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RESUMO AV1: ESTUDOS INTEGRADOS DOS AGRAVOS EM SAÚDE BUCAL 1. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS: · O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS? É uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988. Foi instituído em 1988, com a promulgação da Constituição. · POR QUE SISTEMA ÚNICO? Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. · QUAL É A DOUTRINA DO SUS? Baseado nos preceitos constitucionais a construção do SUS se norteia pelos seguintes princípios doutrinários: PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS UNIVERSALIDADE É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. EQUIDADE O objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. INTEGRALIDADE Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. · QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE REGEM A ORGANIZAÇÃO DO SUS? Descentralização A descentralização no SUS é considerada um dos princípios-base. Promove a redistribuição do poder e das responsabilidades, em direção única, de forma articulada e integrada, nas três esferas do governo: municipal, estadual e federal. Com esse princípio, o município consegue conhecer as necessidades da região e tem autonomia para implementar medidas, especialmente nas unidades de saúde, que vão ao encontro das necessidades da sua população. Regionalização Esse é um princípio muito importante. As estratégias de saúde devem funcionar com uma articulação a serviços de saúde já existentes em uma região. Funciona da seguinte forma: um município que tem uma infraestrutura mais adequada para o atendimento à saúde realiza atendimentos para outros municípios. Esses serviços são adquiridos em forma de convênios de saúde. Hierarquização Tem a função de viabilizar a forma de acesso aos serviços de rede ambulatorial de alta, média e baixa complexidades, dependendo de cada caso. Participação social Formatada com a Lei nº 8.142/90, indica que, por meio da efetivação dos conselhos de saúde – locais, municipais, regionais, estaduais e nacional – e da realização de conferências de saúde, o Poder Público e a sociedade buscam formular estratégias e controlar e avaliar toda a execução da política de saúde nas esferas do governo. Para isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde. No geral, o SUS beneficia cenca de 180 mi de brasileiros e realiza por ano, cerca de 2,8 bi de atendimentos. · QUAIS OS PONTOS POSITIVOS DO SUS? - Dispõe de uma rede de ensino, pesquisa e extensão: como universidades, institutos e escolas de saúde pública que interage com as secretarias estaduais e municipais, Ministério da Saúde, agências e fundações. Essa rede contribui para a sustentabilidade institucional, pois possibilita que um conjunto de pessoas adquiram conhecimentos, habilidades e valores vinculados aos princípios e diretrizes do SUS. - Descentralização de atribuições e recursos: ampliando a oferta e o acesso aos serviços e ações, com impacto nos níveis de saúde. - Sistema de vigilância em saúde: O Programa Nacional de Imunizações é o maior do mundo, induzindo a autossuficiência de imunobiológicos. Merece destaque a atenção primária em saúde, vinculando cerca de 60% da população brasileira às equipes de Saúde da Família (ESF). - Desenvolvimento de informações à saúde: a exemplo dos referentes à mortalidade, às internações hospitalares e aos agravos de notificação, importantes para o monitoramento e avaliação de políticas, planos e programas. · QUAIS OS OBSTÁCULOS DO SUS? - Individualização da sociedade: Limitadas bases sociais e políticas. - Resistência dos profissionais da saúde: Interesse econômico e financeiro. - Estado não têm sustentado econômico, financeiro e científico: Problema de gestão: falta de profissionalização, o uso clientelista e partidário dos estabelecimentos públicos, número excessivo de cargos de confiança, burocratização das decisões e descontinuidade administrativa. - Falta de infra-estrutura e planejamento: foco no modelo médico hegemônico, centrado mais na doença que na saúde, no tratamento que na prevenção ou promoção, no hospital e nos serviços especializados, e menos na comunidade, no território e na atenção básica. - Com insuficientes recursos o SUS enfrenta problemas na manutenção da rede de serviços e na remuneração de seus trabalhadores, limitando os investimentos para a ampliação da infraestrutura pública. Diante dessa realidade, a decisão de compra de serviços no setor privado torna-se fortalecida e a ideologia da privatização é reforçada · QUAIS ALTERNATIVAS QUE SE APRESENTAM? - Articulação entre as esferas (nacional, estadual e federal). - Criação de secretarias executivas para fóruns. - Escolha dos governantes. · QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DO SUS? São exemplos: a participação na formulação da política de saneamento, a ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde; a formulação da política de medicamentos, a execução da política de derivados de sangue. - Vigilância Sanitária: A vigilância