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GEOLOGIA E PEDOLOGIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Maria Carolina Stellfeld 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Solos são um importante componente da superfície terrestre. É no solo 
que assentamos as nossas aglomerações, produzimos nossos alimentos e, por 
vezes, retiramos recursos minerais importantes para a vida moderna. Nesta aula, 
conheceremos como os solos são formados, suas principais características e 
quais os fatores que influenciam nessa formação. Saberemos distinguir os 
principais elementos de um solo, do ponto de vista do seu perfil. Veremos como 
as ações antrópicas podem ser prejudiciais à conservação dos solos e de que 
modo elas podem também ser conservadora de solos. 
TEMA 1 – O QUE É SOLO? 
A pedologia (do grego, pedon – solo) é a ciência que estuda os solos e 
que divide espaço com a edafologia, a qual, no entanto, trata da relação dos 
solos com os seres vivos, plantas, organismo e o homem, visando o 
desenvolvimento e o cultivo de plantas. Nesta aula, trataremos da parte física do 
solo – formação e constituição. Essas diferenças trazem variações na definição 
dos solos, conforme o observador. Para as pessoas, de modo geral, solo é onde 
pisamos; para os engenheiros, solo é onde se podem erguer construções e para 
os agrônomos, solo é um meio para o cultivo de plantas. Já para a geologia, solo 
é o produto da decomposição da rocha, associada ao intemperismo. Portanto, 
são inúmeras das definições de solo, mas vamos conhecer a do Soil Taxonomy 
(1975, citado por IBGE, 2007), que é bastante completa e mostra a complexidade 
do entendimento pedológico: 
Solo é a coletividade de indivíduos naturais, na superfície da terra, 
eventualmente modificado ou mesmo construído pelo homem, 
contendo matéria orgânica viva e servindo ou sendo capaz de servir à 
sustentação de plantas ao ar livre. Em sua parte superior, limita-se com 
o ar atmosférico ou águas rasas. Lateralmente, limita-se gradualmente 
com rocha consolidada ou parcialmente desintegrada, água profunda 
ou gelo. O limite inferior é talvez o mais difícil de definir. Mas, o que é 
reconhecido como solo deve excluir o material que mostre pouco efeito 
das interações de clima, organismos, material originário e relevo, 
através do tempo. 
De acordo com essa definição, basicamente o solo é derivado da 
decomposição por intemperismo dos minerais que compõem as rochas, 
formando uma camada de material intemperizado sobre rochas sãs, também 
chamada de regolito. 
 
 
3 
Quando o solo é desenvolvido sobre uma rocha e não há transporte 
desses sedimentos pela erosão, mantendo a camada de intemperismo no 
mesmo local em que foi formada, o solo é designado como residual ou autóctone. 
Quando os solos formados pelo intemperismo são carregados pela erosão e 
depositam-se em outros sobre outras rochas ou solos, são chamados de solos 
transportados ou alóctones. 
Nem sempre é fácil distinguir um solo transportado de um solo residual, 
mas essa observação é muito importante do ponto de vista geotécnico e de uso 
do solo. Os solos residuais têm um desenvolvimento de perfil de maneira 
gradual, já os transportados normalmente apresentam descontinuidades no seu 
perfil. Uma das feições mais comuns de serem encontradas nessas 
descontinuidades é a presença da linha de seixos ou stoneline, que corresponde 
a um horizonte (superfície planar) de fragmentos rochosos, quase sempre 
compostos por quartzo proveniente de veios ou ainda de carapaças lateríticas – 
materiais resistentes ao intemperismo. Essa superfície pode ter diferentes 
gêneses, sendo que as mais comuns são a concentração de cascalhos por 
escoamento superficial, em uma paleosuperfície, ou uma acumulação residual 
resultante da dissolução e erosão de partículas mais finas de uma 
paleosuperfície. 
Figura 1 – Linha de seixos em perfil de solo, indicada na seta amarela 
 
Créditos: Joaquin Corbalan P/Shutterstock. 
 
