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<p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Unidade 1</p><p>Empresário e Atividade Empresarial</p><p>Aula 1</p><p>Teoria Geral Da Empresa</p><p>Teoria geral da empresa</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! É um prazer poder iniciar mais uma jornada de aprendizado com você!</p><p>Na aula de hoje, exploraremos temas essenciais que moldam o panorama pro�ssional</p><p>contemporâneo. Para tanto, nossa abordagem apresentará uma visão abrangente dos</p><p>conteúdos, destacando sua importância no desenvolvimento de habilidades cruciais para o</p><p>mercado de trabalho atual. Diante disso, mergulharemos em discussões fundamentais sobre o</p><p>empresário e a atividade empresarial, fundamentais para compreender o cenário jurídico dos</p><p>negócios, o que não só ampliará seu repertório acadêmico, mas também o equipará com</p><p>ferramentas práticas para enfrentar desa�os do mundo real.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Ao longo da aula, preste atenção especial às distinções entre empresário individual, sociedade</p><p>empresária e sociedade limitada unipessoal, pois esses conceitos não apenas delineiam</p><p>diferentes estruturas empresariais, mas também in�uenciam as responsabilidades e as</p><p>proteções legais associadas a cada uma delas. Lembre-se: o aprendizado vai além da mera</p><p>assimilação de informações; ele reside na capacidade de conectar conceitos e aplicá-los de</p><p>maneira signi�cativa.</p><p>Para o desenvolvimento de nossas re�exões, considere as seguintes questões: qual é a</p><p>importância da organização na atividade econômica empresarial e como ela se diferencia da</p><p>atividade econômica intelectual do ponto de vista jurídico? Como o legislador brasileiro encara a</p><p>questão da capacidade civil e dos impedimentos para o exercício da atividade empresarial,</p><p>considerando a proteção dos interesses da coletividade? Qual é a relevância da criação da</p><p>sociedade limitada unipessoal (SLU) no contexto empresarial brasileiro, e como essa modalidade</p><p>impacta a legalização de negócios e o desenvolvimento econômico?</p><p>Prepare-se para uma aula envolvente e desa�adora! Estamos prestes a embarcar em uma</p><p>jornada de aprendizado que não apenas enriquecerá sua mente, mas também fortalecerá suas</p><p>habilidades pro�ssionais. Vamos lá?</p><p>Vamos Começar!</p><p>O empresário e a atividade empresarial</p><p>O Código Civil de 2002, no art. 966, revela, do ponto de vista jurídico, o que signi�ca ser</p><p>empresário: “considera-se empresário quem exerce pro�ssionalmente atividade econômica</p><p>organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (Brasil, 2002, art. 966).</p><p>Dentro desse contexto, podemos considerar que o conceito jurídico de empresário inclui quatro</p><p>características essenciais: pro�ssionalismo, exercício de uma atividade econômica, organização</p><p>necessária para desenvolver a atividade e produção ou venda de bens ou serviços. Se uma</p><p>pessoa, natural ou jurídica, incorporar essas quatro características, ela pode ser entendida como</p><p>uma espécie ou exemplo de empresário (Magalhães, 2022). Vamos analisar cada uma delas?</p><p>Pro�ssionalismo: no direito empresarial, pro�ssional é a pessoa, natural ou jurídica, que</p><p>exerce com regularidade, em seu próprio nome, uma atividade de que obtém as condições</p><p>necessárias para estabelecer-se e desenvolver-se. Nesse cenário, existem dois tipos de</p><p>empresário: pessoa natural (empresário individual) e pessoa jurídica (sociedade</p><p>empresária e sociedade limitada unipessoal). O empresário individual, apesar de ter CNPJ,</p><p>é uma pessoa natural, segundo o art. 44 do Código Civil. Sócios e administradores não são</p><p>considerados empresários: o sócio é um investidor, um empreendedor; e o administrador,</p><p>um mandatário.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Exercício de uma atividade econômica: a atividade é uma sequência de atos coordenada</p><p>pelo seu titular, que, no direito empresarial, é o empresário. A atividade será considerada</p><p>econômica sempre que criar uma utilidade para atender a uma necessidade de terceiros,</p><p>com o objetivo de obter o maior retorno �nanceiro possível (animus lucrandi).</p><p>Organização necessária para o desenvolvimento da atividade: a organização é o que</p><p>diferencia a atividade econômica empresarial da atividade econômica intelectual. Do ponto</p><p>de vista jurídico, uma empresa é uma atividade econômica que necessariamente possui</p><p>organização. É o critério jurídico que diferencia a atividade econômica dos empresários da</p><p>atividade econômica dos advogados, por exemplo, que não requer organização.</p><p>Produção ou circulação de bens ou serviços: a atividade empresarial cria riquezas</p><p>(produção ou circulação de bens ou serviços) para atender a um interesse de mercado já</p><p>existente ou provocado pelo empresário. Estas são as utilidades criadas por ele: produção</p><p>e circulação de bens ou prestação de serviços.</p><p>O Código Civil brasileiro de 2002 traz de�nições para empresário, sociedade empresária e</p><p>estabelecimento empresarial, mas não oferece uma de�nição especí�ca para o termo “empresa”.</p><p>A noção de empresa é derivada da interpretação que considera os conceitos anteriormente</p><p>mencionados, juntamente com a economia associada à ideia fundamental de organizar os</p><p>fatores de produção para realizar uma atividade econômica.</p><p>No entanto, compreender juridicamente a empresa é fundamental para que se possa, de um</p><p>ponto de vista lógico, absorver a essência do direito empresarial. Por isso, para Sérgio Campinho</p><p>(2023, p. 11), a empresa “apresenta-se como um elemento abstrato, sendo fruto da ação</p><p>intencional do seu titular, o empresário, em promover o exercício da atividade econômica de</p><p>forma organizada”. Nesse sentido, a empresa “manifesta-se como uma organização técnico-</p><p>econômica, ordenando o emprego de capital, trabalho e tecnologia para a exploração, com �ns</p><p>lucrativos, de uma atividade econômica” (Campinho, 2023, p. 11).</p><p>A formação de uma empresa acontece quando se organiza uma atividade econômica sob a</p><p>liderança do empresário, que é exercida por meio do fundo de empresa, também conhecido</p><p>como estabelecimento empresarial. É importante ressaltar que, no contexto jurídico brasileiro, a</p><p>empresa em si não tem personalidade jurídica. Por isso, é fundamental distinguir a empresa da</p><p>sociedade empresária (Campinho, 2023).</p><p>Pro�ssionais e atividades não empresariais</p><p>Apesar de o conceito legal de empresa não excluir atividades ou pessoas, a lei acaba por fazer</p><p>algumas ressalvas para os seguintes casos: pro�ssionais intelectuais, cooperativas e sociedade</p><p>de advogados.</p><p>Pro�ssionais intelectuais</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O parágrafo único do art. 966 do CC/2002 dispõe que “não se considera empresário quem exerce</p><p>pro�ssão intelectual, de natureza cientí�ca, literária ou artística, ainda com o concurso de</p><p>auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da pro�ssão constituir elemento de empresa”</p><p>(Brasil, 2002, art. 966). Assim, de acordo com o referido dispositivo, atividades econômicas em</p><p>que a natureza intelectual do pro�ssional predomina em detrimento da organização</p><p>eventualmente estruturada para sua prática não são consideradas empresariais. Essas</p><p>atividades intelectuais podem incluir: atividades cientí�cas – pro�ssionais liberais que requerem</p><p>formação superior (médicos, engenheiros, advogados, etc.); atividades literárias – autores,</p><p>escritores, etc.; ou atividades artísticas – grupos de dança, teatro, bandas musicais, cantores,</p><p>entre outros.</p><p>Esses pro�ssionais podem atuar sozinhos (pro�ssional liberal) ou reunidos com outros</p><p>pro�ssionais (formando uma sociedade simples), por exemplo: um dentista, um psicólogo e um</p><p>advogado que se conhecem desde os tempos da faculdade decidem dividir</p><p>e oferecer</p><p>�exibilidade aos agentes envolvidos.</p><p>Agora, você já está apto a responder àquelas perguntas feitas no início da aula, não é mesmo?</p><p>Vamos lá!</p><p>As alterações na legislação fornecem estímulos ao crédito durante a recuperação, �exibilizam as</p><p>regulamentações sobre a venda de ativos e oferecem uma abordagem mais aberta para a</p><p>participação dos credores no processo. Isso pode in�uenciar signi�cativamente a forma como</p><p>as empresas elaboram seus planos de recuperação e buscam apoio �nanceiro durante períodos</p><p>turbulentos.</p><p>A recuperação extrajudicial é uma opção contratual que permite às empresas negociarem</p><p>soluções diretamente com credores, enquanto a recuperação judicial é um processo judicial</p><p>especializado. A escolha entre elas dependerá da gravidade da crise e da necessidade de</p><p>envolvimento do Estado. A �exibilidade da recuperação extrajudicial pode ser vantajosa em</p><p>certos contextos.</p><p>Na falência, os créditos seguem uma ordem de preferência entre extraconcursais e concursais.</p><p>Extraconcursais têm prioridade e incluem valores previstos em leis especí�cas e remunerações</p><p>do administrador judicial. Respeitar essa ordem é fundamental, pois re�ete uma escolha</p><p>legislativa baseada na natureza, na importância e no momento de surgimento dos créditos,</p><p>garantindo um tratamento justo aos credores.</p><p>Tomara que você tenha aproveitado bastante esta aula! Até a próxima!</p><p>Saiba mais</p><p>Diante do expressivo aumento nos pedidos de recuperação judicial, tornou-se imperativa uma</p><p>reavaliação da legislação vigente para atender às demandas contemporâneas. Nesse sentido, o</p><p>objetivo central do artigo é fornecer uma análise aprofundada das alterações implementadas na</p><p>Lei de Falências e Recuperação Judicial (Lei nº 11.101/05) por meio da Lei nº 14.112/2020. O</p><p>prisma de análise visa entender como essas mudanças contribuem para modernizar as regras e</p><p>aprimorar a e�ciência nos processos de recuperação de empresas.</p><p>BRAMBILLA, A. B.; SILVA, B. L. A. da; SILVA, J. P. B. de C. Novidades da atualização da lei de</p><p>falências e recuperação judicial – Dip �nancing, stay period, fresh start e cram down. ETIC –</p><p>Encontro de Iniciação Cientí�ca, Presidente Prudente, v. 18, n. 18, 2022.</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Referências</p><p>BRAMBILLA, A. B.; SILVA, B. L. A. da; SILVA, J. P. B. de C. Novidades da atualização da lei de</p><p>falências e recuperação judicial – Dip �nancing, stay period, fresh start e cram down. ETIC –</p><p>Encontro de Iniciação Cientí�ca, Presidente Prudente, v. 18, n. 18, 2022. Disponível em:</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286. Acesso</p><p>em: 6 nov. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei Complementar no 123, de</p><p>14 de dezembro de 2006, e as Leis nos 5.889, de 8 de junho de 1973, 11.101, de 9 de fevereiro de</p><p>2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 8.934, de 18 de</p><p>novembro de 1994, 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e dá outras</p><p>providências. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5. Acesso em: 25 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.101/2005, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a</p><p>extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília: Presidência da</p><p>República, 2005. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-</p><p>2006/2005/lei/l11101.htm. Acesso em: 25 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 14.112, de 24 de dezembro de 2020. Altera as Leis nº 11.101, de 9 de fevereiro de</p><p>2005, 10.522, de 19 de julho de 2002, e 8.929, de 22 de agosto de 1994, para atualizar a</p><p>legislação referente à recuperação judicial, à recuperação extrajudicial e à falência do empresário</p><p>e da sociedade empresária. Brasília: Presidência da República, 2021. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14112.htm. Acesso em: 25 abr.</p><p>2024.</p><p>BULLAMAH, F. K.; SCHNEIDER, M. A. Inovações no Instituto da Recuperação Extrajudicial. In:</p><p>MARTINS, A. C.; RICUPERO, M. S. G. (coord.). Nova lei de recuperação judicial. São Paulo:</p><p>Almedina, 2021.</p><p>CAMPINHO, S. Plano de recuperação judicial: formação, aprovação e revisão. São Paulo:</p><p>Expressa, 2021.</p><p>HATANAKA, A. S.; RICUPERO, M. S. G.; LEAL, R. P. G. A apresentação de plano de recuperação</p><p>judicial alternativo pelos credores. In: MARTINS, A. C.; RICUPERO, M. S. G. (coord.). Nova lei de</p><p>recuperação judicial. São Paulo: Almedina, 2021.</p><p>NEGRÃO, R. Manual de direito empresarial. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/view/9399/67651286</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14112.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Aula 4</p><p>Propriedade Industrial</p><p>Propriedade industrial</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Nesta aula, exploraremos os fundamentos legais que regulamentam as criações</p><p>resultantes da inventividade humana e seu impacto nas atividades empresariais. Essa área,</p><p>muitas vezes referida como marcas e patentes, desempenha um papel crucial no mundo dos</p><p>negócios.</p><p>Antes de prosseguirmos, é essencial entender que a propriedade industrial é uma faceta</p><p>especí�ca da propriedade intelectual, abarcando o direito a algo imaterial e não tangível. Por</p><p>isso, analisaremos os principais elementos da propriedade industrial, centrando-nos na Lei nº</p><p>9.279/1996, bússola que guia a proteção de patentes, desenhos industriais e marcas.</p><p>Ao longo da aula, confrontaremos as diferenças fundamentais entre propriedade industrial e</p><p>propriedade autoral, destacando a natureza jurídica do registro. Além disso, exploraremos a</p><p>proteção conferida pelo registro e pela patente, estudando as nuances que cercam essas duas</p><p>formas cruciais de proteção.</p><p>Estudante, neste mundo dinâmico dos negócios, compreender o direito de propriedade industrial</p><p>é essencial para a atuação pro�ssional. Ao �nal desta aula, portanto, você não apenas terá</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>conhecimento sólido sobre marcas, patentes e outros elementos, mas também perceberá como</p><p>esses conceitos se entrelaçam no tecido do cotidiano empresarial.</p><p>Nosso ponto de partida são os seguintes questionamentos: qual é a principal diferença entre</p><p>propriedade industrial e propriedade autoral, e como essas distinções se re�etem na legislação?</p><p>Qual é a diferença crucial entre registro de marca ou desenho industrial e a concessão de</p><p>patente, e como esses processos protegem os direitos do proprietário? Como o sistema jurídico</p><p>brasileiro combate a concorrência desleal no contexto da propriedade industrial? Como o trade</p><p>dress é protegido no contexto do direito de propriedade industrial?</p><p>Embarque nessa jornada de aprendizado, pois a compreensão desses temas moldará não</p><p>apenas seu conhecimento jurídico, mas também sua visão sobre a inovação e a concorrência no</p><p>cenário</p><p>empresarial.</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Direito de propriedade industrial</p><p>No âmbito do direito empresarial, o direito de propriedade industrial engloba a regulamentação</p><p>das criações resultantes da inventividade humana que impactam as atividades empresariais.</p><p>Essa área especí�ca concentra-se na normatização legal relacionada a patentes, desenhos</p><p>industriais e marcas, por isso é comumente chamada de marcas & patentes (Magalhães, 2022).</p><p>Nesta aula, serão abordados os principais elementos da propriedade industrial, a partir da</p><p>legislação que a rege: a Lei nº 9.279/1996. Mas, antes de prosseguirmos, é crucial destacar que</p><p>a propriedade industrial é uma forma especí�ca da propriedade intelectual, que compreende o</p><p>direito à propriedade de algo imaterial, intangível e não palpável.</p><p>Além da propriedade industrial, existe também a propriedade autoral como uma categoria</p><p>distinta dentro da propriedade intelectual, de modo que se faz necessário ressaltar as diferenças</p><p>fundamentais entre elas. A primeira diferença notável está na legislação regulatória. Enquanto a</p><p>propriedade industrial é regida pela Lei nº 9.279/1996, a propriedade intelectual, em geral, é</p><p>regulamentada pela Lei nº 9.610/1998, com exceção da proteção autoral para programas de</p><p>computador, contemplada pela Lei nº 9.609/1998 (Magalhães, 2022).</p><p>A segunda diferença signi�cativa está na natureza jurídica do registro. No contexto da</p><p>propriedade industrial, o registro é de natureza constitutiva, o que signi�ca que a propriedade</p><p>sobre determinado bem da propriedade industrial só é assegurada por meio de um ato formal</p><p>perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Em contraste, a proteção aos</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>direitos autorais não depende de registro, sendo que o registro, para os direitos autorais, tem</p><p>natureza declaratória (Magalhães, 2022).</p><p>Bens de propriedade industrial</p><p>A proteção à propriedade industrial encontra respaldo constitucional no art. 5º, inciso XXIX, da</p><p>Constituição Federal, que garante aos autores de inventos industriais um privilégio temporário</p><p>para sua utilização, assim como proteção às criações industriais, propriedade de marcas, nomes</p><p>de empresas e outros signos distintivos, considerando o interesse social e o desenvolvimento</p><p>econômico do país.</p><p>Os bens de propriedade industrial abrangem invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e</p><p>marca. Vamos analisar as características de cada um deles?</p><p>Invenção: não há um conceito legal preciso para invenção, de maneira que são de�nidos</p><p>apenas os requisitos necessários para a concessão da patente: novidade, atividade</p><p>inventiva e aplicação industrial, conforme estabelecido no art. 8º da Lei nº 9.279/1996. Em</p><p>termos comuns, uma invenção é compreendida como um ato original resultante da</p><p>atividade criativa humana.</p><p>Modelo de utilidade: é patenteável quando se trata de um objeto, ou de parte dele, de uso</p><p>prático e suscetível de aplicação industrial, apresentando nova forma ou disposição,</p><p>envolvendo ato inventivo que resulte em melhoria funcional no uso ou na fabricação,</p><p>conforme de�nido no art. 9º da Lei nº 9.279/1996.</p><p>Desenho industrial: é considerado a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto</p><p>ornamental de linhas e cores que pode ser aplicado a um produto. Ele proporciona um</p><p>resultado visual novo e original em sua con�guração externa e pode servir como tipo de</p><p>fabricação industrial, conforme estipulado no art. 95 da Lei nº 9.279/1996.</p><p>Marca: as marcas são suscetíveis de registro quando são sinais distintivos visualmente</p><p>perceptíveis e não estão sujeitas às proibições legais, conforme estabelecido no art. 122 da</p><p>Lei nº 9.279/1996. Em relação às formas grá�cas de apresentação, as marcas podem ser</p><p>classi�cadas em quatro diferentes tipos: nominativa, �gurativa, mista e tridimensional.</p><p>A marca nominativa consiste em uma ou mais palavras, neologismos, combinações</p><p>de letras e números, ou até mesmo algarismos romanos e/ou arábicos. O registro é</p><p>realizado em formato de caractere padrão, desconsiderando fonte, estilo, tamanho ou</p><p>cor. A diferenciação entre marcas desse tipo e seus concorrentes ocorre pela</p><p>fonética, ou seja, pela forma de pronunciá-las. Por não conter elementos �gurativos, é</p><p>crucial que uma marca nominativa tenha um nome forte e único para evitar confusão</p><p>com outras marcas registradas.</p><p>A marca �gurativa é composta por desenhos, imagens, �guras, símbolos, formas</p><p>fantasiosas ou �gurativas de letras ou algarismos, além de palavras formadas por</p><p>letras de alfabetos (como hebraico, cirílico ou árabe) e ideogramas. Essa modalidade</p><p>protege exclusivamente a parte visual, não o nome da marca. Apesar de menos</p><p>solicitada, pode ser uma opção interessante quando a empresa possui uma logo</p><p>distintiva que representa bem o produto ou serviço, como no caso da Mercedes-Benz.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A marca mista combina elementos nominativos e �gurativos ou apenas elementos</p><p>nominativos com gra�a fantasiosa ou estilizada. Ao obter o registro, tanto o nome</p><p>quanto a imagem estão protegidos. É a modalidade mais requisitada pelos</p><p>empresários, pois proporciona maior distintividade, especialmente em casos de</p><p>confusão por parte dos consumidores. Essa opção é ideal para marcas cujos nomes</p><p>são formados por adjetivos ou termos comuns.</p><p>A marca tridimensional é uma representação física de um produto ou embalagem que</p><p>os distingue dos demais no mercado. Assim como um logotipo, é viável registrar essa</p><p>forma no INPI para assegurar seu uso exclusivo. As garrafas da Coca-Cola e Yakult</p><p>são excelentes exemplos de tal tipo de marca.</p><p>Existem ainda diferentes tipos de marcas, conforme o art. 123 da Lei nº 9.279/1996:</p><p>Marca de produto ou serviço: tem a �nalidade de diferenciar um produto ou serviço dos</p><p>demais que sejam idênticos, semelhantes ou relacionados, mas provenientes de origens</p><p>distintas, conforme estabelecido no inciso I desse artigo.</p><p>Marca de certi�cação: é utilizada para comprovar a conformidade de um produto ou</p><p>serviço com normas, padrões ou especi�cações técnicas. Seu propósito principal é</p><p>informar ao público que o produto ou serviço atende a requisitos técnicos especí�cos.</p><p>Segundo a lei de propriedade industrial, a marca de certi�cação é concedida para uso por</p><p>terceiros autorizados pelo titular, exclusivamente para certi�cação de terceira parte. A</p><p>obtenção da marca de certi�cação não substitui selos de inspeção ou o cumprimento de</p><p>regulamentos estabelecidos pela legislação. É importante destacar que a responsabilidade</p><p>pela qualidade do produto ou serviço, conforme de�nido no Código de Proteção e Defesa</p><p>do Consumidor, permanece com o fornecedor, mesmo com a posse da marca de</p><p>certi�cação.</p><p>Marca coletiva: identi�ca e distingue produtos ou serviços de membros de uma pessoa</p><p>jurídica representativa de uma coletividade, o que inclui associações, cooperativas,</p><p>sindicatos, consórcios, federações, confederações, entre outros. Ao contrário da marca de</p><p>produto ou serviço, a marca coletiva tem o propósito de indicar ao consumidor que o</p><p>produto ou serviço é proveniente de membros de uma entidade especí�ca. Os membros da</p><p>entidade registrada podem usar a marca coletiva sem a necessidade de licença, conforme</p><p>regulamentado. O titular da marca coletiva tem o direito de estabelecer condições e</p><p>proibições de uso para os associados por meio de um regulamento de utilização.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Registro e patente</p><p>Registro e patente são duas formas fundamentais de proteger bens na esfera da propriedade</p><p>industrial, estabelecendo um regime dual de reconhecimento pelo Instituto Nacional da</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Propriedade Industrial (INPI). Embora patente não seja considerada um bem da propriedade</p><p>industrial em si, é uma forma de proteção crucial. Existem distinções notáveis na proteção</p><p>conferida pela propriedade industrial, seja através do registro, seja através da patente, em pelo</p><p>menos três aspectos signi�cativos.</p><p>O registro de marca ou desenho industrial é um procedimento que concede ao proprietário o</p><p>direito</p><p>de utilizar sua criação dentro do país. Uma marca, que é um nome e/ou imagem</p><p>identi�cadores de um produto ou serviço, requer registro no INPI para assegurar exclusividade. O</p><p>registro de desenho industrial pode ser solicitado para proteger a aparência de um produto,</p><p>desde que atenda aos requisitos de novidade e originalidade. O processo envolve consultar a</p><p>existência de registros similares, realizar a solicitação, efetuar o pagamento da GRU e</p><p>acompanhar o pedido (Negrão, 2023).</p><p>A patente é um título de propriedade concedido a uma invenção ou modelo de utilidade, que</p><p>garante exclusividade e impede a exploração comercial por um período determinado. Em</p><p>conformidade com a Constituição, a patente representa um privilégio temporário concedido ao</p><p>inventor para explorar a invenção. O processo, conduzido pelo INPI, abrange três modelos de</p><p>patentes: Certi�cado de Adição de Invenção, Patente de Invenção e Patente de Modelo de</p><p>Utilidade. Cada um deles se aplica a diferentes aspectos da criação, desde melhorias em objetos</p><p>industriais até novos produtos ou processos.</p><p>A licença é a autorização concedida para que terceiros explorem uma patente. Assim, tanto o</p><p>titular, com base em seu direito, quanto terceiros, mediante concessão de licença, podem</p><p>explorar uma patente previamente concedida pelo INPI. A licença voluntária surge de um acordo</p><p>entre o titular e terceiros interessados, situação em que o titular autoriza a exploração mediante</p><p>pagamento de royalties. Além disso, a Lei nº 9.279/1996 prevê hipóteses de licença compulsória</p><p>em situações relacionadas ao exercício abusivo dos direitos da patente ou a interesses</p><p>considerados mais relevantes pela lei (Negrão, 2023).</p><p>O prazo de validade da proteção das patentes é de 20 anos para invenções e de 15 anos para</p><p>modelos de utilidade, contados a partir do depósito do pedido no INPI, sem possibilidade de</p><p>prorrogação. Por outro lado, os registros têm um prazo inicial de dez anos tanto para desenhos</p><p>industriais quanto para marcas, sendo possível a prorrogação.</p><p>O registro de marca no Brasil é válido por dez anos a partir da data de concessão do registro.</p><p>Depois desse período, a renovação da marca deve ser realizada para restaurar a proteção e os</p><p>direitos exclusivos do titular. O pedido de prorrogação deve ser feito mediante solicitação ao</p><p>INPI, desde que esteja dentro dos últimos seis meses antes do vencimento do registro.</p><p>Trade dress e concorrência desleal</p><p>O trade dress – ou conjunto-imagem – refere-se à aparência global de um produto ou à forma</p><p>única como um serviço é oferecido. Isso inclui não apenas a "aparência" dos produtos, mas</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>também os aspectos distintivos (tanto internos quanto externos) de estabelecimentos ou</p><p>serviços.</p><p>É importante destacar que, mesmo sem uma previsão legal especí�ca, o trade dress é protegido,</p><p>utilizando-se do fundamento relacionado à concorrência desleal. Isso acontece porque seria</p><p>injusto que um concorrente se aproveitasse do conjunto-imagem de outro empresário,</p><p>considerando o investimento signi�cativo feito, para que um produto ou serviço seja amplamente</p><p>reconhecido visualmente pelos consumidores. Assim, reproduzir substancialmente esse padrão</p><p>seria uma usurpação inaceitável.</p><p>O dano ocorre quando alguém explora o conjunto-imagem antes do concorrente, prejudicando o</p><p>poder distintivo do produto ou serviço, vulgarizando uma imagem consolidada e desviando a</p><p>clientela. Nesse caso, os consumidores também são prejudicados, pois as semelhanças entre as</p><p>marcas observadas causam confusão sobre o produto ou serviço em questão. Portanto, é</p><p>inaceitável que um concorrente se aproprie do trade dress do outro, pois isso encurta e facilita o</p><p>caminho para o reconhecimento junto ao consumidor, indo contra as regras do sistema de</p><p>concorrência vigente.</p><p>O sistema jurídico brasileiro de combate à concorrência desleal está fundamentado em</p><p>legislação especí�ca e em dispositivos oriundos de tratados internacionais e leis nacionais: Lei</p><p>nº 9.279/1996, art. 2º, inciso V, e Convenção da União Paris para Proteção da Propriedade</p><p>Industrial (CUP), de 1883, art. 10 (Convenção [...], 1983).</p><p>Não há uma de�nição interna explícita para concorrência desleal, sendo amplamente aceita a</p><p>de�nição presente no art. 10 bis da Convenção de Paris, que estabelece: “constitui ato de</p><p>concorrência desleal qualquer ato de concorrência contrário aos usos honestos em matéria</p><p>industrial ou comercial” (Convenção [...], 1983, art. 10).</p><p>A Convenção da União de Paris lista diversos atos que devem ser combatidos por con�gurarem</p><p>concorrência desleal. Dentre eles, destacam-se aqueles que criam confusão ou associação</p><p>indevida com o estabelecimento, os produtos ou a atividade de um concorrente, bem como as</p><p>indicações ou as alegações que possam induzir o público a erro sobre as características das</p><p>mercadorias.</p><p>O art. 195 da lei de propriedade industrial estabelece diversas condutas que con�guram o crime</p><p>de concorrência desleal. Essas práticas visam prejudicar concorrentes de maneira desonesta,</p><p>buscando vantagens indevidas. Dentre as ações consideradas ilícitas, destacam-se: a divulgação</p><p>de falsas a�rmações; a prestação de informações falsas; o desvio fraudulento de clientela; a</p><p>utilização indevida de expressões ou sinais de propaganda alheios; o uso inadequado de nome</p><p>comercial, título de estabelecimento ou insígnia, entre outras. O legislador proíbe também a</p><p>atribuição indevida de recompensas ou distinções, a prática de suborno a empregados de</p><p>concorrentes, a divulgação não autorizada de conhecimentos con�denciais da indústria, do</p><p>comércio ou da prestação de serviços, bem como a utilização indevida de resultados de testes</p><p>não divulgados.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>São requisitos para con�guração da concorrência desleal: dolo genérico, bastando a culpa do</p><p>agente; existência de agentes que atuem no mesmo meio mercadológico (concorrentes);</p><p>desnecessidade de comprovação do dano; clientela sendo induzida ao erro; ato ilícito a ensejar a</p><p>repreensão do direito das marcas (há de se diferenciar condutas inerentes à prática negocial e</p><p>artifícios para indução do consumidor ao erro).</p><p>A presença dos requisitos anteriores é primordial para a veri�cação da prática desleal, pois</p><p>inexiste um rol de taxatividade a discipliná-los. Assim, existindo os elementos, con�gurada estará</p><p>a conduta desleal e, portanto, a possibilidade de repressão pelo direito das marcas.</p><p>O art. 209 da lei de propriedade industrial resguarda ao prejudicado o direito de buscar perdas e</p><p>danos como forma de ressarcimento pelos prejuízos decorrentes de atos de violação de direitos</p><p>de propriedade industrial e de concorrência desleal não contemplados explicitamente na lei.</p><p>Esses atos lesivos incluem práticas que visam prejudicar a reputação ou os negócios alheios e</p><p>criar confusão entre estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviço, bem</p><p>como entre os produtos e serviços disponíveis no mercado.</p><p>O art. 209 também prevê a possibilidade de o juiz, no decorrer da ação, determinar liminarmente</p><p>a suspensão da violação ou de atos que a provoquem, antes mesmo da citação do réu, podendo</p><p>exigir caução em dinheiro ou garantia �dejussória para evitar danos irreparáveis. Em casos de</p><p>reprodução ou imitação evidente de marca registrada, o juiz pode ordenar a apreensão de tudo:</p><p>mercadorias, produtos, objetos, embalagens, etiquetas e outros que contenham a marca</p><p>falsi�cada ou imitada. Essas disposições visam assegurar uma resposta rápida e e�caz diante</p><p>de práticas prejudiciais à propriedade industrial e à concorrência leal.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos os intrincados caminhos do direito de propriedade industrial. Para isso,</p><p>estudamos as nuances legais que regulam invenções, marcas e outros elementos fundamentais.</p><p>A compreensão desses conceitos é crucial não apenas para o pro�ssional do Direito, mas</p><p>também para qualquer pessoa envolvida em atividades empresariais.</p><p>Ao desbravarmos a legislação, destacamos a importância da distinção entre propriedade</p><p>industrial</p><p>e autoral, elucidando como essas categorias se encaixam em diferentes contextos</p><p>regulatórios. Aprofundamo-nos ainda mais explorando a proteção conferida pelo registro e pela</p><p>patente, essenciais para resguardar os direitos do criador no cenário competitivo.</p><p>A incursão no universo do trade dress e da concorrência desleal revelou a complexidade que</p><p>envolve a proteção não apenas das criações tangíveis, mas também das imagens e das</p><p>identidades associadas a produtos e serviços. O embate contra práticas desleais exige uma</p><p>compreensão clara dos dispositivos legais e a capacidade de aplicá-los de maneira e�caz.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Após esse estudo, você está apto a responder os questionamentos propostos no início da aula,</p><p>não é mesmo? Vamos lá!</p><p>A principal diferença entre propriedade industrial e propriedade autoral reside na legislação</p><p>regulatória. Enquanto a primeira é regida pela Lei nº 9.279/1996, a segunda, em geral, é</p><p>regulamentada pela Lei nº 9.610/1998, com exceção da proteção autoral para programas de</p><p>computador, contemplada pela Lei nº 9.609/1998.</p><p>O registro concede ao proprietário o direito de utilizar sua criação dentro do país com</p><p>exclusividade. Por outro lado, a patente é um título de propriedade concedido a uma invenção ou</p><p>modelo de utilidade, impedindo a exploração comercial por um período determinado,</p><p>assegurando assim a exclusividade do inventor.</p><p>Para combater a concorrência desleal no contexto da propriedade industrial, o sistema jurídico</p><p>brasileiro fundamenta-se na Lei Federal nº 9.279/1996 e em tratados internacionais, como a</p><p>Convenção da União de Paris. O art. 195 da lei de propriedade industrial lista práticas ilícitas,</p><p>incluindo divulgação de falsas a�rmações, desvio fraudulento de clientela, uso indevido de</p><p>expressões ou sinais de propaganda alheios, entre outros.</p><p>Embora não haja previsão legal especí�ca, o trade dress é protegido pelo fundamento</p><p>relacionado à concorrência desleal. Isso ocorre para evitar que um concorrente se aproveite</p><p>injustamente do conjunto-imagem de outro empresário e prejudique, com isso, a identidade</p><p>visual consolidada do produto ou do serviço.</p><p>Saiba mais</p><p>O artigo cientí�co indicado a seguir trata da proteção do trade dress no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro, incluindo a relação com a concorrência desleal. O texto explica que o trade dress é a</p><p>imagem total ou aparência geral de um produto ou serviço, incluindo o design da embalagem, os</p><p>rótulos, os recipientes, os mostruários, entre outros elementos que são ou se tornam associados</p><p>exclusivamente a uma existência particular, permitindo, assim, que funcionem como indicador de</p><p>origem do produto. A imitação do trade dress ou de parte dele pode acarretar confusão nos</p><p>consumidores, e é este o meio ardiloso empregado por algumas empresas ao assemelhar-se a</p><p>marcas que já possuem renome no mercado, de modo que tenta ludibriar compradores</p><p>desavisados na tentativa de aliciar a clientela do concorrente para si. O artigo também destaca</p><p>que o trade dress é combatido com o dispositivo que versa sobre concorrência desleal, já que</p><p>não há dispositivo especí�co para isso, o que torna o processo um tanto perigoso, por ser muito</p><p>subjetivo e depender completamente da interpretação do julgador.</p><p>MARTINELLI, L. C. Trade Dress: a proteção ao conjunto de imagem no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro. Revista Argamassa, Campo Grande, v. 1, n. 1, jan./abr. 2018.</p><p>https://periodicos.ufms.br/index.php/argamassa/article/view/5983/4421</p><p>https://periodicos.ufms.br/index.php/argamassa/article/view/5983/4421</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Referências</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,</p><p>DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade</p><p>industrial. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em: 25 abr. 2024.</p><p>CONVENÇÃO de Paris. Gov. br, Brasília, 1983. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-</p><p>br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/CUP.pdf. Acesso em: 6 nov. 2023.</p><p>MARTINELLI, L. C. Trade Dress: a proteção ao conjunto de imagem no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro. Revista Argamassa, Campo Grande, v. 1, n. 1, jan./abr. 2018. Disponível em:</p><p>https://periodicos.ufms.br/index.php/argamassa/article/view/5983/4421. Acesso em: 6 nov.</p><p>2023.</p><p>MAGALHÃES, G. Direito empresarial facilitado. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022.</p><p>NEGRÃO, R. Manual de direito empresarial. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Aula 5</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>Videoaula de Encerramento</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm</p><p>https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/CUP.pdf</p><p>https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/CUP.pdf</p><p>https://periodicos.ufms.br/index.php/argamassa/article/view/5983/4421</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade (que é “conhecer a legislação empresarial para</p><p>identi�car, interpretar e aplicar as normas jurídicas empresariais e societárias nas diversas</p><p>situações pro�ssionais que envolvam a organização e o desenvolvimento da atividade</p><p>empresarial pelo empresário ou pela sociedade empresarial”), você precisou estudar diversos</p><p>conceitos e de�nições e adquirir conhecimentos mais apurados acerca da legislação e do direito</p><p>empresarial.</p><p>Nesse contexto, estudamos os conceitos de empresário e de atividade empresarial, a �m de</p><p>entendermos quais os requisitos para uma pessoa ser considerada empresária. Além disso, foi</p><p>necessário entender quais são os impedimentos legais para uma pessoa ser empresária e quais</p><p>pro�ssionais não são considerados empresários em razão da natureza de sua atividade. Ainda</p><p>nessa toada, procuramos entender que existem modalidades empresariais que se relacionam</p><p>com o desenvolvimento da atividade de modo individual ou em sociedade com outra pessoa.</p><p>Num segundo momento, estudamos a teoria geral do direito societário, compreendendo quais</p><p>são os elementos gerais e especí�cos da sociedade empresária, quais princípios orientam essa</p><p>atividade, bem como a forma de constituição dessa sociedade. Ainda vimos como é importante</p><p>compreender que o ato constitutivo da sociedade empresária deve ser levado a registro e que é a</p><p>partir desse momento que surge a personalidade jurídica dessa sociedade. Por �m, você</p><p>aprendeu que existem tipos societários de�nidos em lei e que o empresário deverá escolher um</p><p>deles para organizar e desenvolver a atividade empresária.</p><p>Na sequência, você conheceu as regras jurídicas presentes em lei especí�ca, que trata da</p><p>recuperação judicial, da extrajudicial e de falência da sociedade empresária. Para isso, você</p><p>entendeu que a lei de recuperação judicial e falência privilegia a continuidade da atividade</p><p>empresarial e que fornece ao empresário oportunidade para se recuperar da crise econômico-</p><p>�nanceira que assola sua atividade. No entanto, se não for possível a recuperação, poderá ser</p><p>declarada judicialmente a falência e os credores receberão seus créditos respeitando uma ordem</p><p>de preferência.</p><p>Por �m, mas não menos importante, você tomou conhecimento das noções gerais do direito de</p><p>propriedade industrial e entendeu que ele protege os bens frutos</p><p>da capacidade inventiva</p><p>humana e que a proteção ocorre por registro ou por patente, a depender do bem em questão:</p><p>invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Veja quanto conteúdo interessante e importante você já estudou e nos quais pode se</p><p>aprofundar!</p><p>Re�ita</p><p>De que formas o empresário pode desenvolver a atividade empresarial?</p><p>Qual a relevância prática do registro do ato constitutivo da sociedade empresária?</p><p>O que é concorrência desleal e trade dress?</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Amanda é uma jovem visionária e apaixonada por moda. Desde criança, sonha em criar sua</p><p>própria marca de roupas sustentáveis e exclusivas e sempre foi fascinada pela ideia de</p><p>empreender. Depois de anos ganhando experiência no setor de moda, decide que é hora de</p><p>transformar seu sonho em realidade.</p><p>Amanda decide, então, batizar sua marca de Amanda's Creations. Seu objetivo é não apenas criar</p><p>roupas elegantes e modernas, mas também incorporar práticas sustentáveis em todo o ciclo de</p><p>vida do produto. Ela planeja utilizar materiais orgânicos e reciclados, bem como adotar</p><p>processos de fabricação eco-friendly. Ela acredita que é possível ser fashion sem comprometer o</p><p>meio ambiente.</p><p>Por isso, deseja não apenas criar roupas e empreender, dando vazão a sua paixão pelo mundo</p><p>dos negócios, mas também impactar positivamente a indústria da moda, mostrando que é</p><p>possível ter uma empresa lucrativa enquanto mantém um compromisso ético e ambiental. Ela</p><p>está animada para enfrentar os desa�os que vêm com o empreendedorismo, desde a concepção</p><p>da ideia até a construção de uma marca reconhecida globalmente.</p><p>Como parte de sua jornada, Amanda está pesquisando os requisitos legais para iniciar seu</p><p>próprio negócio. Ao longo desse processo, surgiram dúvidas sobre os procedimentos de registro</p><p>e o modo como pode organizar e desenvolver a sua atividade empresária.</p><p>Em vista do exposto, Amanda busca uma consultoria jurídica para sanar suas dúvidas: do que</p><p>preciso para me tornar uma empresária? Como posso desenvolver essa atividade? Qual o</p><p>primeiro passo que devo dar? Como faço para proteger minhas criações?</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Conforme o art. 966 do Código Civil (CC), considera-se empresário quem exerce</p><p>pro�ssionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou</p><p>serviços. Para isso, é necessário que a atividade seja realizada de forma habitual e com intuito</p><p>lucrativo. De acordo com o mesmo artigo, é essencial que a atividade seja organizada de</p><p>maneira pro�ssional, o que envolve a de�nição de um plano de negócios, a escolha de</p><p>fornecedores, o estabelecimento de processos de produção e circulação e demais aspectos</p><p>relacionados à gestão do empreendimento.</p><p>Diante disso, para se tornar empresária, Amanda precisa estar em pleno gozo da capacidade</p><p>civil, ou seja, ter atingido a maioridade ou estar emancipada, e não pode estar legalmente</p><p>impedida, o que implica não possuir restrições legais que a impeçam de exercer atividades</p><p>empresariais. Esses critérios garantem que a pessoa tenha a autonomia e a responsabilidade</p><p>necessárias para conduzir um negócio de maneira legal e e�ciente.</p><p>O primeiro passo de Amanda é, então, fazer o registro no Registro Público de Empresas</p><p>Mercantis, pois, conforme o art. 967 do Código Civil, é obrigatória a inscrição do empresário no</p><p>Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, antes do início da atividade. Esse registro</p><p>envolve a apresentação de informações como nome, nacionalidade, domicílio, estado civil,</p><p>regime de bens, �rma, capital, objeto e sede da empresa.</p><p>Para proteger suas criações no âmbito da moda sustentável, é crucial que a jovem considere o</p><p>direito de propriedade industrial, conforme explicado na unidade. Nessa circunstância, marcas e</p><p>patentes desempenham papéis fundamentais. No que diz respeito às roupas exclusivas, é</p><p>possível buscar o registro de desenho industrial para proteger a forma plástica ornamental dos</p><p>produtos. Quanto à marca Amanda's Creations, ela pode ser registrada como uma marca de</p><p>produto ou serviço, o que proporcionará exclusividade e distinção no mercado.</p><p>A seguir, con�ra os principais tópicos conceituais estudados ao longo desta unidade.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União:</p><p>seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.</p><p>MAGALHÃES, G. Direito empresarial facilitado. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022.</p><p>,</p><p>Unidade 2</p><p>Atividade Empresarial e Legislação Trabalhista</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Aula 1</p><p>Relação De Emprego E Contrato De Trabalho</p><p>Relação de emprego e contrato de trabalho</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Boas-vindas ao fascinante universo do direito do trabalho, um ramo do direito que</p><p>regula as relações de trabalho, especialmente a relação de emprego, moldando e protegendo os</p><p>direitos dos trabalhadores na sociedade. Nesta jornada de conhecimento, exploraremos as</p><p>de�nições e os princípios que regem a prestação de trabalho subordinada, mergulhando no</p><p>entendimento proposto por renomados juristas. Também estudaremos o contrato de trabalho,</p><p>bem como seus requisitos e suas espécies.</p><p>Para o desenvolvimento de nossas re�exões, partiremos das seguintes questões: qual a</p><p>importância dos princípios no direito do trabalho e como eles contribuem para a construção de</p><p>um ambiente mais equitativo nas relações laborais? O que diferencia a relação de emprego de</p><p>outras formas de trabalho, como trabalho autônomo, eventual e avulso, e como essas distinções</p><p>impactam os direitos e os deveres das partes envolvidas? Por que o contrato de trabalho é, em</p><p>regra, por prazo indeterminado, e como essa prática se alinha com os objetivos do direito do</p><p>trabalho?</p><p>Vamos lá?</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Vamos Começar!</p><p>Direito do trabalho: de�nição e princípios</p><p>Direito do trabalho é um conjunto de princípios e regras jurídicas que regem a prestação de</p><p>trabalho subordinada ou outras similares, por meio da tutela do trabalho. Na concepção de</p><p>Maurício Goldinho Delgado (2023), o direito do trabalho pode ser de�nido como um complexo de</p><p>princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação de emprego e outras relações de</p><p>trabalho normativamente especi�cadas. Além disso, pode-se a�rmar também que o direito do</p><p>trabalho é ramo do direito privado, envolvendo uma relação jurídica entre particulares.</p><p>O direito do trabalho pode ser dividido em dois campos distintos: o direito individual do trabalho</p><p>e o direito coletivo do trabalho. O primeiro consiste no conjunto de normas que consideram,</p><p>individualmente, o empregador e o empregado, unidos em uma relação contratual, tal como</p><p>ocorre quando um trabalhador celebra um contrato de trabalho com uma empresa; o segundo se</p><p>destina a regulamentar as relações coletivas entre empregados, empregadores e suas entidades</p><p>sindicais, quando, por exemplo, a empresa celebra um acordo coletivo com o sindicato, criando</p><p>normas e condições de trabalho (Resende, 2023).</p><p>Vamos conhecer agora os princípios do direito do trabalho? Os princípios jurídicos são espécies</p><p>de valores considerados relevantes para a sociedade, tais como justiça, liberdade, paz, dignidade</p><p>da pessoa humana, etc. Embora nem sempre</p><p>estejam explícitos na lei ou no texto constitucional,</p><p>os princípios têm força normativa e função de fundamentar o direito, interpretando-o e auxiliando</p><p>em sua aplicação. No campo do direito do trabalho, os princípios dão sentido às normas</p><p>trabalhistas e regulamentam as relações de trabalho.</p><p>O princípio da proteção talvez seja o mais completo e o mais importante do direito do trabalho,</p><p>reconhecido como o princípio dos princípios do direito do trabalho (Renzetti, 2021), pois</p><p>prescreve a necessidade de optar pela norma e pela condição mais favorável ao trabalhador. Ele</p><p>pressupõe que o trabalhador é a parte mais fraca na relação de emprego (o hipossu�ciente), por</p><p>isso merece proteção. Logo, o propósito desse princípio é corrigir desigualdades, bem como</p><p>fundamentar a imperatividade das normas trabalhistas, o que signi�ca, em tese, que as partes,</p><p>na celebração de um contrato de trabalho, não poderiam afastá-las.</p><p>Se, em determinada situação, estivermos diante de duas ou mais normas a serem aplicadas,</p><p>deveremos optar pela norma mais favorável ao trabalhador, independentemente de sua posição</p><p>na hierarquia. Além disso, situações vantajosas que se incorporaram ao patrimônio do</p><p>empregado, por força do contrato de trabalho, não poderiam ser posteriormente retiradas, pelo</p><p>princípio da condição mais bené�ca.</p><p>O princípio da primazia da realidade é outro princípio essencial do direito do trabalho, cuja</p><p>intenção é impedir que documentos formais prevaleçam sobre a verdade. Muitas vezes, o</p><p>contrato de trabalho não retrata a realidade, ou seja, a situação de fato e a real condição de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>trabalho. Nesse caso, devemos desprezar a �cção jurídica e sempre nos pautar pela verdade.</p><p>Portanto, “havendo confronto entre a verdade real/fatos e a verdade formal/provas, a primeira</p><p>prevalecerá” (Renzetti, 2021, p. 29).</p><p>O princípio da irrenunciabilidade tem o propósito de limitar a autonomia da vontade das partes</p><p>na negociação, ao defender a irrenunciabilidade de muitos direitos trabalhistas, não podendo o</p><p>trabalhador dispor deles, ainda que essa seja sua vontade. Sabe-se que, pelo receio de perder o</p><p>emprego, muitos trabalhadores aceitam certas condições, às vezes, contrárias à lei. Por isso, tal</p><p>princípio tem por objetivo impedir a renúncia de direitos, sem impedir o trabalhador de negociar o</p><p>modo de exercício deles.