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MÓDULO IV - SUBMÓDULO C NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS E MEDICINA DE TRÁFEGO A LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO E O SOCORRO DE URGÊNCIA UNIDADE 1 263 APRESENTAÇÃO Iniciamos este módulo com a apresentação da legislação a respeito dos primeiros socorros no trânsito e sobre as primeiras ações a serem tomadas no local do acidente. OBJETIVOS Os objetivos desta unidade são: • Apresentar a legislação acerca dos primeiros socorros no trânsito; • Identificar as primeiras providências a serem tomadas em um local de acidente; • Saber realizar a avaliação preliminar da vítima. INTRODUÇÃO Lamentavelmente, a ocorrência de acidentes no trânsito é uma re- alidade que ainda não conseguimos evitar. Como condutores e, portanto, responsáveis pela segurança no trânsito, devemos adquirir noções bási- cas de primeiros socorros e fazer o possível para preservar a vida e a integridade física de todos que integram esse contexto. Os primeiros socorros são procedimentos básicos que podem ser aplicados por qualquer pessoa, desde que ela saiba como agir correta- mente. Prestar socorro não significa apenas cuidar de lesões, mas tam- bém, ligar para a emergência, ser solidário ao acidentado, tentar acalmá- -lo. Cada pessoa deve agir de acordo com seus limites. Nesta unidade, veremos algumas providências que podemos tomar em caso de acidente, para prestar os primeiros socorros. 1. Legislação de trânsito e primeiros socorros O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) trouxe, dentre suas disposi- ções, a necessidade de que os candidatos à obtenção da habilitação para conduzir veículos submetam-se a exames de primeiros socorros no trân- sito, conforme a regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (CON- TRAN). A regulamentação mencionada pelo CTB foi introduzida no ordena- mento jurídico pela Resolução n.º 168 do CONTRAN, de 14 de dezembro de 2004, que estabelece normas e procedimentos para a formação de condutores de veículos automotores. 264 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO O portador da Carteira Nacional de Habilitação fica obrigado a se submeter a curso de primeiros socorros. Se a pessoa ainda não passou por um curso de primeiros socorros, terá que fazê-lo no instante da re- novação de sua CNH. Percebe-se, portanto, a relevância conferida e esse tema pelo legislador, que busca, dessa forma, a preservação da vida e da integridade física no trânsito. Cabe ressaltar que o assunto é retomado pelo CTB no capítulo que trata dos crimes de trânsito, quando, em seu artigo 304 estabelece ser crime “Deixar, o condutor do veículo na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública”. A pena para essa conduta é de seis meses a um ano de detenção, se o fato não der causa ao cometimento de crime mais grave (Gomes, 2002). Sobre o crime de omissão de socorro, é preciso esclarecer que a sua incidência ocorre somente em relação aos condutores dos veículos envol- vidos, não se aplicando a terceiros que estejam de passagem, isto é, se você está trafegando e ocorre um acidente logo à sua frente, é recomen- dável que você auxilie eventuais vítimas, mas, se não o fizer, essa atitude não será considerada um crime. É importante ressaltar, também, que o crime ocorre ainda que o so- corro seja prestado por terceiros, isto é, mesmo se a vítima não ficar de- satendida, ou ainda que ela tenha apenas ferimentos leves. A alegação de que a vítima faleceu instantaneamente também não afasta a ocorrência desse crime, uma vez que ao condutor não cabe, no momento do acidente, presumir as condições físicas da vítima. Somente um especialista poderá afirmar que houve óbito. O crime de omissão de socorro, no entanto, não obriga, a todos que se virem envolvidos em um acidente, atuar diretamente no atendimento da vítima. A chamada por socorro especializado já constitui ação sufi- ciente para afastar essa figura penal. Existem, ainda, outras ações que você poderá tomar para evitar o agravamento das condições da vítima. Vejamos quais são. Controle da situação Segundo a ABRAMET (2005), primeiros socorros são as primeiras providências tomadas no local do acidente até a chegada de um socorro profissional. Essas providências incluem: • Uma rápida avaliação da vítima; • Aliviar as condições que ameacem a vida ou possam agravar o qua- dro da vítima; • Acionamento correto do serviço de emergência local. 