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AULA 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Profª Franciele Lourenço 2 TEMA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL E SUA IMPORTÂNCIA NA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A Contabilidade por si só já é muito importante para as empresas e ela se destaca ainda mais quando falamos de contabilidade financeira e o que ela pode proporcionar em termos de melhorias para a tomada de decisão. Afinal, o Balanço Patrimonial, em específico, demonstrará a situação financeira e patrimonial da empresa. Claro que o dia a dia empresarial também importa, e muito, mas o que é contabilizado e formalizado trará ainda mais respaldo para tal avaliação. Por ser considerado um espelho da situação da empresa, o Balanço Patrimonial é o significativo de questões não só de curto prazo, mas dos investimentos em longo prazo. Segundo Bordeaux-Rêgo et al. (2010, p. 21): o balanço é o retrato instantâneo da situação contábil da empresa. Ele se subdivide em duas partes: passivo e ativo. À esquerda ficam os ativos da empresa, que representam as suas aplicações. À direita, os passivos e o patrimônio dos acionistas ou proprietários, suas fontes de recursos. Tal como será apresentado a seguir: Quadro 1 – Estrutura do balanço patrimonial de uma empresa Ativo Passivo Ativo Circulante Curto prazo: contas circulantes Passivo Circulante Caixa Aplicações financeiras Contas a receber no curto prazo Estoques Fornecedores Contas a pagar Impostos Dividendos Ativo não circulante Longo prazo: contas permanentes Passivo não circulante Imobilizados Investimentos a longo prazo Diferido Exigível a longo prazo (dívidas) ✓ Empréstimos ✓ Debêntures Patrimônio Líquido ✓ Capital próprio dos acionistas ✓ Lucros retidos ✓ Reservas Fonte: Bordeaux-Rêgo et al., 2010, p. 21. O Ativo Circulante indica todas as operações de curto prazo, sua importância está na capacidade de manter o negócio, e essa sustentabilidade é complementada pela capacidade de investimento da empresa, tais como: • Caixa: é aquele que promove liquidez e que indica a disponibilidade. 3 • Aplicações financeiras: compostas por títulos ou obrigações de fácil conversão. • Contas a receber: são aquelas contas que a empresa tem em aberto para receber dos clientes. • Estoques: são aqueles que poderão ser caracterizados como contas a receber de clientes ou convertidos em caixa (pagamento à vista). Os ativos não circulantes, são todas as entradas de longo prazo, sua importância consiste na capacidade de avaliar, em longo prazo, a situação da empresa em termos de investimentos, tais como: • Imobilizados: composto por bens tangíveis e intangíveis. • Investimentos a longo prazo: são as ações ou contas em outras empresas coligadas ou controladas. • Diferido: recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento e/ou investimentos que excedam o período do exercício. O Passivo representa as obrigações de curto prazo, no caso do Passivo Circulante, ele é essencial para uma boa gestão financeira, afinal, demonstra todas as obrigações que a empresa possui no curto prazo, tais como: • Fornecedores: são compras de estoques que estão em aberto para os fornecedores. • Contas a pagar: são as compras em geral. • Impostos: são todos os encargos e financiamentos contraídos nas instituições financeiras. • Dividendos: é a parte do lucro líquido que é dividido aos acionistas. Os Passivos não circulantes são utilizados nas operações de longo prazo, portanto, quanto às dívidas e impostos que deverão ser pagos em longo prazo, temos: • Exigível a longo prazo: são todos os empréstimos e financiamentos contraídos em instituições financeiras, operações de moeda nacional x estrangeira e obrigações por emissões de debêntures. • Provisões: são as estimativas de perdas que poderão ocorrer no futuro. • Patrimônio líquido: são os recursos próprios dos sócios, distribuídos em: capital, lucros retidos e reservas. Em resumo, consiste no capital acrescido do rendimento obtido. 