sanitária é um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, ou seja, qualquer produto ou atividade que afeta a saúde das pessoas. Fazer vigilância sanitária geralmente envolve dois processos: o de normatizar e o de controlar. Normatização É o estabelecimento de regras que devem ser obedecidas na prestação de serviços ou produção de bens. Controle Envolve a fiscalização dos bens, serviços e ambientes para verificar se as normas estão sendo cumpridas. - Vigilância Epidemiológica: pode ser resumida como a obtenção de informação para ação. Ou seja: coletar e organizar informações sobre saúde e doença das pessoas para intervir com muito mais precisão. - Saúde do trabalhador: Cada local de trabalho interfere na saúde do trabalhador, é por isso que a saúde do trabalhador é incluída no campo de atuação do SUS. Entende-se por saúde do trabalhador um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. 2. SB BRASIL 2022: Estudo sobre as condições de saúde bucal da população brasileira. O Brasil avançou com o SUS ao estabelecer a universalidade e a integralidade como princípios e a ampliação da cobertura da Atenção Básica, pormeio da Estratégia Saúde da Família (ESF). O SB Brasil visa a reorganização e reorientação do modelo de atenção à saúde bucal, atendendo a princípios do SUS. Semelhante ao SB Brasil 2020, quatro grandes levantamentos nacionais sobre o perfil epidemiológico em saúde bucal da população brasileira têm relevância na construção de uma base de dados consistente: - Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal: Brasil, zona urbana,1986; - Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal 1996 - Cárie dental; - Levantamento das condições de saúde bucal da população brasileira - SB Brasil 2003; (Equipes de saúde bucal na ESF – CEO). - Levantamento das condições de saúde bucal da população brasileira - SB Brasil 2010. PSF: Programa (começo/meio/fim). ESF: Estratégia (tempo indeterminado). - O projeto SB Brasil é um estudo sobre as condições de saúde bucal da população brasileira com realização pactuada para 2020, mas que teve a execução estendida em decorrência da emergência sanitária do coronavírus, tendo um período vigente que perdurou até 2022. O 5º levantamento proposto pelo Ministério da Saúde (2021-2022) acontece por meio de parceria com universidades federais e conta com mais de 50 mil pessoas avaliadas em várias regiões do país. O estudo visa identificar doenças mais prevalentes, como cárie dentária, doenças periodontais, necessidade de próteses dentárias, condições de oclusão, traumatismo dentário e o impacto dessas doenças na qualidade de vida, entre outros aspectos. No período vigente (2021 e 2022), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lidera o levantamento epidemiológico, em articulação com a Coordenação-Geral de Saúde Bucal da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (CGSB/SAPS/MS). A parceria envolve o apoio de secretarias estaduais e municipais de saúde, instituições representativas da odontologia, além de institutos de pesquisa em saúde pública. · HISTÓRICO: O projeto “SB Brasil 2020” marca a continuidade de pesquisa feitas em 2003 e 2010, consolidando assim uma série histórica. A iniciativa contribui para o avanço de estratégias de avaliação e planejamento dos serviços ao mesmo tempo que fortalece um modelo metodológico e fixa um campo de atuação do componente de vigilância à saúde, como preconiza a PNSB – Brasil Sorridente. Através desse componente, a partir de 2000 foram realizados dois importantes inquéritos nacionais que retratam a saúde bucal da população brasileira: o Projeto SB Brasil 2003 e o Projeto SB Brasil 2010. O levantamento epidemiológico de 2003, por exemplo, subsidiou a concepção da Política Nacional de Saúde Bucal, reforçando a incorporação das Equipes de Saúde Bucal (ESB) na Estratégia Saúde da Família e a criação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). A amostra incluiu 422 municípios (395 municípios + 26 capitais + Distrito Federal), a população referência do levantamento é composta por brasileiros residentes em domicílios particulares permanentes, localizados em regiões urbanas de todo o território nacional, incluindo um total de 50.800 indivíduos. Serão entrevistadas e examinadas em suas casas pessoas com idades de 5 anos e de 12 anos, além de grupos etários de 15 a 19 anos, 35 a 44 anos, 65 a 74 anos. Esses domicílios estão dentro de setores censitários, que são unidades territoriais definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja escolha ocorreu por sorteio realizado pela UFMG. O método foi aplicado para conferir representatividade ao dado no Brasil. · QUEM É QUEM NO SB BRASIL? · Ministério da Saúde e Universidade Federal de Minas Gerais : no levantamento SB Brasil 2020, com execução em 2021, o Ministério da Saúde e a UFMG atuam na coordenação nacional, sendo a federal mineira a instituição executora, responsável pela construção do projeto e desenvolvimento dos processos. · Equipe de apoio : grupo de professores universitários