quando ele diz algo que a faz rir. Eu nunca a ouvi rir antes. Certamente, nunca esperei ouvir esse som causado por outro homem. Para adicionar insulto à injúria, os malditos olhos do meu guarda estão por todo o corpo dela, grudando em sua bunda quando ela se abaixa para pegar algo que deixou cair. Embora conheça Manni há quase dez anos, sinto um impulso de acabar com a vida dele exatamente onde está. Ele deveria saber que não deve ficar olhando boquiaberto para uma mulher que é minha. Desejando-a. Que porra ele está fazendo com ela? Caminho até eles, não me importando que pareço um filho da puta ciumento pronto para matar alguém. O que odeio mais é que Emelia parece fascinada por ele. Só quando meus sapatos rangem contra a areia é que eles se viram e me veem. Manni parece pronto para se cagar todo enquanto Emelia me dá um olhar duro. O mesmo que me deu depois que me viu aqui com Gabriella. – Chefe – diz Manni, abaixando a cabeça para um aceno reverente. — O que está fazendo aqui? A indignação no meu tom deixa claro que é melhor ele ter uma boa resposta. – Estava apenas fazendo companhia à senhorita Emelia. Ela não sabe nadar bem. Então, achamos melhor eu ficar aqui caso algo acontecesse – explica ele. Filho da puta. Está dizendo a verdade, mas deve saber que vi o jeito que olhou paraela. Sabendo que a única punição que dou é a morte, seus olhos me imploram para não o matar. O tempo que ele trabalhou para mim, e o fato de que confio nele mais do que na maioria das pessoas, não o tornarão imune à minha ira. – Suma da minha frente. Da próxima vez que a senhorita Emelia quiser nadar, e precisar de alguém para olhar a bunda dela, eu mesmo faço isso – respondo, para grande constrangimento de Emelia. Manni sabe do que estou falando e que não estou falando da boca para fora. – Sim, senhor – responde. – Dê-me isso – ordeno, acenando para ele me dar a pequena sacola. Ele o faz e praticamente sai correndo. Olhando dentro, vejo que está cheia de conchas. Então, olho para Emelia e vejo o quanto está chateada. Mas, como ela cruzou os braços sob os seios, tudo o que consigo enxergar é o volume maciço de seus seios e a profundidade de seu decote. – Qual é o seu problema? – ela explode. – Ele não estava fazendo nada de errado. – Não questione minhas ações. Você não viu o jeito que ele olhava para você. Ela sorri sem humor e leva as mãos até as bochechas. – Inacreditável. Quem se importa com o jeito que ele olha para mim? Meus olhos se arregalam e tenho que apertar com força meus dentes para conter meu temperamento. Parece que minha ausência afrouxou um pouco demais as coisas, e as pessoas, inclusive ela. Todos esqueceram que ela é minha. – Eu me importo, porra. Aliás, por que está aqui vestida com isso? Não tem um maiô de uma peça? Assim que falo, percebo o quão ridículo eu soei. Ela também. – Massimo, estou de biquíni. Pessoas os usam o tempo todo. Mas, já que vamos jogar este jogo, devo perguntar onde esteve nos últimos quatro dias. Meus lábios se separam e olho para ela. Descalça, ela parece muito mais baixa. Eu me elevo sobre ela. A verdade sobre a minha ausência surge em minha mente, mas eu a afasto. Ela confunde minha hesitação com outra coisa, e seus olhos nublam com algo que não reconheço. — Estava com ela, não estava? – ela pergunta e identifico a emoção em seus olhos como sendo ciúme. E mágoa. Levo um momento antes de perceber que ela está se referindo a Gabriella. Antes que eu possa responder, porém, ela começa a se afastar, de volta para casa. Eu pego o braço dela. – Não – respondo, puxando-a de volta. – Eu não estava com Gabriella. – Gabriella – ela repete, pensativa. Ela não sabia o nome de Gabriella antes. Talvez contar a ela fosse um erro. – Estava trabalhando – continuo. – Eu não me importo. Pode ficar com quem quiser – ela zomba, desgostosa. – Está morrendo de ciúmes, não? – provoco. – Por que diabos teria ciúmes dela? Ela não está presa vinte e quatro horas, sete dias por semana, sob a tutela de um idiota condescendente. Idiota? E ainda por cima, condescendente. Jesus. Esta beleza certamente tem coragem. Não consigo me lembrar da última pessoa que falou assim comigo e viveu para contar. Porém, aqui está ela, batendo o pé na areia e me chamando de idiota. Uma risada escapa dos meus lábios. – Você por acaso me chamou de idiota condescendente? – Chamei. Eu abaixo minha cabeça brevemente, em seguida, sorrio para ela. Ela tenta reprimir um sorriso, mas falha e desvia o olhar. Pego seu rosto e guio seu olhar de volta para mim. Há uma mudança perceptível em seu humor. Seu olhar suaviza e seus ombros relaxam. – Esse é o seu jeito de ser bonzinho comigo? – ela pergunta. – Eu nunca sou bonzinho. Ela faz um beiço e meu olhar cai para seus lábios. Os lábios dela me fazem imaginar como ficarão perfeitos ao redor do meu pau. Essa boca safada dela vai fazer mais do que me divertir um dia. Nossos olhares voltam a se encontrar e entro novamente naquele estado em que não tenho certeza do que devo fazer. Eu deveria ir embora ou mandá-la para o quarto dela. Mas, o desejo já começou a se infiltrar em minha mente. Ela põe as mãos nos quadris, chamando minha atenção para seu corpo. Tenho a ideia perfeita de como voltar a me familiarizar com minha futura esposa. – Venha, vamos nos limpar – digo. – Limpar? – ela arqueia as sobrancelhas. – Tomar banho – quase dou risada do olhar de pavor que ela me dá. – Eu e você? – suas costas ficam rígidas e todo o seu corpo fica tenso. Apreensão enche seus olhos. No entanto, ela não reage como fez no outro dia, quando estava apavorada pensando que tiraria sua virgindade. Há algo mais que se esconde no fundo de seu olhar e que não deixo passar. Luxúria. Dedos invisíveis de luxúria me buscam e, quando a solto, suas bochechas ficam coradas. – Sim, eu e você – confirmo. – Não – ela diz. Eu lhe dou um sorriso largo e seus lindos olhos viram fendas estreitas. – Principessa, não estava perguntando. Estava dizendo – me inclino mais perto e esfrego meu nariz ao longo de sua orelha. – Pare de agir como se não quisesse. – Não estou fingindo. – Não? – olho para seus mamilos pressionando o tecido transparente do biquíni. São duas pontas duras e evidentes que não existiam antes. Eu sorrio, estendo a mão e esfrego meu dedo sobre o pico tenso de seu mamilo esquerdo, para seu choque. – Seu corpo te trai, Emelia. Venha, você acabou de sair do mar salgado e eu acabei de chegar do trabalho – tiro a gravata, enfatizando a palavra trabalho para que saiba que estava falando sério sobre onde eu estava. – Não brinco com você há quatro dias. Não quero que você esqueça como é para mim tocar em você. Seu rosto fica vermelho e o rubor espalha por seu pescoço elegante. Colocando minha mão em suas costas, eu a guio para casa e aproveito o momento para correr meus dedos sobre sua bunda perfeita. Eu a conduzo para o quarto dela, decidindo que vou voltar para o meu depois para trancar a porta. Ela não viu de onde saí antes. Melhor assim. A noite em que eu decidir mostrar a ela meu quarto será a noite em que ela vai ficar lá e se mudar para a minha cama. Eu a acompanho até o banheiro e inalo o aroma doce de morangos e baunilha. Senti esse perfume outro dia, mas é mais forte dentro do banheiro. Fecho a porta assim que entramos. Ela se vira para mim, hesitante, e seus olhos me observam enquanto percorrem meu corpo. Nervosa, ela junta as mãos. Sei que uma questão importante pesa sobre sua cabeça. Quando vou transar com ela? Estou surpreso comigo mesmo que ainda não o tenha feito. Não vou dizer nada. Isso aumenta o mistério, amplia o desejo. – Tire a roupa – exijo. Ela me obedece de primeira. Eu gosto que ela tenha se tornado submissa. Ou talvez não seja isso. Talvez seja que ela queira. Talvez ela queira isso tanto quanto eu. Ela tira o top primeiro. Meus olhos vão direto para seus mamilos apertados e o volume de seus seios, redondos e perfeitos com as pequenas pontas rosadas implorando para serem chupadas. Ao abaixar para empurrar a calça do biquini pelas pernas, seu cabelo molhado cai sobre seu rosto e seus seios balançam. Quando ela se endireita, aquele olhar incerto volta. Suas mãos tremem quando olho para sua boceta bonita ali, esperando para ser tomada. Dou um passo à frente. Ela dá um passo para trás, olhando para mim com medo. Eu sorrio e deslizo um dedo ao longo de sua mandíbula. – Já te disse. Não sou esse tipo de monstro. Não vou te machucar. – Por que eu deveria acreditar em você? Eu me aproximo, pressiono meus lábios em sua bochecha, depois em sua orelha. – Principessa, acredite em mim porque não lhe dei nenhuma razão para não acreditar. Você está na minha casa há quase uma semana. Se fosse esse tipo de monstro, teria te fodido do jeito que eu queria naquela primeira noite. Eu sei que ela está molhada. Se eu enfiasse um dedo na sua boceta apertada agora, sei que estaria molhada por causa das minhas palavras sujas. Quando me afasto, ela tenta reafirmar seu desafio, mas falha. Eu sorrio para mim mesmo. Desabotoou minha camisa e a deslizo pelos meus ombros. Eu tiro minhas calças em seguida, junto com meus sapatos e meias. A curiosidade em seu rosto enquanto ela me observa ao me despir é demais. Ela assiste com fascínio, mas tenta esconder. Sua fascinação fica ainda mais evidente quando sobra apenas minha cueca. Empurroa peça por minhas pernas e meu pau se projeta livre, perfeitamente ereto e pronto para fodê-la. Ela está olhando fixamente para onde quero que olhe. E espero que responda afirmativamente à minha próxima pergunta. – É a primeira vez que vê um homem nu, Emelia? Seus olhos encontram os meus. – Sim – responde, hesitante. Isso soa como música aos meus ouvidos. Ainda tenho dúvidas sobre aquele melhor amigo dela. Não sei muito sobre ele fora do que li no relatório de investigação. Mas, tenho a sensação de que ele queria mais do que amizade com ela. Olhando para ela, não sei que homem vivo não iria querer. – Venha aqui. Ela se aproxima. Abro a porta do chuveiro e a guio para dentro. Entro e abro a torneira deixando um spray leve borrifar sobre nós. Colocando minhas mãos de cada lado dela, vejo a água escorrer pelo lado de seu rosto. – O que estamos fazendo? – ela pergunta. – O que você está fazendo? – Um homem não pode tomar banho com sua futura esposa, especialmente depois de um longo dia de trabalho? – Você não tem Gabriella para isso? – ela acusa. – Não. Já disse que não sou mentiroso, então pare de perguntar sobre ela. Você é uma garota esperta, Emelia — provoco e passo a mão pelo meu cabelo molhado. – Sabe quem eu sou. Sabe muito bem se quisesse Gabriella, não estaria no chuveiro nu com você. Sabe muito bem que estou exatamente onde quero estar. Quando me afasto e olho para ela, consigo a resposta que desejei a porra do dia todo. Ela me quer também. Queria que Riccardo estivesse aqui para ver como sua filha olha para mim agora. Não preciso tomar nada dela. Ela quer me dar. Pego sabonete em gel e a toalhinha, esguicho o gel no pano e esfrego seus seios, tirando a areia de sua pele. Ela se vira quando a encorajo a ficar de frente para a parede e eu corro o pano pelas suas belas costas. – Por que trabalha tanto? Por que, se não precisa? – pergunta. Demoro na parte baixa de suas costas, olhando para sua pele lisa. – Isso tira minha mente das merdas – respondo, compartilhando um pequeno pedaço de mim. – Que tipo de merdas? Afasto seu cabelo do caminho, empurrando-o por cima do ombro. – Merdas com as quais espero que você nunca tenha que lidar – Há muito mais a dizer do que isso. Mas, não o faço. Ela olha por cima do ombro, me encarando. – Isso não me diz nada. Vai ser sempre assim? Você vai sumir por dias e me deixar sem saber onde você está, só porque tem umas merdas na sua mente? Sua pergunta me surpreende. Eu paro e a viro para me encarar. Ela pressiona as costas contra a parede, seu olhar grudado no meu. – Não, não vai ser assim. – Como será, então? Imagino que vou receber ordens como uma criança e ficar confinada aqui como um animal esperando o retorno de seu dono. Eu mereço isso. Mais uma vez, ela atinge o alvo. O mesmo que me fez me sentir um idiota depois que lhe dei o anel. É como se ela trouxesse à tona a pessoa que eu era antes de conhecer a escuridão. A pessoa que eu tento reprimir o tempo inteiro. – Não, não vai ser assim. Vou te levar aonde quer que eu vá. Aqui em Los Angeles ou na Itália. Seu rosto se ilumina com a menção da Itália. – Você me levaria para a Itália? – Sim. Vou te exibir para que as pessoas saibam que você é minha. – Ah, sim, claro, a esposa troféu – ela zomba. – O objeto que tirou do meu pai. Você me exibiria para que as pessoas soubessem que você o conquistou – completa com sarcasmo. Abaixando minha cabeça novamente, eu pairo a centímetros de seus lábios. – Não – pareço um eco. – Não é por isso que iria te exibir, Emelia. Faria isso porque você é o tipo de mulher que deve ser exibida. Ela pisca, antes de se concentrar em mim, surpresa com minhas palavras. Seus olhos ficam arregalados, menos cautelosos, quanto mais ela me encara. O brilho de seu desejo cintila. Meus olhos caem para seus lábios novamente. Desta vez, olhar para sua boca carnuda me faz pensar em beijá-la. Tomar seu primeiro beijo, roubá-lo. Ou talvez ela me dê de bom grado. Quando desço em direção aos seus lábios, a inocência em seus olhos desaparece e a linda mulher se move em minha direção também. Chapter Dezessete Q EMELIA uando vi Massimo na praia, lembrei logo dos meus planos de fuga. Tinha que fazê-lo confiar em mim, abrir a porta para minha liberdade. Todas as ideias que tive nos últimos dias voltaram à minha mente e vi minha chance de colocá-las em prática. Estava jogando esse jogo, com esse objetivo, até que ele disse as palavras mágicas. Você é o tipo de mulher que deve ser exibida. Foi isso que ele disse. E quando falou, desejo cintilou nas profundezas de seus olhos, cativante e magnético, me atraindo como se fosse uma isca. Não pude mais conter minha curiosidade, nem a atração que sinto por ele. Não me sinto mais como aquele ‘nada’ que ele disse que eu era na noite em que me deu o anel. Agora, tenho ele diante de mim, a poucos centímetros de distância dos meus lábios, esperando que eu lhe dê meu primeiro beijo. Algo que sei que ele poderia roubar. Algo que ele poderia facilmente tirar de mim. O que vejo é uma porta. Uma porta para abrir o caminho para minha fuga. Posso ser dele, levá-lo exatamente até onde quero para depois ir embora. Como Candace sugeriu. Fugir e nunca mais olhar para trás. A porta está aberta, mas o que vejo lá dentro, naquele caminho que poderia ser minha liberdade, é outra coisa que me atrai e atiça minha curiosidade. Vejo desejo, o desejo dele por mim. Ele me quer. Isso é o que eu vejo. Massimo me quer, e não porque queira foder com papai, ou mesmo foder comigo. Nunca tive um homem como ele olhando para mim desse jeito. E nunca consegui olhar para alguém e enxergar tão claramente o que a pessoa deseja. Esse pensamento envia um arrepio de excitação que atravessa meu corpo como espirais de prazer. Acendem meus nervos e um calor selvagem se espalha por todo o meu ser. Ele se aproxima ainda mais, me chamando para ir até ele. Quando o faço, tudo desaparece da minha mente, exceto o desejo de prová-lo. Sou eu quem elimina o espaço entre nós. Eu que dou a ele meu primeiro beijo. Quando meus lábios tocam os dele, minha alma pega fogo. Massimo é proibido para mim. É meu inimigo, meu captor. Mas, quando nossos lábios se encontram, parece que nada disso importa. É como se eu sempre tivesse pertencido a ele. O prazer desperta a paixão, forte e implacável, tornando o beijo mais exigente. Em um piscar de olhos, estou faminta por ele. É quando perco a cabeça. A luxúria queima meus neurônios e solto um gemido dentro de sua boca, dura e exigente. Ele aproveita para sugar minha língua e a paixão queima minhas veias. Estamos nos beijando. Nos beijando para valer e não quero que ele pare nunca. Quero que continue me beijando para sempre. Quando Massimo agarra minha nuca e aprofunda o beijo, também não quero que ele pare de me tocar. Eu o saboreio mesmo sabendo, no fundo, que não deveria gostar deste momento proibido, roubado. Suas mãos percorrem meu rosto, descem pelo meu pescoço, até meu peito. Ele aperta meus seios, me fazendo gemer tão alto que fico envergonhada. Minha carne nua toca a dele e, quando o beijo, sinto como se ele fosse meu. Sinto como se Massimo também me pertencesse. Nunca imaginei que meu primeiro beijo seria assim. E todas as vezes que imaginei como seria beijar Massimo, nunca pensei que me sentiria assim. Como se parte de mim tivesse enlouquecido. Ao mesmo tempo, a outra parte de mim o deseja tanto que dói. A dor brota bem dentro do meu ser e espalha, em cascata pelo meu corpo, me fazendo querer cada vez mais. Só não sei exatamente o que quero. Nós nos beijamos até que o mundo, e todos nele desaparecem, ficam em segundo plano. A única coisa que sinto agora é prazer, uma vontade frenética de me entregar a ele. Essa necessidade crua parece atingi-lo também. Mas, ao invés de me reivindicar, ele se afasta, quebrando nosso beijo. Massimo me encara, tão atordoado quanto eu. Sustento seu olhar, sem saber o que dizer. Também não sei o que espero que ele diga. Ou faça. Mas, com certeza, não esperava o que elefaz a seguir. Seu rosto endurece e ele se torna aquela fera de novo. O Massimo com quem estou acostumada. Não o homem a quem acabei de dar o meu primeiro beijo. Ele se afasta, me deixando ali, de pé. Não sei o que fiz de errado. À medida que a realidade retorna, também não entendo o que diabos acabou de acontecer. Emoções conflitantes apertam meus pulmões, correm pelo meu corpo. O efeito poderoso entorpece minha mente. Isso me diz que, embora adorasse mentir para mim mesma e acreditar que esse beijo foi apenas um beijo, sei que não é verdade. Nesse instante, um pensamento me atinge com a força de um furacão. Será que sinto mais do que mera atração por Massimo? E como diabos isso aconteceu? Mas, o que será que ele sente? Afinal, ele me deixou aqui sozinha. Por quê? M�� ����� � ����� ����. As cenas daquele beijo no chuveiro ficaram passando em minha mente como um looping. E foi a primeira coisa que lembrei quando acordei esta manhã. O beijo deveria ser apenas isso, um beijo. Mesmo que fosse meu primeiro, não deveria significar nada para mim ou carregar qualquer tipo de sentimento por causa da nossa situação. Não deveria gostar de nenhuma parte desse arranjo maluco que Massimo e eu temos. É um contrato de merda com o qual tenho que viver o resto da minha vida. Viver com isso. Ou tentar escapar. Fugir. Eu não consigo viver assim. Eu certamente não posso viver com um homem volátil que muda de humor como o vento e que não consigo entender. Mas, agora compliquei tudo para mim mesma porque minhas emoções me traem toda vez que estou com ele. Não houve fingimento ontem. Tudo o que fiz com ele foi real. Então, como posso começar a fingir agora? Talvez o melhor a fazer seja deixar que as coisas aconteçam. É assim que ele pode começar a confiar em mim. E, como duvido que consiga isso antes do casamento, acho que tudo acontecerá de acordo com seu grande plano. Terei que me casar com Massimo e me tornar o símbolo da derrota do meu pai. Queria conversar com papai. Eu sei que isso faz pouco sentido. Afinal, tudo já foi dito e feito. Mas, sinto que preciso de mais contexto. Gostaria de poder falar com ele longe de tudo isso, longe de todo mundo. Não sei se ele me contaria alguma coisa, mas tentaria tirar dele o que pudesse. Minha única chance de fazer isso será no evento beneficente. E não sei se Massimo vai me permitir falar com papai. Deus, tudo isso é uma merda. Não sei o que fiz para merecer isso. É tão injusto. O dia passa enquanto eu me sinto como um fantasma vagando pela casa. Quando a noite cai, começo a me perguntar onde está Massimo. Começo a acreditar que ele passou as noites com Gabriella. Até o nome dela é típico de uma mulher fatal. Gabriella. Senhor! Pareço uma idiota. Engulo em seco quando o pensamento dele na cama com ela aperta meu coração de uma forma que eu odeio. Sinceramente, estou com ciúmes. Estou, confesso. E