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Aula II – Políticas Educacionais Contextualizando a Aprendizagem da Aula II Na Aula II, você encontrará subsídios para responder às seguintes questões norteadoras do Módulo I: Quais foram as principais mudanças apresentadas pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva? O que previa o Plano Nacional de Educação? Quais eram as estratégias previstas para atingir seus objetivos? Bons estudos! 1. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, lançada pela Secretaria de Educação Especial em 2008, visava principalmente orientar os sistemas de ensino para garantir o acesso de alunos com deficiência ao ensino regular e de qualidade, com o objetivo de que esses alunos alcancem níveis mais elevados de ensino. CONTRAPONTO: A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva foi uma mudança paradigmática significativa ao promover a inclusão de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular. Antes dessa política, o modelo predominante era o de segregação, no qual esses alunos eram frequentemente educados em instituições separadas ou classes especiais. A política de 2008 reafirmou o compromisso do Brasil com a educação inclusiva. Os objetivos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva incluíam a transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até o ensino superior, a oferta de atendimento educacional especializado (AEE) e a formação de professores e outros profissionais para a educação inclusiva, entre outros. 1.1 Diretrizes para o Atendimento Educacional Especializado O documento estabelece que o profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado deve: a) Identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. b) As atividades desenvolvidas no AEE são distintas das realizadas na sala de aula comum e não substituem a escolarização. Este atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos, visando à autonomia e independência na escola e fora dela (Brasil, 2008). 1.2 Capacitação e Formação Continuada Em resposta à identificação da falta de professores qualificados para o atendimento educacional especializado nas salas multifuncionais das escolas regulares, a Secretaria de Educação Especial (SEESP), em colaboração com universidades federais e estaduais, organizou o curso de aperfeiçoamento intitulado Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. Este curso foi oferecido em 144 cidades-polo em todo o país, com 10 vagas disponíveis para professores da rede pública em cada polo, com o objetivo de oferecer conhecimentos básicos para o AEE, transformar o atendimento da educação especial em uma complementação do ensino regular e garantir a continuidade das ações do Programa de Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. 1.3 Diretrizes Operacionais para o AEE Em 2009, o Conselho Nacional de Educação aprovou as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Vale salientar que o documento reforça a importância da matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns do ensino regular e garante que o AEE deve ocorrer preferencialmente na mesma escola, em salas de recursos multifuncionais. Quando não for possível, o atendimento pode ser realizado em Centros de AEE da rede pública ou em instituições comunitárias, confessionais e sem fins lucrativos. 1.4 Perfil e Atribuições do Professor de AEE De acordo com o artigo 12 das Diretrizes Operacionais, o professor responsável pelo AEE deve possuir formação inicial habilitada para a docência e formação específica em Educação Especial. As atribuições incluem: a) Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços e recursos pedagógicos, considerando as necessidades específicas de cada aluno. b) Elaborar um plano de Atendimento Educacional Especializado. c) Orientar os professores da sala comum e a família sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno. 1.5 Inclusão e Acessibilidade Uma escola regular será inclusiva na medida em que forem tomadas todas as precauções arquitetônicas de mobilidade e houver sintonia entre o professor regular e o professor responsável pela sala de recursos multifuncionais. De acordo com Soares e Carvalho (2012, p. 62): [...] a inclusão qualificada depende do apoio especializado efetivo durante as atividades na classe regular e da formação suficiente do professor para sugerir modificações didáticas compatíveis com as características do aluno com deficiência. Para aprofundar e ampliar seus conhecimentos, convido você a assistir ao vídeo: (440) Eixo Articulador - A Política Nacional para a Educação Inclusiva: Avanços e Desafios - Legendado - YouTube 2. Plano Nacional de Educação (2011-2020) Em 2010, durante a Conferência Nacional de Educação (CONAE), foi elaborado o novo Plano Nacional de Educação (PNE) que regulamenta as metas educacionais para o país no decênio 2011-2020. A meta nº 4 do PNE prevê a universalização, para a população de 4 a 17 anos, do atendimento escolar aos estudantes com deficiência, na rede regular de ensino. O Decreto nº 6.571/2008 estabelece que, a partir de 2010, a matrícula de alunos com deficiência será contabilizada duplamente: uma vez na classe comum do ensino regular e outra no atendimento https://www.youtube.com/watch?v=NgLUGoaYjtU https://www.youtube.com/watch?v=NgLUGoaYjtU educacional especializado. Assim, a escola inclusiva recebe duas vezes por cada aluno com deficiência matriculado. 2.1 Ações Governamentais para Alcance das Metas Para atingir as metas propostas pelo PNE (2011-2020), o governo deverá promover: a) Implantação de salas de recursos multifuncionais nas escolas comuns. b) Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado e práticas educacionais inclusivas. c) Articulação entre o ensino regular e o AEE. d) Acompanhamento do acesso e permanência na escola dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC). e) Investimento na adequação arquitetônica dos prédios escolares para garantir acessibilidade. f) Garantia de transporte acessível e disponibilização de material didático acessível. g) Educação bilíngue Língua Portuguesa/Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) nas escolas. Apesar das inegáveis conquistas brasileiras na Educação Especial, ainda estamos longe de alcançar a universalização prevista no Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014). De acordo com a meta 4 do PNE, que trata da Educação Especial/Inclusiva, é um compromisso federal em: [...] universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à Educação Básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014, p. 11). Para isso, é necessário investir na capacitação do corpo docente e dos demais profissionais que atuam no setor educacional. No que tange à formação de professores, a legislação brasileira, por meio da Resolução CNE/CP Nº 2/2015 (BRASIL, 