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<p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4107</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>Estudo da hidrodinâmica usando materiais de baixo custo</p><p>Hydrodynamics study using low cost materials</p><p>DOI: 10.55905/oelv21n6-055</p><p>Recebimento dos originais: 16/05/2023</p><p>Aceitação para publicação: 20/06/2023</p><p>Anderson Matheus de Oliveira Moura</p><p>Graduado em Ciência e Tecnolgia</p><p>Instituição: Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)</p><p>Endereço: Rua Francisco Mota, Alto de São Manoel, Mossoró - RN</p><p>E-mail: anderson.moura@alunos.ufersa.edu.br</p><p>Gustavo de Oliveira Gurgel Rebouças</p><p>Doutor em Física</p><p>Instituição: Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)</p><p>Endereço: Rua Francisco Mota, Alto de São Manoel, Mossoró - RN</p><p>E-mail: Gustavoreboucas@ufersa.edu.br</p><p>Jusciane da Costa e Silva</p><p>Doutora em Física</p><p>Instituição: Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)</p><p>Endereço: Rua Francisco Mota, Alto de São Manoel, Mossoró - RN</p><p>E-mail: jusciane@ufersa.edu.br</p><p>RESUMO</p><p>A utilização de práticas experimentais no ensino de ciência tem caráter fundamental no</p><p>desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Alguns fenômenos físicos são inesperados</p><p>intuitivamente e, em muitos casos, o senso comum tem uma compreensão equivocada dos</p><p>conceitos destes fenômenos. Assim sendo, o presente trabalho tem como objetivo a</p><p>proposição de uma proposta experimental, com o detalhamento da construção do</p><p>equipamento, como sugestão de aplicação no ensino da hidrodinâmica. A equação de</p><p>Bernoulli e a equação da continuidade são duas importantes relações que envolvem</p><p>algumas grandezas observáveis, como: velocidade, pressão e área. O tubo de Venturi é</p><p>um exemplo amplamente discutido em livros didáticos e em sala de aula de modo a</p><p>validar a EB identificando suas possibilidades de uso prático. No entanto, várias vezes</p><p>são apresentados apenas de forma teórica e ilustrativa. A presente proposta possibilita a</p><p>apresentação de forma simples a presença em sala de aula de um dispositivo como o Tubo</p><p>de Venturi e a possibilidade de identificação da pressão nos pontos de interesse. A</p><p>construção do Tubo de Venturi pode ser feita com materiais acessíveis e de baixo custo</p><p>com apenas alguns passos simples e sem processos complexos, como proposto neste</p><p>trabalho. De forma esquemática e ilustrativa, os passos e materiais utilizados são</p><p>descritos, de modo a facilitar a replicação do modelo proposto. Infere-se, portanto, que</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4108</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>com uma solução simples, acessível e de custo reduzido, torna-se viável levar uma</p><p>diferente abordagem do conteúdo de modo prático à sala de aula, promovendo a expansão</p><p>do conhecimento sobre os fenômenos físicos, em especial, acerca da hidrodinâmica.</p><p>Palavras-chave: Tubo de Venturi, efeito Venturi, hidrôdinâmica.</p><p>ABSTRACT</p><p>The use of experimental practices in science teaching is fundamental in the development</p><p>of students learning. Some physical phenomena are intuitively unexpected and, in many</p><p>cases, common sense has a mistaken understanding of the concepts of these phenomena.</p><p>Therefore, the objective of this work is to propose an experimental proposal, with the</p><p>details of the construction of the equipment, as a suggestion of application in the teaching</p><p>of hydrodynamics. Bernoulli's equation and the continuity equation are two important</p><p>relationships that involve some observable quantities, such as: velocity, pressure and area.