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 Corrupção: 
 tipos penais e instrumentos negociais 
de alavancagem probatória em maxi 
processos 
 Marcelo Rodrigues 
 Marster of Laws em Direito (USP) e em Direitos Fundamentais Difusos e Coletivos (UNIMEP- bolsa CAPES integral). Especialista 
em direito público, (Escola Paulista da Magistratura), Especialista em contratos (PUCSP). Extensão e pesquisador visitante do 
Forschungsstelle für lateinamerikanisches Strafund Strafprozessrecht na Georg-August-Universität -Alemanha. Autor de 
diversos livros e artigos científicos reconhecidos pela CAPES (qualis A1, A2, B1, B2). 
E-mail: marcelordsadv@gmail.com 
marcelords@usp.br 
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LUIGI FERRAJOLI, para quem, mediante o uso do Direito Penal, 
“o Estado deve preocupar-se com as infrações cometidas pelos caballeros - 
corrupção, balanços falsos, valores sem origem e ocultos, fraudes ou lavagem 
de dinheiro, ao contrário do que normalmente se faz em relação à propaganda 
da necessária punição exclusiva dos crimes que “ocorrem nas ruas”. 
(Ferrajoli, Luigi. Democracia y garantismo. Edición de Miguel Carbonell. Madrid: Editorial 
Trotta, 2008, p. 254) 
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 - Saber o que se está enfrentando 
 
 - Auxiliar elaboração de políticas públicas 
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Loslie Holmes: « como a beleza, está nos olhos do 
espectador ». 
 HOLMES, Leslie. Corruption: a very short introduction. Nova Iorque: Oxford University Press. 2015. Edição do Kindle 
 Susan Rose-Ackerman: « sustenta que a definição 
tende a variar de acordo com o interlocutor ». 
 ROSE-ACKERMAN, Susan. The Challenge of poor governance and corruption. 
 Clóvis de Barros Filho e Sérgio Praça: é um 
fenômeno multifacetado e extremamente complexo 
que « cansa qualquer um que tenta entendê-la » 
 
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 Brasil define o que é corrupção? 
 Corrupção passiva (317), Corrupção ativa (333), 
corrupção ativa em transação internacional, 
corrupção no âmbito militar (308, 309, 347- 
CPMB) 
 Outras situações sem o nomen iuris: concussão, 
prevaricação, fraude em licitações, tráfico de 
influência, lavagem de capitais etc. 
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 FLAVIA PIOVESAN: 
 la corrupción no es meramente solicitar, recibir, 
ofrecer o prometer una ventaja indebida, como 
prescriben los artículos 317 y 333 del Código Penal 
Brasileño. Se trata de subversión del interés público, 
vulnerando al mismo tiempo las tres valiosas 
Máximas Ulpianas: honeste vivere, alterum non 
laedere e suum cuique tribuere. 
 LIRA, Laura Fernandes de Lima; NUNES, Tatiana Mesquita;OLMOS, Eduardo Alonso; PIOVESAN, Flávia; RODRIGUES, Anna Dias. La corrupción y 
los derechos humanos em Brasil. In: ANTONIAZZI, Mariela Morales; TABLANTE, Carlos (Ed.). Querétaro: Instituto de Estudos del Estado de 
Querétaro. 2018. p. 87. 
 
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 Fábio Medina Osório, « o microssistema jurídico de 
combate à corrupção, de modo abrangente, envolve 
combate não apenas ao conceito jurídico-penal de 
corrupção, mas também a ilícitos que remetam às 
violações de deveres funcionais correlatos ». 
 OSÓRIO, Fábio Medina. Compliance anticorrupção: aspectos gerais. CUEVA, Ricardo Villas Bôas; FRAZÃO, 
Ana (Coordenadores). Compliance: perspectivas e desafios dos programs de conformidade. Belo 
Horizonte: Fórum. 2018. p. 324. 
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 As Convenções definem corrupção? 
- Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção 
 -Convenção sobre o Combate à Corrupção de 
Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações 
Comerciais Internacionais 
 -Convenção Interamericana Contra a Corrupção 
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 Convenções somente elencam rol de ilícitos 
relacionados à corrupção: 
 (a) suborno de funcionários públicos nacionais; 
 (b) suborno de funcionários públicos estrangeiros e de funcionários de organizações 
internacionais públicas; 
 (c) malversação ou peculato, apropriação indébita ou outras formas de desvio de 
bens por um funcionário público; 
 (d) tráfico de influências; 
 (e) abuso de funções; 
 (f) enriquecimento ilícito; 
 (g) suborno no setor privado; 
 (h) malversação ou peculato de bens no setor privado 
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 Até 2012: « o abuso de cargo público para ganhos 
privados » 
 (somente corrupção pública) 
 A partir de 2012: « o abuso do poder confiado para 
ganhos privados » 
 (business-to-business ou B2B) 
 