</p><p>O princípio da continuidade da relação de emprego, por sua vez, tem por fundamento a</p><p>preservação do emprego. Para que você entenda a lógica desse princípio, faz-se necessário</p><p>observar que o contrato de trabalho, em regra, é de trato sucessivo e se concebe por prazo</p><p>indeterminado (sem �xar a data �nal de término do contrato do trabalho). O que se busca,</p><p>portanto, é a continuidade da relação de emprego, a �m de manter o trabalhador empregado,</p><p>fator que gera benefícios não somente para ele, mas para sua família e toda a sociedade</p><p>(Renzetti, 2021).</p><p>Por último, e não menos importante, não podíamos deixar de estudar o princípio da</p><p>razoabilidade, aplicável em todos os campos do direito. Esse princípio está intimamente ligado</p><p>ao de boa-fé (agir com padrões éticos e morais em uma relação) e se constrói sobre os valores</p><p>da razão e da justiça. Seu pressuposto é o de que o ser humano adote condutas e tome atitudes</p><p>com bom senso, e não de forma arbitrária. O fato de ser um princípio de caráter abstrato não o</p><p>impede de restringir a conduta humana em situações que podem violar a dignidade do indivíduo</p><p>(Leite, 2023).</p><p>Relação de trabalho</p><p>O direito do trabalho regulamenta e protege as relações de trabalho, com ênfase na relação de</p><p>emprego. Então, a relação de trabalho tem caráter genérico e se refere a todas as relações</p><p>jurídicas cujo objeto é o labor humano: a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a</p><p>relação de trabalho eventual, de trabalho avulso e outras modalidades de pactuação de</p><p>prestação de labor, tais como o trabalho de estágio, etc. Ou seja, toda relação jurídica em que</p><p>uma das partes realiza uma atividade com dispêndio de energia pode ser considerada relação de</p><p>trabalho. Mas, cuidado! Isso não signi�ca que o direito do trabalho tutela e regulamenta toda e</p><p>qualquer relação de trabalho. Por exemplo, esse campo do direito não rege a relação de trabalho</p><p>do servidor público estatutário, que é normatizada pelo direito administrativo e por leis</p><p>especí�cas.</p><p>Vamos entender as relações existentes nos trabalhos autônomo, eventual e avulso? Comecemos</p><p>com o autônomo. A mais importante característica do trabalho autônomo é a ausência de</p><p>dependência ou subordinação jurídica entre o prestador de serviço (trabalhador) e o tomador de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>serviços (aquele que contrata). Nas palavras de Adriana Calvo (2023, p. 25): a “principal</p><p>característica da atividade do autônomo é sua independência, pois a sua atuação não possui</p><p>subordinação a um tomador de serviço”. Nesse contexto, o prestador de serviço desenvolve o</p><p>trabalho para uma ou mais pessoas, de forma autônoma, com pro�ssionalidade e habitualidade,</p><p>atuando por conta própria.</p><p>O trabalho eventual, por sua vez, refere-se ao labor de caráter esporádico, de curta duração e não</p><p>relacionado, em regra, com a atividade-�m de uma empresa, ou seja, com a sua principal função.</p><p>A relação de trabalho eventual, na visão de Delgado (2023), caracteriza-se por aquela em que o</p><p>trabalhador presta serviços ao tomador sem permanência (daí a noção de eventualidade). O</p><p>eventual, então, trabalha sem habitualidade e, em regra, com autonomia.</p><p>Sob o ponto de vista jurídico, o trabalhador avulso é aquele que presta serviços a diversas</p><p>empresas, sem criar vínculos com elas, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão</p><p>de obra ou do sindicato da categoria. Em outras palavras, avulso é o obreiro que oferta o seu</p><p>trabalho a distintos tomadores, sem se �xar, especi�camente, com qualquer um deles, por curtos</p><p>períodos. A grande característica do avulso é o fato de atuar em um mercado especí�co, por</p><p>meio de uma entidade intermediária, que realiza a interposição da força de trabalho avulsa, em</p><p>face dos distintos tomadores de serviço, que poderão ser armazéns de portos, navios em</p><p>carregamentos ou descarregamento, importadores e exportadores e outros operadores</p><p>portuários.</p><p>Relação de emprego</p><p>A relação de emprego (aquela em que há o registro em carteira de trabalho) é uma das</p><p>modalidades da relação de trabalho que tem características peculiares e segue normas e</p><p>princípios aplicados apenas àquele que, juridicamente, é considerado empregado.</p><p>Especi�camente, os arts. 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de�nem a �gura do</p><p>“empregador” e do “empregado”, respectivamente:</p><p>Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da</p><p>atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.</p><p>Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não</p><p>eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário (Brasil, 1943, arts. 2º e 3º,</p><p>caput).</p><p>Esses dois artigos transcritos da CLT apresentam todos os elementos, requisitos ou critérios</p><p>caracterizados da relação de emprego. A prestação de trabalho por uma pessoa física a outrem</p><p>pode se caracterizar de diversas maneiras. Todavia, só teremos relação de emprego se essa</p><p>prestação ocorrer com subordinação, pessoalidade, habitualidade e onerosidade. Quando</p><p>presentes esses elementos, estaremos diante de uma típica relação de emprego.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Primeiramente, o serviço deve ser prestado sempre por pessoa física, não podendo, obviamente,</p><p>o empregado ser pessoa jurídica. Apenas o empregador é que poderá ser pessoa física ou</p><p>pessoa jurídica. Outro requisito importante é a pessoalidade, ou seja, o trabalhador deve,</p><p>pessoalmente, executar o serviço, que não poderá ser substituído por outro. Nesse sentido o</p><p>contrato de emprego é intuitu personae em relação ao empregado, sendo permitido apenas que</p><p>ele preste o serviço (Calvo, 2023).</p><p>Por</p><p>sua vez, a não eventualidade, que aparece na de�nição de empregado do art. 3º da CLT, diz</p><p>respeito ao fato de que a prestação de serviço deve ser habitual, de forma contínua e</p><p>permanente. Sendo assim, para se caracterizar uma relação de emprego e o trabalhador ser</p><p>considerado “empregado”, no sentido jurídico do termo, o labor não pode ser prestado</p><p>eventualmente. Isso não signi�ca que o trabalhador precise comparecer todos os dias da</p><p>semana na empresa, ou duas, ou três vezes. Nesse caso, tente se recordar das características do</p><p>trabalhador eventual para estabelecer um paralelo.</p><p>A onerosidade é outro requisito importante da prestação de serviço empregatícia. Se o trabalho é</p><p>gratuito, não há relação de emprego em que se impõe a necessidade do recebimento da</p><p>remuneração pelos serviços executados. O trabalho voluntário pode ser realizado em entidades</p><p>sem �ns lucrativos, se o objetivo é o de apenas contribuir socialmente com ânimo benevolente e</p><p>sem contraprestação.</p><p>O último e o mais importante requisito da relação de emprego é, sem dúvida alguma, a</p><p>subordinação, termo que deriva de sub (baixo) e ordinare (ordenar) e traduz a noção etimológica</p><p>de estado de dependência ou obediência em relação a uma hierarquia de posição. Ela traz a ideia</p><p>de submetimento, sujeição ao poder de outros. Por isso, Delgado (2023) informa que, quando o</p><p>art. 3º da CLT estatui que o serviço é prestado ao empregador “sob a dependência deste”, quis</p><p>dizer que o serviço é prestado “mediante subordinação”.</p><p>Essa subordinação, no entanto, não é econômica (o trabalhador economicamente inferior ao</p><p>empregador), ou social (trabalhador socialmente inferior ao empregador), ou técnica</p><p>(empregador tem mais conhecimento que o empregado); é jurídica. Isso quer dizer que o</p><p>empregado está subordinado juridicamente ao empregador, devendo acatar suas ordens e</p><p>determinações. Em poucas palavras, podemos a�rmar que a subordinação jurídica é a</p><p>possibilidade de o empregador dar ordens, comandar e �scalizar a atividade do empregado, o</p><p>que pode ocorrer de maneira intensa ou mais rarefeita, a depender da natureza do trabalho</p><p>prestado.</p><p>Tendo em vista que as relações de trabalho e de emprego, a cada dia que passa, tornam-se mais</p><p>complexas, há, atualmente, diversos estudos sobre a subordinação, na intenção de demonstrar</p><p>que, mesmo nos casos em que não há efetivo controle do empregador sobre o trabalhador, a</p><p>subordinação estará presente. Pode acontecer, por exemplo, de o empregado não receber ordens</p><p>diretas do empregador, mas, se estiver integrado à organização e à dinâmica da empresa,</p><p>mediante um vínculo contratualmente estabelecido, estaremos diante de uma subordinação</p><p>objetiva (Barros, 2017).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Siga em Frente...</p><p>Contrato de trabalho na relação de emprego</p><p>Nos termos do art. 442 da CLT, o contrato de trabalho é um acordo tácito ou expresso,</p><p>correspondente à relação de emprego. Trata-se, na verdade, de um acordo escrito ou verbal,</p><p>celebrado entre uma pessoa física (trabalhador) e uma pessoa física ou jurídica (empregador),</p><p>por meio do qual a primeira se compromete a executar pessoalmente um serviço, e a segunda a</p><p>remunerar o serviço prestado. O contrato de trabalho formaliza, então, um acordo entre duas</p><p>pessoas, em que cada uma assume uma obrigação. Por isso, uma de suas características é a</p><p>bilateralidade, ou seja, quando o contrato de trabalho envolve duas partes – o trabalhador e o</p><p>tomador de serviços.</p><p>É importante que esse contrato seja sinalagmático, com direitos e deveres mútuos para o</p><p>empregador e o empregado. Assim, o acordo pressupõe um equilíbrio nas prestações de cada</p><p>uma das partes. Se, por exemplo, o trabalhador for contratado para determinada função, não</p><p>poderia ser exigido dele o cumprimento de tarefas alheias à função contratada, sem remunerá-lo</p><p>por isso, pois haveria, em tese, um desequilíbrio nas prestações.</p><p>O contrato de trabalho também é um acordo consensual, o que signi�ca dizer que não há</p><p>maiores formalidades para a sua celebração, tal como ocorre com os contratos solenes. Aliás, é</p><p>possível, inclusive, que um contrato de trabalho seja realizado tacitamente, ou seja, de forma</p><p>implícita, ainda que não haja, por exemplo, registro na carteira e formalização escrita do contrato,</p><p>que será válido para todos os efeitos legais.</p><p>O contrato de trabalho é personalíssimo, podendo apenas ser executado pelo empregado</p><p>contratado. Isso não ocorre com a �gura do empregador, que pode ser substituído</p><p>tranquilamente. É o que acontece, por exemplo, quando uma empresa é sucedida, vendida, etc.</p><p>Nesse caso, haverá alteração da �gura do empregador no contrato de trabalho, mas este</p><p>continuará vigorando normalmente em relação ao empregado (Calvo, 2023).</p><p>Ademais, o contrato de trabalho é de caráter sucessivo, pois as prestações se sucedem ao longo</p><p>do tempo, além de ser um contrato de atividade, regido por obrigações de fazer, que se cumprem</p><p>continuamente no tempo (Delgado, 2023). É de caráter oneroso (cada um contribui com sua</p><p>obrigação) e dotado de alteridade (é o empregador quem assume todos os riscos da atividade</p><p>empresarial).</p><p>Todo contrato de trabalho tem por objeto a prestação de um serviço, que deve ser lícito e/ou não</p><p>proibido. Isso signi�ca que a prestação de serviço deve estar em consonância com a lei, com a</p><p>ordem pública e com os bons costumes, respeitando as normas proibitivas do Estado. O trabalho</p><p>ilícito está relacionado ao objeto do contrato de trabalho, ou seja, à própria prestação do serviço,</p><p>que se apresenta como ilícita, afrontando o ordenamento jurídico. Por sua vez, o trabalho</p><p>proibido se refere às condições em que o trabalho é executado, e o empregado tem direito ao</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>pagamento das verbas trabalhistas relativas ao tempo de exercício das atividades, mesmo que</p><p>proibidas.</p><p>Em regra, o contrato de trabalho é válido por tempo indeterminado. O contrato por prazo</p><p>determinado só é permitido se estiver em conformidade com uma das situações descritas no</p><p>art. 443 da CLT e não pode ultrapassar o período de dois anos. O § 2º do art. 443 da CLT</p><p>estabelece que a contratação por prazo determinado poderá ocorrer mediante três hipóteses:</p><p>1. Para a realização de serviço cuja natureza ou transitoriedade justi�que a predeterminação</p><p>do prazo, como a substituição de empregado permanente, em férias ou licença. O prazo</p><p>máximo é de dois anos.</p><p>2. Para atividades empresariais de caráter transitório (realizam atividades esporádicas ou por</p><p>apenas um período). O prazo máximo é de dois anos.</p><p>3. Para contrato de experiência (cuja �nalidade é conhecer o trabalhador). O prazo máximo é</p><p>de 90 dias.</p><p>O trabalhador contratado por prazo determinado, regra geral, faz jus aos mesmos direitos</p><p>trabalhistas dos empregados comuns (salário, férias proporcionais, 13º salário proporcional,</p><p>depósitos de FGTS), com exceção do aviso prévio, já que a modalidade de contrato prevê a data</p><p>�nal do término.</p><p>A Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) inseriu, no art. 443 da CLT, uma nova modalidade de</p><p>contratação de empregado: o trabalho intermitente. O objetivo dessa modalidade é formalizar ou</p><p>o�cializar o trabalho popularmente conhecido como “bico”. A ideia é acionar o empregado</p><p>apenas quando houver efetivamente a necessidade da prestação de seu serviço, o que poderá</p><p>ocorrer em horas, dias ou até meses alternados.</p><p>O empregado com contrato de trabalho intermitente (que também é por prazo indeterminado),</p><p>conforme determina o art. 452-A, da CLT, será convocado para o trabalho com três dias de</p><p>antecedência, podendo recusá-lo, se quiser. Se aceitar a convocação, a parte que descumprir o</p><p>contrato sem um motivo justo terá de pagar à outra uma multa de 50% da remuneração. Ao �nal</p><p>do período de prestação de serviço, o empregado receberá: remuneração, férias proporcionais</p><p>com acréscimo de um terço, 13º salário proporcional, repouso semanal remunerado e adicionais</p><p>legais. Durante o período de inatividade, ou seja, quando não houver prestação de serviço, o</p><p>empregado não �cará à disposição do empregador, podendo</p><p>prestar serviços para outras</p><p>pessoas.</p><p>Trabalho temporário e trabalho terceirizado</p><p>O trabalho temporário é regulamentado pela Lei nº 6.019/1974 e pela Lei nº 13.429/2017. O</p><p>trabalhador temporário é contratado por uma empresa de trabalho temporário e colocado à</p><p>disposição de uma empresa tomadora de serviços para atender à necessidade de substituição</p><p>transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A duração do contrato de trabalho temporário é de até 180 dias, podendo ser prorrogado por</p><p>mais 90 dias, desde que comprovada a manutenção das condições que o ensejaram. A empresa</p><p>tomadora de serviços é responsável por garantir as condições de segurança, higiene e</p><p>salubridade dos trabalhadores temporários quando o trabalho for realizado em suas</p><p>dependências ou local designado por ela.</p><p>O trabalho terceirizado envolve a contratação de uma empresa prestadora de serviços para</p><p>fornecer mão de obra à empresa tomadora. Os pro�ssionais terceirizados não são subordinados</p><p>à empresa tomadora de serviços, sendo a prestadora responsável por selecionar, contratar e</p><p>gerir esses pro�ssionais. A empresa que fornece o serviço de terceirização é responsável por</p><p>todas as etapas da admissão, desde o processo seletivo até a organização da documentação</p><p>para o início do trabalho.</p><p>É permitido terceirizar todo e qualquer tipo de serviço e atividade. Os trabalhadores terceirizados</p><p>são empregados da empresa de prestação de serviços a terceiros e, por isso, fazem jus aos</p><p>mesmos direitos trabalhistas dos demais empregados regidos pela CLT. Nesse caso, a empresa</p><p>tomadora de serviços também tem responsabilidade subsidiária (secundária), o que signi�ca</p><p>dizer que se a prestadora não quitar as dívidas trabalhistas, a tomadora poderá ser acionada para</p><p>responder por essa dívida.</p><p>Suspensão e interrupção do contrato de trabalho</p><p>Tanto na suspensão quanto na interrupção não haverá cessação (�m) do contrato de trabalho,</p><p>mas tão somente uma paralisação temporária da prestação de serviço. Isso signi�ca que o</p><p>empregador não poderia extinguir o contrato de trabalho nesse período de paralisação</p><p>transitória, a não ser que houvesse justo motivo (falta grave pelo trabalhador a ser reconhecida</p><p>pela Justiça do Trabalho) ou no caso de extinção da empresa, pois nessas situações haveria a</p><p>impossibilidade da continuidade da relação laboral.</p><p>Na interrupção do contrato, o empregado não presta serviço, e o seu período de afastamento é</p><p>computado para todos os efeitos legais, inclusive para a manutenção da obrigação do</p><p>empregador de pagar salários e outras vantagens do empregado. As hipóteses de interrupção do</p><p>contrato incluem: afastamento por motivo de doença ou acidente até o 15º dia; férias, repouso</p><p>semanal remunerado; licença remunerada; ausências legais e justi�cadas, etc.</p><p>Na suspensão do contrato, não há prestação de serviço por parte do trabalhador, mas também</p><p>não há pagamento de salário e o seu período de afastamento não é considerado para os efeitos</p><p>legais. As hipóteses de suspensão do contrato incluem: afastamento por motivo de doença ou</p><p>acidente após o 16º dia; ausência por motivo de greve; afastamento para prestação de serviço</p><p>militar obrigatório; etc.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Estudante, ao �nal desta aula, compreendemos o que é o direito do trabalho, quais seus</p><p>princípios, o que é contrato de trabalho e quais são seus requisitos e espécies. Diante disso, já</p><p>temos condições de responder os questionamentos feitos lá no início, não é?</p><p>Os princípios, no direito do trabalho, desempenham um papel crucial ao estabelecerem diretrizes</p><p>éticas e morais para as relações entre empregadores e empregados. Eles fornecem um alicerce</p><p>para a interpretação das normas trabalhistas, orientando a busca por equidade, justiça e</p><p>proteção ao trabalhador.</p><p>A relação de emprego se destaca por envolver subordinação, pessoalidade, habitualidade e</p><p>onerosidade. Essas características a diferenciam de outras formas de trabalho, como o trabalho</p><p>autônomo, o eventual e o avulso. Essas distinções têm implicações signi�cativas nos direitos e</p><p>nos deveres, in�uenciando, por exemplo, a proteção social, as condições de trabalho e a</p><p>estabilidade empregatícia.</p><p>Em regra, o contrato de trabalho por prazo indeterminado visa atender ao princípio da</p><p>continuidade da relação de emprego. Essa escolha visa proporcionar estabilidade e segurança</p><p>ao trabalhador, contribuindo para a preservação do emprego. O princípio da continuidade</p><p>reconhece que a manutenção do vínculo empregatício não apenas bene�cia o trabalhador</p><p>individualmente, mas também promove a estabilidade econômica e social mais ampla.</p><p>Espera-se que esta aula tenha sido enriquecedora para seus estudos e tenha proporcionado uma</p><p>compreensão mais profunda do direito do trabalho e de como seus fundamentos moldam as</p><p>relações laborais em nossa sociedade. Até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre a relação de trabalho e a relação de emprego, leia o Capítulo I do livro</p><p>indicado a seguir:</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Referências</p><p>BARROS, A. M. de. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2017.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis de</p><p>Trabalho (CLT). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de</p><p>1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a �m de adequar a</p><p>legislação às novas relações de trabalho. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 26 abr.</p><p>2024.</p><p>CALVO, A. Manual de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: Juspodvim, 2023.</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>RENZETTI, R. Manual de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 2021.</p><p>RESENDE, R. Direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.</p><p>Aula 2</p><p>Jornada De Trabalho E Direito Ao Descanso</p><p>Jornada de trabalho e direito ao descanso</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Hoje, exploraremos um tema essencial para a compreensão das relações laborais e dos direitos</p><p>dos trabalhadores: a jornada de trabalho, que, além de ser um componente central nos contratos</p><p>de emprego, é um aspecto crucial para a proteção da integridade física e do equilíbrio entre a</p><p>vida pro�ssional e a pessoal dos trabalhadores.</p><p>Propõe-se com esta aula, então, fornecer-lhe, estudante, uma visão abrangente dos elementos</p><p>que compõem a jornada de trabalho, indo além da mera duração diária. Diante disso,</p><p>exploraremos as nuances da legislação, os limites estabelecidos pela CLT, bem como as</p><p>exceções que podem surgir em determinadas situações. Entender esses conceitos</p><p>é crucial para</p><p>assegurar os direitos dos trabalhadores e garantir ambientes laborais mais justos e equitativos.</p><p>Ao longo da aula, focaremos em questionamentos essenciais para a compreensão profunda do</p><p>tema: como a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) impactou a concepção e a aplicação da</p><p>jornada de trabalho? Quais são as implicações legais e práticas da prorrogação da jornada de</p><p>trabalho, especialmente considerando as condições para a realização de horas extras? Como os</p><p>intervalos interjornada e intrajornada são regulamentados pela CLT, e quais as implicações para</p><p>empregado e empregador em caso de descumprimento dessas normas?</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Jornada de trabalho</p><p>A jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o empregado se coloca à disposição do</p><p>empregador, em virtude do contrato assinado por eles. Isso signi�ca que a jornada está</p><p>relacionada com o tempo destinado a um dia de trabalho. A duração do trabalho, diferentemente,</p><p>traz uma noção mais ampla, porque abrange o período de labor ou disponibilidade do empregado</p><p>perante seu empregador, sob diversos parâmetros de mensuração: dia (duração diária, ou</p><p>jornada); semana (duração semanal), mês (duração mensal) e até mesmo ano (duração anual)</p><p>(Delgado, 2023).</p><p>O objetivo primordial das normas sobre duração do trabalho é tutelar a integridade física do</p><p>trabalhador, evitando-lhe a fadiga (Barros, 2017). Insere-se também dentro da jornada o tempo</p><p>em que o trabalhador esteja à disposição do empregador. A Reforma Trabalhista (Lei nº</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>13.467/2017), ao acrescentar o §2º ao art. 4º da CLT, dispôs que, se o empregado permanecer</p><p>na empresa para, por exemplo, realizar atividades particulares, como descanso, lazer, estudo,</p><p>alimentação, higiene pessoal, tal período não será computado como jornada de trabalho, nem</p><p>tempo à disposição.</p><p>A Constituição Federal e a CLT �xaram jornada diária em 8 (oito) horas e semanal em 44</p><p>(quarenta e quatro) horas. Essa seria, em tese, a jornada máxima a ser cumprida pelo</p><p>empregado, porém o ordenamento jurídico possibilita a prorrogação e a compensação da</p><p>jornada. Embora isso seja regra geral, há trabalhadores com jornadas especí�cas, como ocorre,</p><p>por exemplo, com os jornalistas (cinco a sete horas), com os operadores de telemarketing (seis</p><p>horas) e com os �sioterapeutas (seis horas).</p><p>A regra é a de que todos os empregados estejam submetidos a um controle de jornada, o que é</p><p>feito mediante registro em cartões de ponto, de forma manual ou eletrônica. A legislação exige</p><p>do empregador a �scalização da jornada, mas o registro apenas é obrigatório para empresas</p><p>com mais de dez empregados e há uma exceção à �scalização, pois existem empregados</p><p>excluídos do controle de jornada. Segundo o art. 62 da CLT, estão excluídos do controle de</p><p>jornada e, consequentemente, do recebimento de horas extras, os seguintes empregados:</p><p>Gerentes que exercem cargo de gestão, com salário superior aos demais empregados do</p><p>setor em 40%, pelo menos.</p><p>Empregados que exercem atividade externa incompatível com a �xação de horário de</p><p>trabalho.</p><p>Empregados em regime de teletrabalho (inovação trazida pela Reforma Trabalhista).</p><p>Para serem excluídos do controle de jornada, o chefe ou diretor de departamento ou �lial</p><p>precisam ter, efetivamente, poder de mando e gestão. Isso signi�ca que esse empregado deve</p><p>ter poder de �scalizar o trabalho de outros empregados subordinados, de admitir e demitir</p><p>trabalhadores, de tomar decisões de gestão e de ter certa autonomia no trabalho.</p><p>O salário superior ou a grati�cação de função, caso recebidos, justi�cam-se pela</p><p>responsabilidade decorrente do cargo ocupado pelo gestor. Por exercerem cargos de gestão e</p><p>estarem investidos de um poder de mando, esses trabalhadores, em tese, não poderiam estar</p><p>restritos a um horário de trabalho �xo; daí a necessidade de não serem controlados em sua</p><p>jornada. Em contrapartida, como forma de compensação, são merecedores de salários maiores</p><p>em relação aos demais empregados (no mínimo, 40%).</p><p>A segunda categoria de trabalhadores excluídos do controle da jornada diz respeito àqueles que</p><p>exercem atividade externa incompatível com a �xação de horário de trabalho. Aqui, a exclusão</p><p>ocorre porque, se o empregado trabalha externamente, não haveria, em tese, por parte do</p><p>empregador, possibilidade de controlar seu horário, como ocorre, por exemplo, com o vendedor</p><p>externo. Com relação a isso, a única exigência na lei é que essa condição (ausência de controle</p><p>de horário com base no art. 62, inciso II, da CLT) esteja anotada na carteira de trabalho e no</p><p>registro de empregados.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O inciso III do art. 62 da CLT previu, ainda, que o empregado submetido ao regime de teletrabalho</p><p>também está excluído do controle de horário. A justi�cativa para a exclusão é justamente o fato</p><p>de que haveria di�culdade no controle, tendo em vista que o trabalho é executado no domicílio</p><p>do empregado.</p><p>Porém, toda regra pressupõe exceções. Há circunstâncias em que esses trabalhadores poderão</p><p>fazer jus às horas extras, isto é, quando for veri�cado que, na realidade, eles estão sujeitos a</p><p>controle e �scalização do cumprimento da jornada. Quer um exemplo para entender melhor?</p><p>Imagine a situação em que a jornada de um vendedor, em atividade externa, é controlada e</p><p>�scalizada pela empregadora. Nesse caso, serão devidas as horas extras, simplesmente porque</p><p>houve violação da �nalidade da lei, que só exclui do direito à jornada extraordinária os</p><p>empregados que efetivamente não estejam sob o controle. Em contrapartida, se há �scalização</p><p>do horário, as horas extras deverão ser pagas, conforme entendimento jurisprudencial.</p><p>Além disso, é preciso lembrar que o empregador tem o dever de �scalizar a jornada de trabalho</p><p>sempre que for possível. Mesmo nos casos em que o empregado trabalhe fora do</p><p>estabelecimento empresarial, se houver a possibilidade de �scalizar e controlar a sua jornada,</p><p>principalmente diante dos avanços tecnológicos, não será aplicada a exceção do art. 62 da CLT.</p><p>Lembre-se de que, para aplicarmos esse artigo e excluirmos os empregados do controle, é</p><p>preciso demonstrar que a empregadora não tinha, de fato, condições de �scalizar.</p><p>Prorrogação e compensação da jornada de trabalho</p><p>Já sabemos que a regra geral é o controle de jornada por meio de cartão ponto, com exceção</p><p>dos excluídos dessa �scalização. Sabemos também que a jornada não pode ultrapassar a 8ª</p><p>hora diária nem a 44ª hora semanal, sob pena de o empregador ter de pagar ao trabalhador as</p><p>horas que ultrapassarem esse limite. No entanto, é possível que haja a prorrogação dessa</p><p>jornada. O que seria exatamente isso? Prorrogar signi�ca prolongar, ampliar, estender. Logo,</p><p>quando adiamos o término da jornada e a prorrogamos (de modo que se trabalha mais que o</p><p>horário �xado), estaremos em jornada extraordinária.</p><p>No caso de necessidade imperiosa, a CLT, em seu art. 61, permite a realização de trabalho</p><p>extraordinário. Você sabe o que é necessidade imperiosa? Ela decorre de situações imprevisíveis</p><p>ou de casos em que é necessário concluir serviços inadiáveis da empresa, principalmente</p><p>quando a inexecução do trabalho acarreta prejuízos ao empregador. Se não for caso de</p><p>necessidade imperiosa, a lei apenas permite a realização de jornada extraordinária no limite de</p><p>duas horas diárias, sendo que a cada hora trabalhada deverá ser acrescido um adicional de, no</p><p>mínimo, 50% sobre o valor da hora do empregado.</p><p>Além disso, o empregador somente poderá exigir o cumprimento de horas extras por parte do</p><p>empregado se houver acordo escrito individual ou coletivo. Você já deve ter presenciado</p><p>situações em que o trabalhador, na verdade, cumpre mais que duas horas extras diárias. Nesse</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>caso, ele não receberá por todas elas? Claro que sim! E o empregador incorrerá em uma infração</p><p>administrativa.</p><p>Ao lado da prorrogação de jornada, existe a compensação de jornada, que está prevista no</p><p>parágrafo segundo do art. 59 da CLT. Trata-se de um instituto</p><p>que visa compensar a realização</p><p>de horas extras pelo empregado, em vez de remunerá-las como extras. Para que tenha validade</p><p>legal, a compensação deve estar prevista em acordo escrito com o empregado, respeitada a</p><p>carga horária semanal (44 horas). É importante ainda que não haja limite de dez horas de</p><p>trabalho no dia. Desrespeitados esses requisitos, o acordo é desconsiderado, e haverá</p><p>pagamento das horas extraordinárias.</p><p>Um exemplo muito comum de acordo de compensação de jornada ocorre mediante a realização</p><p>de jornada superior durante a semana para compensar as quatro horas do sábado. Outro regime</p><p>de compensação de jornada que tem crescido muito no país é o banco de horas, que é</p><p>caracterizado pela possibilidade de compensar o excesso de horas laborado em um dia pela</p><p>correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um</p><p>ano, a soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite</p><p>máximo de dez horas diárias. Tais requisitos devem ser obedecidos, sob pena de</p><p>desconsideração do acordo de compensação e o consequente pagamento das horas extras.</p><p>Em regra, o banco de horas deve ser previsto por meio de acordo e convenção coletiva e “zerado”</p><p>(�nalizada a compensação e iniciada outra) no período máximo de um ano. Porém, a Reforma</p><p>Trabalhista previu a possibilidade de realização do acordo de banco de horas de forma individual</p><p>e diretamente com o empregado. Nessa hipótese, a compensação será de, no máximo, seis</p><p>meses, nos termos do §5º do art. 59 da CLT.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Intervalos interjornada e intrajornada</p><p>Para �nalizar nosso estudo sobre a jornada de trabalho, ainda nos resta discutir dois temas</p><p>essenciais: o trabalho noturno e a realização dos intervalos. Vamos lá?</p><p>Além dos empregados que laboram em jornada extraordinária, há aqueles que executam o</p><p>trabalho no período noturno. Trata-se de trabalho geralmente prejudicial à saúde, tendo em vista</p><p>o maior desgaste físico e psíquico do trabalhador (Barros, 2017).</p><p>Para os trabalhadores urbanos, o trabalho noturno é aquele executado no período da noite, entre</p><p>as 22h e as 5h, conforme §2º do art. 73 da CLT. Justamente para compensar o desgaste, a lei e a</p><p>Constituição Federal estabelecem que o empregado, em jornada noturna, faz jus ao recebimento</p><p>de um adicional, de modo que o valor da hora noturna trabalhada seja superior ao valor da hora</p><p>diurna cumprida por um empregado que realiza a mesma atividade.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A CLT, no art. 73, �xou o adicional noturno, no caso de trabalhador urbano, no patamar de, no</p><p>mínimo, 20% sobre o valor da hora diurna e ainda estabeleceu mais um benefício: a hora noturna</p><p>reduzida, que será de 52 minutos e 30 segundos (e não de 60 minutos), a �m de atenuar os</p><p>malefícios de trabalho dessa natureza. Na verdade, essas disposições (horário, adicional e hora</p><p>noturna reduzida) aplicam-se, como regra geral, aos trabalhadores privados urbanos, pois a</p><p>legislação apresenta algumas especi�cidades no caso do trabalhador rural.</p><p>É dever do empregado cumprir o seu horário de trabalho, entretanto ele também tem direito ao</p><p>descanso proporcionado pelos intervalos intrajornada e interjornadas.</p><p>O intervalo interjornada é a pausa concedida ao empregado entre o �nal de uma jornada diária de</p><p>trabalho e o início de uma nova, no dia seguinte, para o seu devido descanso. Em poucas</p><p>palavras, seria o intervalo entre duas jornadas – de um dia para outro. O art. 66 da CLT assegura</p><p>ao trabalhador o intervalo interjornada de, no mínimo, 11 (onze) horas consecutivas. Isso</p><p>signi�ca que o empregado deve �nalizar a jornada em um dia e iniciar a outra no dia seguinte</p><p>apenas onze horas depois. Se descumprida essa regra, o trabalhador terá direito de receber pelas</p><p>horas suprimidas, com adicional de 50%, conforme entendimento jurisprudencial do TST</p><p>(Orientação Jurisprudencial 355 da Seção de Dissídios Individuais nº 1).</p><p>Já os intervalos intrajornada são as pausas concedidas ao trabalhador dentro da jornada diária</p><p>de trabalho com o objetivo de proporcionar repouso e alimentação ao empregado. O art. 71 da</p><p>CLT dispõe sobre os seguintes intervalos (não computados na duração de jornada do</p><p>trabalhador):</p><p>Jornada diária de até quatro horas: sem intervalo.</p><p>Jornada diária de quatro a seis horas: 15 minutos de intervalo.</p><p>Jornada diária acima de seis horas: entre uma e duas horas de intervalo.</p><p>Não sendo concedido o intervalo ou sendo concedido um menor do que aquele estipulado na</p><p>CLT, o empregador deverá pagar o período restante (suprimido) com adicional de 50%, a título de</p><p>indenização. A Reforma Trabalhista estabeleceu a possibilidade de reduzir o intervalo</p><p>intrajornada para até 30 minutos, em jornadas diárias acima de seis horas, desde que haja</p><p>convenção ou acordo coletivo, nos termos da Lei nº 13.467/2017, art. 611-A, inciso III.</p><p>Descanso (ou repouso) semanal remunerado</p><p>O trabalhador tem direito a uma folga semanal, isto é, um descanso semanal de 24 (vinte e</p><p>quatro) horas, que deverá ser gozado, preferencialmente, aos domingos, nos termos do art. 67 da</p><p>CLT e da Lei nº 605/1949. Além das 24 horas do descanso semanal remunerado, deve ser</p><p>observado o intervalo interjornada de 11 horas de descanso, o que totaliza 35 horas.</p><p>Quando o trabalhador não exerce o seu direito ao descanso no domingo, o empregador deve</p><p>designar outro dia, durante a semana, para que aquele usufrua do descanso semanal</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>remunerado. Não concedido esse descanso, deve o empregador pagá-lo em dobro, sem prejuízo</p><p>da remuneração do descanso semanal (Súmula nº 146 do TST).</p><p>O art. 7º, inciso XV, da Constituição Federal também determina que o dia destinado ao descanso</p><p>deve ser garantido preferencialmente aos domingos. Se houver a necessidade de trabalho aos</p><p>domingos, os trabalhadores têm a garantia de, pelo menos, um dia de repouso semanal</p><p>remunerado, coincidindo com um domingo em cada período, conforme autorização prévia do</p><p>Ministério do Trabalho e dependendo da natureza da atividade.</p><p>Mas, atenção: o art. 386 da CLT prevê a necessidade de adoção de escala de revezamento</p><p>quinzenal para as mulheres que trabalham aos domingos. Além disso, o Supremo Tribunal</p><p>Federal (STF) con�rmou decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no sentido de que as</p><p>mulheres devem ter descanso semanal remunerado coincidente com o domingo, a cada período</p><p>de 15 dias.</p><p>A lei impõe alguns requisitos que, se não preenchidos, farão com que o trabalhador não tenha o</p><p>dia de descanso de forma remunerada. Os requisitos para a aquisição do repouso são a</p><p>assiduidade e a pontualidade durante a semana, de tal modo que, se o empregado tiver pelo</p><p>menos uma falta injusti�cada na semana de trabalho, perderá a remuneração do repouso</p><p>semanal.</p><p>Férias</p><p>Agora, vamos falar das férias, que são o direito de o empregado abster-se de trabalhar durante</p><p>determinado período do ano, sem prejuízo do salário, desde que preenchidos certos requisitos. A</p><p>�nalidade principal das férias é proporcionar ao trabalhador alguns dias consecutivos de</p><p>descanso, capazes de restituir-lhes as energias, o que permitirá seu retorno ao trabalho em</p><p>melhores condições físicas e psíquicas.</p><p>As férias não são apenas um direito do empregado, mas também são um dever do empregador, o</p><p>que permite ao trabalhador exigir-lhe o cumprimento. Não podemos esquecer que nas férias o</p><p>contrato permanecerá interrompido, já que o empregado não labora, mas é remunerado.</p><p>Para que o empregado tenha direito às férias, é preciso que tenha completado ao menos um</p><p>período aquisitivo, que corresponde ao lapso de 12 meses subsequentes à sua contratação.</p><p>Porém, após o preenchimento do período aquisitivo, o empregador ainda teria um período de 12</p><p>meses para conceder-lhe as férias, chamado de período concessivo. Por �m, é o empregador</p><p>quem de�ne o momento em que o trabalhador usufruirá das férias.</p><p>O trabalhador tem direito a 30 dias de férias, desde que não tenha mais de cinco faltas</p><p>injusti�cadas no período aquisitivo, já que a lei exige o requisito da assiduidade</p><p>os custos de um</p><p>local para que possam atender os seus clientes. Caso não optem por isso, será como uma</p><p>sociedade despersoni�cada, em que as responsabilidades perante terceiros, se assumidas, serão</p><p>suportadas de maneira ilimitada por cada um deles.</p><p>O parágrafo único do art. 966 também faz referência ao chamado “elemento de empresa”. Sobre</p><p>isso é crucial destacar que uma atividade será considerada empresarial sempre que a atividade</p><p>intelectual for utilizada como um elemento de empresa. Isso ocorre quando esse tipo de</p><p>atividade é combinado com outro, seja intelectual ou não, resultando na criação de uma nova</p><p>atividade, que é considerada empresarial e cujo titular é o empresário que utilizou a atividade</p><p>intelectual como um elemento de empresa (Magalhães, 2022).</p><p>Para determinar se uma atividade é empresarial ou não, é necessário questionar se o que está</p><p>sendo oferecido no mercado é uma atividade intelectual ou uma nova atividade derivada dela. Se</p><p>a atividade intelectual for o objetivo principal, não há uma atividade empresarial (por exemplo,</p><p>uma universidade, cujo objetivo principal é ensino, pesquisa e extensão – atividades</p><p>eminentemente intelectuais). No entanto, se a atividade intelectual se tornar um suporte para a</p><p>realização de uma nova atividade, ela estará sendo usada como elemento de empresa, e a nova</p><p>atividade será considerada empresarial (por exemplo, um laboratório farmacêutico que utiliza</p><p>atividades intelectuais de pesquisa para produzir medicamentos – mercadorias) (Magalhães,</p><p>2022).</p><p>Cooperativas</p><p>O parágrafo único do art. 982 do Código Civil dispõe que “independentemente do seu objeto,</p><p>considera-se empresária a sociedade por ações e, sociedade simples, a cooperativa” (Brasil,</p><p>2002, art. 982). Observe que, invariavelmente, são consideradas sociedades simples de natureza</p><p>civil, independentemente de exercerem uma atividade empresarial de maneira organizada e</p><p>visando a lucros.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>É importante notar que as cooperativas são sociedades compostas por pessoas que, mesmo</p><p>envolvidas em transações de compra ou venda de produtos ou na prestação de serviços, não</p><p>necessariamente visam acumular lucros. Seu objetivo principal é oferecer serviços aos</p><p>associados, e o resultado econômico do empreendimento, após a dedução de custos,</p><p>investimentos e retenções, é distribuído como sobra entre aqueles que fazem parte dela.</p><p>Conclui-se, portanto, que o legislador, por escolha política, decidiu não submeter as cooperativas</p><p>ao regime jurídico-empresarial. Isso signi�ca que essas entidades não estão sujeitas à falência e</p><p>à recuperação judicial, sendo aplicado a elas o sistema de liquidação. No entanto, é relevante</p><p>observar que há jurisprudência que equipara esse processo ao da falência.</p><p>Sociedade de advogados</p><p>O art. 15 da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil), cuja</p><p>redação foi modi�cada pela Lei nº 13.247/2016, dispõe que “os advogados podem reunir-se em</p><p>sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de</p><p>advocacia” (Brasil, 2016, art. 15, caput). De forma semelhante, o art. 16 da Lei nº 8.906/1994,</p><p>também modi�cado pela Lei nº 13.247/2016, estabelece que:</p><p>Art. 16 Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de</p><p>advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem</p><p>denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como</p><p>sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou</p><p>totalmente proibida de advogar (Brasil, 2016, art. 16, caput).</p><p>Destaca-se também que o parágrafo 4º do art. 15 determina que “nenhum advogado pode</p><p>integrar mais de uma sociedade de advogados, [...] com sede ou �lial na mesma área territorial</p><p>do respectivo Conselho Seccional” (Brasil, 2016, art. 15, § 4º).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Requisitos subjetivos para o exercício da atividade empresarial</p><p>Os requisitos subjetivos para o exercício da atividade empresarial estão relacionados à</p><p>capacidade civil e à ausência de impedimentos. Comecemos com a capacidade civil: a</p><p>legislação civil estabelece que, em princípio, indivíduos com 18 anos estão aptos para exercer</p><p>pessoalmente seus direitos e obrigações, salvo em casos excepcionais previstos por lei. Vale</p><p>ressaltar que existem situações, como o casamento, que possibilitam que menores de 18 anos</p><p>atinjam plena capacidade (Venosa; Rodrigues, 2023).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Uma pessoa considerada como incapaz (um menor de 16 anos, por exemplo) não poderá se</p><p>inscrever, inicialmente, como empresário. Apesar disso, uma pessoa eventualmente incapaz</p><p>(seja qual for a causa da incapacidade) poderá continuar a atividade empresária nas hipóteses</p><p>do art. 974 do CC/2002, isto é, quando a incapacidade for superveniente (p. ex.: começa como</p><p>um empresário e é capaz, mas acontece uma incapacidade posterior ao registro, como um</p><p>acidente que acomete a pessoa com um estado de impossibilidade de praticar por si só atos da</p><p>vida civil) ou quando se dá o recebimento da empresa por herança, hipóteses essas que,</p><p>havendo pessoa menor de idade (que é uma das causas de incapacidade) ou algum tipo de</p><p>de�ciência que impossibilite a pessoa de praticar atos da vida civil (outra possibilidade), a</p><p>empresa será conduzida pelo seu representante legal.</p><p>No caso de o incapaz continuar a atividade empresária como empresário individual, esta será a</p><p>única hipótese na qual os bens particulares que porventura ele possua e que não tenham sido</p><p>adquiridos com o exercício da empresa, �carão resguardados, blindados (Brasil, 2002, art. 974,</p><p>§2º). Como a incapacidade pode afetar o âmbito de possibilidades de ações da pessoa, ela será</p><p>representada legalmente por uma outra, que agirá em seu nome e em seu interesse, como já</p><p>mencionado.</p><p>No entanto, mesmo para aqueles capazes de realizar atividades econômicas, o legislador traz</p><p>alguns impedimentos, vinculados aos cargos ou funções desempenhados por determinados</p><p>pro�ssionais, tais como juízes, promotores de justiça, militares e funcionários públicos (Venosa;</p><p>Rodrigues, 2023). A seguir, veja a legislação pertinente ao tema:</p><p>Militares (Lei nº 6880/1980, art. 29).</p><p>Servidores públicos federais (Lei nº 8.112/1990, art. 117, inc. X).</p><p>Magistrados (Lei Complementar nº 35/1979, art. 36, inc. I).</p><p>Membros do Ministério Público (Lei nº 8.625/1993, art. 44, inc. III).</p><p>Os impedimentos se apresentam em normas de direito público, que visam proteger a</p><p>coletividade, evitando que esses pro�ssionais negociem com determinadas pessoas em virtude</p><p>de sua função ou condição de ser incompatível com o exercício livre de atividade empresarial.</p><p>Portanto, essa restrição busca evitar concorrência desleal no mercado, derivada da vantagem na</p><p>obtenção de informações privilegiadas.</p><p>Entretanto, convém ressaltar que a proibição se limita ao exercício individual da empresa, não</p><p>sendo vedado que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias. Além disso, são</p><p>proibidos de ocupar o cargo de sócio administrador de sociedade empresária; tal</p><p>descumprimento da lei poderia acarretar sanções patrimoniais e criminais relacionadas às</p><p>infrações no exercício de suas funções (Venosa; Rodrigues, 2023).</p><p>Modalidades empresariais</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O conceito de empresário é, na verdade, um gênero, que comporta as seguintes espécies:</p><p>empresário individual, sociedade empresária e sociedade limitada unipessoal. A opção do</p><p>empresário por uma delas depende de seu desejo de desenvolver a atividade empresarial</p><p>sozinho ou com outra(s) pessoa(s).</p><p>Empresário individual</p><p>É a pessoa física que exerce pro�ssionalmente atividade econômica organizada para a produção</p><p>ou circulação de bens ou serviços. Para ser considerado regular, deve se inscrever no Registro</p><p>Público de Empresas Mercantis da sua sede, a cargo das Juntas Comerciais, antes de iniciar a</p><p>atividade econômica. O pedido de registro deve conter informações como nome, nacionalidade,</p><p>domicílio, estado</p><p>para a aquisição</p><p>do direito às férias, de tal modo que, se o empregado apresentar muitas ausências sem</p><p>justi�cativas, as férias poderão sofrer redução de dias. Isso é o que prevê o art. 130 da CLT.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Além disso, é importante pontuar que as férias podem ser concedidas de forma fracionada. Isso</p><p>signi�ca que os dias de repouso não precisam ser concedidos todos de uma única vez (30 dias</p><p>corridos), visto que a lei permite ao empregador fracionar esses 30 dias em até três porções,</p><p>desde que respeitado o período concessivo. Um desses períodos não poderá ser inferior a 14</p><p>dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos cada um, nos termos</p><p>do §1º do art. 134 da CLT.</p><p>A Reforma Trabalhista, ao introduzir o § 3º ao art. 134 da CLT, dispôs expressamente que é</p><p>vedado o início das férias dois dias antes de feriado ou dia de repouso semanal remunerado. A</p><p>ideia aqui é evitar que o empregador utilize os dias de feriado ou repouso na contagem dos dias</p><p>das férias. Além disso, o pagamento desse período consiste no valor total do salário do</p><p>empregado com o acréscimo de 1/3, conhecido como terço constitucional, e deve ser efetuado</p><p>até dois dias antes do início do respectivo período, conforme art. 145 da CLT.</p><p>Atenção!</p><p>Se o empregador não conceder as férias do empregado dentro do período concessivo, deverá</p><p>pagar em dobro o valor total das férias, até mesmo com o terço constitucional. É possível,</p><p>ainda, converter um terço das férias em abono pecuniário, conforme art. 143 da CLT. Isso</p><p>signi�ca que o trabalhador, em vez de usufruir 30 dias de férias, poderia “vender” um terço</p><p>delas, gozando apenas 20 dias. O pedido deve ser feito pelo empregado até 15 dias antes de</p><p>completar-se o período aquisitivo, e o empregador é obrigado a aceitar.</p><p>As férias coletivas são aquelas concedidas a um grupo de trabalhadores. Os requisitos para a</p><p>concessão delas podem ser assim resumidos: a empresa deve noti�car o Ministério do Trabalho,</p><p>os sindicatos da categoria e os empregados, com antecedência mínima de 15 dias das datas de</p><p>início e término das férias, conforme art. 139, § 2º, da CLT. Além disso, o período das férias</p><p>coletivas não pode ser inferior a 10 dias, nos termos do § 1º do art. 139 da CLT.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, chegamos ao �nal desta aula enriquecedora sobre a jornada de trabalho, tema central</p><p>nas relações laborais. Espera-se que, ao longo dela, as discussões e insights compartilhados</p><p>tenham proporcionado uma compreensão mais profunda dos aspectos legais, dos desa�os e</p><p>das implicações práticas relacionadas à jornada de trabalho.</p><p>Agora você já tem condições de responder às perguntas feitas no início da aula, certo? Vamos</p><p>lá?</p><p>A Reforma Trabalhista trouxe alterações signi�cativas para as relações de trabalho, incluindo a</p><p>exclusão de certas atividades do controle de jornada, a �exibilização dos acordos de</p><p>compensação e a possibilidade de teletrabalho, exigindo uma compreensão mais detalhada das</p><p>novas dinâmicas laborais.