Prévia do material em texto
<p>INTRODUÇÃO MATERIAL & MÉTODOS</p><p>RESULTADOS & DISCUSSÃO</p><p>Referências bibliográficas</p><p>CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA BIOECOLOGIA DA CIGARRINHA-DA-FLAVESCÊNCIA-DOURADA,</p><p>SCAPHOIDEUS TITANUS BALL, NA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO</p><p>CONTRIBUTION FOR THE STUDY OF THE BIOECOLOGY OF THE LEAFHOPPER, SCAPHOIDEUS TITANUS BALL, IN DOURO DEMARCATED REGION</p><p>Fátima Gonçalves1, Cristina Carlos1,2, Branca Teixeira2, Susana Sousa1 & Laura Torres1</p><p>1CITAB – Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,</p><p>5001-801 Vila Real, Portugal, mariafg@utad.pt</p><p>2ADVID – Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, Quinta de Santa Maria, Apt. 137, 5050-106 Godim, Portugal</p><p>Co-financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural – Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território – Fundo</p><p>Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural – A Europa investe nas zonas rurais.</p><p>10º Encontro Nacional de Protecção Integrada Beja, Instituto Politécnico de Beja 2 e 3 de Maio de 2014</p><p>Figura 1 – Ninfas de Scaphoideus titanus (A e B); B - ninfa de</p><p>5º instar.</p><p>Figura 2 - Adultos de Scaphoideus titanus: A – adulto recém-</p><p>emergido junto à exúvia; B – adulto onde se pode observar</p><p>a coloração característica da espécie; C – fêmea e macho do</p><p>insecto, onde se pode observar a diferença de tamanho</p><p>existente (o macho é geralmente mais pequeno (4,8 a 5,2</p><p>mm vs 5,5 – 6,0 mm) (Dal Ri e Capra, 2003)).</p><p>A cigarrinha-da-flavescência-dourada, Scaphoideus titanus</p><p>Ball. (Homoptera: Cicadellidae), de origem Norte-Americana</p><p>(Grandes Lagos), foi acidentalmente introduzida na Europa</p><p>durante a primeira metade do séc. XX (Caudwell e Larrue,</p><p>1986), tendo sido observada em Portugal pela primeira vez</p><p>em 1998 e 1999, respectivamente em Arcos de Valdevez e</p><p>Vila Real (Quartau et al., 2001).</p><p>A importância económica deste insecto deve-se</p><p>fundamentalmente ao facto de ser o agente vector do</p><p>fitoplasma da Flavescência Dourada (FD) “Grapevine</p><p>flavescence dorée phytoplasma” (fitoplasma do grupo</p><p>ribossomal 16SrV-C ou 16SrV-D), organismo nocivo de</p><p>quarentena identificado em território nacional em 2006</p><p>(Sousa et al. 2007), responsável por uma forte diminuição do</p><p>rendimento e pelo declínio de videiras.</p><p>Na sequência da sua identificação em Portugal, foram</p><p>definidas desde 2008 medidas de protecção fitossanitária</p><p>adicionais e de emergência destinadas a erradicar em</p><p>território nacional o fitoplasma e a conter a dispersão do</p><p>insecto vector (Portarias 976/2008 e 165/2013). No caso de S.</p><p>titanus, o nível económico de ataque é a presença do insecto</p><p>sendo as datas de tratamento definidas pelo Serviço Nacional</p><p>de Avisos Agrícolas.</p><p>O presente trabalho teve como objectivo contribuir para o</p><p>conhecimento do ciclo de vida e dos factores de mortalidade</p><p>natural de Scaphoideus titanus, na região Demarcada do</p><p>Douro.</p><p>O trabalho, que decorreu em inícios de Julho de</p><p>2013, realizou-se em duas vinhas localizadas na</p><p>região do Baixo Corgo (freguesias de Godim e S.</p><p>Miguel de Lobrigos). Para o efeito, recolheram-se</p><p>insectos, que foram observados à lupa binocular,</p><p>para avaliação do seu estado de desenvolvimento</p><p>(Figura 1) e mortalidade. Posteriormente,</p><p>mantiveram-se em condições de laboratório</p><p>controladas (26ºC, 60±10% HR, 16:8 (L:E)), até à</p><p>emergência de adultos e/ou eventuais parasitóides.</p><p>Os indivíduos foram alimentados com folhas de</p><p>videira que foram substituídas a cada dois dias. No</p><p>final do desenvolvimento, os adultos foram</p><p>caracterizados quanto ao seu género.</p><p>Figura 5 - Ninfas de Scaphoideus titanus predadas (A e B), aranha Dyctina sp, observada a predar</p><p>uma ninfa (C), díptero da família Pipunculidae (D) e himenóptero da família Dryinidae (E).</p><p>♀</p><p>♂</p><p>♂ ♀</p><p>Figura 4 - Constituição da população de Scaphoideus titanus, no inicio de Julho.