que assessoram diretamente a UFMG nas tomadas de decisão relacionadas ao projeto SB BRASIL 2020 (2021). · Comitê Assessor : Grupo de professores universitários que assessoram as tomadas de decisão relacionado ao projeto SB BRASIL 2020 (2021). · Referências no tema : grupo compostos por especialistas em estudos como o SB Brasil, que darão suporte diretamente às coordenações estaduais e municipais em questões técnico-científicas · Conselhos regionais e federais de Odontologia (CRO/CFO) : suporte logístico para realização do exame, além de apoio na comunicação do projeto · Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS/COSEMS) : suporte logístico para realização do exame, além de apoio na comunicação do projeto · Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS): suporte logístico para realização do exame, além de apoio na comunicação do projeto · Coordenação Estadual : responsável por descentralizar as informações derivadas do Ministério da Saúde e da UFMG, facilitando o acesso aos municípios. Também cabe à essa coordenação prestar suporte para concretização do levantamento. · Coordenação Municipal : responsável por indicar a equipe de campo, armazenar os insumos, colaborar com a logística do exame e realizar comunicação à população local. · INOVAÇÃO: O SB Brasil 2020 (2021) inova em relação aos levantamentos anteriores ao utilizar ferramentas digitais no treinamento da equipe de campo, o que reduz a necessidade de deslocamentos presenciais para a realização da pesquisa. A novidade tem perspectiva de racionalizar e otimizar recursos educacionais e financeiros. O material desenvolvido ficará disponível para uso e apoio aos municípios e estados que desejem realizar suas próprias pesquisas. · QUEM FARÁ PARTE DA PESQUISA DE CAMPO? Os profissionais atuantes na Atenção Primária à Saúde (APS) têm papel fundamental na composição das equipes de campo, por meio de indicação do gestor local. Ao todo serão disponibilizadas 2.544 vagas nacionalmente, divididas em três frentes: Examinador, Anotador e Arrolador. a. Examinador: cirurgião dentista, preferencialmente de equipe da Atenção Primária à Saúde (APS), que tenha realizado os exames bucais e coletado as informações dos questionários que fazem parte da pesquisa. b. Anotador : profissional de equipes de Saúde Bucal da APS, preferencialmente técnico ou auxiliar de Saúde Bucal, que atue nessas equipes. Função: anotar as informações do exame e outras relativas ao levantamento, e cuidar do descarte e armazenamento dos materiais. c. Arrolador : agente de endemias comunitário de saúde, ou outro profissional da APS, que conheça o território. A principal atribuição destes profissionais é a busca ativa por domicílios nos setores censitários, que reúnam pessoas nas faixas etárias definidas pelo SB Brasil 2020 (2021). Função: percorrer os territórios dos setores censitários, identificar previamente pessoas com perfis de participação da pesquisa nos seus respectivos domicílios. 3. RESULTADOS SB BRASIL 2010: · Diferenças regionais na prevalência da cárie são marcantes. · Pequena redução de cárie em dentição decídua e 80% não tratados. · Déficit de cárie em idosos é significativo, extensa necessidade de prótese. · Alta prevalência de oclusopatias em adolescentes que requer tratamento. · Perfil odontológico eminentemente clínico com práticas restauradoras. · Ações preventivas em escolas. 4. NÍVEIS DE COMPLEXIDADE: A análise das redes de atenção ao câncer de boca, que envolve iniciativas de prevenção, proteção e recuperação, será crucial nos próximos anos. Há necessidade ainda de assistência aos portadores de fissuras labiopalatinas. Articula não apenas os três níveis de atenção. Ações multidisciplinares, mutiprofissionais e intersetoriais. Política de Saúde Bucal – Brasil Sorridente tem contribuído de inúmeras formas para a melhoria no acesso e na qualidade da atenção em saúde bucal dos brasileiros. · TIPOS DE INTERVENÇÃO: - Prevenção primária: Sãoas medidas de prevenção voltadas para os pacientes que não estão doentes, ou seja, no período pré-patogênese. Aplica-se a indivíduos suscetíveis a alguma doença prevenível e age nos fatores de risco. #Ponto importante: na prevenção primária a doença ainda não existe. Existem duas formas básicas de se realizar a prevenção primária: promoção da saúde e proteção específica. PREVENÇÃO PRIMÁRIA Promoção de saúde Se aplicam as medidas para a qualidade de vida geral, quando não é voltada especificamente para alguma doença específica, mas tem potencial de evitar diversas doenças. São exemplos de promoção as melhorias no saneamento básico, educação em saúde nas escolas. Proteção específica Visa a prevenção de determinada doença, sendo o principal exemplo a vacinação nas doenças infectocontagiosas, mas com outros exemplos positivos, a prevenção primária do câncer de boca se dá por meio da redução ou da cessação do consumo de álcool e fumo, em longo prazo. Para os casos de câncer de lábio, a orientação quanto à exposição solar parece ser a estratégia de maior impacto na redução da ocorrência destas lesões. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Diagnóstico precoce e tratamento imediato Estamos falando do período patogênico, ou seja, aqui a doença existe, mas ainda não está em estágio avançado ou não existem sintomas. O principal exemplo é o rastreamento, em que um diagnóstico precoce evita complicações da doença. Um exemplo são as biópsias para diagnóstico de câncer bucal. #Ponto importante: Para que um teste diagnóstico seja considerado rastreamento (prevenção secundária) deve obedecer a alguns critérios, como ter um programa organizado, para condições que comprovadamente tenham evidência e grau de recomendação favorável para a intervenção e que garantam aos pacientes o tratamento para a condição rastreada. PREVENÇÃO TERCIÁRIA Limitação do dano Reabilitação 5. Breve histórico das práticas de Saúde Bucal: A Estratégia Saúde da Família (ESF), pensada atualmente como estratégia para organização da Atenção Básica, e não mais como um programa, pretende implementar e solidificar o Sistema Único de Saúde. Muitos são os desafios, mas destaca-se a construção de práticas de saúde integrais como eixo norteador no cuidado, no vínculo e na corresponsabilidade entre os diferentes atores sociais: comunidade-profissionais-gestores. Outro grande desafio é repensar o modelo de atenção biomédica e privilegiar práticas pautadas na promoção da saúde. Com o objetivo de superar as desigualdades, foram estabelecidas, em 2004, as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) – Brasil Sorridente. Essas diretrizes visam garantir as ações de promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal dos brasileiros. Suas metas perseguem a reorganização da prática e a qualificação das ações e dos serviços oferecidos, reunindo uma série de ações em saúde bucal voltada para os cidadãos de todas as idades, no marco do fortalecimento da Atenção Básica, tendo como eixos estruturantes o acesso universal e a assistência integral em saúde bucal. O Brasil Sorridente foi instituído e articulado a outras políticas de saúde e demais políticas públicas, de acordo com os princípios e as diretrizes do SUS. Apresenta como principais linhas de ação: · A reorganização da Atenção Básica (especialmente por meio das equipes de Saúde Bucal – eSB – da Estratégia Saúde da Família). · da Atenção Especializada ambulatorial (por meio da implantação de Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias). · A adição de flúor nas estações de tratamento de águas de abastecimento público. · A vigilância em saúde bucal (BRASIL, 2004b; PUCCA et al., 2009). As diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal buscam contemplar o estabelecido pela Constituição Federal do Brasil (capítulo II, seção II, artigo 196) (BRASIL, 1988): “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. A Política Nacional de Saúde Bucal vem sendo construída há muitas décadas por diversos setores da sociedade, como aqueles vinculados aos: · Movimentos sociais da saúde e aos sindicatos progressistas. · À militância estudantil. · Aos professores e pesquisadores que atuam no entrecruzamento da Odontologia com a saúde coletiva. · Por equipes de saúde pública. · Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). · Pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). · Pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). · Por movimentos de profissionais e por algumas gestões de entidades odontológicas. Desta forma, torna-se importante situar no tempo e no espaço o nosso histórico e a evolução das políticas públicas de saúde bucal no Brasil, considerando que tais fatos influenciam e destacam a maneira de pensar e agir de diferentes categorias profissionais ao longo do tempo. Essas formas de organização em propostas ou modelos, ou mesmo a ausência destes, condicionam os modos de planejamento dos serviços, suas articulações, seu desenvolvimento e sua avaliação (VASCONCELOS; FRATUCCI, 2014). Figura - Evolução das políticas públicas de saúde bucal no Brasil. O Brasil Sorridente é, portanto, a política de saúde bucal do SUS, com progressivas articulações transversais em ações dentro do Ministério da Saúde junto a outros ministérios. Essas ações buscam o enfrentamento das iniquidades e geram acesso para populações em situação de vulnerabilidade, como Rede Cegonha, Plano Brasil sem Miséria, Programa Saúde na Escola, Programa Viver sem Limite (para pessoas com deficiência), Unidades de Pronto Atendimento 24 horas e ações dirigidas para população indígena, população negra e quilombolas, assentamentos e população rural, população ribeirinha, população idosa, população encarcerada e população em situação de rua, mostrando a inserção transversal da saúde bucal nos diferentes programas integrais de saúde e demais políticas públicas. Dessa forma, existe a possiblidade também de a Secretaria Municipal/Estadual de Saúde desenvolver trabalhos com outros setores da saúde. O Brasil Sorridente, além da expansão e da criação dos serviços odontológicos, reorientou completamente o