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<p>1. Capítulo I. Introdução</p><p>A escola é espaço privilegiado de construção da cidadania, vocacionado à protecção e defesa dos direitos humanos, sendo também local de construção da identidade da criança e do adolescente. A presente pesquisa intitulada: Análise das implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022, tem como intuito analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais naquele local. Debruça-se sobre a necessidade de compreender o fenómeno para depois equacionar medidas no sentido de trazer soluções justas, eficazes e mais ajustadas em sintonia com as recomendações e práticas internacionais, uma vez que torna o registo de eventos vitais obrigatório, e universal, extensivo a todo o território e todos os grupos populacionais, incluindo refugiados e apátridas.</p><p>Este estudo nasceu das constatações desagradáveis vividas no contexto do registo de nascimento gratuito na Conservatória do distrito de Mulumbo e a necessidade permanente de responder aos princípios e normas constitucionais bem como a recente aprovação da Lei da Família trouxe alterações no que tange as normas reguladoras do Direito da Família e das Relações Familiares suscita a devida regulamentação da parte das matérias constantes daqueles instrumentos legais em sede do registo civil.</p><p>O Governo de Moçambique introduziu alterações ao Código do Registo civil, com objectivo de simplificar e modernizar os actos do registo civil, através da introdução do Sistema Electrónico do Registo Civil e Estatísticas Vitais (SIRCEV), em consonância com o Número Único de Identificação Civil- NUIC, pela Lei 12/2018, de 4 de Dezembro, estabelecendo um enquadramento legislativo para o registo de nascimentos, casamentos, divórcios, óbitos e adopção.</p><p>A Lei do Registo Civil ou outra é, portanto, um requisito fundamental para um Sistema de Registo Civil sustentável e funcional. A Lei deve definir: quais são as informações que devem ser recolhidas, quem as deve recolher; qual é fonte primária de recolha e quando deve ser recolhida; quem é responsável por compilar a informação e produzir estatísticas. (Moasis, 2012, pág. 8)</p><p>O enquadramento legal revisto permite que os líderes das comunidades e o pessoal de saúde possam comunicar a ocorrência de nascimentos e de óbitos, com recurso a tecnologias de informação e comunicação como o SMS para o envio de notificações.</p><p>Além de um direito, o nome é também um dever, pela necessidade de identificação dos indivíduos perante o Estado, a fim de imputar-lhes direitos e obrigações, daí a importância de o registo civil ser realizado imediatamente ao nascimento.</p><p>No que se refere, especialmente, ao registo civil de nascimento, a escola é um importante aliado no Sistema de Garantia de Direitos, considerando que, já no ato da matrícula escolar, pode identificar os casos de violação do direito fundamental à identidade de crianças e adolescentes, em razão da ausência deste, e orientar os pais ou responsáveis, objectivando a regularização da situação.</p><p>Neste contexto, a presente pesquisa descreve uma consulta bibliográfica, de abordagem qualitativa e de carácter exploratório, a natureza de estudo foi aplicada, pois, visa analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais com desafios relacionados com a exiguidade de recursos humanos, o baixo nível de escolaridades dos pais, existência de poucos postos de Registo Civil, a fraca rede hospitalar bem como a predominância de partos extra-hospitalares ou não institucionais.</p><p>Este relatório monográfico tem a seguinte estrutura: A presente pesquisa encontra-se estruturada em quatro (04) capítulos: (1) notas introdutórias, onde se faz a descrição da área de estudo e o levantamento do problema, a justificativa da escolha do tema em estudo, também se apresentam desfilados os objectivos da pesquisa e as possíveis respostas da pesquisa em forma de hipóteses, bem como as limitações que foram fornecidas ao estudo, (2) no desenvolvimento no qual se apresenta o suporte bibliográfico relacionado com o conceito de registo de nascimento, seu impacto, entre outros (3) temos a metodologia, onde estão descritos os métodos e técnicas de colecta de dados que foram usadas para a elaboração do presente relatório monográfico, baseada numa abordagem qualitativa do tipo exploratória com a qual estabeleceu-se critérios para a elaboração dos guiões de entrevistas usados no local de estudo. No quarto (4) capítulo, denominado análise, interpretação e discussão dos resultados, aqui desfilam os resultados dos guiões das entrevistas realizadas aos 30 (trinta) intervenientes que constituem a amostra o que ajudou a traçar um possível diagnóstico no final da pesquisa conduzida no Distrito de Mulumbo, na província da Zambézia.</p><p>Por fim, na conclusão e sugestões, são apresentados os resultados da pesquisa, analisando os dados dos guiões de entrevista aplicados e com as prováveis razões que surgiram no decorrer desta etapa apresentando as possíveis soluções da questão de partida da pesquisa.</p><p>1.1. Contextualização</p><p>Com a universalização do direito à educação e o contacto directo com um número cada vez maior de crianças e adolescentes, os educadores ganharam papel ainda mais relevante na identificação dos casos de violação de direitos fundamentais, cabendo-lhes assegurar os encaminhamentos necessários à protecção daqueles em situação de maior vulnerabilidade.</p><p>Estudar o Registo Civil é relevante porque para “além de ser um direito humano fundamental, o registo de nascimento também é um requisito essencial para o acesso a serviços sociais básicos, como educação e protecção social” (Chowdhury, 2013, p. 52).</p><p>O Governo de Moçambique introduziu alterações ao Código do Registo civil, com objectivo de simplificar e modernizar os actos do registo civil, através da introdução do Sistema Electrónico do Registo Civil e Estatísticas Vitais (e-SIRCEV), em consonância com o Número Único de Identificação Civil- NUIC, pela Lei 12/2018, de 4 de Dezembro, estabelecendo um enquadramento legislativo para o registo de nascimentos, casamentos, divórcios, óbitos e adopção. A legislação está em sintonia com as recomendações e práticas internacionais, uma vez que torna o registo de eventos vitais obrigatório, e universal, extensivo a todo o território e todos os grupos populacionais, incluindo refugiados e apátridas</p><p>As estatísticas vitais são derivadas a partir de dados obtidos de registos recolhidos através do Sistema de Registo Civil. A legislação é essencial para: garantir a universalidade e continuidade do Sistema de Registo Civil; assegurar a divulgação regular de dados e confidencialidade de dados individualizados; clarificar as funções e responsabilidades dos diferentes órgãos envolvidos, constituiu o ponto de partida para o desenvolvimento da presente pesquisa. (Nhagumbe, 2014, p.19)</p><p>O sistema electrónico de Registo Civil e Estatísticas Vitais (e-SIRCEV) – https://civil.registos.gov.mz introduzido pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos pretende melhorar a prestação de serviços ao público. As Conservatórias e Postos de Registo Civil com recurso aos meios informáticos como computadores e telemóveis procederão ao registo dos eventos vitais, incidindo numa primeira fase sobre os nascimentos e óbitos, que são processadas electronicamente, usando a plataforma e-SIRCEV. Em termos de cobertura o sistema foi projectado, em 121 das 164 conservatórias e em 120 dos 307 postos de registo existentes no país.</p><p>A Lei 12/2018, de 4 de Dezembro visa facilitar a remoção de limites geográficos na medida em que os serviços de registo podem ser acedidos a partir de qualquer parte do país, independentemente de onde o nascimento ou óbito tenha ocorrido.</p><p>O Instituto Nacional de Estatística1 é órgão responsável pela recolha, compilação e disseminação de estatísticas vitais de diferentes fontes, incluindo o registo civil. O novo Código Civil estipula que a informação recolhida</p><p>p.21), a fraca rede de abrangência dos Serviços de Registo e Notariado aliado a exiguidade de recursos humanos deste sector contra um universo populacional cada vez mais elevado e com poucas unidades sanitárias o que acentua cada vez mais o índice de partos não institucionais ou extra-hospitalares. A segunda questão dirigida aos juristas visava identificar mecanismos que ajudariam a ultrapassar a situação de atraso ou falta de registo de nascimento.</p><p>Com base nos pressupostos apresentados pelo autor acima, todos os juristas apontaram certas medidas que deveriam ser feitas levadas a cabo para a eficácia do registo de nascimento gratuito, de onde se destaca o investimento em infra estruturas, alocação de mais meios com especial destaque aos tecnológicos e informáticos. Acções sequenciadas que passam por capacitações das lideranças locais em matéria da importância do registo de nascimento para o futuro da criança, abrangência dos serviços de registo civil, formação dos profissionais da área, investimento em meios e inovação nas metodologias de trabalho entre outras, podem ajudar a registar toda a criança.</p><p>Capítulo V. Considerações Finais</p><p>5.1. Conclusão</p><p>O registo do nascimento é o primeiro passo para o pleno exercício da cidadania. E a acção do profissional de educação, orientando e estimulando os pais e responsáveis nessa direcção, é essencial para assegurar que um número cada vez maior de crianças e adolescentes possam exercer essa cidadania plena, tendo direito humano ao nome, sobrenome, filiação e nacionalidade. Com base no problema levantado, as hipóteses testadas e os objectivos propostos ao longo da presente pesquisa, chega-se a conclusão de que o resultado obtido por parte dos guiões de entrevistas evidencia-se que a escola é espaço privilegiado de construção da cidadania, vocacionado à protecção e defesa dos direitos humanos, sendo também local de construção da identidade da criança e do adolescente. É importante destacar que nem sempre a ausência de certidão de nascimento significa que a criança ou adolescente não foi registado civilmente, podendo ter ocorrido simples extravio do documento. Há que se destacar a essencialidade do registo de nascimento na vida das pessoas, pois é o primeiro ato de sua vida civil e, ainda, a função integradora que este possui no sentido de ser essencial para o exercício de inúmeras de suas garantias fundamentais, bem como a concretização plena do princípio maior do texto constitucional: a Dignidade da Pessoa Humana.</p><p>A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, é uma mostra dessa vontade colectiva de mudanças, e seus valores e princípios de protecção aos direitos da pessoa humana impregnaram as Constituições de muitos países, provocando alterações no Direito Constitucional, no Direito Civil e em todo o sistema jurídico.