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DANI MEDINA
Copyright©2024
Todos os direitos reservados.
Direitos reservados à autora dessa obra. Nenhuma parte dessa obra
pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópia de
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados
sem permissão escrita da autora.
A violação de direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, datas
e acontecimentos reais é mera coincidência.
Capa: Meryart
Revisão: Carina Barreira
Leitura crítica e sensível: Carina Barreira
Diagramação: Carina Barreira
Ilustrações: Meryart
Conteúdo adulto.
Proibido para menores de dezoito anos.
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Sumário
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
AVISO
SINOPSE
EXPLICAÇÕES
PRÓLOGO
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
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Epílogo
Em breve...
Série Monster Fantasy
Sobre a autora
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DEDICATÓRIA
Para todas as garotas que anseiam sentar-se em um macho
quente e incansável, que usem bem a língua e saibam exatamente
onde fica o clitóris.
AGRADECIMENTOS
A cada novo livro, uma nova história que entrego aos meus
leitores eu sou grata, primeiro a Deus pela saúde e sanidade,
segundo aos meus leitores que são os responsáveis por me fazer
sentar todos os dias na frente do computador e dar asas à minha
imaginação, terceiro à minha equipe, sim, são muitas pessoas que
trabalham incansavelmente para que cada um desses casais chegue
até vocês, sozinha eu não faço nada, até porque sou péssima até
mesmo em desenhos de palito.
“Ser grato é ter a certeza de que na roda da vida, nós não
temos força de movê-la sozinha.”
Beijos
Dani Medina
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AVISO
Chegamos ao quarto monstrão e já nem sei se posso dizer
que eles podem ser lidos de forma individual, preciso confessar, eu
até tento, mas crio um emaranhado de acontecimentos que vão
seguindo o fluxo e sendo revelados através das histórias. Socorro!
Hahahahaha!
Este livro se trata de um MONSTER ROMANCE, SIM! UM
ROMANCE ENTRE UM MONSTRO E UMA HUMANA, aqui eles se
chamam férnus e são uma espécie muito antiga, apaixonada,
protetora e territorialista.
SE ESTE TIPO DE HISTÓRIA NÃO É O QUE PROCURA,
ESTE LIVRO NÃO É PARA VOCÊ. AQUI O HOT ACONTECE
ENTRE O MONSTRO E A SUA HUMANA DESTINADA. E
seguimos a premissa de que, sim, cabe! E NÃO machuca!
Mais uma vez, se está procurando algo estilo a Bela e a Fera,
não é o que irá encontrar aqui.
Agora caso goste de um monstrão cheio de fogo e com a
intensidade de uma explosão estelar, VOCÊ ACABA DE CHEGAR
NO LUGAR CERTO!
SINOPSE
Lannur Lennox cresceu em um lar de pais completamente
apaixonados, seu maior desejo é encontrar uma companheira. Com
500 anos seu coração o tem impelido a caminhar um pouco mais
distante da sua cidade, como se a qualquer momento sua destinada
aparecesse e precisasse dele.
Por ser um macho férnus que cuida das fronteiras do clã do
Norte, ele se mantém por muito tempo longe, mesmo que estar
entre os seus seja seu momento preferido depois de um dia
exaustivo, mas ele sabe que falta algo, falta ela, aquela que
transformará seus dias de trabalho exaustivo em motivos para voltar
para casa.
Marty Murdok é uma garota que sofre com um pai bêbado e
violento, desde muito pequena precisou se virar para não depender
dele para nada, sua mãe morreu enquanto Marty era ainda um
bebê, nada foi fácil em toda sua curta jornada de vida. Mas o que já
está ruim, ainda pode piorar muito e ela iria descobrir isso da pior
forma possível.
Em uma de suas patrulhas, Lannur não entendia por que o
seu coração o impelia a seguir pelos limites de Dawson City, por
mais que ele refutasse esses pensamentos, a força que o movia era
ainda mais poderosa, até que ele se depara com uma garota
correndo descalça pela mata, fugindo, assustada e com cheiro de
medo.
Sem pensar nas consequências de seus atos ele parte para o
ataque livrando a garota dos perigos da noite e colocando um
grande alvo nas costas de todo o seu clã.
Ambos precisarão aprender a conviver e para proteger a sua
destinada, Lannur buscaria ajuda de seus verdadeiros amigos. Isso
será o suficiente para salvá-los?
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EXPLICAÇÕES
Vamos encontrar algumas palavras que podem nos deixar
confusas durante a leitura, então vamos nos familiarizar com elas e
saber seus significados para que a leitura flua da melhor forma
possível.
LIDER: aquele que guia o clã e é obedecido de forma
incondicional, sua palavra é lei, e não pode ser desobedecida.
CLÃ: comunidade onde os férnus vivem, um tipo de cidade
com toda a estrutura necessária para prosperarem.
FÉRNUS: uma espécie animal criada como castigo pelo amor
de um homem e um ser celestial. Um férnus se parece com um lobo
e tem mais ou menos a estatura de um urso em pé, essa é a raça do
nosso protagonista. São possessivos e ciumentos, protetores e
provedores com suas companheiras ou destinadas. Um férnus vive
por séculos, seu envelhecimento é lento e começa a acontecer aos
vinte cinco anos humanos.
COMPANHEIRA OU DESTINADA: aquela que é destinada
pode ser uma angelic ou uma férnus fêmea, quando os
companheiros se encontram é impossível afastá-los, o cheiro do
companheiro é o único que acalma o outro, tudo que se deseja é
proteger e cuidar.
Os férnus só podem conceber uma vez por toda sua
existência e apenas com a sua companheira ou destinada.
ANGELIC: um ser totalmente feminino que nasce
exclusivamente para ser companheira do férnus líder. As angelics são
seres puros, criados pela Deusa Lua como castigo por um ser
celestial se apaixonar por um humano. Para cada férnus líder que
nasce, uma angelic companheira lhe é destinada sendo concebida
pela anciã dezoito anos antes de o férnus líder ter o primeiro cio.
As angelics são a única espécie aparentemente humana que
podem se relacionar com os férnus, elas têm cabelos brancos como
a luz da lua e estão na terra por se encantarem pelo amor entre os
humanos.
ANGELIC ANCIÃ: ela se chama Luna e é imortal como todas
as angelics são, caso continuem juntas e dentro do clã destinado.
ORÁCULOS: são as angelics que acompanham a anciã
quando é castigada e se mantém puras, elas são virgens, tem visões
e revelações. Apenas elas podem se relacionar com os férnus
machos caso queiram, fora isso, eles encontram seus pares dentro
da própria espécie, é raro, mas pode ser que uma angelic seja
companheira de um férnus sem que ele seja o líder, isso jamais
ocorreu em toda a criação, mas não pode ser descartado.
A grande dificuldade de sabermos sobre isso é que as
angelics que não nasceram da anciã destinada a um líder específico,
jamais saem do templo ou se aproximam de qualquer outro ser que
não seja da sua própria espécie.
CICLO DE ACASALAMENTO OU CALOR: é considerado o
cio dos férnus. Um férnus se torna adulto aos cem anos, então os
ciclos de calor se iniciam. O cio dura por três meses e sempre
acontece no inverno.
ELFOS SOMBRIOS: Seres mágicos que vivem na floresta do
sussurro, poderosos e completamente maldosos quando afrontados.
Vivem em um reinado e são governados por um rei e uma rainha
muito benevolentes e justos.
GUARDIÃO: Herança dos Deuses, sua existência dada como
uma lenda contada em volta da fogueira, mas ele é real e muito
obediente aos Deuses, tem um temperamento difícil e costuma vez
ou outra ameaçar e rosnar mais alto que qualquer um que seja uma
a ameaça.
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PRÓLOGO
Existe um grande abismo entre onde estamos e aonde
queremos chegar, o meu abismo se chama tempo e é ele quem tem
me afastado do meu propósitode vida, mas existe uma ponte, o
coração, e eu sei que ele me levará até ela, a minha companheira.
E eu não vou desistir!
01
Preciso caminhar por quarenta minutos até chegar em casa,
a chuva fina e incessante cai insistentemente e já me fez desistir do
guarda-chuva algumas quadras atrás. Completamente molhada, não
sinto meus dedos dos pés e necessito apenas de um banho quente e
dormir, para que amanhã tudo comece outra vez.
Os sons dos meus sapatos na calçada ecoam pela noite, é
tarde suficiente para que não haja na rua ninguém além de mim.
apesar de Dawson City ser uma cidade pequena, nos últimos tempos
as coisas não andam lá muito pacíficas.
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Exausta e com dor por todo meu corpo, percebo o quanto a
neblina está baixando e começando a atrapalhar a visão, com meu
coração acelerado, aumento o ritmo dos meus passos para chegar
logo.
Tudo que mais desejo neste momento é que ele esteja
dormindo ou que não esteja em casa, pela última semana ele
desapareceu, e com toda certeza coisas ruins começarão a surgir em
breve, infelizmente é sempre assim.
Ao me aproximar de casa o frio atravessa minha espinha, as
luzes estão acesas e com certeza não vou conseguir fugir dele esta
noite.
Parando em frente à porta da casa que moro no subúrbio,
reluto um pouco em dar o próximo passo que me levará escadas
acima.
— Vamos, Marty, você consegue, lute como uma garota —
falo para mim mesma as palavras que me encorajam a seguir em
frente.
Atravesso a porta de casa e todas as luzes estão acesas, a
casa está completamente revirada e meu coração bate
descontrolado no peito. Eu deveria dar meia volta e sair, mas a
curiosidade e o medo de o ter morto esticado em algum lugar é algo
que me mantém rumando casa adentro.
— Haaa! — Tenho meu braço seguro por alguém que me
puxa de uma só vez e me faz congelar.
— Eu disse que tinha uma filha, eu disse, está aí, pode levá-
la! Só me deixem em paz! — O desgraçado que se diz meu pai me
oferta como um pedaço de carne.
— O que você fez, seu bêbado imundo? — grito furiosa,
tentando me soltar dele.
— A cadela parece inteira para mim — o homem de olhos
pretos fala me olhando de uma forma que me dá asco.
— Qual a idade dela, Victor? — o outro pergunta.
— Acabou de fazer dezenove — ele responde como se fosse
algo poderoso.
— Me solta! — grito furiosa.
O outro homem que não sei de onde surge dá um tapa forte
em meu rosto, começando a retirar as minhas roupas, eu me debato
e luto contra ele, mas sou segura com tamanha força que se
continuar assim, posso perder meu braço. Usando apenas calcinha e
sutiã sou avaliada e o frio profundo toma conta de mim.
— Por favor, não me machuquem! — imploro.
— Gostei da mercadoria, chefe — o ser desprezível diz
enquanto o meu progenitor sorri satisfeito.
— Eu disse, ela é tudo que precisam. — O desespero toma
conta de mim.
— Conte para mim, docinho, você já foi para cama com
alguém?
Sua pergunta faz um frio percorrer minha espinha.
— Por favor... — As lágrimas caem sem que eu consiga
segurá-las.
— Diga a eles, Marty! — o grito do homem que deveria me
proteger me deixa ainda mais exposta.
— Não. — Quase não consigo dizer a palavra.
— Sua dívida está paga, Victor — o homem de olhar preto e
sombrio informa.
— Isso me dá algum crédito? Ela vale muito mais do que
devo.
O filho da puta ainda tenta negociar comigo, começo a ficar
paralisada.
— Sim, isso te dá muito crédito — ele responde sorrindo. —
Vai gastar todo ele no inferno.
Um tiro acerta sua testa fazendo com que ele caia inerte no
chão, não consigo nem mesmo gritar ou esboçar algum tipo de
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reação.
— Agora vamos, existe uma dívida imensa que você irá pagar.
Começo a me debater e lutar, gritando, mas de nada adianta,
sou arrastada até o carro que agora está estacionada em frente à
minha casa, sou jogada lá dentro e colocada entre os dois homens,
tentando me cobrir com os braços sem sucesso. O carro dispara em
direção ao lugar desconhecido pelo qual eles começam a seguir.
— Com toda certeza London gostará da nossa nova aquisição
— um deles fala e meu corpo inteiro entra ainda mais em estado de
alerta.
Esse nome me causa pavor e nem mesmo sei de quem se
trata.
— Vai ganhar uma casa nova e várias amigas. — Seu sorriso
de dentes amarelos me faz fechar os olhos com força.
Sem dizer nada, tento me esconder um pouco mais, mesmo
sabendo que é algo impossível. Observando o caminho pelo qual o
carro segue, percebo que estamos indo aos limites da cidade e para
este lado temos apenas as montanhas. O homem ao meu lado
esquerdo começa a travar e destravar a porta, e isso me deixa em
estado de alerta, começando a contar as vezes que faz isso,
enquanto vamos adentrando mais na floresta. A rodovia é escura e
cheia de curvas, isso me dá uma ideia do que fazer.
As curvas são cada vez mais fechadas e para alguém como eu
que sou pequena em comparação a eles, decido usar cada uma
delas ao meu favor. O homem segue fazendo o irritante barulho que
a trava faz, e quando sinto que começamos a nos mover ao
entrarmos novamente na curva ele destrava a porta e rapidamente
me jogo sobre o puxador abrindo-a, fazendo com que nós dois
sejamos lançados no asfalto, juntos.
Quando meu corpo bate no chão sinto a dor da minha pele
sendo esfolada, rolando aterrisso na terra. Ouço os gritos do homem
e os freios do carro, não tenho tempo de pensar em nada, apenas
começo a adentrar na mata correndo com meus pés pisando em
tudo que está pela frente, não sinto a dor dos cortes ou dos galhos
que açoitam meu corpo, o choro escapa, mas a ânsia de me livrar
deles é muito maior.
Corra, Marty, apenas corra, salve sua vida. É isso que a minha
mente grita quando me levanto e começo a obedecer às suas
súplicas.
Não desista, você jamais desistiu, não faça isso agora.
Cada pedaço do meu corpo implora que pare, enquanto
minha cabeça gira tão rápido que não consigo sentir tudo que
acontece comigo. Não enxergo um palmo à minha frente, mas
continuo seguindo sem parar. Tiros podem ser ouvidos e o medo
apavorante me atinge, meu coração parece que vai parar a qualquer
momento e um rosnado alto seguido de mais gritos e tiros acontece.
Na minha próxima passada meu pé se enrosca em algo, lançando
meu corpo com tudo contra o chão, não tenho nem mesmo tempo
de me segurar em algo ou de me proteger, a escuridão me toma
quando bato minha cabeça em uma pedra.
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02
Não consigo entender o desejo de correr por toda a fronteira
entre Dawson City e Forty Mile, minha fera urra descontrolada e não
sei há quantas horas comecei a correr e não paro, estou quase
dando a volta completa em toda a fronteira e sigo na ânsia de
continuar, meu coração bate como tambores potentes e seu som
ecoa em meus ouvidos, a mata está silenciosa como se os animais
aqui desejassem que apenas eu ouvisse qualquer barulho
sobressalente.
Minha cabeça gira em torno dos últimos acontecimentos,
meus amigos, Arow e Jacob, encontraram suas companheiras, e pela
Deusa, estou feliz demais por eles, mas gostaria de estar nesta lista
também, o desejo de ter alguém para unir minha vida como se toda
minha existência fosse ela, é tudo que anseio desde o momento em
que entendi sobre destinados.
Sentindo minhas patas baterem na terra, envolto em meus
pensamentos, ouço gritos ao pé da montanha, logo uma freada
brusca acontece seguida por tiros. Meus instintos me trouxeram até
esse momento, sinto em meus ossos que eu deveria estar aqui.
Seguindo o som sinto que existem três pessoas, não, quatro. Os
corações pulsando forte e os resmungos de dois homens que correm
atrás de uma garota.
Não penso em nada, apenas continuo me aproximando e
quando alcanço o primeiro deles o ataco de uma só vez, rugindo em
sua cara antes de lhe morder a garganta, vendo sua cabeça rolar.
Sem pensar em nada que não seja eliminá-los, sigo correndo em
direção aos outros. Tiros começam a ser disparados e passam por
mim.
— GRRRRRR! — o meu rugido épara apavorá-los e essa
caçada além de me deixar completamente alucinado, me anima.
A sensação é interessante, com a adrenalina correndo em
minhas veias cravo minhas garras o mais fundo na terra, forçando
meu corpo a se mover o mais rápido que consigo, quando me lanço
sobre o próximo homem acertando seus pés, fazendo com que ele
bata no chão com tudo.
Apontando sua arma para mim, tiros são disparados, mas
minha pele é grossa o suficiente para não ser machucada por esse
tipo de armamento.
— GRRRRRRRRRRRRRRR! — rujo alto quando bato minhas
duas patas com toda força em seu peito cravando minhas garras
nele.
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O homem cospe sangue e sua vida o abandona, farejando o
ar, sinto cheiro de sangue, mas não o que está em minhas garras,
outro, é doce é... não pode ser.
Arfando, continuo farejando e correndo, quando um
movimento na minha lateral me chama atenção, o último homem
subindo o barranco cheirando a medo, penso em ir até ele, mas não
faço, o cheiro doce me impele a seguir em sua direção. A noite que
estava escura começa a clarear como se as nuvens que encobriam a
luz da Deusa Lua desaparecessem e me mostrassem o caminho até
ela, até a minha destinada.
A alguns metros de mim está ela, seu corpo é pequeno, ela
usa apenas roupas íntimas de humanas, ainda que tudo em mim
grite para me apressar, não consigo ir mais rápido do que estou
indo, não que esteja acontecendo algo em meu corpo ou que esteja
machucado, estou na verdade incrédulo.
Meses atrás eu estava praticamente batendo no meu amigo
para que ele aceitasse sua companheira humana e agora estou
caminhando em direção à minha, quando finalmente estou perto
dela, ouço o barulho de pneus cantando próximo daqui e percebo
que preciso escondê-la e cuidar dela o mais rápido possível.
Lentamente e com o coração acelerado, a pego nos braços
devagar para não a machucar mais e começo a me afastar, estou
longe da minha cabana, mas posso seguir a cabana de apoio que foi
abastecida nos últimos dias. Apressado e cuidadoso, sigo em direção
ao lugar, por quase meia hora atravesso a floresta sendo guiado pela
luz da Deusa Lua, assim que me deparo com o rio, preciso protegê-
la, mas se atravessar com ela nos braços como estou agora, irei
molhar seu corpo nas águas geladas que escorrem das montanhas e
isso pode matá-la.
Com cuidado, a ergo colocando seu corpo pequeno sobre a
minha cabeça, esticando meus braços o mais alto que consigo,
quando começo a travessia, um passo de cada vez e usando minha
força para me manter em linha reta e não ser levado pela
correnteza, sinto que a água sobe chegando ao meu pescoço.
— Calma, pequena, estamos quase lá — digo para ela,
tentando acalmá-la e nem mesmo está acordada.
Ao chegar na margem começo a sair da água, não me seco,
apenas sigo em frente, logo adentro novamente a floresta fechada e
avisto a cabana. Desço a pequena humana e assim que sua pele
toca meus pelos molhados, ela abre os olhos, apavorada.
— Calma, você está segura.
Ela está assustada e seus grandes olhos castanhos me
encaram, e tudo em mim grita que ela me pertence.
Logo seu corpo que estava tenso relaxa e ela desmaia, acesso
a cabana colocando seu corpo sobre o grande sofá seguindo para a
porta para trancá-la. Ouvindo seu coração bater e tendo ciência de
que ela não corre nenhum risco de vida. Acendo a lareira da sala
para começar a aquecer a cabana, pegando-a nos braços e levando-
a até o quarto.
O lugar é completamente preparado para receber tanto
humanos quanto férnus, depois que Anira chegou ao nosso clã, toda
e qualquer cabana foi melhorada, já que nosso líder não pode se
transmutar para a forma humana, então suas viagens são noturnas
e o descanso acontece durante o dia. Tudo é completamente limpo e
as grandes cortinas de tecido grosso flanelado vermelho e branco foi
ideia de Anira.
Colocando o corpo da minha pequena joia sobre o colchão,
sigo para o banheiro para encher a banheira, preciso cuidar dela e
dos seus ferimentos, enquanto espero acendo a lareira do quarto
para que ela fique confortavelmente aquecida. Quando acredito que
a água está na temperatura ideal, coloco algumas ervas curativas na
água e sigo até o armário da pia para pegar sabão líquido e uma
bucha macia junto a um pano para lavá-la.
Como não quero que minhas grandes garras a machuquem,
pulo sobre as patas dando lugar à minha casca. Vou até a cama,
pego-a nos braços e sua pele tocando a minha arrepia
completamente cada centímetro de mim. Devagar, a coloco na água
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e começo a lavá-la, com cuidado lavo seu corpo totalmente após
retirar suas roupas íntimas, gemidos baixos escapam dela e imagino
que esteja com dor.
Evito tocar em suas partes íntimas, essas lavo com um pano
macio sem que tenha contato com a minha pele. Com meu braço
continuo apoiando seu corpo começando a lavar seus cabelos, é
complicado, mas logo pego o jeito e o que vejo me deixa ainda mais
maravilhado com a minha companheira, ela tem os cabelos pretos e
cacheados com mexas perfeitamente brancas na frente que se
misturam com uma pequena mancha triangular branca que destoa
da sua pele morena. Embasbacado com sua perfeição, continuo a
trabalhar em seu banho e quando sinto que está o mais limpa
possível, a tiro da água envolvendo-a com um roupão fofo e a coloco
na cama, sendo cuidadoso ao continuar secando-a e o que vejo faz
o meu férnus urrar em fúria. Sua pele está totalmente marcada,
seus pés estão machucados e em sua testa tem um pequeno corte.
Vou até o guarda-roupa e pego uma camisa vestindo-a e
depois coloco nela uma calcinha, acomodando seu corpo na cama a
cubro e novamente ela abre os olhos.
— Volte a dormir, descanse, logo estará melhor, vou preparar
algo para que coma. — Ela pisca novamente como se não
entendesse nada e o medo aparece em suas íris. — Está segura
agora, ninguém vai machucá-la.
Minha pequena sorri fechando novamente os olhos. Saio do
quarto precisando ir até a floresta, preciso de raiz forte para
cicatrizar suas feridas e para que a dor do seu corpo desapareça,
com pressa vou aonde preciso ir e rapidamente estou de volta.
Na cozinha, faço uma pasta com ervas e a raiz forte para
colocá-la em seus pés, lugar que está mais machucado, sigo até o
quarto e com cuidado os envolvo com os remédios curativos e
coloco as meias. Sem ter muito o que fazer com ela agora, decido
que ela precisa continuar descansando e eu volto para a cozinha
esquentar um guisado de carne de cervo para quando ela acordar,
possa se alimentar, e então me conte tudo que aconteceu para que
ela tenha fugido seminua pela floresta.
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03
Não sei onde estou, mas o colchão sob meu corpo informa
que não estou na minha casa, e o que aconteceu ontem, foi real.
Dormir por tantos anos em uma fina camada de espuma sobre
tábuas com toda certeza me dá de forma clara essa informação.
Cansei de comprar coisas novas e ao chegar ter apenas os rastros de
que ele vendeu tudo.
Ao pensar nele, me lembro do estrago que aquele tiro causou
em seu rosto, ele ficou desfigurado, eu com toda certeza não senti
nada ao vê-lo daquela forma, o desgraçado estava me vendendo e
desejando ter com isso mais dinheiro para gastar.
Que queime no inferno!
Respiro fundo e tento me mover, ainda sinto meu corpo doer,
mas meus pés parecem estar concretados, além de não conseguir
movê-los com facilidade, eles são a parte mais dolorida. Tento
pensar em algo, mas o cheiro que atinge minhas narinas faz com
que meu estômago ronque alto, tamanha fome que sinto, ainda é
noite, então não deve ter passado tanto tempo. Assusto-me quando
ouço passos e a madeira range sob os pés de quem quer que seja.
No momento em que vejo o que atravessa pela porta meu
corpo paralisa, é um monstro enorme, peludo e avermelhado.
— Vejo que já acordou. — Sua voz é rouca e feral e, e, e...
— Você fala? — minha pergunta é ridícula, ele acabou de
fazer isso.
— Sim, pequena. — Ele tenta sorrir, mas é algo entre enrugar
onariz e mostrar as presas.
— Por favor, não me machuque — peço, ou suplico, não sei.
— Não será machucada, pequena joia, eu cuidei daqueles
homens e garanto a você que não ousarão procurá-la.
— O que é você? — Minhas mãos estão geladas e a vontade
de gritar queima minha garganta. — Não se aproxime! — grito
quando dá um passo em minha direção.
— Tudo bem, não precisa me temer, sou um férnus. Um ser
muito antigo que...
— O homem que vi ontem? Onde ele está? — Vasculho com o
olhar todo o lugar.
— Estou bem aqui — fala apontando para si mesmo.
— Impossível, só posso ter batido a cabeça muito forte.
Em um movimento brusco ele pula e se transforma no ar,
caindo em pé em forma humana e completamente nu. O grito que
solto é de surpresa pelo movimento, pois achei que partiria para
cima de mim, mas agora estou perplexa, ele é enorme e tem olhos
roxos, roxos não, lilás.
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— Eu posso ir embora? — peço baixinho.
— Não está recuperada — informa sem se importar em estar
exatamente como veio ao mundo.
— Posso fazer isso em casa. — Enquanto falo tateio meu
corpo com as mãos e percebo que estou vestida.
— Como se chama? — Existe curiosidade em sua pergunta.
— Pode vestir algo, está nu, e... é constrangedor — gaguejo
um pouco.
— Ah! Me perdoe é o costume.
O homem corre falando que já volta, não tenho tempo de
pensar, quando vejo estou pulando da cama para desaparecer daqui,
mas não vou muito longe quando meus pés tocam o chão a dor
transpassa meu corpo e caio com tudo de cara no chão.
— Haaaaa! — A dor lancinante que atravessa meu corpo
parece atravessar meus ossos.
— Não está em condições de se levantar, pare de se mover. —
A voz do homem me alcança junto com seus braços que me erguem
do chão, levando-me novamente para a cama.
O encaro engolindo o medo pela loucura do que está
acontecendo.
— Há quanto tempo estou aqui?
— Dois dias, está se recuperando bem, mas seus pés foram
muito machucados, então precisará de mais tempo, nem mesmo a
raiz forte está conseguindo curar tão rápido quanto imaginei. — Ele
segue informando e tudo que consigo pensar é que vou perder meu
emprego e não sei como vou sobreviver sem ele. — O que te
preocupa? — Seus olhos são curiosos.
— Não posso ficar aqui, vou perder meu emprego, eu não
conseguiria sobreviver sem ele.
E com toda certeza você é um dos motivos de eu querer
fugir...
— Posso te arrumar um emprego novo.
— Hã? Só pode ser loucura!
— Estou falando sério. — Sentando-se na beirada da cama,
me faz encolher o corpo para que não me toque, mas apenas esse
movimento faz a dor novamente voltar. — Já disse para não se
mover — rosna as palavras, repreendendo-me.
— Por que não me deixa ir? Prometo nunca falar o que vi.
— Quem eram aqueles homens? — a forma com que
questiona parece assassina.
— Quem é você? — respondo sua pergunta com outra.
— Sou Lannur Lennox, um férnus macho do clã do Norte,
tenho 500 anos e sou patrulheiro da fronteira, estava inquieto há
alguns dias e então trabalhei rodando a fronteira da cidade de
Dawson City, o que me levou até você. Agora, quem eram aqueles
homens? E o mais importante, quem é você?
— Isso é um sonho, eu bati a cabeça, não estou aqui. —
Começo a me mover arrancando novamente a coberta de cima de
mim que ele colocou e sinto seus braços segurando os meus.
— Qual a parte de não se mova você não entendeu? — Suas
palavras são fortes e roucas, e posso até afirmar dizer que é feral. —
Vai se machucar se continuar sendo teimosa. Como pode alguém tão
pequena ser tão imprudente? Primeiro correndo nua na floresta,
agora tentando fazer o que não pode.
— Eu só quero ir para casa — rebato tentando elevar o tom,
eu não sou assim, mas o medo que estou sentindo é apavorante.
— Não sem antes me contar o que preciso saber, quem é
você e quem eram aqueles homens que a caçavam como a um
animal?
A cor dos seus olhos brilha ainda mais e o preto de suas íris
parece tomar todo o lugar, e então consigo enxergar a sua
verdadeira forma apenas por encarar seus olhos.
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— Sou, Marty Murdok. — Decido contar a ele quem sou, e
quem sabe ele decida me libertar depois que estiver melhor. —
Tenho 19 anos, órfã de mãe e agora de pai. — A vontade de chorar
vem ao me lembrar dela, e a dor por ter sido vendida por aquele
homem me destrói por dentro. As lágrimas não me obedecem, rolam
pelo meu rosto e sinto arder um pouco.
— Desculpe, não quis parecer grosseiro, mas se não souber
quem é não poderei te ajudar.
— Não estou chorando por isso. — Tento controlar minhas
emoções ainda que o medo de estar perto dele me tome.
Ele se aproxima de mim e limpa meus olhos com os dedos,
seu toque parece incendiar meu corpo, algo que nunca senti, é
como se estivesse com febre e me afasto. Percebo que ele recua
como se doesse nele a minha dor.
— Aqueles homens são os homens para os quais o meu pai
me vendeu, eles iam me levar para algum lugar onde eu seria
vendida, usada, meu corpo é... — Um rosnado escapa de sua
garganta e ele se ergue parecendo muito maior agora.
Observo garras saírem de seus dedos e presas aparecerem
em sua boca, mas ele não se transforma naquilo novamente.
— Vou arrancar suas cabeças e enterrá-los em covas rasas.
Arfando furioso, nem mesmo me movimento, ele pode se
descontrolar e me partir ao meio.
Onde é que eu vim parar e o que é que farei para conseguir
desaparecer daqui?
04
A fúria que percorre meu corpo por imaginar que a minha
destinada precisou passar por tanta coisa me deixa louco, a dor da
não transformação parece me partir ao meio, mas com a raiva que
estou sentindo me traz a certeza de que os caçaria até que não
existisse nenhum deles respirando na face da terra.
Preciso me controlar e cuidar dela, neste momento a minha
companheira precisa parar de me temer e de desejar fugir, porque é
isso que vejo em seus olhos. Puxando o ar com força, tentando
acalmar o monstro em mim, permitindo que seu cheiro entre pelas
minhas narinas e me acalme. Como vou explicar a ela que somos
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destinados? Como farei para que entenda que o monstro que ela
parece temer é o mesmo que dará a vida por ela?
— Está com fome? — A encaro após ouvir sua barriga roncar.
— Parece que depois de alguns dias dormindo é impossível
controlar. — Ela tenta sorrir, mas falha miseravelmente, meu peito
dói por saber que tem medo de mim.
— Posso levá-la até a cozinha, ou deseja comer por aqui
mesmo? — Tento ser o mais cordial possível, minha companheira
precisa entender que não sou um animal irracional.
— Quer me carregar? — Pisca algumas vezes.
— Sim.
— Não quero incomodar, sou pesada e já estou mais que
agradecida de ter me salvado. — Sinto o cheiro da sua mentira, e ele
apareceu na sua primeira frase.
— Pequena, pode ser que não tenhamos começado com o pé
direito, como dizem os humanos, mas te salvei e te salvarei quantas
vezes necessário for, carregá-la não é um fardo para mim, pelo
contrário, é um privilégio.
— Por que está fazendo isso? — ela geme por se encolher.
Droga! Ela tem muito medo de mim.
— O quê? — Preciso que ela relate, afinal ainda não
conseguimos ler a mente do outro.
— Sendo gentil e cortês, eu vi o que você é e o que pode
fazer. Sim, eu sinto medo de você e não sei nem mesmo os motivos.
Não quero que me toque e muito menos que se aproxime, e com
toda certeza, venho pensando em várias formas de fugir assim que
meus pés me derem a oportunidade. — Suas palavras são como
bombardeios e me atingem com a força de todos eles, mas sorrio. —
Por que está sorrindo?
— Gosto de pessoas diretas. — Aproximo-me o suficiente
para que nossos rostos quase se colem, seu coração acelera, mas
não é só o medo que causa isso, é a ligação, ela não sabe ainda,
mas saberá. — Pequena joia, me deixe te contar algo, nós somos
destinados, pertencentes, você é minha companheira, a Deusa Lua
me guiou para te salvar, pode acreditar que não tem ninguém no
mundo, o que é um grande engano, você tem a mim e a todo meuclã, clã do qual coloquei em risco para te salvar. Pode não ser agora,
nem mesmo amanhã, mas nós ainda vamos nos desejar ainda mais
do que nós nos desejamos, porque eu sei que me deseja, o cheiro
de sua boceta é delicioso e me faz salivar, e me enterrarei tão fundo
em você que poderíamos nos fundir.
— Se afaste... — seu sussurro é uma súplica da qual ela não
tem total certeza do que me pede.
— A levarei para junto dos meus, existem outras humanas
por lá.
— Eles vão me caçar, ninguém fica devendo nada àqueles
homens.
— Não se preocupe com isso, ninguém atravessará meu
caminho para machucá-la, eu e meus irmãos causaremos um
derramamento de sangue. E confie em mim, pequena, eu não sou
nem um pouco violento, mas como mágica eu assassinaria qualquer
um que ousasse desejá-la além de mim. — Beijo sua testa e seus
pelos se eriçam. — Agora vamos comer, preciso cuidar de você.
A pego nos braços com ela gemendo um pouco pela dor, não
espero que fale nada, apenas desço com ela nos meus braços
levando-a até a cozinha. Percebo que a lareira precisa ser abastecida
e guardo essa informação para resolver em breve.
— Não precisa ter medo de mim. — Seu corpo sofre com
tremores e sei que ela está apavorada com tudo que eu disse, eu
sinto o cheiro.
— Eu só quero minha vida de volta. — Suas palavras me
fazem sentir não desejado, mas não posso me manter longe, não
mais.
— O que tem lá de tão importante? — sondo colocando-a
sentada na cadeira.
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— Minha vida, tenho um emprego que preciso para viver.
Espero que me fale mais, porém suas palavras parecem ter
acabado.
— Só isso? — Cruzo meus braços enquanto questiono.
— Sim.
— Não disse que eles vão vir atrás de você? O que a faz
pensar que não irão até a sua casa? — A vejo engolir. — Marty, seus
argumentos não estão sendo bem fundamentados.
Viro-me para começar a esquentar o guisado de carne de
cervo enquanto faço torradas. Penso que com toda certeza segue
imaginando as várias formas de fugir, sigo confabulando os motivos
de a Deusa Lua ter me entregue uma companheira para ser salva e
que tem medo de mim. Não a encaro em momento algum e por
vezes ouço que se movimenta sobre o acento da cadeira. A comida
fica pronta, quando desligo o fogo começo a organizar tudo sobre a
mesa, sirvo nossos pratos e coloco o dela à sua frente.
O silêncio nada confortável se instala, mas decido que ela
precisa dar o primeiro passo, Marty é diferente das fêmeas humanas
dos meus irmãos, ela não queria mudar sua vida e começar algo
novo, ela deseja voltar para o perigo a ficar perto de mim, e saber
disso faz meu férnus gemer de dor, mas evito causar mais
constrangimento.
Tensiono meu corpo quando ela geme por comer, é algo
visceral e não consigo controlar ainda que esteja inconformado com
a minha situação, é impossível ser indiferente a qualquer coisa que
venha dela. É muito mais fácil dizer aos meus irmãos para irem lá e
pegarem as suas destinadas, mas agora entendo seus medos,
quando desejamos tanto algo a ponto de doer não queremos
machucar. Marty já foi muito ferida, e o fato de seu próprio pai a
vender demonstra isso.
O que será que ela passou?
O que aconteceu em sua vida até aqui para que chegasse a
esse ponto?
Será que ela já teve alguma felicidade na vida?
O motivo de sua desconfiança é por nunca confiar em
alguém, ou apenas por medo do monstro que sou?
São tantos questionamentos que não sei nem mesmo como
agir.
Tenho certeza de que minha mãe teria as palavras certas,
mas vou esperar que Marty durma para ligar para ela. Sempre fui
apegado aos meus pais, mas com o passar dos anos o
companheirismo intenso deles e a forma com que se protegem
começaram a me causar incômodo, não por eles, apenas por mim,
eu queria algo tão grandioso quanto o que eles têm, são séculos de
solidão e tristeza. A cada acasalamento, ainda que meu instinto me
guiasse, não era ela, não era a minha destinada, quando o
acasalamento acabava matava um pouco de mim mesmo.
Tentei todas as vezes ser cuidadoso e carinhoso com a fêmea
que estava comigo, mas diferente de mim, nenhuma delas se
importava, era apenas o calor que nos mantinham ali, nada além
disso.
Eu queria mais, eu queria sentir.
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05
É impossível não gemer quando a comida toca minha língua,
é saboroso e reconfortante, nunca em toda minha vida comi algo tão
fresco, sempre comi enlatados, não tínhamos dinheiro para luxos e
alimentos frescos são caros. Aprendi a cozinhar em um dos
restaurantes do qual lavei pratos, mas durei apenas um mês lá, e
não tive mais acesso a uma cozinha para que praticasse, eu amo
cozinhar, o que é uma controvérsia para uma pessoa como eu que
não tem o que comer direito. Enquanto me delicio com o manjar dos
deuses, analiso o perfil de Lannur, tudo que ele me disse fez meu
coração disparar e apesar do grande alerta que grita em minha
mente para que fuja, meu corpo quente e meu coração acelerado
me impelem a agarrá-lo.
Não sei o que diabos está acontecendo comigo, mas
enquanto corria pela floresta escura eu sentia que algo aconteceria e
acabaria com aquela caçada. Aqui sentada tão perto dele e com
seus olhos fixos no seu prato, me questiono os motivos de temer
aquele que me salvou.
— Minha mãe morreu quando eu ainda era um bebê. —
Quebro o silêncio e seus olhos de cor exótica me encaram. — Meu
pai se tornou um viciado em álcool e jogos. — Um grunhido escapa
de sua garganta, é a primeira vez que alguém me defende e me
protege, nunca tive nada disso. — Os vizinhos cuidavam de mim
quando ele sumia por dias, ninguém jamais chamou o serviço social,
minha mãe era alguém muito boa e pelo que entendi era por ela que
eles me ajudavam. Terminei a escola e desejava desesperadamente
fazer faculdade, mas não existia essa possibilidade, eu precisava
comer e sobreviver. — A dor das minhas palavras é tamanha que
paro de comer.
— Coma — ordena nada gentil.
Faço o que me pede e continuo falando em voz alta tudo que
conseguia apenas pensar.
— Eu já tinha entendido que quando ele estava ganhando
dinheiro eu teria paz, ele nunca aparecia e ficava por onde quer que
fosse, eu trabalhava dois turnos para conseguir pagar o aquecimento
e não sobrava muito além disso. — Respiro fundo, me negando a
chorar. — Mas ele sempre voltava e quebrava tudo em busca de
dinheiro, quando não encontrava nada, por muitas vezes descontava
sua fúria em mim.
— Ele te batia? — Vejo seu corpo tensionar enquanto trava
seu maxilar, quadrado.
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— Sim. — O soco que acerta a mesa me faz pular na cadeira
e o medo percorre cada célula existente em mim. — Era sempre
assim, o primeiro soco era nos móveis, os próximos em mim.
Quando ouve minhas palavras ele parece se ofender, como se
não fosse fazer comigo o mesmo que ele fazia, por mais que sinta
que o que diz é verdade, não consigo não temer.
— Desculpe. — Ergue sua mão. — Não vou machucá-la, não
precisa me temer. Mas é impossível não desejar esquartejá-lo por
tocar em você. Ninguém nunca mais vai fazê-la sofrer.
— Ele estava desaparecido desde a última vez que nos vimos.
— Ele te bateu? — Apenas aceno, concordando. Lannur
parece tentar se controlar.
— Quando cheguei em casa e vi tudo aquilo, senti que ali
seria o meu fim, mas doeu muito mais que as surras que ele me
dava, ele estava me vendendo, me entregando para ser violentada e
vendida para homens imundos, e eu quis morrer. — As lágrimas que
vinha contendo escorrem incontroláveis, ergo minha cabeça quando
ouço o barulho da cadeira ser arrastada no chão com força e logo
Lannur está próximo a mim.
— Diga que posso abraçá-la, pequena. — Seu pedido me
deixa atônita, ninguém jamais se preocupou dessa forma comigo. —
Diga, não quero tomar a força o que pode me entregar.
Concordando com a cabeça ele me pega nos braços tirando-
me dali e levando-me até a sala, com cuidado ele me coloca em um
grande sofá que pode facilmente ser confundido com uma cama, o
observo caminhar em direção à lareira, alimentando-acom ainda
mais lenha. Ele usa apenas uma calça baixa e o grande V que
desaparece dentro dela me faz esquentar, Lannur é alto e forte, seu
abdômen é trincado e posso contar oito gominhos nele, seus
movimentos são firmes, seus braços são grandes e sua cor é
bronzeada, seu cabelo é grande, preto, liso e vai até a cintura, ele se
parece um indígena, mas são seus olhos de cor lilás que
demonstram que existe algo nele que não é humano, ainda que
algumas pessoas possam ter esse tipo de olhos.
— Feche seus olhos — fala, virando-se em minha direção.
— Por quê? — Curiosa, não entendo o motivo e sinto um
pouco de medo.
— Vou me transmutar e me tornar no que sou de verdade,
não quero rasgar essa roupa, e não quero que se sinta
desconfortável ao ver a minha casca despida. — Acho fofo a sua
preocupação, então fecho meus olhos. — Não vou me esconder
atrás da minha casca. — Suas palavras me informam que ele está
querendo que me acostume com o seu verdadeiro eu.
Ainda que sinta medo, sim, um quase paralisante, tento cavar
dentro de mim a informação de que ele não vai me machucar, que
não estou em perigo, ainda que ele se pareça com um animal feroz
e muito cruel.
Sinto o sofá afundar ao meu lado e quando abro meus olhos
ele está envolvendo meu corpo com um cobertor, o encaro sem
entender.
— Apenas use até que o fogo faça seu papel.
— Obrigada.
Ficamos por um tempo olhando para o fogo, mas a minha
curiosidade é maior, eu quero analisar, o lugar está claro, tem luz
aqui, mesmo que não saiba como. Então me pego analisando seu
perfil enquanto ele encara o fogo.
— Deseja perguntar algo? — Sua voz agora ainda mais rouca
e feral arrepia meus cabelos.
— São muitos questionamentos.
— Acho que temos tempo, até que se cure completamente
não vamos sair daqui. — Recosta seu corpo no encosto do sofá e
agora entendo o motivo dele ser tão grande.
— Estou tentando não sentir medo, mas ainda sinto desejo de
fugir — revelo.
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— Sempre que nos encontramos com algo que não
conhecemos sentimos esse desejo, é natural dos humanos, fugir ou
caçar aquilo que é diferente. — Sinto o amargor em suas palavras
quando fala dos humanos.
— O que sabe sobre os humanos? — Ajeito-me no sofá,
virando em sua direção.
— Que fique claro que não são todos, mas eles são
assassinos cruéis e nos caçam por não saberem coexistir conosco,
nós não invadimos seus territórios, ficamos apenas onde nos é
permitido justamente para que os encontros não aconteçam.
Não imagino como seja essa interação.
— Disse que sou sua destinada, o que isso significa?
Engulo seco porque apenas o questionamento disso faz algo
em mim borbulhar.
— Significa que eu sou seu e você é minha, que a protegerei
com a minha vida e que não existirá ninguém mais importante no
mundo que você. — Seus olhos brilham de uma forma quase devota
e eu tenho todos os meus sentidos ligados a ele como se fosse
impossível de nos desligar. Existe uma energia que nos conecta e
não faço a menor ideia do que está acontecendo aqui. — Sei que
está com medo, acredite em mim, eu também estou, somos de
espécies diferentes, mas não somos os primeiros, existem mais três
casais com esta configuração.
— Está me dizendo que existem mulheres que se envolveram
com a sua espécie?
Não consigo acreditar nisso, a curiosidade me toma e agora
quero saber tudo sobre essa revelação.
— Sim, Auror é o nosso líder e a sua companheira se chama
Anira, Arow é um macho férnus jovem e sua companheira se chama
Emmillya, Jacob é um macho férnus já adulto e sua companheira se
chama Beylli, as três são veterinárias e trabalham para o clã.
Imagino o quão inteligentes são.
— Essa união sempre existiu? — Aperto um pouco mais a
coberta em minhas mãos.
— Não, por algum motivo desconhecido a Deusa Lua
começou a nos unir a fêmeas humanas, muitos do nosso clã são
antigos demais para aceitar, mas nem todos são assim, e caso
aconteça de alguém acreditar que possa tratá-la mal por isso, irá
acertar as contas comigo. — Engulo seco sempre que ele deseja
resolver tudo com violência.
Ficamos nos olhando, e minha vida parece passar na minha
frente, não desejo nada além de ir embora, ainda que meu corpo
insista em ficar e meus dedos cocem para tocá-lo.
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06
Sinto que ela se encolhe com minhas palavras e meus sinais
de alerta se acendem.
— Eu disse algo? — Curioso com a forma com que seu corpo
se tensiona e sua respiração muda, preciso saber o que está
acontecendo.
— Sempre resolve tudo com violência? — Marty baixa suas
vistas e aperta seus dedos com força.
Não quero que ela se sinta assim, mas quando vou tocar seu
queixo para erguer sua cabeça ela pula para trás, assustada.
— Não vou machucar você, não sou ele. — Seus olhos
castanhos me olham com um brilho diferente e posso ver sua dor e
as lágrimas escorrendo.
— Ninguém nunca se importou, por que se importa?
Quando seus olhos encaram os meus, meu desejo é rugir de
raiva, mas não faço, Marty tem alguns traumas profundos demais,
nem mesmo sei como permitiu que a tocasse, talvez por não
conseguir pisar no chão.
— Pequena, posso falar coisas e ser um animal assassino,
mas isso é apenas com toda e qualquer pessoa que possa machucá-
la, é um instinto férnus, nós protegemos os nossos, com nossas
companheiras somos ainda mais cuidadosos — falo tentando
controlar a minha voz e a sua intensidade. — Sobre me importar, eu
sei que sente algo queimando em seu peito, seu corpo deseja o
meu, sua boceta pelo cheiro está encharcada e apesar de
relutarmos, nós não iremos conseguir suportar quando o calor
chegar.
— Do que está falando?
Maldição, ver o medo transbordar em seus olhos e nos seus
gestos me mata.
Como vou conseguir ajudá-la sem parecer um monstro?
— Os destinados não conseguem se manter longe, Marty,
nossos corpos vão desejar desesperadamente um pelo outro, o calor
que irá sentir só conseguirá ser aliviado quando eu me derramar
dentro de você. — Seus olhos crescem assustados.
Sem que consiga prever, ela pula do sofá em pânico
começando a correr em direção à porta, antes que consiga abri-la a
pego suspendendo-a em meus braços.
— Não, me solta! — ela grita e se debate, é como ser
acertado várias vezes por mordidas de outro macho onde seus
dentes rasgam minha pele grossa e suas garras abrem talhos em
meu peito.
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— Não pode se machucar mais.
— Eu prefiro morrer! Prefiro a morte, mas não vou ser tocada
dessa forma, nem por você, nem por ninguém.
Marty segue se debatendo e tentando se soltar de mim e
preciso fazer algo para que ela não se machuque ainda mais.
— GRRRRRRRRRRRRR! — A força com que liberto a dor do
meu peito por ter que vê-la ter medo de mim, sai com tamanha
intensidade que ela leva suas mãos até seus ouvidos para tentar
abafar o meu rosnado. — Pare de se machucar! — Minha ordem sai
forte e ela se encolhe parando de se debater.
Meu coração dói, a dor da rejeição é pior que qualquer coisa
para nós férnus, mas não posso parar neste momento e me afastar,
preciso levá-la até lá em cima e deixá-la com os pés fora do chão.
— Uii!
Não a olho quando a viro rapidamente, ela se assusta, mas
estou focado em fazer o que precisa ser feito, Marty é pequena e
não pesa nada, o nó que se forma em minha garganta incomoda e
desejo que desapareça. Seu coração bate desesperado como se
esperasse que algo fosse acontecer após sua tentativa de fuga.
A coloco na cama, seguindo sem encará-la, saio sem nem
mesmo olhar para trás. Sugo o ar com força indo o mais longe que
consigo da cabana, para não ficar no mesmo ambiente que ela, seu
cheiro é inquietante, e isso me faz pensar em como será no calor,
nunca passei sozinho, imagino que a dor seja insuportável, mas
agora que a conheci não conseguirei também tocar em mais
ninguém, prefiro agonizar por meses do que ter o cheiro de outra
fêmea que não seja a minha em mim.
— Por que me deu alguém que prefere a morte a mim? — o
questionamento é para a Deusa Lua que brilha tão alto nocéu e me
faz ver o quão miserável sou por ter uma companheira que tem
medo de mim.
Sentando-se em uma pedra sinto a neve começar a cair sobre
mim, não estamos no inverno, mas devido a magia que cerca todo o
território do clã do Norte tudo que se encontra perto das
montanhas, da torre sagrada ou nos extremos do nosso clã é
sempre coberto por neve, enquanto guardo a cabana, tem comida e
calor lá dentro, ela não vai precisar de mim até que amanheça. Suas
palavras voltam a rodar pela minha mente e sei que a noite será um
tremendo inferno.
Com meus olhos fechados ouço passos e fico em estado de
alerta, a neve me cobre por completo, e apenas meu focinho e meus
olhos podem ser vistos. Os passos são fortes e pesados e estão
vindo diretamente em nossa direção.
Exilados? O vento está contra mim e não traz o cheiro deles
até mim, sacudo a neve do meu corpo e me posiciono preparando-
me para a batalha.
— Lannur! — Ouço a voz de minha mãe.
Meu corpo relaxa quando começo a caminhar sobre a neve
fofa que afunda.
— Mãe, pai, o que fazem aqui? — Estou surpreso, eles não
vão tão longe assim.
— A anciã Luna nos disse que você poderia estar precisando
de nós com a sua companheira. — O olhar de ambos é preocupado.
— Ela disse que minha companheira é uma humana?
Espero a explosão e a revolta, e ela não chega.
— Meu filho, ela poderia ser quem quer que fosse,
companheiros não são questionados, eles apenas são — meu pai
fala e eu me jogo em seus braços.
— Ela tem medo de mim, pavor, pai. — A lágrima escorre sem
condições alguma de controlar a dor.
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— Filhote, o que estava fazendo aqui fora? — Minha mãe me
conhece, ela sabe que não forçaria nada.
— Dando espaço a ela — digo me afastando do meu pai.
— Vamos entrar, vou cuidar dela, talvez uma casca humana
fêmea seja mais bem-vista. — Ela tenta sorrir enquanto juntos
seguimos até a cabana.
Assim que meus pais entram comigo, nos transformamos em
nossas cascas, vestimos as roupas e então sigo até a cozinha com
eles, para prepararmos algo para ela comer.
Enquanto nós três juntos cozinhamos e preparamos um típico
café da manhã humano, conto tudo aos meus pais desde que os
encontrei na floresta até o momento em que ela quis fugir.
— Como estão os curativos dela? — mamãe pergunta.
— Os troquei de madrugada, precisam ser trocados depois do
banho pela manhã. — O olhar que ganho deles é reconfortante, eles
não dizem nada.
— O que acha de caçarmos, filho? — meu pai me chama e
mamãe concorda com um acenar.
— Acho que tem tempo que não fazemos, e é um ótimo
momento para isso.
Antes de sairmos vemos mamãe se direcionar até o quarto
onde Marty se encontra, e pelas batidas tranquilas do seu coração
ela ainda está dormindo.