modelo assistencial. Iniciou a implantação de uma rede assistencial de saúde bucal, que articula não apenas os três níveis de atenção, mas principalmente as ações multidisciplinares, multiprofissionais e intersetoriais. Este parece ser um dos grandes desafios da Odontologia, constituir-se como uma área da integralidade, conformando uma rede de atenção à saúde que supere as especificidades odontobiológicas. Impactos epidemiológicos são produtos de ações intersetoriais, em que a prática odontológica é parte integrante e constituinte de um todo que agrega ações setoriais, educacionais, ambientais, sociais, entre outras A superação de um determinado modelo em Odontologia (clássico ou hegemônico) e a mudança para outro (Saúde Bucal coletiva) encontram na família excelente parceria para a participação popular, viabilizando a multidemensionalidade das ações, a melhoria das condições de vida e a promoção da saúde necessitada e buscada por todos os humanos. OBS: Em todas as reflexões inerentes à organização das práticas em Saúde Bucal, destacam-se o cuidado como eixo de reorientação do modelo, a humanização do processo de trabalho, a corresponsabilização dos serviços, o desenvolvimento de ações longitudinais para os ciclos de vida e para a promoção de saúde em toda a comunidade. 6. Observações sobre o território de abrangência As práticas em Saúde Bucal na Atenção Primária à Saúde devem ser pautadas pelas observações sobre o território de abrangência, pelas características socioeconômicas e biológicas dos núcleos familiares e pelo modo como elas impactam o Processo saúde-doença bucal, aliadas aos dados coletados na triagem odontológica dos indivíduos das famílias. Três situaçõesdevem ser observadas no território de abrangência das equipes: a realidade das condições de Saúde Bucal das famílias pertencentes à população local; suas características socioeconômicas e biológicas; o contexto que envolve o modo como vivem os componentes dos núcleos familiares residentes numa determinada região. Esse movimento em direção ao território é um desafio para a Odontologia na ESF, principalmente por causa da mentalidade da população, que acredita que o locus de trabalho dos profissionais da Equipe de Saúde Bucal, em especial do cirurgião-dentista, é o consultório odontológico, e assim não compreendem a importância dessa ação. Definir o campo de atuação da Equipe de Saúde Bucal (ESB) na Saúde da Família é um dos desafios das equipes de Atenção Básica. As ações de Saúde Bucal integram o rol de atividades voltadas à promoção da qualidade de vida de determinada comunidade. Para tal, é necessário conhecer a realidade dessa comunidade na qual a equipe está inserida, buscando definir claramente seus principais problemas de saúde, suas fragilidades coletivas, seus riscos. Por outro lado, é importante também definir suas fortalezas, sejam estruturais (como a existência de organizações, públicas ou não, que ampliam acesso a bens e serviços), ou culturais (como quando há um saber popular tácito que produz melhorias nas condições de saúde, alimentação, uso de plantas medicinais e outras). A Atenção em Saúde Bucal como prática que integra as Equipes de Saúde da Família, além de resolver os problemas de saúde-doença bucal instalados, deve interferir diretamente nos seus fatores determinantes. 7. Características socioeconômicas e biológicas dos núcleos familiares e o modo como elas impactam o Processo saúde-doença bucal: levantamentos epidemiológicos e critérios de risco Para uma prática clínica responsável e correspondente às expectativas da população local, cabe aos profissionais das Equipes de Saúde Bucal a devida apropriação das principais características de ordem social, econômica e biológica que cercam o modo como as pessoas vivem no território de abrangência da Unidade Básica de Saúde, identificando as áreas em que os fatores de risco que determinam e/ou condicionam o Processo saúde-doença possam se relacionar também à etiologia das principais doenças bucais. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) assume um papel de extrema relevância nessa ação. 8. ÍNDICES PARA DIAGNÓSTICO DE CÁRIE: · O que é cárie? Doença de etiologia multifatorial BIOFILME AÇÚCAR DEPENDENTE que provoca uma destruição da parte mineral dos dentes. - Fatores necessários: DENTE (hospedeiro), BIOFILME (microorganismos cariogênicos). - Fatores determinantes: DIETA, HIGIENE (desmineralização), TEMPO. -Fatores modificadores: CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA; FATORES COMPORTAMENTAIS. As causas primárias são essenciais (só na presença de todas é possível o aparecimento de cárie ) e as secundárias são modificadoras ( podem influenciar positiva ou negativamente a evolução da doença ). Sabe-se hoje que, por exemplo, há diferentes graus de susceptibilidade à cárie em cada indivíduo e composições e produção de saliva mais ou menos protectoras. Os adultos estão especialmente sujeitos a apresentar cárie quando sofrem de xerostomia (boca seca), uma doença causada pela falta de saliva. A xerostomia pode ser causada por alguma doença, uso de medicamentos, pela radioterapia e quimioterapia, e pode ser temporária (dias ou meses) ou permanente, dependendo de suas causas. O conhecimento da epidemiologia da doença cárie é essencial para que possamos determinar o programa de prevenção e tratamento da doença, e também para o planejamento dos serviços odontológicos. A experiência da doença cárie pode ser expressa pela severidade das suas lesões, mensurada por índices como o CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados). 