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Prévia do material em texto

Equoterapia
A importância do Médico Veterinário 
e a utilidade do cavalo
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
ENTREVISTA
Bernard Vallat
Diretor geral da OIE
Janeiro a abril 2014
ano xx
brasília df
ISSN 1517-6959
61 
Revista
Cães de 
Guerra
Como são treinados e 
utilizados em serviço
avicultura 
agroecológica
Um mercado 
em expansão
nº 61 
Janeiro 
a Abril 2014
16
12
44
33
 
16 CAPA
equoterapia
a importância do Médico 
veterinário e o valor do cavalo
21 a prática Médico-veterinária na 
equoterapia
 
5 enTreVisTa
Bernard vallat 
Diretor Geral da Oie
8 O mundo vem ao Brasil para 
discutir o ensino da Medicina 
veterinária
9 Novas estratégias de ensino 
e aprendizagem para formação 
profissional
12 Uma nova agenda para Médicos 
veterinários e Zootecnistas
14 Bem-estar animal: quais serão 
as respostas e soluções?
25 Destaques CFMv
28 CFMv na mídia
29 avicultura agroecológica 
é possível
33 Cães de guerra
37 tratamentos hormonais e 
inseminação artificial em tempo 
fixo em bovinos
44 Números da Medicina 
veterinária e Zootecnia no Brasil
49 suplemento Científico
84 Opinião: Paulo Maiorka
86 Publicações
SUMÁRIO
Bernard 
Vallat
a primeira edição de 2014 da Revista CFMv está totalmente renovada. 
ela segue seu propósito de educação continuada, mas com novo projeto 
gráfico para uma leitura mais agradável. Também traz temas diversificados 
sobre a atuação de Médicos veterinários e Zootecnistas. 
Nesta edição, o destaque vai para a equoterapia, uma das áreas em expansão 
na Medicina veterinária e Zootecnia. Com uma lei que regulamenta a 
atividade em fase final de tramitação no Congresso Nacional, o Conselho 
Federal de Medicina veterinária (CFMv) foi atuante para garantir que os 
Médicos Veterinários fizessem parte da equipe de apoio da atividade. 
além disso, a revista aborda assuntos sobre novas estratégias de ensino 
na graduação e aprimoramento, tecnologia, bem-estar animal e artigos de 
destaque no caderno científico. Convidamos você a participar da Revista 
CFMv com sugestão de temas, avaliação e envio de artigos.
 
boa leitura! 
a Revista CFMv é quadrimestral e destina-se à divulgação de trabalhos 
técnico-científicos (revisões, artigos de educação continuada e artigos 
originais) e matérias de interesse da Medicina veterinária e Zootecnia.
a distribuição é gratuita aos inscritos no sistema CFMv/CRMvs e aos 
órgãos públicos. a Revista CFMv é indexada na base de dados agrobase.
aGRis L70 
CDU619 (81)(05)
É permitida a reprodução de artigos da revista, desde que seja citada a fonte. Os artigos assinados são de inteira 
responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião do CFMv. as fotos enviadas serão 
automaticamente cadastradas no banco de imagens do CFMv com o devido crédito.
Conselho federal de
Medicina Veterinária
sia – trecho 6 – Lotes 130 e 140
Brasília-DF – CeP 71205-060
Fone: (61) 2106-0400
Fax: (61) 2106-0444
www.cfmv.gov.br
cfmv@cfmv.gov.br
tiragem: 95.000 exemplares
diretoria executiva
Presidente
Benedito Fortes de arruda
CRMv-GO nº 0272
Vice-Presidente
eduardo Luiz silva Costa
CRMv-se nº 0037
secretário-Geral
antônio Felipe
Paulino de Figueiredo Wouk
CRMv-PR nº 0850
Tesoureiro
amilson Pereira said
CRMv-es nº 0093
Conselheiros
Conselheiros efetivos
adeilton Ricardo da silva
CRMv-RO nº 0002/Z
Fred Júlio Costa Monteiro
CRMv-aP nº 0073
José saraiva Neves
CRMv-PB nº 0237
Marcello Rodrigues da Roza
CRMv-DF nº 0594
Nordman Wall Barbosa
de Carvalho Filho
CRMv-Ma nº 0454
Nivaldo de azevedo Costa
CRMv-Pe nº 1051
Conselheiros suplentes
Francisco Pereira Ramos
CRMv-tO nº 0019
Heitor David Medeiros
CRMv-Mt nº 0951
João esteves Neto
CRMv-aC nº 0007
José Helton Martins de sousa
CRMv-RN nº 0154
Conselho editorial
Presidente
antônio Felipe Paulino 
de Figueiredo Wouk
líder da Área de Comunicação
Helenise Ribeiro Caldeira Brant
editor
Ricardo Junqueira Del Carlo
subeditora
Flávia tonin
Coordenador de Comissões
Joaquim Lair
revista CfMV
editor
Ricardo Junqueira Del Carlo
CRMv-MG nº 1759
Jornalista responsável
Flávia tonin
MtB nº 039263/sP
Projeto e Diagramação
ideorama Design e Comunicação
impressão
Gráfica Editora PallottiE
X
P
E
D
IE
N
T
E
Moderna 
e atual
benedito fortes de arruda
Presidente do CFMV
EDITORIAL
Bernard 
Vallat
Diretor geral da Organização Mundial da Saúde Animal 
(OIE), Médico Veterinário formado em Toulouse, França, 
com doutorado e duas pós-graduações técnicas, começou 
na inspeção, mas nos 17 anos iniciais de carreira atuou 
em cooperação e acordos internacionais, envolvendo 
programas e treinamentos de sanidade animal e produção 
pelo mundo. Atuou em ministérios na França e, em 1997, 
assumiu pela primeira vez o alto posto da OIE. Em maio de 
2010, foi eleito pelos 178 países-membros da organização 
para seu terceiro mandato na direção geral. É voz firme e 
atuante em todo o mundo.
ENTREVISTA
Como avalia e quais são os principais pontos 
para melhorar o ensino da Medicina Veterinária 
no mundo?
Fizemos visitas de avaliação em 120 países e em 
quase cem se constatou que a educação médico-
veterinária não estava adequada para cumprir as 
necessidades dos países e normas internacionais 
de sanidade animal. Havia problemas e falta de 
harmonia em programas analíticos. Os recursos 
das instituições eram insuficientes para o ensino 
de qualidade, com falta de equipamentos, pro-
fessores e animais. a Oie tem proposto uma lista 
de competências mínimas para a formação dos 
Médicos veterinários em todos os países. tam-
bém influenciamos governos para liberar recur-
sos financeiros e apoiar os estabelecimentos, 
lembrando a importância social da presença de 
Médicos veterinários qualificados, o que irá re-
percutir, por exemplo, na economia, nas exporta-
ções e na saúde pública. Defendemos que o Mé-
dico veterinário é um bem público e os governos 
podem fazer mais pela educação.
A OIE é uma organização preocupada com a sani-
dade. Por que há o interesse na educação?
Para cumprirmos o objetivo de melhorar a saúde ani-
mal e do planeta, como proposto pelos países-mem-
bros, há necessidade de Médicos veterinários capaci-
tados e a base é sua formação. É condição essencial 
para humanos, animais e planeta saudáveis.
Como os órgãos estatutários, como o CFMV, podem 
ajudar a cumprir esse objetivo?
em todo o mundo, não há vínculo entre os Médicos 
veterinários e os responsáveis pela educação mé-
dico-veterinária; em muitos, nem o diálogo. a me-
lhor maneira de melhorar a educação veterinária é 
dar responsabilidade aos organismos veterinários 
quando fazem os registros profissionais e vincular 
critérios de sua formação. Um dos requisitos seria a 
arquivo CFMv
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 5
ENTREVISTA BERNARD VALLAT
demonstração de que os estabe-
lecimentos de ensino cumprem as 
normatizações da Oie, adotadas 
por todos os países. se a lei der 
poder e condições a esses órgãos, 
eles poderão influenciar a quali-
dade do ensino. 
Seria um trabalho de certificação 
dos profissionais e reconhecimen-
to das instituições pelos órgãos es-
tatutários, com base nas diretrizes 
da OIE?
a ideia é que os órgãos estatutá-
rios possam influenciar o governo 
para que ele imponha os critérios 
de qualidade para reconhecer es-
tabelecimentos. a Oie não quer 
ser um organismo de certificação. 
Nossa função é preparar e adotar 
normas, mas não fazemos controle. 
É importante que os 
Médicos Veterinários 
comuniquem a 
importância de seu 
trabalho e tenham 
orgulho dele
Serviço médico-veterinário é um bem público
Essas normativas educacionais, no 
futuro, poderiam se tornar indire-
tamente barreiras comerciais?
a Organização Mundial do Comér-
cio não tem responsabilidade para 
com a educação e não pode fazer 
barreiras com esse pressuposto. No 
futuro, pode pedir que os profis-
sionais que certificam os produtos 
tenham algum tipo de reconheci-
mento. Normalmente, nos acordos 
de comércio internacional, há exi-
gência de capacitaçãodos que fa-
zem a certificação.
O Brasil tem mais de 200 escolas 
de Medicina Veterinária. Qual é 
sua avaliação?
É importante avaliar a deman-
da de mercado profissional para 
que os recém-formados tenham 
boas condições de trabalho. É pa-
pel do governo ajustar o número 
de estabelecimentos à demanda 
O custo da boa educação em Medicina Veterinária é alto
Unimar
Arquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 20146
Arquivo CFMV
ENTREVISTA Bernard Vallat
Segurança alimentar: responsabilidade do Médico Veterinário
e fazer as devidas negociações. 
O custo da boa educação em Me-
dicina veterinária é alto e os re-
cursos disponíveis se diluem com 
muitas escolas.
Com exemplos de excelência, 
como o Brasil pode contribuir 
para a educação da Medicina Ve-
terinária no mundo?
Qualquer país-membro da Oie 
pode propor intercâmbio de coo-
peração com outros países. isso 
é assessorado e monitorado pela 
organização, principalmente por 
causa das prioridades. Com mais 
de cem mil profissionais, o Brasil 
tem peso em temas relacionados 
à Medicina veterinária. além dis-
so, é o principal exportador mun-
dial de produtos de origem animal 
e se destaca em competitividade 
e custo de produção, assegurando 
sanidade dos rebanhos. esse é um 
tema que o País pode propor. 
Muito se fala em “um mundo, 
uma saúde”. Há maior percep-
ção da sociedade sobre o papel 
do Médico Veterinário para a 
saúde pública?
No mundo, a sociedade não sabe 
a importância do Médico vete-
rinário para a sua saúde. ainda 
associa os profissionais aos cães 
e gatos. isso é justificado pela 
concentração em centros urba-
nos desconectados do campo. as 
crianças acham que o ovo é um 
produto industrial. É preciso edu-
car e se comunicar com a socie-
dade, que precisa entender que 
70% das enfermidades humanas 
têm origem nos animais e são os 
Médicos veterinários que prote-
gem os homens.
E os Médicos Veterinários têm a 
consciência de sua importância 
para a saúde pública?
Muitos trabalham limitados ao 
seu espaço e não sabem se comu-
nicar. Não têm consciência da sua 
importância. É preciso aprender 
a se comunicar desde as univer-
sidades e isso está previsto nas 
competências mínimas propostas 
pela Oie.
Além da saúde pública, existe o 
bem-estar animal. Como os Médi-
cos Veterinários podem contribuir?
O bem-estar animal é uma de-
manda mundial das socieda-
des urbanas. Os consumidores 
querem conhecer as condições 
de produção e somente os Mé-
dicos Veterinários têm a forma-
ção apropriada para entender o 
que é ou não aceitável. eles pre-
cisam estar na linha de frente 
para a definição da legislação e 
sua aplicação, de forma que seja 
aceitável pelos consumidores e 
produtores. É um tema comple-
xo que precisa de pessoas com 
elevado conhecimento. 
Gostaria de deixar uma mensa-
gem aos profissionais e estudan-
tes brasileiros?
É importante que comuniquem a 
importância de seu trabalho e te-
nham orgulho do que fazem. além 
disso, é preciso que ampliem as 
fronteiras e olhem para além do 
que acontece no Brasil. 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 7Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 7
ENSINO
O mundo vem ao 
Brasil para discutir o 
ensino da Medicina 
Veterinária
Evento reuniu mais de mil congressistas, 
que apresentaram suas realidades locais 
e discutiram, em conjunto, um modelo 
mínimo ideal para a formação profissional
da Oie na área do ensino. Os temas foram abor-
dados por representantes de todo o mundo, que 
evidenciaram suas realidades antes das discus-
sões. todas as apresentações estão disponíveis, 
em inglês, no site da OIE (www.oie.int).
Ao final da conferência foi lavrado um do-
cumento que será levado à apreciação dos 178 
países-membros daOie, para posterior recomen-
dação mundial. ele propõe As competências do 
dia 1, texto que trata das habilidades necessá-
rias para que os Médicos veterinários prestem 
um serviço nacional de qualidade. a organização 
respeita as particularidades locais, mas entende 
que há uma deficiência na formação, o que im-
pacta na qualidade dos produtos e na proteção 
da saúde pública e do meio ambiente. 
Direcionada ao público participante, o CFMv publicou uma edição espe-
cial da Revista CFMV para a 3ª Conferência Mundial sobre o Ensino da Medi-
cina veterinária, com conteúdo específico. a publicação, bilíngue, apresentou 
dados atuais sobre a sistematização do ensino, sua estrutura e particularida-
des. também detalhou as diferentes formas de pós-graduação e trouxe uma 
entrevista com a então ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. tam-
bém foram abordados temas emergentes da profissão e o perfil acadêmico. 
O conteúdo completo pode ser acessado em www.cfmv.gov.br.
Por: Flávia Tonin
C om participação direta do CFMv na promoção 
do evento, foi realizado no Brasil o maior evento 
mundial para discussão do ensino da Medicina veteriná-
ria. A 3ª Conferência Mundial sobre o Ensino da Medicina 
veterinária, realizada de 4 a 6 de dezembro de 2013, re-
uniu em Foz do iguaçu, PR, mais de mil congressistas dos 
cinco continentes. Preparada pela Organização Mundial 
de saúde animal (Oie) e também promovida pelo Minis-
tério Ministério da agricultura, Pecuária e abastecimento 
do Brasil, nela foram debatidas e apresentadas diretrizes 
mínimas para a formação profissional. 
as palestras abordaram a situação atual dos progra-
mas de ensino; a contribuição dos Médicos veterinários 
privados e as suas necessidades educacionais; a investi-
gação científica aplicada à Medicina veterinária; o papel 
dos órgãos estatutários; e as normas e recomendações 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 20148
ENSINO
Novas 
estratégias 
de ensino e 
aprendizagem 
para formação 
profissional
As diferentes organizações mundiais sabem da importância do ensino para 
que se tenha um profissional que atenda às demandas da sociedade. O CFMV 
também tem essa preocupação e oferece aos docentes brasileiros uma gama de 
estratégias práticas voltadas, principalmente, para os 
dilemas humanísticos
P ara a Organização Mun-
dial da saúde animal 
(Oie), os Médicos veterinários, in-
dependentemente da sua área de 
prática profissional, são respon-
sáveis pela promoção da saúde 
e bem-estar animal, saúde públi-
ca e segurança alimentar, sendo 
seus serviços considerados bens 
públicos mundiais. 
O Consórcio Norte-ameri-
cano de educação em Medicina 
veterinária (NavMeC) coloca o 
Médico veterinário como líder 
influente em assuntos relacio-
nados aos animais, humanos e 
saúde dos ecossistemas. tra-
ta-se de profissão reconhecida 
como das mais gratificantes, in-
teressantes e desafiadoras, pois 
tem amplo espectro de opções 
na carreira. O NavMeC propõe 
uma visão que traz elevado ní-
vel de responsabilidade social, 
considera e atende às necessi-
dades da sociedade e comparti-
lha avanços tecnológicos e par-
cerias (Figura 1).
Nacionalmente, as Diretri-
zes Curriculares de Medicina 
veterinária (Resolução CNe/Ces 
nº 1/2003) compartilham de 
preocupações semelhantes e es-
tabelecem nos arts. 3º e 4º:
art. 3º O Curso de Gradua-
ção em Medicina veterinária tem 
como perfil do formando egresso/
profissional formação generalis-
ta, humanista, crítica e reflexiva, 
apto a compreender e traduzir 
as necessidades de indivíduos, 
grupos sociais e comunidades 
[...] em seus campos específicos 
de atuação. 
art. 4º a formação do Médico 
veterinário tem por objetivo dotar 
o profissional dos conhecimentos 
Unimar
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 9Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 9
Competências profissionais do Médico 
Veterinário segundo o NAVMEC e a OIE
fiGura 1
O naVMeC relaciona como competências 
profissionais essenciais do médico veterinário:
a Organização Mundial da Saúde animal, 
por sua vez, refere como competências:
•a comunicação
•	 a colaboração
•	 o gerenciamento (de si mesmo, 
de equipes e de sistemas)
•	 a educação permanente
•	 a liderança
•	 a consciência da diversidade
•	 a adaptação a ambientes em mudança
•	 a comunicação;
•	 a administração e o gerenciamento;
•	 pesquisa a aplicação de análises de risco;
•	 dentre outras.
para desenvolver ações e obter resultados volta-
dos à área de Ciências Agrárias no que se refere 
à Produção animal, Produção de alimentos, saúde 
animal e Proteção ambiental, além das seguintes 
competências [Figura 2] e habilidades gerais: [...].
Essas competências, denominadas humanísti-
cas, são interdependentes. a menção a elas não se 
refere meramente ao desenvolvimento de deter-
minados comportamentos nos alunos, que podem 
vir a denotar a presença ou não da competência. 
espera-se o desenvolvimento desta de maneira 
aplicada. a resolução mostra a preocupação em 
fornecer as bases para o enfrentamento dos pro-
blemas sociais.
Outro documento, os Quatro Pilares da Educa-
ção, propostos pela UNesCO na publicação Edu-
cação: Um Tesouro a Descobrir (DeLORs, 2000), 
chama atenção para a importância de se conce-
ber a educação como um todo, reforçando a ne-
cessidade da implementação de outras formas 
de aprendizagem. Nos pilares da educação (Figu-
ra 3), há um entrelaçamento no desenvolvimento 
das competências. É possível, portanto, perceber 
as ideias convergentes sobre a educação para 
o futuro e o que se espera do profissional que 
nele atuará. 
A PRÁTICA DAS ESTRATÉGIAS 
DE ENSINO-APRENDIzAGEM 
PARA O DESENVOLVIMENTO DE 
COMPETêNCIAS HUMANíSTICAS
Seguindo a tendência mundial, foi lançada a 
publicação Estratégias de ensino-aprendizagem para 
desenvolvimento das competências humanísticas, 
fruto do esforço do Conselho Federal de Medicina 
veterinária (CFMv) em incentivar as reflexões sobre 
educação e construída com o apoio de docentes e 
coordenadores de curso nos seminários Nacionais 
de ensino organizados pelo conselho.
O material traz, inicialmente, uma reflexão sobre 
os valores da educação e vai além, com sugestão de 
técnicas para aqueles que têm o comprometimento 
com a formação dos futuros profissionais. 
são propostas estratégias (Figura 4) usadas com 
regularidade no ambiente da educação, assim como 
em eventos educacionais, de desenvolvimento e de 
Pilares da educação segundo a Unesco
fiGura 3
1. aprender a conhecer
2. aprender a fazer
3. aprender a viver juntos
4. aprender a ser
1 2 3 4
Competências humanísticas segundo a resolução 
CNE/CES nº 01/2003
fiGura 2
atenção à saúde
tomada de decisões
Comunicação
Liderança
administração e gerenciamento
educação permanente
Educação
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201410
Estratégias usadas 
no ambiente 
da educação 
e em eventos 
educacionais, de 
desenvolvimento 
e de capacitação 
para jovens e 
adultos
fiGura 4
 aula expositiva dialogada
 dramatização
 estudo de caso
 estudo do meio
 estudo de texto
 estudo dirigido
 Fórum
capacitação para jovens e adultos, segundo anasta-
siou e alves (2003).
as estratégias propostas, se aplicadas com con-
sistência e coerentemente com as demais etapas do 
processo de ensino-aprendizagem, como o plane-
jamento e a avaliação, contribuirão para melhorar a 
qualidade do ensino, porém não apenas no que tange 
ao desenvolvimento de competências humanísticas. 
ao colocar as necessidades do aluno em primeiro pla-
no e vislumbrá-las sob o ponto de vista da combina-
ção de conhecimentos, habilidades e atitudes, como 
compreende o conceito de competência, o professor 
pode direcionar as atividades, bem como o “espírito” 
das aulas, para a formação do profissional adaptável 
que a sociedade tanto precisa. 
A publicação Estratégias 
de Ensino-aprendizagem 
para Desenvolvimento das 
Competências Humanísticas 
está disponível em 
www.cfmv.gov.br
referênCias
ANASTASIOU, L.G.C.; ALVES, L. Processos de Ensinagem na Universidade - 
Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Univile, 2003.
DELORS, J. educação: um tesouro a descobrir: Relatório para a Unesco da 
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 4ed. Cortez, 
2000. 
GRAMIGNA, M.R.M. Jogos de empresa. 2ed. Pearson, 2007.
SAVERY, J.R. “overview of problem-based learning: Definitions and 
Distinctions.” The Interdisciplinary Journal of Problem-based Learning 
v.1,n.1,p.9-20, 2006.
rafael Gianella Mondadori 
(Presidente)
Médico Veterinário, 
CRMV-RS nº 5672
CoMissão naCional de eduCação 
DA meDICINA VeterINárIA (CNemV) Do CFmV
comissoes@cfmv.gov.br
Celso Pianta
Médico Veterinário, 
CRMV-RS nº 1732
Paulo César maiorka
Médico Veterinário, 
CRMV-SP nº 6928
breno schumaher Henrique
Médico Veterinário, 
CRMV-AM nº 0303
francisco edson Gomes
Médico Veterinário, 
CRMV-RR nº 0177
Marcelo diniz dos santos
Médico Veterinário, 
CRMV-MT nº 0818
João Carlos Pereira da Silva
Médico Veterinário, 
CRMV-MG nº 1239
rogério martins Amorim
Médico Veterinário, 
CRMV-SP nº 6757
auTores
 lista de discussão por 
meios informatizados
 Mapa conceitual
 Oficina de trabalho 
(workshops)
 Painel
 Portfólio
 Seminário
 Solução de problemas
 tempestade cerebral
 aprendizagem baseada em 
problemas (Problem-based 
learning – PBl)
 aprendizagem Baseada 
em Projetos (aBP)
 tribunal do júri
 Jogos
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 11
POLíTICA
Uma nova agenda 
para Médicos 
Veterinários 
e zootecnistas
texto alerta para a necessidade de conhecer os 
marcos legais que amparam o exercício profissio-
nal e as justas e pertinentes demandas da socie-
dade e, necessariamente, as ações do Conselho 
Federal de Medicina veterinária frente a realidade 
que se apresenta. 
O que, aparentemente, pode ser caracterizado 
por um conflito entre vertentes da sociedade é um 
reflexo do amadurecimento das práticas democrá-
ticas, em particular, o contraditório. assim, no dia 
a primeira década deste século vem apresentando 
à sociedade um conjunto de desafios e de rea-
lidades imprevisíveis e de difícil entendimento. Na es-
sência, as relações entre os indivíduos e o espaço social 
tornaram-se mais abrangentes. a importância dada aos 
animais e ao meio ambiente alcançou grande complexi-
dade, às vezes ultrapassando barreiras ou confrontando 
paradigmas constituídos há séculos. Defender o direito 
dos animais, a tentativa de humanizá-los, assegurar que 
os recursos da natureza e até a sua biodiversidade sejam 
preservados são atitudes denominadas “do bem” e, inva-
riavelmente, no contexto atual, “politicamente corretas”. 
Premissas ancestrais apontaram para a necessidade 
dos princípios convergirem para um estado de equilíbrio, 
onde a construção harmônica dos valores e das regras 
constituíram as convenções da própria sociedade. a di-
versidade de interesses e de forças divergentes tem im-
pedido a manutenção do “bom convívio” exclusivamente 
pelas convenções dos homens. Por necessidade, surgiram 
os princípios constitucionais escritos, as leis, normas, mar-
cos regulatórios e uma infinidade de códigos de condu-
tas. No entanto, a sociedade, diante de uma nova conduta, 
subjetiva, intangível e até circunstancial, desafia seus pró-
prios códigos tentando estabelecer uma nova ordem para 
o mundo, resultando no estabelecimento de divergências. 
Como resultado, criam-se grandes conflitos: o bem-estar 
e humanização dos animais e a preservação do ambien-
te; ambos se contraponto com a produção de alimentos e 
a geração da pesquisa científica que gera produto para a 
saúde de animais e pessoas. aparentemente, as atitudes 
“do bem” ou “politicamente corretas” estão em conflito 
com aquelas essenciais à garantia do “bom convívio”.
Neste contexto, Médicos veterinários e Zootecnistas 
constituem duas profissões muito sensíveis. assim, este 
Código Federal 
de Bem-estar 
Animal (+ de 
15 PLs)
Política 
nacional de 
Meio Ambiente
Criminaliza 
conduta contra 
cães e gatos
Comercialiação de 
clones e material 
biológicoVeda patrocínio 
a eventos com 
uso de animais
Descarte de 
embalagens de 
uso veterinário
Terapia 
assistida por 
animais
Criação de selo 
de qualidade 
ambiental nos 
produtos de 
origem animal
Combate ao 
tráfico de animais 
selvagens
Controle sobre 
material genético 
de mamíferos, 
répteis e aves
Pls 
relacionados 
ao Bem-estar 
animal
Pls 
relacionados ao 
Meio ambiente
Síntese dos principais projetos de lei que tramitam no Congresso 
Nacional vinculados ao Bem-estar Animal e ao Meio Ambiente
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a dia, é comum e cada vez mais intensa a convi-
vência com estes contraditórios. Ao Médico Vete-
rinário cabe assegurar, dentre outras atribuições, 
a saúde aos animais, mas é questionado pela so-
ciedade quanto ao “uso de animais” na pesquisa. 
É desumana a fome no mundo, por outro lado, é 
desumano produzir carne por métodos intensivos 
de criação. É evidente que estes dois exemplos 
são postos de forma linear, mas o objetivo não é 
estabelecer uma opinião finalística, apenas desen-
cadear uma discussão. então, diante destas situa-
ções, muitas vezes paradoxais, o estado cria seus 
mecanismos de resposta, na forma de normas, re-
soluções, decretos e marcos normativos, no senti-
do de disciplinar, orientar e estabelecer equilíbrio 
e bom convívio. 
também, o Congresso Nacional ao captar os 
movimentos da sociedade passa a propor uma sé-
rie de Projetos de Lei (PL) que resultam em novas 
diretrizes para os temas. atualmente, tramitam e 
são monitorados pelo Conselho Federal de Me-
dicina veterinária (CFMv), por meio da Comissão 
Nacional de assuntos Políticos (Conap), aproxima-
damente 40 PLs que tratam das questões do meio 
ambiente e aquelas relacionadas aos direitos dos 
animais (bem-estar) e que tem relação com Médi-
cos veterinários e Zootecnistas. O escopo de cada 
PL, em discussão no Congresso Nacional, não pos-
sui consenso no âmbito da sociedade, pois para 
cada tema, por mais oportuno e pertinente que 
seja, os diversos aspectos da nova proposta devem 
ser amplos. 
O PL que trata do Código Federal de Bem-es-
tar animal talvez seja um dos instrumentos mais 
abrangentes nesse objeto de regulamentação, mas 
dada a natureza contraditória de muitos de seus 
atos, exige da sociedade e, em particular dos pro-
fissionais Médicos veterinários e Zootecnistas, 
uma ampla discussão e participação com pondera-
ções na tentativa de estabelecimento de um equi-
líbrio. Por exemplo, ao mesmo tempo em que o PL 
protege animais de companhia e de produção, pro-
põe normas rigorosas e pouco factíveis aos siste-
mas de produção de carne, leite e ovos que podem 
inviabiliza-los. Considere-se ainda que as cadeias 
produtivas da carne e leite no Brasil são essenciais 
para a sua economia e à segurança alimentar. 