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 - Tendência internacional de criminalização da corrupção 
no âmbito privado (a exemplo de países como Inglaterra, 
Alemanha, Itália e Espanha, que já possuem um tipo penal 
de corrupção privada). 
 - Artigo 172 do PLS 236/2012, Projeto de Reforma do 
Código Penal, se aprovado for o Brasil passará a introduzir 
no Brasil o crime de « corrupção entre particulares » 
 - Corrupção não ocorre só no Poder Público – Não vinga 
a afirmação de Gary Becker que « se abolirmos o Estado, 
abolimos a corrupção » 
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 Exemplo de corrupção privada: 
 
 Funcionário da Construtora A - - - > cotação 
materiais Empresa X , Y e Z. Empresa Z concede 
percentual da venda para o funcionário da 
construtora, mesmo que o valor esteja mais alto. 
 Lesados: consumidores, sócios / acionistas etc. 
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Caso 
Alemanha – 2ª Guerra Mundial – judeus proibidos de 
emigrar – leis antijudaicas – propina de à funcionário 
público para família escapar do país. 
- Ilegal x moral 
- “Interesse público”  de quem? foi corrupta? Foi legal? 
Foi imoral? 
- pensar em corrupção requer pensar no processo político 
– crença que o legislador acerta 
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Corrupção sempre é ruim? 
 
Abraham Lincoln – subornou parlamentares  
abolição da escravatura - foi uma avanço 
humanitário 
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 Características da corrupção: 
 (i) abuso de posição 
 (ii) violação de um dever previsto no sistema 
normativo 
 (iii) benefício futuro “extraposicional” (ainda que 
não se concretize) 
 (iv) sigilo 
 George Sarmento: « Ninguém fala, ninguém vê, 
ninguém escuta: essa é a regra » 
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Grande corrupção x pequena corrupção 
Novas Medidas contra a corrupção, elaborado pela 
Transparência Internacional (em conjunto com a FGV-
SP)  Proposta número 58: pretende alterar o 
sistema sancionatório para que haja um 
recrudescimento punitivo com relação à grande 
corrupção 
 Penas (4 a 12 anos da corrupção) sejam dobradas 
quando o dano causado ou o produto do ilícito for 
igual ou superior a 1000 salários mínimos 
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Consequências corrupção: 
(i) (i) Distorce a concorrência: privilegiando granes grupos 
econômicos, estimulando ainda mais a concentração de 
poder; 
(ii) (ii) Desvirtua a alocação de recursos; 
(iii) (iii) Prejudica o desenvolvimento do país; 
(iv) (iv) Crises de confiança dos cidadãos nas instituições, na 
classe política (mina a democracia); 
(v) (v) prejuízos financeiros; 
(vi) (vi) impactos negativos nas políticass públicas. 
 
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 Navy Pillay (alto comissariado dos Direitos Humanos 
da ONU) 
 - corrupção mata em razão da fome, porque o custo 
da corrupção é oitenta vezes maior do que o 
necessário para alimentar pessoas que passam fome 
no mundo 
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 Custos com a corrupção: 
 (i) BANCO MUNDIAL (2017): 
 1,5 trilhão de dólares todos os anos em propinas 
no mundo 
 (ii) FIESP (BRASIL) – 2010: 
 Custo médio anual: 1,38% a 2,3% do PIB, ou seja, 
de 50,8 bilhões a R$ 84,5 bilhões de reais 
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Improbidade administrativa (2006-2016): 
 
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 Proposta número 68 - Novas Medidas contra a 
Corrupção 
 (i) Aperfeiçoar a recuperação de bens obtidos em decorrência de atos 
de improbidade administrativa 
 (ii) Problema a ser resolvido: difícil recuperação  ocultação e 
dilapidação do patrimônio por agentes ímprobos. 
 (iii) Proposta: é deixar mais clara a possibilidade de adoção de medida 
cautelar de indisponibilidade de bens do indiciado, quando o ato de 
improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar 
enriquecimento ilícito. 
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 Problemas mais importantes no Brasil 
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 Confiança nas instituições (1º sem/2017) 
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 Aumento da 
corrupção nos 
últimos 12 meses? 
 
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Zeid Ra’ad Al Hussein (chefe de direitos humanos das 
Nações Unidas): corrupção « corrói » direitos 
humanos, é « corrosiva com a agenda de direitos 
humanos e precisa ser lidado com mais seriedade » 
Corrupção Direitos Humanos 
Somente em 2003: Comissão de Direitos Humanos 
(CDH) da Organização Nações Unidas demonstrou 
profunda preocupação com o fato do fenômeno da 
corrupção prejudicar gravemente a fruição dos direitos 
humanos, sejam eles econômicos, sociais e culturais ou 
civis e políticos 
E no Brasil? 
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Flávia Piovesan: 
 
ESCOPO FUNCIONAL NA RELAÇÃO DIREITOS HUMANOS E CORRUPÇÃO: 
 
« al pretender combatir la corrupción bajo el enfoque de violación a los derechos humanos, se 
busca llamar la atención de los agentes públicos y de la sociedad sobre la gravedad del 
acto y así afrontar a corrupción con mas conciencia y rigor » 
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Flávia Piovesan: 
 