 
4 
Em relação à composição, o solo contém três porções básicas: 
• Fração sólida – sedimentos e matéria orgânica; 
• Fração líquida – água e outras soluções; 
• Fração gasosa – aeração, gases de decomposição orgânica. 
A fração sólida é a mais presente, compondo 50% do solo, seguida das 
fases liquida e gasosa, com 25% cada uma, em média. Esses valores podem 
variar conforme os tipos de solo e as condições climáticas a que estão 
submetidos. 
Uma coisa importante a se notar é que, se existe fase líquida e fase 
gasosa no solo, é porque ele possui poros. A porosidade de um material está 
relacionada ao volume não ocupado por partículas sólidas. De modo geral, os 
poros maiores são ocupados por ar e os menores por água. Após um evento de 
precipitação, todos os poros ficarão saturados em água, que infiltrará lentamente 
até voltar a sua condição normal de umidade. Quando falamos em compactação 
do solo, estamos falando dessa estrutura porosa que quando compactada 
diminui (por exemplo, a infiltração da água), aumentando o escoamento 
superficial e diminuindo a recarga do aquífero livre. 
Além da porosidade, outras características são usadas na identificação e 
na classificação dos solos e de seus horizontes. A cor do solo pode indicar a 
presença de óxidos de ferro, quando tem cor avermelhada; ou presença de 
matéria orgânica quando são escuros. Os técnicos utilizam a Carta de cores 
Munsell para determinar as cores de solo corretamente, no entanto saber 
distinguir as diferenças tons amarelados, avermelhados, escuros ou claros é 
suficiente e fundamental para uma classificação mais assertiva. 
 A textura de um solo está relacionada à granulometria dos componentes 
minerais do solo, como quantidade de areia, argila ou silte presentes. A textura 
influencia no comportamento físico-químico dos solos e podemos imaginar o 
quanto se comporta diferente um solo com uma porção de areia maior em 
relação a um solo predominantemente argiloso. 
A estrutura do solo relaciona-se com o arranjo das partículas que 
compõem o solo. Essas partículas podem estar agregadas ou não, influenciando 
diretamente o desenvolvimento de raízes e o armazenamento de água. As 
estruturas podem ser no formato laminar, prismática, coluna, granular ou ainda 
 
 
5 
em blocos angulares ou subangulares, sendo que estes agregados podem variar 
em seu tamanho e coesão. 
 A consistência do solo é avaliada em função da adesão e da coesão das 
partículas sólidas, sendo que pode variar de seca a úmida, ou ainda molhada, 
quando o material adquire plasticidade, adquirindo capacidade de ser moldado 
ou não, conforme a quantidade e tipo dos argilominerais presentes no solo. 
 A observação de nódulos e concreções também é importante na 
classificação dos solos e devem ser descritos em função da sua quantidade, 
tamanhos, formas e natureza. São corpos sólidos cimentados e que se destacam 
na matriz, diferenciando-se pela organização interna presente nas concreções e 
ausente nos nódulos. 
TEMA 2 – FATORES FORMADORES DOS SOLOS 
A esta altura já conseguimos compreender que a dinâmica interna e 
externa do planeta são condicionantes das paisagens, de modo geral. Na 
formação dos solos, isso mais uma vez fica evidente, pois as diferentes 
características ambientais da dinâmica externa, somada a características 
minerais provenientes da dinâmica interna são os fatores formadores do solo, 
representados basicamente pela matéria de origem ou rocha parental, pelo clima 
– condição climática, relevo – topografia, organismos ou biosfera, além do tempo 
geológico, que permite os processos pedogenéticos atuarem de maneira mais 
ou menos intensa. 
2.1 Material parental 
Os minerais que compõem as rochas reagem de modo diferente ao 
intemperismo. Alguns são mais resistentes, como é o caso do quartzo, que 
praticamente não se decompõe, e outros muito instáveis, como sais e 
carbonatos. Na Figura 2, temos a série de Goldich, que mostra a relação da 
estabilidade do minerais peranteas intempéries. Vale comentar que uma porção 
dessa série é praticamente o inverso da série de cristalização magmática de 
Bowen. 
 
