Prévia do material em texto
21 Dias por um Coração Aquecido ESTRELLA, Pedro de A. & VILELA, Fábio P. Categoria: Vida Cristã / Maturidade Cristã / Devocional 1º Edição - Maio de 2013 Revisão: Túlio M. N. Carvalho Capa: Anderson Pereira Diagramação: Fábio P. Vilela Colaboradores: Bruno Rios Aurea Aguiar Aline A. Vilela Romulo Duffor Caroline Magalhães Daniel dos Anjos Todos os direitos reservados. É proíbida a reprodução deste livro e de seu conteúdo com fins comerciais sem a prévia autorização dos autores Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicações específicas. Publicação independente Impressão: Promove artes gráficas e editora - promoartes@terra.com.br Contato: pedroestrell@hotmail.com / fabio.pv@gmail.com 3 Dedicatória Aos discípulos das Igrejas Metodistas em Venda Nova e Santa Amélia. Prefácio 007 Orientações para o jejum 009 Introdução 015 01º Dia - O poder do vazio 019 02º Dia - Bendita Insatisfação 025 03º Dia - Atitudes diante do mover de Deus 031 04º Dia - A necessidade de uma experiência 041 05º Dia - Deus residente 049 06º Dia - A pessoa do Espírito Santo 055 07º Dia - Simbolos do Espírito Santo 061 08º Dia - Revestido de poder 069 09º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito 075 10º Dia - Ativando os dons espirituais 081 11º Dia - Dons de revelação 089 12º Dia - Dons de poder 095 13º Dia - Dons vocais 101 14º Dia - Recarregando suas baterias 107 15º Dia - O caminho da transformação 113 16º Dia - Princípios de transformação 121 17º Dia - Firmes e Inabaláveis 129 18º Dia - Chamados a gerar 135 19º Dia - Os campos estão brancos 141 20º Dia - Mantendo a chama acesa 149 21º Dia - Tempo de fome 155 Sumário 7 Prefácio “Pela fé e pela oração, fortaleça as mãos frouxas e firme os joelhos vacilantes. Você ora e jejua? Importune o trono da graça e seja persistente em oração. Só assim receberá a misericórdia de Deus”. John Wesley O Rev. John Wesley teve uma forte experiência do “coração aquecido” no dia 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres. Neste ano, esta experiência completa 275 anos de marco histórico e desafio a todos os metodistas de buscarem uma dinâmica constante da vida devocional de oração e santificação. Em janeiro deste ano, visitei a rua Aldersgate e senti grande emoção ao ver que lá ainda há três marcos desta profunda e histórica experiência de John Wesley, que não apenas mudou a sua vida, bem como a de muitas outras pessoas que através dela foram alcançados pelo ministério metodista mundial. Queremos desafiar a cada metodista a buscar o renovo desta experiência para a sua vida de 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO através deste guia prática para oração, jejum, santificação e perfeição cristã. John Wesley dizia que cada metodista deveria se dedicar a buscar a Deus através das disciplinas espirituais da oração, do jejum, da leitura e 8 21 Dias por um coração aquecido estudo diário das Santas Escrituras e dos Cultos de Vigílias. Essa busca insistente e incessante de John Wesley pela perfeição Cristã é sinônimo de busca por maturidade espiritual na vida cristã de acordo com a Bíblia. Essa “perfeição cristã” era “perfeição em amor”, pois uma íntima relação com Deus através da prática das disciplinas espirituais, geram em nós uma autêntica experiência do coração aquecido que “ama a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”, o maior de todos os mandamentos. Com disciplinas nos horários preestabelecidos que priorizem nossa vida devocional e relacionamento diário com nosso Deus, desafiamos você a dedicar parte do seu tempo investindo em seu crescimento, desenvolvimento e maturidade espiritual como um(a) verdadeiro(a) discípulo(a) de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Vamos juntos viver 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO que nos desafia a “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica por toda a terra”. Estamos juntos com você nestes 21 dias. Do seu pastor e bispo, Roberto Alves de Souza. 9 Orientações para o jejum O jejum, sem dúvidas, é uma grande disciplina espiritual e tem o poder de nos tornar mais sensíveis, nos inundando do poder de Deus e nos levando a um reavivamento espiritual. O jejum não é um regime onde apenas nos abstemos de algum alimento, ele tem o princípio de nos levar a ser mais espirituais através da disciplina do nosso corpo. Para entender um pouco do propósito do jejum, gostaríamos de fazer uma curta viagem em Gênesis, na criação do homem: Deus criou o homem como um ser espiritual, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, que é Espírito (Jo 4:24). Por isso que de todos os seres criados, o único que pode ter comunhão com Deus é o homem. Deus também colocou no homem os instintos naturais para as suas necessidades de sobrevivência, defesa e procriação. Deu-nos, também, os seguintes instintos: defesa para que o homem pudesse se protege; sobrevivência para o homem se alimentar e se manter e o sexual que leva o homem a procriação e fecundação. Sendo assim, o homem poderia manter-se vivo, protegido e cumprindo a ordem de Deus de se multiplicar. Após a queda, o que era necessidade se transformou em prazeres. O homem passou a ser dominado pelos prazeres da sua carne, originadas nos instintos, por isto o homem passou a comer por prazer, dando origem a gula e a outros pecados. A violência e o ódio foram resultados 10 21 Dias por um coração aquecido do instinto de defesa, e toda a sorte de impurezas sexuais nasceu a partir da busca pelo prazer sexual. Sabemos que não somos mais governados pela carne, fomos regenerados pelo Espírito, e que em Cristo somos novas criaturas. Mas ainda assim, esta natureza que foi morta na cruz, muitas vezes tenta atuar e reviver. Quantos nunca foram tentados pela carne ao retorno de práticas carnais? Ela ainda deseja nos dominar. Pelas disciplinas espirituais conseguimos a edificação de todo nosso ser. Quando oramos, acionamos o nosso espírito, invocamos ao Senhor e em fé temos comunhão com Ele. Esta comunhão com o Espírito Santo incendeia o nosso coração. Quando meditamos na Bíblia buscamos revelação, que ilumina o nosso entendimento, transformando a nossa alma e caráter, mudando a nossa forma de pensar e de agir pela comunhão com a Palavra do Senhor. No jejum não seria diferente, mas a sua atuação acontece no âmbito do nosso corpo, onde a natureza instintiva reside. Já viu alguém que estava com muita fome comendo? Ela perde a noção e a educação, e muitas vezes come como um animal se alimenta. A fome é uma resposta do nosso instinto de sobrevivência, pois se não nos alimentarmos podemos morrer. Muitas vezes conseguimos dominar os outros instintos (defesa e sexual), porém a fome é difícil. Mas por nós mesmos não conseguimos, só pelo Espírito, e é aí que está a importância do jejum,quando jejuamos mostramos a carne que ela não nos domina, e que quem nos comanda é o Espírito Santo. E que podemos nos abster de alimentos, pois em espírito somos supridos e fortalecidos, nos tornando mais conscientes das coisas do espírito e menos da carne. No jejum é que notamos o quanto estávamos carnais. Também entendemos que não jejuamos para Deus, mas para nós mesmos, afinal o jejum traz disciplina e libertação do domínio da nossa carne e muito menos, jejuamos para pagar pecados e nem servimos a um Deus mesquinho. O jejum também não é uma barganha, ou seja, não podemos jejuar achando que ganharemos algo em troca de Deus e devemos saber que o jejum visa à disciplina da nossa carne. 11 Orientações para o jejum O Jejum é obrigatório? O texto de Jesus em Mateus 6, que fala a respeito do jejum, vem acompanhado do ensino sobre oração e oferta. Será que já passou pela cabeça de algum líder religioso a ideia de que a oração e a oferta sejam opcionais? Então, por que o Jejum seria? Não era intenção do Senhor desprezarou rejeitar o jejum. Sua intenção era restaurar o jejum a sua forma adequada. Jesus disse que depois que o Noivo fosse tirado os discípulos jejuariam (Mt 9:15). Esta é a mais importante declaração sobre se os cristãos devem ou não jejuar. Não podemos dizer que Cristo nos tenha ordenado que jejuemos, mas está evidente que Ele espera que o façamos. O Apóstolo Paulo também recomenda a prática do jejum na nova aliança (2Co 6:4-5), além desta ser uma realidade na igreja primitiva (At 13:2-3). A Motivação do jejum Quando Jesus tratou do jejum, Ele se preocupou com a questão dos motivos (Mt 6:16-18). Não podemos pensar que o jejum tenha o poder de mudar a Deus ou forçá-lo a fazer algo que Ele já disse que não faria. Precisamos entender que o jejum está centrado em Deus: A profetisa Ana adorava com jejum (Lc 2:37), os profetas e mestres de Antioquia jejuavam (At 13:2). Deus pergunta para que jejuamos (Zc 7:5), ora, no jejum nos libertamos de coisas que tentam nos escravizar (1Co 6:12), aprendemos a disciplinar o nosso corpo (1Co 9:27) e é uma forma de nos humilharmos diante de Deus (Sl 35:13). Defina o tipo de jejum Há muitos tipos de jejum. Defina um que seja mais apropriado para você: • Jejum com uma refeição por dia - apenas o jantar ou o almoço; • Jejum de Daniel – de todo tipo de carne, doces, refrigerantes, sucos com açúcar ou adoçante e qualquer tipo de manjar; • Jejum Parcial – abstenção de apenas algum tipo de comida, 12 21 Dias por um coração aquecido defina em um voto pessoal diante de Deus. Geralmente alguma comida especialmente importante para nós. • Jejum de dieta líquida – apenas com sopas e sucos. • Jejum completo – 24 horas apenas com água. Sugerimos que seja feito por um período máximo de 3 dias e, depois, volta-se para um dos tipos de jejum acima. Prepare-se espiritualmente Peça ajuda ao Espírito e faça uma lista dos seus pecados. Comece o jejum com arrependimento, confessando cada pecado que o Espírito mostrar e creia no perdão do Senhor. Perdoe a qualquer um que o tenha ofendido e não jejue com o coração amargurado. Se o seu pecado exige restituição ou concerto com alguém, faça-o antes do começo do jejum, busque o enchimento com Espírito Santo, e se você fala em línguas, invista tempo orando em línguas. Reconheça a Jesus como Senhor e recuse-se a fazer a sua própria vontade. Coloque uma expectativa no seu coração pelo mover de Deus, pois se não houver uma expectativa em fé o jejum perde o sentido. Creia pelo milagre, confesse a Palavra e invista tempo louvando a Deus. Prepare-se fisicamente Se possui alguma doença crônica, procure o seu médico. Mulheres grávidas não podem jejuar. Nesse caso, recomendamos que se abstenham apenas de algumas coisas, como chocolates, doces e certos tipos de carnes. Um jejum completo, somente com água, deve ser iniciado aos poucos. Um jejum com uma refeição por dia não exige um preparo tão grande. Evite comidas gordurosas e açucaradas. Antes de iniciar o jejum, prepare- se comendo frutas e vegetais. Enquanto estiver jejuando Evite ingerir qualquer tipo de medicamento sem orientação médica, pois há remédios que não podem ser ingeridos com o estômago vazio. 13 Orientações para o jejum Limite suas atividades físicas de acordo com as suas possibilidades, faça somente exercícios moderados e dentro das suas possibilidades descanse o máximo possível. Durante este período, poderão acontecer alguns desconfortos físicos, tais como: tonturas, dores rápidas de fome, mau hálito, dores de cabeça, fraqueza, sonolência, cansaço e algumas vezes enjoos. Evite assistir à televisão, praticar esportes ou fazer muito esforço físico. Estabeleça um tempo de oração. Você não precisa orar o dia todo, mas separe um bom tempo para oração de acordo com suas possibilidades. Sintomas espirituais Durante o jejum coisas ocultas do coração poderão aflorar como mau humor, lascívia, sensualidade, impaciência, ansiedade e irritação. Haverá maior sensibilidade ao mundo espiritual e ao Espírito Santo. Fique atento! Um nível diferente de fé será liberado, exercite bastante a confissão da Palavra de Deus. Muitos irmãos têm visões, sonhos e outras manifestações espirituais. Espere por elas! Espere por muitas resistências espirituais principalmente no inicio do Jejum. É comum pressões, acusações, sentimentos de condenação e de desânimo com o fim de nos resistir. O que evitar Não tome café e nem chá preto, a cafeína nos provoca dor de cabeça, não masque chicletes e nem chupe balinhas, mesmo que o hálito esteja ruim, pois estimula o suco gástrico no estômago. Se tomar suco de laranja dilua em 50% de água. Tome bastante água, pelo menos dois litros por dia. Nunca faça jejum sem água. 14 21 Dias por um coração aquecido Como quebrar o jejum Quebre o jejum gradualmente, principalmente se for um jejum prolongado apenas com água. Comece tomando sopas, em seguida passe para saladas cruas e, depois de algumas horas, coma batatas cozidas e comida com pouca gordura. É melhor comer um pouco várias vezes do que quebrar o jejum com muita comida. 15 Introdução “Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram. Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava 16 21 Dias por um coração aquecido em todas as Escrituras. Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” Lucas 24:13-25 Não foram só os milagres que marcaram o ministério de Jesus, mas também o fato de que o coração das pessoas se aquecia ao ouvi-lo pregar. Aqueles discípulos estavam familiarizados com essa sensação, por isso eles perceberam que Jesus estava caminhando com eles. O coração aquecido é um sinal da presença da glória de Deus. É algo muito grave o nosso coração perder essa sensibilidade e capacidade de ser tocado. É inadmissível um discípulo que nunca tenha sentido o seu coração aquecido pela presença do Espírito Santo. Mais inadmissível ainda, é que ele não tenhafome por essa presença. Onde não há esse fogo, não se pode dizer que há vida espiritual. Até mesmo o vazio verdadeiro é uma atração ao fluir do Espírito Santo. O problema é que muitos se dizem vazios, mas a verdade não é esta. Estão cheios de outras coisas, os corações estão “empanturrados” de outros prazeres e interesses. O verdadeiro vazio atrai o mover de Deus, a água do Espírito, quanto mais vazio e mais seco, mais a água será atraída, pois isto é um princípio físico, uma questão de potencial. Assim como acontece com a esponja seca, que quanto mais seca estiver, mais potencial para absorver água ela terá. Havendo sede em quem clama por mais de Deus, ele será como imã, atraindo a chuva do céu, sendo encharcado. Deus manifesta a sua presença num ambiente apropriado e se nós queremos a manifestação da Sua Glória, deve haver um ambiente. “Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl 22:2). Há uma outra versão desse versículo que diz “o Senhor se assenta no trono de louvores”. A nossa adoração é como um grande trono onde Deus se assenta. 17 Introdução A palavra “glória” no hebraico é “kadod”, que significa “peso”. Isso quer dizer que há um peso da Glória de Deus e quando Ele quer manifestar a sua presença, Ele procura por um ambiente capaz de sustentar o peso de Sua Glória. Se não há tal ambiente, Ele não se manifestará! Nesses 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO deve haver em nós uma disposição para gerar um ambiente de intensidade de fome por Deus. Há muitos crentes que são indiferentes, passivos, sem desejo pelas coisas de Deus. No entanto, precisamos cultivar um coração aquecido para avançarmos no mover de Deus. Neste livro, explicaremos a necessidade de uma busca constante pela presença de Deus, mostraremos o resultado desta experiência com o Espírito que é uma vida transformada e frutífera. Pois, muitos cristãos deixaram esfriar a chama do Espírito Santo dentro dos seus corações e estão frios dentro das igrejas, desanimados, perderam a paixão e o primeiro amor. Queremos neste, motivá-lo a renovar a chama, o Espírito Santo quer queimar o seu coração novamente, liberando um vinho novo e um óleo fresco sobre a sua vida, trazendo uma nova disposição, uma nova expectativa, renovando o chamado, o encargo e a paixão. Este livro faz parte de uma campanha anual de oração e jejum. E, ele não é simplesmente um livro, e sim um guia para um tempo de oração. Você não deverá lê-lo todo de uma vez, leia apenas um capítulo por dia, cada capítulo corresponde a um dia do jejum e cada dia terá o seu próprio tema. Naturalmente, o tema de cada dia será uma direção para a sua oração. Tempo de jejum é tempo de renovo, porém, muitos cristãos sinceros buscam a Deus em jejuns sem propósito, muitas vezes indo até contra os princípios bíblicos. O jejum não muda Deus, Ele permanece o mesmo, mas o jejum muda a nós, causa uma revolução na nossa vida espiritual. Não é o tempo de 21 dias que fará diferença, mas a intensidade da sua busca pelo Senhor. Nossa oração é que ao ler esse guia você alcance revelação que há um avivamento pessoal esperando por você. Os autores. 18 21 Dias por um coração aquecido 19 1º Dia: O poder do vazio “Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao SENHOR. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos. Eliseu lhe perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite. Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a que estiver cheia. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; estes lhe chegavam as vasilhas, e ela as enchia. Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas ele respondeu: Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou” 2 Reis 4:1-6 Esta mulher vivia dias difíceis, seu marido estava morto, se encontrava endividada e estava correndo o risco de perder seus filhos para que sua dívida fosse paga. Neste tempo, o credor tinha o direito de tomar os bens e até os filhos como pagamento da dívida e a pobre viúva já havia perdido o seu marido e agora os seus filhos, que eram seu futuro, estava prestes a perdê-los também. Sendo assim, a viúva decidiu ir até o profeta Eliseu, homem de Deus, uma voz profética no seu tempo, sua intenção era ter uma direção de 20 21 Dias por um coração aquecido Deus, uma palavra da parte dEle, que lhe trouxesse uma luz, uma orientação, ou até uma solução para o dia mau em que ela se encontrava. O que não é diferente de muitos de nós, que vivendo dias de adversidades, vamos em busca de algo da parte de Deus, alguma resposta, talvez uma “revelação”, mas nem sempre aquilo que ouvimos de Deus é o que esperamos ou queremos, mas sim o que precisamos ouvir. A viúva ao se encontrar com o profeta o clamou, dizendo: “Me ajude!”. E Eliseu a indagou: “O que você quer que eu faça?”, em seguida responde sua própria pergunta, com outra: “O que você ainda tem em casa?”. E a viúva diz: “Tua serva não tem nada em casa, a não ser um pouquinho de azeite”. Logo, Eliseu disse a ela algo bastante incomum: “Volta para casa e peça emprestado para os seus vizinhos, vasilhas vazias!”. Ela não esperava ter que ir em busca de mais vasilhas vazias, afinal tudo o que ela tinha já estava vazio. Sua despensa estava vazia, seus armários vazios, todos os seus vasos estavam: Vazios. Tudo o que ela tinha era um pouquinho de azeite, e de repente a grande “revelação” do profeta para a viúva foi de que ela tivesse de ir buscar mais vazio, de ir até os seus vizinhos e pegar emprestada vasilhas, vasilhas vazias, não poucas. O profeta disse: “Vá para casa e consiga vasilhas vazias com os seus vizinhos. Coloca na sua casa e fecha a porta e pegue o pouco de azeite que você tem e comece a derramar sobre os vasos vazios”. Eu até posso imaginar a mulher se perguntando: “O que ele quer com isso? Como isso vai me ajudar? Tudo o que eu tenho é vazio!”. Mesmo não entendo ela toma a decisão de obedecer e assim também nós nos encontramos muitas vezes, e mesmo sem entender precisamos corresponder com a direção que temos de Deus. Ela voltou para casa, bateu na porta dos seus vizinhos, como um passo de dependência e fé na direção de Deus. E ela disse: - “Você me empresta uma vasilha vazia?” Agora, imagine o que esses vizinhos estavam pensando desta mulher viúva e endividada? – “Pobre mulher, ela não precisa de vasilhas vazias e sim de vasilhas cheias! – Ela deve estar com tantos problemas que está até variando”. 21 1º Dia - O poder do vazio As pessoas que estão ao nosso redor, nem sempre irão compreender a direção que recebemos de Deus, mas quem disse que elas precisam entender? Obedeça assim mesmo, mesmo que aparentemente seja loucura, ande sobre a Palavra de Deus, e ela te dará respaldo, pois a Palavra de Deus é confiável. Quanto à viúva, nós não sabemos quantas vasilhas vazias ela conseguiu, se foram três, dez, vinte ou até mesmo cem. Independente da quantidade que conseguiu ela fechou a porta, sua alma poderia até estar dizendo: “Eu não sei como isso irá me ajudar, o que eu estou precisando não é de vasilhas vazias, eu preciso é de vasilhas cheias”. Mas ainda assim, a mulher preferiu corresponder com a direção que tinha no seu espírito e então, começou a derramar e encher as vasilhas. E dizia para o filho: “me dê mais uma vasilha vazia!”. E ela derramava a azeite na vasilha até enchê-la, pedia outra vasilha, e derramava o azeite nela até encher, e pedia outra. Assim foi, até que observou o milagre que estava acontecendo, continuou a derramar e as vasilhas continuavam sendo cheias. De repente, ela pede mais umavasilha ao seu filho e ele diz que as mesmas haviam acabado, sendo assim, o azeite parou de ser derramado. Por que o azeite parou? Será que havia mais azeite ou o estoque de azeite do céu havia secado? Certamente, ainda havia plenitude de azeite de onde ele tinha vindo, e a única razão pela qual o azeite parou de ser derramado, foi que não havia mais vasilhas vazias. Se a viúva soubesse o verdadeiro valor do vazio, provavelmente teria sido um pouco mais intensa, determinada, ousada na busca pelas vasilhas cheias e conseguido muito mais. Devemos querer sempre mais, devemos ter sempre mais “vasilhas vazias”, e a minha oração é que nesse tempo de jejum, você seja alargado em revelação, que seus olhos sejam abertos e que você tenha ouvidos para ouvir. E que uma fome e uma sede pela glória de Deus venham crescer em seu coração, pois todo avivamento foi precedido de grande fome e insatisfação por mais do mover de Deus. E o que marca um avivamento não é somente o poder de Deus, mas a resposta que damos ao poder dEle. 22 21 Dias por um coração aquecido Analisando Jesus, podemos notar que Ele tinha este hábito de cultivar, de instigar a fome e a sede em seus discípulos. Ele levava os seus seguidores a colocar em prática esse princípio, a querer aumentar a fome, em investir na “insatisfação”, por isso Ele disse: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” Lc 24:29. Em outras palavras, o que Jesus está dizendo é: “Permaneça em Jerusalém! Não vá para lado nenhum! Não faça coisa alguma! Permaneça focado!” Esse “até que”, significa, transborde de fome, até o ponto de quando você, simplesmente, abrir a boca para falar nisso o coração “salte”. E, você, tem transbordado de fome pelo Espírito Santo? Caso contrário, você não terá nada além do que já possui. Deus não traz mais porque você já está satisfeito com o que tem. Sabe o que fez explodir o avivamento no País de Gales? Não? Ali houve dez mil grupos de oração, clamando pelo mover de Deus, insatisfeitos com a realidade espiritual que estavam vivendo. E quanto a você, qual é o seu nível de fome? Se você não tem fome, esqueça, não espere nada. Cresça em expectativa, canalize sua expectativa no Espírito Santo, e colocar sua expectativa nEle é estar a mercê dEle. Não é do jeito que você quer, não é colocar o Espírito Santo dentro de uma caixinha de sapato, não é com a formalidade humana, não tem a ver com um horário predeterminado de um culto de uma igreja protestante evangélica carismática dos últimos dias. E aí, está disposto a entrar no rio onde você não dá pé, onde as coisas não dependem mais de você? Está disposto a entrar no inesperado de Deus e não ter controle das coisas? Portanto, quero lhe desafiar a cultivar essa sensibilidade, para ser alargado na sua experiência e intimidade com Deus. Deus é um Deus de medida, quem busca muito, tem muito, quem busca pouco, tem pouco e quem não busca nada, nada tem. A quantidade do seu vazio e de sua fome determinará a quantidade do seu enchimento e a medida da sua fome pela glória de Deus, determinará o quão cheio você será. 23 1º Dia - O poder do vazio Entretanto, para receber o que você nunca recebeu, comece a buscar de uma forma como você nunca buscou antes. A questão é que alguns chegam diante de Deus dizendo: “Senhor, enche aqui a minha xicarazinha” e Deus tem que ser bem cuidadoso, porque Ele só pode colocar uma gota. Deus está esperando que você fique desesperado por Ele, porque Ele quer te fazer transbordar. Tantas vezes participamos de cultos e de reuniões e afirmamos: “O pastor não está tão ungido hoje”, ou “o ministério de louvor não me deixou arrepiado”, ou até mesmo “essa igreja não é mais a mesma”. Mas a questão não é a pouca quantidade de azeite e sim a falta de vazio. Há um poder no vazio! Não existem mais intermediários entre você e Deus, e todo aquele que é nascido de novo tem acesso à presença de Deus e é bem recebido em sua presença. Tendo clareza disso, as desculpas já não existem mais, não reclame da pouca quantidade de unção, o problema é a falta de fome e sede pela Glória de Deus. Sou grato a Deus pelo que Ele tem feito, mas estou desesperado para ver o que Ele está por fazer. Lembro-me de uma ilustração que ouvi certa vez, esta dizia que quando um bebê está faminto ele começa a chorar, porque sabe que a sua sobrevivência depende da sua capacidade de colocar a sua fome à mostra. A sua sobrevivência espiritual depende da sua habilidade de fazer com que o seu Pai Celestial saiba o quão faminto você está, por isso, coloque a sua fome à mostra. Portanto, o interesse de Deus não é somente que você esteja faminto pela glória dEle. Você, com certeza, já deve ter passado pela experiência de não estar com fome, mas ao ver alguém comendo uma comida com tanta vontade, com a “boca boa”, te deu vontade de comer daquela comida também. Contudo, o interesse e a grande vontade de Deus é ver você tão faminto a ponto de estimular o “apetite espiritual” das pessoas que estão ao seu redor, ou seja, ser alguém que desperte a fome pela Glória de Deus por onde passar. A partir de hoje, você estará iniciando uma caminhada de 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO. Esteja certo que neste período 24 21 Dias por um coração aquecido o Senhor irá te alargar em experiência, revelação, intimidade e em realidade espiritual, serão dias de sair do raso, do superficial e de mergulhar nas profundidades do Espírito. Que o Espírito Santo venha queimar o seu coração novamente, renovar a sua chama, deixe então, que Ele leve você a tempos de avivamento, pois há um avivamento pessoal esperando por você. 25 2º Dia: Bendita insatisfação Existem dois tipos de insatisfação, há uma negativa que te deixa frustrado, incrédulo, melancólico, uma insatisfação carnal, negativa, ingrata, que nunca se contenta com nada. Por outro lado, há uma outra insatisfação, é a insatisfação que o Espírito Santo usa para te motivar, para impulsioná-lo, para retirá-lo da comodidade, essa insatisfação espiritual é positiva. Deus a usa para produzir fome e sede e te levar a romper com a mesmice. Todo ser humano tem a tendência de se acomodar, é inevitável. É assim em cada área da sua vida, se está satisfeito com o seu casamento, é isso que você vai ter até o dia em que morrer. Se já está satisfeito com suas conquistas profissionais, não crescerá mais. E se está satisfeito com a sua vida espiritual, com o seu nível de maturidade, de revelação na Palavra, de intimidade com Deus e de frutificação na sua célula e na sua igreja local, é isso que vai ter, pois quando se acomoda nada irá além do que você já tem! A grande questão é que quando não enxergamos a realidade em que nos encontramos só passamos a vê-la quando Deus arranca as “escamas” de nossos olhos e traz luz sobre nós. É como a história daquela rã que foi colocada numa panela com água morna e depois colocada no fogo, com o tempo a temperatura foi aumentando e a rã nem pode perceber, pois já 26 21 Dias por um coração aquecido estava acostumada e acomodada e ela prestes a morrer, não conseguira enxergar a sua realidade. Às vezes ficamos satisfeitos com qualquer pouca coisa na vida: com qualquer emprego, com o nível de escolaridade, com a vida familiar, com a falta de um ambiente familiar amoroso e aconchegante. Há pessoas que se acomodam com os problemas e até se acostumam com uma vida ruim, com a prática de um certo “pecado”, com uma vida cristã rasa, superficial, sem vida e unção. A menos que o Espírito traga luz sobre nós e arranque as “escamas” dos nossos olhos, não enxergaremos a nossa condição e consequentemente não iremos reconhecer. Quando seus olhos são abertos, você é tomado por uma bendita insatisfação e passa a não aceitar que sua casa fique dividida, que os seus filhos se percam nas drogas, não aceita o fracasso no seu casamento e muito menos a viver empurrando aquele pecado coma barriga. Daí, você passa a reconhecer que este pecado anda destruindo sua vida espiritual, corroendo o seu potencial, minando a sua inspiração, tirando o seu vigor para viver e ter uma boa qualidade de vida. Nestes dias de Jejum, o Espírito Santo quer retirar as “escamas” dos seus olhos. Portanto, precisamos ter um coração grato por tudo aquilo que Deus tem feito, e que verdadeiramente ele tem feito, é só observarmos ao nosso redor. Mas se Ele tem feito e você se acomoda, você nunca irá transbordar. Quantas vidas ainda não foram alcançadas? Quantos enfermos ainda não foram curados? Quantos líderes ainda não foram treinados? Quantas células ainda podemos multiplicar? Quantas igrejas podemos abrir? Se há algumas células ou igrejas explodindo, também existem outras onde nada acontece. Quando você consegue separar as duas coisas: ser grato a Deus e permitir que ele produza ainda mais essa bendita insatisfação, se prepare para o que Deus irá fazer em você e através de você. “Estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida, e próximo o parto, ouvindo estas novas, de que a arca de Deus fora tomada e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram. Ao expirar, disseram as mulheres que a assistiam: Não temas, pois tiveste um 27 2º Dia - Bendita insatisfação filho. Ela, porém, não respondeu, nem fez caso disso. Mas chamou ao menino Icabô, dizendo: Foi-se a glória de Israel. Isto ela disse, porque a arca de Deus fora tomada e por causa de seu sogro e de seu marido. E falou mais: Foi-se a glória de Israel, pois foi tomada a arca de Deus” 1 Samuel 4:19-22. Vejamos, neste trecho, o povo de Israel havia possuído a terra de Canaã, experimentado vitórias, era um povo vencedor, que havia sido liberto do Egito, o qual pode desfrutar do sobrenatural de Deus vendo as dez pragas no Egito. Deus operou milagres, materializou através de sinais e prodígios pelas mãos de Moisés, o mar se abriu e o povo pôde passar. No tabernáculo ficava a arca da aliança, que é um símbolo da presença manifesta de Deus, e ali Deus se revelava ao seu povo e manifestava a sua glória. O texto de 1 Samuel, capítulo 4, retrata um tempo onde todas aquelas experiências, milagres e grandes histórias já haviam acontecido. A nuvem da glória de Deus que descia naquele tabernáculo a “olho nu” e os seus milagres eram tornara-se apenas passado. Naquele tempo as visões e revelações de Deus eram muito raras, a Palavra de Deus não era frequente, porém tudo se tornara passado. Chegou-se a um ponto em que eles foram vencidos pelos filisteus e a arca foi roubada, a arca da aliança a qual simbolizava a presença manifesta de Deus. Veja a que ponto a situação precisou chegar! Quanto a você, quanto a sua vida, até que ponto permitirá que a situação se complique para se posicionar e reconhecer que precisa de Deus em um nível maior? É neste contexto de caos e de acomodação que a nora de Eli, esposa de Finéias, no momento em que estava dando a luz ao seu filho, recebe a notícia de que seu marido e seu sogro haviam morrido. Ela também fica sabendo que a arca havia sido roubada, tomada de tamanha angústia, ela dá o nome ao menino de Icabô, que significa: foi-se a glória de Deus! Após isto, ela morre. Aqui nós encontramos um princípio, que é chave: Deus só pode dar uma virada na sua história após você se posicionar e reconhecer a necessidade da presença dEle, reconhecer que: “Venha no meu casamento, Senhor, porque ele: Icabô!”; “Venha no meu ministério, porque ele: Icabô!”; 28 21 Dias por um coração aquecido “Venha na minha célula, Senhor, porque ela: Icabô!”