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CONTEÚDOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTES Professora Mestre Andreia Zinetti Pedroso Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Coordenação Pedagógica do Curso Fabiana Aparecida Arf Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia F385m sobrenome, nome nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília: Unimar, 2021. PDF (00p.) : il. color. ISBN xxxxxxxxxxxxx 1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título. CDD – 00000 2 BOAS-VINDAS Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – Universidade de Marília. Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino superior bem feito. A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e da solidariedade humanas. A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos sonhos, conquistas e desafios. A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR. Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa está ligada de forma indissociável à educação. Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja ofertada e esteja acessível a todos. Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos parceiros neste momento e não mediremos esforços para o seu sucesso! Não vamos parar, vamos continuar com investimentos importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! Bons estudos! Dr. Márcio Mesquita Serva Reitor da UNIMAR 3 Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado em um curso de ensino superior em uma Universidade de excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as oportunidades, faça amizades e viva as experiências que somente um ensino superior consegue proporcionar. Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede do campus universitário localizado na cidade de Marília, navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR! Muito obrigada por escolher esta Universidade para a realização do seu sonho profissional. Seguiremos, juntos, com nossa missão e com nossos valores, sempre com muita dedicação. Bem-vindo(a) à Família UNIMAR. Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam se estiverem capacitadas para isso. Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, que você possa desenvolver as competências e habilidades necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu presente, neste momento mágico em que vivemos. A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você tem a gente para seguir junto com você. Sucesso sempre! Profa. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária da UNIMAR Prof. Me. Paulo Pardo Coordenador do Núcleo EAD da UNIMAR 4 008 Aula 01: 017 Aula 02: 036 Aula 03: 046 Aula 04: 055 Aula 05: 091 Aula 06: 104 Aula 07: 113 Aula 08: 121 Aula 09: 133 Aula 10: 147 Aula 11: 156 Aula 12: 164 Aula 13: 170 Aula 14: 177 Aula 15: 185 Aula 16: Compreendendo o Fazer Artístico História da Arte Fundamentos Estéticos da Arte Ensino da Arte no Brasil: Contextualização Histórica e Principais Concepções Os Movimentos Artísticos Legislação para o Ensino de Artes na Educação Básica O Ensino de Artes na BNCC Arte e Educação em um Contexto Cultural Tendências do Ensino de Artes no Brasil Propostas no Ensino de Artes na Contemporaneidade Metodologias de Artes: Música, Dança, Artes Visuais e Teatro Relação Entre Conteúdos e Prática de Ensino em Artes A Criança, o Cotidiano e o Ensino de Artes O Ensino de Artes na Educação Infantil O Ensino de Artes no Ensino Fundamental A Avaliação em Artes 5 Introdução O ensino da Arte abre diversas possibilidades na educação. A Arte pode ser inserida de diversas formas quando bem pensada e contextualizada, sendo assim, pode ser utilizada para potencializar diversas abordagens e contribuir na pedagogia, incentivando a criatividade e autonomia dos alunos. Sabemos que as crianças, em especial, adoram expressar suas emoções e essa peculiaridade é essencial à sensibilização artística e desenvolvimento da criatividade, além de possibilitar abordagens inclusivas e cooperativas no ambiente escolar. Para entendermos melhor a trajetória humana, e para que possamos compreender ações e necessidades atuais, ressigni�cando nossas expressões e fazeres no decorrer de toda a história, entendendo e valorizando a complexidade das manifestações culturais, devemos ter sensibilidade para contextualizar historicamente a arte. As expressões artísticas fazem parte da construção da sociedade, pois elas surgem da necessidade de o homem em expressar suas ideias, emoções, vivências e vontade de compartilhar com o outro essas experiências. Nessa re�exão tentamos entender a maneira com que os primórdios viviam e suas razões para diversas expressões artísticas. Entender o passado abre caminhos e nos ajuda a compreender ações e condições atuais da vida em sociedade, faz com que tenhamos um olhar mais justo e compreensivo aos problemas e ao progresso humano. Para que a sensibilidade seja atingida e a arte tenha verdadeiro signi�cado na vida das pessoas, em especial das crianças e na sua formação, é extremamente necessário que o indivíduo tenha contato prático com a produção artística, consciente de que a vivência traz possibilidadesexpressivas diversas e intrínsecas do ser. Para que exista essa possibilidade ampla de expressão, contamos com as diversas linguagens artísticas que serão trabalhadas de forma prática e simples, podendo garantir a liberdade expressiva e maior dinamismo na elaboração de conteúdos nas diversas disciplinas, integrando a arte em contextos diversos. O conteúdo abordado em cada aula tem a função de expandir a sensibilidade causando re�exão sobre as ações cotidianas e trazer repertório cultural na elaboração de conteúdos educacionais pertinentes à formação de professores capazes de intervir artisticamente na educação básica formadora. Além da abordagem teórica, o conteúdo contempla diversas práticas artísticas que podem 6 ser usadas no cotidiano da sala de aula, dentro das possibilidades da nova BNCC. Dessa forma, abordaremos diversos assuntos em um conteúdo dinâmico que possa unir o contexto histórico à prática artística re�exiva dentro da Arte-Educação. 7 01 Compreendendo o Fazer Artístico 8 Caro aluno, A Arte faz parte do desenvolvimento integral do ser humano, mas muitos não sabem por que se ensina Arte e a restringem no ambiente escolar a desenhar e pintar. Entretanto, não é simplesmente isso, já que esse ensino envolve processos criativos que colaboram para o conhecimento do próprio ser. Além disso, a Arte integra as pessoas por meio da diversidade de expressões, em que elas podem demonstrar o que sentem e pensam, colaborando com o desenvolvimento da imaginação e criticidade daquilo que veem, ouvem, assistem ou fazem. Portanto, o Ensino de Artes deve ser diversi�cado, envolvendo linguagens tais como artes plásticas, dança, música e teatro a �m de enriquecer a formação dos alunos quanto à cognição, concentração, criatividade, coordenação motora, afetividade e trabalho em equipe. Dessa forma, o rendimento escolar é favorecido, proporcionando-se qualidade no ensino e buscando a transformação social e o desenvolvimento integral desse aluno. Definindo Arte Para muitas pessoas, Arte é uma palavra difícil de ser entendida – embora não seja, considerando que todos têm contato com ela diariamente. Cada pessoa pode ter a sua ideia sobre o que é Arte e muitas estão corretas, a�nal, quem nunca fez um 9 desenho, nunca mexeu com tinta, nunca viu ou ouviu um artista cantando, nunca assistiu a uma peça de teatro ou a um �lme? Assim, podemos de�nir Arte como algo magní�co, prazeroso, que contribui para a felicidade do ser humano, seja em quaisquer das formas de linguagem artística. Também apreende conhecimento sobre o contexto histórico, com as obras de arte feitas nos períodos mais distintos. A obra de arte também é expressão ou comunicação de conhecimentos e informações ao longo da história da humanidade, pois surgiu da necessidade de comunicação humana, de entendimento de mundo, de manipulação de objetos e da canalização em transmitir e despertar emoções. É muito importante, nesse momento inicial, que você, caro aluno, se sensibilize sobre o fazer artístico. Sendo assim, assista ao vídeo sugerido a seguir e faça uma re�exão a respeito do assunto fazendo interligações com o ensino de Arte durante sua vida escolar: Para compreender a produção artística e suas diversas linguagens, intervir e re�etir sobre suas exposições, devemos retomar a trajetória humana. A arte e o fazer artístico acompanham o homem desde o princípio de suas percepções como ser, ela integra suas ações e atende às suas necessidades expressivas nas mais diversas áreas. Retomando esse princípio, podemos citar como exemplo a Arte Rupestre, que representa a primeira transcrição artística feita pelo homem. Por meio das pinturas e gravuras rupestres, é possível entender como viviam os homens das cavernas, nossos ancestrais dos primórdios. Para eles, a criação artística não tinha a intenção de transmitir beleza ou de compreensão do que é o ato artístico, mas a prática em si 10 https://go.eadstock.com.br/bnf Figura 1 - A Arte Rupestre registrava as descobertas e os acontecimentos diários da vida dos homens das cavernas. Fonte: Freepik. vinha das experiências e descobertas ao longo de sua trajetória e de vivências cotidianas em um ambiente hostil. Acredita-se que os desenhos representados na Arte Rupestre têm caráter mágico-fenomenista, ou seja, servia para exercer poder sobre os fenômenos da natureza. Avançando um pouco na história, até cerca de 3.000 a.C., temos uma manifestação artística mais apurada que a rupestre, a da Arte Egípcia, de caráter religioso e mais especi�camente ligada aos processos da passagem da vida, já que os egípcios acreditavam na imortalidade, daí a necessidade da mumi�cação e conservação dos corpos. Grande parte de suas produções artísticas – pinturas, esculturas, túmulos e construções arquitetônicas – seguia essa linha religiosa. 11 Figura 2 - Desenhos nas paredes do templo de Luxor, Egito Fonte: Freepik. Na arte egípcia, pode-se observar uma maior rigidez nas representações, com padrões estéticos mais especí�cos, ao qual chamamos de “Lei da Frontalidade”, em que homens e mulheres retratados com os rostos e pés em per�l, enquanto o tronco e olhos são sempre vistos de frente. Traçando algumas características, notamos referências hierárquicas de poder e diferenciação entre sexo e cores nos desenhos retratados, como na imagem a seguir: 12 Fonte: Disponível aqui A imagem mostra homens e mulheres, animais, escritas hieroglí�cas e outras representações da época. Vê-se, à direita, um monumento representando uma tumba para onde estão levando uma alta �gura hierárquica mumi�cada, amparada pelo deus Anúbis, com corpo de homem e cabeça de chacal. No decorrer da história, vemos que a arte e suas transcrições são re�exos da vivência, experiência e necessidade humana de interferir no meio em que vive e de expor suas emoções. Porém, é inegável o fato de que cada ser humano tem sensações e percepções diferentes da realidade e, diante disso, temos as mais variadas formas de representações, chamadas de linguagens artísticas. Compreende-se como linguagem artística o conjunto que caracteriza a expressão humana nas artes. Dentro de cada linguagem, existem características que servem como canais de comunicação entre o artista e o espectador, e essas delimitações não são estáticas, modi�cam-se ao decorrer da evolução e das descobertas humanas, bem como seus traços sociais, políticos, culturais, �losó�cos e econômicos. Entre outros aspectos que envolvem a sociedade, temos: Artes Visuais: pintura, escultura, gravura, fotogra�a, cinema, gra�te, moda, arquitetura, entre outras. 13 https://www.wallpapersdsc.net/wp-content/uploads/2017/10/Ancient-Egypt-Background.jpg Artes Cênicas: dança e expressões ligadas ao teatro; manifestações que utilizam o corpo como meio. Literatura: são as formas de textos, tais como poemas, histórias e romances. Música: canto e música instrumental variada. Logo, devemos entender a arte e conceituá-la como integração à prática cotidiana, re�etindo sobre suas possibilidades dentro de todas as disciplinas e sabendo que suas abordagens são signi�cativas no desenvolvimento cognitivo, criativo e social dos alunos. Quando trabalhamos a arte com crianças, devemos abordá-la de maneira lúdica, pois a brincadeira contextualizada é assimilada e constitutiva mais intimamente. Além disso, a experiência prática torna-se crucial, pois possibilita a descoberta e desvenda a curiosidade, elemento importante no processo de ensino-aprendizagem. Para terminar, outro aspecto importante que deve ser levado em consideração é a pertinência de abordagens que estimulem o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Na prática pedagógica, é importante estabelecer um elo entre o desenvolvimento e a contextualização simultânea entre prática intelectual e socioemocional, além de trabalhar aspectos relacionados à equidade, outro elemento crucial que é abordado na BNCC e ressalta que devemos sempre inferir à arte, pois contextualiza o fato de cada aluno ser um indivíduo único que sente e manifestaseu fazer artístico de forma diversa ao outro. Nessa perspectiva, a arte é um agente facilitador para esse tipo de abordagem, desde que seja efetivamente validado dentro dos pilares artísticos e cause re�exão, expressão e fruição. 14 De acordo com a BNCC, é importante traçar alguns aspectos que de�nem as dimensões do conhecimento na Arte, entendo-as como: Criação: condiz à produção artística na prática podendo acontecer de forma coletiva ou individual, sendo intencional, e através dela os alunos possam expressar seus sentimentos, desejos e ideias. Essa dimensão trata do apreender o desenvolvimento que compreende o fazer artístico, ou seja, o processo de criação que envolve decisões, entraves, desa�os, con�itos, negociações e inquietações. Crítica: trata-se das impressões passadas aos sujeitos em direção a novas compreensões do espaço em que vivem, por meio do estudo e da pesquisa, entre as diversas experiências e manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas. Através dessa dimensão o aluno pode articular seus pensamentos criticamente sobre questões estéticas, aspectos políticos, históricos, �losó�cos, sociais, econômicos e culturais. Estesia: refere-se à experiência sensível dos sujeitos em relação ao espaço, ao tempo, ao som, à ação, às imagens, ao próprio corpo e aos diferentes materiais. Essa dimensão articula a sensibilidade e a percepção, tomadas como forma de conhecer a si mesmo, o outro e o mundo. Nela, o corpo em sua totalidade (emoção, percepção, intuição, sensibilidade e intelecto) é o protagonista da experiência. Expressão: refere-se às possibilidades de exteriorizar e manifestar as criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos, tanto em âmbito individual quanto coletivo. Essa dimensão emerge da experiência artística com os elementos constitutivos de cada linguagem, dos seus vocabulários especí�cos e das suas materialidades. Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura para se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais. Essa dimensão implica disponibilidade dos sujeitos para a relação continuada com produções artísticas e culturais, oriundas das mais diversas épocas, lugares e grupos sociais. Re�exão: refere-se ao processo de construir argumentos e ponderações sobre as fruições, as experiências e os processos criativos, artísticos e culturais. É a atitude de perceber, analisar e interpretar as manifestações artísticas e culturais, seja como criador, seja como leitor. Aspectos das dimensões do conhecimento na arte 15 Fonte: Disponível aqui Vitória de Samotrácia, escultor desconhecido, cerca de 200 a.C. Também conhecida como Nice de Samotrácia, a escultura representa a deusa grega Nice. Apesar de estar incompleta, é considerada uma das grandes obras de arte do período helenístico. Encontra-se em Ocupa lugar de destaque numa escadaria do Museu do Louvre, Paris. 16 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_de_Samotr%C3%A1cia#/media/Ficheiro:Victoire_de_Samothrace_-_Musee_du_Louvre_-_20190812.jpg 02 História da Arte 17 Iniciamos o nosso tema ressaltando que a História da Arte é vasta e complexa, pois acompanha todo o desenvolvimento do ser humano ao longo da história. Dessa forma, ela está dividida em vários períodos, nos quais se veri�cam as variadas formas de produção e expressão artística de inúmeras civilizações. Alguns historiadores entendem que a História da Arte, desde a Pré-história até a atualidade, traduz a própria história da humanidade, revelando todo o processo de autocompreensão humana. A Arte na Pré-história Durante os períodos Paleolítico (período que compreende de 2.5 milhões de anos atrás a 10.000 a.C.), Neolítico (período que se estende de 10.000 a.C. até 5.000 a.C.) e Idade dos Metais (período que se estende de 5.000 a 3.500 a.C.), em geral, a Arte compreende pinturas realizadas em cavernas, gravuras esculpidas em rochas, esculturas e estatuetas, entre outros. Estudiosos apontam que a arte na Pré-História se manifestou de diferentes formas, e a intenção de todas elas é de grande debate pelos especialistas. Porém, as motivações mais comumente mencionadas são de que as populações pré- históricas faziam esses desenhos como forma de registrar o cotidiano apenas por registrar. Assim, nesse caso, o registro artístico seria no sentido de “a arte pela arte”. Um outro motivo seria o registrar com �ns ritualísticos para criar uma conexão do homem com a natureza. É importante ressaltar que, apesar dos debates e dos avançados estudos feitos com a �nalidade de buscar uma compreensão dessa arte, a verdade é que o entendimento real da mensagem da arte pré- histórica é quase impossível, uma vez que não conhecemos os códigos da real mensagem que os autores dessas obras desejavam transmitir. 18 Fonte: Disponível aqui Na arte no Período Paleolítico, o grande destaque são as pinturas rupestres, que são as gravuras desenhadas nas paredes de cavernas. Muitos especialistas acreditam que as pinturas rupestres tenham surgido aproximadamente há 40 mil anos em grupos humanos que já possuíam domínio do fogo e tinham acesso a ferramentas produzidas por meio da lascagem de pedra. Essa produção artística, de modo geral, mostra o homem em meio a grandes grupos de animais, representando, principalmente, cenas de caçadas, mas também retrata outras cenas do cotidiano humano. Alguns dos materiais utilizados eram terra, carvão, sangue, �ores, etc. Os principais exemplos dessa arte são encontrados na Caverna de Chauvet e Lascaux, patrimônio mundial da Unesco, na França, onde foram catalogadas 435 pinturas de animais de treze espécies diferentes, incluindo algumas que pouco ou nunca tinham sido encontradas em sítios equivalentes. Nessas cavernas, não existem �guras humanas completas, e podem ser vistas cerca de dez mãos em representações negativas e positivas, além de desenhos das partes íntimas femininas. Outros sítios com registos famosos estão em na Espanha, Austrália e Argentina. 19 https://i.ytimg.com/vi/Sgc4dt1_pdE/hqdefault.jpg Se você ainda não assistiu, vale a pena assistir ao �lme “Os Croods”, com olhos e atenção voltados à arte rupestre. Ótima sugestão para trabalhar com alunos do Ensino Fundamental e Médio! Sinopse: Família da Pré-história vê sua caverna ser destruída. Depois disso, os Croods partem para uma aventura em busca de um novo lugar para morar, liderados por um garoto muito imaginativo que lhes ajuda a desbravar um mundo inteiramente novo. O Período Neolítico apresenta grandes transformações e avanços em relação ao Paleolítico, embora de modo não uniforme. Esses avanços podem ser destacados, principalmente, pela sedentarização do homem por meio do domínio das técnicas agrícolas e da domesticação dos animais. Essas transformações permitiram que o homem desenvolvesse novas ferramentas, que trouxeram melhoria para a sua vida. Assim, um dos grandes avanços do Neolítico está relacionado com as construções, uma vez que pouco a pouco o homem foi desenvolvendo habilidades arquitetônicas. Esses avanços re�etiram-se diretamente na construção dos monumentos megalíticos, ou seja, em enormes complexos feitos por um amontoado de grandes rochas. Esses monumentos são encontrados em diferentes partes do mundo e estão diretamente relacionados com a necessidade de o homem criar registros em homenagem aos seus antepassados ou, também, podem ter relação com a marcação do tempo ou com a observação dos astros. 20 https://go.eadstock.com.br/bng Figura 1 - Stonehenge, na Inglaterra. Fonte: Disponível aqui As estruturas megalíticas mais conhecidas são Stonehenge, na Inglaterra, e o Cromeleque dos Almendres, localizado em Portugal. Apesar disso, já foram localizadas estruturas do tipo em diferentes locais, como Irlanda, Itália, Egito, Turquia, etc. 21 https://i.pinimg.com/originals/06/61/f3/0661f378defa2027a6b3419d1ea5112e.jpg Figura 2 - Cromeleque dos Almendres, em Portugal. Fonte: Disponível aqui A Arte na Antiguidade A Arte da Antiguidade refere-se a toda arte desenvolvidapelas civilizações antigas, após a descoberta da escrita, e que se estende até a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., devido às invasões Bárbaras. Com o surgimento da escrita, a so�sticação das técnicas de construção e o desenvolvimento da simetria, a arte ganha princípios rigorosos de ordenação e acabamento, e há um destaque na arte da escultura e arquitetura, por exemplo. Nesse período, ressaltamos a arte egípcia, arte clássica grega (com seus vasos, esculturas e arquitetura), a arte na Mesopotâmia (com a pintura, cerâmica e ourivesaria) e a arte romana (arquitetura, pintura, escultura e mosaico), entre outras. Ânfora do período artístico geométrico grego, bracelete mesopotâmico e detalhe de coluna romana 22 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5d/Cromeleque_dos_Almendres1340.JPG Fonte: Disponível aqui Fonte: Disponível aqui 23 https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_da_Gr%C3%A9cia_Antiga#/media/Ficheiro:Dipylon_Master_pushkin.jpg https://i.pinimg.com/originals/e2/97/d8/e297d8df1c4b52f729b694cfebe81b81.jpg Fonte: Disponível aqui A Arte Medieval A Idade Média (século V ao XV), a arte europeia foi marcada por uma forte in�uência da Igreja Católica. Nesse período, a igreja atuava nos aspectos sociais, econômicos, políticos, religiosos e culturais da sociedade. Dessa forma, a arte medieval também teve uma forte in�uência e marca dessa temática: a religião. Assim, pinturas, esculturas, livros, construções e outras manifestações artísticas eram in�uenciados e supervisionados pelo clero católico. Esse período foi marcado por dois estilos, o romântico e o gótico. O estilo românico prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII). Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu em suas características o uso dos arcos de volta-perfeita e abóbadas (in�uências da arte romana). 24 https://www.hisour.com/pt/roman-art-6655/ Figura 3 - Igreja da Sé Velha de Coimbra, em Portugal, de estilo românico. Fonte: Disponível aqui Os castelos seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa, com paredes grossas e poucas e pequenas janelas. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma ideia de construções “pesadas”, voltadas para a defesa. A ideia é que as igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das “forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras. Com relação às esculturas e pinturas podemos destacar o caráter didático-religioso. A Igreja utilizou as esculturas, vitrais e pinturas, principalmente dentro das igrejas e catedrais, com o objetivo de ensinar os princípios da religião católica, tendo como temas mais abordados a vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros temas cristãos. 25 https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9_Velha_de_Coimbra#/media/Ficheiro:S%C3%A9_Velha_de_Coimbra.jpg Figura 4 - Igreja no estilo gótico, com torre alta e muitas janelas. Fonte: Disponível aqui Já o estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (�nal do século XIII ao XV). Nesse período, as construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, geralmente, algumas características em comum. Como o formato horizontal que foi substituído pelo vertical, opção que fazia com que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também foram muito usados. As paredes passaram a ser mais �nas e de aspecto leve. As janelas apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Com relação às esculturas góticas, o realismo prevaleceu. Os escultores buscavam dar um aspecto real e humano às �guras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos). Já na pintura, podemos destacar as iluminuras, os vitrais, painéis e afrescos. Embora a temática religiosa ainda prevalecesse, observa-se, no século XV, algumas características do Renascimento, que busca no realismo, expressões emotivas e diversidade de cores. A Arte Renascentista 26 https://armandomtoscano.files.wordpress.com/2014/06/img_20140409_1219121.jpg?w=676 Figura 5 - Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, em exposição no Museu do Louvre. Fonte: Disponível aqui O Renascimento surgiu na Itália, em Florença, nas primeiras décadas do século XV. Nos �nais de 1400, já se tinha espalhado por toda a Itália. Na primeira metade do século seguinte, quando Roma se sobrepunha à Florença como principal centro artístico, tinha alcançado os resultados mais clássicos. Nesse período, começou a difundir-se pelo resto da Europa, iniciando uma completa revolução artística, cujos efeitos perdurariam, com constantes acontecimentos, durante séculos, até quase o limiar da nossa época. O Renascimento estabeleceu princípios, métodos e, sobretudo, formas originais e típicas, mas comuns. Essas formas provêm de duas principais fontes: a reutilização, após um intervalo de quase um milênio, das formas características da arte clássica – arte grega e arte romana. E a aplicação de uma nova descoberta técnica: a perspectiva, conjunto de regras matemáticas e de desenho que permitem reproduzir sobre uma folha de papel ou sobre qualquer superfície plana, o aspecto real dos objetos. 