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AULA 3 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO Prof. Carlos Costa Cedro 2 TEMA 1 – INDÚSTRIA 4.0 Há muito tempo a humanidade tem buscado novas formas de melhorar e aumentar a produção. Esse é o principal motivador da indústria 4.0: padronizar, melhorar e potencializar a manufatura através do uso de tecnologias emergentes. Para entender a indústria 4.0, precisamos primeiro relembrar a evolução da revolução industrial. Na primeira revolução industrial, o uso de máquinas a vapor acelerou o processo produtivo, que antes era artesanal. Já na segunda revolução industrial, o uso da eletricidade serviu para ativar e iniciar os componentes da linha de produção, garantindo ainda mais produtividade para as fábricas. Na terceira revolução industrial, durante o século 20, o uso da automação em processos repetitivos garantiu maior padronização e melhor performance nas linhas de produção. Recentemente, vivemos uma nova revolução industrial, a indústria 4.0, que inclui a inteligência em processos automatizados, através de tecnologias habilitadoras, permitindo uma tomada de decisão automática por sistemas informatizados. Essa é a principal diferença entre a terceira revolução industrial e a indústria 4.0: a máxima potencialização da automação do processo produtivo, através de sistemas informatizados inteligente, capazes de tomar decisões de maneira independente. Existem, atualmente, organizações que aplicam o conceito da indústria 4.0 para criar produtos altamente customizados para os seus clientes, como tênis, sapatos, roupas feitos sob medida, e até pranchas de surf projetadas para o tamanho da pessoa e para o ambiente onde ela costuma praticar o esporte. Segundo o site da ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (2019), são esperados os seguintes resultados com a migração da indústria brasileira para o conceito 4.0: • Redução de R$73 bilhões por ano com custos industriais. • Ganhos de eficiência de R$34 bilhões por ano. • Redução de custos de manutenção de máquina de R$31 bilhões por ano. • Economia de energia de R$7 bilhões por ano. Para possibilitar esses resultados, a indústria 4.0 é sustentada por seis princípios: 3 • Tempo Real: os dados da linha de produção são coletados ao mesmo tempo em que são gerados, ou seja, em tempo real. • Virtualização: a simulação da fábrica em um ambiente virtual, que replica os dados recebidos dos sensores existentes no ambiente produtivo, permite rastrear e monitorar os processos de manufatura. • Descentralização: a própria máquina é capaz de tomar decisões e de ajustar o curso do processo produtivo, com base em dados coletados na linha de produção em tempo real. • Orientação a serviços: os softwares são desenvolvidos com uma finalidade específica no processo produtivo, atendendo a um serviço específico, o que viabiliza baixo acoplamento. • Modularidade: permite agilidade na configuração da linha de produção, com ativação e desativação de módulos conforme a demanda. • Interoperabilidade: todos os componentes de hardware e software presentes na linha de produção têm a capacidade de se conectarem e de compartilharem informações entre si. A indústria 4.0 eleva o potencial da automação nos processos produtivos, fazendo uso de várias tecnologias emergentes. Vamos conhecer algumas delas. 1.1 Rastreabilidade Componentes tecnológicos que permitem rastrear todo o ciclo de vida do produto, desde a criação até o descarte. Um exemplo é o uso dos Manufacturing Execution Systems (MES), que atualizam o estado de um suprimento, desde que ele é recebido como matéria-prima até ser transformado em produto. Outro exemplo de rastreabilidade é o uso de etiquetas eletrônicas em pallets e volumes transportados, o que permite rastrear a logística de entrega durante todo o processo. 1.2 Visão artificial A visão artificial emprega técnicas computacionais que fazem com que o sistema informatizado “enxergue” objetos do mundo real. Um exemplo do uso de visão artificial poderia é um sistema que, através de câmeras de alta resolução, é capaz de monitorar a linha de produção e realizar uma inspeção em busca de 4 defeitos, como uma etiqueta mal colada em um produto ou até a cor do líquido envasado em um recipiente. 