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<p>APOSTILA</p><p>MOXABUSTÃO</p><p>Leandro Benevides</p><p>Instituto Massoterapia e Cuidados</p><p>Proibida Reprodução – Cópia Integral ou Parcial.</p><p>INTRODUÇÃO À MOXABUSTÃO</p><p>É uma técnica que visa principalmente aquecer determinado ponto. Vem da</p><p>Medicina Tradicional Chinesa e é comumente utilizada para trazer maior energia Yang</p><p>para pontos de Acupuntura, Acupressão e Pontos Gatilho (Trigger Point). Nessa</p><p>aproximação é utilizado um bastão com ervas queimando, como um cigarro, que é</p><p>aproximado da pessoa, normalmente deitada em Decúbito Lateral.</p><p>Na Massoterapia a Moxabustão tem a função de tratar pontos de dor, e regiões</p><p>inflamadas que podem ser tratadas com calor. Inflamações congênitas, nas quais o</p><p>paciente relata piora no Frio. Inclusive, na Medicina Tradicional Chinesa aprendemos que</p><p>a invasão de um fator patogênico externo (Frio) pode causar contraturas musculares e</p><p>deixar o corpo mais lento, diminuindo a circulação sanguínea que acaba, por sua vez,</p><p>gerando mais contraturas e inflamações, aumentando o nível de toxinas em determinado</p><p>local do corpo. Aprende-se que ao utilizar a Moxa, podemos estimular maior circulação</p><p>sanguínea, irrigando a musculatura e promovendo a circulação da estase de sangue e</p><p>eliminação de toxinas locais.</p><p>Na Acupuntura utilizaremos a Moxa quando quisermos;</p><p>• Aquecer o ponto</p><p>• Dispersar o frio</p><p>• Promover a circulação sanguínea – Eliminando a estase de Xue</p><p>• Aumentar o nível de Yang Qi, quando estiver deficiente</p><p>• Tonificar o Qi deficiente, de modo geral</p><p>• Nutrir o Sangue, visto que a Moxa ajuda a circular Xue aumentando a captação</p><p>de nutrientes</p><p>• Dispersar o Frio, o Vento Frio e a Umidade</p><p>Até agora, falamos sobre aquecimento. Compreende-se que a Moxa então, pode ser</p><p>feita de qualquer material que seja aquecido, correto? NÃO!</p><p>A Moxabustão é originariamente feita a partir da Artemísia. Planta essa que</p><p>recebeu seu nome na Antiga Grécia, quando era utilizada em rituais de exaltação e</p><p>adoração da Deusa Artemis, a deus da Lua, das Mulheres e da Caça. Assim, a Artemísia</p><p>era queimada com o intuito de pedir recuperação da caça, proteção das mulheres e</p><p>compensação do cansaço físico. Historicamente, foi assim que a Artemísia ficou</p><p>conhecida, contudo, povos de diferentes regiões do mundo utilizavam a Artemísia. Índios</p><p>brasileiros utilizavam a Artemísia como compressa para curar pequenos machucados, e</p><p>para promover descanso das dores corporais.</p><p>Percebe-se que a Artemísia portanto, tem um potencial anti-inflamatório, o que</p><p>dentro da ciência explica muita coisa sobre seu uso na Medicina Chinesa, mas vamos</p><p>mais longe um pouco;</p><p>Artemísia in Natura</p><p>Conseguimos obter no Blog Portal Educação a composição química da</p><p>Artemísia, ou do que se pode extrair dela. Vou exemplificar; Coloque um belo punhado</p><p>de Artemísia num pilão, bata até que se extraia todo o líquido presente na planta. Nesse</p><p>líquido é possível encontrar alguns itens da composição química desta planta:</p><p>• Ácido antemico: Trata má circulação, inflamações na gengiva e dores de dente.</p><p>• Ácido málico: Produz Energia (Presente em Maçãs e Peras)</p><p>• Ácido succinico: Imunoestimulante, analgésico, cicatrizante e antinflamatório.</p><p>• Ácido tânico: Poderoso Antioxidante</p><p>• Artemisina: Vermífugo</p><p>• Entre outros compostos.</p><p>Não é à toa que a Artemísia é utilizada desde a Antiguidade. As mulheres</p><p>curandeiras tidas como bruxas na idade média, os gregos nas antigas civilizações, os</p><p>indianos e os egípcios e até os índios brasileiros, conheciam a propriedade da Artemísia.