27 https://pt.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa#/media/Ficheiro:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_Vinci,_from_C2RMF_retouched.jpg Além de reviver a antiga cultura greco-romana, nesse período ocorreram muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, na literatura e nas ciências, que superaram a herança clássica. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (do renascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média. A Arte Moderna ou Modernismo A Arte Moderna se expressa no conjunto de expressões artísticas que surgiu na Europa, no �nal do século XIX, e perdurou até meados do século XX. Ela abrange especialmente a arquitetura, a escultura, a literatura e a pintura. Ela surge em um período de grandes conquistas tecnológicas (como o invento da fotogra�a e do cinema), além da Revolução Industrial, a Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, a Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, a arte também se transforma e passa a exercer cada vez mais um papel contestador, expressando de alguma forma as incertezas e dilemas da contemporaneidade. A Arte Moderna transformou radicalmente o campo das artes ao quebrar com os formalismos, atingindo inclusive as estruturas gramaticais no campo literário. Alguns grandes nomes desse movimento são: Wassily Kandinsky (1866-1944), Pablo Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-1963), Edvard Munch (1863- 1944), Henri Matisse (1869-1954), entre outros. 28 Figura 6 - Kandinsky e sua pintura “On White II” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Figura 7 - Picasso e sua “Guernica” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui 29 https://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Kandinsky#/media/Ficheiro:Wassily_kandinsky.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Kandinsky#/media/Ficheiro:Vassily_Kandinsky,_1923_-_On_White_II.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso#/media/Ficheiro:Pablo_picasso_1.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_(quadro)#/media/Ficheiro:Mural_del_Gernika.jpg Figura 8 - Braque e “Cabeça de uma mulher”, em sua fase cubista Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Figura 9 - Munch e “O Grito”, uma das telas mais referenciadas da história das artes Fonte: Disponível aqui Disponível aqui 30 https://www.wikiart.org/pt/georges-braque https://www.wikiart.org/pt/georges-braque/head-of-a-woman-1909 https://pt.wikipedia.org/wiki/Edvard_Munch#/media/Ficheiro:Portrett_av_Edvard_Munch_(cropped).jpg https://www.wikiart.org/pt/edvard-munch/o-grito-1893 Figura 10 - Matisse e Autorretrato Fonte: Disponível aqui Disponível aqui A Arte Contemporânea A arte Contemporânea refere-sea toda produção artística da atualidade, como pintura, dança, escultura, fotogra�a e performance na arte. Dessa forma, esse estilo propõe uma releitura do que é arte, por meio de novas técnicas e pensamentos. Desse modo, ela se desconecta dos padrões artísticos anteriores. Com suas características subjetiva, inovadora e original essa corrente não tem como proposta analisar a obra de maneira direta. Pelo contrário, esse estilo valoriza tanto a obra como a percepção do artista ao criá-la, a sua integração com seu trabalho e o seu processo criativo. Esse estilo surgiu após a Segunda Guerra Mundial, na década de 1950, quando o mundo vivenciou um período intenso, caracterizado pela globalização, avanço tecnológico e pelo desenvolvimento de novas mídias. De forma simpli�cada, foi um período em que o mundo e a cena artística transitavam da era industrial 31 https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Matisse#/media/Ficheiro:Portrait_of_Henri_Matisse_1933_May_20.jpg https://www.wikiart.org/pt/henri-matisse Figura 11 - Andy Warhol (1928 – 1987) e a Pop Art com “Marilyn” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui (moderna), baseada no consumo, para a era da comunicação e da digitalidade, caracterizada pela informação e diálogo. Dessa forma, esse estilo prestigia a atitude do artista, priorizando a sua liberdade criativa e não o objeto artístico �nal. Alguns dos nomes da Arte Contemporânea: 32 https://pt.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol#/media/Ficheiro:Andy_Warhol_by_Jack_Mitchell.jpg https://www.wikiart.org/pt/andy-warhol/marilyn-1 Figura 12 - Roy Lichtenstein (1923 - 1997) e sua inconfundível fusão de arte e quadrinhos com “Hopeless” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui 33 https://www.wikiart.org/pt/roy-lichtenstein https://www.wikiart.org/pt/roy-lichtenstein/hopeless-1963 Figura 13 - Jean-Michel Basquiat (1960 - 1988) e sua expressão no gra�te, pintura urbana e crítica social em “A Ironia do Policial Negro” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Leia mais sobre a Arte Contemporânea – ou seja, atual ¬– e conheça alguns de seus nomes de maior expressão. 34 https://www.wikiart.org/pt/jean-michel-basquiat https://www.wikiart.org/pt/jean-michel-basquiat/ironew-york-of-the-negro-policeman https://go.eadstock.com.br/bnh É natural que a História da Arte esteja totalmente ligada à história da humanidade como um todo. Muitos antropólogos, arqueólogos, historiadores, �lósofos e outros tantos pesquisadores são unânimes ao a�rmar que o surgimento do ser humano no planeta está diretamente associado ao aparecimento das formas simbólicas, tais quais a religião, a língua e a arte. A arte sempre re�etiu os aspectos sociais, políticos, econômicos e religiosos de uma determinada época e, por isso, estudar história da arte é estudar a própria origem e evolução do ser humano. Assim, compreendemos a forma como a produção de arte evoluiu ao longo dos séculos, passando a entender não apenas sobre a produção artística em si, mas também sobre a cultura e a história mundial. 35 03 Fundamentos Estéticos da Arte 36 Caro aluno, A estética, a partir do século XVIII, desenvolve-se num contexto de valorização da beleza natural e artística, na perspectiva da experiência estimulada pela natureza, pelo impulso interior do homem. Porém, ela surge como disciplina �losó�ca também num momento em que havia a necessidade da de�nição sobre arte, gosto, criação artística e o belo. Desde o seu surgimento, a estética é ligada à totalidade da vida sensível do homem. Portanto, ela possibilita o contato com as fontes da natureza que proporciona uma vida mais plena ao homem, trazendo condições para quebrar as barreiras existentes contra a experiência sensível. Nesta aula, abordaremos o conceito de Estética e sua função na Arte. O que é Estética? A palavra estética deriva do grego aisthesis, aistheton (sensação, sensível), que signi�ca sensação, sensibilidade, percepção pelos sentidos ou conhecimento sensível (PEDROSO, 2007, p. 16). Estética é conhecida como a �loso�a da arte, ou estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais. A estética é uma ciência que remete para a beleza e, também, aborda o sentimento e a emoção que algo belo desperta dentro de cada indivíduo. De forma mais ampla, Estética é a ciência que estuda a noção do belo, mas sem fazer referência do que é belo ou não. É importante ressaltar que, por volta do século XX, havia ideias de padrões de beleza que todos os artistas tinham obrigação de seguir. Até então, a noção de beleza era aquela noção acadêmica e que interessava somente à parte dominante da sociedade. 37 Figura 1 - “Banho Turco”, de 1863, revela a estética neoclassicista dos corpos femininos opulentos, padrão estético da época Fonte: Disponível aqui Uma pintura tinha que ser exatamente como uma fotogra�a, uma música tinha que ter certa quantidade de compassos matematicamente de�nidos e de preferência que fosse tonal. O teatro ou a literatura só contavam histórias que continham começo, meio e �m. A dança jamais poderia ter o visual da nudez como há hoje em dia. Porém, a partir do século XX, nossos artistas começaram a romper com os "padrões" do passado e surgiu o que chamamos, hoje, de arte contemporânea. Ao longo da história e da própria existência humana, os conceitos sobre estética passaram por várias mudanças de pensamentos, valores, através de fundamentos de grandes �lósofos, como Kant, Hegel, Schiller, entre outros. O “belo” faz parte dos conceitos estudados pela estética, principalmente no contexto da arte clássica, mostrando também o estudo do princípio da “Arte do Feio”. Demonstra a fascinação do estudo do Feio, proposta esta que causa efeitos diversos no período moderno e contemporâneo, por meio de uma comunicação diferenciada entre o artista e o público. 38 https://revistacontinente.com.br/secoes/arquivo/as-representacoes-ideologicas-do-corpo Figura 2 - Duchamp (1887 – 1968) e “L.H.O.O.Q, ou Monalisa de Bigodes” Fonte: Disponível aqui Disponível aqui A apresentação das propostas de rupturas estéticas dos artistas Marcel Duchamp, Andy Warhol e Francis Bacon, os quais produzem obras com uma estética transformadora, revelam as necessidades de uma visão da sociedade contemporânea. 39 https://images.moviefit.me/p/o/114045-marcel-duchamp.jpg https://artsdot.com/ADC/Art-ImgScreen-1.nsf/O/A-8XYHE4/$FILE/Marcel_duchamp-l.H.O.O.Q_mona_lisa_with_moustache.Jpg Para aprofundar-se sobre a de�nição de estética e se envolver no ensino de arte e na formação integral do aluno, assista ao vídeo sugerido a seguir: A Estética da Arte Atualmente, o termo “Estética” é considerado pelo senso comum, ligado ao “culto do corpo”, como algo meramente referente à beleza corporal e à forma. Expressões como “centro de estética e beleza”, “cuidados com a estética”, “estética facial” e “estética corporal” são algumas usadas e que não apresentam o caráter �losó�co próprio do termo, geralmente visto como dissociado de uma ciência. De acordo com Pontes (2013), a palavra estética traz uma diversidade de signi�cados que foram construídos em diferentes épocas da história da humanidade, principalmente a partir da antiguidade grega. Em alguns desses momentos, a estética estava relacionada à �loso�a da arte, em outros à teoria do belo e, em alguns, associada a teorias da arte. Porém, o autor frisa que, quando relacionada à experiência estética, outros signi�cados são produzidos nessa ciência. Esclarece, ainda, que vinculada ao conhecimento sensível é relevante, pois a maioria das experiências estéticas só foi possível por meio desse conhecimento. 40 https://go.eadstock.com.br/bni O que é estético, assim como os gregos entendiam e de�niriam, atrai os sentidos (sentimentos e emoções). Logo, tudo o que atravessa as sensações humanas poderia ser considerado “algo” estético. Entretanto, as teorizações acerca da Estética com o olhar para o homem como produtor de conhecimento sobre suas experiências sensoriais só acontecem, assim como nos damos conta hoje, a partir do século XVIII, quando o conceitogrego aisthetiké é rearticulado e redirecionado para as discussões sobre o belo partindo de uma perspectiva antropocêntrica. “No belo a forma é a verdadeira fonte de satisfação estética, pois se não fosse assim, o juízo de gosto não poderia ser “puro” – isto quer dizer que as qualidades sensíveis do belo são inoperantes para seu valor artístico” (PEDROSO, 2007, p. 23). Voltada principalmente para a beleza e à arte, a Estética está intimamente ligada à realidade, às pretensões e impulsos humanos. Na contemporaneidade, a Estética nos conduz para além do império da técnica, das máquinas e da arte como produto comercial, ou do belo como conceito acessível para poucos, na busca de espaço de re�exão, pensamento, representação e contemplação do mundo. Desde a Antiguidade, o homem se volta para as questões estéticas e de percepção sensorial, além de atribuir valor às produções humanas, o que inclui a arte. A arte é o meio pelo qual o homem expressa um conceito e se manifesta. Já na Grécia Antiga, Platão e Aristóteles utilizavam-se da �loso�a para re�etir a “arte” do ponto de vista da poética, esta, então, entendida como um produto da fabricação humana, abrangendo assim, “seres, ações e gestos arti�ciais (…) produzidos pelos artí�ces ou artistas”, principalmente no que diz respeito às práticas da palavra falada e escrita, do canto e da dança. Nesse mesmo contexto histórico, a Arte nada mais é que, etimologicamente, o resultado das realizações técnicas do homem, obra executada com intenção meramente utilitária, e o conhecimento envolvido na confecção de objetos de utilidade prática, fazendo da arte e do artesanato sinônimos. Porém, em 41 contraposição a tal entendimento costumeiro da sociedade grega acerca dessa arte “técnica”, estes �lósofos já se debruçavam sobre o valor tanto social quanto político de tais produções. Para dar forma ao produto da arte bela é necessário simplesmente o gosto, no qual o artista, depois de tê-lo exercitado e corrigido com diversos exemplos da arte ou da natureza, além de sua obra para a qual encontra, após várias tentativas para satisfazê-lo, a forma que o contenta. Portanto, esta não é uma questão de inspiração, mas de remodelação lenta até mesmo penosa para torná-la adequada ao seu pensamento, sem, todavia, prejudicar a liberdade no jogo das faculdades de ânimo. As formas constituem a apresentação de um conceito dado, mas que só expressam, enquanto representações secundárias da faculdade da imaginação, as consequências conectadas com elas e o parentesco do conceito com outros, são chamadas de atributos (estéticos) de um objeto, cujo conceito, como ideia da razão, não pode ser apresentado adequadamente (PEDROSO, 2007, p. 23). É somente no �m do século XVII que se inicia o processo de distinção entre as artes da utilidade e as artes da beleza, em que a primeira será vista pela perspectiva do ofício, e a segunda pela da estética, desenvolvida pela �loso�a como uma disciplina ou teoria, segundo Alexander Baumgarten (1714-1762), “do belo e das suas manifestações através da arte”. Enquanto disciplina �losó�ca do belo, a Estética, então, se encarrega de re�etir e analisar o que se entende por conhecimento sensorial ou experiência sensível e de “teorizar princípios pertinentes ao belo”. O belo ou aquilo que satisfaz aos sentidos, oriundos dos sentimentos ou emoções humanas, por sua vez, dentro das discussões �losó�cas pode ser visto como algo essencial – já defendia Platão – ou seja, possui uma essência em si mesmo (assim como as coisas belas têm em si a essência do belo: são necessariamente belas), ou como algo subjetivo, ou seja, um juízo de gosto (o valor de belo é atribuído de forma “individual”, por quem sente: são relativamente belas). Porém, o gosto estético é, em grande medida (e, muitas vezes, inevitável), estabelecido pelas dinâmicas culturais, criando padrões de valor, assim como padrões de juízo estético em determinado tempo ou lugar, ou seja, são estabelecidos pelas experiências vividas pelo indivíduo. 42 Conceito de Belo e Feio na Arte Por um longo período histórico, o feio foi considerado indigno de ser objeto de análise teórica, assim, era excluído do domínio estético, por um lado, devido à limitação deste domínio ao belo e, por outro, à de�nição, herdeira da tradição metafísica, do feio como negativo do belo. Porém, a partir do século XX, com o alargamento do conceito de Arte, esta passou a ser re�exiva e a incluir em si o feio, como forma de colocar em questão os seus próprios fundamentos. Se, anteriormente, era apenas tolerado na arte quando o tratamento estético anulava o seu caráter, o feio passou, então, a ser integrado precisamente devido ao seu caráter repulsivo. Neste contexto, �ca evidente que a dicotomia belo/feio, prazer/desprazer – da qual decorre a ideia do feio como mero negativismo do belo –, se mostrava inadequada para analisar as obras de arte contemporâneas. Dessa forma, se toda a arte de estilo clássico, desde os gregos, buscava ser bela, no século XX, houve um resgate do feio como um instrumento da luta modernista contra o classicismo. O belo é um conceito relacionado a determinadas características visíveis nos objetos ou seres. Historicamente, é o fruto maior da estética clássica, grega e romana. Esse conceito de belo foi desenvolvido pelos �lósofos gregos e exemplarmente demonstrado em suas esculturas, arquiteturas e pinturas, en�m, em todas as suas manifestações artísticas, e até hoje são vistas por meio de paradigmas dos objetos belos. 43 O que é belo ou feio na arte? Conheça a beleza em 10 obras fundamentais em: Na atualidade, o objeto feio pode ser expressivo, trágico, grotesco, perturbador ou inventivo e, é claro, sua observação pode causar grande prazer. Formalmente, podemos de�nir o feio como o oposto visual do belo, isto é, como o que se apresenta disforme, desordenado ou desproporcional. Educação Estética pode ser de�nida, também, como a “alfabetização” na linguagem não verbal, linguagem da arte. A Educação Estética apresenta um novo ideal educativo, que tem por base a própria arte enquanto atividade livre e criadora. Dessa forma, a Educação Estética tem por objetivo a criação de um espaço propício para a educação dos sentidos e desenvolvimento da percepção sensorial e cultural do indivíduo. Partindo dessa ideia, o conhecimento e a contextualização da produção artística na educação estética nos permitem adentrar no tempo/espaço histórico do ser humano, no seu modo de interpretar o mundo, en�m, na sua poética. 44 https://go.eadstock.com.br/bnj Para concluir, a�rmamos previamente que a abordagem da fundamentação da educação estética nos prepara para a alfabetização da linguagem não verbal, ou seja, para compreender aspectos funcionais que permeiam a interação comunicativa com a obra de arte, visando, sobretudo, o sentimento e a emoção. 45 04 Ensino da Arte no Brasil: Contextualização Histórica e Principais Concepções 46 Caro aluno, É importante reconhecer que desde os tempos mais remotos, histórico e culturalmente, a arte sempre esteve presente na humanidade, e que foi ensinada e passada de geração para geração. Assim, ao longo da história, o processo ensino- aprendizagem foi se consolidando. Considerando o contexto educacional brasileiro, a Arte só passou a ter seu próprio espaço e ser vista como uma disciplina que visava a um pleno desenvolvimento artístico do indivíduo com o surgimento do movimento Educação através da Arte. No Brasil, em décadas passadas, os termos educação através da arte e arte-educação foram se incorporando ao vocabulário educacional, ocupando um espaço equivalente ao da disciplina de Educação Artística, trabalhada no sistema formal de ensino brasileiro, desde 1971. Porém, a diferença entre essas abordagens é só a nomenclatura, pois ao buscar as razões epistemológicas e suas concepções teóricas concluímos que têm a mesma �nalidade que é a arte como parte constituinte do sistema educacional. A Organização do Ensino de Artes no Brasil No Brasil, a trajetória do ensinoda arte teve início no trabalho missionário e pedagógico dos jesuítas (1549). As primeiras manifestações do Ensino de Artes datam a partir do trabalho dos jesuítas, mas não podemos nos esquecer de que aqui sempre existiram os elementos estéticos na vida do povo indígena por meio de sua cultura. Até então, a educação brasileira era voltada para a literatura desprezando a ciência e a atividade manual, e foi desestruturada em 1759, quando Marquês de Pombal expulsou os padres jesuítas do território brasileiro. Dez anos mais tarde, iniciou-se uma reorganização escolar, na qual a metodologia contemplava as ciências, as artes manuais e a técnica. A partir dessa reforma metodológica foi introduzido no ensino público brasileiro o desenho de modelo vivo. Porém, somente em 1808, com a chegada de D. João VI e a família Real ao Brasil, que se iniciam reformas signi�cativas na política educacional brasileira, até então sistematizada, voltando-se para a formação e o desenvolvimento de pro�ssões 47 Figura 1 - Fachada barroca da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto Fonte: Disponível aqui técnicas e cientí�cas. A partir daí, foram criadas escolas para tal �m, mas sem grande sucesso, por conta das di�culdades em se trabalhar tecnicamente a proposta de ofícios artísticos e mecânicos. Em 1816, a Missão Francesa chegou ao Brasil, trazendo consigo o estilo neoclássico (ou academicismo), com o objetivo de incrementar a vida na colônia portuguesa. Porém, aqui existia o estilo Barroco brasileiro dos artistas populares, que eram considerados pela burguesia de artesãos. 48 https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Francisco_de_Assis_(Ouro_Preto)#/media/Ficheiro:SFrancisOuroPreto-CCBY.jpg Para melhor compreensão e conhecimento das características da arte no estilo Barroco, assista ao vídeo sobre as igrejas brasileiras que foram construídas nessa época. Acesse o link: A primeira Escola de Artes, a Academia de Belas Artes, foi criada pela Missão Francesa, e atendia a um público aristocrático muito restrito. Com o passar do tempo, o Barroco que era ensinado nas o�cinas é substituído pelo ensino acadêmico, trazendo consigo uma nova concepção de arte ao povo. Assim, o método de ensino utilizado se dava por meio de exercícios de cópia e observação de estampas e retratos (técnica reprodutivista). Em 1890, foi aprovada a primeira reforma educacional da República, a Reforma Benjamin Constant, que deu origem a dois movimentos: o positivismo, que defendia o ensino do desenho para educar a inteligência como preparação para a linguagem cientí�ca; e o liberalismo, que acreditava no ensino do desenho como formador de força de trabalho e preparação para a linguagem técnica. Anos mais tarde, com a Lei Rivadávia Correa, aprovada em 05 de abril de 1911, pelo Decreto n.º 8.659, ocorreu a descentralização do ensino defendida pelos ideais positivistas determinando a sua autonomia didática e administrativa. Dessa forma, o governo �cou responsável apenas pela função mantenedora das instituições educacionais de Ensino Fundamental e Superior. 49 https://go.eadstock.com.br/bnk A Lei Rivadávia Correa gerou uma desuniformidade no ensino, pois o governo não mais interferia e muito menos �scalizava os programas educacionais, que a partir daí eram da responsabilidade dos professores e instituições, que passaram a organizar tais programas. A década de 1920 foi um marco no ensino brasileiro, partindo da ligação entre arte e educação, ocorreram movimentos políticos e culturais de renovação, como, por exemplo, a Semana de Arte Moderna de 1922, que criou um clima de entusiasmo, renovação e de mudanças na educação, a partir das ações de intelectuais e educadores que visavam à reforma da educação brasileira. Entre as décadas de 1920 e 1970, as escolas brasileiras viveram outras experiências no âmbito do ensino e aprendizagem de arte, fortemente sustentadas pela estética modernista e com base na tendência escolanovista. Dessa forma, o ensino de Arte voltou-se para o desenvolvimento natural da criança, centrado no respeito às suas necessidades, aspirações e suas experiências, valorizando suas formas de expressão e de compreensão do mundo. As práticas pedagógicas, que eram diretivas, com ênfase na repetição de modelos e no professor, são redimensionadas, deslocando-se a ênfase para os processos de desenvolvimento do aluno e sua criação. 50 Fonte: Disponível aqui Assim, no século XX, foram muitos os fatores sociais, educacionais e culturais a expandir no ensino da arte. O movimento modernista no Brasil começou com eventos como a “Semana de Arte Moderna”, em 1922, que contava com um grupo de artistas plásticos e intelectuais que se reuniu no Teatro Municipal de São Paulo, para proporcionar recitais de música e poesia, palestras e danças, exposições de pinturas, esculturas e arquitetura. Entre os anos de 1930 e 1940, com o movimento escolanovista, deslocou-se o eixo da questão pedagógica, que estava apoiada na estética modernista e voltou-se para um Ensino de Artes baseado nas experiências e expectativas dos alunos e na valorização do seu progresso natural. Dessa forma, o aluno encontrava-se em um ambiente livre para a concepção e ampliação da sua maneira de expressar e compreender o ambiente ao seu redor. De acordo com Fusari e Ferraz (2010), a educação por meio da arte se propagou pelo Brasil, seguindo os autores John Dewey (a partir de 1900), Victor Lowenfeld (1939), nos Estados Unidos, Herbert Read (1943) na Inglaterra, in�uenciou também as modi�cações que ocorreram no trabalho pedagógico de professores de Arte no Brasil e apoiada por educadores, artistas, �lósofos e psicólogos. Estes buscavam ver a Arte não como um objetivo a ser alcançado pela educação, mas como um processo de criação, realizado pelos indivíduos inseridos no processo. 