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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Franciele Lourenço 
 
 
 
2 
TEMA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL E SUA IMPORTÂNCIA NA 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
A Contabilidade por si só já é muito importante para as empresas e ela se 
destaca ainda mais quando falamos de contabilidade financeira e o que ela pode 
proporcionar em termos de melhorias para a tomada de decisão. 
Afinal, o Balanço Patrimonial, em específico, demonstrará a situação 
financeira e patrimonial da empresa. Claro que o dia a dia empresarial também 
importa, e muito, mas o que é contabilizado e formalizado trará ainda mais 
respaldo para tal avaliação. 
Por ser considerado um espelho da situação da empresa, o Balanço 
Patrimonial é o significativo de questões não só de curto prazo, mas dos 
investimentos em longo prazo. 
Segundo Bordeaux-Rêgo et al. (2010, p. 21): 
o balanço é o retrato instantâneo da situação contábil da empresa. Ele 
se subdivide em duas partes: passivo e ativo. À esquerda ficam os ativos 
da empresa, que representam as suas aplicações. À direita, os passivos 
e o patrimônio dos acionistas ou proprietários, suas fontes de recursos. 
Tal como será apresentado a seguir: 
Quadro 1 – Estrutura do balanço patrimonial de uma empresa 
Ativo Passivo 
Ativo Circulante 
Curto prazo: 
contas circulantes 
Passivo Circulante 
Caixa 
Aplicações financeiras 
Contas a receber no curto prazo 
Estoques 
Fornecedores 
Contas a pagar 
Impostos 
Dividendos 
Ativo não circulante Longo prazo: 
contas 
permanentes 
Passivo não circulante 
Imobilizados 
Investimentos a longo prazo 
Diferido 
Exigível a longo prazo (dívidas) 
✓ Empréstimos 
✓ Debêntures 
 Patrimônio Líquido 
✓ Capital próprio dos acionistas 
✓ Lucros retidos 
✓ Reservas 
Fonte: Bordeaux-Rêgo et al., 2010, p. 21. 
O Ativo Circulante indica todas as operações de curto prazo, sua 
importância está na capacidade de manter o negócio, e essa sustentabilidade é 
complementada pela capacidade de investimento da empresa, tais como: 
• Caixa: é aquele que promove liquidez e que indica a disponibilidade. 
 
 
3 
• Aplicações financeiras: compostas por títulos ou obrigações de fácil 
conversão. 
• Contas a receber: são aquelas contas que a empresa tem em aberto para 
receber dos clientes. 
• Estoques: são aqueles que poderão ser caracterizados como contas a 
receber de clientes ou convertidos em caixa (pagamento à vista). 
Os ativos não circulantes, são todas as entradas de longo prazo, sua 
importância consiste na capacidade de avaliar, em longo prazo, a situação da 
empresa em termos de investimentos, tais como: 
• Imobilizados: composto por bens tangíveis e intangíveis. 
• Investimentos a longo prazo: são as ações ou contas em outras empresas 
coligadas ou controladas. 
• Diferido: recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento e/ou 
investimentos que excedam o período do exercício. 
O Passivo representa as obrigações de curto prazo, no caso do Passivo 
Circulante, ele é essencial para uma boa gestão financeira, afinal, demonstra 
todas as obrigações que a empresa possui no curto prazo, tais como: 
• Fornecedores: são compras de estoques que estão em aberto para os 
fornecedores. 
• Contas a pagar: são as compras em geral. 
• Impostos: são todos os encargos e financiamentos contraídos nas 
instituições financeiras. 
• Dividendos: é a parte do lucro líquido que é dividido aos acionistas. 
Os Passivos não circulantes são utilizados nas operações de longo prazo, 
portanto, quanto às dívidas e impostos que deverão ser pagos em longo prazo, 
temos: 
• Exigível a longo prazo: são todos os empréstimos e financiamentos 
contraídos em instituições financeiras, operações de moeda nacional x 
estrangeira e obrigações por emissões de debêntures. 
• Provisões: são as estimativas de perdas que poderão ocorrer no futuro. 
• Patrimônio líquido: são os recursos próprios dos sócios, distribuídos em: 
capital, lucros retidos e reservas. Em resumo, consiste no capital acrescido 
do rendimento obtido. 
 
