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<p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 1</p><p>NOÇÕES DE DIREITO PENAL</p><p>Direito Penal: conceito, missões e funções.</p><p>Princípios.</p><p>Interpretação da Lei Penal.</p><p>Teoria da norma penal.</p><p>Lei penal no tempo;</p><p>Lei penal no espaço.</p><p>Eficácia Pessoal da Lei Penal.</p><p>Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo</p><p>da infração penal. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade:</p><p>conceito, elementos e exclusão. Classificação dos crimes. Concurso</p><p>de pessoas.</p><p>Crimes contra a pessoa.</p><p>Crimes contra o patrimônio.</p><p>Crimes contra a Dignidade Sexual.</p><p>Crimes Contra a Fé Pública.</p><p>Crimes contra a Administração Pública.</p><p>Abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65).</p><p>Lei Antidrogas (Lei n. 11.343/2.006).</p><p>Lei de Tortura (Lei n. 9455/97).</p><p>Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98).</p><p>Crimes contra as Relações de Consumo (Lei n. 8.078/90).</p><p>Estatuto do Torcedor (10.671/03).</p><p>Estatuto do Idoso (Lei n. 10741/03).</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90).</p><p>Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03). Contravenções</p><p>Penais (Dec. Lei 3.688/41 e De. Lei 6.259/44).</p><p>Crimes de Preconceito (Lei 7.716/89).</p><p>Crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90);</p><p>Crimes hediondos (Lei nº 8.072/90).</p><p>Direito Penal: conceito, missões e funções.</p><p>Introdução aos Fundamentos do Direito Penal</p><p>Salah H. Khaled Jr.</p><p>1. Direito Penal e Dogmática Jurídico-Penal: definição e caracterís-</p><p>ticas</p><p>Estabelecer uma definição de Direito Penal e de Dogmática Jurídico-</p><p>Penal implica em exercer um esforço analítico de considerável envergadu-</p><p>ra, em função da complexidade da temática envolvida e dos infinitos pro-</p><p>blemas que envolvem a incidência do poder punitivo desde uma política</p><p>orientada para a máxima redução de danos em relação aos direitos funda-</p><p>mentais do cidadão. Trata-se de um empreendimento que envolve recurso</p><p>à enorme pluralidade de fontes e que não pode ser tratado desde uma</p><p>leitura jurídica que considere somente a produção científica nacional.</p><p>Nesse sentido, procurou-se fazer jus ao tema através da constante referên-</p><p>cia a autores de inegável renome no que se refere aos problemas conside-</p><p>rados, objetivando traçar um panorama rico – ainda que não suficientemen-</p><p>te crítico – das questões envolvidas. Como se trata apenas de uma introdu-</p><p>ção, grande parte das questões são tratadas de forma superficial, deixando</p><p>em aberto pontos que merecem um estudo mais minucioso em análises</p><p>que atentem de forma direta a tais problemas. O que se propõe aqui é tão</p><p>somente uma análise panorâmica que, ao menos, estabeleça de forma</p><p>satisfatória o sentido que deve pautar a intervenção jurídico-penal em um</p><p>Estado Democrático de Direito.</p><p>1.1 Conceito e características do Direito Penal</p><p>O Direito Penal é um ramo do Direito e, logo, o seu conceito deve re-</p><p>portar-se, de alguma forma, ao conceito de Direito em geral. O problema</p><p>posto por essa questão se encontra no fato de que está longe de haver</p><p>uma concepção consensual e inequívoca do conceito de Direito, diante da</p><p>pluralidade de interpretações através das quais o fenômeno jurídico pode</p><p>ser entendido. Neste sentido, qualquer conceito sempre implica em uma</p><p>redução da complexidade inerente ao fenômeno jurídico-normativo.</p><p>Reconhecida esta insuficiência, pode ser dito que o Direito regula (ou</p><p>procura regular) o convívio social e funciona como elemento de harmoniza-</p><p>ção das relações sociais, oferecendo mecanismos de resolução de confli-</p><p>tos, por meio de sua dúplice natureza de poder que protege e, simultanea-</p><p>mente obriga, através de um conjunto de normas que integram o ordena-</p><p>mento jurídico. Trata-se de uma definição que evidentemente não esgota o</p><p>fenômeno jurídico, mas que, ao menos, abrange parcela significativa de</p><p>suas características.</p><p>O ordenamento jurídico pode ser definido como um conjunto ou siste-</p><p>ma de normas jurídicas vigentes em um país, em um determinado momento</p><p>histórico. É por definição um sistema que não existe como um fim mesmo,</p><p>mas como meio para a realização de valores essenciais ao homem e à</p><p>sociedade. Trata-se de um sistema normativo dinâmico, composto de um</p><p>corpo ou grupo de elementos relacionados entre si, que fazem parte e</p><p>interagem no contexto de um todo ordenado hierarquicamente. Por outro</p><p>lado, a atribuição de um caráter sistêmico não impede que cada setor ou</p><p>ramo do Direito tenha as suas peculiaridades.</p><p>Em âmbito jurídico-penal, o problema conceitual é simplificado em fun-</p><p>ção das características do Direito Penal, uma vez que este ramo do Direito</p><p>– mais do que qualquer outro e por força da legalidade – se restringe ao</p><p>chamado direito positivo, ou seja, às normas, que são a única fonte primá-</p><p>ria do Direito Penal. [1] Essa característica absolutamente deixa de lado</p><p>qualquer possível referência ao chamado Direito Natural, delimitando e</p><p>restringindo o Direito Penal a um espaço específico dentro do ordenamento</p><p>jurídico: somente a lei é norma jurídica suscetível de ter caráter pe-</p><p>nal.[2] Ou seja, só há crime e sanção penal – pena ou medida de seguran-</p><p>ça – a partir da existência de uma lei prévia que defina o que é crime e qual</p><p>a sanção aplicável, expressão máxima do princípio nullun crimen, nulla</p><p>poene sine lege.</p><p>O Direito Penal é formado por um conjunto de regras e princípios que</p><p>integram um campo específico do ordenamento jurídico, dedicado à tutela</p><p>dos bens jurídicos mais relevantes de uma sociedade. É a partir desses</p><p>pressupostos que se pode chegar a uma definição propriamente dita do</p><p>que consiste o Direito Penal.</p><p>O Direito Penal é um meio de controle social[3] formalizado, que repre-</p><p>senta a espécie mais aguda de intervenção estatal. É formado por um</p><p>conjunto de normas jurídicas (princípios e regras) que definem as infrações</p><p>de natureza penal e suas consequências jurídicas correspondentes – penas</p><p>ou medidas de segurança. É considerado um meio de controle social formal</p><p>precisamente por ter sido estabelecido com esta finalidade: o controle, que</p><p>visa a tutela de bens jurídicos.[4] O princípio de exclusiva proteção de bens</p><p>jurídicos enfatiza justamente o caráter instrumental da tutela jurídico-penal,</p><p>vedando ao direito penal interferência no âmbito da moral, da religião, da</p><p>ética, enfim, de tudo que diga respeito às convicções íntimas dos cidadãos.</p><p>É um controle social voltado para a tutela de bens juridicamente tutelados e</p><p>não se constitui em mecanismo para propor mudanças na ordem social ou</p><p>constituir uma ética em qualquer sentido.</p><p>O controle social é exercido pelo conjunto de instituições, estratégias e</p><p>sanções sociais que objetivam manter os indivíduos dentro de determina-</p><p>dos modelos e normas de comportamento comunitário. Segundo Hasse-</p><p>mer, a expressão controle social designa um conjunto de três elementos</p><p>que podem ser sinteticamente definidos como a) viver de acordo com</p><p>normas sociais; b) aplicar sanções aos desvios em relação a estas normas</p><p>e c) respeitar, para tanto, determinadas normas procedimentais.[5]</p><p>Por outro lado, as mesmas normas jurídico-penais que estipulam san-</p><p>ções em caso de violação de seus preceitos (mandamentos e proibições)</p><p>conformam um sistema que estabelece garantias ao cidadão diante do</p><p>poder punitivo, pois exigem uma série de condições para o seu exercício. O</p><p>que significa que o Direito Penal – enquanto instrumento de controle social</p><p>normativo – também tem uma função de proteção e garantia, que lhe é</p><p>inerente e necessária, uma vez que a partir da intervenção jurídico-penal é</p><p>possível retirar direitos da pessoa humana que lhe são constitucionalmente</p><p>assegurados, sendo por isso a sua utilização reservada somente às lesões</p><p>mais graves aos bens jurídicos mais importantes, o que caracteriza a ideia</p><p>de fragmentariedade da tutela jurídico penal, por exigência do princípio da</p><p>intervenção mínima ou ultima ratio.Portanto, sua utilização é reservada aos</p><p>Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.278.</p><p>[28] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, p.1.</p><p>[29] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.212.</p><p>[30] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.45.</p><p>[31] Jimenez de Asúa emprega o termo enciclopédia das Ciências Penais (para</p><p>referir todas as disciplinas que estudam o delito, o delinquente e a pena) que é</p><p>composta dos seguintes ramos: a) Filosofia e História: Filosofia do Direito Penal,</p><p>História do Direito Penal e Legislação Penal comparada; b) Ciências Causal-</p><p>explicativas (Criminologia): Antropologia e biologia criminais, Psicologia Criminal,</p><p>Sociologia Criminal, Penologia; c) Direito Penal (dogmática penal); Direito Processual</p><p>Penal, Direito Penitenciário e Política Criminal; d) Ciências de Investigação: Crimina-</p><p>lística e Polícia Científica; e) Ciências Auxiliares: Estatística Criminal, Medicina Legal</p><p>e Psiquiatria Forense. JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Principios de Derecho Penal: La</p><p>Ley y el Delito. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1997. pp.25-26.</p><p>[32] ROXIN, Claus. Derecho Penal: Parte General Tomo I. Madrid: Civitas, 1997.</p><p>p.47.</p><p>[33] Expressão concebida pelo antropólogo francês Topinard no século XIX. Impor-</p><p>tante citar que não há um conceito pacífico do que consiste a Criminologia. Isto se</p><p>deve, em primeiro lugar, à imprecisão de seu objeto, o delito e, em segundo lugar,</p><p>aos distintos enfoques com que este objeto pode ser abordado. MUNÕZ CONDE,</p><p>Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires: BdeF, 2001. p.193.</p><p>[34] GARCÍA-PABLOS, Antonio. Criminologia: uma introdução aos seus funda-</p><p>mentos teóricos. São Paulo: RT, 2002.</p><p>[35] GARCÍA-PABLOS, Antonio. Criminologia: uma introdução aos seus funda-</p><p>mentos teóricos. São Paulo: RT, 2002. pp.26-27.</p><p>[36] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.164.</p><p>[37] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.199.</p><p>[38] Franz Von Lizst especificamente recusava à Política Criminal o estatuto de uma</p><p>ciência. Trata-se de discussão que é atualmente estéril, pois a própria definição de</p><p>ciência e seu estatuto de verdade se encontram em profunda crise.</p><p>[39] BUSTOS RAMIREZ, Juan J e MALARÉE, Hernán Harmazábal. Leciones de</p><p>Derecho Penal Volumen I. Madrid: Editorial Trotta, 1997. p.29.</p><p>[40] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.282.</p><p>[41] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.200.</p><p>[42] O autor considera que a existência mesma do Direito Penal “[...] não decorre de</p><p>uma necessidade moral, divina ou ética, mas política: se num determinado momento</p><p>o Estado entendeu – e ainda entende – de se valer de leis e instituições penais para</p><p>responder a determinados conflitos, assim o fez por julgá-lo necessário à sua própria</p><p>afirmação enquanto poder”. QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2006. p.16.</p><p>[43] BRANDÃO, Cláudio. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2008. p.13.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 9</p><p>[44] Como considera Gauer, “toda e qualquer forma de ilícito pode ser considerado</p><p>um fenômeno complexo, e, portanto, impossível de ser explicado sob o olhar de uma</p><p>só ciência com base na “verdade” absolutizada e na imparcialidade do julgador”.</p><p>GAUER, Ruth Maria Chittó. A ilusão totalizadora e a violência da fragmentação.</p><p>In: GAUER, Ruth Maria Chittó (coord.) Sistema Penal e Violência. Rio de Janeiro:</p><p>Lumen Juris, 2006. p.13.</p><p>[45] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. Pp.143-144.</p><p>[46] BUSTOS RAMIREZ, Juan J e MALARÉE, Hernán Harmazábal. Leciones de</p><p>Derecho Penal Volumen I. Madrid: Editorial Trotta, 1997. p.63.</p><p>[47] BRANDÃO, Cláudio. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2008. p. 12.</p><p>[48] Manzini já dizia que não existia esse direito subjetivo do Estado, afirmando que a</p><p>faculdade de punir era um atributo da soberania. JIMENEZ DE ASÚA,</p><p>Luis. Principios de Derecho Penal: La Ley y el Delito. Buenos Aires: Editorial</p><p>Sudamericana, 1997. p.21.</p><p>[49] BRANDÃO, Cláudio. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2008. p. 12.</p><p>[50] FERRAJOLI, LUIGI. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo:</p><p>RT, 2002.</p><p>[51] HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional. Madrid: Centro de</p><p>Estudios Constitucionales, 1983. p.17.</p><p>[52] FERRAJOLI, LUIGI. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo:</p><p>RT, 2002.</p><p>[53] FERRAJOLI, LUIGI. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo:</p><p>RT, 2002.</p><p>[54] BUSTOS RAMIREZ, Juan J e MALARÉE, Hernán Harmazábal. Leciones de</p><p>Derecho Penal Volumen I. Madrid: Editorial Trotta, 1997. p.33.</p><p>[55] FERRAJOLI, LUIGI. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo:</p><p>RT, 2002.</p><p>[56] QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2006. p.33.</p><p>[57] QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2006. p.35.</p><p>[58] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. p.123.</p><p>[59] MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal v.1.</p><p>Campinas: Bookseller, 1997. p.32.</p><p>[60] BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal 1. São Paulo: Saraiva,</p><p>2008. p.6.</p><p>[61] LOPES JR, Aury. (Re)Pensando as condições da Ação Processual Penal. In:</p><p>GAUER, Ruth Maria Chittó (org). Criminologia e Sistemas Jurídico-Penais Contempo-</p><p>râneos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.</p><p>[62] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. p.125.</p><p>[63] MIRABETE, Júlio Fabbrini e FABBRINI, Renato. Manual de Direito Penal Vol.1:</p><p>Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2008. p.9.</p><p>[64] LOPES JR, Aury. (Re)Pensando as condições da Ação Processual Penal. In:</p><p>GAUER, Ruth Maria Chittó (org). Criminologia e Sistemas Jurídico-Penais Contempo-</p><p>râneos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.</p><p>[65] PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro v.1. São Paulo: RT,</p><p>2008. p.61.</p><p>[66] PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro v.1. São Paulo: RT,</p><p>2008. p.59.</p><p>[67] FERRAJOLI, LUIGI. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo:</p><p>RT, 2002. p.</p><p>[68] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. p.132.</p><p>[69] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.40.</p><p>[70] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. pp.39-40.</p><p>[71] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.38.</p><p>[72] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. pp.99-100.</p><p>[73] CEREZO MIR, José. Curso de Derecho Penal Espanõl: Parte General.</p><p>Madrid: Tecnos, 2004. p.14.</p><p>[74] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.41.</p><p>[75] HASSEMER, Winfried e MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion a la Crimi-</p><p>nologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1989. p.103.</p><p>[76] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.300.</p><p>[77] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.301.</p><p>[78] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.300.</p><p>[79] CEREZO MIR, José. Curso de Derecho Penal Espanõl:</p><p>Parte General.</p><p>Madrid: Tecnos, 2004. p.17.</p><p>[80] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.5.</p><p>[81] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.5.</p><p>[82] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. pp.2-3.</p><p>[83] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.44.</p><p>[84] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.2.</p><p>[85] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.3.</p><p>[86] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.3.</p><p>[87] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. pp.3-4.</p><p>[88] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. pp.4-5.</p><p>[89] WELZEL, Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma</p><p>Editor, 1956. p.5.</p><p>[90] CEREZO MIR, José. Curso de Derecho Penal Espanõl: Parte General.</p><p>Madrid: Tecnos, 2004. p.17.</p><p>[91] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.48.</p><p>[92] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.302.</p><p>[93] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.48.</p><p>[94] SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contem-</p><p>poráneo. Barcelona: JMB, 1992. p.303.</p><p>[95] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.49.</p><p>[96] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.49.</p><p>Princípios.</p><p>Princípio da insignificância ou bagatela:</p><p>O nosso Código Penal adota também o princípio da intervenção mínica</p><p>( ultima ratio), ou seja, o Direito Penal deve ser utilizado em último caso,</p><p>quando os demais ramos do direito não resolvem o caso. Dessa forma, o</p><p>Direito penal não poderá agir aplicando a norma descrita a todo e qualquer</p><p>caso concreto, pois para algumas casos não haverá a necessidade da</p><p>aplicação de tal norma, mesmo estando o caso tipificado como crime. A</p><p>tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido.</p><p>Obs.: De acordo com o princípio da bagatela, a conduta é formalmente</p><p>típica, entretanto é materialmente atípica.</p><p>Exemplificando: Um rapaz está fazendo manobras para sair de sua</p><p>garagem, eis que sua vizinha atravessa no fundo do seu carro. Quando ele</p><p>da à marcha à ré percebeu sem saber , ao certo, que seu automóvel havia</p><p>topado em alguma coisa, ou seja, na sua vizinha. Ao encostar-se à perna</p><p>da moça, causou-lhe uma arranhão com pouco menos de 1 cm de exten-</p><p>são. Poderá o rapaz responder por lesão corporal descrito no artigo 303 do</p><p>Código de transito? Provavelmente, não. Pois, a conduta foi insignificante.</p><p>Obs.: O que é insignificante não é a COISA, visto que a coisa tem seu</p><p>valor. Entretanto, é a CONDUTA praticada que levou ao cometimento de</p><p>uma PERDA ou LESÃO a um BEM, no qual, NÃO foi tão GRAVOSO para o</p><p>mundo penal.</p><p>Princípio da Alteridade ou transcendentalidade:</p><p>É o princípio que proíbe a incriminação de atitude meramente interna,</p><p>subjetiva do agente e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o</p><p>bem jurídico. O fato pressupõe um comportamento que transcenda a esfera</p><p>individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).</p><p>Tal princípio foi desenvolvido porClaus Roxin, segundo o qual “ só pode</p><p>ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras pesso-</p><p>as e que não seja simplesmente pecaminoso ou imoral. À conduta pura-</p><p>mente interna, ou puramente individual, seja pecaminosa, imoral, escanda-</p><p>losa ou diferente, falta a lesividade que pode legitimar a intervenção penal.</p><p>Exemplificando: Ninguém pode ser punido por causar dano a si mes-</p><p>mo. (tentativa de suicídio). Ninguém pode ser punido por ter uma opção</p><p>sexual diferente (homossexuais, bissexuais, transsexuais...). Dentre vários</p><p>outros exemplos.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 10</p><p>Princípio da confiança:</p><p>Este princípio funda-se na ideia de que todos devem esperar por parte</p><p>das outras pessoas que estas sejam responsáveis e ajam de acordo com</p><p>as normas da sociedade, visando a evitar danos a terceiros. Por essa</p><p>razão, consiste na realização da conduta, na confiança de que o outro</p><p>atuará de um modo normal já esperado, baseando-se na justa expectativa</p><p>de que o comportamento das outras pessoas se dará de acordo com o que</p><p>normalmente acontece.</p><p>Exemplificando: Nas intervenções médico-cirúrgicas, o cirurgião tem</p><p>de confiar na assistência correta que costuma receber dos auxiliares, de</p><p>maneira que, se a enfermeira lhe passa uma injeção com medicamento</p><p>trocado e, em face disso, o paciente morre, não haverá conduta culposa</p><p>por parte do médico, pois não foi sua ação mais sim a de sua auxiliar que</p><p>violou o dever objetivo de cuidado. O medico havia depositado confiança na</p><p>enfermeira.</p><p>É bom frisar, que não se deve haver abuso da confiança.</p><p>Exemplo: um motorista que passa bem ao lado de um ciclista não tem</p><p>por que esperar uma súbita guinada do mesmo em sua direção, mas deve-</p><p>ria ter acautelado para que não passasse tão próximo, a ponto de criar uma</p><p>situação de perigo. A confiança que depositou na vitima é proibida.</p><p>Princípio da intervenção mínima:</p><p>Este princípio remete tanto ao legislador quando ao operador do direito.</p><p>Tendo em vista que o legislador deverá ter cautela ao eleger as condutas</p><p>que merecerão punição criminal, abstendo-se de incriminar qualquer condu-</p><p>ta. O operador do Direito não deve proceder ao enquadramento típico,</p><p>quando perceber que outros ramos do direito já resolvem o caso.</p><p>A intervenção mínima decorre da característica da subsidiariedade, ou</p><p>seja, o Direito Penal servirá como subsídio quando os outros ramos do</p><p>Direito não atuarem.</p><p>Principio da lesividade:</p><p>Ao direito penal somente interessa a conduta que implica dano social</p><p>relevante aos bens jurídicos essenciais à coexistência. A autorização para</p><p>submeter às pessoas a sofrimento através da intervenção no âmbito dos</p><p>seus direitos somente está justificada nessas circunstâncias. É o princípio</p><p>que justifica (ou legitima) o Direito Penal; o direito penal somente está</p><p>legitimado para punir as condutas que implicam dano ou ameaça significa-</p><p>tiva aos bens jurídicos essenciais à coexistência. (Carlos Dalmiro Silvo</p><p>Soares).</p><p>Alguns autores não diferenciam o princípio da alteridade da lesividade.</p><p>Eles são muito parecidos, mas tem uma diferença. A lesividade é aquelas</p><p>em que para que haja lesão ao Direito, é necessário atingir o direito de</p><p>outrem. Nada irá ser punido se não houver a lesividade. E o que é a lesivi-</p><p>dade? É a lesão a um bem juridicamente tutelado pelo direito penal.</p><p>Princípio da proporcionalidade:</p><p>A pena, ou seja, a resposta punitiva do Estado deve guardar proporção</p><p>com o mal infligido ao corpo social. Deve ser proporcional à extensão do</p><p>dano, não se admitindo penas idênticas para crimes de lesividade distintas,</p><p>ou para infrações dolosas e culposas. Ex.: art. 59 do CP.</p><p>Princípio da pessoalidade (artigo 5º, XLV da CF):</p><p>É aquele em que somente o condenado é que terá de se submeter à</p><p>sanção que lhe foi aplicada pelo Estado.</p><p>Zaffaroni assim diz: “nunca se pode interpretar uma lei penal no sentido</p><p>de que a pena transcenda da pessoa que é autora ou partícipe do delito. A</p><p>pena é uma medida de caráter estritamente pessoal, haja vista ser uma</p><p>ingerência ressocializadora sobre o condenado”.</p><p>Princípio da individualidade da pena ( artigo 5º, XLVI da CF):</p><p>O legislador, de acordo com um critério político, valora os bens que es-</p><p>tão sendo objeto de proteção pelo</p><p>Direito Penal, individualizando as penas</p><p>de cada infração penal de acordo com a sua importância e gravidade.</p><p>Uma vez em vigor a lei penal, proibindo ou impondo condutas sob a</p><p>ameaça de sanção, que varia de acordo com a relevância do bem, se o</p><p>agente, ainda assim insistir em cometer a infração penal deverá por ela</p><p>responder. Se o agente optou por matar ao invés de somente ferir, a ele</p><p>será aplicada a pena correspondente de homicídio.</p><p>Princípio da Culpabilidade:</p><p>Nilo Batista leciona que o princípio da culpabilidade “impõe a subjetivi-</p><p>dade da responsabilidade penal. Não cabe, em direito penal, uma respon-</p><p>sabilidade objetiva, derivada tão-só de uma associação causal entre a</p><p>conduta e um resultado de lesão ou perigo para um bem jurídico”.</p><p>Isso significa que para determinado resultado ser atribuído ao agente é</p><p>preciso que a sua conduta tenha sido dolosa ou culposa. Se não houve</p><p>dolo ou culpa, é sinal de que não houve conduta; se não houve conduta,</p><p>não se pode falar em fato típico; e não existindo fato típico, como conse-</p><p>quencia lógica, não haverá crime.</p><p>Princípio da presunção da inocência( artigo 5º, LVII):</p><p>Por esse princípio, ninguém será considerado culpado até o transito em</p><p>julgado de sentença penal condenatória. Entretanto, aqui no Brasil temos</p><p>as prisões provisórias, na qual serve para manter a segurança, mas 51 %</p><p>dessas prisões na verdade não deveria haver.</p><p>Princípio da adequação social:</p><p>Na lição de Luiz Reges Prado,</p><p>“a teoria da adequação social, concebida por Hans Welzel, significa</p><p>que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será conside-</p><p>rada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver</p><p>de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada”.</p><p>Temos como exemplo a contravenção do “ jogo do bicho”. Pela maio-</p><p>ria da sociedade, essa prática é adequada, e sobre elas não mais deveriam</p><p>incidir os rigores da lei penal.</p><p>Obs.: Em hipótese alguma a lei de contravenção foi revogada pelo não</p><p>uso. Não é porque a lei não é visivelmente aplicada que ele foi revogada.</p><p>Aliás, somente lei revoga outra lei.</p><p>Princípio da legalidade:</p><p>Este princípio está disposto no artigo 5º, XXXIX, da Constituição Fede-</p><p>ral, que diz: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem prévia sem</p><p>cominação legal.</p><p>Tudo que não for expressamente proibido é lícito em Direito Penal. Es-</p><p>te princípio já vem desde a carta magna inglesa de 1215 de João sem terra,</p><p>no qual limitava as arbitrariedades com relação a propriedades, liberdades</p><p>das pessoas pelos “poderosos”.</p><p>Depois veio com a Revolução Francesa que também foi previsto na</p><p>declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.</p><p>Funções do princípio da legalidade:</p><p>a- Proibir a retroatividade da lei penal;</p><p>b- Proibir a criação de crimes e penas pelos costumes;</p><p>c- Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou</p><p>agravar penas;</p><p>d- Proibir incriminações vagas e indeterminadas.</p><p>Qual a diferença de legalidade formal e material?</p><p>Por legalidade formal entende-se a obediência aos tramites procedi-</p><p>mentais previstos pela Constituição para que determinado diploma legal</p><p>possa a vir a fazer parte do nosso ordenamento jurídico.</p><p>Por legalidade material entende-se que se deve obediência também ao</p><p>conteúdo, respeitando-se suas proibições e imposições para a garantia de</p><p>nossos direitos fundamentais por ela previstos.</p><p>Obs.: O conceito de vigência está ligado a legalidade formal, e o con-</p><p>ceito de validade está ligado a legalidade material.</p><p>Como é o processo legislativo?</p><p>O processo legislativo é composto pelas seguintes fases:</p><p>a- Discussão;</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 11</p><p>b- Votação;</p><p>c- Sanção e veto;</p><p>d- Promulgação;</p><p>e- Publicação;</p><p>f-Vigência.</p><p>Princípio da Reserva legal:</p><p>O princípio da reserva legal não impõe somente a existência de lei an-</p><p>terior ao fato cometido pelo agente, definindo as infrações penais. Obriga,</p><p>ainda, que no preceito primário do tipo penal incriminador haja um definição</p><p>precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, portanto, com base</p><p>em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou</p><p>imprecisos.</p><p>Exemplificando: Um preceito primário com o seguinte texto: “São pro-</p><p>ibidas quaisquer condutas que atentem contra os interesses da pátria”. O</p><p>que isso significa realmente? Quais são essas condutas que atentam</p><p>contra os interesses da pátria? O agente deve saber exatamente qual</p><p>conduta que está proibida de praticar, não podendo ficar assim, nas mãos</p><p>do interprete, que a depender do momento poderá alargar a interpretação</p><p>para seu interesse. http://alinegois.blogspot.com.br/</p><p>Interpretação da Lei Penal.</p><p>Interpretar é deixar claro o significado de uma palavra, texto, lei ou expres-</p><p>são e nós devemos utilizar três ângulos de visão para uma interpretação</p><p>satisfatória: quanto à origem, quanto ao modo e quanto ao resultado.</p><p>1.1. Quanto à Origem poderá ser (analisa-se basicamente o sujeito):</p><p>a) autêntica ou legislativa: é a interpretação feita pela própria lei (Ex. art.</p><p>327, CP, que conceitua funcionário público para efeitos penais).</p><p>b) doutrinária ou científica: é a interpretação feita pelos doutrinadores,</p><p>pelos estudiosos de uma ciência (Ex. livros).</p><p>c) jurisprudencial: é a interpretação feita pelos tribunais (Ex. súmulas).</p><p>1.2. Quanto ao Modo poderá ser:</p><p>a) gramatical ou literal: quando o que se busca é o que significa a palavra</p><p>etimologicamente, a palavra em si; para tanto podemos utilizar um dicioná-</p><p>rio.</p><p>b) teleológica: aqui é levada em conta a finalidade da criação dessa nor-</p><p>ma.</p><p>c) histórica: procura a origem da lei, para tentar entender o momento</p><p>histórico em que a lei foi criada, para descobrir o motivo de sua criação.</p><p>d) sistemática: o intérprete analisa todo o ordenamento jurídico para</p><p>buscar uma solução que resolva o conflito, inclusive buscando conceitos</p><p>em outros ramos do Direito. O Direito Penal não está isolado, ele depende</p><p>e interage com os outros ramos jurídicos, portanto, para uma compreensão</p><p>efetiva deve-se analisar o Direito como um todo.</p><p>1.3. Quanto ao Resultado poderá ser:</p><p>a) declarativa: ocorre quando a letra da lei corresponde exatamente ao</p><p>que o legislador buscou dizer.</p><p>b) extensiva: ocorre naquelas hipóteses em que deve ser ampliado o</p><p>alcance de uma expressão usada na redação da lei para atingir o resultado</p><p>desejado.</p><p>c) restritiva: o intérprete reduz o alcance de uma expressão usada na</p><p>redação da lei para atingir o resultado desejado.</p><p>1.4. Interpretação Analógica</p><p>Como o legislador não consegue prever todas as condutas humanas e</p><p>tipificá-las como infração, em alguns casos, após apontar uma fórmula</p><p>casuística, faz seguir uma formulação genérica determinando que para toda</p><p>situação compreendida dentro dessa formulação genérica seja aplicada à</p><p>solução adotada para a fórmula casuística (ex. art. 121 § 2º inciso I do CP –</p><p>homicídio qualificado por paga, promessa de recompensa ou outro motivo</p><p>torpe – o legislador assinala que paga e promessa de recompensa são</p><p>motivos torpes e determina que seja qualificado, enquadrando-se nessa</p><p>tipificação, quaisquer outros homicídios praticados</p><p>com motivação análoga à paga e promessa de recompensa).</p><p>OBSERVAÇÃO: Cabe o emprego de analogia em matéria penal?</p><p>A analogia somente é admissível in bonam partem (em benefício do agen-</p><p>te). Ex. art.128, II, do CP (permissão do aborto em gravidez decorrente de</p><p>estupro) à hipótese de aborto em gravidez decorrente de atentado violento</p><p>ao pudor, pois, onde há a mesma razão de decidir cabe aplicação do mes-</p><p>mo direito. Marcelo Amorim</p><p>Teoria da norma penal.</p><p>As normas penais são as únicas que determinam as penas como conse-</p><p>quências da violação de um dever jurídico. Essas normas se dividem em:</p><p>- Normas Penais Incriminadoras:</p><p>definem o crime e determinam uma san-</p><p>ção para o mesmo.</p><p>- Normas não – incriminadoras: viabilizam a aplicação das normas incrimi-</p><p>nadoras ou apenas permitem ou não proíbem determinadas condutas.</p><p>A estrutura das normas incriminadoras resume-se em:</p><p>- Preceito: descreve a conduta proibida (ação ou omissão). Assim, quando</p><p>a ação é proibida, obriga-se a omissão (crime comissivo), e quando a</p><p>omissão é proibida, obriga-se a ação crime omissivo).</p><p>Existe, ainda, a Norma Penal em branco que representa uma norma incri-</p><p>minadora cujo preceito necessita de uma complementação por outra norma</p><p>jurídica.</p><p>Ex: - Lei 10.826, ART. 14: “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em</p><p>depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,</p><p>empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou muni-</p><p>ção, de uso permitido, sem autorização, e em desacordo com determinação</p><p>legal ou regulamentar.”</p><p>Percebe-se, nesse artigo, que a citada “determinação legal ou regulamen-</p><p>tar” não é definida. Dessa maneira, é necessário consultar a norma que a</p><p>define, o que torna a lei citada, uma norma penal em branco. Lílian V.B.N</p><p>Lei penal no tempo;</p><p>Lei penal no espaço.</p><p>Lei Penal no tempo</p><p>A regra é que a lei penal irá reger os fatos que acontecerem durante sua</p><p>vigência, ou seja tempus regit actum. Ocorre que a legislação pode mudar</p><p>e haver um conflito de leis penais no tempo. Qual norma utilizar diante de</p><p>determinada situação? Primeiramente vamos entender as diferentes situa-</p><p>ções:</p><p>-Novatio legis incriminadora</p><p>A lei nova tipifica uma conduta que anteriormente não era considerada um</p><p>delito.</p><p>Nesse caso, a eficácia sempre é para o futuro, não pode retroagir para</p><p>alcançar fatos passados.</p><p>-Lex gravior o novatio legis in pejus</p><p>Nesse caso uma lei posterior impõe tratamento mais rigoroso às condutas</p><p>já tipificadas em lei como crime. Ex.: aumento de pena.</p><p>Mais uma vez, a lei não retroage. Aplica-se apenas para o futuro.</p><p>-Abolitio criminis</p><p>Ocorre quando lei nova deixa de considerar como criminosa, um fato consi-</p><p>derado como crime. Trata-se de causa de extinção da punibilidade. A lei</p><p>penal retroage nesse caso, beneficiando pessoas que praticaram condutas</p><p>criminosas anteriores a sua vigência. Lembre-se que os efeitos extrapenais</p><p>da condenação subsistem diante da abolitio criminis.</p><p>-Novatio legis in melius ou Lex mitior</p><p>A lei nova mantém determinado fato como crime, mas atenua a situação do</p><p>réu, ainda que já exista decisão transitada em julgado.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 12</p><p>Nesse caso, a lei retroage para beneficiar o réu.</p><p>Resumindo, a regra é:</p><p>-Lei penal mais severa é irretroativa</p><p>-Lei penal mais benéfica é retroativa.</p><p>*As leis penais estritamente processuais seguem a regra do tempus regit</p><p>actum, ou seja, aplicam-se apenas aos fatos que ocorrerem após entrarem</p><p>em vigor.</p><p>*Por fim, a lei penal mais benéfica pode ser ultrativa, ou seja, aplica-se a</p><p>fatos que ocorreram durante sua vigência, ainda que posteriormente nova</p><p>lei agrave a situação do réu.</p><p>Exceções: Lei excepcional e temporária</p><p>A lei excepcional é aquela que tem vigência apenas durante situações de</p><p>anormalidade. A lei temporária, por outro lado, é aquela que já nasce com</p><p>período de vigência determinado.</p><p>Tratam-se de leis autorrevogáveis e são ultrativas ainda que lei posterior</p><p>seja mais benéfica para o réu.</p><p>Tempo do crime</p><p>Existem três teorias que tratam do tempo do crime:</p><p>-Teoria da atividade: o tempo do crime é o momento em que se pratica a</p><p>ação ou omissão considerada como crime. CP adotou esta em seu art. 4.</p><p>-Teoria do resultado: tempo do crime é o momento em que o delito con-</p><p>suma-se.</p><p>-Teoria da ubiquidade: tempo do crime é tanto o momento da conduta</p><p>quanto do resultado.</p><p>Lei Penal no espaço</p><p>O que é território brasileiro? Pode ser tanto de forma geográfica (engloba</p><p>ilhas oceânicas, fluviais ou lacustres, mar territorial, área continental e</p><p>espaço aéreo quanto:</p><p>-Navios e aeronaves brasileiros públicos onde quer que estejam</p><p>-Navios e aeronaves brasileiros mercantes ou privados quando estiverem</p><p>em águas internacionais ou em espaço aéreo internacional</p><p>*Mar territorial: faixa de 12 milhas náuticas medida do litoral em direção ao</p><p>oceano.</p><p>*Zona econômica exclusiva: 200 milhas marítimas contadas do litoral</p><p>(deduzindo-se as 12 milhas de mar territorial, teremos 188 milhas)</p><p>O Brasil adotou o princípio da territorialidade temperada, pois a lei penal</p><p>estrangeira pode ser aplicada em alguns casos.</p><p>Em relação ao lugar do crime prevalece a teoria da Ubquidade (lembrar do</p><p>método mnemônico: LUTA - Lugar ubiquidade / Tempo atividade).</p><p>Exceção: JECRIM e crimes do ECA adotaram a teoria da atividade</p><p>O STJ é o responsável por homologação de sentenças estrangeiras.</p><p>Wolfram da Cunha Ramos Filho</p><p>Eficácia Pessoal da Lei Penal.</p><p>EFICÁCIA PESSOAL DA LEI PENAL</p><p>Texto sobre Imunidade, citado pelo Professor Lauro Ballock (Penal I)</p><p>13/08/2007.</p><p>1. Prerrogativas funcionais: a lei penal é geral, isto é, por força do princípio</p><p>da generalidade vale para todas as pessoas. Mas há algumas que exercem</p><p>funções públicas (ou atividades de interesse público) relevantes e por isso</p><p>desfrutam de algumas prerrogativas funcionais (ou profissionais).</p><p>A lei penal é geral, isto é, por força do princípio da generalidade vale para</p><p>todas as pessoas. Mas há algumas que exercem funções públicas (ou</p><p>atividades de interesse púbico) relevantes e por isso desfrutam de algumas</p><p>prerrogativas funcionais (ou profissionais).</p><p>Prerrogativas funcionais não se confundem com privilégios pessoais:</p><p>1) PRERROGATIVAS FUNCIONAIS - EXISTEM EM RAZÃO DA FUNÇÃO</p><p>QUE A PESSOA EXERCE;</p><p>2) PRIVILÉGIOS PESSOAIS: É UM PRIVILÉGIO PARA A PESSOA, EX.: O</p><p>REI DA ESPANHA, JUAN CARLOS, TEM O PRIVILÉGIO DE NÃO PODER</p><p>SER PROCESSADO CRIMINALMENTE.</p><p>Vamos estudar quatro tipos de imunidades: (a) diplomática; (b) parlamentar;</p><p>(c) do Presidente da República e (d) dos Advogados.</p><p>a) Da imunidade diplomática</p><p>Conceito: É A PRERROGATIVA DE RESPONDER PELO CRIME NO SEU</p><p>PAÍS DE ORIGEM, EX.: SE A EMBAIXATRIZ AMERICANA COMETER</p><p>CRIME NO BRASIL, RESPONDERÁ NOS ESTADOS UNIDOS.</p><p>Base internacional: Convenção de Viena aprovada pelo Decreto Legislativo</p><p>103/64. Efeito prático: NÃO PODE HAVER PROCESSO AQUI, NEM PRI-</p><p>SÃO. O SUJEITO ESTÁ FORA DA JURISDIÇÃO BRASILEIRA. A POLÍCIA</p><p>FEDERAL COLHE AS PROVAS E ENVIA PARA O PAÍS COMPETENTE.</p><p>Natureza jurídica:</p><p>a – doutrina: É UMA CAUSA PESSOAL DE ISENÇÃO DE PENA.</p><p>b - posição atual: CAUSA IMPEDITIVA DA PUNIBILIDADE.</p><p>Quem desfruta da imunidade diplomática? 1) Chefe de governo estrangeiro</p><p>(OU CHEFE DE ESTADO), sua família e membros de sua comitiva; 2)</p><p>Embaixador e sua família; 3) Funcionários estrangeiros do corpo diplomáti-</p><p>co e sua família; 4) Funcionários das organizações internacionais (ONU,</p><p>OEA etc.) quando em serviço.</p><p>E o Cônsul? DEPENDE DOS TERMOS DO TRATADO.</p><p>Ao crime cometido na sede da embaixada estrangeira no Brasil: APLICA-</p><p>SE A LEI BRASILEIRA, SALVO SE O AUTOR DO CRIME GOZA DE IMU-</p><p>NIDADE DIPLOMÁTICA. (TERRITÓRIO BRASILEIRO – SOLO, ESPAÇO</p><p>AÉREO E MAR).</p><p>b) Da imunidade parlamentar</p><p>As imunidades parlamentares hoje, depois do advento da Emenda Consti-</p><p>tucional n. 35/01, compreendem:</p><p>1 - a inviolabilidade penal prevista no 53, caput, da CF, que diz: “Os depu-</p><p>tados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de</p><p>suas opiniões, palavras e votos”.</p><p>Nexo funcional: É IMPRESCINDÍVEL. SE O PARLAMENTAR ESTÁ FORA</p><p>DE SUAS FUNÇÕES NÃO TEM IMUNIDADE.</p><p>Não importa se a manifestação do parlamentar ocorreu fora do Congresso</p><p>(TRF 4ª Região, Repr. 94.04.53933-3-PR, rel. Élcio Pinheiro de Castro,</p><p>DJU de 03.07.02, p. 247, j. 19.06.02), fundamental é que tenha sido em</p><p>razão da função.</p><p>É uma inviolabilidade ilimitada? NÃO</p><p>Alcança o suplente?</p><p>NÃO. Alcança o parlamentar licenciado? NÃO, SE</p><p>ESTÁ FORA DA FUNÇÃO NÃO GOZA DE IMUNIDADE.</p><p>Natureza jurídica: a doutrina fala em causa pessoal de isenção de pena,</p><p>causa de exclusão da punibilidade etc. Na verdade, É UMA CAUSA DE</p><p>ATIPICIDADE (TIPICIDADE CONGLOBANTE), FATO ATÍPICO.</p><p>Consequência prática: NÃO PODE HAVER PROCESSO (NÃO TEM IN-</p><p>QUÉRITO).</p><p>Legítima defesa, sim, cabe contra o ato ofensivo do parlamentar. Havendo</p><p>co-autor ou partícipe nesse ato, ele também não responde penalmente (se</p><p>o fato é atípico para o autor principal, o é também para o participante). A</p><p>Súmula 245 do STF (que diz que a imunidade parlamentar não se estende</p><p>ao co-réu) só tem valor hoje para a imunidade processual.</p><p>2 - a imunidade processual prevista no art. 53, § 3º, da CF, nestes termos:</p><p>“Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido</p><p>após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa res-</p><p>pectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto</p><p>da maioria e seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamen-</p><p>to da ação”.</p><p>Licença prévia: ANTES DA EC 35, PARLAMENTAR SÓ PODERIA SER</p><p>PROCESSADO MEDIANTE LICENÇA PRÉVIA DA CASA LEGISLATIVA.</p><p>O que a Casa pode fazer? AGORA A CASA PODE SUSTAR O ANDA-</p><p>MENTO DO PROCESSO E NESSE CASO TAMBÉM SUSPENDE A</p><p>PRESCRIÇÃO.</p><p>A nova disciplina da imunidade parlamentar tem aplicação imediata e vale -</p><p>segundo a jurisprudência do STF - inclusive para casos em que antes a</p><p>Casa havia negado licença para o processamento.</p><p>3 - a imunidade prisional prevista no art. 53, § 2º, da CF; “Desde a expedi-</p><p>ção do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser</p><p>presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 13</p><p>serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para</p><p>que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.</p><p>Renúncia à inviolabilidade penal ou a qualquer outra imunidade: É IRRE-</p><p>NUNCIÁVEL A IMUNIDADE PARLAMENTAR, POIS É DA FUNÇÃO.</p><p>Deputados estaduais: TEM AS MESMAS PRERROGATIVAS DO FEDE-</p><p>RAL? SIM, A DIFERENÇA É QUE O ESTADUAL É JULGADO PELO TJ E</p><p>O FEDERAL PELO STF.</p><p>Cabe ainda considerar que os parlamentares (DEPUTADO FEDERAL E</p><p>SENADOR) têm direito a foro especial por prerrogativa de função, leia-se,</p><p>serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (CF,</p><p>art. 53, § 1º).</p><p>Em virtude do cancelamento da Súmula 394 do STF (em agosto de 1999),</p><p>o parlamentar que deixava sua função, perdia automaticamente o foro</p><p>especial. Mas por força da Lei 10.628/02, publicada no dia 26.12.02 (que</p><p>entrou em vigor no mesmo dia), o tema voltou a contar com a mesma</p><p>disciplina da Súmula 394 do STF.</p><p>É preciso, doravante, distinguir o seguinte:</p><p>a - crime cometido antes do início da função parlamentar: se havia proces-</p><p>so em andamento, a partir do início das funções parlamentares deve ser</p><p>remetido para o STF;</p><p>b - crime cometido durante o exercício das funções: está assegurado o foro</p><p>especial, mesmo depois de cessado o seu exercício;</p><p>c - crime cometido após o exercício das funções: não conta com foro espe-</p><p>cial (Súmula 451 do STF).</p><p>Por último, recorde-se que o parlamentar também conta com certa imuni-</p><p>dade probatória, isto é, não é obrigado a testemunhar sobre informações</p><p>recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as</p><p>pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (CF, art. 53, §</p><p>6º).</p><p>Vereadores: - TEM IMUNIDADE MATERIAL (POR SUAS OPINIÕES,</p><p>PALAVRAS E VOTOS). NÃO RESPONDE NA CIRCUNSCRIÇÃO DO</p><p>MUNICÍPIO. - NÃO TEM IMUNIDADE PROCESSUAL. - NÃO TEM FORO</p><p>ESPECIAL (É JULGADO PELO JUIZ DA COMARCA), SALVO QUANDO A</p><p>CONSTITUIÇÃO ESTADUAL PREVÊ.</p><p>Prefeitos:</p><p>- NÃO TEM IMUNIDADE PENAL. – NÃO TEM IMUNIDADE PROCESSUAL</p><p>(NÃO DEPENDE DE LICENÇA DA CÂMARA PARA PROCESSÁ-LO).-</p><p>TEM FORO ESPECIAL (TJ), MAS SE AFETA INTERESSES DA UNIÃO, O</p><p>TRF QUE JULGA.</p><p>Governadores: - NÃO TEM IMUNIDADE PENAL. - CONTA COM IMUNI-</p><p>DADE PROCESSUAL (SÓ PODE SER PROCESSADO SE HOUVER</p><p>LICENÇA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA). - FORO ESPECIAL (STJ -</p><p>PELOS CRIMES COMUNS).</p><p>c) Da imunidade do Presidente da República – NÃO TEM IMUNIDADE</p><p>MATERIAL</p><p>O Presidente da República goza das seguintes imunidades:</p><p>1) processual, que é dupla:</p><p>a - só pode ser processado se a acusação for admitida por dois terços da</p><p>Câmara dos Deputados (CF,art. 86). LICENÇA DA CÂMARA.</p><p>Suspensão das funções: A SUSPENSÃO É AUTOMÁTICA (COM A LI-</p><p>CENÇA DA CÂMARA), NÃO INTERESSA SE O CRIME É COMUM OU DE</p><p>RESPONSABILIDADE.</p><p>Se decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver</p><p>concluído: O PRESIDENTE REASSUME AS FUNÇÕES.</p><p>b - imunidade processual qualificada: o Presidente da República, na vigên-</p><p>cia de seu mandato, não pode ser responsabilizado (leia-se: processado)</p><p>por atos estranhos ao exercício de suas funções (CF, art. 86, § 4º). Corre</p><p>prescrição? SIM.</p><p>2 - prisional: enquanto não sobrevém sentença condenatória (FINAL), nas</p><p>infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão</p><p>(CF, art. 86, § 3º).</p><p>Desfruta ainda de foro especial por prerrogativa de função: nos crimes</p><p>comuns é julgado pelo Supremo Tribunal Federal e perante o Senado</p><p>Federal (presidido pelo Presidente do STF) nos crimes de responsabilidade</p><p>(CF, art. 86, caput).</p><p>Novidade: mesmo depois de cessadas suas funções, continua o foro espe-</p><p>cial para os crimes cometidos durante o seu exercício (Lei 10.628/02).</p><p>d - Da imunidade do Advogado</p><p>O advogado, por força do art. 133 da CF, “é inviolável por seus atos e</p><p>manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.</p><p>Cuida-se de imunidade absoluta? NÃO</p><p>Imunidade processual: O ADVOGADO NÃO TEM IMUNIDADE PROCES-</p><p>SUAL.</p><p>Imunidade prisional, isto é, estando no exercício da profissão, só pode ser</p><p>preso em flagrante por crime inafiançável (art. 7º, § 3º, da Lei 8.906/94).</p><p>Imunidade material (penal): Nos termos do § 2º, do art. 7º, da Lei 8.906/94</p><p>(Estatuto da Advocacia), “o advogado tem imunidade profissional, não</p><p>constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação</p><p>de sua parte, no exercício da sua atividade, em juízo ou fora dele, sem</p><p>prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que</p><p>cometer”.</p><p>Crime de desacato: O STF ELIMINOU (EM UMA ADIN), O ADVOGADO</p><p>NÃO TEM IMUNIDADE POR DESACATO. PODE SER PRESO POR DE-</p><p>SACATO HOJE? NÃO, POIS: 1) DESACATO É CRIME AFIANÇÁVEL E 2)</p><p>DESACATO É INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (E, POR-</p><p>TANTO, NÃO CABE FLAGRANTE).</p><p>Imunidade judiciária: o art. 142 do CP também ampara o advogado, salien-</p><p>tando que não constitui injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em</p><p>juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.</p><p>Alcança a calúnia? NÃO, SÓ INJÚRIA E DIFAMAÇÃO. Ofensas a terceiras</p><p>pessoas? HÁ CRIME (ABUSOU RESPONDE).</p><p>Em caso de mera retorsão, também não há que se falar em crime: STJ, HC</p><p>19.486-PB, Hamilton Carvalhido, DJU de 06.05.02, p. 326, j.</p><p>18.12.01:CASO EM QUE O STJ ENTENDEU QUE O ADVOGADO NÃO</p><p>COMETEU CRIME, MAS APENAS EXERCEU O DIREITO DE RETOR-</p><p>SÃO.