Prévia do material em texto
CONCENTRAÇÃO GRAVÍTICA E SEPARAÇÃO MAGNÉTICA UNIDADE III FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Elaboração Cristiane Oliveira de Carvalho Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE III FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA ........................................................................................................5 CAPÍTULO 1 GRANDEZAS MAGNÉTICAS ...................................................................................................................................................... 7 CAPÍTULO 2 INTRODUÇÃO À SEPARAÇÃO MAGNÉTICA..................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 3 AÇÃO DA FORÇA NA PARTÍCULA ........................................................................................................................................ 16 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................20 4 5 UNIDADE IIIFUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA A unidade III aborda um pouco os aspectos gerais da separação magnética. O capítulo 1 traz um apanhado geral sobre as grandezas magnéticas e os fatores de conversão do sistema centímetro, grama e segundo (cgs) para o sistema internacional (SI). O capítulo 2 explica o método de separação magnética para concentração de minerais e como a propriedade de suscetibilidade magnética influencia nesse processo. O capítulo 3 apresenta as principais forças que agem sobre a partícula em um campo magnético. Objetivo da unidade » Recordar as grandezas magnéticas. » Estudar a separação magnética. » Entender o comportamento da partícula no campo magnético e as forças atuantes nesta. Bons estudos! Segundo o site companhia Vale, em 2015, a empresa inaugurou uma planta-piloto de beneficiamento, construída pela empresa New Stell, que tem como principal objetivo realizar o processo de beneficiamento do minério por meio da separação magnética sem o uso de água. A nova técnica, além da ausência de água, permite transformar minérios de baixa qualidade em produtos com elevado valor agregado. Ainda permite a utilização de gás natural como fonte de energia e sem geração de resíduos, isso porque o material rejeitado pode servir como matéria-prima na indústria cimenteira ou de cerâmica. Esse beneficiamento a seco será possível por causa da estação de secagem antes do processo de moagem usando um moinho vertical para rochas compactas, o qual possui 6 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA a capacidade de moer minérios sem o uso de água e da alimentação das porções mais finas em separador magnético. Abaixo a planta de demonstração. Fonte: <http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/tecnologia-pioneira-beneficiamento-minerio-chega-vale. aspx>. 7 CAPÍTULO 1 GRANDEZAS MAGNÉTICAS Em se tratando de um campo magnético, é normal citar duas grandezas: campo magnético H e a indução magnética B (densidade do fluxo magnético). Essas grandezas são vetoriais de campo e são caracterizadas pela magnitude e pela sua direção no espaço. Segundo Gonzaga (2014), o Orested simbolizado por H é uma unidade frequentemente utilizada. Essa unidade faz menção ao sistema de unidades eletromagnético (eum). Embora o Sistema Internacional de Unidades (SI) tenha substituído o sistema de unidades eletromagnético, grande parte dos dados de propriedades magnéticas ainda são apresentados nas referências como no sistema emu. Silva (2012) explica que o Sistema Internacional se expandiu no ensino mundial e em grande parte dos jornais científicos, no entanto ainda muitas pesquisas sobre magnetismo e separação magnética trabalham com o cgs, que é um sistema com as seguintes unidades: centímetro, grama e segundo. O autor ressalta que no cgs são utilizadas algumas unidades eletromagnéticas. E ainda diz que os estudos relacionados a magnetismo não têm um sistema de quantidades e unidades coerente. Aqueles que tentam fazer a conversão das unidades cgs para o SI têm dificuldades e tendem a errar mais. O quadro abaixo usa alguns fatores