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<p>GEOLOGIA E PEDOLOGIA</p><p>AULA 5</p><p>Profª Maria Carolina Stellfeld</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>A maioria das coisas que nos cerca, como o carro, o celular e nossa casa,</p><p>são produtos de recursos naturais. Hoje, estudaremos a Geologia Econômica,</p><p>que é o ramo da Ciência Geológica que estuda os recursos naturais minerais,</p><p>fundamentais para a sociedade atual. Como exemplo de recursos minerais,</p><p>estão o ferro, a água, as rochas ornamentais, a argila para olarias etc. A relação</p><p>entre o homem e a natureza é complexa e dinâmica, portanto é necessário</p><p>sabermos quais são esses recursos, se são renováveis ou não, para que servem,</p><p>suas principais características e onde encontrá-los. Por isso, veremos diferentes</p><p>tipos de recursos naturais minerais e como é feita sua extração. No final da aula,</p><p>entenderemos por que devemos ser sustentáveis.</p><p>TEMA 1 – ATIVIDADES MINERAIS E SOCIEDADE</p><p>Na nossa sociedade, as rochas e os minerais assumem um importante</p><p>papel, desde os primórdios da civilização. É o caso da Idade da Pedra, quando</p><p>os homens das cavernas lascavam pedaços de sílex e usavam como ferramenta</p><p>ou arma. A sociedade moderna também é dependente dos recursos minerais, e</p><p>quando os minerais e rochas assumem um interesse econômico, são chamados</p><p>de minérios. A Geologia Econômica estuda desde a formação dos depósitos</p><p>minerais até seu dimensionamento e sua exploração econômica.</p><p>Um depósito mineral é formado pelos processos geológicos internos da</p><p>Terra, em diferentes tipos de ambientes, onde é acumulada uma quantidade</p><p>elevada de determinado elemento químico ou mineral que tem importância</p><p>econômica. Mineral ou elemento químico com importância econômica é uma</p><p>definição para o termo minério.</p><p>A exploração de depósitos minerais é um assunto complexo e envolve</p><p>muitas etapas de conhecimento geológico sobre o depósito mineral. Podemos</p><p>considerar que um recurso mineral é a identificação de material rochoso que tem</p><p>ou pode ter utilidade para o ser humano. Para determinar o tamanho desse</p><p>recurso mineral (depósito), são necessárias etapas de investigação geológica,</p><p>como sondagens em conjunto com análises químicas de água, solo e rochas.</p><p>Esses trabalhos visam compreender o processo mineral que formou aquele</p><p>depósito, e a Figura 1 ilustra um esquema básico da formação de um depósito</p><p>mineral metalogenético.</p><p>3</p><p>Essa abordagem é relativamente distinta das concepções genéticas de</p><p>formação de um depósito mineral de origem endógena, no entanto considera</p><p>que todo depósito é fruto de processos geológicos em diferentes escalam que</p><p>controlam a formação e concentração dos depósitos minerais. Uma concepção</p><p>genérica, baseada neste exemplo de sistema mineral, pode ser usado em vários</p><p>tipos de depósitos, inclusive os depósitos exógenos. Então, todo mineral pode</p><p>ser modelados usando as relações de uma fonte de energia, uma fonte de</p><p>elementos, uma migração e uma armadilha.</p><p>Figura 1 – Modelo conceitual de Sistema Mineral e seus atributos críticos</p><p>Fonte: Bettencourt et al., 2016.