Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>DESCRIÇÃO</p><p>A fundamentação histórica dos Direitos Humanos e sua estruturação e efetivação no cenário nacional e</p><p>internacional.</p><p>PROPÓSITO</p><p>Compreender o que são os Direitos Humanos e quais são seus objetivos para uma formação</p><p>profissional plena que respeita os indivíduos permitirá que sua atuação contribua para a manutenção do</p><p>bem-estar social.</p><p>PREPARAÇÃO</p><p>Para esse módulo, o uso de um dicionário jurídico facilitará o entendimento de termos específico da</p><p>área.</p><p>OBJETIVOS</p><p>MÓDULO 1</p><p>Reconhecer as características e a evolução dos Direitos Humanos</p><p>MÓDULO 2</p><p>Identificar os argumentos teóricos e as críticas aos Direitos Humanos</p><p>MÓDULO 3</p><p>Contrastar a diversidade das culturas aos Direitos Humanos</p><p>MÓDULO 4</p><p>Analisar a estruturação dos Direitos Humanos no Brasil</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Os Direitos Humanos são um conjunto de direitos considerados essenciais para que qualquer ser</p><p>humano, independentemente de sua condição, origem, seu credo, sua raça ou orientação política, viva</p><p>com dignidade. A existência desse conjunto é de conhecimento geral e não é raro vermos referências</p><p>aos Direitos Humanos em reportagens ou conversas cotidianas. No entanto, ainda não são</p><p>compreendidos pelas pessoas.</p><p>Poucos entendem o que eles representam realmente e o que procuram fazer. Diversas informações</p><p>equivocadas sobre o assunto circulam e, muitas vezes, a mensagem tem distorções propositais para</p><p>questionar a importância dos Direitos Humanos e fazer que eles sejam negados a um determinado</p><p>grupo de pessoas.</p><p>A Ciência prega que um profissional entenda do assunto para além do senso comum e que tenha o</p><p>conhecimento suficiente para utilizar de forma correta a informação.</p><p>Este conteúdo tem o objetivo de propor um debate sobre os Direitos Humanos, dividindo o assunto em</p><p>quatro módulos, que abordarão a construção ética e histórica do conceito, procurando definir quais são</p><p>esses direitos e como eles foram moldados; as críticas e atualizações sobre seus preceitos básicos; a</p><p>discussão sobre seu caráter universal e a necessidade de que ele atenda a diferentes grupos; sua</p><p>formação jurídica e, finalmente, seu desenvolvimento no Brasil. Com esse debate, poderemos</p><p>compreender seus fundamentos, suas críticas e sua funcionalidade no Brasil e no mundo.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Vamos conceituar alguns termos que serão abordados ao longo do tema.</p><p>MÓDULO 1</p><p> Reconhecer as características e a evolução dos Direitos Humanos</p><p>CONSTRUÇÃO ÉTICA E HISTÓRICA DOS</p><p>DIREITOS HUMANOS</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>Direitos Humanos são direitos básicos que devem ser garantidos a todo ser humano independentemente</p><p>de sua condição. O significado parece simples, mas definir o que são condições mínimas para que</p><p>qualquer ser humano, em qualquer lugar do planeta, viva de forma digna é uma tarefa complexa, mais</p><p>ainda se pensarmos que essas condições se modificam ao longo do tempo.</p><p>Geralmente, quando falamos desse assunto, nos referimos aos Direitos Humanos criados recentemente</p><p>pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, escrita em 1948, pela Organização das Nações</p><p>Unidas, popularmente conhecida como ONU.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Não se pode ignorar que, antes dessa declaração ser escrita, existiu um longo caminho de construção</p><p>de direitos básicos, com interesses que se modificam com o passar do tempo. Para compreendermos o</p><p>que são os Direitos Humanos, no século XXI, precisamos observar o desenvolvimento das necessidades</p><p>dos seres humanos ao longo do tempo e as lutas que foram travadas para desenvolver esse conceito.</p><p>É certo que, se observarmos cada sociedade, desde os primeiros povos, veremos que cada um teve as</p><p>suas urgências e que, em alguns momentos, foi preciso estabelecer um conjunto de leis, de regras ou</p><p>de ideias para garantir o mínimo de dignidade e condições de sobrevivência para todos.</p><p>Ao longo do tempo, as guerras aconteceram e deixaram alguns grupos mais interessados em garantir a</p><p>sua integridade do que outros, tecnologias foram sendo criadas e vistas como fundamentais para uma</p><p>condição digna de vida.</p><p>À medida em que o tempo passa e fatos acontecem, outras dificuldades aparecerão e nos farão</p><p>repensar o que consideramos essencial para viver.</p><p> EXEMPLO</p><p>Após a pandemia de coronavírus, é possível que o acesso universal à vacinação seja muito mais</p><p>valorizado como um direito básico e reivindicado do que em outros tempos.</p><p>CADA ÉPOCA TEM SUAS NECESSIDADES BÁSICAS, QUE</p><p>SURGEM EM UM DETERMINADO CONTEXTO.</p><p>PRIMEIRAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS</p><p>As primeiras referências ao termo Direitos Humanos datam dos séculos XVII e XVIII, na Europa</p><p>Ocidental, quando se vivia a chamada crise do absolutismo, ou seja, no momento em que a ideia de um</p><p>governante soberano com todos os direitos concentrados em suas mãos perdia força.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>A historiadora Lynn Hunt afirma que, em um primeiro momento, a expressão não tinha o mesmo</p><p>conteúdo político e legal que conhecemos atualmente e que, naquele tempo, “direitos humanos” era</p><p>uma expressão usada apenas como um contraponto aos direitos divinos. (HUNT, 2009)</p><p>Sobre o assunto, o filósofo Norberto Bobbio afirmou que esse período pode ser conhecido também</p><p>como “era dos direitos”, pois foi naquele tempo que as ideias dos filósofos do Iluminismo inspiraram</p><p>os liberais a lutarem contra os absolutistas, criando um “Estado de direito”, ou seja, um Estado que</p><p>tinha sua organização determinada pelo uso das leis (BOBBIO, 1992).</p><p>ILUMINISMO</p><p>Movimento intelectual do século XVIII que questionou os princípios políticos e religiosos da época.</p><p>javascript:void(0)</p><p>Ainda segundo Hunt, foi o Iluminismo que materializou a noção de direitos básicos para todos,</p><p>principalmente por meio de dois documentos que vamos analisar a partir de agora: a Declaração de</p><p>Independência, dos Estados Unidos; e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, escrita</p><p>durante a Revolução Francesa.</p><p>DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS</p><p>UNIDOS</p><p>Esse documento foi resultado da insatisfação dos estadunidenses, naquele momento conhecidos como</p><p>as Treze Colônias Inglesas da América, com a metrópole Inglaterra.</p><p>Na época, os colonos viviam com uma relativa independência política e econômica até que foram</p><p>convocados pela Inglaterra a se envolver numa guerra contra os franceses, a Guerra dos Sete Anos.</p><p>Mesmo indo à batalha e garantindo a vitória inglesa no conflito, os americanos se viram, ao final da</p><p>Guerra dos Sete Anos, obrigados a pagar dívidas inglesas e a obedecer a ordens autoritárias da</p><p>metrópole.</p><p>Insatisfeitos, os colonos se reuniram e escreveram uma carta ao rei e ao parlamento inglês em que</p><p>declaravam sua fidelidade à Inglaterra, mas reclamavam das medidas adotadas. A carta não teve a</p><p>resposta esperada e, em 1776, os colonos americanos voltaram a se reunir no Segundo Congresso da</p><p>Filadélfia, onde redigiram a Declaração de Independência, na qual informavam à metrópole os motivos</p><p>pelos quais os colonos estavam rompendo com a Inglaterra e não fariam mais parte do reino inglês.</p><p>Imagem: Independence Hall/ Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> O congresso votando pela independência.</p><p>Essa declaração americana anuncia que todos os homens são criados iguais por Deus e que recebem</p><p>Dele direitos que não lhes deveriam ser retirados: a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Esses</p><p>direitos são vistos pelos autores do documento como verdades “autoevidentes”, ou seja, direitos que são</p><p>natos a todos os seres humanos e que, caso não sejam respeitados pelo governo, o povo tem o direito e</p><p>o dever de substituir o governante ou de mudar as regras da política até que possa ser possível</p><p>desfrutar dos direitos com segurança.</p><p>O que podemos entender a partir dessa declaração é que a finalidade do documento não era</p><p>estabelecer direitos básicos, até porque eles são autoevidentes e estariam naturalmente disponíveis em</p><p>uma nação justa, mas que esses direitos são citados para argumentar a necessidade de rompimento</p><p>com a metrópole pela falta de respeito a eles, criando as bases da nova nação que iria surgir.</p><p>Com isso, a declaração demonstrou as intenções</p><p>novas violações dos Direitos Humanos.</p><p>Em nossa história, o Brasil foi condenado por oito vezes pela Corte Interamericana. Uma dessas</p><p>condenações foi sobre o caso conhecido como Maria da Penha. Em 1983, Maria da Penha sofreu uma</p><p>tentativa de homicídio pelo seu marido e o processo que deveria condená-lo foi tão extenso e</p><p>inconclusivo que se passaram 15 anos sem que o culpado fosse preso.</p><p>O caso foi levado à Comissão Interamericana que, em 2001, quase 20 anos depois, responsabilizou o</p><p>Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância à violência contra as mulheres. O caso repercutiu</p><p>na nossa sociedade e, atualmente, temos uma lei com o nome da vítima, cujo objetivo é estipular</p><p>punição adequada e coibir a violência contra as mulheres.</p><p>Foto: Antonio Cruz/ABr/Wikimedia Commons/ CC BY 3.0 BR.</p><p> A farmacêutica Maria da Penha,</p><p>que dá nome à lei contra a violência doméstica.