 
4 
Sendo assim, o Balanço Patrimonial mostra as origens dos recursos e 
proporciona uma melhor visão sobre as dívidas e possíveis aplicações que 
poderão ser realizadas, bem como possibilita uma série de avaliações que 
auxiliarão a tomada de decisões. E, se acrescida às Demonstrações dos 
Resultados Financeiros, poderão trazer dados ainda mais completos e um olhar 
diferenciado das movimentações da empresa. 
TEMA 2 – AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE UMA EMPRESA COM A 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
Toda empresa necessita fazer uma boa avaliação financeira, tendo como 
base não só as condições de sobrevivência de sua empresa, mas também a 
capacidade de ampliação, adaptação ou investimentos, que possam torná-la uma 
empresa de diferencial no mercado em que atua. 
A própria teoria microeconômica descreve a maximização de lucros, seja 
de curto ou longo prazos como uma das premissas para se estabelecer um nível 
de produção que seja rentável. 
Desta forma, avaliando-se as condições pertinentes à maximização do 
lucro total, tal como a produção efetuada, os custos totais, o preço unitário 
empregado, a receita total obtida, teríamos início à constituição do lucro total, 
analisando sob as perspectivas do custo marginal e da receita marginal. 
Com isso, se empresa for bem planejada por meio dos gestores, garante 
um bom custo de oportunidade (lucro normal) nas curvas de custos, de tal modo 
que isso os capacitaria a escolher alternativas consideradas mais viáveis ao 
negócio. 
Logo, o lucro normal, de acordo com Vasconcellos e Garcia (2009, p. 61), 
“é o valor que mantém o proprietário numa dada atividade: se o lucro fosse mais 
baixo, o empresário sairia desse mercado, aplicando em outro negócio, ou no 
mercado financeiro”. 
Considerando essa informação, percebemos que todo o excedente do 
chamado lucro normal, ou, melhor dizendo, do custo de oportunidade do capital, 
poderá vir a gerar um lucro extra. Vasconcellos e Garcia (2009) conceituam esse 
excedente como lucro extraordinário, extra ou lucro econômico. 
Portanto, além das informações provenientes da contabilidade, a empresa 
deverá considerar o custo de oportunidade, se quiser conhecer o lucro econômico 
de suas atividades. Concebido pela seguinte fórmula: 
 
 
5 
 
 
Os gastos explícitos tratam de despesas correntes com os fatores de 
produção, tais como: compra de máquinas e equipamentos, aluguéis, salários e 
encargos etc. 
Por isso, o lucro contábil é considerado o resultado do que sobra, 
deduzindo-se todos os gastos. Já o Lucro econômico apesar de subjetivo 
considera os seguintes itens em seu cálculo: 
 
 
Então, o lucro econômico trata-se de um lucro contábil acrescido da 
variável custo de oportunidade. E os custos de oportunidade ligam-se ao sacrifício 
de investir num bem “A”, para investir em um bem “B”. 
Segundo Vasconcellos e Garcia (2009, p. 58), os custos de oportunidade 
são: “custos implícitos, relativos aos insumos que pertencem à empresa e que não 
envolvem desembolso monetário. Esses custos são estimados a partir do que 
poderia ser ganho no melhor uso alternativo” (chamados também de custos 
alternativos ou implícitos). 
E, apesar de não serem demonstrados no Balanço Patrimonial, o custo de 
oportunidade é importante para as decisões, tendo em vista que o lucro 
econômico o inclui nas análises de quanto as empresas ganham ou perdem com 
suas tomadas de decisão. Considerando que escolhas são feitas em detrimento 
do seu capital. 
Afinal, qual é a importância do lucro econômico? Ele reflete uma realidade 
que o lucro contábil não é capaz de mostrar. Devido ao lucro contábil mascarar os 
resultados contábeis, principalmente o custo de oportunidade, de tal forma que, 
analisando-se as questões subjetivas, mas reais da empresa, o resultado passa 
a ser outro, em que cabe uma maior atenção e planejamento.Por isso, a administração financeira deve permitir vários olhares como 
complemento de suas decisões, afinal, analisar ganhos e perdas apenas pelo 
Balanço Patrimonial e a Demonstração dos Resultados se torna um tanto limitado, 
se analisarmos os diversos cenários possíveis. 
Outra forma de avaliar os resultados do DRE é por meio da análise 
horizontal e vertical. A primeira trata da análise do Balanço Patrimonial, do DRE e 
LUCRO CONTÁBIL = RECEITA TOTAL – GASTOS EXPLÍCITOS 
LUCRO ECONÔMICO = RECEITA TOTAL – (GASTOS EXPLÍCITOS – CUSTOS DE 
OPORTUNIDADE) 
 
