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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA ARQUITETURA E URBANISMO ALEX OLIVEIRA - B995DA-1 BRUNA ELIZABETE - T13837-0 GABRIEL EBERHARDT - B21EJA-0 JULIANA CAMPIONI - C149BA-2 RICARDO BRUNO- B989GB-1 VANIA CRISTIANE - C13BAF-3 CONURBAÇÃO - REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS Relatório PUR - 1º SEM. 2017 Orientador: Ricardo / José Luís CAMPINAS 2017 1. INTRODUÇÃO A conurbação é um fenômeno urbano que ocorre quando duas ou mais cidades se desenvolvem uma ao lado da outra, te tal forma que acabam se unindo como se fosse apenas uma. Isso ocorre quando o crescimento dessas cidades é elevado e as suas respectivas malhas urbanas integram-se, tornando- se um único meio urbano, sendo assim, forma-se uma região metropolitana que, obviamente, estrutura-se a partir da metrópole que se expande em direção às cidades vizinhas. Cidades ao entorno da metrópole, em muitos casos, são apelidadas de “cidades-dormitórios”, uma vez que a maior parte de seus moradores trabalha, estuda ou exerce a maioria de suas atividades (incluindo lazer, consultas médicas e negócios) nas metrópoles. Registra-se, então, uma grande atuação das chamadas migrações pendulares nesses espaços, desta forma quando observamos a área urbana dos municípios da RMC, verificamos que várias cidades estão praticamente interligadas, formando o que estamos denominando de mancha urbana metropolitana. 2. AS MIGRAÇÕES PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS E SEUS EIXOS DE CRESCIMENTO URBANO E MIGRA ÇÃO PENDULAR A Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi instituída no ano 2000 pela Lei Complementar Estadual 870, e ocupa uma área de 364.689 ha, que representa 1,3% do território do Estado de São Paulo. Sua criação se deu a partir de uma política de planejamento regional, desencadeada pela Constituição Estadual de 1989. MAPA 01 - Região Metropolitana De Campinas Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1e/Mapa-RMC.svg No séc. XVIII havia a necessidade de explorar o interior do país. Um dos caminhos criados passava pelas campinas. Houve o início da criação de sesmarias ao longo deste caminho que passou a ser percorrido por aventureiros e pessoas de classes e procedências variadas, principalmente a partir de 1730, quando ocorreu um surto de varíola na cidade de São Paulo, pois as pessoas “fugiam” da doença vindo para essa região, fazendo com que novos caminhos fossem criados e tornando-a mais acessível. Os lotes (sesmarias) mais antigos passaram a ser vendidos para agricultores e no final do séc. XVIII tem o início da produção de açúcar, mas essa produção não consegue superar a produção do Nordeste. Assim, no início do séc. XIX o café passa a ser cultivado na região hoje conhecida como distrito de Sousas. Em meados da década de 1970 apenas se enunciava como um interesse difuso em relação ao valor das áreas consolidadas das cidades, hoje já se configura como uma realidade do mercado imobiliário. Periferia e centro já não possuem diferenças marcantes quanto a processos de ocupação do território e homogeneização da paisagem. Inserem-se novas urbanizações como substituição de tecidos urbanos consolidados e criam se novos loteamentos dispersos nas áreas mais distantes dos centros antigos das cidades. Esta é a realidade que tem marcado os processos de urbanização e criação de novas centralidades na Região Metropolitana de Campinas. Em consonância com estes processos, também os centros geracionais destas cidades vêm apresentando uma perda de população nativa e a introdução de novos contingentes de população imigrante, a partir de um processo de mobilidade intra-metropolitano. Uma das características marcantes desta região é que ela apresenta dois movimentos opostos de urbanização: o crescimento em extensão a partir das áreas centrais dos municípios, configurando diversos pontos de conurbação e, ao mesmo tempo, um desdobramento de novas áreas urbanizadas, a partir de sucessivos loteamentos abertos na periferia, dando corpo a uma urbanização descontínua, caracterizada por condomínios residenciais e industriais fechados, um forte êxodo rural e regionalização das atividades, gerando intensos deslocamentos ao longo das rodovias