07
Acordo sentindo o cheiro de comida, e está perto o suficiente
para entender que é meu café da manhã, não quero abrir os olhos e
ver Lannur com raiva de mim, depois do que fiz ontem eu me
deixaria sozinha e me colocaria para andar de volta a Dawson City.
Mas não posso ficar com os olhos fechados o tempo todo, ainda
mais com minha barriga roncando de fome.
— Bom dia. — Uma mulher com os cabelos tão pretos e tão
longos quanto os de Lannur e com os mesmos olhos dele, sorri em
minha direção.
— Bom dia. — O procuro em volta, mas não o encontro.
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— Ele saiu com o pai, estamos apenas nós duas aqui. —
Ergo-me na cama e me sento. — Eu me chamo Haylla.
— Muito prazer em te conhecer. — Sorrio.
Os ralados do meu corpo doem, meus pés também e é muito
incômodo.
— Trouxe seu café, Lannur disse que precisamos trocar os
curativos, tudo bem para você isso acontecer depois que comer? —
Apenas afirmo com a cabeça.
— Tudo bem. — Pega a bandeja com comida colocando à
minha frente para que comece a me alimentar.
— Não precisava se preocupar e vir até aqui. — Ela bebe algo
quente em uma caneca.
— Ah, sim, precisava, a anciã Luna nos disse que Lannur
precisava de ajuda, entendo que nos ver em forma real assusta,
acreditamos que com uma figura feminina te deixaria mais tranquila.
— Ela tem razão quanto a isso, me sinto mais segura. — Vejo
a forma com que me olha. — Quer dizer, não que ele fosse me
machucar, afinal ele me salvou, mas é complicado.
— Ele nos contou sobre o pouco que sabe da sua vida, Marty.
— Seu olhar é doce.
— Então deve entender que não estou acostumada com
pessoas cuidando de mim, não estou acostumada a nada disso. —
Pareço grosseira, eu sei.
— Não está mais sozinha, tem uma família agora.
Não posso imaginar o que queira dizer com isso, ou talvez
possa, mas não quero.
— Não ficarei — afirmo olhando em seus olhos que se
assustam com a minha fala.
— Como?
— O que ouviu, Haylla, não ficarei, assim que melhorar volto
para minha casa e minha vida. — A forma com que se movimenta
diz o quanto essa informação a pega de surpresa.
— Deixe-me te contar uma curta história. — Confirmo com
um acenar de cabeça e volto a comer prestando atenção nela. —
Nós férnus vivemos por séculos, eu tenho mais de 700 anos.
— Puta merda! — Quase cuspo o café.
— Nós não somos como os humanos que se relacionam
aplicando sentimentos a torto e a direito e seguem se
decepcionando, não, nós somos práticos, temos necessidades
físicas, acasalamos... — Quando a ouço falar, mudo meu olhar e ela
parece entender que eu não entendi. — Certo, deixe-me ser mais
clara, fazemos sexo apenas para satisfazer o nosso cio, sim, cio
como os cães. Chamamos de tempo de calor, são três meses de
desejos intensos onde nos satisfazemos com o nosso parceiro
escolhido para aquele momento, e então no último dia de cio, nosso
corpo se enche de desejo por 24hs ininterruptas.
— Caralho! — Levo minhas mãos à boca pelo palavrão que
soltei.
— Intenso, eu sei. Nós vivemos bem assim, quando o cio
passa, vivemos uma vida normal, não desejamos sexo até que o
próximo cio se aproxime.
— Sério? E a química? Não existe encontros casuais? — Sou
curiosa, e apesar de nunca ter feito sexo com ninguém, já tive
atração por alguns homens, mas minha vida era uma bagunça e só
me entregaria a quem de fato valesse a pena.
— Sério, sem química e sem encontros casuais, a pessoa que
passa o cio conosco segue sua vida e nós também, sem
compromisso, apenas necessidades, e viveríamos assim pelos
séculos sem que isso nos afetasse a ponto de machucar.
— Não entendi.
— Quando encontramos nosso companheiro, toda essa coisa
descompromissada e necessária se transforma em algo visceral, não
vivemos mais por nós mesmos, pertencemos ao nosso companheiro,
mataríamos ou morreríamos tentando para apenas mantê-lo
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protegido. — Ela coloca a sua caneca sobre a mesa e se aproxima
de mim. — Talvez meu filho tenha te assustado com frases violentas
e muito possessivas, é o nosso instinto de proteger, mas Lannur ou
qualquer um de nós jamais machucaríamos nossos companheiros.
Quando finalmente um férnus encontra sua outra metade a vida que
apenas passava, começa a fazer sentido, deixamos de sobreviver e
passamos a existir, o cheiro de nosso companheiro nos acalma e nos
torna intensos demais, confie em mim, até mesmo para nós é
exagerado. — Ela sorri me levando a sorrir.
— Eu sinto coisas quando estou próxima dele, mas existem
muitos empecilhos. — Penso que não conseguiria me permitir ser
tocada por alguém como eles.
— Eu entendo você, querida, é complicado se relacionar com
uma espécie tão distinta, mas confie em mim, a Deusa Lua nunca
erra. Se ela te deu o meu filhote e deu você a ele, é porque jamais
encontrará um amor tão puro e verdadeiro quanto o dele.
— Não quero isso para minha vida, eu não sei se conseguiria,
entende?
Posso ver a dor em sua expressão, ela está sentindo pelo seu
filho.
— Sim, eu entendo, mas deixe-me terminar. — Sua mão alisa
a minha. — Companheiros são para sempre, Lannur não conseguirá
se aproximar de nenhuma outra fêmea agora que já conhece o seu
cheiro. — Essa informação me pega desprevenida. — Nós nunca
mentimos, nem mesmo para protegerquem amamos, é algo de
nossa espécie, podemos omitir, mas mentir jamais. Você tem a sua
escolha, e pode ir embora e não sentir nada, já que a ligação de
vocês não foi concretizada, mas Lannur sofrerá como se seu corpo
estivesse sendo triturado e depois reconstruído para ser novamente
destroçado, ele não conseguirá seguir em frente como os humanos
fazem, isso o destruirá, porém se disser que ir embora é o que você
deseja, ele jamais irá te prender aqui.
— Não quero fazê-lo sofrer, mas não quero ter ele como
companheiro. — Dizer isso tem gosto amargo e não sei por que me
sinto tão triste, mas não conseguiria, não mesmo.
— Eu te entendo, como mãe sinto a dor do meu filhote, mas
como fêmea não posso deixar de dar importância às suas vontades,
se quando estiver melhor realmente desejar partir, ninguém irá te
impedir — fala com um sorriso terno. — Já terminou seu café?
— Sim — informo e a vejo retirar a bandeja.
— Agora vamos, precisamos cuidar dos seus ferimentos.
Ela me pega nos braços como se não pesasse nada, assim
que tiro minhas roupas, ela retira todos os meus curativos, com
cuidado sou lavada após fazer um coque alto para não molhar os
cabelos.
— Muito bonita essa sua mecha branca — fala me ajudando
no banho.
— Se chama piebaldismo[1], é genético e a minha mãe tinha,
pelo que soube herdei dela. — Toco a testa onde uma pequena faixa
triangular se inicia indo até onde tenho a mecha de fios
completamente brancos.
— Combina com você, a deixa ainda mais bonita.
Após algum tempo, estou completamente vestida e com os
curativos refeitos, a sensação de ter alguém que me olha e me
enxerga é tão bom que me deixa imensamente feliz.
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08
É noite quando retornamos para a cabana, passamos todo o
dia sem dizer nada sobre a minha destinada, mas sabia que no
momento oportuno ele não deixaria de falar.
— Posso sentir a sua dor. — Meu peito se aperta apenas com
essas palavras.
— Não é o que esperava, não o fato de ela ser humana, mas
o de ela preferir a morte a mim. — Um lamento me escapa. — Foi
como lanças atravessando meu corpo, pai.
— Deixe a vida seguir seu curso, Lannur, nunca vi uma
companheira dar as costas ao seu companheiro.
— Ela não me enxerga assim.
— Você a prenderia contra a sua vontade? — Sua pergunta é
uma ofensa, ele sabe que nós férnus fazemos todas as vontades de
nossas companheiras, ainda que seja se afastar de nós.
— Nunca! — rosno, porque pior que ser rejeitado é ser
odiado.
Não dizemos mais nada, chegamos até a cabana com o cervo
que abatemos e logo nos colocamos em nossas cascas, passamos a
madrugada cuidando da carne e limpando o couro, o dia está
amanhecendo quando finalizamos tudo.
Os dias foram passando e a cada um deles Marty estava
melhor, ela conversava muito com a minha mãe e pareciam amigas
de longa data, estar no mesmo ambiente que ela sentindo seu
cheiro e ouvindo suas histórias enquanto ela sorria era o suficiente
para mim. Não nos colocamos em forma férnus para não a assustar
mais, esse foi um pedido da minha mãe, ainda que meu férnus não
desejasse obedecer, ela é mais velha e jamais irei contra a sua
ordem.
— Mãe, onde o papai foi? — pergunto ao me aproximar da
sala.
— Ele já deve estar voltando, querido. — Sua voz suave
contém algo que não consigo entender.
— Marty — a chamo pelo nome, ela parece sempre
incomodada quando me aproximo ou a chamo de pequena.
— Sim.
— O café está pronto.
Acenando com a cabeça ela olha para minha mãe que se
levanta fazendo com que ela a siga. Sabe a dor? Ela dói. A minha
destinada não me olha, não me dirige a palavra sem que eu faça
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antes, e ainda que seu corpo deseje aproximação, ela não se
aproxima. Existem coisas mais profundas que apenas o medo da
minha espécie, ou sua determinação em morrer a me ter, tenha
crescido conforme ela foi melhorando.
O café se passa, ambas continuam conversando, Marty nunca
fica sozinha comigo no mesmo cômodo, e ainda que meus dedos
cocem para tocar e me aproximar, respeito a sua vontade.
É final de tarde quando ouço o barulho de uma caminhonete
se aproximando, e então o entendimento me toma e meu coração
sangra. Caminho pelo lado de fora seguindo até a entrada da cabana
e quando meu pai me vê aquele olhar está lá. Ela vai embora.
Com o coração batendo nos ouvidos entro na cabana e minha
mãe se levanta com Marty.
— Tem certeza disso, querida?
Minha respiração falha quando minha mãe a questiona, por
algum motivo acredito que ela possa se negar a ir, mas a facada em
meu peito acontece.
— Sim, obrigada por tudo que fizeram por mim, mas preciso
voltar à minha vida.
— Quando me contaria? — Ela se assusta quando ouve
minhas palavras.
— No fundo você sabia.
— Sim, mas no fundo eu ainda tinha esperança de que fosse
o suficiente, depois que o susto inicial passasse.
Marty olha para o chão e minha mãe me olha com dor no
olhar.
— Haylla e Runnak, obrigada por tudo que fizeram por mim
nestes dias, tive mais neste tempo do que em toda a minha vida. —
Sinto que posso sufocar, ela os abraça se despedindo deles, então se
volta a mim.
Caminhando lentamente até onde me encontro, não ouso me
mexer para que não se assuste e corra, a dor lancinante que sinto
me paralisa.
— Lannur, obrigada por salvar a minha vida, você não
precisava fazer, mas fez, serei eternamente grata a tudo que fez por
mim. — Ficamos nos olhando e seu coração está rápido.
— É isso que deseja? Deseja ir sem nunca mais olhar para
trás? Deseja que eu te deixe ir? — Minha voz está rouca e baixa,
minha garganta queima e meus olhos ardem, mas não ouso piscar,
ela pode sumir neste momento.
— Sim. — Me falta ar, e o resquício de esperança que ainda
existia evapora. — Espero que encontre alguém que possa lhe dar o
que eu não sou capaz.
— Não existirá essa pessoa. — Com o maxilar travado ainda
consigo responder.
Sem ter condições de continuar na sua frente e ainda que
deseje jogá-la nos ombros e forçá-la a ficar, apenas saio aceitando
sua vontade, virando-me em direção à saída e sem esperar que me
afaste, pulo nas patas rugindo a minha dor enquanto me afasto dali.
Corro como se meu sangue fosse congelar nas veias, corro
como se minha vida dependesse de movimento, e nada mais fosse
suficiente além de apenas me movimentar. É como estar na água e
se não nadar a gente afunda, mas mesmo nadando me sinto
afundar, afogar e morrer.
— GRRRRRRR!!!! — Assim que chego à colina mais alta que
encontro liberto a minha dor para o universo, que ele a receba e
quem sabe assim os Deuses entendam que não acertaram, não
desta vez.
Necessitando me manter em movimento, começo a fazer
minha ronda de fronteira, não paro em momento algum, não me
importo com água ou comida, desejo apenas percorrer a linha de
magia e manter longe de todos os perigos que rondam nosso clã e
nossas terras. E em um momento que não sei bem ao certo quando
é a encontro, exatamente como sempre disseram que ela seria,
alguém que jamais erra e que nos criou e nos protege o tempo todo.
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A Deusa Lua
— O quão distante ficará? — Seus cabelos brancos e
brilhantes se movem ao vento.
— O mais distante que conseguir. — Minha voz contém a dor
e o lamento de um macho rejeitado.
— Filhote, é bom em dar conselhos e péssimo em segui-los.
— Sorri de canto.
— Do que está falando? — arfo, emburrado.
— Não é como se alguém que jamais viu algo parecido como
você fosse pular em seus braços sem relutar.
— As humanas que conheço não desejaram a morte a
permanecer com seus companheiros — rebato, inconformado.
— Nenhuma delas passou por nada parecido do que Marty
passou, o que ela te revelou foi superficial, apenas o início das
águas turbulentas.
— Não entendo.
— A mente dela é seu maior inimigo, Lannur, ela aprendeu a
sobreviver e evita o desconhecido, faz o mesmo caminho desde que
aprendeu a se virar, nunca desvia a rota, e sente medo todo o
tempo.
— Não poderia forçar a minha presença.
— Não estou pedindo isso, apenas quenão a deixe sozinha,
sabe bem dos perigos que ela corre, ela será caçada pelos amigos
daqueles que matou.
Essa informação não me pega desprevenido, mas eu estava
furioso demais para recordar.
— Posso protegê-la até o inverno, depois disso irei para bem
longe.
— Acredita mesmo que eu errei na minha escolha?
— Talvez ela seja mais forte do que os desejos que sente.
— Sim, ela é, afinal reprimiu todos os seus desejos e
vontades apenas para sobreviver, ela não faz o que quer, Lannur,
nunca fez, Marty foi condicionada a fazer o que precisa, não o que
deseja.
— Como será se nós acasalarmos? — Tenho meus
questionamentos e a Deusa sorri.
— Seus cuidados e preocupações com a sua companheira são
puros, Lannur, mas Marty foi moldada por mim exatamente para
receber você, quando estiverem acasalando vai entender, a
adaptação não causará dano algum, o encaixe pode ser apertado,
mas não será impossível, nem irá machucá-la. Conhece bem sobre
os humanos, foi um dos precursores que ajudou o seu clã a se
adaptar, seu DNA mudará o dela, ela irá se curar mais rápido, não
envelhecerá e viverá ao seu lado até que repousem juntos na casa
das almas.
— Sinto medo, sua rejeição ainda queima como ferro quente.
— Meu filhote, sua destinada jamais conheceu a felicidade,
ela irá descobrir isso ao seu lado, não vou acelerar o processo de
vocês, temos tempo para que se aproximem, mas fique atento a ela,
os perigos rondam sua vida e apenas você poderá salvá-la. — Suas
informações são gravadas em minha mente. — Existe muito mais
nela, dores profundas, Lannur, nenhum outro macho seria capaz de
curá-la além de você.
A encaro e sinto meu coração bater forte no peito, a dor dá
lugar a necessidade de dar à minha destinada aquilo que ela
merece.
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09
O que será que eu esperava? Que Lannur rugisse na minha
cara e me amarrasse ao pé da cama? Sim, era isso que eu queria,
alguém que lutasse por mim contra mim mesma. Mas ele não é
assim, simplesmente me deu espaço e respeitou minha decisão.
Foram tantos anos de solidão que acabei não me
surpreendendo com sua atitude, mas no fundo, bem lá no fundo, eu
só estava com muito medo. Entendi em poucos dias com a família
Lennox o que é união, amor, cuidado e respeito, e isso foi muito
mais do que tive em toda a minha vida, os levarei por toda a
eternidade. Toco meus cabelos que Haylla trançou deixando uma de
cada lado e entendo que será a primeira e última vez que teria isso.
— O que está pensando, querida? — Runnak me tira dos
meus pensamentos.
— O quão bom foi ter conhecido vocês esses dias. — O olho e
ele sorri. — Foi a primeira vez que tive tanto cuidado.
— Pode ter isso para sempre.
— Talvez eu tenha deixado passar.
— Nunca será tarde, Marty, os férnus amam apenas uma vez
e quando isso acontece é para sempre.
Apenas sorrio e me recordo do olhar que Lannur me deu
antes de me dar as costas, talvez Runnak esteja errado e eu tenha
estragado tudo para sempre.
É final da tarde quando ele estaciona na frente da minha
casa, como imaginado, nada de diferente, existem resquícios de que
algo aconteceu, mas a polícia nunca se importa com pessoas que
moram no subúrbio, vou precisar ir atrás de algumas coisas, mas
apenas isso.
— Marty. — Viro-me antes de descer. — Pegue, tem nossos
números aí caso precise, não está sozinha no mundo, querida.
Eu me jogo em seus braços e o abraço, sinto que me recebe
com carinho e beija minha cabeça, fazendo com que segure com
toda força que tenho as lágrimas.
— Não está sozinha no mundo, não se esqueça jamais disso.
— Obrigada!
Desço sem encará-lo, não conseguiria ser forte se olhasse,
com o coração batendo acelerado, subo correndo as escadas e abro
a porta. Tudo está bagunçado como estava dias antes, sigo com
medo até a cozinha e não existe vestígio de sangue, apenas um
cheiro forte de alvejante que arde meu nariz e está todo
concentrado neste cômodo.
Pego minha bolsa que está jogada e minhas roupas que estão
no mesmo lugar e começo então a limpar tudo, sem em nenhum
minuto deixar de me recordar do que aconteceu naquela noite fria e
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chuvosa. Quando meu corpo toca a cama dura de um quarto vazio,
apenas com caixas das poucas roupas que tenho, eu apago após
chorar até a exaustão.
Uma semana se passou, ninguém questionou onde estava,
nenhum vizinho apareceu, e no trabalho eles nem notaram a minha
falta, foi como se eu tivesse saído ontem e voltado no dia seguinte,
sou insignificante, não faria falta a ninguém e pude comprovar isso.
Trabalhei todos os dias, até mesmo meu pagamento semanal
não veio descontos e a semana que não trabalhei recebi
normalmente. Voltei como sempre pelo mesmo caminho, todas as
vezes que tocava a maçaneta da porta era lançada naquela noite, e
eu sei que nada pode ser pior do que sentir ainda mais medo.
Agora estou saindo do mercadinho que sempre compro
enlatados para levar para casa, existe algum movimento na rua, não
estou dobrando turnos, ainda não me sinto pronta para andar nas
ruas vazias de Dawson City. Tenho a sensação de que estou sendo
observada e por vezes olho para todos os lados, mas as pessoas
passam seguindo suas vidas, e com toda certeza, como sempre foi,
ninguém se importa comigo.
Com o passar dos dias uma tristeza ainda maior do que a que
sempre sentia inunda minha vida, não tenho com quem conversar,
não consigo evoluir a minha vida, e me recordo das poucas
conversas que tive com Lannur. Seus olhos lilás rondam minhas
noites e sempre que me lembro dele meu coração bate acelerado.
Por vezes me pego com o telefone na mão para entrar em contato,
mas nunca tenho coragem para seguir adiante, seu olhar de dor e
decepção não desaparece da minha cabeça.
Meus sonhos conseguem ser ainda mais reais, por noites
parece que estamos na mesma cama, com suas mãos alisando meus
cabelos enquanto ele sussurra que sempre irá cuidar de mim,
mesmo comigo longe.
Hoje é uma das noites em que me encontro muito cansada,
como se todo meu corpo tivesse sido destruído ou moído em um
grande moedor. Estou com fome, mas ainda estou sem dinheiro e os
enlatados acabaram, eu preciso esperar até amanhã.
Sinto meu corpo esfriar, estou sem o gás para o aquecedor,
então junto as quatro cobertas que tenho e me cubro com elas após
beber um copo de água quente com achocolatado, pois era tudo que
eu tinha. Fecho meus olhos e desejo que o dia amanheça para que
chegue logo ao trabalho e consiga me aquecer por lá.
— Venha aqui, pequena. — Como nos outros dias estou
sonhando, e como sempre um sonho bom com ele.
Meu corpo é colocado sobre o seu, ele é quente e macio,
nunca na minha vida dormi sobre algo tão confortável, dedos
acariciam minha cabeça e eu apenas permito sentir a melhor
sensação de todo o mundo, me sinto protegida, cuidada e amada.
Espero que quando o amanhã chegar eu crie coragem para entrar
em contato com os Lennox, estou tão cansada de lutar sozinha, de
viver sozinha, eu não suporto mais, por vezes desejo dormir e
jamais acordar, para quem sabe assim tudo isso desapareça.
— Ainda que não me queira, não consigo não te querer,
pequena joia, viverei minha vida assim, sendo seu guardião, ainda
que apenas enquanto dorme.
— Por favor, não desista de mim. — Sentindo uma dor em
meu coração por imaginar que ele algum dia sumiria até mesmo dos
meus sonhos, eu imploro.
— Isso não é possível, pequena, você e eu somos para
sempre e pelos séculos.
Enfiando minhas mãos em seus pelos, tudo desaparece, até
mesmo o sonho, menos a sensação de estar protegida.
Abro meus olhos e estou quente e com o corpo relaxado, a
constatação de que mais uma vez sonhei com ele cuidando de mim
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aperta meu peito, eu preciso me levantar. Faço isso correndo e
pulando para esquentar o sangue, sinto meu estômago roncar, mas
só vou conseguir comer à noite, quando receber o pagamento, não
como no trabalho, já que na fábrica cada refeição é descontada do
nosso salário e no meu caso se eu comer por lá nãoconsigo me
manter aqui fora. Após um banho congelante, visto minhas roupas
mais quentes e vou até a cozinha para beber água quente com
achocolatado que está no final, e então enganar meu estômago.
Logo que atravesso a porta tem café quente em um copo
descartável e um saco fechado. Assim que o abro tem panquecas
com mel. Sento-me para comer olhando tudo em volta e não parece
ter nada aberto, quando pego o copo está escrito nele.
“Bom dia, pequena.”
Meu coração acelera de uma forma que não consigo parar de
rir.
Talvez eu não tenha estragado tudo afinal.
10
Estava sendo impossível me manter longe de Marty, todas as
noites desde que voltou eu tenho dormido com ela, colocando raiz
do sono assim que constato que está entrando no sono profundo,
que permite que eu a movimente e a coloque para se aquecer sobre
mim. Tudo que estava fazendo era mantendo-me perto, saía antes
dela acordar e chegava após estar dormindo. Durante o dia a seguia
de longe até a fábrica e então ia para a cabana, ao final do seu
turno estava lá, acompanhando-a até sua casa.
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Ver que a minha companheira está se alimentando mal, com
escassez de tudo, me dá vontade de jogá-la nos ombros e levá-la
dali, mas eu não posso ouvir outra vez que a morte é melhor que
eu. Então me contento com isso por ora.
Quando estiver no calor, colocarei um férnus jovem para
cuidar dela para mim até que toda a loucura passe. Saber que Marty
não tem mantimentos estava me consumindo, então foi impossível
não ir até a padaria e lhe comprar um café da manhã. Não deixaria
minha companheira com fome, já vinha notando com o passar dos
dias que seu peso vem diminuindo e mesmo sendo consumido pela
dor e pela culpa, ainda não estava querendo me intrometer, não com
ela desejando permanecer longe. Sei que quando ela precisar vai
entrar em contato, eu a vejo encarar o aparelho que meu pai lhe
deu por alguns minutos sempre, sinto em meu coração que logo ela
dará o primeiro passo.
Agora, parado, observando enquanto entra na fábrica,
percebo que procura por algo, mas estou escondido como sempre.
Meu telefone toca e só atendo quando ela adentra os portões que a
deixam segura.
— Sim.
— Precisaremos de você. — A voz de Black faz com que feche
meus olhos.
— Preciso de férias.
— O que você está falando, Lannur? — seu questionamento
me faz ter raiva.
— Férias, Black.
— Por que anda tão sumido? O que está acontecendo? —
Respiro fundo fechando meus olhos, não sei como falar que
encontrei minha destinada e que ela me repudiou.
— Cuidando de algo para a Deusa Lua. — Não revelo, mas
também não minto.
— Não me diga que encontrou uma companheira humana. —
Puta merda!
— Por acaso eu disse isso?
— Não disse, mas com certeza esse é o motivo. — Não deixa
que o rebata e segue falando. — Traga-a para a proteção do círculo
de magia, nós cuidaremos dela aqui.
— Ela não me quer. — Travo meu maxilar ao revelar algo tão
vergonhoso.
— Elas nunca querem, Lannur, confie em mim, eu sei bem
que não, mas isso não vai impedir de a escolha da Deusa acontecer.
Se revele a ela e imponha sua dominância.
— É pior do que possa imaginar.
— Lannur, o que é pior que conhecer um férnus?
— Ela sofreu violência sua vida inteira, essa forma de
abordagem a afastou de mim, ela disse que preferia morrer a me
ter. — A dor que sinto ao revelar isso é a mesma que senti ao ouvir
suas palavras. — Não consigo me manter longe, mesmo fazendo o
que me pediu, não sei como será o inverno.
— Mate o desgraçado! Melhor, acompanhe seus passos, nós
vamos emboscá-lo.
— Ele já está morto.
— Isso é positivo, então por que existe algo a mais na sua
voz?
— Porque antes de morrer ele a vendeu, e eu não matei
todos os homens na noite em que a conheci, sei que algo pode
acontecer a qualquer momento.
— Desprezível dos infernos! Quem vende a própria filha? — O
rugido de fúria que ele dá espantaria qualquer férnus em
quilômetros.
Fico em silêncio porque a minha vontade era de eu ter
eliminado o imundo com as minhas garras enfiadas em seu peito.
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— Confie na Deusa, Lannur. — Sua voz me tira dos meus
pensamentos assassinos. — Se ela te deu uma companheira assim,
é porque apenas você consegue cuidar e proteger como ela precisa.
— Um som lamuriante escapa da minha garganta, algo com dor e
lamento.
— É isso que me mantém são, Black. — Olho para o céu azul
puxando o ar para os meus pulmões. — Mas me diga, o que preciso
fazer, preciso estar com ela às 18hs.
— Dois patrulheiros viram exilados correndo mais ao sul,
próximos à torre sagrada, apesar de sabermos que eles não
conseguiriam invadir o lugar, lá é uma das entradas para nosso clã,
então preciso de homens experientes.
— Seguirei até lá, envie os férnus de fronteira, quanto mais
de nós, mais terreno conseguimos cobrir.
— Uma hora?
— Sim. — Encerro a ligação.
Adentro um pouco mais a mata que fica próxima à fábrica
onde a minha destinada trabalha e começo a tirar minha roupa,
ficando completamente nu, dobro tudo e escondo, preciso delas para
quando voltar acompanhá-la até a sua casa.
Com tudo pronto, pulo sobre as patas me livrando da casca e
começo a correr, a sensação de liberdade me domina e nada se
compara a isso, sou um férnus com uma companheira apesar da
situação atual, mas vejam só, eu esperei isso por 500 anos, algum
tempo a mais não será nada demais.
Correndo por dentro da mata para evitar os locais abertos,
mantenho minha atenção aos sons, já que os exilados podem estar
cobertos de magia antiga e isso elimina o seu cheiro. Os animais se
alvoroçam enquanto passo e algumas aves voam para longe ao me
aproximar, mas apenas sorrio ao me lembrar do seu corpo pequeno
sobre mim, do seu sorriso surpreso ao ver o café que eu lhe trouxe,
do seu cheiro que cobre meu corpo e... Droga! Me recordo disso,
antes que chegue ao meu destino preciso me enfiar na água para
retirá-lo de mim, mesmo que a contragosto. A Deusa Lua não me
pediu para escondê-la, mas ela ainda não está comigo como de fato
deveria ser, então acho melhor protegê-la.
Por quase cinquenta minutos elimino todo e qualquer
pensamento onde minha Marty está longe de mim, sigo idealizando
nosso futuro juntos e como devo me portar ao estar com ela,
precisarei refrear meu férnus e suas palavras cruéis para que ela não
me tema, para que não me ligue à violência apenas à proteção, uma
da qual devotarei a minha vida pelos séculos.
Assim que vejo a água me enfio sobre ela, aproximando-me
da pequena cachoeira para que a queda d’água retire com mais
rapidez o cheiro dela de mim, quando finalmente acredito que não
haja mais nenhum resquício da minha pequena, saio do rio me
sacudindo, expelindo toda a água existente em mim, dando-me por
satisfeito. Agora completamente seco, novamente volto a correr em
direção aos meus irmãos.
Assim que chego, temos cinquenta férnus me aguardando e
começamos a nos separar em blocos de 3 para atingirmos um
território maior.
— Acredita que eles podem ser peças das armadilhas
deixadas por Elfos sombrios? — Seu questionamento é válido, Fire
estava lá quando Jacob e Beylli foram atacados, ele fazia parte da
patrulha de buscas que estavam atrás de Jacob desaparecido por
todo o inverno. Foi neste mesmo período que encontramos a Beylli e
o pior aconteceu.
— Não sabemos, mas se eles estão xeretando por aqui, boa
coisa não deve ser.
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— Ando com um pouco de sede de sangue desde o momento
em que o pior aconteceu, não quero que mais nenhum irmão perca
algo — Konnany fala e posso sentir o amargor do seu ódio na minha
língua.
— Ainda não nos esquecemos do ataque daqueles malditos
caçadores. — Nirvian é outro que ainda não aceitou aquele terrível
ataque.
Continuamos patrulhando e farejando, seguindo as marcas
das patas, eles parecem ter rodado todo o entorno da torre sagrada,
só percebo que estou atrasado quando vejo o alaranjado do sol
quase cegar meus olhos.
— Droga!
— O que houve, Lannur? — Fire questiona.
— Nirvian, informea Black tudo que descobrimos aqui, diga
que entro em contato com ele mais tarde.
Começo a correr em direção à minha companheira, estou
muito longe, nem mesmo lhes dou tempo de questionar.
11
O dia havia sido exaustivo, meus pensamentos não
paravam de rodar no que Lannur fez pela manhã, gostaria de tê-lo
visto, de agradecê-lo pelo cuidado e por matar a minha fome. Como
todos os dias desde que comecei a trabalhar, saio da linha de
produção seguindo para os vestiários, todos conversam e sorriem,
mas nunca me aproximei o suficiente.
A segunda sirene de alerta acontece, informando que as
trocas de turno foram concluídas, prontos, começamos a nos dirigir
à saída, já está escuro e pela forma com que tempo parece ter
virado, será mais uma noite fria. Preciso correr até o escritório da
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companhia de gás para pagar as contas atrasadas, vai sobrar muito
pouco para a comida, mas conseguirei não morrer congelada.
Logo a multidão que estava aglomerada rumo à saída começa
a dispersar, e sigo o fluxo com os poucos que seguem na mesma
direção que eu, andando o mais rápido que consigo para chegar a
tempo ao meu destino. De forma involuntária procuro por Lannur
pelos cantos, deve ser ele quem vinha me observando de longe e
esse pensamento me faz sorrir. Faço o que preciso e sigo para minha
casa, algumas quadras antes vejo fumaça e luzes piscando como
sirenes, então entendo que é a polícia e os bombeiros.
— Não pode passar, senhorita. — Sou parada por um policial.
— Mas eu moro nesta quadra, o que houve.
— Uma explosão a gás, a casa pegou fogo e quase uma
tragédia maior aconteceu. — Meu corpo relaxa, pois sei que na
minha casa não tinha gás, mas essa informação me deixa inquieta,
já que até que tudo se estabeleça a companhia de gás irá mantê-lo
fechado e o frio vai ser intenso esta noite.
— Preciso ir para minha casa.
— A rua será liberada em algumas horas.
Vejo que existem outros moradores na mesma situação que
eu, eles me olham, mas não dizem nada. Sento-me no canto da
calçada esperando que tudo acabe, me encolho abraçando minhas
pernas com um dos meus braços quando decido enviar uma
mensagem para Haylla.
Olho para o que escrevi e envio, fecho meus olhos
repousando minha testa nos joelhos, após cobrir minha cabeça com
o capuz, sua mensagem não demora nada e já acende a tela do
meu telefone, que só pode enviar mensagens porque eles pagam
um plano pela linha.
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Não dizemos mais nada, o cansaço do dia de trabalho cobra
seu preço e sinto a dor percorrer o meu corpo, o tempo vai
passando e as pessoas dispersando, quando ergo minha cabeça
percebo que cochilei.
Levanto-me seguindo em direção à minha casa, todos
começam a desaparecer, vejo a bagunça que se formou e a quatro
casas da minha existe uma completamente destruída. Entro sem
olhar para trás esperando que o gás volte e que possa tomar um
banho quente. Não demora até que o gás retorne e finalmente sigo
para o banho, por algum tempo permito que a água caia sobre
minha cabeça, esquecendo-me de que preciso sempre economizar,
mas não desta vez, não hoje. Toda minha vida eu sempre tive que
ser prudente, econômica e responsável, só hoje eu decido não
pensar no amanhã.
Lavo meus cabelos, com cuidado, e após finalizar o banho
mais demorado do qual me recordo, saio e seco meus cabelos que
estão longos demais, penso em aparar suas pontas eu mesma
amanhã.
Ajeito a cama com as cobertas que tenho, e com o cansaço
que sinto simplesmente apago.
Acordo com pancadas na parede e gritos ensurdecedores tão
próximos que faz todo meu corpo se arrepiar, desço da cama e abro
a porta e a visão do inferno em chamas me toma, a fumaça que
entra no meu quarto só não havia entrado ainda por conta dos
panos que deixo ali para afastar os insetos a fechando novamente
para me proteger. Sigo para a janela que parece emperrada e
começo a bater até que ouço alguém me chamar.
— Marty!
— Lannur?! — grito para o seu chamado que não sei de onde
vem. — No quarto!
— Afaste-se da janela!
Faço o que me pede, então um corpo enorme cai sobre a
cama, quebrando-a pela pancada.
— O que está acontecendo? — pergunto assustada e
encolhida no canto do quarto.
— Todo o quarteirão está em chamas, acabei de chegar aqui,
estava longe demais de você, pequena, me perdoe. — Ele se agacha
na minha frente segurando meu rosto com as duas mãos.
— Não quero morrer.
— Jamais permitiria. — A fumaça segue invadindo o quarto.
— Segure esse pano no rosto e feche os olhos, vou te pegar nos
braços e levá-la daqui, tudo bem? — concordo, respondendo baixo.
Ele me ergue nos braços e pula como se não pesasse nada e
com uma destreza impressionante, logo ele pula da janela para o
corredor e começa a correr comigo para longe dali. Os gritos das
pessoas são desesperados, a polícia e os bombeiros parecem estar
chegando. Fecho meus olhos por estarem ardendo enquanto ele
segue me levando para longe.
— Pronto, estamos seguros aqui. — Sou colocada no chão.
Não sei como saímos, daqui de onde estou seria
humanamente impossível.
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— Como entrou? — pergunto sentindo meu corpo inteiro
tremer.
— Vou colocá-la na caminhonete e vou te levar daqui. — Seu
olhar contém medo, uma preocupação que me deixa constrangida
tamanha intensidade de sentimentos.
Novamente sou pega nos braços, dessa vez sem um aviso
antes, ele dá a volta no carro abrindo a porta e me colocando no
banco. Muitos questionamentos acontecem enquanto circula o carro
e entra se sentando ao meu lado.
— Vou levá-la para casa — informa, ligando a caminhonete
que está distante, mas em uma posição privilegiada do inferno que
queima à nossa frente.
— Não tenho mais casa, Lannur, está queimando, olha —
aponto para frente.
— Você é minha companheira, Marty, tudo que tenho é nosso,
e eu vou entender se achar a morte melhor do que meu toque, mas
continuarei cuidando de você até a minha morte, mesmo que jamais
possa realmente me aproximar. — Meu coração murcha no peito
com suas palavras, eu posso sentir a sua dor e isso me deixa
arrasada, e sou a única culpada nisso tudo.
Ele não diz nada enquanto faz a volta e se direciona para a
rodovia.
— Desde que voltou tenho cuidado de você, não consegui me
manter distante, mas não quis forçar a minha presença, era apenas
o meu instinto protetor que me impelia a não me afastar muito —
diz olhando fixamente na estrada.
— Obrigada, pelo café — sussurro, porque ainda roda na
minha mente a forma com que ele se ofendeu com as minhas
palavras.
— Entenda algo, Marty, eu sempre cuidarei de você.
— Por quê? Ninguém nunca se importou, Lannur, todos esses
anos, são 19 anos sem que ninguém se importasse, eu sonho todos
os dias com o tiro que deram no rosto do meu pai, e eu não sinto
nada além de alívio. Eu sou um monstro por isso? — Nem mesmo
sei o motivo de contar isso a ele, mas sinto que posso falar sobre o
que desejar com ele que jamais irei encontrar julgamento em seus
olhos.
— Primeiro, não existe mais ninguém não se importa, eu me
importo, meus pais se importam, não está mais sozinha, nunca
mais, Marty. — Sua mão segura a minha e um calor insuportável
percorre meu corpo fazendo com que ele queime com ainda mais
intensidade. Estar perto dele sempre me causa isso. — Segundo,
você não é uma pessoa ruim por se sentir aliviada de ter se libertado
de um homem violento que ao invés de te proteger, te machucava.
Logo ele solta a minha mão como se o que fizesse fosse
errado, ficamos quietos por algum tempo, enquanto penso que se
Lannur não tivesse aparecido eu estaria morta agora.
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12
O alívio que senti ao chegar na sua casa e ela estar viva...
Quando vi o clarão e toda aquela fumaça eu soube que algo não
estava certo, foram quase cinco horas de corrida até Dawson City,
me enfiar no fogo por ela era é o mínimo que poderia fazer, não
existiria vida alguma se a perdesse.
Por um tempo ficamos em silêncio, ainda sintoreceio de
demonstrar o que sinto e ela me repudiar, ainda dói ao me lembrar
de suas palavras. Meu corpo implora pelo dela, meu coração parece
que vai parar assim que sinto seu cheiro, ainda não sei o que
aconteceu naquele lugar, mas irei descobrir depois, no momento
desejo aproveitar a oportunidade que a Deusa Lua nos deu.
— Conte-me um pouco sobre você, o que gosta de fazer, de
comer? — Decido dar o primeiro passo.
— Eu não prefiro a morte a ter você. — Sinto que meu
coração vai sair pela boca. — Eu estava com medo, em um lugar
diferente, recém-descoberto uma espécie que dizia que eu pertencia
a ela.
— Marty...
— É sério, Lannur, era assim que ele falava quando eu dizia
que não estava dando conta ou que iria embora, que eu o pertencia,
que ele me sustentou e me bancou e tinha chegado a hora de
retribuir. Então vinha as surras até que não houvesse nada em mim
que não estivesse marcado. — Aperto o volante com fúria jogando a
caminhonete no acostamento necessitando dela para não
enlouquecer.
— Diga, Marty, diga que posso te puxar para meus braços
apenas para me acalmar, e eu nem mesmo tenho um alvo — rosno
entre dentes sentindo a dor do que ela passou nas mãos dele
atravessar meu corpo como ferro quente.
Seus grandes olhos castanhos estão assustados e ela paralisa.
Ficamos nos olhando enquanto espero sua resposta e ela vem
apenas em um acenar de cabeça leve.
A puxo para meus braços colocando suas pernas abertas em
meu colo, abrindo um pouco do seu casaco para ter acesso ao seu
pescoço e então afundo meu nariz ali, me surpreendo ao sentir seus
braços envolta do meu pescoço, ela me abraça. Seu coração está
acelerado assim como o meu, me acalmando e precisando ser
aquele que é controlado, nos afasto devagar.
Ficamos nos olhando e me perco em seus olhos que me
chamam como um encantamento, lentamente seguro seu rosto,
alisando com meu polegar a sua bochecha, o sinal que tem na testa
que a leva a ter fios brancos a deixa ainda mais perfeita.
— Você é perfeita, pequena. — Ela tenta abaixar o rosto, mas
não permito. — Eu jamais mentiria para você.
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— Pensei nos seus olhos todos os dias em que estive longe.
— Sua voz é um sussurro docemente envergonhado.
— É, e o que você pensou?
— Em como eles me condenaram por ter ido.
— O que acha de esquecermos isso? Teremos muito tempo
para nos conhecer. — Sinto seu toque no meu rosto e seus dedos
me fazem fechar os olhos.
A vejo concordar com o que proponho assim que os abro.
— Está mais calmo? — pergunta sorrindo.
— Sim, seu cheiro sempre vai me acalmar, apenas ele, nada
além dele. — Colo nossas testas e fico assim um tempo, mas é tarde
e ainda temos pouco mais de uma hora de estrada.
Marty boceja e entendo que está com sono.
— Durma, querida, assim que chegarmos eu a pego nos
braços, está segura, Marty, nunca mais precisará sentir medo.
— Obrigada! — Ela puxa meu rosto para perto do seu e cola
nossos lábios.
É delicado e rápido, não aprofundo o beijo, os humanos
fazem isso, eu os venho estudando desde o momento em que
precisávamos evoluir como clã, ela logo se separa de mim e se senta
ao meu lado.
— Coloque sua cabeça na minha perna, temos um pouco de
chão para percorrer.
Sentindo que ela está relaxada, faz o que peço e ela se
encolhe no banco, me usando como travesseiro, pego a manta que
tenho no banco de trás e a cubro, neste momento sinto que o meu
férnus finalmente se acalma depois de dias furioso e incontido.
Estaciono na frente da minha cabana, e com cuidado desço
do carro sem acordá-la, fechando a porta devagar, dou a volta
abrindo a porta do passageiro e pelo espaço da caminhonete
consigo pegá-la sem que acorde.
Marty está mais leve, como já havia constatado antes, mas de
hoje em diante cuidarei dela e nunca mais a minha destinada ficará
sem alimento.
Entro na nossa cabana a levando para nossa cama,
lentamente coloco seu corpo no colchão, sua roupa está cheirando a
fumaça, gostaria de acordá-la para um banho, mas isso pode
esperar até amanhã. Lentamente retiro toda a sua roupa, deixando-
a completamente nua, não analiso seu corpo, não quero ser
invasivo, foco apenas em seu rosto, a visto com uma calcinha, uma
das poucas peças que a minha mãe comprou desde que conheceu
Marty e uma camisa branca minha que vai até seus joelhos, troco
suas meias por outras e então repouso seu corpo novamente na
cama e a cubro.
— Estarei sempre ao seu lado, pequena. — Beijo sua testa
após ouvir o barulho lá embaixo.
Acendo a lareira para aquecer ainda mais o lugar e então saio
fechando a porta lentamente, ao descer as escadas, vejo Jacob
sentado no sofá ao lado de Beylli, eles parecem bem depois de tudo
que lhes aconteceu.
— Viemos saber se precisam de algo — ele fala e agradeço
mentalmente pelo seu cuidado comigo.
— Está tudo bem — digo caminhando até a poltrona à frente
do sofá onde eles estão.
— Se precisar, posso ajudá-la a se adaptar.
Beylli é calma e seus grandes olhos quase dourados me
mostram o quanto suas palavras são reais.
— Acredito que ela vá precisar de pessoas que a ajudem a se
enturmar.
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— Com certeza seremos melhores amigas. — É a voz de
Emmy, não me surpreende que estejam aqui, já que os ouvi chegar
e reconheci o cheiro de Arow.
— Isso parece uma reunião — Arow fala sentando-se no chão
e colocando sua companheira em seu colo.
— Como sabiam? — sondo, porque já imagino tudo.
— Fire ficou preocupado, apesar de o clã ainda não saber de
nós, não quer dizer que eles não saibam, foram eles que salvaram a
Bey — Jacob informa e eu afirmo com a cabeça.
Ficamos nos olhando, algumas palavras não precisam ser
ditas, Emmy se levanta indo até a cozinha sendo observada por nós
e quando volta tem canecas nas mãos.
— Trouxe chocolate quente, e está batizado — ela fala
sorrindo e todos nós rimos juntos com ela.
Somos servidos e então decido contar aos meus irmãos sobre
o que eu sei dela, todos ficam revoltados e entendem seus motivos
e medos, eles sabem o quão difícil foi para mim me manter tão
longe, mas algo os alerta e então minhas desconfianças retornam.
— Não darei a nenhum deles a oportunidade de encontrá-la
— rosno apertando a caneca nas mãos a ponto de quebrá-la.
Imaginei que o desgraçado que a “comprou” desejaria tê-la
de volta, mas para que isso aconteça, ele precisará encarar alguns
férnus bem furiosos, e pela Deusa Lua, que isso não aconteça ou irei
derramar tanto sangue humano que demoraria dias para o solo
secar.
13
Sento-me na cama e existe dois pares de olhos sobre mim,
assustada, encolho-me sem entender quem são as duas garotas que
me observam como se eu fosse uma novidade e tanto.
— Não precisa temer, sou Beylli e esta é a Emmyllia — a ruiva
de grandes olhos quase dourados e óculos de aros finos e redondos,
informa.
— Sim, e seremos melhores amigas, confie em mim, somos
ótimas nisso, ainda falta uma de nós, a Anira, mas ela ainda não
sabe que nos relacionamos com alguns férnus, e apesar de ela ser a
mulher do líder de todo o clã não chegou o momento ainda —
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Emmyllia fala rápido e tento assimilar tanta informação em tão
pouco tempo. — Ah! E pode me chamar de Emmy.
— Sou a Marty. — Sorrio tentando relaxar.
— Viemos ajudá-la a se enturmar, Lannur nos contou tudo. —
Respiro fundo, porque acredito que até mesmo as coisas ruins ele
tenha contado.
— Eu fiquei apavorada quando ele me disse que o pertencia
— relato, envergonhada.
— Não precisa se envergonhar, não é como se nós duas
estivéssemos aceito tudo de bom grado, eu fugi como uma louca
dirigindo pela noite e quase fui atacada por um férnus malvado
furioso. — Rimos da forma com que Emmy fala.
— E eu, depois de acreditar que tudo que estava acontecendo
fosse um sonho, fiquei furiosa e mantive Jacob longe por uns dias,
mas é impossível nos afastar, ele me conquistou a cada segundo
depois disso, então me entreguei ao que sentia. — Beylli e Emmy
parecem tão apaixonadas que me faz ter esperanças.
— Viemospara um dia de meninas, e o Lannur disse que a
casa é nossa, então trouxemos produtinhos de beleza, iremos comer
coisas gostosas e depois relaxar. O que acha? — Emmy pergunta,
ficando em pé.
— Eu acho ótimo, nunca tive amigas, então pode ser que não
saiba me portar — aviso saindo da cama.
— Não se preocupe, eu sou ótima com amizades — responde
sorrindo.
— Confie em mim, Marty, ela e Anira são as melhores. — A
forma com que Beylli fala das duas me faz ter esperanças de que
minha vida sozinha e invisível enfim terminou.
— Antes de começarmos vamos comer, Lannur disse que você
precisa se alimentar antes de qualquer coisa — Emmy informa. —
Ah! Tem roupas para você no closet do lado das roupas dele, tem
roupas, roupas íntimas, calçados e produtos de higiene no banheiro.
Fico surpresa com o que falam.
— Ah, e estamos aqui para que nos diga o que gosta e o que
deseja, porque segundo ele, precisa comprar para você — Beylli
avisa e eu fico chocada. — Não precisa se surpreender, eles são
assim, completamente perfeitos. — Ganho um beijo na bochecha e
logo Emmy faz o mesmo.
— Te esperamos lá embaixo.
Enquanto elas saem caminhando na direção que apontaram,
eu fico perplexa. Quando ele fez isso? Em que momento? Não existe
uma quantidade exorbitante de roupas, mas é muito mais do que
tive em toda a minha vida, todas com etiqueta, é impossível não
chorar ao ver isso, sigo para o banheiro precisando
desesperadamente de um banho.
Algum tempo depois algo que demorou um pouco, já que
precisei lavar meus cabelos que cheiravam a fumaça, a memória do
susto que levei tenta me atingir, mas a forço para dentro.
Visto um moletom confortável e levinho usando pantufas de
gatinho que estavam no canto, após colocar meias, com os cabelos
finalizados e secos, sigo para a cozinha, seguindo o som dos sorrisos
das duas.
— Cheguei — informo.
— Venha, sente-se aqui — Bey pede, começando a me servir.
— Obrigada.
Começamos a comer e elas falam sobre tudo que aconteceu
com elas, acho incrível que são veterinárias, já havia achado o
máximo, cada uma me conta um pouco de suas vidas e a história da
Bey me faz chorar, mas não por muito tempo, já que Emmy odeia
momentos tristes, ela simplesmente consegue transformar qualquer
ambiente em uma festa, como se várias pessoas estivessem ali e é
apenas ela causando a sensação de estarmos envoltas em uma
multidão alegre e animada.
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Passamos a manhã fazendo skincare, comendo palitinhos de
cenoura e de tanto falarem de Anira, sinto que poderíamos ser tão
amigas quanto elas. Começamos a preparar o almoço, eu e Beylli, já
que segundo Emmy ela é uma negação na cozinha e é Arow que a
mantém alimentada e viva, e que o pouco que sabe aprendeu no
youtube.
Ao final, temos purê de batatas, filés de carne com molho e
legumes cozidos e salteados na manteiga.
— Viemos pelo cheiro. — A voz de um homem que
desconheço me faz virar, assustada.
Vejo dois homens enormes e desconhecidos, um deles tem
olhos verdes e cabelos curtos com fios que caem sobre eles, o verde
é tão intenso que parece impossível de existir algo dessa cor,
descubro que ele se chama Jacob e é o companheiro de Beylli. O
outro é tão bonito igual, com cabelos um pouco abaixo das orelhas,
e com olhos prateados como se fosse prata líquida, ele tem uma
cicatriz no supercílio e isso lhe dá um ar mais malvado. Arow é seu
nome e ele é o companheiro de Emmy.
Encarando Lannur, sinto meu corpo inteiro formigar, ele está
usando calças e camisa de mangas longas jeans, dobradas até os
cotovelos, seus longos cabelos pretos e lisos estão soltos, e seu
sorriso para mim acaba de destruir a minha calcinha. Seus olhos
estão quase roxos, eles mudaram de cor e isso me intriga, mas não
digo nada, sigo paralisada observando sua perfeição, ele é sem
dúvidas o mais bonito dos três, que são tão altos e musculosos
como ele.
— Como passou a manhã, pequena? — Ele se aproxima de
mim beijando minha testa.
— Acho que tenho duas melhores amigas — digo, surpresa.
— Na verdade, três, logo Ann se unirá a nós — Emmy fala e
ele sorri.
— Isso é perfeito, o que achou da sua manhã? — Suas mãos
estão em minha cintura e ele olha para baixo enquanto olho para
cima como uma boba apaixonada.
— Foi perfeita! — Não sei por que estamos sussurrando, mas
isso faz com que os outros sorriam de nós.
— Certo, nós já entendemos que estamos sobrando aqui, mas
só iremos embora depois do almoço — Arow fala e todos nós
sorrimos.