</p><p>The Venturi tube is an example widely discussed in textbooks and in the classroom in</p><p>order to validate EB by identifying its possibilities of practical use. However, several</p><p>times they are presented only in a theoretical and illustrative way. The present proposal</p><p>makes it possible to present in a simple way the presence in the classroom of a device</p><p>such as the Venturi Tube and the possibility of identifying the pressure at points of</p><p>interest. The construction of the Venturi Tube can be made with accessible and low cost</p><p>materials with just a few simple steps and without complex processes, as proposed in this</p><p>work. In a schematic and illustrative way, the steps and materials used are described, in</p><p>order to facilitate the replication of the proposed model. It is inferred, therefore, that with</p><p>a simple, accessible and low-cost solution, it becomes feasible to bring a different</p><p>approach to content in a practical way to the classroom, promoting the expansion of</p><p>knowledge about physical phenomena, in particular, about of hydrodynamics.</p><p>Keyword: Venturi Tube, Venturi effect, hydrodynamics.</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Uma grande preocupação do ensino de ciências é aprimorar o processo de ensino-</p><p>aprendizagem de forma a deixá-lo mais dinâmico e interativo, uma alternativa é através</p><p>do uso de experimentos. Segundo Galiazzi (2004), a experimentação é um recurso que</p><p>fundamenta a ciência. Krasilchik (1987) afirma que o laboratório é uma oficina onde os</p><p>fenômenos físicos são feitos tendo as condições ideais para demonstrá-los. As atividades</p><p>experimentais, por mais simples que sejam, proporcionam ao discente um caráter</p><p>investigativo, desenvolvendo habilidades como observar, interferir, mediar e formular</p><p>hipóteses sobre os resultados.</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4109</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>É consenso na literatura que o ensino através das práticas experimentais se faz</p><p>imprescindível no desenvolvimento da aprendizagem e que despertam interesse genuíno</p><p>pelo conhecimento (SILVA, 2017). As atividades experimentais permitem que o aluno</p><p>seja um agente ativo no processo de construção do conhecimento, favorecendo a</p><p>autonomia intelectual e desenvolvendo habilidades para atuar de forma crítica e</p><p>competente. Gaspar (2009) pontua a sobressaliência das atividades experimentais às</p><p>atividades teóricas, afirmando ao mesmo tempo, a importância de ambas andarem juntas,</p><p>dada a complementaridade.</p><p>Experimentos em hidrodinâmica baseados na Equação de Bernoulli (EB) são</p><p>importantes para a formação de alunos de física desde o nível fundamental até o médio.</p><p>Tanto expositivamente, sem os detalhes matemáticos, bem como o detalhamento e</p><p>cálculos que comprovem e façam previsões sobre grandezas como fluxo, velocidade e</p><p>pressão. Os comportamentos destas grandezas são, algumas vezes, não esperados</p><p>intuitivamente quando se apresenta aos alunos (SILVEIRA, LEVIN, 2004), fato que</p><p>ocorre através da previsão do comportamento ideal dos fluidos da EB e suas grandezas</p><p>envolvidas (BARBOSA et al., 2011, JESUS, MACEDO JUNIOR, 2011).</p><p>O teorema de Bernoulli tem aplicações em diversas áreas, como: irrigação,</p><p>medição de vazão industrial de água, gases e produtos corrosivos. Mesmo sendo uma</p><p>aproximação, considerando diversas restrições, a EB se apresenta como uma ótima</p><p>ferramenta de descrição do fluido (FOX et al, 2010). No entanto, há alguns problemas</p><p>simples como o que iremos apresentar e que a EB não resolve e desse modo são</p><p>negligenciados em livros de ensino médio e até mesmo de ensino superior e algumas</p><p>vezes se prendendo à evolução histórica dos conceitos (FONSECA et al., 2017;</p><p>LONGUINE e NARDI, 2000; COELHO e NUNES, 1992).