de conversão do cgs para o SI. Quadro 2. Fatores de conversão. Unidades SI Grandeza Símbolo Derivada Primária Unidade cgs-uem Conversão Intensidade de campo magnético H A/m C/m-s oersted (Oe) 103/4π Densidade de fluxo magnético ou indução magnética B tesla (T) (Wb/m2) (a) kg/s-C gauss (G) 10-4 Magnetização M A/m C/m-s Oe, erg/Gcm3 10-3 Magnetização de assa σ Am2/kg uem/g 1 Fluxo magnético φ Wb (weber) Mx (maxwell) 10-8 Polarização magnética J tesla (T) gauss (G) 10-4 Momento de dipolo magnético µM A/m2 erg/G 10-3 Suscetibilidade magnética (volumétrica) k adimensi onal/ adimensional, uem/cm3Oe 4π Suscetibilidade magnética de massa (massa) ᵡ m3/kg cm3/g 4π x 10-3 Permeabilidade Magnética do Vácuo µ0 (henry/m )(b) kg-m/C2 adimensional 4π x 10-7 Magnéton de Bhor µB 9.274× 10-24 Am2 (a) As unidades do weber (Wb) são volt-segundo. (b) As unidades do henry são weber por ampére. Fonte: Silva (2012). 8 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Converter a indução magnética do cgs em gauss para o SI em tesla não exibe problemas com valores em gauss que são divididos por 104. Se a intensidade de fluxo magnético é utilizada, o ersted então é multiplicado por 103/4π, assim tem o valor no SI de A/m. Já a suscetibilidade magnética é tida como uma grandeza mais complexa. A suscetibilidade volumétrica K é utilizada em grande parte das equações de separação magnética. Mesmo adimensional em ambos os sistemas, ela distingue em 4π, sendo possível definir experimentalmente a suscetibilidade magnética em massa, frequentemente usada nas referências no cgs. Na literatura, diferentes nomes são dados para essa unidade, tais como uem/cm, uem/ gxOe. Mas grande parte deles representa a unidade cm3/g. Logo, no SI a unidade m3/ kg que tem o fator de conversão 4π x 10-3. A indução magnética consiste no número de linhas de força que passam por uma área de unidade do material e é representada por B→. Já a força magnetizante responsável por induzir linhas de força por entre o material é conhecida como intensidade do campo, H→. B →= μ. H → Eq.14 Em que: µ é a permeabilidade magnética do meio. Quando no vácuo, a permeabilidade magnética µ, pode ser considerada, como µ0 e numericamente é igual a 4π x 10−7H/m. De acordo com Silva (2012), um material magnético dotado de magnetização M→ a indução magnética é (convenção de Sommmerfeld): 𝐁𝐁𝐁𝐁 = 𝝁𝝁𝟎𝟎(𝐇𝐇𝐇𝐁 + 𝐌𝐌𝐌𝐁) Eq.15 A magnetização consiste no momento magnético total dos dipolos µtotal por unidade de volume V: 𝐌𝐌 = 𝛍𝛍𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭𝐭 𝐕𝐕 Eq.16 No sistema internacional, B→ é: B⃗ = μ0 H → + 𝐽𝐽 → Eq. 17 9 FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA | UNIDADE III é a polarização magnética e é relacionado a M→ por: 𝑱𝑱 → = 𝝁𝝁𝟎𝟎 ∗ 𝑴𝑴 → Eq. 18 A indução magnética abrange a contribuição da magnetização M→, que conceitualmente é o momento dipolo magnético por unidade de volume do corpo ou polarização 𝑱𝑱 → . A indução magnética inerente do material é tão diminuta, que em quase todos os casos B→ é igual a M→. Quando se referenciar campos magnéticos no ar, pode-se utilizar campo magnético sem distinguir se está se referindo ao campo magnetizante H→→ ou ao campo induzido B→, No entanto, quando se trata de campos magnéticos dentro de materiais, especialmente os ferromagnéticos, é importante deixar claro se a referência é feita a um campo B→ ou H→. A permeabilidade e a suscetibilidade também são grandezas magnéticas relevantes. O campo magnético que atua sobre o material é que define a sua magnetização. Na maioria dos materiais, a magnetização M é diretamente proporcional à força de magnetização H→→, ou pelo menosquando H→ não é demasiadamente grande: M →= k H → Eq. 19 k é suscetibilidade magnética; e é adimensional, pois M→ e H→ possuem as mesmas dimensões. Ao combinar as equações 18 e 19, e substituindo em 17, temos: 𝐵𝐵𝐵𝐵 = 𝜇𝜇0(1 + 𝑘𝑘)𝐻𝐻𝐻𝐵 = 𝜇𝜇0𝜇𝜇𝜇𝜇𝐻𝐻𝐻𝐵 = 𝜇𝜇𝐻𝐻𝐻𝐵 Eq. 20 Se μr = 1 + k e 𝜇𝜇 = 𝜇𝜇0(1 + 𝑘𝑘) Eq.21 E que: μr = μ μ0 Eq.22 µr é uma grandeza adimensional conhecida com permeabilidade magnética relativa e varia de acordo com o meio onde o campo atravessa; µ é a permeabilidade absoluta do material. Sua unidade é a mesma de µ0 que é H/m, ou melhor, henry por metro no SI. As equações acima (20 e 21) declaram que o material é isotrópico ou linear, ou melhor, M→ é proporcional a H→ e na mesma direção. 