Prévia do material em texto
GERENCIAMENTO DE RISCOS Jeanine dos Santos Barreto Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 F838g Fraporti, Simone. Gerenciamento de riscos / Simone Fraporti, Jeanine Barreto ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. 166 p. ; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-334-5 1. Administração. 2. Gestão de riscos. I. Barreto, Jeanine. II. Título. CDU 658.88 Revisão técnica: Gisele Lozada Graduada em Administração de Empresas Especialista em Controladoria e Finanças Fraude versus riscos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a verificação qualitativa e quantitativa dos riscos. � Definir a priorização dos riscos. � Relacionar a fraude e o contexto do gerenciamento de riscos. Introdução O gerenciamento de riscos, mesmo tendo como propósito a diminuição ou a eliminação das chances de riscos negativos, não é suficiente para anular todas as chances de riscos, principalmente de fraudes. Nesse sentido, é fundamental que seja feita a avaliação e a análise de todos os riscos, a fim de priorizá-los e dar o devido tratamento àqueles que forem considerados mais importantes e impactantes para os objetivos da organização. Neste capítulo, você irá estudar a verificação qualitativa e quantitativa dos riscos, a priorização dos riscos e a relação entre a fraude e o contexto da gestão de riscos. Verificação qualitativa e quantitativa dos riscos A verificação quantitativa e qualitativa dos riscos é o conjunto de atividades que serve para aumentar o entendimento dos fatores de risco enfrentados pela organização, permitindo a decisão sobre quais riscos devem ser tratados. A atividade de verificação de riscos deve ser documentada de forma detalhada, permitindo revisões e auditoria (BRASIL, 2013). Verificar os riscos de forma qualitativa e quantitativa torna possível determinar o nível dos riscos, do ponto de vista individual e também em comparação com os demais, o que visa permitir a priorização dos riscos, destacando aqueles que são os principais riscos positivos e negativos, a fim de que se evite assumir riscos que possam trazer grandes prejuízos ou perder oportunidades em potencial. É importante frisar que a verificação qualitativa e quantitativa deve per- correr toda a listagem de fatores de risco da organização. Cada fator de risco deve ser valorado, baseando-se em critérios que são definidos pela equipe de gestão de riscos. Essa avaliação sempre é iniciada pela forma qualitativa, para que depois se avance para a avaliação quantitativa de cada risco. A verificação dos riscos compreende a definição de probabilidades de concretização para cada fator de risco e do impacto que as suas consequências podem ter sobre os objetivos da organização como um todo. A probabilidade de concretização de um fator de risco está associada às causas desse fator; já o impacto gerado sobre os objetivos da organização está associado às con- sequências ou efeitos do fator de risco. Um fator de risco pode estar ligado a várias causas, e a sua concretização pode estar ligada a vários efeitos. Cada efeito gerado por um risco pode trazer impactos diferentes para a organização, e cada causa pode evidenciar várias probabilidades de um risco se concreti- zar. As incertezas decorrem da falta de informação sobre o resultado de um acontecimento ou de uma decisão. É importante saber que sempre existirão incertezas em relação à cada risco, pois não se sabe se elas vão se concretizar ou não. Então, é importante que elas sejam todas identificadas e fiquem documentadas. Na Figura 1, você pode observar um esquema da análise de probabilidades e impactos. Fraude versus riscos86 Figura 1. Esquema da análise de probabilidade e impacto. A verificação dos riscos deve servir para identificar se existem controles na organização que sejam capazes de reduzir a probabilidade de concretização de um risco e prevenir os seus efeitos, para o caso de riscos negativos, ou estimular a probabilidade e aumentar os efeitos, no caso de riscos positivos. Inicialmente, o gerenciamento de riscos deve formar um entendimento qualitativo acerca dos objetivos estratégicos da organização e quais seriam os impactos dos eventos de riscos sobre cada um deles. Essa seria uma ava- liação para definir em que nível a organização fica exposta, quando um fator de risco se concretiza (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007). A avaliação