. Embora, você não seja daquelas pessoas que cai em pecados grosseiros e vive uma vida santa e íntegra, está satisfeito, em que nível de unção você tem experimentado na sua vida? Que nível de poder de Deus, de milagres, de sobrenatural, você tem desfrutado? Você tem sensibilidade para perceber a voz do Espírito Santo e ser dirigido por Ele? O Espírito Santo te chama, te atrai a orar e a investir tempo com Ele ou você já está satisfeito com a quantidade de azeite na sua vasilha? Se você já está satisfeito, certamente você não irá transbordar! Nós somos resultado de um mover de Deus, um avivamento que marcou o seu tempo e que influência a Igreja até hoje. Um mover de restauração, santidade, paixão missionária, de justiça social, serviço, um evangelho integral, equilibrado em atos de piedade e de misericórdia, na verdade, um cristianismo que funciona e que influência e transforma. Quando olhamos para trás, encontramos avivamentos que marcaram a história da Igreja e que causaram revoluções em nações inteiras, nós somos resultado desses mover. E essa mesma graça está disponível para a Igreja hoje, mas quando você olha ao seu redor, você enxerga esse mover de Deus? Que o Espírito Santo encha o seu coração nesses dias de uma bendita insatisfação que vai te impelir a clamar na sua vida, Icabô! Neste tempo de Jejum, quero te motivar a orar, a clamar, a buscar de Deus, para que esse mover possa crescer na sua vida, na sua célula e na sua Igreja Local. Mesmo que você já esteja experimentando numa certa medida o mover de Deus, tenha um coração grato dizendo: “Obrigado pelo o que o Senhor tem feito em minha célula, mas eu ainda não vi morto ressuscitar!”. Não fique satisfeito, porque você não transbordou ainda! “Então o rei Sisaque atacou Jerusalém e a tomou; levou embora todos os tesouros do Templo e do palácio e também os escudos de ouro que Salomão havia feito. Para colocar no lugar deles, o rei Roboão fez escudos de bronze e os entregou aos oficiais encarregados de guardar os portões do palácio” 2 Crônicas 12:9-10 Saul foi o primeiro rei de Israel, através dele a monarquia foi estabelecida e no lugar de Saul, Deus levantou um rei chamado, Davi. O auge do 29 2º Dia - Bendita insatisfação mover de Deus aconteceu no reinado de Davi, neste tempo Deus deu vitórias, levantou a nação diante dos inimigos, fez Israel prosperar e Jerusalém se tornou uma das principais cidades da sua época. Depois de Davi, Salomão seu filho, coberto de riquezas começa a governar e neste reinado o declínio da nação se inicia. E com a morte de Salomão, seu herdeiro Roboão assume o trono e em seu reinado Faraó do Egito venceu Israel. Faraó que é um símbolo de satanás, oprimiu, escravizou, chegou a invadir Jerusalém e roubou todos os tesouros da casa de Deus que eram usados para culto e adoração. A Bíblia conta que Faraó levou tudo. Todo ouro que simboliza a glória de Deus, sua presença e seu mover. E o que fez o rei Roboão? Ele caiu de joelhos prostrado clamando e buscando ao Senhor? Não! Ele escolheu substituir os utensílios de ouro pelos de bronze. Eles estavam tão acostumados a viver sem o mover de Deus, que não fazia diferença entre o ouro ou o bronze. O bronze parece funcionar e ser adequado, afinal alguns nunca tiveram ouro, portanto, não faz diferença. Outros já o experimentaram na sua vida e no ministério, já tiveram a glória de Deus e seu mover, o fluir, os dons, os milagres. Mas depois, Sisaque, o diabo, sorrateiramente começou a tirar a nossa consagração, intensidade, a motivação certa, a pureza do coração, a paixão por Jesus, a dedicação na vida da Igreja. Alguns perderam esse ouro, sem nem mesmo perceber. E qual é a tendência? Não temos a glória de Deus na vida da Igreja? Mas temos o bronze, não temos mais a nuvem da sua presença em nossos cultos? O bronze está bom, fique satisfeito com o bronze. No livro de Atos dos Apóstolos vemos a Igreja primitiva começando a orar e o lugar tremer. Aquela igreja experimentava sinais e milagres. E nós, quando experimentamos isso? Mas estamos satisfeitos. A questão não é que agora temos que viver em busca do espetacular, o problema é que desprezamos o mover de Deus entre nós e deixamo-lo passar e nos tornarmos um museu cheirando a passado. Deus quer te levar a olhar para o bronze na sua vida para você refletir:“Deus onde está o ouro na minha vida? Onde está a manifestação do seu poder na minha família? Onde está o ouro na minha célula? Onde está a glória de Deus?” Nós não podemos nos acomodar com 30 21 Dias por um coração aquecido o bronze, pois o ouro está disponível para a Igreja. Temos visto em nosso tempo, jovens morrendo prematuramente, o aborto, a miséria, a corrupção, o analfabetismo, e nos acostumamos, nos acomodamos com os problemas do nosso bairro e cidade, achando que o governo vai solucionar. A menos que Deus visite esse país, sacudindo as bases dessa nação, nada vai mudar! Queremos ser uma igreja que fala de avivamento, ou que experimenta o avivamento? Não aceite viver com o bronze. Desperta-te! Neste Jejum o Senhor te convida a viver uma virada e não mais uma vida medíocre – na média - como vítima das circunstâncias. Ore ao Senhor, peça a Ele que uma insatisfação santa te tome por completo, por uma paixão que aqueça o seu coração e te levante para ser alguém que toma as rédias da sua vida e faz a história acontecer. Ore isto crendo e se prepare para viver um novo tempo, um “de repente” em sua vida, família, ministério, célula, e em todas as áreas da sua vida. 31 3º Dia: Atitudes diante do mover de Deus Estes são dias de busca por um avivamento pessoal, de sermos alargados em nossa experiência com o Senhor. Nossa oração é que a fome pela Glória de Deus esteja crescendo em nosso coração, um apetite pelas coisas do céu. Temos uma ênfase muito séria nessa caminhada dos 21 dias de Jejum: queremos o mover do Espírito Santo cada vez mais intenso entre nós, e a Sua Glória na vida da igreja. Não nos satisfaz uma obra que não tenha a Glória de Deus, o que existe de maior valor na vida da igreja é o mover de Deus e no dia em que ela perde isso ela se torna um museu fedendo a passado, cheio de histórias, sem vida. Muitos avivamentos se transformaram em nada, muitos moveres de Deus que foram despertados de uma forma genuína não tiveram resultados, não passaram de um grande frisson, que não se desdobrou em vidas sendo alcançadas, em líderes sendo treinados e em igrejas fortes sendo edificadas. Quantos avivamentos se transformaram em igreja fechadas, ministérios personalistas, enfim, uma obra pessoal voltada para a figura de um homem. Tantos despertamentos se transformaram num projeto de poder, 32 21 Dias por um coração aquecido de arrecadação financeira ou numa maneira de barganhar votos. Em outros, só restou apenas uma memória saudosista, onde as pessoas dizem: “naquele tempo que era bom”, “naquele tempo que Deus falava”, “naquele tempo Deus se movia”... Aquela coisa melancólica, sempre olhando para trás. Em outros casos, parece que o avivamento se transformou num “anestésico espiritual”, numa aventura mística vendo serafins subindo e descendo o dia inteiro, parecendo uma “cocaína espiritual”, que muitos gostaram de experimentar, mas que também não se resultou em frutos para o Reino. Quando olhamos para trás, parece que o avivamento trouxe consigo uma certa maldição, não que o avivamento seja uma maldição, mas assim como a obra cresceu, cresceu também o “olho” de muitos, carregando um germe de divisão, onde surgiu a igreja fulana de tal, a igreja fulana de tal renovada e a igreja fulana de tal renovada melhor do que todas as outras. Você já viu esse filme? Tudo o que foi exposto até aqui nos serve para refletirmos e pensarmos. Que tipo de avivamento temos vivido? Queremos participar de algo que seja apenas um soluço, ou algo que se pareça com um voo de galinha, em que quando se pensa que vai, não vai? Ou estamos disposto a viver um mover de Deus que nos transforme e faça o mesmo com a realidade ao nosso redor? Se estamos dispostos a participar de um avivamento prevalecente, sustentável, precisamos ter a disposição de ficarmos expostos à luz de Deus, criar raízes, ir além do romantismo. Haverá momentos onde os frutos parecem ser escassos, em que o preço parece estar caro demais, em que estar junto com certas pessoas parece algo difícil. Ou cruzamos essa fronteira ou iremos reproduzir o que temos visto em muitos lugares na vida da igreja. Estejamos certo de uma coisa, esse mover pode crescer ou não, e também até deixar de existir. Será proporcional a nossa atitude, ao 33 3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus nosso coração, a nossa postura diante dele. Por isso, hoje, devemos abrir o nosso coração para que o Espírito Santo traga revelação e abra os nossos olhos para que nos enxerguemos e correspondamos. “Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número de trinta mil. Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome do SENHOR dos Exércitos, que se assenta acima dos querubins.” 2 Samuel 6:1-2 Davi reuniu os escolhidos de Israel para trazerem de volta a arca da aliança. Esse foi um dia de mover de Deus. A arca simboliza a presença manifesta de Deus. Deus é onipresente, Ele está em todos os lugares, o salmista diz: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139:7-10). Mas existe um outro aspecto da presença de Deus, a sua presença manifesta, que é quando Deus está presente num lugar e as pessoas O percebem. Nesse texto do segundo livro de Samuel, capítulo 6, encontramos alguns personagens que nos falam na verdade de algumas atitudes que podemos assumir diante desse mover de Deus. O que significa cada um desses personagens? O que eles têm haver conosco? A presença de Deus é a mesma, mas ela pode ter efeitos diferentes em cada um de nós. Podemos ver o exemplo do sol, quando ele se encontra com a cera, ela amolece, mas quando se encontra com o barro, ele endurece. O sol é o mesmo, a diferença está na natureza do material, se formos cera, quando o sol da justiça vier, vamos nos derreter diante de Sua presença, mas se formos barro, quando o mesmo vier, iremos nos endurecer diante dEle. Logo, o que vai determinar se o mover de Deus irá crescer em nossas vidas ou não é a nossa atitude, a postura do nosso coração. 34 21 Dias por um coração aquecido 1. Uzá – aqueles que são irreverentes diante do mover de Deus “Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. Levaram-no com a arca de Deus, da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca. Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamboris, com pandeiros e com címbalos. Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus. Desgostou-se Davi, porque o SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje” 2 Samuel 6:3-8. A arca foi levada para a casa de um homem chamado Abinadabe onde ficou por vinte anos. No dia em que Davi resolveu levar a arca da aliança de volta para Jerusalém, Uzá, filho de Abinadabe, guiava o carro de boi. A primeira atitude que vamos destacar neste dia de mover de Deus é a de Uzá, que para a nossa surpresa, não foi uma experiência muito agradável com o mover de Deus. Uzá não “caiu” no poder de Deus, não riu, não chorou, pelo contrário, ele até caiu, mas morto. O que era para ser glória e poder de Deus se resultou em morte. Mas porque isso aconteceu? O que tinha na vida de Uzá? Por que ele não conseguiu desfrutar do mover de Deus? A arca da aliança ficou na casa de Uzá durante vinte anos e desde pequenoestava acostumado a vê-la. Ela era apenas como uma mesa, um sofá, ou uma geladeira, era só mais um móvel no meio de tantos outros que estavam ali. Até o dia em que Davi decidiu levar a arca de volta, pois para ele, ela era muito preciosa, afinal era a presença manifesta de Deus. A arca estava sendo conduzida e de repente, o carro de boi tropeçou e Uzá foi 35 3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus segurá-la. No momento que Uzá a tocou, ele morreu. Um toque “diferente” e o coração veio para fora! Uzá, aparentemente, queria ajudar e socorrer a Deus, pois os bois tinham tropeçado e a Arca poderia ter caído. Todos estavam alegres e Davi não desejava que nada saísse errado. Uzá ao ver que a carroça pendia pelo tropeço dos bois, estendeu a mão, tocou na arca e morreu por essa “irreverência”. Mil anos depois, uma mulher estava enferma, havia doze anos que sofria de uma hemorragia que não se estancava. A vida se esvaía e ela não se sentia com forças para viver, sem falar no constrangimento que sofria e o fato de ter gastado todo o seu dinheiro com médico e remédios, sem nada resolver. Ela veio por trás e tocou em Jesus, imediatamente se viu livre da enfermidade! “Quem me tocou?” perguntou o Senhor. “Mestre, a multidão te aperta e dizes, quem me tocou?” questionava Pedro. “Alguém me tocou, pois, senti que de mim saiu poder!” garantiu Jesus. Milhares de mãos, nenhum toque! Uma única mão, um toque que ativou o poder de Deus! A Arca era o simbolismo da Presença de Deus, já Jesus era a Presença de Deus, não simbolizada, mas realizada: Emanuel, Deus Conosco! Morre-se ou vive-se diante de Deus com o coração, a presença de Deus o expõe. Uzá nos fala daqueles que estão acostumados e familiarizados com a arca. Muitos se acostumaram com o mover de Deus na vida da igreja, e quem sabe se não somos mais um “Uzá”? Acostumados a participar de cultos, com a celebração da Ceia, com a presença de Deus, acostumados com tudo, não há nada de novidade, tudo é conhecido. Não podemos nos acostumar com a presença de Deus, essa é uma das coisas mais perigosas na caminhada cristã. Uzá estava tentando segurar algo que tinha que cair, não tente segurar o que precisa cair. Davi tinha um coração certo, mas não estava fazendo da maneira correta, pois não se carregava a Arca em carro de boi. Isto nos fala de técnica humana, estratégia de filisteu, é a carne querendo produzir coisas do Espírito e não se produz mover de Deus na força do braço. E devido a isso, a Arca deveria cair para o bem de Davi, para que ele caísse em si. 36 21 Dias por um coração aquecido 2. Obede-Edom – aqueles que valorizam o mover de Deus “Ficou a arca do SENHOR em casa de Obede-Edom, o geteu, três meses; e o SENHOR o abençoou e a toda a sua casa” 2 Samuel 6:11 A arca ficou na casa de Obede-Edom durante três meses e Deus abençoou tudo o que ele tinha - Um morreu e o outro foi abençoado - Será que Deus faz acepção de pessoas? Não. A benção de Deus está estendida a todos, mas alguns são como Uzá, irreverentes, e outros são como Obede-Edom, valorizam a glória de Deus. Perceba que a arca ficou na casa de Abinadabe durante vinte anos, e a Bíblia não diz que eles foram abençoados. Entretanto, ficou três meses com Obede-Edom e Deus o abençoou tremendamente. Por quê? Havia um segredo? Não. A diferença estava na forma em que cada um enxergava a Arca. Para Abinadabe ela era somente uma madeira banhada a ouro, só um “negócio religioso”, e para Obede-Edom não, era a arca de Deus, a presença dEle! Imagine a cena, Uzá acaba de morrer e Davi em busca de voluntários, disse: “Alguém aqui poderia levar a arca para casa?”. As pessoas começam a disfarçar, olhando para um lado e para o outro e um festival de desculpas: “eu não posso, trabalho muito”, “na minha casa? Tenho filhos pequenos, imagina se um deles esbarra na arca?”. Ninguém queria, mas Obede-Edom disse: “Eu quero!”. Perceba a atitude de Obede-Edom, o qual reconheceu o valor da arca do Senhor. Ele, porém, chegou em casa e disse para a sua família: “Essa é arca da aliança, que atravessou o rio Jordão e o rio parou, onde Deus se manifestou ao seu povo e agora ela está aqui, na nossa casa”. Em contrapartida, para Abinadabe a arca era apenas uma coisa comum e normal. As coisas de Deus não são neutras, Uzá morreu, mas Obede-Edom foi abençoado. Jesus disse que para alguns Ele seria como pedra de edificação, mas para outros Ele seria pedra de tropeço (Mt 21:44; 1Pe 2:8). Jesus é o mesmo, mas tudo depende da nossa atitude, da nossa postura, do nosso coração. 37 3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus 3. Mical – aqueles que observam o mover de Deus “Ao entrar a arca do SENHOR na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do SENHOR, o desprezou no seu coração. Introduziram a arca do SENHOR e puseram-na no seu lugar, na tenda que lhe armara Davi; e este trouxe holocaustos e ofertas pacíficas perante o SENHOR. Tendo Davi trazido holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do SENHOR dos Exércitos. E repartiu a todo o povo e a toda a multidão de Israel, tanto homens como mulheres, a cada um, um bolo de pão, um bom pedaço de carne e passas. Então, se retirou todo o povo, cada um para sua casa. Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer! Disse, porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes do que a teu pai e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do SENHOR, sobre Israel, perante o SENHOR me tenho alegrado. Ainda mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas, de quem falaste, delas serei honrado. Mical, filha de Saul, não teve filhos, até ao dia da sua morte” 2 Samuel 6:16-23 Mical, de uma certa maneira, também participou deste dia de mover de Deus, ela nos fala de um outro tipo de atitude que também podemos assumir, atitudes daquelas pessoas que valorizam mais a forma do que o conteúdo. Para Mical, é mais importante a aparência do que a Glória de Deus, ela é do tipo da pessoa que gosta de falar: “para que gritar tanto ao orar? Deus não é surdo!”, Deus não é surdo, mas Deus também não é estressado. Mical lustra, claramente, daqueles cristãos que se esqueceram da presença de Deus. Outra atitude da mulher de Davi foi o desprezo ao rei no seu coração (2Sm 6:16). Mical não honrou Davi diante do povo e por isso não pôde ser abençoada por ele. E uma pessoa assim não tem honra no coração, a unção que você honra é a unção que você abençoa. Davi queria abençoar a vida de sua esposa (2Sm 6:20), mas Mical só enxergava Davi como um homem ridículo que ficava rodopiando no meio do povo. Nós só temos aquilo que abençoamos e se quisermos ser 38 21 Dias por um coração aquecido abençoados através do mover de Deus em nossos dias, então falemos bem desse mover. Por que algumas igrejas não crescem? Porque os seus pastores vivem falando mal do crescimento da Igreja e, como dito anteriormente, embora em outras palavras, não recebemos aquilo que falamos mal, ninguém bebe de uma fonte que ele mesmo suja. Pessoas com a mentalidade de Mical gostam de criticar e diminuir o resultado do outro. São cheias de inveja, desprezam o dom que outros receberam de Deus e ao invés de encorajar as pessoas, procuram abafar e freá-las O interessante é que Mical, ao invés de entrar e se envolver no mover de Deus, escolheu ficar olhando pela janela. E sempre há uma Mical olhando pela janela, criticando e diminuindo o que Deus está fazendo no meio do povo. Portanto, não fique olhando pela janela, deixe de ser apenas um “expectador”, entre no mover e desfrute do que Deus está fazendo em nossos dias. Este é o tempo da nossa oportunidade. E qual seria o problema de ser Mical? Oproblema é que ela não teve filhos até o dia da sua morte. E pessoas assim, que vivem diminuindo o ministério dos outros, mas não têm frutos, não geram filhos espirituais, ficam estéreis. O problema de ser Mical é o de não fazer discípulos. 4. Davi – aqueles que se envolvem no mover de Deus Por último, Davi nos fala daqueles que possuem um clamor no coração pela Glória de Deus. Quando ele foi em busca da arca, não está à procura do ouro nem dos utensílios que havia dentro dela, o que Davi estava “perseguindo” era o mover de Deus. Esse clamor também deve ser real em nosso coração faminto pela presença manifesta de Deus. Realmente ficamos preocupados com irmãos que não se importam mais com a Glória de Deus, com pastores que não se importam se na vida de suas igrejas, cultos, reuniões, células, tem ou não a presença de Deus. 39 3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus Talvez você esteja precisando de uma disposição maior para cultivar a fome por mais de Deus. “Sucedeu que, quando os que levavam a arca do SENHOR tinham dado seis passos, sacrificava ele bois e carneiros cevados” (2Sm 6:13). Para avançarmos no mover de Deus é necessário perseverança. Eles andavam seis passos e ofereciam sacrifício a Deus. E, às vezes, queremos tudo muito fácil, somente coisas simples, só “mamão com açúcar”, só um “momentozinho” com Deus, mas é necessário persistir. Se perseverarmos, permanecermos, buscarmos, seremos como um capim seco cheio de fogo e o Espírito Santo irá soprar sobre nossa vida, inspirando, assim, milhares. 40 21 Dias por um coração aquecido 41 4º Dia - A necessidade de uma experiência “Por muito tempo meu espírito aprisionado, permaneceu nos grilhões das trevas e do pecado. Até que de teu olhar veio o raio vivificador, e despertei, meu calabouço em pleno fulgor. Os grilhões se romperam, meu espírito foi liberto. Levantei-me e passei a seguir-te de perto.” John Wesley Sem dúvidas, existe uma experiência libertadora que temos com Deus que nos leva a viver a plenitude do que Ele preparou para nós. Os Apóstolos, enquanto caminhavam com Jesus, não podiam imaginar que um dia fariam “obras maiores que a dEle”. Paulo, enquanto Saulo, zeloso no que considerava correto, nunca se imaginou como membro daquilo que ele mesmo perseguia. Os judeus também viveram esta experiência, achavam-se detentores da verdade, afinal, eles eram o povo escolhido por Deus entre todos os povos da terra. Mas ainda assim, esta não era a experiência final de Deus para com eles, havia mais, sempre existe mais, Deus é um Deus de novidades, que não consegue se conformar, ou se limitar a uma mesmice ou rotina. Jesus, no livro de João, vai apresentar a todo o seu povo uma nova experiência, que está disponível a todos os homens que desejarem, que tem o poder de transformar as nossas vidas e nos levar a novos patamares espirituais. 42 21 Dias por um coração aquecido “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” João 7:37-39 No último dia de Festa, o grande dia, o mais importante, Jesus se levanta no meio do povo e faz o discurso de que quem tivesse sede deveria ir a Ele e beber, pois aquele que cresse e bebesse dEle, nunca mais teria sede, do seu interior fluiriam rios de água viva. A festa dos tabernáculos, conhecida também como a festa das cabanas, era a comemoração onde o povo Judeu relembrava os 40 anos em que seus pais viveram no deserto, entre o Egito e Canaã. Estes dias, foram marcantes na história deste povo, afinal, eles foram sustentados 40 anos pelo Senhor no deserto. Como um tempo marcante, Deus levanta um memorial, uma festa, para que eles pudessem lembrar dos feitos do Senhor. O último dia da festa, o mais importante, conhecido como “Hoshana Rabbah”, ou Grande Hosana, o grande “vem nos salvar”, dia pelo qual o povo judeu relembra a forma como foram salvos no deserto. Neste dia, o sumo sacerdote trazia em um jarro de ouro, águas do tanque de Siloé e derramava sobre o altar de sacrifício, fazendo uma grande cerimônia, e o povo, com grande alegria, celebrava ao Senhor cantando hinos e salmos. A água tem um grande simbolismo na Bíblia e é por este motivo que ela é citada por Jesus neste texto. Para nós, cristãos, a água também demonstra um simbolismo, afinal somos batizados com água, Cristo é a água viva e o fluir do Espírito é o fluir de Rios de Água Viva. Para os judeus a água demonstra a salvação. Em Números 20:2-13 está relatado o dia em que Moisés feriu a rocha e de lá brotou água. O povo estava no deserto, com muita sede e não havia nenhum lugar onde poderiam tirar água e imediatamente começaram a murmurar, então, Moisés e Arão se prostam diante do Senhor buscando nEle uma solução para o desespero do povo. Neste momento, Deus dá a direção a Moisés 43 4º Dia - A necessidade de uma experiência que junte o povo e dê ordem a rocha e dela brotaria água. Este dia, também, se tornou um grande memorial, pois de forma milagrosa Deus fez surgir água para o seu povo, a água salvadora, que impediu que o povo de Deus perecesse e morresse de sede no deserto. Diante deste memorial, neste dia, na festa onde se relembrava todos os feitos do Senhor nos dias em que os pais deles ficaram no deserto, mais especificamente no dia da “grande salvação”, Jesus levanta- se colocando como a rocha, ou seja, aquele que faz brotar água, não qualquer água, mas a água que salva e faz surgir de dentro de nós, rios de água viva. Jesus, então, convida a todo o povo a ter uma nova experiência, uma experiência que vai além da salvação, mas que faz de cada um uma fonte a jorrar por toda a eternidade - “Rios de Água Viva” - uma experiência com o Espírito Santo. Sim, a experiência é com o Espírito Santo. Alguns versículos adiante nos comprovam isto. João nos diz no verso 39 que Jesus estava falando a respeito do Espírito Santo, que receberiam os que cressem, pois até aquele momento ainda, não havia sido revelado. O Espírito Santo tem o poder de transformar nossas vidas e nos fazer viver um tipo de vida totalmente diferente do que vivíamos. Passamos então a viver além do natural, entramos na esfera do sobrenatural, compreendendo as coisas espirituais. O nosso coração, que era de pedra, se torna de carne após a nossa salvação (Ez 36:26), mas depois da experiência com o Espírito Santo, ele se torna aquecido, incendiado pelo fogo do Espírito. As obras do ministério se tornam mais sólidas e intensas depois que temos uma experiência transformadora com o Espírito Santo. Jesus dá inicio aos seus três anos e meio de ministério depois do momento do seu batismo, em que o Espírito Santo e veio sobre Ele como uma pomba e do alto ouviu Deus dizer: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17). Em sua ascensão, Ele deixa seus discípulos reunidos em Jerusalém orando e aguardando a descida do Espírito Santo sobre eles, o que acontece dez dias depois e os transformam em flechas incendiadas. 44 21 Dias por um coração aquecido Deste modo, Jesus nos mostra em João 7:37-38 que se quisermos e crermos nEle, poderemos ser transformados, de sedentos a fontes de Rios de Água Viva, que jorrarão por toda a eternidade. Isto sim é uma transformação, cuja terra seca se torna uma poderosa nascente. Diante disto, gostaria de listar aqui alguns pontos importantes demonstrados pelo texto de João, que nos levarão a esta experiência tão necessária para nossas vidas. 1. Se alguém tem sede Jesus estava diante de uma festividade religiosa, ali havia pessoas cumprindo apenas um ritual, mas também tinham pessoas que estavam em busca de um encontro com Deus, de salvação e de transformação. A pergunta de Jesus não era sobresede natural, que temos ou que os pais deles tiveram no deserto, antes de Moisés ferir a rocha. Jesus esta falando de uma necessidade espiritual que todo homem tem. Todos tem essa sede, a diferença é que alguns querem saciá-la, outros não. Sede de salvação, sede de transformação, sede de retornar ao propósito inicial do homem, refletir a imagem Deus. Esta é a pergunta que Jesus fez a todos. Quem aqui deseja ser transformado para ser semelhante a mim e fazer as mesmas obras que Eu faço? Que venham a mim! Se quisermos esta experiência para nos tornarmos semelhantes a Ele e para fazermos as obras que Ele fez, nos encontramos no grupo dos sedentos, ou melhor, dos que tem sede. Agora, o que os que têm sede devem fazer? 2. Venha a mim e beba Jesus dá uma ordem a este sedento: “Venha a mim e beba”. Se você deseja esta experiência tão necessária, que te transformará em uma nova pessoa, a única coisa que você precisa é ir a Ele e beber. Primeiro: Você pode ir a Ele. Não existem mais barreiras! Ele veio para 45 4º Dia - A necessidade de uma experiência remover o que nos separava, o caminho está aberto, podemos nos achegar ao seu trono da Graça (Hb 4:16). Nada nos impede, nada mais nos separa (Rm 8:31-39). Ele deseja aquecer seu coração e se refletir ao mundo através da sua vida, por isso, vá até Ele e permita que o fogo do Espírito Santo purifique sua vida e te transforme em alguém semelhante a Ele. Segundo: Você pode beber, é de graça. Talvez você diga, “mas nós não merecemos” e, sem dúvida, nunca mereceremos, por isso é Graça. A única coisa que devemos fazer é aceitar esta Graça, ir até Ele e beber. É Ele quem nos convida a beber de Sua água viva. Deixe de lado mentiras do tipo que você não merece que você não está pronto, que você não está preparado. Jesus te convida a beber de suas águas e esta será a experiência que te levará para tudo mais que Ele deseja fazer através de você. Terceiro: A importância da água. A água é essencial para a sobrevivência humana e nós até aguentamos ficar alguns dias sem comer, mas sem beber água, não passamos de três dias. Jesus se coloca como algo essencial na vida humana, afinal o homem não vive sem Deus, nós temos sede de Deus, e não podemos fugir desta realidade. Precisamos desta experiência, que não apenas nos sacia, mas também nos torna um instrumento para levar o que sacia aos outros. 