O CFMv vem atuando, por meio da análise de-
talhada de todas as implicações do novo código, 
Júlio o. J. barcellos 
(Presidente)
Médico Veterinário, 
CRMV-RS nº 3185 
CoMissão naCional de assunTos 
PolítICoS (CoNAP) Do CFmV
comissoes@cfmv.gov.br
ricardo Pedroso oaigen
Médico Veterinário,
CRMV-PA nº 2272
Marcelo Henrique 
Puls da Silveira
Médico Veterinário, 
CRMV-SC nº 1646
Geraldo Marcelino 
Carneiro Pereira do rêgo
Médico Veterinário,
CRMV-RN nº 0015
roberto baracat 
de Araújo
Médico Veterinário,
CRMV-MG nº 1755
nilton abreu Zanco
Médico Veterinário,
CRMV-SP no. 6956
Carlos Humberto 
almeida ribeiro filho
Médico Veterinário, 
CRMV-BA nº 0454
auTores
+ direitos
Povo guardião
Direitos e deveres
Novas Leis
Estado guardião das Leis
Novos Princípios
Princípios
Convenções 
para o “bom 
convívio”
Nova ordem 
para o “bem e 
politicamente 
correto”
As demandas da sociedade e seus valores circunstanciais 
criam um desequilíbrio entre a ordem vigente e o que está 
sendo apresentado
sustentado no conhecimento científico que existe a res-
peito de cada item, de modo a apresentar manifestações 
de apoio e sugestões para o aperfeiçoamento, modifica-
ções ou até mesmo ações pela retirada de artigos incom-
patíveis. este trabalho acontece no Congresso Nacional 
junto aos parlamentares envolvidos em cada PL. 
 O momento atual, de intensa participação da po-
pulação brasileira nos movimentos sociais, com suas im-
plicações, exige uma participação efetiva das profissões, 
mormente dos Médicos veterinários e Zootecnistas. O 
CFMv, por sua vez, exerce seu papel de guardião e media-
dor dos interesses profissionais cujo objetivo final é a saú-
de única, ou seja, do homem, do animal e do planeta. 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 13
 
BEM-ESTAR
Bem-estar 
animal: 
quais serão 
as respostas 
e soluções?
Motivado pelo avanço no conhecimento cientifíco e também pelas demandas 
sociais, o bem-estar animal cada vez desperta maior interesse de Médicos 
Veterinários e Zootecnistas. O III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar 
Animal traz novos debates para o palco das profissões
s erá possível pensar em bem-estar de animais 
de produção quando o mundo enfrenta uma 
necessidade sem precedentes de aumento na produção 
de alimentos? Como ofereceremos mais espaço para 
cada ave, suíno, bovino e até peixe para aumentar seu 
bem-estar e evitar o sofrimento de uma vida confinada 
ao extremo? Por que, em tantos países, é crescente o 
segmento da sociedade que demanda respeito aos ani-
mais? e porque mais de 25 cientistas, em sua maioria 
eminentes neurologistas, reuniram-se em Cambridge, 
Reino Unido, no dia 7 de jullho de 2012, para publicar a 
Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Ani-
mais Humanos e Não Humanos? Por que advogados, no 
Brasil e no mundo, começam a sugerir que animais sejam 
sujeitos de direito? será que a forma como percebemos 
os sentimentos nos animais é confiável e merece toda 
essa atenção? O que pensar sobre ativistas arrombando 
laboratórios para libertar os animais usados em expe-
rimentação? E a criação de animais transgênicos, como 
interfere no bem-estar dos animais envolvidos? O que 
devemos fazer com os cães que estão nas ruas? O que 
nossas ações causam, direta e indiretamente, aos ani-
mais selvagens? Considerando o peso de tais perguntas 
e, principalmente, as consequências das suas respostas, 
parece pertinente o interesse de Médicos veteri-
nários e zootecnistas pelo conhecimento cientí-
fico sobre bem-estar animal.
De acordo com o diagnóstico do Conselho Fe-
deral de Medicina veterinária (CFMv), publicado na 
edição 57 da Revista CFMv, o bem-estar animal está 
entre os temas de maior interesse dos Médicos vete-
rinários e Zootecnistas do Brasil. eles procuram atuali-
zação, pois sabem da responsabilidade para a correta 
orientação de clientes, seja no campo ou na cidade, 
como também de legisladores e da sociedade. além 
disso, um quarto dos projetos de lei de interesse da 
Medicina veterinária e Zootecnia, monitorados pelo 
CFMv, publicado na Revista CFMv, número 56, es-
tavam relacionados ao tema. Ciente da importância 
deste, o CFMv organiza a terceira edição do Con-
gresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar animal. a 
iniciativa é também fruto do reconhecimento da im-
portância da discussão embasada nos mais recentes 
conhecimentos científicos, envolvendo estudantes e 
profissionais, assim como o poder público, os profes-
sores e a sociedade. esse tradicional evento realizado 
no país reúne pesquisadores de todo o Brasil e gran-
Arquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201414
 
des expoentes internacionais para debater os últi-
mos avanços na área. Neste ano, sua realização será 
no sul do país, em Curitiba (PR), de 5 a 7 de agosto.
Para 2014, foram selecionados temas de alta 
relevância para a relação entre seres humanos e 
animais em nosso país, com base em marcantes 
movimentos sociais e questões cada vez mais va-
lorizadas no âmbito do comércio de produtos de 
origem animal.
Na abertura, uma das maiores referências na 
área de bem-estaranimal, o professor John Webs-
ter, da Universidade de Bristol, discorrerá sobre a 
relação bem-estar de animais de produção e sus-
tentabilidade ambiental, à semelhança do abor-
dado em seu mais recente livro, Animal husbandry 
regained: the place of farm animals in sustainable 
agriculture, publicado em 2013. Na sequência, 
apresentar-se-á o organizador da reunião de neu-
rologistas que resultou, em Cambridge, na declara-
ção científica sobre a presença de consciência nos 
animais, inclusive em invertebrados. Philip Low é 
coordenador geral da empresa Neurovigil e expli-
cará por que a Declaração de Cambridge foi redi-
gida e recebeu o suporte da neurologia mundial.
Nos dois dias seguintes, serão organizados oito 
minissimpósios, nos quais serão discutidos temas 
variados. O assunto bem-estar de animais de produ-
ção prosseguirá, trazendo aos Médicos veterinários 
e Zootecnistas brasileiros uma visão das principais 
discussões e normativas mundiais, no âmbito da 
américa Latina e do Brasil. Coordenador do maior 
projeto de bem-estar animal da atualidade, o profes-
sor adroaldo Zanella, que recentemente voltou ao 
Brasil, tem posição privilegiada para discorrer sobre 
as iniciativas globais em bem-estar animal, enquanto 
Antonio Velarde, membro do Comitê de Saúde e Bem-Estar 
animal da european Food safety authority, apresentará as di-
retivas sobre bem-estar animal da União europeia. 
a ética da aplicação dos recentes avanços em nano e 
biotecnologia em animais a partir da perspectiva de um 
filósofo e de dois pesquisadores constituirá um debate 
interessante e rico. a questão ética abordando o uso de 
animais em laboratórios será tema de um minissimpósio 
que se iniciará com a palavra de Judy Macarthur Clark, que 
chefia o controle do uso de animais para experimentação 
no Reino Unido. 
O ensino obrigatório de bem-estar animal nos cur-
sos de graduação em Medicina veterinária e Zootecnia, 
que avança com dificuldades em nosso país, também 
 será abordado.
Haverá respostas? Devido à complexidade das ques-
tões, talvez seja melhor pensar que as soluções estão em 
permanente construção. É esperado, durante o iii Congres-
so Brasileiro de Bem-estar animal, participar de avanços 
significativos no sentido de uma nova realidade, mais 
compassiva em relação a animais e seres humanos, espe-
cialmente aqueles em situação de vulnerabilidade. 
Programação e inscrições em 
www.cfmv.gov.br 
Preço promocional até o final de maio
Envio de trabalhos até o dia 
12 de maio de 2014
alberto neves Costa 
(Presidente)
Médico Veterinário,
CRMV-PE nº 0382
ComISSão De ÉtICA, BIoÉtICA e Bem-eStAr
 ANImAl (CeBeA) Do CFmV
comissoes@cfmv.gov.br
luis Fernando Batista Pinto
Zootecnista,
CRMV-BA nº 0235/Z
rita leal Paixão
Médica Veterinária,
CRMV-RJ nº 3937
Carla forte Maiolino Molento
Médica Veterinária,
CRMV-PR nº 2870
Marcelo Weinstein Teixeira
Médico Veterinário,
CRMV-PE nº 1874
maria das Dores Correia Palha
Médica Veterinária,
CRMV-PA nº 0917
auTores
Instalações adequadas para animais 
de produçãoArquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 15
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
EQUOTERAPIA
Liana Gati
É uma alternativa de tratamento não medicamentoso que cada vez tem mais 
adeptos. O trabalho de um terapeuta deve ser em conjunto com o de um Médico 
Veterinário que conheça a prática. A saúde alia-se à fisiologia e comportamento 
animal, além de haver a estimulação da interação animal-paciente
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201416
a equoterapia é um método terapêutico 
e educacional que utiliza o cavalo numa 
abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, 
educação e equitação, buscando o desenvolvi-
mento biopsicossocial de pessoas portadoras de 
deficiência e/ou necessidades especiais. Ela exige 
a participação do corpo inteiro, ou seja, de todos 
os músculos e de todas as articulações, e o cavalo 
é o meio para alcançar os objetivos terapêuticos 
(aNDe, 1999). ainda, é uma alternativa de trata-
mento não medicamentoso em que se trabalham 
as várias formas do desenvolvimento da criança, 
de forma lúdica, com o cavalo e em seu ambiente 
natural (siLva, 2004). 
em 1970, foi criada a associação Nacional de 
equoterapia (aNDe-Brasil), que, em 1989, registrou 
o termo ‘equoterapia’ no instituto Nacional de Pro-
priedade industrial (iNPi) do Ministério do Desen-
volvimento, da indústria e do Comércio. em 1997, 
o tratamento foi reconhecido como um método 
terapêutico pelo Conselho Federal de Medicina e 
pela sociedade Brasileira de Medicina Física e Rea-
bilitacional, de acordo com a legislação brasileira. 
atualmente, a equoterapia compõe os serviços 
especializados oferecidos pelo sistema Único de 
saúde (sUs) (aNDe-BRasiL, 2007; KLeiN, 2007).
 ImPortÂNCIA DA PArtICIPAÇão Do mÉDICo VeterINárIo
O Médico veterinário é responsável pela ava-
liação dos animais, sendo o único profissional ca-
pacitado para verificar a saúde de um cavalo tera-
peuta. exerce função de orientador, informando e 
ensinando os cuidados básicos de saúde e higiene, 
bem como suas particularidades. ele também deve 
participar do desenvolvimento e acompanhamento 
do projeto, realizando avaliações frequentes e es-
tabelecendo cuidados higiênico-sanitários, como 
obediência de calendários de vacinação e vermifu-
gação (FLÔRes, 2009).
De acordo com Buchene e savini (1996), a es-
colha do cavalo adequado é fundamental para o 
desenvolvimento da equoterapia. a docilidade é o 
pré-requisito mais importante. se macho, o animal 
deve ser castrado. ele não pode ter um elevado es-
core corporal, pois dificulta sua agilidade e preju-
dica a montaria do praticante. Deve possuir idade 
superior a 10 anos e ser treinado para ser montado 
pelos lados direito e esquerdo. a altura não deve 
ultrapassar 1,5 m e o ângulo da quartela deve ser o mais 
próximo de zero. a raça não é relevante.
em relação ao cavalo e ao ambiente, é importante que 
o terapeuta os conheça, bem como os estímulos que eles 
oferecem, além dos movimentos do cavalo e tipos de anda-
mento, quando se está montado em sela ou em mantas ou 
estando em decúbito ventral ou dorsal. Devem-se conside-
rar todas essas variantes e os diversos tipos de terrenos que 
podem ser utilizadas, dependendo do que pode ser visto 
como estímulo útil ao praticante (CiRiLLO, 1998).
O trabalho do coterapeuta deve ser em conjunto com 
o de um Médico veterinário que conheça a terapia, pois 
estarão aliando saúde com fisiologia e comportamento 
animal, além da estimulação da interação animal-paciente.
a saúde plena do animal terapeuta é um aspecto es-
sencial e visa não somente ao bom desempenho e bem
-estar do animal, mas também à garantia de que não ha-
verá transmissão de zoonoses. Cuidados especiais com a 
higiene, como o banho diário e corretas vacinação e vermi-
fugação, não podem ser negligenciados. a pele e pelos de-
vem receber cuidado especial para que o encontro fique 
mais agradável e isento de riscos para a saúde do paciente 
(aNDeRLiNe; aNDeRLiNe, 2007).
Um animal terapeuta deve demonstrar comportamen-
to confiável, controlado, previsível e inspirar confiança na-
quele que está a interagir com ele (CaMPOs, 2009).
A seleção do cavalo é fundamental para o 
desenvolvimento da equoterapia
Liana Gati
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 17
A mArCHA Do CAVAlo e SUA CoNtrIBUIÇão PArA A reABIlItAÇão
O cavalo pode movimentar-se de três modos: ao 
passo, ao trote e ao galope. Nessas diferentes moda-
lidades, o cavalo não move os membros da mesma ma-
neira, sendo os movimentos do dorso diferentes e os 
do praticante adaptados a cada um deles. todas essas 
modificações de atitudes impõem um ajuste muscular 
ao praticante, a fim de responder aos desequilíbrios 
provocados (WiCKeRt, 1999).
O passo, por suas características, é o andamento bási-
ca da equitação e é com ele que a maioria dos trabalhos de 
equoterapia é executada. O trote e o galope são saltados. 
isso quer dizerque entre um lance e outro, seja de trote 
ou galope, o cavalo executa um salto, existindo um tempo 
de sustentação em que ele não toca os membros no solo. 
Em consequência disso, seu esforço é maior, seus movi-
mentos, mais rápidos e mais bruscos e, quando ele retor-
na ao solo, exige do praticante mais força para se segurar 
e acompanhar os movimentos do animal (CiRiLLO, 1998). 
Por isso, só podem ser usados, em equoterapia, por prati-
cantes em estágio mais avançado.
O caminhar do cavalo, passo a passo, proporciona ao 
praticante um movimento tridimensional (Figura 1), similar 
à marcha humana, levando seus corpos ao mesmo tempo 
para cima e para baixo, de um lado para o outro e, por fim, 
verticalmente subindo e descendo (WiCKeRt, 1999; QUei-
ROZ, 2006; FRaRe; vOLPi, 2011).
INDICAÇÕeS e CoNtrAINDICAÇÕeS DA eQUoterAPIA
De acordo com Medeiros e Dias (2002), en-
tre as indicações, podem ser citadas: paralisia 
cerebral, acidente vascular cerebral, síndromes 
neurológicas (Down, West, Rett e outras), trau-
matismo cranioencefálico, déficits sensoriais, 
atraso maturativo, lesão raquimedular, autismo, 
hiperatividade, deficiência mental, alterações do 
comportamento, dificuldades da aprendizagem 
ou da linguagem, etc. 
as contraindicações para a prática da equo-
terapia são classificadas como relativas ou abso-
lutas e, entre elas, citam-se: portadores de sín-
drome de Down com menos de 3 anos e/ou com 
instabilidade atlantoaxial, ferimentos abertos, 
alergia ao pelo do cavalo, hiperlordose, luxações 
do ombro e/ou do quadril, escoliose acima de 40 
graus, osteoporose, hérnia de disco, cardiopatias 
graves, epilepsia não controlada etc. Referindo-
se ao ponto de vista psicológico, a equoterapia 
é contraindicada para medos e fobias em grau 
acentuado, distúrbios de comportamento que 
acarretam risco para o praticante e/ou outros, 
forte rejeição ao cavalo e graves transtornos psi-
quiátricos (NasCiMeNtO, 2006).
Figura 1. Movimento tridimensional produzido ao passo pelo 
cavalo e transmitido ao paciente 
 Fonte: equitação especial.blogspot.com 
A prática resgata o indivíduo de forma 
global, atuando na mente e no corpo
Ande
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201418
 a segurança física do praticante deve ser uma preo-
cupação constante de toda a equipe, tendo em vista o 
comportamento e atitudes habituais do cavalo e as cir-
cunstâncias que podem vir a modificá-los; os cuidados 
com a segurança do equipamento de montaria, particu-
larmente correias, presilhas, estribos, selas e manta; e 
os cuidados com a vestimenta do cavaleiro, principal-
mente quanto aos itens que podem trazer desconforto 
ou riscos de outras naturezas, e o local das sessões, evi-
tando ruídos anormais que possam assustar os animais 
(CesJCD, 2007). O solo do local pode ser coberto por 
areia ou grama. Geralmente, a prática é realizada no am-
biente natural do cavalo, onde ele já está familiarizado e 
reconhece como espaço próprio (QUeiROZ, 2006).
benefíCios
a equoterapia permite ao terapeuta interagir em múl-
tiplos sistemas orgânicos, oferecendo uma oportunidade 
ímpar para atingi-los num ambiente que pode enriquecer 
o movimento durante o seu desenvolvimento.
a fisioterapia na equoterapia proporciona ao pratican-
te a prevenção e o tratamento de patologias, bem como a 
reabilitação e o desenvolvimento de seu estado atual por 
meio do uso dos movimentos tridimensionais e multidire-
cionais do cavalo.
 
Quadro 1. Benefícios da equoterapia
Melhora o equilíbrio e a postura
Desenvolve a coordenação de movimentos entre tronco, 
membros e visão
estimula a sensibilidade tátil, visual, auditiva e olfativa
Oferece sensações de ritmo
Desenvolve a modulação do tônus e a força muscular
Desenvolve a coordenação motora fina
Promove a organização e a consciência corporal
aumenta a autoestima
ajuda a superar fobias
estimula a afetividade pelo contato com o animal
Aumenta a capacidade de independência
Promove a sensação de bem-estar, motivando 
a continuidade do tratamento
Letícia Calavi
Liana Gati
Liana Gati
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 19
ConsideraçÕes finais
a equoterapia deve despertar grande interesse como 
forma de tratamento, por se tratar de uma abordagem 
inovadora dentro de um ambiente estimulante. sua prá-
tica resgata o indivíduo de forma global, atuando tanto 
na mente quanto no corpo do praticante, levando-o a um 
estado de equilíbrio, desenvolvimento e manutenção do 
marconi César Palmeira Filho
Médico Veterinário,
CRMV-PB nº 0560
marconi.palmeira@bol.com.br
magna lúcia de Souza Palmeira
Pedagoga,
CREFITO 1 – LTF 7031
auTores
referênCias
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tônus muscular, relaxamento, conscientização cor-
poral e aperfeiçoamento da coordenação motora, 
da atenção, da autoconfiança e da autoestima.
toda terapia deverá ter acompanhamento do 
Médico veterinário, permitindo a interação entre di-
ferentes profissionais e a garantia do comportamento 
e do bom estado higiênico-sanitário do animal. 
Arquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201420
A atuação ultrapassa os limites das ações clínicas. O profissional precisa ser 
paciente, observador e um educador
A prática médico-veterinária 
na equoterapia
Por: Flávia Tonin e Ricardo Junqueira del carlo
C omo forma de tratamento que envolve a 
interação homem e animal, a equoterapia 
torna-se cada vez mais conhecida econta, no Bra-
sil, com quase 300 centros filiados à associação 
Nacional de equoterapia (aNDe-Brasil). No total, 
são 12.500 praticantes, somados os participantes 
em centros filiados ou não, e esse número tende 
a crescer. em razão de o “cavalo” ser um dos pro-
tagonistas da história, é vital a participação de um 
Médico Veterinário, o que vai além da assistência 
em clínica médica, interagindo na observação do 
comportamento, seleção de animais, treinamento 
multidisciplinar da equipe, entre outros. 
Para a fundadora e diretora do Grupo de 
Abordagem Terapêutica e Integrada (Gati), de São 
Paulo (SP) Liana Santos, além da assistência, o 
profissional tem uma função educacional. ”ele 
conversa, esclarece e educa as crianças sobre a 
importância das vacinas, remédios, ferraduras, 
entre outros”, exemplifica. ela acredita que o profissio-
nal se torna um agente de confiança da equipe, pais e 
pacientes. ”a garotada e as famílias ficam bem mais pró-
ximas do animal, pois passam a entender um pouco e per-
dem o medo”, conclui.
O Médico veterinário do Gati, Dácio de Castro Dias, res-
salta a importância da capacitação e dos esclarecimentos 
sobre o comportamento animal e possíveis ocorrências que 
presta a equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, 
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. também destaca 
a relação com as crianças. “são explicações simples que fa-
zem a diferença na interação e tratamento”. ele exemplifica 
com os cuidados e orientações para o banho ou escovação, 
em que uma criança supervisionada pode ajudar, se essa 
atividade for importante para sua recuperação.
QUem PoDe trABAlHAr
Dias acredita que o profissional precisa ter conheci-
mento aprofundado em equídeos e desenvolver a prática 
da observação. “ao ficar ao pé da cerca, acompanhando um 
tratamento, identificam-se características que irão formar o 
Arquivo CFMV
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conhecimento sobre o comportamento animal dese-
jável para a atividade”. ele lembra que a seleção do 
animal para a prática da equoterapia é vital e pode 
ser feita também por Zootecnista. “Um susto ou si-
nal de agressividade pode causar retrocesso em um 
paciente”, sentencia. Os cavalos devem permitir o 
toque sem esboçar qualquer reação negativa.
No interior de são Paulo, em sorocaba, a Médi-
ca veterinária Maria isabel de toledo Natthes, que 
atua no Centro de equoterapia e saúde aziz, diz 
que é importante ter paciência e carinho, principal-
mente, pelo contato educativo com os pacientes e 
familiares. “O profissional tem que estar atento a 
tudo, mesmo durante um procedimento em outro 
animal, pois pode impressionar uma criança que 
está passando por perto”, diz sobre os cuidados, 
que vão além do ato clínico. Como complemento, 
o Médico veterinário Márcio Correa, que também 
assiste o Centro aziz, acredita que o profissional 
deve estar comprometido e ter um entendimento 
mínimo sobre as atividades realizadas. 
Pelo perfil da equoterapia, Correa defende que 
os esforços devem ser direcionados ao efeito profi-
lático, evitando ocorrências que possam interromper 
a atividade do equino. “existem casos de forte empa-
tia entre os pacientes e determinado animal, o que 
influencia o progresso do tratamento”. ele explica 
que “no caso de troca do cavalo pode ser necessário um 
novo processo de adaptação na relação de confiança, atra-
sando o andamento do processo”. 
a Médica veterinária Leticia Calovi, do Centro de trei-
namento Roger vieira, em viçosa (MG), compartilha da 
importância da valorização do animal como indivíduo. “O 
cavalo não é uma simples ferramenta de trabalho. ele é o 
coterapeuta e, por isso, os cuidados com animais de equo-
terapia são diários”, explica. entre eles, estão a escovação, 
limpeza dos cascos, boa alimentação, controle parasitário e 
imunológico, rotinas de trabalho, descanso e treinamento 
bem estabelecidos. além disso, ela enfatiza a importância 
de condutas que considerem o bem-estar animal. “O cavalo 
bem cuidado fica disposto a praticar a terapia simplesmen-
te por ter uma índole naturalmente sociável e com a vonta-
de de servir”, avalia. 
estritamente na clínica de equoterapia, os Médicos vete-
rinários concordam que não há grandes ocorrências. Na maio-
ria das vezes, ocorrem distúrbios locomotores que podem 
interferir no estímulo ao paciente ou problemas comuns a 
cavalos com mais idade. 
PACIeNteS
Normalmente, antes do primeiro contato são feitas a 
análise e avaliação da situação atual do praticante para 
que a relação seja adaptada de acordo com sua demanda. 
Aspectos da higienização do cavalo são utilizados de forma lúdica e com orientação de Médico Veterinário.
Arquivo CFMVArquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201422
Médico Veterinário 
também pode ser paciente
Formado em Medicina veterinária, Rafael Roberto 
alves sofreu um grave acidente automobilísticoe 
os médicos ficaram desacreditados de sua reabili-
tação. Hoje, após 5 anos, ele fala sobre a sua recu-
peração auxiliada pela equoterapia. 
Qual foi a importância da equoterapia?
tenho algumas sequelas, mas a equoterapia me 
auxiliou na recuperação dos movimentos, postu-
ra, concentração e equilíbrio, me proporcionando 
movimentação com ajuda apenas de muleta. 
Sendo Médico Veterinário e paciente, como é a sua 
relação com o cavalo?
Quando sofri o acidente, faltavam 8 meses para me 
formar. eu não imaginava que meu paciente pas-
saria a ser meu terapeuta. Hoje sou Médico vete-
rinário e a admiração que tinha pelos animais, em 
especial os cavalos, se tornou ainda maior.
Recomenda alguma mudança na relação paciente 
e cavalo? 
Recomendo a aproximação física com o cavalo, 
quando possível, para aumentar a cumplicidade 
entre homem e animal e senti-lo parte da terapia. 
Os cavalos não devem ser um objeto do tratamen-
to. Os profissionais também precisam valorizar e 
divulgar mais a atividade.
CFMV busca incluir Médico 
Veterinário em lei que 
regulamenta a atividade
O Projeto de lei que regulamenta a prática da equote-
rapia (Pl 4761/2012) está em tramitação no Congresso 
nacional em caráter conclusivo e o Conselho Federal 
de Medicina Veterinária (CFMV) esclareceu aos legis-
ladores a importância da atuação direta de um Médico 
Veterinário como parte da equipe. “Por se tratar de um 
projeto que diz respeito à atuação profissional, procu-
ramos incluir o Médico Veterinário no escopo da pro-
positura da nova lei”, afirmou o presidente do CFMV, 
Benedito Fortes de arruda. após os esforços, no texto 
atual, o profissional faz parte da equipe de apoio, sendo 
responsável por emitir laudos permissivos aos animais. 
entende-se que o Médico Veterinário é o único com 
formação para garantir a saúde do cavalo, além de ter 
conhecimento especializado sobre o comportamento 
animal, suas atitudes e reações prévias ou durante a 
prática da terapia.
“em geral, no primeiro contato entre o animal e o praticante, 
o medo e a insegurança são normais e essa barreira vai sen-
do quebrada ao longo do tempo, até que o paciente inicie 
um vínculo afetivo de confiança com o animal”, diz a Letícia. 
Responsável pelo Centro aziz, no interior de são Paulo, a 
fisioterapeuta Munique Moreira explica quea procura é feita 
por pessoas de todas as idades e para as mais diversas pato-
logias, sendo os distúrbios neurológicos as mais comuns. a 
mãe de Gabriel, erika Pappalardo, viu que o filho está mais 
calmo, perdeu o receio com animais e teve ganho, principal-
mente, em sua socialização. Para Rian, filho de silvia Regina 
sampaio, os avanços são locomotores. “Os médicos diziam 
que ele iria andar após os 5 anos e ele já caminha bem com 
menos de 4 anos”, avalia. 
Letícia Calavi
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 23
única metodologia, segundo ele, comprovada para 
tornar os cavalos bons terapeutas. 
em relação à manutenção no centro, o custo por 
animal está em torno deR$ 1.200, o que irá variar 
de acordo com o preço do volumoso no mercado 
regional. também estão incluídos ração, água, sal, 
casqueamento, ferrageamento, serviço veterinário e 
tratador. a esse valor deve-se somar o exercício que 
continua sendo feito, uma vez que os animais pre-
cisam continuar em atividade para que não fiquem 
restritos aos movimentos da terapia. 
a mensalidade, por aluno, varia de acordo com a 
região, mas pode ir de R$ 250 a R$ 800, em aulas de 
30 a 45 minutos. Os centros de equoterapia também 
podem oferecer aulas de equitação para completar a 
renda (F.t. e R.J.C.). 
QUANTIDADE DE CENTROS 
DE EQUOTERAPIA POR ESTADO
29
15
19
107
5
9
4
32
210
3 
1
1
2
2
13
3
1
5
4
2
2
Etapas para iniciar 
um centro de equoterapia
a s etapas iniciais para formação de um centro de 
equoterapia exigem, no mínimo, conhecimento 
da terapêutica, equipe multidisciplinar, estrutura e animais 
treinados. Roger vieira, fundador do Centro de treinamen-
to Roger vieira, em viçosa (MG), sugere que para montar a 
equipe, além do conhecimento técnico específico de cada 
área, os profissionais devem ser capacitados para o traba-
lho com o animal. “Para o bom andamento, é muito impor-
tante o conhecimento mínimo sobre o cavalo, que é um 
coterapeuta”, afirma vieira, formado em educação Física. 
 a estrutura pode se dividir em área administrativa (sala 
de reunião, recepção, banheiros), setor de manejo equino, 
box, piquete, deposito de alimentos, lavador, redondel, pista 
aberta e pista coberta (20x40m ou 20x60m).