51 https://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna#/media/Ficheiro:Arte-moderna-8.jpg Em 1948, Augusto Rodrigues iniciou a divulgação do movimento Educação pela Arte. Depois de manter contato com Herbert Read, sua obra discute a questão da liberdade individual de criar. Assim, Augusto cria no Rio de Janeiro, a escolinha de Arte do Brasil. A Educação Através da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence (FERRAZ E FUSARI, 2001, p.19). Dessa maneira, o movimento Educação através da Arte tinha como centro um método de aprendizagem baseado na educação cultural, com o objetivo de auxiliar na formação de indivíduos completos, dentro das perspectivas do pensamento idealista e popular, ou seja, o movimento visava à formação de um indivíduo com opiniões próprias, sempre respeitando sua intelectualidade, seus valores éticos e estéticos e despertando o senso de responsabilidade. Assim, quando foi difundida pelo país recuperou a valorização da arte infantil buscando percepções de arte baseada na expressão e na liberdade criadora, procurando produzir trabalhos artísticos sem a intervenção de adultos. Já nos anos de 1950, além do desenho, constituíam o currículo escolar as matérias Música, Canto Orfeônico e trabalhos manuais que, de alguma forma, conservavam a metodologia do ensino artístico. Nas décadas de 1960 e 1970, muitos educadores, pensando em uma educação pública de qualidade, �zeram ainda com in�uência da Psicologia, chegar às aulas de Arte os exercícios de sensibilidade destinados a desbloquear o aluno e, consequentemente, ajudá-los a liberar sua �uência criativa. No entanto, havia uma contradição, pois mesmo que os professores fossem simpatizantes da pedagogia nova, na prática, ainda desenvolviam atividades com características tradicionais, porém, colocadas como se fossem desejos espontâneos dos alunos na sua criação. 52 Durante toda a ditadura militar, iniciada na década de 1960,a Arte e seu intercâmbio só eram possíveis nos festivais em que professores, alunos, artesãos locais e a comunidade em geral podiam intercambiar sua arte. Era por meio desses festivais que os universitários tinham também acesso à cultura popular nesse período. A partir da promulgação da lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a Lei n.º 4024 de 1961, houve uma mudança na disciplina de Arte em uma prática educativa (ensino ginasial), assim como em atividade complementar de iniciação artística (ensino colegial) substituindo o Canto Orfeônico. Nos anos de 1970 é assinada a Lei n.º 5692/71, como proposta de reformulação dos ensinos de 1º e 2º graus (atual Ensino Médio) imposta numa tendência tecnicista, e incluiu o ensino de Arte no currículo escolar denominado como “Educação Artística”, porém, ela ainda não era vista como disciplina e, sim, como atividade. A disciplina Educação Artística foi inserida na grade curricular das instituições escolares com o objetivo de melhorar o desenvolvimento dos alunos no que tange à expressão e à produção artística. Mas, apesar dessa o�cialização, ela funcionava em instalações precárias, pois a escola brasileira não dispunha de condições necessárias para disponibilizar um espaço adequado ao trabalho com a arte. Com vistas a mudar esse modelo, o movimento Arte-Educação surgiu nos anos 1980, com o objetivo de buscar inovações na prática pedagógica dos professores de Arte, além de ampliar os conhecimentos nessa área. Sendo assim, foram promovidos encontros entre os pro�ssionais interessados em discutir sobre o ensino da Arte nas escolas e sobre a valorização pro�ssional. Por meio dos debates o movimento se propagou pelo país. Ao longo do século XX, outras linguagens artísticas foram sendo incorporadas às tradicionais, na medida em que as tecnologias utilizadas foram se aprimorando. Da fotogra�a aos meios impressos (como a fotocópia), além do vídeo – principalmente com a popularização da câmera Super-8, in�uenciada pela primeira câmera de �lmagem comercial e portátil, a Cine Kodak Eight, de 1932. Em meados dos anos 1960, a Super-8, de baixo custo e fácil manipulação, caiu nas graças dos artistas norte-americanos, e logo alcançou também os brasileiros, como Hélio Oiticica, que realiza o "quase-cinema" com o cineasta Neville D'Almeida. A 53 Figura 2 - Neville D'Almeida brinca com a Super-8 Fonte: Disponível aqui produção artística contemporânea também é in�uenciada pelo surgimento de novos aparelhos e pelo acesso dos artistas aos diferentes tipos de tecnologia. 54 https://www.jornaltornado.pt/wp-content/uploads/2019/11/O-cineasta-Neville-D-Almeida-que-foi-retratado-em-documentario-e-recebe-homenagem-do-Canal-Brasil.jpg 05 Os Movimentos Artísticos 55 Caro aluno, A História da Arte é marcada por grandes mudanças, tendências e movimentos artísticos que guiaram artistas de diferentes épocas e por variados estilos. Do clássico ao contemporâneo, esses estilos são um retrato do contexto histórico, social e cultural no qual os artistas estavam inseridos. Nesta aula, vamos conhecer as principais características dos principais movimentos artísticos. A Arte Clássica No geral, as pessoas gostam de admirar uma obra de arte que demonstre a habilidade do artista em imitar ou transpor a realidade. Para elas, para ser artista é necessário dominar as técnicas e ser capaz de representar as coisas do mundo com verossimilhança. Dentro disso, o classicismo é um movimento artístico que se refere ao mundo antigo e à valorização da Antiguidade Clássica, como padrão por excelência do sentido estético. A arte classicista procura a pureza formal, o equilíbrio e o rigor. A ideia da arte como mimese – como representação do real, assim como na arte clássica grega – começou a ser questionada na modernidade, mas ainda é muito comum esse valor ser considerado importante ou mesmo fundamental para se atribuir o status de obra de arte a um trabalho. Mesmo que o Clássico seja o termo geralmente usado para se referir ao estilo dos períodos grego e romano antigos, a arte clássica foi revivida ao longo da história na forma de arte renascentista, estilo barroco e neoclassicismo. No entanto, como todas as variações seguem os princípios do estilo clássico, elas continuam sendo 56 Figura 1 - Michelangelo (1475 – 1564), um dos maiores nomes do classicismo, e “A Sibilia Dél�ca”, pintura feira por ele na Capela Sistina Fonte: Disponível aqui Disponível aqui exemplos de classicismo. Porém, com relação aos princípios, o consenso é de que o classicismo se concentra amplamente em noções de elegância, harmonia e proporção. Os Mo�mentos Românico e Gótico Na Europa medieval, no Norte de onde hoje se localiza a França, mais precisamente na Alta Idade Média, entre os séculos XI e XIII, surgiram os movimentos artísticos Românico e Gótico, e foi também quando a Igreja Católica passou a exercer poder junto ao Estado. Assim, a religião cristã foi o�cializada, e a Igreja passou a construir templos, catedrais e mosteiros, realizando modi�cações nas cidades e em sua paisagem, que foram acompanhadas de transformações na vida das pessoas e, como 57 https://www.wikiart.org/pt/michelangelo https://www.wikiart.org/pt/michelangelo/teto-da-capela-sistina-a-sibila-delfica-1509 Figura 2 - Exemplos de catedral românica (esquerda) e vitral gótico (direita) Fonte: Disponível aqui consequência, promoveu-se uma nova forma de ver e fazer arte. Dessa forma, a função da arte deste período era muito especí�ca, pois deveria difundir o modelo de conduta e os preceitos da religião. Na Idade Média, a produção artística era feita a partir de modelos estereotipados, sem a preocupação em representar as proporções do corpo humano e da natureza. Na arquitetura, a catedral românica era mais pesada, as paredes eram grossas, com pequenas aberturas, e possuíam abóbodas semicirculares, enquanto a catedral gótica era leve, com paredes menos grossas e abóbodas com o formato pontudo, o que permitiu a presença de vitrais, que conferia grande luminosidade ao interior da catedral. En�m, o trata-se de estilos considerados uma expressão do triunfo da Igreja Católica durante a Idade Média, já que era uma expressão artística notadamente religiosa. 58 https://live.staticflickr.com/3164/2673832105_178e0accaa_c.jpg O Renascimento O renascimento foi um movimento artístico, cultural e cientí�co que surgiu na Itália, no século XV, e se expandiu para outras regiões da Europa, trazendo renovação nas áreas de �loso�a, política, economia, cultura, artes, ciência, dentre outras. Esse movimento foi responsável por uma das principais mudanças de mentalidade na história, caracterizando-se pelas transformações de ideias em relação aos pensamentos expressos na Idade Média. O renascimento surgiu em uma época de importantes transformações no modo de ver o mundo e atingiu o seu auge no século XVI. A visão teocêntrica que via Deus como centro do universo estava dando lugar ao pensamento antropocêntrico, que percebia o homem como �gura central do universo. Esse movimento também é conhecido como renascença ou renascentismo, e caracterizado por estabelecer princípios, métodos e formas artísticas com características da arte clássica da cultura greco-romana, que se aproximou do humanismo e buscou sua inspiração estética na arte clássica grega, representando elementos de maneira mais próxima à realidade e incorporando temas não religiosos em suas obras. Os artistas tinham o propósito de dar à arte bases cientí�cas, pois se tratava de um período de grande desenvolvimento cientí�co e de grandes descobertas em diferentes áreas do conhecimento. Temos, como exemplo, os trabalhos de Leonardo da Vinci, que nos permitem veri�car a tendência naturalista do período: seus desenhos revelam o estudo de diferentes ciências para alcançar o domínio das formas. Leonardo da Vinci desenhava exaustivamente o que aprendia em estudos de anatomia, de botânica ou geologia para, em seguida, representar seu objeto de estudo em suas pinturas. 59 Figura 3 -Leonardo da Vinci (1452 – 1519) e seus desenhos de estudos sobre o automóvel e sobre a incidência da luz sobre a face humana Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Disponível aqui Para conhecer mais a fundo o movimento renascentista e sua importância, não só para o mundo das artes, mas também para a ciência, assista o vídeo a seguir: 60 https://www.wikiart.org/pt/leonardo-da-vinci https://www.wikiart.org/pt/leonardo-da-vinci/automobile https://www.wikiart.org/pt/leonardo-da-vinci/study-of-the-effect-of-light-on-a-profile-head-facsimile https://go.eadstock.com.br/boJ O Barroco O barroco é o estilo artístico que �oresceu entre o �nal do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, mas que depois se difundiu pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modi�cada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente. Essa escola surgiu pensada para fortalecer a autoridade da Igreja e impulsionou a difusão da arte sacra. Divide-se em duas tendências: o barroco católico e o barroco protestante. Enquanto no barroco católico o predomínio foi de obras de cunho religioso em virtude do domínio exercido pela Igreja Católica, no barroco protestante o predomínio foi de retratos, já que as transformações religiosas propostas pela Reforma Protestante não viam com bons olhos o gasto excessivo em arte. No geral, principalmente na escultura e pintura, mas notada também na arquitetura, a estética do barroco o remete a mais movimento e dramatização (GALLAS, 2016): corpos contorcidos; movimento; olhares suplicantes; mãos retorcidas, músculos e veias saltadas; expressões de regozijo, súplica, êxtase, terror, felicidade, paz. 61 Figura 4 - As telas A Ascenção da Virgem (Reni, 1580) e São Francisco em Êxtase (Caravaggio, 1595) e a escultura A Religião Derrubando Heresia e Ódio (Legros, s/d) Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Disponível aqui 62 https://www.wikiart.org/pt/guido-reni/assumption-of-the-virgin-1580 https://www.wikiart.org/pt/caravaggio/sao-francisco-de-assis-em-extase-1595 https://aminoapps.com/c/inomeveritas_catolicos/page/blog/o-papel-do-barroco-na-igreja-catolica/m01o_wVhku0NqQmY6Ez3EpQxDLwQq0gmq1 Figura 5 - Tela Vênus e Marte (Pittoni, 1720) e afrescos da Igreja Wieskirche, na Alemanha Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Aos poucos, o barroco foi substituído pelo rococó na França do século XVIII, para depois difundir-se pela Europa e suas colônias. A palavra “rococó” vem da palavra francesa rocaille e signi�ca “decoração com linhas sinuosas, lembrando pequenas conchas do mar”. Esta escola se caracterizou principalmente pelo excesso de ornamentos no mobiliário e na arquitetura, mas também esteve presente na escultura, na música e na pintura. As características da pintura rococó compreendem temáticas mundanas e triviais, que representam um documento visual do modo de vida das elites europeias do período, além do uso de linhas curvas e delicadas e cores leves e alegres, em contraponto ao barroco, mais pesado e escuro. O Rococó 63 https://www.significados.com.br/rococo/ https://www.wikiart.org/pt/giovanni-battista-pittoni/venus-and-mars-1720 Figura 6 - “O Juramento dos Horácios”, uma das telas mais in�uentes da escola neoclássica (Jacques-Louis David, 1784), Museu do Louvre Fonte: Disponível aqui O movimento neoclássico permitiu o retorno do clássico, na França do século XVIII, e trouxe ideais iluministas, que consideravam que a razão humana era o único instrumento para se alcançar a verdade, e que o conhecimento cientí�co era a luz para livrar o homem da escuridão da ignorância. Diante desses ideais, os iluministas passam a ver com maus olhos os excessos do rococó e defendem uma arte racional e didática, com inspiração clássica. Com o tempo, o que era uma inspiração passa a ser uma convenção, uma regra, e deu origem às academias de arte, onde o aprendizado se dava a partir do conhecimento de técnicas, de história, de mitologia e de teoria da arte de forma enciclopédica, produzindo uma geração que não aceitava inovações e que imprimiu um ideal de beleza baseado nas obras gregas. O Neoclassicismo 64 https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo#/media/Ficheiro:David-Oath_of_the_Horatii-1784.jpg Figura 7 - Senhora lendo em um parque (George Stubbs, 1770) e Uma lareira com um fogo (Joseph Wright, 1770) Fonte: Disponível aqui Disponível aqui O século XIX foi um período de intensa movimentação social, política e econômica, consequentemente, acompanhado de importantes manifestações culturais e artísticas. A Revolução Industrial promoveu o rápido crescimento urbano que, ao contrário do que se esperaria, não veio acompanhado de melhores condições de vida. A burguesia industrial, por sua vez, fortaleceu-se e teve uma rápida ascensão num contexto de exploração e alienação do trabalhador. Todas as transformações sociais acabaram por imprimir um novo ritmo de vida, que alguns historiadores denominam como espírito romântico. Assim, muitos artistas experimentaram uma forte sensação de impotência, e o sentimento individualista burguês encontrou no sentimentalismo romântico a sua forma de expressão. A pintura romântica caracteriza-se por cenários naturais e paisagens que colocam o indivíduo em contato com a natureza (exaltação da natureza), além da representação da feiura e de episódios catastró�cos. Há também o foco na imaginação, na rebeldia e no idealismo. O Romantismo 65 https://www.wikiart.org/pt/george-stubbs/lady-reading-in-a-wooded-park-1770 https://www.wikiart.org/pt/joseph-wright/an-open-hearth-with-a-fire Figura 8 - “O homem desesperado, autorretrato” e Mulheres peneirando trigo” (1854/1855), ambos de Courbet Fonte: Disponível aqui Disponível aqui O Realismo (Impressionismo) Na última metade do século XIX, em resposta ao romantismo, surge o realismo, uma tendência artística que tinha por objetivo retratar a vida e os problemas sociais. Num contexto político con�ituoso, alguns artistas se engajaram politicamente, e trabalhos como o do artista Gustave Courbet (1819-1877) demonstram a união entre prática política e artística. O engajamento em si não era uma novidade na história da arte. Contudo, a obra de Courbet marca uma ruptura entre a tradição clássica e a arte moderna, o que torna o trabalho do artista revolucionário e, consequentemente, abrindo as portas para o Impressionismo. Nessa época, a invenção da fotogra�a produziu efeitos profundos nos artistas. Ao libertá-los da incumbência de retratar �elmente as pessoas e as paisagens, encorajou-os a buscar novas formas de pintura. 66 https://www.wikiart.org/pt/gustave-courbet https://www.wikiart.org/pt/gustave-courbet/mulheres-peneirando-trigo-1855 Os artistas denominados impressionistas pintavam ao ar livre, que era também uma maneira de negar as normas acadêmicas, em que os ensinamentos se resumiam à cópia de modelos e ao domínio de técnicas em sala de aula. A intenção destes artistas era captar diferentes impressões das paisagens sem seguir as normas vigentes em relação à pintura. O artista mais representativo do impressionismo foi Claude Monet (1840 – 1926), que trouxe para a sua obra a sutileza de mudanças na percepção de uma imagem, demonstrando as várias condições de luz do dia. Em 1899, Monet pintou a famosa série de 250 quadros denominados "Nenúfares". Em sua propriedade em Giverny, Monet tinha um lago e uma pequena ponte japonesa que o inspirou a pintar a mesma paisagem em vários períodos do dia e do ano. As telas foram expostas após a morte de Monet e �zeram grande sucesso – fenômeno que acontece até hoje. Era o reconhecimento tardio de um gênio da pintura. 67 Figura 9 - Monet e suas obras “Nenúfares – pôr do sol”, “Nanúfares e a ponte japonesa”, “A ponte japonesa” e “Nanúfares” 68 Fonte: Wikipedia. O Cubismo e Muralismo Mexicano Nos primeiros anos do século XX, Paris representava um efervescente cenário cultural da Europa e, por esse motivo, atraía muitos artistas – entre eles, o espanhol Pablo Picasso (1881-1973) e o mexicano DiegoRivera (1886-1957). Picasso, um dos nomes mais conhecidos do cubismo, foi a Paris em busca de fama e de descobrir novas maneiras de pintar. Dessa forma, inspirou-se em Paul Cézanne (1839-1906), artista que simpli�cava as �guras até obter formas sólidas geométricas, como cilindros e esferas, realizando uma pintura de volumes e formas. 69 Figura 10 - "Cesta de maçãs" (Cézanne, 1895) Fonte: Disponível aqui Figura 11 - Picasso e “As senhoritas D’Avignon” (1907) Fonte: Disponível aqui Disponível aqui 70 https://www.wikiart.org/pt/paul-cezanne/cesta-de-macas-1895 https://www.wikiart.org/pt/pablo-picasso https://www.wikiart.org/pt/pablo-picasso/les-demoiselles-davignon-1907 Figura 12 - Diego Rivera e a também esposa Frida Kahlo, o mega mural “A História do México” e detalhe da obra Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Já o artista Diego Rivera passou anos na França e, em determinado momento de sua carreira, chegou à conclusão de que a arte deveria ser acessível ao povo e não apenas um produto destinado a colecionadores e conhecedores de arte. Assim, para aproximar a obra do público, passou a pintar murais e a buscar uma arte nacionalista (mexicana, no caso,) e culturalmente independente da Europa. O Futurismo e a vanguarda alemã No início do século XX, a Europa se transformou de maneira radical em virtude da industrialização, e esse contexto de mudanças levou um grupo de artistas italianos a iniciar um movimento denominado por eles próprios de futurismo. Um de seus importantes integrantes foi o escritor Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), que escreveu em 1909 o "Manifesto Futurista", um texto que exprime sua reverência pela máquina e pelo movimento. Neste movimento artístico, a imagem é fragmentada como no cubismo, entretanto, a intenção é reproduzir o ritmo das máquinas em movimento. 71 https://gpslifetime.com.br/uploads/content_manager/contents/53468/image/frida-kahlo-e-diego-riviera-b21b.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Diego_Rivera#/media/Ficheiro:Murales_Rivera_-_Treppenhaus_6.jpg Figura 13 - “Visões Simultâneas” (Boccioni, 1912) e “Cityscape” (Crali, 1939) Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Já na Alemanha, em 1905, alguns estudantes de arte formam, em Dresden, um grupo chamado Die Brucke, que signi�ca “A Ponte”, dando início a um movimento de vanguarda, o chamado expressionismo alemão. Esse movimento tinha por objetivo expressar a realidade a partir de contornos simples e cores vivas, valorizando não mais a representação exata da realidade, mas o que o artista sentia ao vivenciá-la. 72 https://www.wikiart.org/pt/artists-by-art-movement/futurismo#!#resultType:masonry https://www.gestaoeducacional.com.br/futurismo-resumo/ Leia mais sobre o futurismo na literatura e no cinema. E também sobre o legado do expressionismo alemão no cinema moderno. O Abstracionismo Em 1910, o artista russo Wassily Kandinsky (1866-1944) pintou sua primeira aquarela abstrata. O artista é considerado o precursor do abstracionismo, termo utilizado para se referir a formas de arte que não representam �guras concretas da realidade. Kandinsky teve formação musical, e queria transpor para a pintura a propriedade da música de sugerir sentimentos sem que houvesse imagens que denotassem um tema especí�co. A abstração passou a ser o mote principal de muitos artistas a partir de então, e dividiu-se em duas tendências: uma, denominada de abstracionismo informal (ou lírico), voltada à utilização de manchas de cores e linhas associadas a ideias e 73 https://go.eadstock.com.br/boR https://go.eadstock.com.br/boS Figura 14 - Obras de dois grandes expoentes do abstracionismo informal: Jason Pollock, com “Convergência”, e Franz Marc (1880-1916), com “Pequenos cavalos azuis”. Fonte: Disponível aqui Disponível aqui sentimentos; e a outra, mais racional, chamada de abstracionismo geométrico, caracterizada pela utilização de formas geométricas. Características da pintura abstracionista informal: Liberdade de instinto, naturalmente impulsivo; Sentimentalismo; Cores e formas criadas arbitrariamente. 74 https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/abstracionismo-informal/#jp-carousel-2536 https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/abstracionismo-informal/#jp-carousel-2539 Figura 15 - “Bradway Boogie-Woogie” (1942) e “Composição A” (1923) , ambos de Piet Mondrian Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Característica da pintura abstracionista geométrica: Suprime toda relação entre a realidade e o quadro; Não marca a relação entre as linhas e os planos, e as cores e a signi�cação; Rompe com os laços que ligam a obra à realidade visível; A signi�cação da obra depende essencialmente da cor e da forma; In�uenciada pelo cubismo e futurismo. O Surrealismo Em francês, sur signi�ca "sobre", e os artistas do surrealismo buscaram, como o nome diz, representar o que estava “sobre a realidade”, ou seja, além dela. 75 https://www.wikiart.org/pt/piet-mondrian/composition-a-1923 https://www.wikiart.org/pt/piet-mondrian/broadway-boogie-woogie-1943 Impulsionados com base nos estudos da psicanálise, artistas desse movimento lançaram em 1924, o "Manifesto Surrealista", no qual apresentaram ao público o interesse em explorar, em seus trabalhos, os limites da razão e da consciência. Para o historiador Clement Greenberg, por possuir uma visualidade caracterizada por pinceladas lisas e por utilizar a representação com bases clássicas, o Surrealismo não se encaixava no que se entendia como arte moderna. Características do Surrealismo: Cenas de sonho e imagens simbólicas; Justaposições ilógicas e inesperadas; Jogos e técnicas para criar efeitos aleatórios; Trocadilhos visuais; Figuras distorcidas e formas biomór�cas; Sexualidade desinibida e tabus; Projetos primitivos ou infantis; Rejeição da chamada ditadura da razão e valores burgueses como pátria, família, religião, trabalho e honra; Humor, sonho e a oposição ao racionalismo são recursos a serem utilizados para libertar o homem da existência utilitária. O artista surrealista mais conhecido foi, certamente, o excêntrico catalão Salvador Dalí (1904 – 1989), mas também podemos citar os belgas René Magritte (1898 – 1967) e Paul Delvaux (1897 – 1994) 76 Figura 16 - Dalí e “A Persistência da Memória” (1931) e “O Filho do Homem” (1964) de Magritte e “Diálogo” (1939) de Delvaux Fonte: Disponível aqui Disponível aqui Disponível aqui Disponível aqui 77 https://www.wikiart.org/pt/salvador-dali https://www.wikiart.org/pt/salvador-dali/a-persistencia-da-memoria-1931 https://medium.com/@arteref/o-surrealismo-e-como-ele-moldou-o-curso-da-hist%C3%B3ria-da-arte-ccb739e294f2 https://www.wikiart.org/pt/paul-delvaux/dialogue-1974 O Dadaísmo O dadaísmo, ou simplesmente “dadá”, foi um movimento artístico pertencente às vanguardas europeias do século XX, cujo lema era: "a destruição também é criação". Esse movimento teve origem em Zurique (Suíça), através de um grupo de artistas refugiados com tendências anarquistas, dentre eles, escritores, pintores e poetas, que se reuniram para inaugurar uma nova manifestação de arte, e se espalhou pelo mundo. Para os artistas dadaístas a estética era considerada um elemento secundário às ideias que uma obra poderia transmitir. Os trabalhos dadaístas faziam críticas à modernidade e à própria arte, chegando ao ponto de a�rmar que um artista não necessita produzir a obra a partir de seu conhecimento técnico. As obras eram experimentais e utilizavam materiais incomuns e procedimentos baseados no acaso, gerando um trabalho espontâneo e irreverente. Marcel Duchamp é a �gura central do “dada”, e seus ready-mades – algo como as instalações artísticas, ou objetos comuns do cotidiano tirados de seu contexto original – desa�aram a noção de que uma obra de arte deve ser algo produzido por um artista quali�cado. Posteriormente, este questionamento possibilitou as experimentações e desconstruções realizadas na arte contemporânea. 