qualitativa vai possibilitar a análise de cada risco de acordo com variáveis que são definidas previamente, como a probabilidade de concretização ou o impacto capaz de causar, a vulnerabilidade, a velocidade de propagação 87Fraude versus riscos dos efeitos e o tempo de exposição da organização ou persistência do impacto. Essa abordagem é mais fácil de ser aplicada, pois se baseia fortemente na intuição e no empirismo, podendo inclusive servir para valorar riscos com impactos intangíveis, como a reputação. Normalmente, impede avaliações do tipo custo x benefício e apresenta resultados imprecisos. Algumas técnicas de avaliação qualitativas incluem as pesquisas, os workshops e a avaliação de cenários qualitativos. Além da probabilidade e do impacto, existem outros aspectos que podem ser consi- derados no momento de avaliar um risco: � Vulnerabilidade: quanto uma organização está preparada para a concretização de um risco, considerando a existência de uma resposta a ele e a sua agilidade na resposta. � Velocidade: qual a velocidade em que o risco se concretiza, ou seja, se ele acontece de surpresa ou gradualmente. � Exposição: por quanto tempo e em que grau a organização fica exposta ao risco. Quando estiver terminada essa atividade de relacionar os fatores de risco com a estratégia da organização, a avaliação qualitativa deve ser transformada em uma avaliação quantitativa, que vai auxiliar no planejamento da empresa. A abordagem quantitativa precisa de valores numéricos e mais precisos para acontecer, servindo para avaliar a probabilidade ou o impacto gerado daqueles riscos que foram identificados na análise qualitativa, como aqueles que possuem maior probabilidade de concretização e de gerar maior impacto, por exemplo. Essa análise vai permitir avaliações do tipo custo x benefício e, também, a alocação de capital com base em dados válidos. Ela requer mais tempo para ser feita, mas apresenta resultados mais precisos, dependendo do grau de validade dos dados de entrada para os cálculos. Essa atividade de planejamento envolve o detalhamento, no mínimo, de todas as receitas e despesas organizacionais, os custos, os investimentos e o fluxo de caixa estimado. Será necessário considerar muitas variáveis econô- micas, como a tendência do mercado e das variáveis econômicas que afetam a organização. É preciso que o processo de gerenciamento de riscos seja capaz de quantificar as incertezas que podem estar envolvidas na fase de planejamento para projetar os resultados da organização em cenários econômicos diferentes. Fraude versus riscos88 O impacto financeiro causado pelos fatores de risco na organização pode ser aferido de forma quantitativa por meio de uma técnica que se chama planejamento sob incerteza ou técnica de cenários. Para que essa técnica seja aplicada, é preciso que a organização (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007): � utilize alguma ferramenta ou metodologia que viabilize fazer simulações de cenários; � tenha capacidade de formular cenários com as principais variáveis que afetam o negócio. A formulação de cenários diferentes requer pessoas capacitadas e com conhecimento em cada área estratégica da organização, pois ele deve ser detalhado, expressando o que cada elemento utilizado significa. Cada área estratégica da empresa deve contar com profissionais capacitados para construir cenários, prevendo o que pode acontecer com a organização na possibilidadede concretização de algum fator de risco. � Área comercial: pode prever vendas maiores ou menores. � Área financeira: pode prever variações para as variáveis econômicas e para o grau de inadimplência dos clientes. � Área de compras: pode prever ações para faltas de estoque no caso de greve de fornecedores. � Área de recursos humanos: pode prever como trabalhar com um contingente maior ou menor de funcionários. É interessante que, após serem traçados os cenários de cada área estraté- gica, sejam associadas à cada um deles as probabilidades que existem para que eles se confirmem. Isso vai auxiliar a quantificar os riscos e a estimar a possibilidade existente de que qualquer uma das métricas de desempenho da empresa fique abaixo do esperado. 