9. CPOD (DENTES CARIADOS, PERDIDOS E OBTURADOS): · cpod (dentes decíduos); · CPOd (dente decíduo); O índice CPOD é um padrão que avalia a prevalência da cárie dentária nas diversas regiões do mundo. Esse índice é usado pela Organização Mundial de Saúde, também conhecida como OMS. · História do Índice CPOD O índice foi formulado em 1937 pelos estudiosos Klein e Palmer. As siglas CPOD indicam então: · C: cariado; · P: perdido Estão incluídos os dentes ausentes, extraídos e com indicação p/ exo. · O: obturados (restaurados); · D: dente, que serve como base de medida. EXEMPLO 1: Dente posterior com: Mancha branca ativa; uma cárie e uma restauração. Para o CPO-d, usamos o dente como um todo para a classificação do elemento, ou seja, a pior situação será a considerada! Ou seja, este elemento será considerado CARIADO! EXEMPLO 2: Dente posterior com: Uma mancha branca ativa e uma restauração. Para o CPO-d, usamos o dente como um todo para a classificação do elemento, ou seja, a pior situação será a considerada! Ou seja, este elemento será considerado OBTURADO! Tendo o dente uma mancha branca ativa, clinicamente será considerado cariado, MAS CONTUDO, neste índice odontológico, o dente SÓ é considerado cariado quando há cavitação evidente! Ah, detalhe.... Manchas brancas não são utilizadas neste índice, apenas "C" - cárie, "P" - perdidos e "O" - obturados (restaurados). A idade de 12 anos é referência internacional para o cálculo do índice por ser a idade em que a dentição permanente está praticamente completa 2-4. A OMS recomenda como ideal um valor de CPOD médio menor do que 1,1, aos 12 anos, o que corresponde a uma prevalência de cárie muito baixa. Adicionalmente, os valores elevados do índice de cárie indicam hábitos nocivos da população, decorrentes da falta de conhecimento e conscientização, como alta frequência de ingestão de açúcar e escovação inadequada, e apontam também a dificuldade de acesso aos serviços de saúde preventivos e curativos. A análise é feito com o seguinte cálculo matemático: Número de índice cpo em indivíduos de 12 anos dividido pelo número total de indivíduos de 12 anos. Os resultados da divisão confirmam os graus de prevalência e de severidade da saúde pública. Os valores do cpod variam de acordo com a seguinte classificação: · 0,0 até 1,1: muito baixo; · 1,2 até 2,6: baixo; · 2,7 até 4,4: moderado; · 4,5 até 6,5: alto; e · 6,6 para mais: muito alto. Quanto mais alto der o valor, maiores são as chances da saúde pública estar em más condições. Importante: o cálculo é usado em escala internacional. Por isso, o CPOD Brasil segue as mesmas avaliações. · O que causa o valor alto? O valor alto do índice significa, como vimos, que a saúde pública enfrenta más condições sanitárias e de higiene bucal. · Entre as causas que impulsionam isso está a dificuldade de acessar serviços básicos de saúde. Além disso, as condições socioeconômicas desfavoráveis também é fator para o valor elevado do índice. Outras causas são: · Consumo elevado de açúcar. · Acesso limitado ao flúor. · IMPORTÂNCIA DO ÍNDICE: A partir das análises do índice, os profissionais da área da saúde odontológica conseguem criar programas de incentivo à saúde bucal. Com o cpo odontologia, por exemplo, os profissionais conseguem planejar políticas e gestões para melhorar o acesso a cuidados bucais. Os profissionais podem, por exemplo, fazer campanhas de incentivo à escovação adequada, uso do fio dental e do enxaguante bucal. Além disso, podem criar tipos de gestão que permitem a visita da população a um dentista de confiança. Com isso, a população consegue se prevenir da cárie dentária. Campanhas de ensino da saúde bucal também preparam a população para conhecer e entender sobre os possíveis tratamentos de combate à cárie dental. Desse modo, é a partir do índice cpod que os profissionais odontológicos conseguem incentivar medidas de melhoria da saúde bucal. 10. Variação do Índice CPOD no Brasil de 1980 até 2010 Com base em levantamentos parciais no território brasileiro, o Ministério da Saúde (MS) atribuiu ao CPOD do ano de 1980 um valor de 7,3, considerado muito alto pela OMS. No ano de 1986, o MS realizou oprimeiro levantamento epidemiológico em saúde bucal, em nível nacional. O levantamento indicou um valor de 6,7 para o CPOD, também considerado muito alto. Dez anos mais tarde, em 1996, outro levantamento foi conduzido em nível nacional, nas capitais brasileiras. O valor obtido para o índice CPOD foi 3,1. Em 2003, após novo levantamento nacional, o valor do CPOD encontrado foi de 2,8, classificado como média prevalência de cárie, Em 2010, o CPOD encontrado após a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal foi 2,1, o que colocou o Brasil no grupo de países com baixa prevalência de cárie. O gráfico a seguir demonstra a variação dos valores do índice CPOD médio no Brasil no período que vai de 1980 a 2010, considerando os valores dos anos em que houve um levantamento nacional visando, entre outras constatações, o cálculo deste índice. 