 
 
 
6 
Figura 2 – Série de Goldich e sua relação com a Série de Bowen 
 
Fonte: Teixeira, 2009. 
Nessa série, podemos ver que os minerais mais resistentes ao 
intemperismo são os óxidos de ferro e alumínio, justamente por serem produtos 
de intemperismo de minerais ricos em ferro e alumínio, seguidos do quartzo, que 
é o último mineral a se cristalizar em uma rocha magmática. Os argilominerais 
também são produtos de processos pedogenéticos (que serão vistos no próximo 
tema), e os minerais que os originam (os feldspatos) aparecem logo em seguida. 
Os minerais ferromagnesianos, apesar de silicáticos, não são muito 
resistentes ao intemperismo, e vale ressaltar que são os primeiros a se 
cristalizar. Minerais como calcita e halita (um sal e um carbonato) são altamente 
suscetíveis ao intemperismo, dissolvendo-se com facilidade na água. Assim, a 
composição mineralógica também altera a composição da água percolante, 
podendo variar seu pH e contribuir mais ou menos na dissolução ou precipitação 
de minerais. Podemos, então, concluir, de maneira simplista, que rochas 
graníticas – ricas em quartzo – são mais resistentes do que rochas basálticas, 
ricas em anfibólios. Sempre é bom lembrar que as estruturas e texturas da rocha 
também irão influenciar como o intemperismo atua naquele material rochoso. 
 
 
7 
2.2 Clima 
O clima é fundamental na gênese de solos. De maneira individual, é o 
fator que mais influencia o intemperismo porque é em função da condição 
climática que o regime pluviométrico e as temperaturas se estabelecem, e já 
sabemos que a água é fator imprescindível nos processos intempéricos e 
erosivos. É a quantidade de água que regula, por exemplo, a velocidade das 
reações químicas dos processos intempéricos e pedogenéticos. Portanto, 
quanto mais abundante for a quantidade de água e sua renovação no sistema, 
mais completas serão as reações químicas. A Figura 3 ilustra como os fatores 
climáticos influenciam os graus de intemperismo das rochas. Percebam que 
quanto maior a precipitação, mais profundo é o manto de alteração. Isso é bem 
visível em solos de florestas tropicais como a Amazônia, onde a profundidade 
dos solos pode atingir dezenas de metros. Assim, podemos sintetizar que em 
regiões tropicais os processos intempéricos e pedológicos se intensificam, e em 
regiões desérticas, os solos são menos complexos e mais rasos. 
Figura 3 – Relação entre os fatores climáticos e a espessura do manto de 
alteração e os diferentes processos pedogenéticos 
 
Crédito: Flávio Oliveira. 
 
 
8 
2.3 Topografia 
Imagine duas superfícies: uma plana e uma inclinada. Obviamente, na 
plana qualquer material tem a tendência de permanecer sem se movimentar, 
enquanto na inclinada o material tende a escorrer ou escoar. É dessa forma que 
o relevo topográfico influencia na formação dos solos. Em regiões de maiores 
declividades de encostas, a água escoa com uma velocidade maior, diminuindo 
seu poder de infiltração e carregando mais sedimentos em seu trajeto, entretanto 
em áreas mais planas, a água diminui sua velocidade de escoamento, permitindo 
uma maior infiltração e mantendo os sedimentos no local. Porém, é mister 
ressaltar que a drenagem das águas que infiltram também é fator importante 
para o desenvolvimento do perfil pedológico, pois é através do drenagem da 
água infiltrada que se carregam elementos solúveis para fora do ambiente, 
favorecendo o intemperismo químico. 
Assim, áreas planas com um bom poder de infiltração e de drenagem 
produzem solos mais espessos e evoluídos do que áreas planas e mal drenadas, 
e áreas íngremes normalmente produzem perfis de solo muito finos e pouco 
evoluídos, desfavorecendo o intemperismo químico e favorecendo a erosão. 
Figura 4 – Influência da topografia na intensidade do intemperismo e da erosão 
 
Crédito: Flávio Oliveira. 
 
