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<p>1. NATUREZA DO DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>O direito constitucional brasileiro é de suma importância para a estabilidade e governança do país. Ele</p><p>estabelece os princípios básicos que regem a sociedade e fornece a estrutura para o funcionamento das instituições</p><p>públicas, garantindo a proteção dos direitos individuais e coletivos dos cidadãos.</p><p>Para dar início aos estudos, faz-se necessária uma abordagem sobre o Direito Constitucional, sua natureza,</p><p>definição, objeto e fontes. Assim, “o direito constitucional costuma ser classificado como um ramo interno do direito</p><p>público” (NOVELINO, 2018, p. 34).</p><p>Pode-se entender direito público como um conjunto de normas que regula os interesses do Estado,</p><p>internamente ou em relação aos interesses particulares. Abrange a legislação com o formato público e social, que tem</p><p>o intuito de garantir a soberania da nação e as relações na sociedade.</p><p>2. DEFINIÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>Vamos tomar como base a definição de Celso Ribeiro Bastos (2021, p. 15) para o Direito Constitucional.</p><p>Segundo ele, o Direito Constitucional é "o conjunto de normas e princípios que organizam o Estado, determinam sua</p><p>estrutura e estabelecem os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos".</p><p>Essa definição destaca o papel essencial do Direito Constitucional como o ramo jurídico responsável por</p><p>estruturar e regular o Estado, delineando sua forma de governo, competências e poderes. Além disso, o Direito</p><p>Constitucional também se preocupa em garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, assegurando que o exercício</p><p>do poder estatal seja limitado e respeite os direitos individuais e coletivos de todos os membros da sociedade.</p><p>O Direito Constitucional, assim, atua como uma salvaguarda contra o abuso do poder, estabelecendo um</p><p>conjunto de princípios e normas fundamentais que devem ser seguidos por todos os órgãos e agentes estatais. Ele é a</p><p>base para a criação das demais normas jurídicas do país, sendo a Constituição Federal a norma suprema que deve ser</p><p>observada por todas as demais leis e regulamentos.</p><p>3. OBJETO DO DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>O Direito Constitucional tem por objeto o estudo das normas fundamentais de organização do Estado. Trata</p><p>dos seguintes temas: estrutura de seus órgãos, distribuição de competências, aquisição, exercício e transmissão da</p><p>autoridade, direitos e garantias fundamentais etc. (NOVELINO, 2018).</p><p>Estudar a Constituição não é estudar apenas o texto da Constituição Federal de 1988, deve-se estudar também</p><p>os aspectos teóricos que cercam o tema, ou seja, as teorias que foram criadas acerca da Constituição, formadas por</p><p>especialistas no assunto. (ANGELFIRE, s.d.).</p><p>4. FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>No que diz respeito à classificação das fontes do Direito Constitucional, percebemos uma</p><p>diversidade de perspectivas entre os autores, sem consenso sobre o assunto. Neste contexto, adotaremos a</p><p>abordagem proposta por Bobbio (2010, p. 37), que distingue as fontes de juridicidade do direito</p><p>constitucional em originais e derivadas.</p><p>As fontes originais são aquelas que criam o próprio ordenamento jurídico constitucional. No caso</p><p>do Direito Constitucional brasileiro, a principal fonte original é a Constituição Federal de 1988. Ela estabelece</p><p>os princípios fundamentais, a estrutura do Estado, os direitos e garantias individuais e coletivos, além de</p><p>definir as competências e limites de cada poder estatal.</p><p>As fontes derivadas, por sua vez, são aquelas que se originam da Constituição e que</p><p>complementam seu conteúdo. Essas fontes incluem as leis complementares, as leis ordinárias, as emendas</p><p>constitucionais, os tratados internacionais de direitos humanos com status de emenda constitucional, entre</p><p>outras. Todas essas normas devem estar em consonância com o que foi estabelecido na Constituição, caso</p><p>contrário, poderão ser declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no exercício do</p><p>controle de constitucionalidade.