3. Quem crer em Mim Jesus é a fonte, Ele é a própria água viva, a vida que jorra de dentro de nós, por este motivo Jesus nos manda ir até Ele e beber. Não são rituais e nem práticas religiosas que nos fazem ser cheios do Espírito Santo, mas simplesmente o crer em Jesus, que Ele é a fonte, a Água Viva e quem nos dá vida. Outra questão importante é o exercício da fé onde depositamos nossa fé nEle e por conta disso, vivemos esta experiência. Fé é acreditar, é confiar na Palavra e no caráter de Deus e confiar que Ele está nos convidando, por isso podemos ir sem medo e crendo que sua Palavra será cumprida em nossas vidas. 46 21 Dias por um coração aquecido Para vivermos qualquer experiência com o Espírito Santo precisamos de fé, de crer de fato que é a vontade de Deus nos fazer transbordar dEle, e em fé corresponder com suas direções, e logo, estarmos transbordando. Neste dias, queremos te incentivar a buscar a Deus e uma experiência com o Espírito Santo como você nunca teve antes. Cremos que a fé já está sendo gerada em seu coração através da Palavra de Deus, te levando a ter certeza de que a Sua vontade é que você tenha um coração aquecido e transbordante do Espírito Santo. Creia que foi Deus quem preparou estes dias de jejum e consagração para você e permita o Senhor operar. 4. Do seu interior fluirão rios de água viva Em João 4, Jesus se apresenta para a mulher samaritana como água viva, e que se ela bebesse dEle, jamais teria sede e no seu interior formaria uma fonte a jorrar por toda a eternidade. Jesus ali, falava de Si mesmo e da experiência que aquela mulher poderia experimentar, reconhecendo-O como salvador. Aqui em João 7, Jesus vem nos falar não de uma fonte, mas de rios de água viva. Em seguida, João nos explica que Jesus falava do Espírito Santo. Existem duas experiências e elas são fundamentais em nossa vida espiritual. A primeira é aceitar a Jesus como nosso Senhor e Salvador e ela nos faz nascer de novo, e nosso interior é tomado pela vida de Deus. Já a segunda experiência é o batismo com o Espírito Santo, e esta nos permite com que do nosso interior, não somente uma fonte brote, mas jorre de nós rios de água viva. Rios são mais fortes, mais poderosos do que fontes. Rios são renováveis, cheios de vida e abençoam a outras pessoas, a comunidade e cidades. Esta segunda experiência nos coloca em um nível mais intenso em nossa atividade ministerial, pois aquilo que surge de dentro de nós passa então a abençoar outros. Assim, nos tornamos verdadeiras testemunhas de Cristo, pois temos vida fluindo de forma poderosa do nosso interior. Podemos levar o evangelho do Senhor, fazer discípulos, orar, fazer as mesmas obras que 47 4º Dia - A necessidade de uma experiência o Senhor fez, no mesmo poder que Ele operou. Tente olhar este texto no contexto da experiência do povo judeu no deserto. Alguns estavam morrendo pela falta de água. Deus então, através de Moisés, faz de uma rocha surgir água. O texto diz que depois que Moisés feriu a rocha, muita água saiu dela e essa água supriu a necessidade daquele povo e trouxe vida a eles. Desta mesma forma, existem pessoas ao nosso redor necessitadas de água viva, sedentas pela Palavra do Senhor. Diante disto, através da nossa experiência com o Espírito Santo, Deus fez surgir do nosso interior rios de água viva, que jorram muitas águas, para saciar estes sedentos que estão morrendo pela sequidão do mundo. 48 21 Dias por um coração aquecido 49 5º Dia: Deus residente Este é um dos assuntos mais profundos da Palavra de Deus, e ao mesmo tempo um dos mais simples, este tema irá abrir portas para novas dimensões de comunhão com o Deus Eterno que é residente. Pois, podemos desfrutar da presença de Deus ininterruptamente, a cada instante, a cada momento e não mais vivendo aqueles momentos ocasionais, e sim de uma maneira viva e permanente. “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” 1 Coríntios 6:17 Isso é poderoso! Talvez não tenhamos a clareza desse versículo, do impacto, da profundidade, das consequências e implicações do que a Bíblia está dizendo aqui. Antes, erámos uma pessoa isolada, separada de Deus, morta espiritualmente, mas Paulo está dizendo que quando somos regenerados, o nosso espírito se une ao Espírito de Deus e se tornam um. Quando Deus idealizou o homem, Ele nos fez para sermos seres espirituais, mas com a sua queda do homem, este propósito se perdeu. Então, por que Deus nos fez seres espirituais? Porque Deus é Espírito, Ele irá se relacionar conosco, falando, inspirando, edificando e nos dando direção no espírito. Porém, na queda, quando o homem pecou, ele se tornou carnal, sua alma passou a estar rendida a sua carne, e 50 21 Dias por um coração aquecido logo se tornou escravo do pecado e das coisas naturais. Agora, a base de nossa comunhão com Deus, é o novo nascimento, e somente assim, teremos comunhão com o Espírito Santo, para isso precisamos viver esta experiência que nos faz nova criatura, não mais rendidos à carne, mas seres espirituais regenerados. Uma pessoa que não foi regenerada é incapaz de ter intimidade com Deus, é como um rádio querendo captar os sinais de uma televisão. É incompatível, porque Deus opera no âmbito espiritual e é por esse motivo que Paulo afirma que o homem natural não compreende as coisas espirituais, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2:14). É óbvio que Deus pode entrar na realidade humana e natural. Em vários momentos na história bíblica, podemos observar o Senhor falando de modo audível ou através de sinais e sonhos. Mas em linhasgerais, a maneira de Deus agir é espiritualmente. Deus é Espírito (Jo 4:24) e nós também somos espírito (1Ts 5:23), somos da mesma espécie, podemos nos relacionar e ter plena comunhão. “Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” João 3:5-7 Estamos introduzindo os fundamentos dessa verdade. A Bíblia diz que o nosso primeiro nascimento foi o nascimento na carne, onde fomos gerados e concebidos. Então, somos por natureza, por origem, seres carnais. E se não tivéssemos a experiência da regeneração, esta seria a nossa condição até o final da nossa vida. A Palavra de Deus introduz um outro paradigma, que é de fato superior ao anterior. Se pelo nascimento na carne, nos tornamos carne, então, pelo nascimento no Espírito nos tornamos seres espirituais. Mesmo que habitemos neste corpo, neste tabernáculo carnal, uma vez que nascemos do Espírito e fomos regenerado pelo Senhor, nos tornamos seres espirituais. 51 5º Dia - Deus residente Entretanto, novamente estamos qualificados a termos um relacionamento com Deus. Mas qual é a preciosidade disso? Ora, aquele que foi regenerado tem condição de ouvir o Espírito Santo, ao contrário de alguém que não nasceu de novo, o qual está como que “desligado” para Deus. Não que Ele não fale e nem queira falar, e sim pelo fato de que essa pessoa não tem a capacidade, a sensibilidade de perceber a voz de Deus. Encontrando-se, incapacitado de fazer um “download” das coisas do Espírito. A Bíblia é um grande romance, Deus é extremamente apaixonado por nós, Ele não tinha necessidade de nos criar, mas quando viu toda a Sua Glória, Sua vida divina, Deus decidiu compartilhá-la conosco. Em contrapartida ao diabo, que é egoísta, que cobiça o que não é dele, e que quer passar por cima das coisas para estabelecer a sua vontade. Deus, porém tem uma índole inversa, que compartilha, investe e que dá aquilo que é só dEle. Assim, podemos perceber que Deus nos criou a fim de que pudéssemos compartilhar de Sua Glória, beleza, grandeza e intimidade. Ele arquiteta o homem, não apenas para adorá-lo, esta ideia é muito superficial, parece que Deus tem problema de autoestima, e de que precisou criar o homem para ficar dizendo: “Você é lindo meu Deus!”, “Não esquece não, você é demais”. Há algo mais profundo: Deus quer se casar com homem. Quantas vezes vemos na Bíblia, o uso da comparação com o casamento mostrando uma vaga ideia de Sua intenção conosco. Na verdade, não há na experiência humana nenhuma outra mais profunda, mais íntima, de duas pessoas tornarem-se uma do que no casamento. No entanto, Deus intenta, Ele quer se casar conosco, e deseja tanto ter o nosso coração próximo do dEle, que nos propõe um casamento. Mas, não um casamento baseado em trocas carnais, afinal mesmo sendo uma expressão profunda, ainda é pequeno e superficial diante da grandeza do desejo de Deus para conosco. Este desejo é mais do que nos ter por perto, mais do que seguirmos o Senhor, o desejo dEle é se misturar conosco. 52 21 Dias por um coração aquecido A Palavra de Deus, de uma maneira mais profunda, usa outro exemplo para trazer clareza do desejo de Deus, onde Jesus se revela como uma árvore, que produz frutos para serem degustados (Jo 15:1). O que fazemos com uma fruta saborosa especialmente quando estamos com vontade de desfrutar daquele sabor? Primeiro, mordemos a fruta afundando os dentes, arrancamos um pedaço e começamos a mastigar, e então as papilas gustativas da língua, capazes de identificar o sabor, transmitem para o cérebro essa sensação. Nossa saliva quebrará as moléculas e partículas da fruta e ao engolirmos, nosso sistema digestivo a digere. Logo depois, a fruta entra na corrente sanguínea como glicose e começa a se espalhar pelas nossas células, que queimam a glicose de modo em que a fruta se tornou a nós mesmos. A fruta se misturou em nós, ao ponto de nos tornarmos um. É incrível fazermos esta comparação com Cristo, não é mesmo? Afinal, Jesus é a videira e a expectativa de Deus é que nos alimentemos dEle, para que Ele se torne um conosco e nós com um com Ele. Chega de tomar estas verdades apenas como ideias em nossa mente, que nestes dias de jejum você venha arrancá-las das páginas de sua Bíblia e apropriar-se delas, pois só iremos desfrutar destas realidades espirituais na medida em que tivermos revelação. Afinal, a Palavra de Deus tem poder para mudar a nossa vida, nos levar a um outro nível de intimidade e comunhão com Deus, recebermos dessa Presença, sermos guiados e conduzidos pelo Espírito desde o momento em que abrirmos os olhos pela manhã, até o momento em que os fecharmos, à noite. E esta realidade está disponível para nós. Aleluia! Deus não pode estar mais perto de nós do que Ele já está. Nos quatro evangelhos Jesus é chamado de Deus Emanuel, mas Ele mesmo fala de uma nova realidade e de um novo tempo que Ele não estaria mais conosco, e sim em nós (Jo 14:17). Se tivermos revelação dessa realidade, ela vai mudar completamente a nossa percepção da presença de Deus, bem como a nossa vida de adoração e santidade, e até a nossa maneira de orar. Por mais que sejamos regenerados, vivemos achando que Deus está do lado de fora, oramos como se Ele estivesse na estratosfera e que para 53 5º Dia - Deus residente ouvir a nossa oração, precisamos insistir, e somente depois de muito jejum, subir ao monte mais alto da cidade, conseguiremos ser ouvidos por Ele e perceber a Sua presença. Não precisamos berrar para Deus nos ouvir, essa é uma ideia de que Deus está em algum lugar, e Ele virá de fora para dentro. Deus não tem que vir, Ele já veio! O Espírito de Deus já foi enviado! A Palavra de Deus nos ensina que do nosso interior fluirão rios de água viva (Jo 7:38), é a partir do nosso interior, e dele flui a vida, flui a unção, é do interior que a autoridade é liberada, é a partir do nosso espírito que percebemos as impressões, é no interior que Ele fala, que Ele opera, que Ele move. Dentro de você habita o poder dos poderes. O mesmo poder que curou enfermos, que ressuscitou mortos, que libertou oprimidos e que ressuscitou a Cristo Jesus, habita em nós e está em operação em nossa vida agora, neste exato momento. Somos aqueles que têm o Rei dos reis na “barriga”, somos templo, morada, habitação, casa de Deus, Corpo de Cristo, porque o “Deus residente” habita em nós. Portanto, pare de correr atrás do “Zé profeta” ou do “pregador famoso”, e até de conferências, onde muitos pensam que lá, naquele dia e hora, com o missionário poderoso da oração forte e da mão pesada, então, e somente então, Deus vai se manifestar. Há irmãos que não podem ver uma mão levantada que saem colocando sua cabeça embaixo. À medida que crescemos em revelação desse princípio, nossas experiências mais poderosas com a Glória de Deus, acontecerão quando estivermos a sós com Ele, sem o pastor poderoso, nem a irmã do “cabelo de fogo”, sem grandes estrelas, sem ninguém, porque descobrimos que em nós habita um Deus residente. E ter está certeza, mudará a nossa percepção da pessoa e da presença do Espírito Santo. Seremos como um manancial recluso e uma fonte selada (Ct 4:12) - o manancial é uma grande lagoa subterrânea, às vezes capaz de abastecer grandes cidades por longos períodos, mas são reclusos, ocultos. - Assim somos nós com a nossa experiência em secreto com o Espírito Santo. É muito bom participar de congressos e conferências, mas a grande 54 21 Dias por um coração aquecido chave é o que acontece no secreto, e este manancial tem tanto para fluir que pode abastecer nossa vida espiritual por longos períodos. A fonte da vida cristã é reclusa! O Senhor fala com Israel “quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas” (Mt 23:37).Essa é a figura que Deus quer compartilhar conosco, Ele se compara com uma galinha que tem asas e que puxa para perto todos os seus pintinhos e os deixam guardados e aninhados debaixo dela. Este é o nosso Deus, que não é frio, nem distante, muito menos apático. Deus é um Deus “abraçador”, “beijoqueiro”, “pegajoso”, e não há limites para essa intimidade. Quanto mais tempo investirmos na presença dEle, mais cheios do Espírito seremos e mais sensíveis ficaremos à sua voz. Esta realidade é para ser experimentada, desfrutada e, não para ser algo teórico em nossa vida espiritual. Desafiamos você a buscar revelação, para que essa experiência possa te marcar, sendo uma realidade prática, diária, de modo que não importe as pressões, as dificuldades, os problemas ou uma alma agitada. Você jamais perderá isso, porque quando você cresce em revelação, cresce em experiência e isto se torna parte do seu viver diário. 55 “Sem o Espírito de Deus não podemos fazer nada, a não ser acrescentar pecado sobre pecado” - John Wesley Nascer de novo não é apenas uma experiência, pelo contrário, é receber a presença do Espírito Santo que habita em nós, sendo Ele uma Pessoa Divina que vem fazer em nós a sua morada. Por isto, nesta devocional conheceremos mais da pessoa do Espírito Santo e de suas obras, para que possamos confiar inteiramente em seu governo em nossas vidas. O Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade, Este é o responsável por toda influência na vida do homem. É Ele é quem inspira, fala, direciona e testifica em nosso coração o que vem de Deus. O Espírito Santo é a grande promessa de Deus na vida do homem. Jesus promete aos seus discípulos um consolador, um ajudador, um amigo, como Ele foi, e neste discurso, Ele se refere ao Espírito Santo. Este amigo, não está apenas conosco, Ele está em nós. O livro de Romanos 8:31 declara: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Ter Deus por nós significa garantia de sucesso, se Ele está do nosso lado, temos a certeza de vencer na vida, por isso podemos andar destemidos 6º Dia - A pessoa do Espírito Santo 56 21 Dias por um coração aquecido e confiantes de que o Senhor está a nosso favor, independente da situação parecer muito difícil, a nossa vitória é garantida. Deus está conosco e como cristãos, essa certeza tem de existir independente das circunstâncias. João 14:16 nos garante que Jesus enviaria o Consolador, o Espírito Santo e que estaria sempre conosco, por onde formos, aonde andarmos, em qualquer lugar deste mundo, o Espírito Santo estará sempre presente. Ter Deus por nós significa ter Deus a nosso favor, ter Deus conosco significa tê-Lo ao nosso lado em todo tempo. E o mesmo texto de João 14, no verso 17 vai nos dizer que além dEle habitar conosco, Ele estaria em nós. “Em” significa “dentro”, sim, é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, morando dentro de cada um de nós. “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” 1 Coríntios 6:19 “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” 1 Coríntios 3:16 “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” 2 Coríntios 6:16 O nosso corpo é santuário, habitação do Espírito Santo, O temos da parte de Deus e não somos de nós mesmos, pertencemos ao Senhor, Ele nos comprou e este corpo pertence a Ele também. Logo, devemos servi-lo através da obediência as direções do Espírito Santo. Deus habita em nós, na pessoa do Espírito Santo e deseja se manifestar, se revelar a toda criação através de nossas vidas. Uma vez que Ele veio morar em nós, agora Ele deseja fazer algo em nós. Por isto gostaríamos de falar do papel do Espírito Santo em nós: 57 6º Dia - A pessoa do Espírito Santo 1. Nosso consolador “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” João 14:16-17 No momento em que Jesus disse estas palavras, estava próximo da sua crucificação. Como Jesus sabia de sua partida, Ele quis deixar seus discípulos consolados a respeito da sua ida para o Pai. Ao trazer inúmeras palavras de conforto em relação ao futuro deles, Jesus disse estas palavras anunciando o envio do Espírito Santo. Para um entendimento mais profundo a respeito do papel do Espírito Santo em nós precisamos analisar estes versículos. Vejamos: - “e ele vos dará outro” No grego existem duas palavras que significam outro: “allos” e “eteros”. “Allos” significa outro semelhante, outro do mesmo tipo. “Eteros” significa outro diferente. A palavra utilizada neste texto é “allos”, se referindo a alguém que não está em contrariedade a Jesus, mas que vai além, dando continuidade ao Seu ministério. Jesus, através de suas palavras, estava dizendo aos seus discípulos que eles não precisavam ficar preocupados, pois o Pai enviaria alguém como Ele, amável, sábio e poderoso para habitar dentro de cada um de nós. - “consolador” A palavra consolador no grego é “parakletos” e tem o seguinte significado: “para” - ao lado de -, “kletos” – chamado -, ou seja, “ao lado dos chamados”. O Espírito Santo é aquele que está ao nosso lado, para nos ajudar a cumprir o chamado de Deus. Outras traduções possíveis são: ajudador, advogado, consolador, encorajador, quem dá força. Logo, o papel do Consolador é ser ajudador, encorajador, amigo, que está ao nosso lado todos os dias. Ele nos ajuda quando precisamos, nos encoraja nos momentos difíceis, nos consola, nos guarda, torna tudo 58 21 Dias por um coração aquecido possível para o cumprimento do nosso propósito. Na maratona dos jogos olímpicos gregos, assim como nos jogos de hoje, existiam aqueles voluntários que ficavam na parte externa ao circuito, mas que tinham autorização para entrar e ajudar os competidores, entregando água aos que estavam correndo. Na Grécia antiga, estes eram chamados também de “parakletos”. Contudo, o Espírito Santo é aquele que está conosco na carreira que o Senhor nos propôs, Ele nos dá ânimo, coragem e tudo que precisamos para completá-la. E nos momentos em que estamos fracos e desestimulados, é Ele quem nos coloca para cima, nos anima, nos dá “água viva” para nos “hidratar”. 2. O Fruto do Espírito Nas Escrituras existem o fruto do Espírito e os dons espirituais. O fruto do Espírito é o resultado da presença do Espírito Santo que em nós habita e os dons espirituais do poder do Espírito Santo que nos enche. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22-23 Jesus nos ensinou em João 15:5 que Ele é a videira verdadeira e nós os ramos, quem dá o fruto são os ramos, logo, somos nós que damos o fruto do Espírito. O que Paulo está falando em Gl 5:22-23 deve ser natural na vida de todo crente. À medida que nos rendemos a Deus e obedecemos a sua Palavra, a vida do Espírito Santo dentro de nós leva-nos a crescer continuamente no amor, na alegria, na paz, dentro outros. Perceba que um dos principais propósitos da presença do Espírito Santo habitando no cristão é a transformação do caráter. 3. Direção Espiritual “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” João 16:13 59 6º Dia - A pessoa do Espírito Santo O Espírito Santo é o nosso principal guia, juntamente com a Palavra de Deus, o cristão não pode ser guiado por circunstâncias ou sinais, mas pela testificação do Espírito Santo em nossos corações. Afinal, oEspírito Santo nos guiará em todos os assuntos da nossa vida, pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8:14). Ninguém pode ser guiado ou orientado sem se colocar nas mãos do guia. A vida que temos hoje não é mais nossa, mas sim dEle, nosso corpo não é mais sede da nossa vida, mas sim da dEle. Por isso, devemos obedecê- lo em tudo se quisermos realmente andar em vida e Deus sabe o que é melhor para nós, e temos acesso a tudo isso através do Espírito. Se ter Deus por nós e conosco já era bom, imagina ter Ele em nós? Bem, isto nos leva a ter experiências em nossas vidas, com os papéis desempenhados por Ele mesmo. E, podemos conhecer o ajudador, o parceiro, o amigo, que está sempre do nosso lado nos ajudando a não parar na caminhada. Ele é o responsável pelos nossos frutos serem semelhantes ao de Cristo, e também é dEle que vem toda a direção que precisamos para prosseguir em nossa caminhada. Sobretudo, temos tudo o que precisamos, dentro de nós, para vivermos uma vida de obediência e vitória em Cristo. 60 21 Dias por um coração aquecido 61 7º Dia - Simbolos do Espírito Santo A Bíblia é um livro muito rico em sua linguagem e, nesta riqueza encontramos inúmeras ilustrações para que possamos compreender as verdades eternas com mais clareza. Diante disso, encontramos diversos símbolos para se referir ao Espírito Santo, onde Ele é comparado ao fogo, vento, óleo, pomba, vinho e penhor. Neste capítulo, queremos falar de cada uma dessas ilustrações para que você possa desfrutar em plenitude desta Pessoa que habita dentro de você! 1. Fogo No Antigo Testamento percebemos inúmeras vezes, a presença de Deus sendo manifesta por meio do fogo. Alguns eventos históricos mostram que o fogo acompanha a presença de Deus e algumas de suas ações, o que simboliza algo inerente a Sua pessoa. Veja alguns exemplos: Moisés, quando apascentava o rebanho do seu sogro, no Monte Horebe, encontrou-se com Deus ao lado de uma sarça que ardia sem se consumir (Êx 3:1-5); Elias e os profetas de Baal, no Monte Carmelo, onde o verdadeiro Deus responderia por fogo diante de todo o povo (1Rs 18); A Glória do Senhor enche o templo de Salomão e fogo do Senhor desce consumindo o holocausto e sacrifícios (2Cr 7:1);e no Novo Testamento, no momento do batismo com o Espírito Santo, 62 21 Dias por um coração aquecido surgiram línguas como que de fogo (At 2). Existem características no fogo que são semelhantes ao poder de Deus e gostaríamos de falar exatamente sobre elas. • Fogo que arde O Espírito Santo é o fogo que arde, o fogo que divide. - “Divide sim, coloca filhos contra pais, sogra contra nora" (Lc 12:49-53)-, divide, pois Ele muda todos os interesses. Imagine uma família onde os pais investiram pesado nos estudos de um filho e este sempre teve o sonho de estudar medicina. E idealize o tamanho das expectativas que toda a família projetou sobre ele. Mas, de repente, este jovem se converte, é batizado com o Espírito Santo. E, em seu coração passa a arder uma chama incontrolável, uma paixão tamanha pelo ministério e um desejo de servir ao Senhor integralmente em uma nação africana. Como será que os pais desse jovem receberiam a noticia do abandono de um sonho e de uma faculdade que eles investiram e depositaram todas as expectativas? Este fogo quando passa a arder em nosso coração o aquece, uma paixão nos toma e passamos então a viver só pra aquilo, a pensar somente no que tomou o nosso coração. Alguns nos apoiam outros não, e geralmente, dentro de nossas casas, não achamos apoio de todos, gerando uma divisão. Há pessoas que querem viver somente para si e outras que entendem o chamado e desejam dedicar a sua vida em obediência ao Senhor. Estas foram tomadas por esse fogo que arde e quando este fogo passa a queimar em nós, ficamos “estragados” para o resto e passamos a servir somente para o que Deus nos chamou. Estevão foi um destes jovens. No livro de Atos, no capítulo 6, no texto que fala sobre o momento em que ele foi levantado diácono, vemos que ele era um jovem cheio do Espírito Santo, servia a Deus com fervor e no momento em que foi perseguido e preso, ele não escondeu suas convicções, não tentou apagar o fogo que ardia em seu coração. Quando levado a morte, havia um sentimento de dever cumprido, ele sabia que estava na terra para aquilo e não servia para mais nada a não ser morrer por Cristo e ser o primeiro mártir da história da igreja. 63 7º Dia - Simbolos do Espírito Santo Paulo, judeu de judeus, no que se referia à lei, fariseu, da tribo de Benjamim, e, quanto ao zelo, perseguidor da igreja, ao se encontrar com o Senhor esta chama passou a arder em seu coração, ele desconsidera tudo isso, o que poderia considerar como importante (Fl 3:4-8). A chama do Espírito tomou o seu coração e ele passou então a não “prestar” mais para essas coisas, mas somente para aquilo o qual havia sido chamado: levar o evangelho aos gentios e aos judeus. Será que a família de Paulo ficou feliz quando ele deixou toda a sua posição social e seus títulos para ser um perseguido? Será que os amigos, as pessoas mais próximas de Paulo, seus mestres, também gostaram? Claro que não! Esta é a divisão que este fogo causa, entre aqueles que se importam, e amam a Deus acima de todas as coisas e com aqueles que amam mais a sua própria vida e onde Deus não é tudo. Permita com que nestes dias de Jejum, o fogo do Senhor aqueça seu coração e te “estrague” para qualquer outra coisa nesta vida. Consagre- se ao Senhor neste período para a Sua obra, e não se esqueça de que diante desta decisão, você não terá apoio de todos. • Fogo que purifica O fogo queima e destrói tudo que é indesejável (1Pe 1:7). O método mais perfeito de purificação conhecido pela humanidade é através do fogo. O fogo do Espírito Santo é quem nos purifica, quem nos permite viver uma vida de santidade e justiça. Isto só é possível quando for realizado este trabalho consumidor dentro do nosso coração. Da mesma forma como o fogo refina o ouro, o Espírito Santo refina o nosso coração, separa as impurezas e depois Ele mesmo as consome pelo Seu fogo. Para refinar o minério de ouro em seu estado bruto é necessário que ele seja esmagado, moído e depois lavado com água ou com um líquido específico. Este processo retira as impurezas aparentes, mas para remover aquelas que estão na estrutura interna do ouro, é necessário submetê-lo ao cadinho, onde o ouro passa por fogo intenso. Esse fogo não pode se apagar, senão o cadinho se quebra, mas precisa estar sempre aceso. Quando o ouro é colocado no cadinho, a temperatura vai 64 21 Dias por um coração aquecido aumentando até ele se fundir e tornar-se liquifeito. Por possuir alto peso específico, o ouro derretido vai para o fundo e as impurezas sobem para a superfície, onde é possível retirá-las. O fogo do Espírito salva-nos de nós mesmos, da nossa opinião e da escravidão do velho homem. Portanto, não devemos considerar o fogo mencionado na Bíblia como punição ou castigo, esse fogo é para salvação, libertação do nosso velho homem, do homem natural a fim de vivermos no Espírito. O fogo do Espírito nos leva a santificação. • O fogo que prova O fogo do Espírito não somente consome todo mal e impurezas, mas ele coloca a prova as nossas obras (1Pe 4:12). Ele atesta se o material que estamos usando para edificar é nobre ou não. É Ele quem avalia as intenções do nosso coração, se estamos fazendo as coisas no espírito ou na força da nossa carne. Na igreja de Corinto, havia muita carnalidade, entre os irmãos havia partidarismos, era uma igreja dividida. Por conta desta situação, Paulo vai descrever qual devia ser o serviço deles para que eles averiguassem se estavam edificando segundo o propósito de Deus ou não (1Co 3:11-14). Assim, Paulo nos descreve quais são os únicos tipos de materiais que podemos utilizar para a edificação da igreja: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Não conseguimosobservar qual o material que as pessoas estão usando, mas o fogo do Espírito que prova todas as nossas obras vai nos mostrar se o que estamos edificando vem do Espírito ou vem da carne. O que vem do Espírito é ouro, prata ou pedras preciosas. Pois uma vez que o fogo queima esses materiais, ao invés de consumi-los, eles se tornam ainda mais puros e permanecem. O que vem da carne é madeira, feno e palha, pois uma vez que o fogo queima estes materiais, os consome, e nada resta, a não ser um monte de cinzas. A igreja de Corinto trabalhava segundo suas intenções, não 65 7º Dia - Simbolos do Espírito Santo se preocupava com a vontade de Deus. O desejo deles era alimentar um senso de justiça própria, um desejo de provar quem estava certo ou errado, aumentando cada vez mais a divisão. Não estavam preocupados com o Reino de Deus, mas com o império partidário que haviam dado início, qual seria o mais forte: “Partido dos Paulinos ou Partidos dos Apolíneos”. Uma vez que o fogo do Espírito chegou para prová-los foi denunciado: carne. O Espírito Santo, através do seu fruto os leva ao amor, ao perdão, a tolerância, a paciência e a unidade. Uma vez que a obra permanece, este fez segundo a vontade do Senhor (1Jo 2:17) e o fogo do Espírito provou. 