</p><p>A apresentação de experimentos que tratam da medição de pressão de um fluido</p><p>é relevante para o ensino de hidrostática e hidrodinâmica. A primeira traz conceitos</p><p>fundamentais para a segunda, como pressão e consequentemente de pressão atmosférica,</p><p>pressão absoluta e pressão manométrica, bem como a física envolvida na construção</p><p>dos</p><p>manômetros.</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4110</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>O manômetro mais simples é o tubo em U, no qual é usado as equações da</p><p>hidrostática para encontrar a diferença de pressão entre dois pontos, levando em</p><p>consideração que a pressão em relação às duas superfícies do líquido confinado no tubo</p><p>é medida em função da diferença de altura entre as superfícies (HALLIDAY, 2006;</p><p>NUSSENZVEIG, 2014), sendo esta última a ideia base do conceito de pressão</p><p>atmosférica na construção de barômetros (LONGUINE; NARDI, 2000; COELHO;</p><p>NUNES, 1992). Há outras alternativas de manômetros que requerem conhecimento</p><p>técnico apurado (ROCHA; GUADAGNINI, 2014) e usados em experimentos para a</p><p>obtenção de valores exatos como o proposto por Cid e Correa (2019). Temos ainda os</p><p>manômetros analógicos e digitais, no entanto estes não estão tão presentes no cotidiano,</p><p>bem como o próprio conceito de pressão algumas vezes não está no senso comum dos</p><p>discentes.</p><p>Este trabalho apresenta a construção de dois experimentos de hidrodinâmica, o</p><p>Tubo de Venturi e o Tubo em Y, utilizando materiais de baixo custo e acessíveis, onde o</p><p>fluido em questão é o ar colocado em movimento por um secador de cabelos. Para analisar</p><p>os experimentos propomos dois tipos manômetros para a identificação da pressão em</p><p>alguns pontos de uma tubulação, os quais possibilitam observar visualmente ou através</p><p>do tato em qual ponto a pressão é maior ou menor. No entanto, não temos como aferir a</p><p>diferença de pressão entre os pontos, permitindo apenas comparar qualitativamente a</p><p>pressão entre os pontos de interesse.</p><p>2 HIDRODINÂMICA</p><p>Apesar de trabalharmos com fluidos reais, é importante entendermos antes a forma</p><p>simplificada dos fluidos ditos ideais, que são um modelo de fluido contínuo, homogêneo,</p><p>incompreensível e com viscosidade nula (HALLIDAY, 2006). Para efeito de análise</p><p>consideramos sempre o fluido como sendo ideal.</p><p>Em um escoamento incompressível ao longo de todo o circuito a densidade do</p><p>fluido (𝜌) é constante. Assim, para um fluido em escoamento a vazão volumétrica, 𝑅𝑣, ou</p><p>seja, o volume, 𝑉, que atravessa o circuito por unidade de tempo, 𝑡, será o mesmo.</p><p>Portanto, temos:</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4111</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>𝑅𝑣 =</p><p>Volume</p><p>tempo</p><p>= Constante (1)</p><p>Esta é uma equação de conservação. Estes tipos de equação são muito importantes</p><p>na física, ou seja, o volume ao longo do tempo se mantém constante ao longo da</p><p>tubulação, não podendo ser criado ou destruído. A Equação 1 pode ser reescrita em função</p><p>da área de seção transversal, 𝐴, e da velocidade (𝑣) do fluido.</p><p>𝑅𝑣 = 𝐴𝑣 = Constante (2)</p><p>Esta equação também é chamada de Equação da Continuidade (EC) ou</p><p>conservação da vazão. Que diz que em qualquer ponto ao longo da tubulação o produto</p><p>𝐴𝑣 é constante e igual a vazão volumétrica. Esta equação, juntamente com a EB são de</p><p>grande importância para a hidrodinâmica.</p><p>A Equação de Bernoulli afirma que, para qualquer ponto do fluido ideal há uma</p><p>relação constante entre velocidade, pressão e energia potencial do fluido, que é dada por:</p><p>𝑝 + 𝜌𝑣𝑔 +</p><p>1</p><p>2</p><p>𝜌𝑣2 = Constante (3)</p><p>Onde:</p><p>p é a pressão em um dado ponto, g a aceleração da gravidade, y é a altura deste ponto com relação a um</p><p>referencial e 𝑣 a velocidade do fluido neste ponto. Deste modo, podemos comparar dois pontos de um</p><p>escoamento identificando alguns comportamentos do fluido com relação às grandezas envolvidas. A EB</p><p>está sujeita a restrições, como: escoamento em regime permanente; ausência de atrito; escoamento ao longo</p><p>de uma linha de corrente e escoamento incompressível. A EB só pode ser usada considerando estas</p><p>restrições, nenhum fluido real satisfaz todas estas restrições, no entanto a EB apresenta uma aproximação</p><p>razoável do comportamento de muitos escoamentos (FOX et al, 2010).