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<p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Unidade 1</p><p>FUNDAMENTOS DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA</p><p>Aula 1</p><p>Economia Como Objeto de Estudo</p><p>Economia como objeto de estudo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, você irá conhecer a economia como objeto de estudo. Esse conteúdo é</p><p>importante para a sua prática pro�ssional, pois permitirá você compreender a economia como</p><p>ciência social dedicada a analisar o comportamento humano diante da escassez de recursos e</p><p>das escolhas que decorrem desse cenário.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Durante esta aula, vamos explorar dois conceitos fundamentais no campo da economia: o</p><p>Problema Econômico Fundamental e o Fluxo Circular de Renda. Esses são alicerces para</p><p>compreender como as sociedades gerenciam seus recursos escassos e como a renda �ui entre</p><p>os agentes econômicos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Para contextualizar o conteúdo, imagine que em uma comunidade rural, a escassez de recursos,</p><p>como terra e água, desencadeia dilemas econômicos fundamentais para os agricultores. As</p><p>decisões sobre o que plantar, como produzir e a quem vender tornam-se essenciais em meio à</p><p>competição por recursos limitados. A distribuição desigual dos benefícios da produção cria</p><p>dilemas éticos na comunidade. Como lidar com a escassez de recursos e os con�itos na</p><p>alocação? Quais estratégias podem ser adotadas para promover uma distribuição mais</p><p>equitativa dos benefícios econômicos? Como conciliar e�ciência econômica e sustentabilidade</p><p>diante da escassez de recursos naturais?</p><p>Essas são questões que demandam re�exão para abordar os problemas econômicos</p><p>fundamentais nessa comunidade especí�ca. Ao longo desta aula, exploraremos os princípios</p><p>econômicos que ajudarão você a encontrar soluções para esse dilema e entender como os</p><p>recursos são alocados em uma economia.</p><p>Vamos embarcar nessa jornada juntos?</p><p>Vamos Começar!</p><p>Para iniciar o nosso estudo, vamos realizar a seguinte re�exão: seja em nosso cotidiano, na</p><p>internet, rádio ou TV, nos deparamos com termos relacionados a questões econômicas, tais</p><p>como: in�ação, taxa de juros, desemprego, crescimento econômico, impostos, taxa de câmbio,</p><p>etc. Esses temas, dentre outros, são assuntos pertencentes à economia. Mas o que de fato é a</p><p>“economia”?</p><p>O termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos (normas). Na Grécia</p><p>antiga, economia signi�cava a arte de bem administrar o lar.</p><p>Modernamente, de�ne-se economia como a ciência que estuda o emprego de recursos</p><p>escassos, entre usos alternativos, com o �m de obter os melhores resultados, seja na produção</p><p>de bens ou na prestação de serviços, a �m de satisfazer as necessidades humanas</p><p>(Vasconcelos; Garcia, 2023).</p><p>Logo, a economia é uma ciência social que se dedica ao estudo das escolhas humanas no</p><p>contexto da escassez de recursos. Ela busca entender como as sociedades alocam seus</p><p>recursos limitados para satisfazer suas necessidades e seus desejos ilimitados.</p><p>Os recursos escassos são os bens e serviços empregados na produção (mão de obra, capital,</p><p>terra e matérias-primas), mediante uma tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e</p><p>serviços de maior valor total e destinados a atender a demanda (intenção de compra de bens e</p><p>serviços) (Vasconcelos, 2015).</p><p>Independentemente do quão ricos ou avançados tecnologicamente sejam os países, a escassez</p><p>é uma realidade inerente à condição humana. Os problemas econômicos fundamentais surgem</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>da escassez e podem ser resumidos em quatro questões principais, conforme pode-se visualizar</p><p>na Figura 1.</p><p>Figura 1 | Problemas econômicos fundamentais</p><p>Segundo Vasconcelos e Garcia (2023), os problemas econômicos fundamentais podem ser</p><p>assim compreendidos:</p><p>O que produzir? Refere-se à decisão sobre quais bens e serviços serão produzidos na</p><p>economia. Os recursos são limitados e as sociedades precisam tomar decisões sobre</p><p>quais bens e serviços são mais importantes ou prioritários para atender às necessidades e</p><p>aos desejos das pessoas.</p><p>Quanto produzir? Está relacionado à quantidade de bens e serviços que a economia deve</p><p>produzir. As decisões sobre a quantidade a ser produzida estão ligadas ao equilíbrio entre a</p><p>oferta e a demanda. Produzir muito pode levar ao excesso de oferta e desperdício de</p><p>recursos, enquanto produzir pouco pode resultar em escassez.</p><p>Como produzir? Este problema diz respeito às técnicas de produção e à alocação de</p><p>recursos para a produção de bens e serviços. As sociedades precisam decidir qual</p><p>tecnologia, métodos de produção e combinação de recursos (trabalho, terra e capital) serão</p><p>usados para produzir e�cientemente os bens desejados.</p><p>Para quem produzir? Esta questão está relacionada à distribuição dos bens e serviços</p><p>produzidos. As decisões sobre como a renda e os bens são distribuídos afetam a equidade</p><p>e a justiça social. Isso também se relaciona com a determinação de como as pessoas têm</p><p>acesso aos bens produzidos.</p><p>Compreendido o problema da escassez e os problemas econômicos fundamentais, você pode se</p><p>perguntar: quais são os recursos escassos?</p><p>Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção, utilizados no processo produtivo</p><p>para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos consumidores (Silva; Luiz,</p><p>2017). Os fatores de produção são:</p><p>Trabalho (mão de obra): refere-se ao esforço humano, incluindo habilidades, conhecimento</p><p>e tempo dedicado à produção.</p><p>Terra: representa os recursos naturais, como solo, água, minerais e recursos energéticos</p><p>que são utilizados na produção e o espaço físico utilizado no processo de produção de um</p><p>bem ou uma prestação de serviços.</p><p>Capital: refere-se aos bens manufaturados que são usados para produzir outros bens e</p><p>serviços. Isso inclui máquinas, equipamentos, fábricas e tecnologia.</p><p>Capacidade empresarial: representa a capacidade de organizar os outros fatores de</p><p>produção e tomar decisões de negócios. Os empreendedores são responsáveis por</p><p>identi�car oportunidades econômicas e assumir riscos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Na economia, portanto, para produzir bens e serviços, os agentes devem combinar os fatores de</p><p>produção da melhor forma possível, visando atender às necessidades e aos desejos dos</p><p>homens, já que a quantidade de fatores de produção disponível é �nita (Silva; Luiz, 2017).</p><p>Nesse contexto, os fatores de produção são direcionados para produzir os chamados bens</p><p>econômicos. Um bem econômico, assim, é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um</p><p>preço e pode ser classi�cado como bem de consumo – durável, não durável e semidurável –,</p><p>bem de capital e bem intermediário, conforme o Quadro 1.</p><p>Tipo de bem Conceito</p><p>Consumo Utilizados pelas pessoas para satisfazer suas</p><p>necessidades</p><p>Semidurável Consumidos integralmente ao ser usado (Ex.:</p><p>alimentos)</p><p>Não durável Utilizados diversas vezes, mas seu período de</p><p>utilização é relativamente curto (Ex.: artigos</p><p>de vestuário)</p><p>Durável Utilizados várias vezes e durante muito tempo</p><p>(Ex.: meios de transporte, eletrodomésticos)</p><p>Capital Utilizados para produzir outros bens (Ex.:</p><p>máquinas, equipamentos)</p><p>Intermediário São os insumos utilizados na produção de</p><p>bens e serviços (Ex.: matérias-primas e</p><p>componentes)</p><p>Quadro 1 | Tipos de bens econômicos. Fonte: adaptada de Malassise e Salvalagio (2014).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Sabemos que a economia de mercado é formada por agentes econômicos, tais como famílias e</p><p>empresas, que interagem em um complexo sistema de trocas e transações. O �uxo circular da</p><p>renda é uma representação fundamental desse processo, permitindo a visualização de como os</p><p>recursos e o dinheiro �uem entre esses dois pilares essenciais da atividade econômica</p><p>(Viceconti; Neves, 2013).</p><p>Esse conceito é uma base</p><p>econômico. Desenvolver essa competência envolve a capacidade de</p><p>relacionar eventos históricos à evolução do capitalismo.</p><p>Por �m, compreender as raízes do pensamento econômico proporciona uma base sólida para</p><p>analisar criticamente as teorias que moldaram a ciência econômica. A evolução e consolidação</p><p>dessas ideias entre os séculos XVIII e XX são importantes para contextualizar o pensamento</p><p>econômico contemporâneo, bem como permite a você entender as correntes que in�uenciam o</p><p>debate econômico atual.</p><p>Concluindo, ao compreender esses conteúdos, você estará apto a analisar e interpretar os</p><p>fundamentos teóricos da economia política. Desenvolver essa competência implica não apenas</p><p>adquirir conhecimento, mas também aplicar esse conhecimento na análise crítica do sistema</p><p>econômico, relacionando-o aos eventos históricos e às correntes de pensamento que o</p><p>in�uenciaram.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Na cidade �ctícia de Terra Nova, um grupo de estudantes de economia política se depararam</p><p>com uma problemática que desa�a a compreensão dos fundamentos teóricos da economia</p><p>política. A cidade, outrora agrícola e feudal, está passando por mudanças econômicas e os</p><p>estudantes são chamados para analisar a situação.</p><p>Terra Nova, por séculos, foi uma comunidade agrícola baseada em relações feudais, com a</p><p>produção centrada na agricultura e relações de servidão. Contudo, nos últimos anos, uma série</p><p>de transformações econômicas tumultuou a cidade. Surgiram novas indústrias, as relações de</p><p>trabalho mudaram e a busca por lucro tornou-se mais evidente. Os estudantes precisam</p><p>compreender e aplicar os fundamentos teóricos da economia política para decifrar os desa�os</p><p>que a cidade enfrenta.</p><p>Nesse contexto, surgem as seguintes problemáticas:</p><p>1. Transição de modo de produção:</p><p>Como a transição do modo de produção feudal para o capitalista impactou as relações</p><p>sociais e econômicas em Terra Nova?</p><p>Quais são os sinais mais evidentes dessa transição nas formas de trabalho, propriedade</p><p>dos meios de produção e relações comerciais?</p><p>2. Con�itos de interesse:</p><p>Como os con�itos de interesse entre os antigos senhores feudais e os novos empresários</p><p>capitalistas estão moldando as dinâmicas econômicas em Terra Nova?</p><p>De que forma a competição por recursos e mercados está in�uenciando as escolhas</p><p>econômicas na cidade?</p><p>3. Desigualdade e divisão do trabalho:</p><p>Quais são os impactos da divisão do trabalho e da busca por e�ciência na criação de</p><p>desigualdades sociais em Terra Nova?</p><p>Como as diferentes classes sociais estão sendo afetadas pelas mudanças na estrutura</p><p>econômica?</p><p>4. Desa�os na lei do valor:</p><p>Como a lei do valor está se manifestando nas transações econômicas de Terra Nova?</p><p>Quais são os desa�os enfrentados pelos agentes econômicos ao tentar determinar o valor</p><p>das mercadorias em um contexto de rápida transformação?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O estudo de caso em Terra Nova desa�a os estudantes a aplicar os fundamentos teóricos da</p><p>economia política para compreender e propor soluções para os desa�os econômicos</p><p>enfrentados pela cidade. Ao explorar as problemáticas apresentadas, os estudantes</p><p>desenvolverão uma compreensão mais profunda dos princípios que regem a transição entre</p><p>modos de produção e as complexidades das mudanças econômicas.</p><p>Ao considerar os conceitos abordados sobre as origens da economia política, a interpretação do</p><p>trabalho, a lei do valor e a mercadoria, como esses elementos fundamentais in�uenciam as</p><p>relações sociais e econômicas no contexto do modo de produção capitalista?</p><p>Ao considerar os conteúdos abordados sobre a transição do feudalismo para o capitalismo e as</p><p>principais características do capitalismo, como você percebe a in�uência desses processos</p><p>históricos na con�guração do sistema econômico contemporâneo?</p><p>A competência desenvolvida ao longo deste estudo de caso foi a de conhecer os fundamentos</p><p>teóricos da economia política, aplicando-os para compreender e solucionar os desa�os</p><p>econômicos em Terra Nova. Os estudantes, ao enfrentarem as questões norteadoras,</p><p>aprimoraram sua compreensão sobre a transição de modos de produção, con�itos de interesse,</p><p>desigualdades sociais e os desa�os da lei do valor, usando os fundamentos teóricos da</p><p>economia política como guia.</p><p>Sobre as problemáticas apresentadas, os estudantes apresentam as seguintes re�exões:</p><p>1. Transição de modo de produção:</p><p>A transição em Terra Nova foi marcada por uma mudança signi�cativa nas relações de</p><p>produção. A propriedade privada dos meios de produção tornou-se dominante, e as</p><p>relações feudais cederam espaço para uma dinâmica mais capitalista. Os sinais mais</p><p>evidentes foram observados nas novas formas de trabalho assalariado e na crescente</p><p>importância do comércio.</p><p>2. Con�itos de interesse:</p><p>Os con�itos entre os antigos senhores feudais e os novos empresários capitalistas foram</p><p>analisados. Identi�cou-se que esses con�itos moldaram as dinâmicas econômicas,</p><p>in�uenciando decisões de investimento, uso de recursos e estratégias comerciais. A</p><p>competição acirrada por recursos e mercados emergentes tornou-se uma força motriz nas</p><p>escolhas econômicas.</p><p>3. Desigualdade e divisão do trabalho:</p><p>A divisão do trabalho e a busca por e�ciência foram fatores-chave na criação de</p><p>desigualdades sociais em Terra Nova. A análise revelou que algumas classes sociais foram</p><p>mais impactadas do que outras. Recomendações foram feitas para mitigar esses impactos,</p><p>buscando políticas que promovam uma distribuição mais equitativa dos benefícios</p><p>econômicos.</p><p>4. Desa�os na lei do valor:</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Os desa�os na determinação do valor das mercadorias foram explorados. A volatilidade</p><p>econômica e as mudanças rápidas tornaram complexa a aplicação da lei do valor.</p><p>Estratégias foram propostas para lidar com essa instabilidade, incluindo avaliações mais</p><p>�exíveis e dinâmicas do valor econômico das mercadorias.</p><p>A resolução desses desa�os em Terra Nova exigiu a aplicação dos fundamentos teóricos da</p><p>economia política. Os estudantes conseguiram integrar conceitos como transição de modos de</p><p>produção, con�itos de interesse, desigualdades sociais e a lei do valor para compreender e</p><p>propor soluções para os problemas econômicos enfrentados pela cidade. Dessa forma, a</p><p>competência de conhecer os fundamentos teóricos da economia política foi solidi�cada na</p><p>prática, capacitando os estudantes para análises mais profundas em contextos econômicos</p><p>complexos.</p><p>Figura 1 | Fundamentos de economia política</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>VASCONCELOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.</p><p>VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 7. ed. São Paulo: Saraiva,</p><p>2023.</p><p>,</p><p>Unidade 2</p><p>A ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA</p><p>Aula 1</p><p>Mercantilismo e Fisiocratas</p><p>Mercantilista e �siocratas</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, você irá conhecer a economia política clássica.</p><p>Este conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você vai conhecer as teorias que</p><p>fundamentam os sistemas econômicos. Ao compreender as bases da economia política</p><p>clássica, você estará apto a analisar criticamente os fenômenos econômicos, identi�car padrões</p><p>históricos e entender as raízes das teorias econômicas modernas.</p><p>Prepare-se para</p><p>essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Vamos iniciar a aula sobre economia política clássica!</p><p>Neste encontro, exploraremos dois importantes períodos econômicos: o mercantilismo e a</p><p>�siocracia. Eles são fundamentais para compreender as bases do pensamento econômico e as</p><p>in�uências que moldaram as teorias modernas. O mercantilismo, centrado no poder econômico</p><p>do Estado, contrasta com a �siocracia, que destaca a importância da agricultura como a principal</p><p>fonte de riqueza.</p><p>Para contextualizar o conteúdo, imagine que você vive em uma Europa pós-feudal, onde as</p><p>estruturas tradicionais de poder estão em declínio. Nesse contexto, a busca por uma nova ordem</p><p>econômica é urgente. Surge a questão: Qual era a linha de pensamento econômico predominante</p><p>entre os pensadores e líderes da época? Como o mercantilismo e a �siocracia representam</p><p>diferentes respostas a esse desa�o? Ao compreendermos essas perspectivas, seremos capazes</p><p>de lançar luz sobre os rumos que a economia europeia tomou após o �m do feudalismo.</p><p>Estudante, ao embarcar nesta jornada de aprendizado sobre mercantilismo e �siocracia, você</p><p>está explorando as bases do pensamento econômico que moldaram a Europa pós-feudal. Esses</p><p>conceitos não são apenas peças de história, mas ferramentas valiosas para entender as raízes</p><p>do nosso sistema econômico atual.</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e a devastadora peste bubônica de 1348 foram eventos</p><p>marcantes na história europeia, cujas repercussões tiveram profundos impactos na estrutura do</p><p>poder feudal. Esses acontecimentos desencadearam uma série de mudanças que minaram</p><p>signi�cativamente o poder privado da nobreza feudal, levando ao enfraquecimento de suas</p><p>estruturas tradicionais (Gennari, 2009).</p><p>No início do século XIV, a nobreza feudal já enfrentava desa�os decorrentes de uma fase anterior</p><p>de desorganização e fragilização, marcada por con�itos internos e revoltas servis. A Guerra dos</p><p>Cem Anos, um longo con�ito entre a França e a Inglaterra, exacerbou ainda mais essas tensões.</p><p>Os nobres, que dependiam grandemente de seus domínios para sustentar seus estilos de vida e</p><p>�nanciar suas campanhas militares, viram suas terras devastadas e suas receitas diminuírem</p><p>drasticamente (Gennari, 2009).</p><p>A peste bubônica, conhecida como a Peste Negra, adicionou um golpe ainda mais severo à</p><p>nobreza feudal. A epidemia dizimou uma grande parte da população europeia, incluindo a classe</p><p>nobre. Isso resultou na escassez de mão de obra, desvalorização das terras e uma reorganização</p><p>das relações sociais.</p><p>Com as terras despovoadas e as estruturas sociais abaladas, a nobreza feudal encontrou-se</p><p>incapaz de oferecer a proteção e segurança necessárias às atividades comerciais, feiras e</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>transporte de valores e mercadorias. O sistema feudal, baseado na lealdade pessoal e na troca</p><p>de serviços militares por terras, tornou-se cada vez mais ine�caz diante das novas realidades</p><p>econômicas e sociais (Gennari, 2009).</p><p>A burguesia, emergindo como uma classe econômica dinâmica e desejosa de expandir seus</p><p>negócios, ansiava por um ambiente seguro para o comércio e as transações comerciais. A</p><p>nobreza feudal, por outro lado, enfraquecida pelas guerras e pela instabilidade interna, buscava</p><p>restaurar e consolidar seu poder diante das ameaças à sua autoridade. De acordo com Gennari</p><p>(2009), essas demandas por segurança convergiram progressivamente em direção a um novo</p><p>tipo de poder, centralizado na �gura do monarca, contribuindo para o surgimento das bases do</p><p>estado moderno.</p><p>A centralização do poder nas mãos do monarca representou uma mudança signi�cativa no</p><p>equilíbrio de forças políticas. Os monarcas, muitas vezes apoiados pela nobreza, perceberam a</p><p>oportunidade de fortalecer suas posições em detrimento dos senhores feudais locais. Essa</p><p>convergência de esferas de poder em torno do monarca deu origem ao Estado moderno,</p><p>caracterizado pela centralização do poder político e administrativo (Gennari, 2009).</p><p>Essa série de mudanças que resultou na formação de uma nova esfera de poder também</p><p>possibilitou a retomada da análise dos fenômenos relacionados à produção, à distribuição e ao</p><p>consumo, que haviam sido prejudicados pela crise do mundo clássico (Gennari, 2009). Foi nesse</p><p>contexto que surgiu o mercantilismo.</p><p>Segundo Brue e Grant (2016), o mercantilismo refere-se à política econômica implementada na</p><p>Europa durante o período absolutista, caracterizada pela signi�cativa intervenção estatal na</p><p>economia nacional. O principal objetivo desses governos era promover o máximo</p><p>desenvolvimento econômico por meio da acumulação de metais preciosos.</p><p>Claude de Seyssel emerge como um dos pioneiros na formulação do metalismo. Em sua obra La</p><p>grande monarchie de France, de 1515, a�rmava com convicção que o "poder da nação está</p><p>intrinsecamente ligado às reservas de ouro e prata" (Gennari, 2009). Posteriormente, na Espanha,</p><p>Luis Ortiz, em Para que a moeda não saia do reino, de 1558, advogava por um conjunto de</p><p>medidas destinadas a assegurar a acumulação de metais preciosos (Gennari, 2009).</p><p>Mas por qual razão a busca por metais preciosos?</p><p>A necessidade de metais preciosos desempenhou papel fundamental nesse processo de</p><p>formação do Estado moderno. De acordo com Brue e Grant (2016), para remunerar as tropas, que</p><p>se tornaram fundamentais para a manutenção da ordem interna e defesa do reino, os monarcas</p><p>precisavam de recursos �nanceiros estáveis. A busca por ouro e prata tornou-se uma prioridade,</p><p>levando ao desenvolvimento de políticas econômicas voltadas para a acumulação de riqueza.</p><p>Portanto, essa necessidade de metais preciosos in�uenciou diretamente as práticas econômicas</p><p>da época (Brue; Grant, 2016).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Segundo Malassise et al. (2014), para impulsionar as atividades comerciais, promoveu-se o</p><p>estímulo às navegações. Um dos propósitos fundamentais dessas expedições era viabilizar o</p><p>acesso a novas fontes de matéria-prima. Esse movimento marcou o início das grandes</p><p>explorações no século XV, resultando na descoberta de novas colônias e na abertura de rotas</p><p>comerciais inéditas (Malassise et al., 2014). Além do fornecimento de matérias-primas, essas</p><p>novas colônias também contribuíram para o acesso a metais preciosos. Veja a rota comercial do</p><p>mercantilismo na �gura a seguir.</p><p>Figura 1 | Rota comercial do mercantilismo. Fonte: NASA/JPL/NIMA (2014 apud Malassise et al., 2014, p. 17).</p><p>Esse processo de expansão �cou conhecido como a Revolução Comercial, caracterizada pela</p><p>aplicação da política econômica do mercantilismo (Malassise et al., 2014).</p><p>Ainda segundo Brue e Grant (2016), os principais dogmas da escola mercantilista foram:</p><p>Ouro e prata como a forma mais desejável de riqueza: os mercantilistas tendiam a associar</p><p>a riqueza de uma nação ao montante de ouro e prata que ela possuía, acreditando que a</p><p>acumulação desses metais preciosos fortaleceria a economia e o poder do Estado. Para</p><p>eles, a posse de ouro e prata não apenas representava prosperidade, mas também fornecia</p><p>uma reserva de valor que poderia ser utilizada para �nanciar atividades governamentais,</p><p>investimentos e a expansão do comércio (Brue; Grant, 2016).</p><p>Nacionalismo: os países não podiam importar simultaneamente mais do que exportavam.</p><p>Portanto, cada um deveria promover exportações e acumular riqueza à custa dos vizinhos.</p><p>Somente uma nação poderosa, capaz de manter um saldo comercial positivo e acumular</p><p>metais preciosos, era vista como verdadeiramente próspera e in�uente. Nessa perspectiva</p><p>mercantilista, a competição econômica entre as nações era intensa, e a busca pelo</p><p>fortalecimento econômico era intrinsecamente ligada à busca pelo poder e prestígio</p><p>internacionais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Política comercial: isenção de taxas para a importação de matérias-primas que não podiam</p><p>ser produzidas internamente, proteção para bens manufaturados e matérias-primas que</p><p>tinham capacidade de produção interna e restrições sobre a importação de determinadas</p><p>matérias-primas. Os comerciantes recebiam �uxos de ouro como contrapartida de suas</p><p>exportações, ao passo que as restrições sobre as importações diminuíam a oferta de bens</p><p>para o consumo doméstico (Brue; Grant, 2016).</p><p>Colonização e monopolização do comércio colonial: os países mercantilistas buscavam</p><p>expandir seus impérios coloniais para garantir o controle sobre fontes estratégicas de</p><p>matérias-primas e abrir mercados exclusivos para seus produtos manufaturados. A</p><p>colonização permitia o acesso a recursos naturais, enquanto a monopolização do comércio</p><p>colonial assegurava que apenas as potências colonizadoras pudessem comercializar com</p><p>suas colônias, maximizando assim seus lucros (Brue; Grant, 2016).</p><p>Forte controle central: um forte controle governamental central era necessário para</p><p>promover metas mercantilistas. Isso envolvia a implementação de políticas que</p><p>regulamentavam o comércio, a produção e as transações econômicas, com o intuito de</p><p>otimizar a acumulação de riqueza e fortalecer a posição da nação no cenário internacional.</p><p>Essa centralização do poder permitia a coordenação efetiva das atividades econômicas de</p><p>acordo com os princípios mercantilistas, visando alcançar o máximo desenvolvimento</p><p>econômico e a supremacia nacional.</p><p>Pacto colonial: o objetivo primordial era impedir que a colônia realizasse transações</p><p>comerciais com outras nações, uma vez que isso poderia resultar em um desequilíbrio na</p><p>balança comercial em detrimento da metrópole. O Pacto Colonial consistia em estabelecer</p><p>um comércio bilateral exclusivo entre a colônia e a metrópole, estabelecendo um</p><p>monopólio que atendia aos interesses da potência colonial.</p><p>Muito bem, essas eram as características do pensamento mercantilista, in�uente na Europa</p><p>durante os séculos XVI ao XVIII.</p><p>Siga em Frente...</p><p>A partir do século XVIII, começa a surgir uma nova linha de pensamento na economia, chamada</p><p>de �siocracia.</p><p>A �siocracia, em contraste com o mercantilismo predominante nos séculos XVII e XVIII, surge</p><p>como uma escola de pensamento econômico que apresenta abordagens distintas em relação ao</p><p>papel do Estado na economia. Enquanto o mercantilismo valorizava a acumulação de metais</p><p>preciosos, o protecionismo e o controle centralizado para fortalecer o poder do Estado, a</p><p>�siocracia, originada na França do século XVIII, direcionou sua atenção para os processos</p><p>naturais da economia agrária e da baixa intervenção do Estado na economia (Brue; Grant, 2016).</p><p>Os �siocratas, liderados por François Quesnay, acreditavam que a verdadeira fonte de riqueza</p><p>estava na agricultura. Contrariando a ênfase mercantilista em ouro e prata, os �siocratas</p><p>destacavam a importância da terra como geradora de riqueza, defendendo que a agricultura era a</p><p>única atividade produtiva capaz de criar excedentes. Em sua visão, a natureza seguia leis</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>naturais que governavam a economia de forma harmoniosa, e o Estado deveria adotar uma</p><p>postura mais liberal, permitindo que essas leis naturais operassem sem intervenções excessivas</p><p>(Malassise et al., 2014).</p><p>Enquanto os mercantilistas buscavam monopólios comerciais e promoviam regulamentações</p><p>estatais, os �siocratas advogavam por uma abordagem mais laissez-faire, defendendo a</p><p>liberdade econômica e a remoção de obstáculos à produção agrícola (Brue; Grant, 2016). Eles</p><p>propuseram a eliminação de restrições, como impostos sobre o comércio e regulamentações</p><p>excessivas, para permitir que a agricultura �orescesse organicamente, bene�ciando toda a</p><p>sociedade.</p><p>Ainda segundo Brue e Grant (2016), os principais dogmas da escola �siocrata foram:</p><p>Ordem natural: de acordo com essa ideia, as leis da natureza governam as sociedades</p><p>humanas. Os �siocratas acreditavam que, assim como na natureza, existem leis</p><p>fundamentais que regem a economia e que o Estado deveria se abster de intervenções</p><p>excessivas, permitindo que essas leis naturais operassem de forma livre e harmoniosa</p><p>(Brue; Grant, 2016).</p><p>Laissez-faire, laissez-passer: essa expressão, creditada a Vincent de Gournay (1712-1759),</p><p>na realidade, signi�ca "deixe as pessoas fazerem o que quiserem sem a interferência do</p><p>governo". Os governos nunca deveriam, segundo essa �loso�a, se intrometer</p><p>excessivamente nas atividades econômicas e individuais. Em essência, ela re�ete a crença</p><p>fundamental dos �siocratas e dos defensores do liberalismo econômico de que a economia</p><p>funciona melhor quando as forças do mercado operam livremente, sem restrições</p><p>excessivas ou intervenções estatais (Brue; Grant, 2016). A expressão tornou-se um lema</p><p>para aqueles que defendem a liberdade econômica e a limitação do papel do governo na</p><p>condução das atividades comerciais e produtivas.</p><p>Ênfase na agricultura: os �siocratas acreditavam que a verdadeira riqueza de uma nação</p><p>derivava da produção agrícola. Consideravam a agricultura como a única atividade</p><p>produtiva capaz de criar excedentes econômicos, pois envolvia a transformação direta dos</p><p>recursos naturais em produtos comercializáveis (Brue; Grant, 2016). Ao investir na</p><p>agricultura, os �siocratas acreditavam que os agricultores podiam gerar excedentes que</p><p>bene�ciariam toda a sociedade. Esses excedentes eram vistos como a verdadeira fonte de</p><p>riqueza, capazes de sustentar outras atividades econômicas e promover o desenvolvimento</p><p>geral (Malassise et al., 2014).</p><p>O contraste entre �siocracia e mercantilismo re�ete uma mudança nas perspectivas econômicas</p><p>do período. A �siocracia, embora tenha tido uma in�uência relativamente curta, lançou as bases</p><p>para futuras teorias econômicas, in�uenciando ideias como o liberalismo econômico que se</p><p>desenvolveriam nos séculos subsequentes. Enquanto o mercantilismo era centrado no poder e</p><p>na riqueza através do controle estatal, a �siocracia buscava uma ordem econômica baseada na</p><p>harmonia natural e na liberdade de atividade produtiva.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Muito bem! A partir de agora vamos retomar a problematização apresentada no começo da aula.</p><p>Ao re�etirmos sobre a linha de pensamento econômico na Europa pós-feudalismo, observamos</p><p>que o mercantilismo e a �siocracia foram duas respostas signi�cativas a esse desa�o. Na</p><p>transição após a queda do feudalismo, surgiram diversas questões sobre como estruturar a</p><p>economia e o papel do Estado. O mercantilismo, com seu foco em acumular riquezas nacionais</p><p>através do comércio e da intervenção estatal, representou uma abordagem centralizada e voltada</p><p>para o desenvolvimento econômico. Por outro lado, a �siocracia, ao destacar a agricultura como</p><p>fonte primordial de riqueza, propôs uma visão mais descentralizada e ligada à produção.</p><p>Portanto, enquanto o mercantilismo visava fortalecer o Estado acumulando riquezas e</p><p>promovendo atividades econômicas diversi�cadas, a �siocracia concentrava-se na promoção da</p><p>agricultura e advogava por uma abordagem mais livre do governo na economia, con�ando nas</p><p>forças naturais do mercado. Essas abordagens oferecem insights valiosos sobre as diferentes</p><p>perspectivas econômicas que moldaram o pensamento da época e in�uenciaram o</p><p>desenvolvimento do pensamento econômico moderno.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 2 A escola mercantilista do livro: História do pensamento econômico. Nesse</p><p>capítulo, os autores utilizam primeiro as “cinco perguntas principais” para fornecer</p><p>uma visão geral do mercantilismo e, em seguida, examinam quatro pensadores que expressaram</p><p>ideias mercantilistas: Mun, Malynes, Davenant e Colbert. Também discutem Sir William Petty, um</p><p>mercantilista que desenvolveu alguns conceitos que precederam a economia clássica.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Leia o Capítulo 3 A escola �siocrática do livro: História do pensamento econômico. Nesse</p><p>capítulo, os autores apresentam uma visão geral da escola �siocrata, bem como descreve as</p><p>ideias de François Quesnay (1694-1774)</p><p>e Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), que foram</p><p>os principais expoentes dessa escola da economia política clássica.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Referências</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>Aula 2</p><p>Teorias Liberais</p><p>Teorias liberais</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer as teorias liberais.</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá os</p><p>fundamentos e princípios que moldaram o pensamento econômico liberal ao longo da história.</p><p>As teorias liberais destacam a importância do livre mercado, da propriedade privada e do</p><p>minimalismo do Estado na regulação da economia.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, vamos explorar os fundamentos das teorias liberais, um conjunto de ideias que</p><p>moldaram signi�cativamente o pensamento econômico e político ao longo dos tempos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Abordaremos a origem do pensamento liberal, as diversas correntes que surgiram e seu papel no</p><p>desenvolvimento do capitalismo.</p><p>Agora, convido você a re�etir sobre a teoria liberal como um contraponto às ideias absolutistas</p><p>de um estado centralizador. Como essa oposição in�uencia a economia, especialmente a</p><p>emergente, no contexto capitalista? Como as correntes liberais moldaram a visão política</p><p>contemporânea? Essas são questões essenciais para entendermos o papel do liberalismo na</p><p>evolução da sociedade e da economia. Esses tópicos serão fundamentais para as discussões ao</p><p>longo da aula.</p><p>Ao compreendermos as origens do liberalismo, suas correntes e seu impacto no</p><p>desenvolvimento do capitalismo, ganhamos uma perspectiva valiosa para interpretar os desa�os</p><p>contemporâneos.</p><p>Vamos lá? Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>O pensamento liberal teve sua origem ao longo dos séculos XVII e XVIII, como uma resposta e</p><p>crítica ao absolutismo que predominava na Europa nesse período. O contexto histórico que</p><p>impulsionou o surgimento do pensamento liberal foi marcado por eventos como a Guerra dos</p><p>Trinta Anos (1618-1648), que devastou a Europa e gerou questionamentos sobre a legitimidade e</p><p>a e�cácia do absolutismo (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Além disso, a Revolução Inglesa (1642-</p><p>1688) teve um papel signi�cativo ao desa�ar o poder monárquico e estabelecer princípios que</p><p>viriam a in�uenciar as ideias liberais.</p><p>Filósofos como John Locke, considerado um dos pais do liberalismo, contribuíram de maneira</p><p>fundamental para o desenvolvimento dessas ideias. Locke argumentava que os governantes</p><p>devem derivar seu poder do consentimento dos governados, defendendo princípios como a</p><p>igualdade natural, a liberdade individual e o direito à propriedade privada (Silva; Dalcin; Stefani,</p><p>2019). Essas ideias se tornaram pilares do pensamento liberal e in�uenciaram movimentos</p><p>posteriores.</p><p>O Iluminismo, um movimento intelectual que �oresceu durante o século XVIII, também</p><p>desempenhou papel relevante na propagação do pensamento liberal. Filósofos como</p><p>Montesquieu, Voltaire e Rousseau contribuíram para a formação de uma visão crítica em relação</p><p>ao absolutismo e defenderam a separação de poderes, a liberdade de expressão e outros</p><p>princípios que viriam a ser centrais para o liberalismo.</p><p>De acordo com Sandroni (2005), o liberalismo defendia um conjunto de ideias que eram,</p><p>para a época, revolucionários, a saber:</p><p>Ampla liberdade dos indivíduos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>A democracia representativa com a separação em três poderes: Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário.</p><p>O direito inalienável à propriedade privada.</p><p>A livre iniciativa e a concorrência como basilares para a garantia dos interesses individuais</p><p>e para o progresso das sociedades capitalistas.</p><p>Um dos principais conceitos associados ao liberalismo é o "laissez-faire, laissez-passer", que se</p><p>traduz do francês para "deixai fazer, deixai passar". Esse princípio expressa a ideia de uma</p><p>abordagem mínima ou nula por parte do Estado na economia, defendendo que as forças do</p><p>mercado devem operar com o mínimo de intervenção governamental possível (Silva; Dalcin;</p><p>Stefani, 2019).</p><p>O laissez-faire enfatiza a crença de que os mercados são autorreguladores e que a intervenção</p><p>do Estado nas atividades econômicas pode ser prejudicial ao funcionamento e�ciente da</p><p>economia. Esse conceito teve origem durante o período do liberalismo clássico nos séculos XVII</p><p>e XVIII, especialmente associado a pensadores como Adam Smith, considerado o pai da</p><p>economia moderna.</p><p>No contexto do laissez-faire, o Estado Nacional desempenha um papel limitado, concentrando-se</p><p>principalmente em garantir um ambiente propício para a livre concorrência entre empresas e</p><p>agentes econômicos. Acredita-se que, ao permitir que as forças de mercado operem sem</p><p>restrições excessivas, a e�ciência econômica será maximizada e os recursos serão alocados de</p><p>maneira mais e�caz (Brue; Grant, 2016).</p><p>Um aspecto importante dessa abordagem é a defesa do direito à propriedade privada. Enquanto</p><p>o Estado limita sua intervenção econômica, ele é visto como responsável por proteger os direitos</p><p>de propriedade, intervindo apenas quando ameaças signi�cativas surgem, como convulsões</p><p>sociais ou revoluções que possam colocar em risco esses direitos (Brue; Grant, 2016). Nesses</p><p>casos, o papel do Estado é frequentemente justi�cado como uma medida para manter a</p><p>estabilidade social e proteger o ambiente propício aos negócios.</p><p>Naquela época, a crença predominante era de que a economia, assim como a natureza física,</p><p>seguia leis universais e imutáveis. De acordo com Silva; Dalcin; Stefani, (2019) essa visão re�etia</p><p>a con�ança no conceito do homo economicus, uma representação teórica do indivíduo</p><p>econômico, que, livre de intervenções do Estado e in�uências de grupos sociais, buscava</p><p>maximizar seus ganhos com o mínimo de esforço.</p><p>O homo economicus é concebido como um agente racional e autointeressado, guiado pela busca</p><p>otimizada de seus interesses pessoais, especialmente a maximização do lucro. Nesse contexto,</p><p>acreditava-se que, se deixado em um ambiente de livre mercado, o homo economicus contribuiria</p><p>para o funcionamento e�ciente da economia, agindo de acordo com princípios econômicos</p><p>fundamentais (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Uma das principais críticas dos liberais era direcionada às restrições ao comércio impostas pelo</p><p>mercantilismo. Práticas protecionistas, como tarifas e barreiras comerciais, eram vistas como</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>obstáculos à e�ciência econômica e ao desenvolvimento. Para os liberais, a liberdade de</p><p>comércio era fundamental para o crescimento econômico e a prosperidade das nações.</p><p>Outro ponto de discordância residia no foco do mercantilismo no acúmulo de metais preciosos</p><p>como medida de riqueza nacional. Os liberais argumentavam que a verdadeira riqueza provinha</p><p>da produção interna, do comércio livre e do desenvolvimento dos setores econômicos,</p><p>desa�ando o conceito de que a quantidade de ouro e prata determinava a prosperidade de uma</p><p>nação.</p><p>Segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), no pensamento liberal podemos destacar duas vertentes</p><p>ideológicas: as Escolas Clássica e Austríaca. Na primeira, estão os arcabouços ideológicos</p><p>formulados no século XVIII</p><p>e XIX; na segunda escola, estão os pensamentos formulados no</p><p>século XIX e XX.</p><p>Siga em Frente...</p><p>A Escola Clássica teve seu auge nos séculos XVIII e XIX, sendo marcada por pensadores que</p><p>estabeleceram os fundamentos do liberalismo econômico. Adam Smith, muitas vezes</p><p>considerado o pai da economia moderna, é uma �gura proeminente dessa escola.</p><p>Adam Smith é frequentemente considerado o pioneiro do liberalismo econômico e um dos</p><p>fundadores da economia como ciência. Em sua obra seminal A riqueza das nações (1776), Smith</p><p>articulou os princípios fundamentais do liberalismo clássico (Gennari, 2009). Ele argumentou a</p><p>favor do laissez-faire, defendendo que, quando os indivíduos buscam seus próprios interesses</p><p>egoístas, o mercado é guiado pela "mão invisível" para promover o bem-estar social. Smith</p><p>também destacou a importância da divisão do trabalho e da especialização na geração de</p><p>riqueza.</p><p>Jean-Baptiste Say, um economista francês, foi outro in�uente pensador liberal clássico. Ele é</p><p>conhecido pela Lei de Say, que postula que a produção cria sua própria demanda. Em outras</p><p>palavras, acredita-se que a oferta de bens e serviços gera automaticamente a demanda por</p><p>outros bens e serviços (Brue; Grant, 2016). Say contribuiu para a teoria do valor e da oferta</p><p>agregada, in�uenciando o pensamento econômico clássico.</p><p>John Stuart Mill, embora tenha se expandido além do liberalismo clássico em algumas áreas,</p><p>contribuiu signi�cativamente para a �loso�a econômica liberal. Em sua obra Princípios de</p><p>economia política (1848), Mill abordou questões sociais, éticas e políticas dentro do contexto</p><p>liberal. Ele enfatizou a importância de equilibrar a liberdade individual com a intervenção do</p><p>governo para corrigir desigualdades e garantir a justiça social.</p><p>A Escola Austríaca é uma tradição de pensamento liberal que se desenvolveu nos séculos XIX e</p><p>XX, notadamente na Áustria, e contribuiu signi�cativamente para a teoria econômica e política</p><p>liberal.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Considerado o fundador da Escola Austríaca, Carl Menger desenvolveu a teoria subjetiva do valor.</p><p>Em sua obra Princípios de economia política (1871), Menger argumentou que o valor de um bem</p><p>é determinado pela utilidade subjetiva que os indivíduos atribuem a ele. Essa teoria revolucionou</p><p>a compreensão do valor e in�uenciou a economia neoclássica (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Ludwig von Mises foi um dos principais representantes da Escola Austríaca no século XX. Ele é</p><p>conhecido por suas contribuições para a teoria do dinheiro e dos ciclos econômicos. Em Ação</p><p>humana (1949), Mises expôs uma abordagem abrangente da economia, destacando a</p><p>importância da ação humana consciente na análise econômica.</p><p>Friedrich Hayek foi outro importante expoente da Escola Austríaca. Sua obra O caminho da</p><p>servidão (1944) tornou-se uma referência na crítica aos perigos do planejamento central e da</p><p>expansão excessiva do Estado. Hayek também contribuiu para a teoria dos preços e a</p><p>compreensão dos mecanismos de mercado.</p><p>Silva, Dalcin e Stefani (2019) argumentam que o liberalismo tem moldado ideias e políticas em</p><p>diferentes partes do mundo, re�etindo-se em debates sobre o papel do Estado, liberdades</p><p>individuais, propriedade privada e funcionamento dos mercados. Uma das expressões mais</p><p>marcantes desse fenômeno é o surgimento do neoliberalismo, notadamente após 1980, que</p><p>representou uma revitalização e uma nova fase das ideias liberais.</p><p>O neoliberalismo é uma vertente do liberalismo que ganhou destaque a partir da década de 1980,</p><p>especialmente com as políticas adotadas por líderes como Ronald Reagan nos Estados Unidos e</p><p>Margaret Thatcher no Reino Unido. Essa abordagem enfatiza a con�ança no mercado livre, a</p><p>redução do papel do Estado na economia e a promoção de políticas de desregulamentação.