89Fraude versus riscos A análise qualitativa dos riscos é subjetiva, ao passo que a análise quantitativa é objetiva. A análise qualitativa é feita depois de identificados os riscos, por meio da sua priorização, de modo subjetivo, para uma análise posterior utilizando a probabilidade de o risco se concretizar, e o impacto que ele pode causar. Na avaliação qualitativa também serão determinados os riscos que deverão ser avaliados quantitativamente, para que então seja construído um planejamento de resposta aos riscos. A análise quantitativa é feita por meio de uma análise numérica dos efeitos dos riscos na organização, definindo sua exposição a eles. Normalmente, são feitas análises de cenários, por pessoal de todas as áreas da empresa, simulando aqueles riscos que podem trazer mais impacto e possuem maior probabilidade de acontecer. Portanto, você pode entender o motivo pelo qual o gerenciamento de riscos que integra todas as áreas é tão importante, uma vez que prejuízos grandes podem ser evitados partindo-se de expectativas criadas por especialistas que, ao vislumbrar a sua concretização, conseguem desviar o rumo dos aconteci- mentos. Dessa forma, a organização ganha em autoconhecimento, em tomadas de decisões mais rápidas e efetivas, na redução de perdas significativas e no aumento do aproveitamento de ganhos, e todos esses elementos geram valor para a organização. Priorização dos riscos A priorização dos riscos serve para determinar o nível de cada fator de risco, de forma individual ou em comparação com os demais riscos. Dessa forma, será possível hierarquizar os principais riscos negativos e positivos, a fim de fazer o seu gerenciamento dentro dos limites estabelecidos pela organização e, também, evitar que sejam assumidos riscos maiores do que a organiza- ção pode suportar e que sejam desperdiçadas oportunidades em potencial (FRANCO, 2017). Essa hierarquização deve resultar em uma listagem de todos os princi- pais riscos que são enfrentados pela organização, refletindo qual o nível de aceitação da organização quanto a seus riscos e sua capacidade de modificar seus objetivos em prol de correr tais riscos, o que pode ser definido como o perfil de riscos. O perfil de riscos deverá considerar aspectos que vão além da Fraude versus riscos90 probabilidade de concretização e do impacto gerado, como a vulnerabilidade a que a organização está submetida e a velocidade de progressão do risco. O perfil de riscos envolve: � Apetite ao risco: que significa a quantidade de exposição ao risco que é aceitável para a organização, enquanto busca atingir seus objetivos. � Tolerância ao risco: que significa o nível de variabilidade na realização das metas e objetivos predefinidos, que é aceitável pela organização. O perfil dos riscos que são enfrentados pela organização devem ser docu- mentados de forma detalhada, para que facilite o bom andamento da atividade seguinte que consiste na comunicação dos riscos a todos os interessados e também na elaboração de um plano para o tratamento dos riscos. Uma boa prática para a avaliação e a priorização dos riscos consiste em duas fases (FRANCO, 2017): � Primeira fase: consiste em ordenar os riscos, seguindo no mínimo dois aspectos, que são a probabilidade de concretização e o tamanho do impacto gerado, conseguidos por meio da matriz de probabilidade x impacto. Os níveis de riscos vão ser o resultado das áreas em que a probabilidade e o impacto se cruzam na matriz, podendo, por exemplo, ser chamados de baixíssimo, baixo, médio, alto, altíssimo. Outra nomen- clatura poderá ser utilizada, a critério da equipe de gestão de riscos da organização, mas é importante saber que, quanto mais escalas ou níveis existirem na matriz de risco (MR), maior será a precisão da resposta da avaliação do risco. Como todas as organizações são diferentes, as escalas da matriz devem ser personalizadas para que se adaptem à cultura, ao negócio e ao tamanho da organização. � Segunda fase: consiste em aperfeiçoar a avaliação inicial pela inclusão de outros aspectos para complementar a matriz de probabilidade x impacto, como a velocidade de propagação do impacto, a persistência ou a durabilidade do impacto e a diferença entre a situação existente e a situação desejada. Uma outra maneira de executar a segunda fase, é fazer a priorização dos riscos dentro de um mesmo grupo da MR, de 91Fraude versus riscos acordo com o tipo de efeito que pode gerar. Por exemplo, avaliar todos os riscos considerados muito altos e priorizar, em ordem, aqueles que impactam o financeiro da organização, a segurança dos empregados, o ambiente de trabalho e a reputação da empresa, pois essa foi