O maior cuidado está na seleção dos cavalos, que tam-
bém podem ser treinados para a prática. esse tempo de 
aprendizado pode durar até 3 anos e meio, com custo de 
R$ 25.000, dependendo do equitador. “após o treinamento, 
os cavalos passarão apenas por um período de adaptação 
para o novo manejo”, explica Letícia Calovi, uma das Médicas 
veterinárias do centro. “O animal precisa estar bem iniciado 
no adestramento clássico”, completa vieira, referindo-se à 
fo
nt
e:
 A
nd
e-
Br
as
il
Arquivo CFMV
Os cavalos precisam ser mantidos em atividade constante
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201424
Missão da OIE 
tratou de educação 
em visita ao CFMV
Acupuntura Veterinária é reconhecida como especialidade
O CFMv recebeu, em fevereiro, 
uma missão da Organização Mun-
dial da saúde animal (Oie) com o 
objetivo de discutir a atual con-
juntura da Medicina veterinária 
no país. Os representantes da Oie 
estavam acompanhados por servi-
dores do Ministério da agricultura, 
Pecuária e abastecimento e foram 
recebidos pelo Ppresidente do 
CFMv, Benedito Fortes de arruda, 
pelo secretário-geral, Felipe Wouk, 
e pelo tesoureiro, amilson Pereira. 
O principal tema abordado 
pelo CFMv foi a necessidade de 
O CFMv reconheceu mais 
uma especialidade da profissão: 
a acupuntura veterinária (Reso-
lução CFMv nº 1.051/2014). a 
concessão do título partirá da as-
sociação Brasileira de acupuntura 
regulamentar a exigência do Exame 
de Certificação Profissional para a 
aquisição do registro no sistema 
CFMv/CRMvs. “entendemos ser de 
suma importância que seja regula-
mentado pelo nosso Poder Legis-
lativo o exame para que entrem no 
mercado de trabalho profissionais 
preparados para atender às deman-
das da sociedade”, afirmou arruda. 
a comitiva da Oie prometeu ela-
borar recomendações ao governo 
brasileiro com vistas à melhoria do 
ensino e do exercício profissional 
no país.
Veterinária (Abravet) e a exigência 
para o candidato será a aprovação 
em prova escrita e a análise de 
currículo. No Brasil, há hoje cerca 
de 500 acupunturistas na Medici-
na veterinária, mercado que é as-
cendente segundo o presidente 
da abravet, Jean Joaquim.
Na opinião do presidente do 
CFMv, Benedito Fortes de arruda, 
os profissionais estão em busca 
de mais conhecimento, para ofe-
recer aos animais qualidade de 
vida e longevidade. “Um espe-
cialista tem a capacidade de diag-
nosticar doenças com mais preci-
são. O novo cenário no mercado 
de pets, que cresce a cada ano, 
pode ser um reflexo, também, da 
exigência dos proprietários de 
animais, que estão cada vez mais 
cuidadosos”, declarou. 
a técnica faz parte da medici-
na complementar. O uso é mais fre-
quente em animais de companhia 
e alguns exemplos de tratamento 
estão ligados a quadros neurológi-
cos, como no combate a sequelas 
da cinomose e lesões neurais. Na 
Medicina veterinária esportiva, a 
acupuntura é recomendada para 
lesões na coluna de equinos. em 
bovinos, o uso das agulhas gera 
melhora no sistema locomotor.
DESTAQUES CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 25Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 25
DESTAQUES CFMV
CFMV esclarece sobre ilegalidade no tratamento da Leishmaniose
O tratamento da Leishma-
niose continua sendo ilegal e 
pode trazer riscos para os se-
res humanos, enfatiza o CFMv. 
Continua em vigor a Portaria nº 
1.426/2008, que proíbe o trata-
mento de animais infectados. a 
Organização Não Governamen-
tal (ONG) amigo dos Bichos en-
trou com duas ações, uma caute-
lar e uma principal, no tribunal 
Regional Federal da 3ª Região 
pedindo a autorização para o 
tratamento da leishmaniose em 
cães e, portanto, questionando 
a portaria. a União recorreu da 
decisão da ação cautelar, que foi 
posteriormente julgada pelo su-
perior tribunal Federal (stF). No 
entanto, a ação principal julgada 
pelo tribunal Regional Federal 
da 3ª Região, manteve a Portaria. 
Nesse sentido, a decisão válida 
é a da ação principal, de modo 
que se exige a eutanásia dos 
cães que manifestarem a doen-
ça. a advocacia-Geral da União 
(aGU) também publicou um pa-
recer informando que a decisão 
do stF não afastou a obrigato-
riedade da portaria, tampouco 
a revogou. segundo ela, os Mé-
dicos veterinários devem traba-
lhar de acordo com a Portaria nº 
1.426/2008, que proíbe o trata-
mento de cães com leishmanio-
se, sendo indicada a eutanásia 
em todos os casos. a nota, na ín-
tegra, que ainda trata dos riscos 
à população, orientação aos pro-
fissionais e medidas para evitar 
a doença, está no Portal do CFMv 
(www.cfmv.gov.br).
O Conselho quer ouvir os profissionais sobre as mudanças 
na Resolução CFMV no. 1015
a Resolução CFMv n°1.015/2012, 
que define alguns novos critérios 
para o funcionamento de esta-
belecimentos veterinários, foi 
prorrogada para entrar em vigor a 
partir do dia 15 de setembro de 
2014, de acordo com a Resolução 
CFMv nº 1.052/2014. além disso, 
o CFMv submete o texto, com 
alterações, à consulta pública 
para que todos os profissionais 
possam opinar. sugestões po-
dem ser enviadas até o dia 31 
de maio próximo pelo e-mail: 
consultapublica@cfmv.gov.br.
a Resolução de 2012 foi redi-
gida com o intuito de garantir 
melhores condições de atendi-
mento aos animais, acompanhar 
o desenvolvimento do conhe-
cimento e da tecnologia, como 
também alinhar-se à legislação 
sanitária vigente. “Nosso intuito 
foi buscar a garantia do aten-
dimento dentro das condições 
necessárias. Queremos ainda, 
ouvir os profissionais sobre as 
novas exigências”, afirmou o 
presidente do CFMv, Benedito 
Fortes de arruda.
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201426
CFMV publica resolução que dita novos 
procedimentos de inscrição e registro
Foi publicada pelo CFMv, no 
dia 10 de janeiro, a Resolução 
nº 1.041/2013, que disciplina os 
procedimentos de inscrição/re-
gistro, movimentação, suspensão 
e cancelamento de pessoas físi-
cas e jurídicas no sistema CFMv/
CRMvs. O texto entrará em vigor 
em 1º de julho de 2014 e revoga 
o anterior, de 2000. entre as alte-
rações, destacam-se: possibilida-
de de suspensão de inscrição de 
profissionais; previsão de registro 
de empresas rurais, e processo de 
registro de pessoas jurídicas.
DESTAQUES CFMV
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Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 27Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 27
CFMV NA MíDIA
CFMV alerta sobre 
tráfico nas férias 
CFMV ratifica 
ilegalidade do 
tratamento da 
leishmaniose
artigos na revista 
Cães e Cia
nova especialidade
3ª Conferência 
Mundial da OIe
Durante os meses de dezem-
bro e janeiro, a imprensa repercu-
tiu sobre o alerta feito pelo CFMv a 
respeito do aumento do tráfico de 
animais selvagens no período de 
férias nas rodovias do País. O Pre-
sidente do CFMv, Benedito Fortes 
arruda, o Presidente da Comissão 
Nacional de animais selvagens do 
CFMv, Rogério Lange concederam 
entrevistas sobre o assunto. O tema 
foi discutido na Rádio Nacional, 
Agência de Notícias de Direitos Ani-
mais (ANDA), Agência RádioWeb, TV 
Cultura, BandNews FM e Jornal Hoje 
em Dia (Belo Horizonte-MG).
a ação na imprensa teve como 
objetivo esclarecer aos possíveis 
compradores que portar animais 
selvagens é extremamente preju-
dicial para a saúde do animal e do 
ecossistema e orientar a sociedade 
para denunciar a prática à Polícia 
Rodoviária Federal (PRF).
a ilegalidade do tratamento da 
Leishmaniose. O texto foi publica-
do nos sites UOL e G1 e nas Revis-
tas Agron e Cães e Cia. em seu po-
sicionamento, o CFMv ratificou que 
a decisão do Poder Judiciário em 
ações movidas no estado do Mato 
Grosso do sul não invalidou a Por-
taria nº 1.426/2008, do Ministério 
da saúde, que proíbe o tratamento. 
também foi enfatizado que o Mé-
dico veterinário que tratar animais 
com Leishmaniose e for flagrado ou 
denunciado estará sujeito à aber-
tura de processo ético (Resolução 
CFMv 875/2007).
Mensalmente, o Presiden-
te do CFMv, Benedito Fortes de 
arruda, assina a coluna “amigo 
vet” na Revista Cães e Cia (maior 
revista de pets da américa Latina). 
Os últimos assuntos tratados 
foram: as diversas atuações do 
Médico veterinário para a saúde 
da Humanidade; Relatório da Re-
latório da ONU sobre Zoonoses 
e Leishmaniose.
O reconhecimento da acupun-
tura veterinária, pelo CFMv, como 
especialidade  foi tema de diversas 
matérias jornalísticas. entre elas, 
veiculação no Canal Rural, TV RBS, 
Globo Rural, Revista Veja Brasília, Re-
vista Saúde, Rural BR, Portal do Agro-
negócio, Revista Grupo CIPA e Terra 
Viva (Gurpo Bandeirantes).
Durante a 3ª Conferência Mun-
dial sobre educação veterinária, o 
Presidente do Conselho Federal de 
Medicina veterinária (CFMv), Bene-
dito arruda, concedeu entrevistas so-
bre os objetivos do encontro para a 
TV Band; Rádio do Governo do Para-
ná; TV do Governo do Paraná; e Jor-
nal Gazeta do Iguaçu (Foz do iguaçu). 
O encontro também foi assunto tam-
bém da Agência Brasil de Notícias, 
Avisite, Jornal Gazeta do Povo, Catve 
(TV Cascavel-PR); Rural BR, e site O 
Paraná. A conferência foi realizada 
entre os dias 3 e 6 de novembro, em 
Foz do iguaçu (PR).
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201428
PRODUÇÃO DE AVES
avicultura agroecológica 
é possível
Com um mercado que cresce 30% ao ano, no Brasil e no mundo, há espaço para 
pesquisa e aumento da produção de carne e ovos de frango com base ecológica
rurais e mesmo em algumas propriedades urbanas, com 
finalidade de prover carne e ovos às famílias. Os siste-
mas produtivos eram rudimentares, criavam raças e cru-
zamentos adaptados à reprodução natural (choco), eram 
de crescimento lento e menos exigentes, capazes de ba-
lancear suas dietas com os recursos forrageiros e alguma 
suplementação de grãos e restos da agricultura. as es-
pécies eram criadas soltas na propriedade, com acesso a 
pastagens, estábulos e áreas agrícolas. exerciam um papel 
a avicultura é uma das atividades agrope-
cuárias que mais se desenvolveu no mun-
do e, atualmente, lidera o emprego da tecnologia 
para a produção de carne e de ovos. várias espé-
cies avícolas são criadas com finalidade produtiva, 
sendo a de galinhas (Gallus gallus) a mais criada.
No passado, antes da urbanização e industria-
lização, as galinhas e as demais espécies avíco-
las eram criadas em quase todas as propriedades 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 29
importante no controle de insetos e de algumas plantas 
invasoras nas áreas agrícolas, sendo, porém, suscetíveis 
ao ataque de predadores e algumas doenças (cólera, tifo, 
bouba etc.). esse sistema é conhecido como sistema de 
criação de galinha caipira.
Com a urbanização e industrialização, foi criado um 
grande mercado para carne e ovos nos estabelecimentos 
que forneciam refeições, mercearias e supermercados, 
levando ao rápido desenvolvimento dos sistemas produ-
tivos para melhorar o desfrute, a precocidade, a taxa de 
postura e o rendimento de carne no peito e pernas, fase 
que perdurou até o início dos anos 70 e tem sido referida 
como produção colonial. 
No entanto, tal desenvolvimento tem sido contínuo 
desde então, passando por fases distintas (cruzamentos, 
nutrição, instalações, manejo, ambiência, logística, abate, 
processamento, exportação, refeições prontas etc.), levan-
do à especialização e ao aumento da escala e dos contro-
les de qualidade, do ambiente, da mão de obra e outros, 
tornando a avicultura um negócio lucrativo e transforman-
do-a em atividade industrial.
Premissas para a produção 
agroecológica
evitar aquisição de insumos externos
Ciclagem dos nutrientes no solo
Manutenção da biodiversidade
Controle biológico das pragas e doenças
Práticas conservacionistas
evitar superpastoreio e degradação
Proteger fontes de água
lotação adequada por m2
720 mil
dúzias de ovos são 
produzidas por 
ano no Brasil
30%
de crescimento ao ano 
dos mercados nacional e 
internacional de carne e 
ovos orgânicos
550 mil
frangos abatidos para 
produção de carne 
orgânica no Brasil
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201430
PArtICUlArIDADeS e eSForÇoS
Os agricultores familiares que ainda se dedi-
cam à criação de aves como antigamente procuram 
nichos de mercado para sua pequena produção e 
também procuram agregar valor aos produtos. Mui-
tos exploram o produto rotulado como caipira ou 
colonial, que está normatizado pelo Ministério da 
agricultura, Pecuária e abastecimento, e auferem 
alguma vantagem mercadológica com isso. alguns, 
entretanto, aperfeiçoaram seus sistemas para uma 
produção orgânica também normatizada pela Lei 
dos Orgânicos (Lei nº 10.831/2003) e pela ins-
trução Normativa nº 46/2011, em que todos os 
ingredientes utilizados na produção das aves são 
produzidos de forma orgânica, dentro do mesmo 
espaço rural.
 O termo ‘orgânico’, em alguns países, como a 
França, é referido como biológico e é normatizado 
segundo a orientação da international Federation 
of Organic agriculture Movements (iFOaM), com 
sede na alemanha, também auferindo vantagem 
pela agregação de valor aos produtos. No Brasil, 
esses sistemas são referidos como sistemas de 
base ecológica.
entretanto, na verdadeira produção de aves em siste-
mas de base ecológica se procura associar a produção de 
carne e ovos das aves com a ecologia da propriedade rural, 
manejando os recursos de maneira a permitir uma produ-
ção saudável, com a qualidade desejada pelo consumidor, 
sem a necessidade de aquisição de insumos externos à 
propriedade e restaurando/privilegiando os processos na-
turais, como a ciclagem dos nutrientes no solo por meio da 
fixação biológica do nitrogênio do ar e da solubilização do 
fósforo pelos fungos do solo, da rotação das culturas e da 
compostagem; a manutenção da biodiversidade; o contro-
le biológico das pragas e doenças; e as práticas conserva-
cionistas (evitar o superpastoreio e a degradação do solo 
e das fontes de água), com a lotação adequada de aves 
por m2 para evitar a competição, o canibalismo e a degra-dação/poluição do solo/ambiente. Um sistema produtivo 
com essas características é altamente demandante de co-
nhecimento científico, principalmente sobre os processos 
biológicos (ecológicos, agronômicos, zootécnicos e veteri-
nários) para o controle da produção e das doenças (rações 
e aves) e de inspeção dos produtos.
anualmente no Brasil, por exemplo, são abatidas 550 
mil cabeças de frangos para a produção de carne orgânica 
e produzidas 720 mil dúzias de ovos orgânicos, produções 
Manejo associado à ecologia da propriedade rural
Arquivo CFMV
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 31
elsio Antônio Pereira de Figueiredo 
Zootecnista
CRMV-SC nº0074Z, Pesquisador da 
Embrapa Suínos e Aves – Concórdia, SC.
elsio.figueiredo@embrapa.br 
auTor
aquém da demanda dos mercados nacional e inter-
nacional, que crescem em torno de 30% ao ano para 
esse tipo de produto. Portanto, ainda não existe ofer-
ta de carne e de ovos, produzidos em bases ecológicas, 
suficiente para o desenvolvimento do mercado, que se 
restringe a poucas feiras e mercados periféricos.
Grandes esforços vêm sendo feitos para que a 
produção animal e vegetal de base ecológica se de-
senvolva no Brasil, seja no campo legislativo, com a 
criação da Lei dos orgânicos, e de políticas públicas 
com a implementação do Plano Nacional de agroe-
cologia e Produção Orgânica (BRasiL, 2012), seja no 
alinhamento de pesquisas com a criação do marco 
referencial em agroecologia (eMBRaPa, 2006) e do 
portfólio de projetos em sistemas de produção de 
base ecológica da empresa Brasileira de Pesquisa 
agropecuária (eMBRaPa, 2012), que está ordenando 
e reunindo todos os projetos e tecnologias nessa área 
na empresa e disponibilizando para produtores fami-
liares, associações e cooperativas práticas e proces-
sos para a produção carne, ovos e outros produtos de 
base ecológica.
entre os resultados importantes obtidos pela em-
brapa, estão os genótipos para produção de carne e 
ovos mais adaptados à produção colonial/orgânica/
ecológica, com linhagens de produção de carne (aves 
abatidas com 2,5 kg em 84 dias) e ovos (300 ovos/
ave/ano) (FiGUeiReDO; sOaRes, 2012).
Os trabalhos são para que a avicultura de base 
ecológica seja um sistema moderno que agregue va-
lor aos recursos da propriedade rural pela integração 
Conforto na produção de ovos 
em ambientes fechados
da produção vegetal com a produção avícola e dimen-
sionado em função da vocação/ecologia da propriedade 
rural para os policultivos e do quantitativo de mão de 
obra disponível, considerando o mercado consumidor 
e as expectativas de renda e bem-estar dos produto-
res para que essas propriedades obtenham sustenta-
bilidade e os agricultores familiares obtenham a renda 
necessária para a perpetuação do negócio. Contudo, 
no Brasil, ainda são poucos os exemplos concretos de 
sucesso com essa visão e muitas confusões entre as 
diferentes denominações têm atrapalhado o desenvol-
vimento do sistema, tendo predominado os sistemas 
caipira/colonial e orgânico. 
referênCias
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cial em agroecologia. Brasília: EMBRAPA, fevereiro. 2006. Disponível em <http://
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FIGUEIREDO, E. A. P. de; SOARES, J. P. G. sistemas orgânicos de produção animal: 
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RA DE ZOOTECNIA, 49., 2012, Brasília. A produção animal no mundo em transfor-
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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plano Nacional de Agroecologia 
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Diário Oficial da República Federativa do Brasil , Poder Executivo, Brasília, DF, 23 
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Federativa do Brasil , Poder Executivo, Brasília, DF, 23 de dez. 2003. Seção 1 p.8.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução Norma-
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Normativa DOU. Nº 194, Seção 1. P. 4-11. 7 de outubro de 2011.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO/MAA. Departamento de 
Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA. Divisão de Operações Indus-
triais –DOI. Oficio Circular DOI/DIPOA nº 007/99 de 04/11/99. Registro do pro-
duto “Frango Caipira ou Frango Colonial” ou “Frango Tipo ou Estilo Caipira” ou 
“Tipo ou Estilo colonial”. 1999.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Secretaria de Defesa Agro-
pecuária – DAS. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DI-
POA. Oficio Circular nº 60/99 de 04/11/99. Registro do produto “Ovos Caipira” 
ou “Ovos Tipo ou Estilo Caipira” ou “Ovos Colonial” ou “Ovos Tipo ou Estilo co-
lonial”. 1999.
Levino Bassi
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201432
ATIVIDADE CINOTÉCNICAS
Cães de 
guerra 
Eles já foram usados como bombas 
vivas para derrotar o inimigo. Passaram 
a mensageiros, patrulheiros, e sentinela. 
Hoje se destacam como farejadores para 
as mais diversas finalidades
O s cães de emprego militar, no Brasil conhecidos 
por cães de guerra, são, há muito tempo, utiliza-
dos para as mais diferentes finalidades. a atividade foi ini-
cialmente descrita pelo historiador Plínio, que viveu entre 
496 e 406 a.C. e destacou os Pugnaceietbellicosi (cães de 
luta ou de combate) em seu tratado de história natural.
Na antiguidade, foram relatados espécimes molossoi-
des portando um colete de couro com recipientes cheios 
de óleo, onde era ateado fogo, e coleiras com lancetas. 
eram empregados para desestabilizar e atacar os inimi-
gos, causando grandes danos às tropas a pé, à infantaria 
e à tropa montada, a cavalaria. Durante a segunda Guerra 
Mundial, as tropas soviéticas utilizaram cães com coletes 
carregando dispositivos magnéticos, os quais, quando em 
contato com os veículos blindados, deflagravam suas car-
gas explosivas. esses exemplos ilustram o que a criativida-
de e o esforço bélico podiam criar, ainda que não se con-
corde com a finalidade e a falta de consciência para com o 
bem-estar animal.
Madri / Reginaldo Aranda
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 33
Na segunda metade dos anos 1960, o exército Bra-
sileiro vislumbrou a possibilidade de empregar cães em 
suas organizações militares, inicialmente nas unidades de 
Polícia do exército, depósitos de suprimento e unidades 
paraquedistas. assim, o Manual de Campanha de adestra-
mento e emprego de Cães de Guerra, o C 42-30, estabe-
leceu que as finalidades de emprego fossem o cão men-
sageiro ou estafeta, o cão patrulheiro ou esclarecedor, o 
cão localizador de feridos e o cão de guarda ou sentinela. 
estabeleceu ainda que a raça pastor alemão seria empre-
gada como cão de guerra. Dessas formas de emprego, a 
mais utilizada foi o cão de guarda. Com a reativação do 
quadro de oficiais Médicos veterinários, extinto em 1974, 
e a formação da primeira turma em 1992, as atividades 
gerenciadas pelos Médicos veterinários foram retomadas 
e, com elas, os canis militares. as atividades cinotécnicas 
militares sofreram uma reestruturação, com novo direcio-
namento de emprego, voltado para a demanda, inclusive 
com a adoção de novas raças, fomento de cursos de forma-
ção de adestradores, auxiliares veterinários e condutores 
de cães.
Outro ponto que sofreu reestruturação foi a forma de 
aquisição de cães. apesar de prevista a compra de exem-
plares, a grande via de obtençãode cães era por doação, o 
que nem sempre trazia exemplares ideais. Às vezes, eram 
muito agressivos ou com idade superior àquela de impres-
são comportamental (adestramento). Com a estruturação 
dos Centros de Reprodução de Cães de Guerra, o exército 
Brasileiro passou a selecionar, adquirir, reproduzir e dis-
tribuir aos seus canis militares, ou seções de Cães 
de Guerra, cães de elevado padrão zootécnico 
e comportamental.
atualmente, as seções de Cães de Guerra 
mantêm constante intercâmbio de informações 
voltadas ao biotipo, comportamento, técnicas de 
adestramento, seleção, clínica e cirurgia de cães de 
trabalho, participando de conferências, reuniões 
e congressos. a consolidação dessas informações 
define as novas e atuais vertentes do emprego mi-
litar de cães.
 
fareJadores se desTaCaM
Frutos desses estudos de demanda e situações, 
grande ênfase vem sendo dada aos cães detecto-
res. também conhecidos como cães farejadores, 
eles são aqueles animais cujo perfil é selecionado 
para atuar na detecção de substâncias pelo olfa-
to. entre os exemplos, estão os entorpecentes, ex-
plosivos, cupim, contrabandos (dinheiro, CD, DvD, 
cigarro, pessoas, armas etc), cadáveres, vítimas de 
soterramento, tumores, minerais, vazamentos de 
gás e combustíveis. O treinamento de cães para 
detecção não os inviabiliza para treinamento em 
outras atividades, como cães de patrulhamento, 
atividade bastante difundida em outros países, 
onde são conhecidos como dual purpose dogs (cães 
para duas finalidades). Diversas instituições, entre 
elas o Exército, vêm buscando esse tipo de cão e 
essa forma de adestramento, com resultados bas-
tante expressivos, levando a uma maior oferta de 
possibilidades de emprego dos cães de trabalho, 
sem impactar em aumento dos efetivos, seja cães 
ou recursos humanos.
O treinamento de cães detectores começa 
a partir de um estudo de situação. são avaliadas 
todas as variáveis, como ambiente operacional, 
ocorrências mais comuns e meios disponíveis. 
em seguida, é elaborado um plano de trabalho, 
havendo a seleção do binômio homem-cão e a 
oferta dos meios necessários para a obtenção dos 
melhores resultados.
O adestramento de um cão começa, na realida-
de, na seleção e treinamento dos cinotécnicos, os 
militares que serão responsáveis ou pelo adestra-
mento ou pela condução e emprego dos cães.
Iniciação de filhotes em caixas de 
recompensa, ambiente externo. 
Arquivo do autor
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201434
Os militares que vencem as etapas de seleção e for-
mação começam a receber a tarefa de adestrar. esse pro-
cesso é acompanhado e avaliado, considerando ainda que 
o direcionamento do adestramento levará em conta o es-
calonamento das dificuldades, o planejamento e acompa-
nhamento das respostas comportamentais produzidas e a 
aferição dos resultados. aqueles que mostrarem amadure-
cimento profissional e respeito, principalmente aos cães, 
poderão participar do estágio de formação de adestrado-
res de cães detectores.
ESCOLHA DO CÃO DEPENDE 
DE OBSERVAÇÃO E PACIêNCIA
Os profissionais participam das atividades com os 
filhotes desde o nascimento, pois serão futuros cães de 
trabalho. aprender a “ler” na ninhada ou nas pequenas 
matilhas formadas pelos cãezinhos as sutis diferenças 
comportamentais será fundamental para registrar nos 
bancos de dados os progressos que os filhotes irão de-
senvolver, observando, ainda, as impressões ambientais 
e sociais que eles estão recebendo e produzindo. essas 
observações começam desde o nascimento, com acompa-
nhamento das curvas de ganho de peso, exploração do ni-
nho ou caixa de parto, e seguem no desmame e exploração 
dos ambientes, como solários e creches. Diversos testes 
de seleção comportamental podem ser aplicados durante 
o desenvolvimento dos filhotes, numa busca pelo direcio-
namento da “vocação profissional”, ou seja, da atividade 
mais favorável a ser desenvolvida pelo futuro cão de tra-
balho, ou, até mesmo, na falta de aptidão para o serviço, 
pelo direcionamento para cão de companhia.
 Para trabalhar com cães 
 o militar precisa
Ser capaz de trabalhar sem supervisão
ter controle emocional em 
situações adversas
ter boa condição física
Ser voluntário
ter paciência
Gostar de cães
Etapas de seleção para condução
Estágios de formação de adestradores
programa de treinamento
Duração média de nove semanas
acompanhamento das atividades 
no canil
teoria cinotécnica
atuar na alimentação dos cães e 
higienização dos canis
técnicas de adestramento
Qualificação para condução de cães 
já adestrados
Psicologia e comportamento 
caninos 
Noções de auxiliar veterinário e 
emprego militar de cães
selecionados se 
tornam adestradores
1
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2
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Estágio de cães de faro em busca 
nas matas
Arquivo do autor
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 35
ainda bem jovens, diversas atividades são desenvolvi-
das de forma lúdica, como jogos de recuperação e localiza-
ção de brinquedos, base do trabalho dos cães detectores, 
ou mesmo a impressão comportamental dos exercícios 
básicos de adestramento. Métodos como o clicker (artigo 
para treinamento que sinaliza ao cão que ele atingiu o 
objetivo) e reforçadores positivos são empregados como 
estimuladores dos comportamentos desejados e como 
Curso de treinador de cães de explosivos nos EUA
modeladores das respostas, evitando, assim, a ne-
cessidade de punições ou estimulações negativas, 
construindo a base de um cão seguro, sociável com 
as pessoas e outros animais, alegre e motivado.
todo o processo é acompanhado por avalia-
ções clínicas realizadas por Médicos veterinários 
militares, por meio de exames periódicos, perfis 
laboratoriais, imagens e criterioso programa de 
imunização.
Em torno do sexto mês, os filhotes seleciona-
dos passam a frequentar o laboratório de odores, 
um ambiente controlado em que são apresenta-
das as caixas de recompensas. Há os exercícios 
de recuperação direcionados a uma associação 
entre a recompensa, o brinquedo e o odor que ele 
irá identificar. À medida que o filhote demonstra 
que entendeu e associou que, quando localiza o 
odor, recebe o prêmio, os adestradores modelam 
a forma como ele sinalizará a identificação desse 
odor. esta é uma fase sutil de indução comporta-
mental, que necessita no mínimo de um adestrador 
e de um observador comportamental, que não po-
dem correr o risco de, com suas atitudes, posturas 
ou gestos, levar o filhote a interpretar a expressão 
comportamental ou a ansiedade como um “gati-
lho”, passando a explorar o ambiente visualmente 
e não pelo olfato. Uma curva crescente de dificul-
dades e situações é gradualmente apresentada aos 
cães em treinamento, culminando com as buscas 
em ambientes e cenários reais.