 
9 
2.4 Biosfera 
A ação de microrganismos, plantas e animais favorece o intemperismo 
químico, pois eles secretam substâncias que deterioram mais facilmente as 
rochas. Líquens secretam ácidos sobre as rochas, iniciando processos 
formadores mais intensos do que se houvesse somente água. A decomposição 
da matéria orgânica também produz CO2, que diminui o pH do solo, favorecendo 
alguns processos intempéricos. Esses ácidos orgânicos conseguem ser mais 
eficientes na retirada de elementos químicos como ferro e alumínio de minerais 
silicáticos do que a água pura, mostrando que a biosfera é fator preponderante 
na formação do solo. 
Figura 5 – Exemplos de animais que contribuem para a formação do solo 
 
Crédito: Elias Dahlke. 
2.5 Tempo 
Não menos importante na formação dos solos temos o tempo, que está 
intrinsecamente ligado aos processos da terra. Sabemos que, ao longo do tempo 
geológico, a crosta terrestre já foi muito modificada. Desse modo, o tempo 
 
 
10 
também é capaz de produzir solos mais ou menos desenvolvidos, justamente 
por controlar quanto a duração dos processos intempéricos e pedogenéticos. 
São admitidos valores entre 20 a 50 milhões de anos para a formação de 1 metro 
de solo, lembrando que as condições climáticas e a rocha original também têm 
influência direta nessas taxas de formação de solo. Portanto, quanto mais tempo 
uma rocha for submetida a fatores formadores de solo, mais complexos serão 
os solos. Mas é importante observar que, mesmo em condições extremamente 
favoráveis para os processos intempéricos e pedogenéticos, como alta 
precipitação, rochas pouco resistentes e topografia adequada, são necessários 
milhões de anos para constituir um metro de solo. Daí conclui-se que a 
conservação dos solos é inadiável, visto que é um recurso natural não renovável 
na escala de tempo humana. 
Figura 6 – Como o tempo geológico influencia na formação de solos 
 
Crédito: Flávio Oliveira. 
TEMA 3 – PERFIL 
Durante a aula, já falamos sobre o perfil do solo, mas agora vamos 
conhecer mais detalhadamente o que é isso. Os solos podem ser analisados 
levando-se em conta um perfil, que é a representação de seus estratos – 
horizontes –, em um corte vertical da superfície até a rocha sã, como vemos na 
Figura 7. 
 
 
11 
Figura 7 – Perfil de solo, com horizontes bem distintos 
 
Créditos: Levgenil Meyer/Shutterstock. 
Um horizonte de solo pode ser compreendido como uma camada de 
porção sólida (minerais e/ou matéria orgânica) aproximadamente paralela à 
superfície do terreno e que apresenta características produzidas por processos 
pedogenéticos. Os horizontes de solo ainda interagem entre si, sendo às vezes 
a origem ou a causa de outro horizonte. 
Os horizontes podem ser classificados como horizontes genéticos ou 
pedogênicos que, como o próprio nome diz, descreve geneticamente o horizonte 
com uma percepção qualitativa, e em horizonte diagnóstico onde são descritas 
característica distintivas, de caráter mais quantitativo. De modo geral, as 
classificações dos perfis baseiam-se nas características distintivas dos 
horizontes. 
A seguir, são descritos os principais horizontes encontrados num perfil 
típico de solo. Ressalta-se que nem sempre todos os horizontes estão presentes 
num perfil, variando conforme as condições de formação de cada solo. 
• Horizonte O: de cor escura, com muita matéria orgânica e detritos animais 
e vegetais. Pode estar saturado de água, sendo então denominado H em 
alusão a hidromórfico; 
 
