Prévia do material em texto
<p>Colégio Caraguatá</p><p>“A Divina comédia”</p><p>Lucas Lippi</p><p>História e Filosofia:</p><p>Dante Alighieri:</p><p>INFERNO</p><p>Lucas Lippi de Lima 1° EM</p><p>“Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral.”</p><p>Introdução:</p><p>A Divina Comédia é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso</p><p>Como tema do meu trabalho, eu escolhi a primeira parte do poema: Inferno.</p><p>Personagens:</p><p>Dante, o protagonista que personifica o homem;</p><p>Beatriz, que representa a fé;</p><p>Virgílio, que pode ser considerado o símbolo da razão.</p><p>A Divina Comédia é basicamente a história da conversão de um pecador ao caminho de Deus. Os versos sublinham a necessidade de se seguir o caminho do bem e da ética.</p><p>O protagonista é o símbolo do ser humano vulgar e representa o cidadão comum, que tem dúvidas, hesita, é tentado pelo mal.</p><p>Ao mesmo tempo, Dante não se vê exatamente como uma criatura humilde e, no Canto IV (do Inferno), se coloca lado a lado com grandes escritores:</p><p>“Olha o que vem à frente qual decano</p><p>dos outros três, segurando uma espada;</p><p>ele é Homero, poeta soberano;</p><p>o satírico Horácio junto vem,</p><p>terceiro é Ovídio e último Lucano.</p><p>Desde que cada um deles detém</p><p>os mesmos dotes co’os quais fui saudado,</p><p>recebo sua honraria como convém.</p><p>Assim o belo grupo vi formado</p><p>da escola do senhor do excelso canto</p><p>cujo vôo, como d’águia, é incontestado.</p><p>Longo foi seu colóquio, e entretanto</p><p>acenavam a mim, e eu vi o prazer</p><p>no sorriso do Mestre meu, porquanto</p><p>o privilégio iriam me conceder</p><p>da acolhida na sua comunidade.</p><p>E assim fui sexto entre tanto saber”.</p><p>Inferno:</p><p>No meio de sua vida (35 anos) Dante se vê perdido numa selva escura, perdido da “via da virtude”. Depois do sufoco, ele escapa selva e encontra três feras que representam três transgressões: onça, a incontinência; leão, a violência; loba, a fraude. Esses bichos o impedem de alcançar o monte iluminado pelo “Sol da Graça”. Até que aparece a alma de Virgílio, o famoso poeta e ídolo de Dante. Visando à salvação do poeta florentino, Virgílio propõe a Dante “um passeio”, mesmo que vivente, pelo inferno e pelo purgatório até a porta do paraíso (Canto I). Virgílio se torna o guia e mestre de Dante no caminho pelas profundezas do inferno (Canto II).</p><p>De canto a canto, os dois poetas percorrem os recônditos do inferno, reconhecendo amigos, inimigos, figuras mitológicas, autores clássicos e presenciando a punição aplicada de acordo com cada categoria de pecador. Percebam a racionalidade (ou obsessão) de Dante na catalogação e punição dos pecados:</p><p>Os ignavos, relaxados na escolha do bem, são punidos com picadas de vespas e obrigados a correr sem parar atrás de uma insígnia (Canto III);</p><p>Os tíbios e frouxos são obrigados a carregar, ininterruptamente, uma bandeira (Canto III);</p><p>Os luxuriosos (Canto V);</p><p>Os gulosos são estendidos na lama sob chuva suja e espancados pelo monstro Cérbero (Canto VI);</p><p>Os avaros e os pródigos são divididos em dois grupos e empurram pesos, fazendo, cada grupo, meia volta em sentidos opostos até se baterem e serem obrigados a retomar o caminho inverso (Canto VII);</p><p>Os heréticos, são colocados em túmulos ardentes em chamas (Canto IX);</p><p>os tiranos são mergulhados até os olhos em sangue fervente, os homicidas são mergulhados até a garganta e os salteadores são mergulhados até o peito (Canto XII);</p><p>Aos suicidas a punição é ter a alma caída como semente na selva, ao crescer o arbusto, as folhas são alimentos para as harpias (Canto XIII);</p><p>Os perdulários fogem de cadelas raivosas que dilaceram os que perdem o vigor na corrida (Canto XIII);</p><p>Os blasfemos ficam deitados sob chuva de chispas de fogo; os usurários ficam sentados e os sodomitas ficam em contínuo caminhar (Canto XIV);</p><p>Os usurários levam pendurara no pescoço uma bolsinha vazia decorada com o emblema de sua família (Canto XVII);</p><p>Os rufiões e os sedutores são separados em duas filas e andam em sentido contrário (Canto XVIII);</p><p>Os