265 A sequência adequada de ações a serem realizadas é a seguinte: • Manter a calma; • Garantir a segurança; • Pedir socorro; • Controlar a situação; • • Realizar algumas ações com as vítimas. Embora, na situação, possa parecer difícil, é extremamen- te importante manter-se calmo após um acidente. Procure pensar antes de agir. Não faça algo por instinto ou impulso. Se ninguém tomou ainda a frente da situação, verifique se entre as pessoas presentes há algum médico, bombeiro, policial ou qualquer outro profissional acostumado a emergências. Mesmo que haja um profissional habilitado no local, no entanto, a melhor coisa a fazer é chamar o socorro profissional o quanto antes, já que nem sempre haverá materiais adequa- dos à disposição, no local, para tratar a vítima. É importante, também, sinalizar o lugar, para evitar que ocorram novos acidentes ou atropelamentos. Mais adiante, veremos técnicas de sinalização adequada. Um acidente pode apresentar riscos variados, tanto para as vítimas já envolvidas quanto para aqueles que estão aju- dando nos socorros. As principais situações de risco que po- dem seguir um acidente são: • Novas colisões; Uma sinalização adequada reduz bastante a possibilidade de que ocorram novas colisões. Tenha em mente, porém, que imprevistos acontecem e, portanto, é recomendável observar simultaneamen- te outras sinalizações, se houver. • Atropelamentos; Sinalizar bem o local e isolá-lo de curiosos pode evitar que ocor- ram atropelamentos. Direcione o fluxo de pessoas para que não haja pedestres na via. 266 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO • Incêndio; O risco de incêndio sempre existe, e aumenta bastante quando ocorre vazamento de combustível. Nesses casos, é importante adotar os seguintes procedimentos: • Afaste os curiosos. Se for fácil e seguro, desligue o motor do veículo acidentado. Oriente para que não fumem no local. • Pegue o extintor de seu veículo e deixe-o pronto para uso, a uma distância segura do local de risco. • Se houver risco elevado de incêndio, e principalmente com víti- mas presas nas ferragens, peça a outros motoristas que façam o mesmo com seus extintores, até a chegada do socorro. Os manuais de segurança no trânsito dos veículos costu- mam apresentar um espaço para que o condutor/proprie- tário anote a localização do extintor de incêndio no interior do veículo. Mantenha o manual de segurança no trânsito no porta-luvas do veículo. • Cabos de eletricidade; É possível que, em colisões com postes, fios elétricos se rompam e fiquem energizados na pista, ou mesmo sobre os veículos. É im- portante observar que alguns desses cabos são de alta voltagem e podem causar mortes. Jamais tenha contato com esses cabos, mesmo que ache que eles não estejam energizados. No interior dos veículos, as pessoas estão seguras desde que os pneus estejam intactos e não haja contato com o chão. Se o cabo estiver sobre o veículo, as pessoas podem ser eletrocutadas ao tocar o solo. Isso já não ocorre se permanecerem no interior do veículo, que estará isolado pelos pneus. • Óleo e obstáculos na pista; Fragmentos dos veículos acidentados devem ser removidos da pista onde há trânsito de veículos. Se possível, jogue terra ou areia sobre o óleo derramado. • Doenças infectocontagiosas É importante evitar qualquer contato com o sangue ou secreções das vítimas dos acidentes. Tenha sempre em seu veículo um par de luvas de borracha, que podem ser luvas de procedimentos usa- das pelos profissionais, ou simples luvas de borracha parauso do- méstico. 