2. Vento A palavra vento e Espírito no grego são as mesmas: “pneuma”. Podemos dizer que vento ou sopro é uma das melhores formas de descrevermos o Espírito Santo. O vento entra em todo o lugar na terra, o ar que respiramos entra em todo o espaço, por menor que seja. E ele está em todo lugar, se movimenta, não é estático, e se renova. O controle da direção do vento não depende da nossa vontade, na verdade é ele quem manda (Jo 3:8). Se o vento é contrário não podemos ordenar que seja favorável, simplesmente devemos nos corresponder com ele. Assim é o Espírito Santo, está presente em todo lugar, Ele se move, não é estático. Ignorante é aquele que acha que o Espírito Santo só se movia no Velho Testamento ou no livro de Atos, Ele se move até hoje e nada consegue paralisá-Lo. Ele nos renova da mesma forma quando estamos em um ambiente abafado e uma brisa suave sopra sobre nós, nos refrescando. Em situações difíceis, basta um sopro do vento do Espírito para renovar toda e qualquer situação. O Espírito Santo também tem vontade suprema e age de acordo com o seu propósito. Por isso, devemos seguir a sua direção, obedecendo sempre, pois andamos por fé. É Ele quem nos dirige, nós somos nascidos dEle, não sabemos para onde vamos, mas sabemos que Ele tem o melhor para nós. 66 21 Dias por um coração aquecido 3. Óleo A unção que está sobre nós é o óleo do Espírito Santo (1Jo 2:27). Este é um símbolo que pode nos revelar muito a respeito de como Ele age em nós. Óleo é usado nas engrenagens para lubrificação, a falta de lubrificação faz com que elas agarrem, o que pode dar problemas, impedindo o funcionamento de uma máquina. Em nossa vida é da mesma forma, o óleo do Espírito Santo nos faz fluir, funcionar de forma perfeita, sem nenhum ruído ou nada que nos trave, e cheios de vida. Pessoas também são ungidas com o óleo do Espírito e isto significa que elas são santificadas, separadas para Deus. Deus mandou Moisés santificar o tabernáculo da congregação, a arca da aliança, todos os instrumentos e o altar com a unção com óleo (Êx 30: 25-29); Moisés também ungiu Arão e seus filhos, consagrando-os para ministrar o sacerdócio (Êx 30:30); Deus falou a Samuel que ungisse Davi como rei (1Sm 16:13); Elias ungiu Eliseu para ser profeta (1Rs 19:16). A unção com o óleo do Espírito trata-se de santificação e consagração. O óleo, também, era necessário para abastecer os sete candelabros que iluminavam o tabernáculo de Deus. No santuário do Antigo Testamento, a única luz provinha dos candelabros de ouro, ou seja, do óleo. Do mesmo modo, somente pela brilhante luz da unção do Espírito Santo, o mundo espiritual poderá ser revelado a nós. O óleo do Espírito Santo mantém a luz acesa dentro de nós. 4. Pomba Mundialmente a pomba é conhecida como um símbolo de paz e podemos ver algo muito interessante sobre esta simbologia, em Gênesis, quando Deus destruiu toda a carne pelo dilúvio, Noé e sua família foram salvos pela arca. Permaneceram lá por 40 dias até que as águas se abaixassem. Noé solta uma pomba para saber se as águas abaixaram, a pomba retorna. Sete dias depois, Noé solta a pomba novamente, e no final da tarde ela retorna com uma folha verde de oliveira em seu bico (Gn 8). 67 7º Dia - Simbolos do Espírito Santo A pomba, como símbolo de paz, não poderia pousar em uma terra destruída pelo pecado do homem. Quando ela é solta da primeira vez, ela retorna, pois ela não havia encontrado lugar para pousar. Na segunda vez, retorna com uma folha de oliveira em seu bico demonstrando que ela encontrou lugar para pouso, ou seja, a terra foi restaurada. Após Gênesis 3, quando o homem peca e se torna inimigo de Deus, o Espírito Santo, como pomba, não podia pousar sobre ninguém, pois o homem não estava em paz com Deus. No momento em que o Espírito Santo desce sobre Jesus como uma pomba (Jo 1:32), demonstra a nós que Deus achou paz na terra para vir sobre ela. Por isso, que todos nós que recebemos a Jesus, temos paz com Deus (Rm 5:1) e assim, o Espírito Santo, como pomba, pode vir sobre nós e fazer a Sua morada. 5. Vinho A Bíblia faz uma comparação entre a embriaguez com o vinho e a plenitude do Espírito Santo (Ef 5:18). Como vinho, o enchimento do Espírito Santo traz alegria e prazer aos corações, embora diferente porque a alegria produzida pelo Espírito é verdadeira, enquanto a produzida por bebidas alcoólicas são falsas e passageiras. Esta alegria produz em nós resultados maravilhosos, nos permite falar as verdades de Deus, salmodiar, cantar hinos e cânticos espirituais (Ef 5:19-21). Outro resultado desta experiência é uma paz a nossa mente que nos faz esquecer ansiedades, preocupações e tristezas, que ao contrário do vinho, volta logo após a desintoxicação. No Espírito, temos esta paz como um estado normal que nos permite a libertação das ansiedades e preocupações. A vida no Espírito é também carregada de coragem e ousadia, Ele pode transformar uma pessoa tímida em uma pessoa brilhante, ousada, que não tenha medo nem de entregar a sua própria vida pelo Senhor. Pedro, um homem que era medroso, iletrado, sem cultura, após a sua prisão e no momento de seu julgamento no Sinédrio, foi tomado por uma ousadia e de acusado se torna acusador, lançando a responsabilidade da morte de Jesus sobre eles (At 4). Nenhum homem em estado normal seria capaz disto. 68 21 Dias por um coração aquecido 6. Penhor Este é um dos mais nobres símbolos do Espírito Santo e demonstra a nossa redenção (Ef 1:13-14). Quando empenhamos um bem para pagamento de uma dívida ou para compra de um terreno ou imóvel, deixamos o bem como penhor. Um exemplo: Tenho uma dívida e como forma de provar que irei pagá-la, deixa-se, no entanto, outro bem, que podem ser joias, ou até mesmo um imóvel. Este bem fica como uma garantia a quem eu devo e após a quitação da dívida, ele retorna a minha posse. Jesus nos deu uma promessa de que voltaremos para o Pai, Ele tomou a nossa dívida e a pagou, se fez homem e sofreu a morte em nosso lugar. E como pagou a nossa dívia, todos nós que cremos podemos voltar para o Pai e viver uma perfeita vida de comunhão com Ele. Cristo nos deixou esta promessa e Ele voltará para nos buscar e enquanto este dia não vem, como prova do cumprimento de sua palavra, nos deixou o Seu Espírito como penhor. Sendo assim, temos o Espírito Santo em nós como sendo o penhor da nossa salvação e completa redenção. Isto nos mostra que não apenas fomos perdoados dos nossos pecados, mas fomos comprados por Deus, bem como pertencemos a Ele e muito em breve viveremos eternamente quando vier para nos buscar. 69 8º Dia - Revestidos de poder Na vida cristã existem duas experiências: o Espírito Santo dentro(habitando em nós) no novo nascimento e o Espírito Santo sobre (enchendo-nos) no batismo com o Espírito Santo. Dos quatro evangelistas, Lucas é o que mais enfatiza o Espírito. Nos seus dois livros, Atos dos Apóstolos e o Evangelho, ele demonstra o indispensável mover do Espírito. Assim, como o Espírito Santo desceu sobre Jesus quando João o batizou, para que iniciasse o seu ministério "cheio" do Espírito Santo, "guiado pelo Espírito", "no poder do Espírito" e "ungido" pelo Espírito (Lc 3:21-22, 4:1, 14, 18), Ele também viria agora sobre os discípulos como revestimento de poder, equipando-os para dar continuidade ao ministério de Cristo. Portanto, o pentecostes inaugurou uma nova era na vida da Igreja. O derramamento do Espírito Santo (At 2:1-13) O Pentecostes não foi um acontecimento casual, e sim uma data estabelecida por Deus desde a eternidade. Não foi algo produzido, ensaiado ou fabricado, foi algo verdadeiramente do céu. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. E foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. 70 21 Dias por um coração aquecido A narração de Lucas começa com uma breve referência ao tempo e local da vinda do Espírito. " Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar" (Atos 2:1). Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo coração e propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito. Um fato interessante foi que o derramamento do Espírito Santo acontecer na festa de Pentecostes, este é um sinal profético e nos mostra que Deus é um Deus de agenda e lugares. A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23:15-16), era também chamado de Festa das Semanas (Dt 16:10), Festa da Colheita (Ex 23:16) e Festa das Primícias (Nm 28:26). Originalmente, ela era a segunda das três festas anuais dos judeus para celebrar a ceifa. O objetivo da festa era agradecer pela colheita feita, dedicar a próxima colheita e lembrar o livramento da escravidão do Egito. É importante notar que todas as verdades da Palavra de Deus têm um sentido espiritual e prático e o Pentecostes tem esses dois lados. Por que o derramamento do Espírito Santo como revestimento de poder acontece exatamente durante a Festa de Pentecoste ou Festa da Colheita? Por um lado, estamos sendo a colheita de Deus, quando o Espírito Santo é derramado sobre nossas vidas, Ele está nos colhendo, arrebatando-nos por inteiro. E por outro, estamos sendo feitos ceifeiros revestidos e capacitados para fazer a colheita e assim como aconteceu no dia de Pentecostes uma grande ceifa de três mil vidas. "E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Atos 2:2-4 De repente, diz Lucas, ocorreu o grande evento, o derramamento do Espírito Santo, e este foi acompanhado por três sinais sobrenaturais: um vento impetuoso, uma visão, e um falar espiritual. 71 8º Dia - Revestidos de poder 1. Vento impetuoso: um som Depois que Cristo ressuscitou, Ele soprou sobre os seus discípulos e disse: Recebei o Espírito Santo (Jo 20:22). Foi nesta ocasião que o Espírito Santo passou a habitar dentro dos discípulos e fez Sua obra de criar de novo o espírito deles e fazendo-os novas criaturas por dentro (2Co 5:17). Neste momento o Espírito Santo foi dado a eles como vida, testemunho interior, como aquele que vai formar o caráter de Cristo e conduzi-los nos caminhos da fé. Ao estudarmos as Escrituras, torna-se evidente que algo aconteceu dentro dos discípulos naquela ocasião, eles haviam acabado de ver seu Mestre morrer numa cruz, O tinham sepultado. Formaram, então, um grupo confuso de gente que não compreendia o mistério e depois de terem encontrado com o Cristo ressurreto, e depois de receberem o Espírito Santo na obra do novo nascimento, foram transformados. Sabemos que algo aconteceu com os discípulos quando Jesus soprou sobre eles, porque depois de Jesus ter ascendido, mesmo antes do Dia de Pentecostes, a Bíblia diz que os discípulos voltaram a Jerusalém com... GRANDE JÚBILO; e estavam sempre no templo, louvando a Deus (Lc 24:52-53). Era um grupo de pessoas transformadas, porque tinham nascido de novo. Sendo assim, João 20:22 registra o começo da Igreja, porque foi quando os discípulos nasceram de novo. Agora, mais uma vez é importante destacar que são duas experiências distintas: o sopro de João 20 e o vento impetuoso de Atos 2. Se os discípulos tivessem ouvido alguns pregadores dos nossos dias dizendo que o crente recebe a totalidade do Espírito Santo no novo nascimento, nunca teriam ido aguardar no Cenáculo, a promessa do Espírito Santo e o revestimento do poder do alto. Todo crente precisa ter a experiência do sopro de João 20, que produz o fruto do Espírito, a manifestação desta nova natureza. Este fruto é o resultado da presença do Espírito Santo que habita em nós e todo cristão precisa ter a experiência do vento impetuoso de Atos 2, como revestimento de poder, que inaugura os dons do Espírito e é a porta de entrada para 72 21 Dias por um coração aquecido a manifestação dos dons espirituais, que é o Batismo no Espírito Santo. Portanto, são duas experiências distintas, a primeira é o Espírito Santo dentro de nós, sua presença que habita em nós e a segunda é o Espírito Santo sobre nós, seu poder que nos reveste. 2. Uma visão: línguas repartidas como de fogo Por que a visão não foi como em forma de olho? Por que não foi em forma de ouvidos ou de mãos? Por que veio em forma de língua, e língua como de fogo? O Espírito Santo sendo derramado com poder e principalmente como o Espírito que fala, é o que nos dá poder para falar, mas um falar de fé, um falar de amor, falar com intrepidez e ousadia, o falar que une e traz unidade, que é diferente do falar de Babel. O falar de Babel é o falar do homem, da carne, que divide e o falar do Espírito é o falar que agrega, que edifica, que constrói, que atrai e une os discípulos para Cristo. Por que fogo? O fogo tem vários significados nesse contexto. Em primeiro lugar é o fogo que arde na vida daqueles que são revestidos de Poder, e este fogo nos fala de motivação, de encargo, de paixão, intensidade para o serviço. Um povo batizado com o Espírito Santo é um povo genuinamente motivado e um povo genuinamente motivado é verdadeiramente um povo irresistível. Em segundo lugar, o fogo fala de santificação, o fogo tem poder para purificar, um exemplo claro é o que acontece com a pepita de ouro, em seu estado bruto, pode ser irreconhecível para a maioria das pessoas, por estar coberta de sujeira, seu brilho é mínimo ou até ausente. O Garimpeiro escolhe a pepita entre tantas pedras do rio ou escava a terra à sua procura, ela ao ser encontrada é separada, recolhida com todo cuidado, é lavada para remover apenas a sujeira exterior e em seguida, conduzida ao fogo que, com temperatura altíssima, seu calor faz com que o ouro se derreta, tirando-o do seu estado bruto e duro, onde ocorre a separação do precioso metal e as outras substâncias que estavam nele incrustadas. Terminada a purificação, o ouro derretido, aceita a forma que o ourives desejar, seja ela qual for, o metal está totalmente flexível e maleável. 73 8º Dia - Revestidos de poder O fogo do Espírito tem um poder santificador, ele gera quebrantamento e nos torna maleáveis para a transformação. O mover genuíno do Espírito Santo na vida da Igreja é um mover de Santidade, um povo cheio do poder do alto é um povo santo. Por que sobre a cabeça de cada um? No tabernáculohavia uma coluna de glória, era como se fosse uma grande língua de fogo, uma coluna de fogo que revestia aquele lugar e era o testemunho real de que a presença de Deus estava no santo dos santos. E agora, nesta nova dispensação, quando a Igreja está formada e reunida, vem sobre a cabeça de cada um deles línguas como de fogo. Por quê? Porque nesta nova dispensação, o Espírito não habita mais em templos feitos por mãos humanas, como no templo de Salomão e de Moisés. Agora, Ele habita no templo feito pelas mãos de Cristo, que é formado por pedras vivas, e esse fogo vem sobre a cabeça de cada um, como o testemunho real de que no novo templo habita o Deus vivo. Essas línguas de fogo não vieram somente sobre a cabeça dos apóstolos, elas vieram sobre a cabeça de todos que estavam reunidos no cenáculo, ou seja, este revestimento está disponível para todo crente nascido de novo. Isto não significa que a liderança dos apóstolos não era reconhecida e respeitada, mas significa que todo crente, foi ungido para testemunhar a graça. 3. Uma atitude: um falar espiritual Depois do derramamento do Espírito como revestimento de poder, os discípulos tiveram uma atitude, passaram a falar segundo o Espírito lhes concedia que falassem (At 2:4). Perceba que o texto está afirmando que os discípulos é quem falavam e o Espírito lhes permitia. Ou seja, quem tem a atitude de falar em línguas somos nós, e não o Espírito Santo que fala em nosso lugar. Algumas pessoas ficam à espera de um arrepio, uma imposição de mãos, uma unção com óleo, uma reunião de oração “especial”, e só assim se sentem impelidas para falar. No entanto, esse falar espiritual é uma atitude em fé, e não baseada em um sentimento ou por um fator externo. Muitos até se sentem incomodados ou mesmo acusados que a sua atitude 74 21 Dias por um coração aquecido de falar é algo da sua mente, ou que estão repetindo ou copiando alguém, e desta forma se privam de viver a plenitude do Espírito. “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” Mateus 3:11 A promessa já foi liberada, Deus falou através de Joel, João Batista e Jesus também falou nos texto de Lc 24:49 e At 1:4-8, precisamos apenas crer que é a Sua vontade que todos nós sejamos cheios do Espírito Santo e que andemos sobre Sua Palavra. “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lucas 11:13 Neste texto, Jesus revela a Graça do Pai e nos incentiva a orar fazendo pedidos a Ele, Jesus nos diz que tudo que pedirmos em fé receberemos. Se os pais naturais, limitados em conhecimento, querem o melhor para seus filhos e amam dar-lhes boas dádivas, com certeza Deus, nosso Pai celestial também nos dará. E a boa dádiva que Jesus fala aqui no texto é o Espírito Santo, e o melhor, Ele dará a todos que O pedirem. A promessa de Deus é derramar o seu Espírito sobre toda a carne. Sabemos, portanto, que podemos pedi-lo e que Ele nos ouve e que derrama do seu Espírito sobre nós, então vamos crer em Sua promessa, pedir crendo e receber, em fé. O batismo com o Espírito Santo é uma experiência que Deus providenciou para os seus filhos, um marco na vida de todos que a recebem, pois nos transforma em ministros cheios do poder e da unção do Senhor. Esta experiência nos capacita para o chamado de Deus e nos leva a fazer as mesmas obras de Jesus, e obras ainda maiores. Ela é para todos, é promessa do Senhor, está disponível a todo aquele que nasceu de novo e crê que esta é a vontade de Deus. 75 9º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” Efésios 5:18 A vida do cristão é uma vida no Espírito, por este motivo fomos selados no novo nascimento (Ef 1:13, 4:30) e também batizados com o Espírito Santo. Não há como viver uma vida no Espírito sem essas duas experiências. O novo nascimento nos leva a esfera espiritual e o batismo com o Espírito Santo nos permite andar no poder dEle. No dia em que fomos batizados com o Espírito Santo, fomos cheios dEle, mas após a experiência do batismo, precisamos manter uma vida cheia do Espírito. Ser cheio é algo que deve acontecer como um estilo de vida, uma prática, algo contínuo, uma característica na vida do crente. O texto de Efésios 5:18 diz “enchei-vos do Espírito”. A versão original do grego tem uma derivação verbal que não conseguimos traduzir perfeitamente para o português. O que Paulo nos ensina neste texto é que devemos continuar nos enchendo do Espírito. Paulo queria dizer mais ou menos assim: “não vos embriagueis com o vinho, mas continuem sendo cheios do Espírito Santo”. Assim como não paramos de respirar, não devemos parar de nos enchermos do Espírito Santo. 76 21 Dias por um coração aquecido Na Bíblia percebemos que Deus encheu com o seu Espírito algumas pessoas para funções e obras específicas: Bezalel foi cheio do Espírito Santo para construir os móveis do tabernáculo (Êx 31:3); João Batista foi cheio do Espírito no ventre de sua mãe e a unção que ele recebeu foi específica para o seu ministério (Lc 1:15); a igreja foi cheia do Espírito de Deus e o lugar onde estavam tremeu. Eles já tinham sido batizados com o Espírito, mas agora estavam sendo cheios de novo (At 4:31). Há uma unção que vem sobre nós para obras específicas, e há também uma unção que é para a nossa vida diária. Um bom exemplo sobre este assunto é a vida de Estevão, o qual foi escolhido para ser diácono por ser um homem cheio do Espírito Santo (At 6:3). Este era um dos critérios dos apóstolos onde Estevão pôde corresponder, porque tinha o hábito de estar continuamente cheio do Espírito Santo. Porém, houve um momento em que Estevão foi cheio do Espírito para algo específico. Este homem de Deus, na hora de sua morte, invocou o Senhor e viu o céu aberto, a glória de Deus e Jesus à sua direita (At 7:55). Somente cheio do Espírito conseguiu ter essa visão, afinal, ninguém vê Jesus e o céu aberto toda hora. Outro ponto importante do texto de Efésios é que quem se enche do Espírito somos nós. Isto tem a ver com uma disposição para se encher de Deus e ao se encher, estaremos permitindo que o Espírito Santo guie a nossa vida e assuma o controle. Aquele que está sob a influência do vinho é controlado pelo vinho, mas aquele que é cheio do Espírito, é controlado por Ele. O verbo “enchei-vos” está no modo imperativo, que significa uma ordem. A palavra de Deus aqui não é uma sugestão do tipo: “olha, se for possível, fique cheio do Espírito Santo”, ou, “vai ser bom pra vocês, vai ser legal”. Quando Deus nos manda fazer algo, é porque podemos e se Ele nos manda ser cheio do Espírito é porque depende de nós. Encher-se do Espírito Santo não depende do seu pastor, nem do louvor e nem de seu líder de célula, só depende de você. Se a ordem é que nós devemos nos encher, logo, já não há mais desculpas, a responsabilidade é toda nossa e não depende de ninguém em especial e nós é quem decidimos em nosso coração. Não basta sermos pessoas corretas, 77 9º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito integras e de bom caráter, isso não é o suficiente, nós precisamos ser cheios do Espírito. Para sermos cheios do Espírito precisamos rejeitar a passividade e buscar esse enchimento, esse avivamento. Tome essa decisão, pois o Espírito de Deus está disponível para todo crente. Mas quem é que se enche? É o Espírito Santo que vai te encher do Espírito? Ou será o pastor? O texto diz “enchei- vos”, logo, quem se enche somos nós. Nós nos enchemos do Espírito. Muita gente não se enche do Espírito porque vem para o culto e diz: “Senhor estou aqui, se você quiser, enche-me”. Deus já quis, agora nós temos que querer! Deus não vai fazer nada na vida de gente passiva que pensa “se acontecer aconteceu”.Esta passividade nos impede de sermos abençoados! A Bíblia diz: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.” (Mt 7:7). É desta maneira que se recebe, pedindo, buscando, batendo! Deus abençoa quem busca! “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29:13). Imaginemos o seguinte exemplo: Estamos sentados e de repente alguém nos “tasca” um beijo na boca! Mas uma pessoa com a qual não temos nenhum relacionamento, quem dirá intimidade. Com certeza ficaremos assustados, não é verdade? Afinal, beijo é intimidade e intimidade é firmada através do relacionamento. Diante disso, muitas vezes fazemos o mesmo, quando ficamos esperando o Espírito Santo chegar e nos “dar um beijo” para começarmos a falar em línguas ou nos mover no Espírito? Somos nós temos que buscá-lo. Agora, a partir do verso 19, de Efésios 5, vemos Paulo nos ensinando como nos enchemos do Espírito. Gostaríamos de listar estes pontos aqui: 1. Falando (v.19) Ninguém será cheio do Espírito Santo em silêncio, da mesma forma que ninguém pode beber nada com a boca fechada - crente que vive calado não é crente cheio do Espírito. - Também não é um falar qualquer, e sim um 78 21 Dias por um coração aquecido falar para Deus, é um falar em Deus, é um fluir! Por isso, se quisermos ser cheios do Espírito Santo temos que criar um ambiente espiritual, dizendo coisas espirituais, abrindo a nossa boca e falando da parte de Deus. Precisamos gerar um ambiente e para gerá-lo precisamos falar. Temos um tesouro vivendo dentro de nós e mesmo assim muitos crentes vivem como “miseráveis”, pois possuem uma tampa impedindo o fluir da fonte dentro deles. É confessando o nome do Senhor que somos salvos (Rm 10:13), e não só do inferno, mas da angústia, medo, depressão, enfermidade, ou seja, nós só precisamos falar! Confesse a Palavra! Declare a Palavra! Libere a Palavra! A Palavra de Deus é o próprio Deus e quando falamos com fé, não há demônio que suporte, e assim, geramos este ambiente espiritual. Também é importante entendermos que da mesma forma que as nossas palavras atraem o Espírito Santo, elas também O repelem. Paulo afirmou que não devemos entristecer o Espírito Santo (Ef 4:30), porém, ao mentirmos, reclamarmos, murmurarmos e falar palavras torpes, O entristecemos. Portanto, é preciso usarmos palavras de louvor e de adoração para O atrairmos. O texto também diz que esse falar não é sozinho, mas uns com os outros, ou melhor, falar entre nós. É por este motivo que é tão importante congregar, participar de uma célula, dos cultos de celebração e estar vinculado ao corpo de Cristo. 2. Entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais (v. 19) Crente que não canta não é cheio do Espírito. Quem é cheio do Espírito canta, mesmo sem saber cantar, louva no banheiro, no carro, em casa, no trabalho, ou seja, em todo momento e lugar. Mesmo sem termos aprendido, sem uma voz afinada, devemos cantar, pois o que atrai a Deus é um coração quebrantado (Sl 51:17). Nossos momentos de louvor e adoração em nossos cultos e nas reuniões de célula são tão importantes quanto o momento da ministração 79 9º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito da Palavra. Afinal o centro do culto é Cristo e ao adorá-Lo estamos reconhecendo o Seu senhorio sobre nós, que Ele é a fonte de toda a benção, e consequentemente somos transformados a sua imagem, de glória em glória. Portanto não cante por cantar e nem despreze este momento do culto, mas abra o seu coração e corresponda com o Espírito Santo louvando de todo coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais. 3. Dar graças a Deus (v. 20) A gratidão nos enche do Espírito porque ela destrói a rebeldia, o descontentamento, a justiça própria e o merecimento. Algo importante frisar é que devemos dar graças a Deus em tudo e não por tudo, não devemos dar graças a Deus, por exemplo, porque um avião caiu, não devo dar graças pelo o que o diabo está fazendo. Afinal, nem tudo o que acontece é da vontade perfeita de Deus, mas aquilo que sabemos que é a vontade de Deus, dê graças, se foi Deus quem deu só pode ser coisa boa. Até então, já podemos perceber algumas posturas que precisamos mudar, assim, pare de falar que seu filho é uma “peste” e passe a louvar o Senhor por ele; pare de falar mal do seu marido ou esposa e passe a dar graças; Entenda que Deus dá tudo como semente, Ele não entrega nada pronto, temos que gerar o marido ou a esposa que queremos. Não reclame das circunstâncias, mas agradeça, pela fé, por aquilo que você deseja viver um dia. Seja grato por sua família, filhos, trabalho, salário, igreja, pastor, líder de célula, célula, enfim, por tudo que Deus te deu e em tudo que você está vivendo. 4. Precisamos nos sujeitar uns aos outros no temor de Cristo (v. 21) A sujeição nos leva a não mais ser arrogante, nem se achar o “maravilhoso”, a não ser orgulhoso, mas a andar em amor e humildade. Ela nos leva a renúncia de nosso ego. A manifestação do ego pode ser percebida no egoísmo e individualismo. Se quisermos viver uma vida cheia do Espírito precisamos rejeitar o individualismo, e para sermos cheio de Deus temos que nos esvaziar 80 21 Dias por um coração aquecido de nós mesmos. O ego nunca nos leva a sujeição, mas a independência. Ele também é obstinado e palpiteiro, gosta de opinar, não porque quer cooperar, mas por acha que sabe de tudo, que é bom e sempre tem a necessidade de falar. O ego deseja dominar os outros, enquanto o amor se sujeita e se submete. Ele é incapaz de receber críticas e de tolerar pontos de vistas diferentes. Ninguém pode falar contra e discordar, é só ele quem sabe e não aceita ser contrariado. Sempre tem uma atitude interesseira, nunca pensa no outro e sempre em si mesmo. Sempre ameaça renunciar, é como o menino dono da bola, se não deixá-lo jogar, vai embora e leva a bola junto. É aquele que começa a ser “tratado” e ameaça abandonar. Não se enxerga, e não sabe a verdade a respeito de si mesmo. Quanto mais nos enchemos do Espírito, mais nos esvaziamos do nosso ego, quanto mais andamos nas obras do Espírito, menos agimos na vontade dele. Por isso, para ser cheio de Deus precisamos nos esvaziar de nós mesmos. 81 10º Dia - Ativando os dons espirituais “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.” 1 Coríntios 12:1 Ao iniciar o capítulo 12 da primeira carta aos coríntios, Paulo demonstra a importância de conhecermos a respeito dos dons espirituais. Se para a igreja de Corinto era importante este conhecimento, sem dúvida, para nós para nós também é, portanto, não podemos ser desconhecedores quanto aos dons espirituais. Uma pessoa considerada ignorante é aquela que não possui instrução e que desconhece determinado assunto. Paulo afirma a importância de não sermos ignorantes a respeito dos dons espirituais, e nesse caso podemos destacar dois tipos de pessoas: aqueles que não sabem nada a respeito dos dons espirituais e aqueles que até sabem algo a respeito, mas usam de uma maneira errada. Jesus nos diz em João 8:32 que ao conhecermos a verdade ela nos libertará. O conhecimento da verdade é libertador, pois saímos da ignorância, nossa mente é iluminada, aberta e passamos a compreender a vontade de Deus. Precisamos, no entanto, saber qual a vontade de Deus sobre os dons espirituais, para que possamos praticá-los e vivê-los. O texto de 1 Coríntios, capítulo 12, há muito 82 21 Dias por um coração aquecido que nos ensinar a respeito desse tema tão importante para o Corpo de Cristo. Portanto, estudar a carta de Paulo a igreja de Corinto é fazer um verdadeiro exame, um diagnóstico da igreja de hoje, é colocar um grande espelho diante de nós mesmos. Paulo em sua segunda viagem missionária, planta a igreja de Corinto, passa um tempo pregando nesta cidade e nesse tempo foi que ele gerou esses crentes em Cristo. Em seguida, o Apóstolo vai para a cidade chamada Éfeso e nesta cidadeescreveu a carta para a igreja em Corinto. Esta epístola foi escrita devido ao fato dos problemas que essa igreja estava vivendo terem chegado até aos ouvidos de Paulo, através de uma família da igreja, a família de Cloe (1Co 1:11). Eles deixaram o Apóstolo a par da realidade vivida por esta igreja e de suas práticas, que estavam muito diferentes do que fora estabelecido. O intuito, portanto, desta carta, era de ser uma resposta para os problemas vividos por esta igreja. Ao lermos a epístola escrita por Paulo, percebemos que na igreja de Corinto havia sérios problemas, tais como: o problema da carnalidade, o de entendimento doutrinário, as dúvidas sobre o casamento, sobre as comidas consagradas aos ídolos, o da divisão e o do mau uso dos dons espirituais. Não diferente da igreja em Corinto, o mau uso dos dons espirituais é também um problema atual na vida da igreja, muitos crentes usam o dom como instrumento de autopromoção. Essa altivez espiritual e motivação errada é um sintoma de imaturidade. Os dons não foram dados para a igreja com o objetivo de trazer a projeção humana, nem pode ser usado como um “aferidor” de grau de espiritualidade de alguém, muito menos são sinais de maturidade espiritual. Os dons são distribuídos com o propósito da edificação do corpo, e quando ativados adequadamente, a igreja cresce de uma forma saudável. Eles são ferramentas que foram liberados pelo próprio Espírito Santo para que a igreja pudesse ser edificada, crescendo com saúde. Ter um crescimento saudável significa também suprir as necessidades dos 83 10º Dia - Ativando os dons espirituais seus membros através do serviço. A verdade é que temos o dom que precisamos ter. Isso mesmo, temos o dom que precisamos ter. Embora, tantas vezes nos pegamos cobiçando o dom alheio. Certa vez uma irmã estava olhando para o dom da outra e pensando: “Aquele dom é tão lindo na vida daquela irmã, queria tanto ter aquele dom!”, como se fosse uma pessoa que cobiça o anel que a outra está usando em seu dedo pensando: “Senhor, aquele anel fica tão lindo no dedo daquela irmã que eu quero um igual.” A questão é que aquela irmã no Corpo é “dedo” e ela foi feita para usar anel, e a outra é olho. Mas ela pede tanto, mas tanto, e continua insistindo, que Deus supostamente entrega aquele dom. E aí ela diz: “Glória a Deus! Eu recebi o dom! Eu tenho o dom!”