</p><p>Essa distinção entre fontes originais e fontes derivadas é relevante para compreender a</p><p>hierarquia das normas no Direito Constitucional, bem como as relações entre elas dentro do ordenamento</p><p>jurídico brasileiro. A Constituição Federal é a norma máxima e fundamental, e todas as demais normas</p><p>devem respeitar seus princípios e diretrizes.</p><p>1. Qual é a importância do direito constitucional?</p><p>2. Qual a natureza do Direito constitucional?</p><p>3. De acordo com Celso Ribeiro Bastos, o que é o Direito Constitucional?</p><p>4. Qual o objeto ou objetos do Direito Constitucional?</p><p>5. Existe algum poder maior do que a Constituição Federal no Brasil? Explique.</p><p>Autoatividade</p><p>5. A CONSTITUIÇÃO</p><p>A Constituição, em um Estado democrático, não estrutura apenas o Estado em sentido estrito, mas</p><p>também o espaço público e o privado, constituindo assim a sociedade (NERY JUNIOR; ABBOUD, 2017). A Constituição</p><p>determina regras e estabelece critérios que devem ser respeitados por todos e de forma indiscriminada, ou seja, a</p><p>Constituição é a regra maior e se encontra no topo da pirâmide da legislação pátria.</p><p>Na Constituição, podemos encontrar as regras de regulação, princípios individuais e coletivos, regras de</p><p>criação e organização de estados e municípios e a serem seguidas pelos servidores públicos em todas as suas</p><p>categorias.</p><p>Importante destacar o chamado conceito ideal de constituição, imposto a partir do triunfo do movimento</p><p>constitucional no início do século XIX (MORAES, 2017).</p><p>FONTE: Paulo e Alexandrino (2017, p. 8)</p><p>Em relação aos conceitos e sentidos dados pelos doutrinadores sobre o que vem a ser</p><p>uma Constituição, observa-se que cada um deles, especialmente os aqui referenciados, têm características</p><p>próprias e cada um expressa de acordo com seus convencimentos. Contudo, todos entendem que a</p><p>Constituição seria uma ordem fundamental de determinado país.</p><p>6. PREÂMBULO CONSTITUCIONAL</p><p>Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional</p><p>Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício</p><p>dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o</p><p>desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade</p><p>fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida,</p><p>na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,</p><p>promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA</p><p>FEDERATIVA DO BRASIL (BRASIL,1988).</p><p>O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como “documento de intenções do</p><p>diploma. Consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios,</p><p>demonstrando a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo</p><p>Estado” (MORAES, 2017, p. 31).</p><p>Apesar de não fazer parte do texto constitucional propriamente dito e,</p><p>consequentemente, não conter normas constitucionais de valor jurídico autônomo, o preâmbulo não é</p><p>juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser observado como elemento de interpretação e integração</p><p>dos diversos artigos que seguem.</p><p>Segundo Alberdi (1959), o preâmbulo deve sintetizar sumariamente os grandes fins da</p><p>Constituição, servindo de fonte interpretativa para dissipar as obscuridades das questões práticas e de rumo</p><p>para a atividade política do governo.</p><p>O preâmbulo, portanto, por não ser norma constitucional, não poderá prevalecer contra</p><p>texto expresso da Constituição Federal, e tampouco poderá ser paradigma comparativo para declaração de</p><p>inconstitucionalidade. Contudo, por traçar as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da Constituição,</p><p>será uma das linhas mestras interpretativas (LAVIÉ, 1993; EKMEKDJIAN, 1993; MELLO FILHO, 1986; BASTOS;</p><p>GANDRA, 1988; DANTAS, 1994; FERREIRA, 1989). Jáoutros autores entendem de maneira diferente, ou seja,</p><p>que o preâmbulo teria um caráter normativo (NASCIMENTO, 1997; FERREIRA, 1989).</p><p>Observe-se que a evocação à “proteção de Deus”, no preâmbulo da Constituição Federal,</p><p>não a torna confessional, mas sim:</p><p>Reforça a laicidade do Estado, afastando qualquer ingerência estatal arbitrária ou</p><p>abusiva nas diversas religiões e garantindo tanto a ampla liberdade de crença e cultos</p><p>religiosos, como também ampla proteção jurídica aos agnósticos e ateus, que não</p><p>poderão sofrer quaisquer discriminações pelo fato de não professarem uma fé</p><p>(MORAES, 2017, p. 34).