267 2. Verificação das condições gerais da vítima Após garantir a segurança do local, você poderá iniciar contato com a vítima, preocupando-se inicialmente com os sinais vitais. Ao se aproxi- mar, a primeira coisa a ser observada é o nível de consciência. Adote o A.V.D.I.: • Procure descobrir se a vítima está Alerta; • Veja se ela responde ao Estímulo Verbal; • Se ela não responder, efetue um Estímulo Doloroso; • Se não obtiver êxito, então a vítima deve estar Inconsciente. Em seguida, você deve observar se a vítima está respirando. Em vítimas de trauma, adotamos apenas a elevação do queixo e tração da mandíbula. Para realizar essa manobra, deve-se posicionar corretamente a cabeça da vítima erguendo levemente seu queixo, e facilitando assim a respiração. Jamais se devem fazer movimentos fortes ou bruscos, pois não se pode descartar a possibilidade de uma lesão da coluna cervical. Adote o Ver, Ouvir e Sentir para certificar que a vítima está mesmo respi- rando. Na sequência, verifique o pulso. Com o dedo indicador e anular, co- loque os dois dedos na cartilagem cricoide, deslizando para o lado. Você estará apoiado na artéria carótida. Segure a cabeça da vítima pressionando a região das orelhas e im- pedindo a movimentação da cabeça. Se a vítima estiver de bruços ou de lado, procure alguém treinado para avaliar se ela necessita ser virada, e pergunte como fazê-lo. Em geral ela só deverá ser virada se não estiver respirando. Se estiver de bruços e respirando, sustente a cabeça nessa posição e aguarde o socorro chegar. Terminada a verificação de sinais vitais, devemos nos preocupar em dar sequência ao atendimento, partindo para a avaliação secundária. Ve- rificamos, nesse caso: objetos encravados, deslocamento de articulações, estados de choque, hemorragias, e monitoramento de sinais vitais. 268 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO CONCLUSÃO Nesta unidade apresentamos a legislação acerca dos primeiros so- corros no trânsito. Discutimos sobre os primeiros procedimentos que de- vem ser realizados no caso de um acidente de trânsito. Finalmente, vimos como realizar uma avaliação inicial da vítima. 1. O crime de omissão de socorro, previsto no art. 304 do CTB, incide somente so- bre os condutores envolvidos em acidente e pode ser afastado se a vítima for socorrida por terceiros. O objetivo do CTB é apenas que a vítima não fique desatendida. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 2. São condutas indicadas para o caso de risco de incêndio no local do acidente as seguintes, exceto: ( ) Pegar o extintor de seu veículo, deixando-o pronto para uso. ( ) Afastar os curiosos. ( ) Orientar as vítimas a não fazer contato com o chão. ( ) Desligar o motor do carro. 3. Ao chegar ao local de um acidente, se a vítima estiver de bruços ou de lado, ela só deve ser virada se não estiver respirando. ( ) Verdadeiro ( ) Falso SINALIZAÇÃO DO LOCAL E ACIONAMENTO DE RECURSOS UNIDADE 2 271 APRESENTAÇÃO Esta unidade apresentará as técnicas para a adequada sinalização de um local de acidente, bem como os meios disponíveis para chamar pro- fissionais de emergência ao local. OBJETIVOS Os objetivos desta unidade são: • Conhecer as técnicas de sinalização do local de acidente; • Saber acionar corretamente as equipes de socorro. INTRODUÇÃO Conforme visto na unidade anterior, os procedimentos de primeiros socorros podem ser aplicados mesmo por quem não tenha contato dire- to com a(s) vítima(s) de um acidente. A sinalização do local, bem como o acionamento das autoridades responsáveis pelo socorro já constituem ações de primeiros socorros. Nesta unidade, veremos como sinalizar o local de um acidente ade- quadamente, e quais serviços de socorro podemos acionar. 1. A importância da sinalização Os acidentes de trânsito acontecem nas vias ou estradas, o que sig- nifica que haverá carros e pedestres circulando ao redor. Na maior parte das vezes, um acidente dificulta ou impede a circulação dos demais veícu- los, o que poderá gerar novos acidentes, ou até mesmo atropelamentos. Uma sinalização adequada, respeitando todas as técnicas, previne esses tipos de ocorrência. Como sinalizar Em primeiro lugar, certifique-se de que a sinalização vai ser perce- bida pelos demais motoristas da via antes que visualizem o acidente. Não adianta que vejam a sinalização quando já não há tempo para parar ou diminuir a velocidade. Uma sinalização adequada deve permitir aos moto- ristas reduzirem a velocidade, concentrarem-se e desviar, principalmente quando a via é de fluxo rápido ou se há obstáculos na pista, como é o caso de um acidente logo após uma curva. Se o acidente interferir no tráfego das duas mãos da via, a sinaliza- ção deverá ser realizada em ambos os sentidos. 