</p><p>De acordo com Silva, Dalcin e Stefani (2019), os princípios fundamentais do neoliberalismo</p><p>incluem a crença na e�ciência do mercado, a ênfase na liberdade individual, a defesa da</p><p>propriedade privada e a redução da intervenção estatal na economia. Isso implicou em políticas</p><p>como privatizações, cortes de gastos públicos, liberalização dos mercados �nanceiros e a busca</p><p>por maior �exibilidade nas relações de trabalho.</p><p>O neoliberalismo também representou um ataque às políticas keynesianas, que predominaram</p><p>no período pós-Segunda Guerra Mundial. Enquanto o keynesianismo defendia a intervenção</p><p>estatal para combater recessões, o neoliberalismo argumentava que a intervenção do Estado</p><p>frequentemente distorcia os mercados e prejudicava o crescimento econômico.</p><p>É importante destacar que, apesar de sua in�uência generalizada, o neoliberalismo também</p><p>enfrentou críticas signi�cativas. Críticos argumentam que as políticas neoliberais podem levar a</p><p>desigualdades socioeconômicas, instabilidade �nanceira e falta de regulamentação adequada</p><p>para proteger os interesses públicos (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Em resumo, o liberalismo, em suas várias formas, desempenhou um papel importante na</p><p>con�guração do pensamento político e econômico contemporâneo, com o neoliberalismo sendo</p><p>uma expressão signi�cativa desse impacto nas últimas décadas. O debate em torno dessas</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>ideias continua a in�uenciar as políticas governamentais e a moldar as discussões sobre o</p><p>equilíbrio entre liberdade econômica e a responsabilidade do Estado.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, vamos retomar a problematização inicial da nossa aula.</p><p>Durante a aula, exploramos como o pensamento liberal surgiu como uma resposta às ideias</p><p>absolutistas de um estado forte. Analisamos as diferentes correntes liberais e examinamos seu</p><p>papel fundamental no desenvolvimento do capitalismo. Ao conectar esses conceitos,</p><p>percebemos que o liberalismo não apenas forneceu um contraponto ao absolutismo, mas</p><p>também estabeleceu as bases ideológicas que moldaram as estruturas políticas e econômicas</p><p>contemporâneas.</p><p>Para entender a resolução dessa problematização, é essencial reconhecer que o liberalismo</p><p>introduziu uma visão de Estado que valoriza a liberdade individual, limita a intervenção</p><p>governamental na economia e defende os princípios do livre mercado. Isso impactou a economia</p><p>capitalista, incentivando a concorrência, a inovação e a liberdade de empreender.</p><p>As correntes liberais desempenharam um papel signi�cativo na formação da visão política</p><p>contemporânea, com o neoliberalismo emergindo como uma expressão particular dessa</p><p>tradição. No contexto do neoliberalismo, as ideias liberais clássicas foram reinterpretadas e</p><p>aplicadas de maneira mais especí�ca às políticas econômicas. Esse movimento teve impactos</p><p>notáveis em várias esferas da sociedade moderna.</p><p>Ao concluirmos nosso estudo do pensamento liberal e seu impacto no desenvolvimento do</p><p>capitalismo, é importante reconhecer a relevância desses conceitos em sua compreensão do</p><p>mundo. Ao entender como o liberalismo in�uenciou a formação política contemporânea e a</p><p>economia capitalista, você adquire conhecimentos valiosos para interpretar e participar nas</p><p>discussões sociais e pro�ssionais sobre economia política.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo Liberalismo do livro: Economia política. A partir da leitura desse capítulo, você vai</p><p>compreender a origem e a formação do liberalismo. Saber descrever a escola liberal clássica e</p><p>reconhecer os principais pensadores do liberalismo e suas ideias.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Leia o capítulo Intervenção do estado na economia do livro: Economia política. A partir da leitura</p><p>desse capítulo, você vai compreender o processo histórico da intervenção do Estado na</p><p>economia, bem como determinar as relações entre a ordem econômica e o direito econômico. Ao</p><p>�nal, você conseguirá relacionar as formas de intervenção</p><p>do Estado na economia.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-</p><p>book.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 3</p><p>Adam Smith e a Riqueza das Nações</p><p>Adam Smith e a riqueza das nações</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, você irá conhecer a obra de Adam Smith, o pai da economia.</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois vai te proporcionar a</p><p>compreensão dos princípios econômicos fundamentais que regem as bases do pensamento</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>liberal, presentes em diversas esferas da vida econômica, política e social.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>É um prazer iniciar mais uma aula em nosso percurso acadêmico.</p><p>Nesta aula, vamos conhecer as teorias de Adam Smith, uma �gura central na história da</p><p>economia política. Ao estudar os conceitos fundamentais desenvolvidos por Smith,</p><p>mergulharemos nas raízes do pensamento econômico moderno e compreenderemos como suas</p><p>ideias moldaram a compreensão contemporânea sobre a economia.</p><p>Agora, lançamos um desa�o para sua re�exão. Como as ideias de Adam Smith, considerado o</p><p>"pai da economia", in�uenciaram a economia política ao longo do tempo? De que maneira seus</p><p>princípios moldaram não apenas teorias econômicas subsequentes, mas também as práticas</p><p>econômicas adotadas por diversas nações?</p><p>Ao re�etir essas questões, você compreenderá que as teorias de Adam Smith não apenas</p><p>impactaram o entendimento da economia, mas também desencadearam uma revolução nas</p><p>relações sociais e políticas.</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Adam Smith foi um in�uente �lósofo e economista escocês do século XVIII, conhecido como o</p><p>pai da economia moderna, nasceu em 1723, em Kirkcaldy, na Escócia. Smith estudou na</p><p>Universidade de Glasgow e depois na Universidade de Oxford. Na época, a Escócia estava</p><p>passando por transformações signi�cativas devido à Revolução Industrial e ao Iluminismo,</p><p>movimento intelectual que valorizava a razão, a ciência e a liberdade individual. Esses eventos</p><p>moldaram a perspectiva de Smith sobre a sociedade e a economia (Brue; Grant, 2016).</p><p>O pensamento de Adam Smith foi profundamente in�uenciado pelo Iluminismo, um movimento</p><p>intelectual que teve seu auge no século XVIII. Durante esse período, o Iluminismo promoveu a</p><p>ideia de que a razão, a ciência e a educação eram instrumentos poderosos para a melhoria da</p><p>sociedade. Os iluministas buscavam substituir o pensamento tradicional baseado na fé e na</p><p>autoridade pela razão e observação empírica (Brue; Grant, 2016).</p><p>Adam Smith acreditava na capacidade da razão humana para compreender e melhorar a</p><p>sociedade. Sua abordagem pragmática e baseada em evidências, como apresentado em suas</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>obras, foi moldada pela con�ança no poder da razão aplicada ao entendimento dos fenômenos</p><p>econômicos.</p><p>In�uenciado por pensadores como David Hume e Francis Hutcheson, Adam Smith desenvolveu</p><p>sua visão sobre a economia enquanto lecionava �loso�a moral em Glasgow. Sua obra mais</p><p>famosa, A riqueza das nações (1776), é considerada um marco na história do pensamento</p><p>político e econômico. Nesse trabalho seminal, Adam Smith aborda a economia política, propondo</p><p>ideias-chave que fundamentam a teoria econômica clássica. Ele introduz o conceito de mão</p><p>invisível, defendendo a ideia de que o interesse próprio individual, quando buscado livremente,</p><p>pode resultar no benefício da sociedade como um todo. O livro abrange tópicos como a divisão</p><p>do trabalho, a importância do livre mercado e a crítica às intervenções governamentais na</p><p>economia.</p><p>De acordo com Hunt e Lautzenheiser (2012):</p><p>[...] Smith se distingue de todos os economistas que o antecederam, não só por sua formação</p><p>acadêmica e pela vastidão de seus conhecimentos, como também porque foi o primeiro a</p><p>elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente da natureza, da estrutura e do</p><p>funcionamento do sistema capitalista. Notava que havia importantes ligações entre as principais</p><p>classes sociais, os vários setores de produção, a distribuição da riqueza e da renda, o comércio,</p><p>a circulação da moeda, os processos de formação dos preços e o processo de crescimento</p><p>econômico. Baseava muitas de suas recomendações de política nas conclusões tiradas de seu</p><p>modelo. Esses modelos sistemáticos do capitalismo, considerados no todo ou em parte,</p><p>caracterizaram as obras da maioria dos economistas importantes, a partir de Smit [...] (Hunt;</p><p>Lautzenheiser, 2012, p. 33)</p><p>O primeiro capítulo do livro A riqueza das nações trata sobre a divisão do trabalho. Imagine uma</p><p>fábrica de al�netes que possui 10 funcionários. Porém, cada trabalhador produz al�netes</p><p>individualmente e sem treinamentos adequados para essa atividade. Logo, cada trabalhador, mal</p><p>poderá talvez, ainda que com maior diligência, produzir um al�nete num dia e não seria, com</p><p>certeza, capaz de produzir 20 (Brue; Grant, 2016).</p><p>Nesse exemplo dado por Adam Smith, podemos observar que o nível produtivo de somente um</p><p>trabalhador, não treinando por dada função e responsável por toda a tarefa de produção, será</p><p>“muito baixo”, pois ele deverá se ocupar de todo o processo produtivo, não obtendo e�ciência de</p><p>produção. Ao �nal, essa dinâmica geraria um ciclo de pobreza econômico, conforme a Figura 1.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Impactos da ine�ciência produtiva no sistema econômico</p><p>Qual a proposta de Smith?</p><p>Imagine que nessa fábrica, um operário desenrola o arame, outro o endireita, um terceiro o corta,</p><p>um quarto faz as pontas, um quinto o a�a nas pontas para a colocação da cabeça do al�nete;</p><p>para fazer uma cabeça de al�nete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é</p><p>uma atividade diferente e alvejar os al�netes é outra; a própria embalagem dos al�netes também</p><p>constitui uma atividade independente (Smith, 1996, p. 66).</p><p>A e�cácia e o aprimoramento do trabalho por meio de sua divisão são facilmente percebidos no</p><p>exemplo fornecido. Ao dividir o trabalho em etapas distintas, a produtividade dos trabalhadores</p><p>torna-se signi�cativamente superior em comparação com a situação em que cada trabalhador se</p><p>ocuparia autonomamente de todas as fases da produção de um al�nete. Essa abordagem</p><p>divisional possibilita que cada trabalhador se especialize e aperfeiçoe na função para a qual foi</p><p>designado. O cerne da discussão de Smith sobre a divisão do trabalho está centrado na maneira</p><p>como o aumento da especialização contribui para o aumento da produtividade dentro de um</p><p>setor.</p><p>Quanto mais especializada uma economia, maior a produtividade, resultando em um aumento na</p><p>produção e, por conseguinte, na geração de riqueza. A divisão do trabalho não apenas</p><p>impulsiona a e�ciência na produção, mas também promove a inovação, uma vez que os</p><p>trabalhadores podem aprimorar suas habilidades em tarefas especí�cas. Ao elevar a</p><p>produtividade, ocorre um aumento tanto na produção quanto no excedente. Uma porção desse</p><p>excedente se converte em lucro, enquanto outra parte é destinada à poupança. A fração</p><p>poupada, por sua vez, transforma-se em investimento para impulsionar novas iniciativas</p><p>comerciais. Portanto, o excedente econômico gerado e sua alocação determinam o ritmo do</p><p>crescimento econômico a longo prazo. Essa dinâmica pode ser visualizada na Figura 2.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 2 | Impactos da e�ciência produtiva no sistema econômico</p><p>Siga em Frente...</p><p>Smith acreditava que, em um mercado livre e competitivo, os interesses individuais dos</p><p>participantes se harmonizariam naturalmente para promover o bem-estar coletivo. De acordo</p><p>Hunt e Lautzenheiser (2012), a famosa frase de Smith sobre a harmonia dos interesses expressa</p><p>esta ideia: "Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que esperamos o</p><p>nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos próprios interesses” (Smith, 1996, p. 70).</p><p>Nessa observação, Smith destaca como a busca individual do interesse próprio, quando inserida</p><p>em um contexto de livre mercado, resulta na produção e�ciente de bens e serviços para atender</p><p>às necessidades da sociedade.</p><p>Segundo Adam Smith, há uma mão invisível que direciona o comportamento do interesse próprio</p><p>para um tal caminho que o bem social emerge. A mão invisível atua como um guia não planejado</p><p>que, através das interações do mercado, coordena as atividades individuais para o benefício</p><p>coletivo. Essa ideia sugere que a autorregulação do mercado, orientada pelos interesses</p><p>individuais, pode resultar em e�ciência econômica e na maximização do bem-estar geral (Brue;</p><p>Grant, 2016).</p><p>A chave para compreender a "mão invisível" de Adam Smith está ligada ao conceito de</p><p>competitividade. A competitividade é o motor que impulsiona a e�cácia da mão invisível. No</p><p>contexto do mercado, a competição entre produtores e fornecedores cria um ambiente dinâmico</p><p>no qual os participantes são motivados a oferecer produtos e serviços de melhor qualidade, a</p><p>preços mais competitivos e com maior e�ciência (Brue; Grant, 2016). Essa competição não</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>apenas atende às demandas dos consumidores, mas também estimula a inovação e a melhoria</p><p>constante.</p><p>Portanto, de acordo com Brue e Grant (2016), a mão invisível opera de maneira mais e�caz em</p><p>um cenário competitivo, onde as forças do mercado determinam os preços, a alocação de</p><p>recursos e a distribuição de bens e serviços. A concorrência fomenta a e�ciência, pois os</p><p>produtores buscam maneiras de produzir mais com menos recursos, reduzindo custos e, ao</p><p>mesmo tempo, mantendo ou aprimorando a qualidade.</p><p>É atrativo caracterizar Smith como um apoiador do laissez-faire, considerando sua clara</p><p>oposição à intervenção governamental na economia. No entanto, em contraste com algumas das</p><p>defesas mais radicais desse ponto de vista, Smith reconheceu um papel signi�cativo, embora</p><p>restrito, para o Estado.</p><p>Segundo Brue e Grant (2016), Smith argumentava que o governo deveria:</p><p>Desempenhar um papel na garantia da justiça.</p><p>Proteger os direitos de propriedade e execução de contratos.</p><p>Garantir a defesa nacional.</p><p>Essas funções governamentais eram vistas como essenciais para a preservação de um</p><p>ambiente estável e seguro, no qual a mão invisível do mercado poderia operar e�cientemente.</p><p>No entanto, Smith tinha preocupações em relação a certas práticas governamentais de sua</p><p>época. Ele criticava a concessão de privilégios especiais a determinadas indústrias ou empresas,</p><p>que poderiam distorcer a concorrência e prejudicar o livre funcionamento do mercado. Além</p><p>disso, expressava preocupação com o risco de corrupção e ine�ciência em governos que</p><p>ultrapassassem seus limites apropriados.</p><p>Compreendido a importância da divisão do trabalho, da livre iniciativa e da ausência de</p><p>intervenção do governo na economia, vamos agora estudar outra teoria elaborada por Adam</p><p>Smith, chamada de teoria do valor do trabalho.</p><p>A teoria do valor do trabalho apresentada por Smith diz que o valor de um bem ou serviço é</p><p>determinado pelo trabalho necessário para produzi-lo.</p><p>Segundo ele, o trabalho é a fonte primária de valor e os preços dos bens e serviços re�etem o</p><p>esforço humano incorporado em sua produção. Essa abordagem foi posteriormente</p><p>desenvolvida por economistas clássicos como David Ricardo.</p><p>Segundo Smith (1996), surgem dois tipos de valor:</p><p>Valor de uso: refere-se à utilidade ou ao benefício que um bem ou serviço proporciona ao</p><p>consumidor. Em outras palavras, é a capacidade do bem de satisfazer uma necessidade</p><p>especí�ca.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Valor de troca: diz respeito à capacidade de um bem ser trocado por outros bens ou</p><p>serviços no mercado. Esse valor está relacionado à oferta e demanda, bem como às</p><p>preferências e necessidades dos consumidores.</p><p>Smith sustenta que o valor de troca de uma mercadoria é estabelecido pela quantidade de</p><p>trabalho nela contida, somada à distribuição relativa, em diferentes ocasiões, do trabalho indireto</p><p>(que gerou os meios utilizados na produção da mercadoria) e do trabalho direto (que utiliza</p><p>esses meios na produção da mercadoria) (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Smith pôde identi�car o</p><p>trabalho como o determinante do valor de troca apenas em economias iniciais pré-capitalistas,</p><p>nas quais não existiam capitalistas ou proprietários de terras.</p><p>Ainda segundo Hunt e Lautzenheiser (2012), à medida que os capitalistas adquiriram controle</p><p>sobre os meios de produção e os proprietários de terras monopolizaram a terra e os recursos</p><p>naturais, Smith observou que o valor de troca ou preço passou a ser a combinação de três</p><p>componentes distintos: salários, lucros e aluguéis. "Assim que o capital se acumula nas mãos de</p><p>determinadas pessoas", destacou ele.</p><p>Umas das grandes indagações de Adam Smith em suas obras era identi�car as causas para a</p><p>riqueza de uma nação. Dentro do contexto capitalista nascente no qual viveu, Smith formulou o</p><p>processo para o crescimento e desenvolvimento econômico. A Figura 3 resume os vários</p><p>elementos constituintes desse processo.</p><p>Figura 3 | A teoria do crescimento econômico de Adam Smith. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 87).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Conforme evidenciado pelos dois retângulos superiores na �gura, Smith considerava a divisão do</p><p>trabalho e a acumulação de capital como os principais impulsionadores do crescimento de uma</p><p>nação.</p><p>Smith a�rmou que a divisão do trabalho estimula o acúmulo de capital (seta a) e que os dois</p><p>trabalham juntos para aumentar a produtividade do trabalho (setas b e c). O crescimento na</p><p>produtividade do trabalho aumenta a produção nacional (seta d), que amplia o mercado e</p><p>justi�ca a distância entre a divisão do trabalho e o acúmulo de capital (seta f). Como um</p><p>resultado do acúmulo de capital, as reservas de salários crescem (seta g) e os salários</p><p>aumentam (seta h). Os salários mais altos motivam o crescimento ainda maior da produtividade</p><p>(seta i). O crescimento da produção nacional aumenta o número de bens disponíveis para o</p><p>consumo, o que, para Smith, constitui a riqueza de uma nação (seta e).</p><p>Em resumo, Adam Smith é considerado um dos pilares da economia política clássica devido à</p><p>sua visão pioneira sobre o funcionamento dos mercados, o valor do trabalho, a importância da</p><p>divisão do trabalho e a defesa da competição. Seu legado persiste como uma base essencial</p><p>para muitas teorias econômicas subsequentes e continua a in�uenciar as discussões e políticas</p><p>econômicas em todo o mundo.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Gostou da aula até aqui? Espero que sim!</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização do início do conteúdo.</p><p>A primeira re�exão nos indaga como as ideias de Adam Smith, considerado o "pai da economia",</p><p>in�uenciaram a economia política ao longo do tempo.</p><p>Bom, as ideias de Adam Smith, conhecido como o "pai da economia", tiveram uma signi�cativa</p><p>in�uência na economia política ao longo do tempo. Seu conceito central da "mão invisível"</p><p>destacou como a busca individual pelo próprio interesse pode contribuir para o bem-estar</p><p>coletivo, tornando-se a base do liberalismo econômico. Smith defendeu a mínima intervenção</p><p>governamental nos mercados, promovendo a liberdade individual e a propriedade privada.</p><p>Também enfatizou a importância da divisão do trabalho e a especialização na produção como</p><p>impulsionadores da e�ciência econômica.</p><p>A segunda re�exão nos instiga e pensar de que maneira seus princípios moldaram não apenas</p><p>teorias econômicas</p><p>subsequentes, mas também as práticas econômicas adotadas por diversas</p><p>nações.</p><p>Essas ideias foram fundamentais para a formação da teoria econômica clássica, in�uenciando</p><p>pensadores subsequentes e moldando a visão predominante sobre como as economias</p><p>deveriam operar. Ao longo do tempo, os princípios de Smith transcenderam as fronteiras teóricas</p><p>e foram incorporados nas práticas econômicas adotadas por diversas nações, contribuindo para</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>o desenvolvimento do capitalismo moderno e in�uenciando políticas que buscavam equilibrar o</p><p>livre mercado com a regulação estatal, marcando assim um impacto duradouro na economia</p><p>global.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 3 Adam Smith do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva</p><p>crítica. Nesse capítulo, você vai estudar o contexto histórico das ideias de Smith. As teorias de</p><p>História e Sociologia de Smith incluíam uma análise das origens e do desenvolvimento do</p><p>con�ito de classes na sociedade e uma análise da maneira pela qual o poder era exercido na luta</p><p>de classes. Você vai estudar também a teoria do valor, a teoria do bem-estar econômico, con�ito</p><p>de classes e harmonia social para Smith.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012. E-book.</p><p>Leia o Capítulo 5 A escola clássica – Adam Smith do livro: História do pensamento econômico.</p><p>Na discussão de Smith, inicialmente, o capítulo aborda alguns detalhes de sua vida e</p><p>conheceremos várias in�uências importantes que recebeu. Posteriormente, analisa seu primeiro</p><p>livro, The theory of moral sentiments, para explorar a relação entre seu pensamento sobre a</p><p>�loso�a moral e sobre a economia política. Por �m, os autores abordam com detalhes seu</p><p>monumental A riqueza das nações, destacando suas opiniões sobre (1) o laissez-faire e a</p><p>harmonia dos interesses, (2) a divisão do trabalho e (3) as leis econômicas de uma economia</p><p>competitiva.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Santos: Editora</p><p>Nova Cultural, 1996. (Coleção os Economistas).</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Aula 4</p><p>Contribuições de David Ricardo</p><p>Contribuições de David Ricardo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer os princípios básicos de economia política propostos por</p><p>David Ricardo.</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá princípios</p><p>econômicos elaborados por esse autos válidos até os dias atuais.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, vamos estudar os princípios fundamentais da economia política propostos por David</p><p>Ricardo, abordando temas essenciais como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes,</p><p>Teoria do Valor Trabalho e Teoria das Vantagens Comparativas.</p><p>Seu legado é fortemente associado à sistematização e expansão das ideias dos economistas</p><p>clássicos, como Adam Smith. Ricardo destacou-se não apenas pela clareza de suas teorias, mas</p><p>também pela habilidade em conectar diferentes aspectos da economia, oferecendo uma visão</p><p>abrangente das forças econômicas e sociais que moldam a sociedade.</p><p>Agora, lançamos um desa�o para sua re�exão:</p><p>Como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes, proposta por David Ricardo,</p><p>in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes setores econômicos?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>De qual maneira a Teoria das Vantagens Comparativas pode ser aplicada na formulação de</p><p>estratégias comerciais internacionais?</p><p>Essas questões fornecem um direcionamento para o estudo, incentivando a re�exão sobre a</p><p>relevância prática desses conceitos.</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>David Ricardo foi um renomado economista clássico britânico, nascido em Londres em 18 de</p><p>abril de 1772 e falecido em 11 de setembro de 1823. Sua vida foi marcada por contribuições</p><p>signi�cativas para a teoria econômica, tornando-se uma �gura proeminente na história da</p><p>economia política. Ricardo iniciou sua carreira pro�ssional no mercado �nanceiro, onde obteve</p><p>considerável sucesso como corretor da Bolsa de Londres. Sua entrada no mundo dos negócios</p><p>proporcionou-lhe uma compreensão prática das dinâmicas econômicas, in�uenciando</p><p>diretamente suas futuras contribuições teóricas.</p><p>A in�uência de obras como A riqueza das nações, de Adam Smith, e Ensaio sobre a natureza do</p><p>comércio em geral, de Richard Cantillon, foi perceptível em seu pensamento econômico.</p><p>Contudo, foi com a publicação de sua obra seminal, Princípios de economia política e tributação</p><p>(1817), que Ricardo deixou uma marca no campo da economia política.</p><p>David Ricardo era notável pela sua capacidade única de construir modelos abstratos que</p><p>elucidavam as complexidades do sistema capitalista. Sua abordagem teórica era fundamentada</p><p>em princípios analíticos, permitindo-lhe formular leis econômicas gerais que transcenderam a</p><p>sua época.</p><p>A Teoria dos Rendimentos Decrescentes e a Teoria da Renda da Terra são conceitos</p><p>fundamentais na análise econômica, especialmente no contexto da obra de David Ricardo.</p><p>A Teoria dos Rendimentos Decrescentes é um princípio econômico que descreve como a adição</p><p>de mais insumos a uma unidade �xa de produção resulta em retornos marginais decrescentes.</p><p>Essa teoria é particularmente relevante na análise da produção agrícola, onde a quantidade de</p><p>terra disponível é um fator �xo. Em termos simples, ela argumenta que, à medida que mais</p><p>esforço, trabalho e capital são aplicados a uma área de terra �xa, os retornos adicionais tornam-</p><p>se progressivamente menores.</p><p>Para ilustrar, imagine um agricultor que está cultivando um campo. Inicialmente, ao adicionar</p><p>mais trabalhadores ou mais fertilizantes, a produção pode aumentar signi�cativamente. Contudo,</p><p>chega um ponto em que a área de terra não pode acomodar mais inputs e�cientemente,</p><p>resultando em rendimentos marginais (adicionais) decrescentes. Isso re�ete a ideia de que,</p><p>eventualmente, a aplicação adicional de insumos não proporciona ganhos proporcionais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Segundo Ricardo, os agricultores optam por cultivar terras mais férteis e bem localizadas, onde</p><p>os rendimentos marginais são mais altos. No entanto, à medida que a demanda por alimentos</p><p>cresce, a produção se expande para terras menos produtivas, onde os rendimentos decrescentes</p><p>entram em jogo.</p><p>A Teoria da Renda da Terra de David Ricardo está profundamente relacionada a essa análise.</p><p>Ricardo postulou que a terra é um recurso natural com características variáveis, como fertilidade</p><p>e localização. À medida que a demanda por alimentos cresce, agricultores se voltam para terras</p><p>menos férteis, onde os rendimentos são afetados pelos rendimentos decrescentes. A diferença</p><p>nos rendimentos entre terras mais e menos produtivas resulta na renda diferencial, que é a base</p><p>da Teoria da Renda da Terra.</p><p>A renda diferencial ocorre quando agricultores estão dispostos a pagar uma renda adicional aos</p><p>proprietários de terras mais</p><p>férteis, apesar dos rendimentos decrescentes associados a essas</p><p>terras. Esse fenômeno decorre da necessidade de cultivar terras menos produtivas para atender</p><p>à crescente demanda por alimentos, evidenciando a escolha estratégica dos agricultores diante</p><p>dos rendimentos decrescentes. Em síntese, a Teoria dos Rendimentos Decrescentes é</p><p>fundamental para entender a distribuição de recursos na agricultura, enquanto a Teoria da Renda</p><p>da Terra de Ricardo fornece uma estrutura conceitual para explicar como a renda diferencial</p><p>surge da interação entre a qualidade variável da terra e os rendimentos decrescentes.</p><p>Siga em Frente...</p><p>David Ricardo também abordou a teoria do valor-trabalho, que inicialmente havia sido</p><p>apresentada por Adam Smith.</p><p>Em sua obra Princípios de economia política e tributação (1817), Ricardo argumentou que, para</p><p>uma mercadoria adquirir valor de troca, é necessário que ela possua valor de uso. De acordo com</p><p>sua perspectiva, a utilidade (satisfação subjetiva de uma necessidade) não constitui a medida do</p><p>valor de permuta, embora seja fundamental para esse processo.</p><p>Possuindo utilidade, ou valor de uso, as mercadorias derivam seu valor de troca de duas origens:</p><p>Sua escassez.</p><p>A quantidade de trabalho exigida para obtê-las.</p><p>O valor de bens não reprodutíveis, como obras de arte raras, livros clássicos e antigas moedas, é</p><p>exclusivamente determinado pela sua escassez. Nesses casos, a oferta é constante, tornando a</p><p>demanda o fator principal na de�nição do valor de troca. No entanto, a maioria das mercadorias</p><p>é reproduzível e Ricardo pressupôs que essas mercadorias são produzidas sem restrições sob as</p><p>condições de competitividade. Foi para esses bens que Ricardo adotou sua Teoria do Valor-</p><p>Trabalho.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O princípio central da Teoria do Valor-Trabalho de David Ricardo a�rma que o valor de troca de</p><p>uma mercadoria está intrinsecamente ligado ao tempo de trabalho necessário para produzi-la.</p><p>Segundo essa perspectiva, o trabalho não se limita apenas ao esforço físico direto na fabricação</p><p>da mercadoria, mas abrange também o trabalho incorporado na obtenção da matéria-prima e nos</p><p>bens de capital utilizados no processo de produção.</p><p>Ao considerar não apenas o trabalho direto, mas também o trabalho incorporado em todas as</p><p>etapas da produção, a Teoria do Valor-Trabalho de Ricardo destaca a interconexão e a</p><p>interdependência entre diferentes setores da economia. Isso proporciona uma base mais</p><p>completa para entender as causas das variações no valor de troca ao longo do tempo.</p><p>Ricardo argumenta que essa abordagem permite uma análise mais precisa das mudanças no</p><p>valor de troca ao longo do tempo. Ao considerar o tempo de trabalho em todas as fases da</p><p>produção, é possível identi�car as in�uências especí�cas que afetam o valor de uma mercadoria.</p><p>Por exemplo, variações na produtividade, mudanças nas condições tecnológicas ou �utuações</p><p>na oferta de matéria-prima podem ser analisadas em termos de seu impacto no tempo total de</p><p>trabalho necessário para produzir uma mercadoria.</p><p>Ricardo denomina como preço natural o valor intrínseco de uma mercadoria resultante da</p><p>incorporação de trabalho nela, enquanto o preço de mercado é aquele formado pelas forças de</p><p>oferta e demanda no mercado. Ele chega à conclusão de que o preço, conforme o conhecemos, é</p><p>o preço de mercado, e seu valor está condicionado à interação entre oferta e demanda, e não aos</p><p>salários pagos aos trabalhadores.</p><p>Em sua teoria, Ricardo justi�ca o comércio entre países mesmo quando uma nação é mais</p><p>e�ciente na produção de todos os produtos, ou seja, mesmo que possua vantagens absolutas</p><p>em todos os bens considerados. Portanto, para David Ricardo, o comércio internacional é</p><p>justi�cável mesmo quando um país não detém vantagens absolutas em comparação com outros,</p><p>uma vez que é o princípio da vantagem comparativa que determina o comércio, e não as</p><p>vantagens absolutas (Krugman; Obstfeld, 2015).</p><p>Mas a�nal, o que signi�ca vantagem comparativa?</p><p>Segundo essa teoria, mesmo quando um país é menos e�ciente do que outra nação na produção</p><p>de ambos os produtos, ainda assim há uma fundamentação para o comércio mutuamente</p><p>bené�co. Como a produção de um determinado bem implica renunciar a produção de outro bem,</p><p>a nação deve se especializar naquele produto em que seu custo de oportunidade é menor</p><p>(Krugman; Obstfeld, 2015).</p><p>O que é o custo de oportunidade?</p><p>O custo de oportunidade refere-se à análise da escolha que precisamos fazer, considerando o</p><p>que devemos renunciar para obter outro bem. No contexto de países, o custo de oportunidade é</p><p>o valor econômico da melhor alternativa sacri�cada ao optar pela produção de um determinado</p><p>bem ou serviço (Krugman; Obstfeld, 2015).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Logo, de acordo com a teoria, as relações comerciais entre duas nações ocorrem quando</p><p>apresentam custos de produção distintos. Em seguida, sugere que uma nação sempre exportará</p><p>o produto que envolve custos relativamente menores do que o de outro. Por �m, com base</p><p>nesses resultados, argumenta-se que o comércio entre dois países é bené�co para ambos. Essa</p><p>teoria busca estabelecer os princípios que regem a divisão internacional do trabalho e, ao</p><p>mesmo tempo, promover a mais ampla liberdade de comércio entre países (Krugman; Obstfeld,</p><p>2015).</p><p>Para aprofundar a compreensão da teoria das vantagens comparativas, David Ricardo elaborou</p><p>um exemplo envolvendo dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e</p><p>apenas um fator produtivo (mão de obra). A Tabela 4 apresenta o total de horas trabalhadas</p><p>pelos dois países na produção dos dois bens destinados ao consumo próprio.</p><p>Países Tecido Vinho Total de horas</p><p>Inglaterra 100 120 220</p><p>Portugal 90 80 170</p><p>Total de horas 190 200 390</p><p>Tabela 1 | Quantidade de Homens/Hora para a produção de uma unidade de mercadoria. Fonte:</p><p>adaptada de Vasconcellos (2011).</p><p>Sem o comércio internacional, na Inglaterra, são necessárias 100 horas de trabalho para produzir</p><p>uma unidade de tecido e 120 horas para produzir uma unidade de vinho. Em Portugal, são</p><p>necessárias 90 horas de trabalho para produzir uma unidade de tecido e 80 horas para produzir</p><p>uma unidade de vinho. Assim, Portugal é absolutamente mais e�ciente na produção de ambos os</p><p>bens, o que parece paradoxal. Sob a ótica das vantagens absolutas, não haveria motivo para</p><p>comércio entre os dois países, já que Portugal apresenta vantagem absoluta em ambos os</p><p>produtos. Contudo, David Ricardo demonstra que o comércio internacional ainda pode ocorrer</p><p>nesse cenário, proporcionando benefícios mútuos para ambos os países.</p><p>Em termos relativos, o custo produtivo de tecidos em Portugal é mais alto do que o da produção</p><p>de vinho, enquanto na Inglaterra o custo produtivo do vinho é superior ao da produção de tecidos.</p><p>Dessa forma, em comparação, os portugueses têm vantagem relativa na produção de vinho, e a</p><p>Inglaterra tem vantagem relativa na produção de tecido. Segundo Ricardo, ambas as nações</p><p>podem obter benefícios ao se especializarem na produção da mercadoria na qual possuem</p><p>vantagem comparativa, independentemente do fato de Portugal ter vantagem absoluta em</p><p>ambos os produtos.</p><p>Para compreender melhor essa linha de raciocínio, é possível observar a Tabela 5, que apresenta</p><p>o cálculo do custo de oportunidade de produção. Esse custo é calculado em função da</p><p>quantidade do outro bem que será deixado de produzir.</p><p>Países Tecido Vinho</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Inglaterra 100/120</p><p>0,83</p><p>120/100</p><p>1,20</p><p>Portugal 90/80</p><p>1,13</p><p>80/90</p><p>0,89</p><p>Tabela 2 | Cálculo do custo de oportunidade. Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).</p><p>Conforme a perspectiva de David Ricardo, cada país deve dedicar-se à produção do bem que seja</p><p>comparativamente mais e�ciente do que o outro, ou seja, que apresente menor custo de</p><p>oportunidade. Dessa maneira, ao produzir tecidos, a Inglaterra tem um custo de oportunidade de</p><p>0,83, enquanto Portugal, para produzir tecidos, tem um custo de oportunidade de 1,13. Logo, a</p><p>Inglaterra possui um custo de oportunidade mais baixo, tornando-se mais competitiva</p><p>e,</p><p>portanto, deve especializar-se na produção de tecidos. Ao analisar o produto vinho, a Inglaterra</p><p>apresenta um custo de oportunidade de 1,20, enquanto Portugal possui um custo de</p><p>oportunidade de 0,89. Assim, Portugal deve especializar-se na produção de vinho, pois seu custo</p><p>de oportunidade é menor que o da Inglaterra (Vasconcellos, 2011).</p><p>Nesse contexto, se houver comércio entre as nações, a Inglaterra poderá importar uma unidade</p><p>de vinho por um valor inferior a 1,2 unidades de tecido e Portugal poderá adquirir mais que 0,89</p><p>unidade de tecido ao vender seu vinho (Vasconcellos, 2011). Dessa forma, se a relação de troca</p><p>entre o vinho e o tecido for de 1 para 1, ambos os países alcançarão benefícios. Sem o comércio,</p><p>a Inglaterra gastará 120 horas de trabalho para obter uma unidade de vinho; com o comércio com</p><p>Portugal, poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho, produzir 1 unidade de tecido e trocá-la por</p><p>1 unidade de vinho, economizando, portanto, 20 horas de trabalho. O mesmo princípio se aplica a</p><p>Portugal, pois em vez de gastar 90 horas produzindo uma unidade de tecido, poderia utilizar</p><p>apenas 80 horas produzindo uma unidade de vinho e trocá-la no mercado internacional por uma</p><p>unidade de tecido, economizando assim 10 horas de trabalho (Vasconcellos, 2011).</p><p>Resumindo, para David Ricardo é necessária a comparação entre produtores de um produto,</p><p>levando em consideração seus custos de oportunidade. O produtor que renuncia a menor</p><p>quantidade de outros produtos para produzir o bem X e possui menor custo de oportunidade de</p><p>produção desse bem, diz-se, portanto, que desfruta de uma vantagem comparativa na sua</p><p>produção.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Gostou da aula até aqui? Espero que sim!</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização do início da aula.</p><p>A primeira re�exão nos indaga como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes,</p><p>proposta por David Ricardo, in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>setores econômicos.</p><p>A Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes de David Ricardo argumenta que, à medida</p><p>que mais recursos são dedicados à produção de um bem, os retornos adicionais diminuem. Isso</p><p>in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes setores econômicos de maneiras</p><p>práticas.</p><p>Na agricultura, por exemplo, ao cultivar mais terras, os agricultores podem experimentar</p><p>rendimentos decrescentes devido a limitações naturais. Isso implica que, para otimizar a</p><p>produção, é mais e�ciente especializar-se na produção de culturas onde os recursos podem ser</p><p>mais produtivos.</p><p>Em setores industriais, a teoria destaca a importância de avaliar constantemente a e�ciência dos</p><p>recursos. Quando os rendimentos marginais diminuem em um setor, os produtores podem</p><p>considerar realocar recursos para áreas mais produtivas, buscando maximizar os retornos.</p><p>Essa teoria também está relacionada à ideia de vantagem comparativa, sugerindo que países e</p><p>empresas devem se especializar na produção do que fazem relativamente melhor. Isso contribui</p><p>para uma alocação mais e�ciente de recursos em escala global, promovendo a especialização</p><p>econômica.</p><p>A segunda re�exão nos instiga a pensar de qual maneira a Teoria das Vantagens Comparativas</p><p>pode ser aplicada na formulação de estratégias comerciais internacionais.</p><p>A Teoria das Vantagens Comparativas, proposta por David Ricardo, sugere que países devem se</p><p>especializar na produção de bens nos quais possuem vantagens comparativas, ou seja, onde</p><p>podem produzir de maneira mais e�ciente em relação a outros. Essa teoria tem implicações</p><p>práticas importantes na formulação de estratégias comerciais internacionais.</p><p>Ao aplicar essa teoria, países e empresas podem identi�car suas competências distintivas, como</p><p>recursos naturais, habilidades da mão de obra e tecnologia e concentrar-se na produção em que</p><p>se destacam. Isso leva à especialização produtiva e ao comércio internacional baseado em</p><p>vantagens comparativas, resultando em ganhos mútuos.</p><p>Na prática, isso signi�ca que as empresas podem buscar parcerias estratégicas e participar de</p><p>acordos comerciais que aproveitem as vantagens comparativas mútuas entre os países. Além</p><p>disso, a identi�cação de mercados internacionais especí�cos, onde as vantagens comparativas</p><p>podem ser mais bem exploradas, é crucial. A adaptação às mudanças tecnológicas também é</p><p>essencial, pois inovações podem criar vantagens comparativas em setores especí�cos.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Leia o Capítulo 7 A escola clássica – David Ricardo do livro: História do pensamento econômico.</p><p>Nesse capítulo os autores apresentam detalhes importantes da vida de Ricardo, bem como</p><p>discutem seu ponto de vista sobre a questão da moeda na Inglaterra. Posteriormente,</p><p>desenvolvem sua Teoria da Renda da Terra e a Teoria Relacionada aos Rendimentos</p><p>Decrescentes. Essas duas teorias são relevantes para os dois importantes tópicos a seguir: o</p><p>primeiro, a Teoria do Valor de Troca; e o segundo, a Teoria da Distribuição de Renda da Terra. O</p><p>capítulo prossegue com artigos sobre a lei da vantagem comparativa de Ricardo, com seus</p><p>pontos de vista sobre a possibilidade do desemprego e com uma breve avaliação de toda a sua</p><p>contribuição.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Leia o Capítulo 5 David Ricardo do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva</p><p>crítica. Nesse capítulo, os autores apresentam inicialmente a Teoria da Renda da Terra e primeira</p><p>abordagem dos lucros. Posteriormente, apresentam a base econômica do con�ito entre</p><p>capitalistas e proprietários de terras, bem como a Teoria do Valor-Trabalho. Por �m, é abordada a</p><p>maquinaria como causa de desemprego involuntário e a teoria das vantagens comparativas e</p><p>comércio internacional.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. São Paulo: Pearson</p><p>Prentice Hall, 2015.</p><p>VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>Aula 5</p><p>A ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA</p><p>Economia política clássica</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer as bases da economia política clássica.</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois ao compreender a economia</p><p>política clássica, você estará mais bem preparado para analisar e interpretar as dinâmicas</p><p>econômicas atuais, identi�cando padrões e entendendo como as teorias do passado ainda</p><p>impactam as discussões contemporâneas.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade, que é compreender, analisar e aplicar os</p><p>princípios centrais da economia política clássica, a �m de examinar criticamente as interações</p><p>entre produção, distribuição e consumo de bens e serviços, você deverá primeiramente conhecer</p><p>os conceitos fundamentais dos precursores do pensamento econômico clássico.</p><p>Inicialmente,</p><p>sólida para a compreensão de como a economia opera, destacando</p><p>como as famílias fornecem fatores de produção às empresas em troca de renda, enquanto as</p><p>empresas produzem bens e serviços que são adquiridos pelas famílias, gerando um ciclo</p><p>econômico contínuo.</p><p>Segundo Viceconti e Neves (2013), a renda, ou seja, a remuneração paga pelas empresas para as</p><p>famílias, pelo uso dos fatores de produção que são de propriedade das famílias, é classi�cada</p><p>pelos economistas em quatro grandes categorias, sendo elas:</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>1. Salários: as famílias recebem salários em troca do trabalho que fornecem às empresas.</p><p>Essa é a forma mais comum de renda para a maioria das famílias.