</p><p>Agora, meus amigos e amigas, vocês compreendem que o preâmbulo não é uma norma</p><p>constitucional, mas traça, baliza, delineia as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas de uma Constituição.</p><p>Vamos seguindo.</p><p>Julgue V ou F :</p><p>1. O preâmbulo de uma Constituição é considerado uma norma constitucional com valor jurídico autônomo.</p><p>( )</p><p>2. O preâmbulo de uma Constituição serve como uma certidão de origem e legitimidade do novo texto</p><p>constitucional. ( )</p><p>3. O preâmbulo pode ser usado como fonte interpretativa e de integração dos diversos artigos que compõem</p><p>a Constituição. ( )</p><p>4. Segundo a opinião de todos os autores citados no texto, o preâmbulo tem caráter normativo. ( )</p><p>5. A evocação à "proteção de Deus" no preâmbulo da Constituição Federal do Brasil torna o Estado brasileiro</p><p>confessional. ( )</p><p>6. A inclusão da referência a "Deus" no preâmbulo reforça a laicidade do Estado, garantindo a liberdade de</p><p>crença e cultos religiosos. ( )</p><p>7. O preâmbulo é considerado uma das linhas mestras interpretativas da Constituição, mas não pode</p><p>prevalecer contra o texto expresso da própria Constituição. ( )</p><p>8. O preâmbulo pode ser utilizado como paradigma comparativo para a declaração de inconstitucionalidade</p><p>de uma norma. ( )</p><p>9. A evocação à "proteção de Deus" no preâmbulo restringe a proteção jurídica apenas aos adeptos de religiões</p><p>específicas. ( )</p><p>10. O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 traça as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da</p><p>Constituição, mas não possui valor normativo por si só. ( )</p><p>Autoatividade</p><p>UMA REFLEXÃO SOBRE OS 30 ANOS DA “CONSTITUIÇÃO CIDADÔ</p><p>Zulmir Ivânio Breda</p><p>Presidente do CFC</p><p>Ao percorrermos a história do Brasil, percebemos que, antes da Constituição Federal em</p><p>vigor, existiram outras seis Constituições, umas com durabilidade breve e outras com maior tempo de</p><p>duração. A de maior longevidade, por exemplo, foi a primeira, instituída em 1824, que esteve em vigor por</p><p>mais de 65 anos. Na época, Dom Pedro I, primeiro Imperador do Brasil, apoiado pelo partido português –</p><p>ricos comerciantes e altos funcionários públicos –, dissolveu a Assembleia Constituinte brasileira e impôs seu</p><p>próprio projeto, que se tornou nossa primeira constituição, outorgada em 25 de março de 1824.</p><p>Os contextos social, econômico e político do Brasil de cada época, desde a Proclamação</p><p>da Independência até a atualidade, estão refletidos nas linhas mestras de nossas Cartas Magnas. A sétima</p><p>Constituição Brasileira, hoje em vigor, foi promulgada em 5 de outubro de 1988 após 20 meses de intenso</p><p>debate envolvendo representantes da sociedade civil, especialistas jurídicos e o Congresso Nacional. Sua</p><p>promulgação marcou o processo de redemocratização brasileira após 21 anos de regime militar e se diferencia</p><p>das Constituições anteriores justamente por tratar de direitos e garantias fundamentais.</p><p>Notemos, contudo, algumas peculiaridades da Constituição brasileira. Traçando um</p><p>quadro comparativo, enquanto o Brasil teve sete Constituições, sendo que a última está em vigor desde 1988,</p><p>possuindo 250 artigos e 99 emendas constitucionais (Dez./2017), os Estados Unidos, por exemplo, tiveram</p><p>uma única Constituição Federal em toda sua história, que está em vigor desde 1789 e possui apenas 7 artigos</p><p>e 27 emendas. É considerada a segunda Constituição em vigor mais antiga do mundo, ficando atrás apenas</p><p>da Constituição da República de San Marino, em vigor desde outubro de 1600.</p><p>Cabe salientar que, a Carta Magna dos EUA foca no âmbito estritamente constitucional</p><p>de forma enxuta, abordando a forma de organização do Estado, a divisão de poderes, as normas limitadoras</p><p>para os governantes, a divisão de competências, os principais órgãos governamentais e direitos fundamentais</p><p>dos cidadãos, prezando especialmente por seus direitos individuais. Já a Constituição do Brasil é extensa e</p><p>analítica, com um cunho muitas vezes burocrático, complexo e que contribui para um quadro de</p><p>regulamentação excessiva. Isso se confirma e se justifica quando verificamos que, de acordo com Instituto</p><p>Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), desde 5 de outubro de 1988 até 30 de setembro de 2016,</p><p>foram editadas mais de 5,4 milhões de normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em</p><p>média, 535 normas editadas todos os dias e mostra a fragilidade e a complexidade da legislação brasileira.