a ordem ideal definida pela equipe de gestão de riscos da empresa. A MR ou matriz de probabilidade x impacto é uma importante ferramenta que permite visualizar, de forma simples e clara, a classificação e a priorização dos riscos de uma organização. Conheça melhor a MR acessando o link a seguir (UNIVERSO PROJETO, 2013): https://goo.gl/PEX4ws Para alguns riscos mais específicos, principalmente aqueles que envol- vem prejuízos ou ganhos financeiros, pode ser preferível aplicar avaliações individuais. O importante é saber que cada organização deve definir quais são os seus riscos e também quais são os níveis de risco que são considerados suportáveis, para cada um dos objetivos organizacionais. Observe, na Figura 2, um exemplo de MR. Figura 2. Exemplo de MR. Fonte: Franco (2017, p. 50). Fraude versus riscos92 https://goo.gl/PEX4ws A avaliação e a priorização dos riscos devem considerar a integração de todas as áreas, por isso todos os envolvidos nesse processo devem utilizar o mesmo modelo, definido como padrão pela própria organização. Desse modo, os riscos que forem enfrentados por áreas específicas, poderão ser comparados e priorizados entre todas elas. Normalmente, quando um risco é avaliado na visão de uma área, sob os aspectos de probabilidade e risco, e ele é comparado com o mesmo risco na visão da organização como um todo, as probabilidades não sofrem alteração, mas os níveis de impacto, sim (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2014). As organizações podem aumentar o seu desempenho quando concentram seus esforços nos riscos que são definidos como de mais alta prioridade. Uma priorização eficiente vai precisar de uma identificação correta dos fatores de riscos, mas vai possibilitar o bom gerenciamento das atitudes que deverão ser tomadas em relação a cada risco concretizado. Fraude no contexto do gerenciamento de riscos A fraude é um risco que coloca as atividades de todas as organizações, sejam elas privadas ou públicas, grandes ou pequenas, sob exposição contínua. Mesmo que o gerenciamento de riscos de uma organização seja bem estruturado e sistemático, traduzindo eficiência e eficácia, será difícil garantir que os riscos de fraude serão totalmente eliminados. Dentro de uma organização, a fraude se associa aos demais tipos de risco, e também às áreas da organização. A fraude pode, por exemplo, estar envolvida com questões de ordem estratégica, operacional, financeira, tecnológica, ou seja, ela não configura um tipo de risco isolado. Mesmo assim, esse tipo derisco pode ser mitigado por meio de um programa de identificação e prevenção de atos de fraude. A fraude é uma ação ilícita, desonesta, que busca enganar alguém. Ela consiste em um ato ou em uma omissão, sempre intencional, que é feito para prejudicar alguém ou, ainda, para levar ganhos ilícitos ao fraudador. 93Fraude versus riscos No mundo corporativo, as fraudes podem ser executadas de acordo com as formas apresentadas a seguir (BRASILIANO, 2015). � Por um indivíduo: com o objetivo de auferir ganhos para si próprio em detrimento das outras pessoas. Algumas fraudes, que são práticas comuns de empregados, são o ato de assinar o cartão-ponto em data na qual esteve ausente no serviço, inserir uma despesa de viagem para aumentar seu reembolso, apresentar atestado médico falso. � Pela organização: com o objetivo de auferir um ganho para a corporação em si. Algumas práticas comuns são a falsificação de documentação comprobatória para vencer licitações e a manipulação do fluxo de caixa. O risco de fraude é impossível de ser eliminado quando se trata de seres humanos, mas ele pode ser diminuído de forma considerável se a organização decidir adotar um programa de envolvimento dos empregados, identificação e prevenção das ações de fraude, em um movimento de trabalho pelos próprios integrantes da empresa. Para isso, é preciso que as organizações, por meio da sua gestão, entendam que o risco de fraude existe e convive diariamente com o ambiente corporativo. Isso deve ser dito porque, ainda nos dias de hoje, não são poucos os casos de empresas e de indivíduos que são atingidos por fraudes, ao demonstrarem ingenuidade e confiança demasiada em alguém. Todas as pessoas que estão envolvidas com uma organização são respon- sáveis e devem ser atuantes em um processo de prevenção de fraudes, mas ele deve ser colocado em prática pela gestão da empresa, que tem o papel de criar um