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51 ERGONOMIA Unidade II O ser humano erra, o que é normal, e às vezes as máquinas também erram. Esses dois aspectos ligados ao modelo homem-máquina têm naturezas bem distintas e serão abordados mais a seguir. O trabalho manual exige muito esforço físico, que, em maior ou menor intensidade, combinado à frequência de movimentos, pode causar sérios danos à saúde dos indivíduos envolvidos nesse tipo de atividade. A ergonomia, como uma disciplina baseada em diversas ciências, oferece a sua exclusiva contribuição nos projetos de reorganização de plantas fabris ou mesmo para novos produtos ou avaliação de produtos de mercado. Sob uma ótica voltada ao usuário e ator principal nesses diferentes contextos, o método ergonômico deixa sua importante e sensível contribuição nos resultados obtidos e mensurados pela satisfação dos usuários desses novos produtos, serviços ou métodos de trabalho organizados. Com o objetivo de clarear, por meio de um exemplo concreto, a aplicação do método ergonômico, destaca-se o desenvolvimento de um novo produto ligado ao ramo de tecnologias assistivas para pessoas com mobilidade reduzida. Faz-se um breve relato para contextualizar o cenário da época (e ainda presente nos dias atuais) dos cadeirantes. O estudo foca o aspecto das lesões adquiridas especialmente nos membros superiores relacionadas aos esforços repetitivos para a impulsão da cadeira. São abordadas as principais etapas do método ergonômico aplicado no desenvolvimento de uma nova tecnologia de roda com marchas e freio contra o retorno em subidas de rampas. Descrevem-se diversos aspectos do uso desse produto, testado por muitos cadeirantes. Sem dúvida, um grande exemplo de como a ergonomia aplicada nesse projeto fez toda a diferença. 5 CONFIABILIDADE TÉCNICA E CONFIABILIDADE HUMANA 5.1 Confiabilidade técnica O conceito de confiabilidade técnica é associado à capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições específicas durante um dado intervalo de tempo. Esse conceito está expresso na NBR 5462: Confiabilidade e Mantenabilidade. Em geral, o termo confiabilidade é empregado como uma medida de desempenho do equipamento e, por isso, é restrito ao campo técnico. Confiabilidade técnica é a probabilidade de um determinado item, componente, máquina ou sistema desempenhar a sua função à qual é destinada no projeto, de acordo com as condições de operação fixadas, em um intervalo específico de tempo. Confiabilidade está ligada ao futuro, é uma projeção probabilística que aponta as chances de o equipamento funcionar perfeitamente em um determinado espaço de tempo. Ou seja, quando falamos desse tipo de capacidade, sempre devemos associá-la a um período. Por exemplo, se queremos falar da confiabilidade de uma bomba centrífuga, devemos fazê-lo da seguinte forma: 52 Unidade II • Certo: a probabilidade de essa bomba operar, de acordo com a suas especificações de projeto, é de 99,8% nas próximas 5.000 horas. • Errado: a confiabilidade dessa bomba é de 99,8%. A confiabilidade de um equipamento pode ser calculada por meio da expressão: R(t) = e–λt Onde: R(t) é a confiabilidade (do inglês, reliability) no período considerado λ é taxa de falhas características daquele tipo de equipamento t é tempo para projeção 5.2 Confiabilidade humana Devido à necessidade de o homem interagir com equipamentos e sistemas complexos, várias abordagens e técnicas foram desenvolvidas para entender um ou mais aspectos desse problema e gradualmente construiu-se a área de estudos da confiabilidade humana (human reliability) ou da análise de confiabilidade humana (human reliability analysis). A determinação da confiabilidade humana é uma consequência lógica do estudo da confiabilidade dos equipamentos, reconhecendo-se que o homem falha e que essas falhas podem ser classificadas, quantificadas e matematicamente analisadas por meio de uma adequada distribuição estatística. Segundo Pallerosi (2008), confiabilidade humana é, portanto, a probabilidade de que uma pessoa não falhe no cumprimento de uma tarefa (ação) requerida quando ela é exigida: • em um determinado período; • em condições ambientais apropriadas; • com recursos disponíveis para executá-la. Não existem pessoas à prova de falhas, ou seja, todos nós falhamos (muito ou pouco) no cumprimento de uma tarefa. Ao contrário dos equipamentos, que se degradam ao longo do tempo, espera-se que a aptidão (inata), o treinamento (aprendizado), a experiência e a idoneidade (correção) das pessoas reduzam as falhas humanas ao longo do tempo. Essas condições levam às seguintes premissas básicas: • Errar é humano. • As falhas podem ser previstas e quantificadas. 53 ERGONOMIA • A qualificação humana para as funções é o elemento básico para o desempenho funcional e operacional das tarefas a serem cumpridas. • Os fatores limitantes para o desempenho (pessoais, ambientais, sociais etc.) devem ser considerados. 5.3 Classificação das falhas humanas Podem ser classificadas em erros e transgressões, que ocorrem durante a execução das tarefas (missões). Os erros podem ser classificados em deslizes e enganos, e as transgressões em intencionais e não intencionais. Essa ordenação serve para facilitar a codificação dos eventos em um banco de dados, por sua simplicidade e aplicação generalizada. Outros tipos de identificações podem ser admitidos, conforme os objetivos da análise das falhas. 5.4 Classificação dos erros Os erros humanos, causados principalmente pela falta de conhecimento, lógica e razão, correspondem a deslizes e enganos. Eles constituem a principal parcela das falhas humanas, pois dependem, fundamentalmente: da capacidade para executar a missão; do estressamento; das condições ambientais e sociais; da motivação na execução da tarefa. Os deslizes ocorrem mesmo possuindo a capacidade requerida para a execução da missão. A capacidade total nunca é atingida pelo ser humano, pela natural complexidade das ações envolvidas, mesmo com um excelente preparo (aprendizado básico e continuado). Eles são causados principalmente pelas seguintes questões: • Estressamento, que, mesmo sendo desejado em níveis adequados, deve ser distinguido do cansaço devido a ações prolongadas, em ambientes inadequados ou jornadas prolongadas. • A senilidade (degradação, envelhecimento) mental é outro fator para a indução dos deslizes, pela redução da capacidade neural por degradação contínua, progressiva ou doença. • Inaptidão física ou mental, geradora de grande parte das falhas humanas para tarefas não condizentes com suas capacidades inatas, mesmo após sucessivos treinamentos. Pode-se imaginar um jogador de vôlei ou basquete de pequena estatura e obeso sendo treinado para um grande time: nenhum procedimento seria capaz de torná-lo um campeão. Por outro lado, os aspectos cognitivos têm grande significado, pois parâmetros fracos induzem a falhas, em especial por retardo nas decisões. Por exemplo pessoas com dificuldade para decidir uma ultrapassagem de um veículo à frente, por dificuldade de ponderar distâncias, velocidades e potência do veículo. Os enganos correspondem a falhas humanas na execução de uma determinada missão (ou ação) conforme padrões e ou normas estabelecidas, sobretudo em atividades complexas, com sequenciamentos de ações e procedimentos. É o caso da decolagem de um jato comercial em um aeroporto com grande 54 Unidade II movimento e condições adversas do tempo (chuva, neve etc.), ou o simples comando de uma máquina com vários botões e alavancas. As principais causas dos enganos correspondem às seguintes condições: • Falta de aptidão (inata) – que conduz a frequentes erros de procedimentos. • Falta de treinamento – por aprendizagem inadequada ou insuficiente, que gera enganos nas decisões. • Falha no diagnóstico (julgamento) – devido a aspectos cognitivos. 