78 Figura 17 - Colagem, uma técnica dadaísta Fonte: Disponível aqui 79 https://arteref.com/movimentos/os-7-principais-artistas-do-dadaismo/Figura 18 - “A fonte” (1917), ready-made de Duchamp, e “A cabeça mecânica” (1920), de Raoul Hausmann Fonte: Disponível aqui O Contemporâneo e sua Complexidade Entre os historiadores, não há unanimidade a respeito da data de início do que se chama de Arte Contemporânea. De acordo com Arthur Danto, por exemplo, a transição entre a arte moderna e a contemporânea ocorreu nos anos de 1960. Esse mesmo autor defende o uso do termo pós-histórico para a produção contemporânea, pois segundo ele, é uma forma de arte que não permite ser historicizada da forma convencional. Já outros autores preferem ainda o termo pós- moderno. O fato é que a produção artística contemporânea constantemente motiva as pessoas ligadas à arte a questionarem a respeito das ideias tradicionais sobre arte, dialogando ou mesmo rejeitando as formas de arte anteriores. Os artistas trabalham a partir da ideia de pluralismo artístico, ou seja, que abrange uma 80 https://arteref.com/movimentos/os-7-principais-artistas-do-dadaismo/ variedade de intenções e estilos e, também, a partir de uma in�nidade de materiais. E é por razões como essas que se torna difícil compreender ou classi�car os diferentes conceitos e estilos dos artistas contemporâneos. a) A Performance A performance tem origens nos movimentos Futurismo e no Dadaísmo, mas tornou-se um fenômeno importante nas décadas de 1960 e 1970. Às vezes a performance é cuidadosamente planejada e roteirizada, mas também pode ser espontânea e aleatória. Embora, muitas vezes, a performance aconteça perante uma plateia, podendo envolver a participação do público, ela também pode ser uma ação realizada de forma privada pelo artista. A performance possui uma natureza efêmera e, por este motivo, muitos artistas criam registros fotográ�cos ou em vídeo de suas criações, possibilitando, desta forma, a divulgação e o estudo delas, como é o caso das artistas Marina Abramovic (1946 - ) e Orlan. 81 Se você ainda não ouviu falar de Marina Abramovic, chegou a hora! A artista performática sérvia já se colocou em risco algumas vezes em nome de sua arte, como quando colocou 72 objetos que podiam gerar prazer ou dor sobre uma mesa – um batom, penas, facas, chicote e até uma arma carregada com uma bala, colocando-se a si mesma também como objeto. Durante seis horas (que ao �nal Marina chamou de “seis horas de tortura”), o público poderia fazer o que quisesse com a artista com aquela lista de objetos. As razões? O resultado? b) A Arte conceitual Arte conceitual é um termo utilizado para se referir a formas de arte que se baseiam em conceitos e ideias. Os artistas conceituais não se preocupam em expressar suas intenções por meio das formas tradicionais de arte, por isso se utilizam de qualquer material, ou até mesmo de nenhum, em alguns casos. 82 https://go.eadstock.com.br/boT Outro aspecto importante a respeito da arte conceitual é a crítica em relação ao valor comercial da arte. Isso justi�ca o fato de as obras, muitas vezes, não gerarem um objeto que possa ser vendido ou exposto em uma galeria. Diante dessa perspectiva, podemos a�rmar que a arte contemporânea seria possivelmente uma forma de �loso�a que nos convida a realizar alguma consideração intelectual. O que signi�ca conceitual na arte? Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, signi�ca que todo o planejamento e arranjos são feitos de antemão, e a execução é um processo mais raso. Na arte conceitual, o processo por trás da obra é mais importante do que a obra de arte acabada. Quais são as características da arte conceitual? A Arte Conceitual é focada principalmente em “ideias e propósitos” em vez das “obras de arte” (pinturas, esculturas e outros objetos valiosos). Caracteriza-se pelo uso de diferentes mídias e suportes, juntamente com uma variedade de materiais cotidianos temporários e “objetos prontos”. Quem é o pai da arte conceitual? O dadaísta Marcel Duchamp é conhecido por ser o pai da arte conceitual. Ele é mais conhecido por suas obras prontas (as ready- mades), como “A fonte”, o famoso mictório que ele designou como arte em 1917 e que é visto como a primeira obra conceitual da história da arte. Fonte: Design O�cial, on-line, 2021. 83 Figura 19 - De Joseph Kosuth, “Quatro Cores Quatro Palavras” (1966) e Cildo Meireles, “Inserções em Circuitos Ideológicos” (1970) Fonte: Disponível aqui 84 https://designe.com.br/o-que-e-arte-conceitual-o-movimento-artistico/ Figura 20 - Tomie Ohtake e uma de suas inúmeras obras ao ar livre; esta, em Curitiba. Fonte: Disponível aqui Disponível aqui c) A escultura contemporânea e as intervenções urbanas Embora seja difícil classi�cá-la, é fato que a arte contemporânea questiona os espaços destinados à arte, o que a levou para fora dos lugares tradicionais de exposição. Algumas produções nos colocam em dúvida, por exemplo, se são esculturas ou desenhos, como a arte da artista brasileira Tomie Ohtake (1913 – 2015). Outras obras são chamadas site speci�c, o que indica que o trabalho é concebido para um determinado local e se relaciona diretamente com o espaço de tal forma que, se for removido, perderá seu signi�cado, uma parte importante dele. Outro exemplo é o trabalho de Richard Serra, escultor norte-americano e um dos artistas de maior in�uência na arte contemporânea. 85 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tomie_Ohtake#/media/Ficheiro:Tomie_Ohtake_2006.jpg https://curtacuritiba.com.br/2018/07/25/obras-de-tomie-ohtake-em-curitiba/ Figura 21 - OSGEMEOS gra�taram o avião da seleção brasileira de futebol para a Copa do Mundo 2014. Fonte: Disponível aqui O gra�ti também é uma forte tendência na arte contemporânea, principalmente em contextos urbanos. É uma forma de arte essencialmente produzida fora dos espaços tradicionais da arte e costuma fazer críticas ao contexto sociopolítico, como faz os artistas Banksy e os brasileiros Gustavo e Otávio Pandolfo, dois irmãos autodenominados OSGEMEOS (1974 - ). 86 https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_G%C3%AAmeos#/media/Ficheiro:Os_G%C3%AAmeos_no_VI_Encontro_Paulista_de_Hip_Hop_-_S%C3%A3o_Paulo.jpg Vale muito conhecer a trajetória de sucesso e os projetos de destaque de OSGEMEOS no site o�cial. 87 https://go.eadstock.com.br/boU Banksy é o pseudônimo de um pintor britânico e ativista político cuja arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e gra�ti. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas e muros do mundo todo, mas o público e a mídia em geral desconhecem a verdadeira identidade de Banksy – chega-se a cogitar que não são um (ou uma), mas vários artistas agindo sob tal pseudônimo. A força de um artista anônimo: em 2017, a Samsung pediu a 2 mil pessoas do Reino Unido que listassem vinte peças de arte britânica. O resultado apontou “Garota com Balão”, intervenção de Banksy em um muro do bairro londrino de South Bank, como a obra de arte local mais lembrada pelos britânicos. 88 Fonte: Disponível aqui Historicamente, os artistas sempre utilizaram as tecnologias disponíveis de sua época, e isso não é diferente na arte contemporânea, vide a arte feita por meio das tecnologias digitais. Recentemente, este fato trouxe novos termos à história da arte, como: "virtual", “robótica”, “hologra�a” e “realidade aumentada". No entanto, estes termos tendem rapidamente a se desgastarem, assim como o é o avanço da tecnologia. Além disso, as categorias utilizadas pelo campo das new media arts são muito diferentes entre si e baseadas em diferentes estruturas e estratégias, o que torna complexa a curadoria destes objetos, pois os trabalhos desa�am os conceitos de materialidade e história, assim como as suas instituições. As novas tecnologias não são apenas um meio para realizar o trabalho, mas também uma prática estratégica que visa o seu engajamento com o social e com a cultura, pois muitas obras enfatizam a colaboração, fato que desfaz até mesmo a ideia de autoria. Conhecer as referências dos diferentes períodos artísticos da arte ocidental é fundamental na sua prática docente. Entretanto,é importante ter em mente de que a História da Arte, como qualquer área de conhecimento, está em permanente d) Arte e tecnologia 89 https://artout.com.br/arte-e-tecnologia/ construção e revisão. Isso signi�ca que não há apenas uma visão a respeito das artes e, muitas vezes, essas visões se contradizem. As diferentes formas de contar a História da Arte devem ser conhecidas pelo aluno. É possível a�rmar que, no ensino de arte, por muitos anos, houve a prevalência da história da arte europeia em detrimento da de outros lugares e culturas. Ter a consciência da seletividade que existe na História da Arte é o primeiro passo para se buscar uma docência que não reforce antigos mitos, como o dos "gênios da pintura" ou que excluam contextos culturais e formas de arte não dominantes. Sempre use este material – e em especí�co esta aula – como fonte de consulta para buscar referências e se enveredar em pesquisas na internet e em livros físicos. Você vai se surpreender com o inesgotável e admirável universo das Artes ao longo da História. 90 06 Legislação para o Ensino de Artes na Educação Básica 91 Caro aluno, O Ensino de Artes no Brasil sofreu várias modi�cações ao longo da história da educação brasileira, sendo marcado por relevantes interferências de origens sociais e culturais, tais como: os comprometimentos do ensino artístico visando a uma preparação para o trabalho e aos princípios do Liberalismo e do Positivismo, bem como: a experimentação psicológica na educação em arte; a inserção do ensino de Artes nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n.º 4024/61, n.º 5692/71 e n.º 9394/96); a retomada de movimentos de arte-educadores da década de 1980; as experiências pedagógicas no campo das artes e sistematização de cursos ao nível de pós-graduação; os debates sobre os conceitos e metodologias do ensino de artes e as novas concepções estéticas e tendências da arte contemporânea; a elaboração na década de 1990, dos Parâmetros Curriculares Nacionais e, recentemente, a implantação da BNCC. As Tendências Pedagógicas e suas Influências no Ensino da Arte As tendências pedagógicas que nortearam o processo de ensino-aprendizagem em Arte sempre estiveram em consonância com as metodologias usadas ao longo do processo de ensinar e aprender da educação brasileira. Tendências como Pedagogias Tradicional, Nova, Tecnicista, Libertadora e Histórico-crítica, também marcaram o Ensino de Artes. Essas pedagogias consideram em seu processo de ensino-aprendizagem a dimensão humana, a dimensão político-social e a dimensão técnica, aplicando conhecimentos nesse processo de ensino, buscando resolver problemas e questões que surgem no cotidiano da escola e do espaço de aula. 92 Na Pedagogia Tradicional predominava a transmissão de conceitos e imitação de modelos aprendidos. Nessa perspectiva, no Ensino de Artes, predominava uma teoria estética mimética mais ligada às cópias do natural, à repetição de modelos reprodutivistas, à valorização de desenhos geométricos, decorativos, centrados nas representações convencionais de imagens. Metodologicamente, na Pedagogia Tradicional os professores trabalhavam os conteúdos por meio de atividades que seriam �xadas pela repetição e tinham por �nalidade apenas exercitar a visão, a mão, a inteligência, a memorização, o gosto e o senso moral. A Pedagogia Nova veio contrapor à Pedagogia Tradicional, e propunha experiências cognitivas que deveriam ocorrer de maneira progressiva e ativa, considerando os interesses do aluno. Essa pedagogia �cou conhecida no Brasil como o movimento da Escola Nova, cujas origens datam do �m do século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, tendo sido largamente desenvolvida por John Dewey. No Brasil, essa pedagogia foi difundida por Anísio Teixeira, que introduziu no sistema educacional brasileiro muitas das ideias de Dewey, entre as quais, a arte com base na expressão e na liberdade de criação. Assista ao �lme Matilda e identi�que qual é a Pedagogia e a teoria de Educação proposta. Em seguida, elabore um texto sobre o que você identi�cou relacionando com o ensino de arte. 93 Com o advento do ensino tecnicista no país, que visa à formação técnica, predominou a Pedagogia Tecnicista, que tinha por objetivo a preparação do indivíduo para o mercado de trabalho. Na Pedagogia Tecnicista, o elemento principal é o sistema técnico de organização da aula e do curso, deixando o aluno e o professor ocuparem uma posição secundária. No Ensino de Artes, há uma ênfase no saber construir, reduzido ao seu aspecto técnico e ao uso de materiais diversi�cados, aliado a um saber espontâneo com valoração das atividades de livros didáticos, caracterizando-se com um não compromisso às linguagens da Arte. Contemporânea às tendências pedagógicas citadas, surgiu na década de 1960 a Pedagogia Libertadora, idealizada e desenvolvida pelo educador Paulo Freire. Essa pedagogia tinha por objetivo ser realista e crítica, buscando explicar e superar o pensamento liberal através de projetos pedagógicos progressistas. Nos anos de 1980, começou a se desenhar um redirecionamento pedagógico que incorporou qualidades das tendências pedagógicas já citadas, com a pretensão de ser mais crítico e realista. Nessa nova concepção, o professor é mediador da relação pedagógica, o educando exerce sua cidadania de forma mais consciente, crítica e participante. Tal pedagogia é conhecida como Histórico-Crítica, e tem por objetivo propiciar aos estudantes o acesso e contato com os conhecimentos culturais básicos e necessários para uma prática social viva e transformadora. 94 Percebendo a importância dessas pedagogias para o ensino-aprendizagem de Artes, foram criadas, promulgadas e sancionadas as Leis de Diretrizes e Bases da educação brasileira, e nelas, o Ensino de Artes se fez presente. E essa presença nas LDBs só foi possível a partir da participação de movimentos de arte-educadores, que preocupados com o ensino de Artes na educação básica brasileira, fomentaram uma discussão paradigmática no Ensino de Artes e nas reformas educacionais vigentes em seus determinados períodos. O Ensino de Artes e as Legislações Marcada por uma concepção da cultura humanística e cientí�ca, a LDB n.º 4.024/61, promulgada em dezembro de 1961, instituiu o ensino de Artes nos níveis de 1º (Ensino Fundamental) e 2º (Ensino Médio) graus da Educação Básica. O Ensino de Artes aparece timidamente na redação dessa Lei (LDB n.º 4.024/61), sob a forma de atividade complementar de iniciação cientí�ca. De acordo com essa Lei, no 1º grau, a Arte deveria ser ensinada e priorizada nos últimos dois anos como iniciação em artes aplicadas, adequadas à idade e ao sexo dos alunos. No 2º Grau, composto de disciplinas obrigatórias e optativas estabelecidas por Conselhos Federal e Estaduais de Educação, o Ensino de Artes era ministrado de forma optativa, obedecendo às normas para o ensino de 2º grau como prática educativa artística ou útil. Mesmo sendo pouco priorizada nos espaços escolares, a Arte demarcou seu espaço nessa Lei de Diretrizes e Bases e abriu caminho para sua discussão na Lei subsequente. A Lei de Diretrizes e Bases n.º 5.692/71 foi constituída na sociedade brasileira em um período de muita censura e repressão. Nesse período, foram promulgados atos institucionais que ditaram leis e legitimaram os interesses dos militares no país. É a 95 partir desse período que o Brasil sofre fortes in�uências da cultura americana e, assim, o ensino de Artes acompanha essas in�uências e é promulgada a então Lei n.º 5.692/71, que dá continuidade à anterior, porém, com um caráter tecnicista. Nessa Lei de Diretrizes e Bases n.º 5.692/71, o ensino de Artes, denominado Educação Artística, passa a fazer parte dos currículos escolares como atividade educativa. Porém, ressalta-se um ensino tecnicista, uma atividade que deveria fazer parte dos currículos escolares, no entanto, sem perdas para o aluno. O educando não reprovava nesse componente curricular mesmo ele fazendo parte da Educação Básica. Mesmo sendo obrigatório,nota-se uma fragilidade no ensino de Artes, nos antigos ensinos de 1º e 2º graus, sendo que essa fragilidade pode ser denunciada no modo de fazer, ver e aprender Arte nos espaços escolares regidos pela Lei n.º 5.692/71. Fragilidades estão con�guradas no despreparo dos professores para ensinar Arte, na maneira de avaliar e nas metodologias, assim como as formas de explicitar os planejamentos, os objetivos, os conteúdos e os métodos utilizados que, muitas vezes, não eram claros nem tampouco organizados. Diante da realidade de professores pouco preparados para exercerem suas funções polivalentes em um ensino que se pretendia mudar, foram criados pelo Governo Federal cursos superiores de curta duração em Educação Artística e Licenciatura Plena em Educação Artística, para sanar as di�culdades encontradas pelos professores de Artes no ensino-aprendizagem da disciplina nos espaços escolares. 96 Essas licenciaturas, institucionalizadas em 1973, compreendiam a Licenciatura Curta com duração de dois anos, para aqueles professores que desejassem ensinar no 1º grau e, para aqueles que almejavam o ensino de 2º grau, a Licenciatura Plena em Educação Artística com duração de quatro anos. No entanto, mesmo os professores tendo procurado essas licenciaturas para a sua formação, havia ainda um grande descompasso no processo de ensino- aprendizagem e a reprodução de modelos estereotipados na adequação desse ensino. Na década de 1980, com o objetivo de sanar tais problemas no Ensino de Artes, foram criadas Associações de arte-educadores que, por meio de encontros, congressos, discussões, passaram a discutir questões referentes ao Ensino de Artes do ensino infantil à universidade. Nesse período, houve também uma discussão e sistematização da nomenclatura do ensino de Artes no país. Os termos educação através da arte, arte-educação e educação artística foram se incorporando ao vocabulário nacional mesmo sem terem um reconhecimento institucional. Educação através da Arte – foi difundida no Brasil a partir das ideias do �lósofo inglês Herbert Read. Esse ensino propunha a arte como conhecimento e via na arte não apenas uma das metas da educação, mas sim o seu próprio processo, que é considerado também criador. Educação Artística – incluída no currículo escolar pela Lei n.º 5.692/71, propunha a valorização da tecnicidade e pro�ssionalização do indivíduo, preocupando-se somente com a expressividade individual sem se aprofundar nos temas emergentes da Arte. Arte-Educação – apresentou-se como um movimento em busca de novas metodologias de ensino e aprendizagem de Arte na escola. Esse movimento tinha por objetivo uma ação educativa ativa, criadora e centrada no aluno. Diante dessa perspectiva, podemos notar que o ensino de Artes, regido pela Lei n.º 5.692/71, buscou inovar nas metodologias aplicadas ao ensino, de forma a valorizar a formação pro�ssional e conscientizar educandos e educadores de Arte, da importância que esse componente curricular tem dentro e fora da escola. 97 Após vinte e cinco anos, foi promulgada a LDB n.º 9.394/96 que, em seu Art. 26, § 2º, torna obrigatório o Ensino de Artes na Educação Básica. Dessa forma, “[...] o Ensino de Artes constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (LDB, 1996, p. 16). Essa obrigatoriedade do Ensino de Artes tem por objetivo oportunizar um ensino e formação integral ao educando, construindo saberes e conhecimentos pertinentes às linguagens artísticas. Dessa maneira, sendo obrigatório na Educação Básica, de acordo a LDB n.º 9.394/96, o Ensino de Artes deveria ofertar pelos menos quatro linguagens artísticas, a saber: teatro, música, artes visuais e dança, porém, o que se observa é que nas escolas, em sua grande maioria, não há condições dessas ofertas em seus espaços. A LDB sofreu algumas alterações referentes ao ensino de Artes nos últimos anos, sendo a primeira a lei 10639, de 2003, que tornou obrigatório o ensino de conteúdos referentes à História e Cultura Afro-brasileira, ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Arte e de Literatura e História Brasileiras; posteriormente, essa lei foi substituída pela 11.645, de 2008, que acrescenta aos conteúdos abordados a temática indígena. Já em 2008, vem a Lei n.º 11.769, que incluiu no § 6, a Música como conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do Ensino de Artes, (observe-se que a lei original dá aos sistemas de ensino 03 anos para se adaptarem às exigências da lei). Temos ainda as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, de 30 de janeiro de 2012, na qual em seu artigo 9, de�ne como componente Curricular obrigatório a “Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas e, obrigatoriamente, a musical;” e em seu artigo 18, confere ao sistema de ensino a obrigação de prover “professores com jornada de trabalho e formação, inclusive continuada, adequadas para o desenvolvimento do currículo”. 98 PCN de Artes: Novas Diretrizes Curriculares, Novas Práticas no Ensino de Artes Para sanar as di�culdades no ensino na Educação Básica brasileira, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais, com a �nalidade de sistematizar o conhecimento, inclusive em Artes, no âmbito escolar, em todo o país independentemente das diferenças regionais. Em todos os níveis da Educação Fundamental, os Parâmetros Curriculares dão à área de Arte uma grande abrangência, propondo quatro modalidades artísticas: Artes Visuais, com maior amplitude que Artes Plásticas (englobando artes grá�cas, vídeo, cinema, fotogra�a e as novas tecnologias, como arte em computador), Música, Teatro e Dança. 99 Em vigor desde 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais da área de Arte tiveram a virtude de trazer para o primeiro plano do cenário educacional uma antiga reivindicação que pedia a presença regular da Arte no currículo escolar. Desde então, seja com maior ou menor intensidade, aplicação e vontade, disponibilidade e condições efetivas de colocar em prática a educação estética no cotidiano da criança e do jovem, as escolas vêm se adaptando à nova orientação. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, as propostas para as diversas linguagens artísticas estão organizadas à orientação geral, apresentada na primeira parte do documento, que estabelece três diretrizes básicas para a ação pedagógica. Essas diretrizes retomam, embora não explicitamente, os eixos da chamada Proposta Triangular defendida por Barbosa (1998) na área de Artes Plásticas. De acordo com os próprios PCNs, o “[...] conjunto de conteúdos está articulado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar” (BRASIL, 1998, p. 49). 100 É importante ressaltar que, no Brasil, a Proposta Triangular representa a tendência de resgate dos conteúdos especí�cos da área, na medida em que são apresentadas, como base para a ação pedagógica, três ações, mental e sensorialmente básicas, que dizem respeito ao modo como se processa o conhecimento em Arte. A partir dos eixos norteadores adotados, os PCNs se colocam em sintonia com as buscas desenvolvidas no campo do ensino de Arte, re�etindo o próprio percurso da área. Dessa forma, podem ajudar a consolidar uma nova postura pedagógica e a concepção da Arte como uma área de conhecimento especí�co. Sendo assim, a (re)construção do conhecimento em Arte se dá por meio da inter-relação de saberes que se concretiza na experiência estética (BRASIL, 1998). Diante dessa perspectiva, os Parâmetros para o ensino de Arte orientam para a aproximação e reelaboração de saberes desse componente curricular com as manifestações/produções culturais. O PCN-Arte opta pela organização dos conteúdos por modalidade artística e não por ciclo, como nos documentos das demais áreas, delegando às escolas a indicação das linguagens artísticas e “da sua sequência no andamento curricular” (BRASIL, 1998, p. 54). Dessa forma, sugeremque, “a critério das escolas e respectivos professores, [...] os projetos curriculares se preocupem em variar as formas artísticas propostas ao longo da escolaridade, quando serão trabalhadas Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro” (BRASIL, 1998, p. 62, 63). Já para o Ensino Médio foi elaborado o PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio). Nesse documento, a Arte aparece na Parte II que é intitulada “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”. Ao dividir o documento em três partes, a comissão organizadora do PCNEM justi�ca essa divisão assegurando ao Ensino Médio, última etapa da Educação Básica, uma educação de base cientí�ca e tecnológica, na qual conceito, aplicação e solução de problemas concretos são combinados com uma revisão dos componentes socioculturais orientados por uma visão epistemológica que concilie humanismo e tecnologia numa sociedade tecnológica (BRASIL, 2000). 