4 Sendo assim, o Balanço Patrimonial mostra as origens dos recursos e proporciona uma melhor visão sobre as dívidas e possíveis aplicações que poderão ser realizadas, bem como possibilita uma série de avaliações que auxiliarão a tomada de decisões. E, se acrescida às Demonstrações dos Resultados Financeiros, poderão trazer dados ainda mais completos e um olhar diferenciado das movimentações da empresa. TEMA 2 – AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE UMA EMPRESA COM A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Toda empresa necessita fazer uma boa avaliação financeira, tendo como base não só as condições de sobrevivência de sua empresa, mas também a capacidade de ampliação, adaptação ou investimentos, que possam torná-la uma empresa de diferencial no mercado em que atua. A própria teoria microeconômica descreve a maximização de lucros, seja de curto ou longo prazos como uma das premissas para se estabelecer um nível de produção que seja rentável. Desta forma, avaliando-se as condições pertinentes à maximização do lucro total, tal como a produção efetuada, os custos totais, o preço unitário empregado, a receita total obtida, teríamos início à constituição do lucro total, analisando sob as perspectivas do custo marginal e da receita marginal. Com isso, se empresa for bem planejada por meio dos gestores, garante um bom custo de oportunidade (lucro normal) nas curvas de custos, de tal modo que isso os capacitaria a escolher alternativas consideradas mais viáveis ao negócio. Logo, o lucro normal, de acordo com Vasconcellos e Garcia (2009, p. 61), “é o valor que mantém o proprietário numa dada atividade: se o lucro fosse mais baixo, o empresário sairia desse mercado, aplicando em outro negócio, ou no mercado financeiro”. Considerando essa informação, percebemos que todo o excedente do chamado lucro normal, ou, melhor dizendo, do custo de oportunidade do capital, poderá vir a gerar um lucro extra. Vasconcellos e Garcia (2009) conceituam esse excedente como lucro extraordinário, extra ou lucro econômico. Portanto, além das informações provenientes da contabilidade, a empresa deverá considerar o custo de oportunidade, se quiser conhecer o lucro econômico de suas atividades. Concebido pela seguinte fórmula: 5 Os gastos explícitos tratam de despesas correntes com os fatores de produção, tais como: compra de máquinas e equipamentos, aluguéis, salários e encargos etc. Por isso, o lucro contábil é considerado o resultado do que sobra, deduzindo-se todos os gastos. Já o Lucro econômico apesar de subjetivo considera os seguintes itens em seu cálculo: Então, o lucro econômico trata-se de um lucro contábil acrescido da variável custo de oportunidade. E os custos de oportunidade ligam-se ao sacrifício de investir num bem “A”, para investir em um bem “B”. Segundo Vasconcellos e Garcia (2009, p. 58), os custos de oportunidade são: “custos implícitos, relativos aos insumos que pertencem à empresa e que não envolvem desembolso monetário. Esses custos são estimados a partir do que poderia ser ganho no melhor uso alternativo” (chamados também de custos alternativos ou implícitos). E, apesar de não serem demonstrados no Balanço Patrimonial, o custo de oportunidade é importante para as decisões, tendo em vista que o lucro econômico o inclui nas análises de quanto as empresas ganham ou perdem com suas tomadas de decisão. Considerando que escolhas são feitas em detrimento do seu capital. Afinal, qual é a importância do lucro econômico? Ele reflete uma realidade que o lucro contábil não é capaz de mostrar. Devido ao lucro contábil mascarar os resultados contábeis, principalmente o custo de oportunidade, de tal forma que, analisando-se as questões subjetivas, mas reais da empresa, o resultado passa a ser outro, em que cabe uma maior atenção e planejamento.Por isso, a administração financeira deve permitir vários olhares como complemento de suas decisões, afinal, analisar ganhos e perdas apenas pelo Balanço Patrimonial e a Demonstração dos Resultados se torna um tanto limitado, se analisarmos os diversos cenários possíveis. Outra forma de avaliar os resultados do DRE é por meio da análise horizontal e vertical. A primeira trata da análise do Balanço Patrimonial, do DRE e LUCRO CONTÁBIL = RECEITA TOTAL – GASTOS EXPLÍCITOS LUCRO ECONÔMICO = RECEITA TOTAL – (GASTOS EXPLÍCITOS – CUSTOS DE OPORTUNIDADE) 6 do Demonstrativo de Fluxo de Caixa durante um período. Seu objetivo é fazer um comparativo da questão patrimonial e seus demais desempenhos, com base nas Demonstrações Financeiras de um ano em relação ao outro. A segunda consiste em analisar as contas conforme o grupo (colunas das demonstrações), entendendo-as e fazendo certas projeções em relação às atividades da empresa, assim como o cálculo de percentuais que permitam comparações, por exemplo: Assim sendo, a Análise Vertical permite uma comparação entre as demonstrações financeiras e suas possíveis mudanças anuais. Mas não para por ai, até agora foram evidenciadas algumas formas de análise, mas, nesse processo, a construção da Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) é primordial. Ela deverá seguir os seguintes passos: 1) Montar a estrutura do DRE: a empresa deverá levantar todas as informações contábeis e gerenciais para dar apoio à sua construção, tal como segue. Quadro 2 – Estrutura do DRE (+) Receita Operacional Bruta (-) Deduções e abatimentos (impostos sobre vendas) (=) Receita Operacional Líquida (-) Custos de Mercadorias Vendidas (CMV) (-) Despesas Operacionais (=) LAJIR (-) Depreciação (-) Juros (=) LAIR (-) Imposto de renda (=) Lucro Líquido (+) Depreciação (=) Fluxo de caixa operacional (-) Investimentos de capital (-) Necessidades de capital de giro (=) Lucro líquido aos acionistas Fonte: elaborado com base em Bordeaux-Rêgo et al., 2010, p. 26. ANÁLISE VERTICAL (AV) = 𝑪𝑶𝑵𝑻𝑨 (𝑶𝑼 𝑮𝑹𝑼𝑷𝑶 𝑫𝑬 𝑪𝑶𝑵𝑻𝑨𝑺) 𝑨𝑻𝑰𝑽𝑶 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳 (𝑶𝑼 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑰𝑽𝑶 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳) *100 7 Em um segundo momento, a empresa deverá calcular a Receita Líquida, que é o valor obtido pelas suas atividades produtivas. Não esquecendo que a Receita Líquida é composta por Venda de produtos + Venda de mercadorias + Prestações de serviço. E as Deduções da Receita Bruta são formadas por Devoluções de Vendas + Abatimentos + Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas. A seguir, devemos calcular o Resultado Bruto, que consiste na dedução entre receita total e custos de produção, ou seja, é o que a empresa obteve ao final de sua produção. Quanto ao Resultado Antes do Imposto de Renda (IR) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), denominado como LAIR – Lucro Anterior ao Imposto de Renda – e Contribuição Social, que consiste em todos os valores captados pela empresa antes da incidência de impostos e contribuições. Cálculo que irá se desdobrar no Lucro Líquido: O objetivo das Demonstrações do Resultado do Exercício é chegar ao LLE – Lucro Líquido do Exercício. Dessa forma, Bordeaux-Rêgo (2010, p. 25) complementam que “a apuração dos resultados é um ponto de partida para a projeção do fluxo de caixa e o lucro econômico do projeto”. Sendo assim, o DRE serve como um grande indicador de eficiência, resultando no retorno do investimento (lucro ou prejuízo) efetuado pelos donos da empresa. RECEITA LÍQUIDA = RECEITA BRUTA – DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA RESULTADO BRUTO = RECEITA LÍQUIDA – CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL= RESULTADO BRUTO – GASTOS OPERACIONAIS – GASTOS FINANCEIROS LÍQUIDOS E OUTRAS RECEITAS E DESPESAS LUCRO LÍQUIDO = RESULTADO ANTES DO IR E CSLL – PROVISÃO PARA IR E CSLL 8 TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Um dos aparatos básicos que toda empresa deveria ter, porém, falha pela sua falta, é o Fluxo de Caixa, que, de um simples levantamento, acaba se tornando uma grande ferramenta de análise de desempenho, que consiste na demonstração do fluxo financeiro da empresa. E, passado muito tempo de as empresas sentirem dificuldades de avaliar sua situação financeira, eis que, em 2008, a prática de construção do Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória. Dado que vários índices podem ser obtidos mediante a construção e análise do fluxo de caixa empresarial. Essa ferramenta consiste em demonstrar suas atividades diárias, seja de recursos utilizados, previsões orçamentárias até a determinação de investimentos. Aboim Costa et al. (2011, p. 39) complementam que “analistas que investigam a saúde da empresa olhando somente para a demonstração de resultados podem se enganar. Quase sempre os problemas de insolvência ou iliquidez ocorrem por falta de adequada administração do fluxo de caixa”. E, ainda, Bordeaux-Rêgo et al. (2010, p. 30) comentam que a projeção do fluxo de caixa subdivide-se em: “Investimento inicial e a Fase de operação do projeto que gera os fluxos de caixa líquidos anuais”. O Sebrae (2022) ainda afirma que “o objetivo dessa ferramenta é apurar o saldo disponível no momento e projetar o futuro, para que exista sempre capital de giro acessível tanto para o custeio da operação da empresa, quanto para o investimentos em melhorias”. Cabe salientar ainda que a construção do Fluxo de Caixa dá uma visão financeira atual e futura das atividades da empresa. E, dependendo da sua natureza e dos anseios (objetivos e metas), os resultados e ações necessárias poderão ser diferentes de uma empresa para a outra. O Sebrae (2022) dá algumas dicas em relação ao controle do Fluxo e Caixa: • Faça o lançamento diário de suas vendas e despesas. • Em situação deficitária, tome decisões sobre a necessidade de capital de giro. • Se o saldo for positivo, avalie a possibilidade de realizar investimentos na sua empresa. 