5.5 Classificação das transgressões As transgressões são consequentes de falhas comportamentais, classificadas em intencionais e não intencionais. Quandopossível, elas devem ser separadas dos erros para as análises quantitativas, pois basicamente dependem de fatores especiais e muitas vezes difíceis de serem identificados, pois representam mais as mazelas humanas do que propriamente a capacidade física e mental para a execução da missão. Elas existem até mesmo em animais, como cães e gatos, que transgridem regras por acreditarem na impunidade da ação ou por desconhecerem as consequências advindas de seus atos. Transgressões intencionais Decorrem fundamentalmente da certeza da impunidade do ato praticado ou de uma sanção leve pela ação indevidamente realizada. O autor tem plena consciência da ação, e os principais motivos são os seguintes: • Falta de responsabilidade, pois acredita que a consequência da ação pode ser transferida a outra pessoa (chefe, pais) ou mesmo a uma organização (sindicato, partido político etc.). • Esperteza, por julgar que a ação passará despercebida, correspondendo geralmente ao “idiota sabido”. • Ambição, por acreditar que gerará um ganho pessoal ou financeiro. • Outros fatores imponderáveis que levam às transgressões. Transgressões não intencionais Suas principais ocorrências são em virtude da falta de conhecimento das regras inerentes à missão ou ao comportamento esperado no decorrer das ações, geradas por: motivos culturais e sociais, em ambientes diferentes de sua vivência anterior. Por exemplo jogar lixo no chão porque anteriormente viveu em locais sujos e degradados; não saber julgar as consequências de seus atos, pois os julga como normais e aceitáveis. Com base nessas classificações, são fixados parâmetros quantitativos que permitem a realização de cálculos estimativos das confiabilidades humanas, segundo a interação do modelo homem-máquina. Essa metodologia utiliza as mesmas distribuições gerais aplicadas para os equipamentos, ou seja, as 55 ERGONOMIA distribuições tipo exponencial (como a gama, Weibull, normal, lognormal, logística, log-logística, menor valor extremo), cada uma delas correspondente a um dado tipo de tarefa ou missão, de modo a melhor representar a ocorrência das falhas humanas, que podem ocorrer no início ou no fim dos períodos de atuação, serem aleatórias, concentradas ao redor de um valor médio (simétricas ou não) etc. Hoje ocorre um grande desenvolvimento das análises da confiabilidade humana, algumas vezes baseadas em procedimentos imprecisos ou muito simplificados, que implicam significativos erros de avaliação das tarefas. 6 AMBIENTE DE TRABALHO: FATORES AMBIENTAIS Vamos analisar os fatores ambientais de natureza física e química, tais como ruídos, vibrações, iluminação, clima e substâncias químicas, questões que podem afetar a saúde, o conforto e a segurança das pessoas. Outros fatores, como poluição microbiológica (bactérias e fungos) e radiações ionizantes, não serão tratados neste livro-texto. Serão abordadas as formas de proteger ou minimizar os efeitos nocivos desses fatores, bem como os limites recomendados de exposição a cada um deles. Os meios de atuação para isso são basicamente os seguintes: eliminação ou redução da emissão na fonte; isolamento da fonte em relação ao receptor; redução do tempo de exposição; uso de equipamento de proteção individual (EPI). Lembrete Considera-se o indivíduo como parte de um sistema interativo com o meio ambiente, respondendo aos estímulos captados desse ambiente, na execução de suas tarefas produtivas, ou seja, modelo homem-máquina-ambiente. 6.1 Ruídos A exposição prolongada a ruídos elevados pode provocar surdez. Ambientes altamente ruidosos, como forjarias e estamparias, levam a uma degradação crescente da capacidade auditiva, afetando a comunicação e a concentração das pessoas em suas atividades. Tais efeitos podem ser reduzidos por meio de limites máximos estabelecidos para a intensidade sonora, conforme o tempo de exposição. Tabela 2 – Níveis de ruído versus tempo máximo de exposição Nível de ruído dB(A) Tempo máximo de exposição 100 5 min 93 30 min 89 1 h 80 8 h 56 Unidade II Observação O decibel (cuja abreviatura é dB) é uma unidade de medida utilizada para exprimir a razão de uma quantidade de potência em relação a uma outra de referência sobre uma escala logarítmica. Em acústica, exprime-se a potência sonora (P) em decibel: 10 0 . log P P , onde P0 é um valor de referência. Por exemplo, sabendo-se que oito horas de exposição ao som de potência P8 (referência para oito horas de exposição) é aceitável como valor máximo, então, ao considerar um aumento de 9 dB na potência medida, seria necessário reduzir o tempo de exposição conforme o seguinte cálculo: 89 80 9 10 100 8 0 8 dB dB dB P P P P P P x x�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � . log . log �� P P P Px x 8 0 9 810 8 0 , , . Ou seja, como o valor calculado é aproximadamente oito vezes a referência aceitável para oito horas, o novo tempo máximo de exposição deverá ser oito vezes menor, isto é, igual a uma hora (conforme tabela anterior). Esse cálculo pode ser feito de modo análogo para qualquer outro valor em dB (maior ou menor do que 80 dB), de forma a determinar os tempos máximos de exposição do indivíduo ao ruído ambiente sem causar prejuízo à audição, respeitando-se, obviamente, um período de recuperação razoável ao longo das sucessivas exposições máximas (pelo menos de 16 horas). A exposição acima de 80 dB(A) por mais de oito horas de trabalho pode causar surdez. Caso seja necessária a exposição prolongada, equipamentos de proteção individual (EPI) adequados devem ser providenciados para uso contínuo pelo trabalhador. A avaliação do nível de ruído no local específico da execução do trabalho deve ser feita por meio de um equipamento chamado decibelímetro. Por outro lado, para a manutenção do conforto nas atividades mais silenciosas, por exemplo em escritórios, o nível de ruído máximo deve ser de 55 dB(A), evitando-se ruídos de alta frequência (agudos), que são perturbadores. Ainda é preciso observar um nível de fundo em torno de 30 dB(A), para que a concentração nas atividades típicas desse local possa ser mantida. Em ambientes muito silenciosos, qualquer ruído de baixa intensidade se sobressai, distraindo a atenção das pessoas. 57 ERGONOMIA Algumas recomendações para a redução do ruído ambiental na fonte: • Selecionar processos produtivos silenciosos. • Uso de máquinas silenciosas, instaladas sobre coxins amortecedores e, quando possível, enclausuradas por absorvedores apropriados. • Manter máquinas reguladas, observando possíveis desgastes causadores de ruído mecânico. A organização física dos postos de trabalho também pode contribuir para a redução do nível de barulho ambiental: • Separação das atividades mais barulhentas daquelas mais silenciosas, estabelecendo-se inclusive horários diferentes para elas. Com isso, pode-se investir mais em equipamentos de proteção naquelas pessoas sujeitas ao ruído. • Manter as fontes de ruído afastadas do local de trabalho. Compressores ou máquinas que possam estar fisicamente remotas em relação ao local devem ser preferidas, de forma a manter uma boa distância de separação e, assim, conseguir a atenuação do ruído produzido. • Salas amplas devem possuir absorvedores de ruídos integrados, como divisórias ou tetos acústicos, a fim de reduzir o efeito incômodo de reverberação do som por esses elementos estruturais. • Uso de barreiras acústicas, como paredes de alvenaria, próximas às fontes de ruído, combinando-se com outros absorvedores pendentes do teto, para reduzir o nível de ruído no local da atividade. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) para a redução do ruído percebido é recomendável quando, apesar das medidas já tomadas, o nível ainda se mantiver acima do limite para o tempo de exposição. Mesmo para curtas exposições, o uso do EPI deve ser incentivado. Destaca-se que a variedade de abafadores auriculares disponíveis no mercado possui características de atenuação diferentes, emvirtude da frequência sonora. Esses dados são obtidos na especificação técnica do equipamento e devem ser consultados para a correta compatibilização com o ruído local de trabalho. 6.2 Vibrações As vibrações de natureza mecânica afetam o desempenho humano e o grau de proficiência na realização de tarefas. Podem ser localizadas, por exemplo, no manuseio de uma ferramenta elétrica ou abranger o corpo inteiro, como num automóvel. As vibrações são caracterizadas por três parâmetros: frequência (em Hz), intensidade (em m/s2) e duração (tempo). Cada parte do corpo é sensível a uma determinada faixa de vibrações, pois apresentam diferentes faixas de ressonância. Assim como visto com os ruídos sonoros, a exposição a certos limites de intensidade de vibração, em razão da frequência, é condicionada ao tempo de exposição. A figura a seguir destaca os eixos de vibração do corpo. 58 Unidade II Plano frontal Plano transverso Plano sagital z y x Figura 22 Os desconfortos percebidos em virtude das frequências em que se expõe o indivíduo estão resumidos no quadro a seguir. Quadro 1 – Efeitos e sensações da vibração do corpo Frequência da vibração (Hz) Sensação percebida pelo indivíduo <1 Enjoo 4 a 8 (1 – 100) Dores no peito, dificuldades respiratórias, dores nas costas e vista embaralhada. 8 a 1.000 Nas mãos e nos braços, alterações de sensibilidade, redução de destreza dos dedos, distúrbios osteomusculares. Esta é a faixa de operação da maioria das ferramentas manuais. Fonte: Dul e Weerdmeester (2016, p. 89). Recomendações sobre vibrações: • Manter os níveis de exposição em função do tempo da atividade abaixo dos valores recomendados por normas internacionais. A vibração de corpo inteiro deve estar abaixo de 0,5 m/s2 de intensidade média. • As vibrações em mãos e braços devem ser abaixo de 2,5 m/s2. • Evitar choques (solavancos) que superem três vezes os níveis recomendados médios citados anteriormente. 