1.3 Computação em nuvem A computação em nuvem, em inglês cloud computing, permite que grandes volumes de dados sejam armazenados e disponibilizados por meio da internet. Em comparação a um datacenter tradicional, traz uma série de benefícios, sendo o principal deles a redução de custos, já que o modelo é cobrado por uso, ou seja, a organização paga apenas pelo poder computacional que utiliza de fato. Outra característica importante da computação em nuvem é a elasticidade, que permite que o poder computacional seja aumentado ou diminuído conforme a demanda, o que garante recursos ilimitados de processamento e armazenamento para os sistemas informatizados da fábrica. 1.4 Big Data O Big Data utiliza dados de fontes internas e externas para gerar valor para a organização, entregando recomendações e tendências para a otimização dos processos. Um exemplo de utilização de Big Data na indústria 4.0, aliado à visão artificial, é o uso de câmeras em gôndolas de supermercados, que enviam em tempo real a informação sobre os produtos mais procurados no varejo, informação utilizada na sequência para replanejar a produção da fábrica. 1.5 Simulação digital A simulação digital permite criar um ambiente virtualizado idêntico ao da planta da fábrica. Nesse ambiente virtual, são realizadas simulações sobre a manufatura, sem a necessidade de protótipos físicos e sem parar os processos produtivos durante os testes. A simulação digital ainda é capaz de recomendar alterações para a otimização de recursos na planta física, como pessoas, máquinas e energia. Uma das principais aplicações da simulação está nos gêmeos digitais, ou digital twins em inglês, que permitem, por exemplo, a visualização de um modelo tridimensional do produto acabado, depois do processo produtivo. Um exemplo típico da simulação digital na indústria 4.0 é o uso de gêmeos digitais para 5 identificar oportunidades de melhorias na programação e controle da produção (PCP). 1.6 Realidade aumentada A realidade aumentada introduz objetos virtuais no mundo real, possibilitando que o usuário aumente a sua percepção da realidade. Existem vários produtos no mercado, atualmente, que fazem uso da realidade aumentada, como o Google Glass e o Microsoft Hololens, que adicionam informações obtidas da internet aos objetos que o usuário enxerga naquele momento. A realidade aumentada na indústria 4.0 pode ser aplicada, por exemplo, em treinamentos. Com óculos de realidade aumentada e um smartphone, é possível capacitar um operador para a operação de uma nova máquina, mesmo a distância. 1.7 Internet das coisas A internet das coisas, ou Internet of Things (IoT), em inglês, conecta sensores digitais a sistemas informatizados, o que permite a mensuração de informações como temperatura, pressão, direção do vento e posição geográfica. Um exemplo de aplicação da internet das coisas na Indústria 4.0 é o uso de sensores digitais, conectados fisicamente às máquinas da linha de produção. Com essas informações, é possível prever quando a máquina pode apresentar algum tipo de falha. 1.8 CPS A sigla CPS vem do termo em inglês Cyber Physical Systems, ou sistemas físicos cibernéticos. Representa a conexão entre os mundos físico e virtual na indústria 4.0. Por exemplo, os dados coletados pelos sensores da internet das coisas são armazenados no Big Data. Após o processamento em tempo real, usando computação em nuvem, são apresentados objetos virtuais, como setas e faixas, que orientam o operador de uma máquina na linha de produção. 6 1.9 Manufatura aditiva A manufatura aditiva preencheuma lacuna dos processos de fabricação convencionais, ao permitir a criação de peças e de componentes por meio da impressão tridimensional. 1.10 Manutenção preditiva A manutenção preditiva utiliza a informação produzida pelo sistema físico cibernético para prever a necessidade de manutenção de máquinas e equipamentos. TEMA 2 – MARKETING 4.0 A indústria 4.0 levou a um processo de transformação digital no processo produtivo das fábricas. Além disso, o uso das tecnologias emergentes causou um processo de transformação no marketing tradicional, dando início ao que conhecemos como marketing 4.0. Segundo Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016), o marketing 4.0 trata da revolução digital. As empresas vão continuar a fazer marketing tradicional, centrado na TV e na mídia impressa, mas o marketing digital (mídias sociais, mobile e internet) vai aumentar progressivamente. As empresas precisam saber como misturar e conectar o seu marketing tradicional ao marketing digital. Isso porque o perfil do consumidor mudou. A nova geração, conhecida como millenials, estabelece suas relações de consumo pelo reconhecimento da marca como autoridade no assunto. O processo de vendas tradicional, baseado na exposição em massa do produto e em canais de distribuição, tem pouca efetividade para atrair esse novo perfil de consumidor. Para conquistar os consumidores, as marcas precisam estar presentes nos meios digitais, como redes sociais e blogs, gerando conteúdo relevante relacionado ao seu produto ou serviço. Um exemplo dessa mudança é o site de streaming Netflix, que mantém presença importante nas redes sociais, produzindo conteúdos relevantes para os seus consumidores e usando tecnologias emergentes, como de inteligência artificial, para criar uma experiência customizada para cada cliente, entregando sugestões de conteúdo com base no perfil do cliente. 