</p><p>2. Juros: se as famílias possuem poupanças ou investimentos �nanceiros, recebem juros</p><p>sobre esses ativos.</p><p>3. Aluguéis: se possuem propriedades, como imóveis ou terras, recebem aluguéis de</p><p>empresas que utilizam esses ativos.</p><p>4. Lucros: algumas famílias também podem ser proprietárias de empresas e recebem lucros</p><p>como retorno sobre seu capital investido.</p><p>As famílias detêm os fatores de produção, fornecendo-os às empresas, enquanto as empresas</p><p>são detentoras dos bens e serviços vendendo-os para as famílias. Essa relação entre famílias e</p><p>empresas determina o “Fluxo real da economia”. Na Figura 2, pode-se visualizar a dinâmica do</p><p>�uxo circular da renda.</p><p>Figura 2 | Fluxo circular da renda. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2023, p. 16).</p><p>Ao visualizar a Figura 2, perceba que o conceito do �uxo circular da renda nos proporciona uma</p><p>visão clara de como o mercado de bens e os fatores de produção estão interligados e como os</p><p>diversos agentes econômicos dependem uns dos outros. Nas empresas, os bens e serviços são</p><p>disponibilizados para as famílias (isto é, no mercado real) e, em contrapartida, as famílias</p><p>efetuam pagamentos por esses bens e serviços (ou seja, no mercado nominal). Por outro lado,</p><p>as famílias fornecem mão de obra e outros recursos de produção para as empresas (novamente,</p><p>no mercado real) e, em troca, recebem compensações na forma de salários, juros, aluguéis e</p><p>outros pagamentos (ainda no mercado nominal) por parte das próprias empresas (Silva; Luiz,</p><p>2017). Perceba que o �uxo monetário da economia apresenta os pagamentos (monetários) para</p><p>os fatores de produção e para os bens e serviços.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Em resumo, o �uxo circular da renda em uma economia fechada, considerando apenas as</p><p>famílias e as empresas, é um modelo conceitual que ilustra como a renda �ui entre esses dois</p><p>principais agentes econômicos. Famílias fornecem fatores de produção e recebem renda,</p><p>enquanto as empresas produzem bens e serviços e geram receita. Esse ciclo contínuo é</p><p>fundamental para o funcionamento da economia e para a manutenção da estabilidade</p><p>econômica.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Durante nossa aula, abordamos o Problema Econômico Fundamental e o Fluxo Circular de Renda,</p><p>que nos fornecem as ferramentas necessárias para enfrentar o dilema dos produtores rurais com</p><p>recursos naturais limitados e demandas diversas. Agora, vamos relacionar os conceitos</p><p>discutidos com a resolução desse problema.</p><p>Na problematização inicial, vimos que a distribuição desigual dos benefícios da produção cria</p><p>dilemas éticos na comunidade, com diversos questionamentos. Vamos abordar cada um deles a</p><p>partir de agora.</p><p>1. Como lidar com a escassez de recursos e os con�itos na alocação?</p><p>Implementar políticas de gestão de recursos que promovam a e�ciência na utilização da</p><p>terra e da água, como práticas de agricultura sustentável e tecnologias de irrigação</p><p>e�cientes.</p><p>Estabelecer mecanismos de cooperação e diálogo entre os setores da comunidade para</p><p>identi�car soluções colaborativas para alocar os recursos de maneira mais equitativa.</p><p>2. Quais estratégias podem ser adotadas para promover uma distribuição mais equitativa dos</p><p>benefícios econômicos?</p><p>Desenvolver programas de treinamento e educação para capacitar todos os membros da</p><p>comunidade, permitindo que participem igualmente das oportunidades econômicas.</p><p>Estabelecer políticas de redistribuição de recursos que considerem as necessidades</p><p>especí�cas dos grupos mais vulneráveis, visando reduzir disparidades socioeconômicas.</p><p>3. Como conciliar e�ciência econômica e sustentabilidade diante da escassez de recursos</p><p>naturais?</p><p>Investir em tecnologias sustentáveis e práticas agrícolas que otimizem a produção,</p><p>minimizando impactos ambientais.</p><p>Implementar políticas de incentivo à inovação e pesquisa voltadas para práticas</p><p>econômicas sustentáveis, visando a preservação dos recursos naturais a longo prazo.</p><p>Essas soluções sugerem abordagens práticas e estratégicas para enfrentar os desa�os</p><p>econômicos fundamentais na comunidade, buscando equidade, e�ciência e sustentabilidade na</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>gestão dos recursos escassos.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 1 do livro: Fundamentos de economia, disponível na Biblioteca Virtual. Trata-se de</p><p>um livro introdutório de Economia Aplicada, no qual procura-se explicar com clareza e concisão</p><p>conceitos e problemas econômicos fundamentais, de forma que você possa ter melhor</p><p>compreensão da realidade econômica.</p><p>VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Editora Saraiva,</p><p>2023. E-book.</p><p>Leia o Capítulo 2 do livro: Introdução à economia, disponível na Biblioteca Virtual. Nesse capítulo,</p><p>você vai compreender como os fatores de produção são alocados no processo de produção</p><p>capitalista, dentro do contexto dos problemas econômicos fundamentais.</p><p>ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. E-book.</p><p>O �uxo circular da renda é um importante conceito para a compreensão do funcionamento do</p><p>sistema econômico. Para você conhecer mais sobre o assunto, te convido a ler o artigo O �uxo</p><p>circular de renda: saiba o que é e como funciona.</p><p>Referências</p><p>MALASSISE, R. L. S.; SALVALAGIO, W. Introdução à economia. Londrina: Unopar, 2014.</p><p>ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. E-book. ISBN</p><p>9788597008081. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597008081/. Acesso em: 18 out. 2023.</p><p>SILVA, C. R. L; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2017.</p><p>VASCONCELOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.</p><p>VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Editora Saraiva,</p><p>2023. E-book. ISBN 9788571441415. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571441415/. Acesso em: 18 out. 2023.</p><p>VICECONTI, P.; NEVES, S. Introdução à economia, 12. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571441415/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597008081/</p><p>https://dsipublicacoes.com.br/fluxo-circular-de-renda/</p><p>https://dsipublicacoes.com.br/fluxo-circular-de-renda/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Aula 2</p><p>Conceitos Fundamentais de Economia Política</p><p>Conceitos fundamentais de economia política</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer conceitos fundamentais de economia política. Esse conteúdo</p><p>é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá as origens da economia</p><p>política e a sua relação com o surgimento do capitalismo, proporcionando uma visão histórica do</p><p>sistema econômico no qual vivemos.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos estudar as origens da economia política, dentro do contexto do modo de</p><p>produção capitalista.</p><p>ao conhecer as bases do mercantilismo você compreende o processo de formação</p><p>do estado absolutista europeu nos séculos XVI e XVII, no qual destaca-se a importância da</p><p>acumulação de metais preciosos e o papel do Estado na regulação da economia.</p><p>Posteriormente, ao estudar a escola �siocrata, você compreende a ideia do "laissez-faire", bem</p><p>como a importância da agricultura como fonte primária de riqueza econômica.</p><p>Ao avançarmos para as teorias liberais, desde seu surgimento até as escolas clássica e</p><p>neoclássica, busca-se aprofundar a compreensão sobre os princípios fundamentais que</p><p>moldaram a visão econômica capitalista. Nesse contexto, ao explorar conceitos como a mão</p><p>invisível do mercado e a importância da livre concorrência, você obtém as ferramentas analíticas</p><p>necessárias para examinar criticamente as dinâmicas entre produção, distribuição e consumo.</p><p>Adam Smith, em sua obra A riqueza das nações, é central para o desenvolvimento da</p><p>competência desta unidade. Analisar suas ideias sobre a divisão do trabalho, a busca pelo</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>interesse próprio e os benefícios para a sociedade é crucial para aplicar os princípios da</p><p>economia política clássica na análise das interações econômicas.</p><p>Finalmente, direcionamos nossa atenção para as contribuições de David Ricardo. Ao estudar as</p><p>teorias da renda diferencial e da vantagem comparativa, você desenvolve a capacidade de aplicar</p><p>os princípios clássicos na análise das interações entre produção, distribuição e consumo,</p><p>compreendendo as complexidades da alocação de recursos em uma economia.</p><p>Dessa forma, ao percorrer esses conteúdos, você fortalecerá sua competência em compreender,</p><p>analisar e aplicar os princípios centrais da economia política clássica, essenciais para uma</p><p>avaliação crítica das relações econômicas fundamentais.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>A cidade de Prosperidade, no século XVIII, é fortemente in�uenciada pelos princípios</p><p>mercantilistas. No entanto, a comunidade enfrenta desa�os na produção agrícola e distribuição</p><p>desigual de riqueza. Em busca de soluções, os líderes locais decidem explorar as teorias</p><p>econômicas emergentes, como as dos �siocratas e dos teóricos liberais.</p><p>Desa�o econômico:</p><p>Prosperidade se depara com uma estagnação econômica devido à dependência excessiva do</p><p>comércio internacional e à desigualdade na distribuição de recursos. A população está dividida</p><p>entre manter as práticas mercantilistas tradicionais e abraçar mudanças para impulsionar o</p><p>crescimento econômico.</p><p>Introdução às teorias econômicas:</p><p>Os líderes da cidade iniciam uma análise das teorias mercantilistas, que enfatizam a acumulação</p><p>de riqueza através do comércio. Ao reconhecerem as limitações dessa abordagem, eles também</p><p>se voltam para as ideias dos �siocratas, que destacam a importância da agricultura na</p><p>economia.</p><p>Desenvolvimento da Escola Clássica:</p><p>Diante das lacunas nas teorias anteriores, os líderes decidem explorar as teorias liberais em</p><p>ascensão. Eles estudam o surgimento da escola clássica, focando nas ideias de Adam Smith e</p><p>sua obra A riqueza das nações. A perspectiva de um mercado livre e a importância da busca do</p><p>interesse próprio despertam interesse.</p><p>No entanto, surgem desa�os na adaptação da comunidade a esse novo modelo, incluindo</p><p>resistência de alguns membros e incertezas sobre como garantir uma distribuição justa dos</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>benefícios.</p><p>Problematização:</p><p>Como os princípios liberais poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da</p><p>comunidade?</p><p>Quais as mudanças econômicas que a comunidade deverá adotar para mudar de um</p><p>modelo mercantilista para um modelo liberal?</p><p>Este estudo de caso ilustra a complexidade da transição econômica, analisando criticamente as</p><p>teorias da economia política clássica. As perguntas propostas estimulam a re�exão sobre os</p><p>desa�os enfrentados pela comunidade de Prosperidade na busca por um modelo econômico</p><p>mais e�ciente e equitativo.</p><p>Analise criticamente as abordagens mercantilistas e �siocratas em relação ao papel do Estado</p><p>na economia. Em que medida as ideias dessas correntes ainda têm relevância nas discussões</p><p>contemporâneas sobre a intervenção estatal na economia?</p><p>Considerando as ideias de Adam Smith sobre a divisão do trabalho e a mão invisível, como esses</p><p>conceitos in�uenciam a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços na sociedade</p><p>contemporânea?</p><p>Com base na competência de compreender, analisar e aplicar os princípios centrais da economia</p><p>política clássica, a resolução deste estudo de caso visa examinar criticamente as interações</p><p>entre produção, distribuição e consumo de bens e serviços.</p><p>A cidade de Prosperidade, no século XVIII, enfrenta uma estagnação econômica devido à</p><p>dependência excessiva do comércio internacional e à desigualdade na distribuição de recursos.</p><p>Diante desse desa�o, os líderes locais buscam soluções explorando teorias econômicas</p><p>emergentes, como as dos �siocratas e dos teóricos liberais.</p><p>As questões norteadoras são:</p><p>1. Como os princípios liberais poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da</p><p>comunidade?</p><p>2. Quais as mudanças econômicas que a comunidade deverá adotar para mudar de um</p><p>modelo mercantilista para um modelo liberal?</p><p>Resolução:</p><p>Para impulsionar o desenvolvimento econômico da comunidade, os líderes de Prosperidade</p><p>devem considerar uma transição gradual e bem gerenciada dos princípios mercantilistas para os</p><p>liberais.</p><p>Inicialmente, os princípios liberais, como propostos por teóricos como Adam Smith, destacam a</p><p>importância do mercado livre e da busca do interesse próprio como motores do desenvolvimento</p><p>econômico. Na perspectiva liberal, a remoção de restrições ao comércio e a promoção da</p><p>concorrência podem aumentar a e�ciência econômica. Os líderes de Prosperidade podem</p><p>esperar um aumento na produtividade e na inovação à medida que adotam esses princípios.</p><p>A transição de um modelo mercantilista para um liberal implica várias mudanças. Isso pode</p><p>incluir a remoção de restrições comerciais, a promoção da liberdade individual para buscar</p><p>interesses econômicos próprios e a implementação de políticas que incentivem a concorrência e</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>a inovação. A comunidade também precisará lidar com a distribuição desigual de riqueza,</p><p>buscando meios de garantir que os benefícios do novo modelo sejam distribuídos de maneira</p><p>mais equitativa.</p><p>Figura 1 | Economia política clássica</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>,</p><p>Unidade 3</p><p>KARL MARX E A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA E A ESCOLA NEOCLÁSSICA</p><p>Aula 1</p><p>A Crítica ao Capitalismo</p><p>A crítica ao capitalismo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer a crítica ao capitalismo de Karl Marx.</p><p>Esse conteúdo é importante, pois você entenderá as bases teóricas que fundamentam a crítica</p><p>marxista ao sistema econômico predominante em nossa sociedade, permitindo uma análise</p><p>mais profunda das estruturas sociais e econômicas.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Vamos iniciar mais uma aula?</p><p>Hoje,</p><p>vamos mergulhar em um tema fundamental para compreendermos as dinâmicas sociais,</p><p>econômicas e políticas que permeiam nossa sociedade: a crítica marxista ao sistema capitalista</p><p>e os pressupostos da escola neoclássica. Vamos explorar as ideias de Karl Marx, um dos mais</p><p>in�uentes pensadores do século XIX, e entender como suas análises impactaram o entendimento</p><p>das relações de classe, da exploração econômica e das lutas sociais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Durante esta aula, vamos nos concentrar em duas questões centrais:</p><p>Como as condições socioeconômicas do século XIX in�uenciaram o pensamento de Karl Marx e</p><p>suas críticas ao sistema capitalista? Explore os aspectos da Revolução Industrial, das</p><p>transformações nas relações de trabalho e das desigualdades sociais da época.</p><p>Qual é o conceito de alienação em Marx e como ele se aplica à análise das relações de trabalho e</p><p>da sociedade capitalista? Re�ita sobre as diferentes formas de alienação descritas por Marx e</p><p>como elas se manifestam na vida contemporânea.</p><p>Muito bem! Essas questões nos convidam a re�etir sobre as bases teóricas do pensamento de</p><p>Marx e sua relevância para analisar os desa�os e as contradições do mundo contemporâneo.</p><p>Esteja aberto ao conhecimento e preparado para expandir seus horizontes. Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Karl Marx, um dos mais in�uentes �lósofos, economistas e pensadores políticos do século XIX,</p><p>nasceu em 5 de maio de 1818, na cidade de Tréveris, na então Província do Reno, no Reino da</p><p>Prússia, atualmente parte da Alemanha. Desde cedo, Marx demonstrou um interesse intelectual</p><p>excepcional, destacando-se em seus estudos primários e secundários. Posteriormente,</p><p>ingressou na Universidade de Bonn e, mais tarde, na Universidade de Berlim, onde se dedicou ao</p><p>estudo do direito, história e �loso�a, campos que in�uenciariam profundamente seu pensamento</p><p>e suas contribuições para a teoria social e política (Brue; Grant, 2016).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Retrato de Karl Marx. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Durante seus anos de estudo, Marx desenvolveu parcerias intelectuais signi�cativas, mais</p><p>notavelmente com Friedrich Engels, com quem estabeleceu uma colaboração intelectual</p><p>duradoura e frutífera. Juntos, eles exploraram uma variedade de ideias �losó�cas e políticas,</p><p>compartilhando uma visão crítica da sociedade capitalista emergente e buscando entender suas</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>contradições internas e dinâmicas de classe (Brue; Grant, 2016). Essa parceria intelectual</p><p>resultou em várias obras conjuntas e em uma in�uente amizade que moldou o curso de seus</p><p>pensamentos e suas ações.</p><p>As obras de Karl Marx abrangem uma vasta gama de temas, desde �loso�a e economia até</p><p>política e história. Seu trabalho mais conhecido, O Capital, publicado em várias partes ao longo</p><p>de sua vida e posteriormente compilado por Engels após sua morte, é uma análise crítica do</p><p>sistema capitalista, destacando suas contradições internas, a exploração da classe trabalhadora</p><p>e os processos de acumulação de capital (Hunt; Lautzenheiser, 2012).</p><p>Além disso, Marx também escreveu uma série de ensaios e obras sobre a luta de classes, o</p><p>materialismo histórico e a crítica da ideologia burguesa, deixando um legado intelectual que</p><p>continua a in�uenciar o pensamento político e social até os dias atuais.</p><p>Karl Marx viveu em um período de intensas transformações sociais, econômicas e políticas, que</p><p>moldaram profundamente suas ideias e in�uenciaram suas obras. O século XIX foi marcado pela</p><p>expansão da Revolução Industrial na Europa, que trouxe consigo mudanças radicais na</p><p>organização da produção, na estrutura social e nas relações de trabalho. O surgimento de</p><p>fábricas e a urbanização rápida levaram a condições de trabalho desumanas nas cidades</p><p>industriais, com longas jornadas, salários baixos e moradias precárias. Essas condições serviram</p><p>de catalisador para o surgimento de movimentos operários e de uma consciência de classe entre</p><p>os trabalhadores, elementos fundamentais para a formação das ideias de Marx sobre a luta de</p><p>classes (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 2 | Trabalhadores no processo produtivo em fábrica do século XIX. Fonte: GetArchive.</p><p>Além disso, o século XIX foi marcado por movimentos sociais e políticos, incluindo as</p><p>Revoluções de 1848, que varreram grande parte da Europa. Esses eventos tumultuados levaram</p><p>Marx a analisar criticamente as dinâmicas de poder e as contradições do sistema capitalista,</p><p>inspirando-o a desenvolver uma teoria revolucionária da mudança social. Sua participação e</p><p>observação atenta desses acontecimentos históricos o levaram a aprofundar sua compreensão</p><p>da dinâmica entre as classes sociais e a buscar alternativas ao sistema capitalista dominante.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), Karl Marx procurava examinar a dinâmica da produção no</p><p>sistema capitalista, expressando críticas à teoria econômica tradicional formulada pelos</p><p>economistas clássicos. Inicialmente, Marx (1996) organizou as concepções sobre as condições</p><p>que propiciam o surgimento do processo de produção capitalista. Marx observou que a produção</p><p>capitalista necessitava considerar três mudanças econômicas e sociais:</p><p>1. A separação dos produtores dos seus meios de produção e subsistência.</p><p>2. A formação de uma classe social que monopoliza esses meios de produção, a burguesia.</p><p>3. A transformação da força de trabalho em mercadoria.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Na primeira circunstância, Karl Marx observou que a separação dos produtores de seus meios de</p><p>produção e, consequentemente, da produção de sua própria subsistência, ocorreu inicialmente</p><p>na agricultura. Esse fenômeno também foi evidente no artesanato antigo, quando as ferramentas</p><p>foram separadas dos artesãos e as corporações medievais foram substituídas por outras formas</p><p>produtivas, como as indústrias de manufatura (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Na segunda circunstância, Karl Marx identi�cou que a ascensão da burguesia surgia da</p><p>acumulação de capitais na forma de dinheiro, seguida pela transformação dos meios de</p><p>produção em algo tão dispendioso que somente os detentores de capital monetário poderiam</p><p>adquiri-los (Mandel, 1982 apud Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Isso implica que duas classes sociais</p><p>se tornam nitidamente discerníveis: os burgueses capitalistas, que possuem capital e controlam</p><p>os meios de produção, e os trabalhadores, que possuem apenas a sua força de trabalho e não</p><p>têm controle sobre os meios de produção (Marx, 1996).</p><p>Na terceira circunstância, Karl Marx expõe que o sistema capitalista de produção converte o</p><p>trabalhador ou a sua força de trabalho em uma mercadoria. Essa conversão sustenta uma classe</p><p>social que não tem outra coisa para oferecer na sociedade capitalista além da sua capacidade de</p><p>trabalho. Consequentemente, o trabalhador é compelido a vender essa força de trabalho aos</p><p>proprietários dos meios de produção (Marx, 1996).</p><p>Portanto, a produção capitalista não se destina apenas a maximizar o lucro do capitalista, mas</p><p>também a promover o que Karl Marx denominou de acumulação de capital. Isso implica que, na</p><p>perspectiva do capital, uma parte substancial do excedente produzido é acumulada de forma</p><p>produtiva, ou seja, convertida em capital na forma de maquinário, matéria-prima e mão de obra</p><p>adicional (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Dentro dessa lógica, apenas uma parcela pequena é</p><p>consumida de forma improdutiva, como no caso do consumo privado da burguesia.</p><p>Ainda segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), é relevante ressaltar que são esses traços</p><p>característicos do capitalismo que, de acordo com Marx, geram resultados contraditórios no</p><p>sistema. O contínuo avanço das máquinas implica numa ampliação das forças produtivas e da</p><p>e�ciência do trabalho, gerando crescentes riquezas em um processo que demanda cada vez</p><p>menos trabalhadores. Surge então a questão: como o trabalhador irá subsistir? Como ganhará</p><p>seu sustento "com o suor do seu rosto"? (Marx, 1996, p. 339).</p><p>Surge então a crítica de Karl Marx ao capitalismo!</p><p>Karl Marx foi um crítico contundente do sistema capitalista, defendendo os interesses da classe</p><p>proletária, que, segundo ele, era expropriada e explorada pela classe capitalista em ascensão.</p><p>Observando o enriquecimento e a crescente concentração de poder da burguesia, Marx viu uma</p><p>ordem social injusta, em que os trabalhadores se tornavam meras engrenagens no</p><p>funcionamento da máquina capitalista, alienados de seu trabalho e de seu verdadeiro potencial</p><p>humano.</p><p>Mas o que seria essa alienação?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>A alienação no capitalismo, conforme entendida por Karl Marx, é um fenômeno complexo que</p><p>transcende a mera perda de identidade ou estranhamento individual. Para Marx, a alienação é um</p><p>processo intrínseco ao modo de produção capitalista, no qual os trabalhadores se tornam</p><p>estranhos em relação ao produto do seu trabalho, ao processo de trabalho em si, a si mesmos</p><p>como seres humanos e às relações sociais estabelecidas na sociedade (Malassise et al., 2014).</p><p>Em primeiro lugar, Marx observa que os trabalhadores se alienam do produto do seu trabalho. Em</p><p>um sistema capitalista, os trabalhadores vendem sua força de trabalho em troca de um salário,</p><p>mas não têm controle sobre o que é produzido, como é produzido ou para quem é produzido. O</p><p>produto �nal pertence ao capitalista, que o utiliza para obter lucro, enquanto os trabalhadores</p><p>têm pouco ou nenhum vínculo emocional ou sentido de realização com o que produziram.</p><p>Além disso, Marx destaca a alienação dos trabalhadores em relação ao próprio processo de</p><p>trabalho. No capitalismo, o trabalho é fragmentado e especializado, resultando em uma falta de</p><p>conexão entre os diferentes aspectos do trabalho. Os trabalhadores não têm autonomia ou</p><p>controle sobre o processo de produção, o que leva a uma sensação de despersonalização e falta</p><p>de signi�cado em relação ao seu trabalho (Malassise et al., 2014).</p><p>Outra forma de alienação descrita por Marx é a alienação em relação a si mesmo como ser</p><p>humano. No capitalismo, os trabalhadores são tratados como meros meios de produção, em vez</p><p>de seres humanos completos. Eles são reduzidos a uma única função dentro do sistema de</p><p>produção e são despojados de sua individualidade, criatividade e capacidade de autorrealização.</p><p>Por �m, Marx aponta a alienação dos trabalhadores em relação às relações sociais na sociedade</p><p>capitalista. A competição e a busca pelo lucro resultam em uma falta de solidariedade e empatia</p><p>entre os membros da sociedade. Os trabalhadores são alienados uns dos outros, em vez de se</p><p>unirem em solidariedade contra as injustiças do sistema.</p><p>Esse desenvolvimento do conceito de alienação por Marx foi uma clara crítica à divisão do</p><p>trabalho proposta por Adam Smith.</p><p>A análise de Karl Marx sobre a divisão do trabalho e suas implicações no sistema capitalista</p><p>revela uma visão crítica e profunda sobre a dinâmica socioeconômica da época. Contrapondo-se</p><p>à perspectiva de Adam Smith, que via na divisão do trabalho uma fonte de e�ciência e riqueza</p><p>para o sistema, Marx destacava os efeitos negativos dessa divisão sobre os trabalhadores</p><p>(Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Para Marx, a divisão do trabalho não apenas limitava a capacidade produtiva do homem, mas</p><p>também restringia seu desenvolvimento intelectual e físico. Ao serem relegados a tarefas</p><p>repetitivas e monótonas nas fábricas, os trabalhadores perdiam sua capacidade de pensar de</p><p>forma criativa e crítica, tornando-se alienados de seu próprio trabalho e de sua própria</p><p>humanidade (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Essa questão da alienação foi abordada no �lme tempos modernos de Charles Chaplin,</p><p>conforme você pode conferir na Figura 3.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 3 | Divisão do trabalho. Fonte: Research Gate.</p><p>Além disso, Marx observava que, apesar do aumento da produtividade impulsionado pela</p><p>tecnologia, os trabalhadores não viam uma melhoria proporcional em suas condições de vida.</p><p>Enquanto os patrões lucravam com o aumento da produção, os trabalhadores continuavam a</p><p>receber salários estagnados, perpetuando assim a desigualdade social e a concentração de</p><p>poder nas mãos dos detentores do capital.</p><p>Para Marx, o liberalismo econômico exacerbava ainda mais essa exploração, ao permitir que os</p><p>donos do capital acumulassem riqueza à custa da miséria e da alienação dos trabalhadores.</p><p>Nesse contexto, o capitalismo era visto como um sistema intrinsecamente exploratório, onde a</p><p>classe dominante mantinha seu poder por meio da opressão e da exploração da classe</p><p>trabalhadora.</p><p>Para Marx, o capitalismo era o cerne da desordem humana, sendo responsável pelas crises</p><p>crescentes e pelas profundas desigualdades sociais. Ele acreditava �rmemente na necessidade</p><p>de união da classe operária para desa�ar e derrubar a dominação capitalista, visando a</p><p>instauração de um sistema mais justo e igualitário. A�rmava que essa luta de classes era o</p><p>motor da história, impulsionando as transformações sociais fundamentais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 4 | Luta de classes</p><p>Karl Marx propôs que a luta de classes era o motor da história e a força impulsionadora por trás</p><p>das transformações sociais fundamentais. Para ele, a sociedade era dividida em duas classes</p><p>antagônicas: a burguesia, detentora dos meios de produção, e o proletariado, que vendia sua</p><p>força de trabalho em troca de salário. Essas duas classes estavam em constante con�ito,</p><p>lutando pelo controle dos recursos e pela defesa de seus interesses opostos.</p><p>Segundo Marx, a luta de classes era inevitável dentro do sistema capitalista, pois os interesses</p><p>da burguesia estavam intrinsecamente ligados à exploração dos trabalhadores, enquanto o</p><p>proletariado buscava melhorar suas condições de vida e alcançar uma distribuição mais justa da</p><p>riqueza produzida. Essa luta não se limitava apenas ao âmbito econômico, mas se estendia a</p><p>todas as esferas da vida social e política, moldando o curso da história e impulsionando as</p><p>mudanças revolucionárias necessárias para a emancipação dos trabalhadores.</p><p>Portanto, para Marx, a luta de classes não era apenas uma questão de confronto entre grupos</p><p>sociais, mas uma luta pela transformação radical das estruturas de poder e pela criação de uma</p><p>sociedade sem classes, onde o trabalho humano seria valorizado e os meios de produção seriam</p><p>controlados democraticamente pela comunidade. Essa visão revolucionária da luta de classes</p><p>serviu como base para o movimento operário e para as lutas por justiça social ao longo da</p><p>história, inspirando gerações de ativistas e pensadores a buscar uma ordem social mais</p><p>equitativa e solidária.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha aproveitado o conteúdo até aqui!</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização do início da aula.</p><p>Na problematização proposta, exploramos duas questões importante relacionadas aos</p><p>conteúdos da aula sobre Karl Marx. A primeira questão nos levou a re�etir sobre como as</p><p>condições socioeconômicas do século XIX in�uenciaram o pensamento de Marx e suas críticas</p><p>ao sistema capitalista. Durante a aula, discutimos extensivamente o contexto histórico da época,</p><p>destacando a Revolução Industrial, as condições de trabalho desumanas nas fábricas e as</p><p>crescentes desigualdades sociais. Ao relacionarmos esses aspectos com as obras de Marx,</p><p>compreendemos como ele desenvolveu sua teoria crítica da sociedade, identi�cando as</p><p>contradições do capitalismo e buscando alternativas para uma ordem social mais justa.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>A segunda questão abordou o conceito de alienação em Marx e sua aplicação na análise das</p><p>relações de trabalho e da sociedade capitalista. Durante a aula, exploramos as diferentes formas</p><p>de alienação descritas por Marx, como a alienação do produto do trabalho, do próprio processo</p><p>de trabalho, de si mesmo como ser humano e das relações sociais. Ao compreendermos esses</p><p>conceitos, pudemos re�etir sobre como a divisão do trabalho e a busca pelo lucro no sistema</p><p>capitalista contribuem para a alienação dos trabalhadores e para a perpetuação das</p><p>desigualdades sociais, segundo Marx.</p><p>Como re�exão adicional, você pode considerar</p><p>como as ideias de Marx continuam relevantes</p><p>hoje e como podem ser aplicadas na análise de questões sociais, econômicas e políticas</p><p>contemporâneas.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo Teoria Marxista do livro: Economia política. Ao �nal desse texto, você deve</p><p>apresentar os seguintes aprendizados: analisar o processo de produção do capital a partir da</p><p>teoria marxista; descrever a transformação do dinheiro em capital e explicar a produção do mais-</p><p>valor absoluto e do mais-valor relativo de Marx.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre. Grupo A, 2019. E-book.</p><p>Uma sugestão de �lme que aborda Karl Marx e suas ideias é O Jovem Karl Marx (2017), dirigido</p><p>por Raoul Peck. Esse �lme biográ�co retrata a juventude de Marx, seu encontro com Friedrich</p><p>Engels e o desenvolvimento de suas teorias políticas e sociais que revolucionaram o pensamento</p><p>ocidental. O Jovem Karl Marx oferece uma visão interessante sobre os desa�os e as</p><p>circunstâncias históricas que in�uenciaram Marx e Engels, além de destacar suas contribuições</p><p>para a compreensão das dinâmicas sociais e econômicas da época.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 2</p><p>Materialismo Histórico e Mais-Valia</p><p>Materialismo Histórico e Mais-Valia</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer os conceitos de materialismo histórico e mais-valia.</p><p>Esse conteúdo é importante, pois você entenderá como as relações de produção e as forças</p><p>produtivas moldam a história e in�uenciam as estruturas sociais.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula sobre Karl Marx, vamos avançar e conhecer dois conceitos importantes da estrutura</p><p>teórica elaborado por Marx: Materialismo histórico e mais-valia.</p><p>Vamos começar com uma visão geral do materialismo histórico, uma abordagem analítica que</p><p>busca entender a história humana através das relações sociais e das condições materiais de</p><p>existência. Além disso, exploraremos o conceito de mais-valia, que nos permite compreender a</p><p>exploração do trabalho no sistema capitalista e as contradições inerentes a esse modo de</p><p>produção.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Para estimular nossa re�exão ao longo da aula, gostaria de levantar duas questões importantes:</p><p>Como as relações de produção e a propriedade dos meios de produção in�uenciam as</p><p>estruturas sociais e políticas de uma sociedade? Re�ita sobre como as relações</p><p>econômicas moldam as relações de poder e as hierarquias sociais.</p><p>Qual é o papel da mais-valia na reprodução das desigualdades econômicas e sociais?</p><p>Pense sobre como a exploração do trabalho contribui para a concentração de riqueza nas</p><p>mãos de poucos e para a perpetuação das disparidades sociais.</p><p>Lembre-se de manter-se atento aos tópicos discutidos ao longo da aula, pois serão fundamentais</p><p>para responder a essas questões e para ampliar sua compreensão sobre o assunto.</p><p>Agora, prepare-se para uma jornada de conhecimento e re�exão! Vamos explorar esses</p><p>conceitos e suas implicações em nossa sociedade. Boa Aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>O materialismo histórico, uma teoria fundamental desenvolvida por Karl Marx, é uma abordagem</p><p>analítica que busca compreender a dinâmica da história humana, focando nas relações sociais e</p><p>nas condições materiais de existência. Em essência, o materialismo histórico postula que as</p><p>estruturas econômicas de uma sociedade, como as relações de produção e a propriedade dos</p><p>meios de produção, são determinantes para o desenvolvimento histórico e social. Esse conceito</p><p>implica que as ideias, instituições e formas de organização política e cultural de uma sociedade</p><p>são moldadas pelos aspectos materiais da vida, como a economia, o trabalho e a tecnologia</p><p>(Malassise et al., 2014).</p><p>Para Marx, o materialismo histórico oferece uma explicação crítica das transformações</p><p>históricas ao longo do tempo, destacando o papel central do con�ito de classes na mudança</p><p>social. Ele argumenta que as sociedades humanas passam por diferentes estágios de</p><p>desenvolvimento, cada um caracterizado por relações de produção especí�cas e pelas</p><p>contradições inerentes a essas relações. Essas contradições, por sua vez, levam a con�itos entre</p><p>as classes sociais, impulsionando mudanças revolucionárias e a transição para novas formas de</p><p>organização social (Malassise et al., 2014).</p><p>De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o materialismo histórico também enfatiza a</p><p>importância da análise das forças produtivas, ou seja, dos recursos materiais e tecnológicos</p><p>disponíveis em uma sociedade e das relações de produção, que determinam como esses</p><p>recursos são utilizados e distribuídos. Essa análise permite entender como as estruturas</p><p>econômicas moldam as relações sociais e políticas, bem como as ideias e os valores que</p><p>permeiam uma determinada sociedade.</p><p>Além disso, o materialismo histórico destaca a natureza dialética do desenvolvimento histórico,</p><p>sugerindo que as contradições internas de uma sociedade impulsionam mudanças progressivas</p><p>ao longo do tempo. Marx argumenta que cada estágio de desenvolvimento contém as sementes</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>de sua própria destruição, à medida que as contradições entre as classes se tornam cada vez</p><p>mais agudas, levando eventualmente a transformações revolucionárias e à emergência de novas</p><p>formas de organização social (Marx, 1996).</p><p>Para aplicar o materialismo histórico na análise da história, Marx e seus seguidores</p><p>desenvolveram uma metodologia de investigação que examina as condições materiais de</p><p>existência de uma sociedade, sua estrutura econômica e as contradições internas que</p><p>impulsionam o processo de mudança social (Oliveira; Gennari, 2019). Essa abordagem analítica</p><p>tem sido amplamente utilizada em diversas áreas do conhecimento, incluindo a sociologia, a</p><p>economia, a história e a ciência política, fornecendo insights importantes sobre as dinâmicas</p><p>sociais e históricas que moldam o mundo em que vivemos.</p><p>O materialismo histórico, além de analisar as relações econômicas, destaca a importância da</p><p>infraestrutura e da superestrutura na compreensão da sociedade. A infraestrutura refere-se às</p><p>forças produtivas e às relações de produção, ou seja, aos aspectos materiais da economia, como</p><p>tecnologia, recursos naturais, modos de produção e relações de trabalho. Esses elementos</p><p>formam a base sobre a qual a superestrutura é construída.</p><p>Por sua vez, a superestrutura engloba todas as instituições, ideologias, normas e práticas</p><p>culturais que surgem da infraestrutura econômica de uma sociedade. Isso inclui o governo, a</p><p>religião, a educação, a arte, a �loso�a, os sistemas legais e as formas de organização política e</p><p>social. A superestrutura re�ete e legitima as relações de poder estabelecidas na infraestrutura,</p><p>reproduzindo assim as condições sociais existentes. Essa dinâmica pode ser visualizada</p><p>na</p><p>Figura 1.</p><p>Figura 1 | Superestrutura e a infraestrutura no pensamento marxista. Fonte: adaptada de Malassise et al. (2014, p. 103).</p><p>No contexto do materialismo histórico, Marx argumenta que a superestrutura não é autônoma,</p><p>mas está intimamente ligada à infraestrutura econômica. Ele enfatiza que a classe dominante</p><p>em uma sociedade – aquela que controla os meios de produção – também controla as</p><p>instituições e ideologias dominantes que sustentam sua posição de poder. Isso implica que as</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>ideias e os valores predominantes em uma sociedade são moldados pelos interesses da classe</p><p>dominante e servem para perpetuar sua dominação sobre as classes subalternas.</p><p>Para compreendermos um pouco mais sobre as duas bases, vamos ver numa outra perspectiva o</p><p>que menciona Aranha e Martins (1993, p. 241 apud Malassise et al., 2014, p. 104):</p><p>[...] Para Marx, a sociedade se estrutura em níveis. O primeiro nível, chamado de infraestrutura,</p><p>constitui a base econômica (que é determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as</p><p>relações do homem com a natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações</p><p>dos homens entre si. Ou seja, as relações entre os proprietários e não proprietários, e entre os</p><p>não proprietários e os meios e objetos do trabalho. O segundo nível, político-ideológico, é</p><p>chamado de superestrutura. É constituído pela estrutura jurídico-política representada pelo</p><p>Estado e pelo direito. Pela estrutura ideológica referente às formas da consciência social, tais</p><p>como a religião, as leis, a educação, a literatura, a �loso�a, a ciência, a arte etc. Também nesse</p><p>caso ocorre a sujeição ideológica da classe dominada, cuja cultura e modo de vida re�etem as</p><p>ideias e os valores da classe dominante [...]</p><p>Ao examinar a relação entre infraestrutura e superestrutura, Karl Marx busca desvelar as</p><p>contradições e os con�itos que permeiam uma sociedade, revelando como as estruturas</p><p>econômicas in�uenciam as instituições e práticas sociais. Por exemplo, a ideologia dominante</p><p>em uma sociedade capitalista pode promover a ideia de meritocracia e individualismo,</p><p>justi�cando assim a desigualdade de classe e a concentração de riqueza nas mãos de poucos.</p><p>Portanto, ao considerar tanto a infraestrutura quanto a superestrutura, Marx fornece uma visão</p><p>abrangente das dinâmicas sociais e históricas, destacando como as condições materiais de</p><p>existência moldam as ideias, instituições e práticas culturais de uma sociedade. Essa abordagem</p><p>analítica permite uma compreensão mais profunda das relações de poder e das lutas de classe</p><p>que permeiam a história humana, fornecendo insights importantes para a transformação social e</p><p>a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Compreendida a forma no qual Karl Marx interpretava a sociedade por meio do materialismo</p><p>histórico, vamos agora estudar uma das maiores preocupações de Marx, exposto em seu livro O</p><p>capital: a transformação do dinheiro em capital. Segundo Marx (1996), a circulação de</p><p>mercadorias era o ponto de partida do capital, ou seja, o capitalista vende mercadorias para</p><p>transformá-las em mais dinheiro (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Inicialmente, Marx descreve o ciclo de circulação de mercadorias como M–D–M, que signi�ca</p><p>Mercadoria (M) transformada em Dinheiro (D) e depois revertida em outra Mercadoria (M). Isso</p><p>re�ete o movimento básico do sistema econômico, onde os produtores vendem suas</p><p>mercadorias no mercado por dinheiro, que por sua vez é usado para comprar outras mercadorias.</p><p>No entanto, para Marx, essa forma de circulação de mercadorias é apenas a aparência super�cial</p><p>do processo (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O aspecto essencial para Marx é o ciclo D–M–D', onde o dinheiro (D) é usado para comprar</p><p>mercadorias (M), que são posteriormente vendidas por um valor maior, resultando em um retorno</p><p>de dinheiro ampliado (D'). Aqui, o objetivo do processo não é apenas a troca de mercadorias por</p><p>seu valor de uso, mas sim a geração de lucro através da compra e venda de mercadorias (Silva;</p><p>Dalcin; Stefani, 2019). Essa busca pelo lucro é o que impulsiona a produção e a circulação de</p><p>mercadorias no sistema capitalista.</p><p>Marx argumenta que a essência do capitalismo reside nesse ciclo de acumulação de capital,</p><p>onde o dinheiro é investido na produção de mercadorias com o objetivo de obter mais dinheiro no</p><p>�nal do processo. Esse movimento contínuo de investimento, produção, venda e reinvestimento é</p><p>o que alimenta o crescimento econômico e a expansão do capitalismo, ao mesmo tempo que</p><p>gera desigualdades econômicas e sociais.</p><p>A teoria da circulação de mercadorias de Karl Marx está intimamente relacionada ao conceito de</p><p>"fetiche da mercadoria". De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o fetiche da mercadoria refere-</p><p>se à tendência das pessoas no sistema capitalista de atribuir qualidades místicas ou</p><p>sobrenaturais às mercadorias, tratando-as como se tivessem valor intrínseco e</p><p>independentemente das relações sociais subjacentes de produção.