</p><p>Na construção desta pesquisa, tinha-se como objectivo de analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais no distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022. A conceituação e a estruturação da base principiológica que se vincula ao registo civil também foi realizada de forma satisfatória, tendo em vista que o entendimento desta relação é fundamental para o alcance do objectivo geral proposto, destacando-se a eficiente apresentação, sobretudo, do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e dos preceitos constitucionais de integração social e cidadania. Apontou-se, também, a forma como o Registro Civil serve de elemento de partida para a aquisição de outros direitos, como ao nome e à construção da identidade do indivíduo, através dos demais registos e documentações necessárias para o desenvolvimento da vida cível de uma forma geral.</p><p>A necessidade permanente de responder aos princípios e normas constitucionais bem como com a recente aprovação da Lei da Família trouxe alterações no que tange as normas reguladoras do Direito da Família e das Relações Familiares o que suscita a devida regulamentação da parte das matérias constantes daqueles instrumentos legais em sede do registo civil semelhantes por onde tive que passar por momentos que me fizeram sentir o quanto valeu a pena estar realizando o presente estudo.</p><p>A lei estabelece que até aos 04 (quatro) meses a emissão desses documentos é isento o pagamento de quaisquer emolumentos e mesmo passado esse período o registo tardio não é vedado até aos 13 (treze) anos de idade para certos postos de registo civil, mas com o pagamento de uma certa taxa simbólica em forma de uma multa de 50,00Mt (cinquenta meticais), e com 14 (catorze) ou mais anos de idade ainda se pode registar mas deverá ser numa conservatória de nível provincial e apresentar motivos do atraso.</p><p>No nosso país, até aos 120 primeiros dias de vida da criança o seu registo é gratuito, mesmo assim ainda prevalece grande número de crianças que atingem a idade adulta sem que estejam registadas no sistema contribuindo assim para a dificuldade do Estado em planificar e desenvolver certas acções.</p><p>Importa realçar que para os nossos entrevistados, o registo de nascimento é um direito fundamental e necessário para apoiar e proteger as crianças a irem à escola, serem reconhecidas pelo Estado e pela lei, ter acesso aos programas de protecção social para as famílias pobres e outros serviços, conhecer a sua idade, não correr o risco de ser confundida com um adulto em casos de crime, ser protegida de abuso sexual e exploração infantil (em particular o tráfico de crianças e casamentos prematuros), obter bilhete de identidade, poder herdar os bens da família.</p><p>Assim sendo, para o Estado não basta registar o maior número de crianças possíveis, é preciso que as comunidades sejam educadas para adesão esclarecida dos registos de nascimentos (o porquê registar as crianças).</p><p>Os factores por detrás das situações dramáticas que culmina com o atraso ou falta de registo das crianças por parte dos pais, está também relacionada com as distâncias entre o Posto com as localidades que variam de 28 km a 72 km o que faz com que o acesso a estes serviços seja complexo, défice orçamental para suprir despesas em campanhas de registo de nascimento e brigadas, falta da documentação dos pais, alguns brigadistas do registo civil não aceitam fazer o registo da criança quando a mãe não está acompanhada pelo pai da criança, a predominância de certos rituais como apresentar o bebé a família que vive longe ou só dar o nome depois da cerimónia que autoriza a mulher a sair do quarto, impedem o registo logo após o nascimento da criança, a fraca rede hospitalar, a ausência de um registo de nascimento pode expor crianças em situação de vulnerabilidade ao trabalho infantil, exploração sexual, ao aliciamento para o crime e ao tráfico de drogas e o baixo nivele de escolaridade dos pais contribuem para que ocorram casos de não declaração ou de declaração tardia dos nascimentos ocorridos naquele ponto.</p><p>Constatou-se ainda que, acções como o envolvimento dos líderes locais junto com apoio de parceiros na capacitação de modo a transmitir bem e melhor as mensagens nas campanhas de sensibilização, mobilização das comunidades a aderência ao registo de nascimento e a divulgação da importância deste processo para o futuro das crianças mostram-se eficazes para a mitigação desta problemática naquele ponto.</p><p>Encerro esta pesquisa com as respostas para as minhas inquietações iniciais, mas com muitas outras questões que surgiram durante esta jornada, acreditando que deixo pontos a serem analisados com vista a redução de casos de atraso ou falta de registo de nascimento das crianças por parte dos pais e ou encarregados o que as tora vulneráveis.</p><p>5.2 Sugestões</p><p>Para que a superação das dificuldades enfrentadas pelos funcionários do Registo Civil para o garante da eficácia do registo de nascimento no distrito de Mulumbo, seja uma realidade urge listar algumas sugestões:</p><p>Para a Sociedade Civil:</p><p>· Garantir que todos os nascimentos de crianças sejam participados as instituições do Estado para que elas beneficiem dos serviços sociais;</p><p>Para os funcionários:</p><p>· Tornar possível o registo de nascimento da criança no local de residência da mãe;</p><p>Para os líderes locais:</p><p>· Mobilizar e sensibilizar as comunidades para o registo de nascimento das crianças;</p><p>Para os Juristas:</p><p>· Identificar meios jurídicos que desencorajem os responsáveis pelas crianças que não registam seus dependentes</p><p>6. Referências Bibliográficas</p><p>Arnaldo, C. & Cau, B. (2013). É urgente reduzir a mortalidade materna em Moçambique. Centro de Pesquisa em População e Saúde. (Policy Brief). Maputo.</p><p>Arthur, M. J. et al. (2012). “Lei da família. Disseminação da Lei da Família e lógicas da sua apropriação por parte das instituições do Estado: O caso dos Serviços de Registo Civil”. In Outras Vozes.</p><p>Bahule, A. A. (2013). Ineficácia das Provas de União de Facto Caso Específico de Chimoio: Universidade Católica de Moçambique/Faculdade de Engenharia. (trabalho de Licenciatura).</p><p>Cacodcar, C. G. S. (1960). Código do Registo Civil da Província de Moçambique. Lisboa.</p><p>Cavacalnti, C. M. M. (2013), Relativo da Avaliação do Sistema do Registo Civil e Estatísticas Vitais. Jembi/MOASIS,</p><p>Cervo, A. L. & Bervian, P. A. (2002). Metodologia científica. (5ª edição). Prentice Hall. São Paulo.</p><p>Filimone, E. T. (2016). Sistema de conservação dos arquivos da Conservatória do Registo Civil e do Notariado: o caso do Distrito de Báruè - Chimoio: Universidade Católica de Moçambique. (trabalho de Licenciatura em Administração Pública).</p><p>Gil, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. (5ª edição). Atlas. São Paulo.</p><p>INE, Instituto Nacional de Estatística. (2019). Folheto Estatístico Distrital de Mulumbo, Delegação Provincial da Zambézia</p><p>Lakatos, E. M. & Marconi, M. A. (2001). Fundamentos metodologia científica. (4ª edição). Atlas. São Paulo.</p><p>Marconi, M. A & Lakatos, E. M. (1996). Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e interpretação de dados. (3ª edição). Atlas. São Paulo.</p><p>Moasis. Mozambican Open Architecture Standards and Information Systems. (2012). Relatório sobre o Processo de Assesment do Sistema de Registo Civil e Estáticas Vitais. Projecto da UEM orientado à eHealth. MOASIS/UEM</p><p>Mola, E. R. D. (2016). Avaliação da qualidade do Sistema de Informação de Registro de Óbitos Hospitalares (SIS-ROH). Hospital Central da Beira, Moçambique. Universidade de São Paulo. (Dissertação de Mestrado). São Paulo.</p><p>Nhancale, A. B. (2015). O Sistema de Informação sobre Estatísticas Vitais em Moçambique: adaptação do modelo Português à realidade Moçambicana. UNITED NATIONS ECONOMIC COMMISSION FOR AFRICA.</p><p>Nhangumbe, E. (2014). Relatório – Apoio ao Processo de Avaliação do Registo Civil e Estatísticas Vitais em Moçambique. Centre of Excelence. ECA</p><p>Ntikila, L. A. D. (2012). Utilização das novas tecnologias de informação e comunicação na prestação de serviços de registo civil: caso da Conservatória do Registo Civil da Cidade da Matola (2010-2011), Maputo: Universidade Eduardo Mondlane/Faculdade de Letras e Ciências Sociais. (trabalho de Licenciatura em Administração Pública).</p><p>Viegas, M. A. A. (2014). Registo Civil – O Estado Actual do Registo de Nascimento em Angola. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa. (Dissertação de Mestrado para a obtenção do grau de Mestre em Direito).</p><p>Yin, R. K. (2010). Estudo de Caso, planejamento e métodos. Bookmann. Porto Alegre.</p><p>Legislações:</p><p>Lei n.º 12/2004, de 8 de Dezembro. Código do Registo Civil. Boletim da República. Série I. nº 49.</p><p>Lei n.º 12/2018, de 4 de Dezembro. Lei de Revisão do Código do Registo Civil. Boletim da República. Série I. nº 236.</p><p>Lei nº 22/2019, de 11 de Dezembro. Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25 de Agosto Boletim da República. Série I nº 239.</p><p>APÊNDICES</p><p>Apêndice A</p><p>GUIA DE ENTREVISTA DIRIGIDO A SOCIEDADE CÍVIL</p><p>(Dirigido aos membros da Sociedade Civil residente em Mulumbo)</p><p>Caro Pai, o presente questionário destina-se exclusivamente a colecta de informações referentes ao tema: “Análise das implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022” tendo em vista a elaboração de Monografia, para a obtenção de nível de Licenciatura em Direito.</p><p>Nota: As informações aqui recolhidas servirão apenas para fins académicos.</p><p>IDENTIFICAÇÃO</p><p>Idade: ____ anos 	Sexo: ( ) Feminino 		( ) Masculino</p><p>Questão 1. Todos os seus filhos foram registados gratuitamente?</p><p>Questão 2. Achas que o registo de nascimento do seu filho tem alguma importância?</p><p>Questão 3. Na sua opinião o que contribui para que as crianças sejam registadas fora do prazo estabelecido gratuitamente?</p><p>Muito obrigado!</p><p>Apêndice B</p><p>GUIA DE ENTREVISTA DIRIGIDO AOS LÍDERES LOCAIS</p><p>(Dirigido aos membros da liderança local no distrito de Mulumbo)</p><p>Caro Membro da Liderança Local, o presente questionário destina-se exclusivamente a colecta de informações referentes ao tema: “Análise das implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022” tendo em vista a elaboração de Monografia, para a obtenção de nível de Licenciatura em Direito.</p><p>Nota: As informações aqui recolhidas servirão apenas para fins académicos.</p><p>IDENTIFICAÇÃO</p><p>Idade: ____ anos 	Sexo: ( ) Feminino 	( ) Masculino</p><p>Questão 1. Na sua comunidade existe algum posto de registo civil ou opera uma brigada móvel de registo de nascimento?</p><p>Questão 2. O que faz com os pais não registem atempadamente seus filhos na sua comunidade?</p><p>Questão 3. O que tens feito ao nível da sua comunidade para mitigar a problemática da falta ou atraso no registo de nascimento das crianças?</p><p>Muito obrigado!</p><p>Apêndice C</p><p>GUIA DE ENTREVISTA DIRIGIDO AOS FUNCIONÁRIOS</p><p>(Dirigido aos Funcionários da Conservatória do Registo e Notariado de Mulumbo)</p><p>Caro Funcionário, o presente questionário destina-se exclusivamente a colecta de informações referentes ao tema: “Análise das implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022” tendo em vista a elaboração de Monografia, para a obtenção de nível de Licenciatura em Direito.