</p><p>De modo análogo, um processo mineralizador então é um conjunto de</p><p>ações que se desenvolvem de modo ordenado e que leva a formação de um</p><p>depósito mineral. Os processos formadores de minério principais podem ser</p><p>endógenos ou exógenos. Depósitos endógenos podem ser magmáticos,</p><p>formados pela cristalização de magmas ricos em elementos metálicos como</p><p>platina ou cromo; hidrotermais, formado pelo aquecimento de fluidos quando</p><p>ocorrem intrusões magmáticas; vulcano-sedimentares, formados normalmente</p><p>em ambientes subaquáticos formando importantes depósitos de ferro; e, ainda,</p><p>metamórficos, quando pressão e temperatura remobilizam elementos químicos</p><p>como o ouro ou cobre. Depósitos exógenos podem ser sedimentares, formados</p><p>4</p><p>pela deposição de algum elemento importante como os sais de lítio; ou</p><p>supérgenos, quando há um enriquecimento de porções superficiais de solos, por</p><p>processos pedogenéticos como a bauxita, que é um minério de alumínio. Ouro,</p><p>prata, cobre e ferro são exemplos de elementos que podem formar depósitos</p><p>minerais de alto interesse econômico.</p><p>Conforme o conhecimento geológico de um recurso mineral cresce, esse</p><p>depósito passa a ser uma reserva mineral — um volume de minério medido e</p><p>avaliado e com perspectivas de ser aproveitada economicamente. A avaliação</p><p>de recursos minerais inicia-se com a cubagem do depósito. Cubar um depósito</p><p>significa avaliar o volume de um corpo em unidade cúbicas. E é isso que se faz:</p><p>divide-se um depósito em cubos e analisa-se o teor de cada cubo. Teor é o grau</p><p>de concentração que determinado elemento dentro de uma jazida. Quanto maior</p><p>for o teor médio, mais valiosa é a jazida.</p><p>Recursos minerais simples podem ser cubados com métodos simples,</p><p>usando conhecimento geológico básico. Depósitos minerais complexos,</p><p>normalmente metálicos, exigem técnicas mais robustas de geoestatística. As</p><p>técnicas de geoestatística permitem modelar depósitos, considerando suas</p><p>características geológicas, inferindo teores em diferentes direções, conforme o</p><p>modelo do processo mineralizador. Quando os depósitos minerais são avaliados</p><p>em função de teores e quantidade, eles podem ser classificados como uma</p><p>reserva mineral medida, quase prontos para serem explorados</p><p>economicamente. No entanto, fatores externos podem também modificar a</p><p>viabilidade econômica de um depósito, como distância do centro consumidor,</p><p>infraestrutura do local do jazimento, demanda pelo minério etc. Então, para que</p><p>um depósito seja economicamente viável de ser explorado, além da presença do</p><p>minério no local, é necessário avaliar seu volume, o teor de cada parte do</p><p>depósito e as condições locais e de comércio daquele produto.</p><p>Existem diferentes tipos de minérios e associações minerais e diferentes</p><p>formas de extraí-los da natureza. A operação de extração do minério chama-se</p><p>lavra, e o depósito mineral em operação de lavra é uma mina. Para chegar a</p><p>efetivar a lavra de uma reserva, são necessários trâmites legais com o governo</p><p>federal, porque o subsolo pertence à União. Quem cuida das autorizações de</p><p>pesquisa e concessões de lavra é a Agência Nacional de Mineração (ANM).</p><p>É comum ouvirmos falar de garimpos, que é uma forma predatória de</p><p>extração mineral, porque o garimpeiro via no chamado filão de minério e deixava</p><p>5</p><p>para trás importante parte da jazida. Em garimpos, não são realizados estudos</p><p>de cubagem do depósito nem viabilidade econômica, resultando em perdas</p><p>minerais e destruição ambiental. O garimpo de maior expressão na história</p><p>mineral do país foi o de Serra Pelada, constituinte da província mineralógica dos</p><p>Carajás. No seu auge, eram mais de 5 mil garimpeiros que retiraram</p><p>aproximadamente 17 toneladas de ouro no ano de 1983.