 
6 
do Demonstrativo de Fluxo de Caixa durante um período. Seu objetivo é fazer um 
comparativo da questão patrimonial e seus demais desempenhos, com base nas 
Demonstrações Financeiras de um ano em relação ao outro. 
A segunda consiste em analisar as contas conforme o grupo (colunas das 
demonstrações), entendendo-as e fazendo certas projeções em relação às 
atividades da empresa, assim como o cálculo de percentuais que permitam 
comparações, por exemplo: 
 
 
Assim sendo, a Análise Vertical permite uma comparação entre as 
demonstrações financeiras e suas possíveis mudanças anuais. Mas não para por 
ai, até agora foram evidenciadas algumas formas de análise, mas, nesse 
processo, a construção da Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) é 
primordial. Ela deverá seguir os seguintes passos: 
1) Montar a estrutura do DRE: a empresa deverá levantar todas as 
informações contábeis e gerenciais para dar apoio à sua construção, tal 
como segue. 
Quadro 2 – Estrutura do DRE 
(+) Receita Operacional Bruta 
(-) Deduções e abatimentos (impostos sobre vendas) 
(=) Receita Operacional Líquida 
(-) Custos de Mercadorias Vendidas (CMV) 
(-) Despesas Operacionais 
(=) LAJIR 
(-) Depreciação 
(-) Juros 
(=) LAIR 
(-) Imposto de renda 
(=) Lucro Líquido 
(+) Depreciação 
(=) Fluxo de caixa operacional 
(-) Investimentos de capital 
(-) Necessidades de capital de giro 
(=) Lucro líquido aos acionistas 
Fonte: elaborado com base em Bordeaux-Rêgo et al., 2010, p. 26. 
ANÁLISE VERTICAL (AV) = 
𝑪𝑶𝑵𝑻𝑨 (𝑶𝑼 𝑮𝑹𝑼𝑷𝑶 𝑫𝑬 𝑪𝑶𝑵𝑻𝑨𝑺)
𝑨𝑻𝑰𝑽𝑶 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳 (𝑶𝑼 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑰𝑽𝑶 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳)
 *100 
 
 
7 
Em um segundo momento, a empresa deverá calcular a Receita Líquida, 
que é o valor obtido pelas suas atividades produtivas. 
 
Não esquecendo que a Receita Líquida é composta por Venda de produtos 
+ Venda de mercadorias + Prestações de serviço. E as Deduções da Receita 
Bruta são formadas por Devoluções de Vendas + Abatimentos + Impostos e 
Contribuições Incidentes sobre Vendas. 
A seguir, devemos calcular o Resultado Bruto, que consiste na dedução 
entre receita total e custos de produção, ou seja, é o que a empresa obteve ao 
final de sua produção. 
 
 
Quanto ao Resultado Antes do Imposto de Renda (IR) e à Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), denominado como LAIR – Lucro Anterior ao 
Imposto de Renda – e Contribuição Social, que consiste em todos os valores 
captados pela empresa antes da incidência de impostos e contribuições. 
 