ESCOPO FUNCIONAL NA RELAÇÃO DIREITOS HUMANOS E CORRUPÇÃO: 
 
« al pretender combatir la corrupción bajo el enfoque de violación a los derechos humanos, se 
busca llamar la atención de los agentes públicos y de la sociedad sobre la gravedad del 
acto y así afrontar a corrupción con mas conciencia y rigor » 
Conselho Internacional de Políticas de Direitos Humanos: 
 
 que essa correlação «puede convencer a los actores claves (funcionarios publicos, 
parlamentarios, jueces, fiscales, abogados, empresarios, banqueros, contadores, los medios 
de comunicación y el público en general) para que 
encaren con mayor rigor la corrupción »” 
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Flávia Piovesan: 
 
Vinculação umbilical in re ipsa (presumida) entre corrupção e violação de direitos 
humanos autorizaria a relatvização de direitos e garantias fundamentais atinentes ao 
suposto agente corrupto / corruptor, já que, aplicando-se o princípio da proporcionalidade, 
a gravidade da violação (presumida) aos direitos humanos teria geralmente um peso 
maior na balança e justificaria a relativização. 
 
 
 
Proporcionalidade 
 
Direitos humanos (corrupção – maior gravidade) 
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Outros direitos 
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Flávia Piovesan: 
 
Vinculação umbilical in re ipsa (presumida) entre corrupção e violação de direitos humanos 
autorizaria a relatvização de direitos e garantias fundamentais atinentes ao suposto agente 
corrupto / corruptor, já que, aplicando-se o princípio da proporcionalidade, a gravidade da 
violação (presumida) aos direitos humanos teria geralmente um peso maior na balança e 
justificaria a relativização. 
 
 
 
Proporcionalidade 
 
Direitos humanos (peso maior presumido) 
X 
Outros direitos 
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direito de compartilhar informações (mesmo que 
confidenciais) envolvendo atos de corrupção 
interesse público em combatê-la, e, assim sendo, a 
liberdade de expressão teria papel fundamental nesse 
enfrentamento, pois permitiria fazer atingir a « cultura 
política que incentiva, nutre e reforça a exposição e 
punição da corrupção » - Julgado do Tribunal Europeu 
dos Direitos Humanos ─caso Guja vs. Maldávia, 1 
4277/04 
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SÉRGIO MORO: 
Levantamento do sigilo 
áudio relativo a uma interceptação telefônica 
Lula e Dilma 
 
 « tratando de processo de apuração de possíveis crimes contra a Administração Pública, o 
interesse público e a previsão constitucional de publicidade dos processo (art. 5º, LX, e art. 93, 
IX, da Constituição Federal), impedem a imposição da continuidade do sigilo », e que o 
levantamento propiciaria « assim não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas 
também o saudável escrutínio público sobre a atuação da Administração Pública e da 
própria justiça criminal. A democracia e uma sociedade livre exigem que os governados 
saibam o que fazem os governantes » 
Convenção da Nações Unidas contra a Corrupção: art. 13, 1, d) Respeitar, promover e proteger a liberdade de buscar, 
receber, publicar e difundir informação relativa à corrupção. Essa liberdade poderá estar sujeita a certas restrições, 
que deverão estar expressamente qualificadas pela lei e ser necessárias para: i) Garantir o respeito dos direitos ou 
da reputação de terceiros; ii) Salvaguardar a segurança nacional, a ordem pública, ou a saúde ou a moral 
públicas. 
artigo 5º, inciso XII, CF/88: comunicações telefônicas são invioláveis 
salvo por ordem judicial nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal 
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RESULTADO; 
 
 
 
Direito humanos como um exercício de retórica que termina violando os próprios direitos 
humanos. 
 
 
 
DANIEL SARMENTO: « a defesa dos valores republicanos ─especialmente, o combate à 
corrupção─ é vista como fim maior, que legitima graves restrições aos direitos humanos », tudo 
em vista a promover a « ‘salvação pública’ e a nobreza do fim justifica qualquer meio 
empregado ». 
 
SARMENTO, Daniel. Por uma república inclusiva: usos e abusos do princípio republicano nos 30 anos da Constituição Federal. 
In: BOLONHA, Carlos; OLIVEIRA, Fábio Corrêa Souza de. 30 anos da Constituição de 1988. Belo Horizonte: Fórum. 2019. p. 
70. 
 
 
 
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Anne Peters : «no todo acto corrupto constituye una violación de los derechos 
humanos ». 
 
PETERS, Annee. Corrupción y derechos humanos. In: ANTONIAZZI, Mariela Morales; TABLANTE, Carlos (Ed.). Impacto de la 
corrupción en los derechos humanos. Querétaro: Instituto de Estudos Constitucionales do Estado de Querétaro. 2018. p. 61 
 
 
 ECOWAS Court of Justice: única vez que um organismo internacional foi chamado a julgar a 
violação dos direitos humanos pela corrupção 
SERAP vs. Nigeria 
The Socio-economic rights and accountability project - SERAP vs. The Federal Republic of Nigeria 
and Universal Basic Education Commission – UBEC 
 
 Não se reconheceu que o desvio de 13 milhões que seriam destinados à educação no governo 
Nigeriano foi causa da negação do direito à educação (violação do direito humano à educação) 
 
Um país vasto como a Nigéria, com seus enormes recursos, dificilmente se poderia dizer que um 
ato isolado de corrupção contido em um relatório tenha consequências tão devastadoras quanto a 
negação do direito à educação 
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Pressuposto que corrupção viola automaticamente direitos humanos é equivocado: 
 
Aumento de proposições de projetos  recrudescimento das sanções 
penais relacionadas à corrupção, a exemplo do Projeto de Lei 4.850/2015 (« 
Dez medidas contra a corrupção ») e do Projeto de Lei do Senado 204/2011 
(PL 5900 – Câmara dos Deputados) 
 
- Aumentar as penas dos crimes de peculato, concussão, excesso de 
exação, corrupção passiva ou corrupção ativa, 
- incluí-los no rol dos crimes hediondos previsto na Lei 8.072/1990 (Lei dos 
Crimes Hediondos) 
 
v.g.: paciente que suborna um funcionário público de um hospital público para ser 
atendido preferencialmente em razão de seu estado de saúde considerado precário; 
ou um desvio de pequeno valor dos cofres públicos uma única vez 
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Considerar toda corrupção como atentatória aos direitos humanos é se 
aproximar da lógica do delito de acumulação (kumulationsdelikte) proposta por 
Lothar Kuhlen 
corrupção inexpressiva  punição severa  evitar as 
consequências lesivas advindas da difusão deidêntica 
prática na sociedade, ou seja, que « a possibilidade certa 
de que dita conduta ─ não lesiva per se ─ se realize 
também por outros sujeitos, de modo que o conjunto de 
comportamentos culminará certamente lesionando o 
correspondente bem jurídico ». 
Joel Feinberg « E se todo mundo fizesse isso?» (« 
what if everybody did it ?» 
Se todos praticassem pequenos atos de corrupção? 
Justificaria considerar pequenos atos de corrupção como 
violadores de direitos humanos, pois a somatória de atos 
levaria a violar bens jurídicos integrantes desses direitos 
Roland Hefendehl, a 
adoção da lógica da 
acumulação 
ofereceria um 
equivalente material 
apto a suprir a 
ausência de uma 
causalidade lesiva 
real da conduta 
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CRÍTICAS DA MAIOR SEVERIDADE DA SANÇÃO TENDO EM CONTA A 
LÓGICA DOS DELITOS DE ACUMULAÇÃO: 
a) essa lógica leva à atribuição de (maior) responsabilidade com fulcro em 
fato de terceiro (e não próprio); 
b)viola os princípios da intranscendência/ pessoalidade e da culpabilidade 
Esse princípio desautoriza que alguém seja responsabilizado penalmente por 
fato de outrem 
c) permite a responsabilização criminal de bagatelas 
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EXISTE UM DIREITO HUMANO A NÃO CORRUPÇÃO? 
Andrew Spalding - right to be free from corruption 
a) Corrupção é termo de difícil compreensão, o que faria perder a sua aceitação e assertividade no 
plano factual; 
 
b) Corrupção trata-se de uma forma de violação a direitos e não da própria consequência; 
 
c) Os problemas da vida social não devem simplesmente ser traduzidos em um imenso catálogo de 
direitos subjetivos e ali esquecidos. 
 
d) O mero enquadramento em direito humano não funciona. 
 
Conclusão: é apenas uma forma de violação dos direitos humanos 
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INDULTO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.874 DISTRITO FEDERAL 
PGR: reduziu o tempo de cumprimento de pena que ignora 
a pena aplicada; extinguiu as multas aplicadas; extinguiu o 
dever de reparar o dano; extinguiu penas restritivas de 
direito, sem razões humanitárias que justifiquem tais 
medidas e tamanha extinção da punibilidade 
PGR: Decreto nº 9246/17, especificamente no artigo 1º -I, § 
1º – I e nos artigos 2º, 8º, 10 e 11, é inconstitucional por 
violar, dentre outros, os princípios da individualização da 
pena, da separação dos poderes e da proteção jurídica 
suficiente dos bens jurídicos constitucionalmente 
tutelados 
ALEXANDRE DE MORAES: o texto constitucional não instituiu os delitos relacionados à corrupção como 
insuscetíveis de graça ou indulto; tampouco, até o presente momento, o Congresso Nacional classificou-os como 
crimes hediondos, o que, consequentemente, impediria a clemência soberana 
CF/88, Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] XII - conceder indulto e comutar penas, 
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; 
LIMITES: Lei 8.072/1990 Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; 
Luís Roberto Barroso (relator - contra o decreto) - voto : 
fica vedada a concessão de indulto aos crimes do 
chamado "colarinho branco", como corrupção e peculato, 
e só poderá ser beneficiado quem cumpriu pelo menos um 
terço da pena, de no máximo oito anos. Para o relator, a 
corrupção é um crime "violento", praticado por gente 
"perigosa". Afirmou, ainda, que a corrupção "mata na fila do 
SUS, mata na falta de leitos, falta de medicamentos, mata nas 
estradas que não têm manutenção adequada". A corrupção, 
acrescentou, "destrói vidas que não são educadas 
adequadamente em razão da ausência de escolas, 
deficiências de estruturas e equipamentos". 
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Semente do enfrentamento à corrupção no plano global 
 