de acesso. Desta forma, os municípios no entorno imediato de Campinas, como Sumaré e Hortolândia, receberam grandes fluxos migratórios provenientes da sede metropolitana. O mesmo ocorreu com Americana que já se tornou um sub-centro e Santa Bárbara d’Oeste, cuja área periférica, por proximidade, também receberia um fluxo migratório. EIXO DE CRESCIMENTO URBANO (MALHA VIARIA – MIGRAÇÃO PENDULAR) Mapa base com os Vetores de Expansão da RMC. Destaque para Valinhos, Paulínia e Artur Nogueira (em vermelho) e Campinas (em azul). Fonte: http://www.stm.sp.gov.br/images/stories/Pitus/Pitu2015/arquivos/relat_5_mapas.pdf Originalmente, a região, por ter sido o mais importante núcleo do complexo cafeeiro paulista, herdou as bases para o dinamismo da agricultura, infraestrutura de transporte e qualidade da rede urbana, tendo Campinas desde o início como capital regional. Esse processo foi reforçado com a abertura da Via Anhanguera nos anos 1950 e depois com a Rodovia dos Bandeirantes, no final dos anos 1970. A Região Metropolitana de Campinas, desde esta década, passou a receber grandes fluxos migratórios, já que se tornou um dos principais eixos de expansão no processo de desconcentração relativa das atividades industriais. Nos anos 1970, 60% do crescimento absoluto da população metropolitana era fruto da migração; na década seguinte, esse valor passou para 48% e entre os anos de 1991 e 1996 para 43% - período em que a RMC recebeu 83.884 de migrantes de outros Estados. A intensidade deste processo foi tal que, nos anos 1990, apenas nos municípios de Artur Nogueira, Engenheiro Coelho, Holambra e Pedreira, a migração representou 70% do crescimento absoluto dessa área. As principais motivações para os deslocamentos na RMC são a educação (com 1.379.126 viagens) e o trabalho no ramo de serviços (840.182 viagens). Considerando apenas os horários de pico levantou-se que eram realizadas cerca de 420.000 viagens na RMC, sendo que destas, ao redor de 230.000 eram por motivo de trabalho e em torno de 250.000 de estudo. Reprodução de Tabela “Viagem Principal por município e Modo Principal. Região Metropolitana de Campinas, 2003”. Fonte: PITU. Fonte: http://www.stm.sp.gov.br/images/stories/Pitus/Pitu2015/pitu.html. Investimentos variados como públicos em infraestrutura de transportes, comunicações, ciência e tecnologia, podendo ter como exemplo o caso do surgimento da Unicamp, Replan, CPqD, CTI etc. Aumentaram o desenvolvimento em campinas e região, com isso a região atraiu a implantação de grandes empresas e ampliou a rede de pequenas e médias, intensificando as relações com o setor agropecuário e terciário e diversificando a estrutura produtiva. Como consequência a mancha urbana se expandiu e deu início a um desenho para os processos de conurbação ao longo dos eixos viários Anhanguera, Santos-Dumont, Rod. Dom Pedro I, Campinas-Paulínia e Campinas-Mogi-Mirim. A Agência Metropolitana de Campinas (AGEMCAMP) foi criada em 2003 e reúne um conjunto de câmaras técnicas com a finalidade de integrar, propor e executar políticas públicas de interesse comum entre as cidades que a compõem3. Entre suas principais funções está a execução das leis que dispõem sobre as regiões metropolitanas, estabelecendo metas, planos, programas e projetos, bem como fiscalizar e avaliar a execução e manutenção de estruturas técnicas e administrativas. A criação desta agência em âmbito metropolitano pode em um primeiro momento parecer mero dispositivo político-administrativo, porém, hoje, é quase impossível estudar quaisquerelementos referenciais culturais sem levar em conta os processos regionais, deflagrados pelo fenômeno de movimentação de pessoas entre as cidades da RMC, onde o fato de possuírem locais de estudo e trabalho distantes das cidades em que residem, ou, vice versa, provoca uma ambiguidade de identidade, ou seja, a perda da relação de vínculo com uma só cidade. Essa condição é um dos traços mais marcantes da relação que ocorre hoje entre o espaço e o habitante da região. Desta forma percebemos que a conurbação cria fortes dependências entre as cidades, exemplo disso ocorre entre Americana, que se tornou um sub-centro de Santa Barbara D’Oeste. Na RMC, a migração de pessoas de outras cidades e regiões induziu a uma