O momento atual brasileiro, com a realização 
de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as 
Olimpíadas, vislumbra a necessidade de emprego 
de grande número de cães de trabalho, com par-
cela significativa de cães detectores para auxiliar o 
trabalho militar e proteger a nação. 
Área de sociabilização de filhotes e impressões 
ambientais nos Estados Unidos
Carlos de almeida baptista sobrinho
Médico Veterinário, CRMV-SP nº 9687 
Major Veterinário do Exército Brasileiro, 
atualmente compondo o Batalhão Brasileiro 
no Haiti
auTor
Arquivo do autor
Arquivo do autor
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201436
PRODUÇÃO
Tratamentos 
hormonais e 
Inseminação 
Artificial em 
Tempo Fixo 
em bovinos
a inseminação artificial (ia) é uma técnica 
consagrada e viável para acelerar o avanço 
genético e o retorno econômico da bovinocultura. 
entretanto, em todo o mundo, existem relatos que 
indicam baixa taxa de serviço em bovinos, devido, 
principalmente, à ineficiência da detecção de estros 
(BaRUseLLi et al., 2007). esse problema é mais desta-
cado em Bos taurus indicus, devido a particularidades 
no comportamento reprodutivo, como estro de curta 
duração com elevadaporcentagem de manifestação 
noturna (BaRUseLLi; MaRQUes, 2002). 
O anestro pós-parto e as falhas na detecção de 
estro no início da estação de monta, em rebanhos co-
merciais de corte, são fatores que contribuem para o 
prolongamento do período de serviço (MeNeGHetti; 
vasCONCeLOs 2008), sendo comprovado o efeito 
negativo da mamada sobre o ciclo estral de vacas de 
corte, em função da inibição da secreção de hormô-
nio liberador de gonadotrofina (GnRH) por opioides 
endógenos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas), 
limitando o uso da ia tradicional, com observações 
diárias de cio (aRMstRONG et al., 2003), determi-
nando baixo desempenho reprodutivo e baixa taxa 
de desfrute.
Na inseminação artificial em tempo Fixo (iatF), 
os protocolos procuram induzir uma onda de cres-
cimento folicular sincronizada, controlar a duração 
do crescimento folicular e da fase luteínica até o 
estágio pré-ovulatório, sincronizar a retirada da 
progesterona exógena e endógena, e induzir a 
ovulação sincronizada em todos os animais trata-
dos (BaRUseLLi, 2004). a escolha do protocolo de 
sincronização deve considerar a categoria animal, 
a ciclicidade do rebanho e o escore de Condição 
Corporal (eCC) (MeLO, 2009). 
a avaliação do eCC é é um dos fatores mais im-
portantes para o sucesso da iatF, com resultados 
de prenhez variando de 25% a, no máximo, 75%. 
O eCC de vacas e novilhas no início de um proto-
colo de sincronização não deve ser menor que 2,5 
(em escala variando de 1 a 5) (CUtaia et al., 2003). 
A escolha do protocolo de sincronização 
deve considerar a categoria animal, a 
ciclicidade do rebanho e o escore corporal
Faider Villadiego
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 37
GNrH (HormôNIo lIBerADor DAS GoNADotroFINAS)
Pursley et al. (1995) apresentaram um protoco-
lo de manipulação hormonal, em fêmeas bovinas 
leiteiras, envolvendo o o GnRH e a prostaglandina 
F2α (PGF2α), formando ambos a base do primeiro 
protocolo para iatF, denominado OvSynch.
 Pursley et al. (1998), trabalhando com 733 va-
cas de diferentes granjas leiteiras, separadas em 
cinco grupos, avaliaram o tempo ótimo para ia, uti-
lizando o protocolo OvSynch. Essas fêmeas foram 
inseminadas 0, 8, 16, 24 e 32 horas após a segunda 
dose de GnRH. O grupo hora zero foi inseminado 
no momento da aplicação da segunda dose (Co
-Synch). as taxas de concepção e parição dos gru-
pos 0, 8, 16 e 24 horas foram maiores do que aque-
las observadas para o grupo 32 horas. Não houve 
diferença entre os grupos 0, 8, 16 e 24 horas.
atualmente, diversos protocolos de sincro-
nização de estro continuam sendo pesquisados, 
com os objetivos de facilitar o manejo reprodu-
tivo em rebanhos de leite e de corte e melhorar 
as taxas de concepção das fêmeas sincronizadas 
(BaRUseLLi et al., 2002; aLMeiDa et al., 2006). 
entre eles, destaca-se o uso frequente de dispo-
sitivos intravaginais ou auriculares de progestá-
genos associados ao GnRH e à PGf2α (PURsLeY 
et al., 1998), tendo sido contudo, o protocolo 
OvSynch o referencial inicial para o desenvolvi-
mento desses novos procedimentos. 
Dentre os tratamentos hormonais que permitem 
inseminar um grande número de animais num pe-
ríodo de tempo estabelecido, os mais utilizados, em 
gado de corte, combinam progesterona ou progestá-
genos, prostaglandina F2α, e estrógenos, como ben-
zoato, cipionato ou valerato de estradiol (BaRUseLLi; 
MaRQUes, 2002). Contudo, combinações de proges-
tágenos com o protocolo OvSynch e com o protocolo 
Co-Synch, em programa de iatF para vacas nelore em 
rebanho comercial, também foram testadas, propor-
cionando elevada taxa de prenhez, principalmente 
quando utilizadas após triagem ginecológica das ma-
trizes (PaLHaNO et al., 2012).
ProStAGlANDINA F2α
a PGF2α e seus análogos são os agentes mais 
utilizados para sincronização do estro em fêmeas 
bovinas (ODDe, 1990) e o sucesso é dependente 
da presença de Corpo Lúteo (CL), provocando sua regressão 
morfológica e funcional (RatHBONe et al., 2001). 
a maior taxa de regressão do CL é obtida quando a 
substância é administrada entre os dias 6 e 17 do ciclo 
estral (vasCONCeLOs, 2000). a PGF2α não induz efeti-
vamente a luteólise durante os cinco ou seis dias após o 
estro. acreditava-se que essa falta de responsividade do 
CL imaturo fosse devido à deficiência em número ou afini-
dade de receptores para a PGF2α, porém foi demonstrada 
a presença de receptores com alta afinidade a partir de 
dois dias após a ovulação. Foi observado, então, que o CL 
maduro possui um sistema de feedback positivo que resul-
ta na produção intraluteal de PGF2α, possibilitando a con-
tinuidade do processo luteolítico iniciado por uma única 
aplicação de PGF2α (WiLtBaNK, 1997). 
Geralmente, os tratamentos usados para a sincro-
nização do estro consistem na administração de duas 
doses de PGF2α com intervalos de 11 a 14 dias (BROa-
DBeNt et al., 1993). Nas fêmeas em que se verifica a lu-
teólise, a ocorrência do estro é distribuída no intervalo 
de dois a seis dias (geralmente três dias após), tornando 
impraticável a iatF em protocolos que utilizam apenas 
PGF2α (BÓ et al., 2002). a variação no intervalo entre a 
aplicação da PGF2α até o estro e a ovulação ocorre devi-
do a diferenças no estágio das ondas foliculares no mo-
mento do tratamento (MaPLetOFt et al., 2000). 
Quando o tratamento é realizado na presença de um 
folículo dominante em fase final de crescimento ou no 
início da fase estática, a ovulação ocorre dentro de três a 
quatro dias. Por outro lado, se a PGF2α for aplicada quando 
o folículo dominante estiver no meio ou no final da fase 
estática, a ovulação ocorrerá cinco a sete dias depois, ou 
Inseminação artificial realizada após tratamento hormonal
Faider Villadiego
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201438
seja, após o desenvolvimento do folículo dominante da 
próxima onda folicular (KasteLiC; GiNtHeR, 1991). Portan-
to, a variabilidade do intervalo entre o tratamento e a ovu-
lação, com a utilização da PGF2α e seus análogos, refor-
ça a necessidade de controlar tanto o desenvolvimento 
luteal quanto o folicular em protocolos cujo objetivo é a 
iatF (MeLO, 2009).
ProGeSteroNA oU ProGeStáGeNoS
Os dois sistemas mais utilizados para encurtar ou 
prolongar a fase luteínica do ciclo estral envolvem 
agentes luteolíticos e as drogas à base de progestero-
na. tais métodos, embora adequados para programar o 
estro, são ineficientes para promover altas taxas de con-
cepção à iatF (PORRas; GaLiNa, 1992).
Os tratamentos utilizados envolviam longos períodos 
(12 a 14 dias) de administração de progesterona, que pos-
sibilitavam boa sincronia dos estros e ovulações, porém 
associadas com fertilidade variável e, em geral, menor que 
a dos animais de controle (ROCHe, 1974). esses tratamen-
tos tinham por objetivo superar a duração de um possível 
CL existente no ovário (MeLO, 2009). 
a progesterona inibe o estro e a ovulação e altera a di-
nâmica folicular, atuando sobre o hipotálamo e regulando 
a liberação de GnRH (MiHM; aUstiN, 2002) e, consequen-
temente, do hormônio luteinizante (LH). assim, a adminis-
tração de progesterona ou progestágenos por um período 
suficiente para permitir a regressão natural do CL pode 
promover o estro sincronizado, uma vez que a supressão 
do tratamento progestacional determina a ocorrência do 
pico de LH e a ovulação (KesNeR et al., 1982).
apesar de esses tratamentos serem efetivos para a sin-
cronização do estro, a fertilidade é reduzida (ODDe, 1990), 
porque os sistemas de liberação lenta de progesterona ou 
progestágenos não mimetizam o CL na supressão do LH. 
Na ausência de CL, tais tratamentos produzem concen-
trações subluteais de progesterona e permitem que os 
pulsos de LH aumentem até uma frequência intermediá-
ria, o que prolonga o crescimento do folículo dominante 
(siROis; FORtUNe, 1988), resultando em baixas taxas de 
prenhez (MaDUReiRa et al., 2006) devido à ovulação de 
oócitos envelhecidos (MeLO, 2009). 
a possibilidadede associar os tratamentos com pro-
gesterona ou progestágenos com um agente capaz de 
eliminar o CL surgiu com a disponibilidade comercial de 
análogos sintéticos da PGF2α (aLBeRiO; BUtLeR, 2001). 
em estudos realizados por smith et al. (1984), tratamen-
tos de oito dias com progesterona finalizados com uma 
aplicação de PGF2α produziram sincronia de es-
tros apropriada para realizar a ia e obter fertili-
dade normal em novilhas. 
Os principais métodos de administração de 
progesterona ou progestágenos utilizados em bo-
vinos são os implantes subcutâneos de Norgesto-
met, os dispositivos intravaginais de silicone com 
liberação lenta de progesterona e a administração 
de progestágenos no alimento (MORaes, 2002). 
Recentemente, mais dois dispositivos intravagi-
nais de liberação de progesterona foram lançados, 
o Bovine Intravaginal Device (DiB®) e o Cronipress® 
(PORtO FiLHO, 2004).
a exposição à progesterona, por períodos de 
cinco a nove dias, pode induzir ciclicidade em va-
cas em anestro e no período pós-parto (RHODes 
et al., 2002). Rhodes et al. (2003) levantaram a hi-
pótese de que o tratamento com progestágenos 
estimula o desenvolvimento e a maturação dos 
folículos dominantes, em vacas em anestro, por au-
mentar a secreção de LH e estimular o desenvolvi-
mento de receptores de LH e a síntese de estradiol. 
atualmente, os progestágenos estão sempre asso-
ciados a outros hormônios nos protocolos de sin-
cronização para a iatF, principalmente os estróge-
nos, como benzoato de estradiol (Be), cipionato de 
estradiol (eCP), valerato de estradiol (ve), e PGF2α.
esTróGenos
Os estrógenos são indutores da ovulação e estão 
sempre associados aos progestágenos nos protoco-
los de sincronização. a combinação com benzoato 
de estradiol (Be) ou valerato de estradiol (ve) possi-
bilitou a diminuição do tempo de exposição à pro-
gesterona (MeLO, 2009). esses tratamentos tinham 
por objetivos estender artificialmente a fase luteal 
(com o uso de progesterona/progestágeno) e iniciar 
a luteólise antecipada (com o uso de estrógenos), de 
maneira que, ao finalizar o tratamento com progeste-
rona/progestágeno, iniciaria uma fase de proestro e 
se produziriam estro e ovulação em dois a três dias 
(aLBeRiO; BUtLeR, 2001). 
O estrógeno, quando associado à progesterona 
ou progestágeno, promove o crescimento sincroni-
zado de uma nova onda folicular cerca de quatro a 
cinco dias após a sua aplicação, independentemen-
te do estágio do ciclo estral no qual o tratamento é 
iniciado (ROCHa, 2000). Quando administrado pouco 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 39
tempo após a ovulação, o estradiol aparentemente 
age como antiluteotrófico (MeLO, 2009) e, quando 
administrado na presença de um CL ativo, geralmen-
te é luteolítico, apesar de a habilidade para induzir a 
regressão do CL ser mais limitada nos primeiros dias 
de atividade do CL (dias três a cinco pós-ovulação) do 
que mais tarde (PRatt et al., 1991). Falhas na regres-
são do CL pela ação do estradiol resultam em falhas 
na sincronização (MeLO, 2009). 
Diferentes tipos de éster de estradiol, incluin-
do 17-β estradiol, Be, ve e eCP, estão disponíveis 
comercialmente na américa do sul (MeLO, 2009). 
todos são capazes de induzir a regressão de folí-
culos antrais quando administrados na presen-
ça de elevadas concentrações de progesterona 
(BÓ et al., 1995).
somente com a intensificação do uso da ul-
trassonografia como meio diagnóstico pode-se 
determinar com precisão o desenvolvimento das 
ondas foliculares. Observando tal padrão folicu-
lar, foi demonstrado que as altas doses de estra-
diol administradas nos tratamentos originais de 
sincronização de estro não somente produziam 
uma luteóliseantecipada, como também mudan-
ças nos padrões de desenvolvimento folicular 
(aLBeRiO; BULteR, 2001). Pesquisadores passa-
ram a observar que combinando a regulação da 
fase folicular com a fase lútea era possível obter 
um apropriado controle do ciclo estral com uma 
sincronia uniforme do estro e ovulação com fertilidade 
normal (MeLO, 2009). segundo Driancourt (2000), eficien-
tes protocolos de sincronização do estro precisam induzir 
a atresia dos maiores folículos presentes nos ovários, in-
dependentemente do estágio de desenvolvimento, resul-
tando no recrutamento de uma nova onda de crescimento 
folicular, desenvolvimento sincronizado de um novo folí-
culo dominante em todas as fêmeas e ovulação em mo-
mento predeterminado.
O estrógeno pode estimular ou inibir a concentração de 
gonadotrofinas, dependendo da dose e das concentrações 
sanguíneas de progesterona (MeLO, 2009). em doses fisio-
lógicas e baixas concentrações de progesterona, o estrógeno 
estimula a liberação de LH para que ocorra a ovulação. ao 
contrário, elevadas doses de estrógenos, na presença de ele-
vadas concentrações de progesterona, bloqueiam as gonado-
trofinas, inibindo, principalmente, a produção e liberação de 
LH. além disso, o estrógeno é fundamental para a expressão 
de receptores para ocitocina no endométrio, o que é impor-
tante no processo de liberação de PGF2α para a regressão do 
corpo lúteo (MORaes et al., 2002; MeLO, 2009).
a duração da supressão das gonadotrofinas pode ser 
afetada pela concentração e pelo tipo de estradiol utiliza-
do, pela concentração de progesterona e por característi-
cas individuais entre animais que se encontram em dife-
rentes estágios reprodutivos (PORtO FiLHO, 2004).
atualmente, os dispositivos intravaginais de progeste-
rona e estradiol têm sido amplamente utilizados em pro-
Escala 
de escore 
corporal
ECC 
2,0
ECC 
1,0
1. Severa subcondição 2. Esqueleto visível
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201440
gramas de sincronização do estro e da ovulação em 
iatF para bovinos de corte e de leite (Neves, 2010). 
Lane et al. (2001), ao sincronizar novilhas de corte 
com dispositivo de liberação de progesterona e Be, 
não obtiveram diferença entre os dois grupos com 
relação à manifestação de estro, mas as novilhas 
às quais foi administrado Be, independentemente 
da fase folicular em que se encontravam no início 
do tratamento, apresentaram menor intervalo en-
tre a retirada do dispositivo e o início do estro (45 
versus 59 horas). No grupo que estava em fase de 
dominância folicular no início do tratamento, as 
fêmeas que receberam o BE apresentaram maior 
taxa de prenhez (84%) que aquelas que não o re-
ceberam (65%), indicando que o tratamento com 
Be, como indutor da ovulação, pode ser eficiente 
em protocolos para a sincronização da ovulação 
em novilhas de corte, melhorando a eficiência 
desses protocolos.
ao comparar a utilização de CiDR® e e-17β, de 
CiDR® exclusivamente e de duas aplicações de PG-
F2α em intervalo de 11 dias em novilhas de corte, 
Bó et al. (1994) observaram que 75% das novilhas 
do grupo CiDR® e e-17β ovularam entre 72 e 84 
horas após a retirada do implante; as novilhas que 
receberam somente o CiDR® apresentaram taxa 
de ovulação de 33% e as novilhas que receberam 
PGF2α atingiram índice de ovulação de 40%, esses 
dois últimos grupos também entre 72 e 84 horas 
após a retirada do implante. esses resultados apontam 
para a utilização de protocolos com CiDR® e Be em novi-
lhas como um método satisfatório para obter uma boa sin-
cronia do desenvolvimento folicular e luteínico, além de 
ovulação em momento oportuno do ciclo estral. 
Macmillan (1999) comparou a utilização do CiDR® por 
7 (G1) ou 8 (G2) dias, associado a Be no D0 (inserção do 
dispositivo), PGF2α no momento da retirada deste e Be 48 
horas após a aplicação de PGF2α. Houve maior concentra-
ção de estros um dia depois do tratamento no G2 (97,5%)
e dois dias depois do tratamento no G1 (80,3%). as taxas 
de concepção dos dois grupos foram semelhantes (45,2% 
no G1 e 47,4% no G2), indicando que os dispositivos de 
liberação de progesterona podem ser mantidos por sete a 
nove dias, sem comprometimento nas taxas de concepção 
de prenhez.a fim de verificar qual o melhor momento para a apli-
cação do agente luteolítico associado ao CiDR® e Be, sá 
Filho et al. (2003) separaram 35 novilhas de corte em 
dois grupos. O grupo 1 (G1) recebeu o agente luteolítico 
no D7, sendo D0 o dia da inserção do dispositivo intra-
vaginal, e o grupo 2 (G2) recebeu o agente luteolítico no 
D9, com a retirada do dispositivo intravaginal. O G1 apre-
sentou tendência a uma maior taxa de concepção na IATF 
(64,7%, 11/17) do que o G2 (38,9%, 7/18). esse fato pode 
ter sido decorrente da manutenção de uma única fonte de 
progesterona nos animais tratados no D7, o que faria com 
que os níveis de P4 fossem mantidos subluteais, aumen-
tando a pulsatilidade do LH, promovendo a manutenção 
ECC 
3,0
3. Esqueleto e tecidos 
de cobertura bem 
balanceados
ECC 
4,0
ECC 
5,0
4. Esqueleto não tão visível 
quanto o tecido de cobertura
5. Severa supercondição
Ar
qu
iv
o 
do
 a
ut
or
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 41
e crescimento do folículo dominante, aumentan-
do o seu diâmetro e, consequentemente, favore-
cendo a formação de um CL com maior diâmetro 
(MeLO, 2009).
Lammoglia et al. (1998) observaram que a ad-
ministração de Be 24 a 30 horas após a retirada do 
implante de progesterona, em vacas e novilhas, 
pode resultar em um maior pico na concentração 
de 17-β estradiol, maior número de animais de-
monstrando estro, maior número de animais apre-
sentando o pico pré-ovulatório de LH e redução do 
intervalo entre a retirada do implante e o pico de 
LH. a aplicação de 0,5 a 1 mg de Be 24 horas após 
a retirada dos implantes de progesterona sincroni-
za o estro e a ovulação, aumentando, inclusive, a 
porcentagem de fêmeas bovinas que ovulam após 
o tratamento (MeLO, 2009). 
O tratamento com Be promove a liberação de 
um pico de LH dentro do intervalo de 16 a 30 
horas (LaMMOGLia et al., 1998). a administração 
de GnRH induz pico de LH que se inicia logo após 
a aplicação, em torno de 15 minutos. Da mesma 
forma, os fármacos que agem diretamente nos 
receptores de LH, como a gonadotrofina coriô-
nica equina (eCG), têm sua ação estabelecida 
logo após a sua absorção (MeLO, 2009). assim, 
existem outros produtos no mercado brasileiro, 
como o GnRH, LH e eCG que também são utilizados em 
protocolos para a realização da iatF em bovinos. 
ConsideraçÕes
O número de fêmeas inseminadas tem aumentado no 
Brasil e esse aumento tem sido possível pela utilização da 
iatF, a partir do uso de protocolos hormonais que possi-
bilitam o controle da sincronização, do desenvolvimento 
folicular e da ovulação. Os produtos têm mostrado uma 
acomodação de preços no mercado nacional, possibilitan-
do sua utilização em larga escala, devendo ser adequados, 
sempre que possível, à realidade de cada propriedade. 
atualmente, os índices de concepção são satisfatórios, 
tanto em vacas quanto em novilhas, contribuindo para 
melhorar a eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho. 
Contudo, os resultados obtidos com fêmeas primíparas, 
principalmente em rebanhos de corte zebuínos, explora-
dos de forma extensiva, são baixos quando comparados 
aos das categorias de novilhas e multíparas, sendo a con-
dição corporal o principal fator de impacto, o que torna 
evidente a necessidade de ajustes nutricionais para ade-
quá-las ao programa de iatF. Não menos importante é o 
estado sanitário do rebanho e a capacitação da mão de 
obra que irá executar as etapas envolvidas. 
 O exame ultrassonográfico permite determinar o 
desenvolvimento de ondas foliculares
Crédito: Faider Villadiego
Dispositivo intravaginal de liberação de progesterona
Arquivo dos autores
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201442
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raquel rodrigues 
Costa Mello
Graduanda em 
Medicina Veterinária, 
raquelmello@ufrrj.br
Marco roberto bourg 
de Mello
Zootecnista,
CRMV-SP nº 9251/Z
Professor adjunto
Instituto de Zootecnia, UFRRJ
Joaquim esquerdo 
ferreira
Médico Veterinário,
CRMV-MG nº 11.236. 
Instituto de Zootecnia, 
UFRRJ.
Helcimar Barbosa Palhano
Médico Veterinário,
CRMV-RJ nº 4.235 
Professor adjunto
Instituto de Biologia, UFRRJ.
auTores
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 43
Por: Flávia Tonin e Ricardo Junqueira del carlo 
ESTATíSTICAS BRASILEIRAS
norte
4.255
Médicos veterinários atuantes
683
Zootecnistas atuantes
4.773
pessoas jurídicas atuantes
nordeste
11.742
Médicos veterinários atuantes
1.328
Zootecnistas atuantes
12.639
pessoas jurídicas atuantes
Centro-oeste
12.163 
Médicos veterinários atuantes
1.931
Zootecnistas atuantes
9.174
pessoas jurídicas atuantes
sudeste
47.060
Médicos veterinários atuantes
3.373
Zootecnistas atuantes
38.754
pessoas jurídicas atuantes
sul
21.950
Médicos veterinários atuantes
1.286
Zootecnistas atuantes
24.433
pessoas jurídicas atuantes
Total
97.170
Médicos veterinários atuantes
8.601
Zootecnistas atuantes
89.773
pessoas jurídicas atuantes
57%
70%
43%
30%
números da 
Medicina 
Veterinária e 
zootecnia no 
Brasil
São apresentados dados obtidos em 
censos recentes que representam 
um conjunto de valores da Medicina 
Veterinária e Zootecnia brasileira, dos 
profissionais atuantes e dos rebanhos de 
animais de produção e de companhia 
criados no Brasil
Crédito: Faider Villadiego
Fontes: Siscad/CFMV e CRMV-MG (2014)
MEDICINA 
VETERINÁRIA
zOOTECNIA
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201444
PERFIL DOS PROFISSIONAIS MÉDICOS VETERINÁRIOS
Área de aTuação
% de respondentes
Clínica e/ou cirurgia de pequenos animais
Agropecuária 
Inspeção
Produção de alimentos de origem animal
Outra
Indústria de medicamentos
Defesa agropecuária
Magistério
Médico Veterinário militar 
Saúde pública
Clínica e/ou cirurgia de grandes animais
Pesquisa
Segurança de alimentos ou alimento seguro
Tecnologia dos produtos de origem animal
Indústria de ração
Extensão rural
Exposições e feiras agropecuárias
Responsabilidade técnica
Educação/ensino
Laboratório
Meio ambiente
Animais selvagens 
Assessoria/consultoria
Animais silvestres
Biotério 
Nutrição animal
Melhoramento genético
Representação comercial
10 20 30 40 50
áreAS De INtereSSe No AProFUNDAmeNto 
de ConHeCiMenTos
%
 d
e 
re
sp
on
de
nt
es
100
80
60
64 62 59 56 54
41 36 35
30 23
4
40
20
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Bem-e
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Vigilâ
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Meio
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Bio
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2 1
VíNCUloS emPreGAtíCIoS
60
45
34
22
13 9 8
40
20
0
Autô
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Funcio
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Apose
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de
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es
Os dados apresentados foram extraídos de pesquisa completa realizada pelo Conselho Federal de Medicina 
veterinária (CFMv), disponível na edição 57 da Revista CFMv.
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 45
REBANHOS E PRODUÇÃO EM NúMEROS
Dados estatísticos de rebanho total e distribuído por 
região geográfica brasileira. fonte: Anualpec (2013).
Bovino 2013 * 31.823.637
Plantel de pintos de corte 2012 ** 531.437
Plantel de poedeiras 2012 ** 13.393
suíno 2012 *** 5.815.247
Bubalino 2010 *** 125.692
Ovino 2010 *** 10.112.726
Caprino 2010*** 8.538.290
equino 2010*** 1.342.489
Bovino 2013 * 34.036.089
Plantel de pintos de corte 2012 ** 1.260.389
Plantel de poedeiras 2012 ** 42.960
suíno 2012 *** 7.097.430
Bubalino 2010 *** 134.016
Ovino 2010 *** 771.190
Caprino 2010*** 225.643
equino 2010*** 1.344.629
Bovino 2013 * 95.915
Plantel de pintos de corte 2012 ** 3.190
Plantel de poedeiras 2012 ** 1.542.322
suíno 2012 *** 820.133
Bubalino 2010 *** 627.563
Ovino 2010 *** 165.264
Caprino 2010*** 775.398
equino 2010*** 736.075
Bovino 2013 * 60.941.494
Plantel de pintos de corte 2012 ** 765.508
Plantel de poedeiras 2012 ** 8.799
suíno 2012 *** 5.774.973
Bubalino 2010 *** 79.392
Ovino 2010 *** 1.209.581
Caprino 2010*** 114.275
equino 2010*** 1.123.287
Bovino 2013 * 25.483.401
Plantel de pintos de corte 2012 ** 3.353.727
Plantel de poedeiras 2012 ** 17.204
suíno 2012 *** 19.323.555Bubalino 2010 *** 118.842
Ovino 2010 *** 4.947.003
Caprino 2010*** 342.844
equino 2010*** 924.798
bovino 2013 * 193.393.388
Plantel de pintos de corte 2012 ** 6.006.975
Plantel de poedeiras 2012 ** 85.548
suíno 2012 *** 39.553.527
bubalino 2010 *** 1.278.075
ovino 2010 *** 17.668.063
Caprino 2010*** 9.386.316
equino 2010*** 5.510.601
N
CO
NE
SE
S
norTe
nordesTe
CeNtro-oeSte
sudesTe
sul
TOTAL
* Nº de cabeças | ** Mil cabeças | *** Cabeças
2o maior rebanho bovino 
do mundo com 193 
milhões de cabeças
4o maior rebanho 
suíno e equino 
do mundo
ilu
st
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de
 O
liv
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pa
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t
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201446
ilu
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lo
 G
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zi
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PRODUÇÃO ANIMAL POR REGIÃO
Dados estatísticos de produção total e distribuída por região 
geográfica brasileira. fonte: Anualpec 2013.