272 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO É necessário, ainda, que todo o trecho, do início da sinalização até o acidente, seja demarcado, indicando quando houver desvio de direção. Se isso não puder ser feito de forma completa, faça o melhor que puder, aguardando as equipes de socorro, que deverão completar a sinalização e os desvios. É importante que, com a sinalização, você consiga manter também a fluidez do tráfego, isto é, apesar do afunilamento provocado pelo aciden- te, deve sempre ser mantida uma via segura para os veículos passarem. Faça isso por duas razões: se ocorrer uma parada no tráfego, o congestio- namento, ao surgir repentinamente, pode provocar novas colisões. Além disso, com o trânsito parado, as viaturas de socorro vão demorar mais a chegar. Conforme mencionado, a sinalização deve começar o quanto antes, para que os motoristas de outros veículos tenham tempo de se desviarem do acidente. As distâncias para o início da sinalização são calculadas com base no espaço necessário para o veículo parar após iniciar a frenagem, somando ao tempo de reação do motorista. Assim, quanto maior a veloci- dade, maior deverá ser a distância para iniciar a sinalização. Uma medida adequada é demonstrada na tabela a seguir, que relaciona a velocidade máxima do local com o número de passos até a colocação do objeto de sinalização. Nesse caso, não adianta falar em metros, pois dificilmente haverá condições para medir a distância, por isso, trabalha-se com passos, que podem ser contados em qualquer situação. Apenas para ilustrar, cada passo bem longo (ou largo) de um adulto corresponde a aproxi- madamente um metro. Tipo da via Velocidade máxima per- mitida Distância para iní- cio da sinalização (pista seca) Distância para iní- cio da sinalização (chuva, neblina, fumaça, à noite) Vias lo- cais 30 km/h 30 passos longos 60 passos longos Avenidas 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos Vias de pido 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos Rodovias 100 km/h 100 passos longos 200 passos longos 273 Com o que sinalizar? Há muitos materiais fabricados especialmente para sinalizar a via em caso de acidente. No entanto, na hora da ocorrência, você terá que usar aquilo que estiver à mão. Todos os veículos possuem como item de segurança obrigatório um triângulo. Use o seu triângulo e os dos moto- ristas que estejam no local. Não se preocupe, pois com a chegada das via- turas de socorro, eles já poderão ser substituídos por equipamentos mais adequados, e devolvidos aos seus donos. Você poderá usar ainda outros itens que forem encontrados nas imediações, como: galhos de árvore, cavaletes de obra, latas, pedaços de madeira, pedaços de tecidos ou plásticos. Observe que à noite, ou com neblina, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos como as lanternas, pisca-alerta, e com os faróis dos veículos, que devem sempre ser utilizados. O importante é lembrar que tudo que for usado para sina- lização deve ser de fácil visualização e nunca oferecer risco para os passantes e outros motoristas. Se chegar a uma curva quando você estiver contando os passos, pare a contagem. Caminhe até o final da curva e só então recomece a contar, a partir dozero. Faça a mesma coisa quando o acidente ocorrer no topo de uma elevação, sem visibilidade para os veículos que estão subindo. 