2015), estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior, cursode licenciatura, de graduação plena. Esta resolução prevê a discussão das temáticas relacionadas à educação inclusiva em todos os cursos de licenciatura. O documento assinala 19 estratégias, que devem ser tomadas como o objetivo de atingir a meta 4, são elas: 4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede pública que recebam atendimento educacional especializado complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na educação especial oferecida em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público e com atuação exclusiva na modalidade, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; 4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a universalização do atendimento escolar à demanda manifesta pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional; 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e fomentar a formação continuada de professores e professoras para o atendimento educacional especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas; 4.4) garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados, nas formas complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de educação básica, conforme necessidade identificada por meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno; 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; 4.6) manter e ampliar programas suplementares que promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de transporte acessível e da disponibilização de material didático próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegurando, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis e modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as) com altas habilidades ou superdotação; 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos; 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o atendimento educacional especializado; 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola e ao atendimento educacional especializado, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação beneficiários (as) de programas de transferência de renda, juntamente com o combate às situações de discriminação, preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de condições adequadas para o sucesso educacional, em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e à juventude; 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos, equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das condições de acessibilidade dos (as) estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas públicas intersetoriais que atendam as especificidades educacionais de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação que requeiram medidas de atendimento especializado; 4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e políticas públicas de saúde, assistência social e direitos humanos, em parceria com as famílias, com o fim de desenvolver modelos de atendimento voltados à continuidade do atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das pessoas com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento com idade superior à faixa etária de escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida; 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da educação para atender à demanda do processo de escolarização dos (das) estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo a oferta de professores (as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras, prioritariamente surdos, e professores bilíngues;; 4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão para o funcionamento de instituições públicas e privadas que prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; 4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos; 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos demais cursos de formação para profissionais da educação, inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de ensino- aprendizagem relacionados ao atendimento educacional de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; 4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; 4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação continuada e a produção de material didático acessível, assim como os serviços deacessibilidade necessários ao pleno acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de ensino; 4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, a fim de favorecer a participação das famílias e da sociedade na construção do sistema educacional inclusivo (BRASIL, 2014, p. 12). 2.2 Rede Nacional de Formação Continuada de Professores A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores na Educação Especial foi implementada pelo Projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em parceria com universidades públicas, esta iniciativa promove a disseminação da formação para o atendimento educacional especializado em todos os estados da federação e em diversas cidades do interior do país. Se a inclusão qualificada depende do trabalho realizado em sala de aula, não há como se prescindir, de um lado, do apoio especializado efetivo e concreto durante as atividades desenvolvidas na classe regular; de outro lado, para que o trabalho especializado redunde em um melhor rendimento escolar, o professor por ele responsável necessita não só se inteirar do que se realiza na sala de aula, mas também possuir formação suficiente para, com base no que conhece do aluno com deficiência, sugerir modificações didáticas compatíveis com suas características (SOARES; CARVALHO, 2012, p.62). Recapitulando... A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil, almejava garantir o direito à educação para todos os alunos, independentemente de suas condições físicas, sensoriais, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras características. Enquanto isso, o Plano Nacional de Educação (PNE) regulamentava as metas a serem atingidas pela educação no país durante uma década. Na nossa próxima e última aula, discutiremos a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), um verdadeiro marco histórico na luta das pessoas com deficiência. Finalizaremos o módulo analisando alguns dados referentes à Educação Inclusiva, para que possamos ter um panorama do momento educacional vivido pelo Brasil. Até a próxima! Referências BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial (SEESP). Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. ______.Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação 2011- 2020. Disponível em: <http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e- midia/noticias/12514/mec-divulga-plano-nacional-de-educacao-2011- 2020>. Acesso em: 21 jul. 2024. ______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação 2014- 2024. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pneconhecendo20metas.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2024.