odeio admitir isso, mas caramba, sei que estou, e mentir para mim mesma nunca acabou bem para mim. Estou com ciúmes porque Gabriella parece ser o tipo de Massimo. Tenho ciúmes de seu corpo perfeito e, acima de tudo, ciúmes porque ela parecia saber exatamente o que fazer com um homem como ele, parecia saber como agradá-lo na cama. Não como eu que nunca tinha visto um pau até ontem. Às dez, sentada na varanda do segundo andar, fico olhando para a praia, imaginando onde Massimo estaria. Eu sou tão estúpida. Ele poderia estar aqui com Gabriella e eu nem saberia. Eu nunca sei merda nenhuma. Nem descobri onde é o quarto dele ainda. Durante meu tour pela casa, essa parte foi deixada de fora. Há partes da casa que eu não visitei. Ninguém disse nada sobre essas áreas. Eu as notei, mas não me aventurei por lá, nem mesmo sozinha. Presumi que as portas estariam trancadas de qualquer maneira. Eu me viro quando ouço passos e vejo Candace se aproximando, carregando um pratinho com biscoitos. – Oi, tudo bem? Estava torcendo para que não estivesse aqui, daí teria uma desculpa para comer tudo isso sozinha. Eu sorrio, meu primeiro sorriso sincero do dia. – Pode comer, não estou com fome. – Não, eu não gostaria de ser esfomeada ou mentir para Priscilla – brinca antes de ficar séria. – Você não desceu para o jantar e nem deu muito as caras o dia todo. – Estava vagando por aí – respondo. Sei que não posso falar com ela sobre o que conversamos na praia. Não dentro de casa. Essas paredes, com certeza, têm ouvidos. Ela me dá um olhar preocupado, coloca o prato na mesa e se senta ao meu lado. — O que está matutando nessa sua cabeça, Emelia? – pergunta em voz baixa. – Todos os tipos de coisas – respondo, baixando minha voz também. – Daquilo que falamos outro dia? – Sim, isso. – Eu realmente não posso falar aqui – balança a cabeça. – Eu sei – concordo. — Você vai prosseguir? – Eu quero. Seria estúpido não tentar. Mas, não sei o que pode acontecer. – Isso é, definitivamente, algo para se preocupar. Parece que Massimo está começando a confiar em você — ela aponta. – Você acha? – Acho. No entanto, se houver alguma dúvida em sua mente, não faça nada – ela adverte. – Não vou fazer. Além do mais, – baixo a voz e olho para o jardim, onde vejo Manni acendendo um cigarro – sempre tem alguém me observando. Vai ser difícil saber quando as coisas vão finalmente se acalmar. Neste exato momento, parece que isso nunca vai acontecer. – Eu pensei em te fazer companhia. Mas, nas poucas vezes em que te vi, parecia que você queria ficar sozinha. – Não, teria sido bom te ver – o pensamento de perguntar a ela sobre o paradeiro de Massimo invade minha mente. – Candace, onde ele está? – Massimo pode estar em qualquer lugar. Ele é assim. Às vezes fica aqui por muito tempo. Depois, some. – Onde ele vai quando some? Havia uma mulher aqui outro dia chamada Gabriella. Ele está com ela? Um sorriso puxa para cima os cantos de sua boca, e ela levanta as sobrancelhas. – Emelia, você está preocupada com ele estar com Gabriella? Minhas bochechas coram. Eu sou tão boba. Devo parecer tão óbvia perguntando a ela algo assim. – Só queria saber. – Vou te contar o que você precisa saber sobre Gabriella: nada. Ela significa problema. Fique fora do caminho dela. Com certeza, ela ouviu sobre o casamento e por isso veio aqui no outro dia. Se você a encontrar, nem converse com ela. – É que... – começo dizer, mas Candance me interrompe. – Não, Emelia, confie em mim. Tem coisas que quanto menos souber, melhor. Então, concentre-se no que você mais quer e siga em frente. Não sei se ele virá para casa esta noite, então não espere acordada. Por favor, não me pergunte mais do que isso. Chame se quiser comer mais alguma coisa. Enquanto ela se afasta, meu estômago dá um nó por causa da maldita ansiedade que está me corroendo por dentro. Candace disse para focar no que mais quero e começar desse ponto. Minha liberdade deveria ser o que mais quero acima de tudo. Mas ontem, meu corpo queria Massimo. Eu o queria e não parei de querer. Essa parte de mim quer ceder ao meu lado negro. Por mais que eu queira minha liberdade, agora que experimentei o gosto de Massimo D'Agostino, quero mais. Chapter Dezoito D MASSIMO ominic deposita sua cerveja na mesa e sorri para mim. Estamos bebendo, mas não o suficiente para ficar bêbados. Tento não beber muito quando estou no Renovatio e, definitivamente, não bebo quando tenho que ir de moto para casa. Quando estou aqui, fico sempre alerta, é algo que sinto que preciso fazer, já que meu clube atrai todos os tipos de homens. Os que vêm só curtir as mulheres nuas e os que vêm para me espionar. Estamos sentados no meu camarote, de onde posso ver tudo o que acontece: as garotas no palco fazendo strip-tease; a multidão habitual de empresários ricos e sofisticados; e os outros tipos que, só pela aparência, sei que são perigosos. O meu pai ficou chateado comigo quando abri este lugar. Ele detesta o clube e tudo o que representa. Ele disse que combinava mais com Dominic ou Tristan do que comigo. Contudo, entre nós três, sou o mais selvagem em se tratando de mulheres. Minha desculpafoi que o clube me ajudava a relaxar. O que poderia ser melhor do que ter um número infinito de mulheres para foder quando quisesse? Costumava estar sempre aqui, com aquele número infinito de mulheres, sempre dispostas a me agradar. Algumas ainda estão por aqui. Estão aqui esta noite e me observam com olhar faminto, esperando que esta seja a noite em que voltarão para minha cama. Sempre escolho as melhores garotas com peitos grandes e bundas grandes. São todas lindas e, mais importante, não têm medo de tirar a roupa e deixar alguém fodê-las, se for preciso. Meu clube oferece serviços do tipo picante. Não é um clube de sexo explícito como o Dark Odyssey que meus amigos Giordanos possuem em Chicago, mas oferecemos salas especiais, com garotas especiais, que não se importam de receber um extra para deixar o cliente feliz. É um paraíso de bocetas. Eu vim aqui hoje só para me distrair dos problemas e pensei em chamar Dominic porque ele está sempre aqui de qualquer maneira. Dizem que a melhor maneira de tirar uma mulher da sua mente é fodendo outra. No entanto, ninguém diz o que raios fazer quando você não consegue nem pensar em foder outra mulher que não seja aquela que não sai da sua mente. Não tenho me sentido eu mesmo desde que deixei Emelia no chuveiro, dois dias atrás. Estou distraído, com a cabeça na lua, ainda sob o efeito daquele beijo. Um maldito beijo que despertou algo no meu coração que deveria ser gelado. Enquanto seus lábios macios se moviam contra os meus, tudo que queria fazer era possuí-la, reivindicar seu corpo doce, inocente e proibido, chamá-la de minha. Essa fome voraz me arranhou por dentro, me fez querer empurrá-la contra a parede e fodê-la até nós dois perdemos os sentidos. Eu nunca perdi o controle das minhas emoções assim antes. Isso é perigoso porque prova que ela tem poder sobre mim. Poder. Esse foi o problema. Houve uma troca de posições de poder. Naquele momento, eu me entreguei a ela e sucumbi à paixão, à necessidade que sinto dela. Necessidade e desejo são duas coisas diferentes. Eu posso lidar com o fato de que a desejo. Ter necessidade dela é algo que me surpreendeu e rasgou o véu que me protegia da realidade. Dominic agita sua mão na frente do meu rosto, me tirando do devaneio. – Jesus, irmão, você está a quilômetros de distância – diz ele. – Desculpe. Estava só pensando. – Meio óbvio. Estava te dizendo que vou continuar vasculhando as ruas –afirma, jogando os ombros para trás. – É apenas uma questão de tempo até que aquele idiota faça alguma coisa estúpida e nós consigamos uma pista. Estávamos falando sobre Vlad. Tentei escutar e acompanhar a conversa, mas minha maldita mente está definitivamente a quilômetros de distância. – Obrigado, Dom, não sei o que faríamos sem você. Eu me pergunto isso às vezes, porque sei que a realidade é que estaríamos voando às cegas a maior parte do tempo. – Não esquenta. Você sabe que fico feliz em ajudar. – Eu sei. Talvez não devesse colocar toda a minha confiança nele, mas em tempos como estes, não posso evitar. Especialmente por causa da experiência de Dominic. Ele se formou no MIT pelo amor de Deus! E saiu com dois diplomas! Sendo que o segundo, só tirou porque achou o primeiro fácil demais e precisava preencher o tempo com outra coisa. Porra, não conheço ninguém que faria uma merda assim. Estudei em Stanford e fiquei bem satisfeito em tirar um diploma, o de negócios. – Eu só queria que a situação fosse diferente – acrescento. – Não posso discordar. Não estamos em uma boa situação, Massimo. Odeio quando a merda está virando uma pilha, mas não temos pistas para seguir. Ao menos sabemos que há problemas no horizonte, mesmo que não saibamos o que é. – Sim, bem colocado. Ele me olha com curiosidade e inclina a cabeça para o lado. – Massimo, por mais que goste de passar um tempo contigo, você não é de falar de negócios aqui, desse jeito. Tomo um gole da minha cerveja e coloco a garrafa ao lado da dele. – Queria uma paisagem diferente. Minha resposta soa como uma puta desculpa esfarrapada e tenho certeza que Dominic enxerga isso. – Não diga! – retruca ele. – Digo. – O que há de errado com a vista na sua casa? Até onde sei, você tem uma mulher linda para olhar – provoca ele, rindo. – Por favor, não me lembre disso. – Por que diabos não? – Há coisas mais sérias com que me preocupar do que ela. – O que aconteceu? – pergunta com os olhos apertados, indo direto ao ponto. – Nada. Olho para o palco quando um grito alto ecoa no ar. Donna, minha melhor stripper, acabou de se despir e está correndo pelo centro do palco para dar um show aos homens da plateia. Posso visualizar os caras correndo até a bilheteria para agendar uma lap dance com ela. Desvio meu olhar e encontro o de uma morena que está de olho em mim desde que cheguei aqui. Ela está no palco também, acabou de tirar o sutiã, e seus seios enormes balançam enquanto suas mãos acariciam o ferro do pole dance atrás dela, como ela faria se estivesse segurando meu pau. Isso deveria me excitar, mas não acontece nada. Isso porque minha mente fodida só pensa na porra da minha futura esposa. Soltando um suspiro de frustração, volto meu olhar para Dominic. Estou prestes a levar nossa conversa de volta para Vlad, mas cerro os dentes quando vejo Candace subindo os degraus que levam ao camarote. Ela carrega uma pasta de plástico na mão. Merda. A única pessoa que odeia este lugar mais do que papai é ela. Então, não sei por que está aqui. Usando um vestido de verão, ela parece bem diferente do habitual. De resto, continua igual. Seu cabelo está trançado de lado, como sempre. E a cara feia de desaprovação, que se apossou de seu rosto bonito desde que Emelia chegou, também continua a mesma. Ou talvez mais intensa. Dominic se vira para ela e não perco a secada que ele dá nela, nem a maneira como senta com a coluna mais reta, como se estivesse tentando esconder sua atração por ela. Eu não sei se ele sabe que eu noto toda vez que faz isso. Ou que ele faz isso há mais de uma década. A última vez que Candance veio aqui, ficou uma semana sem falar comigo. Ela nunca concorda em me encontrar aqui quando sugiro. Quando chega perto de nós, olha para a stripper no palco, olha de volta para mim e balança a cabeça. Não sei por que ela olha para mim como se esperasse mais de mim. Ela cresceu comigo, então meus segredos e apetites sexuais não são novidade para ela. Eu a trato de forma diferente dos outros, mas isso é porque ela é quem ela é. – Buonasera, Anjo – Dominic deseja boa noite em italiano, inclinando a cabeça. Ele a chama de Anjo desde que éramos crianças. Às vezes, ela parece adorar o nome carinhoso porque, não que ele tenha notado, mas ela também gosta dele. Em outros momentos, como agora, ela parece irritada. – Como você está nesta bela noite? – acrescenta ele. – Não me venha com essa, Dominic D'Agostino. – Baby, você parece brava comigo. O que eu fiz? Estou apenas sentado aqui tomando uma cerveja com meu irmão – estende as palmas das mãos, fingindo inocência, e ela revira os olhos para ele. – Você não poderia ter escolhido um local melhor? – Ela lança um olhar mortal para ele. Candace tem uma personalidade submissa, sempre respeitosa conosco. Mas, às vezes, muda da água para o vinho e mostra que tem fogo ardendo por baixo de toda sua doçura. Isso costuma acontecer sempre que um de nós faz algo para decepcioná-la. – Candace, o que está fazendo aqui? – corto a conversa para salvar meu irmão de ter que responder àquela pergunta. – Você deveria ter retirado isso na igreja hoje – ela responde, praticamente enfiando a pasta nas minhas mãos. – Precisa assinar e enviar tudo por fax para o padre De Lucca até amanhã de manhã, se quiser que a igreja seja reservada para o casamento. Ele tentou falar com você o dia todo. Bosta. Esqueci totalmente que deveria ter me encontrado com ele. – Obrigado, vou resolver isso. Sei que não gosta deste lugar. Não precisava ter vindo aqui para me dar isso – levanto uma sobrancelha. – Massimo, você sumiu da face da terra. Além disso,não queria ser eu a estragar seus planos. Ainda mais quando você me pediu para cuidar de Emelia. À menção de Emelia, meu estômago se aperta. – Ela está bem? – Tá tirando uma, Massimo? Por falar nisso, o mínimo que deveria fazer era avisar Emelia quando for sair com Gabriella. – Eu não estava com ela – respondo. – Claro que não – a voz dela destila veneno. – Não sei quem pensa que está enganando. Certamente não a mim. Aliás, não tenho tempo para tolices. Meu carro quebrou e preciso passar na lavanderia para pegar minhas roupas antes que feche. – Eu te dou uma carona, Anjo – Dominic oferece, já se levantando. – Não quero atrapalhar sua diversão com o show – Candace retruca. – Nem estava assistindo. Estava mesmo de saída para chegar cedo em casa e fazer minhas orações. Amanhã é Domingo de Pentecostes. Jesus! Tenho que fazer esforço para segurar o riso. Estou surpreso que Dominic conheça o calendário cristão. Pelo menos, ele fez Candace rir. – Você sabe o quão ridículo você é? – ela retruca, batendo no peito dele. – É verdade, bebê. Deveria ficar orgulhosa de mim – ele ri. – Vamos. Vou te comprar aquele chá que você gosta. Antes que ela possa dizer mais alguma coisa, ele passa o braço em volta dos ombros dela e a leva embora. Com um suspiro pesado eu me levanto, decidindo sair também. Não adianta ficar aqui. Subo na moto e volto para casa. São onze horas quando atravesso as portas do meu escritório. Rapidamente, assino os documentos e envio o fax para o padre De Lucca para não ter que me preocupar com isso pela manhã. Quando termino, subo até o quarto de Emelia. A princesa está dormindo. Puta merda, mas como é gostosa! Está de camisola de seda e renda, deitada, sem coberta. As últimas noites têm sido quentes demais e sua janela está aberta. Uma brisa suave entra no quarto, acariciando seu corpo gostoso do jeito que eu quero fazer. Eu a encaro por alguns minutos, absorvendo sua perfeição, notando a beleza que irradia dela, por dentro e por fora. Quando me lembro da sensação de seus lábios nos meus, me pego querendo prová-la novamente. Eu me pego querendo tocá-la e saboreá-la, cada centímetro dela. Eu me pego querendo fodê-la até não aguentar mais. Isso seria tão fácil. Tudo que eu preciso fazer é acordá-la e colocá-la de quatro na cama. Então, o que está me impedindo de transar com ela? O que estou esperando? Afinal, nós dois queremos isso. Porra, desde quando eu penso nesses detalhes? É porque ela é virgem e sei que um demônio como eu não merece sua inocência. Sei que, apesar de querê-la tanto que dói, a parte de mim que sentiu compaixão por ela no baile de caridade voltou para me atormentar e foder com minha cabeça. Eu sei que ela não merece nada disso. Mas, o filho da puta egoísta que sou não vai desviar um centímetro dos planos que tracei. Caminho para o assento na janela e me sento, descansando as costas contra a parede. Faço a mesma pergunta que ela me fez no chuveiro. É assim que vai ser? É isso que eu quero? Sou homem suficiente para admitir que, embora tivesse sido sincero na minha resposta, assim que falei aquelas palavras, sabia que queria que ela fosse minha independente de qualquer contrato. Eu olho para ela agora diante de mim, como a virgem que é, deitada na cama pronta, para eu a reivindicar. E ainda quero agora o mesmo que antes. Ela. Chapter Dezenove A EMELIA cordo quando sinto a presença de alguém no quarto comigo. Estava tão cansada ontem à noite que adormeci no segundo em que minha cabeça encostou no travesseiro. Quando abro os olhos, encontro o homem em quem estava pensando antes de adormecer. Massimo está sentado junto à janela como estava na semana passada. As únicas diferenças são que está completamente vestido e, em vez de me observar, está olhando o nascer do sol pela janela. Ele segura algo brilhante nas mãos que circula entre os dedos. Eu não tenho certeza do que dizer a ele quando afasta o olhar da janela e pousa em mim. Então, sento na cama e tento adivinhar por que ele está aqui. É para brincar comigo de novo? Ou me deixar maluca? Deus sabe que estou ficando louca imaginando onde ele esteve esses dias e noites. Nem vou perguntar, porque agora não quero ouvir a resposta. – Bom dia – digo, quebrando o silêncio tenso. – Não – responde ele. Estreito meus olhos. – Não o quê? Estava só te dizendo bom dia. Apesar de que ainda não é bem de manhã. Olho para o céu negro onde raios vermelhos do sol que se aproxima ameaçam atravessar a escuridão. – Eu sei o que você estava dizendo e eu quis dizer que não vai ser um bom dia – aponta para a janela e balança a cabeça. – Nascer do sol vermelho significa que o dia à frente será perigoso. Céu vermelho à noite, os marinheiros ficam encantados; céu vermelho pela manhã, os marinheiros ficam preocupados. Eu o encaro tentando descobrir por qual porta desta louca dimensão alternativa eu acabei de passar. Ele está falando comigo como uma pessoa normal e não sinto aquela angústia que normalmente pesa no ar entre nós. Enquanto ele me observa, sinto que poderíamos ser apenas duas pessoas conversando. – Eu nunca ouvi isso antes. – É verdade. É uma rima de marinheiro – desvia o olhar e joga uma moeda para cima. Era isso que ele tinha na mão. Não parece uma moeda normal. Parece mais algum tipo de runa. Algo me atrai para ele e me vejo saindo da cama. Quando caminho até ele, tenho sua atenção completa e seu olhar percorre meu corpo, trazendo de volta aquela vibração sexual que não consigo resistir. Sinto como se estivesse me aproximando de uma fera a cada passo que dou, mas continuo indo em direção a ele e sento à sua frente no parapeito da janela. – O que é isso? – pergunto, referindo-me à moeda. – É uma runa? – Sim. Minha mãe me deu. É como um talismã. Supostamente protege quando se está nas águas. – Quando você consegue velejar? Você está sempre no trabalho ou por aí. – Todo último domingo do mês. Fico fora uma semana no veleiro grande. – Você leva alguém com você? – Sim. Minhas bochechas queimam quando eu o imagino com Gabriella no barco. – Entendo – eu resmungo e desvio o olhar. – Meus irmãos – diz ele e eu olho de volta para ele. – Não permito mulheres nesse barco. Dá azar. – Você realmente acredita nisso? – sorrio para ele. – Ainda não testei, nem pretendo arriscar. Sou marinheiro à moda antiga. Eu não acredito em desafiar o mar ou o destino. – Então, vai desaparecer por uma semana e não vou saber onde está? – Vai sentir minha falta? – sua pergunta soa como um desafio. – Não – respondo, mas nem eu não acredito nessa resposta. Claro que ele também não. Seu rosto se torna severo e nós nos encaramos. Seus olhos estão tão cautelosos que não consigo dizer o que ele está pensando. Massimo rompe nossa conexão colocando a moeda no bolso. Quando olha para mim novamente, a mesma luxúria que transbordava em seus olhos no outro dia está de volta, me permitindo um vislumbre de seus sentimentos. – Venha aqui – comanda, estendendo a mão para mim. Minha respiração trava. Novamente, o caminho se abre para ganhar sua confiança. Mas, não penso