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E-book- Penal na veia l Prof Mauro StArmer

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<p>PENAL 2ª FASE XXXIV EXAME</p><p>Direito</p><p>Processual Penal</p><p>“Penal na veia!” (Aulas ao vivo)</p><p>Professor Me. Mauro Stürmer</p><p>Olá, Alunos!</p><p>Sejam todos bem-vindos!</p><p>Espero que você tenha a melhor preparação para a prova do</p><p>XXXIV Exame de Ordem. Este material está bem completo e irá</p><p>lhe auxiliar durante a preparação dos estudos.</p><p>Agora, largue o celular e preste atenção nas aulas e na leitura do</p><p>E-book.</p><p>Abraços!</p><p>Mauro Stürmer @prof.maurosturmer</p><p>2ª FASE OAB | XXXIV EXAME</p><p>Direito Processual Penal</p><p>Prof. Me. Mauro Stürmer</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. COMPETÊNCIA ............................................................................................................ 6</p><p>1.1 Jurisdição .................................................................................................................... 6</p><p>1.2 Competência ............................................................................................................... 7</p><p>1.2.1 Espécies de competência ......................................................................................... 7</p><p>1.2.2 Critérios de fixação da competência ......................................................................... 8</p><p>1.2.3 Determinação do foro competente .......................................................................... 12</p><p>1.2.4 Competência em crime continuado e crime permanente ........................................ 12</p><p>1.2.5 Competência pelo domicílio ou residência do réu .................................................. 13</p><p>1.2.6 Competência pela natureza da infração ................................................................. 15</p><p>1.2.7 Competência por distribuição ................................................................................. 16</p><p>1.2.8 Causas modificadoras da competência .................................................................. 16</p><p>1.2.9 Foro prevalente....................................................................................................... 18</p><p>1.2.10 Da competência por prevenção ............................................................................ 21</p><p>1.2.11 Da competência por prerrogativa de função ......................................................... 21</p><p>1.2.12 Competência do Supremo Tribunal Federal ......................................................... 23</p><p>1.2.13 Competência do Suprior Tribunal de Justiça ........................................................ 23</p><p>1.2.14 Competência dos Tribunais Regionais Federais .................................................. 23</p><p>1.2.15 Competência dos Tribunais de Justiça ................................................................. 24</p><p>1.2.16 Competência para julgar prefeitos municipais ...................................................... 24</p><p>1.2.17 Competência da Justiça Federal .......................................................................... 28</p><p>1.2.18 Competência da justiça militar .............................................................................. 33</p><p>1.2.19 Competência criminal da justiça eleitoal ............................................................... 33</p><p>1.2.20 Justiça política ou extraordinária .......................................................................... 34</p><p>1.2.21 Restrição ao foro por prerrogativa de função ....................................................... 34</p><p>1.2.22 Marco para o fim do foro ....................................................................................... 34</p><p>1.2.23 Crime de moeda falsa ........................................................................................... 35</p><p>1.2.24 Justiça estadual .................................................................................................... 35</p><p>LEI DE DROGAS ............................................................................................................ 37</p><p>2.1 Retrospectiva ............................................................................................................. 37</p><p>2.2 Características ........................................................................................................... 38</p><p>2.3 Usuário ...................................................................................................................... 38</p><p>2.4 Tráfico propriamente dito ........................................................................................... 39</p><p>2.5 Bem jurídico tutelado ................................................................................................. 40</p><p>2.6 Sujeito ativo e sujeito passivo .................................................................................... 40</p><p>2.7 Elemento normativo indicativo da ilicitude ................................................................. 41</p><p>2.8 Quantidade de drogas: uso ou tráfico? ...................................................................... 42</p><p>2.9 Tráfico ........................................................................................................................ 42</p><p>2.10 Tráfico privilegiado ................................................................................................... 43</p><p>2.11 Tráfico em transporte público .................................................................................. 46</p><p>2.12 Procedimentos ......................................................................................................... 47</p><p>2.13 Absolvição sumária .................................................................................................. 49</p><p>2.14 Prazo para destruição de drogas apreendidas ........................................................ 49</p><p>LEI MARIA DA PENHA ................................................................................................... 53</p><p>3.1. Histórico .................................................................................................................... 53</p><p>3.2 Finalidade da Lei 11.340/06 ...................................................................................... 53</p><p>3.3 Requisitos para a aplicação da lei ............................................................................. 55</p><p>3.4 Âmbito familiar ........................................................................................................... 56</p><p>3.5 Relação íntima de afeto, independentemente de coabitação .................................... 56</p><p>3.6 Direitos assegurados às mulheres............................................................................. 56</p><p>3.7 Obrigações do Estado na lei ...................................................................................... 57</p><p>3.8 Família e sociedade ................................................................................................... 57</p><p>3.9 Conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher ...................................... 57</p><p>3.10 Situações e lugares da violência ............................................................................. 58</p><p>3.11 Direitos humanos ..................................................................................................... 59</p><p>3.12 Formas de violência domésticas e familiares .......................................................... 59</p><p>3.13 Das medidas integradas de prevenção: quem participa? ........................................ 60</p><p>3.14 Do atendimento pela autoridade policial .................................................................. 62</p><p>3.15 Organização judiciária na Lei Maria da Penha ........................................................ 65</p><p>3.16 Medidas protetivas de urgência ............................................................................... 67</p><p>3.17 Prisão preventiva de ofício pelo juiz ........................................................................ 68</p><p>3.18 Do crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência .......................... 70</p><p>3.19 Juizado Especial Criminal e a Lei Maria da Penha .................................................. 72</p><p>3.20</p><p>o acusado responda por posse de droga para</p><p>consumo e não por tráfico? Apenas a quantidade?</p><p>Art. 28, § 2º: Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz</p><p>atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições</p><p>em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à</p><p>conduta e aos antecedentes do agente.</p><p>Qual a competência para julgar a posse de droga para consumo?</p><p>Art. 48, § 1º: O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo</p><p>se houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será</p><p>processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de</p><p>setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.</p><p>Qual a natureza jurídica do artigo 28?</p><p>Há duas correntes:</p><p>• Não é crime: Art 1º da Lei de Introdução ao CP (DL 3.914/41): Considera-se crime a</p><p>infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer</p><p>alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a</p><p>lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou</p><p>cumulativamente.</p><p>• É uma infração penal sui generis: O STF entende que é crime, pois se entender que</p><p>o artigo 28 não é mais crime, perde o criminoso, mas também desaparece o ato infracional,</p><p>não terá mais como educar o adolescente infrator.</p><p>2.4 Tráfico propriamente dito</p><p>Antes era o artigo 12 e agora é o artigo 33 Lei 11.343/06:</p><p>Art. 33: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor</p><p>à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,</p><p>ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas (18 núcleos), ainda que</p><p>gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou</p><p>regulamentar:</p><p>Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a</p><p>1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.</p><p>2.5 Bem jurídico tutelado</p><p>Bem jurídico imediato é a saúde pública; tem-se também o bem jurídico mediato, que</p><p>é a saúde individual das pessoas que integram a sociedade.</p><p>2.6 Sujeito ativo e sujeito passivo</p><p>Sujeito ativo: como regra é um crime comum, pode ser praticado por qualquer</p><p>pessoa, não exige nenhuma qualidade específica do autor; mas tem um núcleo que o crime é</p><p>próprio, “prescrever” somente médico e dentista podem praticar, deve ter a qualidade</p><p>especifica de ser médico ou ser dentista.</p><p>Sujeito passivo: vítima primária é a sociedade, e a vítima secundária é a pessoa que</p><p>foi colocada efetivamente em perigo pelo comportamento do traficante, desde que não seja</p><p>um usuário capaz, porque ele é autor do art. 28 e não é vítima.</p><p>Vender drogas para crianças e adolescente é crime do artigo 33 da Lei de Drogas,</p><p>ou será o artigo 243 do ECA?</p><p>Princípio da continuidade típica:</p><p>O tráfico continuou típico, mudou a forma, a roupagem, o</p><p>tipo penal.</p><p>O artigo 12 tinha 18 núcleos; o artigo 33 continua com os</p><p>mesmos 18 núcleos, apenas não se fala mais em</p><p>substância entorpecente e sim em drogas; aumentou a</p><p>pena.</p><p>Art. 243: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de</p><p>qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,</p><p>outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica:</p><p>(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)</p><p>Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime</p><p>mais grave.</p><p>Aplicação do princípio da Especialidade: O Artigo 33 da Lei nº 11.343/06 fala em</p><p>“drogas” (Portaria 344 da Anvisa) e o artigo 243 fala em “produtos que causem dependência</p><p>física ou psíquica”, não deixa de ser uma droga – só aplica o art. 243 se esse produto não</p><p>estiver relacionado na Portaria 344/98 da ANVISA, se estiver relacionado na portaria como</p><p>droga será o artigo 33. Pode-se exemplificar com a “cola de sapateiro”.</p><p>CUIDADO! CRIME COM MUITOS VERBOS</p><p>É um crime plurinuclear, de ação múltipla– praticado mais de um núcleo dentro de</p><p>um mesmo contexto fático, o crime continua único; se não houver o mesmo</p><p>contexto fático há pluralidade de crimes.</p><p>Princípio da Alternatividade: como deve ser tratado o fornecimento de drogas para</p><p>alguém, sem a finalidade de lucro, para juntos consumirem?</p><p>Antes (durante a vigência da Lei nº 6.368/76) era considerado tráfico (Art. 12 – o artigo</p><p>é claro, pune o fornecimento gratuito).</p><p>Com o advento da nova legislação a situação foi alterada:</p><p>LEI 11.319/08:</p><p>Art. 33, § 3º: crime específico para esse agente – lei nova mais benéfica, retroage para</p><p>os fatos pretéritos. É tráfico, pois está no art. 33.</p><p>Trate-se do tráfico de menor potencial ofensivo. Logo, existe no Brasil o traficante de</p><p>menor potencial ofensivo? Sim.</p><p>2.7 Elemento normativo indicativo da ilicitude</p><p>Conforme o art. 33 Lei 11.343/06:</p><p>Art. 33: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor</p><p>à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,</p><p>ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas (18 núcleos), ainda que</p><p>gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou</p><p>regulamentar:</p><p>Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a</p><p>1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.</p><p>É indispensável que seja demonstrado o elemento normativo indicativo da ilicitude.</p><p>No crime de tráfico de drogas está em o tráfico ser: “sem autorização ou em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar”.</p><p>Em alguns casos existe a autorização.</p><p>2.8 Quantidade de drogas: uso ou tráfico?</p><p>Art. 52: Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia</p><p>judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:</p><p>I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a</p><p>levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou</p><p>do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação</p><p>criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do</p><p>agente.</p><p>2.9 Tráfico</p><p>2.9.1 Consumação</p><p>Consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo. Cabe mencionar que</p><p>alguns núcleos configuram crime permanente. Exemplo: manter em deposito, trazer consigo,</p><p>guardar.</p><p>Tráfico: crime de perigo ou crime de dano? Coloca em risco ou causa lesão ao bem</p><p>jurídico?</p><p>É Crime de Perigo. Abstrato ou concreto?</p><p>Qual a quantidade de</p><p>drogas para a</p><p>caracterização de</p><p>tráfico?</p><p>A quantidade, por si só, não é suficiente para definir se é trafico ou</p><p>uso;</p><p>Precisa de um rol de circunstâncias;</p><p>Art. 52 da Lei 11.343/06.</p><p>Na doutrina prevalece majoritariamente que o crime é de perigo abstrato (perigo</p><p>absolutamente presumido por lei).</p><p>2.9.2 Outras figuras e o tráfico</p><p>Incorre nas mesmas penas do artigo 33 da Lei 11.343/06 quem:</p><p>I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece,</p><p>fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,</p><p>sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-</p><p>prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;</p><p>II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima</p><p>para a preparação de drogas;</p><p>III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,</p><p>administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que</p><p>gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou</p><p>regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.</p><p>IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado</p><p>à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal</p><p>ou regulamentar, a agente policial</p><p>disfarçado, quando presentes elementos probatórios</p><p>razoáveis de conduta criminal preexistente. (pacote anticrime)</p><p>§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:</p><p>Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos)</p><p>dias-multa.</p><p>§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu</p><p>relacionamento, para juntos a consumirem:</p><p>Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a</p><p>1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.</p><p>2.10 Tráfico privilegiado</p><p>A Lei de Drogas prevê, em seu artigo 33, § 4º, a figura do “traficante privilegiado”,</p><p>também chamada de “traficância menor” ou “traficância eventual”:</p><p>Perigo ABSTRATO: o perigo</p><p>é absolutamente presumido</p><p>por lei</p><p>Perigo CONCRETO: o perigo</p><p>deve ser comprovado</p><p>§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser</p><p>reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de</p><p>direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às</p><p>atividades criminosas nem integre organização criminosa.</p><p>Resolução 05/2012: Art. 1º: É suspensa a execução da expressão "vedada a</p><p>conversão em penas restritivas de direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto</p><p>de 2006, declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos</p><p>autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS.</p><p>2.10.1 Natureza hediondo do tráfico privilegiado</p><p>Segundo o STF, o tráfico privilegiado não é mais considerado hediondo.</p><p>A Súmula 512 do STJ está superada e deverá ser cancelada.</p><p>Súmula 512-STJ: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º,</p><p>da Lei n. 11.343/2006.</p><p>Alteração do Pacote Anticrime (lei 13.964/19):</p><p>Art. 112, § 5º, da LEP - Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste</p><p>artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º, do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de</p><p>agosto de 2006.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação</p><p>da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o</p><p>benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006.</p><p>STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016</p><p>(Info 596).</p><p>STF</p><p>1. O § 4º, do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 dispõe que “Nos delitos definidos no caput</p><p>e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,</p><p>vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,</p><p>de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre</p><p>organização criminosa”.</p><p>2. In casu, a minorante especial a que se refere o § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006</p><p>foi corretamente afastada ante a comprovação, por certidão cartorária, de que o</p><p>paciente está indiciado em vários inquéritos e responde a diversas ações penais,</p><p>entendimento que se coaduna com a jurisprudência desta Corte: RHC 94.802, 1ª</p><p>Turma, Rel. Min. MENEZES DE DIREITO, DJe de 20/03/2009; e HC 109.168, 1ª Turma,</p><p>Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de 14/02/2012, entre outros. (...)</p><p>STF. 1ª Turma. HC 108135, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/06/2012.</p><p>Art. 44: Os crimes previstos nos artigos 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são</p><p>inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,</p><p>vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.</p><p>Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a</p><p>qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,</p><p>aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,</p><p>produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar:</p><p>Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a</p><p>2.000 (dois mil) dias-multa.</p><p>*Aplica-se a lei 8.072/90</p><p>Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente</p><p>ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:</p><p>Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200</p><p>(mil e duzentos) dias-multa.</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa</p><p>para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.</p><p>*Não é crime hediondo</p><p>Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,</p><p>caput e § 1o, e 34 desta Lei:</p><p>Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)</p><p>a 4.000 (quatro mil) dias-multa.</p><p>*Aplica-se a lei 8.072/90</p><p>Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação</p><p>destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34</p><p>desta Lei:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700</p><p>(setecentos) dias-multa.</p><p>*Aplica-se a lei 8.072/90</p><p>Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o</p><p>paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal</p><p>ou regulamentar:</p><p>Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a</p><p>200 (duzentos) dias-multa.</p><p>Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria</p><p>profissional a que pertença o agente.</p><p>Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a</p><p>dano potencial a incolumidade de outrem:</p><p>Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo,</p><p>cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena</p><p>privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos)</p><p>dias-multa.</p><p>Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as</p><p>demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos)</p><p>dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de</p><p>passageiros.</p><p>Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a</p><p>dois terços, se:</p><p>I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as</p><p>circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;</p><p>II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de</p><p>missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;</p><p>III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de</p><p>estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades</p><p>estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de</p><p>trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer</p><p>natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social,</p><p>de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;</p><p>IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de</p><p>fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;</p><p>V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito</p><p>Federal;</p><p>VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por</p><p>qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e</p><p>determinação;</p><p>VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.</p><p>CUIDADO COM AS SÚMULAS E O JULGAMENTO ABAIXO:</p><p>Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei</p><p>11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da</p><p>Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico</p><p>interestadual.</p><p>Súmula 607 do STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei</p><p>11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que</p><p>não consumada a transposição de fronteiras.</p><p>2.11 Tráfico em transporte público</p><p>O artigo 40, inciso III da Lei de Drogas prevê como causa de aumento de pena o fato</p><p>de a infração ser cometida em transportes públicos.</p><p>Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro do meio</p><p>de transporte, incidirá essa majorante? NÃO!</p><p>A majorante do artigo 40, inciso II da Lei n° 11.343/2006 somente deve ser aplicada</p><p>nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga em seu interior. É a</p><p>posição majoritária no STF e STJ (REsp 1443214-MS - HC 122258-MS).</p><p>ATENÇÃO: Para ter direito à atenuante no caso do crime de tráfico de drogas, é</p><p>necessário que o réu admita que traficava, não podendo dizer que era mero usuário.</p><p>Súmula 630, STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de</p><p>tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não</p><p>bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.</p><p>2.12 Procedimentos</p><p>Artigo 28 segue o procedimento da Lei nº 9.099/95 – artigo 48, § 1ª da Lei nº</p><p>11.343/2006.</p><p>Condenação prévia por porte de droga para uso próprio não gera reincidência,</p><p>vejamos:</p><p>“No caso, verifico que a redutora não foi aplicada apenas em razão da reincidência e,</p><p>tendo em vista o afastamento dessa agravante, a benesse deve ser reconhecida e</p><p>aplicada na fração máxima de dois terços, sobretudo em razão da não expressiva</p><p>quantidade de droga apreendida (7,2 gramas de crack)”, concluiu o ministro ao</p><p>redimensionar a pena e fixar o regime inicial aberto.</p><p>Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ. HC 453.437.