Carne bovina - Estimativa 2013 * 1.542.968
Leite de vaca - Estimativa 2012 ** 1.389.897
Carne de frango 2012 *** 232.457
Ovos 2011 **** 1.981.413
Carne de porco 2012 *** -
Mel 2011 *** 946
Carne bovina - Estimativa 2013 * 1.221.695
Leite de vaca - Estimativa 2012 ** 3.162.084
Carne de frango 2012 *** 1.157.603
Ovos 2011 **** 10.343.992
Carne de porco 2012 *** -
Mel 2011 *** 13.117
Carne bovina - Estimativa 2013 * 1.774.473
Leite de vaca - Estimativa 2012 ** 8.142.424
Carne de frango 2012 *** 2.674.816
Ovos 2011 **** 31.445.720
Carne de porco 2012 *** -
Mel 2011 *** 6.150
Carne bovina - Estimativa 2013 * 2.548.742
Leite de vaca - Estimativa 2012 ** 3.396.298
Carne de frango 2012 *** 1.604.939
Ovos 2011 **** 5.217.048
Carne de porco 2012 *** -
Mel 2011 *** 1.416
Carne bovina - Estimativa 2013 * 1.774.473
Leite de vaca - Estimativa 2012 ** 8.142.424
Carne de frango 2012 *** 2.674.816
Ovos 2011 **** 31.445.720
Carne de porco 2012 *** -
Mel 2011 *** 6.150
Carne bovina - estimativa 2013 * 8.385.609
leite de vaca - estimativa 2012 ** 24.976.827
Carne de frango 2012 *** 12.645.099
ovos 2011 **** 60.212.303
Carne de porco 2012 *** 3.531.975
Mel 2011 *** 41.578
norTe
nordesTe
CeNtro-oeSte
sudesTe
sul
TOTAL
maior exportador e 3º 
maior produtor mundial de 
carne de frango
maior exportador e 
produtor mundial de carne 
bovina
maior exportador e 
produtor mundial de suínos
maior exportador mundial 
de mel
maior produtor mundial de 
leite e 3º maior produtor 
mundial de queijo
1o
1o
4o
4o
6o
* tonelada equivalente carcaça | ** Por mil litros |
*** toneladas | **** Caixa de 30 d úzias
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 47
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PEQUENOS ANIMAIS EM NúMEROS
Cã
es
G
at
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Pá
ss
ar
os
Pe
ix
es
o
ut
ro
s
37,1
milhões
21,3
milhões
19,1
milhões
26,5
milhões
2,17
milhões
TOTAL
106,2
 
2º maior mercado mundial
 
4º maior população total de animais de 
estimação do mundo
 
2º em cães e gatos
Fonte: Abinpet (2012)
1. Tosador 37,7%
2. banhista 12,6%
3. Vendedor 11,6%
4. representante 10,2%
5. Veterinário 10,1%
6. Adestrador 5,0%
7. dog Walker 5,0%
8. balconista 4,0%
9. recreacionista 2,0%
10. aux. Veterinário 0,7%
11. aquarista 0,3%
12. Tratador 0,3%
13. Zootecnista 0,3%
14. Promotor 0,2%
15. técnico em Veterinária 0,2%
DIVISÃO DE EMPREGO
Fonte: Pet Empregos / Elaboração: Ambipet
milhões
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201448
Suplemento
Científico
50
Tratamento da vaca seca e controle de 
mastite bovina no período seco
CRistiNa siMões CORtiNHas / MaRCOs veiGa DOs saNtOs
59
Intoxicação por ureia em bovinos
GRaZieLa BaRiONi / RODOLPHO JOsÉ Da siLva BaRROs/ 
 DiOGO aNtONiO RiZZO / MaRCeL aRCaNJO siLva/ FLavia De aLMeiDa LUCas / CaRLa BRaGa MaRtiNs 
65
Herpesvírus equino tipo 1
eNiO MORi / CLaUDia MaDaLeNa CaBReRa MORi / PaULO CesaR MaiORKa
73
Produção de embriões bovinos in vivo e in vitro
JURaNDY MaURO PeNiteNte FiLHO / CiRO aLexaNDRe aLves tORRes / FaBRíCiO aLBaNi OLiveiRa
as noRmas PaRa aPREsEnTação dos aRTigos EsTá Em WWW.cFmv.gov.bR 
E a TRamiTação é ExclusivamEnTE ElETRônica.
revista CfMV 
Brasília DF
ano xx
nº 61
Janeiro 
a abril 2014
Comitê Científico 
da revista CfMV
Cláudio Lisias Mafra de siqueira 
(Presidente) 
CRMv-MG nº 5170
Roberto Baracat de araújo 
CRMv-MG nº 1755
Gilson Helio toniollo 
CRMv-sP nº 2113
João Luis Rossi Júnior 
CRMv-sP nº 11607 e 
CRMv-es nº 1206/vs
Luiz Fernando teixeira albino 
CRMv-MG nº 11607
errata
Diferentemente do que foi 
publicado nas páginas 46 e 
48 da Revista CFMv, edição 59 
(19), os créditos corretos das 
imagens são: Figura 1. ONG 
Campo de santana e Figura 
2. Laboratório de Pesquisa 
Clínica em Dermatozoonoses 
em animais Domésticos (iPeC/
Fiocruz). Peter ilicciev/ 
Agência Fiocruz.
SUPLEMENTO CIENTíFICO
TraTaMenTo da VaCa seCa e 
ConTrole de MasTiTe boVina no 
PeríoDo SeCo
THERAPY AND BOVINE MASTITIS 
CONTROl ON DRY PERIOD
 a mastite bovina é a doença mais comum e onerosa de toda a cadeia produtiva do leite e o período seco é 
um dos pontos críticos, que merece especial atenção, por ser o momento no qual ocorrem diversas alterações 
na glândula mamária, que aumentam a suscetibilidade. Baseando-se na fisiologia desse período, métodos 
como a terapia da vaca seca têm se destacado por promoverem maiores taxas de cura que durante a lactação; 
eliminarem infecções existentes e prevenirem as novas; possibilitarem a utilização de antimicrobianos em 
maior concentração e de liberação mais lenta, para manter níveis da droga no úbere por um longo período e 
diminuir o risco de descarte do leite por resíduos de drogas. 
Palavras-chave: infecções intramamárias, contagem de células somáticas, período seco
Bovine mastitis is the most common and costly disease in the dairy industry. The dry period is a critical point that 
deserves special attention because at this time occurs physiological changes on mammary gland which increases 
mastitis susceptibility. Based on dry period physiology, tools such as dry cow therapy has been recommended 
because of: hither cure rates than during lactation period, elimination and prevention of subclinical infections, 
enabling the use of antibiotics in higher concentration and slower release, to maintain drug levels for a long 
period in the udder, and also by reducing the disposal milk with antibiotic residues. 
Keywords: intramammary infection, somatic cell count, dry period 
resuMo
absTraCT
inTrodução
O período seco é crucial no controle da mastite, pois 
essa fase é caracterizada como o momento no qual ocor-
rem alterações fisiológicas na glândula mamária, que 
resultam em maior suscetibilidade às infecções intrama-
márias (iiMs).
as iiMs do período seco podem ser causadas por 
patógenos ambientais ou ter como origem infecções 
preexistentes, causadas por patógenos contagiosos. 
Baseando-se no tipo de infecção e classificação do pa-
tógeno, o tratamento da mastite durante o período seco 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201450
apresenta como principais características: maiores taxas 
de cura que durante a lactação; possibilidade de elimina-
ção e prevenção de infecções subclínicas; possibilidade 
de utilização de antimicrobianos em maior concentração 
e de liberação mais lenta, para manter níveis da droga no 
úbere por um longo período e, ainda, diminuição do des-
carte do leite com resíduos de antimicrobianos. 
além dessas vantagens, o tratamento da vaca seca é 
uma medida com efeito na redução da contagem de cé-
lulas somáticas (CCs) do leite de tanque. O aumento da 
taxa de cura, ou simplesmente a prevenção de iiM pós-
parto, reduz a ocorrência de casos clínicos e subclínicos 
e, consequentemente, a CCs do leite de tanque.
FISIoloGIA DA GlÂNDUlA mAmárIA DUrANte 
o PeríoDo SeCo
O período seco é caracterizado por diversas alte-
rações fisiológicas; entre elas, para oaumento de 
suscetibilidade às iiMs, o início da síntese de leite 
(colostro) é a de maior importância (OLiveR e sOR-
DiLO, 1988). a distribuição do risco ou suscetibilida-
de às iiMs durante todo o período seco está descrita 
na Figura 1.
Quando a extração do leite é interrompida de forma 
abrupta ou intermitente, ocorrem descontinuação da 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
liberação de hormônios galactopoiéticos, redução de 
síntese de leite e diferenciação de células secretórias 
(vaNGROeNWeGHe et al., 2005). Outro evento importan-
te nessa fase, também denominada involução ativa, é o 
acúmulo de leite (aproximadamente 75 a 80% da produ-
ção diária até 2 a 3 dias após secagem), com aumento de 
pressão no lúmen alveolar da glândula mamária. Durante 
essa fase, lisossomos, macrófagos e outros polimorfonu-
cleares participam do processo de autofagocitose, que é 
iniciado pelas células secretoras cujos lisossomos fagoci-
tam seu próprio conteúdo celular, sendo seguidos pelos 
macrófagos, que fagocitam as células secretoras já degra-
dadas (BRaDLeY e GReeN, 2004). 
O aumento de imunoglobulinas (igG1, igG2, iga, igM) 
é marcante durante os 7 primeiros dias pós secagem. 
Nessa fase, o aumento das imunoglobulinas associado à 
diminuição do ferro disponível, constitui importante me-
canismo de defesa da glândula mamária contra infecções 
(sMitH et al., 1971). a formação do tampão de queratina 
é fator de defesa da glândula mamária, ocorrendo entre 1 
e 2 semanas pós secagem, em média. esse tampão, além 
de conter substâncias de inibição da síntese microbiana, 
atua como selante natural da teta (PYÖRÄLÄ, 2008). Du-
rante a involução ativa a ocorrência de novas infecções 
pode ser aumentada por: volume de leite acumulado e 
aumento da pressão interna do úbere; descontinuidade 
da desinfecção das tetas; redução das atividades fagocíti-
cas de leucócitos; e secreções produzidas durante o pro-
cesso de involução que podem favorecer o crescimento 
de bactérias (DiNGWeLL et al., 2003).
após a fase de involução ativa, inicia-se a fase de in-
volução constante, que tem duração variável de acordo 
com a duração do período seco. Durante essa fase, as 
concentrações de imunoglobulinas e de lactoferrina são 
mantidas em níveis elevados e a predominância celular 
é de linfócitos e macrófagos (sMitH et al., 1971). O tam-
pão de queratina encontra-se completamente formado e 
constitui mecanismo de prevenção contra novas iiMs. a 
alta concentração de imunoglobulinas, a lactoferrina e o 
tampão de queratina tornam a fase de involução cons-
tante a de menor suscetibilidade a infecções mamárias 
durante o período seco.
figura 1. Distribuição da suscetibilidade às infecções intrama-
márias em vacas durante o período seco. 
Fonte: adaptado de Ruegg (2011).
Alta
Su
sc
ep
tib
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da
de
1 2 3 5
6 7 8
4
Baixa
Período seco (semanas)
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 51
O final do período seco é marcado por alterações hor-
monais provenientes do final da gestação e início da 
lactogênese. Durante a colostrogênese, a suscetibilida-
de da glândula mamária a novas infecções aumenta em 
razão do maior risco de invasão bacteriana pelo canal 
da teta e do início do processo secretório da glândula 
(OLiveR e sORDiLO, 1988). além das alterações hormo-
nais e da formação de colostro, durante a fase de lacto-
gênese as concentrações de imunoglobulinas (principal-
mente igG1) aumentam progressivamente, iniciando-se 
2 a 3 semanas pré-parto e atingindo a máxima concentra-
ção 5 a 10 dias antes do parto (sMitH et al., 1971). entre 
as alterações imunocelulares, a atividade de macrófagos 
decresce, com aumento na síntese dos componentes do 
leite. Durante essa fase, ocorre diminuição da concentra-
ção de linfócitos e de lactoferrina, o que resulta em maior 
suscetibilidade da vaca a novas iiMs, principalmente as 
causadas por agentes ambientais.
relAÇão eNtre mAStIte e PeríoDo SeCo
A importância do período seco sobre a ocorrência de 
iiM durante a lactação subsequente vem sendo estu-
dada desde a década de 1940. O aumento de quartos 
mamários infectados durante o período seco resulta 
em perdas financeiras por ser fator de risco para o de-
senvolvimento de mastite durante a próxima lactação 
e reduzir a produção e a qualidade do leite (alta CCs) 
(GReeN et al., 2002). 
as iiMs do período seco podem ter duas origens prin-
cipais. a primeira diz respeito às infecções persistentes 
da lactação anterior, que geralmente são causadas por 
microrganismos contagiosos. a segunda corresponde a 
infecções adquiridas durante o período seco, ou novas 
iiMs, causadas por microrganismos de origem ambien-
tal. A prevalência de IIMs causadas por Staphylococcus 
aureus e Streptococcus agalactiae é maior durante a 
lactação, por serem microrganismos contagiosos, que 
são transmitidos, principalmente, durante a ordenha 
e têm como reservatório principal a glândula mamária 
(BRaDLeY e GReeN, 2004). ao contrário do que acon-
tece durante a lactação, a prevalência de patógenos 
ambientais, como Streptococcus spp, é maior durante o 
período seco, pois nessa fase a contaminação é favore-
cida por fatores ambientais (BRaDLeY e GReeN, 2004). 
O perfil e a origem dos patógenos dependem em parte 
de fatores ambientais, como a variação sazonal e entre fa-
zendas (GReeN et al., 2007). No Brasil, Birgel et al. (2009) 
registraram taxas de novas infecções iguais a 66,67% e 
de infecções persistentes iguais a 61,54%. em rebanhos 
bem manejados e que utilizavam terapia da vaca seca 
(tvs), a maioria das novas iiMs pós-parto originaram-se 
durante o período seco (Figura 2). 
Considerando todo o período seco e toda a lactação (Fi-
gura 3), o risco de novas iiMs é maior no início do período 
seco, próximo ao parto e início da lactação, em razão de alte-
rações fisiológicas. Como a maioria das novas iiMs é ocasio-
nada por microrganismos ambientais, o risco de novas infec-
ções durante o período seco e pós-parto pode ser agravado 
quando os animais são alojados em ambientes inadequa-
dos, com altas temperaturas e umidade, acúmulo de lama e 
esterco, falta de sombra e conforto (GReeN et al., 2007). 
a velocidade de formação do tampão de queratina 
após secagem é um dos principais fatores de risco para 
a ocorrência de novas IIMs. Essa velocidade está estri-
tamente relacionada à produção da vaca (COMaLi et al., 
1984) durante o processo de secagem e a fatores ra-
ciais (BRaDLeY e GReeN, 2010). segundo Dingwell et al. 
(2003), aproximadamente 50% das vacas com produção 
igual ou maior que 21 kg de leite ainda permaneceram 
com o canal da teta aberto seis semanas após a secagem. 
A ocorrência de mastite na lactação anterior e o 
número de lactações, também são fatores que au-
mentam o risco de novas iiMs, o que ocorre em ra-
zão de exposições ou infecções prévias causadas por 
patógenos da mastite. Pantoja et al. (2009) relata-
ram que quartos mamários com mastite na lactação 
anterior têm 4,2 vezes mais chance de apresentar 
mastite clínica na próxima lactação do que quar-
tos sadios na lactação anterior. além disso, quartos 
mamários de vacas com mais de quatro lactações 
têm 4,2 vezes mais chance de apresentar mastite 
do que quartos de vacas de segunda lactação. ain-
da, no mesmo estudo, quartos mamários com CCS ≥ 
200.000 cels/mL no período seco apresentaram 2,7 
vezes mais chances de desenvolvimento de mastite 
clínica na lactação subsequente do que quartos com 
CCs < 200.000 cels/mL.
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201452
Devido a propriedades queratolíticas, o Corynebac-
terium bovis tem sido associado ao incremento da sus-
cetibilidade a novas iiMs e desenvolvimento de mastite 
clínica pós-parto quando adquirido no início do período 
seco (BRaDLeY e GReeN, 2004). No entanto, o Corynebac-
terium bovis também é descrito como protetor, quando 
animais que adquiriram esse patógeno na fase final do 
período seco apresentaram menor risco de desenvolvi-
mento de mastite nalactação subsequente (BRaDLeY e 
GReeN, 2004).
ConsideraçÕes sobre o MoMenTo da seCaGeM 
a produção de leite no momento da secagem é de 
fundamental importância para o sucesso da tvs, pois o 
volume de leite produzido é fator determinante no in-
cremento da suscetibilidade às novas infecções, devido, 
principalmente, ao aumento do tempo de formação do 
tampão de queratina (COMaLi et al., 1984). em vacas de 
alta produção, a redução ou o corte no fornecimento de 
concentrado 7 a 10 dias antes da secagem, pode reduzir 
a produção de leite para menos de 15 kg/dia até o mo-
mento da secagem (NatiONaL Mastitis COUNCiL, 2011).
 O processo de secagem pode ser realizado de duas 
maneiras: 1) interrupção abrupta da ordenha (secagem 
abrupta); 2) redução no número de ordenhas diárias ou 
no número de ordenhas por semana (secagem intermi-
tente). Na secagem abrupta, em dia preestabelecido, 
procede-se à esgota completa dos quartos mamários. a 
secagem intermitente é realizada ordenhando-se a vaca 
pelo menos uma vez por dia durante 3 a 4 dias até que 
a ordenha seja cessada por completo (NeWMaN et al., 
2010). em ambos os casos, a vaca deve ser observada 
durante os primeiros dias para detecção de edema no 
quarto mamário, indicativo de mastite clínica. 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
100
80
60
40
20
Coag - v
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Proporção de 
IIMs pós-parto 
provenientes do 
período seco
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figura 2. Perfil microbiano das infecções intramamárias pós-parto (novas ou persistentes) provenientes do período seco em vacas. 
Fonte: Bradley e Green (2004).
figura 3. Distribuição de novas IIMs em vacas durante o período 
seco e a lactação. Fonte: Bradley e Green (2004).
Ta
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Secagem
Período 
seco
Lactação
Parto Secagem
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 53
eFICIêNCIA De trAtAmeNto DUrANte o PeríoDo SeCo
a tvs tem duas funções básicas: 1) cura de iiMs exis-
tentes na secagem; 2) prevenção de novas iiMs du-
rante o período seco. ela foi desenvolvida em 1950 e 
implantada no programa dos 5 pontos de controle da 
mastite em 1960, com o objetivo principal de controlar 
infecções existentes na secagem, por meio da utiliza-
ção de antimicrobianos de longa duração. além disso, 
a TVS passou a ser utilizada, com ênfase, também na 
prevenção de novas infecções durante o período seco, 
o que levou ao desenvolvimento dos selantes internos 
de tetas (BRaDLeY; GReeN, 2004, 2007). 
a tvs é um método importante no controle da mas-
tite, pois elimina em média 80% das infecções exis-
tentes e previne até 80% das novas iiMs durante o 
período seco, dependendo principalmente do agen-
te infectante (RUeGG, 2011). Umas das suas grandes 
vantagens é a utilização de antimicrobianos de longa 
duração, que permitem a eliminação de infecções sub-
clínicas existentes, pois apresentam taxa de cura maior 
que durante a lactação. além disso, com a utilização 
da tvs não há descarte do leite e o risco de resíduos 
no leite é mínimo, se o período seco for de cerca de 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
60 dias (a duração do período seco é fator importante 
na tvs). 
sua utilização contra infecções causadas por Strep-
tococcus agalactiae apresenta alta taxa de cura, pois 
a eficácia contra esse patógeno é de cerca de 90%. 
No entanto, quando se trata de iiMs crônicas causadas 
por Staphylococcus aureus, os resultados são conflitan-
tes. estima-se uma taxa de cura de até 50% na utili-
zação da tvs contra o Staphylococcus aureus, porém 
essa taxa depende de fatores como a CCs do quarto 
infectado, a idade da vaca, o antimicrobiano utilizado, 
a duração do período seco e as condições higiênicas 
da fazenda (BaRKeMa et al., 2006). Por exemplo, er-
skine et al. (1994) descreveram taxas de cura para o 
Staphylococcus aureus, até quatro semanas pós-parto, 
de 29,4% e 27,5% utilizando penicilina benzatina in-
tramamária associada à oxitetraciclina intramuscular 
e penicilina intramamária, sem associações, no perío-
do seco, respectivamente. Já Nickerson et al. (1999) 
descreveram taxas de cura para o Staphylococcus au-
reus de 78,1% com cefapirina benzatina intramamá-
ria, 74,2% com cefapirina associada à tilmicosina in-
jetável e 9,2% apenas com tilmicosina injetável, no 
período seco. ainda que os resultados da tvs para a 
cura de iiMs por Staphylococcus aureus sejam variá-
veis, essa prática alcança maiores taxas de cura quan-
do comparada com a terapia para vacas em lactação 
(10% a 30%).
atualmente, a administração intramamária é considera-
da a via de eleição para aplicação de antimicrobianos na 
tvs. sendo assim, são aprovados, comercialmente para 
a terapia, apenas produtos para infusão intramamária 
de dose única que contenham um ou mais antimicrobia-
nos de liberação lenta que tenham a capacidade de se 
manter em níveis terapêuticos por longo tempo dentro 
do úbere (NatiONaL Mastitis COUNCiL, 2011). Grande 
parte dos antimicrobianos para tvs foi desenvolvida para 
eliminar e prevenir iiMs causadas por bactérias gram-po-
sitivas, especialmente Staphylococcus aureus e Strepto-
coccus agalactiae, pois, além da dificuldade de controlar 
iiMs causadas por essas bactérias no período de lactação, 
de forma geral, iiMs causadas por bactérias Gram-nega-
tivas possuem alta taxa de cura espontânea (Quadro 1). 
figura 4. Distribuição de casos de mastite clínica provenientes do 
período seco e da lactação de vacas leiteiras. 
Fonte: Bradley e Green (2007).
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ca
so
s 
/1
00
 v
ac
as
Meses em lactação
Infecções provenientes do período seco
Infecções provenientes da lactação
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201454
SUPLEMENTO CIENTíFICO
desVanTaGens da TVs
Uma das desvantagens do uso de antimicrobianos 
intramamários é o fato de ser considerado um fator de 
risco a novas iiMs, pois, no momento da aplicação, há 
risco de introdução de microrganismos com o antimi-
crobiano. assim, o uso de múltiplas infusões, além de 
não demonstrar vantagens quando comparado com a 
infusão única, aumenta o risco a novas iiMs (BRaDLeY 
et al., 2011).
Outro questionamento se faz sobre o duplo propósito 
da tvs, tratamento e prevenção, uma vez que a maioria 
dos patógenos envolvidos nas infecções pré-existentes 
tem características muito diferentes daqueles encontra-
dos nas novas iiMs. Dessa forma, em razão do risco de 
resistência microbiana e por motivos econômicos, a utili-
zação da tvs com os mesmos antimicrobianos em todas 
as vacas no momento da secagem tem sido questionada 
em muitos países. assim, surgiram alternativas para a tvs, 
como o desenvolvimento de selantes internos e a utiliza-
ção da tvs de forma seletiva, baseada nas características 
da vaca, no histórico de iiMs e nos valores de CCs próxi-
mos ao momento da secagem. 
Recentemente, Batista et al. (2010) avaliaram a in-
fluência de medicamentos indicados para o tratamen-
to de mastite no período seco sobre a função fagocítica 
de leucócitos obtidos do leite de vacas. Foram avalia-
das amostras de leite, negativas ao exame bacterioló-
gico, expostas a soluções contendo cefalônio anidro, 
gentamicina, cloxacilina benzatina e benzilpenicilina 
procaína em associação com naficilina e dihidroestrep-
tomicina. Os autores concluíram que a função fagocíti-
ca pode ser prejudicada por alguns dos medicamentos 
disponíveis no mercado e que aplicações de medica-
mentos formulados para o período seco em animais 
não infectados podem interferir negativamente no 
processo fisiológico de secagem, quando a fagocitose 
é fundamental.
embora a tvs apresente algumas desvantagens, os 
benefícios obtidos com essa prática são maiores e, por 
isso, está incluída como prática obrigatória no progra-
ma de controle da mastite estabelecido pelo Natio-
nal Mastitis Council desde 1960(programa dos cinco 
pontos). No Brasil, a alta prevalência de bactérias das 
espécies Staphylococcus aureus (Cruppe et al., 2008), 
somada às altas taxas de cura obtidas com a utilização 
da tvs para essa espécie, torna a utilização dessa prá-
tica de extrema importância. 
selanTe inTerno de TeTas
O canal da teta possui como mecanismo de defe-
sa natural contra novas iiMs o tampão de queratina. 
esse tampão é formado em média 2 semanas pós-se-
cagem, período que é variável dependendo da pro-
dutividade da vaca (BRaDLeY e GReeN, 2010). Con-
siderando que algumas tetas apresentam demora na 
formação do tampão de queratina, foi desenvolvido 
o selante interno de tetas, que mimetiza a ação do 
tampão de queratina.
O selante de tetas não possui ação ativa contra os 
microrganismos existentes, tendo como composição 
um sal inorgânico pesado (subnitrato de bismuto) e 
uma base de parafina. Devido à boa ação de fixação, 
o selante interno de tetas permanece em quantida-
de variável até o final do período seco e é removido 
pós-parto pela sucção do bezerro ou pela ordenha. 
esse produto não oferece riscos à saúde do bezerro 
e o material residual não oferece riscos à saúde hu-
mana por ser detectado em quantidades mínimas no 
leite de tanque (CaRNeiRO, 2006).
GraM 
PoSItIVoS
GraM 
neGaTiVos
Penicilinas +++ -
ampicilina ++ +
Cloxacilina / naficilina +++ -
Cefalônio ++ ++
Cefquinoma ++ ++
dihidroestreptomicina + +++
Framicetina / neomicina ++ +++
Quadro 1. espectro de atividade de alguns antimicrobianos 
utilizados para a terapia da vaca seca.
Fonte: Adaptado de Bradley e Green (2007)
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 55
SUPLEMENTO CIENTíFICO
 Quando utilizado em tetas sem infecções pré-exis-
tentes, o selante resultou em eficácia igual ou supe-
rior na prevenção de novas iiMs, quando compara-
do com a utilização de antimicrobianos (NatiONaL 
Mastitis COUNCiL, 2011). Quando se trata de vacas 
com infecções pré-existentes, ou quando não se 
sabe o estado da vaca em relação às iiMs, o selante 
pode ser utilizado em combinação com a tvs. 
No Brasil, Carneiro et al. (2006) compararam o uso 
do selante (subnitrato de bismuto) isolado ou em 
associação com antimicrobiano intramamário (gen-
tamicina) e o comparando-os com o uso exclusivo do 
antimicrobiano (gentamicina) intramamário. segun-
do os autores, não houve diferença entre a tvs e o 
selante interno de tetas na incidência de IIMs e não 
houve benefício significativo na aplicação simultâ-
nea do selante e tvs.
O selante interno, sem a associação de antimicro-
bianos, não é prática eficaz no tratamento de vacas 
com iiMs pré-existentes no período seco. No entan-
to, é uma alternativa bem interessante no caso de 
produtores que praticam o monitoramento da saúde 
do úbere e são capazes de determinar quais vacas 
estão livres de iiMs na entrada do período seco. Nes-
ses casos, o selante interno apresenta a vantagem 
de permanecer na teta das vacas por mais tempo 
que os antimicrobianos intramamários. 
uso seleTiVo da TVs
Quando a tvs começou a ser utilizada, recomenda-
va-se seu uso em todas as vacas do rebanho com o 
mesmo produto no momento da secagem. atualmente, 
em alguns países, há considerável pressão para utiliza-
ção da tvs em nível de quarto selecionado, por cultura 
microbiológica ou CCs. esses novos procedimentos fo-
ram recomendados com o aprimoramento do conheci-
mento sobre novas e persistentes iiMs no período seco 
e a crescente preocupação com o uso indiscriminado 
de antimicrobianos em animais de produção. O prin-
cípio da tvs seletiva é que somente vacas com iiMs 
devem receber esse tratamento.
ainda que os critérios de seleção para a tvs sejam con-
sistentes na detecção de IIMs, a prevalência de mastite 
no início da lactação em rebanhos que recebem a tvs 
seletiva é consideravelmente maior. Nesse contexto, a 
tvs seletiva é efetiva quando usada em rebanhos com 
o objetivo de eliminar infecções existentes, mas, quando 
o rebanho tratado tem alto risco de novas iiMs, a terapia 
em todas as vacas torna-se mais efetiva. adicionalmente, 
quartos mamários que não recebem a TVS têm maior pro-
babilidade de novas iiMs durante o período seco. além 
disso, uma vaca com um quarto infectado tem mais chan-
ces de desenvolver infecção nos outros quartos mamá-
rios do que uma vaca sem infecção nos quatro quartos 
(NatiONaL Mastitis COUNCiL, 2011), o que torna a tvs 
seletiva pouco indicada e utilizada.