</p><p>Figura 2 – Operações de lavra subterrânea</p><p>Crédito: Mark Agnor/Shutterstock.</p><p>TEMA 2 – RECURSOS MINERAIS METÁLICOS</p><p>O Brasil é um país privilegiado em relação a jazimentos metálicos. Somos</p><p>detentores da maior jazida de ferro do mundo, localizada em Carajás, no Pará,</p><p>que é uma grande província mineralógica no país. Além de ferro, a cidade produz</p><p>também cobre e ouro, mostrando que depósitos minerais metálicos podem ter</p><p>diferentes metais associados. Os elementos metálicos dividem-se em (Teixeira</p><p>et al., 2009):</p><p>• Ferrosos: Fe, Mn, Cr, Ni, Mo, Co, W, V;</p><p>• Básicos: Cu, Pb, Zn, Sn;</p><p>• Leves: Al, Mg, Ti, Be;</p><p>• Preciosos: Au, Ag, Pt;</p><p>• Raros: Be, Cs, Li etc.</p><p>6</p><p>2.1 Ferro</p><p>O minério de ferro normalmente está associado a depósitos vulcano-</p><p>sedimentares e sua lavra é de grandes dimensões. Os minerais que formam os</p><p>minérios de ferro normalmente são a hematita e a rocha. Considerada minério,</p><p>recebe o nome de Formação Ferrífera Bandada, ou Banded Iron Formations, os</p><p>famosos BIFs. O Estado do Pará detém a maior reserva de minério de ferro do</p><p>país, e uma das maiores do mundo, na província metalogenética</p><p>de Carajás.</p><p>Minas Gerais também é um importante estado produtor de minérios, destacando-</p><p>se o ferro do Quadrilátero Ferrífero.</p><p>Figura 3 – Formação Ferrífera bandada (BIF): minério de ferro</p><p>Crédito: Beate Wolter/Shutterstock.</p><p>2.2 Ouro</p><p>O ouro (Au) é um metal de cor amarela brilhante, baixa dureza, alta</p><p>densidade e de fácil manuseio, pois é maleável. Possui alta condutividade</p><p>elétrica e não oxida, não corrói nem mancha, conferindo-lhe características</p><p>peculiares, sendo muito usado na indústria eletrônica, aeroespacial, na</p><p>medicina, na odontologia e na joalheria. Nesta última, normalmente faz parte de</p><p>ligas metálicas com o cobre, a prata e o níquel. Ocorre na forma de pepitas,</p><p>grãos ou como agregados dendríticos associados a outros minerais. Forma</p><p>depósitos minerais de difícil modelamento, associados a processos hidrotermais,</p><p>7</p><p>estando alojando normalmente em veios de quartzo que preenchem fraturas.</p><p>Podem ainda estar associados a sulfetos em rochas vulcânicas exalativas e</p><p>ainda na forma de plácer, depósitos superficiais concentrados mecanicamente</p><p>por energia fluvial.</p><p>Figura 4 – Ouro nativo</p><p>Crédito: Julia Reschke/Shutterstock.</p><p>2.3 Cobre</p><p>Na Cordilheira do Andes, também existe um grande acúmulo de metais,</p><p>notadamente de cobre, no Chile, que é a indústria mais importante do país, com</p><p>a maior lavra em operação no mundo. Chuquicamata é a maior lavra a céu aberto</p><p>da América do Sul, perdendo somente para a mina de cobre Kennecott, nos</p><p>Estados Unidos. Ambas estão localizadas muito próximas a cordilheiras.</p><p>Chuquicamata nos Andes e Kennecott nas montanhas rochosas, mostrando a</p><p>importância da estrutura geológica formada na colisão continental de placas</p><p>tectônicas na formação de minérios de cobre.</p><p>8</p><p>Figura 5 – Cobre nativo</p><p>Crédito: Albert Russ/Shutterstock.</p><p>2.4 Prata</p><p>A prata (Ag) é um metal de cor branca, com alta condutividade elétrica e</p><p>alta maleabilidade. Apesar de ser estável em contato com o ar e a água,</p><p>desenvolve uma película de sulfeto de prata, que lhe confere uma cor escura</p><p>quando exposta ao oxigênio. A prata associa-se a depósitos de chumbo e de</p><p>cobre, sendo normalmente um subproduto da mineração de chumbo. A</p><p>Argentina, que já foi um grande produtor de prata, tem seu nome originado de</p><p>Argentum, prata em latim, e que também dá nome ao principal rio do país que</p><p>banha a capital, o Rio da Prata, formando o estuário da importante Bacia do Rio</p><p>Paraná.