Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>MODALIDADES DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO</p><p>As modalidades de extinção do crédito tributário estão listadas no art.156 do</p><p>Código Tributário Nacional.</p><p>Inicialmente, cumpre apontar a existência de discussão acerca do rol do</p><p>mencionado dispositivo legal, em especial se este seria taxativo ou apenas</p><p>exemplificativo. Ora, o art. 141 do CTN aponta no sentido da taxatividade da lista, na</p><p>medida em que consagra expressamente que “o crédito tributário regularmente</p><p>constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou</p><p>excluída, nos casos previstos nesta Lei”. Por lei, entenda-se o CTN.</p><p>Art. 156. Extinguem o crédito tributário:</p><p>I - o pagamento;</p><p>II - a compensação;</p><p>III - a transação;</p><p>IV - remissão;</p><p>V - a prescrição e a decadência;</p><p>VI - a conversão de depósito em renda;</p><p>VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do</p><p>disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;</p><p>VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo</p><p>164;</p><p>IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita</p><p>administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;</p><p>X - a decisão judicial passada em julgado.</p><p>XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições</p><p>estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) (Vide Lei nº 13.259,</p><p>de 2016)</p><p>Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do</p><p>crédito sôbre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição,</p><p>observado o disposto nos artigos 144 e 149.</p><p>Como aponta Leandro Paulen, tomando por base o fundamento das diversas</p><p>hipóteses de extinção do crédito tributário, ele se extingue quando for: (i) satisfeito,</p><p>caso dos incisos I, II, III, VI, VII, VIII e XI; (ii) desconstituído por decisão administrativa ou</p><p>judicial, hipótese dos incisos IX e X; (iii) perdoado, situação do inciso IV; ou (iv) precluso</p><p>o direito do Fisco de lançar ou de cobrar o crédito judicialmente, caso do inciso V, que</p><p>trata da decadência e prescrição.</p><p>Algumas causas de extinção são mais frequentes que outras. Pagamento e</p><p>compensação, por exemplo, são muito mais frequentes que remissão. Abaixo, as</p><p>especificidades de cada uma delas:</p><p>1. Pagamento.</p><p>O pagamento é o modo ordinário de satisfação e consequente extinção do</p><p>crédito tributário.</p><p>Ele deve ser feito no prazo estabelecido pela legislação tributária (isto é, na</p><p>norma expressa da legislação do tributo a que se referir), aplicando-se, na falta de</p><p>disposição específica, o prazo supletivo de trinta dias previsto pelo art. 160 do CTN,</p><p>contados da notificação do lançamento ou, no caso dos tributos sujeitos a lançamento</p><p>por homologação, da ocorrência do fato gerador.</p><p>No que se refere ao local de pagamento, não havendo regra específica na</p><p>legislação tributária, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio</p><p>do sujeito passivo (art. 159 do CTN, aplicável de forma supletiva) – via de regra, a</p><p>generalidade das legislações tributárias prevê expressamente o recolhimento do tributo</p><p>na rede bancária.</p><p>Nos termos do art. 161 do CTN, o débito não pago no vencimento é acrescido de</p><p>juros de mora, sem prejuízo da aplicação da penalidade cabível (multa). Isto é, os efeitos</p><p>da mora são automáticos, não sendo necessário ao credor tomar qualquer providência</p><p>para “constituir em mora” o devedor.</p><p>Quanto às penalidades, há as multas moratórias, as multas de ofício e as multas</p><p>isoladas. As moratórias são devidas pelo simples pagamento intempestivo realizado</p><p>pelo contribuinte ou pela falta de pagamento tempestivo de tributo por ele já declarado;</p><p>as de ofício, aplicadas pela fiscalização quando esta apura tributos não pagos nem</p><p>declarados pelo contribuinte; e as isoladas, incidentes no caso de descumprimento de</p><p>obrigações acessórias.</p><p>Importante pontuar que as legislações têm previsto que os juros de mora</p><p>incidem somente a partir do primeiro dia do mês seguinte a tal data. No que concerne</p><p>à multa de mora, contudo, a previsão tem sido a incidência a partir do dia seguinte ao</p><p>vencimento.