</p><p>O fluido trabalhando nesse projeto é o ar, que não se comporta como um fluido</p><p>ideal, no entanto, veremos que é possível apresentar previsões da EB com o seu uso para</p><p>um dos experimentos bem como no segundo experimento teremos a identificação</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4112</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>qualitativa da diferença de pressão entre os pontos, no entanto, a EB não poderá fazer</p><p>previsões a respeito deste.</p><p>3 MANÔMETROS DIFERENCIAIS</p><p>Construímos dois manômetros diferenciais para identificar os pontos de maior e</p><p>menor pressão. A Figura 1 apresenta de forma esquemática os dois manômetros</p><p>construídos. O primeiro manômetro, Figura 1(a), é construído com uma seringa de 20 ml,</p><p>qual é retirado a borracha interna e aberta a parte inferior de modo que a base do êmbolo</p><p>entre em contato com o ar em movimento e possa subir ou descer, bem como quando</p><p>empurramos com a mão sobre o êmbolo levantado possamos sentir a resistência ao</p><p>movimento de descida, identificando assim, o ponto de maior ou menor pressão.</p><p>Figura 1: Figura esquemática dos manômetros propostos no trabalho de forma a identificar</p><p>qualitativamente a pressão nos pontos de interesse.</p><p>No segundo manômetro, Figura 1(b), o êmbolo é retirado e o ar escapa com maior</p><p>ou menor velocidade em função da pressão no ponto em que se deseje analisar a pressão.</p><p>Ao colocar uma bolinha de isopor — usamos uma bolinha de 20 mm de diâmetro — a</p><p>mesma flutua de forma quase estável, com maior altura para o ponto de maior pressão em</p><p>relação ao ponto de menor pressão.</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4113</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>4 PROPOSTAS EXPERIMENTAIS</p><p>Propomos e construímos dois sistemas hidrodinâmicos de forma que identifique</p><p>qualitativamente as pressões em determinados pontos. O sistema é construído com tubos</p><p>e conexões de PVC, em que o fluido utilizado será o ar colocado em movimento por um</p><p>secador de cabelo comercial.</p><p>4.1 MATERIAIS UTILIZADOS</p><p>A Tabela 1 mostra os materiais utilizados para construção dos dois sistemas</p><p>supracitados. A idealização e construção foram pautadas na utilização de materiais</p><p>acessíveis com baixo custo, facilitando a replicação dos modelos.</p><p>Tabela 1: Lista de materiais utilizados no Tubo de Venturi e do Tubo de Venturi em Y.</p><p>TUBO DE VENTURI TUBO DE VENTURI EM Y</p><p>QTD ITEM QTD ITEM</p><p>02 Luva 50 mm 01 Luva 50 mm</p><p>01 Conexão ‘T” 50 mm com saída 20 mm 01 Bucha de redução 50x25 mm</p><p>02 Bucha de redução 50x20 mm 04 Conexão ‘T” 25 mm</p><p>01 Conexão ‘T” 20 mm 02 Curva 90° 25 mm</p><p>02 Tubo PVC 20 mm (10 cm) 08 Tubo PVC 25 mm (10 cm)</p><p>01 Tubo PVC 50 mm (10 cm) 03 Bola de isopor (poliestireno) 25 mm</p><p>02 Bola de isopor (poliestireno) 20 mm 03 Seringa</p><p>02 Seringa 01 Secador</p><p>01 Secador</p><p>A construção dos dispositivos é dada de forma simples, sem a necessidade de</p><p>ferramentas específicas ou processos complexos.