— Venha, vamos almoçar. — Ganho um beijo na minha testa
e sou direcionada à mesa.
Pela primeira vez na minha vida me sento à mesa com
pessoas dispostas a interagir comigo, que sorriem das minhas
tentativas de falar e que estão interessadas no que digo.
— Está tudo perfeito — Lannur fala olhando para mim.
— Eu concordo, Beylli e Marty são perfeitas na cozinha —
Emmy fala.
— E você, Emmy, o que fez? — Arow pergunta e seu tom é
de brincadeira.
— Eu dei apoio moral, acredita mesmo que sem o incentivo
certo esse almoço sairia a tempo?
Todos caímos na gargalhada de suas palavras e o que já
estava leve e confortável, agora parece completamente normal entre
nós. O olhar que Lannur me dá enquanto sorri faz meu corpo inteiro
ter a ciência de sua existência na minha vida e eu quero recebê-lo
para sempre.
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14
Precisava das meninas para quebrar o gelo e fazer com que o
medo da Marty não voltasse com toda força ao amanhecer, e
aquelas duas sabem bem como trabalhar em equipe, abriram uma
loja de roupas em Dawson City pelo poder de persuasão que têm,
fizeram todas as compras de roupas e calçados para minha pequena
e trouxeram aqui antes de ela acordar. Segundo Beylli, Emmy
convenceria um esquimó a comprar gelo dela no inverno mais
rigoroso do mundo e isso nos arrancou boas gargalhadas.
Ainda irei aprender mais sobre a minha companheira, mas
elas foram fundamentais para que Marty relaxasse. Quando ao final
do almoço nós cuidamos da limpeza da cozinha e todos foram
embora, nos trouxe para a sala, onde nos sentamos no tapete após
abastecer a lareira com mais lenha.
— Não sei como agradecer o que está fazendo por mim. —
Ela está sentada ao meu lado e estico minha mão para tocar seu
rosto.
— Não precisa agradecer. — Ela sorri com o meu toque e
coloca sua mão sobre a minha.
— Talvez eu não saiba como lidar com tantas mudanças. —
Existe um pouco de receio em sua voz.
— O que seu corpo sente quando está ao meu lado? — Chego
mais perto dela, estou deitado com as pernas cruzadas sobre a
outra.
Ajusto-me da melhor forma possível ao seu lado e sei que ela
sente a intensidade do que sinto. Marty me olha e engole seco.
— Sempre fico quente, meu corpo inteiro parece que vai
pegar fogo.
— Exatamente como me sinto, e quando estamos longe, tudo
que mais desejo é ficar por perto. — A vejo umedecer os lábios. —
O que deseja fazer, pequena? — Seu olhar vai da minha boca para
os meus olhos, eu sei o que ela quer.
Sento-me, encostando-me no sofá atrás de mim.
— Venha, sente-se sobre as minhas pernas.
Como se estivesse hipnotizada ela faz o que peço, sua bunda
repousando sobre o membro mole da minha casca enquanto meu
férnus ruge insano dentro de mim.
— Quer me beijar? — sondo.
Conversei muito com Jacob e Arow, aprendi algumas coisas
com eles sobre as fêmeas humanas.
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— Eu nunca beijei, quer dizer, ontem no carro foi a minha
primeira vez. — Seus olhos brilham e seus dedos seguem seus fios
cacheados e os coloco atrás da orelha.
— Então podemos aprender juntos, os férnus não beijam,
existem muitas coisas que não fazemos como os humanos fazem.
A inquietação também pesa sobre mim, deslizo meu polegar
em seu lábio e ela se arrepia, segurando seu rosto devagar começo
a nos aproximar, então ela fecha os olhos e faço o mesmo, sinto
quando o calor dos seus lábios toca os meus e por instinto enfio
minhas mãos em seus cabelos pela nuca e seguro. Devagar, ela abre
seus lábios me dando passagem e quando nossas línguas setocam
entendo o motivo de os humanos fazerem isso, é delicioso provar
seu gosto, o começo é complicado e desengonçado, mas com o
tempo entendemos a dinâmica da coisa. Suas mãos estão
espalmadas em meu peito e um grunhido escapa da minha garganta
fazendo-me vibrar.
Minha outra mão desce pelas suas costas e quando chego à
sua bunda, o desespero toma conta de mim, não posso ser feral
com ela, mas o desejo que tenho neste momento é de me libertar
dessa casca, beijar sua boceta que está molhada, já que sinto seu
cheiro daqui e me enterrar completamente nela, porém sigo me
controlando, usando toda a minha força para não a assustar.
Minhas mãos agora se enfiam por debaixo de sua blusa e
quando seus seios estão sob elas, Marty arfa, soltando nossos
lábios. Não solto seus seios, tocá-los é delicioso e então aperto seus
mamilos, ela joga sua cabeça levemente para trás.
— Quer continuar com isso? Posso parar quando quiser. —
Sigo circulando seus mamilos com meus polegares.
— Estou queimando, mas é tudo muito novo para mim.
Retiro imediatamente minhas mãos dos seus seios, deslizando
pela sua barriga para envolvê-la em meus braços.
— Não precisa fazer nada que não queira, sabemos que o
desejo dos companheiros é intenso, mas tudo acontecerá apenas
quando você desejar que seja — falo próximo ao seu ouvido.
— Obrigada.
Fico com ela, alisando suas costas, até que nossos corpos
relaxem, é impossível para meu férnus entender o passo que dou
para trás, mas Marty é preciosa demais para ter algo forçado, ainda
temos algum tempo até o calor, e até lá todas as coisas já terão sido
resolvidas entre nós.
— Sempre vou priorizar seu bem-estar e suas vontades,
minha pequena.
Beijo seus cabelos, inspirando seu cheiro doce, enquanto
tenho a certeza de que tudo irá acontecer quando for de fato o
momento de acontecer.
Marty acabou dormindo em meus braços e estamos até agora
aqui, sentados no chão com seu corpo quente aquecendo o meu.
Sinto meu telefone vibrar no bolso, em breve irá anoitecer e logo
teremos uma fogueira, gostaria muito de levá-la.
— Oi, mãe.
— Oi, meu filho. — Sua voz é sempre calma e me deixa feliz,
porque sei que ela está tranquila agora que Marty está comigo. —
Estou ligando para que venham jantar aqui em casa.
— Podemos ir sim, mãe, preciso apenas confirmar com Marty
e neste momento ela está dormindo.
— Entendo, querido, vou aguardar vocês, espero que decidam
vir.
— Eu aviso, mãe.
— Nem precisa, meu filho, se vierem apenas cheguem às
18hs.
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— Tudo bem, mãe. — Sorrio, porque existem poucas coisas
das quais minha mãe não abre mão, e uma delas é a pontualidade
das refeições.
Encerro a ligação deixando o telefone ao meu lado, com
carinho começo a alisar suas costas por dentro da blusa e sinto
quando ela muda sua respiração, começando a acordar.
— De volta do mundo dos sonhos, pequena? — falo e sinto
que sorri. — Minha mãe nos chamou para o jantar, o que acha?
— Que estou com muita saudade dela e do seu pai.
— Isso é um sim?
— Com certeza!
— Ótimo! Temos algumas horas e precisamos sair, já que a
fazenda onde moram é um pouco distante. — A cada vez que a
encaro ela parece estar mais linda.
Beijo seu nariz e num pulo nos colocamos em pé com ela nos
meus braços.
— Vamos nos trocar.
— Você é sempre assim?
— Como?
— Empolgado e intenso com tudo?
— Ah, minha pequena, você ainda não me viu sendo intenso.
— Lannur! — Gargalho da sua voz envergonhada e surpresa.
Eu nos levo até o nosso quarto e estou ansioso para a nossa
primeira noite dormindo juntos na nossa cama e na nossa casa.
15
Lannur aparenta estar mais relaxado ao meu lado, parece
que finalmente a felicidade decidiu olhar para mim e sorrir. É
impossível não sentir meu corpo acordado ao seu lado, o medo que
sempre senti parece desaparecer quando estou perto dele e aquele
sorriso é tão intenso que faz minhas pernas amolecerem, mas não
sou idiota, aquilo não é ele, e sua essência é quem tem me
conquistado ainda mais.
Termino de me arrumar e sigo para a sala, ele foi para o
outro quarto se arrumar para me dar privacidade, ainda que eu
desejasse que ele estivesse ali comigo, apenas não consegui
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verbalizar isso. Sento-me no sofá o aguardando e quando ele aponta
na escada, meu corpo inteiro sente. Como sempre ele usa calça
jeans que se modela em suas pernas grossas e camisa jeans com os
primeiros três botões abertos, seus cabelos pretos parecem mais
escuros e seu olhar contém algo que arrepia minha alma.
— Vamos. — Estende sua mão em minha direção e logo fico
em pé, atendendo prontamente o seu chamado.
Seguimos para o lado de fora onde a caminhonete nos
espera, ainda está claro e o dia está lindo. Lannur abre a porta para
que entre e me auxilia a subir, já que o carro foi com certeza feito
para pessoas do seu tamanho. Assim que entra me olha e me puxa
para um beijo que quase me derrete inteira.
— Temos quase uma hora até chegarmos lá. — Sorrio
animada.
— Conte-me mais sobre os férnus. — Minha curiosidade
cresce a cada momento em que passamos juntos.
— O que deseja saber?
— Tudo?
— Certo, vamos ver, os férnus são seres criados há muitos
anos pela Deusa Lua, somos metamorfos e vivemos entre os
humanos com essas cascas, é mais fácil passar despercebidos assim.
— Sorri.
— Impossível que passe despercebido — falo com toda
certeza do mundo. — Você é lindo demais para que as pessoas não
te notem.
— Você me acha bonito, pequena? — Seu sorriso de canto faz
meu coração acelerar.
— Muito, e nas duas formas. — Agora sua atenção parece
estar toda em mim. — Não se esqueça que está dirigindo.
Ele não diz nada, mas o ambiente dentro do carro muda para
algo ainda mais denso, ele limpa sua garganta e volta a falar.
— Quando encontramos nossas companheiras, nada mais
importa, nossos corpos queimam e só conseguimos ter um pouco de
paz sentindo o cheiro de nossas destinadas, somos seres
completamente territorialistas e dominantes, não gostamos do
cheiro de outro macho em nossas destinadas e ainda que seja um
abraço, isso arde nossos narizes e nos deixa irritados.
— Por isso, quando Jacob e Arow estavam conosco eles só
me cumprimentaram de longe?
— Sim. — Ele para por um tempo, e espero que continue,
mas fica em silêncio, até que decide quebrá-lo. — Dormi com você
todas as noites desde que foi embora. — Sua informação me pega
de surpresa.
— Como?
— Usava raiz do sono para que não acordasse, conseguimos
ser silenciosos quando estamos caçando, então foi fácil entrar em
sua casa. — Não digo nada. — Eu queria arrancá-la de lá, Marty, e
meu peito doía sempre que via tudo acontecer e não podia me
aproximar, já que havia me dito que era isso que queria. Mas as
coisas não funcionam como desejamos e como férnus a nossa
distância estava me matando.
— Desculpe, não sabia que estava lhe causando dor. — Saber
disso de certa forma me faz sentir culpa.
— Eu queria ter impedido que fosse, meu férnus rugiu para
que não a deixasse partir.
— E por que não o ouviu? — questiono. — Talvez essa fosse a
minha vontade também, que você me obrigasse a ficar, que se
importasse quando ninguém jamais havia se importado.
— Pequena, preciso que saiba de uma coisa, nós não
forçamos nada com nossas destinadas, se quiser algo, por favor, fale
com todas as letras, porque se me mandar pular de cabeça de uma
ponte eu farei, sempre suas vontades e desejos estarão acima das
minhas.
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Sua mão toca minha perna e eu coloco a minha por cima,
voltando a ficar em silêncio.
— Eu sempre desejei que alguém me salvasse, que alguém
conseguisse ler minha mente e visse o quanto estava sendo difícil.
— Uma lágrima escorre dos meus olhos. — Até que você surgiu e
realizou meu sonho de ser livre.
— Eu sempre te salvarei, pequena. — Lannur leva minha mão
aos seus lábios depositando ali um beijo suave e cheio de
significado.
Logo viramos em uma estrada e seguimos por entre as
árvores da floresta, o lugar é lindo e Lannur informaque a
propriedade dos seus pais começa ali.
— Parece que acabo de entrar em um filme de época, é
maravilhoso!
Encantada com tudo que passa por mim, só percebo que
chegamos quando ele estaciona o carro.
— Bem-vinda!
E a casa à nossa frente condiz com todo o ambiente até aqui,
parece que saiu daqueles filmes antigos e a forma com que tudo é
construído com certeza foi pensado minuciosamente. Lannur abre a
porta do carro para me ajudar a descer assim que ele sai. De mãos
dadas, seguimos até a casa e logo a porta se abre com Runnak
aparecendo, por instinto me jogo em seus braços e sou recebida de
forma carinhosa, ele foi a primeira figura paterna que tive.
— Minha filha, não sabe como estamos felizes que esteja de
volta, ninguém aguentava mais o mau humor de Lannur. — Sorrio e
vejo Lannur revirar os olhos.
— Ah, crianças, vocês chegaram. — Haylla aparece e faço o
mesmo com ela, abraçando-a como se houvesse anos que não nos
víssemos.
— Estava com saudades de vocês — aviso ao me afastar e
sentir meu corpo ser envolvido por um abraço por trás.
— O cheiro está maravilhoso, mãe. — Ele beija minha cabeça.
— Fiz uma receita antiga de família. — Ela pisca para Runnak
que a abraça. — Venham, chegaram na hora.
Seguimos até a cozinha e a mesa está arrumada e a comida
já está posta, apenas nos sentamos e começamos a nos servir, o
jantar é divertido e a sensação de finalmente pertencer a algo me
toma, enchendo meu peito de alegria e amor.
Com a mão de Lannur em minha perna, ouço todas as
histórias desde o momento do seu nascimento até sua adolescência
nada conturbada por ele ser um macho mais quieto.
— Você, quieto?
— Por quê?
— Parece tão autoconfiante, não faz o tipo que estaria no
clube dos tímidos.
— Alguns muitos anos de vida nos faz evoluir, pequena.
Todos rimos de suas palavras e a conversa vai avançando
noite adentro.
— Está na hora de irmos — Lannur fala ao se levantar do sofá
da sala onde estamos.
— Vai levá-la à fogueira? — Haylla pergunta e ele sorri.
Ergo-me ficando ao seu lado e sendo envolvida em seus
braços.
— Sim, gostaria que ela conhecesse um pouco sobre nossos
costumes, ainda que sejam relatados em forma de parábolas.
— Pegue. — Haylla tira um frasco com um conteúdo vermelho
do bolso e Lannur pega. — Sabe que precisa.
— Sei. — O encaro, preocupada. — Elixir, querida, não
podemos por enquanto carregar o cheiro do outro, com isso apenas
nós dois saberemos.
Após nos despedirmos dos seus pais, entramos no carro e
seguimos de volta à cidade, meu peito está cheio de amor e meu
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corpo ferve como uma fornalha, está cada segundo mais difícil me
conter, parece que a cada momento tudo que eu desejo é estar
agarrada com ele.
16
Tenho planos para essa noite, sinto que chegou o momento
de aprofundarmos nossa relação, preciso prepará-la para o calor,
não posso começar tudo quando o cio se iniciar, seria loucura demais
e eu poderia machucá-la, algo que não aceito de forma alguma.
— O que está acontecendo, Marty? — pergunto por que se
tornou insuportável ficar dentro da caminhonete com o cheiro que
emana dela.
— Nada, por quê?
— Pequena, seu cheiro se concentra de uma forma tão forte
que não consigo me conter por muito tempo. — Droga! Não posso
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levá-la à fogueira dessa forma.
— Estou com muito calor, meu corpo parece que vai entrar
em ebulição.
— Acho que preciso mudar os planos.
— Do que está falando?
— É impossível levá-la à fogueira neste estado, todos os
machos iriam enlouquecer com o seu cheiro.
— Ah, algo de errado comigo? — Seu questionamento a deixa
ainda mais linda e envergonhada.
— Pelo contrário, Marty, está tudo mais que perfeito com você
— informo. — Mas estamos há tempo suficiente negando algo
natural que precisa acontecer, somos destinados e nossos corpos
estão entrando em combustão apenas por nos mantermos longe.
— Isso está machucando você? — Seu tom assustado mostra
sua preocupação comigo.
— Eu aguentaria por dias, querida, qualquer coisa apenas
para esperá-la, mas parece que é seu corpo que não consegue mais
suportar. — Seguro sua mão, nosso toque nos acalma um pouco,
mas não suportará por muito mais tempo.
Sinto que posso não controlar o meu férnus, ele está no limite
há algum tempo e eu o tenho despistado com corridas incessantes e
desgastantes, mas não existe a mínima condição de controlá-lo por
mais tempo. A próxima hora nunca demorou tanto a passar, quando
estaciono a caminhonete em frente à nossa cabana, Marty abre a
porta em busca de ar.
— Está muito quente!
— Vou resfriar seu corpo, pequena. — Seguro sua mão
direcionando-nos à parte interna.
Ao abrirmos a porta ela suspira encantada com tudo que vê,
existem pétalas de rosas e velas por todos os lados.
Emmy e Beylli tiveram um trabalho aqui.
— O que é isso?
— Nossa primeira vez juntos não seria algo banal, quero que
seja inesquecível para você.
— Meu Deus, Lannur, isso é, não tenho palavras.
Ajoelho-me à sua frente como os humanos fazem, é a minha
oportunidade de pedi-la para ser minha companheira.
— Marty Murdok, aceita ser a minha companheira pelos
séculos? — Abro uma caixinha com um solitário e ela começa a
chorar. — Sei que ainda temos muitas coisas para entendermos, mas
creio que juntos podemos qualquer coisa que quisermos.
— Sim. — Ela se joga em meus braços e sinto meu coração
bater aliviado.
Coloco o anel em seu dedo e como imaginei, fica perfeito
nela. Ainda ajoelhado a puxo para um beijo intenso e todo o calor
parece voltar com ainda mais intensidade, logo estou em pé e
nossas roupas começam a desaparecer. Nus, me afasto dois passos
pulando sobre as patas libertando meu férnus, e meu membro está
tão duro que dói mantê-lo no prepúcio.
Com seu olhar sobre mim a pego nos braços e ela repousa
sua cabeça em meu peito, começo a caminhar com a minha
companheira até o nosso quarto e a vontade de urrar como o animal
que sou por ter conseguido o que muitos passam séculos buscando.
Eu tenho uma destinada.
No quarto, coloco seu corpo pequeno e cheio de curvas no
centro do colchão, cobrindo-o com o meu, com minha língua começo
a lamber sua pele quente e onde ela toca, Marty se arrepia. Com
cuidado e sem pressa alguma, seguro um dos seus seios começando
a passar minha língua em seu mamilo intumescido e os gemidos que
ela libera quase me faz derramar a minha semente apenas por ouvi-
lo.
Sugo com cuidado, mas cheio de desejo, alterno entre um e
outro, deixando-os sensíveis, e o grito que minha companheira solta
me informa que algo aconteceu.
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— Lannur! — Suas mãos puxam os pelos do meu peito.
— O que foi, querida?
— Isso que fez, fez minha boceta pulsar fazendo com que um
raio atravessasse meu corpo. — Seu coração está disparado, ela
acaba de chegar ao orgasmo.
— Você gozou, pequena.
— Então é assim? — Seus olhos estão curiosos e esperando
que responda.
— Sim, mas será ainda muito melhor quando estiver dentro
de você. — Ela morde o lábio inferior e rosno tamanho tesão que
sinto.
— Vou prepará-la um pouco mais, e logo estará gritando
sobre meu pau enquanto rebola de forma gostosa.
Sigo descendo minha língua pelo seu corpo, seu gosto é
delicioso e o único que quero sentir por toda a minha vida, quando
chego em seu sexo molhado e cheirando ao néctar dos deuses,
inspiro permitindo que cada célula animal existente em mim a
reconheça, enquanto abocanho suas carnes molhadas começando a
sugar seu pontinho duro. Marty grita e puxa os lençóis com as mãos,
implorando que não pare, e só o faço quando seu prazer é
derramado novamente.
Nossos corpos seguem queimando, meu pau não se mantém
dentro do prepúcio e verte o líquido que contém a minha semente
de forma abundante, tanto pela sua fenda, quanto por todos os
poros que tenho em toda a minha extensão.
Aprendi que as humanas têm um tipo de lacre, que
demonstra que ainda são virgens, como eles dizem, lembro-me de
ser cuidadoso porque sei que dói quando ele é rompido na primeira
relaçãoda fêmea. Volto a me posicionar entre suas pernas, após me
ajeitar sobre ela, cuidando para que meu peso não a pressione, mas
que nossos corpos se mantenham juntos.
Suas mãos vêm para o meu rosto, ela sorri quando a encaro
preocupado e desesperado na mesma intensidade. Ela me puxa para
um beijo, o primeiro de muitos em forma férnus, é intenso e
delicioso como é com a minha casca. Ela sente seu gosto em minha
língua e quando ela começa a gemer rebolando e com sua boceta
em busca de contato, me posiciono entre suas pernas e invisto
lentamente, mas de forma contínua. Um grunhido escapa de sua
garganta e ela morde minha língua, o seu cheiro de sangue se
mistura ao meu e então eu tenho ciência de que rompi sua barreira.
Fico parado ainda que meus instintos gritem para que volte a
me movimentar, eu sabia que ela se moldaria a mim, a Deusa Lua
não mudaria isso com a minha destinada, assim como moldou as
outras humanas, eu já havia sido informado. Quando Marty começa
a se movimentar tenho a certeza de que posso seguir com o que eu
desejo.
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17
Sentir Lannur dentro de mim parece mágico, o meu corpo
implora cada vez mais por ele, seus movimentos começam e volto a
nos beijar, é delicioso sentir sua língua na minha ainda que com meu
gosto nela. A cada arremetida que ele dá, sinto que esfrega um local
específico dentro de mim e como choques começo a atingir
orgasmos que não cessam, meus gritos podem ser ouvidos
enquanto seus rosnados aumentam.
Meu corpo está perdido em prazer e nada do que um dia eu
houvesse imaginado se compara com o que estou sentindo, ele cola
nossas testas, olhando com esse olhar que me consome em mais
um orgasmo e logo sinto longos jatos quentes me inundarem, o urro
de sua libertação me traz à borda novamente e me joga do
precipício em outro orgasmo que não imaginei ser mais capaz de ter.
— Perfeita! — Ele começa a distribuir beijos pelo meu ombro
e apenas consigo sorrir, feliz. — Vou me manter parado por um
pouco de tempo, estamos presos nos meus nós.
— Tem nós em seu pênis? — Arregalo meus olhos, surpresa
com a informação.
— Sim, dois, e ele nos travam no sexo até que eles
desinchem, o que acaba acontecendo em poucos minutos. — Beija
minha testa. — Prometo lhe mostrar depois.
Como ele falou, em pouco tempo sinto que ele escorrega para
fora de mim, Lannur se deita ao meu lado na cama, puxando-me
para perto e nos deixando de frente para o outro.
— Minha companheira. — Sua pata repousa sobre meu rosto.
— Eu sempre tentei imaginar como a minha enviada seria, mas
confie em mim, pequena, nada havia me preparado para tamanha
perfeição.
— Amo quando me diz coisas assim. — Acaricio seu rosto
também vendo seus olhos se fecharem.
— Preciso cuidar de você, alimentá-la.
— Não estou com fome. — Encosto meu nariz em seu focinho
gelado o vendo enrugar. — Não gosta?
— Sim, qualquer coisa que fizer comigo eu gosto, pequena.
— É que enrugou o focinho, acreditei que estivesse te
machucado ou fazendo algo que não gosta.
— Me pegou desprevenido. — Ele agora é quem encosta seu
focinho em meu nariz.
Chego ainda mais perto dele repousando minha cabeça em
seu peito, quando sou envolvida pelos seus braços em um casulo
protetor, seu calor envolve meu corpo e o cansaço me toma, então
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adormeço, sentindo sua respiração relaxada ecoar como uma canção
de ninar.
Sinto meu corpo completamente relaxado, como se eu tivesse
descansado por toda a minha vida e nada me afetasse, sorrio deste
pensamento, estou de conchinha com Lannur e o calor do seu corpo
me manteve aquecida por toda a noite. Devagar, me viro ficando de
frente para ele, e sorrio ao ver como parece descansado e sem
preocupações.
Analiso suas feições e mesmo que eu ame a sua casca com
sua forma indígena perfeita, esta me intriga e me torna alguém um
pouco mais possessiva por ele. A sensação de que pela primeira vez
na vida tenho algo me consome, e é tão poderosa que uma voz grita
internamente que não posso perdê-lo, enquanto outra diz que logo
deixarei de ser novidade e serei esquecida como sempre fui.
— Por favor, jamais me deixe. — Aliso seu rosto e seus olhos
se abrem.
— Vou prometer olhando em seus olhos, pequena. Eu, Lannur
Lennox, jamais, enquanto respirar irei me afastar de você. — Sorrio
chorando e tentando enviar para longe esse pensamento que tenta
me sabotar a todo momento.
Ele enfia seu focinho gelado em meu pescoço, me fazendo
sorrir enquanto inspira com força, fazendo-me sentir o arrepio que
me causa com o contato frio.
— Vamos tomar café, preciso cuidar de você.
Nua, eu saio da cama seguindo em direção ao banheiro para
tomar banho, quando o vejo começar a puxar os lençóis da cama,
— Deixe aí, logo eu troco, preciso apenas de um banho —
peço.
— Não custa nada fazer isso, pequena, vá tomar seu banho,
logo me junto a você.
Essa possibilidade arrepia meus pelos e me faz sorrir. É
impossível conter o gemido que solto quando a água quente entra
em contato com a minha pele, encostando minha testa no ladrilho
frio, permito que ela caia nas minhas costas e a sensação é tão
maravilhosa que quase me faz chorar.
— Um beijo pelos seus pensamentos. — A voz de Lannur
invade meus ouvidos e eu nem mesmo o escutei chegar.
— Não estava pensando em nada, príncipe. — Sinto seus
beijos tocarem minha pele e suas mãos fortes me seguram pela
cintura.
— Hum, então sou um príncipe? — Sou virada e seus olhos
lilases intensos me encaram, fazendo meu corpo inteiro tremer.
— Para mim, sim.
— Senhora Marty Lennox, fica difícil não te amar assim.
Suas mãos me suspendem fazendo com que envolva minhas
pernas em sua cintura, meu corpo é colado contra a parede fria e
arfo pelo contato quando ofegantes, paramos e começamos a nos
olhar.
— Preciso cuidar de você, estou caminhando em duas linhas
aqui, pequena, a de te alimentar e a de me alimentar de você.
— Ahhh! — Tensiono meu corpo quando sinto seu pau
encostando em minha boceta encharcada.
— Que tal começar pelo que podemos resolver agora?
— Eu sabia que você seria perfeita.
Numa arremetida está completamente dentro de mim, o
rosnado que liberta estremece nossos corpos, então ele começa a
entrar e sair com desejo e vontade, existe um desafio em nosso
olhar, um de prolongarmos o máximo o que estamos sentindo, eu sei
que ele quer e ele tem a mesma certeza que eu.
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— Não quero que acabe, não quero sair daqui. Quero passar
meus dias dentro de você, minha pequena.
— Por favor, Lannur, não para!
Seus movimentos voltam poderosos e como não tenho
controle algum do meu corpo com ele dentro de mim, choques
começam a percorrer meu sistema conforme múltiplos orgasmos me
atingem de uma forma que fazem meus olhos se encherem de
lágrimas e embaçarem, tamanha intensidade.
— GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR! — o rosnado poderoso
que ele solta causa ainda mais prazer e sinto vibrar em minha
boceta.
Arfando em busca de ar, seus grunhidos são ferais e só
consigo desabar com meu peso sobre ele, como se toda a minha
energia houvesse sido sugada de mim, após tantos orgasmos
descontrolados e intensos.
— Isso foi a coisa mais intensa que já vivi.
— É apenas o começo, pequena, em breve iremos conseguir
ler a mente um do outro, e juro que não precisaremos nem mesmo
nos olhar para saber o que o outro deseja.
— Isso é sério?
— Sim.
Ficamos nos encarando quando ele arqueia o canto de sua
boca e esse movimento é tão sexy que me faz gemer.
18
Estamos sentados finalizando o café quando meu telefone
toca e é Black.
— Sim.
— Lannur, temos exilados na fronteira, precisamos de você.
— Quanto tempo?
— Há meia-hora a informação chegou. — Olho para Marty e
fico inquieto com a opção de deixá-la sozinha, mas não tenho tempo
de chamar alguém.
— Estou indo. — Encerro a ligação colocando-me em pé.
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— Marty, preciso patrulhar, mas não tenho como chamar
alguém aqui, preciso que fique dentro da cabana, não saiapara
nada, não atenda a porta, só responda se eu chamar, entendeu? —
Eu me aproximo dela segurando seu rosto.
— Sim.
— Juro que farei de tudo para não demorar, mas pode ser
que demore.
Dou um beijo gostoso nela, antes de sair corro até o quarto
tomando o elixir para que não exista em mim cheiro algum que
possam sentir, apenas eu me acalmo enquanto respiro fundo tendo a
certeza de que ainda estou impregnado do cheiro dela. Ao sair de
casa ouço quando ela tranca a porta, então começo a correr em
direção ao leste, meu corpo sabe o que fazer, mas minha mente
parece forçá-lo a voltar, essa inquietação é irritante, é o meu clã,
porém nem mesmo ele é mais importante que a minha
companheira.
Rosno sacudindo a cabeça seguindo no propósito de chegar
do outro lado do clã, assim que me aproximo um grande alvoroço se
forma.
— O que houve, Black?
— Preciso que comecem a patrulhar cruzando todo o território
em formação de estrela, quero todos os férnus disponíveis, não
sabemos quem adentrou o círculo de proteção, mas algo passou por
aqui e não conseguimos identificar.
Algo atravessou a proteção, Black não faria esse pedido se
não estivéssemos em sérios apuros.
— Auror já foi informado?
— Sim. Mas sabe que com sua companheira prenha ele não
irá se afastar dela por nada. — Ann está na reta final de sua
gestação e desejo apresentar Marty a ela depois que ela souber de
tudo que anda acontecendo.
Em duas horas todos os férnus machos jovens e adultos
estão posicionados em um círculo perfeito na base da proteção e
exatamente no centro de Forty Mile se posicionam os férnus mais
fortes do clã, eles começam a correr ainda com suas cascas e
quando adentram a mata se transformam em sua forma real,
fazemos isso por termos humanos que desconhecem nossa
existência. Conectados pela ligação e dispostos a farejar qualquer
coisa que não deve estar aqui começamos a correr, a inquietação de
todos pelo que está por vir nos deixa em estado de alerta, sabemos
da magia antiga, não conseguiríamos farejar com ela sobre qualquer
que seja a criatura.
Neste momento eu gostaria que a minha ligação com Marty
estivesse pronta, porque então conseguiríamos nos sentir. O coração
batendo acelerado e o instinto protetor me tomam, os férnus mais
próximos a mim com certeza sentem que existe algo errado e seus
olhares não negam isso, eles não sabem o que é e não ousam
questionar.
A cada pedaço de floresta que avançamos sabemos que
qualquer coisa pode nos acontecer, mas depois de horas, nada
acontece, fechamos o cerco em toda a borda de mata que circunda
o centro de Forty Mile e paramos.
— O que faremos agora, Black? — Fire questiona.
— Todos para suas casas, ninguém sabe o que está por aí, se
algo passou com toda certeza em breve irá mostrar as caras.
Começamos a dispersar e sigo para a minha cabana, estou
sujo, cheio de terra e folhas, não quero aparecer assim para a minha
companheira, então me enfio na água gelada do rio que atravessa a
floresta arrancando qualquer que seja o vestígio de sujeira que
possa haver em mim. Ao sair da água chacoalho meus pelos com
força e só quando estou completamente seco sigo em direção aos
fundos da cabana.
— Marty! — a chamo e não obtenho resposta. — Pequena, eu
cheguei.
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O silêncio faz meu peito se comprimir, não sinto cheiro de
nada, mas magia antiga não deixa cheiro e eu fico apavorado
começando a vasculhar tudo em silêncio, a inquietação me toma e
quando chego ao nosso quarto abro a porta com o coração
disparado e a encontro dormindo, tirando toda a maldita tensão que
havia se instalado em meus ombros.
Vasculho novamente trancando toda a casa, conferindo cada
lugar duas vezes, e só então volto para o quarto. Alimento a lareira
com mais lenha para que demore um pouco mais até que o fogo
apague.
Enfiando-me debaixo das cobertas enfio meu nariz em seu
pescoço e ela sorri.
— Demorei? — pergunto a vendo se virar de frente para mim.
— Muito. — Seu sorriso tira do meu peito qualquer que seja a
preocupação existente.
— Quer continuar dormindo ou fazer algo? — Beijo seu ombro
e um grunhido baixo escapa por estar buscando cobrir meu corpo
com seu cheiro, um que deixei de sentir assim que saí da água.
— Preparei o jantar, estava te esperando para comermos
juntos. — Seus dedos em minhas orelhas me fazem bater o rabo,
algo que havia tempo que não fazia.
— Podemos jantar e depois assistir tv, existe algo que
gostaria de ver? — ela nega com a cabeça. — O que deseja fazer,
minha pequena, peça qualquer coisa e eu te darei.
— Já me dá muito, príncipe.
— Mas quero te dar muito mais.
Eu nos viro na cama fazendo com que seu corpo fique sobre
o meu.
— Pense em algo, algo que você viu e pensou, hum, eu
gostaria de fazer ou ter isso. — Ela sorri e a imagem da perfeição à
minha frente faz meu coração bater ainda mais acelerado.
— Acho que dirigir, e eu também gostaria de um trabalho.
— Será realizado, amanhã mesmo te ensinarei a dirigir e
quanto ao trabalho podemos falar sobre isso depois do inverno?
— Por quê?
— Estamos sobre ameaça, pequena, e não gostaria que
andasse por aí sem mim — revelo meus medos e lembro-me do que
atravessou o círculo e não foi encontrado.
— Tudo bem.
— Ótimo, agora vamos jantar, estou morto de fome e quem
sabe depois posso saborear a minha sobremesa.
— Lannur!
— Deixei de ser um príncipe? — Ergo-me envolvendo meus
braços em sua cintura.
— Não.
— Então me diga que não gostou da ideia.
Sua risada ecoa pela cabana e rimos juntos, mas então o
sorriso para e se transforma em algo intenso que nos liga.
— Eu já te disse o quanto sua marca é linda? — Passo a
ponta dos meus dedos sobre ela.
— Não.
— Então digo agora, é linda, é como se fosse a coroa da
minha rainha. — Beijo sua testa. — Quero que nosso filhote venha
com ela.
— Existe uma grande chance de que isso aconteça.
— Eu vou amar.
Em um movimento rápido a pego nos braços e desço com ela
assim até a cozinha, não permito que se levante, a coloco sentada
sobre a mesa e começo a esquentar a comida, começamos a
conversar coisas bobas sobre nós e trocando informações que
acreditamos importantes serem ditas e após um dia extremamente
tenso, minha noite é leve, estar com a minha companheira é um
belo motivo para voltar correndo para casa.
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19
Não abro meus olhos, mas sinto seu corpo quente protegido
por mim, o cheiro da minha destinada é tão delicioso que apenas ele
pode controlar qualquer sentimento que tenha, nossos corações
batem no mesmo ritmo e a intensidade com que isso faz as
sensações boas me invadirem, me faz sorrir.
Sei que ainda é cedo, quero preparar seu café da manhã e
ensiná-la a dirigir, até mesmo sei onde vou levá-la. Começo a
distribuir beijos em seu ombro, sua pele se arrepia e Marty se
aconchega mais em mim, quando sua bunda pressiona meu pau
duro um grunhido escapa.
— Pequena, dessa forma é impossível não me afundar em
você. — A forma com que ela arfa tira meu membro do prepúcio e
ele desliza em suas dobras molhadas se acomodando ali.
Marty geme, começando movimentos de vai e vem, meus
dedos se enfiam em seus cabelos e a seguro firme, controlando
minha força para não a machucar.
— Isso, continua se movimentando e nos dando prazer —
peço rouco, ansiando que ela faça o que deseja.
— Isso é tão bom.
— Estou nas suas mãos, me use para nos dar prazer.
Desço minha mão livre pela sua barriga lisinha subindo e
descendo até que para em seus seios fartos e um gritinho escapa,
me fazendo rosnar, desço a mão para sua cintura e a ajudo a ir mais
rápido. O esfregar em meu pau e as ondulações dos meus nós deixa
tudo ainda mais intenso.
— Sente o prazer?
— Lannur.
— Toque seu clitóris, Marty, o esfregue para mim enquanto
geme clamando por mais. Vamos, pequena.
Obedecendo ao que peço, sua mão desce até a sua boceta, e
para a minha surpresa a outra mão segura meu membro, a sensação
fica ainda mais forte, ela se toca e pressiona com mais força meu
pau, e é a minha derrocada.
— Vou me derramar, não suportomais. — Mordo seu ombro e
o grito do seu orgasmo atinge níveis altos levando-me à completa
perdição, posso ver de onde estou os longos jatos da minha
semente serem lançados sobre a cama e urro alto sentindo a
pressão de suas carnes sobre meus nós, não paro de me
movimentar, não estamos presos e é delicioso a sensação de
prolongar nosso prazer.
— Isso foi... Uau! — fala ofegante, enquanto passo a língua
onde mordi.
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— Eu quero tudo com você, pequena joia, quero descobrir
todas as formas de prazer existentes, quero ouvir seus gemidos para
sempre, você é a minha razão de existir. — Enfio meu rosto na curva
do seu pescoço e o contato do meu focinho gelado em sua pele
quente arrepia seus pelos.
Seu corpo ainda sofre alguns espasmos, sua boceta está
sensível e seus gemidinhos me fazem ter vontade de virá-la de
bruços e montar nela com toda fome possível.
— Lannur, ainda queima, meu corpo não está satisfeito.
— Não faz isso comigo, pequena. Preciso cuidar de você,
alimentá-la.
— Cuida de mim primeiro na cama, depois eu faço o que você
desejar.
O rugido que solto vem logo depois de virá-la deixando sua
bunda bem empinada, sua boceta escorre de desejo e eu jamais a
deixaria com vontade, eu realizarei sempre todos os seus pedidos.
Completamente perdido, me enterro nela de uma só vez e
seu grito de prazer me faz acreditar que passaremos o dia inteiro na
cama. Segurando forte sua cintura fina entro e saio rugindo e
rosnando, Marty se agarra aos lençóis e pede por mais a cada
arremetida. Cubro meu corpo com o seu e não paro, peço que ela
implore por mais de mim, que suplique, ela me deixa de joelhos,
estou rendido e sua boceta apertada sendo levada ao limite por mim
é maravilhoso.
Quando nossos corpos não resistem mais, derramo minha
semente novamente em jatos quentes e longos, então Marty goza
gritando por mim, enquanto ordenha meu pau. Presos pelos meus
nós, mantenho-me na mesma posição cobrindo seu corpo com o
meu enquanto inspiro seu perfume.
— Nada se compara ao que sinto quando tenho meu corpo
protegido pelo seu, é como se nada jamais fosse me atingir.
— Nada irá te atingir, pequena, nunca.
Os minutos se passam e sinto meus nós desincharem e nos
soltar. Devagar, saio da cama e a pego nos braços decidido a cuidar
dela.
Uma semana se passou e Marty está cada dia melhor no
volante, então decido que vamos treinar um pouco até levá-la à casa
dos meus pais.
— Tem certeza de que vai dar certo, príncipe? — Seu olhar
castanho que duvida de si mesma me faz sorri, enquanto ela prende
seu cabelo em um rabo de cavalo alto.
— Tenho, eu já te ensinei tudo que precisa fazer, o carro é
automático, você precisa acelerar e frear, não existe dificuldade, é
esperta, pequena, sei que pegará muito rápido.
— Certo, se você confia em mim, eu também confio em você.
— A gargalhada explode e ela sorri comigo.
Devagar, começamos a dirigir na antiga pista de pouso que
temos e que hoje em dia está coberta pela floresta, por algumas
horas ficamos rodando por ali para que se familiarizasse um pouco
mais com os comandos e quando vejo que ela está se sentindo
segura, entramos na estrada que dá na casa dos meus pais.
Seguimos por alguns quilômetros e como achei, ela está mesmo
pronta, mas assim que vê a ponte que precisamos atravessar Marty
perde a confiança.
— Não vou conseguir, não vou, não vou. — Ela fecha os olhos
pisando no freio.
— Pequena, o que houve? — sondo, preocupado.
— Tenho medo de altura, deve ser alto e fundo, não consigo.
— O medo em seu olhar me faz entender que chegamos ao seu
limite.
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— Ok, pule para cá. — Desligo a caminhonete e fazendo o
que eu peço, trocamos de lugar.
Quando Marty está passando por mim a puxo para que se
sente em meu colo.
— Jamais quero ver medo em seus olhos. — Aliso seu rosto.
— Desculpe. — Beijo sua testa logo colando a minha na sua.
— Não precisa se desculpar por sentir medo, pequena, todos
temos limites e eu acabei de descobrir o seu, prometo não me
esquecer. — Seguro seu rosto com as mãos e a beijo, com o tempo
seu medo vai cedendo lugar ao desejo e então paramos.
— Ok, acho que precisamos chegar à casa dos seus pais. —
Concordo beijando sua bochecha e assumindo a direção.
Ligo a caminhonete e quando passo por cima da ponte
percebo que ela fecha os olhos com força, levo a mão até a sua
perna e ela me olha e nada mais tem importância além de estar com
ela.
— Vem aqui. — A puxo para perto de mim, colando seu corpo
no meu como uma necessidade.
— Estou mesmo com saudade dos seus pais.
— E eles de você, já que nos convidaram para o almoço.
Ficamos abraçados, ainda temos algum tempo de estrada
quando ela decide finalmente quebrar o silêncio e o que descubro
me faz ter a certeza de que eu não queria saber disso.
20
Recordar de coisas que aconteceram comigo é desesperador,
lembrar dos meus medos e ter gatilhos deles no meio de momentos
tão especiais me deixa destruída, eu vi nos olhos de Lannur que ele
não entendeu, vi que desejava descobrir, então decido falar.
— Tinha cinco anos quando ele chegou um dia bêbado
demais em casa, furioso por não encontrar bebidas, estava com
fome e cansada, encolhida sobre o sofá para que ele não me
notasse, algo que infelizmente não aconteceu. — Sua respiração
muda e vejo seus dedos ficarem com os nós brancos por conta da
força que faz ao apertar o volante.
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— Marty... — Entendo seu sinal de alerta, mas preciso contar,
algumas coisas me sufocam até hoje e é tão desesperador não
conseguir respirar como foi não conseguir continuar sobre a ponte
minutos atrás.
— Fui lançada no chão quando ele não encontrou o que
queria e arrastada pelo pé até chegarmos na escada. Ele me levou
até o segundo andar enquanto gritava desesperado por algo que
não sabia o que era.
Um rugido escapa e Lannur joga o carro na lateral da estrada
encarando-me quando começo a contar uma das milhares de coisas
que me fizeram ter medo de altura. E me vejo mergulhada naquele
dia.
(...)
— Sua culpa, eu a perdi por sua maldita culpa, e nem mesmo
posso matá-la, ela implorou para que cuidasse de você. Perdi a
mulher que amava e o que eu ganhei com isso? Você! Uma
imprestável que só gasta meu dinheiro.
Estava paralisada, com medo e olhando em seus olhos
furiosos e negros como a noite, senti algo quente descer pelas
minhas pernas e não consegui controlar o choro.
— Sabe qual é a minha vontade, Marty? — Ele me encarou e
eu não tinha voz. — Responda!
— Não, papai. — Eu quase não me ouvia.
— Vou te mostrar.
Ele seguiu para a janela abrindo-a e fui pega num solavanco e
pendurada de cabeça para baixo enquanto ele me segurava pelos
pés.
— Minha vontade é de jogá-la daqui e ver o que acontece
quando seu corpo bater no chão.
Minhas súplicas começaram, ninguém passaria daquele lado
da casa, não tínhamos vizinhos por perto e o quarto ficava para os
fundos.
— Por favor, eu juro não incomodar mais.
— Eu só queria não ter feito aquela maldita promessa. — Sua
voz era tão crua e fria que me senti pequena, um pouco menor do
que realmente sou.
Por algum tempo ele ficou falando sozinho, tampei minha
boca enquanto olhava para baixo começando a me tremer, estava
em pânico, apavorada. Por não sei quantos minutos fiquei assim, até
que ele parou e decidiu me tirar de lá.
Fui colocada para dentro e ele saiu sem olhar para trás,
deixando-me encolhida no canto e paralisada de medo.
(...)
Um grunhido furioso me tira dos meus pensamentos, me
assustando.
— PARE, MARTY, PARE! — Seus gritos me assustam e seu
olhar para mim contém o mais puro ódio, não existe nada do lilás
que tanto amo, apenas a grande íris preta e sombria.
— Desculpe! — Baixo minha cabeça e ouço que abre a porta
saindo do carro.
— HAAAAAAAAAAAAAAAAAA! — O grito que ele solta faz suas
garras aparecerem e seus músculos crescerem, não a ponto de se
tornar um férnus completo, mas a ponto de meter muito medo.
— Por favor! — Suplico baixinho, porque sei queele me
escuta e porque o ver tão furioso me deixa ofegante.
Ouço sua tentativa de não pular nas patas, Lannur tenta se
controlar, mas parece ser mais forte que ele, não deveria ter dito
nada, não deveria. Começo a chorar e os minutos se passam até que
algo me assusta.
— Preciso me acalmar, estou a assustando, mas não consigo
imaginar o tanto que ela sofreu, eu deveria estar lá por ela, eu
deveria saber que ela precisava de mim.
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Meu coração parece que sairá da boca.
— Eu sinto tanto, tanto. Por que com ela? Por que com a
minha destinada? Por que ela precisou passar por isso?
— O que está acontecendo? — Lannur se vira em minha
direção e vejo que está em sua forma humana, diferente de antes.
— Me ouve? Ouve o que eu penso? — Uma lágrima escorre
do seu olho e vejo Lannur cair de joelhos no chão.
Sem entender o que acontece com ele, desço do carro
correndo em sua direção.
— Sente alguma coisa? — Minha voz está desesperada, o que
será que aconteceu?
Lannur sorri ao me olhar e envolve minha cintura com seus
braços. Enfio meus dedos em seus cabelos tentando acalmá-lo
quando ele começa a chorar, e sinto que não posso fazer nada além
de ficar aqui até que sua dor passe, e então ele me conte o que está
acontecendo.
Alguns minutos depois ele se levanta, o ajudo a secar suas
lágrimas, então ele segura meu rosto e sorri.
— Jamais imaginei que a ligação entre nós aconteceria antes
do cio. — Pisco várias vezes, ele está na minha cabeça, ouço sua
voz, mas não movimenta seus lábios.
— O que é isso?
— Nós, férnus, temos uma ligação com nosso clã e nossas
destinadas, conseguimos nos comunicar pela mente. — Arregalo
meus olhos pensando em que todos poderão saber de mim e ele
sorri. — Não, pequena, por ser humana apenas você e eu
poderemos ter acesso ao outro, não precisa se preocupar.
— E se eu desejar que não veja algo? — Estou preocupada,
tenho alguns medos.
— Eu faço isso.
Lannur me mostra como entrar e sair e como mantê-lo fora
fechando uma porta e meu coração desacelera.
— Jamais serei invasivo.
— Vai me contar o que houve, o que te deixou assim? Eu me
desesperei.
— Marty, saber que sofreu e que não a protegi faz meu peito
ser dilacerado.
— Mas nós não nos conhecíamos.
— Eu poderia ter sido alertado de você, tenho 500 anos, a
protegeria, não permitiria que aquele desgraçado causasse tantos
traumas em uma garotinha, sua dor é o meu desespero, pequena.
— Por favor, não fale de machucar pessoas, não quero que se
machuque.
— Marty, vamos conversar disso depois, meus pais devem
estar preocupados e como conheço minha mãe, logo ela manda meu
pai atrás de nós.
Ganho um beijo na testa, Lannur me pega nos braços fazendo
com que solte um gritinho, e quando penso que ele vai me levar
para o lado do carona, ele segue para o lado do motorista se
ajeitando comigo em seu colo.
— Isso vai dificultar que dirija.
— Pequena, neste momento eu necessito que esteja grudada
em mim, nada mais importa se estiver assim, repouse sua cabeça
em meu peito, logo estaremos na casa dos meus pais.
Ganho um beijo nos cabelos e apenas faço o que ele me
pede.
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21
Chegamos na casa dos meus pais, estaciono a caminhonete
ao lado da do meu pai, mamãe já nos aguarda na entrada e seu
sorriso é lindo ao ver que Marty está em meus braços.
— Minha pequena, chegamos — sussurro em seu ouvido, pois
ela dormiu.
Marty é muito sensível e seu emocional se desgasta muito
rápido, ela tem medos e senti que tremeu um pouco nos meus
braços, não consegui controlar o meu desespero ao saber da sua dor
e do que aconteceu, quando nossa ligação foi firmada eu não
consegui resistir, eu a amo tanto e é um sentimento tão intenso que
me consome de uma forma que com toda certeza nos funde. Marty
só tem 19 anos e já passou por tanta coisa que não me conformo
que tenha passado e que eu não estava lá para protegê-la.
— Já? — Ela sorri coçando seus olhos.
— Tem alguém esperando ansiosa para abraçar você. — Ao
se virar vê a minha mãe e seu coração dispara enquanto abre um
sorriso que enche meu peito de uma sensação tão poderosa que eu
mudaria o mundo por ela.
Ao descermos do carro, Marty corre em direção à minha mãe
e logo é abraçada por ela.
— Achei que não chegariam a tempo. — O olhar da minha
mãe vem até mim e ela sabe que aconteceu algo, com um gesto
informo que depois nós temos essa conversa.
— Marty. — Meu pai aparece e logo ela está em seus braços.
— Depois conversamos — sussurro no ouvido da minha mãe
enquanto a abraço.
— Lannur. — Meu pai vem até mim. — Estava quase indo
atrás de vocês.
Rimos juntos e Marty segue a frente com a minha mãe.
— O que houve, meu filho?
— Consegui tirar mais uma camada de Marty e as revelações
não foram as melhores, pai, eu só queria matar o desgraçado do
genitor dela mais uma vez. — Respiro fundo sentindo meu peito ser
esmagado. — Mas, além disso a Deusa Lua decidiu nos presentear
com a nossa ligação e entender isso foi o meu fim, nunca estive tão
feliz — revelo e seu olhar me diz muito.
— Foi agraciado, meu filho, Marty é nossa família agora e
ninguém jamais machuca os Lennox e vivem para contar história. —
Suas palavras confirmam o amor que sentem por ela. — Agora
vamos, sua mãe não gosta de atrasos, mas parece que Marty tem o
poder de fazer com que ela não se recorde que estão dez minutos
atrasados.
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A minha gargalhada explode porque só a minha pequena para
fazer com que a dona Haylla não cobre pela nossa pontualidade.
Almoçamos juntos, e estar próximo deles com ela, me faz ver
seu brilho resplandecer, é como se ela sempre estivesse aqui. Minha
mãe sorri de forma intensa e meu pai e eu ficamos como dois idiotas
observando nossas companheiras contarem coisas do dia a dia.
