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Disciplina: PRR - Legislação Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho Identificação da tarefa: Tarefa 1. Envio de arquivo Pontuação: 20 pontos Tarefa 1 1. Considerando a evolução da teoria do risco no Brasil, apresente dissertação, com no mínimo 20 linhas, discorrendo sobre os seguintes pontos por período de regência normativo: a) Indique, por período, quais as normas legais em vigor para cada tipo de risco desde 1891 até os dias atuais. b) Indique os tipos de riscos propugnados por essas normas nesses respectivos períodos. c) Apresente as definições, características, vantagens e desvantagens de cada um desses riscos. RESPOSTA 1: A evolução da teoria do risco no Brasil ao longo dos anos reflete as transformações sociais, econômicas e jurídicas que moldaram o cenário legal do país. Desde o final do século XIX, as normas legais em vigor têm desempenhado um papel fundamental na definição e regulação dos diferentes tipos de riscos enfrentados pela sociedade. No período de 1891 até 1946, o Código Civil de 1916 foi um marco ao abordar o risco, especialmente no contexto das obrigações contratuais. Os riscos contratual e profissional eram proeminentes, destacando-se pelas responsabilidades das partes em contratos e pelas responsabilidades civis decorrentes do exercício de uma profissão. Enquanto o risco contratual proporcionava segurança jurídica nas relações contratuais, o risco profissional trazia consigo desafios de comprovação de culpa. O risco contratual, definido como a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações contratuais, oferecia previsibilidade e estabilidade nas relações, embora pudesse ser visto como rígido e formalista. Já o risco profissional, que envolvia a responsabilidade civil por danos causados no exercício profissional, protegia terceiros contra erros, mas apresentava a dificuldade de comprovar a culpa. No período de 1946 até 1988, a Constituição de 1946 introduziu princípios que influenciaram a responsabilidade civil, abrindo caminho para o surgimento do risco da atividade e do consumidor. O risco da atividade trouxe consigo a responsabilidade objetiva do empresário pelos danos causados por suas atividades, garantindo maior proteção à sociedade, mas também impondo custos elevados às empresas. Este tipo de risco dispensa a necessidade de comprovação de culpa, proporcionando maior proteção social e ambiental, porém, eleva o custo para as empresas. Já o risco do consumidor, introduzido pelo Código de Defesa do Consumidor de 1990, visava proteger os consumidores contra produtos e serviços defeituosos, incentivando a qualidade, mas potencialmente elevando os custos. O risco do consumidor enfatizava a segurança e qualidade dos produtos, incentivando uma maior responsabilidade por parte dos fabricantes, embora isso pudesse resultar em produtos mais caros. No período de 1988 até os dias atuais, a Constituição de 1988 e o Código Civil de 2002 estabeleceram a responsabilidade objetiva do Estado e das empresas, enquanto o Código de Defesa do Consumidor continuou a ser uma norma central sobre o tema. O risco ambiental e do produto passaram a ser focos de atenção, com a responsabilidade por danos ambientais e a segurança dos produtos no mercado sendo priorizados. O risco ambiental visava a proteção do meio ambiente, impondo responsabilidade objetiva por danos ecológicos, o que fortaleceu a defesa ambiental, mas aumentou os custos de conformidade para as empresas. O risco do produto, por sua vez, garantiu a defesa do consumidor, responsabilizando os fabricantes por produtos defeituosos, embora ambos os tipos de risco pudessem acarretar custos significativos. Em suma, a evolução da teoria do risco no Brasil reflete a constante busca por um equilíbrio entre proteção dos direitos e responsabilidades, adaptando-se às demandas de uma sociedade em transformação. As mudanças normativas visam garantir um ambiente jurídico mais justo e equilibrado, assegurando a responsabilização adequada e a proteção dos diversos envolvidos nos diferentes tipos de riscos enfrentados. Assim, a legislação brasileira tem se moldado para atender às necessidades contemporâneas, equilibrando a proteção ao consumidor, a responsabilidade ambiental e a segurança nas relações contratuais e profissionais. 2. Apresente dissertação, com no mínimo 20 linhas, sobre a hierarquia das normas, indicando na pirâmide as definições, características de cada norma. REPOSTA 2: A hierarquia das normas é um princípio fundamental do direito que organiza o sistema jurídico em diferentes níveis de autoridade e aplicabilidade. Esta estrutura garante a coerência e a harmonia das normas, evitando conflitos entre elas e assegurando a supremacia das normas superiores sobre as inferiores. A pirâmide normativa, conceito desenvolvido por Hans Kelsen, é frequentemente utilizada para ilustrar essa hierarquia, que pode ser dividida em três níveis principais: normas constitucionais, normas infraconstitucionais e normas regulamentares. No topo da pirâmide, encontramos a Constituição, que é a norma suprema do ordenamento jurídico. A Constituição Federal define os princípios fundamentais do Estado, os direitos e garantias individuais, a organização dos poderes, e as diretrizes para a elaboração de todas as demais normas. Sua principal característica é a rigidez, pois sua alteração exige um processo legislativo especial e mais rigoroso, chamado de emenda constitucional, que requer aprovação por maioria qualificada em ambas as casas do Congresso Nacional. Abaixo da Constituição estão as normas infraconstitucionais, que incluem as leis complementares, leis ordinárias e leis delegadas. As leis complementares são necessárias para a regulamentação de matérias específicas previstas na Constituição e requerem aprovação por maioria absoluta no Congresso. As leis ordinárias, por sua vez, tratam de assuntos gerais e são aprovadas por maioria simples. Já as leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República com autorização do Congresso Nacional, em casos de relevância e urgência. Em um nível inferior na pirâmide, encontram-se as normas regulamentares, como decretos, portarias, resoluções e instruções normativas. Essas normas são elaboradas pelo Poder Executivo e têm a função de detalhar e regulamentar a aplicação das leis. Os decretos são atos do Presidente da República, governadores ou prefeitos, enquanto as portarias, resoluções e instruções normativas são editadas por ministros, secretários e chefes de órgãos administrativos. Uma característica importante da hierarquia das normas é a subordinação, onde normas de menor hierarquia devem estar em conformidade com as normas superiores. Qualquer norma infraconstitucional que contrarie a Constituição pode ser declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário. Da mesma forma, normas regulamentares que extrapolem os limites estabelecidos pelas leis podem ser invalidadas. Além disso, a hierarquia das normas assegura a estabilidade e previsibilidade do ordenamento jurídico. Normas superiores, como a Constituição, estabelecem os fundamentos que orientam a elaboração das normas inferiores. Esse sistema hierárquico garante que os direitos fundamentais e os princípios básicos do Estado de Direito sejam respeitados em todas as esferas do poder público. Em suma, a hierarquia das normas, ilustrada pela pirâmide normativa, é essencial para a organização e funcionamento do sistema jurídico. Ela estabelece a supremacia da Constituição, regula a criação e aplicação das normas infraconstitucionais e regulamentares, e assegura a coerência e integridade do ordenamento jurídico, protegendo os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.