9 • Lance seus pagamentos e recebimentos futuros. • Se o saldo for negativo, revise tudo e avalie a necessidade de capital de giro. E, ainda, o Fluxo de Caixa avalia a capacidade da empresa gerar recursos para cobrir a necessidade de capital de giro, pagamento de dividendos, financiamentos etc. Por isso, o Fluxo de Caixa é apresentado de três maneiras: • Método direto: aquele que leva em consideração os recebimentos gerados pelas vendas e deduz os fluxos de pagamentos. • Método indireto partindo da lucratividade (EBITDA): aquele que levanta a capacidade de o lucro ser suficiente para a remuneração do capital de terceiros, imposto de renda, depreciação e amortizações, tendo em vista o período em que são gerados os recursos. • Método indireto partindo do lucro líquido: aquele que considera todas as despesas e receitas que não impactam o caixa da empresa. Sendo assim, o Fluxo de Caixa permite avaliar os resultados e perspectivas sob o ponto de vista da empresa (global) e dos acionistas (capital próprio). Do ponto de vista da empresa, não são levados em consideração os juros e amortizações pagos. O Fluxo de Caixa pelo ponto de vista dos acionistas considera as despesas financeiras e as amortizações. A partir daí, a análise de investimentos entra em cena e é preciso estabelecer um padrão para comparar resultados obtidos, a depender dos tipos de projetos que serão executados, seja pela Taxa Mínima de Atratividade ou pelos seguintes tipos de projetos, tal como Megliorino e Vallim (2018) comentam: • Projetos independentes: possuem propósitos diferentes e a escolha de um não interfere na escolha de outro. • Projetos mutuamente excludentes: possuem o mesmo objetivo e a escolha de um elimina a escolha dos demais. • Projetos contingentes: são aqueles que se complementam para atender a um objetivo,em que a aceitação de um implica a aceitação das demais (p. 70). 10 E pelas técnicas de análise de projetos determinísticos, que podem ser pelo: payback simples, payback descontado, valor presente líquido, taxa interna de retorno e índice de lucratividade. TEMA 4 – ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA Além da falta de planejamento e a má administração por parte dos gestores, outra medida que impacta a situação empresarial é a administração de caixa. O caixa é composto por dinheiro, saldos em conta e ativos quase monetários, que juntos farão parte do saldo operacional de caixa, além dos investimentos de alta liquidez. “O termo Caixa ou o termo disponibilidades devem ser interpretados como o montante de recursos que a empresa tem disponível para saldar suas obrigações de curto prazo” (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42). Portanto, a administração de caixa envolve o planejamento e o controle. O planejamento, por levar as necessidades da empresa, bem como aonde ela quer chegar em termos de investimentos, crescimento etc. Já o controle diz respeito à avaliação das despesas e receitas, avaliando, se estas estão condizentes, ou seja, equilibradas, gerando lucratividade. Sendo assim, as três principais finalidades do caixa são: para as transações – consideradas a sustentação da empresa; a precaução – a fim de evitar surpresas (desembolsos que não estavam previstos) e, especulação – voltada para a estratégia, visa dar conta de situações que tenham a intenção de obter ganhos, que não somente o lucro. Com base nessas finalidades, alguns modelos são apresentados: o Modelo do Caixa Mínimo Operacional é o primeiro deles. Esse método consiste em um “pressuposto básico de que a empresa deve, para saldar suas obrigações no vencimento e aproveitar as oportunidades de investimento, manter um saldo mínimo de caixa” (Lopes, 2003, p. 2). De acordo com Gitman (1987 citado por Lopes, 2003, p. 2), “O Caixa Mínimo Operacional pode ser considerado como o montante líquido de recursos necessários para que o Capital Circulante Líquido suporte um nível determinado de vendas”. O Caixa Mínimo Operacional é calculado pela seguinte fórmula: CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL = 𝑫𝑬𝑺𝑬𝑴𝑩𝑶𝑳𝑺𝑶𝑺 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑰𝑺 𝑷𝑹𝑬𝑽𝑰𝑺𝑻𝑶𝑺 𝑮𝑰𝑹𝑶 𝑫𝑬 𝑪𝑨𝑰𝑿𝑨 11 Outro modelo de quantificação de caixa é o Modelo de Baumol. Conforme Assaf Neto e Silva (1997, p. 81 citado por Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42) explicam, “este modelo é