. Então, começa a usar o anel no olho, no começo era até bom, mas depois de um tempo, ela começa a sentir um incômodo, torcicolo e uma certa dificuldade para conseguir se equilibrar, afinal aquele dom não foi feito para ela. Mas o que podemos aprender com esta ilustração? Concluímos que o que foi feito para você é para você, e tudo o que precisamos para cumprir o nosso chamado, Deus já nos deu, já está a nossa disposição, só é necessário reconhecer. Quanto à igreja de Corinto, nota-se que o primeiro problema com relação aos dons foi o seu mau uso, nesta igreja não lhe faltava dom algum, porém o dom era usado como um sinal de “status espiritual”. Não se pode medir a espiritualidade de uma igreja pela presença de dons, caso contrário a igreja de Corinto certamente seria campeã em espiritualidade, pois havia todos os dons, no entanto, a realidade da igreja era outra. Os crentes de Corinto não eram espirituais, mas carnais, não eram maduros, mas sim infantis. Tinham o carisma, mas não o caráter, tinham dons, mas não tinham compaixão. Na verdade, era uma igreja de excessos, viviam em êxtase, mas não possuíam um testemunho consistente. Os tempos mudaram, mas os mesmos problemas do passado ainda se repetem na igreja contemporânea, vamos, portanto, destacar alguns 84 21 Dias por um coração aquecido aspectos importantes para a nossa reflexão: 1. Quando estávamos no mundo éramos conduzidos pelos ídolos do mundo “ Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.” 1 Coríntios 12:2 A vida cristã é um contraste entre o outrora e o agora, neste versículo Paulo está se referindo a experiência da conversão, daquele divisor de águas, que separa o passado do presente. Quando estávamos no mundo éramos conduzidos pelos seus ídolos. Os ídolos embora mudos, guiavam, controlavam e dominavam nossas vidas antes da nossa conversão. Mas hoje temos o Espírito Santo de Deus habitando em nós e não devemos ser guiados mais por elementos externos. O Deus que servimos habita em nosso coração e é de lá, do mais íntimo do nosso interior, onde habita o Espírito Santo, que vêm as direções para a nossa vida. Esses crentes antes de se converterem incorporavam demônios e falavam em estado de êxtase, e agora alguns destes faziam a mesma coisa na igreja, e nos momentos de êxtase alguns diziam: “Anátema, Jesus! Amaldiçoado, seja Jesus!”. Paulo então corrige essa prática dizendo que uma pessoa guiada pelo Espírito de Deus não tem esse tipo de comportamento, porque o Espírito de Deus não leva uma pessoa a amaldiçoar Jesus, pois o ministério do Espírito Santo é glorificar e exaltar a Jesus. 2. Há diversidade nos dons, mas o Espírito é o mesmo “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.” 1 Coríntios 12:4 O significado da palavra dom é presente, sua origem vem do grego “charisma”, que vem da palavra “charis” que quer dizer graça. Essa é a origem do dom que procede da graça de Deus. Nenhum homem tem competência para distribuir dons espirituais, essa não é uma 85 10º Dia - Ativando os dons espirituais competência humana. Os dons tem sua origem na graça de Deus e são distribuídos para a igreja através do Espírito Santo. A origem dos dons espirituais nunca está no homem, mas sempre na graça de Deus. Existe uma diversidade nos dons, porém o Espírito Santo manifesta-se de inúmeras formas diferentes. E apesar da diferença, existe uma unidade, pois é o mesmo Espírito quem realiza e opera em todos eles. Um mesmo dom pode ter diferentes operações, Jesus curou vários enfermos, e alguns deles eram cegos, ao curar dois cegos Jesus tocou em seus olhos e afirmou: “seja-vos feito conforme a vossa fé” e os olhos deles foram abertos (Mt 9:27-30) e em outro momento ao curar outro cego Jesus cuspiu na terra, fez um lodo com a saliva, e aplicou nos olhos do cego e ele ficou curado (Jo 9:6). É o mesmo dom? Sim, o dom da cura, mas em operações diferentes. Esta é a multiforme graça de Deus, e não O “encaixote”! Não limite a sua vida espiritual naquilo que você já viu até hoje, o melhor está sempre por vir. 3. Existe um propósito proveitoso “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” 1 Coríntios 12:7 A manifestação do Espírito é para um fim proveitoso e seu objetivo é a edificação da igreja, onde todos são beneficiados. Sendo assim, a finalidade não é demonstrar a todos o quanto você é espiritual, ou o como Deus te usa. Se o seu desejo era receber o dom de profecia para ser conhecido como o “profeta do fogo puro” ou para ser conhecida como a irmã do “sapatinho fumegante”, esqueça. O propósito dos dons é o serviço, veja bem não é “ser visto” e sim “serviço” para a edificação do Corpo de Cristo. O modo da atuação do dom é “diaconia” (1Co 12:5), ou seja, para o santo serviço. Deus nos dá dons para servirmos uns aos outros e não para tocarmos trombetas chamando a atenção para as nossas habilidades. O que deve nos mover para ativarmos os dons espirituais é o amor, devemos ser movidos pela compaixão e não pela autopromoção (Mt 20:34). 86 21 Dias por um coração aquecido 4. Os dons estão disponíveis para todos “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” 1 Coríntios 12:7 O termo “a cada um” tem um sentido inclusivo e não exclusivo, ou seja, ele inclui e não exclui. O “a cada um” que inclui leva a todos fluírem nos dons, esta é a vontade de Deus, todavia o “a cada um” que exclui leva ao isolamento, a uma falsa espiritualidade e ao orgulho. O verso 11 diz que ele distribui a cada um,individualmente, ou seja, Ele dá a cada um que faz parte do corpo, para que todos façam parte da edificação do corpo de Cristo. Existe um dom disponível para você, conforme o Senhor lhe abençoou, por isso flua nele e permita-se ser usado por Deus (1Pe 4:10-11). Os dons são dados a cada membro do Corpo e essa afirmação de Paulo é categórica. Todos aqueles que nasceram de novo, foram chamados para serem construtores na edificação da Igreja e por isso não existe um crente sem pelo menos um dom. E a distribuição do dom é feita de acordo com a vontade soberana do Espírito Santo, e esse mesmo Espírito é quem age na vida daquele que o exerce, o homem é apenas um instrumento e o poder é do Espírito Santo. Atualmente se faz propaganda de “homens poderosos”, “homens de poder”, aliás, esse é um dos problemas da igreja contemporânea, o pecado da tietagem, quando queremos colocar homens sob um pedestal, um lugar que não é deles. Parece que quanto mais “ungida” uma pessoa é, menos acessível se tornam às pessoas, e isso é uma inversão, afinal, Jesus era acessível a todo tipo de pessoas, desde homens simples como pescadores, a um oficial do império romano, bem como para prostitutas, cobradores de impostos, e até as crianças que se achegavam a Ele. A Glória não é para homens e Deus não a reparte com ninguém. “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.” 1 Coríntios 12:8-10 87 10º Dia - Ativando os dons espirituais Em meio a esta diversidade nos dons, podemos agrupá-los através de algumas semelhanças existentes. A descrição mais simples desses nove dons é que três deles dizem algo, três fazem algo, e os outros três revelam algo. Os três dons que dizem algo fazem parte do grupo dos dons vocálicos (profecia, variedade de línguas e interpretação), os que fazem algo estão no grupo dos dons de poder (dons de curar, operação de milagres e fé), e dos que revelam algo fazem parte do grupo dos dons de revelação (palavra de conhecimento, palavra de sabedoria e discernimento de espíritos). Contudo, nos próximos dias apresentaremos cada grupo de dons. Permita-se, abra o seu coração para as revelações do Senhor e prepare- se para nestes dias ativar os dons espirituais, segundo a vontade do Espírito, suprindo as necessidades do seu Corpo. 88 21 Dias por um coração aquecido 89 11º Dia - Dons de revelação Os dons de revelação aparecem nas Escrituras, como um conjunto formado de três dons espirituais que revelam algo ao homem, ou seja, trazem algo ao seu conhecimento. Precisamos definir o que é revelação, afinal hoje em dia, há um conceito muito errado sobre esta palavra. Revelação não é previsão do futuro, muito menos adivinhação. “Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.” (1 Coríntios 12:2). Quando éramos do mundo andávamos atrás de adivinhadores, cartomantes, hoje, como nova criatura não buscamos conhecimento para nós mesmos, mas como servos, queremos agradar ao Senhor cooperando com Ele na edificação da Igreja, pois o dom não é para benefício próprio, e sim, para serviço. Revelação significa um conhecimento que recebemos direto dEle, sem nenhuma influência externa. Vem de dentro, do nosso interior, quando Deus nos revela em nosso coração, em nosso espírito, Deus nos revela algo que está em Seu coração, e Ele não revela tudo, mas um fragmento, uma parte, pois a revelação é progressiva. Não estamos prontos para receber o conhecimento completo daquilo que está no coração de Deus, por isso Ele nos revela em pequenas partes. 90 21 Dias por um coração aquecido A revelação nos faz enxergar no ponto de vista de Deus e isto nunca conseguiríamos fazer de forma natural, por isso é dom de Deus, e é sobrenatural. Não conhecemos por uma observação, nem por estudo, curso, leitura de um jornal ou assistindo à TV. Deus, em sua onisciência, compartilha conosco uma parte do Seu conhecimento. E é neste compartilhar de Deus que fluem os dons de revelação: Palavra de conhecimento, palavra de sabedoria e discernimento de espíritos. Estes dons são fundamentais em nossa vida e na edificação da Igreja. As revelações do Espírito Santo nos ajudam a compreender fatos, acontecimentos, dão direções para o futuro, revelam os Seus planos e também ajudam a perceber quem está atuando. Esse conhecimento chega ao homem de forma intuitiva, ou seja, por inspiração do Espírito Santo em nosso interior. Ele pode chegar a nós através de sonho, visão ou uma impressão no espírito. 1. Palavra de Conhecimento Uma Palavra de conhecimento é um fragmento (pequena parte) do conhecimento de Deus que é dado a uma pessoa pelo Espírito Santo. Este conhecimento nos é concedido de uma forma sobrenatural, logo não depende de nenhuma ação humana. A palavra é apenas uma parte de tudo que Deus sabe, tolo é quem acha que porque recebeu este dom de Deus conhece tudo que Ele pensa. Vejamos alguns exemplos bíblicos, a seguir: - Jo 1:47-50 - Jesus sabia de certos fatos da vida de Natanael antes mesmo de conhecê-lo, tudo revelado por inspiração a Jesus. - Jo 4:16-20 - Jesus revelou todo o passado da mulher samaritana sem nunca antes tê-la visto. Como judeus e samaritanos não tinham um bom relacionamento, eram como inimigos, Jesus e esta mulher não tinham nenhuma linha de contato. Tudo que foi revelado a Jesus sobre ela foi por inspiração divina. 91 11º Dia - Dons de revelação - At 5:1-11 – Foi revelado a Pedro, pelo Espírito, a mentira de Ananias e Safira. De uma forma intuitiva, Pedro sabia que eles estavam mentindo. Perceba que ele não ficou sabendo por uma rede de informação humana. - At 9:10-20 - Ananias recebe muitas informações específicas sobre a vida de Saulo. Tudo o que foi revelado a Ananias foi fundamental para que ele pudesse acreditar na conversão de Saulo. Este dom é utilizado nas escrituras para revelar o pecado (2Sm 12:1-10, At 5:1-11), trazer as pessoas a Deus (Jo 1:47-50, 4:18-20), guiar e dirigir (At 9:11), ministrar encorajamento em tempos de desânimo (1Rs 19:9), transmitir conhecimento sobre acontecimentos (Jo 11:11-14) e revelar coisas ocultas (1Sm 10:22). 2. Palavra de Sabedoria Este dom nos capacita a falarmos e agirmos com a sabedoria que vem de Deus e dessa maneira nos traz segurança para aplicação correta dos outros dons. A palavra de sabedoria é a sabedoria divina sendo transmitida de maneira sobrenatural pelo Espírito Santo. Ela nos fornece a sabedoria necessária para que saibamos o que dizer ou fazer diante de determinadas circunstâncias. O dom de palavra de conhecimento e o dom de palavra de sabedoria frequentemente são aplicados juntos. Deus revela a Ananias o paradeiro e a condição de Saulo através de uma palavra de conhecimento e também o mostrou pela palavra de sabedoria o que deveria ser feito naquela ocasião. A respeito deste dom, também podemos afirmar, que o mesmo não é natural e não pode ser obtido através de estudos acadêmicos, e é dado para uma necessidade ou situação específica. Vejamos alguns exemplos bíblicos: - Lc 20:19-26 – Jesus sendo interrogado pelos fariseus sobre os tributos recebe uma revelação da intenção deles e declara uma palavra 92 21 Dias por um coração aquecido de sabedoria para não cair na armadilha preparada. - Lc 4:1-13 – Jesus sendo tentado no deserto pelo diabo deu uma resposta através da palavra de sabedoria transmitida pelo Espírito Santo. - Jo 8:13-11 – Novamente Jesus diante de uma cilada armada pelos fariseus, libera uma palavra de sabedoria, confundindo os seus opositores. - At 6:1-11 – Diante de um problema específico que a igreja de Jerusalém estava vivendo, foi concedida aeles uma palavra de sabedoria para a correção deste problema, estabelecendo os diáconos e liberando a igreja para continuar a crescer. - At 5:33-42 – Gamalieu, diante de um conflito entre os cristãos e os judeus, libera uma palavra que trouxe paz a ambos os grupos. A palavra de sabedoria não é em sua essência um dom vocal e sim de revelação, porém pode ser expressa verbalmente através de uma pregação, ensino bíblico, aconselhamento, profecia e etc. 3. Discernimento de espíritos O dom de discernimento de espíritos nos dá um entendimento sobrenatural da natureza e atividades dos espíritos. Ele nos capacita a distinguirmos se determinada atividade espiritual tem uma origem divina, satânica ou humana e revela a natureza dos espíritos em questão. Ele está relacionado ao que está atuando naquele momento presente. Discernimento de espíritos não é leitura de mente, pessoas que se dizem ter este dom muitas vezes, causam confusões na igreja por se colocarem na posição de “detetives espirituais”. O nome do dom já deixa claro a sua função, o que se discerne é o espírito que está atuando, o espírito que é julgado e não pessoas. Através dele podemos discernir a origem de certas ações, ensinamentos, intenções que foram impulsionadas por seres espirituais. 93 11º Dia - Dons de revelação Paulo encontrou uma jovem possessa de um espírito adivinhador (Atos 16:16-18). A princípio esta jovem não demonstrou nada de errado, afinal ela dizia a todos em voz alta que Paulo e os que estavam com ele eram servos do Deus Altíssimo e anunciavam o caminho da salvação. Podemos perceber que a fala da jovem não denunciava que estava possessa por um espírito maligno. Paulo, através do dom de discernimento de espírito, percebe intuitivamente que quem estava atuando naquele momento não era o Senhor, mas sim um espírito das trevas, no entanto, Paulo repreende e expulsa aquele espírito. Este dom nos deixa preparados, em profundidade, para discernir e combater aqueles que penetram em nosso meio, com espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Como qualquer outro dom, ele não é posse do homem, mas do Espírito Santo e ele é utilizado de acordo com a necessidade. Da mesma forma não nos deixa enganados, passamos, a saber, exatamente quem está atuando e temos conhecimento do mundo invisível, mas real, que é a esfera espiritual. 94 21 Dias por um coração aquecido 95 12º Dia - Dons de poder O Espírito Santo se manifesta nos crentes, através dos dons espirituais, da mesma maneira em que uma parte da onisciência de Deus é compartilhada com o homem através dos dons de revelação, uma parte do poder de Deus é manifesta pelo Espírito Santo através dos dons de poder. Deus nunca poderia mostrar todo o seu poder pelo homem, Ele demonstra pequenas partes através das realizações feitas por esses dons. Os dons de poder são aqueles que fazem algo, e assim como os demais dons espirituais, são sobrenaturais. Aquele que foi agraciado com um dom não é detentor dele. Deus é quem usa os dons para se manifestar em nosso meio e não nós que usamos dele quando bem entendermos. 1. O dom da fé A fé é um elemento fundamental na vida de todo crente e todos são possuidores de fé (Rm 12:3). Da mesma forma como recebemos um nariz, ouvido, olhos e boca, todo cristão nasce com fé. Além de todos nós termos fé, nós também vivemos por ela: “todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma” (Hb 10:38). Da mesma forma como precisamos de oxigênio, alimento e água para sobreviver, necessitamos de fé para sobreviver espiritualmente. Tudo na vida do crente é baseada em fé. 96 21 Dias por um coração aquecido O dom da fé é um dom importantíssimo dado ao crente, pois é através dele que o cristão pode receber milagres. Mas ainda assim não podemos confundir o dom da fé com os outros tipos de fé que a Bíblia aponta. Diante disso, gostaríamos de trazer um maior entendimento aos irmãos: O primeiro que é a fé salvífica, ou seja, a fé que nos leva a salvação. A Bíblia nos garante que se com o coração cremos em Jesus e com a boca confessarmos, seremos salvos (Rm 10:9-10). Somos salvos pela graça, mediante a fé (Ef 2:8-9). O segundo tipo de fé é a geral, a que todos os crentes possuem e esta pode ser aumentada à medida que o cristão se alimenta da Palavra e busca obedecê-La (Rm 10:17). Em geral, é esta fé, que exercemos para receber as respostas de nossas orações. Diferente de todos os tipos de fé bíblica, o dom não é aumentado e nem depende da pessoa, mas sim da vontade de Deus e é dado por Ele, não a todos, mas a quem Ele quer. É uma manifestação para se receber e operar milagres. Esta fé, que vai além da imaginação humana, é produzida de tal modo que grandes milagres podem ser alcançados e operados por Deus. O crente não opera sempre este dom da fé, assim como com os outros dons. Ele só se manifesta quando surge uma necessidade, de acordo com a hora e o lugar que o Espírito Santo determinar. No exercício do dom, a pessoa consegue, de modo sobrenatural, contrariando todas as possibilidades, crer em Deus para receber e operar um milagre. A Bíblia diz que Daniel recebeu um milagre enquanto estava na cova dos leões e que ele creu em Deus. Não há duvidas de que Deus deu a Daniel uma fé especial para receber a libertação (Dn 6:16-23). Daniel descansou em fé e recebeu o seu milagre. Jesus também ativou o dom da fé quando em grande perigo, no meio do mar em plena tempestade violenta, dormiu na parte traseira do barco. Ele, portanto, permaneceu em descanso, confiando em Deus, à espera de seu milagre. 97 12º Dia - Dons de poder Uma vez que este dom se manifesta para recebermos seus milagres, nada precisamos fazer além de crer de acordo com esta fé especial, que foi materializada pelo Espírito Santo em nós. Este dom nos leva a confiar e descansar em Deus. Muitos dizem, “eu posso pedir fé a Deus, afinal ela é um dom”, mas este pensamento está equivocado. Como vimos, há uma diferença entre os vários tipos de fé citados na Bíblia. O dom da fé é operado de acordo com a necessidade do Corpo de Cristo para se receber um milagre, Deus é quem manifesta o seu dom em quem e quando quiser. Já a nossa fé, que é a fé geral, vem por meio da Palavra. Logo, se quisermos mais fé não devemos pedir a Deus, pois a fé vem pela ouvir, pelo conhecimento da Palavra, por isso, busque mais fé pela Palavra de Deus. 2. O dom de operação de milagres O que são milagres? Milagres são manifestações extraordinárias, fora do comum, acontecimentos inexplicáveis pelas leis naturais. A definição desta palavra é fundamental para compreender este dom. Muitos hoje dizem que tudo é milagre: uma praia linda, o pôr do sol, flores coloridas e cheirosas em uma primavera e se esquecem de que muito do que dizem ser milagre, não passa de acontecimentos normais da lei da natureza, e fruto da graça de Deus. Outros confundem o sobrenatural com o milagre, este é sobrenatural, pois foge do natural, mas o sobrenatural não é um milagre. Os dons espirituais, por exemplo, são sobrenaturais, mas ainda sim, não são milagres. Por isso a ação da operação de milagres é um ato específico, uma intervenção no curso normal da natureza. Deus suspende temporariamente a operação da lei natural para manifestar sua divina providência. A palavra grega para milagres significa poderes, uma explosão da onipotência de Deus. Através deste dom, Deus demonstra que tem poder acima das leis da natureza e que realmente pode mudar o curso de qualquer situação, afinal nada está acima do seu poder. E a pessoa quando flui neste dom participa do mesmo poder de Deus que foi 98 21 Dias por um coração aquecido manifestado na criação do mundo. Deus operou um milagre quando levou a terra à existência mediante Sua Palavra. O livro de Êxodo revela a atuação deste dom no meio do seu povo, através do milagre que Deus executou juízo sobre o Egito, quando não obedeceram à ordem de Deus em liberaros hebreus da escravidão, para que pudessem ir para uma terra que Deus lhes havia prometido. E por mais que muitos queiram ainda sustentar o argumento de que a travessia do mar Vermelho, feita pelos judeus a pés enxutos, foi devido a uma baixa da maré, parte do milagre é provada com o fato dos soldados do Faraó terem morrido afogados, após a travessia dos hebreus. Vale ainda lembrar sobre o tempo em que eles ficaram no deserto onde viram o curso da natureza sendo quebrado, desde o alimento diário que descia dos céus, a uma coluna de fogo à noite, que os aqueciam, bem como a nuvem que durante o dia os acompanhavam. Josué também experimentou uma parte da onipotência de Deus ao ordenar que o sol e a lua parassem (Js 10:12-13). Os israelitas estavam em uma terrível batalha contra os amonitas e precisavam de tempo, pois o sol começou a se pôr. De repente, Josué ergue a voz, olha para o sol e ordena que o sol e a lua se detivessem. Jesus desafia a lei da química ao transformar água em vinho sem adicionar nada a ela (Jo 2:1-11). E o que dizer da multiplicação de pães e peixes, onde o natural seria a comida se acabar, mas ela rendeu, sobrando mais do que havia sido servido (Jo 6:5-14). Nenhuma tempestade conseguiu roubar a paz de Jesus, quando seus discípulos começaram a ficar com medo, e imediatamente Jesus ordena que ela cessasse, o que aconteceu. (Mc 4:39). Esses milagres nos mostram a soberania de Deus. Nenhuma lei natural pode deter os propósitos divinos. E, sempre que Deus tem algo para fazer através de seus filhos, pode ter certeza, que se for necessário parar por um instante qualquer lei natural que seja, Ele assim o fará. Por isso não devemos nos amedrontar diante das circunstâncias e dificuldades que se levantam. Deus é o mais interessado na edificação do seu Corpo, 99 12º Dia - Dons de poder e Ele fará de tudo para ver se cumprir a Sua vontade. Abra o seu coração e se Deus te levantar um dia para fluir neste dom, não tenha medo, confie e veja o sobrenatural intervir no natural pelo poder do Espírito Santo. 3. Os dons de curar Os dons de curar são dados por Deus visando à cura sobrenatural da enfermidade sem meios naturais de qualquer origem. A cura divina não vem mediante diagnósticos, tratamentos, e sim da operação deste dom (At 10:38). A enfermidade sempre foi rejeitada por Deus, e na história com o seu povo, há uma promessa de cura e ausência de doenças. Após a libertação do Egito, Deus promete ao seu povo, através de Moisés, que se eles fossem obedientes, não desviassem de suas ordenanças e guardassem todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade viria sobre eles, pois Ele é o Deus que os saravam (Êx 15:26). Davi, no livro de Salmos descreve a bondade de Deus ao dizer que é Ele quem nos perdoa de nossas iniquidades e sara todas as nossas enfermidades (Sl 103:3). Jesus deu a cura uma posição de destaque em seu ministério, por onde andava curava a todos os oprimidos do diabo (At 10:38). Deus sempre se importou com esta questão na vida do homem, pois Deus não criou o homem para sofrer a morte, muito menos a enfermidade. Percebemos também que a cura é uma grande ação do poder de Deus. Todos os milagres e curas feitas por Jesus serviram como sinal de que Ele realmente era o Filho de Deus. A cura de um leproso (Mt 8:1-4) nos mostra exatamente este propósito evangelístico. No verso quatro, Jesus ordena que ele não falasse nada a ninguém até mostrar ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés havia ordenado, para servir de testemunho. A cura sobrenatural deste jovem serviria de testemunho a todo o povo de que Jesus era realmente o Cristo, àquele que segundo Isaías, havia levado sobre si as dores e enfermidades de todos (Is 53:4). Outro exemplo poderoso é a cura do coxo que ficava na porta chamada 100 21 Dias por um coração aquecido Formosa (At 3:1-10). Naquele momento, Pedro, tomado pelos dons de curar, levanta aquele homem que não andava desde o dia em que nasceu, todos o conheciam, pois ficava sentado naquela porta do templo pedindo esmolas há muito anos, após sua cura, todo o povo ficou admirado com aquele acontecimento. Veja que esta cura serviu de testemunho a respeito de Cristo, para edificação da Igreja. As enfermidades existem com o propósito de destruir a vida do homem, mas Cristo transformou o seu propósito. E através do poder de Deus pelos dons de curar, as enfermidades existem hoje para a manifestação das obras de Deus e de sua Glória (Jo 9:3; 11:4). Por esta razão, permita- se ser usado por Deus neste dom. Como é bom chegar em um lugar onde todos estão desesperançados pela enfermidade de uma pessoa, e Deus opera o seu poder e aquela pessoa é curada. Imediatamente a família reconhece a obra de Cristo e se entrega ao Senhor, edificando assim o Seu Corpo. Vá atrás dos necessitados, visite aqueles que você sabe que estão em um leito de enfermidade e permita que o Senhor te use. Lembre-se, é dom do Espírito Santo, não depende de você e sim da vontade de Deus e a vontade dEle já sabemos: curar a todos (Mt 8:16-17; 1Pe 2:24-25; Mc 16:17-18). 101 13º Dia - Dons vocais Os dons vocais são aqueles dons que são falados. Vimos nos capítulos anteriores, que os dons de revelação mostram o conhecimento inspirado, e os dons de poder demonstram a manifestação do poder divino. Já, os dons vocais nos trazem uma mensagem vinda de Deus para o homem. 1. Dom da profecia O dom da profecia é o mais importante dom vocálico, visto que ele traz a edificação para a Igreja. Paulo vai nos dizer que o dom de variedade de línguas só se iguala a este dom quando, acompanhado ao dom da interpretação (1 Co 14:5). Línguas, quando faladas, traz edificação somente a quem está falando, mas quando o dom da interpretação entra em operação, todos são edificados através da mensagem profética. No dom da profecia, a mensagem é trazida diretamente a todos. Profecia significa proclamar. A palavra “profetizar” no hebraico significa “sair fluindo”, “jorrar”, no grego significa “falar no lugar de outro”. O significado da profecia nada mais é do que falar no lugar de Deus, ser um mensageiro dEle. Como as palavras do Senhor são Espírito e vida (Jo 6:63), elas são uma fonte que jorram a vida de Deus. Sendo assim, quando alguém profetiza, a pessoa está sendo uma fonte que jorra a Palavra de Deus, que produz resultados. 102 21 Dias por um coração aquecido A profecia tem o propósito de edificar, exortar e consolar (1Co 14:3). A intenção inicial não é falar nada novo, mas testificar aquilo que Deus já ministrou ao coração. Na Antiga Aliança, todas as vezes que os reis, sacerdotes e o povo se desviavam do propósito, Ele, então, levantava alguém improvável para apontar para a Sua vontade, denunciar os pecados, a fim de realinhá-los com o Seu coração. A profecia também não transforma a pessoa em profeta, o dom espiritual da profecia (1Co 12:10) e o dom ministerial do profeta (Ef 4:11) são coisas distintas. O ofício do profeta tem o objetivo de aperfeiçoar, capacitar e treinar os crentes para o seu serviço, perceba que seu encargo é auxiliar os santos para o desenvolvimento pessoal no serviço à Igreja, onde o profeta recebe de Deus esta habilidade e a Igreja reconhece. Quanto ao dom ministerial do profeta, este flui de acordo com a vontade de Deus no momento onde existe há necessidade, Deus deseja, portanto edificar, consolar ou exortar alguém específico ou toda a Igreja. Paulo também vai nos ensinar que devemos procurar com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizemos. O dom da profecia é mais importante para a congregação, pois ele edifica a todos que recebem a proclamação do Senhor no seu entendimento. O mau uso deste dom levou muitos a uma motivação errada e a um sentimento de superioridade espiritual. Além desta vaidade, a carnalidade de alguns irmãos, que ainda com uma mentalidade infantil, buscavam os “profetas”, como cartomantes e adivinhadores, fazendo com que a Igreja criasse uma rejeiçãopela manifestação deste. Profecia não é o que muitos acham, e sim a proclamação de Deus, onde Ele “jorra” a Sua poderosa Palavra para edificação, consolação e exortação. 2. Dom de variedade de línguas A variedade de línguas se resume em uma expressão vocal, dada pelo Espírito Santo, através de línguas jamais aprendidas ou compreendidas por quem fala, nem necessariamente pelas pessoas que as ouvem. A oração em línguas é um sinal da visitação sobrenatural do Espírito Santo. Jesus coloca a oração em línguas no mesmo patamar da expulsão de demônios, cura de enfermos e outras ações sobrenaturais que só 103 13º Dia - Dons vocais podemos fazer pelo Espírito (Mc 16:15-18). Este tema, além de polêmico, tornou-se central em um bloco de escritos de Paulo que formam os capítulos 12, 13 e 14 do livro de 1 Coríntios. Se Paulo decide explicar ponderadamente a importância e função deste dom, é porque, sem dúvidas, devemos conhecê-lo e exercitá-lo. O dom da variedade de línguas tem a sua importância na vida da Igreja, principalmente para a edificação pessoal (1Co 14:4). A função de todo membro do Corpo de Cristo é a edificação da igreja (1Co 3). Mas, como poderemos edificar algo se não nos edificamos? Para que o nosso serviço possa acontecer de forma excelente precisamos estar edificados. Muitos, ao lerem o texto de 1Co 14, acham que o dom de línguas não tem importância e que devem buscar o dom da profecia, pois Paulo o coloca como o mais importante. Vamos, portanto, entender o contexto da igreja de Corinto e o porquê Paulo escreve esta carta aos coríntios, que é um texto exortativo, e com o objetivo de correção, para estes irmãos que tinham falsas compreensões a respeito de muitos assuntos da Igreja, dentre eles, os dons espirituais. A primeira questão que faltava nesta igreja era a unidade. Corinto era uma igreja extremamente dividida e partidária, por isso, Paulo os chama de carnais no capítulo 3 e fala da unidade orgânica no capítulo 12, ao os comparar como um corpo e cada individuo como um membro. O corpo não pode funcionar de forma perfeita se os membros não focarem na edificação mútua, olharem menos para si e mais para o todo. E o que leva a todo homem olhar para o próximo e considerá-lo superior a si mesmo é o amor, por isso Paulo escreve um lindo discurso sobre este tema no capítulo 13 o considerando como o dom supremo. Além disto, os irmãos detinham dons por questões de vaidade, por achar que se demonstrassem o fluir de um dom estariam provando a sua espiritualidade, um pensamento extremamente superficial e carnal, mas esta era uma realidade no meio daquela igreja. E o dom utilizado por eles para mostrar essa falsa espiritualidade era o de variedade de línguas. 