59 ERGONOMIA • Ferramentas manuais com sistemas atenuadores de vibração devem ser preferidos em novas aquisições. • A manutenção regular de máquinas vibratórias pode contribuir para a redução dos níveis de vibração produzidos. Observação A importância do espectro de vibrações ao qual o motorista de um automóvel é exposto, quando o veículo trafega sobre um terreno de superfície irregular, foi muito estudada pelo setor militar no passado, tendo em vista o desenho de suspensões veiculares eficientes na filtragem e redução dos níveis de vibração transmitidos aos ocupantes de uma viatura (RODI, 1991). Num cenário de combate, veículos automotores são comparados, entre outros aspectos de desempenho, quanto à máxima velocidade de passagem num dado terreno físico, de forma a manter a proficiência da tripulação nos comandos de suas atividades. O conceito criado de potência absorvida pelo homem foi baseado nas curvas parametrizadas no tempo da resposta aceleração versus frequência, conforme disposto na Norma ISO-2631. 6.3 Iluminação A intensidade de luz sobre a superfície de trabalho e o contraste entre a figura e o fundo são fatores importantes a serem considerados no projeto de iluminação de postos de trabalho. O humor da pessoa é afetado pelo nível de iluminação bem como pela reflexão da superfície onde se atua. Para cada tipo de tarefa desenvolvida há recomendações sobre a intensidade luminosa ideal a ser seguida. Quadro 2 – Níveis recomendados de intensidade luminosa Intensidade luminosa, lux Tipos de tarefas 20 a 200 Locais onde não há atividades de leitura. Evitam-se grandes contrastes entre ambientes anexos, facilitando a acomodação ocular. 200 a 750 Tarefas normais envolvendo leitura, montagens, operação de máquinas, preferindo-se níveis maiores para tarefas de maior concentração de detalhes, para pessoas idosas e para contrabalançar diferenças de brilho em ambientes iluminados por outras fontes no campo visual. 750 a 5.000 Tarefas de grande exigência visual, como inspeções de qualidade ou montagens de pequenas peças, ou para aumentar o contraste figura-fundo. Deve ser considerado que níveis mais intensos de iluminação sobre a superfície de trabalho provocam fadiga visual. Fonte: Dul e Weerdmeester (2016, p. 91-92). 60 Unidade II Consegue-se bons resultados em iluminação de ambientes de trabalho providenciando-se intensidade suficiente sobre os objetos e evitando-se as diferenças excessivas de brilho (responsáveis por fadiga visual) no campo da visão. Assim, a superfície de trabalho deve ser iluminada com uma intensidade ligeiramente superior à iluminação ambiente, por exemplo por meio de luminárias direcionadas, ou uma luz ambiente deve ser controlada em intensidade ou direcionando-se o seu foco. Incidência de luz direta deve ser evitada, colando-se anteparos entre a fonte de luz e os olhos. O posicionamento de luz artificial deve obedecer à regra de evitar a formação de reflexos ou sombras na superfície de trabalho. Deve ser posicionada, idealmente, fora do campo visual, podendo ficar acima da cabeça e ao lado ou atrás dos ombros. Lâmpadas fluorescentes emitem luz de forma intermitente e na mesma frequência da rede de alimentação. Por isso podem causar incômodos visuais ou até mesmo algum acidente, por produzir uma imagem “parada” de peças em movimento devido ao efeito estroboscópico. Nesses casos, usar uma segunda fonte de luz alimentada em outra frequência ou outro tipo de lâmpada não fluorescente pode resolver esse problema. 6.4 Clima O controle dos fatores climáticos – temperatura e velocidade do ar, calor radiante, umidade relativa – pode contribuir para o conforto na realização de trabalhos, como também o tipo de vestimenta. Trabalhos em condições extremas de temperatura (câmaras frigoríficas ou próximos a fornos) merecem atenção especial quanto ao tempo de exposição. O trabalho de Rodi (1991) trata das atividades em frigoríficos, que possuem setores nos quais os trabalhadores devem executar suas atividades expostos a baixas temperaturas (-35 °C a 10 °C). Recomendações para o controle de conforto térmico: • Permitir, na medida do possível, o controle individualizado da temperatura, por exemplo por meio de separações em salas num escritório. • Ajustar a temperatura do ar ao nível de esforço físico exigido pela atividade: trabalhos de menor intensidade de esforços requerem temperaturas médias (em torno de 21 °C) um pouco mais elevadas do que em trabalhos mais pesados (em torno de 16 °C). • A umidade média do ar deve ser ajustada para 50% para evitar irritações nos olhos e nas mucosas (com ar mais seco) ou dificultar a evaporação do suor (desagradável para trabalhos mais pesados). • Superfícies quentes ou frias próximas ao local de trabalho afetam a troca de calor e trazem algum desconforto se a diferença com o ar ambiente for maior do que 4 °C. Nesses casos, usa-se algum tipo de barreira refletora, por exemplo cobrir com folha de alumínio. • A velocidade do ar ambiente não deve ser maior do que 0,1 m/s, para se ter mais conforto. 61 ERGONOMIA 6.5 Substâncias químicas Substâncias químicas estão presentes nos ambientes em forma de líquidos, sólidos ou aerossóis. Podem causar doenças ou até mutações genéticas – caso de certas substâncias cancerígenas, como asbestos, benzeno – e muitas têm efeito acumulativo no organismo. Organizações internacionais fixaram limites de tolerância humana – que é a concentração média encontrada no ar durante oito horas – para diversas substâncias conforme sua toxidade. No Brasil, é a NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) que estabelece tais valores. Algumas substâncias mais perigosas, por provocarem intoxicação imediata, possuem um valor especificado máximo que não pode ser ultrapassado em nenhum momento. Observação O estudo dos efeitos causados pela mistura de diversas substâncias tóxicas ainda não é bem desenvolvido. Por isso, deve-se evitar a exposição nesses casos. Para um projeto de ambiente de trabalho, os limites devem ser 20% donível de tolerância estabelecido para cada substância tóxica presente. A sinalização de toxicidade dos produtos armazenados e manipulados em locais de trabalho deve seguir os padrões de alerta normatizados. Há uma hierarquia pré-estabelecida para o controle da poluição na fonte, que procura atuar, em primeiro lugar, na remoção da fonte, passando pela sua redução de emissão e, por último, prevendo os meios para o seu isolamento. O uso de ventilação e exaustão são recomendados para reduzir a propagação dos poluentes no ambiente, quando não for possível reduzir ou eliminar na fonte. A exaustão deve ser localizada o mais próximo possível da fonte, promovendo uma filtração eficiente antes de lançar à atmosfera, permitindo a renovação de ar puro no ambiente do trabalho. 7 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL Muitos produtos e postos de trabalhos inadequados provocam estresses musculares, dores e fadiga, que, às vezes, podem ser resolvidas com providências simples, como o aumento ou redução da altura da mesa ou da cadeira, melhoria do leiaute ou concessão de pausas no trabalho (IIDA; BUARQUE, 2005). 7.1 BMOcup Trata-se da biomecânica ocupacional, a área da biomecânica que possui como objeto de estudo o universo organizacional, atendo-se especialmente às interações musculoesqueléticas, estáticas ou dinâmicas que o trabalhador adota em seu posto de trabalho. Analisa a questão das posturas corporais no trabalho, a forma de aplicação de forças e suas consequências. 62 Unidade II A natureza do trabalho quanto à forma de aplicação de forças pode ser classificada em dois tipos: trabalho estático e dinâmico. No trabalho estático, a demanda de esforço físico normalmente é alta (20% a 50% da capacidade máxima muscular), acompanhada por um suprimento sanguíneo baixo, limitando o tempo da contração (isomérica) dos músculos envolvidos. É o caso, por exemplo, da manutenção da postura em pé, que exige contrações dos músculos dorsais e dos membros inferiores. No trabalho dinâmico, as contrações e relaxamentos musculares são alternados, gerando demanda alta, porém com um bom suprimento sanguíneo, mantendo-se o balanço equilibrado. Como conclusão, pode-se admitir que o trabalho estático é mais fatigante do que o dinâmico; sempre que possível, deve ser evitado ou alternado com outras atividades mais dinâmicas, prevendo-se apoios para partes do corpo mais contraídas pela postura e meios de transporte e manuseio de cargas que aliviem o nível do esforço humano. Errado Certo Figura 23 – O uso de carrinho de transporte auxilia o manuseio de cargas mais pesadas Com frequência trabalhadores se excedem no nível de esforço realizado e, associados a uma má postura, acabam sofrendo um trauma muscular com consequentes dores e inflamações locais. Há também os casos de traumas por esforços não tão altos, mas muito repetitivos, conhecidos pelas siglas: • Dort – distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. • LTC – lesões por traumas cumulativos. • LER – lesões por esforços repetitivos. A sigla Dort é mais abrangente e inclui a LTC e a LER. São esses distúrbios os mais registrados como causas de afastamento do trabalho. 