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A prorrogação da jornada está atrelada a situações de necessidade imperiosa, com limites</p><p>especí�cos para horas extras diárias, o que exige acordo escrito e pagamento adicional.</p><p>Compreender essas nuances é essencial para evitar infrações e garantir direitos trabalhistas.</p><p>Os intervalos são fundamentais para o descanso e a alimentação dos trabalhadores e são</p><p>regulamentados pelos arts. 66 e 71 da CLT. O não cumprimento dessas normas pode acarretar</p><p>pagamento adicional ao empregado, destacando a importância do respeito a essas pausas para</p><p>o equilíbrio entre vida pro�ssional e pessoal.</p><p>Continue explorando, questionando e aprendendo. Que este conhecimento se traduza em</p><p>práticas transformadoras em sua trajetória pro�ssional. Bons estudos e até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre jornada de trabalho, faça a leitura do Capítulo 13 do livro:</p><p>RESENDE, R. Direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.</p><p>Referências</p><p>BARROS, A. M. de. Curso de Direito do Trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2017.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,</p><p>DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis de</p><p>Trabalho (CLT). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949. Repouso semanal remunerado e o pagamento do</p><p>salário nos dias de feriados civis e religiosos. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1949.</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm. Acesso em: 27 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de</p><p>1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a �m de adequar a</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559648719/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1]!/4/2/4%4051:40</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>legislação às novas relações de trabalho. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 26 abr.</p><p>2024.</p><p>BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Orientação Jurisprudencial 355 da Seção de Dissídios</p><p>Individuais nº 1. [S. l.], 14 mar. 2008. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/orientacoes-jurisprudenciais/orientacao-</p><p>jurisprudencial-oj-n-355-do-sdi1-do-tst/1627583817. Acesso em: 17 jun. 2024.</p><p>BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 146 do TST. Trabalho em domingos e feriados,</p><p>não compensado. [S. l., s. d.]. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/sumulas/sumula-n-146-do-tst/1431369392.</p><p>Acesso em: 17 jun. 2024.</p><p>DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: Juspodvim, 2023.</p><p>RESENDE, R. Direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559648719/epubc�/6/44%5B%3Bv</p><p>nd.vst.idref%3Dhtml22%5D!/4. Acesso em: 16 nov. 2023.</p><p>Aula 3</p><p>Remuneração e Salário</p><p>Remuneração e salário</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/orientacoes-jurisprudenciais/orientacao-jurisprudencial-oj-n-355-do-sdi1-do-tst/1627583817</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/orientacoes-jurisprudenciais/orientacao-jurisprudencial-oj-n-355-do-sdi1-do-tst/1627583817</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/sumulas/sumula-n-146-do-tst/1431369392</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559648719/epubcfi/6/44%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml22%5D!/4</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559648719/epubcfi/6/44%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml22%5D!/4</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, exploraremos dois conceitos fundamentais que, embora comumente utilizados de</p><p>forma intercambiável, apresentam distinções jurídicas</p><p>essenciais: remuneração e salário. Esse</p><p>conhecimento é crucial para a compreensão não apenas dos direitos e dos deveres de</p><p>trabalhadores e empregadores, mas também dos princípios que regem a relação entre ambas as</p><p>partes.</p><p>Ao longo da aula, questionaremos as nuances desses conceitos, explorando as seguintes</p><p>questões: qual é a diferença crucial entre remuneração e salário de acordo com a legislação</p><p>trabalhista brasileira e com os estudiosos do direito do trabalho? Quais são os princípios</p><p>fundamentais que protegem o salário e em que situações é permitido efetuar descontos no</p><p>salário do trabalhador? Como as comissões e as gorjetas impactam o cálculo de diversas verbas</p><p>trabalhistas, como horas extras, férias e contribuição previdenciária?</p><p>Ótimos estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Remuneração e salário: diferenças</p><p>No senso comum, usamos remuneração e salário como sinônimos. No entanto, juridicamente, os</p><p>dois institutos são diferentes e apresentam também efeitos legais diversos. Por isso,</p><p>começaremos nosso estudo veri�cando os sentidos de remuneração e salário trazidos pela</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no art. 457, que assim dispõe:</p><p>Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do</p><p>salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as</p><p>gorjetas que receber (Brasil, 1953, art. 457, caput).</p><p>O legislador procurou fazer uma distinção clara entre remuneração e salário: este é o ganho</p><p>direto do empregado, proveniente do empregador, como contraprestação pelo trabalho realizado;</p><p>aquela refere-se aos benefícios que o empregado recebe em virtude da prestação de serviços,</p><p>seja do empregador, seja de terceiros. Nessa perspectiva, a palavra "remuneração" abrange a</p><p>totalidade dos ganhos do empregado, provenientes do empregador ou de terceiros, enquanto o</p><p>termo "salário" se refere especi�camente aos ganhos recebidos diretamente do empregador em</p><p>retribuição ao trabalho. É fundamental ressaltar que as gorjetas não se enquadram como salário,</p><p>uma vez que são pagas por terceiros (Calvo, 2022).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Frise-que a natureza jurídica do salário é de retribuição, paga de forma habitual ao empregado</p><p>pelos serviços prestados. Devido à importância da verba salarial, pois é com o salário que o</p><p>trabalhador sustenta a sua família, o direito do trabalho acabou criando princípios com a</p><p>intenção de proteger esse instituto. Dentre eles, é possível destacar:</p><p>Princípio da irredutibilidade salarial: signi�ca que o salário é irredutível, não podendo ser</p><p>reduzido nem mesmo quando a empresa está em crise econômica. Entretanto, há a</p><p>possibilidade de redução temporária em casos excepcionais, mediante intervenção</p><p>sindical, por meio de negociação coletiva.</p><p>Princípio da intangibilidade salarial: assegura o recebimento integral do salário pelo</p><p>empregado, não podendo o empregador efetuar descontos, salvo as hipóteses legais,</p><p>conforme prescrito no art. 462 da CLT e na Súmula 342 do Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>Apesar do que preveem esses princípios, existem hipóteses em que é permitido efetuar</p><p>descontos no salário do trabalhador: adiantamento (vale); verbas que decorrem de dispositivos</p><p>de lei (quando a lei autoriza o desconto, como contribuição previdenciária, imposto de renda,</p><p>etc.); planos de assistência odontológica, médica, seguro, previdenciária privada ou de entidade</p><p>cultural/recreativa/cooperativa; e dano causado pelo empregado, desde que autorizado ou no</p><p>caso de dolo.</p><p>O dolo por parte do empregado é a hipótese em que o trabalhador tenha causado danos à</p><p>empresa por sua livre e espontânea vontade, ou seja, quando há a intenção e a vontade de</p><p>prejudicar o empregador. Se não for caso de dolo e o trabalhador causar danos e prejuízos, o</p><p>desconto no salário apenas será lícito se houver autorização do empregado por escrito.</p><p>Uma importante proteção legal, que também se relaciona ao salário, diz respeito à</p><p>obrigatoriedade de pagá-lo até o 5º dia útil subsequentemente ao mês trabalhado, conforme</p><p>preceitua o art. 459, parágrafo único, da CLT, com exceção das comissões, das percentagens e</p><p>das grati�cações, que poderão ser pagas em período superior a um mês.</p><p>Ainda no que se refere ao conceito de salário, há uma informação primordial para o seu</p><p>conhecimento: todas as verbas salariais repercutem no cálculo das férias, do 13º salário, do</p><p>FGTS e entram na base de cálculo da contribuição previdenciária. Não se esqueça disso, pois, ao</p><p>longo desta seção, veri�caremos que algumas verbas trabalhistas apresentam natureza</p><p>indenizatória, logo não repercutirão no cálculo de outras verbas.</p><p>Comissões e gorjetas</p><p>Há duas verbas recebidas por alguns trabalhadores especí�cos que são de grande relevância: as</p><p>comissões e as gorjetas.</p><p>As comissões são uma modalidade de salário paga por unidade ou serviço, isto é, por</p><p>produtividade do empregado. Desse modo, os ganhos do trabalhador serão calculados com base</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>no resultado de suas atividades. Trata-se de verba paga, normalmente, aos trabalhadores na área</p><p>de vendas. É possível que a retribuição pelo serviço seja paga exclusivamente em comissões</p><p>(comissionista puro) ou parte em comissões e uma parte �xa (comissionista misto).</p><p>É sempre importante saber se determinada parcela/verba trabalhista tem ou não natureza</p><p>salarial, justamente para veri�car sua repercussão ou não nas demais verbas. Nesse contexto, as</p><p>comissões têm natureza salarial e constituem salário variável com base na produtividade e no</p><p>resultado do empregado, conforme prescreve o §1º do art. 457 da CLT. Assim, por ser salário</p><p>para todos os efeitos legais, as comissões incidem até mesmo sobre o pagamento de horas</p><p>extras, férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, FGTS e entram na base de cálculo da</p><p>contribuição previdenciária.</p><p>Já as gorjetas são parcelas pagas por terceiros aos trabalhadores (a exemplo dos garçons, dos</p><p>motoristas, das pessoas que laboram em hotéis, etc.), e é justamente por isso que não se</p><p>enquadram na de�nição de “salário” e são, portanto, uma espécie de remuneração. A gorjeta não</p><p>abrange apenas os valores pagos espontaneamente pelo cliente ao empregado, mas também os</p><p>valores cobrados pelas empresas, a título de serviço ou adicional, destinados à distribuição dos</p><p>empregados, nos termos do § 3º do art. 457 da CLT. Um exemplo é a cobrança de taxa de serviço</p><p>que os restaurantes e hotéis cobram e que são, posteriormente, distribuídas aos empregados.</p><p>Por terem caráter remuneratório, as gorjetas incidirão no cálculo do 13º salário, das férias, do</p><p>FGTS, da contribuição previdenciária (INSS). Todavia, a jurisprudência (decisões paci�cadas de</p><p>tribunais superiores) excluiu sua incidência do cálculo de aviso prévio, das horas extras, do</p><p>adicional noturno e do repouso semanal remunerado, por entender que essas parcelas são</p><p>calculadas sobre o salário e não sobre a remuneração, conforme preceitua a Súmula 354 do</p><p>TST.</p><p>Salário utilidade ou in natura</p><p>É possível o empregador remunerar o empregado com utilidades, desde que o valor pago em</p><p>dinheiro seja de, pelo menos, 30% do salário. As utilidades incluem: habitação, alimentação ou</p><p>qualquer outro bem econômico. Mas, cuidado: nem tudo o que o empregado recebe em utilidade</p><p>é considerado salário!</p><p>Para você saber se uma prestação fornecida pelo empregador é salário in natura ou não, faz-se</p><p>necessário saber se a utilidade é fornecida como uma vantagem pela prestação de serviço: se</p><p>houver vantagem, a utilidade terá natureza salarial. Em contrapartida, se a utilidade fornecida for</p><p>necessária para a prestação de serviços, não terá natureza salarial, tais como os equipamentos</p><p>de segurança ou a moradia cedida a um caseiro. Assim, em síntese, a utilidade fornecida para o</p><p>trabalho não tem natureza salarial; mas a utilidade fornecida pelo trabalho é salário.</p><p>Estudante, você não pode esquecer que, se a utilidade tiver natureza salarial (salário utilidade),</p><p>seu valor deverá repercutir em todas as demais verbas trabalhistas, ou seja, entrará na</p><p>base de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>cálculo das férias, do 13º salário, do FGTS, da contribuição previdenciária, etc.</p><p>Não poderíamos deixar de mencionar, ainda, o § 2º do art. 458 da CLT, que dispõe que não se</p><p>consideram salário as seguintes utilidades:</p><p>I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no</p><p>local de trabalho, para a prestação do serviço;</p><p>II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores</p><p>relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;</p><p>III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não</p><p>por transporte público;</p><p>IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-</p><p>saúde;</p><p>V – seguros de vida e de acidentes pessoais;</p><p>VI – previdência privada;</p><p>VII – (VETADO)</p><p>VIII – o valor correspondente ao vale-cultura (Brasil, 2001, art. 458, § 2º, inc. I-VII; Brasil, 2012, art.</p><p>458, § 2º, inc. VIII).</p><p>Dessa forma, essas utilidades, ainda que concedidas pelo empregador de forma habitual, não</p><p>serão consideradas salário-utilidade ou in natura por expressa disposição legal.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Adicionais legais</p><p>Além dos salários, das comissões e das gorjetas, existem algumas verbas pagas aos</p><p>empregados, de nítido caráter salarial, conhecidas como adicionais legais. Não vamos aqui</p><p>discorrer sobre todos os adicionais, porém faremos uma análise dos mais comuns e dos mais</p><p>importantes: o adicional de insalubridade, o de periculosidade, o de horas extras, o noturno e o de</p><p>transferência.</p><p>O adicional de insalubridade é aquele pago a trabalhadores submetidos a atividades insalubres,</p><p>as quais, segundo o art. 189 da CLT, são aquelas que, por sua natureza, suas condições ou seus</p><p>métodos de trabalho, expõem os empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>tolerância �xados, em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição</p><p>aos seus efeitos. Em outras palavras, trabalha em exposição a agente insalubre aquele que �ca</p><p>exposto à umidade, à luz excessiva, ao calor, a fungos, a bactérias, à poeira, ao barulho, a ruídos,</p><p>a produtos químicos, etc.</p><p>O trabalhador que labora em condições insalubres terá direito à percepção de um adicional de</p><p>insalubridade, conforme prevê o art. 192 da CLT. O adicional é proporcional ao nível de contato</p><p>com o agente, podendo ser de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) ou 40% (grau máximo). Esse</p><p>percentual será calculado, em regra, sobre o valor do salário mínimo, se não houver acordo ou</p><p>convenção que preveja base de cálculo mais bené�ca. É por meio de uma perícia ou laudo</p><p>ambiental, realizado por um engenheiro ou técnico de segurança do trabalho, que é de�nida a</p><p>existência ou não de agente insalubre no local de trabalho, bem como o grau da insalubridade.</p><p>Se o empregado usar um equipamento de segurança que neutralize ou que elimine a</p><p>insalubridade, não terá direito a receber o adicional. Isso porque o adicional de insalubridade</p><p>ostenta a natureza de salário-condição, de modo que, afastadas as condições que lhe deram</p><p>ensejo, não é mais devido o pagamento de tal parcela.</p><p>A periculosidade é outro importante instituto que se relaciona com a saúde e a integridade física</p><p>do trabalhador. Ela está prevista no art. 193 da CLT, que diz: labora em atividade perigosa aquele</p><p>que tem contato com substâncias in�amáveis, explosivos, energia elétrica; o trabalhador exposto</p><p>a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades pro�ssionais de segurança</p><p>pessoal ou patrimonial (por exemplo: vigilante armado); e as pessoas nas atividades de</p><p>trabalhador em motocicleta. O adicional de periculosidade é de 30% e será pago sobre o salário</p><p>básico do empregado.</p><p>Outros adicionais salariais incluem: o adicional de horas extras de 50% (no mínimo), conforme</p><p>determina o texto constitucional, sendo pago sobre o valor da hora do empregado; o adicional</p><p>noturno para o trabalhador urbano, que é de 20% (no mínimo), calculado sobre o valor da hora</p><p>noturna do empregado; e o adicional de transferência, no patamar de 25% do salário, a cujo</p><p>recebimento alguns empregados transferidos para outros estabelecimentos da empresa poderão</p><p>fazer jus.</p><p>Verbas não salariais</p><p>Para �nalizar nosso estudo sobre o salário e a remuneração, apresentaremos a seguir as verbas</p><p>não salariais, ou seja, parcelas pagas ao trabalhador a título de indenização, que não repercutirão</p><p>no cálculo das demais verbas. Vamos a elas?</p><p>Diárias para viagem e ajuda de custo, por exemplo, não caracterizam salário. Maurício Godinho</p><p>Delgado (2023) esclarece que essas verbas traduzem, na essência, ressarcimento de despesas</p><p>feitas ou a se fazer em função do estreito cumprimento do contrato empregatício.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A Reforma Trabalhista (Lei n° 13.467/2017), ao alterar o § 2º do art. 457 da CLT, expressamente</p><p>estatuiu que as importâncias pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação (proibido o</p><p>pagamento em dinheiro), diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do</p><p>empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de</p><p>qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Isso signi�ca que todos os valores pagos ao</p><p>trabalhador sob esse título terão caráter indenizatório.</p><p>A lei também de�niu, no § 4º do art. 457 da CLT, que prêmios e abonos são liberalidades</p><p>concedidas pelo empregador, em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro, em razão de</p><p>desempenho superior ao esperado.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Ao chegarmos ao �m desta aula, é grati�cante reconhecer o progresso conquistado na</p><p>compreensão dos intricados temas de remuneração e salário. Agora, após nossa exploração</p><p>sobre as diferenças cruciais entre esses conceitos, os princípios que protegem o salário no</p><p>direito do trabalho e o impacto de comissões e gorjetas nas diversas verbas trabalhistas, você,</p><p>estudante, já tem as ferramentas necessárias para responder às perguntas instigantes</p><p>apresentadas no início da aula.</p><p>Lembre-se de que a remuneração, abrangendo salário e benefícios diversos, é um conceito</p><p>jurídico que vai além do senso comum. Remuneração é o gênero, do qual decorrem duas</p><p>espécies: salário e gorjetas. Ademais, os princípios da irredutibilidade e da intangibilidade</p><p>salarial formam uma sólida base de proteção para os trabalhadores, enquanto os descontos são</p><p>permitidos em circunstâncias especí�cas, como adiantamentos e danos causados.</p><p>Ao entender como comissões e gorjetas repercutem nas diversas verbas trabalhistas, você está</p><p>preparado para aplicar esse conhecimento no cenário prático, sabendo que esses elementos têm</p><p>diferentes implicações legais. As comissões têm natureza salarial e incidem sobre o pagamento</p><p>de horas extras, férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, FGTS e entram na base de</p><p>cálculo da contribuição previdenciária. Por sua vez, as gorjetas não têm natureza salarial e são</p><p>consideradas no cálculo do 13º salário, férias, FGTS e contribuição previdenciária (INSS). No</p><p>entanto, conforme a jurisprudência consolidada nos tribunais superiores, não incidem sobre o</p><p>cálculo do aviso prévio, horas extras, adicional noturno e repouso semanal remunerado.</p><p>Continue explorando, questionando e aprimorando suas habilidades, pois a jornada de</p><p>aprendizado é contínua e repleta de descobertas signi�cativas. Até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre remuneração e salário, leia o Capítulo X do Título II do livro:</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis de</p><p>Trabalho (CLT). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 1999, de 1º de outubro de 1953. Modi�ca o art. 457 e seus parágrafos do Decreto-</p><p>lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). Rio de Janeiro:</p><p>Presidência da República, 1953. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1999.htm#art1. Acesso em: 27 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.243, de 19 de junho de 2001. Acrescenta parágrafos ao art. 58 e dá nova</p><p>redação ao § 2o do art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no</p><p>5.452, de 1o de maio de 1943. Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10243.htm#art2. Acesso em: 27 abr.</p><p>2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.761, de 27 de dezembro de 2012. Institui o Programa de Cultura do</p><p>Trabalhador; cria o vale-cultura; altera as Leis nº s 8.212, de 24 de julho de 1991, e 7.713, de 22</p><p>de dezembro de 1988, e a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº</p><p>5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2012.</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-</p><p>2014/2012/Lei/L12761.htm#art14. Acesso em: 27 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de</p><p>1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a �m de adequar a</p><p>legislação às novas relações de trabalho. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 26 abr.</p><p>2024.</p><p>CALVO, A. Manual de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: Juspodvim, 2023.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1999.htm#art1</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10243.htm#art2</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12761.htm#art14</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12761.htm#art14</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023. Disponível</p><p>em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubc�/6/2[%3Bvnd.vs</p><p>t.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77. Acesso em: 16 nov. 2023.</p><p>Aula 4</p><p>Término do Contrato de Trabalho</p><p>Término do contrato de trabalho</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, estudaremos diversos aspectos relacionados ao encerramento de vínculos</p><p>empregatícios, tema crucial para compreendermos as dinâmicas do mundo pro�ssional. A�nal, o</p><p>término de um contrato de trabalho não é apenas um evento burocrático, mas uma etapa</p><p>complexa, que envolve direitos e deveres tanto para empregados quanto empregadores.</p><p>Nesse sentido, abordaremos o aviso prévio, suas modalidades, a proporcionalidade estabelecida</p><p>pela Lei nº 12.506/2011 e as nuances envolvidas na concessão, na retratação e nos efeitos</p><p>jurídicos desse instituto. Além disso, discutiremos o pedido de demissão e a dispensa sem justa</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>causa, observando os direitos e deveres de ambas as partes, com especial atenção às mudanças</p><p>introduzidas pela Reforma Trabalhista. Falaremos também sobre a rescisão indireta, uma</p><p>alternativa quando o empregador comete faltas graves, e as hipóteses que con�guram a</p><p>dispensa por justa causa, destacando a importância da proporcionalidade e do caráter</p><p>pedagógico das penalidades.</p><p>Para iniciarmos as discussões, re�itamos, antes, sobre as diferentes perspectivas envolvidas no</p><p>término de um contrato de trabalho: como as diferentes modalidades de aviso prévio (trabalhado</p><p>e indenizado) re�etem nas relações entre empregado e empregador, considerando as nuances</p><p>éticas e legais envolvidas? De que forma a rescisão indireta, como alternativa ao pedido de</p><p>demissão, impacta a relação empregado-empregador? Como a aplicação das justas causas,</p><p>listadas no art. 483 da CLT, in�uencia na percepção de justiça, no ambiente de trabalho?</p><p>Vamos começar?</p><p>Vamos Começar!</p><p>Aviso prévio</p><p>A própria nomenclatura do instituto “aviso prévio” já nos diz muita coisa, pois revela a</p><p>necessidade de avisar/comunicar/dar ciência a alguém, previamente/com antecedência, a</p><p>vontade de dissolver um contrato de trabalho. Você precisa lembrar que um contrato de trabalho</p><p>é bilateral, ou seja, envolve duas partes – empregado e empregador –, não sendo justo nem leal</p><p>que uma delas resolva romper o contrato sem comunicar previamente a outra parte. Em poucas</p><p>palavras, a �nalidade do aviso é impedir que as partes sejam pegas de surpresa com a ruptura</p><p>brusca de um contrato de trabalho indeterminado (Barros, 2017).</p><p>Por ser um instituto bilateral, o aviso prévio pode ser concedido tanto pelo empregado como pelo</p><p>empregador, a depender de quem toma a iniciativa de romper o contrato. Isso signi�ca que</p><p>ambas as partes têm o dever legal de conceder o aviso à outra em caso de encerramento do</p><p>contrato de trabalho.</p><p>O aviso poderá ser trabalhado ou indenizado. No primeiro caso, o empregado cumpre o período</p><p>prestando serviços na empresa, enquanto, no segundo, recebe em dinheiro o valor</p><p>correspondente ao aviso. Quem decide se o aviso será trabalhado ou indenizado é a pessoa que</p><p>a concede, ou seja, o empregador, na hipótese de dispensa sem justa causa; e o empregado, na</p><p>hipótese de pedido de demissão (Calvo, 2023).</p><p>O aviso prévio é de 30 dias em contrato, por prazo indeterminado, com menos de um ano. A Lei</p><p>nº 12.506/2011 estabeleceu uma proporcionalidade em relação ao tempo do contrato de</p><p>trabalho, conhecido como aviso prévio proporcional. Trata-se da possibilidade de acréscimo de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>três dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 dias, perfazendo</p><p>um total de até 90 dias de aviso prévio.</p><p>Atenção!</p><p>O aviso prévio proporcional só é cabível nas hipóteses de dispensa sem justa causa por parte</p><p>do empregador, não se aplicando aos casos em que o empregado pede demissão. Isso porque</p><p>a proporcionalidade do aviso é um benefício ao trabalhador, então não seria justo puni-lo</p><p>quando pede demissão. Além disso, o aviso prévio trabalhado deverá se limitar a 30 dias, e o</p><p>proporcional deverá ser concedido de forma indenizada.</p><p>Há também outra regra importante aplicada apenas nas situações em que o aviso prévio é</p><p>concedido pelo empregador: o empregado terá direito a uma redução de duas horas diárias sem</p><p>prejuízo do salário ou poderá deixar de trabalhar durante sete dias corridos durante o aviso, nos</p><p>termos da CLT, em seu art. 488. Trata-se de uma opção à disposição do empregado, que também</p><p>não se aplica quando o aviso é concedido pelo trabalhador, nas hipóteses de pedido de</p><p>demissão.</p><p>A CLT, em seu art. 489, admite a possibilidade de retratação do aviso prévio, desde que a outra</p><p>parte aceite, hipótese em que o contrato de trabalho continuará em vigor. Ademais, se o</p><p>empregador não quer que o empregado cumpra o aviso trabalhando</p><p>na empresa, terá de</p><p>indenizar o período, ou seja, pagar o período do aviso em dinheiro. E se o empregado estiver em</p><p>férias, o empregador deverá esperar o retorno dele e, então, conceder o aviso.</p><p>Por �m, o aviso prévio tem um efeito jurídico muito importante: seu período é computado como</p><p>tempo de serviço para todos os efeitos legais. Isso signi�ca que, mesmo nos casos em que o</p><p>aviso for indenizado, seu período conta como de trabalho efetivo.</p><p>Pedido de demissão e dispensa sem justa causa</p><p>No pedido de demissão, o empregado concede ao empregador o aviso prévio de 30 dias e tem o</p><p>dever de cumpri-lo, sob pena de sofrer o desconto do período do aviso nas verbas rescisórias. É</p><p>facultado ao empregador dispensá-lo do cumprimento do aviso (trata-se de uma faculdade, não</p><p>de um dever). Por exemplo: se um empregado consegue outro emprego e pede a dispensa do</p><p>cumprimento do aviso prévio, o empregador não é obrigado a aceitá-la (Leite, 2023).</p><p>Além do dever de cumprir o aviso prévio, o empregado que pede demissão tem o direito às</p><p>seguintes verbas rescisórias: salário pelos dias trabalhados, férias vencidas e proporcionais, 13º</p><p>salário vencido e proporcional. Não terá direito ao seguro-desemprego nem à multa de 40% sobre</p><p>o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e não poderá sacar os valores de</p><p>FGTS depositados em sua conta vinculada à empresa, na Caixa Econômica Federal.</p><p>No caso de dispensa sem justa causa pelo empregador, o dever de conceder o aviso prévio é da</p><p>empresa. Assim, aplica-se o aviso prévio proporcional, considerando o tempo do contrato de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>trabalho. O aviso poderá ser cumprido na empresa ou indenizado, lembrando que, na hipótese de</p><p>aviso trabalhado, é facultado ao empregado laborar com a redução das duas horas diárias ou se</p><p>ausentar do labor durante sete dias corridos, na intenção de buscar um novo emprego (Leite,</p><p>2023).</p><p>O trabalhador dispensado pela empresa sem justa causa faz jus às seguintes verbas rescisórias:</p><p>aviso prévio, saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, 13º salário vencido e proporcional,</p><p>saque de FGTS acrescido da multa de 40% e acesso ao seguro-desemprego.</p><p>A Reforma Trabalhista, com o objetivo de criar uma terceira via, ou seja, uma situação</p><p>intermediária entre a dispensa e o pedido de demissão, criou a hipótese de extinção do contrato</p><p>por acordo entre empregador e empregado (art. 484-A da CLT). Nesse caso, o aviso prévio, se</p><p>indenizado, e a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia (multa de 40% do FGTS sobre os</p><p>depósitos existentes na conta do trabalhador) serão pagos pela metade. Além disso, apenas 80%</p><p>dos valores depositados de FGTS poderão ser movimentados, e não será possível o acesso ao</p><p>seguro-desemprego, nos termos do art. 484-A da CLT (Leite, 2023).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Rescisão indireta</p><p>A rescisão indireta se con�gura na hipótese em que o empregador comete uma falta grave a</p><p>ponto de se tornar insustentável a relação de emprego. É denominada indireta porque a falta</p><p>grave cometida pelo empregador gera para o empregado o direito de rescindir o contrato de</p><p>trabalho indiretamente por culpa da empresa (Delgado, 2023). Nesse caso são devidas todas as</p><p>verbas rescisórias que receberia se tivesse sido dispensado sem justa causa, a saber: saldo de</p><p>salário, aviso prévio, férias vencidas e proporcionais, 13º salário vencido e proporcional, saque do</p><p>FGTS depositado, multa de 40% do FGTS e acesso ao seguro-desemprego.</p><p>As hipóteses que con�guram a justa causa do empregador estão arroladas no art. 483 da CLT e</p><p>ocorrem quando:</p><p>“Forem exigidos serviços superiores às forças do empregado, defesos por lei, contrários</p><p>aos bons costumes, ou alheios ao contrato” (Brasil, 1943, art. 483, alínea a): ocorre nas</p><p>situações em que o empregador exige dos empregados serviço que demanda a utilização</p><p>de força muscular superior ao suportável ou tarefas impossíveis de serem executadas com</p><p>os recursos físicos ou técnicos do trabalhador (Barros, 2017), bem como quando se exige</p><p>trabalho contrário aos bons costumes e à moral, ou que não tenham relação nenhuma com</p><p>o contrato (serviço alheio).</p><p>“For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo”</p><p>(Brasil, 1943, art. 483, alínea b): ocorre quando o empregador abusa de seu poder,</p><p>aplicando sanções severas; impõe metas impossíveis de serem alcançadas; estipula regras</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>que ferem a dignidade ou a intimidade do trabalhador, tais como proibir a utilização do</p><p>banheiro, etc.</p><p>“Correr perigo manifesto de mal considerável” (Brasil, 1943, art. 483, alínea c): situação em</p><p>que o empregador viola o dever de zelar pela saúde e integridade física de seus</p><p>trabalhadores, deixando de seguir normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, a</p><p>exemplo da ausência de fornecimento de EPIs (equipamentos de segurança) necessários</p><p>ao desempenho da atividade, colocando o empregado em perigo.</p><p>“Não cumprir o empregador as obrigações do contrato” (Brasil, 1943, art. 483, alínea d):</p><p>essa é a falta mais comum cometida pelas empresas. Ocorre pelo descumprimento de</p><p>normas previstas no contrato de trabalho, nas leis, nos acordos e nas convenções</p><p>coletivas, a exemplo de atrasar ou deixar de pagar salários de forma reiterada.</p><p>“Praticar o empregador ou seus prepostos, contra o empregado ou pessoas de sua família,</p><p>ato lesivo da honra e boa fama” (Brasil, 1943, art. 483, alínea e): o ato lesivo da honra e da</p><p>boa fama signi�ca ofender a dignidade do trabalhador ou sujeitá-lo ao desprezo dos outros</p><p>ou expô-lo ao ridículo. É o ato cometido pelo empregador ou preposto (representante da</p><p>empresa, superiores hierárquicos, tais como os chefes de setores ou gerentes) contra o</p><p>trabalhador ou alguém de sua família.</p><p>“O empregador ou seus prepostos ofenderem-no �sicamente, salvo em caso de legítima</p><p>defesa, própria ou de outrem” (Brasil, 1943, art. 483, alínea f): nessa situação, a ofensa é</p><p>física (briga corporal), praticada pelo empregador ou preposto contra o trabalhador. Só não</p><p>haverá justa causa se o empregador atuar em sua legítima defesa ou de outra pessoa.</p><p>“O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar</p><p>sensivelmente a importância dos salários” (Brasil, 1943, art. 483, alínea g): essa hipótese</p><p>abrange o trabalhador que é remunerado por produtividade ou com base no resultado do</p><p>trabalho, a exemplo dos que ganham por comissão. É a hipótese em que o empregador</p><p>reduz a carteira de clientes do empregado, afetando o seu ganho salarial.</p><p>O empregado, então, que deseja pleitear a justa causa precisa fundamentar o seu pedido em</p><p>uma ou mais hipóteses do art. 483, da CLT, demonstrando a culpa empresarial e a</p><p>impossibilidade de manter o contrato de trabalho. Ademais, conforme o §1º do art. 483 da CLT, o</p><p>trabalhador pode escolher se continua trabalhando ou suspender os serviços enquanto aguarda</p><p>a rescisão indireta.</p><p>Dispensa do empregado por justa causa</p><p>A dispensa do empregado por justa causa é a pena máxima a ser aplicada ao trabalhador, por</p><p>isso é recomendável que as empresas sejam cautelosas, imputando a falta grave ao empregado</p><p>apenas quando houver prova robusta da culpa. A comprovação da justa causa a ser aplicada ao</p><p>empregado depende dos seguintes requisitos: a falta deve ser grave; a pena aplicada deve ser</p><p>proporcional à falta cometida; para cada falta deve ter uma penalidade, não sendo possível punir</p><p>duas vezes pelo mesmo ato; a penalidade deve ser aplicada imediatamente ao fato ocorrido, sob</p><p>pena de perdão tácito; deve haver conduta dolosa ou culposa da parte que cometeu a falta (Leite,</p><p>2023).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Por isso é importante perceber que nem todo ato é passível de dispensa por justa causa, pois,</p><p>mesmo na hipótese de o empregado incorrer em uma falta grave, nem sempre a ocorrência de</p><p>um único fato ou a adoção de uma única conduta poderá caracterizar a pena máxima. A</p><p>depender da situação, será necessário que o trabalhador incorra duas, três ou quatro vezes em</p><p>uma falta, a �m de</p><p>caracterizar a justa causa. E não existe regra ou entendimento “fechado” para</p><p>isso. Cabe à empresa agir com bom senso e veri�car se o ato ou a conduta do trabalhador foi</p><p>grave o su�ciente para justi�car a aplicação da justa causa.</p><p>Em algumas situações, basta um único ato (agredir �sicamente um colega de trabalho, por</p><p>exemplo); em outras situações, serão necessários atos e condutas reiteradas para caracterizar a</p><p>pena de falta grave (a exemplo dos atos de insubordinação, quando o empregado não segue</p><p>ordens especí�cas destinadas a ele). Nesta última situação, exige-se uma progressividade de</p><p>faltas e penalidades, tais como a aplicação de advertências ou pena de suspensão antes da justa</p><p>causa.</p><p>Lembre-se de que a pena ou sanção aplicada ao trabalhador deve ser sempre proporcional à</p><p>gravidade do ato e da conduta por ele adotada. E mais: a ideia não é de apenas punir o</p><p>empregado, sendo imprescindível, à luz da função social e da responsabilidade social</p><p>empresarial, que o empregador exerça o caráter pedagógico da pena, isto é, orientar o</p><p>trabalhador a não cometer mais o mesmo ato.</p><p>As hipóteses de justa causa aplicadas ao empregado estão previstas na CLT, no art. 482:</p><p>“Ato de improbidade” (Brasil, 1943, art. 482, alínea a): é qualquer ato de desonestidade do</p><p>empregado, no sentido de obter uma vantagem, como a prática de furto, roubo e</p><p>falsi�cação de documento, de modo a apropriar-se do patrimônio do empregador.</p><p>“Incontinência de conduta ou mau procedimento” (Brasil, 1943, art. 482, alínea b): é um ato</p><p>faltoso de conotação sexual. O mau procedimento, por sua vez, poderá abarcar diversas</p><p>situações, traduzidas pela prática de atos que �ram a discrição pessoal, as regras do bem</p><p>viver, o respeito e a falta de compostura.</p><p>“Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando</p><p>constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for</p><p>prejudicial ao serviço” (Brasil, 1943, art. 482, alínea c): é quando o empregado desempenha</p><p>uma função ou realiza uma atividade na empresa sem o conhecimento do empregador,</p><p>trazendo prejuízo ao serviço. Incorrerá na falta grave, da mesma forma, se concorrer com o</p><p>empregador.</p><p>“Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido</p><p>suspensão da execução da pena” (Brasil, 1943, art. 482, alínea d): se o empregado apenas</p><p>estiver preso, sem ter sido condenado, o contrato permanecerá suspenso. A justa causa só</p><p>é autorizada na hipótese de o empregado ter sido condenado, com o trânsito em julgado e</p><p>sem suspensão da execução da pena, ou seja, deverá haver impossibilidade física de o</p><p>empregado continuar trabalhando.</p><p>“Desídia no desempenho das respectivas funções” (Brasil, 1943, art. 482, alínea e): é o</p><p>empregado que labora com desleixo, má vontade, falta de zelo e interesse no exercício de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>suas funções. No geral, faz-se necessária certa repetição de atos a �m de caracterizar a</p><p>desídia. A jurisprudência entende, por exemplo, que as faltas reiteradas do empregado sem</p><p>justi�cativa, diante da ausência de compromisso com o trabalho, caracterizam-se como</p><p>desídia.</p><p>“Embriaguez habitual ou em serviço” (Brasil, 1943, art. 482, alínea f): a embriaguez no</p><p>serviço, ainda que por uma única vez, pode caracterizar a justa causa, a exemplo dos</p><p>motoristas. A habitual, todavia, deve ser analisada com cautela, pois os tribunais, em</p><p>alguns casos, têm entendido que a embriaguez habitual (ou ingestão de substância tóxica)</p><p>pode caracterizar doença do trabalhador. E, nesse caso, o contrato de trabalho deverá ser</p><p>suspenso e o empregado encaminhado à Previdência Social (Barros, 2017).</p><p>“Violação de segredo da empresa” (Brasil, 1943, art. 482, alínea g): é o ato de quebra do</p><p>dever de �delidade. Claro que, para caracterizar a justa causa, a revelação do segredo deve</p><p>ser relevante e trazer prejuízo à empresa.</p><p>“Ato de indisciplina ou de insubordinação” (Brasil, 1943, art. 482, alínea h): os dois atos se</p><p>traduzem pela ausência do dever de obediência. Enquanto na indisciplina o empregado não</p><p>cumpre regras gerais, na insubordinação, não segue regras ou ordens direcionadas</p><p>especi�camente a ele. Em regra, faz-se necessária a reiteração da conduta para</p><p>caracterizar a justa causa.</p><p>“Abandono de emprego” (Brasil, 1943, art. 482, alínea i): para caracterizar o abandono de</p><p>emprego, o trabalhador deve se ausentar injusti�cadamente por mais de 30 dias e ter a</p><p>intenção de não mais retornar ao trabalho. Por isso, o empregador deve convocá-lo ao</p><p>serviço mediante o encaminhamento de carta registrada em sua residência.</p><p>“Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou</p><p>ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de</p><p>outrem” (Brasil, 1943, art. 482, alínea j): ocorre nas situações em que o empregado ofende</p><p>verbalmente ou agride �sicamente qualquer pessoa no serviço (no ambiente de trabalho). A</p><p>hipótese de justa causa apenas estará afastada no caso de legítima defesa própria ou de</p><p>outra pessoa.</p><p>“Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e</p><p>superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem” (Brasil,</p><p>1943, art. 482, alínea k): é o ato de ofender verbal e �sicamente (briga corporal) o</p><p>empregador ou superior hierárquico. Ressalta-se que, nessa situação, a ofensa não precisa</p><p>ser no serviço, podendo ocorrer em qualquer outro ambiente.</p><p>“Prática constante de jogos de azar” (Brasil, 1943, art. 482, alínea l): a prática reiterada de</p><p>jogos deve interferir no trabalho para caracterizar a justa causa.</p><p>“Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da pro�ssão,</p><p>em decorrência de conduta dolosa do empregado” (Brasil, 2017, art. 482, alínea m):</p><p>novidade introduzida pela Reforma Trabalhista, poderá ser aplicada aos pro�ssionais que</p><p>dependem de habilitação especí�ca para exercer o labor (motoristas, médicos, advogados,</p><p>etc.). Se, porventura, o trabalhador perder a habilitação por dolo (conduta voluntária e</p><p>consciente), e isso impossibilitar o exercício da pro�ssão, poderá ser dispensado por justa</p><p>causa.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Sendo dispensado por justa causa, o empregado fará jus apenas às seguintes verbas rescisórias:</p><p>saldo de salário, férias vencidas e 13º salário vencido. Caso o trabalhador entenda que foi</p><p>injustiçado, poderá ajuizar uma ação trabalhista e requerer a reversão da justa causa. Então,</p><p>caberá ao juiz analisar as circunstâncias na intenção de veri�car se a empresa agiu ou não com</p><p>abuso de direito. Não sendo provada a justa causa pela empresa, o juiz reverterá a demissão</p><p>para sem justa causa, condenando-a ao pagamento das demais verbas rescisórias (férias e 13º</p><p>proporcional, aviso prévio, multa do fundo de garantia, acesso aos depósitos de FGTS e seguro-</p><p>desemprego).</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, com o �m desta aula, é fundamental que lhe estejam claras as complexidades e</p><p>nuances presentes no término do contrato de trabalho, evidenciadas nas respostas às perguntas</p><p>re�exivas.</p><p>Ao longo do texto, exploramos a dinâmica entre empregador e empregado, considerando as</p><p>modalidades de aviso prévio. Percebemos que a escolha entre aviso prévio trabalhado e</p><p>indenizado não apenas re�ete aspectos práticos, mas também envolve considerações éticas e</p><p>legais. A comunicação transparente e o respeito às obrigações são essenciais para manter a</p><p>integridade nas relações laborais, mesmo em momentos de desligamento.</p><p>A discussão sobre a rescisão indireta nos levou a re�etir sobre a importância do equilíbrio de</p><p>poder nas relações trabalhistas. A aplicação justa das causas previstas no art. 483 da CLT não</p><p>apenas protege os direitos do empregado, mas também contribui para um ambiente de trabalho</p><p>ético e respeitoso. O empregador, ao zelar pelo cumprimento das normas, promove uma cultura</p><p>organizacional que valoriza a dignidade e a justiça no ambiente pro�ssional.</p><p>Por �m, a necessidade de fundamentação especí�ca para a dispensa por justa causa ressalta</p><p>a</p><p>importância da transparência e da equidade nas decisões empresariais. Essa exigência, além de</p><p>proteger o empregado contra arbitrariedades, incentiva a busca por ambientes de trabalho mais</p><p>justos e transparentes.</p><p>Até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre o término do contrato de trabalho, leia o Capítulo XV do Título II do livro:</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Referências</p><p>BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2017.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis de</p><p>Trabalho (CLT). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011. Dispõe sobre o aviso prévio e dá outras</p><p>providências. Brasília: Presidência da República, 2011. Disponível em:</p><p>https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?</p><p>tipo=LEI&numero=12506&ano=2011&ato=98fQTSU1UMVpWT57c. Acesso em: 17 jun. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de</p><p>1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a �m de adequar a</p><p>legislação às novas relações de trabalho. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 26 abr.</p><p>2024.</p><p>CALVO, A. Manual de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: Juspodvim, 2023.</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2023. Disponível</p><p>em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubc�/6/2[%3Bvnd.vs</p><p>t.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77. Acesso em: 17 jun. 2024.</p><p>Aula 5</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>Videoaula de Encerramento</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=12506&ano=2011&ato=98fQTSU1UMVpWT57c</p><p>https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=12506&ano=2011&ato=98fQTSU1UMVpWT57c</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626966/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade – conhecer a legislação trabalhista para</p><p>identi�car, interpretar e aplicar as normas jurídicas trabalhistas às diversas situações</p><p>pro�ssionais que envolvam a prestação de serviço de trabalhador para empresário ou sociedade</p><p>empresarial –, você precisou estudar diversos conceitos e de�nições, além de adquirir</p><p>conhecimentos mais apurados acerca da legislação trabalhista.</p><p>Nesse contexto, foi essencial estudar a de�nição de direito do trabalho, os princípios</p><p>fundamentais que garantem proteção ao trabalhador, bem como entender que a relação de</p><p>trabalho é o gênero do qual decorrem várias espécies, dentre as quais a relação de emprego –</p><p>que precisa observar os requisitos de pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação.</p><p>Além disso, precisou estudar a de�nição e os requisitos do contrato de trabalho, que, em regra,</p><p>vigora por prazo indeterminado, sendo permitido o contrato por prazo determinado apenas em</p><p>algumas hipóteses previstas em lei. Por �m, estudou a existência de causas que suspendem e</p><p>outras que interrompem o contrato de trabalho.</p><p>Em um segundo momento, você tomou conhecimento das normas jurídicas que regulam a</p><p>jornada de trabalho do empregado e estabelecem que a jornada constitucional é de, no máximo,</p><p>44 horas semanais, existindo outras para pro�ssões especí�cas. Essa jornada pode ser</p><p>prorrogada em até duas horas por dia, que devem ser pagas com adicional mínimo de 50% ou</p><p>integrarem o banco de horas para compensação. Além disso, você compreendeu que o</p><p>empregado tem direito ao descanso, concedido na forma de intervalos intra e interjornadas,</p><p>descanso semanal remunerado e férias.</p><p>Na sequência, você conheceu as regras jurídicas relativas à remuneração do empregado,</p><p>momento em que aprendeu a diferenciar verbas salarias das não salariais e conheceu as</p><p>hipóteses em que é permitido o desconto no salário do empregado. Nesse sentido, você</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>aprendeu também que remuneração é o gênero do qual o salário e as gorjetas são espécies. No</p><p>conceito de salário, estão abrangidas as comissões.</p><p>Por �m, mas não menos importante, você conheceu as regras jurídicas relativas às espécies de</p><p>extinção do contrato de trabalho, que podem ou não envolver uma justa causa. O aviso prévio é</p><p>devido tanto pelo empregado quanto pelo empregador no pedido de demissão ou na dispensa</p><p>sem justa causa, respectivamente. A CLT traz, no art. 182, as hipóteses de justa causa do</p><p>empregado, ao passo que o art. 183 traz as hipóteses de justa causa do empregador.</p><p>Perceba, estudante, a jornada incrível que você vai ter ao mergulhar no mundo do direito do</p><p>trabalho. Ótimos estudos!</p><p>Re�ita</p><p>Qual a importância dos princípios do direito do trabalho na criação e na aplicação das</p><p>regras jurídicas trabalhistas?</p><p>De que forma o direito ao descanso se relaciona com as normas de saúde e proteção do</p><p>trabalhador?</p><p>Quais verbas trabalhistas são devidas nas situações de demissão com e sem justa causa</p><p>e de rescisão indireta do contrato de trabalho?</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Marcelo, um trabalhador contratado por um supermercado como técnico repositor, executa, na</p><p>prática, a função de técnico em manutenção predial, realizando atividades que envolvem contato</p><p>com energia elétrica. Ele percebe que a empresa não fornece os equipamentos de proteção</p><p>individual (EPIs) adequados, como luvas isolantes e óculos de proteção, para o desempenho de</p><p>suas funções em ambientes com risco elétrico. Além disso, não recebe adicional de</p><p>periculosidade, mesmo diante da natureza perigosa de suas atividades.</p><p>Diante dessas circunstâncias, Marcelo sente-se desprotegido e exposto a riscos signi�cativos de</p><p>acidentes elétricos devido à falta de EPIs adequados. Então, tenta resolver a questão</p><p>internamente, solicitando à empresa os equipamentos necessários e reivindicando o adicional de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>periculosidade em virtude da natureza de suas atividades. No entanto, a empresa negligencia a</p><p>solicitação e não toma medidas corretivas.