</p><p>Na nossa sociedade, é comum vermos pessoas relativizando o uso dos Direitos Humanos e</p><p>desacreditando de sua importância. Isso é prova de que vivemos em um Estado de constante violação</p><p>dos direitos humanos, onde o desrespeito por direitos básicos é comum e pouco se faz para que seja</p><p>garantida a dignidade da pessoa humana.</p><p>No cenário atual do país, ainda é preciso reforçar as instituições democráticas, produzir muito debate,</p><p>criar políticas públicas e buscar a conscientização popular para que esse conjunto de direitos seja</p><p>respeitado e a nossa comunidade possa viver com mais dignidade e menos desigualdade.</p><p>ATIVIDADE</p><p>A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA É UM DOS</p><p>DIREITOS GARANTIDOS PELA CONSTITUIÇÃO</p><p>BRASILEIRA, A ELA TAMBÉM HÁ REFERÊNCIA NA</p><p>DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA ONU. SOBRE ESSE</p><p>CONCEITO, PODEMOS AFIRMAR QUE, A DIGNIDADE</p><p>DA PESSOA HUMANA É:</p><p>RESPOSTA</p><p>O conjunto de condições mínimas que devem ser garantidas a uma pessoa que varia de uma cultura para</p><p>outra.</p><p>Comentário:</p><p>Cada cultura possui seu conjunto de características culturais que considera essencial para a manutenção de</p><p>uma vida digna, e a preservação dessas condições é o principal objetivo dos Direitos Humanos.</p><p>A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E</p><p>CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA.</p><p>Neste vídeo, o professor Rodrigo Rainha aprofundará o conceito de dignidade da pessoa humana, tendo</p><p>como base a Constituição brasileira.</p><p>javascript:void(0)</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. DEPOIS DA CRIAÇÃO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS UNIVERSAIS DA</p><p>ONU, O BRASIL PASSOU POR UM LONGO PERÍODO DE SUSPENSÃO DOS</p><p>DIREITOS HUMANOS. APÓS A SUPERAÇÃO DO REGIME MILITAR, QUE</p><p>SUSPENDEU A CONSTITUIÇÃO, FOI NECESSÁRIO CRIAR UM CONJUNTO DE</p><p>LEIS PARA O PAÍS. SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE 1988, ASSINALE A</p><p>ALTERNATIVA CORRETA:</p><p>A) É considerada uma constituição fraca, pois, apesar de apresentar a preocupação com muitos Direitos</p><p>Humanos, não conseguiu se estruturar na nossa sociedade e um novo projeto já é pensado para</p><p>substituí-la.</p><p>B) Preocupa-se em observar vários Direitos Humanos, mas ainda é considerada incompleta, pois</p><p>impede que o Brasil se comprometa com órgãos internacionais nos deixando isolados e sem estrutura</p><p>para defesa dos direitos universais.</p><p>C) Se tornou um exemplo mundial a ser seguido, pois observou os Direitos Humanos sugeridos pela</p><p>ONU e criou a sua própria Declaração de Direitos Humanos que já é seguida por vários países da</p><p>América Latina.</p><p>D) Ficou marcada pela quantidade de direitos garantidos à população e por positivar diversos, além de</p><p>criar estruturas para a sua promoção.</p><p>E) Foi marcada pela ausência de normativas acerca da supressão e ameaça aos Direitos Humanos.</p><p>2. APÓS O RESTABELECIMENTO DOS DIREITOS NO BRASIL COM A</p><p>CONSTITUIÇÃO DE 1988, RETOMAMOS NOSSA PARTICIPAÇÃO NA ONU. SOBRE</p><p>NOSSO COMPROMETIMENTO ATUAL COM OS DIREITOS HUMANOS E OS</p><p>DEMAIS TRATADOS DAS NAÇÕES UNIDAS, ASSINALE A ALTERNATIVA</p><p>CORRETA:</p><p>A) Desde a criação da Constituição de 1988, estamos pleiteando uma vaga na cúpula da ONU, porém</p><p>os índices de desigualdade no país nos impedem de ocupar algumas cadeiras no conselho das Nações</p><p>Unidas.</p><p>B) Temos uma ampla participação na ONU, ratificamos a maior parte dos tratados e integramos o</p><p>Sistema de Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, mas, apesar disso, ainda estamos em</p><p>processo de consolidação dos direitos universais no nosso país.</p><p>C) Apesar dos esforços para cumprir a Declaração Universal na nossa Constituição, as constantes</p><p>violações de Direitos Humanos no país nos fizeram perder espaço dentro das Nações Unidas e,</p><p>atualmente, estamos suspensos pelo grande número de processos que respondemos.</p><p>D) O Brasil se tornou exemplo de superação de desigualdades e, com uma Constituição exemplar,</p><p>atualmente, ocupamos as principais cadeiras na diretoria da ONU, tendo recebido o título de país</p><p>modelo da América Latina.</p><p>E) Não tem sido de interesse do Estado brasileiro e dos sucessivos governos instalados no controle do</p><p>Estado a participação sistemática na ONU.</p><p>GABARITO</p><p>1. Depois da criação da Declaração dos Direitos Universais da ONU, o Brasil passou por um</p><p>longo período de suspensão dos Direitos Humanos. Após a superação do regime militar, que</p><p>suspendeu a Constituição, foi necessário criar um conjunto de leis para o país. Sobre a</p><p>Constituição de 1988, assinale a alternativa correta:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>Conhecida também como Constituição Cidadã, é um exemplo na garantia de direitos e está em exercício</p><p>até os dias atuais, apesar de que mesmo depois de 30 anos ainda observamos alguns direitos que não</p><p>são observados pelo Governo.</p><p>2. Após o restabelecimento dos direitos no Brasil com a Constituição de 1988, retomamos nossa</p><p>participação na ONU. Sobre nosso comprometimento atual com os Direitos Humanos e os</p><p>demais tratados das Nações Unidas, assinale a alternativa correta:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>Apesar de participar de diversas estruturas da ONU, nossa sociedade ainda se mantém com muitas</p><p>desigualdades e, constantemente, observamos a violação de Direitos Humanos no país.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Concluímos reforçando a ideia de que os Direitos Humanos se constituem em um constante processo de</p><p>aperfeiçoamento e de descoberta de novas necessidades. Ao longo da história, muitas vezes, os direitos</p><p>básicos não foram respeitados e o mundo precisou sair em defesa daqueles que não tinham sua</p><p>dignidade humana considerada.</p><p>A Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU é um dos documentos mais importantes para se</p><p>garantir o debate e a defesa desses direitos, mas esse documento não é unânime e sofre diversas</p><p>críticas que reforçam que esse documento nunca estará concluído.</p><p>No Brasil, tivemos uma história marcada pela escravidão que enraizou uma sociedade extremamente</p><p>desigual e com diversos problemas sociais. Apesar de fazermos parte das Nações Unidas desde os</p><p>primórdios e termos colaborado com a constituição da declaração universal, passamos por um bom</p><p>período de interrupção de garantia desses direitos no país.</p><p>Foi somente no final da década de 1980 que conseguimos garantir a responsabilidade do Estado no</p><p>cumprimento desses direitos. E, se a nossa adesão a esses direitos aconteceu tardiamente, isso</p><p>significa que temos uma estrutura menos firme para sua manutenção, uma adesão menor pela</p><p>sociedade e maiores desafios para concretizá-los. Nossa organização política ainda é recente e frágil, e</p><p>o comprometimento da atual Constituição com os Direitos Humanos é uma conquista para a garantia</p><p>dos direitos dos brasileiros.</p><p>AVALIAÇÃO DO TEMA:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das letras, 2004.</p><p>BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>CARVALHO, Jose Sérgio (Org.). Educação, Cidadania e Direitos Humanos. Petrópolis: Vozes, 2004.</p><p>DANTAS, João Marcelo B. R. Ruptura e reconstrução dos Direitos Humanos em Hannah Arendt.</p><p>Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 24, n. 5671. Consultado na internet em: abril 2021. Teresina, 2021.</p><p>HUNT, Lynn. A invenção dos Direitos Humanos. São Paulo: Companhia das letras, 2009.</p><p>SANTOS, Boaventura de Sousa. Uma concepção</p><p>multicultural de Direitos Humanos. Lua Nova</p><p>[online], 1997, nº 39, p. 105-124.</p><p>EXPLORE+</p><p>Que tal conhecer um pouco mais dos documentos:</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos</p><p>Declaração Universal das Crianças e dos Adolescentes</p><p>Constituição Brasileira de 1988</p><p>Livro que você precisa ler:</p><p>BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>CONTEUDISTA</p><p>Marina Contin Ramos</p><p> CURRÍCULO LATTES</p><p>javascript:void(0);</p><p>javascript:void(0);</p><p>daquele momento, mas ainda não estava tornando</p><p>oficiais esses direitos, isso só iria acontecer posteriormente, em 1787, quando foi assinada a</p><p>Constituição dos Estados Unidos.</p><p>Neste novo documento, nota-se que alguns daqueles direitos autoevidentes não foram respeitados: as</p><p>leis estadunidenses, por exemplo, permitiam que a escravidão permanecesse legal nos Estados Unidos,</p><p>recusando-se aos trabalhadores escravizados ao menos dois dos três direitos básicos apresentados na</p><p>Declaração de Independência, como a liberdade e a busca pela felicidade.</p><p>Imagem: explorepahistory/ Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> Pintura mostrando o massacre de Wyoming por militantes</p><p>lealistas e indígenas contra cidadãos americanos da fronteira,</p><p>Alonzo Chappel, 1778.</p><p>DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO</p><p>CIDADÃO</p><p>Esse documento também foi resultado de um conflito que teve início com a insatisfação do povo com o</p><p>seu governante. Dessa vez, o descontentamento era dos franceses com o rei absolutista Luís XVI.</p><p>Após o envolvimento da França para apoiar os americanos na Guerra de Independência dos Estados</p><p>Unidos, o monarca francês tentou controlar uma crise econômica aumentando os impostos cobrados da</p><p>população, mas manteve as classes privilegiadas isentas de contribuição.</p><p>Inspirados também pelos valores iluministas, o povo se rebelou e se proclamou, em Assembleia</p><p>Nacional, para subordinar o rei a uma constituição. Assistindo as movimentações nas ruas e sem</p><p>conseguir controlar a situação, o rei reconheceu a legitimidade da Assembleia e orientou que os grupos</p><p>privilegiados também fossem cobrados.