</p><p>2.12.1 Procedimento especial da Lei nº 11.343/06</p><p>Inquérito policial (art. 51)</p><p>indiciado preso 30 dias +</p><p>30 dias- indicado solto 90</p><p>dias + 90 dias</p><p>Remessa ao juiz – art. 54</p><p>– remete ao MP</p><p>MP tem 10 dias para oferecer</p><p>denuncia, podendo arrolar 5</p><p>testemunhas – art. 54, III</p><p>Defesa preliminar – art. 55; (onde</p><p>fala em acusado, deveria ser</p><p>denunciado, ainda não recebeu a</p><p>denuncia para ter acusado); a</p><p>defesa deve arrolar testemunhas,</p><p>no máximo 5, sob pena de</p><p>preclusão</p><p>Autos voltam ao juiz –</p><p>art. 55, § 4º; juiz decide</p><p>em 5 dias</p><p>Juiz recebe a denúncia,</p><p>designa audiência una,</p><p>concentrada – art. 56</p><p>2.12.2 Audiência una</p><p>CUIDADO - HC 127900/AM</p><p>No procedimento da Lei de Drogas, o interrogatório deverá ser realizado no início</p><p>ou no final da instrução?</p><p>• Último julgado do STF tratando de forma específica sobre o tema: decidiu que seria no</p><p>início.</p><p>• Último julgado do STF tratando sobre o CPPM, no qual se mencionou, em obiter dictum,</p><p>o tema na Lei de Drogas: os Ministros afirmaram que o interrogatório deveria ser feito</p><p>apenas ao final da instrução.</p><p>Atenção aos artigos 394 ao 397 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 394, § 4º: As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os</p><p>procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (os</p><p>procedimentos especiais devem aplicar os art. 395 a 398).</p><p>Art. 395: Rejeição da inicial;</p><p>Art. 396: Defesa escrita;</p><p>Art. 397: Possibilidade de Absolvição Sumária;</p><p>1. Interrogatório (um dos únicos procedimentos onde o interrogatório não é o último ato processual)</p><p>2. Testemunhas de acusação: 5</p><p>3. Testemunhas de defesa: 5</p><p>4. Debates</p><p>5. Julgamento</p><p>2.13 Absolvição sumária</p><p>Possibilidade de absolvição sumaria antes da audiência – nos termos do artigo 397 do</p><p>Código de Processo Penal, se for o caso, na Lei de Drogas, o juiz pode absolver sumariamente</p><p>antes de inaugurar a instrução.</p><p>Art. 397: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código,</p><p>o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:</p><p>I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;</p><p>II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo</p><p>inimputabilidade;</p><p>III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou</p><p>IV - extinta a punibilidade do agente.</p><p>2.13.1 Questões pontuais</p><p>2.14 Prazo para destruição de drogas apreendidas</p><p>Em caso de flagrante: 15 dias (art. 50, lei 11.343/06).</p><p>Demais casos: 30 dias (art. 50-A – alterado em 2019 - incineradas).</p><p>Amostras: destruídas as amostras (determinação judicial – de ofício ou a requerimento</p><p>ou representação).</p><p>Redação atual</p><p>Art. 32. As plantações ilícitas serão</p><p>imediatamente destruídas pelo</p><p>delegado de polícia na forma do art.</p><p>50-A, que recolherá quantidade</p><p>suficiente para exame pericial, de</p><p>tudo lavrando auto de levantamento</p><p>das condições encontradas, com a</p><p>delimitação do local, asseguradas</p><p>as medidas necessárias para a</p><p>preservação da prova</p><p>Redação anterior</p><p>Art. 32. As plantações ilícitas serão</p><p>imediatamente destruídas pelas</p><p>autoridades de polícia judiciária, que</p><p>recolherão quantidade suficiente</p><p>para exame pericial, de tudo</p><p>lavrando auto de levantamento das</p><p>condições encontradas, com a</p><p>delimitação do local, asseguradas</p><p>as medidas necessárias para a</p><p>preservação da prova.</p><p>11) (QUESTÃO 3 - XXIX EXAME)</p><p>Em patrulhamento de rotina, policiais militares receberam uma informação não identificada de</p><p>que Wesley, que estava parado em frente à padaria naquele momento, estaria envolvido com</p><p>o tráfico de drogas da localidade.</p><p>Diante disso, os policiais identificaram e realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em</p><p>um primeiro momento, encontrado qualquer material ilícito com ele. Diante da notícia recebida</p><p>momentos antes da abordagem, porém, e considerando que o crime de associação para o</p><p>tráfico seria de natureza permanente, os policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem</p><p>autorização, passaram a ter acesso às fotografias e conversas no WhatsApp, sendo verificado</p><p>que existiam fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de fogo, bem como</p><p>conversas sobre compra e venda de material entorpecente.</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>Entendendo pela existência de flagrante em relação ao crime permanente de associação para</p><p>o tráfico, Wesley foi encaminhado para a Delegacia, sendo lavrado auto de prisão em</p><p>flagrante. Após liberdade concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado como</p><p>incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06. No curso da instrução, foram acostadas</p><p>imagens das conversas de Wesley via aplicativo a que os agentes da lei tiveram acesso, assim</p><p>como das fotografias. Os policiais foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram</p><p>as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao silêncio.</p><p>Com base nas fotografias acostadas, o juiz competente julgou a pretensão punitiva do estado</p><p>procedente, aplicando a pena mínima de 03 anos de reclusão, além de multa, e fixando o</p><p>regime inicial fechado, já que o crime imputado seria equiparado a hediondo. Ainda assim,</p><p>substituiu a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.</p><p>Considerando as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de</p><p>Wesley, intimado(a) para apresentação de recurso de apelação.</p><p>A) Existe argumento a ser apresentado para questionar as provas utilizadas pelo magistrado</p><p>como fundamento para condenação? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Mantida a condenação, qual o argumento a ser apresentado para questionar a sanção</p><p>penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60).</p><p>12) (QUESTÃO 1 - XXVI EXAME)</p><p>Insatisfeito com a atividade do tráfico em determinado condomínio de residências, em especial</p><p>em razão da venda de drogas de relevante valor, o juiz da comarca autorizou, após</p><p>requerimento do Ministério Público, a realização de busca e apreensão em todas as centenas</p><p>de residências do condomínio, sem indicar o endereço de cada uma delas, apesar de estas</p><p>serem separadas e identificadas, sob o argumento da existência de informações de que, no</p><p>interior desse condomínio, haveria comercialização de drogas e que alguns dos moradores</p><p>estariam envolvidos na conduta.</p><p>Com base nesse mandado, a Polícia Civil ingressou na residência de Gabriel, 22 anos, sendo</p><p>apreendidos, no interior de seu imóvel, 15 g de maconha, que, de acordo com Gabriel, seriam</p><p>destinados a uso próprio. Após denúncia pela prática do crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06,</p><p>em razão de anterior condenação definitiva pela prática do mesmo delito, o que impossibilitaria</p><p>a aplicação de institutos despenalizadores, foi aplicada a Gabriel a sanção de cumprimento</p><p>de 10 meses de prestação de serviços à comunidade.</p><p>Intimado da condenação e insatisfeito, Gabriel procura um advogado para consulta técnica,</p><p>esclarecendo não ter interesse em cumprir a medida aplicada de prestação de serviços à</p><p>comunidade.</p><p>Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Gabriel,</p><p>esclareça os itens a seguir.</p><p>A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso para</p><p>questionar a apreensão das drogas na residência de Gabriel? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>B) Em caso de descumprimento, por Gabriel, da medida de prestação de serviços à</p><p>comunidade imposta na sentença condenatória pela prática do crime do Art. 28 da Lei</p><p>nº 11.343/06, poderá esta ser convertida em pena privativa de liberdade? Justifique.</p><p>(Valor: 0,65)</p><p>Lei Maria da Penha</p><p>Prof. Me. Mauro Stürmer</p><p>@prof.maurosturmer</p><p>3.1. Histórico</p><p>Até 1990 temos uma proteção geral: Código Penal.</p><p>Após 1990 temos proteções especializadas:</p><p>• Lei 8.069/90 – ECA</p><p>• Lei 8.072/90 – LCH</p><p>• Lei 8.078/90 – CDC</p><p>• Lei 9.099/95 – Violência de Menor Potencial Ofensivo</p><p>• Lei 9.455/97 – Tortura</p><p>• Estatuto de Idoso</p><p>Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a</p><p>Mulheres – ONU – 1979 (vigor em 1981).</p><p>• Brasil – Decreto nº 4.377 de 13 setembro de 2002.</p><p>• Art. 226, § 8º, da CF/88: O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de</p><p>cada um que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas</p><p>relações.</p><p>• Ações Afirmativas;</p><p>• Caso Maria da Penha Maia Fernandes;</p><p>• Comissão Interamericana de Direitos Humanos.</p><p>3.2 Finalidade da Lei 11.340/06</p><p>Conforme o art. 1º da lei 11.340/06:</p><p>Art. 1º: Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção</p><p>sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção</p><p>Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros</p><p>tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a</p><p>criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece</p><p>medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e</p><p>familiar.</p><p>• Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher;</p><p>• Prestar assistência a mulher vítima;</p><p>• Proteção para a mulher vítima da violência doméstica e familiar;</p><p>• Criação do Juizado Especial de violência doméstica e familiar contra mulher.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Ela é uma lei multidisciplinar: o ramo que menos é afeito a lei é o Direito Penal;</p><p>Não confundir o Juizado Especial Criminal com o Juizado da Lei Maria da Penha.</p><p>A Lei Maria da Penha, ao proteger somente a mulher, não seria inconstitucional?</p><p>Não. O STF já se manifestou neste sentido. Este foi o argumento do STF: “A Lei</p><p>11.340/06 faz parte do sistema especial de proteção. Ela é uma ação afirmativa em relação</p><p>as mulheres. Elas são hipossuficientes.”</p><p>Qual mulher é protegida?</p><p>Conforme o art. 2º da lei:</p><p>Art. 2º: Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual,</p><p>renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais</p><p>inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades</p><p>para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento</p><p>moral, intelectual e social.</p><p>É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes cometidos no</p><p>âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher?</p><p>Não. Conforme a Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos</p><p>crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações</p><p>domésticas.</p><p>3.3 Requisitos para a aplicação da lei</p><p>1) A vítima necessariamente deve ser mulher. Estamos diante de uma violência de</p><p>gênero. O agente aproveita que a vítima se encontra em situação de vulnerabilidade, quer</p><p>seja física, quer seja econômica, para praticar violência doméstica e familiar.</p><p>2) A violência deve ser praticada em um dos contextos do artigo 5º da Lei nº 11.340/06.</p><p>A violência deve ser cometida no âmbito da unidade doméstica (art. 5º, inciso I, da Lei</p><p>11340/06), na esfera familiar (art. 5º, inciso II, da Lei nº 11.340/06) ou em qualquer relação</p><p>íntima de afeto (art. 5º, inciso III, da Lei nº 11.340/06).</p><p>3) Prática de uma das violências do artigo 7º da Lei nº 11.340/06. Vale dizer, basta a</p><p>presença de uma das formas de violência (violência física, violência psicológica, violência</p><p>sexual, violência patrimonial e violência moral).</p><p>É possível a aplicação da Lei Maria da Penha ao homem?</p><p>Como regra não, mas é possível aplicar algumas medidas protetivas se forem</p><p>vulneráveis (crianças, idosos, deficiente etc.). Exemplo: Lesão Corporal (Art. 129, CP);</p><p>É possível a aplicação da Lei Maria da Penha ao transexual?</p><p>Tema polêmico ainda não analisado pelos Tribunais Superiores. Parte da doutrina</p><p>aceita, mas exige dois requisitos:</p><p>a) alteração do sexo em seu registro de nascimento;</p><p>b) ter sido submetido à intervenção cirúrgica de reversão genital.</p><p>Sujeito ativo:</p><p>Homem: neste caso haverá uma presunção absoluta de vulnerabilidade.</p><p>Mulher: presunção relativa</p><p>a) Mãe contra a filha menor – ok</p><p>b) Irmã de 20 contra irmã de 18 – vai depender do caso concreto.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>STJ decidiu que em um crime contra a honra a competência seria do JECrim - CC</p><p>88.027/MG.</p><p>A empregada doméstica pode ser vítima de violência doméstica e familiar?</p><p>No caso da empregada morar na residência é evidente que pode figurar como vítima</p><p>de violência doméstica contra a mulher, nos termos do artigo 5º, inciso I, da Lei nº 11.340/06.</p><p>Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,</p><p>sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei</p><p>complementar nº 150, de 2015)</p><p>I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio</p><p>permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente</p><p>agregadas;</p><p>3.4 Âmbito familiar</p><p>Súmula 600 do STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no</p><p>artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.</p><p>3.5 Relação íntima de afeto, independentemente de coabitação</p><p>1ª corrente: qualquer relação íntima de afeto abrange qualquer relacionamento estreito</p><p>entre duas pessoas, inclusive o baseado em amizade, confiança, camaradagem. Professores:</p><p>Gabriel Habib e Rogério Sanches Cunha.</p><p>2ª corrente: qualquer relação íntima de afeto deve ser interpretada de forma restritiva</p><p>para abranger somente relacionamentos com caráter sexual ou amoroso. Exemplo:</p><p>Namorada, Amante. Professor: Renato Brasileiro de Lima.</p><p>3.6 Direitos assegurados às mulheres</p><p>Conforme o art. 3º da lei 11.340/06:</p><p>Art. 3º: Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos</p><p>direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia,</p><p>ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à</p><p>dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.</p><p>3.7 Obrigações do Estado na lei</p><p>Conforme o art. 3º, §1º da lei 11.340/06:</p><p>Art. 3º, §1º: O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos</p><p>humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de</p><p>resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,</p><p>crueldade e opressão.</p><p>3.8 Família e sociedade</p><p>Conforme o art. 3º, §2º da lei 11.340/06:</p><p>Art. 3º, §2º: Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições</p><p>necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.</p><p>ATENÇÃO: COMO INTERPRETAR A LEI</p><p>Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina</p><p>e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência</p><p>doméstica e familiar.</p><p>Ou seja, deve ser interpretada em favor da mulher.</p><p>3.9 Conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher</p><p>Conforme o art. 5º da lei 11.340/06:</p><p>Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,</p><p>sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:</p><p>I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio</p><p>permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente</p><p>agregadas;</p><p>II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos</p><p>que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por</p><p>vontade expressa;</p><p>III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido</p><p>com a ofendida, independentemente de coabitação.</p><p>Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de</p><p>orientação sexual. (homoafetivas femininas).</p><p>ATENÇÃO</p><p>A aplicação da Lei Maria da Penha (não incidindo a Lei nº 9.009/95) pressupõe</p><p>violência de gênero.</p><p>• O que é violência de gênero?</p><p>É a chamada violência preconceito, violência discriminação. É aquela que aproveita a</p><p>vulnerabilidade da vítima.</p><p>• Basta agredir mulher (gênero) para fazer incidir a Lei Maria da Penha?</p><p>Não. Esta agressão tem que ser baseada no gênero. Exemplo: traficante que ameaça</p><p>sua ex-mulher que o denunciou.</p><p>• Estará sujeito a Lei Maria da Penha?</p><p>Não.</p><p>3.10 Situações e lugares da violência</p><p>Com base nos incisos do art. 5º da lei 11.340/06:</p><p>Inciso I: ambiente caseiro, sem a necessidade de haver relação de parentesco.</p><p>Exemplo: empregada doméstica;</p><p>Inciso II: no âmbito da família, em que se pressupõe relação de parentesco, inclusive</p><p>com a sogra. Dispensa a coabitação. Por exemplo, o padrasto que agride a enteada. Decisão</p><p>no TJ/RS no sentido de que sim (se consideram aparentado).</p><p>Inciso III: qualquer relação de afeto.</p><p>Abrange namorados, amantes?</p><p>Sim, desde que presente a violência de gênero (decisão do STJ).</p><p>Lembrar: “Art. 5º, parágrafo único da Lei 11.340/06: As relações pessoais enunciadas neste</p><p>artigo independem de orientação sexual. “</p><p>3.11 Direitos humanos</p><p>Conforme o art. 6º da lei 11.340/06: A violência doméstica e familiar contra a mulher</p><p>constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.</p><p>3.12 Formas de violência domésticas e familiares</p><p>Conforme o art. 7º da lei 11.340/06, são formas de violência doméstica e familiar contra</p><p>a mulher, entre outras:</p><p>I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou</p><p>saúde corporal;</p><p>II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano</p><p>emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno</p><p>desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,</p><p>crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,</p><p>isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação</p><p>de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou</p><p>qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;</p><p>III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar,</p><p>a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação,</p><p>ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer</p><p>modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que</p><p>a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,</p><p>chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus</p><p>direitos sexuais e reprodutivos;</p><p>IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,</p><p>subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,</p><p>documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os</p><p>destinados a satisfazer suas necessidades;</p><p>V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,</p><p>difamação ou injúria.</p><p>3.12.1 Fato não criminoso (atípico) como forma de violência contra a mulher</p><p>A violência pode ser:</p><p>• Crime</p><p>• Contravenção penal</p><p>• Fato atípico</p><p>• Proibição de uso de contraceptivo</p><p>• Adultério (violência psicológica)</p><p>Assim é possível que haja um pedido de afastamento do lar com base em um adultério.</p><p>3.13 Das medidas integradas de prevenção: quem participa?</p><p>Conforme o arts. 8º e 9º da lei 11.340/06:</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>Art. 8º: A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher</p><p>far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:</p><p>I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria</p><p>Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação,</p><p>trabalho e habitação;</p><p>II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes,</p><p>com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às</p><p>consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para</p><p>a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica</p><p>dos resultados das medidas adotadas;</p><p>III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa</p><p>e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a</p><p>violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no</p><p>inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;</p><p>IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em</p><p>particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;</p><p>V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência</p><p>doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em</p><p>geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das</p><p>mulheres;</p><p>VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de</p><p>promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-</p><p>governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da</p><p>violência doméstica e familiar contra a mulher;</p><p>VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do</p><p>Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas</p><p>enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;</p><p>VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de</p><p>irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de</p><p>raça ou etnia;</p><p>IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os</p><p>conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e</p><p>ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar</p><p>será</p><p>prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei</p><p>Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de</p><p>Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e</p><p>emergencialmente quando for o caso.</p><p>§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência</p><p>doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal,</p><p>estadual e municipal.</p><p>§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para</p><p>preservar sua integridade física e psicológica:</p><p>I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração</p><p>direta ou indireta;</p><p>II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de</p><p>trabalho, por até seis meses.</p><p>III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual</p><p>ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou</p><p>de dissolução de união estável perante o juízo competente.</p><p>§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar</p><p>compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e</p><p>tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das</p><p>Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência</p><p>Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos</p><p>de violência sexual.</p><p>§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou</p><p>psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os</p><p>danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com</p><p>a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total</p><p>tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os</p><p>recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas</p><p>unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019)</p><p>§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e</p><p>disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar</p><p>amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide</p><p>Lei nº 13.871, de 2019)</p><p>§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus</p><p>de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar</p><p>atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº</p><p>13.871, de 2019)</p><p>§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para</p><p>matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu</p><p>domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos</p><p>documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de</p><p>violência doméstica e familiar em curso.</p><p>§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou</p><p>transferidos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será</p><p>reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público.</p><p>3.14 Do atendimento pela autoridade policial</p><p>Conforme o arts. 10 e 11 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra</p><p>a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de</p><p>imediato, as providências legais cabíveis.</p><p>Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de</p><p>medida protetiva de urgência deferida.</p><p>Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o</p><p>atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores -</p><p>preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.</p><p>§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de</p><p>testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,</p><p>obedecerá às seguintes diretrizes:</p><p>I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a</p><p>sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;</p><p>II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência</p><p>doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados</p><p>ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;</p><p>III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo</p><p>fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a</p><p>vida privada.