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Herança Mitocondrial com fontes de doenças

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<p>REVISÃO</p><p>1</p><p>Herança Mitocondrial com fontes de doenças.</p><p>Mitochondrial Inheritance: diseases sources.</p><p>Resumo</p><p>As doenças mitocôndrias permanecem sendo alvo de grandes estudos ao longo dos anos, a busca por tratamentos e a cura tem sido os principais objetivos. Os estudos contam com a ajuda dos avanços científicos e tecnológicos, esperando sempre alcançar bons resultados. Foi realizada uma extensa revisão bibliográfica, a fim de estudar as doenças mitocondriais, além de apontar sintomas de como reconhecê-la, apresentar meios de tratamento em pesquisa.</p><p>Palavras-chaves: Doenças mitocondriais, mitocôndrias, DNA mitocondrial, materna, genes.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>a. Mitocôndrias</p><p>As mitocôndrias são organelas intracitoplasmáticas, envolta por duas membranas com funções essenciais para o corpo humano como: transformar a energia química dos metabólitos encontrados no citoplasma em energia (acumulada principalmente em componentes como o trifosfato de adenosina, ATP) facilmente acessível à célula, produção de calor, atuação na morte celular programada (Apoptose) e contribuição genética.</p><p>b. DNA mitocondrial</p><p>O DNA mitocondrial tem suas próprias características semi-autônomo, possui um sistema independente de replicação, transcrição e translação do seu Genoma (Wallace,1992). Apresentam uma estrutura circular fechada e fita dupla, com 16.569 bases pareadas e 37 genes que codificam 13 proteínas da cadeia respiratória, 22 tRNAs e 2 rRNAs e 13 mRNAs.</p><p>c. Doenças mitocondriais</p><p>As doenças mitocôndrias são patológicas, sem cura e com difícil diagnostico. A primeira descrição sobre doenças relacionada ao DNA mitocondrial foi realizada por Enester et al. (1959), nomeada doença de Luft.</p><p>A partir de 1970 que outras doenças mitocondriais começaram a ser descritas por outros pesquisadores, essencialmente seus aspectos bioquímicos.</p><p>As doenças são geradas através de mutações herdadas ou espontâneas ocorrentes no DNA mitocondrial. Por meio destas mutações as mitocôndrias passam a desempenhar funções anormais do sistema de fosforização oxidativa.</p><p>O conhecimento sobre genoma mitocondrial é importante para compreensão das doenças para a comunidade cientifica e social e melhor busca de tratamentos eficazes.</p><p>ASPECTOS DE MANIFESTAÇÃO DAS DOENÇAS MITOCONDRIAIS.</p><p>De acordo Nasseh et al. (2001, p.66), a manifestação das doenças mitocondriais é muito diversa, na sua apresentação clinica pode demostrar os primeiros sinais da doença desde o período embrionário até a vida adulta tardia. Também pode se manifestar simplesmente como uma intolerância ao exercício e até como doenças multissistêmica.</p><p>Tabela 1: Características de manifestação das doenças mitocondriais</p><p>Tecidos/Sistema Sinais/Sintomas</p><p>Sistema nervoso central Regressão psicomotora</p><p>Convulsão</p><p>Ataxia</p><p>Perda auditiva neurossensorial</p><p>Encefalopatia</p><p>Atrofia cerebral</p><p>Mioclonia</p><p>Retardo psicomotor</p><p>Leocodistrofia</p><p>Hemianopsia</p><p>Sistema nervoso periférico Neoropatia senso-motora</p><p>Miopatia</p><p>Endocrinológico Hipoparatiroidismo</p><p>Deficiência no GH</p><p>Diabete Mellitus</p><p>Falência gonadal</p><p>Renal Síndrome nefrótica</p><p>Síndrome de Fanconi</p><p>Falência renal</p><p>Oftalmológico Catarata</p><p>Atrofia óptica</p><p>Ptose palpebral</p><p>Retinopatia pigmentar</p><p>Cardíaco Cardiomiopatia</p><p>Síndrome de pré-excitação</p><p>Bloqueio de condução</p><p>Muscular Oftalmoplegia</p><p>Mioglobinúria</p><p>Intolerância ao exercício</p><p>Medula óssea Trombocitopenia</p><p>Síndrome mielodisplática</p><p>Neutropenia</p><p>Gastrointestinal Pseudo-obstrução intestinal</p><p>Disfunsão pancreática exócrina</p><p>GH: hormônio do Crescimento</p><p>Fonte: Artigo Doenças Mitocondriais (2001, p.66).