63 ERGONOMIA 7.2 Posturas corporais Postura é o posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros. Para evitar estresses musculares desnecessários ou desconforto na realização da atividade de trabalho, é vital observar algumas recomendações. Métodos foram desenvolvidos para registrar e classificar os diferentes gestos posturais de trabalhadores (sistema OWAS – Ovako Working Posture Analysing System – figura seguinte) e correlacionar tais registros com a duração das posturas e a avaliação quantitativa do grau de desconforto e risco à saúde. O resultado é apresentado em forma gráfica, permitindo a rápida identificação de áreas do corpo mais sujeitas a algum tipo de lesão. Do rs o 1 Reto 2 Inclinado 3 Reto e torcido 4 Inclinado e retorcido Br aç os 1 Dois braços para baixo 2 Um braço para cima 3 Dois braços para cima Ex: 2151 RF Dorso Inclinado 2 Braços Dois para baixo 1 Pernas Uma perna ajoelhada 5 Peso Até 10 kg 1 Local Remoção de refugos RF Pe rn as 1 Duas pernas retas 2 Uma perna reta 3 Duas pernas flexionadas 4 Uma perna flexionada 5 Uma perna ajoelhada 6 Deslocamento com pernas 7 Duas pernas suspensas Ca rg a 1 Carga ou força até 10 kg 2 Carga ou força entre 10 kg e 20 kg 3 Carga ou força acima de 20 kg xy Código do local ou seção onde foi observado Figura 24 – Sistema de registro postural OWAS 64 Unidade II 7.3 Aplicação de forças – características dos movimentos Os movimentos do corpo são efetuados pela contração e relaxamento simultâneo de pares de músculos que atuam em sentidos antagônicos. Para um determinado movimento, há uma combinação mais eficiente de gasto energético, o que é asimilado por trabalhadores mais experientes, e assim adquirem maior resistência à fadiga. Em geral, grandes grupos musculares (pernas, por exemplo) são utilizados na aplicação de forças maiores do que aquelas associadas com pequenos músculos (dedos das mãos), mais adequados aos movimentos de precisão. Acelerações e desacelerações bruscas de movimentos exigem maiores contrações musculares e levam à fadiga mais cedo. Isso é claro se entendemos esse fato pelo princípio da segunda lei de Newton, força = massa × aceleração. Como um sistema similar a um conjunto de alavancas interligadas por juntas rotativas, o movimento esquelético é mais adepto a trajetórias curvas do que retas, que são mais difíceis e imprecisas. Os finais de curso dessas trajetórias também demandam mais atenção visual e coordenação motora, quando não há um anteparo para esses posicionamentos terminais. Por isso, alavancas de comando, como as de câmbio de automóveis, possuem mecanismos de posicionamentos discretos. 7.4 Transmissão de forças manuais Equipamentos mecânicos manuais requerem esforços para o seu funcionamento. Devem exigir um nível de esforço máximo compatível com o operador mais fraco e oferecer alguma resistência (mínima), para minimizar acionamentos involuntários. A medida da força de acionamento deve ser feita na posição exata em que o elemento mecânico (uma alavanca, por exemplo) se encontra, com a postura corporal exigida e com o movimento que será efetuado. A força disponível nos membros superiores para empurrar e puxar objetos situa-se em média em torno de 25 kgf para homens, e aproximadamente metade para mulheres. O conhecimento de tais dados pode ser útil num primeiro estudo de dimensionamento de forças de arrasto de carrinhos de transporte de produtos semiacabados, por exemplo em uma indústria. A resistência imposta ao deslocamento de carrinhos sobre rodas é diretamente relacionada ao peso da carga transportada mais o peso próprio do carrinho, sendo também afetada pelo tipo de rodas (maciça, pneu inflado) e condições do solo. A compatibilização desse valor calculado com os limites anteriormente mencionados deve, então, ser julgada e decidida pela implementação ou necessária medida de correção. 65 ERGONOMIA 152 cm 109 cm 68 cm Figura 25 – Forças (máximas) para empurrar e puxar Tabela 3 - Valores referentes à figura 25 Força (N) Mulheres Homens Empurar Puxar Empurar Puxar Máx. D.P. Máx. D.P. Máx. D.P. Máx. D.P. Altura da pega (cm) 152 150 48 143 34 284 83 174 14 109 176 68 171 33 342 98 258 26 68 158 61 179 73 399 95 376 73 Média 161 58 164 51 342 101 269 95 D.P. = desvio padrão Adaptado de: LIDA; BUARQUE (2005, p. 94-Z1). Esforços realizados com o movimento dos braços são limitados em virtude do tempo de permanência na posição relativa de sustentação acima do cotovelo. O processo de fadiga dos músculos envolvidos dos membros superiores é muito curto e agravado para pessoas de mais idade, em razão de sua menor mobilidade nas juntas. 0 5 10 15 20 5 10 Peso (N) 5 cm 30 cm 50 cm Alcance acima do plano horizontal Te m po (m in ) 50 cm 75 cm 50 cm 30 cm5 cm Figura 26 – Tempo para surgimento de fadiga muscular na sustentação de cargas acima do cotovelo 66 Unidade II Na movimentação horizontal, o processo compromete também a musculatura do ombro e sua articulação, utilizados para contrabalançar o momento da carga içada. Os níveis máximos de força em função do tempo de permanência e da distância da carga ao ombro é mostrado na figura a seguir. Alcance horizontal para frente 30 cm 40 cm 50 cm Te m po (m in ) Peso (N)105 0 5 10 15 20 25 30 50 cm 40 cm 30 cm 105 cm Figura 27 – Tempo para surgimento de fadiga muscular na sustentação de cargas afastadas do ombro A força máxima exercida pelas pernas pode variar consideravelmente em função do ângulo de flexão do joelho. Com a perna estendida (ângulo zero), a força máxima pode atingir 200 kgf. Com pernas flexionadas (ângulo entre zero e noventa graus), a força máxima atinge 90 kgf. No cálculo de forças de frenagem de automóveis, por exemplo, é considerado esse valor como carregamento atuante sobre o pedal e como base no dimensionamento de peças estruturais da pedaleira. 7.5 Levantamento de cargas O manuseio de cargas de forma incorreta é uma das causas mais recorrentes nas lesões de coluna identificadas em trabalhadores. A coluna vertebral é bastante resistente ao carregamento axial, porém é frágil para cargas excêntricas, como mostrado na figura a seguir. C1C2 C C = C1 C2 = 0 CertoErrado Figura 28 – Formas de levantamento de carga: esforço sobre a coluna vertebral 67 ERGONOMIA Portanto, o levantamento correto deve ser feito mantendo-se a coluna ereta, sob compressão axial apenas. CertoErrado Figura 29 Figura 30 – Uso das pernas, com a coluna ereta, no levantamento de carga Em geral, uma vez conhecida a carga isométrica máxima (trabalho estático), a aproximação dada pela metade desse valor pode ser usada como limite recomendado para movimentos repetitivos. 7.6 Equação de Niosh para determinação do peso limite recomendável Movimentos repetitivos de transporte manual são realizados sob níveis normalmente baixos de carga, pois o processo de fadiga muscular é o mecanismo determinante desses limites. Nos EUA, o National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh) estabeleceu uma equação para correlacionar diversos parâmetros físicos de uma bancada de operação em que é realizada a tarefa de movimentar uma carga de um nível para outro. Baseia-se numa carga de referência de 23 kg, que corresponde à capacidade de levantamento no plano sagital, de uma altura de 75 cm do solo, para um deslocamento vertical de 25 cm, segurando-se a carga afastada a 25 cm do corpo, a qual não provoca nenhum dano físico à maior parte de homens e mulheres em trabalhos repetitivos. Esse valor de referência é, então, 68 Unidade II multiplicado por seis fatores de redução, os quais procuram levar em consideração as diversas condições reais de trabalho. São definidas as variáveis: PLR = peso limite recomendável H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição nas mãos) em cm V = distância vertical, entre a origem e o destino, em cm D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm A = ângulo de assimetria (rotação), medido a partir do plano sagital, em grau F = frequência média de levantamentos, em levantamentos/min (valor tabelado) C = qualidade da pega (valor tabelado) Tabela 4 Qualidade da pega Coeficiente da pega (C) V < 75 cm V > 75 cm Boa 1,00 1,00 Média 0,95 1,00 Ruim 0,90 0,90 D V H A C Figura 31 – Fatores redutores de carga de Niosh 69 ERGONOMIA A equação Niosh é dada pela fórmula: PLR H V D � �� � � � � �� � � � � � � � �� � � � � � � �� �23 25 1 0 003 75 0 82 4 5 1 0 003 , , , , 22�� �� �A F C Tabela 5 Frequência levantamentos/min Fator F Duração do trabalho (h/dia) ≤ 1h ≤ 2h ≤ 8h V < 75 (cm) V ≥ 75 (cm) V < 75 (cm) V ≥ 75 (cm) V < 75 (cm) V ≥ 75 (cm) 0,2 1,00 1,00 0,95 0,85 0,85 0,85 0,5 0,97 0,97 0,92 0,92 0,81 0,81 1 0,94 0,94 0,88 0,88 0,75 0,75 2 0,91 0,91 0,84 0,84 0,65 0,65 3 0,88 0,88 0,79 0,79 0,55 0,55 4 0,84 0,84 0,72 0,72 0,45 0,45 5 0,80 0,80 0,60 0,60 0,35 0,35 6 0,75 0,75 0,50 0,50 0,27 0,27 7 0,70 0,70 0,42 0,42 0,22 0,22 8 0,60 0,60 0,35 0,35 0,18 0,18 9 0,52 0,52 0,30 0,30 0,00 0,13 10 0,45 0,45 0,26 0,26 0,00 0,00 11 0,41 0,41 0,00 0,21 0,00 0,00 12 0,37 0,37 0,00 0,21 0,00 0,00 13 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,00 14 