104 21 Dias por um coração aquecido Entretanto, Paulo, neste contexto, não sugere a eles que parassem de orar em línguas, e sim que se procurassem um melhor dom para edificação de todos. Afinal, como membros do Corpo, todos devem viver a edificação mútua e o amor, colocando os outros como mais importantes do que a si mesmo, e logo se preocupar com a edificação dos irmãos. Assim, o melhor dom para edificação de todos é o dom da profecia, foi por isso que Paulo disse que deveriam buscar com zelo, ou melhor, com mais atenção, percebendo o que era mais necessário. O problema é que temos a tendência de tirar o texto fora do contexto. E o que a igreja de Corinto precisava era de edificação mútua, sem dúvida, a igreja precisa disto, mas não isenta a importância da edificação pessoal. Devemos buscar a edificação mútua da mesma forma que devemos buscar a edificação pessoal. Paulo deixa claro que a edificação pessoal através do dom de línguas não deve ser negligenciada. E ilustra isto, ao dizer que dava graças a Deus porque orava mais em línguas do que os irmãos (1Co 14:18) e ao demonstrar o desejo de que todos os irmãos de Corinto falassem em outras línguas (1Co 14:5). Devendo ser buscado como um “dom devocional” e usado em nossa vida de oração, louvor e adoração a Deus. Uma outra atuação do dom de variedades de línguas é no ministério público, onde uma mensagem é trazida aos irmãos, por parte de Deus, através de uma língua desconhecida. Neste contexto, é necessário que haja o fluir de outro dom espiritual, o dom da interpretação de línguas, para que todos possam ser edificados (1Co 14: 5,13). Quando o dom de variedade de línguas flui para a edificação da Igreja, no momento em que a pessoa começa a falar, um temor vem sobre a igreja trazendo um silêncio, e aí, aquele que flui na interpretação revela à igreja a mensagem falada. 3. Dom de interpretação de línguas O dom de interpretação de línguas é a revelação sobrenatural, uma capacitação espiritual, uma inspiração, onde recebemos do Espírito Santo a mensagem que foi falada em outras línguas, portanto a interpretação 105 13º Dia - Dons vocais não é uma tradução, e sim o significado da mensagem em línguas não entendíveis ao homem. Ninguém pode entender uma mensagem dada em línguas até que o sentido seja revelado por Deus através deste dom. Muitas vezes a mensagem em línguas pode ser longa e a interpretação curta, e também a mensagem curta e a interpretação longa, isto depende e demonstra que não é tradução, e sim, uma interpretação. Como dito anteriormente, este dom depende de outro para sua operação, afinal sem a manifestação do dom de línguas, ele não pode operar. Cabe ressaltar, que a pessoa que flui neste dom, pode ser a mesma pessoa que está orando em línguas ou uma outra pessoa. Devemos, também, buscar a interpretação em nossas orações particulares. Paulo em 1 Coríntios 14:13 nos ensina que aquele que ora em línguas deve também orar para que possa interpretá-las. É importante termos o entendimento daquilo que estamos orando em mistérios ao Senhor, devemos ser edificados por inteiro, desde o nosso espírito até a nossa alma e corpo. Quando oramos em línguas nosso espírito ora de fato, mas o nosso entendimento fica infrutífero (1Co 14:14), por isso a importância de buscar a interpretação para uma edificação integral. 106 21 Dias por um coração aquecido 107 14º Dia - Recarregando suas baterias “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja” 1 Coríntios 14:4 A oração em línguas é um dos temas mais polêmicos que existem nas igrejas, é uma discussão infindável que existe entre pentecostais, tradicionais e renovados. Apesar de toda esta polêmica, é um tema abordado por Paulo em quase todo capítulo 14 de 1 Coríntios. E, se Paulo dedica um capítulo do seu livro para falar sobre este dom, é porque sem dúvida, ele é muito importante. A oração em línguas tem um papel fundamental na vida devocional do crente e é também responsável pela edificação pessoal, juntamente com o jejum, oração e meditação na Palavra. Precisamos abrir o nosso coração para a verdade de Deus a respeito desta prática, para que possamos tirar proveito de tudo o que ela nos disponibiliza. Nosso desejo não é entrar em discussões doutrinárias, mas apenas trazer luz aos corações sobre um dom que existe e a de que Bíblia fala a seu respeito. Queremos, no estudo de hoje, falar sobre os benefícios que a oração em línguas traz para a vida do crente, que é a edificação pessoal, “recarregando as suas baterias”. 108 21 Dias por um coração aquecido Paulo nos fala que aquele que ora em línguas edifica a si mesmo, mas como isto acontece? A palavra edificar tem inúmeros significados, dentre eles temos, construir, erguer, erigir uma construção, uma edificação. Sendo assim, a oração em línguas tem o papel de nos construir, de levantar uma construção. Imagine uma construção, ela tem funcionários, engenheiros, arquiteto, materiais para a obra e projeto. Todas as pessoas envolvidas nela seguem exatamente o que está no projeto para a construção e quando edificada, a obra está sendo erigida naquilo que foi projetada. Agora, vamos aplicar isto em nossa vida. Qual é o nosso projetoe aonde queremos chegar? Cristo, não é verdade? A Bíblia nos fala que fomos predestinados, ou melhor, formados desde o princípio, criados com um propósito, com um destino, o de sermos à imagem de Cristo (Rm 8:29). No princípio, Deus nos criou segundo a Sua imagem e semelhança (Gn 1:26), isto significa que fomos criados para refletir quem Ele é. Refletir a imagem de Deus significa revelar o seu caráter, a sua sabedoria e também o seu poder. Deus nos criou com este projeto, fazer de nós o seu reflexo na terra. Sendo assim, esta é a construção que estamos erigindo, este é o edifício que estamos erguendo como indivíduos, mas também como Igreja. Cristo precisa ser revelado através de nós como cristãos e também como seu Corpo. Por tanto, quando vemos Paulo nos falando que a oração em línguas edifica a nós mesmos, significa que ela nos ajuda nesta tarefa espiritual da “construção de Cristo” em nós e, é aí que existe algo tremendo. Olhando para Cristo, vemos que Ele mostrou a todos os homens o caráter de Deus, a sua sabedoria e o seu poder. Ele representa para nós aquilo que Deus deseja que sejamos, afinal, foi um homem que andou no poder de Deus, e todas suas obras eram sobrenaturais. Veja, Jesus foi um homem totalmente espiritual, Ele se retirava com frequência para orar, para se edificar, para buscar de Deus direções, revelando a Sua dependência do Espírito Santo. 109 14º Dia - Recarregando suas baterias No grego, edificar é “oikodomeo” que significa erguer uma superconstrução, uma superestrutura para acomodação de algo. No grego moderno esta mesma palavra significa recarregar, como se recarrega uma bateria. É interessante percebermos a semelhança que existe nestes dois significados. Na época em que este texto foi escrito, ainda não existia energia elétrica, logo Paulo nunca poderia se utilizar desta analogia. Mas tanto erigir uma superestrutura quanto recarregar tem o mesmo significado. Quando oramos em línguas estamos edificando uma superestrutura dentro de nós para receber alguma coisa, e quando recarregamos uma bateria, estamos juntando energia para ser utilizada também. Muitos reclamam que estão se sentindo fracos, que estão sem forças, daí procuram um culto poderoso, ou a oração poderosa de um irmão, alguns querem um retiro, um congresso, como se isso restaurasse a força dentro de alguém. Sem dúvida saímos revigorados em todos esses exemplos, mas não necessitamos mais de depender disso, uma vez que sabemos do que precisamos fazer para recarregar as nossas baterias com a energia do céu. Não podemos fazer a obra do Senhor pela força do nosso braço. O homem, em sua carne, não tem condições de fazer a obra de, pois essa só pode acontecer pelo Espírito, e para isso precisamos recorrer a esta natureza espiritual. Quando oramos no Espírito, estamos nos abastecendo desta energia espiritual para operarmos segundo a vontade de Deus. No momento de oração, Deus nos dá revelações, direções e palavras. Perceba que nada disso poderíamos receber em uma faculdade, na leitura de um livro ou em horas de pesquisa. Tudo isto recebemos diretamente do céu, porque escolhemos o caminho correto, o caminho da edificação pessoal no espírito. Embora muitos rejeitam este ensino, pois buscam entender as coisas de uma forma natural e não conseguem ver um propósito de orarmos em línguas estranhas, de ficarmos por minutos, e às vezes até horas falando palavras que não sabemos seu real significado. Como tudo o que é espiritual, é loucura para quem é natural, pois se discerne espiritualmente 110 21 Dias por um coração aquecido (1Co 2:14), só quem ora no Espírito e busca receber esta “força”, ou “energia” espiritual sabe de sua importância. Passamos a depender exclusivamente de sua graça e ação, e somos cheios, recarregados e começamos a operar de uma forma sobrenatural, como Cristo viveu. A falta de bateria reduz a força de qualquer máquina. Se temos uma lanterna e a bateria está acabando, a luz fica fraca, bastando, portanto, recarregar a bateria e a luz começa a iluminar com toda força novamente. Se Cristo não tem sido resplandecido em você como deveria estar, é porque você precisa recarregar a sua bateria. Quando estamos cheios de Sua “energia”, nossa célula, nossos ministérios, nosso serviço ao Senhor não são mais os mesmos, porque passamos a não fazê-los por nós e sim na força do Espírito, o que faz toda a diferença. “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo” Judas 1:20 A Palavra de Deus é tremenda e neste livro tão pequeno da Bíblia, existe um versículo fantástico e que traz luz para compreendermos a importância da oração em línguas e a edificação pessoal. Judas nos diz que devemos nos edificar em nossa fé santíssima, orando no Espírito Santo. Primeiro, orar no Espírito Santo e orar em línguas é a mesma coisa. E Paulo nos ensina que quando oramos em línguas falamos a Deus e em espírito falamos mistérios (1Co 14:2). Quando oramos em línguas o nosso espírito ora de fato (1Co 14:14). Afinal, não sabemos orar como nos convém, mas o Espírito Santo intercede por nós, ou seja, Ele nos conduz na oração com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26). Orar no Espírito Santo é fazer dos seus gemidos inexprimíveis a nossa oração e deixar que Ele interceda por nós. Uma vez que fazemos a Sua oração, estamos edificando a nossa fé santíssima. A palavra edificar aqui tem um significado diferente de 1 Coríntios 14:4. No grego é “epoikodomeo” que significa “construir sobre”, enquanto “oikodomeo” significa “edificar para”. A base da nossa construção é Cristo, Ele é a pedra fundamental e a pedra angular, 111 14º Dia - Recarregando suas baterias nossa fé em Cristo se torna então a base desta construção. Uma vez que oramos no espírito, ou em línguas, estamos construindo sobre esta fé em Cristo, nos recarregando do poder do Espírito Santo para fazer as obras de Cristo como Ele fez, nós tornando convictos de nossa fé. Para entendermos o contexto, o livro de Judas foi escrito como um livro apologético, ou seja, um livro de defesa da fé cristã. A intenção de Judas era proteger os cristãos do movimento agnóstico que ensinava heresia e podiam envenenar a fé. Ao dizer que os cristãos deviam edificar a fé santíssima através da oração no Espírito, Judas estava ensinando aos cristãos como fortalecerem a sua fé em Cristo e não se misturarem aos ensinos duvidosos. Assim, além de nos encher da energia dos céus, na oração em línguas também somos tomados de convicções. Uma vez que estamos fortalecidos no espírito, recarregados da “energia” dos céus, além de fazermos as obras de Cristo no poder do Espírito, criamos “músculos” para nossa fé. 112 21 Dias por um coração aquecido 113 15º Dia - O caminho da transformação “Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa” Marcos 4:26-29 Jesus ao contar essa parábola traz uma explicação de como funciona o reino de Deus, Ele faz uma menção comparativa do homem que lança a semente na terra e depois de descansar, um dia após o outro, a semente germina e cresce, produzindo frutos. A semente nesta parábola é a Palavra de Deus e a terra é o nosso coração. O princípio espiritual que aprendemos nesta passagem bíblica é a respeito do nosso papel no caminho da transformação. Estamos em uma jornada em busca por um coração incendiado pelo Espírito Santo e essa experiência de avivamento pessoal, precisa se desdobrar em uma verdadeira transformação de vida, de mente, de caráter e de valores. Estamos envolvidos em um processo de transformação e a nossa função é pegar a semente e lançar na terra, ou seja, nós precisamos nos encherdar Palavra de Deus. Há um depósito espiritual em nós e nos enchemos 114 21 Dias por um coração aquecido meditando, confessando e compartilhando a Palavra. Depois de lançar a semente na terra, Jesus conta que o homem descansou, ele dormiu e acordou, um dia após o outro, este homem não ficou escavando a terra todos os dias para ver se a semente estava germinando, ele apenas tinha a certeza de que a semente iria germinar, isso nos fala de fé. Até que um dia a semente germinou e cresceu, mesmo sem ele saber explicar como aconteceu. Veja a semente germinou, frutificou e apareceu o grão cheio na espiga. A verdadeira mudança, é aquela que você não viu, não sabe explicar como aconteceu, mas os outros a percebem. Tínhamos certos prazeres e de repente não temos mais, tínhamos certos valores e quando vemos não existem mais, logo, aqueles hábitos acabaram e nem sabemos o porquê, afinal ninguém ficou nos vigiando ou pressionando, apenas nos enchemos da Palavra. A verdadeira mudança é assim, é aquela que é fruto de uma sensação de descanso em fé e isso nos fala de confiança e dependência. Nós apenas dormimos e acordamos, mas enquanto descansamos, a semente poderosa da Palavra de Deus esta produzindo um metabolismo espiritual no nosso interior. Há muita maquiagem no meio evangélico e há muita gente se esforçando para mudar. Paulo fala em Gálatas 5 sobre o fruto do Espírito, que é um sinal da nova natureza do homem regenerado. Agora fruto é algo natural, você não encontrará uma mangueira fazendo força para gerar uma manga. Por outro lado, quando Paulo fala sobre as obras da carne, ele está se referindo a algo que requer esforço, força e suor, porque é necessário se esforçar para agir de uma forma contraria a sua nova natureza. O fruto do Espírito já está em nós, já é uma realidade agora, precisamos apenas andar a altura dessa verdade, e da nossa posição em Cristo Jesus. A verdadeira cura interior e o verdadeiro processo de libertação acontecem pela Palavra, tudo o que Jesus fazia era pela Palavra, Ele afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32). Portanto, onde não há o ensino da Verdade, não há transformação e consequentemente não há crescimento. 115 15º Dia - O caminho da transformação Talvez as mudanças de hoje não serão tão extraordinárias como em outros tempos, como no início da nossa caminha com Cristo, mas por mínima que seja, não seremos mais o mesmo. Algo foi acrescentado em nós e isso acontece porque nossa mente esta sendo renovada pela palavra de Deus. Quer mudar um homem? Mude a sua dieta. Não basta fazer uma “maquiagem gospel” ou aplicar “um botox espiritual”, não é cosmética, é preciso mudar a sua alimentação, porque tudo o que Deus faz é pela Palavra e pelo Espírito, e isto é um princípio espiritual. O cristianismo é a única religião em que não nos tornamos um adepto, pois é necessário a conversão. Talvez você aderiu ao cristianismo por conveniência, por seus pais serem cristãos ou porque você se convenceu intelectualmente quanto a isso. Podemos até aderir, mas conversão é algo interior, como falamos, é um processo de transformação. Quando um pecador tem revelação da graça de Deus, ele não é apenas perdoado, mas ele muda, se rende a outro estilo de vida, onde há novos valores, novos comportamentos, nova maneira de ser, de falar, de se vestir, de enxergar a vida, os relacionamentos, o mundo, o tempo, o dinheiro, a morte e a eternidade. Então, veja bem, conversão é real e é algo interior. E essa mudança não somos nós quem a produzimos, nem são os pastores e nem é uma igreja local, mas sim, é pelo Espírito e através da Palavra de Deus. “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” Filipenses 1:6 O Espírito Santo está comprometido em nos transformar, “Aquele que começou a boa obra em nossa vida irá aperfeiçoar até ao Dia de Cristo” (Fl 1:6). É algo crescente, que caminha cada vez com mais profundidade em cada área de nossa vida, é à medida que vamos avançando. De repente, por um momento, olhamos para trás e percebemos quantas coisas na nossa vida já mudaram completamente. Quem era egoísta, não é mais, quem mentia, não mente mais, quem era de “pavio curto”, não explode mais. Talvez, uma ou outra área de nossa vida resista mais a 116 21 Dias por um coração aquecido uma transformação, mas no todo você está sendo transformado. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8:14-16 A Bíblia usa duas expressões no grego para definir a palavra filho, que são, “huios” (Rm 8:14) e “teknon” (Rm 8:16), o que no português só utilizamos uma palavra para definir. Veja, a palavra “teknon” significa filho, tal como “huios”, é um filho que ainda é um bebê, embora filho, mas ainda é um bebê. Pergunto, qual é a diferença entre um filho bebê e um filho maduro? A única diferença é a transformação pela qual ele passou e o fez chegar à maturidade. Desde o dia em que nascemos de novo até o dia em que iremos partir para a glória, a graça santificadora estará produzindo uma transformação no nosso ser integral. Então não tem jeito, seremos transformados, pois somos filhos de Deus e a Bíblia não diz que somos bastardos, Deus nos reconhece como filhos, Ele nos põe na posição de herdeiros (Rm 8:17). Na medida em que respondemos ao trabalhar de Deus na nossa vida, seremos transformados. “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” Romanos 8:29 Fomos escolhidos por Deus para sermos conformados, encaixados na forma que é Cristo e Ele é o modelo, o molde, o protótipo, a forma, e o interesse de Deus é nos conformar nEle. Jesus é o modelo que o Pai quer multiplicar. Jesus nos quatro evangelhos é chamado de unigênito, ou seja, o único filho de Deus, o único da espécie. Mas quando Cristo ressuscita, Ele não ressuscita mais como unigênito e sim como primogênito, o primeiro de muitos filhos de Deus, que faz parte dessa nova raça, a Igreja. Portanto, a partir de Sua ressurreição, Cristo foi multiplicado. 117 15º Dia - O caminho da transformação É interessante também o que o livro de Apocalipse fala a respeito da Nova Jerusalém. Apocalipse é um livro profético do Novo Testamento, ele é cheio de símbolos que apontam para verdades espirituais. Apocalipse diz que a Nova Jerusalém é feita de ouro e pedras preciosas, ou seja, materiais minerais. Entretanto, as portas da Nova Jerusalém são de pérolas (Ap 21:21). Uma pérola não é um material mineral, mas orgânico. Mas por que pérolas? Colocar uma pérola para ser porta? Você já viu isso em algum lugar? Não, porque é um símbolo. Você sabe como uma pérola é formada? Quando um pequeno grão de areia inútil e sem valor entra numa ostra que está vivendo sua vida tranquilamente no fundo do mar, esse grão causa uma irritação nesta ostra, e ela entra num processo, que leva tempo e trabalho, começa a segregar uma substância ao redor do pequeno grão de areia, chamada madrepérola. E de repente, aquele pequeno grão de areia, sem valor, inútil e feio se torna algo belo e de extremo valor. Por que as portas da Nova Jerusalém são pérolas? Porque toda pérola é fruto de uma transformação, ou seja, se não formos transformados, não entraremos na Cidade Santa. Grão de areia se encontra em obras, ou vira pérola, ou vai pra caçamba da obra para ser transformado. A transformação é a primeira marca de um verdadeiro discípulo de Jesus. Um cristão genuíno se transforma e se torna alguém mais tolerante, roubava, mas não rouba mais, era arrogante, porém já não é mais, era uma peste e já não é mais. Agora,veja bem, não existe um “transformômetro” para medir o nível de transformação de alguém. Às vezes, somos transformados radicalmente e instantaneamente em uma certa área da nossa vida e em outras não. Mas a verdadeira marca de um verdadeiro é: a mudança. As pessoas olham e percebem sua mudança, o casamento mudou, a boca mudou, o jeito mudou. A marca de um cristão genuíno é ser transformado e quando somos transformados crescemos espiritualmente, pois as pessoas que são infantis e tolas emocionalmente, não sabem lidar com as suas emoções, esse é um diagnóstico de falta de transformação. Para pessoas melindrosas e desequilibradas, pequenas coisas causam desestabilidade 118 21 Dias por um coração aquecido emocional, são vulneráveis e precisam ser transformadas. À medida que avançamos no caminho da transformação, crescemos espiritualmente e adquirimos consistência espiritual. Outro diagnóstico que aponta a falta de transformação é a ausência de frutos. Pessoas frutíferas são aquelas que afetam a vida de outros, através deles muitos são alcançados pela Graça de Deus, pelo seu testemunho vidas são impactadas. As palavras que saem da sua boca são encharcadas de vida, unção, revelação e produz uma repercussão na vida de quem está ouvindo. A presença desta pessoa gera realidade espiritual na vida de outros. Transformação gera frutos, por outro lado sem transformação também não há frutos, logo não expressamos o Senhor. Há pessoas que reconhecemos Jesus na vida delas, nas atitudes, no servir, no amar, no ouvir o outro, no calar, respondendo o mal com o bem, sendo sábio, respondendo com o perdão a atitude ofensiva de uma pessoa, na simplicidade. É santo, porém servo, é firme, porém amoroso. Para ser transformado é necessário decidir mudar, é escolher não ser um cristão nominal, deixar de ser um “alisador de banco” e um crente “domingueiro”. Aqueles irmãos que vão ao culto de domingo escutar um sermão e cuja suas vidas na segunda-feira não condizem com a Bíblia que carrega de baixo do braço, esta Bíblia está mais para “desodorante gospel” do que para código de conduta. Há crente que marca a Bíblia toda com marca texto colorido e faz questão de mostrar para os outros, para que vejam o quanto ele é espiritual, outros, porém, deixam sua Bíblia aberta no Salmo 91, que chega a ficar amarela, porque neste caso virou um “pé de coelho” ou uma “ferradura ungida”. Irmãos, tempo de igreja não muda ninguém, assim como o fato de vivermos numa garagem não nos transformará em um carro, também não será o fato de passarmos anos dentro de um prédio de uma igreja que te fará ser um crente transformado. Se temos identificado alguma dessas características de infantilidade em nossa vida, precisamos crescer! Existem crentes que possuem uma necessidade carnal de se mostrar espiritual, mas a verdadeira transformação não tem a ver com a necessidade de se exibir, de viver com rótulos e títulos. Há ainda cristãos que fazem uso de um “palavrore 119 15º Dia - O caminho da transformação gospel”, que possuem até uma coreografia espiritual para orar, mudam o tom de voz, beijam rosas, bebem água do rio Jordão - que já deve até ter secado, de tanta água que já “retiraram” de lá. – A transformação tem a ver com conteúdo, com o que está dentro, com realidade, com uma motivação certa, com aquilo que fazemos quando ninguém está nos vendo. Para sermos transformados é necessário ter revelação, ter luz para enxergar, pois quem não tem luz, não consegue identificar onde precisa mudar. Cada um de nós temos uma medida de luz, e quanto maior a nossa medida de luz, mais conhecemos, vemos e enxergamos. Mas o quê devemos enxergar? Certamente, não é enxergar com os olhos naturais, pois na medida em que crescemos espiritualmente, começamos a reconhecer a mão de Deus até em coisas pequenas, vemos Deus nos forjando, e começamos a ver o tanto que somos egoístas, difíceis, com um temperamento intratável, arrogantes e com atitudes orgulhosas. Este tempo de Jejum é precioso porque Deus irá acender um holofote sobre nós e passaremos a ver nosso coração e a enxergar o que não era possível antes, inclusive a nossa real intenção e motivação. Por que não enxergávamos antes e passamos a enxergar agora? Porque Deus sabe que para sermos transformados a chave é passarmos a nos examinar, a nos olhar. Platão tem uma frase interessante: “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”. Quando você se vê, não se desespere, não desista de você, pois virá muita luz por aí! Na medida em que estreitamos o nosso relacionamento com o Senhor, avançamos em intimidade e passamos a conhecer o Seu coração, e só assim nós nos conheceremos. Só nos enxergamos quando vemos o Senhor, porque Ele é a fonte da luz, quanto mais nos aproximamos dEle, mais luz vem sobre a nossa vida, passamos a reconhecer a nossa condição e o caminho para onde Deus está nos conduzindo. A transformação também acontece num ambiente adequado e ele está relacionado com aquilo que reproduzimos, pois refletimos aquilo que somos. O ambiente em que estamos produz mudanças em nós ou não. 120 21 Dias por um coração aquecido Nos relacionamentos nós somos transformados, pois através deles é que vem o “santo esmeril” para nos moldar. Há muita mutualidade na vida da Igreja, “Confessai os vossos pecados uns aos outros” (Tg 5:16), “amai-vos uns aos outros” (Rm 12:10), “suportai-vos uns aos outros” (Cl 3:13), então não há transformação para quem foge de relacionamentos. “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” 2 Coríntios 3:18 Quanto mais contemplamos o Senhor através da prática das disciplinas espirituais, somos transformados de glória em glória e essa presença fortalece o nosso espírito, nos enche de motivação, nos inspira e influencia. A Bíblia diz que o profeta Samuel cresceu diante do Senhor (1Sm 2:16), foi sendo moldado de uma maneira que todo o povo sabia que Deus estava levantando naquele pequeno menino um grande profeta. O caráter de Deus foi impregnando a vida de Samuel. A presença de Deus nos influencia, transforma, e a Sua presença nos faz bem. Em último lugar, a maneira que Deus vai usar para produzir transformação em nós é através da cruz, mas a cruz é voluntária (Mt 16:24). E afinal, o que é a cruz? A cruz é a vontade de Deus, que abaixemos a “crista”, que sejamos crentes de verdade, que sirva, se humilhe, perdoe, largue de ser egoísta e de ser cheio de cobranças. Quando Jesus assumiu a cruz, ou seja, a vontade de Deus, o céu se abriu (Mt 3.16), quando tomamos a cruz o céu se abre sobre nós. Deus levanta pessoas favoráveis, faz chover sobre a nossa terra, Ele dá testemunho ao nosso favor assim como fez com Jesus dizendo, “Esse é o meu filho amado em que me comprazo” (Mt 3:17). Uma nova medida de poder e unção virão sobre a sua vida se você tomar a cruz (Mt 3:16). Jesus disse “ide e fazei discípulos” e não, ide e fazei convertidos (Mt 28:19), portanto, transformação é uma condição básica para ser discípulo, mas entenda: é necessário que os discípulos sejam feitos, ou seja, os discípulos não estão prontos, porque todos nós estamos num caminho de transformação. 121 16º Dia - Princípios de transformação “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1-2 A palavra rogar significa, literalmente, colocar-se de joelhos e suplicar. Paulo rogou pelas misericórdias de Deus, perceba que a palavra misericórdia está no plural, isto porque Deus quer revelar que Ele tem muitas misericórdias,compaixões, Ele se compadece de várias maneiras, em diferentes níveis, intensidades e direções. Este texto em Romanos nos informa sobre alguns princípios importantes para a nossa transformação. Veremos no capítulo de hoje o que é essa transformação e como ela acontece: 1. Devemos apresentar o nosso corpo como sacrifício vivo Este é o clamor de Paulo, A palavra “apresentar” aqui usada, é a mesma em Romanos 6, que no original é também traduzida como “oferecer” e “entregar”. 