- Escândalo de Watergate em 1974- EUA 
 
- Levou à aprovação em 1977 da FCPA – Foreign Corrupt Pactices Act 1977 
 
- DOJ (Departament of Justice) e SEC (Security Exchange Commission) 
 
- Law Enforcement somente a partir dos anos 2000 
 
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GLOBALIZAÇÃO 
 
- EUA acreditou que a FCPA levou a desvantagens competitivas com relação a outros países 
que não tinham uma lei de enfrentamento à corrupção. 
 
- A incapacidade de subornar face à FCPA acabaria fazendo determinadas empresas 
americanasa perder mercado no âmbito internacional. 
 
 
EUA pressiona a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a 
negociar um tratado internacional com o fim de obrigar as economias de mercado a adotarem 
uma legislação anticorrupção semelhante à americana (a FCPA - Foreign Corrupt Practices 
Act de 1977), evitando assim fenômenos como: 
 
- Race to the bottom – país não regulamenta propositalmente e nem impõe medidas 
sancionatórias para atrais ou reter determinados agentes econômicos em suas jurisdições. 
 
- Grease money – a corrupção seria importante para países em desenvolvimento, desde que 
seja para causar danos apenas ao país estrangeiro 
 
 
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Pressão internacional ---> RESULTADO: 1978, na Convenção sobre o Combate a Corrupção 
de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais da 
OCDE. 
 
Países signatários – elaboração de leis repressivas, estabelecendo sanções a autores ou 
partícipes de corrupção de funcionários públicos estrangeiros ligados a transações Comerciais 
Internacionais. 
 
BRASIL: Código Penal, por meio da Lei 10.467/2002, criando aos tipos penais de corrupção 
ativa em transação comercial internacional e o tráfico de influência em transação 
comercial internacional (respectivamente: arts. 337-B e 337-C, ambos do Código Penal). 
 
RAZÕES DO ENFRNETAMENTO: MERAMENTE 
ECONÔMICAS (RELAÇÕES COMERCIAIS) 
 
Jürgen Habermas, o capital substituiu a centralidade da 
teoria do poder, gerando uma regulação por mecanismos 
exclusivamente econômicos 
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MANDADOS CONSTITUCIONAIS ANTICORRUPÇÃO: 
- art. 5º, LXXIII (legitimidade de todo cidadão para propor ação popular visando à tutela da res publica); 
 
- art. 14, § 9º (previsão de inelegibilidade em casos de quebra das regras de probidade administrativa, 
moralidade para exercício do mandato, normalidade e legitimidade das eleições); 
 
- art. 37, caput (submissão da Administração Pública à obediência dos princípios gerais da moralidade, 
publicidade e impessoalidade); 
 
- art. 37, II e XXI (exigência constitucional de concurso público e licitação); 
 
- art. 37 § 4º c.c. 15, V (suspensão de direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos 
bens, ressarcimento ao erário, sem prejuízo das cominações penais, em casos de improbidade 
administrativa); 
 
- art. 129, III (defesa do patrimônio público pelo Ministério Público); 
 
- art. 85 (previsão de crimes de responsabilidade do Presidente da República, que atentam contra a 
probidade na administração). 
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SOCIEDADE DE RISCO (Ulrich Beck) 
- Consumo de massa 
- Riscos ambientais 
- A financeirização do capital e o aumento significativo de relações e fluxos financeiros em nível global 
criaram riscos de crises financeiras sistêmicas, como o colapso dos mercados financeiros ; 
- integração mundial do mercado financeiro extremamente complexo e veloz, a infinita quantidade de 
transações financeiras em curtos espaços de tempo entre vários países facilitadas pelos avanços 
tecnológicos 
- ganhos privados ilícitos fossem obtidos pelo abuso de poder de meios públicos ou privados 
(corrupção) e riscos de crise e pânico financeiros. 
 
