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ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA 
EM ATRATIVOS NATURAIS
PARA GUIAS REGIONAIS DA MACROREGIÃO SUDESTE
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO
Os guias de turismo como agentes de transformação e inclusão social 
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
Os termos acessibilidade e acessível podem ter diferentes conotações a partir do contexto em que são
aplicados. Vejamos:
Pode-se dizer que um destino tem acessibilidade quando ele apresenta condições de fácil deslocamento (mobilidade
urbana) e/ou fácil acesso ou, ainda, pode referir-se a um atrativo acessível como um local onde os produtos e/ou
serviços são adquiridos por um valor razoável. Há também a possibilidade de um profissional como o guia de turismo
ser considerado acessível por ser pessoa de fácil trato, entre outras conotações. 
Em uma definição mais abrangente, a noção de acessibilidade refere-se à possibilidade e condição de alcance de
pessoas com deficiência a produtos e serviços em um contexto de livre acesso e oportunidade de aproximação, tal
como expressa o significado originário da palavra acessibilidade derivada do latim accessibilitas (HOUAISS; VILLAR,
FRANCO, 2001).
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
Destaca-se dessa definição três palavras-chave para o entendimento de acessibilidade: 
Essas pessoas devem ter condições de fazerem suas atividades profissionais, de educação, de lazer e outras de forma
independente (autonomia) e com confiança na impossibilidade de sofrerem danos (segurança). Soma-se a esses
pilares da acessibilidade o conforto, que indica a possibilidade da realização de tais atividades com baixo esforço
físico, de maneira fácil e simples (GRÜNEWALD, 2009).
Quando pensamos em pessoas com deficiência, muitas vezes nossa mente automaticamente associa imagens de
cadeiras de rodas, bengalas, cegueira ou comunicação em sinais. No entanto, é importante lembrar que a
diversidade das deficiências é muito mais ampla do que essas representações iniciais sugerem.
AUTONOMIA, SEGURANÇA E CONFORTO
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
E a inclusão social? Como entra nesse debate?
pessoas com deformidade congênita ou adquirida em um ou mais membros superiores e/ou inferiores; paralisias em partes do corpo; membros
amputados; pessoas com nanismo e pessoas ostomizadas;
pessoas com síndrome de Down, com transtorno do espectro autista, paralisia cerebral e outras síndromes e déficits cognitivos devido a
acidentes ou má-formação congênitos ou adquiridos até os 18 anos;
que inclui as deficiências auditiva (surdez e audição reduzida) e visual (cegueira e baixa visão).
DEFICIÊNCIA FÍSICA
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
DEFICIÊNCIA SENSORIAL
Saiba mais: Para se aprofundar nas diferentes tipologias de deficiência e conhecer os símbolos de
acessibilidade que representam cada categoria, consulte o manual Dicas para atender bem turistas com
deficiência nas Recomendações de Aprendizagem desse módulo.
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
E a inclusão social? Como entra nesse debate?
Para uma melhor compreensão dessa relação é preciso
recorrer às concepções e paradigmas sociais voltados para
as pessoas com deficiência. Romeu Sassaki (2012) sintetiza,
de forma didática, em um contexto histórico, tanto mundial
quanto nacional, fases relacionadas às práticas sociais
vivenciadas pelas pessoas com deficiência ao longo do
tempo, que estão representadas na Figura 1 por círculos e
pictogramas de pessoas.
Integração Inclusão
SegregaçãoExclusão
FONTE: ADAPTADO DE ACTIVITY, SPORT, PLAY FOR THE
INCLUSION OF REFUGEES – ASPIRE PROJECT (2017)
CONCEPÇÕES E PARADIGMAS SOCIAIS VOLTADOS PARA AS PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
compreendeu o intervalo entre a Antiguidade e o início do século XX, quando as pessoas com deficiência não eram alocadas em
nenhum espaço e/ou atendimento social, elas eram rejeitas e ignoradas pela sociedade – modelo de rejeição social da deficiência. Na
figura, essa fase está representada por um círculo verde com doze pessoas e, do lado de fora, oito pessoas com e sem deficiência.
compreendeu o período entre as décadas de 1920 e 1940, em que as pessoas com deficiência eram afastadas de suas
famílias e recebiam atendimento em instituições religiosas ou filantrópicas, às quais somente esses familiares tinham
acesso. Foi durante essa fase que surgiram as 13 Acessibilidade e Inclusão primeiras escolas especiais e os centros de
reabilitação – modelo assistencialista da deficiência. Na figura, essa fase é representada por dois círculos, um verde,
igual ao anterior e, ao lado, um cinza, menor, com quatro pessoas com e sem deficiência.