aplicado quando existem entradas periódicas de dinheiro no caixa e saídas constantes de recursos”. E, ainda, por esse modelo “uma empresa recebe todos os seus direitos em determinada data do mês e aplica este capital em títulos de liquidez imediata ou aplicações de curto prazo, conforme a necessidade de pagamentos da empresa” (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42). Para o cálculo do Modelo de Baumol, utilizamos a seguinte fórmula: N = determinação para o caixa apropriado S = demanda por recursos no período O = representa o custo por cada transação C = representa o custo de manutenção do capital em caixa Cendrón e Eld Junior (2001, p. 42) ainda complementam que “na medida em que aumentam os custos para realizar operações financeiras, diminui o número de saques de forma a evitar estes custos”. Por outro lado, o Modelo de Miller e Orr “supõe que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas e saídas de caixa) é normal” (Ross et al., 1995, p. 557 citado por Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 43). Enquanto o Modelo de Baumol é determinístico, ou seja, trabalha com a previsibilidade, o Modelo de Miller e Orr é dependente das entradas e saídas de caixa, por isso, eles estabeleceram um saldo mínimo e um saldo máximo para tentar conter a imprevisibilidade. “Determinado o nível mínimo do intervalo do caixa, a fórmula a seguir indicará o valor do ponto do retorno (z*), ou seja, o valor ao qual, em caso de ultrapassar o limite máximo ou diminuir do limite mínimo, devemos fazer retornar o nível de caixa” (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 43): Em que: m = o menor valor que pode assumir o caixa b = o custo de cada transação de investimento ou resgate N= (2SO/C)1/2 Z* = m + [(0,75.b.s2) / i]1/3 12 s2 = a variância diária do caixa i = taxa de juros diária Após a determinação do valor do ponto do retorno, determina-se o limite máximo para o intervalo de caixa: Em que: h* = representa o valor do limite máximo do intervalo de valor determinado para o caixa m= o menor valor que pode assumir o caixa z = valor do ponto do retorno Em resumo, o modelo de Miller e Orr leva em consideração a maior ou menor aversão ou propensão ao risco assumido pela gerência (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 43). Portanto, comparando-se os modelos, o Modelo de Miller e Orr indica a oscilação das entradas e saídas, considerando o limite inferior e superior estipulado. O Modelo de Baumol é aplicado quando as entradas de dinheiro são periódicas, e as saídas de recursos, contínuas. E o modelo de Caixa Mínimo Operacional trata da aplicação do capital com resgates posteriores. Cabe ao gestor, então, adequar o modelo ideal às necessidades da empresa. TEMA 5 – APLICAÇÃO PRÁTICA: INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS São diversos os indicadores econômicos e financeiros que os investidores devem acompanhar para que seus negócios e/ou investimentos rendam bons frutos. Para os investidores, indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB), a Taxa Selic, o Ibovespa, entre outros, poderão interferir na tomada de decisões, seja em que tipo de investimento deverá investir, qual trará um retorno maior e por quanto tempo será realizado. Isso influenciará a trajetória das empresas, afinal, os gestores buscam aumentar o valor da empresa, com base na atratividade e interesse que estas geram nos investidores. h* = m + 3z* 13 Dessa forma, no que diz respeito aos negócios, é fundamental que as empresas façam uma análise da situação financeira avaliando a lucratividade, liquidez, estrutura e endividamento e as despesas operacionais. Ou seja, as empresas prezam pela rentabilidade (margem líquida, giro do ativo, rentabilidade do ativo e rentabilidade do Patrimônio Líquido); estrutura de capital (capital próprio ou de terceiros); liquidez (capacidade de arcar com suas dívidas) e insolvência “incapacidade da empresa em arcar com as suas obrigações financeiras na data de seu vencimento, bem como quando seus ativos são inferiores ao valor de seus passivos” (Silva, 2010). Tudo isso para realizar um comparativo do desempenho passado em relação ao futuro da empresa. O indicador econômico traz a relação entre produção e comercialização, enquanto os financeiros mostram os resultados de caixa. Assim sendo, com base nas demonstrações contábeis, as empresas hoje podem ser comparadas, isso baseando-se não só na sua condição enquanto empresa, mas pelo resultado dos seus índices, principalmente em se tratando de empresas do mesmo