101 O PCNEM cita as Artes como a “expressão criadora e geradora de signi�cação de uma linguagem e do uso que se faz dos seus elementos e de suas regras em outras linguagens” (BRASIL, 2000, p. 18, 19). O documento aponta, ainda, a relevância das relações com as práticas sociais e produtivas e a inserção do aluno como cidadão em um mundo letrado e simbólico. Sendo assim: No mundo contemporâneo, marcado por um apelo informativo imediato, a re�exão sobre a linguagem e seus sistemas que se mostram articulados por múltiplos códigos e sobre os processos e procedimentos comunicativos, é, mais do que uma necessidade, uma garantia de participação ativa na vida social, a cidadania desejada (BRASIL, 2000, p. 20). Diante dessa perspectiva, podemos a�rmar que a Arte, inserida nessa etapa �nal da Educação Básica, não tem como único objetivo o domínio técnico, mas também a competência de desempenho, ao saber usar as linguagens, os códigos e as tecnologias em diferentes situações ou contextos, considerando inclusive os interlocutores ou públicos. O Ensino de Artes vem sofrendo modi�cações ao longo da história das reformas educacionais, e nota-se que a Arte é pouco valorizada e sofre certo preconceito nos espaços escolares. Portanto, um dos grandes desa�os do Ensino de Artes na contemporaneidade é tornar-se uma disciplina, já que recebe ainda o estigma de apêndice para as outras disciplinas na Educação Básica. Mesmo sendo pouco valorizado, esse ensino foi ganhando forças nas reformas educacionais, permitindo-se fazer parte da legislação educacional brasileira. No entanto, não basta apenas fazer parte da legislação, é necessário estabelecer diretrizes curriculares nas redes de ensino básico e visando a aprendizagens em Artes. 102 O Ensino de Artes exige uma postura investigativa dos professores e dos alunos diante dos processos de transformações exigidos pelos documentos o�ciais da educação brasileira. Acredita-se que a apropriação dos conhecimentos em Arte se dará na medida em que houver aprofundamento e inter-relação entre esses conhecimentos e a realidade. 103 07 O Ensino de Artes na BNCC 104 Aluno, Como você já sabe, a BNCC, Base Nacional Comum Curricular, é um documento elaborado com o objetivo de orientar o ensino no Brasil, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Contudo, não se trata de um modelo curricular pronto e acabado, com normativas especí�cas, mas sim de um guia orientador que estabelece os objetivos de aprendizagem correspondentes a cada etapa escolar, considerando igualmente as particularidades (metodológicas, sociais e regionais) de cada localidade do território brasileiro. Essa proposta implica o desenvolvimento de um currículo pelas próprias unidades escolares, de acordo com as estratégias de�nidas em seus próprios projetos político- pedagógicos, porém, devem estar alinhadas à BNCC. Entre as demais competências que a BNCC espera desenvolver nos alunos, estão as Linguagens da Arte. Críticas à BNCC A Base Nacional Comum Curricular é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e do Plano Nacional de Educação (PNE), que tem por objetivo estabelecer metas e estratégias para a política educacional para os próximos dez anos (entre 2014 e 2026). Visando à reforma para a melhoria da Educação Básica, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, o Ministério da Educação apresentou uma proposta preliminar à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estabelecida pelo Plano Nacional de 105 Educação (PNE). Essa base será o ponto para discutir e nortear as melhores propostas. Ressaltando que, visto que é a primeira vez, na história do país, que se permite participação e contribuição da população em um debate de tamanha relevância. Um dos objetivos da BNCC é que, qualquer aluno, em qualquer estado, município ou, escola, tenha o mesmo direito de aprendizagem e, se mudar de um estado para outro, tenha o mesmo currículo. Na primeira versão preliminar CBC de Arte, �cou estabelecido que não se pretende alterar sua concepção ou estrutura, a matriz curricular vai continuar abrangendo os Conteúdos Básicos Comuns, elaborados no ano de 2000. Analistas, técnicos, especialistas e professores chegaram à conclusão de que a ideia principal é renovar, adequar ao que já existe. Assim, segundo a proposta curricular de Artes existente, foram incorporadas orientações pedagógicas, conteúdos, ciclos e gradação para facilitar o trabalho do professor, para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Em relação às orientações pedagógicas, traz sugestões para o professor trabalhar as habilidades referentes a cada tópico, foram sugeridos alguns sites de busca, vídeos, �lmes e documentários; lembrando que as sugestões evidenciadas ― não pretendem de forma alguma, esgotar as diversas possibilidades para se ensinar as habilidades propostas (BNCC, 2016, não paginado). 106 No Brasil, os que defendem a ideia de uma base curricular nacional são muitos, especialmente os que se preocupam com a atual in�uência dos exames de larga escala e dos sistemas de ensino sobre o currículo que chegam às salas de aula, atualmente. No entanto, do outro lado, no eixo central das críticas, está a discussão sobre a autonomia do professor, sua formação, condições de trabalho e real participação no debate acerca do assunto. Apesar de aprofundar discussões levantadas em documentos já existentes, como as diretrizes e os parâmetros curriculares nacionais, a proposta tem recebido críticas de entidades cientí�cas, sindicais e organizações da sociedade civil tanto no que se refere ao seu conteúdo quanto à forma como está sendo elaborada e construída. É o caso da ANPED (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação) que em seu portal, postou o ofício encaminhado à Conselheira do CNE, prof.ª Dr.ª Márcia Ângela Aguiar, por meio do Grupo de Trabalho 12: Currículo e, com o apoio da Associação Brasileira de Currículo - ABdC, manifesta-se contrariamente ao documento orientador de políticas para Educação Básica apresentado pela SEB/MEC a consulta pública como Base Nacional Comum Curricular (ANPED, 2015). Entre os motivos ressaltados, são pontuados: Na BNCC, a tendência proposta para a formação humana é a modelização, a homogeneização por meio da acentuação dos processos de administração centralizada, ignorando as ― realidades locais, suas especi�cidades, possibilidades e necessidades [...]. Qualquer proposta curricular precisa considerar as adversidades e diversidades locais – de ordem étnica, cultural, social, política e 107 econômica – e individuais, relativas a interesses e capacidades de aprendizagem, e aos direitos de respeito aos conhecimentos construídos antes e fora da escola [...]. Direitos de aprender e de ser sujeito do próprio processo educativo são incompatíveis com listas de conteúdos que devem ser aprendidos e que, por isso, não podem ser percebidos como direitos, mas como obrigações [...]. A diversidade teórica e epistemológica dos debates no campo da educação em geral e do currículo, [...] é desconsiderada no corpus teórico do documento [...]. Há um silenciamento sobre as discussões que envolvemos movimentos de uni�cação curricular nos EUA, África do Sul, Suécia e outros, cujos resultados vêm sendo duramente criticados em seus países por professores, pesquisadores e movimentos sociais e até pelos seus próprios reformadores [...]. O atrelamento da BNCC às avaliações externas, bem como seu caráter prescritivo fortalecem instâncias de controle do trabalho docente com a adoção de um modelo de gestão de inspiração abertamente empresarial, não participativo, que concentra poderes nas mãos dos diretores e autoridades externas às escolas [...]. Os que são favoráveis consideram a Base Curricular como instrumento de equidade e justiça, capaz de integrar populações que �caram de fora do processo de escolarização. Ressaltam, ainda, que a Base é muito positiva porque vai orientar a formação de professores de modo geral. Defendem, ainda, que a escola é apenas uma parte da vivência cotidiana dos alunos; o que não impediria a preservação das identidades locais. É importante ressaltar que todo espaço para os debates, críticas e concordâncias é o maior sinal de uma intenção democrática. 108 A Arte e a BNCC A BNCC a�rma que a arte deve ter como pressupostos que a sensibilidade, a intuição, o pensamento e as subjetividades do aluno se manifestam como formas de expressão no processo de sua aprendizagem e que os processos de criação são tão relevantes quanto os eventuais produtos. Dessa forma, o ensino de Artes proposto na BNCC visa ao desenvolvimento de habilidades e competências importantes para as práticas investigativas e para o percurso do fazer artístico, como condições para perceber o mundo em sua complexidade, contextualizar saberes e a interação com a arte e a cultura, além de favorecer o respeito às diferenças e o diálogo intercultural. Assista ao vídeo explicando a BNCC: As linguagens da arte. A Arte na BNCC está centrada nas linguagens de artes visuais, dança, música e teatro. Sendo que essas linguagens artísticas são consideradas nas suas especi�cidades, porém, entende-se, também, que as experiências e vivências dos sujeitos em sua relação com a Arte não acontecem de forma estanque ou compartimentada. 109 https://go.eadstock.com.br/boV Dessa forma, é importante levar em conta o diálogo entre essas linguagens, bem como o diálogo com a literatura, além de possibilitar o contato e a re�exão sobre formas estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a performance. Além disso, a BNCC de Arte propõe que a abordagem das linguagens articule seis dimensões do conhecimento de forma indissociável e simultânea, caracterizando a singularidade da experiência artística, sendo elas a criação, a estesia, a crítica, a expressão, a fruição e a re�exão. Estão especi�cadas da seguinte forma (BNCC, p. 194-195). • Criação: refere-se ao fazer artístico, quando os sujeitos criam, produzem e constroem. Trata-se de uma atitude intencional e investigativa que confere materialidade estética a sentimentos, ideias, desejos e representações em processos, acontecimentos e produções artísticas individuais ou coletivas. Essa dimensão trata do apreender o que está em jogo durante o fazer artístico, processo permeado por tomadas de decisão, entraves, desa�os, con�itos, negociações e inquietações. • Crítica: refere-se às impressões que impulsionam os sujeitos em direção a novas compreensões do espaço em que vivem, com base no estabelecimento de relações, por meio do estudo e da pesquisa, entre as diversas experiências e manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas. Essa dimensão articula ação e pensamento propositivos, envolvendo aspectos estéticos, políticos, históricos, �losó�cos, sociais, econômicos e culturais. • Estesia: refere-se à experiência sensível dos sujeitos em relação ao espaço, ao tempo, ao som, à ação, às imagens, ao próprio corpo e aos diferentes materiais. Essa dimensão articula a sensibilidade e a percepção, tomadas como forma de conhecer a si mesmo, o outro e o mundo. Nela, o corpo em sua totalidade (emoção, percepção, intuição, sensibilidade e intelecto) é o protagonista da experiência. • Expressão: refere-se às possibilidades de exteriorizar e manifestar as criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos, tanto em âmbito individual quanto coletivo. Essa dimensão emerge da experiência artística com os elementos constitutivos de cada linguagem, dos seus 110 vocabulários especí�cos e das suas materialidades. • Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura para se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais. Essa dimensão implica disponibilidade dos sujeitos para a relação continuada com produções artísticas e culturais oriundas das mais diversas épocas, lugares e grupos sociais. • Re�exão: refere-se ao processo de construir argumentos e ponderações sobre as fruições, as experiências e os processos criativos, artísticos e culturais. É a atitude de perceber, analisar e interpretar as manifestações artísticas e culturais, seja como criador, seja como leitor. Por meio dessas dimensões, a proposta da BNCC busca facilitar o processo de ensino e aprendizagem em Arte, dessa forma, integrando os conhecimentos do componente curricular. Pois acredita-se que uma vez que os conhecimentos e as experiências artísticas são constituídos por materialidades verbais e não verbais, como as sensíveis, corporais, visuais, plásticas e sonoras, é de grande relevância considerar a sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva. A limitação do espaço da Arte no currículo da Educação Básica é muito simbólica, pois demonstra, de forma clara, que existe a intenção de tolher o potencial do trabalho artístico na escola, perdendo espaço para áreas de conhecimento mais cientí�cas. De acordo com os PCNs, o ser humano que não tem contato com a Arte, em suas diversas manifestações, tem uma experiência de aprendizagem restrita, na qual a ausência da dimensão do sonho, da força comunicativa das obras em seu meio, da liberdade da poesia, das mais diversas produções musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes não contribuirá para uma compreensão ampla do mundo (PCN – Arte, 1997, p. 19). A Base Nacional Comum torna os alunos como sujeitos protagonistas do processo no ensino de Arte. No cotidiano, eles podem não só ajudar a de�nir os temas a serem tratados, mas devem se sentir mais livres para criar, dando vazão à sensibilidade de 111 maneira mais plena, com a observação e incentivo do professor. Com esses conceitos, a maneira de planejar as aulas e avaliações deve passar por transformações. 112 08 Arte e Educação em um Contexto Cultural 113 Caro aluno, O desenvolvimento do ser humano, de modo geral, é complexo e apresenta particularidades em diferentes momentos de seu processo, as condições materiais e as relações sociais e culturais que estabelecem com outras pessoas de seu convívio inferem no desenvolvimento físico, motor, intelectual, �siológico e, também, cultural. Por isso, podemos a�rmar que os primeiros traços de arte foram criados através de inspirações dos diversos elementos encontrados no ambiente social e cultural e, desde os primeiros momentos de existência humana, o homem já buscava deixar sinais com a criação de pequenos artefatos e simbologia. Desta forma, percebe-se que a arte e o homem caminham juntos desde os primórdios. Arte e Cultura No início, as representações e criações de arte surgiram para suprir às necessidades do homem e, assim, por meio delas, o homem introduziu novos elementos capazes de facilitar a sua vida. As criações realizadas pelo homem, tanto as primitivas como as contemporâneas, possuem um objetivo e uma representação. Com o desenvolvimento da sociedade, as criações passaram a ser introduzidas em sua confecção, trazendo novos conhecimentos. Desta forma, muitos processos foram desenvolvidos a �m de trazer facilidades, o que possibilitou atender a um número maior de pessoas. No que diz respeito à arte e ao desenvolvimento da humanidade, o homem é visto como um ser culturalque, nos tempos remotos, já produzia a arte por meio da simbolização. E, partindo do fundamento de que as primeiras formas de criação humana foram feitas pela imitação do que se via na natureza, acredita-se que o homem busca inspiração em seu ambiente e cria novos elementos (os objetos e �guras) para expressar a linguagem por meio da arte. Este é um recurso valioso para os seres humanos demonstrarem seus saberes, seus sonhos e suas necessidades. Em seu processo de desenvolvimento, o ser humano sempre está alterando suas relações. Isso porque a cultura modi�ca seus interesses e serve de veículo às insatisfações, aos con�itos e às mudanças. Estas levam as sociedades a obter novas criações e conhecimentos tendo, portanto, inúmeras diferenças de subculturas. 114 Podemos a�rmar que, no que tange às mudanças, somos seres culturais e quando pensamos, inventamos os valores que constituem a nossa humanidade. Assim, todos os elementos de subculturas criados, modi�cados e transformados acabam por agregar conhecimentos. As pessoas inseridas na sociedade adquirem novos comportamentos e, esses, por sua vez, são transmitidos através das trocas de informações do convívio social, que são possíveis por meio da interação e socialização entre as pessoas. A cultura é constituída de inúmeras vertentes e, durante o convívio social, está em constante mudança. São as pessoas em seu convívio social que cultivam, representam e transferem valores de geração a geração. Ao conhecer, compreender e dominar o seu meio, o homem desenvolve a cultura identi�cada pelas elaborações, criações, transformações, construções de ferramentas, novas descobertas e, também, novos conhecimentos e costumes, isto é, pelas transformações da natureza e outras ações que realiza para trazer benefícios e facilidades à vida. Portanto, o conhecimento do homem é caracterizado pelas transformações e criações que realiza em seu meio social e são feitas por meio da ação do trabalho, dessa forma, o homem promove transformações na natureza e em sua vida, de modo geral. As artes populares, individuais ou quando partem de uma construção coletiva e tradicional, podem até mesmo ser patrimonializadas como bens de natureza material ou imaterial. Os trabalhos de um mestre escultor, como o Aleijadinho, por exemplo, podem ser tombados (protegidos por lei de tombamento) para que possam ser preservados sob os auspícios do Estado. Já manifestações com dimensões intangíveis podem, por meio de mecanismos como o registro (via IPHAN, por exemplo), ser também valorizadas, estudadas e salvaguardadas pelo poder público. Temos um grande conjunto de bens artísticos sob proteção desses mecanismos, mas, mais uma vez, é importante termos em vista 115 que, no plano do patrimônio imaterial, a proteção não é sobre um objeto ou obra em si, mas se dirige aos saberes, ofícios ou lugares onde essas dimensões do artístico se realizam. Para conhecer a obra do mestre Aleijadinho, assista ao vídeo no link a seguir: O homem, com a capacidade de desenvolver a cultura, cria opção de vida. E isto é uma característica que o diferencia de outros animais, aos quais faltam liberdade de opção. Nós pensamos e, com nosso pensamento, inventamos os valores que constituem a nossa humanidade. Essa diferença é essencial, pois nos torna capazes de criar, produzir, transmitir e apreender a cultura. Desse modo, tudo que o homem produz faz parte da sua cultura e nenhuma ferramenta existe fora da organização social ou de ideias e crenças. Diante dessa perspectiva, pode-se a�rmar que a cultura e o homem são indissociáveis. Arte e Educação: uma Visão Panorâmica O Brasil é um país de vasta extensão territorial, e possui inúmeras representações expressas na criação de elementos artísticos, além de diversos movimentos culturais que retratam os saberes do povo. No entanto, cada região do Estado brasileiro 116 https://go.eadstock.com.br/boW possui suas próprias expressões de subculturas que, por sua vez, desenvolvem um papel social, em que os artistas conseguem se representar e transmitir sentimentos por meio da comunicação com a arte. É sabido que a arte-educação contribui para a constituição do sujeito e a construção do conhecimento. Sendo assim, podemos a�rmar que as criações possuem potencialidades para estimular o sentimento humano, além de desenvolver elementos pedagógicos. Desse modo, ressaltamos que a educação e a arte estão associadas, pois as suas funções estão ligadas a criações. Historicamente, os currículos escolares sempre foram formulados e subordinados às exigências do mercado de trabalho. Dessa forma, a escola perde a sua função de ser formadora de identidade social e cultural e se mantém como fornecedora de mão de obra. Consequentemente, as atividades de artes nas escolas perdem o real valor, pois os alunos não compreendem a importância que a arte tem para o desenvolvimento criativo, porque esta passa a ser tratada como uma simples atividade lúdica e os pro�ssionais da arte não são valorizados, pois suas atividades propostas são consideradas irrelevantes para a aprendizagem. Todavia, a atividade de artes na área da educação é motivo para uma longa discussão, pois a arte ao ser engessada e hipertro�ada ao molde de currículo escolar se adaptou à didática de expressões de atividades, a artes estáticas, cuja ação é pintar, desenhar, esculpir, recortar, colar, entre outras elaboradas dentro da sala de aula. Partindo dessa perspectiva, o grande desa�o é oferecer novos elementos que 117 contribuam para o desenvolvimento das criações, além de explorar linguagens capazes de aumentar o crescimento da expressão criadora dos professores e, principalmente, proporcionar estímulos e vivência aos alunos. Ressaltamos que a arte está a serviço da cultura, da memória, do patrimônio e, principalmente, da preservação da identidade de um povo e da humanidade. Reconhecer e aplicar os benefícios da arte a favor do desenvolvimento da educação é seguir para a construção de expressão da liberdade, e aprisionar a arte, justi�cando suas atividades no modelo didático escolar, é des�gurar a criatividade humana. Por isso, a arte no contexto escolar deve ser vivenciada como expressão de libertação da criatividade humana. a. O papel da arte no desenvol�mento cultural Por meio das artes, temos a representação simbólica dos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social e, consequentemente, o seu modo de vida, o seu sistema de valores, as suas tradições e crenças. A arte, como uma linguagem expressa dos sentidos, transmite signi�cados que não podem ser transmitidos por meio de nenhum outro tipo de linguagem, como as linguagens discursivas e cientí�cas. Não conseguiríamos entender a cultura de um país sem antes conhecer sua arte, pois sem conhecer as artes de uma sociedade, conseguiríamos apenas ter conhecimento parcial de sua cultura. 118 Aqueles que estão engajados na tarefa vital de fundar a identi�cação cultural não podem alcançar um resultado signi�cativo sem o conhecimento das artes. Pois é por meio da poesia, dos gestos, da imagem, que as artes falam aquilo que a história, a sociologia, a antropologia e demais ciências não podem dizer por que elas usam um outro tipo de linguagem, ou seja, a discursiva, a cientí�ca, que sozinhas não são capazes de decodi�car nuances culturais de um povo. Entre as artes, a arte visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna possível a visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos. Dessa forma, a arte na educação como expressão pessoal e como cultura de um povo é um importante instrumento para a identi�cação cultural e o desenvolvimento humano e cultural. A�rmamos que é através das artes que é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. É a arte que capacita um indivíduo a não ser um estranhoem seu meio ambiente nem estrangeiro no seu próprio país, pois ela supera o estado de despersonalização e insere o indivíduo no lugar ao qual pertence. 119 As artes são também expressões da criatividade individual e coletiva, fazem parte dos referenciais culturais nacionais e locais e se encontram em profunda transformação devido aos contatos com outras culturas e à modernização, além de sofrerem in�uência das leis de mercado e do turismo. No entanto, a arte sobrevive e se recompõe por força da persistência de seus autores e, algumas vezes, devido a políticas públicas de proteção e preservação. 120 09 Tendências do Ensino de Artes no Brasil 121 Nesta aula, vamos estudar três tendências conceituais do Ensino de Artes no Brasil, ressaltando que as escolhidas não abarcam todo o universo de concepções que cercam esse ensino, abrangendo as etapas Pré-Modernista, Modernista e Pós- Modernista. Dentro dessas tendências, identi�camos diferentes concepções. Assim, descrevemos a concepção de Ensino de Artes como técnica, no Pré- modernismo; como expressão e, também, como atividade no Modernismo e, �nalmente, a concepção do Ensino de Artes como conhecimento na Pós- modernidade. Vamos tratar dessas concepções, o contexto sócio-histórico a que pertenceram, quais a matrizes teóricas que as fundamentaram e quais foram os seus princípios metodológicos. Período Pré-modernista: o Ensino de Artes como Técnica No Brasil, o Ensino de Artes passou por várias transformações durante a sua trajetória histórica. Sendo que, nesse percurso, as mudanças foram seguindo as tendências da época vigente, decorrentes de fundamentos e mobilizações culturais, sociais, políticas, �losó�cas, estéticas e políticas. Durante esse tempo, foi somado um amplo conhecimento com diferentes estudos e pesquisas cientí�cas em torno da arte e de como ensinar arte, ou seja, o ensino de Artes na educação escolar. Como já falamos, as primeiras revelações do Ensino de Artes como educação no Brasil foram possíveis por meio da educação jesuítica. Sendo que, para uma melhor compreensão e aceitação de sua proposta educacional colonizadora, os jesuítas utilizavam diferentes linguagens artísticas, como o teatro, a música e o canto coral com o objetivo de catequizar e educar os índios que no país se encontravam. Os jesuítas, com o objetivo de aproximar-se, conhecer os índios e conquistar a con�ança deles, envolveram-se de modo a conhecer suas lendas, crenças e histórias. Tal conhecimento coletado foi utilizado em montagem de peças teatrais, para ensinar e convencer os índios da existência de Deus, Demônio, Céu e Inferno. No entanto, a Arte não só serviu para catequese, como também para a aproximação cultural, ensino de valores e a construção da identidade brasileira na produção artística. 