 
12 
• Horizonte A: apresenta cores escuras e muita matéria orgânica, porém, 
com proporção maior de componentes minerais, onde se desenvolvem 
raízes e outras atividades biológicas. Está logo abaixo do horizonte O, 
quando este é presente. Aqui também se desenvolve a decomposição de 
minerais, com destaque para Fe, Al e argilominerais; 
• Horizonte B: constituído em sua maior parte por minerais argilosos,é 
espesso quando os solos são desenvolvidos e profundos. Associado à 
argila, é comum a presença de Fe, Al, Si e acúmulo de óxidos, todos 
concentrados por processos pedogenéticos; 
• Horizonte C: por ser pouco afetado pelos processos pedogenéticos, 
guarda semelhança com a rocha de origem, principalmente em relação à 
cor e às vezes à estrutura da rocha. Pode ser chamado de saprolito. 
Tendo em vista as condições de horizonte C, podem ser formados os 
horizontes acima dele, ou seja, o material parental começa a ser afetado 
pelo intemperismo, iniciando os processos formadores do solo; 
• Horizonte R: corresponde à rocha sã, ou seja, que não sofreu 
intemperismo nem processos pedogenéticos. Nem sempre esse horizonte 
é uniforme, pois depende de a rocha-mãe ter estruturas ou não que o 
intemperismo pode ter atacado. No entanto, para questões de distinção, 
nesse horizonte predomina a rocha sem alteração. 
Quando nos deparamos com um perfil de solo, é necessária a 
compreensão desses horizontes para entendermos as características de cada 
tipo de solo. Nesse sentido, uma descrição de solo deve incluir a descrição dos 
perfis, com uma descrição dos seus parâmetros morfológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Figura 8 – Representação esquemática dos tipos de horizontes em um perfil de 
solo típico 
 
 
Créditos: Amadeu Blasco/Shutterstock. 
TEMA 4 – PROCESSOS PEDOGENÉTICOS 
Processos pedogenéticos são derivados dos fatores de formação de um 
solo, ou seja, cada fator de formação de solo desencadeia reações e 
mecanismos físicos, químicos e biológicos, que vão originar os diferentes tipos 
de solos e seus horizontes distintos. Esses processos são divididos em 
múltiplos e específicos. 
Os processos múltiplos são divididos em quatro categorias: processos de 
adição, de remoção, de translocação e de transformação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Figura 9 – Processos pedogenéticos múltiplos 
 
Créditos: Elena Arkadova/Shutterstock. 
As adições são processos que somam elementos provenientes do 
ambiente de modo geral. A maior parte das adições é proveniente da biota, 
principalmente da parte aérea e raízes de plantas e excrementos de animais, 
assim como sedimentos trazidos pela água ou vento. Elementos químicos 
 
 
15 
ionizados, nitrogênio capturado da atmosfera, fertilizantes e corretivos também 
podem fazer parte dos processos de adição de matéria ao solo. 
Já os processos de remoção são aqueles que subtraem matéria do solo. 
Destacam-se os sais, lixiviados e eluviados, assim como sedimentos levados 
pela erosão. A perda de sílica em solos bem desenvolvidos também é um 
importante processo pedogenético de remoção, assim como a absorção de 
nutrientes pelas plantas. Deve-se ter em conta que os materiais que são 
retirados em um horizonte podem ser depositados em outro ou serem levado 
para fora do sistema. 
Processos pedogenéticos de translocação são aqueles em que as trocas 
de material se dão dentro do sistema (ou do perfil), sendo que não há nem adição 
nem subtração de substâncias, e estão associados à manutenção da água no 
perfil, seja por uma precipitação inadequada ou por drenagem ruim, provocando 
uma demora nos processos de lixiviação e percolação da água no solo, 
originando a movimentação de partículas entre os horizontes. A argila 
notadamente é um material que está envolvido em processos de translocação, 
sendo movimentada para cima ou para baixo no perfil, conforme os fatores 
formadores atuam. Do mesmo modo, o produto da decomposição da matéria 
orgânica e sesquióxidos de ferro e alumínio são comuns em processos de 
translocação, acumulando-se e dando origem a outros horizontes diagnósticos. 
Por fim, os processos múltiplos de transformações podem ser de caráter 
físico ou químico. Os de caráter físico relacionam-se à formação da estrutura do 
solo por processos de mudança de volume por presença ou não de água, além 
do efeito do crescimento de raízes e de bioturbação. As transformações químicas 
estão ligadas aos processos de intemperismo químico como a oxidação e a 
redução, assim como os processos de dissolução, hidratação e hidrólise. Essas 
transformações causam a alteração química das rochas (o verdadeiro 
intemperismo), fornecendo as mudanças químicas e elementos que farão parte 
dos processos pedogenéticos. 
Os processos específicos tratam cada mudança ocorrida no solo de 
maneira individualizada, como a silicificação, que é acúmulo de sílica em 
determinado horizonte, ou a ferruginização, que é a oxidação dos minerais de 
ferro – a conhecida ferrugem. O quadro a seguir lista os processos 
pedogenéticos específicos, relacionando aos processos múltiplos uma breve 
descrição de cada um e o exemplo de ocorrência. 
 