aduladores são submersos em esterco (Canto XVIII);</p><p>Os simoníacos (que exerciam a magia) são enfiados de cabeça para baixo em estreitos buracos redondos com uma perna para fora (Canto XIX);</p><p>Os adivinhos têm a cabeça torcida em relação ao corpo, o que os obriga a caminhar para trás (Canto XX);</p><p>Os traficantes são atirados por diabinhos numa fervura (Canto XXI);</p><p>Os hipócritas desfilam lentamente, vestidos de pesadas capas de chumbo (Canto XXIII);</p><p>Os ladrões são atacados por serpentes (Canto XXV);</p><p>Os maus conselheiros estão em contínuo movimento e são presos em chamas que os envolvem completamente (Canto XXVI);</p><p>Os causadores de discórdias familiares e os iniciadores de cismas religiosos são espíritos condenados a percorrerem constantemente a vala e em cada volta são estraçalhados por um diabo armado de espada (Canto XXVIII);</p><p>Os falsificadores têm o corpo todo recoberto de sarna e são incapazes de se movimentar (Canto XXIX);</p><p>Os falsificadores de moeda têm como pena a hidropisia, que os impossibilita de se movimentar (Canto XXX)</p><p>Os traidores são imersos em gelo com o rosto voltado para cima, fazendo com que a lágrima congele, impedindo a sequência do pranto (Canto XXXIII);</p><p>Os traidores de seus benfeitores são mastigados por Lúcifer. Em cada uma de suas três bocas grandes há famosos traidores: Judas Iscariotes, Brutos e Cássio, (Canto XXXIV).</p><p>No limbo do inferno estão os que não foram batizados, estes não são punidos, mas não podem ficar no mesmo local onde se encontram as almas virtuosas (aqui estão os grandes da antiguidade clássica, como Homero, Horácio, Ovídio, Lucano, Aristóteles, Platão, Sócrates, Demócrito, Tales, o próprio Virgílio etc., além de personagens clássicas e mitológicas, como Eléctra, Enéas, Heitor, César, Brutos, dentre outros) (Canto IV). Assim, percebemos que Dante, ao mesmo tempo em que é eclético e erudito, elabora sua própria concepção, ou classificação, de correntes filosóficas que haviam sido acolhidas pela Igreja. Seu moralismo classificatório se voltou contra Aristóteles, de quem segue os preceitos morais e científicos, e não perdoou nem seu mestre, Virgílio.</p><p>Chamo a atenção para o papel de Virgílio nessa obra. Ele significa a Razão, condição da Virtude, na concepção aristotélica que foi adotada por Dante. Na prática, essa condição o coloca num status especial que o possibilita desbravar os caminhos e facilitar a trajetória de Dante, um vivente, no espaço dos mortos. Para isso, ele demanda intervenção divina, e é atendido, solicita auxílio de diabetes, e é atendido. É como se Virgílio estivesse além do bem e do mal.</p><p>A figura de Dante personagem se divide entre a de um curioso e a de um político. Curioso pelas descobertas do caminho (pecadores e punições) e político pelos embates que travou com alguns desafetos que encontrou, mesmo sabendo que estes estavam mortos e recebiam punição, passionalmente Dante se armou de argumentação contra eles e até se divertiu com a punição física de alguns. Nem preciso dizer que os desafetos políticos de Dante estão no inferno, inclusive o papa um dos responsáveis por seu exílio, Bonifácio VIII, muito bem catalogado com seu pecado. Não devemos nos esquecer que o autor compôs a obra num contexto que considerava corrompido em termos religiosos, morais e político.</p><p>A narrativa</p><p>O poema é narrado em primeira pessoa pelo personagem Dante, uma figura ambígua que ao mesmo tempo se coloca como aprendiz e como moralizador.</p><p>O texto é um poema, mas, em razão de sua função moralizante, o narrador é bem presente, algo bem diferente do eu lírico com o qual estamos acostumados na contemporaneidade. Muitas vezes, ele fala diretamente ao leitor: “Pensa, leitor, no meu desanimar” (v.94, Canto VIII); “desta Comédia, meu leitor, te Juro – ” (v. 128, Canto XVI); “Leitor, um jogo ora ouvirás diverso:” (v. 118, Canto XXII). Esse recurso foi muito utilizado dentre os escritores do século XIX, como José de Alencar, Machado de Assis e Freud. Essa fala direta ao leitor busca</p><p>uma intimidade, passo crucial para a proximidade de ideias.</p><p>Lucas Lippi 1° EM</p>