</p><p>Em 1789, com todas as classes reunidas, a Assembleia francesa aprovou a Declaração dos Direitos do</p><p>Homem e do Cidadão.</p><p>Imagem: Grands Salles des Menus-Plaisirs em Versalhes/Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> Abertura da Assembleia dos Estados Gerais,</p><p>Isidore-Stanislaus Helman e Charles Monnet, 1789.</p><p>O documento francês defendeu que a ignorância, a negligência ou o menosprezo aos direitos dos</p><p>homens eram a razão da difícil situação em que o povo se encontrava e que, para mudar a situação, era</p><p>necessário defender de forma solene os direitos considerados naturais, inalienáveis e sagrados do</p><p>homem.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Aqui, podemos observar que, apesar de acreditar que existem direitos que são naturais aos homens,</p><p>diferentemente da ideia americana, eles não são evidentes por si só e precisam ser ditos e defendidos.</p><p>Como confirmação, podemos indicar o primeiro direito da declaração francesa, que afirma que os</p><p>homens não só nascem, como devem permanecer livres e iguais, ou seja, não é uma condição</p><p>provisória que pode ser retirada em algum momento, mas inerente ao ser humano.</p><p>Se compararmos as duas declarações, vamos encontrar outras diferenças importantes.</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>DECLARAÇÃO FRANCESA</p><p>Foi escrita para listar e defender os direitos considerados essenciais.</p><p>Documento legal escrito por uma Assembleia reconhecida pelo Estado, base da Constituição que seria</p><p>aprovada posteriormente e que repercutiu em direitos legais que tiveram atuação real.</p><p></p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>DECLARAÇÃO AMERICANA</p><p>Apontou para a existência de alguns direitos básicos para defender um outro propósito, a</p><p>independência.</p><p>Documento no qual um comitê, representando as Treze Colônias, localizadas na América do Norte, foi</p><p>nomeado pelo Congresso para redigir a declaração.</p><p>Essas duas declarações alimentaram o início de um debate sobre os Direitos Humanos e serviram</p><p>de exemplo durante todo o século XIX para a criação de novos regimes políticos, incentivando os</p><p>processos de independência das colônias americanas, criando um novo mundo.</p><p>DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS</p><p>No século XX, os valores do mundo se transformaram mais uma vez, agora não por meio de processos</p><p>revolucionários, mas por duas conhecidas guerras que se iniciaram na Europa, envolveram países de</p><p>todos os continentes e deixaram um rastro de barbárie e mortes.</p><p>Foto: Everett Collection / Shutterstock.com</p><p> Primeira Guerra Mundial – Batalha de Verdun (abril – junho, 1916).</p><p>Vamos acompanhar como as duas guerras mundiais influenciaram a criação dos direitos humanos como</p><p>existem atualmente e como essa declaração foi criada.</p><p>PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL</p><p>Em janeiro de 1919, pouco depois de acabar a Primeira Guerra Mundial, as nações vitoriosas se</p><p>reuniram na Conferência de Paz de Paris e assinaram o Tratado de Versalhes que, entre outras</p><p>decisões, criou a Liga das Nações, um órgão internacional que tinha como objetivo interceder pela paz.</p><p></p><p>SEGUNDA GUERRA MUNDIAL</p><p>Apesar dos esforços dessa organização, poucos anos depois, ou como descreve a Carta das Nações</p><p>Unidas “no espaço de uma vida humana”, um novo conflito de proporções ainda maiores viria acontecer,</p><p>a Segunda Guerra Mundial. O mundo se chocou ao viver o horror do uso de novas tecnologias de</p><p>guerra, de campos de concentração e de extermínio em massa, pelos dois lados do conflito.</p><p>Assim como na Primeira, no final desta Guerra, em 1945, os países vitoriosos se reuniram e assinaram</p><p>acordos para restabelecer a paz no mundo. Entre as decisões tomadas, criou-se uma organização</p><p>internacional neutra para substituir a Liga das Nações, a chamada Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU).</p><p>O objetivo desse novo órgão foi descrito na Carta das Nações Unidas, produzida e assinada na cidade</p><p>de São Francisco, nos Estados Unidos, ainda no ano de 1945. Nesse documento, determina-se que a</p><p>ONU representa um pacto entre as nações que devem se observar e procurar juntas mediar as ações e</p><p>decisões tomadas por todos, a fim de “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra” e reafirmar</p><p>a “fé nos direitos fundamentais do homem e no valor da pessoa humana; na igualdade de direitos dos</p><p>homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas”. Também eram objetivos desse</p><p>documento manter a justiça, o respeito, promover o progresso social, melhores condições de vida e a</p><p>liberdade. Para alcançar esses objetivos, três anos depois, em 1948, a ONU produziu a Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos.</p><p>Imagem: Clam15/Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> A ONU em 1945. Em azul claro, os membros fundadores. Em azul escuro, os protetorados e</p><p>territórios dos membros fundadores.</p><p>A Assembleia Geral da ONU desejava que essa Declaração fosse um ideal comum a ser buscado por</p><p>todos os povos e nações e anunciou trinta artigos que compreendem direitos como a proteção e</p><p>segurança pessoal, a abominação à escravatura ou servidão, à tortura, ao reconhecimento de todos os</p><p>indivíduos como seres jurídicos, ao casamento e ao fim dele, ao trabalho e ao repouso, entre outros.</p><p>Esse documento tornou-se extremamente importante na busca pelos direitos básicos, pois ele não foi</p><p>um documento regional, como as declarações americana e francesa, mas um tratado internacional, que</p><p>trabalhou e ainda atua para que esses direitos estejam mais perto de todos os seres humanos.</p><p>Nela são reconhecidos como direitos inalienáveis a liberdade, a justiça e a paz e é criado um conceito</p><p>importante para envolver todos os seres humanos em um patamar de igualdade, a ideia de que todos</p><p>fazemos parte de uma mesma família, a família humana. Essa ideia declara que não há diferença entre</p><p>os seres humanos, pois todos os indivíduos são parentes e têm a mesma origem, trazendo um</p><p>sentimento de afeto para reforçar que devemos respeitar o próximo e ter empatia por ele.</p><p>Foto: Neptuul/Wikimedia Commons/ CC BY 3.0.</p><p> Nobel da Paz de 2001 – diploma na entrada da Sede da ONU</p><p>em Nova York.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>A Declaração das Nações Unidas de 1948 é o maior documento legal de direitos humanos produzido e,</p><p>para chegar a todos os seres humanos, essa declaração se tornou o texto mais traduzido no mundo.</p><p>Com sua grande tradução para vários idiomas e com um grande esforço de circulação, a declaração foi</p><p>e é analisada e estudada intensivamente por juristas de todas as nacionalidades, que identificam três</p><p>características que se tornam seus três pilares fundamentais.</p><p>PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS</p><p>HUMANOS</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>UNIVERSALIDADE</p><p>A primeira característica desses direitos é que eles são universais, como indica o próprio nome. Isso</p><p>significa dizer que eles devem estar disponíveis ao acesso de todos os membros da família humana</p><p>igualmente, não podendo ser restringidos a ninguém.</p><p>Por essa condição, se alguém não puder gozar de algum desses direitos, todos os demais membros da</p><p>família humana estão ameaçados, pois eles não estão em pleno funcionamento. Assim, não é permitido</p><p>que algum direito seja aplicado a apenas uma pessoa ou grupo.</p><p> EXEMPLO</p><p>Vamos pensar no direito à liberdade: se em algum lugar do mundo for permitido que algum ser humano</p><p>seja submetido a condições de trabalho escravo, isso significa que todos os outros seres humanos</p><p>correm o mesmo risco. Se vale para um, vale para todos.</p><p>INTERDEPENDÊNCIA</p><p>Outra característica é que esses direitos são interdependentes, ou seja, um direito complementa o</p><p>outro, a existência de um está condicionada à existência de todos os demais. Aqui entendemos que</p><p>nenhum direito é mais importante do que os demais. Eles se apoiam, como em um castelo de cartas. Se</p><p>um for ameaçado, todo o conjunto pode ruir.</p><p> EXEMPLO</p><p>Se alguém estiver passando fome, ou seja, se tiver o seu direito de ter uma alimentação adequada</p><p>ameaçado, é possível que essa pessoa não consiga exercer a seu direito à liberdade, pois a essa</p><p>pessoa nada mais interessará, e todos os seus esforços estarão focados em alimentar-se, e ela pode</p><p>acabar aceitando qualquer condição imposta. Sua liberdade dependerá do acesso à alimentação. Assim,</p><p>podemos dizer que um direito só funciona se o outro também funcionar.</p><p>INDIVISIBILIDADE</p><p>A última característica é a indivisibilidade, que significa que não pode haver uma divisão desses</p><p>direitos em categorias. É preciso entender e respeitá-los como um todo, enxergando que os direitos</p><p>individuais, políticos, sociais e econômicos interagem e não podem ser afastados uns dos outros.</p><p> EXEMPLO</p><p>Não é possível que uma nação mova esforços para garantir apenas os direitos políticos da sua</p><p>população sem garantir os direitos individuais dela, pois esses dois direitos não estão separados.</p><p>Vamos pensar nos primeiros anos da República no Brasil, no final do século XIX e o início do século XX.</p><p>Naquele momento, novos direitos políticos foram criados, permitindo que alguns homens votassem e</p><p>escolhessem seus governantes. No entanto não foram criadas condições para que o direito individual</p><p>fosse respeitado e, assim, esses eleitores eram ameaçados para que o voto fosse dado a um candidato</p><p>específico.