 
16 
Quadro 1 – Processos pedogenéticos 
Processos 
pedogenéticos 
específicos 
Processos múltiplos Descrição resumida do processo Exemplo de 
ocorrência 
Ferralitização Remoção, 
transformação e 
translocação 
Remoção de sílica e concentração 
de óxidos de Fe e Al. 
Latossolos, 
Nitossolos, caráter 
ácrico 
Silicificação Transformação e 
translocação 
Migração e acúmulo de sílica 
cimentando estruturas ou a matriz 
do solo 
Latossolos e 
Argissolos 
Amarelos coesos 
Plintitização e 
laterização 
Transformação e 
translocação 
Redução e translocação de Fe e 
oxidação e precipitação originando 
mosqueados, plintita ou 
petroplintita 
Plintossolos 
Lessivagem ou 
argiluviação 
Translocação Migração vertical de argila no solo Argissolos, 
Luvissolos, 
horizontes E, 
lamelas 
Podzolização Transformação e 
translocação 
Migração de complexos de Fe, Al e 
matéria orgânica no solo com 
acúmulo em horizonte iluvial, com 
ou sem sílica 
Espodossolos, 
Ortstein 
Gleização Remoção, 
transformação e 
translocação 
Redução de Fe em condições 
anaeróbias e translocação 
formando horizontes acinzentados 
com ou sem mosqueados 
Gleissolos, 
Planossolos 
Calcificação ou 
carbonatação 
Translocação Acumulação de CaCO3 com 
nódulos ou horizonte endurecido 
Luvissolos, 
Chernossolos 
Rêndzicos 
Ferrólise Remoção, 
transformação e 
translocação 
Destruição de argila com formação 
de horizonte B textural 
Planossolos, 
Argissolos 
Salinização Translocação Acumulação de sais por 
evaporação no horizonte superficial 
ou na superfície do solo 
Gleissolos sálicos 
Sulfurização ou 
tiomorfismo 
Transformação e 
translocação 
Acidificação do solo causada pela 
oxidação de compostos de enxofre 
Gleissolos 
Tiomórficos 
Fonte: Kämpf; Curi, 2012. 
TEMA 5 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E SUA CONSERVAÇÃO 
Solos são estruturas presentes em todo o globo, com diversas 
características e ambientes, e todos têm fragilidades naturais. Além disso, os 
solos são um recurso natural não renovável, ao menos na escala de vida 
humana. Desse modo, práticas sustentáveis devem ser norteadoras para o uso 
e ocupação do solo. Aqui cabe lembrar do conceito de paisagens e perceber que 
cada tipo de solo pode originar um tipo de paisagem, como num equilíbrio natural 
de desenvolvimento natural de acordo com as situações que ocorrem naquele 
espaço. Quando falamos de ocupação antrópica, tanto rural quanto urbana, ela 
 