nova forma de identidade com os centros. O surgimento de condomínios fechados consolidou uma forma de vida confinada, diluindo a formação de comunidades, afastando-as, de certa forma, dos problemas e do rumo do desenvolvimento das cidades em que vivem. Essa dissolução das relações causa o esvaziamento dos espaços públicos, que perdem o significado diante de novas formas de lazer cada vez mais individualizadas como é o caso dos diversos shopping-centers espalhados pela região, tendo como forte exemplo aqueles que estão localizados no eixo da Rodovia Dom Pedro I., porém, os processos de conurbação têm origem na intensa troca de informações, energia, capital, trabalho e pessoas. Uma cidade passa a absorver outra e ambas sofrem transformações. Exemplos emblemáticos que podemos usufruir para compreender a RMC, são os municípios de Valinhos, Paulínia e Artur Nogueira. A cidade de Valinhos em 1953, se desmembrou de Campinas. A cidade passou por um processo de periferização, com o surgimento de inúmeros condomínios residenciais privados que atraem moradores de outras cidades, como São Paulo, por sua localização estratégica e por possuir infraestrutura urbana e níveis de qualidade de vida elevados. Valinhos está conurbada com Campinas e apresenta fluxo de pessoas com destino à cidade para estudos e trabalho. Na cidade de Paulínia Ocorre intenso processo migratório basicamente de italianos para trabalhar nas plantações de café, em 1906 é consolidada como vila e é emancipada para município em 1964. Nos anos 70, com a implantação da Replan (Refinaria do Planalto), que muda sua história, atraindo diversas indústrias e se consolidando como polo de redistribuição de derivados de petróleo. A partir de seu bairro mais antigo, Santa Cecília, a mancha urbana propagou-se de forma descontínua. Devido à forte presença industrial, Paulínia sofre uma dualidade entre comunidade local e comunidade das grandes empresas, muitas vezes se tornando um grande enclave. A cidade de Artur Nogueira Tem sua origem nas plantações de cana de açúcar no início do século 20 e na doação da Usina Ester que pertencia a Cosmópolis e foi desmembrada do mesmo e elevada à categoria de município em 1949. A cidade teve um dos índices de crescimento populacional mais altos da última década, decorrente da integração do município com outras cidades da RMC. Pode ser considerada uma cidade dormitório, já que uma grande parcela da população que reside na cidade trabalha em outros municípios, principalmente na petroquímica de Paulínia. Desta forma, Valinhos sofre um processo de periferização com o surgimento de condomínios residenciais privados; Paulínia tem forte presença industrial e provoca a formação de manchas urbanas segregadas, tanto quanto atrai a população de outras cidades, tais como Artur Nogueira, transformando-a em uma cidade dormitório com forte crescimento populacional. As três cidades, portanto, representam, a princípio, casos emblemáticos de transformações urbanas decorrentes do processo de regionalização das atividades e de metropolização sofrido nas cidades da RMC. Apontando mudanças nas estratégias de deslocamentos de indivíduos nas últimas décadas do século XX, os chamados movimentos pendulares, em que novos processos se materializam na dimensão interna, pelo redirecionamento dos fluxos migratórios para as cidades médias, em detrimento dos grandes centros urbanos. Região Metropolitana de Campinas. Malha Rodoviária Fonte:http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/publicacoes/planodiretor2006/mapas/m apa1.jpg 3. EXPANSÃO URBANA A expansão urbana da RMC está vinculada ao crescimento industrial a partir da década de 70 e aos seus eixos de acessibilidade. No entorno das Rodovias Anhanguera e Bandeirantes, nota-se um eixo praticamente continuo de conurbação. Porém é uma urbanização dispersa. Apenas 23% desta área está de fato urbanizada. A expansão do território urbano em direção a áreas rurais é uma prática constante. Em 1952 4,6% do território de campinas localizava-se dentro do perímetro urbano, em 2000 chega a 47,6%. Outros dez municípios da RMC alteraram seu perímetro urbano nos últimos cinco anos, intensificando um padrão de urbanização disperso, de baixa densidade populacional, fragmentado – com