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1E M _V _H IS _0 34 Revoltas na República Velha Diante da excludente política das oligarquias, voltaram-se vozes do campo brasileiro. Movimentos messiânicos como a Guerra de Canudos e a Guerra do Contestado assolaram o Brasil, enquanto o bandi- tismo social dos “excluídos do capitalismo” promovia saques no campo. A figura de Padre Cícero Romão, o “Padim Ciço”, também foi eminente nessas revoltas contra o Governo Federal. Violência e santidade ca- minham lado a lado nos conturbados primeiros anos da República Brasileira. A Guerra de Canudos (1896-1897) Sua trajetória está ligada à figura de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, beato de origem humilde que percorreu o sertão baiano, na localidade denominada Arraial do Belo Monte, às margens do Rio Vaza Barris. Formou-se nessa região uma comunidade lide- rada por Conselheiro, que se entitulava um messias enviado para salvar o povo nordestino do sofrimento. Esta angústia era baseada na exploração do latifún- dio monocultor, na seca e no descaso das autorida- des governamentais diante da grave situação dos nordestinos. Antônio Conselheiro. D om ín io p úb lic o. O arraial do Belo Monte, ou a comunidade de Canudos, chegou a ter cerca de trinta mil pessoas, atraídas pela produção de subsistência que procurava vencer a fome, sendo que a comunidade chegava a produzir excedentes que eram comercializados com as comunidades vizinhas. Diante deste crescimento, Canudos começou a incomodar muitos setores. Os la- tifundiários perceberam que gradativamente perdiam a mão-de-obra barata para Canudos, enquanto a Igreja Católica preocupou-se com o número de fiéis, agora sob as ordens e proteção do beato Conselheiro. As pregações de Conselheiro Garantido pela lei Aqueles malvados estão Nós temos a lei de Deus Eles tem a lei do cão! (...) Casamento vão fazendo Para o povo iludir Vão casar o povo todo No casamento civil! (...) O Anticristo nasceu Para o Brasil governar Mas aí está o conselheiro Para dele nos livrar! Visita vem nos fazer Nosso rei D. Sebastião Coitado daquele pobre Que vive na lei do cão! (CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. p. 139.) Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 2 E M _V _H IS _0 34 As autoridades governamentais começaram a vincular nos meios de comunicação a ideia de que Conselheiro era monarquista por acreditar no retorno de D. Sebastião, rei de Portugal morto em 1578, na batalha de Alcácer-Qbir, origem do Sebastianismo. A primeira campanha militar contra Canudos ocorreu no governo de Prudente de Morais, que foi francamente desarticulada pelos homens de Conse- lheiro. Apenas a quarta missão oficial, sob o comando do general Artur de Andrada Guimarães, formada por cerca de 8 mil homens extremamente bem equipa- dos para a época, conseguiu acabar com Canudos. Seus habitantes foram massacrados numa guerra narrada pelo então jornalista Euclides da Cunha que cobria o conflito. Mais tarde, Euclides da Cunha escreveria, baseado na Guerra de Canudos, o livro Os Sertões, um dos clássicos da literatura brasileira. “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento com- pleto. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.” (CUNHA, Euclides da. Os Sertões Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. p. 407.) S O L N Salvador Canudos Estado da Bahia Guerra de Canudos. IE SD E B ra si l S .A . A Guerra do Contestado (1912-1916) Paraná e Santa Catarina, desde meados do sé- culo XIX, disputavam o território situado atualmente entre as cidades catarinenses de Curitibanos e Cam- pos Novos. Por esse motivo, essa área era conhecida como região do Contestado. A região era dominada por latifundiários ligados à produção de erva-mate. No ano de 1908, a empresa britânica Brazil Rail- ways obteve concessão para construir uma ferrovia ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul, e que cortaria a região do Contestado, expulsando os habitantes humildes da região. Na construção da ferrovia, a companhia britânica contratou no Rio de Janeiro, Santos e Salvador, milhares de trabalhadores que, com o fim da obra, foram abandonados na região, se juntando à massa de camponeses que já havia sido expulsa por ocasião da construção da ferrovia. Nesse ambiente, surgiu o beato José Maria, monge messiânico, que assim como Conselheiro pregava a necessidade da formação de uma comu- nidade, na região de Taquaraçu, para defender seus interesses. O latifundiário Francisco de Albuquerque enviou tropas para desarticular a comunidade que se refugiu em Irani no Paraná. Diante de novo ataque, José Maria foi assassinado, o que acentuou ainda mais o fanatismo de seus seguidores, fazendo com que os camponeses só fossem reprimidos, de manei- ra violenta, após várias expedições militares sob o comando do general Setembrino de Carvalho. O cangaço Outro fenômeno da época foi o banditismo social, expresso no movimento conhecido como cangaço, que assolou o Nordeste do Brasil de 1870 até 1940. A origem do cangaço está relacionada à produção pecuarista existente no sertão nordestino, em que as relações entre vaqueiros e fazendeiros eram estabe- lecidas pelo compadrio e pela fidelidade. O vaqueiro defendia os interesses do fazendeiro, mesmo que para isso tivesse que usar de violência. Interesses ligados, muitas vezes, a disputas territoriais pela demarcação das fronteiras de fazendas vizinhas, obrigavam muitos fazendeiros a possuir verdadeiros exércitos particulares de jagunços. Com uma grave seca que ocorreu entre os anos de 1877 e 1879, surgiam os primeiros bandos de ja- gunços armados, “independentes” de fazendeiros, sendo que o mais conhecido aterrorizou o Nordeste entre 1920 e 1938. Era Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Somente em 1938, portanto no go- Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 3E M _V _H IS _0 34 verno de Getúlio Vargas, é que as tropas conhecidas como “volantes”, que perseguiam os cangaceiros nordestinos, conseguiram dar fim ao Cangaço. Houve uma emboscada na toca dos Angicos a qual culmi- nou com a morte de Lampião e de sua companheira Maria Bonita. D om ín io p úb lic o. Lampião. “Carta de um Cangaceiro” Ilmo Sr. Francisco de Souza Aspiro boa saúde com a exma. Família. Ten- do eu frequentado uma fazenda sua, deliberei saudado-o em uma cartinha, pedir um cobrezinho. Basta dois conto de réis. Eu reconheço que o senhor não se sacrificará com isto e eu ficarei bem agradecido e não terei razão de lhe odiar nem também a gente de Virgu- lino terá essa razão. Sem mais do seu criado, obrigado. Hortencio, vulgo Arvoredo, rapaz de Virgulino. (Publicado no jornal A Tarde, 20/01/1931. Coletânea de documentos históricos para o 1o. grau. São Paulo: SE\ CENP, 1980. p. 51.) Padre Cícero e a Revolução Cearense de 1914 Vimos, anteriormente, a Política das Salvações implementada pelo presidente Hermes da Fonseca para derrubar os políticos que manifestaram seu apoio à Campanha Civilista de Rui Barbosa. O Ceará também foi vítima do intervencionismo de Hermes da Fonseca, quando o coronel do Exército Franco Rabelo lançou sua candidatura à presidência. Ra- belo tinha consigo o apoio de Hermes da Fonseca e da oposição ao governador do Estado, Nogueira Acioli. Acioli utilizou-se de extrema violência contra os partidários de Rabelo – as pressões contra sua ação geraram a sua demissão, abrindo espaço para a vitória de Rabelo nas eleições. Entretanto, logo após as eleições, o deputado Floro Bartolomeu, ligadoao Acioli, organizou a Re- volução Cearense, em 1914, tomando a cidade de Juazeiro e reconduzindo Acioli ao poder político no Ceará. A Revolução Cearense contou com a benção do Padre Cícero Romão Batista, uma das figuras mais eminentes da religiosidade nordestina. Padre Cícero era um misto de beato e coronel proprietário de terras, ocupando lugar de destaque na políti- ca cearense das primeiras décadas do século XX. Excomungado da Igreja Católica, Padre Cícero é considerado por muitos nordestinos um milagreiro, sendo que milhares de fiéis destinam-se anualmente à cidade de Juazeiro, no Ceará, para obter sua graça junto à sua grandiosa estátua. D om ín io p úb lic o. Padre Cícero. A Revolução Cearense mostrou a Hermes da Fonseca que ele não poderia exercer uma política sem o apoio de algumas oligarquias estaduais, em nome do ideal de “salvação nacional”. Revoltas urbanas Anteriormente vimos que, enquanto a oligarquia rural brasileira realizava sua política excludente, a população rural manifestava em revoltas sua oposi- ção. Nas cidades, o clima de agitação também era percebido, tinha como núcleo o operariado e a classe média, que questionavam os desmandos políticos dos mecanismos eleitorais viciados. O operariado também procurava reivindicar a proteção do Estado e melhores condições de trabalho, porém a resposta era sempre a mesma: a ação repressora do aparato policial, numa época que grevistas e criminoso eram praticamente sinônimos. Nisso, a população carioca reage contra a obri- gatoriedade da vacina contra a varíola e a classe mé- dia expressa no modernismo não somente a ruptura de padrões estéticos anteriores, mas também seus anseios de transformação política. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 4 E M _V _H IS _0 34 A Revolta da Vacina (Rio de Janeiro - 1904) Vimos anteriormente, que, durante o governo de Rodrigues Alves, o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, organizou um conjunto de reformas, com o objetivo de modernizar e sanitarizar a capital federal. Reformas que demoliram os cortiços no projeto Bota abaixo, expulsando a população mais humilde do centro do Rio de Janeiro, foi o foco das revoltas. No ano de 1903, o sanitarista Oswaldo Cruz foi indicado para Secretário de Saúde no Rio de Janeiro, adotando a campanha da vacinação obrigatória con- tra a varíola, epidemia que matava cariocas e turistas que tinham no Rio de Janeiro a porta de entrada para o Brasil. A campanha de Oswaldo Cruz conseguiu reduzir drasticamente os índices de contaminação, mas a obrigatoriedade e a brutalidade dos agentes sanitários e dos policiais que os acompanhavam, acabaram gerando a Revolta da Vacina em 1904. D om ín io p úb lic o. Revolta da Vacina. Muitos populares acreditavam que a vacina era um meio de contrair a doença, contestando a eficácia de sua ação. O que se viu no Rio de Janeiro, a partir de 11 de novembro de 1904, foram choques entre a polícia e a população que acumulava a indignação com o Bota abaixo. Centenas de mortos e feridos, bondes e prédios quebrados levaram o governo a revogar a lei que tornava obrigatória a vacinação, no dia 16 de novembro de 1904. “Cheio de apreensões e receios despontou o dia de ontem. [...] As arandelas do gás, tombadas, atravessavam-se nas ruas, [...] Os vidros frag- mentados brilhavam na calçada, paralelepípedos removidos, que serviam de projéteis para esses depredações, coalhavam a via pública, em todos os pontos, destroços de bondes quebrados e incen- diados, portas arrancadas, colchões, latas, monte de pedras mostravam os vestígios das barricadas feita pela multidão agitada. [...] Muito cedo tiveram início os tumultos e as depredações [...]. Pela rua senhor dos Passos, às 7 horas, numerosos grupos de mais de quinhentas pessoas desceram em direção a praça da República, prorrompendo em gritos hostis a política e a vacinação obrigatória e assaltando os bondes [...]. Foi grande o tiroteio que se travou, caindo logo ao chão, feridas e en- sanguentadas, diversas pessoas.” (Jornal do commércio, 15 de novembro de 1904. Extraído de Nosso Século – 1900-1910. São Paulo: Abril, 1980. p. 39.) A Revolta da Chibata (Rio de Janeiro - 1910) No ano de 1910, o marinheiro Marcelino Rodri- gues Menezes, que servia no navio Minas Gerais, foi condenado a 250 chibatas, sendo seus companhei- ros obrigados a assistir o castigo corporal como de costume. Isso foi o estopim de uma revolta iniciada no dia 22 de novembro de 1910, sob a liderança do marinheiro João Cândido, com a adesão de aproxi- madamente 2 000 homens. D om ín io p úb lic o. Revolta da Chibata. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 5E M _V _H IS _0 34 A revolta era contra os castigos corporais na Marinha, que recrutava de maneira autoritária seus marinheiros (formados por um grande contingente de negros) e era a favor de melhores soldos. João Cân- dido liderou a sublevação dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo, chegando a assassinar alguns oficiais presentes e a ameaçar bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso o governo não acatasse as reivindicações. O pânico instalado no Rio de Janeiro fez com que o então presidente Marechal Hermes da Fonseca aceitasse a reivindicação dos revoltosos, que foram anistiados. Porém, dias depois, ocorreu uma sublevação de fuzileiros navais da ilha das Cobras, por motivos semelhantes. O governo desta vez reprimiu violenta- mente os revoltosos, e temendo perder a ordem sobre a força armada, prendeu e torturou os marinheiros envolvidos na Revolta da Chibata. Um dos poucos sobreviventes aos castigos da prisão foi o marinheiro João Cândido. “Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e repu- blicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha brasileira, a falta de proteção que a pátria nos dá [...], rompemos o véu negro que nos cobria aos olhos [...] achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a bordo, prisioneiros, to- dos os oficiais, os quais tem sido os causadores da Marinha brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos essa honrada mensagem para que V. Exa. faça aos marinheiros brasileiros possuirmos [sic] os direitos sagrados que as leis da República nos facilitam [...]. Refor- mar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar nosso soldo [...]. Tem V. Exa. o prazo de 12 horas para mandar- -nos respostas satisfatória, sob pena de ver a pátria aniquilada. Bordo do encouraçado São Paulo em 22 de Novembro de 1910” [sic] (“Do ultimato dos marinheiros revoltados as presidente Hermes da Fonseca”, 1910. Extraído de MENDES JR. A.; MARANHÃO R. Brasil História. São Paulo: Brasiliense, 1979. V. III, p . 237.) O movimento operário e a greve geral de 1917 O processo de industrialização no Brasil fez com que se desenvolvesse uma classe operária com péssimas condições de trabalho. Eram comuns altas jornadas de trabalho, exploração do trabalho infantil, discriminação sexual no pagamento de salários, além de precárias condições de trabalho que mutilavam e vitimavam vários operários. Não existiam férias, des- canso semanal remunerado, seguro contra acidentes, aposentadoria, nem se quer regulamentação dos sindicatos. As greves eram vistas como atividades criminosas. “Assistimos ontem a entrada de cerca de 60 menores às 19 horas, na sua fábrica da Mooca (bairro de São Paulo). Essas crianças, entrando aquela hora, saem às 6 horas. Trabalham, pois, 11 horas a fio, em serviço noturno, apenas com um descanso de 20 minutos, a meia noite! O pior é que elas se queixam de que são espancadas pelo mestre de fiação. [...] uma hácom as orelhas feridas por continuados e violento puxões. Trata-se de crianças de 12, 13 e 14 anos.” [sic] (O Combate. São Paulo, 4 set. 1917.) “A estatística do ano passado registra o caso de um operário que, passando com um saco as costas, ao pé de uma certa máquina, foi apanhado por uma peça da mesma, que lhe fraturou o crânio, determinando-lhe a morte. Esse operário tinha 13 anos. Executava um serviço que parecia leve: con- duzia um saco cheio de carretéis. Mas aproximou- -se de um maquinismo que não fora instalado de modo a por os operários ao abrigo de acidente. E matou-o uma peça desse maquinismo.” [sic] (Boletim do Departamento Estadual do Trabalho, 1o. trimestre de 1913.) A industrialização concentrou-se principal- mente nas áreas produtoras de café, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde os capitais excedentes dos cafeicultores somados a um mercado consumidor em ascensão e a uma grande oferta de mão-de-obra, Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 6 E M _V _H IS _0 34 de origem imigrante, geravam condições favoráveis para sua prosperidade. Os imigrantes eram os mais procurados pelos empresários, não somente pelo preconceito contra a massa de ex-escravos que habitava os centros urbanos, mas também por uma melhor qualificação profissional, fruto de experiên- cias anteriores nas fábricas europeias. Muitos dos imigrantes que chegaram ao Brasil, desde o século XIX, tinham uma razoável consciência política, sendo o anarquismo muito influente nas pri- meiras décadas do século XX. Esta ideologia defendia a melhoria nas condições de trabalho, o combate à religião, a propriedade privada e ao Estado, que era visto pelos anarquistas como um instrumento de imposição de interesses das elites econômicas sobre o restante da população. Eram também contrários à formação de partidos políticos vistos com descon- fiança, pois poderiam gerar um grupo de burocratas que manifestariam seus próprios interesses, margi- nalizando o restante dos componentes. Movimento operário. D om ín io p úb lic o. No final do século XIX, surgiram as ligas operá- rias, que realizavam greves nos principais centros ur- banos sob influência do anarquismo. A intensificação das greves e de jornais que difundiam as aspirações dos trabalhadores levou o governo brasileiro a editar a Lei de Expulsão de Estrangeiros, também conhe- cida como Lei Adolfo Gordo, em 1907. Esta medida procurava expulsar todos os estrangeiros acusados pelo “crime” de serem anarquistas e promoverem a agitação popular, na defesa de seus interesses. No dia 9 de julho de 1917, morreu em São Paulo um sapateiro na porta das Empresas Matarazzo, após choque com a polícia. O enterro, no dia 11 de julho, foi o estopim da Greve Geral de 1917, que culminou com o fechamento de estabelecimentos comerciais e de indústrias, paralisação dos transportes e de praticamente toda a cidade durante cerca de 30 dias. A greve só foi finalizada a partir da negociação entre patrões e operários, intermediada por advogados e jornalistas. Chegou-se a um acordo em que os traba- lhadores obtiveram aumento salarial e a promessa da não-punição aos grevistas. A vitória permitiu que o movimento operário se desenvolvesse ainda mais, ganhando força neste meio as ideias socialistas. Depoimento de uma testemunha da Greve Geral de 1917 “[...] São Paulo é uma cidade morta: sua popu- lação está alarmada, os rostos denotam apreensão e pânico, porque tudo está fechado, sem o menor movimento. Pelas ruas afora, alguns transeuntes apressados, só circulam veículos militares, requi- sitados pela Cia. Antarctica e demais indústrias, com tropas armadas de fuzis e metralhadoras. Há ordem de atirar sobre quem fique parado na rua. Nos bairro fabris do Brás, Mooca, Barra Funda, Lapa, sucedem-se tiroteios com grupos populares, em certas ruas já começaram a fazer barricadas com pedras, madeiras velhas, carroças viradas e a polícia não se atreve a passar por lá, porque dos telhados e cantos partem tiros certeiros. Os jornais saem cheios de notícias sem comen- tários quase, mas o que se sabe é sumamente grave, prenunciando dramáticos acontecimentos. [...]” (DIAS, Everardo. História das Lutas Sociais no Brasil. São Paulo: Edaglit, 1962.) Somente a partir do sucesso da Revolução Russa de 1917, particularmente a Revolução Bolchevique, foi que o socialismo passou