</p><p>A</p><p>C</p><p>B</p><p>A</p><p>A</p><p>B</p><p>B D C</p><p>A C B</p><p>Figura 3 - Adultos de Scaphoideus titanus: caracteres que</p><p>permitem distinguir os sexos: genitálias (presença de oviscapto</p><p>nas fêmeas: A- macho, B – fêmea) e vértex, na cabeça (macho</p><p>apresenta na cabeça 2-3 linhas transversais escuras enquanto que</p><p>a fêmea possui 3-4: C – macho, D – fêmea) (Dal Ri e Capra,</p><p>2003).</p><p>♂ ♀</p><p>Desenvolvimento</p><p>Foram capturados 173 indivíduos de S. titanus. Destes, 12,7% eram adultos e 87,3%</p><p>eram ninfas (N5 – 34,7%, N4 – 22,5%, N3 – 13,9% e N1+N2 – 16,2%) (Figura 4).</p><p>Razão sexual</p><p>Na população inicial de adultos trazidos da campo, verificou-se uma</p><p>predominância de machos (94,1%), sugerindo que estes emergem antes das</p><p>fêmeas. Porém, a razão sexual do total da amostra acompanhada no laboratório</p><p>evidenciou ligeira predominância de fêmeas (0,87:1). Estes resultados também</p><p>foram observados por Lessio et al. (2009), em populações criadas em laboratório</p><p>e em indivíduos capturados em armadilhas.</p><p>0 5 10 15 20 25 30 35 40</p><p>N1+N2</p><p>N3</p><p>N4</p><p>N5</p><p>A</p><p>% relativa</p><p>e</p><p>st</p><p>ad</p><p>o</p><p>d</p><p>e</p><p>d</p><p>e</p><p>so</p><p>n</p><p>vo</p><p>lv</p><p>im</p><p>e</p><p>n</p><p>to</p><p>Mortalidade</p><p>Cerca de 6,9% dos indivíduos observados no campo estavam mortos, sendo que</p><p>destes, 41,7% indicavam sinais de terem sido predados (Figura 5A e B), tendo sido</p><p>ainda possível observar um indivíduo de Dictyna sp. (Araneae: Dictynidae) (Figura</p><p>5C) a predar uma ninfa. Não se obteve nenhum parasitóide na amostra recolhida, o</p><p>que está de acordo com os resultados obtidos por Malausa e Sentenac (2011).</p><p>No entanto, estudos efectuados na região de origem do insecto revelaram a</p><p>existência de um complexo de parasitóides, constituido sobretudo por espécies das</p><p>famílias Dryinidae e Pipunculidae (Malausa et al., 2003), ambas presentes na Região</p><p>Demarcada do Douro (Figuras 5D e E). Assim, este tipo de estudo deverá ser</p><p>alargado a um maior número de locais, com vista a avaliar as suas potencialidades</p><p>na limitação natural desta espécie.</p><p>Caudwell, A. e Larrue, J. (1986). La flavescence dorée dans le midi de la France et dans le Bas-Rhône. Progrés Agricole et Viticole. 103, 22: 517-523.</p><p>Dal Ri, M. e Capra, L. (2003). Scaphoideus titanus: nuove acquisizioni sul ciclo biologico in Trentino. Terra Trentina, 1: 24-29. http://www.archivioriviste.provincia.tn.it/ppw/TerraTre.nsf/0/D23E933C9AA34EE0C1256CDA003CFDD1/ $FILE/24_29_01_03_.pdf?OpenElement (acedido em 31/03/2014).</p><p>Lessio, F., Tedeschi, R., Pajoro, M. e Alma, A. (2009). Seasonal progression of sex ratio and phytoplasma infection in Scaphoideus titanus Ball (Hemiptera: Cicadellidae). Bull Entomol Res., 99 (4): 377-83. doi: 10.1017/S0007485308006457.</p><p>Malausa, J-C., Nusillard, B., e Giuge, L. (2003). Lutte biologique contre la cicadelle vectrice de la Flavescence dorée. Bilan des recherches sur léntomofaune antagoniste de Scaphoideus titanus en Amerique du Nord en vue de líntroduction d´auxiliares de France. Phytoma, 565: 24-27.</p><p>Malausa, J.C. e Sentenac, G. (2011). Parasitisme naturel de Scaphoideus titanus Ball. In Sentenac G. La faune auxiliaire des vignobles de France. Editions France Agricole: 175-178.</p><p>Portaria nº 976/2008 de 1 de Setembro. Diário da República nº 168 (1.ª série). Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Lisboa: 6155-6156.</p><p>Portaria 165/2013 de 26 de Abril. Diário da República nº 81 (1.ª série). Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Lisboa: 2624-2627.</p><p>Quartau, J.A., Guimarães, J.M. e André, G. (2001). On the occurrence in Portugal of the Neartic Scaphoideus titanus Ball (Homoptera, Cicadellidae), the natural vector of the grapevine “Flavescence dorée” (FD). IOBC/WPRS Bulletin. 24 (7):273-276.</p><p>Sousa, E., Baltazar, C., Bianco, P.; Casati, P., Cardoso, F., Xavier, A. e Carlos, C. (2007). Detecção do fitoplasma Flavescence Dorée em videira e no seu vector (Scaphoideus titanus Ball) em Portugal. 7º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo. 23-25 Maio: 86-93</p><p>D E</p><p>Agradecimentos</p><p>Os autores agradecem ao Engº José Freitas, da Estação de Avisos Agrícolas</p><p>do Douro, por ter indicado as vinhas amostradas , bem como aos</p><p>proprietários das mesmas, por ter permitido o seu acesso.</p>