</p><p>Marcelo, ao perceber que suas atividades envolvem riscos signi�cativos, decide procurar</p><p>orientação sobre seus direitos em relação ao adicional de periculosidade. Ele se questiona: quais</p><p>são os critérios estabelecidos pela legislação trabalhista para a concessão do adicional de</p><p>periculosidade?</p><p>Marcelo também está intrigado quanto a seu registro em carteira</p><p>de trabalho, pois é contratado</p><p>como “repositor”, mas desempenha as funções de um técnico em manutenção predial. Por isso,</p><p>ele se pergunta: o registro de uma função na carteira de trabalho impede o reconhecimento de</p><p>outra função exercida na realidade? Como comprovar isso?</p><p>Diante da recusa da empresa em fornecer os EPIs adequados e em conceder o adicional de</p><p>periculosidade, Marcelo sente-se compelido a buscar uma solução mais drástica para proteger</p><p>seus direitos e sua segurança no ambiente de trabalho. Antes de tomar essa decisão, ele se</p><p>pergunta: quando posso considerar a rescisão indireta do contrato de trabalho? Quais são os</p><p>critérios estabelecidos pela legislação para caracterizar falta grave do empregador?</p><p>Antes de tomar qualquer medida, Marcelo pondera sobre a proteção de sua integridade física e</p><p>busca entender melhor como a legislação trabalhista garante essa proteção. Suas perguntas</p><p>são: qual é o papel da legislação trabalhista na proteção da integridade física do trabalhador?</p><p>Como as normas buscam garantir um ambiente de trabalho seguro?</p><p>Considerando a possibilidade de rescisão indireta, Marcelo antecipa-se e pergunta-se sobre as</p><p>consequências jurídicas dessa decisão: quais são as consequências jurídicas da rescisão</p><p>indireta do contrato de trabalho? Quais direitos o empregado pode pleitear nessa situação?</p><p>Imagine que Marcelo procurou você para solucionar as dúvidas que ele apresentou. Como você o</p><p>ajudaria?</p><p>Os critérios para a concessão do adicional de periculosidade estão de�nidos no art. 193 da CLT,</p><p>que aborda atividades e operações perigosas que dão direito ao pagamento do adicional. O</p><p>princípio da segurança e da saúde do trabalhador, estabelecido no art. 157 da CLT, impõe ao</p><p>empregador o dever de fornecer condições seguras de trabalho. A ausência de EPIs adequados</p><p>agravaria ainda mais a situação de Marcelo, justi�cando a concessão desse adicional como</p><p>forma de compensação pelo risco a que ele está submetido.</p><p>O princípio da primazia da realidade indica que o registro formal na Carteira de Trabalho não é</p><p>determinante absoluto da função exercida; o que prevalece é a realidade das atividades</p><p>desempenhadas. Para comprovar essa discrepância, Marcelo pode reunir evidências, como</p><p>registros de suas atividades diárias, testemunhos de colegas de trabalho, documentação</p><p>referente a treinamentos especí�cos para a função de técnico em manutenção predial, ou</p><p>qualquer outro elemento que evidencie a natureza efetiva de suas responsabilidades no</p><p>ambiente de trabalho. O reconhecimento da função real, baseado na primazia da realidade, é</p><p>crucial para garantir os direitos trabalhistas relacionados às atividades que de fato exerce.</p><p>Além disso, Marcelo pode comunicar a rescisão indireta do contrato de trabalho, que é</p><p>caracterizada quando o empregador comete falta grave, conforme estabelecido no art. 483 da</p><p>CLT. A falta grave pode incluir a negligência em fornecer condições seguras de trabalho, como no</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>caso da ausência de EPIs e do não pagamento do adicional de periculosidade. O não</p><p>fornecimento de EPIs, apesar da solicitação, con�gura uma violação grave das condições de</p><p>trabalho e um descumprimento das normas de segurança estabelecidas por lei.</p><p>A legislação trabalhista, em especial o art. 157 da CLT, estabelece que é responsabilidade do</p><p>empregador proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável, garantindo a integridade</p><p>física do trabalhador por meio de medidas de segurança e fornecimento de EPIs.</p><p>Marcelo, ao rescindir indiretamente o contrato, pode pleitear as verbas rescisórias devidas em</p><p>casos de demissão sem justa causa, além de buscar indenizações por danos morais, caso tenha</p><p>sofrido algum prejuízo emocional em decorrência da falta de segurança no ambiente de trabalho.</p><p>Esse caso hipotético destaca a importância de se observar as normas de segurança no ambiente</p><p>de trabalho, bem como a necessidade de aplicar os princípios do direito do trabalho para</p><p>proteger os direitos e a integridade dos trabalhadores, especialmente em atividades que</p><p>envolvem riscos como o contato com energia elétrica.</p><p>Con�ra a seguir os principais tópicos tratados nesta unidade.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis de</p><p>Trabalho (CLT). Rio de Janeiro: Presidência da República, 1943. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>CALVO, A. Manual de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: Juspodvim, 2023.</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>RESENDE, R. Direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.</p><p>RENZETTI, R. Manual de direito do trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 2021.</p><p>,</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Unidade 3</p><p>Atividade Empresarial e Legislação Tributária</p><p>Aula 1</p><p>Teoria Geral do Tributo</p><p>Teoria geral do tributo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, abordaremos a Teoria Geral do Tributo, começando pela de�nição legal de tributo e</p><p>suas características. Em seguida, exploraremos as fontes do direito tributário, diferenciando-as</p><p>entre materiais e formais e destacando a relevância da Constituição Federal e de outras normas</p><p>legislativas. A competência tributária também será discutida a partir da compreensão de</p><p>titularidade para instituir tributos por cada ente federado. Por �m, abordaremos as espécies</p><p>tributárias, como impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e</p><p>contribuições especiais. Ao �nal desta aula, você terá uma compreensão sólida dos conceitos</p><p>fundamentais do direito tributário.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Para o desenvolvimento de nossas re�exões, considere as seguintes questões: considerando os</p><p>elementos essenciais da de�nição legal de tributo, como a prestação pecuniária, a</p><p>compulsoriedade e a instituição por meio de lei impactam a relação entre o Estado e os</p><p>contribuintes? Qual a importância desses elementos para a compreensão do funcionamento do</p><p>sistema tributário? Diante da complexidade das fontes formais do direito tributário, incluindo a</p><p>Constituição Federal, as leis ordinárias, as leis complementares, os tratados internacionais e os</p><p>atos normativos, como elas in�uenciam a criação, a modi�cação e a aplicação das normas</p><p>tributárias no Brasil?</p><p>Vamos em frente!</p><p>Vamos Começar!</p><p>De�nição de tributo</p><p>A ciência do direito tributário constitui ramo autônomo da pesquisa jurídica (especialmente</p><p>quanto ao direito �nanceiro), por isso conta com princípios e campo próprio de investigação. No</p><p>entanto, é importante lembrar que, embora seja uma ciência autônoma, essa classi�cação é</p><p>meramente didática, até mesmo porque o direito tributário sempre dialogará com outras</p><p>disciplinas, como o direito civil, quanto à de�nição de alguns institutos (como a propriedade); o</p><p>direito penal (crimes contra a ordem tributária); o direito administrativo (processo administrativo</p><p>tributário); e, sobretudo, o direito constitucional (Amaro, 2023; Schoueri, 2023).</p><p>Como objeto, o direito tributário dedica-se ao estudo tanto das características dos tributos</p><p>instituídos pelo Estado quanto da relação entre os entes tributantes (União, estados, Distrito</p><p>Federal e municípios), como sujeitos ativos da obrigação tributária e sujeitos passivos</p><p>(contribuintes e responsáveis tributários),</p><p>a partir da conjugação entre os interesses do Estado</p><p>quanto à arrecadação de receitas e às limitações constitucionais impostas a ele, por meio de</p><p>normas de proteção (regras e princípios).</p><p>A de�nição legal de tributo é encontrada no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN), segundo</p><p>o qual: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa</p><p>exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade</p><p>administrativa plenamente vinculada” (Brasil, 1966, art. 3º).</p><p>Devemos notar que a de�nição legal em comento apresenta uma série de elementos, cuja</p><p>compreensão nos fornece importantes informações sobre o que está abrangido pelo direito</p><p>tributário como um todo. Note, caro estudante, que o art. 3º do CTN (Brasil, 1966) traz os</p><p>seguintes elementos:</p><p>Prestação pecuniária.</p><p>Compulsoriedade.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Tributo (não é sanção por ato ilícito).</p><p>Instituição por meio de lei.</p><p>Cobrança por atividade administrativa plenamente vinculada.</p><p>Vamos conhecer um pouco mais de cada um deles? A prestação é o próprio objeto da relação</p><p>jurídico-tributária, que pode ser dividida em dois elementos para sua adequada compreensão: de</p><p>um lado, a prestação é o valor pago do tributo, em si, e que chamaremos de prestação principal;</p><p>de outro lado, a prestação também envolve o cumprimento dos chamados deveres formais,</p><p>acessórios, instrumentais, como a emissão de notas �scais e a entrega das declarações do</p><p>Imposto sobre a Renda (IR). A prestação principal, aliás, é de natureza pecuniária, isto é, em</p><p>dinheiro, via de regra. Isso porque não é possível o pagamento do tributo por meio de bens</p><p>móveis (cujo termo técnico é pagamento in natura) (Novais, 2022).</p><p>Além do mais, a prestação tributária é compulsória, isto é, é uma obrigação que todos, enquanto</p><p>contribuintes, têm perante o Estado, e é inescapável, salvo em situações muito especí�cas</p><p>ligadas ao tema do planejamento tributário, nas quais é possível reduzir a carga tributária.</p><p>Quando essa redução decorrer dos próprios processos empresariais que visem à e�ciência das</p><p>operações, não há possibilidade de não efetuar o pagamento dos tributos (Schoueri, 2023).</p><p>O tributo também não constitui sanção (punição) pelo cometimento de ato ilícito, o que signi�ca</p><p>dizer que ninguém suporta a tributação como uma penalidade por si só, isto é, o ato de cumprir</p><p>com as obrigações tributárias decorre de previsões legais predeterminadas, não podendo essas</p><p>previsões serem utilizadas para efeito de punição a alguém (Costa, 2023).</p><p>O tributo decorre de uma previsão legal: sem lei, via de regra, não há possibilidade de instituição</p><p>(criação) ou majoração (aumento) do tributo. No geral, fala-se aqui de lei ordinária (que é a</p><p>espécie legislativa mais comum). Note, porém, que há atenuações (�exibilizações), isto é,</p><p>algumas situações, relativamente a alguns tributos, que não dependem, na questão tributária, de</p><p>lei em sentido estrito para a modi�cação de alguns de seus elementos (como alíquota e base de</p><p>cálculo, por exemplo).</p><p>Tais tributos poderão ser modi�cados por atos infralegais, como um decreto do Poder Executivo.</p><p>Então, um ato do prefeito de uma cidade poderá, por exemplo, atualizar a base de cálculo do</p><p>Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) em virtude da in�ação; um</p><p>decreto do presidente da República poderá alterar o prazo de recolhimento dos tributos.</p><p>Além disso, para a alteração da alíquota (percentual que incide sobre a base de cálculo) de</p><p>alguns tributos, também se dispensa a lei em sentido estrito, bastando apenas um ato infralegal,</p><p>como visto, um decreto do Executivo, uma portaria do Ministério da Fazenda, para o�cializá-la. O</p><p>Imposto de Importação (II), o Imposto de Exportação (IE), o Imposto sobre Operações</p><p>Financeiras (IOF), a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico nos Combustíveis</p><p>(CIDE-Combustíveis) e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços incidente sobre</p><p>combustíveis (ICMS-Combustíveis) são os tributos que poderão sofrer alteração (majoração) por</p><p>atos dessa natureza.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Por �m, o tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, o que</p><p>signi�ca dizer que a autoridade tributária não pode escolher se procede ou não à cobrança do</p><p>tributo. Atividade administrativa vinculada é, basicamente, a estrita observância da legislação e</p><p>da legalidade, não havendo margem para escolha por parte da autoridade, que age em prol do</p><p>interesse público: a�nal, a arrecadação de recursos por meio dos tributos é essencial para a</p><p>manutenção das atividades estatais.</p><p>O tributo, como já sabemos, decorre de uma atividade estatal, sobretudo de uma previsão legal.</p><p>Somente com isso, via de regra, é que são instituídos os tributos e determinadas as</p><p>circunstâncias da vida real que sofrerão a incidência da norma e a da atividade do Estado para</p><p>�ns de arrecadação. Diante disso, deve-se saber que a norma tributária deve conter alguns</p><p>elementos obrigatórios. Trata-se da chamada regra matriz de incidência tributária, hipótese de</p><p>incidência tributária (Baleeiro; Derzi, 2018).</p><p>A regra matriz de incidência reúne os elementos que caracterizam o tributo, ou seja, aqueles que</p><p>indicam quais as situações (fatos da vida) nas quais incidirá a norma de�nidora de tributo,</p><p>resultando em uma obrigação, uma prestação e na necessidade de pagamento do �sco (federal,</p><p>estadual ou municipal). A lei tributária é que trará essas situações, como a de auferir renda</p><p>(incide o IR); de ser proprietário de um bem imóvel em área urbana (incide o IPTU); de ser</p><p>proprietário de um veículo automotor (incide o IPVA). Contudo, não basta a lei prever a situação</p><p>especí�ca na qual incide determinado tributo: é preciso que ela apresente outros elementos, tais</p><p>quais:</p><p>A causa do tributo (renda, patrimônio, serviço).</p><p>Quem deverá pagar (identi�cação do contribuinte ou responsável).</p><p>Quanto deverá ser pago (alíquota e base de cálculo).</p><p>Quando deverá ocorrer o pagamento (prazo).</p><p>Onde deverá ocorrer o pagamento (local, espaço geográ�co) (Machado Segundo, 2023).</p><p>Fontes do direito tributário</p><p>De onde surgem os tributos? Quais as fontes do direito tributário? Já comentamos sobre a</p><p>previsão legal (via de regra em lei ordinária) e já até sabemos que existe um Código Tributário</p><p>Nacional. Mas será que é só isso que precisamos saber? Claro que não! Vamos aprofundar esse</p><p>conhecimento!</p><p>As fontes do direito tributário podem ser subdivididas em: materiais e formais. As fontes</p><p>materiais nada mais são do que as riquezas em geral, isto é, os fatos da vida utilizados pelo</p><p>legislador como veículos da incidência tributária. Nesse contexto, ele faz uma opção pelos fatos</p><p>que sofrerão a incidência dos tributos, por exemplo: a renda é tributada pelo IR; os bens, pelo</p><p>IPVA e pelo IPTU; os serviços, pelo ISS e assim por diante (Carneiro, 2020; Sabbag, 2021). Já as</p><p>fontes formais revelam a origem dos tributos sob um ponto de vista legislativo.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Quais são os instrumentos a partir dos quais os tributos são previstos? São várias as fontes</p><p>formais em direito tributário que analisaremos a partir de agora. A primeira e mais importante é a</p><p>Constituição Federal de 1988, uma vez que nela estão os fundamentos principiológicos das</p><p>limitações constitucionais ao poder de tributar que tem o Estado.</p><p>Em seguida, temos que, à luz do art. 150, inciso I, da Constituição Federal de 1988, os entes</p><p>federados não podem instituir ou majorar tributos sem lei que os estabeleça. Aqui fala-se na lei</p><p>ordinária, o tipo mais comum, como já tivemos a oportunidade de comentar. Todavia, a lei</p><p>complementar (que é espécie legislativa adequada para matérias mais complexas) servirá para o</p><p>estabelecimento de normas gerais em matéria tributária, conforme art. 146 da Constituição.</p><p>Tanto é assim que o CTN (Brasil, 1966) foi recepcionado pela Carta Magna de 1988 como lei</p><p>complementar. Eventualmente, também é possível a utilização de medidas provisórias (cuja</p><p>competência</p><p>para edição é do presidente da República, em casos de relevância e urgência) para</p><p>a instituição de tributos (como o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação, o Imposto</p><p>sobre Produtos Industrializados, o Imposto sobre Operações Financeiras e o Imposto sobre</p><p>Grandes Fortunas).</p><p>Além disso, também constitui fonte formal a legislação tributária, que, segundo o art. 96 do</p><p>Código Tributário Nacional (CTN), compreende as leis (ordinárias, complementares, etc.), os</p><p>tratados e as convenções internacionais em matéria tributária (que possuem status de norma</p><p>legal), os decretos e as normas complementares (editados pelo chefe do Poder Executivo para o</p><p>�el cumprimento da lei – por exemplo: regulamento do Imposto de Renda, do ICMS, etc.).</p><p>Como fonte importante para o direito tributário, há também as chamadas normas</p><p>complementares, discriminadas no art. 100 do CTN. São as seguintes:</p><p>Atos Normativos (complementares a leis, tratados e decretos: Instruções Normativas,</p><p>Resoluções do Ministério da Fazenda).</p><p>Decisões administrativas (p. ex.: aquelas proferidas pelo Tribunal de Impostos e Taxas –</p><p>TIT – de São Paulo quanto ao ICMS. No plano federal, há o Conselho Administrativo de</p><p>Recursos Fiscais – CARF).</p><p>Práticas reiteradas (praxe administrativa: contribuinte recolhe ISS ao invés de ICMS,</p><p>presumindo ser aquele o imposto devido; neste caso, por ser uma conduta reiterada, não</p><p>será in�igida a ele condenação em multa, somente encargos depois de noti�cado do dever</p><p>de pagar ICMS).</p><p>Convênios (entre entes tributantes, por exemplo, ocorre no âmbito do Conselho Nacional de</p><p>Política Fazendária – CONFAZ – quanto ao estabelecimento da política de eventuais</p><p>concessões de benefícios �scais, como a isenção, no caso do ICMS) (Schoueri, 2023).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Competência tributária</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O Sistema Tributário Nacional está previsto, em primeiro lugar, na Constituição Federal de 1988,</p><p>entre os arts. 145 e 162. Assim, são estabelecidas as competências tributárias dos vários entes</p><p>políticos, uma vez que, no federalismo brasileiro, eles têm autonomia e independência relativas,</p><p>isso observando-se os parâmetros constitucionais �xados. Logo, a competência tributária é a</p><p>titularidade indelegável que o ente possui para a matéria tributária (para a instituição e</p><p>majoração de tributos). Cada ente possui a sua própria esfera de competências, de modo que o</p><p>estado não pode, por exemplo, instituir ou disciplinar um tributo da competência do município.</p><p>Mas, atenção! Não se pode confundir a competência tributária para a instituição e a majoração</p><p>de tributos com a chamada capacidade tributária ativa, que se refere meramente à �scalização e</p><p>à arrecadação. Assim, determinado ente poderá transferir apenas essa parcela para �scalização</p><p>e arrecadação de tributo da sua competência. Por exemplo, é bastante comum que a União,</p><p>competente para instituir e majorar o Imposto Territorial Rural (ITR), celebre convênio com os</p><p>municípios para que estes �scalizem e arrecadem o referido tributo. Note que o município não</p><p>pode instituir, tampouco majorar o ITR. Poderá, simplesmente, se houver tal convênio com a</p><p>União, apenas receber os valores em seu nome.</p><p>Espécies tributárias</p><p>Agora que conhecemos as fontes, quais seriam os tributos de competência de cada um dos</p><p>entes federados (União, estado, Distrito Federal e município)? Inicialmente, precisamos</p><p>compreender que tributo é gênero e, como tal, comporta algumas espécies. Assim, são espécies</p><p>tributárias:</p><p>Impostos.</p><p>Taxas.</p><p>Contribuição de melhoria.</p><p>Empréstimo compulsório.</p><p>Contribuições especiais.</p><p>O Supremo Tribunal Federal (STF) – órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro – estabeleceu a</p><p>classi�cação pentapartite ou quinquipartida das espécies tributárias. Isso porque se considerou</p><p>que o critério do art. 5º do CTN (Brasil, 1966), que somente menciona imposto, taxa e</p><p>contribuição de melhoria como espécies, está superado. A�nal de contas, o CTN (Lei nº</p><p>5.172/1966) é anterior à Constituição Federal de 1988, a qual consagrou outras espécies</p><p>tributárias (empréstimo compulsório e contribuições especiais). Assim, tributo compreende as</p><p>cinco espécies mencionadas.</p><p>Os impostos detêm a precípua �nalidade de arrecadação de recursos para a manutenção das</p><p>atividades estatais. A maioria dos tributos são compostos por impostos e, como tal, servem</p><p>basicamente para que o Estado tenha condições de manter sua estrutura administrativa, bem</p><p>como de empreender as prestações de caráter social geral, tal como previsto na Constituição</p><p>Federal de 1988. Então, por exemplo, o Estado, de um modo geral, utilizará o produto da</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>arrecadação para pagar seus servidores e suas estruturas físicas; para construir escolas,</p><p>hospitais e estradas; para promover a segurança pública, etc. (Schoueri, 2023).</p><p>As taxas são tributos vinculados a uma contraprestação do Estado, como uma taxa ambiental e</p><p>uma taxa de emissão de passaporte. Nesse caso, o interesse primordial da tributação não é o de</p><p>arrecadar fundos para os cofres públicos, mas o de custear determinado serviço que é colocado</p><p>à disposição dos cidadãos. Por isso, as taxas dependem da individualização do serviço</p><p>acessado pelo cidadão. No exemplo dado, a pessoa somente pagará a taxa de emissão do</p><p>passaporte se, efetivamente, optar por tal serviço (Amaro, 2023).</p><p>A contribuição de melhoria tem lugar quando são realizadas obras pelo poder público que</p><p>resultem em valorização da propriedade imobiliária. Se o município, por exemplo, �zer uma obra</p><p>viária que resulte em aumento do valor de mercado de um imóvel situado às suas margens,</p><p>poderá haver a instituição da referida contribuição (Schoueri, 2023).</p><p>O empréstimo compulsório pode ocorrer tanto para �ns de custeio relacionado a despesas</p><p>extraordinárias, como em casos de calamidade pública ou guerra externa, quanto para suplantar</p><p>a necessidade de investimento público de caráter urgente, que seja de interesse nacional. Neste</p><p>caso, somente a União pode instituir tal tributo e, como se trata de um empréstimo, deverá ser</p><p>posteriormente devolvido ao contribuinte, nas condições que a lei estabelecer (Costa, 2023).</p><p>Por �m, é importante conhecer as contribuições especiais. Trata-se de um gênero que comporta</p><p>uma série de espécies, isto é, contribuições com fatos geradores e �nalidades distintas,</p><p>consoante previsões legais respectivas. Via de regra, tais contribuições são de competência da</p><p>União para �ns de instituição. Servem para o custeio da Seguridade Social (saúde, assistência</p><p>social e previdência social) e como forma de intervenção no domínio econômico, por intermédio</p><p>das chamadas CIDEs (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Há, ainda, a</p><p>Contribuição Patronal sobre a folha de pagamento, a contribuição para o Programa de Integração</p><p>Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), a Contribuição para o</p><p>Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido</p><p>(CSLL). Os estados, o Distrito Federal e os municípios também poderão instituir contribuições</p><p>sociais (previdenciárias) que incidirão sobre a remuneração dos seus próprios servidores, para</p><p>�ns de custeio do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) (Carneiro, 2020).</p><p>Com isso, caro aluno, encerramos a primeira etapa dos nossos estudos tributários. Já</p><p>aprendemos bastante, não é mesmo? Mas continuemos, pois ainda há muito o que aprender!</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos os fundamentos da Teoria Geral do Tributo. Nesse contexto, abordamos</p><p>a de�nição legal de tributo, discutimos as fontes formais do direito tributário, a competência</p><p>tributária e as espécies tributárias. Para consolidar esse conhecimento, propusemos uma</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>re�exão sobre a in�uência da autonomia do direito tributário em diversas áreas e a complexidade</p><p>das fontes formais.</p><p>Como resposta às perguntas feitas no início da aula, podemos destacar a interdisciplinaridade</p><p>do direito tributário, a importância dos elementos essenciais na relação</p><p>civil, �rma, capital, objeto e sede do empresário.</p><p>É essencial distinguir o empresário individual do sócio de uma sociedade empresária, pois o</p><p>sócio não é considerado empresário, mas parte de uma sociedade empresária. É também crucial</p><p>não confundir o empresário individual com o pro�ssional autônomo, já que, enquanto o</p><p>empresário exerce uma atividade econômica organizada, o pro�ssional autônomo não cria uma</p><p>organização signi�cativa em sua atividade.</p><p>Caso o empresário individual queira admitir sócios e transformar sua empresa em uma</p><p>sociedade empresária, pode solicitar a transformação do registro. Isso garante a regularidade da</p><p>atividade empresarial, sem prejudicar os direitos dos credores anteriores. Além disso, é possível</p><p>o empresário individual transformar o registro de empresário individual para sociedade limitada</p><p>unipessoal, que será tratada adiante.</p><p>Por �m, é importantíssimo saber que o empresário individual não conta com proteção</p><p>patrimonial, isto é, o patrimônio da empresa acaba sendo o seu próprio, de modo que sua</p><p>responsabilidade perante as obrigações que contrair é ampla e irrestrita – a�nal, ele assume</p><p>todos os riscos do negócio.</p><p>Sociedade empresária</p><p>A sociedade empresária (pluripessoal) é o resultado da união de duas ou mais pessoas, naturais</p><p>ou jurídicas, que, voluntariamente, obrigam-se a contribuir, de forma recíproca, com bens ou</p><p>serviços, para o exercício pro�ciente de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados</p><p>auferidos nessa exploração, conforme art. 981 do Código Civil. Em verdade, “a sociedade se</p><p>manifesta como uma técnica de exploração da atividade econômica, adaptável tanto à</p><p>pluralidade como à unicidade de sócios” (Campinho, 2023, p. 20).</p><p>Sociedade limitada unipessoal</p><p>A sociedade limitada unipessoal (SLU) é um modelo empresarial que dispensa a necessidade de</p><p>sócios para sua constituição. Embora contenha o termo "sociedade" em sua denominação, essa</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>modalidade é composta por um único indivíduo, o próprio empreendedor. Além disso, destaca-se</p><p>pela separação entre o patrimônio pessoal do empreendedor e o patrimônio da empresa</p><p>unipessoal, garantindo que, em situações como problemas �nanceiros signi�cativos ou falência,</p><p>os bens pessoais do empreendedor não sejam utilizados para quitar as dívidas.</p><p>Um dos atrativos da sociedade limitada unipessoal é a ausência da exigência de um valor</p><p>mínimo de capital social. Isso signi�ca que o empreendedor tem facilidade para estabelecer um</p><p>valor acessível no momento da abertura da empresa, sem a obrigação de integralizar quantias</p><p>elevadas inicialmente.</p><p>A criação da sociedade limitada unipessoal ocorreu por meio da Medida Provisória nº 881/2019,</p><p>conhecida como MP da Liberdade Econômica, posteriormente convertida na Lei nº 13.874/2019.</p><p>A principal proposta por trás dessas legislações foi simpli�car o processo de abertura de</p><p>empresas no Brasil.</p><p>Assim, o objetivo era oferecer um formato de empresa que pudesse ser constituído sem os</p><p>custos elevados do capital social exigido pela Empresa Individual de Responsabilidade Limitada</p><p>(EIRELI), dispensando a necessidade de sócios, ao mesmo tempo em que resguardava o</p><p>patrimônio do empreendedor. No �nal de 2021, a natureza jurídica EIRELI foi extinta e substituída</p><p>pela sociedade limitada unipessoal (SLU), promovendo a legalização de negócios e contribuindo</p><p>para o desenvolvimento e o crescimento da economia nacional.</p><p>Em dezembro de 2022, a Receita Federal procedeu à migração de todas as empresas</p><p>anteriormente registradas como EIRELI para SLU. Esse processo resultou na alteração das</p><p>pessoas jurídicas que, na ocasião do processamento, não estavam encerradas. Durante essa</p><p>transição, também foram modi�cados os nomes empresariais, substituindo EIRELI por LTDA, e</p><p>as quali�cações dos sócios, de modo a adequá-las às utilizadas nas sociedades limitadas.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, chegamos ao �nal desta aula enriquecedora sobre o universo jurídico do</p><p>empresariado. Ao explorarmos os fundamentos do empresário e da atividade empresarial,</p><p>mergulhamos em conceitos que não apenas de�nem a prática pro�ssional, mas também</p><p>moldam o cenário econômico e legal em que as organizações operam.</p><p>Ao longo desta jornada, re�etimos sobre a essência do pro�ssionalismo, a dinâmica da atividade</p><p>econômica, a importância da organização e a criação de riquezas por meio da produção ou</p><p>circulação de bens e serviços. Além disso, abordamos aspectos críticos, como a capacidade</p><p>civil, os impedimentos legais e as diferentes modalidades empresariais, como a inovadora</p><p>sociedade limitada unipessoal (SLU).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Com isso, já estamos aptos a responder àquelas perguntas feitas no início da aula, não é</p><p>mesmo?</p><p>A organização é um critério jurídico que distingue a atividade econômica empresarial da</p><p>atividade econômica intelectual. Enquanto a empresa, por de�nição, tem organização, atividades</p><p>intelectuais, como as praticadas por advogados, não requerem a mesma estrutura. Isso ressalta</p><p>a importância da organização na delimitação das responsabilidades legais e na diferenciação</p><p>entre essas atividades.</p><p>A legislação estabelece que, em princípio, indivíduos com 18 anos estão aptos a exercer</p><p>pessoalmente seus direitos e obrigações. No entanto, certas pro�ssões e cargos, como militares,</p><p>magistrados e membros do Ministério Público, são impedidos de exercer atividade empresarial</p><p>individualmente para evitar concorrência desleal e proteger informações privilegiadas.</p><p>A criação da SLU, dispensando a necessidade de sócios, ofereceu uma alternativa �exível e</p><p>acessível para empreendedores. Isso simpli�cou o processo de abertura de empresas e</p><p>contribuiu para a legalização de negócios. Além disso, a SLU preserva o patrimônio pessoal do</p><p>empreendedor, incentivando o desenvolvimento econômico ao reduzir barreiras �nanceiras e ao</p><p>promover a inovação.</p><p>Esteja sempre disposto a explorar novas perspectivas, aprofundar seu entendimento e, acima de</p><p>tudo, a aplicar esse conhecimento de maneira inovadora em seu cotidiano pro�ssional. Estamos</p><p>aqui para apoiá-lo em cada passo desse caminho.</p><p>Boas re�exões e sucesso em sua jornada!</p><p>Saiba mais</p><p>O artigo a seguir apresenta a teoria dos sistemas como base teórica para a formulação de um</p><p>novo parâmetro destinado a determinar a existência de uma empresa, o que acarreta</p><p>implicações jurídicas relevantes. Ao ser considerada como um organismo autônomo, a empresa</p><p>pode ter sua existência avaliada a partir da essencialidade da �gura física do empresário.</p><p>FERNANDEZ, J. A. da C. G. A caracterização da atividade empresária: identi�cação dos</p><p>elementos de empresa sob a ótica sistêmica. Revista da Escola Superior da Magistratura do</p><p>Estado de Santa Catarina (ESMESC), [s. l.], v. 17, n. 23, p. 259-283, 2010.</p><p>Referências</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil (OAB). Brasília: Presidência da República, 1994. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm. Acesso em: 24 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União:</p><p>seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.247, de 12 de janeiro de 2016. Altera a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 -</p><p>Estatuto da Advocacia. Brasília: Presidência da República, 2016. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13247.htm#art2. Acesso em:</p><p>24 abr. 2024.</p><p>CAMPINHO, S. Curso de direito comercial: direito de empresa. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>FERNANDEZ, J. A. da C. G. A caracterização da atividade empresária: identi�cação dos</p><p>elementos de empresa sob a ótica sistêmica. Revista da Escola Superior da Magistratura do</p><p>Estado de Santa Catarina (ESMESC), [s. l.], v. 17, n. 23, p. 259-283, 2010. Disponível em:</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22.</p><p>Estado-contribuinte e a</p><p>in�uência signi�cativa das fontes formais na estrutura normativa do sistema tributário brasileiro.</p><p>Essa compreensão é fundamental para uma análise crítica e aprofundada do tema, essencial a</p><p>nossa preparação para desa�os futuros na área tributária.</p><p>Os elementos essenciais da de�nição legal de tributo (prestação pecuniária, compulsoriedade e</p><p>instituição por meio de lei) são fundamentais para a relação Estado-contribuintes e para entender</p><p>o funcionamento do sistema tributário. Eles garantem a obrigação �nanceira dos contribuintes</p><p>de maneira justa e previsível, limitam o poder de tributar do Estado e promovem segurança</p><p>jurídica.</p><p>As fontes formais do direito tributário no Brasil (Constituição Federal, leis ordinárias,</p><p>complementares, tratados internacionais e atos normativos) são cruciais na criação,</p><p>modi�cação e aplicação das normas tributárias, assegurando a legalidade e a coerência do</p><p>sistema �scal.</p><p>Continue a explorar esses conceitos para uma compreensão mais ampla do direito tributário. Até</p><p>a próxima aula.</p><p>Saiba mais</p><p>Quer aprofundar seus conhecimentos em espécies tributárias? Então leia o Capítulo III do livro</p><p>Curso de direito tributário completo, de Leandro Paulsen:</p><p>PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Referências</p><p>AMARO, L. da S. Direito tributário brasileiro. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BALEEIRO, A.; DERZI, M. A. M. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553627185/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e</p><p>institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1966. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.</p><p>CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e �nanceiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>COSTA, R. H. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. 13. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>MACHADO SEGUNDO, H. de B. Manual de direito tributário. 13. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 6. ed. São Paulo: Método, 2022.</p><p>PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo.14. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>SABBAG, E. Direito tributário essencial. 9. ed. São Paulo: Método, 2021.</p><p>SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Aula 2</p><p>Obrigação e Responsabilidade Tributária</p><p>Obrigação e responsabilidade tributária</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, exploraremos os conceitos de relação jurídico-tributária, responsabilidade tributária e</p><p>obrigação tributária. Analisaremos a estrutura dessa relação, a distinção entre contribuinte e</p><p>responsável e o papel dos sócios em sociedades empresárias. Em seguida, abordaremos o</p><p>surgimento da obrigação tributária com o fato gerador, as penalidades por descumprimento de</p><p>obrigações acessórias e a importância do crédito tributário na arrecadação. Além disso,</p><p>discutiremos garantias e privilégios, proporcionando uma base sólida para o entendimento do</p><p>sistema tributário. Vamos prosseguir com nosso aprendizado!</p><p>Para o desenvolvimento da aula, considere as seguintes questões: como a distinção entre</p><p>contribuinte e responsável in�uencia a dinâmica da relação jurídico-tributária e quais são as</p><p>implicações práticas dessa diferenciação no âmbito das obrigações tributárias? Diante das</p><p>diversas formas de responsabilidade tributária, qual você considera mais relevante ou</p><p>desa�adora no contexto empresarial? No que diz respeito à obrigação tributária, como o</p><p>descumprimento das obrigações acessórias pode transformar-se em uma obrigação principal?</p><p>Quais são as implicações práticas para o contribuinte nesse cenário?</p><p>Vamos lá? Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Relação jurídico-tributária</p><p>A relação jurídico-tributária é o vínculo por meio do qual o Estado (ente tributante), enquanto</p><p>sujeito ativo, relaciona-se com o sujeito passivo mediante previsão legal, atribuindo-lhe</p><p>determinada carga tributária. A hipótese de incidência traz em si o fato material da vida que a lei</p><p>tributária optou por considerar su�ciente e necessário para efeito do nascimento do liame</p><p>obrigacional. Assim se estabelece a estrutura basilar da relação jurídico-tributária, que legitima</p><p>ao Estado a incidência tributária e o avanço sobre o patrimônio e os bens dos sujeitos passivos</p><p>(as pessoas em geral).</p><p>No entanto, o Código Tributário Nacional (CTN), no art. 12, estabelece uma distinção quanto ao</p><p>sujeito passivo, que será tanto o contribuinte, aquele que efetivamente pratica o fato gerador do</p><p>tributo (por exemplo, auferir renda para o IR, propriedade de veículo automotor para o IPVA e</p><p>propriedade imobiliária para o IPTU), quanto o responsável, que poderá ser um terceiro escolhido</p><p>pela lei tributária para, em algumas situações, suportar o dever de pagamento do tributo (Amaro,</p><p>2023).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Assim, o responsável tributário será aquele incumbido, por lei, ao pagamento do tributo, sem que</p><p>tenha qualquer relação direta e pessoal com o fato gerador. Dessa maneira, �ca bem fácil</p><p>entender a diferença entre o contribuinte e o responsável. Nesse contexto, é importante lembrar</p><p>que a responsabilidade tributária sempre decorre da lei, isto é, independe da vontade das partes,</p><p>caso se queira opor ao �sco eventual acordo particular bilateral. A�nal, as convenções</p><p>particulares vinculam as partes, mas não podem ser opostas perante o �sco, que seguirá,</p><p>exclusivamente, os critérios legais (Schoueri, 2023).</p><p>O sujeito passivo da relação jurídico-tributária é o contribuinte ou o responsável. A depender da</p><p>situação quali�cada na lei tributária, um ou outro suportará o dever de pagamento do tributo,</p><p>independentemente de ter praticado pessoalmente o fato gerador.</p><p>Responsabilidade tributária</p><p>Tema da mais alta relevância no campo da responsabilidade tributária é o papel dos sócios em</p><p>uma sociedade empresária. Diversas são as hipóteses de responsabilidade nesse cenário, porém</p><p>vamos nos concentrar, inicialmente, nesse caso especial, previsto no art. 134, inciso VII, do CTN</p><p>(Brasil, 1966) e depois no art. 135, inciso III, também do CTN (Brasil, 1966). A primeira situação</p><p>diz respeito à prática de ato não doloso pelos sócios, caso em que eles responderão</p><p>subsidiariamente pela dívida da sociedade. Mais comum, no entanto, é a hipótese de o sócio ser</p><p>responsabilizado por obrigações tributárias quando praticar atos com violação de poderes, lei,</p><p>contrato social ou estatuto. Quando o sócio administrador pratica ato fraudulento, sua</p><p>responsabilidade tributária será pessoal e não solidária (junto com a pessoa jurídica) ou</p><p>subsidiária (depois de se avançar sobre o patrimônio da pessoa jurídica). Neste caso, portanto, o</p><p>sócio que extrapolou os poderes foi além do que poderia e responderá pessoalmente pelas</p><p>obrigações tributárias decorrentes do seu ato.</p><p>O tema dos coobrigados (duas ou mais pessoas obrigadas ao adimplemento tributário) diz</p><p>respeito à solidariedade, matéria prevista nos arts. 124 e 125 do CTN. Isso ocorre quando mais</p><p>de uma pessoa tem interesse na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal e,</p><p>depois, nos casos especi�cados em lei. Um exemplo</p><p>disso é a situação na qual duas pessoas</p><p>�guram como proprietárias de um bem imóvel, por cujo IPTU ambas serão responsáveis. O �sco</p><p>municipal pode exigir, por se tratar de responsabilidade solidária, a integralidade do montante</p><p>devido tanto de um quanto de outro, não havendo, inclusive, qualquer benefício de ordem (isto é,</p><p>primeiro cobraria de um, depois do outro). No exemplo dado, caso um realize o pagamento, o</p><p>outro se aproveitará. Igualmente, caso haja a instituição de algum benefício �scal (isenção, por</p><p>exemplo), este exonerará todos os coobrigados, salvo se for benefício de caráter pessoal,</p><p>hipótese em que subsistirá, em relação ao restante (ou os demais) a responsabilidade solidária</p><p>pelo saldo do valor do tributo.</p><p>Ademais, a responsabilidade presumida, que surge no art. 134 do CTN, trata da circunstância</p><p>segundo a qual a lei atribui a determinadas pessoas a responsabilidade pelo pagamento de</p><p>tributos. Então, de acordo com a previsão legal, veri�ca-se que os pais são responsáveis pelos</p><p>tributos devidos pelos �lhos, como no exemplo dado quanto ao IPTU, caso o �lho menor seja</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>proprietário. Da mesma maneira e seguindo a mesma lógica, os tutores e os curadores são</p><p>responsáveis pelos tributos devidos pelos tutelados e curatelados. Ademais, os administradores</p><p>serão responsáveis pelo pagamento dos tributos que decorram dos bens porventura</p><p>administrados. Por �m, no caso da sucessão, o inventariante será responsável pelo recolhimento</p><p>dos tributos devidos pelo espólio (Schoueri, 2023).</p><p>Situação que merece total atenção no campo do direito tributário aplicado às atividades</p><p>empresariais é a responsabilidade tributária decorrente de operações societárias. Em uma</p><p>primeira hipótese, o art. 132 do CTN diz que a pessoa jurídica que porventura resultar de</p><p>processos de fusão, transformação ou incorporação, será responsável pelos tributos devidos até</p><p>essa data. Por isso é muito comum, nesse tipo de operação, o conhecimento detalhado dos</p><p>tributos que já constituem passivo das pessoas jurídicas objetos de tais atos (fusão,</p><p>transformação ou incorporação), pois isso interferirá diretamente até mesmo nos custos do</p><p>negócio (Baleeiro; Derzi, 2018).</p><p>Além disso, caso uma pessoa jurídica seja extinta e algum dos sócios dela continue, sob outra</p><p>razão social, isto é, mediante a constituição de nova empresa, a praticar a mesma atividade</p><p>econômica, também será responsável pelas dívidas tributárias da antiga empresa. Então, o fato</p><p>de extinguir-se uma pessoa jurídica não faz com que os tributos devidos desapareçam,</p><p>sobretudo quando o sócio da pessoa extinta continua na mesma atividade econômica a partir de</p><p>uma nova empresa, em tese, sem dívidas. Essa responsabilização, aliás, encontra-se prevista no</p><p>parágrafo único do art. 132 do CTN (Brasil, 1966).</p><p>Por �m, é muito importante que se reconheça a responsabilidade decorrida da operação de</p><p>venda de um estabelecimento comercial, sobretudo no meio empresarial, no qual esse tipo de</p><p>negócio é frequente (Schoueri, 2023). De acordo com o disposto no art. 133 do CTN, a pessoa,</p><p>seja jurídica, seja natural, que adquirir de outro estabelecimento comercial, industrial ou</p><p>pro�ssional, e continuar sob mesma ou outra razão social a respectiva atividade econômica,</p><p>responderá pelos tributos devidos pelo estabelecimento até a data do negócio. Porém, o CTN</p><p>estabelece algumas situações diferentes quanto a essa responsabilidade. Em um dos casos,</p><p>quem adquirir o estabelecimento responderá integralmente pela dívida tributária caso o alienante</p><p>cesse a exploração da atividade (Costa, 2023).</p><p>Outra situação decorrente da alienação de estabelecimento comercial é a responsabilidade</p><p>subsidiária. Nesse caso, conforme o art. 133, inciso II, do CTN, o adquirente responderá de</p><p>maneira subsidiária com o alienante, caso se prossiga na exploração da mesma atividade</p><p>econômica ou caso o alienante inicie, dentro de 6 (seis) meses, contados da data da alienação,</p><p>“nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou pro�ssão” (Brasil, 1966,</p><p>art. 133, inc. II).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Obrigação tributária</p><p>Dando sequência aos nossos estudos, vamos tratar, a partir de agora, do nascimento da</p><p>obrigação tributária. Assim sendo, é relevante pontuar que é no campo da incidência tributária</p><p>que ocorre a formação da relação jurídica; logo precisaremos adentrar a seara de estudo da</p><p>obrigação tributária e do crédito tributário. Isso se dá porque, com a prática do fato gerador,</p><p>aciona-se a hipótese de incidência prevista abstratamente na lei, fazendo com que nasça aí,</p><p>posteriormente, a obrigação tributária. Nesse contexto, quando se pratica determinado fato</p><p>gerador, a lei tributária incide nessa situação, tornando o sujeito-ativo (Estado, ente tributante)</p><p>autorizado a de�agrar os procedimentos administrativos de cobrança e, de outro lado, o dever de</p><p>o sujeito-passivo pagar o tributo (Machado Segundo, 2023).</p><p>A obrigação tributária nasce com a prática do fato gerador, isto é, quando um sujeito aufere</p><p>renda (por exemplo), nasce para ele a obrigação de pagar o Imposto de Renda para a União.</p><p>Assim, a obrigação tributária, na ótica da relação jurídico-tributária, é tanto o dever de pagamento</p><p>pelo sujeito passivo quanto a obrigação de o sujeito ativo exigi-lo. A obrigação tributária pode ser</p><p>dividida em principal (o tributo em si) e acessória (os chamados deveres instrumentais). Por</p><p>exemplo, no Imposto de Renda, é preciso enviar a declaração anual, bem como, se for o caso,</p><p>pagar o imposto respectivo.</p><p>Caso haja descumprimento da obrigação acessória, o sujeito receberá uma penalidade, ou seja,</p><p>uma multa, cujo valor será acrescido ao montante principal do tributo (Carneiro, 2020). Dessa</p><p>maneira, o descumprimento de uma obrigação acessória, resultante na imposição de penalidade</p><p>pecuniária, faz com que tudo se torne obrigação principal. Logo, se não houve a entrega de uma</p><p>declaração, ou algum fazer ou não fazer que a lei tributária tenha exigido como obrigação</p><p>acessória para aquele determinado caso, uma vez imposta a penalidade, o valor desta converte-</p><p>se em obrigação principal, isto é, o contribuinte ou responsável deverá pagar a integralidade do</p><p>tributo devido, o qual, nesse caso, será tanto o valor principal quanto aquele decorrente da</p><p>penalidade.</p><p>Lembre-se de que tributo não é sanção por ato ilícito, e o que estamos dizendo é que apenas o</p><p>valor de eventual multa será acrescido ao pagamento do montante principal. A multa poderá ser:</p><p>moratória (demora no adimplemento do tributo) de, no máximo, 20%; ou punitiva (prática de atos</p><p>fraudulentos) de, no máximo, 100% do valor do tributo, segundo entendimento majoritário do</p><p>Supremo Tribunal Federal.</p><p>Depois de originada a obrigação tributária a partir da prática do fato gerador, o tributo será</p><p>cobrado pela constituição do chamado “crédito tributário”, que nada mais é do que o direito</p><p>subjetivo do �sco (ente tributante) de cobrar o valor a partir da individualização respectiva, com a</p><p>identi�cação do montante, o tributo referido e o momento do pagamento. O instituto do</p><p>lançamento tributário e, assim, da constituição do crédito tributário será estudado</p><p>posteriormente.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>É, sobretudo, por meio da arrecadação tributária que o Estado poderá amealhar recursos tanto</p><p>para o custeio da máquina administrativa quanto para a consecução das �nalidades sociais</p><p>previstas na Constituição Federal. Por essa razão, o crédito tributário precisa se revestir de</p><p>proteções especiais, de modo a garantir que o Estado não �que sem recebê-lo. É o caso das</p><p>chamadas garantias e privilégios do crédito tributário, previstas a partir do art. 183 do CTN.</p><p>As garantias servem para �ns de melhor efetividade da execução �scal, que é a ação judicial por</p><p>meio da qual o �sco busca a satisfação do crédito. Já os privilégios dizem respeito à posição do</p><p>crédito tributário relativamente às execuções coletivas, como numa falência (Schoueri, 2023).</p><p>Alguns casos de garantias e privilégios</p><p>relacionados ao crédito tributário precisam ser</p><p>conhecidos. O primeiro aspecto é o da responsabilidade patrimonial, isto é, o sujeito passivo</p><p>responderá pelo pagamento do crédito tributário da totalidade dos bens e das rendas, de</p><p>qualquer origem ou natureza, ressalvados aqueles bens considerados absolutamente</p><p>impenhoráveis, tal como descrito no art. 833 do Código de Processo Civil (Brasil, 2015).</p><p>Ademais, presume-se que há fraude à execução �scal quando o sujeito passivo dilapida o seu</p><p>patrimônio enquanto é devedor da Fazenda Pública, situação caracterizada quando o crédito</p><p>(não pago) é inscrito em dívida ativa (nada mais do que um procedimento administrativo de</p><p>inserção do nome do contribuinte em cadastro de inadimplência). Por �m, o crédito tributário</p><p>terá preferência perante quaisquer outros, ressalvados os trabalhistas.