 
 
 Cálculo que irá se desdobrar no Lucro Líquido: 
 
 
 
O objetivo das Demonstrações do Resultado do Exercício é chegar ao LLE 
– Lucro Líquido do Exercício. Dessa forma, Bordeaux-Rêgo (2010, p. 25) 
complementam que “a apuração dos resultados é um ponto de partida para a 
projeção do fluxo de caixa e o lucro econômico do projeto”. 
Sendo assim, o DRE serve como um grande indicador de eficiência, 
resultando no retorno do investimento (lucro ou prejuízo) efetuado pelos donos da 
empresa. 
RECEITA LÍQUIDA = RECEITA BRUTA – DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 
RESULTADO BRUTO = RECEITA LÍQUIDA – CUSTO DAS MERCADORIAS 
VENDIDAS 
RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL= RESULTADO BRUTO – GASTOS 
OPERACIONAIS – GASTOS FINANCEIROS LÍQUIDOS E OUTRAS RECEITAS E 
DESPESAS 
LUCRO LÍQUIDO = RESULTADO ANTES DO IR E CSLL – PROVISÃO PARA IR E CSLL 
 
 
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TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PARA 
A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
Um dos aparatos básicos que toda empresa deveria ter, porém, falha pela 
sua falta, é o Fluxo de Caixa, que, de um simples levantamento, acaba se 
tornando uma grande ferramenta de análise de desempenho, que consiste na 
demonstração do fluxo financeiro da empresa. 
E, passado muito tempo de as empresas sentirem dificuldades de avaliar 
sua situação financeira, eis que, em 2008, a prática de construção do Fluxo de 
Caixa passou a ser obrigatória. Dado que vários índices podem ser obtidos 
mediante a construção e análise do fluxo de caixa empresarial. Essa ferramenta 
consiste em demonstrar suas atividades diárias, seja de recursos utilizados, 
previsões orçamentárias até a determinação de investimentos. 
Aboim Costa et al. (2011, p. 39) complementam que “analistas que 
investigam a saúde da empresa olhando somente para a demonstração de 
resultados podem se enganar. Quase sempre os problemas de insolvência ou 
iliquidez ocorrem por falta de adequada administração do fluxo de caixa”. 
E, ainda, Bordeaux-Rêgo et al. (2010, p. 30) comentam que a projeção do 
fluxo de caixa subdivide-se em: “Investimento inicial e a Fase de operação do 
projeto que gera os fluxos de caixa líquidos anuais”. 
O Sebrae (2022) ainda afirma que “o objetivo dessa ferramenta é apurar o 
saldo disponível no momento e projetar o futuro, para que exista sempre capital 
de giro acessível tanto para o custeio da operação da empresa, quanto para o 
investimentos em melhorias”. 
Cabe salientar ainda que a construção do Fluxo de Caixa dá uma visão 
financeira atual e futura das atividades da empresa. E, dependendo da sua 
natureza e dos anseios (objetivos e metas), os resultados e ações necessárias 
poderão ser diferentes de uma empresa para a outra. 
O Sebrae (2022) dá algumas dicas em relação ao controle do Fluxo e 
Caixa: 
• Faça o lançamento diário de suas vendas e despesas. 
• Em situação deficitária, tome decisões sobre a necessidade de capital de 
giro. 
• Se o saldo for positivo, avalie a possibilidade de realizar investimentos na 
sua empresa. 
 
 
9 
• Lance seus pagamentos e recebimentos futuros. 
• Se o saldo for negativo, revise tudo e avalie a necessidade de capital de 
giro. 
E, ainda, o Fluxo de Caixa avalia a capacidade da empresa gerar recursos 
para cobrir a necessidade de capital de giro, pagamento de dividendos, 
financiamentos etc. 
Por isso, o Fluxo de Caixa é apresentado de três maneiras: 
• Método direto: aquele que leva em consideração os recebimentos gerados 
pelas vendas e deduz os fluxos de pagamentos. 
• Método indireto partindo da lucratividade (EBITDA): aquele que levanta a 
capacidade de o lucro ser suficiente para a remuneração do capital de 
terceiros, imposto de renda, depreciação e amortizações, tendo em vista o 
período em que são gerados os recursos. 
• Método indireto partindo do lucro líquido: aquele que considera todas as 
despesas e receitas que não impactam o caixa da empresa. 
Sendo assim, o Fluxo de Caixa permite avaliar os resultados e perspectivas 
sob o ponto de vista da empresa (global) e dos acionistas (capital próprio). Do 
ponto de vista da empresa, não são levados em consideração os juros e 
amortizações pagos. O Fluxo de Caixa pelo ponto de vista dos acionistas 
considera as despesas financeiras e as amortizações. 
A partir daí, a análise de investimentos entra em cena e é preciso 
estabelecer um padrão para comparar resultados obtidos, a depender dos tipos 
de projetos que serão executados, seja pela Taxa Mínima de Atratividade ou pelos 
seguintes tipos de projetos, tal como Megliorino e Vallim (2018) comentam: 
• Projetos independentes: possuem propósitos diferentes e a escolha de um 
não interfere na escolha de outro. 
• Projetos mutuamente excludentes: possuem o mesmo objetivo e a escolha 
de um elimina a escolha dos demais. 
• Projetos contingentes: são aqueles que se complementam para atender a 
um objetivo,em que a aceitação de um implica a aceitação das demais (p. 
70). 
 