</p><p>MONITORAMENTO DAS DOENÇAS</p><p>O monitoramento da doença após o diagnóstico é fundamental para busca de melhores resultados.</p><p>O primeiro passo é informar o paciente sobre a sua relativa doença, assim ter a oportunidade evitar futuras complicações e quais as chances de transmissão hereditária. Depois deve-se iniciar o monitoramento clínico.</p><p>O médico especialista na área da doença identificada é quem deve acompanhar os exames e a medicação. Apesar de todo um cuidado no tratamento, as doenças mitocondriais não apresentam a cura, apenas é possível melhorar a qualidade da sobrevida dos pacientes.</p><p>TRATAMENTOS E PERSPECTIVAS</p><p>O tratamento de uma doença mitocondrial ainda está em fase de pesquisa: alguns autores citam a terapia gênica ou a produção laboratorial de cofatores como tratamentos para o futuro.</p><p>A terapia gênica consiste na transferência de genes selecionados para um hospedeiro, e esta transferência usa o vetor, que pode ser um vírus, com tropismo pelo órgão que se deseja tratar.</p><p>Os cofatores são polipeptídios necessários para a fosforilação oxidativa e, através de testes bioquímicos, pode-se descobrir qual cofator está deficiente pela mutação no DNA mitocondrial e então substitui-lo por um cofator sintético, com o objetivo de restabelecer a fosforilação oxidativa e a produção de ATP.</p><p>ALGUNS ESTUDOS SOBRE DOENÇAS MITOCONDRIAIS</p><p>As deficiências auditivas relacionadas às alterações do DNA mitocondrial</p><p>Introdução</p><p>Este estudo foi desenvolvido pela Doutora do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade Médicas da Santa Casa de São Paulo,</p><p>Maria F. P. de Carvalho, e pelo Professor adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade Médicas da Santa Casa de São Paulo, Fernando A. Quintanilha Ribeiro, com objetivo de estudar as deficiências auditivas causadas por alterações no DNA mitocondrial. A publicação do artigo ocorreu na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 68 (2) em abril de 2002.</p><p>Deficiência auditiva de origem mitocondrial</p><p>A relação entre doença mitocondrial e deficiência auditiva foi estabelecida por Petty et al, em 1986, quando descreveram um paciente com miopatia mitocondrial e deficiência auditiva. A deficiência auditiva de origem mitocondrial pode ser de dois tipos: sindrômica, quando a perda auditiva está relacionada a um quadro clínica múltiplo, muitas vezes grave; e o tipo não sindrômica, que ocorre quando o quadro de surdez é o único sintoma.</p><p>Deficiência auditiva associada a quadros sindrômicos</p><p>· Diabetes e surdez de herança materna</p><p>Em 1992, Van Den Ouweland, estudando famílias com diabetes e surdez de herança materna, descobriram uma mutação no DNA mitocondrial comum a todos os pacientes, que consiste na substituição do nucleotídeo adenina pela guanina no lócus 3234 do gene tRNA codificador de uma leucina (gene tRNA).</p><p>O diabetes e a surdez de herança materna correspondem a 1,5% de todos os casos de diabete no Japão e na Holanda.</p><p>As características clínicas do diabetes e surdez estão bem estabelecidas:</p><p>· Tipo de diabetes insulino dependente: Na instalação do quadro, o diabetes pode ser não-insulino dependente, mas geralmente, evolui para insulino dependente, porque a alteração mitocondrial altera a secreção de insulina pelo pâncreas;</p><p>· A herança é exclusivamente materna;</p><p>· Os pacientes são magros;</p><p>· A idade de instalação fica abaixo dos 40 anos;</p><p>· O tipo de (DASN) deficiência auditiva é neurossensorial, inicialmente nas frequências agudas, progressiva e recrutante, seguindo um acometimento puramente coclear.