nisso quando vou até ele. Ele me agarra, me puxa para seu colo. Então, antes que possa recuperar o fôlego, ele segura minha nuca, entrelaçando os dedos em meu cabelo e posicionando minha cabeça para que ele possa me guiar até seus lábios. Lembrando do gosto dele, vou com a mesma vontade da primeira vez. Quando nossos lábios se encontram, meu cérebro se esvazia. Nossas línguas se enroscam e se provocam e quero que ele me possua. Nossos corpos se tocam e tenho novamente aquela sensação de nunca querer que ele pare de me tocar. Quando ele se afasta, eu me preocupo se vai fazer a mesma coisa que fez no chuveiro. – Relaxe, princesa, quero mais de você esta manhã. Muito mais – ele provoca, lendo minha expressão. Sinto que a hora chegou. Ele quer roubar a última parte de mim que resta para ele pegar. Roubar. Tomar. Ele não pode roubar algo que estou dando a ele. Ele me pega no colo, me leva até a cama onde deixo que tire minha roupa. Massimo tira sua camisae volta aos meus lábios. Eu corro meus dedos por seu cabelo. Ele trilha um caminho dos meus lábios até meus seios, chupando os mamilos duros enquanto sua mão viaja até minha boceta, onde enfia dois dedos. – Eu vou te foder com tanta força que não vai conseguir andar – promete e uma onda de prazer me atravessa como um terremoto. Ele está prestes a desafivelar seu cinto quando a porta se abre e uma Priscilla muito chocada fica parada lá nos observando. Rapidamente, pego o lençol para me cobrir e as mãos de Massimo congelam sobre a fivela do cinto. – Meu Deus, sinto muito – diz ela. – Não incomodaria se não fosse urgente. Nick e Cory estão aqui e precisam falar com você. – Vou sair em um minuto – responde Massimo e Priscilla nos deixa, trancando a porta. Massimo se afasta da cama e pega sua camisa. Quando ele a veste e olha para mim, todo o meu corpo aquece. O que vejo em seus olhos é o mesmo medo que sinto por desejá-lo. A diferença entre nós é que ele tem poder sobre mim e eu não tenho nenhum sobre ele. Eu me sinto ainda mais impotente quando ele se afasta, deixando-me mais uma vez sem nada. Nada além do desejo por ele que me enfraquece e tudo o que sou quando estou com ele. Achei que era mais forte do que isso. Mas, não sou. J� ������ do meio-dia e não vou ficar mais um dia imaginando onde está Massimo, nem esperando por ele. No outro dia, decidi não ser um fantasma na casa, nem um animal de estimação esperando o retorno de seu dono. Não farei isso hoje; definitivamente, não depois do que houve esta manhã. Já se passaram duas semanas inteiras desde que fui arrancada da minha antiga vida. Duas semanas que deveria ter passado em Florença. Deveria ter começado no verão em preparação para o início oficial do ano escolar em seis semanas. Estar nesta casa me deixou fora de sincronia comigo mesma. Não ter uma rotina de atividades me forçou a entrar nesse estado de espírito onde fico apenas esperando, em contagem regressiva. Também não é como se algo bom fosse acontecer no final da contagem regressiva. Como ficar livre, por exemplo. No ritmo que as coisas estão indo, vou ficar presa aqui por um tempo. Muito, muito, muito tempo. Não consigo nem planejar uma estratégia de fuga que não signifique me meter em problemas piores do que já tenho. Em todo lugar que olho, há um guarda. Acabei de descer as escadas com meu bloco de papel e caneta e vejo dois guardas no corredor, perto da porta da frente. Há mais do lado de fora que vejo através das janelas de vidro. Estão ali parados, como se eu fosse burra o suficiente para tentar passar correndo por eles. É um pensamento tolo, pois tenho certeza de que Massimo não os colocou lá só por minha causa. Ele tem inimigos, e o que quer que tenha acontecido que o fez sair correndo esta manhã é parte integrante de quem ele é. Esta manhã foi uma loucura e não vou tentar justificar minhas ações. Eu não vou tentar negar, também, que eu queria que ele me possuísse. E não vou chamar meu desejo de insanidade. Não sou louca, não perdi a cabeça. O que perdi foi o controle das minhas emoções. Caminho até a sala de estar. Eu queria sair para o terraço e desenhar a paisagem. Nada de especial, apenas a praia. O dia está estranho, parece que vai chover. Um peso paira no ar em antecipação da tempestade. Massimo estava certo. Céu vermelho à noite, os marinheiros ficam encantados; céu vermelho pela manhã, os marinheiros ficam preocupados. Quando ele compartilhou isso comigo, parecia que algo mais havia mudado entre nós, algo que me atraiu para ele. Algo tão perigoso quanto a tentação mascarada de pureza destinada a me enganar. Como uma tola, fui até ele. Dou um passo para dentro da sala de estar e paro quando meu olhar pousa em Gabriella sentada no sofá perto da porta que dá para o terraço. Ela está folheando uma revista Vogue e parece em casa com os pés para cima. Olho para ela, raiva instantânea enche meu peito com sua audácia. Ela abaixa a revista para olhar para mim com um sorriso que um gato daria a um canário. Assim como no outro dia, ela parece perfeita, e agora que a vejo de perto, não posso negar que ela bem poderia estar na capa daquela revista. Quando olha para mim, a realidade me dá um soco no estômago soando alarmes de advertência me dizendo que esta é a mulher com quem meu futuro marido passará seu tempo. Ela será a amante. Ele estará na cama dela e eu não passarei de uma piada. A ideia me atinge como um raio, mas acalmo meu coração sabendo que não seria inteligente mostrar fraqueza ou insegurança perto dessa mulher. – Ora, veja quem apareceu – ela murmura com uma voz açucarada. – Você não é a moça linda de quem todo mundo está falando? Cadela. Eu temia este dia e parece que sabia que ela diria algo desse gênero. Foi a sensação que tive quando a vi na praia com Massimo e ela olhou para mim. – Posso fazer algo para ajudá-la? – pergunto, mantendo meu tom neutro. Acho que é uma pergunta razoável, já que ela está aqui e Massimo não. Ela ri, para minha surpresa, e se endireita. – Uau, você vai direto ao ponto. Gosto disso. Julgando pela expressão de vadia que você está fazendo, suponho que saiba quem eu sou. – Eu sei quem você é; o que eu não sei é porque está aqui. Lá vou eu novamente soando mais corajosa do que me sinto. Pelo menos, minha voz não tremeu e eu pareço crível. – Se sabe quem sou, deve saber que estou aqui para ver Massimo. Ele e eu temos negócios inacabados que precisamos discutir. Negócios que duvido que pessoas como você entenderiam. Seu olhar de escrutínio me examina da cabeça aos pés. E ela assume uma expressão como se já tivesse decidido que me conhece por dentro e por fora. Uma ideia terrível se forma em minha mente. Ela surge em minha cabeça e atinge minha língua antes que eu possa me conter ou refletir sobre ela. – Tente. Talvez eu possa ajudar com esse assunto, já que ele não está aqui. Novamente ela ri. Desta vez, seu tom é mais zombeteiro. – Você não pode me ajudar, Emelia Balesteri. O negócio de que estou falando tem relação com sexo. Quando alguém monta pau há tanto tempo quanto eu, quer ter certeza de que um homem como Massimo consegue o que quer. Isso os faz voltar querendo mais. A vontade de mandá-la embora incinera meu sangue. Não há nada que eu queira fazer mais do que isso, porque seria tudo que eu poderia fazer. Mas, esta casa não é minha. Posso morar aqui, mas estar presa na casa não a torna meu lar. A humilhação arranha meu peito por dentro. Queria conseguir parar essa sensação, mas não tenho controle sobre ela, nem sobre todas as emoções fodendo com minha mente neste instante. Já que estou pensando em desejos impossíveis, queria que minha vida fosse diferente. – Deveria ver seu rosto – Gabriella provoca. – A pobre princesa muda, sem saber como retrucar. – Ah, acredite, não é nada disso. É que não costumo dar trela para vadias. O sorriso some de seu rosto e uma onda de triunfo corre pela minha pele. – Como ousa... — ela começa a dizer. – Já chega – interrompe Massimo. Gabriella e eu olhamos para a outra porta da sala onde Massimo e Candace estão parados na soleira. Gabriella se levanta com a graça de um felino, com um sorriso satisfeito no rosto. Odeio o fato de que odeio o jeito que ela olha para Massimo. – Olá, meu amigo – ela ronrona e a expressão dele endurece. – Não se preocupe, já vou embora. Gosto mais de você quando está a fim de brincar. Amigo. Brincar. É uma mistura de palavras e não tenho mais certeza de nada. Mas, não sou estúpida de acreditar que ele nunca dormiu com ela. – Eu acho melhor – ele responde. Gabriella pega sua bolsa e caminha com a cabeça erguida e um largo sorriso de vitória no rosto. Eu a observo até que ela vira a esquina do corredor e eu não posso mais vê-la. Quando olho para Massimo, lembro desta manhã. Minha pele fica vermelha com o calor das chamas sensuais e selvagens que me queimaram quando ele me beijou. – Candace, por favor, acompanhe Emelia para onde quer que estava indo – ele diz e ela acena com a cabeça. – Isso não será necessário, vou voltarpara o quarto – digo antes que Candace possa se mover, e me afasto com um peso no coração que faz minhas pernas parecerem chumbo a cada passo que dou. Ele não é meu. Foi isso que esse pequeno encontro me mostrou. Massimo não é meu e não deveria desejar que ele fosse. Eu não deveria ceder àquela parte de mim que assume o controle sempre que estou perto dele. Isso está errado de tantas maneiras. Tenho consciência disso. Da mesma forma que sei que seria muito mais fácil odiá-lo se não o quisesse tanto. Mas, eu o quero. Chapter Vinte V MASSIMO olto para o meu escritório e me jogo na cadeira. Já passa das nove da noite. Tarde para caralho para ainda estar trabalhando, mesmo para um workaholic como eu. Aquela visita de Nick e Cory ontem nos levou de volta às ruas porque descobrimos que alguns dos homens com quem nos aliamos foram vistos conversando com prováveis membros do Círculo das Sombras. Quando chegamos a eles, a maioria havia se espalhado, e os dois que ficaram para trás não sabiam nos dizer merda nenhuma. É tudo tão elaborado. Tudo feito de uma forma tão silenciosa que nem homens como eu não conseguem chegar aos culpados. E considerando quem eu sou, esconder alguma coisa de mim é quase impossível. Agora, estou aqui no escritório quando, na verdade, deveria estar em casa. Tomei uma atitude covarde porque preciso pensar e não consigo quando estou perto de Emelia. Ontem foi um daqueles dias de altos e baixos e a visita de Gabriella não ajudou. Não queria que ela encontrasse Emelia. E aconteceu exatamente o que pensei que aconteceria. Exceto pelo fato de que Emelia deu o troco à altura de uma forma que não imaginei que faria. Na verdade, não deveria ter ficado surpreso porque ela é uma lutadora. O que me matou, porém, foi aquele olhar que ela me deu depois que Gabriella foi embora. Tinha uma mistura de desejo e ódio nascido da confusão do que sentimos um pelo outro e do que não deveríamos sentir. Uma batida na minha porta me surpreende. Todo mundo que trabalha para mim já foi embora para casa. – Entre – respondo. Meu queixo cai ao ver quem está parada na porta. – Gabriella, o que diabos está fazendo aqui? É uma pergunta idiota. Sei exatamente o que ela quer, só de olhar para ela. O mesmo que queria no outro dia. Voltar para a minha cama. Voltar para meu pau. É por isso que ela estava em casa ontem e por isso está aqui agora. Porra! Ela sorri. – Estava procurando você. Passei pela sua casa de novo e me disseram que ainda estava trabalhando. Resolvi te trazer um alívio para o estresse. Ela senta-se no meu colo e me recordo da última vez que a comi. Seus olhos verdes brilham com malícia quando ela passa a mão pelo meu peito e esfrega a bunda no meu pau. – Você está duro – diz ela, com um sorriso de satisfação. – Não por sua causa – retruco. – Não me importo, desde que esteja duro, é isso que conta – sua voz baixa destila sedução como se fosse ondas. Eu a encaro, prendendo seu olhar. É a segunda vez que, na presença dessa mulher, penso se deveria mesmo dormir com ela. Isso é novidade para mim. Um novo recorde. Na primeira vez, na praia, estava puto da vida e num estado de espírito estranho. Como estou me sentindo nesta noite? Gabriella passa os dedos pelo meu peito, me tirando do estupor. – Qual é? Vamos brincar um pouquinho – ela pede, abaixando a cabeça para sussurrar em meu ouvido. – Deixe-me cuidar de suas necessidades. Eu deveria fazer isso. Foder Gabriella para tirar Emelia da minha cabeça. Talvez isso resolvesse. Talvez funcione se fizer sexo com ela e não com uma prostituta qualquer que peguei no clube. Se era para ficar com alguém, uma mulher que já considerei minha no passado, com certeza, tiraria o desejo que tenho por Emelia. Mas, assim que penso isso, o lindo rosto de Emelia surge em minha mente. A expressão de prazer em seu rosto quando eu a toco. O olhar de adoração que ela luta para esconder. Mas esse maldito olhar está sempre lá, mesmo quando a irrito. Lembro de sua pele macia e da suavidade do seu beijo. Emelia me deu seu primeiro beijo. Para mim, pareceu meu primeiro também. Certamente, foi o único beijo que dei que me fez sentir uma paixão arrebatadora. Quando Gabriella passa a mão pelo meu peito de novo, fecho os olhos. Ela segue para baixo até agarrar meu pau e me acariciar. – Você tem camisinha? – sussurra em meu ouvido. Seus lábios roçam meu pescoço. – Sim – respondo, abrindo os olhos. Minha voz soa distante, como se a escutasse na beira do vento. Um sorriso de triunfo ilumina seu rosto. – Então, me foda – pede ela. Ela se inclina para frente e beija meu pescoço. Quando seus lábios tocam minha pele, congelo novamente pensando em Emelia. Não posso fazer isso. Não posso porque é ela quem realmente quero. Porra! Querer tanto ela assim não deveria ter acontecido. Mas, eu a quero, e não consigo fazer nada com Gabriella, ou qualquer outra, por causa disso. – Gabriella, pare. – Qual é o problema? – pergunta, endireitando-se no meu colo. – Não vai rolar – respondo e a tiro de cima de mim enquanto me levanto. Eu me afasto dela, mas ela agarra meu braço. Eu a encaro de uma forma que deveria lembrá-la de quem eu sou. Ela entende e me solta. – Por quê? Por causa dela? Por causa da sua noiva comprada? – desafia. Não estou pronto para admitir isso para ninguém, muito menos para ela. Fecho a cara e ela estremece sob o peso do meu olhar. – Cuidado, Gabriella. Tome muito cuidado. Lembre-se com quem está falando. Ela recua, dando um passo para trás. Eu saio. Meu corpo se move por conta própria. Como se estivesse sendo chamado para casa, para Emelia. Dirijo de volta pensando nela e no que aconteceu ontem. Lembro do quanto ela me queria também. Não é tão tarde quando chego em casa, mas não sei se ela já está dormindo. A porta do quarto dela está aberta. Chego perto, mas, paro na porta e espero. Ela está ajoelhada no chão. Diante dela vejo estojos de maquiagem e papel sulfite branco nos quais ela andou desenhando. Há andorinhas voando sobre uma montanha. O céu está manchado com tons de azul e violeta. Ela mergulha os dedos em um estojo de sombra para os olhos e espalha o pó pelo papel, nas áreas que ainda não foram tocadas. Eu não havia trazido os materiais de pintura para ela porque tinha planos para eles. Planos para ela. Nada malicioso. Era apenas uma ideia. Agora, me sinto um canalha ao vê-la usar o que ela pode encontrar para fazer aquilo que tanto ama. Ela se move, engatinhando, para alcançar um pincel de maquiagem largo. Ao fazer isso, acaba me dando uma visão de dar água na boca de sua bunda perfeita coberta por um shorts super curto. Quando ela se vira e me vê parado na porta, dá um pulo, assustada. A expressão cautelosa que sempre tem quando está comigo surge em seu lindo rosto. Ela se levanta, claramente se preparando para enfrentar o que quer que minha mente safada invente para ela esta noite. Nos encaramos em silêncio por alguns momentos. Ela parece ainda mais linda do que me lembrava. E o que minha memória conjurou já era ótimo. A diferença é o desejo brilhando no fundo do seu olhar. Ele me chama, dizendo que ela estava pensando em mim também. Entro, fecho a porta, e passo o trinco para que ninguém nos perturbe. As pessoas saberão que, se virarem a maçaneta e a porta não abrir, não devem bater. Ainda não sei o que vou fazer com ela. Tudo o que sei é que tenho que tocá-la. Eu me aproximo e faço exatamente isso. Toco sua bochecha, a pele macia e suave sob meus dedos. Ela dá um passo para trás se afastando de mim. – O que foi agora? – pergunta ela. Meu olhar cai para o movimento de subida e descida do seu peito. Pelo jeito que uma veia pula em seu pescoço, sei que a pulsação de seu batimento cardíaco está acelerando. – Queria te ver – respondo. Enquanto as palavras saem dos meus lábios, percebo novamente aquela parte de mim que ficou trancada por tantos anos. Ficou trancada desde o dia em que encontrei minha mãe no rio, seus olhos arregalados de terror olhando para mim como se pedisse minha ajuda, já no além-túmulo.Quando olho para Emelia, me sinto a pessoa que eu era antes daquilo acontecer. O homem que poderia ter me tornado, se não tivesse sido queimado pela tragédia. Seus olhos enevoados se estreitam e se enchem de decepção, como aconteceu algumas noites atrás. Ela aponta o queixo para minha camisa. – Tem batom no seu colarinho – afirma, em voz neutra. Mesmo assim, vejo o ciúme em sua expressão. Ciúme e mágoa. Ao contrário do que fiz no outro dia, não quero provocá-la hoje. – É o batom dela? – demanda, encarando-me diretamente – Da Gabriella? – Sim – respondo. A dor em seus olhos se aprofunda. Nenhuma mulher olhou para mim assim antes. Principalmente porque nunca dei a nenhuma mulher a chance de acreditar que poderíamos ser algo mais do que uma rápida trepada. – O que a Gabriella é para você, Massimo? – Uma amiga – respondo com cautela. – Uma amiga com quem você trepa? – Sim – respondo e ela fica visivelmente arrasada com minha declaração. Seu peito e ombros afundam. Suas sobrancelhas apertam e seus lábios tremem. – Fique longe de mim – ela rosna e se afasta. Eu a sigo até que ela perde o equilíbrio e encosta na parede. Quando tenta escapar, coloco minhas mãos na parede, uma de cada lado dela, cercando-a. – Fique longe de mim, Massimo – murmura, novamente. – Não – respondo, e naquele momento, lembro o que Tristan disse. Que eu deveria pensar no que ela é, não quem ela é. Naquela hora, respondi que era a mesma coisa. Não é. Ela é uma mulher por quem estou atraído há meses. Eu fui atraído por ela. Do mesmo jeito que estou agora. – Não quero fazer isso hoje à noite – diz ela, balançando a cabeça. – Fazer o que? Uma lágrima desce por sua bochecha. – Ouvir você me dizer que eu sou um nada. Não quero ouvir sobre sua noite com ela. Não preciso ser lembrada de que estou com um homem que não é meu. Agora saia, vá embora. Eu não permito que termine a frase. Antes que ela possa dizer outra palavra, esmago meus lábios contra os dela, capturando sua linda boca. No segundo que a provo, todo o desejo que sentia por ela inunda meu peito de novo. O gosto dela, sua doçura, sua inocência, tudo me deixa louco para caralho. Fico bêbado com o sabor de sua necessidade por mim. É a mesma coisa que sinto por ela. O choque desse pensamento quebra o transe do beijo. Eu me afasto um pouco e observo sua expressão atordoada, o desejo em seus olhos. Isso quebra as amarras que coloquei em mim mesmo e me obriga a contar a verdade. – Não dormi com ela – confesso. Eu nunca me explico a ninguém. Nem minhas ações, nem meus motivos para fazer qualquer coisa. No entanto, essa mulher me obriga a torná-la uma exceção. Especialmente agora quando estende sua mão delicada e toca minha bochecha. Mais uma coisa inesperada nesta noite. É a primeira vez que ela me toca por vontade própria. É como ser tocado por um anjo. Uma mulher pura demais para um canalha como eu. Uma mulher que é íntegra e intocada. Ela é como algo santificado, enquanto eu sou o diabo esperando na porta para levá-la pelo caminho da tentação. Ela sabe disso. Está ciente de quem e o que sou, mas ainda assim olha para mim como se me quisesse. Em seu olhar, vejo meu caminho para a redenção. Redenção da vingança que busquei por