Exemplo: Empresa ERON – 2001- intrincado mercado financeiro – realizou fraudes na contabilidade, 
levando investidores a aplicar recursos em uma empresa que estava falida (fato encobertado pela 
fraude) 
 
- Paraísos Fiscais etc. 
- Empresas passaram a ser consideradas fontes de risco – POR ISSO DO COMPLIANCE (não são 
vistas mais unicamente como vítimas da corrupção 
- Terrorismo 
- Crime organizado transnacional 
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SOCIEDADE DE RISCO (Ulrich Beck) 
- Os riscos formam uma nova ética de responsabilidade planetária, orientada para o futuro. 
Demanda do Estado o controle e a mitigação dos riscos 
RISCOS 
 
 
« vitimização difusa » 
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Controle dos riscos por meio do direito punitivo 
 
direito administrativo sancionador 
e 
direito penal 
 
ESTADO GERENCIAL 
“Administrativização da vida” 
 
Agências de controle – exigência de especialização em um mundo complexo 
 
Necessidade de rápidas adequações em razão das tecnologias que não param de 
desenvolver 
« administrativização do direito penal » 
(normas penais em branco, tipos penais abertos, crimes de perigo abstrato etc.) 
« penalização do direito administrativo » 
(normas punitivas para conformar atividades) 
Helena Regina Lobo da Costa, o 
pensamento de Ulrich Beck serviu 
como « verdadeiro canto das 
sereias para a produção penal [e do 
direito administrativo sancionador] 
contemporânea », tornando-se 
fundamento da defesa por uma nova 
dogmática penal, especialmente na 
seara da criminalidade econômica. 
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Winfried Hassemer 
Proposta: direito de intevenção: 
 
Intermediário entre o direito administrativo e o direito penal 
 
- Menos garantias (maior elasticidade no juízo de subsunção tipo incriminador) 
 
- Sanções menos severas (sem pena privativa de liberdade) 
 
- Resistência ao direito penal para a proteção de bens jurídicos difusos e coletivos 
 
- O direito penal deve ficar reservado ao seu núcleo duro: vida, integridade física, liberdade e 
patrimônio (ultima ratio do direito penal) 
 
Santiago Mir Puig: « prostituição do direito penal »  uso do direito de intervenção 
para obter maior eficácia punitiva 
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Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial: 
 
transferência da tutela de bens jurídicos que estavam subsumidos ao direito penal para um 
regime contraordenacional ou de mera ordenação social (primeira Lei Geral sobre 
Contraordenações -Ordnungswidrigkeiten- OWiG de 1952, alterada posteriormente em 1968) 
em preservação ao princípio da ultima ratio penal (contramovimento ao expansionismo 
penal gerado no período bélico que tinha por fito aplacar o autoritarismo e as 
insurgências contra o Estado) 
 
E no Brasil? Aparente livre-arbítrio legislativo, expandiu, de forma assistemática, o uso do 
direito administrativo sancionador em reforço da norma penal (e não como forma de « 
fuga » do direito penal). 
 
RESULTADO: Sobreposições de figuras normativas sancionatórias 
 
MOVIMENTO DE DESCODIFICAÇÃO  COLCHA DE RETALHOS LEGISLATIVA 
(HASSEMER) 
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SOCIEDADE DE RISCO (Ulrich Beck) 
Jürgen Habermas  « constelação pós-nacional » (Postnätionäl Constellätion) 
 
 
Fenômeno originário do processo de globalização transnacional e transculutral 
 
Que levou a uma série de circunstâncias complexas na sociedade, 
levando mercados globais a escaparem ao controle e a uma aceleração incontrolável dos 
processos de modernização, devastando as infraestruturas políticas dos Estados nacionais e 
deixando-os cada vez mais incapazes de administrar suas economias. 
 
A própria criminalidade econômica passa a ser reflexo disso, mormente no que tange às 
fraudes corporativas. Para combater a criminalidade econômica não se sustenta mais uma 
atuação isolada do Estado. O Estado por si só é incapaz de atingir certos objetivos e de resolver 
certas situações geradas pela globalização 
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JUSTIÇA ADJUDICADA JUSTIÇA CONSENSUADA 
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 CASO BANESTADO – 2003 (10 anos antes da Lei 12.850/2013) 
 
 
 
 
 
 
 VLADIMIR ARAS 
 
 
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Início da operação “Mãos Limpas” (“mani pulite”) – década de 90 
ex-mafioso Tommaso Buscetta (“PENTITO”) - primeiro 
mafioso arrependido da história 
Máfia “Cosa Nostra” 
Juiz instrutor Giovanni Falcone 
Descobriu-se esquemas de fraude em licitações irregulares e crimes de 
corrupção 
Milão – Cidade do suborno (“Tengentopoli”) 
Salvatori Totò Riina – líder da Cosa Nostra 
RESULTADOS: 
-extinção de muitos partidos políticos, levando muitos industriais, políticos, 
advogados e magistrados à prisão, enquanto outros envolvidos realizaram 
fugas espetaculares; 
-12 pessoas se suicidaram 
-2 993 mandados de prisão foram expedidos 
-6 059 pessoas estiveram sob investigação, incluindo 872 empresários, 
978 administradores locais e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam 
sido primeiros-ministros. 
-Várias cooperações jurídicas internacionais 
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 Início da operação “Lava Jato” (17 de março de 2014) 
 Delator Paulo Roberto da Costa (1º delator da Lava Jato) 
 
