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BRUNO LOZÓRIO MORELLO

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BRUNO LOZÓRIO MORELLO
RESENHA CRÍTICA
VITÓRIA
2013
BRUNO LOZÓRIO MORELLO
RESENHA CRÍTICA
VITÓRIA
2013
Aristóteles, Horácio, Longino. A poética clássica. Introdução por Roberto de Oliveira Brandão; tradução direta do grego e do latim por Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 2005. P 70-114.
Não se sabe quem é realmente o escritor deste tratado, embora já tenha sido atribuído a filósofos como Longino (213-273 d.C.). Mas até mesmo a identificação do nome do autor é difícil de se fazer pois poderia trata-se de Cassius Longinus, Dionysius Longinus ou até mesmo Dionysius de Halicarnassus. Sabe-se que o tratado data de I d.C., porém isto também é discutível. Por ter sido erroneamente atribuído a Longino, alguns o chamam de Pseudo-Longino ou de Anônimo. É composto por 44 capítulos e é produzido em forma de carta a Postúmio Terenciano. O objetivo é completar o trabalho retórico proposto por Cecílio, trabalho este julgado como insuficiente.
Este livro faz um estudo da característica estética do Sublime. Longino não tenta definir o sublime, mas tenta identificar suas fontes. Na poesia e na oratória “o sublime é o ponto mais alto e a excelência do discurso(...), surgido no momento certo, tudo dispersa como um raio e manifesta, inteira, de um jato, a força do orador”. 
São definidas como cinco fontes as seguintes capacidade: elevação do espírito para se poder formular elevadas concepções; emoção veemente e cheia de entusiasmo; disposição das figuras de pensamento (que seriam como desvios provenientes da imaginação e criatividade); nobreza da expressão; e composição digna e elevada. As duas primeiras dependentes do dom inato e as outras três podem ser adquiridas pela arte. 
“O sublime é o reboo(eco) da grandeza da alma”, poder moral e imaginativo do escritor presente no seu trabalho. O mérito da obra de arte está no poder de transportar o leitor ao êxtase e tal só acontece se a obra atingir o sublime. São citadas diversos recursos e técnicas que podem ser utilizadas no estilo, bem como vícios que atrapalham a grandeza. Ressalta-se que todos devem ser utilizados com cuidado, pois os excessos também dificultam o resultado. 
As emoções são o ponto principal de consideração do sublime, pois Longino diz que não há tom mais elevado do que o da paixão genuína. Preocupa-se com a origem da obra, estados de espírito, pensamentos e emoções do autor e não somente com a qualidade da obra em si.
Segundo ele mesmo afirma, este tratado vem a ser uma nova proposta para o problema da essência da obra literária, apesar de citar o tratado de Cecílio, não tem referências de estudos anteriores sobre o estilo.
À primeira vista é um livro complicado de se ler, uma confusão, com uma linguagem um tanto incomum para nós hoje. É uma tarefa difícil tentar organizar as ideias, principalmente devido as partes em que se tem lacunas nos manuscritos. Mas logo se torna uma leitura estimulante. Traz-nos uma visão bastante clara do que é ser crítico, de como se detalha uma obra. São feitas muitas comparações, são citadas diversas poesias, e é extremamente interessante a forma como Longino analisa palavra por palavra de tais exemplos. 
O homem que faz o sublime realiza grandes proezas. Exige-se muita força e violência, pensamentos rápidos e veementes, para se criar. Apesar de bastante exigente em suas opiniões, Longino é bastante descontraído e por vezes flexível, pois existem muitos meios de se chegar a tal elevação.
É necessário que se tenha um dom natural para a grandeza, mas sem técnica só a natureza não funciona. Longino não reflete apenas sobre as figuras, como se estivesse preocupado com o estilo sublime. O que interessa de verdade é a essência do sublime, e isso o leva a procurar o ponto de encontro entre as leis e a natureza, o dom biológico e a regra. Longino mostra persistência em compreender como esses dois fatores agem um sobre o outro e ao mesmo tempo. 
Nós humanos temos uma inclinação natural para coisas grandiosas, e é apenas quando os ouvintes e leitores atingem um alto grau de admiração, sendo esta uma unanimidade entre pessoas de todos as características, é que se pode considerar o texto digno do sublime.
Sendo este um livro de conteúdo único, deve ser fonte de pesquisa para todos os estudantes de literatura. Considero uma leitura enérgica, que nos causa uma certa tensão e excitação pelo conteúdo. Devido a esta determinação e exigência do autor, esta obra acaba por se tornar, ela mesma, sublime.
Trabalho para obtenção parcial de nota na disciplina Teorias da Literatura I – Poesia, no Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória. 
Orientador: Prof. Antônio Carlos Pereira

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