</p><p>No contexto da circulação de mercadorias, o fetiche da mercadoria pode ser observado no</p><p>processo de troca entre dinheiro e mercadoria (M–D) e de mercadoria de volta para dinheiro (D–</p><p>M'). As pessoas tendem a ver o valor das mercadorias como algo dado e natural, sem questionar</p><p>as relações sociais de produção que determinam esse valor. Isso leva à noção de que o valor das</p><p>mercadorias é resultado de suas características físicas ou de seu valor de uso, ignorando o papel</p><p>do trabalho humano e das relações sociais na determinação do valor econômico (Oliveira;</p><p>Gennari, 2019). Essa dinâmica pode ser visualizada na �gura a seguir.</p><p>Figura 2 | Fetiche da mercadoria</p><p>A mais-valia surge da exploração do trabalho no processo de produção capitalista, que está</p><p>intrinsecamente ligado à circulação de mercadorias e ao fetiche da mercadoria. Para</p><p>entendermos como isso acontece, é importante revisitar o processo de produção e circulação de</p><p>mercadorias.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>No sistema capitalista, os capitalistas compram a força de trabalho dos trabalhadores por meio</p><p>do pagamento de um salário (Dinheiro - Mercadoria, ou D-M). Os trabalhadores então realizam o</p><p>trabalho necessário para produzir mercadorias (M). No entanto, o valor do trabalho necessário</p><p>para a reprodução da força de trabalho (ou seja, o salário pago aos trabalhadores) é menor do</p><p>que o valor adicionado pelo trabalho dos trabalhadores durante o processo de produção. Essa</p><p>diferença entre o valor do trabalho necessário e o valor criado pelo trabalhador é o que Marx</p><p>chama de mais-valia (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>O fetiche da mercadoria desempenha um papel crucial nesse processo, pois obscurece a</p><p>verdadeira fonte de valor das mercadorias. Os capitalistas exploram essa falsa percepção de</p><p>valor, pagando aos trabalhadores apenas uma fração do valor total que eles criam durante o</p><p>processo de produção. Enquanto isso, os capitalistas se apropriam da mais-valia, aumentando</p><p>seus lucros e acumulando capital.</p><p>Sobre esse termo “mais-valia”, trouxe duas de�nições: mais-valia absoluta e mais-valia relativa.</p><p>Vamos estudá-los a partir de agora!</p><p>Mais-valia absoluta</p><p>Conforme Brue e Grant (2016), a mais-valia absoluta refere-se ao aumento da quantidade de</p><p>trabalho excedente extraído dos trabalhadores, prolongando a jornada de trabalho. Isso signi�ca</p><p>que os trabalhadores são obrigados a trabalhar mais horas do que o necessário para produzir o</p><p>valor equivalente ao seu salário. Marx argumenta que, historicamente, os capitalistas buscavam</p><p>principalmente essa forma de mais-valia, estendendo a jornada de trabalho através de leis,</p><p>regulamentos ou simples coerção (Brue; Grant, 2016). Com a mais-valia absoluta, o valor total do</p><p>trabalho excedente aumenta simplesmente pelo aumento do tempo de trabalho.</p><p>Um exemplo de mais-valia absoluta seria um empregador exigindo que os funcionários</p><p>trabalhem 10 horas por dia, mas pagando apenas o equivalente a 8 horas de trabalho. Nesse</p><p>caso, os trabalhadores produziriam um valor</p><p>adicional durante as 2 horas extras não</p><p>remuneradas, que é a mais-valia absoluta extraída pelo empregador.</p><p>Mais-valia relativa</p><p>Ainda segundo Brue e Grant (2016), a mais-valia relativa, por outro lado, surge quando os</p><p>capitalistas aumentam a produtividade do trabalho, permitindo que eles produzam mais</p><p>mercadorias em menos tempo. Isso é alcançado através do uso de tecnologia, automação,</p><p>métodos de produção mais e�cientes, entre outros. Com a mais-valia relativa, os capitalistas</p><p>conseguem aumentar a quantidade de valor produzido pelos trabalhadores em um período</p><p>especí�co sem aumentar o tempo total de trabalho (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Portanto, a</p><p>proporção de tempo de trabalho necessário para reproduzir o valor dos salários diminui em</p><p>relação ao tempo de trabalho total.</p><p>Por exemplo, se um trabalhador antes produzia 10 unidades de mercadorias em 8 horas e depois</p><p>com a introdução de máquinas e métodos mais e�cientes passa a produzir 20 unidades de</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>mercadorias em 8 horas, a mais-valia relativa é obtida pela redução do tempo necessário para</p><p>reproduzir o valor dos salários.</p><p>Na �gura a seguir, abordaremos de forma detalhada a dinâmica entre Trabalho, Valor e Lucro,</p><p>demonstrando como ocorre a mais-valia para os capitalistas por meio da utilização da mão de</p><p>obra assalariada.</p><p>Figura 3 | Trabalho, valor e lucro. Fonte: Malassise et al. (2014, p. 107).</p><p>Vamos considerar uma fábrica na qual o capitalista investe uma determinada quantia de</p><p>dinheiro/capital (D) para adquirir mercadorias (M), como matéria-prima, máquinas e força de</p><p>trabalho. Ao iniciar a produção (P), novas mercadorias são geradas (M') e posteriormente</p><p>vendidas, convertendo-as novamente em dinheiro (D'). Esse processo pode ser resumido no</p><p>Quadro 1.</p><p>INSUMO DA PRODUÇÃO: Capital Constante (CC) = gastos com máquinas, ferramentas,</p><p>tecnologia etc.</p><p>CAPITAL VARIÁVEL (CV): Gastos com pagamentos de salários aos trabalhadores.</p><p>MAIS-VALIA: O lucro retirado da riqueza gerada pela força de trabalho dos trabalhadores</p><p>assalariados.</p><p>EQUAÇÃO</p><p>CC + CV = Gastos de produção (—) M’ (Valor da nova mercadoria criada) = MAIS-VALIA</p><p>A diferença entre a soma do (CC + CV) = -D e o dinheiro ganho no �nal da produção (D’),</p><p>chamamos de lucro ou mais-valia.</p><p>D = Capital inicial; D’= Capital valorizado; M’ = Nova mercadoria</p><p>Quadro 1 | Equação - Mais-valia. Fonte: Malassise et al. (2014, p. 107).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O propósito do capitalista é produzir uma mercadoria com valor de uso e valor de troca,</p><p>destinada à venda. Ele busca produzir uma mercadoria com valor mais elevado do que a soma</p><p>do valor dos meios de produção e da força de trabalho (CC+CV) que ele adiantou no mercado</p><p>como capital inicial. Além de criar valor de uso, o capitalista almeja gerar um valor excedente,</p><p>conhecido como mais-valia. Essa diferença entre a riqueza gerada pelo trabalho do operário e o</p><p>salário pago pelo capitalista é precisamente o valor M, que Marx identi�ca como a mais-valia: é</p><p>por meio do conceito de mais-valia que podemos explicar cienti�camente a exploração</p><p>capitalista.</p><p>Como deveria ser a mais-valia para Marx?</p><p>Segundo Malassise et al. (2014), Marx argumenta que os trabalhadores deveriam receber uma</p><p>porcentagem justa do valor total produzido por seu trabalho, o que não ocorre no sistema de</p><p>mais-valia. Na concepção marxista, a parte do lucro bruto que vai para o patrão deveria ser</p><p>distribuída de forma equitativa entre todos os funcionários. Dessa forma, o trabalhador receberia</p><p>uma compensação justa pelo seu esforço, em vez de apenas gerar lucro para o patrão. Ainda</p><p>segundo os autores, essa abordagem implicaria uma relação mais justa e igualitária entre capital</p><p>e trabalho, onde cada parte seria recompensada de acordo com sua contribuição real para a</p><p>produção de riqueza.</p><p>Muito bem, chegamos ao término do conteúdo!</p><p>Ao concluir nossa jornada de estudo sobre o materialismo histórico, exploramos as</p><p>complexidades das relações sociais, econômicas e políticas que moldam a sociedade humana.</p><p>Além disso, re�etimos sobre a dinâmica entre infraestrutura e superestrutura, reconhecendo</p><p>como a classe dominante exerce in�uência sobre as ideias e os valores predominantes em uma</p><p>sociedade, segundo Marx. Por �m, compreendemos o processo de formação da mais-valia e a</p><p>crítica do autor sobre esse processo no sistema capitalista de produção.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização</p><p>inicial da aula.</p><p>Ao relacionarmos as problematizações levantadas no Ponto de Partida com os conteúdos</p><p>abordados em nossa aula sobre materialismo histórico e mais-valia, podemos identi�car</p><p>diversas conexões signi�cativas.</p><p>Vamos lá?!</p><p>1. Como as relações de produção e a propriedade dos meios de produção in�uenciam as</p><p>estruturas sociais e políticas de uma sociedade?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Durante a aula, discutimos como o materialismo histórico postula que as estruturas econômicas</p><p>de uma sociedade são determinantes para seu desenvolvimento histórico e social. As relações</p><p>de produção, como a exploração do trabalho assalariado e a propriedade dos meios de produção,</p><p>moldam não apenas a distribuição de riqueza, mas também as relações de poder e as</p><p>hierarquias sociais. Para resolver essa questão, é essencial analisar criticamente as estruturas</p><p>econômicas de uma sociedade e compreender como elas in�uenciam outras esferas da vida</p><p>social, como a política e a cultura.</p><p>2. Qual é o papel da mais-valia na reprodução das desigualdades econômicas e sociais?</p><p>A teoria da mais-valia, discutida em nossa aula, nos ajuda a entender como a exploração do</p><p>trabalho contribui para a concentração de riqueza nas mãos dos capitalistas e para a</p><p>perpetuação das desigualdades econômicas e sociais. Ao explorar as formas de mais-valia,</p><p>como a absoluta e a relativa, podemos re�etir sobre como os trabalhadores são sub-</p><p>remunerados pelo valor que produzem, enquanto os capitalistas acumulam lucros. Para resolver</p><p>essa questão, é importante questionar as relações de poder no sistema capitalista e buscar</p><p>alternativas que promovam uma distribuição mais justa da riqueza e do poder econômico.</p><p>Em resumo, ao compreendermos os conceitos de materialismo histórico e mais-valia, somos</p><p>capazes de analisar criticamente as estruturas sociais e econômicas que moldam nossa</p><p>sociedade.</p><p>Finalizamos esta aula! Até a próxima!</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 9 Karl Marx do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.</p><p>Nesse capítulo os autores realizam uma extensa revisão da obra de Karl Marx, apresentando as</p><p>principais contribuições do autor para a economia política, tais como os conceitos de</p><p>materialismo histórico, mais-valia e acumulação de capital.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.</p><p>São Paulo: Grupo GEN, 2012. E-book.</p><p>Assista ao �lme O Capital (2012), dirigido por Costa-Gavras. Embora não seja estritamente uma</p><p>biogra�a de Karl Marx, o �lme aborda questões relacionadas ao capitalismo e às injustiças</p><p>sociais, temas centrais nas obras de Marx. O Capital oferece uma visão crítica do sistema</p><p>econômico contemporâneo e pode proporcionar insights sobre as ideias de Marx, mesmo que</p><p>não seja uma representação direta de sua vida ou obra.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.</p><p>OLIVEIRA,</p><p>R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto</p><p>Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 3</p><p>A Circulação Capitalista de Karl Marx</p><p>A circulação capitalista de Karl Marx</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer o conceito de circulação capitalista desenvolvida por Karl</p><p>Marx.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Esse conceito é importante para compreender como, segundo Marx, o sistema capitalista se</p><p>desenvolve e ao mesmo tempo leva aos con�itos de classes.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>A partir de agora, vamos dar continuidade à sequência dos nossos estudos sobre Karl Marx.</p><p>Nesta aula, o objetivo será compreender o chamado processo de circulação capitalista. Esse é o</p><p>nome dado por Marx para se referir à maneira como o capital se move e se transforma ao longo</p><p>das diferentes etapas da produção e troca de mercadorias em uma economia capitalista.</p><p>Ao longo da aula, vamos nos deparar com duas questões centrais. Primeiro: Como a teoria do</p><p>valor-trabalho de Marx desa�a as noções convencionais de valor e preço no sistema econômico?</p><p>Estaremos atentos às diferentes perspectivas sobre a determinação do valor das mercadorias e</p><p>como essa teoria se aplica às relações de produção capitalistas. Em segundo lugar: Como a</p><p>exploração do trabalhador in�uencia a acumulação de capital e a queda da taxa de lucro no</p><p>sistema capitalista? Investigaremos a dinâmica da mais-valia e como ela impacta as relações de</p><p>classe e as crises econômicas.</p><p>É com entusiasmo que iniciamos esta jornada de aprendizado! Compreender as teorias de Marx</p><p>não apenas ampliará nossos horizontes acadêmicos, mas também nos capacitará a analisar o</p><p>sistema capitalista sob uma perspectiva crítica e re�exiva. Ao mergulharmos nos conceitos de</p><p>exploração do trabalhador, acumulação de capital e dinâmicas econômicas, estaremos mais</p><p>preparados para compreender as complexidades das relações sociais e econômicas que</p><p>moldam a sociedade.</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Ao integrar a teoria do valor-trabalho à sua análise da exploração, Marx lançou luz sobre o</p><p>movimento do capital e as dinâmicas de acumulação. Ele demonstrou como os capitalistas</p><p>extraem mais valor do que pagam aos trabalhadores, uma vez que estes últimos produzem bens</p><p>que excedem o valor de sua própria força de trabalho. Essa exploração é o motor que impulsiona</p><p>o ciclo de acumulação de capital, onde o capital investido inicialmente é multiplicado através da</p><p>apropriação do trabalho excedente dos trabalhadores. Assim, Marx ofereceu uma visão</p><p>perspicaz das contradições inerentes ao sistema capitalista e das tensões entre capital e</p><p>trabalho.</p><p>Para compreender essa dinâmica, vamos começar com a teoria do valor-trabalho.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Teoria do valor-trabalho</p><p>Para Marx, o valor de uma mercadoria não é determinado pelo seu preço de mercado, como</p><p>argumentavam os economistas clássicos, mas sim pelo tempo de trabalho socialmente</p><p>necessário para produzi-la, considerando-se as condições normais de produção, a competência</p><p>média e a intensidade do trabalho no tempo (Brue; Grant, 2016). O tempo de trabalho</p><p>socialmente necessário compreende não apenas o trabalho direto envolvido na produção da</p><p>mercadoria, mas também o trabalho incorporado nos equipamentos e na matéria-prima</p><p>utilizados ao longo do processo produtivo, além do valor transferido à mercadoria durante esse</p><p>processo.</p><p>Em outras palavras, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho</p><p>incorporada a ela durante todo o ciclo produtivo. Essa concepção é conhecida como teoria do</p><p>valor-trabalho e constitui a base da crítica de Marx ao sistema capitalista. Brue e Grant (2016)</p><p>apresentam o seguinte exemplo para essa teoria:</p><p>Suponha que o tempo de trabalho médio contido em um par de sapatos seja de 10 horas. Esse</p><p>trabalho socialmente necessário determina o valor dos sapatos. Se um trabalhador for</p><p>incompetente e precisar de 20 horas para produzir um par de sapatos, esse valor ainda será de</p><p>10 horas. Imagine que um trabalhador ou um funcionário lidere o campo da tecnologia e</p><p>e�ciência e produza um par de sapatos em cinco horas de trabalho. Seu valor, no entanto, é 10</p><p>horas, o custo médio do trabalho para toda a sociedade – isto é, o tempo de trabalho</p><p>socialmente necessário. (Brue; Grant, 2016, p. 194)</p><p>O valor de um produto é avaliado em termos de unidades simples de trabalho médio. O trabalho</p><p>especializado é quanti�cado como múltiplas unidades de trabalho não especializado. Portanto,</p><p>uma hora de trabalho produtivo de um engenheiro pode contribuir tanto para uma mercadoria</p><p>quanto cinco horas de trabalho não especializado. O mercado de trabalho iguala o tempo de</p><p>trabalho de diversas habilidades para um denominador comum de trabalho não especializado</p><p>(Brue; Grant, 2016).</p><p>A teoria do valor-trabalho abriu as portas para a teoria da exploração do trabalho.</p><p>Teoria da exploração do trabalho</p><p>Para compreender essa teoria, primeiramente vamos distinguir a diferença entre força de</p><p>trabalho e tempo de trabalho.</p><p>Força de trabalho: refere-se à habilidade de um indivíduo em trabalhar e produzir</p><p>mercadorias.</p><p>Tempo de trabalho: é o processo e a duração reais do trabalho.</p><p>Marx argumenta que o tempo de trabalho socialmente necessário para produzir os bens culturais</p><p>essenciais consumidos pelos trabalhadores e suas famílias é o que determina o valor da força de</p><p>trabalho. Se essas necessidades pudessem ser produzidas em três horas por dia, o valor da</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>força de trabalho da mercadoria seria de três horas de trabalho por dia. Se a produtividade do</p><p>trabalhador dobrasse, esses artigos de subsistência poderiam ser produzidos em uma hora e</p><p>meia por dia, resultando em uma queda de 50% no valor da força de trabalho [(3 – 1,5)/3] (Brue;</p><p>Grant, 2016).</p><p>Inicialmente, os empregadores remuneram os trabalhadores com salários correspondentes ao</p><p>valor da força de trabalho do trabalhador, ou seja, eles pagam o salário conforme o preço vigente</p><p>no mercado. Em segundo lugar, esse salário de mercado, no entanto, é apenas o bastante para</p><p>adquirir os bens culturais essenciais necessários para a sobrevivência e continuidade da força de</p><p>trabalho (Brue; Grant, 2016).</p><p>No capitalismo, a exploração dos trabalhadores, caracterizada pela extração da mais-valia pelos</p><p>capitalistas, está diretamente ligada à produtividade da mão de obra. Quando os trabalhadores</p><p>produzem mais do que precisam para sua sobrevivência e de suas famílias, surge a oportunidade</p><p>para os empregadores extrair lucro. De acordo com Marx, a exploração aumenta quando os</p><p>trabalhadores podem produzir além do necessário para sua subsistência (Silva; Dalcin; Stefani,</p><p>2019).</p><p>Os empregadores pagam um salário de mercado pela força de trabalho, mas esse pagamento é</p><p>apenas uma fração do valor que os trabalhadores realmente criam. Assim, os capitalistas detêm</p><p>o poder de determinar a duração da jornada de trabalho, forçando os trabalhadores a aceitarem</p><p>suas condições sob ameaça de perderem o emprego (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Essa dinâmica</p><p>leva os trabalhadores a gastarem mais tempo de trabalho do que o necessário para cobrir seus</p><p>próprios custos de subsistência, gerando um excedente de valor que é apropriado pelos</p><p>empregadores.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), Marx classi�cou a parte do capital investida em</p><p>equipamentos e matéria-prima como capital constante, representado por c. O valor desse capital</p><p>é transferido para o produto �nal sem aumento. Por outro lado, o capital destinado aos salários,</p><p>utilizado para adquirir a força de trabalho, é denominado capital variável,</p><p>representado por v.</p><p>Esse capital gera um valor maior do que o próprio investimento. A mais-valia, representada por s,</p><p>é o valor adicional que o capitalista obtém sem recompensar o trabalhador que o produziu. A</p><p>taxa da mais-valia s` é dado por:</p><p>Note que a taxa de mais-valia é a relação entre a mais-valia e o capital variável. Também pode ser</p><p>entendida como a proporção entre o tempo de trabalho não remunerado e o tempo de trabalho</p><p>remunerado.</p><p>Já a taxa de lucro (p`) na fórmula de Marx é a razão entre a mais-valia e o total de capital</p><p>investido, ou seja:</p><p>s′=   sv</p><p>s′=   s</p><p>v</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O acúmulo de capital e a queda da taxa de lucro</p><p>Segundo Brue e Grant (2016), a taxa de lucro, p', obtida pelos capitalistas, tende a diminuir ao</p><p>longo do tempo. Isso ocorre devido à pressão para aumentar a e�ciência por meio da</p><p>mecanização e das inovações, que reduzem a necessidade de mão de obra. Esse fenômeno</p><p>provoca o que Marx denomina de composição orgânica do capital, representada pela letra Q na</p><p>equação a seguir:</p><p>Ao realizar manipulações algébricas das duas equações anteriores, pode-se chegar a uma</p><p>equação alternativa para a taxa de lucro, dada por:</p><p>Veja que essa nova equação indica que a taxa de lucro, p`, varia diretamente com a taxa da mais-</p><p>valia, s`, e inversamente com a composição orgânica do capital, Q. Logo, quando os capitalistas</p><p>investem relativamente mais em equipamento e menos na força de trabalho, Q aumenta e p` cai.</p><p>A pressão para aumentar o uso de capital diminui a taxa de lucro; os trabalhadores são a fonte</p><p>de todo o valor, inclusive da mais-valia, e quanto menos trabalhadores são empregados, a taxa de</p><p>lucro diminui (Brue; Grant, 2016).</p><p>Marx acreditava que a dinâmica do capitalismo inevitavelmente leva a um aumento da</p><p>composição orgânica do capital, por dois motivos principais. Em primeiro lugar, as empresas que</p><p>buscam uma produção e�ciente através do uso de mais e melhor capital constante, obtêm</p><p>temporariamente lucros extras, reduzindo seus custos de produção. Isso leva à queda dos</p><p>preços dos produtos para re�etir os custos menores, e os empregadores que não acompanham a</p><p>mecanização em um mercado especí�co acabam não sobrevivendo. Em segundo lugar, quanto</p><p>mais e�ciente for a produção, menor será o valor da força de trabalho – o número de horas</p><p>necessárias para produzir a subsistência – e maior será o lucro total produzido por dia de</p><p>trabalho (Brue; Grant, 2016).</p><p>Marx identi�cou a queda da taxa de lucro como um dos problemas insolúveis do capitalismo</p><p>(Hunt; Lautzenheiser, 2012). Ele argumentava que, à medida que o capitalismo se desenvolve, há</p><p>uma tendência natural para a taxa de lucro diminuir ao longo do tempo. Isso ocorre devido à</p><p>concorrência entre os capitalistas, que os leva a investir em tecnologias mais avançadas e</p><p>p′=   s</p><p>c+v</p><p>p′=   s</p><p>c+v</p><p>Q =   c</p><p>c+v</p><p>Q =   c</p><p>c+v</p><p>p′=  s′ (1 − Q)</p><p>p′=  s′ (1 − Q)</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>aumentar a composição orgânica do capital, ou seja, a proporção de capital constante</p><p>(máquinas, equipamentos) em relação ao capital variável (salários). Essa mudança na</p><p>composição do capital reduz a taxa de lucro, uma vez que o valor criado pelo trabalho humano é</p><p>diluído pelo aumento do investimento em capital �xo (Hunt; Lautzenheiser, 2012).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Acúmulo de capital e a crise</p><p>Vimos anteriormente que no processo de circulação de mercadorias, representado pela fórmula</p><p>M - C - M', o capitalista inicialmente investe um capital (M) para comprar mercadorias (C),</p><p>incluindo matérias-primas e força de trabalho. Após o processo produtivo, essas mercadorias</p><p>são vendidas (M') por um valor maior do que o investimento inicial, gerando lucro (Silva; Dalcin;</p><p>Stefani, 2019).  Esse processo de acumulação de capital é essencial para o capitalismo,</p><p>impulsionando a busca por lucro e crescimento econômico contínuo.</p><p>No entanto, a dinâmica cíclica do capitalismo, conforme descrita por Marx, revela um padrão</p><p>recorrente de expansão e contração econômica. Inicialmente, investimentos rápidos em capital e</p><p>mão de obra impulsionam a demanda e elevam os salários, reduzindo temporariamente as taxas</p><p>de mais-valia e lucro (Brue; Grant, 2016).</p><p>No entanto, esse aumento nos salários diminui a rentabilidade do capital, levando à interrupção</p><p>do crescimento e ao início de uma recessão. Durante esse período de depressão, o valor do</p><p>capital �xo é depreciado, permitindo que grandes capitalistas adquiram empresas menores a</p><p>preços vantajosos. Como resultado, algumas fábricas fecham, os preços caem e os salários são</p><p>reduzidos. Essas medidas restauram as taxas de mais-valia e lucro, reiniciando o ciclo de</p><p>investimento e expansão econômica. Cada ciclo subsequente tende a ser mais forte,</p><p>contribuindo para a intensi�cação das lutas de classes e as condições propícias para mudanças</p><p>sociais e revoluções.</p><p>Centralização de capital e a concentração de riqueza</p><p>A centralização de capital e a concentração de riqueza são fenômenos intrínsecos ao sistema</p><p>capitalista, conforme observado por Karl Marx. A centralização de capital refere-se ao processo</p><p>pelo qual o capital se concentra em poucas mãos, resultando na formação de grandes</p><p>conglomerados �nanceiros e industriais (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Esse processo é</p><p>impulsionado pela concorrência entre os capitalistas, onde os mais e�cientes absorvem os</p><p>menos competitivos, consolidando seu poder econômico. À medida que empresas menores são</p><p>engolidas por corporações maiores, ocorre uma concentração de riqueza nas mãos de uma</p><p>minoria privilegiada.</p><p>Marx via na centralização de capital e na concentração de riqueza um agravamento das</p><p>desigualdades sociais e econômicas. À medida que o poder econômico se concentra em poucas</p><p>empresas e indivíduos, aumenta-se a disparidade de renda e de acesso aos recursos. Isso resulta</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>em uma sociedade cada vez mais dividida entre uma pequena elite rica e uma grande massa de</p><p>trabalhadores empobrecidos (Brue; Grant, 2016).</p><p>Con�ito de classes</p><p>A concentração de riqueza entre poucos capitalistas e o empobrecimento dos trabalhadores</p><p>semeiam as bases para o con�ito de classes. À medida que os trabalhadores enfrentam</p><p>condições precárias, sua solidariedade cresce, impulsionando o desejo por mudança. Esse</p><p>cenário alerta os detentores do capital, provocando uma luta entre as relações de produção e as</p><p>forças produtivas.</p><p>Nesse estágio avançado do capitalismo, os trabalhadores buscam derrubar a dominação</p><p>capitalista e estabelecer o controle do proletariado, onde os meios de produção são controlados</p><p>pelo Estado. Com essa mudança, a exploração dos trabalhadores é eliminada e a sociedade</p><p>avança em direção a uma estrutura mais justa e igualitária (Brue; Grant, 2016).</p><p>Toda essa dinâmica que estudamos pode ser resumida no quadro esquemático apresentado na</p><p>Figura 1.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | “Lei de movimento” do capitalismo de Marx. Fonte: Brue e Gant (2016, p. 204).</p><p>A Figura 1 resume a dinâmica do desenvolvimento capitalista de Marx. Sua teoria do valor-</p><p>trabalho é o ponto de partida, destacando os trabalhadores como fonte de todo o valor. No</p><p>entanto, a mão de obra não recebe todo esse valor, como indicado pela seta a; em vez disso, o</p><p>capitalista paga apenas o valor da força de trabalho, resultando em uma mais-valia, representada</p><p>pela diferença entre o valor da produção e o valor pago aos trabalhadores. Essa mais-valia,</p><p>conforme mostrado pela seta b, é a base do acúmulo de capital. No entanto, esse processo</p><p>desencadeia uma queda na taxa de lucro (seta c), crises econômicas mais severas (seta d) e</p><p>desemprego tecnológico (seta e), todos contribuindo para o empobrecimento dos trabalhadores</p><p>(setas h, i e j). Além disso, a queda na taxa de lucro e as crises comerciais levam à centralização</p><p>de capital e concentração de riqueza (setas f e g). O resultado desse processo é o con�ito de</p><p>classes, representado pelas setas k e l.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização</p><p>inicial</p><p>da aula.</p><p>Vamos lá?!</p><p>Durante a aula, exploramos a primeira questão ao analisar como a teoria do valor-trabalho de</p><p>Marx desa�a as noções convencionais de valor e preço no sistema econômico. Concluímos que,</p><p>para Marx, o valor de uma mercadoria não é determinado pelo preço de mercado, mas sim pelo</p><p>tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Isso desa�a a ideia de que o valor é</p><p>intrinsecamente ligado ao preço de mercado e nos leva a compreender as relações de produção</p><p>capitalistas sob uma nova perspectiva, na qual o trabalho desempenha um papel central na</p><p>criação de valor.</p><p>Em relação à segunda questão, investigamos como a exploração do trabalhador in�uencia a</p><p>acumulação de capital e a queda da taxa de lucro no sistema capitalista. Ao examinar a dinâmica</p><p>da mais-valia, entendemos como os trabalhadores são sub-remunerados em relação ao valor que</p><p>realmente produzem, permitindo que os empregadores acumulem capital à custa do trabalho</p><p>excedente dos trabalhadores. Essa exploração não apenas gera desigualdades sociais, mas</p><p>também contribui para a queda da taxa de lucro ao longo do tempo, conforme destacado por</p><p>Marx.</p><p>Portanto, ao analisarmos essas duas questões, podemos concluir que a teoria do valor-trabalho</p><p>de Marx e a compreensão da dinâmica da mais-valia nos fornecem ferramentas fundamentais</p><p>para entender as complexidades do sistema capitalista e suas consequências socioeconômicas.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 10 O socialismo marxista do livro: História do pensamento econômico. O objetivo</p><p>desse capítulo é desenvolver as ideias de Marx de maneira sistêmica. Após examinar os detalhes</p><p>biográ�cos e observar as in�uências intelectuais, desenvolve-se a teoria da história de Marx. Em</p><p>seguida, é apresentado os componentes de sua “lei do movimento” do capitalismo. Para concluir,</p><p>os autores avaliam criticamente seu pensamento.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Marx tratou da acumulação primitiva, no penúltimo capítulo (o XXIV) do Livro 1 de O Capital. A</p><p>assim chamada acumulação primitiva é dos capítulos mais estudados de O Capital, certamente</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>pela importante apresentação da separação entre homens e meios de produção. Você poderá</p><p>conhecer a íntegra do texto, com grifos que não são nossos, em:</p><p>MARX, K. Capítulo XXIV: a assim chamada acumulação primitiva. In: MARX, K. O capital. Liv. 1, v.</p><p>2. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA; S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>MARX, K. Capítulo XXIV: a assim chamada acumulação primitiva. In: MARX, K. O capital. Liv. 1, v.</p><p>2. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 4</p><p>Escola Neoclássica</p><p>Escola neoclássica</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer a escola marginalista e as contribuições de Alfred Marshall na</p><p>escola neoclássica.</p><p>Esse conceito é importante para compreender as bases da teoria moderna da �rma e do</p><p>comportamento do consumidor.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Na aula de hoje, exploraremos os fundamentos da teoria econômica, com foco especial nos</p><p>conceitos da escola marginalista e suas contribuições para o desenvolvimento da economia</p><p>neoclássica. Esses conceitos são importantes para entendermos como os mercados funcionam,</p><p>como são determinados os preços dos bens e serviços e como as decisões individuais dos</p><p>consumidores e das empresas impactam a economia como um todo.</p><p>Durante nossa aula, estaremos constantemente nos questionando sobre como esses conceitos</p><p>econômicos podem ser aplicados para entender e solucionar problemas do mundo real. Como os</p><p>princípios da escola marginalista nos ajudam a compreender as decisões individuais dos</p><p>agentes econômicos e as interações de mercado? De que forma a teoria da �rma de Alfred</p><p>Marshall pode esclarecer os desa�os enfrentados pelas empresas e as dinâmicas da</p><p>concorrência?</p><p>Ao longo da aula, você descobrirá como esses conceitos podem ser aplicados no seu cotidiano</p><p>pro�ssional, proporcionando melhor compreensão dos fenômenos econômicos que moldam o</p><p>mundo à nossa volta. Então, vamos embarcar juntos nessa jornada de aprendizado e descoberta!</p><p>Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>O século XIX foi um período de transformação radical na Europa. A Revolução Industrial</p><p>desencadeou um processo de urbanização maciça, com a migração em massa das áreas rurais</p><p>para as cidades em busca de oportunidades de trabalho nas fábricas. Essa mudança</p><p>demográ�ca criou dinâmicas sociais e econômicas, dando origem a desigualdades de classe e</p><p>con�itos entre capital e trabalho (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Ao mesmo tempo, as ideias do Iluminismo continuavam a in�uenciar o pensamento europeu,</p><p>promovendo a razão, a liberdade individual e o progresso cientí�co. Esses princípios alimentaram</p><p>o surgimento de movimentos políticos e sociais, incluindo o liberalismo econômico, que defendia</p><p>a livre concorrência e o livre mercado como o caminho para o progresso econômico e social.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>No entanto, à medida que a Revolução Industrial avançava, os problemas sociais associados a</p><p>ela se tornavam mais evidentes. A concentração de riqueza nas mãos dos proprietários de</p><p>fábricas e a exploração da mão de obra geraram crescente descontentamento entre os</p><p>trabalhadores. Movimentos sindicais e socialistas surgiram para lutar pelos direitos dos</p><p>trabalhadores e contestar a ideologia liberal dominante (Hunt; Lautzenheiser, 2012).</p><p>Além disso, a escola clássica de economia, representada por �guras como Adam Smith e David</p><p>Ricardo, enfrentava críticas cada vez mais agudas. Embora esses economistas tenham fornecido</p><p>insights importantes sobre a natureza do valor, da distribuição e do crescimento econômico,</p><p>suas teorias pareciam incapazes de lidar adequadamente com os desa�os colocados pela</p><p>industrialização e pela crescente complexidade da economia moderna.</p><p>De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o marxismo, em particular, representava uma ameaça</p><p>signi�cativa para a ortodoxia econômica dominante. Karl Marx e Friedrich Engels argumentavam</p><p>que as relações de produção capitalistas inevitavelmente levavam à exploração da classe</p><p>trabalhadora e à concentração de riqueza nas mãos de uma elite capitalista. Sua análise crítica</p><p>do capitalismo in�uenciou profundamente o pensamento político e econômico da época,</p><p>desa�ando os fundamentos da economia clássica.</p><p>Foi nesse contexto de mudança e contestação que surgiram os economistas marginalistas.</p><p>In�uenciados pelo utilitarismo, pelo método cientí�co e pela matemática, esses pensadores</p><p>buscavam reformular a teoria econômica de uma maneira que pudesse dar conta das</p><p>complexidades da economia moderna e responder às críticas levantadas pelo marxismo e outros</p><p>movimentos sociais (Brue; Grant, 2019).</p><p>Ainda segundo Brue e Grant (2019), os principais autores da escola marginalista foram:</p><p>1. Carl Menger:</p><p>Menger, um economista austríaco, é frequentemente considerado o fundador</p><p>da escola marginalista. Em sua obra seminal Princípios de economia política (1871),</p><p>Menger introduziu o conceito de utilidade marginal, argumentando que o valor de um bem é</p><p>determinado pela sua utilidade para o indivíduo. Essa abordagem subjetiva do valor foi</p><p>fundamental para a crítica às teorias anteriores baseadas no valor-trabalho.</p><p>2. William Stanley Jevons: Jevons, um economista britânico, desenvolveu independentemente</p><p>ideias semelhantes às de Menger. Em seu livro A teoria da economia política (1871),</p><p>Jevons enfatizou a importância da utilidade marginal na formação de preços e na alocação</p><p>de recursos. Ele também introduziu o conceito de curvas de indiferença, que descrevem as</p><p>preferências dos consumidores em relação a diferentes combinações de bens.</p><p>3.  Léon Walras: Walras, um economista suíço, contribuiu signi�cativamente para a</p><p>formalização da teoria marginalista. Em sua obra Elementos de economia política pura</p><p>(1874), Walras propôs um modelo matemático de equilíbrio geral, no qual a oferta e a</p><p>demanda são igualadas em todos os mercados. Seu trabalho estabeleceu as bases para a</p><p>análise microeconômica moderna e in�uenciou profundamente a Escola Neoclássica.</p><p>Essa escola introduziu uma série de dogmas e conceitos que in�uenciaram profundamente o</p><p>desenvolvimento da escola neoclássica. De acordo com Brue e Grant (2016), os principais</p><p>dogmas da escola marginalista são:</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>1. Foco na margem: a importância de analisar as decisões econômicas e as mudanças nas</p><p>margens, ou seja, as decisões feitas em relação a pequenas variações adicionais nas</p><p>quantidades de bens ou recursos. Em vez de olhar para mudanças totais, como o aumento</p><p>ou a diminuição absoluta de recursos, os marginalistas se concentram nas decisões feitas</p><p>em relação a pequenas mudanças incrementais.</p><p>2. Comportamento econômico racional: acreditam que os agentes econômicos, como</p><p>consumidores e empresas, agem de forma racional, buscando maximizar sua satisfação ou</p><p>seu lucro, dadas as restrições que enfrentam. Isso signi�ca que as decisões econômicas</p><p>são tomadas com base em uma avaliação cuidadosa dos custos e benefícios esperados.</p><p>3. Ênfase na microeconomia: grande importância ao estudo do comportamento individual dos</p><p>agentes econômicos e das interações entre eles. A análise microeconômica é central para</p><p>compreender como os preços são determinados nos mercados e como as decisões</p><p>individuais afetam a alocação de recursos.</p><p>4. Uso do método abstrato e dedutivo: adotam uma abordagem dedutiva, partindo de</p><p>princípios básicos e utilizando a lógica para derivar conclusões sobre o funcionamento da</p><p>economia. Eles tendem a desenvolver modelos simpli�cados e abstratos para analisar</p><p>questões econômicas, buscando identi�car padrões gerais de comportamento.</p><p>5. Ênfase na livre concorrência: defendem a importância da livre concorrência como um</p><p>mecanismo que leva a uma alocação e�ciente de recursos. Eles argumentam que a</p><p>concorrência entre empresas leva à redução de preços e ao aumento da qualidade e da</p><p>variedade dos produtos, bene�ciando os consumidores.</p><p>�. Teoria do preço orientado pela demanda: enfatizam que os preços são determinados pela</p><p>interação entre oferta e demanda. Eles argumentam que os preços tendem a se ajustar de</p><p>modo a equilibrar a quantidade demandada e a quantidade oferecida de um bem ou serviço</p><p>em um mercado.</p><p>7. Ênfase na utilidade subjetiva: introduziu o conceito de utilidade subjetiva, que a�rma que a</p><p>utilidade de um bem ou serviço é determinada pela percepção individual de cada pessoa.</p><p>Isso signi�ca que a utilidade não pode ser medida objetivamente, mas sim avaliada com</p><p>base nas preferências e necessidades individuais.</p><p>�. Enfoque no equilíbrio: buscam entender os mecanismos que levam a um equilíbrio</p><p>econômico, no qual a oferta e a demanda se igualam e não há pressões para mudanças</p><p>nas quantidades produzidas e nos preços. Eles analisam como as forças do mercado,</p><p>como a concorrência e a �exibilidade de preços, tendem a levar os mercados a um estado</p><p>de equilíbrio ao longo do tempo.</p><p>As contribuições dos economistas marginalistas foram fundamentais para a formação da escola</p><p>neoclássica de economia. Essa escola, que emergiu no �nal do século XIX e início do século XX,</p><p>combinou conceitos da teoria marginalista com elementos da escola clássica, formando uma</p><p>síntese abrangente que dominaria o pensamento econômico no início do século XX.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Alfred Marshall, nascido em 26 de julho de 1842, em Londres, foi um dos economistas mais</p><p>in�uentes e renomados do �nal do século XIX e início do século XX. Reconhecido como o</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>principal autor da escola neoclássica de economia, Marshall deixou um legado duradouro que</p><p>continua a moldar o pensamento econômico moderno (Brue; Grant, 2016). Sua vida e obra são</p><p>marcadas por uma dedicação incansável ao estudo da economia e uma profunda compreensão</p><p>dos princípios fundamentais que regem a atividade econômica.</p><p>Nascido em uma família de classe média, Marshall mostrou desde cedo um interesse</p><p>pronunciado pela economia e pela matemática. Ele frequentou a Merchant Taylors' School e mais</p><p>tarde o St. John's College, em Cambridge, onde se formou com honras em matemática. Sua</p><p>educação em matemática teve um impacto signi�cativo em seu pensamento econômico,</p><p>levando-o a adotar uma abordagem mais formal e rigorosa para analisar os problemas</p><p>econômicos (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Após concluir seus estudos em Cambridge, Marshall passou um tempo lecionando na University</p><p>College, em Bristol, antes de retornar a Cambridge como palestrante em economia moral (um</p><p>termo que abrangia a economia política da época). Foi lá que ele começou a desenvolver suas</p><p>ideias revolucionárias que viriam a de�nir a escola neoclássica de economia.</p><p>Em 1890, Marshall publicou sua obra-prima, Princípios de economia. Esse livro representou uma</p><p>ruptura com as teorias econômicas dominantes da época, como a teoria do valor-trabalho de Karl</p><p>Marx e a teoria do valor subjetivo de William Jevons. Marshall introduziu o conceito de curva de</p><p>demanda e oferta, enfatizando a interação entre oferta e demanda como determinantes dos</p><p>preços e das quantidades de equilíbrio em um mercado. Sua análise rigorosa e sua abordagem</p><p>baseada em matemática trouxeram uma nova clareza e precisão para a economia como</p><p>disciplina.</p><p>A teoria da utilidade marginal decrescente, formulada pelo economista Alfred Marshall no �nal</p><p>do século XIX, é uma das pedras angulares da economia neoclássica e ainda é amplamente</p><p>aplicada e discutida nos dias de hoje. Marshall desenvolveu essa teoria para explicar como os</p><p>indivíduos tomam decisões de consumo e como os preços são determinados em mercados</p><p>competitivos.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), a utilidade marginal é o benefício adicional que um</p><p>consumidor obtém ao consumir uma unidade adicional de um bem ou serviço. Por exemplo, se</p><p>você está com sede e toma o primeiro gole de água, a utilidade marginal desse primeiro gole é</p><p>alta, pois satisfaz sua sede imediata. No entanto, à medida que continua a beber mais água, a</p><p>utilidade marginal de cada gole subsequente diminui, já que a sede está sendo cada vez mais</p><p>saciada e o benefício adicional é menor.</p><p>A ideia central da utilidade marginal decrescente é que, à medida que uma pessoa consome mais</p><p>de um bem, a satisfação adicional que ela obtém diminui gradualmente. Isso signi�ca que, para</p><p>um consumidor racional, o valor que ele atribui a cada unidade adicional de um bem diminuirá à</p><p>medida que ele consuma mais desse bem (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Em outras palavras, a</p><p>pessoa está disposta a pagar menos por cada unidade adicional, porque o benefício adicional</p><p>que ela recebe é menor.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>A utilidade marginal decrescente tem implicações importantes para a determinação dos preços e</p><p>para a alocação de recursos na economia. Em um mercado competitivo, os preços são</p><p>determinados pela interação entre a oferta e a demanda. A oferta</p><p>Também, você conhecerá as três categorias teóricas da economia política:</p><p>o trabalho, a lei do valor e a mercadoria.</p><p>À medida que exploramos a evolução da economia política, dois questionamentos fundamentais</p><p>emergem, instigando uma re�exão crítica sobre os conteúdos estudados:</p><p>Transformações da burguesia: como as transformações de postura da burguesia,</p><p>inicialmente associada a princípios revolucionários e posteriormente tornando-se</p><p>conservadora, in�uenciaram a dinâmica das relações sociais e econômicas durante o</p><p>período de mudanças radicais, especialmente entre 1825 e 1850?</p><p>Modo de produção capitalista e circulação mercantil: como a transição da circulação</p><p>mercantil simples para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Ao buscar respostas para esses questionamentos, vamos ter uma compreensão crítica das</p><p>estruturas que moldam o sistema capitalista e suas implicações na sociedade contemporânea.</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>A economia política não surgiu como uma disciplina claramente de�nida desde o início, mas</p><p>evoluiu gradualmente em resposta a desa�os políticos e econômicos.