</p><p>Ao comemorarmos os 30 anos de vigência da Constituição Federal do Brasil, podemos</p><p>seguir nossa reflexão por dois vieses de análise. Primeiro, o fato de que realmente ela representou um grande</p><p>avanço em direção à cidadania e à construção de um efetivo estado democrático de direito, pois é a</p><p>Leitura Complementar</p><p>Constituição de 88 que abre espaço para a sociedade civil organizada, dando-lhe voz e ação. Segundo, o fato</p><p>de que essa mesma Constituição, ao assegurar diversos direitos e garantias individuais e coletivas, não cuidou</p><p>de especificar como o País teria asseguradas as condições econômicas para atender a tantas garantias sociais</p><p>ofertadas ao povo.</p><p>Batizada de “Constituição Cidadã”, pelo então Presidente da Assembleia Nacional</p><p>Constituinte, Ulysses Guimarães, o documento deixa evidente, desde o Preâmbulo, sua autenticidade</p><p>democrática, ao mencionar que foi elaborada e promulgada por representantes do povo. Os primeiros artigos</p><p>consagram os princípios da democracia representativa e definem o Legislativo, o Executivo e o Judiciário como</p><p>os Poderes da União, referindo-se ao Estado brasileiro como um Estado democrático de direito. Essa foi a</p><p>primeira vez que uma Constituição citou um tipo determinado de Estado.</p><p>Tendo por base o ideal de igualdade, a nova Carta Magna trouxe a todos os brasileiros a</p><p>igualdade perante a lei e o direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Entre os princípios</p><p>fundamentais, estão a cidadania e a dignidade da pessoa humana. A Lei Maior garantiu ainda o acesso</p><p>universal à educação, à saúde e à cultura.</p><p>Por exemplo, a educação passou a ser considerada um dever do Estado. Na saúde, foi</p><p>criado o Sistema Único de Saúde (SUS) com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência</p><p>à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão.</p><p>A atual Constituição estabeleceu ainda um número maior de direitos trabalhistas e o</p><p>direito do consumidor também foi reconhecido. Os cidadãos – mesmo não alfabetizados – e os jovens, a partir</p><p>de 16 anos, também passaram a votar e a ajudar a decidir o futuro da nação. Ela trouxe ainda novas conquistas</p><p>no tocante aos direitos humanos.</p><p>Como podemos constatar, os avanços quanto à conquista de direitos e de cidadania são</p><p>evidentes e inquestionáveis, entretanto, o que se observa hoje é que as garantias sociais trazidas pela</p><p>Constituição não foram acompanhadas pelo desenvolvimento econômico e pela geração de riqueza,</p><p>necessários para sustentar esse patamar de conquistas.</p><p>Princípio elementar na formulação de políticas públicas é que, ao se estabelecer um</p><p>determinado conjunto de direitos aos cidadãos, com reflexos econômicos, é necessário, também, que sejam</p><p>previstas</p><p>as fontes de recursos que sustentarão, ao longo do tempo, esses direitos. Caso isso não ocorra, os</p><p>benefícios tendem a se multiplicar sem a devida contrapartida em capacidade produtiva e geração de riqueza</p><p>e o Estado acaba por assumir um papel paternalista, endividando-se para sustentar tais benefícios.</p><p>Quanto maior o volume de serviços/benefícios a serem ofertados pelo Estado maior será</p><p>a estrutura que este precisará para o atendimento desses serviços e isto exigirá cargas tributárias e controles</p><p>cada vez maiores, comprometendo a competitividade da economia e a consequente produção de riqueza e o</p><p>desenvolvimento econômico do País.</p><p>E, mesmo com uma alta carga tributária, o caso brasileiro é peculiar. Como muitas vezes</p><p>os recursos não chegam ao seu destino, por mau gerenciamento, desvios e corrupção, grande parte dos</p><p>serviços públicos apresenta baixa qualidade. As áreas mais fragilizadas são as da saúde, educação e</p><p>segurança, que trazem desalento a maior parte da população, dita munida de tantas garantias e direitos.</p><p>Citando algumas estatísticas, em janeiro de 2018, o Brasil contava com 2,18 médicos por</p><p>mil habitantes, sendo que o número recomendável pelo Ministério da Saúde é de pelo menos 2,5. Sem contar</p><p>que, nas regiões Norte e Nordeste esse número chegava a 1,16 e 1,41, respectivamente.