</p><p>Deficiência auditiva associada a quadros não-sindrômicos</p><p>Nos chamados quadros não sindrômicos, a DASN de origem mitocondrial é o único sintoma presente, geralmente bilateral e de caráter progressivo.</p><p>1. Hiper - sensibilidade aos aminoglicosídeos.</p><p>Os antibióticos aminoglicosídeos foram amplamente utilizados na década de 60, para tratamento de infecções do trato respiratório; e alguns pacientes, após terem feito uso de uma pequena quantidade deste antibiótico já apresentaram deficiência auditiva. Por este motivo, o efeito ototóxico dos aminoglicosídeos ficou mais conhecido e seu uso foi restrito na década de 70.</p><p>Em 1989, Higashi, que estudou famílias com deficiência auditiva após uso de aminoglicosídeos, observou um padrão de herança materna e sugeriu que alguma mutação do DNA mitocondrial poderia estar relacionada com a hipersensibilidade a este antibiótico.</p><p>Hutchin et al, em 1993, descobriram a mutação no DNA mitocondrial relacionada com esta hipersensibilidade, que é a troca do nucleotídeo adenina pela guanina no locus 1555 (A1555G) do gene 12S RNA ribossômico (12S rRNA). Este tipo de mutação é homoplásmica.</p><p>O tipo de deficiência auditiva é neurossensorial bilateral e profunda.</p><p>2. Presbiacusia.</p><p>Seidman et al (1996) estudaram o DNA mitocondrial extraído de cóclea de seis ossos temporais humanos, oriundos do laboratório de ossos temporais da Universidade de Chicago. Sabiam em que três cócleas eram de pacientes com presbiacusia; e as outras três, de pacientes com audição normal. O DNA mitocondrial foi extraído e amplificado pela técnica de PCR. Como resultado, encontraram deleção no DNA mitocondrial, no lócus 4977 do gene citocromo b, em duas das três cócleas dos pacientes com audição normal não apresentaram a deleção.</p><p>A fisiopatologia para este tipo de alteração, segundo esses autores, consiste em deleções no DNA mitocondrial estarem ligadas a lesões oxidativas.</p><p>Encefalomielopatias Mitocondriais</p><p>Com a chegada da microscopia eletrônica, da neuro-química e, recentemente, da biologia e genética moleculares, foi possível responsabilizar a mitocôndria pela sua origem. Foi determinado o dado inicial - a lesão muscular primária - com as alterações microscópicas e com o padrão peculiar de hereditariedade destas doenças, criando um novo conceito de Encefalomiopatia Mitocondrial. Surgiram duas novas escolas com a tentativa de classificar esse novo grupo de doenças: sintética e analítica.</p><p>Para a escola sintética (Des Lumpers,Petty,1986) as doenças mitocondriais constituem um continuam, ou seja são doenças que partilham de uma mesma característica comum e todas derivam de uma lesão comum, neste caso uma mitocondriopatia. Para a escola analítica (Des Splitters; Pavlaskis,1984) existem características próprias dos diferentes possíveis quadros neurológicos, permitindo a individualização de síndromes distintas, mais conhecidas o MERRF, o MELAS,e o KSS.</p><p>Atualmente o conceito de Encefalomiopatia Mitocondrial é o de uma doença multissistémica, cuja origem é uma anomalia primária do metabolismo energético mitocondrial, com características clínicas heterogêneas, que partilham de uma lesão histológica comum (fibras vermelhas rasgadas). As manifestações clínicas em especial podem ser comuns a duas síndromes a MERRF e MELAS, mas a anomalia genética identifica apenas uma delas.