— Lannur, como assim não vai deixar Marty trabalhar? — A
voz da minha mãe é firme e tensiono meu corpo.
— Estamos com problemas, mãe, exilados nas fronteiras e os
caçadores sempre estão por aí, gostaria de mantê-la perto por hora
— falo e Marty sorri.
— Sei o que devemos fazer, temos trabalho de sobra aqui na
fazenda, e Black nos ofereceu a fazenda dos Brow. — Essa
informação me pega de surpresa.
— Não sabia que Jacob estava vendendo.
— Pelo visto ele quer recomeçar em outro lugar, vai para a
fazenda Solaris. — Fico feliz pelo meu amigo.
— E o que isso tem a ver com a Marty trabalhar?
— Sabe que não damos conta de tantas coisas, Lannur, ela
poderia cuidar das compras de insumo para os animais, ainda mais
agora que vamos remanejar bastante gado para lá — mamãe
informa. — E outra, vocês serão os donos da nova fazenda, precisam
escolher um nome.
— Haylla, tem certeza disso? — Os olhos de Marty brilham.
— Sim, minha filha, quero que meu neto tenha espaço e que
viva em um lugar tranquilo. — Papai me olha como quem diz: É
problema de vocês, não me enfie nisso.
Ele jamais seria contra a vontade de sua companheira.
— Eu gostaria de trabalhar com isso — Marty fala e mesmo
com um aperto em meu peito, não retruco.
— Ótimo, querida, não precisa vir aqui, tenho um computador
com todas as planilhas, pode fazer tudo de casa mesmo. — Solto o
ar que nem tinha notado estar prendendo, acreditei que Marty
precisaria fazer esse percurso, ela não passaria sobre aquela ponte,
não por agora. — Venha, vou ir te colocando a par de tudo, afinal,
precisa aprender a cuidar da sua fazenda.
Marty parece que vai explodir de felicidade, e antes de sair
com minha mãe, me encara e corre em minha direção.
— Eu te amo, príncipe. — Beija meus lábios envolvendo meu
pescoço com seus braços fazendo meu corpo esquentar e meu
coração bater acelerado.
Antes que consiga dizer algo, ela corre em direção à minha
mãe e as duas desaparecem no escritório da casa. Volto-me para o
meu pai e ele está sorrindo.
— Sua mãe estava mesmo precisando de uma folga, ela cuida
de tudo.
— Eu sempre ajudo, pai.
— Mas seu emprego é a fronteira, Lannur, sempre foi, eu fico
feliz que Haylla e Marty tenham desenvolvidoum relacionamento de
mãe e filha. Confie em mim, meu filho, ninguém em todo o clã é
mais protegido que ela. — Sorrio, minha mãe é uma férnus forte e
valente, são poucos os machos que a enfrentariam, ela é maior que
todas as fêmeas que conhecemos, veio do clã do Sul e seu pai era o
braço direito de Sbor, o líder do clã do Sul.
Estou finalizando a organização da cozinha com o meu pai
quando meu telefone toca.
— Jacob. — Atendo caminhando de volta para a sala.
— Lannur, Arow e eu vamos levar Beylli e Emmy as lagoas de
água quente neste final de semana, e elas querem a companhia de
Marty — informa e sorrio por se lembrarem da minha companheira.
— Nossa, faz tempo que não apareço por lá — digo, porque
ia quando era jovem. — Vou falar com Marty e nós confirmamos à
noite.
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— Certo, será um piquenique, foi isso que elas disseram, e
que não é para vocês se preocuparem com nada, já providenciaram
tudo.
— Obrigado, assim que tiver uma resposta te aviso. —
Encerro a ligação e me recordo que preciso de um telefone para
Marty.
É noite quando decidimos ir embora, acabamos ficando para
o jantar que ficou por conta dos machos, a empolgação de Marty me
faz feliz, ela parece esquecer de tudo que passou e está apenas
desejando recomeçar.
— Gostou da ideia de morarmos na fazenda? — Estou
manobrando a caminhonete enquanto puxo conversa.
— Estou tão empolgada com o trabalho e com essa
possibilidade, mas precisamos conversar sobre isso, você mora na
cidade, não sei se gostaria de morar na fazenda. — Levo minha mão
à sua cintura, puxando-a para perto de mim.
— O que você deseja, Marty, estarei onde você estiver. —
Beijo sua cabeça.
— Eu amaria morar em uma fazenda.
— E o que acha de escolher um nome para ela?
— O que você pensou? Sei que tem alguma ideia. — Sorrio de
canto, porque tenho mesmo uma ideia.
— Pensei em Joia do Norte.
— Amei esse nome. — Seu sorriso aquece meu peito.
— Então mandarei essa informação para mamãe enquanto ela
resolve tudo. Preciso comprar um aparelho celular para você, as
garotas estão planejando algo.
— Não precisa, sua mãe me deu um novinho junto com um
notebook. — A minha mãe é a fêmea mais perfeita de todas. —
Disse que precisaríamos manter contato.
— Que bom, como foi com as planilhas? Se precisar de ajuda
estarei disponível.
— Tenho que aprender um pouco mais, ainda é algo novo
para mim, mas anotei todos os comandos que Haylla me mostrou,
eu aprendo rápido.
— Eu sei que sim.
Seguimos viagem, tudo que preciso agora é levar a minha
companheira para casa.
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22
Caminho pela cabana vistoriando cada porta e janela, após
colocar Marty na cama, com tudo preparado volto para o quarto
abastecendo a lareira, ando até minha companheira enfiando meu
corpo debaixo das cobertas, enquanto busco seu corpo pequeno e
quente. Marty me escala e repousa sobre mim, neste momento eu
desejo estar em forma férnus, mas não importa, não irei me mover
para não a acordar.
Passo minhas mãos em seus longos fios, deslizo meu dedo
pela marca em sua testa e sorrio. Estudei por muitos anos os
humanos e suas evoluções, precisávamos entender quem insistia em
nos atacar, conseguia me camuflar entre eles e aprender até mesmo
a falar da forma deles. Fui um dos que ajudou a introduzir as
tecnologias a nosso favor ao lado de Kynai, mesmo a contragosto,
nós vendemos e compramos dos humanos, não podíamos não seguir
junto com eles em sua evolução.
Muitos os odeiam a ponto de nem mesmo tocar em suas
invenções, são antigos demais e conheceram a dor de cada ataque.
Mas aqui, com ela sobre mim, nada do que passou me importa, eu a
amarei como os humanos e apenas a ela irei devotar toda a minha
existência.
— Seus dedos em meus cabelos é tão gostoso. — A voz
manhosa da minha destinada eriça meus pelos.
— Te acordei?
— Estou com sede.
Eu nos viro lentamente, ficando frente a frente com ela.
— Vou buscar água para você. — Beijo sua testa saindo da
cama.
— Posso ir com você?
— Claro, pequena!
Dou a volta na cama, ajoelhando-me no chão na lateral.
— Venha, suba nas minhas costas.
— Posso ir andando?
— Não existe motivos para se cansar se estou aqui para lhe
carregar.
— Lannur...
— Vamos, Marty.
Fazendo o que peço, ela sobe em minhas costas envolvendo
suas pernas em minha cintura e com seus braços em volta do meu
pescoço.
— Então é assim que vê a vida.
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— Assim como?
— Do alto.
— Hahahaha! Existem alguns benefícios em ter o meu
tamanho.
Descemos as escadas seguindo em direção à cozinha, assim
que atravesso a porta, sigo até a bancada e a coloco sentada ali.
Vou até a geladeira e pego uma garrafa d’água enchendo um copo e
entregando em suas mãos.
Coloco meus braços apoiados nas laterais da bancada onde
está sentada e fico venerando com meus olhos cada pedacinho da
minha pequena.
— O que tanto olha? — pergunta assim que termina sua água
colocando o copo ao lado.
— A sua perfeição.
— Lannur... — Ela fica envergonhada.
Pego suas mãos beijando suas palmas.
— Estou falando sério.
— Nunca recebi tanto carinho assim.
Aliso seu rosto.
— Teremos a vida toda para entender que jamais haverá
outra forma de existir sem que seja recebendo todo carinho que
tenho para te dar.
Sou puxado para um beijo enfiando-me entre suas pernas, é
difícil resistir a ela.
Sinto seu corpo quente aproximando-se do meu e meu corpo
se acende, enquanto suas mãos se enfiam debaixo da minha blusa
seu toque queima onde toca, seus dedos se prendem em meus
mamilos e arfo, pois estão duros e doloridos.
— Quero você, quero você de verdade. — Suplico olhando em
seus olhos que estão cheios de desejos.
Não peço uma segunda vez quando ele se afasta saltando nas
patas, ele rasga minha camisa e minha calcinha desaparece, sou
puxada da bancada abraçando sua cintura com minhas pernas,
Lannur caminha comigo até a sala, mas ele não tem condições de
esperar que cheguemos até o quarto.
— Fica de quatro para mim, pequena. — Sou colocada no
chão, obedecendo sua ordem, meus joelhos repousam sobre o
tapete macio. — Preciso montar em você assim, me enterrar de uma
vez em sua boceta molhada. Está escorrendo por mim, pequena?
— Sim.
Logo um grito escapa quando sua língua desliza entre minhas
bandas, que estão sendo seguras pelas suas patas grandes. Com a
eletricidade percorrendo meu corpo, desço meu tronco sem
conseguir sustentar meu peso nos braços, então seu grande corpo
cobre o meu e sinto que ele desliza sua glande em minha fenda, é
torturante e ele grunhe como se estivesse perdido pelo prazer assim
como eu e sinto uma estocada deixando-o totalmente dentro de
mim. Seus movimentos são intensos e fazem meus seios pularem, os
rosnados de Lannur me deixam em completo desespero.
— Preciso sentir junto com você. — Quando sua voz invade
minha mente, grito gozando forte fazendo com que o ar me falte.
— É intenso e poderoso.
— Sentimos o desejo do outro dobrando nosso prazer.
Seus dentes raspam minha pele, me perco de uma só vez,
Lannur me fode com força, urrando alto enquanto grito
desesperada, perdida em sensações tão poderosas que me fazem
quase perder o sentido.
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— Vou retardar o quanto puder. Sentir meu pau ser
ordenhado pela sua boceta me leva à loucura.
— Lannur!!!!!
Meu grito ecoa não só em minha mente, mas em todo o
lugar, a sensação do seu corpo sendo levado ao limite do prazer me
deixa sem forças para o próximo orgasmo que me atinge. Ele
envolve minha cintura com seu braço enquanto grito por mais, logo
ele está ajoelhado no chão e meu corpo é puxado sendo colado ao
seu. Seus braços envolvem meu corpo e o movimentam para cima e
para baixo, enquanto sigo tendo tantos orgasmos que meu coração
parece que vai parar.
— Não suporto mais — digo, porque já não sinto meu corpo,
estou exausta.
— GRRRRRRRRRRRRRR!
Ele parece triplicar de tamanho e minha boceta pulsa forte,
atingindo ainda mais orgasmos quando sinto que o prazer o atinge,
a ligaçãoé tão poderosa que é como se tudo que ele sente me
atingisse como um trem desgovernado. Tudo escurece e não estou
mais ligada a ele.
23
A culpa me atinge quando Marty desmaia tamanho seu
desgaste físico, o prazer foi tanto que quase não consigo me manter
sobre meus joelhos. Ainda estamos presos pelos meus nós. Olho ao
redor e alcanço as almofadas, jogando-as no tapete e lentamente
nos acomodo ainda presos um no outro.
A lareira queima poderosa e não me importo se vamos ficar
aqui, envolvo minha companheira em meus braços e permito que ela
descanse.
Seu coração bate tranquilamente, aliso seu rosto retirando os
cabelos molhados de suor, e afundo meu rosto em seu pescoço, velo
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seu sono sempre atento a todo e qualquer barulho externo.
— Prometo que vou arrancar todos os seus medos e tomá-los
para mim, minha pequena joia.
Penso em como será nossa morada na fazenda, se ela irá se
acostumar, mas seu sorriso me lembra que ela estava feliz ao dizer
que sim, tento tranquilizar meu coração, desejando que tudo seja
tranquilo e que essa mudança de ares faça bem para minha
destinada.
Vejo o dia amanhecer e sinto que Marty começa a despertar,
é sempre da mesma forma, ela acorda sem abrir os olhos como se
primeiro precisasse entender ou ouvir tudo ao seu redor tensionando
levemente seu corpo, então ao constatar que está segura, ela relaxa
e abre seus olhos. Creio que essa foi a forma que encontrou para
tentar se proteger.
— Bom dia. — Sua mão segue para o meu rosto seguida de
um sorriso.
— Bom dia, pequena. — Beijo sua testa. — Dormiu bem?
— Muito bem.
— Não conseguimos chegar à cama. — A vejo analisar ao
redor e entender que estamos na sala. — Sente alguma dor?
— Não.
— Precisamos comer.
Ela confirma com um acenar e começamos a nos movimentar.
O final de semana chegou e Marty está animada com o
piquenique que faremos, Beylli e Emmyllia agora conversam
diretamente com ela, e ver a minha pequena sorrir dessa forma me
deixa tranquilo.
— Vamos, príncipe, estamos no horário. — Ergo-me do sofá
pegando a bolsa com algumas coisas que com certeza ela vai
precisar.
Sorrio para ela segurando sua mão e seguindo em direção à
caminhonete, abro a porta ajudando-a a subir, em seguida coloco a
bolsa que carrego no banco de trás. Assumo o banco do motorista e
sigo em direção à bifurcação da estrada ao sul que nos leva as
lagoas de água quente.
— Estou empolgada. — Marty sorri como se estivesse
ganhando o melhor dos presentes.
— O lugar é incrível, tenho certeza de que vai amar. — A puxo
para próximo de mim.
Existe uma necessidade latente em mim de que estejamos o
tempo todo em contato, sua pele na minha, seu corpo no meu, ou
eu enterrado nela. O desejo de nos fundir é imenso e apenas pensar
nisso faz com que contenha um grunhido.
Chegamos ao local marcado e já vejo a caminhonete de Arow,
logo a de Jacob desponta e seguimos em direção ao local. Depois de
algum tempo de estrada chegamos nas lagoas de água quente,
existe um deck de madeira que foi construído para que não
houvesse acidentes. Há muitos anos alguns humanos vinham para
estes lados, mas com a sujeira que deixavam e o desleixo que
tinham ficou proibida a entrada deles, e desde então é raro alguém
vir para cá.
Houve uma grande movimentação e as angelics tiveram que
usar magia para secar as lagoas e logo que a notícia se espalhou o
desinteresse apareceu, e hoje acredito que as pessoas que sabiam
deste lugar já estão mortas, porém a estrutura criada era forte e
sobreviveu ao tempo.
— Lannur, este lugar é lindo. — Marty me tira dos meus
devaneios com a sua surpresa.
Ainda dentro do carro podemos ver três grandes lagoas azuis
de águas ferventes em meio as rochas, existem escadas que levam a
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cada uma delas com passarelas de acesso.
— O que acha de nos aproximarmos?
Sorrindo ela desce do carro se juntando com as meninas, me
aproximo dos outros dois que parecem dois idiotas babando em suas
destinadas, da mesma forma que com certeza eu me encontro
agora.
— Não me lembrava mais desse lugar — Arow fala enquanto
caminhamos em direção às garotas.
— Comentei com Bey sobre ele e então foi impossível segurá-
las, em uma ligação tudo se organizou. — Jacob nos faz sorrir.
— Vamos pegar as coisas e nos manter mais próximos delas.
— Arow começa a se organizar e nós o seguimos.
Assim que tudo que trouxemos está arrumado, elas decidem
mergulhar, todos começamos a tirar as roupas, elas usam biquínis e
nós ficamos apenas de cueca, não nos transformamos e sei que elas
estranham, mas precisaremos controlar nossos monstros, afinal os
corpos de nossas companheiras estão expostos e seria impossível
cada um de nós se controlar ao nos aproximarmos delas.
Não nos preocupamos com o fato de todos estarmos quase
pelados, ninguém olha para o lado, ninguém percebe nada além de
sua própria destinada, então não existe o ciúme corrosivo que nos
atinge, creio que aconteceria se existisse alguém aqui que não
tivesse um companheiro, então sim, nosso ciúme e senso de
proteção estaria aflorado e não conseguiríamos manter a calma.
— Jac, esse lugar é perfeito. — Bey e sua empolgação faz
com que se lance sobre Jacob assim que ele se aproxima.
— Está tudo bem, pequena? — Ela me olha com olhos tão
penetrantes que arrepiam meus pelos e não é pelo frio que faz.
— Sim, apenas observando você. — Afundo meu corpo na
água quente sentindo-a me envolver enquanto caminho na direção
dela, que assim que está perto suficiente envolve meu corpo com o
seu.
Apenas nossas cabeças estão fora da água e logo nossas
bocas se colam, é delicado e lento, deliciosamente perfeito. Quando
todos nós nos desgrudamos, as garotas decidem nadar pelo lago e
nós três nos direcionamos para o mesmo lugar ainda dentro d’água.
— Quem diria que nós três teríamos companheiras humanas?
— Arow sorri das palavras de Jacob.
— Se vocês que são jovens estão surpresos, imagine a mim
que esperou por 500 anos? — Sorrio e eles entendem bem.
— Para um velho como você, está ótimo, ninguém diz que
tem mais de 25. — Arow não consegue conter sua língua na boca.
Caímos na gargalhada, minha casca ainda é jovem, elas não
envelhecem com o tempo, a verdade é que elas começam a parecer
mais velhas conforme encontramos uma companheira, daí sim
parece que o cronômetro começa a contar para nós. Ao final tudo se
resume a magia da torre sagrada.
— Vê-la assim sorrindo é algo que não imaginei que
aconteceria — falo analisando os movimentos da minha
companheira.
— Ela está segura agora, Lannur. — Jacob aperta meu ombro
com a sua mão.
— Eu deveria a ter protegido. — Bufo ainda inconformado por
ela ter passado por tanto em tão pouco tempo de vida.
— Não se coloque nesta posição — Arow rosna sentindo-se
furioso fazendo com que o olhar de Emmy o encontre
instantaneamente, o fazendo recuar.
Os encaro e respiro profundamente, eu sei que não é minha
culpa, mas meu férnus não compreende e faz isso martelar em
minha cabeça continuamente. Ficamos conversando enquanto elas
se divertem, decidimos sair da água e nos secar para organizar as
coisas que iremos comer. Ouvimos suas risadas e com toda certeza
minha pequena está se divertindo.
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Viro-me para seguir em sua direção, quando olho para cima,
vejo o que passou pelo nosso círculo de proteção.
— EXILADOS!
24
Pulando instantaneamente sobre as patas, nós três ficamos
em posição de ataque.
— São cinco deles! — Jacob grita e meu coração bate em
fúria.
Nossas companheiras estão entre eles e nós.
— Cuidado! — o grito de Arow me alerta para o ataque
lateral.
Um férnus caramelo de olhos pretos voa em minha direção e
começamos a batalha, rasgo seu peito e abocanho seu pescoço
arrancando sua cabeça, seu corpo bate no chão e percebo que um
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deles se direciona às nossas companheiras na água. Corro em
direção delas e quando ele pula, me lanço sobre ele levando-o para
longe. Suas garrasrasgam minha pele fazendo com que liberte urros
de dor, mas eu tenho um propósito, manter Marty segura.
Assim que consigo rasgar a garganta do férnus sob mim, viro-
me em direção aos meus irmãos, eles olham em volta e tem o
mesmo desespero nos olhos que eu.
— Venham! — Jacob grita próximo a elas.
Corro em direção à Marty, ela não se move, pulo na água
fazendo um rastro de sangue aparecer, enquanto me aproximo de
uma Marty paralisada, a água me lava.
— Pequena, precisamos sair daqui. — Seus olhos estão
vidrados e tudo que faço é lançá-la sobre os ombros e pulo fora da
água. — Para os carros! — grito percebendo que as suas destinadas
já estão lá.
Corro enfiando Marty na caminhonete, pulando nas patas e
mesmo nu, entro no carro, o sistema de som das caminhonetes é
acionado e a voz de Arow explode pelos alto falantes.
— Como ela está? — Olho para Marty.
— Atônita — respondo dirigindo como louco.
— Cinco deles vindo pelo flanco direito! — Jacob grita e lanço
com cuidado o corpo de Marty para o assoalho.
— Fique aí, pequena, por favor, não se mova.
Seu olhar não tem vida alguma e enquanto balançamos em
alta velocidade, vemos mais deles chegarem.
— Inferno! — grito batendo no volante.
— São muitos deles! — Arow grita, furioso.
— Não podemos protegê-las dessa forma — Jacob informa o
óbvio.
Pensa, Lannur, pensa, o que fazer?
— O desfiladeiro! — grito.
— Está louco? Vamos todos morrer! — Jacob explode.
— Jogamos os carros e as protegemos, eles não vão pular —
aviso.
— Porque é a morte, Lannur, não vou colocar Emmy em risco.
— Se não fizermos isso, eles as pegam, acha mesmo que
teremos a chance de protegê-las? — grito furioso e eles ficam em
silêncio.
Viro de uma vez a caminhonete em direção ao desfiladeiro
que nos levará direto para o rio, a carroceria vira tão rápido que um
dos férnus é lançado para longe de tão perto que estava. O grito de
Marty escapa e eu fico ensandecido.
As caminhonetes cortam por fora da estrada, existem mais de
vinte deles correndo atrás de nós, posso ver pelo retrovisor, ninguém
parece falar nada, o tempo parece suspenso, estamos muito
próximo da queda.
— Pequena, venha até mim! — grito para que me ouça. —
AGORA, MARTY!
Olhando-me, desesperada, se movimenta quando grito e a
coloco agarrada a mim.
— Não me solte, querida, nada vai acontecer, eu prometo.
— 100 metros! — Arow grita e posso ouvir o choro das
garotas.
— 50 metros! — Jacob informa.
Merda! Merda! Merda!
— 10 metros!
Com a adrenalina correndo em minhas veias, presto atenção,
então um círculo dourado se abre e passamos por ele, freamos o
carro com toda força e as três caminhonetes levantam um rastro de
poeira densa atrás de nós.
Olho para todos os lados e estamos em frente à casa de
Jacob.
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— Tudo bem, pequena, estamos bem. — Beijo sua cabeça
várias vezes, o silêncio toma conta do lugar e preciso respirar fundo.
— Vou colocá-la no banco para achar algo para vestir.
Tento soltá-la, mas ela não me larga de forma alguma. Tento
acalmar meu coração e ela respira fundo quando ouço uma batida
na janela que faz com que ela grite assustada.
— Estão bem? — Jacob questiona quando abaixo o vidro.
— Foi o guardião? — pergunto curioso.
— Sim — Arow fala ao se aproximar.
— Como elas estão?
— Assustadas, mas ficarão bem. Vamos entrar — Jacob
informa.
— Preciso levá-la para casa — aviso.
— Impossível sair, minha cabana tem uma proteção que só
com DNA autorizado podem sair. — Inferno, me lembro disso. — Só
chegaram aqui por conta do portal que ele abriu.
— Por isso fomos mandados para cá — Arow constata o
óbvio.
— Pegue, vista. — Jacob me entrega uma bermuda.
Devagar, consigo colocar Marty no banco e visto a roupa, abro
a porta e saio da caminhonete dando a volta para tirá-la do carro. A
pego nos braços e seu rosto se enfia no meu pescoço, sigo para a
cabana com ela nos braços e sou direcionado para um dos quartos.
— Pronto, pequena, estamos bem. — Beijo sua testa
colocando-a na cama.
Deito-me ao seu lado puxando-a para os meus braços para
que não sinta medo.
25
Abro meus olhos vasculhando todo o lugar e sei que estou
sozinha, não sei onde estou, mas se Lannur me deixou aqui, é
seguro.
Suspendo a coberta e vejo que estou usando um conjunto de
moletom e meias, a lareira do quarto está acesa e percebo que já é
noite.
Saio da cama indo procurá-lo, quando ouço vozes. Caminho
pelo corredor, as vozes não estão alteradas, no topo da escada me
surpreendo com o que vejo, existe um férnus branco enorme usando
um tipo de armadura dourada que pela sua postura mete medo,
quando sente minha presença ele se vira para mim e é ainda mais
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assustador, seus olhos são brancos como seu pelo e estão cravados
em mim.
— Marty. — A voz de Lannur afasta o medo que sinto e faz
com que ele deixe de me olhar. — Está tudo bem, pequena. — Ele
está em forma férnus. — Venha.
O sigo devagar, um pouco mais atrás, apenas analisando tudo
ao redor.
— As garotas estão na cozinha — Arow fala e sorrio em
agradecimento.
— Vou levá-la, já volto.
Caminho com ele sem olhar para trás e quando paramos no
corredor, o encaro.
— Vamos ficar hoje na cabana do Jacob, amanhã voltaremos
para nossa casa, tudo bem? — afirmo com a cabeça.
— Ele é enorme, Lannur, dá dois de vocês. — O encaro e ele
sorri.
— Ele é o Guardião, um férnus a serviço da Deusa Lua, não
precisa temê-lo.
— Não o temo, mas fiquei espantada. — Ele beija minha
cabeça.
— Vá ficar com as garotas, logo nos juntamos a vocês.
Sigo em direção à cozinha, quando atravesso a porta elas se
levantam e seguem em minha direção para nos abraçarmos.
— Está tudo bem, Marty? — Emmy questiona.
— Foi algo aterrorizante, mas agora sim, está tudo bem. —
Tento sorrir.
— Acreditei que não conseguiríamos nos safar, eu estava
apavorada — Beylli fala.
— Acredito que todas nós estávamos. — Emmy sorri e
caminhamos para nos sentar.
— Quem é aquele férnus gigantesco lá fora? — pergunto com
meus olhos questionadores, é Beylli quem responde.
— Ele é o Guardião, tipo um soldado poderoso da própria
Deusa Lua.
— Uau! Ele tem o dobro do tamanho de um férnus normal —
pontuo.
— Sim, e aqueles olhos brancos metem muito medo. —
Emmy nos encara com um olhar que demonstra sua fala.
— O que acham de cozinharmos? — indago, estou nervosa e
ficando com fome.
— Uma ótima ideia! — Emmy pontua e Beylli e eu a
encaramos. — Sim, eu fico com a louça suja. — Pisca para nós, nos
fazendo gargalhar.
Beylli decide por grandes bifes suculentos com poutine[2],
cuido do poutine e ela assume as panelas dos bifes, para nós ao
ponto, para eles malpassados. Emmy logo coloca uma música e nos
faz mover os corpos enquanto cozinhamos, rimos de sua
performance e de como ela deixa o ambiente mais leve. Quem nos
ouve de fora acredita que temos umas vinte pessoas na cozinha,
mas é apenas Emmy sendo uma multidão em polvorosa. Rimos de
suas caras e bocas e da forma com que apenas ela consiga nos fazer
esquecer do medo apavorante que sentimos.
Não vemos o tempo passar enquanto sorrimos e nos
divertimos cozinhando até que tudo fica pronto, vemos que Emmy
preparou uma bebida com o destilado feito aqui, água com gás e
frutas vermelhas congeladas, e preciso confessar, ficou uma delícia.
— Vamos brindar! — Bey nos pede quando finalizamos a
organização da mesa.
— A nós! — digo sorrindo.
— E aos nossos machos fodões! — Emmy fala nos fazendo
sorrir e então brindamos com a bebida que ela fez.
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Não sabíamos se eles tinham terminado, então decidimos
esperar um pouco mais, enquanto uma nova música começa a tocar.
Emmy dança quando Arow atravessa a porta da cozinha se juntando
a ela, começando a se movimentar de forma sensual, eles são
perfeitos juntos e têm uma química que eleva a temperatura.
— Gosto de ver quando se diverte e relaxa. — Os braços de
Lannur envolvem minha cintura começando a nos mover no ritmo da
música, logo os três casais estão envolvidos em uma névoa sedutora
equente, muito quente.
A música acaba e sorrimos do momento.
— O que acham de jantarmos? — Beylli nos chama e
concordamos.
Tudo parece correr tranquilamente, o jantar é calmo e
tranquilo, a conversa segue para todos os caminhos, menos para o
que aconteceu horas atrás, e quando questiono podemos sentir uma
leve tensão no ar, sabemos que algo está acontecendo, mas apenas
eu pareço não ter a dimensão dos acontecimentos.
— Desculpem, mas não dá para não cortar a tensão que se
instalou entre nós com a faca — falo parando de comer e encarando
todos na mesa.
Todos se olham, até mesmo as garotas parecem com a língua
colada na boca.
— Lannur, eu não sou alguém que não pode ficar a par de
tudo que está acontecendo. — Viro-me para ele que me olha e trava
o maxilar. — Sério? Ninguém?
Sinto que meu peito pode estar sendo esmagado, sinto que
não confiam em mim, o pior, sinto que o problema sou eu. Fico em
pé, encarando todos eles, que olham diretamente para Lannur, então
eu apenas me retiro dali.
— Não me siga! — grito para que ele não me acompanhe.
Apesar de ser a mais jovem, parecer ser preterida, ainda que
para me poupar, dói com toda a força possível. Em poucos dias com
todos eles me senti alguém que pertencia a um lugar, mas neste
momento, tudo que penso é que talvez toda a importância que dei
existe apenas na minha cabeça.
Chego no quarto sem acender a luz, caminhando em direção
ao banheiro, tomo um banho quente quase queimando minha pele,
tentando tirar a tensão dos músculos que sei que só sairá com ele
próximo a mim, explicando o que está acontecendo. Desejo estar
com Haylla e Runnak, eles me trazem uma paz que não sei de onde
vem, só queria mesmo estar com eles enquanto afasto toda essa
loucura da qual acaba de se instalar na minha cabeça.
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26
Encaro meus amigos que me devolvem um olhar de eu avisei
e me faz respirar fundo arrependido das decisões que tomei.
— Precisa conversar com ela. — Emmyllia é a primeira a falar.
— Se fosse comigo me sentiria traída, ela é jovem sim, mas não é
alguém que vai quebrar, deixá-la no escuro e saber que está sendo
deixada no escuro machuca muito mais.
Coloco as mãos na cintura abaixando a cabeça, Marty já
sofreu demais na vida e parece que ao tentar protegê-la estou
fazendo-a sofrer novamente.
— Estaremos ao lado de vocês, Lannur, nós protegemos os
membros deste clã — Jacob afirma.
— Eu sei, só não quero lhe causar mais dor, mas parece que
estou fazendo tudo errado. Agora ela não quer que me aproxime e
isso me mata. — Enfio a mão nos cabelos.
— Lannur — Beylli chama a minha atenção. — Esse é o
momento em que aprende a escutar o que sua companheira pede,
ela disse para não a seguir, mas isso não é uma lei, não é o
momento de ser um macho que faz o que sua companheira ordena,
e sim o que ela precisa, vá até ela, como mulher, sei que tudo que
anseia agora é que se junte a ela e a envolva em seus braços, todo
o resto vocês resolvem.
— Beylli tem razão — Emmyllia diz. — Não é o momento de
deixá-la sozinha.
Com um acenar de cabeça saio em direção à minha pequena,
chego no quarto e ouço o barulho do chuveiro, começo a tirar toda a
minha roupa caminhando nu até ela, abro a porta do box vendo-a
de costas com a cabeça baixa debaixo d’água.
— Me perdoe, pequena. — Envolvo seu corpo abraçando-a
enquanto repouso minha testa em seu ombro.
— Podemos ir para casa, quero a Haylla e o Runnak. — Sua
voz é baixa e sentida.
— Apenas amanhã poderemos deixar o círculo de proteção, o
Guardião virá nos buscar. — Marty se vira nos deixando frente a
frente e seus olhos castanhos me encaram de uma forma que diz
que se sente excluída por mim, e isso machuca.
— Não quero perdê-la, Marty — afirmo, sentindo o peso da
sensação do medo que senti, voltar.
— Então não me afaste, Lannur, não me coloque para fora
das coisas importantes que estão acontecendo, eu fui invisível a vida
inteira e quando finalmente acho que encontrei uma família, não
parece que me querem dentro dela.
— Nunca senti tanto medo na minha vida, nunca imaginei que
poderia me sentir incapaz de protegê-la, me senti um inútil. —
Suspiro colando ainda mais seu corpo no meu.
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— Não quero voltar a ser quem era, não quero me sentir
sozinha de novo. — Sua voz é um lamento.
— Não é isso, todos amam você.
— Mas me excluem de coisas importantes, isso não pode ser
amor, Lannur.
— A culpa é minha, fui eu quem decidiu não contar.
Marty sente as minhas palavras e não suporto não entender,
invado sua mente e é ainda pior do que imaginava.
— Me perdoa, pequena, mas o desespero é paralisante e o
medo desesperador.
— O que está acontecendo? Seu coração parece que vai
explodir, Lannur, e estar em sua mente me dá angústia.
Da mesma forma que entro em sua mente, saio, me sinto
responsável pela dor que sinto quando me conecto a ela.
— Vamos terminar o banho, depois conversamos. — Beijo sua
testa ao concordar.
Não dizemos nada, lavo seu corpo com cuidado, e ela me
ajuda a fazer o mesmo com o meu, nos seco, a pego em meus
braços e sigo para a cama. Abasteço a lareira e em seguida me
acomodo junto a ela, ficando em silêncio por um tempo, sentindo
seu corpo junto ao meu.
— Quero você de verdade. — Sua voz baixinha me faz
entender o que deseja.
Saio da cama pulando nas patas, ficando da forma que ela
deseja, quando retorno à posição que estávamos.
— Assim está melhor?
— Sim.
— O Guardião veio informar que existiam quase 20 férnus nos
caçando. — Começo a revelar. — Não sabíamos o quê, e nem
quantos tinham atravessado a proteção há alguns dias. — Sinto seus
dedos se enfiarem nos pelos do meu peito e a sensação me traz paz,
ela está comigo e viva. — Eles tinham um alvo. — Engulo a bola que
se forma em minha garganta.
— Ainda estão atrás da Beylli? — seu questionamento nem
mesmo chega perto disso.
— Não, pequena, eles queriam você. — Seu corpo tensiona,
se afastando um pouco para olhar em meus olhos.
— A mim?
— Sim, por isso não os vi a tempo, magia antiga esconde o
cheiro dos férnus, mas eles estavam infestados com seu cheiro. —
Seguro seu rosto lindo com as mãos, desejando acalmar seu coração
que parece querer sair do peito. — London é um férnus exilado de
mais de 900 anos, ele foi excluído do seu clã na Austrália, se
instalou nas montanhas de Dawson City há 300 anos. Ele causou
muitas mortes e criou um lugar chamado montanha do exílio, onde
férnus exilados encontram um lugar para passar o cio. — Essa
informação queima meu peito e rasga minhas entranhas por
imaginar o que aquele desgraçado queria fazer com a minha
companheira, fico quieto, não conseguindo terminar de falar.
— Lannur, o que tem neste lugar? Como férnus passam o cio
lá? Porque eu seria... Meu Deus! Não!
Marty é inteligente, ela descobre rápido o que acontece
naquele inferno.
Seu choro parece desesperado e intenso, e a puxo ainda mais
próxima de mim.
— Ele não toca em você, pequena, está comigo, protegida.
— E quanto as mulheres que estão lá, Lannur? Elas estão
sendo violentadas por férnus exilados, tem ideia do que elas estão
passando? — O desespero em sua voz é palpável.
— Sim, pequena, eu imagino o cenário cruel e sombrio
daquele lugar, não sabemos nada sobre ele, apenas que London
coleta garotas para trabalharem como atendentes ou as recebe
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como pagamento daqueles que devem a ele. — Meu corpo treme de
raiva.
— Eu ia estar lá agora, eu seria machucada, Lannur.
— Seria, mas não está lá, Marty, está aqui comigo. — Beijo
seus cabelos.
— Por que eu sinto que tem mais?
— Ele está vasculhando tudo atrás de você, porque segundo
fomos informados, seria levada para passar o inverno em sua cama.
— Quero rosnar e rugir como um demônio apenas por proferir essas
palavras.
— Ele sabe que estou aqui?
— Sim, London é uma das armadilhas deixadas por Destiny,
sua ideia inicial sempre foi eliminar os Brow e depois destruir nosso
clã. O guardião e seus soldados estão na sua caçada, mas a
montanhaestá cercada de magia antiga, a estrada não dá em lugar
algum. — Bufo, inconformado, eu mesmo desejo iniciar uma caçada
para encontrar esse desgraçado e matá-lo.
Marty está em silêncio e tento acessar sua mente, sem
sucesso, tudo que eu preciso agora é proteger a minha
companheira.
27
Não consigo fechar os olhos, é como se estivesse sendo
observada, como se estivessem nas sombras aguardando apenas um
vacilo de Lannur para que eu seja levada até ele.
Os braços de Lannur não me soltam por nenhum minuto, sei
que ele também está acordado, mas não se move, assim como eu.
— Precisa dormir, pequena.
— Não consigo.
— Estou aqui, nada vai acontecer, está segura.
E como imaginado nem ele e nem eu pregamos os olhos, em
algum momento da noite ele me coloca sobre seu corpo e afunda o
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nariz na curva do meu pescoço e sinto seus músculos tensos
relaxarem sob mim. Levo a minha mão para sua orelha e fico
alisando-a por um longo período. Vimos o sol nascer há pouco e sei
que precisamos nos mover, mas não conseguimos.
— Quero ir para nossa casa — sussurro.
— A qualquer momento estaremos lá. Vamos nos levantar,
vou preparar seu café da manhã. — Movimento-me para nos
encararmos e eu me perder um pouco nesses olhos que tanto amo.
— Eu amo você, Lannur Lennox. — Levo minha mão até seu
rosto e um grunhido gostoso escapa de sua garganta. — E confio
que nada irá acontecer comigo, porque você não vai permitir.
— Saber que confia em mim e que se sente segura ao meu
lado faz com que tudo melhore, passei a noite imaginando que não
seria capaz de cuidar de você, mas vejam só, apenas as suas
palavras me fizeram recordar que sou um macho extremamente
protetor e territorialista, e que não existe ninguém neste mundo
mais disposto a mantê-la a salvo além de mim. — Sorrio para ele e
colo nossos lábios.
O nosso beijo começa lento e calmo, Lannur recolhe suas
presas para não me machucar, é gostosa a sensação dos nossos
corpos aquecendo juntos, sinto seu membro endurecer sob mim e
nós rimos juntos.
— É impossível me controlar apenas por estarmos próximos,
mas o beijo acende cada célula adormecida em mim. — Ficamos nos
encarando como se uma energia nos atingisse. — Mas prometo que
apenas eu poderia ouvir seus gritos e pedidos de mais, Marty, só vou
montar em você na nossa casa, e só sairei de dentro de você
quando essa tensão acumulada se esvair e nos deixar
completamente exaustos.
— Estou ansiosa por isso. — Começamos a nos movimentar
quando ele me chama.
— Marty. — Foco novamente em seus olhos. — Eu também
amo você — fala quando minha atenção está toda nele.
A casa está silenciosa enquanto tomamos café, deixamos
tudo pronto para quando os outros acordarem. Sentada no colo de
Lannur comemos e conversamos quando uma luz brilhante invade a
cozinha e dela sai o Guardião.
— Vim buscá-los. — Ele é sério e seus olhos parecem sempre
sombrios.
— Vamos, pequena. — Lannur nos levanta e começamos a
segui-lo.
Presto atenção na paisagem do outro lado do círculo de fogo
e é a nossa cabana, chegar até lá é como atravessar uma porta.
Saímos da cozinha de Jacob e Beylli diretamente para a entrada de
nossa cabana, o portal se fecha atrás de nós e ele começa a falar.
— Existe um círculo de proteção em volta de toda a sua
propriedade, Lannur, apenas o seu DNA e de sua companheira
podem ultrapassá-lo, a Deusa Lua por saber da proximidade de
vocês com seus pais liberou a passagem deles também.
Sem dizer nada, Lannur confirma com a cabeça.
— Os exilados? — Seu questionamento arrepia meu corpo e
acelera meu coração.
O Guardião nos encara e logo seus olhos estão fixos nos
meus.
— London tem o cheiro dela e distribuiu para todos eles,
estamos com soldados por toda a montanha, mas eles têm magia
élfica, Destiny sabia bem o que estava fazendo quando decidiu
destruir os férnus no Clã do Norte, mantenha sua companheira
protegida. — Seu olhar é frio como a neve das montanhas.
— Obrigado.
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— Da vida o sangue, da luz à escuridão, nem todo olhar
sombrio traz a morte e de onde menos se espera vem a revelação.
Para os destinados, o elo de ligação, e para os condenados, a morte.
— Lannur tenta questionar, mas ele ergue a mão e sua armadura
brilha. — O que foi criado não será desfeito e aquele que não se
conforma com seu destino paga com a morte. Uma promessa não
cumprida gera a raiva e a fúria daquele ao qual foi prometido, uma
vingança, uma prisão e nenhuma paz para todo o sempre.
O medo percorre meu corpo por não entender nada do que
ele está falando, os braços de Lannur me envolvem e então uma luz
branca aparece e delas saem três mulheres de longos cabelos
brancos e o Guardião paralisa.
— Thiron. — A voz da anciã Luna é doce e ela sorri.
— Luna. — O Guardião parece hipnotizado.
— Vejo que já se aprofundou na profecia.
— Apenas cumprindo as ordens da Deusa.
— Sempre.
A forma com que eles se olham faz até mesmo as outras duas
mulheres suspirarem, olho para Lannur que ergue os ombros como
se não estivesse entendendo nada.
— A que devemos a honra da tríade sagrada nos visitar? —
Sua voz contém uma curiosidade, a mesma que a minha.
— Um pedido da Deusa Lua, vamos entrar? — Ela nos
encaminha para dentro e eu fico surpresa.
Todos nos seguem e quando chegamos à cabana a própria
Deusa Lua nos espera e eu fico chocada, se acredito que as angelics
da tríade são lindas, não tenho palavra para descrever o que ela é.
— Filhote. — Ela sorri esticando suas mãos em nossa direção.
— Criança. — Pegamos suas mãos e nos colocamos em frente a ela.
Lannur está um pouco curvado em reverência e faço o mesmo.
— Você é linda! — sussurro e ela aperta minha mão.
— Sabem o que dizem sobre beleza? — Nego com a cabeça.
— Que toda beleza foi criada de poeira estelar. — Seus dedos alisam
minha mecha de cabelo branca. — Um pouco mais se tornaria uma
de nós. — Sorri.
— Gostaria que fosse todo branco e brilhante como os seus —
afirmo.
Lannur aperta minha mão e nos olhamos.
— Para mim é perfeita. — Ele se curva um pouco mais e roça
seu nariz gelado no meu.
— São perfeitos juntos, sabia que seria paciente, filhote.
— Eu a esperaria por mais 500 anos, Deusa Lua.
Meu coração acelera com a sua afirmação.
— Amados, eu desejei que estivesse aqui hoje na presença de
quatro testemunhas celestiais, para que seja firmado e jamais
quebrado o elo que os liga e os une, a ligação de vocês foi
instantânea e podemos comprovar isso quando suas almas se
fundiram e se tornaram um. — Sua voz é doce e calma. — O
primeiro cio trará um filhote, ele será um marco, alguém que irá
ajudar em tempos de escuridão, não se preocupem, ele será luz e
caminho de paz, o chamem de Liam, que significa Protetor
determinado, tudo que ele será.
Apenas concordamos enquanto sorrimos.
— Fiquem de frente para o outro. — Fazemos o que nos
pede. — Por séculos as linhas do destino tentaram uni-los, mas
coisas mais poderosas e sombrias não permitiram que sua destinada
chegasse, Lannur. Mas nunca é tarde para encontrar aquela que se
torna a sua razão de viver. Está firmado e jamais poderá ser
desfeito. Os declaro seres pertencentes àqueles que não foram os
primeiros e que não serão os últimos a terem o selo da criação. O
círculo de luz mantém a vida pulsando entre ambos, um não morre
se o outro não morrer, e quando o fim de suas almas chegar, o laço
irá se romper, e então entregarão suas almas à casa das almas e
repousarão juntos em um sono profundo para sempre.
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Somos envolvidos por um círculo dourado brilhante que nos
aproxima como se estivéssemos sendo apertados por cordas, nossos
corpos se colam na altura dos nossos corações um ponto de luz se
forma subindo sobre nossas cabeças, se unindo, e então explodindo
como chuva de um brilho dourado intenso. Quando olho para a
tríade sagrada e o Guardião, percebo que eles flutuam e de seus
corpos saem uma luz branca que nos rodeia, a Deusa Lua começa
um tipo de cântico em um dialeto que nunca ouvi entãoperco a
consciência.
Todo o ambiente muda no momento em que Marty lança sua
cabeça para trás como se estivesse desmaiada, porém ainda em pé,
segurando minhas mãos com seu corpo colado ao meu.
— O que houve com ela? — Não consigo me mexer e sou
tomado por um desespero que jamais senti.
— Iniciaremos a sua purificação, existem fragmentos de
magia antiga em Marty — a Deusa Lua informa.
— Como?
— Séculos atrás, Destiny precisava de peças de tabuleiros
para mover seu jogo e castigar aqueles que tiraram dela seu
companheiro, por isso sua companheira demorou séculos a chegar,
ela estava sendo impedida de existir por Destiny.
— Não estou entendendo.
— Logo saberá.
Outro cântico se inicia e todos brilham de forma quase
insuportável aos olhos, um grito vem das profundezas e percebo que
é Marty, sua boca se abre e uma fumaça preta sai dela, não uma
quantidade absurda, uma quantidade minúscula, como se fosse
fumaça de algum líquido quente.
— Magia antiga — sussurro e a Deusa Lua concorda.
— Esse é todo o fragmento existente em Marty.
— Ainda não entendo.
— Logo irá entender.
A anciã Luna flutuando segue em minha direção e toca minha
testa, fazendo com que me prostre de joelhos, recebendo toda a
informação que me assusta e me causa pânico, não pode ser.
Com a força de toda energia dispensada sobre nós neste
momento, uma explosão de luz acontece e não enxergo mais nada,
tudo se torna escuridão.
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28
Meses depois...
Com os olhos focados na minha destinada, forço minha
mente a se recordar do que aconteceu depois que recebemos o selo
da criação que nos uniria para sempre, mas nada do que faça faz
com que as lembranças voltem. Acordamos na manhã seguinte,
juntos, na cama, para Marty foi tudo lindo e perfeito, para mim
apenas um corte temporal, como se eu soubesse que existia algo
mais dali, só não me recordava o quê.
Acasalamos intensamente naquela manhã para comemorar
nossa união, Marty estava feliz, então decidi que não valeria a pena
tentar encontrar respostas para o que não parecia ter ocorrido.
Ansiávamos por Liam, por vezes Marty sonhou com ele e acordou
ainda mais radiante, e quando compartilhava comigo seus
pensamentos, sonhávamos acordados com aquele filhote que já
amávamos sem ao menos existir.
— Acordado, príncipe? — A voz doce da minha pequena fazia
meu coração acelerar.
— Velando seu sono. — Beijo sua testa.
— Não dormiu? — Traz sua mão até meu rosto.
— Dormi, mas não a noite inteira.
— O que anda preocupando você?
— Nada, apenas não estava com tanto sono.
— Acho que estamos ansiosos pela chegada do nosso filhote
— ela fala e concordo, isso também é algo que tem me deixado
eufórico.
— Sim, não vejo a hora de vê-la prenha, com uma enorme
barriga enquanto faço tudo que estiver ao meu alcance para mimar
você.
— Sabe que gravidez não é doença, não sabe? Continuarei
cuidando das coisas da fazenda.
— Sei que não é doença, minha pequena joia, mas cuidado
nunca é demais, continuará trabalhando sem problemas algum.
— Precisa sair hoje?
Entendo seu questionamento, nos últimos dias estava
correndo para todos os lados, afinal precisava ajudar na chegada do
inverno e na evacuação de Forty Mile para a temporada de calor.
— Hoje é nossa última patrulha antes de fecharmos a cidade
— aviso, sentindo que ela se aproxima um pouco mais de mim.
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— Temos tempo? — Sua voz me deixa desperto além da
conta.
— O que deseja, senhora Lennox.
— Meu companheiro entre as minhas pernas enquanto rosna
de prazer.
— Pequena, você tem se mostrado uma grande safada.
— Diga que não gosta dessa versão, tenho aprendido muitas
coisas com você e sinto desejos que gostaria de realizar ao seu lado.
— Muito!
Puxo, colocando-a sobre mim, trazendo sua boceta para
minha boca, fazendo sentar-se sobre ela, e o grito de prazer que ela
liberta ao introduzi-la ferozmente em seu canal faz meu pau pular
duro para fora.
— Lannur!
Marty segura na cabeceira da cama enquanto esfrego meu
focinho em seu clitóris e esfrego minha língua em seu interior,
entrando e saindo rapidamente, rebolando deliciosamente em minha
cara. Sinto que não preciso respirar, apenas levá-la ao orgasmo,
sentindo seu gosto intenso e deliciosamente doce, minhas mãos
seguram sua cintura fazendo-a se movimentar da forma que lhe
dará ainda mais prazer, quando finalmente um grito ecoa pelo nosso
quarto e seus olhos cheios de satisfação se fixam aos meus. Ao
sorrir, faço sua boceta vibrar e minha pequena chega a outro
orgasmo que me deixa ainda mais ensandecido.
— Vem aqui!
Retirando-a do meu rosto, sento-me segurando sua cintura,
coloco Marty sobre meu pau e o calor escaldante de sua boceta
quase me faz derramar minha semente.
— Sabe o quanto te amo?
— Sim.
— Sabe que daria a minha vida por você?
— Sim, mas, por favor, não se machuque.
— Marty... — Ela se ergue, posicionando meu membro em
sua entrada, então começa a deslizar por ela.
— Diga, príncipe.
— Tenho tanto medo de não ser o suficiente, ainda imagino
que pode me deixar. — Coloco meus medos para fora, ainda sonho
com seu olhar, aquele que quase me dilacerou.
— Não existe mais condições de me afastar, Lannur.
Seus movimentos se iniciam, são lentos e contínuos, seus
olhos presos aos meus enquanto ela me sente, lançando sua cabeça
para trás, clamando por mim.
— Preciso que sinta que não vivo mais sem você.
Tenho minha mente invadida por ela e tudo que vejo é como
ela planeja o nosso futuro juntos, em como nossas vidas serão
perfeitas quando todos os perigos forem eliminados.
— É exatamente isso que quero ao seu lado, pequena.
— Então me come com força, Lannur, mostra para mim toda
o seu desejo por mim.
— GRRRRRRR!
Rugindo, me ergo da cama com ela em meus braços e
caminho até a poltrona que fica em frente a grande parede de vidro
que nos revela o nascer do sol, a coloco apoiada no encosto
deixando sua bunda posicionada à minha disposição.
— Assim, exatamente assim que preciso de você.
— Lannur, não me deixa esperando. 
Seu clamor acontece porque fico admirando o corpo pequeno
e cheio de curvas da minha pequena.
— Me quer dentro de você, Marty?
— Sim, eu tô implorando.
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O seu prazer escorre pelas suas pernas e meu pau pulsa
apenas com a visão. Desejando atiçar um pouco mais a minha
companheira, deslizo minha língua na sua intimidade fazendo com
que seu corpo inteiro se arrepie, mas não tenho condições de ficar
brincando assim, meu pau está quase se partindo, meus nós estão
inchados ao limite e prontos para se derramarem. Posiciono-me
novamente atrás dela e seus olhos castanhos me encaram por cima
do ombro quando em uma arremetida me enterro completamente
nela, a forma com que se derrete de prazer me faz urrar, segurando
sua cintura meto cada vez mais rápido.
