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Deu a Louca na Chapeuzinho

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Deu a Louca na Chapeuzinho 
 
Quem conhece a história tradicional de Chapeuzinho Vermelho sabe quais são 
os papeis de cada personagem e o que esperar deles, mas na releitura do filme em 
análise somos surpreendidos com a mudança de postura deles. A história da menina que 
anda pela floresta de capuz e capa vermelhos toma a feição de uma história policial com 
traços de comédia, ação e espionagem de forma entrelaçada. Tais atributos são 
características de filmes cujos enunciatários são adultos, mas que ganharam uma 
figurativização infantil. 
O conto maravilhoso de Chapeuzinho Vermelho, nesta nova versão, se 
comparado com a versão tradicional, rompe expectativas tanto no desenvolvimento do 
enredo quanto na caracterização das personagens. Por isso, os personagens principais 
da narrativa ganham novos traços figurativos, novas características temáticas, porém, 
com detalhes que permitem o enunciatário da animação fazer uma remissão ao conto 
clássico da menina de capuz vermelho. Em Deu a louca na Chapeuzinho a alusão 
intertextual é a ferramenta principal na construção do efeito de humor e de verdade. 
 
A animação é decente, mas não particularmente bem feita. O longa-metragem 
não foi feito por nenhuma das grandes produtoras de animação e claramente, não 
pretendia se equiparar tecnicamente às mais recentes animações 3D desses estúdios. 
Sabendo de suas limitações, eles procuraram dar mais ênfase à história do que ao 
exibicionismo técnico. Uma sábia escolha. O único real problema do desenho é que ele 
demora a engrenar. Os primeiros 20 minutos são um tanto monótonos e lembram um 
pouco as animações ingênuas dos primeiros tempos dos desenhos animados. Depois 
que o filme embala, porém, mantém o interesse até o final. 
A ruptura temática das personagens, mais particularmente da avó, produz o riso, 
porque, na comparação que se estabelece entre a versão dos irmãos Grimm e a versão 
da animação, tal ruptura fica bem evidente. A verdade para as personagens e para o 
enunciatário é desconstruída, em relação às versões anteriores do conto, e construída 
pelo diálogo entre produções cinematográficas e a animação, e também pelas rupturas 
temáticas que se presentam. Podemos dizer que o entendimento e a apreensão dos 
efeitos de sentidos constituídos, vão depender, não apenas do conhecimento da história 
original de Chapeuzinho Vermelho, como de outras produções às quais a animação 
mantém diálogo. No entanto, um enunciatário que não tem nem o conhecimento dos 
filmes aludidos, pode também rir do que lhe é apresentado. 
O filme falha em poucos pontos, como a falta de detalhamento em sua produção 
e é fraco. Outro elemento também é a sua visível tentativa de fazer graças em algumas 
cenas, que inclusive perderam a graça desde a segunda vez em que se vê o trailer do 
filme. Outro ponto falho do filme também é a visível parada básica nas falas da animação, 
quase como se estivesse dando uma pausa para as risadas da plateia, e que infelizmente 
em sua maioria não acontece. A animação é de péssima qualidade e os personagens são 
mal concebidos. 
A análise de Deu a Louca na Chapeuzinho pode ser focada nas questões éticas 
expostas sobre o jornalismo. O fato de reformular toda uma narrativa pronta e 
extremamente disseminada para outro foco, incluindo personagens e fatos novos além 
de trazê-la para a atualidade do espectador, é um trabalho que merece ser observado e 
analisado profundamente sobre as escolhas e os efeitos das mudanças no original. O 
roteiro é notavelmente forçado, tentando transformar os personagens em seus opostos 
irritantemente unidimensionais, caindo em clichês acidentais dos quais tentava escapar. 
A Chapeuzinho é antipática e nada cativante, tendo todas as características dispensáveis 
à sua posição central. 
O risível do texto é, então, construído pela presença de personagens que agem 
de forma engraçada uma avó que esquia muito bem e foge brilhantemente dos 
bandidos, um lobo que apanha de uma menininha, um sapo que faz piruetas, a presença 
dos três porquinhos e outros animais que falam. Se Deu a Louca na Chapeuzinho é uma 
versão complexa da história original, porque possui entrelaçamentos de textos adultos, 
então o enunciatário que não percebe isso ficará apenas no nível figurativo do texto 
analisado e em alguns percursos temáticos que atribuem graça à animação e, dessa 
forma, o riso estará garantido. 
Contos de fadas às avessas são mais engraçadas que melodramas de príncipes e 
princesas e atraem um público mais amplo. Isso é fato e franquias de sucesso, como 
Shrek, confirmam isso primorosamente. Deu a Louca na Chapeuzinho é um daqueles 
filmes genéricos, que tentam repetir o mesmo sucesso e não conseguem, caindo, 
posteriormente no profundo abismo do esquecimento.

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