 
10 
E pelas técnicas de análise de projetos determinísticos, que podem ser 
pelo: payback simples, payback descontado, valor presente líquido, taxa interna 
de retorno e índice de lucratividade. 
TEMA 4 – ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA 
Além da falta de planejamento e a má administração por parte dos 
gestores, outra medida que impacta a situação empresarial é a administração de 
caixa. O caixa é composto por dinheiro, saldos em conta e ativos quase 
monetários, que juntos farão parte do saldo operacional de caixa, além dos 
investimentos de alta liquidez. 
“O termo Caixa ou o termo disponibilidades devem ser interpretados como 
o montante de recursos que a empresa tem disponível para saldar suas 
obrigações de curto prazo” (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42). 
Portanto, a administração de caixa envolve o planejamento e o controle. O 
planejamento, por levar as necessidades da empresa, bem como aonde ela quer 
chegar em termos de investimentos, crescimento etc. Já o controle diz respeito à 
avaliação das despesas e receitas, avaliando, se estas estão condizentes, ou 
seja, equilibradas, gerando lucratividade. 
Sendo assim, as três principais finalidades do caixa são: para as 
transações – consideradas a sustentação da empresa; a precaução – a fim de 
evitar surpresas (desembolsos que não estavam previstos) e, especulação – 
voltada para a estratégia, visa dar conta de situações que tenham a intenção de 
obter ganhos, que não somente o lucro. 
Com base nessas finalidades, alguns modelos são apresentados: o 
Modelo do Caixa Mínimo Operacional é o primeiro deles. Esse método consiste 
em um “pressuposto básico de que a empresa deve, para saldar suas obrigações 
no vencimento e aproveitar as oportunidades de investimento, manter um saldo 
mínimo de caixa” (Lopes, 2003, p. 2). 
De acordo com Gitman (1987 citado por Lopes, 2003, p. 2), “O Caixa Mínimo 
Operacional pode ser considerado como o montante líquido de recursos 
necessários para que o Capital Circulante Líquido suporte um nível determinado de 
vendas”. 
O Caixa Mínimo Operacional é calculado pela seguinte fórmula: 
 
 
CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL = 
𝑫𝑬𝑺𝑬𝑴𝑩𝑶𝑳𝑺𝑶𝑺 𝑻𝑶𝑻𝑨𝑰𝑺 𝑷𝑹𝑬𝑽𝑰𝑺𝑻𝑶𝑺
𝑮𝑰𝑹𝑶 𝑫𝑬 𝑪𝑨𝑰𝑿𝑨
 
 
 
11 
Outro modelo de quantificação de caixa é o Modelo de Baumol. Conforme 
Assaf Neto e Silva (1997, p. 81 citado por Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42) 
explicam, “este modelo é aplicado quando existem entradas periódicas de dinheiro 
no caixa e saídas constantes de recursos”. 
E, ainda, por esse modelo “uma empresa recebe todos os seus direitos em 
determinada data do mês e aplica este capital em títulos de liquidez imediata ou 
aplicações de curto prazo, conforme a necessidade de pagamentos da empresa” 
(Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 42). 
Para o cálculo do Modelo de Baumol, utilizamos a seguinte fórmula: 
 