2. Acionamento de recursos: bombeiros, SAMU, conces- sionária da via e outros Em grande parte do Brasil, podemos contar com serviços de atendi- mento às emergências que recebem chamados por telefone, fazem uma triagem prévia e enviam equipes treinadas em ambulâncias equipadas para o atendimento. Após uma primeira avaliação, os feridos são atendidos emergencialmente para, em seguida, serem transferidos aos hospitais. Os atendimentos de emergência são serviços gratuitos, com números de telefone padronizados em todo o Brasil. Use um celular, os telefones dos acostamentos das rodovias, os telefones públicos, ou peça para alguém que esteja passando telefonar. Os telefones de emergência mais comuns são: 190 Polícia Militar 191 Polícia Rodoviária Federal 192 SAMU 193 Resgate do Corpo de Bombeiros 199 Defesa Civil 274 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO Ao entrar em contato com o serviço de socorro, você deverá trans- mitir informações básicas sobre o acidente, para que haja o adequado di- mensionamento da equipe e dos equipamentos a serem providenciados. Procure informar que tipo de acidente ocorreu, quantas vítimas, o estado geral de cada uma, se há incêndio no local, se as vítimas estão presas nas ferragens, e outras informações que julgar relevantes. Seja sempre o últi- mo a desligar! É possível que o responsável pelo registro da ocorrência te- nha perguntas adicionais a fazer. Lembre-se de que quanto mais completo o seu relato, mais bem preparada a equipe estará! Onde houver esse recurso, o SAMU é o mais indicado para atender a maioria das vítimas de acidentes de trânsito. Já o Corpo de Bombeiros deverá ser acionado quando outras circunstâncias se apresentarem, como, por exemplo, aciden- tes com alguma vítima presa na ferragens ou com riscos de incêndio. Acidentes nas localidades que não possuem um sistema de emergência poderão contar com o apoio da Polícia Militar local. CONCLUSÃO Esta unidade teve dois objetivos principais. O primeiro foi o de co- nhecer as técnicas de sinalização do local de acidente. Sinalizações indevi- das podem provocar outro acidente. O segundo foi entender como acionar corretamente as equipes de socorro. Condutor, procure preservar o ma- nual de segurança no trânsito do seu veículo no porta-luvas, por exemplo. Não se esqueça de anotar os telefones de emergência de sua cidade, e outros que julgar importantes, na página de anotações do manual. 275 1. A sinalização deve ser iniciada tão logo os demais motoristas da via tenham contato visual com o acidente. Se as condições climáticas forem desfavoráveis, como em caso de chuva ou neblina, a sinalização deve ser iniciada a pelo menos 100 metros de distância do local do acidente. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 2. Acerca das distâncias mínimas de sinalização, relacione as colunas: 1) Via local ( ) 30 passos longos 2) Avenidas ( ) 100 passos longos 3) Vias de fluxo rápido ( ) 60 passos longos 4) Rodovias ( ) 80 passos longos 3. O Corpo de Bombeiros é o serviço de socorro mais adequado para atender todos os tipos de emergência, em especial aqueles em que houver vítimas presas nas ferragens ou risco de incêndio. ( ) Verdadeiro ( ) Falso ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE ACIDENTES UNIDADE 3 279 APRESENTAÇÃO Nesta unidade, vamos falar sobre como deve ser o atendimento às vítimas de acidentes de trânsito até que o resgate consiga chegar ao lo- cal. Vamos falar também sobre o que não se deve fazer ao tentar ajudar as pessoas que se acidentaram. OBJETIVOS Os objetivos desta unidade são: • Conhecer os procedimentos de atendimento inicial às vítimas de acidente de trânsito; • Conhecer o que não deve ser feito em relação ao atendimento des- sas vítimas. INTRODUÇÃO Depois de sinalizar adequadamente o local do acidente, verificar as condições gerais da vítima, e chamar ajuda, o próximo passo a ser seguido por aqueles que se encontram em uma cena de acidente de trânsito é pro- mover o atendimento inicial até que médicos ou paramédicos cheguem. As medidas adotadas por quem chega primeiro ao local podem ser decisi- vas para salvar vidas ou para o processo de recuperação das vítimas. Vamos falar um pouco sobre os cuidados com as vítimas de aciden- tes, de acordo com o estado das vítimas. 