</p><p>AMEAÇADOS</p><p>A essa prática de manipulação eleitoral demos o nome de voto de cabresto. Aqui entendemos que</p><p>o direito político e o direito individual não estão divididos e separados, ou seja, um direito não</p><p>existe sem o outro.</p><p>javascript:void(0)</p><p>FASES DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Agora, destacaremos os principais eventos que marcaram os Direitos Humanos.</p><p>Ao acompanhar a trajetória dos Direitos Humanos, entendemos que seus objetivos e suas</p><p>características foram construídas ao longo do tempo.</p><p></p><p>PRIMEIRA GERAÇÃO</p><p>As declarações americana e francesa integram a primeira geração, que buscou a liberdade ao rejeitar o</p><p>controle do Estado absolutista e procurar limitar poderes autoritários, já que esses interferiam</p><p>diretamente no livre arbítrio de decisões individuais.</p><p>SEGUNDA GERAÇÃO</p><p>A segunda geração, no século XX, com as declarações e os tratados internacionais das Nações Unidas,</p><p>reafirmou a liberdade da primeira geração e buscou a igualdade, criando a ideia de família humana, em</p><p>que todos os seres humanos foram postos no mesmo patamar.</p><p></p><p></p><p>TERCEIRA GERAÇÃO</p><p>A partir dos anos de 1960, a última geração avançou sobre os direitos coletivos e difusos, ou seja, os</p><p>direitos que representam os indivíduos, mas que são do interesse de todos e que só podem ser exigidos</p><p>por todos juntos.</p><p>Enfatizou-se a defesa de interesses como a preservação do meio ambiente, o direito à paz e o</p><p>compartilhamento de conhecimento, tecnologia e cultura. Para entendermos melhor, vamos observar o</p><p>exemplo da preservação da Floresta Amazônica, que é uma preocupação coletiva e só pode ser exigida</p><p>em nome de todos.</p><p>Para concluir, podemos entender que a questão dos direitos demanda atualização e esforço por sua</p><p>manutenção. Apesar da intenção de colaborar com a criação de direitos básicos, nenhuma das três</p><p>declarações citadas teve valor constitucional, isto é, nenhuma teve valor de lei, foi capaz de garantir os</p><p>direitos universais ou de impedir regressos.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Pouco depois da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a França voltou a ter um rei no</p><p>poder e depois da produção da Declaração dos Direitos Humanos, o mundo voltou a vivenciar diversas</p><p>guerras, genocídios e ditaduras.</p><p>Entendemos que esses direitos não são garantias, e, sim, um trabalho em progresso. Por isso,</p><p>precisamos estar sempre vigilantes para não retrocedermos em nenhuma conquista.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. AO ACOMPANHAR A HISTÓRIA DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS</p><p>PRODUZIDAS AO LONGO DO TEMPO COMPREENDEMOS QUE:</p><p>A) A Declaração de Direitos Humanos da ONU superou todas as demais declarações, pois todos os</p><p>direitos defendidos eram inéditos na história.</p><p>B) O conjunto de Direitos Humanos que compreendemos atualmente é fruto de uma construção histórica</p><p>que se expandiu por vários países e está em constante evolução.</p><p>C) As declarações dos Direitos Humanos são documentos criados espontaneamente por cada</p><p>sociedade quando seus regimes estão estáveis e maduros.</p><p>D) As declarações de direitos ganharam visibilidade mundial, pois conseguiram transformar as</p><p>necessidades do povo em leis universais.</p><p>E) A Declaração de Independência foi uma vitória dos americanos, pois, a partir do seu processo de</p><p>independência, teve início o poder americano no mundo.</p><p>2. OS DIREITOS HUMANOS POSSUEM ALGUMAS CARACTERÍSTICAS QUE OS</p><p>AJUDAM A SE FORTALECER E SER GARANTIDOS POR UM TODO. SOBRE</p><p>ESSAS CARACTERÍSTICAS, É CORRETO AFIRMAR QUE:</p><p>A) Todos os direitos são independentes, ou seja, cada um tem sua importância e são debatidos isolados.</p><p>B) Todos os direitos são indiscutíveis, ou seja, sua importância é tão grande que eles deveriam ser</p><p>compreendidos por si só.</p><p>C) Todos os direitos são capacitistas, ou seja, determinam que os seres humanos devem ser exaltados</p><p>pelas suas melhores habilidades.</p><p>D) Todos os direitos são indivisíveis, ou seja, precisam ser respeitados como um todo.</p><p>E) Todos os direitos são jurídicos, a serem discutidos em espaços das leis, sem foco social.</p><p>GABARITO</p><p>1. Ao acompanhar a história das declarações de direitos produzidas ao longo do tempo</p><p>compreendemos que:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>A Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU reuniu alguns direitos que já haviam sido</p><p>debatidos em outras declarações com o objetivo de defender todos os integrantes da família humana.</p><p>2. Os Direitos Humanos possuem algumas características que os ajudam a se fortalecer e ser</p><p>garantidos por um todo. Sobre essas características, é correto afirmar que:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>Os direitos são indivisíveis, pois nenhum é mais importante que o outro ou pode ser interpretado</p><p>sozinho.</p><p>MÓDULO 2</p><p> Identificar os argumentos teóricos e as críticas aos Direitos Humanos</p><p>FUNDAMENTAÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE</p><p>DIREITOS HUMANOS</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>Ao acompanhar a trajetória dos Direitos Humanos, entendemos que eles são frutos de um processo</p><p>histórico que combinou ideias, pensamentos e necessidades de muitos momentos e grupos.</p><p>Atualmente, rejeitamos as ideias de um rei com todo o poder concentrado em suas mãos e de uma</p><p>sociedade que define nosso lugar social desde o nascimento sem chances de definirmos nossas</p><p>próprias vidas, mas nem sempre foi assim.</p><p>Para que direitos como a limitação de poder e o princípio de igualdade se efetivassem como tratados ou</p><p>leis, foi preciso construir uma grande argumentação teórica baseada em tradicionais</p><p>reflexões sobre o tema já que parecia que, apesar</p><p>do debate político e teórico que havia sobre direitos universais até a primeira metade do século XX, todo</p><p>o esforço político e filosófico não produzira efeitos práticos na sociedade.</p><p>Analisando os acontecimentos daquela época, Arendt, que escreveu seus estudos na metade do século</p><p>XX, propôs que havia acontecido uma ruptura nos Direitos Humanos, não somente por parte dos</p><p>regimes totalitários, de direita ou de esquerda – incluindo-se o regime stalinista na União Soviética -,</p><p>mas também por conta das políticas imperialistas praticadas naquela época, quando alguns países</p><p>impuseram políticas racistas de exploração e domínio sobre diversos povos africanos e asiáticos.</p><p>Foto: Dmitry Borko/Wikimedia Commons/ CC BY-SA 4.0.</p><p> “Muro das lamentações” na primeira exposição das vítimas</p><p>do stalinismo em Moscou, 19 de novembro de 1988.</p><p>Se, após anos de debate sobre o assunto, o mundo vivenciou tais políticas bárbaras de desrespeito à</p><p>vida, era necessário refletir e criar novas condições para uma reconstrução dos direitos universais.</p><p>Segundo a filósofa, uma questão para se reconstruir esses direitos era dar atenção aos homens e</p><p>mulheres que perderam seu lugar na sociedade e na política, sejam por eles serem minorias ou por</p><p>terem tido necessidade de sair de seu local de origem, tornando-se apátridas ou refugiados.</p><p>Esse foi o problema fundamental que se agravou no período entreguerras. Após a dissolução dos</p><p>impérios ao final da Primeira Guerra Mundial, alguns grupos, como os armênios, os húngaros e os</p><p>romenos, perderam sua nacionalidade e se tornaram apátridas.</p><p>Outros grupos tiveram de sair e se refugiar em outros países, como milhares de judeus alemães, que</p><p>fugiram das políticas antissemitas do regime nazista (neste grupo encontra-se a própria Hannah Arendt</p><p>e seus familiares). Houve, ainda, aqueles que sofreram perseguições por suas escolhas religiosas, de</p><p>afetividade ou por convicções políticas, como os anarquistas e os comunistas.</p><p>Houve, nesse período, um grande deslocamento geográfico de pessoas pela Europa. Ao fugir de suas</p><p>terras, elas entraram como imigrantes em outros países, perdendo a proteção legal do Estado.</p><p>Foto: German Federal Archive/ Wikimedia Commons/CC BY-SA 3.0 DE.</p><p> Judeus polacos expulsos da Alemanha em outubro de 1938.</p><p>Para Arendt, o grupo dos apátridas foi o que teve a situação mais angustiante e o que mais precisava de</p><p>atenção, pois, além de terem perdido seus direitos, eles não eram reconhecidos como iguais perante a</p><p>lei, já que a lei nem existia mais para eles.</p><p>Ao ser expulso da sua comunidade, o apátrida se vê isolado e destituído da sua humanidade. Com</p><p>tantas pessoas sem proteção de um Estado, surge a necessidade de uma política internacional que</p><p>garanta o atendimento dos direitos a essas pessoas independentemente da sua situação.</p><p>A ideia central de Hannah Arendt para a reconstrução dos direitos humanos é a de que o primeiro direito</p><p>a ser defendido tem de ser o direito a se ter direitos. Se há lugares no mundo onde indivíduos não têm</p><p>acesso a nenhum direito ou lhes é negado até mesmo o direito a participar dos debates políticos; não</p><p>tendo acesso a todo esse sistema internacional, ele está excluído.</p><p>ESTA NOVA SITUAÇÃO, NA QUAL A HUMANIDADE ASSUMIU</p><p>ANTES UM PAPEL ATRIBUÍDO À NATUREZA, OU À</p><p>HISTÓRIA, SIGNIFICARIA NESSE CONTEXTO QUE O</p><p>DIREITO A TER DIREITO, OU O DIREITO DE CADA</p><p>INDIVÍDUO A PERTENCER À HUMANIDADE DEVERIA SER</p><p>GARANTIDO PELA PRÓPRIA HUMANIDADE.</p><p>(ARENDT, 2004, p. 332)</p><p>Em outras palavras, seria necessário garantir que todos os homens e mulheres sem condições ou</p><p>exceções obtenham proteção jurídica na mesma medida que todos os demais. O indivíduo deveria ser</p><p>reconhecido como cidadão do mundo ou, como foi dito na declaração da ONU, integrante da família</p><p>humana, sem diferença entre nativo e estrangeiro.