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Reforço e Punição 
Lucelmo Lacerda 
 
Reforço 
Já falamos bastante sobre contingência, o conceito fundamental da 
Análise do Comportamento. A contingência é composta pelo estímulo 
ambiental S, pela ação propriamente dita do sujeito, a resposta R e pela 
consequência C. Se o comportamento está presente no repertório do sujeito, 
isto é, se está entre as coisas que a pessoa faz, então podemos dizer com 
certeza que esta consequência é, muitas vezes, de um tipo específico a que 
chamamos de “reforçadora”. 
Mas quando dizemos que uma consequência é reforçadora, não 
estamos falando se ela é boa ou ruim, se ela é bonita ou feia. Ou seja, quando 
falamos que um certo estímulo é reforçador, não estamos falando sobre como 
ele parece, sua forma, ou, como dizemos em Análise do Comportamento, sua 
TOPOGRAFIA. Quando afirmamos que um certo estímulo é reforçador, é uma 
afirmativa matemática, é porque ele teve um efeito de aumentar a 
probabilidade de uma resposta. 
Imagine uma criança que limpa sua casa uma vez por semana. Então 
um belo dia sua mãe decide fazer o seguinte, quando ele limpa a casa ela fica 
conversando com ele por uma hora, mesmo que ela não fale nada sobre a 
casa, só conversa sobre coisas interessantes. Ela não faz isso só desta vez, 
mas torna isso uma constante. Este menino então passa a limpar sua casa não 
uma, mas três vezes por semana. Então podemos dizer que a resposta de 
limpar a casa aumentou de probabilidade de ocorrência quando passou a ser 
consequenciado com a conversa da mãe. Então podemos dizer que a conversa 
com a mãe foi um estímulo reforçador para o comportamento do menino de 
limpar a casa. 
Por outro lado, vamos imaginar que o comportamento do menino não 
tivesse se alterado, então a conversa, mesmo bonita, mesmo bacana, mesmo 
que ele relatasse que amasse a conversa, não poderia ser considerada como 
reforçadora e sim neutra. E ainda se o comportamento tivesse diminuído para 
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somente uma limpeza a cada 2 semanas, então poderíamos dizer que a 
consequência teria sido punitiva. 
Então reforçamento não é algo bom, não é recompensa, é uma 
consequência que aumenta a probabilidade da resposta. Qual a diferença de 
uma recompensa? Em todos os casos exemplificados acima, a mãe pode 
caracterizar como recompensa a seu filho. No entanto, em 2 das 3 hipóteses 
apresentadas está “recompensa” não aumentou a probabilidade da resposta, 
portanto, não poderia ser considerada como “reforçadora”. 
 Este princípio foi bem demonstrado, primeiramente, em laboratório, 
aumento a probabilidade de animais como pombos e ratos, de emitirem certos 
comportamentos que, sem estímulos como comida logo após as respostas 
selecionadas, jamais emitiriam estes comportamentos como ratos jogando 
basquete e pombos jogando tênis. 
O reforço é, portanto, o aumento de probabilidade de uma resposta 
através de uma consequência. O estímulo que, quando consequência uma 
resposta, produz este reforço pode ser chamado de “reforçador”. O estímulo, 
no entanto, ocorre sempre após uma certa resposta e, claro, não pode alterar a 
resposta que já passou e sim a probabilidade de sua ocorrência no futuro. 
Assim, é sempre fundamental o conhecimento da história de interação 
de uma pessoa, pois são as consequências do comportamento que 
determinam sua ocorrência no futuro. O organismo se comporta, portanto, a 
partir das relações estabelecidas entre si (como organismo particular) e o 
ambiente individual de interação do sujeito e a cultura em que ele se insere. 
 