grandes vazios urbanos, cerca de 30% da área urbana da RMC é composta por glebas vazias – e com acentuada segregação sócio espacial. Predominam famílias de baixa renda no trecho oeste, entre Hortolândia, Sumaré e o sudoeste de Campinas. Assim, essa expansão urbana pode ocorrer desassociada de um crescimento das atividades urbanas, do crescimento demográfico ou mesmo da efetiva ocupação dos espaços inseridos em localidades já consolidadas do tecido urbano. Fonte: Google Earth Verifica-se uma ausência de visão integrada entre os municípios. A AGEMCAMP, responsável por integrar o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum da RMC, elaborou até hoje apenas cinco planos metropolitanos dos quais nenhum foi incorporado em leis estaduais ou legislações municipais. A ausência de planejamento metropolitano acentua a prática de planejar que privilegia a atuação de cada município dentro de seu próprio perímetro, como observado nos 11 municípios da RMC que expandiram seu perímetro urbano sobre áreas rurais sem diálogos com os municípios vizinhos. Municípios que aprovaram alteração de perímetro urbano no decorrer de uma revisão do plano diretor entre 2001 e 2014 e como o fizeram Fonte:https://www.academia.edu/17552227/_expans%c3%83o_urbana_como_est%c 3%81_sendo_feita_e_para_quem_uma_an%c3%81lise_dos_instrumentos_de_pol%c3%8dtica _urbana_a_partir_do_estudo_da_regi%c3%83o_metropolitana_de_campinas-sp._ Perímetro Urbano e áreas de Expansão Urbana Fonte:https://www.academia.edu/17552227/_expans%c3%83o_urbana_como_est%c 3%81_sendo_feita_e_para_quem_uma_an%c3%81lise_dos_instrumentos_de_pol%c3%8dtica _urbana_a_partir_do_estudo_da_regi%c3%83o_metropolitana_de_campinas-sp. Com a leitura do mapa, vale destacar dois municípios, Itatiba e Indaiatuba. Itatiba é o município que mais possui áreas de expansão urbana, sendo possível o parcelamento do solo em praticamente 70% de seu território. Prevê em seu Plano Diretor a questão da mais valia urbana por meio da cobrança de outorga onerosa na mudança de uso rural para urbano em áreas inseridas dentro da zona de expansão. O caso de Indaiatuba, é que a maior parte de áreas de expansão urbana são Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), tendo a produção de um território com acentuada segregação sócio-espacial, já que suas áreas periféricas estão sendo reservadas à população de menor renda. Alterações do perímetro urbano e seus agentes A constante expansão do perímetro urbano está atrelada a terra vista como mercadoria pelo Estado e Setor Imobiliário. Mercadoria cujo lucro não necessariamente é revertido igualmente a todos os setores da cidade, o que torna a legislação urbanística um instrumento de manutenção de desigualdades sociais. Os maiores responsáveis pela produção e gestão do espaço urbano são: o setor Industrial, o Mercado,o Estado e os que atuam pautando-se na necessidade de morar. Principais justificativas para alterações nos Perímetros Urbanos: Campinas: - regularizar empreendimento já aprovado e consolidado na zona rural - implantação de empreendimentos de HIS - gleba estar localizada em vazio urbano, incrustada em área urbana e delimitada por eixos viários Indaiatuba: - criação de ZEIS, unidades do Programa “Minha Casa Minha Vida”. (Parte desta área está localizada dentro do perímetro de uma APA) Itatiba: - Implantação de indústrias Santa Bárbara do Oeste - criação de HIS - “desenvolvimento da cidade”, econômico. Criação de indústrias e comércios Valinhos - Implantação de HIS (nas proximidades de uma área de interesse ambiental, a Serra dos Cocais) 4. MALHA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL Os 20 municípios que compõem hoje a Região Metropolitana de Campinas possuem uma área total de cerca de 364.700 ha. Em 1989, a ocupação urbana correspondia a 15,3% de seu território. Da área urbanizada, 55,8% foram identificadas como áreas com urbanização densa, 12,7% com urbanização média, 18,5% com urbanização baixa e 13% como área de grandes implantações não residenciais. (Mapa 1989). A maior parte dessa área urbanizada estava concentrada na forma de uma mancha contínua de Vinhedo a Sumaré, ao longo da Via Anhanguera, e de Sumaré a Santa Bárbara D'Oeste, configurando uma conurbação de sete municípios da RMC (Vinhedo, Valinhos, Campinas, Sumaré - incluindo Hortolândia, Nova Odessa, Americana e Santa Bárbara d`Oeste). Além dessa grande mancha de ocupação urbana, verifica-se conurbação também entre Sumaré (na área que é hoje Hortolândia) e Monte Mor. A conurbação desses municípios é caracterizada por áreas com urbanização densa, intercaladas por áreas de grandes implantações não residenciais. Os sete municípios que formam essa conurbação ocupavam 47% do território da RMC e, em 1989, respondiam por 80% da área com urbanização densa, 72,17% das áreas de grandes implantações não residenciais e 75% da área urbanizada como um todo. Em 1991, eles reuniam 80% da população total da RMC. Nos anos 90, a área urbanizada da RMC sofreu um acréscimo de 29%. A área de Campinas cerca de 25%. Entre 1989 e 1996 o acréscimo é de 17%, correspondendo a cerca de 9500 ha. Desse total, mais da metade foi de área com urbanização densa e 27% de área com urbanização baixa (Mapa 1996). O crescimento mais expressivo da área urbanizada ocorreu em Campinas e Hortolândia, sendo as áreas com urbanização baixa as que proporcionalmente mais aumentaram. Em Campinas essas áreas situam-se, em grande parte, na região Sudoeste, além da Rodovia dos Bandeirantes. Nos dois municípios são loteamentos populares ainda pouco ocupados. A expansão urbana nessa região de Campinas ocorre, em geral, através da incorporação de áreas próximas à divisa com Monte Mor e Hortolândia, já bastante distante do núcleo urbano principal, em detrimento dos vazios urbanos existentes. No período 1989/96 nota-se através do movimento de expansão da mancha urbana a incorporação dos municípios situados ao norte/nordeste de Campinas na dinâmica econômica e espacial metropolitana. Surgem áreas não residenciais em praticamente todos eles, além do crescimento/adensamento das áreas urbanizadas. 5. PRINCIPAIS LUGARES ONDE A INDUSTRIA E A MORADIA POPULAR SE ALOCARAM • REGIÃO SUDOESTE: Devido à instalação industrial que privilegiou grandes eixos rodoviários, à abertura do aeroporto de Viracopos, à implantação da cidade industrial de Campinas e à construção de vários conjuntos habitacionais populares • REGIÃO OESTE: Crescimento do vetor anhanguera sentido interior caracterizada por localização de populações mais pobres, expulsas de áreas urbanas mais valorizadas, principalmente nos municípios de Hortolândia e Sumaré. Em direção a Valinhos e Vinhedo, verifica-se uma ocupação de padrão médio e alto. • REGIÃO NORTE-NORDESTE: É incentivada pela construção da Rodovia D. Pedro I, pela instalação da Unicamp, do campus I da Puccamp e da refinaria Replan. O processo de ocupação urbana desta porção do município é limitado devido à grande quantidade de áreas agrícolas ainda produtivas, presença de grandes instituições e principalmente devido ao alto valor da terra. • REGIÃO SUL E SUDESTE: Com a instantânea valorização das terras localizadas no centro e no Norte, nota-se uma segregação sócio espacial e consequente periferização das habitações, pois os novos migrantes ou os que não obtiveram prosperidade economicamente, não tinham condições de arcar com os altos custos das regiões valorizadas do município. Têm-se então expansão das residências para as regiões sul e sudeste, de terrenos arenosos, improdutivos e que sofrem facilmente com processos de erosões e voçorocas. Por esses motivos, essa região não apresentava atrativos para atividades agrícolas e residências de alto padrão. Na segunda metade do século XX, a ocupação do sul e sudeste aumenta com a pavimentação da Rodovia Anhanguera e a implantação dos distritos industriais. Com aumento da periferização, criam-se grandes vazios urbanos, moradias populares localizam- se longe do centro comercial, sem serviços de saúde, de transporte eficiente e com redes de saneamento básico deficientes. E as terras do sul e sudoeste, além de fortemente urbanizadas, estão ocupadas por moradias populares. • REGIÃO CENTRAL: No final do séc. XX as terras centrais estão absolutamente urbanizadas, as terras do Norte abrigam grandes extensões de agricultura e grandes instituições. Base cartográfica: Embrapa. Interpretação do mosaico de imagens do satélite Landsat ETM 7, 1989 e 2000. Fonte:http://www.nepo.unicamp.br/publicacoes/livros/vulnerabilidade/arquuivos/arquui