</p><p>O termo "economia política" tem raízes antigas, remontando à Grécia antiga, onde pensadores</p><p>como Aristóteles e Platão discutiam sobre a organização da polis e a distribuição de recursos.</p><p>No entanto, estudos sobre a economia política moderna começou a se desenvolver durante a</p><p>Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX na Europa. Esse período de mudança radical trouxe</p><p>consigo uma série de desa�os sociais e econômicos, provocando uma re�exão mais profunda</p><p>sobre a natureza da riqueza, do poder e das relações entre os indivíduos e o Estado (Silva;</p><p>Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Esses estudos pioneiros da economia formaram o primeiro corpo teórico do que se chamou</p><p>economia política. Destaca-se os trabalhos de François Quesnay (1694-1774), Adam Smith</p><p>(1723-1790), William Petty (1623-1687), Pierre de Boisguillebert (1646-1714), David Ricardo</p><p>(1772-1823), etc. Juntos, esses pensadores constituíram a economia política clássica (Paulo</p><p>Netto; Braz, 2007 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Na visão da economia política clássica, o foco principal residia na compreensão das relações</p><p>sociais que se delineavam durante a crise do antigo regime feudal. Diferentemente da busca por</p><p>estabelecer uma disciplina cientí�ca formal, os pensadores clássicos desse campo não tinham,</p><p>inicialmente, a intenção de construir um corpo de conhecimento cientí�co autônomo. Seu</p><p>verdadeiro propósito era desvendar o modo como a sociedade estava se recon�gurando a partir</p><p>do declínio do mundo feudal.</p><p>Portanto, os clássicos da economia política não se posicionavam meramente como cientistas</p><p>puristas; ao contrário, almejavam objetivos intensos de intervenção política e social. De acordo</p><p>com Sandroni (2005), é por essa razão que esse campo de estudo adotou a designação</p><p>"economia política", onde o termo "política" é equiparado a "social", seguindo a tradição</p><p>aristotélica que considera o homem como um ser político, ou seja, um ser social.</p><p>Nesse contexto, pode-se observar que a economia política clássica re�etiu as ideias da</p><p>burguesia durante um período histórico em que essa classe estava à frente das lutas sociais,</p><p>liderando o processo revolucionário que resultou na queda do feudalismo (Sandroni, 2005 apud</p><p>Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Na segunda metade do século XIX, a economia política clássica enfrentou uma crise intrínseca.</p><p>Entre 1825 e 1850, os interesses da burguesia, anteriormente associados a princípios</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade, passaram por uma transformação</p><p>marcante. Segundo Silva, Birnkott e Lopes (2018), embora a luta burguesa tenha emancipado as</p><p>pessoas das relações de dependência pessoal do feudalismo, a revolução não conseguiu</p><p>estabelecer plenamente a liberdade política desejada. Ainda segundo os autores, a ascensão da</p><p>burguesia resultou em uma nova dominação de classe, tornando-se conservadora e contrariando</p><p>as promessas emancipadoras da cultura revolucionária que a levou ao poder.</p><p>Essa mudança de postura da burguesia para uma classe conservadora foi essencial para a</p><p>incompatibilidade com as perspectivas da economia política clássica. O con�ito original entre</p><p>burguesia e nobreza foi substituído por um confronto entre burguesia e proletariado (os</p><p>trabalhadores) com a ascensão da burguesia (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). As tensões atingiram</p><p>o ápice nas revoluções de 1848, marcando um momento de convulsões sociais na Europa, onde</p><p>a burguesia conservadora se viu em confronto com o proletariado revolucionário.</p><p>A partir desse ponto, surge o pensamento pioneiro relacionado ao proletariado, liderado por Karl</p><p>Marx. A economia política passa a direcionar seu foco para o caráter exploratório do capital</p><p>(representado pela burguesia) em relação ao trabalho (representado pelo proletariado). Isso dá</p><p>origem à crítica da economia política, introduzindo novos quadros teóricos destinados a explicar</p><p>os rearranjos na vida social (Paulo Netto; Braz, 2007).</p><p>Nesse contexto, a economia política se consolida como a ciência das leis que regem a produção</p><p>e a troca dos meios materiais de subsistência na sociedade humana. Cabe destacar que,</p><p>sobretudo no sistema capitalista predominante, o objeto de estudo da economia política se</p><p>concentra no modo de produção capitalista, considerando não apenas a produção em si, mas</p><p>também as relações sociais entre os indivíduos envolvidos na produção ou na estrutura social</p><p>dela (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Para entender as relações sociais próprias à atividade econômica capitalista, a economia política</p><p>utiliza três categorias teóricas, sendo elas:</p><p>O trabalho, que torna possível a produção de qualquer bem ou serviço.</p><p>A lei do valor, que constitui a noção de riqueza social.</p><p>A mercadoria, o objeto indispensável para a troca capitalista.</p><p>Vamos estudar cada uma delas a partir de agora.</p><p>O sistema capitalista se baseia na relação entre o capital e o trabalho, onde os trabalhadores</p><p>vendem sua força de trabalho em troca de salários. Essa dinâmica cria uma divisão de classes,</p><p>onde os proprietários dos meios de produção (capitalistas) detêm o controle e os trabalhadores</p><p>contribuem com seu esforço laboral. Assim, o trabalho não é apenas uma atividade produtiva,</p><p>mas também uma categoria que delineia as relações de poder e hierarquias na sociedade (Silva;</p><p>Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>A evolução do trabalho impõe a demanda por habilidades e conhecimentos obtidos</p><p>primeiramente através de repetição e experimentação, os quais são subsequentemente</p><p>transmitidos por meio do aprendizado. No contexto do capitalismo, a necessidade incessante de</p><p>desenvolver novas modalidades de trabalho surge, resultando na criação de novas demandas e,</p><p>consequentemente, na emergência de novos métodos de aprendizado.</p><p>A lei do valor é um conceito fundamental que permeia a teoria econômica capitalista. Ela sugere</p><p>que o valor de um bem ou serviço é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário</p><p>para sua produção. Em outras palavras, o valor de uma mercadoria é in�uenciado pelo esforço</p><p>humano envolvido em sua criação (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Essa ideia implica que o valor</p><p>não é intrínseco ao objeto, mas é socialmente construído.</p><p>A lei do valor na economia política capitalista introduz uma distinção entre duas características</p><p>das mercadorias: o valor de uso e o valor de troca. O valor de uso refere-se à utilidade intrínseca</p><p>de uma mercadoria, isto é, sua capacidade de satisfazer necessidades humanas. Por exemplo,</p><p>um par de sapatos possui valor de uso porque é capaz de proteger os pés e proporcionar</p><p>conforto. No entanto, o valor de uso não é o único fator determinante do valor econômico.</p><p>O valor de troca, por outro lado, está relacionado à capacidade de uma mercadoria ser trocada</p><p>por outra no mercado, direta ou indiretamente, por intermédio do dinheiro. Esse valor é</p><p>in�uenciado pelo tempo de trabalho</p><p>de um bem está relacionada</p><p>aos custos de produção, enquanto a demanda por esse bem está relacionada à utilidade que os</p><p>consumidores atribuem a ele (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>De acordo com a teoria da utilidade marginal decrescente, a curva de demanda de um bem tende</p><p>a inclinar-se para baixo, re�etindo o fato de que os consumidores estão dispostos a comprar</p><p>menos unidades de um bem à medida que o preço aumenta. Isso ocorre porque, à medida que o</p><p>preço de um bem sobe, o benefício adicional que os consumidores obtêm ao consumi-lo diminui,</p><p>tornando-os menos dispostos a pagar um preço mais alto.</p><p>Por outro lado, a curva de oferta de um bem tende a inclinar-se para cima, pois os produtores</p><p>estão dispostos a ofertar mais unidades de um bem à medida que o preço aumenta. Isso ocorre</p><p>porque os produtores podem obter maiores lucros ao vender suas mercadorias a preços mais</p><p>altos, o que compensa os custos adicionais de produção.</p><p>Assim, o equilíbrio de mercado ocorre quando a quantidade demandada de um bem é igual à</p><p>quantidade ofertada desse bem, e o preço de mercado é determinado pela interseção das curvas</p><p>de oferta e demanda. Nesse ponto, a utilidade marginal do consumidor é igual ao custo marginal</p><p>do produtor, garantindo que não haja excedente de demanda ou oferta no mercado. Essa</p><p>dinâmica pode ser visualizada na Figura 1.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Equilíbrio de mercado do bem “X”</p><p>Ao analisar a Figura 1, o equilíbrio de mercado ocorre no ponto “A”. Nesse ponto, as Curvas da</p><p>Oferta e da Demanda se interceptam e a quantidade ofertada iguala à quantidade demandada.</p><p>Na Figura, esse equilíbrio ocorre ao preço de R$ 4,00 com a quantidade de 400 unidades do bem</p><p>“X”.</p><p>A elasticidade é um conceito fundamental na economia e sua elaboração por Alfred Marshall</p><p>trouxe contribuições signi�cativas para a compreensão do comportamento dos preços e da</p><p>demanda. Marshall desenvolveu o conceito de elasticidade como uma medida da sensibilidade</p><p>da demanda ou da oferta em relação às mudanças nos preços (Brue; Grant, 2016). Sua</p><p>abordagem ajudou a re�nar a compreensão das forças que in�uenciam o equilíbrio de mercado e</p><p>a alocação e�ciente de recursos.</p><p>A Elasticidade Preço da Demanda (EPD) mede o quanto a quantidade demandada de um bem</p><p>muda em resposta a uma alteração percentual em seu preço (Mankiw, 2019). A fórmula básica</p><p>da EPD é a seguinte:</p><p>Se a EPD for maior do que 1 (EPD > 1), dizemos que o bem é elástico. Isso signi�ca que as</p><p>mudanças no preço têm um impacto signi�cativo na quantidade demandada.</p><p>Por outro lado, se a EPD for menor do que 1 (EPD < 1), o bem é inelástico, o que indica que as</p><p>mudanças de preço têm pouco impacto na quantidade demandada (Mankiw, 2019).</p><p>Suponha que, com o aumento de 10% nos preços, o consumidor passe a demandar 5% a menos</p><p>de gasolina. Isso signi�ca que a alteração na quantidade demandada ocorre em uma intensidade</p><p>menor do que a alteração nos preços. Para calcular o valor da elasticidade basta dividir a</p><p>variação da demanda (-5%) pela variação no preço (10%), conforme a seguir:</p><p>Pode-se interpretar, desse resultado que, a cada 1% de aumento na gasolina, a demanda é</p><p>reduzida em 0,5%, ou seja, é inelástico, pois, seu valor em módulo é menor do que 1.</p><p>Já a Elasticidade Renda da Demanda (ERD), por sua vez, se concentra na relação entre a</p><p>quantidade demandada de um bem e as mudanças na renda do consumidor. Ela é expressa</p><p>como a variação percentual na quantidade demandada de um bem, dividida pela variação</p><p>percentual na renda do consumidor (Mankiw, 2019). A fórmula é a seguinte:</p><p>EPD =</p><p>V ariação Percentual na Quantidade Demandada</p><p>V ariação Percentual no Preço =</p><p>ΔQ</p><p>ΔP</p><p>EPD =   =</p><p>ΔQ</p><p>ΔP = −5%</p><p>10%</p><p>= − 0,5 = 0,5∣ ∣ERD =</p><p>V ariação Percentual na Quantidade Demandada</p><p>V ariação Percentual na Renda</p><p>=</p><p>ΔQ</p><p>ΔR</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O valor da Elasticidade Renda pode ser positivo ou negativo. Uma Elasticidade Renda positiva</p><p>indica que, à medida que a renda do consumidor aumenta, a quantidade demandada do bem</p><p>também aumenta (Mankiw, 2019).</p><p>Inserido nessas condições, temos os chamados bens normais, que apresentam ERD maiores do</p><p>que zero e menores do que um (0 < ERD < 1) e os bens superiores, que apresentam ERD maior do</p><p>que 1 (ERD > 1). Já uma Elasticidade Renda negativa (ERD < 0) sugere que, com o aumento da</p><p>Renda, a quantidade demandada diminui. Esses bens são chamados de inferiores (Mankiw,</p><p>2019). Vamos a um exemplo?</p><p>Considere que a renda de uma família seja ampliada em 20%. O mais provável é que o aumento</p><p>no consumo de feijão seja em um percentual menor do que 20%. Se for de 4%, a ERD será igual a</p><p>0,2, caracterizando o feijão como um bem normal.</p><p>Pode-se interpretar, desse resultado, que a cada 1% de aumento na Renda, a demanda por feijão</p><p>aumenta em 0,2%, ou seja, é um bem normal.</p><p>A teoria da �rma elaborada por Alfred Marshall é um dos pilares da economia microeconômica,</p><p>fornecendo um arcabouço analítico essencial para entender o comportamento das empresas em</p><p>diferentes horizontes temporais, considerando variáveis como custos, produção, oferta e</p><p>maximização de lucros (Hunt; Lautzenheiser, 2012).</p><p>Para compreender o comportamento das �rmas, Marshall distingue entre curto e longo prazo. No</p><p>curto prazo, algumas variáveis de produção são �xas, enquanto outras são variáveis, por</p><p>exemplo, a capacidade da fábrica é �xa no curto prazo, mas a quantidade de mão de obra e</p><p>matéria-prima pode ser ajustada (Brue; Grant, 2016). Já no longo prazo, todas as variáveis de</p><p>produção são variáveis, o que signi�ca que a �rma pode ajustar sua capacidade produtiva,</p><p>expandindo ou reduzindo a quantidade de fábricas, equipamentos e mão de obra.</p><p>Marshall classi�ca os custos em três categorias principais: custos �xos, custos variáveis e</p><p>custos totais. Os custos �xos são aqueles que permanecem constantes, independentemente do</p><p>nível de produção, como aluguel de instalações. Os custos variáveis, por outro lado, aumentam</p><p>ou diminuem conforme a produção aumenta ou diminui, como os custos de matéria-prima e mão</p><p>de obra. Os custos totais são a soma dos custos �xos e variáveis. Para determinar a quantidade</p><p>ótima de produção e maximizar o lucro, a �rma deve comparar a receita marginal (a mudança na</p><p>receita total decorrente de uma unidade adicional de produção) com o custo marginal (a</p><p>mudança no custo total decorrente de uma unidade adicional de produção). A �rma maximizará</p><p>o lucro produzindo até o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal (Hunt;</p><p>Lautzenheiser, 2012).</p><p>Além disso, Marshall discute a importância da diferenciação do produto na determinação do</p><p>poder de mercado de uma empresa. Ele argumenta que as empresas que conseguem criar</p><p>produtos diferenciados, seja por meio de características únicas, qualidade superior ou branding</p><p>ERD =   4%</p><p>20%</p><p>= 0,2</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>e�caz, têm uma vantagem competitiva que lhes permite cobrar preços mais altos e manter</p><p>margens de lucro mais elevadas.</p><p>Outro aspecto da teoria da �rma de Marshall é a noção de equilíbrio de longo prazo. Ele</p><p>argumentou que, em um mercado competitivo, as empresas entrarão ou sairão até que os lucros</p><p>sejam iguais a zero no longo prazo. Isso ocorre porque, se houver lucros positivos, novas</p><p>empresas serão atraídas para o mercado, aumentando a concorrência e reduzindo os lucros. Da</p><p>mesma forma, se houver prejuízos, algumas empresas sairão do mercado, reduzindo a</p><p>concorrência e aumentando os lucros restantes (Hunt; Lautzenheiser, 2012).</p><p>A teoria da �rma de Marshall também abordou questões como economias de escala e escopo.</p><p>Economias de escala referem-se à redução no custo médio de produção à medida que o volume</p><p>de produção aumenta. Marshall explicou como as empresas podem se bene�ciar das economias</p><p>de escala através da especialização da mão de obra, da divisão do trabalho e da utilização</p><p>e�ciente dos equipamentos. Por outro lado, economias de escopo referem-se à redução no custo</p><p>médio de produção quando uma empresa produz múltiplos produtos em vez de um único</p><p>produto. Marshall argumentou que as empresas podem</p><p>se bene�ciar das economias de escopo</p><p>compartilhando recursos e conhecimentos entre diferentes linhas de produtos.</p><p>Em suma, a teoria da �rma de Alfred Marshall representa uma contribuição signi�cativa para a</p><p>compreensão do funcionamento das empresas e sua interação com o mercado. Suas ideias</p><p>sobre custos de produção, maximização de lucros, concorrência e elasticidade da demanda</p><p>continuam a ser relevantes para os economistas e empresários de hoje. Ao analisar os desa�os e</p><p>as oportunidades enfrentados pelas empresas em diferentes contextos de mercado, a teoria de</p><p>Marshall fornece insights valiosos que podem ajudar a informar decisões de negócios e políticas</p><p>econômicas.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização</p><p>inicial da aula.</p><p>Ao relacionarmos as problematizações levantadas no Ponto de Partida com os conteúdos</p><p>abordados em nossa aula sobre a escola marginalista e as contribuições de Alfred Marshall na</p><p>escola neoclássica, podemos trazer algumas re�exões a seguir:</p><p>1. Princípios da escola marginalista e as decisões individuais dos agentes econômicos e as</p><p>interações de mercado:</p><p>A escola marginalista introduziu o conceito de utilidade marginal, que é fundamental para</p><p>entender as decisões individuais dos agentes econômicos. Segundo esse princípio, as</p><p>pessoas tomam decisões racionais com base na utilidade adicional que esperam obter de</p><p>uma unidade adicional de um bem ou serviço.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Compreender a utilidade marginal permite analisar como os consumidores avaliam e</p><p>tomam decisões de consumo, escolhendo entre diferentes bens e serviços com base em</p><p>suas preferências e nas restrições orçamentárias.</p><p>Além disso, os marginalistas destacaram a importância da oferta e da demanda na</p><p>determinação dos preços e na alocação de recursos. Ao considerar as preferências dos</p><p>consumidores e as restrições de produção, podemos entender como as interações de</p><p>mercado ocorrem e como os preços são determinados de acordo com a lei da oferta e da</p><p>demanda.</p><p>2. Teoria da �rma de Alfred Marshall e os desa�os enfrentados pelas empresas e as dinâmicas</p><p>da concorrência:</p><p>A teoria da �rma de Alfred Marshall oferece insights sobre como as empresas enfrentam</p><p>desa�os em um ambiente competitivo. Marshall distinguiu entre curto e longo prazo,</p><p>destacando que as empresas precisam ajustar suas operações de acordo com as</p><p>condições de mercado.</p><p>No curto prazo, as empresas enfrentam custos �xos e variáveis e precisam decidir sobre a</p><p>produção e os preços com base na receita marginal e no custo marginal. Essa análise ajuda</p><p>as empresas a maximizar seus lucros e a determinar a quantidade ótima de produção.</p><p>No longo prazo, todas as variáveis de produção são variáveis, o que signi�ca que as</p><p>empresas podem ajustar sua capacidade produtiva. A teoria de Marshall sugere que, em</p><p>um mercado competitivo, as empresas entrarão ou sairão até que os lucros sejam iguais a</p><p>zero, re�etindo a busca pelo equilíbrio de longo prazo.</p><p>Além disso, a teoria de Marshall aborda a importância da diferenciação do produto na</p><p>determinação do poder de mercado de uma empresa. Empresas que conseguem criar</p><p>produtos diferenciados podem cobrar preços mais altos e manter margens de lucro mais</p><p>elevadas, in�uenciando as dinâmicas da concorrência em um mercado.</p><p>Essas re�exões mostram como os princípios da escola marginalista e a teoria da �rma de Alfred</p><p>Marshall são fundamentais para compreender as decisões individuais dos agentes econômicos,</p><p>as interações de mercado e os desa�os enfrentados pelas empresas em um ambiente</p><p>competitivo. Ao aplicarmos esses conceitos, podemos desenvolver uma compreensão mais</p><p>profunda do funcionamento da economia e suas implicações no mundo dos negócios.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 11 A escola neoclássica do livro: História do pensamento econômico. Nesse</p><p>capítulo você conhecerá uma síntese dos principais conceitos elaborados por Alfred Marshall, o</p><p>principal expoente da escola neoclássica.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019. E-book.</p><p>Leia o capítulo Teorias neoclássicas da �rma e da distribuição de renda do livro: História do</p><p>pensamento econômico - uma perspectiva crítica. Nesse capítulo, você conhecerá as principais</p><p>contribuições de Marshall para a teoria da �rma, bem como o estudo de John Bates Clark e a</p><p>teoria da distribuição, segundo a produtividade marginal. Por �m, você vai estudar a as relações</p><p>de classe capitalistas, segundo a teoria neoclássica da distribuição.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.</p><p>São Paulo: Grupo GEN, 2012. E-book.</p><p>Referências</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>MANKIW, N. G. Introdução à economia. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2019.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>Aula 5</p><p>KARL MARX E A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA E A ESCOLA NEOCLÁSSICA</p><p>Karl Marx e a crítica da economia política e a escola neoclássica</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você verá um resumo da Unidade 3 do estudo: Karl Marx e a crítica da economia</p><p>política e a escola neoclássica.</p><p>Esses conceitos são importantes para compreender as diferentes abordagens teóricas sobre a</p><p>economia, suas críticas e evoluções ao longo do tempo, fornecendo uma base sólida para a</p><p>compreensão das dinâmicas econômicas contemporâneas.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade que é compreender e analisar a crítica Marxista</p><p>ao sistema capitalista e conhecer os pressupostos da escola neoclássica, você deverá</p><p>primeiramente conhecer as bases teóricas da corrente marxista.</p><p>Na aula sobre a crítica ao capitalismo de Marx, você desenvolve a habilidade de compreender o</p><p>contexto histórico no qual Marx desenvolveu suas teorias, as críticas contundentes direcionadas</p><p>às estruturas fundamentais do capitalismo e a análise profunda sobre o fenômeno da alienação,</p><p>destacando suas implicações sociais e individuais.</p><p>Avançando para os tópicos sobre materialismo histórico e mais-valia, você compreende a base</p><p>teórica fundamental de Marx para analisar as dinâmicas sociais e econômicas, incluindo a</p><p>relação entre as forças produtivas e as relações de produção, bem como o processo de</p><p>exploração capitalista através da extração da mais-valia do trabalho humano. Além disso, você</p><p>entende sobre o fenômeno da circulação da mercadoria e o conceito de fetiche da mercadoria,</p><p>que destacam a forma como as relações sociais são obscurecidas no contexto da economia</p><p>capitalista.</p><p>Ao estudar o processo de circulação capitalista de Karl Marx, você conseguirá analisar as</p><p>relações entre a teoria do valor-trabalho e o processo de acumulação de capital, compreendendo</p><p>como a exploração da força de trabalho resulta na extração de mais-valia e na determinação da</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>taxa de lucro. Além disso, você será capaz de examinar a dinâmica da queda da taxa de lucro</p><p>ao</p><p>longo do tempo e sua relação com as contradições inerentes ao sistema capitalista, incluindo a</p><p>emergência e a intensi�cação da luta de classes como resposta às injustiças econômicas e</p><p>sociais.</p><p>Por �m, no conteúdo sobre a escola neoclássica, você desenvolve a habilidade de avaliar a</p><p>e�ciência dos mercados na alocação de recursos, entender os determinantes da oferta e da</p><p>demanda, analisar as consequências das políticas de intervenção governamental na economia e</p><p>identi�car possíveis falhas de mercado e suas soluções propostas. Essa análise detalhada da</p><p>interação entre agentes econômicos individuais e o funcionamento dos mercados permite uma</p><p>compreensão mais profunda das forças que moldam a economia.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Considere a TecnoAvanço Ltda., uma empresa de tecnologia que recentemente implementou</p><p>mudanças em sua linha de produção de smartphones visando aumentar a e�ciência e reduzir os</p><p>custos. Essa fábrica, localizada em um país desenvolvido, emprega uma grande equipe de</p><p>trabalhadores na linha de montagem.</p><p>Nos últimos meses, a administração da TecnoAvanço Ltda. decidiu aumentar a jornada de</p><p>trabalho dos operários de 8 para 10 horas por dia, sem um correspondente aumento salarial.</p><p>Além disso, introduziu metas de produção mais rigorosas, aumentando a pressão sobre os</p><p>trabalhadores para atingir esses objetivos em um tempo mais curto.</p><p>Desdobramento do Estudo de Caso:</p><p>1. Alienação e desconexão com o trabalho: os trabalhadores da TecnoAvanço Ltda., agora</p><p>enfrentando jornadas de trabalho mais longas e metas de produção mais exigentes, começam a</p><p>sentir uma crescente alienação em relação ao seu trabalho. A conexão entre o esforço que eles</p><p>investem e o produto �nal torna-se mais distante, reduzindo o signi�cado e a satisfação no</p><p>trabalho.</p><p>Pergunta de re�exão: como essa crescente alienação dos trabalhadores pode afetar sua</p><p>motivação, produtividade e bem-estar no trabalho?</p><p>2. Exploração laboral e distribuição de renda: a prolongação da jornada de trabalho sem um</p><p>aumento correspondente nos salários levanta questões sobre a justiça e a equidade na</p><p>distribuição de renda na TecnoAvanço Ltda. Os trabalhadores percebem que estão contribuindo</p><p>com um valor signi�cativo para a empresa, porém não estão sendo adequadamente</p><p>recompensados por seus esforços adicionais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Pergunta de re�exão: quais são as implicações éticas e sociais de uma distribuição desigual de</p><p>renda dentro da empresa? Como isso pode afetar a coesão social e o ambiente de trabalho?</p><p>3. Consequências sociais e éticas: as práticas adotadas pela administração da TecnoAvanço</p><p>Ltda. levantam questões éticas sobre o tratamento justo dos trabalhadores e o respeito aos seus</p><p>direitos e bem-estar. Os alunos podem re�etir sobre as implicações sociais mais amplas dessas</p><p>práticas em termos de desigualdade de renda, exploração laboral e justiça econômica.</p><p>Pergunta de re�exão: como essas práticas podem afetar a imagem e reputação da empresa</p><p>perante a sociedade e seus stakeholders? Existem alternativas mais éticas e sustentáveis que a</p><p>empresa poderia considerar para atingir seus objetivos de e�ciência e redução de custos?</p><p>Essas questões colocam em evidência os desa�os enfrentados pelos trabalhadores em uma</p><p>economia capitalista contemporânea e convida você a considerar as implicações éticas, sociais</p><p>e econômicas das políticas adotadas pela TecnoAvanço Ltda</p><p>Como as críticas de Marx ao capitalismo, especialmente em relação à alienação e à exploração</p><p>da mais-valia, podem in�uenciar a forma como percebemos e interpretamos as relações sociais</p><p>e econômicas em nossa sociedade contemporânea?</p><p>De que maneira a compreensão das teorias marxistas sobre o processo de acumulação de</p><p>capital e a queda da taxa de lucro pode nos ajudar a analisar os desa�os econômicos e as</p><p>disparidades sociais presentes nos sistemas econômicos atuais?</p><p>Com base na competência de compreender e analisar a crítica marxista ao sistema capitalista, a</p><p>resolução deste Estudo de Caso visa examinar criticamente as políticas adotadas pela</p><p>TecnoAvanço Ltda.</p><p>Nos últimos meses, a administração da TecnoAvanço Ltda. decidiu aumentar a jornada de</p><p>trabalho dos operários de 8 para 10 horas por dia, sem um correspondente aumento salarial.</p><p>Além disso, introduziu metas de produção mais rigorosas, aumentando a pressão sobre os</p><p>trabalhadores para atingir esses objetivos em um tempo mais curto. Com essa ação, surgem as</p><p>seguintes indagações sobre a empresa:</p><p>Como essa crescente alienação dos trabalhadores pode afetar sua motivação,</p><p>produtividade e bem-estar no trabalho?</p><p>A crescente alienação dos trabalhadores pode levar a uma diminuição da motivação e</p><p>engajamento no trabalho. Eles podem se sentir desvalorizados e desvinculados do propósito de</p><p>seu trabalho, o que pode resultar em uma queda na produtividade e qualidade do trabalho</p><p>realizado. Além disso, a falta de satisfação no trabalho pode contribuir para um ambiente de</p><p>trabalho negativo e aumentar a rotatividade de funcionários.</p><p>Quais são as implicações éticas e sociais de uma distribuição desigual de renda dentro da</p><p>empresa? Como isso pode afetar a coesão social e o ambiente de trabalho?</p><p>A distribuição desigual de renda dentro da empresa pode gerar ressentimento e</p><p>descontentamento entre os trabalhadores, criando tensões e con�itos no local de trabalho. Além</p><p>disso, pode contribuir para disparidades socioeconômicas mais amplas na sociedade,</p><p>exacerbando a desigualdade de renda e aumentando a divisão entre ricos e pobres. Em última</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>análise, uma distribuição injusta de renda pode minar a coesão social e prejudicar a estabilidade</p><p>econômica a longo prazo.</p><p>Como essas práticas podem afetar a imagem e reputação da empresa perante a sociedade</p><p>e seus stakeholders? Existem alternativas mais éticas e sustentáveis que a empresa</p><p>poderia considerar para atingir seus objetivos de e�ciência e redução de custos?</p><p>As práticas adotadas pela empresa podem afetar negativamente sua reputação e imagem</p><p>perante os consumidores, investidores e comunidade em geral. A percepção de exploração</p><p>laboral e injustiça pode levar à alienação dos clientes e à perda de con�ança no negócio,</p><p>afetando sua viabilidade a longo prazo. Portanto, é importante que a empresa considere não</p><p>apenas os objetivos de e�ciência e redução de custos, mas também o impacto ético e social de</p><p>suas decisões. Alternativas como o aumento dos salários, melhorias nas condições de trabalho e</p><p>diálogo transparente com os funcionários podem promover uma cultura empresarial mais ética e</p><p>sustentável.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Karl Marx e a escola neoclássica</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.</p><p>ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto</p><p>Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>,</p><p>Unidade 4</p><p>ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>Aula 1</p><p>Contribuições de John Maynard Keynes</p><p>Contribuições de John Maynard Keynes</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula</p><p>você conhecerá as contribuições de John Maynard Keynes para a economia</p><p>política.</p><p>Esta aula é fundamental para você compreender a importância de Keynes na revolução do</p><p>pensamento econômico do século XX e suas in�uências nas políticas econômicas adotadas</p><p>pelos governos após a crise de 1929.</p><p>Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à videoaula e fortaleça seus</p><p>conhecimentos em economia política.</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, vamos estudar as contribuições de John Maynard Keynes para a economia política.</p><p>Inicialmente, conheceremos a biogra�a do autor e suas principais in�uências acadêmicas.</p><p>Posteriormente, vamos conhecer o contexto histórico que in�uenciou as obras de Keynes: a crise</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>de 1929. Foi diante do cenário de crise inaugurado com a Quebra da Bolsa de Valores em Nova</p><p>York – e que se estendeu durante a década de 1930 – que as ideias de Keynes ganharam</p><p>destaque. Por �m, apresentaremos os principais dogmas do pensamento keynesiano.</p><p>Para contextualizar a aula, considere uma situação hipotética no qual o professor de história,</p><p>chamado Joaquim, começou sua aula explicando os postulados da economia clássica e sua</p><p>aceitação como política econômica no mundo capitalista do �nal do século XIX e primeiras</p><p>décadas do XX. Mas, como lembrou o professor Joaquim, a Crise de 1929 abalou essas</p><p>certezas. John Keynes criticou fortemente os princípios da economia clássica, criando uma nova</p><p>doutrina econômica que supostamente manteria o sistema capitalista distante de novas grandes</p><p>crises. Ao �nal da aula, um dos alunos foi à mesa do professor com os seguintes</p><p>questionamentos:</p><p>Como a teoria keynesiana está relacionada à Grande Depressão?</p><p>Suas ideias evitam as crises econômicas de fato?</p><p>Quais são as explicações que o professor Joaquim poderá dar a esse aluno?</p><p>A partir de agora o nosso objetivo é te apresentar a obra e vida de Keynes e sua in�uência na</p><p>evolução da economia política. Após a leitura do conteúdo, vamos ajudar o professor Joaquim a</p><p>trazer as respostas às dúvidas do seu aluno.</p><p>Você perceberá que muitos dos temas tratados aqui fazem parte do nosso dia a dia, como a</p><p>intervenção do governo na economia.</p><p>Vamos juntos nessa jornada! Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>John Maynard Keynes nasceu em 5 de junho de 1883, em Cambridge, Inglaterra, �lho de uma</p><p>família acadêmica. Seu pai, John Neville Keynes, foi um economista distinto e um membro</p><p>respeitado da comunidade acadêmica, enquanto sua mãe, Florence Ada Keynes, era uma</p><p>reconhecida ativista social e prefeita de Cambridge.</p><p>Keynes recebeu sua educação primária na escola St. Faith's e posteriormente frequentou o</p><p>renomado Eton College, onde se destacou academicamente. Em 1902, ingressou no King's</p><p>College, na Universidade de Cambridge, onde estudou matemática e economia. Foi lá que ele</p><p>teve a oportunidade de ser orientado por Alfred Marshall, um dos principais economistas da</p><p>época e uma in�uência fundamental em sua formação intelectual. Sob a tutela de Marshall,</p><p>Keynes desenvolveu uma compreensão profunda dos princípios da economia clássica e</p><p>neoclássica, que mais tarde moldaria suas próprias teorias (Malassise et al., 2014).</p><p>Após completar seus estudos em Cambridge, Keynes embarcou em uma viagem à Índia, onde</p><p>trabalhou para o Serviço Civil Indiano por um curto período. Essa experiência proporcionou a ele</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>uma visão única dos desa�os econômicos e sociais enfrentados por uma colônia britânica,</p><p>in�uenciando seu pensamento posterior sobre questões coloniais e desenvolvimentistas.</p><p>Retornando à Inglaterra, Keynes concentrou-se em sua carreira acadêmica e pro�ssional. Em</p><p>1908, foi nomeado para o cargo de professor de economia na Universidade de Cambridge, onde</p><p>lecionou e conduziu pesquisas pelo resto de sua vida. Sua reputação como um pensador</p><p>brilhante e provocador logo se espalhou, e ele se tornou uma �gura central nos círculos</p><p>intelectuais de Cambridge (Malassise et al., 2014).</p><p>Durante as décadas de 1910 e 1920, Keynes publicou uma série de obras que o estabeleceram</p><p>como um dos principais economistas de sua geração, tais como o Tratado sobre a reforma</p><p>monetária (1923) e As consequências econômicas da paz (1919). No entanto, foi com a</p><p>publicação de sua obra magistral, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, em 1936, que</p><p>Keynes alcançou um status verdadeiramente icônico no mundo da economia.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | John Maynard Keynes. Fonte: Wikipédia.</p><p>Em seu livro revolucionário, Keynes desa�ou os fundamentos da teoria econômica clássica e</p><p>propôs um novo paradigma para entender e lidar com as crises econômicas e o desemprego em</p><p>larga escala. O impacto de A teoria geral no meio acadêmico e nas políticas econômicas foi</p><p>profundo e duradouro, estabelecendo Keynes como uma �gura central na economia moderna e</p><p>sua obra como uma das mais in�uentes no campo da teoria econômica (Brue; Grant, 2016).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Siga em Frente...</p><p>Após esse passeio na biogra�a de Keynes, vamos conhecer o contexto econômico que</p><p>in�uenciou a sua principal obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda.</p><p>A década de 1920 foi caracterizada por uma pujança econômica, especialmente nos Estados</p><p>Unidos, após o término da Primeira Guerra Mundial. Durante este período, a economia americana</p><p>experimentou um crescimento sem precedentes, impulsionado pela expansão industrial, pelos</p><p>avanços tecnológicos e por um aumento signi�cativo na produção agrícola. No entanto, por trás</p><p>dessa aparente prosperidade, surgiram sérias contradições que se revelariam catastró�cas com</p><p>a eclosão da Crise de 1929.</p><p>A in�uência da escola neoclássica, que dominava o pensamento econômico na época, também</p><p>foi um elemento importante no contexto que levou à crise. A escola neoclássica defendia</p><p>princípios como a e�ciência dos mercados, a autorregulação econômica e a ideia de que os</p><p>mercados sempre encontrariam um equilíbrio entre oferta e demanda. Uma das teorias mais</p><p>proeminentes dentro da escola neoclássica era a Lei de Say, que a�rmava que toda oferta geraria</p><p>sua própria demanda, ou seja, a produção de bens e serviços automaticamente criaria renda</p><p>su�ciente para comprar esses mesmos bens e serviços.</p><p>No entanto, Keynes discordava fundamentalmente dessa visão otimista da economia. Ele</p><p>argumentava que a economia poderia entrar em um estado de desequilíbrio persistente, com</p><p>desemprego involuntário e subutilização de recursos, contradizendo assim a Lei de Say (Brue;</p><p>Grant, 2016).</p><p>A quebra da bolsa de valores em 1929 foi o catalisador que expôs as fraquezas subjacentes ao</p><p>modelo econômico vigente. A superprodução agrícola e industrial, combinada com uma redução</p><p>no consumo interno e europeu, resultou em um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.</p><p>Enquanto a indústria americana crescia exponencialmente, o poder aquisitivo da população não</p><p>acompanhava esse ritmo de crescimento, levando a uma situação em que havia excesso de bens</p><p>produzidos, mas uma demanda insu�ciente para absorvê-los (Boechat; Moraes; Leite, 2018). Isso</p><p>levou à queda nos preços, à redução na produção e ao aumento do desemprego em uma espiral</p><p>descendente.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 2 | Multidões reunidas em frente à Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Fonte: GetArchive.</p><p>De acordo com Boechat, Moraes e Leite (2018), a quebra da Bolsa de Valores em 1929, que</p><p>marcou o início da Grande Depressão, foi o resultado de uma série de fatores complexos que</p><p>culminaram em uma crise �nanceira e econômica sem precedentes.</p><p>Boechat, Moraes e Leite (2018) e Malassise et al. (2014) apresentam alguns dos principais</p><p>fatores que contribuíram para esse evento, conforme tópicos a seguir:</p><p>1. Euforia e especulação desenfreada: durante a década de 1920, os Estados Unidos</p><p>experimentaram um período de forte crescimento econômico e otimismo. Isso levou a um</p><p>aumento na especulação no mercado de ações, onde investidores compravam ações na</p><p>expectativa de vendê-las por um lucro rápido, em vez de investir com base nos</p><p>fundamentos das empresas.</p><p>2. Crédito fácil: o acesso fácil ao crédito permitiu que muitos investidores comprassem ações</p><p>utilizando empréstimos, muitas vezes alavancando suas posições no mercado de ações.</p><p>Isso aumentou a bolha especulativa, tornando o mercado de ações cada vez mais</p><p>vulnerável a qualquer sinal de desaceleração econômica.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>3. Superprodução e endividamento agrícola: o setor agrícola dos Estados Unidos enfrentou</p><p>di�culdades durante a década de 1920 devido à superprodução e aos baixos preços das</p><p>commodities agrícolas. Muitos agricultores acumularam dívidas signi�cativas para</p><p>�nanciar suas operações, e quando os preços caíram ainda mais, muitos foram incapazes</p><p>de pagar suas dívidas.</p><p>4. Redução do consumo e da demanda interna: apesar do crescimento econômico, uma parte</p><p>signi�cativa da população americana não compartilhava dos benefícios. A desigualdade de</p><p>renda estava aumentando e a classe média estava lutando para manter seu padrão de vida.</p><p>Isso levou a uma redução no consumo e na demanda interna, enfraquecendo ainda mais a</p><p>economia.</p><p>5. Ações de grandes investidores: em setembro e outubro de 1929, grandes investidores</p><p>começaram a vender suas ações, levando a uma queda abrupta nos preços delas. O pânico</p><p>se espalhou rapidamente entre os investidores, levando a uma venda em massa de ações.</p><p>�. Falta de regulamentação: o mercado de ações na década de 1920 era em grande parte não</p><p>regulamentado, permitindo práticas arriscadas e especulativas que exacerbaram a</p><p>situação.</p><p>Em 24 de outubro de 1929, conhecido como "Quinta-Feira Negra", o mercado de ações sofreu</p><p>uma queda acentuada. Isso foi seguido por mais quedas nos dias seguintes, culminando em 29</p><p>de outubro, conhecido como "Segunda-Feira Negra" ou "Crash da Bolsa", quando o mercado de</p><p>ações sofreu sua maior queda na história até então. Os valores das ações despencaram, levando</p><p>à ruína �nanceira de muitos investidores, bancos e empresas. O colapso do mercado de ações</p><p>foi o gatilho que desencadeou uma série de eventos que levaram à Grande Depressão, uma das</p><p>crises econômicas mais devastadoras da história moderna.</p><p>Agora que você conheceu um pouco mais sobre o contexto histórico da Grande Depressão,</p><p>vamos discutir como as ideias de Keynes ajudaram a tirar a economia americana desse cenário.</p><p>A crise de 1929 desa�ou diretamente as suposições da escola neoclássica e forneceu o terreno</p><p>fértil para o surgimento das ideias de Keynes. Em contraste com a crença na autorregulação dos</p><p>mercados, Keynes argumentou que o governo deveria desempenhar um papel ativo na</p><p>estabilização da economia, através de políticas �scais e monetárias que visavam estimular a</p><p>demanda agregada e reduzir o desemprego.</p><p>Nesse contexto, inspirados pelos princípios de Keynes, um grupo de economistas do governo de</p><p>Franklin Delano Roosevelt, propôs o chamado New Deal (Novo Acordo).</p><p>O New Deal foi um conjunto de políticas econômicas e sociais implementadas nos Estados</p><p>Unidos durante a administração do presidente Franklin D. Roosevelt, em resposta à Grande</p><p>Depressão que assolava o país. Lançado na década de 1930, o New Deal tinha como objetivo</p><p>principal promover a recuperação econômica, aliviar a pobreza e reformar as instituições</p><p>�nanceiras e regulatórias.</p><p>Entre as medidas adotadas estavam programas de obras públicas para gerar empregos,</p><p>regulação do sistema �nanceiro, proteção aos direitos dos trabalhadores e assistência social aos</p><p>mais necessitados. Essas políticas representaram uma intervenção sem precedentes do Estado</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>na economia e na vida social, buscando estabilizar a economia e restaurar a con�ança nas</p><p>instituições.</p><p>A in�uência de John Maynard Keynes no New Deal foi signi�cativa. Suas teorias econômicas,</p><p>especialmente sua ênfase na demanda efetiva e na necessidade de intervenção governamental</p><p>para estimular a economia durante períodos de recessão, in�uenciaram diretamente a</p><p>formulação das políticas do New Deal. Keynes argumentava que o governo deveria aumentar os</p><p>gastos públicos para estimular a demanda agregada e reduzir o desemprego.</p><p>Essa abordagem se re�etiu em muitas das iniciativas do New Deal, como os programas de obras</p><p>públicas �nanciados pelo governo, que visavam criar empregos e injetar dinheiro na economia.</p><p>Assim, a implementação do New Deal nos Estados Unidos marcou uma das primeiras grandes</p><p>aplicações das ideias keynesianas em políticas econômicas em escala nacional.</p><p>Muito bem, agora que você compreendeu a in�uência de Keynes para a implementação do New</p><p>Deal, vamos conhecer os principais postulados da teoria keynesiana.