Punição 
Punição é uma palavra bem conhecida de todos nós e se perguntarmos 
a qualquer pessoa ela dirá que punição é uma surra, uma bronca, algo sim. Ela 
poderia dizer também que é uma consequência ruim para um comportamento. 
O problema desta definição é que ela se baseia na forma da consequência e 
não no efeito sobre o sujeito que se comporta. 
Primeiramente vamos nos lembrar daquele conceito trabalhado até aqui, 
o de contingência, que é uma relação entre três coisas, os estímulos 
antecedentes, o ambiente em que o comportamento ocorre (S), a resposta 
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emitida pelo sujeito que se comporta, que é especificamente a ação, o ato que 
estamos analisando (R) e, claro, a consequência, que é o reforçador que 
mantém aquele comportamento ocorrendo. No entanto, existe um outro tipo de 
consequência, muito diferente, e que não mantém a resposta ocorrendo, pelo 
contrário, diminui sua probabilidade. Isto é que é a Punição em Análise do 
Comportamento Aplicada, uma consequência que diminui a probabilidade de 
uma resposta voltar a ser emitida. 
Vamos a um exemplo, Joãozinho joga uma pedra na cabeça da vizinha, 
a mãe vê e dá-lhe uma bela surra, com direito a cintadas e vergalhões. 
Qualquer pessoa em sã consciência diria que esta surra foi uma punição, já 
que ele ficou visivelmente marcado pelas intenções da mãe. O Analista do 
Comportamento, por sua vez, dirá: “parece uma punição, mas para eu 
realmente saber se é, preciso ver quantas vezes ele jogava pedra na vizinha 
antes da surra e quantas vezes ele fará o mesmo após”. Entendeu a diferença? 
Não basta uma consequência parecer punitiva, é preciso que ela realmente 
faça o comportamento diminuir de frequência. 
Vamos a outro exemplo clássico, na sala de aula temos um aluno 
chamado Gabriel (pura invenção, nenhuma semelhança com a realidade) e ele 
é uma peste, fala alto e dificulta o trabalho dos professores. Uma professora 
fica em pé e diz “Gabriel, de novo isso, você todo dia atrapalha aula, não é 
civilizado para estar em um grupo .............” e o tira da sala, a Coordenadora dá 
um xingo semelhante e a Diretora também, além de passar uma advertência. 
Gabriel, no dia seguinte, faz a mesma coisa em sala de aula. Eu 
pergunto, essas broncas têm toda a forma de serem punitivas, se você 
estivesse em uma sala de aula de uma pós-graduação e ocorresse isso com 
vocês, provavelmente seriam punitivas, MAS, PARA GABRIEL, estas broncas 
foram punitivas? 
Não, não foram. E se não foram punitivas, foram o que? Foram 
reforçadoras. As broncas atuaram como Reforço Positivo (tem gente que agora 
pensou assim “agora não entendo mais nada, bronca não é uma coisa 
positiva”). Basta vocês lembrarem que Reforço Positivo não é quando se 
reforça algo bom, nem quando algo bom é a consequência do comportamento, 
a Análise do Comportamento, como ciência, não classifica as coisas como 
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boas ou ruins, já que esses juízos de valor variam entre pessoas. O Reforço 
Positivo é uma consequência, tenha ela qualquer forma que seja, que aumenta 
a probabilidade de uma certa resposta voltar a ocorrer no futuro. Se o Gabriel 
“bagunça” na sala e após uma bronca ele volta a fazê-lo é porque a bronca foi 
reforçadora. 
Casos como este de Gabriel apareceram inúmeras vezes em pesquisas 
e eram comportamentos cuja consequência reforçadora era a atenção 
disponibilizada a ele sempre que ele fazia comportamentosinadequados. Você 
poderia dizer que não é um bom tipo de atenção, mas para essas crianças 
analisadas, era uma atenção fundamental, provavelmente porque lhes faltava 
atenção em casa. 
Assim, para Gabriel, talvez outra consequência pudesse fazer seu 
comportamento de bagunça diminuir de probabilidade, mas não a bronca. Esta 
outra coisa, fosse qual fosse, seria uma punição. Vamos pensar, imagine que 
Gabriel bagunçasse a valer e a professora simplesmente fosse até ele e 
dissesse que ele era ótimo e então ele passasse a ficar mais tempo sentado, 
fazendo a lição. Então neste caso, esta consequência tão bonitinha seria 
punidora dos comportamentos de “indisciplina”.

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