— Veja, pequena, veja como até mesmo o Sol nasce para
contemplar a forma com que te dou prazer.
— Lannuur!
Em uma sequência de orgasmos múltiplos meu pau segue
sendo ordenhado, massacrado e quase esmagado pela pressão de
sua boceta gulosa, Marty grita pedindo mais e a obedeço sem
questionar. Minhas mãos segurando forte sua cintura pequena
enquanto observo hipnotizado meu pau sumir dentro dela, seus
gritos se misturam aos meus grunhidos, eu não quero que acabe.
Ela segue implorando que não pare, mas chego ao meu limite, então
lanço minha semente em seu interior urrando tão alto que ouso
dizer que todo o vale possa ter ouvido.
Movimentando-me em busca de prolongar ainda mais o que
sentimos, sinto quando meus nós nos travam e cubro meu corpo
com o seu.
— Esse inverno será o mais feroz que já vivi.
— Por que diz isso?
— Porque, pequena, eu quero foder com tamanha força que
seus gritos poderão ser ouvidos ecoando pelas montanhas.
Colo minha testa em suas costas enquanto nossos corpos se
acalmam.
— Não me importo que todos saibam quão satisfeita me
deixa.
Sorrio de suas palavras e minutos depois sinto meu pau
deslizando lentamente de sua boceta e nossos corpos anseiampor
um banho. A pego nos braços a levando para a água, e então
começaremos nosso dia. Olho em seus olhos e existe algo ali.
— O que te preocupa?
— Sabe que é hoje que vamos conhecer Anira, Auror e
principalmente Roman.
— E Kynai e Mayllini
— Eles já sabem de nós, mas ainda não tivemos tempo de ir
visitá-los, em uma semana é a apresentação de Roman para todo o
clã e eu estou ansiosa, as meninas falam tanto de Anira, e se ela
não gostar de mim?
— Impossível, Marty, Ann é a melhor pessoa que
conhecemos, apesar de ter ameaçado a mim, Kynai, Jacob e o Arow,
não seremos assassinados. — Sua gargalhada explode e o sorriso
mais lindo aparece.
— Confio em você. — Beijo a ponta do seu nariz.
Começamos a nos organizar, já que tomaremos café da
manhã com todos eles, não vejo Kynai desde o ataque na fronteira e
ainda que queira matá-lo por ter atravessado meu caminho, sou
grato por ter feito.
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29
Estou nervosa, por todo esse tempo ouvi falar de Anira e
Auror, as meninas são apaixonadas por ela, e meio que acabei me
apaixonando por tabela, vou conhecer seu filhote também, e
imaginar que segundo a Deusa Lua em breve seremos eu e Lannur,
me deixa em extasie.
— Parece que estão todos aqui — Lannur fala e o encaro com
olhos arregalados.
— Ei, pequena. — Sou puxada para seu colo ficando frente a
frente com ele. — Não precisa se preocupar, são as garotas de
sempre e mais duas, vai ser interessante, você vai ver.
— Não saia de perto de mim.
— Jamais.
Vemos todos eles descendo de seus carros e Kynai assim que
nos vê corre em direção a Lannur, sorrindo.
— Irmão. — Eles se abraçam por um longo tempo e a mulher
ao seu lado caminha em minha direção.
— Prazer, sou Mayllini, companheira de Kynai. — A abraço
ganhando um beijo na bochecha, ela é linda, seus longos cabelos
brancos a deixam parecida com um anjo.
Eles seguem se cumprimentando quando Jacob se aproxima
com Beylli e Arow ao lado de Emmy. Mayllini se apresenta as
meninas que ficam tão empolgadas com ela como ficaram comigo, e
vejo os quatro homens se abraçarem e recebem Kynai com muita
festa.
Ele é um homem tão alto, musculoso e bonito quanto os
outros, seus cabelos são loiros e digamos que um pouco
desgrenhados, seus olhos são de um amarelo diferente de tudo que
já vi.
— Eles parecem muito unidos — afirmo.
— E são, Kynai não parava de falar que queria estar com os
amigos, mas após sua recuperação tivemos nossa ligação, e digamos
que um alvoroço se estabeleceu na torre sagrada.
— Por quê? — é Emmy quem questiona, curiosa.
— O que acham de nos juntarmos e descobrirmos isso junto
com Ann, sabe, para o caso de Mayllini não precisar repetir.
Nossos companheiros se unem a nós formando os casais e
entramos sentindo o cheiro delicioso que vem da cozinha, Kynai
decide ir na frente com Mayllini, que já conhece Ann.
— O cheiro está tentador, Anira — Kynai fala entrando no
cômodo e o sorriso de Ann cresce absurdamente.
Ela é linda, com cabelos brancos e olhos intensos, podemos
ver o quanto é apaixonada por tudo ao seu redor e de esguelha vejo
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Auror quase babando em sua companheira, enquanto acompanha
tudo que acontece com a nossa chegada.
— Ann, preciso concordar com Ky, o cheiro está maravilhoso
— diz Mayllini indo em direção a Ann que sorri.
— Dra. Beylli, achei que não viria — Ann cumprimenta.
— Acredita mesmo que perderia esse convite, Ann? Seu café
é a coisa mais comentada lá na clínica, nem que eu precisasse
chutar Jacob da cama nós viríamos. — Todos sorriem do seu
comentário.
— Minha preciosa, eu a carregaria nos braços até aqui se
necessário fosse.
Jacob é como todos os machos acasalados, apaixonado e
superprotetor.
Todos riem e Emmy com Arow cumprimentam Ann, quando
finalmente decido me apresentar, meio constrangida e
envergonhada.
— É um enorme prazer conhecer você, Anira, Lannur fala
muito bem da companheira do seu líder. — Ganho um abraço
acolhedor e aquela primeira impressão muda e me sinto como
sempre, parte de algo.
— Primeiro me chame de Ann, não se acanhe, querida, o
prazer é nosso, é bom que venha para o lado negro da força, nós
sempre estaremos unidas contra os sufocamentos desses machos. —
Nossos olhares se cruzam com o de todas as outras companheiras e
estabelecemos um trato, um clube de amigas que sei que irá durar
para sempre, eu sinto isso.
— Não a ouça, minha pequena joia, tudo que faço por você é
ser cuidadoso. — Lannur tenta argumentar e faz com que todas nós
sorrimos.
— Onde está meu sobrinho? — Emmy questiona e é Auror
quem responde.
— Nosso filhote está dormindo.
— Depois do café vamos todas até ele — Ann fala. — Agora
se sentem, fiz café para um batalhão, espero que não deixem nada
sobrando.
O café dura por duas horas, acabou virando uma roda de
conversas entre os machos e entre as fêmeas, e todas vamos velar o
sono de Roman.
— Estou cada dia mais apaixonada por ele — Ann sussurra e
todas nós suspiramos.
— É um pequeno príncipe — Bey fala e olha para Jacob como
se desejasse um também.
— Ok, precisamos deixar claro que todas nós estamos com o
útero coçando para termos filhotes também. — Emmy, a mais
empolgada, faz com que todos nós gargalhemos.
Ficamos por ali envolta do berço de Roman, enquanto Auror
parece ser colocado a par dos últimos acontecimentos em Forty Mile.
— Agora nos conte, Mayllini, como foi o tratamento de Kynai,
como foi o encontro de vocês? — Ann questiona e todas nós nos
sentamos no tapete em volta de Emmy que está com Roman nos
braços.
Ela nos olha com seus olhos brancos e depois encara Kynai
que sorri para sua destinada.
— Não é que a chegada de um férnus pela primeira vez na
torre sagrada não tenha causado certo alvoroço. — Seu sorriso
parece tímido. — Todas tinham medo de se aproximar, afinal as
únicas que desejaram contato com o mundo exterior sempre foi
Luna, Helena e Iria.
— Por quê? — Minha curiosidade me mata ainda.
— Quando decidimos seguir Luna, nós não queríamos deixá-
la sozinha, mas bem, algumas coisas estão mudando, então parece
que não estávamos sendo desleais ao nos aproximarmos dos férnus
— Mayllini fala de uma forma que não entendemos.
— Calma, pera — Emmy fala séria. — Como assim mudanças?
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— Não sei se é isso, mas o Guardião e a Anciã Luna, eles têm
uma química — Beylli fala e os olhos de todas nós crescem, menos
os de Mayllini.
— É isso? — Ann sorri grandiosamente.
— Não posso falar por ela, mas existem mudanças
acontecendo, e a Deusa Lua e o Deus Sol parecem ter se entendido
e movimentado todos os clãs e linhas de tempo para encontrar as
armadilhas deixadas por Destiny. — Quando ela informa isso, Beylli
parece se encolher um pouco.
— Vem aqui, querida, nunca mais eles irão atravessar o seu
caminho — Ann fala e Bey deita a cabeça em seu ombro.
— Agora nos fale, como foi conhecer Kynai? — Emmy gosta
de se manter atualizada.
— Quando ele abriu aqueles grandes olhos eu tive a certeza
de que nos pertencíamos, mas precisávamos cuidar dele, estava
confuso e sonolento, foi muita magia antiga, por pouco não
perdemos a sua essência. — Ela é apaixonada por ele, podemos
sentir além de ver. — Mas Kynai tem um coração forte e uma
vontade impressionante de viver, cuidar dele se tornou meu objetivo
de vida, ele não queria ninguém além de mim, e movimentou muito
todas as angelics da torre sagrada.
Ann suspira e nos leva junto, Mayllini segue nos contando
como foi cada dia ao lado dele e como Kynai transformou a mente
de várias de suas iguais. Roman logo acorda para mamar, e depois
passa um pouco de tempo no colo de cada uma de nós, então chega
o momento de partir e apesar de saber que nos veremos sempre,
sinto por dizer até mais.
30
A dias do inverno...
Desejando ficar com a minha destinada, preciso ser o mais
rápido que puder, sei que só voltarei à noite, e então irei me isolar
com ela para iniciarmos nosso primeiro inverno juntos. Nesses
últimos dias todas elas se tornaram inseparáveis, ainda maisdepois
do que houve na apresentação de Roman, que graças a Deusa nada
de mais grave aconteceu, isso as uniu ainda mais. Agora
movimentamos tudo que precisamos, mas ainda tenho coisas para
fazer por hoje e então eu serei por três meses da minha
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companheira em nosso primeiro cio moldando nosso filhote aos
pedacinhos.
— Quando retornar, prometo passar os próximos três meses
contigo em meus braços — digo beijando sua testa.
— Vai ficar o dia todo fora? — Sua mão alisando meu rosto
me faz fechar os olhos apenas sentindo seu toque.
— Sim. Preciso correr pela fronteira antes e ter certeza de
que estão todos seguros, os férnus jovens cuidarão das nossas
fronteiras até que o inverno acabe, então quando voltar serei todo
seu.
— Ficarei assistindo tv, já finalizamos todo o trabalho de
compra de insumos e os pedidos pós-inverno, então vou apenas
relaxar e te esperar.
— Isso não me ajuda a sair, pequena. — Travo o maxilar
imaginando que poderia já me trancar com ela e deixar todo o
mundo do lado de fora.
— Apenas te dando um motivo para voltar, tenho tido várias
ideias para os próximos três meses.
— E pode me dizer quais são?
— Apenas uma delas, e ela consiste em não usar roupas.
— Puta merda, Marty! Me deixe ir, quando eu voltar quero
todas as informações necessárias para realizar todos os seus desejos
mais íntimos.
A puxo para um beijo intenso e cheio de vontade, mas preciso
muito ir, antes que me esqueça de minhas responsabilidades. Saio
de casa deixando-a protegida pelo círculo de proteção, enquanto
London não for pego, ela não sairá do lugar sem mim ou meus pais.
Começo a correr em direção aos férnus de fronteira,
precisamos vistoriar cada pedaço do nosso território antes mesmo
de nos isolarmos em nossas cabanas. Mas algo não parece certo, os
cheiros se misturam e quando chego encontro uma reunião da qual
não estava preparado para ver.
— O que os férnus do Sul fazem aqui? — Aproximo-me e vejo
Sbor, líder do clã do Sul, em pé, com seus grandes olhos vermelhos
e pelos tão pretos quanto a noite.
— Este é Lannur? — sua voz trovejante questiona,
encarando-me.
— Sim — Black informa e não entendo o que está
acontecendo aqui.
— Recebemos a informação que sua companheira está na
mira de London, aquele desgraçado levou a minha companheira
prenha de poucos dias.
Essa informação me pega desprevenido.
— Como?
A história parece ficar mais mirabolante a cada momento.
— Existiu uma coleta de urgência, já que todas as fêmeas
humanas que estavam com eles nas montanhas foram mortas por
exilados cruéis.
— Para mim a sua companheira havia sido assassinada por
Orion. — Um rosnado escapa e ele parece crescer.
— Lannur... — Black tenta me alertar e Fire, Jared e Nirvian
se aproximam de mim.
— Deixe, Black, não que deva alguma explicação a ele, mas
já que vamos fazer isso juntos, precisamos fazer cientes. Nallie não
é minha companheira destinada, como sabe, a angelic destinada a
mim foi assassinada por Orion, ela é minha companheira escolhida,
nos damos bem, muito bem, precisava terminar de organizar tudo
para o calor, então houve uma invasão e nossas fêmeas foram
levadas. Não estou aqui buscando que entendam minha posição,
apenas que me ajudem, vamos subir aquela montanha com ou sem
vocês, mas como a sua situação se parece com a minha, acreditei
que poderíamos trabalhar juntos.
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Olho para Black que confirma com um acenar de cabeça que
aquilo é real, então antes que consiga me pronunciar, o Guardião
aparece.
— Encontramos a localização, se sairmos agora chegaremos
lá à noite e estaremos aqui antes que amanheça.
Ninguém parece surpreso com a revelação do Guardião, com
certeza todas as movimentações vêm sendo acompanhadas. Logo o
Líder do clã do Leste aparece e todos os meus irmãos eriçam seus
pelos.
— O que ele faz aqui? — Black deixa de ser amigável neste
momento.
Com Anira e um filhote ele assume no lugar de Auror.
— Preciso que se acalmem, estamos todos no mesmo barco,
pelo visto o ataque foi simultâneo nos quatro clãs. — Brionyr inicia a
conversa e logo outro portal se abre, o líder do clã do Oeste
atravessa por ele.
— Irmãos. — Conrad nos cumprimenta e com o mesmo olhar
de desaprovação encara Brionyr.
— Bem, estamos todos aqui, de cada clã foi levado fêmeas,
menos é claro do clã do Norte, e sabe o que me encuca com isso? O
motivo — Brionyr começa a questionar e vejo o Guardião se
empertigar incomodado com seu questionamento.
— Existe o círculo de proteção em nosso clã — Black pontua.
— O que deveria existir em todos os clãs — Brionyr rebate,
sendo novamente questionador.
— Ousa questionar a forma com que a Deusa e suas Anciãs
cuidam de cada clã? — O Guardião dá dois passos em sua direção.
— Cada líder e sua anciã decidem a melhor forma de proteger os
seus, então que tratem de resolver isso apenas em seus territórios,
apesar de Auror não estar aqui por motivos óbvios, nós seguiremos
o acordo de buscarmos as fêmeas levadas por London e eliminarmos
todos os exilados, esse é o ponto alvo de nossa incursão, qualquer
que seja o questionamento, que seja feito após nosso resgate.
Todos encaram o Guardião e posso ver que Brionyr engole
seco, mas não questiona. Somos informados que são seis fêmeas do
clã do Sul, duas delas prenhas, quatro do Clã do Leste, e seis do Clã
do Oeste. Com a movimentação de London por conta de Marty,
Auror achou melhor todos nos ajudarmos, assim com força máxima
conseguiremos ter êxito e voltar de lá o mais rápido possível.
— Se sairmos agora chegaremos lá ao anoitecer — o
Guardião informa.
— O que gostaria de saber é, por que não usamos as
passagens de magia? — A voz de Auror troveja e surpreende a todos
nós.
— O que faz aqui, Auror? — Black o questiona.
— Não deixaria meus irmãos seguirem para algo tão perigoso
sem acompanhá-los, se todos os líderes estão aqui, eu tenho que
estar também — fala e sinto que Brionyr perde um pouco da sua
postura austera. — Ann está com Jacob, Arow e suas destinadas, vá
até eles, Black, e cuide da minha família, logo estaremos de volta.
Black não fala nada, apenas sai correndo em direção a Forty
Mile sob as ordens do nosso líder.
— Auror, sobre não atravessarmos passagens de magia a
situação é a seguinte, os portais ficam instáveis por conta de todas
as armadilhas de magia antiga espalhadas pela montanha, os levarei
até o pé da montanha, de lá subiremos, essa subida que irá demorar
um pouco mais. Enquanto estivermos subindo iremos destruindo
cada uma delas e então a volta será num piscar de olhos, enviarei
cada um a seus clãs e encerraremos isso.
— London é meu — Auror rosna alto e ninguém ousa
questioná-lo.
— Vamos. — O Guardião começa a se movimentar e logo um
círculo de fogo se abre, ele nos direciona por ele, todos os líderes e
soldados passam deixando nosso clã por último.
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Chegamos ao pé da montanha, e o tempo aqui apesar de ser
dia parece noite, uma névoa densa e escura encobre o lugar e
precisamos começar a subida.
— Não se afastem de mim — Auror nos avisa acessando
nossas mentes.
Apesar de sermos da mesma espécie, apenas o líder permite
que outros férnus de clãs diferentes possam acessar nossa
comunicação, e Auror aqui bloqueia isso, diferente de Black, que não
teria o poder de mantê-los fora enquanto eles poderiam nos
bloquear, então entendo o motivo de Auror estar aqui, além de ser o
Líder mais forte e ser imortal, ele veio nos manter seguros e assim
assegurar que nosso clã permaneça uma incógnita para todos os
outros clãs.
Todos nós concordamos com seu comando e começamos ao
lado dos outros clãs a subir a montanha.
31
Não confio em Brionyr, e quando Black me disse que ele
estaria aqui, o mandei na frente e soube no exato momento em que
chegou querendo mostrar suas garras que fiz o movimento certo,
porque afinal a sua cara de desgosto ao me ver fez o meu dia bem
melhor.
Ann e Roman estão protegidos em um esconderijo até eu
voltar, que apenas Blacke Marin sabe onde, eles os protegem e isso
é o que de fato para mim importa. Fui colocado a par de tudo que
aconteceu no meu clã pela Deusa Lua, e sabíamos que havia
chegado o momento de caminhar por onde a maldade de Destiny
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fincou suas armadilhas e destruí-las, não iremos permitir que mais
ninguém sofra por algo que não é de nossa responsabilidade.
— Existem cinco caminhos, todos eles foram demarcados por
mim e meus soldados — o Guardião começa a informar. — Para que
não digam que alguém está sendo levado ao perigo e haja
desconfianças, vocês os escolherão por cores.
Todos nós olhamos e o vemos abrir sua pata fazendo com
que cinco esferas de luz apareçam flutuando, vermelha, azul,
amarela, verde e dourada. Todos os líderes me encaram e pego a
verde, uma luz nos direciona o caminho e não ficamos lá para
descobrir quais cores foram escolhidas por quem.
— Vamos!
Começamos a escalada pelo lado direito da montanha, eu
mais nove férnus machos estamos dispostos a destruir London, ele
queria a companheira de um dos nossos, mas se existe algo que um
férnus do clã do Norte não permite é que fêmeas e filhotes sejam
machucados.
— Prestem atenção em tudo ao nosso redor — aviso.
— Pisem onde o outro pisar e mantenham o foco — Lannur
fala de forma séria, ele é o férnus mais antigo entre nós, foi por
causa dele que conseguimos nos desenvolver economicamente, sua
sabedoria é importantíssima para o nosso clã.
— O que acham que são as armadilhas? — Nirvian questiona.
— Não sei, mas tudo que não for branco ou verde é
armadilha, já que magia antiga é preta — informo.
Nossas mentes estão focadas na subida e o tempo parece ter
piorado intensamente, começamos a pular enquanto seguimos, pois
a neve fofa que se acumula está quase em nossa cintura, estamos
focados em destruir esses exilados e recuperarmos todas as fêmeas
que estiverem ainda vivas, apesar de não termos nenhuma de nós
aqui, pode ser que humanas ainda sejam prisioneiras.
Por horas subimos cinco metros e descemos dois, a força do
vento e a dificuldade de subida quase nos impossibilita de seguir em
frente.
— Inferno! — o grito de Fire nos deixa em alerta. Logo vemos
seu corpo ser lançado para trás.
— Fire! — Jared grita, segurando-o pela pata traseira e seu
rugido furioso ecoa pela montanha.
Quando nós nos viramos, três omolungus nos atacam, são
serem sombrios da floresta do sussurro, e por conhecer um pouco
da magia do reino élfico, sei exatamente o que pode os eliminar,
omolungus são destruídos com fumaça de sal negro. Recebemos
três pancadas antes de começarmos a cair como cascata, estava
preparado para eles, então ao me erguer, dando a volta, enquanto
meus soldados lutam me coloco atrás de onde estão, e lanço sobre
eles a fumaça de sal negro e eles queimam evaporando no ar.
— Estão todos bem? — questiono mentalmente quase não
enxergando nada.
— Sim.
— Como sabia o que fazer? — Lannur indaga.
— Não sou líder de um clã há séculos sem conhecer todos os
perigos de uma floresta élfica.
— O rei Elfo — Lannur pontua entendendo os motivos de
estar aqui.
— Sim, e podemos encontrar mais alguns destes na subida.
Voltamos a subir pulando a neve e nos esforçando ao
máximo, mas creio que isso foi apenas o começo, a cada novo nível
seremos atacados por algo que apenas existe no reino élfico. Destiny
era poderosa, mas seu conhecimento e manipulação sempre seriam
sobre as coisas do seu reino.
Como esperado, chegamos ao segundo nível de ataque onde
soldados negros nos atacam, com a ajuda da Luz verde desta vez
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eles são eliminados, mas Nirvian precisa de auxílio e um torniquete
no braço.
— Inferno! — Jared grita ao fazer seu torniquete.
— GRRRRRRR! — O urro de dor do macho ecoa pela
montanha e parece desestabilizar a neve.
— Sem sons que façam a montanha vibrar — ordeno alto. —
Se a neve solta deslizar sobre nós seremos levados até o pé da
montanha.
Todos paralisam e ficam em silêncio. Seguimos a subida cada
vez mais íngreme e difícil, os ataques seguem acontecendo e o pior
de tudo não era ter que eliminá-los, e sim fazer tudo isso em
silêncio.
A batalha nos lança para baixo e pela nossa força nós a
forçamos para cima, nosso último obstáculo é uma barreira sombria,
nos deparamos com ela, retiro da bolsa élfica pasta de raiz da
confusão, dentro da névoa nós não teríamos a tormenta porque com
ela fora da névoa enlouqueceríamos, mas dentro dela nos
manteríamos sãos.
— Antes de saírem da névoa lavem seus focinhos com neve.
Todos confirmam então atravessamos.
Sentimos as investidas, mas não perdemos a nossa mente,
ela continua interligada, por um tempo em que não conseguimos
contar, seguimos atravessando com dificuldade a névoa densa e
incômoda.
— Parem! — grito quando percebo que estamos a um passo
de sairmos dela. — Atravessem com o focinho na neve.
Assim que mando, eles fazem o que digo e conseguimos sair
sem que tenhamos maiores problemas. Ainda temos alguns metros
para subir, mas já conseguimos ver as muralhas do local onde
London mantém as fêmeas prisioneiras.
— Precisamos ter cuidado, iremos esperar o sinal do Guardião
— informo a todos que ficam onde estão.
— Ansioso para pôr minhas mãos naquele desgraçado —
Lannur rosna.
Entendo bem o que ele sente, tudo que queria era livrar
minha companheira de qualquer mal existente, e quase não consigo,
a sorte é que estávamos todos juntos e conseguimos livrá-los de
toda a maldade que Cellen queria nos causar.
Logo vejo as cinco cores de luz se unificarem à nossa frente e
sabemos que as cinco equipes atingiram o cume. Está na hora de
invadir e mostrar a London que seus dias de reinado no exílio
acabaram.
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32
É Noite quando atingimos o pico, se Auror não tivesse
conosco creio que teríamos tido algumas baixas, o que só fortalece a
minha ideia de que ele não queria que ninguém soubesse antes e
apenas o fato de surpreender todos já foi uma jogada de mestre.
Auror como sempre age como um verdadeiro líder e não existe em
nosso clã nenhum férnus que não o respeite por ser quem é.
Começamos a escalar os muros do lado Sul, quando todos
nós estamos dentro da montanha do exílio podemos ouvir os sons
da batalha, começamos a correr e logo somos interceptados por
férnus exilados. A fúria que sentimos de estar em um lugar onde
machos usam fêmeas como escravas faz a bile subir em nossas
gargantas.
Cada exilado que assassino me banhando em seu sangue é
menos um que poderia atravessar o caminho da minha destinada.
Pensando em Marty não vacilo em momento algum, rasgo e mordo
gargantas, molhando o solo da montanha que com toda certeza
levará dias para secar.
Auror é uma máquina de matar, colunas são arrancadas de
corpos grandes e corpulentos, ele é o único líder conhecido que
consegue fazer isso e com toda certeza isso é mais um ponto que
faz com que todos os outros líderes o respeitem.
O caos está instalado, não há misericórdia. Quando
finalmente entramos no lugar somos guiados pelos corredores que
nos levam para o subterrâneo, um tipo de masmorra. Os clãs ainda
batalham contra os exilados, mas nós precisamos chegar ao fundo
disso, em nenhum momento somos alertados sobre London e o
Guardião parece tranquilo quanto a tudo.
— Puta merda! — Jared é o primeiro a falar.
Em várias celas imundas tem fêmeas férnus machucadas,
mais do que imaginávamos. A cena é paralisante, e imaginar que a
minha Marty poderia estar aqui me deixa angustiado desejando
desesperadamente estar com ela.
— O que faremos? — Auror questiona.
— London não foi achado em lugar algum — o Guardião
informa.
— Ele pode ter ido para Forty Mile. — Essa informação
queima em meu peito e quando Auror me olha, ele sabe o que
penso sem nem mesmo falar.
Começamos a movimentar todas as fêmeas, enquanto os
outros líderes e seus soldados chegam. O grunhido de dor de Sbor
ao ver sua companheira machucada parte meu peito, posso sentir
sua dor. Cada um de nós ajuda a transportar todas paracima, e
quando finalmente estão toda seguras ouvimos alguém gritar.
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Os líderes recuaram, retornando ao lugar cravado na terra, e
o que vimos nos estarrece, existe dez fêmeas humanas escondidas
na escuridão.
— Quem as encontrou? — o Guardião questiona.
— Eu — Fire responde. — Estava retornando quando ouvi um
sussurro de alguém pedindo socorro, apenas empurrei a pedra e
elas surgiram.
O nó em minha garganta não desce, minha Marty poderia
estar no lugar delas.
— Não seremos responsáveis por humanos. — Sbor cospe as
palavras.
Brionyr apenas bufa sendo seguido por Conrad.
— Não queremos nada com esses seres inferiores, levem-nas
para o Clã do Norte, sabemos que lá a escória se multiplica.
— GRRRRRRR! — o rugido de Auror faz com que todos
recuem um passo. — Ousem continuar a proferir palavras que
ofendem os machos do meu clã que não me importarei de levar a
guerra a cada um de vocês. — A forma com que fala estremece os
ossos de qualquer um.
— Não queremos, viemos por nossas fêmeas, as enviem para
os humanos — Brionyr avisa.
— Ficaremos com os cuidados delas — Auror informa.
Logo o Guardião começa a criar os portais enviando todos
para os seus clãs, cada um de nós, inclusive Auror, pegamos uma
humana nos braços. Encaro o olhar de Auror para mim e engulo
seco, apenas nego levemente com a cabeça sem que ninguém
perceba e ele confirma, o portal é aberto, saímos diretamente na
tenda da grande fogueira, lá todas as fêmeas que perderam seus
companheiros ou que ainda não chegaram em fase adulta cuidam de
quem precisam, Auror ordena que cada uma das mulheres seja
tratada durante o inverno e então quando passar ele dará um jeito
de devolvê-las às suas famílias.
Ninguém ousa questioná-lo, é início de madrugada quando
vemos o Guardião selar o lugar com magia criando um círculo de
proteção, pelo que somos informados, as humanas entrarão em
estágio de hibernação e quando o calor passar, voltaremos até aqui.
— Obrigado a todos, vocês foram guerreiros incríveis — Auror
informa.
— É sempre uma honra estar em uma batalha ao seu lado,
Auror — Jared avisa e todos nós concordamos.
— Estão todos dispensados, sigam para suas casas.
Todos começam a se movimentar quando Auror me chama.
— Lannur.
— Sim.
— Prestou atenção no mesmo que eu?
— Sim, mas não creio que possa ser, deve ser apenas uma
coincidência. — Ficamos nos encarando e ele concorda com um
acenar de cabeça.
— Quando o calor passar, resolvemos isso, pode sim ser uma
coincidência, mas aprendi em séculos que coincidências não
existem, tudo é sempre uma obra do destino ou um movimento dos
deuses para nos colocar em caminhos dos quais jamais andaríamos
se coisas como as de hoje não acontecessem.
— Tem razão, mas neste momento preciso apenas da minha
companheira, nada além dela.
— Nos vemos em alguns meses para resolvermos isso.
Aceno com a cabeça começando a correr em direção à minha
cabana, continuo acreditando que tudo não passa de uma
coincidência, e ainda que no fundo eu saiba que não, se esperamos
tantos anos para descobrir, não será agora o momento de resolver
isso.
Correndo, ansiando apenas pelo cheiro da minha
companheira, não penso em mais nada além de estar com a minha
pequena, preciso me jogar na água para que limpe do meu pelo
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todo o sangue seco existente nele, mas decido que preciso estar
dentro do círculo de proteção e me jogar nas águas do rio que
atravessa próximo à nossa cabana.
Quando finalmente estou em local seguro, corro até a água
gelada me lavando, posso enxergar sob a luz da lua a mancha de
sangue descendo pelas águas que me limpam tirando de mim o
cheiro de qualquer que seja a fêmea humana que tenha carregado,
isso arde meu nariz e com certeza todos os férnus acasalados que
ajudaram no resgate se sentem como eu.
Quando acredito estar limpo suficiente, saio da água
chacoalhando-me até que meu pelo esteja completamente seco,
assim que gosto de como estou, volto a correr em direção à minha
pequena. Atravesso a porta trancando-a atrás de mim, antes que
suba em busca dela, vistorio cada canto da cabana sentindo o seu
cheiro concentrado. Na cozinha, a mesa está posta e um lamento
me atinge, ela me esperou para comer. Pensando em fazê-la se
alimentar, esquento sua comida e a minha, arrumando-as na
bandeja e levando até a minha destinada.
Eu serei e farei tudo que Marty necessitar, e a protegerei de
todo o mal existente no mundo. Ela é a minha razão de existir e se o
que desconfiamos seja verdade, estarei ao seu lado para que
possamos entender juntos o que diabos aconteceu.
33
Deitei-me após alimentar a lareira, é quase uma da manhã
quando me vejo vencida pelo cansaço e decido esperar Lannur no
nosso quarto. Meu dia foi tranquilo, conversei em chamada de vídeo
com as meninas e depois com Haylla e Runnak, eu me sinto segura
aqui e não aconteceu nada que me assustasse.
Cozinhei a comida favorita de Lannur além de carne de cervo,
sendo guiada por Haylla que é uma excelente professora.
Estava tarde quando pedi que fossem descansar, eles tinham
fechado todos os animais em seus celeiros para protegê-los do
inverno rigoroso que vai cair, não quero que se esforcem mais
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enquanto esperavam comigo. Arrumei tudo e fui me deitar, estava
sem fome, já que provei enquanto cozinhava, queria manter minha
promessa de jantar com ele.
Agora estou aqui, sem condição alguma de manter meus
olhos abertos, então permito que me entregue ao sono.
Sinto beijos e toques pelo meu corpo, eles me despertam e
abro meus olhos sorrindo.
— Cheguei, minha pequena joia. — A voz rouca e apaixonada
de Lannur aquece meu coração.
— Esperei enquanto pude, mas fui vencida pelo cansaço. —
Sorrio e ganho um beijinho casto.
— Trouxe nosso jantar, quer comer comigo? — Seu nariz
gelado se enfia na curva do meu pescoço, despertando-me de uma
vez.
— Sim.
— Então vem. — Sou pega nos braços por ele que me leva
até a mesa próxima à lareira, onde nossos pratos já estão postos.
— Fiz sua comida favorita — digo me sentindo
completamente feliz.
— Com certeza está muito mais gostosa do que a da minha
mãe. — Ele pisca para mim.
— Lannur! — o repreendo. — Haylla cozinha melhor do que
ninguém.
— Ninguém tem o tempero melhor do que o da minha
companheira.
— Eu te amo.
— Eu também amo você, minha pequena.
— Como foi lá?
— Conseguimos resgatar dez fêmeas humanas, mas não
encontramos London. — A forma com que fala contém certa ponta
de revolta em sua voz.
— Logo ele será encontrado, não se preocupe. — Aliso seu
rosto para confortá-lo.
— Sim, e poderemos caminhar livremente sem te deixar presa
aqui.
— Me sinto segura.
— Mas quero que se sinta segura em nossa casa da fazenda.
— Me sentirei, sempre vai existir você para me manter
protegida.
— Por toda a minha vida.
Sentindo uma paz transbordante, começamos a jantar e ele
começa a me contar o que encontraram naquele lugar, sinto que ele
me polpa dos detalhes e o agradeço mentalmente por isso, não
gostaria de saber os detalhes sombrios e sórdidos desse resgate.
O jantar ao seu lado é delicioso, logo o assunto muda, e sou
informada que estamos oficialmente isolados, Lannur não sairá mais
pelos próximos dias e logo o calor chegará. Sinto que já somos
intensos e muito grudados, mas a expectativa de um cio me faz
acreditar que nada do que aconteceu até hoje conosco se aproxima
do que está por vir.
Ainda conversando sobre a fazenda Joia do Norte para onde
iremos nos mudar assim que London for pego. Ficamos planejando o
que gostaríamos de melhorar, Lannur tem ideias interessantes e me
conta todas elas enquanto levamos nossos pratos para a cozinha.
— Acho que isso é tudo, senhora Lennox. — Lentamente
minha roupa começa a desaparecer, não restando nem mesmo as
minhas meias.
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— O que acha que está fazendo? — Mordo os lábios enquanto
questiono.
— Apenas colocando em prática seu desejo de não usarmos
roupapor todo o inverno.
— Ainda não começamos com o inverno — pontuo sorrindo.
— Estou apenas nos adequando a ele, pequena. — Suas
mãos grandes seguram minha bunda ajudando-me a erguer meu
corpo e abraçar sua cintura com minhas pernas.
— Gosto da sua forma de pensar, príncipe. — Lannur esfrega
seu rosto contra o meu com delicadeza
— Senti tanto a sua falta, desejei estar com você e não tão
longe, mas agora preciso me manter grudado em você, porque, não
existe a possibilidade de existir, respirar ou imaginar minha vida sem
estar ao seu lado, minha pequena.
— Gosto do seu jeito romântico. — Seguro seu rosto com as
duas mãos e seus olhos lilás que tanto amo me encaram. — O que
está pensando?
— Quero dormir com você colada em mim, mas quero estar
na forma da minha casca.
— Por que esse desejo agora? — Não entendo o motivo.
— Consigo ser um pouco mais delicado ao tocá-la com ela.
— Mas é delicado o suficiente em sua forma original.
— Permita que te dê prazer com ela por algum tempo, depois
não conseguirei me transformar até que o calor passe.
— Eu não preciso permitir que seja o que quiser ser, Lannur,
eu amo você de qualquer jeito ou forma, pelo que você é aqui —
aponto para o seu coração.
— Eu sabia que quando conseguíssemos nos entender, eu me
apaixonaria todos os dias por você, a cada detalhe, minha pequena.
— Seus olhos brilham de uma forma intensa.
— Eu quero todas as suas versões, seja ela qual for, o que irei
impor é que seja você e mais ninguém. — Ganho um beijo delicioso,
de tirar o fôlego que vem junto a um grunhido que diz que ele está
se contendo para fazer o que deseja.
Cesso o beijo para ajudá-lo e logo tenho meu corpo colocado
sobre a mesa da cozinha.
Lannur pula sobre seus pés e em sua casca nua e perfeita ele
se vira em minha direção sorrindo e me estragando ainda mais pelo
resto da vida, pois ninguém jamais conseguirá atingir em meu
coração a intensidade e magnitude do amor que sinto por ele.
— Vamos. — Seus braços me envolvem e seu rosto se afunda
na curva do meu pescoço.
— Eu posso andar. — Sorrio da forma com que ele me pega.
— Eu a carregarei pela vida inteira enquanto eu ainda tiver
força nos meus músculos.
Caminhando comigo em seus braços, sigo fazendo carinho em
seu rosto e em seus longos cabelos pretos, enquanto ele sorri da
forma mais apaixonada e carinhosa que jamais um dia ousei sonhar.
— Minha. — Sua voz sussurrada é uma promessa de
pertencimento.
— Meu. — Retribuo concordando com o que sentimos e que
nos pertencemos.
Meu corpo é colocado sobre o colchão, Lannur alimenta o
fogo da lareira com um pouco mais de lenha, e logo se encaminha
para debaixo das cobertas comigo.
— Durma, minha pequena, estarei aqui quando acordar.
Ele beija minha testa e então finalmente eu me entrego ao
sono.
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34
Contemplar o sono da minha destinada é para mim viver da
forma mais perfeita que um macho como eu poderia sonhar, jamais
em toda a minha vida pude de fato sonhar com algo que chegasse
perto do que tenho agora, eu sempre irei protegê-la e cuidarei de
tudo para que ela possa apenas ser feliz. Carregaria suas dores e
sentiria suas angústias, entregaria a minha vida por ela e nunca me
cansaria de fazê-la sorrir, esse é o propósito da minha existência.
Vejo o dia amanhecer enquanto aliso seus cabelos, suas mãos
em minha barriga que começaram com uma carícia leve, não saíram
dali nem mesmo quando ela mergulhou em sono profundo. Ainda
sinto um peso, uma sensação de que isso pode não acabar bem,
ainda mais pelo fato de que agora tenho uma companheira, London
não a tocará, muito menos irá se aproximar da minha fêmea.
Arrancaria seus membros e só depois o decapitaria, colocaria fogo
em seus restos mortais e só então conseguiria voltar a dormir em
paz.
Temos ainda mais dois dias até que o calor chegue de fato
para nós, e nestes dias quero ser para minha companheira o melhor
macho de todo o mundo, sinto essa necessidade, esse desejo de
fazer com que ela deseje sempre ficar. Devagar, saio da cama
colocando um travesseiro no lugar que estava e ela se aconchega
nele com um gemidinho delicioso.
Ajusto a lenha na lareira e fecho a pequena fresta de luz que
passava pela grossa cortina. Antes que siga para a cozinha, passo no
closet vestindo uma cueca boxer e escovando meus dentes, ao
chegar na sala depois de descer as escadas acendo a lareira
deixando a casa completamente aquecida, o calor das lareiras
seguem pelos dutos de ar e mantém cada local da cabana aquecido
e confortável. Ouço meu telefone tocar em algum lugar e começo a
vasculhar, é aqui embaixo e não lá em cima.
Logo que o encontro no sofá sob as almofadas, vejo que é a
minha mãe.
— Bom dia, dona Haylla.
— Como está o meu filhote?
— Bem, mãe.
— E a minha filha?
— Neste momento, dormindo.
— Ah, que bom, ontem ela estava bem preocupada com você,
já que não chegava.
Respiro fundo caminhando em direção à cozinha.
— Algumas coisas saíram do controle, mãe. — Começo a me
movimentar fazendo o que preciso.
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— Que voz é essa, Lannur? Estou ficando preocupada, você
não é o tipo que se preocupa à toa.
— Trouxemos dez fêmeas humanas para o clã da montanha
do exílio, elas estavam por um fio, mãe, talvez nenhuma se salve,
mas tinha uma...
— Diga, Lannur, está me deixando ainda mais inquieta, eu
soube desse resgate. Soube que precisaram ser colocadas em
estado de hibernação para que talvez consigam se recuperar, mas o
que há de tão preocupante além do desejo que estamos tendo de
acabar com a raça daquele desgraçado? — Minha mãe é uma fêmea
um tanto quanto explosiva.
— Uma mulher que estava entre a vida e a morte, ela é a
versão mais velha da Marty, mãe, é como se eu estivesse
carregando a minha companheira, aquilo me incomodou e até
mesmo Auror percebeu.
— Mas a mãe dela morreu, meu filho.
— Então quem é aquela que eu carreguei, mãe? Nunca soube
sobre Marty ter tido irmãos, e não existe parentes nem do pai nem
da mãe. — Esfrego meu rosto com a mão livre.
— Deve ser apenas uma pessoa parecida, querido.
— Eu pensaria isso, se não fosse a sua marca de piebaldismo,
é idêntica, mãe, como se tivessem copiado a da Marty nela.
A respiração da minha mãe muda e ficamos por um tempo
em silêncio quando ele é quebrado pelo meu pai que entra na
conversa.
— Lannur, vamos aguardar o calor passar, cuide da sua
companheira, não lhe dê esperanças de que essa humana seja sua
parente ou possa ter alguma ligação com ela. Pelo que fui informado
ela é uma das mais fracas e que tem grandes chances de não se
recuperar, não dê a Marty uma possível mãe para enterrar.
— Pai...
— Sem pai, Lannur, não quero a Marty sofrendo, ainda que
ela mereça a verdade, este não é o momento. Você entendeu?
— Não quero esconder nada da minha destinada.
— Não está escondendo, filho, está protegendo-a, quem quer
que seja essa fêmea não poderemos fazer nada por ela agora, assim
que o calor passar prometo que sua mãe e eu estaremos ao seu
lado para auxiliar você nesta jornada.
— Obrigado, pai.
— Por nada, filhote, bom inverno para vocês, cuide da nossa
filha.
— Eu cuidarei.
Encerro a ligação sorrindo, meus pais têm Marty como parte
importantíssima da nossa família, com certeza se precisassem
escolher entre mim e ela, nós a escolheríamos.
Ainda é cedo e tenho tempo para fazer algo que ela gosta
muito, panquecas com mel. Abstraio qualquer que seja a
preocupação e foco apenas em fazer coisas que a minha protegida
ama. Faço café, suco e panquecas doces, ainda quentes, jogo mel e
polvilho um pouco de açúcar de confeiteiro jogando algumas frutas
frescas, mirtilos, morangos e amoras. Encomendei e vieram de bem
longe, mas tudo pela minha garota.
Como estou sozinho aproveito para comer alguns grandes
bifes de cervo apenas selados, sem sal e sem tempero, deixo um
pouco de espaço para o doce das panquecas, Marty gosta de
compartilhar o café da manhã.
Com tudo pronto, organizo na bandeja seguindo em direção
ao quarto. Deixo seu café na mesa ao lado da lareirae sigo para
cama, pulando sobre as patas trago meu monstro à tona, me
enfiando debaixo das cobertas começando a beijar seus pés subindo
pelas suas panturrilhas, coxas, bunda, costas e pescoço enquanto
minhas mãos seguem para seus seios fartos que com meu toque faz
com que ela solte um gemidinho delicioso.
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— Assim fica difícil me manter dormindo.
— Não se preocupe, querida, vou lhe ajudar a ficar bem
desperta.
— Lannur. — Ouvir meu nome saindo de sua boca como um
clamor me deixa louco.
Ainda debaixo da coberta, libero minhas garras rasgando sua
calcinha, com a minha pequena ainda de bruços afasto suas pernas,
segurando com vontade sua bunda redonda afastando suas bandas
mergulhando minha língua em seu cu, lambendo e sugando, os
gritos que ela solta me fazem continuar. Abocanho com vontade, ela
é a minha sobremesa favorita. Giro seu corpo colocando-a de costas
para a cama com as pernas em meus ombros, a coberta já não nos
cobre mais. Introduzo minha língua em seu canal molhado e quente
segurando sua cintura com minhas mãos, Marty rebola e grita
pedindo mais. Deslizando uma de minhas mãos, sigo até seus seios
apertando seu mamilo entre meus dedos enquanto esfrego meu
focinho em seu clitóris estimulando a minha companheira de todas
as formas.
— Lannur! Ah! Estou perto.
Meu pau baba vertendo pré-sêmen pela fenda e pelos poros,
quero esfregá-lo nela, mas apenas quando ela estiver preparada.
Então com o gemido mais delicioso do mundo ela atinge seu prazer
fazendo com que me delicie ainda mais do seu sabor.
Seu coração está acelerado, assim como o meu. Ajoelhado, a
puxo pelos tornozelos trazendo sua boceta até o meu pau, minhas
coxas apoiam sua bunda e introduzo meu membro de uma só vez
enquanto Marty grita.
— Isso, pequena, pede por mais, pede que soque tão fundo
em você que nós não consigamos distinguir onde um começa e o
outro termina.
Apoiado sobre os joelhos a seguro pelas coxas começando a
meter intensamente, suas mãos seguram os lençóis bagunçando
toda a cama, enquanto sinto que estou sendo prensado por ela,
suas mãos alisam seu corpo, ela está perdida em sensações, e ver a
cena se desenrolar na minha frente me deixa ainda mais feroz.
Meus rugidos e grunhidos se misturam a rosnados e urros, o
ritmo aumenta e nossos gritos se misturam, não quero que acabe,
não quero soltá-la, não quero ter que me desgrudar dela, então
puxo seu corpo para mim, fazendo com que suba e desça, e ela faz
segurando meus pelos com força.
— Vou derramar toda minha semente, Marty, toda em sua
boceta gulosa.
— Por favor, Lannur, faz esse calor escaldante passar.
Seus peitos pulam com o impacto dos nossos corpos se
movimentando e não suporto mais quando ela me ordenha pulsando
de uma forma tão poderosa que sinto que minha alma pode sair
pelo meu pau.
— GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!
Meus nós estão tão inchados que esfregam em seu ponto
sensível e ela segue tendo prazer e pulsando como se choques
estivessem atravessando seu corpo e isso me atinge novamente,
fazendo com que eu me derrame por mais duas vezes de forma
sequenciada, quase sem ar e sem forças, tamanha intensidade do
que está acontecendo conosco.
Ofegando e tentando nos recuperar e ainda presos pelos nós,
a envolvo em um abraço forte e posso constatar que seu cheiro
toma conta de todo o meu corpo, se impregnando em minha alma.
Após saciar nossos corpos com um acasalamento intenso a
levo para a mesa para então tomarmos seu café.
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35
Acordo sentindo meu corpo em chamas, minha boceta está
sensível e o fato de esfregar as pernas parece incendiar ainda mais,
abro meus olhos e percebo Lannur dormindo de costas para cama
com uma mão sobre a barriga e a outra debaixo da cabeça,
engatinho até ele como se fosse um copo com água no deserto
escaldante.
Quando minha mão toca os músculos de seu abdômen um
grunhido escapa e seu corpo inteiro tensiona.
— Estou pegando fogo, príncipe — de forma desesperada
aviso, é como se uma febre de 50 graus houvesse me atingido.
— Monte em mim, pequena, estava apenas esperando que
acordasse e me desejasse — avisa e meus sinais de alerta se ligam.
— Estava sentindo tudo?
— Sim, começou há pouco mais de duas horas.
— Lannur!
— O que foi, meu amor?
— Não pode se torturar dessa forma, se estiver há duas horas
sentindo o que sinto deve estar agonizando.
— Eu suporto por você, pequena, levamos seu corpo ao limite
ontem, não posso exigir mais, sempre cuidarei do seu bem-estar.
Subo em seu corpo, apoiando-me em seu quadril exatamente
sobre a saliência do seu membro. Lannur dobra suas pernas onde
apoio minhas costas um pouco inclinadas quando sinto o deslizar do
seu membro entre as dobras da minha boceta.
— Ah!
— A visão é ainda mais prazerosa, pequena. — A forma com
que fala me deixa ainda mais sensível, meus mamilos doem a ponto
de latejarem.
— Me ajuda! Por favor! — Lágrimas escorrem dos meus
olhos, é tanta intensidade se misturando a dor e ao desejo que não
suporto.
— Vamos ver o que precisa, farei tudo que for preciso para
satisfazer a minha fêmea.
— Haaa! — O grito que dou ao sentir o seu tesão me
enlouquece e atinjo o orgasmo apenas com isso.
Com uma de suas mãos em minha cintura sou erguida, com a
outra ele posiciona seu pau e então tomada pelo desespero, me
sento de uma só vez arrancando dele um rosnado tão alto que
poderia balançar a cabana inteira.
— Precisa ter cuidado, Marty! — Sou repreendida, mas não
me importo, tudo que desejo agora é que ele me foda com tanta
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vontade que me tire dos meus eixos. — Posso machucá-la.
— Me machuca, Lannur, mas me dá o que meu corpo precisa.
— Rebolo, subo, desço, grito, imploro, puxo com força os pelos de
sua barriga sarada e coberta de músculos, eu preciso dele
desesperadamente.
— Vamos nos resfriar.
Socando de baixo para cima, sinto cada estocada enquanto
suas mãos grandes se fecham em minha cintura, meus peitos
pulam, meu corpo treme, minha boceta queima como se estivesse
em chamas, e a fricção do seu pau começa a me enlouquecer ainda
mais. Estou perdendo a minha sanidade, Lannur é intenso e seus
pensamentos são tão devastadores que os orgasmos começam em
ondas tão violentas que grito alto pedindo, implorando, chorando
por mais.
Com um movimento ele se senta na cama sem nos
desconectar, é intenso e feral, ele urra a cada pulsar da minha
boceta, quando sua boca chega aos meus mamilos enfio minhas
mãos em seus longos cabelos e puxo, a sucção é tão poderosa que
cada uma delas me atinge como raios que atravessam meu corpo e
atinge em cheio minha boceta.
Ele está esfomeado, socando e mamando meus peitos, sinto
fisgadas como se agulhas estivessem atingindo meus mamilos duros
e então tudo escurece, perco minhas forças, tudo que ouço antes de
ter meu corpo desligado da tomada é um rugido alto de doer os
ouvidos.
Sinto meu corpo repousar na cama, voltando a mim, o calor
não parece ter cessado, sua mão aberta me puxa pela barriga, logo
minha perna é erguida e seu membro começa a deslizar para o meu
interior, vou sendo alargada e levada ao limite, um que eu adoro.
— Meu corpo, Marty, ele não está resfriando. — A
preocupação em sua voz liga meus alertas.
— Como?
— Já derramei minha semente duas vezes, e não passa, o
que está acontecendo conosco?
— Não para, Lannur, não para até estarmos completamente
resfriados, meu corpo precisa de você.
— Estou me preocupando com você, não está acostumada.
— Me fode, Lannur, me fode como se nossas vidas
dependessem disso.
— GRRRRRRRRRR! Elas dependem, pequena, mas farei como
deseja.
Eu mesma aperto meus mamilos já sensíveis após serem
castigados por ele, grito e imploro, ele estoca incansável, é forte e
bruto, sinto suas garras perfurarem minha pele e o urro alto que
solta me deixa em alerta.
— Não consigo parar, está cada segundo mais difícil, estou
perfurando sua pele, minhas garras não recuam, Marty, estamos fora
de controle.
— Ahhh, pelos céus, não para, estoumachucando você,
Lannur, é meu corpo, eu sei que é.
Outro orgasmo avassalador nos atinge e sinto seus jatos
quentes inundarem meu interior, mas estranhamente seus nós não
nos prendem. Lannur me vira de bruços, colocando vários
travesseiros sob mim, empinando minha bunda, seu corpo grande e
quente me cobre enquanto ele volta a me comer com vontade.