</p><p>§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de</p><p>testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte</p><p>procedimento:</p><p>I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual</p><p>conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de</p><p>violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência</p><p>sofrida;</p><p>II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em</p><p>violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;</p><p>III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a</p><p>degravação e a mídia integrar o inquérito.</p><p>Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a</p><p>autoridade policial deverá, entre outras providências:</p><p>I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério</p><p>Público e ao Poder Judiciário;</p><p>II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;</p><p>III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local</p><p>seguro, quando houver risco de vida;</p><p>IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences</p><p>do local da ocorrência ou do domicílio familiar;</p><p>V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.</p><p>V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis,</p><p>inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo</p><p>competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou</p><p>de dissolução de união estável.</p><p>3.14.1 Prioridade no ECDL</p><p>Conforme o art. 158 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de</p><p>corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.</p><p>Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando</p><p>se tratar de crime que envolva:</p><p>I - violência doméstica e familiar contra mulher;</p><p>II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.</p><p>Conforme o art. 12 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o</p><p>registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes</p><p>procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:</p><p>I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo,</p><p>se apresentada;</p><p>II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas</p><p>circunstâncias;</p><p>III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com</p><p>o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;</p><p>IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar</p><p>outros exames periciais necessários;</p><p>V - ouvir o agressor e as testemunhas;</p><p>VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de</p><p>antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de</p><p>outras ocorrências</p><p>policiais contra ele;</p><p>VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e,</p><p>na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a</p><p>ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do</p><p>porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do</p><p>Desarmamento);</p><p>VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério</p><p>Público.</p><p>§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:</p><p>I - qualificação da ofendida e do agressor;</p><p>II - nome e idade dos dependentes;</p><p>III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.</p><p>IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da</p><p>violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)</p><p>§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de</p><p>ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.</p><p>§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos</p><p>fornecidos por hospitais e postos de saúde.</p><p>CUIDADO:</p><p>Não está dispensado o ECDL no caso de infração de deixar vestígio (Art. 158 do</p><p>CPP).</p><p>Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de</p><p>atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade,</p><p>no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à</p><p>Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas</p><p>para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.</p><p>Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade</p><p>física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de</p><p>seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local</p><p>de convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, julho de 2021)</p><p>I - pela autoridade judicial;</p><p>II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou</p><p>III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado</p><p>disponível no momento da denúncia.</p><p>§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no</p><p>prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a</p><p>manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério</p><p>Público concomitantemente.</p><p>§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida</p><p>protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.</p><p>Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais</p><p>decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão</p><p>as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica</p><p>relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido</p><p>nesta Lei.</p><p>3.15 Organização judiciária na Lei Maria da Penha</p><p>Conforme o art. 14 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da</p><p>Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no</p><p>Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a</p><p>execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher.</p><p>Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno,</p><p>conforme dispuserem as normas de organização judiciária.</p><p>Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de</p><p>união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.</p><p>§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra</p><p>a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens.</p><p>§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação</p><p>de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde</p><p>estiver.</p><p>ATENÇÃO</p><p>Segundo o STJ, é possível que a primeira fase do Tribunal do Júri seja realizada</p><p>pelo Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, desde que exista</p><p>essa previsão na Lei de Organização Judiciária local.</p><p>Qual é o órgão jurisdicional competente para processar e julgar um crime</p><p>praticado a bordo de navio e aeronave no contexto da violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher?</p><p>A Justiça Federal será o órgão jurisdicional competente para processar e julgar um</p><p>crime cometido a bordo de navio e aeronave, conforme dispõe o artigo 109, inciso IX, da</p><p>Constituição Federal/88, ainda que esse crime tenha sido praticado no âmbito da violência</p><p>doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>Art. 15: É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por</p><p>esta Lei, o Juizado:</p><p>I - do seu domicílio ou de sua residência;</p><p>II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;</p><p>III - do domicílio do agressor.</p><p>Art. 16: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que</p><p>trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência</p><p>especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e</p><p>ouvido o Ministério Público.</p><p>ADI 4.424 – Incondicionada para as Lesões Leves ou Culposa.</p><p>Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de</p><p>violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.</p><p>Crime de ameaça na esfera da violência doméstica e familiar contra a mulher vale a</p><p>regra geral do Código Penal, ou seja, são delitos de ação penal pública condicionada à</p><p>representação.</p><p>Art. 17: “É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição</p><p>de pena que implique o pagamento isolado de multa.”</p><p>Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com</p><p>violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena</p><p>privativa de liberdade por restritivas de direitos.</p><p>3.16 Medidas protetivas de urgência</p><p>Conforme os arts. 18 e 19 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de</p><p>48 (quarenta e oito) horas:</p><p>I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de</p><p>urgência;</p><p>II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária,</p><p>quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de</p><p>divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo</p><p>competente;</p><p>III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.</p><p>IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.</p><p>Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a</p><p>requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.</p><p>§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato,</p><p>independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público,</p><p>devendo este ser prontamente comunicado.</p><p>§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e</p><p>poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que</p><p>os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.</p><p>§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida,</p><p>conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se</p><p>entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,</p><p>ouvido o Ministério Público.</p><p>É possível aplicar medidas</p><p>protetivas para proteger pessoa do sexo masculino?</p><p>Com o advento da Lei nº 12.403/11, essas medidas protetivas também passaram a ser</p><p>concedidas às vítimas do sexo masculino, com base no previsto no artigo 313, inciso III, do</p><p>Código de Processo Penal, in verbis:</p><p>Art. 313, CPP: Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a prisão preventiva:</p><p>III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,</p><p>adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das</p><p>medidas protetivas de urgência.</p><p>ANOTE ESTE ARTIGO!</p><p>Art. 20: Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão</p><p>preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério</p><p>Público ou mediante representação da autoridade policial.</p><p>Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,</p><p>verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se</p><p>sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>3.17 Prisão preventiva de ofício pelo juiz</p><p>Importante mudança:</p><p>• A Lei 12.403/11 proibiu a decretação da preventiva na fase de inquérito.</p><p>• A nova lei alterou o artigo 311 do Código de Processo Penal e proibiu o juiz de decretar</p><p>a preventiva na fase do Inquérito Policial.</p><p>• O Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) proibiu a preventiva de ofício em qualquer</p><p>momento.</p><p>Como fica a preventiva na Lei Maria da Penha?</p><p>1ª corrente: Tratando-se de norma especial o artigo 20 da Lei Maria da Penha não foi</p><p>abrangido pela novel legislação.</p><p>2ª corrente: considerando que o “espírito” da nova lei foi o de proibir o juiz inquisidor a</p><p>proibição da preventiva de ofício alcança a Lei Maria da Penha.</p><p>Qual prevalece?</p><p>Não é possível a decretação da preventiva de ofício pelo magistrado (seja na fase do</p><p>Inquérito Policial, seja na fase do processo).</p><p>3.17.1 Notificação da ofendida</p><p>Conforme o art. 21 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor,</p><p>especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da</p><p>intimação do advogado constituído ou do defensor público.</p><p>Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.</p><p>3.17.2 Das medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor</p><p>Conforme o art. 22 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos</p><p>termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou</p><p>separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:</p><p>I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão</p><p>competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;</p><p>II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;</p><p>III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:</p><p>a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite</p><p>mínimo de distância entre estes e o agressor;</p><p>b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de</p><p>comunicação;</p><p>c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e</p><p>psicológica da ofendida;</p><p>IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de</p><p>atendimento multidisciplinar ou serviço similar;</p><p>V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.</p><p>VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e</p><p>VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual</p><p>e/ou em grupo de apoio.</p><p>§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na</p><p>legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o</p><p>exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.</p><p>§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições</p><p>mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de</p><p>2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas</p><p>protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando</p><p>o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação</p><p>judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência,</p><p>conforme o caso.</p><p>§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz</p><p>requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.</p><p>§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput</p><p>e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de</p><p>Processo Civil).</p><p>3.17.3 Das medidas protetivas de urgência à ofendida</p><p>Conforme os arts. 23 e 24 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:</p><p>I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de</p><p>proteção ou de atendimento;</p><p>II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo</p><p>domicílio, após afastamento do agressor;</p><p>III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a</p><p>bens, guarda dos filhos e alimentos;</p><p>IV - determinar a separação de corpos.</p><p>V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação</p><p>básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição,</p><p>independentemente da existência de vaga.</p><p>Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de</p><p>propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes</p><p>medidas, entre outras:</p><p>I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;</p><p>II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e</p><p>locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;</p><p>III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;</p><p>IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos</p><p>materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.</p><p>Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos</p><p>incisos II e III deste artigo.</p><p>3.18 Do crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência</p><p>Conforme o art. 24-A da lei 11.340/06:</p><p>Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência</p><p>previstas nesta Lei:</p><p>Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.</p><p>§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que</p><p>deferiu as medidas.</p><p>§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder</p><p>fiança.</p><p>§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.</p><p>3.18.1 Ministério Público – custus legis</p><p>Conforme os arts. 25 e 26 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e</p><p>criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de</p><p>violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:</p><p>I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência</p><p>social e de segurança, entre outros;</p><p>II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em</p><p>situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas</p><p>administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades</p><p>constatadas;</p><p>III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>3.18.2 Assistência judiciária</p><p>Conforme os arts. 27 e 28 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 27: Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em</p><p>situação de</p><p>violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o</p><p>previsto no art. 19 desta Lei.</p><p>Art. 28: É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o</p><p>acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos</p><p>termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e</p><p>humanizado.</p><p>Art. 19: As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a</p><p>requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.</p><p>3.18.3 Da equipe de atendimento multidisciplinar</p><p>Conforme os arts. 29 a 31 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 29: Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a</p><p>ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser</p><p>integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.</p><p>Art. 30: Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que</p><p>lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao</p><p>Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em</p><p>audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e</p><p>outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial</p><p>atenção às crianças e aos adolescentes.</p><p>Art. 31: Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz</p><p>poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação</p><p>da equipe de atendimento multidisciplinar.</p><p>3.18.4 Orçamento do judiciário</p><p>Conforme o art. 32 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 32: O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá</p><p>prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento</p><p>multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.</p><p>3.18.5 Competências</p><p>Conforme o art. 33 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 33: Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar</p><p>contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para</p><p>conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela</p><p>legislação processual pertinente.</p><p>Parágrafo único: Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o</p><p>processo e o julgamento das causas referidas no caput.</p><p>3.18.6 Registros das medidas protetivas aplicadas</p><p>Conforme o art. 38-A da lei 11.340/06:</p><p>Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência.</p><p>Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de</p><p>dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso</p><p>do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de</p><p>assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.</p><p>3.19 Juizado Especial Criminal e a Lei Maria da Penha</p><p>Conforme o art. 41 da lei 11.340/06:</p><p>Art. 41: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,</p><p>independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro</p><p>de 1995.</p><p>• Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se</p><p>aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.</p><p>• Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de</p><p>violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.</p><p>• Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com</p><p>violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena</p><p>privativa de liberdade por restritiva de direitos.</p><p>• Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou</p><p>contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.</p><p>3.20 Acordo de não persecução penal (ANPP)</p><p>Conforme o art. 28-A DO Código de Processo Penal:</p><p>Art. 28-A, § 2º, CPP: O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes</p><p>hipóteses:</p><p>I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,</p><p>nos termos da lei;</p><p>II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem</p><p>conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as</p><p>infrações penais pretéritas;</p><p>III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da</p><p>infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão</p><p>condicional do processo; e</p><p>IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar (qualquer</p><p>que seja o sexo/gênero da vítima), ou praticados contra a mulher por razões da</p><p>condição de sexo feminino, em favor do agressor.</p><p>13) (QUESTÃO 2 - XXVII EXAME)</p><p>Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que</p><p>ele chega do trabalho residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte</p><p>à Glória, que, de imediato comparece à Delegacia, narra os fatos, oferece representação e</p><p>solicita medidas protetivas de urgência. Encaminhados os autos para o Ministério Público,</p><p>este requer em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, bem como a</p><p>prisão preventiva de Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do CPP. O juiz acolhe os pedidos</p><p>do Ministério Público e Jorge é preso. Novamente os autos são encaminhados para o</p><p>Ministério Público, que oferece denúncia pela prática do crime do Art. 147 do Código Penal.</p><p>Antes do recebimento da inicial acusatória, arrependida, Glória retorna à Delegacia e</p><p>manifesta seu interesse em não mais prosseguir com o feito.</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>A família de Jorge o procura em busca de orientação, esclarecendo que o autor é primário e</p><p>de bons antecedentes.</p><p>Considerando apenas a situação narrada, na condição de advogado(a) de Jorge,</p><p>esclareça os seguintes questionamentos formulados pelos familiares:</p><p>A) A prisão de Jorge, com fundamento no Art. 313, inciso III, do Código de Processo</p><p>Penal, é válida? (Valor: 0,60)</p><p>B) É possível a retratação do direito de representação por parte de Glória? Em caso</p><p>negativo, explicite as razões; em caso positivo, esclareça os requisitos. (Valor: 0,65).</p><p>14) (QUESTÃO 4 - IV EXAME)</p><p>João e Maria, casados desde 2007, estavam passando por uma intensa crise conjugal. João,</p><p>visando tornar insuportável a vida em comum, começou a praticar atos para causar dano</p><p>emocional a Maria, no intuito de ter uma partilha mais favorável. Para tanto, passou a realizar</p><p>procedimentos de manipulação, de humilhação e de ridicularização de sua esposa. Diante</p><p>disso, Maria procurou as autoridades policiais e registrou ocorrência em face dos transtornos</p><p>causados por seu marido. Passados alguns meses, Maria e João chegam a um entendimento</p><p>e percebem que foram feitos um para o outro, como um casal perfeito. Maria decidiu, então,</p><p>renunciar à representação.</p><p>Nesse sentido e com base na legislação pátria, responda fundamentadamente:</p><p>A) Pode haver renúncia (retratação) à representação durante a fase policial, antes de o</p><p>procedimento ser levado a juízo? (Valor: 0,65)</p><p>B) Pode haver aplicação de pena consistente em prestação pecuniária? (Valor: 0,60)</p><p>Estatuto do desarmamento</p><p>Prof. Me. Mauro Stürmer</p><p>@prof.maurosturmer</p><p>4.1 Bem jurídico tutelado no estatuto desarmamento</p><p>Segurança pública (coletiva) e a incolumidade pública, que são interesses da</p><p>coletividade, ou seja, de todo o meio social. Por essa razão, o sujeito passivo desses crimes</p><p>sempre é o Estado, a coletividade, ou seja, é um crime vago.</p><p>Os delitos do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato (para o STF e STJ isso</p><p>é constitucional), quer dizer, para a sua configuração não necessitam demonstrar a existência</p><p>de um perigo no caso concreto.</p><p>4.2 Do registro</p><p>Conforme o arts. 3º e 4º da lei</p><p>10.826/03:</p><p>Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.</p><p>Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do</p><p>Exército, na forma do regulamento desta Lei.</p><p>Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de</p><p>declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:</p><p>I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de</p><p>antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e</p><p>de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser</p><p>fornecidas por meios eletrônicos;</p><p>II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência</p><p>certa;</p><p>III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio</p><p>de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.</p><p>As armas de fogo de uso permitido devem ser registradas no SINARM (Sistema</p><p>Nacional de Armas), ao passo que as armas de fogo de uso restrito devem ser registradas no</p><p>SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar das Armas).</p><p>Art. 4º, § 1º: O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos</p><p>os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada,</p><p>sendo intransferível esta autorização.</p><p>Posso comprar munição de calibre diverso da arma que tenho registrada?</p><p>Art. 4º, § 2º: A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre</p><p>correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.