7 Para atrair esse novo perfil de consumidor, é preciso entender o funcionamento dessa nova relação de consumo, o que exige que, por meio da geração de conteúdo relevante, a marca seja reconhecida como autoridade pelo consumidor, o que leva ao processo de venda. O marketing de atração, ou inbound marketing, em inglês, utiliza os pilares de marketing de conteúdo, SEO e estratégias de redes sociais para atrair, converter e encantar os clientes, estando intimamente ligado com o marketing 4.0. O marketing digital utiliza as tecnologias para aplicar ações de marketing no ambiente digital, por meio de ferramentas como redes sociais, e-mail marketing, blogs e sites. O marketing digital é um mecanismo que possibilita a estratégia do marketing de atração. As principais tendências de tecnologia para o marketing digital nos próximos anos são: mobile marketing, vídeo marketing, Big Data, automação, WhatsApp marketing, relacionamento por bots e AMP. 2.1 Mobile marketing Segundo dados de 2019 (Junqueira, 2020), 80% do tráfego de internet no período teve origem em dispositivos móveis. Essa informação mostra que a disponibilidade de conteúdo adequado para os dispositivos móveis é um fator importante para a estratégia de marketing de atração. O mobile marketing realiza avaliações em conteúdos digitais, como sites, blogs e anúncios, para validar a responsividade, garantindo que o layout da mídia será ajustado automaticamente, de acordo com o tamanho da tela do usuário. 2.2 Vídeo marketing Sabemos que é preciso atrair a atenção do consumidor nessa relação de consumo do marketing 4.0. Portanto, é necessário estar presente onde o consumidor também está. A criação de páginas institucionais em sites de vídeo, como Vimeo e Youtube, possibilita maior engajamento dos consumidores e consequentemente maior relevância para a marca. Esse é o propósito do vídeo marketing. A utilização de conteúdo audiovisual em outras mídias digitais, como landing pages e e-mail marketing, contribui substancialmente para aumentar a taxa de conversão e para encantar o consumidor. 8 2.3 Big Data O Big Data possibilita a coleta de grandes volumes de dados, de diferentes fontes e formatos, como posts de redes sociais. O processamento desses dados pode gerar vantagem competitiva para a organização, por conta da previsão e da análise do posicionamento de mercado. 2.4 Automação Como vimos, a automação por robôs de software (RPA) é uma importante ferramenta para a automação de processos repetitivos da organização. Processos como cadastramento de leads e envio de e-mail marketing podem ser automatizados, o que garante maior rapidez na execução e aumenta a taxa de conversão de leads. 2.5 WhatsApp marketing De acordo com dados de 2017, a quantidade de usuários de WhatsApp no Brasil passava dos 120 milhões (WhatsApp chega..., 2017). Existe uma versão empresarial do aplicativo, chamada WhatsApp business, que é gratuita. Esse aplicativo pode ser utilizado em estratégias de marketing digital, para dar suporte ao consumidor e para enviar promoções. Uma boa alternativa é utilizar a automação para melhorar o tempo de resposta para o consumidor. 2.6 Relacionamento por bots O crescimento do mercado de bots, apresentado na Figura 1, é um forte indicador de que a automação, baseada em robôs de software, é uma tendência importante, inclusive para a comunicação com usuários em redes sociais. 9 Figura 1 – crescimento do mercado de bots até 2025 Fonte: Grand View Research, 2021. Os bots podem ser utilizados para automatizar a comunicação por meio das redes sociais, fornecer respostas a perguntas frequentes e criar uma comunicação personalizada com cada consumidor. Existem diversas ferramentas no mercado que cumprem esse objetivo, entregando como principal resultado um aumento na taxa de conversão de leads. 