— Não está passando, Marty, me perdoa, pequena, mas não
consigo parar.
O lamento em sua voz me deixa tensa, não por mim, meu
corpo sendo atingido por tantos orgasmos me leva ao nirvana, mas
ele sofre, por que ele sofre?
— Continua, amor, continua até que passe.
— Parece um pico de calor, mas estamos no início do cio.
— Esquece toda a sua preocupação, Lannur, apenas me fode.
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E seguimos assim, ele metendo e eu gemendo, ele rugindo e
eu gritando, a cada orgasmo que nos atinge nós ansiamos por mais.
Novamente mudamos a posição, dessa vez ele me coloca de frente,
ergue minha perna, me prendendo por ela enquanto segue me
fodendo com intensidade, e outra onda de orgasmos nos atinge.
— HAAAAAAAAAA! — Seu grito desesperado parece me
despertar.
Ele nos tira da cama, não temos mais condições de
continuarmos ali, com seu membro enterrado em mim, e com o
calor escaldante que estamos sentindo, não existe nada que pareça
fazer com que passe, já perdi a noção das horas. Caminhando
comigo até o lado de fora, me assusto com o vento gelado que nos
atinge, enquanto Lannur se joga na neve fofa de costas, e o gemido
pelo resfriamento do seu corpo ecoa pelo local.
Literalmente estamos rolando na neve, isso me assusta.
— Estamos acabando, querida, posso sentir.
Sou puxada para um beijo intenso, o primeiro em todas essas
horas em que estamos acasalando, ele lança sua cabeça para trás
urrando, segurando minha cintura e metendo com vontade, começo
a sentir o frio da área externa, mas dentro de mim ainda queima.
— Vamos, vamos, vamos, não posso continuar com ela aqui
fora, precisa acabar, apesar de estar delicioso e feral, eu preciso
protegê-la.
Seu desespero me atinge em cheio, então ele sai da minha
mente.
— Não foque em nada, pequena, apenas no meu pau
socando fundo em sua boceta, sente? Sente como ele é esfomeado?
Algo diferente começa a acontecer, meu corpo começa a
reagir de uma forma diferente, então o pulsar de seu orgasmo me
enchendo me atinge de uma forma tão poderosa que gozo
desabando meu corpo sobre o dele, tudo passa, um silêncio
sepulcral nos envolve e apenas as batidas potentes do seu coração
podem ser ouvidas por mim, que repouso minha cabeça em seu
peito.
Um lamento doloroso escapa e Lannur parece não se
conformar com o que aconteceu.
— Não se culpe, não me machucou.
— Nunca aconteceu isso, Marty.
— Já passou.
— Querida, nós estamos acasalando há cinco dias.
— O quê?
— Não, começamos há pouco. — Estou estarrecida.
— Não, Marty, foram cinco dias incessantes, estava
começando a me desesperar.
— Lannur...
— Agora não, pequena, preciso tirá-la daqui, não quero que o
frio machuque ainda mais você.
Sem dizer nada, ele se ergue comigo nos braços, me agarro
nele enquanto com cuidado ele me leva diretamente para a banheira
com água quente.
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36
Quando atingimos a manhã do quinto dia acreditei que
morreríamos, o prazer era tão devastador que por muitas vezes
Marty desmaiava, não um desmaio de deixar seu corpo inerte, como
se sua mente desligasse, e por estarmos na mente do outro, eu via
seus apagões, ainda que ela implorasse e gritasse por mais. Nunca
em todos os meus 500 anos ouvi falar de um tipo assim de calor, os
orgasmos múltiplos, o derramar abundante da minha semente
deixava tudo tão deliciosamente aterrorizante.
Eu queria mais, minhas garras marcaram seu corpo, meus
dentes rasgavam sua pele e minha saliva fazia com que
explodíssemos em muitos orgasmos. Quando nos levei para fora e
me lancei na neve foi um ato de desespero, a temperatura dos
nossos corpos estava me preocupando, e a cada apagão que a via
ter, eu queria afastá-la e me transformar na minha casca, mas não
conseguia. Meu corpo se grudava nela como um sanguessuga e
quanto mais puxava, mais a fodia. Montar nela por cinco dias foi a
coisa mais perfeitamente intensa e louca que já fiz.
Agora com seu corpo na água quente relaxando, sinto que
finalmente posso relaxar. Lavo seu corpo com cuidado, juntamente
com seus longos cabelos, minha companheira é linda e dormindo se
parece um anjo. Quando finalmente estamos limpos a levo até a
poltrona, mesmo molhando tudo não me importo, primeiro ela,
depois eu.
Volto ao banheiro chacoalhando-me e me tornando seco,
pego algumas toalhas limpas e seco todo o lugar, inclusive o quarto,
troco os lençóis e a coloco nua sobre a cama, mantendo a toalha em
seus cabelos molhados que darei um jeito logo que terminar o que
preciso fazer agora.
Alimento a lareira com muito mais lenha, o fato de ter aberto
a porta e deixado aberta por horas esfriou toda a cabana, com a
parte de cima finalizada, desço para a sala acendendo a lareira de lá
também, meu corpo sente os efeitos insanos dos dias de desgaste
físico. Não vou acordar Marty, então preparo para mim uma refeição
comendo por cinco dias, organizo as coisas e quando estou me
preparando para retornar ao quarto, paraliso com a Deusa Lua
parada na porta.
— Creio que milhares de coisas estejam passando pela sua
cabeça agora.
— Muitas, nada do que vivi nesses dias faz sentido algum, eu
quase perdi o controle e a machuquei.
Estou furioso com a Deusa, mas Marty é e sempre será a
minha prioridade.
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— Entendo o que sente, mas a ligação de vocês era para ter
acontecido há quase 400 anos, Lannur, e isso foi arrancado de
vocês.
— Temos três meses de inverno, poderíamos ir com calma.
— A ligação de vocês não é como a dos outros, filhote, as
almas de vocês estavam sedentas, foram anos de afastamento,
séculos de tortura espiritual, elas entraram em frenesi e extasie
quando o calor chegou, por isso a ligação aconteceu antes, por isso
parece que vai sufocar se não estiver com ela.
— Aquela fêmea é a mãe dela?
— Sim.
— O que aconteceu com ela, Deusa?
— A história é longa, Lannur.
— Não parece que vou a lugar algum até que a minha
companheira acorde.
Sinto os cheiros das anciãs.
— Não se preocupem, Luna, Helena e Iria estão apenas
abençoando o filhote de vocês.
— Ela está prenha?
— Há um mês.
— Como? Não senti cheiro algum.
— Engraçado, Marty é diferente até mesmo nisso, a magia
antiga retirada dela mudou algumas coisas, todas as fêmeas férnus
levam cinco meses para parir, as humanas levarão cinco meses para
parir, mas Marty nove meses.
— Por quê?
— É uma mutação de Destiny, ela será como as humanas, um
mês já prenha, mais três meses de cio, mais cinco meses depois
disso, então Lian nascerá.
— Diga que ele virá saudável.
— Tudo ocorrerá como tem que ser, não se preocupe, apenas
a gestação dela será como a das humanas.
— Conte-me, por favor, qual a história da mãe de Marty?
Ela me encara e então somos levados a um tempo em que
posso caminhar por entre a história de seus pais, e isso me deixa
estarrecido.
Os pais de Marty se tornaram férnus condenados por um
pacto feito sob magia antiga, tudo começou quando Duíla conheceu
London, ele a enganou e ambos se uniram e se tornaram
companheiros, mas quando seu verdadeiro companheiro apareceu,
toda a mentira de London veio à tona.
Um dia de passagem pelo clã do Leste eles se encontraram, e
foi inevitável, a ligação só aconteceu por Duíla ser uma prisioneira,
afinal, quando dois férnus se unem por vontade própria, eles abrem
mão dos seus destinados, mas Duíla estava acorrentada a London
sem saber, e quando ela encontrou Victor a ligação foi tão forte que
parecia uma explosão, mas London não iria abrir mão dela tão fácil.
Duíla e Victor não se contiveram, acasalaram tão
intensamente que suas almas se fundiram assim que ele a invadiu,
como uma revelação dos céus ela entendeu que estava sendo
enganada porum férnus maldoso e sem escrúpulos. Victor não
estava disposto a abrir mão da sua destinada e decidiu que London
pagaria pelo que havia feito.
Uma batalha aconteceu e ambos quase morreram, na
tentativa de matar Duíla, London se tornou um exilado quando os
líderes do clã do Leste descobriram tudo, ele vinha usando magia
élfica para enganar Duíla e isso foi baixo e muito cruel. O que não se
sabia era que London seria uma das armadilhas de Destiny, ela já
tinha tudo planejado. Exilado e furioso, London se tornou uma peça
importante em seu jogo macabro, esperando apenas o momento
certo para destruir os seus inimigos. Astuta, Destiny sabia que
mexendo as peças certas ela chegaria até o clã do Norte. Em uma
emboscada, London deixou Duíla entre a vida e a morte, e então sob
magia antiga um acordo foi firmado, para que Duíla pudesse viver,
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Victor entregaria a London seu filhote ao nascer, se fosse um macho
ele serviria a London por toda a sua vida como vassalo, se fosse
fêmea se tornaria a companheira de London, tudo isso sem a
concordância de Duíla.
Com sangue, o acordo sombrio foi firmado e mais uma vez
Destiny amarrava o passado ao futuro, e pelos séculos nenhum
filhote foi gerado e Duíla vivia triste pela sua infertilidade e Victor se
alegrava por saber que não teria que pagar com a vida de um
descendente pela sua união. Mas Destiny manipulava tudo e quando
finalmente a época certa havia chegado, Duíla gerou e Marty
nasceu. Pelas leis naturais, Duíla e Victor já haviam sido escolhidos
para gerar a sua destinada, que viria quando seu primeiro cio
chegasse, mas eles foram encobertos pela magia antiga e
vasculhamos por séculos a localização deles, era como se jamais
houvessem existido.
Ao nascer, Duíla ficou sabendo de tudo e não quis entregar a
sua filha para o homem que havia destruído sua vida por anos,
Victor, arrependido, decidiu fugir e se esconder em Dawson City, mas
o acordo já havia sido firmado e não existia a possibilidade de voltar
atrás. Como castigo, Victor e Duíla foram condenados a viver como
suas cascas até a sua morte, e a magia antiga os impossibilitava de
se tornarem férnus. Porém, London não estava satisfeito, ele queria
vingança, e foi aí que cobrando de Destiny uma solução, saiu à caça,
fugindo com sua família de um férnus furioso. Victor não acreditou
quando sua fêmea decidiu chamar a atenção de London enquanto o
fazia prometer que ele cuidaria de sua filha, ele relutou, mas Duíla
estava determinada a pagar a dívida no lugar do seu filhote e Duíla
foi levada por London para as montanhas.
Por anos, Victor trabalhou incansavelmente para comprar a
sua companheira de volta, e a cada vez mais London lhe dava um
novo valor, os anos foram passando e ele começou a beber e
descontar sua fúria sobre Marty, num último golpe de crueldade,
London disse que sua dívida seria paga se ele entregasse a sua filha
e então ele devolveria Duíla para ele. Desesperado pela sua
companheira, Victor aceitou, ele só não contava que London queria
as duas e o mataria ao final. Neste interim, Duíla quase foi levada à
morte, e sabemos bem, London soube ser cruel enviando Duíla a
todos os férnus.
— Como Marty é uma humana e não uma fêmea Férnus?
— Com magia antiga, e por saber que havia sido destinada a
um férnus do clã do Norte, Destiny modificou seu DNA estendendo a
você antes da sua transformação a maldição de seus pais, se já
estivesse em forma férnus conseguiríamos modificar, mas seu férnus
foi morto antes mesmo de nascer, ela nunca se transformou, seu
cabelo tem uma mecha branca, porque essa era a marca do seu
destino.
— Por que não interferiu? Sabia de tudo que ela passava, por
que não impediu todo seu sofrimento? — A fúria e a dor me tomam.
— Não sabia onde ela estava, Duíla e Victor ficaram ocultos
por todos esses anos — a Deusa lamenta.
— Como eu saberia onde encontrá-la? — curioso, questiono.
— O chamado dos destinados é maior que magia antiga,
Marty poderia não sentir, mas você sim, o destino dos companheiros
sempre os ligará e os colocará no caminho do outro, mesmo que
isso dure séculos. — Engulo suas palavras.
— Então eu poderia tê-la protegido.
— Lannur, não se culpe, não foi sua culpa, a raiva e a fúria de
alguém cega por vingança fez com que vidas fossem destruídas,
hoje estamos consertando o que ela fez, mas nem mesmo o rei Elfo
pode nos ajudar, a ocultação de armadilhas com magia antiga é algo
tão poderoso que pode mudar tudo pelos séculos. Não sabemos o
que Destiny criou, mas precisamos ter fé de que conseguiremos
acabar com todas elas.
Encaro a Deusa Lua que está com uma face de lamento,
imaginar que sua criação está sendo atacada por algo que ela não
tem controle de evitar parece deixá-la inconformada.
— Só me diga que minha família ficará bem.
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— Os perigos estão rondando perto demais, aproveite o
tempo, estaremos a postos quando o mal chegar, confie em seu
coração e no seu clã.
Da mesma forma que ela chega desaparece e corro em
direção à minha destinada que está com a pele brilhante e seus
longos cabelos parecem tão secos e iluminados como ela.
37
Abro meus olhos e dou de cara com Lannur, ele sorri e seu
nariz se enruga de uma forma que o deixa estranhamente sexy.
Seus dedos tocam meu rosto e me fazem fechar os olhos pelo toque
delicado.
— Bom dia, pequena.
— Bom dia, príncipe.
— Está com fome? — Ele me puxa para mais perto.
— Sim. — Ele aproxima seu nariz gelado do meu e esfrega as
pontas trazendo uma sensação tão perfeita. — Eu amo o geladinho
do seu focinho roçando no meu nariz.
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Sua gargalhada explode balançando todo seu corpo grande e
musculoso.
— Você é perfeita, minha pequena joia. — Ganho um beijo na
minha testa. — Agora vamos, preciso alimentá-la.
O vejo descer da cama e pular sobre os pés e isso me
assusta.
— Como? Não disse que não poderia se transformar em sua
casca enquanto estivéssemos no calor.
— Nosso cio acabou. — Ele atravessa o quarto seguindo para
o closet voltando de lá com uma calça de moletom baixa e seu longo
cabelo preto, preso em um coque alto e bagunçado.
— Lannur...
— Primeiro comer, depois todas as explicações possíveis.
Sou pega nos braços e repousando a cabeça em seu peito me
permito ser levada até a cozinha que está cheirando a café fresco,
panquecas com mel, frutas e torradas. Tem uma panela no fogo e o
seu cheiro é tão intenso que faz minha boca salivar.
— O que tem no fogo?
— Molho de carne com legumes. — Conforme fala posso
engolir o sabor.
— Eu preciso disso. — O vejo sorrir de uma forma tão linda
que enche meu peito.
— Tudo pela minha pequena e o nosso Liam. — Suas palavras
me paralisam.
— O quê? Como? O que disse?
— Está prenha, Marty, de pouco mais de um mês. — A forma
tranquila com que ele fala me assusta.
— Lannur, pode me explicar.
— Posso, farei isso enquanto come.
Se movimentando pela cozinha, ele pega um pouco do molho
colocando em uma cumbuca com uma colher ao lado e a deixa em
frente a toda comida que já está na mesa. Começamos a comer
juntos, um gemido impossível de conter escapa de mim quando
sinto o gosto do mel com açúcar nas panquecas, mas imaginar que
o caldo da carne estivesse no meio de tudo isso também até acelera
meu coração. Pegando mais um pedaço generoso de panqueca,
mergulho no molho levando-o à boca e a cara que Lannur faz quase
me faz gargalhar, mas no momento o meu desejo é maior que sua
surpresa.
E por todos os deuses existentes no universo, a combinação é
perfeita. Fecho meus olhos enquanto mastigo, me entregando
intensamente ao sabor inigualável dessa mistura. Nada neste
momento importa além de continuar comendo e sentindo a explosão
de sensações que estou tendo. Ao meu lado, ele segue tomando seu
café e ganho sorrisos tão lindos que amolecem meu corpo.
— Uau! Essa foi a experiência gastronômica mais intensa e
deliciosa que já tive.
— Anote aí, a mais estranha também. — Pisca e me faz sorrir.
— Com toda certeza nossofilhote tem gostos peculiares.
— Ainda não acredito que estou grávida, imaginar que nos
próximos meses minha barriga estará enorme e logo o teremos nos
braços é excitante e apavorante na mesma proporção.
— Bem, sobre isso precisamos conversar, a Deusa Lua esteve
aqui e ela disse que sua gestação será como a das humanas e não
como das fêmeas férnus. — Essa informação me pega de surpresa,
não tanto quanto estar esperando um filho, mas já sabíamos que
isso aconteceria, o que não sabia é que seria tão rápido, antes
mesmo de o calor chegar.
— E por que esta diferença, Lannur? Existe algo de errado
comigo? — Seus olhos lilás que tanto amo, mudam drasticamente de
cor, assustando-me.
— Pequena...
— Não! Por favor, não me esconda nada, eu estou
implorando. — Estico minha mão levando-a até a sua que está
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gelada, e isso me apavora.
Ficamos nos encarando enquanto ele parece escolher as
palavras, logo se coloca em pé sem soltar minha mão e em silêncio
começamos a caminhar até a sala.
— Sente-se aqui, pequena. — Faço o que me pede enquanto
ele me acomoda colocando almofadas macias atrás de mim.
Observo enquanto se movimenta indo até a lareira,
abastecendo-a com mais lenha, por algum tempo ele permanece de
costas para mim, e me ajeito no sofá, estou incomodada, mas
preciso que ele fale, e se o forçar pode ser que não me conte. Tento
acessar sua mente e a porta está fechada, até mesmo tento forçar,
mas não tenho êxito, Lannur sabe o que estou fazendo e quando um
suspiro alto acontece, ele se vira caminhando em minha direção,
acomodando-se à minha frente no sofá enquanto une nossas mãos.
— Preciso que me ouça com atenção, não me interrompa, e
quando acabar, nós conversamos sobre tudo, ok? — afirmo com um
acenar de cabeça.
— Estou ficando angustiada.
— Não fique, pequena. — Ganho um beijo na testa. — O que
vou falar não é nada fácil de ouvir, mas não significa que seja algo
impossível de ouvir, é só difícil mesmo.
— Tudo bem.
Então ele começa a contar desde o momento em que
precisaram trazer as humanas até o clã do Norte após resgatá-las da
montanha do exílio. Presto atenção em toda a sua história sem
interferir em momento algum, mas descobrir que a minha mãe está
viva, e é uma férnus do clã do Leste e que minha vida inteira foi
uma grande mentira me deixa em estado de choque.
A cada nova revelação memórias vão sendo desbloqueadas
em minha mente, como se a minha criança interior deixasse de me
esconder coisas e começasse a me mostrar tudo que sempre esteve
debaixo do meu nariz e eu nunca entendi o que de fato significava.
(...)
Fui acordada com portas sendo batidas pela casa e maldições
sendo ecoadas pelos quatro cantos.
— Não deveria ter prometido protegê-la, Duíla, eu a daria por
você, eu a daria. — Vi meu pai chorar desesperado enquanto
arranhava seu rosto com as unhas.
Aquela imagem me assustou de tantas formas que fez com
que eu me mantivesse em silêncio.
— Nem mesmo consigo ser o macho que sempre fui, nem
mesmo posso ir lá e arrancá-la das mãos daquele desgraçado.
A forma com que ele caiu no chão me deixou com tanto
medo, que quase fiz xixi nas pernas.
— Duíla, minha Duíla, metade da minha alma, por que não a
entregou, por que não a deixou ir? A vejo todos os dias e a odeio
ainda mais, ela se parece com você, ela é a sua cópia, e eu a odeio
tanto, tanto que apenas desfigurá-la não está sendo suficiente, mas
não posso matá-la, porque fiz uma maldita promessa.
O grito que ele soltou foi tão desesperado e cheio de dor que
me fez recuar um passo.
— Não quero ver como a cada dia ela se parece mais com
você, tenho tentado, juro que tenho, mas desfigurá-la e sair de
perto dela é a melhor coisa que consigo. Eu me tornei fraco para
bebida, isso nubla muito a minha visão e me ajuda a não te
enxergar nela, mas juro, Duíla, que não vou conseguir suportar mais
por tanto tempo, eu vou levá-la até ele e buscar você de volta para
mim.
(...)
Pisco algumas vezes e então percebo que não estou mais lá.
— Calma, pequena, por favor.
— Cada surra, cada palavra de fúria e ódio, tudo isso era
apenas por causa da sua companheira, da minha mãe, somos
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idênticas, Lannur, somos exatamente iguais, e com o passar dos
anos foi ficando mais violento e bêbado porque não suportava me
ver. — Constatar isso faz a dor ser ainda pior.
— Vem aqui. — Ele me puxa pelos braços colocando-me em
seus braços.
— Ele só a queria.
— Não, ele deveria te proteger, deveria ter buscado ajuda, eu
não sei, Marty, mas jamais machucado você. Sua mãe deu a vida
para que sobrevivesse, e tudo que ele fez foi destruir a pessoa que
ela mais amava.
— Ele estava perdido em sua dor, Lannur.
— Jamais machucaria nosso filhote, nunca causaria dor nele
por pior que a dor me assolasse.
— Se eu não existisse, eles jamais teriam passado por isso.
A dor transpassa minha alma, e a culpa de ter atrapalhado a
vida deles me faz chorar ainda mais.
— Não! Você nasceu para mim, pequena, nós existimos pelo
outro, não somos responsáveis pela maldade de ninguém, não foi
nossa culpa, não foi sua culpa.
— Mas também não foi culpa deles.
— Não importa, Marty, ele fez as escolhas erradas, então não!
Não vou aceitar que sofra por alguém que foi fraco suficiente para
machucar a minha companheira.
Sinto a dor em suas palavras também, não somos os
responsáveis por tudo que nos causaram, mas saber que eu
atenuava a dor do meu pai, não diminui a minha dor, nada diminui o
fato de que passei toda a minha vida sofrendo apenas por ser como
sou, por parecer com a mulher que ele tanto amava, Lannur tem
razão, eu só precisava ser protegida, eu era uma criança.
38
Desejo arrancar com minhas garras a dor que ela sente neste
momento, mas não posso permitir que se sinta culpada pelos erros
do seu pai, ele deveria protegê-la e não causar nela tantas feridas
na alma. Com minha pequena envolvida em meus braços, chorando
pelo que acabo de revelar, permito ainda que com muita dor que ela
absorva as palavras de tudo que informei, Marty precisou
amadurecer rápido demais, ser responsável e forte, mas neste
momento ela não precisa ser nada disso, estou aqui por ela e
seremos assim para todo o nosso sempre.
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Afundo meu rosto na curva do seu pescoço inspirando seu
cheiro e absorvendo seu lamento, entro em sua mente e sou
atingido pela dor que me faz chorar junto a ela. A raiva me domina e
não permito que ela acesse meus sentimentos, mas quero dividir sua
dor comigo, seu choro é meu, sua dor é minha. Sentimos juntos,
compartilhamos juntos até que não exista nenhum resquício de
sofrimento que não tenha sido expurgado por nós dois.
Quando ela se afasta do meu corpo, sinto o frio percorrer
minha alma, e seus olhos vermelhos e inchados pelo choro me
fazem sentir a dor da derrota, uma de que não posso me livrar e da
qual não pude livrá-la. Pego meu telefone no bolso acessando uma
playlist que fiz quando lhe prometi que dançaríamos juntos, quando
o som da melodia começa a tocar ergo-nos do sofá começando a
balançar nossos corpos ao som da música que invade todo o
ambiente, não faço ideia de quem cante ou toque, mas a voz do
cantor é grossa e ele fala sobre encontro de sentimentos e a paz
que é tê-la ao meu lado.
A música segue uma crescente intensidade, e giramos
algumas vezes pela sala iluminada apenas pela luz da lareira, já que
as cortinas seguem fechadas. Beijo seu pescoço e a faço sorrir pela
primeira vez, sigo dançando com a minha pequena, até que sinto
que ela deseja descer e permito, colocando-a no chão.
— É um ótimo dançarino. — Próximos um do outro, seguro
sua mão enquanto a minha outra vai para suas costas e a música
muda.
— Aceita a próxima dança?
— Sim.
Nossos passos parecem sincronizados e quando a giro ela
gargalha lindamente, Marty parece ter afastado todo o mal do qual
foi envolvida e neste momento somos apenas eu, ela e nosso filhote
dançando com nossas almas.
Nada mais importa, nos movimentamoslentamente, algumas
vezes ela se fasta de mim com nossas mãos ligadas e então
voltamos a nos posicionar com corpos juntos e seguimos até que a
música acabe e nossos olhos se conectem e tenhamos a certeza de
que nada nos abalaria.
— Eu amo você, pequena.
— Eu também amo você, príncipe.
Os dias foram passando e Marty não tocou mais no assunto,
ela seguia fazendo misturas nada interessantes com a comida,
sempre doce e salgado se misturavam e o prazer gastronômico que
ela parecia sentir me fazia sorrir todas as vezes que ela me pedia
algo.
— Diga, peça novamente a comida mais exótica que com
certeza você sente desejo — falo puxando-a para mais perto de
mim.
— Como sabe? — Ela me olha curiosa.
— Primeiro, seu corpo parece entrar em alerta, um gemido
escapa apenas pela ideia mirabolante que teve, então sua barriga
ronca, daí o pedido vem.
— Lannur! — repreende-me sorrindo.
— Eu menti? — Esfrego meu nariz em sua bochecha.
— Não.
— Então peça que eu faço.
— Quero pipoca com queijo e chocolate ralado sobre ela.
— Essa iguaria eu não conheço, o que é pipoca?
— É aquele pacote de milho que está no seu armário.
— Não me lembro de ter comprado algo assim.
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— Ah, não, foi a Emmy que trouxe, somos loucas por pipoca,
Emmy gosta delas amanteigadas e doces, Ann come de qualquer
forma, mas é Bey quem faz as misturas mais mirabolantes, eu como
de qualquer forma.
— Hum, se me ensinar posso te fazer sempre que desejar.
— Você rala o queijo e o chocolate.
— Tudo pela minha companheira. — A puxo para um beijo
quente onde nossas línguas se embolam juntas até que nossos
corpos se incendeiem, a dificuldade depois é que precisamos nos
acalmar para então fazermos o que idealizamos antes do beijo, é
isso ou irmos direto para cama.
— Vamos.
Seguimos para a cozinha com Marty empolgada, ela pega o
pacote de milho desconhecido por mim, começando a se
movimentar pela cozinha com destreza, enquanto ela faz o que
deseja, percebo que seu corpo já demonstra suas mudanças, sua
bunda está maior e seus peitos ainda mais desejáveis, ando
sugando-os com mais intensidade e só de pensar neles em minha
boca já quero me enterrar nela novamente, o nosso cio foi
interrompido, mas o desejo de estar sempre dentro dela não cessa.
Marty usa apenas um top, uma calcinha minúscula e meias,
meu pau luta para sair do prepúcio, não é o momento disso agora,
tivemos uma noite bem quente, e ter a boca de minha pequena em
meu membro foi delicioso, sua língua percorreu cada pedacinho dele
e suas mãos massageando meus nós foi a minha derrocada.
A vejo pegar manteiga e sal, entregando-me um pedaço
generoso de queijo parmesão e chocolate junto com um prato e um
ralador. Obediente, começo a ralar os ingredientes quando começo a
ouvir estouros dentro da panela que com certeza são os milhos,
curioso, finalizo a minha parte do trabalho e quando todos os
pipocos cessam ela joga a iguaria na vasilha, o cheiro é de manteiga
e sal.
— Certo, disse que nunca comeu pipoca. — Confirmo com a
cabeça. — Então vamos aos poucos.
Ela retira um punhado me entrega, olho para ela e para a
pipoca em minha mão e enfio na boca começando a mastigar, o
gosto é estranho, a sensação também não é boa e sinto que grudam
nos meus dentes, engulo não apreciando em nada a tal pipoca.
— Gostou?
— Não. — Enrugo meu nariz.
— Lannur!
— O quê? Não vou mentir.
— Ok, experimenta apenas com o chocolate.
Por estar quente ela derrete o chocolate e quando lanço da
boca o gosto do chocolate domina bastante e como gosto dele a
princípio gosto, mas a textura das bolinhas de isopor não me agrada
em nada e parece que ela solta casquinhas que grudam e
incomodam.
— Não, impossível gostar disso.
— Como não? É a oitava maravilha do mundo.
— Pequena...
— Coma com queijo e chocolate.
— Jamais! Eu extrapolei todos os limites comendo pela
segunda vez, essas bolinhas irritantes e grudentas não servem nem
doces nem salgadas, as mantenha longe de mim.
— E se quiser pipoca com beijos?
— Marty, se me pedir a beijo com gosto de pipoca, mas
mastigar esses negocinhos brancos é irritante demais, incomoda e
não é prazeroso.
— Bem que elas me disseram que existe algo entre os férnus
e as pipocas que não faz com que funcionem juntos. — Gargalho da
forma que fala. — Não ria da mãe do seu filhote, Lannur Lennox!
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— Tudo bem, querida, agora vamos, misture suas
inquietantes e intrigantes bolinhas e coma.
Um pouco emburrada ela faz o que peço, logo pego sua
vasilha exageradamente grande para alguém tão pequena quanto
ela, com pipoca queijo e chocolate e seguimos para a sala onde
vamos assistir um filme, após organizar o chão com edredons e
várias almofadas nos aconchegamos nele começando a assistir um
filme que não faço ideia de qual seja, já que tudo que consigo
prestar atenção é no prazer e na beleza que a minha pequena sente
em um momento tão descontraído e leve, ela geme comendo suas
bolinhas sem graça e chupa os dedos de uma forma tão gostosa que
é impossível não me manter hipnotizado por essa perfeição.
Assim que acaba de comer, coloca a vasilha de lado e se
aconchega em meu peito, não existe nada mais perfeito que estar
com eles grudados em mim, enquanto os protejo.
39
Estou sentada tomando chocolate quente olhando a neve cair
poderosa do lado de fora, uma nevasca forte e incessante acontece
lá fora há alguns dias, por estarmos no segundo andar não temos a
vista bloqueada pela neve, ao contrário do andar de baixo que foi
completamente encoberto por ela.
Alisando minha barriga por debaixo da blusa sinto a
ondulação no baixo ventre, estamos nos últimos dias de calor, eu
senti as mudanças no meu corpo assim que soube que estava
esperando um filhote, meus seios grandes cresceram ainda mais,
minha bunda cresceu e meus quadris estão mais largos, o desejo
por sexo não cessa, eu poderia viver sentada em Lannur e juro pelos
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céus que com tesão que parece transbordar de mim nem um
guindaste me tiraria daquele pau se não precisasse fazer outras
coisas.
Sorrio do meu pensamento, porque sinto minha boceta pulsar,
estou usando apenas uma calcinha confortável, uma das poucas que
ainda servem, porque preciso confessar, eu tenho adorado usar as
cuecas boxers do Lannur, ele fica a maior parte do tempo como
férnus e quando está em sua forma humana usa aquelas malditas
calças de moletom baixas o suficiente para contar todos aqueles
gominhos e o V perfeito que se perde dentro delas. O calor
escaldante se inicia, não consigo nem mesmo pensar nele sem
gemer.
— Venha aqui. — Assusto-me quando ele aparece atrás de
mim.
— O que foi? — Olho com questionamentos.
— Sabe o que foi, Marty, está gemendo e seu cheiro ficando
insuportável de me manter longe. — Ele me tira da poltrona e se
senta nela.
Sua língua desliza pela minha coluna enquanto suas mãos me
livram da calcinha deixando-me completamente nua. Sou virada de
frente para ele que segura meus peitos doloridos com as mãos e
quando os leva à boca eu quase grito de prazer. Ele suga faminto e
quando se cansa de um, segue para o outro, esfrego minhas pernas
puxando seus longos cabelos, o orgasmo me atinge apenas com a
sucção dos seus lábios em meus mamilos.
— Ah, pequena, essa sua sensibilidade aqui me deixa quase
fora de mim.
— Quero seu pau entre eles.
— O quê?
— Sim, quero que foda meus peitos e goze dessa forma com
eles pressionando cada um de seus nós.
Fazendo o que peço, ele fica em pé na minha frente,
colocando-me sentada na poltrona, seus olhos contêm
questionamentos que não são verbalizados, eu apenas sorrio vendo
tudo aquilo que desejo babando exatamente à minha frente.
— Esse seu desejo incontrolável por acasalar de todas as
formas me deixa alucinado, pequena. — Umedeço meus lábios. —
Juro que poderia enlouquecer se demorasse um pouco mais, estava
no meu limite. — Ele passa a ponta do seu pau em minha boca e
logo coloco a minha língua para fora sentindo seu gosto.
— Lannur, por favor —imploro desejando vê-lo se deleitar
com a minha ideia.
— Fique de joelhos. — Faço o que ordena me colocando de
joelhos na poltrona, fazendo com que meus seios fiquem um pouco
acima da sua cintura.
Um rosnado alto ecoa quando seguro seu membro com as
duas mãos, masturbando-o, subo e desço pressionando e quando
chego aos nós exerço pressão maior, Lannur ruge, rosna e uiva, alto
e forte, sinto o vibrar em seu pau. Não paro, ele me olha com um
desejo tão grande que minha boceta pulsa.
— Vamos, pequena, me coloque onde desejar, porque depois
que derramar minha semente vou me enterrar fundo em sua boceta.
Posicionando seu pau entre meus peitos, sinto quando ele
pulsa, é quente e grosso, seguro com firmeza meus seios deixando
Lannur bem acomodado.
— Vamos lá, príncipe, comece a se movimentar.
— Fica muito difícil não rugir alto apenas com essa visão.
Ele se movimenta de forma gostosa eu abaixo minha cabeça
para que a sua glande entre em minha boca a cada estocada,
quando volto a encará-lo seus olhos estão mergulhados em prazer,
sei que não vai aguentar por muito tempo, mas não afrouxo o
aperto, quando ele começa a emitir sons desconexos e ferais, eu sei
que irá se derramar, afasto meu rosto apenas observando de forma
provocante quando ele urra lançando longos e espessos jatos de sua
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semente para o alto, fazemos uma grande bagunça, uma daquelas
que passaria a minha vida limpando.
— Pequena, cada descoberta com você faz meu coração
quase parar.
Fico em pé pedindo que se sente, seu pau ainda está duro,
mas eu desejo algo lento e gostoso, Ele ainda ofega, e o puxo para
um beijo, em pé à sua frente, com meu corpo marcado pela sua
semente, seus braços me envolvem enquanto aguardamos seus nós
desincharem, para continuarmos a fazer o que ambos desejamos.
— Eu te quero dentro de mim, príncipe.
— Você terá, tudo que desejar eu farei.
Suas mãos percorrendo minhas costas, apertando minha
bunda fazendo com que meu corpo siga queimando. Logo os beijos
começam a descer pelo meu pescoço, meus mamilos endurecem em
expectativa, mas eles não recebem atenção, até que ele atinge seu
objetivo.
Lannur beija minha barriga em devoção, suas mãos repousam
na lateral dela, e seu olhar cheio de lágrimas contidas me encara.
— Eu vivo por vocês, vivo e viverei para fazer com que suas
vidas sejam as melhores ao meu lado, não existe nada, pequena,
nada que eu não faça por vocês.
— Nós te amamos Lannur, por toda a nossa existência, nós te
amaremos.
Com cuidado sou virada de costas para ele que me coloca
sentada em seu colo, e sinto a protuberância dura de seu pau em
minha bunda e um grunhido escapa de sua garganta. Seu membro
molhado em contato com a minha boceta igualmente desejosa faz
com que choques atravessem meu corpo, lentamente começo a
deslisar até que esteja completamente empalada por ele.
Nos movimentamos lentamente, com desejo e cuidado,
estamos fazendo muito mais que acasalar, estamos nos cuidando,
nos dando um prazer calmo e suplicante, sinto seus beijos
percorrerem meus ombros e quando chegam na minha nuca quase
desmaio de tanto prazer. Minhas mãos vão para trás enquanto as
suas envolvem meu corpo.
— Está gostoso assim? — Sua pergunta me faz sorrir.
— Muito, não para, por favor!
— Nunca.
Rebolo e ele se movimenta em estocadas curtas e lentas, a
sensação que tenho é de que o mundo parou apenas para nos
observar, a delicadeza de seus toques e o calor de seus beijos, as
palavras sussurradas em meu ouvido, a forma com que ele reafirma
que sou dele, faz uma mistura de sentimentos acontecerem e
começo a chorar.
— Minha, eternamente minha. Preciosa, minha pequena joia,
minha estrela cadente, meu amor, minha vida, é como o ar que
respiro, sem você eu não existo, sem seu sorriso não existiria o meu,
acordar olhando para sua perfeição é a meta da minha vida.
— Lannur. — Sinto seu amor invadir meu coração e nossas
almas se conectam.
— Estou tão perto, meu amor, louco para resfriar seu corpo
com a minha semente, goza para mim, minha pequena.
— Oh, céus!
— Vamos, querida, rebola um pouco mais, toma de mim tudo
aquilo que precisa para gritar de prazer.
— Sim, assim, dessa forma, bem aí, continua.
— Assim? Gosta assim?
— Lannur, estou tão perto, é tudo tão perfeito.
— Vamos comigo, querida, vamos nos entregar a isso juntos.
Assim que suas palavras suplicam pulso forte envolta do seu
pau, tenho meu rosto virado e um beijo quente e intenso me é
entregue, sendo o gatilho para ele atingir seu prazer, não existe
nada que se compare ao que acabamos de fazer. Presos em seus
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nós sinto seus dedos arrumarem meus cabelos de um lado do meu
ombro, dando a ele o acesso que precisa para passar sua língua ali.
— Seu gosto depois do nosso acasalamento é doce.
— Estou suada.
— Não, pequena, você está exalando nosso amor.
— Está sendo romântico, senhor Lennox.
— Posso ser ainda mais.
— Posso ficar mal-acostumada.
— Ah, pequena, não sabe o quanto ainda posso mimar você.
Sua língua quente segue deslizando pelo meu pescoço, ele
alterna lambidas com os beijos enquanto sinto os carinhos de seus
dedos por todo meu corpo a cada pedacinho da minha pele, Lannur
parece ainda mais perfeito, o que para mim já era impossível de
acontecer.
Sinto seus nós desincharem, logo ele se movimenta levando-
nos dali até o banheiro. Sou colocada sentada sobre a pia de pedra,
enquanto ele enche a banheira, quando me olha, ele sorri da forma
mais perfeita do mundo, onde ele enruga seu nariz e faz meu
coração acelerar.
Após relaxar por algum tempo na água quente, saímos de lá
direto para a cozinha, onde com toda certeza irei comer algo doce e
saldado fazendo aquelas misturas malucas da qual desejo sempre e
que faz com que Lannur arqueie sua sobrancelha assustado com
cada uma delas.
40
O inverno terminou há alguns dias, tivemos que ajudar Arow
que passou por uma situação inesperada. Agora as coisas
começaram a se reorganizar e meus pais estão seguindo para a
fazenda Joia do Norte, segundo eles para finalizar as obras por lá.
Marty está eufórica com a mudança, mas sei que ela quer
muito falar sobre a sua mãe, tudo que sabemos é que todas as
humanas estão em estado de hibernação, quando forem trazidas do
sono, precisamos ir até lá. Vejo daqui que ela olha para o fogo
enquanto alisa a barriga sentada na poltrona do nosso quarto,
minha pequena anda reflexiva e muito distante.
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— O que preciso fazer para tirar esse olhar perdido dos seus
olhos. — Sinto que ela me quer fora, não me deixa entrar.
— Apenas pensando. — Sorri sem mostrar os dentes.
— Quer compartilhar? Estou ficando ansioso aqui, Marty, não
quero te forçar, mas me dê algo para que possa me segurar
enquanto pareço cair. — Suas mãos seguram meu rosto e fecho
meus olhos inspirando seu cheiro e do nosso filhote.
— Eu amo quando está em sua forma real, seus olhos lilás e
esse pelo avermelhado te deixam tão sexy. — Ganho um beijo em
meu focinho e o calor de seus lábios eriça meus pelos.
— Não fuja de mim, pequena, não se esconda. — Sua
respiração falha e seus olhos se enchem de lágrimas.
Ela me puxa para colar nossas testas e suas lágrimas caem
fazendo com que a sua dor seja minha, gostaria de tirá-la com as
minhas mãos, mas não posso.
— E se ela for como ele? Se estiver arrependida de não ter
me dado aquele doente? — O soluço escapa e minha Marty chora. —
E se ela morrer, Lannur? Se eu não obtiver as minhas respostas?
Sabe o que penso às vezes, que seria melhor que nunca tivesse
descoberto isso, eu ficaria com a imagem que tenho dela, me
amando e tentando me proteger dele, mas não, olha só onde me
encontro agora, minha mente me tortura com tantas possibilidades
que não sei se estou fazendo bem ao nosso bebê, ele tem ficado
mais quieto, não se mexe tanto como antes, não quero continuar
assim, por favor, me ajuda.
Ergo-me à sua frente, pegando-a nos braços, fazendo com
que ela se sinta protegida comigo, me sento na poltronaentão
permito que ela chore e lamente tudo que precisar, aliso suas costas
com a minha mão e tento acalmá-la.
— Nosso filhote está bem, pequena, ele está dando apenas
um pouco de tranquilidade a você, ouço seu coração bater
acelerado, seu cheiro é forte e se mistura ao seu, não precisa se
preocupar com ele — sussurro em seu ouvido.
— Ele sente que estou assim, não deveria estar, era para eu
estar feliz, tenho um amor, estou grávida do macho que amo, tenho
amigos, um emprego, seus pais são meus pais, eu não deveria estar
triste, mas não consigo. — Aliso seus cabelos tirando-os do seu
rosto.
— As coisas não são como achamos, Marty, sentir é da nossa
essência, somos seres ainda que de espécies diferentes que nos
movemos pelo que sentimos, temos medos e anseios, temos
expectativas, é normal. — Beijo sua cabeça enquanto sinto seus
dedos se enfiarem em meus pelos. — Seja lá qual for o caminho que
toda essa história tiver, estarei ao seu lado, nossa família estará
unida e nossos amigos estarão aqui por você.
— Me sinto uma pessoa ingrata, tenho tudo e sofro pelo que
perdi, algo que já havia aceitado, agora ela retorna como um
fantasma, como se estivesse pronta para me tirar tudo que eu
tenho.
— Ela não vai tirar, meu amor, ninguém tem esse poder além
de você, tudo só acontece em nossas vidas segundo a sua vontade,
é você quem tem as rédeas do seu destino e seja qual for o caminho
que tomar serei eu a te apoiar. — Marty se ergue me olhando e
sorri.
— É o melhor macho que poderia ter, príncipe. — Esfregamos
nossos narizes e ela sorri.
Sou puxado para um beijo delicado e cheio de significado,
claro que acende meu corpo, é um instinto, mas meu coração sabe o
que ela precisa, e acasalar neste momento não é o ideal.
— O que acha de almoçarmos? — Cheiro seu pescoço onde
se encontra a maior concentração da sua essência. — Estou aqui
imaginando qual será a sua mistura de hoje.
— Você se diverte com isso, não é mesmo?
— Um pouco sim, mas é intrigante imaginar que alguém
consiga pensar em tantas combinações nada a ver e ainda dizer que
está gostoso. — Sua testa vai para o meu peito.
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— Mas é gostoso, eu juro. — Sorrio de sua forma de falar.
— Não é não, pequena, quem come carne com sorvete?
— Lannur! Estava delicioso!
— Certo, eu acredito em você. — Ela ergue seu rosto e beijo
sua bochecha. — Dona Haylla mandou nosso almoço.
— Não me diga que ela mandou minha comida favorita.
— Hunrum — confirmo. — Com Peameal Bacon[3] com
poutine. — Um gemido escapa de sua garganta e com toda certeza
ela acaba de fazer uma mistura maluca em sua mente.
— Já imagino eles cobertos de Maple Syrup[4].
Sabia que ela faria isso.
— Pequena, isso é completamente fora do normal.
— Não é não, é o melhor dos dois mundos, agora vamos que
seu filhote acabou de chutar e deseja o mesmo que eu. — Ela sai
dos meus braços e ao se virar contemplo sua bunda grande e
redonda enfiada em uma cueca boxer e seus grandes peitos quase à
mostra em sua camiseta regata quase transparente.
Marty usa meias de lã, mesmo que o clima dentro da cabana
esteja maravilhoso, ela diz que está horrível, nada sexy, mas só
consegue usar essas roupas que não lhe marcam ou apertam. O que
eu acho sobre isso? Que ela está ainda mais gostosa e salivo sempre
que a vejo, descabelada, desgrenhada e desarrumada como ela
mesmo fala.
A sigo pela casa um passo atrás dela enquanto ela rebola
deliciosamente à minha frente, esse almoço com toda certeza
terminará comigo mamando seus peitos enquanto derramo Maple
Syrup sobre eles.
41
Almoçamos e estamos há quase uma hora conversando sobre
tudo e nada ao mesmo tempo, tem exatos dois minutos que ele
começou a olhar fixamente de mim para o Maple Syrup, até mesmo
a sua respiração mudou e estou imaginando que logo coisas muito
safadas vão acontecer.
— O que tanto olha? — pergunto.
— Não faça essa pergunta, pequena. — Já era, meu corpo
reagiu da forma esperada e minhas pernas precisam ser
pressionadas.
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— Não pode negar de responder uma pergunta de uma
mulher grávida, Lannur, estou com um filhote seu na minha barriga,
eu preciso de respostas. — Forço um pouco mais.
— Marty...
— Lannur...
— De pé! — Sua ordem vem tão poderosa que perco até meu
raciocínio. — Comece a tirar sua roupa, sem tirar os olhos de mim.
— Nossa, eu tenho um macho bem mandão. — Pisco para ele
sendo bem obediente.
Completamente nua à sua frente, vejo que passa a língua nos
lábios e eriça meus pelos apenas essa imagem.
— Caminhe até aqui. — Posso ver que se esforça para manter
o personagem, Lannur é o macho mais carinhoso e cuidadoso do
universo, mas isso está me excitando em níveis extraordinários. —
Sabe, pequena, seus peitos enormes logo serão monopolizados pelo
nosso filhote, porém ainda temos tempo.
— Muito. — Minha voz quase vacila.
O vejo abrir o pote de Maple Syrup, a única coisa existente
sobre a mesa, observo seu dedo ser mergulhado ali e trazido até
meus mamilos que endurecem pelo toque gelado do xarope, quando
suas mãos grandes e almofadadas seguram minha bunda puxando-
me para ainda mais perto, tenho meu mamilo abocanhado por ele
começando a sugar. A intensidade da sucção me enlouquece e seus
dedos pressionam ainda mais minhas carnes.
— Lannur! — gemo seu nome perdida pelas sensações.
— Calma, pequena, estou apenas os preparando para o nosso
filhote.
O xarope segue sendo derramado e ele sugando, preciso
muito que minha boceta receba a mesma atenção, mas ele não
parece ter pressa, o que me faz gritar quando apenas com esses
estímulos chego ao prazer segurando seus cabelos para não cair.
— Tão sensível e deliciosa.
— Quero sua língua entre minhas pernas, e quero agora,
Lannur!
— Nossa, eu tenho uma fêmea bem mandona. — Sorrio de
sua fala quando sou colocada sobre a mesa com a bunda na
beirada.
Ele se posiciona ainda sentado na cadeira, deixando minhas
pernas bem abertas, colocando meus pés apoiados na madeira fria.
— A melhor visão que existe. — Arfo quando o vento quente
do seu hálito me acerta em cheio.
— Não me torture, por favor.
O grito que solto quando faz o que imploro, sua língua
percorre minhas carnes molhadas, tenho meu clitóris sugado com
intensidade e desejo, mas é quando ele a introduz em meu canal
que tudo perde o foco. Lannur tem uma habilidade que me deixa
perdida, com seu polegar ele aplica uma massagem em meu ponto
sensível e a sua língua entra e sai com destreza, são tantas
informações que com certeza posso ser desligada.
Meus pés deslizam da mesa e ele os coloca em seus ombros
largos que me abrem ainda mais, me contorcendo de prazer, sua
mão livre desliza pelo meu corpo até chegar ao meu seio, e ali com
o polegar e o indicador ele começa a friccionar meu mamilo e eu
não resisto mais, sinto um pulsar violento entre minhas pernas, sou
atingida por um orgasmo duplo, tanto pelo meu canal quanto pelo
meu clitóris, é tão forte e poderoso que grito seu nome e um
grunhido escapa de sua garganta fazendo vibrar em minha boceta já
sensível.
— Pequena, como pode alguém ter o sabor tão perfeito para
mim?
— Não sei, apenas não sei. — Ofego, tentando controlar
minha respiração, mas ele não me dá tempo, ouço o barulho da
cadeira sendo afastada, e abro meus olhos vendo que ele se
posiciona entre minhas pernas.
— Preciso resfriar seu corpo.
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— Pelos céus, sim, eu preciso disso.
Sinto quando ele passa sua glande em minha boceta e não
lhe dou tempo de pensar em nada quando o puxo com tudo com a
força das minhas pernas, Lannur se enterra em mim firme e forte,
me fazendo perder o ar lançando um rugido tão alto e surpreso que
faz meu corpo todo vibrar.
— Marty! — Nem mesmo sua repreensão me para quando
começo a rebolar. — Não pode fazer assim, pequena, posso
machucá-la.
— Estava mais que preparada, príncipe, agora me come com
vontade, meu corpo está pegando fogo.
— Mantenha suas pernas onde estão, juro que não terei como
me controlar, estou fervendo também.Suas mãos seguram as bordas da mesa e ouço a madeira
estalar, quando olho, Lannur está com suas garras cravadas nela, o
primeiro urro vem seguindo de uma estocada forte, ele usa a mesa
de apoio, que a cada arremetida anda um pouco. Meus peitos
balançam e ele aumenta o ritmo, rosnando e rugindo, o prazer que
sinto é desumano, é algo sem precedentes. Tento me agarrar a algo,
mas minhas mãos deslizam pela madeira lisa.
— Ah! Isso! Assim! — Vou estimulando-o para que não pare e
o vejo travar os dentes.
Seus olhos lilás que amo estão pretos, com suas íris tomando
conta de tudo, ele me olha com um desejo que pode ser cortado
com a faca tamanha intensidade, eu sigo gritando e ansiando por
tudo que ele estiver disposto a me dar quando ele urra alto
estremecendo tudo dentro de mim, se unindo a mim num gozo forte
e que nos faz perder o sentido.
Arfando e presos pelos seus nós, ele repousa sua testa no
vale dos meus seios. Suas mãos alisam as laterais da minha barriga,
que ainda não está enorme, mas já revela a casinha do nosso
filhote.
— Marty, você precisa me parar, pequena.
— Nunca.
— Posso machucar vocês e morreria se isso acontecesse.
— Jamais nos machucaria, nunca por querer.
Seus olhos encontram os meus e o lilás agora parece um
roxo, e tudo que anseio é que meu filhote venha com essa cor.
Lannur tem uma beleza incomparável e o cuidado e amor que sente
por mim me deixa como uma drogada viciada que depende
totalmente dele para existir.