 
 
 
 
 
 
 Lei 12.850 de 2 de agosto de 2013 (entrou em vigor 45 dias após sua 
publicação) – FORMA CONTRATUAL DA COLABORAÇÃO PREMIADA 
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ADPFs 395 e 444 : STF  inconstitucional a 
expressão "para interrogatório", 
constante do art. 260 do CPP, segundo o qual, em 
caso de o acusado 
não atender à intimação para prestar depoimento, a 
autoridade 
poderia mandar conduzi-lo à sua presença. 
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https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI281835,31047-STF+Conducao+coercitiva+para+interrogatorio+e+inconstitucional
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ROBERTO ALFONSO: 
a) Os maxi-julgamentos não são uma "forma" processual, são antes uma realidade gerada pelas 
declarações dos colaboradores da justiça, cujas características não permitem avançar por um único 
réu e por uma única imputação. As declarações dos colaboradores, como todos sabem, são 
caracterizadas por peculiaridades específicas que as diferenciam das declarações feitas por outros 
declarantes em processos de crime não organizado. 
 b) Declarações dizem respeito a eventos criminais prolongada no tempo e no espaço 
(CORRUPÇÃO ESTRUTURAL – vários fatos, varios autores, vários partícipes) 
c) os crimes delatados envolvendo dezenas, senão centenas de pessoas e centenas de atos criminosos 
mais ou menos sérios, relativos à responsabilidade dos mesmos colaboradores e outras pessoas. 
 Em suma, se os arrependidos falam, é maxi-julgamento 
 
(ALFONSO, Roberto. Introduzione il fenômeno del “pentitismo” e il maxiprocesso. In: ALFONSO, 
Roberto; CENTONZE, Alessandro; TINEBRA, Giovanni. Fenomenologia del maxiprocesso: venti anni 
di esperienze. Milano: Giuffrè. 2011. p. 12-13). 
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LUIGI FERRAJOLI (DIREITO E RAZÃO - O gigantismo processuale os maxiprocessos) 
"gigantismo processual", três dimensões: 
a) horizontalmente, com abertura de megainvestigações contra centenas de imputados, mediante 
prisões baseadas em frágeis indícios como primeiros e prejudiciais atos de instrução; 
b) verticalmente, com a multiplicação sobre a responsabilidade de cada imputado dos delitos 
adjudicados, circularmente deduzidos uns dos outros - os delitos associativos dos delitos específicos 
e vice-versa - ou bem induzidos a título de concurso moral dos adstritos aos coimputados; 
c) temporalmente, com a prolongação desmesurada dos processos que se arrastam frequentemente 
sem razão, às vezes com intervalos de anos entre a conclusão da instrução e a abertura do juízo, de 
modo que se cumpra o máximo da prisão preventiva. 
 
Para não falar das duplicações ou multiplicações dos processos pelas mesmas causas: 7 de abril 
romano, 7 de abril paduano, 7 de abril milanês; investigações Moro um, Moro-bis, Moroter, Moro-quater, 
investigações Rosso um, Rosso dois, e similares. Os processos tomaram, assim, a forma de 
labirintos intrincados, de modelos em expansão entrelaçados entre si e concorrentes, de 
montanhas de papel mensuráveis por toneladas, por dezenas de mil páginas com a conseguinte 
neutralização do princípio da publicidade do processo e as possibilidades materiais de defesa. 
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LUIGI FERRAJOLI (DIREITO E RAZÃO - O gigantismo processual e os maxiprocessos) 
 
 
Esta expansão pluridimensional dos processos é, sem dúvida, um efeito da mutação substancial 
das figuras de crime e dos métodos de verificação da verdade. 
 
E claro que quando um processo não tem já como objeto de investigação um feito criminal 
determinado, mas, apenas, pretende investigar toda uma fenomenologia criminal em todas as 
suas complexas dimensões políticas e sociais, inevitavelmente se transforma em uma 
investigação historiográfica, ou numa investigação sociológica... 
 
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(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
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MULTIPLICIDADE DE ESFERAS SANCIONATÓRIAS 
(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
ius puniendi é de atribuição exclusiva do Estado brasileiro 
Única Exceção: artigo 57 do Estatuto do Índio (Lei 
6.001/1973), que é a aplicação de sanções penais ou 
disciplinares por grupos tribais contra seus próprios 
membros, de acordo com as instituições próprias, desde 
que nào revistam de caráter cruel ou infamante, proibida 
em qualquer caso a pena de morte. 
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MULTIPLICIDADE DE ESFERAS SANCIONATÓRIAS 
(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
ius puniendi é de atribuição exclusiva do Estado brasileiro 
Única Exceção: artigo 57 do Estatuto do Índio (Lei 
6.001/1973), que é a aplicação de sanções penais ou 
disciplinares por grupos tribais contra seus próprios 
membros, de acordo com as instituições próprias, desde 
que nào revistam de caráter cruel ou infamante, proibida 
em qualquer caso a pena de morte. 
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MULTIPLICIDADE DE ESFERAS SANCIONATÓRIAS 
(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
ALICE VORONOFF: Indefinições teóricas e interpretativas em torno do catálogo de direitos e 
institutos do direito penal que possa ser transportado para o campo do direito administrativo 
sancionador geram decisões casuísticas e repletas de « exceções ad hoc: mediante afirmações 
contraditórias, não justificadas, que tanto podem levar a resultados de superproteção de 
particulares, como prejuízo para a isonomia e para a efetividade do direito administrativo, como de 
fragilização dos direitos desses particulares » 
Pablo Rando Casermeiro quando assevera que: 
 « la indefinición de los cometidos de ambos sectores del ordenamento punitivo está perjudicando la 
eficácia del sistema punitivo em su conjunto, a la vez que hace peligrar los tradicionales limites impuestos 
al poder punitivo com el fin de garantizar la liberdad ciudadana ». 
 