</p><p>9</p><p>Figura 6 – Prata nativa</p><p>Crédito: Albert Russ/Shutterstock.</p><p>2.5 Alumínio</p><p>O alumínio é o segundo elemento metálico mais abundante da crosta</p><p>continental, também chamada de SIAL – silício e alumínio. Tem baixa densidade,</p><p>é bastante maleável e dúctil, além de ser resistente a corrosão e ter alta</p><p>durabilidade. É encontrado na forma de óxido e hidróxidos, que formam o minério</p><p>conhecido como bauxita, uma rocha com cor variando entre o vermelho, amarelo</p><p>e marrom, com estrutura maciça, coesa e terrosa. Bauxita é produto do</p><p>intemperismo de rochas ricas em alumínio submetidas a um clima tropical e</p><p>subtropical, em que acontecem processos pedológicos entre os horizontes,</p><p>tornado a superfície pobre em sílica, mas enriquecida em alumínio e ferro, e a</p><p>intensidade da sua cor está diretamente relacionada com a quantidade de óxidos</p><p>de ferro formados neste processo. Assim, o minério de alumínio (bauxita) se</p><p>concentra em depósitos supérgenos e sua lavra é feita retirando os horizontes</p><p>superficiais do solo.</p><p>10</p><p>Figura 7 – Bauxita, minério de alumínio</p><p>Crédito: fluke samed/Shutterstock.</p><p>TEMA 3 – RECURSOS MINERAIS ENERGÉTICOS</p><p>Os minérios também podem ser energéticos, ou seja, capazes de produzir</p><p>energia. Destacam-se o petróleo, gás, carvão e os elementos radioativos.</p><p>3.1 Petróleo</p><p>O petróleo é um líquido originado pela decomposição de matéria orgânica,</p><p>principalmente algas, formado pelo soterramento e compactação dessa matéria</p><p>orgânica em ambiente anaeróbico, concentrando carbono e transformando-se</p><p>em hidrocarbonetos.</p><p>11</p><p>Figura 8 – Formação do petróleo livre</p><p>Crédito: Vectormine/Shutterstock.</p><p>Para a formação de depósitos petrolíferos, é necessário o cumprimento</p><p>de determinadas etapas, que são descritas a seguir. A primeira condição</p><p>importante é a rocha-fonte. Ela é formada por sedimentos ricos em matéria</p><p>orgânica, que são soterrados, comprimindo os espaços e consequentemente</p><p>expulsando os hidrocarbonetos gerados para um ambiente de menor pressão e</p><p>maior porosidade. A essa movimentação se dá o nome de migração primária.</p><p>Por serem menos densos do que a água, os hidrocarbonetos tendem a</p><p>subir até encontrar uma barreira que seja impermeável à sua migração,</p><p>caracterizando a migração secundária. Essas barreiras são denominadas de</p><p>rochas capeadoras e normalmente são rochas ricas em siltes e argilas, que têm</p><p>baixa permeabilidade. A rocha onde o hidrocarboneto se aloja é chamada de</p><p>rocha reservatória. Esse sistema composto pelo espaço de rocha reservatória,</p><p>capeada por rocha impermeável, dá-se o nome de trap, ou armadilha.</p><p>12</p><p>Figura 9 – Sistema de produção e armazenamento de petróleo</p><p>Fonte: Eliane Ramos.</p><p>3.2 Gás natural</p><p>O gás está associado a essa mesma decomposição, sendo que os dois</p><p>normalmente são encontrados juntos. Vale ressaltar que o petróleo e o gás</p><p>ocorrem sempre em rochas sedimentares ou com baixo grau de metamorfismo.</p><p>Figura 10 – Uso comum do gás natural</p><p>Crédito: Photoinnovation/Shutterstock.