tempo demais. De repente, não dou a mínima para provar ao Riccardo que ele estava errado. Não importa porque, quando olho para ela, vejo quem ela é também. Ela é apenas Emelia. E, neste momento, não me importo se é filha do meu inimigo. Quando a bela guia meu rosto de volta para seus lábios, eu permito, respondendo ao chamado da paixão, deixando de lado todo o passado e o presente para poder saboreá-la. Paixão incandescente pulsa de mim para ela quando me deleito com sua língua deliciosa. Quando ela geme em minha boca, passo a mão por seu seio esquerdo. Emelia responde pressionando-se contra mim, agarrando minha camisa. Com meus lábios ainda presos aos dela, caminho com ela até a cama e a coloco no centro. Só deixo seus lábios para tirar minha camisa, depois a dela. Para minha satisfação, ela não está usando sutiã por baixo, então seus lindos seios me chamam. Diferente da mulher aterrorizada que ela era na semana passada, agora ela olha para mim com excitação brilhando em seus lindos olhos. – Quero foder você, Emelia – aviso em tom rouco. Sua pele adquire um tom vermelho intenso enquanto seu peito arfante sobe e desce. Sua respiração fica mais pesada. Eu quero fodê-la com tanta força e tantas vezes que ela vai gritar meu nome a noite inteira. – Quero foder você, principessa. Por favor, deixe-me – acrescento e parece uma súplica. – Sim – responde. – Quero que você me foda. Ouvi-la falar nesses termos mostra quanto já a corrompi, o que me faz sorrir. Eu me afasto da cama. Ela se levanta e se apoia sobre os cotovelos para me observar enquanto tiro o resto das minhas roupas. Quando seus olhos pousam no meu pau, sinto que endurece ainda mais, e as gotas de sêmen aparecem na ponta mostrando o quanto eu a quero. Volto para ela e tiro seu shorts e sua calcinha em um único movimento, expondo sua linda boceta ao meu olhar faminto. Eu quero enterrar meu pau bem fundo em sua boceta virgem e fazê-la minha. Marcá-la como minha. Reivindicá-la de tal forma que, quando olharem para ela, saberão pela sua expressão que ela pertence a mim. Mas, sei que tenho que ser delicado, gentil. Nunca transei com uma virgem antes, mas é claro que tudo será novo e assustador para ela. Não quero que ela sinta medo esta noite. Quando subo na cama e me coloco sobre ela, ela descansa as mãos nos meus ombros. – Não sei o que -– ela começa a se desculpar, mas a silencio com um beijo. – Basta confiar em mim. Confie seu corpo a mim – respondo. Ver a confiança encher seus olhos é um prazer que nunca pensei que teria. – Eu confio em você – diz ela, erguendo o rosto para me beijar. Eu a beijo com força até ficarmos sem folego. Depois, agarro seu rosto, olhando fundo em seus olhos e retomando o controle. – Abra suas pernas para mim – ordeno. Eu a solto e ela obedece ao meu comando. Minha boca enche de água quando a observo abrir as pernas para mim. Seus deliciosos seios balançam conforme ela se move, as pontas rosadas endurecem sob meu olhar, fazendo meu pau enrijecer ainda mais. – Boa menina – elogio antes de afundar meu rosto entre suas coxas. Empurro minha língua para dentro de sua boceta apertada para prepará-la. Porra, já está toda molhada para mim. Quero levá-la ao orgasmo pelo menos uma vez antes de fodê-la para que seja mais fácil para ela. Mais fácil e mais prazeroso. Lambo a protuberância dura de seu clitóris, fazendo-a gemer. Quando ela agarra meus ombros, empurro minha língua com mais força e chupo o pequeno botão até que ela joga a cabeça para trás e grita meu nome. Meu nome em seus lindos lábios me faz levantar a cabeça para observá-la se desmanchar de prazer em meus braços. Absorvo a imagem de puro êxtase em seu rosto e a guardo na memória. É assim que quero me lembrar dela. Isso é o que eu quero lembrar, não importa o que aconteça conosco. – Massimo – suspira, estendendo a mão para mim. – Está tudo bem, princesa. Esse foi apenas um tira-gosto de prazer – mergulho de volta e passo minha língua em círculos sobre seu clitóris, inalando seu doce aroma, lambendo sua excitação quando começa a fluir para minha boca. Ela goza de novo, com ainda mais força, empurrando seu corpo contra o meu rosto. Eu seguro sua bunda e a pressiono contra mim para poder tirar tudo o que quero dela. Bebo mais um tanto de seu prazer, deixando lubrificação suficiente para penetrar sua vagina. Fico de joelhos e mantenho suas coxas abertas. Nossos olhares se enroscam quando seguro meu pau para guiá-lo para dentro dela. Nunca pensei que conseguiria ser gentil fazendo sexo. Não há uma gota de delicadeza em mim. Mas, quero tentar ser gentil por causa dela. Esfrego meu pau sobre os lábios de sua boceta para lubrificar bem antes de empurrá-lo em sua entrada. Avanço devagar, centímetro por centímetro, por sua passagem virgem. Faço uma pausa para dar tempo para que suasparedes se moldem à largura do meu pau. Elas agarram a ponta do meu pau até eu ver estrelas. Porra, ela é tão apertada que chega a ser quase doloroso. Ao mesmo tempo, é gostoso para caralho. – Massimo – ela sussurra, sem fôlego. Corro meus dedos sobre a curva de seus quadris. – Vai se sentir bem logo, prometo. Com isso, deslizo meu pau pelo seu canal apertado. Ela engasga quando ele encontra a barreira da sua virgindade. Com um movimento firme dos meus quadris, rompo o selo, o último obstáculo. Emelia grita meu nome novamente. Seus olhos refletem uma combinação selvagem de dor e prazer. Tudo isso é para mim. Tudo meu. Nesse instante, sinto que finalmente ela pertence a mim. Chapter Vinte E Um Q EMELIA uando a dor atravessa meu corpo como um raio, parece que estou sendo empalada por seu pênis. Mas, um doce prazer me inunda em seguida e faz minha alma girar de volta para os braços da paixão. O prazer cai em cascata sobre meu corpo, correndo sobre minha pele como uma cachoeira. Prazer em sua forma mais pura ondula através de cada fibra do meu ser, incendiando-me. Vem em ondas que se sobrepõe. Meu corpo se curva com a sensação, cedendo a ela. Cedendo a ele. Massimo agarra meus quadris, fixando seus olhos nos meus, enquanto empurra seus quadris para frente, depois os puxa para trás, iniciando um movimento pendular lento e constante. – Porra, Emelia, você é tão apertada – ele rosna. Uma veia grossa na lateral de seu pescoço pulsa, fazendo meu estômago se contorcer em nós. Pura luxúria engrossa tanto a minha garganta que não consigo falar. Em vez disso, eu gemo enquanto mais prazer se acumula no meu peito. Agora, me sinto diferente de quando ele me penetrou pela primeira vez, diferente da maneira que me senti quando fizemos outras coisas. Meus dedos dos pés se curvam e minhas costas arqueiam contra os lençóis de cetim frios sob minha pele enquanto seu pau entra e sai do meu corpo. Ondas crescentes de prazer me atingem repetidas vezes enquanto Massimo aumenta seu ritmo, me fodendo como se fosse meu dono. Procuro sinais em seus olhos para saber o que está pensando. Não consigo dizer. Pela tensão em seu rosto, porém, acho que está se segurando. Algo muda quando o prazer aumenta. Ele torna-se mais forte, mais selvagem, quente e carnal com uma força feroz que nenhum de nós consegue controlar. Ele sente isso também, e range os dentes. Suas bolas batem na minha bunda quando ele enfia seu pau mais fundo na minha vagina, atingindo meu ponto G. Ele fode meu corpo cada vez mais rapidamente. Outro orgasmo nasce e cresce, me levando ao limite. Um rugido escapa de seus lábios enquanto suas estocadas se tornam mais duras, mais certeiras, cada vez mais rápidas. É demais, e ele me leva ao limite mais uma vez. A explosão de paixão e prazer varre meu corpo com uma força avassaladora. Eu caio em outro orgasmo selvagem e devastador. Meus músculos formigam e minha alma estremece em puro deleite que me consome, me deixa ofegante, inalando nosso cheiro enquanto nossos corpos se chocam. – Massimo! – gemo alto quando ele penetra ainda mais fundo. Minhas paredes apertam seu pau com a intensidade de mais um orgasmo, fazendo com que a fricção entre seu pinto e meu sexo tire meu fôlego e desligue minha mente. Ele me fode através de outro orgasmo, seu olhar o denuncia. Massimo ofega e murmura uma série de palavrões inaudíveis em italiano, me empalando com seu pau duro enquanto seu prazer inunda minha boceta. Seu gozo quente cobre minhas paredes e essa sensação nova desperta minha carne novamente. Aquece meu corpo inteiro, me enche com uma sensação de luxúria que faz meus nervos formigarem. Seus ombros caem para frente e sua respiração sai entrecortada. Apesar do tamborilar alto do meu coração batendo em meus ouvidos, ouço sua respiração mais do que a minha própria. No instante em que seu pau sai da minha vagina, me sinto dolorida, em carne viva. Percebo a mancha do meu sangue misturado com seu esperma no seu pau. Mas, ele não parece se importar. Está mais fascinado comigo. Massimo se abaixa, apoia os cotovelos no colchão e roça os lábios nos meus. Levo minha mão até sua bochecha, sentindo a aspereza de sua barba. Ele leva minhas mãos até sua boca e beija os nós dos meus dedos. – Você está bem, princesa? – pergunta em uma voz baixa e rouca ainda carregada com a paixão que acabamos de compartilhar. Ele esfrega o polegar sobre o topo dos meus dedos e prende meu olhar no seu. – Estou – sussurro e sorrio para ele. O sorriso surge naturalmente, como se devesse dar isso a ele depois do que acabamos de fazer. Há um brilho em seus olhos que adoraria poder capturar. Esse olhar e tudo o que acabamos de fazer me confunde. Mas, afasto qualquer pensamento que possa quebrar o encanto deste momento que quero lembrar para sempre. Há uma diferença palpável entre nós. – Você me chama de princesa quando está menos bravo comigo por eu ser quem sou – sussurro. Ele aperta os lábios. – Eu não deveria ficar bravo com você por isso – passa o dedo sobre o anel no meu dedo e o torce de um lado para o outro. – Quando vi isso, achei que combinava com você. – Obrigada. Enquanto nos encaramos, analiso suas palavras. Sei que isso é o máximo de sentimentalismo que vou conseguir dele. Acho que está tentando pedir desculpas pela forma como ele me deu o anel. Eu não sei o que essa coisa entre nós é. Não sei o que estamos fazendo, mas não quero resistir à essa entidade que está nos aproximando a cada minuto que passa. Ele se levanta e me puxa para eu sentar. Quando sento na cama, uma mistura de sangue e esperma flui de mim e escorre pelas minhas coxas, sobre os lençóis. Minhas bochechas queimam de vergonha, mas ele ergue meu queixo, me forçando a olhar nos olhos dele. – Você é minha. Essa mancha significa que você é minha. Aconteça o que acontecer, você é minha. Você me pertence, Emelia, com ou sem contrato. Eu olho para ele e sinto o poder em cada uma dessas palavras enquanto ele me mostra vislumbres de seu verdadeiro eu. Ainda que aquele muro de vingança continue de pé. Examino sua expressão. Gostaria de poder ver além do muro. Estou nua, por dentro e por fora. Eu dei tudo a ele. A coisa mais preciosa que eu possuía pertence a ele agora. Eu me entreguei a ele. — Você me entende, Emelia? – Entendo. – Vamos tomar aquele banho que não terminamos no outro dia. Ele me pega no colo e eu deslizo meus braços ao redor de seu pescoço. A ��� do sol da manhã brilhando através da janela me acorda. Minhas pálpebras se abrem lentamente e lembro-me da noite passada e de tudo que fiz com Massimo. Fizemos sexo mais três vezes. Uma vez no chuveiro e mais duas nesta cama. Eu me viro de lado e descubro que o local onde ele estava quando adormeci agora está vazio. Eu caí no sono com seu braço em volta da minha cintura e minha cabeça descansando em seu peito. Adormecemos como se fôssemos amantes, nos abraçando como se isso fosse um hábito antigo. Agora ele se foi. Puxo o travesseiro de cetim, levando-o ao nariz, inalando o cheiro almiscarado e masculino dele que perdura no tecido. À medida que o cheiro enche minhas narinas, evoco a imagem do homem perfeito e divino que reivindicou meu corpo a noite toda. Ele me fodeu, sem descanso. Bonito e perigoso, ele é a tentação encarnada. Deus, o que diabos estou fazendo? O que fiz? Minhas emoções estão descontroladas. Ontem, estava empenhada em fugir. No entanto, quando a noite caiu, estava morrendo de ciúmes de Massimo e Gabriella. Horas depois, estava enroscada com ele na cama. Apesar do meu pai ter me vendido para pagar sua dívida, sinto como se o tivesse traído dormindo com seu inimigo e desejando esse inimigo mais ainda. Se acreditar na estória de que papai foi forçado a fazer o que fez comigo, então eu o traí. Não devo desejar um homem que quer destruir meu pai. Mas, há o outro lado dessa moeda, a parte que ainda não sei sobre papai. A informação vaga que recebi é exatamente isso. Incompleta. Não é suficiente para formar qualquer conclusão sobre minha situação nessa coisa toda.Então, o que eu faço agora? O que eu faço sobre Massimo? Eu puxo as cobertas perto do meu peito para cobrir minha nudez. Sentando-me, olho ao redor e passo a mão pelo meu cabelo emaranhado. Está bem claro lá fora, então acho que deve ser o final da manhã. Mais uma vez, não sei como o dia vai desenrolar hoje. Dando de ombros, levanto, tomo banho e lavo as lembranças da noite passada do meu corpo. A região entre as minhas coxas está bastante dolorida. Quando a água escorre sobre minha boceta, ela queima. É uma sensação gostosa, porém. E não posso dizer que esteja infeliz. Quando termino de me secar, coloco um vestido leve de verão e prendo meu cabelo para trás em um rabo de cavalo. Uma batida leve na porta soa quando estou prestes a começar a me maquiar. Sei que não é ele. Massimo não bateria. Ele nunca bateu antes de entrar. – Entre – respondo. Priscila abre a porta. Candace vem logo atrás dela carregando uma bandeja com torradas e café. – Bom dia – ambas me cumprimentam. – Olá – respondo. Candace olha para mim e fico corada quando seus olhos brilham. Esse brilho me faz pensar que ela notou o que Massimo e eu fizemos aqui ontem à noite. – Não vou deixar você fazer o que fez ontem – anuncia Priscilla. – É quase meio-dia e você não desceu para o café da manhã. Arregalo meus olhos. – Nossa! Não percebi a hora. Não fazia ideia de que já era tão tarde. Não sou do tipo que dorme a manhã inteira. Quando morava em casa, sempre acordava cedo para pintar. – Coma isso porque voltaremos em dez minutos – ela avisa. – Massimo arranjou algo legal para você hoje – Candace sorri. Não consigo imaginar o que poderia ser. – O que é? – Algo que vai gostar, querida – Priscilla responde. Os cantos de seus olhos se enrugam quando ela sorri. Eu mordo o interior do meu lábio e tento parecer feliz. Provavelmente é mais alguma coisa relacionada ao casamento. Sei que as duas gostaram de me ajudar a escolher o vestido no outro dia. E quando a costureira voltou, fizemos tudo juntas também. Outras pessoas passaram por aqui para tratar de assuntos ligados ao casamento. Até onde sei, não há muito mais a fazer. – Coma e nós voltaremos para te mostrar – Candace parece satisfeita. Isso aumenta minha curiosidade. – Tudo bem – concordo. Estou curiosa para saber o que pode ser isso. O que será que Massimo aprontou? Com o coração apertado, rezo para que não seja alguma coisa que me faça lembrar os motivos pelos quais estou aqui. Isso estragaria a noite passada. Quando elas saem, me apresso em terminar a maquiagem e como tudo que está na bandeja. Dez minutos depois, Candace retorna. A suspeita em seus olhos me faz pensar que ela voltou sozinha para me questionar. – Está pronta? – pergunta. – Sim. – Vamos para uma parte diferente da casa. – Vamos? Que parte? – A ala esquerda – responde. – Você parece bem melhor do que estava quando te deixei ontem à noite – observa ela. – Jura? – pergunto, fingindo inocência. Sei muito bem o que ela quer dizer. Mais cedo, quando me olhei no espelho do banheiro, minha pele estava brilhando como se tivesse luz própria. – Sim, muito melhor. Você está bem? Quando concordo com um aceno de cabeça, ela me dá um sorriso tranquilizador. Isso é tudo o que ela faz. E não me pergunta mais nada. Atravessamos o átrio e descemos os largos degraus de mármore que levam ao salão onde experimentei os vestidos de noiva. Passamos por ele e continuamos o caminho até outra escadaria. Esta é de pedra e leva até um maciço par de portas de carvalho que costumam ficar trancadas. Sempre que as via, pensava que deveriam levar para fora da casa. Agora, descubro que não. As portas não estão trancadas hoje. Candace puxa uma, revelando um salão espaçoso. O que vejo lá dentro me tira o fôlego. Arte. Essa é a melhor palavra que posso usar para descrever a cena diante de mim. Arte em abundância. Há pinturas a óleo cobrindo todas as paredes. Entramos, e mergulho em obras de arte tão gloriosas que fazem meus nervos formigarem de felicidade. As pinturas são uma mistura de paisagens e retratos. Amo tanto paisagens que sou atraída por elas. Reconheço alguns dos lugares, todos na Itália. Florença, Verona e Sicília. Tudo tão lindo. – Meu Deus – murmuro e me viro para encarar Candace. – São incríveis. – Sim. A mãe de Massimo era uma artista e tanto. A surpresa me atinge como um raio. – A mãe dele pintou tudo isso? – Sim, ela era incrível. Aquela ali sou eu quando era pequena, brincando com os meninos – diz ela, apontando para uma das pinturas maiores à nossa esquerda. Nela há uma garotinha, quatro meninos e um golden retriever correndo por um prado, brincando. Nos aproximamos do quadro e ela aponta o garoto mais próximo do cachorro. – Esse é Massimo. Ele devia ter sete ou oito anos. Percebo a forma como o azul de seus olhos brilha. O sorriso resplandecente em seu rosto, porém, é algo que nunca vi. – Esses quadros todos são realmente incríveis – eu digo. – Eles são. Acho que Massimo deve ter pensado que você se sentiria mais à vontade aqui dentro. Ele veio aqui mais cedo para terminar de arrumar o quarto para você – ela me informa. Minha boca fica seca. – Como assim? Ele arrumou o quarto para mim? – olho para ela, incrédula. – Sim. Era mais um depósito. Ele nunca deixa ninguém entrar aqui. Mas, outro dia, trouxe essas coisas para cá – aponta por cima do meu ombro – e eu o ajudei a limpar o lugar. Eu me viro para onde ela apontou e encontro uma pilha de caixas perto do grande arco que dá vista para a praia. Ao lado das caixas tem um cavalete. Dou um passo naquela direção para confirmar minha suspeita e solto um suspiro. São mesmo as caixas que embalei com minhas pinturas e todos os meus materiais de arte. Tudo o que levaria comigo para Florença. Corro até as caixas que estão abertas e arrumadas de modo que eu possa terminar de organizar o conteúdo. Candace me dá um sorriso brilhante quando volto meu olhar para ela. Não consigo segurar a lágrima que desce pelo meu rosto enquanto solto um suspiro alto. Não tinha percebido o quanto senti falta da minha arte. Ter minhas roupas foi bom e aliviou minha mente. Mas, isso acalma minha alma. – Ei – Candace diz quando enxugo a lágrima com a palma da minha mão — Você está bem, Emelia? – Não – respondo porque essa é a verdade. Eu não estou bem. Esse ato de bondade de Massimo me jogou em um turbilhão de emoções. Não sei mais o que é certo ou errado. Nem em quem confiar. Seria mais fácil odiar Massimo se ele se comportasse como o monstro que conheci. O mesmo monstro que apontou uma arma para a cabeça do meu pai e me trancou nua no meu quarto para me ensinar uma lição. Seria mais fácil se ele fosse horrível. Ao fazer esse gesto agora ele me faz repensar como devo me sentir. – Seja forte, Emelia. Seja forte e ouça seu coração. – Não sei, não, Candace. Ouvir meu coração me faria trair meu pai. Deus, acho que falei demais. Ela balança a cabeça. – Pense em você. Ninguém mais. No final, é isso que precisa fazer para sobreviver a este jogo. Você não pode pensar em mais ninguém. No momento em que fizer isso, você se perde – alisa meu ombro, me dando um sorriso amigável. – Vou deixar você em paz para matar saudade das suas coisas. Ela me dá um aceno curto de cabeça. Mais uma vez, tenho a sensação de que ela está indo embora porque não quer falar mais nada. Fico olhando ela ir embora. A porta se fecha e sou deixada com meus pensamentos e com