</p><p>Se o indivíduo precisa ter direitos acima do Estado, ele também necessita de um Estado para</p><p>transformar o princípio dos Direitos Humanos em lei na sociedade onde vive.</p><p>Os Direitos Humanos são progressivamente conquistados e devem ser continuamente defendidos,</p><p>baseando-se em argumentos bem construídos, a partir de suporte teórico e ações positivas. Observando</p><p>as rupturas sofridas, entendemos que seu estabelecimento não é definitivo e precisa ser questionado e</p><p>redefinido de tempos em tempos.</p><p>PRINCIPAIS OLHARES SOBRE OS DIREITOS</p><p>HUMANOS</p><p>Neste vídeo, vamos recuperar os principais olhares sobre os Direitos Humanos.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. SEGUNDO A FILÓSOFA HANNAH ARENDT, APESAR DOS ESFORÇOS PARA A</p><p>CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, ALGUNS ACONTECIMENTOS DO</p><p>FINAL DO SÉCULO XIX E DO INÍCIO DO SÉCULO XX CAUSARAM UMA RUPTURA</p><p>DESSES DIREITOS E, POR CONTA DISSO, A AUTORA DEFENDE UMA</p><p>RECONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. SOBRE O ASSUNTO, ASSINALE A</p><p>ALTERNATIVA CORRETA:</p><p>A) O ponto-chave na teoria da autora é a luta pelo direito a se ter direitos, pois muitas pessoas se</p><p>encontram totalmente desprotegidas e sem possibilidade de recorrer a ajuda de nenhum Estado.</p><p>B) O período mais tenso que a humanidade já passou foi durante a Guerra Fria, quando a iminência de</p><p>uma nova guerra mundial fragilizou a constituição dos países e muitos indivíduos ficaram sem</p><p>assistência jurídica.</p><p>C) A teoria da autora sofre diversas críticas internacionais, pois, ao apontar os problemas enfrentados</p><p>pelos Direitos Humanos sem indicar soluções, a filósofa estaria fragilizando a fundamentação dos</p><p>direitos.</p><p>D) A teoria de Hannah Arendt encontra-se totalmente superada nas discussões jurídicas, pois os</p><p>problemas apontados pela filósofa foram resolvidos ao final da Guerra Fria, quando os países socialistas</p><p>aceitaram fazer parte das Nações Unidas.</p><p>E) O argumento de Arendt, judia que viveu os horrores da Guerra, é considerado literário e emocional,</p><p>sendo adaptado pelos intelectuais, à lógica da defesa dos Direitos Humanos do cidadão.</p><p>2. PARA SE CONSOLIDAREM OS DIREITOS HUMANOS, FOI PRECISO BASEAR</p><p>SUA ARGUMENTAÇÃO EM DIVERSAS CORRENTES FILOSÓFICAS JURÍDICAS.</p><p>SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, PODEMOS AFIRMAR</p><p>QUE:</p><p>A) O jusnaturalismo é a corrente filosófica que possui menos reconhecimento no mundo jurídico, pois</p><p>seus argumentos são baseados em regras locais que não são aceitas por todos os grupos.</p><p>B) O positivismo é a corrente mais importante para a consolidação dos Direitos Humanos, pois somente</p><p>essa corrente defende que o direito se transforma em lei e passa a ter validade.</p><p>C) A corrente moralista é a corrente que menos recebe críticas, pois baseia-se na moral que é um</p><p>conceito universal e compreendido por todos os seres humanos.</p><p>D) Não há como determinar que corrente teórica é mais importante para a consolidação dos Direitos</p><p>Humanos, pois todos os argumentos reforçam a importância desses direitos.</p><p>E) A corrente educacional dos Direitos Humanos defende que a única possibilidade é pensar o direito</p><p>das crianças. Para os adultos já não teria mais sentido.</p><p>GABARITO</p><p>1. Segundo a filósofa Hannah Arendt, apesar dos esforços para a construção dos direitos</p><p>humanos, alguns acontecimentos do final do século XIX e do início do século XX causaram uma</p><p>ruptura desses direitos e, por conta disso, a autora defende uma reconstrução dos Direitos</p><p>Humanos. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta:</p><p>A alternativa "A " está correta.</p><p>Segundo Hannah Arendt, na primeira metade do século XX, muitos indivíduos ficaram desprotegidos</p><p>judicialmente e os Direitos Humanos deveriam ocupar justamente esse espaço e servir a todos</p><p>independentemente da ação dos Estados.</p><p>2. Para se consolidarem os Direitos Humanos, foi preciso basear sua argumentação em diversas</p><p>correntes filosóficas jurídicas. Sobre a fundamentação dos direitos humanos, podemos afirmar</p><p>que:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>Todas as argumentações teóricas possuem o mesmo peso, pois todas recebem críticas e juntas elas se</p><p>complementam.</p><p>MÓDULO 3</p><p> Contrastar a diversidade das culturas aos Direitos Humanos</p><p>FUNDAMENTOS DO UNIVERSALISMO VERSUS</p><p>MULTICULTURALISMO</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>O ano de 1948 se tornou um marco na história dos Direitos Humanos Naquele ano, as Nações Unidas</p><p>proclamaram sua declaração, propondo que este recurso estivesse à disposição de todas as pessoas da</p><p>família humana.</p><p>Esta declaração pretendia servir de base para a garantia de direitos em todos os lugares do mundo. No</p><p>entanto, não foi denominada como uma declaração internacional, mas autointitulada de declaração</p><p>universal.</p><p>A escolha do seu nome atendia à ideia de que esses direitos deviam estar acima de um ou outro país e</p><p>proclamava que esses direitos pertencem a todo mundo sem nenhuma condição ou exceção.</p><p>Ao pensar sobre a universalidade, surgiu um novo questionamento: seria possível criar um direito básico</p><p>que atendesse a todas as demandas, independentemente do gênero, da religião, da nacionalidade ou</p><p>qualquer outra característica da pessoa? Os Direitos Humanos deviam ou podiam ser universais?</p><p>A ideia de ser um recurso legal básico disponível para o mundo inteiro parecia ideal e irrecusável. Se</p><p>direitos são vistos como benefícios, não haveria razão para ser rejeitada por alguém, mas, apesar da</p><p>boa intenção, a ideia não foi aceita unanimemente.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Há anos, a questão vinha sendo discutida e a universalidade desses direitos vinha sendo contestada,</p><p>principalmente pelos países não europeus, que não concordavam que essa declaração atendesse a</p><p>todas as culturas. Eles enxergavam que a proposta foi produzida a partir dos princípios ocidentais, com</p><p>fortes tendências eurocêntricas, e que ela impôs o que devia ser acolhido por todos, sem levar em</p><p>consideração que, em outras partes do globo, existem culturas diferentes, outras demandas sociais,</p><p>outras religiões além do cristianismo e de outras formas de organização política.</p><p>CRÍTICAS AO UNIVERSALISMO</p><p>Para os críticos da universalidade dos Direitos Humanos, a ideia de se criar um conjunto de direitos</p><p>básicos capazes de atender a todos se mostra até mesmo soberba, se levarmos em consideração que</p><p>ela foi escrita por um grupo, e não por todas as nações.</p><p>A partir dessa ideia, poderia ser criada a noção de que existe um grupo que é capaz de entender</p><p>sozinho as necessidades de todo o mundo e que pode decidir por todos o que é necessário para se ter</p><p>uma vida digna sem consultar aqueles que irão usufruir desse modo de vida.</p><p>Dessa maneira, reforça-se a ideia de hierarquia e desigualdade, segundo a qual um grupo ou uma</p><p>cultura é superior a outro e que pode ter a tutela do mundo.</p><p>Por esse ponto, surge também uma acusação de que, ao se fazer dessa declaração universal, pode-se</p><p>chegar ao efeito de uma prática imperialista, pois são impostas políticas de um grupo sobre os demais.</p><p>Pensar a universalidade dos Direitos Humanos como uma prática imperialista é um ponto</p><p>especificamente interessante, pois, segundo Hannah Arendt, foram justamente as políticas imperialistas</p><p>praticadas pela Europa no final do século XIX que romperam os Direitos Humanos no passado e deram</p><p>origem aos grandes conflitos do século XX. Assim, a universalidade acabou tornando-se um objetivo</p><p>contraditório, pois, ao mesmo tempo em que procura garantir direitos a todos, acaba ocasionando sua</p><p>própria ruptura.</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>Respondendo à acusação de ser uma declaração imperialista e imposta ao mundo, os defensores do</p><p>caráter universal da carta argumentam que, após a elaboração da Declaração, diversos países, de todos</p><p>os continentes e das mais variadas culturas, aderiram voluntariamente ao documento.</p><p>Assim, a legitimidade do caráter universal da Declaração mostrou-se naturalmente, na medida em que</p><p>os países se preocupam em adaptar suas constituições a esses valores, esquecendo-se de que uma</p><p>das principais características dessa Declaração é que ela é um objeto histórico, fruto do seu tempo,</p><p>resultado das necessidades de uma época, que procura atender às demandas de uma parte da</p><p>sociedade, geralmente a que a produziu, e que está em constante mudança e adaptação e nunca se</p><p>tornará definitiva, sempre havendo o que melhorar.</p><p>MULTICULTURALISMO</p><p>Diante de tantas críticas, surge o multiculturalismo, uma corrente em contestação à visão universalista e</p><p>que amplia as possibilidades de inclusão desses direitos em todo o mundo. Essa corrente tem como um</p><p>de seus principais apoiadores o sociólogo Boaventura de Souza Santos que, apesar de ser português,</p><p>critica a visão eurocêntrica da Declaração e procura discutir as diferenças culturais existentes no mundo</p><p>para contribuir com uma declaração mais plural.</p><p>O sociólogo afirma que é natural que todas as culturas enxerguem os seus princípios como os valores</p><p>mais corretos, que deveriam ser adotados pelos demais — ou não cultivariam aqueles hábitos. A</p><p>questão é que os ocidentais são os únicos que ultrapassam os limites, buscando se expandir e</p><p>se impor a todo o restante do mundo.