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos conceitos cruciais da relação jurídico-tributária, da responsabilidade</p><p>tributária e da obrigação tributária. As perguntas re�exivas feitas no início destacaram aspectos</p><p>relevantes desses temas, proporcionando insights para melhor compreensão do funcionamento</p><p>do sistema tributário.</p><p>A distinção entre contribuinte e responsável é vital para determinar quem suporta o dever de</p><p>pagamento do tributo. Essa diferenciação tem implicações práticas na distribuição de</p><p>responsabilidades e pode impactar a gestão �nanceira das partes envolvidas.</p><p>Diversas formas de responsabilidade tributária foram abordadas, sendo crucial compreender</p><p>como as ações dos sócios, em especial, podem gerar responsabilidades distintas. No ambiente</p><p>empresarial, a responsabilidade dos sócios pode in�uenciar signi�cativamente as decisões e</p><p>estratégias de uma empresa.</p><p>O descumprimento das obrigações acessórias pode transformar-se em uma obrigação principal,</p><p>resultando em penalidades que se somam ao valor do tributo devido. Isso destaca a importância</p><p>da conformidade com as obrigações acessórias para evitar custos adicionais e complicações</p><p>legais.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Com isso, chegamos ao �nal de mais uma seção. Aprendemos muito até aqui, mas o trabalho</p><p>ainda não acabou! Vamos em frente!</p><p>Saiba mais</p><p>Se você deseja aprofundar seus estudos em obrigação e responsabilidade tributária, leia os</p><p>Capítulos 23 e 24 do livro Manual de direito tributário, de Eduardo Sabbag.</p><p>SABBAG, E. Manual de direito tributário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Referências</p><p>AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BALEEIRO, A.; DERZI, M. A. M. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.</p><p>BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e</p><p>institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1966. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.</p><p>CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e �nanceiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>COSTA, R. H. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. 13. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>MACHADO SEGUNDO, H. de B. Manual de direito tributário. 13. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>SABBAG, E. Manual de direito tributário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Aula 3</p><p>Crédito Tributário E Lançamento</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553625983/epubcfi/6/8%5B%3Bvnd.vst.idref%3DFolhaDeRosto.xhtml%5D!/4%5BManuaDireitoTributario_15ed_Ebook_s_linha%5D/2/2%5B_idContainer001%5D/2%4051:3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Crédito tributário e lançamento</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, exploraremos as modalidades de lançamento tributário, destacando o papel do</p><p>contribuinte nas etapas de ofício por declaração e homologação. Abordaremos também</p><p>questões temporais, como decadência e prescrição, e as hipóteses de suspensão do crédito</p><p>tributário. Além disso, discutiremos as causas de extinção, exclusão, isenção e anistia,</p><p>juntamente com a análise de ações judiciais, como as declaratórias, as anulatórias e o mandado</p><p>de segurança. Esses temas são fundamentais para a compreensão da dinâmica da relação entre</p><p>contribuintes e o �sco, no contexto tributário.</p><p>Diante disso, tome como base para re�exão as seguintes questões: como as diferentes</p><p>modalidades de lançamento tributário re�etem a interação entre o contribuinte e a autoridade</p><p>administrativa na constituição do crédito tributário? Diante das causas de extinção, qual a</p><p>importância desses mecanismos na dinâmica da relação jurídico-tributária e como eles afetam</p><p>tanto o contribuinte quanto a autoridade �scal? Considerando as hipóteses de exclusão do</p><p>crédito tributário, analise o impacto desses instrumentos na política tributária e na relação entre</p><p>o Estado e os contribuintes.</p><p>Bons estudos!</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Vamos Começar!</p><p>Modalidades de lançamento</p><p>De início, é fundamental revisitarmos a ideia de crédito tributário e sua constituição pelo</p><p>lançamento. Crédito tributário é o direito que o Estado tem de exigir do contribuinte o pagamento</p><p>de um tributo. Em outras palavras, é o valor que o contribuinte deve ao �sco, decorrente da</p><p>obrigação legal de pagar um imposto, taxa, contribuição de melhoria ou qualquer outra espécie</p><p>de tributo. Esse crédito surge quando ocorre a situação de�nida em lei como necessária para</p><p>que o tributo seja devido. Por exemplo, no caso do Imposto de Renda, o crédito tributário surge</p><p>quando se veri�ca que o contribuinte possui renda tributável e está sujeito à alíquota</p><p>correspondente.</p><p>O crédito tributário surge com a obrigação tributária e é formalizado por meio do lançamento. De</p><p>acordo com o art. 142 do CTN (Brasil, 1966, art. 142, caput), o lançamento tributário é “o</p><p>procedimento administrativo tendente a veri�car a ocorrência do fato gerador da obrigação</p><p>correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identi�car</p><p>o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível”.</p><p>Portanto, o lançamento é ato privativo da autoridade administrativa, porquanto importa na</p><p>criação de obrigatoriedade de o sujeito passivo realizar o pagamento do tributo devido. Ele conta</p><p>com algumas espécies, que variarão conforme o contribuinte participe mais ou menos desse</p><p>procedi- mento (Schoueri, 2023). Isso é o que veremos a partir de agora.</p><p>O lançamento de ofício é aquele que parte exclusivamente da autoridade administrativa, não</p><p>havendo, então, qualquer participação do contribuinte na apuração do tributo devido. O melhor</p><p>exemplo disso é o IPTU: nessa situação, o município realiza o cálculo do imposto com base no</p><p>valor venal do imóvel e simplesmente envia o carnê para o contribuinte pagá-lo. É importante</p><p>pontuar que o lançamento de ofício tem um caráter substitutivo em relação aos demais, isto é,</p><p>sempre que o contribuinte lançar alguma informação de forma incorreta, o �sco realizará de</p><p>ofício, prestigiando a forma correta.</p><p>O lançamento por declaração é quando há participação do contribuinte ou de terceiros, ou seja, é</p><p>com base nas declarações enviadas por eles que o �sco calculará o tributo devido. Ocorre</p><p>quando o lançamento é realizado pelo sujeito passivo ou terceiro, que entrega ao Poder Público</p><p>uma declaração em que devem constar todas as informações sobre a matéria de fato, para que</p><p>seja calculado o montante</p><p>devido e seja viabilizado o posterior lançamento do crédito pelo �sco.</p><p>Por �m, no lançamento por homologação, a forma mais comum, há grande participação do</p><p>contribuinte (por exemplo: ITCMD). Nesse caso, o contribuinte apura o valor, envia para o �sco e</p><p>já realiza o pagamento. Após isso, o �sco homologa (valida) ou não aquilo que o contribuinte</p><p>enviou e pagou (Sabbag, 2021). A homologação pode ser tácita ou expressa: esta acontece</p><p>quando o �sco se manifesta de modo inequívoco, validando as informações e o pagamento feito</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>pelo contribuinte; já aquela ocorre pelo decurso de 5 (cinco) anos, período durante o qual o �sco</p><p>não se manifesta. Somente após esse prazo é que se considera feita a homologação.</p><p>Decadência e prescrição</p><p>É preciso que se diga que a relação jurídico-tributária não é eterna: realizado o fato gerador pelo</p><p>contribuinte, o �sco terá determinado prazo para que se constitua o crédito tributário por meio do</p><p>lançamento. Depois de vislumbrado o fato gerador e a obrigação tributária, o �sco terá um prazo</p><p>decadencial de 5 (cinco) anos para constituir o crédito tributário. Para cada tipo de lançamento, o</p><p>prazo é contado de maneira diferente (Costa, 2023). No lançamento de ofício, são 5 (cinco) anos</p><p>contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter</p><p>sido efetuado. No lançamento por declaração, 5 (cinco) anos a partir do envio da declaração pelo</p><p>contribuinte ou terceiro. No lançamento por homologação, o prazo também será de 5 (cinco)</p><p>anos a partir da ocorrência do fato gerador.</p><p>A prescrição é o outro instituto, ao lado da decadência, que torna a relação jurídico-tributária</p><p>limitada quanto à sua exequibilidade, isto é, limitação no tempo. Quando da constituição do</p><p>crédito tributário, se não houver pagamento ou impugnação ou, em havendo impugnação e</p><p>conclusão do eventual processo administrativo �scal, esgotado o prazo para pagamento,</p><p>começa a �uir o prazo prescricional de cinco anos para a Fazenda Pública propor a execução</p><p>�scal. Tais prazos existem para que a relação jurídico-tributária não seja eterna, o que geraria</p><p>insegurança jurídica aos sujeitos passivos (Amaro, 2023; Schoueri, 2023).</p><p>Tanto os institutos da decadência quanto os da prescrição �guram como importantes</p><p>mecanismos de controle do poder estatal em matéria tributária; inclusive, são modalidades de</p><p>extinção do crédito tributário, tal como consta no art. 156, inciso V, do CTN. A partir de agora,</p><p>precisamos estudar como tal crédito, a princípio exigível, poderá ter sua exigibilidade suspensa,</p><p>isto é, muito embora constituído, não poderá ser cobrado pelo �sco.</p><p>Uma vez constituído o crédito, o contribuinte pode não concordar com o lançamento efetuado</p><p>em dada situação. Outra possibilidade é quando o contribuinte se encontra inadimplente perante</p><p>o �sco e deseja buscar um parcelamento para regularizar tal estado. Assim, surgem as hipóteses</p><p>de suspensão do crédito tributário, previstas no art. 151 do CTN, que estudaremos a partir de</p><p>agora.</p><p>Hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário</p><p>De acordo com o CTN:</p><p>Art. 151. suspendem a exigibilidade do crédito tributário:</p><p>I - moratória;</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>II - o depósito do seu montante integral;</p><p>III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário</p><p>administrativo;</p><p>IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.</p><p>V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;</p><p>VI – o parcelamento.</p><p>Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações</p><p>assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela</p><p>consequentes (Brasil, 1966, art. 151, inc. I-IV e parágrafo único; Brasil, 2001, art. 151, inc. V e VI).</p><p>A moratória é algo muito parecido com o parcelamento, pois é também uma espécie de dilação,</p><p>alargamento de prazo para pagamento de tributo atrasado (vencido). Para tanto, é preciso</p><p>previsão legal pelo ente competente na qual conste a forma de tal dilação (número de meses,</p><p>juros, exigência ou não de garantias). A adesão do contribuinte a tal parcelamento importa em</p><p>con�ssão de dívida. Durante o parcelamento (ou moratória), o �sco não poderá cobrar (exigir) o</p><p>tributo. No segundo caso, se o contribuinte não concordar com determinado lançamento, pode</p><p>ingressar com uma ação judicial (uma anulatória, por exemplo), mas isso não garante que o �sco</p><p>não o cobrará ainda assim. Logo, o sujeito pagante tem a possibilidade de depositar em juízo o</p><p>montante integral que está representado o crédito, suspendendo, assim, a exigibilidade pelo �sco</p><p>(Baleeiro; Derzi, 2018).</p><p>Quanto às reclamações e aos recursos administrativos, temos o seguinte: quando o contribuinte</p><p>recebe a noti�cação de lançamento do tributo ou de auto de infração, poderá impugná-la na</p><p>esfera administrativa. Cada ente tributante pode estabelecer um prazo para tal impugnação, por</p><p>meio de lei, mas, geralmente, o prazo é de 30 dias a contar do recebimento da noti�cação.</p><p>Quando apresentada a impugnação, instaura-se o processo administrativo e a exigibilidade �ca</p><p>suspensa até seu término, de modo que, nesse período, o �sco não pode cobrar o respectivo</p><p>tributo. Em primeira instância, o processo é julgado por uma delegacia de julgamento composta</p><p>por pessoas ligadas à Administração Pública; em segunda instância, por um tribunal</p><p>administrativo.</p><p>No plano federal, esse tribunal é o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Nos</p><p>estados, variará conforme a lei, assim como nos municípios. No estado de São Paulo, por</p><p>exemplo, é o Tribunal de Impostos e Taxas (TIT). Se o contribuinte vencer o processo</p><p>administrativo, tem-se a chamada coisa julgada (não se pode mais discuti-la nem na esfera</p><p>judicial). Entretanto, se a decisão for contrária, o contribuinte pode rediscuti-la integralmente no</p><p>Judiciário, por meio da competente ação judicial (Sabbag, 2021).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>As hipóteses de concessão de medida liminar em mandado de segurança e de concessão de</p><p>liminar ou tutela antecipada (tutela provisória de urgência em caráter antecipado, no novo Código</p><p>de Processo Civil) em outras espécies de ação judicial seguem, basicamente, a mesma lógica.</p><p>No direito tributário, importam as liminares concedidas em mandado de segurança e em ações</p><p>declaratórias e anulatórias. Em geral, os requisitos da liminar são o fumus boni iuris e o</p><p>periculum in mora. O primeiro é o fato de o direito ser plausível, o segundo é a demonstração de</p><p>urgência da medida (Amaro, 2023).</p><p>Quanto ao parcelamento, vale o mesmo que já falamos sobre a moratória. Durante o pagamento</p><p>parcelado, no prazo, a exigibilidade está suspensa e o �sco não poderá cobrar o tributo.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Causas de extinção do crédito tributário</p><p>De acordo com o CTN:</p><p>Art. 156. Extinguem o crédito tributário:</p><p>I - o pagamento;</p><p>II - a compensação;</p><p>III - a transação;</p><p>IV - remissão;</p><p>V - a prescrição e a decadência;</p><p>VI - a conversão de depósito em renda;</p><p>VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo</p><p>150 e seus §§ 1º e 4º;</p><p>VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;</p><p>IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a de�nitiva na órbita administrativa,</p><p>que não mais possa ser objeto de ação anulatória;</p><p>X - a decisão judicial passada em julgado.</p><p>XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a</p><p>ulterior veri�cação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e</p><p>149 (Brasil, 1966, art. 156, inc. I-X e parágrafo único; Brasil, 2001, art. 156, inc. XI).</p><p>Já vimos que, diante da relação jurídico-tributária estabelecida entre o ente tributante e o</p><p>contribuinte, o caminho natural é o adimplemento do tributo.</p><p>Esse tema adentra o campo das</p><p>causas de extinção do crédito tributário, que fazem com que, naturalmente, a relação jurídico-</p><p>tributária perca o seu objeto central, que é a própria cobrança do tributo. Essa cobrança pode</p><p>estar suspensa, nas situações que já vislumbramos, mas não é certo que essa suspensão resulte</p><p>em extinção, pois há outras possibilidades e nuances, previstas no art. 156 do CTN, que</p><p>importam no desaparecimento da própria obrigação tributária, a qual passaremos a estudar a</p><p>partir de agora (Costa, 2023).</p><p>O pagamento é a forma natural de extinção do crédito tributário, pois é, em princípio, o dever</p><p>básico do contribuinte diante do lançamento ou do auto de infração, desde que corretamente</p><p>constituídos, segundo os parâmetros legais.</p><p>A compensação é quando os sujeitos ativo e passivo da relação tributária são, ao mesmo tempo,</p><p>credores e devedores uns dos outros. A compensação só é possível no direito tributário caso</p><p>exista lei prevendo tal hipótese e só cabe relativamente ao mesmo ente tributante.</p><p>A transação é um acordo celebrado entre as partes da relação jurídico-tributária para �ns de</p><p>extinção da obrigação tributária. Também, só é possível quando houver previsão legal (Schoueri,</p><p>2023).</p><p>A remissão é o perdão do crédito tributário concedido pelo Fisco ao contribuinte. É o perdão do</p><p>tributo em si e não da multa (cujo caso será estudado mais adiante). Nesse caso, é preciso lei</p><p>que autorize a remissão, pois, sem ela, é impossível a utilização do instituto.</p><p>A prescrição, para o �sco, surge com o decurso do prazo de cinco anos a contar da constituição</p><p>de�nitiva do crédito tributário para a cobrança judicial respectiva (execução �scal). Para o</p><p>contribuinte, por exemplo, na restituição do indébito, o prazo também é de cinco anos, contados</p><p>na forma do art. 165 do CTN (um exemplo é o pagamento de tributo a mais).</p><p>A decadência para o �sco diz respeito ao prazo para o lançamento. Para o contribuinte, a</p><p>decadência tem a ver com o prazo de que dispõe para pleitear, na esfera administrativa, a</p><p>restituição de valor pago a mais ou de forma indevida (no geral 30 dias).</p><p>A conversão do depósito em renda lembra a causa de suspensão vista anteriormente. Se o</p><p>contribuinte perder a ação, o valor depositado servirá para quitação do tributo (Carneiro, 2020).</p><p>O pagamento antecipado e a homologação dizem respeito aos tributos sujeitos a lançamento</p><p>por homologação, como já visto, em que há grande participação do contribuinte na constituição</p><p>do crédito tributário. Nesse contexto, o contribuinte apura o devido, preenche a guia de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>recolhimento e paga o tributo. O �sco poderá homologá-lo posteriormente. Caso o faça, há aí a</p><p>extinção do crédito tributário, na hipótese tratada.</p><p>A consignação em pagamento se trata de ação judicial na qual o contribuinte deposita em juízo o</p><p>valor do tributo devido quando o �sco se recusa a recebê-lo ou quando o contribuinte tem dúvida</p><p>com relação a qual ente tributante deverá receber o pagamento. Decidida a questão, o depósito</p><p>feito em consignação será convertido em renda, extinguindo-se o crédito tributário respectivo</p><p>(Machado Segundo, 2023).</p><p>Também extinguem o crédito tributário a decisão administrativa irreformável e a sentença</p><p>judicial que tiver transitado em julgado. Como já vimos, o contribuinte, diante da noti�cação do</p><p>lançamento, poderá questioná-lo na esfera administrativa do ente tributante. Caso ele vença, há</p><p>coisa julgada administrativa, extinguindo-se o crédito tributário.</p><p>Da mesma forma, caso ele perca ou ajuíze diretamente com uma ação judicial, caso saia</p><p>vencedor e ocorra o trânsito em julgado, haverá, igualmente, a extinção do crédito tributário. Por</p><p>�m, a dação de bens imóveis em pagamento é quando a lei editada pelo ente tributante autoriza</p><p>que o contribuinte dê um bem imóvel como pagamento. Por exemplo, se houver tal lei em um</p><p>município, é possível que o contribuinte entregue seu imóvel para pagar eventual dívida de IPTU.</p><p>Causas de exclusão do crédito tributário</p><p>As causas de exclusão do crédito tributário impedem que o tributo seja efetivamente constituído.</p><p>Logo, atuam antes mesmo do lançamento. Há o fato gerador, há o nascimento da obrigação</p><p>tributária, mas a lei, naquele caso, impede a constituição do crédito. São, então, duas as</p><p>hipóteses de exclusão: a isenção e a anistia (Schoueri, 2023).</p><p>Isenção nada mais é do que a dispensa legal do pagamento do tributo concedida pelo ente</p><p>tributante. Vale lembrar que somente o ente competente poderá deliberar, por meio de lei, a</p><p>concessão de isenção para o respectivo tributo. Já a anistia é o perdão relativamente à</p><p>penalidade pecuniária incidente sobre o tributo, uma multa, por exemplo.</p><p>Vale lembrar que a anistia não se confunde com a remissão, que é perdão do tributo em si, o que</p><p>extingue o crédito tributário. Já a anistia recai somente sobre a penalidade, de modo que, caso</p><p>haja anistia também, pode ainda subsistir o dever de pagamento do tributo – excluindo-se</p><p>apenas as penalidades porventura impostas. Tanto na isenção quanto na anistia, o contribuinte</p><p>ainda terá de cumprir com as obrigações tributárias acessórias. Por exemplo, embora isento ou</p><p>anistiado, ainda deverá apresentar declarações, documentos acessórios, etc.</p><p>Um último comentário precisa ser feito quanto a algumas ações judiciais tipicamente utilizadas</p><p>no âmbito tributário, visto que é importante você saber um pouco sobre elas e para o que</p><p>servem. Isso porque, por meio delas, também é possível, conforme o caso, a obtenção da</p><p>Certidão Negativa ou da Certidão Positiva com efeito de Negativa, já comentadas. São três as</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>principais: ação declaratória, ação anulatória e mandado de segurança. No geral, é por meio</p><p>dessas ações que serão discutidas, no âmbito judicial, as questões da incidência tributária, como</p><p>o cabimento e a extensão do tributo em si e das penalidades aplicadas, por exemplo (Schoueri,</p><p>2023).</p><p>Essas são as ações mais importantes e recorrentes no direito tributário. As ações declaratória e</p><p>anulatória seguem o rito comum do direito processual civil brasileiro, isto é, são mais extensas,</p><p>complexas e marcadas por uma ampla possibilidade probatória (podem ser apresentados</p><p>documentos, laudos técnicos periciais, prova testemunhal, etc.). A ação declaratória serve</p><p>justamente para a declaração da existência ou da inexistência de relação jurídico-tributária, isto</p><p>é, para dizer que, em dado caso, não houve incidência de determinado tributo, conforme suposto</p><p>pelo �sco inicialmente. Tal ação é manejada, geralmente, antes do lançamento tributário, ou seja,</p><p>antes de constituído o crédito tributário (Costa, 2023; Machado Segundo, 2023).</p><p>A ação anulatória, por sua vez, ocorre a partir do lançamento, pois tem o condão de anulá-lo em</p><p>virtude da ocorrência de algum vício, como no exemplo de uma pessoa que recebe auto de</p><p>infração por ocultamento de bens: se a pessoa demonstrar que não houve tal ocultamento, mas</p><p>um erro do �sco, o lançamento será anulado (Schoueri, 2023).</p><p>Por �m, o mandado de segurança (Lei nº 12.016/2009) é uma ação constitucional que tutela o</p><p>direito líquido e certo, que corre por rito especial e depende de prova pré-constituída (sem dilação</p><p>probatória, geralmente apresentam-se apenas documentos a partir dos quais o juiz poderá</p><p>perceber, imediatamente, a presença do direito reclamado). O mandado de segurança pode ser</p><p>usado como sucedâneo tanto de uma ação anulatória, quanto de uma ação declaratória, desde</p><p>que impetrado no prazo decadencial de 120 dias, a contar da ciência do ato coator que violou o</p><p>direito líquido e certo. A vantagem é que, caso o contribuinte perca, não pagará honorários de</p><p>sucumbência (valores devidos ao advogado da parte contrária quando se perde uma disputa em</p><p>uma ação judicial na qual não tenham sido deferidos os benefícios da gratuidade de justiça),</p><p>como nos demais casos.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos profundamente as nuances do lançamento tributário, desde suas</p><p>modalidades até as causas de extinção e exclusão</p><p>do crédito tributário. Ao re�etir sobre as</p><p>perguntas propostas, percebemos como a dinâmica entre contribuintes e o �sco é complexa e</p><p>regulada por uma série de institutos legais.</p><p>O crédito tributário é o direito do Estado de exigir do contribuinte o pagamento de um tributo. Os</p><p>diferentes tipos de lançamento tributário re�etem a forma como a relação entre o contribuinte e</p><p>a autoridade administrativa se estabelece na constituição do crédito tributário, com a maior ou</p><p>menor participação do contribuinte nesse ato, que é privativo da autoridade administrativa.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>As causas de extinção do crédito tributário, como pagamento, prescrição e decadência, são</p><p>importantes para regularizar a situação �scal do contribuinte e limitar a atuação da autoridade</p><p>�scal. Já as hipóteses de exclusão, como isenção e anistia, são instrumentos na política</p><p>tributária que in�uenciam a relação entre Estado e contribuinte, buscando equilíbrio e incentivos</p><p>econômicos.</p><p>O entendimento das diferentes formas de lançamento, das causas de extinção e exclusão, bem</p><p>como das ações judiciais pertinentes é crucial para uma visão abrangente do direito tributário.</p><p>Esses conhecimentos não apenas fortalecem sua compreensão teórica, mas também oferecem</p><p>insights valiosos sobre a prática e os desa�os enfrentados pelos agentes nesse cenário.</p><p>Continue explorando esses conceitos, pois são fundamentais para uma atuação informada e</p><p>estratégica no contexto tributário.</p><p>Até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Quer aprofundar seus conhecimentos nas causas de suspensão, exclusão e exclusão do crédito</p><p>tributário? Então leia os Capítulos XVIII, XIX e XX do livro Curso de direito tributário completo, de</p><p>Leandro Paulsen:</p><p>PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Referências</p><p>AMARO, L. da S. Direito tributário brasileiro. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BALEEIRO, A.; DERZI, M. A. M. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.</p><p>BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e</p><p>institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1966. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001. Altera dispositivos da Lei no 5.172,</p><p>de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Brasília: Presidência da República, 2001.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553627185/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml]!/4/2[cover]/2%4050:77</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm. Acesso em: 28 abr.</p><p>2024.</p><p>CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e �nanceiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>COSTA, R. H. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. 13. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>MACHADO SEGUNDO, H. de B. Manual de direito tributário. 13. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo.14. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>SABBAG, E. Direito tributário essencial. 9. ed. São Paulo: Método, 2021.</p><p>SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Aula 4</p><p>Regimes Tributários</p><p>Regimes tributários</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, exploraremos quatro regimes tributários essenciais: Simples Nacional, lucro real,</p><p>lucro presumido e Simples Doméstico. Nesse contexto, veremos como o Simples Nacional</p><p>simpli�ca a tributação para micro e pequenas empresas; entenderemos como é feito o cálculo</p><p>do lucro real com base no lucro efetivo e quais são suas modalidades (anual e trimestral);</p><p>analisaremos alíquotas sobre a receita do lucro presumido e suas implicações; e, por �m,</p><p>abordaremos o Simples Doméstico, um regime uni�cado para empregadores domésticos.</p><p>Prepare-se, portanto, para uma aula prática e detalhada sobre as nuances tributárias desses</p><p>regimes.</p><p>Como de praxe, ao longo de seus estudos, re�ita sobre as seguintes questões: como o Simples</p><p>Nacional proporciona simpli�cação na tributação para micro e pequenas empresas? Quais são</p><p>as vantagens e desvantagens desse regime em comparação com o lucro real e o lucro</p><p>presumido? No contexto do lucro real, quais são as considerações que as empresas devem fazer</p><p>ao escolher entre o regime anual e o trimestral? Como essas escolhas impactam o recolhimento</p><p>de impostos ao longo do ano? No regime de lucro presumido, como a margem de lucro</p><p>presumida in�uencia as alíquotas de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de</p><p>Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)? Quais fatores as empresas devem considerar</p><p>ao decidir entre lucro presumido e outros regimes tributários?</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Simples Nacional</p><p>A Lei Complementar (LC) nº 123/2006 instituiu o Simples Nacional como um regime tributário</p><p>que oferece às microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) a possibilidade de</p><p>simpli�car a apuração e o recolhimento de diversos tributos. Com isso, essas empresas podem</p><p>substituir o cálculo individual de cada imposto devido por um único valor mensal, baseado no</p><p>percentual sobre a receita bruta.</p><p>O microempreendedor individual (MEI) pode aderir a esse regime optando pelo pagamento de</p><p>impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores �xos mensais,</p><p>independentemente da receita bruta mensal, conforme os arts. 18-A a 18-F da LC nº 123/2006,</p><p>que foram alterados por leis complementares subsequentes: LC nº 147/2014, LC nº 155/2016 e</p><p>LC nº 188/2021. Para os �ns do Simples Nacional, o microempreendedor individual é</p><p>considerado empresário individual ou empreendedor que realiza atividades de industrialização,</p><p>comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, com receita bruta de até R$ 81.000,00.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O Simples Nacional abrange o recolhimento, por meio de um único documento, não apenas de</p><p>impostos e contribuições federais, como IRPJ, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),</p><p>CSLL, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Programa de Integração</p><p>Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e contribuição</p><p>previdenciária da empresa, mas também do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços</p><p>(ICMS) e do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). No entanto, outros tributos e</p><p>algumas situações de substituição tributária não estão inclusos, como Imposto sobre Operações</p><p>Financeiras (IOF), Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre a</p><p>Propriedade Territorial Rural (ITR), imposto de renda de aplicações �nanceiras, imposto de renda</p><p>sobre ganhos de capital na alienação de bens do ativo permanente, contribuição previdenciária</p><p>do trabalhador e ICMS em operações ou prestações sujeitas ao regime de substituição tributária,</p><p>entre outros. O art. 13 da LC nº 123/2006 especi�ca os tributos incluídos e excluídos.</p><p>Ao aderir ao Simples Nacional, a empresa não pode acumular esse regime com as prerrogativas</p><p>especí�cas da tributação individual de cada imposto, como a apropriação de créditos de ICMS</p><p>ou suspensões de IPI. Conforme decisão do STJ, o Simples Nacional representa um sistema de</p><p>arrecadação que estabelece um pagamento único, excluindo</p><p>qualquer outra vantagem concedida</p><p>a outras empresas.</p><p>O Simples Nacional é uma opção para o contribuinte, mas obriga os estados e os municípios a</p><p>adotarem esse regime. O recolhimento é realizado por meio de um documento único criado pelo</p><p>Comitê Gestor, e os valores são repassados a cada ente político de acordo com sua participação,</p><p>conforme estabelecido pelos arts. 21, inciso I, e 22 da LC nº 123/2006.</p><p>A classi�cação das pessoas jurídicas como microempresas ou empresas de pequeno porte</p><p>depende de sua receita bruta anual. Conforme o art. 3º da LC nº 123/2006, considera-se</p><p>microempresa aquela que obtiver receita bruta de até R$ 360.000,00 no ano-calendário, enquanto</p><p>empresa de pequeno porte é aquela com receita bruta superior a R$ 360.000,00 até R$</p><p>4.800.000,00. Para o recolhimento do ICMS e do ISS no Simples Nacional, o limite máximo é de</p><p>R$ 3.600.000,00, conforme o novo art. 13-A da LC nº 123/2006, acrescido pela LC nº 155/2016</p><p>(Paulsen, 2023).</p><p>Nesse intervalo de receita bruta, a manutenção no Simples não se aplica integralmente: seus</p><p>efeitos são relativos apenas aos tributos federais. Além disso, de acordo com o art. 19 da LC nº</p><p>123/2006, com redação da LC nº 155/2016, os Estados com participação no Produto Interno</p><p>Bruto (PIB) brasileiro de até 1% podem optar por aplicar um sublimite para o recolhimento do</p><p>ICMS no Simples Nacional em seus territórios, para empresas com receita bruta anual de até R$</p><p>1.800.000,00.</p><p>Importante ressaltar que, embora o termo utilizado seja "receita bruta", a lei a de�ne como o</p><p>produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços</p><p>prestados e o resultado nas operações de conta alheia, restringindo-a à noção de faturamento.</p><p>Por força da LC nº 147/2014, as receitas auferidas no mercado interno e as de exportação são</p><p>consideradas separadamente para o enquadramento como microempresa ou empresa de</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>pequeno porte, de modo que cada campo deve manter-se dentro dos limites de receita bruta</p><p>anual. Isso permite que a empresa tenha receitas internas até o limite e receitas de exportação</p><p>até o limite, nos termos do § 14 do art. 3º da LC nº 123/2006, com redação da LC nº 147/2014.</p><p>Para determinar a alíquota a ser paga, as receitas internas e de exportação também são</p><p>consideradas separadamente (Paulsen, 2023).</p><p>É importante observar que nem todas as empresas com receita bruta inferior ao limite podem</p><p>optar pelo Simples Nacional. O art. 17 da LC nº 123/2006 estabelece uma lista de vedações ao</p><p>ingresso no Simples Nacional, incluindo empresas com sócio domiciliado no exterior,</p><p>prestadoras de serviços de comunicação, decorrentes de atividades intelectuais, técnicas,</p><p>cientí�cas, desportivas, artísticas ou culturais, aquelas que realizam cessão ou locação de mão</p><p>de obra, entre outras.</p><p>A escolha pelo Simples Nacional implica a aceitação do uso de um sistema de comunicação</p><p>eletrônica para receber intimações e noti�cações, incluindo indeferimento de opção, exclusão do</p><p>regime e ações �scais, conforme o art. 16, § 1º-A, da LC nº 123/2006, acrescido pela LC nº</p><p>139/2011.</p><p>O Simples Nacional, que representa uma sistemática de tributação simpli�cada, adequada à</p><p>estrutura das microempresas e das empresas de pequeno porte, não é um benefício �scal que</p><p>pode ser concedido ou retirado conforme a vontade dos entes políticos, pois sua natureza é</p><p>permanente e uni�cada, sendo disciplinado por lei complementar. No entanto, o legislador pode</p><p>estabelecer condições para a adesão. O art. 17, inciso V, da LC nº 123, por exemplo, condiciona o</p><p>ingresso e a permanência no sistema à inexistência de débitos tributários, o que foi considerado</p><p>constitucional pelo STF no julgamento do RE 627.543 (Tema 363 de repercussão geral) (Paulsen,</p><p>2023).</p><p>A exigência de regularidade �scal não viola os princípios da isonomia, pois se aplica a todos os</p><p>contribuintes, proporcionando tratamento diverso e razoável àqueles em situações desiguais</p><p>perante as fazendas públicas dos entes políticos. Além disso, o STJ já decidiu que, se o</p><p>contribuinte não atende aos requisitos estabelecidos, é legítimo o ato �scal que impede a fruição</p><p>do benefício do Simples Nacional, inclusive quando relacionado à quitação �scal.</p><p>As alíquotas do Simples Nacional são determinadas pela combinação de dois critérios,</p><p>presentes nas tabelas anexas à LC nº 123/2006, com redação da LC nº 139/2011: o tipo de</p><p>atividade (comércio, indústria, serviços e locação de bens móveis) e a receita bruta. Essas</p><p>alíquotas variam de 4% (a menor para o comércio) a 22,90% (a maior para serviços de</p><p>administração e locação de imóveis de terceiros).</p><p>Os débitos do Simples Nacional podem ser parcelados em até 60 meses, com correção pela</p><p>Selic, conforme autorização da LC nº 139/2011, antes da qual não era possível parcelar os</p><p>débitos, pois as leis federais, estaduais ou municipais não podiam ser aplicadas por analogia,</p><p>considerando que o sistema uni�cado de pagamento de tributos envolve as três esferas e está</p><p>sujeito à reserva de lei complementar.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O parcelamento e o reparcelamento de débitos do Simples Nacional são tratados pelo art. 21 da</p><p>LC nº 123/2006, com destaque para os §§ 16 e 18, com redação da LC nº 155/2016. Com isso,</p><p>foram instituídos programas especiais de parcelamento de débitos do Simples Nacional, como o</p><p>Programa Especial de Regularização Tributária das Microempresas e Empresas de Pequeno</p><p>Porte optantes pelo Simples Nacional (PERT-SN), criado pela LC nº 162/2018, e o Programa de</p><p>Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (Relp), criado pela</p><p>LC nº 193/2022.</p><p>As empresas podem optar por sua exclusão do Simples Nacional ou serem excluídas de ofício</p><p>em casos como exercício de atividade incompatível, extrapolação dos limites de receita,</p><p>embaraço à �scalização ou falta de escrituração do livro-caixa.</p><p>A �scalização do cumprimento das obrigações principais e acessórias relacionadas ao Simples</p><p>Nacional é atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil, às Secretarias de Fazenda ou de</p><p>Finanças dos estados ou do Distrito Federal e, quando há serviços sujeitos à competência</p><p>tributária municipal, também às Secretarias de Fazenda dos Municípios. Cada uma dessas</p><p>instâncias tem a competência para �scalizar e lançar. A colaboração e a troca de informações</p><p>entre os entes políticos, autorizadas pelo art. 34, § 1º, com a redação da LC nº 155/2016, são</p><p>essenciais para o planejamento e a execução de procedimentos �scais. Esse compartilhamento</p><p>valoriza especialmente as administrações tributárias municipais, bene�ciadas pelo Simples</p><p>Nacional e com sua atuação fortalecida por essa prerrogativa (Paulsen, 2023).</p><p>A LC nº 155/2016 introduziu o § 3º ao art. 34 da LC nº 123/2006, proporcionando a inovação</p><p>positiva de permitir que as administrações tributárias utilizem procedimento de noti�cação</p><p>prévia para autorregularização das empresas. Por não con�gurar início de procedimento �scal,</p><p>esse procedimento possibilita a correção de equívocos e o pagamento de diferenças antes de</p><p>iniciar uma ação �scal individual. Essa abordagem aproxima a �scalização tributária dos</p><p>empreendedores, melhorando o relacionamento entre ambas as partes.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Lucro real</p><p>No regime tributário de lucro real, as empresas calculam todos os impostos com base no lucro</p><p>efetivo obtido durante um período determinado, considerando o que resta em caixa após o</p><p>pagamento de todas as contas e despesas. Essa opção é recomendada para empresas que</p><p>preveem lucratividade baixa ou nula, especialmente no início de suas operações, pois quanto</p><p>maior a lucratividade, maior será o montante de impostos a pagar.</p><p>Empresas que faturam R$ 78 milhões ou mais, que pertencem ao setor �nanceiro, que executam</p><p>factoring, que usufruem de benefícios �scais ou que recebem lucro/�uxo de capital de outros</p><p>países são obrigadas a adotar o lucro real. A escolha por esse regime requer cuidados com as</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>obrigações junto à Receita Federal, incluindo a</p><p>apresentação de documentos adequados durante</p><p>a declaração de impostos.</p><p>É importante destacar que qualquer empresa, independentemente de porte ou segmento de</p><p>atuação, conta com a possibilidade de optar por esse regime. A escolha pelo lucro real é uma</p><p>prerrogativa que as empresas têm e que muitas vezes é estrategicamente adotada com base em</p><p>diferentes considerações. A �exibilidade oferecida pelo lucro real é um ponto atraente para</p><p>empresas cujo objetivo é alinhar as obrigações tributárias à sua realidade �nanceira. A opção por</p><p>esse regime permite uma gestão mais precisa dos tributos, pois os valores a serem pagos estão</p><p>diretamente relacionados ao desempenho econômico da empresa.</p><p>No lucro real anual, a organização antecipa mensalmente os tributos com base no faturamento</p><p>mensal, aplicando percentuais predeterminados. A opção permite levantar balanços ou</p><p>balancetes mensais, reduzindo ou suspendendo o recolhimento do IRPJ e da CSLL se o lucro real</p><p>efetivo for menor que o estimado. Ao �nal do ano, a empresa apura o lucro real do exercício,</p><p>calculando em de�nitivo esses dois tributos, descontando as antecipações realizadas.</p><p>Já no lucro real trimestral, o IRPJ e a CSLL são calculados com base no resultado de cada</p><p>trimestre civil, sem antecipações mensais. Essa modalidade deve ser considerada com cautela</p><p>em atividades sazonais, pois os lucros e prejuízos são apurados trimestralmente de forma</p><p>isolada. Prejuízos �scais de um trimestre só podem ser deduzidos até o limite de 30% do lucro</p><p>real dos trimestres seguintes.</p><p>Embora a opção pelo lucro real trimestral seja adequada para empresas com lucros lineares,</p><p>aquelas com picos de faturamento ao longo do exercício podem encontrar vantagens no lucro</p><p>real anual. Esta última permite suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ e da CSLL com base</p><p>em balancetes que apontem lucro real menor que o estimado, além de possibilitar a</p><p>compensação integral do prejuízo apurado no próprio ano com lucros do exercício.</p><p>Lucro presumido</p><p>No regime tributário de lucro presumido, o IRPJ e a CSLL são calculados de forma trimestral.</p><p>Nesse modelo, as alíquotas de cada tributo (15% ou 25% de IRPJ e 9% da CSLL) incidem sobre as</p><p>receitas com base em um percentual de presunção variável, que varia de 1,6% a 32% do</p><p>faturamento, é determinado pela legislação tributária e representa a presunção de uma margem</p><p>de lucro para cada atividade, daí a denominação lucro presumido.</p><p>É importante destacar que nem todas as empresas têm a opção de aderir ao lucro presumido,</p><p>havendo restrições relacionadas ao objeto social e ao faturamento. Empresas com margens de</p><p>lucratividade superiores à presumida, no entanto, podem encontrar vantagens nesse regime,</p><p>tornando-o um instrumento e�caz de planejamento tributário.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A modalidade de tributação pelo lucro presumido pode ser especialmente atrativa para empresas</p><p>que, mesmo tendo uma margem de lucro real maior, preferem a simplicidade e a previsibilidade</p><p>proporcionadas por esse sistema. Por exemplo, uma empresa comercial com uma margem de</p><p>lucro efetivo de 15% pode, ao optar pelo lucro presumido, ter uma margem tributável �xada em</p><p>8%, tornando-se uma escolha vantajosa para essa situação especí�ca.</p><p>Assim, é crucial considerar que as empresas tributadas pelo lucro presumido não podem usufruir</p><p>dos créditos do PIS e da COFINS, uma vez que estão fora do sistema não cumulativo. No entanto,</p><p>em contrapartida, essas empresas recolhem essas contribuições com alíquotas mais baixas.</p><p>Portanto, ao analisar a opção pelo lucro presumido, é fundamental avaliar o impacto não apenas</p><p>no IRPJ e na CSLL, mas também nas contribuições para o PIS e a COFINS.</p><p>Simples Doméstico</p><p>O regime simpli�cado e uni�cado de recolhimento de tributos para o empregador doméstico</p><p>(Simples Doméstico) criado em 2015 resultou em mudanças signi�cativas para o cenário jurídico</p><p>dos trabalhadores dessa categoria. A promulgação da LC nº 150/2015 conferiu aos empregados</p><p>domésticos direitos semelhantes aos dos demais trabalhadores, englobando limitações de carga</p><p>horária diária e semanal, depósito do FGTS e compensação �nanceira em caso de demissão sem</p><p>justa causa (Paulsen, 2023).</p><p>Visando facilitar o cumprimento das diversas obrigações tributárias e trabalhistas impostas aos</p><p>empregadores, a mencionada lei complementar instituiu o denominado Simples Doméstico. Esse</p><p>regime uni�cado abrange o pagamento de tributos e demais encargos do empregador. A Portaria</p><p>Interministerial MF/MPS/TEM nº 822/2015 também aborda o tema, estabelecendo as diretrizes</p><p>do Simples Doméstico em dez artigos (Paulsen, 2023).</p><p>A LC nº 150/2015 estabelece a consolidação do recolhimento mensal uni�cado tanto dos</p><p>encargos trabalhistas (depósito do FGTS e compensação �nanceira por demissão sem justa</p><p>causa) quanto dos tributos (contribuição previdenciária a cargo do segurado empregado</p><p>doméstico, contribuição patronal previdenciária conforme os arts. 20 e 24 da Lei nº 8.212/1991,</p><p>e imposto sobre a renda retido na fonte, regulamentado pelo art. 7º da Lei nº 7.713/1988). Os</p><p>pagamentos são efetuados por meio do Documento de Arrecadação do eSocial (DAE), e a</p><p>execução do Simples Doméstico ocorre por meio do sistema eSocial (Paulsen, 2023).</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos os intricados regimes tributários, como Simples Nacional, lucro real e</p><p>lucro presumido. Ao responder à primeira pergunta proposta no início da aula, compreendemos</p><p>que o Simples Nacional oferece às micro e pequenas empresas uma forma simpli�cada de lidar</p><p>com a tributação. Este regime uni�ca diversos impostos em uma única guia de pagamento,</p><p>reduzindo a burocracia e simpli�cando o processo tributário. Contudo, há limitações quanto às</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>atividades permitidas e limites de faturamento anual para adesão ao regime. Além disso,</p><p>empresas com margens de lucro mais elevadas podem enfrentar alíquotas maiores em</p><p>comparação com outros regimes, como o lucro real ou o lucro presumido.</p><p>No lucro real, as empresas têm a opção de escolher entre apuração anual ou trimestral, o que</p><p>impacta diretamente o �uxo de caixa e as obrigações tributárias ao longo do ano. A opção pelo</p><p>regime trimestral implica pagamentos mais frequentes, enquanto o regime anual pode</p><p>concentrar o pagamento de impostos no �nal do exercício �scal, proporcionando um</p><p>planejamento �nanceiro mais estratégico.</p><p>Por sua vez, o lucro presumido baseia-se em uma margem de lucro presumida estabelecida pela</p><p>legislação tributária. As alíquotas de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de</p><p>Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) incidem sobre essa margem presumida, o que</p><p>pode ser uma vantagem ou desvantagem dependendo da lucratividade real da empresa. A</p><p>escolha entre lucro presumido e outros regimes tributários deve considerar a natureza da</p><p>atividade da empresa, sua lucratividade efetiva e preferências quanto à gestão tributária e</p><p>burocrática.</p><p>Esses temas são fundamentais para uma gestão tributária e�caz, por isso certi�que-se de revisar</p><p>os conceitos e aprofundar seus conhecimentos para lidar de maneira estratégica com os</p><p>desa�os tributários enfrentados pelas empresas.</p><p>Com isso, encerramos nossa jornada nos estudos do direito tributário. Que ela tenha sido</p><p>bastante proveitosa para você! Até a próxima!</p><p>Saiba mais</p><p>Para conhecer todas as regras dos regimes tributários, acesse o site Portal tributário e clique na</p><p>informação desejada.</p><p>REGIMES de tributação. Portal tributário, [s. l., s. d.].</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e</p><p>institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:</p><p>https://www.portaltributario.com.br/tributario/regimes-de-tributacao.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Presidência da República, 1966. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da</p><p>Microempresa</p><p>e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213,</p><p>ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo</p><p>Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei</p><p>Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de</p><p>1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Brasília: Presidência da República, 2016. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011. Altera dispositivos da Lei</p><p>Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, e dá outras providências. Brasília:</p><p>Presidência da República, 2011. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp139.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei Complementar no 123, de</p><p>14 de dezembro de 2006, e as Leis nos 5.889, de 8 de junho de 1973, 11.101, de 9 de fevereiro de</p><p>2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 8.934, de 18 de</p><p>novembro de 1994, 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e dá outras</p><p>providências. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp147.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho</p><p>doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 8.213, de 24 de julho de 1991, e</p><p>no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o da Lei no 8.009, de 29 de</p><p>março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de</p><p>dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá outras</p><p>providências. Brasília: Presidência da República, 2015. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016. Altera a Lei Complementar no 123,</p><p>de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simpli�car a metodologia de apuração do</p><p>imposto devido por optantes pelo Simples Nacional; altera as Leis nos 9.613, de 3 de março de</p><p>1998, 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e revoga dispositivo</p><p>da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Brasília: Presidência da República, 2016. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>REGIMES de tributação. Portal tributário, [s. l., s. d.]. Disponível em:</p><p>https://www.portaltributario.com.br/tributario/regimes-de-tributacao.htm. Acesso em: 6 dez.