vos/vulnerab_cap_10_pgs_275_304.pdf 6. DELIMITAÇÃO DAS ZEIS (ZONAS ESPECIAIS DE INTERES SE SOCIAL) E A LOCALIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM (HIS) HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL A população residente em 2000 e população residente em 2010, por situação do domicilio, com indicação da população urbana residente na sede municipal, área total e densidade demográfica, segundo as Regiões Metropolitanas e os municípios. Tabela da população residente nas cidades metropolitanas de Campinas. Fonte: (IBGE. SINOPSE DO CENSO DEMOGRAFICO 2010) 6.1. BASE CARTOGRÁFICA DAS ZEIS De acordo com as pesquisas existem grande desigualdade e segregação sócio espacial que observamos nas cidades brasileiras. Se o conceito de moradia se limita ao lugar onde se mora, o termo habitação vem qualificar a morada com o acesso aos serviços urbanos aos quais todos os cidadãos têm direito. Portanto as Zonas Especiais de Interesse Social de finalidade habitacional – ZEIS – presentes em território urbano, dotados de infraestrutura e com boa localização, já cumprem parte do que se espera de uma habitação qualificada. Cabe salientar que as contradições, na ocupação do território, não se encontram em um determinado setor administrativo ou do conhecimento, mas sim, na própria forma da sociedade se organizar, estabelecer valores e promover acesso aos cidadãos garantindo seus direitos, qualificando o espaço público e os valores individuais segue abaixo o mapa com as ZEIS para fins Habitacionais. Base cartográfica com a localização das ZEIS na Região Metropolitana de Campinas Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.158/4821 De acordo com o Mapa acima podemos analisar que as localizações das ZEIS se identifica: • Uma concentração de ZEIS nos setores sul e sudeste, principalmente a sudoeste da Rodovia Anhanguera; • Concentração de ZEIS nas áreas de periferia da área urbanizadas; • Concentração das áreas urbanizadas ao longo da Rodovia Anhanguera, permitidas pelos perímetros urbanosmunicipais 6.2. LEVANTAMENTO DO VALOR DO SOLO NA RMC Esses valores, setorizados de acordo com as áreas de planejamento dos municípios, classificados em três níveis de valorização: alta, média e baixa, a fim de traduzir as diferenças de valor contatadas na trama fundiária. Base da RMC e dos Municípios de campinas e Americana com espacialização dos Valores do território e a localização dos investimentos em habitação de interesse social Fonte: De acordo com os dados acima Americana nota-se que os investimentos em HIS não se limitam as áreas classificadas como de baixo valor do solo. Este fato pode ser um indicativo de transformação no valor do solo ou ainda ser fruto de seu plano habitacional. Apenas um monitoramento poderá esclarecer as razões dessa variação. Mapa com a localização de investimento público em nove municípios Por meio do Mapa de Localização de Investimentos Públicos da Região Metropolitana de Campinas identificam-se uma serie de tendências comuns aos municípios estudados. 6.3. RELAÇÃO ENTRE ZEIS E HIS AS localizações das ZEIS não coincidem, na maioria das vezes, com a localização dos investimentos públicos em HIS. Isto significa que grande parte das ZEIS, instituídas pela legislação municipal, não foram utilizadas pelos investimentos públicos em HIS; Na maioria dos casos analisados os investimentos em HIS se localizem em áreas de menor acessibilidade que as ZEIS instituídas e de menor valor do solo; Especificamente com relação as ZEIS de regularização constataram-se que somente em raras exceções houve investimento nessas áreas no período estudado; 6.4. EM RELAÇÃO HÁ LOCALIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS • É bastante expressivo o número de investimentos públicos que se localizam em áreas periféricas a mancha urbana; • De acordo com o mapa não foi constatada ocorrência de investimento público em HIS nas áreas centrais e são poucas as ocorrências de investimento público em HIS que ocorrem nas vizinhanças das áreas centrais; • Existem uma aproximadamente 25% das ocorrências de investimento público em HIS mapeadas localizam-se próximas de um corpo d’água importante para a RMC; • Há totalidade das ocorrências de investimento público