1. Fraturas Como sabemos, a fratura é a quebra de um osso, e pode ser provo- cada por uma pancada forte, uma queda ou um esmagamento, por exem- plo. As fraturas podem ser divididas em dois tipos: fechadas ou expostas. Nas fraturas fechadas, embora o osso esteja quebrado, a pele continua intacta. Já nas fraturas expostas, o osso rompe e atravessa a pele. • Nesses casos, os primeiros cuidados devem ser: • Evitar movimentar a vítima, a não ser para afastá-la de perigo iminente; • Tentar manter a vítima calma e aquecida; • • Imobilizar o osso com uma tala; • Manter o local da fratura em nível mais elevado que o resto do corpo; • Nos casos de fratura exposta, cobrir o ferimento com um pano 280 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO limpo para evitar contaminação do local. 2. Queimaduras Queimaduras são lesões provocadas pelo contato direto com uma fonte de calor ou com produtos químicos, entre outros. Pessoas com quei- maduras graves por uma grande extensão do corpo podem correr risco de morte. As queimaduras podem ser classificadas em três tipos, de acordo com sua intensidade: a) Queimaduras de primeiro grau: São aquelas que atingem apenas b) Queimaduras de segundo grau: São aquelas que atingem cama- das um pouco mais profundas da pele e caracterizam-se pela for- mação de bolhas e pela liberação de líquido. Provocam dor intensa e são perigosas quando atingem partes vitais do corpo; c) Queimaduras de terceiro grau: São aquelas que atingem todas as camadas da pele, podendo chegar aos músculos ou até mesmo ossos. Como os nervos são destruídos, a dor intensa não é uma característica desse tipo de ferimento. Em quaisquer casos de queimaduras, é importante: • Não passar nenhum produto sobre os ferimentos; • Não furar bolhas; • Não retirar roupas grudadas na área queimada; • Não retirar pele morta. 281 3. Hemorragias A hemorragia é a perda de sangue circulante em razão de um rom- pimento, cisão ou dilaceração de vasos sanguíneos. Quando o sangue sai dos vasos para fora do corpo dizemos que se trata de hemorragia externa. Nesses casos, deve-se tentar conter a hemorragia por meio da compres- são direta sobre o ferimento, da elevação do membro afetado ou da com- pressão de pontos arteriais. Quando o sangue sai dos vasos mas fica alojado dentro do corpo da vítima, trata-se de hemorragia interna. Como o sangramento não pode ser visto, é preciso prestar atenção aos sinais e sintomas da vítima e encami- nhá-la rapidamente a um pronto-socorro. Ao prestar os primeiros socorros a vítimas de hemorragia, é indispensável proteger as mãos. O contato direto com o sangue pode transmitir doenças como AIDS, hepatite, en- tre outras. 4. Parada Cardiorrespiratória A parada cardiorrespiratória ocorre quando a vítima deixa de res- pirar e o seu coração deixa de bater. Os motivos que fazem uma pessoa parar de respirar podem ser: • obstrução das vias aéreas por algum corpo estranho como, por exemplo, dentadura e pedaço de comida; • intoxicação por gases; • ingestão de venenos; • fortes descargas elétricas; • grave ferimento. De acordo com a American Heart Association - AHA (2015), houve mudanças nas diretrizes para a aplicação dos procedimentos em casos de parada cardiorrespiratória. Em linhas gerais, os socorristas leigos sem treinamento devem fornecer a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) so- mente com as mãos, com ou sem orientação de um atendente, para adul-tos vítimas de Parada Cardiorrespiratória (PCR). O socorrista deve conti- nuar a RCP somente com compressão até a chegada de um Desfibrilador Externo Automático - DEA ou de socorristas com treinamento adicional. Todos os socorristas leigos devem, no mínimo, aplicar compressões torá- cicas em vítimas de PCR. Além disso, se o socorrista leigo treinado puder realizar ventilações de resgate, as compressões e as ventilações devem ser aplicadas na proporção de 30 (trinta) compressões para cada 2 (duas) ventilações. O socorrista deve continuar a RCP até a chegada e a preparação de um (DEA) para uso, ou até que os profissionais do Serviço Médico de Emergência (SME) assumam o cuidado da vítima ou que a vítima comece a se mover. 