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00 15 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00 > 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fonte: Iida (2005, p. 98-Z1). Como exemplo, supondo que uma pessoa levante uma carga situada a 80 cm de altura (V = 80) e a 40 cm do corpo (H = 40), deslocando-a até 150 cm de altura (D = 150 - 80 = 70), rotacionando o corpo em 45° (A = 45), com frequência de repetição de seis vezes por minuto durante 1 h/dia. O fator F será (conforme tabela anterior) igual a 0,75. Admitindo-se que a qualidade da pega é ruim, C = 0,90. Pela equação Niosh: PLR � �� � � � � �� � � � � � � � �� � � � � � � �� �23 25 40 1 0 003 80 75 0 82 4 5 70 1 0 , , , ,00032 45 0 75 0 90. , ,� �� � PLR = 7,3 kgf 70 Unidade II Portanto, a carga limite para essa atividade, nessas condições enunciadas, é de 7,3 kgf. Esse nível de carga assegura que o trabalhador não sofreria danos na estrutura musculoesquelética. O valor calculado da carga é apenas uma referência, a capacidade de esforço individual, para homens e mulheres, normalmente é superior a esses valores. Entretanto, esse valor recomendado para o peso de uma embalagem deve ser analisado de maneira que não seja considerado tão leve a ponto de o carregador se sentir estimulado a pegar diversas embalagens, simultaneamente, podendo superar o máximo permitido. Lembrete Os movimentos repetitivos de transporte manual são realizados sob níveis normalmente baixos de carga, pois o processo de fadiga muscular é determinante dentro desse limite. Saiba mais A equação Niosh foi elaborada em 1981, revisada em anos seguintes, e publicada por meio de um manual de acesso livre. Para mais detalhes, consulte: NELSON, G. S.; WICKES, H.; ENGLISH, J. T. Manual lifting: the Niosh work practices guide for manual lifting – determining acceptable weights of lift. Effective from March 1981 to July 1994. Fact Sheet, 2008. Disponível em: www. hazardcontrol.com/factsheets/pdfs/NIOSH-1981.pdf. Acesso em: 11 set. 2019. Além disso, a carga limite é relacionada à carga realmente transportada pelo operador por meio de um índice de carregamento (IC), definido como: IC cargareal PLR = Esse índice, idealmente, deve ser menor ou igual a 1, de forma a proteger o carregador contra tensões físicas relacionadas às vertebras inferiores da coluna. Um interessante aplicativo para o cálculo do índice de carregamento, usando a equação revisada Niosh, pode ser facilmente obtido para plataformas Android e iOS, trata-se do Niosh Lifting Equation Calculator. Por meio desse aplicativo, é possível avaliar rapidamente esse índice, admitindo-se levantamento simples (IC) ou composto de múltiplos movimentos (ICC), bem como obter as recomendações para melhorar as condições do carregamento analisado. 71 ERGONOMIA Saiba mais No link a seguir, é possível assistir a um vídeo em que esse aplicativo é utilizado para um estudo de caso. https://www.advancedergonomics.com 8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Empresas organizadas buscam a eficiência em sua produção ou prestação de serviços por meio da especialização de seus colaboradores em atividades bem específicas de trabalho. Embora o proprietário da empresa tenha o conhecimento orgânico completo, somente os operadores alocados nos diversos postos de trabalho detêm o conhecimento prático e técnico necessário para a realização perfeita das tarefas competentes naquele setor. A organização do trabalho empresarial se dá por meio de uma clara separação entre postos de comando ou supervisão e postos operacionais. Em cada um desses níveis são alocadas pessoas instituídas de poderes e deveres(tarefas) conforme o cargo que exercem. Portanto pode-se dizer que a organização do trabalho é a divisão do processo produtivo amplo (razão da existência da empresa) entre setores formados por pessoas instituídas por cargos, que interagem em harmonia por meio de tarefas específicas para atingir objetivo comum da empresa. O sentido da organização do trabalho no âmbito profissional também pode ser estendido para outras áreas, tais como a organização de trabalhos domésticos, as atividades ligadas ao esporte e lazer e da vida cotidiana em geral. O desenvolvimento contínuo da sociedade obriga as empresas a desenvolver novas formas de produção. Elas centram suas atividades nas áreas específicas, seu core business, deixando a terceiros a execução de outras tarefas, mas com reflexos no trabalho de seus operadores. As relações cliente-fornecedor intensificam a pressão temporal, aumentando a precariedade do trabalho. A terceirização traz ainda o fato do desaparecimento de alguns cargos com exigências menores, ligados agora aos prestadores externos, para os quais podiam ser designados os assalariados com restrições temporárias ou de aptidões. A política chamada just in time cria igualmente formas de pressão em termos do tempo de execução de tarefas. As formas de gerenciamento também se modernizam, dando-se agora ênfase na gestão individual das competências, responsabilizando os indivíduos em relação ao seu próprio desempenho. Os controles sobre o trabalho aumentam e as formas de prescrever “o que se faz e fazer tudo o que se escreve” agora são assunto de normalização submetida a auditorias frequentes. Isso dá ao trabalhador, de fato, uma autonomia maior na condução da sua atividade, mas constitui uma fonte de estresse e constrangimentos psíquicos, pois o trabalho pressupõe realizar a missão dada pela alta gerência da empresa, o que reforça a parte de responsabilidade do operador. 72 Unidade II 8.1 Tarefas Tarefas devem ser prescritas de forma neutra, impessoal, sem detalhamento de “como” são executadas, pois podem ser alocadas a um ser humano ou a uma máquina, cujos procedimentos são obviamente diferentes. A alocação de tarefas ao ser humano segue algumas recomendações: • Humanos são mais criativos para a solução de um problema não rotineiro. • Humanos possuem um número maior de sensores (sentidos da visão, audição, tato, gestos e fala, olfato e paladar) e são capazes de processar com muito mais eficiência essa complexidade de estímulos do que uma máquina. • Em situações de sobrecarga, humanos conseguem racionalizar uma simplificação adequada para a execução da tarefa. • O aprendizado com a experiência acumulada na execução da tarefa permite ao ser humano atitudes de previsão de comportamento futuro, com base em raciocínio lógico e cálculo. • O julgamento de situações geradas por critérios mal definidos pode ser filtrado para a tomada de decisão por humanos. O investimento em máquinas faz sentido quando: • A tarefa a ser executada é de natureza repetitiva e espera-se um resultado fiel ao procedimento previamente prescrito (programa de computador). • A rapidez na execução é um fator preponderante no fluxo de operações de um dado processo produtivo. • As condições ambientais de execução da tarefa são insalubres ou a operação deve ser realizada em horários inconvenientes para a presença do homem. 8.2 Cargos Os cargos são organizados pelo agrupamento de tarefas prescritas no processo produtivo, mas também envolvendo aquelas preparatórias e de suporte correlatas. Isso traz o benefício de torná-los mais atrativos e promove o desenvolvimento de novas (e melhores) formas de realizar a tarefa. Pontos interessantes a serem observados na elaboração de cargos: • Conter tarefas de diversas complexidades (evitar a “monotonia do cargo”). Trabalhos muito repetitivos não são adequados, aqueles nos quais o tempo de ciclo das operações é inferior a 1,5 minuto. Em linhas de montagem, por exemplo, procura-se intercalar outras atividades com as de curta duração, para aumentar o tempo do ciclo. 73 ERGONOMIA • Dar oportunidade ao indivíduo para estabelecer seu próprio ritmo de trabalho, método e sequência de operações, e de comunicação com outros, especialmente para a solução de problemas não rotineiros. • Permitir o acesso a todas as informações necessárias para o melhor resultado esperado, dando liberdade de decisão ao operador. Informações de feedback dada pela empresa sobre o seu desempenho contribuem muito para estimular o indivíduo a melhorar seu procedimento e a propor novas contribuições. 