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), as principais características e princípios da economia</p><p>keynesiana são:</p><p>1. Ênfase macroeconômica: a escola keynesiana coloca uma forte ênfase na análise da</p><p>economia em nível macro, ou seja, na economia como um todo, em vez de se concentrar</p><p>em unidades individuais, como empresas ou consumidores. Keynes argumentou que</p><p>entender as tendências e os fenômenos macroeconômicos, como o nível de emprego, a</p><p>in�ação e o produto interno bruto, era essencial para formular políticas econômicas</p><p>e�cazes.</p><p>2. Demanda efetiva: um dos conceitos-chave na teoria keynesiana é o da demanda efetiva.</p><p>Keynes argumentou que a demanda agregada, ou seja, o total de gastos na economia, era</p><p>um motor importante do crescimento econômico. Ele enfatizou a importância de estimular</p><p>a demanda por meio de políticas �scais e monetárias expansionistas, especialmente</p><p>durante períodos de recessão ou desemprego.</p><p>3. Instabilidade na economia: contrariamente à visão dos economistas clássicos, que</p><p>acreditavam na autorregulação dos mercados e na tendência natural da economia em</p><p>direção ao equilíbrio, Keynes argumentou que a economia poderia experimentar períodos</p><p>de instabilidade e desequilíbrio persistentes. Ele destacou a possibilidade de �utuações</p><p>cíclicas na atividade econômica, como booms seguidos de recessões, e defendeu a</p><p>intervenção governamental para mitigar essas instabilidades.</p><p>4. Taxa de juros: Keynes contestou a ideia de que a taxa de juros seria o principal mecanismo</p><p>de equilíbrio entre a poupança e o investimento, como a�rmavam os economistas</p><p>neoclássicos. Em vez disso, ele argumentou que a taxa de juros poderia permanecer</p><p>ine�caz em estimular o investimento durante períodos de baixa demanda agregada,</p><p>especialmente quando as expectativas empresariais eram pessimistas.</p><p>5. In�exibilidade nos salários: Keynes observou que os salários não se ajustavam</p><p>rapidamente às mudanças nas condições de mercado, o que poderia resultar em</p><p>desemprego involuntário. Ele argumentou que, durante períodos de recessão, os salários</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>nominais tendiam a ser rígidos para baixo, o que di�cultava a redução do desemprego por</p><p>meio de ajustes nos preços dos fatores de produção.</p><p>�. Política monetária e �scal: Keynes defendeu a utilização de políticas �scais e monetárias</p><p>para estimular a demanda efetiva e combater o desemprego. Isso incluía o aumento dos</p><p>gastos do governo em tempos de recessão para impulsionar a demanda agregada, bem</p><p>como a redução das taxas de juros e medidas de expansão monetária para estimular o</p><p>investimento e o consumo.</p><p>7. Políticas sociais de redistribuição de renda: Keynes reconheceu a importância da</p><p>redistribuição de renda para promover a estabilidade econômica e reduzir as desigualdades</p><p>sociais. Ele argumentou que uma distribuição mais equitativa da renda poderia aumentar a</p><p>demanda agregada, já que os indivíduos com rendas mais baixas tendem a gastar uma</p><p>maior proporção de sua renda. Além disso, ele via a provisão de serviços públicos, como</p><p>saúde e educação, como formas de melhorar o bem-estar social e promover o crescimento</p><p>econômico a longo prazo.</p><p>Portanto, a obra de Keynes, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada em 1936,</p><p>representou uma ruptura radical com o pensamento econômico predominante da época. Keynes</p><p>introduziu o conceito de demanda efetiva, destacando a importância dos gastos do governo e</p><p>dos investimentos para impulsionar a atividade econômica</p><p>e combater o desemprego. Suas</p><p>ideias foram fundamentais para tirar a economia americana da crise dos anos 1930.</p><p>A visão de Keynes sobre a intervenção estatal na economia teve um impacto profundo no</p><p>pensamento econômico e nas políticas públicas. Suas ideias in�uenciaram a adoção de políticas</p><p>keynesianas em muitos países, especialmente durante períodos de recessão e crise econômica.</p><p>O papel ativo do Estado na regulação da economia e na promoção do pleno emprego tornou-se</p><p>uma parte essencial do consenso econômico do pós-guerra e moldou o desenvolvimento das</p><p>políticas econômicas em todo o mundo.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.</p><p>A partir desse momento, voltemos então ao nosso estudante que buscava uma resposta do</p><p>professor Joaquim.</p><p>O professor destacou que, apesar de já ter enfrentado algumas críticas desde o início da Primeira</p><p>Guerra Mundial, como a necessidade de uma abordagem mais abrangente da economia e o uso</p><p>de estatísticas para explicar o crescimento da produção e do comércio em larga escala, o</p><p>pensamento econômico clássico ainda era amplamente aceito por muitos intelectuais e</p><p>governos. No entanto, quando a maior crise do sistema capitalista até então eclodiu em 1929, os</p><p>princípios clássicos foram ainda mais questionados.</p><p>Nesse contexto, John Keynes elaborou de forma analítica as ideias que estavam em discussão e</p><p>liderou o que �cou conhecido como a "revolução keynesiana", desa�ando a ideia de que a oferta</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>gera automaticamente sua própria demanda e argumentando que a economia não tenderia</p><p>naturalmente à harmonia sem a intervenção do Estado. Para Keynes, os princípios clássicos até</p><p>então aceitos falharam em explicar a Grande Depressão.</p><p>O professor também esclareceu que muitos economistas e governantes até os dias de hoje</p><p>defendem o keynesianismo como um meio de evitar grandes crises do capitalismo. No entanto,</p><p>como destacou o professor Joaquim ao seu aluno, as premissas do keynesianismo continuariam</p><p>sendo desa�adas por novas perspectivas econômicas, e, portanto, não existe uma fórmula</p><p>infalível que previna as crises econômicas no sistema capitalista.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo A Escola Keynesiana – John Maynard Keynes do livro: História do pensamento</p><p>econômico. Nesse capítulo, os autores apresentam uma visão geral das ideias de Keynes,</p><p>detalhes biográ�cos e contextualização histórica, bem como as principais ideias da chamada</p><p>“economia Keynesiana”.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016. E-book.</p><p>Falamos muito em ruptura das ideias clássicas com o surgimento da teoria keynesiana, mas isso</p><p>é real? Para entender essa ruptura (ou não), leia o artigo intitulado Continuidade ou ruptura? Uma</p><p>análise de alguns aspectos da �loso�a social de John Stuart Mill, Alfred Marshall e John</p><p>Maynard Keynes, da pesquisadora Laura Valladão Matos.</p><p>MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns aspectos da �loso�a social de</p><p>John Stuart Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy,</p><p>v. 35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015.</p><p>Referências</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.</p><p>Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns aspectos da �loso�a social de</p><p>John Stuart Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy,</p><p>v. 35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?</p><p>script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>Aula 2</p><p>Economia Keynesiana</p><p>Economia keynesiana</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você conhecerá o modelo básico da economia keynesiana. Esse conceito é</p><p>fundamental para compreender como as decisões de gasto e investimento afetam o</p><p>funcionamento da economia, especialmente em períodos de instabilidade e desequilíbrio.</p><p>Assista à videoaula e aprofunde os seus conhecimentos sobre a teoria keynesiana.</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos estudar os elementos básicos da Teoria Geral de Keynes. Essa teoria</p><p>revolucionou a forma como entendemos e analisamos os fenômenos econômicos,</p><p>especialmente no que diz respeito ao papel do Estado na regulação da atividade econômica.</p><p>Vamos abordar conceitos-chave como demanda efetiva, propensão ao consumo e investimento,</p><p>e�ciência marginal do capital, preferência pela liquidez e intervenção estatal na economia.</p><p>Durante esta aula, vamos nos concentrar em duas questões:</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Como a demanda efetiva in�uencia o nível de emprego e produção em uma economia?</p><p>Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica, especialmente em tempos de</p><p>crise?</p><p>Ao longo do estudo re�ita sobre como os conceitos discutidos por Keynes podem ser aplicados</p><p>para entendermos os desa�os econômicos contemporâneos, como desemprego, in�ação e</p><p>crescimento econômico.</p><p>Ao entender os princípios da Teoria Geral de Keynes, você adquirirá ferramentas valiosas para</p><p>analisar e interpretar os movimentos da economia, além de estar se preparando para enfrentar</p><p>desa�os e propor soluções no ambiente pro�ssional. Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Entender os principais desa�os macroeconômicos é essencial para identi�car caminhos e</p><p>soluções alternativas. É nesse contexto que, em 1936, a publicação da obra A teoria geral do</p><p>emprego, do juro e da moeda assume um papel central na teoria econômica. O destaque</p><p>atribuído ao autor e à obra decorre tanto do contexto histórico da época quanto dos estudos</p><p>prévios de Keynes, delineando sua trajetória teórica até o momento da publicação da Teoria</p><p>Geral. Vamos a partir de agora conhecer alguns tópicos importantes dessa obra.</p><p>Apresentada no livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, a função consumo descreve</p><p>a relação entre a renda disponível e o consumo das famílias em uma economia. Em sua forma</p><p>mais básica, ela postula que o consumo das famílias é uma função positiva da renda disponível,</p><p>ou seja, à medida que a renda disponível aumenta, o consumo também tende a aumentar, mas a</p><p>uma taxa menor.</p><p>Nesse caso, há uma relação funcional positiva entre consumo (C) e renda nacional (Y):</p><p>Keynes introduziu o conceito de propensão marginal a consumir (PMC), que representa a fração</p><p>adicional da renda que as famílias consomem quando há um aumento na renda disponível (Brue;</p><p>Grant, 2016). A razão entre a mudança no consumo e a mudança na renda – a propensão</p><p>marginal ao consumo (PMC) – é positiva e menor que 1.</p><p>Isso implica que as poupanças (S) também surgem com a renda; são, também, uma função</p><p>positiva da renda.</p><p>C = f(Y )</p><p>PMC =   Δ C /  Δ Y</p><p>S = f(Y )</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Assim como a (PMC), a propensão marginal a poupar (PMS) é maior que</p><p>zero e menor que 1.</p><p>Essa relação pode ser representada gra�camente na Figura 1, que apresenta os gastos com</p><p>consumo a determinados níveis de renda. A inclinação da curva (ΔC/ΔY) é a propensão marginal</p><p>a consumir.</p><p>Figura 1 | Função consumo. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 462).</p><p>Keynes de�ne o investimento econômico como a compra de bens de capital e o investimento</p><p>�nanceiro como, por exemplo, aplicações em títulos ou em ações. Segundo a visão keynesiana</p><p>as empresas investem em capital com o intuito de obterem maiores lucros.</p><p>S = f(Y )</p><p>PMS =   Δ S /  Δ Y</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Keynes destacou que o investimento é guiado principalmente pela expectativa de lucro das</p><p>empresas, e não apenas pela taxa de juros como sugerido pelas teorias econômicas clássicas.</p><p>Logo, ele apresentou o conceito de E�ciência Marginal do Capital (EMC) (Brue; Grant, 2016).</p><p>A e�ciência marginal do capital (EMC) refere-se à taxa de retorno esperada de um investimento</p><p>adicional. Em outras palavras, é a quantidade adicional de produção que se espera que um</p><p>investimento adicional gere.</p><p>Keynes argumentou que enquanto a EMC for maior que a taxa de juros, os investimentos</p><p>adicionais serão considerados lucrativos e, portanto, as empresas estarão dispostas a investir</p><p>mais. Porém, quando a EMC for menor que a taxa de juros, os investimentos adicionais não são</p><p>mais lucrativos, e as empresas reduzem seus investimentos (Malassise et al., 2014).</p><p>O impacto da e�ciência marginal do capital na economia é signi�cativo. Keynes argumentou que</p><p>em períodos de incerteza ou pessimismo, a EMC pode diminuir, levando a uma redução nos</p><p>investimentos privados. Isso pode resultar em um ciclo econômico negativo, em que a queda dos</p><p>investimentos reduz a demanda agregada, levando a uma redução na produção e no emprego</p><p>(Malassise et al., 2014). As ideias de Keynes sobre a e�ciência marginal do capital podem ser</p><p>utilizadas para construir uma curva da demanda por investimento, como a curva I = f(i), na Figura</p><p>2.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 2 | A curva da demanda por investimento. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 464).</p><p>Essa curva ilustra a relação inversa entre a taxa de juros (i) e o investimento total (I) em uma</p><p>economia na qual todos os projetos de investimento relevantes foram sistemáticos em ordem</p><p>decrescente de e�ciência marginal do capital. Quando a taxa de juros de mercado é i1, o volume</p><p>de investimento é I1. Para todos os investimentos acima de I1, a e�ciência marginal do capital</p><p>excederá o custo do empréstimo, enquanto para todos os investimentos além de I1, o custo</p><p>excederá a e�ciência marginal do capital (Brue; Grant, 2016).</p><p>Siga em Frente...</p><p>A preferência pela liquidez é um conceito chave na teoria econômica de Keynes, que</p><p>complementa sua análise sobre investimento e e�ciência marginal do capital. Keynes</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>argumentou que os agentes econômicos, em particular os tomadores de decisão, têm uma</p><p>preferência natural por ativos líquidos, como dinheiro, em vez de investir em ativos de longo</p><p>prazo que podem ser menos facilmente convertidos em dinheiro (Brue; Grant, 2016).</p><p>Essa preferência pela liquidez in�uencia diretamente a decisão de investimento das empresas e</p><p>dos indivíduos. Em períodos de incerteza econômica, os agentes econômicos podem optar por</p><p>manter mais dinheiro em vez de investir em projetos de longo prazo, mesmo que a e�ciência</p><p>marginal do capital seja alta. Isso ocorre porque eles podem estar preocupados com a</p><p>capacidade de converter esses investimentos em dinheiro quando necessário, dada a incerteza</p><p>sobre as condições futuras do mercado.</p><p>Essa aversão ao risco afeta a relação entre taxa de juros e investimento. Mesmo que a taxa de</p><p>juros diminua, o investimento pode não aumentar signi�cativamente se a preferência pela</p><p>liquidez permanecer alta. Isso pode levar a uma situação de "armadilha de liquidez", na qual a</p><p>política monetária expansionista pode ser ine�caz para estimular o investimento e impulsionar a</p><p>demanda agregada.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), Keynes destaca que existem três motivos pelos quais as</p><p>pessoas podem preferir pela liquidez:</p><p>1. Motivo transação: refere-se à necessidade de manter dinheiro disponível para despesas do</p><p>dia a dia, como pagamento de contas, compras regulares e outras transações �nanceiras.</p><p>Quanto maior a atividade econômica e os gastos, maior é a demanda por liquidez para</p><p>facilitar essas transações.</p><p>2. Motivo precaução: re�ete a preferência por manter reservas de liquidez para enfrentar</p><p>imprevistos �nanceiros ou incertezas futuras. As pessoas podem optar por manter uma</p><p>quantidade maior de dinheiro disponível em caso de emergências, como desemprego,</p><p>doença ou outras circunstâncias inesperadas.</p><p>3. Motivo especulação: este motivo envolve a preferência por manter liquidez como uma</p><p>forma de aproveitar oportunidades de investimento futuras. Quando as expectativas em</p><p>relação ao futuro são incertas ou quando surgem oportunidades de investimento</p><p>potencialmente lucrativas, as pessoas podem optar por manter mais dinheiro disponível</p><p>para aproveitar essas oportunidades quando surgirem.</p><p>Esses motivos podem ser traduzidos em uma curva de demanda por dinheiro ou moeda “L” na</p><p>Figura 3. A curva é decrescente, o que indica que as pessoas tendem a preferir manter mais</p><p>dinheiro à medida que as taxas de juros diminuem. Quando a taxa de juros está abaixo da taxa</p><p>normal, as pessoas esperam que ela aumente. Conforme a taxa de juros aumenta, os preços dos</p><p>títulos diminuem e os detentores desses títulos sofrem perdas. Por isso, em períodos de baixa</p><p>taxa de juros, as pessoas tendem a manter mais dinheiro em espécie e menos em títulos. Por</p><p>outro lado, em períodos de alta taxa de juros, elas tendem a adquirir mais títulos e manter menos</p><p>dinheiro em mãos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 3 | Preferência pela liquidez, oferta de moeda e taxa de juros. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 465).</p><p>A curva da demanda por moeda (L) apresenta um declínio devido ao fato de que taxas de juros</p><p>mais baixas diminuem o custo associado à manutenção de dinheiro em espécie. Por outro lado,</p><p>a curva da oferta de moeda (M) é representada verticalmente, indicando a quantidade especí�ca</p><p>de moeda em circulação determinada pelo banco central. A taxa de juros de equilíbrio</p><p>(representada aqui como i1) é estabelecida no ponto de interseção entre a curva da preferência</p><p>pela liquidez (a curva da demanda por moeda) e a curva da oferta de moeda.</p><p>Em suma, o nível de investimento na economia é determinado pela interação entre dois fatores</p><p>principais: (1) a e�ciência marginal do capital, que estabelece a curva da demanda por</p><p>investimentos, e (2) a taxa de juros de mercado. Esta última é in�uenciada pela demanda por</p><p>moeda (preferência pela liquidez) e pela oferta de moeda.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Compreendida essa dinâmica, vamos conhecer o esquema básico da Teoria Geral de Keynes.</p><p>Na análise Keynesiana, o que determina o nível de emprego numa economia industrial é o nível</p><p>de produção. Keynes informa que o que determina o nível de produção é a existência da</p><p>demanda efetiva. De acordo com Malassise et al. (2014), a demanda efetiva consiste na</p><p>demanda concretizada através do consumo somado aos gastos destinados à perspectiva de</p><p>consumo futuro, ou seja, os investimentos. Nesse contexto, as expectativas dos empresários em</p><p>relação ao futuro da economia desempenham papel fundamental.</p><p>Inicialmente, Keynes apresenta os determinantes da demanda efetiva. Para uma economia</p><p>fechada (sem governo), ou seja, modelo simples, Keynes conclui que o nível de produção é</p><p>determinado pelo Consumo (C) e pelo Investimento (I), lembrando que:</p><p>C = f (Y) Consumo é função da renda. Keynes refere-se ao consumo agregado, isto é, o</p><p>consumo de toda a sociedade.</p><p>I = f (E,i) O investimento é função das Expectativas (E) e das taxas e juros (i).</p><p>Logo, Keynes conclui que o nível de produção é determinado por:</p><p>Essencialmente, o princípio da demanda efetiva se resume à ação de gastar em investimentos e</p><p>consumo, o que, por sua vez,</p><p>determina a renda, ou seja, é a demanda que in�uencia a oferta.</p><p>Nisso reside a distinção fundamental entre os economistas keynesianos e os economistas</p><p>clássicos (Malassise et al., 2014). A Figura 4 apresenta o modelo básico da economia</p><p>keynesiana.</p><p>Y = C + I</p><p>Y = C + I</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 4 | O esquema básico da economia keynesiana. Fonte: adaptada de Mendes (2009, p. 159 apud Malassise et al., 2014,</p><p>p. 138).</p><p>Conforme a Figura 4, quando ocorre a produção (Y), há também a distribuição dos resultados</p><p>entre pagamento de salários (S) e lucros (L).</p><p>Keynes pressupôs que os trabalhadores recebiam baixos salários e não poupavam; assim, todo o</p><p>salário era direcionado ao consumo (C). Por outro lado, os empresários, que obtinham lucro,</p><p>poderiam gastar uma parte de sua renda com consumo e poupar outra parte (S). Era</p><p>precisamente o destino dessa parte não utilizada para consumo, a poupança, que gerava</p><p>instabilidade na economia.</p><p>A poupança pode permanecer em forma de entesouramento, isto é, guardada sem aplicação;</p><p>pode ser direcionada para aplicações �nanceiras e remunerada com juros; ou pode ser</p><p>reinvestida, retornando ao processo produtivo como investimento.</p><p>Quanto maior a parcela da poupança destinada ao investimento (I), maior é o nível de produção.</p><p>No entanto, Keynes argumenta que o investimento também pode ser �nanciado pelo sistema</p><p>�nanceiro, que pode criar moeda secundária para essa �nalidade. Portanto, para Keynes, não é</p><p>necessário que haja poupança para �nanciar o investimento, mas sem investimento não há</p><p>poupança.</p><p>De acordo com Keynes, o funcionamento normal da economia só ocorre se a poupança for</p><p>investida para aumentar o nível de produção e, assim, garantir o crescimento econômico. Porém,</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>os empresários tomam duas decisões com bases em expectativas quanto ao futuro econômico.</p><p>Se a perspectiva da atividade econômica for positiva, os capitalistas vão investir. Porém, se a</p><p>perspectiva da atividade econômica for negativa, não haverá investimentos e, por consequência,</p><p>reduz o emprego e a renda.</p><p>Ainda de acordo com Malassise et al., 2014:</p><p>[...] a obra de Keynes permite a�rmar que para melhorar os níveis de emprego deve-se ampliar a</p><p>produção. Para isso é necessário que haja mais consumo e investimento. O consumo tem</p><p>consequências positivas no crescimento. A economia precisa ter um �uxo de investimentos</p><p>organizados e, para isto, a política monetária deve ser adequada no sentido de prover taxas de</p><p>juros baixas que permitam aos empresários recorrer ao crédito favorecendo os investimentos.</p><p>Porém, argumenta que em época de crise, cujo diagnóstico seja superprodução a política e juros</p><p>baixos para investimento, seria ine�caz. Quando a situação chega a um ponto de alto</p><p>desemprego e superprodução é necessário ter investimento público. (Malassise et al., 2014, p.</p><p>139)</p><p>Portanto, é imperativo que o estado reassuma seu papel por meio de uma política de intervenção</p><p>ativa, contrabalançando as ações do setor privado. Essa intervenção deve ser anticíclica, o que</p><p>signi�ca que, quando as decisões capitalistas tendem ao sobreinvestimento e ao</p><p>superaquecimento da economia, o estado deve reduzir seus investimentos para evitar uma</p><p>in�ação por demanda e gastos públicos desnecessários (Malassise et al., 2014).</p><p>Por outro lado, se houver subinvestimento e uma crise de desemprego, o estado deve</p><p>implementar uma política de investimentos e gastos para evitar uma recessão econômica. Ao</p><p>agir dessa maneira, a intervenção estatal poderia contribuir signi�cativamente para a</p><p>estabilização dos investimentos. É nesse contexto que se delineia uma regulação</p><p>macroeconômica de cunho keynesiano.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização do início da nossa aula. Vejamos as</p><p>re�exões para cada questionamento deixado no começo da aula.</p><p>Como a demanda efetiva in�uencia o nível de emprego e produção em uma economia?</p><p>A análise keynesiana nos leva a compreender que a demanda efetiva, composta pelo consumo</p><p>agregado e os investimentos, desempenha um papel crucial na determinação do nível de</p><p>emprego e produção. Quando a demanda efetiva é robusta, ou seja, quando os consumidores</p><p>estão gastando e as empresas estão investindo, isso cria um ambiente propício para a expansão</p><p>econômica.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Aumenta-se a produção para atender à demanda, o que leva as empresas a contratarem mais</p><p>trabalhadores para manter o ritmo da produção. Por outro lado, quando a demanda efetiva é</p><p>fraca, com consumidores reticentes em gastar e empresas hesitantes em investir, isso pode levar</p><p>a uma redução na produção e, consequentemente, ao desemprego. Assim, a compreensão da</p><p>dinâmica da demanda efetiva é essencial para formular políticas econômicas que visem</p><p>estimular o crescimento e reduzir o desemprego.</p><p>Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica, especialmente em tempos de crise?</p><p>Keynes argumenta que o Estado desempenha um papel crucial na estabilização da economia,</p><p>especialmente durante períodos de crise. Em tempos de recessão, o setor privado pode se retrair,</p><p>reduzindo os investimentos e exacerbando o desemprego.</p><p>Nesse contexto, cabe ao Estado intervir, por meio de políticas monetárias e �scais</p><p>expansionistas, para estimular a demanda efetiva e reverter a tendência recessiva. Isso pode</p><p>incluir a redução das taxas de juros, o aumento dos gastos públicos e a implementação de</p><p>incentivos �scais para estimular o consumo e o investimento. Ao agir de forma anticíclica, o</p><p>Estado pode ajudar a estabilizar a economia e evitar recessões prolongadas.</p><p>Em suma, compreendemos que a demanda efetiva, combinada com o papel regulador do Estado,</p><p>são essenciais na determinação do nível de emprego e produção em uma economia. Ao entender</p><p>como esses conceitos se entrelaçam, os formuladores de políticas econômicas podem</p><p>desenvolver estratégias e�cazes para promover o crescimento econômico e garantir o pleno</p><p>emprego.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo A escola keynesiana do livro: História do pensamento econômico. Com uma</p><p>linguagem didática, os autores apresentam em poucas páginas uma síntese das ideias de</p><p>Keynes, bem como diversos trechos da obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019. E-book.</p><p>Leia o artigo A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um resumo crítico do livro de J. M.</p><p>Keynes, do autor José Maria Dias Pereira. Esse artigo tem o propósito de resumir, de forma</p><p>crítica, o conteúdo dos capítulos da Teoria Geral. Pode ser interpretado como uma espécie de</p><p>“guia de leitura”, permitindo, a qualquer um que se empenhe nessa tarefa, criar coragem para</p><p>enfrentar os originais dessa importantíssima e polêmica obra e, assim, formar a sua própria</p><p>opinião sobre ela ou de seu autor.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um resumo crítico do livro de</p><p>J. M. Keynes. TEC Textos de Economia. v. 26, n. 1, 2023.</p><p>Referências</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.</p><p>Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento</p><p>econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788571440166. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/. Acesso em: 21 fev. 2024.</p><p>PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um resumo crítico do livro de</p><p>J. M. Keynes. TEC Textos de Economia. v. 26, n. 1, 2023. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>Aula 3</p><p>Neoliberalismo</p><p>Neoliberalismo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Nesta videoaula você conhecerá os preceitos da escola neoliberal.</p><p>Esse conteúdo é fundamental para compreender as ideias e políticas econômicas que defendem</p><p>a livre iniciativa, a redução do papel do Estado na economia, a liberalização dos mercados e a</p><p>privatização de empresas estatais. Assista à videoaula e fortaleça seus conhecimentos sobre a</p><p>economia política.</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos continuar nossa discussão sobre o pensamento econômico no século XX.</p><p>Vamos concentrar nossos estudos no mundo pós-Segunda Guerra, os impactos das ideias de</p><p>Keynes e a crítica ao keynesianismo por meio do neoliberalismo.</p><p>Para introduzir o contexto do nosso estudo, iremos contar com a orientação do professor</p><p>Joaquim, que está conduzindo suas explicações aos alunos sobre a teoria keynesiana e suas</p><p>implicações. Durante uma das aulas, Joaquim se deparou com uma discussão em sala na qual</p><p>um estudante argumentou que é responsabilidade do Estado intervir na economia e que as ideias</p><p>neoliberais surgiram apenas devido aos países desenvolvidos buscarem dominar as nações em</p><p>desenvolvimento. Ele a�rmou que, por esse motivo, essas ideias não foram implementadas nos</p><p>países centrais do capitalismo.</p><p>De que maneira o professor João poderia elucidar para este aluno o contexto histórico que deu</p><p>origem à doutrina neoliberal e seus fundamentos? Como ele poderia abordar o assunto de forma</p><p>a promover uma compreensão menos simplista, sem adotar uma narrativa que favoreça ou</p><p>condene essa ideologia?</p><p>Muito bem, ao longo da aula vamos buscar subsídios que nos ajudem a responder esses</p><p>questionamentos. Compreender a evolução da economia política ao longo do século XX é</p><p>essencial para o entendimento das políticas econômicas adotadas pelas nações.</p><p>Vamos juntos para mais essa aula! Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Conforme já estudamos, de acordo com os princípios do keynesianismo, a solução para prevenir</p><p>as grandes crises do sistema capitalista seria a intervenção do Estado na economia, com o</p><p>intuito de gerar empregos, estimular a demanda e reduzir as disparidades sociais. Essa doutrina,</p><p>que serviu de base para muitas propostas de políticas econômicas pós-Segunda Guerra Mundial</p><p>e tornou-se um elemento central no mundo capitalista do período pós-guerra: na Europa, viu o</p><p>fortalecimento do Estado de bem-estar social, enquanto na América Latina, o</p><p>desenvolvimentismo cepalino destacou-se como um exemplo da in�uência do keynesianismo</p><p>(Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), surgiu um desa�o considerável à teoria</p><p>econômica predominante da época com a publicação de O caminho da servidão, de Friedrich</p><p>Hayek (1899-1992). A "nova" doutrina proposta por Hayek foi uma atualização dos princípios do</p><p>liberalismo econômico, originando assim o termo "neoliberalismo", que começou a ganhar</p><p>destaque a partir da década de 1970 em todo o mundo capitalista.</p><p>Teóricos como Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich Hayek não compartilhavam da visão de</p><p>um Estado intervencionista e de bem-estar social proposto por Keynes, reintroduzindo as</p><p>propostas liberais. Eles buscavam preservar a liberdade do comércio e os princípios liberais</p><p>estabelecidos por economistas clássicos em séculos passados, associando-os aos valores de</p><p>democracia e liberdade política (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Vamos conhecer essas propostas a partir de agora!</p><p>Friedrich Hayek e a Escola Austríaca: uma visão abrangente</p><p>Friedrich August von Hayek, renomado economista e �lósofo, é um dos principais expoentes da</p><p>Escola Austríaca de Economia e uma �gura proeminente no pensamento econômico do século</p><p>XX. Sua vida e trabalho são intrinsecamente ligados à defesa da liberdade individual, ao</p><p>liberalismo clássico e à crítica ao intervencionismo estatal.</p><p>Nascido em Viena, Áustria, em 1899, Hayek estudou na Universidade de Viena, onde teve contato</p><p>com importantes �guras intelectuais, como Ludwig von Mises e Friedrich von Wieser, que</p><p>in�uenciaram profundamente sua formação intelectual. Graduou-se em Direito e Economia e</p><p>posteriormente obteve seu doutorado em Direito em 1921. Desde cedo, Hayek demonstrou</p><p>interesse pela teoria econômica e pelas questões sociais, o que o levou a se dedicar ao estudo e</p><p>à pesquisa nesses campos (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Em 1944, Hayek publicou sua obra mais famosa, O caminho da servidão, na qual argumentava</p><p>contra o planejamento centralizado e a favor da liberdade individual e econômica. O livro teve</p><p>grande impacto e foi considerado uma crítica contundente ao socialismo e ao coletivismo. Hayek</p><p>alertou sobre os perigos do controle estatal excessivo, argumentando que isso inevitavelmente</p><p>levaria à tirania e à perda de liberdade individual (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Retrato de Friedrich Hayek. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Um dos principais alvos das críticas de Hayek era o Partido Trabalhista inglês e suas políticas</p><p>intervencionistas. Ele via com preocupação o crescimento do Estado de bem-estar social e</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>defendia uma abordagem mais liberal para a economia, baseada na livre concorrência e na</p><p>iniciativa privada (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Em 1947, Hayek foi um dos fundadores da Sociedade Mont Pèlerin, uma organização dedicada à</p><p>promoção dos princípios do liberalismo clássico e à defesa da economia de mercado. A</p><p>sociedade reuniu intelectuais de diversas áreas, incluindo Economia, Filoso�a, Direito e Ciências</p><p>Sociais, e teve um papel fundamental na disseminação das ideias liberais em todo o mundo</p><p>(Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Os princípios econômicos defendidos por Hayek e pela Escola Austríaca incluem a importância</p><p>da livre concorrência, do mercado como mecanismo de alocação e�ciente de recursos, da</p><p>propriedade privada e da limitação do poder estatal. Eles argumentam que a intervenção do</p><p>governo na economia geralmente leva a distorções e ine�ciências, prejudicando o funcionamento</p><p>natural do mercado.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), nos anos 1970, o mundo enfrentou uma crise econômica,</p><p>marcada por estagnação, in�ação e desemprego, que levou a uma crítica generalizada ao</p><p>keynesianismo e às políticas de intervenção estatal. Os neoliberais, in�uenciados pelas ideias de</p><p>Hayek e outros pensadores liberais, argumentaram que as políticas keynesianas haviam falhado</p><p>em resolver os problemas econômicos e, pelo contrário, contribuíram para agravá-los.</p><p>As propostas neoliberais para superar a crise incluíam a redução do papel do Estado na</p><p>economia, a desregulamentação dos mercados, a privatização de empresas estatais e a adoção</p><p>de políticas monetárias restritivas para controlar a in�ação.</p><p>Além disso, propõe-se realizar reformas �scais para estimular os agentes econômicos.</p><p>Preconizadas pelos neoliberais, tais reformas envolvem a redução de impostos sobre os</p><p>rendimentos mais elevados e sobre as receitas (Oliveira; Gennari, 2019). Essa abordagem visa</p><p>fornecer incentivos aos empresários para investir, impulsionando a criação de empregos e o</p><p>aumento de renda. Essas medidas visam restaurar uma forma renovada e equilibrada de</p><p>desigualdade, revitalizando as economias mais avançadas. Dessa forma, espera-se que o</p><p>crescimento econômico seja revitalizado através da estabilidade monetária e dos estímulos ao</p><p>mercado (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Essas ideias ganharam</p><p>força durante os governos de Margaret Thatcher no Reino Unido e Ronald</p><p>Reagan nos Estados Unidos, que implementaram uma série de reformas econômicas inspiradas</p><p>no liberalismo de Hayek.</p><p>Margaret Thatcher, conhecida como a "Dama de Ferro", foi uma defensora fervorosa do livre</p><p>mercado e da redução do Estado. Durante seu governo, ela promoveu privatizações em larga</p><p>escala, cortes de impostos e medidas para restringir o poder dos sindicatos. Ronald Reagan, por</p><p>sua vez, adotou políticas semelhantes nos Estados Unidos, buscando reduzir a intervenção do</p><p>governo na economia e estimular o crescimento econômico por meio da iniciativa privada.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Siga em Frente...</p><p>Milton Friedman e a Escola de Chicago</p><p>Milton Friedman, um dos economistas mais in�uentes do século XX, nasceu em 31 de julho de</p><p>1912, em Brooklyn, Nova York. Ele estudou na Universidade Rutgers e depois na Universidade de</p><p>Chicago, onde obteve seu doutorado em economia em 1946. Sua carreira acadêmica o levou a se</p><p>tornar um dos líderes da Escola de Chicago, um centro de pensamento econômico associado ao</p><p>liberalismo econômico (Brue; Grant, 2016).</p><p>Friedman é conhecido principalmente por sua obra Capitalismo e liberdade, publicada em 1962.</p><p>Nesse livro, ele defende vigorosamente os princípios do liberalismo clássico, argumentando que</p><p>a liberdade econômica é essencial para a liberdade política e individual. Ele advoga por um papel</p><p>limitado do governo na economia e defende a privatização de muitos serviços governamentais</p><p>(Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 2 | Retrato de Milton Friedman. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Uma das críticas mais notáveis de Friedman foi dirigida ao New Deal, o conjunto de políticas</p><p>implementadas nos Estados Unidos durante a Grande Depressão para combater o desemprego e</p><p>a recessão. Friedman argumentava que as intervenções do governo durante o New Deal, como</p><p>regulamentações e políticas de controle de preços, prolongaram a depressão em vez de aliviar</p><p>seus efeitos. Ele acreditava que o livre mercado era o melhor mecanismo para determinar os</p><p>preços e a alocação de recursos (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Além disso, Friedman propôs uma série de reformas para o sistema econômico. Uma de suas</p><p>propostas mais conhecidas foi a defesa da teoria monetarista, que argumentava que a</p><p>quantidade de dinheiro em circulação era o principal determinante da in�ação. Ele argumentou</p><p>que o governo deveria seguir uma política monetária estrita, controlando o suprimento de</p><p>dinheiro para manter a estabilidade de preços (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Outra reforma proposta por Friedman foi a eliminação dos programas de bem-estar do governo.</p><p>Ele argumentava que tais programas desencorajavam o trabalho e a responsabilidade individual e</p><p>propunha substituí-los por um imposto de renda negativo, onde as pessoas abaixo de certo nível</p><p>de renda receberiam um pagamento do governo em vez de pagar impostos.</p><p>A Escola de Chicago, da qual Friedman foi uma �gura proeminente, é uma tradição de</p><p>pensamento econômico associada à Universidade de Chicago e seus adeptos. A escola ganhou</p><p>destaque nas décadas de 1950 e 1960, com uma abordagem in�uente que enfatizava o livre</p><p>mercado, o individualismo e a crença na e�ciência dos mercados.</p><p>Os principais princípios da Escola de Chicago incluem a crença na importância da liberdade</p><p>econômica e do livre mercado, a ênfase na teoria dos preços como um mecanismo de alocação</p><p>e�ciente de recursos e a descon�ança em relação à intervenção do governo na economia (Brue;</p><p>Grant, 2016).</p><p>O neoliberalismo na prática: de Pinochet a Thatcher</p><p>Do Chile sob Pinochet à Grã-Bretanha sob Thatcher e aos Estados Unidos sob Reagan, essa</p><p>ideologia moldou o curso da economia global, marcando uma mudança signi�cativa na</p><p>abordagem do Estado em relação ao mercado. Vamos explorar como o neoliberalismo se</p><p>manifestou na prática, examinando os casos do Chile de Pinochet e do Reino Unido e dos</p><p>Estados Unidos de Thatcher e Reagan, respectivamente.</p><p>1.  Neoliberalismo no Chile e a in�uência dos Chicago Boys</p><p>O Chile foi um dos primeiros países a implementar políticas neoliberais de maneira abrangente,</p><p>sob a ditadura militar de Augusto Pinochet, a partir de meados da década de 1970. Uma �gura-</p><p>chave por trás dessas reformas foi o economista chileno Milton Friedman, da Escola de</p><p>Economia de Chicago, cujas ideias foram disseminadas por um grupo de economistas chilenos</p><p>conhecidos como os "Chicago Boys".</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>As políticas neoliberais adotadas no Chile incluíam a privatização de empresas estatais, a</p><p>liberalização do comércio e dos mercados �nanceiros, a redução dos gastos públicos e a</p><p>diminuição da intervenção estatal na economia. Essas reformas foram acompanhadas por uma</p><p>ênfase na estabilidade monetária, com o Banco Central do Chile implementando políticas para</p><p>conter a in�ação. O modelo neoliberal enfatizava o livre mercado e a competição, mas falhou em</p><p>abordar as disparidades socioeconômicas e proporcionar proteção social adequada para os</p><p>mais vulneráveis.</p><p>2. Políticas neoliberais adotadas por Thatcher</p><p>No Reino Unido, Margaret Thatcher liderou uma revolução neoliberal durante seu mandato como</p><p>Primeira-Ministra, de 1979 a 1990. Suas políticas foram profundamente in�uenciadas pelo</p><p>pensamento neoliberal e visavam reduzir o papel do Estado na economia e promover a livre</p><p>iniciativa e a competitividade.</p><p>Thatcher implementou uma série de medidas neoliberais, incluindo a elevação das taxas de juros</p><p>para combater a in�ação, a redução dos impostos sobre altos rendimentos para estimular o</p><p>empreendedorismo e o investimento, a privatização de empresas estatais em setores como</p><p>energia, telecomunicações e transporte e a redução dos gastos sociais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 3 | Retrato de Margaret Thatcher. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Essas políticas foram acompanhadas por uma retórica de individualismo, meritocracia e</p><p>responsabilidade pessoal, re�etindo a crença neoliberal na primazia do mercado e na liberdade</p><p>individual. No entanto, as consequências dessas reformas foram controversas, com críticos</p><p>apontando para o aumento da desigualdade, o enfraquecimento dos sindicatos e a erosão dos</p><p>serviços públicos.</p><p>3. Políticas adotadas por Reagan</p><p>Nos Estados Unidos, o presidente Ronald Reagan também adotou uma abordagem neoliberal</p><p>durante seu mandato, de 1981 a 1989. Reagan buscou reduzir o tamanho e o alcance do governo,</p><p>promovendo políticas de desregulamentação, cortes de impostos e privatização.</p><p>Reagan implementou cortes signi�cativos nos impostos sobre as corporações e os mais ricos,</p><p>argumentando que isso estimularia o crescimento econômico e a criação de empregos. Ele</p><p>também buscava reduzir a burocracia governamental e desmantelar regulamentações</p><p>consideradas excessivas, especialmente nos setores �nanceiro e de energia. Além disso, Reagan</p><p>promoveu uma agenda de defesa agressiva, aumentando os gastos militares e adotando uma</p><p>postura �rme em relação à União Soviética, como parte de sua visão de fortalecimento do</p><p>poderio americano e promoção dos interesses dos Estados Unidos no cenário global.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 4 | Retrato de Ronald Reagan. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>No entanto, as políticas de Reagan também foram criticadas por exacerbarem a desigualdade</p><p>econômica e enfraquecerem as proteções sociais, especialmente para os mais pobres e</p><p>vulneráveis. O legado do neoliberalismo nos Estados Unidos incluiu uma crescente disparidade</p><p>de renda, uma diminuição do poder dos sindicatos e uma crescente �nanceirização da economia.</p><p>A política neoliberal, apesar de amplamente dominante, enfrentou várias contestações em</p><p>diferentes cenários, destacando a questão da intervenção estatal na economia como ponto</p><p>central do debate político-econômico. Embora tenha incorporado elementos do ideário neoliberal,</p><p>o Partido Democrata nos Estados Unidos adotou uma abordagem mais cautelosa</p><p>socialmente necessário para a produção da mercadoria,</p><p>conforme estabelecido pela teoria do valor-trabalho. Assim, enquanto o valor de uso é uma</p><p>propriedade concreta da mercadoria, o valor de troca é uma abstração que surge das relações</p><p>sociais de produção e troca (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).</p><p>Ao longo da evolução da economia política, os conceitos de valor de uso e valor de troca</p><p>sofreram modi�cações constantes. Na fase clássica, exempli�cada por Adam Smith, a teoria do</p><p>valor-trabalho foi formulada, sustentando que o trabalho é a única medida verdadeira e de�nitiva</p><p>do valor das mercadorias, diferenciando-se de seu preço nominal (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Karl Marx, por sua vez, expandiu a teoria do valor-trabalho, introduzindo o conceito de mais-valia.