</p><p>Nota: As informações aqui recolhidas servirão apenas para fins académicos.</p><p>IDENTIFICAÇÃO</p><p>Idade: ____ anos 	Sexo: ( ) Feminino 	( ) Masculino</p><p>Questão 1. O número de funcionários existentes nesta instituição tem cobertura de todo o distrito?</p><p>Questão 2. Quais são os impactos da falta ou registo tardio das crianças?</p><p>Questão 3. Que medidas são tomadas de modo a reduzir os casos de registo tardio ou fora do prazo?</p><p>Muito obrigado!</p><p>Apêndice D</p><p>GUIA DE ENTREVISTA DIRIGIDO AOS JURISTAS</p><p>(Dirigido aos Juristas Residentes no distrito de Mulumbo)</p><p>Caro Funcionário, o presente questionário destina-se exclusivamente a colecta de informações referentes ao tema: “Análise das implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022” tendo em vista a elaboração de Monografia, para a obtenção de nível de Licenciatura em Direito.</p><p>Nota: As informações aqui recolhidas servirão apenas para fins académicos.</p><p>IDENTIFICAÇÃO</p><p>Idade: ____ anos 	Sexo: ( ) Feminino 	( ) Masculino</p><p>Questão 1. A falta de registo de nascimento ou o registo tardio tem algum impacto jurídico e económico na vida da criança?</p><p>Questão 2. Na sua opinião o que é que o Estado deveria fazer para diminuir os casos de falta ou atraso do registo de nascimento?</p><p>Factores por detras do rgisto tardio</p><p>Meios	Outros	Analfabismo	3	5	7</p><p>Existêcia de local para o registo</p><p>Sim	Não	3	3</p><p>Razões da falta de registo</p><p>Distância	Burcracia	2	4</p><p>Acções oara a redução</p><p>Outros	Sensibilizacao	0	6</p><p>N° de Funcionários</p><p>Sim	Não	0	5</p><p>Consequências da falta de registo de nascimento</p><p>Negativos	Positivos	5	0</p><p>Medidas de redução</p><p>Campanhas	Investimento	Divulgaçã da Lei	3	1	2</p><p>Impacto Juridico</p><p>Sim	Não	6	0</p><p>Acções para a Mitigação</p><p>Investimento	Outros	6	0</p><p>Registo</p><p>Gratuito</p><p>Sim	Não	7	8</p><p>Importância do registo de nascimento</p><p>Sim	Não	Talvez	4	6	3</p><p>sobre nascimentos e óbitos, incluindo as causas de morte, seja partilhada com o Instituto Nacional de Estatística, cuja responsabilidade é recolher, compilar e disseminar estatísticas vitais, incluindo as causas de morte, do registo civil, de censos e de inquéritos por amostragem.</p><p>A certidão de nascimento é o documento de identificação emitido e fornecido pelo Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais que comprova o registo de nascimento e identifica a pessoa registada pelos dados essenciais de seu nascimento (nome, sobrenome, nacionalidade, naturalidade, data e local de nascimento, genitores, avós, observações importantes). O registo civil de nascimento é o assento do nascimento em livro e é feito uma única vez na vida. Se a pessoa registada perdeu a certidão de nascimento, deve requerer a segunda via e não realizar novo registo.</p><p>Uma vez que a realidade do nosso país mostra que apesar do avanço tecnológico que se regista o manuseio ainda é deficitário, aliado ao baixo nível de escolaridade nas zonas rurais torna o tema actual e pertinente.</p><p>1.2. Problematização</p><p>Para Gil (1999, p.49), na percepção científica ‘problema é qualquer questão não resolvida e que é objecto de discussão em qualquer domínio de conhecimento’.</p><p>Resolver problemas faz parte da actividade quotidiana de todos, porém, os problemas científicos são nitidamente diferentes dos problemas enfrentados pelo cidadão comum. Uma das principais razões para esta diferença reside no facto de que as formas de raciocínio necessárias para a solução destes diferem muito das comuns evocadas para a solução daqueles Richardson, eat all (2008, p.52).</p><p>Ressalte-se que uma pessoa que nunca foi registada civilmente não existe perante o Estado e a sociedade e sofre as consequências negativas desta situação por toda sua vida, pois sempre irá se deparar com seus direitos sendo constantemente negados. Diante dessa realidade, percebeu-se a essencialidade de efectuar uma análise da sociedade, da organização do Estado e os princípios que norteiam sua sistemática legal, bem como de que forma a ausência do registo civil fere esses princípios.</p><p>O registo de nascimento é um acto jurídico efectuado de modo a garantir o acesso a direitos fundamentais assegurados pelo Estado e estabelecidos na Constituição da República. A fraca rede de abrangência dos Serviços de Registo e Notariado aliado a exiguidade de recursos humanos deste sector contra um universo populacional cada vez mais elevado e com poucas unidades sanitárias o que acentua cada vez mais o índice de partos não institucionais ou extra-hospitalares. (Nhacale, 2015, p.21)</p><p>De forma indirecta, o ato de registar a criança ao nascer faz com que ela se torne um sujeito de direitos, tendo capacidade para os actos da vida em sociedade. Através desse registo de nascimento que a pessoa receberá um nome, sobrenome, nacionalidade, uma história familiar e, acima de tudo, terá a possibilidade de exercer seus direitos políticos, sociais e individuais.</p><p>Tendo em vista que, actualmente, ainda existem milhares de pessoas que não conseguem ter acesso a direitos básicos garantidos pelo Estado, pois nunca chegaram a serem registadas civilmente e vivem sem documentos básicos de identificação, protagonizando uma realidade de exclusão social, no presente trabalho pesquisa-se sobre a natureza do registo civil de nascimento como um direito fundamental e pressuposto para o exercício da cidadania e a inclusão das pessoas na sociedade, a fim de entender as causas que as levaram a não serem registadas, as consequências que essa ausência implica na vida dos indivíduos e os meios para que o Estado possa proporcionar acções para a diminuição e até a erradicação desse problema.</p><p>As taxas de registo de nascimento em Moçambique ainda continuam baixas devido a fraca capacidade de cobertura dos serviços de registo nas zonas rurais e suburbanas, a distância entre as comunidades e as instituições de Saúde (sendo 06 Centros e 02 Postos) e postos de Registo e Notariado que é desfasada suportados por apenas dois postos de registo e notariado que funcionam nos Postos Administrativos do distrito que de acordo (INE, 2017, pág. 2) tinham uma população estimada em 124.734 habitantes, destes 65.298 mulheres numa área de 4.759,3 Km2.O paradigma da falta de conhecimento das populações sobre a importância do registo, faz com que os pais não registem seus filhos no tempo de isenção de emolumentos ou seja gratuito dos 0 a 120 dias ou melhor 04 (quatro) meses (art.118 do CRC, Lei 12/2004, de 8 de Dezembro).</p><p>Esse desinteresse só altera quando as crianças atingem os níveis da 5ª e 7ª classe para fazer face o período dos Exames Finais ou ainda quando se deparam com uma oportunidade de emprego que de alguma momento esta aliada ao baixo nível de escolaridade dos próprios pais que só se preocupam em nascer e deixam na gestão do Estado para garantir o acesso aos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos e outros conexos.</p><p>1.2.1. A Formulação do problema: A questão inicial</p><p>O texto constitucional moçambicano foi elaborado tomando por base preceitos tidos como fundamentais. Tais preceitos, ou princípios, são grafados nos artigos iniciais da Magna Carta e perpassam seu valor e conteúdo por todos os outros diplomas legais que integram o ordenamento jurídico pátrio. Um desses princípios norteadores do Estado que torna-se essencial destacá-lo é o da dignidade da pessoa humana, sendo tido como um dos elementos basilares de toda a sistemática legal.</p><p>A actual crise financeira que afecta o Estado Moçambicano e não só, contribui para a fraca campanha e realização de brigadas móveis para suprir as despesas de deslocação e o fracasso de Programas como BRAVO. Outro factor não menos interessante é a predominância de partos não institucionais que condicionam de que maneira no elevado numero de crianças não registadas que não passam do sistema e-SIRCEV condicionando assim o direito de exercer ou se beneficiar dos direitos juridicamente estabelecidos por lei.</p><p>Sem encontram outros factores como o fraco envolvimento das lideranças locais na sensibilização das comunidades sobre a importância do registo de nascimento para o futuro das crianças aliada a expansão da rede escolar, a implementação de programas de registo em massa e o advento do uso das novas tecnologias de informação e comunicação, diante destas situações, perspectivando uma melhor abordagem sobre este fenómeno para possíveis soluções, levanta-se a seguinte questão:</p><p>· Quais são os impactos jurídicos, socioeconómicos e culturais do Registo de Nascimento fora do prazo por parte dos Pais na vida das crianças?</p><p>1.3. Objectivos</p><p>Para Lakatos & Marconi, (1992, p.102) objectivo é aquilo que está voltado para o próprio objecto, independentemente da nossa forma de pensar ou de sentir. “A especificação do objectivo de uma pesquisa responde às questões para que? E para quem?”</p><p>1.3.1. Objectivo geral</p><p>· Analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais: Caso do Distrito de Mulumbo, no período 2020 à 2022</p><p>1.3.2 Objectivos específicos</p><p>· Identificar os factores que contribuem para a ineficácia do registo de nascimento;</p><p>· Descrever o impacto do não registo de nascimento dentro do prazo;</p><p>· Propor alternativas que garantam o melhoramento do processo de registo de nascimento.</p><p>1.4. Hipóteses</p><p>Hipóteses para Belo (2005, p.20), é o sinónimo de suposição (…) é uma pré-resolução para o problema levando o trabalho de pesquisa, confirmar ou negar a hipótese (suposição).</p><p>Com a pergunta levantada na formulação do problema, tanto como a materialização da presente pesquisa chega-se a seguinte hipótese:</p><p>· A introdução de novas tecnologias digitais como o e-SIRCEV pode contribuir para o não registo de nascimento dentro do prazo por parte dos pais.</p><p>· Factores como o baixo nível de escolaridade dos pais, o elevado índice de partos extra-hospitalares, a exiguidade de recursos humanos, a fraca capacidade orçamental dos serviços par suprir as despesas das brigadas móveis podem contribuir para a insucesso</p><p>do registo de nascimento no distrito de Mulumbo.</p><p>1.5. Justificativa</p><p>A justificativa compreende a apresentação de forma clara e objectiva das razões de ordem teórica e ou prática que fundamentam a pesquisa. “Procura-se aqui demonstrar a legitimidade, a pertinência, o interesse e a capacidade do aluno em lidar com o referido tema” Cervo & Bervian, (2002, p.127).</p><p>Diante de toda profusão de conhecimentos, vivências e experiências com que nos deparamos actualmente, em razão dos avanços tecnológicos, das comunicações em tempo real e da evolução dos usos e costumes, parece-nos impensável que parte da população do planeta não tenha acesso ao documento mais básico, que regista o seu nome e sua existência perante o Estado, e que é sinónimo de cidadania e dignidade humana.