11. A Importância dos Métodos de Prevenção para o Declínio da Prevalência de Cárie Dental: • PREVENÇÃO COM COMPOSTOS FLUORETADOS: Compostos contendo flúor são amplamente empregados hoje em dia na prevenção da cárie e podem ser usados adicionados nas águas de abastecimento público; adicionados em dentifrícios (pastas dentais); aplicados de maneira local na forma de gel ou de verniz, pelo dentista; prescritos por dentistas na forma de soluções para bochecho. 12. A Importância da Estratégia de Saúde da Família na Redução da Prevalência de Cárie: • A SAÚDE BUCAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: Em 28 de dezembro de 2000 foi publicada a Portaria GM/MS n. 1444 que estabeleceu o incentivo financeiro para a reorganização da Atenção em Saúde Bucal prestado aos municípios através do PSF. A partir disso, as ações odontológicas passaram a ser incluídas na estratégia do PSF. Outra portaria, em 6 de março de 2001, a GM/MS n. 267, incluiu o Plano de Reorganização das Ações de Saúde Bucal na Atenção Básica 5. Com a inclusão das ações odontológicas no PSF foram criadas as Equipes de Saúde Bucal (ESB) e elas passaram a atuar considerando a realidade dos pacientes, identificando os fatores de risco, priorizando a assistência de acordo com a situação das famílias acompanhadas, e levando ações preventivas e educativas em Saúde Bucal diretamente às pessoas mais necessitadas. Isso representou um grande avanço dos serviços odontológicos no Brasil e aumentou as ações de prevenção das doenças bucais e de educação para a Saúde Bucal, em todo o país. Este processo fez com que aumentassem as atividades para a educação em saúde bucal, os programas de escovação supervisionada e o emprego de fluoretos nas Unidades de Saúde e nas escolas, e também incentivou a prática da fluoretação das águas de abastecimento nos municípios, fatores que levam à redução da ocorrência da cárie. As equipes dão prioridade ao atendimento primário, ou seja, à educação, prevenção e distribuição de kits de higiene bucal, buscando assim prevenir a cárie dental e outros problemas bucais, mas também realizam tratamentos curativos, que são necessários após as doenças bucais já instaladas, como restaurações dentárias e extrações 8-10. Na última década, desde a implantação do Programa Brasil Sorridente, em 2004, mais de 800 municípios passaram a contar com Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), onde cirurgiões-dentistas especialistas realizam procedimentos curativos especializados e procedimentos reabilitadores, como as próteses dentárias. 13. O USO DO ICDAS PARA DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO DA DOENÇA CÁRIE: · CRITÉRIOS DE DETECÇÃO DE LESÕES DE CÁRIE: O diagnóstico é fundamental na decisão do tratamento a ser feito posteriormente, avaliando condições importantes para a escolha da melhor terapia a ser indicada. - A extensão das lesões de cárie é um fator importante na tomada de decisão do clínico. Por muito tempo, a extensão foi considerada o fator primordial para escolher o tratamento. Entretanto, hoje, sabe-se que esse não é um fator que deva ser visto isoladamente. - Saber se a lesão está em esmalte ou em dentina é importante, pois é uma forma de inferir o prognóstico ou a velocidade de progressão dessa lesão – as lesões em esmalte tendem a progredir mais lentamente em virtude da própria composição do tecido. - A cavitação é um fator determinante na progressão da lesão de cárie. Hoje, sabe-se que o biofilme presente sobre a lesão é o responsável pela sua progressão. A partir do momento em que a superfície fica descontínua (cavitação), haverá também possibilidade de o biofilme permanecer não apenas sobre a superfície, mas também no interior da lesão. - Se está ativa ou inativa: O aspecto clínico dos dois grupos de lesões é distinto em função do próprio processo de desenvolvimento e progressão das lesões. Nas lesões ativas, em que há geralmente o biofilme atuando como “combustível” para a lesão progredir, há maior quantidade de poros. Isso, quando examinado detalhadamente, permite que o profissional perceba diferença na opacidade e na textura dessa lesão comparada ao tecido dentário sadio. ICDAS significa Sistema Internacional de Detecção e Avaliação de Cáries (ICDAS), elaborado em 2002, é considerado um método simples e lógico para a detecção e classificação de cáries na prática clínica, para educação odontológica, pesquisa odontológica e saúde pública dental, a fim de fornecer diagnósticos adequados em ambos os níveis de saúde pública e