</p><p>Ele diz que quando se assume a ideia da universalidade dos Direitos Humanos, tenta-se impor as</p><p>vontades locais ao todo, e que a solução para tal problema seria aceitar as diferenças existentes no</p><p>mundo e mudar a qualificação desses direitos, de universais para multiculturais. Caso contrário, a</p><p>Declaração acaba se tornando um instrumento que põe as civilizações em choque umas com as outras.</p><p> ATENÇÃO</p><p>É importante reconhecer esses problemas para não cairmos na armadilha de relativizar todas as</p><p>atitudes em nome dos valores locais. Boaventura combate a ideia de relativizar as culturas ao extremo e</p><p>justificar todas as ações cometidas sem questioná-las.</p><p>O que dizer de se assistir a uma sociedade que provoca o mutilamento genital de meninas e mulheres</p><p>sem questionar, permitindo que atrocidades sejam cometidas em nome da cultura? Assumir as</p><p>imperfeições e os limites da cultura é o melhor caminho para a construção de direitos humanos</p><p>multiculturais.</p><p>Para Santos, o multiculturalismo representa o equilíbrio entre a competência global e a legitimidade</p><p>local, ou seja, entre aquilo que precisa ser um ponto em comum entre todos e o respeito das</p><p>características de cada comunidade. Antes de tudo, é necessário criar um conjunto de direitos que</p><p>promova a igualdade ao mesmo tempo que são respeitadas as diferenças culturais das diversas</p><p>comunidades.</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p>[...] TEMOS O DIREITO A SER IGUAIS QUANDO A NOSSA</p><p>DIFERENÇA NOS INFERIORIZA; E TEMOS O DIREITO A SER</p><p>DIFERENTES QUANDO A NOSSA IGUALDADE NOS</p><p>DESCARACTERIZA. DAÍ A NECESSIDADE DE UMA</p><p>IGUALDADE QUE RECONHEÇA AS DIFERENÇAS E DE UMA</p><p>DIFERENÇA QUE NÃO PRODUZA, ALIMENTE OU</p><p>REPRODUZA AS DESIGUALDADES.</p><p>(SANTOS, 2003: 56)</p><p>Devemos reconhecer as diferenças entre os seres humanos, mas essa diferença não pode provocar</p><p>nem desigualdade e tampouco uma hierarquia, definindo pessoas em condições superiores ou inferiores</p><p>umas às outras, ou determinando quem deve mandar e quem deve obedecer, quem deve ser respeitado</p><p>e quem deve se submeter.</p><p>DIVERSIDADE CULTURAL</p><p>É preciso procurar, por meio do diálogo intercultural, atitudes que possam ser assumidas em diversos</p><p>grupos ou que sejam praticadas de formas diferentes, mas que tenham o mesmo objetivo de não</p><p>inferiorizar o outro.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Nunca se deve assumir um valor que classifique uma cultura ou um grupo como mais correto que outro.</p><p>Sobre essa relação de diferença e igualdade, podemos pensar no seguinte exemplo: homens e</p><p>mulheres são diferentes, mas isso não é, ou não deveria ser, motivo de tratamento desigual pela</p><p>sociedade.</p><p>As doutrinas cristã e judaica oferecem visões religiosas distintas, mas, para a sociedade, essa questão</p><p>não deveria ser hierarquizante nem gerar disputa entre seus praticantes.</p><p>Outro ponto que deve ficar claro a respeito das culturas é que elas são dinâmicas e que igualdade não é</p><p>sinônimo de uniformidade: apesar de serem originários do mesmo continente, norte-americanos,</p><p>brasileiros e argentino têm características bastante diferentes.</p><p>As versões de uma mesma cultura precisam ser também avaliadas e entendidas separadamente para</p><p>não se criar falsas</p><p>generalizações.</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>Dentro do grupo dos islâmicos, existem os xiitas, os sunitas e outras correntes. As ideias de cada um</p><p>desses grupos podem ser iguais em certo aspecto e radicalmente contrastantes em outros. Todas as</p><p>diferenças devem ser aceitas pela sociedade desde que nenhum valor inferiorize ou ameace o</p><p>outro. A burca utilizada pelas mulheres mulçumanas deve ser compreendida como um hábito cultural,</p><p>mas debatida quando mulheres que não a desejam, sejam obrigadas a vesti-la.</p><p>A aceitação das diferenças é importante até mesmo para que se garanta que os Direitos Humanos</p><p>sejam atendidos. Em cada sociedade, um direito irá repercutir de uma maneira. Um princípio contrário</p><p>às práticas cotidianas locais pode levar ao descumprimento contínuo de um direito, seja ou não seja lei.</p><p>Sem aceitação da comunidade, o direito não tem efetividade.</p><p>É preciso lembrar que os Direitos Humanos estão em constante debate e evolução e que, há anos, as</p><p>Nações Unidas assumem a missão de mediar os interesses de todos e promover debates acerca do</p><p>assunto para reorganizar os direitos universais.</p><p>Mesmo admitindo a existência de críticas, é preciso reconhecer o esforço da Declaração Universal e de</p><p>tantos outros tratados e documento redigidos pela ONU, ainda que alguns posicionamentos sejam</p><p>questionáveis é pelo trabalho que se faz uma movimentação global por um debate que visa promover os</p><p>sistemas jurídicos dos países em busca de uma situação confortável para todos.</p><p>A sociedade deve seguir aprendendo a tratar todas as pessoas com igualdade e a compreender</p><p>as diferenças da família humana.</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A ORDEM</p><p>JURÍDICA</p><p>Se em um primeiro momento as declarações de direitos essenciais preocuparam-se com a garantia da</p><p>liberdade e da igualdade, no século XX, outro conceito passou também a ser considerado fundamental:</p><p>o respeito à dignidade da pessoa humana.</p><p>O primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas assinado em 1948</p><p>afirma: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.</p><p>O Brasil, que participa da ONU e que firmou o compromisso de garantir os direitos humanos a seus</p><p>indivíduos, positivou essa ideia na Constituição de 1988, que está em vigor.</p><p>Também no primeiro artigo da nossa Carta Magna, registra-se que a “República Federativa do Brasil (...)</p><p>tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana”.</p><p>A importância da dignidade é tratada em outros momentos, como no Artigo 170, no qual consta que toda</p><p>ação econômica tem como finalidade garantir uma existência digna. O artigo 230 define que é dever da</p><p>família, da sociedade e do Estado defender a dignidade das pessoas idosas.</p><p>A seguir, veremos o conceito de dignidade da pessoa humana.</p><p>Foto: Bogdan Khmelnytskyi / Shutterstock.com</p><p>DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>Dignidade da pessoa humana são as condições mínimas necessárias para que uma pessoa viva uma</p><p>vida justa, em condições adequadas e sem depreciação. Este é um valor absoluto, regulador de todos</p><p>os objetivos do ser humano, pois nada é mais importante do que a garantia das condições vitais para a</p><p>sobrevivência nesse mundo.</p><p>É uma noção incomensurável, insubstituível e que não permite equivalente, ou seja, é um valor que não</p><p>tem como ser medido de forma quantitativa ou qualitativa. A dignidade humana não pode ser trocada por</p><p>nenhuma outra coisa, possui um valor que não é comparável a nenhum outro.</p><p>Não há uma definição legal única que determine que condições são essas, pois elas variam em cada</p><p>cultura ou sociedade. Veja os dois exemplos a seguir:</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>Para um homem europeu, ateu e inserido no mundo capitalista, essa noção pode estar completamente</p><p>baseada nas conquistas financeiras e na possibilidade de desenvolvimento da sua carreira ou do seu</p><p>negócio.</p><p></p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>Já uma mulher, árabe e praticante do islamismo pode ter essa noção amparada na possibilidade de</p><p>constituir uma família e de criar seus filhos dentro dos princípios da sua religião.</p><p>Seja como for, mesmo variando, é certo que todos os grupos e culturas nutrem valores básicos que</p><p>formam seu conceito de dignidade humana.</p><p>Nas sociedades ocidentais, podemos reconhecer as condições da dignidade da pessoa humana como</p><p>as que foram trazidas na Declaração dos Direitos Humanos da ONU, pois, se a declaração foi escrita</p><p>por representantes da cultura ocidental como os valores mínimos necessários para todas as pessoas, é</p><p>lá que estão descritos os seus pilares. Porém, apesar de serem direitos universais, eles não refletem as</p><p>condições da dignidade humana em todas as culturas do mundo.</p><p> COMENTÁRIO</p><p>Segundo o sociólogo Boaventura de Souza Santos, para que os direitos humanos alcancem o maior</p><p>número de pessoas da família humana e se tornem multiculturais, é fundamental ter clareza de que</p><p>todas as culturas possuam sua concepção de dignidade da pessoa humana e que nem todas</p><p>enxergarão a sua noção de dignidade contemplada nos termos da declaração das Nações Unidas.</p><p>Para o melhor consenso, já que nem todas as concepções de dignidade humana conseguirão ser</p><p>contempladas, por serem opostas ou contraditórias, uma solução seria procurar atender ao maior</p><p>número possível de seres humanos, buscando uma versão mais aberta do conceito, ou seja, a visão da</p><p>dignidade humana que melhor será aceita dentro das particularidades das outras culturas.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Dentro de uma mesma cultura, pode haver diversas correntes, umas mais conversadoras que outras e</p><p>nenhuma concepção de direitos humanos seria capaz de agradar a todas elas. Dentro dos regimes</p><p>políticos ocidentais, por exemplo, há regimes democráticos e autoritários, e mais inflexíveis e o diálogo é</p><p>sempre bem-vindo.</p><p>CONCEITOS E SUAS TRANSFORMAÇÕES</p><p>Neste vídeo, vamos entender os conceitos e transformações pelos quais os direitos humanos passaram.</p><p>TRANSFORMAÇÕES NO CONCEITO</p><p>Também é necessário compreendermos que, assim como os direitos humanos são um conceito</p><p>construído a partir das demandas históricas que se modificam na medida em que novos acontecimentos</p><p>surgem, a noção de dignidade da pessoa humana de cada grupo e de cada época também é mutável.