</p><p>E não diferente disso, os antigos chineses se beneficiaram do poder da Artemísia para</p><p>curar, por meio da Moxa, um bastão com Artemísia seca, como um grande cigarro, um</p><p>incenso ou um charuto, cuja fumaça libera substâncias antinflamatórias,</p><p>antiespasmódicas, estimulantes, relaxantes e analgésicas.</p><p>Utilizar a Moxa feita com outros materiais, como iremos descrever mais à frente,</p><p>como a Moxa Elétrica ou a Moxa de carvão, ajuda, por conta do calor, mas se perde todas</p><p>as características positivas da planta no uso.</p><p>Moxa de Carvão</p><p>A Moxa pode ser utilizada de muitas maneiras, como um Cone, colocado em</p><p>cima da pele, gerando cicatriz e um forte estímulo analgésico (Técnica não utilizada nos</p><p>dias atuais) ou colocada sobre a água, quando o calor da agulha fará esse processo de</p><p>aquecimento do ponto causando o mesmo efeito, sem cicatriz, mas ainda assim,</p><p>promovendo uma espécie de cauterização no local.</p><p>Pode ser utilizada ainda como Bastão, seja esse bastão, elétrico, de carvão ou de</p><p>plantas. Compreendendo que é indicado utilizar o bastão com Artemísia, vamos falar</p><p>sobre as variedades desse bastão.</p><p>1) O Bastão de Artemísia comum: É um bastão feito com papel seda, próprio para</p><p>queima, contendo Artemísia seca. É definitivamente o mais utilizado.</p><p>Moxa de Artemísia Pura</p><p>2) O bastão com Artemísia + Gengibre ou Alho ou Cravo ou Outras ervas: Esse</p><p>bastão poderá ser utilizado com a mesma propriedade do anterior, contudo sendo</p><p>adicionado propriedades de outras plantas no meio, como o Cravo, que é</p><p>estimulante, antibacteriano, antifúngico e antinflamatório. Nesse caso é preciso</p><p>observar o resultado que se quer obter e a planta que será utilizada.</p><p>Moxa de Artemísia com Cravo e Gengibre (Normalmente na cor amarela).</p><p>• Alho: Se utiliza para o tratamento de infecções dérmicas e picadas de insetos</p><p>venenosos.</p><p>• Gengibre: Ação de proteção viral e estimulante imunológica.</p><p>• Cravo: Antifúngico e Antibacteriano</p><p>3) Bastão de Artemísia Japonesa: A Artemísia não vai mudar, mas sim o processo</p><p>de fabricação. Nessa Moxa existe a presença de uma lã fabricada com 100% da</p><p>planta Artemísia, ou seja, é uma Moxa de Artemísia pura, mas sem a presença da</p><p>planta, ela já foi refinada. Pode ser usada da forma tradicional, e a lã pode ser</p><p>colocada na ponta da agulha de acupuntura e acesa, para promover uma</p><p>cauterização no ponto e uma maior ação analgésica.</p><p>Moxa Japonesa de Lã de Artemísia</p><p>APLICAÇÕES MAIS COMUNS</p><p>1) Agulha com Moxa: Utiliza-se um pouco de lã de Artemísia, prendendo-a à ponta</p><p>da agulha, com o paciente sempre em Decúbito lateral (Para não cair cinzas ou lã</p><p>em chamas na pele do paciente. A Artemísia queima levando o calor por meio da</p><p>agulha de metal que transmite calor até o ponto a ser agulhado. Na foto abaixo</p><p>temos uma demonstração. Contudo, nas fotos, o paciente aparece em decúbito</p><p>ventral, forma incorreta de aplicação. Provavelmente foi feito assim puramente</p><p>por motivos estéticos ligados à imagem.</p><p>2) Moxa Bastão: A Moxa mais comum a ser utilizada, também sempre com o</p><p>paciente em decúbito lateral. Pode optar pelas Moxa de Artemísia, Moxa de Lã</p><p>Japonesa de Artemísia e Moxa de Artemísia com Cravo ou Gengibre.</p><p>3) Moxa Elétrica: Pouco utilizada, contudo, para os terapeutas que possuem algum</p><p>tipo de alergia à fumaça ou à Artemísia é indicada.</p><p>4) Moxa Carvão: Tem sido muito difundida, porque emite menos fumaça do que a</p><p>Moxa de Artemísia, mesmo assim, não é tão saudável visto que a queima do</p><p>carvão elimina dióxido de carbono. Eu particularmente não gosto dessa Moxa.</p><p>Mas se você não gosta do cheiro da Artemísia, essa é uma boa saída.