O sucesso da tvs seletiva depende da capacidade 
de diagnóstico da mastite no momento da secagem e 
das características epidemiológicas do rebanho. Para 
tanto, podem ser utilizadas a CCs do tanque, a CCs 
individual e o histórico de iiMs clínicas durante a lac-
tação. No entanto, a cultura microbiológica individual 
é fundamental na definição da etiologia da mastite 
(saNtOs e FONseCa, 2006). Com relação à CCs, em 
nível de quarto mamário, o limite de 200.000 cels/
mL tem sido utilizado na tomada de decisões para 
o tratamento da vaca seca, porém esses dados de-
vem ser analisados em conjunto com o histórico do 
animal. as vacas no final da lactação tendem a apre-
sentar ligeiro aumento na CCs e podem não estar in-
fectadas, mesmo que os valores de CCs ultrapassem 
200.000 cels/mL, o que constitui um potencial aumen-
tado no número de animais selecionados para a tvs 
(saNtOs e FONseCa, 2006). 
Considerando o atual estágio de controle de mastite na 
maioria dos países, o uso da tvs seletiva não resulta em 
maior relação custo-benefício. assim, o emprego da tvs 
em todas as vacas do rebanho ainda é o mais indicado 
no controle da mastite. Durante mais de 50 anos, muitos 
experimentos avaliaram o emprego de diferentes meto-
dologias e sua eficácia na cura ou prevenção das iiMs du-
rante o período seco. Devido à grande variação existente 
na interpretação dos efeitos da tvs entre experimentos e 
à variedade de técnicas utilizadas na tvs, recentemente 
Halasa et al. (2009) propuseram 3 estudos. 
O primeiro objetivou avaliar o efeito preventivo 
da tvs em todas as vacas do rebanho, da tvs se-
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201456
SUPLEMENTO CIENTíFICO
letiva e do selante de tetas, e o uso da cloxacilina 
comparada com outros produtos para tvs, pela me-
todologia de metanálise de 33 experimentos. Halasa 
et al., (2009b) concluíram que a tvs confere maior 
proteção contra novas iiMs causadas por Streptococ-
cus spp. e menor para novas iiMs causadas por Sta-
phylococcus aureus. No entanto, a tvs não confere 
proteção contra novas iiMs causadas por coliformes. 
No mesmo estudo, a cloxacilina promoveu proteção 
similar contra novas iiMs, inclusive contra iiMs cau-
sadas por Staphylococcus aureus, quando comparada 
com outros produtos utilizados na tvs. Quando com-
parada com a ausência de tratamento, a TVS seletiva 
promoveu maior proteção contra novas iiMs, mas, 
quando comparada com a tvs em todos os quartos 
mamários de todas as vacas, a tvs seletiva teve me-
nor eficiência. O uso de selantes internos de tetas 
promoveu boa proteção contra novas iiMs.
 O segundo estudo foi realizado com os dados de 
22 experimentos, nos mesmos moldes do primeiro, 
mas com o objetivo de analisar as taxas de cura de 
iiMs nos quartos mamários. a tvs em todos os quar-
tos mamários promoveu taxas de cura 1,78 vez maior 
do que a ausência de tratamento e essas taxas fo-
ram similares às taxas de cura alcançadas com a tvs 
seletiva (1,76). as taxas de cura foram semelhantes 
quando se comparou a tvs contra Staphylococcus 
aureus e Streptococcus spp. Não houve diferença 
quando se comparou a cloxacilina com outros pro-
dutos para tvs na cura de iiMs causadas inclusive 
por Staphylococcus aureus. 
O custo-benefício da tvs foi calculado por Halasa 
et al. (2010) por meio de modelos estatísticos ava-
liando os diferentes tipos de intervenção: tvs em to-
das as vacas do rebanho, tvs seletiva e uso de selan-
tes, sem tvs ou selante. Nesse estudo, um número 
substancial de vacas adquiriunovas iiMs durante o 
período seco e iniciou a lactação com iiMs, fato que 
interferiu na dinâmica das iiMs durante a lactação e 
no custo líquido anual da mastite. a utilização da tvs 
foi fundamental na redução de perdas econômicas. 
além disso, a tvs em todas as vacas do rebanho con-
tribuiu para menor custo anual total da mastite, pois 
aqui considerou-se também o custo do diagnóstico 
de mastite no momento da secagem.
De forma geral, produtores de leite brasileiros ainda 
têm grande dificuldade em diagnosticar a mastite no 
momento da secagem; desta forma, o uso da tvs em 
todas as vacas do rebanho é altamente recomendado.
ConsideraçÕes finais
a produção de leite é uma atividade complexa e de-
pende não só de investimentos financeiros, como tam-
bém de esforços na aquisição de conhecimentos que 
permitam visualizar os pontos críticos da produção de 
leite no organismo da vaca. Nesse contexto, o entendi-
mento da fisiologia do período seco é importante, pois 
permite a utilização de técnicas que minimizem a ins-
talação e manifestação de iiMs, durante a lactação, e 
perdas de produção. a técnica mais utilizada, e que de-
veria ser obrigatória em todos os rebanhos brasileiros, 
é a tvs com antibióticos intramamários em todas as 
vacas do rebanho e todos os quartos mamários. Outras 
práticas como a terapia da vaca seca associada ao uso 
de selante interno de tetas podem ser utilizadas, mas 
são de maior complexidade por terem sua eficiência 
atrelada a correta identificação de iiMs existentes no 
momento da secagem. a utilização da terapia da vaca 
seca não dispensa a necessidade de outras medidas de 
prevenção contra as iiMs, como manter os animais em 
ambiente limpo, seco e com nutrição adequada. 
Cristina simões Cortinhas 
Médica Veterinária 
CRMV-SP no 11593 
MSc e DSc pela Universidade 
de São Paulo 
ccortinhas@usp.br
Marcos Veiga dos santos
Médico Veterinário 
CRMV-SP nº 9252. 
DSc. Docente Universidade 
de São Paulo
auTores
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SUPLEMENTO CIENTíFICO
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201458
SUPLEMENTO CIENTíFICO
INtoXICAÇão Por UreIA em BoVINoS: 
reVisão biblioGrÁfiCa
UREA POISONING IN CATTlE. A REVIEW
O trabalho foi desenvolvido com o intuito de orientar a forma de utilização de fontes de nitrogênio não pro-
teico para a suplementação alimentar de bovinos, os fatores epidemiológicos e determinantes da intoxicação 
por ureia e as ações para prevenção e tratamento da intoxicação. 
Palavras-chave: ureia, intoxicação, nitrogênio não proteico
This paper was developed with the purpose to guide the way for the use of non-protein nitrogen sources for 
supplemental feeding of cattle, the epidemiological factors and determinants of urea poisoning and actions for 
prevention and treatment of poisoning.
Keywords: urea, poisoning, non-proteic nitrogen
resuMo
absTraCT
inTrodução
a análise dos rebanhos mantidos a pasto, em es-
pecial no período seco, no Brasil Central, indica que 
pelo menos 10 milhões de bovinos estejam rece-
bendo anualmente suplementos contendo ureia 
(BaRUseLLi, 2005). 
Nos ruminantes, o catabolismo das proteínas é re-
gulado pelos microrganismos ruminais, que possuem 
a capacidade de transformar o nitrogênio da dieta em 
proteína de boa qualidade, a denominada proteína 
microbial. a proteína da dieta entra no organismo em 
forma de proteína verdadeira e nitrogênio não protei-
co (NNP), sendo que 40% da proteína total passa pelo 
rúmen sem transformação alguma, escapando da di-
gestão microbiana, se perdendo sem modificações nas 
fezes. Os 60% restantes da proteína total e o NNP são 
transformados no rúmen, por ação da urease, e desdo-
brados em amônia e dióxido de carbono. essa amônia 
é utilizada como fonte de nitrogênio, para síntese de 
proteínas pelos microrganismos ruminais (protozoá-
rios Peptostreptocci spp e Prevotella spp) até peptídeos 
e aminoácidos, que fazem parte da chamada proteína 
microbiana, que é digerida e absorvida pelo intestino 
(RODRíGUeZ, 2007).
a suplementação proteica com NNP é prática comum 
na alimentação de bovinos (CaMPOs NetO et al., 2007) 
e tem sido utilizada em substituição parcial à proteí-
na natural na dieta (BaRUseLLi, 2005). Com o objetivo 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 59
de melhorar o aporte de proteína na dieta e diminuir 
os custos com suplementos proteicos, existe uma ten-
dência à utilização de compostos nitrogenados não 
proteicos (OLiveiRa et al., 2001). 
a ureia é a principal fonte de NNP, possui baixo cus-
to e praticidade na utilização (CaMPOs NetO et al., 
2007) e a intoxicação, nos ruminantes, não ocorre 
diretamente pela ureia alimentar, mas, sim, pela amô-
nia gerada como primeiro composto de degradação 
após a fermentação bacteriana ruminal (HaLiBURtON 
et al., 1989).
 a presença de surtos de intoxicação é o principal 
obstáculo para que seu uso rotineiro seja adotado por 
mais criadores. apesar de esporádica, a intoxicação 
apresenta quadro clínico drástico, rápido e na maioria 
das vezes devastador, podendo levar à morte em até 
30 minutos após a ingestão (ORtOLaNi et al., 2000). 
segundo Gonzáles et al. (2000), a intoxicação ocor-
re, principalmente, de forma aguda, quando os animais 
são suplementados com ureia ou sais de amônia, sem 
que tenha sido realizada uma adaptação prévia ade-
quada. Nessas circunstancias, a microbiota do rúmen 
não aproveita as fontes de nitrogênio de forma eficien-
te, o que também acontece quando são ultrapassados 
os limites de utilização e os animais ingerem quantida-
de excessiva. 
a ureia
a ureia representa um composto orgânico classifica-
do como amida, constituído por nitrogênio, oxigênio, 
carbono e hidrogênio (CO(NH)2)2, altamente higroscó-
pico, solúvel em água e álcool, de cor branca e sabor 
amargo, e é considerada um composto nitrogenado 
não-proteico [NNP] (aNtONeLLi et al., 2009).
Seu uso, como fonte de nitrogênio para ruminantes 
mantidos exclusivamente a pasto, deve ser feito no 
período da seca, quando as pastagens apresentam-se 
com elevados teores de fibra e baixos teores de pro-
teína, visando à manutenção ou ganho de peso (BaRU-
seLLi, 2005).
a administração de NNP associada a forragens fibro-
sas, contendo baixo teor proteico, tem sido sugerida 
em diferentes sistemas de criação de ruminantes e 
dietas (GOMes, 2007). Candido et al. (1999) percebe-
SUPLEMENTO CIENTíFICO
ram que a amonização, via ureia, proporcionou melho-
ria no valor nutritivo do bagaço de cana-de-açúcar e 
esta é uma das dietas mais utilizadas no Brasil.
Barusseli (2005) relatou que os objetivos da utili-
zação da ureia na alimentação de bovinos de corte e 
de leite, são a redução de custo pela substituição par-
cial de fontes proteicas vegetais e o fornecimento de 
quantidades adequadas de proteínas degradáveis no 
rúmen para que ocorra maior eficiência da digestão da 
fibra e da síntese de proteína microbiana. 
No mercado brasileiro, existem a ureia pecuária lí-
quida protegida com ácido fosfórico e a ureia extru-
sada com fontes de carboidrato solúvel, bem como a 
ureia não protegida, comumente utilizada como fertili-
zante, que também pode ser utilizada na dieta animal 
(aNtONeLLi et al., 2009).
FISIoPAtoloGIA DA INtoXICAÇão
a quantidade de ureia necessária para provocar in-
toxicação depende de diversos fatores, como a velo-
cidade de ingestão, a quantidade e a capacidade de 
reciclagem diante de fatores dietéticos, tais como: a 
porcentagem de nitrogênio ingerido, a degradabilida-
de de nitrogênio no rúmen, o tipo de forragem, a por-
centagem de grãos, a fermentabilidade de carboidra-
tos no rúmen, o pH do rúmen e o grau de adaptação do 
animal (HUNtiNGtON et al., 1996). Quanto maior o pH, 
maior será a concentração de amônia (NH3), que, por 
ser lipossolúvel, vai ser mais facilmente absorvida pela 
parede ruminal. 
Condições como jejum e dietas ricas em fibra e baixo 
teor de carboidratos ou mesmo grandes quantidades 
de consumo de ureia são compostas, em sua maioria, 
por aminoácidos dicarboxílicos que afetam o estado 
ácido-básico ao serem oxidados, causando alcalose 
metabólica e, portanto, aumento na absorção, gerando 
hiperamonemia no animal (WeeB et al., 1972; BaRtLeY, 
1976; PatieNCe, 1990). 
Doses de ureia superiores a 0,44 g/kg, em animais em 
jejum, podem ocasionar sinais de intoxicação e doses 
entre 1-1,5 g/kg, geralmente, são letais. a administração 
contínua de ureia determina tolerância e adaptação à 
dieta, porém, após três dias sem ingestão, os animais 
se tornam novamente sensíveis e nova adaptação de-
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201460
verá ser realizada (CORRea et al., 2001; RaDOstits et 
al., 2006). esse grau de adaptação também é reduzido 
por jejum prolongado e por dietas com baixos níveis de 
proteínas (RaDOstits et al., 2006), ou, ainda, por die-
tas com baixos níveis energéticos, que refletem falta de 
sincronia nutricional no ambiente intrarruminal, pois di-
minuem a taxa de utilização da ureia pelos microrganis-
mos do rúmen (GiMaRÃes JUNiOR et al., 2007).
a ureia ingerida é rapidamente hidrolisada no rúmen, 
pela urease bacteriana, em compostos amoniacais 
(NH4+ e NH3). enquanto o amônio (NH4+) é hidrosso-
lúvel e não absorvível pela parede ruminal, aamônia 
é lipossolúvel e altamente absorvível (BaRtLeY et al., 
1976). assim, condições que favorecem o surgimen-
to de pH alcalino, como jejum, dieta rica em fibra e/
ou com baixo teor de carboidratos solúveis ou mes-
mo a ingestão de quantidades consideráveis de ureia, 
predispõem à intoxicação por amônia, pois aceleram 
a absorção para a corrente sanguínea. a maior parte 
da amônia absorvida é rapidamente transformada no 
fígado, com a síntese da ureia por meio do ciclo da 
ureia. entretanto, quando há aumento na produção e 
absorção de amônia, ocorrem sobrecarga no sistema 
hepático, e, como consequência, aumento nos teores 
de amônia no sangue (O’CONNOR e COsteLL, 1990)
(Figura 1).
 No ambiente intracelular, a amônia bloqueia o ciclo 
de Krebs por saturação do sistema glutamina-sinteta-
se, resultando em diminuição da produção de energia 
e, finalmente, inibição da respiração celular (Figura 2) 
(aNtONeLLi et al., 2009).
Campos Neto et al. (2007) verificaram que a rápida 
liberação de amônia no rúmen é fator limitante para o 
uso da ureia como fonte de NNP na alimentação, pois, 
caso ocorra deficiência de energia na dieta, situação 
frequente no período da seca, a amônia livre no líquido 
ruminal não será utilizada pelos microrganismos para 
sintetizar proteínas bacterianas e, consequentemente, 
será absorvida pelas papilas ruminais e direcionada ao 
fígado, para ser metabolizada no ciclo da ornitina, de-
terminando dispêndio de energia que refletirá, negati-
vamente, nas fases produtiva e reprodutiva do animal. 
Os resultados observados tanto na solubilização da 
ureia in vitro quanto no tempo de liberação da amô-
nia no líquido do rúmen, aliados aos testes clínicos de 
intoxicação, demonstraram que a suplementação por 
ureia revestida com polímeros proporcionou liberação 
lenta e contínua da amônia e evitou o aparecimento 
dos sinais clínicos de intoxicação, por diminuir a velo-
cidade de liberação de amônia no ambiente ruminal.
a ureia é cerca de 40 vezes menos tóxica que a amô-
nia (BaRUsseLi, 2005). O excesso de amônia liberada 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
ingestão de Uréia
saliva (reciclagem)
Filtração renal
excreção 
urinária
Ciclo da ureia
Ureia
Rúmen
PtN bacteriana
hidrólise
Degradação de PtN
bacteriana rúmen
absorção PtN
Abomaso e intestinos
NH4 NH3
Ureia
Fígado
alto HN3
saturação do sistema 
glutamina-sintetase
Neurônios
alteração liberação 
neurotransmissores
alteração passagem 
estímulo
Redução dos 
estímulos nervosos
Diminuição da 
produção de energia
inibição da 
respiração celular 
alta absorção alta amônia intracelular
figura 1. Ciclo de metabolização da ureia.
figura 2. Mecanismo da intoxicação pela ureia.
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 61
eleva o pH do rúmen (7,0 a 8,5) e provoca aumento da 
permeabilidade da parede ruminal, favorecendo a ab-
sorção da amônia em altas quantidades, predispondo à 
alcalose ruminal e intoxicação (BRaNDiNi, 1996).
O uso de ureia polímero (protegida) promove uma 
maior e constante produção de nitrogênio na forma 
amoniacal (N-NH3), no ambiente ruminal, e propor-
ciona maior estabilidade de pH durante 24 horas de 
observação (PaULa et al., 2009). a pulverização de 
óleos (linhaça e tungue) acrescida de mistura catalíti-
ca de minerais (cobalto e manganês) permitiu que a 
ureia fosse metabolizada pela urease, com produção 
de amônia em dose lenta e contínua, para a síntese de 
proteína bacteriana (CaMPOs NetO et al., 2003).
sinais ClíniCos
Os sinais clínicos da intoxicação por ureia passam a ser 
visíveis quando o nível de amônia no conteúdo ruminal 
bovino atinge o valor de 1.000 mg/L, os níveis séricos de 
nitrogênio na forma de amônia (N-NH3) estão entre 10 e 
13 mmol/L (10 mg/l) e os níveis de nitrogênio no sangue 
atingem 0,7-0,8 mg/dl (RaDOstits et al., 2006). 
Os sintomas se iniciam 10 a 30 minutos após a in-
gestão e a gravidade dos sinais relaciona-se aos níveis 
sanguíneos de amônia e não aos ruminais (RaDOstits 
et al., 2006). eles incluem apatia, tremores muscula-
res e de pele, salivação excessiva, micção e defecação 
frequentes, respiração acelerada, incoordenação mo-
tora, dores abdominais, enrijecimento dos membros 
anteriores, prostração, tetania, convulsões, colapso 
circulatório, asfixia e morte (GOMes, 2007). Correa et 
al. (2001) citam que, além desses sintomas, podem 
ocorrer timpanismo e mugidos altos e que os animais 
se debatem exaustivamente antes de morrer e, nor-
malmente, são encontrados mortos ou sobrevivem por 
um período de até 4 horas após a ingestão excessiva 
da ureia. a letalidade é próxima de 100%. acredita-se 
que a causa da morte seja a parada respiratória devido 
ao excesso de amônia. Já em casos com pouca gravida-
de, os animais se apresentam sonolentos e em decúbi-
to (RaDOstits et al., 2006).
Na necropsia poderão ser observados, timpanismo, 
congestão da carcaça, excesso de fluido pericárdico, 
edema pulmonar, espuma nas vias aéreas superiores 
e hemorragias na musculatura cardíaca (GONZaLes e 
siLva, 2006).
antonelli et al. (2009) utilizaram diferentes doses de 
amônia, depositada intrarruminalmente por de cânula, 
e perceberam que os animais que receberam ureia gra-
nulada (não-protegida) demonstraram sinais clínicos 
de intoxicação mais rapidamente que os tratados com 
doses tóxicas de ureia extrusada (protegida).
O diagnóstico de intoxicação por amônia é basea-
do no histórico de ingestão de grandes quantidades 
de fonte de NNP, associado à presença de sintomas 
característicos, e à determinação laboratorial da 
concentração de amônia no sangue ou líquido rumi-
nal (aNtONeLLi et al., 2009). Caso não haja histórico 
de consumo, os diagnósticos diferenciais serão insu-
ficiência hepática aguda, anafilaxia, intoxicação por 
cianobactérias, hipomagnesemia, intoxicação aguda 
por sal, enfisema e edema pulmonar agudo, ence-
falite ou encefalomalácia (RaDOstits et al., 2006), 
intoxicação por nitritos e nitratos, cianídricos, orga-
nofosforados, carbamatos, sobrecarga de soja, 4-me-
tilimidazole, gases tóxicos (monóxido e dióxido de 
carbono), doenças infecciosas agudas, encefalopatia 
hepática, enterotoxemia, timpanismo ruminal e hi-
pocalcemia (RODRíGUeZ, 2007).
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Rebanho com aptidão leiteira confinado, está sujeito à 
intoxicação após suplementação com uréia
Ar
qu
iv
o 
CF
M
V
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201462
trAtAmeNto e PreVeNÇão 
O tratamento emergencial da intoxicação por ureia 
pode ser realizado pela administração de vinagre por 
via oral (3 a 6 litros por animal), que, além de baixar 
o pH, diminui a hidrólise da ureia e forma compos-
tos com a amônia (acetato de amônia), reduzindo a 
absorção. a utilização de ácido acético a 5% serve 
como antídoto, porém podem ocorrer recidivas dos 
sinais 30 minutos após o tratamento, sendo neces-
sário repeti-lo. O tratamento mais eficaz é a rume-
notomia para o esvaziamento imediato e completo 
do rúmen, porém, quando a intoxicação atinge gran-
de número de animais, torna-se inviável, devido ao 
rápido curso da enfermidade (CORRea et al., 2001; 
RaDOstits et al., 2006). 
Pode-se utilizar uma sonda oroesofágica, para aliviar 
a compressão por gases oriundos do timpanismo, de-
vendo-se evitar uma possível falsa via. Água gelada em 
grandes quantidades (20-40 L/animal) pode ser usada 
para reduzir a temperatura ruminal e diminuir a ativi-
dade da urease (RODRíGUeZ, 2007).
segundo Kitamura et al. (2010), a utilização de 
fluidoterapia, à base de solução salina isotônica ou 
hipertônica, por via endovenosa ou sonda esofági-
ca, promove rápido e marcante aumento do volume 
urinário, possibilitando maior eliminação de amônia 
na forma de ureia favorecendo a desintoxicação. a 
administração de furosemida (2 mg/kg/Pv) com a 
fluidoterapia foi capaz de reduzir em 50% a dose 
tóxica de amônia sérica, durante a primeira hora de 
tratamento. 
Devido à extrema toxicidade da ureia, recomenda-
secuidado ao utilizá-la na suplementação alimentar, 
ao manuseá-la e também quanto ao local de esto-
cagem. Quanto aos produtos industriais ou misturas 
pré-estabelecidas, devem-se respeitar, obrigatoria-
mente, as instruções do fabricante a respeito das 
concentrações máximas de ureia na ração ou na die-
ta para cada animal (RaDOstits et al., 2006).
Um período gradual de adaptação à ureia é neces-
sário para evitar riscos de intoxicação, independente-
mente da forma de apresentação. em boas condições 
de manejo, a ureia não deve ser ingerida em uma única 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
vez, mesmo para animais adaptados, utilizando-se um 
limitador de consumo, tal como sal comum, ou o forne-
cimento parcelado da ureia em duas ou mais vezes ao 
dia (aNtONeLLi et al., 2009).
ConClusÕes
A utilização de nitrogênio não proteico na com-
plementação alimentar de ruminantes é uma forma 
barata de suplementação, que apresenta ótimos 
resultados, e é capaz de otimizar diversos tipos de 
sistemas de criação no Brasil, representando alter-
nativa em caso de baixa oferta de alimentos ricos em 
proteínas. Para utilização faz-se necessária orienta-
ção técnica e qualificada.
Agradecimento a Médica Veterinária Barbara 
Rauta de Avelar.
Cerca de 10 milhões de bovinos mantidos a pasto recebem, 
anualmente, suplemento contendo uréia. 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 63
auTores
Graziela barioni
Médica Veterinária 
CRMV-ES nº 0487 
MSc DSc. Docente 
Universidade Federal do 
Espírito Santo (UFES)
grazibari@gmail.com
marcel Arcanjo 
silva azevedo
Médico Veterinário 
CRMV-ES nº 01758 
MSc.
Carla braga Martins
Médica Veterinária 
CRMV-ES nº 1320 
MSc DSc.
Docente UFES
diogo antonio rizzo
Médico Veterinário 
CRMV-BA nº 3890
rodolpho José 
da silva barros
Médico Veterinário 
CRMV-ES nº 1589
CCS/UFES
flavia de almeida 
lucas
Médica Veterinária 
CRMV-SP nº 8208. 
MSc DSc Unesp/
Araçatuba, SP
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Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201464
SUPLEMENTO CIENTíFICO
HerPeSVírUS eQUINo tIPo 1. 
reVisão de liTeraTura
EQUINE HERPESVIRUS TYPE 1. A REVIEW
O herpesvírus equino tipo 1 (eHv-1) é um patógeno capaz de causar perdas econômicas significativas aos 
plantéis e possui distribuição cosmopolita. ele tem sido identificado como a causa de abortamentos, mortali-
dade neonatal, doença respiratória e manifestações neurológicas em cavalos. a mieloencefalopatia é menos 
comum do que as outras formas de doença causadas pelo eHv-1; entretanto, surtos de manifestações neu-
rológicas têm sido relatados. Das 14 espécies de herpesvírus que acometem os equídeos, as mais relevantes 
são o eHv-1 e o eHv-4. sabe-se que o eHv-1 encontra-se presente na população equina no Brasil e, até o 
momento, não existem estudos sobre a ocorrência de outros tipos de herpesvírus que acometem os equídeos 
em nosso meio.
Palavras-chave: rinopneumonite equina, aborto equino a vírus, mieloencefalopatia herpética
Equine herpesvirus type-1 (EHV-1) is a major pathogen with significant economic impact. It has long been impli-
cated causally in the occurrence of abortion, neonatal death, respiratory disease and neurological disorders in 
horses. Myeloencephalopathy is less common than other manifestations of EHV-1 infection; however, outbreaks 
have been reported. Among the 14 equine herpesviruses that affect horses,the most important are EHV-1 and 
EHV-4. EHV-1 infection is endemic in horse populations worldwide and it is also present in Brazil; however, until 
the current moment, there is no evidence of occurrence of other types.
Keywords: equine rhinopneumonitis, equine herpesvirus abortion, equine herpesvirus myeloencephalopathy
resuMo
absTraCT
inTrodução
O herpesvírus equino tipo 1 (eHv-1) foi descrito pela 
primeira vez no início da década de 1930 (DiMOCK e 
eDWaRDs, 1933). Desde então, inúmeras publicações 
tiveram o objetivo de investigar a infecção causada 
por esse agente, relacionando-a à imunidade do hos-
pedeiro (HeLDeNs, 2005; KYDD et al., 2006). No entan-
to, cerca de 80 anos depois, o eHv-1 continua sendo 
um patógeno capaz de ocasionar perdas econômicas 
significativas, tornando-o ameaça à criação mundial de 
equinos, uma vez que sua distribuição é cosmopolita. 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 65
eTioloGia
até o momento, foram identificadas 14 espécies 
de herpesvírus que acometem os equídeos (KiNG et 
al., 2011), das quais as mais relevantes são os tipos 1 
(eHv-1) e 4 (eHv-4). a nomenclatura taxonômica foi 
determinada pela ordem de descoberta ou de clas-
sificação como herpesvírus, porém nem todos estão 
relacionados com manifestação de enfermidades em 
cavalos. Os principais herpesvírus responsáveis por 
infecções em membros da família Equidae estão des-
critos no Quadro 1.