</p><p>Síndromas Mitocondriais</p><p>Epilepsia Mioclónica e Fibras Vermelhas Rasgadas. Myoclonic Epilepsy and Ragged Red Fibres (MERRF)</p><p>Ela é considereda o principal modelo para a compreensão dos princípios da genética mitocondrial. Foi descrita pela primeira vez por Fukuara (Japão) em 1980. A MERRF é o resultado de uma desordem que afeta muitas partes do corpo, particularmente os músculos e o sistema nervoso. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas desta doença aparecem durante a infância ou adolescência. As características do MERRF variam amplamente entre os indivíduos afetados, mesmo entre os membros da mesma família. É caracterizado por contrações musculares (mioclonia), fraqueza (miopatia) e rigidez progressiva (espasticidade). Quando as células musculares dos indivíduos afetados são manchadas e vistas sob um microscópio, essas células geralmente aparecem anormais. Essas células musculares anormais são chamadas de fibras vermelhas ásperas. Outras características do MERRF incluem convulsões recorrentes (epilepsia), movimentos de coordenação de dificuldade (ataxia), perda de sensibilidade nas extremidades (neuropatia periférica) e lenta deterioração da função intelectual (demência). As pessoas com esta condição também podem desenvolver perda auditiva ou atrofia óptica, que é a degeneração (atrofia) das células nervosas que transportam informações visuais dos olhos para o cérebro. As pessoas afetadas às vezes têm baixa estatura e uma forma de doença cardíaca conhecida como cardiomiopatia. Menos comumente, as pessoas com MERRF desenvolvem tumores gordurosos, chamados lipomas, logo abaixo da superfície da pele.</p><p>Mutações no gene MT-TK são a causa mais comum de MERRF, ocorrendo em mais de 80 por cento de todos os casos. Menos frequentemente, as mutações nos genes MT-TL1, MT-TH e MT-TS1 foram relatadas como causadoras dos sinais e sintomas de MERRF. As pessoas com mutações no gene MT-TL1, MT-TH ou MT-TS1 tipicamente têm sinais e sintomas de outros distúrbios mitocondriais, bem como os de MERRF.</p><p>Os genes MT-TK, MT-TL1, MT-TH e MT-TS1 estão contidos no ADN mitocondrial (mtDNA). Mitocôndrias são estruturas dentro de células que usam oxigênio para converter a energia de alimentos em uma forma células podem usar através de um processo chamado fosforilação oxidativa. Os genes associados a MERRF fornecem instruções para fazer moléculas chamadas RNAs de transferência, que são primos químicos do DNA. Essas moléculas ajudam a montar blocos de construção de proteína chamados aminoácidos em proteínas de funcionamento integral dentro das mitocôndrias. Estas proteínas realizam os passos de fosforilação oxidativa.</p><p>As mutações que causam MERRF prejudicam a capacidade das mitocôndrias de produzir proteínas, usar</p><p>oxigênio e produzir energia. Essas mutações afetam particularmente órgãos e tecidos com altas necessidades energéticas, como o cérebro e os músculos. Os pesquisadores não determinaram como mudanças no mtDNA levam aos sinais e sintomas específicos do MERRF. Uma pequena porcentagem de casos de MERRF é causada por mutações em outros genes mitocondriais, e em alguns casos a causa da condição é desconhecida.</p><p>1. O estudo da Heteroplasmias:</p><p>Em uma célula existem dois tipos de DNA mitocondrial: o normal e o mutante.</p><p>2. Princípio da Segregação Replicativa:</p><p>Quando há a divisão celular os dois tipos de DNA mitocondrial são distribuídos aleatoriamente pelas células filhas.</p><p>3. Princípio do Efeito Limiar:</p><p>O metabolismo energético dependerá diretamente do número de mitocôndrias comprometidas e das reservas energéticas do órgão a que pertence.