</p><p>XIV - Contagem de prazo (art. 10 do CP)</p><p>Os prazos são penais ou processuais:</p><p>1) PENAIS: COMPUTA-SE O DIA DO INÍCIO;</p><p>2) PROCESSUAIS: NÃO SE COMPUTA O DIA DO INÍCIO, COMPUTA-SE</p><p>O DIA DO VENCIMENTO.</p><p>O prazo penal é improrrogável: SIM.</p><p>O prazo penal, de outro lado, sempre vence às 24 horas. São contados os</p><p>dias, os meses e os anos pelo calendário comum, que é o gregoriano (CP,</p><p>art. 10).</p><p>Prazo de um dia: VENCE MEIA-NOITE.</p><p>Prazo de um mês: VENCE NO DIA ANTERIOR AO DO INÍCIO, NO MÊS</p><p>SEGUINTE, EM REGRA, À MEIA-NOITE.</p><p>Prazo de um ano: VENCE NO DIA ANTERIOR AO DO INÍCIO, NO ANO</p><p>SEGUINTE, EM REGRA.</p><p>Exercício 1: réu condenado a um mês de prisão; iniciou o cumprimento no</p><p>dia 01.02.03. Que dia vence? 28.02.03</p><p>Exercício 2: réu condenado</p><p>a um ano de prisão; iniciou o cumprimento no</p><p>dia 01.01.03. Que dia vence? 31.12.03</p><p>Exercício 3: réu condenado a 10 dias de prisão; iniciou o cumprimento no</p><p>dia 20.02.03. Que dia vence? 01.03.03</p><p>XV - Frações não computáveis na pena (art. 11 do CP)</p><p>Por força do art. 11 do CP, “desprezam-se, nas penas privativas de liberda-</p><p>de e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as</p><p>frações de cruzeiro”.</p><p>As frações de dia são as horas:</p><p>Exercício: 15 dias de prisão mais metade 15 DIAS + 7 DIAS E 12 HORAS =</p><p>22 DIAS</p><p>As frações de cruzeiro leia-se, de real, são os centavos: EX.: R$ 50,75 = R$</p><p>50,00</p><p>A jurisprudência criou uma terceira regra: devem ser desprezadas as fra-</p><p>ções de um dia-multa. Exemplo: dez dias multa mais um terço: pela mate-</p><p>mática daria 13,333333... Desprezando-se a fração, resulta 13 dias.</p><p>XVI - Aplicação das regras gerais do CP (art. 12 do CP)</p><p>Consoante o disposto no art. 12 do CP, “As regras gerais deste Código</p><p>aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de</p><p>modo diverso”.</p><p>Em virtude do princípio da especialidade, se a lei especial dispõe de modo</p><p>diverso, vale a lei especial. Exemplo: o CP pune a tentativa de crime (CP,</p><p>art. 14 e seu parágrafo), mas semelhante regra foi vetada pelo art. 4º da</p><p>LCP. Logo, nas contravenções, vale a regra especial</p><p>Texto extraído de GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: parte geral, introdu-</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 14</p><p>ção, volume 1. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; IELF, 2003, p.</p><p>249-269.</p><p>Fernando Costa</p><p>Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito</p><p>passivo da infração penal. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade,</p><p>punibilidade: conceito, elementos e exclusão. Classificação</p><p>dos crimes. Concurso de pessoas.</p><p>INFRAÇÃO PENAL; ELEMENTOS; ESPÉCIES.</p><p>Conceito de infração penal.</p><p>O que diferencia as infrações de natureza penal das infrações civis ou</p><p>administrativas é a sua gravidade; não há distinção essencial.</p><p>Enquanto os ilícitos civis e administrativos são punidos de forma mais</p><p>branda, as infrações penais levam à aplicação de penas, que são as mais</p><p>graves sanções existentes no ordenamento jurídico, incluindo a privação de</p><p>liberdade.</p><p>No Direito Brasileiro dividem-se as infrações penais em:</p><p>crimes, aos quais são cominadas penas de detenção ou reclusão; e</p><p>contravenções, que são punidas com prisão simples ou multa.</p><p>A diferença entre crimes e contravenções também está, unicamente,</p><p>na sua gravidade. Os crimes, por atingirem bens jurídicos mais importantes,</p><p>são punidos de maneira mais severa.</p><p>Como denominador comum entre crimes e contravenções, a doutrina</p><p>costuma usar a palavra “delito”, ou mesmo “crime”, em sentido amplo. No</p><p>presente texto, quando nos referirmos a crime, estaremos abrangendo as</p><p>contravenções.</p><p>Elementos da infração penal.</p><p>Qualquer delito possui os seguintes elementos:</p><p>tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) descrito na lei penal;</p><p>ilicitude: contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico;</p><p>culpável: praticado de forma reprovável pelo seu agente.</p><p>A punibilidade, embora deva existir para que seja aplicada a pena, não</p><p>é considerada elemento do delito.</p><p>Espécies de infração penal.</p><p>A doutrina costuma esboçar diversas classificações dos crimes. Trate-</p><p>mos das principais:</p><p>Crimes próprios, impróprios e de mão-própria: nos crimes próprios,</p><p>exige-se uma especial qualificação do agente, como os crimes de funcioná-</p><p>rio público, ou o infanticídio, que só pode ser praticado pela mãe; os impró-</p><p>prios podem ser cometidos por qualquer pessoa, a exemplo do homicídio</p><p>ou do furto. Os crimes de mão-própria são aqueles que o agente tem de</p><p>cometer pessoalmente, sem que possa delegar sua execução. Ex.: falso</p><p>testemunho, prevaricação etc.</p><p>Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: Unissubjetivos são os de-</p><p>litos que podem ser praticados por uma única pessoa, embora, eventual-</p><p>mente, sejam cometidos em concurso de agentes. Ex.: homicídio, roubo,</p><p>estupro etc. Os plurissubjetivos necessariamente têm de ser praticados por</p><p>mais de uma pessoa: quadrilha ou bando, rixa, bigamia etc.</p><p>Crime habitual: Constituído por atos que, praticados isoladamente,</p><p>são irrelevantes para o Direito Penal, mas, cometidos de forma reiterada,</p><p>passam a constituir um delito. Por exemplo: quem tira proveito da prostitui-</p><p>ção alheia, de maneira eventual, não comete o delito de rufianismo; mas,</p><p>se existe habitualidade na prática desses atos, constituir-se-á o crime.</p><p>Outros exemplos: exercício ilegal da medicina, curandeirismo, manter casa</p><p>de prostituição etc.</p><p>Crimes de ação única e de ação múltipla: Nos de ação única, o tipo</p><p>penal só descreve uma forma de conduta: matar, subtrair, fraudar; os tipos</p><p>de ação múltipla descrevem variadas formas. No art. 122, pratica-se o delito</p><p>induzindo, instigando ou auxiliando a prática do suicídio. Qualquer das</p><p>modalidades de conduta é incriminada.</p><p>Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes: Se a conduta não</p><p>pode ser fracionada, como na ameaça ou na injúria, em que o crime é</p><p>praticado por um único ato, diz-se que o delito é unissubsistente. Como</p><p>consequência, a tentativa é impossível. A maioria dos delitos, entretanto, é</p><p>plurissubsistente, pois o sujeito ativo pode dividir a conduta em vários atos</p><p>(homicídio, roubo, peculato), daí a possibilidade de haver tentativa.</p><p>Crimes de dano e de perigo: Quando o tipo penal descreve a efetiva</p><p>lesão ao bem jurídico, o crime é de dano: homicídio, furto, lesão corporal</p><p>etc. Mas o tipo penal pode exigir apenas que o bem jurídico seja exposto a</p><p>perigo, como no caso da omissão de socorro, do porte ilegal de arma, da</p><p>direção perigosa. Distinguem-se os delitos de perigo em: crimes de perigo</p><p>concreto, quando a lei exige seja o perigo comprovado, como na direção</p><p>perigosa; ou crimes de perigo presumido, em que a lei considera haver</p><p>perigo, independentemente de prova, a exemplo da omissão de socorro ou</p><p>do porte ilegal de arma.</p><p>Crimes simples e complexos: Quando o tipo penal descreve uma</p><p>conduta em que apenas um bem jurídico é lesionado ou ameaçado de</p><p>lesão, o crime será simples: homicídio (vida), furto (patrimônio) etc. Mas</p><p>existem crimes em que mais de um bem jurídico é atingido ou exposto a</p><p>perigo, e o tipo penal reúne elementos de outros crimes, formando um</p><p>crime novo: roubo (furto + lesão corporal ou ameaça), extorsão mediante</p><p>sequestro (extorsão + sequestro) etc.</p><p>Crimes materiais, formais e de mera conduta. Nos materiais, o tipo</p><p>penal descreve a conduta e o resultado (homicídio, roubo, peculato); nos</p><p>formais, descreve-se a conduta mas não se exige que o resultado seja</p><p>atingido (crimes contra a honra, extorsão); já nos de mera conduta inexiste</p><p>resultado possível (violação de domicílio, desobediência). Estudaremos</p><p>melhor essas três espécies de crimes quando tratarmos do resultado.</p><p>INFRAÇÃO PENAL</p><p>Segundo o sistema adotado pelo Brasil, as infrações penais dividem-se</p><p>em crimes ou delitos e contravenções (classificação bipartida). Crimes e</p><p>delitos são sinônimos; as contravenções penais constituem-se de infrações</p><p>penais de menor potencial ofensivo e encontram-se na Lei das</p><p>Contravenções Penais (principalmente) e em legislação esparsa.</p><p>Vale lembrar que contravenção penal não é crime (ou delito) e vice-</p><p>versa, todavia, ambos são infrações penais.</p><p>CRIME (OU DELITO) E CONTRAVENÇÃO</p><p>Segundo a teoria naturalista ou causal, crime é um fato (ação ou</p><p>omissão) típico (contido no texto penal), antijurídico (contrário ao</p><p>ordenamento jurídico) e culpável (punível).</p><p>Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico; a</p><p>culpabilidade é apenas condição para a imposição de pena.</p><p>A diferença entre crime e contravenção é quantitativa e não qualitativa.</p><p>Nos dizeres de Nelson Hungria,</p><p>por insuficiência das proposições</p><p>doutrinárias que tentam diferenciar qualitativamente o crime da</p><p>contravenção faz com que se conclua: não há diferença intrínseca,</p><p>ontológica ou essencial entre eles. Não são categorias que se distinguem</p><p>pela sua natureza, mas realidades que se diversificam pela sua maior ou</p><p>menor gravidade. A questão reside na quantidade da infração, não em sua</p><p>substância.</p><p>CRIME OU DELITO</p><p>a) infração penal de maior potencial ofensivo (gravidade);</p><p>b) pena de detenção, reclusão, restritivas de direito e multa</p><p>(quantitativa).</p><p>CONTRAVENÇÕES PENAIS</p><p>a) infração penal de menor potencial ofensivo (gravidade);</p><p>b) pena de prisão simples e multa (quantitativa).</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 15</p><p>SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO</p><p>Sujeito ativo (ou agente) é quem pratica a infração penal (o fato).</p><p>Sujeito passivo é a pessoa ou entidade que sofre os efeitos da prática da</p><p>infração. Ë o titular do direito lesado (a vítima), podendo ser pessoa natural</p><p>ou jurídica ou ainda o Estado (crimes contra administração pública).</p><p>Somente o ser humano pode ser sujeito ativo de crime (em princípio).</p><p>Os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis. Estes ficam sob</p><p>a proteção integral do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n0</p><p>8.069/90), e, quando ferem direitos juridicamente tutelados (crime ou</p><p>contravenção penal), praticam atos infracionais.</p><p>Excepcionalmente, pessoas jurídicas podem ser sujeito ativo de crime,</p><p>porém, atualmente, só ocorre quando se tratar de infrações contra o meio</p><p>ambiente, cometidas por decisão dos dirigentes, no interesse ou benefício</p><p>das mesmas (Lei n.0 9.605/98; CF, artigos 225, § 3º e 173, § 5º).</p><p>Porém, o conceito de culpa, no dizer de Maggiore, é estritamente</p><p>pessoal: e a única, verdadeira e não fictícia personalidade é aquela do</p><p>homem, que tem um corpo e uma alma, há uma vontade, uma liberdade,</p><p>uma responsabilidade, Todo o resto é senão metáfora e ficção.</p><p>OBJETO JURIDICO E OBJETO MATERIAL</p><p>Objeto jurídico é o bem ou o interesse tutelado pela norma penal.</p><p>Exemplo: na lesão corporal, o objeto jurídico é a integridade física ou</p><p>fisiopsíquica da pessoa; no furto, o objeto jurídico é o patrimônio; no</p><p>homicídio, é a preservação da vida.</p><p>Objeto material é a coisa sobre a qual recai a ação do agente.</p><p>Exemplo: no roubo, o objeto material é a pessoa e a coisa alheia móvel (res</p><p>furtivo).</p><p>CONCEITO DE CRIME</p><p>Crime pode ser conceituado sob três prismas:</p><p>material: é a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser</p><p>proibido, mediante a aplicação da sanção penal. Portanto, é a</p><p>conduta que ofende um bem juridicamente tutelado, ameaçado de</p><p>pena;</p><p>formal: é a concepção do direito acerca do delito. Portanto, é a conduta</p><p>proibida por lei, sob ameaça de aplicação de pena, numa visão</p><p>legislativa do fenômeno</p><p>analítico: é a concepção da ciência do direito que não difere na</p><p>essência do conceito formal. Portanto, é uma conduta típica,</p><p>antijurídica e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a</p><p>um modelo legal de conduta proibida (tipicidade), contrária ao</p><p>direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social</p><p>incidente sobre o fato e seu autor. Neste conceito encontram-se as</p><p>maiores divergências doutrinárias.</p><p>Noronha conceitua crime como a conduta humana que lesa ou expõe a</p><p>perigo um bem jurídico protegido pela lei penal.</p><p>Contudo, a maioria dos doutrinadores define o crime como sendo um</p><p>fato típico e antijurídico.</p><p>Todavia, para a aplicação da pena é necessário que haja culpabilidade,</p><p>que é a reprovação ao agente pela contradição entre a sua vontade e a</p><p>vontade da lei.</p><p>Já a punibilidade é consequência jurídica do delito.</p><p>Assim, crime é toda ação ou omissão típica e antijurídica, porém, para</p><p>que um fato seja punível é necessário que seja um fato típico, antijurídico e</p><p>culpável.</p><p>FATO TIPICO</p><p>Para que tenhamos um crime é necessária a existência de uma</p><p>conduta, seja ela positiva (ação) ou negativa (omissão) e que provoca em</p><p>regra um resultado (naturalístico ou jurídico). Ë ainda necessário que tal</p><p>conduta seja típica (definida por lei como infração penal) e antijurídica</p><p>(contrário ao ordenamento jurídico).</p><p>Assim, o fato típico compõe-se de vários elementos: conduta (ação ou</p><p>omissão); resultado; nexo de causalidade entre o atuar do agente e o</p><p>resultado; tipicidade, isto é, ajuste de conduta ao modelo legal.</p><p>CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO)</p><p>Conduta é a realização material da vontade humana mediante a prática</p><p>de um ou mais atos.</p><p>A conduta abrange tanto a ação como a omissão, sendo seus</p><p>elementos a vontade, a finalidade, a consciência e a exteriorização (não</p><p>ocorre quando estiver apenas na mente).</p><p>TIPICIDADE</p><p>Ë a perfeita adequação entre o fato e a previsão legal. A tipicidade é</p><p>indício de antijuridicidade, indício porque pode haver causa excludente de</p><p>antijuridicidade.</p><p>TIPO</p><p>a descrição abstrata que expressa os elementos de comportamento</p><p>lesivo (infração penal). O fato que não se ajustar perfeitamente ao tipo não</p><p>é crime.</p><p>Existem os tipos dolosos e os tipos culposos.</p><p>O RESULTADO</p><p>Não basta apenas a conduta para que tenhamos o crime, como já</p><p>vimos, é necessário ainda o segundo elemento do fato típico, qual seja, o</p><p>resultado. Trata-se, pois, de elemento essencial do fato típico.</p><p>Segundo o conceito naturalístico, o resultado é a modificação sensível</p><p>do mundo exterior, de modo que somente podemos falar em resultado</p><p>quando ocorre uma modificação passível de captação pelos sentidos29.</p><p>Exemplo: no homicídio, a morte da vítima é um resultado naturalístico.</p><p>Para o conceito jurídico ou normativo, o resultado é a modificação</p><p>gerada no mundo jurídico, seja na forma de dano efetivo ou na de dano</p><p>potencial, ferindo interesse protegido pela norma penal. Sob esse ponto de</p><p>vista, toda conduta que fere um interesse juridicamente protegido causa um</p><p>resultado. Exemplo: invasão de um domicílio, embora possa nada causar</p><p>sob o ponto de vista naturalístico, provoca um resultado jurídico, que é ferir</p><p>a inviolabilidade de domicílio do dono da casa.</p><p>Não se pode negar que o critério adotado pelo legislador é o jurídico,</p><p>todavia, prevalece na doutrina o conceito naturalístico de resultado.</p><p>Assim, resultado é a modificação do mundo exterior provocada pelo</p><p>comportamento humano voluntário.</p><p>RELAÇÃO DE CAUSALIDADE</p><p>A relação de causalidade ou nexo de causalidade é o vínculo entre a</p><p>ação ou a omissão (conduta) e o resultado decorrente destas, que somente</p><p>poderá ser atribuído a quem lhe der causa.</p><p>Na verdade, nexo causal só tem relevância nos crimes de resultado</p><p>naturalístico (crimes materiais), pois, nos delitos em que se torna</p><p>impossível sua ocorrência (crimes de mera conduta) ou ainda naqueles em</p><p>que mesmo sendo possível é irrelevante (crimes formais), não há que se</p><p>falar em nexo causal e sim em nexo normativo entre o agente e a conduta.</p><p>Considera-se causa, toda ação ou omissão que contribuir para o</p><p>resultado, não fazendo distinção entre causa e condição. Para saber se um</p><p>antecedente foi causa do resultado, deve-se eliminá-la mentalmente, e</p><p>verificar se o resultado, sem ela, teria acontecido. A esse procedimento dá-</p><p>se o nome de procedimento hipotético de eliminação.</p><p>Assim, nosso Código Penal adota a teoria da equivalência dos</p><p>antecedentes causais, também conhecida como teoria da conditio sine qua</p><p>non, oriunda do pensamento de Stuart Mill.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 16</p><p>SUPERVENIËNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE</p><p>(ART. 13, § 1º, CP)</p><p>Vem a limitar o nexo de causalidade, quando uma</p><p>nova causa, relativa-</p><p>mente independente, por si só produzir o resultado. Nesse caso, o agente</p><p>só responde pelos fatos anteriores a que deu causa. Exemplo: “A” agride</p><p>“B” produzindo-lhe lesões corporais. “B” encontra-se no hospital, cuidando</p><p>dos ferimentos, quando sobrevém um incêndio e ele vem a falecer. “A” só</p><p>responde por lesões corporais.</p><p>Já a concausa absolutamente independente está afastada pela regra</p><p>geral do Código Penal.</p><p>ITER CRIMINIS</p><p>Ë o percurso, a trajetória do crime.</p><p>São 4 (quatro) as fases do crime:</p><p>cogitação: imaginação, idealização (ex.: esboço do plano criminoso);</p><p>atos preparatórios: é o preparo do necessário para a prática do crime</p><p>(ex.: compra da arma);</p><p>atos executórios: é o início da realização do fato típico (ex.: apertar o</p><p>gatilho da arma);</p><p>consumação: é a fase final do iter criminis. Conforme ensina Francesco</p><p>Antolisei, o conceito de consumação exprime a perfeita</p><p>conformidade do fato à hipótese abstrata delineada pelo legislador.</p><p>A cogitação e os atos preparatórios não são punidos, exceto quando o</p><p>legislador, com os atos preparatórios, por exemplo, tipifica um crime (CP,</p><p>artigo 291).</p><p>A execução inicia-se com a realização do primeiro ato ilícito, ou seja, a</p><p>ação ou omissão descrita no tipo (início de uma atividade típica).</p><p>A diferença entre atos preparatórios e atos de execução é que, nos</p><p>primeiros, o agente pode não começar a praticar o crime, enquanto, nos</p><p>outros, deve parar para desistir.</p><p>CONSUMAÇÃO (ART. 14, I, CP)</p><p>Diz-se que o crime é consumado quando o agente realizou todos os</p><p>elementos de sua definição legal, ou seja, consuma-se o delito quando há a</p><p>realização da descrição do tipo penal na sua integralidade. O momento</p><p>consumativo dos crimes depende de sua natureza.</p><p>Nos crimes materiais a consumação se dá com a ocorrência do</p><p>resultado (naturalístico). Nos crimes formais e de mera conduta, com a</p><p>prática da ação (jurídico ou normativo).</p><p>EXAURIMENTO</p><p>Não há que se confundir consumação e exaurimento. O crime exaurido</p><p>é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo, continua a</p><p>agredir o bem jurídico. Exemplo: no crime de concussão (CP, artigo 316), o</p><p>delito se consuma com a exigência de vantagem; o recebimento da</p><p>vantagem exigida é mero exaurimento.</p><p>Trata-se do crime já consumado nos termos da lei, que tem</p><p>desdobramentos posteriores. Os desdobramentos não alteram o fato típico.</p><p>TENTATIVA (ART. 14, II, CP)</p><p>Diz-se que o crime é tentado quando, iniciada a execução, o delito não</p><p>se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Considera-se</p><p>iniciada a execução quando o agente começa a realizar o fato que a lei</p><p>define como crime.</p><p>São elementos da tentativa: início da execução, falta de consumação</p><p>por fato alheio à vontade do agente e dolo.</p><p>Inexiste tentativa no crime culposo (ausência de dolo); nas</p><p>contravenções penais, por força do artigo 4o da Lei das Contravenções</p><p>Penais, não é punível a tentativa; nos crimes omissivos próprios, é</p><p>inadmitida.</p><p>A tentativa é punida com a pena do crime, diminuída de um a dois</p><p>terços. Embora tenhamos algumas espécies de tentativa, não há distinção</p><p>quanto à pena abstratamente cominada ao tipo; todavia, deve o juiz levar</p><p>em consideração a espécie da mesma no momento da dosimetria da pena.</p><p>ESPECIES DE TENTATIVA</p><p>Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho): nela o agente realiza</p><p>tudo o que for possível para a realização do delito, que não se</p><p>consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: ao</p><p>atirar na vitima, a bala acaba sendo desviada por ter outra</p><p>pessoa empurrado o seu braço;</p><p>Tentativa imperfeito (ou inacabada): nela o agente não realizou tudo o</p><p>que era possível; a execução foi interrompida por circunstâncias</p><p>alheias à sua vontade. Exemplo: a arma apresenta defeito e não</p><p>dispara;</p><p>Tentativa branco (ou incruenta): a vítima não é atingida, nem vem a</p><p>sofrer ferimentos. Pode ser ainda:</p><p>c.1) perfeita: quando o agente realiza a conduta integralmente, por</p><p>exemplo, erra todos os tiros;</p><p>c.2) imperfeito: é aquela que ocorre quando a execução é interrompi-</p><p>da sem que a vítima seja atingida. Exemplo: o agente é</p><p>desarmado após o primeiro disparo errado.</p><p>Tentativa cruenta: nesta, a vítima é atingida. Pode ocorrer tentativa</p><p>cruenta tanto na tentativa imperfeita (a vítima é ferida, e logo em</p><p>seguida, o agente é desarmado) como na tentativa perfeita (o</p><p>agente descarrega arma na vítima, lesionando-a).</p><p>CLASSIFICAÇÃO DE ALGUNS CRIMES</p><p>CRIME MATERIAL</p><p>Crime material é aquele em que é necessário além da ação, a</p><p>ocorrência do resultado naturalístico para que ocorra a sua consumação.</p><p>Exemplo: homicídio, estelionato.</p><p>AÇÃO + RESULTADO - CONSUMAÇÃO</p><p>CRIME FORMAL</p><p>Crime formal é aquele que se consuma com a simples ação,</p><p>independentemente da ocorrência do resultado naturalístico; basta a ação</p><p>do agente e a sua vontade de alcançar o resultado. Exemplo: a ameaça</p><p>consuma-se no momento em que a vítima toma o conhecimento da</p><p>ameaça.</p><p>AÇÃO = CONSUMAÇÂO</p><p>CRIMES DE MERA CONDUTA</p><p>São aqueles em que a figura típica não contém mais que a descrição</p><p>da conduta, por não existir explicitamente qualquer referência ao resultado</p><p>(naturalístico). São também chamados de crimes de simples atividade.</p><p>Exemplo: crime de omissão de notificação de doença (CP, artigo 269).</p><p>CRIMES COMUNS</p><p>São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. A lei não</p><p>exige requisito especial. Exemplo: homicídio, furto.</p><p>CRIMES PRÓPRIOS</p><p>São aqueles que exigem do sujeito ativo determinada condição ou</p><p>qualidade, geralmente de ordem funcional, familiar, condição jurídica etc.</p><p>Exemplo: advogado — patrocínio infiel; maternidade — infanticídio;</p><p>funcionário público — peculato.</p><p>CRIMES DE MÃO PRÓPRIA</p><p>São chamados crimes de atuação pessoal, aqueles em que todos os</p><p>elementos do tipo penal devem ser realizados pessoalmente pelo agente</p><p>(ação personalíssima). Exemplo: falso testemunho (apenas, se admite o</p><p>concurso de agentes na modalidade da participação).</p><p>CRIMES HABITUAIS</p><p>São aqueles que exigem a habitualidade, e não se consumam a não</p><p>ser por reiteradas violações. Neste caso, a realização isolada da conduta</p><p>descrita no tipo penal não é considerada delituosa. Exemplo: manter casa</p><p>de prostituição, curandeirismo.</p><p>CRIMES PERMANENTES</p><p>São aqueles em que a consumação de uma única ação ou omissão se</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 17</p><p>prolonga no tempo. Embora já realizada, continua se renovando enquanto o</p><p>agente não cessar a situação ilícita. Exemplo: sequestro.</p><p>O agente encontra-se em permanente estado de flagrância e a</p><p>prescrição não flui enquanto durar a permanência.</p><p>CRIMES INSTANTÂNEOS</p><p>São aqueles que se exaurem no momento em que são consumados,</p><p>sem continuidade no tempo. Exemplo: furto, homicídio.</p><p>CRIMES INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES</p><p>São aqueles em que o resultado da ação ou da omissão são</p><p>irreversíveis, permanecendo no tempo. Assim, o crime consuma-se em um</p><p>momento específico, mas seus efeitos se perpetuam no tempo. Exemplo:</p><p>homicídio, sedução.</p><p>CRIMES COMPLEXOS</p><p>São aqueles que contêm duas ou mais figuras típicas penais; ofendem</p><p>mais de um bem jurídico. Exemplo: latrocínio roubo + homicídio; Roubo =</p><p>furto + ameaça.</p><p>CRIMES DE AÇÃO MULTIPLA</p><p>São aqueles em que se encontram descritas no tipo duas ou mais</p><p>condutas, ou seja, encontram-se previstas alternativas de condutas, só</p><p>havendo necessidade da prática de uma para se realizar o delito. Exemplo:</p><p>induzimento, auxilio e instigação ao suicídio.</p><p>CRIMES UNISSUBJETIVOS</p><p>São aqueles nos quais a totalidade dos atos típicos pode ser praticada</p><p>por um único agente. Exemplo: homicídio.</p><p>CRIMES PLURISSUBJETI VOS</p><p>São aqueles em que a lei exige mais de um agente para que seja</p><p>consumado o delito; são também</p><p>chamados de crimes de concurso</p><p>necessário. Exemplo: quadrilha ou bando; rixa.</p><p>CRIMES COMISSIVOS</p><p>São aqueles em que há uma ação positiva (fazer). A ação viola um</p><p>preceito proibitivo. A maioria dos tipos penais são comissivos. Exemplo:</p><p>furto.</p><p>CRIMES OMISSIVOS</p><p>São os praticados pela abstenção (não fazer) de comportamento</p><p>exigido pela norma. E o não fazer o que a lei manda</p><p>CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS</p><p>(ou CRIME OMISSIVO PURO)</p><p>Tais crimes somente podem ser praticados mediante um não-fazer o</p><p>que a lei manda, como por exemplo, o crime de omissão de socorro (CP,</p><p>artigo 135). Portanto, o omitente só praticará o crime se houver tipo</p><p>incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera</p><p>conduta.36</p><p>CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU</p><p>COMISSIVOS POR OMISSÃO (ART. 13, § 2º, CP)</p><p>São aqueles em que o agente, por deixar de fazer o que estava obriga-</p><p>do por lei, produz o resultado. Exemplo: a mãe que deixa de alimentar seu</p><p>filho em face de amamentação (CP, artigo 13, § 2º,”a” - obrigação de</p><p>cuidado, proteção ou vigilância).</p><p>Estes crimes só podem ser praticados pela pessoa que tiver, por lei, o</p><p>dever de evitar o resultado, ou ainda, por aquela que se encontra na</p><p>denominada posição de garantidor (garante),que também possui o dever</p><p>legal, por força do artigo 13,5 20, “b”, do Código Penal. Como exemplo,</p><p>podemos citar o caso da enfermeira paga, ou aquela vizinha que</p><p>voluntariamente se ofereceu para cuidar do recém-nascido. Temos ainda,</p><p>na alínea “c” do § 2º do artigo 13, o dever de agir e evitar o resultado</p><p>daquele que criou o risco da ocorrência do resultado. Como exemplo</p><p>clássico, citamos o nadador profissional que convida o banhista bisonho</p><p>para uma travessia e não o socorre quando este está se afogando.</p><p>CRIME PUTATIVO</p><p>É o crime imaginário. O sujeito imagina estar praticando uma conduta</p><p>ilícita, porém, sua conduta é lícita. Como exemplo, podemos citar o caso da</p><p>mulher que ingere substância abortiva, supondo estar grávida. Neste caso</p><p>estamos diante de um delito putativo por erro de tipo, que é o crime</p><p>impossível pela impropriedade absoluta do objeto.</p><p>CRIME FALHO OU TENTATIVA PERFEITA</p><p>É aquele em que o agente realiza todos os elementos do tipo, mas o</p><p>resultado acaba não acontecendo por circunstâncias alheias à sua vontade.</p><p>Ex.: o atirador descarrega todas as balas da arma sem atingir a vítima.</p><p>CRIMES PROGRESSIVOS</p><p>São aqueles que apresentam uma figura típica mais grave em que se</p><p>inclui outra menos grave, ou seja, o crime menos grave está contido no de</p><p>maior gravidade. Ex.: homicídio. Não é possível o crime de “matar alguém”</p><p>sem que antes exista o de “ofender a integridade corporal ou a saúde de</p><p>outrem” (CP, artigos 121 e 129).</p><p>Neste caso aplica-se princípio da consunção, respondendo o agente</p><p>apenas pelo crime de homicídio e não também pelo crime de lesão</p><p>corporal.</p><p>CRIMES DE RESPONSABILIDADE</p><p>São aqueles que são praticados por agentes que detêm poder político.</p><p>Exemplo: responsabilidade administrativa e penal de prefeitos e</p><p>vereadores.</p><p>CRIME A PRAZO</p><p>A consumação depende de um determinado lapso de tempo, por</p><p>exemplo, artigo 129,§ 1º, I, do Código Penal, (mais de 30 dias).</p><p>CRIMES DE DANO</p><p>São aqueles que exigem uma real lesão ao bem juridicamente</p><p>protegido para a sua consumação. Exemplos: homicídio, dano, etc.</p><p>CRIMES DE PERIGO</p><p>Para que sejam consumados basta a simples possibilidade de causar</p><p>dano. Exemplo: periclitação da vida ou saúde de outrem (CR artigo 132).</p><p>São subdivididos em:</p><p>crime de perigo concreto: ocorre quando a realização do tipo exige uma</p><p>situação de perigo efetivo;</p><p>crime de perigo abstrato: ocorre quando a situação de perigo éabstrata;</p><p>crime de perigo individual: é aquele que atinge apenas uma pessoa ou</p><p>um número determinado de pessoas, por exemplo, perigo de</p><p>contágio venéreo;</p><p>crime de perigo comum ou coletivo: é aquele que somente se consuma</p><p>se for atingido um número indeterminado de pessoas, por</p><p>exemplo, incêndio;</p><p>crime de perigo atual: é aquele que está acontecendo;</p><p>crime de perigo iminente: é aquele que está prestes a acontecer;</p><p>crime de perigo futuro ou mediato: é aquele que pode advir da conduta,</p><p>por exemplo, porte de arma de fogo.</p><p>CRIME ACESSÓRIO</p><p>É aquele que depende de outro crime para existir. Como exemplo,</p><p>podemos citar o crime de receptação (CP, artigo 180).</p><p>CRIME PRINCIPAL</p><p>É aquele que existe independentemente de outros. Exemplo: furto.</p><p>CRIMES DE CONCURSO NECESSÁRIO OU PLURISSUBJETIVO</p><p>São aqueles que exigem pluralidade de sujeitos ativos, por exemplo,</p><p>crime de rixa.</p><p>CRIME MULTITUDINÁRIO</p><p>É aquele cometido por influência de multidão, por exemplo,</p><p>linchamento.</p><p>CRIME HEDIONDO (LEI Nº 8.072/90)</p><p>São considerados hediondos os seguintes crimes, tentados ou</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 18</p><p>consumados: Homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de</p><p>extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado;</p><p>latrocínio; extorsão qualificada pela morte; extorsão mediante sequestro e</p><p>na forma qualificada; estupro; atentado violento ao pudor; epidemia com</p><p>resultado morte; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de</p><p>produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.</p><p>Parágrafo único. Considera-se hediondo o crime de genocídio previsto</p><p>nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1956, tentado ou consumado.</p><p>Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de</p><p>entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:</p><p>I - Anistia, graça e indulto;</p><p>II - Fiança e liberdade provisória.</p><p>Com relação à liberdade provisória e tráfico de drogas na Lei n.0 8.072/</p><p>90, há entendimento no sentido contrário:</p><p>Admite-se, uma vez que o artigo 20, II, é inconstitucional (CF, artigo 5º,</p><p>LXVI): TJSP, HC 113.259, 6ª Câmara, 28.08.91, Rel. Des. Luiz Betanho;</p><p>HC 105.484, RT671/323.</p><p>Em caso de condenação, se o acusado estiver preso em decorrência</p><p>de flagrante, prisão temporária ou preventiva, não se admite a apelação em</p><p>liberdade, em face da proibição de liberdade provisória. Se o acusado</p><p>encontra-se solto, o juiz pode conceder, fundamentadamente, que o réu re-</p><p>corra em liberdade.</p><p>Cabe prisão temporária por 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 30</p><p>(trinta), se comprovada extrema necessidade.</p><p>A pena deve ser cumprida integralmente em regime fechado.</p><p>DELAÇÃO PREMIADA</p><p>O artigo 7º, da Lei n0 8.072/90, com nova redação dada pelo artigo 1º, §</p><p>4º da Lei n0 9.269/96, acrescentou ao artigo 1º, §4º, segundo o qual, no</p><p>crime de extorsão mediante sequestro, caso o mesmo seja praticado em</p><p>concurso, e o concorrente denunciar o fato à autoridade, possibilitando a</p><p>liberação do sequestrado, será beneficiado com uma redução de pena que</p><p>será de um a dois terços.</p><p>Não há necessidade de se indagar a motivação da informação remeti-</p><p>da, se arrependimento, remorso, medo, temor, ou qualquer outro, bastando</p><p>notícias a respeito do cativeiro e que elas alcancem sucesso. Foi instituída,</p><p>assim, a figura da delação no direito penal brasileiro.</p><p>CONCURSO DE CRIMES</p><p>O concurso de crimes ocorre quando um agente pratica duas ou mais</p><p>infrações penais.</p><p>Ternos três espécies de concurso de crimes: concurso formal,</p><p>concurso material e crime continuado. Diz-se também concurso de penas.</p><p>CONCURSO MATERIAL (ou REAL) (ART. 69 CP)</p><p>Quando o agente, mediante duas ou mais ações ou omissões</p><p>(idênticas ou não), acarreta dois ou mais resultados. Exemplo: furta o carro</p><p>e atropela, por imprudência, terceira pessoa.</p><p>VÁRIAS AÇÕES = VÁRIOS RESULTADOS</p><p>Aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que</p><p>haja incorrido o agente. No caso de aplicação cumulativa de penas de</p><p>reclusão e detenção, executa-se primeiro aquela (CR artigo 69, caput). Se</p><p>forem aplicadas penas restritivas</p><p>de direitos, o condenado cumprirá</p><p>simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as</p><p>demais (CP, artigo 69, § 2º).</p><p>Já, em se tratando de pena privativa de liberdade, não suspensa por</p><p>um dos crimes, ou seja, caso seja fixada uma pena em regime fechado</p><p>(impossibilidade da concessão de sursis) e ao mesmo tempo outra, na</p><p>mesma sentença, em que será perfeitamente cabível a substituição da</p><p>pena por pena restritiva de direitos, incabível será a aplicação do artigo 44</p><p>do CP (art.69,5 10); em contrapartida, este mesmo parágrafo estabelece a</p><p>viabilidade de se cumular, quando do reconhecimento do concurso</p><p>material, uma pena privativa de liberdade, com suspensão condicional da</p><p>pena (sursis) ou mesmo regime aberto (prisão domiciliar) com uma restritiva</p><p>de direitos, isto é, tal parágrafo permite que o condenado cumpra as</p><p>condições do sursis ao mesmo tempo em que efetua o pagamento da</p><p>prestação pecuniária.</p><p>Assim, as penas são somadas aritmeticamente.</p><p>CONCURSO FORMAL (ou IDEAL) (ART. 70 CP)</p><p>Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão (idênticas ou</p><p>não), acarreta dois ou mais resultados. Exemplo: o agente atira em “A” e</p><p>mata “A” e “B”.</p><p>- UMA AÇÃO = VÁRIOS RESULTADOS</p><p>Em se tratando de aplicação de pena, aplica-se a mais grave das</p><p>penas cabíveis, ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em</p><p>qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,</p><p>cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes</p><p>resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo 69 do</p><p>Código Penal (concurso material).</p><p>Assim, se dois crimes forem frutos de desígnios autônomos, há a</p><p>somatória de penas, e, em hipótese alguma a pena pode exceder aquela</p><p>cabível no caso de concurso material (CP, artigo 70, parágrafo único)</p><p>CRIME CONTINUADO (ou CONTINUIDADE DELITIVA) (ART. 71 CP)</p><p>Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica</p><p>dois ou mais crimes da mesma espécie, e, pelas condições de tempo,</p><p>lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes</p><p>serem havidos como continuação do primeiro...</p><p>Há várias ações, sendo cada uma um delito já consumado, mas que se</p><p>mostram unidas por uma homogeneidade circunstancial que as transforma,</p><p>por ficção, em realização de um só crime em desenvolvimento continuado.</p><p>Será aplicada a pena de um só dos crimes se idênticas ou a do mais</p><p>grave se diversas; aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois</p><p>terços.</p><p>Trata-se de um benefício ao réu que visa à diminuição do tempo de</p><p>condenação.</p><p>Parágrafo único: nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,</p><p>cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,</p><p>considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a</p><p>personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,</p><p>aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se</p><p>diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do artigo 70</p><p>e do artigo 75 do Código Penal.</p><p>Crimes Dolosos e Culposos</p><p>O crime doloso, também chamado de crime ou dano comissivo ou in-</p><p>tencional, é aquele em que o agente prevê o resultado lesivo de sua condu-</p><p>ta e, mesmo assim, leva-a adiante, produzindo o resultado.</p><p>Classifica-se em direto, quando há a previsão do resultado lesivo mais</p><p>a vontade livre e consciente de produzi-lo, e indireto, quando há a previsão</p><p>do resultado lesivo mais a aceitação de sua ocorrência.</p><p>Crime Culposos:</p><p>Culpa Inconsciente ou Pré- Consciente: é uma conduta voluntária, sem</p><p>intenção de produzir o resultado ilícito, porém, previsível, que poderia ser</p><p>evitado. A conduta deve ser resultado de negligência, imperícia ou impru-</p><p>dência.</p><p>exemplos:</p><p>• Imprudência: art. 121, § 3º do Código Penal (CP) - Homicídio culposo</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 19</p><p>A pessoa que dirige em estrada, com sono, resultando em acidente fa-</p><p>tal a outrem.</p><p>• Negligência: art. 121, § 3º do CP - Homicídio culposo</p><p>A pessoa que esquece filho recém-nascido no interior do carro, resul-</p><p>tando em morte por asfixiamento.</p><p>Pessoa iniciante na prática de artes marciais, durante o treinamento,</p><p>causa lesão corporal em alguém, ao manejar incorretamente arma cortante.</p><p>• Imperícia: art. 129, § 6º do CP - Lesão corporal culposa</p><p>DOLO</p><p>Dolo é a vontade livre e consciente de realizar o comportamento típico,</p><p>ou seja, quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo.</p><p>É, portanto, a intenção inequívoca de produzir o resultado. Crimes dolosos</p><p>são os crimes intencionais.</p><p>Temos três teorias relacionadas ao dolo, quais sejam: teoria da</p><p>vontade, teoria da representação e teoria do assentimento.</p><p>Para a teoria da vontade o dolo consiste na vontade e na consciência</p><p>de praticar o fato típico. Para a teoria da representação, a essência do dolo</p><p>não estaria tanto na vontade, mas principalmente, na previsão do resultado.</p><p>Já para a teoria do assentimento, o dolo consistiria no assentimento do</p><p>resultado, isto é, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de</p><p>produzi-lo.</p><p>O nosso Código Penal (CP, artigo 18,I), adotou a teoria da vontade e a</p><p>teoria do assentimento: diz-se o crime doloso quando o agente quis o</p><p>resultado (teoria da vontade) ou assumiu o risco de produzi-lo (teoria do</p><p>assentimento).</p><p>Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato</p><p>previsto como crime senão quando o pratica dolosamente (CP, artigo 18,</p><p>parágrafo único).</p><p>ELEMENTOS DO DOLO</p><p>Os elementos do dolo são: a consciência e a vontade.</p><p>ESPËCIES DE DOLO</p><p>Dolo direto ou determinado: quando o agente visa a determinado</p><p>resultado. Exemplo: o agente atira com a intenção de matar.</p><p>Dolo indireto ou indeterminado: Quando o agente não visa a resultado</p><p>certo, determinado. O dolo indireto é subdividido em:</p><p>b. 1) eventual: quando o agente não quer diretamente o resultado, mas</p><p>assume o risco de produzi-lo, ou seja, o agente prevê o resultado</p><p>de sua conduta e não deseja diretamente esse resultado, mas</p><p>segue em frente na conduta assumindo a possibilidade de alcançar</p><p>certo resultado ilícito;</p><p>b.2) alternativo: quando a vontade do agente se dirige a um ou outro</p><p>resultado. Exemplo: quando o agente dispara uma arma para ferir</p><p>ou matar.</p><p>Dolo de dano: Quando o agente quer o dano ou assume o risco de</p><p>produzi-lo (causar dano efetivo).</p><p>Dolo de perigo: Quando o agente quer ou assume o risco de colocar a</p><p>vítima em perigo. A conduta se orienta apenas para a criação de</p><p>um perigo. Exemplo: crime de perigo de contágio venéreo (artigo</p><p>130 do Código Penal).</p><p>Dolo específico: Quando existe a vontade de produzir um fim especial,</p><p>específico. Exemplo: alteração de limites para o fim de apropriar-</p><p>se.</p><p>Dolo genérico: Quando há vontade de praticar o fato descrito no tipo,</p><p>ou seja, quando a intenção do agente se esgota na produção do</p><p>fato típico. É o dolo comum.</p><p>CULPA</p><p>Segundo Paulo José da Costa Júnior, a culpa é a prática voluntária de</p><p>urna conduta, sem a devida atenção ou cuidado, da qual deflui um</p><p>resultado previsto na lei como crime, não desejado nem previsto, mas</p><p>previsível.</p><p>A culpa consiste na prática não intencional do delito, faltando, porém,</p><p>ao agente, um dever de atenção, cuidado. Na culpa o agente produz o</p><p>resultado por negligência, imprudência ou imperícia.</p><p>MODALIDADES DE CULPA</p><p>negligência: a falta de atenção devida é a desatenção. Exemplo: dirigir</p><p>olhando para a calçada ao invés da rua; passear com cachorro</p><p>bravio sem focinheira;</p><p>imprudência: quando existe a inobservância da cautela comum, exigida</p><p>em determinados atos. É a prática de ato perigoso. Exemplo: dirigir</p><p>em velocidade superior à permitida no local;</p><p>imperícia: é a inobservância dos cuidados específicos a que deveria</p><p>estar habilitado o agente por falta de aptidão,</p><p>bens jurídico-penais absolutamente essenciais ao convívio social e que são</p><p>considerados merecedores da tutela penal. Tudo isso conduz a um meio de</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 2</p><p>controle com alto grau de formalização, com regras e princípios muito bem</p><p>definidos.</p><p>Neste sentido, o sistema penal é um sistema garantista de controle</p><p>formalizado. Apresenta vantagens que os sistemas de controle informais</p><p>não dispõem, possibilitando que através da resposta penal sejam afastadas</p><p>reações incontroladas e espontâneas como a vingança privada. Garcia-</p><p>Pablos considera que o Direito Penal, por suas características, é um ins-</p><p>trumento mais racional, previsível, limitado e seguro do que outros controles</p><p>sociais.[6] O próprio critério de proteção a bens jurídicos enquanto garantia</p><p>será reforçado pelos critérios dos princípios da ofensividade – exigência de</p><p>lesão ou perigo de lesão concreta ao bem jurídico – e insignificância –</p><p>desconsideração de ataques insignificantes aos bens juridicamente tutela-</p><p>dos.</p><p>Toda norma penal que institui um crime protege (ou deveria proteger)</p><p>algum bem fundamental, que através de sua proteção é elevado à condição</p><p>de bem jurídico. Trata-se de uma proteção de ordem subsidiária, pois o</p><p>emprego da intervenção jurídico-penal somente é justificado quando o</p><p>Direito Civil ou outros ramos do Direito Público se mostram insuficientes à</p><p>tutela eficaz do bem em questão. A ideia de subsidiariedade – assim como</p><p>a ideia de fragmentariedade – é extraída do princípio da intervenção míni-</p><p>ma.</p><p>Existe certo consenso no que se refere à conceituação do Direito Penal</p><p>na doutrina contemporânea.[7] Para Bitencourt, o Direito Penal “apresenta-</p><p>se como um conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determina-</p><p>ção de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes –</p><p>penas e medidas de segurança”.[8] Brandão constrói uma definição norma-</p><p>tiva de Direito Penal, com base em três institutos: Crime, Pena e Medida de</p><p>Segurança. Assim, o autor afirma que “o Direito Penal é um conjunto de</p><p>normas que determinam que ações são consideradas como crimes e lhes</p><p>imputa a pena – esta como consequência do crime –, ou a medida de</p><p>segurança”.[9] De acordo com Luiz Régis Prado, “O Direito Penal é o setor</p><p>ou parcela do ordenamento jurídico público que estabelece as ações ou</p><p>omissões delitivas, cominando-lhes determinadas consequências jurídicas</p><p>– penas ou medidas de segurança. Enquanto sistema normativo, integra-se</p><p>por normas jurídicas (mandamentos e proibições) que criam o injusto penal</p><p>e suas respectivas consequências”.[10] Para Nucci, o Direito Penal “é o</p><p>corpo de normas jurídicas voltadas à fixação dos limites do poder punitivo</p><p>do Estado, instituindo as infrações penais e as sanções correspondentes,</p><p>bem como regras atinentes à sua aplicação”.[11]</p><p>Considerando-se que ao Direito Penal está reservada a mais grave</p><p>sanção do ordenamento jurídico – a pena – e que esta é consequência</p><p>jurídica do crime, fica assinalada a especificidade da intervenção jurídico-</p><p>penal, que caracteriza esse ramo do Direito. Conforme Roxin, o Direito</p><p>Penal é composto por todos os preceitos que regulam os pressupostos e</p><p>consequências de uma conduta cominada com pena ou medida de segu-</p><p>rança. Dentre os pressupostos se encontram as descrições de condutas</p><p>delitivas (como o homicídio, por exemplo) e dentre suas consequências,</p><p>todas as normas que se ocupam da configuração e determinação da pena,</p><p>ou da imposição de medida de segurança. Pena e medida, são, portanto, o</p><p>ponto comum de referência a todos os preceitos jurídico-penais. O que faz</p><p>com que um preceito pertença ao Direito Penal não é a mera regulação</p><p>normativa de uma violação a mandamento ou proibição (porque também</p><p>ocorre em muitos casos no âmbito civil e administrativo), mas o fato dessa</p><p>infração ser passível de sanção através de pena ou medida de seguran-</p><p>ça.[12]</p><p>A pretensão preventiva também distingue o Direito Penal dos demais</p><p>ramos do ordenamento jurídico, uma vez que objetiva evitar a prática de</p><p>crimes através de uma prevenção geral genérica, dirigida a todos, que em</p><p>caso de falha, impõe através do devido processo legal a sanção cominada,</p><p>sendo esse o seu sentido de prevenção especial, expressão máxima do</p><p>caráter coercitivo do poder exercido.[13] Com efeito, daí decorre a noção</p><p>de que a norma penal consiste em um imperativo, onde se atribui à pena a</p><p>função de motivar contra o delito, ou seja, uma função de prevenção de</p><p>delitos e de proteção de bens jurídicos.</p><p>O Direito Penal – como todo texto – é datado. Logo, é um objeto cultu-</p><p>ral que pertence a um recorte histórico e geográfico específico.[14] Isso</p><p>significa que é a expressão de um tempo, de determinadas circunstâncias</p><p>sociais, culturais, políticas, econômicas, enfim. O processo de elaboração</p><p>legislativa em âmbito penal não escapa a esta regra. São circunstâncias de</p><p>cunho histórico/valorativo que conduzem à definição abstrata por meio do</p><p>Direito Penal de uma série de comportamentos que devem ser obedecidos</p><p>e/ou evitados pelos cidadãos. A proibição legislativa de uma determinada</p><p>conduta, através da norma penal, importa em uma valoração negativa que</p><p>conduz à criminalização da mesma. Isso implica em mandamentos e proibi-</p><p>ções relacionados a determinados bens jurídicos, que definem o injusto</p><p>penal e as consequências para as condutas desviadas, estabelecendo o</p><p>desvalor de certas ações e resultados.