a beleza da arte ao meu redor. Respirando fundo, decido examinar os quadros. Quero ver que tipo de mulher era a mãe de Massimo antes de mergulhar na minha própria criação. Vou até a pintura que Candace me mostrou mais cedo e me pego olhando para Massimo, para seus olhos. Eu posso dizer pela maneira como sua mãe pintava que ela trabalhava com emoção. Isso está embutido em suas pinceladas. Os matizes e gradientes que usou na textura de fundo misturam-se para criar uma estória própria. Ela pintou um dia feliz. Massimo me contou que fez com que sua família perdesse tudo. Com certeza, este dia aconteceu antes disso. O que será quemeu pai aprontou? Que coisa cruel ele fez? Quanto mais penso nisso, mais percebo que não o conheço. Não sei quem são os monstros nesta estória. Achei que era meu futuro marido. Agora não tenho tanta certeza. Se eu continuar fingindo que meu pai é um santo, realmente serei como uma princesa presa numa torre. Sei que ele sujou as mãos, que ele fez coisas ruins. Deve ter feito algo que foi pura maldade para Massimo e sua família nos odiarem tanto. No canto mais profundo do meu coração, há um lugar que não quer que ele me odeie. Chapter Vinte E Dois E MASSIMO ntro no salão e a vejo. Eu tinha razão. Ela está no lugar perfeito aqui, no meio de tanta arte. Da mesma forma que os quadros de mamãe. Emelia está tão absorta em sua pintura que nem me ouve entrar. Com minha mãe era a mesma coisa. Ela se perdia em seu trabalho. Eu já tinha visto o trabalho de Emelia no dia em que verifiquei as caixas, mas vê-la criar algo, ao vivo, é outra estória. Ela colocou uma grande tela sobre o cavalete. Nela, pintou um mar tempestuoso contra a escuridão da noite e um cavalo preto como a meia-noite com asas transparentes cavalgando sobre a água. É uma fantasia sombria. Ela olha momentaneamente para o mar lá fora. Contra a escuridão da noite as ondas se movem nas sombras, não parecendo em nada com sua pintura. Mas é isso que ela vê, o que ela ainda vê enquanto continua a olhar pela janela. Percorro seu corpo com o olhar, seu vestido curto sobe, revelando sua bunda por um segundo. Suficiente para me fazer lembrar de todas as diferentes maneiras que a possui na noite passada. Eu poderia ter continuado por horas, mas esgotei a energia dela. Saí de sua cama cedo, com a mente em profundo estado de conflito. Acho que fiquei observando-a dormir por uma hora antes de vir aqui arrumar as coisas. Tive essa ideia alguns dias atrás, mas não tinha certeza se estava pronto para compartilhar esse pedaço de mim com ela. Agora que a vejo aqui, estou feliz por ter feito isso. Eu paro a passos de distância. Ela ainda está alheia à minha presença. Eu não gosto disso porque qualquer um poderia se aproximar dela. Não que seja provável que isso aconteça aqui. – Tem um cavalo na água? – pergunto o mais gentilmente possível, mas ainda assim, ela pula, assustada, e se vira para mim, com a mão no peito. Não sei como, mas ela está mais bonita agora do que quando a deixei esta manhã. – Não quis te assustar. – Você está em casa – ela suspira. – Estou. Viu, não precisa se perguntar onde estou. Vim direto do trabalho para casa. Isso é uma pequena mentira, mas ela não precisa saber detalhes como esse. Estava com Tristan e Andreas, interrogando algumas pessoas que sabemos ter ligações com Vlad. Dos cinco, um sobreviveu, mas tenho certeza que está à beira da morte. Isso é o que acontece quando se é deixado sangrando em profusão. Os cinco eram o pior tipo de canalha podre que se pode encontrar. No momento em que os achamos, eles haviam acabado de sequestrar uma jovem, que não poderia ter mais do que dezesseis anos. Sei que estavam se preparando para estuprá-la. Só isso já seria o suficiente para eu acabar com eles. Mas, ainda tinha a morte de Pierbo. – Você veio direto para casa – a bela repete, me tirando do devaneio escuro. Concentro minha atenção nela porque quero uma repetição de nossa noite passada. – Vim. – Obrigada – diz ela. Sei que não está se referindo a eu voltar para casa. Está falando sobre o que eu fiz aqui no salão para ela. Algo completamente fora do meu caráter. – Por ter vindo direto para casa? – pergunto mesmo assim. O sorriso que queria tanto ver aparece em seu rosto. O sorriso que é só para mim. – Não. Por isto aqui. Não sabia que minhas coisas de arte tinham vindo também. Isto é perfeito. Aqui é onde deveria esmagar essa leveza que ela sente quando está comigo. Deveria colocá-la na linha, impedi-la de sentir o que sente por mim. Mas, decidi que não quero que sejamos assim. Possuí-la ontem à noite foi tão emocionante porque ela se entregou a mim de bom grado. Ela permitiu que eu fizesse o que eu queria com seu corpo. Esta noite, quero fodê-la com força, do jeito que gosto de foder. E isso não vai dar certo se ela estiver com medo de mim. Eu me aproximo e ela guarda o pincel. – É perfeito o suficiente para você enxergar o que quer pintar? – pergunto e ela assente com a cabeça. – É isso que vê lá fora? – Ma costumava falar assim. – Sim. Vejo essas coisas o tempo todo. Elas aparecem na minha mente. Às vezes, parece que posso quase tocá-las. – Pégaso Negro saindo das águas. – Ela ainda não terminou, mas começou a pintar um brilho laranja na superfície da água. – O que mais vai pintar, principessa? – pergunto, colocando ênfase no termo principessa. Na noite passada, ela estava parcialmente certa sobre o que ela disse. Sobre chamá-la assim quando estou bravo com ela. Ela fica tensa ao ouvir a palavra e seu sorriso desaparece. Seguro seu rosto antes que sua linda mente comece a criar fantasias. – Gosto de te chamar assim. Isso é tudo. Não estou bravo. – Contudo, não sou uma principessa. – Você é a minha princesa – respondo com uma risada. – Agora responda minha pergunta – aceno com a cabeça para a pintura e a solto. – Vou pintar um portal no mar. O cavalo está voltando para a terra de onde veio. No outro lado do portal há um reflexo deste mundo. Imagens espelhadas deste lado. Volto a examinar o quadro, fascinado pelo que ouço. – Isso é impressionante. – Obrigada. As pinturas de sua mãe são lindas. – Que bom que você gosta delas. – Minha mãe também era artista. Foi de onde puxei. Costumávamos pintar juntas o tempo todo. – Você é muito talentosa. – Obrigada – sussurra. Parece que realmente gosta do meu elogio. Chega de conversa agora, no entanto. Eu preciso prová-la. – Venha aqui – comando. Ela se aproxima de boa vontade. Passo meus dedos sobre sua bochecha e, enquanto nos olhamos, o ar fica carregado com desejo. Pressiono minha boca contra a dela em um beijo ardente que ela retribui com paixão. Ela abre os lábios, permitindo que nossas línguas se provoquem, se enrosquem. Ela sabe o que eu quero. Então, não me impede quando levanto a bainha de seu vestido e seguro sua boceta por cima do cetim de sua calcinha. As portas estão abertas, mas poucas pessoas se aventuram por aqui. Esperei o dia todo para tê-la nos meus braços. Agora que estou com ela, vou possui-la aqui mesmo. Não me importo se alguém estiver ouvindo. Se alguém nos escutar, será um aviso para ficar bem longe. Aprofundo o beijo, deslizo minhas mãos pelo seu cabelo, desfazendo o rabo de cavalo. Gosto do cabelo dela solto. Quero correr meus dedos pelos fios macios como veludo enquanto eu a fodo. Devoro sua boca quando ela inclina a cabeça para trás e a faixa escorrega dos meus dedos. Suas mechas caem por seus ombros, derramando sobre meus dedos como seda líquida. Adoro isso, da mesma forma que adoro a sensação de seu corpo esbelto em minhas mãos. Frágil e delicado, mas tentador com as curvas acentuadas de seus quadris e os montes macios de seus seios. Eu consigo mover o pequeno pedaço de tecido de sua calcinha para longe da virilha para tocar sua boceta. Ela pula, agarrando minha camisa. Ela geme contra meus lábios, e um estremecimento de prazer a percorre quando enfio meus dedos mais fundo em seu sexo. As paredes de sua boceta tremem sob meu toque, e ela ofega. Seus lábios tremem. Tirando meus dedos de sua boceta molhada, interrompo meu ataque aos seus lábios para provar seu desejo, o doce néctar que cobre meus dedos, a evidência de sua excitação por mim. Surpresa tinge suas bochechas de cor de rosa quando coloco meus dedos na minha boca e lambo cada gota. – Você me quer de novo – afirmo. Ela me olha como se não soubesse o que dizer. Entendo. Afinal, nós dois temos o mesmo problema. Deveríamos ser proibidos um ao outro. Nossa relação não deveria ser agradável. Mas, aqui estamos nós, desejando um ao outro como um prato raro e exótico. Eu sorrio para ela e a bela faz a coisa mais estranha. Desliza um dedo pelo meu queixo e traçao contorno dos meus lábios. Deixo que ela continue, me perguntando por que está fazendo isso. – O que houve? – pergunto. – Você me deu um sorriso que não zomba de mim – sussurra em voz trêmula. Sei que ela não merece nada disso. Não merece estar com um homem como eu, cheio de ódio e morte. Não deveria tê-la enjaulado como um pássaro selvagem. Ela merece ser livre. Seguro seus dedos e beijo as pontas. O começo de um sorriso levanta os cantos de sua linda boca. Quando a sedução surge em seus olhos, porém, o desejo de estar dentro dela volta com força redobrada. Chego perto de seu ouvido e sussurro palavras sujas que sei que irão fazê-la vibrar. – Sua boceta ainda está dolorida, princesa? – murmuro e rio quando o rubor sobe por seu pescoço. – Estou bem – responde. — Meu pau ficou duro por sua causa, pedindo por você, o dia todo, Emelia. Quero te foder de verdade hoje. Com força, do jeito que eu gosto. Acha que consegue aguentar meu pau? Está na hora de levar isso para a próxima fase e começar a treiná-la para me agradar. Meus lábios estão perto dos dela agora e o brilho em seus olhos é uma prova de que ela mais do que quer que eu a possua. Mais importante que isso, mostra que ela vai me deixar fazer o que bem quiser com ela. – Consigo aguentar – responde, confirmando meus pensamentos. Isso é bom. É a única coisa boa que me aconteceu nesse dia. – Tire as roupas. Gosto de observá-la. – A porta está aberta, Massimo. E se alguém entrar aqui ou nos ouvir? – Se quiserem continuar vivos, vão embora correndo. Estou falando sério para caralho e ela sabe disso. Ela também sabe que não gosto de me repetir. Ela tira o vestido, ficando apenas de sutiã e calcinha. Seus lindos seios saltam quando ela tira o sutiã. Ela tira a calcinha, transformando-se numa deusa nua de pura perfeição, parada diante de mim. Eu tiro minha jaqueta e minha camisa, jogando-as ao chão. Seus olhos me observam quando desafivelo o cinto, abro o zíper das calças e empurro pelas minhas pernas. Eu a seguro com uma mão e meu pau com a outra. Trazendo-a para perto, dirijo meu pau para dentro de sua boceta apertada. Ela perde o fôlego, agarrando meus ombros. Ela segura com tanta força que suas unhas cravam na minha pele, indo tão fundo que vão deixar marca. Não me importo. Às vezes, gosto da dor. Principalmente, quando acompanhada de prazer. Ela vai aprender isso também, quando explorarmos alguns dos meus gostos mais sombrios. Ela é tão apertada que dói novamente. É quase como se eu não tivesse estado dentro dela ontem. Sua expressão é uma mistura de prazer e dor. Devo estar machucando-a, mas ela está aguentando firme. Eu puxo para fora um pouco, depois mergulho de volta, indo mais profundo desta vez. Ela grita alto, jogando a cabeça para trás. Essa visão deixa meu pau mais duro. Os sons que ela faz tornam insaciável minha ganância por ela. O olhar faminto dela me enche de desejo e passo a fodê-la com força. Duro e rápido, do jeito que queria ter feito ontem. Eu me segurei. Agora, não conseguiria, mesmo se quisesse. Eu a quero tanto que dói. Eu quero tirar tudo dela. Nós dois gememos quando os sons dos nossos corpos se chocando enchem a sala, o som de sexo selvagem. Não há como alguém passando não nos ouvir. Imagino que as pessoas nos ouviriam mesmo que não estivessem por perto por causa da maneira como o som propaga pelo corredor. Porra, é tão gostoso estar dentro dela. Suas paredes apertam meu pau deliciosamente quando uma onda de orgasmo a arrebata. Isso é bom para caralho também. Não vou deixar que isso me faça perder o controle. Quero durar mais tempo. Decidindo fazer exatamente isso, tiro meu pênis de dentro dela, no auge de seu orgasmo, e a pego no colo. Ela envolve seus braços em volta do meu pescoço. – Segure firme, principessa. Você está prestes a ter o passeio da sua vida – digo a ela com uma piscadela e a empalo com meu pau. Sua boceta molhada e lisa é gostosa para caralho. Isso me enche de fome. Caminho até a parede, derrubando um vaso de plantas que cai no chão, quebrando. Empurrando-a contra a parede, planejo devorar cada centímetro dela. Seus dedos cavam mais fundo na minha pele. Seus gritos ficam mais altos. Prazer e dor queimam em um delicioso coquetel enquanto possuo seu corpo com uma velocidade furiosa, inclinando- a para que possa cumprir minha promessa de fodê-la do jeito certo. Quando terminar com ela, não será capaz de andar, e não vai esquecer esta noite. Enquanto viver, não esquecerá este momento. Porque eu não vou também. Não me importo que ela seja Emelia Balesteri. Em poucas semanas, ela será Emelia D'Agostino. Toda minha, de acordo com todas as leis humanas e aos olhos do criador quando fizermos nossos votos diante do padre. As paredes de sua boceta pulsam, apertando meu pau como uma luva bem apertada. Ela é gostosa. E por mais que queira continuar, sei quando atingi meu limite. Com mais um grito de prazer saindo de sua linda boca e com o volume dos seus seios no meu rosto, ela me faz explodir de prazer. Descarrego minha semente dentro dela. Porra, meus joelhos dobram. O prazer é tão intenso que quase caio. Sua boceta espreme todo esperma do meu pau, até a última gota, deixando-me esgotado. Esgotado, mas ainda querendo mais. Chapter Vinte E Três S EMELIA into a pele de Massimo quente contra a minha quando ele segura minhas duas mãos. A leve carícia de seus dedos na minha pele renova o redemoinho de prazer no qual estou flutuando nos últimos dias. – Mais um passo, princesa – sorri, seus olhos brilham sob o luar. Olho para ele, parado nas águas do mar sem ondas. A água já bate no meu peito e sei que, com mais um passo, não vou mais alcançar o chão arenoso e isso vai me colocar em uma posição em que terei que confiar nele. – Parece muito fundo – suspiro, e ele acaricia minhas mãos. – É fundo, mas você não vai conseguir aprender a nadar no raso – sorri, inclinando a cabeça, e um fio de água escorre de seu cabelo molhado, descendo pelo lado de seu rosto. Essa ideia brilhante foi dele que queria nadar ao luar. Por ironia, estamos a poucos passos do lugar de onde estava planejando fugir. Estamos do lado oposto da praia, perto das cavernas e formações rochosas que, recortadas contra a escuridão da noite, parecem pequenas montanhas sombrias. – Vai dar tudo certo – acrescenta, soltando minhas mãos para segurar minha cintura. – Massimo, se me deixar afogar, vou voltar para assombrá-lo – aviso brincando. Ele ri gostoso. Adoro quando ele está assim, amo esse som. O som de sua risada. Ela me enche de algo que não consigo descrever, mas é uma sensação boa. – Princesa, não vou deixar você se afogar – diz o homem que quer destruir meu pai. Só que esta noite ele não se parece com aquele homem. Massimo não se parece com aquele homem há alguns dias. Ele se parece com o homem que está me cativando muito rapidamente. Um homem de quem me sinto muito próxima, de uma forma que nunca senti com ninguém. Acho que é isso que acontece quando você se entrega a alguém e essa pessoa fica com uma parte de você que ninguém mais reivindicou. É confiança. Ele aumenta seu aperto em volta da minha cintura e eu me sinto segura. Com esse pensamento, dou esse passo e, como previ, a água me engole. No entanto, me tranquilizo quando Massimo me segura e passo os braços em volta de seu pescoço, enquanto a água fria cobre meus ombros e mergulha meu cabelo. Ele sorri para mim. – Você está segura comigo, Emelia. Apenas relaxe e sinta a água. – Estou tentando. – Relaxe – repete ele. – Tudo o que quero que faça é segurar firme em mim. O impulso magnético de seu olhar me atrai quando nossos olhares se encontram. Deixo que suas palavras penetrem em minha mente e minha alma. Segurar firme nele. Eu quero muito fazer isso, mas não do jeito que quis dizer ou do jeito que eu deveria fazer. O que quero é me agarrar à essa versão leve e contente dele. – Pode deixar – faço um esforço para responder. – Boa garota – essa resposta, acompanhada de uma piscadela safada, faz coisas engraçadas com minha libido. Elecontinua com voz firme. – Esta noite, vamos só trabalhar para você se acostumar a estar em águas profundas. Tente mover as pernas lentamente contra o empuxo do mar. Mas isso é tudo. – Acho que isso é tudo que consigo fazer, Massimo. O resto do meu corpo está com medo demais para fazer qualquer outra coisa – estremeço e pulo para cima dele quando uma onda bate em meus ombros. – Nunca tenha medo quando estiver comigo – diz, como se eu pudesse confiar nele o suficiente para cuidar de todos os meus problemas, não importa quais sejam. Com um braço poderoso e musculoso, Massimo garante que estou bem apertada contra seu peito, enquanto com o outro braço, ele dá braçadas para se mover pela água. Nós nos afastamos do raso, flutuando até que estamos balançando para cima e para baixo com as ondas calmas, e parece que somos as duas últimas pessoas na terra. Estamos no mar, nadando em um mundo diferente, separado do resto. Aqui, existimos sem os detalhes de quem somos e como chegamos neste ponto de nossas vidas. Isso é bom. A distância que já percorremos é maior do que já me aventurei em qualquer tipo de água, seja piscina, lago, rio ou mar. Há algo de libertador em se enfrentar um medo. – Você está bem? – Massimo quer saber. – Sim, mas é estranho não sentir a areia debaixo dos meus pés. – No começo, sim. Depois, você se acostuma. Não adianta fugir – ele diz, sorrindo, quando desvio meu olhar. – Sabe o que vou perguntar. Por que não sabe nadar? Nossos pais vieram do mesmo lugar na Sicília. E todo mundo que conheço em San Leone sabe nadar. Meus pais praticamente viviam dentro da água e nós crescemos assim também. Acho estranho sua infância ter sido tão diferente neste aspecto. Ele tem razão. Todo mundo que conheço em San Leone também sabe nadar. É uma cidade litorânea com um porto ao sul de Agrigento. Sempre que visitava nossos parentes, passeávamos pela beira-mar todos os dias. Só eu era diferente. – Minha mãe tentou me ensinar, mas vi uma coisa uma vez que me deixou ressabiada. Ele estuda minha expressão com atenção. – O que você viu, princesa? – Aos dez anos, vi um menino da minha escola se afogar. Quando confesso isso, preocupação profunda brilha em seu olhar. Outra emoção com a qual não estou acostumada a lidar, partindo dele. – Como isso aconteceu? – Era uma atividade beneficente para arrecadar fundos para nossa escola. Mas, foi organizada na praia. Ele caiu do píer e ninguém conseguiu alcançá-lo a tempo. Foi horrível. Desde então, tenho muito cuidado com água. Para dizer a verdade, já não gostava muito de água antes. Depois que isso aconteceu, tento ficar bem longe. – Sinto muito que isso tenha acontecido e que você teve que ver a morte dessa maneira. – Foi terrível. Eu não o conhecia pessoalmente, mas o via na escola o tempo todo. Eu tive dificuldade em apagar aquilo da minha mente depois que aconteceu. Ele era um daqueles garotos que traziam vida e risadas onde quer que fosse. Seu nome era Jamie Scottsman. Ele jogava no time de basebol da liga infantil e, por causa disso, era muito popular. Lembro-me bem do rosto dele quando vivo. Demorei muito para apagar a imagem dele deitado na areia, morto, depois que tentaram reanimá- lo, sem sucesso. Lembro-me de papai me levando para longe da cena enquanto eu chorava, sabendo o que estava acontecendo. – O mar pode ser perigoso, mas também pode ser mágico. – Mágico? – sorrio com essa ideia e tento imaginar como seria. – Sim. Mágico. Olhe ao nosso redor. Tenho certeza que verá coisas de forma diferente de mim. Não consigo ver um Pégaso saindo da água como você viu no outro dia – ele sorri. – Se pensar da maneira que faz quando está pintando, será capaz de apagar o medo de sua mente. Acredito nele porque superei muitas coisas confiando em minhas habilidades criativas. Decidindo seguir seu conselho, olho em volta e me concentro na faixa de luar que beija a superfície da água. Ele treme e reluz como se tivesse sido tocado por magia. – O que você vê, princesa? – pergunta, e deixo minha imaginação correr solta. – Sereias – respondo. Isso é o que imagino. Em minha mente, vejo quatro, belas e mágicas, como nos contos de fadas e nas ilustrações populares há séculos. – Elas acabaram de emergir sob a luz da lua e estão cantando. Ele ri e eu olho para ele. – Sereias? Eu gosto disso. – Gosta mesmo? – Adoro. Minha mãe gostava de sereias. Ela as pintou também. Foi ela quem me ensinou a nadar. Mas, como sabe, gosto mais de velejar. Puxei meu pai nisso. Eu gosto quando ele compartilha coisas sobre si mesmo e seu passado. – Que legal. – Sim. Toda a família do meu pai está muito envolvida com navegação de modo geral. E são do tipo que fazem tudo à moda antiga, bem tradicionais. – Tradicionais em que sentido? – Supersticiosos. – Do tipo que não deixa nenhuma mulher subir no barco? – arqueio uma sobrancelha para ele. No outro dia, quando me disse isso, parecia algo tirado de um filme de pirata. – Sim, tipo que não deixa nenhuma mulher subir no barco – concorda ele com uma risada, antes de piscar e acrescentar. – Mas, acho que vou ter que abrir uma exceção e testar essa maldição por sua causa. Essa ideia faz com uma grande excitação atravesse meu corpo. A possibilidade de que ele faça algo assim por mim me faz sentir especial. Afinal, ele faria algo apenas por mim, e não por alguém como Gabriella, por exemplo. – Jura que você faria isso por mim, Massimo D'Agostino? – provoco. – Faria, Emelia Balesteri – responde no mesmo tom. Quando o olhar dele me prende, meu desejo aumenta. Eu o quero de novo, e de novo, e sempre. Sei que não deveria, mas qualquer que seja a magia que ele pensa existir aqui no mar, parece que me colocou sob esse feitiço. Eu me inclino para mais perto e passo meus lábios de leve sobre os dele. É um toque breve, mas que se intensifica em segundos, ficando quente enquanto nos beijamos e nossas línguas se enroscam, alimentando esse desejo selvagem que sempre toma conta de nós quando nos tocamos. Ele se afasta com um brilho sedutor em seus olhos. – A aula acabou. – O que estamos fazendo agora, então? – pergunto com uma risada. – Algo selvagem. É hora de brincar novamente. Brincar. Gosto de brincar com ele do jeito que ele insinuou. Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, ele começa a nadar, dando braçadas para trás, comigo presa ao seu peito, espirrando água para todos os lados. Quando nos aproximamos mais da praia, meus pés alcançam a areia e ele pega minha mão. Saímos do mar e caminhamos em direção às grandes paredes de pedra da caverna. Estou prestes a perguntar novamente o que vamos fazer quando ele me empurra contra a parede e recaptura meus lábios. A maneira urgente que Massimo me beija deixa claro o que faremos e onde o faremos. Especialmente quando ele passa os dedos sobre a borda da parte de baixo do meu biquíni e sinto a cabeça enorme de seu pau pressionando minha barriga através de seu shorts molhado. Seus dedos encontram minha boceta e eu gemo contra sua boca quando ele começa a acariciar, lentamente, mas, de forma constante. Ele tira os dedos de mim, se afasta dos meus lábios e desliza os dedos para dentro de sua boca, lambendo a evidência do meu prazer. Esse gesto sempre me excita de uma forma que me deixa à beira da insanidade. Algo que sempre acontece quando estou com esse homem. Todos os nervos do meu corpo formigam quando ele se inclina perto do meu ouvido e passa a mão sobre meus seios. – Vou foder você aqui mesmo contra a parede desta caverna, princesa. Meu estômago dá uma cambalhota e as chamas do desejo me queimando exigem que eu permita que ele faça o que quiser comigo. Mesmo que seja aqui. – Aqui, Massimo? – sussurro, e ele agarra meu rosto. – Vou possuir você onde e quando eu quiser. Você é minha – seu olhar prende o meu com essa última palavra. Antes, quando ele dizia isso, eu entendia como destruição, cativeiro, privação de liberdade. Nesta noite, eu gosto porque sei que ser dele não significa o fim da minha existência. Pertencer a ele significa que Massimo vai me levar ao auge doprazer. Quando ele me segura, me posicionando para me penetrar com seu pau ereto, não me importo mais se estamos fora de casa. Há guardas fazendo patrulha no caminho acima de nós. Provavelmente, eles nos ouvirão. Mas, não me importo. Ele esfrega a palma da mão sobre meu sexo, me preparando, me excitando, antes de deslizar seu pau grosso para dentro do meu corpo apertado. Neste instante, realmente não me importo com quem somos e como chegamos até aqui. Seus lábios prendem os meus e ele começa a mover seu pau para dentro e para fora de mim, estabelecendo um ritmo forte e rápido. E a única coisa que sei é que estou me apaixonando por Massimo. Chapter Vinte E Quatro D MASSIMO ois malditos dias inteiros... Esse é o tempo que ficamos na cama desde o nosso encontro na praia. Dois dias. Já é quinta-feira de manhã e esta noite temos o jantar cerimonial onde Pa me dará seu anel passando a liderança oficialmente para mim. Será um verdadeiro símbolo de sua aposentadoria como líder da família D'Agostino. Meus irmãos, meus dois tios e suas esposas que vieram da Itália, meus oito primos, dois dos quais têm esposas, estarão todos presentes. É um evento importante e havia planejado levar Emelia a este jantar como um símbolo de vitória, mostrando a todos que nossa família conquistou o diabo. Ela deveria ser um troféu, um prêmio. No entanto, quando a observo dormir tranquilamente, como agora, o que vejo é a mulher que dominou todos os meus pensamentos nos últimos dias. Não, isso não é verdade. Ela tomou conta da minha mente desde a noite do baile beneficente quando surgiu, como um anjo, pendurada no braço de seu pai. Desde aquele instante, sabia que tinha que tê-la. Acordei antes do nascer do sol e vim me sentar aqui junto à janela, meu lugar preferido, para observá-la melhor, enquanto fumo meu charuto. Parece que caí num ritual de observar, ponderar, avaliar. Tudo isso para decidir o que fazer a seguir. Olhar para ela me dá equilíbrio. Ela é tão tranquila dormindo. Neste quarto, ficamos presos em uma fantasia, só existe ela e eu. Nós dois podemos nos perder no êxtase da paixão e acreditar que nada mais existe além da atração que nos une. Aqui, esqueço o passado. Não sei se isso é bom ou ruim. Porque quando estou com ela, a raiva que sentia do pai dela fica saciada e me pego pensando nela. O sol lança seus raios radiantes sobre minha bela adormecida, atingindo-a em todos os lugares certos. O lençol desceu até sua cintura, permitindo que eu me delicie com a visão do seu corpo gostoso, seus seios expostos. Ela é uma deusa. Seu lindo cabelo negro está espalhado pelo travesseiro. Como o luar na outra noite, a luz do sol suave agora envolve seu corpo, acaricia sua pele do jeito que eu quero fazer. Do jeito que sempre quero fazer. Talvez eu goste de observá-la enquanto dorme porque assim tento capturar sua imagem assim, plácida e encantadora, antes que ela acorde e nos tornemos novamente quem deveríamos ser: Inimigos mortais. Apesar dessa sede enorme de vingança que minha família e eu temos contra o pai dela, Emelia não precisaria ser minha inimiga. Não quero que ela seja. Mas, as coisas estão mudando. Infelizmente, não poderemos ficar mais um dia nessa cama. Não posso me dar ao luxo de continuar brincando de casinha com minha noiva linda porque sinto que muitas coisas estão acontecendo nas ruas. E isso não me agrada. Aliás, já deveria ter ligado para Tristan também, só para checar com ele o que está rolando. Eu sei que ele não anda se sentindo muito bem com aquele filho da puta do Vlad voltando dos mortos daquele jeito. E cabe a mim tomar conta dele, certificar-me de que não está fazendo nenhuma merda, como tentar encontrar Vlad sozinho, por exemplo. Enquanto observo minha garota deitada à minha frente, o desejo de mantê-la segura toma conta de mim. A minha garota. Será que ela poderia ser mesmo minha garota? Ter um casamento de conveniência é muito diferente de estar com alguém com quem você quer estar. Não sei como isso funciona, mas quero explorar a ideia. Certamente, quero saborear isso, seja o que for, e brincar com minha bela sempre que quiser. Mas, tenho que dar algo a ela, e quando fizer isso, vou precisar de toda paciência do mundo porque ela vai me perguntar um monte de merda que não quero ouvir. Quando me mexo para pegar outro charuto, ela acorda. Seus olhos se abrem e ela olha para mim. Vê-la acordar é a melhor coisa do mundo. Ela puxa o lençol para cobrir os seios enquanto um sorriso aparece em seus lindos lábios. Eu preciso desses lábios no meu pau logo. Ela enrola-se no lençol, levanta-se e caminha até mim, sentando-se no meu colo. Quando faz coisas assim, penso no filho da puta do seu pai e nas merdas que disse para mim. Ele terá um maldito ataque cardíaco se puder ver o jeito que ela olha para mim. Isso será em alguns dias, quando nos encontrarmos no evento beneficente. Será uma repetição do outro baile, exceto que ela estará no meu braço. Ela me beija e eu quase me deixo levar por essa emoção selvagem que sempre nos envolve. Em vez disso, acaricio seu nariz com o meu e a abraço. É hora de deixar o prazer de lado e voltar aos negócios. Neste momento, está mergulhada na mesma névoa de prazer que nubla minha mente, esquecendo quem somos, quem eu sou. Sou um chefe da máfia, e não existe realidade onde uma garota inocente como ela escolheria um homem violento como eu. Em circunstâncias normais, ela fugiria de mim e da escuridão que me acompanha. – Tenho que ir trabalhar hoje – declaro. – Mas, voltarei às seis para buscá-la para irmos ao jantar. Quero que esteja pronta. Assim que digo isso, uma tensão tão espessa que poderia sufocar nós dois preenche o espaço entre nós. Envolvo sua cintura com meu braço e ela estremece. Deve estar se preocupando com o encontro com minha família e como irão tratá-la. A verdade é que não sei como vão recebê-la. – Tenho mesmo que ir? – pergunta, confirmando minha suspeita. – Sim. Como minha futura esposa, deverá comparecer. Apesar de que todos acreditariam se eu inventasse alguma merda dizendo que ela está doente ou algo assim, Pa não aceitaria isso de jeito nenhum. Ele me faria arrastá-la até sua casa passando mal e vomitando se fosse preciso, caso estivesse doente. Ele não é um homem sem coração, mas quando se trata de qualquer coisa a ver com Riccardo, ele se torna completamente diferente. – O que devo fazer? O que quer que eu faça? – pergunta nervosa, mordendo seus lindos lábios rosados. – Vai ficar ao meu lado – Tristan é alguém pode mostrar alguma compaixão por ela. Tanto Dominic quanto Andreas podem ser uns bastardos quando querem. – O que preciso que faça é se comportar – concluo. Essa boca safada dela, às vezes pode colocá-la em maus lençóis. E não quero que ela tenha problemas com as pessoas que estarão nesse jantar. – Me comportar? – pergunta, mordendo o interior do lábio. – Sim, comporte-se. Fale apenas quando alguém falar com você e não faça nenhum comentário para provocar ninguém. Seus olhos se estreitam. – E se alguém me provocar? – Isso não vai acontecer. Pelo menos, acho que isso não vai acontecer. Não é o estilo deles. As mulheres que estarão lá não são do tipo de falar coisas por maldade, como poderia ser o caso em uma situação como essa. Embora, não saiba realmente o que esperar. Elas podem ficar com ciúmes e Emelia é muito bonita. – Todos vão me odiar, mesmo que nem me conheçam. Ela está certa, considerando quem é o pai dela. Parecendo derrotada, ela baixa a cabeça e olha o local onde minha mão toca sua cintura fina. Eu levanto seu queixo, fazendo-a olhar de volta para mim. – Se alguém se atrever a te desrespeitar terá que lidar comigo – prometo. Não sei o que vou fazer, mas tenho o dever de garantir que ela se sinta confortável onde quer que vá. Isso é para a vida toda, até que a morte nos separe. Eles vão aceitá-la como minha esposa de agora em diante e espero que a tratem com o mesmo respeito que me mostram. Não significa que vai acontecer. A última coisa que quero fazer é entrar em uma brigadentro da família por causa disso. – Você faria isso mesmo? – ela me estuda. Eu sorrio para ela. – Princesa – digo, sabendo que ela gosta quando eu a chamo assim. – Você é uma garota inteligente. Sabe que não prometo nada que não cumpra. O que me leva a isso. Eu me abaixo e puxo uma pequena sacola com o telefone dela. É o telefone mesmo dela, não comprei um novo. Ela observa e seus olhos se arregalam quando tiro o telefone da sacola. Ela aceita o aparelho quando ofereço a ela, a emoção enche seus olhos. – Oh, meu Deus – ela suspira, segurando-o contra o peito. – O que isto significa? – Estou te devolvendo isso. Não preciso dizer para usá-lo com cuidado. Ela sabe o que quero dizer com isso. – Vai me dizer com quem eu posso e não posso falar? – Acha que preciso? Ela me lança um olhar afiado. – Por favor, não estrague nossos momentos juntos, Massimo. Ela balança a cabeça. Seus olhos me implorando para não manchar a imagem do que vivemos nesses últimos dias. – Emelia, uma coisa não tem relação com a outra – respondo, me sentindo como um disco quebrado. Eu já disse essas palavras para ela vezes demais. – O que é isso, então? Não podemos ser apenas nós dois e deixar o resto para lá? Seus olhos se agarram aos meus. Eu quero dizer que sim, mas não posso. Também não posso dizer que não. – Cuidado – aviso, apertando sua cintura. Sei que estraguei tudo apenas com essa palavra. – Posso ligar para o meu pai? – ela pergunta, ignorando meu aviso. – Não, não até depois do casamento. Já estou me arriscando muito ao devolver a ela esse telefone. – Não posso ligar para ele antes? Mas, vamos vê-lo no evento para arrecadação de fundos. Você vai me proibir de falar com ele lá também, se ele quiser falar comigo? Ela desce do meu colo, e eu permito. Eu não quero que ela fale com aquele bastardo, mas nem mesmo eu não posso ser tão cruel. – Poderá conversar por cinco minutos. Não quero que ele encha sua cabeça com merda. Noto que ela segura a língua para não falar o que pensa. Já que suas mãos estão fechadas em punhos ao lado de seu corpo, posso imaginar que eu não iria gostar de ouvir o que ela pensou em dizer para mim. – E meu amigo? Jacob? Massimo, ele é meu melhor amigo. Nos conhecemos desde que nascemos. Ele deve estar muito preocupado comigo. – Amigo? – Vou fazer um teste. Se ela me der a resposta certa para minha próxima pergunta, vou deixá-la ligar para ele quantas vezes quiser. – Esse seu amigo já demonstrou algum interesse em você? Já deu algum indício de que gostaria de ser mais do que seu melhor amigo? Responda-me com sinceridade, Emelia. Eu sou um filho da puta, mas nunca menti para você. Não minta para mim. Quando seus olhos nublam, já sei a resposta para minhas perguntas. – Responda – exijo. Ela pula com meu tom de voz alto. Fico puto da vida porque eu estava certo. – Sim – responde em voz baixa. – Sim, o que? – insisto. – Sim, acho que ele queria que fôssemos mais do que amigos. – Bem, então não, não haverá ligações ou mensagens para Jacob. – Como você pode ser tão filho da puta? Ele é meu amigo. Ela parece mais furiosa por não poder falar com esse Jacob do que com o pai. Não vou perguntar como ela se sente sobre ele. Não quero saber a resposta. – Ele é um amigo que quer foder você. Essa conversa acaba aqui. – Desculpe, estávamos conversando? Parecia muito mais que você estava me dizendo um monte de merda. Meu sangue ferve e me levanto tão rápido que ela pula para trás para ficar fora do meu alcance. Mas, eu a pego, colocando meus braços ao redor de sua cintura. O lençol cai quando ela tenta me bater. Eu a levo de volta para a cama, deito-a sobre os lençóis e prendo suas mãos acima de sua cabeça. Ela parece uma deliciosa refeição com seus lindos seios à mostra. – Me solte! Some daqui – ela grita, mas eu a seguro firme. – Emelia, isso é bobagem. – Como é uma bobagem? Eu só quero falar com meu amigo. Penso em mencionar Gabriella e perguntar se ela ficaria feliz sabendo que estou falando com ela, mas não é a mesma coisa. Gabriella é uma antiga amante. Jacob não é e sei disso com certeza. Eu tirei a virgindade dela, não aquele idiota. Apesar de que poderia apostar que ele adoraria ter feito isso. Emelia é ingênua e inocente. Ela não sabe a montanha de merda depravada que um homem tem capacidade para imaginar. Eu mesmo estou fazendo isso agora olhando-a lutar debaixo de mim, me desafiando. Tenho muita dificuldade em resistir à tentação de fodê-la até que me obedeça, até conseguir sua total submissão. – Não vou me sentir bem sabendo que você está falando com um homem que deseja minha garota – digo. É só nesse instante que ela para de lutar comigo. Eu libero suas mãos e saio de cima da cama, para longe dela. Ela se apoia nos cotovelos e me encara. – Eu poderia ter colocado um rastreador nesse telefone, ou alguma merda assim para manter o controle sobre com quem você fala. Eu poderia ter lhe dado um novo aparelho com um novo número. Escolhi não fazer nada disso porque queria que você tivesse um mínimo de privacidade – explico. – Mas, em se tratando dessas duas pessoas, as regras mudam. Não vai ligar para nenhum deles. Você me pediu para não estragar tudo. Estou te pedindo o mesmo. Se me trair, não vai gostar do que vou te fazer, então não faça isso. Você não quer ter problemas comigo. Com isso, eu saio, mas sinto seus olhos sobre mim. E�� ���� quieta durante todo o trajeto até a casa do meu pai, como sabia que ficaria. Ela mal falou lá em casa quando fui buscá-la. Eu estava absorto demais em sua aparência para notar que estava chateada comigo. Ela está linda em um vestido de festa sem alças que acentua seus seios e suas curvas. Seu cabelo está solto, do jeito que eu gosto, e seu rosto está maquiado de um jeito que nunca tinha visto antes, com sombra esfumaçada nos olhos. Enquanto estaciono o Bugatti na garagem do meu pai e olho para os outros carros estacionados, fico nervoso também. É uma noite importante para mim. Serei o chefe dessas pessoas. É minha apresentação e preciso conquistar o respeito deles. Olho para ela sentada ao meu lado e percebo como ela está ansiosa. – Você está linda – digo, e ela me encara. – Obrigada – sua expressão está menos tempestuosa do que esta manhã, mas ainda está pesada. Ela sabe que estava certo sobre Jacob. Mas, está chateada porque não pode ligar para ele. Preciso que ela se livre dessa cara fechada antes de entrarmos. – Isso é tudo que ganho, principessa? Nem um beijo? Essa é a versão mais brincalhona de mim que ela vai conseguir ver. Eu me inclino, chegando mais perto dela e ela me beija brevemente. Seguro uma mecha de seu cabelo e observo as pontas se enrolarem no meu polegar. – Nós vamos terminar isso mais tarde. Quando o brilho retorna aos seus olhos, sei que ela voltou para mim. Saio do carro, dou a volta e abro a porta para ela. Quando ela sai, entrelaço nossos dedos. Esta é a primeira vez que saímos juntos. Até parece que isso é um encontro. Estou vestindo um terno e uma camisa escura por baixo, enquanto ela está de vestido. Vislumbro nosso reflexo na janela do carro. Nós ficamos bem juntos. Eu olho para ela e vejo que ela percebe isso também, mas desvia o olhar. Enquanto caminhamos, parece que a estou carregando para a cadeira elétrica. Fico sempre feliz em visitar meu velho. Esta é a primeira vez que gostaria de poder reagendar. Como de costume, Mario, o mordomo de Pa, abre a porta antes que eu possa alcançá-la. Ele era nosso mordomo quando eu era menino. Depois que perdemos tudo, tivemos que dispensar nossa equipe. Mas, uma das primeiras coisas que Pa fez quando nos reerguemos foi encontrar essas pessoas, como Mario, Candace e Priscilla. – Buonasera, Mestre Massimo – ele me dá as