</p><p>Esses três princípios explicou que a manifestação clinica quer o compromisso preferencial a nível muscular e cerebral desta síndroma, pois são ambos os sistemas com reduzidas reservas de ATP e grandes necessidades energéticas. Nos doentes afetados pela MERRF são visíveis múltiplos focos isquêmicos, recentes e/ou antigos, associados a endemias das células endoteliais.</p><p>Encefalomiopatia Mitocondrial, Acidose Láctica e Episódios Tipo Acidente Vascular Cerebral (MELAS)</p><p>É uma condição que afeta muito dos sistemas do corpo, particularmente cérebro e sistema nervoso (encefalo) e músculos (miopatia). Os sinais e sintomas deste transtorno mais frequentemente aparecem na infância após um período de desenvolvimento normal, embora possam começar em qualquer idade. Os primeiros sintomas podem incluir fraqueza e dor muscular, dores de cabeça recorrentes, perda de apetite, vômitos e convulsões. Esses episódios frequentemente envolvem fraqueza muscular temporária em um lado do corpo (hemiparesia), consciência alterada, anormalidades da visão, convulsões e dores de cabeça severas semelhantes a enxaquecas. Episódios repetidos tipo acidente vascular cerebral podem danificar progressivamente o cérebro, levando à perda de visão, problemas com o movimento e perda de função intelectual (demência).</p><p>A maioria das pessoas com MELAS tem um acúmulo de ácido láctico em seus corpos, uma condição chamada acidose láctica. Aumento da acidez no sangue pode levar a vômitos, dor abdominal, cansaço extremo (fadiga), fraqueza muscular e dificuldade respiratória. Menos comumente, as pessoas com MELAS podem experimentar espasmos musculares involuntários (mioclonia), comprometimento da coordenação muscular (ataxia), perda auditiva, problemas cardíacos e renais, diabetes e desequilíbrios hormonais.</p><p>Sindroma de Kearns-Sayre (KSS)</p><p>A síndroma de Kearns-Sayre é uma doença extremamente rara, com dominância desconhecida na literatura internacional, e escassos casos publicados no Brasil. Foi descrito em 1968 por Kearns e Sayre, ambos os autores relato de caso de dois pacientes portadores dessa disfunção, porém só́ em 1965 teve reconhecimento como uma nova síndroma. Na maioria das vezes é sugestiva, manifestando sintomas de fraqueza muscular de membros superiores e inferiores, fadiga, ptose palpebral e baixa da acuidade visual. A grande maioria das deleções do DNA mitocondrial são espontâneas(esporádicas), não existindo histórico familiar, sugerido que a maioria das deleções são mutações novas que ocorrem durante o desenvolvimento. Esta síndroma se baseia em dois tipos de critérios: primários ou secundários.</p><p>Critérios primários:</p><p>· início antes dos 20 anos</p><p>· ptose e oftalmoplegia.</p><p>· retinopatia pigmentar</p><p>Critérios secundáriose:</p><p>· bloqueio da condução elétrica</p><p>· proteinorráquia superior a 100 mg/dl</p><p>· síndroma cerebelosa</p><p>Na avaliação oftalmológica dos pacientes observa-se oftalmoplegia externa progressiva com notada diminuição das versões, ptose palpebral moderada a acentuada, degeneração da retina e epitélio pigmentar. Baixa estatura, sinais de disfunção cerebelar como ataxia, bloqueio de condução cardíaco sintomático, diabete mellitus, surdez, entre outras manifestações multissistêmicas também são encontradas.