</p><p>13</p><p>3.3 Carvão</p><p>De maneira semelhante ao petróleo, o carvão mineral é originado da</p><p>decomposição de material orgânica, nesse caso, principalmente de vegetais em</p><p>ambientes pantanosos e com pouco oxigênio. Essa matéria orgânica é</p><p>decomposta por bactérias e é transformada pela ação da pressão litostática e do</p><p>calor geotérmico. Carvões formados por algas marinhas são chamados de</p><p>sapropélicos. Quando originado de vegetais superiores em ambiente continental,</p><p>são chamados de húmicos e correspondem à maioria das reservas brasileiras</p><p>de carvão mineral, situadas principalmente no sul do país.</p><p>Figura 11 – Amostras de carvão mineral</p><p>Crédito: Vyacheslav Svetlichnyy/Shutterstock.</p><p>Podem ser classificados em função do teor de carbono em sua</p><p>composição química, formando a série dos carvões. O Quadro 1 mostra os</p><p>nomes dados aos carvões e seus teores. É mister lembrar que o grafite, apesar</p><p>de ser 100% carbono, não é combustível, assim como o diamante.</p><p>14</p><p>Quadro 1 – Série do carvões: denominação por quantidade de carbono</p><p>3.4 Elementos radioativos</p><p>Elementos radioativos são aqueles que possuem a capacidade de emitir</p><p>radiação, num processo para tornar seus enormes núcleos mais estáveis. Os</p><p>mais conhecidos são rádio, radônio e polônio. O uso da radiação de elementos</p><p>químicos é vasta na medicina e também em usinas termonucleares. Essas</p><p>usinas usam o decaimento radioativo do urânio, que se manifesta na forma de</p><p>calor para aquecer turbinas convertendo energia térmica em elétrica.</p><p>Figura 12 – Minério de urânio</p><p>Crédito: MarcelClemens/Shutterstock.</p><p>Além do uso da radiação natural desses elementos, é possível “quebrar”</p><p>esses grandes elementos, gerando uma fissão nuclear, o que resulta em uma</p><p>TURFA</p><p>•55 a 60% C</p><p>LINHITO</p><p>•67 a 78% C</p><p>ULHA</p><p>80 a 90% C</p><p>ANTRACITO</p><p>•> 90%</p><p>15</p><p>energia estupenda e que, infelizmente, pode ser usada para a fabricação de</p><p>bombas nucleares. Apesar desse uso pouco nobre e dos problemas advindos</p><p>com a radioatividade — o lixo atômico —, esse recurso é altamente energético</p><p>e é necessário mais pesquisa para um uso seguro desse recurso.</p><p>TEMA 4 – MINERAIS INDUSTRIAIS</p><p>Os minérios que não são metálicos nem produzem energia são chamados</p><p>de minerais industriais. O nome vem da capacidade de uso desses minérios na</p><p>indústria, de forma variada, sendo usados também na construção civil.</p><p>A Tabela 1 mostra uma classificação utilitária simplificada (Teixeira et al.,</p><p>2009) de substâncias minerais e seus usos. Observe a quantidade de minerais</p><p>industriais que estão nesta tabela e como seu uso é difundido na sociedade.</p><p>Tabela 1 – Substâncias minerais e seus diversos usos na sociedade</p><p>Sustância mineral Uso</p><p>Areia, cascalho, brita etc. Material de construção</p><p>Enxofre, fluorita, sais, pirita, cromita Indústria química</p><p>Fosfatos, potássio, nitratos Fertilizantes</p><p>Calcário, argilas, gispsita Indústria cimentícia</p><p>Argilas, feldspatos, sílica Indústria cerâmica</p><p>Cromita. magnesita, argilas, sílica Refratários</p><p>Coríndon, diamante, granada,</p><p>quartzito</p><p>Abrasivos</p><p>Amianto, mica Isolantes térmicos</p><p>Carbonatos, fluorita Fundentes</p><p>Barita, ocre, titânio Pigmentos</p><p>Diamante, coríndon, turmalina etc. Gemas</p><p>4.1 Materiais de construção</p><p>A areia é uma substância mineral que tem seu nome derivado da sua</p><p>forma, e não da sua composição. Conforme vimos no tema sobre rochas</p><p>sedimentares, a areia é um material de granulometria entre 0,5 e 0,1mm e é</p><p>resultado da dinâmica externa do planeta.