10 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Assim, relacionando o módulo do vetor de magnetização e o campo do indutor externo, tem-se a suscetibilidade magnética: X = k = | 𝑀𝑀 → 𝐻𝐻 →| Eq. 23 Existe também a suscetibilidade magnética molar (suscetibilidade magnética por mol). O volume molar da substância é M/ρ, sendo que M é a massa molar, e ρ é a massa específica. 𝜒𝜒𝑀𝑀 = 𝑀𝑀𝑀𝑀 × |𝑀𝑀𝑀 𝐻𝐻𝐻𝑀| Eq.24 11 CAPÍTULO 2 INTRODUÇÃO À SEPARAÇÃO MAGNÉTICA A separação magnética é um processo muito usado no campo de processamento de minérios para concentrar ou purificar diferentes substâncias minerais. Esse método pode ser aplicado conforme as diversas respostas ao campo magnético, relacionando as espécies mineralógicas, individualmente ou agrupado a outras técnicas no tratamento de minérios. Como explicado anteriormente, a propriedade que indica uma resposta de material a um campo magnético é conhecida como suscetibilidade magnética. A partir dessa propriedade, os materiais ou minerais são categorizados: » atraídos por um campo magnético; » repelidos por um campo magnético. Os minerais atraídos fortemente pelo campo magnético são os minerais ferromagnéticos, enquanto paramagnéticos são aqueles atraídos em menor intensidade. Por fim, os que são afastados pelo campo são conhecidos como diamagnéticos. Relembrando, a magnetita é um exemplo claro de mineral ferromagnético, e a hematita é um mineral paramagnético. Os diamagnéticos têm uma suscetibilidade magnética negativa e, nessa classe, é possível citar o quartzo, a cerussita, a magnesita, a calcita e outros. Figura 13. Alinhamento magnético. Paramagnético Ferromagnético Fonte: Silva (2012). A geologia precisa muito dos minerais ferromagnéticos, pois esses minerais registram a direção do campo magnético do planeta Terra durante o tempo, auxiliando os profissionais a realizar a reconstrução dos movimentos executados pelas placas tectônicas. Na mineralogia, um simples teste com um ímã de mão é utilizado para estabelecer o magnetismo dos minerais. 12 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Em outros termos, se um mineral é altamente magnético, será fortemente atraído por um pequeno imã e se, por acaso, não for altamente magnético, ainda será atraído pelo imã, no entanto com baixa intensidade. Na separação magnética, as diferenças de suscetibilidade dos minerais são potencialmente exploradas, de forma que as partículas com suscetibilidade alta tenham uma reação imediata ao campo magnético. O campo magnético interfere na separação magnética dos diversos minerais, e o controle dessa intensidade de campo magnético possibilita a separação seletiva das partículas minerais com os mais variados valores de suscetibilidade magnética. Minerais com elevada suscetibilidade precisam de campos magnéticos com baixa intensidade para poder separá-los, enquanto altas intensidades de campo são necessárias para separar aqueles minerais com baixa suscetibilidade. A tabela abaixo sintetiza os valores de suscetibilidade magnética dos minerais separados por métodos magnéticos. Tabela 2. Suscetibilidade magnética dos minerais. Classificação Mineral Susceptibilidade Magnética m3/kg Ferromagnético Magnetita 14-18x10-4 Ilmenita 13x10-7 Pirrotita 2,3x10-7 Paramagnético Anfibólio 0,8-11,3x10-7 Piroxênio 0,8-8,0x10-7 Biotita 0,5-9,8x10-7 Calcopirita 0,11-0,55x10-7 Diamagnético Pirita 0,04-0,13x10-7 Olivina 1,1-12,6x10-7 Quartzo -6,19x10-9 Fonte: Gonzaga (2014). Assim, é possível compreender que a suscetibilidade magnética pode ser usada como um parâmetro diferencial no tratamento de minérios, e a sua eficiência de separação está relacionada especialmente com as propriedades magnéticas dos minerais e com a granulometria da amostra. 