</p><p>Na educação, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) – 2017 mostrou que</p><p>apenas 1,62% e 4,52% dos estudantes da última série do Ensino Médio alcançaram níveis de aprendizagem</p><p>classificados como adequados em Língua Portuguesa e Matemática, respectivamente. Esse fato mostra a</p><p>debilidade do Estado em oferecer uma educação de qualidade.</p><p>No tocante a segurança, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes chegou a 31,3 em</p><p>2016, sendo a sétima maior taxa da região das Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).</p><p>Temos assim alguns exemplos da ambiguidade brasileira. De um lado, os artigos de nossa</p><p>Constituição que enunciaram um País ideal a ser alcançado em um futuro ainda distante e, de outro lado, o</p><p>Brasil real em que vivemos, afastado daquele imaginado pelos nossos constituintes.</p><p>É bem verdade que muitos dos direitos assegurados pela Constituição atual foram</p><p>implementados, como o direito ao voto dos não alfabetizados e dos jovens, a partir dos 16 anos, posto que o</p><p>custo da sua implementação foi razoavelmente pequeno. Entretanto, os direitos mais relevantes para o</p><p>cidadão, como saúde, educação e segurança pública, este último muito debatido atualmente, estão longe de</p><p>serem considerados satisfatórios.</p><p>Enfim, precisamos recordar que nossa Lei Maior se constituiu de um laborioso texto, que</p><p>se encontra dividido em vários títulos e acrescido de muitas emendas. Se suas disposições serão utopias ou</p><p>se servirão de norte para a sociedade seguir buscando seus direitos e sua evolução cidadã, ao mesmo tempo</p><p>que cumpre seus deveres e exige de seus representantes a transparência e a responsabilidade que lhes</p><p>cabem, vai depender da postura que cada um de nós assume ou pode vir a assumir. Ao contrário do que se</p><p>prega, boa parte do que precisa ser feito depende somente de nós.</p><p>E, neste aspecto, passados trinta anos da Constituição Cidadã, o que se observa é que</p><p>precisamos evoluir muito naquilo que é fundamental para o desenvolvimento de uma nação – a virtude do</p><p>seu povo –, ou seja, a disposição firme e constante para a prática moral do cidadão, capaz de impulsioná-lo</p><p>ao pleno exercício da cidadania, que implica primeiro o cumprimento dos deveres e depois o exercício dos</p><p>seus direitos. O presidente norte-americano, Thomas Woodrow Wilson, que presidiu aquele país de 1913 a</p><p>1921, já dizia “Em governo, como em virtude, a mais difícil das coisas difíceis é progredir.”.</p><p>Que, nos próximos trinta anos, possamos efetivamente tornar a nossa Constituição</p><p>“cidadã”, na prática, através da virtude do nosso povo.</p><p>7. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO</p><p>Segundo Paulo e Alexandrino (2017, p. 87), “o Título I da Constituição brasileira de 1988,</p><p>composto por quatro artigos, é dedicado aos denominados "princípios fundamentais" do Estado brasileiro”.</p><p>O constituinte utilizou a “expressão genérica para traduzir a ideia de que nesses primeiros quatro artigos já</p><p>se estabeleceu a forma do nosso Estado e de seu governo. Ainda, proclama-se o regime político democrático</p><p>fundado na soberania popular e institui-se a garantia da separação de funções entre os poderes” (PAULO;</p><p>ALEXANDRINO, 2017, p. 87). Além disso, “encontram-se os valores e os fins mais gerais orientadores de nosso</p><p>ordenamento constitucional, funcionando como diretrizes para todos os órgãos mediante os quais atuam os</p><p>poderes constituídos” (PAULO; ALEXANDRINO, 2017, p. 87).</p><p>Então, temos que os princípios seriam um grupo de diretrizes, preceitos, exemplos de</p><p>atuação que devem ser obedecidos pela população de um determinado local. A conceituação dos princípios</p><p>está relacionada ao começo ou início de algo. São os pontos considerados iniciais para um determinado</p><p>assunto ou questão. Os princípios também podem estar associados às normas essenciais que norteiam os</p><p>estudos. Como exemplo temos: princípios da Física, os princípios da Contabilidade, os princípios do Direito</p><p>etc.