8.3 Organização do trabalho A organização do trabalho realiza a junção de vários cargos traçados para o objetivo principal da empresa. As principais formas de organização são as seguintes: • formas flexíveis; • grupos autônomos; e • estilo gerencial baseado na liderança. O cenário de concorrência obriga as empresas a se reinventarem continuamente. Em termos da organização do trabalho, o que antes era adequado ao ritmo das demandas passadas torna-se inviável no presente, em virtude das necessidades do mercado em relação a novos produtos, serviços e tempo de disponibilização para a compra. Estruturas organizacionais rígidas, com muitos níveis hierárquicos, não são mais a realidade de empresas competitivas. Atualmente todas as que desejam sobreviver no mercado de competição buscam “enxugar” os níveis hierárquicos (menor número de cargos), promovendo mais sinergia entre as diversas áreas produtivas e de controle da organização. Figura 32 – Transformação nas organizações de trabalho A aparente perda de poder dos antigos chefes é substituída por uma atitude de liderança, que anima, desafia e organiza as atividades com a participação de seu “time” de trabalho. Naturalmente, 74 Unidade II essa mudança de comportamento não foi muito fácil de implementar, mas hoje isso já é notável nas empresas. Essa flexibilidade organizacional também se manifesta no chão de fábrica, onde as operações produtivas se desenrolam, e até mesmo nas áreas de escritórios. Os meios produtivos são adaptados continuamente, física e localmente, para adequar um novo ritmo produtivo, a fabricação de um novo produto etc. Trabalhos intelectuais, como os de gestão e criação de novos designs de produtos, podem ser alocados para fora das “quatro paredes” do escritório, dando ao trabalhador mais independência de gestão do seu tempo, mais condições de criatividade e mais satisfação pelos resultados alcançados. Muitas empresas de grande porte perceberam que determinadas áreas do processo produtivo poderiam ter uma autonomia ainda maior, sempre com o foco na missão da organização global, que é atender o melhor possível seu cliente e obter o lucro necessário para sua perenidade. Surgem daí os “grupos autônomos” de trabalho, nos quais um número pequeno de trabalhadores é alocado, indivíduos com diversidade de conhecimentos, habilidades e atitudes, para contribuir na redução do tempo de produção, aumentar a produtividade e qualidade. Os grupos autônomos são assim chamados pela sua independência na tomada de decisões internas para atingir o objetivo explícito dado pela alta direção, mas dependem das demais áreas da organização, como áreas de suprimentos, engenharia, comercial etc., para o seu funcionamento adequado. Nesses grupos nota-se que a motivação é grande em razão da autonomia na tomada de decisões para estabelecer o melhor método e ritmo de trabalho, escolha do líder e de outros membros da equipe (normalmente formada por 7 a 12 pessoas), na solução de problemas e no controle de sua produtividade e de medidas de correção necessárias. Portanto, o estilo gerencial do grupo deve ter o caráter de liderança, e não o do antigo “chefe”. 8.4 Método ergonômico O método ergonômico é baseado nos sistemas de desenvolvimento de projetos que são amplamente conhecidos e até normatizado dentro do escopo da NBR ISO 9001, que trata da gestão da qualidade. Por ter um caráter multidisciplinar,todo projeto ergonômico reúne um diverso time de especialistas para propor soluções a um determinado tipo de ação. Os principais casos em que se pode introduzir a aplicação do método ergonômico são: • A análise ergonômica de um produto de mercado. • A melhoria de um produto existente ou o projeto de um novo produto. • Adaptação de um posto de trabalho. • Reformulação de um ambiente de trabalho, por exemplo pela aquisição de novos equipamentos ou por mudança de local físico (projeto da fábrica completa). 75 ERGONOMIA O ergonomista é a pessoa envolvida nos processos anteriormente citados, cujo foco de trabalho está em contribuir com as demais equipes trazendo os conhecimentos e as práticas estudadas especificamente na ergonomia, interagindo desde o início das atividades até as fases de implementação, validação e pós-venda, quando for o caso. Espera-se que o perfil desse profissional seja de alguém acostumado com sistemas, conciliador de opiniões diversas e de um evangelizador para introduzir novos conceitos e atitudes, às vezes inexistentes para demais membros da equipe. Todo método necessita de um planejamento adequado e sequenciado de processos. O método ergonômico segue as recomendações fixadas por organizações internacionais (como a ISO 13407: human-centred design processes for interactive systems) cujo esquema básico envolve as seguintes etapas: • Planejamento do processo global, definições de objetivos com os patrocinadores do projeto e análises de cenários (competição, competências locais, regulamentações aplicáveis). • Especificação do contexto de uso, observando para qual grupo de usuários será aplicado, quais as reais necessidades, formas de coleta de informações e dados; decisão sobre a sua viabilidade. • Estabelecimento dos requisitos do projeto, elaboração de alternativas (brainstorming), construção de protótipos de avaliação. • Testes de validação técnica (atende todos os requisitos propostos?) e subjetiva (avaliação da usabilidade), aferindo o nível de satisfação atingido do ponto de vista da empresa e pelo usuário. • Pós-lançamento do produto ou mudança implementada, por meio de testes de avaliação direta com os usuários ou por meios remotos. Realimentação do processo para melhorias ou correções necessárias. Saiba mais Para aprofundar o conhecimento no assunto, consulte os métodos utilizados em projetos de ergonomia lendo: USABILITY NET methods for user centred design. DocGo, 28 jul. 2017. Disponível em: https://docgo.net/detail-doc.html?utm_source= usabilitynet-methods-for-user-centred-design. Acesso em: 11 set. 2019. Toda inovação precisa de uma estratégia para sua introdução. Dependendo do tipo de projeto, há uma escolha mais adequada quanto à forma de implementar o novo. Pode-se relacionar as seguintes: • Sem transição: quando o projeto é completamente novo, sem haver um paradigma anterior que possa influenciar os operadores/usuários desse novo produto, serviço ou método produtivo. 76 Unidade II • Transição direta: segundo um planejamento de retirada do antigo modo (processo) de trabalho e ativação do novo, criando as modificações organizacionais e treinamentos necessários, com uma provável queda de produtividade que logo após é superada. • Aplicação paralela: o antigo e o novo convivem simultaneamente, para que os usuários se convençam das vantagens da nova utilização e abandonem o velho método. • Introdução gradual: quando a abrangência na empresa do novo processo é maior, recorre-se à implementação setorizada, informando os primeiros usuários convenientemente, a fim de diminuir possíveis resistências à mudança e, assim, poderem experimentar e se convencerem das vantagens no uso do novo sistema. Para exemplificar a utilização desse método, segundo as etapas descritas, será destacado a seguir um caso real de desenvolvimento de produto voltado ao setor de mobilidade de cadeirantes. 8.5 Estudo de caso: cadeira de rodas com marcha Uma empresa nacional do setor plástico decidiu investigar a possibilidade de lançar um novo produto no mercado, voltado para auxiliar a mobilidade de cadeirantes, especialmente em subidas e descidas de rampas mais íngremes, bastante frequentes no cenário urbano. A experiência dessa antiga empresa estava centrada no atendimento de clientes do setor automotivo, mas enxergava uma boa oportunidade de negócio nesse novo produto, pois alinhava a disponibilidade de seus equipamentos de injeção e expertise de conhecimentos técnicos com a necessidade latente desse grupo de usuários para esse benefício. A análise do cenário Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) existem cerca de 610 milhões de pessoas com deficiência no mundo, sendo que 386 milhões fazem parte da população economicamente ativa. Avalia-se que 80% do total viva nos países em desenvolvimento. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil existem 24,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, o que significa que 14,5% da população brasileira apresenta alguma deficiência física, mental ou dificuldade para enxergar, ouvir ou locomover-se. Os dados do censo afirmam ainda que 22,9% apresentam deficiência motora. A cadeira de rodas manual (CRM) é um importante instrumento para a funcionalidade diária daqueles indivíduos com comprometimento de membros inferiores. Na Europa o número de cadeirantes ultrapassa os 3,3 milhões de pessoas. No Brasil, segundo o Censo Demográfico de 2000 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,5 milhão da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência física, e entre essa população cerca de 930 mil são usuários de CRM. No Brasil, 77 ERGONOMIA nas últimas décadas, o número dos usuários de CRM tem aumentado em consequência dos acidentes automobilísticos, que causam, principalmente, lesão medular ou amputação dos membros inferiores. Sabe-se que, para a propulsão de uma CRM, é necessária a execução de repetidas aplicações de forças bimanuais, fora do campo de visão, em um fino aro de tração (15-19 mm de diâmetro) e durante um curto período (20% a 40% de todo o ciclo de movimento) pelos sujeitos. Fica claro que boa parte de todas as forças produzidas é necessária para obter um torque efetivo ao longo do eixo, a fim de manter a velocidade e a direção requeridas. Esse complexo movimento utiliza combinações proprioceptivas, exteroceptivas e visuais para a sua boa execução. Do ponto de vista ergonômico, diminuir o gasto energético, aumentar a eficiência mecânica e aprimorar a técnica (aplicação