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O abismo entre as nações Os impactos da pandemia do COVID-19 na economia da América Latina Maria Clara R. Costa Introdução Será que todos nós vivemos a mesma pandemia? Em março de 2020, foi declarado oficialmente o início da pandemia do COVID-19 no Brasil. Prevista para durar uma quinzena, o surto do coronavírus se estendeu por dois anos de muitas perdas, tanto populacional, quanto econômica, obrigando a nós e aos governos a adaptarem-se a essa nova realidade. É visível que para muitos Estados, equilibrar saúde e economia tornou-se um grande inconveniente, além das condições adversas particulares de cada país, como, eleições, regimes ditatoriais, guerras e polarização política. Indicies de pobreza Apesar de ter afetado a economia global, a pandemia interferiu fortemente na vida dos latino-americanos, intensificada pelas desigualdades na região. Torna-se um desafio para os economistas, pelos diferentes modos que cada jurisdição mede seus índices de pobreza, mas o Banco Mundial entra em cena para intervir nesse cenário de incerteza e “desenvolve um índice baseado em dados oficiais de renda diária”, que subdividem a economia em três linhas de pobreza, “medidas pelos preços internacionais de 2011”. Os países que mais se destacaram nos indicadores de pobreza da América-Latina, foram: Honduras, Colômbia e Equador, com taxas acima de 40%, 25% e 20% da população abaixo do limite que US$ 5,50, respectivamente. Países como Uruguai, Chile e Costa Rica, apresentaram uma economia mais estável, tendo eles os menores níveis de pobreza da região. Desemprego O mercado de trabalho também sofreu com a crise sanitária, impactando no desemprego, na vida de empresários, pequenas empresas e gerando “milhões de novos pobres”. As intermediações governamentais, em prol a saúde, como o lockdown, interferiu diretamente na economia, principalmente nos setores de turismo, comércio, alimentação, esporte e lazer, os quais tiveram que se readaptar a nova realidade, migrando para os modelos digitais de delivery, compras online, plataformas de streaming e home office. Entretanto, não foram todos que conseguiram se moldar ao novo “normal”, milhões de empresas entraram em falência ao redor do mundo, consequentemente deixando um rastro de desemprego, que até hoje, em pleno 2024, ainda existem resquícios dessa crise. Os trabalhos informais foram uma válvula de escape para muitos latino-americanos, que pela necessidade, investiram todo o seu dinheiro em pequenos empreendimentos ou optaram por trabalhar em serviços de entrega, muito requisitado no período da pandemia no comércio de farmácias, mercados e restaurantes, por plataformas como Ifood, Rappi e Uber Eats. O isolamento social trouxe uma onda de desespero para a população e o sentimento de incerteza consumiu a todos, mas principalmente aos que não tiveram o privilégio de se confinar. Intervenção governamental Apesar dos esforços de alguns governos em ajudar a população no momento de crise, como fez o governo brasileiro como o Auxílio Emergencial, os danos do coronavírus foram mais avassaladores do que o previsto. Estimava-se que não passariam de alguns meses, sem noção do estrago que essa pandemia faria na economia, os Estados não estavam preparados para lidar com tantos gastos públicos. A Argentina por exemplo, enfrentou uma grande dificuldade; assim como muitos outros países da américa-latina; com a “sobrecarga por seu alto endividamento” e déficit fiscal, que também ocorreu com o Equador. Planos de governos mais conservadores; no sentido de priorizar a saúde à economia (Argentina e Equador); costumam ser a melhor solução para enfrentar crises sanitárias como essa, mas, nem todos os governantes pensam da mesma forma, como no México, onde o presidente Andrés Manuel López, preferiu uma abordagem mais incisiva, e optou por defender a economia a qualquer custo, prevendo a contenção do déficit. Conclusão Por fim, será que todos nós vivemos a mesma pandemia? Claramente não, são centenas de fatores que influenciam em como enfrentamos aqueles dois anos, nossa classe social, nosso gênero, nossa cor, nossa sexualidade e a nossa nacionalidade, principalmente. Que a América-Latina é alvo de preconceito e estiga não é novidade para ninguém, as desigualdades são contrastantes se comparadas a outras nações e esse abismo econômico e social influenciou diretamente nas repercussões da pandemia do COVID-19, tornando visível os danos causados pelos tão adorados europeus, ao longo da história. Referências - https://www.cnnbrasil.com.br/economia/pobreza-na-america-latina-uma-comparacao-entre-paises-e-o-impacto-da-pandemia/ - https://brasil.elpais.com/economia/2020-08-18/o-desafio-economico-de-sobreviver-a-pandemia-na-america-latina.html - https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/02/26/entenda-os-impactos-do-avanco-do-coronavirus-na-economia-global-e-brasileira.ghtml - https://valor.globo.com/coronavirus/a-economia-na-pandemia/ - https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54531458