</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4114</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>4.2 TUBO DE VENTURI</p><p>O tubo de Venturi é apresentado na Figura 2. Este sistema é amplamente estudado</p><p>em livros de física quando trabalha a EB, bem como apresenta diversas</p><p>aplicações, como</p><p>o carburador de combustível, sistema de borrifadores e sistemas de adubação através da</p><p>irrigação (ROGERS, 2003). O tubo de Venturi consiste de um estreitamento do tubo,</p><p>onde neste ponto a velocidade do fluido é maior e a pressão é reduzida em relação ao tubo</p><p>de maior área de seção transversal podendo ser até menor que a pressão atmosférica. É</p><p>nisto que consiste sua principal aplicação prática. Devido à redução de pressão poderá</p><p>haver sucção e neste caso ao acoplar um recipiente com um líquido, este é sugado e</p><p>misturado com o ar que sairá da extremidade aberta. Pode-se usar tinta, adubo, agrotóxico,</p><p>ou qualquer líquido que se queira aspegir.</p><p>Figura 2: Tubo de Venturi.</p><p>A diferença entre a pressão da parte com maior área de secção transversal, 𝐴1, e a</p><p>pressão na área de menor área de seção transversal, 𝐴2, pode ser obtida usando a EB é</p><p>dada por:</p><p>𝑝1 − 𝑝2 =</p><p>1</p><p>2</p><p>𝜌(𝑣2</p><p>2 − 𝑣1</p><p>2) (4)</p><p>Como 𝑣2 > 𝑣1, devido o estreitamento da área 2, e pela equação da continuidade,</p><p>as pressões será: 𝑝1 > 𝑝2. É intuitivo pensar que no ponto de estreitamento a pressão seria</p><p>maior (NUSSENZVEIG, 2014). Nem sempre o fato de 𝑣2 > 𝑣1 é claro, assim associar a</p><p>EB e a EC, a equação (4) ficará</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4115</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>𝑝1 − 𝑝2 =</p><p>1</p><p>2</p><p>𝜌𝑣1</p><p>2 (</p><p>𝐴1</p><p>2−𝐴2</p><p>2</p><p>𝐴2</p><p>2 ) (5)</p><p>Neste caso:</p><p>O fato 𝑝1 > 𝑝2, fica associado a 𝐴1 > 𝐴2.</p><p>Na nossa montagem, o tubo de Venturi é conectado a um secador de cabelos, o</p><p>qual envia o ar em movimento através do tubo. O diâmetro da parte cilíndrica para o</p><p>Venturi 1 é de 50 mm, já para o Venturi 2, o diâmetro é de 20 mm. A Figura 3 mostra o</p><p>tubo de Venturi em funcionamento quando usamos (a) êmbolos e (b) bolinhas de isopor.</p><p>De forma clara a pressão no ponto de maior diâmetro é maior que no ponto mais estreito,</p><p>conforme as equações 4 e 5 comprovam. Nestes dois casos apresentados a pressão no</p><p>ponto mais estreito é menor que a pressão atmosférica, provocando sucção do êmbolo e</p><p>da bolinha de isopor. Caso as pressões nestes pontos fossem maiores que a pressão</p><p>atmosférica, nos êmbolos é necessário que os toquem para perceber o ponto de maior</p><p>pressão. Já no caso da bolinha, o ponto mais estreito flutuará em uma altura menor.</p><p>Figura 3: Tubo de Venturi com (a) êmbolos e (b) bolinhas de isopor.</p><p>4.3 TUBO EM Y</p><p>Na proposta do segundo experimento temos uma entrada de ar mais larga e em</p><p>seguida há uma divisão do fluxo de ar, como ilustrado na Figura 4. Este fato inviabiliza</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4116</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>o uso da EB, que não se aplica quando há divisão. Talvez por não apresentar solução</p><p>simples este problema é negligenciado nos livros didáticos. E assim, abstêm-se de</p><p>apresentar um problema cotidiano, mas que não há uma explicação teórica simples.</p><p>Figura 4: Tubo de Venturi em formato de Y.</p><p>Mesmo não podendo usar a EB, a EC é válida, ou seja, o fluxo na entrada de ar,</p><p>dado por 𝐴𝑣1 será igual à soma dos dois fluxos nas saídas, 𝐴𝑣2 e 𝐴𝑣3. Onde 𝐴 é a área</p><p>do tubo que não muda ao longo de toda a tubulação, 𝑣1, a velocidade de entrada do ar, e</p><p>𝐴2 e 𝐴3 serão as velocidades em ambas saídas. Considerando que o fluxo se dividirá pela</p><p>metade, ou seja, 𝑣1 = 𝑣2 + 𝑣3, tal que 𝑣2 = 𝑣3, teremos a EC escrita como:</p><p>𝐴𝑣1 = 2𝐴𝑣2 (6)</p><p>Desse modo, a velocidade na entrada diminuirá pela metade depois da divisão em</p><p>ambas as saídas de acordo com a EC. No entanto, apesar de não podermos usar a EB para</p><p>fazer previsões a respeito da pressão, isso não nos impede de medirmos qualitativamente</p><p>com os nossos manômetros propostos.</p><p>A Figura 5 apresenta os experimentos do Tubo em Y com os dois modelos de</p><p>manômetros. O tubo tem uma conexão de 50 mm, onde o secador é acoplado, e na outra</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4117</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>extremidade uma redução de 25 mm. É nesta conexão que é formado o Y com tubos de</p><p>25 mm.