ambiente apropriado para que as pessoas se informem sobre a importância de combater as fraudes e, dessa forma, possam fortalecer ainda mais seu gerenciamento de riscos. Muitas vezes, a principal alavanca para as fraudes e outras atividades ilícitas dentro de uma organização envolve a falta de comprometimento com valores éticos e morais, com boas práticas de gestão e, também, com fundamentos de governança corporativa, vindas da administração da empresa, o que passa a servir de exemplo para os demais. Por isso é preciso que a organização se dedique à criação de um programa, que envolva fornecedores, funcionários, clientes e todos aqueles que participam ou são atingidos pelas suas atividades, de alguma forma, para que colaborem no processo de suspeitar, identificar e tratar possíveis atitudes relacionadas a fraudes e ilicitudes. Veja, na Figura 3, um esquema de gerenciamento de fraudes. Fraude versus riscos94 Figura 3. Princípios de um gerenciamento de fraudes. O programa de gerenciamento de riscos e fraudes deve seguir, minima- mente, os seguintes princípios (MACHADO; GARTNER, 2017): � Informação ou conscientização: consiste na propagação das políticas e dos regulamentos de ética e integridade que a organização respeita. Esse processo pode acontecer em palestras, reuniões ou oficinas de trabalho em grupo, mas é importante que seja contínuo, para que os envolvidos entendam que o gerenciamento de fraudes não é um acontecimento isolado, mas uma prática da empresa. É essencial conscientizar a todos, principalmente os gestores que devem servir de exemplo de conduta por todos os empregados e demais interessados na atividade da organização. � Identificação ou detecção: envolve a atividade de avaliação do nível de exposição da organização ao risco de fraude, à identificação das vulnerabilidades em todas as atividades e processos pelos quais passa o negócio da empresa e, também, ao monitoramento dos controles internos e externos que são usados pela organização como respostas a fraudes e ilicitudes. Esse princípio envolve também a criação de um canal de denúncias independente e receptivo, para o qual todas as pessoas envolvidas se sintam à vontade para delatar acontecimentos ou ações, que entendam ser ilicitudes, e que possam atingir, de alguma forma, os objetivos da organização, indo de encontro a sua cultura. 95Fraude versus riscos � Tratamento ou resposta: a maneira pela qual a organização vai fazer o seu gerenciamento de riscos de fraude e quais serão as respostas dadas a partir da identificação de uma fraude, deve ser clara e transparente para todos as partes interessadas. Ainda devem ser apresentadas, para todos, as penalidades que serão dadas àquele que fraudar a organização, atingindo-a de qualquer forma. Para que uma fraude aconteça, normalmente são necessários três elementos, que são a motivação, a oportunidade e a racionalização, como demonstrado na Figura 4. Figura 4. Triângulo da fraude. � Motivação: é o que impulsiona o fraudador a agir, podendo ser por razões emocionais, como a vingança, a pressão familiar ou social ou por razões financeiras, como os problemas de dívidas. � Oportunidade: é o que acontece quando o ambiente não possui ge- renciamento de riscos a fraudes. O fraudador age porque sabe que vai haver impunidade. Fraude versus riscos96 � Racionalização: é o que acontece quando as pessoas enxergam um motivo para se desculpar por cometer a fraude, como receber um salário baixo ou não ser reconhecido na empresa. É importante enfatizar que, para que um programa de gerenciamento de riscos e fraude seja efetivo, não pode existir nenhum tipo de flexibilização. Não deve existir nenhum tipo de fraude que possa ser desconsiderado, nem algum fraudador que possa ser perdoado. Não se podem perdoar fraudes materiais, por apresentarem prejuízo pequeno, nem altos gestores, pelo seu cargo de gestão. Todos os fraudadores devem ser punidos para que a empresa torne claro para todos que não tolera atos ilícitos e que mantém, acima de tudo, uma cultura de respeito à ética. 1. A verificação de riscos envolve a avaliação _____, que formam um conjunto de atividades que servem para que a organização entenda _____ está exposta, para decidir quais devem ser _____ e em _____. Assinale a alternativa que melhor completa a frase. a) e a identificação de riscos; o cenário ao qual; eliminados; quanto tempo. b) para a eliminação de riscos; mais sobre a concorrência a que; os prazos de exposição; qual velocidade. c) qualitativa e quantitativa de riscos; os fatores de risco aos quais; tratados; qual ordem. d) contínua do perfil de riscos; o impacto dos riscos a que; aceitos; qual área. e) dos riscos a serem mitigados; como fazer a gestão de riscos à qual; as estratégias; qual área serão colocadas em prática. 