de forças e sincronismos) de propulsão são fatores que estão relacionados aos ajustes da CRM e à forma e à natureza do aro de tração. Apesar dos esforços em pesquisas, ainda existem muitas divergências entre os temas e entre os métodos de avaliações adotados, o que impede que boa parte dos resultados encontrados seja aplicável à vida cotidiana dos usuários de CRM. Ainda não há consenso sobre quais treinamentos poderiam ser prescritos aos indivíduos e quais os possíveis ajustes para as CRMs que contribuiriam de fato para a minimização das disfunções musculoesqueléticas e para o aumento da qualidade de vida de seus usuários. O alto índice de lesão faz com que as pesquisas para melhorar a CRM e a propulsão sejam cruciais para a manutenção da saúde e do bem-estar do cadeirante. Contudo, com a utilização da “Roda de Propulsão EasyMob”, podemos verificar através dos testes e seus resultados alterações clínicas relevantes, como: frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio, escala de Borg (cansaço), pressão arterial que podem nos levar a um melhor direcionamento para a finalização de uma roda adequada que minimize ou elimine os dados provocados pelo esforço da propulsão em cadeiras de rodas. Além disso, os pacientes puderam expressar suas opiniões e ideias através dos questionários de satisfação aplicados ao término dos testes. Sendo assim, acreditamos que dados de estudospoderão ser utilizados para direcionar políticas sociais de mudanças de infraestrutura na comunidade, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos cadeirantes (VICENTINI; BAGNE, 2013, p. 2-3). Embora o texto anterior tenha sido efetivamente elaborado alguns anos após as primeiras alternativas de projeto terem sido criadas, em forma de protótipos funcionais, o cenário não havia sofrido alteração 78 Unidade II significativa. Aliás, e infelizmente, a situação do número de cadeirantes, especialmente no Brasil, só se agravou nos últimos anos. Nessa etapa, foram analisadas as competências técnicas e fabris disponíveis para a execução de um projeto dessa envergadura, os principais atores (concorrentes e parceiros) desse mercado, as regulamentações e normais aplicáveis, e decidiu-se pela continuidade do processo de projeto. A análise da viabilidade Planilhas de custos e preços de vendas, fluxos de investimentos e retornos financeiros, com base nas informações quantitativas disponíveis na ocasião, mostravam a viabilidade econômica do novo projeto. Contudo, quanto à competência especializada em ergonomia – pois o produto trataria com um grupo de usuários para o qual a empresa nunca havia trabalhado –, como seria adquirida pela equipe de engenheiros e técnicos, todos voltados para as soluções do campo automotivo? A solução foi a inclusão de um consultor ergonomista para auxiliar nas fases do desenvolvimento. Os requisitos de projeto Sabe-se que a CRM tem sido caracterizada como meio de locomoção de baixa eficiência (2% a 10%) quando comparada a outros sistemas, como, por exemplo, a cadeira a manivelas (16%) ou a própria marcha (35%). As CRMs são utilizadas para aumentar a funcionalidade e a independência dos indivíduos tanto em casa como na comunidade. Dentre os fatores mais limitantes considerados pelos cadeirantes encontra-se a própria CRM. A CRM é o instrumento mais importante de deslocamento, porém é também o mais associado às barreiras. Os participantes, em uma enquete, relataram: “as CRMs são pesadas e difíceis de manobrar”; “suas dimensões não são ideais para transpor barreiras ambientais como portas, corredores e escadas”. Os participantes veem as CRMs inadequadas e as consideram como principal fator que os impede de deslocar-se com maior facilidade e eficácia. Ainda, consideram a CRM mais limitante que a sua própria patologia. Além da baixa eficiência mecânica da CRM, os membros superiores (MMSS) são estruturas que naturalmente não foram preparadas para gerarem altas taxas de forças e para repetitividades de movimento. Durante a propulsão em CRM, os membros superiores dos cadeirantes são constantemente exigidos e, para aqueles que não são treinados (indivíduos em fase inicial de utilização), essa exigência é ainda maior. Para os cadeirantes, os problemas de sobrecarga dos MMSS são tão importantes quanto os riscos cardiovasculares oriundos de um estilo de vida sedentário. Dessa forma, diante da importância de conhecer a relação homem/cadeira de rodas/ambiente, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver e 79 ERGONOMIA comprovar um mecanismo de propulsão que possa melhorar o desempenho e a funcionalidade dos cadeirantes, mediante a redução do índice de incidência de acometimentos em membros superiores e gasto energético (VICENTINI; BAGNE, 2013, p. 5). Conforme o excerto apresentado, pode-se deparar com a importância do trabalho do ergonomista. Em primeiro lugar, o projeto deveria promover o alívio de dores em membros superiores (figura seguinte) e auxiliar a transposição de barreiras por meio de algum auxílio mecânico integrado no sistema de transmissão de força manual do cadeirante para as rodas. Figura 33 – Regiões dos membros superiores mais afetadas no cadeirante Figura 34 – Transposição de obstáculos urbanos com cadeira de rodas manual Como especificações básicas do projeto, foi estabelecido que: • O acionamento das rodas deve ser mantido pelos aros de impulsão já de uso frequente pelo cadeirante mais ativo. 80 Unidade II • Duas marchas de transmissão do torque manual para as rodas são necessárias: 1:1 (como toda cadeira já funciona) e 2:1 (multiplicação do torque manual para diminuir o nível de esforço muscular e reduzir o índice de lesões por repetição – LER). Saiba mais Para ampliar seu conhecimento nesse assunto, leia o texto sugerido, que apresenta um método científico quantitativo para avaliar o grau de dor percebida por usuários de cadeiras de roda. CURTIS, K. A. et al. Reliability and validity of the Wheelchair User’s Shoulder Pain Index (WUSPI). Paraplegia, v. 33, n. 10, p. 595-601, Oct. 1995. Disponível em: https://www.nature.com/articles/sc1995126. Acesso em: 11 set. 2019. Posteriormente, por meio de entrevistas com diversos cadeirantes e observando outros produtos similares internacionais, uma nova função foi introduzida: um mecanismo para impedir o retorno involuntário da cadeira em situação de subida de rampas longas, seja autonomamente, seja por um ajudante, quando há necessidade de paradas momentâneas para troca das mãos sobre o aro de impulsão ou para uma pausa de descanso (figura seguinte). Então, essa característica adicional foi muito bem recebida por usuários com tetraplegia (sem movimentos de pernas e braços), que tinham muita dificuldade para acionar os freios nas rodas através do movimento de inclinação do tronco e por ajudantes de cadeirantes mais pesados quando empurrados em rampas longas. Cadeirantes em processo de reabilitação (recém-paraplégicos) sentiram também o benefício do sistema contra retorno por dar-lhes a sensação de maior segurança na subida de rampas. Figura 35 – Sistema contra retorno da roda para maior conforto e segurança em paradas de rampa 81 ERGONOMIA Passou-se, então, à fase de concepção mecânica do produto, construção de modelos de transmissão com programas de projeto auxiliado por computador (CAD – computer aided design), cálculos estruturais dos componentes etc. O produto – fase de testes A figura seguinte mostra o produto (em corte parcial) com os seus principais elementos de transmissão feitos por processo de injeção plástica. Figura 36 – A roda com marcha: vista em corte parcial Polímeros de alto desempenho técnico foram empregados em sua manufatura tendo como premissa a minimização do peso total da roda (ergonomicamente mais adequada à capacidade de esforços em postura sentada que cadeirantes ativos possuem) e o baixo custo de fabricação. Os testes de validação com o produto foram realizados em laboratórios especialmente equipados para atender aos requisitos da ISO 7176-8, em vigor na época, bem como testes de uso com grupos de cadeirantes, para avaliar o seu desempenho em termos do consumo de oxigênio (gasto energético), facilidade de manuseio, conforto e segurança. A estratégia de implantação Por ser um produto novo, muito pouco conhecido no mercado, (de fato, só havia um similar no mercado americano e de alto custo de aquisição), a estratégia de lançamento, no modo sem transição, foi buscar parceiros renomados do setor de comercialização de produtos assistivos. Assim, o produto EasyMob foi divulgado em estande de vendas de uma grande feira comercial. Todas as vendas realizadas foram acompanhadas de perto com os cadeirantes durante um bom período, por meio de serviços remotos via comunicação eletrônica (e-mail, chats) e com visitas pessoais aos usuários mais próximos. 