2.7 AMP O projeto Acceletared Mobile Pages (AMP) é uma iniciativa conjunta das empresas Google, Linkedin, Pinterest e Twitter. Ele fornece uma base tecnológica para melhorar o carregamento das páginas web, principalmente a partir de dispositivos móveis. O tempo de carregamento da página é um dos fatores de ranking do Google. Considerando ainda uma boa estratégia de Search Engine Optimization (SEO), é possível melhorar a classificação dos canais digitais da organização no mecanismo de busca do Google, aumentando consequentemente a atração de leads. 10 TEMA 3 – VAREJO 4.0 Os impactos da revolução digital, que impulsionaram a indústria e o marketing 4.0, são também observados no varejo, área em que a tecnologia é empregada para criar uma experiência de compra única e customizada para cada cliente. Como a tecnologia deixou de ser um produto para se tornar um serviço, as pequenas empresas podem consumir as mesmas tecnologias das grandes organizações, já que são cobradas pelo uso. Esse aspecto ajuda os pequenos varejistas a concorrerem em pé de igualdade com as grandes lojas, do ponto de vista tecnológico. Um exemplo é o uso de smartphones ou tablets para apresentar um estoque virtual ao consumidor. Esse estoque, inclusive, pode não existir fisicamente na loja, o que melhora, portanto, a oferta e a experiência de consumo, além de tornar cada vez mais desnecessário o investimento em grandes showrooms. O termo bespoke (refere-se à prática de ter produtos customizados para cada cliente, como uma venda consultiva) é um dos pilares do varejo 4.0. Como o perfil do consumidor mudou ao longo do tempo, as lojas têm buscado proporcionar uma experiência única de compra, personalizada para cada cliente, ao invés de trabalhar como grandes depósitos de mercadoria onde os clientes tiram os seus pedidos. Com a alternativa do comércio eletrônico, as lojas precisam criar uma experiência prazerosa, como diferencial de atração para os clientes. Para isso, é preciso entregar as mesmas vantagens do mundo digital no espaço físico, de maneira transparente para o consumidor. 3.1Varejo 4.0: exemplos práticos A tecnologia permite diversas ações que contribuem para a criação de uma experiência personalizada de compra para o consumidor. Vamos conhecer alguns exemplos práticos do uso da tecnologia no varejo 4.0. 3.1.1 Beacons Os beacons são dispositivos eletrônicos que podem transmitir informações para os smartphones dos consumidores, por meio de conexão bluetooth, 11 melhorando ainda mais a experiência do consumidor. Podem ser usados para enviar cupons de desconto personalizados para consumidores próximos da loja. Outra aplicação é o seu uso como mapas interativos, que guiam o consumidor no espaço físico da loja. 3.1.2 Sensores de calor As informações de localização dos smatphones dos consumidores, obtidas por meio dos beacons, podem ser consolidadas para gerar um mapa de calor, com informações sobre os espaços físicos mais visitados de uma loja, incluindo os caminhos que os clientes mais utilizam. 3.1.3 Self-checkout Os meios de pagamento automáticos ampliam a experiência de autoatendimento nas lojas. Por meio do self-checkout, ou pagamento automático, o consumidor pode pagar as compras sem precisar passar no caixa. Essa tecnologia utiliza reconhecimento facial para identificar os consumidores e QR code ou etiquetas RFID para identificar os produtos consumidos. 3.1.4 Locker O locker é um armário inteligente que permite ao consumidor retirar as suas compras na loja física. Ou seja, o cliente pode comprar itens por e-commerce e retirar os produtos na loja física, sem nenhum contato humano. A demanda por esse serviço cresceu exponencialmente por conta da pandemia de covid-19. Com base em sistemas de segurança, baseados em tecnologia, a entrega do produto é feita sem contato físico, o que mitiga o risco de contaminação. 3.1.5 PDV Mobile O PDV Mobile é um ponto de venda móvel, baseado em smartphone, que serve como alternativa para a fila dos caixas. A partir dessa tecnologia, o consumidor pode, com o apoio de um funcionário, realizar o pagamento de suas compras sem precisar pegar a fila do caixa. 12 3.1.6 Provadores interativos Os provadores interativos fazem uso da tecnologia de realidade aumentada para simular produtos sobrepostos à imagem real do consumidor. Essa tecnologia é muito útil para as lojas de vestuário, pois o consumidor pode projetar imagens de peças de roupas e acessórios virtuais à sua imagem refletida em um espelho. 