</p><p>Portanto, o Direito Penal – ou Direito Criminal – define as infrações pe-</p><p>nais (crimes ou delitos e contravenções) e comina-lhes sanções na hipóte-</p><p>se de descumprimento dos preceitos estabelecidos. A denominação Direito</p><p>Penal é mais comum nos países ocidentais, ainda que o termo Direito</p><p>Criminal (expressão mais abrangente) ainda seja utilizado pelos anglo-</p><p>saxões. A questão é meramente terminológica, embora alguns autores</p><p>apontem que o enfoque de um é maior no crime e do outro, na punição.</p><p>Outros termos, como Direito Repressivo (Puglia), Princípios de Criminologia</p><p>(Luca), Direito Sancionador, Direito Protetor dos Criminosos (Dorado Mon-</p><p>tero), Direito de Luta contra o Crime (Thomsen), Direito de Defesa Social</p><p>(José Agustín Martínez), e Direito Restaurador surgiram, mas sem grande</p><p>difusão. Entretanto, deve ser ressaltado que é difícil discordar da afirmativa</p><p>de que o termo Direito Penal designa um objeto mais restrito do que trata</p><p>este ramo do Direito, como a própria existência das medidas de segurança</p><p>indica.[15]</p><p>Jiménez de Asúa considera que o Direito Penal é cultural, normativo,</p><p>valorativo e finalista.[16] O Direito Penal atual é ramo do Direito Público[17],</p><p>e para Asúa, é sancionador e não constitutivo, já que a antijuridicidade é</p><p>uma só; a infração é a todo o ordenamento jurídico, pois a contrariedade se</p><p>refere ao direito e não somente à ordem penal.[18] De acordo com esse</p><p>entendimento, o Direito Penal não cria bens jurídicos, mas apenas acres-</p><p>centa proteção a bens já disciplinados por outros setores do ordenamento.</p><p>No entanto, o Direito Penal tem natureza ao menos, parcialmente cons-</p><p>titutiva, ainda que a primeira seja predominante. Como refere Zaffaroni, ele</p><p>será excepcionalmente constitutivo quando proteger bens ou interesses</p><p>não regulados em outras áreas do direito, como é o caso da omissão de</p><p>socorro.[19] Todavia, de acordo com Bitencourt, é preciso reconhecer a</p><p>natureza primária e constitutiva do Direito Penal, pois mesmo quando</p><p>protege bens já cobertos por outros ramos do ordenamento jurídico, o faz</p><p>de uma forma que lhe é peculiar, com outra espécie de valoração.[20] Para</p><p>Luiz Regis Prado, o Direito Penal tem natureza autônoma ou constitutiva</p><p>(valorativa) mas também sancionatária.[21]</p><p>De qualquer forma, o fato do Direito Penal também ter natureza consti-</p><p>tutiva (primária ou secundária) não deve levar ao equívoco de conceber o</p><p>insuficiência de</p><p>conhecimentos técnicos ou teóricos. Exemplo: sair dirigindo sem</p><p>estar devidamente habilitado. Alguns doutrinadores não aceitam</p><p>este exemplo como sendo imperícia.</p><p>Em geral os tipos culposos são abertos e, sendo assim, não descrevem</p><p>a conduta culposa, limitando-se a dizer: “se o crime é culposo, a pena será</p><p>de..</p><p>Para se saber se houve ou não culpa, necessariamente deverá se</p><p>proceder a um juízo de valor, fazendo-se uma comparação entre a conduta</p><p>do agente no caso concreto e a que um homem de prudência média teria</p><p>na mesma situação.</p><p>ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO</p><p>Os elementos do crime culposo são: conduta (sempre voluntária),</p><p>resultado involuntário, nexo causal, tipicidade, previsibilidade objetiva,</p><p>ausência de previsão (não existe esse elemento na culpa consciente),</p><p>quebra do dever objetivo de cuidado (pela imprudência, imperícia ou</p><p>negligência).</p><p>ESPËCIES DE CULPA</p><p>Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, porém, este era</p><p>previsível;</p><p>Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera sincera-</p><p>mente que este não ocorra. Há no agente a representação da</p><p>possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por</p><p>entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento</p><p>lesivo previsto;</p><p>Culpa imprópria (ou por extensão, por equiparação ou por assimilação):</p><p>é aquela em que o agente, por erro de tipo inescusável, imagina</p><p>praticar a conduta licitamente, ou seja, o agente supõe estar</p><p>acobertado por uma das excludentes de ilicitude ou antijuridicidade</p><p>(legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do</p><p>dever legal ou exercício regular do direito). Contudo, esse erro</p><p>poderia ter sido evitado pelo emprego de diligência mediana, e, as-</p><p>sim, subsiste o comportamento culposo;</p><p>culpa presumida: trata-se de uma forma de responsabilidade objetiva e,</p><p>portanto, não é prevista na legislação penal. Já o Código Penal de</p><p>1940, contrariamente, previa a punição por crime culposo quando</p><p>o agente causasse o resultado apenas por ter infringido uma</p><p>disposição regulamentar, como, por exemplo, dirigir sem</p><p>habilitação legal, ainda que não houvesse imprudência,</p><p>negligência ou imperícia;</p><p>culpa mediata ou indireta: nesta espécie de culpa, o agente indireta-</p><p>mente produz o resultado; é o caso de uma pessoa que atropela</p><p>uma criança e, em razão disso, o pai atravessa a rua para prestar</p><p>socorro e acaba atropelado por outro veículo.</p><p>GRAUS DE CULPA</p><p>Temos três graus de culpa: culpa grave, culpa leve e culpa levíssima.</p><p>Não há compensação de culpas em Direito Penal.</p><p>CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL</p><p>Na culpa consciente, embora seja o resultado previsto pelo agente,</p><p>este espera, sinceramente, que jamais irá ocorrer, confiando, destarte, na</p><p>sua habilidade. Já, no dolo eventual, o agente também prevê o resultado</p><p>(embora não o deseja), contudo, dá seu assentimento ao resultado. Isto</p><p>posto, tanto na culpa consciente como no dolo eventual o resultado é</p><p>previsível pelo agente, porém, no dolo eventual o agente diz: “tanto faz”,</p><p>enquanto na culpa consciente supõe: “é possível, mas não vai acontecer de</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 20</p><p>forma alguma’~51</p><p>DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (ART.</p><p>15 CP)</p><p>Como estudado anteriormente, dá-se a tentativa quando o resultado</p><p>não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Contudo, o</p><p>próprio agente, após iniciada a execução, voluntariamente, pode desistir de</p><p>prosseguir na mesma (desistência voluntária), ou ainda, pode evitar,</p><p>também voluntariamente, que o resultado ocorra (arrependimento eficaz).</p><p>Na desistência voluntária o agente interrompe o processo de execução</p><p>que iniciara, porque assim o quis. Deve a desistência ser voluntária,</p><p>embora não necessite ser espontânea, podendo ser provocada por temor,</p><p>vergonha, etc.</p><p>Se o crime for consumado, não há que falar em desistência voluntária.</p><p>Assim, se o agente já realizou todo o processo de execução, mas</p><p>impede que o resultado ocorra, estamos diante do arrependimento eficaz.</p><p>O arrependimento eficaz também deve ser voluntário, embora não</p><p>necessite ser espontâneo.</p><p>A maioria dos doutrinadores entende ser tanto a desistência voluntária</p><p>como o arrependimento eficaz, causa de exclusão de punibilidade mas, se</p><p>os atos anteriores forem típicos, o agente responde por eles.</p><p>Se o crime for consumado, não há que se falar em arrependimento</p><p>eficaz.</p><p>ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16 CP)</p><p>Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,</p><p>reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou</p><p>queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois</p><p>terços.</p><p>Para Celso Delmanto, trata-se de causa obrigatória de redução depena</p><p>e não mera atenuante e, por isso, pode ocorrer redução de modo a pena</p><p>ficar abaixo do mínimo previsto e influir no cálculo da prescrição penal.</p><p>Já ensina Waléria G. Loma Garcia que o arrependimento posterior,</p><p>atendido seus requisitos, é uma causa obrigatória de redução depena,</p><p>entre determinados limites.53</p><p>O ato de reparar ou restituir precisa ser voluntário, embora possa não</p><p>ser espontâneo.</p><p>Assim, os requisitos do arrependimento posterior são:</p><p>a) ausência de violência ou grave ameaça à pessoa;</p><p>b) reparação do dano ou restituição da coisa (na sua integralidade e</p><p>até o recebimento da denúncia ou queixa);</p><p>c) voluntariedade.</p><p>Caso a reparação do dano ou a restituição da coisa seja parcial, será</p><p>considerada apenas como atenuante conforme preceitua o artigo 65,III, b,</p><p>do Código Penal.</p><p>CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17 CP)</p><p>Tem-se crime impossível quando, por ineficácia absoluta do meio ou</p><p>por absoluta impropriedade do objeto, torna-se impossível a consumação</p><p>do delito.</p><p>O crime impossível é também chamado de tentativa inidônea ou</p><p>inadequada, tentativa impossível ou quase-crime.</p><p>Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado é absolutamente</p><p>ineficaz. Exemplos: disparar revólver sem munição (é meio absolutamente</p><p>inidôneo para matar alguém); já o revólver com balas velhas (pode ou não</p><p>disparar) é meio relativamente inidôneo e seu uso permite caracterizar a</p><p>tentativa de crime.</p><p>Impropriedade absoluta do objeto: o objeto material do crime é</p><p>absolutamente impróprio para que o crime se consume. Exemplos:</p><p>esfaquear cadáver; bater carteira de quem não possui dinheiro; práticas</p><p>abortivas em mulheres não grávidas.</p><p>O crime impossível está sempre ligado à tentativa, não sendo esta</p><p>punida em face da impossibilidade de consumação da infração penal.</p><p>Duas teorias existem a respeito de crime impossível:</p><p>a) teoria subjetiva: segundo ela, o que importa é a intenção do</p><p>agente, responsabilizando-o mesmo que o meio ou objeto sejam</p><p>ineficazes;</p><p>b) teoria objetiva: entende ser impossível a tentativa apenas quando</p><p>o meio ou objeto forem absolutamente impróprios para a</p><p>consumação. Esta teoria é a adotada pelo Código Penal.</p><p>Porquanto, uma vez presente a figura do crime impossível, haverá</p><p>Isenção de pena, sendo portanto, uma exceção à regra da punibilidade da</p><p>tentativa de crime. Torna-se o fato atípico.</p><p>AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO (ART. 19 CP)</p><p>O artigo 19 do Código Penal visa a impedir a punição de alguém por</p><p>simples responsabilidade objetiva (ausência de dolo ou culpa). Para isso,</p><p>determina que, pelo resultado que agrava especialmente a pena, só</p><p>responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Isto</p><p>posto, além do dolo e da culpa, temos uma outra forma de culpabilidade: o</p><p>preterdolo ou preterintenção.</p><p>Assim, o crime qualificado pelo resultado também é denominado crime</p><p>preterdoloso, ou ainda preterintencional.</p><p>No dizer de Magalhães Noronha, há dois crimes na figura preterdolosa:</p><p>o minusdelictum (o que o delinquentequeriapraticar), atribuível a título de</p><p>dolo,</p><p>e o majus delictum (o que realmente se vem a verificar), imputado a</p><p>título de culpa.</p><p>Portanto, temos o crime preterdoloso quando o agente, por ação ou</p><p>omissão, provoca, por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), um</p><p>resultado mais grave que o pretendido. Dolo no antecedente e culpa no</p><p>consequente. Exemplo: lesão corporal seguida de morte (CR artigo 129, §</p><p>3º).</p><p>Neste caso, o agente é punido pela lesão corporal a título de dolo e</p><p>pela morte a título de culpa.</p><p>ERRO DE TIPO (ART. 20 CP)</p><p>Ignorar é não saber; errar é saber mal (Paulo José da Costa Júnior).</p><p>Trata-se do erro (engano, desconhecimento) sobre elemento que constitua</p><p>o tipo (descrição legal do comportamento proibido) penal. Tal fato exclui o</p><p>dolo, mas permite a punição por culpa se houver previsão legal de conduta</p><p>culposa.</p><p>O erro pode ocorrer sobre os aspectos (elementos) objetivos,</p><p>subjetivos e normativos do tipo.</p><p>Explicamos como exemplo a descrição do crime de furto: subtrair para</p><p>si ou para outrem, coisa alheia móvel (CP, artigo 155).</p><p>a) elemento objetivo: subtrair coisa móvel;</p><p>b) elemento normativo: desconhecer o alcance de expressões</p><p>usadas, “coisa alheia móvel”;</p><p>c) elemento subjetivo: para si ou para outrem.</p><p>Ainda, como elementos constitutivos do tipo legal do crime devem ser</p><p>entendidos, além dos já supracitados, outros, quais sejam: as causas ou</p><p>circunstâncias que qualificam o crime ou aumentam a pena.56</p><p>ESPECIES DE ERRO</p><p>O erro de tipo pode ser:</p><p>a) acidental: refere-se a dados acessórios ou secundários do crime.</p><p>É irrelevante para o tipo penal; não beneficia o agente.</p><p>Exemplo: se o agente pretende furtar uma mala cheia de jóias e,</p><p>por erro, subtrai uma mala cheia de roupas, seu erro é acidental</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 21</p><p>já que, tanto faz subtrair jóias ou roupas, pois ambas as ações</p><p>caracterizam o crime de furto.</p><p>b) essencial: sempre afasta o dolo; refere-se a dados elementares</p><p>do crime. Pode ser:</p><p>b.1) Erro essencial inevitável (ou invencível): afasta o dolo e a culpa.</p><p>Nele o sujeito errou, porém, tomou todas as precauções</p><p>exigíveis dentro dos limites em que se encontrava (CP, artigo 20,</p><p>la parte);</p><p>b.2) Erro essencial evitável (ou vencível): afasta o dolo, mas permite</p><p>a punição a título de culpa caso o fato seja punível também na</p><p>modalidade da culpa. Neste caso, o sujeito, embora não agindo</p><p>com dolo, poderia ter evitado o erro se tivesse agido tomando os</p><p>cuidados objetivos necessários (CR artigo 20, última parte).</p><p>Assim, caso o sujeito, por ausência de cuidado, venha a matar uma</p><p>pessoa em vez de um animal, responderá por crime de homicídio culposo,</p><p>já que é prevista tal figura delitiva. Contrariamente, se o sujeito</p><p>equivocadamente leva uma mala alheia supondo ser sua, não responderá</p><p>por crime algum,já que inexiste a figura culposa do crime de furto.</p><p>DESCRIMINANTES PUTATI VÁS (ART. 20, §1º, CP)</p><p>Trata-se de erro de tipo permissivo, ou seja, erro sobre os requisitos</p><p>fáticos de uma causa excludente de ilicitude. Neste caso, o agente supõe</p><p>estar agindo amparado por uma das excludentes de ilicitude ou</p><p>antijuridicidade (legítima defesa, estado de necessidade, estrito</p><p>cumprimento do dever legal, exercício regular do direito).</p><p>Se o erro era inevitável, invencível, não há dolo nem culpa (CP, artigo</p><p>20, §1º, 1ª parte).</p><p>Se o erro era evitável, vencível, poderá haver punição a título de culpa</p><p>(CP, artigo 20, § 1º, última parte).</p><p>Fernando Capez cita como exemplo: o sujeito está assistindo à</p><p>televisão quando um primo brincalhão surge à sua frente disfarçado de</p><p>assaltante Imaginando uma situação de fato, na qual se apresenta uma</p><p>agressão iminente a direito próprio, o agente dispara contra o colateral,</p><p>pensando estar em legítima defesa. A situação justificante só existe em sua</p><p>cabeça; por isso diz-se legítima defesa imaginária ouputativa57.</p><p>ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO (ART. 20, § 2º, CP)</p><p>Neste caso, o erro é causado por terceiro e, sendo assim, este</p><p>responderá pelo crime.</p><p>Caso o terceiro tenha agido dolosamente, quer dizer intencionalmente,</p><p>responderá a título de dolo; se agiu culposamente, poderá responder a</p><p>título de culpa.</p><p>O provocado, ou seja, o sujeito que agiu pela provocação de terceiro,</p><p>estará isento de pena caso o erro seja inevitável; se evitável, responderá a</p><p>título de culpa por ter deixado de tomar os cuidados objetivos necessários.</p><p>ERRO SOBRE A PESSOA (ART. 20, §3º, CP)</p><p>O erro versa sobre a pessoa: o agente atira em “A” por supor tratar-se</p><p>de “B”. Neste caso, não ocorre a isenção de pena e, para efeito de</p><p>qualificadoras, atenuantes, privilégios e agravantes, deve-se considerar a</p><p>pessoa que o agente pretendia atingir e não a pessoa que foi vitimada.</p><p>ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO OU ERRO DE PROIBIÇÃO</p><p>(ART. 21 CP)</p><p>Preceitua o artigo 21 do Código Penal: o desconhecimento da lei é</p><p>inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;</p><p>se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.</p><p>Porquanto, o erro sobre a ilicitude do fato, advém de uma equivocada</p><p>compreensão da lei, levando o agente a pensar erroneamente que o fato é</p><p>permitido. Exemplo: eutanásia.</p><p>Se o erro for inevitável, será causa de isenção de pena. Caso o erro</p><p>seja evitável, ou seja, caso haja possibilidade do agente, em virtude das</p><p>circunstâncias, ter a consciência da ilicitude, a pena será diminuída de um</p><p>sexto a um terço.</p><p>O mero desconhecimento da lei não é causa de isenção de pena.</p><p>No caso de apropriação de coisa achada, é possível alegar erro de</p><p>proibição, em face do desconhecimento geral quanto à tipicidade de tal</p><p>conduta; ‘achado não é roubado”.</p><p>ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) (ART. 73 CP)</p><p>Opera-se o erro na execução quando o agente, por inabilidade ou</p><p>acidente, atinge pessoa diversa da pretendida. Neste caso, apesar do erro,</p><p>não muda o interesse ou o bem protegido pela norma penal. Trata-se de</p><p>erro de pontaria.</p><p>Face ao erro de execução, o agente responde como se tivesse atingido</p><p>a pessoa que tencionava atingir e, caso além da vítima equivocada, a</p><p>pretendida também seja atingida, aplica-se a regra do concurso formal (CR</p><p>artigo 70).</p><p>RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO DELICTI)</p><p>(ART. 74 CP)</p><p>Ocorre quando o agente, por inabilidade ou acidente, atinge bem</p><p>jurídico diverso do pretendido. Se é atingida apenas a coisa que não foi</p><p>visada, o agente responde por culpa, na hipótese do delito admitir forma</p><p>culposa. Caso também ocorra o resultado originariamente pretendido,</p><p>haverá concurso formal. Exemplo: o agente quer quebrar, com uma</p><p>pedrada, uma vitrine e atinge a balconista.</p><p>EXCLUDENTES DA ILICITUDE, CULPABILIDADE E TIPICIDADE</p><p>Hoje, venho trazer uma relação das excludentes mais indagadas em</p><p>concurso público. De fato, os candidatos fazem um certa confusão acerca</p><p>do assunto. Veja o que seguem.</p><p>Excludentes da ilicitude:</p><p>legítima defesa</p><p>estado de necessidade</p><p>estrito cumprimento do dever legal</p><p>exercício regular de direito</p><p>* além de outras: 1) – previstas em lei e 2)- supralegais.</p><p>Excludentes da culpabilidade (além de outras legais e suprale-</p><p>gais):</p><p>1- por ausencia de imputabilidade:</p><p>a- menoridade, doença mental, desenvolvimento mental retardado ou</p><p>incompleto e embriaguez completa e acidental.</p><p>2-por ausência de potencial consciência da ilicitude:</p><p>a- erro de proibição inevitável.</p><p>3-por ausência de inexibilidade de conduta diversa:</p><p>a-coação moral irresistível.</p><p>b-obediencia hierárquica.</p><p>Excludentes da tipicidade:</p><p>1- coação física absoluta.</p><p>2- aplicação do princípio da insignificância.</p><p>DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS</p><p>Rafael Diogo</p><p>O decreto-lei nº 3688, de 1941 tipifica alguns crimes que, por ser de</p><p>menor potencial lesivo, o legislador decidiu</p><p>denomina-los de “contraven-</p><p>ções penais”.</p><p>Louvável atitude do legislador em apenar mais brandamente aquele</p><p>que tem uma maior possibilidade de ressocialização, tem a lei algumas</p><p>incoerências, que merecem ser estudadas mais a fundo.</p><p>Reza o art. 4º da já citada lei que “não é punível a tentativa”. Ora, como</p><p>fato tipificado e antijurídico, não consistir a lei apenas de crimes culposos</p><p>ou omissivos próprios, unisubsistentes ou habituais não há um motivo</p><p>aparente porquê o crime tentado não é punível. Segundo o grande mestre</p><p>Aníbal Bruno, “a tentativa é a figura truncada de um crime. Deve possuir</p><p>tudo o que caracteriza o crime, menos a consumação”. Ainda conforme o</p><p>ilustre autor, são elementos da tentativa: Ação que penetrou na fase de</p><p>execução do crime; interrupção dessa fase executiva por circunstância</p><p>alheia ‘a vontade do agente e, por fim, dolo em relação ao crime total.</p><p>Outro ponto da Lei de Contravenções Penais é a constante impaciência</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 22</p><p>do legislador. Chamamos de “impaciência” quando o legislador tipifica um</p><p>crime que por si só não o constituiria. Ocorre quando é tipificado meros</p><p>atos preparatórios. Ainda nos dizeres de Aníbal Bruno “O crime define-se</p><p>materialmente como a lesão ou ameaça a um bem jurídico tutelado pela lei</p><p>penal. Todo ato para penetrar nesta zona de ilicitude e ser punível como</p><p>crime precisa pelo menos constituir-se um perigo direito para o bem penal-</p><p>mente tutelado, e esse é o momento que assinala o começo da execução.</p><p>O ato que ainda não constitui esse ataque direto ao objeto da proteção</p><p>penal é simples ato preparatório.”</p><p>Podemos notar a impaciência do legislador nos arts. 24, 25 e 54, quais</p><p>sejam, Instrumento de Emprego usual na prática de furto, posse não justifi-</p><p>cada de instrumento de emprego usual na prática de furto e exibir ou ter</p><p>sob sua guarda lista de sorteio de loteria estrangeira.</p><p>Sob pena de voltarmos à época Ditatorial, a Constituição Federal, em</p><p>seu art. 5º, LVII, consagra o Princípio da Presunção de Inocência. Sob uma</p><p>visão rígida, não poderia o legislador tipificar meros atos preparatórios, pois</p><p>não há, aí, um perigo à sociedade ou ao Estado, sujeito passivo mediato de</p><p>todos os crimes, mas, no máximo, uma potencial lesão à ordem jurídica</p><p>penal posta. Vale lembrar que nem todo aquele que guarda gazua ou</p><p>instrumentos próprios de furtos irá cometer um furto, como nem todo aquele</p><p>que planeja roubar um banco irá fazê-lo, ou nem todo aquele que, sob o</p><p>domínio momentâneo da raiva afirma: ”Vou te matar” irá, realmente, come-</p><p>ter o ilícito tipificado no art. 121 do CP.</p><p>Cabe saber se essa impaciência do legislador constitui gravíssima o-</p><p>fensa ao Princípio tão consagrado da Presunção de Inocência ou apenas</p><p>uma preocupação maior com a sociedade e punir aquele que apenas</p><p>guarda chaves falsas, ou aquele que tem sob sua guarda lista de sorteio</p><p>estrangeira.</p><p>Outro princípio muito questionado é o princípio da insignificância penal</p><p>ou da bagatela. Esse princípio tão controverso é aceito não só nas Contra-</p><p>venções Penais (TACrimSP, Acrim 687.341, 8a Câm., j. 31.10.1991) como</p><p>no de furto(RT 615/312, TaCrSP, Julgados 86/425) e, inclusive, no pecula-</p><p>to(RT 736/705).</p><p>Seguindo o conceito da ultima ratio do Direito Penal em que a sanção</p><p>penal só é aplicada quando não cabe mais nenhum tipo de sanção (civil,</p><p>administrativa), doutrinadores hão que defendem que não basta que a</p><p>conduta seja descrita em lei para ser crime; essa deve ter uma variante a</p><p>mais, qual seja, a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Com isso, mere-</p><p>cem atipicidade, v.g. o furto de uma galinha para comer.</p><p>Sabemos que a sociedade está em constante mudança. A lei, como</p><p>expressão de vontade indireta do povo, deve se adequar a essas mudan-</p><p>ças. Não podemos, no entanto, esperar que a lei seja mudada e é para isso</p><p>que princípios como o da insignificância penal ou bagatela vêm. Vico</p><p>Mañas, em seu “O Princípio da Insignificância como Excludente no Direito</p><p>Penal” assim se posiciona a respeito da matéria:</p><p>“O princípio da insignificância surge justamente para evitar situa-</p><p>ções dessa espécie, atuando como instrumento de interpretação</p><p>restritiva do tipo penal, com o significado sistemático e político-</p><p>criminal de expressão da regra constitucional do nullum crimen sine</p><p>lege, que nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e frag-</p><p>mentária do direito penal”.</p><p>Com o sistema penitenciário há muito falido é questão primordial pen-</p><p>sar em substitutos para a pena de prisão. As penas restritivas de direito</p><p>(chamadas, erroneamente, de penal alternativas) e a transação penal</p><p>surgiram com esse intuito. Interpretando o princípio da bagatela, deve</p><p>haver uma grande desproporcionalidade entre a efetiva lesão ao patrimônio</p><p>e a pena cominada.</p><p>Há no crime de furto, art. 155 §2º a figura do Furto de pequeno valor,</p><p>ou furto privilegiado. Reza tal dispositivo que “se o criminoso é primário, e é</p><p>de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão</p><p>pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a</p><p>pena de multa.”. Conforme a jurisprudência dominante(JTACrSP 57/397-</p><p>398, 76/340, RT 462/460) e doutrinadores como E. Magalhães Noronha, a</p><p>expressão “pequeno valor” é aquela que não ultrapassa 1 salário mínimo à</p><p>época do fato.</p><p>Com a máxima vênia do grande juspenalista, não nos parece razoável</p><p>definir um valor pois, como sabemos, um mesmo valor tem pesos diferentes</p><p>para diferentes pessoas, v.g., 1 salário mínimo para um grande empresário</p><p>é um valor ínfimo, mas para um operário da construção civil ou uma empre-</p><p>gada doméstica, tal valor representa, no mais das vezes, todo seu ganho</p><p>mensal.</p><p>Para nós esse dispositivo do art. 155 norteia o princípio da insignificân-</p><p>cia penal.</p><p>Como operadores do direito, devemos estar sempre atentos às muta-</p><p>ções diárias da sociedade e, por um critério antes de razoabilidade do que</p><p>doutrinário não devemos apenar da mesma forma aquele que furtou uma</p><p>refeição para matar a fome e de seus familiares.</p><p>O mesmo princípio deverá ser levado em conta na maioria dos disposi-</p><p>tivos previstos da Lei de Execução Penal pois, no mais das vezes, não</p><p>ocorre uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.</p><p>Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal</p><p>SUJEITO ATIVO</p><p>É o homem, o ser humano, a pessoa física, que pode agir isoladamen-</p><p>te ou em concurso com outra pessoa (co-autoria, art. 29 do CP).</p><p>Mas, no mundo do Direito, existem também as pessoas jurídicas, ins-</p><p>tituições, corporações. associações e sociedades que, por força da lei, se</p><p>personalizam, contando com individualidade própria, distinta das pessoas</p><p>que as compõem. Poderiam elas figurar como sujeito ativo de crime? Pela</p><p>teoria realista, considerando a circunstância de a pessoa jurídica ter vonta-</p><p>de. conclui-se pela possibilidade de praticar delito. Pela corrente tradicional,</p><p>não pode. Falta a ela, em termos penais, imputabilidade, consciência e</p><p>vontade. Além do que, as penas previstas no CP são inadequadas e atingi-</p><p>riam pessoas inocentes. Prevalece esse último entendimento. Em nosso Di-</p><p>reito Penal. a culpa é pessoal. Só a pessoa física pode delinquir, já que</p><p>somente ela possui condições, personalidade e vontade para tanto. Na ver-</p><p>dade, a pessoa jurídica pode servir de meio para que as pessoas físicas</p><p>que a compõem venham a delinquir.</p><p>Sujeito passivo</p><p>É o titular do bem lesado ou ameaçado pelo crime. É o homem, a pes-</p><p>soa física. A lei confere proteção à pessoa desde o momento da concep-</p><p>ção, antes do nascimento, quando incrimina o aborto, que é crime contra a</p><p>vida (arts. 124 e s.).</p><p>A pessoa jurídica pode figurar como sujeito passivo de crime. Aponta-</p><p>se a possibilidade, principalmente no campo dos delitos patrimoniais.</p><p>Noronha aponta o Estado,</p><p>pessoa jurídica de direito público, como sujeito</p><p>passivo em sentido genérico. Explica: se o Estado edita normas para pro-</p><p>mover o bem comum, a sua inobservância provoca o desequilíbrio social. O</p><p>agente, com a prática do crime, contraria dispositivos promulgados pelo</p><p>Estado. Assim, genérica e mediatamente, o Estado sempre será sujeito</p><p>passivo.</p><p>TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE.</p><p>TIPICIDADE</p><p>Conceito</p><p>É a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal pre-</p><p>visto abstratamente na lei. Trata-se de uma relação de encaixe, de enqua-</p><p>dramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele</p><p>se enquadre ou não na lei penal.</p><p>O conceito de tipicidade, como se concebe modernamente, passou a</p><p>ser estruturado a partir das lições de Beling (1906), cujo maior mérito foi</p><p>distingui-la da antijuridicidade e da culpabilidade. Seus ensinamentos,</p><p>entretanto, foram aperfeiçoados até que se chegasse à concepção vigente.</p><p>Jiménez de A sua sistematizou essa evolução, dividindo-a em três fases:</p><p>1ª) Fase da independência (Beling — 1906): a tipicidade possuía</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 23</p><p>função meramente descritiva, completamente separada da ilicitude e da</p><p>culpabilidade (entre elas não haveria nenhuma relação). Trata-se de</p><p>elemento valorativamente neutro. Sua concepção não admitia o</p><p>reconhecimento de elementos normativos ou subjetivos do tipo.</p><p>2ª) Fase do caráter indiciário da ilicitude ou da “ratio cognoscendi”</p><p>(Mayer — 1915): a tipicidade deixa de ter função meramente descritiva,</p><p>representando um indício da antijuridicidade. Embora se mantenha a</p><p>independência entre tipicidade e antijuridicidade, admite-se ser uma indício</p><p>da outra. Pela teoria de Mayer, praticando-se um fato típico ele se presume</p><p>ilícito. Essa presunção, contudo, é relativa, pois admite prova em contrário.</p><p>Além disso, a tipicidade não é valorativamente neutra ou descritiva, de</p><p>modo que se toma admissível o reconhecimento de elementos normativos</p><p>e subjetivos do tipo penal.</p><p>3ª) Fase da “ratio essendi” da ilicitude (Mezger — 1931): Mezger atribui</p><p>ao tipo função constitutiva da ilicitude, de tal forma que se o fato for lícito,</p><p>será atípico. A ilicitude faz parte da tipicidade. O tipo penal do homicídio</p><p>não seria matar alguém, mas matar alguém fora das hipóteses de legítima</p><p>defesa, estado de necessidade etc.</p><p>Concepção dominante: a de Mayer.</p><p>Adequação típica</p><p>E o mesmo que tipicidade, ou seja, a relação de subsunção entre o fato</p><p>e a norma penal. Há quem pense de modo diverso, afirmando que</p><p>tipicidade seria a mera correspondência formal entre o fato e a norma,</p><p>enquanto a adequação típica, a correspondência que levaria em conta não</p><p>apenas uma relação formal de justaposição, mas a consideração de outros</p><p>requisitos, como o dolo ou a culpa.</p><p>Há duas modalidades de adequação típica:</p><p>1ª) Adequação típica por subordinação imediata ou direta: dá-se</p><p>quando a adequação entre o fato e a norma penal incriminadora é imediata,</p><p>direta; não é preciso que se recorra a nenhuma norma de extensão do tipo.</p><p>Exemplo: alguém efetua dolosamente vários disparos contra a vítima —</p><p>este fato se amolda diretamente ao tipo penal incriminador do art. 121 do</p><p>CP.</p><p>2ª) Adequação típica por subordinação mediata ou indireta: o</p><p>enquadramento fato/norma não ocorre diretamente, exigindo-se o recurso a</p><p>uma norma de extensão para haver subsunção total entre fato concreto e</p><p>lei penal. Exemplo: se alguém, com intenção homicida, efetua vários</p><p>disparos de arma de fogo contra outrem e foge, sendo a vítima socorrida e</p><p>salva a tempo, esse fato não se amolda ao tipo penal do art. 121 (não</p><p>houve morte). Também não se enquadra no art. 129 (lesões corporais)</p><p>porque o sujeito agiu com animus necandi (o art. 129 pressupõe animus</p><p>laedendi). Seria o fato atípico? Não. Para que ocorra o perfeito</p><p>enquadramento da conduta com a norma, contudo, será preciso recorrer a</p><p>uma norma de extensão; no caso, o art. 14, II, que descreve a tentativa. O</p><p>mesmo se verifica quando alguém empresta arma de fogo a um homicida,</p><p>que a utiliza posteriormente para cometer o crime. Sua conduta não</p><p>encontra correspondência direta com o art. 121 do CP. Novamente é</p><p>preciso, então, socorrer-se de uma norma de extensão; nesse caso, o art.</p><p>29, caput, que pune a participação</p><p>Tipicidade conglobante (Zaffaroni)</p><p>Trata-se de um dos aspectos da tipicidade penal, que se subdividiria</p><p>em tipicidade legal (adequação do fato com a norma penal, segundo uma</p><p>análise estritamente formal) e tipicidade conglobante. Por meio desta, deve-</p><p>se verificar se o fato, que aparentemente viola uma norma penal proibitiva,</p><p>não é permitido ou mesmo incentivado por outra norma jurídica (como no</p><p>caso das intervenções médico-cirúrgicas, violência desportiva, estrito</p><p>cumprimento de um dever legal etc.). Não teria sentido, dentro dessa</p><p>perspectiva, afirmar que a conduta do médico que realiza uma cirurgia no</p><p>paciente viola a norma penal do art. 129 do CP (não ofenderás a</p><p>integridade corporal alheia) e, ao mesmo tempo, atende ao preceito</p><p>constitucional segundo o qual a saúde é um direito de todos (não é lógico</p><p>dizer que ele viola uma norma e obedece a outra, ao mesmo tempo).</p><p>Por meio da tipicidade conglobante (análise conglobada do fato com</p><p>todas as normas jurídicas, inclusive extrapenais), situações consideradas</p><p>tradicionalmente como típicas, mas enquadráveis nas excludentes de</p><p>ilicitude (exercício regular de um direito ou estrito cumprimento de um</p><p>dever legal), passariam a ser tratadas como atípicas, pela falta de tipicida-</p><p>de conglobante. Com a adoção da teoria da imputação objetiva, tais resul-</p><p>tados (atipicidade de fatos então considerados típicos, porém lícitos) são</p><p>atingidos sem necessidade dessa construção, que se toma supérflua.</p><p>Ilicitude</p><p>Os autores falam normalmente em antijuridicidade. Mas, o que seria</p><p>antijuridicidade? A resposta é simples, decorre da própria formação da</p><p>palavra, que é contrariedade ao direito. Assim, para que haja crime, além</p><p>de típico, o fato deve ser antijurídico. Porém, a denominação não é a mais</p><p>feliz, visto que todo fato típico é contrário ao direito, portanto, antijurídico.</p><p>Daí a preferência pela denominação ilicitude.</p><p>A ilicitude pode ser material ou formal. A primeira é dada pelos concei-</p><p>tos sociais, enquanto que a segunda é dada pela lei. Excluir a ilicitude,</p><p>segundo a noção material, importa em excluir o próprio fato típico, visto que</p><p>o fato não é socialmente reprovável. De outro modo, adotando a noção</p><p>formal, é possível que se exclua a ilicitude sem excluir o fato típico, existin-</p><p>do, portanto, fato típico que não é antijurídico.</p><p>Foi desenvolvido o princípio da adequação social, classificando a</p><p>adequação social como causa excludente da ilicitude. Como corolário, os</p><p>autores falam em causa supralegal excludente da ilicitude. No entanto, só o</p><p>que pode excluir a ilicitude é a lei. Dessa forma, só existem causas exclu-</p><p>dentes da ilicitude legais.</p><p>CULPABILIDADE: ELEMENTOS. EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE</p><p>Conceito de culpabilidade</p><p>Para a existência do crime bastam o fato típico e a antijuridicidade. A</p><p>imposição da pena, como consequência do crime, é que depende ainda da</p><p>avaliação da culpabilidade, da questão de dever ou não o agente respon-</p><p>der pelo fato.</p><p>O conceito de culpabilidade foi se modificando através dos tempos,</p><p>destacando-se três teorias sobre o assunto: a teoria psicológica, a teoria</p><p>psicológico-normativa e a teoria normativa pura (ou teoria da culpabilidade).</p><p>Pela teoria psicológica, a culpabilidade é a relação psíquica do agente</p><p>com o fato, na forma de dolo ou de culpa, que são as duas espécies da</p><p>culpabilidade. Pressuposto do dolo e da culpa é a imputabilidade</p><p>(compreensão e autodeterminação). Alguns autores dessa escola</p><p>acrescentam também</p><p>a exigibilidade de outra conduta como parte</p><p>integrante da culpabilidade.</p><p>Pela teoria psicológico-normativa (Frank, 1907), o dolo e a culpa</p><p>deixam de ser espécies da culpabilidade e passam a ser elementos da</p><p>mesma. Com o acréscimo de mais um elemento, a censurabilidade ou</p><p>reprovabilidade, que consiste num juízo de desvalor da conduta.</p><p>A censurabilidade ou reprovabilidade, por sua vez, para a teoria</p><p>psicológico-normativa, tem como seus elementos a imputabilidade, a</p><p>consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa,</p><p>fatores sem os quais a conduta não é considerada reprovável.</p><p>A teoria normativa pura (ou teoria da culpabilidade) corres-ponde aos</p><p>ensinamentos da escola finalista. Dolo e culpa migram da culpabilidade</p><p>para o tipo, através da conduta. E o conteúdo da culpabilidade,”assim</p><p>esvaziada, passa a ser apenas a censurabilidade, cujos requisitos são a</p><p>imputabilidade, a consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de</p><p>conduta diversa.</p><p>O dolo e a culpa como integrantes da culpabilidade</p><p>Como já falava Nietzsche, é bom dizer logo duas vezes a mesma</p><p>coisa, dando-lhe um pé direito e um pé esquerdo. Pois com uma perna só a</p><p>verdade fica de pé, mas com duas ela poderá andar e correr por ai.</p><p>A teoria clássica colocava o dolo e a culpa dentro do conceito da</p><p>culpabilidade. O dolo e a culpa em sentido estrito constituíam as duas</p><p>espécies da culpabilidade (ou da culpa em sentido amplo). Acrescentava-se</p><p>ainda, ao conceito de culpabilidade, a imputabilidade, como pressuposto do</p><p>dolo e da culpa, e também, segundo alguns autores, a exigibilidade de</p><p>conduta diversa.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 24</p><p>A teoria finalista da ação retirou o dolo e a culpa do conceito da</p><p>culpabilidade, inserindo-os na ação e em consequência no tipo, vez que a</p><p>ação é o primeiro elemento do tipo. A culpabilidade, esvaziada do dolo e da</p><p>culpa, passou a ter o sentido de censurabilidade, de reprovabilidade, de</p><p>desvalor da conduta.</p><p>Os fatores sobre os quais se apóia a censurabilidade são a</p><p>imputabilidade, a consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de</p><p>conduta diversa.</p><p>A teoria social da ação, por sua vez, coloca o dolo e a culpa tanto na</p><p>ação (e no tipo) como na culpabilidade, passando a haver, portanto, o dolo</p><p>do tipo e o dolo da culpabilidade. O dolo do tipo é indiciério e o dolo da</p><p>culpabilidade é a medida do desvalor da intenção. O dolo é o mesmo, visto,</p><p>porém, de momentos ou ângulos diversos.</p><p>A escola clássica adotava a teoria psicológica, enquanto que a escola</p><p>finalista adota a teoria normativa pura. A escola social da ação identifica-se</p><p>até certo ponto com a teoria psicológico-normativa de Frank. Mas a dupla</p><p>função do dolo e da culpa, no tipo e na culpabilidade, pertence apenas à</p><p>escola social da ação.</p><p>Imputabilidade</p><p>A imputabilidade refere-se à capacidade do agente de se lhe atribuir o</p><p>fato e de ser penalmente responsabilizado. Se não houver essa</p><p>atribuibilidade, considera-se que o indivíduo é inimputável. Imputável,</p><p>portanto, é o autor que, no momento da ação, é capaz de entender o</p><p>caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>A imputabilidade tem a ver com a menoridade penal (idade inferior a 18</p><p>anos), com a doença mental, bem como com a embriaguez, assuntos,</p><p>esses, que examinaremos mais adiante.2</p><p>Consciência potencial da ilicitude</p><p>A consciência da ilicitude ou da antijuridicidade é outro elemento da</p><p>culpabilidade, na teoria finalista e na teoria social da ação. A teoria</p><p>tradicional, ao contrário, colocava a consciência da ilicitude como parte</p><p>integrante do dolo.</p><p>A consciência da ilicitude não precisa ser efetiva, bastando que seja</p><p>potencial, ou seja, deve-se chegar à conclusão de que o agente, com</p><p>algum esforço ou cuidado, poderia saber que o fato é ilícito.</p><p>Onde fica a consciência da ilicitude?</p><p>A sede da consciência da ilicitude varia conforme a escola.</p><p>Para a escola tradicional ficava no dolo. Por isso, a teoria tradicional</p><p>sobre a consciência da ilicitude tem o nome de teoria do dolo. Essa teoria</p><p>se subdivide em teoria extremada do dolo e teoria limitada do dolo.</p><p>Para o finalismo, porém, a consciência da ilicitude não está no dolo,</p><p>mas na culpabilidade. Daí falar-se em teoria da culpabilidade, extremada ou</p><p>limitada, como veremos a seguir.</p><p>Localização da consciência da ilicitude.</p><p>Teoria extremada do dolo. Teoria limitada do dolo.</p><p>Teoria extremada da culpabilidade.</p><p>Teoria limitada da culpabilidade</p><p>A teoria extremada do dolo (a mais antiga) colocava o dolo como es-</p><p>pécie da culpabilidade (culpabilidade = dolo ou culpa em sentido estrito). A</p><p>consciência da ilicitude fazia parte do dolo, devendo essa consciência ser</p><p>efetiva ou atual e não meramente potencial (Binding, Mezger).</p><p>A teoria limitada do dolo era semelhante à anterior. Com a diferença de</p><p>que a consciência da ilicitude podia ser potencial, não precisando ser</p><p>efetiva ou atual. Bastava a mera possibilidade de que o agente pudesse</p><p>obter a consciência da ilicitude com um esforço ou através de atenção mais</p><p>cuidadosa (Mezger — 2ª fase).</p><p>A teoria extremada da culpabilidade corresponde aos ensinamentos da</p><p>escola finalista. O dolo deixa a culpabilidade e migra para o tipo. A</p><p>consciência potencial da ilicitude, que antes fazia parte do dolo, destaca-se</p><p>dele e passa a integrar o juízo de censura da culpabilidade.</p><p>A teoria limitada da culpabilidade é semelhante à anterior. Com a única</p><p>diferença de divergir no tratamento do erro sobre uma causa de</p><p>justificação.</p><p>Para a teoria extremada da culpabilidade o erro sobre uma causa de</p><p>justificação é sempre um erro de proibição.</p><p>Para a teoria limitada da culpabilidade, porém, o erro sobre uma causa</p><p>de justificação tanto pode ser erro de tipo como erro de proibição,</p><p>dependendo da sede em que se localiza o erro, se num elemento do tipo</p><p>permissivo3 ou sobre a existência ou limites da causa de justificação.</p><p>Esse detalhe será examinado mais adiante, ao tratarmos do erro sobre</p><p>excludente putativa.</p><p>Exigibilidade de conduta diversa</p><p>Outro requisito da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa.</p><p>Refere-se ao fato de se saber se, nas circunstâncias, seria exigível que</p><p>o acusado agisse de forma diversa. Não haverá pena se, nas</p><p>circunstâncias, foi impossível para o acusado agir de outra forma.</p><p>A avaliação deve ser feita em função de um acusado concreto diante</p><p>das circunstâncias concretas, com base nos padrões sociais vigentes.</p><p>Alguns autores entendem que a exigibilidade de conduta diversa não é</p><p>uma causa geral (ou supralegal) de exclusão da culpabilidade, restringindo-</p><p>se apenas aos casos expressos em lei, como a coação moral irresistível ou</p><p>a obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal.</p><p>Outros autores, porém, como Damásio e Toledo, admitem a</p><p>exigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão de</p><p>culpabilidade, a ser aplicada de forma excepcional, mas de modo</p><p>independente de previsão legal expressa.</p><p>Parece acertada a segunda corrente. Não há sentido em colocar a</p><p>exigibilidade de outra conduta como requisito da culpabilidade se nunca</p><p>puder ser aplicada de forma autônoma.</p><p>Um acórdão entendeu não caracterizado o porte ilegal de arma (art. 19</p><p>da LCP) por ser o acusado pessoa de idade avançada e por residir em local</p><p>infestado de marginais e malfeitores (RT 60 1/329).</p><p>Tecnicamente, não se poderia invocar o estado de necessidade, pois o</p><p>perigo não era atual ou iminente, mas apenas latente (possível ou</p><p>provável). E nem a absolvição se embasou nessa justificativa.</p><p>Diante das circunstâncias, entenderam os julgadores não ser possível</p><p>exigir que o réu andasse desarmado, aplicando, assim, de modo autônomo,</p><p>o princípio da inexigibilidade</p><p>de outra conduta.</p><p>Num outro caso, o tribunal entendeu não exigível conduta diversa</p><p>quando o acusado derivou seu veículo para a “contramão”, ao se deparar</p><p>com um veículo tombado na pista, vindo a colidir com um caminhão</p><p>(JTACrimSP 84/270).</p><p>Dirimentes ou causas de exclusão da culpabilidade</p><p>As dirimentes, ou causas de exclusão da culpabilidade, excluem a</p><p>culpabilidade e, em consequência, excluem a pena, sem excluir, porém, a</p><p>existência do crime.</p><p>Por isso, as dirimentes revelam-se geralmente pelas expressões é</p><p>isento de pena, não é punível, etc.</p><p>As dirimentes excluem a culpabilidade pela inimputabilidade, pela</p><p>impossibilidade de conhecimento do ilícito, pela inexigibilidade de conduta</p><p>diversa, ou por causas supralegais (para os autores que as admitem),</p><p>conforme podemos observar com mais detalhes no quadro a seguir.</p><p>De natureza diversa, como já vimos, são as justificativas ou causas de</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 25</p><p>exclusão de crime, pois estas não excluem somente a pena, mas o próprio</p><p>crime. Por isso, para designá-las, costuma a lei usar a expressão não há</p><p>crime.</p><p>Escusas absolutórias</p><p>Além das justificativas e dirimentes existem ainda uns raros casos,</p><p>chamados escusas absolutórias, encontráveis na Parte Especial do Código</p><p>Penal.</p><p>As escusas absolutórias são causas pessoais que excluem a</p><p>punibilidade. Revelam-se também pelos dizeres é isento de pena, ou não é</p><p>punível, assemelhando-se nisso com as dirimentes.</p><p>Só que a escusa absolutória não exclui o crime (o fato continua típico e</p><p>antijurídico), nem exclui a culpabilidade (o fato continua censurável). Exclui</p><p>só a pena, objetivamente, por política criminal ou utilidade pública, a critério</p><p>do legislador.</p><p>Exemplos de escusa absolutória: art. 181 do Código Penal (isenção de</p><p>pena no crime patrimonial contra cônjuge, ascendente ou descendente),</p><p>art. 348, § 2º, do Código Penal (isenção de pena no favorecimento pessoal</p><p>a cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).</p><p>As escusas absolutórias “não beneficiam aos co-autores ou partícipes,</p><p>a que não se refiram” (Fragoso, A Nova Parte Geral, p. 226).</p><p>Condições objetivas de punibilidade</p><p>Condições objetivas de punibilidade são fatos exteriores ao crime e que</p><p>condicionam a imposição da pena.</p><p>A sentença declaratória da falência condiciona a punição dos crimes</p><p>falimentares. No caso, seria melhor dizer que a sentença declaratória da</p><p>falência é condição objetiva de ilicitude, pois a mesma é condição de</p><p>existência do próprio crime e não apenas da punibilidade.</p><p>A punição de crime praticado por brasileiro no exterior depende das</p><p>condições apontadas no art. 7º, § 2º, do Código Penal (entre elas, ser o fato</p><p>punível também no país em que foi praticado).</p><p>No art. 164 do Código Penal, a punição pelo abandono de animais em</p><p>propriedade alheia depende do fato de ter resultado prejuízo.</p><p>O tema, porém, é altamente controvertido, havendo autores que não</p><p>vêem diferença nenhuma entre condição objetiva de punibilidade e</p><p>condição de procedibilidade, ou entre condição objetiva de punibilidade e</p><p>elemento objetivo do tipo.