282 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO COMPONENTE ADULTOS E ADO- LESCENTES CRIANÇAS (1 ano de idade à puberdade) BEBÊS (Menos de 1 ano de idade, excluindo recém- nascidos) Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima. Reconhecimen- to de PCR Verifique se a vítima responde. Ausência de respiração ou apenas gasping (sem respiração normal) Nenhum pulso definido sentido em 10 segundos. (A verificação da respiração e do pulso pode ser fei- ta simultaneamente, em menos de 10 segundos). Acionamento do serviço médico de emergência Se estiver sozinho, sem acesso a um celular, deixe a vítima e acione o serviço médico de emergência e obtenha um DEA, antes de iniciar a RCP. Do contrário, peça que alguém acione o serviço e inicie a RCP imediatamente. Use o DEA assim que estiver disponível. Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas em adultos e adolescentes. Colapso não presenciado: execute 2 (dois) minutos de RCP. Deixe a vítima para acionar o serviço médico de emergência e buscar o DEA. Retorne à criança ou ao bebê e reinicie a RCP. Use o DEA assim que estiver disponível. 283 COMPONENTE ADULTOS E ADO- LESCENTES CRIANÇAS (1 ano de idade à puberdade) BEBÊS (Menos de 1 ano de idade, excluindo recém- nascidos) Relação compressão- ventilação sem via aérea avançada 1 ou 2 socorristas 30:2 1 socorrista 30:2 2 ou mais socorristas 15:2 Relação compressão- ventilação com via aérea avançada Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min). Frequência de compressão 100 a 120/min Profundidade da compressão No mínimo, 2 polegadas (5 cm)* Pelo menos um terço do diâmetro AP do tórax Cerca de 2 polegadas Pelo menos um terço do diâmetro AP do tórax Cerca de 1 1/2 polegadas (4 cm) Posicionamento das mãos 2 mãos sobre a metade inferior do esterno 2 mãos ou 1 mão (opcional para crianças muito pequenas) sobre a metade inferior do esterno 1 socorrista 2 dedos no centro do tórax, logo abaixo da linha mamilar 2 ou mais socorristas Usar a técnica dos dois pole- gares no cen- tro do tórax, logo abaixo da linha mamilar. Retorno do tórax Espere o retorno total do tórax após cada compressão. Não se apoie sobre o tórax após cada compressão. Minimizar interrupções. Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos. 5. Convulsões Convulsões são contrações musculares generalizadas, com possível perda de consciência, e podem ser causadas pela falta de oxigenação do cérebro. 284 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO Ao realizar o atendimento inicial das vítimas com esse sintoma, de- ve-se: • Protegê-la de objetos que possam machucá-la; • Proteger a cabeça para que não bata no chão; • Deitá-la de lado para evitar a broncoaspiração; • Não tentar controlar os movimentos convulsivos. 6. Estado de choque O estado de choque pode ser caracterizado pela pele fria e úmida, suor na testa e na palma das mãos, face pálida, sensação de frio e cala- frios, pulso fraco e rápido, dentre outras. Nesses casos, para evitar agravamento da situação, deve-se: • Retirar a vítima do veículo adequadamente; • Afrouxar a roupa no pescoço, peito e cintura; • • cérebro; • Em caso de sangramento pela boca ou nariz, ou vômito, deitar a 7. O que não fazer Se na tentativa de ajudar as vítimas de acidentes adotarmos proce- dimentos inapropriados, existe a chance de a situação se agravar. Portan- to, é importante conhecer os procedimentos que devem ser evitados ao realizar o atendimento inicial: • Não movimente a vítima; • Não aplique torniquetes; • Não retire o capacete do motociclista acidentado; • Não ofereça algo para a vítima ingerir. 285 CONCLUSÃO Nesta unidade, falamos sobre o atendimento inicial às vítimas de acidentes. Vimos que esse atendimento, se realizado adequadamente, pode salvar vidas. Falamos também sobre o que não se deve fazer nessas situações. 286 CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO Marque com um “X” as alternativas corretas: 1. Ao realizar o atendimento inicial de vítima com convulsão, a primeira ação deve ser a de tentar conter os movimentos convulsivos. ( ) Certo ( ) Errado 2. Em caso de acidente envolvendo motociclista, é importante não retirar o capa- cete da vítima. ( ) Certo ( ) Errado