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ORIENTAÇÕES GERAIS | 165 pensamento computacional poderia estar sendo desenvolvido mesmo quando não utilizamos o computador, justifican- do-se no emprego dos fundamentos das habilidades da computação e não propriamente no uso do computador. Foi então que, principalmente aqui no Brasil, teve início uma vertente chamada “pensamento computacional despluga- do”, que nada mais é do que o desenvolvimento desse processo cognitivo do indivíduo, todavia sem o uso do computador. A BNCC prevê o desenvolvimento do pensamento computacional desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. E o pensamento computacional está presente quando os estudantes necessitam desenvolver uma representação do raciocínio lógico em atividades de todas as áreas do conhecimento. Ao utilizar os fundamentos do pensamento computacional na educação, podemos dizer que ele está relacionado a qua- tro pilares: reconhecimento de padrões, decomposição, algoritmo e abstração. Embora existam, como já dito, duas concep- ções do que seja o pensamento computacional, todos o entendem como um processo cognitivo que está conectado aos quatro pilares mencionados e estes são oportunizados em atividades e seções de todos os volumes desta coleção. Tomando por base que o pensamento computacional é um processo de pensamento que se fundamenta na com- putação, é preciso levar em conta como é o funcionamento de um computador, mas sem deixar de lembrar que a palavra computacional, que integra o termo, não se refere ao uso do computador em si, e sim à utilização de funda- mentos da computação. De maneira simples, podemos des- crever assim: quando alguma informação é inserida em um computador, ocorre a decomposição da informação em partes solucionáveis e um reconhecimento de padrões e, então, advém um sequencia- mento, um algoritmo, eventualmente re- cursivo. O pensamento computacional é um processo de raciocínio que solicita di- versos níveis de abstração para a identi- ficação do atributo principal, da princi- pal característica da solução para uma situação para que essa solução possa se tornar válida para diversos problemas se- melhantes. Isso implica que a abstração é algo que não acontece de uma hora para outra, mas somente após várias de- composições do problema em questões menores, logo, menos complexas, mais fáceis de resolver e, assim, chega-se ao reconhecimento de padrões existentes que geram o problema. Desse modo, ideias são geradas em um pensamento sequencial e recursivo, há a modelação de um problema e a di- visão dele em partes menores para de- senvolver a capacidade de abstração. Observe como essas ações se orga- nizam nos quatro pilares do pensamen- to computacional. SEBRAE. 4 habilidades desenvolvidas pelo pensamento computacional. Disponível em: https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/ files/44571/1540579736infografico4.jpg. Acesso em: 24 ago. 2020. Reprodução/Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora 145a182_V6_MATEMATICA_Dante_g21At_MPG.indd 165145a182_V6_MATEMATICA_Dante_g21At_MPG.indd 165 21/09/2020 14:1621/09/2020 14:16 166 A plataforma Programaê foi criada, em parceria pelas Funda- ções Telefônica Vivo e Lemann, para introduzir as linguagens de programação e o pensamento computacional em práticas peda- gógicas. No site é possível encontrar diversos tipos de material tanto para estudantes quanto para professores aprenderem e prepararem as práticas pedagógicas. Disponível em: http://pro gramae.org.br/. Acesso em: 24 ago. 2020. O Instituto Ayrton Senna também disponibiliza em seu site um rico material sobre o assunto: Educação integral por meio do pensamento computacional – Letramento em programação: re- latos de experiências e artigos científicos, organizado por Amilton Rodrigo de Quadros Martins e Adelmo Antonio da Silva Eloy (1. ed. Curitiba: Appris, 2019). Organizado em seções e capítulos, apresenta artigos sobre programação e pensamento computa- cional na Educação Básica e relatos de experiências envolvendo esses temas. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/ content/dam/institutoayrtonsenna/radar/estante-educador/ instituto-ayrton-senna-educacao-integral-por-meio-do- pensamento-computacional.pdf. Acesso em: 24 ago. 2020. MAIS SOBRE O ASSUNTO � Uso pedagógico de tecnologias digitais Ao longo da História, podemos perceber o desenvolvi- mento de diferentes tecnologias associadas à inteligência humana. Em um primeiro momento, foi a interação oral que estabeleceu a transmissão das informações e do conhe- cimento, fazendo-os circular nos diversos grupos sociais. Com a invenção da escrita, surgiu a possibilidade de estabelecer informações em esquemas de distribuição contínuas e lineares. Já com o advento da informática, tornou-se plausível estabelecer o uso do hiperlink, da li- gação que conduz a outras unidades de informação, em outra parte de um mesmo documento ou remetendo a outros documentos. No quarto capítulo da obra Fases das tecnologias di- gitais em Educação matemática: sala de aula e internet em movimento, dos autores Marcelo de Carvalho Borba, Ri- cardo Scucuglia R. da Silva e George Gadanidis, é men- cionado que a lousa, o lápis e o papel são exemplos de mídias do século passado que ainda estão presentes de modo intenso nas salas de aula. Portanto, cabe destacar que uma mídia, uma tecno- logia, não substitui a outra, a transforma: as informações, que primeiro eram transmitidas apenas oralmente, pas- saram a ter a possibilidade de ser distribuídas por escrito sem que a oralidade acabasse, e, atualmente, estão tam- bém informatizadas, sem que com isso se tenha parado de escrever e de falar. E naturalmente outras tecnologias devem surgir no futuro e passarão a ser utilizadas conco- mitante com as já existentes. Dessa realidade, é possível deduzir que novas tecnolo- gias trazem consigo a oportunidade de agilizar processos e levam à reorganização do pensamento. Sobretudo nas úl- timas décadas, com o crescimento e a popularização dos avanços tecnológicos, verifica-se a presença e a utilização das tecnologias digitais no dia a dia de modo geral, fazendo com que a introdução das tecnologias digitais no ambien- te escolar seja um processo já em andamento e irreversível. Tanto docentes quanto discentes estão inseridos nes- se contexto histórico-social e, por isso, a utilização de tec- nologias digitais nas práticas pedagógicas tem um enor- me potencial de contribuição para o processo de ensino e aprendizagem. Assim é em diversas áreas do conheci- mento humano, e com a Matemática não é diferente. Diferentes recursos tecnológicos podem ser usados como práticas, ou seja, maneiras diferentes de reorganizar o pensamento; nesta coleção, propiciamos atividades di- rigidas ao uso de diversas delas. Atualmente há uma gama de softwares que possibili- tam o ensino e a aprendizagem de conteúdos matemá- ticos diversificados cujo uso, de acordo com o Parecer CNE/CEB no 15/2000, se justifica pelo caráter pedagógico que oferece, propiciando um material rico, diversificado e com múltiplas formas contemporâneas de linguagem e que articula planejamento didático, objetivos, conheci- mentos e aplicações. Um exemplo matemático de tecnologia digital apli- cável nas aulas é o software GeoGebra. Criado pelo ma- temático austríaco Markus Hohenwarter (1976-), que ini- ciou esse projeto na Universidade de Salzburg, na Áustria, em 2001, o GeoGebra caracteriza-se como uma multi- plataforma gratuita, aplicável a todos os níveis de ensino, que combina Geometria, Álgebra, Números e Estatística em uma única aplicação. Uma atividade realizada no Geogebra, na qual se vai trabalhar com diferentes conteúdos que até então não se tinha tomado contato antes, oportuniza a reorganização da maneira de pensar, de modo diferente de como isso se daria com lápis e papel, exclusivamente. Não se trata de que um processo seja melhor nem pior do que o ou- tro, são apenas processosdiferentes. E essa diferença diz respeito à maneira como o conhecimento é produzido, a concepção sobre a produção de conhecimento. Quando tratamos de dispositivos móveis, os smartphones fazem parte da vida da maioria dos estudantes; mas também podemos considerar os ta- blets. Para retirar o celular do posto de “vilão” responsável pela dispersão e usá-lo a favor do ensino e da aprendi- zagem, contamos com diversos aplica- tivos. Retomando o exemplo anterior, há até mesmo a possibilidade de usar o GeoGebra no celular, podendo bai- xá-lo na loja oficial de aplicativos do sistema operacional do aparelho. Smartphone com o GeoGebra instalado. R e p ro d u ç ã o /w w w .g e o g e b ra .o rg 145a182_V6_MATEMATICA_Dante_g21At_MPG.indd 166145a182_V6_MATEMATICA_Dante_g21At_MPG.indd 166 21/09/2020 14:1621/09/2020 14:16