</p><p>Marx argumentou que, sob o capitalismo, os trabalhadores não recebem o valor total do seu</p><p>trabalho. Ele explicou que a mais-valia é a diferença entre o valor do trabalho produzido pelos</p><p>trabalhadores e o salário que recebem (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Esse excedente é apropriado</p><p>pelos capitalistas, resultando na exploração dos trabalhadores e no acúmulo de capital.</p><p>A mercadoria representa o produto do trabalho humano, que é destinado não apenas ao</p><p>consumo direto, mas também à troca no mercado. A mercadoria torna-se a expressão material</p><p>da relação social entre os produtores, mediada pelo valor que ela possui. Portanto, a mercadoria</p><p>emerge como o elemento central na sociedade capitalista, desempenhando o papel de</p><p>intermediária em todas as relações sociais (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Para que diferentes mercadorias sejam produzidas, é essencial que exista uma divisão social do</p><p>trabalho. Contudo, essa condição necessária não é su�ciente para garantir a produção contínua</p><p>de mercadorias. A divisão social do trabalho precisa estar vinculada à propriedade privada dos</p><p>meios de produção. Em outras palavras, apenas aquele que é proprietário dos meios ou</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>instrumentos de produção pode comprar ou vender qualquer tipo de mercadoria, surgindo a</p><p>importância da propriedade privada. No sistema capitalista, a apropriação dos meios de</p><p>produção é o que motiva os capitalistas a produzirem cada vez mais e a terem o direito legal de</p><p>se apropriarem sempre da mais-valia resultante da troca de mercadorias (Silva; Birnkott; Lopes,</p><p>2018).</p><p>O modo de produção capitalista é um sistema econômico que se caracteriza pela propriedade</p><p>privada dos meios de produção, como fábricas e terras, e pela busca do lucro como principal</p><p>motor da atividade econômica. Esse sistema in�uencia não apenas a produção, mas também a</p><p>circulação de mercadorias, desempenhando um papel fundamental na compreensão da</p><p>dinâmica econômica contemporânea.</p><p>A circulação mercantil, por sua vez, é um componente essencial do modo de produção</p><p>capitalista, sendo responsável por facilitar a troca de mercadorias entre diferentes agentes</p><p>econômicos (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). No entanto, deve-se distinguir entre a circulação</p><p>mercantil simples e a circulação mercantil capitalista para compreender melhor o funcionamento</p><p>do sistema econômico.</p><p>Na circulação mercantil simples, as trocas ocorrem com base na equivalência de valores entre as</p><p>mercadorias. Isso signi�ca que uma mercadoria é trocada por outra de valor semelhante,</p><p>re�etindo a relação direta entre os produtores e os consumidores. Assim, pode-se simbolizar o</p><p>processo de circulação característico da produção mercantil simples com a seguinte expressão:</p><p>mercadoria dinheiro outra mercadoria (ou seja, M D M).</p><p>Já na circulação mercantil capitalista, a moeda assume um papel central. A relação entre os</p><p>produtores e consumidores não é mais direta; em vez disso, a moeda torna-se o intermediário</p><p>universal nas trocas. O capitalista compra mercadorias com o objetivo de vendê-las</p><p>posteriormente, visando obter lucro. Assim, a circulação mercantil capitalista expressa-se na</p><p>seguinte fórmula: dinheiro mercadoria dinheiro acrescido (ou seja, D M D’) (Silva; Birnkott;</p><p>Lopes, 2018).</p><p>Portanto, o capitalista não está interessado apenas na troca de mercadorias, mas também no</p><p>processo produtivo que leva à criação de valor excedente. Esse valor excedente é essencial para</p><p>a acumulação de capital e para a dinâmica de crescimento econômico no sistema capitalista.</p><p>Em resumo, o modo de produção capitalista molda não apenas a produção, mas também a</p><p>circulação de mercadorias. A transição da circulação mercantil simples para a circulação</p><p>mercantil capitalista destaca a centralidade da moeda e do lucro no sistema, rede�nindo as</p><p>relações econômicas e impactando a forma como a sociedade organiza a produção e o</p><p>intercâmbio de bens e serviços.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Estudante, a partir de agora vamos retomar a problematização descrita no início da aula e</p><p>relacionar com o conteúdo estudado.</p><p>O primeiro questionamento nos levou a re�etir como a mudança de postura da burguesia,</p><p>inicialmente vinculada a princípios revolucionários, impactou a economia política clássica. Muito</p><p>bem, conforme apresentado na aula, a mudança de postura da burguesia, inicialmente associada</p><p>a princípios revolucionários durante a queda do feudalismo, é evidenciada no texto pela transição</p><p>dessa classe para uma postura conservadora entre 1825 e 1850. A análise aponta que, apesar de</p><p>emancipar-se das relações de dependência pessoal do feudalismo, a burguesia se tornou uma</p><p>classe conservadora, entrando em con�ito com as promessas emancipadoras da Revolução.</p><p>Essa mudança de perspectiva impactou diretamente a economia política clássica, substituindo o</p><p>con�ito original com a nobreza por uma confrontação com o proletariado, marcando um</p><p>momento de convulsões sociais na Europa.</p><p>O segundo questionamento nos trouxe a seguinte questão: Como a transição da circulação</p><p>mercantil simples para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas? Bom,</p><p>a partir da leitura do material, compreendemos que a transição da circulação mercantil simples</p><p>para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas ao introduzir a moeda</p><p>como intermediário universal nas trocas.</p><p>A fórmula dinheiro mercadoria dinheiro acrescido (ou seja, D M D’), destaca o papel central</p><p>da busca pelo lucro na circulação mercantil capitalista. Logo, o capitalista não está interessado</p><p>apenas na troca de mercadorias, mas também no processo produtivo que leva à criação de valor</p><p>excedente. Esse valor excedente é essencial para a acumulação de capital e para a dinâmica de</p><p>crescimento econômico no sistema capitalista.</p><p>Essas respostas baseiam-se nas informações fornecidas ao longo da aula, na qual destacam-se</p><p>os pontos essenciais relacionados às transformações da burguesia e ao modo de produção</p><p>capitalista, especialmente no contexto da circulação mercantil.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo Conceitos fundamentais da economia política do livro: Economia política. Nesse</p><p>capítulo, você vai ver como a economia política se consolidou como uma ciência. Para isso, vai</p><p>conhecer a história dessa disciplina desde o seu início, no século XVIII. Além disso, você vai se</p><p>dedicar ao estudo de conceitos fundamentais para essa área, como os de trabalho, valor e</p><p>mercadoria. Por �m, vai explorar os mecanismos que põem em funcionamento o modo de</p><p>produção capitalista.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-</p><p>book.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Leia o capítulo: O padrão de acumulação contemporânea do capital e seus efeitos sociais do</p><p>livro: Economia política. Nesse capítulo, você entenderá o funcionamento do sistema capitalista</p><p>nos dias de hoje, analisando o processo de acumulação capitalista e o movimento do capital.</p><p>Além disso, você vai ver como esse processo se relaciona com a crise estrutural</p><p>em relação ao</p><p>Estado Mínimo proposto pelo Partido Republicano a partir da presidência de Reagan (Boechat;</p><p>Moraes; Leite, 2018). Dessa forma, nos Estados Unidos, o ímpeto do neoliberalismo diminuiu</p><p>com a derrota do republicano George Bush (pai) nas eleições presidenciais de 1993 e a ascensão</p><p>do democrata Bill Clinton, que governou até 2000 (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>A América Latina e o neoliberalismo</p><p>Os princípios fundamentais do neoliberalismo podem ser resumidos no Consenso de</p><p>Washington, um conjunto de dez diretrizes desenvolvidas por economistas de instituições como</p><p>o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos</p><p>Estados Unidos, que tinha como objetivo principal propagar a conduta neoliberal para combater</p><p>as crises econômicas dos países em desenvolvimento, principalmente na América Latina.</p><p>Essas diretrizes foram estabelecidas em novembro de 1989 e serviram como um guia para os</p><p>países que buscavam �nanciamento junto ao FMI para lidar com seus dé�cits �scais (Silveira,</p><p>2019 apud Medeiros, 2020). Segundo o autor, as diretrizes são:</p><p>Disciplina �scal.</p><p>Redução dos gastos públicos.</p><p>Reforma �scal e tributária.</p><p>Abertura comercial e econômica.</p><p>Taxa de câmbio de mercado competitivo.</p><p>Liberalização do comércio exterior.</p><p>Eliminação das restrições ao investimento estrangeiro direto.</p><p>Privatização, com a venda das empresas estatais.</p><p>Essas políticas foram amplamente adotadas por muitos países em desenvolvimento, incluindo o</p><p>Brasil, com o objetivo de promover o crescimento econômico e a estabilidade �nanceira.</p><p>O governo Collor de Mello</p><p>O governo de Fernando Collor de Mello, que teve início em 1990, foi marcado por uma série de</p><p>reformas econômicas radicais, muitas das quais estavam alinhadas com os princípios do</p><p>Consenso de Washington. Collor implementou políticas de abertura econômica, privatização de</p><p>empresas estatais, desregulamentação e estabilização monetária.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O governo FHC</p><p>Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, teve início uma nova fase na</p><p>implementação das políticas neoliberais no Brasil. FHC, que foi ministro da Fazenda durante o</p><p>governo Itamar Franco, adotou uma abordagem mais gradual e pragmática em relação às</p><p>reformas econômicas, buscando equilibrar a estabilidade econômica com a inclusão social.</p><p>Uma das principais realizações de FHC foi o Plano Real, lançado em 1994, que estabilizou a</p><p>moeda brasileira e controlou a hiperin�ação. O plano envolveu a introdução de uma nova moeda,</p><p>o real, e medidas de controle monetário e �scal. Embora tenha sido elogiado por sua e�cácia na</p><p>estabilização econômica, o Plano Real também enfrentou críticas por contribuir para o aumento</p><p>da desigualdade social e da dívida pública.</p><p>Durante o governo FHC, o Brasil continuou a adotar políticas neoliberais, incluindo a privatização</p><p>de empresas estatais, a abertura econômica e a adoção de políticas de austeridade �scal. No</p><p>entanto, essas políticas também foram acompanhadas por uma crescente resistência social e</p><p>críticas ao aumento da desigualdade e à falta de investimentos em áreas como saúde, educação</p><p>e infraestrutura.</p><p>Portanto, para �nalizar esse conteúdo, cabe destacar que a evolução da economia como ciência</p><p>testemunhou uma mudança signi�cativa nas perspectivas sobre o papel do Estado na economia,</p><p>com a teoria liberal dos economistas clássicos e a teoria keynesiana representando dois</p><p>extremos desse espectro. A teoria neoliberal aparece ao �nal do século XX como o</p><p>ressurgimento das ideias clássicas. É importante ressaltar que, na prática, muitas economias</p><p>adotam uma abordagem mista, combinando elementos do liberalismo econômico com</p><p>intervenções estatais quando necessário. A chave está em encontrar um equilíbrio que permita</p><p>alcançar os objetivos econômicos e sociais de forma e�ciente e sustentável.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado da aula até aqui. Vamos agora retomar a problematização</p><p>do início do nosso estudo!</p><p>Pensamos, então, como o professor Joaquim que, em uma de suas aulas, depara-se com uma</p><p>discussão na qual um aluno a�rmava que o Estado tem como obrigação intervir na economia e</p><p>que as ideias neoliberais surgiram somente porque os países desenvolvidos desejavam dominar</p><p>as nações em desenvolvimento, tanto que não foram postas em práticas.</p><p>Para auxiliar seu aluno, o professor Joaquim fez uma re�exão sobre a origem do pensamento</p><p>neoliberal. Ele destacou que não se originou nos anos 1980, como muitos pensam, mas teve</p><p>suas raízes muito antes, como uma resposta teórica e política às ideias de Keynes, que foram</p><p>amplamente adotadas por diversos países após a Grande Depressão.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O professor revisitou a obra de Friedrich Hayek, O caminho da servidão, publicada em 1944, e</p><p>apresentou seus argumentos sobre a importância da não intervenção do governo na economia,</p><p>argumentando que os mecanismos de mercado impostos pelo Estado restringiam tanto a</p><p>liberdade econômica quanto política.</p><p>Como observado, esse debate intelectual ocorreu no epicentro do capitalismo europeu e não</p><p>como uma reação posterior à dominação. De fato, foi na mesma década de 1940, como</p><p>mencionado, que a Sociedade Mont Pèlerin foi fundada com o propósito de combater o avanço</p><p>do keynesianismo.</p><p>Nesse contexto, o professor João se viu diante de uma situação complexa. Ao discutir, por</p><p>exemplo, o caso chileno – a interação entre a Escola de Chicago e a ditadura de Pinochet – ou as</p><p>imposições do FMI após o Consenso de Washington, poderíamos vislumbrar elementos de uma</p><p>dominação do centro do capitalismo sobre os países periféricos na adoção do neoliberalismo.</p><p>No entanto, é importante recordar que tais políticas foram implementadas igualmente em países</p><p>centrais desse sistema, como os Estados Unidos de Reagan e a Inglaterra de Thatcher.</p><p>Buscamos, ao longo das últimas aulas, uma compreensão aprofundada do tema, evitando</p><p>simpli�cações das diferentes doutrinas econômicas. É importante lembrar que não existe uma</p><p>teoria econômica "absoluta". As perspectivas do pensamento econômico estão ligadas ao</p><p>contexto histórico em que foram desenvolvidas e aos interesses em jogo em cada período. Ao</p><p>compreendermos esses contextos, somos capacitados a adotar uma visão mais crítica não</p><p>apenas da economia, mas também do debate político-econômico que nos envolve</p><p>constantemente.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o Capítulo 21 A escola Neoliberal do livro: História do pensamento econômico. Nesse</p><p>capítulo, você vai conhecer as ideias precursoras de Friedrich von Hayek e a contribuição da</p><p>escola de Chicago de Milton Friedman.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019. E-book.</p><p>Assista ao �lme “Chicago Boys”, de 2015. Um grupo de economistas chilenos (que vieram a ser</p><p>conhecidos como "Chicago Boys") retorna ao seu país natal – após uma temporada na</p><p>Universidade de Chicago e sob a in�uência das teorias econômicas de Milton Friedman – para</p><p>concretizar o plano econômico do ditador Augusto Pinochet, que transformou o Chile no polo</p><p>mais extremado do neoliberalismo mundial.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Para saber mais sobre as políticas neoliberais adotadas pelo governo dos países na América do</p><p>Sul e suas consequências, leia o artigo As políticas neoliberais e a crise na América do Sul.</p><p>BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do Sul. Revista Brasileira de</p><p>Política Internacional, v. 45, n. 2, p. 135-146, jul. 2002.</p><p>Referências</p><p>BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do Sul. Revista Brasileira de</p><p>Política Internacional, v. 45, n. 2, p. 135-146, jul. 2002. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.1590/S0034-73292002000200007. Acesso em: 23 abr. 2024</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento</p><p>político e econômico.</p><p>Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>MEDEIROS, F. B. S. Economia para negócios. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.,</p><p>2020.</p><p>Aula 4</p><p>O Pensamento Econômico na América Latina e no Brasil</p><p>O pensamento econômico na América Latina e no Brasil</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante! Nesta videoaula você conhecerá o pensamento econômico na América Latina e</p><p>no Brasil.</p><p>https://doi.org/10.1590/S0034-73292002000200007</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Esse conteúdo é importante para compreendermos as diversas abordagens teóricas e práticas</p><p>que in�uenciaram o desenvolvimento econômico da região. Entenderemos as principais</p><p>correntes de pensamento, como a abordagem da CEPAL e suas contribuições para a formulação</p><p>de políticas econômicas voltadas para o crescimento e a redução das desigualdades.</p><p>Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à videoaula e fortaleça seus</p><p>conhecimentos em economia política.</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta seção, você terá acesso a uma análise do pensamento econômico das últimas décadas,</p><p>com um enfoque na economia brasileira. Vamos explorar uma corrente de pensamento</p><p>econômico in�uenciada por intelectuais latino-americanos, como o argentino Raúl Prebisch e o</p><p>brasileiro Celso Furtado. Esses pensadores foram fundamentais na formação da Comissão</p><p>Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a qual se dedicou a explicar a realidade</p><p>econômica e social dos países latino-americanos. Além da CEPAL, iremos analisar as diferentes</p><p>correntes de pensamento econômico que foram adotadas e/ou debatidas em relação à</p><p>economia brasileira.</p><p>Para contextualizar o estudo, retomamos a ajuda do professor Joaquim, que avançou os estudos</p><p>sobre o pensamento econômico e político na América Latina no século XX e resolveu aplicar uma</p><p>atividade junto aos seus alunos. Um grupo de alunos a�rmou de forma equivocada que o</p><p>pensamento econômico predominante no Brasil no século XX foi o neoliberalismo, baseando-se</p><p>na crença de que o Estado raramente intervém na economia. Esse grupo discordou da nota baixa</p><p>na atividade e foi argumentar com o professor, que explicou pacientemente os pontos que</p><p>deveriam ser abordados no texto. Quais argumentos poderiam ser utilizados para convencer os</p><p>alunos do equívoco cometido?</p><p>Muito bem, ao longo dessa aula vamos abordar conceitos, fato e teorias que vão nos ajudar a</p><p>apoiar o professor Joaquim nessa problemática. Também, esse conteúdo é importante para você</p><p>compreender quais fundamentos econômicos in�uenciaram a evolução da economia do Brasil e</p><p>da América Latina no século XX.</p><p>Vamos juntos nessa última jornada! Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Ao analisarmos o pensamento econômico da América Latina, é essencial compreendermos sua</p><p>corrente mais proeminente: o pensamento da Comissão Econômica para a América Latina e o</p><p>Caribe (CEPAL). Embora a abordagem cepalina não cubra integralmente o espectro do</p><p>pensamento latino-americano, ela se destaca como a principal corrente ao incorporar os</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>princípios fundamentais relacionados à realidade social e econômica desses países a partir da</p><p>década de 1950.</p><p>A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, mais conhecida pela sigla CEPAL, é</p><p>uma das mais importantes organizações internacionais dedicadas ao estudo e promoção do</p><p>desenvolvimento econômico na região. Surgida no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, em</p><p>1948, como parte das Nações Unidas, a CEPAL teve como objetivo primordial contribuir para o</p><p>desenvolvimento econômico da América Latina, buscando soluções para os desa�os</p><p>enfrentados pelos países latino-americanos e caribenhos (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Atualmente, os 33 países da América Latina e do Caribe são membros da CEPAL, junto com</p><p>algumas nações da América do Norte, Europa e Ásia, que mantêm vínculos históricos,</p><p>econômicos e culturais com a região. No total, há 46 estados-membros e 14 membros</p><p>associados (condição jurídica atribuída a alguns territórios não independentes do Caribe)</p><p>(CEPAL, 2024).</p><p>Figura 1 | Países-membros da CEPAL. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Um dos aspectos mais importantes da atuação da CEPAL é o chamado "método histórico-</p><p>estrutural", também conhecido como "gradualismo estruturalista". Desenvolvido pelo economista</p><p>argentino Raúl Prebisch, um dos fundadores da CEPAL e uma de suas �guras mais in�uentes,</p><p>esse método propõe uma abordagem crítica às relações de poder na economia mundial e</p><p>defende a adoção de políticas de desenvolvimento que promovam a industrialização e a</p><p>diversi�cação produtiva, reduzindo a dependência dos países latino-americanos em relação às</p><p>exportações de commodities (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Raúl Prebisch foi uma �gura central na história da CEPAL e exerceu uma forte in�uência sobre o</p><p>pensamento econômico latino-americano. Sua crítica ao modelo de desenvolvimento centrado</p><p>na exportação de matérias-primas, conhecida como "teoria da deterioração dos termos de troca",</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>teve um impacto duradouro na formulação de políticas econômicas na região. Prebisch também</p><p>defendia a necessidade de uma maior intervenção do Estado na economia, especialmente por</p><p>meio do investimento em infraestrutura e da regulação dos mercados, como forma de promover</p><p>o desenvolvimento industrial e reduzir as desigualdades sociais (Brue; Grant, 2016).</p><p>Figura 2 | Raúl Prebisch. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Além de Raúl Prebisch, outros economistas latino-americanos in�uentes contribuíram</p><p>signi�cativamente para o pensamento econômico da região e tiveram papel importante na</p><p>história da CEPAL. No Brasil, por exemplo, destacam-se nomes como Celso Furtado, Ignácio</p><p>Rangel e Maria da Conceição Tavares, que também defenderam uma abordagem crítica ao</p><p>desenvolvimento econômico e formularam propostas inovadoras para superar os desa�os</p><p>enfrentados pelos países latino-americanos.</p><p>Como um dos fundadores da CEPAL e um dos principais expoentes do pensamento estruturalista</p><p>na região, Celso Furtado in�uenciou signi�cativamente o desenvolvimento de políticas</p><p>econômicas voltadas para o crescimento e a equidade social. Sua abordagem enfatizava a</p><p>necessidade de políticas públicas ativas e intervenções estatais para promover o</p><p>desenvolvimento econômico, com ênfase na industrialização, diversi�cação produtiva e</p><p>redistribuição de renda (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Além disso, suas ideias ajudaram a estabelecer a CEPAL como um centro de re�exão crítica</p><p>sobre o modelo de desenvolvimento latino-americano, oferecendo alternativas aos paradigmas</p><p>predominantes. A contribuição de Celso Furtado para a CEPAL e para a formulação de políticas</p><p>econômicas na região foi fundamental para moldar o debate e in�uenciar as trajetórias de</p><p>desenvolvimento econômico na América Latina (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 3 | Celso Furtado. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Ignácio Rangel, por sua vez, desenvolveu uma abordagem original para a análise da economia</p><p>brasileira, destacando a importância do Estado como promotor do desenvolvimento e propondo</p><p>políticas de intervenção estatal para corrigir distorções e promover o crescimento econômico.</p><p>Maria da Conceição Tavares, uma das principais discípulas de Celso Furtado, dedicou-se ao</p><p>estudo das relações entre o desenvolvimento econômico e a distribuição de renda, defendendo</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>políticas de inclusão social e de combate à concentração de riqueza como elementos</p><p>fundamentais para o crescimento sustentável e a estabilidade econômica.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Muito bem, compreendida</p><p>a in�uência desses autores sobre a CEPAL, como essas interpretações</p><p>se manifestaram nos países latino-americanos?</p><p>Ao se analisar de forma simpli�cada o período colonial, destacando as dinâmicas políticas e</p><p>econômicas da época, reitera-se o papel da colonização na América como o cerne dos desa�os</p><p>que surgiriam posteriormente nessas regiões. Sob essa ótica, o processo colonial foi</p><p>amplamente impulsionado pelo mercantilismo, caracterizado por fases de expansão e outras de</p><p>recessão na economia das nações americanas, e não promoveu a diversi�cação nem estimulou</p><p>a criação de bases econômicas autossustentáveis (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>A partir do século XIX, houve uma mudança signi�cativa na dinâmica econômica dos países do</p><p>continente americano. Enquanto os Estados Unidos embarcaram no processo de</p><p>industrialização, outros países seguiram caminhos distintos, alguns retardando ou até mesmo</p><p>não aderindo a esse processo. A industrialização, que se tornou a principal atividade econômica</p><p>em muitos países, como o Brasil, só começou a se destacar após 1930, principalmente por meio</p><p>do Processo de Substituição de Importações (PSI) (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>A política de substituição de importação (PSI) é uma das políticas industriais mais conhecidas,</p><p>principalmente na América Latina. Esse modelo de crescimento consiste na produção interna de</p><p>um bem antes importado. É um processo que promove o aumento da produção interna de uma</p><p>nação e a redução das suas importações (principalmente manufaturas) (Souza, 2009).</p><p>Na PSI, setores industriais são desenvolvidos especi�camente para o atendimento do mercado</p><p>interno, sem preocupação com exportação, e são protegidos da concorrência internacional</p><p>através de medidas típicas de proteção da indústria nacional. As importações são reduzidas por</p><p>meio de quotas, licenciamentos, elevação de tarifas e proibições, assim como através da política</p><p>cambial.</p><p>Segundo Souza (2009), a PSI apresenta-se como um instrumento para promover o crescimento e</p><p>a aquisição tecnológica. Contudo, a longo prazo, atingindo maior base industrial e diversi�cação,</p><p>a própria economia produz posteriormente especialização e vantagens comparativas,</p><p>proporcionando aumento da base exportadora. No longo prazo, cada setor poderá produzir para</p><p>exportação, com liberalização gradativa das importações. Isso deve ocorrer com a maturidade</p><p>da indústria.</p><p>Ainda de acordo com Souza (2009), a PSI é importante nos estágios iniciais do processo de</p><p>industrialização. As formas mais comuns de instaurar essa política são por meio das seguintes</p><p>ações:</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Aumento das tarifas alfandegárias para produtos concorrentes.</p><p>Estabelecimento de quotas máximas ou proibições de importar determinado produto.</p><p>Desvalorização cambial, que encarece as importações.</p><p>Limitações do investimento estrangeiro em setores especí�cos.</p><p>De 1960 ao �nal de 1970, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)</p><p>acreditava que o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos e emergentes, se daria pela</p><p>prática da PSI. Essa política visa a acumulação de capitais internos, que levam a um processo de</p><p>crescimento e desenvolvimento autossustentável.</p><p>Nesse contexto, a PSI foi elaborada e executada em vários países da América Latina (inclusive o</p><p>Brasil) e da África. As nações que implementaram essa política de industrialização vislumbraram</p><p>a evolução tecnológica e social, pois os condutores de política econômica apostavam que o</p><p>Estado também deveria investir em infraestrutura, saneamento básico, educação, saúde,</p><p>segurança, transporte, etc.</p><p>Uma das críticas ao modelo de substituição de importações refere-se ao fato de que a proteção à</p><p>indústria nacional gera ine�ciências no sistema econômico ao se viabilizar projetos com altos</p><p>custos e baixas taxas de retorno.</p><p>O pensamento econômico brasileiro</p><p>Corrente neoliberal</p><p>Os economistas neoliberais, encabeçados por Eugênio Gudin (1886-1986), consideravam</p><p>fundamental o combate à in�ação, o estímulo às exportações, maior liberdade ao capital</p><p>internacional e mínima presença do Estado na condução da economia. Essa corrente tinha como</p><p>objetivo o crescimento equilibrado das contas públicas e apoiava-se no livre mercado.</p><p>No entanto, os neoliberais apoiavam o planejamento, mas o Estado liberal tem como função</p><p>“estabelecer as regras jogo, mas não jogar”. O Estado poderia intervir na economia para corrigir</p><p>falhas de mercado, principalmente em período de crise. As principais variáveis para a promoção</p><p>do crescimento econômico são:</p><p>Atração do capital estrangeiro.</p><p>Formação do mercado de capitais.</p><p>Assistência técnica e concessão de crédito seletivo para a agricultura.</p><p>Educação geral e pro�ssionalizante.</p><p>Incentivos ao aumento da produtividade.</p><p>Promoção das exportações.</p><p>Para os neoliberais, o governo precisaria preservar a estabilidade monetária e cambial, deixando</p><p>ao mercado a tarefa de assegurar a máxima e�ciência do sistema.</p><p>Corrente desenvolvimentista</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>O pensamento desenvolvimentista compreende a corrente ligada ao setor privado e a linha</p><p>vinculada ao setor público. Para essa escola, a transformação da economia brasileira seria</p><p>impossível sem industrialização, planejamento econômico e ampla participação do Estado no</p><p>processo produtivo (Souza, 2009).</p><p>Na corrente desenvolvimentista ligada ao setor privado, destaca-se Roberto Simonsen (1889-</p><p>1948), fundador do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da</p><p>Indústria (Sesi). Simonsen defendeu a criação de indústrias de base, como a siderurgia e a</p><p>química. Defendia a implantação de um capitalismo moderno no Brasil, com decisivo apoio do</p><p>governo, por meio de políticas protecionistas e planejamento econômico.</p><p>Os desenvolvimentistas ligados ao setor privado defendiam a política de substituição de</p><p>importação, transformação de matérias-primas no próprio país, ampliação da capacidade</p><p>portuária e abertura de rodovias para induzir investimentos industriais (Souza, 2009).</p><p>Os defensores dessa corrente propunham:</p><p>Preservação do mercado interno para o setor privado nacional.</p><p>Controle de salários.</p><p>Tributação mínima dos lucros.</p><p>Crédito barato e acessível para a indústria.</p><p>A corrente nacionalista desenvolvimentista ligada ao setor público teve como principal expoente</p><p>Celso Furtado. Ele defendia a participação de empresas estatais para estimular a</p><p>industrialização e o desenvolvimento de projetos prioritários, como mineração, extração de</p><p>petróleo, energia, transportes, telecomunicações e indústrias básicas.</p><p>Os defensores dessa corrente apoiavam a industrialização por substituição de importação, a</p><p>ampla participação do Estado na correção de desequilíbrios estatais e na eliminação dos pontos</p><p>de estrangulamento do crescimento. Celso Furtado considerava fundamental a participação do</p><p>Estado na economia por meio das seguintes ações:</p><p>Atuando diretamente no setor produtivo, por meio de empresas estatais.</p><p>Planejando a distribuição regional e setorial dos investimentos.</p><p>Subordinando a política monetária ao desenvolvimento.</p><p>Promovendo uma distribuição de renda mais equitativa para dinamizar o setor de mercado</p><p>interno.</p><p>Controlando o a�uxo de capital estrangeiro, para evitar aumento do endividamento externo.</p><p>No século XXI discute-se, nos meios acadêmicos, um novo debate entre diferentes estratégias de</p><p>desenvolvimento para o Brasil. Entre as décadas de 1930 a 1980, a política nacional brasileira</p><p>teve caráter intervencionista do Estado, com características e proporções distintas. Pode-se</p><p>destacar os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e o Regime Militar.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Porém, ao �nal do século XX, principalmente após o Plano Real, a política econômica foi marcada</p><p>pelo afastamento do Estado dos objetivos do crescimento e do desenvolvimento econômico em</p><p>uma política neoliberal, conforme as orientações do Consenso de Washington. A presença mais</p><p>destacada do Estado (desenvolvimentista) na dinâmica da economia a partir de 2003, contribuiu</p><p>para uma taxa média de</p><p>crescimento econômico mais elevada e para a melhora nos indicadores</p><p>de distribuição de renda.</p><p>Nos anos 2000, o pensamento econômico adotado pelo governo brasileiro é o social-</p><p>desenvolvimentista, porém a discussão sobre o neoliberalismo ganha cada vez mais destaque,</p><p>principalmente a partir de 2014.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, chegamos ao término da aula! Espero que tenha gostado!</p><p>Para �nalizar, vamos retomar brevemente a problematização do início da aula. Lembra do</p><p>professor Joaquim? Pois bem, após a aplicação de uma atividade, um grupo de alunos a�rmou</p><p>de forma equivocada que o pensamento econômico predominante no Brasil no século XX foi o</p><p>neoliberalismo, baseando-se na crença de que o Estado raramente intervém na economia. Esse</p><p>grupo discordou da nota baixa na atividade e foi argumentar com o professor, que explicou</p><p>pacientemente os pontos que deveriam ser abordados no texto. Quais argumentos poderiam ser</p><p>utilizados para convencer os alunos do equívoco cometido?</p><p>O professor Joaquim poderia utilizar uma série de argumentos para corrigir o equívoco dos</p><p>alunos e explicar por que o neoliberalismo não foi o pensamento econômico predominante no</p><p>Brasil no século XX. Aqui estão alguns pontos que ele poderia abordar:</p><p>1. Desenvolvimentismo e CEPAL: o Brasil, assim como muitos países da América Latina,</p><p>adotou uma abordagem desenvolvimentista para sua economia durante boa parte do</p><p>século XX. O desenvolvimentismo preconiza uma intervenção ativa do Estado na economia</p><p>para promover o desenvolvimento industrial e econômico. Essa abordagem foi in�uenciada</p><p>pelas ideias da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propôs</p><p>políticas de industrialização e substituição de importações como formas de promover o</p><p>crescimento econômico.</p><p>2. Substituição de importações: um dos pilares do desenvolvimentismo foi o processo de</p><p>substituição de importações. Isso envolvia a criação de indústrias nacionais para produzir</p><p>bens que antes eram importados. O Estado desempenhava um papel central nesse</p><p>processo, através de políticas de proteção à indústria nacional, como tarifas de importação</p><p>e subsídios.</p><p>3. Intervenção estatal: ao contrário do que os alunos a�rmaram, o Estado brasileiro teve uma</p><p>presença signi�cativa na economia ao longo do século XX. Além das políticas de</p><p>substituição de importações, o Estado também estava envolvido em setores-chave da</p><p>economia, como energia, transporte e comunicações, através de empresas estatais.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>4. Críticas ao neoliberalismo: o neoliberalismo, ao contrário do desenvolvimentismo,</p><p>preconiza a minimização da intervenção do Estado na economia em favor do livre mercado.</p><p>Essa abordagem ganhou mais destaque no Brasil a partir dos anos 1990, com políticas de</p><p>privatização, desregulamentação e liberalização econômica. No entanto, é importante</p><p>ressaltar que o neoliberalismo não foi predominante ao longo do século XX e que as</p><p>políticas desenvolvimentistas tiveram um papel central na formação econômica do país.</p><p>Portanto, o professor Joaquim poderia argumentar que, apesar de as políticas neoliberais terem</p><p>ganhado mais destaque em determinados períodos, como nos anos 1990, o pensamento</p><p>econômico predominante no Brasil ao longo do século XX foi o desenvolvimentismo, in�uenciado</p><p>pela CEPAL e caracterizado pela intervenção estatal na economia e pelo processo de</p><p>substituição de importações.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Para conhecer mais sobre a evolução da economia política brasileira, leia os capítulos 22, 23, 24</p><p>e 25 do livro: História do pensamento econômico. Nesses capítulos você vai conhecer as</p><p>diferentes linhas de pensamento econômico no Brasil, in�uenciadas pelo desenvolvimentismo,</p><p>pelo neoliberalismo, pelo marxismo e pela heterodoxia.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019. E-book..</p><p>Assista ao vídeo: Economia e política no século XX disponível no portal da Câmara dos</p><p>Deputados. Este vídeo aborda a industrialização como estratégia de substituição de exportações</p><p>no governo Vargas, o Plano de Metas de JK, o “milagre econômico” do regime militar e os planos</p><p>de estabilização da in�ação. Economistas polemizam sobre as consequências do �nanciamento</p><p>do desenvolvimento com a poupança externa, a situação que levou à formulação do Plano</p><p>Cruzado e a implantação do Plano Real (sinopse fornecida pelo canal).</p><p>Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-DO-</p><p>PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-POLITICA.html. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>Referências</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.</p><p>Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-DO-PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-POLITICA.html</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>CEPAL. Estados Membros. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 2024.</p><p>Disponível em: https://www.cepal.org/pt-br/sobre/estados-membros. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4º reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>Aula 5</p><p>ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>Economia política contemporânea</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você verá um resumo da unidade quatro do estudo: Economia Política</p><p>Contemporânea.</p><p>Esse conteúdo é fundamental para você compreender e analisar a relevância da escola</p><p>keynesiana na economia política, bem como a crítica dessa escola formulada pelos neoliberais.</p><p>Por �m, poderá compreender a in�uência da Comissão Econômica para a América Latina e o</p><p>Caribe (CEPAL) na economia brasileira.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade que é compreender o pensamento econômico do</p><p>século XX, mais exatamente entre os anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>político-econômicos em nosso país, você deverá primeiramente conhecer as bases da escola</p><p>keynesiana.</p><p>Na aula sobre as contribuições de John Maynard Keynes, você desenvolve a habilidade de</p><p>compreender o contexto histórico no qual Keynes desenvolveu suas teorias, assim como as</p><p>in�uências que moldaram seu pensamento econômico. Isso inclui a compreensão das condições</p><p>econômicas da época, como a Grande Depressão dos anos 1930, que serviu de cenário para a</p><p>formulação de suas ideias revolucionárias. Além disso, você será capaz de analisar o impacto</p><p>das teorias keynesianas nas políticas econômicas implementadas em diferentes países e em</p><p>diferentes momentos históricos, destacando sua relevância e aplicabilidade em contextos</p><p>diversos.</p><p>Avançando para os tópicos sobre a estrutura da economia keynesiana, você compreende a base</p><p>teórica fundamental desse modelo, tais como a relação entre a propensão marginal a consumir e</p><p>a poupar. Ao estudar a e�ciência marginal do capital, você compreende como as decisões de</p><p>investimentos dos empresários impacta a produção e o emprego. Além disso, você entende</p><p>sobre a importância da demanda efetiva e da intervenção do estado na regulação da atividade</p><p>econômica, especialmente durante períodos de recessão ou desemprego. Ao explorar os</p><p>conceitos de política �scal e monetária, você aprende como</p><p>o governo pode utilizar instrumentos</p><p>como gastos públicos, impostos e taxas de juros para estimular a demanda agregada e promover</p><p>o pleno emprego.</p><p>Ao estudar o neoliberalismo, você consegue identi�car e avaliar a importância de Milton</p><p>Friedman e Friedrich Hayek como duas �guras proeminentes nessa corrente de pensamento</p><p>econômico. Além disso, você é capaz de compreender como o neoliberalismo foi empregado em</p><p>diversas partes do mundo a partir da década de 1970 como resposta à crise econômica e ao</p><p>esgotamento do modelo keynesiano.</p><p>Através do estudo do legado de Friedman e Hayek, você entende como suas ideias in�uenciaram</p><p>políticas econômicas em países como os Estados Unidos, Reino Unido, Chile e Brasil, incluindo a</p><p>ênfase na desregulamentação dos mercados, a privatização de empresas estatais, a redução do</p><p>papel do Estado na economia e a promoção da liberalização comercial e �nanceira.</p><p>Por �m, no conteúdo sobre a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL),</p><p>você desenvolve a habilidade de avaliar a in�uência das teorias desenvolvidas por essa</p><p>instituição sobre as políticas econômicas adotadas pelos países da região. Ao compreender os</p><p>princípios do pensamento cepalino, como a promoção da industrialização, a busca pela equidade</p><p>social e a preocupação com a dependência econômica, você é capaz de analisar criticamente os</p><p>impactos dessas políticas na dinâmica econômica e social dos países latino-americanos e</p><p>caribenhos, especialmente no Brasil.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Imagine uma cidade �ctícia chamada Prosperidade, que enfrenta uma crise econômica</p><p>signi�cativa. Nos últimos anos, a indústria local enfrentou uma queda na demanda por seus</p><p>produtos devido à concorrência estrangeira e à desaceleração econômica global. Como</p><p>resultado, várias fábricas foram fechadas, deixando milhares de trabalhadores desempregados.</p><p>Com o aumento do desemprego, houve uma redução na renda disponível das famílias, levando a</p><p>uma diminuição no consumo e, por sua vez, a uma diminuição na demanda agregada na cidade.</p><p>O prefeito de Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos cidadãos e deseja</p><p>implementar medidas para reverter a situação econômica desfavorável. Ele acredita que as</p><p>ideias keynesianas podem oferecer uma solução viável para impulsionar a economia local. O</p><p>prefeito está particularmente interessado em explorar a teoria da demanda efetiva de Keynes e a</p><p>possibilidade de utilizar políticas �scais para estimular a demanda agregada e,</p><p>consequentemente, gerar empregos e aumentar a renda na cidade.</p><p>Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é encarregado de desenvolver um</p><p>plano abrangente para revitalizar a economia local. Considerando os princípios da teoria</p><p>keynesiana, bem como as políticas �scais disponíveis, proponha estratégias especí�cas que o</p><p>governo municipal pode adotar para aumentar a demanda efetiva e estimular o crescimento</p><p>econômico. Além disso, leve em consideração os possíveis desa�os e limitações que podem</p><p>surgir ao implementar essas políticas. Sua proposta deve abordar questões como gastos</p><p>públicos, redução de impostos e investimentos em infraestrutura, com o objetivo �nal de criar um</p><p>ambiente econômico mais próspero e sustentável para os cidadãos de Prosperidade.</p><p>Quais foram as principais in�uências e eventos históricos que moldaram o pensamento</p><p>econômico de John Maynard Keynes e levaram à formulação de suas ideias revolucionárias</p><p>durante a Grande Depressão dos anos 1930?</p><p>Como a intervenção do Estado na economia, conforme proposto pela escola Keynesiana, difere</p><p>das ideias defendidas pelo neoliberalismo, representado por �guras como Milton Friedman e</p><p>Friedrich Hayek?</p><p>Como os princípios do pensamento cepalino, como a promoção da industrialização e a busca</p><p>pela equidade social, se re�etiram nas políticas adotadas, especialmente no Brasil?