</p><p>2023.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp139.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp147.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm</p><p>https://www.portaltributario.com.br/tributario/regimes-de-tributacao.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>Aula 5</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>Videoaula de Encerramento</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>A competência desta unidade – conhecer a legislação tributária para identi�car e interpretar as</p><p>normas jurídicas tributárias, além de aplicá-las às diversas situações pro�ssionais que envolvam</p><p>a relação jurídico-tributária estabelecida entre o �sco e o empresário ou a sociedade empresarial</p><p>– só pôde ser desenvolvida por você com o estudo aprofundado de diversos conceitos e regras</p><p>jurídicas do direito tributário.</p><p>Por isso, você começou estudando a teoria geral do tributo no intuito de entender o que é o</p><p>tributo, quais são suas características e como é importante a noção da chamada regra-matriz de</p><p>incidência tributária. Também estudou as fontes do direito tributário, a competência tributária e</p><p>as espécies tributárias. Agora, você já construiu uma base sólida para entender a relação entre</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Estado e contribuintes, a in�uência das fontes formais e a distinção entre competência e</p><p>capacidade tributária.</p><p>Na sequência, você se dedicou ao estudo da relação jurídico-tributária, entendendo-a como o</p><p>vínculo entre o Estado (ente tributante) e o sujeito passivo, estabelecido por meio de previsão</p><p>legal. Além disso, estudou a diferença entre contribuinte e responsável, com enfoque na</p><p>responsabilidade dos sócios em sociedades empresárias. Ainda, conheceu a obrigação tributária</p><p>e entendeu como ela surge, focando nas obrigações principal e acessória e nas penalidades</p><p>associadas.</p><p>Depois, você se debruçou sobre o estudo das nuances do lançamento tributário, das suas</p><p>modalidades e do papel do contribuinte na declaração de ofício, que ocorre por declaração e por</p><p>homologação. Também estudou a decadência e a prescrição, hipóteses de suspensão do crédito</p><p>tributário. Além disso, viu as causas de extinção, exclusão, isenção e anistia, juntamente com a</p><p>análise de ações judiciais, como as declaratórias, as anulatórias e o mandado de segurança.</p><p>Por �m, mas não menos importante, você estudou os regimes tributários: Simples Nacional,</p><p>regime simpli�cado para microempresas e empresas de pequeno porte; lucro real, indicador de</p><p>que os impostos são calculados com base no lucro efetivo; lucro presumido, que destaca a</p><p>presunção de margem de lucro; e Simples Doméstico para empregadores domésticos.</p><p>Veja quanto conteúdo importante e interessante compôs esta unidade de ensino!</p><p>Re�ita</p><p>Como o conhecimento adquirido sobre a teoria geral do tributo e a relação jurídico-</p><p>tributária pode impactar as decisões e as práticas pro�ssionais no contexto empresarial?</p><p>Qual a importância da diferenciação entre competência e capacidade tributária,</p><p>considerando a base sólida fornecida pelos estudos desta unidade, para o entendimento</p><p>das dinâmicas entre Estado e contribuintes?</p><p>De que forma a compreensão dos regimes tributários, como o Simples Nacional, o lucro</p><p>real e o lucro presumido, pode in�uenciar as escolhas estratégicas de microempresas,</p><p>empresas de pequeno porte e empregadores domésticos no cenário �scal?</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Uma empresa atuante no ramo de energia renovável está se preparando para iniciar suas</p><p>operações em nível nacional, migrando do Simples Nacional para o regime tributário do lucro</p><p>real, já que tem havido uma crescente demanda por soluções sustentáveis. Contudo, novas</p><p>dúvidas surgem em relação ao PIS e à COFINS, tributos que permanecem relevantes mesmo com</p><p>possíveis alterações na legislação.</p><p>Ao analisar a complexidade do lucro real e as particularidades das atividades da empresa em</p><p>questão, questionamentos surgem sobre como calcular e recolher o PIS e a COFINS de maneira</p><p>adequada, considerando o impacto dessa mudança no planejamento tributário da organização.</p><p>Diante da situação apresentada, pergunta-se: quais são as implicações tributárias ao migrar do</p><p>Simples Nacional para o Lucro Real, especialmente no que diz respeito ao cálculo e ao</p><p>recolhimento do PIS e da COFINS? Como a natureza sustentável das atividades da empresa em</p><p>questão pode impactar o enquadramento nas alíquotas do PIS e da COFINS? Considerando o</p><p>lucro real, quais estratégias a organização pode adotar para otimizar o pagamento do PIS e da</p><p>COFINS, mantendo a sustentabilidade como parte integrante de suas operações?</p><p>Este caso destaca os desa�os enfrentados pela empresa atuante no ramo de energia renovável</p><p>ao migrar do Simples Nacional para o lucro real, com foco no cálculo e no recolhimento do PIS e</p><p>da COFINS. A compreensão detalhada das implicações tributárias dessa transição é crucial para</p><p>o sucesso da empresa no novo regime, permitindo o desenvolvimento de estratégias tributárias</p><p>alinhadas a seus valores sustentáveis.</p><p>Ao migrar para o lucro real, a empresa terá de adotar um método de cálculo mais detalhado para</p><p>o PIS e a COFINS, o que envolve considerar a base de cálculo, as alíquotas especí�cas desses</p><p>tributos e eventuais ajustes necessários. A organização também deve �car atenta às regras de</p><p>apuração cumulativa ou não cumulativa, conforme a natureza de suas atividades.</p><p>A natureza sustentável das operações da empresa pode in�uenciar o enquadramento nas</p><p>alíquotas do PIS e da COFINS, pois, dependendo das atividades especí�cas, ela pode buscar</p><p>alíquotas mais vantajosas relacionadas a práticas sustentáveis. Isso pode incluir benefícios</p><p>�scais e reduções especí�cas que se alinhem aos princípios da empresa.</p><p>No lucro real, a empresa pode explorar estratégias tributárias para otimizar o pagamento do PIS e</p><p>da COFINS, incluindo a identi�cação de créditos tributários, como despesas admitidas pela</p><p>legislação, que podem ser abatidos dessas contribuições. A empresa também deve estar atenta</p><p>a incentivos �scais voltados para atividades sustentáveis, a �m de buscar reduzir a carga</p><p>tributária de forma alinhada à sua missão.</p><p>A seguir, con�ra os principais tópicos estudados nesta unidade.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>AMARO, L. da S. Direito tributário brasileiro. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e</p><p>institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1966. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 6 dez. 2023.</p><p>COSTA, R. H. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. 13. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>MACHADO SEGUNDO, H. de B. Manual de direito tributário. 13. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>,</p><p>Unidade 4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Atividade Empresarial e Legislação Consumerista</p><p>Aula 1</p><p>Relação Jurídica de Consumo</p><p>Relação jurídica de consumo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, estudaremos os fundamentos da relação jurídica de consumo, explorando os</p><p>conceitos essenciais e os direitos básicos que permeiam a interação entre consumidores e</p><p>fornecedores. Nesse contexto, abordaremos os princípios norteadores do direito do consumidor,</p><p>como a vulnerabilidade, a equidade, a informação, a boa-fé objetiva e a segurança. Além disso,</p><p>examinaremos a legislação que rege esse campo, destacando o Código de Defesa do</p><p>Consumidor (CDC) como uma fonte fundamental para a proteção e a defesa dos direitos dos</p><p>consumidores. A compreensão desses princípios e dessas normas é crucial para garantir a</p><p>justiça contratual, a transparência nas relações de consumo e a promoção da equidade entre as</p><p>partes envolvidas.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Diante disso, é preciso que você re�ita sobres as seguintes questões no decorrer da aula: como</p><p>os princípios do direito do consumidor, como vulnerabilidade, equidade e informação, contribuem</p><p>para o estabelecimento de uma relação mais justa e equilibrada entre consumidores e</p><p>fornecedores? Qual é a importância da inversão do ônus da prova no contexto da relação jurídica</p><p>de consumo? Como essa medida in�uencia a proteção dos direitos dos consumidores e a</p><p>responsabilidade dos fornecedores? Considerando a amplitude do conceito de fornecedor no</p><p>Código de Defesa do Consumidor, de que maneira todas as partes envolvidas na cadeia</p><p>produtiva, desde o fabricante até o comerciante �nal, são impactadas e devem seguir as normas</p><p>da legislação consumerista?</p><p>Vamos começar?</p><p>Vamos Começar!</p><p>Direito do consumidor e seus princípios</p><p>Inicialmente, é importante salientar que o direito do consumidor resulta de um movimento</p><p>internacional de defesa ao consumidor, cujos estudos permitem compreender o desenvolvimento</p><p>e a evolução desse direito. Ao veri�carmos minuciosamente a legislação que aborda esse tema,</p><p>encontraremos contribuições para a resolução de con�itos que o envolvem (Souza; Werner;</p><p>Neves, 2018).</p><p>Atualmente, o consumo é uma necessidade vital, visto que elementos alimentícios, de vestuário,</p><p>transporte, energia, telefonia e água são ofertados ao público mediante pagamento, sob</p><p>condições preestabelecidas. Nesse sentido, o fornecedor detém certo poder de liberdade em</p><p>suas escolhas, de modo que se torna necessária sua regularização por meio da intervenção do</p><p>Estado. O conhecimento dos direitos do consumidor possibilita seu exercício de forma plena por</p><p>cada cidadão na sociedade.</p><p>No âmbito do direito do consumidor, é primordial conhecer seus princípios norteadores. O</p><p>primeiro deles é o princípio da vulnerabilidade que, além de ser um estabelecimento</p><p>constitucional, está previsto no art. 4º, inciso I do Código do Consumidor (CDC), Lei nº</p><p>8.078/1990. Segundo esse princípio, nas relações de consumo, o sujeito vulnerável é o</p><p>consumidor, porque ele não detém mecanismos de controle sobre o processo produtivo ou</p><p>participa deles de alguma forma; assim, é considerado vulnerável por poder ter sua integridade</p><p>lesada, ferida ou ofendida, seja de modo físico, econômico, psicológico ou moral. Nesse</p><p>princípio, podemos dividir a vulnerabilidade em três espécies, vejamos:</p><p>Vulnerabilidade fática: decorrente da diferença entre a maior capacidade econômica e</p><p>social dos agentes econômicos e a condição hipossu�ciente do consumidor.</p><p>Vulnerabilidade técnica: decorrente da impossibilidade do consumidor quanto ao</p><p>conhecimento especí�co de produtos ou serviços em virtude da falta ou da inexatidão das</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>informações que lhe são prestadas.</p><p>Vulnerabilidade cientí�ca: relativa à ausência de informações ao consumidor a respeito de</p><p>seus direitos, inclusive quanto à falta de assistência jurídica, em juízo ou fora dele.</p><p>O segundo é o princípio da equidade e da con�ança, previsto no art. 51 do CDC e que diz respeito</p><p>ao equilíbrio contratual. O equilíbrio dos deveres e das obrigações é necessário para o alcance</p><p>da justiça contratual, tendo em vista que um contrato desequilibrado está propenso ao</p><p>inadimplemento, o que atenta contra sua função social, que é a circulação de riquezas. Por esse</p><p>motivo, vedam-se vantagens exageradas ao fornecedor em detrimento do consumidor. Desse</p><p>modo, a con�ança empregada pelo consumidor é um direito exigível acerca de determinado</p><p>produto ou serviço e é a segurança que dele razoavelmente se espera, como dispõe o art. 20, §</p><p>2º do CDC. Quando há quebra de con�ança, aplica-se a teoria do risco do empreendimento,</p><p>segundo a qual o fornecedor deve suportar o risco decorrente de sua atividade, não importando a</p><p>vontade de violar a norma.</p><p>O terceiro é o princípio da informação e da transparência, considerado um dos pilares</p><p>Acesso em: 6 nov. 2023.</p><p>MAGALHÃES, G. Direito empresarial facilitado. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022.</p><p>SANCHEZ, A. Direito empresarial sistematizado. São Paulo: Método, 2018.</p><p>VENOSA, S. de S.; RODRIGUES, C. Direito empresarial. 11. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>Aula 2</p><p>Teoria Geral Do Direito Societário</p><p>Teoria geral do direito societário</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13247.htm#art2</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Nesta aula, analisaremos aspectos fundamentais das dinâmicas das sociedades</p><p>empresárias, como: a distinção entre sociedades simples e sociedades empresárias; os</p><p>elementos das sociedades empresárias; os princípios a elas aplicáveis, o seu ato constitutivo e o</p><p>início da personalidade jurídica; os efeitos com relação à possibilidade de desconsideração; e a</p><p>análise dos tipos societários.</p><p>Ao explorar esses pontos, incentivamos você a não apenas absorver informações, mas a</p><p>questionar, analisar e, principalmente, relacionar os conceitos discutidos com experiências</p><p>práticas, pois essas re�exões, além de fortalecerem seu entendimento, fornecerão insights</p><p>valiosos que podem ser aplicados em seu futuro pro�ssional.</p><p>Por isso, estudante, aproveite esta oportunidade de aprofundar seu entendimento sobre as</p><p>complexidades jurídicas das sociedades empresárias. Ao compreender os conceitos aqui</p><p>explorados, você estará equipado para enfrentar desa�os no ambiente pro�ssional e contribuir</p><p>para um mundo empresarial mais justo e equitativo.</p><p>Isto posto, comecemos nosso aprendizado com alguns questionamentos que nortearão nossas</p><p>discussões: qual é a principal diferença entre sociedades simples e sociedades empresárias?</p><p>Qual é a importância do princípio da limitação da responsabilidade dos sócios em uma</p><p>sociedade empresária? Qual é a importância do ato constitutivo na formação de uma sociedade</p><p>empresária? Como a escolha entre contrato social e estatuto social impacta o tipo de sociedade?</p><p>Como ocorre a desconsideração da personalidade jurídica?</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>A sociedade empresária</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O art. 44 do Código Civil (CC) de 2022 estabelece as categorias de pessoas jurídicas de direito</p><p>privado, dentre as quais as associações, as sociedades, as fundações, as organizações</p><p>religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. A</p><p>redação desse artigo poderia levar à conclusão de que toda sociedade é, por natureza,</p><p>empresária, uma vez que está envolvida em atividades econômicas com �ns lucrativos (Vido,</p><p>2022; Negrão, 2022). No entanto, essa suposição não é correta, já que nem toda atividade</p><p>econômica constitui uma atividade empresarial. Para ser considerada empresarial, é essencial</p><p>que haja uma organização dos fatores de produção visando ao lucro, por exemplo: sociedades</p><p>destinadas a �ns não comerciais, antigamente denominadas sociedades civis, agora são</p><p>denominadas sociedades simples, com base na teoria da empresa adotada pelo Código Civil de</p><p>2002.</p><p>Assim como nem todos os indivíduos que praticam atividades econômicas são considerados</p><p>empresários individuais, nem todas as sociedades são classi�cadas como sociedades</p><p>empresárias. Diante disso, as sociedades podem ser classi�cadas em duas principais</p><p>categorias: as simples e as empresárias.</p><p>As sociedades simples são aquelas que exercem atividades econômicas de forma não</p><p>empresarial, ou seja, sem a �nalidade de lucro, como as sociedades unipro�ssionais. Um</p><p>exemplo seria um grupo de agricultores que se reúne para adquirir um bem e vender sua</p><p>produção em conjunto. Embora essa atividade seja econômica e bene�cie os sócios, não envolve</p><p>a circulação de riqueza e lucro como de�nido no art. 966 do Código Civil (Vido, 2022; Negrão,</p><p>2022).</p><p>Por outro lado, as sociedades empresárias são estruturadas com o propósito explícito de exercer</p><p>atividades econômicas organizadas, visando a produção ou a circulação de produtos ou</p><p>serviços. Portanto, a distinção entre sociedades simples e sociedades empresárias se baseia</p><p>nos objetivos e na forma como as atividades econômicas são conduzidas (Vido, 2022; Negrão,</p><p>2022).</p><p>Além disso, é importante observar que certas sociedades são sempre consideradas</p><p>empresariais, independentemente do tipo de atividade que realizam, como é o caso das</p><p>sociedades por ações, conforme estipulado no art. 982, parágrafo único do Código Civil. Em</p><p>contrapartida, o mesmo dispositivo estabelece que as cooperativas serão sempre classi�cadas</p><p>formalmente como sociedades simples, independentemente das atividades que desempenhem</p><p>(Vido, 2022; Negrão, 2022).</p><p>Frise-se que a sociedade simples será registrada no Cartório de Registro Civil de Pessoas</p><p>Jurídicas ao passo que a sociedade empresária será registrada na Junta Comercial. A primeira</p><p>não sofre falência, logo não pode bene�ciar-se da recuperação de empresas, pois tais institutos</p><p>são reservados à última. Por �m, na sociedade simples, a responsabilidade dos sócios é</p><p>ilimitada, já na sociedade empresária, dependendo do tipo societário, a responsabilidade pode vir</p><p>a ser limitada.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Elementos da sociedade empresária</p><p>Uma sociedade empresária é uma estrutura jurídica que desempenha um papel fundamental no</p><p>mundo dos negócios, permitindo que indivíduos se unam para alcançar objetivos comerciais</p><p>comuns. A formação e o funcionamento adequado de uma sociedade empresária são regidos</p><p>por diversos elementos gerais e especí�cos fundamentais para garantir sua legalidade e e�cácia</p><p>(Magalhães, 2022).</p><p>Os elementos gerais de uma sociedade empresária incluem a existência de consenso, um objeto</p><p>lícito e a conformidade com a forma prescrita ou não proibida em lei. O consenso envolve o</p><p>acordo entre as partes para estabelecer a sociedade, de�nindo seus termos e suas condições.</p><p>Além disso, o objeto da sociedade deve ser uma atividade lícita, ou seja, legalmente permitida, e</p><p>a forma de sua constituição deve estar de acordo com as leis e os regulamentos aplicáveis.</p><p>No entanto, existem elementos especí�cos que caracterizam a sociedade empresária de forma</p><p>mais detalhada. Estes incluem:</p><p>Contribuição para o capital social: cada sócio deve contribuir com recursos, seja em</p><p>dinheiro, bens ou serviços, para �nanciar as operações da sociedade. O capital social é</p><p>essencial para o funcionamento da empresa.</p><p>Participação nos lucros e nas perdas: os sócios compartilham os resultados �nanceiros da</p><p>sociedade, tanto os lucros quanto as perdas, de acordo com os termos do acordo de</p><p>sociedade.</p><p>Affectio societatis: esse termo se refere à necessidade de os sócios demonstrarem de</p><p>forma concreta sua intenção de estabelecer a sociedade empresária. Isso vai além de um</p><p>simples contrato e envolve o comprometimento real com os objetivos e as metas da</p><p>sociedade.</p><p>Pluralidade de partes: uma sociedade empresária envolve a existência de mais de um</p><p>sócio. A pluralidade de sócios é um elemento essencial em todas as sociedades</p><p>empresariais, exceto nas sociedades anônimas, que permitem a existência de uma</p><p>sociedade unipessoal em algumas jurisdições.</p><p>Esses elementos asseguram a transparência, a responsabilidade e a conformidade com a</p><p>legislação, criando uma base sólida para o sucesso dos empreendimentos comerciais. E é</p><p>fundamental que os sócios estejam cientes desses elementos e cumpram todas as obrigações</p><p>estabelecidas em seu acordo de sociedade para</p><p>do direito</p><p>do consumidor, uma vez que se amolda à possibilidade de atingir os escopos da política nacional</p><p>de proteção ao consumidor. Trata-se de um dever, imposto ao Estado e aos fornecedores, no</p><p>sentido de transmitir ao consumidor, de maneira adequada, informações quanto às</p><p>características do serviço ou produto, seu modo de utilização e risco, bem como seu preço. Com</p><p>isso, o dever de transparência se impõe a todas as fases negociais, seja antes, durante ou após o</p><p>contrato. Nesse sentido, as informações prestadas ao consumidor prevalecem diante qualquer</p><p>termo estabelecido contratualmente, ainda que �rmado posteriormente à veiculação da</p><p>informação, conforme dispõe art. 20 do CDC.</p><p>O quarto é o princípio da boa-fé objetiva. Trata-se de uma regra de conduta que dá ao contratante</p><p>a expectativa de que o contratado se pautará nos padrões éticos de comportamento, que devem</p><p>ser veri�cados em relação ao tempo e ao espaço e às normas aplicadas. Esse princípio exerce</p><p>três funções no ordenamento: limitar o abuso de direito; interpretar e integrar o contrato; e criar</p><p>deveres anexos. Da função de criar deveres anexos surge o dever de lealdade, a transparência, a</p><p>cooperação e, o mais importante, a informação, que será medida pelo conhecimento do público</p><p>de consumidores-alvo ao qual se destina determinado produto ou serviço, procedendo tal análise</p><p>à luz do caso concreto.</p><p>O quinto é o princípio da segurança, que estrutura o sistema de responsabilidade civil das</p><p>relações de consumo, conforme os arts. 12, 13 e 14 do CDC. Esse tema será estudado na Aula 4</p><p>desta unidade.</p><p>Código de Defesa do Consumidor</p><p>A fonte legislativa do direito do consumidor é um conjunto de regras e princípios especí�cos</p><p>sistematicamente organizados no Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei nº 8.078/1990.</p><p>Frise-se aqui que a proteção e a defesa do consumidor decorrem de expresso direito</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>fundamental, previsto no art. 5º, inciso XXXII da Constituição da República Federativa do Brasil</p><p>de 1988, segundo o qual: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (Brasil,</p><p>1988, art. 5º, inc. XXXII).</p><p>O CDC consiste em um microssistema especializado referente à tutela das relações privadas de</p><p>consumo. Como vivemos em uma sociedade capitalista, a troca de bens e serviços constitui o</p><p>elemento básico do nosso sistema econômico. Com o passar do tempo, essas relações se</p><p>aprofundaram e receberam novos contornos, motivo pelo qual surgiu a necessidade de o Estado</p><p>e o direito tutelarem, de forma mais adequada, esse novo tipo de relação privada que se forma</p><p>entre o fornecedor de bens e serviços e o consumidor �nal.</p><p>As peculiaridades da relação jurídica de consumo �zeram com que um corpo de normas</p><p>responsáveis por sua regulação fosse criado. Isso foi muito importante para que as relações</p><p>privadas que envolviam o típico processo de fornecimento do mercado de consumo não fossem</p><p>tuteladas pelas disposições mais genéricas do Código Civil Brasileiro, mas observassem as</p><p>peculiaridades econômicas e sociais das partes envolvidas nessas relações privadas de</p><p>consumo, à luz da necessidade de criação de meios recíprocos de proteção e salvaguarda de</p><p>direitos, sobretudo ligados à incolumidade física do consumidor, como vida, saúde e integridade</p><p>(Theodoro Júnior, 2023).</p><p>Dessa maneira, a defesa do consumidor constitui matéria que, apesar de envolver relações</p><p>privadas, é dotada de relevante interesse social, uma vez que envolve questões de ordem</p><p>pública. Suponha, por exemplo, que determinado produto, muito comum, seja comercializado</p><p>com sérios problemas de fabricação, levando à intoxicação de várias pessoas. As</p><p>consequências sociais desse tipo de acontecimento certamente seriam sentidas muito além da</p><p>mera relação jurídica de consumo, pois envolveriam, até mesmo, a saúde pública. Essa situação</p><p>hipotética deixa claro que o direito do consumidor lida justamente com as regras e os princípios</p><p>que animam a adequada prestação de serviços e o fornecimento de bens no mercado de</p><p>consumo, para que as pessoas tenham liberdade de escolha e, ao terem-na feito, não incorram</p><p>em riscos de toda ordem (Tartuce; Neves, 2023).</p><p>A proteção que o CDC garante aos consumidores é, ao mesmo tempo, uma proteção para os</p><p>fornecedores em geral e para aqueles que orbitam no mercado de consumo, especí�co e amplo.</p><p>Isso se dá porque as consequências do descumprimento da legislação de consumo, das normas</p><p>de segurança e tantas outras, resultarão em impactos econômicos de relevante monta. O</p><p>conhecimento dessas normas é de vital importância para o administrador e para o empresário de</p><p>nosso tempo, sobretudo em um quadro no qual o consumidor, o cidadão, já está mais consciente</p><p>das garantias que lhe assistem e dos direitos que lhe preservam a possibilidade de discutir</p><p>eventuais abusos ou ilegalidades cometidas na interface da relação consumerista (Khouri, 2020;</p><p>Filomeno, 2018).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Relação jurídica de consumo</p><p>A relação de consumo, tutelada pelo Código de Defesa do Consumidor, é uma relação jurídica e</p><p>social existente entre dois elementos: o consumidor e o fornecedor, que formam posições</p><p>antagônicas. No que tange aos objetos dessa relação, referimo-nos aos produtos e aos serviços</p><p>de�nidos no art. 3°, § 1° do CDC. A partir dele, veri�ca-se que qualquer bem poderá ser</p><p>considerado produto, desde que resulte de atividade empresarial em série de transformação</p><p>econômica.</p><p>De um lado dessa relação, temos a �gura do consumidor, o qual, de acordo com o art. 2º do CDC,</p><p>“[...] é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário</p><p>�nal” (Brasil, 1990, art. 2º, caput).</p><p>A noção de destinatário �nal causa muita polêmica na doutrina, mas é importante que</p><p>conheçamos a posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tribunal brasileiro competente para</p><p>dar a última palavra sobre a interpretação da legislação de abrangência nacional, como é o caso</p><p>da legislação consumerista (Tartuce; Neves, 2023). Logo, para o STJ, atualmente, o consumidor,</p><p>isto é, o destinatário �nal da relação de consumo, é a pessoa, física ou jurídica, que adquire bens</p><p>ou utiliza serviços para si próprio, sem que isso importe no incremento de alguma atividade</p><p>comercial. Signi�ca dizer que o destinatário �nal literalmente consome, ele mesmo, o produto ou</p><p>o serviço e não o emprega para outras �nalidades, sobretudo de ordem comercial e econômica,</p><p>como uma revenda ou uma cadeia produtiva (Almeida, 2023).</p><p>Em algumas situações, o STJ considera que, para determinados consumidores e pro�ssionais,</p><p>como pequenas empresas e pro�ssionais liberais, desde que seja demonstrada vulnerabilidade</p><p>técnica, jurídica ou econômica, poderá haver a caracterização da relação de consumo e, assim, a</p><p>proteção prevista no CDC.</p><p>É preciso compreender, desde já, a importância da con�guração ou não da relação de consumo,</p><p>pois é ela que atrairá uma série de direitos e garantias previstos no CDC para privilegiar a</p><p>proteção do consumidor. Por esse motivo, é importante saber quem é ou não consumidor para</p><p>tal �nalidade. Se for consumidor, a proteção decorrerá do CDC; se não, a proteção decorrerá da</p><p>legislação civil em geral, ou seja, do Código Civil (Brasil, 2002). O critério utilizado, atualmente,</p><p>pela doutrina majoritária e pelo STJ é, então, o da vulnerabilidade. Isso se dá porque a</p><p>característica marcante do consumidor, do destinatário �nal, é estar em uma posição de</p><p>vulnerabilidade (técnica, jurídica ou econômica) perante o fornecedor. O CDC serve justamente</p><p>para equalizar essa situação, protegendo a parte que é, no geral, mais suscetível de ser</p><p>prejudicada.</p><p>Logo, a relação jurídica quali�cada por ser “de consumo” não se caracteriza pela presença de</p><p>pessoa física ou jurídica em seus polos, mas pela presença de uma parte vulnerável</p><p>(consumidor), de um lado, e de um fornecedor, de outro. Mesmo nas relações entre pessoas</p><p>jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO</p><p>EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio entre as</p><p>partes (Tartuce; Neves, 2023).</p><p>Consumidor é o destinatário �nal do produto ou serviço, seja pessoa física, seja jurídica, que não</p><p>integra ou faz incluir o produto ou serviço adquirido em seu processo comercial ou em sua</p><p>cadeia produtiva. Porém, poderá ser con�gurada a relação de consumo, ainda em tais casos, na</p><p>hipótese de �car demonstrada a vulnerabilidade do polo consumidor, isto é, a posição de não</p><p>conhecimento especí�co sobre o que foi adquirido.</p><p>Ademais, devemos mencionar que o CDC trata dos consumidores por equiparação, também</p><p>conhecidos como bystanders, que gozam de proteção legal, mesmo que não tenham uma</p><p>relação direta de consumo com o fornecedor. Os três tipos de consumidores bystanders podem</p><p>ser resumidos da seguinte forma:</p><p>Terceiros intervenientes: são coletividades de pessoas, mesmo que não identi�cadas</p><p>individualmente, que interferem nas relações de consumo. Por exemplo, um condomínio</p><p>atuando na defesa dos proprietários frente a uma construtora.</p><p>Terceiros vítimas: são as vítimas de um evento causado por um produto ou serviço</p><p>defeituoso, equiparadas aos consumidores pelo artigo 17 do CDC. Por exemplo, pessoas</p><p>envolvidas em um acidente causado por um defeito em um veículo recém-comprado.</p><p>Terceiros expostos: são todas as pessoas, identi�cáveis ou não, expostas a práticas</p><p>comerciais como publicidade, práticas abusivas ou cobrança de dívidas, equiparadas aos</p><p>consumidores pelo artigo 29 do CDC.</p><p>O outro sujeito da relação jurídica de consumo é o fornecedor. O conceito está no art. 3º do CDC,</p><p>segundo o qual:</p><p>Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem</p><p>como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,</p><p>construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de</p><p>produtos ou prestação de serviços (Brasil, 1990, art. 3º, caput).</p><p>Trata-se de uma noção muito mais ampla do que a de consumidor. Todo aquele que atua nas</p><p>diversas fases do processo produtivo é considerado fornecedor para os �ns legais. Não apenas</p><p>o fabricante originário do produto, por exemplo, mas os intermediários, os intervenientes, os</p><p>distribuidores, o comerciante �nal, todos são fornecedores à luz do CDC, porquanto operam,</p><p>embora em fases distintas, nas etapas da cadeia produtiva. Todos, então, devem seguir as</p><p>normas da legislação consumerista (Tartuce; Neves, 2023).</p><p>Como já se sabe, o objeto da relação de consumo consiste em um produto, que poderá ser</p><p>qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, ou em um serviço, que é uma atividade</p><p>remunerada fornecida no mercado de consumo, inclusive as de natureza bancária, �nanceira, de</p><p>crédito e securitária, ressalvando-se as de natureza trabalhista.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, nesta aula, exploramos os fundamentos da relação jurídica de consumo, destacando</p><p>os princípios essenciais do direito do consumidor, a legislação especí�ca, como o Código de</p><p>Defesa do Consumidor, e aspectos relevantes, como a inversão do ônus da prova.</p><p>Agora, re�etindo sobre as perguntas propostas, podemos perceber como os princípios do direito</p><p>do consumidor como vulnerabilidade, equidade e informação garantem uma relação justa entre</p><p>consumidores e fornecedores, protegendo os consumidores menos favorecidos e exigindo</p><p>transparência nas informações. A inversão do ônus da prova no CDC bene�cia os consumidores</p><p>ao obrigar os fornecedores a provar a conformidade de seus produtos e serviços, fortalecendo a</p><p>proteção dos direitos e a responsabilidade dos fornecedores por danos.</p><p>Ademais, a amplitude do conceito de fornecedor no CDC abrange desde o fabricante até o</p><p>comerciante �nal, todos os quais têm responsabilidades especí�cas de�nidas pela legislação</p><p>consumerista. Isso signi�ca que todos os envolvidos na cadeia produtiva são impactados e</p><p>devem cumprir com as normas de proteção ao consumidor. Essa ampliação do conceito</p><p>assegura que todos os elos da cadeia produtiva sejam diligentes quanto à conformidade com as</p><p>normas de segurança e qualidade, e que ofereçam aos consumidores informações claras e</p><p>precisas sobre os produtos e serviços disponibilizados no mercado.</p><p>Com isso, estudante, chegamos ao �m desta aula sobre direito do consumidor. Ainda há muito o</p><p>que estudar. Então, vamos adiante!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre o tema da relação de consumo, faça a leitura do capítulo denominado A</p><p>relação jurídica de consumo, da obra Curso de direito do consumidor, do autor Rizatto Nunes:</p><p>NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, F. B. de. Direito do consumidor esquematizado. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,</p><p>DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555593525/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcapa.xhtml]!/4/2/2%4051:22</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá</p><p>outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 29 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União:</p><p>seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.</p><p>CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 6. ed. Barueri: Atlas, 2022.</p><p>FILOMENO, J. G. B. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>KHOURI, P. R. R. A. Direito do consumidor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020.</p><p>NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.</p><p>SOUZA, S. C.; WERNER, J. G. V.; NEVES, T. F. C. Direito do consumidor. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2018.</p><p>TARTUCE, F.; NEVES, D. A. A. Manual de direito de consumidor: direito material e processual. 12.</p><p>ed. Rio de janeiro: Método, 2023.</p><p>THEODORO JÚNIOR, H. Direitos do consumidor. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.</p><p>Aula 2</p><p>Direitos Básicos do Consumidor</p><p>Direitos básicos do consumidor</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, exploraremos os direitos básicos do consumidor, conforme estabelecidos no art. 6º</p><p>do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Discutiremos, portanto, temas fundamentais, como</p><p>o direito à proteção da vida, à saúde e à segurança; a educação e a divulgação sobre o consumo</p><p>adequado; a informação clara sobre produtos e serviços; a proteção contra publicidade</p><p>enganosa e abusiva; a modi�cação de cláusulas contratuais desproporcionais; a prevenção e a</p><p>reparação de danos; o acesso à justiça; a facilitação da defesa com inversão do ônus da prova; a</p><p>garantia de prestação adequada dos serviços públicos; e os recentes acréscimos sobre garantia</p><p>do crédito responsável e preservação do mínimo existencial, considerando o contexto do</p><p>superendividamento. Prepare-se para uma análise detalhada desses direitos, seus fundamentos</p><p>e suas implicações nas relações de consumo.</p><p>Para um melhor aproveitamento da aula, considere as seguintes questões:</p><p>como os direitos</p><p>básicos do consumidor, delineados no art. 6º do CDC, re�etem a preocupação do legislador em</p><p>equilibrar as relações de consumo e proteger os consumidores em diversas dimensões, desde a</p><p>segurança até a garantia de acesso à justiça? Diante da complexidade das relações de consumo</p><p>e das nuances presentes nos direitos do consumidor, de que maneira a inversão do ônus da</p><p>prova no processo civil contribui para nivelar a balança entre consumidores e fornecedores nas</p><p>disputas judiciais? Como podemos equilibrar a garantia do acesso ao crédito responsável e a</p><p>proteção efetiva dos consumidores contra práticas prejudiciais?</p><p>Bons estudos!</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Vamos Começar!</p><p>Direitos básicos do consumidor</p><p>Agora que já compreendemos as partes e o objeto da relação de consumo, é preciso identi�car</p><p>quais são os direitos básicos do consumidor. Segundo o art. 6º do CDC, alguns direitos são</p><p>considerados básicos pensando na proteção do consumidor, notadamente em razão da sua</p><p>vulnerabilidade na relação jurídica de consumo. In verbis:</p><p>Art. 6º São direitos básicos do consumidor:</p><p>I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no</p><p>fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;</p><p>II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a</p><p>liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;</p><p>III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especi�cação</p><p>correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem</p><p>como sobre os riscos que apresentem;</p><p>IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou</p><p>desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de</p><p>produtos e serviços;</p><p>V - a modi�cação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou</p><p>sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;</p><p>VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e</p><p>difusos;</p><p>VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de</p><p>danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,</p><p>administrativa e técnica aos necessitados;</p><p>VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu</p><p>favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele</p><p>hipossu�ciente, segundo as regras ordinárias de experiências;</p><p>IX - (Vetado);</p><p>X - a adequada e e�caz prestação dos serviços públicos em geral.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação �nanceira e de prevenção e</p><p>tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da</p><p>regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;</p><p>XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de</p><p>dívidas e na concessão de crédito;</p><p>XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo,</p><p>por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.</p><p>Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à</p><p>pessoa com de�ciência, observado o disposto em regulamento (Brasil, 1990, art. 6º).</p><p>Vamos estudar cada um desses direitos?</p><p>Siga em Frente...</p><p>Direito à proteção da vida, à segurança e à saúde (I)</p><p>Esse direito é especialmente voltado à pessoa física e visa proteger os consumidores em face de</p><p>riscos e perigos não esperados e anormais, decorrentes do uso de produtos e serviços. Desse</p><p>modo, seu escopo é garantir que os produtos e os serviços ofertados no mercado não tragam</p><p>riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, sendo necessário adverti-los dos perigos com</p><p>sinais ostensivos e fornecer-lhes informações precisas nos rótulos, nas embalagens e em peças</p><p>publicitárias. O dever decorrente desse direito é que os fornecedores retirem de mercado</p><p>produtos e serviços que venham a apresentar riscos aos consumidores ou a terceiros, tendo que</p><p>indenizá-los por prejuízos decorrentes de algum tipo de defeito.</p><p>Direito à educação, à liberdade de escolha e à informação</p><p>adequada (II, III e XIII)</p><p>O CDC determina que a educação e a divulgação da correta forma de utilização e manuseio de</p><p>serviços e produtos é um direito do consumidor, para que ele tenha garantida a oportunidade de</p><p>exercer plenamente sua liberdade de escolha, atingindo igualdade nas contratações. A educação</p><p>ao consumidor tem como �m possibilitar a participação dele, de forma mais equilibrada, nas</p><p>relações de consumo, tendo condições de identi�car o que é realmente de sua vontade ou</p><p>necessidade.</p><p>Já a liberdade de escolha no mercado de consumo é exercida em igualdade entre compradores e</p><p>vendedores. Esse direito é observado em dois aspectos: formal e informal. O primeiro se</p><p>desenvolve por meio de política de inserção de temas relacionados ao direito do consumidor nos</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>currículos escolares. Já o segundo se desenvolve por meio de mídias de comunicação social e</p><p>institucional e de outros veículos de comunicação com o intuito de prestar informação aos</p><p>consumidores.</p><p>Direito à proteção contra publicidade enganosa e abusiva (IV)</p><p>Tema de fundamental importância, sobretudo na fase pré-contratual, é a questão da oferta e da</p><p>publicidade no mercado de consumo. Aquilo que é ofertado, veiculado de modo geral nos meios</p><p>publicitários, reveste-se de regulamentação especí�ca no âmbito do CDC, justamente porque é a</p><p>partir dessa fase, que antecede a contratação em si (ainda que seja para uma simples compra e</p><p>venda de um produto, por exemplo), que o consumidor será levado ou não a interessar-se pela</p><p>aquisição de um determinado bem ou serviço (Nunes, 2021).</p><p>A oferta no mercado de consumo está disciplinada no art. 30 do CDC e diz respeito a toda e</p><p>qualquer informação ou conteúdo publicitário preciso o bastante, veiculado em qualquer meio ou</p><p>por qualquer forma de comunicação, com relação a produtos ou serviços. A oferta, nesses</p><p>termos, leva o fornecedor a cumprir exatamente o que foi oferecido. É, como sabido, questão de</p><p>boa-fé, pois não há sentido (e não há legalidade), na prática comercial, o oferecimento de</p><p>determinado produto, por exemplo, revestido de algumas qualidades, e a entrega, no momento</p><p>da contratação, de algo diferente.</p><p>A obrigação a que o fornecedor está vinculado diz respeito a todas as características dos bens</p><p>ou dos serviços oferecidos no mercado de consumo, o que inclui, sobremodo, as questões</p><p>relativas ao preço da oferta e às formas de pagamento. Se o produto foi anunciado com certo</p><p>valor, o consumidor tem o direito de que tal valor seja o efetivamente praticado no momento da</p><p>aquisição do bem ou serviço, sob pena de responsabilização do fornecedor por ato atentatório</p><p>ao seu direito.</p><p>Ademais, de acordo com o art. 31 do CDC, a publicidade deve assegurar o estrito cumprimento e</p><p>respeito ao direito de informação do consumidor. Os anúncios devem conter informações</p><p>corretas, claras e precisas, em língua portuguesa, que permitam aos consumidores conhecerem</p><p>as características, as qualidades, as quantidades, a composição, o preço, a garantia, os prazos</p><p>de validade, a origem, bem como os eventuais riscos que os produtos ou serviços podem causar</p><p>à saúde e à segurança.</p><p>Interessante saber, além disso, que o fornecedor do produto ou serviço tem responsabilidade</p><p>solidária relativamente aos atos praticados por seus prepostos ou representantes, como previsto</p><p>no art. 34 do CDC. Trata-se de regra de fundamental importância, pois, se o preposto ou</p><p>representante praticar algum ato de oferta, esta vinculará o fornecedor como se ele mesmo a</p><p>tivesse feito (Souza; Werner; Neves, 2018).</p><p>Ademais, o CDC traz algumas possibilidades ao consumidor, na hipótese de o fornecedor</p><p>recusar-se</p><p>a cumprir exatamente o que está previsto na oferta, na apresentação ou na</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>publicidade. Segundo o art. 35 do CDC, o consumidor poderá, de maneira alternativa, escolher</p><p>uma dentre as seguintes opções:</p><p>Poderá exigir o estrito cumprimento, de maneira forçada, da obrigação nos exatos termos</p><p>da oferta, da apresentação ou da propaganda.</p><p>Poderá aceitar um produto ou uma prestação de serviço que seja equivalente.</p><p>Poderá rescindir o contrato de consumo, com direito a que lhe seja restituído eventual</p><p>quantia antecipada, com atualização monetária e perdas e danos.</p><p>No mesmo sentido do disposto quanto à oferta de produtos e serviços, o CDC regula</p><p>especi�camente a publicidade no mercado de consumo, a qual deve se apresentar de tal maneira</p><p>que o consumidor a identi�que. O art. 6º, inciso IV, do CDC garante que o consumidor tenha o</p><p>direito de ser protegido da publicidade enganosa e abusiva. A mesma precaução da legislação</p><p>consumerista é retomada no art. 37, no qual são apresentados, de maneira mais extensa, os</p><p>conceitos de publicidade enganosa e abusiva.</p><p>Publicidade enganosa é:</p><p>[...] qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou</p><p>parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o</p><p>consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,</p><p>preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços (Brasil, 1990, art. 37, § 1°).</p><p>Já publicidade abusiva é:</p><p>[...] a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou</p><p>a superstição, se aproveite da de�ciência de julgamento e experiência da criança, desrespeita</p><p>valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma</p><p>prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança (Brasil, 1990 art. 37, § 2°).</p><p>Assim, publicidade enganosa é aquela que leva o consumidor propositadamente a erro, e</p><p>publicidade abusiva é aquela que destoa da moral e dos bons costumes socialmente aceitos ao</p><p>utilizar métodos comerciais coercivos ou desleais (Nunes, 2021).</p><p>Por exemplo, é enganosa uma propaganda de cigarros que diz que o produto não causa nenhum</p><p>risco à saúde, visto que há inúmeras pesquisas apontando os danos causados em função de seu</p><p>consumo. Por outro lado, é abusiva uma propaganda de cigarros de chocolate na qual aparece</p><p>uma criança ostentando um em suas mãos, pois ela acaba por estimular, de modo subliminar,</p><p>que não há problemas em uma criança consumir cigarros, ainda que de chocolate. Passa-se uma</p><p>ideia, como suposto, inaceitável, pois a substância é proibida para menores.</p><p>Também existe a publicidade enganosa em virtude de uma omissão. Isso ocorre quando o</p><p>fornecedor deixar de informar algum dado essencial do produto ou do serviço, situação em que,</p><p>além de violar o dever de informação ao consumidor, estará violando a disposição segundo a</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>qual é vedada a publicidade enganosa. Falar de menos é, assim, expressamente proibido,</p><p>especialmente de elementos essenciais do que está sendo oferecido. De igual modo, a</p><p>responsabilidade de demonstrar que a informação veiculada sobre algum produto ou serviço é</p><p>verdadeira e correta é daquele que está patrocinando sua divulgação, à luz do art. 38 do CDC.</p><p>Direito à proteção contratual (V)</p><p>No que tange às disposições contratuais, o CDC possibilita a revisão de cláusulas e até sua</p><p>invalidação, se consideradas abusivas. Essa modi�cação contrária às disposições convencionais</p><p>(tendo em vista o elo obrigacional do contrato) ocorre quando há desproporcionalidade, abusos</p><p>e, por consequência, ilegalidades. Essa restauração é feita por intervenção estatal, por meio do</p><p>poder judiciário. Decorrente da existência de uma lesão à formação do vínculo contratual, a</p><p>modi�cação se amolda perante a existência de cláusulas abusivas, desde o momento da</p><p>celebração contratual.</p><p>Direito à prevenção e reparação de danos (VI)</p><p>O direito à prevenção e reparação de danos também está previsto no art. 6º. Esse direito</p><p>indenizatório é uma segurança que o indivíduo tem de que o Estado obrigará o causador de um</p><p>dano a recompensá-lo. O dano decorrente de uma relação de consumo é passível de</p><p>indenização, na qual o devedor deve providenciar ações para restituir a vítima ao estado anterior</p><p>ao fato. Além dos danos relativos ao patrimônio, o consumidor também será indenizado por</p><p>abalos que vier a sofrer quando agredido em sua personalidade, o que caracteriza danos morais.</p><p>É importante ressaltar que o direito à proteção contratual, relativo à ocorrência de prejuízos, não</p><p>é exercido apenas depois da ocorrência da perda, tendo em vista que há imposição ao</p><p>fornecedor e aos órgãos de defesa ao consumidor uma vigilância constante para �scalizar</p><p>situações potencialmente prejudiciais ocorridas no mercado.</p><p>Direito à facilitação de acesso à justiça (VII)</p><p>O art. 6º, inciso VII, do CDC consagra o direito fundamental do consumidor ao acesso aos órgãos</p><p>judiciários e administrativos para a prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais.</p><p>Esse direito representa o desenvolvimento do acesso à justiça como um direito fundamental,</p><p>conforme estabelecido na Constituição Federal. Tanto em relação ao Estado, que deve promover</p><p>medidas para garantir esse acesso, quanto às interações entre consumidores e fornecedores, o</p><p>CDC impede a celebração de acordos que de alguma forma restrinjam ou di�cultem o exercício</p><p>desse direito subjetivo.</p><p>Direito à facilitação da defesa dos direitos e inversão do ônus da</p><p>prova (VIII)</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O direito à facilitação da defesa manifesta-se no âmbito processual através da possibilidade de</p><p>inversão do ônus da prova no processo civil. Essa concessão ocorre devido à di�culdade prática</p><p>de os consumidores evidenciarem os elementos fáticos que sustentam suas reivindicações. Nas</p><p>dinâmicas das relações de consumo, é o fornecedor que detém o domínio do conhecimento</p><p>sobre o produto, o serviço e os processos de produção e fornecimento no mercado consumidor.</p><p>Além disso, é essencial reconhecer que a defesa judicial de interesses demanda do requerente</p><p>recursos �nanceiros e técnicos para uma adequada demonstração da relevância e da</p><p>procedência de sua demanda (Miragem, 2024).