</p><p>O diagnóstico é feito com base na tríade de oftalmoplegia progressiva, degeneração pigmentar da retina e bloqueio de condução cardíaco. Existe a possibilidade de realizar uma biópsia do músculo orbicular, que aponta a alterações morfológicas características nas fibras estriadas, chamada de “ragged-red cells” (fibras estriadas rasgadas). O estudo genético obtido a partir do PCR, também permite estabelecer o diagnóstico, evitando a realização da biópsia. Embora muitas pesquisas venham sendo realizadas em busca de um tratamento eficaz, até o momento não existe cura para esta síndrome, sendo o tratamento realizado apenas sintomático e de suporte. De acordo com os órgãos acometidos, múltiplas especialidades médicas são envolvidas no tratamento. O principal que deve ser feito é um acompanhamento em longo prazo com um cardiologista. Problema de condução de impulsos cardíacos pode ser tratado com o uso de marcapassos e alterações endócrinas podem ser tratadas com fármacos. O prognóstico para os pacientes portadores desta síndrome varia, dependendo da gravidade da desordem e dos órgãos acometidos.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Com os avanços das ciências e das tecnologias as doenças mitocôndrias podem ser diagnosticas com analise dos sintomas dos pacientes. Apesar da comunidade cientifica ter desenvolvidos diversos estudos sobre as doenças, encontrar formas de tratamentos e a cura ainda não é bastante complexo. Mas espera-se que com o aprimoramento das pesquisas possa obter-se resultados positivos que irão beneficiar milhares de pessoas afetadas pelas doenças.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>Técnica dos Três Pais</p><p>Introdução</p><p>Um casal jordaniano procurou a equipe do Dr. Zhang para acharem uma explicação para não poderem ter filhos, após quatro abortos e a perda da sua primeira filha aos seis anos e de seu segundo filho com oito meses, a equipe detectou a causa provável de seus problemas de fertilidade: uma mutação genética nas mitocôndrias da mãe. Confirmando que seus dois filhos nasceram com síndrome de Leigh afetando cérebro,músculos e desenvolvimentos psicomotores.</p><p>Foi então proposto pelo Dr. Zhang ao casal de jordanianos uma técnica controversa, "bebê três-pais”, que foi aceita por eles. O menino nasceu em 6 de abril de 2016. Sem nenhum sintoma da doença.</p><p>E quando Zhang e seus colegas testaram as mitocôndrias do menino, eles descobriram que menos de 1 por cento carregam a mutação. Com sorte, isto é demasiadamente baixo para causar problemas; geralmente é pensado para levar cerca de 18 por cento da mitocôndria para ser afetado antes do início de problemas.</p><p>Agora deve haver apenas o monitoramento dessa criança em relação ao número de mitocôndrias presentes em seu corpo, para que ele possa viver bem e abrir os novos horizontes para famílias que</p><p>possuem um ente querido, pois nessa criança encheram uma nova esperança de cura das doenças mitocondriais e o fim de tanto sofrimento.</p><p>Técnica</p><p>Cientistas, "corrigiram" mitocôndrias nocivas em células da pele retiradas de pacientes para criarem células-tronco pluripotentes - células saudáveis versáteis que podem se diferenciar em qualquer célula do tecido no corpo. Esta descoberta gera um novo terreno para a substituição de tecidos doentes em pacientes e abre as portas para o mundo da medicina regenerativa, outra novas descobertas e a chamada técnica dos “três pais” que foi usado recentemente pela equipe do Dr. John Zhang, ela incorpora o DNA de três pessoas, é uma nova revolução para a medicina, mas alguns países ainda não são de acordo com os métodos usados, por possuir certas contradições a técnica so foi aprovado apenas pelo Reino Unido. A questionável técnica permite que os pais com mutações genéticas raras como as doenças mitocondriais, possam ter filhos saudáveis. Com a aprovação da técnica no Reino Unido houve o nascimento da primeira criança, cujos pais jordanianos foram tratados por uma equipe norte-americana no México, esse novo progresso deve revolucionar a embriologia no mundo. O Dr.Zhang tem trabalhado em uma maneira de evitar a doença mitocondrial usando uma técnica chamada de "três-pais". Em teoria, há algumas maneiras de fazer isso. O método aprovado no Reino Unido chama-se transferência pró-nuclear e envolve fertilizar tanto ovo da mãe e um óvulo doador com esperma do pai. Antes dos ovos fertilizados começarem a dividisse em fase inicial de embriões, cada núcleo é removido. O núcleo do óvulo fertilizado do doador é descartado e substituído do pelo ovo fertilizado da mãe.