3.2 Tecnologias para o varejo 4.0 Existem várias tecnologias que apoiam as estratégias do varejo 4.0. Vamos conhecer as principais utilizadas atualmente. 3.2.1 Omnichannel O omnichannel é um conceito que busca entregar a mesma experiência para o consumidor, independentemente do canal de comunicação utilizado, seja ele físico ou virtual. Por exemplo, o consumidor pode enviar uma pergunta para a loja sobre determinado produto, por meio das redes sociais. Em um momento futuro, ele pode visitar a loja física, onde o vendedor tem acesso à consulta feita anteriormente, a partir da qual pode dar sequência ao atendimento do cliente. 3.2.2 Big Data O Big Data pode ser usado no varejo 4.0 para criar uma experiência customizada para o consumidor, por meio do entendimento de perfis de consumo, com base em informações coletadas de diversas fontes, como as redes sociais. Por exemplo, é possível identificar, por meio das imagens postadas nas redes sociais do consumidor, quais são as suas marcas preferidas. Com isso, é possível enviar mensagens sempre que novos produtos dessas marcas estiverem disponíveis. 3.2.3 Inteligência artificial A inteligência artificial pode ser usada no varejo 4.0 para sugerir novos produtos para o cliente, com base nos produtos já escolhidos por ele. Por exemplo, em uma loja de roupas, o consumidor pode mostrar uma blusa e receber sugestões de outras peças que combinam com aquele item, com base em preferências coletadas nas redes sociais do cliente. 13 TEMA 4 – LOGÍSTICA 4.0 A logística 4.0 também faz uso de tecnologias emergentes para aprimorar os processos logísticos e assim suportar a indústria 4.0. Um dos objetivos aqui é conectar toda a cadeia logística, com o uso de tecnologias, de modo reduzir custos e aumentar a produtividade. O principal pilar da logística 4.0 é o uso de plataforma abertas, que integram gêmeos digitais das indústrias, modais de transportes, informações sobre estradas e outros dados necessários para o processo logístico, em uma estrutura conectada através de computação em nuvem, permitindo o monitoramento em tempo real de toda a cadeia logística e de seus recursos compartilhados. As plataformas abertas hospedam o comércio eletrônico B2B, que permite a integração de pequenas e médias empresas ao processo logístico, para aumentar a eficácia de todo o processo. Por exemplo, um armazém automatizado pode executar algumas ações automaticamente, como enviar pedidos de compras de novos insumos de produção, com base nos sensores e nas informações existentes sobre o estoque, considerando ainda a programação de produção. A Amazon é um dos líderes em comércio eletrônico mundial. A empresa tem feito uso da logística 4.0 para criar uma experiência única para o consumidor, como o uso de drones para a entrega de encomendas e o uso de um aplicativo que permite ao cliente abrir o porta-malas do carro para que o entregador deixe ali o produto comprado. Tais tecnologias acarretam redução de custos, maior produtividade na cadeia logística e consequentemente maior satisfação do cliente. Vamos ver agora algumas das principais tecnologias utilizadas na logística 4.0. 4.1 Gêmeos digitais O uso dos gêmeos digitais permite simular diversas configurações diferentes para o espaço físico disponível na fábrica, com isso é possível descobrir a melhor configuração para o planejamento logístico. 4.2 Internet das coisas O uso de sensores nos armazéns automatizados permite maior controle sobre os produtos transportados, como sensores de peso, umidade, luz e calor, com o apoio de visão artificial. Eles podem identificar se determinado volume está 14 ou não dentro das especificações de qualidade durante o processo logístico, e assim adiantar eventuais problemas para o cliente. 4.3 Aprendizado de máquina O aprendizado de máquina pode ser utilizado para capacitar os sistemas de informações gerenciais, que suportam o processo logístico, a tomar decisões em tempo real – por exemplo, sobre o controle do estoque mínimo de segurança, com base em informações externas como lead time do fornecedor e disponibilidade de determinada matéria-prima. TEMA 5 – ESTUDO DE CASO Com base no que vimos até o momento nesta aula, você é capaz de resolver os estudos de casos fictícios a seguir e escolher a melhor abordagem tecnológica para cada um dos problemas apresentados? 