</p><p>Em regra, de acordo com a legislação processual vigente, quem alega é que tem que provar o</p><p>que foi alegado. Desse modo, a inversão do ônus da prova possibilita que o juiz considere</p><p>provados os fatos alegados pelo consumidor, desde que sejam coerentes e plausíveis, ou que</p><p>�que demonstrada a di�culdade de produzir alguma prova. Outrossim, vale ao fornecedor</p><p>demonstrar que os fatos não ocorreram conforme alegado pelo consumidor.</p><p>Direito à prestação adequada e e�caz de serviços públicos (X)</p><p>Outro direito fundamental garantido ao consumidor, conforme art. 6º, inciso X do CDC, é o de</p><p>receber uma prestação adequada e e�caz dos serviços públicos em geral. É crucial observar que</p><p>as normas de proteção do consumidor não abrangem todos os serviços públicos, mas se</p><p>aplicam especi�camente àqueles que con�guram relações de consumo. Nesse contexto, são</p><p>considerados os serviços públicos prestados e usufruídos de maneira individualizada e</p><p>mensurável pelos cidadãos. Essa caracterização implica uma remuneração proporcional à</p><p>utilização, re�etindo a lógica de individualização inerente a esses serviços (Miragem, 2024).</p><p>O art. 22 do CDC estabelece que os órgãos públicos devem fornecer serviços adequados,</p><p>e�cientes, seguros e contínuos. Em caso de descumprimento, as pessoas jurídicas responsáveis</p><p>são obrigadas a cumprir as obrigações e a reparar os danos causados. O direito do consumidor à</p><p>prestação adequada e e�caz dos serviços públicos inclui a garantia de continuidade,</p><p>especialmente para serviços essenciais. A violação desse direito pode resultar em indenização,</p><p>abatimento no preço, rescisão do contrato e restituição dos valores pagos. Isso é</p><p>particularmente relevante em serviços como telecomunicações e energia</p><p>elétrica, pois, nesses</p><p>casos, interrupções frequentes afetam a con�ança do consumidor na prestação adequada do</p><p>serviço. (Miragem, 2024).</p><p>Direito à garantia do crédito responsável e preservação do</p><p>mínimo existencial (XI e XII)</p><p>O recente acréscimo desses incisos à legislação de proteção ao consumidor, por meio da Lei nº</p><p>14.181/2021, estabelece direitos fundamentais para prevenir e tratar o superendividamento. A</p><p>partir dessa inclusão, o consumidor adquire o direito a práticas de crédito responsável, educação</p><p>�nanceira, prevenção e tratamento do superendividamento, preservando seu mínimo existencial.</p><p>Nesse contexto, o acesso ao crédito e a inclusão �nanceira são cruciais, mas devem ser</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>concedidos de maneira responsável, considerando a capacidade de pagamento e a garantia de</p><p>informações claras. A proteção ao superendividado inclui a revisão e a repactuação das dívidas,</p><p>assegurando direitos especí�cos e medidas para sua superação (Miragem, 2024).</p><p>Além disso, a preservação do mínimo existencial, conforme regulamentação, é essencial na</p><p>repactuação de dívidas e na concessão de crédito. Esse conceito refere-se aos recursos</p><p>materiais necessários para uma existência digna, sendo crucial na análise da capacidade de</p><p>pagamento e na de�nição do superendividamento. Contudo, a regulamentação deve considerar</p><p>diferentes realidades de consumidores, evitando valores �xos e in�exíveis. Infelizmente, as</p><p>regulamentações atuais, como o Decreto nº 11.150/2022, são criticadas por não atenderem</p><p>adequadamente às necessidades dos consumidores superendividados, apontando para a</p><p>necessidade de revisão dessas medidas (Miragem, 2024).</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos os fundamentos e as implicações dos direitos básicos do consumidor,</p><p>destacando a abrangência do CDC quanto à proteção da vida, à saúde, à informação adequada,</p><p>ao acesso à justiça e a outros aspectos cruciais. Re�etimos também sobre a inversão do ônus</p><p>da prova como um instrumento para empoderar os consumidores nas demandas judiciais. Além</p><p>disso, discutimos as recentes alterações legislativas, especialmente as relacionadas ao crédito</p><p>responsável e à preservação do mínimo existencial diante do superendividamento.</p><p>Considerando as perguntas re�exivas, enfatizamos a importância do equilíbrio nas relações de</p><p>consumo e da constante revisão das normas para garantir uma proteção efetiva aos</p><p>consumidores. Nesse sentido, você está convidado a aprofundar esses temas, para adquirir uma</p><p>compreensão mais ampla e crítica dos direitos do consumidor em nossa sociedade.</p><p>Os direitos básicos do consumidor, delineados no art. 6º do CDC, re�etem a preocupação do</p><p>legislador em estabelecer um equilíbrio nas relações de consumo. Esses direitos visam não</p><p>apenas à proteção da vida, à saúde e à informação adequada, mas também ao acesso à justiça e</p><p>à prevenção de danos. A amplitude desses direitos destaca a busca por um ambiente de</p><p>consumo mais justo e seguro, no qual a vulnerabilidade do consumidor é mitigada por direitos</p><p>especí�cos e pela imposição de responsabilidades aos fornecedores.</p><p>A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, inciso VIII, do CDC, é uma ferramenta essencial</p><p>para equilibrar as disputas judiciais entre consumidores e fornecedores. Ao reconhecer a</p><p>di�culdade prática dos consumidores em comprovar seus argumentos, especialmente diante do</p><p>domínio de informações pelos fornecedores, essa inversão possibilita que o consumidor seja</p><p>amparado judicialmente de forma mais efetiva, uma medida que busca corrigir desigualdades</p><p>inerentes às relações de consumo, incentivando a transparência e a responsabilidade por parte</p><p>dos fornecedores.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A recente Lei nº 14.181/2021 trouxe avanços notáveis para a proteção dos consumidores,</p><p>especialmente no contexto do superendividamento. Ao garantir práticas de crédito responsável,</p><p>educação �nanceira e prevenção do superendividamento, a legislação busca conciliar o acesso</p><p>ao crédito com a preservação do mínimo existencial. Contudo, persiste a discussão sobre a</p><p>e�cácia das regulamentações atuais, como o Decreto nº 11.150/2022, o que evidencia a</p><p>necessidade de revisões para atender adequadamente às diversas realidades dos consumidores.</p><p>Até a próxima aula!</p><p>Saiba mais</p><p>Quer aprofundar seus estudos em direitos básicos do consumidor? Leia o Capítulo I da Parte II</p><p>do livro Curso de direito do consumidor, do autor Bruno Miragem:</p><p>MIRAGEM, B. Curso de direito do consumidor. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2024.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá</p><p>outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 29 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 14.181, de 1º de julho de 2021. Altera a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990</p><p>(Código de Defesa do Consumidor), e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do</p><p>Idoso), para aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o</p><p>tratamento do superendividamento. Brasília: Presidência da República, 2021. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1. Acesso em:</p><p>29 abr. 2024.</p><p>MIRAGEM, B. Curso de direito do consumidor. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2024.</p><p>NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.</p><p>SOUZA, S. C.; WERNER, J. G. V.; NEVES, T. F. C. Direito do consumidor. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2018.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559648856/epubcfi/6/38%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml19%5D!/4</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>TARTUCE, F.; NEVES, D. A. A. Manual de direito de consumidor: direito material e processual. 12.</p><p>ed. Rio de janeiro: Método, 2023.</p><p>Aula 3</p><p>Práticas Abusivas Nas Relações De Consumo</p><p>Práticas abusivas nas relações de consumo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, trataremos das práticas abusivas nas relações de consumo. Inicialmente,</p><p>entenderemos o conceito dessas práticas e sua evolução ao longo do tempo, destacando como</p><p>o Código de Defesa do Consumidor (CDC) foi crucial para proibir condutas que desequilibravam</p><p>as negociações em favor dos fornecedores. Em seguida, analisaremos as práticas abusivas em</p><p>diferentes fases da relação contratual, abordando as pré-contratuais, as contratuais e as pós-</p><p>contratuais.</p><p>Aprofundaremos, então, nosso estudo em algumas práticas abusivas, como a venda casada, a</p><p>recusa de atendimento, o envio não solicitado de produtos e outras, examinando suas</p><p>implicações legais e seus impactos no consumidor. Por �m, discutiremos a extinção do contrato</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>de consumo, explorando o direito de arrependimento, a revisão contratual e os casos de rescisão</p><p>por onerosidade excessiva.</p><p>Como as práticas abusivas no pré-contrato, como a venda casada, podem comprometer a</p><p>liberdade de escolha do consumidor? Quais são os impactos das cláusulas abusivas em</p><p>contratos de adesão na autonomia do consumidor, e como o CDC aborda essa questão? Diante</p><p>da variedade de cláusulas abusivas, como aquelas que impõem inversão do ônus da prova, de</p><p>que maneira o consumidor pode se proteger e contestar essas práticas?</p><p>Vamos começar?</p><p>Vamos Começar!</p><p>O que são práticas abusivas?</p><p>No passado, quando</p><p>as relações de consumo eram mais desequilibradas, os fornecedores</p><p>tinham muito poder sobre os consumidores. Isso acontecia porque as negociações eram</p><p>unilateralmente controladas pelos fornecedores, que decidiam as condições dos contratos,</p><p>como os de adesão. Nesse contexto, práticas abusivas se tornaram comuns, e as leis da época</p><p>não estavam preparadas para proteger os consumidores. Porém, com o surgimento do Código</p><p>de Defesa do Consumidor (CDC), essas práticas foram expressamente proibidas, visando corrigir</p><p>tal desequilíbrio e proteger os direitos dos consumidores (Almeida, 2023).</p><p>De forma simpli�cada, práticas abusivas referem-se a ações ou comportamentos do fornecedor</p><p>que não seguem os padrões éticos nas relações de consumo. Ao ultrapassarem os limites da</p><p>conduta comercial aceitável e, especialmente, da boa-fé no exercício da atividade empresarial,</p><p>tais práticas con�guram abuso do direito, sendo consideradas ilícitas conforme o art. 187 do</p><p>Código Civil. Portanto, são expressamente proibidas (Cavalieri Filho, 2022).</p><p>Quanto ao momento em que se manifestam no processo econômico, as práticas abusivas</p><p>podem ser divididas em duas categorias: as produtivas, relacionadas à fase de produção,</p><p>envolvendo a oferta de produtos ou serviços que não seguem as normas estabelecidas por</p><p>órgãos competentes; e as comerciais, que ocorrem após a produção, caracterizando-se pelo</p><p>aproveitamento da vulnerabilidade do consumidor, como idade, saúde ou condição social, para</p><p>impor produtos ou serviços. Tais condutas são vedadas pelo CDC, no art. 39, incisos VIII e IV,</p><p>respectivamente (Almeida, 2023).</p><p>Quanto à fase que diz respeito à relação contratual, as práticas abusivas podem ser divididas em</p><p>três momentos: pré-contratuais, contratuais e pós-contratuais:</p><p>Práticas abusivas pré-contratuais: ocorrem antes da formalização do contrato e incluem</p><p>condicionamento do fornecimento de produto ou serviço a outros, sem justa causa, ou</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>imposição de limites quantitativos. Essas práticas são proibidas pelo art. 39, inciso I, do</p><p>CDC.</p><p>Práticas abusivas contratuais: são as presentes no conteúdo do contrato, envolvendo</p><p>cláusulas abusivas que limitam a responsabilidade do fornecedor por defeitos nos</p><p>produtos ou serviços, ou que implicam renúncia a direitos. O CDC considera nulas de pleno</p><p>direito essas cláusulas, conforme o art. 51.</p><p>Práticas abusivas pós-contratuais: manifestam-se após a conclusão formal do contrato,</p><p>continuando a vigorar deveres derivados dos princípios da boa-fé e da lealdade. Um</p><p>exemplo é a divulgação depreciativa de atos do consumidor no exercício de seus direitos,</p><p>conduta proibida pelo art. 39, inciso VII, do CDC (Almeida, 2023).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Práticas abusivas pré-contratuais</p><p>O art. 39 da Lei nº 8.078/1990 (CDC), que deve ser interpretado de maneira objetiva, enumera, de</p><p>forma exempli�cativa, diversas situações consideradas práticas abusivas. Elas são ações ou</p><p>condutas que, ao existirem, são consideradas ilícitas, independentemente de haver ou não um</p><p>consumidor prejudicado ou que se sinta prejudicado. Elas são intrinsecamente ilícitas, existindo</p><p>efetivamente no mundo fenomênico (Almeida, 2023).</p><p>Dentre as diversas práticas abusivas elencadas pelo CDC, há algumas sobre as quais nos</p><p>debruçaremos nesta aula. A seguir, estão explicações mais detalhadas sobre cada uma das</p><p>práticas selecionadas para este estudo.</p><p>A venda casada é uma estratégia comercial em que o fornecedor condiciona a venda de um</p><p>produto ou serviço à aquisição de outro, sem justi�cativa técnica ou econômica para isso. O art.</p><p>39, inciso I, do CDC expressamente proíbe essa prática, reconhecendo-a como uma forma de</p><p>coerção ao consumidor. Essa proibição tem como objetivo preservar a liberdade de escolha do</p><p>consumidor, assegurando que ele não seja compelido a adquirir itens indesejados para ter</p><p>acesso ao produto ou serviço desejado. A venda casada contraria os princípios fundamentais do</p><p>consumo consciente e equitativo, por isso sua proibição busca manter um ambiente de mercado</p><p>mais justo e transparente.</p><p>A recusa de atendimento diz respeito à “negação de venda por parte dos fornecedores ou</p><p>prestadores, levando-se em conta as suas disponibilidades e os costumes gerais” (Tartuce;</p><p>Neves, 2022, p. 449). Essa prática é muito comum em supermercados em dias de promoção,</p><p>quando é imposta uma limitação para a aquisição de produtos. Também con�gura recusa de</p><p>atendimento a não aceitação de determinada forma de pagamento e a não disponibilização</p><p>gratuita de embalagens que auxiliam os consumidores a levarem suas compras para casa.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O envio de produto não solicitado refere-se à conduta de fornecedores que enviam produtos ao</p><p>consumidor sem a expressa solicitação ou autorização prévia. Essa prática é expressamente</p><p>vedada pelo art. 39, inciso II, do CDC, que busca resguardar a autonomia do consumidor e</p><p>protegê-lo contra a imposição de mercadorias indesejadas. Ao coibir o envio não solicitado de</p><p>produtos, o CDC assegura que o consumidor não seja surpreendido por cobranças indevidas ou</p><p>pela responsabilidade de devolução de itens não desejados. Essa medida visa evitar abusos por</p><p>parte dos fornecedores, promovendo relações de consumo mais equitativas.</p><p>A exigência de vantagem manifestamente excessiva representa uma situação em que o</p><p>fornecedor, de maneira desproporcional e prejudicial ao consumidor, impõe condições ou</p><p>cláusulas contratuais que resultam em desequilíbrio nas relações de consumo. O art. 39, inciso V,</p><p>do CDC proíbe expressamente essa prática, reconhecendo-a como prejudicial à parte mais</p><p>vulnerável na relação. Essa vedação tem como propósito assegurar a equidade nas transações</p><p>comerciais, impedindo que o fornecedor se aproveite da posição de superioridade para impor</p><p>termos contratuais excessivamente onerosos ao consumidor.</p><p>A execução de serviços sem prévia elaboração de orçamento consiste na realização do trabalho</p><p>antes mesmo de existir aprovação expressa do consumidor para que o trabalho seja iniciado. A</p><p>falta dessa concordância resultará na isenção do consumidor de qualquer pagamento,</p><p>con�gurando-se como uma situação de serviço sem custos. Mas há uma ressalva relativa a</p><p>práticas anteriores entre as partes, que indica a dispensa da elaboração de um orçamento prévio</p><p>se tal prática for habitual entre as partes envolvidas, como deixar o carro para revisão mensal na</p><p>mesma o�cina (Almeida, 2023).</p><p>A elevação sem justa causa do preço de produtos ou serviços é quando o fornecedor aumenta o</p><p>preço se o pagamento for feito com cartão de crédito ou se, ao contrário, oferece um "desconto"</p><p>para pagamentos em dinheiro. Ambas as situações, em nossa visão, caracterizam práticas</p><p>abusivas que violam o dispositivo do CDC atualmente em análise.</p><p>A ausência de prazo é quando o fornecedor, de acordo com o art. 39, inciso XII, do CDC, deixar</p><p>“de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a �xação de seu termo inicial</p><p>a seu exclusivo critério” (Brasil, 1990, art. 39, inciso XII). Assim, é necessário ser estipulado um</p><p>prazo para entrega do produto, sendo esta uma responsabilidade do fornecedor.</p><p>O CDC também aborda comportamentos abusivos em outros artigos, como evidenciado no art.</p><p>42, que proíbe a exposição do consumidor inadimplente a situações ridículas, constrangimentos</p><p>ou ameaças durante a cobrança de débitos. A transgressão desse mandamento legal é</p><p>inequivocamente considerada uma prática abusiva (Almeida, 2023).</p><p>Práticas abusivas contratuais</p><p>Diferentemente do modelo geral do direito civil comum, no qual há a previsão de alguns</p><p>contratos típicos, na legislação consumerista não há esse tipo de especi�cação. Isso porque a</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>incidência do CDC ocorre em função da qualidade que as partes ostentem em dada relação. Se</p><p>preenchidos os pressupostos de quali�cação das partes, ora como fornecedor, ora como</p><p>consumidor, destinatário �nal do produto, e marcado por certa vulnerabilidade, então estaremos</p><p>diante de um contrato sobre</p><p>o qual recairá o conjunto de regras e princípios que formam o</p><p>estatuto de proteção das relações de consumo (Tartuce; Neves, 2023).</p><p>No entanto, há no CDC a previsão de um contrato muito comum no dia a dia: o contrato de</p><p>adesão. Previsto no art. 54 do CDC, o contrato de adesão é aquele, como o próprio nome indica,</p><p>em que não houve discussão das cláusulas, sobretudo por parte do consumidor que, por</p><p>conseguinte, meramente adere a ele (Nunes, 2021). Em tais contratos, as cláusulas que</p><p>porventura limitem direitos do consumidor deverão ser redigidas de maneira destacada,</p><p>permitindo sua imediata e facilitada compreensão, bem como deverão constar no contrato de</p><p>adesão apenas cláusulas legíveis, escritas de maneira ostensiva, cujo tamanho da letra não</p><p>poderá ter fonte inferior a doze, tal como determinado pelos §§3º e 4º do art. 54.</p><p>As chamadas cláusulas abusivas em contratos de consumo têm o intuito de estabelecer uma</p><p>relação desigual de vantagens e desvantagens entre as partes envolvidas na relação</p><p>consumerista. As situações que caracterizam a abusividade têm previsão, de forma</p><p>exempli�cativa, no art. 51 do CDC, que dispõe que “são nulas de pleno direito, entre outras, as</p><p>cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços [...]” (Brasil, 1990, art. 51).</p><p>São nulas de pleno direito as cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem a</p><p>responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e dos serviços ou</p><p>impliquem renúncia ou disposição de direitos, ou seja, não têm validade as cláusulas tendentes a</p><p>diminuir ou excluir o dever de o fornecedor responder por eventuais problemas em seus produtos</p><p>ou na prestação de serviços. Tal disposição encontra respaldo legal no art. 51, inciso I, do CDC.</p><p>Igualmente, conforme previsão do art. 51, inciso II, do CDC, são nulas as cláusulas que subtraem</p><p>ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, que funciona como verdadeiro</p><p>instrumento de vedação ao enriquecimento ilícito, ou seja, aquele que, sem justa causa, à custa</p><p>de outro indivíduo, aufere determinada vantagem. Ainda, são abusivas as cláusulas que</p><p>transmitam responsabilidades a terceiros, conforme previsto no art. 51, inciso III, do CDC.</p><p>O art. 51, inciso IV, do CDC veda cláusulas que imponham ao consumidor obrigações iníquas,</p><p>resultando em desvantagem exagerada e contrariando princípios como boa-fé e equidade.</p><p>Exemplos de situações de possível abuso incluem a ofensa aos princípios fundamentais do</p><p>sistema jurídico e a onerosidade excessiva em relação à natureza e ao conteúdo do contrato,</p><p>interesses das partes e circunstâncias especí�cas.</p><p>Ainda, são consideradas abusivas, nos termos art. 51, inciso VI, do CDC, as cláusulas que</p><p>estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor. Como regra geral, cabe ao</p><p>autor provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu provar os fatos modi�cativos, extintivos</p><p>e impeditivos do direito alegado pelo autor, em eventual processo judicial. Todavia, no caso das</p><p>relações de consumo, se restar demonstrada a verossimilhança das alegações, ou seja, se</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>houver um juízo de probabilidade tendente a concluir que tais alegações são inequívocas ou que</p><p>há hipossu�ciência do consumidor, isto é, se este se encontrar em uma situação de impotência</p><p>ou de inferioridade em relação ao fornecedor, poderá haver a inversão do encargo de produção</p><p>da prova em favor do consumidor.</p><p>Ademais, em observância à redação do art. 51, inciso VII, do CDC, são nulas as cláusulas que</p><p>determinem a utilização compulsória de arbitragem, que pode ser caracterizada como um meio</p><p>alternativo de solução de con�itos no qual as partes envolvidas estabelecem que um terceiro</p><p>resolverá eventuais lides, ou seja, não haverá interferência do poder judiciário. Também são</p><p>abusivas, em conformidade com o art. 51, inciso VIII, do CDC, as cláusulas que imponham</p><p>representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor, ou seja, não é</p><p>válida a disposição que afaste uma pessoa do exercício efetivo de seus direitos.</p><p>São igualmente abusivas, na redação do art. 51, inciso IX, do CDC, as cláusulas que deixem ao</p><p>fornecedor a opção de concluir ou não o contrato embora obriguem o consumidor a seu</p><p>cumprimento. Ou seja, é evidente a falta de equivalência, deixando a conclusão do negócio</p><p>jurídico à mercê do fornecedor. Além disso, são caracterizadas, consoante art. 51, inciso X, do</p><p>CDC, como abusivas, as cláusulas que permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, impor</p><p>variação do preço de maneira unilateral. Dado que, como exposto anteriormente, a vedação à</p><p>abusividade das cláusulas tem como fundamento impedir o enriquecimento ilícito, isto é, à custa</p><p>de outrem, tal impedimento tem o objetivo de conservar o negócio jurídico de forma equivalente</p><p>e justa para ambas as partes envolvidas.</p><p>Ainda, há evidente abusividade, conforme disposto no art. 51, inciso XI, do CDC, nas cláusulas</p><p>que autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja</p><p>conferido ao consumidor. Uma vez que o regramento voltado às relações consumeristas tem o</p><p>intuito de promover a equiparação do consumidor, hipossu�ciente, ao fornecedor, superiormente</p><p>posicionado em virtude do conhecimento técnico e do aspecto econômico, tal cláusula tem o</p><p>intuito de preservar a equidade e a boa-fé objetiva, princípio que deve nortear os negócios</p><p>jurídicos, sobretudo os contratos voltados às relações de consumo (Nunes, 2021).</p><p>Saliente-se, ainda, que são dotadas de abusividade, nos termos do art. 51, inciso XII, do CDC, as</p><p>disposições que obrigam o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem</p><p>que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor. Isto implica dizer que o conteúdo de tais</p><p>cláusulas não é vedado, desde que seja imposto à parte contrária.</p><p>São, também, nulas de pleno direito, dada a redação do art. 51, inciso XIII, do CDC, as cláusulas</p><p>que autorizem o fornecedor a modi�car unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,</p><p>após sua celebração. Tal disposição implica a�rmar que, após convencionados pelas partes os</p><p>ônus e bônus recíprocos da relação contratual, não cabe ao fornecedor, sem a devida anuência</p><p>do consumidor, isto é, sem seu consentimento, alterar o objeto ou a qualidade do que</p><p>anteriormente foi acertado.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Em virtude da preocupação cada vez maior com as questões ambientais, são igualmente</p><p>abusivas, segundo o art. 51, inciso XVI, do CDC, as disposições que infrinjam ou possibilitem a</p><p>violação de normas ambientais. Logo, sendo o meio ambiente um bem de uso comum do povo e</p><p>essencial à sadia qualidade de vida e sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um</p><p>direito de todos, quaisquer cláusulas que lhe causem danos são consideradas nulas.</p><p>A �m de expandir ainda mais a proteção do consumidor, são abusivas, conforme art. 51, inciso</p><p>XV, do CDC, as cláusulas que estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor,</p><p>ou seja, qualquer disposição cujo conteúdo seja divergente da legislação consumerista é</p><p>considerada nula. Por �m, nos termos do art. 51, inciso XVI, do CDC, são caracterizadas como</p><p>abusivas as cláusulas que possibilitem a renúncia ao direito de indenização por benfeitorias</p><p>necessárias, bens acessórios que visam melhorar o objeto principal. Tal previsão tem o propósito</p><p>de tutelar a boa-fé do consumidor.</p><p>Extinção do contrato de consumo</p><p>Muitas vezes, o consumidor encontra certa di�culdade e resistência do fornecedor para pôr</p><p>termo ao negócio jurídico. Em geral, os contratos se extinguem pelo adimplemento da obrigação,</p><p>ou seja, por seu cumprimento. Entretanto, em algumas situações, o contrato pode ser extinto por</p><p>causas anteriores ou contemporâneas à sua formação, como no caso de invalidação do negócio</p><p>jurídico.</p><p>O direito de arrependimento é uma causa contemporânea ao contrato e que confere às partes a</p><p>possibilidade de terminar unilateralmente o contrato dentro do prazo convencionado ou antes de</p><p>sua execução,</p><p>pois o cumprimento da obrigação caracteriza renúncia a esse direito. A outra</p><p>parte não poderá se opor, uma vez que admitiu a cláusula que previa o direito de arrependimento</p><p>(Nunes, 2021). É o que observamos na possibilidade de o consumidor desistir do contrato no</p><p>prazo de 7 (sete) dias, contados da assinatura ou do recebimento do produto ou serviço, na</p><p>hipótese de a contratação ter ocorrido fora do estabelecimento comercial, sobretudo por</p><p>telefone ou em domicílio, conforme previsto no art. 49, do CDC.</p><p>Ademais, poderá haver a revisão do contrato pela ocorrência de fato superveniente, ou seja, por</p><p>algum motivo que aconteceu depois da celebração do contrato. Assim, conforme previsão do art.</p><p>6º do CDC, ao veri�car-se que a cláusula contratual estabelece prestação desproporcional, ou em</p><p>virtude de fatos ocorridos depois que o contrato foi �rmado, tais prestações serão consideradas</p><p>excessivamente onerosas, autorizando a revisão do contrato ou mesmo o seu encerramento</p><p>(Filomeno, 2018).</p><p>Além disso, é possível que a rescisão do contrato ocorra em razão da onerosidade excessiva,</p><p>que se manifesta diante da ocorrência de um fato extraordinário e alheio à vontade das partes,</p><p>resultando em um desequilíbrio contratual substancial. Diante desse cenário, o consumidor tem</p><p>o direito de solicitar a extinção do contrato, o que lhe proporciona uma proteção adicional, pois</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>assegura que não seja prejudicado de maneira desproporcional por circunstâncias imprevistas</p><p>que afetem a execução do contrato (Nunes, 2021).</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Encerramos mais uma aula sobre legislação consumerista, cujo tema “práticas abusivas nas</p><p>relações de consumo” foi desenvolvido desde as fases pré-contratuais até a extinção do</p><p>contrato. Ao analisarmos perguntas especí�cas sobre liberdade de escolha, autonomia do</p><p>consumidor e estratégias para contestar práticas abusivas buscamos entender como a</p><p>legislação procura equilibrar as relações comerciais.</p><p>Práticas abusivas no pré-contrato, como a venda casada, têm o potencial de comprometer</p><p>seriamente a liberdade de escolha do consumidor. A venda casada ocorre quando o fornecedor</p><p>condiciona a venda de um produto ou serviço à aquisição de outro, que pode não ser desejado</p><p>pelo consumidor. Isso reduz as opções deste, forçando-o a adquirir produtos ou serviços</p><p>adicionais que não deseja ou necessita.</p><p>Os impactos das cláusulas abusivas em contratos de adesão são igualmente signi�cativos para</p><p>a autonomia do consumidor. Contratos de adesão são aqueles cujas cláusulas são previamente</p><p>redigidas pelo fornecedor, sem possibilidade de negociação individual por parte do consumidor.</p><p>Cláusulas abusivas são aquelas que contrariam os princípios de boa-fé, o equilíbrio contratual e a</p><p>�nalidade protetiva do CDC. Essas cláusulas podem impor desvantagens exageradas ou</p><p>indevidas ao consumidor, restringindo sua liberdade de escolha e desequilibrando a relação</p><p>contratual. Os consumidores têm meios para contestar essas práticas, demonstrando a</p><p>verossimilhança de suas alegações.</p><p>Em suma, compreender esses conceitos é fundamental para uma participação informada e</p><p>empoderada no mercado de consumo. Continue a questionar, a explorar e a aplicar esse</p><p>conhecimento, pois ele é a chave para relações comerciais mais justas e éticas. Parabéns pelo</p><p>empenho!</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre as práticas abusivas na relação de consumo, leia o Capítulo 10.4 do livro</p><p>intitulado Direito do consumidor esquematizado, do autor Fabrício Bolzan de Almeida.</p><p>ALMEIDA, F. B. de. Direito do consumidor esquematizado. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553626515/epubcfi/6/80[%3Bvnd.vst.idref%3DCap10.xhtml]!/4[DireitoConsumidorEsquematizado_11ed_Ebook-10]/2/84/7:317[ati%2Cva%5E%2C</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, F. B. de. Direito do consumidor esquematizado. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,</p><p>DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá</p><p>outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 29 abr. 2024.</p><p>CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 6. ed. Barueri: Atlas, 2022.</p><p>FILOMENO, J. G. B. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.</p><p>TARTUCE, F.; NEVES, D. A. A. Manual de direito de consumidor: direito material e processual. 12.</p><p>ed. Rio de janeiro: Método, 2023.</p><p>Aula 4</p><p>Reponsabilidade Civil Nas Relações De Consumo</p><p>Reponsabilidade civil nas relações de consumo</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, estudaremos a responsabilidade civil nas relações de consumo, explorando os</p><p>fundamentos do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Diante disso, abordaremos as duas</p><p>principais espécies de responsabilidade (por fato do produto ou serviço e por vício do produto ou</p><p>serviço) e estudaremos a distinção entre responsabilidade subjetiva e objetiva, destacando a</p><p>peculiaridade da responsabilidade objetiva nas relações de consumo. Além disso, exploraremos</p><p>os conceitos fundamentais do CDC, como produtos defeituosos, vícios e as formas de</p><p>reparação. A aula também incluirá aspectos administrativos, a �m de que possamos analisar a</p><p>atuação dos órgãos públicos na �scalização e as sanções aplicáveis. Por �m, abordaremos a</p><p>responsabilidade penal, analisando os crimes contra o consumidor previstos no CDC.</p><p>Para o desenvolvimento de nossas re�exões, considere as seguintes questões: em que medida a</p><p>distinção entre responsabilidade subjetiva e objetiva nas relações de consumo impacta a busca</p><p>por reparação de danos pelos consumidores? Como essa diferenciação pode in�uenciar a</p><p>postura dos fornecedores na oferta de produtos e serviços? De que forma as sanções</p><p>administrativas e penais contribuem para a proteção efetiva dos direitos dos consumidores?</p><p>Como essas medidas podem atuar como instrumentos de dissuasão de práticas prejudiciais por</p><p>parte dos fornecedores? Como a conscientização sobre os direitos do consumidor pode</p><p>promover uma cultura de responsabilidade e transparência no mercado, bene�ciando não</p><p>apenas os indivíduos, mas a sociedade como um todo?</p><p>Bons estudos!</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Vamos Começar!</p><p>Responsabilidade civil e dever de indenizar</p><p>Como, a partir de agora, estudaremos a responsabilidade civil nas relações consumeristas,</p><p>precisaremos, primeiramente, entender o que é a responsabilidade jurídica: situação que tem</p><p>origem em uma ação ou na omissão de um indivíduo que, contrariando o regramento jurídico,</p><p>obriga-se a responder por tais fatos com seus bens ou sua pessoa (Tartuce; Neves, 2023).</p><p>A responsabilidade decorre do inadimplemento da obrigação, que faz parte da relação do</p><p>consumo, ou seja, trata-se da consequência do descumprimento da relação que obrigou as</p><p>partes. Nos casos especí�cos dos contratos, temos como fonte da responsabilidade a vontade</p><p>humana, dado que eles se perfazem pelo consensualismo, ou seja,</p><p>pela manifestação de</p><p>vontade de ambas as partes envolvidas.</p><p>Via de regra, alguns fatores são apurados a �m de veri�car o grau de responsabilidade. Assim,</p><p>devem ser obedecidos alguns pressupostos primordiais:</p><p>Con�guração de um dano, isto é, prejuízo.</p><p>Ofensa de caráter material ou moral, já que não é apenas o prejuízo puramente econômico</p><p>(material) que se tutela, mas é também a mácula, o sofrimento moral e a ilicitude causada</p><p>com repercussão no bem-estar da pessoa, seja psíquico, seja emocional.</p><p>Nexo causal, ou seja, deve-se veri�car uma relação entre causa e efeito.</p><p>Culpa, que pode ser de�nida como uma ação ou omissão reprovável de acordo com os</p><p>valores tidos como comuns pela sociedade (Souza; Werner; Neves, 2018).</p><p>Nesse sentido, a culpa é graduada como grave (quali�cada pela falta de cautela, mínimo</p><p>cuidado, zelo – trata-se de uma atitude repreensível grosseira); leve (identi�cada pela falta de</p><p>atenção ordinária, comum segundo os parâmetros sociais); e levíssima (tipi�cada pela falta de</p><p>atenção extraordinária, na desatenção de circunstância que requer cuidado extremo).</p><p>Observados tais aspectos, está caracterizada a chamada responsabilidade subjetiva, que</p><p>pressupõe o elemento culpa como seu fundamento.</p><p>Entretanto, nas relações de consumo, a caracterização do dever de responder independe da</p><p>veri�cação e da gradação do elemento culpa. Logo, trata-se de responsabilidade mais grave,</p><p>determinando a obrigatoriedade da reparação. Assim, conforme o regramento do CDC, nos arts.</p><p>12, 14, 18, 19 e 20, só existe a necessidade de comprovação da ação ou da omissão, do</p><p>resultado (dano, prejuízo) e do nexo de causalidade para atribuir-se a responsabilidade objetiva</p><p>aos fornecedores de produtos e prestadores de serviços (Almeida, 2023). A única exceção reside</p><p>no caso dos pro�ssionais liberais, conforme §4º do art. 14 do CDC, segundo o qual: “a</p><p>responsabilidade pessoal dos pro�ssionais liberais será apurada mediante a veri�cação de</p><p>culpa” (Brasil, 1990, art. 14, § 4º).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A responsabilidade civil nas relações de consumo, via de regra, é objetiva. E, na responsabilidade</p><p>objetiva, não há necessidade de se provar a culpa do agente causador do dano. Isso signi�ca</p><p>dizer que o consumidor prejudicado, lesado, para buscar eventual indenização, ressarcimento ou</p><p>reparação por danos morais ou materiais de fornecedores de produtos ou serviços, deverá</p><p>demonstrar três elementos:</p><p>Ação ou omissão.</p><p>Dano.</p><p>Nexo causal.</p><p>Note-se que o dever de reparo encontra respaldo na Constituição da República de 1988, no art.</p><p>5º, incisos V e X, e abrange mais do que apenas os danos relativos aos bens, prevalecendo o</p><p>dever de ressarcimento nas hipóteses de vício, ausência ou insu�ciência de informações que</p><p>deveriam constar no rótulo dos produtos ou no oferecimento de prestação de serviços. A �m de</p><p>compreender com precisão a temática, analisaremos a seguir alguns conceitos basilares e</p><p>imprescindíveis do CDC.</p><p>Devemos lembrar que fornecedor, nos termos do art. 3º do CDC, são as pessoas que</p><p>desenvolvem “atividade de produção, montagem, criação, construção, transformações,</p><p>importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”</p><p>(Brasil, 1990, art. 3º, caput). Ressalte-se que atividade, nesse contexto, é con�gurada por atos</p><p>continuados e habituais, ou seja, a prática de atos isolados não quali�ca a �gura de fornecedor.</p><p>Além disso, nessas hipóteses apresentadas, quando há vários autores integrantes da cadeia</p><p>produtiva, haverá responsabilidade solidária entre todos eles (Almeida, 2023).</p><p>Dessa forma, o consumidor poderá acionar judicialmente qualquer das partes responsáveis pela</p><p>colocação do produto ou serviço no mercado. É válido pontuar aqui que são nulas as cláusulas</p><p>tendentes a atenuar ou até mesmo a excluir a responsabilidade do fornecedor. Além disso,</p><p>equiparam-se a consumidor todas as vítimas efetivas e potenciais.</p><p>Ainda no que tange à indenização, o art. 51, inciso I, do CDC veda a chamada “indenização</p><p>tarifada”, isto é, não há limitação para a �xação da indenização, que será integral e su�ciente</p><p>conforme a extensão do dano veri�cado.</p><p>O CDC prevê a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica para �ns de</p><p>responsabilização patrimonial. Nesse sentido, o art. 28 do CDC estabelece que o juiz poderá</p><p>desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando esta praticar atos em prejuízo do</p><p>consumidor, notadamente quando incorrer em abuso de direito, excesso de poder, infração das</p><p>disposições legais por cometimento de ato ilícito, bem como por violação dos estatutos ou</p><p>contrato social. Igualmente, a “desconsideração também será efetivada quando houver falência,</p><p>estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má</p><p>administração” (Brasil, 1990, art. 28, caput).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Além disso, no caso de grupo econômico ou sociedades controladas por outras sociedades, elas</p><p>serão responsáveis subsidiariamente pelas obrigações estabelecidas pela legislação</p><p>consumerista. Isso serve como garantia de que as obrigações serão cumpridas, inclusive o</p><p>pagamento de indenizações, se necessário. Por outro lado, sociedades que operam em</p><p>consórcio, uma forma de parceria com objetivos especí�cos, são solidariamente responsáveis.</p><p>Isso signi�ca que um ato praticado por uma delas, que resulte em obrigação de indenizar, pode</p><p>ser exigido integralmente da outra sociedade participante do consórcio (Almeida, 2023).</p><p>Fundamental regra, no entanto, está presente no §5º do art. 28 do CDC, segundo o qual a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica poderá ocorrer sempre que esta constituir, de</p><p>qualquer modo, em obstáculo ao dever de ressarcimento de prejuízos causados aos</p><p>consumidores.</p><p>Responsabilidade civil pelo fato e pelo vício do produto ou</p><p>serviço</p><p>No contexto das relações de consumo, duas são as espécies de responsabilidade: pelo fato do</p><p>produto ou serviço e pelo vício do produto ou serviço. A seguir, ambas serão minuciosamente</p><p>analisadas e diferenciadas.</p><p>A responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço deriva de danos provindos do produto ou</p><p>do serviço, os chamados acidentes de consumo (Almeida, 2023). Conforme previsto no art. 12</p><p>do CDC, é considerado fato do produto todo e qualquer acidente ocasionado por produto ou</p><p>serviço que provocar prejuízo ao consumidor. Vale a pena, aqui, transcrever o referido dispositivo:</p><p>Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,</p><p>independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos</p><p>consumidores por DEFEITOS decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,</p><p>fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por</p><p>informações insu�cientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (Brasil, 1990, art. 12,</p><p>caput, grifos nossos).</p><p>Ainda, a legislação consumerista explicita o que são os produtos ou serviços defeituosos para</p><p>�ns de caracterização da responsabilidade pelo fato do produto ou serviço. Consoante dispõe o</p><p>art. 12, §1º, do CDC, considera-se defeituoso o produto que não manifeste a segurança que</p><p>deveria, observados sua apresentação, seu uso e o risco presumível, bem como a época em que</p><p>ele foi colocado no mercado (Filomeno, 2018).</p><p>Ainda nesse sentido, o art. 12, §1º, inciso II, do CDC determina como defeituoso o produto que</p><p>contenha dados insu�cientes ou inadequados quanto à sua utilização e a seu risco, o que leva</p><p>em consideração até mesmo as informações veiculadas em meio publicitário, que devem ser</p><p>apresentadas de forma completa, com todos os dados necessários, conforme art. 31 do CDC.</p><p>Assim, entende-se por produto defeituoso aquele que não oferece a segurança esperada, levando</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>em conta algumas circunstâncias relevantes, como sua apresentação, seu uso e os riscos</p><p>esperados à época em que foi colocado em circulação.</p><p>Nesse contexto, convém fazer uma diferenciação entre defeitos extrínsecos e intrínsecos.</p><p>Os</p><p>defeitos extrínsecos são os de informação: espécie de defeito formal que ocorre quando há</p><p>informação insu�ciente ou errônea sobre como deve ser utilizado o produto. Já os defeitos</p><p>intrínsecos podem ser: defeito de concepção, que consiste nos erros e nas de�ciências</p><p>ocasionados durante o planejamento e a idealização do produto ou serviço; e defeito de</p><p>fabricação, que ocorre quando o produto é concebido sem a observância do projeto, empregando</p><p>ou deixando de empregar componentes previstos conforme idealizado.</p><p>São exemplos de fato do produto, um aparelho de ventilação cuja hélice se desintegra,</p><p>ocasionando ferimentos ao consumidor, bem como o caso de aparelhos de celular cujas baterias</p><p>explodem, causando queimaduras (danos) no consumidor. Ainda, é possível mencionar os</p><p>alimentos estragados que podem causam intoxicações. Como fato do serviço, observamos a</p><p>utilização de tintas tóxicas em serviços de pintura que provocam intoxicações. Além disso, um</p><p>serviço de dedetização com dosagem superior que cause igualmente intoxicações caracteriza o</p><p>fato do serviço.</p><p>Nesse sentido, a responsabilidade principal é voltada ao fabricante, ao produtor, ao construtor ou</p><p>ao importador do produto (Nunes, 2021). O comerciante só responderá de forma solidária, na</p><p>forma do art. 13 do CDC, quando veri�cado que:</p><p>Ele não conservou adequadamente os produtos perecíveis.</p><p>O fornecedor não pode ser identi�cado.</p><p>O produto foi fornecido sem identi�cação clara do fabricante, do produtor, do construtor ou</p><p>do importador.</p><p>Ressalte-se que há previsão legal, no art. 13, parágrafo único, do CDC no sentido do chamado</p><p>direito de regresso, isto é, a parte que efetivamente ressarcir o prejuízo do consumidor poderá</p><p>acionar os demais responsáveis consoante sua participação no dano.</p><p>A responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço, por sua vez, está relacionada a vícios de</p><p>qualidade ou quantidade, intrínsecos, ou seja, quando se veri�ca que o defeito torna a coisa</p><p>imprópria ou inadequada para a utilização a que se destina ou, ainda, que diminua seu valor,</p><p>conforme previsto no art. 18 do CDC. Leia, a seguir, a redação do dispositivo:</p><p>Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem</p><p>solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou</p><p>inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles</p><p>decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem,</p><p>rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,</p><p>podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas (Brasil, 1990, art. 18, caput).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Além disso, são dotados de vício os produtos ou serviços que divirjam dos indicados nos rótulos,</p><p>nas embalagens, nos recipientes ou nas mensagens publicitárias. Nessas hipóteses, conforme</p><p>previsão do art. 18, §1º, do CDC, uma vez constatados vícios nos produtos, o consumidor poderá</p><p>exigir alguma das opções adiante, na hipótese de o vício não ser sanado no prazo máximo de 30</p><p>(trinta) dias:</p><p>Que o produto seja substituído por outro da mesma espécie, em perfeitas condições.</p><p>Que a quantia paga seja imediatamente restituída, com correção monetária e sem prejuízo</p><p>da apuração de eventuais perdas e danos.</p><p>Que haja abatimento proporcional do preço.</p><p>O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao</p><p>consumo ou lhes reduzam o valor, bem como quando o serviço destoar do anunciado em oferta</p><p>ou em publicidade, de modo que, na forma do art. 20 do CDC, o consumidor poderá exigir,</p><p>alternativamente:</p><p>Que os serviços sejam reexecutados, se possível, sem custo adicional.</p><p>Que a quantia paga seja restituída imediatamente, com correção monetária, e sem prejuízo</p><p>da apuração de eventuais perdas e danos.</p><p>Que haja abatimento proporcional do preço.</p><p>De acordo com o art. 26 do CDC, o direito de reclamar por vícios aparentes (aqueles de fácil</p><p>constatação) decai em 30 (trinta) dias para bens não duráveis, isto é, aqueles utilizados por</p><p>curtos períodos, cujo consumo é imediato (como produtos de higiene e alimentícios) e de 90</p><p>(noventa) dias para bens duráveis, ou seja, aqueles utilizados por longos períodos, no qual o</p><p>consumo não é instantâneo (como computadores, automóveis, celulares e televisores). Tais</p><p>prazos são iniciados a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução do serviço</p><p>(Kouri, 2020; Nunes, 2021). No que diz respeito aos vícios ocultos, o prazo é contado a partir do</p><p>momento em que o consumidor detectar o defeito.</p><p>Excludentes de responsabilidade civil nas relações de consumo</p><p>Como analisado anteriormente, nas relações consumeristas, a responsabilidade do fornecedor</p><p>independe da comprovação do elemento culpa, cabendo ao consumidor provar apenas o dano, a</p><p>conduta do agente e o liame entre a conduta e o dano (Theodoro Júnior, 2023). Todavia, a</p><p>exceção a essa regra encontra previsão nos termos do §3º do art. 12 do CDC relativamente à</p><p>exclusão da responsabilidade pelo fato do produto, quando fabricante, construtor, produtor ou</p><p>importador provar, alternativamente, que:</p><p>Não colocou o produto no mercado.</p><p>Apesar de o ter colocado, não há defeito.</p><p>A culpa é exclusivamente do consumidor ou de terceiros.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Igualmente, quanto ao fato do serviço, o §3º do art. 14 do CDC estabelece que o fornecedor do</p><p>serviço estará isento de responsabilidade nas hipóteses nas quais provar, alternativamente, que:</p><p>Prestado o serviço, o defeito é inexistente.</p><p>A culpa é exclusivamente do consumidor ou de terceiros.</p><p>Cumpre ressaltar, ainda, que nesses casos haverá inversão do ônus da prova, isto é, alteração do</p><p>encargo de produzir provas sempre que o juiz, na análise do caso concreto, veri�car que a</p><p>alegação do consumidor está próxima das evidências ou quando o consumidor for considerado</p><p>hipossu�ciente (Almeida, 2023).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Responsabilidade administrativa</p><p>Além da responsabilidade patrimonial decorrente de ilícitos cometidos no domínio da legislação</p><p>de proteção ao consumidor, o fornecedor de produtos ou serviços também poderá responder na</p><p>via administrativa, perante os órgãos públicos competentes.</p><p>O art. 55 do CDC dispõe quanto à participação de órgãos públicos para �scalização e atuação</p><p>administrativa na política de consumo. Desta feita, observa-se que a proteção administrativa pela</p><p>intervenção estatal se iniciou quando foi criado o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.</p><p>Essa participação empreende diligências preventivas e �scalizadoras para que sejam</p><p>resguardados os interesses e os direitos dos consumidores.</p><p>O mencionado dispositivo legal dispõe que a União, os estados, o Distrito Federal e os</p><p>municípios não terão apenas o poder de legislar sobre aspectos peculiares das relações de</p><p>consumo, mas também de �scalizar e controlar a produção, a industrialização, a distribuição e a</p><p>publicidade de produtos e serviços.</p><p>A apuração das práticas de infração ocorre por meio de processo administrativo, obedecendo a</p><p>determinadas exigências mencionadas no Decreto n° 2.181/1997, além da abordagem</p><p>sancionadora do CDC. Concluído o procedimento administrativo e veri�cada a procedência de</p><p>alguma infração, a autoridade competente aplicará a sanção que se amoldar à conduta infratora,</p><p>conforme previsão expressa no CDC, elencadas em seu art. 56. Para se aplicar qualquer uma das</p><p>sanções ao caso concreto, serão utilizadas a racionalidade e a razoabilidade como termômetros</p><p>para sua escolha.