boas-vindas, abaixando a cabeça para um breve aceno. – Buonasera, Mário. Esta é Emelia, minha noiva – eu digo. É a primeira vez que a apresento como tal. – Buonasera, signorina. Espero que aproveite a sua estadia – ele diz a ela. Fico feliz por sua gentileza. Nossos funcionários da casa sempre agem como se não soubessem o queestá acontecendo, mas sei que sabem de tudo. – Muito obrigada e buonasera – ela responde. Ele inclina a cabeça. – Todo mundo já está aqui. Chegaram cedo. É sua maneira de me avisar para manter minha cabeça acima da água. Todos querem vê-la. Emelia. Estão curiosos e provavelmente queriam estar aqui para nos ver entrar. Esta noite definitivamente vai ser interessante. – Grazie, Mário. Ele caminha à nossa frente até chegarmos à sala de jantar onde entro com Emelia no meu braço. Será primeiro o jantar, depois a cerimônia da liderança. A conversa na sala cessa no instante em que chegamos à porta e todos viram para nós. Emelia aperta meu braço com mais força. Estão todos olhando para ela, sem fazer nada para parecer menos óbvios. Pa está sentado à cabeceira da mesa. Há dois lugares vazios ao lado dele para nós. Do outro lado estão meus três irmãos, sentados em ordem de classificação. Esta é a primeira vez que isso acontece. Tristan está bem ao lado de Pa e Andreas fica entre ele e Dominic. Todos os outros podem sentar-se da maneira que escolherem. – Boa noite a todos. Espero que não estejamos atrasados – digo. – Nunca – Pa responde, inclinando a cabeça para mim. Ele olha para minha mão segurando a de Emelia e uma curiosidade mais profunda preenche seu olhar. Quando ele se levanta, todos olham para ele. – Desejo dar as boas-vindas ao meu filho, o novo chefe desta família, e sua noiva, Emelia Balesteri. Não esperava que ele fizesse isso. No entanto, sua acolhida dá o tom para o comportamento de todos os outros esta noite. – Obrigado, pai – respondo. – Obrigada – Emelia repete, sua voz saindo em um tom rouco. – Venham e sentem-se – convida Pa. Nós o fazemos e todos os olhos me seguem. Eu puxo a cadeira para ela se sentar e tomo o lugar ao lado de papai. Eu dou o tom, também, quando coloco minha mão na mesa, acenando para ela a segurar para que todos possam ver. Ela olha para mim, mas pega minha mão. Quando Pa olha para mim com admiração, me sinto melhor. Sinto-me melhor esta noite, mesmo que ainda haja um milhão de coisas com as quais me preocupar. Chapter Vinte E Cinco E EMELIA u nunca estive tão nervosa na minha vida. Ao mesmo tempo, nunca me senti tão forte. No minuto em que Massimo pegou minha mão, houve uma mudança na atmosfera. A tensão evaporou, embora a curiosidade exibida por todos ainda estivesse lá. Eu observei com atenção quando o pai dele lhe deu o anel da família. Depois disso, Massimo parecia diferente. Antes, ele já estava no comando e tinha muito poder. Mas, ao colocar o anel, me deu a impressão de que virou um líder de verdade. Ainda fico impressionada ao constatar quanto ele e os irmãos se parecem, entre si, e com o pai deles. Todos são altos, morenos e bonitos. Todos têm feições e olhos parecidos. Andreas é o único que destoa um pouco. Seus olhos azuis brilhantes não são tão escuros quanto os olhos de seus três irmãos. Parece que Deus decidiu variar um pouco apenas para torná-lo diferente. Ele é o mais velho. Estou surpresa por ele não ser o chefe. No caso da minha família é diferente porque sou mulher. Na maioria das famílias italianas, sei que o filho mais velho é quem assume a liderança. Acho que deve ser diferente aqui. Definitivamente não é algo que eu vou questionar. Andreas parece mais assustador que Massimo. Nós comemos uma refeição maravilhosa que eu realmente pude desfrutar. Depois, fiquei presa conversando com algumas das esposas que queriam se apresentar a mim. Elas me afastaram dos homens e me levaram para a sala de estar para conversar. Agora, estão falando sobre férias. Elas têm sido legais comigo, embora imagino que deve ser difícil para elas considerando quem sou. Apesar disso, tentam me fazer sentir bem-vinda. Mais uma vez, isso me faz questionar quem são os monstros desta estória. Quando Aurora, a esposa mais jovem, começa a falar sobre bebês, as outras começam a se preocupar com ela. Não sei o que diabos dizer, então fico calada. – Massimo precisa de você – diz uma voz atrás de mim e me viro para ver Andreas. – Obrigada – respondo, me sentindo nervosa por falar com ele. As mulheres param de conversar na presença dele. Percebi o respeito que todos demonstraram pelos irmãos. – Por aqui – diz ele, acenando com a cabeça para eu segui-lo. Eu faço isso e ele me leva por um corredor. Mas, Massimo não está aqui. – Onde está Massimo? – pergunto, olhando, inquieta, ao redor. – Relaxe, achei que precisava ser salva delas quando começaram a falar sobre bebês. A menos que eu estivesse enganado? – levanta uma sobrancelha, e meus nervos aumentam. – Não. E, obrigada. Você está certo – concordo. – Ah, bom. Eu não gostaria de estar errado. Eu sorrio, mas meus nervos ainda estão à flor da pele. Não sei por que, mas me sinto estranha. Algo nele me incomoda. Talvez seja porque ele é o mais velho. Provavelmente, se lembra melhor do que Massimo das coisas que meu pai fez. Ou talvez seja porque sei que seria dele se ele fosse o chefe. O que teria acontecido comigo nesse caso? Duvido que teria enfrentado o mesmo destino que tive com Massimo. Andreas me estuda. Não tenho ideia do que ele está pensando, então não encorajo a conversa para não dizer a coisa errada. – Espero que meu irmão esteja tratando você bem – afirma. – Sim – eu respondo. – Bem, vocês dois ficam bem juntos – murmura. Aqueles olhos me perfuram. – Espero que ele continue te tratando bem. Alguém limpa a garganta. É Massimo. Eu olho para ele e me surpreendo ao ver que ele tem o mesmo ar possessivo do dia em que eu estava conversando com Manni na praia. Eu não pensei que ele seria assim com seu irmão. – Só salvei sua garota de uma conversa sobre bebês – explica Andreas. Ele disse que sou a garota do Massimo. O dia todo fiquei pensando que Massimo disse algo semelhante esta manhã. Gosto de ser chamada assim. – Espero que isso seja tudo o que você esteja fazendo – afirma Massimo. Andreas estreita os olhos, caminha até ele e coloca uma mão pesada em seu ombro. – Calma, garoto – diz e segura a mão de Massimo. – O anel fica bem em você. Estou orgulhoso de você, como sempre. Não tenho muitos amigos. Meu pai me mantinha em rédea curta, mas não tinha amigos porque as escolas que frequentei abrigavam muitos esnobes que tinham inveja de mim. Se tem uma coisa que consigo identificar é um elogio falso. Como o que Andreas disse sobre o anel. Eu não acredito que ele ficou bem em não ter sido escolhido para chefe. Não acho que esteja tão orgulhoso de Massimo quanto diz. Será que Massimo percebeu isso também? Para mim é tão óbvio. – Obrigado, irmão – responde ele, dando-lhe um abraço de um ombro só. – Vejo você pela manhã – diz Andreas. – Fique bem – comenta Massimo. – Sempre. Você também – Andreas lhe dá outro tapinha e se afasta. Massimo volta sua atenção para mim e se aproxima. – Pronta para ir? – Estou – respondo. – Você sempre vai ser assim quando algum homem falar comigo? – Sim. – Mas, esse é o seu irmão que estava sendo gentil – retruco. Não sei qual é a estória verdadeira, então vou dar o benefício da dúvida a Andreas. Deve ser difícil ser o mais velho e não ser escolhido para liderar a família. – Meus irmãos são tubarões, Emelia. Aos olhos deles, até que digamos o 'sim', você ainda estará no mercado. Ele está falando sério. – Bem, então estou pronta para ir já. Colocando a mão na parte inferior das minhas costas, ele me guia para fora. Sinto que deveria ter me despedido das senhoras, mas está tudo bem. Giacomo não falou comigo. Eu não esperava que ele fosse conversar. E acho que não saberia o que dizer a ele. Entramos no carro e pegamos o caminho de volta para o lugar que agora chamo de lar. Quando passamos pelo restaurante onde encontrei Jacob pela última vez, meu coração dói. Eu não consegui mentir para Massimo. Queria mentir porque, de fato, Jacob nunca me disse o que sentia por mim. Teria sido fácil mentir e dizer que eu não sabia que ele queria ser mais do que amigos. Só que não poderia fazer isso. Mesmo porque, tenho certeza que Massimo teria percebido a mentira.Quando estamos a meio caminho de casa, o silêncio começa a me incomodar. Quero, pelo menos, ter uma ideia do que seu pai pensou de mim. Os homens ficaram conversando por um longo tempo. É horrível quando você sabe que as pessoas estão falando de você. Não serei egocêntrica achando que passaram o tempo todo falando sobre mim, mas, tenho certeza de que fui discutida. Eu me viro para Massimo e observo o contorno de suas belas feições contra a o luar e o suave brilho âmbar das luzes dentro do carro. Às vezes, me pego olhando para ele porque suas feições são tão marcantes. Outras vezes, olho para ele porque ele é um mistério. Um homem que pode mudar de humor como o vento, mas que também tem segredos, muitos segredos. – O que foi? – pergunta ele. O profundo tom de barítono de sua voz atravessa o manto de silêncio. – Estava apenas pensando no que seu pai deve achar de mim. – Ele não disse nada – responde Massimo. Não estou muito certa de como deveria tomar isso. É bom ou ruim? Não pode ser bom, com certeza. – Não coloque minhocas na cabeça, principessa. Ele é assim mesmo. Eu penso nisso por um momento, lembrando de quando chegamos na casa. Giacomo não tinha a mesma energia maliciosa que senti quando nos conhecemos. Diria que esta noite quase parecia que estávamos em um simples jantar em família. – Foi legal da parte dele me apresentar – afirmo. É verdade. Ele não precisava e sei que isso definiu a maneira como todos os outros deveriam me tratar. – Foi mesmo. Começa a chover e Massimo estende a mão para o painel ornamentado de seu carro e liga o rádio. Encontra uma estação de jazz e se contenta com isso. Tomo nota de pequenas coisas assim porque este homem é a definição de um livro fechado. Fiquei surpresa dias atrás quando ele contou tanta coisa sobre sua mãe. Agora, descubro que gosta de jazz. – Você gosta de jazz – declaro e me sinto melhor quando os cantos de seus lábios se transformam em um sorriso sensual. – Gosto. Ele acalma a alma. Assim como meu carro. Eu rio. Ele se vira totalmente para olhar para mim. Percebo que sempre que dou um sorriso ou risada, ele me lança um olhar de fascínio. – Seu carro acalma sua alma? – pergunto, tentando não gargalhar. – Meu carro acalma minha alma. – Como, exatamente? Entendo por que o jazz acalma. Eu gosto de jazz, mas como diabos seu carro faria a mesma coisa Uma risada profunda ressoa em seu peito e, como toda vez que o escuto rir, saboreio o som. – Simplesmente acalma, princesa. Este aqui, me acalma – bate no painel. – Tem alguma coisa a ver com o fato de ser um Bugatti? Um sinal claro de riqueza? Ele sorri. – Não dou a mínima para isso. Eu gosto de coisas bonitas. Eu nem sempre tive riqueza, então acho que faço um agrado para mim mesmo quando estou a fim. Penso no fato de que ele nem sempre teve riqueza e tento imaginar como deve ter sido para ele. Nem todos tiveram o privilégio de viver no luxo que tive a minha vida toda. Deve ter sido difícil passar de tudo para nada, depois ter que reconstruir. – Bugatti é uma boa marca – afirma. – Olho para ele e lembro até onde cheguei. É um carro confiável. Está prestes a dizer alguma coisa quando o carro dá um solavanco, faz um som estridente e desacelera. Massimo o conduz até o acostamento, onde ele morre. – Porra, o que diabos é isso agora? – ele xinga, tentando reiniciar o carro. Não funciona. As luzes do pisca alerta acendem, mas isso é tudo. Não entendo muito sobre carros, mas este não vai se mover daqui esta noite. A parte eletrônica parece ter desaparecido, o que significa que precisa de um mecânico. – O que há de errado com ele? – pergunto. – Não sei. Vou conferir – Ele sai e a chuva respinga nas minhas pernas antes dele fechar a porta. Ele levanta o capô do carro, mexe em vários lugares, até que volta para meu lado do carro e descansa a cabeça molhada no topo da porta. – O carro não tem conserto. Vai levar duas horas para o guincho chegar até nós – O tom tempestuoso de seus olhos combina com o azul de meia-noite do céu. – Porra, troco de carro regularmente para evitar esse tipo de merda. – Há quanto tempo tem esse carro? – pergunto. Ganhei meu carro quando aprendi a dirigir, três anos atrás, e nunca pensei em trocá-lo. – Dois meses. Pressiono meus lábios para não rir, mas perco a batalha em dois segundos. – Por que está rindo, Emelia? – Porque isso é hilário. Não foi você quem acabou de dizer que este carro era tão confiável e bem-feito? Ele faz uma cara severa antes de rir também. – Isso não é engraçado. Deveria ser confiável. Decidindo me juntar a ele, abro a porta e saio. A chuva não está tão forte agora, embora ainda esteja garoando. Gosto de sentir a chuva na minha pele. Especialmente quando o tempo está quente, como agora. Massimo me observa atentamente enquanto me aproximo dele. – Meu Miata nunca me deixou na mão e eu o tenho há três anos. – Boneca – diz ele, encostado na porta do carro. – Você consegue me ver dirigindo um Miata? – Pelo menos, não quebraria como este. Miatas são carros confiáveis. Ele estuda meu rosto. – Venha aqui – diz ele, inclinando a cabeça para o lado. Quando me aproximo, ele alcança minha cintura, me puxando para perto, eliminando o espaço entre nós. Seus lábios encontram os meus e nos beijamos. Toda vez que esse homem me beija, acabo me esquecendo de tudo. Toda vez que ficamos juntos, de forma íntima, tudo o que existe no meu mundo é ele e eu, e o que somos um para o outro nesses momentos. É perigoso para mim pensar assim. Hoje, o dia todo, foi um grande lembrete para mim, um aviso de que não posso me permitir me apaixonar por ele. Mas, fica difícil quando ele me beija como se quisesse me consumir. Afastando-se dos meus lábios, ele segura meu rosto, me encarando. – Essa boca insolente. – Mas, é verdade. Miatas são carros confiáveis – corro meus dedos sobre seu peito e seus olhos percorrem meu corpo. – Estamos a cerca de uma milha de casa. Vou chamar um táxi. Eu quero você, mas essa estrada está muito aberta para eu tirar sua roupa aqui mesmo e te foder sobre o capô do meu carro. Minhas bochechas queimam em resposta à imagem dele fazendo exatamente isso comigo. Acho que eu gostaria disso. Pena que estaríamos expostos. – E se caminhássemos? Vai demorar um pouco para esperar o táxi. Poderíamos simplesmente caminhar juntos. Seus olhos se estreitam. – Você quer andar comigo? – Sim. – Com esses sapatos? Ele aponta meus sapatos de salto alto. Ele tem razão. Seria um pesadelo andar por mais de dez minutos. No jantar, fiquei feliz por não ter que me mover muito neles. – Vou conseguir – afirmo porque seria bom apenas caminhar. – Assim, podemos conversar um pouco mais sobre o que gostamos. Ele olha para mim como se a ideia fosse estranha, mas balança a cabeça. – Tenho uma ideia melhor – diz ele. Suspiro quando ele me pega no colo. – Vai me levar até em casa? – provoco, com uma risada. – Vou, princesa – responde ele. Passo meus braços ao redor de seu pescoço e ele sorri para mim. – Gosto de Bugattis, mesmo que este tenha me feito parecer um idiota – diz ele, chutando a porta com o calcanhar. – Gosto de Miatas. São carros confiáveis – repito. Ele começa a andar pela estrada. – Também ando de moto. – Sério? – Sim – responde, passando a falar sobre sua Ninja X2. Ele fala comigo como se sempre tivéssemos sido assim, um casal. Estou tão impressionada com suas palavras e a maneira como seu rosto se ilumina enquanto ele fala que tudo o que faço é ouvir. Chapter Vinte E Seis A EMELIA conversa está tão boa que mal percebo o tempo passar e já chegamos de volta em casa. Os portões se abrem antes mesmo de chegarmos perto e os guardas nos olham, observando Massimo me carregar. Ninguém diz nada. E nós apenas continuamos pelo longo caminho até a casa. As portas se abrem para nós também e me preparo para descer do colo dele, quando entramos, mas ele não me coloca no chão, continua me carregando. Seguimos em direção ao meu quarto, mas por um caminho que não conheço. – Para onde vamos? – Meu quarto. Quero você na minha cama. Ficarána minha cama a partir desta noite. Vou trazer suas coisas amanhã. Uma decisão como essa, tomada assim no calor do momento, deveria me desequilibrar, mas não é isso que acontece. Apenas olho para ele. Estou trilhando caminhos perigosos, não apenas em minha mente. Desta vez, também em meu coração. Estou colocando–o em risco porque continuo esquecendo quem somos. A ideia de estar em sua cama faz minha cabeça girar, e minha alma vai junto, direto para os braços da tentação. Chegamos à uma porta que ele abre, entra e só então me coloca no chão. Quando as luzes se acendem, fico atordoada com a elegância de seu quarto. É tão grande quanto um apartamento. Agora posso entender como ele consegue desaparecer por dias e não ser visto em nenhum lugar. Uma pessoa poderia viver nesta parte da casa. Há uma área com um sofá de couro preto e uma televisão de cinquenta polegadas na parede. Um lugar perfeito para relaxar e passar o tempo. À esquerda, uma passagem em forma de arco leva ao quarto propriamente dito. Massimo pega minha mão e me conduz pelo arco. Quando entramos, a decoração me lembra uma clássica vila europeia. Exatamente como vi tantas vezes na Itália. Uma cama de mogno king-size domina o centro do espaço e todos os móveis combinam com a cama. Um lustre de ferro forjado paira sobre nós. O teto é alto e as paredes são pintadas em creme e azul-marinho, exceto uma que é toda de vidro. Posso ver a praia daqui e, a julgar pelo ângulo desta vista, o quarto dele não está muito longe do meu. Há uma porta lateral que aposto deve levar até meu quarto, através de algum tipo de corredor. Há uma porta no meu quarto também, sempre trancada. Achei que levasse para fora. Agora, sei que liga ao quarto dele. – Seu quarto é perto do meu – declaro. – É sim. Parece que está decidindo ainda se fica brava comigo ou não. – Não estou brava. – Bom, não quero perder tempo disciplinando você esta noite. A menos que queira umas boas palmadas. Você ficou tão molhada depois daquela surra na outra semana. Seu sorriso safado e palavras escandalosas fazem o meu corpo todo corar sob o olhar faminto dele. – Não gostei daquilo – respondo. Está certo em olhar para mim com descrença porque fiquei mesmo molhada. E ele sentiu a maior evidência de que o que ele fez me excitou para cacete. – Não se preocupe. Prometo que da próxima vez será ainda mais prazeroso. Você tem uma bunda perfeita, principalmente para tomar uns bons tapas. Ele ri quando eu engulo em seco e esse som mexe comigo, como sempre. Mantenho meu olhar grudado em seu rosto. Ele passa a língua pelo lábio inferior e caminha para postar-se atrás de mim. Seu calor toca minha pele enquanto ele desce o zíper do meu vestido, e nós dois observamos o material leve flutuar até meus pés. Meu sutiã sem alças segue o mesmo caminho. Ele enche suas palmas com minha carne nua, acariciando e apertando até eu gemer sob seu toque. – O vestido ficou lindo em você, mas prefiro seu corpo nu. Amo brincar com seus seios, tão grandes e macios – murmura em meu ouvido, seu hálito quente faz cócegas na minha pele. Eu gemo de prazer enquanto continua a massagear meus seios. O prazer assume controle da minha mente. Estou pronta para recebê-lo quando ele me vira para continuar o beijo que partilhamos na estrada. Nossos lábios se encontram, e eu decido que esta noite será diferente. Normalmente, sou como uma boneca para ele brincar, mas hoje também o quero. Quero explorar seu corpo do jeito que ele explora o meu. Quero aproveitar cada segundo compartilhado com ele. Puxo sua camisa, liberando-a da calça e começo a desabotoar. Na metade do caminho, ele segura minhas mãos gananciosas, aperta-as contra si. Um sorriso safado levanta os cantos de sua boca quando ele se afasta de mim para examinar meu rosto. – Você me quer, admita – exige com um olhar tão faminto que me faz derreter. – Eu quero