setor. Vamos iniciar com os indicadores econômicos, que, como o próprio conceito de economia nos traz, é aquele que expressa a relação entre oferta e demanda, considerando a escassez dos recursos produtivos (terra, mão de obra, capital, juros e capacidade empresarial). Neste caso, temos o Produto Interno Bruto (PIB), que consiste em toda a produção realizada em um determinado país, região ou local, em dado período de tempo. O PIB “é a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país” (Vasconcellos, 2015, p. 223). O Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) é o avaliador das condições dos preços, por meio do cálculo da inflação em relação ao poder de compra da população. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) indica a variação de preços para os setores de atacado e construção. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) indica a variação de preços para famílias comrenda de até 5 salários-mínimos. A Taxa Referencial (TR) é muito utilizada pelas instituições financeiras. É utilizada como um indicador de correção monetária para operações de crédito e aplicações financeiras. 14 O dólar, moeda americana considerada âncora da nossa economia, influencia muitas das atividades econômicas, principalmente as realizadas com o exterior (importação e exportação). O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) é a famosa Taxa SELIC, considerada a taxa básica de juros da economia. É por meio dela que a economia exerce a política de juros e empréstimos. Quanto aos indicadores utilizados na análise econômico-financeira, temos: Os índices de liquidez, que “mostram a capacidade de uma empresa em honrar suas obrigações financeiras de curto prazo” (Mellagi Filho, 2003, p. 17), divididos em Índice de Liquidez Corrente, Índice de Liquidez Seco e Índice de Liquidez Geral. Os Índices de Atividade “representam o prazo (dias) de renovação dos elementos patrimoniais, dentro de determinado período de tempo” (Mellagi Filho, 2003, p. 18), sendo divididos em Giro de Estoques, Prazo Médio (dias) de Estoques, Giro das Duplicatas a Receber, Prazo Médio (dias) das Duplicatas a Receber, Giro dos Fornecedores e Prazo Médio (dias) de Pagamento a Fornecedores. Os Índices de Rentabilidade “mostram o retorno sobre o capital é investido, sendo este próprio ou de terceiros, e também evidenciam o nível de sucesso ou insucesso de uma administração” (Mellagi Filho, 2003, p. 20). São divididos em: Margem Bruta, Margem Líquida e, Rentabilidade do Capital Próprio. E os Índices de Endividamento “mostram se a empresa está utilizando de maneira eficiente os recursos oriundos de credores externos” (Mellagi Filho, 2003, p. 20). Sendo divididos em Índice de Endividamento e Índice de Cobertura de Juros Tendo em vista as publicações contábeis, é fundamental o conhecimento do volume de recursos gerados pela empresa, bem como a capacidade de saldar suas obrigações, para avaliar a utilidade dos recursos, o capital de giro, os investimentos que serão realizados e como a empresa realizará a captação de recursos, verificando não só a relação dos participantes do mercado, os preços praticados, as forças que interagem nesse mercado, as importações/exportações, entre outros, que colaborarão para a análise da saúde econômico-financeira da empresa e como ela poderá se precaver diante dos mais variados cenários. 15 REFERÊNCIAS ABOIM COSTA, Luiz Guilherme Tinoco et al. Análise econômico-financeira de empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. BORDEAUX-RÊGO, R. et al. Viabilidade econômico-financeira de empresas. 3ª ed. Rio de Janeiro; Editora FGV, 2010. CENDRÓN, G.; ELD JUNIOR, W. Administração de caixa: uma análise e modelos para a quantificação de saldo de caixa. Revista de negócios, Blumenau, v. 6, n. 2, p. 41-51, abr.-jun. 2001. LOPES, F. R. S. Administração de caixa: uma contribuição ao processo de gestão. Revista FAE, Curitiba/PR, abr. 2013. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/exXfPgYOAtjbW4l _2013-4-24-12-31-47.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2022. MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018. SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SEBRAE. O que é o fluxo de caixa e como aplicá-lo no seu negócio. 2022. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/fluxo-de- caixa-o-que-e-e-como- implantar,b29e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro: teoria e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Economia: edição customizada. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.