</p><p>Essas sanções têm como �nalidade principal proteger os valores essenciais que imperam na</p><p>sociedade, restando salientar que a sanção pecuniária visa ao pagamento de multa por parte do</p><p>fornecedor que tenha desrespeitado as normas protetivas consumeristas. Já as sanções</p><p>materiais são aquelas diretamente vinculadas ao bem de consumo e, quando detectada alguma</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>impropriedade, atinge o produto, tendo a matéria e sua essência contribuído para incidência de</p><p>pena. Por</p><p>garantir o crescimento e a prosperidade do</p><p>negócio (Magalhães, 2022).</p><p>Princípios aplicáveis à sociedade empresária</p><p>A compreensão dos princípios que regem as sociedades empresariais é de suma importância</p><p>para o entendimento e o funcionamento adequado das relações empresariais. Esses princípios</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>têm um papel fundamental na interpretação e na aplicação das práticas empresariais</p><p>contemporâneas, ajudando a garantir a justiça e a equidade nas operações comerciais.</p><p>O princípio da liberdade de associação está consagrado na Constituição Federal de 1988 e</p><p>garante às pessoas o direito de se unirem para buscar interesses comuns, como a criação de</p><p>sociedades empresariais. Ele protege a capacidade de os sujeitos envolvidos associarem-se</p><p>livremente e o direito de se dissociarem caso desejem. Isso é especialmente relevante em</p><p>sociedades empresariais, em que a liberdade de entrada e saída de sócios é essencial.</p><p>Já o princípio da autonomia patrimonial da sociedade estabelece que o patrimônio da sociedade</p><p>empresarial é separado dos bens dos sócios. Isso impede que as dívidas da empresa afetem os</p><p>ativos pessoais dos sócios. Se a empresa enfrentar problemas �nanceiros, eles não precisam</p><p>arcar com as obrigações da empresa além do que investiram.</p><p>Em contrapartida, o princípio da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios está</p><p>relacionado à autonomia patrimonial e estabelece que os bens dos sócios só podem ser</p><p>executados para cumprir as dívidas da sociedade após os ativos da empresa terem sido</p><p>esgotados. Isso protege os ativos pessoais dos sócios em caso de di�culdades �nanceiras da</p><p>empresa.</p><p>Ainda é importante considerar o princípio da limitação da responsabilidade dos sócios, que visa</p><p>incentivar o investimento, mantendo a responsabilidade dos sócios limitada ao capital por eles</p><p>investido na empresa. Isso reduz o risco pessoal, incentivando o empreendedorismo e a atração</p><p>de investidores.</p><p>Pelo princípio da prevalência da vontade da maioria, nas deliberações sociais, a vontade da</p><p>maioria dos sócios prevalece sobre a minoria. Isso não implica uma democracia, mas uma</p><p>distribuição de poder com base na participação no capital da sociedade. Esse princípio re�ete a</p><p>ideia de que quem investiu mais na empresa deve ter mais in�uência nas decisões.</p><p>Por �m, o princípio da proteção dos sócios minoritários estabelece que estes recebam proteção</p><p>contra abusos dos sócios majoritários, por meio de instrumentos como direitos de �scalização e</p><p>de recesso, que lhes permitam questionar e, em certos casos, sair da sociedade quando seus</p><p>interesses estão ameaçados.</p><p>Esses princípios desempenham um papel crucial para garantir que as relações empresariais</p><p>funcionem de maneira justa e equitativa, promovendo a proteção dos direitos dos sócios e</p><p>estimulando o crescimento dos negócios. Eles fornecem o arcabouço legal e ético que sustenta</p><p>a dinâmica das sociedades empresariais no cenário contemporâneo.</p><p>Ato constitutivo da sociedade empresária</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A constituição de uma sociedade empresária é um passo crucial no estabelecimento de um</p><p>empreendimento que pode ser realizado de duas formas: através do contrato social ou do</p><p>estatuto social. A escolha entre essas duas opções depende do tipo de sociedade e das leis que</p><p>a regem.</p><p>Quando se trata de sociedades por ações, cooperativas e entidades sem �ns lucrativos, as regras</p><p>para a constituição estão previstas na Lei nº 6.404/1976, que regulamenta esse tipo de</p><p>organização. Nesse contexto, o documento-chave é o estatuto social, que estabelece as normas</p><p>e diretrizes para orientar o funcionamento da sociedade.</p><p>Por outro lado, com relação às demais sociedades não mencionadas na Lei nº 6.404/1976, como</p><p>sociedades limitadas, a base legal é o Código Civil. Para elas, o instrumento de constituição é o</p><p>contrato social, que contém as disposições para reger o empreendimento.</p><p>O contrato social é um documento �exível, permitindo que as partes envolvidas de�nam, dentro</p><p>dos limites legais, as cláusulas que considerem relevantes para a gestão da sociedade. Isso</p><p>inclui a quali�cação dos sócios, o objeto social, o nome empresarial, a sede, o prazo de duração,</p><p>o capital social e as quotas dos sócios, além da nomeação do administrador. Além disso, ele</p><p>também pode conter cláusulas acidentais, que disciplinam aspectos não essenciais, mas que</p><p>podem ser importantes para o funcionamento da sociedade. Por �m, a constituição do contrato</p><p>social pode se dar por instrumento particular ou por instrumento público.</p><p>Já o estatuto social, de acordo com a Lei nº 6.404/1976, conta com requisitos preliminares mais</p><p>especí�cos, como a subscrição de todo o capital social por, no mínimo, duas pessoas e a</p><p>realização de, pelo menos, 10% do preço das ações subscritas em dinheiro. Essas entradas de</p><p>dinheiro devem ser depositadas em instituições �nanceiras autorizadas. Por �m, a constituição</p><p>do estatuto social pode ocorrer de duas formas: por subscrição pública, na qual os fundadores</p><p>buscam investidores para �nanciar a sociedade, ou por subscrição particular, na qual os</p><p>fundadores não buscam investidores externos.</p><p>Independentemente do tipo de sociedade, é importante ressaltar que existem procedimentos</p><p>adicionais, como o registro e a publicação dos atos constitutivos, necessários para a</p><p>regularização da sociedade perante a lei. Somente após a conclusão desses procedimentos a</p><p>sociedade pode iniciar suas atividades de forma regular.</p><p>Personalidade jurídica da sociedade empresária</p><p>A personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. É</p><p>adquirida com a inscrição do ato constitutivo (contrato social ou estatuto social) no órgão</p><p>público competente.</p><p>Efeitos da personalidade jurídica:</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Capacidade para o exercício de direitos e obrigações: a sociedade empresária pode,</p><p>legalmente, agir no mundo dos negócios, celebrando contratos, adquirindo propriedade,</p><p>litigando em tribunal e cumprindo obrigações contratuais.</p><p>Participação no polo ativo ou no passivo de uma relação jurídica: a entidade agora tem a</p><p>capacidade de participar de processos judiciais ou extrajudiciais como autor ou réu,</p><p>defendendo seus interesses ou cumprindo obrigações legais.</p><p>Nome próprio: a sociedade empresária tem um nome legalmente registrado, que a</p><p>identi�ca e a diferencia de outras entidades. Esse nome é geralmente escolhido no ato</p><p>constitutivo e deve ser único para evitar confusões.</p><p>Domicílio próprio: a entidade possui um domicílio legalmente estabelecido, geralmente</p><p>referido como "sede social". Esse domicílio é o local onde a sociedade empresária exerce</p><p>suas atividades e negociações e é distinto do domicílio dos seus sócios ou membros.</p><p>Patrimônio próprio: um dos aspectos mais essenciais da personalidade jurídica é que a</p><p>sociedade empresária tem um patrimônio distinto e separado dos bens e dos recursos</p><p>particulares de seus sócios. Isso signi�ca que os ativos e os passivos da entidade são</p><p>independentes dos ativos e dos passivos dos indivíduos que a compõem, oferecendo</p><p>proteção contra riscos comerciais.</p><p>Portanto, a aquisição da personalidade jurídica por uma sociedade empresária é um passo</p><p>importante que lhe confere a capacidade legal de realizar negócios, celebrar contratos, participar</p><p>de processos judiciais e manter um patrimônio independente. Essa separação entre a entidade e</p><p>seus sócios é um dos princípios fundamentais do direito empresarial, pois garante a estabilidade</p><p>e a proteção dos interesses tanto da empresa quanto dos seus sócios.</p><p>Entretanto, é possível que a personalidade jurídica seja desconsiderada em um processo judicial,</p><p>sendo um mecanismo jurídico importante para proteger credores e garantir que a autonomia</p><p>patrimonial da empresa não seja abusada. Ainda que isso seja possível, sua aplicação deve ser</p><p>fundamentada em evidências de desvio de �nalidade ou confusão patrimonial e os sócios</p><p>somente serão responsabilizados quando esses requisitos forem devidamente atendidos.</p><p>A desconsideração da personalidade</p><p>�m, as sanções procedimentais estão ligadas às atividades exercidas pelos</p><p>fornecedores, isto é, que não estão diretamente nos bens disponibilizados, mas na possibilidade</p><p>de as empresas darem ou não continuidade ao seu funcionamento no setor econômico.</p><p>Responsabilidade penal: crimes contra o consumidor</p><p>O CDC descreve, ainda, infrações penais que abrangem condutas dos empregados, dos diretores</p><p>e dos gerentes de fornecedores, considerando a alta relevância do bem jurídico por eles</p><p>resguardados, da saúde e da segurança. Veri�ca-se, portanto, que, além das sanções</p><p>administrativas, é também possível a aplicação de sanções penais, conforme dispõem os arts.</p><p>de 63 a 74 do CDC, as quais disciplinam crimes de perigo e que não necessariamente possam</p><p>trazer dano ao consumidor.</p><p>Vejamos quais são esses crimes:</p><p>Omissão de informações sobre a nocividade de produtos e serviços (art. 63): con�gura</p><p>crime a omissão de dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade de produtos,</p><p>sujeitando o infrator a detenção de seis meses a dois anos e multa. A norma abrange não</p><p>apenas produtos, mas também serviços, impondo penalidades àqueles que deixam de</p><p>alertar sobre a periculosidade do que oferecem aos consumidores.</p><p>Omissão de comunicação sobre produtos nocivos (art. 64): deixar de comunicar à</p><p>autoridade competente e aos consumidores a nocividade de produtos após sua colocação</p><p>no mercado constitui crime, com pena de detenção de seis meses a dois anos e multa. A</p><p>legislação também prevê sanções para quem não retira imediatamente produtos nocivos</p><p>do mercado quando determinado pela autoridade competente.</p><p>Execução de serviço perigoso contrariando determinação (art. 65): o crime é caracterizado</p><p>quando alguém executa serviço de alto grau de periculosidade contrariando determinação</p><p>de autoridade competente, com pena de detenção de seis meses a dois anos e multa. As</p><p>penas são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte.</p><p>Informações falsas ou enganosas sobre produtos ou serviços (art. 66): fazer a�rmação</p><p>falsa, enganosa ou omitir informação relevante sobre produtos ou serviços con�gura crime,</p><p>sujeitando o infrator a detenção de três meses a um ano e multa. A legislação estende as</p><p>penas ao patrocinador da oferta e prevê penalidades para condutas culposas.</p><p>Publicidade enganosa ou capaz de induzir comportamento prejudicial (arts. 67 e 68):</p><p>crimes são estabelecidos para a promoção de publicidade enganosa ou capaz de induzir o</p><p>consumidor a comportamentos prejudiciais, com penas de detenção de três meses a dois</p><p>anos e multa. A legislação veda práticas que possam afetar a saúde, a segurança ou o</p><p>bem-estar do consumidor.</p><p>Os arts. de 69 a 74 abordam questões como a obrigação de organizar dados fáticos na</p><p>publicidade, a proibição de utilizar peças usadas sem autorização do consumidor na reparação</p><p>de produtos, a criminalização de práticas abusivas na cobrança de dívidas, a penalização por</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>impedir ou di�cultar o acesso do consumidor a informações, a correção imediata de informações</p><p>inexatas nos registros e a entrega adequada do termo de garantia.</p><p>O art. 75 estabelece que aqueles que concorrem para os crimes mencionados incorrem nas</p><p>penas proporcionais à sua culpabilidade, responsabilizando também diretores, administradores</p><p>ou gerentes de pessoas jurídicas. Circunstâncias agravantes, como a época de grave crise</p><p>econômica ou a ocorrência de dano individual ou coletivo, são listadas no art. 76. Além das</p><p>penas privativas de liberdade e multa, o Código prevê medidas como interdição temporária de</p><p>direitos, publicação da condenação em órgãos de comunicação e prestação de serviços à</p><p>comunidade (arts. 78 e 79).</p><p>O valor da �ança, quando aplicável, é estabelecido pelo juiz em conformidade com a situação</p><p>econômica do indiciado ou réu. O art. 80 permite a intervenção, como assistentes do Ministério</p><p>Público, dos legitimados indicados no art. 82 em processos penais relacionados aos crimes</p><p>contra o consumidor.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Nesta aula, exploramos de forma abrangente a responsabilidade civil nas relações de consumo,</p><p>mergulhando nos conceitos fundamentais do Código de Defesa do Consumidor. Diante das</p><p>perguntas re�exivas propostas, observamos que a distinção entre responsabilidade subjetiva e</p><p>objetiva impacta diretamente a dinâmica entre consumidores e fornecedores, in�uenciando suas</p><p>práticas e posturas. Enquanto a responsabilidade subjetiva requer prova de culpa do fornecedor,</p><p>a responsabilidade objetiva simpli�ca o processo ao exigir apenas a demonstração do dano e</p><p>seu vínculo com o produto ou serviço defeituoso. Isso in�uencia a postura dos fornecedores,</p><p>incentivando melhorias na qualidade e segurança dos produtos e serviços, além de promover</p><p>transparência na comunicação com os consumidores.</p><p>Ao discutirmos os crimes contra o consumidor, percebemos como as sanções administrativas e</p><p>penais desempenham um papel crucial na proteção dos direitos dos consumidores, atuando</p><p>como barreiras contra práticas prejudiciais. Essas medidas não apenas punem, mas também</p><p>desencorajam comportamentos inadequados por parte dos fornecedores, contribuindo para a</p><p>construção de um ambiente mais ético e transparente no mercado.</p><p>Esta aula, estudante, procurou proporcionar-lhe insights valiosos sobre o complexo cenário das</p><p>relações de consumo, convidando-o a aprofundar seus conhecimentos e a considerar as</p><p>implicações éticas e sociais dessas questões no mundo jurídico e além. Com isso, chegamos ao</p><p>�m dos nossos estudos no campo do direito do consumidor. Agora, você já estará muito mais</p><p>preparado para enfrentar a prática administrativa das empresas, uma vez que conhece os</p><p>elementos essenciais que caracterizam a proteção da relação consumerista.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Saiba mais</p><p>Quer saber mais sobre a responsabilidade civil nas relações de consumo? Então, leia o Capítulo</p><p>11 do livro Programa de direito do consumidor, do autor Sérgio Cavalieri Filho:</p><p>CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 6. Ed. Barueri: Atlas, 2022.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, F. B. de. Direito do consumidor esquematizado. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá</p><p>outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 29 abr. 2024.</p><p>CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 6. ed. Barueri: Atlas, 2022.</p><p>FILOMENO, J. G. B. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>KOURI, P. R. R. A. Direito do consumidor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020.</p><p>NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.</p><p>SOUZA, S. C., WERNER, J. G. V.; NEVES, T. F. C. Direito do consumidor. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2018.</p><p>TARTUCE, F.; NEVES, D. A. A. Manual de direito de consumidor: direito material e processual. 12.</p><p>ed. Rio de janeiro: Método, 2023.</p><p>THEODORO JÚNIOR, H. Direitos do consumidor. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.</p><p>Aula 5</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559772766/epubcfi/6/38[%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml18]!/4</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Videoaula de Encerramento</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. 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No entanto, a aplicação desse instituto deve ser</p><p>excepcional e baseada em requisitos especí�cos, conforme previsto no art. 50 do Código Civil:</p><p>Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de �nalidade ou</p><p>pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando</p><p>lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas</p><p>relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios</p><p>da pessoa jurídica bene�ciados direta ou indiretamente pelo abuso (Brasil, 2002, art. 50, caput).</p><p>O desvio de �nalidade ocorre quando a pessoa jurídica é usada com a intenção de prejudicar</p><p>credores ou de praticar atos ilícitos. A confusão patrimonial, por sua vez, envolve a falta de</p><p>separação real entre o patrimônio da sociedade e o dos sócios, evidenciada por situações como</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>o cumprimento repetitivo de obrigações de um pelo outro, transferências de ativos ou passivos</p><p>sem contrapartidas adequadas e outros atos que comprometem a autonomia patrimonial.</p><p>É importante destacar que a desconsideração da personalidade jurídica também pode ser</p><p>aplicada para estender as obrigações de sócios ou administradores à pessoa jurídica em casos</p><p>adequados. Além disso, o mero fato de existir um grupo econômico não autoriza</p><p>automaticamente a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, a menos que sejam</p><p>atendidos os requisitos estabelecidos no art. 50.</p><p>A consequência principal da despersonalização da pessoa jurídica é a responsabilização dos</p><p>sócios, que podem ser obrigados a satisfazer dívidas da empresa com seus recursos pessoais,</p><p>mesmo que a dívida seja da própria empresa. A adoção da teoria maior da desconsideração da</p><p>personalidade jurídica no ordenamento jurídico exige a comprovação do desvio de �nalidade ou</p><p>da confusão patrimonial, garantindo, assim, que esse instituto seja aplicado de maneira</p><p>criteriosa e justa.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Sociedades não personi�cadas</p><p>As sociedades não personi�cadas (arts. 986 a 996 do CC/2002) não podem ser consideradas</p><p>personalidades jurídicas por não estarem registradas no órgão competente. São espécies de</p><p>sociedades não personi�cadas: a sociedade comum, também chamada de irregular ou de fato, e</p><p>a sociedade em conta de participação.</p><p>A sociedade em comum (art. 986 do CC/2002) nada mais é do que uma sociedade formada por</p><p>duas ou mais pessoas, com prática de atividade econômica e repartição dos resultados, sem que</p><p>tenha havido o competente registro. Não se trata de uma sociedade ilícita, contudo, como não há</p><p>pessoa jurídica, as obrigações eventualmente contraídas recairão sobre os nomes dos sócios, os</p><p>quais responderão solidariamente pelas obrigações sociais.</p><p>Já na sociedade em conta de participação (art. 991 do CC/2002), há a presença de duas �guras:</p><p>o sócio ostensivo (podendo ser uma pessoa física ou jurídica, que exerce o objeto social da</p><p>sociedade, tem responsabilidade exclusiva e age em seu nome individual) e o sócio oculto ou</p><p>participante (uma pessoa física ou jurídica, que somente participa dos resultados). O detalhe</p><p>importante é que somente o sócio ostensivo responde perante terceiros de maneira ilimitada. O</p><p>patrimônio dessa sociedade é especial, o que também vale para a sociedade em comum, isto é,</p><p>só gera efeito em relação aos próprios sócios. O patrimônio serve para o �m almejado pela</p><p>sociedade e não para responder perante terceiros (como o patrimônio de uma sociedade</p><p>personi�cada responderia).</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Sociedades personi�cadas</p><p>As sociedades personi�cadas (arts. 997 a 1.101 do CC/2002) têm personalidade jurídica</p><p>adquirida com o registro do seu ato constitutivo, nos termos do art. 985 e do art. 1.150, ambos</p><p>do CC/2002. Essas sociedades se apresentam a partir de um tipo societário especí�co,</p><p>escolhido pelos sócios/acionistas no momento de sua constituição ou de sua transformação.</p><p>A escolha do tipo societário adequado é de fundamental relevância tanto para o sucesso quanto</p><p>para os objetivos buscados pelos sócios. A par disso, observe-se que, em razão do tipo</p><p>societário adotado, além das normas especí�cas a que se sujeitará a sociedade empresária, a</p><p>sua escolha também importará em relevantes consequências no que tange ao grau de</p><p>responsabilidade pessoal dos sócios pelas obrigações sociais.</p><p>A sociedade em nome coletivo (art. 1.039 do CC/2002) é bastante difícil de ser encontrada na</p><p>prática. O grande problema desse tipo societário é quanto à responsabilidade. Integrada por</p><p>sócios pessoas físicas, todos respondem, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.</p><p>Porém, de acordo com o parágrafo único do art. 1.039 do CC/2002, sem prejuízo da</p><p>responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo ou por unânime</p><p>convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. Então, relativamente às</p><p>obrigações externas da sociedade, contraídas em nome da sociedade, em nome coletivo, a</p><p>responsabilidade dos sócios será ilimitada, de modo que, caso apareça uma dívida contra a</p><p>sociedade, não restando patrimônio algum para saldá-la, os sócios responderão pessoalmente</p><p>de maneira solidária (o credor poderá cobrar a totalidade da dívida de um ou de outro). Entre os</p><p>sócios, por outro lado, poderá haver disposição diversa, uma repartição de responsabilidade que</p><p>somente terá efeito entre eles.</p><p>Na sociedade em comandita simples (art. 1.045 do CC/2002) há dois tipos de sócios: os</p><p>comanditados (pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações</p><p>sociais) e os comanditários (obrigados somente pelo valor da sua quota, isto é, responsabilidade</p><p>limitada). No contrato social de uma comandita simples, as categorias são quali�cadas. Os</p><p>comanditados são aqueles que administram e têm poderes de gestão da sociedade, e os</p><p>comanditários não decidem, pois são apenas sócios de investimento, sob a promessa de uma</p><p>participação nos lucros.</p><p>A sociedade em comandita por ações segue basicamente o que foi falado sobre a comandita</p><p>simples, com a diferença de o tratamento ser por ações e não por quotas. Segue, igualmente, a</p><p>lei da sociedade anônima, a Lei nº 6.404/1976.</p><p>A sociedade limitada (Ltda), prevista a partir do art. 1.052 do CC/2002 é o tipo mais comum</p><p>quando da constituição de uma pessoa jurídica com �nalidades empresárias. Ela oferece menor</p><p>burocracia e possui o diferencial da limitação da responsabilidade. Cada sócio terá a obrigação</p><p>de integralizar sua parte para a formação do capital social, conforme a previsão em contrato</p><p>social (de acordo com o que foi subscrito, isto é, comprometido por cada um dos sócios). Aqui</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>não é possível a integralização com trabalho, serviço, mas apenas com patrimônio (dinheiro,</p><p>bens).</p><p>A responsabilidade dos sócios é subsidiária, limitada, solidária (apenas quanto à integralização</p><p>do capital social). O limite da responsabilidade é o capital social. Logo, se surgir alguma</p><p>cobrança contra a sociedade limitada e esta não detiver a integralidade do valor da dívida, o que</p><p>eventualmente restar para pagamento não atingirá os patrimônios dos sócios. A</p><p>responsabilidade é, ainda solidária, pela integralização do capital social. Isso signi�ca, na</p><p>segunda parte do exemplo, que, se não houver capital disponível na sociedade para responder</p><p>pelas obrigações contraídas pela sociedade, o eventual credor poderá cobrar, no limite do capital</p><p>social da sociedade, a integralidade do valor de um ou de todos os sócios. Isso ocorre porque</p><p>todos são responsáveis solidariamente pela integralização (o patrimônio efetivo disponível na</p><p>sociedade), e a solidariedade é quando é possível cobrar toda uma dívida de um sócio, mesmo</p><p>que ele tenha menos quotas sociais (na prática, o sócio que arcar com o prejuízo,</p><p>cobrará os</p><p>demais, proporcionalmente).</p><p>A sociedade anônima (S/A) é regida pela Lei nº 6.404/1976 e é uma sociedade de capitais. O seu</p><p>capital é dividido em ações, o que permite ampla negociação no mercado. A responsabilidade</p><p>dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. A sociedade</p><p>anônima pode ser fechada (se não negociar valores mobiliários no mercado de capitais) ou</p><p>aberta (caso realize a venda de valores mobiliários no mercado de capitais). O mercado de</p><p>capitais é o local onde ocorre a negociação de valores mobiliários das sociedades anônimas de</p><p>capital aberto.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Chegamos ao �nal desta aula enriquecedora e repleta de informações cruciais para a</p><p>compreensão do universo das sociedades empresariais. A partir dessas informações, você já</p><p>tem condições para responder as perguntas que foram propostas no início da aula, não é</p><p>mesmo?</p><p>A distinção fundamental entre sociedades simples e sociedades empresárias reside nos</p><p>objetivos e na natureza das atividades econômicas. Sociedades simples buscam objetivos não</p><p>comerciais, enquanto sociedades empresárias têm o propósito explícito de realizar atividades</p><p>econômicas organizadas visando à produção ou à circulação de produtos ou serviços.</p><p>O princípio da limitação da responsabilidade pretende incentivar o investimento ao proteger os</p><p>bens pessoais dos sócios, limitando a responsabilidade ao capital que investiram na empresa.</p><p>Isso reduz o risco pessoal dos sócios e promove o empreendedorismo e a atração de</p><p>investidores.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>O ato constitutivo é crucial e pode ser realizado por contrato social ou estatuto social,</p><p>dependendo do tipo de sociedade. O contrato social é utilizado por sociedades regidas pelo</p><p>Código Civil, enquanto o estatuto social é adotado por cooperativas, sociedades por ações, e</p><p>entidades sem �ns lucrativos, regulamentadas pela Lei nº 6.404/1976. Ambos de�nem as</p><p>normas e as diretrizes para o funcionamento da sociedade. E é a partir do registro do ato</p><p>constitutivo no órgão competente que a sociedade empresária adquire personalidade jurídica.</p><p>Por falar em personalidade jurídica, sua desconsideração ocorre em casos de abuso da</p><p>personalidade jurídica, como desvio de �nalidade ou confusão patrimonial. Isso permite</p><p>responsabilizar sócios por dívidas da empresa. A aplicação é excepcional e requer evidências do</p><p>desvio de �nalidade ou confusão patrimonial.</p><p>Veja quanto conteúdo interessante e importante você estudou nesta aula! Lembre-se de que o</p><p>aprendizado vai além da sala de aula; ele se manifesta na capacidade de aplicar esses conceitos</p><p>em situações do mundo real.</p><p>Até mais!</p><p>Saiba mais</p><p>O artigo adiante discute como cada empresa se molda a um tipo societário especí�co e como a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica não implica anulação da sociedade.</p><p>LIMA JÚNIOR, F. R.; STEFANONI, L. R. R. Os Tipos Societários e a Desconsideração da</p><p>Personalidade Jurídica. Revista eletrônica multidisciplinar da UNIFACEAR, [s. l.], v. 2, ano 7, p. 1-</p><p>15, ago. 2018.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União:</p><p>seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.</p><p>CAMPINHO, S. Curso de direito comercial: direito de empresa. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>FERNANDEZ, J. A. da C. G. A caracterização da atividade empresária: identi�cação dos</p><p>elementos de empresa sob a ótica sistêmica. Revista da Escola Superior da Magistratura do</p><p>Estado de Santa Catarina (ESMESC), [s. l.], v. 17, n. 23, p. 259-283, 2010. Disponível em:</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22. Acesso em: 6 nov. 2023.</p><p>https://revista.facear.edu.br/artigo/download/$/os-tipos-societarios-e-a-desconsideracao-da-personalidade-juridica</p><p>https://revista.facear.edu.br/artigo/download/$/os-tipos-societarios-e-a-desconsideracao-da-personalidade-juridica</p><p>https://revista.esmesc.org.br/re/article/view/11/22</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>LIMA JÚNIOR, F. R.; STEFANONI, L. R. R. Os Tipos Societários e a Desconsideração da</p><p>Personalidade Jurídica. Revista eletrônica multidisciplinar da UNIFACEAR, [s. l.], v. 2, ano 7, p. 1-</p><p>15, ago. 2018. Disponível em: https://revista.facear.edu.br/artigo/download/$/os-tipos-</p><p>societarios-e-a-desconsideracao-da-personalidade-juridica. Acesso em: 6 nov. 2023.</p><p>MAGALHÃES, G. Direito empresarial facilitado. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022.</p><p>SANCHEZ, A. Direito empresarial sistematizado. São Paulo: Método, 2018.</p><p>VENOSA, S. de S.; RODRIGUES, C. Direito empresarial. 11. ed. Barueri: Atlas, 2023.</p><p>VIDO, Elisabete. Curso de Direito Empresarial. 10. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022.</p><p>Aula 3</p><p>Falência E Recuperação Judicial Da Empresa</p><p>Falência e recuperação judicial da empresa</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender</p><p>conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?</p><p>Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>https://revista.facear.edu.br/artigo/download/$/os-tipos-societarios-e-a-desconsideracao-da-personalidade-juridica</p><p>https://revista.facear.edu.br/artigo/download/$/os-tipos-societarios-e-a-desconsideracao-da-personalidade-juridica</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Olá, estudante! É com grande entusiasmo que iniciamos esta aula, em que exploraremos temas</p><p>cruciais do âmbito do direito empresarial: recuperação judicial, extrajudicial e falência. Nosso</p><p>foco será na recém-aprovada Lei nº 14.112 de 2020, que visa corrigir de�ciências da legislação</p><p>anterior.</p><p>Ao mergulharmos nesses tópicos, notaremos que a problematização central reside em como</p><p>essas mudanças impactam o cenário econômico, especialmente em um contexto pós-pandemia</p><p>de Covid-19, no qual a expectativa é de aumento nos pedidos de recuperação judicial e falências.</p><p>Fique atento aos detalhes, estudante, pois discutiremos como essas alterações podem</p><p>in�uenciar as estratégias de empresas e credores diante de crises �nanceiras.</p><p>Para o desenvolvimento de nossas re�exões, considere as seguintes questões: como as</p><p>mudanças introduzidas pela nova lei de recuperação judicial e falência (Lei nº 14.112/2020)</p><p>impactam diretamente a capacidade de as empresas superarem crises �nanceiras? Como a</p><p>recuperação extrajudicial se diferencia da recuperação judicial, e em que situações uma pode ser</p><p>mais vantajosa que a outra para uma empresa em crise �nanceira? Qual é a ordem de</p><p>preferência dos créditos na falência e por que é vital respeitar essa ordem?</p><p>Vamos explorar juntos esses conceitos e descobrir como a nova lei de recuperação judicial e</p><p>falência pode modi�car o cenário jurídico e empresarial no Brasil.</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>(Nova) lei de recuperação judicial e falência</p><p>A Lei nº 11.101/2005 regulamenta a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do</p><p>empresário e da sociedade empresária. Como um dos seus princípios norteadores é a</p><p>recuperação das empresas, a decretação de falência acaba sendo utilizada apenas em último</p><p>caso.</p><p>Em 26 de março de 2021, foi aprovada a Lei nº 14.112 de 2020, conhecida como a nova lei de</p><p>recuperação judicial e falência, que teve o objetivo principal de corrigir algumas de�ciências da</p><p>Lei nº 11.101/2005 introduzindo vários instrumentos processuais e materiais que aprimoram a</p><p>recuperação judicial e o processo de falência de empresas.</p><p>Essa reforma tem como objetivo atualizar a legislação relacionada à recuperação judicial, à</p><p>recuperação extrajudicial e à falência, buscando modernizar esses processos e consolidar</p><p>interpretações já adotadas pelos tribunais brasileiros. Ademais, pode-se dizer que a reforma</p><p>ocorreu em um momento oportuno: quando a economia estava sendo afetada pela drástica</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>redução da atividade econômica devido às medidas adotadas para conter a disseminação do</p><p>coronavírus. Isso levou a uma expectativa de aumento no número de pedidos de recuperação</p><p>judicial e falências nos anos de 2021 e 2022 (Hatanaka; Ricupero; Leal, 2021).</p><p>Dentre as várias alterações introduzidas pela legislação, merecem destaque os estímulos à</p><p>concessão de crédito às empresas em processo de recuperação judicial (conhecido como DIP</p><p>Financing), uma abordagem para a consolidação substancial; a �exibilização das</p><p>regulamentações sobre a venda de ativos e o aprimoramento da proteção nesse contexto; a</p><p>implementação de diretrizes para situações de insolvência de natureza transnacional; e a</p><p>possibilidade de os credores apresentarem uma alternativa ao plano de recuperação judicial</p><p>(Hatanaka; Ricupero; Leal, 2021).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Recuperação judicial</p><p>A recuperação judicial envolve uma série de ações abrangendo aspectos econômico-�nanceiros,</p><p>produtivos, organizacionais e jurídicos. Por meio dessas medidas, busca-se reestruturar e</p><p>otimizar a capacidade produtiva de uma empresa, visando à obtenção de uma lucratividade</p><p>sustentável. Isso possibilita a superação da situação de crise econômico-�nanceira enfrentada</p><p>pelo empresário e, ao mesmo tempo, promove a manutenção da fonte de produção, a</p><p>preservação dos postos de trabalho e a consideração dos interesses dos credores (Campinho,</p><p>2021).</p><p>No contexto processual, a recuperação judicial é uma medida judicial especializada, iniciada pelo</p><p>devedor (empresário individual ou sociedade empresária) com o propósito de superar uma crise</p><p>�nanceira, independentemente da existência de litígios prévios. O foco principal é desenvolver,</p><p>aprovar e homologar um plano de recuperação, que pode resultar em um acordo entre as partes</p><p>ou, em último caso, ser determinado pelos credores, desde que cumpridos os requisitos legais</p><p>(Campinho, 2021).</p><p>De acordo com o art. 48 da Lei nº 11.101/2005:</p><p>Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente</p><p>suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,</p><p>cumulativamente:</p><p>I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as</p><p>responsabilidades daí decorrentes;</p><p>II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial [...];</p><p>IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa</p><p>condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei (Brasil, 2005, art. 48; Brasil, 2014, art. 48,</p><p>inc. III).</p><p>É importante ressaltar que não são todos os créditos que autorizam o pedido de recuperação</p><p>judicial. A esse respeito, o art. 49 da Lei nº 11.101/2005 dispõe que “[…] estão sujeitos à</p><p>recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos”</p><p>(Brasil, 2005, art. 49, caput). Isso signi�ca que, na data da propositura de uma ação de</p><p>recuperação judicial, todos os créditos existentes deverão integrar o plano de recuperação então</p><p>proposto para a satisfação das dívidas.</p><p>Os créditos que podem fazer parte do plano de recuperação judicial são: crédito trabalhista e</p><p>decorrente de acidente de trabalho; crédito com garantia real (contratos com garantia, como uma</p><p>hipoteca, um penhor, quando se oferece um bem imóvel ou móvel como garantia de um</p><p>empréstimo, por exemplo); crédito com privilégio especial e geral (descritos nos arts. 964 e 965</p><p>do Código Civil de 2002); crédito quirografário (contratos em geral, títulos de crédito em geral).</p><p>Os créditos que não podem fazer parte do plano de recuperação judicial são: o crédito do titular</p><p>da posição de proprietário �duciário, baseado em um contrato que consta uma cláusula de</p><p>alienação �duciária, como contratos bancários em que a empresa oferece em troca do crédito</p><p>um bem móvel ou imóvel em garantia; e o crédito tributário, que não se sujeita a nenhum tipo de</p><p>concurso de credores, recuperação judicial ou falência, conforme previsão legal.</p><p>Importante</p><p>Se a empresa é devedora de tributos, federais, estaduais ou municipais, o plano de recuperação</p><p>judicial não poderá incluí-los a �m de estabelecer formas diferenciadas, outros prazos ou</p><p>redução de encargos para o pagamento da dívida tributária. Esta, uma vez que expressa</p><p>interesse público do Estado quanto à arrecadação, é tratada de outras maneiras, com previsão</p><p>em legislações especí�cas.</p><p>O empresário que busca reestruturar suas dívidas por meio da recuperação judicial deve</p><p>protocolar uma petição inicial e atender aos critérios estabelecidos no art. 51 da Lei nº</p><p>11.101/2005. Esses requisitos incluem a descrição da situação �nanceira do devedor e os</p><p>fatores que o conduziram à crise; a apresentação das demonstrações contábeis mais recentes; a</p><p>lista de credores, entre outros.</p><p>A seguir está um resumo das fases do processo de recuperação judicial:</p><p>Pedido de recuperação:</p><p>A empresa demonstra enfrentar grave crise econômico-�nanceira.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Os documentos comprobatórios, como atraso salarial, dívidas, etc., são</p><p>apresentados.</p><p>Análise e aprovação do pedido:</p><p>O juiz analisa e aprova o pedido, nomeando um administrador judicial.</p><p>As ações e as execuções são suspensas por 180 dias.</p><p>Criação do plano de recuperação:</p><p>A empresa apresenta um plano à Assembleia Geral de credores.</p><p>O plano inclui detalhes de recuperação, viabilidade econômica, laudos �nanceiros e</p><p>medidas para reorganização.</p><p>Aprovação do plano:</p><p>Se aprovado, o juiz autoriza a execução do plano.</p><p>A rejeição pode levar à concessão de prazo para apresentação de novo plano ou à</p><p>falência.</p><p>Execução do plano:</p><p>A empresa cumpre o plano, pagando dívidas e mantendo atividades sustentáveis.</p><p>O administrador judicial realiza �scalização durante 2 anos.</p><p>Encerramento da recuperação:</p><p>Cumpridas as obrigações, o juiz declara o encerramento por sentença.</p><p>A empresa é liberada das restrições e pode retomar seu crescimento.</p><p>O juiz analisa e aprova o pedido, nomeando um administrador judicial.</p><p>As ações e as execuções são suspensas por 180 dias.</p><p>A empresa apresenta um plano à Assembleia Geral de credores.</p><p>O plano inclui detalhes de recuperação, viabilidade econômica, laudos �nanceiros e</p><p>medidas para reorganização.</p><p>Se aprovado, o juiz autoriza a execução do plano.</p><p>A rejeição pode levar à concessão de prazo para apresentação de novo plano ou à falência.</p><p>A empresa cumpre o plano, pagando dívidas e mantendo atividades sustentáveis.</p><p>O administrador judicial realiza �scalização durante 2 anos.</p><p>Cumpridas as obrigações, o juiz declara o encerramento por sentença.</p><p>A empresa é liberada das restrições e pode retomar seu crescimento.</p><p>Com as modi�cações trazidas pela Lei nº 14.112 de 2020, os processos regidos pela Lei nº</p><p>11.101/2005 terão prioridade em sua tramitação, exceto em casos como habeas corpus e outras</p><p>prioridades já de�nidas em leis especiais. Essa disposição bene�cia tanto os credores quanto a</p><p>empresa em recuperação ou falência.</p><p>Além disso, a Lei nº 11.101/2005 estipulava que o período de suspensão das execuções contra o</p><p>devedor de 180 dias era imutável. Agora, a nova legislação permite a prorrogação desse prazo</p><p>em uma única ocasião, desde que o devedor não tenha contribuído para a prorrogação.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>A nova legislação também introduziu uma previsão expressa para a nomeação de um perito</p><p>judicial, que deve realizar uma constatação prévia e apresentar um laudo no prazo máximo de</p><p>cinco dias. Isso permite ao juiz veri�car se os documentos exigidos na lei foram apresentados</p><p>corretamente e se correspondem à situação real da empresa, sem avaliar a viabilidade dos</p><p>negócios.</p><p>A nova legislação, ainda, permite que os credores apresentem um plano de recuperação judicial</p><p>nos 30 dias após a rejeição do plano da empresa em recuperação ou ao término do período de</p><p>suspensão sem aprovação do plano original.</p><p>Por �m,</p><p>a nova legislação incluiu uma seção para estimular conciliações e mediações antes ou</p><p>durante os processos de recuperação judicial. Isso pode resultar na suspensão de prazos, se as</p><p>partes concordarem.</p><p>Recuperação extrajudicial</p><p>A recuperação extrajudicial é uma opção para a reestruturação de passivos envolvendo credores</p><p>ou grupos de credores particulares. É aplicada a empresas que estejam enfrentando crises</p><p>consideradas não graves. Seu propósito é resolver questões especí�cas, porém essenciais, que</p><p>garantam a continuidade de suas operações (Bullamah; Schneider, 2021).</p><p>A recuperação extrajudicial tem natureza contratual, por isso as partes envolvidas têm ampla</p><p>liberdade para negociar soluções a �m de viabilizar a superação da crise. Dentro do plano de</p><p>reestruturação, as partes podem ajustar as condições das obrigações a serem cumpridas.</p><p>É importante notar que a recuperação extrajudicial não se aplica necessariamente a todos os</p><p>credores, porque os créditos de natureza tributária e aqueles decorrentes das relações</p><p>comerciais, previstas nos §§ 3° e 4° do art. 49 e no art. 86 da lei não podem ser objeto de</p><p>recuperação extrajudicial. Além disso, a sujeição dos créditos de natureza trabalhista e por</p><p>acidentes de trabalho exige negociação coletiva com o sindicato da respectiva categoria</p><p>pro�ssional (Bullamah; Schneider, 2021).</p><p>A lei de recuperação judicial e falência, em seu artigo 163, § 1º, permite a organização dos</p><p>credores em categorias com base na natureza dos créditos que possuem, como os com direito</p><p>real de garantia, os quirografários e os subordinados, ou de acordo com a natureza do crédito e</p><p>as condições de pagamento similares. Dessa maneira, o devedor tem a capacidade de focar</p><p>seus esforços em um grupo especí�co de credores, optando por aquelas categorias dispostas a</p><p>participar da superação de sua crise �nanceira e a colaborar para que isso aconteça.</p><p>Isso elimina a necessidade de veri�car e habilitar créditos, conduzir assembleias de credores,</p><p>nomear um administrador judicial e, principalmente, evitar o envolvimento direto do Estado. Esse</p><p>envolvimento estatal é especialmente solicitado para homologar o plano de recuperação</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>extrajudicial, cujas condições e termos são previamente acordados entre a empresa devedora e</p><p>os credores participantes.</p><p>A homologação do plano de recuperação extrajudicial poderá ser voluntária ou obrigatória. A</p><p>voluntária consiste na adesão de todos os credores ao plano. Já a obrigatória consiste na</p><p>extensão dos efeitos do plano aos credores que eventualmente não aderirem, mesmo que isso</p><p>ocorra contra a vontade deles.</p><p>Quanto à homologação obrigatória, o art. 163 destaca que o devedor tem a opção de requerer a</p><p>homologação de um plano de recuperação extrajudicial que vincule todos os credores</p><p>abrangidos, desde que seja assinado por credores que representem uma porcentagem</p><p>signi�cativa dos créditos de cada categoria incluída no plano. A redação atual (após a Lei nº</p><p>14.112/2020) estipula que o plano deve ser assinado por credores que representem mais da</p><p>metade dos créditos de cada categoria abrangida pelo plano de recuperação extrajudicial.</p><p>O § 3º do art. 163 estabelece que o devedor não pode solicitar a homologação de um plano</p><p>extrajudicial se já houver um pedido de recuperação judicial pendente ou se tiver obtido</p><p>recuperação judicial ou homologação de outro plano extrajudicial nos últimos dois anos. O § 4º</p><p>destaca que o pedido de homologação do plano extrajudicial não impede direitos, ações ou</p><p>execuções, nem impede que os credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial</p><p>solicitem a falência do devedor. Já o § 5º enfatiza que, após a distribuição do pedido de</p><p>homologação, os credores que aderiram ao plano não podem desistir sem o consentimento</p><p>explícito dos demais signatários.</p><p>Conforme § 6º do artigo 163, o plano de recuperação homologado constitui título executivo</p><p>judicial e somente produz efeitos depois de efetivamente homologado pelo juiz. Interessante</p><p>destacar que as disposições atinentes à recuperação extrajudicial não implicam a</p><p>impossibilidade de realização de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus</p><p>credores (Sanchez, 2018).</p><p>Falência</p><p>A falência, segundo Ricardo Negrão (2023), é um processo de execução coletiva que visa</p><p>arrecadar o patrimônio de um empresário ou sociedade empresária falidos para pagamento dos</p><p>credores. O processo inclui a administração dos bens, a veri�cação minuciosa dos créditos e a</p><p>liquidação dos ativos. Crimes cometidos pelo devedor falido estão previstos na Lei nº</p><p>11.101/2005 e acarretam consequências sérias.</p><p>Quanto à autoria da ação de falência, ela pode ocorrer por autofalência, quando o próprio</p><p>devedor confessa sua insolvência, ou por outros agentes, como cônjuge, herdeiros, acionistas ou</p><p>qualquer credor. A Fazenda Pública não pode propor ação de falência contra o devedor com</p><p>crédito tributário, pois conta com mecanismos próprios para cobrança.</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>Os réus da ação de falência incluem empresários individuais, sociedades empresárias e</p><p>sociedades limitadas unipessoais. Algumas entidades, como empresas públicas, sociedades de</p><p>economia mista e instituições �nanceiras, são excluídas total ou parcialmente do processo de</p><p>falência.</p><p>O local para propor a ação de falência deve ser a Justiça Comum Estadual, no principal</p><p>estabelecimento do devedor. A insolvência, base para a ação, pode ser confessada pelo devedor</p><p>ou presumida em casos como não pagamento de dívidas signi�cativas ou práticas evasivas.</p><p>Portanto, a situação que autoriza o ajuizamento da ação de falência é a insolvência, que pode ser</p><p>de dois tipos: confessada (hipótese da autofalência) e presumida. São três hipóteses da</p><p>insolvência presumida, descritas nos incisos de I a III do art. 94 da Lei nº 11.101/2005: a falência</p><p>será decretada se o devedor não pagar, na data do vencimento, dívida acima de 40 salários-</p><p>mínimos sem justi�cativa relevante; se não pagar nem apresentar bens su�cientes dentro do</p><p>prazo; ou se praticar atos no intuito de não deixar o seu patrimônio ser atingido (Negrão, 2023).</p><p>Após ajuizada a ação, o devedor tem dez dias para apresentar defesa. O juiz pode decretar a</p><p>falência, mas o devedor pode evitar isso através do depósito elisivo. No caso de falência, o falido</p><p>�ca inabilitado para atividade empresarial até a sentença de reabilitação. A segunda fase do</p><p>processo envolve a arrecadação e a venda dos bens para pagamento dos credores, seguindo</p><p>uma ordem de preferência legal.</p><p>Na falência, a ordem de preferência dos créditos segue uma distinção entre créditos</p><p>extraconcursais, surgidos durante o processo de falência, e créditos concursais, anteriores à</p><p>decretação da falência e habilitados para satisfação. Os créditos extraconcursais têm prioridade</p><p>e abrangem quantias referentes a leis especí�cas, valores entregues ao devedor em recuperação</p><p>judicial, créditos em dinheiro sujeitos a restituição, remunerações do administrador judicial, entre</p><p>outros. A ordem de preferência dos créditos concursais destaca-se pelos derivados da legislação</p><p>trabalhista, pelos créditos com garantia real, pelos tributários, pelos quirografários, pelas multas</p><p>contratuais, entre outros.</p><p>O respeito à ordem de pagamento é de fundamental importância, pois trata, sobretudo, de uma</p><p>opção legislativa que prevê prioridades conforme a natureza e a importância e quanto ao</p><p>momento de surgimento dos respectivos créditos. Se determinado credor for preterido ou</p><p>excluído da estrita obediência da ordem legal de pagamento, poderá manifestar-se perante o</p><p>Juízo da Falência, demonstrando o ocorrido e requerendo que seu crédito seja satisfeito de</p><p>acordo com o comando legal.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, nesta aula, exploramos a nova lei de recuperação judicial e falência, desvendando</p><p>suas implicações cruciais para o cenário empresarial e jurídico brasileiro. Observamos como as</p><p>Disciplina</p><p>LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL</p><p>APLICADA</p><p>mudanças buscam modernizar processos, estimular o crédito durante a recuperação</p>