</p><p>Sobre o tratamento, Tetsuo Inada, no livro Acupuntura e Moxabustão (Indicação de</p><p>Leitura) prega que o tratamento pode ser dividido conforme a tabela abaixo;</p><p>Doenças Agudas Doenças Crônicas</p><p>Ciclo de tratamento De duas a 3 semanas Até 1 ano</p><p>Média de sessões. 1 vez ao dia na primeira</p><p>semana, e 3 vezes por</p><p>semana nas semanas</p><p>seguintes.</p><p>Caso o paciente não possa</p><p>seguir esse cronograma, três</p><p>vezes por semana na clinica</p><p>e realizar compressas</p><p>quentes no local no restante</p><p>dos dias.</p><p>2 vezes por semana até que se</p><p>constate melhora,</p><p>de acordo com</p><p>o quadro pode aumentar o</p><p>número de sessões semanais</p><p>para 3 ou prolongar o tempo de</p><p>tratamento.</p><p>Da mesma forma, se houver</p><p>melhora, depois de um tempo</p><p>em esteja estabilizado o quadro,</p><p>pode-se diminuir para 1 vez por</p><p>semana.</p><p>Começo do</p><p>tratamento</p><p>2 a 3 sessões por dia,</p><p>dependendo do quadro</p><p>álgico.</p><p>Prolongar o tempo de exposição</p><p>caso o paciente consiga manter</p><p>por mais tempo, nas primeiras</p><p>semanas.</p><p>É preciso ter cuidados especiais com pacientes que possuem algum tipo de</p><p>sensibilidade à exposição da Moxa, nessas precauções, compreendemos a exposição</p><p>prolongada que pode causar esgotamento do Qi, ao invés de estimulação. É preciso ainda</p><p>evitar a Moxa no período menstrual, visto que o calor estimula a circulação sanguínea e</p><p>poderá causar hipermenorreia. O ponto BP1 pode ser utilizado com Moxa para tratar essa</p><p>mesma questão.</p><p>Pacientes idosos, diabéticos, varizes, que tem pele fina e delicada e dificuldade</p><p>de cicatrização, podem receber Moxa, mas em doses menores, prevenindo assim uma</p><p>agressão na pele.</p><p>CONTRAINDICAÇÕES</p><p>• Grávidas, em qualquer período de gestação.</p><p>• Pessoas com febre</p><p>• Cefaléia (Dor de cabeça) devido à estresse</p><p>• Pacientes que ingeriram Álcool (O Álcool é uma bebida quente e provoca calor</p><p>no corpo, por isso, ao colocar mais calor poderíamos provocar um desequilíbrio).</p><p>• Inchaços (NUNCA)</p><p>• Pacientes com indigestão (No momento)</p><p>• Pacientes desnutridos ou fragilizados</p><p>• Pacientes Intoxicados</p><p>• Crianças (Na Cabeça)</p><p>PARA ALUNOS DE ACUPUNTURA!</p><p>Ainda de acordo com Tetsuo Inada, tem pontos que são permitidos e pontos</p><p>quais não são permitidos a aplicação de Moxa, entre os permitidos, estão!</p><p>Pontos permitidos: P1, P7, P9, IG4, IG10, IG11, IG 15, E36, E40, E41, E44,</p><p>BP3, BP4, BP6, BP9, BP10, C3, C6, C7, ID3, ID6, ID7, B13, B14, B18, B20, B21, B23,</p><p>B25, B27, B28, B38, B57, B60, B67, R1, R3, R7, CS1, CS3, CS6, CS7, CS8, TR5, TR6,</p><p>TR14, VB20, VB26, VB30, VB34, VB40, F2, F3, F8, F14, VC3, VC4, VC6, VC8, VC12,</p><p>VC17, VC22, VG1, VG4, VG12, VG14, VG20, VG23</p><p>Vocês podem consultar no nosso guia de pontos de Acupuntura outros pontos e</p><p>indicações de uso da Moxa. Além é claro de realizarem as próprias pesquisas sobre o</p><p>tema, o que é o indicado para formação de um bom terapeuta.</p><p>Para aplicação</p><p>1. Deixe o paciente em decúbito lateral (Isso evita que cinzas possam</p><p>cair sobre a pele causando queimaduras).</p><p>2. Aproxime a Moxa até que o paciente esteja sentindo o calor,</p><p>conversar com o paciente é ideal.</p><p>3. Deixe a Moxa próxima por até 20 segundos, ou quando o paciente</p><p>disser chega, o que ocorrer primeiro.</p><p>4. A Moxa só ficará mais tempo que isso na aplicação seguindo o</p><p>quadro de indicações de aplicação, acima.</p><p>5. A Moxa retorna e volta ao mesmo ponto, de 3 a 5 vezes,</p><p>dependendo do grau álgico ou da descrição da doença crônica.</p><p>Para saber o grau álgico, pergunte ao paciente sobre a dor, de 1 a 10, seguindo a</p><p>escala visual analógica.</p>