</p><p>Mas essa técnica não foi apropriada para o casal, pois como os muçulmanos, eles eram contra à destruição de dois embriões. Então, foi realizada uma abordagem diferente, chamada de transferência nuclear de eixo. Ele removia o núcleo de um dos ovos da mãe e inseria o em um óvulo doador que tinha seu próprio núcleo removido. O ovo resultante – com DNA nuclear da mãe e DNA mitocondrial de um doador – então foram fertilizados com o esperma do pai.</p><p>A equipe do Dr. Zhang usou esta abordagem para criar cinco embriões, onde apenas um desenvolveria normalmente. Este embrião foi implantado na mãe e a criança nasceu nove meses depois.</p><p>A mãe do menino carrega genes para síndrome de Leigh, uma encefalopatia mitocondrial fatal que afeta o sistema nervoso em desenvolvimento. Genes para a doença residem no DNA nas mitocôndrias, que fornecem energia para nossas células e carregam apenas 37 genes que são passados para nós de nossas mães. Esta é separada da maior parte do nosso DNA, que está alojado no núcleo de cada célula.</p><p>Cerca de um quarto de suas mitocôndrias têm a mutação causadora de doenças. Enquanto ela está saudável, a síndrome de Leigh foi responsável pela morte de seus dois primeiros filhos. Sua primeira filha nasceu com síndrome de Leigh, que afetou o cérebro, músculos e nervos do desenvolvimento de lactentes. Infelizmente, ela veio a falecer com seis anos. O segundo filho do casal teve o mesmo problema e viveu por 8 meses. Assim o casal procurou a ajuda de John Zhang e sua equipe no centro de fertilidade de nova esperança em Nova York.</p><p>A equipe preocupou-se em escolher embriões masculinos, para que as crianças resultantes não passassem nenhuma mutação do mtDNA herdado.</p><p>O principal objetivo foi alcançado, pois a criança não possui nenhum sinal da doença.</p><p>Essa técnica tem trago certa preocupação em relação a segurança, já que a última vez que embriologistas tentaram criar um bebê usando o DNA de três pessoas foi na década de 1990, quando eles injetaram o DNA mitocondrial de um doador em óvulo de outra mulher, juntamente com o esperma do seu parceiro. Dois dos fetos desenvolveram desordens genéticas, e a técnica foi logo interrompida. O problema principal nesse caso pode ter surgido a partir dos fetos tendo mitocôndrias de duas fontes.</p><p>Mesmo assim deve haver o monitoramento da criança para garantir que os níveis abaixem. Ainda há uma chance que mitocôndrias com defeito poderiam se replicarem gradualmente aumentando esses números. Para se ter a certeza deve haver uma esperar por mais nascimentos e cuidadosamente julgá-los.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>1. WALLACE D.C. Diseases of the mitochondrial DNA. Annu. Rev. Biochem., 1992;61:1175-212.</p><p>2. ERNSTER L, IKKOS D, LUFT R. Enzymic activites of human skeletal muscle mitochondria: A tool in clinical metabolic research. Nature, 184:5, 1959.</p><p>3. DUARTE D, LIMA T, SÁ A. Genoma mitocondrial como fonte de doenças genéticas. União das Instituições Para o Serviço Ensino e Pesquisa-UNISEP.</p><p>4. NASSEH I, TENGAN C, KIYOMOTO B, GABBAI A. Doenças Mitocondriais. Rev. Neurociências 2001, v.9,n.2,60-69.</p><p>5. CARVALHO M, RIBEIRO Q. As deficiências auditivas relacionadas às alterações do DNA mitocondrial.Rev. Bras. Otorrinolaringol 2002, v.68, n.2 .São Paulo.</p><p>6. 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