</p><p>A partir do momento que o indivíduo tem seus direitos básicos negados, a sua dignidade está sendo violada. O fato de não conseguir ter acesso à saúde, à educação e a trabalho dentro da legalidade, a pessoa se torna vulnerável a todos os tipos de abusos, que jamais deveria passar, pois o Estado não está a protegendo e nem impedindo essa violação. Assim, é extremamente importante compreender que o registo civil de nascimento torna-se um meio para que a dignidade da pessoa humana seja garantida.</p><p>O Serviço de Registos e Notariados, para além de servir como uma fonte de arrecadação de receitas para o Estado e consequentemente faz parte da administração pública e constitui um banco de dados para todo o cidadão do local onde estiver inserido a instituição de forma física.</p><p>O Registo Civil é o sistema com o qual o governo registará os eventos vitais de seus cidadãos.</p><p>O objectivo principal do registo civil é a criação de documentos legais que são usados para estabelecer e proteger os direitos civis dos indivíduos. Um objectivo secundário é criar dados para a compilação de estatísticas vitais. O sistema que usa os registos para derivar estatísticas sobre eventos vitais e as características relevantes dos eventos é conhecido como o Sistema de Estatísticas Vitais. (Cavalcati, 2013, p.41)</p><p>É a partir do registo de nascimento que o Estado reconhece a existência da pessoa, permitindo assim planificar o desenvolvimento do país, sendo que o cidadão passa a gozar dos direitos fundamentais como o direito ao nome, a filiação, a cidadania e consequentemente a nacionalidade entre outros.</p><p>O tema em estudo surge da preocupação do proponente como funcionário do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, concretamente na Conservatória do Registo Civil de Mocubela desde o ano de 2012 buscado analisar a eficácia do registo de nascimento gratuito naquele ponto.</p><p>É um tema relevante na área científica, porque procura responder às consequências associadas estritamente a falta de registo de nascimento de crianças que é gratuito até aos 04 (quatro) meses naquela instituição e propor medidas para que as mesmas sejam ultrapassadas.</p><p>O índice de pessoas que nunca foram registadas civilmente preocupa o Estado, e, no intuito de tentar diminuir esse índice, desde o início dos anos 2004, o Governo tem investido em acções e políticas públicas para desburocratizar o procedimento do registo civil de nascimento, incluindo o registo tardio, para que mais pessoas possam ter acesso às suas documentações e poderem exercer seus direitos livremente.</p><p>De acordo com a (RCRC, Lei 12/2018, de 4 de Dezembro), concebeu-se o e-SIRVEC com o intuito explícito de evitar o não registo que é uma violação do direito humano inalienável da criança à identidade que sem ela não pode aceder aos serviços sociais básicos, vulnerabilidade, abusos, casamentos prematuros, trabalho infantil, exploração sexual, detenção e condenação como se fossem adultos, bem como herdar propriedade de um parente falecido.</p><p>Nos dias actuais, parece rotineiro o acto de ir registar seu filho; todavia, é importante ressaltar que nem sempre foi tão usual. A inserção do registo civil laico na vida dos moçambicanos foi introduzida aos poucos, através do perpassar dos anos, não sendo, em todo tempo, um direito resguardado a todos, assim como é na contemporaneidade.</p><p>O que motivou a elaboração da presente pesquisa, são desafios e a imprevisibilidade da época, num momento social em que não existem regras definidas de actuação, cabe ao legislador e o pessoal da justiça fazer um exame crítico, procurando orientar seus procedimentos de acordo com seus interesses e anseios de aperfeiçoamento e melhoria de desempenho tornando o tema em epígrafe de suma importância.</p><p>Também se pretende aclarar que passados os 04 (quatro) meses de isenção de emolumentos nos postos de registo civil hospitalar não é permitido registar fora do prazo, noutros postos se aceita até aos 13 anos daí em diante deve ser feito numa conservatória onde se instrui um processo de modo a apurar as razões (art.123 e 124 do CRC da Lei 12/2004, de 8 de Dezembro).</p><p>A existência de grande número de nascidos vivos não registados deforma enormemente as estatísticas vitais nas quais esses trabalhos se baseiam, conduzindo todo um esforço de previsão a resultados de confiança duvidosa.</p><p>Com os resultados desta pesquisa pretende-se apoiar aos funcionários do serviço de registo e notariado que desejem melhorar suas competências profissionais e metodologias de trabalho relacionadas com o tema em análise e apoiar as comunidades urbanas e suburbanas, numa altura em que o advento tecnológico desafia a todos ramos de actividade, pelo que estes precisam manter-se atento às novas exigências.</p><p>1.6. Delimitação do tema em estudo</p><p>De acordo com Cervo & Bervian, (2002, p.81) ‘‘delimitação do tema é estabelecimento de limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto: seleccionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão: porque nem se pode abranger todo âmbito onde o facto se desenrola’’.</p><p>Espacial: O estudo foi realizado na Província de Zambézia, concretamente no distrito de Mulumbo, na Conservatória do Registo e Notariado de Mulumbo, particularmente no Atendimento aos Registos de Nascimentos, Certidões e Cédulas no mesmo distrito e com membros da liderança local e a população local.</p><p>Temporal: Em termos do período, a nossa pesquisa ter-se-á com base a análise dos anos de 2020 à 2022.</p><p>Âmbito Disciplinar: O tema se enquadra nas cadeiras do Direito da Família. Com objectivo de contribuir com uma proposta teórica e metodológica para a eficácia do registo de nascimento dentro do prazo estabelecido por lei no Distrito de Mulumbo que vai propor algumas soluções e alternativas face a questão.</p><p>O presente trabalho de pesquisa pretende analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais no distrito de Mulumbo, localizado na província da Zambézia durante o período de 2020 à 2022. Terá como métodos de pesquisa a entrevista estruturada e a consulta bibliográfica.</p><p>1.7. Limitações do trabalho</p><p>Todo e qualquer estudo por mais planificado que seja ocorrem riscos de falhas na sua efectivação segundo perspectivado, por causa de alguns problemas que possam ocorrer no processo de sua realização. Nos estudos do tipo Estudo de Caso possibilitam a interpretação de fenómenos no contexto natural e realiza-se de forma profunda. Com efeito, o presente estudo encontrou certas limitações devido a factores de ordem profissional, social e económica dos entrevistados em não queriam colaborar na obtenção de dados da pesquisa. Porém medidas foram tomadas no sentido de que tudo corra dentro do previsto.</p><p>2. Capítulo II. Fundamentação Teórica</p><p>A Fundamentação Teórica compõe-se da evolução do tema e ideias de diferentes autores sobre o assunto, ou seja, se refere ao quadro actual de uma área, suas tendências, potencialidades e excelência no assunto (Ferreira, 1999, p.827).</p><p>2.1 Base Legal do Registo Civil e Sistema de Estatísticas Vitais</p><p>O registo do nascimento é o primeiro passo para o pleno exercício da cidadania. E a acção do profissional de educação, orientando e estimulando os pais e responsáveis</p><p>nessa direcção, é essencial para assegurar que um número cada vez maior de crianças e adolescentes possam exercer essa cidadania plena, tendo direito humano ao nome, sobrenome, filiação e nacionalidade.</p><p>De acordo com o artigo 1, do CRC, Lei 12/2004, de 8 de Dezembro, o registo civil é obrigatório e tem por objecto os seguintes factos:</p><p>a) o nascimento;</p><p>b) a filiação;</p><p>c) a adopção;</p><p>d) o casamento;</p><p>O conjunto de leis do Registo Civil e do Sistema de Estatísticas Vitais foi uma componente observada pela avaliação para se aferir do ambiente legal que envolve o registo dos eventos vitais e a produção de estatísticas vitais.</p><p>Existe um conjunto de instrumentos legais, tais como, a Constituição da República de Moçambique, o Código Civil; Decreto-lei 47344 de 25 de Novembro de 1966, a Lei da Família Lei 10/2004, de 25 de Agosto, o Código do Registo Civil, de 8 de Dezembro, que regulamentam o registo dos eventos vitais, que tem o carácter obrigatório, e é incentivado pela utilidade que tem para a garantia dos direitos individuais e acesso aos serviços públicos e privados.</p><p>São exemplos a exigência do registo de nascimento para matrículas escolares ou para adquirir o Bilhete de Identidade, do registo de óbito para a regularização de benefícios diversos a parentes após a morte de um familiar, etc. Um outro factor que aparece como incentivo para os registos é a existência de penas aos que não fazem o registo atempadamente.</p><p>Com efeito, o Código do Registo civil no Artigo 374 estabelece que, as pessoas que, sendo obrigadas a declarar o nascimento ou óbito de qualquer indivíduo, o não façam dentro dos prazos legais incorrem em multa.</p><p>Entretanto, a fraca representação das instituições a nível local, a baixa percepção dos cidadãos sobre a relevância do registo, o custo dos serviços e os hábitos culturais, são factores que não estimulam a procura pelo registo, com mais gravidade nas áreas rurais. No caso particular do registo de óbito e causa de morte, a realização de funerais em cemitérios familiares, porque realiza-se sem o preceituado na lei, concorre para uma fraca cobertura de informações sobre a morte.</p><p>O Artigo 233 do Código do Registo Civil refere que o falecimento de qualquer indivíduo deve ser declarado verbalmente, dentro de quarenta e oito horas, no posto ou na conservatória do registo civil em cuja área tiver ocorrido o óbito ou se encontrar o cadáver. Um atraso de máximo 90 dias pode ser tolerado, desde que o funcionário do registo civil julgue justificado o facto da impossibilidade da observância daquele prazo.</p><p>A lei estabelece uma obrigatoriedade do envio de dados estatísticos referentes a nascimentos, casamentos, óbitos e fetos nascidos mortos pelas entidades do Registo Civil ao Instituto Nacional de Estatística (INE), órgão executivo do SEN (Sistema Estatístico Nacional). (Moasis, 2012, p.32)</p><p>2.1.1 A dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais</p><p>Foi só na Carta Magna de 1988 que a dignidade da pessoa humana foi concebida como protagonista de uma Constituição brasileira, localizando-se no rol dos princípios fundamentais e estruturantes, logo após o Preâmbulo e considerado um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.</p><p>A escravidão, a tortura e, derradeiramente, as terríveis experiências feitas pelos nazistas com seres humanos, fizeram despertar a consciência sobre a necessidade de protecção da pessoa, com o intuito de evitar sua redução à condição de mero objecto. Tempos depois, com a queda do comunismo, a partir do início da década de 1990, diversos países do leste europeu também passaram a consagrar a dignidade da pessoa humana em seu texto constitucional (Novelino, 2013, p. 362).