</p><p>Estudante, a competência dessa unidade é compreender o pensamento econômico do século XX,</p><p>mais exatamente entre os anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos político-</p><p>econômicos em nosso país. Umas das teorias mais importantes no século XX foi a teoria</p><p>keynesiana. Essa teoria é amplamente empregada em atuações do estado na atividade</p><p>econômica. Para contextualizar vamos retomar ao estudo de caso no qual o prefeito de</p><p>Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos cidadãos e deseja implementar medidas</p><p>para reverter a situação econômica desfavorável. Ele acredita que as ideias keynesianas podem</p><p>oferecer uma solução viável para impulsionar a economia local.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é encarregado de desenvolver um</p><p>plano abrangente para revitalizar a economia local. Logo, nesse plano econômico com viés</p><p>keynesiano, você poderá propor:</p><p>1. Aumento dos gastos públicos em infraestrutura: recomenda-se ao governo municipal que</p><p>aumente os investimentos em projetos de infraestrutura, como a construção e manutenção</p><p>de estradas, pontes, escolas e hospitais. Esses investimentos não apenas estimulam a</p><p>demanda agregada no curto prazo, por meio da criação de empregos na construção civil,</p><p>mas também aumentam a produtividade e a capacidade produtiva da cidade no longo</p><p>prazo.</p><p>2. Programas de subsídios para empresas locais: propõe-se a implementação de programas</p><p>de subsídios e incentivos �scais para empresas locais que estejam dispostas a expandir</p><p>suas operações ou contratar mais trabalhadores. Isso pode incluir a redução de impostos</p><p>sobre as empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento, bem como subsídios</p><p>para treinamento de mão de obra e modernização de equipamentos.</p><p>3. Redução de impostos para consumidores de baixa renda: sugere-se uma redução</p><p>temporária nos impostos sobre bens de consumo básico para os consumidores de baixa</p><p>renda. Isso pode estimular o consumo desses grupos demográ�cos, aumentando a</p><p>demanda por produtos e serviços locais e, por sua vez, incentivando as empresas a</p><p>aumentarem a produção e contratarem mais trabalhadores.</p><p>4. Parcerias público-privadas para investimentos em energias renováveis: recomenda-se ao</p><p>governo municipal estabelecer parcerias público-privadas para investir em projetos de</p><p>energias renováveis, como parques eólicos ou solares. Além de contribuir para a redução</p><p>das emissões de carbono, esses projetos podem criar empregos na instalação,</p><p>manutenção e operação das infraestruturas de energia limpa.</p><p>5. Estímulo ao setor de serviços e turismo: incentiva-se o desenvolvimento de políticas para</p><p>promover o turismo e o setor de serviços na cidade. Isso pode incluir campanhas de</p><p>marketing para atrair turistas, investimentos em atrações culturais e eventos locais, bem</p><p>como a melhoria da infraestrutura turística, como hotéis e restaurantes. O aumento do</p><p>turismo pode impulsionar a demanda por serviços locais e criar oportunidades de emprego</p><p>em áreas como hospitalidade e entretenimento.</p><p>Essas propostas visam utilizar os princípios da teoria keynesiana, especialmente em relação à</p><p>demanda efetiva e à política �scal, para revitalizar a economia de Prosperidade, estimulando o</p><p>crescimento econômico e a criação de empregos na cidade. Cada uma dessas medidas pode ser</p><p>adaptada e implementada de acordo com as necessidades especí�cas e os recursos disponíveis</p><p>do município.</p><p>Veja neste mapa mental os tópicos estudados nesta unidade.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Figura 1 | Economia política contemporânea</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.</p><p>Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning</p><p>Brasil, 2016.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2019.</p><p>SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4ª reimpr.</p><p>São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>do capital e vai</p><p>conhecer as bases fundamentais do sistema econômico capitalista e sua relação com a vida em</p><p>sociedade.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.</p><p>Referências</p><p>PAULO NETTO, J.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. 2. ed. São Paulo: Cortez,</p><p>2007.</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 3</p><p>Capitalismo</p><p>Capitalismo</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer o surgimento do capitalismo, bem como suas fases</p><p>evolutivas.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois proporciona o entendimento das</p><p>bases econômicas que moldam as sociedades contemporâneas.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>A partir de agora vamos estudar a transição do feudalismo para o capitalismo, explorando suas</p><p>raízes históricas e as dinâmicas sociais, políticas e econômicas que delinearam esse processo.</p><p>Ao longo desse percurso, será apresentado o conceito de capitalismo, bem como as diferentes</p><p>fases do capitalismo, desde o mercantilismo até a era informacional.</p><p>Nesse contexto, convidamos você a re�etir sobre dois pontos fundamentais que guiarão as</p><p>discussões ao longo desta aula:</p><p>Diversidade na transição: como as condições sociais, econômicas e geográ�cas</p><p>in�uenciaram a diversidade na transição do feudalismo para o capitalismo na Europa</p><p>medieval?</p><p>Natureza evolutiva do capitalismo: como as diferentes fases do capitalismo, desde o</p><p>comercial até o informacional, moldaram as estruturas econômicas e sociais ao longo do</p><p>tempo?</p><p>A partir desses questionamentos, convido você a explorar as conexões entre o feudalismo, o</p><p>surgimento do capitalismo e, por �m, considerar como essas transformações históricas</p><p>continuam a impactar o nosso cotidiano pro�ssional e a estrutura da sociedade contemporânea.</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>O feudalismo foi um sistema social, político e econômico predominante na Europa medieval, que</p><p>perdurou aproximadamente do século IX ao XV. Esse período foi caracterizado por uma estrutura</p><p>hierárquica complexa, na qual a sociedade estava organizada em torno da posse e do controle da</p><p>terra. O sistema feudal possuía uma fragmentação político-jurídica, sustentado por relações de</p><p>vassalagem e feudos, no qual se estabeleceu um sistema de deveres e obrigações entre</p><p>senhores e vassalos, marcada predominantemente pela servidão.</p><p>A sociedade feudal era estrati�cada em diferentes classes, com os camponeses formando a</p><p>base. Eles trabalhavam nas terras dos senhores como servos, cultivando a terra em troca de</p><p>proteção. A economia feudal era agrária, centrada na produção local para subsistência. As</p><p>comunidades eram autossu�cientes e as transações comerciais eram limitadas. A vida urbana</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>era incipiente, com a maioria da população vivendo em vilarejos ao redor dos castelos dos</p><p>senhores.</p><p>No século XIV, o sistema feudal, que havia dominado a estrutura socioeconômica da Europa</p><p>medieval, encontrou-se em meio a uma crise profunda que sinalizou o início de sua</p><p>desintegração (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). A transição do feudalismo para o capitalismo na</p><p>Europa foi um processo complexo e heterogêneo, manifestando-se de maneira desigual em</p><p>diferentes regiões. Essa evolução histórica não ocorreu de forma universal e as disparidades na</p><p>velocidade e na natureza da transição foram in�uenciadas por uma série de fatores (Silva;</p><p>Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Um dos fatores que contribuíram para a diversidade na transição foi a estrutura social e</p><p>econômica preexistente em cada região. Por exemplo, áreas urbanizadas e comercialmente</p><p>desenvolvidas tiveram maior propensão para uma transição mais rápida. Cidades como Veneza,</p><p>Gênova e outras regiões da Itália, que já possuíam uma economia mais orientada para o</p><p>comércio, foram pioneiras na adoção de práticas capitalistas.</p><p>Além disso, as condições geográ�cas também desempenharam um papel signi�cativo. Regiões</p><p>costeiras e com acesso facilitado às rotas comerciais muitas vezes experimentaram uma</p><p>transição mais acelerada devido à intensi�cação do comércio. Enquanto isso, áreas remotas e</p><p>isoladas enfrentaram desa�os adicionais na incorporação de práticas capitalistas.</p><p>Para Karl Marx, o con�ito crucial durante a transição do feudalismo para o capitalismo estava</p><p>enraizado nas relações entre os camponeses e seus senhores feudais (Silva; Birnkott; Lopes,</p><p>2018). Esses senhores feudais, detentores das terras, exerciam seu poder sobre os camponeses</p><p>e extraiam o excedente da produção agrícola por meio de direitos feudais e estruturas de poder</p><p>feudais.</p><p>Os camponeses, por sua vez, eram responsáveis pela produção desses excedentes, mas</p><p>estavam sujeitos a uma série de obrigações feudais, incluindo o pagamento de rendas e taxas,</p><p>bem como a prestação de serviços para os senhores (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Essa relação</p><p>de exploração e dependência constituía o cerne do con�ito de classe na visão de Marx.</p><p>Maurice Dobb (1946 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018) propôs uma análise singular sobre o</p><p>colapso do feudalismo e o surgimento do capitalismo. Em sua perspectiva, o cerne desse</p><p>processo histórico residia na revolta dos pequenos produtores e camponeses contra as</p><p>estruturas opressivas do sistema feudal. Essa visão sugere que a gênese do capitalismo estava</p><p>intrinsecamente ligada à dinâmica das revoltas camponesas e à busca por uma ordem social que</p><p>permitisse maior liberdade e oportunidades econômicas.</p><p>A transição do feudalismo para o capitalismo ocorreu à medida que os pequenos produtores</p><p>conseguiram uma emancipação parcial da exploração feudal. Esse processo inicialmente pode</p><p>ter envolvido um abrandamento dos tributos ou uma redução da expropriação dos excedentes</p><p>por parte dos senhores feudais (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Esse alívio nas obrigações feudais</p><p>permitiu que os camponeses retivessem uma parcela maior do produto excedente gerado por</p><p>seu trabalho.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Com essa emancipação parcial, os camponeses encontraram-se em uma posição mais favorável</p><p>para acumular excedentes para si mesmos. Esse excedente, antes majoritariamente destinado</p><p>aos senhores feudais, passou a ser uma fonte de recursos nas mãos dos pequenos produtores.</p><p>Durante os séculos XII e XIII, as transformações econômicas não se limitaram apenas à esfera</p><p>agrícola. As pequenas manufaturas desempenharam um papel crucial nesse período de</p><p>transição do feudalismo para o capitalismo. As atividades dos artesãos, anteriormente dispersas</p><p>nas aldeias feudais, foram progressivamente concentradas em o�cinas localizadas nas</p><p>emergentes cidades.</p><p>Esse movimento de concentração das atividades manufatureiras representou uma parte</p><p>fundamental da expansão econômica geral. À medida que o�cinas especializadas se</p><p>desenvolviam, as técnicas de produção eram aprimoradas, resultando em maior e�ciência e</p><p>qualidade na manufatura de bens. Simultaneamente, o surgimento dessas o�cinas urbanas teve</p><p>implicações signi�cativas para a população rural. A fuga dos servos das propriedades feudais foi</p><p>um fenômeno observado à medida que os centros urbanos se expandiam. As cidades ofereciam</p><p>oportunidades de emprego mais diversi�cadas e, muitas vezes, uma maior liberdade em</p><p>comparação com as restrições impostas nos feudos.</p><p>Nesse contexto, à medida que a acumulação de capital crescia, tanto na produção</p><p>rural como na</p><p>produção artesã (a origem da manufatura industrial), os interesses burgueses passaram a ser</p><p>contrários ao isolamento feudal (Katz, 1993 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).  O controle e a</p><p>expropriação da produção pelos senhores feudais perderam sua relevância. Além disso, a</p><p>servidão deixou de ser uma relação de trabalho satisfatória para atender às exigências do</p><p>capital.</p><p>Karl Marx (1996 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018) argumenta que todas essas condições</p><p>facilitaram a transição do feudalismo para o capitalismo. Não há dúvidas de que o ponto de</p><p>partida do capitalismo é a circulação de mercadorias. A produção e a circulação intensi�cada de</p><p>mercadorias, através do comércio, representam os requisitos históricos para o surgimento do</p><p>capitalismo. Esses novos fenômenos eram inconciliáveis com a manutenção do sistema feudal.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Compreendido o processo de �m do feudalismo e as bases para o surgimento do capitalismo,</p><p>vamos compreender o que é o capitalismo.</p><p>O capitalismo é um sistema em que os bens e os serviços, inclusive as necessidades mais</p><p>básicas da vida, são produzidos para �ns de troca lucrativa. Nesse contexto, até mesmo a</p><p>capacidade humana de trabalho é tratada como uma mercadoria à venda no mercado. Logo, o</p><p>cerne do sistema capitalista gira em torno da dinâmica do mercado, das exigências da</p><p>competição e da maximização do lucro.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>As empresas e os empreendedores buscam atender às demandas do consumidor, mas não</p><p>apenas por uma questão de serviço público; a motivação subjacente é a obtenção de lucro. Essa</p><p>busca incessante pelo lucro não só impulsiona a inovação e e�ciência produtiva, mas também</p><p>cria uma atmosfera de competição intensa entre os participantes do mercado.</p><p>A capacidade humana de trabalho, vital para a produção de mercadorias e serviços, é tratada</p><p>como uma mercadoria em si mesma. Os indivíduos, nesse sistema, vendem sua força de</p><p>trabalho no mercado de emprego em troca de salários. Essa relação entre empregadores e</p><p>empregados é central para a dinâmica capitalista, onde a mão de obra é uma peça-chave no</p><p>processo produtivo. Todas as relações do capitalismo ocorrem no que se convencionou chamar</p><p>de mercado (Sandroni, 2005).</p><p>Dentro desse contexto, o sistema capitalista demonstra uma notável capacidade de se ajustar a</p><p>uma variedade de condições, incluindo aspectos políticos, sociais, tecnológicos, geográ�cos,</p><p>entre outros. Esse ajuste contínuo visa primariamente manter e impulsionar a acumulação de</p><p>capital. É exatamente essa �exibilidade que caracteriza o capitalismo como um sistema</p><p>diversi�cado, capaz de sobreviver ao longo de séculos, atravessando períodos de expansões e</p><p>enfrentando crises profundas.</p><p>A transição do feudalismo para o capitalismo marcou o início do desenvolvimento e evolução</p><p>gradual do modo de produção capitalista. Esse processo teve início no século XIV,</p><p>caracterizando-se por uma evolução desigual, com uma progressão mais acelerada na parte</p><p>ocidental da Europa (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). À medida que os séculos XIX e XX avançaram,</p><p>o capitalismo expandiu-se para todos os continentes, consolidando-se como um fenômeno</p><p>global ao longo do século XXI.</p><p>De acordo com Bresser Pereira (2011), as principais fases do capitalismo podem ser divididas</p><p>em:</p><p>1. Fase do capitalismo comercial.</p><p>2. Fase do capitalismo industrial.</p><p>3. Fase do capitalismo �nanceiro.</p><p>4. Fase do capitalismo informacional ou capitalismo do conhecimento.</p><p>O capitalismo comercial, também conhecido como fase mercantilista, caracterizou-se pelo</p><p>acúmulo de riquezas através do comércio. Esse período teve início no século XV e estendeu-se</p><p>até o século XVIII. Foi uma época marcada pelas Grandes Navegações e descobrimentos que</p><p>ampliaram as conexões entre diferentes continentes, mantendo a Europa como o epicentro</p><p>econômico do mundo.</p><p>Durante essa fase mercantilista, as potências europeias buscavam acumular riquezas através do</p><p>comércio internacional, especialmente de especiarias, seda, ouro e outros produtos de alto valor.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>As nações europeias estabeleceram rotas comerciais, colônias e feitorias em diversas partes do</p><p>mundo, impulsionando uma intensa atividade mercantil.</p><p>O capitalismo industrial, que teve seu auge do século XIX até meados de 1945, foi marcado pela</p><p>transição do foco econômico do comércio para a produção de mercadorias, impulsionando o</p><p>desenvolvimento de atividades industriais. Durante esse período, os negócios, os lucros, a</p><p>evolução dos meios de produção, as invenções, as máquinas e as grandes fábricas surgiram</p><p>proeminentemente na paisagem do capitalismo.</p><p>A Revolução Industrial, que teve início na segunda metade do século XVIII, foi um dos</p><p>catalisadores fundamentais dessa transformação. A introdução de máquinas movidas a vapor, a</p><p>mecanização dos processos produtivos e o aumento da e�ciência marcaram um novo estágio na</p><p>produção de mercadorias em larga escala. As fábricas tornaram-se centros de produção,</p><p>concentrando trabalhadores e máquinas para atender à crescente demanda por bens.</p><p>Com o avanço do capitalismo industrial, ocorreu uma convergência signi�cativa entre as grandes</p><p>indústrias e o capital �nanceiro. O papel do capital �nanceiro tornou-se crucial na produção</p><p>industrial, destacando-se especialmente o papel proeminente dos bancos. Esses agentes</p><p>�nanceiros eram capazes de fornecer o suporte necessário para �nanciar expansões produtivas,</p><p>fusões e incorporações. Essas estratégias não apenas impulsionaram o crescimento das</p><p>empresas, mas também contribuíram para uma maior monopolização ou oligopolização em</p><p>diversos setores da economia. Esse período, a partir de 1945, testemunhou a expansão global</p><p>dos mercados de capitais.</p><p>O conceito de capitalismo informacional refere-se a uma nova fase do capitalismo que emerge</p><p>em resposta às mudanças signi�cativas provocadas pelas novas tecnologias de informação. A</p><p>partir dos anos 1980, as Tecnologias de Informação (TIs) desempenharam um papel</p><p>fundamental na reestruturação do modo de produção capitalista, provocando simultaneamente</p><p>transformações nos paradigmas sociais em nível global.</p><p>Em outras palavras, as TIs têm sido agentes catalisadores na formação de uma nova estrutura</p><p>social, manifestando-se em uma diversidade cultural sem precedentes dentro do sistema</p><p>capitalista e contribuindo para o surgimento de novas instituições produtivas onde o</p><p>conhecimento se torna o ativo principal do capitalismo.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, a partir de agora vamos retomar a problematização descrita no início da aula e</p><p>relacionar com o conteúdo estudado.</p><p>O primeiro questionamento nos levou a re�etir como as condições sociais, econômicas e</p><p>geográ�cas in�uenciaram a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa medieval. De</p><p>acordo com o conteúdo estudado, a transição do feudalismo para o capitalismo não foi universal</p><p>e ocorreu de maneira desigual em diferentes regiões. Essa diversidade na velocidade e na</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>natureza da transição foi moldada por uma interseção de fatores, incluindo a estrutura</p><p>econômica preexistente e as características geográ�cas especí�cas de cada local.</p><p>Uma das in�uências mais destacadas foi a estrutura social e econômica preexistente em cada</p><p>região. Locais urbanizados e comercialmente desenvolvidos, como Veneza e Gênova na Itália,</p><p>mostraram maior propensão para uma transição rápida devido à economia orientada para o</p><p>comércio. Essas regiões já possuíam uma base econômica mais propícia à adoção de práticas</p><p>capitalistas, diferenciando-se de áreas mais rurais e isoladas. As condições geográ�cas também</p><p>desempenharam um papel signi�cativo. Regiões costeiras e aquelas com fácil acesso às rotas</p><p>comerciais experimentaram uma transição mais acelerada, impulsionada pela intensi�cação do</p><p>comércio. Em contraste, áreas remotas enfrentaram desa�os adicionais na incorporação de</p><p>práticas capitalistas, devido às limitações de acesso e comunicação.</p><p>O segundo questionamento nos trouxe a seguinte questão: Como as diferentes fases do</p><p>capitalismo,</p><p>desde o comercial até o informacional, moldaram as estruturas econômicas e</p><p>sociais ao longo do tempo? Bom, a partir da leitura do material, compreendemos que no</p><p>capitalismo comercial, destacado nas Grandes Navegações, o sistema concentrou-se na</p><p>acumulação de riquezas por meio do comércio internacional, estabelecendo relações mercantis</p><p>globais que perduram até hoje.</p><p>A fase industrial, marcada pela Revolução Industrial, testemunhou a transformação do foco</p><p>econômico do comércio para a produção em larga escala, resultando na formação de fábricas e</p><p>na convergência entre o capital industrial e �nanceiro.</p><p>O capitalismo �nanceiro, a partir de 1945, consolidou a interdependência entre esses capitais,</p><p>promovendo uma maior monopolização em diversos setores. Por �m, a fase informacional,</p><p>desde os anos 1980, é caracterizada pelo papel fundamental das Tecnologias de Informação</p><p>(TIs), impulsionando a produção e gerando uma diversidade cultural sem precedentes.</p><p>Em síntese, a natureza evolutiva do capitalismo revela uma trajetória complexa que transcende</p><p>mudanças econômicas, in�uenciando signi�cativamente as estruturas sociais ao longo das</p><p>diferentes fases. Compreender essa evolução nos capacita para uma análise crítica do presente,</p><p>destacando como as dinâmicas do capitalismo continuam a impactar profundamente o mundo</p><p>em que vivemos.</p><p>Saiba mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras</p><p>fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo Capitalismo do livro: Economia política. Nesse capítulo, você vai entender como</p><p>foi a transição do feudalismo para o capitalismo e qual é o conceito predominante de</p><p>capitalismo. Além disso, vai ver quais são as suas principais características como um sistema</p><p>econômico e social.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-</p><p>book. ISBN 9788595024083. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/. Acesso em: 15 jan. 2024.</p><p>Leia o capítulo A evolução do processo capitalista do livro: Economia política. Nesse capítulo,</p><p>você conhecerá as origens do modo de produção capitalista, identi�cará os seus impactos</p><p>concretos nas relações sociais, analisará os seus ciclos de crises e contradições e observará</p><p>como esse processo vem evoluindo ao longo da história.</p><p>SILVA, F. P. M; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.</p><p>Referências</p><p>BRESSER-PEREIRA, L. C. As duas fases da história e as fases do capitalismo. São Paulo: FGV-</p><p>EESP, 2011. (Texto para Discussão, 278).</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 4</p><p>Evolução do Pensamento Econômico</p><p>Evolução do pensamento econômico</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Nesta videoaula você irá conhecer brevemente a evolução do pensamento econômico.</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois proporciona uma base para</p><p>compreender as diferentes teorias e abordagens que moldaram o campo da economia ao longo</p><p>do tempo.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos estudar a evolução do pensamento econômica. A compreensão das teorias</p><p>econômicas ao longo do tempo é essencial para analisar as raízes e o desenvolvimento das</p><p>abordagens que moldaram a economia como ciência.</p><p>Nos últimos séculos, diversos estudiosos dedicaram-se a explorar e aprimorar conceitos</p><p>econômicos, contribuindo para a construção de um corpo teórico robusto. Porém, divergências e</p><p>debates persistem no âmbito acadêmico.</p><p>Por exemplo, em algum momento você já deve ter se deparado com o debate sobre o papel do</p><p>estado na economia, com a seguinte indagação: É preferível uma economia com maior ou menor</p><p>intervenção do Estado?</p><p>Já quanto ao sistema capitalista de produção, predominante no mundo, provavelmente você já</p><p>se deparou com análises e questionamentos sobre se de fato é o modelo mais justo em termos</p><p>de alocação e distribuição de recursos.</p><p>Esses questionamentos permeiam o arcabouço teórico econômico e, nesta aula, vamos estudar</p><p>as principais escolas econômicas que contribuíram para moldar tais debates e re�exões. Vamos</p><p>explorar as ideias fundamentais de correntes como a escola clássica, o marxismo, o</p><p>keynesianismo e outras, que desempenharam papéis signi�cativos na evolução do pensamento</p><p>econômico.</p><p>Vamos juntos para esse estudo?! Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Antes mesmo do iluminismo do século XVIII, diversos pensadores dedicaram-se a estudar sobre</p><p>a natureza do processo econômico. Já na Idade Média, era possível identi�car debates e estudos</p><p>econômicos que sinalizavam para a complexidade dessa ciência. No entanto, somente no século</p><p>XVIII o pensamento econômico começou a formalizar-se, marcando um ponto de virada</p><p>signi�cativo.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Foi nesse período que emergiu a in�uente Escola Clássica, caracterizada pela introdução de</p><p>teorias pioneiras que buscavam compreender o processo econômico de maneira abrangente.</p><p>Essas primeiras formulações proporcionaram as bases para o desenvolvimento posterior do</p><p>pensamento econômico, oferecendo uma estrutura conceitual que permitiu explorar as</p><p>dinâmicas do mercado, a alocação de recursos e a relação entre oferta e demanda.</p><p>A partir de agora você vai conhecer a história do pensamento econômico, da sua origem no</p><p>século XVIII aos principais avanços da teoria econômica no século XX.</p><p>Segundo Silva, Birnkott e Lopes (2018), antes do século XVIII, o debate econômico medieval</p><p>concentrava-se em questões éticas, tais como: O que constitui o preço justo? É o empréstimo</p><p>moralmente defensável? Porém, nenhum esforço era desprendido para compreender o</p><p>funcionamento do ambiente econômico.</p><p>Entre os séculos XVI e XVIII, os chamados mercantilistas exerceram in�uência sobre o</p><p>entendimento da dinâmica econômica na Europa, até então continente que predominava nas</p><p>explorações comerciais marítimas e comércio entre nações. Os registros históricos con�rmam</p><p>que o mercantilismo era, na essência, um conjunto de doutrinas econômicas caracterizado por</p><p>tradições comerciais fragmentadas e uma visão protecionista da sociedade e de Estado</p><p>Absolutista, conforme indicado por Sandroni (2005). Para os mercantilistas, o poder econômico e</p><p>a acumulação de riqueza, principalmente na forma de ouro e prata, era a chave para a</p><p>prosperidade nacional.</p><p>No entanto, os �siocratas, surgidos no século XVIII, deslocaram o foco para a natureza,</p><p>especialmente para o setor agrícola, como a principal fonte de riqueza das nações. Essa</p><p>mudança paradigmática conduziu a um embate ideológico, com os �siocratas contestando</p><p>ativamente as concepções dos mercantilistas. Assim, é a �siocracia que se destaca como</p><p>pioneira na tentativa de compreender e explicar a totalidade da economia como um sistema</p><p>interconectado (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Um dos destaques da escola �siocrata, François Quesnay, elaborou o chamado “Quadro</p><p>Econômico”, no qual foi o primeiro diagrama formal capaz de explicar, por meio de linhas</p><p>cruzadas e conexões, o �uxo de dinheiro e bens entre três grupos sociais distintos: proprietários</p><p>de terras, agricultores e artesãos (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Apesar dos avanços cientí�cos da</p><p>escola �siocrata, é a chamada</p><p>escola clássica que vai desenvolver a economia em um caráter</p><p>cientí�co integral.</p><p>A Escola Clássica, cujas raízes remontam ao século XVIII, teve seu marco inicial com a</p><p>publicação, em 1776, do in�uente livro A riqueza das nações, por Adam Smith, um �lósofo</p><p>escocês. No entanto, foi no século XIX que a Escola Clássica se consolidou como uma</p><p>proeminente linha de pensamento econômico, à medida que novos pensadores surgiram,</p><p>ampliando as análises teóricas iniciadas por Smith (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Entre esses</p><p>destacados pensadores do século XIX estão Jeremy Bentham, David Ricardo, Thomas Malthus,</p><p>James Mill, Jean-Baptiste Say e John Stuart Mill.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Cabe destacar que os pensadores da Escola Clássica geralmente estavam associados à �loso�a</p><p>social, moral ou política. Um exemplo disso é Adam Smith, que lecionava na Faculdade de</p><p>Filoso�a da Universidade de Glasgow, na Escócia (Rasmussen, 2006 apud Silva; Birnkott; Lopes,</p><p>2018). Além disso, muitos dos predecessores da Escola Clássica desempenhavam papéis como</p><p>historiadores, políticos e funcionários públicos, incluindo �guras como Bernard de Mandeville,</p><p>Richard Cantillon, Jacques Turgot e David Hume. Essa é a razão pela qual a Escola Clássica</p><p>fundamentou-se em diversos princípios �losó�cos, especialmente do liberalismo e do</p><p>individualismo (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Principal expoente da escola clássica, Adam Smith preocupou-se em investigar a natureza e as</p><p>causas da riqueza das nações. Nesse contexto, as riquezas eram representadas pelos bens que</p><p>possuíam valor de troca. Ele fazia uma distinção entre o valor de uso e o valor de troca das</p><p>mercadorias, sendo que este último era determinado pela quantidade de trabalho necessária</p><p>para produzi-las. Assim, a Escola Clássica enfatizava a importância da produção, relegando o</p><p>consumo e a demanda a uma posição secundária (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>De acordo com Sandroni (2005), a Escola Clássica propõe que o valor econômico de uma</p><p>mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho necessária para produzi-la. Essa teoria</p><p>sugere que todas as atividades econômicas contribuem para a criação de valor, uma vez que</p><p>envolvem o emprego de esforço humano. Essa é a chamada teoria do valor-trabalho.</p><p>Já outro autor da Escola Clássica, David Ricardo, também enfatizou o trabalho como um</p><p>determinante do valor de troca. Também, desenvolveu a ideia de vantagem comparativa e</p><p>evidenciou que o comércio internacional representa uma condição de benefício mútuo para as</p><p>nações participantes.</p><p>Outro conhecido pensador da Escola Clássica foi Thomas Malthus, que �cou conhecido pela sua</p><p>teoria populacional. Segundo Malthus, a população humana cresceria em uma taxa geométrica,</p><p>enquanto a produção de alimentos aumentaria apenas em uma progressão aritmética. Essa</p><p>disparidade inevitavelmente levaria a crises de escassez de alimentos, a menos que medidas</p><p>como controle da natalidade ou limites naturais à população fossem implementados.</p><p>Por outro lado, Jean-Baptiste Say é lembrado por sua Lei dos Mercados, uma proposição</p><p>fundamental na teoria econômica clássica. Say a�rmou que a oferta cria sua própria demanda,</p><p>argumentando que a produção de bens e serviços gera automaticamente a renda necessária</p><p>para comprar esses bens. Ele acreditava que as recessões eram temporárias e que a economia</p><p>eventualmente se ajustaria automaticamente, uma visão que desa�ava as ideias de demanda</p><p>insu�ciente como causa fundamental de crises econômicas.</p><p>Segundo Silva et al. (2018), durante o século XIX, o pensamento econômico se desenvolveu e</p><p>estabeleceu-se como uma disciplina cientí�ca em meio às mudanças econômicas, sociais e</p><p>tecnológicas impulsionadas pela Revolução Industrial. Esse período testemunhou um dos</p><p>eventos mais signi�cativos da história humana: a disseminação do modo de produção</p><p>capitalista.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Nessa conjuntura, a análise econômica tornou-se mais complexa, resultando no surgimento de</p><p>diversas escolas do pensamento econômico. A partir desse contexto, pelo menos três escolas</p><p>ganharam destaque: a Escola Marxista, a Escola Neoclássica (ou marginalista) e a Escola</p><p>Austríaca (Rasmussen, 2006 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>Siga em Frente...</p><p>A Escola Marxista, cujos fundadores foram Karl Marx e Friedrich Engels, pode ser resumida como</p><p>um conjunto de teorias que abrange aspectos econômicos, como a teoria da mais-valia;</p><p>�losó�cos, como o materialismo dialético; sociológicos, como o materialismo histórico; e</p><p>políticos. Segundo Sandroni (2005), essa escola de pensamento foi desenvolvida a partir da</p><p>�loso�a de Hegel, do materialismo �losó�co francês do século XVIII e da economia política</p><p>inglesa do início do século XIX, sendo que parte da análise econômica marxista está no livro O</p><p>Capital, de 1867. De acordo com a Escola Marxista, a eventual queda do sistema capitalista</p><p>resultaria de suas próprias contradições internas. No entanto, a transição de regime somente</p><p>ocorreria por meio da luta de classes, da iniciativa revolucionária da classe trabalhadora e da</p><p>adoção de um modelo socialista (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).</p><p>De acordo com Silva et al. (2018), a Escola Neoclássica, ou marginalista, predominou entre 1870</p><p>e a Primeira Guerra Mundial. A Escola Neoclássica reuniu várias gerações de representantes,</p><p>como William Jevons, León Walras, Alfred Marshall, Vilfredo Pareto, John Bates Clark, Irving</p><p>Fisher e Jules Dupuit (Silva et al. 2018). A principal característica da abordagem neoclássica é a</p><p>ênfase no papel do indivíduo e na teoria do valor utilitário, ou seja, a análise da Escola</p><p>Neoclássica caracteriza-se por ser microeconômica. Diferentemente dos clássicos, os</p><p>neoclássicos argumentam que o valor de um bem não é determinado apenas pelo custo de</p><p>produção, mas também pela utilidade que ele proporciona aos consumidores.</p><p>A teoria do equilíbrio de mercado é fundamental para os neoclássicos, sugerindo que, em</p><p>condições ideais de concorrência, oferta e demanda se equilibram, estabelecendo preços</p><p>e�cientes e quantidades de produção. O conceito de utilidade marginal elaborado pelos</p><p>neoclássicos sugere que o valor de um bem ou serviço é determinado pela última unidade</p><p>consumida, ou seja, pela utilidade adicional que ela proporciona.</p><p>A Escola Austríaca de Economia é uma corrente de pensamento econômico que se originou na</p><p>Áustria no �nal do século XIX e se desenvolveu notavelmente com pensadores como Carl</p><p>Menger, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek (Sandroni, 2005). Diferentemente de outras escolas,</p><p>os austríacos destacam o papel central da ação individual e do empreendedorismo na formação</p><p>da economia. Eles enfatizam a teoria subjetiva do valor, argumentando que o valor de um bem é</p><p>subjetivo e depende das preferências individuais. Além disso, a Escola Austríaca é conhecida por</p><p>suas críticas à intervenção estatal na economia, defendendo a importância dos mercados livres,</p><p>a crítica ao socialismo e a ênfase na teoria do ciclo econômico, que analisa como as</p><p>interferências monetárias podem gerar resultados econômicos.</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Já no século XX, novas linhas do pensamento econômico nasceram a partir de visões</p><p>antagônicas da realidade, com destaque para o Keynesianismo, o Neoliberalismo e a Escola</p><p>Schumpeteriana.</p><p>A Escola Keynesiana, derivada das ideias do economista britânico John Maynard Keynes, ganhou</p><p>destaque no século XX como uma resposta às falhas percebidas do liberalismo clássico durante</p><p>a Grande Depressão de 1929 (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Keynes argumentou que os mercados</p><p>nem sempre se ajustam automaticamente e e�cientemente, particularmente em tempos de</p><p>recessão. Sua teoria defende a intervenção governamental para corrigir as de�ciências do</p><p>mercado, principalmente através de políticas �scais e monetárias.</p><p>A abordagem keynesiana destaca a importância do consumo e da demanda agregada na</p><p>determinação do nível de atividade econômica. Keynes propôs que, em situações de desemprego</p><p>e subutilização de recursos, o governo poderia estimular a demanda por meio de gastos</p><p>públicos</p><p>e políticas monetárias expansionistas. A ênfase nas políticas de demanda e na atuação do</p><p>Estado para promover o pleno emprego tornou-se característica distintiva da Escola Keynesiana,</p><p>in�uenciando a teoria e a prática econômica no período pós-Segunda Guerra Mundial e moldando</p><p>políticas econômicas em diversas partes do mundo.</p><p>O neoliberalismo é uma abordagem econômica e política que ganhou destaque nas últimas</p><p>décadas do século XX. Originando-se como uma resposta à crise econômica dos anos 1970, o</p><p>neoliberalismo é caracterizado pela defesa do livre mercado, redução da intervenção estatal na</p><p>economia e ênfase na maximização da e�ciência por meio da competição. Proponentes como</p><p>Milton Friedman e Friedrich Hayek argumentam que mercados desregulados são mais e�cientes</p><p>na alocação de recursos, estimulando o crescimento econômico.</p><p>O neoliberalismo incentiva a privatização de setores anteriormente controlados pelo Estado, a</p><p>�exibilização das leis trabalhistas e a redução de barreiras comerciais. A ideia central é que a</p><p>liberdade econômica individual e a competição levarão a um aumento geral do bem-estar,</p><p>embora críticos apontem para desigualdades resultantes e possíveis impactos negativos nas</p><p>políticas sociais. O neoliberalismo in�uenciou signi�cativamente as políticas econômicas em</p><p>muitos países ao longo das últimas décadas do século XX, moldando debates sobre a e�cácia da</p><p>intervenção governamental e o equilíbrio entre mercado e Estado.</p><p>Por �m, a Escola Schumpeteriana, fundamentada nas ideias do economista austríaco Joseph</p><p>Schumpeter, destaca-se por sua ênfase na inovação e no papel central do empreendedorismo no</p><p>processo econômico. Schumpeter introduziu o conceito de "destruição criativa", argumentando</p><p>que as inovações tecnológicas e as atividades empreendedoras são motores fundamentais do</p><p>desenvolvimento econômico. Nessa perspectiva, as empresas inovadoras possuem papel</p><p>essencial na criação de novos produtos, serviços e modelos de negócios, provocando a</p><p>obsolescência de formas mais antigas de produção.</p><p>Ao �nalizar esse conteúdo sobre as origens, a evolução e os desdobramentos do pensamento</p><p>econômico nos séculos XVIII, XIX e XX, percebe-se uma trajetória rica em mudanças e in�uências</p><p>que moldaram as bases da compreensão econômica. Desde os primórdios do século XVIII,</p><p>observa-se uma progressão contínua de teorias e correntes que buscaram decifrar os</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>mecanismos econômicos. O século XIX testemunhou a consolidação de ideias fundamentais,</p><p>enquanto o século XX introduziu novos paradigmas e desa�os, re�etindo a dinâmica de evolução</p><p>do pensamento econômico.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização apresentada no início da aula.</p><p>A Escola Clássica, representada por economistas como Adam Smith e David Ricardo, defende a</p><p>ideia de que o Estado deve ter uma intervenção mínima na economia. Eles acreditavam que a</p><p>economia é autorregulada pelo mercado, pelo mecanismo da oferta e demanda. O Estado</p><p>deveria limitar-se a garantir a propriedade privada e a segurança. Por outro lado, a Escola</p><p>Keynesiana, liderada por John Maynard Keynes, defende uma intervenção mais ativa do Estado</p><p>na economia. Keynes argumentou que em tempos de recessão, o Estado deve intervir através de</p><p>políticas �scais e monetárias para estimular a demanda agregada e reverter o desemprego. Ele</p><p>via o Estado como um regulador necessário para evitar crises prolongadas. Ambas as escolas</p><p>reconhecem a importância do Estado, mas diferem na intensidade e na forma de intervenção</p><p>necessária.</p><p>Karl Marx, crítico ferrenho do capitalismo, argumentava que o sistema é intrinsecamente injusto.</p><p>Ele via a exploração da classe trabalhadora como uma característica fundamental, onde os</p><p>proprietários dos meios de produção (burguesia) extraem mais valor do trabalho dos</p><p>trabalhadores do que lhes é pago. Marx previu que as contradições inerentes ao capitalismo</p><p>levariam a crises e à eventual superação do sistema.</p><p>Os economistas clássicos, como Adam Smith, e seus sucessores neoclássicos, como Alfred</p><p>Marshall, defendem o capitalismo como um sistema que, em última instância, promove e�ciência</p><p>econômica e crescimento. Eles argumentam que a busca pelo lucro, a competição e a alocação</p><p>e�ciente de recursos são características positivas do sistema, que, quando não interferidas,</p><p>levam a uma distribuição mais e�ciente dos bens e serviços.</p><p>Em síntese, as re�exões sobre a intervenção do Estado na economia e as críticas ao sistema</p><p>capitalista demonstram a diversidade de perspectivas na teoria econômica. As discussões</p><p>continuam a evoluir à medida que novas ideias e desa�os emergem na sociedade e na economia</p><p>global.</p><p>Saiba mais</p><p>Leia o capítulo História do pensamento econômico do livro: Economia política. Nesse capítulo,</p><p>você vai conhecer a história do pensamento econômico, da sua origem no século XVIII aos</p><p>principais avanços da teoria econômica no século XX. Ou seja, você vai saber quais são as</p><p>principais escolas do pensamento econômico e quais são os principais pensadores de cada uma</p><p>delas.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-</p><p>book.</p><p>Leia o capítulo Pressupostos e conceitos das principais correntes econômicas do livro:</p><p>Economia política. Nesse capítulo, você vai aprender sobre as escolas clássica, marxista,</p><p>neoclássica e keynesiana e vai visualizar comparações entre elas. Por �m, você vai conhecer</p><p>sobre as origens do pensamento econômico atual.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.</p><p>Referências</p><p>SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.</p><p>SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.</p><p>SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.</p><p>Aula 5</p><p>FUNDAMENTOS DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA</p><p>Fundamentos de economia política</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Dica para você</p><p>Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua</p><p>aprendizagem ainda mais completa.</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula de revisão, você conhecerá os conceitos fundamentais do capitalismo e da</p><p>economia política.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/</p><p>Disciplina</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá o processo</p><p>de formação do sistema capitalista de produção.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade, que é conhecer os fundamentos teóricos da</p><p>economia política, você deverá primeiramente entender os conceitos fundamentais que</p><p>permeiam a ciência econômica.</p><p>Inicialmente, ao explorar o problema da escassez, você adquire conhecimentos essenciais para</p><p>compreender a base da economia e as necessidades de alocação de recursos. Entender os</p><p>problemas econômicos fundamentais proporciona a habilidade de analisar as escolhas</p><p>relacionadas à produção, à distribuição e ao consumo, fundamentais para a compreensão da</p><p>economia política.</p><p>Avançando o estudo, focamos nas origens da economia política, interpretando o trabalho, a lei do</p><p>valor e a mercadoria, e discutindo o modo de produção capitalista. Desenvolver essa</p><p>competência implica compreender as raízes da teoria econômica e suas implicações no sistema</p><p>capitalista. Interpretar o trabalho e a lei do valor permite analisar as relações sociais e</p><p>econômicas subjacentes ao capitalismo.</p><p>Ao estudar a transição do feudalismo para o capitalismo, bem como discutir suas principais</p><p>características, você adquire uma compreensão mais profunda do contexto histórico e das bases</p><p>estruturais desse sistema</p>

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