122 21 Dias por um coração aquecido “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça” Romanos 6:12-13 O padrão da vontade de Deus é que o pecado não deve reinar ou estar no governo do nosso corpo, pois o nosso corpo deve ser oferecido, e entregue como instrumento de justiça e santificação (Rm 6:19). O interessante é que Paulo ao compartilhar sobre os princípios de transformação não começa falando sobre o coração, embora, gostamos muito de dizer as pessoas para entregar o seu coração ao Senhor, raramente as dizemos: “Entregue o seu corpo ao Senhor”. Devemos, portanto, consagrar e entregar o nosso corpo a Deus. Mas o que isso significa na prática? Antes, usávamos o nosso corpo para práticas malignas, mas agora como o nosso corpo não nos pertence mais, devemos usá-lo somente para fazer aquilo que é reto, santo, puro e justo. Se de fato reconhecemos que o nosso corpo não é mais nosso, com o que iríamos pecar? De fato, todo pecado é espiritual, e mais cedo ou mais tarde ele irá se manifestar no corpo, e de alguma maneira vai tentar usá-lo. Esta é a verdadeira consagração, onde oferecemos o nosso corpo para Deus e reconhecemos que nem os nossos olhos, boca, ouvidos e mãos são mais nossos. Agindo assim, teremos um impedimento, um bloqueio para que o diabo não ache espaço em nossa vida. O problema é que as pessoas resolvem consagrar coisas, objetos, lugares, mas Deus não está interessando em coisas, Deus está interessado na sua consagração pessoal. Suas mãos são consagradas a Deus, para tocar somente no que convém? Seus olhos são consagrados a Ele, para ver somente o que Deus aprova? Tem irmãos que ungem a televisão, mas não é a televisão que deve ser consagrada e sim os seus olhos, porque só assim você pode selecionar o que deve ser visto ou não. Apresente o seu corpo em sacrifício, isto é o que Deus espera de nós. 123 16º Dia - Princípios de transformação A expressão culto racional também usada pelo apóstolo Paulo, quer dizer algo que é lógico, razoável e de bom senso. E qual é a ideia de Paulo aqui? Paulo está nos lembrando de que somos sacerdotes, como Pedro afirmou em 1Pe 2:9, ele, então, faz um contraste com os sacerdotes do Antigo Testamento. E como eram os cultos no Antigo Testamento? Estes cultos eram extremamente formais e só havia espaço para o ritual e mais nada. As pessoas quando vinham para cultuar a Deus traziam um animal, chegavam até a porta do átrio e o entregava para o sacerdote. Em seguida, o sacerdote pegava o animal, o colocava no lugar de sacrifício e aquele era queimado como holocausto. Logo depois o sacerdote se lavava numa bacia de bronze, como se fosse o ofertante, significando a purificação. Este era o culto que o judeu fazia, extremamente formal, não havia espaço para mudanças, para espontaneidade, era algo rígido e frio. Paulo faz um contraste com o nosso culto dos dias hoje, que é racional, de bom senso, espontâneo, e é neste onde devemos apresentar o nosso corpo como sacrifício, assim como a adoração que deve ser genuína, e que acontece no espírito, mas transborda em nosso corpo. Portanto, este culto extrapola os nossos cultos de domingo e reuniões de célula, é algo que acontece em casa, na escola, no trabalho, no seu dia a dia. Apresentemos o nosso corpo a Deus como sacrifício em adoração! O nosso corpo pertence a Deus, foi criado por Ele e para Ele (Rm 11:36), ele existe para Deus. E não foi criado para a prostituição, nem para a impureza, ou álcool ou drogas. Isto seria como usar algo sem a orientação do fabricante, pois Ele é o autor, o criador e é quem tem autoridade para afirmar como deve ser usado, portanto, apresente-o, ofereça-o, como sendo dEle. Paulo diz em 1 Coríntios 6:19-20 que o nosso corpo foi comprado por Deus, e de fato esse é o único santuário que existe hoje, porque Deus não habita mais em templos feitos por mãos de homens e sim habita em nós. Se ele foi comprado, ele possui um dono, e quem é o dono? Aquele que pagou o preço. Cristo Jesus na cruz pagou o preço da nossa redenção, e se fomos 124 21 Dias por um coração aquecido comprados de volta, não pertencemos mais a nós mesmos e se você não é mais seu, você não pode mais fazer o que acha melhor. As pessoas dizem que amam a Deus e que dependem dEle, em contrapartida, em suas vidas são elas mesmas quem mandam, quem decidem, fazendo escolhas, tomando decisões, e depois pedem a Deus que abençoe suas direções. Tudo é uma questão de senhorio, se o Senhor é o dono, devemos então ter cuidado com aquilo que fazemos com o que não nos pertence. Precisamos ter revelação desses princípios, eles devem ser realidades para nós. Que o Senhor abra os nossos olhos nestes dias, para que compreendamos estas verdades espirituais, de que fomos comprados e de que pertencemos duas vezes a Deus. Primeiramente porque fomos criados por Ele, e nos perdemos, e após ficarmos perdidos Ele nos comprou de volta. Portanto, nosso corpo deve ser apresentado diante dEle. 2. E não vos conformeis com este mundo Este é o segundo “rogo” que Paulo faz (Rm 12:2), não se conformem com este mundo. A palavra conformar no original é “tomar a forma”, “moldar-se”, e o apóstolo está dizendo, não tome a forma, não se molde com a forma do mundo, ou seja, não se pareça com esse mundo. Sabemos que algumas pessoas levam este ensinamento de Paulo ao extremo vivendo como se fossem “E.T.’s”, mas o verdadeiro interesse de Deus é que sejamos separados e nunca isolados do mundo. Imagine um barco que deveria estar no mar, e este se encontra na areia. Este barco estará fora de seu lugar, afinal lugar de barco é no mar, e o lugar do mar não deve ser dentro do barco, caso isso aconteça o barco afundaria. Portanto, o barco deve estar no mar, e isso nos faz refletir que o cristão não deve viver isolado do mundo, mas ter uma vida separada dele, afinal, no dia em que o mundo entrar na vida do cristão, ele também afundará. Nós possuímos um “santo vírus” dentro de nós, e esse “vírus” é a vida de Deus. Podemos contagiar as outras pessoas que estão ao nosso redor com ele, e exatamente por isso que o inimigo procura nos isolar 125 16º Dia - Princípios de transformação do mundo. Pois isolados do mundo não poderemos “contaminar” as pessoas. Separados sempre, isolados nunca. É necessário então encontramos um equilíbrio dessa questão na vida do cristão, tudo nos é licito, mas há muitas coisas que não nos convém, não é apropriado, não combina conosco, não fica bem (1Co 6:12). Qual é a imagem que você transmite? Não seja um sujeito medieval, mas também não seja moderno demais, porque ser moderno neste sentido é andar de acordo com o mundo. O interessante é que o significado da palavra século, não é algo que dura cem anos, mas no pensamento bíblico, é o momento presente, é aquilo que atrai a todos. Por isso, devemos fugir, porque esse não é o nosso padrão. O nosso padrão é um “mundo” que ainda está por vir e nós é que somos “vanguardas”, e somos realmente modernos, porque nosso estilo de vida está baseado num mundo que ainda nem chegou, um mundo vindouro. Agora veja bem, precisamos assumir a nossa identidade de filhos de Deus e andar a altura do nosso chamado, viver no padrão daquilo que somos em Cristo. Se quisermosagradar a Deus precisamos fugir de tudo aquilo que tem aparência mundana. Encontramos o equilíbrio quando somos tão cristãos que as pessoas ao olharem para nós, não nos achem extraordinários, mas normais e, ao mesmo tempo tão cristãos que ao olharem para nós, nos achem diferente delas. Este é o equilíbrio quando somos normais, mas diferente, e este é o ponto em que o Senhor quer que cheguemos. Aquele que é amigo do mundo é inimigo de Deus (Tg 4:4). A Bíblia diz que Abraão foi chamado de amigo de Deus, mas por que Abraão foi chamado de amigo de Deus? Abraão era alguém que andava contra a correnteza, remava contra a maré, marchava com um ritmo diferente, era quem andava fora do curso da sua época. No seu tempo era normal morar em cidades, mas ele habitava em tendas, porque aguardava a cidade que tinha fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11:9-10). 126 21 Dias por um coração aquecido 3. Transformai-vos pela renovação da vossa mente Aqui está o terceiro “rogo” de Paulo e para essa transformação Deus espera a nossa cooperação. O verso diz transformai-vos, ou seja, coopere com Deus, se transforme. A palavra transformai-vos no grego é “methamorphoo”, que significa mudar de forma, transformar, transfigurar assim como a aparência de Cristo foi mudada e resplandecia com a Glória sobre o monte da transfiguração (Lc 9:28-36). Parafraseando, transformação é uma mudança completa de dentro para fora. A palavra conformar usada por Paulo em Romanos 12:1-2, no grego é “suschematizo”, que fala sobre tomar a forma exterior, então Deus se preocupa com a forma exterior também. Paulo diz: “Não assuma a aparência do mundo”. Mas quando fala de mudança, ele usa a palavra “methamorphoo”, ou seja, mude interiormente, mude de dentro para fora. A mudança de uma metamorfose é tão radical que parece não ter nenhuma ligação entre aquilo que era a origem e o que se tornou. Um exemplo clássico de metamorfose é o girino que se torna sapo. Todo sapo foi um girino, mas se você não soubesse disso acreditaria que aquele sapo foi um girino? Não tem nada a ver com um sapo, mas depois de uma metamorfose ele se transforma por completo. A mesma coisa é com a borboleta que antes era uma lagarta, que passou por um processo de metamorfose. A borboleta é a “lagarta glorificada”. A metamorfose é também uma mudança de metabolismo, é um processo pelo qual aquilo que comemos se transforma em outras coisas dentro de nós. Todo alimento dentro de nós é metabolizado e se transforma. Imagine uma pessoa que está muito pálida, e a sua intenção é mudar essa realidade, seu objetivo é que ela passe a ficar corada. O que pode ser feito nessa situação para que ela fique corada? É possível passar um “bluche” e a pessoa ficar rosada. Olhando de longe pode até ser que engane e as pessoas comentem, “como ela está saudável”, mas se enxergarmos de perto veremos que é algo artificial, porque é uma mudança meramente exterior. Muitos pensam que ser cristão é uma questão de mudar por fora, se a 127 16º Dia - Princípios de transformação mudança exterior for resultado de um esforço, é só maquiagem, mudou somente por fora, mas esse não é o alvo de Deus. A verdadeira mudança acontece quando comemos o alimento apropriado, aumentando o ferro, as vitaminas, e esse alimento opera dentro de nós um metabolismo. De fato é uma mudança gradual e não instantânea, não é de uma vez. Mas certamente essa pessoa com o tempo ficará também com a pele rosada, e poderá se lavar e não vai mudar, porque foi de dentro para fora. Essa é a mudança que Deus quer operar em nós. Ele quer que você coma dEle, Ele é a nossa comida, Cristo é o Pão da vida que nos alimenta. E quanto mais você come desta comida, mas ela se metaboliza dentro de você e na medida em que isso acontece, você mudará de tal maneira que não precisará se esforçar, por exemplo, para ser humilde, e nem ter que esforçar-se para ser, você passa a ser humilde espontaneamente, porque essa transformação foi interior. Ao aplicarmos esses princípios de transformação no nosso dia a dia, nós avançamos rumo à maturidade espiritual. O apóstolo Paulo também diz que devemos chegar à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13). A palavra varonilidade fala de uma posição de maturidade, de adulto, todo novo convertido é considerado como um neófito, um recém-plantado na fé cristã, um bebê espiritual (1Co 3:1). Todos que tiveram a experiência do novo nascimento são considerados assim, não importa se já tenham até uma formação universitária, ou que tenha 80 anos de idade, todos precisam amadurecer e crescer na vida cristã. Esse amadurecimento não acontece espontaneamente; crescimento é espontâneo, amadurecimento não. Para uma criança crescer basta dar para ela uma boa alimentação, mas maturidade tem como dar para uma criança? Não, pois são duas coisas distintas. E é por isso que temos muitas pessoas na vida da igreja crescidas, mas imaturas, porque amadurecer é necessário desistir de ser criança. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino” 1 Coríntios 13:11 128 21 Dias por um coração aquecido A expressão que Paulo usa “chegar a ser homem” é o crescimento, mas quando cresceu e chegou a ser homem, o apóstolo teve que tomar uma decisão de desistir das coisas próprias de menino. Nesta caminhada por um coração aquecido, fará também parte da sua experiência, a sua transformação. Por isso, tome uma decisão hoje de desistir das infantilidades, sem ficarmos empolgados com os gritos de “Hosana” e muito menos desanimados com os gritos de “crucifica-o”. O testemunho que deve nos interessar é a voz que vem do céu e que diz, “esse é o meu filho amado em quem tenho todo o meu prazer”, isso é maturidade. 129 17º Dia - Firmes e Inabaláveis “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno. Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” 1 João 2:12-14 Para ser firme e inabalável precisamos experimentar o alcance da maturidade espiritual. Portanto precisamos sair da estagnação e avançar rumo ao crescimento. O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo ao escrever sua carta, nos mostra três níveis diferentes, que na verdade são três fases da vida cristã: os filhinhos, os jovens e os pais. A primeira fase da vida cristã como já afirmamos são os bebês espirituais, os filhinhos. Um dos principais obstáculos que um novo convertido precisa superar, para poder avançar rumo à maturidade é o seu passado. É ter a revelação que o seu passado já foi resolvido, crer na graça justificadora e receber o perdão de Deus. Existe uma chave que todos nós precisamos descobrir para avançar na vida cristã e se não aprendermos, não iremos crescer. Muitos não 130 21 Dias por um coração aquecido cresceram ainda porque não aprenderam, e quem nos ensina essa chave é o apóstolo Paulo quando ele diz, “Não que eu já tenha recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa eu faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fl 3: 12-14). Para crescer é preciso esquecer do passado, ninguém avança ficando preso a ele. O que Paulo nos ensina é que para crescer, romper, avançar, a primeira coisa de que precisamos ter revelação e praticar é esquecer do nosso passado.Por mais que o inimigo nos acuse dizendo: “eu sei o que você fez no verão passado”, creiamos no dom da Justiça (2Co 5:21) que recebemos, e vivamos livre do medo, da culpa e do sentimento de inferioridade. Satanás, também chamado de acusador, procura aprisionar a nós, crentes, no passado, fazendo com que muitos de nós, sejamos eternamente atrasados, nanicos espirituais e raquíticos na fé. Ele age de todas as maneiras para que uma pessoa não se converta, mas quando ela se converte, ele age diferente: faz de tudo para ela não crescer. Muitos dizem, “vou avançar”, mas o pé está preso no passado, tem uma corrente que o prende lá trás e por isso ele não consegue romper. A sensação é que a vida de todo mundo está avançando e melhorando e a sua ficou para trás. Aprenda a abandonar o passado, saia hoje da prisão do pecado, da baixa autoestima, das mentiras do diabo, da sensação de rejeição, e das magoas que não consegue vencer. O inimigo procura resistir ao nosso crescimento, para que não vivamos a plenitude da nossa herança em Cristo Jesus e é exatamente por esse motivo que ele trabalha para manter muitos cristãos na ignorância de sua identidade e de sua posição que eles possuem em Cristo. Ele sabe exatamente quem somos, sem nenhuma dúvida, só não quer que saibamos, porque no dia que nossos olhos forem abertos e crescermos em revelação, “ele não vai roubar mais o nosso lanche”. 131 17º Dia - Firmes e Inabaláveis Filhinhos, o seu passado já foi apagado e agora você está livre, livre para quê? Para crescer. Crescer e se tornar o quê? Tornar-se o que todo bebê quando cresce se torna, um jovem, que continuará crescendo até se tornar uma pessoa madura, ou seja, pai. Em que fase você acredita que está? Um crente maduro espiritualmente, um que está no meio do caminho, ou um bebezinho? Reconhecer a posição em que se encontra é fundamental para saber aonde se precisa chegar. Há um crescimento na vida cristã, comparável ao crescimento físico e natural. Imagine um pai que tem um bebê e pensa, “não quero gastar dinheiro com comida, remédios, médico, fralda, escola, com nada” e ora: “Deus faça um milagre na vida dessa criança, que ela cresça em 20 anos agora, em nome de Jesus!”. E de repente, a criança cresce instantaneamente. Isso acontece? É claro que não! Não há oração, jejum, unção, profeta de oração “forte” que ministre o crescimento físico como algo instantâneo, e também é assim na vida espiritual. A trajetória da vida cristã envolve dois grandes princípios: passar por uma porta e trilhar um caminho. Passar por uma porta é passar por uma experiência, que nos coloca em uma nova posição, em um novo lugar e nos permite viver uma grande transformação. Todavia, após a porta e a experiência de transformação, precisamos também trilhar um caminho, que nos leva a novas mudanças. Em nossa vida precisamos da experiência da porta e do caminho. São duas maneiras que Deus usa para tratar conosco. O que é uma experiência da porta? São aquelas que nos mudam radicalmente, você chega de um jeito e vai embora de outro por ter tocado no poder de Deus, um encontro com Deus, por exemplo, a experiência da salvação. O que é o princípio do caminho? É uma mudança progressiva, um passo após o outro e na medida em que correspondemos o Senhor muda a nossa vida. O caminho que estamos falando é o caminho do crescimento espiritual e para crescer precisamos desenvolver algumas práticas muito importantes, o que chamamos de disciplinas espirituais. Quando decidimos colocar em prática as disciplinas espirituais em nossa 132 21 Dias por um coração aquecido vida, é necessário ter também a disposição de adiar o prazer. Não quer dizer que para crescer, precisaremos sofrer, mas precisaremos abrir mão de algumas coisas, afinal, tudo o que tem valor na vida tem um preço. Por exemplo, para ser aprovado no vestibular tem que tirar uma boa pontuação na prova. Se um jovem coloca como objetivo passar nesta prova, sua escolha será acompanhada de consequências, como ter que deixar de ir ao clube, viajar com a família e de ir ao cinema no final de semana. Todo avanço para um outro nível implica em deixar algo. 1. Oração A oração é a chave para o nosso crescimento espiritual, ela é vital para a vida do crente. Oração é um relacionamento do nosso espírito com o Espírito de Deus. Ela é poderosa para destruir as obras do inferno e também é a chave para abrir os tesouros do céu para o homem. A oração é a fonte de poder para vivermos uma vida vitoriosa em todas as áreas. E o único responsável por não desfrutar desse poder, somos nós mesmos por não orarmos. Poucas coisas são tão difíceis quanto orar e poucas são tão difíceis como continuar orando. Há suprimento, provisão, milagres, tudo acontece quando há oração. A nossa vida de oração é uma marca e um teste do nosso relacionamento com Deus. É o nosso “dependenciômetro”, ou seja, é através dela que a nossa dependência de Deus pode ser medida. Quem depende, ora, quem não depende não ora. O primeiro requisito para uma vida de oração eficaz é a necessidade. Se não dependemos de Deus, estamos agindo na carne, porque tudo o que é feito no nosso esforço próprio é carne. Qualquer trabalho no reino de Deus só tem sucesso se for através de uma vida de oração. A obra de Deus deve ser gerada e sustentada por oração, sendo fruto de fé e de dependência de Deus. E o que teremos que adiar para ter uma vida de oração? Assistir à televisão, dormir, usar o telefone ou a internet, ou qualquer coisa que nos diz: “não ore”. Seja desafiado a cultivar uma vida de oração diária, os benefícios são incalculáveis. 133 17º Dia - Firmes e Inabaláveis 2. Meditação na Palavra A Bíblia é a revelação clara de Deus e ela contem orientações preciosas para a nossa vida. Jesus disse, “as minhas palavras são espírito e são vida” (Jo 6: 63). A Palavra de Deus é o pão do céu, ela é alimento, é a força que o crente possui, portanto, medite na Palavra, confesse-a, estude e compartilhe a Palavra de Deus e você verá o poder dEle operando em sua vida. Para meditar na Palavra o que teremos que adiar? A preguiça, o comodismo ou compromissos. Ame a Palavra de Deus, ela é “sustância” para o nosso espírito, vitamina espiritual para que sejamos crentes maduros e fortes. A Palavra de Deus é como uma chuva que cai sobre a terra seca para regar e quando ela rega tudo fica verde, tudo frutifica. Ela tem poder de te verdejar, te edificar e abençoar. 3. Jejum Essa é umas das práticas mais negligenciadas pelos crentes em nossos dias. O jejum não muda Deus, isso nós sabemos, mas ele nos muda, revoluciona a nossa vida espiritual e nos faz mais sensíveis a doce e poderosa presença do Espírito Santo em nossa vida. Através do jejum, nós organizamos a nossa vida, arrumamos as prioridades e colocamos toda confusão interior em ordem. Ele enfraquece a carne e levanta o espírito, abate o que é mal e exalta o que é bom. O jejum põe as coisas no lugar. Seja desafiado a jejuar, mas lembre- se de que tempo de jejum é tempo de intensificar na oração e na meditação na Palavra, para que ele não se transforme numa “dieta gospel”. 4. Comunhão Não existe cristianismo solitário, o equilíbrio na vida cristã acontece quando praticamos atos de piedade, mas também atos de misericórdia para com o próximo, nós não fomos chamados para vivermos uma vida cristã sozinha. 134 21 Dias por um coração aquecido No meio da comunhão há proteção. Por isso, que insistimos com os irmãos para não deixarem de congregar (Hb 10:25) e participar de uma célula, isso é chave para o nosso crescimento. Para o inimigo destruir a sua vida espiritual, uma das primeiras coisas que ele faz é te afastar das pessoas, mas esteja atento, a Bíblia diz, “o diabo nosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). Perceba que o texto diz que ele não pega qualquer um para devorar, ele está à procura de alguém, ou seja, alguém que estejavulnerável. Ele fica observando, os que estão cansados, doentes, desanimados e de propósito ruge e a manada corre, e o leão nem precisa correr, porque os fortes, os que estão cheios de disposição correm, sendo que os fracos, doentes e abatidos ficam para trás. Dentro do rebanho, ele não consegue pegar ninguém, mas o inimigo é como um leão, vai nos fazendo se afastar, nos cansando, distraindo, até que sem perceber, nos separamos do grupo, nos tornamos vulneráveis para ele, sentimos que nossa fé parece fraca e não temos mais ânimo para orar, muito menos para nos alimentarmos da Palavra. Há um caminho de crescimento a ser percorrido, há uma direção de Deus para nós. E o que iremos fazer? Isto está em nossas mãos. Decida crescer, escolha a maturidade, permaneça firme e inabalável, se tornando maduro na sua fé! 135 18º Dia - Chamados a gerar O Espírito Santo já foi derramado sobre a Igreja, a unção de Deus já foi liberada sobre nós, estamos debaixo de um mover de Deus. Aqueles que possuem sensibilidade espiritual percebem que algo está acontecendo, os céus estão carregados de uma grande chuva e o Senhor tem plantado no coração do seu povo uma grande fome para receber a Sua Palavra e seguir o seu mover. A Igreja de Cristo ainda está avançando, crescendo e alcançando maturidade. Por isso nós ainda vivemos caminhando em cima de extremos, uma hora completamente de um lado, outra hora, noutro. Podemos ver isso com relação ao mover de Deus, onde há dois extremos nessa questão. E muitos têm escolhido um lado só da moeda e não desfrutam de tudo aquilo que Deus tem. De um lado temos o pessoal da intimidade, eles são uma bênção, porque de fato amam o Senhor, ficam horas, dias, imersos, envolvidos, embriagados, desfrutando da presença de Deus, e isto pode até criar a falsa ideia de que para termos intimidade com Deus precisamos estar isolados. É necessário desenvolver uma vida piedosa, mas sem a necessidade de andarmos “tremendo”, nem estarmos sempre “rolando pelo chão”. 136 21 Dias por um coração aquecido A questão chave é que a intimidade não pode ficar só por ela mesma. A pergunta que precisamos fazer a eles é: “onde estão seus filhos espirituais?”. A intimidade que não resulta em fecundidade perde o seu propósito. A intimidade que nos referimos é a intimidade com Deus e ao falarmos de fecundidade, nos referimos em gerar filhos espirituais. Se a sua intimidade com Deus não se resulta em frutos, está vazia de propósito. É a noiva desfrutando do noivo sem o propósito de ter filhos. Qual tem sido o resultado da sua intimidade com Deus? Não podemos permitir uma intimidade egoísta onde queremos o Noivo somente para nós. No seu propósito de gerar filhos espirituais, Deus vai nos alargar, trazendo realidade espiritual, e nesse processo, Ele vai transformar nossa vida, pois gerar filhos traz maturidade espiritual. Por outro lado, temos irmãos que não ligam para essa intimidade e nem para o desfrutar da presença de Deus, para eles o que interessa é fazer coisas para Deus. Então, eles organizam eventos, festas, programações diversas para levantar recursos, envolvem as pessoas e promovem confraternizações. Diante disso, surgem os diferentes tipos de programas, como “o chá da unidade santa”, “a noite da azeitona ungida”, o “festival de sorvetes celestiais” e até a “campanha do azeite quente na cabeça do crente”. Encontramos então aqui um outro problema, onde muitos querem fazer muitas coisas na vida da igreja, mas não atingem também o propósito do coração de Deus que é gerar filhos espirituais. Gostaríamos de contar uma história que ilustra muito bem o fato que estamos tratando aqui. Imagine uma pessoa que queria muito agradar a Deus com sua vida, certamente esse era o seu principal objetivo. Com esse propósito, esta pessoa resolve fazer algo muito especial para Deus, um bolo de chocolate. Ela passa toda a sua vida preparando esse bolo de chocolate, ela escolhe a melhor receita, separa os melhores ingredientes, tudo isso porque ela quer muito agradar a Deus. Até que chega o grande dia, onde ela será recebida na glória. A pessoa então diz: “Aqui está um bolo de chocolate que eu fiz com todo amor e carinho para o Senhor”. Deus se volta para a pessoa e diz: “Não te contaram? Eu não gosto de bolo de chocolate. Eu gosto é de bolo de laranja”. Não te incomoda isso? Uma pessoa passar toda a sua vida buscando um 137 18º Dia - Chamados a gerar objetivo, e quando chega o grande momento, ela não o atinge, por não saber o gosto de Deus. Deus não é obrigado a aceitar algo só para nos agradar, nós é que somos assim. Portanto se queremos agradar a Deus como Igreja, precisamos saber o que está no coração de Deus. Você conhece o propósito do coração de Deus? O que agrada a Ele? “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” Gênesisn 1:28 O livro de Gênesis é um livro cheio de princípios espirituais, é o início, onde tudo começou. Neste, Deus fala pela primeira vez com o homem, revelando o seu coração e seu propósito. A intenção de Deus é compartilhar quem Ele é, a sua glória, o seu poder e a sua grandeza. E com esse princípio de compartilhar, Deus revelou seu desejo de gerar filhos. Conhecemos a história e sabemos que o diabo entrou em cena, enganando o homem e levando-o ao pecado, e como consequência, ele cai e sai do propósito de Deus. Surgem, então, duas gerações, que representam dois paradigmas. Em Gênesis 4 encontramos a geração de Caim, que fizeram muitas coisas, construíram tendas, instrumentos, ferramentas e etc. (Gn 4:17-22), essa geração nos revela o paradigma daqueles que fazem coisas. Por outro lado, no capítulo 5 lemos a respeito da geração de Sete, e o propósito que os moveu foi o gerar (Gn 5:6-32). Duas gerações, dois paradigmas: o fazer e o gerar. “Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai- vos e enchei a terra” Gênesis 9:1 Quando Deus resolve começar tudo novamente através de Noé, qual foi a ordem dada por Ele? “Seja fecundo, multiplique e se espalhe”. Será que Deus não tem outra coisa para falar? Não, pois o propósito do Seu coração não mudou, e ele continua querendo que geremos filhos espirituais. 138 21 Dias por um coração aquecido Em Gênesis 11, na construção da torre de Babel, vemos novamente os dois paradigmas. O primeiro deles, o fazer, pelo fato de Deus não ter dado a direção para construir nenhuma cidade, mas o povo queria a glória e muitas vezes, por detrás do fazer está o desejo de aparecer. No segundo paradigma, o gerar, esta ordem de Deus era de que se espalhassem, mas eles resolveram se juntar e mais uma vez o homem saiu do propósito de Deus. “Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:1-2 Deus levanta um homem chamado Abrão e decide começar novamente através dele. Só que Deus pede para Abrão fazer exatamente o que ele não conseguia fazer, pois sua mulher era estéril, e como Abrão seria uma benção? Fazendo coisas? Construindo uma grande torre? Não, somente tendo filhos, afinal gerar é o propósito do coração de Deus. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28: 19-20 Jesus deu a mesma ordem para os seus discípulos. O verbo que se fez carne, a expressão exata de Deus, aquele que sofreu com o pior tipo de morte, mas ressuscitou, resume toda a sua mensagem dizendo: “Ide e fazeidiscípulos”. Por que aqui o Senhor não ensinou a orar? Por que nesse momento Ele não falou sobre as bem-aventuranças? Por que Ele não pregou o sermão do monte? Porque o mais importante que Ele tinha a falar era exatamente a ordem para multiplicar. Jesus fala exatamente o que Deus falou para Adão, porém, em outras palavras, Jesus está dizendo: “Gerem filhos para mim”. A questão é que novamente encontramos esses dois paradigmas na vida da Igreja: o fazer e o gerar. Há uma necessidade de fazer coisas, e não 139 18º Dia - Chamados a gerar há nada de errado nisso, podemos fazer, mas o propósito do coração de Deus é o gerar. Precisamos fazer, mas os filhos serão cobrados de nós! Onde estão os nossos filhos espirituais? Quem caminha conosco? A vida de quem, estamos marcando na família, na escola, na faculdade ou no trabalho? Quando você chegar diante do Senhor, o que você dirá? “Eis-me” aqui e os 327 cultos em que você participou? “Eis-me” aqui e as 497 tortas de frango que você fez para a reunião de mulheres? “Eis-me” aqui e as 103 vezes que você subiu ao monte? “Eis-me” aqui o que? “Eis-me” aqui quem? É isso que Ele quer ouvir de você? Pensemos! “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” Apocalipse 21:1-4 Na conclusão das “conclusões”, “no final de tudo”, “no fechamento de todas as coisas”, Deus está mostrando quem? Você e os filhos que foram gerados de ti, se há um desejo de agradarmos a Deus com a nossa vida, precisamos ter o foco no que Deus quer. A questão é que sempre há algo que nos impede de gerar filhos espirituais: “Não posso, pois agora eu preciso ter um diploma”, “agora não, pois eu preciso ter uma promoção no meu emprego”, “no momento não, preciso reformar o meu apartamento”, ou seja, sempre há alguma coisa ocupando lugar nesse útero e nele nunca caberá um filho. Onde estão os seus frutos? John Wesley afirmou: "Tua única tarefa na terra é esta: ganhar almas”. O avivamento pessoal que estamos experimentando nestes dias precisa resultar em frutificação. O Espírito Santo quer incendiar o nosso coração, para que os corações de outros também sejam incendiados. Há um propósito no coração de Deus, e para ele que fomos chamados: chamados para gerar. 140 21 Dias por um coração aquecido 141 19º Dia - Os campos estão brancos “Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, dessarte, se alegram tanto o semeador como o ceifeiro” João 4: 31-36 Há uma necessidade de descobrir o sentido da nossa existência e concluir com sucesso o chamado de Deus para nós. Todos nós nascemos para um propósito divino, e nossa vida é bordada, nos mínimos detalhes, para atender a este chamado (Sl 139). O propósito de Deus requereu o nosso nascimento, não nascemos por um acaso e nossa vida só encontrará plena realização dentro do propósito de Deus. Foi Deus que provocou esses sonhos que queimam no seu coração, Ele é o causador dessa expectativa, em viver, realizar, ser e de produzir. É neste lugar que nos satisfazemos, é ali que está a nossa realização existencial e nos sentimos felizes e é também nesse território onde mais frutificamos. 