122 Fonte: Disponível aqui Nesse período, os índios aprenderam técnicas de trabalhos manuais, canto, a manipulação e fabricação de instrumentos musicais, trabalho com a madeira, feitio de utensílios e objetos de uso diário, além da arte sacra (produção de imagens de santos). Em 1557, o empenho dos jesuítas para a nova civilização e aculturação começou a dar bons frutos. Sendo que, de um lado, músicas e danças indígenas e, do outro, conhecimento dos jesuítas, e dessa junção surgem as primeiras manifestações da arte dramática brasileira. 123 https://www.estudokids.com.br/wp-content/uploads/2014/10/jesuitas-no-brasil-colonia-1200x675.png Assista ao filme “A missão”, que retrata o trabalho dos jesuítas e sua expulsão do Brasil. Os jesuítas construíram três colégios no século XVI: o colégio de Salvador, em 1561, do Rio de Janeiro, em 1585, e de Olinda, em 1587. Essas instituições tinham três disciplinas que faziam valer seus cursos e conteúdo. Eram elas: Letras Humanas, Artes e Teologia. No ano de 1575, o colégio de Salvador foi o primeiro a conceder graus acadêmicos, com um curso de três anos aos formandos, que receberam o título de bacharel em Arte. Depois de dois anos, o colégio conferiu o título a três alunos externos e dois jesuítas, o título de primeiras láureas (equivalente ao doutorado) de Mestre em Artes. Em março de 1808, a Família Real chega ao Brasil. E, além de inúmeras pessoas e toda a corte, trouxeram também uma máquina impressora, bibliotecas, obras de arte, documentos, bens pessoais e outros objetos de valor. No aspecto cultural, Dom João VI trouxe a Missão Francesa, estimulando o desenvolvimento das artes em nosso país. Ele também criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Vários cursos foram criados, tais como agricultura, cirurgia, química e desenho técnico, nos estados da Bahia e Rio de Janeiro. Na realidade, a Família Real, sob a liderança do Príncipe Regente D. João VI, mas contingenciada pela política internacional dominada pelos ingleses, via a cultura sob o prisma do conceito francês, ou seja, adotavam a visão francesa de civilisation que determinava que o estilo da corte deveria seguir os cânones estabelecidos pela nobreza francesa. 124 https://go.eadstock.com.br/boX Figura 1 - “Morro de Santo Antônio” (1816), de Nicolas Antoine Taunay Fonte: Disponível aqui Assista ao �lme “Carlota Joaquina” e faça um texto sobre os costumes da Família Real retratados no �lme. O ensino formal de arte começou em 1816, no Rio de Janeiro, com a chegada da Missão Artística Francesa, trazida pela Família Real. Faziam parte dessa missão grandes nomes de artistas da Europa, tais como Joaquim Lebreton (1760 – 1819), Nicolas Antoine Taunay (1755 – 1830), Auguste Marie Tauany (1768 – 1824), Charles Pradier (1786 – 1848) e Jean-Baptiste Debret (1768 – 1848), entre outros que vieram com o objetivo de fundar a Escola Real de Ciências, Artes e Ofício. 125 https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolas-Antoine_Taunay#/media/Ficheiro:Nicolas-Antoine_Taunay.jpg Figura 2 - “Feitor castigando negros”, uma das mais de 50 obras de Debret com temas cotidianos brasileiros Fonte: Disponível aqui Para complementar, leia o artigo cientí�co. 126 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Debret#/media/Ficheiro:Slavery_in_Brazil,_by_Jean-Baptiste_Debret_(1768-1848).jpg https://go.eadstock.com.br/boY Dentre vários decretos e nomes, a instituição Escola Real de Ciências, Artes e Ofício passou por três mudanças em seu nome até chegar à Escola Nacional de Belas Artes. O primeiro foi Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, pelo decreto de 12 de agosto de 1816; voltada às artes aplicadas, às atividades e à indústria. Depois de quatro anos, com o decreto de 12 de outubro de 1820, passou a chamar-se Academia Real de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil; um mês depois outro decreto a designava com o nome de Academia Imperial de Belas Artes; só depois da Proclamação da República é que passou a chamar-se Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), nome que perdura até o presente. O ensino pregado até então era o de técnica, que priorizava o ensino de técnicas artísticas, visava à preparação do indivíduo para o trabalho e à utilização da arte como ferramenta didático-pedagógica para o ensino das disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Período Modernista: o Ensino de Artes como Expressão e como Ati�dade Nesse período, a arte surge de duas formas, em momentos distintos, como você verá logo em seguida. O Ensino de Artes como expressão O início do século XX foi marcado pela efetivação do ensino de Artes nas escolas primárias e secundárias e sua obrigatoriedade. É importante lembrar que a Arte formal, nessa época, era entendida somente como desenho. 127 O movimento conhecido como Modernismo, ou movimento de Arte-Educação, surgiu com a in�uência do �lósofo norte-americano John Dewey, cujos primeiros escritos sobre arte e ensino de Artes podem ser classi�cados como naturalistas. E foram exatamente esses escritos que maior in�uência exerceu sobre a Arte-educação no Brasil. Em nosso país, o divulgador dessa fase do pensamento estético de Dewey foi Nereu Sampaio, um professor de desenho da Escola Normaldo Rio de Janeiro. Ressaltamos que, em 1929, Sampaio defendeu sua tese de cátedra enunciando o chamado método espontâneo-re�exivo para o Ensino de Artes. Na década de 1920, a partir da crise político-social contestatória da oligarquia e a tentativa de instauração de um regime mais democrático, deu início a uma re�exão sobre o papel social da educação. Dessa forma, a escola e a educação primária se tornaram o centro das atenções reformistas por meio do movimento Escola Nova, que defendia o princípio liberal de arte integrada no currículo, ou seja, de arte na escola para todos. No entanto, enquanto os liberais tinham como objetivo o ensino dos aspectos técnicos do desenho para preparar para o trabalho, os ideais da Escola Nova defendiam a arte como instrumento mobilizador da capacidade de criar, ligando imaginação e inteligência. Os pressupostos teóricos para a valorização da arte na Escola Nova foram, sobretudo, inspirados em Dewey, defendidos por seu ex-aluno Anísio Teixeira e incorporados às reformas educacionais do Distrito Federal, no Espírito Santo, em Pernambuco e em Minas Gerais. Assim, Anísio modernizou a educação no Brasil com o Movimento Escola Nova, tomou como ideia central a arte como experiência, valorizava a arte �nal, ou seja, arte como experiência consumatória, utilizada para �xar e organizar noções de conteúdos de outras disciplinas. Nessa época, o ensino e a aprendizagem de arte nas escolas viviam novas experiências e novas técnicas de ensino. Baseado na estética modernista e com base na tendência escola novista, o ensino de Artes volta-se para o desenvolvimento 128 natural da criança, centrado no respeito às suas necessidades e aspirações, valorizando suas formas de expressão e de compreensão de mundo; ensino de Artes sem rigidez, voltada ela para a espontaneidade da criança. A partir de 1947, começaram a ser criados ateliers em várias cidades brasileiras, com o objetivo de deixar que a criança se expressasse sem interferência de um adulto. A livre-expressão contribuía na produção criadora da criança e aos poucos os professores foram perdendo a preocupação se o aluno tinha ou não talento, dando valor apenas ao fazer; o que gerou a banalização do deixar fazer, sem nenhum tipo de intervenção ou mediação do professor. Assim, o papel do professor também passou a �car insigni�cante, pois a ele não cabia ensinar nada e a arte adulta deveria ser mantida fora dos muros da escola, para não correr o risco de in�uenciar a genuína e espontânea expressão infantil. E, dessa forma, a livre expressão foi submergindo em ideias vagas, e o Ensino de Artes foi perdendo as suas reais características, deixando que muitas atividades fossem ministradas em outras disciplinas. O Ensino de Artes como ati�dade A ausência de conteúdos próprios da área de Artes na escola chamou a atenção para a emergência de uma concepção de ensino fundamentada apenas na promoção de atividades relacionadas às linguagens artísticas. Essa concepção foi legitimada pela Lei 5692/71 ao instituir a Educação Artística integrada à grande área de Comunicação 129 e Expressão. Ressaltamos que essa lei, promulgada durante o período de ditadura militar, desempenhou apenas a função de aparentar um caráter humanista no currículo. As atividades eram exercidas por docentes polivalentes (de outras áreas), que não expressavam compreensão do sentido do Ensino de Artes. Dessa forma, apenas cumpriam o dever de preencher horários. Não há registros históricos de um referencial teórico que lhe desse aporte, o que nos demonstra que essa concepção constituiu uma grande mostra do tecnicismo no Ensino de Artes. Embora essas atividades existiram apenas por um breve período, se incorporaram ao repertório escolar e podem ser observadas, por exemplo, em apresentações artísticas em datas comemorativas e em decoração da escola para a realização de festas, comemorações, culminâncias de trabalhos, presentes para o Dia dos Pais, Dia das Mães, entre outras, atividades realizadas até hoje nos ambientes escolares. Os arte-educadores, que eram críticos contundentes desse tecnicismo, iniciaram o movimento no qual os princípios foram incorporados na nova legislação, com o entendimento de que a Arte é uma área de conhecimento peculiar, também com objetivos, conteúdos, métodos de ensino e processos de avaliação da aprendizagem especí�cos, assim como as demais disciplinas. Período Pós-modernista: a Arte como Cognição A concepção de ensino de Artes como conhecimento, defende a ideia da arte, na educação, com ênfase na própria arte, denominada como o essencialismo no ensino de Artes. A corrente essencialista acredita ser a Arte importante por si mesma e não 130 por ser instrumento para �ns de outra natureza. Assim, compreender a arte como uma área de conhecimento, como uma construção social, histórica e cultural é trazer a arte para o domínio da cognição. Nessa perspectiva, o conceito de arte também está ligado à cognição como um dos elementos de manifestação da razão, pois existe na arte um conhecimento estruturador que permite a potencialização da cognição. No Brasil, atualmente, a abordagem mais contemporânea da Arte-educação está relacionada ao desenvolvimento cognitivo. Essa compreensão nos impele a pensar de maneira diferente o ensino de Artes na escola, gerando a mudança das nossas inquietações relacionadas à questão de como se ensina arte para como se aprende arte. Essa questão há muito tempo vem suscitando teorias e estudos que procuram elucidar o processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos artísticos. E é nessa ressigni�cação de paradigmas que nasce, no Brasil, a Tendência Pós-Moderna no Ensino de Artes. Foi na década de 1980, a partir da redemocratização do país, que eclodiram as associações de arte/educadores e cursos de pós-graduação (lato sensuǁ e stricto sensuǁ), fazendo com que surgissem novas re�exões sobre o ensino de Artes e novas concepções para o processo de ensino-aprendizagem de arte no ambiente escolar. Ressaltamos que um princípio defendido pela Arte/Educação Pós-Moderna diz respeito à aprendizagem dos conhecimentos artísticos a partir da inter-relação entre o fazer, o ler e o contextualizar arte. 131 Desde a infância nós estamos rodeados de produções culturais que colaboram para nossa percepção do senso estético quanto às imagens, objetos, músicas, falas, movimentos, histórias, jogos e informações da vida cotidiana, e assim vamos formando, à nossa maneira, o modo de admirar, de gostar, de avaliar, de contemplar e, também, de mostrar as diferentes manifestações culturais de um grupo social. A arte nos permite compreender melhor nossa cultura. Em qualquer tempo e época, o necessário é que se dê oportunidade à criança de apreciar produções de arte que fortaleçam sua sensibilidade e ampliem as capacidades cognitivas necessárias às atividades artísticas. Dessa forma, enquanto a criança faz e aprecia a arte, necessita ser instigada a pensar e questionar sobre sua própria criação artística e sobre as produções dos outros. Infelizmente, dentro de nossas escolas ainda se trabalha apenas com a autoexpressão, sem introduzir outros saberes de arte. A polivalência ainda se mantém em muitas regiões. Porém, por outro lado, existem professores preocupados em também ensinar história da arte e levar alunos a museus, teatros e apresentações musicais ou de dança. 132 10 Propostas no Ensino de Artes na Contemporaneidade 133 Caro aluno, Nesta aula, vamos destacar três aspectos contemporâneos do Ensino de Artes. O primeiro refere-se à abordagem triangular proposta por Ana Mae Barbosa. O segundo parte das ideias do cineasta francês Alain Bergala sobre as relações cinema e educação. E, por �m, o terceiro que parte dos conceitos do pesquisador português João Pedro Fróis sobre as interações museu e escola – esses dois últimos também com repercussões no Brasil. A Abordagem Triangular segundo Ana Mae Barbosa No �nal dos anos 1980, durante o XIV Festival de Inverno de Campos do Jordão, quando se tratava da necessidadede recon�guração da educação artística, com enfoque na leitura crítica como ponto-chave para o desenvolvimento, Ana Mae Barbosa deu início ao desenvolvimento da nova proposta para o ensino de Artes. In�uenciada pelas tendências internacionais, ela criou a Proposta Triangular de Ensino de Artes, entendida como um sistema que busca dar conta da epistemologia de arte na contemporaneidade. De início, essa proposta era chamada de Metodologia Triangular, porém, a metodologia foi revista e nomenclatura e passou a ser denominada de Abordagem Triangular. Vale ressaltar que essa abordagem foi desenvolvida e pesquisada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). 134 Figura 1 - Ana Mae Barbosa e o MAC/USP Fonte: Disponível aqui Disponível aqui No ano de 1997, os proponentes dos PCNs estabeleceram que a Proposta Triangular �zesse parte da área de Arte. Na época, a proposta foi apresentada como sendo a salvação, e além de ter sido apresentada de forma equivocada, sua nomenclatura era “Fazer arte, Leitura de obra de arte e Contextualização. Depois, mudaram para “Produção, Apreciação e Re�exão” nas séries iniciais e “Produção, Apreciação e Contextualização” nas séries seguintes. 135 https://ppgdesign.anhembi.br/docentes/ana-mae-barbosa/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_Contempor%C3%A2nea_da_Universidade_de_S%C3%A3o_Paulo#/media/Ficheiro:Macuspfachada4.jpg Entenda mais sobre a Abordagem Triangular assistindo à entrevista com Ana Mae Barbosa. E outro em que a educadora fala que “Arte não se ensina; contamina-se pela arte”: No entanto, conforme Barbosa (1998), a origem dessa abordagem está em uma dupla triangulação. Ou seja, de um lado, três vertentes do ensino e da aprendizagem, que são o fazer artístico, a leitura da imagem (obra de arte) e a contextualização (história da arte). E, de outro, a tríplice in�uência que a originou: os movimentos das Escuelas al Aire Libre do México, os Critical Studies (estudos críticos) da Inglaterra e a proposta da Disciplined-based Art Education (DBAE) dos EUA. Portanto, nessa abordagem, a construção do conhecimento em Artes realiza-se quando há a interligação entre a experimentação, a codi�cação e a informação. O programa do ensino de Artes deve, assim, ser elaborado a partir de três ações básicas. São elas: 136 https://go.eadstock.com.br/btF https://go.eadstock.com.br/btG 11 Ler obras de Arte – baseia-se na descoberta da capacidade crítica dos alunos, no sentido de que a Arte não se reduz ao certo ou errado. Considera a pertinência, o esclarecimento e a abrangência e o objeto de interpretação é a obra e não o artista; 22 Fazer Arte – baseia-se em estimular o fazer artístico, trabalhando a releitura não como cópia, mas como interpretação, transformação e criação; 33 Contextualizar – consiste em inter-relacionar a História da Arte com outras áreas do conhecimento. Essa tríade permite que o aluno compreenda uma obra de arte e em que condições a faz. Vale ressaltar que a leitura aqui requerida não é somente leitura crítica da materialidade da obra e de seus princípios decodi�cadores, mas estendida à leitura de mundo, leitura de palavras, gestos, ações, imagens, necessidades, desejos, expectativas, en�m, leitura de nós mesmos e do mundo em que vivemos. 137 Na Proposta Triangular é o professor que escolhe onde começar, não há uma sequência a seguir, pois o que importa é que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a imagem dentro de um contexto histórico e se termine no fazer artístico. Já o processo de contextualizar uma obra de arte não precisa limitar-se às informações biográ�cas e históricas, mas que elas complementem o entendimento da imagem. O importante é favorecer um elo entre a base teórica com o fazer artístico, a experiência, a prática, a vivência. Sendo assim, esse é o momento em que se pode interagir com a obra, aplicando, na prática, os conceitos estéticos e poéticos abordados durante a leitura e contextualização da obra. Na prática, o professor escolhe a metodologia para trabalhar a leitura de imagem, que pode ser estética, semiótica, iconológica ou outra. De�nida a metodologia, o professor faz com que o aluno passe por uma triangulação de aprendizagem, mostrando possibilidades em desenvolver percepção, observação, imaginação e sensibilidade. Diante disso, a�rmamos que a Abordagem Triangular contribuiu na valorização da disciplina como área de conhecimento, com conteúdos próprios, deixando de ser uma arte da livre-expressão, sem especi�cidade, uma arte do fazer por fazer. 138 Baixe e leia o artigo cientí�co “Abordagem Triangular: ziguezagueando entre um ideário e uma ação reconstrutora para o ensino de artes”. A pedagogia do cinema na perspectiva de Alain Bergala Alain Bergala, cineasta francês, nasceu em 08 de agosto de 1943, em Brignoles, no sudeste da França. Ele é ensaísta, roteirista e diretor de �lmes de �cção e documentários, crítico de cinema, também foi professor de cinema na Universidade Paris III – Sorbonne Nouvelle. 139 https://go.eadstock.com.br/btH Assim, Bergala defende a importância dessa dualidade entre cinema e educação, pois acredita que os �lmes são uma fonte muito importante para a formação do imaginário, ainda mais na atualidade, na qual as crianças leem pouco. Seu projeto foi elaborado para as escolas públicas francesas em 2001, com o objetivo de incluir o cinema como arte no espaço escolar, permitindo um encontro com a alteridade e, em consequência, construindo um espaço de respiração estética dentro da instituição educativa. No projeto, foi proposto elaborar aulas como o�cinas de um projeto artístico, nas quais se estabelecesse uma colaboração entre docentes e artistas de diferentes áreas. Bergala ainda elaborou algumas atividades teórico-práticas a serem desenvolvidas em um período de cinco anos. A partir delas, um acervo em DVD foi criado, composto por 100 �lmes exemplares da história do cinema, com os objetivos a seguir: Bergala defende a importância das obras cinematográ�cas no espaço escolar não só como forma de explorar técnicas de produção e conteúdos curriculares, mas também para discutir questões universais. Ele foi o responsável por tornar realidade essa ideia, no �nal da década de 1990 e início 2000, quando se tornou conselheiro de cinema de Jack Lang, então Ministro da Educação na França, com quem discutiu e montou um bem- sucedido projeto para artes na educação. 140 Organizar a possibilidade do encontro com �lmes selecionados segundo critérios artísticos, em que se estabelecesse uma relação na qual o professor seria um pensador, um mediador; Possibilitar aos alunos o desenvolvimento do gosto e a aprendizagem do hábito de frequentar �lmes; Propiciar o estabelecimento de conexões e laços entre diferentes �lmes, ao contextualizar cada produção dentro de uma linguagem de obras referenciais, possibilitando aos alunos a percepção de um conteúdo, de um acervo cinematográ�co e não apenas de obras isoladas; Realizar atividades, como editar fragmentos de �lmes para apreciação e análise a �m de serem utilizadas nas o�cinas-aulas, nas quais a linguagem cinematográ�ca seria analisada e percebida a partir de um diálogo de comparação; Realizar a experimentação do fazer artístico pelos alunos, o expressar através do cinema em que os estudantes seriam os cineastas, estimulando sua percepção para o ato de criação vivido pelos cineastas. Bergala pretendia levar a arte cinematográ�ca para a escola com qualidade e pro�ssionalismo e como experiência estética e criativa, contrário à atitude existente que é apenas o de utilizar o cinema como instrumento didático ou forma de apreciação. Ele propunha uma aula em que o cinema fosse visto como arte, com seu potencial educativo como um todo. Nesse contexto, o importante é propiciar aos alunos não somente o contato com obras de arte, mas também o saber apreciar e vivenciar a própria imagem. Conforme o projeto de Bergala, para desenvolver o cinema dentro da escola, ele tem que ser ministrado por um pro�ssional/artistaque não tenha vínculo com a escola. 141 Na arte, não se pode negar ao aluno o momento da criação do fazer, pois o fazer estimula a percepção e a re�exão do aluno. Por isso, após a re�exão e a análise, o ato de fazer é indispensável no processo de aprendizagem. Uma outra dimensão apontada na hipótese-cinema refere-se à relação entre a abordagem crítica, a leitura dos �lmes e a sua realização. Para Bergala, não existe, de um lado, uma pedagogia do espectador, que, por natureza, seria limitada à leitura e à formação do espírito crítico, e nem de outro, uma pedagogia da criação artística, da passagem ao ato, quando os alunos experimentariam o fazer artístico, colocando-se no lugar dos cineastas e tendo a oportunidade de expressar-se através do cinema. Para ele, trata-se de uma pedagogia generalizada da criação que seria necessário implementar em uma educação para o cinema como arte, aprendendo a tornar-se um espectador que vivencia as emoções da própria criação. A�nal, a grande arte no cinema se dá a cada vez que a emoção e o pensamento a�oram de uma forma, de um ritmo que não poderia existir senão através do cinema. 142 Fonte: Disponível aqui Você já deve ter ouvido falar que o cinema é a sétima arte. Mas sabe por quê? 143 https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Melies_color_Voyage_dans_la_lune.jpg https://go.eadstock.com.br/btI Os museus de arte e a educação na perspectiva de João Pedro Fróis João Pedro de Oliveira Ferreira Fróis nasceu em Lisboa em 1957. É professor, escritor e investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens, Universidade Nova de Lisboa, e do Centro de Investigação em Belas Artes (Lisboa), e suas áreas de investigação são Filoso�a e História das Ideias na Educação Artística, Psicologia da Arte, Estética Experimental, Educação e Aprendizagem em Museus de Arte. De acordo com Fróis, a educação em museus foi discutida pela primeira vez no �nal do século XIX, na Alemanha, por Alfred Lichtwark (1852-1914), diretor do Museu de Arte de Hamburgo, entre 1886 e 1914. Segundo ele, Lichtwark foi precursor do movimento de educação estética na Europa, evidenciando a ideia de entender o museu como um lugar que oferece a educação cultural e artística para alunos. Teve como ponto de partida a compreensão das obras de arte para o desenvolvimento da educação artística. E, para entendê-las, recorreu à indagação socrática em que o sujeito centrasse a sua atenção nos detalhes visuais das obras no espaço do museu (FRÓIS, 2008, p. 64). Em suas obras, João Pedro Fróis procura mostrar a história do surgimento da educação nos museus, ou seja, como ela foi se con�gurando, e as di�culdades que ao longo do tempo foram surgindo. Ele se limita a falar das di�culdades e soluções encontradas, a agradar um público cada vez mais exigente e, ao mesmo tempo em conservar as obras de arte sem deixar de lado a sua verdadeira história. Ele também expõe realidades, pensamentos e práticas contemporâneas sem sair do foco que é a procura de ações e experiências pertinentes à educação em museus. 144 Fonte: Disponível aqui Ainda, para Fróis (2008), na realidade, o museu apresenta as obras que representa também os princípios culturais, sociais e estéticos de uma determinada sociedade e oferece aos indivíduos oportunidades e desa�os que outros tipos de entidades não oferecem. De acordo com Fróis, o museu de arte pode ser um lugar privilegiado para a experiência estética, a qual se refere a quatro dimensões: a primeira, relacionada com os saberes do visitante; a segunda, refere-se à sua experiência emocional, à curiosidade, à fantasia e à satisfação; a terceira, ao impacto perceptivo que a beleza dos objetos, suas formas e re�namento exercem no observador, além das comparações estilísticas e técnicas, que despertam a atenção do visitante e, por �m, a dimensão comunicativa, que mostra como a relação com a arte contribui para a compreensão do próprio sujeito fruidor e a relação com as culturas de vários tempos e lugares. Sendo assim, a experiência estética é a síntese harmoniosa dessas quatro dimensões mencionadas. 145 https://s9v3t9s9.stackpathcdn.com/wp-content/uploads/2017/02/MuseuBuceriusKunstForumemHamburgo.jpg O surgimento da abordagem triangular objetivou a melhoria do ensino da arte, na busca pelo entendimento e por uma aprendizagem mais signi�cativa. Preocupou-se pela busca de um conhecimento crítico não somente para os alunos, mas também para os professores. 