</p><p>Para Bandeira de Melo (2003, p. 45), princípio é, por definição, um “mandamento nuclear</p><p>de um sistema, verdadeiro alicerce, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas,</p><p>compondo o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência”. Seria exatamente</p><p>“definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo. É o conhecimento dos princípios que preside a</p><p>intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário” (BANDEIRA DE MELO, 2003, p. 45).</p><p>O art. 1º da Constituição Federal resume de forma eficaz as características do Estado</p><p>Brasileiro: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios</p><p>e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem fundamentos (BRASIL, 1988).</p><p>Tem-se um resumo em uma única expressão dos atributos essenciais do Estado brasileiro:</p><p>Trata-se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo) que</p><p>adota o regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo). Constitui, ademais,</p><p>um Estado de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos fundamentais aos</p><p>particulares) (PAULO; ALEXANDRINO, p. 87).</p><p>Assim, temos determinadas as seguintes características: uma federação como forma de</p><p>Estado, uma república como forma de governo, uma democracia como uma forma de soberania popular e</p><p>um Estado de Direito como forma de respeito aos direitos e garantias fundamentais.</p><p>8. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL</p><p>“A forma de Estado adotada no Brasil é a de uma federação, o que significa a coexistência,</p><p>no mesmo território, de unidades dotadas de autonomia política, que possuem competências próprias</p><p>discriminadas diretamente no texto constitucional” (PAULO; ALEXANDRINO, p. 88). Por forma de Estado,</p><p>entende- se a maneira pela qual o Estado organiza o povo, o território e estrutura o seu poder relativamente</p><p>a outros de igual natureza.</p><p>A Federação é composta pela União, estados-membros, Distrito Federal e municípios,</p><p>conforme previsão dos arts. 1º e 18 da Constituição Federal. São pessoas jurídicas de direito público</p><p>autônomas e estão sujeitas ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo (não existe em nosso país</p><p>o direito de secessão).</p><p>Federação então pode ser entendida como uma aliança. Vários Estados são reunidos e</p><p>compõem um Estado Federal que, por sua vez, tem suas competências, autonomias e garantias. É uma aliança</p><p>de Estados, uma unidade estatal superior e detentora da soberania externa. A forma federativa de Estado é, no</p><p>Brasil, cláusula pétrea. Dispõe o art. 60 da Constituição Federal: “Art. 60. A Constituição</p><p>poderá ser emendada mediante</p><p>proposta: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado”</p><p>(BRASIL, 1988).</p><p>Passando para a análise da forma de governo, tem-se que o Brasil é uma República e,</p><p>assim, pode-se afirmar que a representatividade popular se dá por meio do voto e da eleição dos governantes.</p><p>Assim, “o Brasil é uma república. Essa é a forma de governo adotada em nosso país desde 15 de novembro</p><p>de 1889, consagrada na Constituição de 1891 e em todas as constituições subsequentes” (PAULO;</p><p>ALEXANDRINO, 2017, p. 88).</p><p>A República descreve uma forma de governo em que o Chefe de Estado é eleito pelos</p><p>representantes dos cidadãos ou pelos próprios cidadãos, e exerce a sua função durante um tempo limitado.</p><p>Em uma República, o poder tem origem em um grupo de cidadãos, que delega esse poder ao Chefe de Estado</p><p>ou Presidente da República.</p><p>A eleição de um Presidente da República é feita através do voto direto dos cidadãos ou</p><p>por uma assembleia restrita. A função de presidente é exercida durante um período de tempo limitado, sendo</p><p>que só pode exercer durante um número limitado de mandatos.</p><p>Para esclarecer, o idioma utilizado de forma oficial na República Federativa do Brasil é a</p><p>língua portuguesa, como disposto no art. 13 da Constituição Federal: “Art. 13. A língua portuguesa é o idioma</p><p>oficial da República Federativa do Brasil” (BRASIL, 1988). Assim, o ensino nas escolas deve ser realizado nesta</p><p>língua. Além de ter uma língua oficial, a República tem alguns símbolos que são: a bandeira, o hino, as armas</p><p>e o selo nacional. É direito dos Estados, Distrito Federal e Municípios terem ou não seus símbolos.</p>

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