82 Unidade II Concluiu-se que a experiência obteve sucesso, que o método ergonômico não só possibilitou a realização segura de um produto de interação permanente com o usuário, como se tornou vital para o êxito alcançado nesse desenvolvimento pela empresa. Resumo Esta unidade trouxe os conceitos de confiabilidade técnica e humana para o ambiente do trabalho, mostrando como a interação homem-máquina é influenciada por fatores ambientais e como as reações manifestadas podem gerar erros de conduta, levando a falhas desse sistema. As diversascaracterísticas físicas de um ambiente de trabalho foram abordadas, tais como nível de ruídos, vibrações, iluminação, clima e toxidade ambiental, destacando quais são os limites seguros e recomendados para um projeto ergonômico correto. Em biomecânica aplicada, a biomecânica ocupacional, estudamos diversos aspectos sobre movimentos posturais associados ao carregamento manual de cargas. A equação desenvolvida por Niosh foi bem detalhada, servindo como um bom método de avalição e para projeto de postos de trabalho que envolvam movimentações manuais de pacotes pesados. Destacou-se como as organizações devem ser formadas, considerando o estabelecimento das tarefas, seu teor, e o aspecto da liderança nos cargos organizacionais como um elemento catalisador para a satisfação geral dos trabalhadores. Ilustrou-se, ainda, um estudo de caso real de projeto de um produto voltado para o setor de mobilidade de cadeirantes, no qual a aplicação do método ergonômico foi bem exemplificada. Exercícios Questão 1. (Instituto AOCP, 2014) Em relação à biomecânica ocupacional, é possível afirmar que: A) A contração contínua de determinados músculos, como resultado de manutenção prolongada de postura ou movimentos repetitivos, leva à fadiga muscular. B) A fadiga muscular pode ser reduzida fazendo-se uma única e longa parada durante a jornada de trabalho ao invés de paradas curtas e frequentes. C) Movimentos bruscos são indicados, já que as tensões serão muito grandes, mas terão pouca duração. 83 ERGONOMIA D) Pessoas com bom preparo físico conseguem manter um esforço muscular máximo por alguns minutos. E) Posturas prolongadas e movimentos repetitivos auxiliam na prevenção de lesões nos músculos e articulações. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: as contrações musculares em excesso (fadiga muscular) liberam ácido lático, gerando a princípio dores e tensões musculares, e com as repetições e manutenções prolongadas levam a processos inflamatórios e LER (lesões por esforço repetitivo). B) Alternativa incorreta. Justificativa: a fadiga muscular é o esforço físico maior do que o normal, com repetições prolongadas sem pausas levando o indivíduo a inflamações musculares ou tendíneas. C) Alternativa incorreta. Justificativa: movimentos bruscos não são indicados, assim como as posturas incorretas, levando o indivíduo a lesões. D) Alternativa incorreta. Justificativa: pessoas com bom preparo físico reduzem os riscos de lesão por terem músculos mais fortalecidos, no entanto, num ambiente de trabalho, o esforço muscular máximo, repetidas vezes, pode levar o indivíduo à lesão. E) Alternativa incorreta. Justificativa: posturas prolongadas e movimentos repetitivos levam o indivíduo a lesões e inflamações das articulações. Questão 2. (Centro de Seleção UFG 2018, adaptada) Do ponto de vista ergonômico, é sempre desejável a adaptação individual da altura de trabalho. Em vez de soluções improvisadas, como estrados para os pés ou o aumento das pernas das mesas, uma mesa com altura regulável é mais recomendada. Na figura a seguir, são mostradas as alturas de trabalho desejáveis para atividades em pé, em relação à altura das pessoas, sendo que a linha de referência corresponde à altura do cotovelo a partir do chão, que é em média 1.050 mm para os homens e 980 mm para as mulheres. 84 Unidade II 1000-1100 850-1050 900-950 850-900 (A) (B) (C) mm Homens mm Mulheres 750-900 700-850 +200 mm +100 mm 0 linha de referência -100 mm -200 mm -300 mm Figura 37 Fonte: Kroemer, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005 (adaptado). Considerando o texto e a figura, avalie as afirmações a seguir. I – Durante o trabalho em pé, se há muita exigência de emprego de força, como em trabalhos pesados de montagem, a altura da superfície deve ser mais baixa: entre 150 mm e 300 mm abaixo da altura do cotovelo, conforme situação (C) da figura. II – Para um trabalho delicado, por exemplo, desenho, é desejável um apoio dos cotovelos, sendo a altura adequada entre 50 mm e 100 mm acima da altura do cotovelo, conforme situação (A) da figura. III – Para trabalhos manuais realizados em pé, as alturas recomendadas são de 50 mm a 100 mm abaixo da altura do cotovelo, conforme situação (B) da figura. IV – Em atividades manuais com necessidade de espaço para ferramentas, materiais e recipientes variados, a altura de trabalho adequada é a da situação (C) da figura, em torno de 100 mm a 150 mm abaixo da altura do cotovelo. V – Para trabalhos de precisão, como manuseio de componentes eletrônicos, podem ser consideradas como adequadas as situações (A) e (B) da figura, que vão desde 50 mm acima da altura do cotovelo a 50 mm abaixo da altura do cotovelo. É correto apenas o que se afirma em: A) I, II e III. B) I, III e IV. 85 ERGONOMIA C) I, IV e V. D) II, III e V. E) II, IV e V. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: como é possível observar na figura, a altura da superfície para trabalhos pesados deve ficar entre 150 mm e 300 mm abaixo da altura do cotovelo. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: para os trabalhos de precisão, a altura da superfície deve estar na linha dos cotovelos. III – Afirmativa correta. Justificativa: para os trabalhos leves, a superfície deve estar entre 50 mm e 100 mm abaixo da linha dos cotovelos. IV – Afirmativa correta. Justificativa: como é possível observar na figura, a altura da superfície para trabalhos pesados deve ficar entre 150 mm e 300 mm abaixo da altura do cotovelo. V – Afirmativa incorreta. Justificativa: para trabalhos de precisão, apenas a posição (A) da figura da questão é recomendada. 86 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 2 A) MILEAGE-1384002_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/05/10/15/41/ mileage-1384002_960_720.jpg. Acesso em: 14 out. 2019. B) SPEEDOMETER-513396_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/ photo/2014/11/02/00/47/speedometer-513396_960_720.jpg. Acesso em: 23 set. 2019. Figura 5 PANERO, J.; ZELNIK, M. Human dimension & interior space: a source book of design reference standards. New York: Whitney library of design, an imprint of Neilsen Business Media, a division of the Nielsen Company, 1979. p. 83. Adaptada. Figura 6 CHAIR-48911_960_720.PNG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2012/05/07/18/24/ chair-48911_960_720.png. Acesso em: 23 set. 2019. Adaptada. Figura 10 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 71-Z1. Figura 12 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 99-Z1. Figura 13 ADULT-3974292_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/02/04/09/56/ adult-3974292_960_720.jpg. Acesso em: 23 set. 2019. Figura 14 RANGEL, C. M. M. Avaliação do desempenho do layout e da sinalização de uma unidade hospitalar. Ação Ergonômica – Revista Brasileira de Ergonomia, v. 6, n. 1, p. 1-14, 2011. p. 6. Figura 16 ELEVATOR-BUTTONS-248639_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2014/01/20/15/ 24/elevator-buttons-248639_960_720.jpg. Acesso em: 23 set. 2019. 87 Figura 18 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 106-Z1. Figura 19 A) AIR-4070641_960_720.JP. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/03/21/09/42/air- 4070641_960_720.jpg. Acesso em: 23 set. 2019. B) DRONE-3453361_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/06/04/14/31/ drone-3453361_960_720.jpg. Acesso em: 23 set. 2019. Figura 20 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 172-Z1. Figura 21 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 173-Z1. Figura 23 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia:projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 88-Z1. Figura 24 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 91-Z1. Figura 25 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 94-Z1. Adaptada. Figura 26 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 95-Z1. Figura 27 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 95-Z1. Figura 28 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 95-Z1. 88 Figura 29 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 98-Z1. Figura 30 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 98-Z1. Figura 31 IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2005. p. 98-Z1. REFERÊNCIAS Textuais ABREU JÚNIOR, C. E. Automação no cockpit das aeronaves: um precioso auxílio às operações aéreas ou um fator de aumento da complexidade no ambiente profissional dos pilotos? Ação Ergonômica – Revista Brasileira de Ergonomia, v. 3, n. 2, p. 6-15, 2008. ANTIPOFF, R. B. F.; LIMA, F. P. A. Didática profissional e teoria do curso da ação: diferentes contribuições para a formação profissional. 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