</p><p>Condições de procedibilidade</p><p>São pressupostos que condicionam a propositura da ação penal, como</p><p>a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, em</p><p>certos casos. Pertencem ao campo do Direito Processual.</p><p>Menores de 18 anos</p><p>Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis (art. 27 do CP —</p><p>critério biológico), ficando sujeitos apenas às medidas do Estatuto da</p><p>Criança e do Adolescente (ver tb. art. 228 da CF).</p><p>Mesmo casado, ou emancipado, o agente só responde penal-mente</p><p>aos 18 anos. No Código Penal Militar há referência à idade de 17 anos, se</p><p>houver entendimento do caráter ilícito do fato (art. 50 do CPM). Tal</p><p>disposição do Código Penal Militar não é mais aplicável, diante da</p><p>Constituição Federal de 1988 (art. 228).</p><p>Considera-se que o indivíduo completa 18 anos de idade no instante</p><p>em que se inicia o dia do seu aniversário, não importando a hora do</p><p>nascimento. Isso porque a Lei 810, de 6.9.1949, que define o ano civil,</p><p>considera ano o período de 12 meses contados do dia do início ao dia e</p><p>mês correspondentes do ano seguinte. Essa é a tese predominante (RT</p><p>786/727, 788/593).</p><p>Há, porém, quem não aceite tal critério, entendendo que os 18 anos</p><p>completam-se forçosamente em determinada hora, ou, na dúvida, no dia</p><p>seguinte ao do aniversário (RT 558/303).</p><p>Doença mental</p><p>A imputabilidade, no caso (e, em consequência, a culpabilidade), é</p><p>excluída ou diminuída.</p><p>A emoção e a paixão</p><p>Não excluem a imputabilidade penal a emoção ou a paixão (art. 28, 1,</p><p>do CP).</p><p>A emoção seria um estado emotivo agudo, de breve duração, ao passo</p><p>que a paixão seria um estado emotivo de caráter crônico, de duração mais</p><p>longa.</p><p>Mas a emoção ou a paixão funcionam, em várias passagens, como</p><p>atenuantes ou causas de diminuição de pena (arts. 65, III, “e”; 121, § 1º;</p><p>129, § 4º, do CP).</p><p>A embriaguez</p><p>A embriaguez pode ser voluntária, culposa ou fortuita. A voluntária é</p><p>buscada intencionalmente. A culposa resulta de imoderação imprudente no</p><p>uso de bebida alcoólica ou substância de efeito análogo. A embriaguez</p><p>fortuita ou de força maior resulta de causas alheias à vontade do sujeito,</p><p>como na hipótese de quem foi drogado à força ou por meio de ardil.</p><p>A embriaguez voluntária bem como a embriaguez culposa não excluem</p><p>a imputabilidade penal (art. 28, II, do CP).</p><p>A embriaguez fortuita, porém, se for completa, isenta de pena (art. 28,</p><p>§ 1º, do CP), ou a reduz, de um a dois terços, se for incompleta (art. 28, §</p><p>2º, do CP).</p><p>Todavia, a jurisprudência, em crimes leves, tem admitido influência</p><p>exculpante à embriaguez, considerando que a mesma descaracteriza o</p><p>dolo específico exigido por algumas figuras penais (como nos casos de</p><p>desacato, resistência, desobediência, ameaça, etc.) (RT 374/69, 382/291,</p><p>427/422, 532/329, 537/300, 550/330, 554/346, 570/385, 8111638; PJ</p><p>24/285).</p><p>Se houver doença mental, provocada pelo álcool ou substância</p><p>análoga, desloca-se a hipótese para o art. 26 do Código Penal</p><p>(inimputabilidade). A embriaguez pode figurar como contravenção (art. 62</p><p>da LCP), ou como circunstância agravante (art. 61, II, “1”, do CP). Num</p><p>caso de homicídio, a embriaguez afastou a qualificadora do motivo fútil (RT</p><p>575/358).</p><p>“Actio libera ia causas”</p><p>Denomina-se actio libera in causa (ação livre na sua causa) a ação de</p><p>quem usa deliberadamente um meio (como a embriaguez ou o sono) para</p><p>colocar-se em estado de incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no</p><p>momento da ocorrência do fato criminoso. E também a ação de quem,</p><p>embora não tendo a intenção de praticar o delito, podia prever que a</p><p>embriaguez ou o sono o levaria a cometê-lo.</p><p>Exemplo de antecedente deliberado: “A mãe, que sabe ter um sono</p><p>muito agitado, deita seu filho consigo, com a intenção de o sufocar e dessa</p><p>maneira o mata, quando ela dormia” (Ernst Timm, apud Teoria da “Actio</p><p>Libera in Causa” e Outras Teses, de Narcélio de Queirós, Rio, Forense,</p><p>1963, p. 49).</p><p>Exemplo de antecedente imprudente: o mesmo caso acima, mas sem a</p><p>intenção de prejudicar o filho. Outro exemplo dessa espécie é dormir o</p><p>motorista ao volante.</p><p>Voluntária ou culposa a embriaguez, ainda que plena, não isenta de</p><p>responsabilidade, adotando-se, em sua plenitude, a teoria da actio libera in</p><p>causa (Exposições de Motivos — CP de 1940, item 21; Reforma de 1984,</p><p>item 24).</p><p>Observam, porém, os autores que os termos peremptórios do art. 28, II,</p><p>do Código Penal podem levar à responsabilidade objetiva, à</p><p>responsabilidade sem culpa.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal</p><p>A Opção Certa Para a Sua Realização 26</p><p>Erro de proibição</p><p>Incide em erro de proibição (ou erro sobre a ilicitude do fato) o agente</p><p>que ignora ser o fato contrário ao Direito. Não se trata do desconhecimento</p><p>do texto da lei, ou da errada compreensão do mesmo, mas de um</p><p>“conhecimento profano do Direito”, pelo qual cada um pode perceber o que</p><p>é proibido, independentemente da leitura do texto legal.</p><p>A ignorância ou a má compreensão do texto legal constitui erro de</p><p>direito, que não exime de pena (art. 21, primeira parte, do CP).</p><p>Mas o erro de proibição, ou sei a, a falsa convicção de licitude, pode</p><p>isentar de pena, se o erro for inevitável, ou diminuí-la de um sexto a um</p><p>terço, se evitável (art. 21, segunda parte, do CP).</p><p>Considera-se evitável o erro quando seria possível para o agente, nas</p><p>circunstâncias, ter ou atingir a consciência da ilicitude do fato (art. 21,</p><p>parágrafo único, do CP).</p><p>Exemplo de erro de proibição é o do turista, oriundo de país em que se</p><p>admite a poligamia, o qual se casa aqui novamente, embora ainda sendo</p><p>casado, por ignorar a existência do crime de bigamia. O agente, no caso,</p><p>supõe erroneamente que o fato é permitido, como o é no seu país.</p><p>Reconheceu-se a existência do erro de proibição, ou erro sobre a</p><p>ilicitude do fato, num caso de subtração de incapaz (art. 249 do CP), em</p><p>que a autora era pessoa com apenas 18 anos de idade e com parca</p><p>instrução, a quem pareceu não estar cometendo ilícito penal ao levar o</p><p>próprio filho consigo, que estava sob a guarda de outrem (RT 630/315;</p><p>JTACrimSP 95/289).</p><p>Outro exemplo é o de um crime eleitoral (arts. 347 do Código Eleitoral e</p><p>64 da Res. 19.924, de agosto/86, do TSE), em que o autor pintou</p><p>propaganda de sua candidatura na pista asfáltica de rodovia, tendo sido</p><p>absolvido com base no erro sobre a ilicitude do fato, por se tratar de</p><p>conduta comum entre concorrentes a cargos eletivos (RT 626/360).</p><p>Em sentido amplo, o erro de proibição também abrange o erro de</p><p>direito, não havendo, porém, isenção de pena para esse tipo de erro (art.</p><p>21, primeira parte, do CP), embora possa o fato figurar como atenuante (art.</p><p>65, II, do CP).</p><p>A doutrina tem entendido que o erro de direito extrapenal, ou seja, o</p><p>erro sobre norma de Direito Civil, ou sobre norma de qualquer outro ramo</p><p>do Direito, deve ser tratado, conforme o caso, como erro de proibição (má</p><p>interpretação da norma complementor) ou erro de tipo (erro sobre elemento</p><p>do texto extrapenal).</p><p>Diferença entre erro de tipo e erro de proibição</p><p>O erro de ‘tipo difere do erro de proibição.</p><p>No erro de tipo o agente se engana sobre o fato; pensa estar fazendo</p><p>uma coisa, quando na verdade está fazendo outra (por exemplo, o agente</p><p>subtrai coisa alheia, julgando-a própria).</p><p>No erro de proibição o agente não se engana sobre o fato que pratica,</p><p>mas pensa erroneamente que o mesmo é lícito (por exemplo, subtrair algo</p><p>de um devedor, a título de cobrança forçada, pensando que tal atitude é</p><p>lícita).</p><p>Como bem explica Wessels, no erro de tipo o atuante “não sabe o que</p><p>faz”, ao passo que no erro de proibição ele «sabe o que faz tipicamente,</p><p>mas supõe de modo errôneo que isto era permitido” (Direito Penal, Porto</p><p>Alegre, Fabris, 1976, pp. 99 e 100).</p><p>O erro de tipo exclui o dolo. E exclui também o crime, salvo se o fato</p><p>for punível a título de culpa.</p><p>O erro de proibição não exclui o dolo nem o crime, mas pode excluir a</p><p>culpabilidade, e, em consequência, a pena.</p><p>Erro sobre excludente putativa, ou erro de proibição indireto</p><p>Uma espécie particular de erro é o erro sobre justificativa putativa (ou</p><p>erro de proibição indireto), quando o agente pensa erroneamente estar</p><p>agindo sob a proteção de uma excludente da ilicitude, como no caso de</p><p>estado de necessidade putativo.</p><p>Alguém, por exemplo, ao acender um cigarro, grita jocosamente a</p><p>palavra “fogo”. Um sujeito, que estava a certa distância, julgando tratar-se</p><p>de um incêndio, tenta fugir estabanadamente e atropela pessoas à sua</p><p>frente, ferindo-as.</p><p>O caso tem solução diversa conforme se aplique a teoria extremada da</p><p>culpabilidade ou a teoria limitada da culpabilidade.</p><p>Para a teoria extremada da culpabilidade o erro sobre uma causa de</p><p>justificação é um erro de proibição.</p><p>Para a teoria limitada da culpabilidade o erro sobre uma causa de</p><p>justificação pode ser um erro de tipo ou um erro de proibição.</p><p>Se o erro se refere a um elemento do tipo permissivo, teremos um erro</p><p>de tipo (art. 20, §1º) (tipo permissivo é o que define as causas de exclusão</p><p>da ilicitude, como, por exemplo, o tipo que descreve o estado de</p><p>necessidade).</p><p>Se o erro, porém, versar sobre a existência ou os limites da causa de</p><p>justificação, teremos um erro de proibição (art. 21 do CP).</p><p>Um transeunte vê um homem arrastando uma criança, que grita</p><p>desesperadamente. Pensando tratar-se de um sequestro, intervém para</p><p>salvar a criança e passa a agredir o homem. Esclarece-se depois que se</p><p>tratava de um pai tentando levar o filho rebelde para casa.</p><p>A sede desse erro estaria numa situação de fato que, se existisse,</p><p>tornaria a ação legítima. Erro de tipo (permissivo), portanto (art. 20, § 1º, do</p><p>CP) (ele não sabe o que faz).</p><p>Alguém, logo após ter sido agredido, desfere um tiro no agressor,</p><p>julgando estar agindo em legítima defesa. Neste caso, a sede do erro</p><p>estaria na avaliação incorreta dos limites da causa de justificação, a qual</p><p>não considera legítima a defesa quando a agressão já terminou. Erro de</p><p>proibição, portanto (art. 21, segunda parte, do CP) (ele sabe o que faz, mas</p><p>pensa erroneamente que isso é permitido).</p><p>A Exposição de Motivos da Reforma de 1984, no item 19, afirma que a</p><p>teoria adotada pelo Código Penal foi a teoria limitada da culpabilidade.</p><p>Coação irresistível</p><p>Se o fato é cometido sob coação irresistível, só é punível o autor da</p><p>coação (art. 22 do CP). O dispositivo refere-se mais à coação moral (grave</p><p>ameaça), pois na coação física não há ação por parte do que foi coagido.</p><p>Na coação física (vis absoluta) o coato “não age, mas é agido” (non</p><p>agit, sed agitur). Na coação moral (vis compulsiva) o coato exerce vontade</p><p>e ação, embora coagido. “Se bem que coagido, ele quis” (coactus tamen</p><p>voluit).</p><p>Se for demonstrado que a coação moral era resistível, poderá, nas</p><p>circunstâncias, ser aplicada a atenuante genérica do art. 65, III, “c”, primeira</p><p>parte, do Código Penal.</p><p>Obediência hierárquica</p><p>Se o fato é cometido em estrita obediência a ordem, não</p><p>manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da</p><p>ordem (art. 22 do CP).</p><p>A subordinação é a de ordem pública, não abrangendo o setor privado,</p><p>como o familiar, empregatício ou religioso.</p><p>Trata-se de um caso especial de erro de proibição, quando o agente</p><p>julga estar cumprindo ordem legítima. Ou de inexigibilidade de outra</p><p>conduta, quando o agente não vê como desobedecer a ordem não</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 27</p><p>manifestamente ilegal.</p><p>PUNIBILIDADE</p><p>Autor: Luiz Flávio Gomes;</p><p>Terceiro requisito do fato punível: a punibilidade (apesar de toda re-</p><p>sistência da doutrina penal majoritária - Roxin, v.g.) não pode deixar de ser</p><p>admitida como o terceiro requisito do crime, desde que entendido como fato</p><p>punível. Há um mundo de problemas e questões no Direito penal que só</p><p>podem ser resolvidos dentro dessa categoria. De outro lado, tanto nossa</p><p>Constituição como nossas leis penais a ela fazem referência em todo</p><p>momento (CP, art. 31, 97 etc.).</p><p>Consiste no seguinte: o fato (materialmente típico e antijurídico) só é</p><p>punível quando ameaçado com pena. Punibilidade, destarte, nesse sentido,</p><p>não tem nada a ver com as consequências jurídicas do crime. Faz parte</p><p>dele, desde que entendido como fato punível.</p><p>O fato pode não ser punível abstratamente</p><p>ou concretamente.</p><p>Se o legislador, em abstrato, descrever uma conduta típica e não comi-</p><p>nar nenhuma pena (isso ocorria com várias hipóteses que estavam descri-</p><p>tas no art. 95 da Lei 8.212/91), não se trata de crime (porque não existe</p><p>crime no Direito penal brasileiro sem a ameaça de uma pena). Fato sem</p><p>cominação de pena não é (nem sequer abstratamente) crime (porque a</p><p>punibilidade faz parte do seu conceito).</p><p>Pode dar-se que o fato não seja punível concretamente. Exemplo: filho</p><p>que furta pai. Nesse caso, incide a escusa absolutória do art. 181, do CP. O</p><p>furto, abstratamente, é crime. Mas concretamente, tendo em vista que foi</p><p>cometido pelo filho contra o pai, não é punível. Instaura-se inquérito policial</p><p>(para se registrar o fato), mas não há que se falar em indiciamento. De</p><p>outro lado, cabe ao MP pedir o arquivamento (porque não há fato punível</p><p>em concreto). Não há que se falar no nascimento do ius puniendi nessa</p><p>situação. Houve um fato (típico e antijurídico), mas falta o terceiro requisito</p><p>do fato punível, que é justamente a punibilidade.</p><p>Injusto penal, fato punível e culpabilidade: o injusto penal é compos-</p><p>to de dois requisitos: fato já valorado como materialmente típico e antijurídi-</p><p>co. O fato punível, por seu turno, exige três requisitos: fato materialmente</p><p>típico, antijurídico e punível. A culpabilidade, como se nota, definitivamente,</p><p>não integra o conceito de crime em nenhum dos dois sentidos expostos.</p><p>Não pertence à teoria do delito. Mas como pressuposto indeclinável da</p><p>pena, é ela que faz a ligação (o elo, ol vínculo) entre a teoria do delito e a</p><p>teoria da pena. Como valoração do objeto, é juízo de reprovação que recai</p><p>sobre o agente do fato punível.</p><p>O crime, como se vê, não exprime um conceito unívoco. Pode e deve</p><p>ser compreendido ora como injusto penal, ora como fato punível. O primeiro</p><p>tem dois requisitos. O segundo tem três requisitos. De qualquer modo, dele</p><p>não faz parte a culpabilidade (que cumpre no Direito penal o papel de elo</p><p>de ligação entre a teoria do delito e a teoria da pena, leia-se, entre o crime</p><p>e a pena).</p><p>Advertência e re melior perpensa: nos meus trabalhados e escritos</p><p>anteriores cheguei em algum momento admitir a culpabilidade como requi-</p><p>sito do fato punível. Na verdade, podemos ver esse tema de modo diverso.</p><p>Ela não faz parte do "fato" nem da "punibilidade". Está fora do injusto penal</p><p>assim como do fato punível. Vem, cronologicamente falando, depois dos</p><p>três requisitos que compõem o fato punível (fato materialmente típico,</p><p>antijuridicidade e punibilidade). A ela está destinada a função de vincular a</p><p>teoria do delito com a teoria da pena (leia-se: o crime com a pena).</p><p>Da punibilidade como expressão do primeiro momento do ius pu-</p><p>niendi: ainda que se trate de fato materialmente típico e antijurídico, não</p><p>havendo ameaça de pena, não há que se falar em fato punível. Nessa</p><p>categoria do fato punível, portanto, entram condições ulteriores e externas</p><p>em relação ao injusto penal (leia-se: ao fato materialmente típico e antijurí-</p><p>dico), que fundamentam ou suspendem ou extinguem o ius puniendi. Quem</p><p>delibera sobre a oportunidade de se ameaçar com pena ou não um injusto</p><p>penal é o legislador. Da punibilidade, como requisito do fato punível, assim,</p><p>quem cuida é o legislador (que, às vezes, remete ao juiz o encargo de</p><p>verificar no caso concreto se ela deve persistir, ou não. Isso se dá, por</p><p>exemplo, com o perdão judicial).</p><p>Em regra o injusto penal é ameaçado com pena (é punível). Mas quem</p><p>exerce o juízo de oportunidade sobre isso, como salientamos, são os</p><p>representantes diretos da soberania popular, que podem afastar essa</p><p>ameaça por razões de política criminal, fundado em critérios de merecimen-</p><p>to de pena e necessidade de pena.</p><p>O ius puniendi (como direito subjetivo do Estado) possui três momen-</p><p>tos: (a) direito de ameaçar com pena; (b) direito de aplicar a pena; (c) direito</p><p>de executá-la.</p><p>A punibilidade, como requisito do fato punível, corresponde ao primeiro</p><p>momento e consiste no direito de o Estado (em razão da sua soberania e</p><p>da sua competência para legislar em matéria penal), por meio de lei (elabo-</p><p>rada com todas as garantias constitucionais), ameaçar o cidadão com uma</p><p>pena, com a finalidade de evitar que elevenha a violar a norma penal res-</p><p>pectiva.</p><p>Punibilidade, pretensão punitiva e pretensão executória: compro-</p><p>vado que o fato é ameaçado (em tese) com pena, assim como a ausência</p><p>de causas de impunibilidade, estamos diante de um fato punível. Em tese,</p><p>cuida-se de fato punível. Mas isso não permite desde logo qualquer atua-</p><p>ção do Estado contra um agente concreto.</p><p>Seu direito de perseguir ou de apurar o fato bem como o de aplicar a</p><p>pena respectiva (esse constitui o segundo momento do ius puniendi) só</p><p>passa a existir concretamente quando alguém viola a norma penal. Dito de</p><p>outra maneira: com a violação da norma penal o direito de punir em abstra-</p><p>to (só previsto em lei) transforma-se em direito concreto de punir.</p><p>Em linguagem processual, surge para o Estado (nesse instante) uma</p><p>pretensão punitiva concreta (para os que admitimos que se possa falar em</p><p>pretensão punitiva no âmbito criminal). O Estado, a partir do momento da</p><p>violação punível de uma norma penal (desde que constatado um fato</p><p>materialmente típico, antijurídico e punível) conta com o direito de colocar</p><p>em marcha o seu aparato para a investigação do crime e abertura do</p><p>devido processo (respeitado-se todas as regras e limitações que o ordena-</p><p>mento jurídico impõe). Por meio do devido processo legal (ou, mais preci-</p><p>samente, do devido processo penal) pode impor ao responsável a pena</p><p>cominada para o delito.</p><p>Aplicada a pena e havendo trânsito em julgado definitivo, fala-se agora</p><p>não mais em pretensão punitiva, senão em pretensão executória (esse é o</p><p>terceiro momento do ius puniendi).</p><p>A doutrina penal ainda confunde os três momentos do ius puniendi. A</p><p>punibilidade, entendida como possibilidade de aplicação de um pena,</p><p>refere-se à pretensão punitiva (que é o segundo momento do ius puniendi).</p><p>A punibilidade compreendida como direito de ameaçar com pena constitui o</p><p>primeiro momento. Nesse sentido não é efeito do crime ou consequência</p><p>do crime (como alguns autores afirmam), senão parte integrante dele</p><p>(quando concebido como fato punível, repita-se). Punibilidade não é a</p><p>mesma coisa que "pena". A pena é consequência do crime, não a punibili-</p><p>dade (entendida como possibilidade de ameaçar um fato com pena).</p><p>As causas de extinção da punibilidade (leia-se: da pretensão punitiva</p><p>ou da pretensão executória) não afetam o injusto penal (isto é, o fato mate-</p><p>rialmente típico e antijurídico), mas sem sombra de dúvida eliminam o</p><p>terceiro requisito do fato punível (a punibilidade), não podendo o Estado a</p><p>partir daí praticar qualquer ato persecutório contra o agente. Ocorrida uma</p><p>causa de extinção da punibilidade torna-se impossível aplicar contra o</p><p>agente pena ou mesmo medida de segurança (CP, art. 96, parágrafo úni-</p><p>co). Aliás, nem processado ele pode ser (CPP, art. 43, II).</p><p>Sendo a punibilidade requisito do fato punível, uma vez extinta, não se</p><p>apaga o injusto penal, mas não há que se falar em fato punível. O sujeito</p><p>comete um crime de furto simples, que prescreve em oito anos. Ocorrida a</p><p>prescrição (que é causa extintiva da punibilidade), jamais pode o Estado</p><p>processar o agente (porque desapareceu a pretensão punitiva). Efeitos</p><p>distintos possui a extinção da pretensão executória em razão da prescrição.</p><p>Nesse caso a condenação persiste na vida do agente (para efeito da reinci-</p><p>dência, dos antecedentes criminais) e o que extingue é só o direito de se</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 28</p><p>executar a pena (terceiro momento do ius puniendi). Uma coisa, portanto, é</p><p>a punibilidade entendida</p><p>como direito de ameaçar com pena, outra distinta</p><p>é a punibilidade compreendida como pretensão punitiva ou pretensão</p><p>executória.</p><p>Causas de impunibilidade (ou excludentes da punibilidade): a ten-</p><p>tativa de contravenção constitui exemplo do que acaba de ser exposto.</p><p>Nela há um injusto penal (um fato materialmente típico e antijurídico) mas o</p><p>legislador afastou qualquer ameaça de pena (LCL, art. 4º). Não é punível.</p><p>Nessa mesma linha acha-se o ajuste, a determinação ou instigação e o</p><p>auxílio, salvo disposição expressa em contrário, se o fato não chega, pelo</p><p>menos, a ser tentado (CP, art. 31). Quando há expressa disposição em</p><p>sentido contrário não se aplica o art. 31 (exemplo: quadrilha ou bando).</p><p>Pode-se afirmar a mesma coisa em relação às escusas absolutórias</p><p>(CP, art. 181, v.g.). Exemplo: crimes patrimoniais ocorridos sem violência</p><p>dentro das relações familiares (filho que furta pai, furto entre cônjuges etc.)</p><p>não são puníveis. Não há que se falar em fato punível.</p><p>A imunidade diplomática também é uma causa de impunibilidade (no</p><p>que diz respeito ao Direito penal brasileiro). Se um embaixador estrangeiro</p><p>cometer um crime no Brasil (isto é, um fato materialmente típico e antijurídi-</p><p>co), não responde por ele no nosso país, porque tal imunidade assegura</p><p>precisamente que sua responsabilidade penal vai acontecer no seu país de</p><p>origem. O fato por ele cometido é ameaça com pena, porém, essa ameaça</p><p>não vale para ele aqui no Brasil. O fato não é punível para ele no nosso</p><p>país. Em outras palavras: o fato não é punível aqui.</p><p>Ainda podemos citar como causa de impunibilidade, a título de exem-</p><p>plo, a ausência de uma condição objetiva de punibilidade. Cuida-se de</p><p>condição exigida pelo legislador para que o fato se torne punível e que está</p><p>fora do injusto penal (logo, fora do dolo do agente). Chama-se condição</p><p>objetiva justamente porque independe do dolo ou da culpa do agente.</p><p>Exemplo: no art. 7º, § 2º, "b" está dito que a lei penal brasileira aplica-se</p><p>para fato ocorrido no exterior se descrito como crime no país em que acon-</p><p>teceu. Estar o fato descrito como crime no país que foi palco do ocorrido é</p><p>condição objetiva de punibilidade. Se ausente, o fato deixa de ser punível</p><p>(no Brasil).</p><p>Causas suspensivas da punibilidade (da pretensão punitiva): as</p><p>causas suspensivas da pretensão punitiva (leia-se: da punibilidade entendi-</p><p>da como direito de aplicar a pena) só podem acontecer até o trânsito em</p><p>julgado. Isso se deu, por exemplo, com as Leis 9.964/00 (Refis I) e</p><p>10.684/03 (Refis II). Todos que ingressaram no Refis (Programa de parce-</p><p>lamento de débitos fiscais) contaram com o direito de suspensão da pre-</p><p>tensão punitiva (isto é, direito de ver interrompida a atividade persecutória</p><p>estatal, suspendendo-se também a contagem do prazo prescricional).</p><p>Causas extintivas da punibilidade (da pretensão punitiva ou da</p><p>pretensão executória): as causas extintivas da punibilidade, que não se</p><p>confundem com as causas de impunibilidade nem com as suspensivas, ou</p><p>eliminam a pretensão punitiva do Estado ou sua pretensão executória. São</p><p>muitas as causas extintivas, sendo que a maior parte delas está prevista no</p><p>art. 107 do CP (morte do agente, anistia, abolitio criminis etc.).</p><p>Podem ocorrer antes do trânsito em julgado final ou após. Se ocorrem</p><p>antes, são causas extintivas da pretensão punitiva. Se se dão depois, são</p><p>causas extintivas da pretensão executória. A morte do agente, por exemplo,</p><p>pode dar-se em qualquer um desses momentos. Diga-se o mesmo quanto à</p><p>prescrição.</p><p>Punibilidade e condições de procedibilidade: a primeira pertence ao</p><p>fato punível (ao Direito penal). As segundas integram o Direito processual</p><p>penal. São condições exigidas para o regular exercício do direito de ação.</p><p>São genéricas ou específicas. As primeiras são exigidas em todas as ações</p><p>(possibilidade jurídica do pedido, legitimidade para agir, interesse de agir e</p><p>justa causa). As segundas são requeridas em alguns casos (representação</p><p>da vítima, requisição do Ministro da Justiça etc.).</p><p>IMPUTABILIDADE PENAL.</p><p>IMPUTABILIDADE PENAL</p><p>Prof. Dr. José Américo Seixas Silva</p><p>1. HISTÓRICO</p><p>A história da Psicopatologia Forense está relacionada a evolução dos</p><p>transtornos Mentais através dos tempos. Na Grécia antiga atribuía-se ao</p><p>poder da possessão pelas divindades a etiologia dos transtornos Mentais.</p><p>De acordo com os atos e as palavras proferidas pelos enfermos considerar-</p><p>se-ia boa ou má a divindade encarnada. Foram justamente os Gregos que</p><p>elaboraram a primeira tipologia dos Transtornos Mentais, denominando-os,</p><p>em conformidade com os sintomas apresentados, da seguinte forma:</p><p>Demoníacos, Energúmenos e Possuídos. Na Roma antiga, o delinquente</p><p>considerado louco era tratado com brandura porque se julgava moralmente</p><p>inaceitável acrescentar nova punição à imposta ao sofredor pela própria</p><p>loucura. Alienação era visto como um castigo divino. Cabia aos legisladores</p><p>tratamento desta questão. A principio ninguém deveria ser punido duas</p><p>vezes pelo mesmo crime, consequentemente criaram uma nomenclatura</p><p>para qualificar os alienados:</p><p>1. Furiosos: manifestava-se com ideias extravagantes, excessos de</p><p>violência e com intervalos lúcidos;</p><p>2. Mentecaptos: transtornos continuo, sem períodos de acalmia ou</p><p>lucidez;</p><p>3. Dementes: quando os transtornos afetavam gravemente as facul-</p><p>dades Mentais;</p><p>4. Insanos: correspondendo aos doentes empobrecidos intelectual-</p><p>mente.</p><p>Na Idade Média ocorreu um retrocesso em todas as áreas do saber,</p><p>voltando a prevalecer as ideias mistico-religiosas, acreditava-se que os</p><p>Transtornos Mentais eram consequências da intervenção de divindades ou</p><p>a influência do sobrenatural. A alienação deixou de ser considerada como</p><p>castigo divino, passando a ser compreendida como possessão demoníaca</p><p>e, consequentemente sucedeu-se para as mãos dos religiosos o tratamento</p><p>destas questões. Os portadores destes transtornos eram frequentemente</p><p>queimados nas fogueiras ou jogados ao mar. A crença geral, era que, se</p><p>estava castigando o demônio encarnado no corpo das suas vitimas.</p><p>Na Renascença começaram surgir interesses pela observação do</p><p>comportamento anormal, visto agora como doença e não em resultado da</p><p>possessão de demônios ou bruxas. Com Paulo Zachias começa surgir os</p><p>esboços da Psicopatologia Forense. É justamente com Zachias que surgi-</p><p>ram os fundamentos de que alguns criminosos, eram na verdade portado-</p><p>res de patologia orgânico cerebral. Admitindo, na verdade, que o homem</p><p>criminoso era um doente, surge a Psicopatologia Forense como uma disci-</p><p>plina médica.</p><p>II. O Nascimento da Psicopatologia</p><p>Até então estes estudos estavam centralizados no Campo da Medicina</p><p>Legal, até que, há quase dois séculos, o médico francês Philippe Pinel</p><p>resolve desafiar as autoridades da época e libertar os alienados de seus</p><p>grilhões. Pinel foi o primeiro médico a demonstrar que os Loucos eram na</p><p>verdade doentes e como tal deveriam ser tratados pela Medicina. Foi</p><p>também o primeiro a questionar o problema da Periculosidade dos Loucos.</p><p>A partir de Pinel e seus discípulos, marcadamente Esquirol, que a medicina</p><p>assumiu a loucura e desta forma fundou uma nova disciplina médica: A</p><p>Psiquiatria. Esta transição para a Psicopatologia forense não ocorreu de</p><p>forma pacífica. De certa forma houve oposição. Na França um nobre advo-</p><p>gado Reynold manifestou-se desta forma: os médicos não devem ser</p><p>chamados para opinarem se o criminoso é ou não louco, pois eles exami-</p><p>nam sempre com o preconceito do conhecimento médico, e tendem a</p><p>considerar todos doentes. O filósofo Kant também pronunciou-se desta</p><p>forma: "não é necessário ser médico para determinar se uma pessoa é</p><p>alienada Mental, basta um pouco de bom senso". Com a evolução das</p><p>ciências, criou-se a certeza de que havia uma origem doentia nos Transtor-</p><p>nos Mentais. A partir de então sentiram, os juristas, frente de um determi-</p><p>nado fato patológico, ou apuração da existência real do Transtorno Mental,</p><p>a contingência</p><p>de recorrerem aos médicos. Para Krafft Ebing, neste mo-</p><p>mento, em que se recorreu aos médicos para avaliação científica do Estado</p><p>Mental do indivíduo criminoso, surgiu a Psicopatologia Forense.</p><p>No Brasil não demoraram de chegar as ideias surgidas na Europa. O</p><p>código Penal de 1830, em seu art. 2 referia: São irresponsáveis os loucos</p><p>que não tiverem intervalos lúcidos. Já o código Penal de 1890 referia:</p><p>"Art.27. Não são Criminosos:</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 29</p><p>3º - Os que imbecilidade nativa ou enfraquecimento senil, forem abso-</p><p>lutamente incapazes de Imputação.</p><p>4º - Os que se acharem em estado de completo privação de sentidos e</p><p>de Inteligência no ato de cometer o crime".</p><p>Contudo o mais famoso e influente julgamento na história das defini-</p><p>ções legais da anormalidade mental foi o de Daniel M’Naghten, ocorrido em</p><p>1843. Daniel foi acusado do assassinato de secretário de então Primeiro</p><p>Ministro, Sir Robert Peel (Daniel pretendia assassinar o próprio Peel).</p><p>M’Naghten alegou um extremo e complexo conjunto de ideias delirantes de</p><p>conteúdo paranoides, um dos quais era perseguido por Peel. O Argumento</p><p>da defesa dizia que ele perdera o "controle", tornando-se incapaz de resistir</p><p>a seus delírios. A sua absolvição levou a uma enorme controvérsia e vários</p><p>anos mais tarde ao estabelecimento pelos juizes da Câmara dos Lordes do</p><p>que constitui o "teste M’Naghten", conjunto de princípios amplamente</p><p>usados pelos tribunais, tanto na Grã-Bretanha como nos EUA. A parte</p><p>principal diz o seguinte: "Para estabelecer uma defesa com base na loucura</p><p>é preciso estar comprovado que no momento de cometer o ato o acusado</p><p>agia sob tal falha da razão, resultante de doença mental, ignorando portan-</p><p>to a natureza e a qualidade do ato que praticava; ou, caso a conhecesse,</p><p>ignorava ser errado o que fazia". Os tribunais britânicos não aceitavam o</p><p>ponto de vista romano de que a loucura era punição suficiente. Em vez</p><p>disso, o acusado era considerado "culpado, mas louco", expressão introdu-</p><p>zida em 1883, e mantido em custódia sob severa vigilância.</p><p>CONCEITO</p><p>A Imputabilidade é um conceito essencialmente jurídico, contudo suas</p><p>bases estão condicionadas à saúde mental e a normalidade psíquica.</p><p>Representa a condição de quem tem a capacidade de realizar um ato com</p><p>pleno discernimento e com a vivência de direcionar seus atos. Isto quer</p><p>dizer que a Imputabilidade está condicionada a quem adquiriu e mantém</p><p>pelo menos duas funções psíquicas intactas: juízo de realidade e volição. O</p><p>juízo de realidade é conceituado como a capacidade de definir valores ou</p><p>atributos que damos aos objetos, expressando-se através do pensamento.</p><p>A volição corresponde a atividade psíquica de direcionamento para atos</p><p>voluntários, denominada por Jasper de consciência do arbítrio. A vivência</p><p>de escolha e decisão define a vontade ou as ações do arbítrio. Naturalmen-</p><p>te que nesta atividade psíquica intervém uma série de outras funções</p><p>psíquicas, como a percepção, o pensamento, o humor e os sentimentos.</p><p>Um ato somente é considerado voluntário quando é praticado com previsão</p><p>e consciência da finalidade. Para Miguel Chalub "a consciência da ilicitude</p><p>da conduta decorre da percepção do sistema legal, da força coercitiva</p><p>interna, do sistema axiológico pessoal, do nível de informação e do padrão</p><p>sócio cultural".</p><p>LEGISLAÇÃO</p><p>3.1 - Código Penal</p><p>Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desen-</p><p>volvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou</p><p>da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato</p><p>ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o</p><p>agente, em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvi-</p><p>mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de</p><p>entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse</p><p>entendimento.</p><p>Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:</p><p>I - A emoção e paixão</p><p>II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de</p><p>efeitos análogos.</p><p>Parágrafo 1o. - É isento de pena o agente que, por embriaguez comple-</p><p>ta, proveniente de caso fortuito ou de força maior, era, ao tempo da ação ou</p><p>da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de fato ou de</p><p>determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>Parágrafo 2o. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o a-</p><p>gente, por embriaguez, proveniente de casos fortuito ou de força maior, não</p><p>possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender</p><p>o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-</p><p>mento.</p><p>3.2 - Lei 6368/76</p><p>Art. 19 - É isento de pena o agente que, em razão de dependência ou</p><p>sob efeito de substância entorpecente ou que determine dependência física</p><p>ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da</p><p>ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,</p><p>inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-</p><p>se de acordo com esse entendimento.</p><p>Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3</p><p>(dois terços) se, por qualquer das circunstancias previstas neste artigo, o</p><p>agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade</p><p>de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com</p><p>esse entendimento.</p><p>3.3 - Estatuto da Criança e do Adolescente ( lei 8.069/90)</p><p>Art. 98 - As medidas de proteção à criança e ao adolescente são apli-</p><p>cáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou</p><p>violados:</p><p>I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;</p><p>II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;</p><p>III - em razão de sua conduta.</p><p>Art. 101 - Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a au-</p><p>toridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medi-</p><p>das:</p><p>I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de</p><p>responsabilidade;</p><p>II - orientação, apoio e acompanhamentos temporários;</p><p>III - matricula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de</p><p>ensino fundamental;</p><p>IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxilio à família,</p><p>à criança e ao adolescente;</p><p>V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em</p><p>regime hospitalar ou ambulatorial;</p><p>VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxilio, orienta-</p><p>ção e tratamento a alcoólatras e toxicônomos;</p><p>VII - abrigo em entidade;</p><p>VIII - colocação em família substituta.</p><p>Art. 104 - São penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito)</p><p>anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei.</p><p>Art. 112 - Verificada a prática de ato infracional, a autoridade compe-</p><p>tente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:</p><p>I - advertência;</p><p>II - obrigação de reparar o dano;</p><p>III - prestação de serviços à comunidade;</p><p>IV - liberdade assistida;</p><p>V - inserção em regime de semiliberdade;</p><p>VI - internação em estabelecimento educacional;</p><p>VI - qualquer uma das previstas no art. 100, I e VI.</p><p>4. MODIFICADORES</p><p>4.1 - Acidentais</p><p>4.1.1 - Emoção e Paixão</p><p>Para Ottolenghi a emoção é um estado agudo de excitação psíquica e</p><p>a paixão é um estado emocional crônico. Para Ribot a paixão é uma emo-</p><p>ção prolongada e intelectualizada. Para Heuyer a paixão seria "uma emo-</p><p>ção poderosa e contínua que domina a razão e dirige os atos". Pellegrini</p><p>definiu a paixão como "um estado afetivo, de maior ou menor continuidade,</p><p>particularmente intenso e concentrado num determinado objeto; tais são o</p><p>amor, o ódio, o ciúme, o fanatismo político e religioso, a avareza, a ambição</p><p>etc.". Para Delay a emoção é ao mesmo tempo a manifestação exterior, o</p><p>comportamento, a expressão e a experiência interior, a maneira de ser</p><p>especial, um estado afetivo,</p><p>mesmo a partir de uma perspectiva isolada dos mandamentos constitucio-</p><p>nais, pois uma interpretação hermenêutica exige uma aplicação conjunta do</p><p>ordenamento jurídico, o que conduz, por sua vez, à exigência de uma</p><p>dimensão constitucional de aplicação do Direito Penal. Inclusive não se</p><p>pode esquecer que o Direito Penal é um dos ramos do ordenamento jurídi-</p><p>co onde mais se impõe uma leitura constitucional.</p><p>Costuma-se distinguir entre Direito Penal comum (ou nuclear) e Direito</p><p>Penal especial. O primeiro corresponde ao Código Penal Brasileiro (de</p><p>1940, cuja Parte Geral foi reformada em 1984), que é subdividido em Parte</p><p>Geral e Parte Especial; o segundo é constituído pela legislação penal</p><p>extravagante (como a Lei dos Crimes Hediondos e a Lei dos Crimes Ambi-</p><p>entais).[22]</p><p>A divisão do Código Penal em uma Parte Geral e uma Parte Especial</p><p>consiste na atribuição à primeira das questões centrais da teoria e aplica-</p><p>ção do Direito Penal, enquanto a segunda trata da descrição de delitos</p><p>concretos. Por este motivo temas como a função e missão do Direito Penal</p><p>e os fins da pena são tradicionalmente discutidos nos estudos dedicados à</p><p>Parte Geral.</p><p>Também merece menção uma série de referências às subdivisões do</p><p>Direito Penal, como Direito Penal Econômico, Direito Penal Empresarial,</p><p>Direito Penal do Consumidor, Direito Penal Ambiental e assim por diante,</p><p>que caracterizam um objeto de estudo mais específico. Todavia, não são</p><p>áreas autônomas, apesar de algumas especificidades.</p><p>1.2. A Dogmática Jurídico-Penal</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 3</p><p>O termo Direito Penal não se refere somente aos aspectos de ordem</p><p>normativa (ou seja, a legislação penal em si e os efeitos que ela pretende</p><p>obter) mas também ao saber da Ciência Penal, que conforma um sistema</p><p>de conhecimento e interpretação dessa legislação, que recebe o nome de</p><p>Dogmática Penal.</p><p>Não seria exagero dizer que a Dogmática Penal é um método (com to-</p><p>dos os limites que são inerentes a qualquer método) de investigação,</p><p>conhecimento, interpretação e crítica de um objeto específico, que é o</p><p>Direito Penal.[23] Afinal, um conjunto normativo – como é o caso do Direito</p><p>Penal – não pode ele próprio, ser um método.[24]</p><p>A Dogmática jurídico-penal parte de preceitos legais (considerados</p><p>como dogmas) e procura racionalizar a interpretação e aplicação do Direito</p><p>Penal, elaborando e estruturando o seu conteúdo, bem como ordenando-o</p><p>em um sistema.[25] O termo dogma é aqui empregado com o sentido de</p><p>uma declaração de vontade com pretensão de validade geral, visando a</p><p>solução de problemas sociais.[26]</p><p>Embora a Dogmática Penal parta de um conjunto de normas positivas</p><p>(regras e princípios), não deve assumir caráter dogmático (no sentido de</p><p>uma verdade inquestionável e imutável), uma vez que deve reconhecer seu</p><p>caráter valorativo e essencialmente crítico. Dogma, neste sentido, represen-</p><p>ta apenas um postulado que serve de ponto de partida de uma determinada</p><p>atividade. A Dogmática (obra dos juristas) pode ter, inclusive, função criado-</p><p>ra, conduzindo ao aperfeiçoamento do direito positivo (obra dos legislado-</p><p>res).</p><p>De forma que “Dogmática” (no sentido aqui referido) não significa</p><p>“dogmatismo”, ou seja, uma atitude conservadora e acrítica. Ao contrário:</p><p>se a Dogmática Jurídico-Penal não quer ser considerada reacionária, tem</p><p>que ser uma Dogmática crítica do Direito Penal.[27] De acordo com Welzel,</p><p>a Dogmática, como ciência sistemática, dá fundamento para uma adminis-</p><p>tração justa e equânime da justiça, já que somente a compreensão da</p><p>estrutura interior do direito eleva a sua aplicação para além da casualidade</p><p>a arbitrariedade.[28] Para Munõz Conde, a Dogmática cumpre uma das</p><p>mais importantes funções que cabem à atividade jurídica em um Estado</p><p>Democrático de Direito: garantir os direitos fundamentais do indivíduo face</p><p>ao poder arbitrário do Estado, pois ainda que este tenha limites, se faz</p><p>necessário o controle e segurança de tais limites.[29]</p><p>De acordo com esta perspectiva, a dogmática jurídico-penal deve se</p><p>concentrar na tutela de bens jurídico-penais em benefício de direitos e</p><p>garantias fundamentais, sendo, portanto, constitucionalmente orientada.</p><p>Conforme Silva Sanchéz, certas concepções de Dogmática (como a funcio-</p><p>nalista de Roxin), ao propor a configuração de um sistema aberto, permeá-</p><p>vel face à incidência de princípios que devem inspirar a intervenção jurídi-</p><p>co-penal, se mostram veículos adequados para traduzir em termos concei-</p><p>tuais e em uma prática as intenções de restringir a incidência do poder</p><p>punitivo ao minimamente necessário.[30]</p><p>A Ciência Penal, por sua vez, pode (e deve) ser integrada ao campo de</p><p>análise das Ciências Criminais (ou Ciências Penais)[31], que têm interesse</p><p>não só no Direito Penal, mas também no Direito Processual Penal, na</p><p>Criminologia e na Política Criminal, abordando-as a partir de relações</p><p>interdisciplinares e de interdependência. Como aponta Roxin, é inimaginá-</p><p>vel um Direito Penal moderno sem estreita colaboração entre todas as</p><p>disciplinas parciais que compõem a “Ciência Global do Direito Penal”.[32]</p><p>2. Relações entre Direito Penal, Criminologia e Política Criminal</p><p>Em que pese uma certa convergência dessas áreas, em função de</p><p>uma aproximação que se faz mais do que útil, mas até mesmo necessária</p><p>diante da complexidade contemporânea, é importante mencionar no que</p><p>consiste – ainda que de forma sucinta – a especificidade de cada uma</p><p>delas.</p><p>A Criminologia[33] é uma ciência interdisciplinar por excelência, que</p><p>tem como objeto o estudo do crime, da pessoa do infrator e seu tratamento,</p><p>da vítima e do controle social do comportamento criminoso, buscando</p><p>apreender a gênese e as principais variáveis da dinâmica do crime e dos</p><p>mecanismos de prevenção e controle da conduta social desvia-</p><p>da.[34] Investiga também os mecanismos de controle policial e da justiça e</p><p>questiona porque determinadas condutas são definidas como crimes e</p><p>outras não (processos de criminalização).</p><p>A Criminologia é uma ciência do ser (estuda o que é; empírica e base-</p><p>ada na análise e investigação da realidade, valendo-se do método causal-</p><p>explicativo, típico das ciências sociais e adequado ao seu objeto) em oposi-</p><p>ção ao Direito Penal, que é uma ciência do dever-ser (declara o que deve</p><p>ser – devido ao seu caráter normativo – o que conduz a um método lógico,</p><p>abstrato e dedutivo; realiza uma análise interpretativa das fontes do direito</p><p>e síntese teórica de seus dados).[35]</p><p>Portanto, enquanto a Criminologia se ocupa do delito como fenômeno</p><p>antropológico, social e biopsicológico, analisando suas causas e possíveis</p><p>formas de redução de dano, a Dogmática Jurídico-Penal se ocupa do delito</p><p>enquanto fenômeno jurídico, regulado e previsto por normas jurídicas que</p><p>devem ser interpretadas e aplicadas. A primeira se vale de métodos socio-</p><p>lógicos, psiquiátricos e antropológicos, de acordo com o caráter individual</p><p>ou social de seu enfoque, enquanto a segunda emprega o método dogmá-</p><p>tico para interpretar e sistematizar as normas jurídicas que se referem ao</p><p>delito e suas consequências.[36] Trata-se de uma dicotomia oriunda do</p><p>século XIX e que deve ser superada em prol de uma maior integração de</p><p>ambas, ainda que conservando-se sua autonomia. Indiscutivelmente são</p><p>aspectos complementares e indispensáveis para o conhecimento dos</p><p>fenômenos delitivos.</p><p>A Criminologia pode fundamentar estratégias de ação no campo políti-</p><p>co-criminal, pois fornece indicativos e dados concretos que podem ser</p><p>aproveitados para orientar as ações dos agentes e órgãos encarregados do</p><p>controle social do crime, o que pode levar a inovações no campo legislativo.</p><p>Além disso, a Criminologia se coloca como disciplina crítica do Direito</p><p>Penal, pois enquanto este trata da definição normativa da criminalidade,</p><p>aquela estuda os mecanismos</p><p>uma afeição. Para López Ibor o sentimento é</p><p>algo mais constante que a emoção. Podemos falar em uma emoção de</p><p>terror e um sentimento amoroso. A emoção seria algo agudo, súbito e</p><p>passageiro, enquanto o sentimento algo mais permanente. Para o mesmo</p><p>autor a emoção produz sempre uma reação imediata com uma correlação</p><p>fisiológica. A paixão seria um sentimento não correspondido, cujo rejeição</p><p>conduz a atitude de possessão. Na paixão há, por parte do indivíduo, a</p><p>ideia de que é arrastado, desempenhado um papel passivo. Desta forma</p><p>fala-se de paixão quando um sentimento alcança uma intensidade muito</p><p>forte e o sujeito representa um papel passivo.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 30</p><p>A emoção e paixão não exclui a imputabilidade penal, de acordo com o</p><p>código penal em vigor, salvo em algumas circunstâncias especiais como:</p><p>a - existência de violenta emoção decorrente deste mesmo ato;</p><p>b - ato injusto da vítima;</p><p>c - que o ato ilícito seja praticado logo em seguida a provocação.</p><p>- Agonia</p><p>A agonia corresponde aos últimos momentos da vida, isto é período de</p><p>transição entre a vida e a morte. A fase agônica difere de pessoa para</p><p>pessoa. Alguns podem ter uma agonia curta e outros relativamente longa.