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<p>Direito do Trabalho</p><p>Introdução</p><p>Origem da palavra trabalho –</p><p>Tripalium – três palos ou canga que oprimía bois e cavalos que resistiam à marcação a ferro, ou instrumento de tortura dos escravos e réus de determinados crimes.</p><p>Labor – designa esforço, sofrimento.</p><p>Travail – do francês, indica tudo o que faz sofrer.</p><p>O trabalho em outras áreas da ciência</p><p>Física – trabalho é a transformação da energia térmica, química ou elétrica. O trabalho é realizado quando é consumida determinada quantidade de energia. A energia se transforma em trabalho mecânico em nossos músculos.</p><p>Economia – Funda-se na constatação de que o homem para viver necessita de bens econômicos que devem ser produzidos e destinado a satisfazer necessidades vitais (alimentação, habitação, vestuário). Assim depende da conjugação de três fatores de produção: Trabalho, capital e natureza (terra).</p><p>O trabalho é o emprego que faz o homem de suas forças físicas e morais, para a produção de riquezas ou de serviços.</p><p>Direito – Para Perez Botija o trabalho é compreendido como “a atividade pessoal, prestada mediante contrato, por conta ou sob direção alheia, em condição de dependência e subordinação.”</p><p>Escravidão – É a primeira forma de trabalho decorrente de uma relação de pessoas. Nesta modalidade, o escravo não possuía direito nenhum, visto que a razão de estar vivo decorria da clemência do seu adversário em poupar-lhe a vida. Nos primórdios da civilização humana, as guerras entre tribos ou impérios, não se faziam prisioneiros, sendo eliminados. A escravidão é um avanço em relação a este tipo de organização social, que segundo Locke, “a condição perfeita da escravidão, que nada mais é senão o estado de guerra continuado entre o conquistador legitimo e cativo.”</p><p>Denominações do Direito do Trabalho</p><p>Direito Operário – Direito extensivo aos operários em geral, não só da indústria, refere-se ao trabalhador braçal.</p><p>Direito Industrial – De origem britânica, pós-revolução industrial. A indústria é considerada como fator relevante na oferta de trabalho.</p><p>Direito Corporativo – Origem no corporativismo italiano, cujo objetivo destina-se à unificação nacional.</p><p>Direito Social – Pretende resolver a questão social, o que inclui a Previdência Social. É um Direito que contrapõe-se ao Direito individual.</p><p>Direito do Trabalho – Adotado no I e no II Congresso Internacional de Direito do Trabalho (Genebra, 1957)</p><p>No ano de 1956, através da Lei 2724 é alterada a denominação da cadeira na Faculdade de Direito para Direito do Trabalho, a qual incorpora o direito industrial.</p><p>Definição de Direito do Trabalho</p><p>Subjetivista – Tem como vértice os sujeitos ou pessoas a que se aplica e que figuram nas relações jurídicas.</p><p>Para Orlando Gomes, o Direito do Trabalho:</p><p>“é o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às prestações individuais e coletivas que nascem entre os empregadores privados – ou equiparados – e os que trabalham sob sua direção e de ambos com o Estado, por ocasião do trabalho ou eventualmente fora dele.”</p><p>Objetivista – Esta teoria considera o objeto, a matéria disciplinada pelo direito do trabalho e não as pessoas. Trata do âmbito do direito material do trabalho.</p><p>O Direito do Trabalho é um “corpo de princípios e de normas que regulam as relações jurídicas oriundas da prestação de serviço subordinado e outros aspectos deste último, como consequência da situação econômica das pessoas que o exercer.”</p><p>Definição Mista:</p><p>“O Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividades.” (Amauri Mascaro Nascimento)</p><p>Para José Martins Catharino o subjetivismo e o objetivismo são “o verso e reverso da mesma realidade”. Podem significar uma expansão ou redução do direcionamento teleológico do Direito do Trabalho, sendo relativos e insuficientes quando aplicados de forma isolada. Assim, complementam-se, conforme o ponto de vista a ser abordado. José Catharino explicita que a razão é simples: “o núcleo da disciplina é o trabalho humano, remunerado, objetivamente considerado, mas, sendo inseparável de quem o presta, também subjetivamente apreciado”.</p><p>Para Maurício Godinho Delgado o Direito Material do Trabalho tem a seguinte definição:</p><p>- O complexo de institutos, princípios e normas jurídicas que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, normas e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas.</p><p>Relação do Direito do Trabalho com outras áreas do Direito.</p><p>Direito Civil – O Direito do Trabalho tem sua origem nos moldes dos contratos de Direito Civil, como a locação de serviços, arrendamento, etc. O Direito Civil é fonte subsidiária do Direito do Trabalho, conforme o disposto no art. 8º da CLT.</p><p>Art. 8º da CLT – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do Direito do Trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que, nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.</p><p>Parágrafo único – O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.</p><p>Direito Constitucional – O Direito do Trabalho passou por um processo de constitucionalização a partir de 1917 com a Constituição do México, 1918 com a Constituição da Rússia, 1919 com a Constituição de Weimar, 1925 com a Constituição do Chile, 1934 com a Constituição do Brasil e do Uruguai.</p><p>No Brasil o art. 170 da CF/88 estabelece que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”</p><p>O Capítulo II da CF/88 trata dos chamados Direitos Sociais, e desta forma estabelece no art. 6º o Direito ao Trabalho, e elenca no art. 7º uma série de direitos pertinentes aos trabalhadores urbanos e rurais.</p><p>Direito Administrativo – Trata da organização do sistema nacional de empregos, da inspeção do trabalho, a cargo da Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.</p><p>Direito Processual – Define a competência da Justiça do Trabalho, conforme art. 114 da CF/88.</p><p>Direito Penal – Trata dos crimes contra a organização do trabalho.