N = determinação para o caixa apropriado 
S = demanda por recursos no período 
O = representa o custo por cada transação 
C = representa o custo de manutenção do capital em caixa 
Cendrón e Eld Junior (2001, p. 42) ainda complementam que “na medida 
em que aumentam os custos para realizar operações financeiras, diminui o 
número de saques de forma a evitar estes custos”. 
Por outro lado, o Modelo de Miller e Orr “supõe que a distribuição dos fluxos 
líquidos diários (entradas e saídas de caixa) é normal” (Ross et al., 1995, p. 557 
citado por Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 43). 
Enquanto o Modelo de Baumol é determinístico, ou seja, trabalha com a 
previsibilidade, o Modelo de Miller e Orr é dependente das entradas e saídas de 
caixa, por isso, eles estabeleceram um saldo mínimo e um saldo máximo para 
tentar conter a imprevisibilidade. 
“Determinado o nível mínimo do intervalo do caixa, a fórmula a seguir 
indicará o valor do ponto do retorno (z*), ou seja, o valor ao qual, em caso de 
ultrapassar o limite máximo ou diminuir do limite mínimo, devemos fazer retornar 
o nível de caixa” (Cendrón; Eld Junior, 2001, p. 43): 
 
 
Em que: 
m = o menor valor que pode assumir o caixa 
b = o custo de cada transação de investimento ou resgate 
N= (2SO/C)1/2 
Z* = m + [(0,75.b.s2) / i]1/3 
 
 
12 
s2 = a variância diária do caixa 
i = taxa de juros diária 
Após a determinação do valor do ponto do retorno, determina-se o limite 
máximo para o intervalo de caixa: 
 
 
 
Em que: 
h* = representa o valor do limite máximo do intervalo de valor determinado para o 
caixa 
m= o menor valor que pode assumir o caixa 
z = valor do ponto do retorno 
Em resumo, o modelo de Miller e Orr leva em consideração a maior ou 
menor aversão ou propensão ao risco assumido pela gerência (Cendrón; Eld 
Junior, 2001, p. 43). 
Portanto, comparando-se os modelos, o Modelo de Miller e Orr indica a 
oscilação das entradas e saídas, considerando o limite inferior e superior 
estipulado. O Modelo de Baumol é aplicado quando as entradas de dinheiro são 
periódicas, e as saídas de recursos, contínuas. E o modelo de Caixa Mínimo 
Operacional trata da aplicação do capital com resgates posteriores. 
Cabe ao gestor, então, adequar o modelo ideal às necessidades da 
empresa. 
TEMA 5 – APLICAÇÃO PRÁTICA: INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS 
São diversos os indicadores econômicos e financeiros que os investidores 
devem acompanhar para que seus negócios e/ou investimentos rendam bons 
frutos. 
Para os investidores, indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB), a 
Taxa Selic, o Ibovespa, entre outros, poderão interferir na tomada de decisões, 
seja em que tipo de investimento deverá investir, qual trará um retorno maior e 
por quanto tempo será realizado. 
Isso influenciará a trajetória das empresas, afinal, os gestores buscam 
aumentar o valor da empresa, com base na atratividade e interesse que estas 
geram nos investidores. 
h* = m + 3z* 
 
 
13 
Dessa forma, no que diz respeito aos negócios, é fundamental que as 
empresas façam uma análise da situação financeira avaliando a lucratividade, 
liquidez, estrutura e endividamento e as despesas operacionais. 
Ou seja, as empresas prezam pela rentabilidade (margem líquida, giro do 
ativo, rentabilidade do ativo e rentabilidade do Patrimônio Líquido); estrutura de 
capital (capital próprio ou de terceiros); liquidez (capacidade de arcar com suas 
dívidas) e insolvência “incapacidade da empresa em arcar com as suas 
obrigações financeiras na data de seu vencimento, bem como quando seus ativos 
são inferiores ao valor de seus passivos” (Silva, 2010). 
Tudo isso para realizar um comparativo do desempenho passado em 
relação ao futuro da empresa. O indicador econômico traz a relação entre 
produção e comercialização, enquanto os financeiros mostram os resultados de 
caixa. 
Assim sendo, com base nas demonstrações contábeis, as empresas hoje 
podem ser comparadas, isso baseando-se não só na sua condição enquanto 
empresa, mas pelo resultado dos seus índices, principalmente em se tratando de 
empresas do mesmo setor. 
Vamos iniciar com os indicadores econômicos, que, como o próprio 
conceito de economia nos traz, é aquele que expressa a relação entre oferta e 
demanda, considerando a escassez dos recursos produtivos (terra, mão de obra, 
capital, juros e capacidade empresarial). Neste caso, temos o Produto Interno 
Bruto (PIB), que consiste em toda a produção realizada em um determinado país, 
região ou local, em dado período de tempo. 
O PIB “é a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país” 
(Vasconcellos, 2015, p. 223). O Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) é 
o avaliador das condições dos preços, por meio do cálculo da inflação em relação 
ao poder de compra da população. 
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) indica a variação de preços 
para os setores de atacado e construção. O Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor (INPC) indica a variação de preços para famílias comrenda de até 5 
salários-mínimos. 
A Taxa Referencial (TR) é muito utilizada pelas instituições financeiras. É 
utilizada como um indicador de correção monetária para operações de crédito e 
aplicações financeiras. 
 