146 11 Metodologias de Artes: Música, Dança, Artes Visuais e Teatro 147 Caro aluno, Ao longo de sua trajetória, a ideia de como deve ser o ensino de Artes alterou-se de acordo com o contexto no qual estava inserido. Na década de 1990, o Ensino de Artes, antes visto apenas como atividade, consolidou-se como área do conhecimento no desenvolvimento de eixos norteadores dos processos de ensino: o fazer artístico, a leitura de proposições artísticas e a contextualização social, histórica, antropológica e/ou estética. Assim, conforme as variadas metodologias utilizadas, alteram-se também os objetivos da disciplina. Dessa forma, a didática pensada para a Arte se caracteriza por desenvolver práticas metodológicas que se adéquam às demandas da área. Nesse contexto, para a área da Arte desenvolveram-se vários métodos especí�cos. Três deles são: o método comparativo, multipropósito e a proposta triangular. O método comparativo primeiro propõe a comparação entre várias obras de arte, de diversos períodos históricos, para que se percebam as similaridades e as diferenças. Já o método multipropósito, por sua vez, engloba várias articulações para o desenvolvimento da construção de conhecimentos em arte, sugerindo categorias, como o ver, a aprendizagem, as extensões da aula e a produção artística. E, por �m, a proposta triangular, que recebe esse nome por suas três ações que são: conhecer, apreciar e fazer arte associando, assim, a questão teórica com a experiência prática, ao mesmo tempo em que defende a necessidade de uma educação com sentido. Em seguida, veremos questões relacionadas às metodologias de cada área da Arte. Metodologia do Ensino da Música A Educação Musical, além de formar músicos pro�ssionais ou especialistas na área, auxilia no desenvolvimento cultural e psicomotor, estimula o contato com diferentes linguagens, contribui para a sociabilidade e democratiza o acesso à Arte. Partindo também desse pressuposto, a partir de 2012, a Música foi constituída como conteúdo obrigatório em toda Educação Básica. Isso é o que determina a Lei n.º 11.769, de 18 de agosto de 2008. 148 O ensino de Música apresenta muitos desa�os diante da riqueza e complexidade dos diversos assuntos que se relacionam ao fazer musical. Considerando o ambiente escolar, entre tantas possibilidades, faz-se necessário conhecer alguns elementos e parâmetros para que o ensino da música não se torne em algo meramente recreativo e sem �nalidade pedagógica efetiva. As mais distintas conexões entre a música e outras áreas do conhecimento, como História, Geogra�a, Matemática, Literatura ou Artes, podem ajudar a estabelecer relações e tornar a aprendizagem mais signi�cativa. A prática pedagógica deve contar também com o ensino dos elementos que constituem a música. Os elementos constitutivos da música estão relacionados às propriedades físicas do som, também designados como parâmetros sonoros. Estes parâmetros são os elementos trabalhados de formas variadas nas diversas composições musicais, constituindo a obra musical. São eles: altura, intensidade, duração, timbre e densidade. Altura – refere-se à frequência da onda sonora, que podemos perceber, como sons graves ou agudos. Intensidade – diz respeito à amplitude da onda sonora, sendo percebida como variações do volume do som, entre forte e fraco. Duração – relaciona-se à duração da onda sonora, que pode se apresentar como sons curtos ou longos. 149 Timbre – é a característica do som que nos permite identi�car a fonte sonora, sendo possível distinguir os diversos instrumentos musicais ouvozes, ainda que realizem uma mesma linha melódica. Densidade – está relacionada à quantidade de ondas simultâneas, podendo ser percebida como muitos sons ou poucos sons. Para a realização de uma boa prática pedagógica, as atividades musicais devem ser cuidadosamente planejadas e estruturadas de acordo com os objetivos de aprendizagem. Os elementos constitutivos da música, apresentados anteriormente, podem ser trabalhados em diferentes atividades de diversas categorias. Como propõe o educador musical Keith Swanwick, estas podem ser divididas essencialmente em atividades de composição, execução, apreciação, literatura e técnica. Composição – relaciona-se com a criação musical e pressupõe a manipulação do material sonoro (elementos constitutivos). Execução – é a própria performance em si, que pode ser realizada ao cantar ou tocar algum instrumento. Apreciação – diz respeito a ouvir música em diversos níveis de aprofundamento. Literatura – abarca o estudo de história da música, de estilos de época, de características estéticas e tudo mais que se relaciona à obra musical. Técnica – trata de elementos que possibilitam a realização musical ou seu estudo aprofundado. 150 Para o especialista inglês Keith Swanwick, é fundamental unir atividades de execução, apreciação e criação para que os alunos se desenvolvam artisticamente. Enriqueça sua formação sobre o assunto! Entrevista com Keith Swanwick. Modelo CLASP (TECLA) de Swanwick para Educação Musical. A Música pode estabelecer diversas relações com outras formas de manifestações artísticas. Esse diálogo interartístico pode ajudar a elucidar muitos dos conceitos musicais e enriquecer as atividades de educação musical, sonoras e visuais. Metodologia do Ensino de Dança As crianças movimentam-se desde cedo, inventando gestos, envolvendo as diversas partes do corpo e respondendo a estímulos sonoros, simplesmente pelo prazer do movimento. Daí, nos questionamos: será que essa movimentação já pode ser considerada dança? Podemos dizer que sim, pois dança é o movimento do corpo em busca de divertimento ou expressão de algum sentimento ou cultura. 151 https://go.eadstock.com.br/btJ https://go.eadstock.com.br/btK Considerando a história da humanidade, a linguagem gestual usada para comunicação surgiu antes mesmo de o ser humano desenvolver a fala. Da mesma forma, dançamos para nos comunicar, para expressar sentimentos e nos posicionarmos perante os modelos sociais vigentes. No entanto, somente em 1998, com a consolidação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, é que a dança passa a ser considerada uma disciplina escolar. Antes disso, era trabalhada paralelamente nas festividades e datas comemorativas, objetivando apenas o divertimento, e não a re�exão crítica a respeito de seus propósitos. Assim como as demais áreas da Arte, a dança também era vista como atividade, e não área de conhecimento. Porém, é importante salientar que a �nalidade dessa disciplina escolar não é ensinar a técnica dos mais diversos ritmos, mas mostrar ao aluno maneiras de encontrar suas próprias possibilidades de movimentação. Para tanto, as atividades devem focar o conhecimento do corpo, a �m de que se possa produzir, criar e recriar danças de forma autônoma e competente. 152 Metodologia do Ensino de Artes Visuais As artes visuais abarcam em sua composição determinados elementos que as estruturam e compõem como uma arte naturalmente sensorial, tátil e/ou ocular. Esses elementos são: ponto, linha, forma, textura, superfície, volume, cor e luz, que concretizam por meio das estruturas espaciais, como um campo ativo de linguagem e comunicação, e direcionam possibilidades de expressões e análises críticas sobre as próprias manifestações artísticas. Os procedimentos para o ensino das artes visuais são diversi�cados. Isso requer responsabilidade metodológica, pois desenvolver a criatividade e o espírito investigativo é primordial. Os caminhos de abordagens metodológicas não �ndam e tornam os processos de ensino e de aprendizagem possibilidades de reconhecimento dos métodos dessa linguagem artística. Re�etir sobre os métodos e abordagens em artes visuais é importantíssimo, e isso requer atenção e faz parte do processo que efetiva a qualidade do ensino. Assim, podemos entender que re�etir sobre qual método ou abordagem será usada é respeitar o próprio trabalho e, principalmente, os saberes dos estudantes. O desenho, por ser a manifestação artística desde a mais tenra idade, é o primeiro contato que a criança tem com suas expressões para o exterior a respeito daquilo que perpassa sua imaginação. É algo inato ao ser humano criar, e isso é mais visível nessa idade, quando a criança tem uma maior plasticidade cerebral. A pintura, por necessitar de instrumentos especí�cos, normalmente se faz quando a criança chega à fase escolar, quando terá um professor que a orientará sobre qual trabalho a ser desenvolvido. 153 Metodologia do Ensino de Teatro Representar é entendida como uma necessidade que o ser humano tem desde a infância, pois há em sua natureza uma tendência a sentir prazer com as representações. A criança que chega à escola possui a capacidade de teatralidade como um potencial e como uma prática espontânea vivenciada nos jogos de faz de conta. Dessa forma, cabe à escola o desenvolvimento no jogo dramatizado oferecendo condições para o exercício consciente e e�caz, para a aquisição e ordenação progressiva da linguagem dramática. Deve tornar consciente as suas possibilidades sem a perda de sua espontaneidade lúdica e criativa que é característica da criança ao ingressar na escola (PCN, 1998, p. 84). O teatro no processo de formação da criança cumpre não só função integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com seus grupos. Está em permanente transformação, orientado por novas exigências e necessidades do ser humano, daí a importância da representação para a educação. 154 No ensino de Teatro, o aluno deve ser levado a interagir com os elementos próprios do teatro: corpo, voz, face, gestos, movimento, improvisar e interpretar e atuar em diversas situações, ter noções básicas da inter-relação entre palco/plateia. Considerando que o espaço teatral é todo lugar: o pátio, a sala de aula, a sala de teatro tradicional e outros. 155 12 Relação Entre Conteúdos e Prática de Ensino em Artes 156 A Arte tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem. A área de Arte está relacionada com as demais áreas e tem suas especi�cidades (BRASIL 1977, p. 19). A proposta trazida pelo PCN de Arte é considerada uma vitória, diante das reivindicações em igualar no mesmo patamar as disciplinas, contudo, não esquecendo de trazer à tona os questionamentos quanto ao tempo e espaço para aplicá-las. Aqui, veremos como se dá a relação entre conteúdo e prática no ensino de Artes. Os Conteúdos do Ensino de Artes Durante as atividades de ensino-aprendizagem, o aluno poderá desenvolver sua competência estética e artística nas diversas modalidades da área de Arte (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), tanto para produzir trabalhos individuais e/ou em grupos para que possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens artísticos de distintos povos e culturas produzidos ao longo da história e na contemporaneidade. Assim, essas modalidades têm por objetivo organizar sistematicamente os conteúdos de arte estabelecendo critérios, como intuito de promover à “formação artística e estética do aluno e a sua participação na sociedade” (BRASIL, 1997, p. 49). Para a elaboração dos conteúdos, é importante considerar a diversidade de saberes adquiridos pelo aluno na informalidade, ou seja, o conhecimento que adquire em sua realidade, atentando para a sua contextualização, bem como da comunidade na qual a escola está inserida e, também, introduzir o conteúdo “das diversas culturas e épocas a partir de critérios de seleçãoadequados à participação do estudante na sociedade, como cidadão informado” (BRASIL, 1997, p. 49). 157 Os conteúdos têm como objetivo atender aos níveis de aprendizagens do aluno no domínio do conhecimento artístico e estético, ou no processo de criação, pelo fazer, seja no contato com obras de arte com outras manifestações presentes nas culturas ou na natureza. “O estudo, a análise e a apreciação da arte podem contribuir tanto para o processo pessoal de criação dos alunos, como também para sua experiência estética e conhecimento do signi�cado que ela desempenha nas culturas humanas” (BRASIL, 1997, p. 49). Dessa forma, a articulação dos conteúdos dentro do processo de ensino e aprendizagem vem efetivar os eixos que orientam esse processo com o tripé produzir, apreciar e contextualizar. É de grande importância a compreensão das atividades, de forma a mover o aluno no desenvolvimento do pensamento individual e coletivo. “Isso traz consciência do desenvolvimento de seu papel de estudante em arte e do valor e continuidade permanente dessas atitudes ao longo de sua vida” (BRASIL, 1997, p. 50). A partir das estruturas propostas pelos documentos que regem a política educacional do país, as escolas têm a liberdade de elaborar seus próprios currículos, desde que articulados com o conteúdo da área e de outras áreas, segundo as diretrizes preestabelecidas, atentando para o seu próprio contexto educacional. 158 Vale ressaltar que os conteúdos poderão ser trabalhados em qualquer ordem, de acordo com decisão do professor, “em conformidade com o desenho curricular de sua equipe e segundo critérios de seleção e ordenação adequados a cada ciclo” (BRASIL, 1997, p. 49). Assim, A seleção dos conteúdos é baseada em critérios que visam despertar a curiosidade e estimular o conhecimento da própria cultura e a descoberta da cultura do outro em diferentes épocas. Lembramos que o ensino e aprendizagem de Arte não é mera proposição de atividades sem fundamentos e objetivos e, ao aluno, bem como à instituição, deve se fazer entender que a disciplina tem objetivos especí�cos e os conteúdos “sempre se ligam a determinado espaço cultural, tempo histórico e a condições particulares que envolvem aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais, etários” (BRASIL, 1997, p. 49). Ressaltamos, ainda, que o professor é o mediador entre as partes: instituição/aluno na disseminação do conhecimento. 159 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, as diretrizes para os conteúdos de arte são estabelecidas quanto à produção, à apreciação e à contextualização. Para melhor compreensão sobre os conteúdos e sua seleção, leia o PCN Arte na íntegra. A Relação Entre Teoria e Prática no Ensino de Artes Na prática, podemos constatar que para muitos professores que ministram a disciplina nas escolas do Ensino Básico e, até mesmo no pensamento de alguns gestores, o ensino de Artes resume-se em momentos de lazer, produção de cartazes para as datas comemorativas, murais para festas escolares, “sem falar nas inúmeras visões preconcebidas que reduzem a atividade artística na escola a um verniz de superfície, que visa às comemorações de datas cívicas e enfeitar o cotidiano escolar” (BRASIL, 1997, p. 25). As atividades práticas nem sempre são trabalhadas no contexto do conteúdo organizado e/ou selecionado. Geralmente, são atividades aleatórias utilizadas como passatempo para o aluno descarregar a tensão das horas dedicadas com a�nco nas disciplinas julgadas sérias e indispensáveis; como se Arte não o fosse. A arte tem conteúdos especí�cos a oferecer, e seu aprendizado artístico compreende mais do que a habilidade de utilizar materiais de arte. 160 https://go.eadstock.com.br/btL De acordo com teorias vigentes, o papel do professor deve ser ativo e exigente e não simplesmente um fornecedor de materiais e um apoio emocional na realização de atividades. No Ensino de Artes, deve-se aliar a teoria e a prática visando construir no discente um pensamento histórico crítico, seguindo-se a essa prática a análise das obras e dos conteúdos. Com relação à teoria/prática, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 50) enfatizam que na prática das salas de aula, observa-se que os eixos do produzir e do apreciar já estão de alguma maneira contemplados, mesmo que o professor o faça de maneira intuitiva e assistemática. Entretanto, a produção e a apreciação ganham níveis consideravelmente mais avançados de articulação na aprendizagem dos alunos quando estão complementadas pela contextualização. 161 Nas aulas das escolas públicas, pode-se perceber uma defasagem nos conteúdos aplicados quando, por exemplo, trabalham com desenho mimeografado e xerocado, com formas estereotipadas para as crianças apenas colorirem, ou apresentam musiquinhas indicando ações para a rotina escolar (hora do lanche, na �la, hora da saída). Em outras, trabalha- se apenas com a autoexpressão ou, ainda, os professores estão ávidos por ensinar história da arte e levar os alunos a museus, teatros e apresentações musicais ou de dança. Diante dessa perspectiva, constatamos que os conteúdos mesmo abrangentes estão distantes do real entendimento e compreensão por parte dos alunos. Um dos maiores empecilhos é a ausência de materiais, começando pela pequena quantidade de livros didáticos sobre o assunto, bem como a carência de cursos de formação contínua e especí�cos na área para professores que compreendam todas as modalidades. Em muitas redes de ensino, ainda há o professor polivalente que inventa maneiras criativas para trabalhar, atitudes isoladas, que segundo os PCNs (BRASIL, 1997, p. 26), “têm pouca oportunidade de troca, o que se realiza nos eventos, congressos regionais, em que cada vez mais professores se reúnem, mas aos quais a grande maioria não tem acesso”. Assim, observamos que são inúmeros os obstáculos no Ensino de Artes em nossas escolas. 162 O tema desta aula é sobre conteúdos, porém, ao se falar deles nos remetemos também à didática. Assim, o método de ensino revela uma intencionalidade, quando colocamos uma criança na escola temos um determinado objetivo, apesar de aprenderem diversos conteúdos, há uma �nalidade maior que é para seu desenvolvimento social, intelectual e argumentativo, de forma que ela compreenda a sociedade e tenha atitudes e postura para participar dessa sociedade. As práticas didáticas devem ser diferentes para que os alunos não vivenciem aquelas mesmas ao longo de suas vidas, os alunos podem ter mais vontade de aprender pelo fato de terem aulas diferenciadas, interativas e o professor consegue, assim, alcançar seu objetivo dentro da sala de forma espontânea e didática. 163 13 A Criança, o Cotidiano e o Ensino de Artes 164 Alunos, A arte desempenha um papel relevante na formação humana, e a escola enquanto espaço educativo, muitas vezes é o único lugar para essa formação, principalmente nas comunidades economicamente mais desfavorecidas. Esse cenário, se potencializado, contribui para a sistematização do conhecimento em arte, desde que o Ensino de Artes, por meio de seus conteúdos e metodologias, crie condições para que essa disciplina se torne um instrumento de re�exão sobre a realidade para compreender e conhecer o meio em que está inserido. A arte e a criança “Arte” é um termo que vem do latim e que signi�ca técnica/habilidade. Por estar ligada à história do homem e do mundo, sua de�nição varia de acordo com a época e cultura vigente, mas sua história vem de uma ciência que estuda os movimentos artísticos, as modi�cações na valorização estética, as obras de arte e os artistas. Nas artes, como você já sabe, encontramos diversas formas de expressão e linguagens tais como as artes visuais, a música, a dança, o teatro e a literatura. A criança, neste contexto de conhecimento e interação com as diferentes culturas, vai se inserindo, se apropriando, se reinventando, descobrindo e transformando esses conhecimentos à sua maneira, dependendo da fase de desenvolvimento na qual se encontra e dos seus interesses deaprendizagem. 165 A partir de sua forma de comunicação e expressão, a criança pode aproveitar as diferentes modalidades da arte para expressar suas ideias, medos, alegrias e frustrações. Desta maneira, se o fazer artístico da criança for suprimido, �ca impedida sua capacidade criativa e forma de expressão para uma possível transformação da leitura de mundo no qual está inserida. A construção da capacidade de criação é uma forma de a criança manifestar sua compreensão da realidade de seu entorno. Exercitar a inteligência ao criar, alterar, organizar e reorganizar elementos plásticos é uma construção do ser humano. Em sua interação com o mundo, a criança vivencia inúmeros contatos com experiências estéticas que envolvem ideias, valores e sentimentos, e essas experiências envolvem sentir, pensar e interpretar. Dessa forma, a linguagem visual faz parte da formação integral do indivíduo e não pode ser desconsiderada no contexto da educação, independentemente da modalidade de ensino, seja infantil ou fundamental. 166 Está mais que comprovado que a Arte é fundamental no desenvolvimento da criança. O link indicado traz várias ideias para desenvolver atividades artísticas e lúdicas com as crianças. Assista: Cabe aqui dizer que trabalhar as diferentes formas de arte na educação é de fundamental importância para a formação humana, especialmente para a criança que expressa a arte de forma diferente da visão do adulto. Ressaltamos que para a criança, a composição de seus trabalhos é uma forma de prazer e satisfação em forma de brincadeira, não tendo no resultado �nal da obra seu foco principal, sendo a arte um instrumento lúdico. Já para o adulto, a prioridade da estética e do belo é fator predominante. Por isso, respeitar a criação da criança nas suas diferentes produções é favorecer a capacidade de expressão, atribuindo sentido ao mundo que a rodeia por meio da linguagem artística. A�nal, não é adequado avaliar o produto �nal da criação da criança, quando o que realmente importa, nessa fase, é o processo de criação. 167 https://go.eadstock.com.br/bvD Salientamos que se o educador não compreende o desenho da criança como um processo de criação, como linguagem que é, pode reforçar equívocos em sua prática, tais como a utilização do desenho pronto para colorir (xerocado ou impresso) e da cópia. Educação em Arte A educação em Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas. Portanto, é por meio dela que a criança amplia a sensibilidade, a percepção, a re�exão e a imaginação. Uma vez que a História da Arte nos permite aprender um pouco sobre a evolução do homem e da tecnologia e nos faz pensar na Arte como um elo entre a cultura e a relação com as pessoas, a educação por meio da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo em sua totalidade. O Ensino de Artes, nos últimos anos, tem sido muito discutido, porém, o trabalho pedagógico tem tomado direções distintas à medida que os próprios professores apresentam incompreensão sobre o signi�cado e o sentido de arte na escola. É comum a visão desse ensino como passatempo, momento para relaxar ou como execução de tarefas mecânicas, por isso, é necessário que cada proposta seja contextualizada para que não se torne uma atividade solta, sem objetivos de�nidos. 168 O professor deve deixar clara a razão de estar trabalhando uma atividade e quais conteúdos de arte estão sendo abordados. É de extrema importância que a criança tenha uma referência histórica, que ela saiba o que irá produzir e apreciar, que expresse seus sentimentos e suas emoções para que sua produção tenha sua identidade e estilo e seja signi�cativa. O ensino e a aprendizagem de arte levam o aluno a uma maior abertura criativa, o que pode auxiliá-lo em diversas situações e em todas as atividades escolares. É interessante pensar que o único lugar onde a maioria dos indivíduos possa apropriar- se e fazer arte seja nas escolas, por isso é necessária a análise da forma como o ensino nas escolas de Educação Infantil é conduzido, embora, ao mesmo tempo, vivamos um momento marcado pelo desa�o de mudanças na prática docente e da compreensão da arte na escola e na sociedade. O processo de aprendizagem por meio da arte auxilia a criança na alfabetização estética, na leitura de mundo, no desenvolvimento da crítica e no estudo das condições e dos efeitos da criação, além de estar ligado à imaginação e à criatividade. A Arte é linguagem, sentimento e emoções, e podemos empregá-la para conduzir o educando a experimentar tudo isso, além de adquirir conhecimento elaborado pela humanidade. 169 14 O Ensino de Artes na Educação Infantil 170 Considerando que a Educação Infantil foi incluída no sistema escolar apenas em 1996, podemos dizer que o ensino-aprendizagem de qualquer área do saber na Educação Infantil brasileira é recente. O mesmo acontece com o ensino e a aprendizagem em Artes. Na Educação Infantil, as atividades artísticas contribuem com ricas oportunidades para o desenvolvimento da criança, uma vez que põem ao seu alcance diversos tipos de materiais para manipulação, além da arte espontânea que surge em brincadeiras ou a partir de uma proposta mais direcionada. A arte na Educação Infantil: Regulamentação e orientação A arte na Educação Infantil é uma importante ferramenta, pois estimula o desenvolvimento das crianças. A�nal, por meio da arte, é possível aprender, adquirir novas habilidades e enxergar diferentes perspectivas e sensações. É por meio de atividades lúdicas, proporcionadas pelo Ensino de artes, que as crianças aprendem a se expressar diante do mundo, valorizar e se bene�ciar das diversas manifestações artísticas e culturais. 