FASE DE EXCLUSÃO
FASE DE SEGREGAÇÃO
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
sinaliza, por sua vez, o período entre as décadas de 1940 e 1980, no qual, após passarem por testes de inteligência, pessoas com
deficiência eram encaminhadas às classes especiais e/ou às salas de recursos multifuncionais
 e escolas regulares. Elas participavam do convívio social, ainda que realizassem atividades diferentes das pessoas sem deficiência.
Nesse contexto, eram elas que precisavam se adaptar às condições encontradas – modelo médico da deficiência. Na figura, essa fase
também está representada por dois círculos, estando o cinza dentro do verde.
fase atual, representa um paradigma em vigência desde a década de 1990. Nessa fase, todas as pessoas com
deficiência devem ter o mesmo acesso e condições, conforme suas necessidades e especificidades, que as pessoas
sem deficiência. Diferentemente do período de integração, nessa fase reconhecesse que os ambientes físicos e os
procedimentos educativos é que devem valorizar as capacidades dessas pessoas (transpor barreiras) e, assim,
adaptar-se a elas, e não o contrário – modelo social da deficiência. Na figura, essa fase está representada por um
único círculo verde contendo doze pessoas com e sem deficiência.
FASE DE INTEGRAÇÃO
FASE DE INCLUSÃO
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
Se quando pensamos em pessoas com deficiência lembramos logo de pessoas em cadeiras de rodas, é natural que quando
falamos em acessibilidade nos venha à mente a colocação de rampas, sinalização dos espaços e outras adaptações ao
ambiente físico. Mas, assim como a discussão sobre deficiência é ampla, a de acessibilidade também. Para Sassaki (2009), a
noção de acessibilidade possui seis dimensões, que devem ser aplicadas aos contextos do trabalho, educação e lazer à luz do
paradigma da inclusão social:
DIMENSÕES DE
ACESSIBILIDADE
1.ARQUITETÔNICA 2.COMUNICACIONAL 3.PROGRAMÁTICA
4.METODOLÓGICA 5.INSTRUMENTAL 6.ATITUDINAL
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E TURISMO
enquanto o termo turismo acessível está relacionado com a inclusão de pessoas com deficiência na prática turística e a
abordagem de turismo social permeia a inclusão de pessoas que não fazem parte da movimentação turística,
independentemente da estratificação social, a proposta de turismo inclusivo engloba distintos grupos sociais (LAMAS, 2021).
Se a proposta de turismo acessível compõe as alternativas de turismo social, tem-se, de maneira mais ampla, a noção de Turismo
Inclusivo, abrangendo essas duas formas de se conduzir e praticar o turismo
DESSE MODO
Com o avanço desses conceitos e nomenclaturas utilizados para diferentes nichos do turismo e para as várias formas de
praticá-lo, que se misturam e se complementam, desde 2002, foi estabelecido o conceito de Turismo Responsável, que
tem como um dos princípios orientadores o esforço para tornar o turismo uma experiência inclusiva e acessível para
todos, criando, portanto, lugares melhores para as pessoas morarem e visitarem. O turismo responsável complementa a
proposta de Turismo Sustentável, buscando transformar esses espaços sustentáveis em lugares ainda melhores.
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E TURISMO
Quando falamos de locais adaptados estamos nos referindo a espaços, edificações, mobiliários, entre outros elementos cujas
características originais foram alteradas posteriormenteà sua construção para se tornarem acessíveis. Assim, podemos falar
de hotéis que adaptaram suas unidades habitacionais, transportadoras turísticas que adaptaram seus veículos, organizadoras
de eventos que modificaram seus espaços para que um número maior de pessoas possa desfrutar dos eventos realizados, entre
outros exemplos possíveis.
Para tanto, os gestores devem valer-se da tecnologia assistiva (ou ajuda técnica), que compreende toda a gama de
recursos e serviços que contribuem para promover ou ampliar a comunicação, a mobilidade, as habilidades
funcionais da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, visando à autonomia, segurança e conforto nesses
espaços.