</p><p>Sobre o seu conceito jurídico, grande parte da doutrina possui bastante dificuldade em definir a dignidade da pessoa humana, posto ser bastante abstracto, mas, baseados no pensamento de Immanuel Kant, pode-se empenhar neste feito.</p><p>O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como um fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas acções, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como um fim (Kant, 2007, p. 68).</p><p>O conceito de dignidade humana acaba chegando muito perto do respeito à essência do ser humano.</p><p>Conforme o pensamento de Novelino (2013, p.362), a dignidade “não é um direito em si, mas uma qualidade intrínseca a todo ser humano, independentemente de sua origem, sexo, idade, condição social ou qualquer outro requisito”.</p><p>Para Moraes, (2005, p. 16), a dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.</p><p>O facto de o conceito ser abstracto e difícil de ser conceituado, diante do exposto anteriormente, entende-se que a dignidade nasce com o homem e faz parte dele, é inata a sua natureza, isto é, ela não pode ser comercializada, alienada, nem criada, concedida ou retirada, em outras palavras, é algo que ele não pode abrir mão e que o Estado tem o dever de garantir. Sua positivação é importante para que possa ser aplicada como fonte de solução de conflitos jurídicos.</p><p>O Estado deve respeitar e proteger os indivíduos, bem como promover todos os meios que forem necessários para que os seres humanos possam ter uma vida digna e não ter sua dignidade suprimida.</p><p>A conexão conceitual entre a dignidade humana e os direitos humanos tem evidentes traços em comum desde o início do desenvolvimento. O filósofo alemão conclui, então, no sentido de que a “dignidade humana significa um conceito normativo de fundo a partir do qual os direitos humanos podem ser deduzidos ao especificar as condições em que a dignidade é violada. (Habermas, 2007, p. 466, apud Novelino, 2013, p. 266).</p><p>Assim, Habermas conclui que existe uma ligação conceitual entre a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, pois tais direitos têm como sua base comum a dignidade, existindo, assim, a possibilidade de que a violação de um direito fundamental mitigue a dignidade em diferentes graus.</p><p>Para Gonçalves (2016, p. 95), a personalidade civil pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, considerando-se, dessa forma, como pressuposto para a inserção e actuação da pessoa na ordem jurídica.</p><p>Pelo conceito de dignidade previamente trabalhado, sabe-se que ela é uma das bases de todos os direitos fundamentais e, por consequência, ao violar um direito fundamental, infringe-se a dignidade da pessoa humana.</p><p>Então, quando uma pessoa não é registada e, por consequência, não tem documentos, esta não consegue ter acesso à saúde, à educação, à assistência social, ao trabalho e tantos outros direitos fundamentais, a sua dignidade está sendo violada. Assim, fica clara a percepção de que não ter um registo civil é, além de uma violação ao exercício da cidadania, afronta a dignidade da pessoa humana, que é fundamento do Estado Democrático de Direito.</p><p>2.2 Conceito de Registo</p><p>Nos termos do artigo primeiro do Código do Revisto Civil aprovado pela Lei número 12/2004 de 8 de Dezembro, o registo civil é obrigatório e tem por objecto os seguintes factos: o nascimento, a filiação a adopção, casamento, o óbito, divórcio e outros.</p><p>O registo de nascimento confere identidade e facilita o acesso a serviços essenciais como saúde, educação e benefícios sociais. O registo dos óbitos garante o direito à herança, possibilita aprimorar o padrão dos registos eleitorais, permite à sociedade conhecer o próprio perfil epidemiológico e oferece a possibilidade aos sistemas de saúde de adaptar</p><p>as políticas públicas (Organização Pan Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde, 2017, p.1).</p><p>A percepção do termo registo encerra uma diversidade de orientação. Para Almeida (1966) apud Paes (2004, p. 101) o registo é o assento efectuado por um oficial público e consta de livros públicos, de livre conhecimento, directo ou indirecto, por todos interessados, no qual se atestam factos jurídicos conforme a lei e referentes a uma pessoa ou coisa.</p><p>Entretanto, Dias (2004) apud Paes (2004, p.102) não conceptualiza o termo mas refere que a função do registo é perpetuar a documentação para prova de actos jurídicos em qualquer tempo, sua publicidade e conhecimento de terceiros. Portanto, o termo registo, de cariz jurídico, designa o assentamento dos factos da vida de um indivíduo, tais como o seu nascimento, casamento, divórcio ou morte (óbito). Também são passíveis de registo civil as interdições, as tutelas, as adopções, os pactos pré-nupciais, o exercício do poder familiar (chamado de pátrio poder no antigo código civil de 1916 do Brasil; em Portugal: poder paternal), a opção de nacionalidade, entre outros factos que afectam directamente a relação jurídica entre diferentes cidadãos.</p><p>O registo de nascimento é um acto jurídico efectuado de modo a garantir o acesso a direitos fundamentais assegurados pelo Estado e estabelecidos na Constituição da República.(Moasis, 2012, p.41)</p><p>O registo de nascimento, como é popularmente conhecido, é o acto de lavrar em um livro que comprova que pessoa nasceu, constando todas as informações referentes a ela e ao seu nascimento, sendo tal acto realizado por um agente estatal dotado de fé pública, com o poder de registar que aquela pessoa de facto existe.</p><p>2.3 Infra-estrutura e recursos</p><p>Para a realização plena de qualquer que seja a actividade é desejável que os recursos financeiros, materiais e humanos assim como a infra-estrutura física sejam adequados. Factores como disponibilidade orçamental tanto para o registo como para a produção de estatísticas vitais devidamente descentralizada, pessoal de registo à altura em termos quantitativos e qualitativos, a distância que o cidadão tem de percorrer até ao local de registo e a existência de manuais com instruções precisas que garantam uniformidade dos registos são fundamentais para o funcionamento pleno e adequado do sistema de registo de eventos vitais e consequente produção de estatísticas vitais. (Cavalcati, 2013, p.37)</p><p>2.4. Centros de registo administrativo</p><p>Os órgãos normais do Registo Civil são concebidos de acordo o art. 9 do CRC, Lei 12/2004, de 8 de Dezembro, nos seus pontos: 1, 2 e 3. A actividade de registo civil é descentralizada. O país está dividido em províncias, distritos, postos administrativos e localidades. Existe um ou mais Centros de Registo ou Conservatórias em cada distrito. Em cada Conservatória numa província ou distrito podem existir 4 a 5 Postos de Registo Civil (Postos). A unidade administrativa mais pequena onde são efectuados registos de eventos vitais é o Posto Administrativo. Existe um total de 509 Postos Administrativos no país, dos quais 164 estão classificados como urbanos e 345 estão em zonas rurais. Os postos de registo civil também operam em algumas unidades sanitárias de maior procura. (Moasis, 2012, p. 24)</p><p>2.5 Nascimentos não registados</p><p>Foram tomadas várias medidas para reduzir o número de nascimentos não registados em Moçambique desde 2006 como: No final da guerra, foram reestabelecidas brigadas móveis em zonas rurais e urbanas para registar crianças e adultos;</p><p>Acções conjuntas, como a inclusão do registo de crianças durante campanhas de vacinação nacionais (Semanas de Saúde Nacional). (Nhagumbe, 2014, p.26)</p><p>Evento Vital</p><p>Taxa</p><p>Valor</p><p>Obs.</p><p>Sim</p><p>Não</p><p>Nascimento</p><p>Paga-se 50Mt se for fora do prazo</p><p>Casamento</p><p>50.00Mt</p><p>Divórcio</p><p>50.00Mt</p><p>Óbito</p><p>Paga 50Mt se ter deixado algo</p><p>Tabela 1. Custos de registo e certificação de eventos vitais</p><p>Evento Vital</p><p>Taxa</p><p>Valor</p><p>Obs.</p><p>Sim</p><p>Não</p><p>Nascimento</p><p>50.00Mt</p><p>Certidão Descritiva Completa</p><p>Casamento</p><p>50.00Mt</p><p>Certidão Descritiva Completa</p><p>Divórcio</p><p>50.00Mt</p><p>Certidão Descritiva Completa</p><p>Óbito</p><p>50.00Mt</p><p>Certidão Descritiva Completa</p><p>Tabela 2. Custos por Certidões Completas</p><p>2.6 Sistemas de estatísticas vitais</p><p>O Instituto Nacional de Estatística1 é responsável pela recolha, compilação e disseminação de estatísticas vitais de diferentes fontes, incluindo o registo civil. O novo Código Civil estipula que a informação recolhida sobre nascimentos e óbitos, incluindo as causas de morte, seja partilhada com o Instituto Nacional de Estatística. O Instituto tem uma Direcção de Estatísticas Demográficas, Vitais e Sociais, cuja responsabilidade é recolher, compilar e disseminar estatísticas vitais, incluindo as causas de morte, do registo civil, de censos e de inquéritos por amostragem. Contudo, a Direcção não começou a compilar estatísticas vitais baseadas no RC de um modo empenhado. (Nhancale, 2015, p.22)</p><p>O sistema electrónico de Registo Civil e Estatísticas Vitais (SIRCEV) – https://civil.registos.gov.mz introduzido pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos veio a melhorar a prestação de serviços ao público. As Conservatórias e Postos de Registo Civil com recurso aos meios informáticos como computadores e telemóveis procedem ao registo dos eventos vitais, incidindo numa primeira fase sobre os nascimentos e óbitos, que são processadas electronicamente, usando a plataforma SIRCEV. Em termos de cobertura o sistema foi introduzido, em 121 das 164 conservatórias e em 120 dos 307 postos de registo existentes no país. (Moasis, 2012, p.47)</p><p>A Lei 12/2018, de 4 de Dezembro facilitou a remoção de limites geográficos na medida em que os serviços de registo podem ser acedidos a partir de qualquer parte do país, independentemente de onde o nascimento ou óbito tenha ocorrido com a concepção do e-SIRCEV nos seus art. 1, 2 e 3 que se tornou uma grande valia na melhoria dos serviços desta instituição.</p><p>2.7 Factores que contribuem na falta ou atraso do registo de nascimento</p><p>2.7.1 Acessibilidade dos centros de registo civil</p><p>Na maior parte do país, o agregado familiar mais próximo numa aldeia está a uma distância média de um quilómetro do Postos de Registo Civil, enquanto o agregado familiar mais afastado estaria a cerca de cinco quilómetros de distância. Em termos de percurso a pé, traduzir-se-ia em 1 a 4 horas para que uma pessoa chegue a um Posto de Registo Civil, dependendo da distância onde esta reside dentro dos limites de uma aldeia.</p><p>Estima-se que quem procura os serviços necessitaria de menos de uma hora para chegar a qualquer dos postos de registo num automóvel ou motociclo. Contudo, em algumas zonas do país, o agregado familiar mais distante poderia chegar a estar a 50 quilómetros, sendo o acesso aos postos de registo um grande desafio nessas regiões. (Nhamgumbe, 2014, p.44)</p><p>2.7.2 Falta de Conhecimento da importância do registo</p><p>De acordo com Cavalcati, (2013, p.29), outro factor é mesmo a fraca disseminação em campanhas educativas ou palestras de sensibilização das comunidades urbanas e sub urbanas sobre a relevância do registo de nascimento de seus filhos para o futuro destes e afins, que se encontra relacionada com a exiguidade orçamental que se deparam os serviços de registo e notariado para a efectivação de tais projectos e campanhas.