2. No contexto do gerenciamento de riscos, com relação aos aspectos de vulnerabilidade, velocidade e exposição, é correto afirmar que: a) vulnerabilidade envolve a preparação da empresa para enfrentar o risco e a sua agilidade para responder a ele. b) exposição envolve a opção da empresa em querer ou não correr um risco. c) exposição indica o tempo que a empresa tem para identificar todos os seus riscos. d) vulnerabilidade indica quanto de prejuízo uma empresa teve com a concretização de um risco positivo. e) velocidade indica que o risco é prioritário. 97Fraude versus riscos 3. Quais são as fases da avaliação e priorização dos riscos? a) A primeira fase ordena os riscos por probabilidade e impacto; e a segunda fase ordena os riscos em ordem alfabética. b) A primeira fase consiste em ordenar os riscos em ordem de quantidade; e a segunda fase ordena os riscos pelo impacto financeiro gerado. c) A primeira fase identifica os riscos impossíveis de serem tratados; e a segunda fase identifica os riscos que podem ser tratados. d) A primeira fase ordena os riscos em ordem alfabética de impacto (alto, baixo, médio); e a segunda fase ordena os riscos de acordo com o período de resposta daempresa a eles (imediato, próximo semestre, próximo ano). e) A primeira fase consiste na ordenação dos riscos por probabilidade e impacto; e a segunda fase consiste em adicionar aspectos para a avaliação e priorização, incluindo aspectos como velocidade de propagação do impacto e duração do impacto. 4. O que é fraude? a) É uma ação de probidade de um funcionário que visa aumentar o lucro da empresa. b) É a omissão de uma pessoa, visando o enriquecimento de outra pessoa, nunca o seu próprio. c) É a ação lícita de alguém que visa ganho ilícito. d) É uma ação ou uma omissão intencional ilícita, desonesta, que visa enganar alguém ou alguma instituição, configura um risco que coloca as organizações em risco constante. e) É a omissão de alguém, visando o prejuízo de si mesmo, para obter o lucro para outra pessoa. 5. Qual(is) o(s) tipo(s) de fraude(s) que pode(m) ser perdoada(s)? a) Fraudes materiais que tragam prejuízo pequeno. b) Nenhum tipo de fraude deve ser perdoado e nenhum fraudador deve escapar sem a devida punição. c) Fraudes gerenciais, que afetem poucos funcionários. d) Fraudes de funcionários que tragam lucro para a empresa. e) Fraudes que tenham causado a demissão de um funcionário incompetente. Fraude versus riscos98 BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão Pública. Departamento de Inovação e Melhoria da Gestão. Gerência do Programa GesPública. Projeto de desenvolvimento do guia de orientação para o gerenciamento de riscos. Brasília, DF, 2013. BRASILIANO, A. C. R. Gestão de risco de fraude. São Paulo: Sicurezza, 2015. ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Gerência de projetos: teoria e prática. Brasília, DF: ENAP, 2014. FRANCO, F. Governança e gestão de riscos em organizações públicas. Brasília, DF: Mackenzie, 2017. Disponível em: <http://brasilia.mackenzie.br/apps/files/fpmb_ governanca_e_gestao_de_riscos_em_organizacoes_publicas_apostila.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia de orientação para gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007. MACHADO, M. R. R.; GARTNER, I. R. Triângulo de fraudes de Cressey (1953) e teoria da agência: estudo aplicado a instituições bancárias brasileiras. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 14, n. 32, 2017. Disponível em: <https://periodicos. ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/44527>. Acesso em: 12 jan. 2018. UNIVERSO PROJETO. Definições de probabilidade e impacto dos riscos. [S.l.], 2013. Dis- ponível em: <https://universoprojeto.wordpress.com/tag/matriz-de-probabilidade- -e-impacto/>. Acesso em: 12 jan. 2018. 99Fraude versus riscos http://brasilia.mackenzie.br/apps/files/fpmb_ http://ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/44527 https://universoprojeto.wordpress.com/tag/matriz-de-probabilidade- Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Capa GR_U1_C01