« tal situación contribuye em no poca medida a uma política sancionadora incontrolada, y por lo tanto a 
la expansión arbitraria del derecho punitivo y, dentro de él, particularmente, del derecho administrativo 
sancionador » 
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MULTIPLICIDADE DE ESFERAS SANCIONATÓRIAS 
(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
Expansionismo paralelo dos dois ramos relativos ao sistema punitivo brasileiro torna-se 
incontrolável em face da ausência de uma política sancionadora integrada, que gera 
muitas vezes incoerênciae desproporcionalidade sancionatórias, vindo a vulnerar 
direitos fundamentais dos particulares 
Mireille DELMAS-MARTY, Mireille: Se a coexistência de sanções penais e administrativas é, por 
vezes, antiga, o problema da sua coordenação é fundamentalmente novo, precisamente devido 
à extensão dos poderes sancionatórios concedidos à administração pública desde a Segunda 
Guerra Mundial (. I problemi giuridici e pratici posti dalla distinzione tra diritto penale e diritto 
penale amministrativo. in: Rivista Italiana di Diritto e procedura Penale, 48 1987. p. 732). 
A ausência de balizas teóricas consistentes na definição dos espaços ocupados pelo 
direito administrativo sancionador e pelo direito penal e a falta de uma política 
sancionatória harmônica e coordenada entre os referidos ramos induz ao expansionismo 
punitivo penal e extrapenal (administrativo) e, consequentemente, à sobreposição irracional 
de punições e de concorrência cumulativa entre variadas « justiças » sancionatórias. 
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« Elefantiasis » dos poderes sancionatórios no âmbito 
da corrupção empresarial 
Aparato repressivo estatal contra a corrupção, havendo para tanto uma SIMBIOSE entre direito 
administrativo sancionador (v.g.: Lei « Anitcorrupção », Lei de Improbidade Administrativa; Lei de 
Licitações; Lei Antitruste etc.) e direito penal em todas as suas velocidades (1ª velocidade: 
Código Penal; 2ª velocidade: algumas Leis Penais extravagantes; 3ª velocidade: Lei do Crime 
Organizado etc.). 
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MULTIPLICIDADE DE ESFERAS SANCIONATÓRIAS 
(PENAL x ADMINISTRATIVO SANCIONADOR) 
 
 
CAIO FARAH RODRIGUEZ (USP): 
Técnica de institucional design que evita que 
microssistemas punitivos 
sejam capturados (FAVORÁVEL À MULTIPLICIDADE 
INSTITUCIONAL) 
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EM BUSCA DE DISTINÇÕES ENTRE 
DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR 
X 
DIREITO PENAL 
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CONCEITO DE FORÇA-TAREFA: mobilização de meio de mais de um órgão 
público, que se articulam para atingir metas submetidas a planejamento 
estratégico. 
 
-------------------------------------------------------------------------------- 
- Violação ao Princípio do promotor natural? 
Princípio do promotor natural: "ninguém será processado nem 
sentenciado senão por autoridade competente" (art. 5º, LIII, da CF). 
-------------------------------------------------------------------------------- 
 
- CELSO DE MELLO (HC, 67.759/RJ): 
a) Necessita de interpositivo legislatoris para sua efetividade 
b) Proíbe a figura do acusador de exceção 
c) Exige a determinação do acusador em base em regras abstratas e 
preexistentes 
 
 
 
 
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Força-tarefa 
MPF 
Caso 2 Caso 3 Caso 4 
Caso 1 
Caso 5 
Prova emprestada 
5 anos de investigação: Casos 1 + 2 + 3 + 4 
 
- O réu do caso 5 terá dificuldades de identificar onde foram formadas as provas documentais emprestadas 
- O réu terá dificuldades de ter acesso aos processos em que as provas foram formadas 
- O réu do caso 5 não participou muitas vezes da formação daquela prova juntada (exemplo: uma audiência 
realizada em outro caso que incrimine o réu do caso 5) 
- Paridade de armas? O tratamento igualitário das partes é a medula do devido processo legal (STF, HC 83.255/SP, 
Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 12/03/2004 
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