</p><p>Na agonia distingue-se três fases:</p><p>fase da melhoria - neste período o paciente tem uma sensação de me-</p><p>lhora geral, inclusive quanto ao quadro mental; esta melhora é so-</p><p>mente aparente. É muito comum a revelação: melhorou para mor-</p><p>rer.</p><p>fase agônica propriamente dita - nesta fase existe um debilitamento ge-</p><p>ral do organismo. As funções psíquicas e orgânicas vão desapare-</p><p>cendo.</p><p>c) fase final - as funções sensitivas e psíquicas vão desaparecendo e</p><p>sobrevêm a morte.</p><p>A importância médico legal da agonia está relacionada mais a capaci-</p><p>dade civil do que propriamente a imputabilidade. Justamente porque os</p><p>pacientes no período da agonia não cometem ilícitos penais. Contudo neste</p><p>período encontra-se afetada sua capacidade civil e os atos destes devem</p><p>ser analisados de acordo com seu estado mental. Neste período é frequen-</p><p>te ser forjado doação e testamentos. A perícia, nestes casos, é quase</p><p>sempre retrospectiva o que representa uma dificuldade para o perito.</p><p>4.1.3 - Embriaguez</p><p>A embriaguez ou alcoolismo agudo é uma sindrome de intoxicação pe-</p><p>lo álcool ou por substâncias de efeitos análogos. Substâncias inebriantes</p><p>podem alterar o psiquismo e provocar o estado de embriaguez, contudo em</p><p>face a alta incidência da Embriaguez provocada pelo álcool etílico passa-</p><p>remos utilizar a palavra com sinônimo de Alcoolismo agudo. A Organização</p><p>Mundial de Saúde definiu a embriaguez como toda forma de ingestão de</p><p>álcool que excede ao consumo tradicional, aos hábitos sociais da comuni-</p><p>dade considerada, quaisquer que sejam os fatores etiológicos responsáveis</p><p>e qualquer que seja a origem desses fatores, como: a hereditariedade, a</p><p>constituição física ou as influências fisiopatológicas e metabólicas adquiri-</p><p>das. A Associação Britânica de Medicina conceitua a embriaguez como a</p><p>condição do indivíduo que está de tal forma influenciado pelo álcool, que</p><p>perdeu o governo de suas faculdades, a ponto de tornar-se incapaz de</p><p>executar com cautela e prudência o trabalho a que se dedica no momento.</p><p>A ação imediata do álcool no SNC é depressora, aparecendo seus efeitos</p><p>primeiramente nos centros mais elevados. Como a função desses centros</p><p>é, em grande parte, de inibição e controle dos inferiores, quando sua ação</p><p>inibitória é reduzida o comportamento do indivíduo fica mais instintivo, mais</p><p>primitivo e mais expontâneo. A liberação temporária das inibições causa</p><p>uma experiência subjetiva de maior autoconfiança, injustificada já que a</p><p>eficiência das funções psíquicas mais elevadas ficam reduzidas. Dose de 4</p><p>gramas de álcool por litro de sangue dificultam a compreensão, diminui a</p><p>capacidade de atenção e a censura moral começa a ser afetada na maioria</p><p>das pessoas, contudo subjetivamente ocorre o contrário, a maior parte</p><p>mantém uma certa euforia e a impressão de uma melhor capacidade de</p><p>ação. A embriaguez está diretamente relacionada à quantidade de álcool</p><p>ingerida, ao tempo da ingestão, à tolerância individual e outros fatores. No</p><p>organismo humano o álcool é oxidado, ou seja metabolizado numa veloci-</p><p>dade de 0,2 gramas por quilo de peso por hora. Isto significa que uma</p><p>garrafa de cerveja (20 gramas) leva 90 minutos para ser metabolizado por</p><p>uma pessoa de 70 kg. A embriaguez deve ocorrer quando a quantidade de</p><p>álcool ingerido é maior do que a velocidade de sua metabolização. A em-</p><p>briaguez tem um curso distinto nos indivíduos e no mesmo indivíduo, se-</p><p>gundo as diversas características internas e externas. Temos de distinguir</p><p>também uma embriaguez normal de uma embriaguez anormal ou patológi-</p><p>ca.</p><p>A embriaguez simples ou normal é uma reação ordinária que oscila</p><p>dentro de certos limites em face ao excesso alcóolico agudo e geralmente</p><p>cursa da seguinte forma:</p><p>a. Embriaguez eufórica, excitação alcóolica ou fase de hipomania: a</p><p>ingestão não demasiadamente rápida leva a um estado de anima-</p><p>ção e euforia, os pensamentos tornam-se mais fluidos, algumas i-</p><p>nibições desaparecem, torna-se presente um sentimento de poder,</p><p>força, e de confiança. A capacidade de compreensão diminui, a</p><p>observação torna-se imprecisa, a atenção e a memória ficam com-</p><p>prometidas.</p><p>b. Embriaguez disfórica ou fase da irritabilidade: existe uma acentua-</p><p>ção dos sintomas, o tom de voz aumenta, o humor torna-se irrita-</p><p>do, as preocupações são eliminadas. O pensamento com fugas de</p><p>ideias frequentes, a conversação torna-se desconexa, insegura,</p><p>perdendo o domínio da palavra e da ação. Os freios para ação fi-</p><p>cam comprometidos, bem como os conceitos morais conduzindo a</p><p>atos agressivos e frequentemente contra a lei. Escândalos podem</p><p>acontecer nesta fase. Desaparecem os mais elevados sentimentos</p><p>morais. Nesta fase ainda pode ocorrer dificuldade da coordenação</p><p>motora, do equilíbrio e gagueira.</p><p>c. Embriaguez depressiva: nesta o humor torna-se depressivo, os</p><p>movimentos lentificados, o curso do pensamento também torna-se</p><p>lentificado, a voz pastosa, há um comprometimento da coordena-</p><p>ção motora, do equilíbrio e da marcha. As alterações da atenção,</p><p>da compreensão, da memória são mais evidentes. As alterações</p><p>da consciência também são mais evidentes, e o paciente torna-se</p><p>sonolento, podendo evoluir para o coma a depender da quantidade</p><p>de álcool ingerida.</p><p>Certamente, a personalidade tem uma influência marcante na forma da</p><p>embriaguez e nem sempre é necessário que todos os indivíduos apresen-</p><p>tem esta mesma sequência.</p><p>A Embriaguez anormal ou patológica ocorre em função do indivíduo</p><p>não apresentar um quadro ordinário de embriaguez como foi descrito</p><p>anteriormente. Distingue-se da embriaguez normal pelo fato do indivíduo,</p><p>mesmo com pequenas quantidades de bebida alcóolica ingeridas apresen-</p><p>tar um estado de ânimo excitado, desinibição excessiva, descargas agres-</p><p>sivas graves e ações que contrariam sua personalidade, embora para o</p><p>observador suas ações pareçam coordenadas e inteligíveis, apresentando</p><p>o paciente comprometimento grave da memória. Em regra geral, são pes-</p><p>soas com alguma anormalidade e, particularmente, pessoas portadoras de</p><p>disfunções cerebrais. Embora mais raramente, pessoas normais podem</p><p>apresentar este tipo de reação. Tem importância especial os portadores de</p><p>lesões cerebrais, aos que se aconselham plena abstinência. Na prática</p><p>podemos distinguir três formas de embriaguez patológica:</p><p>a. Com distúrbios predominantes da conduta</p><p>b. Com distúrbios predominantes da sensopercepção</p><p>c. Com distúrbios predominantes do pensamento.</p><p>É necessário enfatizar que a embriaguez patológica constituiu-se re-</p><p>quisito biológico da irresponsabilidade penal e deverá ser incluída no capi-</p><p>tulo da perturbação</p><p>da atividade mental, tendo em vista que estes pacien-</p><p>tes apresentam em verdade transtorno da consciência.</p><p>Necessário considerar também a questão da intolerância ao álcool, que</p><p>se constitui no fato do indivíduo apresentar sintomas de embriaguez com</p><p>pequenas quantidades de bebida alcóolica, sendo contudo os sintomas</p><p>característicos de uma embriaguez normal. A embriaguez patológica pode</p><p>ocorrer com pequenas ou doses maiores de bebidas alcóolicas, porém o</p><p>que a caracteriza são os sintomas que fogem à conceituação da embria-</p><p>guez normal.</p><p>TABELA I. - Graus de embriaguez e níveis de alcoolemia.</p><p>GRAUS DE EMBRIAGUEZ QUANTIDADE DE ÁLCOOL NO</p><p>SANGUE</p><p>SINAIS SUB-CLÍNICOS 0.40 a 0.80 g de álcool/litros de</p><p>sangue</p><p>EMBRIAGUEZ CLÍNICA LEVE 0.80 a 2,00 g de álcool/litros de</p><p>sangue</p><p>EMBRIAGUEZ MODERADA 2.00 a 3,00g de álcool/litros de</p><p>sangue</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 31</p><p>COMA ALCOÓLICO 4,00 a 5,00 g de álcool/litros de</p><p>sangue</p><p>DOSE MORTAL Acima de 5,00 g de álcool/litros de</p><p>sangue</p><p>4.1.4 - Farmacodependência</p><p>O consumo de drogas é tão antigo como a existência do homem. Sua</p><p>origem está, certamente ligada ao desejo de busca do prazer, alterando o</p><p>estado da consciência. A partir de 1941 começou a restrição ao uso de</p><p>substancias químicas, devidos aos efeitos adversos para o indivíduo e a</p><p>sociedade. O controle infelizmente fez crescer o comércio clandestino das</p><p>drogas. Houve então a necessidade de produzir uma legislação forte para</p><p>combater seus efeitos. No Brasil a legislação atual distingue três figuras: o</p><p>traficante, o dependente e o usuário ou experimentador. O traficante é</p><p>punido severamente. O usuário principiante no uso de substancias entorpe-</p><p>centes não poderá ser considerado dependente. A importância médico</p><p>legal recai sobre os grupo dos dependentes. Estes ficam sujeitos a medidas</p><p>especiais, que visam sua recuperação. A perícia de dependência de dro-</p><p>gas, realizada por psiquiatra, é que indicará se existe ou não dependência.</p><p>Na definição de dependência distinguimos três fatores:</p><p>Compulsão a usar a droga - a compulsão corresponde ao desejo irre-</p><p>sistível de usar a droga. O indivíduo apresenta um desejo incontro-</p><p>lável para usar a substancia. E uma característica psicológica que</p><p>pode existir independente do tipo de substancia utilizada</p><p>Tolerância - é a necessidade de aumentar a quantidade de substancia</p><p>utilizada para obter os mesmos efeitos anteriores. O indivíduo</p><p>Abstinência</p><p>4.1.5 - Transtornos da Consciência</p><p>Transtorno da Consciência: esta condição transitória também modifica</p><p>a imputabilidade do indivíduo. Pode estar incluída no contexto dos transtor-</p><p>nos mentais. A consciência aqui tem que ser entendida como um estado</p><p>que somos capazes de perceber o mundo externo (consciência objetiva) e</p><p>nós mesmos (autoconsciência) e não como a totalidade da vida psíquica</p><p>algumas condições da patologia da vida psíquica, e particularmente na</p><p>Epilepsia, podem ocorrer estados de automatismo psicomotores devido a</p><p>estreitamentos do campo da consciência, bem como turvações da consci-</p><p>ência. Estes estados anormais da consciência podem conduzir a atos</p><p>ilícitos com amnésia subsequente. Os transtornos mentais orgânicos consti-</p><p>tuem a origem predominante dos transtornos da consciência.</p><p>Os quadros de alteração da consciência podem conduzir a ilícitos pe-</p><p>nais e particularmente o homicídio, cujas características são próprias deste</p><p>estado. Estas são evidentes porque o autor não tem percebe, pelo própria</p><p>patologia, que a vítima foi abatida, deferindo uma serie de golpes desne-</p><p>cessários.</p><p>4.2 Não Acidentais</p><p>4.2.1 - Biológicos</p><p>Idade</p><p>A idade é requisito biológico importante na consideração da Imputabili-</p><p>dade Penal. Não podemos esquecer que o homem é ser vivo que nasce</p><p>com maior grau de imaturidade e que mais tempo necessita para adquirir a</p><p>maturidade neurológica e emocional. A infância e a adolescência são</p><p>consideradas etapas de preparação para a vida adulta, enquanto a velhice</p><p>é sua desintegração. A adolescência termina quando o indivíduo se con-</p><p>vence de que não é mais um mero aprendiz da vida mas que tem uma</p><p>identidade formada, está definido profissionalmente e está apto a associar-</p><p>se com outros pessoas em condições de igualdade. Com uma identidade</p><p>formada o jovem entra na fase adulta. Adquire, então, a Imputabilidade</p><p>Penal. Esta fase prolonga-se até à velhice quando novamente em vistas ao</p><p>declínio global das funções físicas, intelectuais e emocionais, juridicamente</p><p>tem modificada sua Imputabilidade. Conceitualmente as modificações da</p><p>Imputabilidade em relação à idade são definidas aos 18 e aos 70 anos de</p><p>idade. Contudo nem sempre esta idade corresponde, na realidade, à matu-</p><p>ridade e à senilidade. Do ponto de vista biológico, por exemplo, algumas</p><p>funções entram em declínio ainda em plena maturidade. A acuidade visual,</p><p>auditiva e tátil, a força muscular diminuem progressivamente em torno dos</p><p>25 anos; alguns escores médios, nos teste de inteligência reduzem a partir</p><p>dos 30 anos; a potencialidade para a gravidez tende a reduzir em torno dos</p><p>35 anos. Por outro lado algumas manifestações da personalidade tendem a</p><p>solidificar-se após os 40 anos, consequentemente os limites da adolescên-</p><p>cia e da velhice não são fixos e variam de acordo com fatores constitucio-</p><p>nais, psicológicos, sociais, geográficos, econômicos e culturais.</p><p>Sabemos que é raro uma "carreira" criminal ter início em idade avan-</p><p>çada. Quando isto ocorre está relacionado, quase sempre, a uma alteração</p><p>psicopatológica consequente ao surgimento de uma enfermidade mental.</p><p>Ruth Cavan, citado por Sykes16, tem concluído que uma atividade criminal</p><p>começa na infância, alcança seu florescimento na adolescência e declina</p><p>com a idade. As estatísticas criminais apontam a faixa etária de 15 a 17</p><p>anos como o período do primeiro envolvimento com a justiça, embora os</p><p>estudos da história dos delinquentes têm mostrado o aparecimento de</p><p>comportamentos anti-sociais anteriores. Herly estudando 187 delinquentes</p><p>apontou que os primeiros atos delituosos ocorreram entre 1 a 5 anos de</p><p>idade. Friedlander descreveu que a maioria dos delinquentes tem caráter</p><p>anti-social, e que os primeiros sinais de conduta anti-social aparecem entre</p><p>os 7 e 9 anos de idade. Tolan, estudando a idade de risco de aparecimento</p><p>dos primeiros sinais de delinquência, concluiu que quanto mais cedo ocor-</p><p>rem o as primeiras atitudes anti-sociais pior é o prognóstico e que a idade é</p><p>um componente importante no entendimento do envolvimento social em</p><p>crimes graves na idade adulta. Para Anna Freud os desejos sexuais e</p><p>agressivos outrora reprimidos vêm a tona e são concretizados desenrolan-</p><p>do a sua ação fora da família, em um horizonte maior. Que esta atuação</p><p>desenvolve-se em um plano inofensivo, idealista, associal ou mesmo crimi-</p><p>noso; dependerá acima de tudo dos novos objetos aos quais o adolescente</p><p>se ligar. Em geral as aspirações do líder do grupo de adolescentes ou da</p><p>gangue são adotadas com entusiasmo e sem críticas. Greenbaum em</p><p>recente estudo associou o prognóstico social de delinquentes juvenis ao</p><p>uso de bebidas alcóolicas. Rivara estudando a prevenção da violência</p><p>concluiu que o comportamento anti-social tem início na infância e na ado-</p><p>lescência e entre os fatores de risco descreve : origem de pais pobres,</p><p>desordens de conduta na infância não tratados, estresse social e fracasso</p><p>escolar; sugere o autor uma intervenção sistemática com programas de</p><p>prevenção secundária e terciária de tratamento. Do ponto de vista epidemi-</p><p>ológico as pesquisas indicam uma incidência de situações familiares anor-</p><p>mais ( no sentido de norma social) nos distúrbios de conduta do adolescen-</p><p>te. Rutter em 1976 chegou a conclusão que as dificuldades psicológicas</p><p>durante a adolescência estão associadas a diversos índices</p><p>de patologia</p><p>familiar, citando entre elas o desentendimento parenteral crônico, a doença</p><p>mental parental e a instabilidade emocional dos pais.</p><p>As estatísticas da criminalidade juvenil no mundo Ocidental assume ca-</p><p>racterísticas de quase uma epidemia, motivando preocupações de toda</p><p>sociedade. Por exemplo Rosemberg, considera que os EUA possuem a</p><p>maior taxa de homicídios entre jovens de 15 a 24 anos e sugere uma</p><p>reviravolta nos métodos de tratamento do delinquente juvenil.</p><p>Muitas teorias tem procurado explicar este comportamento, Piaget, ci-</p><p>tado por descreveu que a capacidade para agir adaptativamente, está</p><p>ligada à aquisição de um conhecimento do mundo, dividindo a questão em</p><p>três estágios. Durante o primeiro que ele chamou pré-operacional, as ações</p><p>são internalizadas como pensamentos e tendem a precedê-las. Neste</p><p>período a criança é essencialmente egocêntrica e os outros são vistos</p><p>girando em torno do seu EU. No segunda Etapa a criança é capaz de ter</p><p>raciocínio operacional, sendo denominado de estágio das operações con-</p><p>cretas. No terceiro momento que tem início na adolescência, adquire a</p><p>capacidade de executar operações cognitivas formais, tais como comparar</p><p>possíveis relacionamentos e eventos. Para Piaget, na primeira fase, as</p><p>regras são impostas; no segundo, as crianças percebem que são capazes</p><p>de inventar e modificar as regras; e no terceiro estágio percebem o primado</p><p>das regras abstratas sobre a situação em particular.</p><p>Já a teoria de Kohlberg definiu seis estágios no desenvolvimento moral</p><p>do homem:</p><p>I. Período pré-moral</p><p>Estagio 1. O comportamento moral é em grande parte qualificado com</p><p>base na fuga ao castigo.</p><p>Estágio 2. Cada pessoa procura o máximo de vantagem para si mes-</p><p>ma, em grande parte sem levar em conta as vantagens para os ou-</p><p>tros.</p><p>Período de conformidade convencional com as regras</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 32</p><p>Estágio 3. Os indivíduos conformam-se e adaptam-se aos outros.</p><p>Estágio 4. Há respeito e obediência à autoridade, tal como a social e</p><p>religiosa.</p><p>Período de Autonomia - A moralidade dos princípios aceitos</p><p>Estágio 5. O primado dos acordos, dos deveres individuais, dos princí-</p><p>pios e leis democráticas derivadas e aceitos.</p><p>Estágio 6. O pleno desenvolvimento de uma moralidade de princípios</p><p>individuais e universais que podem transcender os dos sistemas</p><p>legais vigentes (por exemplo, o conceito de uma "ordem militar ile-</p><p>gal", tal como atirar em mulheres e crianças).</p><p>Num estudo posterior realizado por Kohlberg, (1964), citado também</p><p>por Feldman juizes que classificavam o depoimento de prisioneiros acerca</p><p>da moralidade do comportamento delinquente concordavam que eles se</p><p>enquadravam nos estágios 1 e 2 da sequência de Kohlberg. Estudos poste-</p><p>riores, utilizando grupo controle, indicaram que a diferença estatística não</p><p>era significativa quando se comparava o nível de desenvolvimento moral</p><p>entre grupos de delinquentes e não delinquentes.</p><p>Morgan em 1975, desenvolveu a teoria da carência materna, segundo</p><p>a qual "por mais intoleráveis que sejam as condições no lar de uma criança,</p><p>julga-se que a completa separação tem efeitos ainda mais intoleráveis".</p><p>Segundo Bowlby é essencial para a saúde mental que a criança sinta uma</p><p>relação calorosa, íntima e contínua com a mãe (ou substituta), na qual</p><p>encontre satisfação e alegria". Segundo ainda este autor "a separação da</p><p>mãe e a rejeição paterna são, reunidas, as responsáveis, pela maioria dos</p><p>casos mais intratáveis (de delinquência), inclusive dos psicopatas constitu-</p><p>cionais e deficientes morais".</p><p>Gilberto Velho estudando a questão, discorda do modo de encarar a</p><p>delinquência a partir de uma perspectiva médica, preocupada apenas em</p><p>distinguir o normal do patológico. Dentro desta perspectiva certas pessoas</p><p>apresentariam características de comportamento "anormais", sintomas ou</p><p>expressão de desequilíbrio. Existiriam males controláveis e males incontro-</p><p>láveis, havendo pois desviantes "incuráveis e outros passíveis de recupera-</p><p>ção. Enfim, o mal estaria localizado no indivíduo. Do ponto de vista da</p><p>Antropologia Social, não existiriam desviantes em si mesmos, mas sim,</p><p>uma relação entre atores que acusam outros atores de estarem consciente</p><p>ou inconscientemente quebrando, com seu mal comportamento, limites e</p><p>valores de determinada situação sócio cultural. Os grupos sociais criam o</p><p>desvio, ao estabelecer as regras, cuja infração, constitui desvio. O desvio é</p><p>uma consequência da aplicação de regras e sanções, ao transgressor. O</p><p>desviante seria aquele a quem, tal marca, foi aplicada com sucesso. O</p><p>comportamento desviante não seria uma questão de "inadaptação sociocul-</p><p>tural", mas um problema político, obviamente vinculado a uma problemática</p><p>de identidade. Para Gilberto Velho o "desviante é um indivíduo que não</p><p>está fora de sua cultura, mas, que faz uma "leitura divergente. " Ele poderá</p><p>estar sozinho, ou fazer parte de uma minoria organizada. Ele não será</p><p>sempre um desviante. Existem áreas de comportamento em que agirá</p><p>como qualquer cidadão "normal." Mas, em outras áreas, divergirá com seu</p><p>comportamento, dos valores dominantes".</p><p>O modelo sociológico é um dos modelos fundamentais para compreen-</p><p>são da delinquência ou do comportamento desviante. Contudo, sua utiliza-</p><p>ção para apreender um caso particular corre o risco de minimizar todo o</p><p>significado da história individual.</p><p>O comportamento agressivo é tão característico do homem que jamais</p><p>poderia ter atingido sua atual dominância no planeta, nem mesmo sobrevi-</p><p>vido, se não estivesse provido desta característica. Por outro lado, enfren-</p><p>tamos um paradoxo, de que estas mesmas características que tem levado</p><p>o homem ao extraordinário êxito, também sejam as que tem mais probabili-</p><p>dade de destruí-lo. Seu impulso implacável para dominar todo obstáculo</p><p>não se detém diante do seu próximo. Nenhum outro animal, além do Ho-</p><p>mem, tem prazer positivo no exercício da crueldade contra outro da mesma</p><p>espécie. O fato mais sombrio é que, somos a mais cruel e implacável das</p><p>espécies que pisou sobre a Terra, e, embora possamos ficar indignados</p><p>quando lemos ou ouvimos notícias sobre atrocidades cometidas pelo ho-</p><p>mem contra o próprio homem, sabemos intimamente que cada um de nós</p><p>abriga dentro de si os mesmos impulsos selvagens que levam ao assassí-</p><p>nio, à tortura e à guerra. (Storr)</p><p>Sexo</p><p>As diferenças entre os sexos são tão evidentes que não podem ser</p><p>desconsideradas. Do ponto de vista físico os homens são superiores em</p><p>altura, peso e massa muscular. O cérebro do homem é mais pesado tanto</p><p>em valores absoluto como relativo. Recentemente comprovou-se a superio-</p><p>ridade também em números de neurônios no sexo masculino. O Metabo-</p><p>lismo basal nas mulheres é usualmente mais baixo que o dos homens.</p><p>Por outro lado a maturidade é alcançada primeiro pelo sexo feminino.</p><p>As meninas apresentam superioridade na capacidade verbal e na discrimi-</p><p>nação de cores, enquanto os meninos nas capacidades mecânicas. Até os</p><p>quatorze anos as meninas demonstram um desempenho intelectual superi-</p><p>or aos meninos. Os homens apresentam um nível de agressividade superi-</p><p>or as mulheres em praticamente todas as faixas etárias. As estatísticas</p><p>relacionadas a criminalidade apontam que os homens comentem mais atos</p><p>ilícitos na proporção de 10 para 1. Por outro lado existem situações em que</p><p>são vivenciadas pelo sexo feminino; não podemos ocultar o aumento da</p><p>ansiedade que ocorrem no período pre-menstrual e o estado puerperal.</p><p>Nestas circunstancias podemos relacionar o comprometimento secundário</p><p>de algumas funções cognitivas, isto não quer dizer que durante estes</p><p>período exista uma incapacidade de entender o caráter ilícito de seus atos.</p><p>A tendência no mundo moderno, com a emancipação das mulheres e</p><p>eliminar estas diferenças</p><p>e considerar igualdade para os dois sexos.</p><p>Sono</p><p>Sono é um processo biológico normal essencial a manutenção do equi-</p><p>líbrio biopsicossocial do indivíduo. Por muito tempo foi considerado um</p><p>processo uniforme. Com o advento da Eletroencefalografia o sono passou</p><p>ser melhor estudado, e foi possível entender o sono como uma sequência</p><p>de estágios estruturados. O conjunto de estágios de sono, ciclo e tempo de</p><p>vigília durante a noite denominou-se de arquitetura do sono. A vigília é a</p><p>fase de relaxamento, com o indivíduo desperto, que precede o sono; Cor-</p><p>responde ao período de espera do adormecer. Os dois tipos de sono prin-</p><p>cipais são REM ("rapid eye movements") e NREM (não REM) que se alter-</p><p>nam em ciclos. O sono NREM pode ser dividido em quatro grupos diferen-</p><p>tes: estágio I; estagio II; estágio III e estágio IV. Antes do início do sono</p><p>propriamente dito existe um estágio de sonolência denominado estágio I,</p><p>no qual existe um desaparecimento do ritmo alfa do EEG. Neste estágio o</p><p>EEG é de baixa voltagem e frequência mista acompanhado de movimentos</p><p>oculares. No estágio II detectam-se fusos de sono e complexo K (ondas</p><p>lentas negativas, de elementos polifásicos. Após 10 a 30 minutos, as ondas</p><p>lentas( delta) passam dominar o traçado, ocupando mais de 20%, caracteri-</p><p>zando o estágio III. A quantidade destas ondas aumenta passando ocupar</p><p>a metade do traçado eletroencefalográfico caracterizando o estágio IV.</p><p>Após um período de 65 a 120 minutos, do início do estágio II do sono</p><p>NREM, tem início o estágio REM. O estágio de sono REM caracteriza-se</p><p>por uma atividade do EEG com traçado de baixa voltagem e de frequência</p><p>variável, semelhante a ao estágio I do sono NREM, acompanhado de</p><p>movimentos oculares rápidos e atonia da musculatura. Quando acordado</p><p>no estágio REM, a maioria dos indivíduos (cerca de 90%) relatam seus</p><p>sonhos. O estágio I ocupa 5 a 10% do tempo de sono; o estágio II ocupa</p><p>50% do período de sono; o estágio III e IV somados ocupam 20% e o</p><p>estágio REM ocupa em torno dos 20% restante. Cada sequência de sono</p><p>NREM e REM forma o ciclo do sono. Cada ciclo de sono leva entre 90 e</p><p>120 minutos e repete 4 a 6 vezes durante a noite.</p><p>Insônia - a insônia é o distúrbio mais comum do sono. A insônia é a</p><p>percepção pela pessoa de que o sono é insuficiente, perturbado ou não</p><p>reparador. Se o paciente julga que não dormiu bem, ele tem insônia, mes-</p><p>mo que alguém o veja dormir a noite inteira. A insônia aparece em quase</p><p>todos os transtornos psiquiátricos, sendo considerado uma alteração se-</p><p>cundária.</p><p>Hipersonia - condição de sono exagerado, que não represente estados</p><p>de estupor, coma ou sono tóxico ou medicamentoso. Podemos distinguir</p><p>uma forma contínua, que vai desde a sonolência a letargia e uma forma</p><p>descontinua, representada por crises de narcolepsia. A hipersonia, com</p><p>frequência, sobrevem em processos orgânicos cerebrais.</p><p>Sonambulismo - o sonambulismo significa andar durante o sono. O so-</p><p>nambulismo é um fenômeno patológico, consequente as epilepsia e dos</p><p>transtornos histéricos. O sonambulismo corresponde a uma alteração de</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 33</p><p>consciência ocorrida durante o sono. O indivíduo passa do sono à atividade</p><p>sonambúlica, sem solução de continuidade.</p><p>Hipnotismo - é uma modalidade de sono artificial induzido psicologica-</p><p>mente. O hipnotismo fundamenta-se na sugestionabilidade.</p><p>Aplicações Médico legais - Em tese a sugestão hipnótica não modifica</p><p>a imputabilidade penal. Contrariamente o sonambulismo modifica a imputa-</p><p>bilidade penal e a capacidade civil, pela exclusiva alteração da consciência.</p><p>4.2.2 - Sociais</p><p>Civilização</p><p>A civilização tem influencia na avaliação da imputabilidade. A civiliza-</p><p>ção é fator importante para recebimento dos estímulos necessários para o</p><p>pleno desenvolvimento mental do indivíduo. Os costumes, crenças e princí-</p><p>pios que regem uma determinada cultura afetam os valores individuais. Um</p><p>ato lícito para um grupo social pode não ser concebido da mesma forma</p><p>por outro grupo. As diferenças culturais afetam as relações pessoais. Em</p><p>nosso meio os silvícolas não poderiam ter o mesmo tratamento penal que</p><p>os civilizados, por que lhes faltam a educação com estímulos socioculturais</p><p>dos valores estabelecidos para a nossa civilização. Desta forma no código</p><p>em vigor são considerados como portadores de desenvolvimento mental</p><p>incompleto, não tendo, pois, inteira capacidade de entender o caráter ilícito</p><p>dos atos praticados. Alguns autores tem questionado a diferença entre o</p><p>homem que vive numa cidade grande e o habitante da área rural. Contudo</p><p>com os avanços nas telecomunicações, quando a informação chega, ao</p><p>mesmo tempo, em todas regiões do planeta, colocamos em dúvida esta</p><p>questão. Reservamos considerar apenas aqueles casos em que existe uma</p><p>cultura com valores diferentes, com acontece em algumas tribos indígenas.</p><p>Associação</p><p>Chamamos de associação uma reunião de pessoas com interesses ou</p><p>fins comuns, existindo uma interação entre seus membros e uma estrutura</p><p>estável. Diferente da multidão a qual compreende um grupamento hetero-</p><p>gêneo de indivíduos, os quais tem em comum apenas a proximidade uns</p><p>dos outros. Frequente a ação de indivíduos associados na pratica crimino-</p><p>sa. Diariamente estamos em contato com a notícia de crimes cometidos por</p><p>grupos de indivíduos estruturados. A imputabilidade penal modifica-se</p><p>dentro do grupo. A rigor todos indivíduos podem ter sua capacidade de</p><p>entendimento e autodeterminação alterada em função da ação do grupo.</p><p>Contudo sabemos que alguns tipos de personalidade são mais influenciá-</p><p>veis pela ação do grupo. Por exemplo o tipo de personalidade dependente</p><p>que pode agir em função do grupo, por subordinação de suas própria</p><p>vontade àquelas dos outros dos quais depende. Estes indivíduos, por sua</p><p>capacidade limitada de tomar decisões cotidianas, geralmente sofrem uma</p><p>influencia direta do grupo.</p><p>4.2.5 - Psicopatológicos</p><p>Transtornos Mentais</p><p>O código penal brasileiro utiliza a expressão doença mental. Corres-</p><p>ponde ao conceito de loucura ou alienação mental, apesar de estar em</p><p>desuso entre os psiquiatras, o termo ainda é utilizado como atualidade na</p><p>área jurídica. A tendência é qualificar como transtornos patológicos da</p><p>atividade mental: infere-se do pressuposto que anteriormente havia uma</p><p>atividade mental normal. Neste conceito estão incluídos os transtornos</p><p>mentais psicóticos de um modo geral e os estados demenciais. As psicoses</p><p>correspondem a perda do juízo de realidade. Os estados demenciais refe-</p><p>rem-se a um declínio da atividade intelectual em função de lesão ou doença</p><p>orgânico-cerebral, ocorrendo concomitantemente desordens na vida afetiva</p><p>e moral. Esta decadência da vida psíquica pode ser confundida, em alguns</p><p>casos, com o retardo mental que é de natureza congênita.</p><p>O que importa para avaliação de imputabilidade é o quadro sindromico;</p><p>o diagnóstico etiológico tem apenas uma importância secundária. Desta</p><p>forma consideramos que um transtorno psicótico sempre conduz a Inimpu-</p><p>tabilidade, independente da etiologia da psicose. O que importa é se o</p><p>transtorno é atual e concomitante a pratica delituosa.</p><p>No capitulo da psicopatologia especial abordaremos o problema espe-</p><p>cífico de cada transtorno mental, suas relações com as atividades ilícitas.</p><p>Psicológicos</p><p>Os requisitos compreendem alterações do discernimento e da vontade.</p><p>Não basta o diagnóstico nosológico do transtorno mental, é preciso, na</p><p>avaliação do Inimputabilidade do enfermo mental, que sendo portador de</p><p>determinado transtorno mental, seja ao tempo da prática ilícita, inteiramente</p><p>incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo</p><p>com este entendimento. Isto quer dizer claramente que não basta que o</p><p>indivíduos seja doente mental; mas é preciso</p><p>que, sendo considerado</p><p>doente mental, no memento da prática ilícita, apresente incapacidade de</p><p>entender ou de determinar-se. Isto é, se o paciente é capaz de entender o</p><p>caráter ilícitos de seus atos, é preciso saber se sua vontade não estava</p><p>afetada de forma a ser inteiramente incapaz de determinar-se.</p><p>CONCURSO DE PESSOAS.</p><p>O concurso de pessoas</p><p>Há concurso de pessoas quando dois ou mais indivíduos concorrem</p><p>para a prática de um mesmo crime.</p><p>O concurso é geralmente eventual, mas existe também o concurso</p><p>necessário, em que o crime só se configura com pluralidade de agentes,</p><p>como no crime de quadrilha ou bando.</p><p>A teoria monista considera que no concurso de pessoas há um só</p><p>crime; a teoria pluralista, que há vários crimes, e a teoria dualística, que há</p><p>um crime em relação aos autores e outro crime em relação aos partícipes.</p><p>A Reforma Penal de 1984 adotou a teoria monista, equiparando</p><p>autores e partícipes: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide</p><p>nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade (art. 29 do</p><p>CP).</p><p>Mas o Código Penal deu um tratamento especial à participação de</p><p>menor importância, aproximando-se da teoria dualística. Para o Código</p><p>Penal, portanto, autores e partícipes são iguais. Salvo no caso de</p><p>participação de menor importância, em que a pena se reduz de um sexto a</p><p>um terço.</p><p>A forma mais comum de participação é a cumplicidade, que consiste</p><p>numa atividade extratípica acessória, de auxílio ou colaboração com o</p><p>autor, como no fornecimento de uma viatura, no empréstimo consciente de</p><p>uma arma para o fim delituoso, ou na vigilância dos arredores.</p><p>Outra forma de participação é a instigação, que consiste no</p><p>convencimento de outrem à prática do crime.</p><p>A co-autoria e a participação podem ocorrer até a consumação do</p><p>crime. Após a consumação não há mais concurso de agentes, podendo,</p><p>contudo, existir outro delito autônomo, como o favorecimento real (art. 349</p><p>do CP).</p><p>A pena é graduada na medida da culpabilidade de cada agente. Se</p><p>algum das concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á</p><p>aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a metade na hipótese</p><p>de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP).</p><p>A simples ciência de que um crime será cometido, sem aviso à</p><p>autoridade (salvo no caso de obrigação legal), não constitui crme</p><p>(JTACrimSP 72/23 1 e RJTJESP 92/426).</p><p>Excetua-se, por exemplo, o art. 320 do Código Penal, em que existe a</p><p>obrigação de providências ou de aviso à autoridade competente.</p><p>Aprovar a prática de um crime, ou estar de acordo com ele</p><p>(conivência), mas sem nenhuma participação, também não constitui ilícito</p><p>penal (RT 425/284).</p><p>Por outro lado, porém, é crime fazer publicamente apologia de fato</p><p>criminoso ou de autor de crime (art. 287 do CP).</p><p>Diferença entre co-autoria e participação</p><p>O concurso de pessoas pode dar-se por co-autoria ou por participação.</p><p>O co-autor é igual a um autor, exercendo papel determinante na prática do</p><p>crime. O partícipe, ao contrário, exerce função acessória, dependente do</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 34</p><p>autor ou co-autor.</p><p>Sobre co-autores e partícipes há várias teorias.</p><p>A teoria subjetiva-causal entende que autor é todo aquele que concorre</p><p>para o resultado (conceito amplo de autor). Nessa teoria, propriamente,</p><p>todos são autores ou co-autores, embora possa haver um tratamento</p><p>diferenciado para co-autores secundários (ou partícipes).</p><p>A teoria formal-objetiva entende que autor é só aquele que realiza a</p><p>ação descrita no tipo (conceito restrito de autor). Partícipe seria o que</p><p>realiza ação acessória, contribuindo com alguma atividade extratípica para</p><p>o resultado comum.</p><p>A teoria do domínio do fato (de inspiração finalista, elaborada por</p><p>Welzel) considera que, em princípio, autor é o que realiza a ação descrita</p><p>no tipo. Mas também faz parte do conceito de autor o comando do curso</p><p>dos acontecimentos, ou o domínio finalístico do fato.</p><p>Assim, tanto é autor o executor material do fato, como o autor</p><p>intelectual, que organizou e dirigiu a prática do crime.</p><p>E partícipes, para a teoria do domínio do fato, seriam aqueles que</p><p>realizam ação diversa da descrita no tipo, ou que não tenham o domínio</p><p>finalístico do fato, embora concorram de algum modo para o resultado.</p><p>Requisitos do concurso de pessoas</p><p>Os requisitos do concurso de pessoas são os seguintes: 1º) pluralidade</p><p>de agentes (e de condutas); 2º) relevância causal das várias condutas com</p><p>o resultado; 3º) identidade de crime; 4º) vínculo subjetivo entre os agentes.</p><p>Vínculo objetivo entre os agentes</p><p>Para a caracterização da co-autoria deve existir uma cooperação</p><p>consciente recíproca, expressa ou tácita, entre os agentes, resultante de</p><p>acordo prévio ou de um entendimento repentino, surgido durante a</p><p>execução. A vontade de contribuir para o resultado comum deve ser</p><p>bilateral.</p><p>“Não há co-autoria na colaboração unilateral” (Welzel, Derecho Penal</p><p>Alemán, Santiago, Editorial Jurídico, 1976, p. 155). “Não basta um</p><p>consentimento unilateral, devendo todos atuar em cooperação consciente e</p><p>desejada” (Jescheck, Tratado de Derecho Penal, v. 11/941, Barcelona,</p><p>Bosch, 1981).</p><p>Na participação, ao contrário, a cooperação pode ser unilateral, ou</p><p>seja, pode ser exercida sem que o autor principal consinta ou saiba do</p><p>auxilio prestado.</p><p>Exemplo clássico de participação unilateral é o da empregada que</p><p>deixa aberta de propósito a porta da casa do patrão, para facilitar a ação do</p><p>ladrão, que sabe estar rondando a área.</p><p>Como ensina Heleno Fragoso, “do ponto de vista subjetivo, a</p><p>participação requer vontade livre e consciente de cooperar na ação</p><p>delituosa de outrem. Não se exige o prévio concerto, bastando que o</p><p>partícipe tenha consciência de contribuir para o crime. A consciência da</p><p>cooperação pode faltar no autor, como no exemplo do criado que deixa</p><p>aberta a porta para facilitar o ladrão, que desconhece o auxílio. Como se</p><p>percebe, o conteúdo subjetivo do comportamento do partícipe é diferente</p><p>do que se exige para o autor e bastaria isso para justificar a distinção que a</p><p>doutrina realiza’! (Comentários ao Código Penal, Nélson Hungria/Heleno</p><p>Fragoso, Rio, Forense, 1983, p. 516).</p><p>Jescheck, da mesma forma, esclarece que na participação “o autor</p><p>sequer necessita conhecer a cooperação prestada (a chamada</p><p>cumplicidade oculta)” (ob. cit., p. 962).</p><p>A maioria dos autores nacionais, porém, tem ensinamento diverso. A</p><p>opinião predominante não procura estabelecer neste ponto uma fronteira</p><p>entre co-autoria e participação. Tanto num caso como noutro, não há</p><p>necessidade de acordo, bastando a consciência unilateral do co-autor ou</p><p>do partícipe de contribuir para o fato de outrem.</p><p>Comunicação de circunstâncias</p><p>Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter</p><p>pessoal, salvo quando elementares do crime (art. 30 do CP).</p><p>Circunstâncias ou condições de caráter pessoal são dados subjetivos,</p><p>como os motivos ou as relações com a vítima, bem como atributos</p><p>particulares do agente, como o estado civil ou a profissão.</p><p>Elementares são os dados que constam do tipo, e cuja ausência desfaz</p><p>a tipicidade ou muda a capitulação do crime.</p><p>É necessário que o co-autor ou partícipe tenha conhecimento da</p><p>elementar, para que esta se comunique.</p><p>No peculato, por exemplo, a condição de funcionário público, de um</p><p>dos participantes, comunica-se aos demais, se cientes desta condição, vez</p><p>que a mesma é elementar do crime. Assim, embora não sejam funcionários</p><p>públicos, respondem os participantes pelo crime de peculato. Mas, se</p><p>ignoravam a condição do parceiro, responderão apenas por furto ou</p><p>apropriação indébita, conforme o caso.</p><p>As circunstâncias objetivas se comunicam, desde que conhecidas</p><p>pelos</p><p>participantes.</p><p>Comunicação de circunstâncias e infanticídio</p><p>Há divergência na comunicabilidade das circunstâncias pessoais no</p><p>crime de infanticídio: matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio</p><p>filho, durante o parto ou logo após (art. 123 do CP).</p><p>Uma corrente entende que as circunstâncias da qualidade de mãe e do</p><p>estado puerperal comunicam-se ao co-autor ou partícipe, por serem</p><p>elementares do crime, respondendo todos, portanto, por infanticídio.</p><p>Outro ensinamento entende que a comunicação da circunstância</p><p>pessoal privilegiadora só ocorre em relação ao partícipe e não ao co-autor.</p><p>Porque o co-autor realiza o núcleo do tipo do art. 121 —matar alguém —,</p><p>devendo, portanto, responder por homicídio.</p><p>Concurso de pessoas em crime culposo</p><p>Pode haver co-autoria em crime culposo, como no caso de dois</p><p>médicos imperitos realizando juntos uma operação.</p><p>Outro exemplo, clássico, é o de dois operários que juntos lançam uma</p><p>tábua do alto de um prédio, ferindo um transeunte.</p><p>Entende a doutrina que no crime culposo não pode haver partícipe, vez</p><p>que a colaboração consciente para o resultado só existe no crime doloso.</p><p>Entretanto, parece que é perfeitamente possível alguém instigar ou induzir</p><p>outrem à prática de ato imprudente ou negligente (não assim em relação à</p><p>imperícia).</p><p>Culpas concorrentes</p><p>A culpa concorrente (ou concorrência de causas) ocorre quando não há</p><p>conjugação consciente de atos culposos, respondendo cada um por sua</p><p>própria culpa, como na colisão de veículos em que ambos os motoristas</p><p>agiram com culpa.</p><p>Concurso de pessoas e crime por omissão</p><p>Na essência, a co-autoria é uma divisão de tarefas para a obtenção de</p><p>um resultado comum. Assim, não parece possível a caracterização da co-</p><p>autoria em crime omissivo, porque a tarefa de nada fazer não comporta</p><p>divisão de trabalho, sendo cada omissão completa e autônoma por si.</p><p>Na confluência de duas ou mais omissões, cada um responderá,</p><p>isoladamente, pela sua própria omissão.</p><p>A participação, ao contrário, parece possível, especialmente na forma</p><p>de instigação. Como bem ensina Stratenwerth, “não há dúvida de que se</p><p>pode instigar a um delito de omissão” (Derecho Penal, p. 317).</p><p>Todavia, o concurso de pessoas em crime omissivo é tema de pouca</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 35</p><p>frequência na prática e de muita dúvida na doutrina.</p><p>Para uns não há co-autoria nem participação na omissão (Welzel,</p><p>Fragoso). Para outros ambas as formas são possíveis (Jescheck). E para</p><p>outros, ainda, não há co-autoria, mas pode haver participação</p><p>(Stratenwerth, Bacigalupo).</p><p>Autoria mediata</p><p>Chama-se autoria mediata aquela em que o autor de um crime não o</p><p>executa pessoalmente, mas através de um terceiro não culpável.</p><p>Esse terceiro não culpável, utilizado pelo autor mediato, pode ser um</p><p>menor inimputável ou alguém sob coação irresistível. Ou alguém que nem</p><p>saiba estar participando de um crime, como, por exemplo, uma enfermeira</p><p>que ministra veneno a um paciente, por ordem do médico, pensando tratar-</p><p>se de medicamento.</p><p>Nestes casos, não há concurso de agentes. Só há um agente, o autor</p><p>mediato.</p><p>Autoria colateral</p><p>Dá-se a autoria colateral quando dois ou mais agentes procuram</p><p>causar o mesmo resultado ilícito, sem que haja, porém, cooperação entre</p><p>eles, agindo cada um por conta própria. A convergência de ações para o</p><p>resultado comum ocorre por coincidência e não por ajuste prévio ou</p><p>cooperação consciente.</p><p>A e B, por exemplo, ambos de tocaia, sem saber um do outro, atiram</p><p>em C para matá-lo, acertam o alvo e a morte da vítima vem a ocorrer.</p><p>A decisão vai depender do que a perícia e as demais provas indicarem.</p><p>Se a morte ocorreu pela soma dos ferimentos causados pelo tiro de A e</p><p>pelo tiro de B, ambos responderão por homicídio consumado.</p><p>Se a morte ocorreu tão-somente pelo tiro de A, responderá este por</p><p>homicídio consumado, e B por tentativa de homicídio.</p><p>Se, porém, ficar demonstrado que C já estava morto pelo tiro de A,</p><p>quando o tiro de B o atingiu, responderá somente A por homicídio</p><p>consumado, militando a ocorrência de crime impossível em relação a B.</p><p>Finalmente, se pela prova dos autos não for possível estabelecer qual</p><p>dos tiros causou a morte, estaremos diante de um caso de autoria incerta,</p><p>que examinaremos no item seguinte.</p><p>Autoria incerta</p><p>Dá-se a autoria incerta quando há dois ou mais agentes, não se</p><p>sabendo qual deles, com a sua ação, causou o resultado.</p><p>Nesta matéria pode haver dois tipos de incerteza: quando há ajuste ou</p><p>cooperação consciente entre os participantes e quando não há ajuste ou</p><p>cooperação entre os participantes.</p><p>Existindo ajuste entre os autores do crime, todos combinados e</p><p>resolvidos a praticar o fato, não há propriamente autoria incerta, mesmo</p><p>não se sabendo qual deles desferiu o golpe, pois todos serão autores ou</p><p>partícipes. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas</p><p>penas a este cominadas (art. 29 do CP).</p><p>Ainda que não haja ajuste prévio, a solução é a mesma, pois a co-</p><p>autoria ou a participação ocorre não só no ajuste prévio, mas também na</p><p>adesão ou cooperação consciente, independentemente de acordo anterior.</p><p>Na hipótese, portanto, de ajuste ou cooperação consciente, não se</p><p>deve falar, no rigor da técnica, de autoria incerta, vez que todos, com</p><p>certeza, são autores ou partícipes.</p><p>Por outro lado, quando não existir nenhum ajuste ou cooperação entre</p><p>os criminosos, agindo cada um por sua conta (autoria colateral), é que</p><p>poderá ocorrer a chamada autoria incerta, ou seja, aquela em que não se</p><p>sabe qual dos agentes causou o resultado.</p><p>Por isso é que já se decidiu que “tão-só nos casos de co-autoria</p><p>colateral é que se pode admitir a autoria incerta” (RT 521/343).</p><p>Neste caso (de autoria colateral e incerta), se não se puder atribuir com</p><p>certeza a morte de C ao tiro de A ou ao tiro de B não se poderá condenar</p><p>nenhum dos dois por homicídio consumado, respondendo ambos, porém,</p><p>por tentativa de homicídio, conforme a prova existente em relação a cada</p><p>um.</p><p>Em resumo, autoria colateral é a de agentes não ligados entre si, que</p><p>agem, porém, de modo paralelo, objetivando o mesmo fim, sem saber um</p><p>do outro.</p><p>A autoria incerta, no sentido técnico, é só a autoria incerta colateral, ou</p><p>seja, quando não se apura qual dos agentes independentes causou o</p><p>resultado.</p><p>Se houve ajuste ou cooperação consciente entre os agentes, não se</p><p>deve falar em autoria incerta, pois todos serão co-autores ou partícipes.</p><p>Delação premiada</p><p>No crime de extorsão mediante sequestro, o co-autor que denunciar o</p><p>fato à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá a pena</p><p>reduzida de um a dois terços (art. 159, § 4º, do CP).</p><p>O mesmo benefício se estende ao partícipe e ao associado no caso de</p><p>crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas</p><p>afins ou terrorismo, na hipótese de bando ou quadrilha (art. 288 do CP),</p><p>conforme Lei 8.072/90, arts. 7º e 8º parágrafo único.</p><p>E a Lei 9.034/95, de forma mais ampla, de modo a abranger toda e</p><p>qualquer espécie de crime vinculado a quadrilha ou bando (organização</p><p>criminosa), reduz também a pena, de um a dois terços, quando a</p><p>colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações</p><p>penais e sua autoria.