a predominar como ide- ologia de luta do proletariado, a partir da defesa de uma revolução proletária capaz de criar uma ditadura que acabasse com a propriedade privada, estatizando os meios de produção. No ano de 1922, fundou-se o Partido Comunista do Brasil (PCB), sob a liderança de Astrogildo Pereira, Leônidas Resende e Cristiano Cordeiro. Porém, no ano de 1924, a sede do PCB foi invadida pela polícia e o partido teve a sua ilegalidade decretada. Restou aos componentes a luta clandes- tina, difundida através de encontros secretos e de jornais como Movimento Operário e A Nação. Os membros do PCB atuando na clandestini- dade formaram uma agremiação que aglutinava não só comunistas, mas também anarquistas e traba- lhadores independentes chamada Bloco Operário Camponês (BOC). A agremiação, formada em agosto de 1927, defendia a luta contra a oligarquia, a elei- Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 7E M _V _H IS _0 34 ção de parlamentares representantes da causa dos trabalhadores, a luta contra o imperialismo e contra as péssimas condições de trabalho, assim como o voto secreto. O tenentismo Se por um lado o processo de industrialização fez crescer o contingente de operários no Brasil, o de- senvolvimento urbano consequente gerou a ascensão da classe média, que de várias formas expressou seu descontentamento com a República Oligárquica. A jovem oficialidade do Exército (formada basicamente por tenentes e alguns capitães) era recrutada entre a classe média e trazia consigo suas aspirações, exigindo a volta da participação política do Exército nas decisões referentes ao destino do Brasil. As aspirações dos tenentes estavam ligadas a questões principalmente políticas, fruto de um grupo – a classe média – que estava alijado do po- der político diante do controle da aristocracia rural. Os questionamentos socioeconômicos não estavam na pauta das reivindicações, contribuindo para um relativo esvaziamento do programa tenentista e de- monstrando o elitismo do movimento. Uma das principais exigências dos tenentes era o voto secreto. Na República Oligárquica, o controle eleitoral era em grande parte obtido, pois o voto era aberto, fazendo com que o eleitor tivesse que manifestar sua opção na hora da eleição. Esta prática favorecia a ação do coronel, que procurava se informar sobre a opção de seu “curral eleitoral”, punindo aqueles que ousassem desafiar a viciada máquina eleitoral do Estado brasileiro. A jovem oficialidade também questionava a vinculação de muitos oficiais superiores, acomoda- dos e beneficiados pela política oligárquica. Estes não questionavam a exclusão política do Exército que se arrastava desde o fim do governo de Floriano Peixoto, em 1894. O Levante dos 18 do Forte de Copacabana (Rio de Janeiro - 1922) As eleições que sucederam o presidente Epitá- cio Pessoa foram extremamente concorridas, fazendo surgir a Reação Republicana, aglutinando estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia em torno da candidatura de Nilo Peçanha. A Reação Republicana foi contrária à candidatura de Artur Bernardes, apoiada por Epitácio Pessoa. São Paulo e Minas Gerais contaram com o apoio de muitos jovens oficiais, sob a liderança do chefe do Clube Militar, o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca. Apesar da vitória de Artur Bernardes nas eleições, um incidente ocorrido em 1921 acirrou os ânimos entre oExército e o governo oligárquico. O jornal Correio da Manhã publicou uma série de cartas contendo críticas do então candidato Artur Bernardes ao Marechal Hermes da Fonseca. 18 do Forte. D om ín io p úb lic o. O episódio das cartas falsas “Belo Horizonte, 3 de junho de 1921 Amigo Raul Soares Estou informando ao ridículo e acintoso ban- quete dado pelo Hermes, esse sargentão sem compostura, aos seus apaniguados, e tudo que nessa orgia se passou. [...] esse canalha precisa de uma reprimenda para entrar na disciplina. Veja se o epitácio mostra agora a sua apregoada energia, punindo severamente esses ousados, prendendo os que saíram da disciplina e removendo para bem longe esses generais anarquizados. Se o Epitácio com medo não atende, use de diplomacia que de- pois do meu conhecimento ajustaremos as contas. A situação não admite contemporizações, os que forem venais, que é quase a totalidade, compre-os com todos os seus bordados e galões. Abraços de Artur Bernardes.” (Publicado no jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, em 9 de Outubro de 1921. Citado em FORJAZ, M. C. S. Tenentismo e política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 40-41.) “O clube militar, órgão das classes armadas, julga de seu dever que o público conceito emitido pelo Sr. Artur Bernardes, na sua carta de 3 de ju- nho último, colocou o Exército na contingência de reagir imediatamente. Porque, ou S. Ex.a tem razão de nos qualificar de canalha venal, ou inutilmente Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 8 E M _V _H IS _0 34 ultrajou o Exército. Na primeira hipótese, o Exér- cito deve ser dissolvido, pois a defesa na nação não pode estar confiada a canalhas, na segunda, S. Ex.a criou absoluta compatibilidade entre a sua pessoa e o Exército. Existe, pois, um dilema, como solução única: com a nossa dissolução, ou o Exército não aceita que V. Exa seja o presidente da República. [...] E é com tais fundamentos que o Exército implora a Nação a eleição de qualquer outro brasileiro para presidente da República, pois não assegura ao Sr. Artur Bernardes o exercício desse cargo. [sic] (Moção do clube militar, 10 de outubro de 1921. Citado em FORJAZ, M. C. S. op. Cit. , p. 41.) Embora, mais tarde, tenha-se descoberto que as cartas eram falsas, a resposta incisiva do Mare- chal Hermes da Fonseca a isso fez com que o ainda presidente Epitácio Pessoa decretasse a prisão do marechal e o fechamento do Clube Militar. Foi o estopim do primeiro levante tenentista: A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. No dia 5 de julho de 1922, partiu do Forte de Copacabana um grupo dos rebelados, sob a liderança de Eduardo Gomes e Siqueira Campos. O grupo, que recebeu a adesão do engenheiro Otávio Correa, pretendia impedir a posse de Artur Bernardes e derrubar Epitácio Pessoa. A repressão do governo foi violenta. A Revolução Paulista de 1924 Já no governo de Artur Bernardes, o movimento tenentista fez um novo levante. Sob o comando dos generais Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, com a participação de inúmeros tenentes, entre os quais se destacam Juarez Távora e Eduardo Gomes, no dia 5 de julho, os rebeldes tomaram a cidade de São Paulo durante 22 dias, obrigando o governador a fugir e exigindo a renúncia de Artur Bernardes, uma nova constituição para o Brasil e a instalação do voto secreto. Manifesto tenentista de 1924 “[...] quanto ao governo da República, é preciso fazer notar, desde logo, que o Exército nacional não pode e não pôde nunca acatar o governo do Dr. Artur Bernades, no que diz peculiarmente respeito à sua pessoa. Não pode obstante os fatos conhecidos, permanecem de pé as gravíssimas ofensas por ele dirigida ao Exército. [...] esse movimento revolucionário é um gesto de indignação e patriotismo. O atual governo da República não tem o apoio da Nação nem daque- les a quem, em última análise, cabe a defesa de sua honra. Não é o governo do povo brasileiro e não tem o apoio do Exército, porque o Exército é composto daqueles que assinaram o manifesto do Clube Militar e dos que, por ele, se achavam representados nesse ato.” (Manifesto de 10 de julho de 1924, São Paulo. CARONE, E. A Primeira República. São Paulo: Difel, 1973. p. 345.) Apesar da aparente vitória, logo se revelou uma das maiores limitações do movimento tenentista. O elitismo das propostas afastava o grosso da popula- ção, fazendo com que o movimento se isolasse. De- pois de sangrentos combates, os tenentes iniciaram a retirada de São Paulo, rumo ao interior do estado, onde se encontraram com um grupo de revoltosos comandados por Luís Carlos Prestes. A Coluna Prestes Em 1925, estourou no Rio Grande do Sul um le- vante tenentista comandado por Luís Carlos Prestes, Siqueira Campos e João Alberto. Furando o cerco das tropas governistas enviadas para reprimir o movimento, o grupo se dirigiu a São Paulo onde se encontrou com os insurgidos da Revolução Paulista, em abril de 1925. Formava-se a Coluna Prestes, que entre 1925 e 1927 marchou cerca de 24 000 quilôme- tros pelo interior do Brasil buscando convencer a população a apoiar o movimento. Oficiais da Coluna Prestes. D om ín io p úb lic o. Depois do épico esforço e de embates contra as tropas governistas, a Coluna Prestes terminou iso- Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 9E M _V _H IS _0 34 lada, sem conseguir a adesão popular para sua pro- posta. Seus membros acabaram exilados na Bolívia, mas Luís Carlos Prestes não desapareceu do cenário político brasileiro. Em dezembro de 1927, Astrogildo Pereira, pertencente ao Bloco Operário Camponês (BOC), viajou para a cidade boliviana de Puerto Su- arez, encontrando-se com Luís Carlos Prestes. Desde então Prestes aderiu ao Comunismo. A Semana de Arte Moderna de 1922 No Brasil, o desenvolvimento urbano teve reper- cussões importantes. A evolução dos transportes, das indústrias, dos meios de comunicação, a criação dos automóveis, a magia do cinema simbolizavam o início de uma nova era, que foi representada através de um “espírito moderno”, através de estilos artís- ticos como o futurismo, o dadaísmo e o cubismo, entre outros. No Brasil, intelectuais como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Graça Aranha anunciavam uma época na qual os artistas deveriam se conectar às questões mais importantes da sociedade, rompendo com o imobilismo social. Anita Malfati, Oswald de Andrade, Villa Lobos, Mario de Andrade, Menotti Del Picchia e Di Cavalcanti são alguns dos expoentes do modernismo brasileiro. Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, esses artistas organizaram a Semana de Arte Moderna, expondo quadros, conferências, concertos que receberam duras críti- cas da maior parte dos acadêmicos paulistas, que acusavam os modernistas de futuristas. Apesar das críticas feitas, esses artistas tornaram-se alguns dos maiores expoentes da cultura brasileira num evento que articulava exposições artísticas e discussões políticas de desagrado à política oligárquica. L is ia L em es . Semana de Arte Moderna. O movimento modernista deu origem a duas correntes: o movimento antropofágico de Oswald e Mário de Andrade que aceitava a cultura estran- geira desde que ela fosse elaborada, reprocessada a partir da aglutinação de aspectos típicos da cultura brasileira, e o verde-amarelismo de Plínio Salgado, que rejeitava a cultura estrangeira, num xenofobismo que deu origem ao Movimento Integralista. “Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismo, motores, cha- minés de fábrica, sangue, velocidade, sonhos, na nossa arte! E que o rufo de um automóvel, nos trilhos de dois versos, espante da poesia o últi- mo Deus homérico, que ficou anacronicamente a dormir e sonhar, na era do jazz band e do cinema, com asflautas dos pastores [...]” (PICCHIA, Menotti del. Discurso proferido na semana da arte moderna, 15 de fev. de 1922. Citado em BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970. p. 380.) “Cada um é livre de criar e manifestar seus sonhos, sua fantasia íntima desencadeada de toda a regra, de toda a sanção. O cânon e a lei são substituídos pela liberdade absoluta que nos revela, por entra mil extravagâncias, maravilhas que só a liberdade pode gerar.” (ARANHA, Graça. Espírito Moderno. Citado em História do Século 20, 1919-1934. São Paulo: Abril Cultura, 1974. p . 1.270-1.271.) “[...] A pouca gente interessava o que eu ia ler e apresentar. O que interessava era patear. [...] Eu me levantei e o teatro estrugiu numa vaia irracional infame. [...] Esperei de pé, calmo, sorrindo como pude, que o barulho serenasse. Depois de alguns minutos isso se deu. Abri a boca então. Ia começar a ler, mas a pateada se elevou, imensa, proibitiva. [...] No fim quando me sentei e me sucedeu Mário de Andrade, a vaia estrondou de novo. Mário, com aquela santidade que as vezes o marcava, gritou: ’Assim não recito mais!’ Houve grossas risadas.” (ANDRADE, Oswald de. Relembrando os acontecimentos de 15 de fevereiro de 1922. Apud ALAMBERT, F. s.d. p. 50.) Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 10 E M _V _H IS _0 34 (PUC-Rio) Leia com atenção os dois trechos abaixo, 1. extraídos de uma reportagem jornalística: “O pai de João de Régis era de Pombal, ao sul de Canudos, e tinha vinte e poucos anos quando o Conselheiro passou por lá. ‘Ele achou bonito aquele jeito do Conselheiro, aquela amizade, aquela vivência’, conta João de Régis [90 anos]. Então resolveu acompanhá-lo. A mãe era da região de Canudos e aderiu ao Conselheiro junto com os pais e as irmãs. E como viviam seus pais, em Canudos? ‘O pai trabalhava de carapina’, diz seu João de Régis - ‘isto é, de carpinteiro, fazendo as casinhas do arraial. A mãe fiava algodão e fazia rede.’” “‘Esse povo do Conselheiro respeitava muito esse movimento de igreja, de santo’. Os bispos estavam contra o Conselheiro, explica Ioiô [João Siqueira Santos, 89 anos]. Por que motivo? – ‘As rezas dele atrapalhavam a religião.’ Mas havia outros também insatisfeitos: – ‘O povo não queria mais obedecer os coronéis. Até para emprego, era com o Conselheiro.’” (Veja, 3 set. 1997, p.81) Os depoimentos de João de Régis e de João S. Santos nos permitem revisitar as motivações que levaram tantos sertanejos pobres a seguir Antônio Conselheiro e a construir o arraial de Belo Monte, na região de Canudos, há cerca de 100 anos. Identifique e explique uma característica, social ou a) cultural, da comunidade constituída na região de Canudos. Levando em consideração as práticas coronelistas b) vigentes na região, caracterize os motivos da opo- sição de fazendeiros e autoridades locais contra o crescimento do arraial de Belo Monte. Solução: ` A religiosidade foi característica marcante daquela a) comunidade. A pregação messiânica de Antônio Conselheiro – seus discursos sobre a fé e o juízo final e sua prática de cristianismo – sensibilizou a população que constituiu o arraial em Canudos. Outra característica relevante relaciona-se à orga- nização do trabalho coletivo, tanto na produção e comercialização de gêneros alimentícios, como na defesa da comunidade. Podemos retirar do texto as seguintes passagens que melhor expressam, respectivamente, as características apontadas: “esse povo do Conselheiro respeitava mui- to esse movimento de igreja, de santo”; “ele achou bonito aquele jeito do Conselheiro”; “o pai trabalhava de carapina” e “a mãe fiava algodão e fazia rede”. Fazendeiros, autoridades governamentais e religio-b) sas se opuseram ao arraial de Belo Monte pelos seguintes motivos: – o deslocamento da mão-de-obra das fazendas para o arraial; – o consequente prestígio da liderança de Conselhei- ro, em detrimento da autoridade dos “coronéis”; – a identificação de Conselheiro e seus seguidores como adeptos da Monarquia, em oposição à Re- pública recém-instaurada; – a não-legitimação, por parte da Igreja Católica, das práticas religiosas dos canudenses, conside- radas fanáticas e distantes dos cânones oficiais. Podemos identificar as seguintes passagens com os motivos acima mencionados: “até para empre- go, era com o Conselheiro”, “o povo não queria mais obedecer os coronéis”, “as rezas dele atra- palhavam a religião”. (PUCPR) Comparando-se os movimentos sociopolítico- 2. -religioso de Canudos e do Contestado, semelhanças e diferenças podem ser estabelecidas. A respeito do tema, assinale a alternativa correta. Ambos tinham ideologia definida no que se refere à I. propriedade privada da terra, que consagravam. Ambos apresentam-se como reflexo do determinis-II. mo geográfico, tendo em vista a aridez do solo, sua pequena fertilidade e prolongadas secas. Enquanto os rebeldes de Canudos mostravam-se III. simpáticos à forma de governo republicana instala- da pouco tempo antes, no Contestado essa simpa- tia era ainda mais ampliada. Os dois movimentos foram finalmente derrotados IV. por tropas do exército. O misticismo, sob a forma de um catolicismo em V. que ocorria a ausência de sacerdotes na vida co- munitária, estava presente nos dois movimentos de contestação à República Oligárquica. Estão corretas: II, III e V.a) I, III e IV.b) apenas III e IV.c) apenas IV e V.d) apenas I e II.e) Solução: ` D Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 11E M _V _H IS _0 34 (UFRJ) “Protesto contra a perseguição que se está 3. fazendo à gente de Antônio Conselheiro... Não se lhe conhecem discursos. Diz-se que tem consigo milhares de fanáticos... Se na última batalha é certo haverem morrido novecentos deles e o resto não se despega de tal apóstolo, é que algum vínculo moral e fortíssimo os prende até a morte. Que vínculo é este?” (Machado de Assis, Gazeta de Notícias, 31 jan. 1897.) Canudos representou uma alternativa encontrada pela população sertaneja, no nordeste brasileiro, frente ao poder oligárquico e latifundiário. Sua resistência diante do poder local provocou a reação intempestiva da jovem República. Cite dois movimentos sociais no Brasil contemporâ-a) neo relacionados à questão agrária. Explique porque o governo republicano investiu tão b) vigorosamente contra a população de Canudos. Solução: ` As Ligas Camponesas e o Movimento Sem-Terra, a) ambos de expressão nacional. A disputas ideológicas que envolveram os grupos b) políticos que almejavam o controle do regime re- publicano; o receio de que uma resistência mais prolongada viesse estimular a esperança de setores restauradores, interessados no retorno da monar- quia; a convicção de alguns expoentes do regime de que a ação de fanáticos milenaristas poderia provocar manifestações messiânicas em outras regiões do pais, minando o futuro da República; a preocupação das autoridades republicanas em cor- tar pela raiz um novo e perigoso foco de guerra civil, dividindo ainda mais a frágil base de susten- tação política do governo de Prudente de Moraes, período em que foi intensificada a ação militar con- tra Canudos. (UERJ) Em 2003, fará um século que, sob a direção 4. de Pereira Passos, uma grande reforma urbana teve início na cidade do Rio de Janeiro. As charges, com seus respectivos textos, indicam aspectos marcantes dessas reformas. Figura I Figura II Figura I “O inquilino: – Mas, então, eu pago-lhe o aluguel pontualmente e o senhor consente que me ponham os troços na rua?! O senhorio: – Meu amigo, tenha paciência. São cousas da Prefeitura! Trate de ver outra casa... O inquilino: – Aonde? Pois o senhor não vê que não há? Que só há palácios de mármore e granito? Igrejinhaspara música e pagodes e o raio que os parta? O senhorio: – Que quer que lhe faça! O governo quer embasbacar a estranja, mostrando-lhe uma taboleta supimpa! O inquilino: – Taboleta de Casa de Orates, de Hospício de Malucos! Estas cousas nunca se fazem assim! Primeiro acomodam-se os pobres! Aqui, dá-se-lhes um pontapé! Muito bonito, isto, hein? O senhorio: – Que quer que lhe faça?” Figura II “O médico: – Esta injeçãozinha é precisa para poder vestir a sua ‘toilette’ nova.” (BRENNA, Giovanna Rosso Del (Org.). O Rio de Janeiro de Pereira Passos. Rio de Janeiro: Index, 1985. Adaptado.) Analisando as charges, aponte um objetivo da Reforma Pereira Passos e uma das consequências dessa reforma para as camadas populares. Solução: ` Um dentre os objetivos: – transformar a cidade do Rio de Janeiro numa capital europeia; – implantar novos padrões de vida relacionados ao modelo europeu de civilização; – destruir as casas coloniais e os cortiços considera- dos nocivos à imagem de uma cidade moderna. Uma dentre as consequências: – transferência da população do centro para os su- búrbios e a ocupação das encostas da cidade; – destruição das moradias populares provocando a ex- pulsão das populações pobres do centro da cidade. (UFC) Leia, com atenção, os versos da composição “O 5. Mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco e depois responda ao que se pede. “Há muito tempo, nas águas da Guanabara, o dragão do mar reapareceu, na figura de um bravo marinheiro a quem a história não esqueceu. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 12 E M _V _H IS _0 34 Conhecido como Almirante Negro, A Tinha a dignidade de um mestre-sala. [...] Rubras cascatas Jorravam das costas dos negros Entre cantos e chibatas, Inundando o coração do pessoal do porão que, a exemplo do marinheiro, gritava: não!” Identifique o movimento ao qual a composição aci-a) ma se refere. Explique as motivações que desencadearam esse b) movimento. Solução: ` Revolta da Chibata.a) Em 1910, cerca de 2 000 marujos liderados por João b) Cândido, o “Almirante Negro”, rebelaram-se por conta dos castigos aplicados aos marinheiros. En- quanto João Cândido assumia o comando do “Minas Gerais”, outros marujos tomaram o “São Paulo”, o “Bahia” e o “Deodoro”. Os marinheiros exigiam, em comunicado enviado ao Presidente da República, a reforma do Código Disciplinar, o fim das chibatadas, “bolos” e outros castigos, o aumento dos soldos e a preparação e educação dos marinheiros. (UERJ) 1. Veio a força do governo, Tudo pronto e bem armado, Espancando cangaceiro E guarnecendo o Estado Falando de modo sero De tudo quanto quisero Era o tempo chegado. (Folclore da Paraíba) A estrofe acima ilustra o afastamento entre a nação e o Estado no período da História do Brasil conhecido como República Velha. Tal afastamento resultou em movimentos de populações rurais oprimidas e sem perspectivas de mudanças. Como exemplos destes movimentos, podemos citar: Canudos e Balaiada.a) Canudos e Contestado.b) Tenentismo e Contestado.c) Revolução Praieira e Contestado.d) Revolta da Chibata e Revolução Praieira.e) (Unirio)6. O Rio de Janeiro de Machado de Assis (virada do século XX) é uma cidade cosmopolita, que aglutina uma população trabalhadora heterogênea, composta de recém-libertos, imigrantes e operários urbanos. Dentro desse contexto, a charge acima revela: desenfreado avanço na construção de rodovias, a) necessárias ao desenvolvimento da indústria automobilística e as formas de exploração do trabalho. expansão das relações capitalistas no Brasil, b) desenvolvendo um parque industrial de ponta e cooptando os trabalhadores em troca de altos salários. consolidação da burguesia industrial, como c) classe hegemônica no Brasil da 1.ª República, limitando as manifestações operárias. concentração econômica da burguesia financei-d) ra internacional e as formas de dominação exer- cidas sobre as elites locais. descompromisso das elites brasileiras em regula-e) mentar as relações de trabalho considerando as manifestações operárias como “casos de polícia”. Solução: ` E Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 13E M _V _H IS _0 34 (UERJ)2. As mulheres de Canudos Guerreiam com água quente. Os meninos com pedradas Fazem voltar muita gente. (Disponível em: <www.e-net.com.br/historia>.) A trova de Sergipe acima citada destaca algumas das particularidades do movimento de Canudos (1893- 1897). O conflito que aí se verificou pode ser caracterizado por: participação popular desvinculada da organização a) de um exército de defesa. impedimento do uso de armas de fogo como ins-b) trumento de defesa. reação militar centrada nas mulheres e crianças.c) resistência baseada na organização comunitária.d) (Cesgranrio) A Guerra dos Canudos (1897), pode ser 3. definida como um “movimento social” de fundo religioso, em função de características tais como a(o): liderança religiosa de perfil messiânico.a) defesa de preceitos morais renovadores, distantes b) do catolicismo tradicional. envolvimento dos seus militantes com a política c) partidária. rompimento com a religiosidade popular tradicio-d) nal, fundando nova seita religiosa. caráter restaurador, expresso na oposição à repú-e) blica e na defesa do retorno à monarquia. (UFCE) “Em abril de 1897 organizou-se a chamada 4.ª 4. Expedição, sob o comando do General Arthur Oscar de Andrade Guimarães. Desde que essa tropa – uma poderosa máquina de guerra – foi posta em funciona- mento, até outubro do mesmo ano, quando Canudos foi arrasada, 8 mil homens lutaram contra os conselheiristas, usando o mais moderno equipamento”. (MONTEIRO, Douglas T. Um Confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado. In. História Geral da Civilização Brasileira. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1977. p. 61. v. 2. tomo III.) A partir do texto, explique o movimento de Canudos levando em consideração os conceitos de Messianismo e Mandonismo Local. (UFPR) Na(s) questão(ões) a seguir, escreva no espaço 5. apropriado a soma dos itens corretos. No início da República, ocorreram vários movimentos na zona rural brasileira, identificados como banditismo social, revolucionarismo e milenarismo. Dentre eles destacam-se: (01) A “Guerra do Contestado”, ocorrida numa região disputada pelos estados do Paraná e de Santa Ca- tarina, em que muitas famílias de posseiros lutaram para não perder suas terras e para não serem expul- sas da região. (02) A “Guerra dos Emboabas”, que se travou na divisa de São Paulo com Minas Gerais, por causa de uma região rica em ouro, provocando a morte de muitos colonos. (04) A “Revolução Farroupilha”, ou “Guerra dos Farrapos”, ocorrida no Rio Grande do Sul, que durou dez anos, unindo classes dominantes e mobilizando massas rurais. (08) O movimento de “Canudos”, liderado pelo beato An- tônio Conselheiro, que, após percorrer várias regiões do Nordeste, fixou-se na Comarca de Belo Monte, na Bahia, e aí organizou uma experiência comuni- tária autônoma, provocando a reação dos coronéis, que exigiram a intervenção do Governo Federal e a destruição de “Canudos.” Soma ( ) (Unesp) “Restauração e Antônio Conselheiro tornam- 6. -se sinônimos, pois ambos surgem como antípodas de republicanismo e jacobinismo. Os jornais são os maiores veículos desta propaganda imaginativa, de consequên- cias trágicas” (CARONE, Edgar. A República Velha.) A citação relaciona-se a: Monarquismo e Guerra de Canudos.a) Federalismo e Revolução Farroupilha.b) Revolução Federalista e Proclamação da República.c) Deposição de D. Pedro II e Abolição.d) Guerra do Paraguai e Questão Militar.e) (Fuvest)7. Visitei todo o comércio, Fiz muito bom apurado, E vi que de muito povo Eu me achava acompanhado. Alguns pediam esmolas:Então não me fiz de rogado. Os versos de Chagas Baptista em homenagem ao cangaceiro Antonio Silvino, o “Governador do Sertão”, sugerem que o cangaço: Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 14 E M _V _H IS _0 34 possuía um caráter político institucional que amea-a) çava a estabilidade social e econômica do nordeste. contava com o apoio popular, propondo a reforma b) agrária e uma nova distribuição de renda. representava a faceta do movimento anarquista, com c) propostas de socialização da terra nas áreas rurais. era uma forma de banditismo sem ameaças à es-d) tabilidade fundiária e, portanto, aceito pelas oligar- quias e trabalhadores. tinha apoio popular e representava uma forma de re-e) sistência à opressão dos grandes proprietários rurais. (Fuvest) “Não é por acaso que as autoridades brasileiras 8. recebem o aplauso unânime das autoridades interna- cionais das grandes potências, pela energia implacável e eficaz de sua política saneadora [...]. O mesmo se dá com a repressão dos movimentos populares de Canudos e do Contestado, que no contexto rural [...] significavam praticamente o mesmo que a Revolta da Vacina no contexto urbano”. (SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina.) De acordo com o texto, a Revolta da Vacina, o movimento de Canudos e o do Contestado foram vistos internacionalmente como: provocados pelo êxodo maciço de populações a) saídas do campo rumo às cidades logo após a abolição. retrógrados, pois dificultavam a modernização do b) país. decorrentes da política sanitarista de Oswaldo Cruz.c) indícios de que a escravidão e o império chegavam d) ao fim para dar lugar ao trabalho livre e à república. conservadores, porque ameaçavam o avanço do e) capital norte-americano no Brasil. (Cesgranrio) “Todas as manhãs, antes de saírem da por-9. ta, devem recordar: fazerem-se respeitar os patrões (...) e serem solidários com qualquer companheiro maltratado, dando-lhe todo o apoio que se queira”. (O Catecismo do Chapeleiro, 1905.) Este texto expressa na “República Velha”: a questão de dificuldade de incorporação do ope-a) rariado fabril ao cenário político brasileiro. a tentativa de classes empresariais em ordenar o b) operariado fabril. a necessidade de se promover a solidariedade e a c) identificação do operariado como classe. o traço de amizade e apoio que se desenvolveu entre d) os operários e os patrões nos locais de trabalho. a existência de regras de comportamento que defi-e) niam as diferenças entre os vários tipos de operários. (UERJ) “(...) Estão em greve presentemente, nesta capi-10. tal, cerca de 15 mil operários, e à hora em que escreve- mos, nada faz prever que