13 FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA | UNIDADE III O tempo que a amostra permanece no campo magnético, o grau de liberação dos minerais presentes e as forças de gravidade e de atrito também exercem influência na eficiência de separação. No quadro abaixo, estão apresentados os principais minerais e a suas respectivas faixas de campo magnético, nas quais esses podem ser separados pelo processo de separação magnética. Quadro 3. Minerais e faixas de campo para concentração magnética. Grupo 1: Ferromagnéticos – Faixas de Campo de 0,05 a 5 T Ferro Magnetita Grupo 2: Magnéticos – Faixa de Campo de 5.000 A 10.000 G Ilmenita Pirrotita Franklenita Grupo 3: Fracamente Magnéticos – Faixa de Campos 1 a 1,8T Hematita Mica Calcopirita Siderita Molibdenita Molibdenita Rodonita Cerargirita Talco Limonita Huebnerita Titanita Braunita Wolfranita Calcocita Corindon Bornita Cinábrio Pirolusita Apatita Gesso Manganita Tetrahedrica Zincita Calamita Willemita Ortoclásio Esfarelita Cerussita Epidoto Siderita Dolomita Fluirita Rodocrosita Psilomelano Augita Granada Arsenopirita Homblenda Serpentinita - - Grupo 4: Muito Fracamente Magnético – Faixa de Campo acima de 1,8T Pirita Serpentinita Cobalita Smithonita Nicolita Safira Esfalerita Diopsidio Cassiterita Estibinita Turmalina Ortoclásio Criolita Cuprita Dolomita Enargita Galena Spinélio Berílio Whiterita Rubi 14 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Magnesita Crisocola Covelita Azurita Rutilo Feldspato Gesso Mica Zircão Malaquita - - Grupo 5: Não Magnéticos e Diamagnéticos Barita Corindon Apatita Bismuto Topázio Aragonita Calcita Galena Grafita Fluorita Antimônio Quartzo Fonte: Luz et al. (2010). A separação magnética é uma ocorrência que relaciona o modo como as partículas de diferentes minerais se comportam quando submetidas a um mesmo campo magnético e as forças magnéticas que agem sobre essas partículas. Esse processo está fundamentado principalmente na força de interação existente entre o campo magnético e do dipolo magnético. Se uma partícula está exposta a um campo magnético, esta se torna magnetizada. Quando acontece a magnetização, dipolos magnéticos serão induzidos nos terminais da partícula que terá orientação na extensão das linhas do campo magnético. Logo, a partícula tornará um dipolo magnético com a intensidade variando de acordo com as características de cada partícula. Para avaliar quais forças magnéticas agem em uma partícula, pode-se, de maneira simples, imaginar que uma partícula magnetizada tenha o comportamento de barra magnética, e suas extremidades são os polos norte e sul. O alinhamento dos dipolos nos materiais ferromagnéticos é permanente, enquanto nos materiais paramagnéticos não – esse é apenas induzido quando o campo é aplicado e torna-se aleatório quando o campo desaparece. A figura abaixo representa esse comportamento. 15 FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA | UNIDADE III Figura 14. Campo magnético uniforme (A) e campo convergente (B). Partículas em movimento Linhas de fluxo Fonte: Will (2016). Se um campo magnético uniforme é empregado em uma partícula, as forças que agem sobre os polos são iguais e opostas, anulando a resultante dessas forças. Mas se o campo aplicado nas extremidades tiver intensidade diferente, a resultante dessas forças não mais será nula, mas sim existirá uma força atuando sobrea partícula. Esse fato mostra que a variação do campo está relacionada com as dimensões do material. Essa variação que ocorre no campo é conhecida como gradiente, que é resultante da força que age sobre o material, ocasionando a atração ou repulsão. 