</p><p>Uma significativa transformação desse conceito aconteceu no momento após a Segunda Guerra</p><p>Mundial, quando houve a chamada “virada kantiana”, que rejeitou qualquer espécie de coisificação e</p><p>instrumentalização dos homens e mulheres. A dignidade da pessoa humana passou a ser considerada</p><p>um fim para a humanidade e não um meio para a construção do mundo.</p><p>Atualmente, não são mais as pessoas que precisam se esforçar para construírem uma sociedade</p><p>agradável, mas o contrário, o mundo é que precisa ser agradável para que as pessoas possam viver em</p><p>plenitude, seguras e felizes.</p><p>ESTRUTURAÇÃO DOS DIREITOS UNIVERSAIS</p><p>É quando se inverte a lógica e se assume que a sociedade deve acolher as pessoas, e não o contrário,</p><p>que a carta de Direitos Humanos universais das Nações Unidas é escrita.</p><p>A partir daquele momento, segundo o professor Fernando Quintana (1999), podemos separar os</p><p>esforços da ONU com os Direitos Humanos Universais em três fases de composição:</p><p>PRIMEIRA FASE</p><p>SEGUNDA FASE</p><p>TERCEIRA FASE</p><p>PRIMEIRA FASE</p><p>Seria a burocrática, a fase da definição dos Direitos Humanos.</p><p>SEGUNDA FASE</p><p>Período de promoção e estabelecimento desses direitos pelo mundo, quando foram realizados</p><p>congressos, publicações e diversos debates e estudos.</p><p>TERCEIRA FASE</p><p>A atual fase de proteção, em que é necessário observar e controlar o estabelecimento e o cumprimento</p><p>desses direitos. Foram criados comitês e grupos para fiscalizar e denunciar violações dos Direitos</p><p>Humanos em todos os países que aceitaram integrar ou não as Nações Unidas.</p><p>Para garantir o sucesso dessa declaração e o acesso aos direitos fundamentais a toda a “família</p><p>humana”, também foi necessário comprometer os países, fazendo com que assumissem compromissos</p><p>e tratados e construíssem um sistema que possibilitasse</p><p>seu funcionamento.</p><p>Dessa forma, desde 1966 até os dias atuais, já foram assinados nove tratados que devem ser</p><p>observados e implementados pelos países membros e que levam em consideração temas específicos</p><p>como a tortura, os imigrantes, as crianças, as pessoas com deficiências e a discriminação racial e contra</p><p>a mulher, entre outros.</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p>Além disso, constituiu-se uma estrutura chamada Sistema Internacional de Proteção dos Direitos</p><p>Humanos, por órgãos como os comitês regionais; o Sistema Interamericano de Direitos Humanos; o</p><p>Sistema Europeu de Direitos Humanos e o Sistema Africano de Direitos Humanos.</p><p>Esses sistemas regionais acompanham diretamente os países integrantes e se responsabilizam pelos</p><p>demais países que não fazem parte de nenhum comitê regional, não ficando estes excluídos de acionar</p><p>os direitos internacionais.</p><p>É papel dos comitês regionais se responsabilizar pela proteção de pessoas cujos países não têm um</p><p>órgão similar. Ou seja, cabe a esses comitês ultrapassarem sua esfera e prestarem auxílio a países e</p><p>cidadãos de países sem comitê regional que necessitem de acolhimento e de proteção, fazendo valer o</p><p>princípio de que antes de o indivíduo ser pertencente a um país, ele é integrante da família humana.</p><p>VAMOS DEBATER O CONCEITO DE DIREITOS</p><p>HUMANOS</p><p>Vamos ouvir o professor Rodrigo Rainha sobre esse processo e as dificuldades em situar a</p><p>fundamentação destes conceitos.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. A UNIVERSALIDADE É UMA CARACTERÍSTICA QUE LEVANTA UM AMPLO</p><p>DEBATE SOBRE A FORMA COMO OS DIREITOS HUMANOS SE APRESENTAM AO</p><p>MUNDO. SENDO ASSIM, É CORRETO AFIRMAR QUE A UNIVERSALIDADE DOS</p><p>DIREITOS HUMANOS:</p><p>A) Visa atender a todos os seres humanos sem nenhum critério de distinção, mas recebe críticas pois</p><p>não abre espaço para as diferenças culturais.</p><p>B) É a forma mais correta de se criar direitos humanos, impondo que sejam aceitos por todas as</p><p>culturas, pois algumas são extremamente fechadas e não garantem direitos aos indivíduos.</p><p>C) É um conceito ultrapassado que foi levantado durante a Revolução Francesa, mas que atualmente foi</p><p>substituído pelo relativismo cultural.</p><p>D) Visa fazer uma campanha mundial para que todos os países encontrem um ponto em comum das</p><p>suas culturas e reduzam o relativismo cultural.</p><p>E) Defende a unidade do mundo, criando uma ideia de igualdade em uma grande aldeia global.</p><p>2. SOBRE A ESTRUTURA CRIADA PELAS NAÇÕES UNIDAS PARA DEBATER,</p><p>FISCALIZAR E GARANTIR O ACESSO DOS DIREITOS HUMANOS A TODOS OS</p><p>MEMBROS DA FAMÍLIA HUMANA, É CORRETO AFIRMAR QUE:</p><p>A) Apesar de toda a estrutura criada pela ONU, o continente africano encontra-se sem nenhuma</p><p>fiscalização dos Direitos Humanos e, por isso, existem graves violações.</p><p>B) Foram criados diversos comitês para defender os Direitos Humanos, mas eles ainda não cobrem</p><p>todos os continentes, entretanto, isso não significa que aquelas pessoas estão desassistidas.</p><p>C) A ONU possui atualmente uma estrutura em remodelação já que, após o fim da Guerra Fria, as</p><p>estruturas políticas mundiais se transformaram.</p><p>D) Não há uma estrutura permanente para a defesa dos Direitos Humanos pela ONU. As Assembleias</p><p>para a discussão de novas pautas são convocadas de acordo com a necessidade e, a cada nova</p><p>reunião, um novo país se apresenta como sede.</p><p>E) As Nações Unidas assumem uma função política, redistribuindo para a Unesco e outras agências os</p><p>debates de Direitos Humanos.</p><p>GABARITO</p><p>1. A universalidade é uma característica que levanta um amplo debate sobre a forma como os</p><p>direitos humanos se apresentam ao mundo. Sendo assim, é correto afirmar que a universalidade</p><p>dos direitos humanos:</p><p>A alternativa "A " está correta.</p><p>Críticos defendem que não há possibilidades de um direito ser aplicável a todas as culturas, a única</p><p>forma de se fazer isso é entendendo as diferenças e criando um direito multicultural.</p><p>2. Sobre a estrutura criada pelas Nações Unidas para debater, fiscalizar e garantir o acesso dos</p><p>Direitos Humanos a todos os membros da família humana, é correto afirmar que:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>Apesar da Ásia e da Oceania não terem comitês regionais, isso não significa que os cidadãos daqueles</p><p>países estão desassistidos pois, em uma situação de violação de direitos, todos os comitês precisam</p><p>romper seu caráter regional e garantir a proteção dos seus vizinhos.</p><p>MÓDULO 4</p><p> Analisar a estruturação dos Direitos Humanos no Brasil</p><p>LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS HUMANOS NO</p><p>BRASIL</p><p>Vamos iniciar o módulo com uma linha do tempo que mostra a estruturação dos Direitos Humanos no</p><p>Brasil.</p><p>BRASIL E O CONTEXTO DA PROTEÇÃO DOS</p><p>DIREITOS HUMANOS</p><p>Foto: Dado Photos / Shutterstock.com</p><p>Se a Segunda Guerra Mundial foi o fator-chave para que, ainda na primeira metade do século XX, a</p><p>Europa Ocidental e a América do Norte começassem a pensar na atual ideia de direitos humanos, o</p><p>Brasil, que não teve participação direta no conflito e tem outra história, outra sociedade com outros</p><p>problemas e outras questões sociais, percorreu um caminho diferente na construção e na garantia</p><p>desses direitos.</p><p>Participamos do esforço inicial das Nações Unidas, mas suspendemos nossos trabalhos por algumas</p><p>décadas e, só no final dos anos de 1980, conseguimos positivá-los em nossa Constituição de 1988.</p><p>Consequentemente, se aderimos aos Direitos Humanos mais tarde, isso significa que ainda estamos</p><p>trabalhando no seu desenvolvimento e, pensando na situação atual do país e da população brasileira,</p><p>ainda teremos muitos desafios para consolidá-los. Muitos questionamentos podemos fazer:</p><p>Como desenvolver leis que tenham por princípio que todas as pessoas são iguais em um país de</p><p>extrema desigualdade?</p><p>Conseguiremos superar nosso passado de atraso?</p><p>Em qual estado nos encontramos e quais são nossas perspectivas?</p><p>FORMAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL</p><p>O Brasil é um país consideravelmente jovem e em pleno desenvolvimento político. Da nossa trajetória</p><p>histórica, costumávamos conhecer e contar apenas uma parte, a partir da chegada dos europeus neste</p><p>território. A seguir, confira o processo de desenvolvimento político e social:</p><p>Imagem: Acervo do Museu Histórico Nacional/ Wikimedia Commons/Domínio Público.</p><p> Desembarque de Cabral em Porto Seguro, Oscar Pereira da Silva, 1904.</p><p>O ano de 1500 foi marcante para os povos que aqui habitavam, pois, depois do primeiro contato dos</p><p>nativos com os portugueses, não demorou muito para que os interesses dos europeus dominassem a</p><p>dinâmica local e se sobrepusessem às necessidades dos povos indígenas.</p><p>Imagem: Museu Nacional de Belas Artes, RJ/ Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> Batalha dos Gurararapes, Victor Meirelles, 1879.</p><p>A partir daquele momento, houve silenciamento e uma brutal transformação cultural, política e social.</p><p>Por bastante tempo, fomos colônia de Portugal. Inicialmente, houve pouco interesse da metrópole em</p><p>explorar nosso território. As primeiras políticas implementadas aqui tiveram o objetivo de ocupar as</p><p>terras para que não fossem tomadas por franceses e holandeses.</p><p>Imagem: Acervo Artístico do Ministério das Relações Exteriores - Palácio Itamaraty/ Wikimedia</p><p>Commons/ Domínio Público.</p><p> Engenho de Pernambuco, Frans Post (século XVII).