</p><p>Pela Lei 9.807, de 13.7.99, que, entre outros fins, dispõe sobre a</p><p>proteção de acusados ou condenados que voluntariamente prestem efetiva</p><p>colaboração à investigação policial e ao processo criminal, poderá o juiz</p><p>conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao</p><p>acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente</p><p>com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração</p><p>resulte a identificação dos demais co-autores ou participes</p><p>da ação</p><p>criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada,</p><p>a recuperação total ou parcial do produto do crime. Nessas circunstâncias,</p><p>o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação</p><p>policial e o processo criminal, no caso de condenação, terá pena reduzida</p><p>de um a dois terços. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na</p><p>prisão ou fora dela, medidas especiais de segurança e proteção à sua</p><p>integridade física, considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva.</p><p>Estando ele sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de</p><p>flagrante delito, ou no caso de cumprimento da pena em regime fechado,</p><p>será custodiado em dependência separada dos demais presos, podendo o</p><p>juiz determinar medidas especiais que proporcionem sua segurança em</p><p>relação aos demais.</p><p>Código Penal.</p><p>O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confe-</p><p>re o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:</p><p>PARTE GERAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Anterioridade da Lei</p><p>Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena</p><p>sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Lei penal no tempo</p><p>Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de</p><p>considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais</p><p>da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 36</p><p>Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o</p><p>agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença</p><p>condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período</p><p>de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-</p><p>se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 1984)</p><p>Tempo do crime</p><p>Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou o-</p><p>missão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>Territorialidade</p><p>Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tra-</p><p>tados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território</p><p>nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do terri-</p><p>tório nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública</p><p>ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como</p><p>as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade</p><p>privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente</p><p>ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a</p><p>bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada,</p><p>achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço</p><p>aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Bra-</p><p>sil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a</p><p>ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou</p><p>deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estran-</p><p>geiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído</p><p>pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,</p><p>de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de</p><p>economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Públi-</p><p>co; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>c) contra a administração pública, por quem está a seu servi-</p><p>ço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no</p><p>Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a repri-</p><p>mir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes</p><p>ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam</p><p>julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasi-</p><p>leira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 1984)</p><p>§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende</p><p>do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209,</p><p>de 1984)</p><p>b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído</p><p>pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira au-</p><p>toriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cum-</p><p>prido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro moti-</p><p>vo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído</p><p>pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por es-</p><p>trangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previs-</p><p>tas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)</p><p>a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 1984)</p><p>b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 1984)</p><p>Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no</p><p>Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando</p><p>idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Eficácia de sentença estrangeira(Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira</p><p>produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no</p><p>Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a ou-</p><p>tros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interes-</p><p>sada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com</p><p>o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de</p><p>tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Contagem de prazo(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se</p><p>os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Frações não computáveis da pena(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas res-</p><p>tritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de</p><p>cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incrimi-</p><p>nados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO II DO CRIME</p><p>Relação de causalidade(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somen-</p><p>te é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omis-</p><p>são sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Superveniência de causa independente(Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui</p><p>a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,</p><p>entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Relevância da omissão(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e</p><p>podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a</p><p>quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-</p><p>cia; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resulta-</p><p>do; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 37</p><p>c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do</p><p>resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua</p><p>definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por cir-</p><p>cunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa</p><p>com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois</p><p>terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Desistência voluntária e arrependimento eficaz(Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na</p><p>execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já</p><p>praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Arrependimento posterior(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à</p><p>pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da de-</p><p>núncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de</p><p>um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do</p><p>meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o</p><p>crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de</p><p>produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudên-</p><p>cia, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode</p><p>ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosa-</p><p>mente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Agravação pelo resultado(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só res-</p><p>ponde o agente que o houver causado ao menos culposamente.(Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Erro sobre elementos do tipo(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime</p><p>exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em</p><p>lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Descriminantes putativas(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas</p><p>circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação</p><p>legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é</p><p>punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o er-</p><p>ro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Erro sobre a pessoa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não</p><p>isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualida-</p><p>des da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o</p><p>crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Erro sobre a ilicitude do fato(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ili-</p><p>citude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la</p><p>de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou</p><p>se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,</p><p>nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.(Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita</p><p>obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só</p><p>é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>Exclusão de ilicitude(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação da-</p><p>da pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular</p><p>de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,</p><p>responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Estado de necessidade</p><p>Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fa-</p><p>to para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem</p><p>podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas</p><p>circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever</p><p>legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaça-</p><p>do, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Legítima defesa</p><p>Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada-</p><p>mente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a</p><p>direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL</p><p>Inimputáveis</p><p>Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou de-</p><p>senvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou</p><p>da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de</p><p>determinar-se</p><p>de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Redução de pena</p><p>Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se</p><p>o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvi-</p><p>mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de</p><p>entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse</p><p>entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Menores de dezoito anos</p><p>Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimpu-</p><p>táveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especi-</p><p>al. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Emoção e paixão</p><p>Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Embriaguez</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 38</p><p>II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância</p><p>de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,</p><p>proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da</p><p>omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de</p><p>determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,</p><p>por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía,</p><p>ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o cará-</p><p>ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-</p><p>to.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO IV DO CONCURSO DE PESSOAS</p><p>Regras comuns às penas privativas de liberdade</p><p>Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas</p><p>penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser</p><p>diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos</p><p>grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até</p><p>metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais gra-</p><p>ve. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Circunstâncias incomunicáveis</p><p>Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de ca-</p><p>ráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Casos de impunibilidade</p><p>Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo</p><p>disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega,</p><p>pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO V DAS PENAS</p><p>CAPÍTULO I DAS ESPÉCIES DE PENA</p><p>Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>I - privativas de liberdade;</p><p>II - restritivas de direitos;</p><p>III - de multa.</p><p>SEÇÃO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDA-</p><p>DE</p><p>Reclusão e detenção</p><p>Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,</p><p>semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto,</p><p>salvo necessidade de transferência a regime fechado.(Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de se-</p><p>gurança máxima ou média;</p><p>b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, in-</p><p>dustrial ou estabelecimento similar;</p><p>c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou es-</p><p>tabelecimento adequado.</p><p>§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em</p><p>forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguin-</p><p>tes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais</p><p>rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a</p><p>cumpri-la em regime fechado;</p><p>b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)</p><p>anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em</p><p>regime semi-aberto;</p><p>c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4</p><p>(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.</p><p>§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-</p><p>se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Códi-</p><p>go.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a</p><p>progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação</p><p>do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os</p><p>acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)</p><p>Regras do regime fechado</p><p>Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da</p><p>pena, a exame criminológico de classificação para individualização da</p><p>execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a iso-</p><p>lamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na</p><p>conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde</p><p>que compatíveis com a execução da pena.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em servi-</p><p>ços ou obras públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Regras do regime semi-aberto</p><p>Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao con-</p><p>denado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-</p><p>aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o pe-</p><p>ríodo diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento simi-</p><p>lar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a</p><p>cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou</p><p>superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Regras do regime aberto</p><p>Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de</p><p>responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilân-</p><p>cia, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada,</p><p>permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de fol-</p><p>ga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fa-</p><p>to definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, po-</p><p>dendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.(Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Regime especial</p><p>Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio,</p><p>observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem</p><p>como, no que couber, o disposto neste Capítulo.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Direitos do preso</p><p>Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda</p><p>da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integrida-</p><p>de física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Trabalho do preso</p><p>Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe</p><p>garantidos os benefícios da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Legislação especial</p><p>Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts.</p><p>38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do</p><p>preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabele-</p><p>cerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Superveniência</p><p>de doença mental</p><p>Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser</p><p>recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro</p><p>estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Detração</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 39</p><p>Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida</p><p>de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o</p><p>de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimen-</p><p>tos referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS</p><p>Penas restritivas de direitos</p><p>Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei</p><p>nº 9.714, de 1998)</p><p>I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>III - (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-</p><p>cas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado com alteração</p><p>pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)</p><p>V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)</p><p>VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)</p><p>Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem</p><p>as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de</p><p>1998)</p><p>I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e</p><p>o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou,</p><p>qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada</p><p>pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela</p><p>Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a persona-</p><p>lidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem</p><p>que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de</p><p>1998)</p><p>§ 1o (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode</p><p>ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um</p><p>ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena</p><p>restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substitu-</p><p>ição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja social-</p><p>mente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da</p><p>prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liber-</p><p>dade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.</p><p>No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo</p><p>cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta</p><p>dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro</p><p>crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar</p><p>de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva</p><p>anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>Conversão das penas restritivas de direitos</p><p>I</p><p>Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, pro-</p><p>ceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à</p><p>vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destina-</p><p>ção social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário</p><p>mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O</p><p>valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de</p><p>reparação civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714,</p><p>de 1998)</p><p>§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do benefici-</p><p>ário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra nature-</p><p>za. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-</p><p>se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário</p><p>Nacional, e seu valor terá como teto - o que for maior - o montante do</p><p>prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em</p><p>consequência da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 4o (VETADO) (Incluído e vetado Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas</p><p>Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públi-</p><p>cas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da</p><p>liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas</p><p>consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. (Incluído pela Lei</p><p>nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades</p><p>assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos</p><p>congêneres, em programas comunitários ou estatais. (Incluído pela Lei nº</p><p>9.714, de 1998)</p><p>§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as</p><p>aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de</p><p>tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada</p><p>normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao</p><p>condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca</p><p>inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.(Incluído pela Lei nº</p><p>9.714, de 1998)</p><p>Interdição temporária de direitos(Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos</p><p>são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem</p><p>como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que de-</p><p>pendam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder públi-</p><p>co;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veícu-</p><p>lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)></p><p><p</p><p>IV - proibição de frequentar determinados lugares. (Incluído pela Lei</p><p>nº 9.714, de 1998)</p><p>V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame pú-</p><p>blicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)</p><p>Limitação de fim de semana</p><p>Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de</p><p>permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa</p><p>de albergado ou outro estabelecimento adequado.(Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados</p><p>ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educati-</p><p>vas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p></p</p><p>SEÇÃO III</p><p>DA PENA DE MULTA</p><p>Multa</p><p>Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo peniten-</p><p>ciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no</p><p>mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-</p><p>multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser in-</p><p>ferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do</p><p>fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos</p><p>e escolhas que importam na criminalização,</p><p>além de estudar a realidade que o Direito Penal procura regular, enquanto</p><p>meio de controle social que é.</p><p>A Política Criminal, por sua vez, é algo por definição variável. A própria</p><p>expressão comporta um significado um tanto quanto vago.[37] Existe uma</p><p>discussão – não muito proveitosa – sobre o estatuto científico da Política</p><p>Criminal[38], uma vez que não se trata, a rigor, de uma disciplina com um</p><p>método próprio, mas de qualquer forma, sua importância é inegável. A</p><p>Política Criminal consiste na sistematização de estratégias, táticas e meios</p><p>de controle social da criminalidade (penais e não penais) tendo, portanto,</p><p>penetração no Direito Penal (principalmente no que se refere à elaboração</p><p>das normas) mas não restringindo-se a ele.</p><p>Sem dúvida, existem diferenças significativas entre a Política Criminal</p><p>de um Estado autoritário e de um Estado Democrático de Direito. Portanto,</p><p>importa definir qual o espaço apropriado de atuação da Política Criminal</p><p>neste último. Quando em um Estado Democrático de Direito se opta pela</p><p>definição de uma conduta como criminosa, ocorre uma escolha entre várias</p><p>alternativas que se abrem para a resolução de conflitos. Esta opção política</p><p>(pela criminalização) será, neste caso, uma opção político criminal. Consi-</p><p>dera-se que a Política Criminal não deixa de ser o exercício de um poder,</p><p>que se concretiza com a criminalização, o que faz com que não seja possí-</p><p>vel dissociar completamente Direito Penal e Política Criminal. Ambos inte-</p><p>gram o sistema penal.[39]</p><p>A Política Criminal realiza uma análise crítica do Direito, buscando ori-</p><p>entá-lo de acordo com ideais jurídico-penais, mas também critérios políticos</p><p>e de oportunidade. Sua ligação com a dogmática é inevitável (ainda que se</p><p>discuta o quanto), pois invariavelmente critérios de política-criminal interfe-</p><p>rem, em alguma medida, na elaboração, aplicação e interpretação da lei</p><p>penal. Munõz Conde considera que uma Dogmática Jurídico-Penal crítica,</p><p>na medida em que oferece alternativas para a melhoria do Direito Penal,</p><p>exerce uma função político-criminal.[40] Por outro lado, segundo Lizst, o</p><p>Direito Penal se coloca como limite infranqueável da Política Crimi-</p><p>nal.[41] Essa definição parte do pressuposto de que nenhuma política</p><p>criminal pode ultrapassar o limite dado pelo Direito Penal às possibilidades</p><p>de incidência do poder punitivo.</p><p>Sem dúvida, há uma relação muito próxima entre Política Criminal, Di-</p><p>reito Constitucional e Dogmática Jurídico-Penal, conformando uma fronteira</p><p>que é definitivamente borrada sob vários aspectos. Em alguns casos, é</p><p>inclusive defendida a sua primazia em relação à dogmática (é o caso do</p><p>funcionalismo de Roxin), conformando uma abertura da dimensão normati-</p><p>va à critérios valorativos político-criminais. A proposta de Roxin é bem</p><p>recebida por muitos, mas vozes expressivas se levantam contra o perigo</p><p>que essa abertura representa para o caráter de garantia do sistema. Inde-</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 4</p><p>pendentemente do posicionamento adotado, como refere Queiroz, não é</p><p>nada fácil estabelecer uma distinção entre Direito Penal e Política Criminal,</p><p>uma vez que o Direito Penal é um fenômeno político por excelência.[42] O</p><p>próprio surgimento ou manutenção de um bem jurídico no Direito Penal é</p><p>uma eleição de ordem política.[43]</p><p>Apesar das distinções que demarcam o espaço próprio de atuação de</p><p>cada área, são disciplinas que convergem, cada vez mais, para um modelo</p><p>integrado de análise, o que é imposto pela complexidade inerente ao fenô-</p><p>meno do crime.[44] Não é por acaso que Hassemer e Munõz Conde falam</p><p>na ideia de uma “Ciência Totalizadora do Direito Penal” que pretende reunir</p><p>de forma coesa todos os instrumentos das Ciências Criminais, desde a</p><p>Criminologia e a Política Criminal, passando pelo Direito Penal e Direito</p><p>Processual Penal, até o que chamam de Direito Penitenciário, sem descui-</p><p>dar do âmbito da Dogmática Penal.[45]</p><p>3. O jus puniendi colocado em questão: para além da dicotomia</p><p>Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo</p><p>A distinção entre Direito objetivo e subjetivo surgiu no século XIX, iden-</p><p>tificando-se o Direito Penal em sentido objetivo com a norma penal em si, e</p><p>o subjetivo com o jus puniendi, ou seja, o Direito de punir, cuja titularidade</p><p>pertence ao Estado. De acordo com essa perspectiva, o Direito Penal</p><p>subjetivo expressa a faculdade que o Estado tem de elaborar e fazer cum-</p><p>prir suas normas, além de executar as decisões condenatórias emitidas</p><p>pelo Poder Judiciário. Inclusive se sustenta que há uma relação muito</p><p>estreita entre Política Criminal e jus puniendi, que é de continuidade. Com</p><p>efeito, o Direito Penal subjetivo ou jus puniendipode ser definido como uma</p><p>decisão político-criminal baseada em uma norma que declara punível um</p><p>fato e perseguível seu autor. [46]</p><p>Portanto, de um lado, denomina-se Direito Penal objetivo o conjunto de</p><p>normas criadas ou reconhecidas por um determinado Estado soberano, a</p><p>partir de um ato legislativo que importa necessariamente em uma valoração</p><p>e é circunscrito a um território específico; de outro lado o Direito Penal</p><p>subjetivo advém do próprio conjunto de normas que são delimitadas pelo</p><p>Direito Penal objetivo, impondo-lhe uma série de limites que caracterizam a</p><p>sua função de garantia do cidadão diante de possíveis arbitrariedades</p><p>estatais. Tais limites se expressam através de requisitos rígidos para a</p><p>elaboração e aplicação de normas penais.</p><p>Entretanto, ainda que limitado pelos pressupostos da legalidade, o jus</p><p>puniendi é exercido de forma coativa por parte do Estado, que detém o</p><p>monopólio do uso legítimo da força, através de seu poder de império. Este</p><p>monopólio não se transfere mesmo nos casos de ação processual penal</p><p>privada, pois ainda assim cabe ao Estado executar a sentença condenató-</p><p>ria, ou seja, exercer o jus puniendi. Somente ocorre transferência dojus</p><p>persequendi.</p><p>No entanto, é importante assinalar que os requisitos para incidência do</p><p>poder punitivo transcendem a dimensão do Direito Penal objetivo, uma vez</p><p>que são princípios de ordem constitucional. Logo, o exercício do que se</p><p>denomina – questionavelmente – jus puniendi depende do cumprimento de</p><p>uma série de pressupostos exigidos pelos critérios que compõem a dimen-</p><p>são do Direito Penal objetivo e dos princípios penais constitucionais, cir-</p><p>cunscrevendo os limites da legalidade. Problematizando a questão dos</p><p>limites do poder punitivo, Ferrajoli afirma que em um modelo de estrita</p><p>legalidade, é necessário que própria elaboração das normas esteja em</p><p>conformidade com um núcleo principiológico que é característico de um</p><p>Estado Constitucional de Direito, não sendo mais aceitável que o critério de</p><p>validade da norma se restrinja única e exclusivamente ao fato de ter sido</p><p>criada pelo Estado, o que conforma um modelo de mera legalidade.</p><p>Assim, de um lado colocam-se limites quanto à criação de normas pe-</p><p>nais, postos por garantias penais e de outro, limites quanto à aplicação de</p><p>normas penais, que são garantias de persecução: processuais e de execu-</p><p>ção. A conjunção de garantias penais e processuais conduz a um sistema</p><p>que legitima democraticamente o exercício do poder punitivo e também</p><p>deslegitima seu uso abusivo. São proposições prescritivas que referem o</p><p>que, de fato, deveria ocorrer em um Estado Democrático de Direito, mas</p><p>que, infelizmente, nem sempre acontecem, tanto no âmbito de criação</p><p>como no de aplicação da norma.</p><p>A partir dessa proposição é possível repensar a velha categorização</p><p>dicotômica de Direito Penal objetivo e subjetivo a partir de outros pressu-</p><p>postos. Como bem assinala Brandão, os princípios constitucionais limitado-</p><p>res da atividade punitiva estatal são de extraordinária importância para a</p><p>Dogmática Penal, mas não se situam no campo do</p><p>índices de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Pagamento da multa</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 40</p><p>Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de</p><p>transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e confor-</p><p>me as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em</p><p>parcelas mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no</p><p>vencimento ou salário do condenado quando: (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) aplicada isoladamente;</p><p>b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;</p><p>c) concedida a suspensão condicional da pena.</p><p>§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis</p><p>ao sustento do condenado e de sua família.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa se-</p><p>rá considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação</p><p>relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às</p><p>causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>Suspensão da execução da multa</p><p>Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao</p><p>condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO II DA COMINAÇÃO DAS PENAS</p><p>Penas privativas de liberdade</p><p>Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabele-</p><p>cidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Penas restritivas de direitos</p><p>Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independen-</p><p>temente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa</p><p>de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes</p><p>culposos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V</p><p>e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade</p><p>substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.(Redação dada pela</p><p>Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47</p><p>deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de</p><p>profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação</p><p>dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste</p><p>Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Pena de multa</p><p>Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites</p><p>fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.(Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no</p><p>§ 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na</p><p>parte especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO III DA APLICAÇÃO DA PENA</p><p>Fixação da pena</p><p>Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à</p><p>conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e</p><p>consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabe-</p><p>lecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção</p><p>do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previs-</p><p>tos;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberda-</p><p>de;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra</p><p>espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Critérios especiais da pena de multa</p><p>Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principal-</p><p>mente, à situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar</p><p>que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada</p><p>no máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Multa substitutiva</p><p>§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis)</p><p>meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos</p><p>incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Circunstâncias agravantes</p><p>Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando</p><p>não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>a) por motivo fútil ou torpe;</p><p>b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade</p><p>ou vantagem de outro crime;</p><p>c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro re-</p><p>curso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;</p><p>d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio</p><p>insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;</p><p>e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;</p><p>f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domés-</p><p>ticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher</p><p>na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,</p><p>ministério ou profissão;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 9.318, de 1996)</p><p>h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher</p><p>grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;</p><p>j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calami-</p><p>dade pública, ou de desgraça particular do ofendido;</p><p>l) em estado de embriaguez preordenada.</p><p>Agravantes no caso de concurso de pessoas</p><p>Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente</p><p>que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade</p><p>dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua au-</p><p>toridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pesso-</p><p>al; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa</p><p>de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Reincidência</p><p>Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo</p><p>crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no es-</p><p>trangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 41</p><p>Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumpri-</p><p>mento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de</p><p>tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspen-</p><p>são ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - não</p><p>se consideram os crimes militares próprios e políti-</p><p>cos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Circunstâncias atenuantes</p><p>Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior</p><p>de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;</p><p>b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo</p><p>após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do</p><p>julgamento, reparado o dano;</p><p>c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumpri-</p><p>mento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta</p><p>emoção, provocada por ato injusto da vítima;</p><p>d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do</p><p>crime;</p><p>e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não</p><p>o provocou.</p><p>Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstân-</p><p>cia relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expres-</p><p>samente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes</p><p>Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve a-</p><p>proximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, enten-</p><p>dendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime,</p><p>da personalidade do agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Cálculo da pena</p><p>Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59</p><p>deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuan-</p><p>tes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumen-</p><p>to. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminu-</p><p>ição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou</p><p>a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou</p><p>diminua.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Concurso material</p><p>Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,</p><p>pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente</p><p>as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplica-</p><p>ção cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro</p><p>aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada</p><p>pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os</p><p>demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Códi-</p><p>go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o con-</p><p>denado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e</p><p>sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Concurso formal</p><p>Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pra-</p><p>tica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das</p><p>penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em</p><p>qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,</p><p>cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes</p><p>resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anteri-</p><p>or.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível</p><p>pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Crime continuado</p><p>Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,</p><p>pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de</p><p>tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os sub-</p><p>sequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena</p><p>de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumenta-</p><p>da, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,</p><p>cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, consi-</p><p>derando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personali-</p><p>dade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a</p><p>pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o</p><p>triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste</p><p>Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Multas no concurso de crimes</p><p>Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas</p><p>distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Erro na execução</p><p>Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execu-</p><p>ção, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge</p><p>pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,</p><p>atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser</p><p>também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a</p><p>regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Resultado diverso do pretendido</p><p>Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou</p><p>erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o</p><p>agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se</p><p>ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste</p><p>Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Limite das penas</p><p>Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade</p><p>não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liber-</p><p>dade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas</p><p>para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cum-</p><p>primento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim,</p><p>o período de pena já cumprido.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Concurso de infrações</p><p>Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a</p><p>pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO IV DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA</p><p>Requisitos da suspensão da pena</p><p>Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2</p><p>(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde</p><p>que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personali-</p><p>dade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a</p><p>concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44</p><p>deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a conces-</p><p>são do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 42</p><p>§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a qua-</p><p>tro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o conde-</p><p>nado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem</p><p>a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito</p><p>à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo ju-</p><p>iz. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar servi-</p><p>ços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana</p><p>(art. 48). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade</p><p>de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteira-</p><p>mente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior</p><p>pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>a) proibição de frequentar determinados lugares; (Redação dada pe-</p><p>la Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autoriza-</p><p>ção do juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para</p><p>informar e justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica</p><p>subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação</p><p>pessoal do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos</p><p>nem à multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Revogação obrigatória</p><p>Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o bene-</p><p>ficiário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime dolo-</p><p>so; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não</p><p>efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Códi-</p><p>go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Revogação facultativa</p><p>§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descum-</p><p>pre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por</p><p>crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restri-</p><p>tiva de direitos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prorrogação do período de prova</p><p>§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou</p><p>contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julga-</p><p>mento definitivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de de-</p><p>cretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o</p><p>fixado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Cumprimento das condições</p><p>Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, consi-</p><p>dera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO V DO LIVRAMENTO CONDICIONAL</p><p>Requisitos do livramento condicional</p><p>Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condena-</p><p>do a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde</p><p>que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for rein-</p><p>cidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em</p><p>crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da</p><p>pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para</p><p>prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;(Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano</p><p>causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condena-</p><p>ção por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e</p><p>drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em</p><p>crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)</p><p>Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido</p><p>com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará</p><p>também subordinada à constatação de condições pessoais que façam</p><p>presumir que o liberado não voltará a delinquir. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Soma de penas</p><p>Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem</p><p>somar-se para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Especificações das condições</p><p>Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordina-</p><p>do o livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Revogação do livramento</p><p>Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condena-</p><p>do a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Códi-</p><p>go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Revogação facultativa</p><p>Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado</p><p>deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for</p><p>irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não</p><p>seja privativa de liberdade.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Efeitos da revogação</p><p>Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente conce-</p><p>dido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime</p><p>anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve</p><p>solto o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Extinção</p><p>Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não</p><p>passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por</p><p>crime cometido na vigência do livramento.(Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, conside-</p><p>ra-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO VI DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO</p><p>Efeitos genéricos e específicos</p><p>Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo cri-</p><p>me; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de</p><p>terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo</p><p>fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;</p><p>b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua</p><p>proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.</p><p>§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalen-</p><p>tes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados</p><p>ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de</p><p>2012)</p><p>§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na</p><p>legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do</p><p>investigado ou acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela</p><p>Lei nº 12.694, de 2012)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 43</p><p>Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação</p><p>dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou</p><p>superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação</p><p>de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de</p><p>1º.4.1996)</p><p>b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo supe-</p><p>rior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de</p><p>1º.4.1996)</p><p>II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curate-</p><p>la, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho,</p><p>tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio</p><p>para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são auto-</p><p>máticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>CAPÍTULO VII DA REABILITAÇÃO</p><p>Reabilitação</p><p>Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sen-</p><p>tença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o</p><p>seu processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos</p><p>da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na</p><p>situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) a-</p><p>nos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua</p><p>execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livra-</p><p>mento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condena-</p><p>do: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e cons-</p><p>tante de bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a ab-</p><p>soluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento</p><p>que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a</p><p>qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos</p><p>comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento</p><p>do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por</p><p>decisão definitiva, a pena que não seja de multa.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO VI DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA</p><p>Espécies de medidas de segurança</p><p>Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à</p><p>falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de</p><p>segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Imposição da medida de segurança para inimputável</p><p>Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua interna-</p><p>ção (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com deten-</p><p>ção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prazo</p><p>§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo inde-</p><p>terminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia</p><p>médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1</p><p>(um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Perícia médica</p><p>§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixa-</p><p>do e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o deter-</p><p>minar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Desinternação ou liberação condicional</p><p>§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional de-</p><p>vendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso</p><p>de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosida-</p><p>de. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz</p><p>determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para</p><p>fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Substituição da pena por medida de segurança para o semi-</p><p>imputável</p><p>Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e</p><p>necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa</p><p>de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulato-</p><p>rial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo</p><p>anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Direitos do internado</p><p>Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de ca-</p><p>racterísticas hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO VII DA AÇÃO PENAL</p><p>Ação pública e de iniciativa privada</p><p>Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente</p><p>a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, depen-</p><p>dendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição</p><p>do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do</p><p>ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de</p><p>ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo le-</p><p>gal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausen-</p><p>te por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na</p><p>ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>A ação penal no crime complexo</p><p>Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias</p><p>do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação públi-</p><p>ca em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva</p><p>proceder por iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Irretratabilidade da representação</p><p>Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a</p><p>denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Decadência do direito de queixa ou de representação</p><p>Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai</p><p>do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo</p><p>de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do</p><p>crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se</p><p>esgota o prazo para oferecimento da denúncia. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 44</p><p>Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa</p><p>Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renun-</p><p>ciado expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prá-</p><p>tica de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia,</p><p>o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo cri-</p><p>me. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Perdão do ofendido</p><p>Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se</p><p>procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou táci-</p><p>to: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos</p><p>aprovei-</p><p>ta; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos</p><p>outros; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível</p><p>com a vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a</p><p>sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>TÍTULO VIII DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE</p><p>Extinção da punibilidade</p><p>Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - pela morte do agente;</p><p>II - pela anistia, graça ou indulto;</p><p>III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como</p><p>criminoso;</p><p>IV - pela prescrição, decadência ou perempção;</p><p>V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos</p><p>crimes de ação privada;</p><p>VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;</p><p>(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)</p><p>(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)</p><p>IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.</p><p>Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto,</p><p>elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a</p><p>este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não</p><p>impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da cone-</p><p>xão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prescrição antes de transitar em julgado a sentença</p><p>Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença fi-</p><p>nal, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo má-</p><p>ximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-</p><p>se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).</p><p>I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;</p><p>II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos</p><p>e não excede a doze;</p><p>III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e</p><p>não excede a oito;</p><p>IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e</p><p>não excede a quatro;</p><p>V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sen-</p><p>do superior, não excede a dois;</p><p>VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) a-</p><p>no. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).</p><p>Prescrição das penas restritivas de direito</p><p>Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mes-</p><p>mos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prescrição depois de transitar em julgado sentença final con-</p><p>denatória</p><p>Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença</p><p>condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados</p><p>no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é</p><p>reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito</p><p>em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se</p><p>pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo</p><p>inicial data anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.234, de 2010).</p><p>§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.234, de</p><p>2010). (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).</p><p>Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sen-</p><p>tença final</p><p>Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença fi-</p><p>nal, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade crimino-</p><p>sa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanên-</p><p>cia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assenta-</p><p>mento do registro civil, da data em que o fato se tornou conheci-</p><p>do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescen-</p><p>tes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a</p><p>vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido</p><p>proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)</p><p>Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irre-</p><p>corrível</p><p>Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a</p><p>correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para</p><p>a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livra-</p><p>mento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo</p><p>da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação</p><p>do livramento condicional</p><p>Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o li-</p><p>vramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da</p><p>pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Prescrição da multa</p><p>Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplica-</p><p>da; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa</p><p>de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada</p><p>ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>Redução dos prazos de prescrição</p><p>Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando</p><p>o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na</p><p>data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.(Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Causas impeditivas da prescrição</p><p>Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição</p><p>não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que de-</p><p>penda o reconhecimento da existência do crime; (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 45</p><p>Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença conde-</p><p>natória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está</p><p>preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Causas interruptivas da prescrição</p><p>Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela</p><p>Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorrí-</p><p>veis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).</p><p>V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação</p><p>dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)</p><p>VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de</p><p>1º.4.1996)</p><p>§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a inter-</p><p>rupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do</p><p>crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, esten-</p><p>de-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste</p><p>artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrup-</p><p>ção. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais gra-</p><p>ves. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>Rehabilitação</p><p>Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade</p><p>incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº</p><p>7.209, de 11.7.1984)</p><p>Perdão judicial</p><p>Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será consi-</p><p>derada para efeitos de reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>PARTE ESPECIAL</p><p>TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA</p><p>CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA</p><p>Homicídio simples</p><p>Art 121. Matar alguém:</p><p>Pena - reclusão, de seis a vinte anos.</p><p>Caso de diminuição de pena</p><p>§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante</p><p>valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-</p><p>da a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto</p><p>a um terço.</p><p>Homicídio qualificado</p><p>§ 2° Se o homicídio é cometido:</p><p>I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo</p><p>torpe;</p><p>II - por motivo futil;</p><p>III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou ou-</p><p>tro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;</p><p>IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro re-</p><p>curso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;</p><p>V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou van-</p><p>tagem de outro crime:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>Homicídio culposo</p><p>§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),</p><p>se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou</p><p>ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não</p><p>procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão</p><p>em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um</p><p>terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou</p><p>maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de a-</p><p>plicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente</p><p>de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessá-</p><p>ria. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)</p><p>§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime</p><p>for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de</p><p>segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de</p><p>2012)</p><p>Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio</p><p>Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe au-</p><p>xílio para que o faça:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou</p><p>reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corpo-</p><p>ral de natureza grave.</p><p>Parágrafo único - A pena é duplicada:</p><p>Aumento de pena</p><p>I - se o crime é praticado por motivo egoístico;</p><p>II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a ca-</p><p>pacidade de resistência.</p><p>Infanticídio</p><p>Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,</p><p>durante o parto ou logo após:</p><p>Pena - detenção, de dois a seis anos.</p><p>Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento</p><p>Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho</p><p>provoque: (Vide ADPF 54)</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>Aborto provocado por terceiro</p><p>Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:</p><p>Pena - reclusão, de três a dez anos.</p><p>Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide</p><p>ADPF 54)</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos.</p><p>Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante</p><p>não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o</p><p>consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência</p><p>Forma qualificada</p><p>Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são au-</p><p>mentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios</p><p>empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza</p><p>grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a</p><p>morte.</p><p>Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF</p><p>54)</p><p>Aborto necessário</p><p>I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;</p><p>Aborto no caso de gravidez resultante de estupro</p><p>II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de con-</p><p>sentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.</p><p>CAPÍTULO II DAS LESÕES CORPORAIS</p><p>Lesão corporal</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>Lesão corporal de natureza grave</p><p>§ 1º Se resulta:</p><p>I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta di-</p><p>as;</p><p>II - perigo de vida;</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 46</p><p>III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;</p><p>IV - aceleração de parto:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>§ 2° Se resulta:</p><p>I - Incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II - enfermidade incuravel;</p><p>III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;</p><p>IV - deformidade permanente;</p><p>V - aborto:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>Lesão corporal seguida de morte</p><p>§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente</p><p>não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Diminuição de pena</p><p>§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante</p><p>valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-</p><p>da a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a</p><p>um terço.</p><p>Substituição da pena</p><p>§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pe-</p><p>na de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:</p><p>I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;</p><p>II - se as lesões são recíprocas.</p><p>Lesão corporal culposa</p><p>§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das</p><p>hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 12.720, de 2012)</p><p>§</p><p>§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.</p><p>121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)</p><p>Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)</p><p>§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, ir-</p><p>mão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,</p><p>ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita-</p><p>ção ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circuns-</p><p>tâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3</p><p>(um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)</p><p>§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de</p><p>um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiên-</p><p>cia. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE</p><p>Perigo de contágio venéreo</p><p>Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer</p><p>ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber</p><p>que está contaminado:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>§ 2º - Somente se procede mediante representação.</p><p>Perigo de contágio de moléstia grave</p><p>Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave</p><p>de que está contaminado, ato</p><p>capaz de produzir o contágio:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Perigo para a vida ou saúde de outrem</p><p>Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e imi-</p><p>nente:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui</p><p>crime mais grave.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a</p><p>exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de</p><p>pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer</p><p>natureza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído pela Lei nº 9.777,</p><p>de 29.12.1998)</p><p>Abandono de incapaz</p><p>Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigi-</p><p>lância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos</p><p>riscos resultantes do abandono:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos.</p><p>§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:</p><p>I - se o abandono ocorre em lugar ermo;</p><p>II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor</p><p>ou curador da vítima.</p><p>III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº</p><p>10.741, de 2003)</p><p>Exposição ou abandono de recém-nascido</p><p>Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra</p><p>própria:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos.</p><p>§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - detenção, de dois a seis anos.</p><p>Omissão de socorro</p><p>Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo</p><p>sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa</p><p>inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não</p><p>pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão</p><p>resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.</p><p>Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergen-</p><p>cial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).</p><p>Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer ga-</p><p>rantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos,</p><p>como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluí-</p><p>do pela Lei nº 12.653, de 2012).</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído</p><p>pela Lei nº 12.653, de 2012).</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa</p><p>de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se</p><p>resulta a morte.(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).</p><p>Maus-tratos></p><p>Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua auto-</p><p>ridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou</p><p>custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer</p><p>sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios</p><p>de correção ou disciplina:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.</p><p>§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra</p><p>pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)</p><p>CAPÍTULO IV DA RIXA</p><p>Rixa</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 47</p><p>Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza</p><p>grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de</p><p>seis meses a dois anos.</p><p>CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA</p><p>Calúnia</p><p>Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido</p><p>como crime:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a</p><p>propala ou divulga.</p><p>§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.</p><p>Exceção da verdade</p><p>§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:</p><p>I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendi-</p><p>do não foi condenado por sentença irrecorrível;</p><p>II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do</p><p>art. 141;</p><p>III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi</p><p>absolvido por sentença irrecorrível.</p><p>Difamação</p><p>Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua repu-</p><p>tação:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>Exceção da verdade</p><p>Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o o-</p><p>fendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas</p><p>funções.</p><p>Injúria</p><p>Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:</p><p>I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a</p><p>injúria;</p><p>II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.</p><p>§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua</p><p>natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a ra-</p><p>ça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora</p><p>de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº</p><p>9.459, de 1997)</p><p>Disposições comuns</p><p>Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um</p><p>terço, se qualquer dos crimes é cometido:</p><p>I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo es-</p><p>trangeiro;</p><p>II - contra funcionário público, em razão de suas funções;</p><p>III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divul-</p><p>gação da calúnia, da difamação ou da injúria.</p><p>IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de de-</p><p>ficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promes-</p><p>sa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.</p><p>Exclusão do crime</p><p>Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:</p><p>I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou</p><p>por seu procurador;</p><p>II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica,</p><p>salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;</p><p>III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em a-</p><p>preciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.</p><p>Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou</p><p>pela difamação quem lhe dá publicidade.</p><p>Retratação</p><p>Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmen-</p><p>te da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.</p><p>Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, di-</p><p>famação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em</p><p>juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfa-</p><p>tórias, responde pela ofensa.</p><p>Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede</p><p>mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência</p><p>resulta lesão corporal.</p><p>Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da</p><p>Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante</p><p>representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem</p><p>como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.033. de 2009)</p><p>CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL</p><p>SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL</p><p>Constrangimento ilegal</p><p>Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave amea-</p><p>ça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade</p><p>de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não</p><p>manda:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando,</p><p>para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há empre-</p><p>go de armas.</p><p>§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à</p><p>violência.</p><p>§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:</p><p>I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paci-</p><p>ente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de</p><p>vida;</p><p>II - a coação exercida para impedir suicídio.</p><p>Ameaça</p><p>Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qual-</p><p>quer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.</p><p>Sequestro e cárcere privado</p><p>Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou</p><p>cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos.</p><p>§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:</p><p>I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro</p><p>do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº</p><p>11.106, de 2005)</p><p>II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de</p><p>saúde ou hospital;</p><p>III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.</p><p>IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) a-</p><p>nos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)</p><p>V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº</p><p>11.106, de 2005)</p><p>§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza</p><p>da detenção, grave sofrimento físico ou moral:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>Redução a condição análoga à de escravo</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 48</p><p>Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer</p><p>submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitan-</p><p>do-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer</p><p>meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou</p><p>preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena corres-</p><p>pondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803,</p><p>de 11.12.2003)</p><p>I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do traba-</p><p>lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº</p><p>10.803, de 11.12.2003)</p><p>II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera</p><p>de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no</p><p>local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometi-</p><p>do: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>I - contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de</p><p>11.12.2003)</p><p>II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou ori-</p><p>gem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)</p><p>SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO</p><p>Violação de domicílio</p><p>Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou</p><p>contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou</p><p>em suas dependências:</p><p>Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou</p><p>com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena corres-</p><p>pondente à violência.</p><p>§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por fun-</p><p>cionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formali-</p><p>dades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.</p><p>§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia</p><p>ou em suas dependências:</p><p>I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efe-</p><p>tuar prisão ou outra diligência;</p><p>II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está</p><p>sendo ali praticado ou na iminência de o ser.</p><p>§ 4º - A expressão "casa" compreende:</p><p>I - qualquer compartimento habitado;</p><p>II - aposento ocupado de habitação coletiva;</p><p>III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce pro-</p><p>fissão ou atividade.</p><p>§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":</p><p>I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, en-</p><p>quanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;</p><p>II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.</p><p>SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRES-</p><p>PONDÊNCIA</p><p>Violação de correspondência</p><p>Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência</p><p>fechada, dirigida a outrem:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Sonegação ou destruição de correspondência</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre:</p><p>I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, em-</p><p>bora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;</p><p>Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica</p><p>II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusi-</p><p>vamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou</p><p>conversação telefônica entre outras pessoas;</p><p>III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no</p><p>número anterior;</p><p>IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem</p><p>observância de disposição legal.</p><p>§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.</p><p>§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço</p><p>postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos ca-</p><p>sos do § 1º, IV, e do § 3º.</p><p>Correspondência comercial</p><p>Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabele-</p><p>cimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar,</p><p>subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.</p><p>SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGRE-</p><p>DOS</p><p>Divulgação de segredo</p><p>Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documen-</p><p>to particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou</p><p>detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único</p><p>renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reserva-</p><p>das, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações</p><p>ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983,</p><p>de 2000)</p><p>Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação</p><p>penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>Violação do segredo profissional</p><p>Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ci-</p><p>ência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação</p><p>possa produzir dano a outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.</p><p>Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº</p><p>12.737, de 2012) Vigência</p><p>Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não</p><p>à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de</p><p>segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações</p><p>sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar</p><p>vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737,</p><p>de 2012) Vigência</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In-</p><p>cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende</p><p>ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir</p><p>a prática da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de</p><p>2012) Vigência</p><p>§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão re-</p><p>sulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº 12.737, de</p><p>2012) Vigência</p><p>§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunica-</p><p>ções eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações</p><p>sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do</p><p>dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a</p><p>conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 12.737, de</p><p>2012) Vigência</p><p>§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços</p><p>se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qual-</p><p>quer título, dos dados ou informações obtidos. (Incluído pela Lei nº</p><p>12.737, de 2012) Vigência</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 49</p><p>§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for prati-</p><p>cado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>I - Presidente da República, governadores e prefeitos; (Incluído</p><p>pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de</p><p>Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Fede-</p><p>ral ou de Câmara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de</p><p>2012) Vigência</p><p>IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, es-</p><p>tadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de</p><p>2012) Vigência</p><p>Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede</p><p>mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administra-</p><p>ção pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,</p><p>Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de</p><p>serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência</p><p>TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO</p><p>CAPÍTULO I DO FURTO</p><p>Furto</p><p>Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado duran-</p><p>te o repouso noturno.</p><p>§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furta-</p><p>da, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la</p><p>de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.</p><p>§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra</p><p>que tenha valor econômico.</p><p>Furto qualificado</p><p>§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime</p><p>é cometido:</p><p>I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coi-</p><p>sa;</p><p>II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des-</p><p>treza;</p><p>III - com emprego de chave falsa;</p><p>IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtra-</p><p>ção for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro</p><p>Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Furto de coisa comum</p><p>Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou pa-</p><p>ra outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>§ 1º - Somente se procede mediante representação.</p><p>§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor</p><p>não excede a quota a que tem direito o agente.</p><p>CAPÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO</p><p>Roubo</p><p>Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, medi-</p><p>ante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qual-</p><p>quer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coi-</p><p>sa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar</p><p>a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.</p><p>§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:</p><p>I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;</p><p>II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;</p><p>III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente</p><p>conhece tal circunstância.</p><p>IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-</p><p>portado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de</p><p>1996)</p><p>V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua li-</p><p>berdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclu-</p><p>são, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é</p><p>de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>Extorsão</p><p>Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave amea-</p><p>ça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem</p><p>econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com</p><p>emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.</p><p>§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto</p><p>no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da ví-</p><p>tima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômi-</p><p>ca, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se</p><p>resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art.</p><p>159, §§ 2o e 3o, respectivamente.(Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)</p><p>Extorsão mediante sequestro</p><p>Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para ou-</p><p>trem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº</p><p>8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)</p><p>Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº</p><p>8.072, de 25.7.1990)</p><p>§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o se-</p><p>questrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o</p><p>crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de</p><p>25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº</p><p>8.072, de 25.7.1990)</p><p>§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei</p><p>nº 8.072, de 25.7.90</p><p>Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)</p><p>§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 8.072, de 25.7.1990)</p><p>§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o de-</p><p>nunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena</p><p>reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)</p><p>Extorsão indireta</p><p>Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da</p><p>situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento crimi-</p><p>nal contra a vítima ou contra terceiro:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e</p><p>multa.</p><p>CAPÍTULO III DA USURPAÇÃO</p><p>Alteração de limites</p><p>Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro si-</p><p>nal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de</p><p>coisa imóvel alheia:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem:</p><p>Usurpação de águas</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 50</p><p>I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas a-</p><p>lheias;</p><p>Esbulho possessório</p><p>II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante</p><p>concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de</p><p>esbulho possessório.</p><p>§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta</p><p>cominada.</p><p>§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,</p><p>somente se procede mediante queixa.</p><p>Supressão ou alteração de marca em animais</p><p>Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho</p><p>alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.</p><p>CAPÍTULO IV DO DANO</p><p>Dano</p><p>Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Dano qualificado</p><p>Parágrafo único - Se o crime é cometido:</p><p>I - com violência à pessoa ou grave ameaça;</p><p>II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato</p><p>não constitui crime mais grave</p><p>III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa con-</p><p>cessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mis-</p><p>ta; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)</p><p>IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia</p><p>Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem</p><p>consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.</p><p>Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico</p><p>Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autori-</p><p>dade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:</p><p>Pena - detenção, deseis meses a dois anos, e multa.</p><p>Alteração de local especialmente protegido</p><p>Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto</p><p>de local especialmente protegido por lei:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.</p><p>Ação penal</p><p>Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do</p><p>art. 164, somente se procede mediante queixa.</p><p>CAPÍTULO V DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA</p><p>Apropriação indébita</p><p>Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou</p><p>a detenção:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a</p><p>coisa:</p><p>I - em depósito necessário;</p><p>II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,</p><p>testamenteiro ou depositário judicial;</p><p>III - em razão de ofício, emprego ou profissão.</p><p>Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de</p><p>2000)</p><p>Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições</p><p>recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencio-</p><p>nal: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei</p><p>nº 9.983, de 2000)</p><p>I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância desti-</p><p>nada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetu-</p><p>ado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;(Incluído pela Lei nº</p><p>9.983, de 2000)</p><p>II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham</p><p>integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à</p><p>prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas</p><p>ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência soci-</p><p>al. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, decla-</p><p>ra, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou</p><p>valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma</p><p>definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente</p><p>a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde</p><p>que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida</p><p>a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive</p><p>acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual</p><p>ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamen-</p><p>te, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis-</p><p>cais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)</p><p>Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da</p><p>natureza</p><p>Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder</p><p>por erro, caso fortuito ou força da natureza:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Na mesma pena incorre:</p><p>Apropriação de tesouro</p><p>I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em</p><p>parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;</p><p>Apropriação de coisa achada</p><p>II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou par-</p><p>cialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de</p><p>entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.</p><p>Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto</p><p>no art. 155, § 2º.</p><p>CAPÍTULO VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES</p><p>Estelionato</p><p>Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuí-</p><p>zo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,</p><p>ou qualquer outro meio fraudulento:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis</p><p>a dez contos de réis.</p><p>§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o</p><p>juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.</p><p>§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>Disposição de coisa alheia como própria</p><p>I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia</p><p>coisa alheia como própria;</p><p>Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria</p><p>II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria</p><p>inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a</p><p>terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer</p><p>dessas circunstâncias;</p><p>Defraudação de penhor</p><p>III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por</p><p>outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empe-</p><p>nhado;</p><p>Fraude na entrega de coisa</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 51</p><p>IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que de-</p><p>ve entregar a alguém;</p><p>Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro</p><p>V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o</p><p>próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença,</p><p>com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;</p><p>Fraude no pagamento por meio de cheque</p><p>VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do</p><p>sacado, ou lhe frustra o pagamento.</p><p>§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em</p><p>detrimento de entidade de direito</p><p>Direito Penal subjeti-</p><p>vo.[47] O estudo dos limites à aplicação da pena por parte do estado não é</p><p>se dá no campo de um pretenso Direito Penal subjetivo, mas sim, nos</p><p>Princípios de Direito Penal. Sendo assim, não faz mais sentido ater-se a</p><p>uma distinção originada no século XIX e que não se justifica diante do</p><p>panorama jurídico-penal contemporâneo.[48]</p><p>Brandão argumenta de forma acertada que não há propriamente um di-</p><p>reito do Estado de punir com a retirada de direitos fundamentais à vida, à</p><p>liberdade e ao patrimônio, pois seria uma contradição reconhecer a exis-</p><p>tência de um direito subjetivo do Estado a violar direitos subjetivos constitu-</p><p>cionais do sujeito.