16 CAPÍTULO 3 AÇÃO DA FORÇA NA PARTÍCULA As forças atuantes sobre uma partícula em um separador magnético podem somar ou mesmo competir entre si. O princípio no qual se baseia a separação magnética examina e expõe o comportamento dinâmico da partícula. As forças que agem em certa partícula exposta a um campo magnético, em uma separação, são: » força magnética; » força de gravidade; » força de arraste hidrodinâmico; » força interpartículas. As trajetórias das partículas em um campo magnético serão diferenciadas, isso será resultado da composição das forças e como cada uma delas agem sobre as partículas, que possuem características diferentes. A força externa fundamental que age sobre as partículas em um separador magnético é a força magnética. Essa força tem uma relação de proporcionalidade com o campo magnético utilizado. Logo, é possível concluir que as variações na intensidade do campo provocam mudanças no desempenho dos separadores. A determinação da viabilidade que uma partícula magnética tem de ser recuperada em separador magnético é atribuída a uma resultante entre a força magnética e as forças competitivas. Já as forças que existem entre as partículas magnéticas e as que não são magnéticas são essenciais para a qualidade da separação. Existem diversas forças interparticulares. É importante destacar as forças de fricção, as de atração magnética e as de atração eletrostática. A separação possui características que podem ser definidas qualitativamente no que se refere ao teor e à recuperação, por meio de uma avaliação de defeitos de interação das forças magnéticas interparticulares e demais forças competitivas que agem no processo. 17 FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA | UNIDADE III As partículas presentes dentro de um campo magnético primeiramente alcançam o campo magnético induzido. E o fluxo magnético que penetra na partícula é resultado da soma dos fluxos por causa do campo induzido e indutor. No caso de substâncias diamagnéticas, o campo induzido se opõe ao campo indutor, a densidade defluxo é reduzida e, portanto, as linhas de força são espalhadas. Já no caso das substâncias paramagnéticas, acontece o inverso, pois, nesse caso, os dois campos serão somados, e as linhas de força se concentram. Nas substâncias ferromagnéticas, acontece uma concentração demasiada das linhas de forças. Caso o campo seja uniforme, a partícula não apresentará movimento na direção de nenhum dos polos independentemente da sua posição, somente sofrerá uma rotação até o momento que seu eixo magnético alinhar com a direção do campo, caso a partícula seja paramagnética. No entanto, se o campo for convergente, se existir um gradiente de campo, essas linhas de forças serão mais densas próximo ao polo desuniforme (pontiagudo). Assim, uma partícula paramagnética busca concentrar as linhas de força e, então, irá se deslocar para direção da ponta, enquanto a partícula magnética apresentará o comportamento nulo. Então, é possível concluir que, para que ocorra o movimento das partículas, um separador magnético precisa ter um campo convergente, ou melhor, criar um gradiente de intensidade de campo. O esquema abaixo apresenta essa situação. Figura 15. Esquema do processo de separação magnética. Alimentação Forças competitivas Forças magnéticas Não magnéticos Magnéticos Médio Fonte: Silva (2012). 18 UNIDADE III | FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Vale ressaltar que partículas magnéticas irão ser separadas das não magnéticas, ou pelo menos as partículas mais magnéticas serão separadas das menos magnéticas, se alcançarem as seguintes condições (SILVA, 2008; Silva, 2012): F Fm mag c mag� � e ainda Fm não mag� �� �Fc não mag Eq.25 Em que: Fm a força magnética; Fc a força competitiva; Fmag e Fnão-mag são as forças atuantes nas partículas magnéticas e não magnéticas. A equação citada acima assumirá formas particulares para diferentes finalidades. Para alcançar elevadas recuperações das partículas, a força de separação magnética precisa ser maior que as forças competitivas, no entanto a seletividade será pobre caso: Fmag Fcomp Eq.26 Isso porque, nessa situação, o sistema não conseguirá distinguir as diferenças entre as espécies em relação a sua suscetibilidade magnética. Por sua vez, a elevada seletividade no processo de separação magnética pode ser alcançada quando as magnitudes das forças magnéticas e competitivas são comparáveis, compatíveis com a equação 25. Em um processo, a seletividade sofrerá interferência de maneira considerável pelos valores