 
17 
sempre vai alterar o equilíbrio de uma paisagem e, consequentemente, dos solos 
que ela apresenta. 
 Situações como o desmatamento expõem os solos a diferentes fatores 
que reduzem os nutrientes presentes, deixando um solo pobre, num processo 
chamado de lixiviação. Mas a redução se dá também em nível não só de 
elementos químicos que denotam fertilidade a um solo, mas também nos 
próprios sedimentos. A exposição do solo a gotas de chuva desagrega as 
partículas que são carregadas para outros locais, causando o que chamamos de 
erosão laminar. 
Se o desmatamento se segue com a produção de pecuária extensiva, o 
pisoteamento compacta o solo, diminuindo a porosidade, mudando sua estrutura 
e muitas vezes reduzindo também a infiltração da água, além de prejudicaro 
desenvolvimento da biota do solo. 
A diminuição de infiltração dos solos também é causada pela 
impermeabilização do solo, principalmente em paisagens urbanas. São 
necessárias ações mais efetivas para que o escoamento superficial não seja 
intensificado com a impermeabilização. Alternativas de infiltração artificial de 
águas pluviais ajudam a recompor o escoamento subterrâneo, diminuindo o 
volume do escoamento superficial. Além da impermeabilização do solo, 
ocupações urbanas desordenadas, principalmente em áreas de recarga – ou de 
mananciais – podem poluir as áreas de recarga do lençol freático, prejudicando 
o abastecimento de água. 
Ortogonalmente, o uso consciente do solo traz benefícios imensuráveis, 
como a garantia dos serviços ambientais e o equilíbrio das funções sistêmicas 
que os solos garantem para o ambiente. 
A gestão ambiental de áreas degradas identifica o tipo de degradação e 
suas extensões, apontando soluções para a recuperação de áreas degradadas 
usando técnicas de manejo e conservação, transformando paisagens 
degradadas novamente em paisagens equilibradas do ponto de vista ambiental. 
Este deve ser o mote das ações de uma área que estuda técnicas para recuperar 
áreas em que o uso do solo foi degradante. Portanto, mesmo que o uso do solo 
tenha sido de algum modo degradante, sempre é tempo de recuperar o 
ambiente. 
 
 
18 
Mesmo assim, a consciência de que o solo é um recurso natural não 
renovável e precisa de conservação é premissa para o desenvolvimento 
sustentável, que é papel de todo profissional das geociências. 
Figura 10 – O uso e a ocupação do solo conscientes são fundamentais para a 
conservação do solo e da vida 
 
Créditos: 89Stocker/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Busque o mapa das províncias estruturais brasileiras e veja em qual delas 
está inserido o município onde você mora. Estude as principais características 
dessa província e encontre seus crátons, bacias e faixas presentes. 
FINALIZANDO 
Hoje vimos onde o território brasileiro está situado em termos globais, em 
relação às placas tectônicas. Vimos as grandes estruturas geológicas do país, 
que são divididas em províncias estruturais, ou seja, regiões com semelhanças 
em sua gênese geológica. Vimos, em maiores detalhes, os grandes grupos 
estruturais que fazem parte do Brasil. E também entendemos a importância da 
geologia e das geociências em relação ao desenvolvimento sustentável dos 
seres humanos no planeta Terra. 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ÄMPF, N.; MARQUES, J. J.; CURI, N. Mineralogia dos solos brasileiros. In: KER, 
J. C. et al. (Eds.). Pedologia: fundamentos. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira 
de Ciência do Solo, 2012. p. 81-145. 
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Formação do solo. 
Embrapa, S.d. Disponível em: <https://www.embrapa.br/solos/sibcs/formacao-
do-solo>. Acesso em: 14 out. 2021. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia. Coordenação de Recursos 
Naturais e Estudos Ambientais. 2019. Províncias estruturais, compartimentos 
de relevo, tipos de solos e regiões fitoecológicas. Rio de Janeiro: IBGE, 
2019. 
_____. Manual técnico de pedologia. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. (Manuais 
técnicos em Geociências, n. 4). 
TEIXEIRA, W. et al. 2009. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 2009.

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