171 Assista ao vídeo sobre projetos estéticos, nele, você poderá conhecer a pesquisa de Lucília Franzini sobre os projetos estéticos criados pelas crianças de Educação Infantil com as artes visuais: Em 1982, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) orientava os educadores infantis com os Cadernos de Atendimento ao Pré-Escolar. Já na década de 1990, o MEC lança o Caderno do Professor da Pré-Escola, no qual já existia uma proposta mais re�exiva, com técnicas a serem trabalhadas e com preocupação em entender o trabalho artístico das crianças. Em 1996, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96 – tornou-se obrigatório o Ensino de Artes na Educação Básica. E, em 1997, foram criados também os Parâmetros Curriculares Nacionais, e o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil veio para alimentar o espontaneísmo da Educação Infantil, e interpreta ser o objetivo do citado documento e instrumentalizar os educadores de creches e pré-escolas a realizarem seu trabalho educativo junto às crianças, buscando a integração entre o educar e o cuidar. De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RCNEI)- 1998, as Artes Visuais na Educação Infantil, ao longo da história, eram entendidas como mero passatempo. O RCNEI diz que: A presença das artes visuais na Educação Infantil, ao longo da história, tem demonstrado um descompasso entre os caminhos apontados pela produção teórica e prática pedagógica existente. Em muitas propostas, as práticas de artes são entendidas apenas como meros passatempos, 172 https://go.eadstock.com.br/bvE em que atividades de desenhar, colar, pintar e modelar com argila ou massinha são destituídas de signi�cados. Outra prática corrente considera que o trabalho deve ter uma conotação decorativa, servindo para ilustrar temas de datas comemorativas, enfeitar as paredes com motivos para os pais etc. Nessa situação é comum que os adultos façam grande parte do trabalho, uma vez que não consideram que a criança tem competência para elaborar um produto adequado (BRASIL 1998, p. 87). O RCNEI também traz alguns objetivos no trabalho com artes na Educação Infantil, estes objetivos são divididos por idade, conforme o documento:Para crianças de 0 a 3 anos: a instituição deve organizar sua prática em torno da aprendizagem em arte, garantindo oportunidades para que as crianças sejam capazes de ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibilidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de expressão artística; utilizar diversos materiais grá�cos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação (RCNEI, 1998). Para as crianças de 4 a 6 anos: nesta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes de: interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou internacionais) com as quais entrem em contato, ampliando seu conhecimento de mundo e da cultura; produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura, da modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação (RCNEI, 1998). 173 A arte como ferramenta pedagógica A arte é fundamental na formação das crianças, pois representa experiências individuais. E para que a arte seja utilizada como uma ferramenta no desenvolvimento cognitivo, intelectual e emocional do aluno, o professor precisa ter sensibilidade e conhecimento de que é extremamente importante sua presença no cotidiano escolar, tendo ciência do seu papel na relação com o desenvolvimento. O ensino das artes na Educação Infantil está ligado aos interesses de quem aprende, pois serão autores de suas próprias histórias. E ao ter a arte como parte de suas vidas, darão um sentido para algo visto como incompreensível, tornando essa prática um instrumento pedagógico que vai contribuir em sua formação. Na Educação Infantil, geralmente, a arte se apresenta com a roupagem de um conteúdo a ser ensinado em determinados momentos ou um conjunto de técnicas e instruções para o exercício de habilidades especí�cas, ou seja, os chamados 174 “trabalhinhos” e as “atividades artísticas”. No entanto, a arte na educação não se resume a momentos e atividades isolados, mas tem um papel importante no processo de educação da criança por incorporar sentidos, valores, expressão, movimento, linguagem e conhecimento de mundo em seu aprendizado. As atividades de artes na Educação Infantil trazem para a criança uma série de benefícios, tais como: Estimula a sensibilidade diante do mundo. Por isso, estimula a criança a perceber o outro, criar, inovar e a se comunicar de uma maneira melhor, além de favorecer o desenvolvimento do senso crítico. Potencializa as capacidades intelectuais: As diferentes atividades artísticas trabalham tanto capacidades motoras quanto intelectuais das crianças. Elas contribuem, por exemplo, para a criatividade, leitura de ambiente, imaginação e expressão. Favorece o autoconhecimento: Atividades como pintura, massa de modelar e desenhos, além de serem uma maneira de a criança se expressar, também requerem que diferentes partes do corpo sejam utilizadas. Tudo isso faz com que as crianças pensem sobre si mesmas e reconheçam suas habilidades e limitações. Contribui para o desenvolvimento de habilidades básicas: Os primeiros rabiscos e as primeiras pinceladas podem contribuir para que as crianças tenham mais facilidade na hora de pegar um lápis e escrever as primeiras letras, por exemplo. A arte é uma linguagem que se manifesta de várias formas, expressa ideias e sentimentos e sempre tem algo a dizer. 175 Por meio da arte as crianças podem expressar suas vivências, ao desenhar, pintar, esculpir e selecionar aspectos de sua experiência que ela julga ser importante. Com isso, ela acaba por fazer uma comunicação signi�cativa consigo mesma, escolhendo aspectos com os quais ela se identi�ca e os organiza em um novo e signi�cativo todo. Porém, precisamos tomar cuidado para não passar para as crianças nossos padrões estéticos, e precisamos auxiliá-la para que desenvolva sua própria consciência estética, visto que as atividades artísticas são de fundamental importância para desenvolver sua consciência. A consciência estética signi�ca a busca de visão global do sentido da existência, ou seja, signi�ca a capacidade de escolha, crítica, não se submetendo a imposições. Entendemos, assim, que aprendizagem supõe uma integração entre o saber e o agir, o sentir e o pensar. Diante disso, ressaltamos que tudo que uma criança faz e toda a experiência por ela vivida sofre in�uência sobre ela. 176 15 O Ensino de Artes no Ensino Fundamental 177 De acordo com o PCN Arte, a educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana. Assim, o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (PCN, 1997, p. 15). Aqui, veremos de forma mais especí�ca o que os documentos o�ciais em educação dizem a respeito do Ensino de Artes no Ensino Fundamental. Artes no ambiente escolar: processos educativos Ensinar arte é de extrema importância, porém, deve-se ensinar arte em consonância com os modos de aprendizagem do aluno – ou seja, não isolar a escola da informação sobre a produção histórica e social da arte e garantir ao aluno a liberdade de imaginar e edi�car propostas artísticas pessoais ou grupais com base em intenções próprias. E, tudo isso, integrado aos aspectos lúdicos e prazerosos que se apresentam durante a atividade artística. Diante de tudo que já vimos em nossos estudos, ressaltamos que o Ensino de Artes objetiva promover uma educação que possibilite a ampliação das múltiplas linguagens e o compartilhamento das experiências sensíveis de cada aluno. Compreende-se, também, que a arte possibilita a construção do conhecimento como uma totalidade na medida em que o domínio dos materiais se associa à apreensão cognitiva do meio e à expressão sensível do ser em relação ao mundo. As instituições de ensino deveriam ser um espaço inicial e de�agrador para o desenvolvimento das diferentes linguagens expressivas, tendo em vista que os alunos iniciam o conhecimento sobre o mundo por meio dos cinco sentidos (visão, tato, olfato, audição, gustação), do movimento, da imitação, da brincadeira e do jogo simbólico. Dessa forma, ao invés de simplesmente disponibilizar materiais, os alunos devem ser desa�ados a explorar os materiais em todas as suas possibilidades, como, por exemplo, a transformar uma atividade com lápis de cor e papel em uma proposta instigadora e fonte de descobertas – lembrando que os alunos têm necessidade de 178 expressão, e que a ludicidade permite a liberdade emocional necessária para explorar, experimentar e envolver-se emocionalmente numa criação, permitindo descobrimentos incentivados pela curiosidade. De acordo com o PCN, o Ensino de Artes deverá organizar-se de modo que, ao �nal do Ensino Fundamental, os alunos sejam capazes de expressar e saber comunicar-se em artes mantendo uma atitude de busca pessoal e/ou coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a re�exão ao realizar e fruir produções artísticas, além de interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em artes. O papel e o desempenho do professor nesse processo são fundamentais, pois ele, por ser um agente mediador do processo ensino-aprendizagem, deve propor desa�os aos alunos e orientá-los da melhor forma. Assim, por meio de intervenções o professor pode colaborar para o fortalecimento de funções que ainda não estão consolidadas e para o desenvolvimento de outras. No processo de aprendizagem em artes, o aluno traça um percurso de criação e construção individual que envolve escolhase experiências pessoais, aprendizagem, relação com a natureza e motivação interna e/ou externa. Assim como a contemplação, a criação e a produção de artes também dependem das experiências vivenciadas por cada um. 179 O componente de Arte no Ensino Fundamental articula manifestações culturais de tempos e espaços diversos, incluindo o entorno artístico dos alunos e as produções artísticas e culturais que lhes são contemporâneas. Do ponto de vista histórico, social e político, propicia aos alunos o entendimento dos costumes e dos valores constituintes das culturas, manifestados em seus processos e produtos artísticos, o que contribui para sua formação integral. Assim, ao longo do Ensino Fundamental, os alunos devem expandir seu repertório e ampliar sua autonomia nas práticas artísticas, por meio da re�exão sensível, imaginativa e crítica sobre os conteúdos artísticos e seus elementos constitutivos e, também, sobre as experiências de pesquisa, invenção e criação. Para tanto, é necessário reconhecer a diversidade de saberes, experiências e práticas artísticas como modos legítimos de pensar, de experienciar e de fruir a Arte, o que coloca em evidência o caráter social e político dessas mesmas práticas. Recentemente, foi elaborada a BNCC, que sobre o conteúdo de Arte a�rma que cada uma das quatro linguagens do componente curricular – Artes visuais, Dança, Música e Teatro – constitui uma unidade temática que reúne objetos de conhecimento e habilidades articulados às seis dimensões apresentadas anteriormente. Além dessas, há uma última unidade temática, Artes integradas, que tem por objetivo explorar as relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Ou seja, a tecnologia foi inclusa como uma nova linguagem em artes. 180 Nessas unidades, as habilidades são organizadas em dois blocos, sendo o primeiro bloco do 1º ao 5º ano e, o segundo bloco do 6º ao 9º ano. Essa organização tem o intuito de que os sistemas e as redes de ensino, as escolas e os professores organizem seus currículos e suas propostas pedagógicas com a devida adequação aos seus contextos. Com relação às aprendizagens, a progressão não está proposta de forma linear, engessada ou cumulativa com relação a cada linguagem ou objeto de conhecimento, no entanto, propõe um movimento no qual cada nova experiência se relaciona com as anteriores e as posteriores na aprendizagem de Arte. A respeito dos critérios de organização das habilidades, na BNCC, com o apontamento dos objetos de conhecimento aos quais se relacionam, e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas, é expresso um arranjo possível (dentre outros). Por esse motivo, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos. Diante disso, e considerando os pressupostos em articulação com as competências gerais da Educação Básica e as competências especí�cas da área de Linguagens, o componente curricular de Arte deve garantir aos alunos o desenvolvimento de algumas competências especí�cas (BNCC, p. 198): 11 Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades. 181 22 Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações. 33 Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte. 44 Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressigni�cando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte. 55 Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística. 182 66 Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade. 77 Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, cientí�cas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas. 88 Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes. 99 Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo. 183 Na atualidade, há uma necessidade de olhar a Arte de uma forma diferente, voltada para a produção do conhecimento. É preciso entender que a Arte participa da vida dos seres humanos, re�etindo sua essência e, em muitos momentos, os anseios de sua alma. O ensino da Arte pode estar inserido nas outras disciplinas, havendo uma interdisciplinaridade, já que não temos como desvincular a Arte, a mesma encontra- se presente ao nosso redor e seu surgimento é inerente ao homem, pois mesmo antes de a escrita surgir, a Arte já estava presente. Conhecer a História da Arte, suas manifestações e a forma como ela foi representada em cada momento histórico é captar a arte como expressão da própria história da humanidade. Em sua prática, o professor deve se atentar para que sua participação venha a respeitar os modos de aprendizagem individuais de seus alunos, considerando suas peculiaridades e reconhecer que a formação em Arte inclui tanto saberes universais como aqueles que se relacionam ao cotidiano do aluno. Com isso, podemos dizer que é o professor quem promove o fazer artístico, a leitura dos objetos estéticos e a re�exão sobre a Arte dos adultos, suas crenças, costumes e culturas. 184 16 A Avaliação em Artes 185 A avaliação é um instrumento contínuo do trabalho docente, que deve usado durante toda a prática pedagógica do professor. E, avaliar em arte, segundo o PCN (BRASIL, 1997, p. 54), implica conhecer como os conteúdos são assimilados pelos estudantes a cada momento da escolaridade e reconhecer os limites e a �exibilidade necessários para dar oportunidade à coexistência de distintos níveis de aprendizagem em um mesmo grupo de alunos. Sendo assim, aqui veremos três tipos de avaliação da aprendizagem e, também, como se dá a avaliação em Arte. A avaliação da aprendizagem De um modo geral, os processos avaliativos fazem parte do cotidiano da sala de aula e do ambiente escolar e são fundamentais para veri�car a evolução dos alunos e compreender suas di�culdades, para que possa saná-las. Ao veri�car e entender como ocorre e o real aprendizado dos alunos, é possível ajustar o plano de ensino à realidade deles, tornando a construção do conhecimento mais dinâmica e efetiva. A�nal, não é objetivo da avaliação punir, mas garantir que haja a aprendizagem em seu sentido real. Vamos conhecer três tipos de avaliações aplicadas nas instituições escolares atuais: a avaliação diagnóstica, a formativa e a somativa. 186 Avaliação diagnóstica – como o nome diz, é a avaliação usada para que o professor possa ter um diagnóstico sobre o aprendizado do aluno e entender suas di�culdades e o que as origina. Essa avaliação pode nortear o início do trabalho pedagógico e, também, ocorrer durante todo o processo de ensino aprendizagem, pois essa avaliação normalmente é realizada no início do ano letivo, para que o professor tenha um panorama geral do nível da turma antes de começar as atividades. Quando aplicada ao longo do ano, ela tem a função de veri�car a evolução do aprendizado. É por meio desse tipo de avaliação que o professor consegue identi�car o que os alunos sabem, o que não sabeme o que precisam aprender. A partir daí, ele tem um norte para preparar seu plano de ensino e dedicar mais tempo às habilidades nas quais seus alunos enfrentam maiores di�culdades. A avaliação diagnóstica é realizada por meio de provas, debates, produção de textos, atividades, entrevistas, entre outras ferramentas, e não visa à atribuição de notas ou conceitos aos alunos. Avaliação formativa – tem como foco a formação, o aprendizado. Começa a ser realizada logo após o período de diagnóstico e segue ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem. Após todos os conteúdos serem trabalhados em sala de aula, a avaliação formativa é aplicada em forma de exercícios e atividades. Por meio desses instrumentos, o aluno faz a retomada de conteúdo, assimila o que aprendeu e consegue expor quais pontos não foram compreendidos. Assim, ao mesmo tempo em que valem nota, as avaliações formativas também ensinam o aluno. Essa avaliação também permite que o professor faça a avaliação de sua prática educativa. Avaliação somativa – é a mais conhecida no cotidiano escolar. É aquela avaliação que quanti�ca, que atribui uma nota aos alunos. Diferentemente das outras avaliações, que têm foco qualitativo, a somativa é quantitativa. De maneira geral, é uma avaliação que vem para con�rmar o resultado das avaliações anteriores. Ainda que necessária, a avaliação somativa pode acabar, muitas vezes, tendo um caráter excludente. Ela é pontual e só avalia o resultado �nal, deixando de fora todo o percurso que o aluno percorreu para chegar até ele. 187 O ideal, no contexto escolar, é trabalhar todas as avaliações em conjunto. Ao cruzar todos os resultados, é possível obter uma visão holística do processo de aprendizado de cada aluno. Dessa forma, os professores podem investir nos procedimentos pedagógicos mais adequados para garantir uma educação de qualidade. Assista ao vídeo e entenda melhor os conceitos desses três tipos de avaliação. A avaliação em Arte Seja qual for a área de conhecimento ou disciplina, há critérios especí�cos para a avaliação, e o professor deve considerar e observar o seu aluno em sua totalidade, quanto a veri�car de ele compreendeu os conteúdos e manifestou seu ponto de vista. Ademais, o professor deve se autoavaliar, e um dos meios de autoavaliação são os próprios alunos: “o professor deve observar se o aluno articula uma resposta pessoal com base nos conteúdos estudados, que apresente coerência e correspondência com 188 https://go.eadstock.com.br/bvF sua possibilidade de aprender” (BRASIL, 1997, p. 55). De acordo com os PCNs (p. 56), “a avaliação em arte constitui uma situação de aprendizagem em que o aluno pode veri�car o que aprendeu, retrabalhar os conteúdos, assim como o professor pode avaliar como ensinou e o que seus alunos aprenderam”. Para que haja uma avaliação e�ciente em Arte, é necessário que ela seja realizada com base nos conteúdos, objetivos e orientação do projeto educativo na área concretizada em três momentos: antes, durante e ao término do conjunto de atividades, para diagnosticar o nível de conhecimento, identi�car a interação do aluno com os conteúdos e analisar a assimilação do aprendizado. Cabe aqui, nesse processo, os três tipos de avaliações especi�cados anteriormente (diagnóstica, formativa e somativa). Barbosa (2008) defende que os poderes públicos precisam propiciar meios para que os professores desenvolvam a capacidade de compreender, conceber e fruir arte. Sem a experiência do prazer da Arte por parte de professores e alunos, nenhuma teoria de Arte-Educação será reconstrutora. Deixo aqui a ressalva de que não bastam apenas teorias para a formação do professor, pois ele também necessita de formação cultural e artística para ter condições de avaliar o seu aluno. En�m, precisa ter propriedade no conhecimento em Arte. Nesse sentido, Barbosa (2008, p. 15) ainda frisa que “a falta de uma preparação pessoal para entender Arte antes de ensiná-la é um problema crucial, nos levando, muitas vezes, a confundir improvisação com criatividade”. 189 Para o desfecho sobre avaliação em arte, destacamos que o professor precisa estar fundamentado para explicitar e discutir seus instrumentos, métodos e procedimentos de avaliação com a equipe escolar. “O professor precisa ser avaliado sobre as avaliações que realiza, pois, a prática pedagógica é social, de equipe de trabalho da escola e da rede educacional como um todo” (Brasil, 1997, p. 57). Nos PCNs (2001, p. 95), a noção de Avaliação está relacionada com “[...] conhecer como os conteúdos de Arte são assimilados pelos estudantes a cada momento da escolaridade e reconhecer os limites e a �exibilidade necessária para dar oportunidade à coexistência de distintos níveis de aprendizagem num mesmo grupo de alunos”. Isso deixa clara a importância da adequação à diversidade, mas é vaga a concepção de avaliação. No entanto, podemos dizer que é diagnóstica por ser a referência do professor para planejar as aulas e avaliar os alunos; é processual por pertencer a todos os momentos da prática pedagógica. A avaliação processual deve incluir formas de avaliação da aprendizagem, do ensino (desenvolvimento das aulas), bem como a autoavaliação dos alunos. O professor deve se preocupar sempre em relacionar os conteúdos com o entorno do aluno, trazendo para a sala de aula artistas, produções artísticas e bens culturais, sempre contemplando na metodologia do ensino da Arte três momentos da organização pedagógica: teorizar, sentir e perceber e o trabalho artístico. 190 Conclusão Olá, acadêmico! Diante de nossos estudos, entendemos que é necessária uma re�exão sobre as atitudes, de todos os envolvidos e interessados no processo ensino-aprendizagem, e que um problema só pode ser passível de solução quando o tomamos como nosso. Assim, no que se refere à Arte ou ao Ensino de Artes, não há como fugir deste contexto. Não há uma preocupação em modi�car e até mesmo revolucionar o Ensino de Artes na escola, pois os Parâmetros e a BNCC estão aí, são subsídios aplicáveis e não podemos deixar de evidenciar que há realmente uma espécie de comodismo por parte de muitos dos pro�ssionais (gestores, professores e autoridades responsáveis), mas, sobretudo, aos professores cabe uma postura que possa contribuir com e�cácia para a construção ou reconstrução de um Ensino de Artes não medíocre, a arte não é um mero instrumento de atrativos visuais para ornamentação de festas, mas sim elemento decisivo na formação de indivíduos in�uenciáveis socialmente. A arte não pode ser algo sem vida, mecânico, como tem ocorrido com o que ensinamos em todos os níveis de educação, mesmo que a criação de estruturas para os programas de arte e a busca da legitimidade acadêmica possam colocar em risco a magia da arte. Dessa forma, a nós, enquanto professores, cabem: a responsabilidade de provocar interesse, curiosidade, entusiasmo, vontade de pesquisar, estímulo, amor pelo conhecimento e problematização do conteúdo, atitudes que na prática di�cilmente acontecem. No entanto, além da metodologia, o professor necessita de parceiros para a obtenção de resultados sempre melhores. Nas escolas públicas nem sempre os espaços são adequados para a aplicação da disciplina e, em muitos casos, as aulas ocorrem em espaços improvisados. Com relação ao tempo disponibilizado, a disciplina em detrimento às outras é mínimo, que na prática resume-se a 45 minutos semanais, considerados insu�cientes para uma disciplina tão rica e abrangente. Abraços e até! 191 Material Complementar Livro Metodologia do ensino de arte Autor: Gisele Miyoko Onuki (Autor, Compilador), Lilian Fleury Dória (Autor, Compilador), & 3 mais. Editora: Interfaces Sinopse: O objetivo deste livro é esclarecer os educadores que atuam no ensino da arte e mostrá-la como um agente transformador, que pode promover a inclusão social. Aqui, professores, alunos e demais interessados em arte podem complementar os seus conhecimentos e se aprofundarem no estudo de quatro linguagens: Dança, Teatro, Música e Artes Visuais.Livro Arte e didática Autor: Simone Selbach (Autor), Lucas Caregnato (Autor) Editora: Vozes Sinopse: Aprender arte começa pela informação sobre a diversidade da produção artística e, dependendo da natureza da informação, aprender arte pode ser também uma maneira de se transformar. Tentar fazer uma obra de arte é gostoso, nos distrai e é interessante, mas buscar em nossas tímidas iniciativas os limites "do que temos a aprender" nos faz uma pessoa diferente do que éramos. Isso vale para esboço de um desenho, para o cuidado com que se ouve uma música etc. 192 Filme Modigliani Ano: 2003 Sinopse: Amedeo Modigliani (Andy Garcia) é um famoso pintor italiano que revolucionou o mundo das artes. Dançando sobre as mesas e embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obsessão. Um gênio criativo que viveu e absorveu a charmosa Paris, do início do século 20, com uma atração incontrolável pela beleza. Web PRIMEIRA ARTE | EPISÓDIO 1/3 – Ressonância Web A PRIMEIRA ARTE | EPISÓDIO 2/3 – Consonância 193 https://go.eadstock.com.br/bvG https://go.eadstock.com.br/bvH Web A PRIMEIRA ARTE | EPISÓDIO FINAL – Dissonância 194 https://go.eadstock.com.br/bvI Referências AMARAL, A. Arte construtiva no Brasil: coleção Adolpho Leirner. São Paulo: DBA, 1998. BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo horizonte: Companhia das Artes, 1998. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2004. 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