esse número decresça tão cedo. Ao contrário, há justificados receios de que o movimento aumente ainda, caso não se encaminhem as desinteligên- cias para um acordo satisfatório e equitativo.” (O Estado de São Paulo, 12/07/1917. Citado por TREVISAN, Leonardo. A República Velha. São Paulo: Global, 1982.) O movimento operário, durante as primeiras décadas do regime republicano no Brasil, caracterizou-se pela existência de: apoio de trabalhadores rurais, que participaram de a) várias greves organizadas. partidos de tendência anarquista, que foram res-b) ponsáveis pela greve geral de 1917. reivindicações políticas, que foram atendidas por c) legislação implantada na década de 20. lideranças de imigrantes europeus, que traziam a ex-d) periência de organização de seus países de origem. (Cesgranrio) O governo Rodrigues Alves (1902-1906) 11. foi responsável pelos processos de modernização e urbanização da Capital Federal - Rio de Janeiro. Coube ao prefeito Pereira Passos a urbanização da cidade e ao Dr. Oswaldo Cruz o saneamento, visando combater, principalmente, a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Essa política de urbanização e saneamento pú- blico, apesar de necessária e modernizante, encontrou forte oposição junto à população pobre da cidade e à opinião pública porque: mudava o perfil da cidade e acabava com os altos ín-a) dices de mortalidade infantil entre a população pobre. transformava o centro da cidade em área exclusi-b) vamente comercial e financeira e acabava com os infectos quiosques. desabrigava milhares de famílias, em virtude da c) desapropriação de suas residências, e obrigava a vacinação antivariólica. provocava o surgimento de novos bairros que re-d) ceberiam, desde o início, energia elétrica e sanea- mento básico. implantava uma política habitacional e de saúde e) para as novas áreas de expansão urbana, em har- monia com o programa de ampliação dos transpor- tes coletivos. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 15E M _V _H IS _0 34 (Unirio) As duas primeiras décadas da história do Brasil 12. no século XX foram marcadas pela eclosão de diversos movimentos sociais, rurais e urbanos, entre os quais se inclui a(o): Guerra do Contestado, resultado da reação da oli-a) garquia paranaense ao capital estrangeiro ligado à exploração da erva-mate e das ferrovias. Guerra de Canudos, movimento restaurador e so-b) cialista que conflagrou o sertão nordestino. Revolta da Chibata, representando a influência dos c) ideais Tenentistas sobre soldados e marinheiros. Cangaço, revolução ideológica da população nor-d) destina contrária ao coronelismo. Movimento Operário com expressiva presença dos e) trabalhadores imigrantes e forte influência dos ide- ais anarquistas. (Unirio) As crises política, social e cultural das décadas 13. de 1920 e 1930 no Brasil estão associadas a vários definido como: movimento social com marcada participação das a) classes populares urbanas. manifestação de parcela do Exército representada b) pelos oficiais mais jovens. expressão das dissidências político-eleitorais entre c) as oligarquias dominantes. revolução agrária caracterizada pelo levante das d) populações rurais em função da Coluna Prestes. união das classes médias urbanas com as oligarquias e) cafeeiras em oposição aos movimentos populares. (Unirio) 14. “Há muito tempo, Nas águas da Guanabara, O dragão do mar reapareceu, Na figura de um bravo marinheiro A quem a história não esqueceu. Conhecido como almirante negro, Tinha a dignidade de um mestre-sala (...)” (BOSCO, João; BLANC, Aldir. O Mestre-Sala dos Mares.) A música retrata um importante movimento ocorrido no Brasil durante a Primeira República. Tal movimento foi motivado pela: prisão de lideranças anarquistas entre os marinhei-a) ros negros que, discriminados pelo racismo vigen- te, se revoltaram contra os poderes da República. opressão da classe operária, penalizada pela alta b) do custo de vida gerada pelos desdobramentos da política do encilhamento. mobilização popular originada das políticas sani-c) taristas do governo republicano, que impunham a vacinação obrigatória no Rio de Janeiro. imposição de castigos aos ex-escravos, os quais, d) com o processo da Abolição, vieram a se transformar em mão-de-obra barata para a marinha mercante. imposição aos marinheiros de castigos corporais e) em função da vigência do código disciplinar da Marinha que remontava ao Império. (UERJ) 15. Revista da Semana. D om ín io p úb lic o. A caricatura acima, publicada inicialmente em 1904, refere-se à vacinação obrigatória, que foi um importante motivação para a Revolta da Vacina. Este movimento se apresentou como resultado de: imposição de uma política sanitarista pelo Estado.a) apelo da população por melhores condições de b) vida. reação do povo desinformado ao poder civilizatório c) das elites. valorização das problemáticas da área de saúde d) pelo Congresso Nacional. (UERJ) (...) a abolição da Igreja e do Estado deve ser a 16. primeira e indispensável condição para a verdadeira liber- tação da sociedade; só depois que isso aconteceré que a sociedade poderá ser organizada de outra maneira. (BAKUNINE, M. apud WOODCOCK, G. Os Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: L&PM, 1981.) Aponte duas características do anarquismo.a) No Brasil, o anarquismo se fez presente nos mo-b) vimentos operários das primeiras décadas do sé- culo XX, especialmente na conjuntura explosiva de 1917-1920. Cite um motivo que gerou essa conjun- tura explosiva. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 16 E M _V _H IS _0 34 (UERJ) Canudos ficava num cenário que lembrava as 1. paisagens descritas na Bíblia: uma região árida repleta de caatingas, rodeada por cinco serras ásperas e atra- vessada por um rio, o Vaza-Barris. Decidido a permanecer naquela autêntica fortaleza natural, e isso não deve ter escapado à percepção de Conselheiro, ele e seu grupo entraram em ação para construir uma comunidade onde estivessem livres do incômodo das autoridades religiosas católicas e políticas, bem como das leis republicanas, dos “coronéis”, dos juizes, dos impostos, da justiça arbitrária, da política etc. (COSTA, Nicola S. Canudos - Ordem e Progresso no Sertão. São Paulo: Moderna, 1990.) O movimento de Canudos (1896-1897), liderado pelo beato Antônio Vicente Mendes Maciel, o “Antônio Conselheiro”, no sertão nordestino, é um dos mais conhecidos exemplos de movimentos místicos- -populares que marcou o início da República no Brasil. As problemáticas sociais que deram vida àquele movimento permanecem, até hoje, em grande parte sem solução. A partir do cenário descrito no texto e das condi-a) ções de produção que caracterizavam o Nordeste brasileiro no final do século XIX, explique um fator que contribuiu para o movimento de Canudos. Cite dois motivos pelos quais o povoado de Canu-b) dos incomodava as “autoridades religiosas católi- cas e políticas”. (Unesp) “O nome CANGAÇO vem do conjunto de ar-2. mas carregadas por homens que prestavam serviços de proteção e defesa a chefes políticos locais. Suas armas eram tantas que pesavam sobre seus ombros como pesa a CANGA sobre o pescoço do boi. Daí o nome CANGACEIROS. Entretanto, nem sempre estiveram à disposição dos chefes políticos locais”. Responda: Qual era a zona de ação do cangaço?a) Por que surgiu esse fenômeno social?b) Quais acontecimentos e transformações estruturais c) concorreram para seu fim? (Unesp) “Não se pode refletir sobre o lugar da violência 3. na história brasileira, sem destacar três tipos de movi- mentos sociais que, em épocas diferentes, se manifesta- ram em conflito com os governos: as revoltas dos negros, os movimentos messiânicos e o banditismo.” (KEITH, Henri H. , Conflito e Continuidade na Sociedade Brasileira.) Relacione os nomes de Zumbi, Antônio Conselhei-a) ro e Lampião aos nomes dos movimentos sociais que lhes correspondem. Caracterize, sucintamente, o movimento social em b) que se destacou Antônio Conselheiro. (Unicamp) “O bandido social é, em geral, membro de 4. uma sociedade rural e, por razões várias, encarado como proscrito ou criminoso pelo Estado e pelos grandes proprietários. Apesar disso, continua a fazer parte da sociedade camponesa de que é originário e é consi- derado herói por sua gente, seja ele um justiceiro, um vingador, ou alguém que rouba dos ricos.” (DÓRIA, Carlos Alberto. Saga: a Grande História do Brasil.) Utilizando a definição anterior, explique o movimento do cangaço brasileiro. (Unicamp) 5. Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio. Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida. (NETO, João Cabral de Melo. Morte e Vida Severina.) Qual o conflito social abordado neste poema?a) Transcreva dois trechos do poema em que fica bem b) caracterizado esse conflito. Explique-os. (Unicamp) Em março de 1897, assim se pronunciou o 6. jornal carioca O Paiz sobre o movimento de Canudos: “O que de um golpe abalava o prestígio da autoridade constituída e abatia a representação do brio de nossa pátria no seu renome, na sua tradição e na sua força era o movimento armado que, à sombra do fanatismo religioso, marchava acelerado contra as próprias instituições (...). Não há quem a esta hora não compreenda que o monarquismo revolucionário quer destruir (...) a unidade do Brasil.” (CUNHA, Euclides da, em Os Sertões) Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 17E M _V _H IS _0 34 Quais os temores existentes no Brasil com relação a) ao movimento de Canudos? Que motivos levaram os sertanejos da Bahia a ade-b) rirem àquele movimento? (UFPE) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parên-7. teses V se for verdadeiro ou F se for falso. Os historiadores designam por República Velha o período que se estende de 1889 a 1930. Sobre acontecimentos históricos deste período, identifique as proposições verdadeiras e falsas. ( ) Os bancos emissores e a oligarquia açucareira do Nordeste foram responsáveis pela “política dos go- vernadores”. ( ) O poder político, neste período, esteve controlado pelas oligarquias estaduais e a Revolução de 1930 tenta pôr fim a esta influência. ( ) O coronelismo é um fenômeno político que surge, no Brasil, na Primeira República. ( ) O fenômeno do banditismo social, no Brasil, está as- sociado com a questão religiosa e a maçonaria. ( ) Para os historiadores, o assassinato de Delmiro Gou- veia está relacionado com a concorrência que a sua fábrica de linhas fazia aos ingleses e a sua inimizade com Rosa e Silva. (Unicamp) “A Guerra de Canudos, na qual, calcula-se, 8. morreram 15 000 pessoas, faz 100 anos. No dia 5 de outubro de 1897, depois de quatro expedições militares, um ano de lutas intermitente e uma resistência feroz por parte de seus defensores, o arraial erigido pelo Conse- lheiro nos ermos do Nordeste da Bahia foi finalmente tomado pelo Exército. Quase nada sobrava daquele santuário-cidadela (...). (TOLEDO, Roberto Pompeu de. O Legado do Conselheiro, Veja, 3 set. 1997.) Qual o regime político brasileiro na época da Guerra a) de Canudos? Cite os principais adversários de Antônio Conselheiro.b) Quais eram as características político-religiosas do c) movimento de Canudos? (UERJ) Leia o texto sobre o Contestado (1912-1916), 10. conflito ocorrido no sul do país e motivado, entre outros fatores, pela disputa de terras. “A revolta teve sobretudo um caráter social e religioso. O que manteve os caboclos unidos foi a crença em um profeta conhecido como monge José Maria, um guerreiro místico como Antônio Conselheiro. O Contestado foi um movimento milenarista, ou seja, impregnado de temores apocalípticos e esperanças de salvação para os iniciados. Os caboclos acreditavam no fim deste mundo e no surgimento de outro melhor, sem fome nem miséria. ‘Até hoje a população local se refere ao episódio como a guerra dos fanáticos,’ diz o historiador Paulo Pinheiro Machado, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).” (Superinteressante, maio 2000. Adaptado.) A expressão “guerra dos fanáticos” era usada para definir a participação dos revoltosos e foi criada naquela época pelas autoridades políticas e pelos latifundiários. Sob um ponto de vista crítico atual, pode-se dizer que a expressão indica a intenção de: desqualificar os participantes da rebelião.a) apoiar as ideias monarquistas dos revoltosos.b) enfatizar o caráter degenerado dos caboclos re-c) voltosos. destacar a indoIência de origem psicoclimática dos d) camponeses. (UERJ) Joseph Rotblat, ganhador do Nobel da Paz/95, 11. esteve recentemente no Rio de Janeiro (entre 2 e 5 de outubro de 1995) participando de encontro de pesqui- sadores e ficou horrorizado com a miséria e as condições de vida das pessoas que “moram”sob viadutos e em locais insalubres. Chocou-se, também, com o contraste entre a miséria das favelas e a riqueza da zona sul. (O Globo, 14 out. 1995, p.15.) (Unesp) 9. Os Sertões, livro escrito por Euclides da Cunha, comemorou em 2002 o centenário de sua publicação. Referindo-se ao flagelo das secas nos sertões do nordeste do país, o autor observou: “Este [o homem], de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nós, nomeadamente, assumiu, em todo o decorrer da História, o papel de um terrível faze- dor de desertos. Começou isto por um desastroso legado indígena”. Qual foi o desastroso legado indígena a que se a) refere Euclides da Cunha? Cite dois empreendimentos econômicos da b) história contemporânea brasileira, diretamente responsáveis por graves desequilíbrios ecoló- gicos em regiões onde permanece a cobertura vegetal original. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 18 E M _V _H IS _0 34 No início do século XX, já se discutia como tornar o Rio de Janeiro modernizado e adaptado às novas necessidades que a dinâmica do capitalismo exigia. O engenheiro Pereira Passos, nomeado administrador da cidade, empreendeu reformas de saneamento e embelezamento, o que acabou resultando no seguinte fato: expulsão das populações pobres do centro da cida-a) de, onde viviam em cortiços, despejando diversas famílias de suas casas e aumentando os aluguéis. reurbanização das favelas, dando um sentido mais hu-b) manizado às habitações populares, evitando com tais reformas a expansão da violência e da corrupção. criação das associações de moradores, onde as c) classes populares e camadas médias discutiam as questões relativas às suas comunidades e interfe- riam nas decisões da administração pública. remanejamento de favelas para o subúrbio, onde d) estas populações ocuparam várias habitações po- pulares, passando a gastar muito em passagens para se locomoverem para o trabalho. (UERJ) “A República despontava. (…). Mas, e quanto 12. ao povo? Aquele monte de gente que não era mais es- cravo; gente branca, que vivia de vender bugigangas nas cidades: os imigrantes famintos recém-chegados. Esta gente toda percebeu o que estava acontecendo?” (TREVISAN, Leonardo. A República Velha. p.18.) A afirmativa que melhor responderia aos questionamentos que o autor faz no texto acima é: com a proclamação da República, os ex-escravos a) foram integrados à sociedade do trabalho livre, de- vido ao crescimento do número de indústrias. o sistema representativo e o federalismo significa-b) ram a ampliação imediata do número de eleitores e, portanto, maior participação política popular. a República possibilitou melhores condições de c) trabalho ao nacional e ao imigrante, através de uma legislação trabalhista, presente na Constitui- ção de 1891. a República garantiu, de fato, a ampliação dos direitos d) à cidadania, na medida em que estabeleceu, através da Constituição de 1891, o voto secreto e universal. com a proclamação da República, poucas foram e) as mudanças significativas na ordem econômico- -social que pudessem vir a estabelecer novas ba- ses para a participação e a cidadania. (UFRJ) “Ten. Gwaier - Está direito, V. Exa. submeterá 13. o requerimento à votação, Sr. Presidente. Os jornais noticiam que o Sr. Presidente da República, para enxo- valhar o Exército, vai mandar amanhã os seus agentes fecharem o Clube Militar, baseado numa lei que fecha as sociedades de anarquistas, de cáftens e de exploradores do lenocínio. Maior injúria não se pode fazer. Suprema afronta jogada às faces do Exército Nacional! Maj. E. Figueiredo - O Sr. Presidente da República tem toda a razão. Ten. Gwaier - V. Exa. Concorda que o Presidente da República feche o Clube Militar baseado naquela lei? Maj. E. Figueiredo - Concordo. Ten. Gwaier - Então V. Exa. é cáften? É explorador do lenocínio? É anarquista? Queira desculpar porque, francamente, eu não sabia. Maj. E. Figueiredo - Eu respondo a V. Exa. como homem. Respondo sua audácia. (...) (Sessão do Clube Militar de 24/6/1922, citado por SODRÉ, Nelson Werneck. História Militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 203.) O texto anterior demonstra o clima de radicalização política no meio militar brasileiro na década de 1920. Tal situação, de grande repercussão na sociedade brasileira de então, gerou um movimento conhecido por: nacionalismo, pelas críticas que o Clube Militar faria a) aos governos civis pela entrega de serviços públi- cos e da exploração do subsolo brasileiro a estran- geiros, sob a forma de concessão. “jovens turcos”, por seus participantes, jovens ofi-b) ciais do Exército, lutarem pela profissionalização da arma contra a tradição positivista existente desde o final do Império. populismo, que buscava contemplar as reivindicações c) das massas populares urbanas sempre ignoradas pe- las elites agrárias detentoras do poder na época. integralismo, que refletiu o crescimento do questio-d) namento do Estado Liberal após a Primeira Guerra Mundial e a infiltração de ideias de caráter nazi- -fascista no meio militar brasileiro. tenentismo, que procurou questionar os governos e) daquele período com propostas de caráter anti- oligárquico, por meio de movimentos armados diri- gidos, em geral, por oficiais de baixa patente. (UFRJ) “Não ocultemos: o proletariado protesta porque 14. o proletariado está organizado e sindicalizado, pode ter resistência e ação direta. Mas se todas as classes estivessem organizadas (...) por instigamento da sua situação precária, neste momento não seria o operariado que protestaria só, mas toda a Nação Brasileira que se levantaria esquálida, faminta, ameaçada de necessidades negras (...).” (Discurso de Maurício de Lacerda, deputado e advogado dos trabalhadores, em sessão da Câmara dos Deputados, no dia 26 de julho de 1917.) Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 19E M _V _H IS _0 34 No Brasil, o movimento operário e sindical constituiu- -se ao longo da Primeira República (1889-1930), enfrentando dificuldades de toda ordem, tais como as más condições de vida, a insensibilidade das classes patronais e o preconceito das elites políticas do país. Liderado pelos anarco-sindicalistas, pelo menos até 1917, esse movimento conheceu modificações a partir dos anos 30, mantendo essas novas características até a década de, 70. Explique uma razão do crescimento do movimento a) operário na Primeira República. Cite dois fatores que contribuíram para a perda de b) influência do anarquismo sobre o movimento ope- rário na Primeira República. (Unirio) Na segunda metade do século XIX, iniciou-se a 15. formação de um novo segmento social no Brasil, a classe operária. Podemos afirmar que a: migração italiana está ligada ao movimento operá-a) rio, tendo que dividir com um grande número de ex-escravos a formação inicial da classe operária. nascente classe operária brasileira tinha como base b) a mão-de-obra de ex-escravos que, saídos das fa- zendas cafeeiras, iam para as cidades em busca de trabalho na indústria. classe operária brasileira possuía em sua formação c) uma base na mão-de-obra estrangeira e, na tenta- tiva de se organizar, utilizou o pensamento anarco- -sindicalista. participação da mão-de-obra estrangeira na forma-d) ção da classe operária brasileira não foi significativa devido à falta de preparo desses imigrantes. classe operária brasileira, mesmo com os esforços e) demonstrados, não conseguiu fugir da tutela do Estado. (UFRJ) “A cidadania moderna – ou seja, a integração 16. das pessoas no governo, via participação política; na so- ciedade, via direitos individuais; e no patrimônio coletivo, via justiça social – continua sendo aspiração de quase todos os países, sobretudo os que se colocam dentro da tradiçãoocidental (...). Simplificando muito, pode-se dizer que o processo histórico de formação da cidadania no Ocidente seguiu dois caminhos, um de baixo para cima, pela iniciativa dos cidadãos, outro de cima para baixo, por iniciativa do Estado e de grupos dominantes”. (CARVALHO, J. Murilo de. Cidadania, Estadania e Apatia. In: Jornal do Brasil, 24 jun. 2001, p. 8.) A instauração do regime republicano no Brasil representou para muitos a possibilidade de democratização da sociedade por meio da afirmação dos direitos civis, políticos e sociais. No entanto, já em seu nascedouro, a república brasileira impunha restrições ao exercício da plena cidadania. Apresente um argumento que permita considerar a Revolta da Vacina (1904) um movimento social de busca de afirmação da cidadania no início da República. (UFSM)17. Antropofagia. D om ín io p úb lic o. (ORDONEZ, Marlene; QUEVEDO, Júlio. História. São Paulo: IBEP. p. 396.) A obra “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral, sintetiza uma das características dos modernistas, em 1922, ou seja, renovação artística de inspiração europeia, voltada a) aos padrões externos, negando em definitivo a te- mática nacional. ufanismo brasileiro, expresso nas cores, formas e b) conteúdos, de inspiração nacionalista e de culto ao herói. renovação artística quanto à forma e conteúdo, re-c) pensando a cultura brasileira e a realidade nacional. revisão da temática brasileira, reavaliando os con-d) teúdos artístico-culturais, impregnados da ideolo- gia socialista e da estética surrealista. reprodução da estética europeia, incorporando ce-e) nas do cotidiano, porém sem liberdade de lingua- gem pictórica e literária. (UFMG) “Da libertação do nosso espírito, sairá a arte 18. vitoriosa. E os primeiros anúncios da nossa esperança são os que oferecemos aqui à vossa curiosidade. São estas pinturas extravagantes, estas esculturas absurdas, esta música alucinada, esta poesia aérea e desarticulada. Maravilhosa aurora!” Com essas palavras, o escritor Graça Aranha abriu as atividades da Semana de Arte Moderna, realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, entre 13 e 17 de fevereiro de 1922. Um dos objetivos dos promotores desse evento era: Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 20 E M _V _H IS _0 34 escandalizar a sociedade, considerada retrógrada, a) reunindo um conjunto de obras e artistas inovadores. lançar as bases de uma produção artística em mol-b) des acadêmicos, pois, no Brasil, se valorizava tradi- cionalmente a produção cultural popular. tomar a arte e os produtos culturais mais próximos c) dos operários, com quem os artistas radicais se identificavam. trazer ao país uma amostra das vanguardas euro-d) peias, mediante a apresentação de obras de artis- tas estrangeiros. (PUC-Rio) Os anos 20 deste século, no Brasil, são con-20. siderados como um período fértil na criação e difusão de novos projetos para a reorganização do estado e da sociedade brasileira. Indivíduos, instituições, grupos sociais procuraram exprimir, por manifestos e ações, o seu descontentamento com a República vigente. Sobre esse período, não é correto afirmar que: o movimento modernista procurou evidenciar, por a) meio de novos padrões estéticos, a necessidade de redirecionar textos e pesquisas para temas que possuíssem inspiração no ambiente físico, cultu- ral e social brasileiro, configurando uma busca da brasilidade. a Igreja Católica, sob a direção de D. Sebastião b) Leme, procurou conquistar influência entre o meio intelectual e o povo, em um movimento de “recris- tianização da sociedade”, mediante a criação de revistas e organização de associações, como, por exemplo, o Centro Dom Vital. jovens oficiais do exército, protestando contra a c) fragmentação regionalista e a ausência de uma real representação da nação, promoveram revol- tas em 1922 e 1924, estimulando a organização da Coluna Prestes, que percorreu o país entre 1925 e 1927. lideranças do movimento operário urbano, tanto de d) orientação anarco-sindicalista quanto de orienta- ção comunista, articularam alianças no sentido de apoiar a aplicação do conjunto de leis trabalhistas promulgadas pelos governos oligárquicos. educadores e higienistas, sintonizados com pro-e) jetos de modernização da saúde e da educação públicas, propuseram programas e iniciativas que, por caminhos distintos, valorizavam o intervencio- nismo estatal. (Unirio) Veja a tabela a seguir:19. Mortalidade pelas principais moléstias transmissíveis Rio de Janeiro (DF) – 1886-1910 (DAMAZIO, SYLVIA. Retrato Social do Rio de Janeiro na Virada do Século. Rio de Janeiro: UERJ, 1996.) Rodrigues Alves (1902-1906) adotou uma polí-I. tica de saúde, com base nas reformas de Pereira Passos e na participação de Oswaldo Cruz, o que fez diminuir a mortalidade pelas doenças transmissíveis. As reformas sanitárias e as campanhas de vaci-II. nação, realizadas por Oswaldo Cruz, não tive- ram efeito positivo na queda da mortalidade. A mortalidade por moléstias transmissíveis não III. sofreu uma queda percentual progressiva. A ação governamental concentrou esforços no IV. combate à febre amarela. Podemos afirmar que a opção correta é: I e IV.a) III e II.b) IV e III.c) I e III.d) II e IV.e) Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 21E M _V _H IS _0 34 B1. D2. A3. Canudos surgiu em decorrência da pobreza e miséria 4. vivida pelos camponeses no interior da Bahia e no Nor- deste, graças ao poder dos latifundiários. Surgiu um líder carismático e messiânico que conduziu aquele povo. 095. A6. E7. B8. B9. D10. C11. E12. B13. E14. A15. 16. Duas dentre as características:a) o anticlericalismo; • a igualdade plena dos direitos; • a conquista da liberdade plena; • a rejeição de toda a forma de poder; • a defesa do espontaneísmo das massas. • Um dentre os motivos:b) sucesso da Revolução Russa; • maior difusão das ideias anarquistas; • alta do custo de vida sem proporcional aumento • dos salários. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 22 E M _V _H IS _0 34 1. A concentração fundiária brasileira - e, em especial, a) nordestina - fazia com que a esmagadora maioria da população não tivesse acesso à propriedade de terra, tendo de se submeter a relações de trabalho marcadas pela sobre-exploração. Essa população sofria ainda os efeitos das grandes secas que asso- laram o sertão nordestino, em parte resultando na falência das culturas tradicionais (algodão e açú- car), provocando uma grave crise econômica. •b) Dificuldades de domínio dos grandes proprietá- rios de terra sobre a mão-de-obra; o rompimento da hierarquia e do controle da Igreja • oficial sobre a população local; a pregação do beato não se coadunava com a • ortodoxia veiculada pela hierarquia eclesiástica; Canudos, enquanto um espaço social, negava a • ordem instituída, uma vez que exercia um forte poder de atração sobre a massa sertaneja. 2. O sertão nordestino, pequenas vilas e lugarejos.a) Pela miséria, pobreza e concentração latifundiária.b) A necessidade de controle social com a ameaça c) “Banditista”. 3. Zumbi - Palmares; Antônio Conselheiro – Canudos; a) Lampião – Cangaço. Movimento de caráter messiânico popular, ocorri-b) do no sertão nordestino contra as oligarquias dos coronéis. Movimento considerado banditista (fora da lei), mas 4. que deve ser inserido na condição miserável gerada pelos latifundiários do Nordeste na primeira metade so século XX. 5. A luta no Brasil pela reforma agrária.a) “é a terra que querias ver dividida...”b) “é a parte que te cabe desse latifúndio...” 6. A acusação do movimento ser monarquista e faná-a) tico religioso.A miséria e a pobreza em que viviam.b) F, V, V, F, V7. 8. República Oligárquica.a) Os latifundiários do Nordeste e o Governo Federal, b) devido à defesa da volta da monarquia por Antônio Conselheiro. Foi um movimento de caráter messiânico, em virtu-c) de da carência material do sertanejo, que não via na República expectativa de melhora. 9. Realização de queimadas para plantar suas roças a) de milho e mandioca. Rodovia Transamazônica, Usinas de Itaipu e Tucu-b) ruí, Projeto Carajás e Projeto Jari, entre outros. A10. A11. E12. E13. 14. A imigração europeia, o crescimento industrial, a a) influência das ideias anarquistas e a exploração da classe trabalhadora. A ação repressiva do governo, a Revolução Russa b) de 1917 e o avanço das ideias comunistas. C15. A Revolta da Vacina representou a reação popular contra 16. um governo que desrespeitava os princípios da liberdade individual e valores morais da população como a virtude da mulher, a honra dos chefes de família e a inviolabili- dade do lar. O inimigo não era a vacinação em si, mas o governo, em particular as forças de repressão. C17. A18. A19. D20. 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