</p><p>Outro aspecto relevante, bem destacado pelo doutrinador Ricardo Alexandre, é</p><p>a questão da existência ou não de presunção de pagamento na seara do Direito</p><p>Tributário. O art. 158 do CTN é claro no sentido de que o pagamento parcial de um</p><p>crédito não importa presunção de pagamento das prestações em que se decomponha,</p><p>diferentemente do que ocorre no âmbito civil. No pagamento total também não há</p><p>presunção em relação a outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Não</p><p>se aplica a presunção civilista, prevista no art. 322 do CC, segundo a qual se o pagamento</p><p>for em prestações, o pagamento da última presume o pagamento das anteriores.</p><p>Por fim, cumpre apontar que quando um pagamento foi considerado indevido</p><p>ou maior do que o devido, o direito à restituição independe de prévio protesto (art. 165</p><p>do CTN). O fundamento da regra é o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa.</p><p>O pagamento indevido ou a maior será restituído, independente de provas abundantes,</p><p>sendo suficiente a apresentação da guia de recolhimento. O particular não estará</p><p>obrigado a postular na via administrativa para, só então, recorrer à via judicial.</p><p>2. Compensação.</p><p>A compensação, por sua vez, é modalidade extintiva do crédito tributário que se</p><p>observa quando se é credor e devedor ao mesmo tempo. Isto é, quando se pressupõe a</p><p>existência de créditos e débitos recíprocos.</p><p>A consequência é que as duas obrigações se extinguem até onde compensarem.</p><p>Um ponto importante acerca da compensação é que esta depende de lei e não</p><p>pode ser realizada de ofício pelo contribuinte. É a lei quem deve estipular as condições</p><p>e garantias, ou delegar à autoridade administrativa o encargo.</p><p>Em direito tributário, o valor do crédito que o particular quer compensar com o</p><p>crédito tributário deve ser líquido, certo e em dinheiro. Referido crédito particular pode</p><p>ser vincendo. O crédito tributário, por outro lado, deve sempre estar vencido.</p><p>De acordo com o art. 170-A do CTN, a compensação só pode ser efetivamente</p><p>realizada com o trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.</p><p>Por fim, vale trazer algumas súmulas do STJ relevantes a respeito da</p><p>compensação. A nº 461, que afirma que “o contribuinte pode optar por receber, por</p><p>meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença</p><p>declaratória transitada em julgado” e a nº 213, que entende que “o mandado de</p><p>segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação</p><p>tributária”.</p><p>3. Transação.</p><p>A transação, hipótese de extinção do crédito tributário constante do inciso III do</p><p>art. 156 do CTN, se trata de negócio jurídico em que as partes, mediante concessões</p><p>mútuas, extinguem obrigações, prevenindo ou terminando litígios.</p><p>Na forma do art. 171 do CTN, cumpre ressaltar que, em Direito Tributário, não</p><p>existe transação preventiva, e ela só pode ser celebrada com base em lei autorizativa,</p><p>editada pelo ente competente pela instituição do tributo de que se tratar.</p><p>4. Remissão</p><p>A remissão é a dispensa gratuita da dívida, feita pelo credor em benefício do</p><p>devedor. Em Direito Tributário, somente pode ser concedida por lei específica, devido</p><p>ao princípio da indisponibilidade do patrimônio público.</p><p>Um ponto importante é que a concessão de remissão em caráter individual não</p><p>gera direito adquirido e será revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiário</p><p>não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumpriu ou deixou de cumprir</p><p>os requisitos para a concessão do favor. Caso revogada, será cobrado o tributo e os juros</p><p>de mora.</p><p>Se o benefício foi obtido com dolo ou simulação do beneficiário, ou de terceiro</p><p>em favor daquele, haverá cobrança da penalidade pecuniária. Além disso, o tempo</p><p>decorrido entre a concessão da remissão e sua revogação não será computada pera</p><p>afeito da prescrição do direito de cobrança do crédito.</p><p>Se não houve dolo ou simulação, não haverá cobrança de penalidade pecuniária</p><p>e a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o direito à cobrança do crédito.