</p><p>Artigos 197 a 207 do Código Penal</p><p>Artigo 197 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:</p><p>I- A exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:</p><p>Pena – detenção, de 1(um) mês a 1(um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência;</p><p>II- A abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica:</p><p>Pena – detenção, de 3(três) meses a 1(um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Artigo 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho:</p><p>Pena – detenção, de 1(um) ano a 2(dois) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>§1º - Na mesma pena incorre quem:</p><p>I- Obriga, ou coage, alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida.</p><p>II- Impede alguém de se desligar de serviço de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.</p><p>§2º - A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 ( um terço) se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.</p><p>Redução à condição análoga à de escravo</p><p>Artigo 149 – reduzir alguém a condição análoga à de escravo, que submetendo-o</p><p>a trabalhos forçados, ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:</p><p>Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa além da pena correspondentes à violência.</p><p>§1º - Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>I- Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.</p><p>II- Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador com o fim de retê-lo no local de trabalho.</p><p>§2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:</p><p>I- Contra criança ou adolescente.</p><p>II- Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.</p><p>FONTES DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>O Ordenamento Jurídico é o complexo de princípios, regras e institutos regulatórios da vida social em determinado Estado ou entidade supranacional. É a ordem jurídica imperante em determinado território e vida social. (Maurício Godinho Delgado)</p><p>Norberto Bobbio em sua Teoria do Ordenamento Jurídico afirma que deva existir unidade interior e coesão para um ordenamento jurídico.</p><p>Fonte – No sentido metafórico constitui na “causa donde provém efeitos, tanto físicos como morais.”</p><p>Fontes do Direito consubstancia a expressão metafórica para designar a origem das normas jurídicas.</p><p>Fontes materiais – Diz respeito ao momento anterior à existência do fenômeno pleno da regra, ou seja, designa os fatores que conduzem à emergência e construção da regra de Direito.</p><p>Fonte material econômica – Vinculada à existência e evolução do sistema capitalista. Revolução Industrial do Século XVIII. Sistema baseado na grande indústria em oposição às fórmulas produtivas (artesanato e manufatura). Ocorre a centralização dos empreendimentos capitalistas.</p><p>Fonte material sociológica – Diz respeito ao processo de agregação de trabalhadores assalariados, nas empresas, cidades e regiões do mundo ocidental contemporâneo.</p><p>Fonte material política – Diz respeito ao nítido caráter reivindicatório do movimento sindical, como dos partidos e movimentos políticos operários, reformistas ou de esquerda, atuando mais amplamente no plano da sociedade civil e do Estado.</p><p>Fonte material filosófica – São ideias e correntes do pensamento que, articuladamente entre si ou não, influenciaram na construção e mudança do Direito do Trabalho. Neste sentido, a corrente socialista, corrente trabalhista, corrente corporativista, corrente neoliberal, corrente social-democrata.</p><p>Fontes Formais – São os meios de revelação e transparência da norma jurídica.</p><p>Teoria Monista – As fontes formais derivam de um único centro de positivação (Estado) dotado de coerção/sanção.</p><p>Teoria Pluralista – Existência de distintos centros de positivação. Costumes, negociação coletiva trabalhista (contrato coletivo, convenção coletiva, acordo coletivo).</p><p>Fontes formais Heterônomas - São regras de origem estatal. Constituição, leis, medidas provisórias, decretos, sentença normativa, tratados e convenções internacionais.</p><p>Fontes heterônomas – ex: CF/88 - art. 1º, art. 3º, art.6º, art. 7º, art. 8º, art. 9º, art. 10.</p><p>Art.1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:</p><p>I- a soberania;</p><p>II- a cidadania;</p><p>III- a dignidade da pessoa humana;</p><p>IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>V- o pluralismo político.</p><p>Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.</p><p>Art.3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:</p><p>I- constituir uma sociedade livre, justa e solidária;</p><p>II- garantir o desenvolvimento nacional;</p><p>III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (fundo de combate a erradicação da pobreza, lei complementar n.º111 de 06 de junho de 2001.)</p><p>IV- Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (Lei 9.459 de 13 de maio de 1997.)</p><p>CF- Capitulo II – Dos direitos sociais</p><p>Art.6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:</p><p>I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;</p><p>III – fundo de garantia do tempo de serviço;</p><p>VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;</p><p>VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;</p><p>XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;</p><p>XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias;</p><p>XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;</p><p>XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei.</p><p>Art. 8º CF/88 – É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:</p><p>I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical.</p><p>Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.</p><p>Art. 10º - É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.</p><p>Leis – CLT Dec.Lei 5452/1943, Lei do FGTS 8.036/1990, Lei do Descanso Semanal e Feriados 605/1949, Lei do PLR 10101/2000.</p><p>Convenções da OIT – Ex. Convenção 158.</p><p>Fontes formais Autônomas – Caracteriza-se pela participação dos destinatários principais das regras produzidas. (Instrumentos de negociação coletiva – convenções, acordo e contrato coletivo de trabalho.)</p><p>Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho – art. 611 da CLT:</p><p>- Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual, dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.</p><p>§1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho.</p><p>Art. 7º XXVI, CF/88 – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.</p><p>Art. 8º VI, CF/88 – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.</p>