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42
Os dias foram passando, e a rotina da cidade voltando à
normalidade, os humanos retornando as suas atividades e nós
férnus seguimos nossas vidas, porém eu ainda tenho a sombra de
London em minha mente, passo o dia vasculhando a fronteira e
nada parece fora do lugar.
— Precisa parar! — Kynai grita quando estou disposto a
contornar novamente todo o limite da cidade.
— Não posso vacilar, Kynai, eles precisam de mim para
mantê-los a salvo. — Meu corpo é travado quando suas mãos
agarram meu braço.
— Chega! — Seus olhos amarelos se fixam nos meus. — Eles
também são minha prioridade, minha companheira também está
prenha, as fêmeas de nossos amigos estão também, temos filhotes
para proteger, então chega! — A forma com que fala é apenas para
frear a loucura que se instala em minha cabeça a cada vez que
começo a patrulhar.
— Ele nunca tocará nela — rosno as palavras cuspindo o
veneno do meu ódio.
— Eu concordo com isso, mas Marty e Liam precisam de você
sã, enlouquecer não vai adiantar, desde que voltou a patrulhar não
para de buscar rastros, posso jurar que todo o contorno de Forty
Mile está centímetros mais fundo de tanto que percorre por ele. —
Meus ombros caem em derrota.
— Se ao menos Duíla acordasse, penso que isso ajudaria
minha companheira a não sofrer. — Sento-me no chão sendo
seguido por ele.
Estamos encostados em uma grande árvore olhando o
descampado à nossa frente.
— Mayllini disse que pela forma que foi machucada e com
tanta magia antiga em seu corpo é quase impossível que ela acorde,
irmão. — O som lamuriante que solto faz com que sua mão siga até
meu ombro. — Sinto muito.
— Ainda tinha esperanças, eu sabia que isso poderia
acontecer, não tive nem mesmo coragem de contar a Marty o que a
anciã Luna me disse. — Esfrego meu rosto com as mãos.
— Hoje acontecerá a fogueira, você irá com ela? — Sei que
todos eles irão e Marty está animada para ir, mesmo que sinta que
não poderíamos deixar o círculo de proteção da nossa cabana.
— Sim, Marty quer muito ir.
— Então vamos finalizar a patrulha, todos estão eufóricos
com a chegada da primavera. — Nos levantamos e voltamos para
nossas casas.
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Estamos no meio do caminho quando encontramos com Arow
e Jacob.
— Animados para a fogueira? — Arow parece um bobo alegre
desde que encontrou Emmy, Jacob se tornou alguém muito mais
sociável.
— Sempre animado. — Kynai rosna sorrindo.
— Sou feliz, isso incomoda às vezes. — Jacob gargalha das
suas palavras.
— Idiota! — Kynai bufa.
Estamos chegando nos limites da cidade quando encontramos
com os novos patrulhadores, irão eles assumir nosso lugar enquanto
encerramos o turno.
— Não se esqueçam de levar destilado, o chocolate quente é
por minha conta. — Arow fala seguindo seu caminho.
— Ele parece uma lebre saltitante — Jacob diz quando
paramos de correr e começamos a caminhar.
— Não o julgo, veja só você, nem mesmo confraternizava e
hoje viaja e faz planos conosco — falo e Jacob me olha atravessado.
— Jamais afastaria minha companheira de suas melhores
amigas. — Kynai e eu explodimos em uma gargalhada. — Ei, ok! Eu
me rendo, Bey mudou minha vida completamente, e ela é muito
melhor assim. — Ele começa a correr quando grita: — Nos vemos na
fogueira, irmãos!
Fico feliz pelo meu amigo, sei bem como sofreu para entender
e aceitar sua companheira humana.
— Como está sendo para Mayllini viver fora da torre sagrada?
— pergunto enquanto caminhamos.
— Ela sente falta, mas não posso negar que quando estou
trabalhando ela se materializa novamente no meio de suas irmãs. —
Sorri de canto. — Acho que hoje é mais fácil para ela aceitar que
não estava traindo suas irmãs ao me reconhecer como companheiro.
— Isso é algo extraordinário, Kynai, você entende que é o
primeiro férnus a se relacionar com uma angelic sendo um macho de
linhagem normal e não de liderança? — questiono e ele entende o
que digo.
— Creio que se mais machos fossem para a torre sagrada,
mais casais se formariam, porém houve um consenso e isso não irá
acontecer novamente, as angelics decidiram assim — lamento por
todos os machos que deixaram de encontrar suas destinadas. —
Pelo que Mayllini me disse, houve uma magia da Deusa Lua com o
Deus Sol e todas as destinadas foram substituídas, não sabemos
para quem ou para onde essas novas destinadas foram escolhidas,
mas com toda certeza a Deusa não nos deixaria só.
— É isso que me alegra, saber que meus irmãos encontrarão
em algum momento de suas vidas as companheiras que trarão vida
as suas existências — digo. — Agora vou correr, quero levar Marty
até a sua mãe, acho que chegou o momento de ela entender tudo
que está acontecendo e se despedir.
— Vai lá, irmão, nos vemos na fogueira.
Entro em casa vendo minha pequena sentada no sofá me
olhando de forma aliviada e não entendo o motivo.
— Aconteceu algo? — Ela morde o lábio inferior.
— Não consigo colocar minhas botas. — Olho para o par de
botas ao seu lado.
Caminho lentamente até ela, ajoelhando-me à sua frente.
— Não precisa se esforçar, estarei sempre aqui para fazer isso
por você. — Beijo sua boca e em seguida espalmo sua barriga com
as mãos, beijando-a. — Oi, campeão, o papai acabou de chegar.
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Sinto o movimento que sua barriga dá e Marty sorri. Fico ali
por mais algum tempo até que me sento ao seu lado.
— Coloque seus pés aqui — peço e ela os repousa nas
minhas coxas, começando a massageá-los, algo que faço todas as
noites, mas que hoje decidi antecipar, já que iremos sair. — Conte-
me, o que fez durante o dia?
— Ah, como eu amo essas mãos grandes massageando meus
pés, juro, eles parecem batatas carregando o peso do mundo. —
Sorrio de suas palavras.
— Exagerada, eles são lindos assim como a dona deles.
— Você não conta, consegue me achar linda enorme desse
jeito.
— Não está enorme. E sim, é linda, está completamente
transformada para dar o conforto que nosso filhote precisa.
— Respondendo à sua pergunta, comprei insumos e algumas
coisas necessárias para a fazenda e a reforma que soube já estar no
fim, e vendi sêmen dos nossos reprodutores.
Depois que Marty deu a ideia de vender sêmen dos nossos
reprodutores após descobrir suas linhagens, os números da fazenda
triplicaram, meu pai está orgulhoso e minha mãe disse que sempre
soube que ela seria a companheira perfeita.
— Sinto muito orgulho da mulher que se tornou. — Beijo seus
pés.
— Falei com Haylla e disse que quero fazer faculdade de
administração. — Ergo minha sobrancelha nãogostando do rumo
dessa conversa. — Calma, príncipe, o curso é cem por cento à
distância, não precisarei sair para lugar algum.
Sinto um alívio percorrer meu corpo.
— Sendo assim, acho muito válido e dou todo o apoio que
precisar.
— Vai tomar todo o meu salário, mas é isso que quero.
— Não vai pagar nada, Marty, tire o dinheiro das nossas
contas, tem acesso a elas, a verdade é que nem mesmo sei por que
tem um salário, já que tudo que existe é nosso.
— Haylla e Runnac disseram a mesma coisa.
— Precisa entender, pequena, que sempre estaremos aqui e
cuidaremos de você, não está mais sozinha, senhora Lennox.
— Fico molinha sempre que me chama de senhora Lennox.
— É exatamente isso que é. — Pisco para ela que sorri
lindamente para mim.
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43
Preciso conversar com ela antes de seguir com a minha
decisão.
— Pequena, precisamos conversar sobre a sua mãe. — Seus
olhos ficam atentos e ela até se ajeita no sofá.
— Aconteceu algo? — Vejo que começa a se angustiar.
— Não vou fazer rodeios Marty, mas ela está cheia de magia
antiga, seu corpo muito machucado, a anciã Luna já havia me dito
que isso poderia acontecer, se tirarem a magia antiga ela morre, se
deixar, ficará hibernando para sempre — informo. — Gostaria de
levar você até ela para que se despeça enquanto ela ainda dorme,
mas querida, a decisão é sua, pode deixá-la dormindo para sempre,
ou lhe dar o descanso merecido.
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— Não quero que ela fique como está, ela precisa descansar,
precisa ir. — Enxuga seus olhos com as mãos. — Nunca existirá uma
resposta, mas sinto em meu coração que ela fez tudo que fez para
me proteger.
— Sinto que é realmente isso que ela fez.
— Podemos ir agora?
— Sim, preciso apenas me arrumar e já volto.
Subo correndo as escadas pulando sobre as patas e me
tornando minha casca, entro no chuveiro e tomo um banho lavando
meus longos cabelos que Marty não quer que eu corte, e sorrio por
pensar no dia em que ela disse que não era para diminuir o tamanho
deles.
Após secar boa parte deles com o seu secador, retiro o
roupão começando a me vestir, coloco os coturnos e estou
finalmente pronto.
— Vamos? — digo assim que retorno a sala.
— Sim.
— O que está comendo?
Pelo cheiro é alguma mistura louca.
— Sanduíche de pernil com geleia de frutas vermelhas. 
Quer? — Oferece estendendo o sanduíche em minha direção. —
Prova, prometo que é bom.
Mesmo sabendo que vou me arrepender, dou uma mordida
esperando o pior dos sabores, mas sou surpreendido por algo
inusitado e delicioso.
— Uau! É mesmo muito bom.
— Eu disse. — Sorri vitoriosa.
— Promete fazer um desse quando voltarmos? — peço
pegando as chaves da caminhonete.
— Prometo.
— Então vamos.
Ao sairmos da cabana abro a porta da caminhonete
ajudando-a a se acomodar, fecho seu cinto de segurança e dou a
volta entrando no carro e saindo dali.
— Posso saber o motivo desse sorrisinho?
— Foi lindo ver sua reação com o sanduíche, é tão libertador
vê-lo descobrir que minhas misturas são de fato muito boas.
Gargalho alto da sua forma de falar.
— Sim, pequena, eu me rendo, você é a melhor nas misturas
mais malucas. — Repouso minha mão em sua barriga sentindo
nosso filhote se mover.
Um silêncio confortável se instala no carro e quando ela
finalmente o quebra, entendo o motivo de pensar tanto.
— Serei uma pessoa ruim se não sentir nada por ela também?
Eu já a enterrei há muitos anos, Lannur.
Entendo o que ela quer dizer, Marty tem algo que é só dela, o
senso de preservação, com sentimentos que doem muito ela se
fecha, então blindada ela não sente nada, talvez não de forma
dolorosa, eu imagino que para ela não é fácil, mas não a culpo, ela
foi moldada a ser assim.
— Não, pequena, entendo o que quer dizer e jamais te
julgaria, apenas faça o que tem vontade e nos deixe cuidar de todo
o resto. — Repousando suas mãos sobre a minha, ela sorri e
entende que estarei ao seu lado.
Quando, chegamos ao centro e nos direciono diretamente até
a tenda da fogueira onde todas as humanas se encontram. Assim
que estaciono a caminhonete percebo uma movimentação diferente.
Ao descermos do carro e com Marty ao meu lado, vejo Fire se
encaminhar para o mesmo local.
— Aconteceu algo? — questiono curioso.
— As fêmeas acordaram. — Marty aperta minha mão. — Quer
dizer, nem todas. — Ele a encara e entendo o recado.
— E por que tanta gente aqui? O que faz aqui? — pergunto.
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— O despertar aconteceu assim que o inverno acabou, a
inquietação começou, mas a Deusa Lua conteve a notícia, mas
alguns de nós fomos trazidos até aqui pelo chamado de nossas
companheiras. — Ele sorri de uma forma apaixonada.
— Quantos?
— Nove.
— Puta merda! Quem?
— Eu, Jared, Nirvian, Cloud, Morone, Colley, Dumont, Acxel e
Paul.
A informação chega e posso entender que a Deusa Lua
escolheu a dedo todos os próximos machos de fêmeas humanas.
Todos eles são extremamente treinados e os melhores em
combate, astutos, protetores e rastreadores, são fortes e respeitados
pelo clã.
— Auror? — Apesar de questionar sei que ele está ciente de
tudo.
— Redobrou a patrulha nas fronteiras, quando a notícia se
espalhar pode ser que não sejamos mais tão bem-vindos, você viu a
reação de todos os líderes quando perguntamos sobre elas.
— Tudo bem, irmão, vejo que está inquieto, vá até sua
companheira. — Com um acenar de cabeça nós o vemos entrar e
desaparecer pelos corredores da tenda.
Chamamos de tenda porque é coberta com uma, mas é um
tipo de pousada com vários quartos, cozinha e sala integrada para
caber muitos de nós. Vejo uma das fêmeas anciãs e ela sorri para
nós.
— Vieram ver Duíla? — seu questionamento faz Marty
tensionar o corpo.
— Sim — minha companheira sussurra incerta.
— Todos nós precisamos descansar, querida, apenas o corpo
físico mantém ela presa aqui, quando finalmente cortarmos esse elo,
sua alma irá se encaminhar para o sono eterno.
— Obrigada!
Somos encaminhados até o local onde ela está e para minha
surpresa encontro a tríade sangrada no local.
— Ainda bem que chegaram, estamos apenas aguardando
vocês. — A anciã Luna sorri ao nos cumprimentar e olha para Marty
com um carinho habitual, caminhando até nós ela se foca em Marty
e me afasto soltando sua mão, mesmo com o olhar surpreso pelo
meu ato, ela não diz nada quando a anciã segura sua mão. —
Chegou o momento de deixar ir, Duíla já não está entre nós, ela
precisa apenas que se despeça dela, sua alma está condicionada a
isso, então não pense que ela não te ouve, ela escuta, ela precisa
das palavras certas e então tudo que fez e suportou não terá sido
em vão.
Marty me olha e aceno lhe passando confiança e lhe
mostrando que sempre estarei ao seu lado.
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44
É estranho, mas existe em mim a necessidade de lhe contar
de forma resumida toda a falta que ela me fez. Após o apoio do
olhar de Lannur caminho em sua direção sentando-me na poltrona
ao lado da sua cama que nos deixa na mesma altura.
— Oi, mamãe. — Seguro sua mão buscando forças. —
Finalmente podemos nos despedir, eu encontrei um amor, mãe, tudo
que fez por mim, para me proteger, deu certo em parte, mas isso
não importa, eu tenho uma família agora, você será avó, ele se
chamará Liam e desejo que tenha os olhos lilás de seu pai, eles são
lindos. — Sorrio. — Pode descansar agora, sua missão de me
proteger foi cumprida, não existe mais nada que a prenda aqui, sua
força é um ensinamento e tanto, prometo jamais me esquecer dessa
lição. — Beijo sua testa.
Assim que solto sua mão ela parece sorrir quando uma luz
forte faz com que ela arqueie suas costas e então a luz desaparece
pelo teto e não sei o que acaba de acontecer.
— Calma, pequena. — Lannur está ao meu lado quando as
anciãs se aproximam.
— Ela se foi — Helen fala, se aproximando de mim. Sinto
quando coloca as mãos em minha barriga e não entendo o motivo
até que ela fala. — Eu bendigo e abençoo. — Afastando-se ela dá
lugar a Iria.
— Querida,eu o saúdo com paz e coragem. — Sempre que
elas falam suas mãos brilham sobre minha barriga.
Então a anciã Luna vem até mim, e assusto-me quando o
Guardião aparece na porta da tenda, caminhando em minha direção,
fico sem ação e Lannur parece desejar pular em suas patas. O
Guardião o encara como se pedisse permissão para me tocar e
Lannur concorda.
As mãos da anciã Luna repousam sobre minha barriga e ele
põe as suas sobre as dela, de fato ele não me toca e entendo que
tem a ver com o cheiro. — Nós o protegeremos.
Não entendo o porquê dizem em uníssono e uma luz dourada
se acende logo desaparecendo.
— A fogueira os espera — Luna informa e nós seguimos em
direção à saída.
Sem dizer nada, caminhamos de mãos dadas atravessando a
rua e seguindo até o local da fogueira.
— Entendeu algo? — pergunto enquanto caminhamos
lentamente em direção ao nosso destino.
— Não, mas não ousaria questionar o porquê abençoaram o
nosso filhote. — Sou puxada para mais perto dele.
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Ao nos aproximarmos da fogueira, posso ver que é só para os
férnus, as únicas humanas aqui somos eu e minhas amigas, até
mesmo Auror está aqui.
— Marty! — As meninas me veem e começam a pular e
Roman que está nos braços de Emmy começa a bater palminhas.
— Vou até lá — aviso ganhando um beijo gostoso enquanto
ele segue em direção aos seus amigos.
— Minha filha. — Haylla abre os braços ao me ver.
— Oi, mãe. — Retribuo o seu abraço.
— Seu pai está sentindo falta de vocês, disse que hoje vocês
domem lá em casa.
— Eu adoraria — digo, virando-me para as minhas amigas. —
E este principezinho? — Roman se joga nos meus braços. — Tia
Marty.
Ele é um bebê grande e se desenvolve rápido como os férnus,
suas orelhinhas e seu rabinho brando desmontam o meu coração.
— Tem um bebê aqui? — aponta para minha barriga.
— Sim, o Liam logo vai chegar e vocês serão melhores
amigos.
— Sim — ele confirma batendo palminhas.
— Agora venha com a mamãe, você precisa deixar suas tias
descansarem, está pesadinho para ficar no colo. — Anira o pega nos
braços e ele reluta um pouco.
— Papai — aponta para Auror do outro lado e com certeza ele
pede a Ann que o deixe seguir até lá, já que ela sorri e o solta em
direção ao seu pai que o espera.
— A gente carrega todo o peso, põe para fora e eles preferem
os pais — Ann fala e nos faz sorrir.
— Espero de coração que sim, que ele siga direto para o pai
— Emmy fala alisando a barriga.
— Do jeito que eles são, nós não teremos mesmo trabalho
algum — Beylli pontua e sabemos bem o quanto Jacob pode ser
protetor, ainda mais depois de tudo que eles passaram. — Mas veja
bem, não estou reclamando.
Nos viramos e vemos Roman nos braços de cada um dos tios,
ele vai pulando e abraçando todos eles que sorriem felizes, todos
estão em formato de casca agora, apenas Black e Auror estão em
forma férnus, e creio que é para que o nosso líder não se sinta
excluído, já que eles são muito amigos.
— Preciso de chocolate quente — digo ao olhar para Haylla
que está ao lado de algumas garrafas.
— Aqui, querida, todas as garrafas deste lado não estão
batizadas. — Soltamos um muxoxo.
— O que é uma pena — Emmy fala ao estender a sua caneca.
— Emmyllia, você é pior que o Roman quando quer algo. —
Ann nos faz sorrir, ela e Emmy brigam feito cão e gato.
— É fácil para você falar, pode encher a cara a qualquer
momento — rebate antes de dar um gole na bebida.
— Enquanto eu estava sem beber nada, você estava se
refestelando em destilado sobre a cama de Arow — Ann pontua e
começam a discutir.
— E não vou negar, a melhor forma de se refestelar é sobre
aquele pau.
— Emmyllia! — Anira tenta, mas é impossível, Emmy não tem
filtro algum.
— Pare de me repreender, quem a vê assim nem imagina que
me liga todos os dias choramingando porque fui morar longe. —
Emmy pisca e Ann lhe mostra o dedo do meio.
— Vocês foram, né, agora a Marty vai também e eu fico
como? A Bey e você estão coladas como carrapatos, eu e Marty
ficaremos isoladas. — Fingindo uma falsa indignação, vemos Emmy
erguendo-se e abraçando a amiga.
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— Essa duas não tem jeito — Beylli diz se aproximando de
mim. E isso faz com que minha barriga endureça exatamente em
sua direção.
— Ai! — É impossível conter o gritinho.
— O que houve? — ela me pergunta e todas me olham.
— Não sei, Beylli se aproximou e Liam se jogou para o seu
lado.
— Aproximem-se novamente — Haylla pede e não sei em
qual momento foi que Lannur chegou.
— Está tudo bem, pequena?
— Eu acho que sim.
— Fique quieto, Lannur — Haylla o repreende. — Vamos,
Marty, se aproxime novamente de Beylli.
Assim que faço meu filhote se joga novamente e a barriga de
Beylli faz a mesma coisa.
— Uau! Parece que eles estão se reconhecendo — Beylli
pontua.
— Emmyllia, venha aqui. — Haylla a chama.
Quando Emmy se aproxima os três seguem para o mesmo
lugar, onde nossas barrigas se ligam.
— Acho lindo ver vocês descobrindo a ligação entre nossos
filhotes — Mayllini fala ao chegar de surpresa.
— Como? — Emmy questiona.
— Assim. — Quando ela se junta às nossas barrigas acontece
a mesma coisa.
Apesar de Mayllini ficar pouco conosco ela também é nossa
amiga, e está se adaptando a toda essa loucura.
— Existe uma ligação, ainda falta uma peça para se encaixar
nesse quebra-cabeça de cinco — informa. — Mas ela logo virá.
— Isso inclui Roman também — Ann fala como se já
soubesse.
— Sim, inclui nossos filhotes, todos eles. — Mayllini nos deixa
de boca aberta.
— Pequena, vou com Kynai para o outro lado ficar com os
machos — Lannur sussurra em meu ouvido.
Ganhando um beijo na cabeça sinto quando se afasta e volto
minha atenção às meninas, mas nossa paz não dura muito tempo,
ouvindo uma voz que gela a minha espinha e endurece a minha
barriga instantaneamente.
— Lannur Lennox, acreditou mesmo que você e seu clã
invadiria minha casa e não aconteceria nada?
O desespero toma conta de mim, quando vejo o que ele tem
nas mãos.
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45
Minha transformação é instantânea, assim que ouço a voz de
London, os machos começam a pular sobre as próprias patas e ao
olhar para trás vejo minha mãe, ao lado de Marin e mais algumas
fêmeas protegendo nossas companheiras.
London segura pelo pescoço o corpo morto de Duíla e isso faz
com que meu coração se aperte por Marty, ela não precisava ver
isso.
— Acreditou mesmo que me tiraria ela e não colocaria algo no
lugar. — Ele lança furioso o corpo de Duíla e então penso nas
humanas que estavam na tenda.
— Jamais irei permitir que toque na minha companheira —
rosno dando um passo em sua direção.
— London, sabe que entrou aqui vivo e não sairá assim —
Auror ameaça e percebo que Roman não está mais com ele.
— O todo poderoso Auror Von’tin, acredita que não levarei o
que desejo? Ninguém toca no que é meu e sai vivo, ela está aí para
provar — ele aponta para Duíla.
Vemos que existem mais exilados à nossa volta, mas não
estamos encurralados, porque podemos ler os pensamentos, os
patrulheiros estão uma linha depois deles.
— Para sair daqui com ela precisa passar por mim — digo
caminhando em sua direção.
Estou disposto a tudo para proteger a minha pequena, eu
rasgarei a garganta de London e ninguém irá se meter nisso.
— É isso mesmo que pensa em fazer? Bater de frente
comigo?
— É tudo que mais quero.
Não espero que ele ataque, eu mesmo faço isso. Parto em
sua direção e quando nossos corpos se chocam parece ser um sinal
do qual todos esperavam, e a batalha começa. Meu foco é exclusivo
de London, sei que ninguém passará pela minha mãe para se
aproximar de Marty, então não me preocupo com a minha família
por hora.
As pancadas com que acertamos um ao outro são ferozes,
retalho seu peito com minhas garras e meus dentes e ele faz o
mesmo comigo. Agarrados no outro, apoio minhas patas com garras
em sua barriga rasgando-a e seu urro de dor atinge meus ouvidos.
Seguimos trocando pancadas e o gosto de sangue atinge minha
boca, em um dos movimentos que faço ele melança longe e o ar
me falta pela pancada que recebo.
— Vai ser prazeroso te matar e depois pegar o que me
pertence. — Ele está querendo me tirar do sério, um macho furioso
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não é mais forte que um macho frio.
— Antes que o sol nasça terei sua cabeça pendurada em
minhas garras — ameaço de volta, mas ao contrário dele, eu irei
cumprir a minha promessa.
O ataque segue acontecendo à nossa volta, Auror já arrancou
uma ou duas cabeças com colunas e eu só desejo terminar logo com
isso. Vou para cima de London atingindo seu corpo com o meu.
— GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR! — urro ao sentir que suas
garras rasgam as minhas costas, retalhando-as.
E ele faz o mesmo quando abocanho seu pescoço, lhe tirando
um pedaço, fazendo o sangue jogar dali. Seguimos nos rasgando e a
fúria começa a crescer, London parece ficar mais lento, já que sua
jugular jorra sangue, não espero que ele caia, sigo espancando,
batendo e rasgando, mordendo e abrindo seu corpo com tudo de
mim, ele revida ainda que devagar, seus ataques causam estrago em
meu corpo, mas não irei permitir que ele se aproxime da minha
família.
Ganho uma patada forte no rosto que me deixa tonto, com o
focinho lavado de sangue, estou cansado e sentindo meu corpo ficar
pesado, mas preciso acabar logo com isso, usando meu último
resquício de força abocanho profundamente sua garganta, puxando
um grande pedaço dele com meus dentes, quando Auror me vê e
corre em minha direção, batendo meus joelhos no chão, ainda tenho
tempo de vê-lo pulando sobre o corpo de London apoiando suas
patas em seus ombros e puxando sua cabeça, levando consigo a
coluna do desgraçado que nos ameaçava.
— Acabou — é o que consigo falar quando meu corpo tomba
no chão perdendo completamente a consciência.
Estamos fechadas em um círculo de proteção com fêmeas e
machos férnus dispostos a dar sua vida para nos proteger, todos os
rosnados furiosos e a forma com que eles lutam é desesperador de
ver, mas eu preciso saber se tudo está bem, e me viro para onde
Lannur está. Vê-lo se machucar em batalha parte meu coração e
cada gota de sangue que derrama me mata um pouco. As garotas
estão sentadas no chão protegendo Roman e o distraindo, mas
posso sentir a dor de cada uma delas, preocupadas com seus
companheiros.
Não dura nem mesmo uma hora todo o inferno que subiu a
terra, mas para mim já é uma eternidade, e quando finalmente
Lannur acaba com London é Auror que o decapita. Ver meu príncipe
tombando no chão é a gota d’água. Furo o bloqueio e começo a
correr em sua direção, mesmo sob os protestos de alguém que me
chama de volta, eu só não me dou conta de que ainda pode haver
exilados vivos.
No momento em que me viro, vejo um deles correndo em
minha direção, é tudo muito rápido e não tenho como fugir de suas
garras que me seguram fazendo meu grito rasgar a minha garganta
queimando como brasas quentes.
— Acreditou mesmo que matariam meu pai e não teriam
vingança? E preciso dizer, essa não demorou muito a chegar. — O
macho furioso baba ao falar enquanto me segura com força.
— Haaaaa! — O grito que ecoa de mim escapa assim que ele
aperta a minha barriga.
— Crean. — Sempre acreditei que sua existência fosse um
conto sombrio.
— Ora, Auror, existe uma realidade paralela onde existimos
sem que líderes como você nos descubra.
Sua pata segura meu pescoço e começo a sentir o ar me
faltar.
— Solte a companheira de Lannur. — Pelo pouco que consigo
observar os machos estão caminhando em nossa direção, enquanto
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o macho que me prende dá passos para trás, recuando.
— Dele? — Um urro furioso ecoa na noite e todos parecem
tensos e cuidadosos ao nosso redor. — Ela sempre me pertenceu,
um acordo existiu, meu pai teve Duíla e eu deveria ter Marty, passei
longos invernos desejando seu corpo quente sob o meu, e assim que
arrancar com os dentes esse filhote imundo, irei mostrá-la como
trato o que pertence a mim.
— Haaaa!
Novamente ele aperta meu pescoço e todos parecem
cautelosos em seus movimentos, porque se continuar assim ele
pode me decapitar.
— Pare de machucá-la! — meu pai grita. Runnac está furioso
e parece ter fogo nos olhos, minhas forças parecem se esvair.
— Eu ainda nem comecei a lhe causar dor.
Sinto quando ganhamos um solavanco e meu corpo cai de
costas no chão, enquanto puxo ar vejo Haylla lutar ferozmente com
Crean, que não parece ter condições de vencê-la, enquanto tudo
acontece começo a me aproximar de Lannur que agora está mais
perto de mim, pois Crean foi seguindo para seu lado enquanto se
afastava.
— GRRRRRR! — O urro vitorioso de Haylla me tira o foco de
Lannur por alguns segundos quando a vejo lançar longe a cabeça do
férnus abatido.
Ajoelho-me próximo a Lannur que está desacordado, sem me
importar com dor, não sinto nada em minha barriga, apenas a minha
garganta dói.
— Por favor, acorda! Abre os olhos, por favor! — Eu o toco e
cada pedaço do seu corpo está retalhado e sangrando.
Três talhos enormes atravessam seu rosto, cortando sua
pálpebra.
— Não me deixa, pelo amor de Deus eu não tenho ninguém
além de você. — Começo a chorar, desesperada, me deitando sobre
seu corpo, quando mãos me movimentam e é Runnac.
— Venha, minha filha. Lannur precisa de cuidados agora. —
Sou pega nos braços por ele e vejo os outros machos carregando os
machucados e auxiliando-os.
O guardião aparece abrindo um portal que nos levará
diretamente para a nossa cabana, quando olho ao redor, Haylla e
Runnac estão ali e Jacob e Arow colocam Lannur na cama.
— Vou deixá-la um pouco aqui na poltrona, o que acha de um
banho, Haylla irá te ajudar. — Ouço Runnac falar.
— Não sem antes ser avaliada. — A voz do guardião é
trovejante e quando se aproxima de mim, me encolho tamanha sua
imponência e o poder que emanam dele. — Sabíamos que algo
poderia acontecer quando abençoamos seu filhote na tenda, nossa
proteção e benção não o atingiu quando ele apertou seu ventre.
Quando se cala, uma luz branca brilhante atravessa meu
corpo como se estivesse sendo escaneada, então até a dor da minha
garganta desaparece como num passe de mágicas.
— Agora sim está tudo bem, vá com a sua mãe — o Guardião
fala desaparecendo enquanto se afasta de mim, todos já
entenderam a minha relação com os pais de Lannur e ninguém
contesta que somos pais e filha, nem mesmo a Deusa Lua.
— Ele queria meu sanduíche, acho que é isso que ele precisa
— falo tentando processar tudo ao sentir Haylla voltar para perto de
mim.
— Vamos providenciar isso, minha filha. — Ela segura meu
braço, ela está em forma férnus, eu nunca a tinha visto assim. —
Mas primeiro vamos tirar essa roupa ensanguentada e depois fazer a
comida que ele quer. Tudo bem?
Concordando com ela, sou levada ao banho e Runnac segue
até onde ele está.
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46
Acordo no exato momento em que meu ombro é colocado no
lugar.
— GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR! — urro de dor e lanço
minha pata com as garras para fora em direção a quem quer que
seja que está me causando dor.
— Uouu!! Calma lá, grandão. — A pata do meu pai segura o
meu ataque.
Quando ouço sua voz relaxo, mas preciso dela.
— Onde está a minha companheira? — rosno de dor.
— Estou aqui, príncipe. — Sua voz desacelera as batidas
assustadas do meu coração.
— Vem aqui, pequena. — Ela se aproxima, está usando uma
grande camisa preta minha com meias e se deita ao meu lado. —
Quanto tempo? — pergunto.
— Dois dias — meu pai responde. — Sua mãe verificou e viu
que seu ombro estava colando errado, então precisei fazer esse
ajuste.
Não enxergo com um dos meus olhos.
— Como estão todos? — Olho para ele com meu olho bom.
— Todos bem, você foi o mais machucado, os exilados estão
todos mortos, e as fêmeas da tenda em segurança. — Meu pai sabe
que iria perguntar dela, já que viu meu desespero ao ver London
com o corpo de Duíla.
Respiro fundo puxando o cheiro da minha companheira para
que se impregne em mim.
— Fiz o sanduíche que me pediu — Marty fala com a voz
baixa e cheia de lamento.— Eu adoraria comê-lo agora, pequena. — Sorrindo, Marty se
ergue e devagar busca a badeja, me ajeito na cama com a ajuda do
meu pai.
— Vou deixá-los a sós — informa saindo junto com a minha
mãe que apenas nos olha como se nos venerasse.
Sei que é a felicidade dela saber que estou bem, e que não
morrerei, é a primeira vez que acordo depois de uma batalha e
tenho a minha pequena ao meu lado, e preciso confessar, todos
tinham razão, nada é mais necessário que tê-la próximo de mim.
Começo a comer e é como eu imaginava, está de fato uma
delícia, eu passaria minha vida comendo isso, de certo que Marty
sempre irá me recordar de que suas misturas loucas são muito boas
e a partir de agora terei que provar todas elas. Quase enlouqueci
quando ela relatou o que aconteceu quando estava desacordado
após matar London, a dor em meu peito me dilacera, pois eu não
consegui me manter forte para protegê-los, mas saber que a minha
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mãe decapitou o desgraçado em uma batalha digna de uma fêmea
férnus tão valente quanto ela, me traz a certeza de que nós nunca
estaremos sós.
Acordado, depois de dois dias me recuperando eu tenho a
certeza de que, nossas vidas finalmente irão mudar.
Minha recuperação acontece como o esperado, fiquei
preocupado em ter ficado cego de um olho, mas isso não acontece,
por milímetros meu olho não foi atingido, ainda tenho as marcas
finas de todos os rasgos em minha pele, mas que logo irão
desaparecer.
Aqui, alisando a barriga de nove meses da minha
companheira sabemos que a qualquer comento nosso Liam irá
chegar para alegrar nossas vidas.
— Isso sim é um belo jeito de acordar. — Marty sorri
enquanto distribuo beijos pelo seu pescoço.
— Estava apenas esperando você para tomarmos café da
manhã.
— Então vamos, príncipe.
Saio da cama e dou a volta para ajudá-la a se levantar,
quando coloca os pés no chão, um grito seguido de uma água
escorrendo pelas suas pernas quase arrancam a minha sanidade.
— Acho que nosso filho vai nascer.
— O quê?
Não dá tempo de questionar, quando pisco, novamente
estamos na torre sagrada, eu e meus amigos, estamos aqui, Arow,
Kynai, Jacob e eu ajudamos nossas companheiras a deitar, sendo
direcionados pelas angelics. Não saio do lado dela em momento
algum, então tudo começa a acontecer, as contrações, a dilatação,
tudo isso parece demorar uma eternidade, então de forma
simultânea todos eles nascem e eu não consigo segurar as lágrimas
de emoção quando nosso filhote é colocado em nossos braços,
cortinas foram colocadas entre nós, e me perco completamente ao
olhar para Liam.
— Ele é lindo! — Marty fala chorando.
— Ele tem a sua marca de piebaldismo — assim que falo
nosso filhote abre os olhos.
— E tem os seus olhos, com a cor que tanto amo.
— É a nossa família pequena.
— Sim.
Não cabe em mim tamanha felicidade, não preciso de mais
nada para me tornar o macho mais orgulhoso e feliz que já existiu.
Decidimos que está na hora de mudarmos para a fazenda,
tudo está pronto e não existem motivos para protelar. Assim que
estaciono a caminhonete ao lado da do meu pai que veio com a
minha mãe nos seguindo, eu tenho certeza de que aqui será o nosso
lar.
Os funcionários vêm nos ajudar a descarregar as malas e
minha mãe com Marty e Liam vão para dentro. Descarregamos tudo
e nos acomodamos, mas não estávamos preparados para o que iria
acontecer nessa noite e que mudaria um pouco os rumos de nossas
vidas.
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Chove de uma forma que jamais havia visto, parece que o
céu decidiu derramar toda a água da chuva do mundo nessa noite.
Marty não consegue dormir e consequentemente nem eu.
Liam dorme o sono dos anjos, avesso a tudo que está
acontecendo, quando ouvimos rosnados e rugidos muito altos que
quase fazem nosso filhote acordar.
— Lannur! Abra a maldita porta!
Não acredito que é ele.
Assustada, Marty segura meu braço.
— Não vá.
— Calma, pequena, não sei o que o traz até aqui, mas meu
pai com certeza vai comigo, ele está no quarto ao lado.
Assim que saio encontro meu pai no corredor.
— O que acha que ele faz aqui?
— Não sei, meu filho, mas algo muito sério aconteceu.
Assim que abro a porta, vejo Sbor ensopado debaixo de todo
esse aguaceiro, mas não é isso que me paralisa e sim o que ele
carrega.
— O que faz aqui? Com ela? — questiono, ele está com uma
bebê férnus encharcada nos braços.
— Entrem — meu pai pede.
— Haylla! — meu pai grita e minha mãe aparece ao lado de
Marty.
— Oi.
— Precisamos de toalhas e uma coberta.
Sbor segura o bebê com cuidado, a encara como se doesse,
como se sua dor fosse real e até mesmo eu posso senti-la.
— Ela nasceu junto com o seu filhote, soube pela anciã Luna,
disse que ela fazia parte de algo maior.
— Não estou entendendo, Sbor, por que a tirou de sua
companheira? — questiono.
— Não tirei. — Pela primeira vez na minha vida vejo o macho
mais cruel chorar. — Nallie morreu no parto, nos deixando sozinhos.
Tenho todo um clã para cuidar, não sei nem mesmo o que fazer com
ela.
— E o que está fazendo aqui? — é meu pai quem pergunta.
— Eu o vi naquele dia nas montanhas, eu vi como se
preocupou, vim trazê-la para você, não me pergunte os motivos, foi
instintivo, preciso que cuide dela, ela precisa estar com vocês. —
Sbor sente a dor que suas palavras lhe causam — E saber que
Haylla é uma de nós com certeza a ensinará sobre nossos costumes.
— Não posso. — Meu pai toca minha perna.
— Pode! Não me diga que não, eu sinto que preciso fazer
isso, só peço que não me esconda dela, informe tudo, e quando for
o tempo, ela poderá me conhecer e passar uns dias comigo, mas
estou dando ela para você e para sua companheira com o aval da
Deusa Lua, eu a questionei e ela disse que precisava seguir meus
instintos.
— Por favor, deixe-me pegá-la. — A voz de Marty me tira do
foco, então percebo que ele não a soltou desde que chegou, e que
minha mãe está com o que meu pai pediu desde então.
Sbor confirma com a cabeça e Marty segue com cautela até
ele.
— Ela se chama Karyn, esse foi o nome escolhido pela sua
mãe.
— É um nome muito bonito — Marty fala, e quando está com
ela em seus braços a bebê chora manhosinha, como se alguém
estivesse lhe tirando algo.
— Diga que ficará com ela e cuidará dela como deve ser. —
Sbor se levanta com olhar vermelho que indaga e não espera não
como resposta.
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— Marty. — Olho para minha companheira.
— É isso que quer? Tem certeza de que não irá tirá-la de nós
quando mudar de ideia? — Minha companheira o encara.
— Não, mas ela saberá que sou seu pai e que o meu clã será
também seu clã, mas ela agora pertence a vocês — avisa sem tirar
os olhos de Marty e Karyn.
Marty se vira e confirma com um acenar de cabeça. Levanto-
me ficando de frente a Sbor.
— Não sei o que houve para ser escolhido, mas com toda
certeza cumprirei a minha promessa, ela será protegida por nós e
saberá de onde veio.
— Apenas dê a ela tudo que ela necessita para crescer de
forma saudável, caso precisem de algo me informem, darei o
suporte necessário.
Sem dizer mais nada ele sai deixando-nos aqui, com uma
bebê e milhares de questionamentos na cabeça.
47
Um ano depois...
Ouço barulhos que me acordam, sei que logo dois minis
furações irão atravessar a porta, fico curiosa, porque Lannur não
está ao meu lado na cama, ele deve ter ido olhar as crianças.
Saio da cama e nada deles aparecerem, assim que caminho
em direção ao banheiro paraliso ao ver na porta um vestido branco
longo de renda, um que jamais havia visto na minha vida e nele há
um bilhete.
“Precisamos que use isso e venha até o nosso lugar favorito.”
Correndo, tomo um banho visto o vestido que fica perfeito em
mim, procuro por sapatos e não acho, então sorrio. Caminhando,
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sigo para os fundos da nossa casa onde Lannur construiu um
pergolado com um balanço para vermos juntos o pôr do sol, e quase
todos os dias nós vamos até lá, com exceção do inverno. Sorrio ao
ver que eles estãome esperando inquietos quando Liam corre em
minha direção sorrindo após seu pai lhe dizer algo.
— Vamos, mamãe, preciso levá-la até o seu príncipe. 
Ele estende sua mão para mim e seguimos caminhando até
lá, existe um lago com peixes que Lannur construiu e o barulho da
água caindo das pequenas quedas que ele criou sempre me relaxa.
— O que está aprontando?
— É o nosso casamento.
— Como?
Pisco, incrédula, quando ele se ajoelha com um anel na
minha frente.
— Ok, vamos primeiro ao pedido. — Ele olha para as crianças
que sorriem. — Marty, nós três estamos aqui ajoelhados para pedir
que seja nossa para sempre. Minha companheira e mãe dos nossos
filhos.
— Aceita, mamãe — Karyn fala nos fazendo sorrir.
— Então você nos aceita para todo o sempre?
— Sim.
— Aeeee!!! — Eles começam a pular enquanto Lannur
caminha em minha direção.
— A propósito, está linda, pequena.
— Eu amo você.
— Eu sempre vou amar você.
Pego nossos filhos nos braços enquanto ainda consigo
ganhando um abraço de Lannur que nos envolve e nos protege, algo
que sempre sentimos quando ele está conosco. Assim que os desço
e eles correm em direção à Haylla, que ao lado de Runnac os espera
de braços abertos.
— Para onde eles estão indo?
— Nos dar privacidade, querida, prometo que tudo que
iremos ouvir pelos próximos cinco dias serão nossos gritos e
gemidos de prazer.
— Lannur...
— Eu tenho meus votos.
— Eu nem fiz nada.
— Eu digo por nós. — Beija minha testa. — Pequena, quando
eu conheci você eu sabia que seriamos para sempre, sim, você
partiu meu coração quando foi embora, mas eu jamais desistiria,
viveria para todo o sempre ao seu lado te protegendo ainda que não
me quisesse. Você tem as melhores misturas de comida do mundo e
nossos filhos são iguais a você, e graças à Deusa por isso. Ainda não
sei os motivos que trouxeram a nossa pimentinha até nós, mas
garota, eu não sei viver sem ela também. Estarei sempre ao seu
lado todas as noites lhe dando amor. Amo quando escova meus
cabelos e diz que ama a cor dos meus olhos, amo o filhote que me
deu e que é a sua cara com meus olhos. Continuarei por todos os
meus dias massageando seus pés após um dia de trabalho e jamais
irei me cansar de ouvir seus gemidos clamando por mais de mim
dentro de você. — Ele sorri enrugando seu focinho da forma que
tanto amo. — A paz que me trouxe não pode jamais ser substituída,
ela só existe por você e ficou ainda melhor depois deles. Eu te amo,
Marty, e juro que nunca irei demonstrar o suficiente, mas tentarei
com todo o meu coração.
— Lannur, você é perfeito! Como eu poderia não te amar, não
amar os filhos que temos, como não seria capaz de viver ao seu
lado? Você é meu protetor, meu guardião, aquele que protege meu
coração da dor e divide comigo as minhas angústias e medos, não
fui perfeita e nem serei.
— Para mim você é, pequena, a minha perfeita.
— Você me salvou na floresta, me salvou naquela casa em
chamas e me salva todos os dias daquela vida em que eu apenas
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sobrevivia. Foi você e sempre será por todos os meus dias. Eu te
amo!
Sou puxada para um beijo e meu coração acelera, nada que
imaginei na minha vida se aproxima do que eu tenho hoje ao lado
dele.
Lentamente, no nosso quarto, começa a tirar a sua roupa,
minha pequena fica ainda mais perfeita todos os dias, seu sorriso
me embriaga e eu quero me afogar em sua beleza. Beijo seus
ombros alternando entre beijos e lambidas, seu gosto sempre será o
meu sabor preferido em todo o mundo, Marty é o meu universo
particular.
— Lannur... — Ouvi-la clamar pelo meu nome faz meu pau
pular fora do prepúcio.
— Continua clamando por mim enquanto todo seu corpo se
arrepia de desejo.
— Céus, sabe que não resisto ao seu toque, já estou pegando
fogo.
— Deixa queimar, pequena, vou resfriá-lo com minha semente
em breve.
A puxo para meus braços e ela envolve as pernas em minha
cintura, caminho com ela até a nossa cama, a colocando no centro
do colchão, deixando suas pernas bem abertas, eu preciso do seu
gosto como preciso de ar. Quando abocanho suas carnes molhadas
ela grita segurando meus cabelos e me faz rosnar pelo sabor que
sinto. Introduzo minha língua esfregando em seu ponto interno de
prazer, sigo entrando e saindo quando levo meu polegar até o seu
clitóris.
Seu corpo arqueia e asseguro com a mão livre, preciso que
ela siga implorando por mais de mim, é uma necessidade ouvir que
ela precisa de tudo que tenho para ela, suas pernas envolvem meu
pescoço travando-me ali, eu amo quando ela faz isso, então quando
ela goza na minha língua, eu vibro num grunhido que a faz gritar.
Suas pernas caem e me posiciono sobre ela, começando a
sugar seus mamilos, eu me delicio com eles enquanto a minha
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pequena grita, segurando-os no lugar para mim.
— Lannur, eu não tenho forças e nós nem começamos.
— Não precisa fazer nada, querida, apenas sentir todo o
prazer que vou te dar.
— É impossível, o meu corpo reage sozinho.
— Então deixa ele reagir a isso. — A pego nos braços de uma
forma rápida e nos viro com ela sentada sobre mim.
Preciso gozar sugando seus mamilos, sou apaixonado pelos
seios fartos da minha companheira, e meu pau parece reivindicar
isso para se derramar com força dentro dela. A deslizo devagar
sobre ele a alargando enquanto gememos juntos.
— Agora, pequena, rebola para mim enquanto faço o que
tenho vontade.
— Ah, meu Deus!
Com um braço a ajudo subir e descer em meu pau e com a
mão livre seguro seu seio, é intenso e gostoso quando suas mãos se
enfiam nos pelos do meu peito e puxam enquanto ela é devastada
por mais um orgasmo, gritando de prazer.
Meu pau sente o pulsar forte dela, eu sugo e a movimento,
suas pernas estão dobradas sobre as minhas coxas e ela sobe e
desce como uma deusa do acasalamento.
— Isso, assim pequena, continua, continua que meu pau está
implorando por tudo que tem para nós. —
GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR! — urro alto numa mistura de uivo
furioso sentindo meus nós nos travarem e meu corpo inteiro quer
muito mais que isso.
— Parece insaciável, Lannur.
— Ah, pequena, teremos cinco dias de um cio exclusivo para
nós, esse é o nosso presente de casamento entregue pela Deusa.
Marty me olha, incrédula, mas ela sorri e então assim que
meus nós desincham começamos tudo outra vez.
48
Abro meus olhos enquanto sinto braços fortes me
envolverem, sentindo o coração de Lannur batendo contra minhas
costas me trazem a sensação de proteção e pertencimento,
inspirando fundo encho meus pulmões de ar para então me virar
ficando de frente para ele.
— Estava apenas aguardando você acordar, minha pequena
joia. — Ele esfrega seu focinho em meu nariz me fazendo sorrir.
— E posso saber o motivo? — Aliso os pelos de sua orelha
quando vejo seu rabo balançar de um lado para o outro.
— Quero levá-la a um lugar. — Quando fala a curiosidade me
invade.
— Posso saber onde?
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— Se você começar a se mexer conseguirá descobrir em
breve.
— Lannur!
— Sem tentar me persuadir, Marty.
Devagar ele começa a me soltar e só não reclamo por estar
completamente desesperada de curiosidade. Pulando da cama corro
em direção ao closet vestindo minhas roupas, logo sendo seguida
por ele que agora está em sua forma humana.
— Pelo visto vamos longe — pontuo terminando de amarrar
meu cabelo.
— Sim, e precisaremos ir de caminhonete. — Ganho um tapa
na bunda que me faz lhe mostrar a língua.
O vejo sair do quarto após usar o banheiro então o sigo, o
silêncio que encontro me deixa triste por não ter meus filhos
comigo, mas ansiosa pela surpresa. Tomamos um café rápido e logo
estamos dentro da caminhonete.
— Pronta para conhecer o meu lugar secreto?
— Sempre estou pronta para qualquer coisa que seja com
você.
— Marty, eu preciso dirigir, falar essas coisas não ajuda no
meu autocontrole.
— Foco no seu propósito, senhor Lennox, não vamos
dispersar, agora eu preciso descobrir para onde está me levando.
— O que precisa saber é quando chegarmos lá seus gritospoderão ser ouvidos até na lua.
Sorrio de suas palavras quando ele liga o carro e começamos
a nos movimentar. Por quase cinco horas atravessamos as
montanhas rumo ao desconhecido, apaixonada por tudo que vejo
pelo caminho, não perco nenhum detalhe, seguimos por lugares que
jamais vi, com plantas e animais diferentes e que eu só havia visto
nos livros e tvs. Quando o carro para em frente a um tipo de
cinturão de floresta meu coração bate acelerado, já que consigo
ouvir daqui o barulho das águas que caem em algum lugar perto
daqui.
— Onde estamos? — pergunto.
— Nos limites do nosso clã, muito próximo da terra dos elfos
sombrios.
— Sério? Deveríamos ter trazido nossos amigos.
— Já conversei com eles, o Rei Elfo nos fez um convite que
em breve aceitaremos, algo sobre a Beylli e a Meylin conhecerem
seus ancestrais.
— Isso será interessante.
— Sim, eu sei que será, mas agora vamos.
Lannur desce do carro dando a volta, logo abrindo a porta
para que eu desça, suas mãos envolvem minha cintura e logo sou
colocada no chão. Ele segura minha mão e segue na frente,
guiando-me mata adentro, é como se estivéssemos entrando em
outro universo e fico embriagada com tamanha beleza.
— Pela Deusa Lua, Lannur! A cada passo que damos o lugar
parece ainda mais mágico. — Estou perplexa.
— Você ainda não viu nada, pequena.
Seguimos por um caminho que faz com que o barulho das
águas aumente a cada segundo, mas da mesma forma com que
tudo parece calmo uma surpresa nos deixa em perigo. Ouvindo um
barulho ou um tipo de chiado percebo Lannur tensionar o corpo
quando um tipo de portal dourado começa a se abrir, vejo Lannur
pular sobre as patas rasgando suas roupas no ar colocando-me atrás
dele, meus olhos não podem acreditar no que veem, é
impressionante.
— GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR! — o rugido alto e feral que
Lannur solta faz meu corpo vibrar, e posso dizer que até mesmo o
chão sobre nós treme.
— Um férnus. — O ser à minha frente constata e ouço o
coração de Lannur bater de onde estou.
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— Senhor do fogo. — O tempo parece paralisar.
Uma espécie que jamais vi na vida atravessa o portal se
colocando à nossa frente, ele tem a mesma altura de Lannur, dois
metros e meio, é vermelho e tem chifres como os de carneiro,
porém eles são virados para frente. Seus olhos são amarelos e ele se
parece com um grande felino, diferente dos férnus ele usa um tipo
de vestimenta como uma armadura, nos ombros e peito, e em seus
quadris uma calça que vai até os joelhos, em sua cintura um tipo de
cinto de couro que se parece com o mesmo material da parte de
cima onde ele tem facas, suas orelhas estão em pé e em suas
pontas tem tufos finos de pelos, ele tem bigodes como os grandes
tigres. Seus pelos se eriçam ao nos ver e sobre sua cabeça existe
um tipo de coroa de fogo.
— Meu Deus! — arfo surpresa enquanto a pata de Lannur me
mantém entre ele e o espécime.
— Não esperava ver um membro do clã do norte por aqui. —
Sua voz é imponente e grossa, seu olhar é altivo e existe algo
sombrio neles. — Diga seu nome, macho. — Suas palavras saem
como uma ordem.
— Órus, acredita mesmo que obedeceria a uma ordem vinda
de você? — Lannur com certeza o conhece.
— Não está em posição de impor, vejo que traz consigo uma
fêmea. — Quando ele dá um passo para o lado, como se desejasse
me ver melhor, Lannur se coloca em posição de ataque.
— Não olhe para ela! — O rugido que meu companheiro solta
me causa pavor, nunca o tinha visto emanando tanta raiva assim.
A gargalhada que o tal Órus solta faz com que Lannur fique
ainda mais furioso.
— Não estou aqui para atravessar seu caminho, férnus, finja
que não me viu.
— Sabe que não pode entrar em nosso território.
— Estou apenas de passagem, meu destino é a floresta
sombria e sabe assim como eu que este cinturão é território neutro,
não está em seu clã, muito menos em suas terras, apesar de a
minha vontade ser de enfrentá-lo em uma batalha, seria muito mais
prazeroso desafiar Auror. Por falar nisso, como anda o seu líder e
sua nova família? — A forma com que fala faz a coroa de fogo sobre
sua cabeça crescer um pouco em tamanho.
— GRRRRRR! — Lannur bufa em fúria e o sorriso do outro se
amplia mostrando mesmo sua boca felina e dentes brancos com
presas afiadas.
Enquanto fala um novo portal se abre e meu coração parece
que vai parar a qualquer momento.
— Vejo que acabaram por se encontrar. — O rei Elfo em
pessoa junto a alguns soldados aparecem e eu que só tinha ouvido
falar dele fico paralisada. — Desculpe-me pelo inconveniente,
Lannur. — Quando fala o nome dele o tal Órus o encara como se
acabasse de descobrir um segredo.
— Rei Elfo.
— Órus pediu uma reunião de emergência e o cinturão é o
limite para o seu portal, perdoe-me.
Lannur dá um aceno de cabeça, o Rei me cumprimenta com
um leve acenar também virando-se para o tal Órus.
— Vamos, líder Órus, os antigos o esperam.
Ainda sendo protegida por Lannur, vemos todos eles
atravessarem o portal e desaparecerem bem na nossa frente.
— O que foi isso? — Arfo soltando o ar.
— Algo que não estava nos planos e com que certeza Auror
precisa saber. — Lannur está inquieto.
— Quem era aquele espécime, Lannur? — pergunto muito
curiosa.
— Órus, conhecido como senhor do fogo, líder do clã do fogo
que fica muito distante daqui, e sua presença é algo que não deve
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estar trazendo boas notícias. — A forma com que Lannur fala parece
que o aparecimento do macho é um tipo de premonição do mal. —
Ele é um Dimon do deserto.
Meus olhos ficam encarando-o e não entendo nada.
— Posso te explicar no caminho de volta, perdoe-me por
precisarmos voltar, neste momento Auror precisa saber desse
encontro e não posso falar sobre isso por telefone.
Com um acenar de cabeça apenas concordo retornando ao
carro imaginando que algo grandioso pode estar por vir.
49
Eu sabia que grandes mudanças estavam por vir, e precisava
me unir ao Rei Elfo para auxiliar nas frentes de batalha que
poderiam surgir, quando Dunona teve uma revelação de fogo soube
que era hora de agir, a última daquela magnitude nos levou tudo,
deixando-nos como exilados e esquecidos.
Nem toda magia das chamas seria capaz de nos reerguer, e
foi assim que com a ajuda dos Elfos nós vencemos, agora a
provação dos férnus será como a nossa, e eles padecerão sem
auxílio. Como líder do clã do fogo, e inimigo natural dos férnus, eu
deveria assistir de camarote o seu fim, mas uma espécie devastada
entende o que acontece depois que o apocalipse termina, não sobra
nada além de chama e cinzas.
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Em silêncio depois de cruzar com o caminho de um férnus
macho adulto e disposto a batalhar comigo até a morte pela sua
fêmea humana, apenas o barulho dos nossos passos pode ser
ouvido pelos corredores do palácio élfico. Como o Deus Mojin havia
dito, os férnus já estavam sendo preparados para tempos obscuros.
— Tem apenas essa oportunidade para fazê-los concordar,
senhor das chamas — o Rei elfo fala e entendo a importância das
minhas palavras.
As grandes portas da sala subterrânea de reuniões se abrem
e os antigos espíritos élficos nos aguardam com inquietação.
— Diga, filho do fogo, o que o traz de tão longe para se
reunir conosco? — Um dos antigos inicia a nossa conversa sem
delongas.
— Todos conhecem o poder da caixa de pandora, meu povo,
os Dimons, descobrimos isso à custa de muitas vidas, o Deus Mojin
revelou o fim dos férnus e é por compadecimento que me coloco
aqui na frente de todos, não poderemos impedir que a caixa de
pandora com magia antiga élfica seja aberta, mas as batalhas
poderão ser vencidas auxiliando os férnus e com nossa ajuda, eles
podem sobreviver ao fim. — Minhas palavras fazem todos eles me
olharem.
Sei que o Rei Elfo com apenas uma ordem poderia evitar essa
reunião, mas sangue elfo e Dimon é precioso demais para ser
colocado em meio a uma guerra sem que todos concordem, o clã do
fogo está disposto a ajudar, mas sem os elfos não obteríamos
vitória.— Isso diz respeito apenas aos férnus e seus deuses.
— Não, isso diz respeito a todos nós, os Dimons, por
conhecerem o poder desastroso da caixa de pandora, e os elfos por
serem os responsáveis por toda a destruição causada por ela.
— Não somos responsáveis.
— Podem não ser responsáveis diretos, mas foi uma herdeira
real, cheia de fúria e maldade que decidiu dizimar seres como nós,
os férnus e os Dimons não têm culpa de nada disso, vocês são
responsáveis sim, ainda que de forma involuntária.
Não queria falar assim da irmã do Rei Elfo, mas por conta de
uma vingança descabida fomos quase dizimados, agora evoluídos
não podemos permitir que os férnus passem pelo mesmo que nós
sem auxílio algum.
— Eles são inimigos naturais de vocês — um antigo fala.
— Neste momento qualquer que seja o lado da batalha que
estivermos, sabemos bem que todos perdem com a destruição em
massa de uma espécie, espero que aqueles que manusearam por
eras um poder tão destrutivo possa nos ajudar a não permitir que
novamente uma nova tragédia aconteça sem fazer nada. Sabemos
que será inevitável, mas não podemos cruzar nossos braços e ver
sangue mágico ser derramado sem fazermos nada.
Os antigos se olham e vejo seus olhos como galáxias
brilharem enquanto entram em um consenso, o Rei Elfo está aqui
para garantir que a resposta seja positiva, e quando me olha sei que
ele cumprirá a sua promessa.
— Os elfos sombrios aceitam o convite de salvar a espécie
irmã, nós iremos a batalha.
Com a certeza de que no momento oportuno elfos, Dimons e
férnus se unirão para que mais nenhuma espécie seja dizimada pelo
poder de um amor não vivido, saio da sala subterrânea de reunião
retornando ao meu clã com a certeza de que dessa vez
conseguiremos salvar muitas vidas.
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Epílogo
Dez anos depois...
Desde aquele encontro, nunca mais tivemos notícias dos
Dimons, Auror decidiu em uma reunião que eu precisava manter isso
em segredo, a Deusa Lua assumiria dali e nem mesmo as minhas
amigas podiam saber. Como prometido mantive o segredo, mas
sabíamos que algo aconteceria em algum momento de nossas vidas.
Vez ou outra pensava naquele encontro e Lannur sempre me
acalmava.
Neste momento decido pensar apenas em minha família e
posso sentir o medo no olhar da minha filha, desde que contamos
sobre seu pai de sangue e a importância dela para o seu clã, ela
passou alguns meses digerindo a informação, sempre deixamos
claro que ela faria o que fosse sua vontade, que seriamos sempre
seus pais e isso jamais mudaria, mas se ela quisesse conhecer Sbor,
nós a levaríamos até lá.
Então com os meses se passando ela decidiu que está pronta,
mas que não irá nos deixar, não será possível se afastar de Liam,
sim, Karyn e Liam são destinados, claro que ainda são jovens e
estão perto de libertar seus férnus, eles não se separam, e são
melhores amigos dos filhos de nossos amigos, Roman, Maylin,
Tulayn e Urian. Agora, aqui, sentados na caminhonete, já nos
aproximando do clã do Sul e observo a interação deles.
Por toda a viagem e em todas as paradas eles não soltaram
suas mãos, Liam é da cor de Lannur, seus olhos são lilás e a mecha
do piebaldismo é exatamente igual à minha, Karyn tem a pele preta
com olhos avermelhados que ficam cor de sangue quando está
brava, seus longos cabelos encaracolados lembram muito os meus.
— Mamãe, por que a vovó e o vovô não puderam vir com a
gente? — Sei da sua preocupação de podermos ser atacados.
— Porque não podiam, querida — informo, e Lannur sorri, ele
sabe.
— Filhote, preste atenção no papai, seu pai Sbor jamais nos
machucaria, ele a ama, só que não soube como cuidar de você, ele
te protegeu nos presenteando com você, mas não se sinta obrigada
a chamá-lo de pai, nem de abraçá-lo se não for sua vontade, o que
precisa saber é que estamos ao seu lado e seremos para sempre
uma família.
— É verdade, Karyn, nunca a deixaremos, nós prometemos —
Liam fala e ela repousa sua cabeça no ombro dele.
Entramos no território do clã do Sul e podemos ver os férnus
nos acompanhando pelas laterais na floresta. Por alguns minutos
dirigimos mata adentro até que finalmente paramos.
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Podemos ver Sbor de onde estamos, então descemos do
carro e abrimos as portas para as crianças descerem. Karyn dá a
mão ao pai e Liam a mim, enquanto caminhamos até a entrada de
sua casa.
— Sejam bem-vindos! — Sbor nos recebe cumprimentando
apenas Lannur.
Nenhum macho toca a fêmea de um férnus e apenas sou
cumprimentada com um balançar de cabeça.
— Sbor — Lannur o cumprimenta.
— Entrem, estava os esperando para o jantar.
Seguimos casa adentro e posso ver que ele vive aqui sozinho,
está arrumada, e tudo que existe sobre a lareira é uma foto que
mandamos de Karyn para ele ainda bebê. Podemos ver o olhar dele
para ela, sabemos que ele tem coisas a falar, mas nossa filha só fará
o que desejar e Sbor está mais do que ciente disso.
O jantar segue da melhor maneira possível, está tudo
delicioso e quando acreditamos que iríamos apenas nos despedir,
Karyn fala:
— Nós podemos conversar?
Eu tinha ciência que se ela não desejasse se aproximar, ela
não faria, Lannur e Marty cuidaram da minha filha da melhor forma
possível, jamais aceitaram nenhum dinheiro, apenas os presentes
que eu enviava. Nunca quis tomar seus lugares na vida da nossa
filha, então jamais me aproximei.
Quando soube que ela gostaria de me conhecer, não sabia o
que pensar, se me odiaria e viria jogar isso na minha cara ou se
apenas me abraçaria, agradeceria e desapareceria sem olhar para
trás. Mas agora ela quer falar comigo e eu, um férnus com 700 anos
estou tremendo na frente de uma garotinha.
— Claro que sim, quer que seus pais estejam presentes? —
questiono e ela os encara.
— Não, acho que podemos fazer isso apenas nós, certo?
— Karyn! — Liam, o filho deles a repreende, eu já soube que
são destinados, e diferente do que se possa pensar, qualquer
desenvolvimento amoroso entre eles só irá acontecer quando forem
maduros e tiverem o primeiro cio, por hora eles são como melhores
amigos que respiram e necessitam proteger e ser protegido pelo
outro.
— Está tudo bem, Li, nada vai acontecer, lembra do que
conversamos? — ela o acalma, uma destinada tem esse dom, de nos
deixar de joelhos, ainda que eu jamais tenha conhecido tal
sentimento.
— Tudo bem. — Eles se abraçam, então ela se vira para mim
e lhe mostro o caminho do meu escritório.
Lannur e Marty sorriem para mim, me encorajando a
continuar, sempre que nos falávamos eu os questionava, pois não
saberia o que fazer, tudo que eles diziam era: seja você mesmo,
Sbor, mostre o que sente por ela.
Atravessamos a porta e a fecho, porém não a tranco, a
direciono ao sofá e ela se senta, eu fico do outro lado na poltrona
afastada, não quero impor uma aproximação, logo eu, um macho
que impõe respeito a todo seu clã, não quero em momento algum
fazer isso com a minha filhote.
— Qual o motivo de não ficar comigo? — Sua pergunta é
direta.
— Quando sua mãe morreu no parto eu me desesperei, não
sabia o que fazer, tudo que sabia era que você fazia parte de algo
maior, havia nascido no mesmo dia que seus amigos, então decidi
que seria melhor para você ser criada perto deles.
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— Por que meus pais? Por que eles?
— Porque em um resgate onde eu participei ao lado do seu
pai, pude ver o que ele faria pela sua companheira, quando pensei
em levá-la até lá eu só conseguia pensar neles. Me perdoe por não
ter uma desculpa, mas não existe nada que impedia de tê-la criado,
mas não saberia lhe ensinar o que uma fêmea podia, e tinha todo
um clã para cuidar, estávamos sob ameaça e eu só queria mantê-la
segura.
Karyn me olha e ficamos assim por algum tempo, ela se
levanta e eu faço o mesmo, quando penso que ela vai se direcionar
até a saída, ela corre em minha direção pegando-me de surpresa.
— Obrigada por me amar e me proteger.
Fico atônito com sua reação e quando consigo entender o que
está acontecendo, a envolvoem um abraço tirando-a do chão.
— Eu sempre farei tudo por você, minha pérola negra.
Por um longo tempo ficamos assim, até que nos soltamos.
— Pode vir quando desejar, estarei sempre aqui por você.
— Obrigada!
Beijo sua cabeça e saímos de lá de mãos dadas, o sorriso
largo de Marty contrapõe a cara feia de Liam, que me encara com
raiva.
— Acho que nós podemos ir, mamãe — Karyn diz.
— Reservei uma cabana para que passem a noite, poderemos
seguir amanhã cedo até a reserva — afirmo.
Nós ficaremos por alguns dias juntos segundo eles para
criarmos um laço afetivo, eu não poderia estar mais feliz. Eu, um
férnus quebrado a ponto de quase não se consertar está tendo a
oportunidade de me aproximar da minha única filha, é pedir muito
mais do que de fato eu mereço.
Eu os acompanho até o local onde ficarão e saio de lá com a
esperança de que as coisas poderão ser diferentes daqui em diante,
ainda que existam muitos perigos rondando nossos clãs, juntos nós
poderemos vencê-los.
90 anos depois...
Estamos dirigindo nossos carros até o local onde vamos
acampar, em breve estaremos todos na universidade e isso nos
deixa eufóricos, já que iremos morar em Winnipeg[5], todos estamos
desesperados para que isso aconteça, Roman, Urian e eu faremos
faculdade de veterinária, e as meninas de administração, segundo
elas para administrar nossas fazendas enquanto nós colocamos a
mão na massa.
— Li, estava pensando se conseguimos resolver tudo — Karyn
fala com sua mão envolvida na minha.
— Creio que sim, minha destinada. — Beijo o dorso de sua
mão.
— As meninas estão loucas para fazer a trilha das cachoeiras
à noite, tenho planos para nós dois enquanto todos dormirem. — É
impossível não gargalhar.
— Acredita mesmo que algum deles vai dormir, minha
estrelinha?
— Acho que não.
Por mais algumas horas seguimos para o hotel fazenda que
pertence ao nosso líder, assim que chegamos todos paramos
próximos e somos recebidos por funcionários férnus que já nos
aguardavam.
— Sejam todos bem-vindos. Os chalés de vocês já foram
reservados e se encontram na área leste — Mortton fala ao nos
receber.
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— Obrigado! — Rom agradece enquanto nos encaminhamos
até lá.
— Bem, vamos todos descansar essa noite, e amanhã
começaremos a trilha — Uri fala abraçado a Mey.
— Eu quero muito conhecer cada lugar novo descoberto. —
Tulayn avisa pulando nas costas de Rom.
— Espero nos encontrarmos no jantar — aviso envolvendo a
cintura da minha companheira.
— Em uma hora? — Karyn questiona.
— Sim — todos respondem sorrindo em uníssono e
caminhamos juntos na mesma direção.
Como imaginado, o jantar foi tranquilo, comemos e
conversamos sobre nossos próximos anos na universidade, pois
estamos eufóricos. Logo estamos todos caminhando de volta para
nossos chalés quando o celular de Roman toca, nos assustando,
porque tio Auror não ligaria para Rom por algo que fosse banal, já
que ele foi informado de nossa chegada.
— Oi, pai — Roman fala ao atender. — Sim, estamos todos
juntos. Certo, farei.
Vemos Roman colocar o telefone no viva-voz e a voz de tio
Auror ecoar entre nós.
— Preciso que retornem agora a Forty Mile, a caixa de
pandora foi aberta a última armadilha de Destiny acaba de ser
revelada.
— Pai, o quão grave tudo isso é?
— Ainda não sabemos, meu filho, mas estamos recebendo
informações dos outros clãs e as notícias não são as melhores.
— Meu pai — Karyn fala assustada.
— Karyn. — A voz de tio Auror brada pelo celular e nos
paralisa pela forma que se comporta, ele jamais foi rude ou
grosseiro com nenhum de nós. — Está terminantemente proibida
pelo seu líder de sair do círculo de magia de nosso clã. Liam. — Ele
me chama e todos nos olhamos.
— Estou aqui senhor.
— Garanta a mim com a sua vida que não levará Karyn ao clã
do Sul. — Olhando nos olhos assustados de minha destinada eu
confirmo.
— Eu garanto, senhor. — Puxo Karyn para meus braços e vejo
meus amigos fazerem o mesmo com suas destinadas
— Ótimo! Venham para casa, suas mães estão entrando em
colapso por não os ter por perto neste momento.
Ele encerra a ligação e começamos a nos movimentar, mas
não sem antes percebermos que os olhos de Tulayn brilham como
faróis acesos, assustando a todos nós.
FIM
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Em breve...
Revelada à Escuridão – Livro 5
Caminho pelo centro de Forty Mile, à noite, com as mãos no
bolso e indo em direção à minha cabana, sendo iluminado pela luz
da Deusa Lua, enfio a mão nos meus bolsos inspirando com um
pouco mais de força o ar para meus os pulmões. Mais uma vez
aquele sonho me atormentou, eu sempre ouço sua voz, sempre
estou em busca de a encontrar, mas não faço ideia de quem seja.
A sensação de estar sendo sempre esperado por alguém, que
precisa de mim para alguma coisa, me deixa irritado, meus amigos
já perceberam isso, mas não consigo lhes explicar algo que é
oriundo apenas de um sonho.
— Perdido. — A voz de Lannur me alcança.
— Voltando para casa — aviso sem parar de caminhar
enquanto se coloca ao meu lado seguindo meus passos.
— Vai me contar o que tanto te atormenta? — Olho para
Lannur pelo canto dos olhos,
— O de sempre. — Bufo, inconformado.
— Cara, esses sonhos te atormentam há séculos, acho que
ficou encucado com eles e por isso nunca permite que desapareça.
— Apenas nossa voz baixa e o barulho de nossos coturnos batendo
no chão podem ser ouvidos.
— Não sei, Lannur, não faço ideia, fazia alguns anos que não
os tinha, mas desde que Anira chegou a Forty Mile eles voltaram a
ser diários e o que era angustiante se tornou torturante.
— Qual a ligação de Ann com seus sonhos? — Sei que não
entende.
— Nada importante, mas eu marquei esse dia como o retorno
dos meus sonhos depois de quase cinquenta anos sem tê-los —
informo, cansado de pensar em quais sejam as probabilidades de
isso ser algum sinal de fato.
Ficamos em silêncio caminhando e sinto que ele também
anda inquieto.
— Me conte o que o faz desaparecer por alguns dias?
— Também percebeu? — O encaro encontrando aquele olhar
que diz muito e que não revela nada.
— Seria loucura se te dissesse que apenas sinto um desejo
animal de percorrer a fronteira de Dawson City como se em algum
momento alguém fosse precisar de mim? — Arqueia sua sobrancelha
e seus olhos lilás brilham intensamente.
— Lannur, estou há quase 4 séculos te falando que sonho
com alguém me chamando, com uma voz doce e suplicante, que me
pede para encontrá-la e você não acha loucura, por que eu acharia
seus instintos uma loucura? — Ele sorri de canto balançando a
cabeça em negação.
— Acho que são tantos anos sozinhos que estamos
alucinando. — O vejo prender seu longo cabelo preto em um coque
alto e bagunçado.
— Como estão seus pais?
— Cuidando das fazendas, dona Hayla e seu Runnak vivem
por aquele lugar — fala com amor de seus pais.
— E os seus? Tem algum tempo que não vou visitá-los.
— É algo que deve fazer, estou vindo de lá agora e minha
mãe disse que você deve ter esquecido o caminho. — A gargalhada
do meu amigo me faz sorrir também.
— Eu amo Victoria e Skool Moher. — Sinto isso em suas
palavras. — Temos patrulha amanhã, com certeza iremos almoçar
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com eles.
— Acho bom cumprir, assim que chegar em casa vou ligar
informando, com certeza ela fará sua comida favorita — digo
fingindo ciúme.
— Como se minha mãe não fizesse o mesmo com você.
— É o meu charme natural. — Sorrio vendo seu olhar afiado.
— O que está achando dessas mudanças que a Deusa vem
propondo? — Entendo seu questionamento e sei que ele sente o
mesmo que eu.
— Gostaria de estar na lista, de ser aquele que ganha uma
companheira, não me importando qual seja a sua espécie, eu só
queria a possibilidade que todos eles estão tendo. — Minha voz sai
como um lamento, mas não escondo isso do meu amigo, já
passamos por muito juntos, isso não é nada.
Não dizendo nada continuamos a caminhar quando chega o
momento de nos separarmos.
— Nos vemos depois.
— Até amanhã.
Alguns minutos depois estou adentrandominha cabana e o
sentimento de vazio me domina, respirando fundo corro meus olhos
por todo o lugar sentindo sempre que falta algo, alguém que me
faça desejar voltar, aquela que fará meus dias perfeitos e cheios de
vida.
Estamos finalizando a patrulha começando a nos despedir de
todos.
— Uma corrida? — Lannur me desafia.
— Sabe que sou mais rápido que você.
— Pode ser que tenha me preparado para isso.
— Sempre com essa ideia de que um dia conseguirá ser mais
rápido que eu.
— Temos a vida toda para tentar.
Antes que consiga me preparar ele dispara em minha frente,
mesmo tendo passado toda a manhã patrulhando não sinto o
cansaço, partindo em disparada, adentrando a mata atrás dele. A
casa dos meus pais não está longe e sei que logo vou alcançá-lo.
— Kynai. — Paro de pensar e foco no chamado.
— Kynai, o que houve?
— Diga que também ouviu.
— Nada.
— Kynai... — É tão distante e sussurrado que temo estar
enlouquecendo.
Rodando em minhas patas busco entender de onde vem, e
por que apenas eu ouço.
— O que está vendo? Fale comigo! — Lannur grita, mas
mostro meus dentes para ele, que precisa ficar calado.
— Saia da minha mente! — irritado ordeno e ele continua me
rodeando.
— Aqui. Estou aqui...
— Onde? Aqui onde? Fala comigo direito, não consigo te
localizar assim — falo sentindo que posso enlouquecer de vez.
— Não tem ninguém, Kynai.
— Cale a boca! — Lanço-me sobre ele, o empurrando com
meu ombro.
Arfando, me perco tentando me localizar, sinto minha mente
rodar, meu coração parece que vai explodir no peito, então meu
copo tomba batendo com força no chão.
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Série Monster Fantasy
Condenado a Escuridão - Livro 1
Sinopse
Auror Vont’in é o mais poderoso da sua linhagem, com mais
de 400 anos sua busca incessante por uma companheira o torna um
ser amargo e frio. O líder dos férnus carrega o castigo de um erro, a
marca de uma traição, ele foi enganado e irá pagar por toda a
eternidade o preço do seu descontrole. A cada ciclo de
acasalamento, novas escolhidas são levadas até ele para que possa
conseguir saciar os desejos do seu corpo e continuar sua busca por
aquela que será sua por toda eternidade.
Anira Montecião é uma veterinária que precisa mudar os
rumos da sua vida, cansada de viver na correria das grandes cidades
decide se mudar para o interior, após receber uma proposta de
trabalho para cuidar de um circuito de fazendas em Forty Mile,
Canadá, local isolado, porém muito próspero na criação de animais
de grande porte e extração de ouro.
Em uma noite chuvosa e muito fria, um pedido de socorro
leva Anira diretamente à casa da colina, para ela é apenas mais uma
emergência, só nunca imaginou que seus sonhos estranhos, cheios
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de chamados desconexos se tornariam reais e a faria conhecer o
monstro que habita seus sonhos, que se esconde nas sombras e que
foi condenado à escuridão.
Dirigindo com cuidado não tenho tempo de chegar à estrada
e a chuva irrompe, forte e com muitos ventos, como imaginava. Por
não conhecer bem o caminho e por ter vindo sendo guiada pelo GPS
que agora não funciona, redobro minha atenção desejando apenas
chegar em segurança.
O aguaceiro parece ter piorado nos últimos segundos me leva
a errar o caminho, já rodei por duas vezes e sempre paro aqui, na
mesma casa, a casa do Auror, a única propriedade proibida de Forty
Mile, mas estou cansada e com medo de sofrer um acidente.
Estaciono o carro e decido ficar por aqui mesmo, o medo me
toma de uma forma assustadora quando um galho cai com tudo
sobre o capô da caminhonete.
— Haaa! — grito assustada e então percebo que não foi só o
capô que foi atingido, o para-brisa trincou de fora a fora. — Eu não
posso ficar aqui.
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Apavorada e com o coração acelerado, desço do carro
enfrentando meus medos e correndo até a porta à minha frente,
antes que eu consiga tocá-la ela se abre deixando tudo ainda mais
aterrorizante.
Onde você está se metendo, Anira, dê meia volta e
desapareça daqui.
Por que não escuto a voz interior da minha razão?
— Olá, tem alguém aí? — grito entrando tremendo de frio
caminhando em direção à lareira da sala. — Senhor Auror, desculpe
incomodar.
No momento em que falo a porta bate forte atrás de mim,
arrepiando todos os pelos de minha nuca.
— É impressionante como parece não saber seguir as ordens,
senhorita Montecião. — A voz rouca e levemente feral apesar de
parecer distante faz com que olhe para todos os lados sem
realmente ver ainda.
— Sabe meu nome? — minha voz treme e me surpreendo,
sempre sou tão cheia de coragem.
— Eu sei de tudo que acontece na minha cidade. — Meus
pelos se eriçam.
Que merda me deu de vir até aqui?
— Desculpe, mas estava rodando e a chuva está muito forte e
acabei parando aqui — falo. — Sei que não tenho autorização para
me aproximar de sua casa, mas estava realmente com medo de me
acidentar.
— O que a faz pensar que isso realmente me importa? — a
voz parece mais rouca e um pouco irritadiça, meu corpo se arrepia,
mas antes de tudo minha curiosidade é ainda maior, pareço estar em
um pesadelo.
— Desculpe, senhor, estou indo embora. — Dou dois passos
para trás, me afastando do calor da lareira.
Um grunhido escapa e me deixa em estado de alerta, quando
um homem, não, uma fera caminha em minha direção, ele com
certeza tem mais de dois metros, lembra muito um lobo, mas tem a
estatura de um urso em pé. Meu coração parece que vai parar a
qualquer momento, seus olhos são de um amarelo diferente de tudo
que já vi, é quase dourado, seus pés têm a mesma anatomia de
patas, todo seu corpo é coberto de pelos, como se houvesse
ocorrido uma tosa, porém, da cintura para cima a pelagem fica mais
densa, ele tem um tom de castanho, suas orelhas são pontudas e
seu rosto uma mistura parece humano e feral, não tem um focinho
como um lobo, mas não é como um nariz humano.
— O que tanto olha? — está próximo demais.
Enquanto fala, percebo que seus dentes são pontiagudos,
como presas, parece dentes de um lobo, claro que seriam, Anira.
Bato-me mentalmente. Auror veste uma cueca, ou algo parecido
com uma tanga, sim, isso se encaixaria perfeitamente no que vejo.
Ele é forte, seus braços são musculosos e suas mãos grandes.
— O que é você? — tremo com minha pergunta, mas minha
curiosidade é maior que meu medo.
— Sou um férnus — fala cheirando o ar, como se
reconhecesse algum cheiro.
— O que seria um férnus? — pergunto quando sua mão bate
na parede acendendo a luz e me dando a certeza de tudo que já
havia visto até agora, ele é intrigante. Fico surpresa com o que vejo,
mas não sinto medo.
— Eu sou um férnus, somos uma espécie de metamorfo
muito antiga, transformados somos assim como me vê, mas
podemos ser qualquer um que caminha pela cidade, tanto homem,
quanto mulher. — Ele parece diminuir de tamanho, como se
agachasse para ficar um pouco menor, desta forma eu facilmente
poderia lhe tocar o rosto.
— Isso só pode ser um sonho — digo baixo beliscando meu
braço.
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— Acredite em mim, não é.
— Acho que eu preciso ir.
— Não, vai esperar a chuva passar, foi para isso que veio até
aqui, não foi? — sinto quando ele caminha ao meu redor e meu
corpo tenciona.
— Sim — respondo baixo.
— Então vamos providenciar roupas secas.
Sua grande mão toca minhas costas, me direcionando, um
milhão de coisas passa pela minha cabeça, se não estivesse molhada
e com frio, eu com certeza diria que estou em um sonho.
— Novamente me desculpe, não deveria ter vindo.
Auror não diz nada, apenas continua me guiando pela casa
que agora está completamente iluminada.
Chegamos a um quarto no andar de cima, nem mesmo
percebi o momento em que subi as escadas, estou anestesiada pela
situação.
— Aqui irá encontrar algumasroupas femininas. — Viro-me
para encará-lo, eu devo estar bem louca, não, drogada, porque
saber que existem roupas femininas aqui me causa um sentimento
de fúria.
— Por que tem roupas femininas aqui? — Enxergo sua feição
mudar, e por que diabos isso me incomoda?
— E isso seria da sua conta por quê? — Caminha até o outro
lado pegando uma toalha. — Seque-se! — ordena jogando a toalha
em mim, que pego no susto.
Seu olhar está preso ao meu, ele busca algo, como se
tentasse me entender, quando suas mãos grandes tocam meus fios
molhados.
— É... eu não queria ser intrometida, talvez, quem sabe não
fosse de sua mulher.
— Só pode ser uma brincadeira de mau gosto — resmunga de
uma forma desgostosa.
— O quê?
— Eu não tenho mulher, são roupas de funcionárias que
deixam aí caso precisem.
— Por que isso seria uma brincadeira de mau gosto?
— Chega de questionar! — Neste momento tremo de medo e
decido enfiar minha língua na boca.
Vejo-o sair sem olhar para trás.
Seco-me, trocando de roupa, encontrando um moletom
branco, calço meias também e pego pantufas, não quero questionar
nada, então fico aqui, olhando pela janela a chuva que não deu
nenhuma trégua sequer, pelo contrário, parece ter piorado e muito.
De onde estou consigo ver abaixo de nós as luzes da cidade,
Auror tem a visão de tudo. Respiro fundo tentando colocar meus
pensamentos em ordem, e suas palavras retornam à minha
memória.
“Mas podemos ser qualquer um que caminha pela cidade,
tanto homem, quanto mulher.”
Isso explica muita coisa, inclusive os olhares que venho
recebendo desde que cheguei, a altura dos homens também não
pode passar despercebido.
Meu Deus! Arow e seus olhos cor de prata, o tamanho de
Jacob e a forma como todos aqui parecem muralhas esculpidas em
madeira.
— Trouxe algo para se esquentar. — A porta se abre sem
delicadeza alguma, me assustando.
Auror caminha com um tipo de garrafa térmica e um copo.
— Beba — ordena assim que enche o copo.
Decido não o questionar, neste momento ele parece irritado e
sai de forma brusca da mesma maneira que entrou.
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Prometida à Escuridão - Livro 2
Sinopse
Arow Black é um macho que acaba de chegar à fase adulta, e
como todos os férnus, anseia pela chegada de sua companheira,
aquela que se tornaria todo seu mundo. Ele só não imaginava que
sua destinada seria uma humana desbocada, muito desconfiada e
melhor amiga da companheira do líder do seu clã.
Emmyllia Bouchard é uma veterinária recém-formada que
acabou de levar um pé na bunda e decide aceitar uma proposta de
emprego em Forty Mile, Canadá, segundo ela uma cidade pitoresca
localizada nos quintos dos infernos de gelo.
Arow tinha ciência de que eles seriam o primeiro casal
formado por uma completa humana e um férnus puro.
Será mesmo que a Deusa Lua estava certa ao enviar até ele
alguém como ela?
Como seu clã veria essa nova forma de amar?
Eles seriam compatíveis?
A única certeza que existia em Arow era que Emmyllia lhe
pertencia e ninguém ousaria afastá-lo dela.
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A adrenalina que percorre meu corpo começa a baixar, minha
mente parece começar a funcionar de forma coerente, e sim, eu
deveria tê-lo ouvido, nem mesmo que fosse para esfregar na sua
cara sua maldita culpa.
Por que não me contou, Arow? Por que preferiu me manter
no escuro? Bato algumas vezes no volante, revoltada com ele, com
Kynai e comigo por ser tão idiota e agora estar chorando por tê-lo
magoado. As palavras de Kynai sobre matá-lo vêm à minha mente,
não quero que ele morra.
— O que você fez, Emmyllia?
Chorando copiosamente sentindo agora sua dor doer em
mim, tento enxugar as lágrimas e permito que elas saiam, mas fica
difícil dirigir dessa forma, nem sei ao menos há quanto tempo estou
na estrada que está escura, vazia e... Ok, muito, muito assustadora.
Ouço um rosnado alto que arrepia meus pelos e me traz o
alerta de que possa estar em perigo.
— Que seja um maldito urso.
Prestes a fazer o contorno um férnus macho e preto possuído
por algum demônio atravessa meu caminho, para não o matar viro o
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volante com tudo entrando na floresta, quase capotando o carro.
Com o terreno cheio de desnível começo a chacoalhar dentro do
carro tentando desviar das árvores enquanto busco por uma saída
que me leve à rodovia novamente e possa voltar à Forty Mille,
quando sinto um baque violento na carroceria.
— Haaaa!!! — grito assustada quando uma pancada quebra o
vidro atrás e vejo os olhos vermelhos e monstruosos do monstro que
estava na rodovia, ele se debate e tenta enfiar sua mão na cabine e
me alcançar, mas não consegue, o que parece deixá-lo ainda mais
furioso.
— Arow, por favor! Por favor, me ajuda! — imploro em voz
alta.
— Ninguém virá te salvar, prometida. — A voz feral explode
em meus ouvidos, me fazendo gritar assustada e com medo.
Não enxergo direito e com toda certeza algo aconteceu que
não me deixa enfiar o carro na primeira árvore à minha frente, sigo
contando com a sorte ou a falta dela, já que o monstrão atrás de
mim arranca fora a grade que o mantinha afastado, no exato
momento em que vejo a rodovia.
— Minha! — Seu rosnado leva minha alma para fora do meu
corpo.
Viro com tudo o volante em direção à rodovia e novamente o
desnível faz com que a caminhonete pule e vejo o corpo dele bater
longe da janela, mas isso não o pararia, num pulo ele se aproxima
novamente e posso sentir a morte me abraçar.
Fecho os olhos quando a caminhonete bate novamente no
asfalto gritando quando um monstro cinza, babando furioso se
agarra à minha porta.
— Haaaaa!!! — Giro o volante para o outro lado e sua mão
enorme o agarra estabilizando o carro para que não capotemos.
— Siga em frente, Emmy. — O encaro e... Esses olhos são
dele.
— Arow?
— Sim. — O alívio me toma.
— Onde ele está?
— Kynai e os outros estão cuidando dele.
Continuo dirigindo e não dizemos nada quando ele me manda
entrar, agora sim em uma estrada que invade a floresta novamente.
Vez ou outra o olho, mas não sou retribuída, Arow está atento a
qualquer coisa lá fora. Algum tempo depois que não sei estimar,
porque meu senso está uma bagunça, avisto uma cabana enorme e
pelo que dá para ver ela está próxima a um precipício, e sei disso
pelo reflexo da lua que ilumina tudo como se clareasse como a luz
do sol.
— Estacione, chegamos. — Essa forma feral é igual a de
Auror, mas menos carrancuda que ele.
Faço o que me pede e logo ele desce caminhando para a
cabana acendendo todo o caminho quando o vejo voltar.
— Venha, ficará segura aqui. — A porta se abre e caminho
atrás dele em silêncio.
O vejo esperar que eu entre e então fechar a porta atrás de
si, Arow não me encara, mas o alívio de o ter aqui e saber que me
salvou é tamanho que me jogo sobre ele agarrando sua cintura e
percebendo o quão macio são seus pelos.
— Emmy, preciso trocar de forma e vestir uma roupa, nós
precisamos conversar — enquanto fala suas mãos me afastam dele
que continua com o olhar longe de mim.
— Arow, olhe para mim! — peço envergonhada e muito
arrependida de toda merda que falei enquanto surtava.
— Não quero te incomodar com a minha forma, Emmy. — Ele
caminha para longe de mim.
— Por favor. — Suplico e uma lágrima escorre do meu rosto e
basta apenas isso para a represa estourar novamente.
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Ouço um rosnado sofrido e seu corpo gigantesco relaxar, se
virando para mim como se existisse uma necessidade de me
amparar, a mesma que sinto de ser protegida e amparada por ele
agora.
Sou pega nos braços e carregada para dentro enquanto
afundo meu rosto em seu peito musculoso e peludo, meu corpo
repousa sobre a cama grande e macia e seu tamanho agora faz
completo sentido para mim.
— Quando recebi a profecia de que minha destinadaera uma
humana eu não entendia os motivos da Deusa Lua, mas nós férnus
não questionamos, Emmy, nós obedecemos. — Seu olhar revela a
verdade que me envergonha de tudo que falei. — Por muitos anos
estudei os humanos, seu comportamento e o que eles gostariam de
sentir quando amavam, precisava saber o que a minha companheira
necessitava para então lhe prover.
Suas palavras começam a fazer sentido para mim quando as
conecto às suas atitudes.
— Eu sabia que era você no momento em que a vi, como
fazer a minha companheira desejar isso que vê, se para você eu era
apenas algo ruim, um monstro? Não conseguia ficar na forma
humana, meu férnus queria dominância, mas eu queria que me
amasse, Emmy, então pensei que se pudesse amar a casca, quem
sabe seria mais fácil quando visse o interior, graças à Anciã Luna,
que trancafiou meu eu fera, consegui passar a última semana com
você. Eu queria aquele olhar, Emmy, aquele que você dava apenas à
casca e mesmo que isso me matasse por dentro ainda seguia firme
no propósito de que um dia você poderia amar a mim.
— Arow... — Tento tocá-lo, mas ele se afasta e então sinto a
dor do seu ato, fazendo que eu me recorde de quando eu não
permiti que o tocasse aquele dia na estrada.
Meu Deus! Imagino o quanto ele sofreu.
— Quando me mandou ir e vi o desprezo, o medo e todos os
sentimentos que giravam em sua mente sendo direcionados a mim,
eu clamei à Deusa Lua que me levasse, não suportaria novamente,
Emmy, não queria ser um monstro, não para você, mas é isso que
sou. Aquele Arow humano, aquela forma não sou eu, mas precisa
entender que quando o calor chegar nossos corpos irão queimar de
necessidade e ainda que me enterrar em você se torne um
carecimento visceral, eu não quero ter nojo direcionado a mim,
então assim que a levar para Dawson City vou me isolar nas geleiras
e quem sabe lá eu consiga suportar o calor que se aproxima.
O vejo se levantar e sair do quarto, me deixando sem reação,
perdida em tudo que Ann me contou sobre a forma com que os
férnus são afetados pelas suas companheiras, retiro do bolso o
bilhete que ele me deixou mais cedo e leio, pensando em cada
toque, em cada olhar e em cada forma de demonstrar seus
sentimentos por mim.
Arow me ama e eu posso estar amando-o também.
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Destinada à Escuridão – Livro 3
Sinopse
Jacob Brow é um macho férnus solitário e que se sente
excluído, seus pais morreram para protegê-lo dos humanos quando
ainda era um bebê, sendo criado pelas fêmeas do clã do Norte. Por
muitos anos se sentiu um fardo e tentou a todo custo mostrar seu
valor dentro da comunidade, tudo que ele queria era uma
companheira da mesma espécie e quem sabe assim aplacar a
sensação de distanciamento que rondava sua mente a todo tempo.
O que não esperava era que existiam outros planos para seu destino
e isso o deixaria furioso e irritado.
Beilly Dawson foi recrutada de forma misteriosa para
trabalhar na pequena cidade de Forty Mile, no território isolado do
Yukon, no Canadá. A veterinária recém-formada estava em busca de
seu primeiro emprego e não pensou duas vezes antes de embarcar
nesta loucura, deixando para trás sua avó que resumia toda a sua
família.
Ela é uma romântica incurável, meio nerd, apaixonada por
livros de romances duvidosos que vê toda a sua vida mudar, quando
acredita estar vivendo seu próprio monster romance.
Quando Jacob coloca seus olhos sobre ela, todo seu inferno
controlado explode e se torna impossível suportar o desespero e a
angústia de estar tão próximo à sua companheira. Fora de si, ele a
sequestra levando-a para longe, disposto a lhe mostrar que ela o
pertencia e que não existe outra opção a não ser amá-lo.
https://www.amazon.com.br/Destinada-Escurid%C3%A3o-Monster-Romance-Fantasy-ebook/dp/B0CW1KPH6S/ref=sr_1_1?crid=1250MHV4SHET8&dib=eyJ2IjoiMSJ9.TjjSaehJK5eRsqre19dAbdBF5Ny0iOxePHtrP3J7noPOaHMccu6joy8Q6vrTURWA2Qopp0rbNSHQ2aQmSQ-ymiS5T4GMRWsV4bziruMzAjnXUHNMGLUjIqCjsK7Ptbf8BMHaRtWmx5Gxr2BEHCCes0Y7fl3IHG2Nq5UGw0sJr-wO1PBrmfjTWD9uoOzk89-VYGjZwknnLPh3kz3G20Flpuxf9HuSI0wUYhS-pVUHlWzJra6zS7kUOKfYN6-fm2I3rimdW7yLThmCkKflTaBh__iZuawDOj9ilaSYwbrUUd8.65xZ376EH2GL5oHCYH8KYFIFqmq3eiMeTqxxAfL84Yo&dib_tag=se&keywords=destinada+a+escurid%C3%A3o&qid=1718936320&sprefix=destina%2Caps%2C214&sr=8-1
Enquanto Jacob e Beilly buscam se conectar, os perigos
rondam pela noite e ele precisará de ajuda para protegê-la.
Acordo com a sensação de estar flutuando, o sonho que tive
foi de fato o mais maluco e intenso de toda a minha vida, ok! Seria
de fato maravilhoso amar Jacob Brow, mas meu Deus! Um férnus? O
que diabos é isso que tenho sonhado?
Sinto meu coração bater acelerado porque além de sentir que
poderia viver aquela vida, eu poderia enlouquecer se descobrisse
que tudo existe de fato, afinal, nos livros é muito empolgante e
interessante, mas na vida real? Hum, não! Abro meus olhos me
espreguiçando na cama, levando meu braço até a mesinha ao lado
para pegar meu telefone, ainda é cedo e tenho tempo de preparar
meu café, com certeza daqui a pouco Jacob mal-humorado Brow
bate à minha porta, o desquerido me odeia e faz questão de deixar
isso bem claro quando bufa algumas vezes, é, talvez bater a porta
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do carro tenha lhe mostrado o quanto eu não estava feliz com a sua
forma de me tratar.
Saio da cama seguindo para o banheiro, o dia está claro e
uma alegria incontida toma conta de mim, olho minha mala no canto
e percebo que preciso arrumá-la. Pronta, saio do banheiro descendo
pela escada e paraliso no meio dela, olho para as cortinas e são as
mesmas do sonho, volto correndo para o quarto analisando tudo e
não é o mesmo do qual eu dormi ontem. Então algo me acerta em
cheio, um dolorido na minha boceta.
— Puta merda! Puta merda! Puta merda!
Beylli Dawson, respira, não é real! Não é real!
Estou hiperventilando quando enfio meus dedos dentro da
blusa e aplico um beliscão tão forte que faz uma lágrima escorrer
dos meus olhos.
— É real! — Meu corpo inteiro treme com a possibilidade.
Desço as escadas correndo, ouço sua voz feral me chamar,
com certeza ele percebeu que acordei, olho para todos os lados e
não penso em passar pela porta da cozinha, então atravesso a sala
abrindo a porta e me deparando com tudo que estava em meu
sonho.
— Beylli! — Novamente ouço sua voz e começo a correr.
É loucura, eu sei, se de fato o que sonhei for real, ele vai me
alcançar a qualquer momento, quanto mais corro, mais desesperada
fico, porque sinto que estou sendo caçada, que serei pega e que
será o meu fim.
Minha mente gira de todas as formas possíveis e não existe a
possibilidade de fazer parar.
— Haaaaa! — O desespero toma conta de mim quando uma
pata enorme envolve meu braço e sou virada em sua direção.
— Acabou de descobrir que não era um sonho, certo? —
Minha cabeça gira e então meu corpo inteiro paralisa.
— É um sonho, não pode ser real.
— É real, Beylli, jamais mentiria par você. — Olho para sua
pata em meu braço e assim que meus olhos batem lá, ele afrouxa o
agarre, mas não solta. — Vou soltá-la, por favor, não corra. —
Apenas aceno com a cabeça e ele faz o que diz.
Ficamos nos encarando, tento repassar tudo que aconteceu,
vejo a dor em seus olhos, e me recordo sobre doer nele, mas não
consigo me aproximar.
— Precisa de espaço como ontem? — questiona.
— Pode me levar para casa? — Minha voz está trêmula e
oscila entre a certeza de que estou muito ferrada e o desespero
bate.
— Lembra do que te disse ontem? — Ele dá um passo em
minha direção e eu me afasto um.
— As coisas estão embaralhadas na minha mente, você pode
é... — O olho de cima a baixo.
— Forma humana? — Apenas balanço a cabeça.
— Ok. — Com as mãos erguidas ele se transforma à minha
frente.
Um grito surpreso me escapa e o vejo nu bem na minha
frente, Jacob parece desesperado e seus olhos vasculham algo em
mim, talvez apenas um sinal de que eu volte a ser como no meu
sonho, que não era de fato sonho.
Ai, merda! Estou enlouquecendo aqui.
— O que acha de entrarmos, podemos conversar?— Nego
com a cabeça, não sei nem mesmo o que estou fazendo.
— Certo. — Sua voz sai baixa e um pouco triste. — Vou voltar
para lá, me vestir e te esperar, tome seu tempo, só não tem saída
daqui, Beylli. Como falei, estamos há alguns dias do acasalamento,
tente se lembrar de tudo que conversamos.
A forma com que pede é mais uma súplica. Jacob volta para a
cabana que eu acreditei estar muito longe e agora parece apenas à
nossa frente.
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— Magia — sussurro.
Envolvendo meu corpo com meus braços, tento fazer o medo
que sinto desaparecer, olhando ao redor vejo um banco do tipo que
existe em praças, ele é de madeira e com toda certeza não parece
fazer parte do lugar, ele está em frente à água do rio que corre na
lateral da cabana, então me direciono para lá.
Ao me sentar, esfrego meu rosto sob os óculos, e isso me
parece uma repetição, então me recordo que ontem me afastei de
Jacob, sei o que isso representa para ele e como isso dói, então por
que apenas não entro lá e converso com ele?
— Droga, Beylli!
Sem reação, repouso meus cotovelos nos joelhos e apoio
minha cabeça sobre as mãos. Onde é que minha vida acabou de
parar?
Sobre a autora
Dani Medina descobriu sua paixão pela escrita quando num
momento fora da curva sua vida mudou completamente. Casada,
mãe de pet, hoje se sente realizada com o caminho que decidiu
trilhar. Os obstáculos existem, mas pela primeira vez em muitos anos
os desafios são encarados com euforia. Noites de sono perdidas
enquanto seus personagens decidem lhe contar suas histórias,
fazem com que se mantenha firme no propósito de continuar
criando. Sua única expectativa é gerar em você, leitor, a experiência
de vivenciar paixões avassaladoras, amores intensos, e tudo isso de
várias formas diferentes, seja no dark romance, onde os anti-heróis
que amamos descobrem seus pontos fracos ou digamos o amor,
e/ou nos romances clichês que fazem nossos corações se
aquecerem, e agora em minha mais nova paixão os monsters
romances, tudo que desejo é que sejam felizes vivendo várias vidas
em uma só. Ao final, o seu único intuito é fazer com que você se
apaixone e viaje a cada página lida.
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[1] O Piebaldismo é uma doença autossômica dominante rara, caracterizada por
áreas congênitas de pele branca (leucodermia) envolvendo região anterocentral do
tronco, meio das extremidades e testa e de cabelo branco (poliose) no couro
cabeludo frontal presente em 80-90% dos pacientes.
[2] Poutine é uma das comidas canadenses mais popular e que teve
origem no Quebec. Ele é composto por batatas fritas, pedaços de queijo coalho
fresco e molho gravy. O prato é normalmente servido quente, com o molho gravy
despejado sobre as batatas fritas e queijo coalho, que derretem ligeiramente com
o calor do molho. Poutine se tornou um prato muito apreciado na culinária
canadense, e existem variações do prato que podem ser encontradas em todo o
país e além. Algumas variações populares incluem adicionar ingredientes como
bacon, carne desfiada ou legumes.
[3] O Peameal Bacon é uma espécie de lombo de porco defumado e assado
com cobertura de farinha de milho, que garante certa “crocância” à iguaria
suculenta. O prato é muito popular em todos os cantos do país, estando em
açougues, supermercados, restaurantes, lanchonetes e até barraquinhas de rua,
especialmente servido em sanduíches.
[4] O Maple Syrup é tipo uma cobertura doce feita através da seiva de
uma árvore chamada Maple, que no Brasil é conhecida como bordo. Depois de
extraída da árvore, a seiva é fervida até atingir a consistência de uma calda
espessa. Dependendo da época e da região onde a seiva foi extraída, o sabor do
Maple Syrup pode variar: quando mais escura a sua cor, mais forte o sabor. Os
canadenses costumam comê-lo com waffles, panquecas e torradas.
[5] Winnipeg é a capital da província canadense de Manitoba .
	DEDICATÓRIA
	AGRADECIMENTOS
	AVISO
	SINOPSE
	EXPLICAÇÕES
	PRÓLOGO
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	49
	Epílogo
	Em breve...
	Série Monster Fantasy
	Sobre a autora

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