você – respondo, sem hesitação, apesar da vergonha queimando minha face. Ele se aproxima, parecendo um grande animal predatório, como se fosse me devorar. O medo momentaneamente me preenche. – Cuidado, Emelia – avisa. – Muito cuidado com o que deseja, minha princesa. Se não, você vai conseguir, e nem sempre será uma coisa boa. Eu sou o lobo mau, o diabo. – Ele me encara, firme. Mas, quando olho para ele, só vejo o Massimo que meu coração deseja. O homem que me atrai, faz meu coração bater acelerado. – Tem certeza que me quer? – Você não quer que eu te deseje? – Não. Porque você merece coisa melhor – sussurra. Mas, acho que é mentira. Acho que ele quer mesmo acreditar nisso, só que não é verdade. Seus olhos ficam tão escuros quanto o céu na hora do pôr do sol e ele me lança um olhar duro. – Sou um filho da puta egoísta, Emelia – continua ele. – Mas, já deve saber disso. Então, quero que me deseje, independentemente de isso ser bom ou ruim. Ao invés de responder com palavras, retomo minha missão, terminando de desabotoar sua camisa. Ele permite que eu a retire antes de desabotoar seu cinto. Enquanto me ocupo em despi-lo, Massimo brinca com meus seios, distraído. Seus polegares pressionam meus mamilos duros. — O que vai fazer comigo? – indaga ele, sorrindo. – Quero chupar seu pau – respondo e meus ouvidos queimam com essas palavras. Nunca disse isso e nunca fiz isso antes. Sei que ele quer e eu também. – Verdade? – seu sorriso se alarga, enquanto seu olhar prende o meu. – Sim – respondo. Abro sua braguilha e puxo para baixo o elástico de sua cueca boxer. Seu pau salta, ereto e livre. Passo meus dedos ao longo de seu comprimento. Ele está duro feito aço e pronto para me penetrar. Mas, hoje vou degustá-lo primeiro. Eu me ajoelho e lambo as gotas de sua excitação que se acumularam na larga cabeça em forma de cogumelo. Tem um gosto salgado e masculino, o gosto dele. Aperto meus dedos ao redor da base e massageio seu pênis, para cima e para baixo, antes de enfiá-lo na boca. Ele geme como nunca ouvi antes. Não tenho ideia do que estou fazendo, mas sua reação me diz que estou indo bem. Não quero que pense em ninguém quando estiver comigo. Nem que me compare com outra, como a Gabriella. Chupo mais forte quando a imagino fazendo um boquete nele. Ele enterra os dedos em meu cabelo. – Puta merda, Emelia, você é perfeita para caralho. Tomo isso como um sinal de que estou fazendo um bom trabalho, então continuo chupando forte. Ele empurra os quadris para frente, fodendo minha boca com o mesmo vigor que costuma impor à minha vagina. Ele leva seu pau mais fundo e eu aceito. Ele aumenta seu aperto sobre a minha cabeça e eu aguento. Ele esfrega seu pau em minha garganta com tanta força que sinto que vou engasgar. Mas, aceito porque sei que ele está gostando. Quando começo a massagear suas bolas, ele geme alto, como sempre faz antes de gozar, mas ele para e acaricia meu cabelo com seus dedos quentes. Paro de chupar e procuro seus olhos. – Não quero terminar na sua garganta – ele geme, me puxando para cima. Seu rosto está ainda mais lindo, cheio de prazer. Um prazer que eu dei a ele. –– Quero gozar dentro de você, mas quero te foder de um jeito diferente, Emelia. Você vai me deixar ser mais depravado, mais sombrio esta noite, principessa? O pau dele continua ereto, a ponto de explodir, mas ele ainda possui controle suficiente para beijar meus lábios com tanta força que eles queimam. – O que vai fazer? – pergunto. Há uma sombra à espreita no fundo de seus olhos endurecendo seu rosto com um desejo que chega a ser brutal. Fico curiosa em saber o que ele quer dizer com mais depravado e mais sombrio. Ele me leva até a parede onde fica o guarda-roupa, me solta e puxa uma cortina. Achei que ela cobria uma janela, mas descubro que não. Meu queixo cai quando meu olhar pousa sobre uma grande cruz de metal em forma de X, montada em um canto. Ao lado, há uma pequena mesa com uma variedade de correntes, algemas, cordas e chicotes. Equipamento de BDSM. É isso que estou vendo. Apesar de ter sido superprotegida por toda a minha vida, precisaria ter sido surda para não escutar as conversas picantes que rolavampelo campus. Ou ignorar os segredos que os amigos hardcore de Jacob mantinham. Eles falavam o tempo todo sobre esse tipo de coisas. No espaço de poucas semanas, dei meu primeiro beijo, perdi minha virgindade e agora olhe para mim. Onde estou me metendo? Com o que estou concordando? – Está com medo, princesa? – pergunta atraindo meu olhar que estava grudado na estrutura de metal. – Quero te amarrar e te foder. Quero viver uma fantasia sombria que tenho desde que te vi pela primeira vez no baile de caridade. O pensamento de um homem como ele fantasiando sobre mim é o que me prende e me faz desejar que ele me amarre e faça o que quiser comigo. – Isso assusta você, princesa? – pergunta novamente. – Não – respondo, mesmo sem ter plena certeza do que estou dizendo. Sinceramente, estou com um pouco de medo e a razão diz que deveria estar tentando fugir deste quarto. Porém, meu coração me mandou dizer que sim. Dizer sim e concordar com tudo o que este homem quiser fazer comigo. Profunda satisfação ilumina seus olhos. Desejo queima no fundo de seu olhar, com um calor tão intenso que me derrete. — Você me permite amarrá-la? – afastando-se da cortina, ele pega minha mão. Levando-a à boca, plantando um beijo em meus dedos. – Pode dizer não. Pode me mandar a merda se isso for demais para você. Mas, quero muito te foder assim. Eu quero que ele me queira desse jeito, de todos os jeitos. – Eu quero também – respondo e engulo em seco tentando acalmar o desejo que pulsa no fundo da minha garganta. – Precisa confiar em mim para isso funcionar. É simples assim. Só você e eu. – Sim – respondo. É o sim mais fácil que já dei a ele porque também quero muito isso. – Sua palavra de segurança é vermelho, principessa. Não vou fazer nada para te machucar, mas se fizer algo que você não queira, ou precisar de um fôlego, basta dizer vermelho. Entendeu? – Entendi. Ele fecha a mão sobre a minha e me conduz até a cruz. Enquanto analiso a estrutura, ele pega um par de algemas de couro sobre a mesa, prendendo uma algema no lado esquerdo da cruz, passando a corrente pelo pequeno aro no topo. Ele estende a mão para mim, pedindo a minha. Quando a dou, ele prende a faixa larga de couro no meu pulso e repete a mesma coisa do outro lado. Ele tira minha calcinha, antes de prender meus tornozelos na parte inferior do X. Quando termina de me amarrar, estou completamente à sua mercê. Mas, isso não me importa. Já entreguei meu corpo a ele. Dei a ele minhas escolhas e minha mente. Meu coração me mandou fazer isso. Ele tira as calças e a cueca. Agora, ambos estamos nus. Caminhando até mim, ele se agacha e enterra o rosto entre as minhas coxas para sugar meu clitóris, bem devagar. Sua lenta suavidade me deixa mais excitada. O comprimento das correntes, presas aos meus tornozelos, permite movimento suficiente para ele me posicionar do jeito que ele preferir para me comer. O mesmo acontece com as algemas nos meus pulsos, permitindo me curvar para frente. Tudo está ajustado para me mover para qualquer posição sexual que ele queira. Na medida do possível, aperto meu corpo contra sua língua implacável enquanto ele a usa para chicotear minha boceta, atormentando meu corpo. – Oh, Deus! – grito, jogando minha cabeça para trás. – Porra – alcanço o orgasmo imediatamente. A prova líquida do meu gozo flui direto para sua boca. E ele bebe tudo, usando uma mão para massagear meus mamilos. Com as restrições aos meus movimentos, não consigo me mexer da maneira que faria para obter mais prazer. Isso é bom, mas doloroso ao mesmo tempo por causa da sobrecarga de prazer intenso. – Massimo! – grito. Ele responde com uma risada sombria que reverbera pela minha carne. – Grite meu nome, principessa, até não poder falar. Mal comecei com você. Suspiro alto quando mergulha seu rosto de volta e continua se banqueteando. Desta vez, sinto ainda melhor sua língua safada. O fato de não poder me mover me mantém nas garras do prazer. E tudo que posso fazer é aceitar tudo que ele me dá, tudo o que ele quiser fazer com meu corpo. Não preciso pensar, nem decidir. Estou viciada e ávida por mais desse prazer sujo, escuro e perigoso que ele me apresentou. E que ele continua me dando mais e mais. Gozo novamente, gritando. Desta vez, não sai nenhuma palavra dos meus lábios, apenas o som primitivo do prazer puro que ele me dá. Massimo se levanta, lambendo os lábios, o néctar da minha boceta escorre pelo canto de sua boca. Seu pau parece que está para estourar, mas ele ainda exala aquele ar de controle. Quero tocá-lo, mas ele está no comando do que faremos a seguir. Ele se coloca atrás de mim e agarra meus quadris. Alinhando seu pau com a minha entrada, penetrando minha boceta por trás, o ângulo permitindo que ele atinja todos os meus pontos sensíveis. Suspiro quando meu corpo se estica para acomodar sua largura e comprimento. Ele começa a me foder. É tão bom que mal consigo respirar. Eu me sinto tão incrível que esqueço que estou amarrada. Ele bombeia seu pau com força, e aceito suas estacadas duras. Ele agarra um punhado do meu cabelo, entrando e saindo de mim, fazendo nossos corpos se chocarem. Os sons de nossos gemidos enchem o quarto e se juntam à música de carne contra carne, resultante de fazer sexo tão quente. Outro orgasmo toma conta de mim e ele solta meu cabelo. Seus golpes profundos e descontrolados jogam meu corpo para frente, contra as amarras, fazendo as correntes tilitarem. Seus dedos quentes descem pelas minhas costas, deixando um rastro de fogo, até que circulam sobre a roseta apertada do meu cu. Quando ele empurra os dedos para dentro, meus joelhos dobram e ele diminui a velocidade de seus movimentos. – Princesa, por favor, deixa eu te foder aqui. Deixa – geme. Eu deveria ficar indignada, mas quero dar tudo a ele. – Sim – respondo, em um suspiro de prazer. Seu pinto desliza para fora de mim e Massimo se afasta por um instante. Logo retorna carregando um tubo de gel e cobre minha bunda com a substância gelada. Esguicha o lubrificante entre minhas nádegas, enfiando-o para dentro do pequeno orifício com os dedos. Empolgada com o prazer que ele me dá, mal percebo quando a cabeça gorda de seu pau pressiona o buraco proibido. Meus olhos se arregalam quando ele avança e tudo fica tão estranho de repente. – Está tudo bem, princesa, prometo que isso vai passar logo e você vai se sentir bem – ele me acalma, acariciando minhas costas suavemente. Seus gestos são tão delicados, ele está tão gentil que mal posso acreditar que é o mesmo Massimo que adora me foder com urgência e força. Em resposta, solto um gemido alto e ele para. – Vermelho, princesa? Pode dizer vermelho. Você manda esta noite. Suas palavras me pegam de surpresa, fazendo meu coração esquecer de bater. Tento olhar para ele, mas meu cabelo cai sobre meu rosto. – Não. Quero que continue – sussurro, e ele me acaricia novamente. Lentamente, ele enfia o resto do seu longo pênis até que esteja todo dentro. Uma explosão de prazer queima meu corpo. Puta merda, a nova sensação é inacreditável. Mas, fica ainda melhor quando ele começa a se mover lentamente mais para dentro de mim, indo mais fundo. Prazer urgente inunda minha mente e grito tão alto que todos na casa e nos arredores devem ter me ouvido. Merda. O som parece encorajá-lo porque ele começa a bombear com mais força. Meu corpo já se adaptou ao seu tamanho e está pronto para receber sua estocadas. Assim, quando ele aumenta a intensidade e fode minha bunda com a mesma força que costuma foder minha boceta, tudo que sinto é prazer, um deleite puro que se espalha de dentro para fora. Eu gozo novamente. No mesmo instante, seu pau ejacula dentro de mim e ele solta um grito feroz, soando como um guerreiro vencendo uma batalha. O calor de seu esperma me marca, reivindicando essa parte de mim como ele fez quando tirou minha virgindade. Não resta mais nada que possa dar a ele. Este homem levou tudo. Nós nos acalmamos, mas estou completamente exausta, esgotada. Não resta nenhuma energia em mim. O peso do cansaço tomou contado meu corpo inteiro. Ele me segura com uma mão enquanto solta as algemas. Uma de cada vez, me libertando de sua fantasia. Sei que ele gostou, mas o prazer que me deu foi diferente de tudo que já experimentei. Como uma droga, eu quero mais. Mais dele. Ele me pega no colo e me leva para a cama. Estou tão esgotada que mal percebo que ele não se deitou. Mas, logo reaparece, passando um pano quente e úmido sobre o meu sexo e a minha bunda, limpando a bagunça que fizemos. Quando termina, ele se deita ao meu lado. Eu me viro para que seus braços possam me segurar. – Você está bem, principessa? – pergunta. – Estou cansada. – Eu cuidarei de você. Sua afirmação parece mais um juramento, um voto. Será que é? Prendo seu olhar com o meu. É como se o estivesse vendo pela primeira vez. Há um brilho profundo no azul escuro de seus olhos. É igual ao que vi na pintura que a mãe dele fez. É a alma dele. Isso é o que ela pintou. Ela me deu uma janela para sua alma que agora consigo usar para enxergar quem ele realmente é. – Eu vejo você – afirmo. Lentamente, ele balança a cabeça e o brilho desaparece. – Não. É um bom conselho que pode ser aplicado a muitas coisas, mas sei exatamente o que ele quer dizer. Ele está avisando para não me apaixonar por ele, é isso que ele está tentando me dizer. Esta noite, pensei muito no que tudo isso está fazendo com meu coração. Pedi a mesma coisa ao velho teimoso. Massimo já levou tantos pedaços de mim. Achei que não tinha mais nada para lhe dar. Mas tenho. Tenho ainda meu coração e minha alma. Isso é tudo que me resta. Ele não me ama. Nem acho que ele sabe amar alguém. Então, eu nunca devo permitir que ele tire essas duas últimas coisas de mim porque ele não vai me dar o coração dele em troca. Chapter Vinte E Sete E MASSIMO u saio para o terraço e admiro as estrelas enquanto as memórias da noite passada voltam. Sempre irei me lembrar do brilho nos olhos de Emelia, do jeito que ela me olhou a noite inteira. – Eu vejo você. – Foi isso que ela me disse. Eu entendi o que ela quis dizer. Ela conseguiu ver minha alma atrás da parede que construí com tanto cuidado ao longo dos anos. Ela enxergou o meu verdadeiro eu. Assim como no baile, baixei a guarda. No baile, quando a vi pela primeira vez, ela me impressionou tanto que não consegui manter a muralha firme. A mesma coisa aconteceu ontem. Permiti que ela entrasse. Mas eu arruinei o momento. Esmaguei a conexão como se fosse um inseto. Esmaguei antes que pudesse florescer. Matei os sentimentos que compartilhamos depois de tudo que vivemos na noite passada. Ela confiou seu corpo a mim, quando permitiu amarrá-la. O que ela não sabia é que estava me entregando mais do que isso. Ela me deu sua própria confiança. A maioria das pessoas não pensa nisso como um conceito tão importante quanto amor, amizade, compaixão. Mas, é tão importante quanto. Fizemos sexo mais duas vezes durante a madrugada. Foi bom tê-la finalmente na minha cama, mas havia algo diferente nela. Será que prestou atenção ao meu aviso para não se apaixonar por mim? Não devo me apaixonar por ela também. Mas, seria tão fácil porque já estou quase lá. No entanto, há tantas razões pelas quais não posso amá-la. Tantas razões pelas quais não deveria. Ela também não deve me dar seu amor. Estamos nisso só por causa de um contrato. O amor é uma fraqueza que não posso permitir. No meu mundo, esposas não contam. As mulheres na casa do meu pai ontem são bons exemplos disso. Embora, admita que meu primo Matthew está claramente apaixonado por sua esposa. Mas, essa é uma escolha dele e fico feliz por eles. Mas, todos os outros homens lá traem suas esposas. Eu odeio isso, mas o que eu pensei que faria? Casar-me com Emelia e respeitá-la como minha esposa, do jeito que acho que deveria ser? Ou teria amantes como a maioria dos homens da minha família? Pa não fez assim com minha mãe. E, embora meus irmãos sejam animais loucos por sexo, sei que quando se apaixonam, eles amam demais. Da mesma forma que eu sempre achei que faria. É por isso que não posso me apaixonar e sei que é por isso que meus irmãos também não. O amor queimou nosso pai, queimou Tristan. A última coisa que quero fazer é me apaixonar do jeito que eles fizeram e perder minha garota. Com Emelia, seria muito difícil se a perdesse ou se falhasse com ela de alguma forma. Não posso viver com medo. O medo te deixa fraco. Como chefe e membro do Sindicato, não posso mostrar fraqueza. Emelia é um plano que está indo bem. Falta uma semana para o casamento. Estou prestes a ter tudo. Não posso estragar as coisas agora. Volto para dentro quando meu telefone vibra no bolso traseiro da minha calça. Meu pai está aqui querendo me ver. Acabei de chegar do clube onde fui cuidar das contas. Emelia ainda nem me viu. Desço até a sala de estar e, quando chego, meu pai já está acendendo um charuto. Entro e fecho a porta. Ele quer falar comigo em particular, mas preciso falar com ele também. A situação com Vlad está me incomodando. – Oi, Pa – digo, sentando-me à sua frente. – Filho, você está com uma cara horrível – sorri, me olhando com cuidado. – Já tive dias melhores. – Fale comigo, sou todo ouvidos – oferece. Suspiro, passando a mão pelo meu cabelo. – Não sei o que fazer sobre Vlad. Não sei se ainda está em Los Angeles. Ele normalmente não fica em um lugar por muito tempo. – É bem possível que já tenha saído. Por outro lado, ainda pode estar aqui. Tudo depende do motivo dele ter vindo. Ele e as Sombras. – Exato, só que não há como descobrir isso – respondo. Pa olha para mim longa e duramente. – Você está preocupado com ela – observa ele. – Emelia. – Devo protegê-la se ela estiver comigo. Vai ser difícil falar com ele sobre ela sem entregar muita emoção. – Você praticamente declarou que ela é sua ontem à noite. Eu vi. Ele não está me questionando. Ele está afirmando um fato. Passo a mão por minha barba. – Queria que ela se sentisse confortável – respondo, e sua expressão suaviza. – Notei isso, mas havia mais. Ela não é como ele. Não é como Riccardo. – Não, ela não é – fito o chão. – Você gosta dela – afirma. Meu olhar volta a encontrar o dele. — Só estou fazendo o que tenho que fazer. Esse é o acordo, certo? Ele sorri para mim. – Massimo, você vai se casar com essa garota na próxima semana. Ela está com você há três semanas, o casamento foi ideia sua. Uma ideia brilhante com a qual eu teria concordado de qualquer maneira. Mas, notei como você ficou puto da vida quando Riccardo falou sobre ela na reunião do Sindicato. Eu mordo o interior do meu lábio. – Ele me irritou, só isso. – Seus olhos te entregaram, filho. Eu vi o jeito que ela olhou para você no jantar e como você olhou para ela. Você quer protegê-la. Da mesma forma que eu era com sua mãe. Ele se endireita e me encara. Sustento seu olhar, sem saber o que dizer. Se há alguém com quem posso ser honesto, é meu pai. Mas, é difícil porque estamos falando da filha do nosso inimigo. – Não quero que nada aconteça com ela. – Entendo – um brilho inquieto se instala em seus olhos. – Massimo, sinto que chegou a hora de compartilhar uma ou duas coisas sobre o passado. É por isso que eu queria ver você. Meu interesse desperta. O que ele vai me dizer? Ele respira fundo antes de falar. – Tenho certeza que já se perguntou o que aconteceu para fazer Riccardo me odiar, nos odiar tanto. Eu sempre falei que tivemos um desentendimento. É verdade, mas não do jeito que todos pensam. – O que aconteceu? Há tanto tempo estou consumido pelo ódio por tudo o que Riccardo fez conosco que nunca me preocupei com detalhes da estória. – Nós três começamos como melhores amigos. Eu, Riccardo e sua mãe. Eu sempre a amei. Sempre. Mas, nunca pensei que fosse bom o suficiente para ela. À medida que ficamos mais velhos, eu me esquivei e ele tomou a frente. Eu me endireito, sem entender para onde esta conversa está indo. Eu sabia que meus pais conheciam Riccardo quando eram mais jovens e praticamente cresceram juntos porque suas famílias eram do Sindicato. Mas, parece que papai