</p><p>A areia pode ter diferentes composições químicas, porém predominam</p><p>areias quartzosas, com alto teor de sílica, também conhecida como areia</p><p>16</p><p>industrial. Esse tipo de material pode ser usado na indústria siderúrgica como</p><p>fundente, na fabricação de vidros, em que é matéria básica, na indústria</p><p>cimentícia, na produção de materiais refratários, na fabricação de fertilizantes,</p><p>como carga em tintas e plásticos e ainda na indústria petrolífera durante a</p><p>perfuração de poços. A areia é ainda amplamente usada na construção civil e</p><p>faz parte de segmentos sociais, visto que é na areia que muitas atividades de</p><p>lazer se desenvolvem.</p><p>Assim como a areia, a argila é um material sedimentar, de granulometria</p><p>muito fina (4 micrometros de diâmetro), normalmente composto por diferentes</p><p>filossilicatos, como esmectita, caulinita, montmorilonita etc. Sua característica de</p><p>ser uma lâmina, isto é, a superfície elevada comparada com outras dimensões,</p><p>faz com que seu uso seja bastante diversificado, sendo usada tanto na indústria</p><p>como na construção civil.</p><p>As argilas também são muito porosas, tendo alta capacidade de absorção</p><p>de líquidos, o que provoca mudanças de volume pela hidratação. Essa</p><p>propriedade é muito importante na análise ambiental de argilas do tipo</p><p>montmorilonita, que exposta as intempéries pode inchar e provocar</p><p>desestabilização em vertentes. Quando cheias de água, tornam-se plásticas,</p><p>pois a água funciona como um lubrificante, permitindo o movimento entre as</p><p>superfícies, tornando-a muito lisa.</p><p>As argilas usadas para a fabricação de agregados e materiais de</p><p>construção correspondem a aproximadamente 90% da produção total de argilas.</p><p>Esse tipo de argila comum também é conhecida como argila vermelha ou argila</p><p>cerâmica, pois com a queima adquirem cor vermelha a marrom. Essas argilas</p><p>têm papel fundamental na produção de produtos cerâmicos — submetido a</p><p>tratamento térmico com temperatura elevada, como tijolos, telhas e manilhas.</p><p>17</p><p>Figura 13 – Materiais de construção: areia pronta para uso e argila transformada</p><p>em tijolos</p><p>Crédito: Ivonne Wierink/Shutterstock.</p><p>Além de agregados minerais e materiais usados na construção civil, as</p><p>argilas são empregadas na fabricação de porcelana, refratários, tintas, papel,</p><p>borracha e outros produtos da indústria química e petrolífera, assim como na</p><p>agricultura. Essas argilas, apesar de representar somente 10% da produção</p><p>nacional, tem valor agregado, perfazendo 70% do valor produzido.</p><p>Rochas cristalinas como granito e gnaisses são quebradas/moídas em</p><p>pedaços menores, chamados de brita, parte fundamental do concreto de das</p><p>construções. Esse processo é feito em britadores industriais, em área de</p><p>mineração, sendo possível britar as rochas em diferentes tamanhos, como</p><p>ilustrado na Figura 14.</p><p>18</p><p>Figura 14 – Mineração de brita e diferentes tamanho de brita produzidos</p><p>Crédito: Axpitel/Shutterstock.</p><p>A partir de rochas carbonáticas, podemos obter o cal, produto da</p><p>calcinação de calcários, e também cimento, produto da calcinação de uma</p><p>mistura de argila, calcário e minerais como sílica, além de ferro e alumínio.</p><p>Figura 15 – Indústria de cimento e a argamassa pronta para uso</p><p>Crédito: Juan Enrique Del Barrio; Numpon Jumroonsiri/Shutterstock.</p><p>Rochas carbonáticas ainda são amplamente utilizadas na construção civil</p><p>na forma de rochas ornamentais genericamente chamadas de mármores.</p><p>Rochas cristalinas como granitos também são muito utilizadas como rocha para</p><p>revestimento — materiais rochosos utilizados de forma estética ou estrutural,</p><p>extraídos na forma de blocos. A lavra consiste em retirar blocos inteiros que</p><p>serão fatiados em diferentes espessuras e depois polidos, resultando em</p><p>superfícies de rocha lisa.</p><p>19</p><p>Figura 16 – Lavra de Mármore em bloco para utilização em revestimentos</p><p>Crédito: Olga e Alexia/Shutterstock.</p><p>Elementos como cálcio, magnésio, enxofre, potássio, nitrogênio e fósforo</p><p>são bastante utilizados como fertilizantes de base mineral ou de fonte inorgânica.</p><p>São produzidos a partir de minerais ricos nesses elementos, com destaques para</p><p>os minerais de fosfato e potássicos. Esse tipo de fertilizante tem baixo custo e</p><p>são rapidamente absorvidos pelas plantas, disseminando seu uso.</p><p>Figura 17 – Fertilizantes minerais</p><p>Crédito: Singkham/Shutterstock.</p><p>20</p><p>TEMA 5 – CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS DO USO DE RECURSOS MINERAIS</p><p>A vida moderna é dependente do uso de recursos minerais, mas eles não</p><p>são renováveis. Isto significa que o planeta não repões com facilidade os</p><p>recursos minerais, pois, como já sabemos, a formação das rochas é um processo</p><p>lento, diferente da escala de tempo da vida humana. Quando um minério é</p><p>lavrado e é exaurido aquele depósito, precisamos buscar por mais, mas a</p><p>disponibilidade do recurso mineral não é infinita. Assim, iniciativas de reciclagem</p><p>de recursos minerais devem ser norteadoras de uma sociedade sustentável.</p><p>A exploração mineral retira grandes quantidades de material pétreo da</p><p>natureza e, por vezes, não repõe nada. Isso resulta em modificações locais de</p><p>relevo, consumindo morros e formando outros com o que não é utilizado –</p><p>chamado de estéril ou, ainda, de material resultado de processamentos,</p><p>chamado de rejeito. Essas intervenções no relevo precisam ser constantemente</p><p>monitoradas a fim de evitar acidentes. As barragens que arrebentaram em</p><p>Mariana e Brumadinho (Minas Gerais) são estruturas de operação de lavra –</p><p>pilhas de rejeito – e mostraram que a ingerência sobre a operação da extração</p><p>de minerais pode ser destruidora1.</p><p>As operações de lavra também possuem etapas, como o transporte e</p><p>beneficiamento desses grandes volumes de material que são prejudiciais ao</p><p>meio ambiente, pois usam combustíveis fósseis e emitem gases poluentes na</p><p>atmosfera. O beneficiamento de produtos minerais também gera resíduos</p><p>sólidos e efluentes, gerando a necessidade de monitoramento de parâmetros</p><p>químicos e físicos nos corpos hídricos e na atmosfera.</p><p>A indústria do cimento consome altas taxas de energia, comumente</p><p>usando combustíveis fósseis, além de gerar resíduos sólidos. Diante dessa</p><p>situação, foram desenvolvidas técnicas de reaproveitamento de materiais, tanto</p><p>para queima nos fornos, gerando a energia suficiente para calcinar os produtos,</p><p>como reaproveitamento para a produção do próprio clínquer. A esses métodos</p><p>se dá o nome de coprocessamento.</p><p>Apesar do cenário pouco animador da exploração de recursos minerais,</p><p>é importante citar que nas últimas décadas o setor da mineração tem buscado</p><p>adequar-se à legislação ambiental e às estratégias do desenvolvimento</p><p>1 Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2012/06/28/ibama-retira-garimpo-de-ouro-e-</p><p>serrarias-clandestinas-do-entorno-da-reserva-kayapo-no-para/>.</p><p>Acesso em: 1 set. 2021.</p><p>21</p><p>sustentável, consenso internacional. Assim, atualmente um empreendimento de</p><p>mineração preocupado com as questões ambientais prioriza diretrizes</p><p>planejadas, considerando a variável socioambiental de modo intrínseco em todo</p><p>o ciclo de vida de uma mina, visando garantir recursos ambientais para as</p><p>gerações atuais e futuras.</p><p>Figura 18 – Lavra desativada esperando a recuperação</p><p>Crédito: ET1972/Shutterstock.</p><p>O ciclo de vida de uma mina desenha as etapas de um empreendimento</p><p>minerário desde a pesquisa mineral, incorporando estudos de viabilidade</p><p>técnica, sua implantação e operação até o fechamento e o monitoramento da</p><p>área após a exploração do recurso. Quando se pensa em desenvolvimento</p><p>sustentável em um empreendimento mineral, essas premissas devem permear</p><p>todas as etapas citadas. É sempre bom lembrar que um empreendimento mineral</p><p>causa impactos ambientais nos meios físico, biótico e socioeconômico, e quando</p><p>bem gerido pode transformar locais gerando empregos e renda.</p><p>Entretanto, nem todo recurso mineral é não renovável. A água é um</p><p>recurso mineral renovável, indispensável à vida humana e que também precisa</p><p>ter práticas sustentáveis para sua exploração. Recursos hídricos superficiais e</p><p>subterrâneos (aquíferos) são passíveis de contaminação e poluição pelas</p><p>diferentes atividades antrópicas. Atente também que a água, apesar de ser</p><p>renovável, necessita atender a padrões de potabilidade para nosso consumo e,</p><p>22</p><p>se for explorada mais intensamente do que sua capacidade de renovação,</p><p>poderá também tornar-se inviável para uso humano.</p><p>Por fim, não podemos esquecer que existem recursos naturais renováveis</p><p>como energia solar, ventos e ondas, que devem ter investimentos no</p><p>desenvolvimento de tecnologias para um uso sustentável e eficiente deles. Isso</p><p>deve ser uma prática na nossa sociedade, se almejamos ter sustentabilidade e</p><p>preservar o planeta e a nossa própria espécie.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Vimos a importância dos recursos minerais na nossa sociedade.</p><p>Entendemos que existem diferentes tipos de recursos minerais, cada qual com</p><p>sua finalidade. Falamos sobre os metais, sobre os minérios usados na indústria,</p><p>como areia e argilas, e aqueles que geram energia, seja fóssil ou radioativa. Foi</p><p>possível compreendermos que, apesar de serem enormes depósitos algumas</p><p>vezes, levam-se milhões de anos para serem formados, portanto não são</p><p>renováveis. O uso sustentável desses recursos deve ser premissa da nossa</p><p>sociedade, assim como a busca de novas tecnologias para um uso sustentável</p><p>dos recursos naturais renováveis, além da reciclagem daqueles que não o são.</p><p>23</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BETTENCOURT, J. S.; CAETANO, J.; MONTEIRO, L. V. S.. Exploração</p><p>mineral no Brasil: uso de modelos de depósitos minerais e sistemas minerais.</p><p>São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016.</p><p>BRANCO, P. de M. Dicionário de Mineralogia e Gemologia. São Paulo: Oficina</p><p>de Textos, 2008.</p><p>TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. 1 ed. São Paulo: Companhia Editora</p><p>Nacional, 2009.</p>

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