em HIS ocorrem dentro do perímetro urbano, entretanto existem casos isolados de ocorrências de HIS fora do perímetro urbano e inclusive fora do perímetro municipal. • Os investimentos públicos em HIS quando próximos do centro se destinam a famílias 0de maior renda; Os fatos acima nos levam a identificar um descompasso existente entre legislação urbanística municipal, os instrumentos de planejamento urbano e a própria gestão urbana. Os pontos elencados na presente conclusão apontam concretamente contradições existentes e levantam questionamentos relacionados à efetividade da legislação urbanística no caso de ZEIS para fins habitacionais. O princípio urbanístico que gerou a ZEIS parece ter pouca efetividade frente às pressões econômicas e os contraditórios interesses dos inúmeros agentes públicos e privados que agem sobre o território. 7. CONCLUSÃO Campinas com o passar dos anos foi atraindo investimentos públicos e privados, devido a sua boa localização e ótimas rodovias que interligam pequenas e grandes cidades, também é uma região no interior do estado de São Paulo que oferece uma boa qualidade de vida, atendendo todos os parâmetros, como empregos, estudos e total infraestrutura. A região de Campinas atraiu diversas empresas, ampliou as pequenas e medias, fortaleceu as relações com o setor agropecuário e terciário e diversificou a estrutura produtiva. Com isso as alterações do perímetro urbano na região de Campinas, estão sendo pautadas pela especulação imobiliária para a construção constante de empreendimentos tanto industriais quanto residenciais. Outro aspecto que Campinas e região atende é a demanda da migração pendular, um alto número de pessoas que se deslocam diariamente de outras cidades vizinhas para estudar e trabalhar, tornando assim muitas das cidades da região apenas “cidades dormitórios”. Os municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas) abrangem uma vasta área de urbanização densa, ainda mais com a implantação das Rodovias que proporcionou manchas urbanas ao seu redor interligando os municípios, formando assim a conurbação de alguns deles. Porém, vale ressaltar que também existem grandes vazios urbanos entre alguns municípios. Ocorre também um expressivo aumento na malha urbana tanto em Campinas quanto em algumas cidades da RMC, de loteamento populares, visando a implantação nos arredores das cidades as margens das Rodovias, num espaço urbano-rural, onde a terra possui um menor custo, diferente dos locais mais urbanizados, que possuiria uma melhor facilidade devido à localização, implantação de infraestrutura e menor gastos com transporte, sem contar com as potencialidades e fragilidades encontradas nas áreas mais afastadas e de proteção ambiental. Com o auxílio da ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) se espera uma boa qualificação de moradias, justa ao cidadão e ao meio ambiente. A ZEIS, embora possua diversos empreendimentos, ainda está em falta devido ao pouco interesse da legislação urbanística municipal. Sendo assim, pode-se concluir que o desenvolvimento urbano precisa ser compreendido como um processo mais abrangente do que o simples espraiamento do tecido urbano. Desenvolver-se não necessariamente implica em crescimento urbano horizontal. O desenvolvimento deve visar a conquista conjunta de justiça social e ambiental para um número crescente de pessoas. Não devendo ser um desenvolvimento meramente econômico, mas sim sócio espacial, visando a melhoria de qualidade de vida. Todos os Planos Diretores mostram sua real efetivação travada pois as diretrizes propostas possuem aplicações genéricas. Nenhuma lei federal ou outras, define de forma objetiva o que é desenvolvimento urbano. Permitiu-se com isso que cada município interprete e se aproprie do termo de acordo com seus próprios interesses políticos, sociais e econômicos. BIBLIOGRAFIA • Seminário 230 anos de Campinas. Disponível em: < http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/eventos-e- informacoes/seminario230/3seminario_terceira.php >. Acesso em 01 de março de 2017. • MAPAS RMC. Disponível em: < http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/publicacoes/planodiretor2006/ pd2006mapas.php >. 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