</p><p>Figura 5: Tubo em T com (a) êmbolos e (b) bolinhas de isopor.</p><p>No experimento 5 (a), o primeiro êmbolo, na base do Y, sobe e fica flutuando, já</p><p>os outros dois tubos da extremidade de saída podem não suspender e o neste caso deve se</p><p>puxar o êmbolo e assim perceber que há a secção, ou seja, neste ponto a pressão é menor</p><p>que a pressão atmosférica. No experimento com as bolinhas de isopor pode acontecer o</p><p>mesmo e a primeira bolinha flutua, e as bolinhas das saídas flutuam pouco ou é sugada.</p><p>Destacando que sempre a pressão é maior no tubo de entrada. Nestes dois casos, sempre</p><p>há redução na pressão nas duas extremidades. Podemos usar o argumento de que após a</p><p>divisão do fluxo a velocidade do fluido diminui, conforme a equação 6, e o número de</p><p>partículas se divide pela metade. Este último argumento é mais usual em hidrostática, mas</p><p>na ausência da EB, estes fatos nos ajudam na previsão da diferença de pressão entre os</p><p>dois pontos.</p><p>Podemos apresentar em sala de aula algo que não explicamos matematicamente?</p><p>Este último exemplo traz à tona este questionamento. Destacamos aqui a importância de</p><p>mostrar os limites da teoria. O fato de que a EB tem limites e um deles é este problema.</p><p>5 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A proposta de construção de alternativas de identificação e comparação da pressão</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4118</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>entre dois pontos em experimentos de hidrodinâmica traz ao ensino de física</p><p>possibilidades de entendimento e discussões sobre o comportamento de fluidos, bem</p><p>como a análise crítica da teoria envolvida. Bem como a utilização em diferentes</p><p>experimentos que podem ser adaptados a outras alternativas de estudo de hidrodinâmica</p><p>além dos expostos neste trabalho.</p><p>O Tubo de Venturi é um exemplo amplamente discutido em livros didáticos e em</p><p>sala de aula de modo a validar a EB identificando suas possibilidades de uso prático. No</p><p>entanto, várias vezes são apresentados apenas de forma teórica e ilustrativa. A presente</p><p>proposta possibilita a apresentação de forma simples a presença em sala de aula de um</p><p>dispositivo como o Tubo de Venturi e a possibilidade de identificação da pressão nos</p><p>pontos de interesse.</p><p>O tubo em Y apesar de ser basicamente o T hidráulico, não pode ser descrito pela</p><p>EB devido a descontinuidade da vazão. Neste caso, identifica-se os pontos de maior e</p><p>menor pressão, e traz a sala de aula um exemplo que não pode ser explicada pela teoria</p><p>apresentada, mostrando assim as limitações do assunto em questão. Apesar de medimos,</p><p>não podemos fazer previsões a respeito da diferença de pressão entre os pontos com base</p><p>na EB, portanto é importante observar limites da teoria, que muitas vezes é negligenciado.</p><p>Esperamos assim possibilitar a construção e apresentação prática de experimentos</p><p>de hidrostática com materiais de baixo custo.</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA</p><p>Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023.</p><p>ISSN: 1696-8352</p><p>Page 4119</p><p>REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA, Curitiba, v.21, n.6, p. 4107-4119. 2023..</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARBOSA, L. H., MORA, C. E., PACO H. TALERO, P. H., ORGANISTA,</p><p>J. O., Revista</p><p>Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, 33, n. 4, p. 4309, 2011.</p><p>CID, A. S., CORREA, T., Revista Brasileira de Ensino de Física, 41, n 3, e20180333, 2019</p><p>COELHO, S. M., NUNES, a. d., Revista Brasileira de Ensino de Física, 14, 24, 1992.</p><p>GASPAR, ALBERTO. 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