E NA PRÁTICA: DO QUE ESTAMOS FALANDO? PARA QUEM ESTAMOS FALANDO?
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E TURISMO
Locais acessíveis incluem espaços, edifícios, móveis e outros elementos que podem ser usados por qualquer pessoa. O conceito
vai além da adaptação, abrangendo o desenho universal, que visa criar produtos, ambientes e serviços acessíveis desde o início,
sem necessidade de modificações posteriores. Isso promove a inclusão de pessoas de todas as idades e habilidades. O turismo
também adota essa abordagem, com hotéis e atrações que consideram a diversidade desde o planejamento inicial.
Para tornar o turismo acessível é preciso transpor barreiras
 qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social das pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida da fruição da prática turística, o que compreende a liberdade de movimento e
expressão, comunicação, acesso à informação e circulação com segurança.
E NA PRÁTICA: DO QUE ESTAMOS FALANDO? PARA QUEM ESTAMOS FALANDO?
OU SEJA
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E TURISMO
 O Ministério do Turismo lançou, em 2009, um instrumento prático com critérios e classificação próprios, subsidiado em normas
técnicas e legislações nacionais vigentes, que permite mapear as condições de acessibilidade dos destinos turísticos para o
adequado planejamento e a implantação da acessibilidade (BRASIL, 2009). Esse Roteiro de Inspeção pode ser aplicado por gestores
públicos, privados, mas também pelos guias de turismo que queiram reconhecer as condições de acessibilidade física dos locais
onde pretendem guiar os visitantes. Esse reconhecimento é fundamental para uma boa experiência
saiba mais: Consulte a Cartilha Turismo Acessível – Roteiro de Inspeção (MTur) nas Recomendações de
Aprendizagem desse módulo.
CAMINHOS PARA “ACESSIBILIZAR” O TURISMO: O PAPEL DO GUIA
DE TURISMO COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO
SOCIAL 
Como o guia de turismo pode contribuir para a inclusão de pessoas com deficiência enquanto um agente de transformação do
turismo? É sobre essa questão e demais caminhos para tornar o turismo mais acessível que vamos discutir agora, apresentando
três amplas recomendações.
1 PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO
você, enquanto guia de turismo, não precisa saber tudo sobre o universo das pessoas com deficiência, mas precisar se
Inteirar, afinal, como vimos, elas constituem uma parcela significativa de turistas reais e potenciais do país. Se não tiver
conhecimento sobre determinada tipologia de deficiência e as necessidades requeridas por aquela pessoa, pesquise e
sobretudo, pergunte a ela – “precisa de ajuda? O que posso fazer para melhor atendê-la?”
CAMINHOS PARA “ACESSIBILIZAR” O TURISMO: O PAPEL DO GUIA
DE TURISMO COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO
SOCIAL 
2
3
SEGUNDA RECOMENDAÇÃO
TERCEIRA RECOMENDAÇÃO
A segunda recomendação complementa a primeira. A falta de conhecimento sobre essas pessoas pode levar o guia de
turismo a um tratamento discriminatório, por julgarem essas pessoas como incapazes de construírem relações sociais no
âmbito do turismo e lazer. Assim, acabam considerando, por exemplo, que elas não podem viajar sozinhas, que elas
atrapalham o guiamento do grupo, entre outros pré-conceitos.
A terceira recomendação é que o guia de turismo busque capacitações na área, como, por exemplo, em cursos
de Audiodescrição ou cursos de Libras que capacitam profissionais a utilizarem a Língua Brasileira de Sinais
(Libras), segundo idioma oficial do Brasil, a fim de tornar a hospitalidade a esses visitantes mais inclusiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fizemos, ao longo deste manual, um breve caminho pelo universo da acessibilidade e da inclusão aplicadas ao contexto do
turismo, cujo objetivo foi demonstrar que o turismo pode ser uma via de inclusão social de todos, inclusive pessoas com
deficiência e mobilidade reduzida. Discutimos também como os guias de turismo são os atores mais importantes para a
concretização dessa realidade, enquanto profissionais habilitados e com contato direto com toda a diversidade de
visitantes. Concluímos de maneira provisória esse debate, que é mais extenso e requer acompanhamento constante, pois
acessibilidade e inclusão são temas atuais amplamente discutidos. 
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EM ATRATIVOS NATURAIS
PARA GUIAS REGIONAIS DA MACROREGIÃO SUDESTE

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