[49] A solução para o impasse é o reconhecimento de</p><p>um dever estatal de punir diante de um crime, uma vez que se fazem</p><p>presentes os seus requisitos (tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade) o</p><p>que é muito diferente de um direito. Esta definição permite reconfigurar a já</p><p>superada dinâmica do jus puniendi e jus persequendi de acordo com pres-</p><p>supostos mais adequados às feições de um Estado Constitucional de</p><p>Direito. Não é por acaso que Ferrajoli argumenta que o funcionamento do</p><p>sistema penal é um dos indicativos mais seguros do quanto é democrática</p><p>ou autoritária uma sociedade.[50]</p><p>É somente a partir dessa perspectiva que o Direito Penal tem condi-</p><p>ções de se legitimar, na medida em que a intervenção jurídico-penal é</p><p>invocada para assegurar a proteção de bens jurídicos e direitos fundamen-</p><p>tais, mostrando-se, ao mesmo tempo, respeitosa de direitos fundamentais.</p><p>Afinal, o sistema penal em um Estado Democrático de Direito deve ser um</p><p>sistema de garantias, onde a resposta penal somente deve surgir a partir</p><p>da aplicação de um modelo que exclua a arbitrariedade tanto no momento</p><p>de elaboração da norma quanto no de sua aplicação. Esta exigência impõe</p><p>que as normais penais passem por um exame mais rigoroso do que o da</p><p>mera legalidade, ou seja, a promulgação de normas formalmente válidas.</p><p>Devem também estar em conformidade com princípios constitucionais para</p><p>que encontrem validade material (estrita legalidade) como será visto a</p><p>seguir.</p><p>4. O Direito Penal e os demais ramos do ordenamento jurídico</p><p>É evidente que este item mereceria um artigo inteiro por si só, o que</p><p>certamente não a proposta aqui estabelecida. Dito isso, a intenção foi</p><p>enfatizar os aspectos mais relevantes da intersecção entre Direito Penal e</p><p>demais ramos do ordenamento jurídico, a partir da lógica que deve pautar o</p><p>funcionamento de um sistema penal afeito a um Estado Democrático de</p><p>Direito. Ou seja, uma proposta de máxima eficácia na redução de danos</p><p>aos direitos fundamentais do cidadão, acrescida de tutela efetiva e eficaz</p><p>de bens juridicamente relevantes para a sociedade.</p><p>4.1 Direito Penal, Direito Constitucional e Estado Democrático de</p><p>Direito</p><p>A relação entre Direito Penal e Direito Constitucional é profunda e ine-</p><p>gável. A Constituição é o marco fundante do ordenamento jurídico de um</p><p>Estado Democrático de Direito, o que faz com que todas as normas devam</p><p>estar vinculadas e subordinadas aos mandamentos constitucionais. Isso</p><p>significa dizer que o Direito Constitucional exerce influência sobre todos os</p><p>ramos do direito e, particularmente, sobre o Direito Penal. Os próprios bens</p><p>jurídico-penais encontram raízes materiais na Carta Magna e cabe ao</p><p>Direito Penal a tarefa de tutelar os direitos fundamentais nela insculpidos.</p><p>O Direito Penal é, por excelência, um meio de controle social (dentre os</p><p>vários meios que existem) do qual se vale o Estado para efetivar a função</p><p>constitucional de garantir a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à</p><p>igualdade, à segurança, à dignidade, à intimidade, etc. Neste sentido, a</p><p>criminalização de uma conduta que coloca em risco o bem jurídico vida não</p><p>visa outra coisa senão a proteção subsidiária da inviolabilidade deste direito</p><p>fundamental, estabelecido no Art. 5º da Constituição Federal.</p><p>De outro lado, na medida em que a intervenção jurídico-penal implica</p><p>em restrições a esses mesmos direitos fundamentais (vida, liberdade,</p><p>patrimônio) sua aplicação sempre deve ocorrer em conformidade com</p><p>princípios constitucionais penais que se colocam como limite inegociável à</p><p>concretização do poder punitivo.</p><p>Os direitos fundamentais constituem-se, portanto, como duplo núcleo</p><p>de legitimação e limite da intervenção jurídico-penal. Dentre os princípios</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 5</p><p>que definem os limites da intervenção jurídico- penal destacam-se: a legali-</p><p>dade, proporcionalidade, humanidade e individualização das penas, direito</p><p>de defesa e devido processo legal, juiz natural, contraditório, presunção de</p><p>inocência, irretroatividade da lei penal, etc.</p><p>O limite dado por este núcleo principiológico constitucional se manifes-</p><p>ta tanto em sede de aplicação da norma quanto da sua elaboração, sendo</p><p>esta a especificidade que distingue os Estados Constitucionais de Direito</p><p>dos antigos Estados de Direito do século XIX e dos Estados Absolutistas.</p><p>Portanto, como lembra Hesse, é a Constituição que estabelece os pressu-</p><p>postos de criação, vigência e execução do ordenamento jurídico, sendo seu</p><p>elemento de unidade.[51]</p><p>Conforme refere Ferrajoli, o modelo positivista clássico reduzia a vali-</p><p>dade de uma norma à sua existência jurídica (Hobbes, Bentham, Kelsen,</p><p>Hart, Bobbio e tantos outros) – considerando-a apenas como mero produto</p><p>de um ato normativo de acordo com as normas que regulam sua produção.</p><p>Jamais entrava em questão o significado ou conteúdo normativo das nor-</p><p>mas produzidas. Sem dúvida, trata-se de uma concepção insuficiente para</p><p>os modernos Estados constitucionais de direito, onde se exige também dos</p><p>enunciados normativos produzidos uma valoração da correspondência do</p><p>seu conteúdo com o “dever ser” jurídico estabelecido por normas superio-</p><p>res, de natureza constitucional.</p><p>Ou seja, a própria hierarquia normativa exige conformidade das normas</p><p>inferiores com as superiores, sendo importante neste sentido a distinção</p><p>entre vigência e validade. Como aponta Ferrajoli, efetivamente existem</p><p>normas acerca da produção de normas, que no Estado constitucional de</p><p>direito tem introduzido múltiplos princípios ético-políticos ou de justiça que</p><p>impõem valorações ético-políticas das normas produzidas e atuam como</p><p>parâmetros ou critérios de legitimidade e ilegitimidade não mais externos ou</p><p>jusnaturalistas, senão internos ou juspositivistas. Dessa forma, as normas</p><p>se tornam inválidas se violam princípios constitucionais de direitos huma-</p><p>nos. Não se trata somente de regularidade formal, mas material também.</p><p>Portanto, uma determinada norma pode ter vigência (formal), obser-</p><p>vando-se apenas o critério de legitimidade jurídica formal, mas não</p><p>ter validade (material) por estar em desconformidade com significados ou</p><p>conteúdos normativos delimitados constitucionalmente. No Estado absolu-</p><p>tista validade e vigência eram equivalentes. O Estado Democrático de</p><p>Direito caracteriza-se justamente por essa possível divergência. A validade</p><p>das normas exige conformidade com os valores estabelecidos por outras</p><p>normas superiores a elas. Uma teoria juspositivista contemporânea como a</p><p>de Kelsen não faz essa distinção, pois para o autor, todo Estado é um</p><p>Estado de Direito, equivalendo-se vigência e validade. A possibilidade de</p><p>invalidade de uma norma vigente se abre diante da recusa dessa premissa,</p><p>onde por muito tempo se afirmou que o ordenamento jurídico é um todo</p><p>completo e coerente, desprovido de lacunas.</p><p>Em um Estado Absoluto, a resposta à questão “quando e como punir?”</p><p>é muito simples: “quando e como queira o soberano”. Já no Estado Demo-</p><p>crático de Direito, são normas constitucionais que oferecem as respostas</p><p>aos problemas do “quando” e do “como”. Para Ferrajoli, dependendo do</p><p>caráter vinculante</p><p>público ou de instituto de economia popu-</p><p>lar, assistência social ou beneficência.</p><p>Duplicata simulada</p><p>Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corres-</p><p>ponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço</p><p>prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)</p><p>Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar</p><p>ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído</p><p>pela Lei nº 5.474. de 1968)</p><p>Abuso de incapazes</p><p>Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade,</p><p>paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de</p><p>outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir</p><p>efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>Induzimento à especulação</p><p>Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou</p><p>da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de</p><p>jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou</p><p>devendo saber que a operação é ruinosa:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>Fraude no comércio</p><p>Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente</p><p>ou consumidor:</p><p>I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou</p><p>deteriorada;</p><p>II - entregando uma mercadoria por outra:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o pe-</p><p>so de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou</p><p>por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como</p><p>precioso, metal de ou outra qualidade:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.</p><p>Outras fraudes</p><p>Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utili-</p><p>zar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o paga-</p><p>mento:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o</p><p>juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.</p><p>Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade</p><p>por ações</p><p>Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo,</p><p>em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia, afirmação</p><p>falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente</p><p>fato a ela relativo:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não consti-</p><p>tui crime contra a economia popular.</p><p>§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra</p><p>a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)</p><p>I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em</p><p>prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à</p><p>assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da socie-</p><p>dade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;</p><p>II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifí-</p><p>cio, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;</p><p>III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa,</p><p>em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia</p><p>autorização da assembleia geral;</p><p>IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da soci-</p><p>edade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;</p><p>V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, acei-</p><p>ta em penhor ou em caução ações da própria sociedade;</p><p>VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo</p><p>com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;</p><p>VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou</p><p>conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;</p><p>VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;</p><p>IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a</p><p>funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá</p><p>falsa informação ao Governo.</p><p>§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e</p><p>multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem,</p><p>negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.</p><p>Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"</p><p>Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacor-</p><p>do com disposição legal:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Fraude à execução</p><p>Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou</p><p>danificando bens, ou simulando dívidas:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.</p><p>CAPÍTULO VII DA RECEPTAÇÃO</p><p>Receptação</p><p>Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em pro-</p><p>veito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para</p><p>que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:(Redação dada pela Lei</p><p>nº 9.426, de 1996)</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Receptação qualificada(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósi-</p><p>to, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer</p><p>forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade</p><p>comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de cri-</p><p>me: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo</p><p>anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o</p><p>exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela des-</p><p>proporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece,</p><p>deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as pe-</p><p>nas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de</p><p>pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,</p><p>tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na</p><p>receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União,</p><p>Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou socie-</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 52</p><p>dade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se</p><p>em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS</p><p>Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes pre-</p><p>vistos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;</p><p>II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou i-</p><p>legítimo, seja civil ou natural.</p><p>Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime</p><p>previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;</p><p>II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;</p><p>III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.</p><p>Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:</p><p>I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja</p><p>emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;</p><p>II - ao estranho que participa do crime.</p><p>III - se o crime é praticado</p><p>das respostas, um sistema será mais ou menos garantis-</p><p>ta, mais ou menos de “direito”.</p><p>Dessa forma, a técnica de legitimação interna própria do direito penal</p><p>consiste em vinculações ou imperativos negativos que prescrevem ao</p><p>legislador e/ou ao juiz, quando e como não punir, não proibir, não julgar,</p><p>etc. Em um Estado Democrático de Direito, resultam vinculantes para todas</p><p>as normas de nível inferior. Portanto, não há exagero em afirmar que o</p><p>Direito Constitucional se sobrepõe ao Direito Penal (assim como a todos os</p><p>demais ramos do ordenamento jurídico).</p><p>Entretanto, não pode ser esquecido que não é exatamente assim que</p><p>as coisas se passam no campo da prática. O próprio Ferrajoli afirma a</p><p>existência de uma “endêmica possibilidade de contradição entre normas,</p><p>gerada pela violação dos modelos em função das práticas e pela possível</p><p>ineficácia dos primeiros e a correlativa invalidade dos segundos”.[52] O</p><p>autor considera que “quanto maiores os valores de justiça professados e</p><p>perseguidos por um ordenamento, mais complexas e vinculantes as garan-</p><p>tias, maior a possível divergência com as práticas efetivas, e por conse-</p><p>quência, o índice de ineficácia das primeiras e falta de validez das segun-</p><p>das”.[53]</p><p>Evidentemente, a realização plena do modelo é uma meta a ser perse-</p><p>guida, pois muitas vezes os direitos fundamentais normativamente reco-</p><p>nhecidos são desconsiderados em maior ou menor medida no momento de</p><p>sua aplicação efetiva.[54]</p><p>Pode parecer um defeito do Estado Democrático de Direito, mas é, ao</p><p>contrário, o pressuposto da sua função garantista.[55] Num Estado Absolu-</p><p>to não existem antinomias decorrentes de divergência entre níveis normati-</p><p>vos – validade das normas confunde-se com vigência. Portanto, como</p><p>assinala Queiroz, a hierarquia entre Constituição e o Direito Penal exige</p><p>que todos os atos legislativos infraconstitucionais (leis complementares e</p><p>ordinárias, medidas provisórias, decretos) estejam em conformidade com</p><p>os princípios e regras (que são gênero da espécie norma) constitucionais</p><p>fundamentais que lhe dão vida e sustentação, sob pena de invalidação por</p><p>meio do controle (direto ou indireto) de constitucionalidade.[56] Em suma,</p><p>há uma hierarquia formal, funcional e axiológica, pois as disposições do</p><p>Direito Penal somente valem e obrigam quando dirigidas à realização de</p><p>fins constitucionais, prestigiando os valores mais caros, aferidos segundo</p><p>cada contexto histórico-cultural.[57]</p><p>4.2 Direito Penal, Direito Processual Penal e Instrumentalidade</p><p>Processual Penal</p><p>A relação entre Direito Penal e Direito Processual Penal é tão estreita</p><p>que antigamente ambos eram regulados conjuntamente no mesmo corpo</p><p>legal.[58] Ainda que a distinção entre Direito Penal substantivo (ou material)</p><p>e Direito Penal objetivo (formal) tenha perdido a razão de ser em função do</p><p>desenvolvimento da autonomia do Direito Processual Penal, algumas</p><p>palavras se fazem necessárias.</p><p>De acordo com Marques, o Direito Processual Penal é “o conjunto de</p><p>princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal,</p><p>bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estrutura-</p><p>ção dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxilia-</p><p>res”.[59] Diferentemente do Direito Penal, que tem relação mais próxima</p><p>com os textos legais, o Direito Processual Penal é voltado para uma prática,</p><p>para a delimitação de suas etapas e dos papéis que correspondem às</p><p>partes e ao juiz. É exatamente essa distinção que deve delimitar a natureza</p><p>processual ou material de uma norma e não simplesmente a sua inserção</p><p>em determinado corpo legal.</p><p>Prova disso é que o Código Penal contém dispositivos referentes à a-</p><p>ção processual penal (art. 100 a 106, CP) e também tutela os bens jurídicos</p><p>referentes à Administração da Justiça, estabelecendo sanções em caso de</p><p>obstrução de seus interesses (arts. 338 a 359, CP).</p><p>Enquanto o Direito Penal é “constituído pelas normas que definem os</p><p>princípios jurídicos que regulam os seus institutos, definem as condutas</p><p>criminosas e cominam as sanções correspondentes”[60], o Processo Penal,</p><p>é oinstrumento através do qual pode ser imposta uma pena em função de</p><p>um delito. De modo que existe uma íntima relação entre delito, pena e</p><p>processo, que são complementares.[61] Portanto, o poder punitivosomente</p><p>pode ser exercido através de um meio altamente formalizado de exercício</p><p>do jus persequendi: a instrumentalidade processual penal. Se a criminaliza-</p><p>ção primária constitui (em nível abstrato) o estabelecimento jurídico-penal</p><p>do comportamento desviante, é com a criminalização secundária (aplicação</p><p>da pena em concreto) que a ameaça de sanção se concretiza, o que só</p><p>pode ser feito através do devido processo legal. Com efeito, é somente</p><p>através do devido processo legal que a jurisdição pode ser efetivamente</p><p>exercida e verificados os elementos que integram o conceito jurídico de</p><p>crime (tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade), impor uma pena ao autor</p><p>da transgressão.</p><p>Não se pode falar em subordinação da esfera formal à esfera material,</p><p>uma vez que o Direito Processual Penal possui autonomia e conteúdo que</p><p>lhe são peculiares, tratando da aplicação do Direito Penal, que somente</p><p>encontra realização prática e concreta através da instrumentalidade pro-</p><p>cessual penal. O processo penal, juntamente com sua regulamentação</p><p>jurídica, é um instrumento do Direito Penal.[62] Nele se realiza o Direito</p><p>Penal, que lhe subscreve os objetos que deve investigar e sobre os quais</p><p>deve se pronunciar. No entanto, a forma com que o instrumento processual</p><p>deve realizar essa tarefa não vem pré-definida pelo Direito Penal material.</p><p>O Direito Processual penal é autônomo, ainda que subordinado, assim</p><p>como Direito Penal, a princípios constitucionais.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 6</p><p>Uma questão delicada que merece ser mencionada – embora não dire-</p><p>tamente pertinente ao tema em questão – é a relação entre Direito Proces-</p><p>sual Penal e Direito Processual Civil, pois muitos defendem a existência de</p><p>uma série de conceitos comuns a ambos.[63] Trata-se de uma posição que</p><p>embora permaneça majoritária não pode mais se sustentar, pois o emprego</p><p>desmedido de categorias do processo civil conduz a uma série de distor-</p><p>ções e inadequações em âmbito processual penal.[64]</p><p>4.3. Direito Penal e Direito Privado</p><p>Como afirmado anteriormente, o Direito é uno, ou seja, todos os ramos</p><p>do ordenamento jurídico encontram-se interligados, ainda que, em certa</p><p>medida, tenham sua autonomia preservada de acordo com as especificida-</p><p>des de cada área. Em determinadas circunstâncias, podem, inclusive,</p><p>relacionar-se de forma complementar.</p><p>É o caso, por exemplo, das indenizações civis ex-delicto que acompa-</p><p>nham a condenação em âmbito penal e a tutela penal de vários institutos</p><p>de âmbito civil, como a propriedade (furto, roubo, dano, etc.), a fraude nos</p><p>negócios privados, a violação da fé pública e autenticidade de documentos</p><p>públicos e particulares.</p><p>Além disso, em sede comercial, o Direito Penal exerce tutela do che-</p><p>que, das duplicatas e da emissão dewarrants, além de estabelecer sanções</p><p>para a fraude mercantil e para especulações abusivas (Direito Penal Eco-</p><p>nômico). Também se mostra um meio apto – em casos de falência – a</p><p>coibir os abusos sobre garantias do crédito mercantil.[65]</p><p>4.4. Direito Penal e Direito Administrativo</p><p>O Direito Administrativo é composto por um conjunto de regras e prin-</p><p>cípios que regem a organização e funcionamento da Administração Pública,</p><p>bem como suas relações com particulares no exercício de atividades de</p><p>interesse público. Dentre as várias funções da Administração Pública,</p><p>merece referência a chamada sancionatária, de punição ou de polícia, com</p><p>intuito de disciplinar e promover o interesse geral.[66] Ou seja, o Direito</p><p>Administrativo também comporta</p><p>sanções, mas diferentemente do Direito</p><p>Penal, aplica sanções de caráter disciplinar, que são relativas aos ilícitos</p><p>que se relacionam ao âmbito da Administração Pública. São sanções que</p><p>não têm, portanto, caráter de pena, enquanto as sanções penais exigem,</p><p>obrigatoriamente, a prática de um crime e a sua verificação em um proce-</p><p>dimento processual penal em contraditório, com direito a ampla defesa. A</p><p>maior exigência de rigor em âmbito penal – devido ao princípio da legalida-</p><p>de – é, inclusive, critério de distinção entre crime (conduta típica, antijurídi-</p><p>ca e culpável) e ilícito administrativo.</p><p>Assim como o Direito Penal, o Direito Administrativo também realiza a</p><p>proteção de bens jurídicos, sendo que o que determina a escolha entre</p><p>crime e ilícito administrativo são critérios de ordem político-criminal, pois a</p><p>fronteira entre os dois ramos do direito é difícil de ser delimitada, motivo</p><p>pelo qual podem perigosamente se confundir. De fato, nos últimos tempos</p><p>tem ocorrido um processo de inflação legislativa que torna cada vez mais</p><p>difícil definir o espaço de atuação de cada esfera. O perigo reside, de um</p><p>lado, na atribuição de tutela penal a um bem onde a tutela administrativa já</p><p>seria eficaz (e com isso conduzindo a uma intervenção excessiva na vida</p><p>do cidadão, pois o remédio penal é sempre mais amargo); e de outro, na</p><p>atribuição de tutela administrativa a um bem que exige tutela penal para ser</p><p>efetivamente resguardado, o que importa em uma proteção insuficiente ao</p><p>referido bem.</p><p>É uma decisão político-criminal que define o caráter administrativo ou</p><p>penal de uma determinada lesão e sobre esta base a respectiva sanção. Se</p><p>fato não lesiona bens ou direitos fundamentais, basta sanção pecuniária,</p><p>para um ilícito administrativo de competência de autoridade administrati-</p><p>va.[67] Caso lesione bem jurídico ou direito fundamental, qualifica-se como</p><p>crime, e logo, de competência da autoridade judiciária. Esta questão vem</p><p>ganhando cada vez mais importância, devido à tendência de criminalizar</p><p>matérias que tradicionalmente pertencem ao escopo do Direito Administra-</p><p>tivo, utilizando para isto a técnica dos delitos de perigo em vez da dos</p><p>delitos de lesão ou resultado.[68] O problema refere-se à função e legitimi-</p><p>dade do Direito Penal e trata-se de questão particularmente importante no</p><p>que se refere aos danos de ordem ambiental, por exemplo.</p><p>5. Função e legitimidade da intervenção jurídico-penal</p><p>Ainda que toda ordem social disponha de mecanismos que garantem a</p><p>sua estabilidade, que conformam os chamados controles sociais informais,</p><p>tais controles necessitam ser reforçados por um controle específico, de</p><p>ordem jurídica. O controle social formal da intervenção jurídico penal é a</p><p>face mais aguda desse controle. O Direito Penal cumpre uma função es-</p><p>sencial, enquanto ramo do ordenamento jurídico encarregado de zelar por</p><p>condições sociais indispensáveis para a ordem social.</p><p>Temos assim, de um lado, controle social informal (da sociedade) e</p><p>controle social formal (do Estado), sendo que o último entra em cena quan-</p><p>do os mecanismos de autoproteção da ordem social fracassam. Assim, a</p><p>intervenção jurídico-penal garante, nos conflitos mais graves, a inviolabili-</p><p>dade de valores fundamentais da convivência humana, reagindo diante de</p><p>determinados comportamentos desviados (os delitos), se servindo de uma</p><p>classe particular de sanções: as penas e medidas de segurança.</p><p>Nas palavras de Garcia-Pablos, “o controle social penal se serve de um</p><p>particular sistema normativo, que traça pautas de conduta ao cidadão, lhe</p><p>impondo mandamentos e proibições”.[69] Enquanto uma das instâncias do</p><p>controle social, o Direito Penal procura disciplinar o corpo social, perse-</p><p>guindo a estabilidade do status quo e procurando submeter o indivíduo à</p><p>conformidade em relação às normas que tutelam bens jurídico-penais.</p><p>Todavia, a função da norma penal não se esgota no mero estabeleci-</p><p>mento de deveres, sendo voltada para a defesa de bens ou interesses</p><p>valiosos para a convivência e a paz social. O Direito Penal, como qualquer</p><p>outro ramo do ordenamento jurídico, não se justifica nem tem sentido por si</p><p>só, senão na medida em que é articulado à dinâmica social. Trata-se de um</p><p>raciocínio que coloca em questão a legitimidade e a função da intervenção</p><p>jurídico-penal. Tudo isso conduz, como refere Garcia-Pablos, a duas refe-</p><p>rências normativas e valorativas, que dão sentido, desde um ponto de vista</p><p>material, ao problema colocado pela necessidade de proteção da ordem</p><p>social: esta é a função que desempenham os conceitos de “bem jurídico” e</p><p>“ética social”.[70]</p><p>Conforme já estabelecido, o Direito Penal é um meio de controle social</p><p>formal, que tem por finalidade a proteção subsidiária de bens jurídicos,</p><p>exercendo uma dupla função de proteção e garantia. Trata-se da opinião</p><p>doutrinária dominante, mas que, como referido anteriormente, não é a</p><p>única, sendo de especial relevância uma tese minoritária, porém, significati-</p><p>va: a que extrai de um magistério ético das proibições penais uma força</p><p>“criadora de costumes”. Trata-se da suposta função ético-social do Direito</p><p>Penal, que segundo seus defensores, como Welzel e Cerezo Mir, é mais</p><p>importante e eficaz do que a própria proteção de bens jurídicos.[71]</p><p>5.1 A função de proteção de bens jurídicos</p><p>Hassemer e Munõz Conde comentam que nem sempre a questão do</p><p>bem jurídico é tratada no tópico referente à “missão do Direito Penal”, uma</p><p>vez que algumas obras reservam o assunto ao ponto que trata da teoria do</p><p>delito. Para os autores, o reconhecimento de que a missão do Direito Penal</p><p>é a proteção de bens jurídicos faz com que o assunto repercuta também na</p><p>teoria do delito, não havendo grande importância na opção assumi-</p><p>da.[72] Preferimos seguir aqui a orientação de Hassemer, Munõz Conde e</p><p>Garcia-Pablos, que discutem o tema a partir da função e missão do Direito</p><p>Penal.</p><p>Trata-se de um tema de grande importância política e social, uma vez</p><p>que é a partir da definição de bem jurídico – em torno da qual não há una-</p><p>nimidade – que é possível estabelecer quais são os instrumentos jurídico-</p><p>penais idôneos e qual o seu espaço de atuação e intervenção. O que</p><p>significa dizer que o Direito Penal tutela determinados bens jurídicos?</p><p>Em primeiro lugar, não se trata pura e simplesmente de exigir a obedi-</p><p>ência dos cidadãos aos ditames do Direito, mas sim, de colocar a natureza</p><p>instrumental do Direito Penal a serviço da convivência humana, através da</p><p>proteção de valores fundamentais da ordem social, ou seja, a proteção de</p><p>bens jurídicos. Bens jurídicos são bens vitais, fundamentais, para o indiví-</p><p>duo e para a comunidade, que ao serem tutelados pelo Direito Penal adqui-</p><p>rem a condição de bens jurídicos.[73] Segundo essa perspectiva, a função</p><p>do Direito Penal – como instrumento de controle formalizado – encontra</p><p>legitimidade na medida em que sua atuação visa a referida proteção, atra-</p><p>vés de um conjunto normativo seguro, prévio, previsível e controlável, que</p><p>sempre deve objetivar a redução de danos em relação a inocentes.</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 7</p><p>Como lembra Garcia-Pablos, o Direito Penal somente protege os bens</p><p>mais valiosos para a convivência, diante dos ataques mais intoleráveis que</p><p>podem sofrer (natureza fragmentária da intervenção jurídico-penal); e</p><p>somente quando não há outros meios eficazes, de natureza não penal para</p><p>protegê-los (natureza subsidiária do Direito Penal). O autor conclui que o</p><p>Direito Penal realiza uma função indispensável, já que a vida humana</p><p>somente é viável se os bens jurídicos são garantidos de forma efi-</p><p>caz. [74] De acordo com esta posição, o Direito Penal protege “bens vitais”,</p><p>como a vida, a liberdade, a segurança e a propriedade; bens, portanto, que</p><p>são indispensáveis para a convivência humana em sociedade e que por</p><p>isso devem ser protegidos pelo poder de coação do Estado através da</p><p>pena pública.[75]</p><p>No entanto, afirmar que a função do Direito Penal é a proteção de bens</p><p>jurídicos está longe de encerrar a questão, pois o próprio conceito de bem</p><p>jurídico está longe de ser claro e inequívoco, uma vez que existem várias</p><p>definições conflitantes na doutrina.</p><p>5.2. A função ético-social do Direito Penal</p><p>De acordo com Silva-Sanchéz, parece difícil negar que no plano de</p><p>realidade (fático) o Direito Penal exerce sobre a sociedade uma função</p><p>ético-social, que também pode ser chamada de força configuradora de</p><p>costumes.[76] Portanto, a partir deste ponto de vista, o que interessa inves-</p><p>tigar é a legitimidade e a extensão dessa influência e não a sua existên-</p><p>cia.[77]</p><p>Silva-Sanchéz considera que essa função pode ser comprovada com</p><p>transcorrer de tempo de um processo de criminalização ou descriminaliza-</p><p>ção e provavelmente tem relação com a estreita vinculação entre a matéria</p><p>penal e os valores éticos fundamentais. De acordo com essa perspectiva, o</p><p>Direito Penal representa o “mínimo ético” da comunidade, integrado pelas</p><p>convicções mais profundas e geralmente compartilhadas em seu sei-</p><p>o.[78] Portanto, sob um ponto de vista material, o delito não lesiona ou põe</p><p>em perigo somente um bem jurídico, mas também constitui uma infração da</p><p>ética social.[79]</p><p>O autor de maior nome que sustenta a função ético-social do Direito</p><p>Penal é Hans Welzel. Importante referir que, no entanto, Welzel não nega</p><p>em momento algum a função de proteção de bens jurídicos, mas apenas</p><p>lhe atribui uma característica subsidiária face à função ético-social.[80] A</p><p>proteção de bens jurídicos efetivamente se dá, para ele, através e por meio</p><p>da tutela de valores elementares ético-sociais da ação.[81] Welzel funda-</p><p>menta sua posição através da conexão entre Direito Penal e valores ele-</p><p>mentares da ética social e inclusive, considera que a função ético-social é</p><p>muito mais eficaz (no campo político criminal) do que a clássica função de</p><p>proteção de bens jurídicos enquanto meio de defesa da sociedade e luta</p><p>contra o delito.</p><p>Segundo o autor, com isso é assegurada a vigência dos valores ético-</p><p>sociais positivos, como o respeito à vida, à saúde, à propriedade, etc. São</p><p>valores que consistem em uma atitude de conformidade ao Direito e que</p><p>constituem o substrato ético-social das normas de Direito Penal. Portanto, a</p><p>função do Direito Penal seria assegurar a validade inviolável desses valo-</p><p>res, mediante a ameaça e aplicação de penas para ações que afrontam de</p><p>modo significativo valores fundamentais da vida humana. [82] Como perce-</p><p>be Garcia-Pablos, Welzel estrutura seu sistema a partir da distinção entre</p><p>desvalor da ação e desvalor do resultado, atribuindo primazia ao primei-</p><p>ro.[83] De um lado, o Direito Penal busca a proteção de determinados bens</p><p>essenciais para a convivência humana (os bens jurídicos), estabelecendo</p><p>uma sanção em caso de lesão a eles (desvalor do resultado); de outro lado,</p><p>obtém a proteção de tais bens jurídicos proibindo ou castigando as condu-</p><p>tas dirigidas a lesioná-los, objetivando evitar o desvalor da ação.[84]</p><p>Portanto, a partir do momento que o Direito Penal fixa pena ao atos</p><p>contrários ao Direito, ampara, ao mesmo tempo, os bens jurídicos, estabe-</p><p>lecendo o desvalor do ato correlativo. Assim, por exemplo, ao assegurar o</p><p>respeito pela personalidade humana, protege a vida.[85] Sendo assim, a</p><p>função primária do Direito Penal, para Welzel, não é a proteção de bens</p><p>jurídicos (como a propriedade e a vida), pois sua intervenção é tardia.</p><p>Acima da proteção de bens jurídicos concretos se encontra a missão de</p><p>assegurar a validade real (a observância) dos valores de atuar conforme o</p><p>pensamento jurídico, que constitui o mais sólido fundamento sobre o qual</p><p>se sustentam o Estado e a sociedade.[86] De acordo com Welzel, o mero</p><p>amparo de bens jurídicos tem somente uma finalidade negativo-preventiva,</p><p>policial-preventiva. O papel mais profundo que cabe ao Direito Penal é de</p><p>natureza positiva, ético-social: ao estabelecer sanções aos afastamentos</p><p>mais manifestos dos valores fundamentais do pensamento jurídico, o</p><p>Estado exterioriza, da forma mais ostensiva que dispõe, a validade inviolá-</p><p>vel de tais valores, formando o juízo ético-social dos cidadãos e fortalecen-</p><p>do seu sentimento de permanente fidelidade ao Direito.[87]</p><p>Enfim, para Welzel, é somente através da garantia de valores elemen-</p><p>tares ético-sociais da ação que é possível obter uma proteção ampla e</p><p>duradoura dos bens jurídicos.[88] A função ético-social garantiria de forma</p><p>mais eficaz a proteção de bens jurídicos do que a mera ideia de amparo a</p><p>esses bens. O autor inclusive aponta que o Direito deve exercer influência</p><p>sobre a consciência dos cidadãos e sobre os costumes, fazendo valer a</p><p>sua força sobre os instintos egoístas, sendo essa uma missões fundamen-</p><p>tais de todo o Direito, quem dirá do Direito Penal e do Direito Público.[89]</p><p>Garcia-Pablos não está equivocado quando refere que por trás da fun-</p><p>ção ético-social existe uma verdadeira intenção pedagógica, muito mais</p><p>ambiciosa do que a mera proteção de bens jurídicos. Com efeito, segundo</p><p>Cerezo Mir, que é o mais destacado defensor desta posição na Espanha,</p><p>há uma intenção clara de estimular o respeito aos bens jurídicos, buscando</p><p>obrigar os cidadãos e influenciar suas consciências, inclusive, apelando a</p><p>seus interesses egoístas por meio de coação.[90] Outros autores, como</p><p>Mayer, Jescheck, Marauch e Stratenwerth também tem defendido essa</p><p>posição, ainda que a partir de outros pressupostos.</p><p>Ainda que possa ser discutida a sua validade enquanto fundamenta-</p><p>ção teórica, o fato é que o Direito Penal vem exercendo uma força criadora</p><p>de costumes, conformando uma espécie de pedagogia social.[91] Os</p><p>processos político-criminais de neocriminalização são, eles próprios, em</p><p>alguma medida, formas de estabelecimento de uma moral, de uma ética em</p><p>determinado sentido. Este é o caso, evidentemente, de boa parte das</p><p>infrações contra o meio ambiente, como refere Silva Sánchez.[92]</p><p>Todavia, como refere Garcia-Pablos, parece claro que não cabe ao Di-</p><p>reito Penal a realização de um processo de moralização da sociedade e</p><p>muito menos o estabelecimento de uma ética (em qualquer sentido) uma</p><p>vez que isto cabe a outras instâncias.[93] Sua função deve se restringir à</p><p>proteção de bens jurídicos, não havendo fundamento teórico para uma</p><p>função ético-social, mesmo que supostamente esta possa vir a ser mais</p><p>eficaz na proteção de bens jurídicos.</p><p>Não é aceitável que em um Estado Democrático de Direito o Direito</p><p>Penal tenha a pretensão de exercer influência sobre a consciência dos</p><p>indivíduos, interferindo e modificando seus valores e crenças.[94] Com</p><p>efeito, trata-se de algo que perigosamente se aproxima da vocação totalitá-</p><p>ria de regimes como o Nazista e o Fascista, onde se esperava lealdade do</p><p>cidadão ao Estado acima de tudo. Trata-se de uma interferência que é</p><p>visivelmente abusiva e ameaça borrar a distinção entre Direito e Moral, que,</p><p>como visto anteriormente, é essencial para o desenvolvimento de todo</p><p>sistema jurídico-penal contemporâneo. De fato, a função ético-social acaba</p><p>por legitimar a expansão do âmbito de intervenção jurídico-penal para além</p><p>dos estritos limites impostos pela ideia de lesão ou perigo concreto de lesão</p><p>a bem jurídico. Há um deslocamento de enfoque onde evitar o resultado</p><p>passa a ser menos importante do que buscar uma modificação das atitudes</p><p>dos cidadãos diante dos valores exigidos pelo Direito.[95]</p><p>Como aponta Silva Sánchez, a atribuição dessa função ao Direito Pe-</p><p>nal prejudica, inclusive, o surgimento de uma ética civil. Como se isso não</p><p>bastasse, os processos de descriminalização poderiam conduzir a equívo-</p><p>cos, onde o que não tem relevância penal poderia ser considerado ética e</p><p>moralmente aceitável, só porque não é punido com uma pena.</p><p>Para Garcia-Pablos, a função ético-social não é nada além do que uma</p><p>manifestação da função promocional, que alguns</p><p>autores atribuem, sem</p><p>fundamento algum, ao Direito Penal. Sem fundamento porque o Direito</p><p>Penal não é responsável pelo desenvolvimento social e nem tampouco o</p><p>baluarte moral da sociedade. Ainda que uma melhora nos níveis éticos da</p><p>sociedade seja necessária e que ela possa conduzir a uma redução signifi-</p><p>cativa nas taxas de criminalidade, não corresponde ao Direito Penal tal</p><p>missão.[96]</p><p>Considerações finais:</p><p>Sempre é tarefa difícil sintetizar de forma clara os argumentos desen-</p><p>volvidos ao longo de um texto extenso, mas reconhecendo esse déficit, é</p><p>APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos</p><p>Direito Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 8</p><p>possível dizer que o Direito Penal (e sistema penal, por extensão, a partir</p><p>de uma concepção integrada) deve ser um mecanismo de limitação do</p><p>poder punitivo, através de uma intervenção restrita e seletiva, mas exigível</p><p>em certos casos, diante da intolerabilidade face aos conflitos que ameaçam</p><p>a paz social e colocam em risco o bem comum, objetivando a redução de</p><p>danos em relação a inocentes através da busca da máxima eficácia de um</p><p>sistema de garantias mínimas.</p><p>Notas:</p><p>[1] MIR PUIG, Santiago. Introduccion a las Bases del Derecho Penal. Buenos</p><p>Aires: BdeF, 2003. p.1.</p><p>[2] MIR PUIG, Santiago. Introduccion a las Bases del Derecho Penal. Buenos</p><p>Aires: BdeF, 2003. p.19.</p><p>[3] O termo controle social expressa os recursos que uma determinada sociedade</p><p>dispõe para assegurar-se da conformidade dos comportamentos de seus membros a</p><p>um conjunto de princípios e regras estabelecidos, assim como as formas organizadas</p><p>com que a sociedade responde às suas transgressões. Portanto, não se refere</p><p>somente ao Direito Penal, que é um dos vários meios de controle social de que uma</p><p>sociedade dispõe. BUSTOS RAMIREZ, Juan J e MALARÉE, Hernán Harmazábal.</p><p>Leciones de Derecho Penal Volumen I. Madrid: Editorial Trotta, 1997. p.15.</p><p>[4] Como também é o caso da Polícia, do Processo Penal, da Justiça Penal e dos</p><p>estabelecimentos penitenciários em sentido amplo (carcerários, sócio-terapêuticos,</p><p>etc.). Diferentemente do controle social informal (a família, por exemplo) são meios</p><p>de controle regulados pelo Direito e que se integram dentro um sistema dinâmico</p><p>onde cada um cumpre uma função definida: o sistema penal, cuja função é o exercí-</p><p>cio de um controle específico, o controle penal. BUSTOS RAMIREZ, Juan J e</p><p>MALARÉE, Hernán Harmazábal. Leciones de Derecho Penal Volumen I. Madrid:</p><p>Editorial Trotta, 1997. p.15. pp.18-19.</p><p>[5] HASSEMER, Winfried. Por qué no Debe Suprimirse el Derecho Penal. México:</p><p>Instituto Nacional de Ciencias Penales, 2003. p.11.</p><p>[6] GARCIA-PABLOS. Antonio. Derecho Penal: Introducción. Madrid: Universidad</p><p>Complutense, 1995. p.38.</p><p>[7] As definições partem da clássica formulação de Von Lizst: “Direito Penal é o</p><p>conjunto de regras jurídicas estabelecidas pelo Estado, que associam o crime, como</p><p>fato, à pena, como legítima consequência”. Trata-se de uma definição a qual se</p><p>acrescentou a medida de segurança, que ao longo do século XX ingressou nos</p><p>sistemas jurídico-penais contemporâneos”. MIR PUIG, Santiago. Introduccion a las</p><p>Bases del Derecho Penal. Buenos Aires: BdeF, 2003. p.7.</p><p>[8] BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal 1. São Paulo: Saraiva,</p><p>2008. p.2.</p><p>[9] BRANDÃO, Cláudio. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2008. p.5.</p><p>[10] PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro v.1. São Paulo: RT,</p><p>2008. p.55.</p><p>[11] NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: RT, 2008.</p><p>p.37.</p><p>[12] ROXIN, Claus. Derecho Penal: Parte General Tomo I. Madrid: Civitas, 1997.</p><p>p.41.</p><p>[13] BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal 1. São Paulo: Saraiva,</p><p>2008. p.3.</p><p>[14] Como referem Bustos Ramirez e Malarée, em cada etapa histórica existe um</p><p>conceito diferente de desvio e de suas estratégias de controle, assim como dos</p><p>órgãos encarregados de exercê-lo. BUSTOS RAMIREZ, Juan J e MALARÉE, Hernán</p><p>Harmazábal. Leciones de Derecho Penal Volumen I. Madrid: Editorial Trotta, 1997.</p><p>p.16.</p><p>[15] É o que refere Roxin, ao dizer que deveria se chamar, ao menos, de “Direito</p><p>Penal e de Medidas”. A manutenção do termo “Direito Penal” se explica pela integra-</p><p>ção tardia das últimas a este ramo jurídico. ROXIN, Claus. Derecho Penal: Parte</p><p>General Tomo I. Madrid: Civitas, 1997. p.42. Welzel também considera a expressão</p><p>restrita demais em função da inclusão de medidas de segurança. WELZEL,</p><p>Hans. Derecho Penal: Parte General. Buenos Aires: Roque Depalma Editor, pp.21-</p><p>22.</p><p>[16] Cultural, porque se preocupa com o dever ser e não com o ser, como é o caso</p><p>das ciências exatas (embora existam ciências humanas que também se preocupam</p><p>com o ser). É normativa porque tem como objeto o estudo da norma, do conjunto dos</p><p>preceitos legais e das consequências jurídicas da desobediência dos preceitos</p><p>normativos. É necessariamente valorativa, pois estabelece sua própria escala de</p><p>valores, valorizando as normas, que dispõe de forma hierárquica. Além disso, há um</p><p>caráter finalista, pois preocupa-se com a proteção de bens jurídicos fundamentais,</p><p>através da ameaça legal de aplicação de sanções em caso de violação de seus</p><p>mandamentos.</p><p>[17] No século XIX, o caráter público do Direito Penal, conforme assinalado por</p><p>Feuerbach, chegou a ser colocado em questão por Hugo e Kleinschrod, que afirma-</p><p>vam o seu caráter privado, além da posição eclética de Grolmann. Hoje não há</p><p>qualquer dúvida quanto ao monopólio estatal em sede de criação e aplicação de</p><p>normas penais. JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Principios de Derecho Penal: La Ley y</p><p>el Delito. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1997. p.19.</p><p>[18] JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Principios de Derecho Penal: La Ley y el Delito.</p><p>Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1997. p.20.</p><p>[19] ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Derecho Penal. Buenos Aires: Ediar,</p><p>1991. p.57.</p><p>[20] BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Volume 1: Parte</p><p>Geral. São Paulo: Saraiva, 2008. p.4.</p><p>[21] PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro v.1. São Paulo: RT,</p><p>2008. p.56.</p><p>[22] No entanto, para parte da doutrina (Bitencourt e Mirabete, entre outros) conside-</p><p>ra que a distinção entre Direito Penal comum e Direito Penal especial trata-se de um</p><p>critério de classificação que tem por base a competência do órgão encarregado de</p><p>aplicar a norma. De acordo com essa concepção – que enfatiza o órgão competente</p><p>e não uma determinada classe de indivíduos ou certos ilícitos – são de Direito Penal</p><p>especial o Direito Penal Militar e Direito Penal Eleitoral. Em que pesem as opiniões</p><p>contrárias de Frederico Marques e Damásio de Jesus, Cezar Bitencourt considera</p><p>que tanto a Justiça Militar quanto a Justiça Eleitoral são órgãos especiais com</p><p>estruturas próprias e jurisdições especializadas, o que justifica a especialidade em</p><p>questão. Portanto, de acordo com esse critério, essa distinção não se relaciona com</p><p>a distinção entre legislação penal comum (inserida no Código Penal) e a chamada</p><p>legislação extravagante, que se encontra disposta nas demais leis de caráter penal</p><p>que integram o ordenamento jurídico. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de</p><p>Direito Penal 1. São Paulo: Saraiva, 2008. p.6.</p><p>[23] Para Asúa, a Dogmática Jurídico-Penal consiste na reconstrução do Direito</p><p>vigente de acordo com bases científicas. JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Principios de</p><p>Derecho Penal: La Ley y el Delito. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1997.</p><p>p.24.</p><p>[24] Como afirma Munõz Conde, somente uma atividade humana pode ter um</p><p>método, o que não é o caso de um conjunto normativo. MUNÕZ CONDE, Francis-</p><p>co. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires: BdeF, 2001. p.211.</p><p>[25] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.187.</p><p>[26] MUNÕZ CONDE, Francisco. Introduccion al Derecho Penal. Buenos Aires:</p><p>BdeF, 2001. p.212.</p><p>[27] MUNÕZ CONDE, Francisco.</p>