</p><p>2.7.3 Fraca rede hospitalar</p><p>Este, influencia na inoperância dos postos de registo civil instalados nos hospitais, pois, ainda prevalece uma acentuada parte da população urbana e suburbana que não adere aos serviços de partos hospitalares contribuindo assim ao elevado número de crianças não registadas.</p><p>2.7.4 Baixo nível de escolaridade dos pais</p><p>Aqui se chama a atenção ao envolvimento dos líderes das comunidades na disseminação em campanhas de sensibilização sobre a importância do registo das crianças, não só como também a isenção de pagamento de emolumentos nos primeiros 120 dias após o nascimento para evitar</p><p>que a criança atinja uma idade em que os procedimentos para a aquisição deste documento é mais rigoroso.</p><p>Ainda Cavalcati, (2013, p.22), chama atenção aos pais e ou encarregados de educação para a tomada de consciência e salvaguardem o futuro de seus filhos.</p><p>2.9 Consequências da falta ou atraso de registo de nascimento</p><p>A lei de registos públicos traz os dispositivos que regem o registo civil de nascimento em tempo hábil, bem como a possibilidade de registo tardio, restauração e rectificações, desde que atendidos os requisitos legais, de forma extrajudicial, directamente nos Ofícios de Registro Civil.</p><p>O não registo é uma violação do direito humano inalienável da criança à identidade que sem ela não pode aceder aos serviços sociais básicos, vulnerabilidade, abusos, casamentos prematuros, trabalho infantil, exploração sexual, detenção e condenação como se fossem adultos, bem como herdar propriedades ou bens de um parente falecido.</p><p>Já o registo tardio, fora dos postos hospitalares se aceita até aos 13 anos com o pagamento da multa, daí em diante deve ser feito numa conservatória onde se instrui um processo de modo a apurar as razões (art.123 e 124 do CRC da Lei 12/2004, de 8 de Dezembro).</p><p>A falta do registo de nascimento afecta negativamente as crianças que frequentam os níveis da 5ª e 7ª classe no período dos Exames Finais também estes podem não usufruir de oportunidades de emprego que possam surgir bem como são interditos o acesso ao gozo dos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos e outros conexos.</p><p>São inúmeras as causas que contribuem para que uma pessoa não possua registo civil e, quase sempre, essas causas decorrem da desigualdade socioeconómica da população. Os dados dos não registados acabam mostrando que pessoas que moram em lugares mais afastados, tanto geograficamente como socialmente, ou que não possuem uma boa base escolar, tendem a ter menos acesso a saúde e a justiça, causando uma grande exclusão social.</p><p>Muitas vezes um genitor deixa de registar a criança por conta da longa distância entre sua casa e uma Conservatória, da falta de dinheiro para o deslocamento, bem como da falta de nível de conhecimento básico sobre a extrema importância do documento para a vida da criança.</p><p>Acontece também, várias vezes, a ausência de Conservatória em muitas localidades por todo o País, por negligência dos pais, pela falta de fiscalização por parte do governo ou pelo facto de que a família já vem há gerações sem possuir o registo civil.</p><p>Calixto e Parente (2017, p. 200), “a ausência de um registo de nascimento pode expor crianças em situação de vulnerabilidade ao trabalho infantil, exploração sexual, ao aliciamento para o crime e ao tráfico de drogas”.</p><p>Dessa forma, reafirma-se a essencialidade do registo de nascimento e os demais documentos básicos de identificação para que os indivíduos possam viver em sociedade e ter todos os seus direitos resguardados. É necessário que o Estado, cada vez mais, simplifique seus processos, melhore suas iniciativas e suas acções com o intuito de fazer a documentação básica chegar até os mais vulneráveis, pois, mesmo com o índice dos não registados e os registados fora do prazo são preocupantes.</p><p>O registo de nascimento é um acto que promove a integração do indivíduo à sociedade e garante o exercício de sua cidadania, além de permitir que, que com o acesso a seus direitos, o indivíduo que se encontra em uma situação financeira vulnerável, também tenha chance de evoluir financeiramente.</p><p>Os registos tardios são os registos de nascimento realizados fora do prazo legal, ou seja, aqueles que são emitidos após o prazo previsto pela Lei de Registos. É importante salientar que o registo tardio só pode ser lavrado se o indivíduo não possuir nenhum registo anterior a ele, fazendo-se necessário que seja o primeiro da vida do indivíduo.</p><p>A desburocratização do registo tardio também é um acto essencial para a luta pela erradicação da falta do registo, além de ser condicional para que os indivíduos sem identificação, consigam ser inseridos na sociedade e possam usufruir seus direitos e ter acesso às políticas públicas e os benefícios sociais garantidos pelo Estado.</p><p>Percebe-se que, mesmo diante de toda desigualdade social e a vulnerabilidade de alguns grupos, o registo civil de nascimento é fundamental como um meio para a inclusão social dessas pessoas, pois ele faz com que o indivíduo possa ser integralizado à sociedade como um autêntico sujeito de direitos e, dessa forma, ter acesso a todas as garantias que o Estado proporciona, como a saúde, a educação, um trabalho legal, a previdência social e até as políticas públicas e benefícios sociais.</p><p>A ampliação e aperfeiçoamento do sistema de registo civil existente, e a elaboração de políticas de mobilização social e expansão do acesso à informação, são formas de contribuição do Estado para a inclusão social dos indivíduos que outrora viviam à margem da sociedade e, fazendo com que ele assuma sua posição de garantidor de direitos para todos de forma justa.</p><p>Em suma, o não registo de nascimento e fora do prazo só trazem consequências para o futuro do cidadão e dificulta o processo de planeamento feito pelo Estado.</p><p>3. Capítulo III. Metodologia</p><p>Para Fonseca (2002, p.45), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica. Considerando a pergunta de pesquisa “Quais são os impactos jurídicos, socioeconómicos e culturais do Registo de Nascimento fora do prazo por parte dos Pais na vida das crianças?”, este capítulo apresenta a natureza da pesquisa a ser realizada, assim como os procedimentos a serem utilizados para a colecta dos dados.</p><p>3.0. Desenho da Pesquisa</p><p>3.1 Tipos de pesquisa</p><p>Segundo os autores Silva & Menezes, (2001, p.22),“classificam a pesquisa quanto a natureza, quanto a abordagem, quanto aos objectivos e quanto aos procedimentos”.</p><p>3.1.1 Quanto a forma de abordagem</p><p>Quanto a abordagem metódica a pesquisa caracteriza-se pelo emprego do método qualitativo, que é um método de investigação científica que se foca no carácter subjectivo do objecto analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais. Numa pesquisa qualitativa as respostas não são objectivas, e o propósito não é contabilizar quantidades como resultado, mas sim conseguir compreender o comportamento de determinado grupo-alvo. Normalmente, as pesquisas qualitativas são feitas com um número pequeno de entrevistados. A escolha da pesquisa qualitativa como metodologia de investigação é feita quando o objectivo do estudo é entender o porquê de certas coisas. Esta pesquisa se ressalta a facilidade em compreender, em profundidade o impacto jurídico e socioecónomico do registo tardio por parte dos pais para com as crianças, que segundo Goldenberg (1999, p, 15) “A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.</p><p>3.1.2 Quanto aos objectivos</p><p>A pesquisa é do tipo Exploratória, pois, pretende fazer um estudo cujo objectivo é analisar as implicações do Registo de Nascimento das crianças fora do prazo por parte dos pais no distrito de Mulumbo entre os anos de 2020 à 2022, tomei como base a abordagem descrita por (Gil, 2017, p. 63), as pesquisas exploratórias tendem a ser mais flexíveis em seu planeamento, pois pretendem compreender os mais variados aspectos relativos ao fenómeno estudado pelo pesquisador. A escolha deste tipo de pesquisa sustenta-se nas afirmações do autor supra, citado segundo o qual, visa descobrir a relação existente entre os principais intervenientes no processo do registo de nascimento que a sua não efectivação traz consequências devastadoras na vida futura das crianças em particular e na sociedade no seu</p><p>geral.</p><p>3.1.3 Quanto os procedimentos técnicos</p><p>Quanto aos procedimentos técnicos, é um estudo de Caso. O método facilita a compreensão de fenómenos sociais complexos, permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas do conhecimento da vida real aplicando-se a variadas áreas de conhecimentos, ao propor metodologias de trabalho inovadoras e actuais que diminuam os casos de registo de crianças fora do prazo por parte de seus progenitores e ou encarregados. Para Yin (2010, p.102), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo dos fatos objectos de investigação, permitindo um amplo e pormenorizado conhecimento da realidade e dos fenómenos pesquisados. Os entrevistados estão mais livres para apontar os seus pontos de vista sobre determinados assuntos que estejam relacionados com o objecto de estudo.</p><p>3.1.4 Quanto a natureza</p><p>Esta pesquisa será aplicada pois busca às soluções práticas de um problema específico. Segundo Paulo (2016, p.11), Sob enfoque da natureza, a pesquisa pode ser básica e aplicada. A aplicada busca apresentar soluções para determinadas questões organizacionais. Emergindo diante do caso em estudo que pretende analisar as implicações jurídicas e socioecónomicos do registo fora do prazo de crianças por parte dos pais.</p><p>3.2. Métodos de Pesquisa</p><p>Segundo Lakatos & Marconi (2001, p. 106), os métodos podem ser subdivididos em métodos de abordagem e métodos de procedimentos. Método de Abordagem é a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa.</p><p>3.2.1. Método de Abordagem</p><p>A pesquisa foi indutiva, que segundo Lakatos & Marconi (2007, p.78), é um método responsável pela generalização, isto é, parte-se de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.</p><p>As constatações particulares levam a elaboração de generalizações. Partindo da análise dos resultados que serão obtidos ao longo do presente estudo de caso, permitirá trazer soluções generalizadas partindo do princípio de que a problemática dos impactos jurídicos, socioeconómicos e culturais do Registo de Nascimento fora do prazo por parte dos Pais na vida das crianças, mas sim generalizado o que leva ao elevado índice de crianças fora do sistema.