</p><p>5. Decadência</p><p>Com a ocorrência do fato gerador, nasce a obrigação tributária. Com o</p><p>lançamento, a obrigação é tornada líquida e certa, surgindo o crédito tributário. O prazo</p><p>para que a administração tributária, por meio da autoridade competente, promova o</p><p>lançamento é decadencial.</p><p>Importante diferenciar a decadência da prescrição. Operada a decadência, tem-</p><p>se por extinto o direito de lançar, enquanto que verificada a prescrição, tem-se</p><p>impossibilitado o manejo da execução fiscal.</p><p>O lançamento é o marco que separa, na linha do tempo, a prescrição da</p><p>decadência. Antes do lançamento: conta-se o prazo decadencial. Quando o lançamento</p><p>validamente realizado se torna definitivo, não mais se fala em decadência, passando a</p><p>contar-se o prazo prescricional para a propositura da ação de execução fiscal.</p><p>A regra geral da decadência está prevista no art. 173 do CTN. Ele consagra que o</p><p>direito de a fazenda pública constituir o crédito tributário se extingue após cinco anos,</p><p>contados do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter</p><p>sido efetuado.</p><p>Existem, todavia, outras regras específicas, a exemplo da (i) regra da antecipação</p><p>de contagem; (ii) regra quanto à anulação do lançamento por vício formal; e (iii) a regra</p><p>do lançamento por homologação.</p><p>6. Prescrição</p><p>Conforme já brevemente abordado anteriormente, o prazo para que se ajuíze a</p><p>ação de execução fiscal é prescricional.</p><p>A prescrição ocorre quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legalmente</p><p>estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa do crédito</p><p>tributário.</p><p>Ela se interrompe nas hipóteses listadas no parágrafo único do art. 174 do CTN,</p><p>sendo importante destacar a Súmula 653 do STJ: “o pedido de parcelamento fiscal, ainda</p><p>que indeferido, interrompe o prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial</p><p>do débito”.</p><p>Quanto à suspensão, o CTN não prevê expressamente as hipóteses de suspensão</p><p>da fluência do prazo prescricional. Entretanto, em todos os casos em que a exigibilidade</p><p>do crédito tributário está suspensa também estará suspenso o respectivo prazo</p><p>prescricional.</p><p>7. Conversão de depósito em renda</p><p>Esta modalidade se opera caso o sujeito passivo tenha feito depósito e não tenha</p><p>obtido sucesso no litígio instaurado, hipótese em que a importância depositada será</p><p>convertida em renda da Fazenda Pública interessada, de forma que o crédito tributário</p><p>respectivo será extinto.</p><p>8. O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do</p><p>disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º</p><p>O crédito tributário objeto de lançamento por homologação será</p><p>definitivamente extinto quando a autoridade administrativa competente homologar a</p><p>atividade do sujeito passivo, ou, de acordo com o § 1º do art. 150 CTN e inciso VII do art.</p><p>156 CTN, quando houver “homologação do lançamento”.</p><p>9. A consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164</p><p>A ação de consignação em pagamento é o meio processual adequado para que</p><p>o sujeito passivo exerça o seu direito de pagar e obter a quitação do tributo, quando tal</p><p>providência esteja sendo obstada por fato imputável ao credor.</p><p>As regras para a consignação estão previstas no art. 164 do CTN. O consignante</p><p>deposita o valor que entende devido, e não aquele exigido pelo FISCO. É o julgamento</p><p>pela procedência a causa de extinção do crédito tributário.</p><p>10. A decisão judicial passada em julgado</p><p>Somente extingue o crédito tributário a decisão judicial passada em julgado</p><p>favorável ao sujeito passivo.</p><p>11. A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas</p><p>em lei.</p><p>Por fim, a dação em pagamento é a forma de extinção das obrigações em que o</p><p>credor consente em receber do devedor prestação diversa da que lhe é devida. A</p><p>prestação substitutiva do pagamento em dinheiro somente poderá ser a entrega de um</p><p>bem imóvel (XI, 156 CTN).</p><p>REFERÊNCIAS:</p><p>PAULSEN, Leandro Curso de Direito Tributário Completo – 13. ed. – São Paulo:</p><p>SaraivaJur, 2022.</p><p>ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário – 14. ed. rev., atual e ampl. – Salvador: Ed.</p><p>JusPodivm, 2020.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina