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<p>PODER LEGISLATIVO</p><p>2a EDIÇÃO/23</p><p>1. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO 3</p><p>2. CONGRESSO NACIONAL 4</p><p>2.1. ATRIBUIÇÕES 5</p><p>2.2. EXPRESSÕES IMPORTANTES 8</p><p>2.3. SENADO FEDERAL E CÂMARA DOS DEPUTADOS 8</p><p>2.3.1. COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS 9</p><p>2.3.1.1. CÂMARA DOS DEPUTADOS 9</p><p>2.3.1.2. SENADO FEDERAL 10</p><p>2.3.2. VOTO 11</p><p>2.4. ATIVISMO CONGRESSUAL 12</p><p>2.5. OUTRAS GARANTIAS 13</p><p>3. COMISSÕES PARLAMENTARES 14</p><p>3.1. CONCEITO 14</p><p>3.1.1. CLASSIFICAÇÃO 14</p><p>3.2. COMISSÕES TEMÁTICAS (PERMANENTES ) 15</p><p>3.3. COMISSÃO ESPECIAL OU TEMPORÁRIA 15</p><p>3.4. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) 16</p><p>3.4.1. CONCEITO 16</p><p>3.4.2. ASPECTOS ESSENCIAIS 16</p><p>3.4.3. CPI FEDERAL 21</p><p>3.4.4. CPI ESTADUAL 24</p><p>3.4.5. CPI MUNICIPAL 25</p><p>3.5. COMISSÃO MISTA 25</p><p>3.6. COMISSÃO REPRESENTATIVA 26</p><p>4. GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO 26</p><p>4.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 26</p><p>4.1.1. AFASTAMENTO DO PARLAMENTAR 26</p><p>4.2. IMUNIDADES 27</p><p>4.2.1. ESPÉCIES 27</p><p>4.2.1.1. JURISPRUDÊNCIA 30</p><p>4.2.1.2. PRISÃO PROCESSUAL DOS PARLAMENTARES FEDERAIS 33</p><p>4.2.2. IMUNIDADES DOS PARLAMENTARES FEDERAIS (DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES) 36</p><p>4.2.3. INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS DOS PARLAMENTARES FEDERAIS 39</p><p>4.2.4. PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR 40</p><p>4.2.5. CASO DANIEL SILVEIRA 43</p><p>4.2.6. DEPUTADOS ESTADUAIS 44</p><p>4.2.6.1. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 44</p><p>4.2.7. CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS E A PRERROGATIVA DE FORO 45</p><p>4.2.8. VEREADORES 46</p><p>4.3. QUADRO RESUMO- PODER LEGISLATIVO 48</p><p>1</p><p>5. PROCESSO LEGISLATIVO 50</p><p>5.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 50</p><p>5.1.1. CONCEITO 50</p><p>5.1.2. QUADRO RESUMO 50</p><p>5.1.3. DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL 53</p><p>5.1.4. TIPOS DE PROCESSO LEGISLATIVO 53</p><p>5.1.5. ESPÉCIES DO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO 54</p><p>5.1.6. FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO 54</p><p>5.1.6.1. FASE INTRODUTÓRIA 54</p><p>5.1.6.2. FASE CONSTITUTIVA 57</p><p>5.1.6.3. FASE COMPLEMENTAR 60</p><p>5.1.7. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO SUMÁRIO 61</p><p>5.1.9. EMENDAS CONSTITUCIONAIS 61</p><p>5.1.10. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS E SUA EQUIVALÊNCIA</p><p>COM AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS 64</p><p>5.1.11. MEDIDA PROVISÓRIA 65</p><p>5.1.12. LEI DELEGADA 68</p><p>5.1.13. JURISPRUDÊNCIA 69</p><p>2</p><p>1. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO</p><p>FEDERAL</p><p>▸ Adota bicameralismo federativo</p><p>▸ Duas casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal.</p><p>▸ Composta por Deputados (representantes do povo) e Senadores</p><p>(representantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal) .</p><p>ESTADUAL</p><p>▸ Adota o unicameralismo: é exercido pela Assembleia Legislativa.</p><p>▸ Composta pelos Deputados Estaduais, representantes do povo do Estado.</p><p>▸ Número de deputados estaduais: corresponderá ao triplo da representação</p><p>do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será</p><p>acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (art.</p><p>27, caput CF).</p><p>▸mandato de 4 anos</p><p>▸regras da CF sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração,</p><p>perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas</p><p>serão aplicadas aos parlamentares estaduais (art. 27, § 1.º).</p><p>▸remuneração: fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, não</p><p>podendo ser superior a 75% daquele estabelecido, em espécie, para os</p><p>Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4.º, 57, § 7.º, 150, II,</p><p>153, III, e 153, § 2.º, I</p><p>DISTRITAL</p><p>▸ Adota o unicameralismo: é exercido pela Câmara Legislativa, composta pelos</p><p>Deputados Distritais, que representam o povo do Distrito Federal.</p><p>⚠ ATENÇÃO: As regras estabelecidas para os Estados valem para o DF.</p><p>▸ Composta pelos Deputados Distritais, que representam o povo do distrito</p><p>federal;</p><p>MUNICIPAL</p><p>▸ Adota o unicameralismo: é exercido pela Câmara Municipal (Câmara dos</p><p>Vereadores).</p><p>▸ Composta pelos Vereadores, representantes do povo do Município. O número</p><p>será estabelecido de acordo com o nº de habitantes em cada Município, até os</p><p>limites máximos do art. 29, IV da CF. A fixação é dada com base na lei orgânica de</p><p>cada município.</p><p>3</p><p>▸mandato de 04 anos</p><p>▸Inviolabilidade: aplica-se apenas a imunidade material (são invioláveis por</p><p>suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do</p><p>Município)</p><p>▸A apreciação das contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão,</p><p>será exercida pelas Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas</p><p>competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de</p><p>dois terços dos vereadores.</p><p>TERRITÓRIOS FEDERAIS</p><p>▸ O art. 33, § 3.º, última parte, determina que a lei disporá sobre as eleições para</p><p>a Câmara Territorial.</p><p>▸ Como não existem Territórios Federais, ainda não foi regulamentado.</p><p>▸ Cada Território elegerá o número fixo de 4 Deputados Federais.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz de Direito do Estado do Amapá (Ano: 2022, FGV), foi cobrada a seguinte questão: Ao</p><p>disciplinar o procedimento a ser observado no julgamento das contas do chefe do Poder Executivo, o</p><p>Regimento Interno da Câmara dos Vereadores do Município Alfa, situado na Região Norte do país, dispôs o</p><p>seguinte: (1) a Câmara somente julga as contas de governo, não as de gestão, prevalecendo, em relação às</p><p>últimas, o juízo de valor do Tribunal de Contas do respectivo Estado; (2) as contas não impugnadas por qualquer</p><p>vereador, partido político ou cidadão, no prazo de sessenta dias, a contar do recebimento do parecer prévio do</p><p>Tribunal de Contas, são tidas como aprovadas; (3) o parecer prévio do Tribunal de Contas somente deixará de</p><p>prevalecer pelo voto da maioria de dois terços dos membros da Câmara Municipal. Considerando a disciplina</p><p>estabelecida na Constituição da República de 1988 a respeito da matéria, é correto afirmar que: apenas o</p><p>comando 3 é constitucional.</p><p>2. CONGRESSO NACIONAL</p><p>Conforme leciona o professor Flávio Martins, “a Câmara dos Deputados representa o povo. Por essa</p><p>razão, cada Estado (e o Distrito Federal) terá um número diferente de deputados federais, variando de acordo</p><p>com o número de habitantes de cada Estado. Dessa maneira, o Estado que tem menos habitantes terá menos</p><p>deputados federais e vice-versa”1.</p><p>1 Martins, Flávio. Curso de Direito Constitucional / Flávio Martins. - 6. ed. - São Paulo : SaraivaJur, 2022, Pg. 642.</p><p>4</p><p>2.1. ATRIBUIÇÕES</p><p>O artigo 48 da Constituição Federal, estabelece que, cabe ao Congresso Nacional, com sanção do</p><p>Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:</p><p>✓ sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;</p><p>✓ plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e</p><p>emissões de curso forçado;</p><p>✓ fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;</p><p>✓ planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;</p><p>✓ limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;</p><p>✓ incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as</p><p>respectivas Assembleias Legislativas;</p><p>✓ transferência temporária da sede do Governo Federal;</p><p>✓ concessão de anistia;</p><p>✓ organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos</p><p>Territórios, e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012);</p><p>✓ criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, ob servado o que</p><p>estabelece o art. 84, VI, “b”, já que, quando vagos os cargos ou fun ções públicas, caberá ao Presidente,</p><p>mediante decreto, dispor sobre a extinção;</p><p>✓ criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública (confira, também, o art. 88 da</p><p>CF/88, alterado pela EC n. 32/2001);</p><p>✓ telecomunicações e radiodifusão;</p><p>✓ matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;</p><p>✓ moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mobiliária federal;</p><p>✓ fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o que dispõem os arts. 39, § 4.º; 150, II; 153, III;</p><p>e 153, § 2.º, l.</p><p>É imprescindível conhecer também, as situações de competência EXCLUSIVA do Congresso Nacional,</p><p>ou seja, as situações em é dispensada a manifestação</p><p>Deputada. Decidiu o Tribunal: As opiniões ofensivas proferidas</p><p>por deputados federais e veiculadas por meio da imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma</p><p>relação com o exercício do mandato, não estão abarcadas pela imunidade material prevista no art. 53 da</p><p>CF/88 e são aptas a gerar dano moral. STJ. 3ª Turma.REsp 1642310-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em</p><p>15/8/2017 (Info 609). Obs. o STF já recebeu denúncia e queixa-crime contra Bolsonaro pelo mesmo fato (STF. 1ª</p><p>Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831)27.</p><p>A imunidade material de parlamentar (art. 53, “caput”, da CF/88) quanto a crimes contra a honra só alcança as</p><p>supostas ofensas irrogadas fora do Parlamento quando guardarem conexão com o exercício da atividade</p><p>parlamentar.No caso concreto, determinado Deputado Federal afirmou, em seu blog pessoal, que certo</p><p>Delegado de Polícia teria praticado fato definido como prevaricação. A 1ª Turma do STF recebeu a denúncia</p><p>formulada contra o Deputado por entender que, no caso concreto, deveria ser afastada a tese de imunidade</p><p>parlamentar apresentada pela defesa. A Min. Rel. Rosa Weber ressaltou que a imunidade parlamentar material</p><p>(art. 53 da CF/88) só é absoluta quando as afirmações de um parlamentar sobre qualquer assunto ocorrem</p><p>dentro do Congresso Nacional. No entendimento da Ministra, fora do parlamento é necessário que as</p><p>afirmações tenham relação direta com o exercício do mandato. Na hipótese, o STF entendeu que as</p><p>declarações do Deputado não tinham relação direta com o exercício de seu mandato. STF. 1ª Turma. Inq</p><p>3672/RJ, Rel.Min. Rosa Weber, julgado em 14/10/2014 (Info 763)28.</p><p>4.2.1.2. PRISÃO PROCESSUAL DOS PARLAMENTARES FEDERAIS</p><p>A doutrina divide a prisão em três tipos: prisão em flagrante, preventiva e temporária. No caso dos</p><p>parlamentares federais, eles somente poderão ser presos no caso de FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL.</p><p>Essa restrição foi denominada pelo Ministro Celso de Mello de “estado de relativa incoercibilidade</p><p>pessoal dos congressistas (freedom from arrest), que só poderão sofrer prisão provisória ou cautelar numa</p><p>única e singular hipótese: situação de flagrância em crime inafiançável” 29</p><p>29Inq. 510/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 1.º.02.1991, Plenário.</p><p>28 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Imunidade material e manifestações proferidas fora do parlamento. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível</p><p>em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0a09c8844ba8f0936c20bd791130d6b6>. Acesso em: 17/05/2022.</p><p>27 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma que determinada Deputada "não merece ser estuprada" deve</p><p>pagar indenização por danos morais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f127a3f714240273e254d740ed23f001>. Acesso em: 17/05/2022.</p><p>33</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0a09c8844ba8f0936c20bd791130d6b6</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f127a3f714240273e254d740ed23f001</p><p>PROCEDIMENTO EM CASO DE PRISÃO</p><p>■ Os autos deverão ser remetidos à Casa Parlamentar, no prazo de 24 horas, a fim de que, por</p><p>quorum qualificado, ou seja, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, seja resolvida a prisão.</p><p>Atenção: a aprovação da respectiva casa é condição necessária para a manutenção da prisão realizada;</p><p>■ A votação deve ser aberta (sem sigilo dos votos);</p><p>■ Vejamos as consequências das decisões dos parlamentares caso decidam:</p><p>▸ pela não manutenção do cárcere: a prisão deve ser relaxada.</p><p>▸ pela manutenção do cárcere: os autos devem ser encaminhados ao STF, no prazo de até 24</p><p>horas, para a realização da audiência de custódia prevista no artigo 310 do CPP (novidade trazida pelo</p><p>Pacote Anticrime).</p><p>Sobre a audiência de custódia, é importante lembrar do posicionamento do STJ:</p><p>“a interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz dos arts. 282, §§ 2.º e 4.º, e 311, do mesmo</p><p>estatuto processual penal, a significar que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de</p><p>custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo</p><p>necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal, provocação do Ministério Público, da autoridade</p><p>policial ou, quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP” (STJ — RHC 131.263-GO, Rel. Min.</p><p>Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, j. 24.02.2021, DJE de 15.04.2021).</p><p>E no caso de sentença judicial transitada em julgado?</p><p>Nesse caso, novamente, é importante rememorar as discussões travadas na emblemática AP 470</p><p>(“Mensalão”), pois ganhou contrastes diferentes a partir desse julgamento no STF, nesse sentido, nos ensina o</p><p>Professor Pedro Lenza30:</p><p>“Em um primeiro momento, em relação à perda do mandato, por 5 x 4, no julgamento da AP 470 (mensalão),</p><p>em 17.12.2012, o STF entendeu ser automática em razão da condenação criminal transitada em julgado (“...</p><p>todos os condenados por mais de 4 anos de reclusão ou cuja condenação diga respeito a ato de</p><p>improbidade administrativa — o que ocorre nos crimes contra a administração pública, tais como</p><p>peculato e corrupção passiva, deve implicar automaticamente a perda dos mandatos eletivos” — Notícias</p><p>STF, 17.12.2012), aplicando-se a regra do art. 15, III, e afastando-se a incidência do art. 55, § 2.º.</p><p>CUIDADO: em 08.08.2013, mudando esse entendimento, agora por 6 x 4, no julgamento da AP 565 (não</p><p>votou o Min. Fux, impedido, em razão de ter apreciado o caso concreto quando era Min. do STJ), com a</p><p>participação no julgamento de 2 novos Ministros que não haviam votado no caso do “mensalão” (Min. Barroso</p><p>e Min. Teori Zavascki), o STF passou a estabelecer que a perda do mandato de parlamentar condenado não</p><p>é automática, devendo ser observada a regra do art. 55, § 2.º, CF/88</p><p>30 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 605.</p><p>34</p><p>Por sua vez, no tocante à prisão em razão da sentença judicial transitada em julgado (ou seja, quando não</p><p>mais couberem recursos), o Tribunal entendeu que as penas impostas poderão ser executadas</p><p>imediatamente.</p><p>Em 13.11.2013, também analisando a AP 470, o STF admitiu a decretação parcial de trânsito em julgado,</p><p>nas partes do acórdão que não mais admitissem recurso, considerando os seus capítulos autonomamente.</p><p>Dessa forma, resolvendo questão de ordem, a Corte:</p><p>▸ por maioria, excluiu “da execução imediata do acórdão as condenações já impugnadas por meio de</p><p>embargos infringentes, considerados os estritos limites de cada recurso, por ainda pender o respectivo exame</p><p>de admissibilidade”;</p><p>▸ por maioria, admitiu “o trânsito em julgado e a execução imediata da pena em relação aos réus cujos</p><p>segundos embargos declaratórios já teriam sido julgados nesta sessão. No tocante ao trânsito em julgado</p><p>parcial do acórdão, à luz dos capítulos autônomos nele existentes, prevaleceu o voto do Ministro Joaquim</p><p>Barbosa”;</p><p>▸ por consequência, certificou o trânsito em julgado, conforme o caso, independentemente de publicação do</p><p>acórdão;</p><p>▸ determinou fossem lançados os nomes dos réus no rol dos culpados, bem como “expedidos mandados de</p><p>prisão, para fins de cumprimento da pena privativa de liberdade, no regime inicial legalmente correspondente</p><p>ao quantum da pena transitada em julgado, nos termos do art. 33, § 2.º, do CP” (Inf. n. 728/STF).”</p><p>✍ RESUMINDO</p><p>ANTES DO TRÂNSITO EM</p><p>JULGADO DA SENTENÇA</p><p>PENAL CONDENATÓRIO</p><p>REGRA: Não poderão ser presos (seja prisão penal</p><p>processual/provisória/cautelar, prisão temporária, ou prisão civil).</p><p>EXCEÇÃO: Prisão em flagrante por crime inafiançável</p><p>FLAGRANTE POR CRIME</p><p>INAFIANÇÁVEL</p><p>Única hipótese permitida de prisão de parlamentar, qual deve ser</p><p>comunicada a Casa Parlamentar respectiva, para que a prisão seja decidida</p><p>pela maioria absoluta dos seus membros (quorum qualificado)</p><p>SENTENÇA JUDICIAL</p><p>TRANSITADA EM JULGADO</p><p>Segundo</p><p>entendimento do STF, a perda do mandato de parlamentar</p><p>condenado não é automática, devendo ser observada a regra do art. 55, § 2.º,</p><p>CF/88.</p><p>4.2.2. IMUNIDADES DOS PARLAMENTARES FEDERAIS (DEPUTADOS FEDERAIS E</p><p>SENADORES)</p><p>FORO POR PRERROGATIVA</p><p>DE FUNÇÃO</p><p>Fundamentos:</p><p>35</p><p>(fundamentos) 🔴 CF, art. 53, § 1º: “Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,</p><p>serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”.</p><p>🔴 CF, art. 102, I, “b”: “nas infrações penais comuns, o Presidente da</p><p>República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus</p><p>próprios Ministros e o Procurador-Geral da República”. (Obs. as infrações</p><p>penais comuns abrangem os crimes dolosos contra a vida, crimes eleitorais e</p><p>contravenções penais).</p><p>🔴 Os dispositivos devem ser interpretados em conjunto, pois o STF tem</p><p>competência originária para julgar os parlamentares nos casos de infração</p><p>comum.</p><p>🔴 Entendimento atual do STF sobre a hipótese de aplicação : “O foro por</p><p>prerrogativa de função se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do</p><p>cargo e em razão das funções desempenhadas. Após as alegações finais,</p><p>a competência não poderá ser alterada” (STF - AP 937 QO - RJ).</p><p>🔴 MANDATOS CRUZADOS: Ocorre quando um parlamentar é eleito para um</p><p>mandato subsequente em outro cargo (Ex. era deputado e foi eleito para o</p><p>cargo de senador). O STF entende, que nesses casos, se a pessoa é reeleita</p><p>para a legislatura imediatamente subsequente a competência do STF</p><p>continua31.</p><p>2. Vislumbrada a presença das balizas estabelecidas pelo Pleno do Supremo</p><p>Tribunal Federal, o foro por prerrogativa de função alcança os casos</p><p>denominados de “mandatos cruzados” de parlamentar federal. É dizer,</p><p>admite-se a excepcional e exclusiva prorrogação da competência criminal</p><p>originária do Supremo Tribunal Federal, quando o parlamentar, sem solução de</p><p>continuidade, encontrar-se investido, em novo mandato federal, mas em</p><p>casa legislativa diversa daquela que originalmente deu causa à fixação da</p><p>competência originária, nos termos do art. 102, I, “b”, da Constituição Federal.</p><p>3. Havendo interrupção ou término do mandato parlamentar, sem que o</p><p>investigado ou acusado tenha sido novamente eleito para os cargos de</p><p>Deputado Federal ou Senador da República, exclusivamente, o declínio da</p><p>competência é medida impositiva, nos termos do entendimento firmado pelo</p><p>Plenário do Supremo Tribunal Federal na aludida questão de ordem. 4. Provido o</p><p>agravo regimental, para assentar a manutenção da competência criminal</p><p>originária do Supremo Tribunal Federal em hipóteses como a dos presentes</p><p>autos, em que verificada a existência de “mandatos cruzados”</p><p>31 STF – Pet 9.189 AgR/DF.</p><p>36</p><p>exclusivamente de parlamentar federal, ou seja, de parlamentar investido,</p><p>sem solução de continuidade, em mandato em casa legislativa diversa</p><p>daquela que originalmente deu causa à fixação da competência originária,</p><p>nos termos do art. 102, I, “b”, da Constituição Federal. (STF, Pet 9189, Relator(a):</p><p>ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>12/05/2021, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-134 DIVULG 05-07-2021 PUBLIC</p><p>06-07-2021)</p><p>INICIATIVA DO PROCESSO</p><p>INVESTIGATÓRIO</p><p>Inquéritos policiais contra autoridades que possuam prerrogativa no STF não</p><p>podem ser instauradas de ofício pela polícia federal, sendo necessários,</p><p>nesses casos, iniciativa do Procurador-Geral da República.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Esses inquéritos são supervisionados pelo STF.</p><p>Nesse sentido:</p><p>“A iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF</p><p>contando com a supervisão do Ministro-Relator do STF. 10. A Polícia Federal</p><p>não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial para apurar a conduta de</p><p>parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no caso do STF)</p><p>(...). No exercício de competência penal originária do STF (CF, art. 102, I, "b" c/c</p><p>Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts. 230 a 234), a atividade de supervisão</p><p>judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação</p><p>das investigações desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o</p><p>eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo dominus litis” STF – Pet 3.825</p><p>QO/MT.</p><p>IMUNIDADE MATERIAL</p><p>(inviolabilidade)</p><p>(“freedom of speech”)</p><p>“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer</p><p>de suas opiniões, palavras e votos”. (CF, art. 53)</p><p>🔴 Dentro do recinto Congresso Nacional: independem de conexão (há</p><p>presunção de conexão).</p><p>🔴 Fora do recinto do Congresso Nacional: exige-se a conexão com o</p><p>exercício da função parlamentar.</p><p>Casos relevantes sobre o tema:</p><p>CASO PARLAMENTAR JAIR BOLSONARO: “13. In casu, (i) a entrevista</p><p>concedida a veículo de imprensa não atrai a imunidade parlamentar,</p><p>porquanto as manifestações se revelam estranhas ao exercício do mandato</p><p>legislativo, ao afirmar que “não estupraria” Deputada Federal porque ela “não</p><p>merece”; (ii) o fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que</p><p>37</p><p>concedeu a entrevista é fato meramente acidental, já que não foi ali que se</p><p>tornaram públicas as ofensas, mas sim através da imprensa e da internet; (...)</p><p>15. (i) A imunidade parlamentar incide quando as palavras tenham sido</p><p>proferidas dentro do recinto da Câmara dos Deputados: “Despiciendo, nesse</p><p>caso, perquirir sobre a pertinência entre o teor das afirmações supostamente</p><p>contumeliosas e o exercício do mandato parlamentar” (Inq. 3814, Primeira</p><p>Turma, Rel. Min. Rosa Weber, unânime, j. 07/10/2014, DJE 21/10/2014). (ii) Os</p><p>atos praticados em local distinto escapam à proteção da imunidade, quando as</p><p>manifestações não guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o</p><p>desempenho das funções do mandato parlamentar. ” (STF – Inq 3.932/DF).</p><p>CASO PARLAMENTAR JEAN WYLLYS: “2. In casu, o Querelado é acusado de ter</p><p>publicado, através do Facebook, trecho cortado de um discurso do Querelante,</p><p>conferindo-lhe conotação racista. 3. É que, no trecho publicado, reproduz-se</p><p>unicamente a frase “uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa”.</p><p>Ocorre que, ao conferir-se a íntegra do discurso no site do Congresso Nacional,</p><p>verifica-se que o sentido da fala do Querelante era absolutamente oposto ao</p><p>veiculado pelo Querelado. conforme se extrai do seguinte trecho: “há um</p><p>imaginário impregnado, sobretudo nos agentes das forças de segurança, de que</p><p>uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. [...] a imunidade material</p><p>não confere aos parlamentares o direito de empregar expediente</p><p>fraudulento, artificioso ou ardiloso, voltado a alterar a verdade da</p><p>informação, com o fim de desqualificar ou imputar fato desonroso à reputação de</p><p>terceiros.” (STF – PET 5705 / DF).</p><p>IMUNIDADE FORMAL</p><p>As regras sobre a imunidade formal para o processo criminal foram</p><p>modificadas pela EC n° 35/2001. Segundo o Professor Pedro Lenza32, as novas</p><p>regras trazidas pela referida alteração são as seguintes:</p><p>🔴 Não há mais necessidade de prévio pedido de licença para se processar</p><p>parlamentar federal no STF;</p><p>🔴 Não há mais imunidade processual em relação a crimes praticados antes da</p><p>diplomação. (Nesse ponto, o professor destaca que essa situação, que era</p><p>uma realidade quando da promulgação da EC n. 35/2001, perde sentido com</p><p>o novo entendimento estabelecido pelo STF em relação à prerrogativa de</p><p>foro, já que o STF só julgará crimes cometidos durante o exercício do cargo e</p><p>relacionados às funções desempenhadas).</p><p>32 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 615.</p><p>38</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11627210</p><p>4.2.3. INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS DOS PARLAMENTARES FEDERAIS33</p><p>DESDE A EXPEDIÇÃO DO</p><p>DIPLOMA</p><p>▸ firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,</p><p>empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária</p><p>de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;</p><p>▸ aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os</p><p>de</p><p>que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior.</p><p>DESDE A POSSE</p><p>▸ ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor</p><p>decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer</p><p>função remunerada;</p><p>▸ ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades</p><p>referidas no inciso I, “a”;</p><p>▸ patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se</p><p>refere o inciso I, “a”;</p><p>▸ ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.</p><p>O membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de Ministro de</p><p>Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao Parlamento (CF, art. 56, I). Conseqüentemente,</p><p>continua a subsistir em seu favor a garantia constitucional da prerrogativa de foro em matéria penal (INQ-QO</p><p>777-3/TO, rel. min. Moreira Alves, DJ 01.10.1993), bem como a faculdade de optar pela remuneração do</p><p>mandato (CF, art. 56, § 3º). Da mesma forma, ainda que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita</p><p>observância às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista,</p><p>assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição (CF, art. 55, § 1º) e os regimentos internos das</p><p>casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar. (STF, MS 25579 MC)</p><p>4.2.4. PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR34</p><p>HIPÓTESES DE PERDA DO MANDATO (ART. 55) PECULIARIDADES</p><p>I — quando o parlamentar infringir qualquer das</p><p>proibições estabelecidas no art. 54 (quadro anterior);</p><p>§ 2.º a perda do mandato será decidida pela Câmara</p><p>dos Deputados ou pelo Senado Federal, por</p><p>maioria absoluta, mediante provocação da</p><p>respectiva Mesa ou de partido político representado</p><p>34 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 633.</p><p>33 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 632.</p><p>39</p><p>no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.</p><p>II — cujo procedimento for declarado incompatível</p><p>com o decoro parlamentar;</p><p>§ 1.º É incompatível com o decoro parlamentar, além</p><p>dos casos definidos no regimento interno, o abuso das</p><p>prerrogativas asseguradas a membro do Con gresso</p><p>Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.</p><p>Nesta hipótese, de acordo com o § 2.º do art. 55, a</p><p>perda do mandato será decidida pela Câmara dos</p><p>Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria</p><p>absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa</p><p>ou de partido político representado no Congresso</p><p>Nacional, assegurada ampla defesa.</p><p>III — que deixar de comparecer, em cada sessão</p><p>legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da</p><p>Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta</p><p>autorizada;</p><p>§ 3.º a perda do mandato será declarada pela Mesa</p><p>da Casa respectiva, de ofício ou mediante</p><p>provocação de qualquer de seus membros, ou de</p><p>partido político representado no Congresso Nacional,</p><p>assegurada ampla defesa.</p><p>IV — que perder ou tiver suspensos os direitos</p><p>políticos (Obs.: sabemos ser, na vigência da CF/88,</p><p>vedada a cassação de direitos políticos. Porém, o</p><p>art. 15 da CF/88 estabelece hipóteses de perda e</p><p>suspensão);</p><p>§ 3.º a perda do mandato será declarada pela Mesa</p><p>da Casa respectiva, de ofício ou mediante</p><p>provocação de qualquer de seus membros, ou de</p><p>partido político representado no Congresso Nacional,</p><p>assegurada ampla defesa.</p><p>V — quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos</p><p>previstos nesta Constituição;</p><p>§ 3.º a perda do mandato será declarada pela Mesa</p><p>da Casa respectiva, de ofício ou mediante</p><p>provocação de qualquer de seus membros, ou de</p><p>partido político representado no Congresso Nacional,</p><p>assegurada ampla defesa.</p><p>VI — que sofrer condenação criminal em sentença</p><p>transitada em julgado.</p><p>§ 2.º a perda do mandato será decidida pela Câmara</p><p>dos Deputados ou pelo Senado Federal, por</p><p>maioria absoluta, mediante provocação da</p><p>respectiva Mesa ou de partido político representado</p><p>no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.</p><p>Quais as hipóteses onde não haverá perda do mandato do deputado ou senador? Conforme o art. 56</p><p>40</p><p>da CF, são as seguintes:</p><p>Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:</p><p>I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito</p><p>Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;</p><p>II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse</p><p>particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 dias por sessão legislativa.</p><p>§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de</p><p>licença superior a 120 dias.</p><p>§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de 15</p><p>meses para o término do mandato.</p><p>§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul, foi considerada correta a seguinte assertiva:</p><p>Antônio foi eleito Senador da República para exercer o mandato durante o período de 2019 a 2026. Caso</p><p>Antônio assuma o cargo de Secretário de Saúde do município de Chuí – RS, pode vir a perder o mandato, uma</p><p>vez que não existe permissão constitucional para compatibilizar tais atividades.</p><p>A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda</p><p>automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?35</p><p>“Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda automática do</p><p>mandato ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou do Senado, respectivamente? A</p><p>condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda automática do</p><p>mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?</p><p>1ª Turma do STF: DEPENDE.</p><p>Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo</p><p>será uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas</p><p>declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.</p><p>• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a</p><p>condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar,</p><p>nos termos do art. 55, § 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não perder o mandato.</p><p>STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863).</p><p>35CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda automática do mandato</p><p>eletivo de Deputado Federal ou de Senador?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9715d04413f296eaf3c30c47cec3daa6>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>41</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9715d04413f296eaf3c30c47cec3daa6</p><p>STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).</p><p>2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar.</p><p>O STF apenas comunica, por meio de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal</p><p>informando sobre a condenação do parlamentar.</p><p>A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar (decidir) como entender de direito (como quiser)</p><p>se o parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.</p><p>Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara</p><p>dos Deputados ou o Senado Federal.</p><p>STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904) (obs: o Relator</p><p>Edson Fachin ficou vencido neste ponto)”.</p><p>Perda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários36.</p><p>“Se o titular do</p><p>mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual foi eleito,</p><p>ele perderá o cargo que ocupa?</p><p>a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO.</p><p>A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo</p><p>sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.</p><p>No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importando o</p><p>quociente eleitoral nem o quociente partidário.</p><p>Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e não no seu partido político. Desse</p><p>modo, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidade partidária é antagônica</p><p>(contrária) à soberania popular.</p><p>b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIM.</p><p>O mandato parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional pertence ao partido político.</p><p>Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar de partido político, ele sofrerá um processo na Justiça</p><p>Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. Neste processo, com contraditório e ampla defesa, será</p><p>analisado se havia justa causa para essa mudança.</p><p>STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).</p><p>Quais as hipóteses que atualmente podem ser consideradas como justa causa para a mudança de</p><p>partido?</p><p>36 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Perda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários. Buscador Dizer o Direito,</p><p>Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1d7f7abc18fcb43975065399b0d1e48e>. Acesso em:</p><p>17/05/2022</p><p>42</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1d7f7abc18fcb43975065399b0d1e48e</p><p>As situações estão elencadas no art. 22-A da Lei nº 9.096/95 (Incluído pela Lei nº 13.165/2015).</p><p>Importante citar também a exceção prevista no § 5º do art. 17 da CF/88 (Incluído pela EC 97/2017)”.</p><p>4.2.5. CASO DANIEL SILVEIRA 37</p><p>O Deputado Federal Daniel Silveira publicou vídeo no YouTube no qual, além de atacar frontalmente</p><p>os Ministros do STF, por meio de diversas ameaças e ofensas, expressamente propagou a adoção de medidas</p><p>antidemocráticas contra a Corte, bem como instigou a adoção de medidas violentas contra a vida e a segurança</p><p>de seus membros, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes.</p><p>Tais condutas, além de tipificarem crimes contra a honra do Poder Judiciário e dos Ministros do STF,</p><p>são previstas como crime na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1973).</p><p>Não é possível invocar a imunidade parlamentar material (art. 53, da CF/88), neste caso. Isso</p><p>porque a imunidade material parlamentar não deve ser utilizada para atentar frontalmente contra a</p><p>própria manutenção do Estado Democrático de Direito.</p><p>As condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira clara</p><p>e evidente, a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido vídeo continuava disponível</p><p>e acessível a todos os usuários da internet.</p><p>Os crimes que, em tese, foram praticados pelo Deputado são inafiançáveis por duas razões:</p><p>1) porque foram praticados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, da</p><p>CF/88; art. 323, III, do CPP); e</p><p>2) porque, no caso concreto, estão presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão</p><p>preventiva, de sorte que estamos diante de uma situação que não admite fiança, com base no art. 324, IV, do</p><p>CPP.</p><p>Encontra-se, portanto, configurada a possibilidade constitucional de prisão em flagrante de</p><p>parlamentar pela prática de crime inafiançável, nos termos do § 2º do art. 53 da CF/88. (STF. Plenário. Inq 4781</p><p>Ref, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/2/2021 (Info 1006).</p><p>4.2.6. DEPUTADOS ESTADUAIS</p><p>4.2.6.1. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO</p><p>No que tange ao foro por prerrogativa de função dos deputados estaduais, havia a súmula 3 do STF,</p><p>que previa que a imunidade concedida a deputados estaduais era restrita à justiça do Estado, na medida em</p><p>que as imunidades parlamentares eram previstas pelas respectivas Constituições Estaduais.</p><p>Ocorre que o entendimento da referida súmula foi SUPERADO após a própria CF/88 passar a prever</p><p>as imunidades estaduais</p><p>37 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Caso Deputado Daniel Silveira. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/efb3d8be0319721ef751da0b05d9f6a5>. Acesso em: 13/05/2022</p><p>43</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/efb3d8be0319721ef751da0b05d9f6a5</p><p>CF, art. 27, § 1º: “Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras</p><p>desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato,</p><p>licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas”.</p><p>O Supremo Tribunal Federal entende que as imunidades material e formal se aplicam aos</p><p>parlamentares estaduais, de forma integral e imediata. Nesse sentido:</p><p>São constitucionais dispositivos da Constituição do Estado que estendem aos Deputados Estaduais as</p><p>imunidades formais previstas no art. 53 da Constituição Federal para Deputados Federais e Senadores.</p><p>A leitura da Constituição da República revela, sob os ângulos literal e sistemático, que os Deputados</p><p>Estaduais também têm direito às imunidades formal e material e à inviolabilidade que foram</p><p>conferidas pelo constituinte aos congressistas (membros do Congresso Nacional). Isso porque tais</p><p>imunidades foram expressamente estendidas aos Deputados pelo § 1º do art. 27 da CF/88. (STF. Plenário.</p><p>ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco</p><p>Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 93938).</p><p>Sobre o tema, é importante fixar o seguinte:</p><p>● As mesmas imunidades conferidas aos parlamentares federais têm que ser conferidas aos</p><p>estaduais.</p><p>● A aplicação das imunidades é imediata, de modo que, ainda que as Constituições Estaduais</p><p>estejam em desacordo com a CF/88, prevalece a previsão conferida pela Carta Magna.</p><p>● Os tribunais competentes no caso de Foro por prerrogativa de função:</p><p>○ TJ: Crimes em geral (regra);</p><p>○ TRF: Crimes praticados contra bens, serviços ou interesses da União, autarquia ou</p><p>empresa pública federais;</p><p>○ TRE: Crimes eleitorais.</p><p>4.2.7. CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS E A PRERROGATIVA DE FORO</p><p>As constituições estaduais não podem dispor livremente sobre prerrogativa de foto.</p><p>Nesse sentido, já decidiu o STF:</p><p>É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no</p><p>Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de</p><p>38CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades formais previstas para os parlamentares federais no art. 53</p><p>da CF/88. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f4e369c0a468d3aeeda0593ba90b5e55>. Acesso em: 13/05/2022</p><p>44</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f4e369c0a468d3aeeda0593ba90b5e55</p><p>Polícia.</p><p>A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, estaduais e</p><p>municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por</p><p>prerrogativa de função. STF. Plenário ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de</p><p>Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).</p><p>Segundo o Professor Márcio Cavalcante39, “ o STF a doutrina majoritária, tradicionalmente, ensinavam</p><p>o seguinte:</p><p>• Em regra, os casos de foro por prerrogativa de função são previstos na Constituição Federal. Exs: art.</p><p>102, I, “b” e “c”; art. 105, I, “a”.</p><p>• As Constituições estaduais podem prever casos de foro por prerrogativa de função desde que seja</p><p>respeitado o princípio da simetria com a Constituição Federal. Isso significa que a autoridade estadual que</p><p>“receber” o foro por prerrogativa</p><p>na Constituição Estadual deve ser equivalente a uma autoridade federal que</p><p>tenha foro por prerrogativa de função na Constituição Federal.</p><p>Ex1: a Constituição Estadual pode prever que o Vice-Governador será julgado pelo TJ. Isso porque a</p><p>autoridade “equivalente”, em âmbito federal (Vice-Presidente da República), possui foro por prerrogativa de</p><p>função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Logo, foi respeitado o princípio da simetria.</p><p>Ex2: a Constituição Estadual não pode prever foro por prerrogativa de função para os Delegados de</p><p>Polícia, considerando que não há previsão semelhante para os Delegados Federais na Constituição Federal (STF</p><p>ADI 2587).</p><p>Essa autorização para que as Constituições Estaduais prevejam hipóteses de foro por prerrogativa de</p><p>função no TJ existe por força do art. 125, § 1º, da CF/88:</p><p>Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.</p><p>§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária</p><p>de iniciativa do Tribunal de Justiça.</p><p>Assim, à luz do disposto no art. 125, § 1º, da Constituição Federal, o constituinte estadual possui</p><p>legitimidade para fixar a competência do Tribunal de Justiça e, por conseguinte, estabelecer a prerrogativa de</p><p>foro às autoridades que desempenham funções similares na esfera federal.”</p><p>Recentemente, o STF decidiu novamente sobre o tema em outro caso concreto, senão vejamos:</p><p>Extrapola a autonomia do estado previsão, em constituição estadual, que confere foro privilegiado a Delegado</p><p>Geral da Polícia Civil. A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro privilegiado</p><p>não é ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual e deve seguir, por simetria, o</p><p>39CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado. Buscador Dizer o Direito, Manaus.</p><p>Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/685bfde03eb646c27ed565881917c71c>. Acesso em: 13/05/2022</p><p>45</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/685bfde03eb646c27ed565881917c71c</p><p>modelo federal STF. Plenário ADI 5591/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/3/2021 (Info 1010).40</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Cancelamento da Súmula 394 do STF:</p><p>Súmula 394-STF: Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por</p><p>prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele</p><p>exercício.</p><p>Cancelada pelo STF, em 25/08/1999, no Inq 687 QO.</p><p>Desde essa data, o STF passou a entender que a CF/88 somente garante foro por prerrogativa de função às</p><p>pessoas que, no momento do julgamento, estejam no exercício do cargo. Ex: Senador praticou o crime</p><p>enquanto estava no cargo. Seu foro privativo é o STF. Antes de ser julgado, acabou seu mandato. Como deixou</p><p>de ser Senador, não poderá mais ser julgado pelo STF, devendo seu processo ser apreciado em primeira</p><p>instância, como qualquer outra pessoa.41</p><p>4.2.8. VEREADORES</p><p>Já estudamos que no âmbito federal e estadual as imunidades conferidas aos parlamentares pela</p><p>CF/88 são as mesmas. No entanto, no âmbito do poder legislativo municipal, representado pelos vereadores, há</p><p>situações distintas e as garantias não são as mesmas dos parlamentares federais e estaduais:</p><p>FORO POR PRERROGATIVA</p><p>DE FUNÇÃO</p><p>■ Não existe previsão na CF/88 para os vereadores e, segundo o STF, bem</p><p>mesmo as Constituições Estaduais podem criar prerrogativa de foro à eles42.</p><p>■ No âmbito municipal, apenas o Prefeito possui foro por prerrogativa de</p><p>função (Tribunal de Justiça).</p><p>IMUNIDADE MATERIAL</p><p>■ CF, art. 29, VIII – “inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e</p><p>votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município”.</p><p>1. Vereador que, em sessão da Câmara, teria se manifestado de forma a ofender</p><p>ex-vereador, afirmando que este “apoiou a corrupção [...], a ladroeira, [...] a</p><p>sem-vergonhice”, sendo pessoa sem dignidade e sem moral. 2. Observância, no</p><p>42STF – ADI 6.842.</p><p>41 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 394-STF. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d3630410c51e60941a9001a46871070e>. Acesso em: 26/10/2022</p><p>40CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de</p><p>Justiça, para o Delegado Geral da Polícia Civil. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d9fbed9da256e344c1fa46bb46c34c5f>. Acesso em: 13/05/2022</p><p>46</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d9fbed9da256e344c1fa46bb46c34c5f</p><p>caso, dos limites previstos no art. 29, VIII, da Constituição: manifestação proferida</p><p>no exercício do mandato e na circunscrição do Município. 3. A interpretação da</p><p>locução “no exercício do mandato” deve prestigiar as diferentes vertentes da</p><p>atuação parlamentar, dentre as quais se destaca a fiscalização dos outros Poderes</p><p>e o debate político. 4. Embora indesejáveis, as ofensas pessoais proferidas no</p><p>âmbito da discussão política, respeitados os limites trazidos pela própria</p><p>Constituição, não são passíveis de reprimenda judicial. Imunidade que se</p><p>caracteriza como proteção adicional à liberdade de expressão, visando a assegurar</p><p>a fluência do debate público e, em última análise, a própria democracia. 5. A</p><p>ausência de controle judicial não imuniza completamente as manifestações dos</p><p>parlamentares, que podem ser repreendidas pelo Legislativo. 6. Provimento do</p><p>recurso, com fixação, em repercussão geral, da seguinte tese: nos limites da</p><p>circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do</p><p>mandato, os vereadores são imunes judicialmente por suas palavras, opiniões</p><p>e votos. (STF, RE 600063, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:</p><p>ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 25/02/2015, ACÓRDÃO</p><p>ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-090 DIVULG 14-05-2015 PUBLIC</p><p>15-05-2015)</p><p>⚠ ATENÇÃO, o STF tem entendido que sempre que um vereador se</p><p>manifestar, ainda que dentro da Câmara Municipal, suas palavras, votos e</p><p>opiniões precisam ter relação com o exercício do mandato.</p><p>“Durante sessão da Câmara Municipal, após discussão sobre uma representação</p><p>contra o Prefeito, um Vereador passou a proferir pesadas ofensas contra outro</p><p>Parlamentar. O Vereador ofendido ajuizou ação de indenização por danos morais</p><p>contra o ofensor. A questão chegou até o STF que, julgando o tema sob a</p><p>sistemática da repercussão ge)43.</p><p>IMUNIDADE FORMAL</p><p>■ Não há previsão na CF/88 de imunidade em relação à prisão e processo.</p><p>■ STF já decidiu que são inconstitucionais as disposições de Constituições</p><p>Estaduais que conferem imunidades formais dos deputados estaduais aos</p><p>vereadores44.</p><p>4.3. QUADRO RESUMO- PODER LEGISLATIVO 45</p><p>45Direito Constitucional: da organização do Estado, dos poderes e histórico das Constituições / Rodrigo César Rebello Pinho. – Sinopses jurídicas vol. 18 –</p><p>19. ed São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p. 90.</p><p>44 STF – ADI 371/SE.</p><p>43 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Imunidade material dos Vereadores. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7ef605fc8dba5425d6965fbd4c8fbe1f>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>47</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7ef605fc8dba5425d6965fbd4c8fbe1f</p><p>PODER LEGISLATIVO</p><p>O Poder Legislativo tem como função típica a elaboração de leis, de normas</p><p>gerais e abstratas a serem seguidas por todos. Além do exercício de sua</p><p>função legislativa do Estado, compete-lhe a atribuição de fiscalizar os atos do</p><p>Executivo.</p><p>COMPOSIÇÃO (PODER</p><p>LEGISLATIVO FEDERAL)</p><p>Câmara dos Deputados.</p><p>Senado Federal.</p><p>MAIORIA</p><p>a) Maioria simples ou relativa significa o maior número de votos em</p><p>determinado sentido em uma sessão de votação.</p><p>b) Maioria qualificada é calculada em relação à totalidade</p><p>dos membros de</p><p>um órgão colegiado, presentes ou ausentes.</p><p>SISTEMA ELEITORAL</p><p>a) o sistema majoritário – é eleito o candidato que obtiver o maior número</p><p>de votos.</p><p>a1) Sistema majoritário simples.</p><p>a2) Sistema majoritário por maioria absoluta.</p><p>b) Pelo sistema proporcional são eleitos candidatos ao órgão colegiado de</p><p>acordo com a quantidade de votos obtidos pelo partido ou coligação</p><p>partidária.</p><p>Legislatura é o período legislativo de quatro anos que corresponde ao</p><p>mandato dos Deputados Federais. Senadores são eleitos por duas</p><p>legislaturas.</p><p>Sessões legislativas extraordinárias são as realizadas no período de</p><p>recesso do Congresso Nacional. Sessões preparatórias são as convocadas,</p><p>a partir de 1o de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de</p><p>seus membros e eleição das respectivas Mesas (CF, art. 57, § 4o)</p><p>PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES</p><p>DO CONGRESSO NACIONAL</p><p>I – Legislativa.</p><p>II – Fiscalização e controle.</p><p>III – Julgamento de crimes de responsabilidade.</p><p>IV – Constituintes.</p><p>V – Deliberativas.</p><p>MESAS</p><p>São os órgãos de direção do Congresso Nacional e de suas Casas</p><p>Legislativas, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.</p><p>48</p><p>COMISSÕES</p><p>São órgãos constituídos de um número menor de parlamentares, com</p><p>finalidades específicas de examinar determinadas questões.</p><p>a) Comissão permanente.</p><p>b) Comissão temporária ou especial.</p><p>c) Comissão mista.</p><p>d) Comissão representativa.</p><p>e) Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).</p><p>PRERROGATIVAS</p><p>a) Imunidade material (CF, art. 53, caput)</p><p>b) Imunidade formal, processual ou relativa (CF, art. 53, §§ 3o a 5o).</p><p>c) Não podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.</p><p>d) Foro por prerrogativa de função (CF, art. 53, § 1o).</p><p>e) Limitação ao poder de testemunhar sobre as informações recebidas e</p><p>sobre as fontes (CF, art. 53, § 6o).</p><p>f) Isenção do serviço militar (CF, art. 53, § 7o).</p><p>INCOMPATIBILIDADES OU</p><p>IMPEDIMENTOS</p><p>a) Funcionais (CF, art. 54, I, b, e II, b).</p><p>b) Negociais (CF, art. 54, I, a).</p><p>c) Políticos (CF, art. 54, II, d).</p><p>5. PROCESSO LEGISLATIVO</p><p>5.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS</p><p>5.1.1. CONCEITO</p><p>José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo, p. 458) define o processo legislativo</p><p>como “um conjunto de atos preordenados visando à criação de normas de direito''. Esses atos são:</p><p>a) iniciativa legislativa;</p><p>b) emendas;</p><p>c) votação;</p><p>d) sanção e veto;</p><p>e) promulgação e publicação”</p><p>49</p><p>5.1.2. QUADRO RESUMO 46</p><p>PROCESSO LEGISLATIVO Conjunto de atos realizados para a elaboração de um ato legislativo.</p><p>ESPÉCIES DE</p><p>PROCEDIMENTO</p><p>LEGISLATIVO</p><p>a) Ordinário ou comum.</p><p>b) Sumário.</p><p>c) Especial.</p><p>FASES DO PROCESSO</p><p>LEGISLATIVO ORDINÁRIO</p><p>a) iniciativa;</p><p>b) emendas;</p><p>c) votação ou deliberação;</p><p>d) sanção ou veto;</p><p>e) promulgação; e</p><p>f) publicação.</p><p>INICIATIVA</p><p>Legitimidade para apresentação de proposições legislativas.</p><p>a) Concorrente, comum ou geral.</p><p>b) Privativa, reservada ou exclusiva.</p><p>c) Popular.</p><p>USURPAÇÃO DE INICIATIVA</p><p>Vício de inconstitucionalidade formal, em virtude de apresentação de projeto</p><p>de lei versando sobre determinada matéria por quem não tem legitimidade</p><p>para tal.</p><p>EMENDAS</p><p>Proposições apresentadas por parlamentares visando alterações no projeto</p><p>de lei.</p><p>VOTAÇÃO OU</p><p>DELIBERAÇÃO</p><p>Envolve três momentos distintos:</p><p>a) discussão;</p><p>b) votação; e</p><p>c) aprovação.</p><p>SANÇÃO OU VETO</p><p>Sanção é a aquiescência do Presidente da República ao projeto de lei</p><p>elaborado pelo Congresso Nacional e encaminhado para sua apreciação.</p><p>46 Direito Constitucional: da organização do Estado, dos poderes e histórico das Constituições / Rodrigo César Rebello Pinho. – Sinopses jurídicas vol. 18</p><p>– 19. ed São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p. 121.</p><p>50</p><p>Veto é a discordância do Presidente da República com o projeto de lei</p><p>apro-vado pelo Poder Legislativo e encaminhado para sua apreciação.</p><p>CARACTERÍSTICAS DO VETO Relativo, limitado ou condicional. suspensivo ou superável. irretratável.</p><p>QUANTO À MOTIVAÇÃO, O</p><p>VETO PODE SER</p><p>a) jurídico;</p><p>b) político.</p><p>QUANTO À AMPLITUDE, O</p><p>VETO PODE SER</p><p>a) total;</p><p>b) parcial.</p><p>PROMULGAÇÃO É o ato pelo qual se atesta a existência de uma lei.</p><p>PUBLICAÇÃO</p><p>É a comunicação feita a todos, pelo Diário Oficial, da existência de uma nova</p><p>lei.</p><p>PROCESSO LEGISLATIVO</p><p>a) ordinário;</p><p>b) sumário</p><p>PROCEDIMENTOS</p><p>LEGISLATIVOS ESPECIAIS</p><p>Para a elaboração de emendas constitucionais, leis complementares, leis</p><p>delegadas, medidas provisórias, leis financeiras, decretos legislativos e</p><p>resoluções.</p><p>ESPÉCIES DE ATOS</p><p>LEGISLATIVOS</p><p>a) emendas à Constituição;</p><p>b) leis complementares;</p><p>c) leis ordinárias;</p><p>d) leis delegadas;</p><p>e) medidas provisórias;</p><p>f) decretos legislativos;</p><p>g) resoluções.</p><p>EMENDAS À CONSTITUIÇÃO</p><p>São alterações do próprio texto constitucional. Manifestação do poder</p><p>constituinte derivado de reforma, atribuída pelo poder constituinte originário</p><p>ao Poder Legislativo. São subdivididas em:</p><p>● Iniciativa.</p><p>● Procedimento.</p><p>● Promulgação.</p><p>51</p><p>ESPÉCIES NORMATIVAS</p><p>■ LEIS COMPLEMENTARES: São leis aprovadas por maioria absoluta em</p><p>hipóteses especialmente exigidas pela Constituição.</p><p>■ LEIS ORDINÁRIAS: São atos legislativos típicos. Aprovadas de acordo com o</p><p>procedimento legislativo estabelecido nos arts. 61 a 66 da Constituição</p><p>Federal, por maioria simples (CF, art. 47).</p><p>■ LEIS DELEGADAS: São leis elaboradas pelo Presidente da República, em</p><p>virtude de autorização concedida pelo Poder Legislativo.</p><p>■ MEDIDAS PROVISÓRIAS: São atos editados pelo Presidente da República,</p><p>com força de lei, em casos de relevância e urgência, devendo ser submetidas</p><p>de imediato ao Congresso Nacional, sob pena de perda de eficácia se não</p><p>forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, uma única</p><p>vez, por igual período.</p><p>Efeitos da medida provisória. 1º) Vigência temporária. 2º) Suspensão da</p><p>eficácia de leis anteriores com ela conflitantes.</p><p>■ DECRETOS LEGISLATIVOS: São atos de competência exclusiva do</p><p>Congresso Nacional, não sujeitos à sanção ou veto do Presidente da</p><p>República, geralmente com efeitos externos (CF, art. 49).</p><p>■ RESOLUÇÕES: São atos de competência privativa do Congresso Nacional,</p><p>do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, geralmente com efeitos</p><p>internos, utilizados nos demais casos previstos na Constituição Federal (CF,</p><p>arts. 51 e 52) e nos Regimentos Internos respectivos.</p><p>5.1.3. DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL</p><p>Trata-se de direito público subjetivo dos parlamentares à observância do devido processo legislativo</p><p>constitucional. O parlamentar que tem esse direito violado ou ameaçado de violação pode propor mandado de</p><p>segurança preventivo.</p><p>52</p><p>5.1.4. TIPOS DE PROCESSO LEGISLATIVO47</p><p>AUTOCRÁTICO</p><p>Processo legislativo autocrático, próprio das ditaduras, em que leis são impostas</p><p>pelo governante, elaboradas sem a participação de representantes legítimos do</p><p>povo.</p><p>DIRETO</p><p>Processo legislativo direto, em que o próprio povo, sem representantes, escolhe as</p><p>normas vigentes, por exemplo, as leis elaboradas na antiga democracia grega e,</p><p>atualmente, em alguns cantões suíços.</p><p>INDIRETO OU</p><p>REPRESENTATIVO</p><p>Processo legislativo representativo, em que as leis são elaboradas por</p><p>representantes legitimamente eleitos pelo povo, como Senadores, Deputados ou</p><p>Vereadores.</p><p>SEMIDIRETO</p><p>Processo legislativo semidireto, em que as leis são elaboradas por representantes</p><p>legitimamente eleitos pelo povo e posteriormente submetidas ao referendo</p><p>popular. O Brasil adota, em regra, o processo legislativo representativo, mas</p><p>admite que determinadas medidas aprovadas pelo Congresso Nacional sejam</p><p>submetidas ao referendo popular.</p><p>5.1.5. ESPÉCIES DO PROCEDIMENTO LEGISLATIVO 48</p><p>ORDINÁRIO OU</p><p>COMUM</p><p>Destinado à elaboração de leis ordinárias</p><p>SUMÁRIO Destinado à elaboração de leis ordinárias em regime de urgência.</p><p>ESPECIAL</p><p>Destinado à elaboração de outras normas, como emendas à Constituição, leis</p><p>complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos,</p><p>resoluções e leis financeiras (lei do plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias,</p><p>lei do orçamento anual e de abertura de créditos</p><p>adicionais).</p><p>5.1.6. FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO</p><p>O processo legislativo se desdobra em 3 grandes fases: introdutória, constitutiva e complementar.</p><p>48Direito Constitucional: da organização do Estado, dos poderes e histórico das Constituições / Rodrigo César Rebello Pinho. – Sinopses jurídicas vol. 18 –</p><p>19. ed São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p. 92</p><p>47 Direito Constitucional: da organização do Estado, dos poderes e histórico das Constituições / Rodrigo César Rebello Pinho. – Sinopses jurídicas vol. 18</p><p>– 19. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p. 91</p><p>53</p><p>Fase introdutória: iniciativa de lei, desencadeando o procedimento de sua formação.</p><p>Fase constitutiva: discussão e votação nas casas do Congresso Nacional.</p><p>Fase complementar: promulgação e publicação da lei.</p><p>5.1.6.1. FASE INTRODUTÓRIA</p><p>É a fase que dá início ao processo de formação do ato legal (iniciativa de lei), conforme art. 61 da</p><p>Constituição Federal:</p><p>Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara</p><p>dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao STF, aos</p><p>Tribunais Superiores, ao PGR e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.</p><p>Nesse sentido, a iniciativa dos parlamentares ou das comissões é exercida perante sua respectiva</p><p>Casa, sendo a outra a Casa Revisora. No caso da Iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal</p><p>Federal dos Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da República e dos cidadãos será exercida perante a</p><p>Câmara dos Deputados. Se a iniciativa for de Comissão Mista, o projeto será alternadamente apresentado na</p><p>Câmara dos Deputados e no Senado Federal.</p><p>■ Iniciativa Popular</p><p>Trata-se de um dos meios de participação direta do cidadão, nos termos do art. 14 da Constituição</p><p>Federal. Nota-se que a iniciativa popular é atribuída ao cidadão e não a qualquer pessoa, ou seja, detentor de</p><p>capacidade eleitoral ativa e em pleno gozo dos direitos políticos.</p><p>Os requisitos para iniciativa popular estão previstos no art. 61, §1º da Constituição Federal:</p><p>§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei</p><p>subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco</p><p>Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.</p><p>Quanto aos Estados-Membros e DF, cabe à lei dispor sobre iniciativa popular no processo legislativo. No</p><p>processo legislativo municipal, a Constituição Estabelece que deve haver manifestação de pelo menos cinco por</p><p>cento do eleitorado:</p><p>XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através</p><p>de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;</p><p>54</p><p>É importante ressaltar que o projeto de lei de iniciativa popular só poderá tratar de um assunto e não</p><p>poderá ser rejeitado por vício de forma cabendo à Câmara dos Deputados, por meio de seu órgão</p><p>competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação. O</p><p>projeto de lei proveniente de iniciativa popular segue o processo legislativo ordinário.</p><p>■ Iniciativa Privativa do Chefe do Executivo</p><p>Trata-se de dispositivo de observância obrigatória para Estados, DF e Municípios:</p><p>art. 61.</p><p>§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:</p><p>I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;</p><p>II - disponham sobre:</p><p>a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua</p><p>remuneração;</p><p>b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da</p><p>administração dos Territórios;</p><p>c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e</p><p>aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)</p><p>d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a</p><p>organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;</p><p>e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;</p><p>(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade,</p><p>remuneração, reforma e transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de</p><p>1998)</p><p>■ Iniciativa dos Tribunais do Poder Judiciário</p><p>Nos termos da Constituição Federal, é da iniciativa privativa do Supremo Tribunal Federal a lei</p><p>complementar que disporá sobre o Estatuto da Magistratura conforme art. 93.</p><p>Compete também, consoante art. 96, II da Constituição Federal, ao Supremo Tribunal Federal, aos</p><p>Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça a iniciativa de lei sobre a alteração do número de membros dos</p><p>tribunais inferiores; a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos</p><p>que lhe forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos</p><p>tribunais inferiores, onde houver; a criação e extinção de tribunais inferiores; a alteração da organização e da</p><p>divisão judiciárias.</p><p>Por fim, cabe ao Tribunal de Justiça a iniciativa da lei de organização judiciária do respectivo estado e</p><p>55</p><p>leis que versem sobre organização de serventias extrajudiciais.</p><p>■ Iniciativa Privativa e Emenda Parlamentar</p><p>É possível que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Poderes Executivo e</p><p>Judiciário, desde que cumpram dois requisitos:</p><p>a) guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre o mesmo assunto);</p><p>b) não acarretem em aumento de despesas.49</p><p>■ Vício de Iniciativa</p><p>O vício de iniciativa não poderá ser suprido por posterior sanção do Chefe do Executivo, pois será</p><p>hipótese de inconstitucionalidade formal.</p><p>Por exemplo: se um congressista apresentar um projeto de lei sobre matéria reservada à iniciativa do</p><p>Presidente da República, que venha a ser aprovado pelas Casas do Congresso Nacional e posteriormente</p><p>sancionado pelo Chefe do Executivo, a sanção não tem o condão de suprir o vício de iniciativa, não convalida o</p><p>defeito de iniciativa. Portanto, a lei resultante apresenta vício de inconstitucionalidade formal.50</p><p>5.1.6.2. FASE CONSTITUTIVA</p><p>A fase constitutiva pode ser dividida em 2 atuações: a atuação legislativa (discussão do projeto de lei e</p><p>votação nas duas casas) e a manifestação do Chefe do Executivo via sanção ou veto.</p><p>■ Abolição da aprovação por decurso de prazo</p><p>Não existe mais em nosso ordenamento o “decurso de prazo”, onde projetos de lei eram aprovados</p><p>com a mera expiração de prazo. O único resquício restou na sanção tácita do Chefe do Executivo (art. 66, §3º da</p><p>Constituição Federal).</p><p>■ Atuação prévia das comissões</p><p>Uma vez apresentado o projeto de lei, dá-se início à discussão de suas proposições. Em regra, o projeto</p><p>é submetido à apreciação de duas comissões distintas, uma uma delas encarregada de examinar aspectos</p><p>materiais (comissão temática ou técnica), e a outra incumbida de analisar os aspectos formais, ligados à sua</p><p>50 Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015. p.</p><p>207</p><p>49 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos para emenda parlamentar a projetos de lei de outros poderes. Buscador Dizer o Direito, Manaus.</p><p>Disponível em: <https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/38af86134b65d0f10fe33d30dd76442e>. Acesso em: 27/10/2022</p><p>56</p><p>constitucionalidade (Comissão de Constituição e Justiça - CCJ).51</p><p>Ressalta-se que o parecer das comissões técnicas (material) é meramente opinativo e não vincula a</p><p>deliberação do plenário.</p><p>Quanto ao exame formal, de competência da CCJ, verifica-se seus aspectos constitucionais, legais,</p><p>jurídicos, regimentais e de técnica legislativa, possuindo</p><p>caráter terminativo.</p><p>Se aprovado nas comissões quanto aos pareceres materiais e formais, o projeto de lei (PL) é</p><p>encaminhado ao plenário da Casa respectiva para ser discutido e votado.</p><p>■ Deliberação Plenária</p><p>Conforme art. 47 da Constituição, “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de</p><p>cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus</p><p>membros”, à exceção das leis complementares que serão aprovadas por maioria absoluta.</p><p>Instruído, prosseguir-se-á à discussão e votação do projeto, conforme regimentos das Casas</p><p>Legislativas.</p><p>A deliberação plenária opera-se da seguinte forma52:</p><p>CASA INICIADORA</p><p>O projeto poderá ser aprovado ou rejeitado. Caso ocorra sua aprovação, será</p><p>encaminhado à outra Casa para revisão. Se rejeitado, será arquivado, aplicando o</p><p>princípio da irrepetibilidade, isto é, a respectiva matéria somente poderá constituir</p><p>objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria</p><p>absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67).</p><p>CASA REVISORA</p><p>Na Casa revisora, após a tramitação regimental (comissões, discussão e votação), uma</p><p>destas três hipóteses pode ocorrer: o projeto ser aprovado como foi recebido da Casa</p><p>iniciadora, ser aprovado com emendas ou ser rejeitado.</p><p>Na primeira hipótese - aprovação sem emendas -, o projeto será encaminhado ao Chefe</p><p>do Executivo, para sanção ou veto.</p><p>Na segunda hipótese - aprovação com emendas -, o projeto voltará à Casa iniciadora,</p><p>para que esta aprecie exclusivamente as emendas. Se as emendas forem aceitas, o</p><p>projeto com as emendas aprovadas é enviado ao Chefe do Executivo, para sanção ou</p><p>veto. Se rejeitadas, o projeto é enviado, sem as emendas, para o mesmo fim (isto é, o</p><p>projeto seguirá para sanção ou veto com o texto originário da Casa iniciadora).</p><p>Na terceira hipótese - rejeição -, o projeto será arquivado, aplicando-se-lhe o acima</p><p>52Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015. p.</p><p>207-208</p><p>51Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015. p.</p><p>206</p><p>57</p><p>aludido princípio da irrepetibilidade (CF, art. 67).</p><p>Em qualquer hipótese, recebido o projeto pelo Chefe do Executivo, ele poderá adotar</p><p>uma destas três medidas: sancioná-lo expressamente, sancioná--lo tacitamente ou</p><p>vetá-lo.</p><p>■ Aprovação Definitiva pelas comissões</p><p>Dispõe o art. 58 da Constituição Federal:</p><p>§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:</p><p>I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se</p><p>houver recurso de um décimo dos membros da Casa;</p><p>Ou seja, conforme o regimento, é possível que um projeto de lei seja votado em caráter definitivo sem</p><p>necessidade de deliberação plenária.</p><p>■ Sanção</p><p>É a concordância do Chefe do Poder Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Dessa</p><p>forma, com a sanção nasce a lei, ato de competência privativa do Chefe do Poder Executivo.</p><p>SANÇÃO</p><p>EXPRESSA</p><p>Ocorre quando o Presidente da República concordar com o texto aprovado pelo</p><p>Legislativo, formalizando, por escrito, o ato de sanção no prazo de quinze dias úteis,</p><p>contados da data do recebimento. Decidindo pela sanção expressa, o Chefe do</p><p>Executivo, subsequentemente, promulgará e determinará a publicação da lei.</p><p>SANÇÃO TÁCITA</p><p>Ocorrerá a sanção tácita se o Presidente da República deixar transcorrer o prazo de</p><p>quinze dias úteis, contados da data do recebimento do projeto de lei, sem emitir</p><p>qualquer manifestação quanto a ele. Esgotado esse prazo sem sua manifestação</p><p>expressa, o silêncio importará sanção tácita. Nessa hipótese, o Presidente da República</p><p>disporá do prazo de quarenta e oito horas para promulgar a lei resultante da sanção</p><p>tácita. Se não o fizer nesse prazo, o Presidente do Senado, em igual prazo, a</p><p>promulgará. Se este não o fizer, no prazo estabelecido, caberá ao Vice-Presidente do</p><p>Senado fazê-lo (CF, art. 66, § 7.°).</p><p>Caso o Presidente da República considere o projeto, no todo ou em parte,</p><p>58</p><p>inconstitucional ou contrário ao interesse público, deverá vetá-lo, no prazo de quinze</p><p>dias úteis, contados da data do recebimento, comunicando ao Presidente do Senado</p><p>Federal, no prazo de quarenta e oito horas, os motivos do veto (CF, art. 66, § 1º).</p><p>■ Veto</p><p>Entende-se por veto a manifestação de discordância do Chefe do Executivo com o projeto de lei.53 A</p><p>sistemática do veto presidencial está contida nos parágrafos §1º a 7º do art. 66 da Constituição Federal:</p><p>§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao</p><p>interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do</p><p>recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os</p><p>motivos do veto.</p><p>§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.</p><p>§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. (sanção tácita)</p><p>§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo</p><p>ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 76, de 2013)</p><p>§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.</p><p>§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão</p><p>imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos §</p><p>3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente</p><p>do Senado fazê-lo.</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ O veto deverá ser sempre formal (escrito) e motivado;</p><p>■ O Chefe do executivo não pode desistir do veto;</p><p>■ Trata-se de ato político que não configura ato do poder público.</p><p>5.1.6.3. FASE COMPLEMENTAR</p><p>A fase complementar engloba a promulgação e publicação da lei. Assim, não integram propriamente o</p><p>processo de elaboração da lei, vez que incidem em atos que já são leis.</p><p>53Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015. p.</p><p>209</p><p>59</p><p>■ Promulgação</p><p>É o ato solene que confere à lei sua existência e inova na ordem jurídica. Ou seja, a lei nasce com a</p><p>sanção, mas só possui sua existência declarada via promulgação. A promulgação “é um ato de execução, é a</p><p>autenticação de que uma lei foi regularmente elaborada, de que juridicamente existe e de que, portanto, está</p><p>potencialmente apta a produzir efeitos.”54</p><p>E quando o Presidente da República não promulga a lei, como por exemplo na sanção tácita e rejeição</p><p>do veto? Assim, caberá ao Presidente do Senado Federal promulgar a lei (também no prazo de 48 horas, os</p><p>quais findos passar-se-á a competência ao Vice-Presidente do Senado)</p><p>■ Publicação</p><p>É o pressuposto de eficácia da lei, contudo difere-se promulgação. Nas palavras de Manoel Gonçalves</p><p>Ferreira Filho, “"Aquela atesta, autentica a existência de um ato normativo válido, executável e obrigatório. Esta</p><p>comunica essa existência aos sujeitos a que esse ato normativo se dirige. Esta é notícia de um fato, que não se</p><p>confunde com o fato".</p><p>Não existe prazo para publicação da lei.</p><p>5.1.7. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO SUMÁRIO</p><p>O que diferencia o processo legislativo sumário do ordinário é a inexistência de prazos</p><p>constitucionalmente fixados para a deliberação do projeto de lei sumário.</p><p>Em nosso ordenamento, existem dois pressupostos para a instalação do processo legislativo sumário:</p><p>1. Projeto de lei apresentado pelo Chefe do Executivo (não é necessário</p><p>que a matéria seja de sua</p><p>iniciativa privativa, basta que o projeto seja por ele apresentado);</p><p>2. Solicitação de urgência pelo Chefe do Executivo.</p><p>Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo</p><p>Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.</p><p>§ 1º O Presidente da República PODERÁ SOLICITAR URGÊNCIA para apreciação de PROJETOS DE SUA</p><p>INICIATIVA.</p><p>§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a</p><p>proposição, cada qual sucessivamente, em até 45 dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações</p><p>legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que</p><p>se ultime a votação.</p><p>§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de 10 dias,</p><p>54 Paulo, Vicente; Alexandrino, Marcelo. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado. 9a. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2015. p.</p><p>211</p><p>60</p><p>observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.</p><p>§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos</p><p>projetos de código.</p><p>5.1.9. EMENDAS CONSTITUCIONAIS</p><p>As emendas constitucionais são o instrumento do poder constituinte derivado reformador para</p><p>alterar o que foi determinado pelo poder constituinte originário.</p><p>O poder constituinte originário é juridicamente ilimitado, o oposto do que ocorre com o poder</p><p>constituinte derivado, que é condicionado, ou seja, submete-se a algumas limitações.</p><p>LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA</p><p>EXPRESSAS OU EXPLÍCITAS</p><p>■ FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS</p><p>▸Iniciativa (privativa e concorrente)</p><p>- 1/3, no mínimo, dos membros da CD ou SF;</p><p>- Proposta do Presidente da República</p><p>- Mais da metade das Assembleias Legislativas das Unidades da</p><p>Federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa</p><p>de seus membros.</p><p>▸ Quorum de aprovação (art. 60, §2º)</p><p>- A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do</p><p>Congresso Nacional, em 2 turnos, considerando-se aprovada se</p><p>obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros.</p><p>▸ Promulgação (art. 60, §3º)</p><p>- A promulgação deve ser realizada pelas Mesas da Câmara dos</p><p>Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de</p><p>ordem.</p><p>- Não há sanção ou veto presidencial nas Emendas Constitucionais</p><p>▸ PEC rejeitada (art. 60, §5º)</p><p>- A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida</p><p>por prejudicada não pode ser objeto de nova apresentação na</p><p>mesma sessão legislativa.</p><p>■ CIRCUNSTANCIAIS (art. 60, §1º)</p><p>- A CF não poderá ser emendada na vigência de:</p><p>61</p><p>● Intervenção Federal</p><p>● Estado de Defesa</p><p>● Estado de Sítio</p><p>■ MATERIAIS (art. 60, §4º)</p><p>- Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a</p><p>abolir:</p><p>● a forma federativa de Estado;</p><p>● o voto direto, secreto, universal e periódico;</p><p>● a separação dos Poderes;</p><p>● os direitos e garantias individuais.</p><p>TEMPORAIS</p><p>■ Foram previstas apenas no art. 174, da Constituição de 1824. Trata-se de</p><p>um prazo de revisão onde fica vedada qualquer alteração da Constituição</p><p>Federal</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Art. 3º do ADCT: A revisão constitucional será realizada após cinco anos,</p><p>contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta</p><p>dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.</p><p>Não se trata de limitação temporal ao poder de reforma, mas previsão de</p><p>prazo para a revisão, que já se esgotou.</p><p>IMPLÍCITAS</p><p>■ As próprias limitações expressas: inadmissibilidade da “teoria da dupla</p><p>revisão” (Jorge Miranda), que consiste em se revogar uma cláusula pétrea</p><p>para posteriormente modificar o que o protegido por esta cláusula. A</p><p>doutrina majoritária possui posicionamento contrário à aplicação da</p><p>teoria;</p><p>■ Impossibilidade de se alterar o titular do PCO</p><p>■ Impossibilidade de se alterar o titular do PCDR</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul (Ano 2022; CEBRASPE), foi considerada</p><p>incorreta a seguinte assertiva: No exercício do mandato de Senador da República, Antônio tem a prerrogativa</p><p>de impetrar mandado de segurança visando a sustar o processo de elaboração de leis, caso entenda que o</p><p>procedimento está em desacordo com a Constituição Federal, bem como apresentar individualmente propostas</p><p>de emenda constitucional.</p><p>62</p><p>ESQUEMA SOBRE O PROCEDIMENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL NAS DUAS CASAS DO CONGRESSO</p><p>NACIONAL 55</p><p>CASA</p><p>INICIADORA</p><p>CASA REVISORA CONSEQUÊNCIA</p><p>APROVADA APROVADA</p><p>Não haverá sanção ou veto presidencial. A Emenda será</p><p>promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado.</p><p>APROVADA REJEITADA Somente poderá ser reapresentada na próxima sessão legislativa</p><p>(ano parlamentar que abrange o período de 15 de fevereiro a 30 de</p><p>junho e 1ª de agosto a 15 de dezembro)REJEITADA -</p><p>APROVADA EMENDADA</p><p>Voltará para a Casa Iniciadora, para apreciar as emendas, a não</p><p>ser que sejam meras emendas de redação, que não alteram o</p><p>conteú do da norma. Nesse caso, a Emenda Constitucional poderá</p><p>ser promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado.</p><p>É CABÍVEL INICIATIVA POPULAR DE EMENDA?</p><p>1ª CORRENTE</p><p>SIM. José Afonso da Silva e Ingo Sarlet defendem que, embora não exista</p><p>previsão expressa, seria possível aplicar, por analogia, o art. 61, §2º, CF,</p><p>viabilizando a iniciativa popular.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>NÃO. Para essa corrente, a proposta de emenda é uma exceção à regra</p><p>geral prevista no art. 61, da CF, de modo que a interpretação deve ser</p><p>restritiva. Outro ponto é o fato de que o constituinte originário optou por</p><p>não realizar essa previsão, sendo assim, não se trata de um lacuna.</p><p>É facultado aos Estados, no exercício de seu poder de auto-organização, a previsão de iniciativa popular</p><p>para o processo de reforma das respectivas Constituições estaduais, em prestígio ao princípio da</p><p>soberania popular (art. 1º, parágrafo único, art. 14, I e III, e art. 49, XV, da CF). (STF, ADI 825, Relator(a):</p><p>ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-139 DIVULG</p><p>26-06-2019 PUBLIC 27-06-2019)</p><p>55 Martins, Flávio. Curso de Direito Constitucional / Flávio Martins. - 6. ed. - São Paulo : SaraivaJur, 2022, Pg. 681.</p><p>63</p><p>5.1.10. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS E</p><p>SUA EQUIVALÊNCIA COM AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS</p><p>Conforme art. 5º, 3º da Constituição Federal, introduzido pela EC n. 45/04, os tratados e convenções</p><p>internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada casa do Congresso Nacional em dois</p><p>turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros equivalem-se às emendas constitucionais:</p><p>§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada</p><p>Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,</p><p>serão equivalentes às emendas constitucionais.</p><p>Exemplos56:</p><p>○ Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo: aprovada</p><p>pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo n. 186, de 09.07.2008, foi promulgada pelo Decreto n.</p><p>6.949, de 25.08.2009;</p><p>○ Tratado de Marraqueche: aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n. 261,</p><p>de 25.11.2015, foi promulgado pelo Decreto presidencial n. 9.522, de 08.10.2018. Busca facilitar o</p><p>acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter</p><p>acesso ao texto impresso;</p><p>○ Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de</p><p>Intolerância: aprovada pelo Congresso Nacional nos termos do Decreto Legislativo n. 1, de 18.02.2021,</p><p>o texto foi promulgado pelo Decreto Presidencial de 12.05.2021.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que não foram aprovados segundo a regra do §</p><p>3º do art. 5º, da CF/88 (com a redação dada pela EC 45/2004) possuem status supralegal, ou seja, situam-se</p><p>acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição.</p><p>É o caso, por exemplo, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa</p><p>Rica), que</p><p>foi incorporada ao Direito brasileiro antes da EC 45/2004 e, portanto, tem status supralegal.</p><p>STF. Plenário. RE 466343, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 03/12/2008.57</p><p>57 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Tratados internacionais sobre direitos humanos não aprovados segundo o § 3º do art. 5º da CF/88: status</p><p>supralegal. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6c8349cc7260ae62e3b1396831a8398f>. Acesso em: 27/10/2022</p><p>56 Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 26 ed. São Paulo: Saraivajur, 2022. p. 1172.</p><p>64</p><p>5.1.11. MEDIDA PROVISÓRIA</p><p>Conforme definição e fases retiradas do site Congresso Nacional58:</p><p>As Medidas Provisórias (MP) são normas com força de lei editadas pelo Presidente da República em</p><p>situações de relevância e urgência. Apesar de produzir efeitos jurídicos imediatos, a MP precisa da posterior</p><p>apreciação pelas Casas do Congresso Nacional (Câmara e Senado) para se converter definitivamente em lei</p><p>ordinária.</p><p>O prazo inicial de vigência de uma MP é de 60 dias e é prorrogado automaticamente por igual período</p><p>caso não tenha sua votação concluída nas duas Casas do Congresso Nacional. Se não for apreciada em até 45</p><p>dias, contados da sua publicação, entra em regime de urgência, sobrestando todas as demais deliberações</p><p>legislativas da Casa em que estiver tramitando.</p><p>O art. 62 da Constituição Federal traz as regras gerais de edição e apreciação das MP, definindo</p><p>inclusive os assuntos e temas sobre os quais não podem se pronunciar:</p><p>Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,</p><p>com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.</p><p>§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:</p><p>I – relativa a:</p><p>a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;</p><p>b) direito penal, processual penal e processual civil;</p><p>c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;</p><p>d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,</p><p>ressalvado o previsto no art. 167, § 3º (abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender</p><p>a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública);</p><p>II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;</p><p>III – reservada a LC;</p><p>IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do</p><p>Presidente da República.</p><p>Já o disciplinamento interno do rito de tramitação dado pela Resolução do Congresso Nacional n° 1 de</p><p>2002 exige, por exemplo, sobre emendas, a formação da comissão mista e prazos de tramitação.</p><p>As fases relativas à tramitação de uma Medida Provisória no Congresso Nacional estão detalhadas logo</p><p>a seguir, com a disponibilização dos principais documentos produzidos nas várias instâncias de deliberação,</p><p>incluindo emendas apresentadas, parecer aprovado e quadros comparativos que demonstram as modificações</p><p>promovidas no texto principal da matéria.</p><p>58 https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/entenda-a-tramitacao-da-medida-provisoria Acesso em: 27/10/2022</p><p>65</p><p>PUBLICAÇÃO</p><p>O texto da Medida Provisória é publicado no Diário Oficial da União quando, então,</p><p>passam a ser contados os prazos relativos à vigência e à sua tramitação no Congresso</p><p>Nacional. Nesse momento, e nos seis dias subsequentes, podem ser oferecidas</p><p>emendas à MP perante a Comissão Mista destinada a emitir parecer sobre a matéria.</p><p>COMISSÃO MISTA</p><p>O Presidente do Congresso Nacional, em até 48 horas após a publicação da MP, designa</p><p>uma Comissão Mista formada por 12 Senadores e 12 Deputados titulares (com igual</p><p>número de suplentes), responsável por analisar previamente os pressupostos</p><p>constitucionais de relevância e urgência, o mérito e a adequação financeira e</p><p>orçamentária.</p><p>Após instalada a comissão, são eleitos o Presidente e Vice-Presidente, pertencentes a</p><p>Casas diferentes, e designados Relator e Relator-Revisor da matéria, o último para</p><p>exercer as funções na Casa diversa da do Relator. O Presidente da Comissão Mista</p><p>possui a prerrogativa de indeferir liminarmente as emendas apresentadas que forem</p><p>estranhas ao texto original da MP.</p><p>Apresentado e discutido, o texto do Relator é submetido à votação pelo colegiado,</p><p>passando a constituir parecer da Comissão Mista ao ser aprovado. O parecer pode</p><p>concluir, no mérito:</p><p>- pela aprovação total da MP como foi editada pelo Poder Executivo;</p><p>- pela apresentação de Projeto de Lei de Conversão (PLV), quando o texto original</p><p>da MP é alterado; ou</p><p>- pela rejeição da matéria, com o parecer sendo obrigatoriamente encaminhado</p><p>à apreciação do plenário da Câmara dos Deputados.</p><p>CÂMARA DOS</p><p>DEPUTADOS</p><p>Analisada pela Comissão Mista, a MP segue para o Plenário da Câmara dos Deputados,</p><p>Casa iniciadora. O quorum para deliberação é de maioria simples (presente em Plenário</p><p>a metade mais um dos deputados). As conclusões da deliberação da matéria incluem: a</p><p>rejeição, aprovação na íntegra (nos termos da MP editada), ou aprovação de projeto de</p><p>lei de conversão – PL (com alteração do texto originalmente publicado). Rejeitada, a</p><p>matéria tem a sua vigência e tramitação encerradas e é arquivada. Se aprovada (na</p><p>íntegra ou na forma de PL), é remetida ao Senado Federal.</p><p>SENADO FEDERAL</p><p>O quórum para deliberação no Senado Federal também é de maioria simples (presente</p><p>a metade mais um dos senadores) e o resultado da votação apresenta-se com as</p><p>66</p><p>seguintes opções:</p><p>○ rejeição: a matéria tem sua vigência e tramitação encerradas e é arquivada;</p><p>○ aprovação na íntegra (nos termos da edição original): MP é enviada à</p><p>promulgação e se torna lei;</p><p>○ aprovação do PLV recebido da Câmara dos Deputados sem alterações de</p><p>mérito: o texto é remetido à sanção do Presidente da República;</p><p>○ aprovação do PLV recebido da Câmara dos Deputados com emendas de mérito:</p><p>a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que delibera, exclusivamente,</p><p>sobre as emendas;</p><p>○ aprovação da Medida Provisória, em decorrência de preferência sobre o PLV da</p><p>Câmara dos Deputados: a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que</p><p>deliberará, exclusivamente, sobre a Medida Provisória;</p><p>○ aprovação de novo PLV: a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que</p><p>delibera, exclusivamente, sobre o PLV oferecido pelo Senado Federal.</p><p>RETORNO À</p><p>CÂMARA DOS</p><p>DEPUTADOS</p><p>Se o Senado aprova com modificações o texto recebido da Câmara, as propostas</p><p>retornam à análise da Câmara dos Deputados. As alterações promovidas pelo Senado</p><p>são acatadas ou rejeitadas pela Câmara dos Deputados, sendo a matéria remetida à</p><p>sanção (se aprovado o PLV) ou à promulgação (se aprovado o texto original da Medida</p><p>Provisória).</p><p>PROMULGAÇÃO</p><p>DA MEDIDA</p><p>PROVISÓRIA</p><p>No caso de aprovação da MP, a matéria é promulgada e convertida em lei ordinária pelo</p><p>Presidente da Mesa do Congresso Nacional, não sendo sujeita à sanção ou veto, como</p><p>ocorre com os projetos de lei de conversão.</p><p>APROVAÇÃO DE</p><p>PROJETO DE LEI</p><p>DE CONVERSÃO</p><p>Quando a MP é aprovada na forma de um Projeto de Lei de Conversão, este é enviado à</p><p>sanção do Presidente da República, que poderá tanto sancioná-lo quanto vetá-lo.</p><p>Caberá ao Congresso Nacional deliberar sobre o veto e, assim, concluir o processo de</p><p>tramitação da matéria.</p><p>REJEIÇÃO DA</p><p>MEDIDA</p><p>PROVISÓRIA</p><p>Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal podem concluir pela rejeição</p><p>da Medida Provisória, quando então a sua vigência e tramitação são encerradas e ela é</p><p>arquivada.</p><p>EDIÇÃO DE</p><p>DECRETO</p><p>Se houver a aprovação de PLV, rejeição ou perda de eficácia da MP, o Congresso</p><p>Nacional detém a prerrogativa de disciplinar, por decreto legislativo, as relações</p><p>67</p><p>LEGISLATIVO jurídicas decorrentes de sua edição. Não se materializando a edição do referido</p><p>decreto legislativo no prazo de 60 dias, as relações jurídicas constituídas</p><p>do Presidente da República, seja por sanção ou veto,</p><p>Essas hipóteses de competência exclusiva estão previstas no art. 49 da CF, são elas:</p><p>✓ resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou</p><p>compromissos gravosos ao patrimônio nacional;</p><p>✓ autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças</p><p>estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos</p><p>previstos em lei complementar (cf. LC n. 90/97, com as alterações introduzidas pela LC n. 149/2015);</p><p>5</p><p>✓ autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a</p><p>ausência exceder a quinze dias;</p><p>✓ aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender</p><p>qualquer uma dessas medidas;</p><p>✓ sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites</p><p>de delegação legislativa;</p><p>✓ mudar temporariamente sua sede;</p><p>✓ fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os</p><p>arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;</p><p>✓ fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,</p><p>observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;</p><p>✓ julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre</p><p>a execução dos planos de governo;</p><p>✓ fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,</p><p>incluídos os da administração indireta;</p><p>✓ zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros</p><p>Poderes;</p><p>✓ apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;</p><p>✓ escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;</p><p>✓ aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;</p><p>✓ autorizar referendo e convocar plebiscito;</p><p>✓ autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e</p><p>lavra de riquezas minerais;</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Amazonas (DPE-AM, Ano: 2022, FCC), considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: Autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de</p><p>riquezas minerais em terras indígenas, segundo a Constituição Federal, é competência exclusiva do Congresso</p><p>Nacional.</p><p>✓ aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e</p><p>quinhentos hectares.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>6</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado do Pernambuco (Ano: 2022, FCC), foi cobrada a seguinte questão,</p><p>a qual transcrevemos na íntegra:</p><p>Nos termos da Constituição Federal, é da competência exclusiva do Congresso Nacional:</p><p>a) fixar o subsídio de Deputados Federais e Senadores e, com a sanção do Presidente da República, os subsídios</p><p>do Presidente e Vice-Presidente da República e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (incorreta, pois o CN</p><p>não precisa de sanção presidencial para fixar os subsídios, exceto dos Ministros do STF)</p><p>b) julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a</p><p>execução dos planos de governo. (correta)</p><p>c) processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como</p><p>os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma</p><p>natureza conexos com aqueles. (incorreta, pois é competência do Senado Federal)</p><p>d) processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e</p><p>do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos</p><p>crimes de responsabilidade. (incorreta, pois é competência do Senado Federal)</p><p>e) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não lhe forem apresentadas dentro de</p><p>sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. (incorreta, pois é competência da Câmara dos Deputados)</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado de Tocantins (Ano: 2022, CEBRASPE), foi cobrada a seguinte</p><p>questão, a qual transcrevemos na íntegra:</p><p>Acerca das atribuições do Poder Legislativo, assinale a opção correta.</p><p>a) Compete privativamente ao Senado Federal aprovar previamente, por voto secreto, após arguição</p><p>pública, a escolha de presidente e diretores do Banco Central do Brasil. (correta)</p><p>b) É da competência exclusiva do Congresso Nacional aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a</p><p>exoneração, de ofício, do procurador-geral da República antes do término de seu mandato. (errada,</p><p>competência do Senado Federal)</p><p>c) Compete privativamente ao Senado Federal proceder à tomada de contas do presidente da República,</p><p>quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.</p><p>(errada, compete ao Congresso Nacional)</p><p>d) Compete privativamente à Câmara dos Deputados julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da</p><p>República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. (errada, compete ao Congresso</p><p>Nacional)</p><p>e) É da competência exclusiva do Congresso Nacional dispor sobre limites globais e condições para as</p><p>operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas</p><p>autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal. (errada, compete ao Senado Federal)</p><p>7</p><p>2.2. EXPRESSÕES IMPORTANTES</p><p>LEGISLATURA Corresponde ao período de 4 anos (período de mandato).</p><p>SESSÃO LEGISLATIVA</p><p>Anual. Corresponde ao período entre 2 de fevereiro a 17 de julho e 1º de agosto a</p><p>22 de dezembro).</p><p>PERÍODO LEGISLATIVO Correspondem aos períodos semestrais</p><p>2.3. SENADO FEDERAL E CÂMARA DOS DEPUTADOS 2</p><p>SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS</p><p>COMPOSIÇÃO</p><p>Representantes dos Estados e do</p><p>Distrito Federal.</p><p>Representantes do povo</p><p>SISTEMA DE ELEIÇÃO Sistema majoritário</p><p>Sistema proporcional à população de</p><p>cada Estado e do DF, sendo que os TFs</p><p>elegerão 4 (art. 45, § 2.º)</p><p>NÚMERO DE</p><p>PARLAMENTARES</p><p>3 Senadores por Estado e pelo DF, cada</p><p>qual com 2 suplentes.</p><p>Atualmente, 81 Senadores (26 Estados x</p><p>3 = 78 + 3 do DF).</p><p>A LC n. 78/93 fixou em 513 Deputados</p><p>Federais.</p><p>Nenhum Estado nem o DF terão menos</p><p>que 8, nem mais que 70 Deputados.</p><p>Os Territórios, se criados, elegerão 4</p><p>Deputados.</p><p>MANDATO 8 anos = 2 legislaturas . 4 anos = 1 legislatura.</p><p>RENOVAÇÃO</p><p>A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3, sendo que</p><p>cada Senador cumpre o mandato de 8</p><p>anos.</p><p>A cada 4 anos, sendo que cada</p><p>Deputado cumpre o mandato de 4</p><p>anos.</p><p>IDADE MÍNIMA</p><p>(condição de</p><p>elegibilidade)</p><p>35 anos. 21 anos.</p><p>2 Adaptado do livro: Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 569.</p><p>8</p><p>REQUISITOS PARA A</p><p>CANDIDATURA</p><p>✓ Brasileiro nato ou naturalizado (art.</p><p>14, § 3.º, I) a exigência de ser brasileiro</p><p>nato é apenas para ocupar a</p><p>presidência daquela Casa, conforme</p><p>estabelece o art. 12, § 3.º, III;</p><p>✓ Pleno exercício dos direitos políticos</p><p>(art. 14, § 3.º, II);</p><p>✓ Alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º,</p><p>III);</p><p>✓ Domicílio eleitoral na circunscrição</p><p>(art. 14, § 3.º, IV);</p><p>✓ Filiação partidária (art. 14, § 3.º, V).</p><p>✓ Brasileiro nato ou naturalizado (art.</p><p>14, § 3.º, I) a exigência de ser brasileiro</p><p>nato é apenas para ocupar a</p><p>presidência daquela Casa, consoante</p><p>estabelece o art. 12, § 3.º, II;</p><p>✓ Pleno exercício dos direitos políticos</p><p>(art. 14, § 3.º, II);</p><p>✓ Alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º,</p><p>III);</p><p>✓ Domicílio eleitoral na circunscrição</p><p>(art. 14, § 3.º, IV);</p><p>✓ Filiação partidária (art. 14, § 3.º, V).</p><p>2.3.1. COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS 3</p><p>As matérias de competência privativa de cada uma das Casas do Congresso não dependerão de</p><p>sanção do Presidente da República (art. 48, caput).</p><p>Essas hipóteses são materializadas por meio de resoluções.</p><p>2.3.1.1. CÂMARA DOS DEPUTADOS</p><p>✓ autorizar,</p><p>durante</p><p>o período de vigência conservam-se regidas pela MPV. Cabe destacar, ainda, que</p><p>aprovado um PLV, a MPV mantém-se integralmente em vigor até que seja sancionado</p><p>ou vetado o projeto.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre as medidas provisórias, a prova para Delegado de Polícia do Estado do Pernambuco (Ano: 2016; CESPE)</p><p>considerou incorreta a seguinte assertiva: uma medida provisória somente poderá ser reeditada no mesmo</p><p>ano legislativo se tiver perdido sua eficácia por decurso de prazo, mas não se tiver sido rejeitada.</p><p>5.1.12. LEI DELEGADA</p><p>Nos termos do próprio Congresso Nacional, trata-se de norma jurídica elaborada pelo chefe do Poder</p><p>Executivo após delegação do Poder Legislativo. A delegação deve ser aprovada em resolução do Congresso</p><p>Nacional que especifique seu conteúdo e os termos de seu exercício59.</p><p>Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao</p><p>Congresso Nacional.</p><p>§ 1º NÃO SERÃO OBJETO DE DELEGAÇÃO os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de</p><p>competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei</p><p>complementar, nem a legislação sobre:</p><p>I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;</p><p>II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;</p><p>III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.</p><p>§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que</p><p>especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.</p><p>As leis delegadas são pouco utilizadas em nosso ordenamento, que possui apenas 13 leis delegadas,</p><p>sendo apenas duas após a Constituição de 1988 - em tese, é mais viável para o Chefe do Executivo editar uma</p><p>MP.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>59https://www.congressonacional.leg.br/legislacao-e-publicacoes/glossario-legislativo/-/legislativo/termo/lei_delegada#:~:text=Norma%20jur%C3%ADdic</p><p>a%20elaborada%20pelo%20chefe,os%20termos%20de%20seu%20exerc%C3%ADcio. Acesso em: 27 out 2022.</p><p>68</p><p>No que tange às leis delegadas, a prova para Juiz Federal do TRF5 (Ano: 2011; CESPE) considerou incorreta a</p><p>seguinte assertiva: Uma vez obtida resolução delegatória, o presidente da República fica obrigado a editar a lei</p><p>objeto do pedido de delegação ao Congresso Nacional. (A edição é discricionária)</p><p>5.1.13. JURISPRUDÊNCIA</p><p>É inconstitucional norma de Constituição estadual que preveja quórum diverso de 3/5 dos membros do</p><p>Poder Legislativo para aprovação de emendas constitucionais. A Constituição do Estado de Rondônia</p><p>estabeleceu que, para a aprovação de emendas à Constituição estadual seria necessário o voto de 2/3 dos</p><p>Deputados Estaduais. Ocorre que a Constituição Federal diz que, para uma emenda alterar seu texto, é</p><p>necessário o voto de 3/5 dos Deputados Federais e Senadores (art. 60, § 2º). Logo, a CE/RO não seguiu o</p><p>modelo previsto na Constituição Federal. As regras básicas do processo legislativo previstas na Constituição</p><p>Federal são de observância obrigatória pelos Estados-membros por força do princípio da simetria (art. 25 da</p><p>CF/88 c/c o art. 11 do ADCT). STF. Plenário. ADI 6453/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 11/2/2022 (Info</p><p>1043)60.</p><p>A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição Federal,</p><p>encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, XV, da CF/88. Embora a</p><p>Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas apenas</p><p>para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais prevejam a</p><p>possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min.</p><p>Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921)61.</p><p>É constitucional a Lei Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos e conferiu autonomia ao Banco</p><p>Central do Brasil, além de ter tratado sobre a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus diretores.</p><p>Não ficou caracterizada qualquer violação ao devido processo legislativo na tramitação do projeto que</p><p>deu origem a essa lei, não tendo havido afronta à iniciativa reservada do Presidente da República. A</p><p>competência para legislar é, por excelência, do Poder Legislativo.A reserva de iniciativa legislativa para o</p><p>chefe do Poder Executivo constitui-se em previsão excepcional e que, por isso, deve ser interpretada</p><p>restritivamente.Os autores da ADI alegaram que a matéria veiculada na LC 179/2021 seria enquadrada no</p><p>art. 61, § 1º, II, “c” e “e”, da CF/88. Se fosse acolhida essa afirmação, estaria sendo conferida uma interpretação</p><p>extensiva da previsão constitucional. Isso porque a LC 179/2021 não dispôs sobre o regime jurídico dos</p><p>servidores públicos do Banco Central, que continua a ser disciplinado pela Lei nº 8.112/90e pela Lei nº</p><p>9.650/98. Não houve qualquer alteração normativa nessas leis. A LC 179/2021 tampouco criou ou extinguiu</p><p>ministérios ou órgãos da Administração Pública. O Banco Central continua a existir, com natureza jurídica de</p><p>61 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível que a Constituição do Estado preveja iniciativa popular para a propositura de emenda à Constituição</p><p>Estadual. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2281f5c898351dbc6dace2ba201e7948>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>60 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional norma de Constituição estadual que preveja quórum diverso de 3/5 dos membros do Poder</p><p>Legislativo para aprovação de emendas constitucionais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c56030557e55275663bd45b48cd0223e>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>69</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2281f5c898351dbc6dace2ba201e7948</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c56030557e55275663bd45b48cd0223e</p><p>autarquia especial federal. Na realidade, a LC nº 179/2021 transcende o propósito de dispor sobre servidores</p><p>públicos ou criar órgão público. Ela dá configuração a uma instituição de Estado – não de governo –, que tem</p><p>relevante papel como árbitro neutro, cuja atuação não deve estar sujeita a controle político unipessoal. (STF.</p><p>Plenário. ADI 6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em</p><p>26/8/2021 (Info 1027)62.</p><p>O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda estiver</p><p>associada ao tema e à finalidade original da medida provisória. É constitucional o art. 6º da Lei 14.131/2021,</p><p>que simplificou o processo de concessão de benefício de auxílio por incapacidade temporária. STF. Plenário.</p><p>ADI 6928/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/11/2021 (Info 1038)63.</p><p>É possível que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Poderes Executivo e</p><p>Judiciário, desde que cumpram dois requisitos: a) guardem pertinência temática com a proposta original</p><p>(tratem sobre o mesmo assunto); b) não acarretem em aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5087 MC/DF,</p><p>Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2014 (Info 756). STF. Plenário. ADI 1333/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia,</p><p>julgado em 29/10/2014 (Info 765). STF. Plenário. ADI 3942/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, jugado em 5/2/2015 (Info</p><p>773). STF. Plenário. ADI 2810/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2016 (Info 822). Exemplo: O</p><p>Governador de Santa Catarina enviou projeto de lei instituindo regime de subsídio para os Procuradores do</p><p>Estado. Durante a tramitação do projeto, um Deputado apresentou emenda criando uma gratificação para os</p><p>servidores da PGE. O projeto foi aprovado e sancionado, convertendo-se em lei. O STF julgou essa lei</p><p>inconstitucional por vício formal de iniciativa, pois a proposta de aumento de remuneração, tema de iniciativa</p><p>privativa do Poder Executivo (art. 61, § 2º, II, “b”, da CF/88), foi incluída durante a tramitação na Assembleia</p><p>Legislativa, desrespeitando</p><p>o princípio da independência dos poderes, prevista no art. 2º da CF/88. A relatora</p><p>observou ainda a falta de pertinência temática, pois a criação da gratificação aos servidores do Poder</p><p>Executivo estadual foi incluída por meio de emenda parlamentar em medida provisória destinada a</p><p>estabelecer o subsídio mensal como forma de remuneração da carreira de procurador do estado. STF.</p><p>Plenário. ADI 4433/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/6/2015 (Info 790)64.</p><p>A tramitação de medidas provisórias pelo Sistema de Deliberação Remota (SRD) — instituído em razão da</p><p>pandemia do novo coronavírus e regulado pelo Ato Conjunto das Mesas da Câmara dos Deputados e do</p><p>Senado Federal n. 1/2020 — não viola o devido processo legislativo. (STF. Plenário. ADI 6751/DF, ADPF 661/DF e</p><p>ADPF 663/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 3/9/2021 (Info 1028)65.</p><p>65 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Durante a pandemia da Covid-19 ficou reconhecido que as medidas provisórias podem ser instruídas perante o</p><p>plenário das Casas, ficando excepcionalmente autorizada a emissão de parecer por um deputado e um senador, em substituição à Comissão Mista.</p><p>Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a883bbca3f8bc8814ff676cb0e91829a>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>64 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos para emenda parlamentar a projetos de lei de outros poderes. Buscador Dizer o Direito, Manaus.</p><p>Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/38af86134b65d0f10fe33d30dd76442e>. Acesso em: 18/05/2022.</p><p>63 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda estiver</p><p>associada ao tema e à finalidade original da medida provisória. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/80a9efd37c62cbdee2351192983a43d6>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>62 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É constitucional a LC 179/2021, que conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil. Buscador Dizer o Direito,</p><p>Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d958e1f17d03638bba20ad39b2fb989e>. Acesso em:</p><p>17/05/2022</p><p>70</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a883bbca3f8bc8814ff676cb0e91829a</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/38af86134b65d0f10fe33d30dd76442e</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/80a9efd37c62cbdee2351192983a43d6</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d958e1f17d03638bba20ad39b2fb989e</p><p>É vedada a edição de medida provisória tratando sobre matéria já disciplinada em projeto de lei</p><p>aprovado pelo Congresso Nacional e que está pendente de sanção ou veto. Isso é proibido pelo art. 62, §</p><p>1º, IV, da CF/88. Assim, se o Presidente da República estiver com um projeto de lei aprovado pelo Congresso na</p><p>sua “mesa” para análise de sanção ou veto, ele não poderá editar uma MP sobre o mesmo assunto. Por outro</p><p>lado, nada impede que o Presidente sancione ou vete esse projeto e, no mesmo dia, edite uma medida</p><p>provisória tratando sobre o mesmo tema. Neste caso, não haverá afronta ao art. 62, § 1º, IV, da CF/88. STF.</p><p>Plenário. ADI 2601/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/8/2021 (Info 1026)66.</p><p>É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias,</p><p>no entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a invalidação quando demonstrada a</p><p>inexistência cabal desses requisitos Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para</p><p>atuação do Poder Judiciário no controle dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder</p><p>Executivo. (STF. Plenário. ADI 5599/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996)67.</p><p>A CF/88 prevê expressamente que é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que</p><p>tenha sido rejeitada. O STF declarou inconstitucional dispositivo da MP 886/2019, que transferia para o</p><p>Ministério da Agricultura a competência para realizar a demarcação de terras indígenas. Essa disposição foi</p><p>declarada inconstitucional porque o Congresso Nacional já havia rejeitado uma outra proposta, com esse</p><p>mesmo teor, prevista em outra medida provisória (MP 870), editada no mesmo ano/sessão legislativa (2019).</p><p>Assim, o STF entendeu que houve a reedição, na mesma sessão legislativa, de proposta que já havia sido</p><p>rejeitada pelo Congresso Nacional, o que violou o § 10 do art. 62 da CF/88: § 10. É vedada a reedição, na</p><p>mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por</p><p>decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32/2001). Nos termos expressos da Constituição</p><p>Federal, é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada. STF.</p><p>Plenário.ADI 6062 MC-Ref/DF, ADI 6172 MC-Ref/DF, ADI 6173 MC-Ref/DF, ADI 6174 MC-Ref/DF, Rel. Min.</p><p>Roberto Barroso, julgados em 1º/8/2019 (Info 946)68.</p><p>É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida provisória cujo conteúdo</p><p>normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de</p><p>eficácia exaurida por decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional</p><p>dentro do prazo estabelecido pela Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF</p><p>e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 27/3/2019 (Info 935)69.</p><p>69 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Proibição de reedição de medidas provisórias na mesma sessão legislativa. Buscador Dizer o Direito, Manaus.</p><p>Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/012d9fe15b2493f21902cd55603382ec>. Acesso em: 17/05/2022.</p><p>68 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A CF/88 prevê expressamente que é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que</p><p>tenha sido rejeitada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58e16dc760ca166c476403499ff5c59b>. Acesso em: 18/05/2022</p><p>67 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias, no</p><p>entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a invalidação quando demonstrada a inexistência cabal desses requisitos. Buscador Dizer</p><p>o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/74a9d40b0df3a01eda99c4463b607dd1>. Acesso</p><p>em: 17/05/2022.</p><p>66 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da CF a edição de MP no mesmo dia em que o</p><p>Presidente sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo semelhante. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4fc41324cdfa35c1b9e2f8d59371eb20>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>71</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/012d9fe15b2493f21902cd55603382ec</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58e16dc760ca166c476403499ff5c59b</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/74a9d40b0df3a01eda99c4463b607dd1</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4fc41324cdfa35c1b9e2f8d59371eb20</p><p>É possível editar medidas provisórias sobre meio ambiente? É possível a edição de medidas provisórias</p><p>tratando sobre matéria ambiental, mas sempre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que</p><p>importem diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei</p><p>formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de proteção</p><p>ambiental, como forma de assegurar o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa</p><p>forma, é inconstitucional a edição</p><p>de MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente</p><p>equilibrado, especialmente em se tratando de diminuição ou supressão de unidades de conservação, com</p><p>consequências potencialmente danosas e graves ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente é</p><p>um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco</p><p>das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado</p><p>em 5/4/2018 (Info 896)70.</p><p>Determinada medida provisória foi editada criando a possibilidade de que empresas instalassem Centros</p><p>Logísticos e Industriais Aduaneiros (CLIA), desde que autorizados pela Receita Federal.Diversas empresas</p><p>fizeram o requerimento pedindo a instalação desses Centros. Ocorre que, antes que a Receita examinasse</p><p>todos os pedidos, a MP foi rejeitada pelo Senado. O Congresso Nacional não editou decreto legislativo</p><p>disciplinando as situações ocorridas durante o período em que a MP vigorou (§ 3º do art. 62 da CF/88). Diante</p><p>disso, as empresas defendiam a tese de que os requerimentos formulados deveriam ser apreciados pela</p><p>Receita Federal com base no § 11 do art. 62: “§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até</p><p>sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e</p><p>decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.” O STF não concordou e</p><p>afirmou que os pedidos formulados pelos interessados durante a vigência da MP 320/2006 não foram sequer</p><p>examinados. Logo, não se pode dizer que havia ato jurídico perfeito. O simples fato de ter sido feito o</p><p>requerimento não significa “relação jurídica constituída”, de sorte que não se pode invocar o § 11 para</p><p>justificar a aplicação da medida provisória rejeitada. O mero protocolo do pedido não constitui uma “relação</p><p>jurídica constituída” de que trata o § 11. STF. Plenário.ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em</p><p>14/3/2018 (Info 894)71.</p><p>Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso Nacional, os parlamentares poderão</p><p>apresentar emendas? SIM, no entanto, tais emendas deverão ter relação de pertinência temática com a</p><p>medida provisória que está sendo apreciada. Assim, a emenda apresentada deverá ter relação com o assunto</p><p>tratado na medida provisória. Desse modo, é incompatível com a Constituição a apresentação de emendas</p><p>sem relação de pertinência temática com medida provisória submetida à sua apreciação. STF. Plenário. ADI</p><p>5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 15/10/2015 (Info 803).</p><p>STF. Plenário. ADI 5012/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/3/2017 (Info 857)72.</p><p>72 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Emenda parlamentar em medida provisória e contrabando legislativo. Buscador Dizer o Direito, Manaus.</p><p>Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c32d9bf27a3da7ec8163957080c8628e>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>71 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O § 11 do art. 62 da CF/88 deve ser interpretado com cautela, não se podendo protrair indefinidamente a vigência</p><p>de medidas provisórias rejeitadas ou não apreciadas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d3c95acb3f4a091abb1fdc056dc68c1c>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>70 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível editar medidas provisórias sobre meio ambiente?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1a4ab15f37a1d2341d947a9996ddfbf7>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>72</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c32d9bf27a3da7ec8163957080c8628e</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d3c95acb3f4a091abb1fdc056dc68c1c</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1a4ab15f37a1d2341d947a9996ddfbf7</p><p>O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias em caso</p><p>de relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas</p><p>provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do</p><p>Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o</p><p>Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação</p><p>tipicamente financeira e tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o</p><p>STF declarar a norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min.</p><p>Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851)73.</p><p>O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias em</p><p>caso de relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas</p><p>provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do</p><p>Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório</p><p>abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. STF. Plenário. ADI 4627/DF e</p><p>ADI 4350/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/10/2014 (Info 764). STF. Plenário. ARE 704520/SP, Rel. Min.</p><p>Gilmar Mendes, julgado em 23/10/2014 (repercussão geral) (Info 764).</p><p>A emissão de parecer sobre as medidas provisórias, por comissão mista de deputados e senadores antes do</p><p>exame, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das casas do Congresso Nacional (CF, art. 62, § 9º)</p><p>configura fase de observância obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie normativa</p><p>em lei ordinária. Vale ressaltar, no entanto, que o parecer da comissão mista (previsto no § 9º do art. 62 da</p><p>CF/88) é obrigatório apenas para as medidas provisórias assinadas e encaminhadas ao Congresso Nacional a</p><p>partir do julgamento da ADI 4029. As medidas provisórias anteriores a essa ADI 4029 não precisaram passar,</p><p>obrigatoriamente, pela comissão mista por estarem regidas pelas regras da Resolução n.º 01, do Congresso</p><p>Nacional. Os arts. 5º, caput e 6º, §§ 1º e 2º da Resolução nº 1, do CN foram reconhecidos inconstitucionais pelo</p><p>STF, no entanto, a Corte determinou que essa declaração de inconstitucionalidade somente produz efeitos ex</p><p>nunc (a partir da decisão); Todas as leis aprovadas segundo a tramitação da Resolução nº 1 (ou seja, sem</p><p>parecer obrigatório da comissão mista após o 14º dia) são válidas e não podem ser questionadas por esta</p><p>razão. STF. Plenário. ADI 4029/AM, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7 e 8/3/2012 (Info 657)74.</p><p>O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias</p><p>contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do</p><p>Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações</p><p>legislativas da Casa em que estiver tramitando”. Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais</p><p>deliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não adotou uma exegese literal e afirmou que ficarão</p><p>sobrestadas (paralisadas) apenas as votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre temas que</p><p>possam ser tratados por medida provisória. Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisória</p><p>74 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Emissão de parecer pela comissão mista de Deputados e Senadores. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível</p><p>em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/06409663226af2f3114485aa4e0a23b4>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>73 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Análise dos requisitos constitucionais de relevância e urgência e MP que trate sobre situação tipicamente</p><p>financeira e tributária. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/14da92f2bdaec7f2218042a5b6124570>. Acesso</p><p>em: 17/05/2022</p><p>73</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/06409663226af2f3114485aa4e0a23b4</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/14da92f2bdaec7f2218042a5b6124570</p><p>trancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada no prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara</p><p>ou o Senado poderão votar normalmente propostas de emenda constitucional, projetos de lei complementar,</p><p>projetos de resolução, projetos de decreto legislativo e até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre</p><p>um dos assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88. Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntos próprios de</p><p>lei ordinária e desde que não incida em nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF,</p><p>Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 29/6/2017 (Info 87075).</p><p>O controle judicial de atos “interna corporis” das Casas Legislativas só é cabível nos casos em que haja</p><p>desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88). Tese fixada</p><p>pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal,</p><p>quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é</p><p>defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance</p><p>de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna corporis’.” STF.</p><p>Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info</p><p>1021)76.</p><p>Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.Manifestada a aquiescência do Poder Executivo</p><p>com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as etapas do</p><p>processa dos vetos. STF. o legislativo, sendo incabível eventual retratação. STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF</p><p>715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/2/2021 (Info 1005)77.</p><p>É constitucional a promulgação, pelo Chefe do Poder Executivo, de parte incontroversa de projeto da lei que</p><p>não foi vetada, antes da manifestação do Poder Legislativo pela manutenção ou pela rejeição do veto,</p><p>inexistindo vício de inconstitucionalidade dessa parte inicialmente publicada pela ausência de promulgação da</p><p>derrubada Plenário. ARE RE 706103, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema</p><p>595)78.</p><p>A Constituição Estadual não pode ampliar as hipóteses de reserva de lei complementar, ou seja, não</p><p>pode criar outras hipóteses em que é exigida lei complementar, além daquelas que já são previstas na</p><p>Constituição Federal. Se a Constituição Estadual amplia o rol de matérias que deve ser tratada por meio de</p><p>lei complementar, isso restringe indevidamente o “arranjo democrático-representativo desenhado pela</p><p>Constituição Federal”. Caso concreto: STF declarou a inconstitucionalidade de dispositivo da CE/SC que exigia a</p><p>78 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o Chefe do Poder Executivo promulgar a parte incontroversa de projeto de lei que não foi vetada.</p><p>Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fe2b421b8b5f0e7c355ace66a9fe0206>. Acesso em: 18/05/2022.</p><p>77 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível republicar uma lei já sancionada, promulgada e publicada para incluir novos vetos, ainda que sob o</p><p>argumento de que se trata de mera retificação da versão original. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1963bd5135521d623f6c29e6b1174975>. Acesso em: 18/05/2022.</p><p>76 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se pode declarar a inconstitucionalidade formal da lei sob o argumento de que houve mero descumprimento</p><p>das regras do regimento interno, sendo indispensável o desrespeito às normas constitucionais que tratam sobre o processo legislativo. Buscador Dizer</p><p>o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3eb65004054f5d21fca4087f5658c727>. Acesso</p><p>em: 18/05/2022</p><p>75 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O trancamento da pauta por conta de MPs não votadas no prazo de 45 dias só alcança projetos de lei que versem</p><p>sobre temas passíveis de serem tratados por MP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71463aaacf046fa24e7dfa4558607545>. Acesso em: 18/05/2022</p><p>74</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fe2b421b8b5f0e7c355ace66a9fe0206</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1963bd5135521d623f6c29e6b1174975</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3eb65004054f5d21fca4087f5658c727</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71463aaacf046fa24e7dfa4558607545</p><p>edição de lei complementar para dispor sobre: a) regime jurídico único dos servidores estaduais; b)</p><p>organização da Polícia Militar; c) organização do sistema estadual de educação e d) plebiscito e referendo.</p><p>Esses dispositivos foram declarados inconstitucionais porque a CF/88 não exige lei complementar para</p><p>disciplinar tais assuntos. STF. Plenário. ADI 5003/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2019 (Info 962)79.</p><p>79 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a Constituição Federal</p><p>também exigiu lei complementar. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f26ecc6e3bc7f5e9c8cf23a7c7a315dd>. Acesso em: 18/05/2022.</p><p>75</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f26ecc6e3bc7f5e9c8cf23a7c7a315dd</p><p>por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o</p><p>Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Tocantins (Ano: 2022; CEBRASPE), foi considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: Consoante as disposições da Constituição Federal de 1988 e a jurisprudência do Supremo</p><p>Tribunal Federal, na hipótese de ser imputada ao presidente da República prática de infração penal comum, o</p><p>juízo de admissibilidade quanto à instauração do processo caberá à Câmara dos Deputados.</p><p>✓ proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao</p><p>Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;</p><p>✓ elaborar seu regimento interno;</p><p>✓ dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos</p><p>3 Adaptado do livro: Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 569.</p><p>9</p><p>cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,</p><p>observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.</p><p>✓ eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII (seis cidadãos brasileiros natos,</p><p>com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo</p><p>Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.)</p><p>2.3.1.2. SENADO FEDERAL</p><p>✓ processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de</p><p>responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da</p><p>Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;</p><p>✓ processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional</p><p>de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral</p><p>da União nos crimes de responsabilidade; (redação dada pela EC n. 45, de 2004)</p><p>✓ aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:</p><p>a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;</p><p>b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;</p><p>c) Governador de Território;</p><p>d) Presidente e diretores do Banco Central;</p><p>e) Procurador-Geral da República;</p><p>f) titulares de outros cargos que a lei determinar;</p><p>✓ aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de</p><p>missão diplomática de caráter permanente;</p><p>✓ autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do</p><p>Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;</p><p>✓ fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida</p><p>consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;</p><p>✓ dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas</p><p>pelo Poder Público federal;</p><p>✓ dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito</p><p>externo e interno;</p><p>✓ estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do</p><p>Distrito Federal e dos Municípios;</p><p>✓ suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão</p><p>10</p><p>definitiva do Supremo Tribunal Federal;</p><p>✓ aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da</p><p>República antes do término de seu mandato;</p><p>✓ elaborar seu regimento interno;</p><p>✓ dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos</p><p>cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,</p><p>observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;</p><p>✓ eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII (seis cidadãos brasileiros</p><p>natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo</p><p>Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.).</p><p>✓avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus</p><p>componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios.</p><p>2.3.2. VOTO</p><p>O Congresso Nacional poderá deliberar por meio de duas modalidades de votação:</p><p>● SECRETA</p><p>● OSTENSIVA ( também chamado de “voto aberto”).</p><p>Segundo o professor Pedro Lenza4 “O voto secreto é garantia do eleitor. Os parlamentares têm o</p><p>dever de prestação de contas (princípio da publicidade) e, nesse sentido, reforça-se a ideia de votação aberta.</p><p>Algumas reformas aboliram a votação secreta, mas algumas hipóteses ainda continuam sem a publicidade</p><p>esperada”.</p><p>COMPETÊNCIA ASSUNTO VOTAÇÃO</p><p>Senado Federal: aprovar previamente, após arguição pública, a escolha de:</p><p>a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;</p><p>b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;</p><p>c) Governador de Território;</p><p>d) Presidente e diretores do Banco Central;</p><p>e) Procurador-Geral da República;</p><p>f) titulares de outros cargos que a lei determinar.</p><p>SECRETA</p><p>Senado Federal: aprovar previamente, após arguição em sessão secreta, a escolha dos SECRETA</p><p>4 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 569.</p><p>11</p><p>chefes de missão diplomática de caráter permanente.</p><p>Senado Federal: aprovar, por maioria absoluta, a exoneração, de ofício, do PGR antes</p><p>do término de seu mandato.</p><p>SECRETA</p><p>Casa Legislativa (CD ou SF): resolver sobre a prisão em flagrante de crime inafiançável</p><p>de membros do Congresso Nacional.</p><p>OSTENSIVA</p><p>Casa Legislativa (CD ou SF): sustar o andamento de ação penal contra parlamentar. OSTENSIVA</p><p>Casa Legislativa (CD ou SF): nos casos dos incisos I, II e VI, do art. 55, decidir sobre a</p><p>perda do mandato, por maioria absoluta, me diante provocação da respectiva Mesa ou</p><p>de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.</p><p>OSTENSIVA</p><p>Sessão conjunta da CD e do SF: apreciação sobre o veto presidencial aposto a projeto</p><p>de lei.</p><p>OSTENSIVA</p><p>2.4. ATIVISMO CONGRESSUAL</p><p>Entende-se por ativismo congressual a reação do Poder Legislativo frente a uma decisão de</p><p>inconstitucionalidade de lei ou norma. Nos dizeres do Prof. Márcio Cavalcanti, o ativismo congressual consiste</p><p>na participação mais efetiva e intensa do Congresso Nacional nos assuntos constitucionais.</p><p>Em tese, o Congresso Nacional pode editar uma lei em sentido contrário ao que foi decidido pelo STF no</p><p>julgamento de uma ADI/ADC?</p><p>SIM. Conforme vimos acima, o Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado aos efeitos</p><p>da decisão do STF.</p><p>O STF possui, segundo a CF/88, a missão de dar a última palavra em termos de interpretação da Constituição.</p><p>Isso não significa, contudo, que o legislador não tenha também a capacidade de interpretação do Texto</p><p>Constitucional. O Poder Legislativo também é considerado um intérprete autêntico da Constituição e,</p><p>justamente por isso, pode editar uma lei ou EC tentando superar o entendimento anterior ou provocar um</p><p>novo pronunciamento do STF a respeito de determinado tema, mesmo que a Corte já tenha decidido o</p><p>assunto em sede de controle concentrado de constitucionalidade. A isso se dá o nome de "reação legislativa"</p><p>ou "superação legislativa da jurisprudência".</p><p>A reação legislativa é uma forma de "ativismo congressual" com o objetivo de o Congresso Nacional reverter</p><p>situações de autoritarismo judicial ou de comportamento antidialógico por parte do STF, estando, portanto,</p><p>amparado no princípio da separação de poderes.</p><p>Existem exemplos de "reação legislativa" que foram consideradas</p><p>exitosas, ou seja, que foram acolhidas</p><p>pelo STF gerando uma "correção jurisprudencial"?</p><p>12</p><p>SIM. Um exemplo emblemático diz respeito à chamada Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010). Antes dessa Lei, o</p><p>TSE e o STF possuíam jurisprudência consolidada no sentido de que não era possível reconhecer a</p><p>inelegibilidade do candidato a não ser que houvesse contra ele uma condenação transitada em julgado. O</p><p>fundamento para esse entendimento residia no princípio da presunção de inocência.</p><p>A LC 135/2010 foi editada com o objetivo de superar esse entendimento. Segundo previu essa lei, não é</p><p>necessário que a decisão condenatória tenha transitado em julgado para que o condenado se torne inelegível.</p><p>Basta que tenha sido proferida por órgão colegiado (exs.: TRE, TJ, TRF).</p><p>O STF, superando seus antigos precedentes, entendeu que a reação legislativa foi legítima e que a Lei da Ficha</p><p>Limpa é constitucional e não viola o princípio da presunção de inocência. (STF. Plenário. ADC 29/DF, ADC</p><p>30/DF, ADI 4578/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 15 e 16/2/2012).</p><p>Esse caso, dentre outros, demonstra que, na teoria, não existe uma supremacia judicial do STF e que é</p><p>possível, em tese, a existência de um diálogo (abertura dialógica) por meio do qual o Legislativo proponha, por</p><p>meio de leis, correções à jurisprudência do Supremo, alterando a forma de a Corte interpretar a Constituição.5</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Paraná (Ano 2022; Instituto AOCP) foi considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: Afirma-se que há “ativismo congressual” quando há reação legislativa frente a uma decisão</p><p>do STF que declara a inconstitucionalidade de determinada lei ou norma.</p><p>2.5. OUTRAS GARANTIAS6</p><p>SIGILO DE FONTE</p><p>De acordo com o art. 53, § 6.º, e conforme já estabelecido antes do</p><p>advento da EC n. 35/2001, “os Deputados e Senadores não serão</p><p>obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em</p><p>razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram</p><p>ou deles receberam informações”</p><p>INCORPORAÇÃO ÀS FORÇAS</p><p>ARMADAS DE DEPUTADOS E</p><p>SENADORES:</p><p>“a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora</p><p>militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença</p><p>da Casa respectiva” (art. 53, § 7.º, mantida a referida garantia na EC n.</p><p>35/2001)</p><p>IMUNIDADES DURANTE A</p><p>VIGÊNCIA DE ESTADO DE SÍTIO</p><p>E DE DEFESA:</p><p>Como regra geral, durante a vigência desses estados de anormalidade, os</p><p>parlamentares não perdem as imunidades. Apenas durante o estado de</p><p>sítio as imunidades poderão ser suspensas, mediante o voto de 2/3 dos</p><p>6 Adaptado de Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 26 ed. São Paulo: Saraivajur, 2022. p. 1180.</p><p>5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Superação legislativa da jurisprudência (reação legislativa). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f39f8317fbdb1988ef4c628eba02591>. Acesso em: 21/10/2022</p><p>13</p><p>membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do</p><p>recinto do Congresso, que sejam incompatíveis com a execução da</p><p>medida (art. 53, § 8.º, regra essa mantida pela EC n. 35/2001).</p><p>3. COMISSÕES PARLAMENTARES</p><p>3.1. CONCEITO</p><p>“Organismos cons tituídos em cada Câmara, composto de número geralmente restrito de membros,</p><p>encar regados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres” (José Afonso da Silva,</p><p>Curso de direito constitucional positivo, p. 449). São elas:</p><p>■ Comissão temática ou em razão da matérias (Permanente);</p><p>■ Comissão especial ou temporária;</p><p>■ Comissão Parlamentar de Inquérito;</p><p>■ Comissão mista;</p><p>■ Comissão representativa.</p><p>3.1.1. CLASSIFICAÇÃO</p><p>QUANTO À FORMAÇÃO</p><p>EXCLUSIVAS</p><p>Formadas exclusivamente por membros de uma Casa do Congresso</p><p>Nacional (CD ou SF).</p><p>MISTAS</p><p>Formadas por deputados federais e senadores, como é o caso da</p><p>Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.</p><p>QUANTO À DURAÇÃO</p><p>PERMANENTES</p><p>Possuem duração superior a uma legislatura (quatro anos).</p><p>Ex. Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).</p><p>TEMPORÁRIAS</p><p>Deve ser extinta até o fim da legislatura.</p><p>Ex. CPI da covid, que deveria, obrigatoriamente, ser finalizada até 2022 (final</p><p>do mandato dos seus membros).</p><p>14</p><p>3.2. COMISSÕES TEMÁTICAS (PERMANENTES )</p><p>As comissões temáticas têm caráter permanente e são estabelecidas em razão da matéria.</p><p>Suas atribuições estão previstas no art. 58,§2º da Constituição Federal:</p><p>✓ Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário,</p><p>salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;</p><p>✓ Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;</p><p>✓ Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas</p><p>atribuições, sob pena de cometer crime de responsabilidade (art. 50);</p><p>✓ Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou</p><p>omissões das autoridades ou entidades públicas;</p><p>✓ Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;</p><p>✓ Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre</p><p>eles emitir parecer.</p><p>“São duas as formas de apreciação: a conclusiva, quando os projetos são apreciados somente pelas</p><p>Comissões, que têm o poder de aprová-los ou rejeitá-los, sem ouvir o Plenário; e a realizada pelo Plenário</p><p>propriamente dita, quando este é quem dá a palavra final sobre o projeto, após a análise das comissões.”7</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre as Comissões Parlamentares, a prova para Defensor Público do Estado da Paraíba (2022; FCC) considerou</p><p>correta a seguinte assertiva: As Comissões Parlamentares, no âmbito federal, apresentam duas formas de</p><p>apreciação das matérias submetidas à sua análise, sendo uma destas a conclusiva, aquela que os projetos são</p><p>apreciados somente pelas Comissões, que têm o poder de aprová-los ou rejeitá-los, sem ouvir o Plenário.</p><p>3.3. COMISSÃO ESPECIAL OU TEMPORÁRIA</p><p>Segundo o professor Pedro Lenza8" As comissões especiais são criadas para apreciar uma matéria</p><p>específica, extinguindo-se com o término da legislatura ou cumprida a finalidade para a qual foram criadas.”</p><p>Em resumo, elas terminam:</p><p>● Com o fim do prazo estipulado;</p><p>● Fim das investigações ou;</p><p>● Fim da sessão legislativa.</p><p>8 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 579.</p><p>7 https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/o-papel-das-comissoes</p><p>15</p><p>3.4. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)</p><p>3.4.1. CONCEITO</p><p>As Comissões Parlamentares de Inquérito são temporárias e são destinadas a investigar fato certo e</p><p>determinado.</p><p>Segundo a Ministra Cármen Lúcia, "no desenho constitucional brasileiro, as comissões parlamentares</p><p>de inquérito são manifestação da função fiscalizatória do Congresso Nacional sobre a administração pública,</p><p>instrumentalizando, assim, uma das facetas do sistema de freios e contrapesos, essencial à Democracia”9.</p><p>3.4.2. ASPECTOS ESSENCIAIS</p><p>OBJETIVOS</p><p>■ Auxiliar na tarefa legiferante, na medida em, ao investigar determinados</p><p>fatos, o Poder Legislativo tem a oportunidade de analisar os delitos e criar leis</p><p>mais efetivas;</p><p>■ Servir de instrumento de fiscalização do governo e da Administração Pública;</p><p>■ Levar os fatos de interesse público ao conhecimento da população.</p><p>COMPOSIÇÃO</p><p>■ É adotado o princípio da representação proporcional de partidos e blocos</p><p>partidários. Ex. Se determinado partido possui 20% de membros do Parlamento, em</p><p>regra, as comissões devem seguir essa proporção.</p><p>■ Na impossibilidade, deve-se privilegiar a representação efetiva.</p><p>DIREITO PÚBLICO</p><p>SUBJETIVO DAS</p><p>MINORIAS</p><p>■ Essa discussão surgiu na CPI do Apagão Aéreo (que tinha por objetivo investigar</p><p>as causas, consequências no setor aéreo brasileiro)</p><p>■ A Constituição de 1988 adotou o modelo da Constituição de Weimar</p><p>(Alemanha, 1919), na medida em que consagra como direito das minorias da</p><p>fiscalização das maiorias.</p><p>Qual a lógica disso? Imagine um governo que tem maioria no Parlamento, se a</p><p>oposição,</p><p>que é minoria, não pudesse, em razão do seu baixo número de</p><p>membros, pleitear a realização de uma CPI, haveria um desequilíbrio e uma</p><p>inviabilização das atividades parlamentares de investigar e fiscalizar.</p><p>“Após ter sido efetivamente instalada, o Plenário da Câmara dos Deputados</p><p>desconstituiu o ato de criação da CPI. Contra esse ato da Mesa e do presidente da</p><p>Câmara dos Deputados, foi impetrado mandado de segurança, e o STF, seguindo o</p><p>9 ADI 5.351, j. 21.06.2021, fls. 22/23.</p><p>16</p><p>voto do Min. Celso de Mello, determinou a instauração da CPI, sob pena de violação</p><p>do direito público subjetivo das minorias, mesmo contra a vontade da maioria da</p><p>Casa. Verdadeiro direito de oposição, reconhecido, inclusive, às minorias (MS</p><p>26.441, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25.04.2007, Plenário, DJE de 18.12.2009)”.10</p><p>O Ministro Barroso, em decisão liminar referendada pelo plenário do STF, ao analisar</p><p>a criação da CPI da Pandemia de Covid-19, asseverou: “a instauração do inquérito</p><p>parlamentar depende, unicamente, do preenchimento dos 3 requisitos previstos no</p><p>art. 58, § 3.º, da Constituição: (i) o requerimento de 1/3 dos membros das casas</p><p>legislativas; (ii) a indicação de fato determinado a ser apurado; e (iii) a definição de</p><p>prazo certo para sua duração. Atendidas as exigências constitucionais, impõe-se a</p><p>criação da Comissão Parlamentar de Inquérito, cuja instalação não pode ser</p><p>obstada pela vontade da maioria parlamentar ou dos órgãos diretivos das casas</p><p>legislativas. Precedentes: MS 24.831 e 24.849, Rel. Min. Celso de Mello, j. em</p><p>22.06.2005; ADI 3.619, Rel. Min. Eros Grau, j. em 1.º.08.2006; MS 26.441, Rel. Min.</p><p>Celso de Mello, j. em 25.04.200711”</p><p>A criação de comissões parlamentares de inquérito é prerrogativa</p><p>político-jurídica das minorias parlamentares, a quem a Constituição assegura os</p><p>instrumentos necessários ao exercício do direito de oposição e à fiscalização dos</p><p>poderes constituídos, como decorrência da cláusula do Estado Democrático de</p><p>Direito. (STF, MS 37760 MC-Ref, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno,</p><p>julgado em 14/04/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-158 DIVULG 06-08-2021 PUBLIC</p><p>09-08-2021)</p><p>OBJETO</p><p>■ Apuração de fato determinado.</p><p>O que é considerado fato determinado? Segundo o art. 35,§1º, do Regimento</p><p>Interno da Câmara dos Deputados, considera-se fato determinado o</p><p>acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem</p><p>constitucional, legal, econômica e social do País, que esteja devidamente</p><p>caracterizado no requerimento de constituição da Comissão. (ATENÇÃO: Em face</p><p>desse dispositivo, a CPI não pode ser instaurada para apurar fato</p><p>exclusivamente privado ou de caráter pessoal).</p><p>Por uma necessidade funcional, a comissão parlamentar de inquérito não tem</p><p>poderes universais, mas limitados a fatos determinados, o que não quer dizer</p><p>não possa haver tantas comissões quantas as necessárias para realizar as</p><p>investigações recomendáveis, e que outros fatos, inicialmente imprevistos, não</p><p>11 MS 37.760 MC-REF, j. 14.04.2021, DJE de 09.08.2021.</p><p>10 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado) pg. 580.</p><p>17</p><p>possam ser aditados aos objetivos da comissão de inquérito, já em ação. O poder</p><p>de investigar não é um fim em si mesmo, mas um poder instrumental ou ancilar</p><p>relacionado com as atribuições do Poder Legislativo. (STF, HC 71039)</p><p>PRAZO ■ É temporária e deve ser criada no prazo certo.</p><p>PRINCÍPIO DA</p><p>SEPARAÇÃO DE</p><p>“PODERES”</p><p>(e a impossibilidade de a</p><p>CPI investigar atos de</p><p>conteúdo jurisdicional)</p><p>■ O Professor Pedro Lenza (2022, p. 586), leciona que o “ princípio da separação</p><p>de poderes serve de baliza e limitação material para a atuação parlamentar, e,</p><p>desse modo, a CPI não tem poderes para investigar atos de conteúdo</p><p>jurisdicional, não podendo, portanto, rever os fundamentos de uma sentença</p><p>judicial”.</p><p>■ Celso de Mello sobre o tema:</p><p>“... isso não significa, porém, que todos os atos do Poder Judiciário estejam</p><p>excluídos do âmbito de incidência da investigação parlamentar. Na verdade,</p><p>entendo que se revela constitucionalmente lícito, a uma Comissão Parlamentar de</p><p>Inquérito, investigar atos de caráter não jurisdicional emanados do Poder</p><p>Judiciário, de seus integrantes ou de seus servidores, especialmente se se cuidar</p><p>de atos, que, por efeito de expressa determinação constitucional, se exponham à</p><p>fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder</p><p>Legislativo (CF, arts. 70 e 71) ou que traduzam comportamentos configuradores de</p><p>infrações político-administrativas eventualmente praticadas por Juízes do STF (Lei n.</p><p>1.079/50, art. 39), que se acham sujeitos, em processo de impeachment, à jurisdição</p><p>política do Senado da República (CF, art. 52, II)” (voto no HC 79.441, j. 15.09.2000,</p><p>fls. 322-323).</p><p>PUNIÇÕES</p><p>■ A CPI somente investiga os fatos, não havendo punições ou acusações.</p><p>■ Caso a CPI entenda, após as investigações, que ocorreu algum fato ilícito, ela</p><p>deverá encaminhar suas conclusões às autoridades competentes.</p><p>POSTULADO DA</p><p>COLEGIALIDADE</p><p>■ O professor Pedro Lenza ensina que, “de acordo com a doutrina e a</p><p>jurisprudência do STF, a eficácia das deliberações dos parlamentares integrantes</p><p>da CPI deve observar o postulado da colegialidade, devendo as decisões ser</p><p>tomadas pela maioria dos votos e não isoladamente.”12</p><p>MOTIVAÇÃO</p><p>■ As decisões devem ser motivadas. Caso não sejam, segundo o Ministro Celso de</p><p>Mello, elas mostram-se “despojadas de eficácia jurídica”13 (vício de ineficácia).</p><p>13 MS 23.452/RJ, DJ de 15.05.200, p. 20.</p><p>12 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 588.</p><p>18</p><p>LIMITES</p><p>■ A CPI não pode:</p><p>✘ Formular acusações;</p><p>✘ Punir delitos;</p><p>✘ Proibir alguém de ausentar-se do país (ela não possui poder geral de cautela) ;</p><p>✘ Decretar indisponibilidade de bens, arresto, sequestro e hipoteca judiciária.</p><p>■ Não pode investigar autoridades que estejam fora do seu âmbito de</p><p>competência.</p><p>“Em um primeiro exame, a interpretação sistemática do Texto Maior conduz a</p><p>afastar-se a possibilidade de comissão parlamentar de inquérito, atuando com os</p><p>poderes inerentes aos órgãos do Judiciário, vir a convocar, quer como</p><p>testemunha, quer como investigado, Governador. Os estados, formando a união</p><p>indissolúvel referida no artigo 1º da Constituição Federal, gozam de autonomia e</p><p>esta apenas é flexibilizada mediante preceito da própria Carta de 1988.” (STF – MS</p><p>31.689 MC/DF).</p><p>■ Não pode investigar membros de outros poderes no exercício de suas</p><p>funções típicas.</p><p>“1.Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao princípio da separação</p><p>dos Poderes, a convocação de magistrado a fim de que preste depoimento em</p><p>razão de decisões de conteúdo jurisdicional atinentes ao fato investigado pela</p><p>Comissão Parlamentar de Inquérito. Precedentes. 2. Habeas-corpus deferido .” (STF</p><p>- HC 80.539).</p><p>■ A CPI não pode violar a cláusula da reserva de jurisdição.</p><p>“O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à</p><p>esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja</p><p>realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta</p><p>Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a</p><p>quem se haja eventualmente atribuído o exercício de ‘poderes de investigação</p><p>próprios das autoridades judiciais’. (...) A cláusula constitucional da reserva de</p><p>jurisdição - que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF,</p><p>art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de</p><p>19</p><p>qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) - traduz a noção</p><p>de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de</p><p>proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a</p><p>primeira palavra, excluindo- se, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a</p><p>própria Constituição,</p><p>a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de</p><p>quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado” (STF - MS 23.452/RJ).</p><p>■ Nesse sentido, veda-se à CPI:</p><p>✘ Diligência de busca domiciliar;</p><p>✘ Quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica);</p><p>✘ Ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, por exemplo, por crime de</p><p>falso testemunho.14</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo (Ano 2022; MPE-SP), foi considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: Minoria parlamentar tem direito à instalação de comissão parlamentar de inquérito, desde</p><p>que o requerimento seja assinado por um terço dos membros da casa legislativa, apresente o fato determinado</p><p>a ser investigado e indique o correspondente prazo de duração. Pode o parlamentar federal subscritor do</p><p>requerimento impetrar mandado de segurança diretamente ao Supremo Tribunal Federal em caso de omissão.</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (Ano 2022; MPE-RJ), foi considerada incorreta a</p><p>seguinte assertiva: Nos termos do que permite a Constituição Federal, e considerando o entendimento do</p><p>Supremo Tribunal Federal, as Comissões Parlamentares de Inquérito têm poderes constitucionais para</p><p>determinar diligência de busca e apreensão domiciliar.</p><p>Na prova para Promotor de Justiça Substituto do Estado do Paraná (Ano: 2021, MPE-PR), foi cobrada a seguinte</p><p>questão sobre CPI, a qual transcrevemos na íntegra:</p><p>Assinale a alternativa correta:</p><p>a) extinção de Comissão Parlamentar de Inquérito não prejudica o julgamento de habeas corpus contra</p><p>eventuais ilegalidades constantes de seu relatório final.</p><p>b) É possível à Comissão Parlamentar de Inquérito, diante da gravidade do crime, decretar a indisponibilidade</p><p>de bens dos investigados.</p><p>c) A quebra de sigilo por determinação de CPI, deve, segundo o Supremo Tribunal Federal, “apoiar-se em</p><p>decisão revestida de fundamentação adequada, que encontre apoio concreto em suporte fático idôneo”,</p><p>14 (STF, HC 75.287-0, DJ de 30.04.1997, p. 16302)</p><p>20</p><p>além de que “há de ser contemporânea ao ato da Comissão Parlamentar de Inquérito que ordena a</p><p>quebra de sigilo”. (correta)</p><p>d) É possível a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigação de atos praticados em</p><p>âmbito privado, mesmo que não revestidos de potencial interesse público.</p><p>e) Não se configura constrangimento ilegal, para o STF, a convocação de magistrado a fim de que preste</p><p>depoimento em razão de decisões de conteúdo jurisdicional atinentes ao fato investigado pela Comissão</p><p>Parlamentar de Inquérito.</p><p>3.4.3. CPI FEDERAL</p><p>CPI FEDERAL</p><p>REQUISITOS</p><p>■ Criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal;</p><p>■ Podem ser criadas em conjunto ou separadamente, mediante</p><p>requerimento de 1/3 da totalidade de seus membros.</p><p>⤷ 1/3 dos Deputados: mínimo de 171 (São 513);</p><p>⤷ 1/3 dos Senadores: mínimo de 27 ( São 81).</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>▸ Se for CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), 171 Deputados + 27</p><p>Senadores, no mínimo, deverão subscrever o requerimento.</p><p>▸ Após realizado o requerimento, a CPI deve obrigatoriamente ser criada (vide</p><p>direito público subjetivo das maiorias).</p><p>RETIRADA DE</p><p>ASSINATURAS</p><p>Há limitação do momento em que um parlamentar pode retirar suas</p><p>assinatura do requerimento de uma CPI:</p><p>■ Senado Federal: até o fim do dia em que o requerimento for lido em</p><p>Plenário.</p><p>■ Câmara dos Deputados: até o momento do protocolo do pedido perante a</p><p>Mesa; independe de ratificação.</p><p>O requisito constitucional concernente à observância de 1/3 (um terço), no mínimo,</p><p>para criação de determinada CPI (CF, art. 58, § 3º), refere-se à subscrição do</p><p>requerimento de instauração da investigação parlamentar, que traduz exigência a</p><p>ser aferida no momento em que protocolado o pedido junto à Mesa da Casa</p><p>legislativa, tanto que, "depois de sua apresentação à Mesa", consoante prescreve o</p><p>21</p><p>próprio Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 102, § 4º), não mais se</p><p>revelará possível a retirada de qualquer assinatura. (STF, MS 26441).</p><p>PRAZOS</p><p>■ Câmara dos Deputados : 120 dias, prorrogável pela metade (60) (RICD, art.</p><p>35, § 3º).</p><p>■ Senado Federal: Fixado no requerimento (RISF, art. 145, § 1º)</p><p>■ CPMI (não há previsão no Regimento Interno do Congresso Nacional. Nesse</p><p>caso, aplica-se a Lei n. 1.579/52, art. 5º): o prazo final é o fim da sessão</p><p>legislativa, prorrogável na mesma legislatura.</p><p>INVESTIGADOS</p><p>■ Pode investigar pessoas e órgãos ligados à gestão da coisa pública ou que</p><p>tenham que prestar contas sobre dinheiro, bens ou valores públicos.</p><p>■ Por ser CPI federal, os interesses a serem investigados devem estar restritos</p><p>aos interesses da União ou de caráter geral.</p><p>■ Em face disso, a CPI federal não pode investigar fatos de interesse</p><p>exclusivamente estaduais ou municipais, em respeito ao princípio federativo.</p><p>PODERES</p><p>■ Poderes de investigação, próprios das autoridades judiciais, além de outros</p><p>previstos nos regimentos internos das Casas. (investigatórios e instrutórios).</p><p>⚠ ATENÇÃO: A CPI não tem poder geral de cautela, pois ela não profere</p><p>nenhuma decisão e, portanto, não há nenhuma decisão que precise de medida</p><p>cautelar para assegurar sua efetividade.</p><p>■ Os poderes na CPI possuem natureza instrumental, pois visam auxiliar o CN</p><p>em suas funções típicas (fiscalizar e legislar).</p><p>■Segundo o Ministro Celso de Mello, é um procedimento</p><p>jurídico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade</p><p>própria15.</p><p>■ O STF16 já decidiu que a CPI pode, desde que por decisão fundamentada (a</p><p>ausência de fundamentação poderá gerar nulidade) e motivada, determinar:</p><p>▸ quebra do sigilo fiscal;</p><p>▸ quebra do sigilo bancário;</p><p>▸ quebra do sigilo de dados .</p><p>16 MS 23.452/RJ, Min. Celso de Mello, DJ de 12.05.2000, p. 20, Ement. v. 1990-01, p. 86 e MS 23.880/DF, Min. Celso de Mello, DJU de 07.02.2001.</p><p>15 MS 23.652, Rel. Min. Celso de Mello, j. 22.11.2000.</p><p>22</p><p>⚠ ATENÇÃO: não tem competência para interceptação telefônica, mas,</p><p>pode requerer a quebra de registros telefônicos pretéritos (ocorridas em</p><p>determinado período).</p><p>■ Pode determinar a busca e apreensão de documentos e objetos, desde que</p><p>não seja necessário invadir um domicílio (HC n. 71.039).</p><p>■ Pode determinar a elaboração de perícias;</p><p>■ Pode determinar a condução coercitiva, mas deve respeitar o princípio da</p><p>autoincriminação. Dessa forma, o indivíduo poderá ser obrigado a comparecer</p><p>na CPI, no entanto, não tem obrigação de produzir provas contra si mesmo</p><p>(direito ao silêncio).</p><p>■Não pode aplicar penalidade ou condenação</p><p>FATOS NOVOS E</p><p>CONEXOS</p><p>■ Caso seja descoberto algum fato novo durante as investigações, desde que</p><p>seja conexo com o que está sendo apurado, não é necessário novo</p><p>requerimento de 1/3 dos membros, sendo suficiente a apuração por meio de</p><p>aditamento. No entanto, caso não exista conexão com o objeto inicial</p><p>investigado, deve existir novo requerimento.</p><p>“AMPLIAÇÃO DO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DE COMISSÃO PARLAMENTAR DE</p><p>INQUÉRITO NO CURSO DOS TRABALHOS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. Não há</p><p>ilegalidade no fato de a investigação da CPMI dos Correios ter sido ampliada em</p><p>razão do surgimento de fatos novos, relacionados com os que constituíam o</p><p>seu objeto inicial. Precedentes” (STF – Inq. 2.245/MG:).</p><p>COMPETÊNCIA PARA</p><p>JULGAR MANDADO DE</p><p>SEGURANÇA OU HABEAS</p><p>CORPUS (contra ato da</p><p>CPI Federal)</p><p>■ Supremo Tribunal Federal (STF).</p><p>“Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária,</p><p>mandados de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões</p><p>Parlamentares de Inquérito constituídas no âmbito do Congresso Nacional ou no</p><p>de qualquer de suas Casas. É que a Comissão Parlamentar de Inquérito,</p><p>enquanto projeção orgânica do Poder Legislativo da União, nada mais é</p><p>senão a longa manus do próprio Congresso Nacional ou das Casas que o</p><p>compõem, sujeitando-se, em conseqüência, em tema de mandado de segurança</p><p>ou de habeas corpus, ao controle jurisdicional originário do Supremo Tribunal</p><p>Federal (CF, art. 102, I, "d" e "i").” (STF - MS 23.452/RJ)</p><p>23</p><p>3.4.4. CPI ESTADUAL</p><p>REQUISITOS</p><p>■ São os mesmos requisitos para criação da CPI Federal, na medida em que as</p><p>normas da Constituição sobre o tema são de observância obrigatória pelos</p><p>Estados (Princípio da Simetria).</p><p>● requerimento de pelo menos 1/3;</p><p>● apuração de fato determinado; e</p><p>● prazo certo de duração.</p><p>INVESTIGADOS</p><p>■ Poderes próprios de autoridade judiciária ESTADUAL. Sobre o tema, já</p><p>decidiu o STJ:</p><p>“CPIs estaduais não têm competência para investigar autoridades que</p><p>estão submetidas a foro privilegiado federal. A autoridade contra quem se</p><p>pede a quebra dos sigilos bancário e fiscal tem foro privilegiado no Superior</p><p>Tribunal de Justiça. Desse modo, só há possibilidade de se determinar a medida</p><p>requerida, desde que preenchidos os pressupostos legais, no âmbito de</p><p>Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada pela Câmara dos Deputados ou</p><p>pelo Senado Federal, ou no curso de notícia-crime, inquérito ou ação penal</p><p>tramitando perante o Superior Tribunal de Justiça.”17</p><p>PODERES</p><p>■ Tem poderes simétricos ao da CPI federal, inclusive a possibilidade de</p><p>quebra de sigilo bancário18.</p><p>COMPETÊNCIA PARA</p><p>JULGAR MANDADO DE</p><p>SEGURANÇA OU HABEAS</p><p>CORPUS</p><p>(contra ato da CPI Estadual)</p><p>■ Tribunal de Justiça.</p><p>3.4.5. CPI MUNICIPAL</p><p>REQUISITOS</p><p>■ São os mesmos requisitos para criação da CPI Federal, na medida em que as</p><p>normas da Constituição sobre o tema são de observância obrigatória pelos</p><p>Estados (Princípio da simetria).</p><p>18 ACO n. 730/RJ (STF).</p><p>17 STJ – PET 1.611 AgRg/RO.</p><p>24</p><p>● requerimento de pelo menos 1/3;</p><p>● apuração de fato determinado; e</p><p>● prazo certo de duração.</p><p>PODERES</p><p>■ Os poderes são mais restritos em comparação com as CPIs Federais e</p><p>Estaduais, pois não existe poder judiciário no âmbito municipal.</p><p>■ Nesse caso, a CPI municipal não pode decretar quebra de sigilo de dados, a</p><p>condução coercitiva nem determinar a busca e apreensão de documentos e</p><p>equipamentos, sendo necessário, portanto, ordem judicial nesses casos.</p><p>■ Sobre o tema, o STF já manifestou: “CPI instaurada pela Câmara Municipal.</p><p>Não se aplica o disposto no artigo 3º da Lei n. 1.579/52 e artigo 218 do</p><p>C.P.Penal, para compelir estranhos a sua órbita de indagação.19”</p><p>■ O TJMG julgou inconstitucional dispositivo da lei orgânica do município de</p><p>Três corações que trazia a previsão de que a CPI do município teria poderes</p><p>para quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico.</p><p>COMPETÊNCIA PARA</p><p>JULGAR MANDADO DE</p><p>SEGURANÇA OU HABEAS</p><p>CORPUS (contra ato da CP</p><p>Municipal)</p><p>■ Juízo de primeiro grau.</p><p>3.5. COMISSÃO MISTA</p><p>São as comissões formadas por Deputados e Senadores para apreciar, dentre outros assuntos, os que</p><p>devam ser examinados em sessão conjunta pelo Congresso Nacional.</p><p>A importante comissão mista do orçamento é um exemplo de comissão mista permanente:</p><p>§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:</p><p>I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas</p><p>anualmente pelo Presidente da República;</p><p>II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta</p><p>Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais</p><p>comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.</p><p>19 STF – RE 96.049 (30/6/1983)</p><p>25</p><p>3.6. COMISSÃO REPRESENTATIVA</p><p>A comissão representativa, segundo o professor Pedro Lenza, “ peculiaridade de constituir-se somente</p><p>durante o recesso parlamentar (período fora da sessão legislativa, prevista no art. 57, caput).”</p><p>O professor destaca que a redação do art. 58§4ª é um tanto truncada, e deve ser interpretada da</p><p>seguinte forma (2022, p. 598):</p><p>a sessão legislativa é uma só e vai, na redação conferida ao art. 57, caput, pela EC n. 50/2006, de 2 de</p><p>fevereiro a 17 de julho e de 1.º de agosto a 22 de dezembro. Cada sessão legislativa (anual) tem dois</p><p>períodos legislativos, ou seja, um no primeiro semestre, quando será eleita a comissão representativa para</p><p>o primeiro recesso do ano, que acontece de 18 a 31 de julho, e outro no segundo perío do da sessão legislativa</p><p>(segundo semestre), momento em que se elegerá nova comissão representativa para o segundo recesso, que</p><p>irá de 23 de dezembro a 1.º de fevereiro do ano seguinte.</p><p>4. GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO</p><p>4.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS</p><p>As garantias conferidas ao Poder Legislativo tem por objetivo assegurar a sua independência, bem</p><p>como proteger a liberdade funcional de seus membros, de modo que eles possam exercer suas funções sem</p><p>qualquer tipo de perseguição ou coação.</p><p>É importante consignar que essas garantias não são do parlamentar, mas sim do próprio Poder</p><p>Legislativo. Esse fato leva ao caráter irrenunciável que elas possuem, na medida em que, ainda que o</p><p>parlamentar queira, ele não pode abrir mão de nenhuma delas - e isso vale também para as imunidades</p><p>parlamentares.</p><p>4.1.1. AFASTAMENTO DO PARLAMENTAR</p><p>A súmula nº 4 do STF previa que a suspensão do parlamentar não suspendia suas imunidades.</p><p>Após a Constituição de 1988, o STF modificou seu entendimento sobre o tema, e passou a entender</p><p>que o parlamentar que se afasta da função legislativa tem suas imunidades suspensas, no entanto, o foro por</p><p>prerrogativa de função continuava assegurado.</p><p>Em relação à última parte, o STF mudou novamente seu entendimento. Atualmente, a Corte Superior</p><p>possui o entendimento de que o foro por prerrogativa de função somente deve ser mantido caso o ato tenha</p><p>sido praticado no exercício do cargo e em razão das funções desempenhadas20.</p><p>20 STF - AP 937 QO/RJ.</p><p>26</p><p>■ SUPLENTES: Os suplentes dos parlamentares possuem essas garantias? Não, salvo na hipótese de</p><p>assumir o cargo.</p><p>■ ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO: A CF/88 trata apenas do estado sítio, e prevê que</p><p>durante sua vigência as imunidades dos parlamentares podem ser suspensas, desde que preenchidos os</p><p>seguintes requisitos:</p><p>a) voto de 2 / 3 dos membros de cada Casa</p><p>b) nos casos de atos praticados fora do Congresso Nacional;</p><p>c) que sejam incompatíveis com a execução da medida.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Essas regras não podem ser aplicadas no caso de Estado de Defesa. (Regra hermenêutica: regras</p><p>excepcionais devem ser interpretadas restritivamente).</p><p>4.2. IMUNIDADES</p><p>4.2.1. ESPÉCIES21</p><p>MATERIAL, REAL ou</p><p>SUBSTANTIVA</p><p>(inviolabilidade)</p><p>■ Implica na exclusão da prática de crime, bem como a inviolabilidade civil,</p><p>pelas opiniões, palavras e votos dos parlamentares (art. 53, caput);</p><p>Sobre o tema, as palavras do Ministro Barroso: “a imunidade cível e penal do</p><p>parlamentar federal tem por objetivo viabilizar o pleno exercício do mandato.</p><p>O excesso de linguagem pode configurar, em tese, quebra de decoro, a</p><p>ensejar o controle político” (Pet 5.647, j. 22.09.2015, DJE de 26.11.2015).</p><p>FORMAL (imunidade</p><p>processual ou adjetiva)</p><p>■ Podem ser de duas espécies:</p><p>a) Em relação à prisão (art. 53, § 2º): desde a expedição do diploma, os</p><p>21 Lenza, Pedro. Direito Constitucional / Pedro Lenza. – 26. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado), pg. 598</p><p>27</p><p>membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante</p><p>de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24</p><p>horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,</p><p>resolva sobre a prisão.</p><p>b) Em relação ao processo (art. 53, § 3º): se for proposta e recebida denúncia</p><p>criminal contra Senador ou Deputado Federal, por crime ocorrido após a</p><p>diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido</p><p>político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá,</p><p>até a decisão final, sustar o andamento da ação.</p><p>■ Sobre esse tópico, merecem destaque as perspectivas após o julgamento do</p><p>“Mensalão” .</p><p>O professor Pedro Lenza22 (P. 601), leciona sobre essa discussão:</p><p>“Os parlamentares passam a ter imunidade formal para a prisão a partir do</p><p>momento que são diplomados pela Justiça Eleitoral, portanto, antes de tomarem</p><p>posse (que seria o ato público e oficial mediante o qual</p><p>impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante,</p><p>contudo, fazer uma ressalva: se a medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente,</p><p>que o Deputado Federal ou Senador exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar</p><p>a sua decisão, no prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva</p><p>Casa delibere se a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a</p><p>Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a</p><p>medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então,</p><p>neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada</p><p>pelo Judiciário. Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares</p><p>diversas da prisão.STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de</p><p>Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881)24.</p><p>ATENÇÃO (MUDANÇA DE ENTENDIMENTO): Inicialmente o STF entendeu que a manutenção de Eduardo</p><p>Cunha na função de parlamentar e de Presidente da Câmara dos Deputados representaria risco para as</p><p>investigações penais instauradas contra ele e, por essa razão, determinou a suspensão do exercício do seu</p><p>mandato de Deputado Federal e, por consequência, da função de Presidente da Câmara dos Deputados que</p><p>era por ele ocupada. A decisão foi baseada na medida cautelar prevista no art. 319, VI, do CPP. Esse inciso VI</p><p>do art. 319 do CPP pode ser utilizado como fundamento para se afastar do cargo Deputados Federais e</p><p>Senadores. Os §§ 2º e 3º do art. 55 da CF/88 outorgam às Casas Legislativas do Congresso Nacional a</p><p>competência para decidir a respeito da perda do mandato político. Isso não significa, no entanto, que o Poder</p><p>Judiciário não possa suspender o exercício do mandato parlamentar. A legitimidade do deferimento das</p><p>medidas cautelares de persecução criminal contra Deputados e Senadores encontra abrigo no princípio da</p><p>inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF/88) e no fato de que as imunidades parlamentares não são</p><p>absolutas, podendo ser relativizadas quando o cargo não for exercido segundo os fins constitucionalmente</p><p>previstos. Vale ressaltar que os membros do Poder Judiciário e até o chefe do Poder Executivo podem ser</p><p>24 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Judiciário pode impor aos parlamentares as medidas cautelares do art. 319 do CPP, no entanto, a respectiva Casa</p><p>legislativa pode rejeitá-las (caso Aécio Neves). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91e82999cf7e45da1070ebd673690716>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>31</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91e82999cf7e45da1070ebd673690716</p><p>suspensos de suas atribuições quando estejam sendo acusados de crime. Desse modo, não há razão para</p><p>conferir tratamento diferenciado apenas aos Parlamentares, livrando-os de qualquer intervenção preventiva</p><p>no exercício do mandato por ordem judicial. STF. Plenário. AC 4070/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em</p><p>5/5/2016 (Info 824).</p><p>ATUALIZAÇÃO: Após o julgado acima, o STF mitigou o entendimento e afirmou que o Judiciário pode impor</p><p>aos parlamentares as medidas cautelares do art. 319 do CPP, no entanto, a respectiva Casa legislativa pode</p><p>rejeitá-las: O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as</p><p>medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime</p><p>inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em</p><p>circunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso de Deputados Federais e Senadores, a competência</p><p>para impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma</p><p>ressalva: se a medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado</p><p>Federal ou Senador exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no</p><p>prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se a</p><p>medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a Deputado Federal</p><p>ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta</p><p>impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a</p><p>Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário.</p><p>Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da</p><p>prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado</p><p>em 11/10/2017 (Info 881).25</p><p>O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança no STF pedindo a suspensão do</p><p>processo de cassação que tramitava contra ele na Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar.</p><p>O pedido do impetrante foi negado. O STF só pode interferir em procedimentos legislativos (ex: processo de</p><p>cassação) em uma das seguintes hipóteses: a) para assegurar o cumprimento da Constituição Federal; b) para</p><p>proteger direitos fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de funcionamento da democracia e das</p><p>instituições republicanas. Exemplo típico na jurisprudência é a preservação dos direitos das minorias, onde o</p><p>Supremo poderá intervir. No caso concreto, o STF entendeu que nenhuma dessas situações estava presente.</p><p>Em se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da cassação de mandato</p><p>parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do Legislativo e pela autocontenção,</p><p>somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o STF optou pela técnica da</p><p>autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o</p><p>Poder Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS</p><p>34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838)26.</p><p>“IMUNIDADE PARLAMENTAR – IMPRENSA – ENTREVISTA. O fato de o parlamentar haver concedido entrevista</p><p>26 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Processo de cassação de mandato parlamentar e autocontenção do Poder Judiciário. Buscador Dizer o Direito,</p><p>Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fea16e782bc1b1240e4b3c797012e289>. Acesso em:</p><p>17/05/2022.</p><p>25 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Afastamento de Deputado Federal do cargo por decisão judicial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f2217062e9a397a1dca429e7d70bc6ca>. Acesso em: 17/05/2022</p><p>32</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fea16e782bc1b1240e4b3c797012e289</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f2217062e9a397a1dca429e7d70bc6ca</p><p>coletiva relativamente à divulgação de informações sobre a situação patrimonial e contábil de instituição</p><p>financeira estadual não afasta a imunidade prevista no artigo 53, combinado com o 27, § 1º, da Constituição</p><p>Federal. (HC 115397, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 16/05/2017, PROCESSO</p><p>ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 04-08-2017 PUBLIC 07-08-2017);</p><p>O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS),</p><p>“não merece ser estuprada por ser muito ruim, muito feia, não faz meu gênero”. E acrescentou que, se fosse</p><p>estuprador, "não iria estuprá-la porque ela não merece". O STJ entendeu que a conduta do parlamentar não</p><p>está abrangida pela imunidade parlamentar e que, portanto, ele deveria ser condenado a pagar</p><p>indenização por danos morais em favor da</p>em: 17/05/2022
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/06409663226af2f3114485aa4e0a23b4
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/14da92f2bdaec7f2218042a5b6124570
trancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada no prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara
ou o Senado poderão votar normalmente propostas de emenda constitucional, projetos de lei complementar,
projetos de resolução, projetos de decreto legislativo e até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre
um dos assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88. Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntos próprios de
lei ordinária e desde que não incida em nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF,
Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 29/6/2017 (Info 87075).
O controle judicial de atos “interna corporis” das Casas Legislativas só é cabível nos casos em que haja
desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88). Tese fixada
pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal,
quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é
defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance
de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna corporis’.” STF.
Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info
1021)76.
Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.Manifestada a aquiescência do Poder Executivo
com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as etapas do
processa dos vetos. STF. o legislativo, sendo incabível eventual retratação. STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF
715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/2/2021 (Info 1005)77.
É constitucional a promulgação, pelo Chefe do Poder Executivo, de parte incontroversa de projeto da lei que
não foi vetada, antes da manifestação do Poder Legislativo pela manutenção ou pela rejeição do veto,
inexistindo vício de inconstitucionalidade dessa parte inicialmente publicada pela ausência de promulgação da
derrubada Plenário. ARE RE 706103, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema
595)78.
A Constituição Estadual não pode ampliar as hipóteses de reserva de lei complementar, ou seja, não
pode criar outras hipóteses em que é exigida lei complementar, além daquelas que já são previstas na
Constituição Federal. Se a Constituição Estadual amplia o rol de matérias que deve ser tratada por meio de
lei complementar, isso restringe indevidamente o “arranjo democrático-representativo desenhado pela
Constituição Federal”. Caso concreto: STF declarou a inconstitucionalidade de dispositivo da CE/SC que exigia a
78 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o Chefe do Poder Executivo promulgar a parte incontroversa de projeto de lei que não foi vetada.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fe2b421b8b5f0e7c355ace66a9fe0206>. Acesso em: 18/05/2022.
77 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível republicar uma lei já sancionada, promulgada e publicada para incluir novos vetos, ainda que sob o
argumento de que se trata de mera retificação da versão original. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1963bd5135521d623f6c29e6b1174975>. Acesso em: 18/05/2022.
76 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se pode declarar a inconstitucionalidade formal da lei sob o argumento de que houve mero descumprimento
das regras do regimento interno, sendo indispensável o desrespeito às normas constitucionais que tratam sobre o processo legislativo. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3eb65004054f5d21fca4087f5658c727>. Acesso
em: 18/05/2022
75 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O trancamento da pauta por conta de MPs não votadas no prazo de 45 dias só alcança projetos de lei que versem
sobre temas passíveis de serem tratados por MP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71463aaacf046fa24e7dfa4558607545>. Acesso em: 18/05/2022
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fe2b421b8b5f0e7c355ace66a9fe0206
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1963bd5135521d623f6c29e6b1174975
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3eb65004054f5d21fca4087f5658c727
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71463aaacf046fa24e7dfa4558607545
edição de lei complementar para dispor sobre: a) regime jurídico único dos servidores estaduais; b)
organização da Polícia Militar; c) organização do sistema estadual de educação e d) plebiscito e referendo.
Esses dispositivos foram declarados inconstitucionais porque a CF/88 não exige lei complementar para
disciplinar tais assuntos. STF. Plenário. ADI 5003/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2019 (Info 962)79.
79 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a Constituição Federal
também exigiu lei complementar. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f26ecc6e3bc7f5e9c8cf23a7c7a315dd>. Acesso em: 18/05/2022.
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f26ecc6e3bc7f5e9c8cf23a7c7a315dd

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