</p><p>É possível o comércio de armas de fogo entre particulares?</p><p>Art. 4º, § 5º: A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas</p><p>físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm.</p><p>§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1o será concedida, ou recusada</p><p>com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do</p><p>requerimento do interessado.</p><p>Para que serve o registro?</p><p>Art. 5º: O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território</p><p>nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior</p><p>de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de</p><p>trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou</p><p>empresa.</p><p>§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será</p><p>precedido de autorização do Sinarm.</p><p>§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4º deverão ser comprovados</p><p>periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do</p><p>estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de</p><p>Arma de Fogo.</p><p>Dessa forma, para possuir arma de fogo, o cidadão brasileiro deve cumprir os</p><p>seguintes requisitos cumulativos:</p><p>a) ter, no mínimo, 25 anos de idade (decreto);</p><p>b) declarar a efetiva necessidade, apresentando os fatos e as razões do pedido (art. 4º, caput,</p><p>da lei 10.826/03);</p><p>c) comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo judicial. a</p><p>comprovação nesse se dá́ mediante certidões negativas de antecedentes criminais (art. 4º, I,</p><p>da lei 10.826/03);</p><p>d) comprovar ocupação lícita e residência certa (art. 4º, II, da lei 10.826/03);</p><p>e) comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo (art.</p><p>4º, III, da lei 10.826/03).</p><p>OBSERVAÇÃO: A pessoa que já está autorizada a portar arma de fogo não precisa comprovar</p><p>esse requisito para a aquisição da arma de fogo.</p><p>4.3 Do porte</p><p>Conforme o art. 6º da lei 10.826/03:</p><p>Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os</p><p>casos previstos em legislação própria e para:</p><p>I – os integrantes das Forças Armadas;</p><p>II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da</p><p>Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP)</p><p>III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios</p><p>com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no</p><p>regulamento desta Lei; (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) (Vide ADC 38)</p><p>IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000</p><p>(cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948)</p><p>(Vide ADC 38)</p><p>V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do</p><p>Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência</p><p>da República; (Vide Decreto nº 9.685, de 2019)</p><p>VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da</p><p>Constituição Federal;</p><p>VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes</p><p>das escoltas de presos e as guardas portuárias;</p><p>VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos</p><p>termos desta Lei;</p><p>IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas</p><p>atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento</p><p>desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental.</p><p>X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-</p><p>Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.</p><p>XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os</p><p>Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus</p><p>quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na</p><p>forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo</p><p>Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.</p><p>§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito</p><p>de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva</p><p>corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta</p><p>Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.</p><p>§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar</p><p>arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou</p><p>instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam:</p><p>I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;</p><p>II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e</p><p>III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.</p><p>§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições</p><p>descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à</p><p>comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4º desta Lei nas</p><p>condições estabelecidas no regulamento desta Lei.</p><p>§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está</p><p>condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino</p><p>de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno,</p><p>nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do</p><p>Ministério da Justiça.</p><p>4.3.1 Porte rural</p><p>§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que</p><p>comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência</p><p>alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na</p><p>categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples,</p><p>com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis),</p><p>desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual</p><p>deverão ser anexados os seguintes documentos:</p><p>I - documento</p><p>Acordo de não persecução penal (ANPP) ............................................................... 73</p><p>ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................................................... 76</p><p>4.1 Bem jurídico tutelado no estatuto desarmamento ..................................................... 76</p><p>4.2 Do registro ................................................................................................................. 76</p><p>4.3 Do porte ..................................................................................................................... 78</p><p>4.4 Dos crimes ................................................................................................................. 81</p><p>PRISÃO PROCESSUAL ................................................................................................. 93</p><p>5.1 Introdução .................................................................................................................. 93</p><p>5.2 Prisão em Flagrante .................................................................................................. 94</p><p>5.3 Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante................................................ 109</p><p>5.4 Liberdade provisória ................................................................................................ 114</p><p>5.5 Prisão preventiva ..................................................................................................... 123</p><p>5.6 Prisão temporária .................................................................................................... 142</p><p>PADRÃO DE RESPOSTAS .......................................................................................... 152</p><p>Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do seu curso preparatório para a 2ª</p><p>Fase do XXXIV Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,</p><p>recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.</p><p>Bons estudos, Equipe Ceisc.</p><p>Atualizado em fevereiro de 2022.</p><p>Competência</p><p>Prof. Me. Mauro Stürmer</p><p>@prof.maurosturmer</p><p>1.1 Jurisdição</p><p>Conceito: Poder atribuído, com exclusividade ao Judiciário, para decidir um</p><p>determinado litígio segundo as regras legais existentes.</p><p>É o poder das autoridades judiciárias, regularmente investidas no cargo, para, diante</p><p>do caso concreto, “dizer o direito”.</p><p>Juris - dição: dizer o direito.</p><p>Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente</p><p>exercer.</p><p>SE LIGA:</p><p>Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma</p><p>limitação daquela.</p><p>Mecanismo de solução dos conflitos:</p><p>• Autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. A</p><p>autotutela é vedada, salvo em hipóteses excepcionais, como a legítima defesa, estado de</p><p>necessidade e prisão em flagrante;</p><p>• Autocomposição: caracteriza-se pela busca do consenso dos conflitantes.</p><p>Doutrinadores antigos não admitem isso no processo penal.</p><p>Hoje não há como negar que a autocomposição é o objetivo dos Juizados Especiais,</p><p>conforme menciona o artigo 98, inciso I, da Constituição Federal/88 que trata da</p><p>autocomposição por meio da transação penal, nos casos de infrações de menor potencial</p><p>ofensivo (Art. 61 da Lei 9.099/95).</p><p>a) Princípio do juiz natural</p><p>Art. 5º da Constituição Federal:</p><p>[...]</p><p>XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;</p><p>[...]</p><p>LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente</p><p>b) Lei processual que altera as regras de competência</p><p>Art. 2º do Código de Processo Penal: A lei processual penal aplicar-se-á desde</p><p>logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.</p><p>c) Características da jurisdição</p><p>• Substitutividade: a Jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em</p><p>substituição as partes;</p><p>• Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciário deve</p><p>ser provocado;</p><p>Exceção: Concessão de Habeas Corpus de ofício.</p><p>• Coisa Julgada: impossibilidade de decisão judicial se revista por órgão estranho ao</p><p>poder judiciário.</p><p>1.2 Competência</p><p>Conceito: Competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa os limites dentro</p><p>dos quais o juiz pode prestar jurisdição).</p><p>Competência é a medida e o limite de jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional</p><p>poderá dizer o direito.</p><p>A jurisdição é una, é única, é uma só. No entanto, não pode se imaginar um único juiz</p><p>exercendo a jurisdição, então, divide-se em competências para cada juiz.</p><p>1.2.1 Espécies de competência</p><p>A doutrina tradicional distribui a competência considerando os seguintes aspectos</p><p>diferentes:</p><p>a) ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado.</p><p>b) ratione personae: em razão da qualidade das pessoas acusadas.</p><p>c) ratione loci (art. 69, incisos I e II, CPP): em razão do local.</p><p>d) competência absoluta e competência relativa.</p><p>1.2.2 Critérios de fixação da competência:</p><p>Não sendo hipótese de foro por prerrogativa da função, deve-se estabelecer critério</p><p>para fixação da competência. Nesse particular, necessário seguir os seguintes passos de</p><p>forma articulada:</p><p>1º) Identificar qual a Justiça Competente.</p><p>2º) Identificar o foro competente.</p><p>3º) Identificar o Juízo competente.</p><p>Competência ABSOLUTA</p><p>Regra de competência criada com base no</p><p>interesse público</p><p>A regra de competência absoluta não pode</p><p>ser modificada, ou seja, cuida-se de</p><p>competência improrrogável ou imodificável.</p><p>Pode ser reconhecida ex officio pelo</p><p>magistrado, enquanto não esgotada sua</p><p>jurisdição pela prolação da sentença.</p><p>Exemplos: ratione materiae, ratione personae</p><p>e competência funcional.</p><p>Competência RELATIVA</p><p>Regra de competência criada com base no</p><p>interesse preponderantemente das partes.</p><p>A regra de competência relativa pode ser</p><p>modificada, ou seja, cuida-se de</p><p>competência prorrogável ou modificável</p><p>Pode ser reconhecida ex officio pelo</p><p>magistrado, porém somente até o início da</p><p>instrução processual, em virtude da</p><p>adoção do princípio da identidade física do</p><p>juiz (Art. 399, §2º, CPP). Não se aplica ao</p><p>processo penal a Súmula nº 33 do STJ</p><p>Exemplos: ratione loci, competência por</p><p>distribuição, competência por prevenção</p><p>(Súmula 706 do STF), conexão e</p><p>continência.</p><p>GUIA DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA – FERNANDO CAPEZ</p><p>Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função?</p><p>Competência de jurisdição – qual é a justiça competente?</p><p>Competência territorial – qual a comarca competente?</p><p>Competência de juízo – qual a vara competente?</p><p>Competência interna – qual o juiz competente?</p><p>Competência recursal – para onde vai o recurso?</p><p>Em relação à matéria, existe, basicamente, as de competência das Justiças Especiais</p><p>(Justiça Militar e Justiça Eleitoral) e da Justiça Comum (Federal e Estadual).</p><p>Nesse sentido, em primeiro lugar, deve-se verificar se o crime é da Justiça Especial</p><p>Militar; num segundo momento, se não for da competência da Justiça Militar, analisar se é da</p><p>competência da Justiça Eleitoral; para somente ao final, em não sendo da competência de</p><p>nenhuma das justiças especializadas, passar à análise se é da competência da Justiça</p><p>Comum Federal ou Estadual.</p><p>1) (QUESTÃO 3 - XXII EXAME)</p><p>Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada</p><p>contravenção penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de</p><p>entidade autárquica federal, mas a infração penal não veio a se consumar por circunstâncias</p><p>alheias à sua vontade. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público dá início a</p><p>procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com competência para atuar</p><p>no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua</p><p>de identificação pessoal;</p><p>II - comprovante de residência em área rural; e</p><p>III - atestado de bons antecedentes.</p><p>§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo,</p><p>independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por</p><p>porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.</p><p>4.3.2 Guardas Municipais de Regiões Metropolitanas</p><p>§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões</p><p>metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.</p><p>4.3.3 Porte para estrangeiros</p><p>Conforme o art. 9º da lei 10.826/03:</p><p>Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os</p><p>responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil</p><p>e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a</p><p>concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e</p><p>caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro</p><p>realizada no território nacional.</p><p>4.3.4 Porte civil</p><p>Conforme o art. 10 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o</p><p>território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após</p><p>autorização do Sinarm.</p><p>§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária</p><p>e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:</p><p>I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco</p><p>ou de ameaça à sua integridade física;</p><p>II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;</p><p>III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu</p><p>devido registro no órgão competente.</p><p>§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá</p><p>automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado</p><p>de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.</p><p>CUIDADO: POLICIAL APOSENTADO</p><p>O porte de arma de fogo a que tem direito os policiais civis não se estendem aos</p><p>policiais aposentados (Informativo 554 do STJ).</p><p>Perda do porte em caso de embriaguez:</p><p>Aplica-se ao porte civil o §2º do art. 10 da norma:</p><p>§ 2º: A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá</p><p>automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de</p><p>embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.</p><p>4.4 Dos crimes</p><p>4.4.1 Posse irregular de arma de fogo de uso permitido</p><p>Conforme o art. 12 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de</p><p>uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de</p><p>sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que</p><p>seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:</p><p>Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.</p><p>• Sujeito ativo: qualquer pessoa que possuir a arma. Para alguns o crime de posse</p><p>irregular em local de trabalho seria crime próprio, pois só o responsável poderia praticar.</p><p>• Sujeito passivo: estado</p><p>• Objeto material: arma de fogo de uso permitido, acessório (artefato que acoplado a</p><p>arma melhora o seu desempenho) ou munição.</p><p>Trata-se de um crime permanente.</p><p>• Condutas: possuir significa ter a pronta disponibilidade da arma, não é necessário ter</p><p>contato físico (exemplo: se a arma estiver na gaveta do armário é possuir).</p><p>• Elemento espacial do tipo: no interior de sua residência ou dependência desta, ou,</p><p>ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do</p><p>estabelecimento ou empresa.</p><p>Importante saber:</p><p>Arma de chumbinho não é considerada arma de fogo. Logo, o fato é atípico.</p><p>Caso o empregado que não for o representante legal da empresa responderá pelo artigo 14</p><p>(porte) do Estatuto do Desarmamento.</p><p>Caso a perícia constate que a arma é totalmente incapaz de disparar será crime impossível</p><p>(Art. 17, CP). Isso se aplica a todos os crimes do Estatuto que exijam arma.</p><p>Haverá crime se o porte for de uma munição apenas (STJ). O STF já considerou que</p><p>poderá ser aplicado insignificância (a depender do caso concreto. Exemplo: um pingente).</p><p>Arma desmuniciada caracteriza crime.</p><p>Arma desmontada. Haverá crime se ela for facilmente montada (doutrina). O STJ</p><p>entende que haverá crime, pois ela pode ser montada. A legislação proíbe ter arma (seja</p><p>montada ou desmontada). Houve, pelo decreto, uma ampliação da expressão “dependência</p><p>desta” a ponto de abranger toda a propriedade rural.</p><p>Por qual delito responde o taxista/caminhoneiro que, sem ter o certificado de registro,</p><p>porta uma arma no interior de seu taxi/caminhão?</p><p>A conduta fática incontroversa do agente taxista que transporta, no veículo de sua</p><p>propriedade (táxi), arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar, é suficiente para caracterizar o delito de porte ilegal de</p><p>arma de fogo de uso permitido, previsto no artigo 14 da Lei nº 10.826/2003. STF - REsp</p><p>1341025/MG. Entendimento também aplicável ao caminhoneiro.</p><p>CUIDADO COM A ARMA DE REGISTRO VENCIDO</p><p>A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu, no julgamento da Ação Penal</p><p>n. 686/AP, que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não</p><p>caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão</p><p>do artefato e aplicação de multa (APn n. 686/AP, relator Ministro João Otávio de</p><p>Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015).</p><p>4.4.2 Omissão de cautela</p><p>Conforme o art. 13 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18</p><p>(dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo</p><p>que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade (crime culposo).</p><p>Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.</p><p>Sujeito passivo: estado e o menor ou deficiente.</p><p>Conduta: deixar de observar as cautelas necessárias (é quebra do dever de objetivo</p><p>de cuidado).</p><p>E se a omissão for em relação a uma arma branca (faca)?</p><p>Neste caso responde por contravenção penal (art. 19, § 2º, da Lei de Contravenção</p><p>Penal) omissão de cautela de arma branca.</p><p>Configura o delito de omissão de cautela se o agente guarda a arma de fogo no</p><p>armário do quarto totalmente desmuniciada e guarda a munição em outro local?</p><p>A conduta é atípica. Ora, se a arma for guardada desmuniciada, com a munição</p><p>armazenada em local distinto, não há que se falar em omissão de cautela, pois o agente não</p><p>violou o dever de cuidado objetivo. Não há negligência.</p><p>Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor</p><p>responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de</p><p>registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou</p><p>outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua</p><p>guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.</p><p>Condutas: deixar de registrar ocorrência policial e deixar de comunicar a polícia federal</p><p>(a falta de qualquer uma dessas comunicações constitui crime).</p><p>Consumação: A consumação só ocorre depois de 24 horas depois do fato (a doutrina</p><p>lê depois de 24 horas da ciência do fato, porque antes de tomar ciência do fato não tem como</p><p>comunicar).</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Crime do artigo 13, lei 10.826/03:</p><p>caput: crime culposo</p><p>Parágrafo único: crime doloso</p><p>4.4.3 Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido</p><p>Conforme o art. 14 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,</p><p>ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou</p><p>ocultar</p><p>arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em</p><p>desacordo com determinação legal ou regulamentar:</p><p>Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.</p><p>Haverá o crime do artigo 14 do Estatuto do Desarmamento se a arma de fogo</p><p>estiver desmuniciada?</p><p>Os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que é típica a conduta</p><p>de portar arma de fogo desmuniciada, em razão do delito de porte ilegal de arma ser crime de</p><p>perigo abstrato ou presumido, bastando, portanto, o mero porte de arma para a sua</p><p>consumação, independentemente de qualquer resultado anterior.</p><p>Haverá o crime do artigo 14 do Estatuto do Desarmamento se o porte for de</p><p>munição?</p><p>A resposta é afirmativa (o raciocínio é o mesmo para o porte ilegal de arma</p><p>desmuniciada), pois estamos diante de um crime de perigo abstrato.</p><p>Como regra a não se aplica o princípio da insignificância, sendo irrelevante inquirir a</p><p>quantidade de munição apreendida em poder do agente (STJ). O STF já decidiu que no</p><p>caso concreto seria possível seu reconhecimento.</p><p>4.4.4 Disparo de arma de fogo</p><p>Conforme o art. 15 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas</p><p>adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha</p><p>como finalidade a prática de outro crime:</p><p>Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.</p><p>O disparo efetuado para o alto configura o delito do artigo 15 do Estatuto do</p><p>Desarmamento?</p><p>Depende. Se o disparo for realizado em via pública ou em sua direção haverá́ o crime</p><p>em apreço. Todavia, se esse disparo for realizado em lugar não habitado (exemplo: lugar</p><p>ermo, floresta, etc.), o fato será atípico.</p><p>O agente responde pelo delito de disparo de arma de fogo (art. 15 do Estatuto do</p><p>Desarmamento) se agir em legítima defesa ou estado de necessidade?</p><p>A resposta é negativa. Não configura o delito, exclui-se a ilicitude. Exemplo: o agente</p><p>efetua o disparo de arma de fogo para impedir o estupro de sua companheira.</p><p>4.4.5 Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito</p><p>Conforme o art. 16 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,</p><p>ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda</p><p>ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em</p><p>desacordo com determinação legal ou regulamentar:</p><p>Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.</p><p>§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo</p><p>de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.</p><p>Sujeito ativo: possuidor ou portador</p><p>Sujeito passivo: Estado</p><p>CUIDADO!</p><p>Com o advento do Pacote Anticrime apenas o porte/posse de arma de uso PROIBIDO</p><p>crime é hediondo e, por consequência, inafiançável. Antes o porte/posse de arma de</p><p>uso RESTRITO também era hediondo (tivemos uma novatio legis in mellius).</p><p>Art. 5, XLIII, da CF/88: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça</p><p>ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o</p><p>terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,</p><p>os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;</p><p>Art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90: Consideram-se também hediondos,</p><p>tentados ou consumados:</p><p>II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art.</p><p>16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;</p><p>III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826,</p><p>de 22 de dezembro de 2003;</p><p>IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no</p><p>art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;</p><p>Art. 16, § 1º, inciso I, da Lei nº 10.826/03: suprimir ou alterar marca, numeração ou</p><p>qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato.</p><p>OBSERVAÇÕES</p><p>Pune quem faz a adulteração</p><p>Objeto material também é o artefato</p><p>Art. 16, § 1º, inciso II, da lei nº 10.826/03: modificar as características de arma de</p><p>fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou</p><p>para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou</p><p>juiz;</p><p>Consumação: Consuma-se com a simples modificação, ainda que a finalidade seja</p><p>alcançada. Incisos do artigo 16, §1º, da Lei nº 10.826/03:</p><p>III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem</p><p>autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;</p><p>IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,</p><p>marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;</p><p>V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,</p><p>munição ou explosivo a criança ou adolescente; e</p><p>VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer</p><p>forma, munição ou explosivo.</p><p>Art. 16, p.ú, inciso V, da</p><p>Lei 10.826/03</p><p>Aplica-se para arma de</p><p>fogo (pistola)</p><p>Art. 242, Lei 8.069/90</p><p>ECA</p><p>Continua em vigor</p><p>contra arma branca</p><p>(exemplo: entregar um</p><p>soco inglês)</p><p>MUITA ATENÇÃO</p><p>Haverá o reconhecimento de crime único se a pluralidade de armas envolver uma</p><p>de uso permitido e outra de uso restrito?</p><p>A resposta é negativa, pois diante de tipos penais diversos que atinge bens jurídicos</p><p>diversos não há que se falar em unicidade de crimes. Este é o entendimento do Superior</p><p>Tribunal de Justiça:</p><p>(AgRg no AgRg no REsp 1547489/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA</p><p>TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016).</p><p>AgRg no AgRg no REsp 1547489/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA</p><p>TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016).</p><p>Tem-se reconhecido a existência de crime único quando são apreendidos, no mesmo</p><p>contexto fático, mais de uma arma ou munição, tendo em vista a ocorrência de uma única</p><p>lesão ao bem jurídico protegido. Sucede que referido entendimento não pode ser aplicado no</p><p>caso dos autos, porquanto a conduta praticada pelo réu se amolda a tipos penais diversos,</p><p>sendo que um deles, o do artigo 16, além da paz e segurança públicas também protege a</p><p>seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, razão pela qual é inviável o</p><p>reconhecimento de crime único e o afastamento do concurso material.</p><p>Haverá a prática delitiva do artigo 16, parágrafo primeiro, inciso IV, da Lei nº</p><p>10.826/03 se o agente portar arma de fogo desmuniciada com sinal de identificação</p><p>suprimido?</p><p>A resposta é positiva, pois o delito é de perigo abstrato, não sendo necessário</p><p>demonstrar que o artefato é capaz de lesionar alguém. (HC 223.759/SP, Rel. Ministra MARIA</p><p>THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/10/2013, DJe 05/11/2013)</p><p>Para existir condenação pelo delito de posse ou porte de arma de fogo é necessária a</p><p>apreensão e perícia da arma de fogo?</p><p>A resposta é negativa. O delito de porte de arma de fogo de uso permitido é de perigo</p><p>abstrato. Assim, conclui-se ser desnecessária prova de situação de risco a pessoa</p><p>determinada para a configuração desse delito. Essa é a posição do Superior Tribunal de</p><p>Justiça.</p><p>HC 411.835/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,</p><p>julgado em 03/10/2017, DJe 09/10/2017)</p><p>Posse de munição de uso restrito. Crime de perigo abstrato. Desnecessidade de perícia</p><p>para atestar potencialidade lesiva. Impossibilidade insignificância.</p><p>1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento no sentido de que é inaplicável o</p><p>princípio da insignificância aos crimes de posse e de porte de arma de fogo e ou munição,</p><p>ante a natureza de crimes de perigo abstrato, independentemente da quantidade de munição</p><p>ou armas apreendidas.</p><p>2. Também é da jurisprudência deste tribunal não ser necessária a perícia para atestar</p><p>potencialidade lesiva do artefato, justamente em razão da natureza do delito.</p><p>3. Por via de consequência, fica evidente que não há falar em inconstitucionalidade do</p><p>crime, até́ porque é tema inapropriado ao veio do habeas corpus.</p><p>4. Ordem denegada.</p><p>Haverá crime de porte de arma se o artefato não tiver potencialidade lesiva</p><p>atestada por perícia médica?</p><p>a) A arma apresenta incapacidade relativa – é a arma com funcionamento imperfeito.</p><p>Nesse caso haverá o crime de porte de arma;</p><p>b) A arma apresenta incapacidade absoluta para efetuar disparos. Na espécie, estamos</p><p>diante de um crime impossível, pois não há qualquer perigo ao bem jurídico tutelado ante a</p><p>absoluta ineficácia do meio (Art. 17 do CP).</p><p>4.4.6 Comércio ilegal de arma de fogo</p><p>Conforme o art. 17 da lei 10.826/03:</p><p>Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,</p><p>desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma</p><p>utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,</p><p>arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar:</p><p>Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>Crime hediondo:</p><p>Art. 1º, parágrafo único, inciso III, da Lei nº 8.072/90: o crime de comércio ilegal de</p><p>armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;</p><p>Demais artigos importantes:</p><p>Art. 19: Nos crimes previstos nos arts. 17 (comércio irregular) e 18 (tráfico</p><p>internacional), a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou</p><p>munição forem de uso proibido ou restrito.</p><p>Art. 20: Nos crimes previstos nos arts. 14 (porte), 15 (disparo), 16 (posse ou porte) ,</p><p>17 (comércio) e 18 (tráfico internacional), a pena é aumentada da metade se forem</p><p>praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º (empresas)</p><p>e 8º (desporto) desta Lei.</p><p>Art. 21: Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade</p><p>provisória. (Vide ADIN 3.112-1)</p><p>Art. 25: As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua</p><p>juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão</p><p>encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48</p><p>(quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública</p><p>ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.</p><p>Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de</p><p>brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam</p><p>confundir.</p><p>Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à</p><p>instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas</p><p>pelo Comando do Exército.</p><p>Note que muito embora o artigo 26 do Estatuto do Desarmamento proíba essa</p><p>conduta, o legislador não estabeleceu como criminosa referida proibição.</p><p>Dessa forma, é correto dizer ser atípica a conduta de fabricar, vender ou portar</p><p>arma de brinquedo.</p><p>15) (QUESTÃO 2 - XXIX EXAME)</p><p>No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar</p><p>reformado, efetuou dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua casa vazia,</p><p>localizada no interior de grande quintal, com arma de sua propriedade, devidamente registrada</p><p>e com posse autorizada.</p><p>Apesar de os tiros terem sido efetuados em direção ao interior do imóvel, vizinhos que</p><p>passavam pela rua naquele momento, ao ouvirem os disparos, entraram em contato com a</p><p>Polícia Militar, que compareceu ao local e constatou que as duas munições deflagradas</p><p>ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia acostada ao procedimento. Caio obteve</p><p>liberdade provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do Art. 15 da Lei nº 10.826/03,</p><p>não sendo localizado, porém, por ocasião da citação, por ter mudado de endereço, apesar</p><p>das diversas diligências adotadas pelo juízo.</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>Após não ser localizado, Caio foi corretamente citado por edital e, não comparecendo, nem</p><p>constituindo advogado, foi aplicado o Art. 366 do Código de Processo Penal, suspendendo-</p><p>se o processo e o curso do prazo prescricional, em 04 de abril de 2008. Em 06 de julho de</p><p>2018, o novo juiz titular da vara criminal competente determinou que fossem realizadas novas</p><p>diligências na tentativa de localizar o denunciado, confirmando que o processo, assim como</p><p>o curso do prazo prescricional, deveria permanecer suspenso.</p><p>Com base nas informações narradas, na condição de advogado(a) de Caio, que veio a</p><p>tomar conhecimento dos fatos em julho de 2018, responda aos questionamentos a</p><p>seguir.</p><p>A) Existe argumento para questionar a decisão do magistrado que, em julho de 2018,</p><p>determinou que o processo e o curso do prazo prescricional permanecessem</p><p>suspensos? (Valor: 0,65)</p><p>B) Existe argumento de direito material a ser apresentado em busca da absolvição de</p><p>Caio? (Valor: 0,60)</p><p>16) (QUESTÃO 2 – XXI EXAME)</p><p>No dia 03 de março de 2016, Vinícius, reincidente específico, foi preso em flagrante em razão</p><p>da apreensão de uma arma de fogo, calibre .38, de uso permitido, número de série</p><p>identificado, devidamente municiada, que estava em uma gaveta dentro de seu local de</p><p>trabalho, qual seja, o estabelecimento comercial “Vinícius House”, do qual era sócio-gerente</p><p>e proprietário. Denunciado pela prática do crime do Artigo 14 da Lei nº 10.826/03, confessou</p><p>os fatos, afirmando que mantinha a arma em seu estabelecimento para se proteger de</p><p>possíveis assaltos. Diante da prova testemunhal e da confissão do acusado, o Ministério</p><p>Público pleiteou a condenação nos termos da denúncia em alegações finais, enquanto a</p><p>defesa afirmou que o delito do Art. 14 do Estatuto do Desarmamento não foi praticado, também</p><p>destacando a falta de prova da materialidade.</p><p>Após manifestação das partes, houve juntada do laudo de exame da arma de fogo e das</p><p>munições apreendidas, constatando-se o potencial lesivo do material, tendo o magistrado, de</p><p>imediato, proferido sentença condenatória pela imputação contida na denúncia, aplicando a</p><p>pena mínima de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa. O advogado de Vinícius é intimado da</p><p>sentença e apresentou recurso de apelação.</p><p>Considerando apenas as informações narradas, responda na condição de advogado(a)</p><p>de Vinicius:</p><p>A) Qual requerimento deveria ser formulado em sede de apelação e qual tese de direito</p><p>processual poderia ser alegada para afastar a sentença condenatória proferida em</p><p>primeira instância? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Confirmados os fatos, qual tese de direito material poderia ser alegada para buscar</p><p>uma condenação penal mais branda em relação ao quantum de pena para Vinicius?</p><p>Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>17) (QUESTÃO 4 – XXV EXAME APLICADO EM PORTO ALEGRE/RS)</p><p>Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é seu instrumento de trabalho, para seu</p><p>pai, Francisco, 45 anos, por um mês, já que este se encontrava em dificuldade financeira.</p><p>Após o prazo do empréstimo, Vitor, que não residia com Francisco, solicitou a devolução da</p><p>motocicleta, mas este se recusou a devolver e passou a atuar como se proprietário do bem</p><p>fosse, inclusive anunciando sua venda. Diante do registro dos fatos em sede policial, o</p><p>Ministério Público ofereceu denúncia em face de Francisco, imputando-lhe a prática do crime</p><p>previsto no Art. 168, § 1º, inciso II, do Código Penal. Após a confirmação dos fatos em juízo e</p><p>a juntada da Folha de Antecedentes Criminais sem qualquer outra anotação, o magistrado</p><p>julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva, afastando a causa de aumento, mas</p><p>condenando Francisco, pela prática do crime de apropriação indébita simples, à pena mínima</p><p>prevista para o delito em questão (01 ano), substituindo a pena privativa de liberdade por</p><p>restritiva de direito. Considerando apenas as informações narradas no enunciado,</p><p>na</p><p>condição de advogado(a) de Francisco, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Para combater a decisão do magistrado, que, após afastar a causa de aumento,</p><p>imediatamente decidiu por condenar o réu pela prática do crime de apropriação indébita</p><p>simples, qual argumento de direito processual poderia ser apresentado? Justifique.</p><p>(Valor: 0,60)</p><p>B) Qual argumento de direito material, em sede de apelação, poderia ser apresentado</p><p>em busca de evitar a punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>Prisão processual</p><p>5.1 Introdução</p><p>A prisão processual, também chamada de prisão cautelar ou provisória, ocorre por força</p><p>da necessidade de segregação cautelar do acusado da prática de um delito durante as</p><p>investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses previstas na legislação processual</p><p>penal.</p><p>É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.</p><p>Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos ou que</p><p>adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente</p><p>da prática delituosa.</p><p>Nos termos do artigo 283 do Código de Processo Penal, três são as espécies de prisão</p><p>provisória: prisão em flagrante (arts. 301 a 310, todos do CPP), preventiva (Art. 311 a 316</p><p>CPP) e temporária (Lei nº 7.960/89).</p><p>Espécies de</p><p>prisão provisória</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>(art. 301/310, CPP)</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>(Lei 7.960/89)</p><p>PRISÃO PREVENTIVA</p><p>(art. 311/316, CPP)</p><p>5.2 Prisão em Flagrante</p><p>Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e processual,</p><p>consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é</p><p>surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acabou de cometê-la, ou quando</p><p>perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser autor da infração, ou, ainda, quando</p><p>encontrado, logo depois à prática da infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis</p><p>que façam presumir ser o autor da infração.</p><p>EM SÍNTESE:</p><p>Em síntese, a prisão em flagrante ocorre quando presente uma das hipóteses previstas</p><p>no artigo 302 do Código de Processo Penal.</p><p>A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal,</p><p>suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se</p><p>presentes os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal e inadequada ou</p><p>insuficiente a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz deverá converter a</p><p>prisão em flagrante em prisão preventiva.</p><p>Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza</p><p>precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo</p><p>310 do Código de Processo Penal (relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão</p><p>preventiva ou conceder a liberdade provisória).</p><p>5.2.1 Espécies de flagrante: art. 302, CPP</p><p>a) Flagrante próprio: art. 302, inciso I e II, CPP</p><p>Trata-se de prisão efetivada quando o sujeito está praticando uma infração penal, ou</p><p>quando acabou de cometê-la.</p><p>A prisão deve ocorrer de imediato, sem qualquer intervalo de tempo entre a prática da</p><p>infração e a detenção. Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local do crime.</p><p>Exemplo: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair</p><p>da agência bancária onde praticava o delito de roubo.</p><p>b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE): art. 302, inciso III, CPP</p><p>Trata-se da hipótese em que o agente é perseguido, logo após a infração, no contexto</p><p>que faça presumir ser o autor do fato.</p><p>A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, com</p><p>perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já deixou o local</p><p>do crime.</p><p>É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de informações</p><p>a respeito da identificação do autor e a direção seguida na fuga, iniciando-se, logo após,</p><p>imediatamente a perseguição. Uma vez cessada a perseguição, cessa a situação de</p><p>flagrância. Ou seja, a perseguição deve ser contínua, sem interrupções.</p><p>A concepção de perseguição pode ser extraída do artigo 290, §1º, do Código de</p><p>Processo Penal, notadamente das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro.</p><p>Não confundir início da perseguição com duração da perseguição. O início da</p><p>perseguição deve ser logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode perdurar por muitas</p><p>horas e até dias, como, por exemplo, em crime de roubo a banco, em que a polícia chega</p><p>imediatamente ao local, faz o primeiro levantamento e, de imediato, sai em perseguição dos</p><p>suspeitos, que se embrenharam numa mata por mais de 30 horas. Nesse caso, considerando</p><p>que a perseguição deflagrada logo após à prática da infração penal foi ininterrupta, eventual</p><p>prisão em flagrante será legal.</p><p>Se o agente for preso após cessada a perseguição, sem mandado judicial, a prisão</p><p>será ilegal, devendo, pois, ser relaxada.</p><p>CUIDADO</p><p>A perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a perseguição, não há mais</p><p>situação de flagrância, devendo-se, a partir de então, efetivar-se a prisão somente</p><p>munido de mandado judicial (prisão preventiva ou temporária, conforme o caso).</p><p>c) Flagrante presumido: art. 302, inciso IV, CPP</p><p>Aqui o agente não é “perseguido”, mas “encontrado”, logo depois da prática da infração</p><p>penal, na posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis em situação que permita presumir</p><p>ser ele o autor da infração.</p><p>Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem admitido prisões</p><p>ocorridas várias horas depois do crime. Não aceita, no entanto, prisão muitos dias depois ao</p><p>do crime.</p><p>Outras variações das espécies de prisão em flagrante:</p><p>a) Flagrante Provocado ou Preparado</p><p>O flagrante preparado ou provocado ocorre quando uma pessoa, policial ou particular,</p><p>provoca, induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente para poder prendê-</p><p>la. Nesse caso, não fosse a ação do agente provocador, o sujeito não teria dado início à prática</p><p>do delito, pelo menos nas circunstâncias pelas quais foi preso.</p><p>Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da preparação</p><p>engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, seria impossível a consumação do crime.</p><p>Em síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do flagrante</p><p>age para evitar a consumação.</p><p>É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante</p><p>pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime</p><p>impossível, que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal.</p><p>Exemplo: Policial disfarçado encomenda de um suspeito de praticar crime de falsidade</p><p>de documento uma carteira de identidade fictícia, e, no momento combinado para a</p><p>entrega do dinheiro e o recebimento do documento falsificado, realiza a prisão em</p><p>flagrante.</p><p>Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade</p><p>também pode decorrer de flagrante preparado por particular.</p><p>Exemplo: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da</p><p>residência, dona de casa deixa uma joia na mesa de centro da sala, ficando à espreita.</p><p>No momento em que a empregada pega a joia, a dona de casa, auxiliada ou não por</p><p>outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, já</p><p>decorrente de flagrante preparado.</p><p>EM SÍNTESE:</p><p>O flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser relaxada.</p><p>Flagrante provocado x usuários de drogas</p><p>No contexto de droga, deve-se verificar o caso concreto e as informações que constam</p><p>no enunciado.</p><p>Imaginemos a hipótese de um policial se disfarçar de usuário de drogas. Esse policial</p><p>se aproxima do suspeito e solicita determinada quantia de drogas, que lhe é entregue pelo</p><p>suspeito. Em relação ao verbo "vender" não há dúvidas de que se trata de flagrante</p><p>provocado.</p><p>Todavia, o artigo 33 da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) prevê 18 condutas. No caso,</p><p>embora seja flagrante provocado em relação à conduta vender, a prisão será legal em relação</p><p>às condutas, por exemplo, "trazer consigo", "guardar", "ter em depósito", uma vez que em</p><p>relação às demais condutas (trazer consigo, guardar etc.), o suspeito não foi provocado ou</p><p>influenciado a praticar. Ou seja, quando o policial disfarçado se aproximou, o agente já trazia</p><p>consigo a droga, sendo, em razão disso, possível sua prisão em relação a essa conduta de</p><p>trazer consigo.</p><p>Isso foi reforçado pelo pacote anticrime (Lei 13.964/19) que acrescentou o IV ao</p><p>parágrafo 1º da Lei nº 11.343/06, a saber:</p><p>IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado</p><p>à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal</p><p>ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios</p><p>razoáveis de conduta criminal preexistente.</p><p>Agora, se o policial induz o suspeito a fornecer-lhe a droga que, no momento, não a</p><p>possuía, ou seja, que não trazia consigo, e por conta da insistência do policial empregou</p><p>esforço para conseguir, aí sim se pode falar em flagrante provocado e, portanto, ilegal, uma</p><p>vez que o suspeito somente trouxe consigo a droga, porque foi induzido pelo policial a</p><p>conseguir para ele.</p><p>b) Flagrante Esperado</p><p>O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando conhecimento, por</p><p>fonte segura, de que será praticado um delito, desloca-se até o local indicado, fica de campana</p><p>e realiza a prisão quando iniciado os atos executórios do delito</p><p>O flagrante esperado não se confunde com o flagrante provocado, uma vez que, ao</p><p>contrário deste, no flagrante esperado não há indução ou instigação da autoridade policial</p><p>para que o agente dê início à execução do delito.</p><p>O flagrante esperado constitui modalidade de flagrante válido, regular e, portanto, legal.</p><p>c) Flagrante Forjado</p><p>O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de um</p><p>crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato</p><p>típico inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém</p><p>Exemplo: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa</p><p>para prendê-la pelo delito de tráfico ilícito de entorpecentes.</p><p>Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo/ilegal, merecendo, pois, ser</p><p>relaxado. Nesse caso, o único infrator será o agente forjador, que pratica o delito de</p><p>denunciação caluniosa (Art. 339, CP), e, se for agente público, também abuso de autoridade</p><p>(Lei nº 4.898/65).</p><p>d) Flagrante Retardado ou Diferido ou Ação Controlada</p><p>Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, não</p><p>obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas</p><p>contra pessoas envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes.</p><p>O flagrante retardado ou diferido funciona como autorização legal para que a prisão em</p><p>flagrante seja retardada ou protelada para outro momento, que não aquele em que o agente</p><p>está em situação de flagrância. Trata-se, pois, de uma autorização legal para que a autoridade</p><p>policial e seus agentes, que, a princípio, teriam a obrigação de efetuar a prisão em flagrante</p><p>(Art. 301, 2ª parte, CPP), deixem de fazê-lo, visando a uma maior eficácia da investigação.</p><p>Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou diferido, por</p><p>exemplo no artigo 53, inciso II, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) e artigo 8º da Lei nº</p><p>12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas).</p><p>Nos termos do artigo 53, inciso II, da Lei nº 11.343/2006, a não atuação policial na</p><p>prisão imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do Ministério</p><p>Público. Essa autorização judicial está condicionada ao conhecimento do itinerário provável</p><p>e à identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.</p><p>Conforme o artigo 8º, §1º, da Lei nº 12.850/2013, o retardamento da intervenção policial</p><p>não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se</p><p>for o caso, fixará os limites da atuação e comunicará ao Ministério Público.</p><p>A Lei nº 9.613/98, que trata da Lavagem de Dinheiro, também prevê o instituto da ação</p><p>controlada no seu artigo 4º- B, sendo possível suspender a ordem de prisão poderá ser</p><p>suspensa pelo juiz, com prévia manifestação do Ministério Público, quando a sua execução</p><p>imediata puder comprometer as investigações.</p><p>5.2.2 Procedimento para a lavratura do auto de prisão em flagrante</p><p>Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a presidência</p><p>da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão em flagrante, tendo</p><p>por objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a restrição de liberdade do agente e,</p><p>ainda, reunir os primeiros elementos de convicção acerca da infração penal que motivou a</p><p>prisão.