individual, visto que até então os sistemas de detecção/diagnóstico não eram muito sensíveis e haviam incompatibilidade nos desfechos observados. O ICDAS é um sistema de classificação e de diagnóstico de cárie nas superfícies coronárias dos dentes, envolvendo duas etapas. Na primeira, determina-se se o dente está sadio, selado ou restaurado. Na segunda, determina-se o nível/severidade da doença cárie O ICDAS I foi desenvolvido em 2002 e, posteriormente, modificado para ICDAS II, em 2005. Os critérios ICDAS I e II incorporam conceitos da pesquisa realizada por Ekstrand et al. (1997) e outros sistemas de detecção de cárie descritos na revisão sistemática conduzida por Ismail (2004). O ICDAS II classifica as superfícies dentais em sete (7) códigos, variando de 0 (superfície sadia) a 6 (cavidade extensa com dentina visível). Quadro 1. Critérios de classificação do ICDAS II e descrição dos mesmos CRITÉRIO DESCRIÇÃO 0 Superfície dentária sadia, sem evidência de lesão de cárie após secagem prolongada com ar (5 segundos) 1 Primeira mudança visual no esmalte, apresentando opacidade ou descoloração (branco ou marrom), visível na entrada para o sulco ou fissura após secagem prolongada ao ar, que não é ou dificilmente é visto em uma superfície molhada. 2 Mudança visual distinta no esmalte, apresentando opacidade ou descoloração claramente visível na entrada para o sulco e fissura quando molhado (a lesão ainda deve ser visível quando seca). 3 Ruptura localizada do esmalte devido à cárie sem dentina visível ou sombra subjacente, com opacidade ou descoloração mais larga que a fissura natural quando molhado e após secagem prolongada ao ar). 4 Sombra escura subjacente de dentina com quebra localizada do esmalte. 5 Cavidade distinta com dentina visível e visual evidência de desmineralização e dentina exposta. 6 Cavidade distinta extensa com dentina visível e mais da metade da superfície envolvida. Figura - Códigos visuais clínicos ICDAS com base na evidência histológica das lesões. Para as lesões iniciais sem cavitação, o índice propõe dois limiares distintos: um mais inicial (escore 1) e outro mais profundo (escore 2), mas ambos em esmalte. A diferença entre eles seria detectável clinicamente pela secagem. As lesões que aparecem mesmo com o dente úmido tendem a ser mais extensas do que as que aparecem apenas após secagem e, por isso, recebem escore 2. As lesões mais iniciais, de escore 1, apenas são vistas após a secagem. É importante salientar que secar demais vai fazer com que se veja além do necessário. Nesse caso, áreas sadias podem ser erroneamente identificadas como lesão. Por isso, é importante que o procedimento de secagem não exceda os 5 segundos. Paralesões escurecidas em superfícies oclusais, a diferença entre os escores é pela extensão, que fica mais fácil de ser verificada na lesão pigmentada. Lesões no fundo da fissura, são classificadas também como escore 1, ao passo que aquelas que sobem pelas parades da fissura são tidas como escore 2. O escore 3 se caracteriza pela ocorrência de uma descontinuidade no esmalte, sem expor a dentina, e pode se apresentar como uma microcavidade típica ou como uma perda de contorno de um sulco. Dentro deste sistema, o critério de diagnóstico 4 (ICDAS 4) refere-se às lesões de cárie com pouca/mínima cavitação no esmalte, mas com considerável desmineralização da dentina interna, com uma sombra de dentina descolorida visível através de uma superfície de esmalte aparentemente intacta que pode ou não apresentar sinais de ruptura localizada. A aparência da sombra geralmente é vista mais facilmente com o dente molhado, onde a área escurecida é uma sombra intrínseca que pode aparecer em tons cinza, azul ou marrom. Por fim, as lesões escores 5 e 6 do ICDAS são as lesões mais severas, com exposição de dentina, onde no escore 5 nota-se que, apesar de sua grande profundidade, abrange menos da metade da superfície e em lesões de cárie em dentina escore 6, há a abrangência de mais da metade da área pela lesão, sendo a EXTENÇÃO A ÚNICA diferença entre ambas. · COMO AVALIAR A ATIVIDADE DAS LESÕES USANDO ICDAS? Com base nas características diferenciais entre as lesões de cárie ativas e inativas,10 alguns critérios visuais têm sido propostos para serem usados com essa finalidade em associação ao ICDAS. Um deles consiste na ponderação mental, pelo examinador, das características táteis e visuais associadas à atividade da lesão de cárie, o qual chega finalmente à conclusão se a lesão é ativa ou inativa. 14. CÓDIGO PARA DENTES RESTAURADOS E SELADOS: 0 Não restaurado ou não selado 1 Selante parcial 2 Selante integral 3 Restauração com cor de dente 4 Restauração de amálgama 5 Coroa de aço inoxidável 6 Coroa ou folheado em porcelana, metal-porcelana e ouro 7 Restauração perdida (fraturada) ou deficiente 8 Restauração temporária 15. CÓGIDO PARA DENTES AUSENTES: 97 Dente extraído por cárie 98 Dente ausente por outras razões 99 Não erupcionado · cddd image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.jpeg image10.png image11.png image1.jpeg