relativos às forças magnéticas e competitivas, sofrerá influência pela seleção adequada do separador e suas condições. Logo, a seletividade na separação de um material magnetizável (x) e outro magnetizável (Y) será alcançada quando a seguinte relação for alcançada: F F Fmag x comp mag y> > Eq.27 De modo geral, a mistura de partículas em um equipamento de separação magnética acontecerá por dois ou mais constituintes. No entanto, em todo o sistema real será possível encontrar partículas magnéticas e não magnéticas no produto magnético, no produto não magnético e no produto misto (SILVA, 2012). Silva (2012) ainda explica que todo elemento é, em algum teor, suscetível a campo magnético. Então, o que se chama de não magnético é, na verdade, a fração que será rejeitada quando estiver na presença do campo, no entanto é a fração menos magnética. 19 FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA | UNIDADE III Vale ressaltar que a eficiência da separação é comumente expressa pela recuperação do componente magnético e pelo teor ou qualidade do concentrado no que relaciona a quantidade de elemento útil, podendo ser concentrado magnético ou não magnético. É imprescindível entender ainda que cada força atua em função: » das propriedades físicas das partículas a serem separadas; » do tipo de separador e do modo como ele é operado. 20 REFERÊNCIAS ARENARE, Diego Souza. Caracterização de amostras de bauxita visando a aplicação de métodos de concentração gravítica. 2008. Dissertação (Mestrado Engenharia Metalúrgica e de Minas) – Universidade Federal De Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. BARCELOS, Hemerson Olímpio. Jigagem de minérios itabirtícos. 2010. Dissertação (mestrado em Engenharia Mineral) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro preto, 2010. CHAVES, Fábio Almeida. Seleção de sistemas de transportes industriais para um projeto de mineração em superfície: mineroduto, caminhões fora de estrada e transportadores de correia. Dissertação (mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Santa Cecília, SANTOS/SP, 2015. COSTA, Jaime Henrique Barbosa da. Concentração de minerais como Jigue Centrífugo Kesley. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002 GOMES, Ana Cláudia Franca. Estudo De Aproveitamento De Rejeito De Mineração. Dissertação (Mestrado em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas) – Universidade Federal De Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. GONZAGA, Ligia Mara. Separação magnética a úmido de minérios de ferro itabiríticos. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. LUZ, A. B.; Sampaio, J. A.; FRANÇA, S. C. A. Tratamento de minérios. 5. ed. Rio de Janeiro: CETEM/ CNPq, 2010. 932 p. NASCIMENTO, Herynson Nunes. Caracterização tecnológica de materiais estéreis com elevado teor de PPC e P da Mina de Alegria da Samarco Mineração S.A. Dissertação (Mestre em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. OLIVEIRA, Amanda Carvalho de. A importância da escolha racional doreagente regulador de pH em processos alcalinos de flotação. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia mineral) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016. SILVA, Maximiliano Batista da. Separação magnética de ultrafinos hematíticos. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2012. TOMÁZ, Raphael Silva. Análise técnico-operacional da jigagem para produção de pigmentos de óxidos de ferro. 2016. Dissertação (Mestrado em Gestão Organizacional) – Universidade Federal De Goiás, Catalão-Go, 2016. VALY, Assamo Esmael Amad. Efeitos Granulodensitários na Jigagem. 2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017. WILLS, Barry A.; FINCH, Gravity Concentration. James A. Wills’ Mineral Processing Technology: An Introduction to the Practical Aspects of Ore Treatment and Mineral Recovery. Elsevier Ltda: Eighth Edition, 2016. UNIDADE III FUNDAMENTOS GERAIS DA SEPARAÇÃO MAGNÉTICA Capítulo 1 Grandezas magnéticas Capítulo 2 Introdução à Separação Magnética Capítulo 3 Ação da força na partícula Referências