</p><p>Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser conduzido à</p><p>presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de</p><p>flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-</p><p>lhe proceder da seguinte forma:</p><p>Diferido/</p><p>retardado</p><p>Cumpre no futuro</p><p>Para aprofundar</p><p>INVESTIGAÇÃO:</p><p>Art. 53, II, Lei 11.343/06;</p><p>Art. 8º, Lei 12.850/13 (Lei das</p><p>Organizações Criminosas).</p><p>Esperado</p><p>Espera a prática do</p><p>delito para prender</p><p>em flagrante. Prisão</p><p>LEGAL.</p><p>Preparado/</p><p>provocado</p><p>Provoca, induz ou</p><p>instiga</p><p>Prisão ILEGAL</p><p>Súmula 145 STF: crime</p><p>impossível</p><p>(art. 17,CP)</p><p>Forjado Acusa INOCENTE Prisão ILEGAL</p><p>a) Oitiva do condutor:</p><p>O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o apresentou à</p><p>autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na maioria das vezes o</p><p>condutor seja quem procedeu à prisão, não precisa necessariamente ser o responsável pela</p><p>detenção do suspeito.</p><p>Exemplo: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela</p><p>prática do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia</p><p>de Polícia. Será um dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de</p><p>polícia, figurando, assim, como condutor.</p><p>b) Oitiva de testemunhas:</p><p>Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, que,</p><p>pelo artigo 304, caput, e artigo 304, §1º, ambos do Código de Processo Penal, devem ser, no</p><p>mínimo, duas (referem-se a “testemunhas”, no plural).</p><p>Não há vedação a que sirvam como testemunhas agentes policiais.</p><p>A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão em</p><p>flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas</p><p>que tenham testemunhado a apresentação do preso à autoridade (Art. 304, §2º, do CPP).</p><p>Considera-se, portanto, testemunha de apresentação aquelas que presenciaram o momento</p><p>em que o condutor apresentou o preso à autoridade policial.</p><p>c) Interrogatório do preso:</p><p>O interrogatório deve observar as mesmas formalidades exigidas para o interrogatório</p><p>judicial, previstas nos artigos 185 a 196, todos do Código de Processo Penal, dentre as quais</p><p>se destaca a advertência ao preso do seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso possa</p><p>ser interpretado em seu desfavor (Art. 5º, inciso LXIII, da CF/881).</p><p>1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação</p><p>penal:</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade, nos termos seguintes:</p><p>(...)</p><p>d) Nota de culpa:</p><p>Nos termos do artigo 306, §1º e §2º, do</p><p>Código de Processo Penal, superadas essas</p><p>etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a realização da prisão, encaminhar</p><p>o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, bem como entregar</p><p>ao preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com</p><p>o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.</p><p>Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial cientifica</p><p>o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas.</p><p>Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de formalidade</p><p>essencial.</p><p>Além disso, a Lei nº 13.257/2016, incluiu o §4º no artigo 304, segundo o qual “Da</p><p>lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de</p><p>filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual</p><p>responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.”</p><p>5.2.3 Garantias legais e constitucionais do preso</p><p>Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público</p><p>De acordo com o artigo 306 do Código de Processo Penal, a prisão de qualquer pessoa</p><p>e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao</p><p>Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.</p><p>O artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal/88 dispõe que a prisão de qualquer</p><p>pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à</p><p>família do preso ou à pessoa por ele indicada.</p><p>A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competente e ao</p><p>Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada.</p><p>Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada</p><p>Nos termos do artigo 306 do Código de Processo Penal e artigo 5º, incisos LXII e LXIII,</p><p>da Constituição Federal/88, cumpre à autoridade policial providenciar a comunicação imediata</p><p>LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a</p><p>assistência da família e de advogado;</p><p>da prisão em flagrante à família do preso ou à pessoa por ele indicada, garantindo-lhe, assim,</p><p>a assistência da família.</p><p>Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do preso,</p><p>bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família.</p><p>A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito subjetivo do</p><p>flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em flagrante</p><p>será ilegal, devendo, pois, ser relaxada.</p><p>Da assistência de advogado ao preso</p><p>Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal/88, o preso</p><p>tem direito à assistência da família e de advogado.</p><p>A presença de advogado não é imprescindível à lavratura do auto de prisão em</p><p>flagrante. De outro lado, se o preso constituir/contratar advogado, não cabe, à evidência, à</p><p>autoridade policial vedar a presença do advogado constituído nos atos que integram a</p><p>lavratura do auto de prisão em flagrante, podendo o profissional acompanhar a oitiva do</p><p>condutor, das testemunhas, bem como o interrogatório do flagrado.</p><p>Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial</p><p>encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do artigo</p><p>306, §1º, do Código de Processo Penal.</p><p>Em síntese, a inobservância de qualquer dessas formalidades gera a ilegalidade da</p><p>prisão em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, deixar de homologar o auto de prisão</p><p>em flagrante e determinar o relaxamento da prisão por ilegalidade formal.</p><p>GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO:</p><p>COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata)</p><p>COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE</p><p>COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE</p><p>ACESSO A ADVOGADO</p><p>FALTA É ILEGAL</p><p>5.2.4 Providências judiciais ao receber o auto de prisão em flagrante: art. 310,</p><p>CPP</p><p>Com o advento da Lei nº 13.964/19, o juiz ao receber o auto de prisão em flagrante, no</p><p>prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas, deverá promover audiência de custódia com</p><p>a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o</p><p>membro do Ministério Público e deverá adotar uma das providências previstas no artigo 310</p><p>do Código de Processo Penal:</p><p>a) Relaxar o flagrante</p><p>b) Converter a prisão em flagrante em prisão preventiva</p><p>c) CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança ou medidas</p><p>cautelares), salvo se verificar que o agente é reincidente ou integra organização criminosa ou</p><p>milícia armada ou porta arma de fogo de uso restrito (§2 do art. 310 do CPP)</p><p>Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o aspecto formal,</p><p>a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, conforme</p><p>as hipóteses do artigo 302 do Código de Processo Penal. Se observadas as formalidades, o</p><p>Juiz homologa; na hipótese de alguma ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá</p><p>relaxar a prisão em flagrante.</p><p>Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o Juiz</p><p>deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou</p><p>a concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida</p><p>cautelar diversa.</p><p>Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade</p><p>provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva2.</p><p>Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá ser</p><p>decretada em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do</p><p>artigo 312 do Código de Processo Penal3 E se não for suficiente outra medida diversa da</p><p>prisão, bem como se presente uma das hipóteses do artigo 313 do Código de Processo Penal.</p><p>2 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente</p><p>homologava o APF e mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá</p><p>converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. Eis a razão do caráter precautelar da prisão em flagrante</p><p>(pois dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade provisória).</p><p>3 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da</p><p>lei penal. Será estudado oportunamente.</p><p>Assim, pela leitura do artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal, verifica-se</p><p>que a prisão preventiva é a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser</p><p>decretada quando todas as demais medidas cautelares se revelarem inadequadas e</p><p>insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a insuficiência das medidas cautelares</p><p>diversas da prisão (aquelas previstas no Art. 319, CPP) passou a ser mais um requisito para</p><p>o cabimento da prisão preventiva.</p><p>Logo, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá converter a prisão</p><p>em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos dos artigos 312 e 313,</p><p>ambos do Código de Processo Penal.</p><p>Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá,</p><p>fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte),</p><p>desde que:</p><p>a) a prisão seja legal (inciso I);</p><p>b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou insuficientes</p><p>(inciso II, parte final);</p><p>c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude</p><p>previstas no artigo 23 do Código Penal;</p><p>d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem fiança ou cautelar</p><p>diversa da prisão).</p><p>Muita atenção devemos dar aos dois últimos parágrafos do artigo 310 do Código de</p><p>Processo</p><p>Penal. Ambos foram introduzidos pelo pacote anticrime e versam sobre situações</p><p>relativas à prisão em flagrante e a novidade da audiência de custódia. Segundo o § 3º,</p><p>autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia</p><p>no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela</p><p>omissão. Percebe-se que desejou o legislador uma tríplice de responsabilidade do agente</p><p>público que, dentro da possibilidade de realizar a audiência de custódia, deixa de cumprir seu</p><p>dever de ofício.</p><p>Já o §4º, por sua vez, passa a considerar ilegal, e por consequência passível de</p><p>relaxamento, a prisão em flagrante quando, no prazo de 24 horas após sua formalização, não</p><p>for realizada a audiência de custódia, sem prejuízo, por óbvio, da decretação da prisão</p><p>preventiva quando presentes os pressupostos autorizadores de tal medida coercitiva.</p><p>Aqui indispensável mencionar que, por ora, o disposto no §4º, do artigo 310 do Código</p><p>de Processo Penal, por força de decisão cautelar do Ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal</p><p>Federal, proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 6298, 6299, 6300 e 6305,</p><p>encontra-se com sua aplicação suspensa. Dessa forma, até que o Pleno de nossa Suprema</p><p>Corte se posicione, a não realização da Audiência de Custódia, por si só, não é capaz de</p><p>ensejar a ilegalidade da prisão. Nas palavras do Ministro: O dispositivo impugnado fixa</p><p>consequência jurídica desarrazoada para a não realização da audiência de custódia,</p><p>consistente na ilegalidade da prisão. Esse ponto desconsidera dificuldades práticas locais de</p><p>várias regiões do país, especialmente na Região Norte, bem como dificuldades logísticas</p><p>decorrentes de operações policiais de considerável".</p><p>18) (QUESTÃO 1 – XXVIII EXAME)</p><p>Matheus conduzia seu automóvel em alta velocidade. Em razão de manobra indevida, acabou</p><p>por atropelar uma vítima, causando-lhe lesões corporais. Com a chegada da Polícia Militar, foi</p><p>solicitado que Matheus realizasse exame de etilômetro (bafômetro); diante de sua recusa, foi</p><p>informado pela autoridade policial, que comparecera ao local, que ele seria obrigado a realizar</p><p>o exame para verificar eventual prática também do crime previsto no Art. 306 da Lei nº</p><p>9.503/97.</p><p>Diante da afirmativa da autoridade policial, Matheus, apesar de não desejar, viu-se obrigado</p><p>a realizar o teste do bafômetro. Após conclusão do inquérito policial, com oitiva e</p><p>representação da vítima, foi o feito encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia</p><p>imputando a Matheus apenas a prática do crime do Art. 303, da Lei nº 9.503/97, prosseguindo</p><p>as investigações com relação ao crime do Art. 306 do mesmo diploma legal. Ainda na exordial</p><p>acusatória, foi requerida a decretação da prisão preventiva de Matheus, pelo risco de</p><p>reiteração delitiva, tendo em vista que ele seria reincidente específico, já que a única anotação</p><p>constante de sua Folha de Antecedentes Criminais, para além do presente processo, seria a</p><p>condenação definitiva pela prática de outro crime de lesão corporal culposa praticada na</p><p>direção de veículo automotor. No recebimento da denúncia, o juiz competente decretou a</p><p>prisão preventiva. Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a)</p><p>de Matheus, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Poderia Matheus ter sido obrigado a realizar o teste de bafômetro, conforme</p><p>informado pela autoridade policial, mesmo diante de sua recusa? Justifique.</p><p>B) Qual requerimento deveria ser formulado, em busca da liberdade de Matheus, diante</p><p>da decisão do magistrado, que decretou sua prisão preventiva em razão de sua</p><p>reincidência? Justifique.</p><p>19) (QUESTÃO 4 – XXII EXAME)</p><p>Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas após mais</p><p>um dia de aula na faculdade, quando são abordados por Marcos, que, mediante grave ameaça</p><p>de morte e utilizando simulacro de arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e</p><p>os celulares que carregavam. Após os fatos, Diego e Júlio comparecem em sede policial,</p><p>narram o ocorrido e descrevem as características físicas do autor do crime. Por volta das 5h</p><p>da manhã do dia seguinte, policiais militares em patrulhamento se deparam com Marcos nas</p><p>proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas características físicas</p><p>do roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos quaisquer dos bens subtraídos, nem</p><p>o simulacro de arma de fogo. Ele é encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que</p><p>era triplamente reincidente na prática de crimes patrimoniais, a autoridade policial liga para as</p><p>residências de Diego e Júlio, que comparecem em sede policial e, em observância de todas</p><p>as formalidades legais, realizam o reconhecimento de Marcos como responsável pelo assalto.</p><p>O Delegado, então, lavra auto de prisão em flagrante em desfavor de Marcos, permanecendo</p><p>este preso, e o indicia pela prática do crime previsto no Art. 157, caput, do Código Penal, por</p><p>duas vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal. Diante disso, Marcos liga para seu advogado</p><p>para informar sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede policial, para acesso aos</p><p>autos do procedimento originado do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas as</p><p>informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de acordo com</p><p>a jurisprudência dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir.</p><p>A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de</p><p>Marcos e sob qual fundamento? Justifique.</p><p>B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material</p><p>poderá ser apresentado pela defesa para questionar a capitulação delitiva constante da</p><p>nota de culpa, em busca de uma punição mais branda? Justifique.</p><p>20) (QUESTÃO 2 - XII EXAME)</p><p>Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o</p><p>patrimônio sem deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade,</p><p>Wilson, policial e irmão de uma das vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os</p><p>seus esforços na busca de uma maneira para prender, em flagrante, o facínora.</p><p>Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança</p><p>deste. Certo dia, decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na</p><p>próxima empreitada. Wilson diz que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica</p><p>e que bastaria ao amigo seguir as instruções. O plano era o seguinte: Wilson se faria passar</p><p>por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor momento, daria um sinal para que</p><p>Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, ocasião em que o</p><p>ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e empolgado</p><p>com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo</p><p>o roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e</p><p>anuncia o assalto. Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os</p><p>“clientes” presentes na casa lotérica eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso</p><p>em flagrante, sob os aplausos da comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso</p><p>do flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a Ricardo a prática do delito</p><p>de roubo na modalidade tentada.</p><p>Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda</p><p>justificadamente:</p><p>A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo?</p><p>B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua</p><p>responsabilidade Jurídico penal?</p><p>5.3 Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante</p><p>5.3.1 Relaxamento de prisão</p><p>Base legal: Artigo 310, inciso I, CPP e Artigo 5º, inciso LXV, da CF/88.</p><p>Identificação: o pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO</p><p>ILEGAL.</p><p>RELAXAMENTO DE PRISÃO PRISÃO ILEGAL</p><p>Conteúdo: a prisão ilegal pode decorrer de ilegalidade formal e/ou material.</p><p>• Ilegalidade Formal</p><p>Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades</p><p>procedimentais previstas no artigo 304 e 306, ambos do Código de Processo Penal e dos</p><p>incisos do artigo 5º da Constituição Federal/88, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV.</p><p>As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de prisão</p><p>em flagrante.</p><p>Além da inobservância das formalidades no artigo 304 e artigo 306, ambos do Código</p><p>de Processo Penal e dos incisos do artigo 5º da Constituição Federal/88, notadamente LXI,</p><p>LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso de prazo da prisão, como, por</p><p>exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo previsto em lei, sem justificativa</p><p>plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias).</p><p>• Algumas ilegalidades formais:</p><p>Inobservância das formalidades legais e constitucionais na lavratura do APF.</p><p>Não comunicação imediata da prisão à autoridade judiciária.</p><p>Não comunicação imediata ao Ministério Público</p><p>Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não informa nome de</p><p>advogado.</p><p>Não entrega da nota de culpa no prazo de 24 horas.</p><p>Não viabilizar assistência de advogado.</p><p>Não comunicação imediata à família.</p><p>Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de crime de ação</p><p>penal pública condicionada à representação.</p><p>Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por crime de ação</p><p>penal privada;</p><p>Inversão da ordem de oitiva prevista no Art. 304 do CPP.</p><p>Falta de laudo de constatação da natureza da substância entorpecente (Art. 50, §1º, da Lei</p><p>11.343/2006).</p><p>• Ilegalidade Material</p><p>Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem estar</p><p>presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante.</p><p>Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das hipóteses do</p><p>artigo 302 do Código de Processo Penal, a prisão será materialmente ilegal. Em outras</p><p>palavras, se não estiver configurada nenhuma das hipóteses de flagrância, a prisão é ilegal.</p><p>Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, ocorre</p><p>invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante.</p><p>• Algumas ilegalidades materiais:</p><p>Preso sem estar em situação de flagrância (art. 302, CPP)</p><p>Flagrante preparado/provocado – Súmula 145 do STF</p><p>Flagrante forjado</p><p>Preso por fato atípico</p><p>PEDIU PRA PARAR</p><p>Expressão mágica:</p><p>“Prisão ILEGAL</p><p>Peça:</p><p>Relaxamento de prisão</p><p>PAROU!</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida da competência da</p><p>justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime doloso</p><p>contra a vida da competência da justiça federal)</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)</p><p>E) EXCELENTÍSSIMO JUIZ DAS GARANTIAS (quando e se a liminar for cassada pelo</p><p>STF)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no artigo 310, inciso I,</p><p>Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal/88, pelos</p><p>fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS4</p><p>II) DO DIREITO5</p><p>4 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.</p><p>5 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou</p><p>material.</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim de que possa responder a</p><p>eventual processo em liberdade;</p><p>b) A expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) Vista ao Ministério Público6</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO...</p><p>OAB...</p><p>6 Alguns autores consideram desnecessária vista ao MP. Por cautela, até porque não há notícia de que</p><p>ensejaria perda de pontos, pode-se adicionar o pedido de vista ao MP.</p><p>5.4 Liberdade provisória</p><p>• Considerações gerais:</p><p>Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o direito</p><p>de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas</p><p>condições.</p><p>Nas palavras de Avena, com o advento da Lei nº 11.719/2008, modificada a redação</p><p>do artigo 408 (que restou substituído pelo atual Art. 413) e revogado o artigo 594, ficou o</p><p>instituto da liberdade provisória limitado à prisão em flagrante.7</p><p>7 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973.</p><p>Esse também é o entendimento de Nucci8, segundo o qual “a liberdade provisória, com</p><p>ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão</p><p>preventiva ou temporária. Nessas duas últimas hipóteses, vislumbrando não mais estarem</p><p>presentes os requisitos que a determinam, o melhor a fazer é revogar a custódia cautelar, mas</p><p>não colocar o réu em liberdade provisória, que implica sempre o respeito a determinadas</p><p>condições”.</p><p>A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do Código de Processo</p><p>Penal, segundo o qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá,</p><p>fundamentadamente, conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda</p><p>no artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal/88, ninguém será levado à prisão ou nela</p><p>mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.</p><p>Além disso, o artigo 321 do Código de Processo Penal dispõe que, ausentes os</p><p>requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade</p><p>provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código</p><p>de Processo Penal e observados os critérios constantes do artigo 282 do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar</p><p>(na verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do artigo 310,</p><p>inciso III, do Código de Processo Penal. No sistema brasileiro, situa-se após a prisão em</p><p>flagrante e antes da prisão preventiva, como medida impeditiva da prisão cautelar [...]. É a</p><p>liberdade provisória uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha sua detenção</p><p>convertida em preventiva.9</p><p>• Base legal: art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, inciso LXVI da CF/88.</p><p>8 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785.</p><p>9 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703.</p><p>• Identificação:</p><p>• Conteúdo:</p><p>Se a prisão em flagrante se revestir de legalidade, pode o magistrado conceder a</p><p>liberdade provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao agente a prestação de</p><p>fiança e/ou outra medida cautelar diversa da prisão.</p><p>Nos crimes afiançáveis, ausentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, é</p><p>possível a concessão da liberdade provisória com fiança.