</p><p>A intensa produção de açúcar tinha como estrutura uma pequena elite administrando os engenhos e</p><p>bastante uso de mão-de-obra escrava indígena e africana trabalhando arduamente nas engrenagens.</p><p>Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, a população cresceu, mas a sociedade continuou dividida</p><p>entre uma pequena elite que enriquecia e trabalhadores escravizados que suavam nas minas.</p><p>Imagem: Museu Paulista/ Wikimedia Commons/ Domínio Público.</p><p> Independência ou Morte, Pedro Américo, 1888.</p><p>Em 1822, o Brasil se torna oficialmente independente de Portugal, mas continua com boa parte da</p><p>estrutura colonial. Ao contrário de outros países, o presidencialismo não substituiu a monarquia,</p><p>tampouco o trabalho escravo foi interrompido.</p><p>Foto: Antônio Luiz Ferreira/Wikimedia Commons/Domínio Público.</p><p> Sessão do Senado em que se aprovou a Lei</p><p>Áurea, a 12 de maio de 1888.</p><p>O governo imperial retardou a abolição da escravidão até quando não foi mais possível, e o Brasil</p><p>acabou sendo o último país a assinar a abolição da escravatura. Quando a Lei Áurea libertou os</p><p>escravizados, nenhuma política foi criada para dar assistência aos libertos, que abandonados pelo poder</p><p>público, encontraram muitas dificuldades para sobreviver.</p><p>Imagem: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons/Domínio Público.</p><p> Capa do Diário Popular do dia 16 de novembro de 1889 noticiando a Proclamação da República.</p><p>Um ano depois da abolição, em 1889, foi proclamada a República no Brasil. Nos primeiros anos, a</p><p>participação política se manteve limitada a uma pequena parcela da sociedade. Somente ao longo do</p><p>tempo que conseguimos conquistar a ampliação dos direitos políticos para todos.</p><p>Foto: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons/Domínio Público.</p><p> Primeiras eleitoras do Brasil, Natal, Rio Grande do Norte, 1928.</p><p>Nas primeiras décadas desse regime, mulheres, indígenas e analfabetos não podiam votar para eleger</p><p>um representante e tampouco se candidatar para lutar pelos seus direitos.</p><p>Foto: Arquivo da Agência Brasil/Wikimedia Commons/ CC BY 3.0 BR.</p><p> Manifestação das Diretas Já em Brasília, diante do Congresso Nacional.</p><p>A nossa República é considerada um regime político muito frágil. Ao longo dos anos, passamos por</p><p>alguns processos de impeachment e por dois longos períodos de ditadura em que o Congresso Nacional</p><p>foi fechado, a Constituição deixou de ter poder legal e o povo teve uma série de direitos suspensos.</p><p>Foto: Agência Brasil/Wikimedia Commons/CC BY 3.0 BR.</p><p>Promulgação da Constituição de 1988.</p><p>Foi somente em 1988, ao final do regime militar, que conquistamos uma nova Constituição, garantindo</p><p>amplos direitos para o povo, em vigor até os dias atuais. Pela grande quantidade de direitos garantidos</p><p>ao povo, essa Constituição recebeu o apelido de Constituição Cidadã.</p><p>CONSTITUIÇÃO DE 1988</p><p>A Constituição de 1988 é a oitava Constituição escrita no nosso país, um número considerado muito</p><p>alto. Alguns países, como os Estados Unidos, usam a mesma Constituição desde o início de sua</p><p>formação jurídica, ou precisaram passar por poucas renovações.</p><p> ATENÇÃO</p><p>A necessidade de reescrever a Constituição várias vezes demonstra nossa instabilidade política e como,</p><p>no passado, o nosso conjunto de leis não era adequado para garantir direitos a todos nem atendia às</p><p>demandas da nossa sociedade.</p><p>A nossa atual Constituição foi escrita para superar a suspensão de direitos que passamos durante o</p><p>regime militar, para restabelecer a democracia no país e para caminhar para uma redução da</p><p>desigualdade social e o combate à corrupção.</p><p>A elaboração dessa Carta foi discutida por mais de um ano e meio por deputados e senadores eleitos</p><p>democraticamente em 1986. É importante destacar que, dos mais de 500 congressistas participantes,</p><p>menos de 30 eram mulheres, sendo que nenhuma delas ocupava uma cadeira do Senado Federal, o</p><p>que mostra ainda a gritante desigualdade de gênero na representação dos brasileiros no setor</p><p>legislativo.</p><p>Nessa Carta, foram garantidos os princípios fundamentais do Brasil como a igualdade em direitos e</p><p>obrigações dos homens e mulheres na sociedade, a liberdade de expressão e a divisão de poderes, que</p><p>garante que não teremos um poder concentrado nas mãos de uma única pessoa, como nos regimes</p><p>absolutistas. Também foram assegurados uma série de direitos sociais, como o acesso permanente à</p><p>educação, à saúde, ao trabalho e ao lazer.</p><p>Foto: Shutterstock.com</p><p> Forte em Saint Tropez ao por do sol</p><p>Além de ampliar os direitos dos brasileiros, essa Constituição também se compromete com os direitos</p><p>em nível universal e, logo nos primeiros artigos, determina que o Brasil deve prezar nas relações</p><p>internacionais pelo predomínio dos direitos humanos.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>É compromisso da nação fazer parte de tribunais internacionais que discutam tais direitos. Determinou-</p><p>se, também, que a Defensoria Pública tem a função de promover e defender os direitos humanos em</p><p>todo o país.</p><p>É importante destacarmos que apesar de termos uma Constituição escrita de forma democrática e que</p><p>prevê muitos direitos sociais para o povo, somente ela não é suficiente para garantir uma vida digna</p><p>aos brasileiros. As determinações nela feitas preveem princípios que devem ser implementados no</p><p>país, mas, para que isso aconteça, é preciso que uma série de políticas e dispositivos sejam feitas para</p><p>que funcione.</p><p>Os poderes Executivo e Legislativo precisam trabalhar juntos. Por exemplo, não basta que a</p><p>Constituição determine que as pessoas tenham acesso gratuito à saúde, pois, se o poder Executivo não</p><p>planejar uma estrutura de hospitais e médicos para o atendimento de todos esses direitos, a</p><p>Constituição passa a ser mero documento de intenção.</p><p>Foto: Fabio Venni/Wikimedia Commons/CC BY-SA 2.0.</p><p> Detalhe da favela da Rocinha, a maior do Brasil.</p><p>BRASIL NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>O Brasil foi um dos países fundadores das Nações Unidas em 1945, mas, apesar da contribuição com a</p><p>elaboração da Declaração Universal no início da década de 1960, o país interrompeu a consolidação</p><p>desses direitos quando atravessou duas décadas em um regime militar que suspendeu a Constituição e</p><p>boa parte de direitos civis e políticos.</p><p>Atualmente, com os direitos restabelecidos, retomamos o processo de consolidação dos Direitos</p><p>Humanos e fazemos parte do Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos e do Sistema</p><p>Interamericano de Direitos Humanos, que visa garantir a efetivação desses direitos em nível regional e</p><p>dar apoio aos cidadãos de país que se encontram desassistidos pelo Estado.</p><p>Possuímos compromisso ratificado com oito tratados internacionais da ONU:</p><p>Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial;</p><p>Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos;</p><p>Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;</p><p>Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher;</p><p>Convenção contra a Tortura;</p><p>Convenção sobre os Direitos da Criança;</p><p>Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados;</p><p>Convenção sobre os Direitos de Pessoas com Deficiência.</p><p>Imagem: Shutterstock.com</p><p> Logo das Nações Unidas.</p><p>Nos últimos anos, tornamo-nos bastante ativos na participação das Nações Unidas. Além de retificar</p><p>tratados, acompanhamos a agenda de debates, integramos, por algumas vezes, o Conselho de</p><p>Segurança da ONU, e, atualmente, temos participação permanente na Assembleia Geral. Em 2011,</p><p>nossa então presidenta Dilma Rousseff foi a primeira mulher da história a abrir os debates dessa</p><p>reunião.</p><p>APLICAÇÕES E DESAFIOS DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>NO BRASIL</p><p>A Constituição e as políticas públicas são as principais ferramentas para a aplicação dos Direitos</p><p>Humanos dentro de uma nação. Se essas estruturas não estiverem sendo suficientes para garantir os</p><p>direitos básicos e a dignidade da pessoa humana, qualquer pessoa ou organização pode e deve cobrar</p><p>do governo a fiscalização e a execução deles.</p><p>Entenda o processo:</p><p>Foto: athosvieira / Shutterstock.com</p><p></p><p>O ESTADO NÃO ATENDE</p><p>Uma vez que o Estado não atenda aos seus cidadãos temos ainda a possibilidade de acionar os</p><p>sistemas internacionais de proteção dos Direitos Humanos. No caso do Brasil, podemos recorrer ao</p><p>Sistema Interamericano de Direitos Humanos.</p><p>ACIONAMENTO DOS ÓRGÃOS COMPETENTES</p><p>No momento em que forem acionados, os órgãos competentes irão investigar e podem condenar o país</p><p>por violação dos Direitos Humanos. Essas condenações acontecem quando se identifica que os direitos</p><p>foram fortemente descumpridos e que somente uma decisão judicial ou uma indenização não seria</p><p>suficiente para reparar aquele problema.</p><p></p><p></p><p>PRESSÃO SOBRE O ESTADO</p><p>Quando uma sentença internacional é dada, ela tem como objetivo pressionar o Estado a debater o</p><p>problema, revisar os sistemas que estejam provocando essas violações e desenvolver leis e políticas</p><p>públicas que evitem</p>multicultural de Direitos Humanos. Lua Nova
[online], 1997, nº 39, p. 105-124.
EXPLORE+
Que tal conhecer um pouco mais dos documentos:
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal das Crianças e dos Adolescentes
Constituição Brasileira de 1988
Livro que você precisa ler:
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
CONTEUDISTA
Marina Contin Ramos
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);
javascript:void(0);

Mais conteúdos dessa disciplina