5.1 Estudo de caso 1: Fábrica de alimentos Você é o novo gerente de produção de uma fábrica de alimentos. A fábrica produz produtos alimentícios perecíveis que são comercializados para clientes do país inteiro. Recentemente, a organização foi a vencedora de um edital de licitação que prevê o fornecimento de alimentos para escolas da rede pública federal de ensino. Essas unidades de ensino estão distribuídas nas cidades do interior dos estados do centro-oeste. O edital prevê a aplicação de uma multa caso a organização não entregue os produtos nos prazos estabelecidos em licitação pública. Uma das grandes dificuldades logísticas na região do centro-oeste é a malha rodoviária, que pode prejudicar o cumprimento do prazo. Que alternativa(s) você escolheria como provável solução para o problema? a) Utilizar técnicas de aprendizado de máquina e inteligência artificial, para obter dados históricos sobre o tempo médio gasto em cada trajeto, média de acidentes nas rodovias e previsão de fatores climáticos para estabelecer o planejamentologístico. b) Utilizar a internet das coisas para conectar sensores aos veículos de transporte, para obter uma estimativa de entrega dos produtos atualizada em tempo real. 15 c) Utilizar beacons em pontos estratégicos em cada unidade de ensino, com o objetivo de descobrir o cardápio que mais agrada os alunos, com base em um mapa de calor. 5.2 Estudo de caso 2: Novo aplicativo de relacionamento Você é o novo gerente de marketing de uma startup de tecnologia, que desenvolveu um novo aplicativo de relacionamento e que já conta com mais de 300 milhões de usuários. Uma situação comum atualmente é a cultura do cancelamento, quando grupos de influenciadores digitais, contrários a alguma ação tomada por determinada marca, promovem o “cancelamento” digital, que é o abandono da marca pelos seus usuários. Que alternativa(s) abaixo você escolheria como provável solução para esse problema? a) Utilizar técnicas de Big Data para coletar dados das redes sociais sobre os principais influenciadores digitais. Com base nesses dados, aplicar técnicas de aprendizado de máquina, para destacar as principais palavras utilizadas nas mídias por eles, e assim traçar um plano de marketing que mitigue a questão do cancelamento digital. b) Criar um mecanismo de relacionamento por bots capaz de avaliar as postagens feitas pelos usuários da sua rede de relacionamento, aplicando técnicas de inteligência artificial sobre as postagens para disparar alertas em tempo real, caso seja identificada alguma postagem com conteúdo ofensivo ou discriminatório. c) Configurar o seu site de relacionamento utilizando as técnicas de AMP, para que o carregamento no dispositivo do usuário seja feito no menor tempo possível, para melhorar a experiência do usuário com o aplicativo. 5.3 Estudo de caso 3: Rede de lojas de vestuário Você foi contratado como gerente de tecnologia da maior rede varejista do setor vestuário nacional. Com o advento da pandemia de covid-19, você foi instruído a buscar tecnologias que viabilizam a experiência de compra do consumidor com o mínimo contato humano possível. Que alternativa(s) você escolheria como provável solução para esse problema? a) Utilizar PDV mobile e aumentar a quantidade de vendedores nas lojas físicas, para eliminar a aglomeração nas filas dos caixas. 16 b) Criar dispositivos de locker em todas as lojas físicas, para que os clientes possam retirar os produtos comprados pelo site de comércio eletrônico, sem a necessidade de contato humano com os funcionários das lojas. c) Desenvolver recursos que favoreçam o autoatendimento, para que os clientes possam encontrar informações sobre os produtos, receber cupons de promoção e realizar pagamentos por conta própria. 17 REFERÊNCIAS ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Indústria 4.0. Agenda da Indústria 4.0. 2019. Disponível em: <http://www.industria40.gov.br/>. Acesso em: 27 jan. 2022. GRAND VIEW RESEARCH. Chatbot Market Size, Share & Growth Report. abr. 2021. Disponível em: <https://www.grandviewresearch.com/industry- analysis/chatbot-market>. Acesso em: 27 jan. 2022. JUNQUEIRA, F. 80% do tráfego de internet no fim de 2019 teve origem em dispositivos móveis. Canal Tech, 28 jan. 2020. Disponível em: <https://canaltech.com.br/mercado/80-trafego-internet-dispositivos-moveis- mundo-2019-159562/>. Acesso em: 27 jan. 2022. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: moving from traditional to digital. 1. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2016. WHATSAPP CHEGA a 120 milhões de usuários no Brasil. O Estado de São Paulo, 29 maio. 2017. Disponível em: <https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,whatsapp-chega-a-120-milhoes- de-usuarios-no-brasil,70001817647>. Acesso em: 27 jan. 2022.