</p><p>3.2.2. Método de Procedimento</p><p>Segundo Gil, (1999, p.54), nos estudos de caso a analise e interpretação é um processo que se dá simultaneamente com a colecta de dados, ou seja, no momento que se aplicam os métodos, já é possível obter uma percepção dos resultados atingidos, sendo apenas necessário documentar os mesmos.</p><p>Todo e qualquer estudo devem ser sustentados com alguma base científica, a pesquisa bibliográfica que será feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos e páginas de Websites que abordam sobre a temática do Registo de Nascimento Fora do Prazo. Seguir-se-á elaboração dos guiões de entrevista estruturada dirigida aos intervenientes para colher na fonte de modo a produzir uma visão exaustiva do estudo.</p><p>3.2.2.1. A colecta de dados</p><p>3.2.2.1.1. Tipo de Dados</p><p>Para Mattar (1996, p.48), o dado primário é aquele que é colectado pela primeira vez pelo pesquisador (fotografias, gravações de entrevistas, de programas radiofónicos ou provenientes de televisão, desenhos, pinturas, músicas, objectos de arte, arquivos públicos, particulares, anuários estatísticos) enquanto dados secundários são dados já colectados ou produzidos por outros (enciclopédias, dicionários, manuais, monografias, tabelas, revisão de literatura, anuários, base de dados, e mais). Quanto aos tipos de dados classificam-se em de fonte secundária.</p><p>3.2.2.1.2. Vantagens e Desvantagens de usar dados secundários</p><p>Os dados de fonte secundária se apresentam como sendo os mais recomendados tendo em conta o tipo de estudo, mas este tem certas desvantagens aliada a selecção do marco teórico devido a estudos já feitos que fazem com que em alguns momentos se pareçam que as conclusões são previamente concluídas, ou até mesmo nem sempre vão de acordo ao estudo.</p><p>Em relação as vantagens importa destacar a oportunidade que estabelece em o pesquisador ter a oportunidade de se deslocar e interagir com os diferentes actores do estudo, praticamente ele tem a possibilidade de estar em tempo real situação vivida.</p><p>3.2 Técnicas de colecta de dados</p><p>As técnicas de colecta de dados são um conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde à parte prática da colecta de dados (Lakatos & Marconi, 2001).</p><p>3.2.1 Consulta bibliográfica</p><p>A consulta bibliográfica, considerada uma fonte de colecta de dados secundária, pode ser definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado (Lakatos & Marconi, 2001; Cervo & Bervian, 2002). O trabalho a desenvolver seguirá os conceitos do estudo exploratório, por meio de consulta bibliográfica, desenvolvendo-se a partir de teses, dissertações, monografias, e artigos oficiais e legislações que abordam sobre o registo de nascimento fora do prazo.</p><p>3.2.2. Entrevista</p><p>Segundo Dencker (2000), as entrevistas podem ser estruturadas, constituídas de perguntas definidas; ou semiestruturadas, permitindo uma maior liberdade ao pesquisador. Foi escolhida a entrevista como técnica de colecta de dados na qual o pesquisador tem um contacto mais directo com a pessoa, no sentido de se inteirar de suas opiniões acerca do impacto jurídico e socioecónomico do registo de nascimento fora do prazo por parte dos progenitores. Esse método não escapa ao planejamento antes mencionado, uma vez que requer do pesquisador um cuidado especial na sua elaboração, desenvolvimento e aplicação, sem contar que os objectivos propostos devem ser efectivamente delineados, a fim de que se obtenha o resultado pretendido.</p><p>3.3. Amostragem</p><p>3.3.1. População/Universo</p><p>Segundo Lakatos & Marconi, (2010) a população é definida como o conjunto de pessoas que apresentam pelo menos uma característica em comum. Para a presente pesquisa que foi desenvolvida no distrito de Mocubela, na província da Zambézia, que de acordo com o (CENSO, 2017), possui um universo populacional de aproximadamente 348.325 habitantes, sendo que 177.890 são mulheres e 170.435 homens, 22 líderes locais, 26 funcionários da Conservatória e 12 juristas residentes.</p><p>3.3.2 Amostra</p><p>Conforme Neves (2011, p.37) amostragem por quotas “são constituídas a partir das intenções ou necessidades do investigador para estudar uma situação particular, baseiam-se em opiniões de uma ou mais pessoas que conhecem características específicas que se pretendem analisar da população em estudo”.</p><p>· Desta forma, serão seleccionados na seguinte ordem: 15 Pais e ou Encarregados de Educação naquele ponto; 06 Líderes da comunidade local sendo: (02 líderes comunitários; 02 líderes religiosos e 02 chefes de quarteirões) de realçar que destes (04) eram do sexo feminino, 05 Funcionários da Conservatória do Registo e Notariado e 04 juristas residentes.</p><p>3.4.2.1 Amostras não probabilística</p><p>A pesquisa foi desenvolvida com o envolvimento de um total de 30 intervenientes seleccionados aleatoriamente do universo populacional acima mencionado, pelo critério de amostragem não probabilística, conforme Oliveira (2001, p.2) “é aquela em que a selecção dos elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo”.</p><p>3.4. Procedimentos de análise dos dados</p><p>Segundo Gil, (1999, p.54) nos estudos de caso a analise e interpretação é um processo que se dá simultaneamente com a colecta de dados, ou seja, no momento que se aplicam os métodos, já é possível obter uma percepção dos resultados atingidos, sendo apenas necessário documentar os mesmos. Para análise de dados na presente pesquisa optar-se-á pela Análise Exploratória de Dados. Neste contexto, usará para análise de dados: Word, Excel e fontes bibliográficas (manuais) para organização e síntese dos dados bem como as legislações vigentes no</p><p>país.</p><p>Capítulo IV. Análise, Interpretação e Discussão dos Resultados</p><p>Esta etapa da monografia é reservada á apresentação, análise e discussão das respostas obtidas no campo através dos instrumentos de colecta de dados pré-estabelecidos para o estudo bem como aqui são testadas as hipóteses levantadas e apresentadas as conclusões e sugestões da pesquisa.</p><p>4.1.1. Análise e interpretação dos Resultados da entrevista com membros da Sociedade Civil</p><p>Para analisar a eficácia do registo de nascimento gratuito no distrito de Mulumbo na província da Zambézia foram entrevistados membros da sociedade civil que foram seleccionados e que representam a amostra. Responderam ao guião de entrevista 21 membros da sociedade civil (pais e encarregados de educação) residentes naquele distrito dos quais 11 eram do sexo feminino e que estavam presentes no dia da pesquisa.</p><p>Questão 1. Todos os seus filhos foram registados gratuitamente?</p><p>Gráfico 1. Registo de nascimentos nos primeiros 120 dias</p><p>Fonte: O Autor (2022)</p><p>A primeira questão dirigida a Sociedade Civil residente no distrito de Mocubela, tinha como objectivo perceber por parte destes partindo de princípios que são pais e encarregados de educação, se os seus filhos foram registados gratuitamente de onde se apurou que 07 registaram seus filhos nos primeiros 04 (quatro) meses e os restantes 08 aliados a vários factores fizeram o registo tardio em momentos que se encontravam pressionados com uma situação real que só poderia ser solucionada tendo documentos de identificação como o casa das Escolas por exemplo e outras instituições. O registo de nascimento é um acto jurídico efectuado de modo a garantir o acesso a direitos fundamentais assegurados pelo Estado e estabelecidos na Constituição da República (Moasis, 2012, p.41). Tendo por base o pensamento deste autor, o registo de nascimento é um direito fundamental do ser humano, pois é o reconhecimento legal da existência de uma pessoa e estabelece a identidade, a cidadania e os laços familiares. Em Moçambique é também a base para a aquisição de um bilhete de identidade nacional, que por sua vez é necessário para o estabelecimento de uma conta bancária e para aceder ao sistema de segurança social, entre outros. O registo de nascimento é um direito fundamental de toda a criança.</p><p>Questão 2. Achas que o registo de nascimento do seu filho tem alguma importância?</p><p>Gráfico 2. Importância do Registo de nascimento</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>Segundo (Cavalcati, 2013, p.22), toda a criança tem direito ao registo de nascimento. Igualmente, uma criança registada tem possibilidades maiores de estar ainda mais protegida e aceder aos serviços sociais disponíveis. Se chama atenção aos pais e ou encarregados de educação para a tomada de consciência e salvaguardem o futuro de seus filhos. A segunda questão dirigida aos membros da Sociedade Civil constituída por pais e encarregados de educação tinha o intuito de avaliar a importância do registo de nascimento para com os seus filhos Muitos são os casos de famílias não registadas. Em Moçambique, principalmente nas zonas rurais existem pessoas que não fazem ideia do que significa registo de nascimento - acabando assim, pais, mães e encarregados de educação não registados, por comprometer o registo dos seus filhos e das crianças sob sua custódia. Dos nossos entrevistados 04 revelaram ser de extrema importância o registo de nascimento dos seus filhos pois assim eles teriam oportunidades no futuro, 08 dos nossos entrevistados não encontraram alguma importância do registo de nascimento de sues filhos pois mesmo eles cresceram e viveram sem se terem registado e já os restantes 03 se encontravam divididos entre o SIM e o NÃO. O registo de nascimento é importante para proteger e apoiar as crianças a ir à escola; ser reconhecido pelo Estado e pela lei moçambicana; ter acesso aos programas de protecção social para as famílias pobres e outros serviços.</p><p>Questão 3. Na sua opinião o que contribui para que as crianças sejam registadas fora do prazo estabelecido gratuitamente?</p><p>Gráfico 3. Factores que levam ao registo tardio</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>De acordo (Moasis, 2012, p.54), grande parte das pessoas já ouviu falar sobre registo de nascimento, contudo, muitas ainda relacionam a importância do registo a aspectos ligados há suas necessidades imediatas, das quais, 76,7% menciona a aquisição de documento de identificação e 75,7% para a matrícula escolar. Contrariamente, aspectos como o reconhecimento nas estatísticas com 25,7%, a cidadania moçambicana com 23,3% e o direito da criança com 17,4%, são pouco mencionados. Os nossos entrevistados afirmaram que vários factores concorram para que os pais faltem ou façam o registo tardio de seus filhos mesmo que a lei estabelece que para os primeiros 120 seja de maneira gratuita. Assim, para 07 (oito) dos entrevistados apontaram o analfabetismo como um dos principais factores que contribui para que os pais ao reconheçam a importância do registo de seus filhos, é preciso educar a comunidade, explicar que é bom registar as crianças porque (o registo) abre portas para o futuro, 03 (três) dos entrevistados apontaram para as questões de meios e infra-estruturas e os últimos 05 (cinco) apontaram a questões como a falta de meios financeiros para sustentar as campanhas de registo em brigadas móveis, distâncias entre os postos de registo e as comunidades entre outros. Não basta registar o maior número de crianças possíveis, é preciso que as comunidades sejam educadas para adesão esclarecida dos registos de nascimentos (o porquê registar as crianças).