O eHv-1 é causador de diferentes doenças em cava-
los, das quais as mais comuns são a rinopneumonite, 
Vírus sinôniMo subfaMília Gênero HoSPeDeIro 
naTural doença
eHV-1 vírus do abortamento equino 
(antigo eHv-1 subtipo 1)
α Varicellovirus Equus caballus
Respiratória, 
abortamento, 
neurológica
eHV-2 antigo citomegalovírus equino γ Percavirus Equus caballus Rinite e conjuntivite
eHV-3 vírus do exantema coital equino α Varicellovirus Equus caballus exantema coital
eHV-4 vírus da rinopneumonite equina 
(antigo eHv-1 subtipo 2)
α Varicellovirus Equus caballus Respiratória
eHV-5 antigo citomegalovírus equino γ Percavirus Equus caballus Na
eHV-6 Herpesvírus asinino tipo 1 
 (aHv-1 ou asHv-1)
α Varicellovirus (?) Equus asinus exantema coital
eHV-7 Herpesvírus asinino tipo 2 
 (aHv-2 ou asHv-2)
γ NC Equus asinus Na
eHV-8 Herpesvírus asinino tipo 3 
 (aHv-3 ou asHv-3)
α Varicellovirus Equus asinus Rinite
eHV-9 Herpesvírus de gazela (GHv) α Varicellovirus Equus grevyi Neurológica
aHV-4 Herpesvírus de zebra γ NC Equus asinus Pneumonia
aHV-5 Herpesvírus asinino tipo 4 
(aHv-4 ou asHv-4)
γ NC Equus asinus Pneumonia
AHV-6 Herpesvírus asinino tipo 5 
 (aHv-5 ou asHv-5)
γ NC Equus asinus Pneumonia
ZHV ou 
ezebGHV-1
Herpesvírus asinino tipo 6 
 (aHv-6 ou asHv-6)
γ NC Equus zebra Na
WaHV
Herpesvírus de zebra tipo 1 ou Equus 
zebra gammaherpesvirus 1 
(antigo Equus zebra rhadinovirus 1)
γ NC Equus somalicus Na
WaHV Herpesvírus de jumento selvagem γ NC Equus somalicus Na
Quadro 1. Principais herpesvírus de alguns membros da família Equidae, segundo king et al. (2011)
α: Alphaherpesvirinae; γ: Gammaherpesvirinae; NC: não classificado; NA: não associado. 
Fonte: King et al. (2011)
SUPLEMENTO CIENTíFICO
caracterizada por manifestações respiratórias no trato 
superior em animais jovens; o abortamento a vírus em 
éguas no terço final da gestação e mortalidade perina-
tal em potros; e a mieloencefalopatia herpética equina 
(eHM), caracterizada por manifestações neurológicas 
em cavalos adultos. Com menor frequência, o EHV-1 
pode provocar doenças oculares e infecção pulmonar 
vasculotrópica. essas enfermidades podem ocorrer de 
forma isolada ou conjunta (PUsteRLa et al., 2010).
Relatos informam que infecções causadas pelo 
eHv-1 estavam restritas à espécie equina, existindo 
raras descrições em outras espécies, como aborta-
mentos em vacas ou encefalites em antílopes, alpa-
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201466
cas e lhamas (CHOWDHURY et al., 1986; ReBHUN et 
al., 1988). artigos recentes apresentam infecções 
naturais fatais em animais selvagens em zoológi-
cos, como gazelas e ursos, e sugerem a quebra das 
barreiras naturais entre espécies (WOHLseiN et al., 
2011; GReeNWOOD et al., 2012).
HisTóriCo
Em 1932, foi relatada a ocorrência de surtos epizoó-
ticos de abortamentos em éguas no estado de Ken-
tucky (estados Unidos), causados por agente de prová-
vel etiologia viral (DiMOCK e eDWaRDs, 1933). estudo 
retrospectivo nesse estado, de 1921 a 1947, concluiu 
que 26% dos casos de abortamento do total de 1.150 
fetos foram de etiologia viral (DiMOCK et al., 1947).
estudos foram conduzidos em éguas prenhes infec-
tadas com material biológico (macerado, filtrado e bac-
teriologicamente negativo), proveniente dos órgãos de 
fetos abortados, resultando em abortamento (DiMOCK 
et al., 1947). Relataram-se lesões necróticas e presença 
de corpúsculos de inclusão intranucleares acidofílicos 
no baço, timo, fígado e pulmões dos fetos abortados; 
contudo, sem relação com manifestação clínica prévia.
em 1941, na Hungria, Manninger e Csontos de-
monstraram que esse agente etiológico viral causava 
abortamento em éguas e doença respiratória em ca-
valos, inferindo que o abortamento seria sequela da 
influenza equina. a seguir, nos estados Unidos, Doll et 
al. (1959) concluíram que o vírus causador do aborto 
equino deveria ser renomeado para vírus da rinopneu-
monite equina. verificaram que a doença respiratória 
que precedia o abortamento não estaria relacionada 
com o vírus causador da influenza, pois as lesões da 
rinopneumonite eram distintas daquelas observadas 
na gripe.
Os primeiros estudos in vitro foram realizados por 
Randall et al. (1953), demonstrando que o vírus pode-
ria ser cultivado com sucesso em células fetais equinas 
(pulmão e baço). além da reprodução de alterações 
observadas na infecção natural, observou-se aumento 
do título de antígeno viral após passagens seriadas em 
cultivo celular.
Plummer e Waterson (1963) classificaram o vírus da 
rinopneumonite e do abortamento em equinos como 
pertencente à família Herpesviridae, adotando o nome 
de herpesvírus equino (eHv), devido à similaridade 
morfológica com o Herpes simplex evidenciada por 
meio da microscopia eletrônica.
a primeira associação entre o eHv e a enfermidade 
neurológica ocorreu em 1966, quando saxegaard iso-
lou o vírus do encéfalo e da medula de um cavalo com 
paralisia nos membros pélvicos.
Devido às similaridades morfológicas e antigênicas, 
até 1981 o eHv-1 e o eHv-4 eram considerados va-
riantes de um único agente, sendo denominados sub-
tipos 1 e 2 do eHv-1. Com base nos diferentes padrões 
eletroforéticos do DNa viral, studdert et al. (1981) re-
classificaram os subtipos 1 e 2 para eHv-1 e eHv-4, 
respectivamente.
a comparação eletrofenotípica obtida pela análise 
de restrição de isolados de eHv-4 de origens geográfi-
cas distintas indica uma grande estabilidade genética, 
com pouca variação intraespecífica. entre os isolados 
de eHv-1, encontra-se maior variabilidade, com apa-
rente relevância epidemiológica.
allen et al. (1983), a partir de 272 isolados do eHv-1 
derivados de casos de abortamento em éguas no esta-
do de Kentucky, eUa, no período entre 1960 e 1982, 
identificaram a existência de pelo menos 16 padrões 
eletroforéticos distintos do DNa viral, denominados de 
variantes, que foram classificados como protótipo eHv
-1P e eHv-1a até eHv-1O. entretanto, mais de 90% 
dos isolados, provenientes de animais não vacinados, 
apresentaram a predominância de somente duas va-
riantes do eHv-1, denominadas de P e B, sugerindo, 
assim, uma variação molecular viral limitada na popu-
lação estudada.
De forma semelhante, alguns pesquisadores en-
contraram pouca diversidade molecular e predomí-
nio da variante P em isolados do eHv-1 provenien-
tes do Brasil (MORi et al., 2012), argentina (GaLOsi 
et al., 1998), Canadá (NaGY et al., 1997), Dinamarca 
(PaLFi e CHRisteNseN, 1995), França (ZieNtaRa et 
al., 1993), Holanda (vaN MaaNeN et al., 2000),Ja-
pão (PaGaMJav et al., 2005), Oceania (stUDDeRt et 
al., 1992), Reino Unido (McCaNN et al., 1995) e índia 
(GUPta et al., 2005).
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 67
allen et al. (1985) observaram que a variante P do 
eHv-1 era predominante e responsável por mais de 
80% dos abortamentos ocorridos no estado de Ken-
tucky nas décadas de 1960 e 1970. em 1980, a varian-
te B passou a ser encontrada com maior frequência e 
tornou-se o isolado mais comum em fetos abortados. 
A emergência de novas estirpes virais em substituição 
das mais antigas sugere que pressões biológicas e an-
tigênicas, como, por exemplo, a imunidade vacinal, po-
dem selecionar o crescimento e a sobrevivência das 
variantes do eHv-1. Por outro lado, as distintas estir-
pes virais isoladas de cavalos com manifestações neu-
rológicas têm sido classificadas como sendo do tipo P 
do eHv-1, incluindo aquelas encontradas no Brasil e na 
argentina (GaLOsi et al., 1998; MORi et al., 2012).
até recentemente, encontravam-se relatos esporádi-
cos de manifestações neurológicas ocasionadas pelos 
evHs, sendo que os surtos eram raramente notificados. 
a partir de 2001, cresceu o número de casos de eHM 
na europa e na américa do Norte, sugerindo aumento 
na prevalência e/ou morbidade e mortalidade causa-
das por esses vírus em decorrência de possíveis muta-
ções (aPHis, 2007).
sabe-se que variações genéticas entre o eHv-1 tipo 
P e B estão relacionadas a mutações do gene da região 
Open Reading Frame (ORF) 64, que codifica a proteína 
da célula infectada 4 (iCP4), que pode estar relacionada 
com a neuropatogenicidade (PaGaMJav et al., 2005).
Nugent et al. (2006) demonstraram diferenças em 
regiões variáveis específicas do genoma viral do 
eHv-1 originário de casos de eHM e de abortamen-
to de diversas regiões do mundo, identificando uma 
mutação por substituição nucleotídica não sinônima 
de base única (Single Nucleotide Polymorphism - sNP)
no gene codificador da DNa polimerase (ORF30) nas 
amostras neuropatogênicas. Tal mutação, provavel-
mente, estaria relacionada com a ocorrência de doen-
ça neurológica decorrente da infecção pelo eHv-1, 
sugerindo a existência de um marcador genético de 
neuropatogenicidade. Observaram também variabili-
dade na ORF68 em isolados do eHv-1 originários de 
oito países localizados na europa, américas do sul e 
do Norte e Oceania, permitindo classificá-los em seis 
grupos geograficamente restritos, indicando um pro-
vável marcador filogenético.
segundo allen e Breathnach (2006), a estrutura da 
enzima DNa polimerase foi modificada devido à mu-
tação na ORF30, ocasionando maior agressividade 
na replicação viral e, consequentemente, levando ao 
aumento da carga viral e da duração da viremia asso-
ciada aos leucócitos. a exposição intensa da superfície 
endotelial dos vasos sanguíneos do sistema Nervoso 
Central (sNC) ao eHv-1 pode contribuir para o eleva-
do risco de desenvolvimento de doença neurológica. 
De acordo com Borchers et al. (2006), além da lesão 
vascular, a doença neurológica pode ser decorrente da 
multiplicação viral nos neurônios por fatores relacio-
nados ao vírus e/ou ao hospedeiro.
HisTóriCo no brasil
O primeiro relato de doença herpética em cavalos no 
Brasil (CORRea e NiLssON, 1964) apresenta, em dois 
fetos abortados, lesões pulmonares e hepáticas carac-
terísticas. No entanto, mais dois anos foram necessá-
rios para isolamento do vírus de fígado de feto equino 
abortado originário de Botucatu (sP). a identidade com 
a amostra Ky-D do eHv-1 foi estabelecida pela técnica 
de soroneutralização viral (NiLssON e CORRea 1966). 
Reiner et al. (1972) isolaram o eHv-1 pela inoculação, 
em hamsters, da suspensão de fígado, baço e pulmão 
de feto equino abortado originário de Campinas (sP).
Relataram sinais neurológicos, como convulsões tôni-
co-clônicas e paralisia em hamsters lactentes, após a 
inoculação. após 1980, a maior parte dos diagnósti-
cos do eHv-1 foi realizada pela inoculação em células 
veRO (KOtait, 1991).
No ano de 1992, foi isolada a estirpe denominada 
a9/92 do eHv-1, em células veRO, a partir de fragmen-
tos do fígado, baço e pulmão de um potro com 10 dias 
de idade proveniente de araçariguama (sP), pela imu-
nofluorescência direta (CUNHA et al., 1993). a estirpe 
denominada a3/97 foi isolada em 2004, em cultivo de 
células de origem equina e-Dermal, a partir de frag-
mentos de fígado de feto equino abortado em Porto 
Feliz (sP), em 1997 (CaRvaLHO et al., 2012). tentativas 
anteriores de isolamento viral, em células veRO, não 
foram bem-sucedidas devido à dificuldade de adapta-
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201468
ção do vírus em células de origem não equina (CUNHa 
e.M.s. comunicação pessoal).
também foi confirmada identificação viral, em sur-
tos de abortamento, por Carvalho et al. (2000) em 
Minas Gerais (estirpes isa e CR), Moreira et al. (1998) 
em Curitiba (PR) e Weiblen et al. (1994) em santiago 
(Rs). No Brasil, ainda não é comum o diagnóstico de 
doença neurológica em cavalos causada pelo eHv-1, 
sendo que o primeiro relato foi publicado por Lara et 
al. (2008).
ePIDemIoloGIA
O eHv-1 é responsável pela rinopneumonite que 
apresenta alta morbidade e baixa mortalidade na po-
pulação de equinos e é geralmente negligenciada pe-
los tratadores, porque, na maioria dos casos, suas ma-
nifestações clínicas são de caráter leve ou inaparente. 
No entanto, resulta em perdas econômicas quando 
acomete animais de competição, com cancelamento 
das provas, interrupção de treinamento, diminuição do 
desempenho atlético e altos custos de tratamento, es-
pecialmente quando ocorrem complicações bacteria-
nas secundárias (MORi, 2005). 
apesar de os abortamentos em éguas (Figura 1) 
serem frequentes no Brasil, existem poucos estudos 
que os relacionem à infecção herpética (WeiBLeN 
et al., 1994; MOReiRa et al., 1998; CaRvaLHO et 
al., 2000). Os prejuízos econômicos decorrentes da 
mortalidade fetal ou do nascimento de potros fracos 
ainda não foram adequadamente avaliados. acredi-
ta-se que surtos de abortamento podem ocorrer tan-
to em casos isolados quanto simultâneos em vários 
animais (epizoóticos), podendo atingir 10% do plan-
tel (KOtait, 1991).
As três principais fontes de infecção natural do 
eHv-1 para cavalos suscetíveis são: (1) animais ati-
vamente infectados, que eliminam o vírus pelas 
secreções respiratórias; (2) fetos abortados e seus 
envoltórios ou secreções provenientes do trato re-
produtivo de éguas imediatamente após o aborta-
mento; (3) reativações endógenas do vírus, que se 
encontrava quiescente, em indivíduos portadores 
(KOtait, 1991; aLLeN, 2002). Éguas são as principais 
fontes de infecção primária do eHv-1 para potros 
fiGura 1. Feto equino abortado no terço final de gesta-
ção infectado pelo EHV-1
SUPLEMENTO CIENTíFICO
em fase de lactação, com idade entre 30 e 120 dias. 
Posteriormente, a disseminação viral para os animais 
suscetíveis é ampliada pela transmissão entre popu-
lações de potros antes e após o desmame. No final 
desse ciclo, quase todos os animais tornam-se porta-
dores latentes (GiLKeRsON et al., 1999).
O eHv-1 é altamente contagioso e sua transmissão 
é horizontal, ou seja, ocorre pela inalação de aerossóis 
ou pela ingestão de alimento e água contaminados por 
secreções (KOtait, 1991; aLLeN, 2002). a transmissão 
via fômite também pode ocorrer, por exemplo, quando 
o mesmo endoscópio é utilizado em diversos indivídu-
os, sem desinfecção prévia. a principal porta de entra-
da do eHv-1 é a mucosa do trato respiratório, na qual 
a infecção primária se instala pela multiplicação viral 
local (aLLeN, 2002).
Levantamentos sorológicos realizados em dife-
rentes regiões do Brasil, entre os anos de 1988 e 
2010, revelaram que o eHv-1 encontra-se dissemi-
nado na população equina em todo o território na-
cional (Quadro 2) e já foram identificados diversos 
isolados originários de casos de doençaneurológica 
(COsta et al., 2008; LaRa et al., 2008; MORi et al., 
2011) e de abortamento ou mortalidade perinatal 
(ReiNeR et al., 1972; CUNHa et al., 1993; WeiBLeN 
et al., 1994; CaRvaLHO et al., 2000; CaRvaLHO et 
al., 2012; MORi et al., 2012). Não existem relatos de 
isolamento de outros tipos de herpesvírus em equí-
deos no território nacional.
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 69
em estudo sorológico analisando uma população 
de equídeos não vacinados, observou-se que a in-
fecção por eHv-1 e eHv-4 encontra-se amplamente 
distribuída no estado de são Paulo (MORi e. comuni-
cação pessoal). a maioria dos cavalos pesquisados 
(93,2% - 249/267) foi soropositiva para o eHv-4, 
sugerindo alta prevalência do agente na população 
analisada, corroborando resultados de estudos epi-
demiológicos realizados no estado do Pará (Dias, 
2000), na Colômbia (sÁeNZ et al., 2008) e na aus-
trália (GiLKeRsON et al., 1999). esse mesmo estudo 
revelou que somente 23,2% (62/267) dos equinos 
foram soropositivos para o eHv-1. essa proporção 
também foi semelhante ao descrito no Pará (Dias, 
2000), na Colômbia (sÁeNZ et al., 2008) e na austrá-
lia (GiLKeRsON et al., 1999).
ConsideraçÕes finais
O eHv-1 causa diferentes tipos de doença, que va-
riam em gravidade, desde leve afecção respiratória 
até o abortamento em éguas, mortalidade perinatal 
e distúrbios neurológicos. a natureza e a gravidade 
da doença dependem de inúmeros fatores, como a 
idade, o estado imunitário e a condição de saúde do 
hospedeiro. O potencial patogênico da estirpe viral 
pode desempenhar papel importante no desenvol-
vimento das diferentes manifestações de doença. 
até o presente, vários aspectos da patogenia e epi-
demiologia das doenças causadas pelo eHv-1 ainda 
são desconhecidos. estudos visando à caracteriza-
ção de isolados nacionais do eHv-1 são fundamen-
tais para determinar as melhores formas de prevenir 
e controlar a infecção.
auTores TesTe sorolóGiCo % De PoSItIVoS n loCalidade
Fernandes (1988) FC 67,2 586 sP
Modolo et al. (1989) FC 17,6 250 sP (noroeste)
Kotait et al. (1989a) sN 13,5 1.178 sP
Vargas e Weiblen (1991) sN 84,7 348 Rs
Vasconcellos (1997) FC
FC
88,14
67,3
59*
52**
sP
sP
Moreira et al. (2000) sN 17,7 299 PR (Curitiba)
Cunha et al. (2002) sN 27,2 1.341 sP (noroeste)
Heinemann et al. (2002) sN 17,71 96 Pa (Uruará)
lara et al. (2003a) sN 14,3 70 PR (Curitiba)
lara et al. (2003b) sN 33,4 659 sP
diel et al. (2006) sN 4,5 1.506 Rs
Pena et al. (2006) sN 45,45 506 Pa (sul)
lara et al. (2006) sN 5,2 97 PR (Curitiba)
aguiar et al. (2008) sN 22,7 176 RO (Monte Negro)
Cunha et al., (2009) sN 26,0 163 sP (sul)
lara et al. (2010) sN 17,6 826 MG
FC: fixação de complemento, SN: soroneutralização, IP: imunoperoxidase, IFI: imunofluorescência indireta
*histórico de abortamento; ** sem relatos anteriores de abortamento
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Quadro 2. Dados de levantamentos sorológicos de equídeos infectados por herpesvírus equino tipo 1 em diferentes regiões do Brasil
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201470
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SUPLEMENTO CIENTíFICO
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201472
SUPLEMENTO CIENTíFICO
ProDUÇão De emBrIÕeS BoVINoS in 
vivo e in viTRo
IN VIVO AND IN VITRO BOVINE EMBRYO 
PRODUCTION
Os avanços na biotecnologia da reprodução aumentam a participação da fêmea bovina no processo de me-
lhoramento genético do rebanho, visto que o número de descendentes deixados por uma única fêmea ao 
longo de sua vida reprodutiva aumentou significativamente, com o aperfeiçoamento das técnicas de transfe-
rência e produção in vitro de embriões. a produção de embriões bovinos in vivo, por meio da superovulação 
da doadora e posterior lavagem uterina, é consagrada mundialmente como forma eficiente de multiplicação 
rápida dos indivíduos de melhor mérito genético dentro de um rebanho. Os embriões também podem ser 
produzidos no laboratório utilizando técnicas de fecundação in vitro ou por clonagem de células embrioná-
rias ou somáticas. Geralmente, fêmeas cruzadas (Bos taurus taurus x Bos taurus indicus), jovens, com boa ca-
pacidade de conversão alimentar, alta fertilidade e boa habilidade materna são consideradas as melhores re-
ceptoras. algumas considerações devem ser feitas em relação à sincronia da receptora com a doadora, tendo 
em vista que, no momento da colheita, os embriões apresentam importante variabilidade em seus estágios 
de desenvolvimento (24 a 36 horas de diferença). assim, é adequada uma sincronia de aproximadamente 24 
horas entre doadora e receptora.
Palavras-chave: bipartição de embriões, eficiência reprodutiva, fertilização in vitro, transferência de embriões.
Advances in reproductive biotechnology over the years improved the participation of female in the process of 
cattle genetic improvement, since the number of descendants left by a single female throughout her reproductive 
life increased significantly with the use of techniques as embryo transfer and in vitro production. Production 
of bovine embryos in vivo, by donor superovulation and posterior embryo recovery is known worldwide as an 
efficient mode to multiply individuals with better genetic characteristics within cattle. Bovine embryos may also 
be produced in laboratory using in vitro fertilization techniques or by cloning somatic or embryonic cells. Gen-
erally, crossbreed females (Bos taurus taurus x Bos taurus indicus), young, with good feed conversion capacity, 
high fertility and good maternal ability are considered the best recipient. Attention should be given regarding the 
synchrony between recipient and donor because embryos exhibit a significant variability in their developmental 
stages (24 to 36 hours apart) at the time of collection. Therefore it is appropriate a synchrony about 24 hours 
between donor and recipient.
Keywords: embryo bipartition, embryo transfer, in vitro fertilization, reproductive efficiency
resuMo
absTraCT
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 73
inTrodução
a utilização e o desenvolvimento de biotécnicas da 
reprodução animal são condições indispensáveis para 
o aumento da eficiência produtiva. Nesse sentido, es-
pecialmente no que se refere aos ruminantes domés-
ticos, biotécnicas como a inseminação artificial, fertili-
zação in vitro e transferência de embriões vêm sendo 
utilizadas com sucesso (FiGUeiReDO et al., 2007).
Os avanços obtidos nas biotécnicas reprodutivas 
ao longo dos anos permitiram maior participação da 
fêmea bovina no processo de melhoramento genéti-
co do rebanho, visto que o número de descendentes 
deixados por uma única fêmea ao longo de sua vida 
reprodutiva aumentou significativamente com o aper-
feiçoamento das técnicas de transferência e Produção 
In Vitro (Piv) de embriões (GONÇaLves et al., 2007).
DINÂmICA FolICUlAr
O desenvolvimento folicular de bovinos ocorre em 
um padrão de ondas. Cada onda de crescimento fo-
licular é caracterizada por um grupo de pequenos 
folículos que são recrutados e iniciam uma fase de 
crescimento comum por cerca de três dias. Desses 
folículos, apenas um continua seu desenvolvimento, 
enquanto os outros sofrem decréscimo de tamanho, 
estabelecendo-se, então, o fenômeno da divergên-
cia folicular (BaRUseLLi et al., 2007). 
Vacas e novilhas podem ter duas ou três ondas 
por ciclo, com um folículo tornando-se dominan-
te em cada uma delas. Por isso, uma população de 
pequenos, médios e grandes folículos é encontrada 
em cada ovário, durante todos os dias do ciclo estral 
(BORGes et al., 2001).
Cada onda de crescimento folicular é dividida em 
quatro fases: emergência, seleção, dominância e atre-
sia ou ovulação. A emergência de uma onda é carac-
terizada por um crescimento de mais de 20 folículos 
pequenos que são estimulados pelo hormônio folículo 
estimulante (FsH) (Reis, 2004). a concentração de FsH 
atinge seu pico quando o maior folículo, denominado 
dominante (FD), alcança o tamanho de 4 a 5 mm (Nas-
seR, 2006).
Uma das maneiras de o FD manter seu status é pro-
duzir substâncias que inibam o desenvolvimento de 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
outros folículos antrais. Uma dessas substâncias é a ini-
bina, um hormônio peptídeo produzido pela granulosa 
que inibe a secreção do FsH por efeito de retroalimen-
tação negativa sobre a liberação de FsH, aparentemen-
te por efeito direto sobre a hipófise (FLORiaNi, 2006).
a dinâmica folicular em animais zebuínos tem-se 
mostrado diferente da de bovinos de raças europeias, 
de modo que o diâmetro dos FDs e a área do Corpo 
Lúteo (CL) são menores nas fêmeas zebuínas (BORGES 
et al., 2001). Rasi (2005) ressalta que a emergência da 
terceira onda folicular está associada a uma fase luteí-
nica mais prolongada (Figura 1).
figura 1b. Ciclos estrais
 B. três ondas foliculares
figura 1a. Ciclos estrais
a. duas ondas foliculares
14
a
mm
↑P4; ↓LH ↓P4; ↑e2; ↑LH
10
6
2
Dia 0 Dia 10 Dia 20
P4; LH
14
mm ↑P4; ↓LH
↑P4; ↓LH
↓P4; ↑e2; ↑LHB
10
6
2
Dia 0 Dia 8 Dia 16 Dia 23
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201474
SeleÇão e SINCroNIzAÇão De reCePtorAS
as receptoras de embriões necessitam de cuida-
dos tão rigorosos quanto os dispensados às doado-
ras. Os cuidados, em relação à sanidade (iBR, BvD, 
leptospirose, tuberculose, brucelose, tricomonose), 
nutrição, mineralização de qualidade e fertilidade, 
influenciam significativamente os resultados da téc-
nica (teCNOPeC, 2010).
Geralmente são utilizadas fêmeas cruzadas como re-
ceptoras jovens (zebu x taurino), com boa capacidade 
de conversão alimentar, alta fertilidade e boa habilida-
de materna. em geral, as receptoras eram descartadas 
após a primeira cria, porém atualmente o reaproveita-
mento de receptoras tem se tornado comum, pois os 
preços praticados pelos fornecedores de receptoras 
têm se tornado cada vez maiores (TECNOPEC, 2010).
algumas considerações devem ser feitas em rela-
ção à sincronia da receptora com a doadora, tendo 
em vista que, no momento da colheita, os embriões 
apresentam uma importante variabilidade em seus 
estágios de desenvolvimento (24 a 36 horas de dife-
rença) (HaFeZ, 1995). sendo assim, é adequado ter 
um grau de sincronia de aproximadamente 24 horas 
entre a doadora e a receptora, o que permite ele-
ger a receptora mais apropriada para cada tipo de 
embrião colhido.
ASSoCIAÇão De ProGeStáGeNoS e eStrADIol
a função principal do estradiol (e2) é de induzir a re-
gressão dos folículos antrais em crescimento. Os resul-tados mais eficazes foram obtidos quando o estradiol 
foi aplicado até 1 dia depois da inserção do implante 
de progesterona (P4).
O mecanismo pelo qual o estradiol causa regres-
são folicular envolve a inibição do FsH, até que o e2 
seja metabolizado. a partir de então, o FsH volta a 
aumentar seus níveis e uma nova onda folicular é re-
crutada. A dose de 5 mg de E2 causa uma emergên-
cia folicular 4 dias após sua aplicação. O benzoato de 
estradiol (Be), na dose de 5 mg, possui efeito similar. 
Os ajustes nos protocolos são controversos, mas tem-
se notado maior sincronização da emergência folicu-
lar, quando o Be é aplicado no dia 0 com 50 mg de P4 
(MORieRa et al., 2000).
tríbulo (2000) sugere a inserção do dispositivo de 
liberação lenta de P4 (PRiMeR et al., 2000) combinado 
com 2 mg de Be no dia 0 e uma aplicação de prosta-
glandina F2α (PGF2α) no dia 7, ou seja, no momento da 
retirada do CiDR, e mais uma dose de 1 mg de Be no 
dia 9, sendo que para todas as vacas foram considera-
das que o dia 10 era o dia do estro (Figura 2).
SUPLEMENTO CIENTíFICO
figura 2. Protocolo para transferência de embriões em tempo 
fixo para receptoras cíclicas
BE PGF 2α BE
CL
14
10
06
02
Dia 0 Dia 4,3 Dia 8 Dia 9 Dia 17 Inovul
P4
PROTOCOLO DI.P4: OVUL SIMPLES
mm
Fêmeas que falham na concepção apresentam me-
nores níveis de progesterona do que aquelas que con-
cebem. O desenvolvimento embrionário e a habilidade 
do concepto em secretar interferon τ estão relaciona-
dos com a concentração sérica de progesterona.