 
14 
O dólar, moeda americana considerada âncora da nossa economia, 
influencia muitas das atividades econômicas, principalmente as realizadas com o 
exterior (importação e exportação). 
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) é a famosa Taxa 
SELIC, considerada a taxa básica de juros da economia. É por meio dela que a 
economia exerce a política de juros e empréstimos. 
Quanto aos indicadores utilizados na análise econômico-financeira, temos: 
Os índices de liquidez, que “mostram a capacidade de uma empresa em honrar 
suas obrigações financeiras de curto prazo” (Mellagi Filho, 2003, p. 17), divididos 
em Índice de Liquidez Corrente, Índice de Liquidez Seco e Índice de Liquidez 
Geral. 
Os Índices de Atividade “representam o prazo (dias) de renovação dos 
elementos patrimoniais, dentro de determinado período de tempo” (Mellagi Filho, 
2003, p. 18), sendo divididos em Giro de Estoques, Prazo Médio (dias) de 
Estoques, Giro das Duplicatas a Receber, Prazo Médio (dias) das Duplicatas a 
Receber, Giro dos Fornecedores e Prazo Médio (dias) de Pagamento a 
Fornecedores. 
Os Índices de Rentabilidade “mostram o retorno sobre o capital é investido, 
sendo este próprio ou de terceiros, e também evidenciam o nível de sucesso ou 
insucesso de uma administração” (Mellagi Filho, 2003, p. 20). São divididos em: 
Margem Bruta, Margem Líquida e, Rentabilidade do Capital Próprio. 
E os Índices de Endividamento “mostram se a empresa está utilizando de 
maneira eficiente os recursos oriundos de credores externos” (Mellagi Filho, 2003, 
p. 20). Sendo divididos em Índice de Endividamento e Índice de Cobertura de 
Juros 
Tendo em vista as publicações contábeis, é fundamental o conhecimento 
do volume de recursos gerados pela empresa, bem como a capacidade de saldar 
suas obrigações, para avaliar a utilidade dos recursos, o capital de giro, os 
investimentos que serão realizados e como a empresa realizará a captação de 
recursos, verificando não só a relação dos participantes do mercado, os preços 
praticados, as forças que interagem nesse mercado, as importações/exportações, 
entre outros, que colaborarão para a análise da saúde econômico-financeira da 
empresa e como ela poderá se precaver diante dos mais variados cenários. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
ABOIM COSTA, Luiz Guilherme Tinoco et al. Análise econômico-financeira de 
empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. 
BORDEAUX-RÊGO, R. et al. Viabilidade econômico-financeira de empresas. 
3ª ed. Rio de Janeiro; Editora FGV, 2010. 
CENDRÓN, G.; ELD JUNIOR, W. Administração de caixa: uma análise e modelos 
para a quantificação de saldo de caixa. Revista de negócios, Blumenau, v. 6, n. 
2, p. 41-51, abr.-jun. 2001. 
LOPES, F. R. S. Administração de caixa: uma contribuição ao processo de gestão. 
Revista FAE, Curitiba/PR, abr. 2013. Disponível em: 
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/exXfPgYOAtjbW4l
_2013-4-24-12-31-47.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2022. 
MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: 
Pearson Education do Brasil, 2018. 
SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 
2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
SEBRAE. O que é o fluxo de caixa e como aplicá-lo no seu negócio. 2022. 
Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/fluxo-de-
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VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro: teoria e exercícios, 
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VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Economia: edição customizada. 2. 
ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

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