</p><p>4.1.2. Análise e interpretação dos Resultados da entrevista com os Líderes Locais</p><p>Para se apurar os factores que contribuem para a falta ou registo tardio de crianças, foi aplicado um guião de entrevista estruturada contendo quatro (04) questões. Responderam a entrevista 06 líderes locais residentes no distrito de Mulumbo dos quais 02 (duas) eram mulheres.</p><p>Questão 1. Na sua comunidade existe algum posto de registo civil ou opera uma brigada móvel de registo de nascimento?</p><p>Gráfico 4. Funcionamento de um Posto ou Brigada de Registo Civil</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>De acordo com a (Lei nº 12/2018, de 4 de Dezembro), no seu art. 9 apresenta os órgão do Registo Civil de onde nos artigos 15 e 16 se descreve as funcionalidades e competências dos Postos de Registo Civil e os Postos Hospitalares de Registo Civil. Estes são os que mais próximos da comunidade se encontram e prestam serviços mas se deparam com vários desafios tendo em conta o número cada vez mais crescente da população e as distancias entre os postos e as comunidades. A primeira questão dirigida aos líderes locais tinha como intuito identificar se em suas comunidades existia um posto de registo civil ou se funcionava uma brigada de registo de civil, o que contribuía segundo estes para que ocorressem situações do não registo de nascimento das crianças. Assim dos nossos entrevistados 03 (três) afirmaram que nas suas comunidades não haviam Posto e nem funcionava uma Brigada de registo de nascimento e os outros 03 (três) afirmaram que as suas comunidades se encontravam próximo do Posto e que em algumas vezes recebiam brigadas de registo civil.</p><p>Questão 2. O que faz com os pais não registem atempadamente seus filhos na sua comunidade?</p><p>Gráfico 5. Motivos do não registo ou atraso do registo de nascimento</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>A segunda questão dirigida aos líderes locais versava sobre a necessidade de encontrar os factores que tornavam o registo de nascimento gratuito um problema ao invés de ser uma solução. De acordo com (Nhamgumbe, 2014, p.44), contudo, em algumas zonas do país, o agregado familiar mais distante poderia chegar a estar a 50 quilómetros, sendo o acesso aos postos de registo um grande desafio nessas regiões. Com base neste autor, 02 (dois) dos entrevistados assumiram que de facto a distância entre o Posto e a Comunidade contribuía para que ocorressem casos de não declaração dos nascimentos ocorridos naquele ponto.</p><p>Já outros 04 (quatro)</p><p>relacionaram a situação com a falta da documentação dos pais é uma das mais comuns dificuldades com as quais as pessoas se deparam para registar seus filhos, alguns brigadistas do registo civil não aceitam fazer o registo da criança quando a mãe não está acompanhada pelo pai da criança, a predominância de certos rituais como apresentar o bebé a família que vive longe ou só dar o nome depois da cerimónia que autoriza a mulher a sair do quarto, impedem o registo logo após o nascimento da criança.</p><p>Questão 3. O que tens feito ao nível da sua comunidade para mitigar a problemática da falta ou atraso no registo de nascimento das crianças?</p><p>Gráfico 6. Acções realizadas pelas comunidades</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>Segundo o (art.118 do CRC, Lei 12/2004, de 8 de Dezembro), o paradigma da falta de conhecimento das populações sobre a importância do registo, faz com que os pais não registem seus filhos no tempo de isenção de emolumentos ou seja gratuito dos 0 a 120 dias ou melhor até aos 04 (quatro) meses de vida. Na terceira questão, os nossos entrevistados deveriam apresentar as acções que por eles são empreendidas de modo a acabar com a falta de declaração atempada de nascimentos por parte dos pais. Tendo em conta os principais desafios actuais todos os líderes locais defendem e incentivam ao Estado junto com parceiros a capacitação desta classe de modo a transmitir bem e melhor as mensagens nas campanhas de sensibilização, mobilização das comunidades a aderência ao registo de nascimento e a divulgação da importância deste processo para o futuro das crianças. Os líderes locais assumem o seu papel de orientadores e educadores perante as suas comunidades e que apesar do deficit económico que atravessa o mundo no geral empenham-se incansavelmente para que nenhuma criança fique sem registo de nascimento e que seja impedida de gozara os direitos estabelecidos por lei.</p><p>4.1.3. Análise e interpretação dos Resultados da entrevista com os Funcionários</p><p>Para analisar a importância do registo de nascimento no distrito de Nicoadala foram entrevistados funcionários da Conservatória Distrital do Registo e Notariado de Mulumbo que foram seleccionados e que representavam a amostra. Responderam ao guião de entrevista 05 funcionários da Conservatória Distrital do Registo e Notariado dos quais 04 eram do sexo feminino que estavam presentes no dia da pesquisa.</p><p>Questão 1. O número de funcionários existentes nesta instituição tem cobertura de todo o distrito?</p><p>Gráfico 7. Efectivo de funcionários</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>Segundo (Cavalcati, 2013, p.37), factores como a indisponibilidade orçamental tanto para o registo como para a produção de estatísticas vitais devidamente descentralizada, pessoal de registo à altura em termos quantitativos e qualitativos, a distância que o cidadão tem de percorrer até ao local de registo e a existência de manuais com instruções precisas que garantam uniformidade dos registos são fundamentais para o funcionamento pleno e adequado do sistema de registo de eventos vitais e consequente produção de estatísticas vitais. A primeira questão dirigida aos funcionários da Conservatória do distrito de Mulumbo, não tinha como objectivo avaliar o quantitativo mas sim analisar se os recursos humanos existentes são capazes de suprir com a demanda populacional. Os nossos entrevistados afirmaram que tendo em conta o universo populacional e as distâncias existentes entre o Posto Administrativo e as localidades é abismal.</p><p>.</p><p>Os entrevistados foram unânimes ao afirmar que o efectivo em exercício e as instalações existentes não suportavam a demanda uma vez que a densidade populacional naquele ponto situa-se em 81 hab/km2.</p><p>Questão 2. Quais são os impactos da falta ou registo tardio das crianças?</p><p>Gráfico 8. Consequências do atraso ou falta de registo de nascimento</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>De acordo com o (art.123 e 124 do CRC da Lei 12/2004, de 8 de Dezembro), o registo tardio, fora dos postos hospitalares se aceita até aos 13 anos com o pagamento da multa, daí em diante deve ser feito numa conservatória onde se instrui um processo de modo a apurar as razões. A segunda questão tinha como objectivo identificar os impactos do atraso ou falta do registo de nascimento das crianças. Os funcionários entrevistados apontaram vários impactos negativos do atraso da declaração de nascimento ou mesmo a falta de registo de nascimento das crianças, importa destacar os principais a protecção do Estado, pela constituição e pela lei. Sendo que, uma criança registada tem possibilidades maiores de estar ainda mais protegida e aceder aos serviços sociais disponíveis. Já, uma que não é registada no nascimento corre o risco de ficar “invisível” e não ter acesso aos serviços sociais do governo. Daí que com a falta ou atraso do registo de nascimento, as raparigas tornam-se vulneráveis aos casamentos prematuros pois não se consegue aferir a idade dela, sem a identidade não pode usufruir de uma série de direitos básicos como o caso da educação, saúde, sistemas de protecção social, acesso à herança, entre outros que só se pode beneficiar-se se estiver registado.</p><p>Questão 3. Que medidas são tomadas de modo a reduzir os casos de registo tardio ou fora do prazo?</p><p>Gráfico 9. Medidas de redução</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>A terceira questão dirigida aos funcionários visava identificar as medidas que deveriam ser tomadas de modo a reduzir a situação de atraso ou falta de registo de nascimento das crianças pelos pais. O contexto actual em que se atravessa um deficit orçamental para suprir despesas das campanhas e brigadas tão poucas ou quase nem se fazem as brigadas móveis de modo a mitigar a problemática da falta do registo de nascimento ou atraso na declaração de nascimento por parte dos pais. Na maior parte do país, o agregado familiar mais próximo numa aldeia está a uma distância média de 4 km quilómetro do Postos de Registo Civil, enquanto o agregado familiar mais afastado estaria a cerca de 15 km quilómetros de distância.</p><p>Dos nossos entrevistados 03 (três) salientaram que para a mitigação se devesse investir mais em campanhas de registo em massa, 01 (um) respondeu que o investimento material e técnico seria a alternativa e os restantes 02 (dois) apontaram a divulgação da lei e dos benefícios do registo de nascimento para as crianças que se tornarão adultos do amanhã.</p><p>4.1.4. Análise e interpretação dos Resultados da entrevista com os Juristas</p><p>Para analisar impacto jurídico da falta ou atraso do registo de nascimento de crianças por parte dos pais e ou encarregados no distrito de Mulumbo foram entrevistados 04 (quatro) juristas residentes naquele ponto da província da Zambézia dos quais 02 (duas) era do sexo feminino que foram seleccionados, representavam a amostra estiveram presentes no dia da pesquisa.</p><p>Questão 1. A falta de registo de nascimento ou o registo tardio tem algum impacto jurídico e económico na vida da criança?</p><p>Gráfico 10. Impacto jurídico e económico na vida da criança</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>O Artigo 119 do Código do Registo de Nascimento da lei 12/2018, de 4 de Dezembro, lista as pessoas que podem fazer o registo da criança, podendo ser os pais ou não, dependendo da situação em que a criança se encontra. Para os juristas a contribuição do Estado para que toda a criança sem excepção seja registada tem um período determinado por lei e é obrigação de todos cumprir para não incorrer a pagamentos de multas e perder oportunidades no futuro. E estes foram unânimes ao afirmarem que SIM a falta de registo de nascimento das crianças por parte dos adultos responsáveis por estas além de violar um direito fundamental isenta a criança de usufruir quaisquer direitos disponibilizados pelo Estado. Por isso registar uma criança é obrigatório para que esta possa usufruir de tudo o que o Estado cria para a sua vida.</p><p>Questão 2. Na sua opinião o que é que o Estado deveria fazer para diminuir os casos de falta ou atraso do registo de nascimento?</p><p>Gráfico 11. Acções para diminuir a falta do registo de nascimento</p><p>Fonte: O Autor (2020)</p><p>Para (Nhacale, 2015,</p>

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