Uma forma estudada para aumentar a concentração 
de progesterona plasmática é a indução de múltiplas 
ovulações, por meio da indução de maior recrutamen-
to folicular pela utilização de gonadotrofina coriônica 
equina (eCG) (Figura 3a) ou FsH (Figura 3B) durante o 
protocolo de sincronização.
BE BE
eCG
400 UI
PGF 2α
P4
SUPEROVULAÇÃO DE RECEPTORASA
14
10
06
02
Dia 0 Dia 5 Dia 8 Dia 9
↑P4
mm
figura 3a. Protocolo de superovulação.
a. utilizando eCG
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 75
figura 3b. Protocolo de superovulação.
b. utilizando fsH
BE LHPGF 2α
P4
FSH
SUPEROVULAÇÃO EM TEMPO FIXOB
14
10
06
02
Dia 0 Dia 4 Dia 7 Dia 8
↑P4
mm
SeleÇão e SUPeroVUlAÇão (SoV) DAS DoADorAS
Entende-se por doadoras as fêmeas que de alguma 
forma contribuam para o ganho genético de um reba-
nho. as doadoras devem ter características superiores 
à média de produtividade encontrada no rebanho, 
pois assim multiplica-se qualidade. vacas sadias que 
já atingiram a puberdade devem ser escolhidas. Doa-
doras que apresentam problemas reprodutivos, ciclo 
estral irregular, metrite e/ou anestro não respondem 
bem ao tratamento superovulatório.
SUPLEMENTO CIENTíFICO
figura 4. Protocolo de superovulação baseado no cio natural associado com FSH + PGF2a
figura 5. Protocolo de superovulação em e2 + P4 + CIDr + PGF2a
 dia 0 10 11 12 13 14 15
MANHÃ CIO FSH FSH FSH
PGF2a
FSH CIO IA
TARDE FSH FSH FSH
PGF2a
FSH IA
 dia 0 4 5 6 7 8 9
MANHÃ P4 + E2 + 
CIDR® FSH FSH FSH
FSH
CIDR®
(Retirada)
CIO IA
TARDE FSH FSH FSH
PGF2a
FSH IA
a sOv é o aumento do número fisiológico de ovula-
ções, próprio de cada espécie, provocado pela adminis-
tração exógena de gonadotrofinas. Nos bovinos, consi-
dera-se que houve resposta ao tratamento quando se 
conseguem mais de duas ovulações. a sOv, portanto, é 
um método que estimula diversos folículos terciários a 
se desenvolverem até o estágio de pré-ovulação, com 
subsequente ovulação (Rasi, 2005). 
a resposta das doadoras à sOv apresenta grande va-
riabilidade tanto na taxa de ovulação quanto na produ-
ção de embriões viáveis. Há grande efeito da idade da 
doadora, do coeficiente de endogamia da doadora, da 
ordem de colheita, da dose da droga e do número de 
inseminações sobre esses resultados (PeixOtO et al., 
2002). as doadoras podem ser superovuladas repeti-
damente a cada 40 dias, durante um período de 1 a 2 
anos, com resultados satisfatórios (HasLeR, 2003).
Utilizando o cio natural, realizam-se oito aplicações de 
FsH com intervalos de 12 horas, para aumentar o recruta-
mento dos folículos, e, no terceiro dia da sOv, realizam-se 
duas aplicações de PGF2α promovendo a luteólise, para 
que haja redução da P4 e consequente pico de LH, ocor-
rendo, assim, a ovulação (Figura 4) (Rasi, 2005).
O uso de P4 e e2 em protocolos foi um grande avan-
ço para a biotecnologia da reprodução animal, permi-
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201476
tindo que a sOv fosse iniciada em fases aleatórias do 
ciclo estral dos bovinos. O Be, em protocolos de sOv, é 
utilizado com a função de suprimir o desenvolvimento 
folicular e sua resposta é mais eficaz quando combina-
do com aplicação de P4 iM na introdução de implante 
vaginal, CiDR®, de P4 (Figura 5) (Rasi, 2005).
Nem sempre a ovulação está sincronizada nos trata-
mentos de sOv e, portanto, há dificuldade no acerto 
das inseminações realizadas, levando à recuperação 
de inúmeras estruturas não fecundadas. O hormônio 
liberador de gonadotrofina (GnRH) tem sido utilizado 
para controle da ovulação no final destes protocolos, 
assim como o LH (Figura 6).
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Figura 6. Protocolo de superovulação com e2 + P4 + CIDr + P4 F2a + GNrH/lH para a inseminação em tempo fixo
figura 7. Protocolo tetF para doadoras taurinas
figura 8. Protocolo tetF para doadoras zebuínas
 dia 0 4 5 6 7 8 9
MANHÃ P4 + E2 + 
CIDR® FSH FSH FSH
PGF2a
FSH
CIDR®
(Retirada)
GnRH/LH IA
TARDE FSH FSH FSH
PGF2a
FSH IA
 dia 0 4 5 6 7 8 9 16
MANHÃ
Inserir 
PRIMER + 
3ml RIC-BE
Foltropin Foltropin Foltropin Foltropin IA
Coleta de 
Embriões
TARDE Foltropin Foltropin Foltropin + 
2ml Prolise
Foltropin
Retirada 
PRIMER
Lutropin IA
 dia 0 4 5 6 7 8 9 16
MANHÃ
Inserir 
PRIMER + 
3ml RIC-BE
Foltropin Foltropin Foltropin Foltropin Lutropin IA
Coleta de 
Embriões
TARDE Foltropin Foltropin Foltropin + 
2ml Prolise
Foltropin
Retirada 
PRIMER
IA
O protocolo de Transferência de Embriões em Tem-
po Fixo (tetF) para doadoras taurinas consiste em 
aplicar no dia do início do protocolo (D0) 3 ml de Be 
(Ric-Be®) e inserir um dispositivo de liberação de P4 
(Primer®), no dia 4 iniciar a sOv com oito doses de FsH 
(Folltropin®) aplicadas de 12/12 horas, no dia 6 às 18h 
se usa PGF2α (Prolise®), no dia 7 às 18h se retira o dis-
positivo de liberação de P4, no dia 8 às 18h usa-se LH 
(Lutropin®), no dia 9 fazem duas inseminações artifi-
ciais, sendo uma às 6h e outra às 18h. a colheita dos 
embriões é realizada no dia 15 (Figura 7) (teCNOPeC, 
2010). Já o protocolo recomendado para sOv em doa-
doras zebuínas é diferente das doadoras taurinas, em 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 77
Os embriões viáveis encontrados devem ser avaliados 
e classificados segundo os critérios da da internatio-
nal embryo transfer society (iets) (stRiNFFeLLOW; Gi-
veNs, 2010):
exCeLeNte ou BOM (grau i) – estágio de desenvol-
vimento corresponde ao esperado; massa embrionária 
simétrica e esférica com blastômeros individuais que 
são uniformes em tamanho, cor e densidade; forma 
regular a Zona Pelúcida (ZP) não deve apresentar su-
perfície côncava ou plana, deve ser lisa e, preferencial-
mente, intacta; menos de 15% de células extrusadas.
ReGULaR (grau ii) – estágio de desenvolvimento 
corresponde ao esperado; forma regular, ZP intacta 
ou não, irregularidades moderadas na forma geral da 
massa embrionária ou no tamanho; pelo menos 50% 
das células compõem massa embrionária viável; me-
nos de 15% de células extrusadas.
POBRe (grau iii) – estágio de desenvolvimento não 
corresponde ao esperado; irregularidades maiores na 
forma geral da massa embrionária ou no tamanho; 
menos de 75% das células degeneradas; pelo menos 
25% das células compõem massa embrionária viável.
MORtO OU DeGeNeRaDO (grau iv) – estágio de 
desenvolvimento não corresponde ao esperado: em-
brião em degeneração; massa embrionária de menos 
de 25% de todoo material celular presente no inte-
rior da ZP.
TransferênCia dos eMbriÕes
somente embriões classificados como grau i a iii de-
vem ser transferidos para receptoras. A transferência, 
de preferência, deve ser realizada por via transcervi-
cal. O embrião precisa ser previamente acomodado no 
centro de uma palheta de 0,25 ml (Figura 9).
as receptoras devem estar sincronizadas com a 
idade do embrião, ou seja, se o embrião tem 7 dias, 
a receptora deve ter ciclado 7±1 dias atrás. antes de 
transferir os embriões, avaliar o CL da receptora, con-
firmando a ovulação. A tranferência de embriões ou 
inovulação consiste na deposição do embrião no terço 
médio final do corno uterino ipsilateral ao CL. Utilizan-
do aplicador semelhante ao utilizado na inseminação 
artificial, passa-se a cérvix, realizando-se a inovulação 
o mais cranialmente possível, na luz do corno uterino 
ipsilateral ao CL.
SUPLEMENTO CIENTíFICO
que o indutor de ovulação (LH) é aplicado com 12 ho-
ras de antecedência e as inseminações artificiais tam-
bém são adiantadas 12 horas em relação às doadoras 
taurinas (Figura 8) (teCNOPeC, 2010).
Convencionalmente, a indução da sOv em vacas 
doadoras de embriões é realizada aplicando, por 
via intramuscular, doses decrescentes de FsH, duas 
vezes ao dia, durante 4 dias (duração da fase foli-
cular do ciclo estral). a aplicação de doses decres-
centes tem por objetivo mimetizar a queda fisioló-
gica do FsH durante a fase folicular, melhorando a 
resposta superovulatória.
ColHeiTa, rasTreaMenTo e ClassifiCação 
de eMbriÕes
a colheita normalmente é realizada com o animal 
em posição quadrupedal, por método transcervical, 
utilizando um sistema fechado. Realiza-se aneste-
sia epidural, utilizando 2 a 4 ml de lidocaína 2%, e 
limpeza do reto e rigorosa assepsia da região vulvar. 
Utiliza-se um cateter de silicone contendo um balão 
inflável na sua extremidade distal, guiado inicial-
mente por um mandril de metal em seu lúmen para 
torná-lo rígido, para que o cateter seja introduzido e 
posicionado em um dos cornos uterinos. Remove-se o 
mandril e infla-se o balão com 10 a 20 ml de ar, para 
evitar refluxo de líquido durante a lavagem. O balão 
deve estar no terço médio do útero, para que a lava-
gem seja realizada no terço final. O cateter é acoplado 
a um equipo ligado a uma bolsa de 1 l de PBs e a 
um filtro próprio para embriões. todo o equipamento 
está disponível comercialmente com custos acessí-
veis. Cada corno uterino é lavado aproximadamente 
10 vezes, massageando levemente, utilizando 500 ml 
de tampão fosfato-salino (PBs) para cada. O PBs deve 
estar numa temperatura de 25 a 30 ºC (ambiente). 
Devem-se manter 2 a 3 cm de líquido no filtro duran-
te a lavagem, para que as estruturas não grudem no 
fundo. O filtro com as estruturas colhidas deve seguir 
para o laboratório.
O conteúdo do filtro é transferido para uma placa de 
Petri previamente quadriculada, para procura dos em-
briões. Realizam-se duas procuras completas removen-
do todas as estruturas viáveis e inviáveis encontradas. 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201478
ProDUÇão in viTRo de eMbriÕes boVinos
as diversas vantagens e aplicações da Piv de em-
briões estão relacionadas à determinação e controle 
do sexo dos produtos; aumento da eficiência dos pro-
gramas de produção; rápidas e melhores possibilida-
des para executar programas de cruzamento; avalia-
ção do efeito materno sobre a descendência; rápida 
multiplicação de raças; facilidade de importação e ex-
portação de material genético da fêmea; formação de 
bancos de gametas congelados; aumento da eficiência 
do sêmen congelado de alto valor genético; e estudo 
e desenvolvimento de outras biotécnicas reprodutivas 
a partir da micromanipulação de gametas e embriões 
(GONÇaLves et al., 2002).
O advento da aspiração folicular in vivo ou Ovum Pick 
Up (OvU) e; e o aprimoramento das condições de culti-
vo in vitro tornaram viável a aplicação da Piv em escala 
comercial (GONÇaLves et al., 2007). Os índices atuais 
de blastocistos obtidos com a técnica de Piv de em-
briões giram em torno de 20 a 50% (média de 35%). 
segundo Gonçalves et al. (2002), cada fêmea bovina é 
capaz de produzir 50 a 100 embriões/ano, com um re-
gime de duas punções semanais por doadora, durante 
vários meses.
a OPU apresenta maior flexibilidade em relação à 
transferência de embirões, pois permite a obtenção de 
oócitos de fêmeas a partir dos 6 meses de idade (ainda 
com resultados inferiores nessa idade), de vacas pre-
nhes até o terceiro mês de gestação ou mesmo após 
o parto.
a aspiração folicular, duas vezes por semana, produz 
maior percentagem de embriões grau 1 e maior núme-
ro de embriões transferíveis do que aspirações reali-
zadas uma vez por semana (GiBBONs et al., 1994). No 
entanto, a aspiração folicular semanal de animais da 
raça Nelore pode produzir um bezerro por semana via 
Piv (WataNaBe et al., 1998), isso demonstra a capaci-
dade da associação OPU/Fiv de multiplicar de maneira 
rápida e eficiente animais geneticamente superiores.
Os complexos cumulus-oócito (COC´s) colhidos de-
vem ser separados em quatro categorias, de acordo 
com as características baseadas na compactação e 
transparência das células do cumulus e homogeneida-
de e transparência do ooplasma, utilizando o sistema 
de classificação descrito por Leibfried e First (1979). 
Consideram-se COCs viáveis os de classificação i a iii, 
sendo os COCs de classe iv descartados.
Grau i: oócitos com cumulus compacto e mais de três 
camadas de células. Ooplasma com granulações finas 
e homogêneas, preenchendo o interior da ZP e de co-
loração marrom (Figura 10a).
Grau II: oócitos com menos de três camadas de célu-
las do cumulus oophorus. Ooplasma com granulações 
distribuídas heterogeneamente, podendo estar mais 
concentradas no centro e mais claras na periferia ou 
condensadas em um só local, aparentando uma man-
cha escura. O ooplasma preenche todo o espaço inte-
rior da ZP (Figura 10B).
Grau iii: oócitos que possuem o cumulus presente, 
mas expandido. Ooplasma contraído, com espaço en-
tre a membrana celular e a zona pelúcida, preenchen-
do irregularmente o espaço perivitelino, degenerado, 
vacuolizado ou fragmentado (Figura 10C).
Grau iv: Oócitos desnudos sem células do cumulus, 
citoplasma com cor e granulação anormais ou com cé-
lulas expandidas com aspecto apoptótico (Figura 10D).
Para que o oócito seja capaz de ser fecundado 
e posteriormente se desenvolver até o estágio de 
blastocisto, precisa ser maturado e, durante essa 
fase, sofrer diversas transformações tanto em seu 
citoplasma quanto em seu núcleo. Durante todo o 
seu desenvolvimento, o oócito se encontra no es-
tágio diplóteno da prófase i; o reinício da meiose, 
ou maturação, tem início após o pico pré-ovulató-
rio de LH durante o estro. a retirada do oócito do 
contato com as células foliculares, in vitro, é sufi-
ciente para dar início ao processo de maturação 
nuclear. a maturação nuclear do oócito compreen-
de a progressão do estágio diplóteno prófase i até 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
Figura 9. esquema de palheta contendo o embrião
Meio Ar Meio + 
Embrião
Ar Meio Bucha
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 79
a fase de metáfase ii. O período de maturação in 
vitro varia de 18 a 24 horas em atmosfera contro-
lada contendo 5% de CO2 em ar e umidade satura-
da (GONÇaLves et al., 2007). 
Diferentes condições de cultivo e protocolos já fo-
ram testados, in vitro, para a maturação de oócitos; 
além disso, vários meios de maturação, como fluido 
sintético de oviduto (sOF; GaNDHi et al., 2000), Dul-
becco’s Modified Eagle Medium (DMeM), Ham’s F-10, 
Ham’s F-12 (sMetaNiNa et al., 2000) e meio de culti-
vo tecidual 199 (TCM 199), têm sido utilizados.
O cocultivo (espermatozoide e oócito) é realizado 
em temperatura de 39 °C, atmosfera com 5% de CO2 e 
umidade saturada. Os espermatozoides viáveis conti-
dos em uma palheta de sêmen precisam ser separados 
do plasma seminal,crioprotetores, extensores e dos 
espermatozóides, mortos antes de serem cocultivados 
com os oócitos. em bovinos, o método de separação 
espermática mais utilizado é o gradiente de PeRCOLL. 
após a separação, os espermatozoides são diluídos 
a uma concentração de 1 a 5 x 106 sptz/ml de meio 
(GONÇaLves et al., 2007).
O cocultivo de embriões com células somáticas 
foi utilizado, por muitos anos, com bons resultados. 
entretanto, esse sistema tem sido substituído ao 
longo do tempo por sistemas mais simples que uti-
lizam meios semidefinidos como os meios Charles 
Rosenkrans-1 (CR-1), Charles Rosenkrans-2 (CR-2; 
ROseNKRaNs et al., 1993), meio simples otimizado 
enriquecido com potássio (KsOM) e fluido sintético 
de oviduto (sOF) associados a uma atmosfera gasosa 
controlada contendo baixa tensão de oxigênio (GON-
ÇaLves et al., 2007). Fatores de crescimento como o 
semelhante à insulina (iGF-1) e fator de crescimento 
e transformação β1 (tGF 1) têm sido adicionados ao 
meio de cultivo in vitro objetivando melhorar o de-
senvolvimento embrionário (MatsUi et al., 1997).
O tempo de cultivo, in vitro, varia de 7 a 9 dias, 
em temperatura de 39 ºC com atmosfera controlada 
(5% de CO2) e umidade saturada. a taxa de blasto-
cistos, geralmente, é avaliada no sétimo dia de cul-
tivo in vitro e a taxa de eclosão in vitro, no nono dia 
(GONÇaLves et al., 2007).
BIPArtIÇão De emBrIÕeS
apenas 25% da massa celular total do embrião é 
requerida para manter sua viabilidade. Nesse caso, 
embriões bipartidos podem manter ainda razoá-
vel capacidade de desenvolvimento (WiLLaDseM e 
POLGe, 1981). 
a bipartição de embriões, com finalidades comer-
ciais, iniciou-se em meados da década de 1980 (BaKeR 
e sHea, 1985). a partir desse período, vislumbrou-se 
a possibilidade de aumentar a progênie de machos 
e fêmeas pela colheita e posterior bipartição de em-
briões. a bipartição permite aumentar o número de be-
zerros a partir de menor número de embriões (tORRes 
et al., 2012). 
Com o auxílio de um estereomicroscópio com base 
de transiluminação, acoplado a um dispositivo de 
micromanipulação mecânico, cada estrutura é po-
sicionada de forma a permitir uma divisão o mais 
equitativa possível da massa embrionária, objetivan-
SUPLEMENTO CIENTíFICO
figura 10. Classificação de oócitos segundo Stringfellow e Givens (2010): A. grau I, B. grau II, C. grau III e D. grau IV
A B C D
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201480
do a separação do embrião em duas metades com a 
maior semelhança. esse procedimento simplificado 
de bipartição embrionária utiliza lâmina metálica de 
microcirurgia (Figura 11) (FeRNaNDes et al., 2007). 
Os embriões podem ser bipartidos nas fases de mó-
rula, blastocisto inicial e blastocisto (OLiveiRa et al., 
2012). embriões na fase de mórula podem ser bipar-
tidos em qualquer sentido. aqueles na fase de blas-
tocisto são divididos de forma a se obter metades 
equitativas da blastocele e botão celular. 
A totipotência dos blastômeros isolados ou em gru-
pos pequenos já foi relatada, principalmente com cé-
lulas originadas de embriões de duas a oito células. 
Para embriões com estágio de desenvolvimento mais 
adiantado, a totipotência é dependente de um grupo 
maior de células (WiLLiaNs et al., 1984).
a separação dos blastômeros de embriões de duas 
a oito células pode ser obtida pela ruptura da ZP e 
posterior proteólise ou separação mecânica. Uma vez 
rompida a ZP, os blastômeros podem ser separados por 
SUPLEMENTO CIENTíFICO
figura 11. Sequência de bipartição de uma mórula, segundo Fernandes et al. (2007)
Jurandy mauro Penitente Filho 
Médico Veterinário
CRMV-MG nº 12856 
Doutorando pela UFV, Viçosa, MG
jurandy.filho@ufv.br
Ciro alexandre alves Torres
Médico Veterinário
CRMV-MG nº 1.475. 
Professor da UFV
Viçosa, MG
fabrício albani oliveira 
Médico Veterinário
CRMV-ES nº 1.486
Pós-Doutorando pela UFV
Viçosa, MG
repetidas pipetagens em meio de cultivo apropriado. 
Os blastômeros de embriões bovinos de oito células 
produzidos in vitro, mesmo após separação em duas 
metades, mostraram a mesma capacidade de desen-
volver para o estágio de blastocisto que os embriões 
de oito células intactos. além disso, uma alta taxa de 
gestação foi obtida com a transferência desses blasto-
cistos (taGaWa et al., 2008).
ConsideraçÕes finais
a utilização e o desenvolvimento de biotécnicas 
da reprodução em bovinos permitem o aumento da 
eficiência produtiva e reprodutiva. O número de des-
cendentes deixados por uma fêmea ao longo de sua 
vida aumentou com o aperfeiçoamento das técnicas 
de transferência de embriões, PIV e bipartição. Contu-
do, embora as técnicas apresentem resultados satis-
fatórios, pesquisas ainda são requeridas objetivando 
redução dos custos da produção de embriões, ainda 
proibitivos para a grande maioria dos proprietários.
auTores
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 81
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SUPLEMENTO CIENTíFICO
referênCias
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201482
SUPLEMENTO CIENTíFICO
consulToREs 2013
Med. Vet. adriana Cristina da silva 
CRMv-MG nº 13215
Med. Vet. andrigo barbosa de nardi 
CRMv-sP nº 17553
med. Vet. Célio mauro Viana 
CRMv-RJ nº 1729
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CRMv-PR nº 4392
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Med. Vet. luis augusto nero 
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Zootecnista luis fernando Teixeira albino 
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Med. Vet. sony dimas bicudo 
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ilu
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ra
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 p
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Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 83
OPINIÃO
Paulo Maiorka
A contribuição da 
experiência universitária 
para o desenvolvimento pessoal
Médico Veterinário. CRMV-SP nº 6928 
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade 
Federal de Santa Maria, mestre e doutor em Patologia 
Experimental e Comparada pela USP. Pós-doutor em 
Patologia Molecular pela OMS - IARC – França. 
Membro da CNEMV/CFMV.
N o final de janeiro, com-
pletou 1 ano da tragédia 
em santa Maria (Rs), resultado do 
incêndio da Boate Kiss e morte de 
estudantes, entre eles, muitos da 
Medicina veterinária e da Zootec-
nia, atingindo um centro universi-
tário de importância para as ciên-
cias agrárias do Brasil. ao refletir 
sobre o acontecido, nos depara-
mos com a importância da expe-
riência universitária e das relações 
que se constroem entre professo-
res, alunos e colaboradores. 
É no ambiente universitário 
que surgem as novas ideias e, 
com a autonomia do pensamento, 
surgem as mudanças internas, os 
novos paradigmas que norteiam 
as escolhas, e é moldado o cida-
dão/profissional que será inseri-
do na sociedade. 
a vida de um jovem estudante 
na universidade é repleta de de-
safios. É onde vivenciam debates, 
questionam, refletem sobre valo-
res existentes e novos e passam a 
ter uma nova visão do mundo.
É relevante ter oportunida-
de de participar de discussões e 
mudanças num ambiente flexível, 
informado e permeável ao novo. 
a capacidade de raciocínio, imagi-
nação e criatividade são enrique-
cidas pelas relações de amizades 
e convívios diversificados, nos 
quais também se aprende a res-
peitar a diversidade. 
Há espaço para a crítica, do-
tado das ferramentas e ambiente 
necessários para que as reflexões 
ocorram, colocando os jovens 
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201484
diante de desafios complexos na tentativa de pre-
pará-los para as responsabilidades sociais vindou-
ras e conciliar as diversas dimensões da vida, quais 
sejam: nas áreas profissional, familiar, social e polí-
tica, e nas suas crenças e espiritualidade.
Os docentes têm responsabilidade direta nes-
sa formação e a oportunidade ímpar de enriquecer 
essa experiência. São influenciadores, exemplos 
no processo de aceitação de novas ideias e for-
mação de conceitos pelos acadêmicos. Lidam com 
uma clientela que chega cada vez mais jovem à 
universidade, cheia de sonhos; é neste momento 
que sua maturidade e experiência poderão auxiliar 
o desenvolvimento do cidadão, entregando para a socie-
dade um profissional crítico, consciente e apto para a to-
mada de decisões.embora a relação aluno-professor possa parecer assi-
métrica, o processo de aprendizagem envolve a troca de 
informações e experiências. Uma tragédia, como a de San-
ta Maria, evidencia ainda mais a importância desses atores 
na vida um do outro. afinal, quantos, de ambos os lados, 
mudaram a forma de ver o mundo? De se relacionar? De se 
doar? Os professores devem assumir o papel de timoneiro 
nesses novos mares a ser navegados e se preocupar com a 
humanização de seu ambiente de trabalho. 
a fase universitária é uma etapa da vida que, além do 
técnico, deve ser norteada por vínculo afetivo que será 
eterno na memória e nos sentimentos dos que praticaram 
o ensino e o aprender. 
a sensação de pertencimento, de ser parte da história 
da instituição, é um elo forjado no amadurecimento cog-
nitivo, técnico e profissional, mas, sobretudo, deve ser hu-
mana, pois as universidades são feitas de pessoas, espaço 
da universalidade do saber, local da verdadeira evolução 
da nossa sociedade. 
Fui acadêmico de Santa Maria e, mesmo distante fi-
sicamente dos acontecimentos, não me faltaram a refle-
xão e o sentimento de solidariedade para com aqueles 
que passaram por momentos tão difíceis nesse último 
ano. Que santa Maria continue sendo uma instituição 
que zele pela humanização de suas salas de aula. 
Encontro, em 2013, com alunos e 
coordenador da Medicina Veterinária da UFSM
Arquivo SM
Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 2014 85
PUBLICAÇõES
O livro faz uma profunda e minuciosa revi-
são da anatomia, contém excelentes ilustrações 
e imagens de preparados e cada técnica é anali-
sada detalhadamente. aborda tópicos de fisio-
logia do sistema nervoso periférico, anestési-
cos locais, equipamentos e suas aplicações para 
anestesia locorregional e os diversos tipos de 
anestesia locorregional.
anestesia locorregional 
em Pequenos Animais 
Paulo Roberto Klaumann e 
Pablo ezequiel Otero 
2013
editora roca
www.medvetlivros.com.br
O livro aborda aspectos da anatomia dos sis-
temas reprodutores feminino e masculino, fisiolo-
gia e controle do ciclo estral, manejo reprodutivo 
e técnicas modernas de reprodução. trata também 
de aspectos relacionados à nutrição e reprodução, 
sanidade na reprodução, e conceitos de bem-estar 
animal e implicações práticas no manejo reprodu-
tivo em ovinos e caprinos.
Biotécnicas 
reprodutivas em 
ovinos e Caprinos 
Maria emilia Oliveira, 
Pedro Paulo teixeira e 
Wilter Ricardo Russiano
editora Medvet
www.medvetlivros.com.br
O livro preenche a lacuna existente no conhe-
cimento das implicações da relação de convivência 
e do intercâmbio de afeto entre as pessoas e o cão. 
tentando explorar esse caminho, os autores esta-
beleceram em um estudo, dois indicadores para a 
avaliação do bem-estar e apontaram, por meio da 
análise multivariada de correspondência múltipla, 
alguns possíveis fatores da relação homem-animal 
que estariam envolvidos com o bem-estar do cão.
a relação homem-animal: 
aplicação da Metodologia 
de investigação 
fenomenológica 
sheila Regina andrade Ferreira 
e Walter Motta Ferreira
editora novas edições 
Acadêmicas
www.nea-edicoes.com
a publicação tem por objetivo fornecer supor-
te aos Médicos veterinários que buscam uma pre-
paração adequada para prestar concursos públicos 
nas diversas instituições das esferas federal, esta-
dual e municipal. Trata-se de obra de cunho acadê-
mico, técnico e científico.
2.000 Questões para 
Concursos de Medicina 
Veterinária 
Organizado por 
sandra Maria Gomes thomé e 
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Revista CFMV Brasília DF Ano XX nº 61 Janeiro a Abril 201486
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