142 21 Dias por um coração aquecido E neste lugar, teremos todo suprimento, provisão, ferramentas e tudo o que é necessário para cumprir o chamado de Deus. Recursos, favor e unção estarão sempre disponíveis para nós, e toda graça “capacitadora” também estará disponível na medida em que precisarmos e tudo o que é útil e necessário, Deus já te deu, apenas reconheça. Na via inversa, não haverá bênção de Deus, unção e muito menos recursos. Quando seus pés estiverem fora do propósito de Deus para sua vida, a insatisfação, a esterilidade e as orações não respondidas serão sua colheita. “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” Jeremias 1:5 Perceba, o propósito nasceu antes do profeta e o seu nascimento se deu para cumprir os sonhos do coração de Deus. Como é maravilhoso se sentir parte dos sonhos de Deus! Não estamos aqui por um acaso, queridos irmãos, você e eu nascemos de Deus, e temos um empolgante chamado para cumprir, uma carreira foi colocada diante de nós para corrermos (Hb 12:1). A unção do Espírito Santo está no propósito, isto é, a capacitação sobrenatural estará restrita ao lugar do propósito. Para andar na unção, saiba que ela fluirá em sua vida apenas dentro do quadrante do propósito de Deus. É por isso que muita gente se arrebenta, tentando fazer o que Deus não mandou. É por esse motivo que o inimigo procura te afastar do propósito, porque quando nos afastamos do propósito, nos afastamos da unção, pois a unção está dentro do propósito. No texto que lemos do Evangelho de João, nós vemos Jesus vivendo essa questão existencial própria, como o Messias, como o Cristo. Ele começa então a por para fora, a despejar os seus sonhos, o seu coração e a sua paixão sobre a vida dos seus discípulos. Ele havia acabado de ter um encontro com uma mulher samaritana e se mostrou como o modelo vivo da revolução que estava falando, e era uma prova viva. Jesus fala de avivamento, do mover de Deus e Ele é um modelo vivo desse mover. 143 19º Dia - Os campos estão brancos Guiado pelo Espírito em todo tempo, Jesus se livra dos discípulos, para ter com a mulher samaritana sem constrangê-la, sem fazer um concílio local a respeito da vida daquela mulher, sem expectadores esquisitos e cheios de olhos em cima dela, pois assim, ela nunca iria se abrir. Então, Jesus dá um jeito de se livrar dos doze, para ter um tempo a sós com a mulher samaritana, em um lugar público e falar da vida dela. O interessante dessa conversa entre os dois, é que do começo ao fim eles falam de sede, e de fato, Jesus estava cansado por causa da viagem, andando a pé, debaixo do sol, andando por estradas cheias de pedras, ou seja, uma viagem totalmente desconfortável. Podemos imaginar que Jesus estava perdendo líquido, transpirando e até desidratado e desesperado pelo o quê? Água. E Jesus pede água para a mulher samaritana e no final da conversa, a mulher é quem lhe pede água, “Senhor, mostra que água viva é essa que você está falando, para que eu possa beber e não ter mais que voltar aqui.” (Jo 4:15). O interessante é que eles conversaram do começo ao fim sobre água, mas ninguém bebe um copo, porque no final das contas eles não estão falando de H2O, e sim de satisfação. Entenda o contexto dessa passagem, percebemos que Jesus está pregando para alguém que Ele não poderia nem conversar. Os judeus por tradição rejeitavam os samaritanos, eles nem passavam perto, muito menos tinham comunhão com eles, e para piorar, havia uma questão cultural, era um homem conversando com uma mulher. Agora, Jesus sendo guiado pelo Espírito Santo, teve uma palavra de conhecimento a respeito da vida daquela mulher e se dispôs a ir para um campo que não estava supostamente branco, não havia tanta receptividade para a pregaçãodo Evangelho. Dentro desse contexto todo, os discípulos chegaram preocupados porque já era tarde, pois o “papo” deveria ter sido demorado, e Ele deveria estar faminto e o que os discípulos falaram para Jesus? Mestre, come! E Jesus dá uma resposta que surpreende a todos, como sempre fazia, “uma comida tenho para comer, que vós não conheceis” (Jo 4:31). 144 21 Dias por um coração aquecido Comida é algo pelo qual o nosso corpo clama quando estamos famintos. E se estamos dispostos a colocar de lado a nossa fome, significa que a razão pelo qual desistimos de comer é mais importante do que a comida. E isto demonstra a nossa paixão pelo nosso encargo e pela nossa questão aqui na terra. Jesus estava abrindo mão, e deixando de lado algo que era fundamental para Ele, para fazer a vontade de Deus. E Ele continua dizendo, “uma comida tenho para comer que vocês não conhecem, é algo que vocês não entendem”, Ele afirma isso porque a tendência dos discípulos é a mesma que a nossa, enxergar as coisas somente do ponto de vista natural. É identificar primeiro se as pessoas estão famintas, chorando, desesperadas, implorando para que você pregue o evangelho para elas e só depois de ter uma certeza destes sinais é que você abre a boca para testemunhar. Porque, infelizmente, a nossa tendência, é querer ter evidências de que a nossa iniciativa de compartilhar as boas notícias não será rejeitada. Temos o costume de pensar que as pessoas nunca estão preparadas e prontas, por isso ficamos em busca de evidências, mas Jesus fala exatamente o contrário, Ele afirma, “os campos já estão brancos para serem colhidos” (Jo 4:35). E se queremos ser um instrumento de Deus em nossa geração devemos ir já. Porque da mesma forma que para os discípulos, Jesus nos diz: “vocês falam que ainda faltam quatro meses para a ceifa” (Jo 4:35), em outras palavras, “parece que você nunca está pronto para ir e pregar”, ou “no dia em que orarem por mim, no dia em que me encherem de óleo, no dia em que eu terminar o quadragésimo curso de evangelista que estou me formando, nesse dia eu irei”. Na verdade, nunca nos sentimos preparados e prontos. Sabe que dia estaremos prontos? Nunca! Nunca iremos sentir que todas as condições estão alinhadas e que temos confiança de que é a hora de abrir a boca e fazer algo. O que Jesus está ensinando é que o momento é agora, esse é o nosso tempo, esse é o tempo da nossa oportunidade. Vemos então, um exemplo, através de Cristo de como deve ser para nós atender a esse chamado. É lá fora no campo, na faculdade, não é dentro 145 19º Dia - Os campos estão brancos do prédio da igreja! É na sua empresa, família e escola, lá é o seu campo. E no trecho lido, Jesus está sendo este modelo. Sedento e faminto, ali está Jesus, afirmando que a sua prioridade, o seu interesse, o seu desespero, e a sua paixão pelo encargo é por uma comida de ordem espiritual, é por uma comida existencial. Ele está falando de outro tipo de comida, de realização, satisfação e em outras palavras Jesus está nos instigando para que esse também seja o nosso desespero e paixão. O que é que te satisfaz existencialmente? Que comida é essa que te satisfaz? Arroz e feijão aqui vai resolver o problema do seu “bucho”, mas não da sua razão existencial. O que Jesus está ensinando é que primeiro precisamos resolver o problema da fome existencial, mas como? Obedecendo, ouvindo, indo para o campo. Qual é esse campo? Deus tem um lugar para nós e para cumprirmos esse propósito, precisamos estar no lugar que Deus separou e preparou para nós e isto é extremamente importante. Muitas pessoas olham para essa questão de forma muito natural, alguns dizem, “quero estar no lugar de mais conforto”, outros por outro lado afirmam, “o que é mais difícil é o melhor, quanto mais complicado for é para lá que eu preciso ir”. Mas estas são visões naturais, a visão espiritual é, “estou aqui porque foi nesse lugar que Deus me plantou”. Você precisa ter essa clareza na sua vida e se perguntar, “eu estou no lugar que Deus separou para mim?”, “estou na igreja, no ministério, na cidade, no país, que Deus separou para que eu estivesse?”. O nosso ministério não acontece no lugar em que nós escolhemos, nem a bênção estará lá, nós só desfrutamos da bênção se estivermos no lugar determinado por Deus. É preciso estar onde Deus te mandou ir, porque se Deus te mandou ir para Társis e você resolve ir para Nínive, você terá problema. E se do contrário, Deus mandou você ir para Nínive, mas você resolve ir para Társis, você terá problemas também. Contudo, há uma relação íntima entre a bênção e o lugar. 146 21 Dias por um coração aquecido “E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado” Gênesis 2:8 Deus prepara o lugar antes de te mandar para lá, assim como Ele preparou o jardim antes de formar o homem, e quando o homem chega o jardim já está pronto. Isto é princípio espiritual, Deus sempre prepara o lugar antes de você chegar, Ele primeiro faz o jardim para depois colocar Adão. “Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus” - Amós 9:15 Deus nos planta! A princípio, Deus é quem preparou um lugar para Adão, e não Adão quem prepara um lugar para si, ele cultiva onde Deus o plantou, é ali que trabalha e frutifica. Em seguida, Deus é quem colocou Adão no jardim, não é o homem que te colocará e sim Deus, apenas submeta a vontade de Deus e deixe Ele te conduzir. E por último, depois que Deus plantou o jardim e colocou o homem, a Bíblia diz que Deus o abençoou, certamente a bênção está no lugar onde Deus nos plantou. Esses princípios são simples e até óbvios, mas que possuem implicações profundas na vida e ministério. Nem sempre esse lugar será o mais agradável, e até mesmo o mais gostoso de estar, mas se é lugar de Deus, é o lugar da bênção. Fomos escolhidos por Deus para uma geração, para um tempo, para um povo e para um lugar. Lembre-se sempre, de que o lugar da baleia é no mar, mas o que queremos dizer com isso? O que desejamos deixar claro é que não basta ser, é necessário estar no lugar. Há certas coisas que só acontecem em determinados lugares, havia, por exemplo, um lugar determinado para o pentecostes, Jesus morreu exatamente na Páscoa, e por que na Páscoa? Porque Ele era o Cordeiro Pascal e a morte dEle era um cumprimento da profecia. E o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja, exatamente cinquenta dias após a Páscoa, na festa de Pentecostes, porque havia um cumprimento profético, Deus é um Deus de agenda e de lugares. 147 19º Dia - Os campos estão brancos Maria foi escolhida por Deus e por isso havia uma promessa sobre ela, a promessa era que ela iria gerar o Emanuel e que Ele iria redimir o homem. Há uma promessa e um propósito. Existem promessas especificas de Deus para nós, assim como Maria sabia que a promessa precisava vir à existência e que não seria algo instantâneo, mas havia um custo, afinal, ela estava grávida mesmo sendo virgem, sem falar que estava noiva, o que não era algo simples em seu tempo. Mas ela teve fé para trazer a existência a promessa de Deus, no entanto, ela precisava estar no lugar para a promessa se cumprir. Jesus tinha que nascer em Belém, Deus havia determinado um lugar, Jesus tinha um lugar para nascer e um para morrer. E você também tem um lugar determinado por Deus para que as promessas se cumpram, vá para sua “Belém” e ali você irá crescer e florescer. É importante destacar algo, nem sempre esse lugar será o mesmo para o resto de sua vida. Em 1 Reis 17, Elias estava num lugar onde havia provisão, torrente de água e corvos que o alimentou, Deus preparou o lugar para Elias, mas chegou um momento em que aquele não era mais o lugar. Tem uma hora que o rio seca, a provisão cessa (1Rs 17:7-9), essa é a hora que Deus está te mostrando que é tempo de partir, é tempo de ir para um outro lugar. Cumprimos, portantoo propósito de Deus no campo onde Ele nos plantou, é nesse lugar que fazemos a Sua vontade e a nossa fome é saciada. Comida é satisfação, mas também é aquilo que nos fortalece. Sabe o que te enfraquece? Fazer aquilo que não te inspira, o qual você não tem encargo, e nem foi chamado para realizar pelo próprio Deus. Mas o que te fortalece é fazer aquilo para o qual você tem unção, e sabe qual é o segredo? Quando mais você coopera com a unção, mas ela cresce, quanto mais você cultiva a unção, mas ela irá desenvolver, quanto mais fé é liberada, mais ela cresce também e quanto mais insistimos naquele fruto, mais ele se multiplica, e é assim que funciona. Jesus continua dizendo, “erguei os olhos” (Jo 4:35), qual é o tamanho da sua visão? Quando você levanta os seus olhos até onde você enxerga? Erga os olhos para o seu campo e reconheça o lugar onde Deus te plantou. A sua visão é até um “palmo do nariz”? Qual é a visão que 148 21 Dias por um coração aquecido você tem? O que está diante dos seus olhos? O tamanho da unção será proporcional à sua visão. A medida de unção acompanhará o nosso horizonte, se conseguimos enxergar apenas um palmo adiante do nariz, será um palmo adiante do nariz cheio de unção, se a sua visão não limita o agir de Deus na sua vida, podemos afirmar que a unção também será poderosa e ampla. Você irá dimensionar o tamanho da colheita que irá fazer e o nível do seu impacto. “E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” Mateus 9:37-38 A questão de Jesus termina aqui, mas onde estão os trabalhadores? Aquele coração faminto e sedento, que postergou comer e beber por conta da paixão que Ele tinha pela colheita, está perguntando, “onde estão os trabalhadores?”. Jesus fala o tempo inteiro em sua conversa, sobre água e comida, água e comida (Jo 4), mas ninguém comeu uma refeição se quer. Por quê? Porque a fome de Jesus é a sua resposta, o almoço que vai satisfazer a fome de Jesus é a sua entrega e a única forma de você entregar um prato de comida que vai trazer satisfação para Jesus é ir até Ele e dizer: “aqui está o obreiro”, “aqui está o trabalhador”, “aqui está o ceifeiro”, “aqui está o Seu almoço”. 149 20º Dia - Mantendo a chama acesa “Não apagueis o Espírito.” 1º Tessalonicenses 5:19 Não há como falar de coração aquecido sem deixar de falar do texto em que Paulo nos adverte sobre a nossa responsabilidade de não permitir com que a chama se apague. Aqui, a figura utilizada para ilustrar o Espírito Santo é o fogo, e Ele é fogo, aceso em nossos corações, onde Ele habita. E em nossos corações Ele aquece e deve permanecer aceso e nunca se apagar. Mas se Paulo nos chama a atenção para não apagar o Espírito Santo é porque existe esta possibilidade. O Espírito Santo não nos abandona, o que pode nos acontecer é O resistirmos, pois como aprendemos, Ele é o “parakletos”, nosso companheiro e ajudador. Se a chama se apagar, não foi porque Ele jogou água, ou soprou para apagar - o Espírito Santo não pode apagar a Ele mesmo - se o fogo apagou foi porque nós não o mantemos aceso, nos faltou vigilância e manutenção. Por isso, gostaríamos de falar como nós podemos manter a Sua chama acesa. No período em que Paulo escreveu este texto não havia luz elétrica e o fogo era a única forma de iluminação no escuro. As lâmpadas, que iluminavam as casas nas noites escuras, eram compostas de fogo e óleo, justamente dois símbolos do Espírito Santo. 150 21 Dias por um coração aquecido Para entendermos melhor o que Paulo quer nos ensinar, gostaríamos de apresentar a vocês um símbolo judaico, que é o candelabro. Afinal a lei não tem a imagem exata das coisas, mas é uma sombra dos bens vindouros (Hb 10:1), o candelabro como a sombra daquilo que vivemos hoje nos que diz respeito da chama acesa. Em Êxodo 25:31-40, Moisés recebe de Deus a direção de como seria e o funcionamento do candelabro, o qual deveria ficar sempre aceso, sem nunca se apagar. Deus estabeleceu a conservação do candelabro aceso como um estatuto perpétuo, e este mandamento nunca deveria ser revogado. E o óleo para a manutenção do candelabro, que o manteria aceso, deveria ser trazido como oferta pelos judeus (Êx 27:20-21). Deus estabeleceu este estatuto, e quando Deus estabelece algo Ele cumpre. Se olharmos para a história, parece que este estatuto já foi revogado, depois que Tito, general romano, destruiu Jerusalém e o Templo em 70 d.C.. Na verdade, este mandamento perpétuo não foi revogado, mas ele continua se cumprindo nos dias de hoje. Como tudo no Antigo Testamento é uma figura do novo, todos os estatutos perpétuos que o Senhor estabeleceu na Antiga Aliança foram mantidos na Nova, mas não mais como figura, e sim com o seu cumprimento. Um exemplo é a circuncisão, estatuto perpétuo que Deus deu ao seu povo quando entrou em aliança com Abraão. No Novo Testamento não existe a exigência da circuncisão, teria então, sido revogado este estatuto? Não. Jesus não veio revogar, mas cumprir a lei, tudo que era apenas uma figura, teria agora o seu cumprimento. A circuncisão permanece, não fisicamente, na carne, mas passou a ser recebida no coração (Rm 2:28-29), mediante o batismo (Cl 2:11-12). Da mesma maneira, a oferta de incenso (ou oferta de óleo para o candelabro), um estatuto perpétuo (Êx 30:8), que não foi revogado, mas cumpre-se hoje nas orações dos santos (Ap 5:8; 8:3). Sendo assim, há um princípio de manutenção das lâmpadas que é mantido no Novo Testamento, como cumprimento daquilo que o candelabro prefigurava. Sendo assim, há um princípio de manutenção das lâmpadas que é mantido no Novo Testamento, como cumprimento 151 20º Dia - Mantendo a chama acesa daquilo que o candelabro prefigurava. A manutenção das lâmpadas era obrigação dos sacerdotes, e que hoje, na condição de sacerdócio santo (1Pe 2:9) também temos esta obrigação. Hoje, cada um de nós somos os santuários de Deus, ou seja, temos o Espírito Santo habitando em nós, e somos também o sacerdote responsável pela manutenção do candelabro, ou seja, devemos mantê-Lo sempre aceso, ou melhor, sempre operante. A parábola das dez virgens (Mt 25:1-13) também vai nos falar desta manutenção. Das dez, cinco foram penalizadas e não puderam participar das bodas, pois não tinham azeite sobrando e foram comprar, e quando voltaram as portas já estavam fechadas. Já as outras cinco, foram sábias, tinham reserva de azeite e participaram das bodas com o noivo. As noivas representam a igreja, que somos nós, a lâmpada o nosso espírito inflamado pelo Espírito Santo, e o azeite o combustível que mantém o fogo aceso. No Antigo Testamento vemos que o fogo não podia se apagar, sempre devia acontecer a manutenção do óleo para que o candelabro não se apagasse. Na Nova Aliança, nós carregamos a lâmpada e também devemos mantê-la acesa, nunca deixar faltar óleo para que ela não se apague. Se não tivermos óleo sobrando, podemos correr o risco de no momento que o Noivo vier nos buscar, estarmos perdidos por aí, procurando para comprar, e então já será tarde demais. Isto é um estatuto, é uma ordem do Senhor, não podemos deixar a chama se apagar. Paulo traz esta ordem de volta ao nosso conhecimento ao nos dizer “não apagueis o Espírito”. Somos sacerdotes desta Nova Aliança e devemos diariamente alimentar a chama, manter o coração aquecido para que nunca mais voltemos às velhas práticas, ou à frieza espiritual. Por que temos a tendência de nos esconder atrás de justificativas que não passam de mentiras? “Pastor, não tenho conseguido manter uma vida de oração, pois estudo e trabalho e chego em casa cansado”. “O senhor sabe como é a nossa vida hoje, não é? Trabalho, esposa, filhos, é uma loucura, é difícil conciliar tudo”. Sim, sem dúvidas, sabemos que nosso tempo hoje é curto e temos muitas responsabilidades, mas porque diante de todas elas, a que negligenciamos é exatamenteum estatuto 152 21 Dias por um coração aquecido perpétuo dado por Deus e que determinará toda a nossa eternidade? Por favor, sejamos honestos, reconheçamos que nos falta responsabilidade e prioridade. A oração e dedicação ao Senhor devem ocupar o primeiro nível de nossa escala de responsabilidades e a vida de um discípulo do livro de Atos não era muito diferente das nossas, tudo bem que era uma outra realidade, um outro tempo, mas eles também ficaram divididos em suas escolhas, pois tinham muitas coisas importantes a fazer. Mas foram sábios, escolheram a melhor parte, priorizaram a manutenção mesmo em circunstâncias adversas. Os perseguidores tentavam apagar o fogo que ardia através de mentiras, mas ainda assim não se acovardavam, quando se reuniam para orar, pediam a Deus mais fogo, mais intrepidez, mais coragem, pois o desejo deles não era de parar, e sim, de se manterem incendiados pelo Espírito. O evento entre Jesus e as irmãs Marta e Maria nos mostram a realidade de muitos (Lc 10:38-42). Marta convida a Jesus para se hospedar em sua casa, após isso, fica agitada em seus afazeres para servir a Ele e aos Seus discípulos. Já sua irmã, Maria, entretanto, se assentou aos pés de Jesus e ouvia os seus ensinamentos. Nesta passagem, vemos claramente a correria em que vivemos hoje e a postura a qual devemos tomar. As palavras de Jesus são Espírito e vida (Jo 6:63), diante delas, Maria tinha seu coração aquecido e cheio de vida, e naquele momento resolveu largar tudo e se entregar aos pés do Senhor para aquecer o seu coração através da sua comunhão com Ele. Escolha a melhor parte, não entre neste círculo diabólico do nosso tempo, que busca nos afastar de uma comunhão intima com o Senhor e que manterá a nossa chama acesa. As cobranças estão aí, o mundo lança sobre nós uma responsabilidade onde temos contas a pagar, precisamos fazer cursos, especializações, falar vários idiomas, caso contrário não nos manteremos no mercado de trabalho e o nosso salário ficará comprometido. Sim, pode até parecer convincente as suas justificativas, mas do que adianta todo este esforço e por isso permitir que a chama que há em você perca a força até se apagar? No final das contas, todo o seu esforço aqui será em vão, pois eles não vão determinar a sua eternidade. 153 20º Dia - Mantendo a chama acesa Somos lâmpadas do Senhor e temos a responsabilidade de mantê-las acesas. Nestes dias você ouviu a voz de Deus e aprendeu tantas coisas a respeito da nossa relação com Ele, portanto, não permita que nada abafe esta chama, que nada lhe apague, permaneça firme naquilo que Deus propôs ao seu coração. E não deixe que nada te “engesse”, te enfraqueça e sim entregue ao fogo do Espírito e deixe Ele te consumir. 154 21 Dias por um coração aquecido 155 21º Dia - Tempo de fome “Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos. Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, Efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali. Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido. Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR se lembrara do seu povo, dando-lhe pão.” Rute 1:1-6 O livro de Rute nos apresenta princípios espirituais tremendos. Ele começa dizendo que houve fome sobre a terra e esta fome tem muito a nos ensinar. Nossas escolhas são como sementes, portanto, colhemos o que semeamos, e as consequências que vivemos ao nosso redor são proporcionais as escolhas que fazemos. No entanto, Deus nunca perde o controle e continua regendo a história. A fome foi um grande problema, e diante de problemas somos testados e temos a oportunidade de colocar a nossa fé em ação. Diante deles, somos provados no tipo de aliança que temos com Deus, em quem nós somos, no nosso caráter e revelamos as nossas prioridades. Através da pressão, aquilo que está oculto fica 156 21 Dias por um coração aquecido exposto e da verdadeira motivação vem à luz. Quem realmente somos não é revelado quando tudo está indo bem, mas quando estamos diante de resistências. São em momentos como esses que mostramos se iremos resolver as coisas à nossa maneira ou se iremos depender de Deus, se vamos correr de Deus ou correr para Deus. Ao dizer que houve fome na terra, a Bíblia nos diz que houve crise, um tempo difícil, algo que não seria fácil nem simples de resolver. A atitude de Elimeleque, esposo de Noemi e chefe da família, foi de fugir da fome, escapar, evitar o confronto com a realidade e adiar a solução do problema. Fugindo da fome, Elimeleque sai de Israel e parte para Moabe, Deus trouxe fome a Israel e ao fugir de lá, Elimeleque estava fugindo de Deus, e não para Deus. Quando foi para Moabe, na verdade, levou consigo a fome, e não se livrou do problema, muito pelo contrário, a crise o acompanhou, sua situação ficou tão crítica, que a fome piorou, gerando até morte. Quando evitamos de dar a Deus a resposta que ele espera, a fome vira morte. A Bíblia fala que tudo morreu e secou, a única coisa que veio de Israel e sobreviveu foi Noemi, que logo troca o seu nome para Mara, que significa amargosa. Ela passa a ter este nome por ter perdido tudo, por sentir a ausência do marido que amava, por ter enterrado seus dois filhos, por sentir saudades da sua casa. Ao invés de Noemi ser enterrada pelos seus filhos, ela é quem os enterrou. Até o caminho normal das coisas fica invertido, quando fugimos da fome, quando fugimos de mudar e quando fugimos de dar a resposta que Deus espera de nós. A intenção de Deus é fazer de ti uma pessoa menos almática, intempestiva, tola, superficial e carnal, Ele deseja alterar as suas prioridades e lhe tornar uma pessoa mais focada, centrada, espiritual, santa e que transmita uma confiança maior para os outros. Portanto, não fuja da fome, mas a encare, ou viverá amargurado sem satisfação existencial. 157 21º Dia - Tempo de fome No final de tudo o que sobra é Noemi, amargurada, sorrindo por fora, porém triste por dentro, já velha, com os cabelos arrebentados e com a pele enrugada, este foi o resultado do brilhante posicionamento de seu marido ao fugir de dar uma resposta para Deus. A primeira causa da fome é o pecado, a dureza de coração contra Deus e a incredulidade. E apesar de sermos crentes, parece que às vezes cremos mais no diabo do que em Deus. Não cremos que Deus é poderoso para abrir portas, nos guardar e proteger, passamos a resolver as coisas da nossa maneira por não confiarmos em Deus, e com isso não entramos no descanso da fé. Quando se é um crente “domingueiro” e chega segunda-feira, que é a hora de colocar a Palavra em prática, Deus está “pendurado em algum canto do armário”. Mas na hora da fome, Ele fala: “Ou você depende de mim, ou você depende de mim!”. A segunda causa da fome são decisões erradas. Existem escolhas e prioridades erradas que assumimos em nossa vida que custarão muito caro e irão corroer o nosso potencial. Da mesma forma que certos navios enormes precisam de um grande espaço para dar uma volta completa, retornando a posição inicial, certas decisões nossas podem nos custar muito tempo e uma série de dissabores, perdas, prejuízos, para voltarmos à mesma posição de antes. A unção e a bênção estão dentro do propósito e quando estamos nele, temos a Graça, a provisão, o favor, as portas abertas, o suprimento, as pessoas, enfim, temos tudo. Se tomarmos a decisão errada e estivermos fora do propósito, este será um motivo de fome. Não temos nada, nem recursos, oportunidades, ferramentas, nem unção, e é como se estivéssemossozinhos no deserto, nada tem graça. Existe ainda uma terceira razão da fome: É quando Deus quer nos levar a experimentar mais dEle, esta é uma oportunidade de descobrirmos um nível de sobrenatural que ainda não conhecemos. Deus quer falar, inspirar, nos satisfazer e quando correspondemos e vamos ao seu encontro, as coisas tomam proporções inesperadas. Portanto, a razão da 158 21 Dias por um coração aquecido fome é Deus querendo nos levar a experimentar um nível de sobrenatural, de intimidade e de dependência que nunca experimentamos. E agora, mediante estas razões, qual será a sua postura diante da fome? Você fugirá dela, adiará uma resposta intensa para Deus ou assumirá a responsabilidade quando vier a pressão? Quando Elimeleque saiu para habitar na terra de Moabe, ele fugiu, mas levou o problema consigo e todos que estavam junto com ele, sua esposa e seus filhos, também sofreram - pessoas associadas com quem foge também sofrem – todos sofreram juntamente com Elimeleque, inclusive as moças que casaram com seus filhos. O interessante é que a solução de Deus veio de uma forma inesperada. Veio por meio de Rute, uma das moças que não era judia, nem de nossas igrejas, sua bisavó também não era fundadora da igreja ortodoxa dos últimos dias e nem o seu pai foi aquele que lançou a pedra fundamental, muito pelo contrário. Ela era incrédula, de uma família de idólatras e que adoravam a Baal e o mais admirável é que, logo a pessoa que nunca foi crente, que nunca teve compromisso Deus, dá logo a resposta que Ele esperava. No auge da crise, quando todos morreram, Noemi resolve fazer o que deveria ter feito há muito tempo, e decide corresponder com Deus, “custe o que custar”. Mesmo tendo tudo em Moabe, resolve voltar para Israel, pois entendia que este era o melhor lugar para se estar. Ao decidir voltar e encarar, Noemi chama suas noras, na fronteira, e em choro ela diz: “Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas! Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no ventre filhos, para que vos sejam por maridos? Tornai, filhas minhas! Ide-vos embora, porque sou velha demais para ter marido. Ainda quando eu dissesse: tenho esperança ou ainda que esta noite tivesse marido e houvesse filhos, esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Abster-vos-íeis de tomardes marido? Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa, a mim me amarga o ter o SENHOR descarregado contra mim a sua mão.” (Rt 1:11-13). 159 21º Dia - Tempo de fome Orfa, chora e se despede, Noemi, representa aquele tipo de crente que fica chorando no altar, prometendo inúmeras coisas para Deus, mas não tem prática, não dá a reposta esperada, dá as costas e volta. Noemi insiste com Rute para que ela fizesse o mesmo que a Orfa fez, porém, Rute toma uma decisão totalmente diferente, e diz a Noemi que sua vida, prioridade, valores, coração e expectativa estavam todos no Seu Deus (Rt 1:16). A atitude de Rute foi totalmente inversa a que Elimeleque teve, ele olhou para o natural, para a fome, viu que não tinha oportunidade e decidiu fugir para Moabe. Ao contrário, ela viu que tudo estava ruim, e que poderia até piorar, e mesmo assim, decidiu confiar inteiramente nas mãos de Deus e seguiu a sua sogra. Ao seguir sua sogra, ela estava mostrando o que havia em seu coração. Agora, a crise, a fome, os problemas também eram dela. Sendo assim, ela demonstra a confiança no Deus de Noemi. Em outras palavras, o que ela disse foi: “O teu Deus será o meu Deus! Se Ele abriu o mar vermelho no passado, libertou um povo do Egito, tirou água da rocha, deu a vocês terra prometida, então cuidar de mim será fácil”. Rute deu a resposta que nenhum dos da família dos crentes deu no meio da fome e sua resposta fica clara em confiar, crer, depender de Deus e seguir o improvável. Seguir o improvável significa não ir na direção de que todos iriam, no “bem bom”. Agora, vale a pena refletirmos: Qual seria a nossa postura nesta situação? Em nossa terra já teve ou tem tido fome? Qual a resposta que temos dado a Deus? Toda vez que honramos a Deus confiando nEle, Deus faz um milagre, Ele escolhe uma estrangeira idólatra e coloca na genealogia de Davi. O bisneto de Rute foi o rei do avivamento. E ela, por consequência, está na genealogia de Jesus, porque confiou em Deus, foi fiel a Ele e O agradou. 160 21 Dias por um coração aquecido No final da história Rute se casa com um homem chamado Boaz, e a vida de Noemi, que era a tal amarga, tornou-se doce! Suas amigas, pegaram o filho de Rute e o colocaram em seus braços e disseram: “Como Deus foi fiel com você, que te deu uma nora que a ama e é mais valorosa do que muitos filhos...” (Rt 4:15). Deus honrou Rute porque ao invés de fugir de Deus, correu para Ele. No encerramento deste jejum, estamos tendo a oportunidade de deixarmos Deus ser Deus em nossa vida, de confiarmos e dependermos totalmente dEle. Nossa oração é que ao concluirmos estes 21 dias de jejum não sejam um fim, mas uma continuidade de um avivamento prevalecente e sustentável, gerando frutos para a eternidade.