</p><p>Convém registrar, por pertinente, que há crimes inafiançáveis, tais como os crimes</p><p>de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, crimes</p><p>hediondos, bem como crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a</p><p>ordem constitucional e o Estado Democrático. É o que se extrai</p><p>do artigo 323 do Código de</p><p>Processo Penal e artigo 5º, XLII e XLIII, Constituição Federal/88. Nesses casos, se ausentes</p><p>os requisitos da prisão preventiva, será possível a concessão da liberdade provisória vinculada</p><p>a fixação de uma medida cautelar diversa da prisão, salvo a fiança. Eis as hipóteses de</p><p>liberdade provisória sem fiança:</p><p>a) Ausência dos fundamentos da prisão preventiva: art. 321, CPP</p><p>Nos termos do artigo 321 do Código de Processo Penal, ausentes os requisitos da</p><p>prisão preventiva, o juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a</p><p>observância dos critérios da necessidade e da adequação previstos no artigo 282 do Código</p><p>de Processo Penal, exigir a prestação de fiança com a finalidade de assegurar o</p><p>comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de</p><p>PEDIU PRA PARAR</p><p>Expressão mágica:</p><p>“Prisão flagrante LEGAL”</p><p>Peça:</p><p>Liberdade provisória</p><p>PAROU!</p><p>resistência injustificada à ordem judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas</p><p>da prisão previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal.</p><p>Se o crime for inafiançável racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas</p><p>afins, terrorismo, crimes hediondos, bem como crimes cometidos por grupos armados, civis</p><p>ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (Art. 323 do CPP e Art. 5º,</p><p>incisos XLII e XLIII, da CF/88), busca-se a liberdade provisória, com pedido subsidiário de</p><p>fixação de medida cautelar diversa da prisão.</p><p>b) Quando houver indicativos de que o agente praticou a infração penal abrigado</p><p>por excludentes de ilicitude: art. 310, parágrafo único, CPP</p><p>Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em flagrante</p><p>indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade,</p><p>exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal.</p><p>Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente,</p><p>independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável.</p><p>Embora não esteja previsto no artigo 310, parágrafo único, do Código de Processo</p><p>Penal, parte da doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses</p><p>de excludente de culpabilidade (embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro</p><p>de proibição, etc), uma vez que, ao final, o agente não será privado de liberdade.</p><p>21) (QUESTÃO 4 – XXIV EXAME)</p><p>Pablo, que possui quatro condenações pela prática de crimes com violência ou grave ameaça</p><p>à pessoa, estava no quintal de sua residência brincando com seu filho, quando ingressa em</p><p>seu terreno um cachorro sem coleira. O animal adota um comportamento agressivo e começa</p><p>a tentar atacar a criança de 05 anos, que brincava no quintal com o pai. Diante disso, Pablo</p><p>pega um pedaço de pau que estava no chão e desfere forte golpe na cabeça no cachorro,</p><p>vindo o animal a falecer. No momento seguinte, chega ao local o dono do cachorro, que,</p><p>inconformado com a morte deste, chama a polícia, que realiza a prisão em flagrante de Pablo</p><p>pela prática do crime do Art. 32 da Lei nº 9.605/98. Os fatos acima descritos são integralmente</p><p>confirmados no inquérito pelas testemunhas. Considerando que Pablo é multirreincidente na</p><p>prática de crimes graves, o Ministério Público se manifesta pela conversão do flagrante em</p><p>preventiva, afirmando o risco à ordem pública pela reiteração delitiva. Considerando as</p><p>informações narradas, na condição de advogado(a) de Pablo, que deverá se manifestar</p><p>antes da decisão do magistrado quanto ao requerimento do Ministério Público,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual pedido deverá ser formulado pela defesa de Pablo para evitar o acolhimento da</p><p>manifestação pela conversão da prisão em flagrante em preventiva? Justifique.</p><p>B) Sendo oferecida denúncia, qual argumento de direito material poderá ser</p><p>apresentado em busca da absolvição de Pablo? Justifique.</p><p>• Liberdade provisória x tráfico ilícito de entorpecentes</p><p>A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei nº 11.343/2006,</p><p>que veda a concessão de liberdade provisória no crime de tráfico ilícito de entorpecentes.</p><p>Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o disposto no</p><p>artigo 44 da Lei nº 11.343/2006 também na parte que veda a concessão da liberdade</p><p>provisória, sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência</p><p>e da dignidade da pessoa humana, bem como que a Lei nº 11.464/2007, ao excluir dos crimes</p><p>hediondos e equiparados a vedação à liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas,</p><p>revogou, tacitamente, o artigo 44 desta Lei, que proibia o benefício ao crime de tráfico de</p><p>drogas.</p><p>Assim, é possível conceder a liberdade provisória ao agente preso em flagrante pelo</p><p>delito de tráfico ilícito de entorpecentes, desde que ausentes os requisitos que autorizam a</p><p>decretação da prisão preventiva.</p><p>Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão da</p><p>liberdade provisória.</p><p>• Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da</p><p>CF/88.</p><p>• Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da</p><p>CF/88.</p><p>• Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da</p><p>CF/88.</p><p>• Liberdade provisória x proibição do art. 310, § 2º, CPP</p><p>Ainda que de uma constitucionalidade duvidosa, temos o §2º, do artigo 310 do Código</p><p>de Processo Penal que traz, ex lege, a impossibilidade de concessão da liberdade provisória,</p><p>a saber:</p><p>“§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa</p><p>armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade</p><p>provisória, com ou sem medidas cautelares.”</p><p>A nosso sentir, acreditamos em uma futura declaração de inconstitucionalidade do</p><p>mencionado dispositivo, mas, por ora, não temos seu reconhecimento formal.</p><p>22) (QUESTÃO 4 - XVI EXAME)</p><p>Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de março de 2015 porque conduzia um</p><p>veículo automotor que sabia ser produto de crime pretérito registrado em Delegacia da área</p><p>em que residia. Na data dos fatos, Wesley tinha 20 anos, era primário, mas existia um</p><p>processo criminal em curso em seu desfavor, pela suposta prática de um crime de furto</p><p>qualificado. Diante dessa anotação em sua Folha de Antecedentes Criminais, a autoridade</p><p>policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que</p><p>existiria risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos</p><p>com o aparato judicial. Você, como advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da</p><p>ocorrência da prisão em flagrante, além de tomar conhecimento da representação formulada</p><p>pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão já foi encaminhado para o Ministério</p><p>Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas.</p><p>Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa</p><p>técnica de Wesley?</p><p>B) A representação da autoridade policial foi elaborada de modo adequado?</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)10</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência</p><p>da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime</p><p>doloso contra a vida de competência da</p><p>justiça federal)</p><p>E) EXCELENTÍSSIMO JUIZ DAS GARANTIAS (quando e se a liminar for cassada pelo</p><p>STF)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>a LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no artigo 310, inciso III e artigo 321, ambos</p><p>do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal/88,</p><p>pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS11</p><p>II) DO DIREITO12</p><p>10 Ver art. 109 da CF</p><p>11 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.</p><p>12 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou</p><p>material.</p><p>* Fazer referência, se for o caso, a fiança e/ou medidas cautelares diversas da prisão</p><p>previstas no artigo 319 e 320 do CPP.</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que possa responder a eventual</p><p>processo em liberdade;</p><p>b) a expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) fixação de fiança e/ou medida cautelar diversa da prisão;</p><p>d) vista ao Ministério Público.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO... OAB...</p><p>Observação: são medidas cautelares diversas da prisão, conforme o art. 319, CPP:</p><p>I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para</p><p>informar e justificar atividades</p><p>II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por</p><p>circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante</p><p>desses locais para evitar o risco de novas infrações</p><p>III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias</p><p>relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;</p><p>IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou</p><p>necessária para a investigação ou instrução;</p><p>V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado</p><p>ou acusado tenha residência e trabalho fixos;</p><p>VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica</p><p>ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações</p><p>penais;</p><p>VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com</p><p>violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-</p><p>imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;</p><p>VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do</p><p>processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada</p><p>à ordem judicial;</p><p>IX - monitoração eletrônica.</p><p>§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título,</p><p>podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.</p><p>Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades</p><p>encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou</p><p>acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.</p><p>Flagrante</p><p>delito</p><p>Prisão legal</p><p>Liberdade</p><p>provisória</p><p>Quando não for o caso de conversão</p><p>da prisão em flagrante em preventiva</p><p>Ausência dos requisitos da preventiva</p><p>- Art. 321, CPP e Excludentes da</p><p>ilicitude - Art. 310, p.ú, CPP</p><p>Medidas cautelares - Art. 319, CPP</p><p>Se indeferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>Prisão ilegal</p><p>(formal ou</p><p>material)</p><p>Relaxamento da</p><p>prisão</p><p>Se indeferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>5.5 Prisão preventiva</p><p>• Conceito:</p><p>Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz</p><p>competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (Arts. 312 e</p><p>313, ambos do CPP).</p><p>Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação</p><p>criminal e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a</p><p>coexistência do fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou</p><p>periculum libertatis).</p><p>Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia</p><p>fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra</p><p>embasamento também no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição</p><p>Federal/88, que permite a prisão provisória, antes do trânsito em julgado da sentença</p><p>condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária</p><p>competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva por “ordem escrita</p><p>e fundamentada da autoridade judiciária competente”.</p><p>• Necessita de mandado:</p><p>Conforme dispõe o artigo 283, §2º, do Código de Processo Penal, a prisão poderá ser</p><p>efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da</p><p>inviolabilidade do domicílio, prevista no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal/88,</p><p>segundo o qual salvo na hipótese de prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada</p><p>mediante ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.</p><p>De acordo com o artigo 293 do Código de Processo Penal, durante o período noturno,</p><p>no caso de prisão preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por</p><p>juiz competente, é vedado à autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a</p><p>prisão do suspeito. Todavia, nesse caso, se o morador consentir com o ingresso no seu</p><p>domicílio, a autoridade policial poderá efetivar a prisão.</p><p>Durante o período noturno, se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a</p><p>autoridade policial deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir,</p><p>com ou sem consentimento do morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem</p><p>permissão do morador, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada.</p><p>O mandado de prisão deverá preencher os requisitos do artigo 285, parágrafo único,</p><p>do Código de Processo Penal.</p><p>5.5.1 Legitimação</p><p>Diante do que dispõe o artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88, no sentido de</p><p>que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de</p><p>autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime</p><p>propriamente militar, definidos em lei, resta claro que a prisão preventiva somente pode ser</p><p>decretada por ordem judicial.</p><p>Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a</p><p>prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. A</p><p>prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo</p><p>penal.</p><p>Antes da Lei nº 13.964/19, o juiz poderia decretar a prisão preventiva de ofício na fase</p><p>processual, mas nunca na fase inquisitiva (durante o inquérito).</p><p>Atualmente, foi retirada por completo a possibilidade de o magistrado decretar a prisão</p><p>preventiva de ofício seja na Ação Penal, seja no Inquérito Policial. Veja a nova redação do</p><p>dispositivo:</p><p>Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a</p><p>prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do</p><p>querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.</p><p>Dessa forma, a decretação da prisão preventiva de ofício pelo juiz, em qualquer fase</p><p>da persecução será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão.</p><p>5.5.2 Pressupostos</p><p>Nos termos da parte final do artigo 312 do Código de Processo Penal, alterado pelo</p><p>pacote anticrime, a prisão preventiva somente é possível, se, no caso concreto, houver</p><p>indícios suficientes de autoria e prova da materialidade e desde que haja comprovação de que</p><p>o estado de liberdade do agente gere perigo</p><p>modalidade</p><p>tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. Maurício conversa com sua</p><p>família e procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem</p><p>interesse em aceitar transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro</p><p>benefício despenalizador.</p><p>Com base apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício,</p><p>responda:</p><p>A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade</p><p>autárquica federal, o órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é</p><p>competente para julgamento da infração penal imputada? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de</p><p>Maurício? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>2) (QUESTÃO 3 - XIV EXAME)</p><p>Daniel, Ana Paula, Leonardo e Mariana, participantes da quadrilha “X”, e Carolina, Roberta,</p><p>Cristiano, Juliana, Flavia e Ralph, participantes da quadrilha “Y”, fazem parte de grupos</p><p>criminosos especializados em assaltar agências bancárias. Após intensos estudos sobre</p><p>divisão de tarefas, locais, armas, bancos etc., ambos os grupos, sem ciência um do outro,</p><p>planejaram viajar até a pacata cidade de Arroizinho com o intuito de ali realizarem o roubo.</p><p>Cumpre ressaltar que, na cidade de Arroizinho, havia apenas duas únicas agências bancárias,</p><p>a saber: uma agência do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e outra da Caixa</p><p>Econômica Federal, empresa pública federal. No dia marcado, os integrantes da quadrilha "X"</p><p>praticaram o crime objetivado contra o Banco do Brasil; os integrantes da quadrilha "Y" o</p><p>fizeram contra a Caixa Econômica Federal. Cada grupo, com sua conduta, conseguiu auferir</p><p>a vultosa quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).</p><p>Nesse caso, atento tão somente aos dados contidos no enunciado, responda</p><p>fundamentadamente de acordo com a Constituição:</p><p>A) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela</p><p>quadrilha "Y"? (Valor: 0,65)</p><p>B) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela</p><p>quadrilha "X"? (Valor: 0,60)</p><p>3) (QUESTÃO 1 – EXAME 2010/03)</p><p>Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de</p><p>material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos</p><p>empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um</p><p>automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa,</p><p>tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração de inquérito</p><p>para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do aludido</p><p>procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o</p><p>crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações</p><p>da mesma empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela</p><p>confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e</p><p>apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das contribuições previdenciárias</p><p>devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, ficando não paga</p><p>a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público</p><p>Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º,</p><p>I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da</p><p>localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o</p><p>aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado</p><p>audiência de instrução e julgamento.</p><p>Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando</p><p>os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera</p><p>sumariamente? (Valor: 0,2)</p><p>B) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2)</p><p>C) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6)</p><p>4) (QUESTÃO 3 – EXAME 2010/03)</p><p>Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que</p><p>acabara de sacar o valor relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa</p><p>Econômica Federal e presenciado por duas funcionárias da referida instituição, as quais</p><p>prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do delito. Ao oferecer</p><p>denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público</p><p>Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem</p><p>pública, por ser o crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as</p><p>testemunhas seriam mulheres e poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em</p><p>liberdade antes da colheita de seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado</p><p>decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos argumentos apontados pelo</p><p>Parquet.</p><p>Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a</p><p>fundamentação legal pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar</p><p>a decisão judicial que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva.</p><p>1.2.3 Determinação do foro competente</p><p>Estabelecida a Justiça competente, deve-se, agora, proceder à análise do foro</p><p>competente, que se traduz na competência em razão do lugar.</p><p>Artigo 69 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 69: Determinará a competência jurisdicional:</p><p>I - O lugar da infração:</p><p>II - O domicílio ou residência do réu;</p><p>III - A natureza da infração;</p><p>IV - A distribuição;</p><p>V - A conexão ou continência;</p><p>VI - A prevenção;</p><p>VII - A prerrogativa de função.</p><p>Regra geral: art. 70 do Código de Processo Penal</p><p>Para a determinação da competência lugar do crime é o lugar da consumação, ou</p><p>seja, onde terminam por se reunir todos os elementos da definição do crime.</p><p>No caso de tentativa, a competência é determinada “pelo lugar em que for praticado o</p><p>último ato de execução” (Art. 70, caput, segunda parte, CPP).</p><p>1.2.4 Competência em crime continuado e crime permanente: art. 71 do Código</p><p>de Processo Penal</p><p>Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou</p><p>mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 71, CPP).</p><p>Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de</p><p>duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.</p><p>[...]</p><p>Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois</p><p>ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver</p><p>antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este</p><p>relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa.</p><p>1.2.5 Competência pelo domicílio ou residência do réu: art. 72 e 73 do Código de</p><p>Processo Penal</p><p>Duas são as hipóteses:</p><p>• A primeira delas encontra-se no artigo 72, caput, CPP: “Não sendo conhecido o lugar</p><p>da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.”</p><p>• A segunda hipótese refere-se à ação privada exclusiva, em que o querelante poderá</p><p>preferir o foro do domicílio ou residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.</p><p>Art. 73, CPP: “Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de</p><p>domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.”</p><p>Não sendo possível a aplicação das regras acima mencionadas por não ter o réu</p><p>domicílio ou residência certa, sendo ignorado o seu paradeiro, é competente o juiz que</p><p>primeiro tome conhecimento do fato (art. 72, § 2º, CPP):</p><p>Art. 72: Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo</p><p>domicílio ou residência do réu.</p><p>§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.</p><p>para a sociedade.</p><p>Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a</p><p>prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do</p><p>querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.</p><p>Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,</p><p>da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a</p><p>aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente</p><p>de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.</p><p>Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não cabe</p><p>prisão preventiva nas contravenções penais.</p><p>EM SÍNTESE:</p><p>Indícios suficientes de autoria + prova da materialidade do crime = pressupostos da</p><p>preventiva</p><p>Cautelaridade</p><p>Processual</p><p>Assegurar a</p><p>aplicação da lei</p><p>penal</p><p>Nos casos de fundado</p><p>receio de fuga do acusado.</p><p>Assegurar a</p><p>instrução criminal</p><p>Não basta o mero receio da</p><p>vítima ou testemunha.</p><p>Social</p><p>Garantia da ordem</p><p>econômica</p><p>Se aplica, por exemplo, a</p><p>crimes econômicos, nos</p><p>casos em que o autor</p><p>possa colocar em risco a</p><p>situação financeira de</p><p>instituição ou órgão estatal</p><p>Garantia da ordem</p><p>pública</p><p>Não confundir com clamor</p><p>popular. Deve haver</p><p>gravidade em concreto, o</p><p>criminoso deve oferecer</p><p>perigo real, capaz de abalar</p><p>a paz social.</p><p>5.5.3 Fundamentos da prisão preventiva: art. 312, CPP</p><p>De acordo com o artigo 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva pode</p><p>ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da</p><p>instrução criminal, para assegurar a aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento</p><p>das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.</p><p>O §2º, também acrescido pelo pacote anticrime, trouxe a exigência de que a</p><p>fundamentação e a motivação da prisão preventiva tenham lastro concreto em fatos novos ou</p><p>contemporâneos que justifiquem a aplicação da prisão.</p><p>a) Garantia da ordem pública:</p><p>A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipóteses</p><p>de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista,</p><p>seja, sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para</p><p>garantia da ordem pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando</p><p>presente situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio social ou de uma</p><p>determinada comunidade.</p><p>A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve analisar</p><p>a gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo</p><p>crime de homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão</p><p>preventiva compulsória.</p><p>EM SÍNTESE:</p><p>A gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela revelada não só pela</p><p>pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução,</p><p>quando a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido reclamarem medidas</p><p>imediatas para assegurar a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva.</p><p>Diante disso, a gravidade em abstrato não constitui motivo idôneo a embasar um decreto</p><p>de preventiva, devendo o Magistrado fundamentar sua decisão, nos termos do artigo 93,</p><p>inciso IX, da Constituição Federal/88, artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88,</p><p>bem como artigo 315 do Código de Processo Penal.</p><p>Embora os tribunais superiores utilizem, em determinadas decisões, a expressão</p><p>revogação da prisão preventiva, a FGV, no exame de 2010/03 e XIV Exame, sinalizou no</p><p>sentido de considerar, nesse caso, a ilegalidade de prisão, na medida em que, após constar</p><p>no enunciado que o juiz decretou a prisão preventiva considerando a gravidade em abstrato</p><p>do crime, no padrão de resposta da prova de 2010/03 constou a expressão “Ilegalidade na</p><p>decretação da prisão preventiva”. No XIV Exame, após constar no enunciado que “Cristiano</p><p>foi denunciado pela prática do delito tipificado no artigo 171, do Código Penal. No curso da</p><p>instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com</p><p>o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de</p><p>tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta</p><p>inadequada ao meio social.”, a questão seguiu com a seguinte redação, “o advogado de</p><p>Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou</p><p>Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a</p><p>considerava ilegal”.</p><p>Ressalta-se, por pertinente, que o clamor público, por si só, não autoriza o decreto da</p><p>prisão preventiva, servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da</p><p>custódia cautelar, devendo, portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional,</p><p>que justifique a prisão processual.</p><p>b) Conveniência da instrução criminal:</p><p>É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras</p><p>suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em</p><p>relação ao acusado, não autoriza o decreto da prisão preventiva.</p><p>Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução criminal</p><p>quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório</p><p>(acareação, reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio.</p><p>Se a prisão preventiva foi decretada exclusivamente com base na conveniência da</p><p>instrução criminal, uma vez encerrada a instrução, não há mais motivo para subsistir o decreto,</p><p>impondo-se, então, a revogação, conforme se infere dos artigos 316 e 282, §5º, ambos do</p><p>Código de Processo Penal. Do contrário, passa a preventiva a se constituir uma forma de</p><p>execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal.</p><p>ATENÇÃO</p><p>Mera suspeita de fuga não autoriza a preventiva!</p><p>c) Garantia da aplicação da lei penal:</p><p>Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao Estado o</p><p>exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da</p><p>infração penal.</p><p>É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença penal</p><p>por impossibilidade de aplicação da pena cominada.</p><p>Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em</p><p>circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita</p><p>de fuga, não há motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva.</p><p>d) Garantia de ordem econômica:</p><p>Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente,</p><p>causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira</p><p>ou mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a</p><p>impunidade reinante nessa área.</p><p>Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, na</p><p>medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na</p><p>vida das pessoas, do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer.</p><p>e) Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas</p><p>cautelares:</p><p>Nos termos do artigo 312, parágrafo único, do Código de Processo Penal, a prisão</p><p>preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das</p><p>obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (Art. 319 do CPP), conforme</p><p>artigo 282, §4º, do Código de Processo Penal.</p><p>Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo</p><p>sempre priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando</p><p>pela prisão preventiva em último caso.</p><p>Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medida cautelar diversa da prisão caso</p><p>entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a</p><p>proibição do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (Art. 319, inciso III,</p><p>CPP) e ele descumpre a medida. Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a</p><p>medida ou aplicar outra em cumulação, para só então, se persistir o descumprimento, decretar</p><p>a preventiva, conforme dispõe o artigo 312, parágrafo único, c/c o artigo 282, §4º, do Código</p><p>de Processo Penal.</p><p>23) (QUESTÃO 4 – XXXI EXAME)</p><p>Paulo, estudante, condenado anteriormente por crime culposo no trânsito, em 20/08/2019</p><p>adentrou loja de conveniência de um posto de gasolina e, aproveitando-se de um descuido</p><p>dos funcionários do estabelecimento, furtou todo o dinheiro que se encontrava no caixa. Após</p><p>sair da loja sem ter sua conduta percebida, consumado o delito, Paulo avistou sua antiga</p><p>namorada Jaqueline, que abastecia seu carro no posto de gasolina, e contou-lhe sobre o crime</p><p>que praticara momentos antes, pedindo que Jaqueline, igualmente estudante, primária e sem</p><p>qualquer envolvimento anterior com fatos ilícitos, ajudasse-o a deixar o local, pois notou que</p><p>os empregados do posto já tinham percebido que ocorrera a subtração. Jaqueline, então, dá</p><p>carona a Paulo, que se evade com os valores subtraídos.</p><p>Após instauração de inquérito policial para apurar o fato, os policiais, a partir das câmeras de</p><p>segurança da loja, identificaram Paulo como o autor do delito, bem como o veículo de</p><p>Jaqueline utilizado pelo autor para deixar o local, tendo o Ministério Público denunciado ambos</p><p>pela prática do crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, na forma do Art. 155, §</p><p>4º, inciso IV, do Código Penal.</p><p>Por ocasião do recebimento da denúncia, o juiz indeferiu a representação pela decretação da</p><p>prisão preventiva formulada pela autoridade policial, mas aplicou aos denunciados medidas</p><p>cautelares alternativas, dentre as quais a suspensão do exercício de atividade de natureza</p><p>econômica em relação a Jaqueline, já que ela seria proprietária de um estabelecimento de</p><p>comércio de roupas no bairro em que residia, nos termos requeridos pelo Ministério Público.</p><p>Considerando os fatos acima narrados, responda, na condição de advogado(a) de</p><p>Jaqueline, aos questionamentos a seguir.</p><p>Descumprimento</p><p>de Cautelar</p><p>Nova Cautelar</p><p>Cumular</p><p>Cautelares</p><p>Decretar</p><p>Preventiva</p><p>A) Qual argumento de direito material poderá ser apresentado pela defesa técnica de</p><p>Jaqueline para questionar a capitulação delitiva imputada pelo Ministério Público?</p><p>Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Existe argumento para questionar a medida cautelar alternativa de suspensão da</p><p>atividade econômica aplicada a Jaqueline? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>5.5.4 Condições de admissibilidade da Prisão Preventiva: Art. 313, CPP</p><p>Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva,</p><p>devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração</p><p>a) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior</p><p>a 4 (quatro) anos:</p><p>Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes dolosos</p><p>com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos.</p><p>O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado definitivamente,</p><p>o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída</p><p>sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido, se condenado o</p><p>agente não irá, a princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso</p><p>quando incide a seu favor a presunção da inocência.</p><p>Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir a</p><p>pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e</p><p>retornar ao cárcere à noite.</p><p>São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão preventiva,</p><p>tais como furto simples (Art. 155 do CP), apropriação indébita (Art. 168 do CP), receptação</p><p>simples (Art. 180 do CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros.</p><p>No caso de concurso material de crimes, somam-se as penas para fins de prisão</p><p>preventiva. Nos casos de concurso formal de crimes e crime continuado, considera-se a causa</p><p>de aumento no máximo e a de diminuição no mínimo. Em qualquer caso, se a pena máxima</p><p>for superior a 04 anos, poderá, em tese, ser decretada a prisão preventiva.</p><p>Tratando-se de causas de aumento de pena e de diminuição da pena, deve-se</p><p>considerar a quantidade que mais aumente ou que menos diminua, respectivamente, a fim de</p><p>se chegar à pena máxima cominada ao delito.</p><p>Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima</p><p>não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de</p><p>que ela, por exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma</p><p>das medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal. Somente se</p><p>descumprida a medida cautelar, pode-se aventar a possibilidade de decreto da preventiva,</p><p>com base no artigo 282, §4º, c/c artigo 312, parágrafo único, do Código de Processo Penal.</p><p>Exemplo: 01: Furto noturno, previsto no artigo 155, §1º, do Código Penal, a pena é</p><p>aumentada em 1/3. O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a</p><p>pena máxima cominada é de 04 anos. Todavia, se for praticado durante repouso noturno,</p><p>a pena é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por conseguinte, autorizando o</p><p>decreto da prisão preventiva.</p><p>Exemplo 02: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do Código Penal, a pena</p><p>máxima cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de</p><p>estelionato, esta pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o artigo 14,</p><p>parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena de 05 anos a redução</p><p>mínima (1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto,</p><p>incompatível com o disposto no artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal, o</p><p>decreto da prisão preventiva.</p><p>b) se o réu ostentar condenação anterior definitiva por outro crime doloso no</p><p>prazo de 05 anos da reincidência:</p><p>Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que se</p><p>trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão</p><p>preventiva se o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos</p><p>do artigo 312 do Código de Processo Penal.</p><p>Convém ressaltar que, se for reincidente, mas não em crime doloso (registra contra si</p><p>sentença condenatória transitada em julgado por crime culposo e depois pratica crime doloso),</p><p>somente será possível decretar a prisão preventiva se a pena máxima cominada ao delito</p><p>superar 04 (quatro) anos, se previsto um dos fundamentos do artigo 312 do Código de</p><p>Processo Penal.</p><p>c) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,</p><p>adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das</p><p>medidas protetivas de urgência:</p><p>Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a</p><p>execução das medidas protetivas de urgência.</p><p>Além das medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a</p><p>nova redação do artigo 313 do Código de Processo Penal incluiu os casos de violência</p><p>doméstica, não só em relação à mulher, mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou</p><p>qualquer pessoa com deficiência.</p><p>Essas medidas protetivas estão previstas no artigo 22 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria</p><p>da Penha), artigos 43 a 45, todos do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), e artigos 98 a</p><p>101, todos do ECA (Lei nº 8069/90).</p><p>Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para</p><p>garantir a execução das medidas</p><p>protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de</p><p>imposição anterior das cautelares protetivas de urgência.</p><p>d) §1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a</p><p>identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para</p><p>esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a</p><p>identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida:</p><p>• Pacote anticrime: “Art. 313. § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva</p><p>com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de</p><p>investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.”</p><p>• Exigência de fundamentação:</p><p>Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre</p><p>motivada e fundamentada.</p><p>§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o</p><p>juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que</p><p>justifiquem a aplicação da medida adotada.</p><p>§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,</p><p>sentença ou acórdão, que:</p><p>I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar</p><p>sua relação com a causa ou a questão decidida;</p><p>II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de</p><p>sua incidência no caso;</p><p>III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;</p><p>IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,</p><p>infirmar a conclusão adotada pelo julgador;</p><p>V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus</p><p>fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta</p><p>àqueles fundamentos;</p><p>VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela</p><p>parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação</p><p>do entendimento.</p><p>• Necessidade de revisão para manutenção da prisão preventiva:</p><p>Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva</p><p>se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela</p><p>subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão</p><p>revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão</p><p>fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.</p><p>24) (QUESTÃO 1 – XX EXAME)</p><p>Fausto, ao completar 18 anos de idade, mesmo sem ser habilitado legalmente, resolveu sair</p><p>com o carro do seu genitor sem o conhecimento do mesmo. No cruzamento de uma avenida</p><p>de intenso movimento, não tendo atentado para a sinalização existente, veio a atropelar Lídia</p><p>e suas 05 filhas adolescentes, que estavam na calçada, causando-lhes diversas lesões que</p><p>acarretaram a morte das seis. Denunciado pela prática de seis crimes do Art. 302, § 1º, incisos</p><p>I e II, da Lei nº 9503/97, foi condenado nos termos do pedido inicial, ficando a pena final</p><p>acomodada em 04 anos e 06 meses de detenção em regime semiaberto, além de ficar</p><p>impedido de obter habilitação para dirigir veículo pelo prazo de 02 anos. A pena privativa de</p><p>liberdade não foi substituída por restritivas de direitos sob o fundamento exclusivo de que o</p><p>seu quantum ultrapassava o limite de 04 anos. No momento da sentença, unicamente com o</p><p>fundamento de que o acusado, devidamente intimado, deixou de comparecer</p><p>espontaneamente a última audiência designada, que seria exclusivamente para o seu</p><p>interrogatório, o juiz decretou a prisão cautelar e não permitiu o apelo em liberdade, por força</p><p>da revelia. Apesar de Fausto estar sendo assistido pela Defensoria Pública, seu genitor o</p><p>procura, para que você, na condição de advogado(a), preste assistência jurídica. Diante da</p><p>situação narrada, como advogado(a), responda aos seguintes questionamentos</p><p>formulados pela família de Fausto:</p><p>A) Mantida a pena aplicada, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por</p><p>restritiva de direitos? Justifique.</p><p>B) Em caso de sua contratação para atuar no processo, o que poderá ser alegado para</p><p>combater, especificamente, o fundamento da decisão que decretou a prisão cautelar?</p><p>25) (QUESTÃO 4 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO)</p><p>Maria, primária e com bons antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de</p><p>transporte de crianças. Certo dia, após mudar o itinerário sempre observado, resolve fazer</p><p>compras em um supermercado, onde permaneceu por duas horas, esquecendo de entregar</p><p>uma das crianças de 03 anos na residência da mesma. Ao retornar ao veículo, encontra a</p><p>criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não conseguindo, porém, evitar o</p><p>óbito. Acabou denunciada e condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do Código</p><p>Penal (abandono de incapaz com resultado morte) à pena de 04 anos de reclusão em regime</p><p>aberto. Apesar de ter respondido ao processo em liberdade, não foi permitido à Maria apelar</p><p>em liberdade, fundamentando o juiz a ordem de prisão na grande comoção social que o fato</p><p>causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) procurou para que assumisse a defesa</p><p>de Maria. Considerando apenas as informações narradas na situação hipotética,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual recurso defensivo para</p><p>evitar a punição de Maria pelo crime pelo qual foi denunciada? Justifique.</p><p>B) Qual a medida que deve ser adotada na busca da liberdade imediata de Maria e com</p><p>qual fundamento? Justifique.</p><p>26) (QUESTÃO 2 – XV EXAME)</p><p>Durante inquérito policial que investigava a prática do crime de extorsão mediante sequestro,</p><p>esgotado o prazo sem o fim das investigações, a autoridade policial encaminhou os autos para</p><p>o Judiciário, requerendo apenas a renovação do prazo. O magistrado, antes de encaminhar o</p><p>feito ao Ministério Público, verificando a gravidade em abstrato do crime praticado, decretou a</p><p>prisão preventiva do investigado. Considerando a narrativa apresentada, responda aos</p><p>itens a seguir.</p><p>A) Poderia o magistrado adotar tal medida? Justifique.</p><p>B) A fundamentação apresentada para a decretação da preventiva foi suficiente?</p><p>Justifique.</p><p>5.5.5 Peças privativas de advogado no contexto de prisão preventiva</p><p>5.5.5.1 Revogação da Prisão Preventiva</p><p>• Base legal: art. 316, CPP</p><p>• Identificação: prisão preventiva legal. Quando não mais subsistir o motivo que ensejou</p><p>o decreto da prisão preventiva. Trata-se de peça privativa de advogado.</p><p>• Conteúdo: buscar no enunciado informações no sentido de que não mais subsistem</p><p>os motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código</p><p>de Processo Penal, ou seja, que o agente não representa risco à ordem pública, à ordem</p><p>econômica, à conveniência da instrução criminal, bem como à aplicação da lei penal.</p><p>PEDIU PRA PARAR</p><p>Expressão mágica:</p><p>“Prisão preventiva LEGAL”</p><p>Peça:</p><p>Revogação da preventiva</p><p>PAROU!</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência</p><p>da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime</p><p>doloso contra a vida de competência da justiça federal)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no artigo 316 do Código de</p><p>Processo Penal pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS</p><p>II) DO DIREITO</p><p>* Mencionar, por cautela, o disposto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88 (princípio da</p><p>presunção da inocência);</p><p>* Demonstrar que cessaram os motivos que ensejaram a prisão preventiva (a ausência dos</p><p>fundamentos do artigo 312, CPP).</p><p>* Fazer, se for o caso, referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 e</p><p>320 do Código de Processo Penal.</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) A REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a eventual</p><p>processo em liberdade;</p><p>b) A expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) Subsidiariamente, aplicação de medida cautelar diversa da prisão;</p><p>d) Vista dos autos ao Ministério Público.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO... OAB...</p><p>5.5.5.2 Relaxamento de Prisão Preventiva</p><p>• Base legal: art. 5º, inciso LXV, CF/88.</p><p>• Identificação e conteúdo: o relaxamento da prisão no contexto da prisão preventiva</p><p>poderá ocorrer quando a prisão for ilegal. Trata-se de peça privativa de advogado.</p><p>Exemplos:</p><p>Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do artigo 313 Código de Processo</p><p>Penal; nos casos de Contravenções Penais; Inobservância dos requisitos essenciais do</p><p>mandado de prisão (art. 285, parágrafo único, do CPP); Prisão preventiva sem</p><p>fundamentação; Prisão preventiva decretada de ofício pelo juiz.</p><p>Juiz decreta a</p><p>prisão</p><p>preventiva</p><p>Prisão legal</p><p>Pedido de</p><p>revogação</p><p>preventiva</p><p>Se indeferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>Prisão ilegal</p><p>Pedido de</p><p>relaxamento de</p><p>prisão</p><p>Se ideferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência</p><p>da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime</p><p>doloso contra a vida de competência da justiça federal)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>a RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no artigo 5º, inciso LXV da</p><p>Constituição federal/88 pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS</p><p>II) DO DIREITO</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a eventual</p><p>processo em liberdade;</p><p>b) A expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) Vista dos autos ao Ministério Público.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO...</p><p>OAB...</p><p>5.6 Prisão temporária</p><p>• Conceito:</p><p>É prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações a</p><p>respeito de crimes graves, durante o inquérito policial.</p><p>• Hipóteses para a decretação:</p><p>A prisão temporária pode ser decretada em relação aos crimes previstos no artigo 1º</p><p>da Lei nº 7960/89 e nas seguintes hipóteses:</p><p>a) Imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial:</p><p>Quando a autoridade policial, atualmente, representa pela prisão temporária, é obrigada</p><p>a dar os motivos dessa necessidade, expondo fundamentos que serão avaliados, caso a caso,</p><p>pelo magistrado competente.</p><p>b) Residência fixa e identidade conhecida</p><p>Esses dois elementos permitem a correta qualificação do suspeito, impedindo que outra</p><p>pessoa seja processada ou investigada em seu lugar, evitando-se, por isso, o indesejado erro</p><p>judiciário.</p><p>Aquele que não tem residência (morada habitual) em lugar determinado ou que não</p><p>consegue fornecer dados suficientes para o esclarecimento da sua identidade</p><p>(individualização como pessoa) proporciona insegurança na investigação policial.</p><p>Decretação da</p><p>temporária</p><p>Requisitos alternativos</p><p>Necessidade de</p><p>preservar a</p><p>investigação criminal</p><p>Réu não possuir</p><p>residência fixa</p><p>Réu não fornecer</p><p>elementos para sua</p><p>identificação</p><p>Requisitos obrigatórios</p><p>(art. 1º, da Lei 7.960/89)</p><p>Fundadas razões</p><p>Estar o crime cometido</p><p>previsto no rol taxativo</p><p>da Lei 7.960/89</p><p>5.6.1 Decretação por autoridade judicial</p><p>No caso de prisão temporária, não pode o magistrado decretá-la de ofício. Há,</p><p>invariavelmente, de existir requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade</p><p>policial.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>O juiz NÃO pode decretar de ofício, se decretar de ofício a prisão será ILEGAL!</p><p>5.6.2 Prazo</p><p>Prazo de 05 dias, prorrogáveis por mais 05 dias.</p><p>No caso de prisão temporária pela prática de crime hediondo e equiparados, o artigo</p><p>2º, §4º, da Lei nº 8.072/90, estabelece que o prazo de prisão temporária pode atingir 30 dias,</p><p>prorrogáveis por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade.</p><p>• Crimes hediondos: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.</p><p>• Demais crimes: 05 dias, prorrogáveis por mais 05 dias.</p><p>5.6.3 Procedimento</p><p>A prisão temporária pode ser decretada em face da representação da autoridade</p><p>policial ou de requerimento do Ministério Público. Não pode ser decretada de ofício pelo juiz.</p><p>No caso de representação da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, tem de ouvir</p><p>o Ministério Público.</p><p>O juiz tem o prazo de 24 horas, a partir do recebimento da representação ou</p><p>requerimento, para decidir fundamentadamente sobre a prisão.</p><p>O mandado de prisão deve ser expedido em duas vias, uma das quais deve ser</p><p>entregue ao iniciado, servindo como nota de culpa.</p><p>Efetuada a prisão, a autoridade policial deve advertir o preso do direito constitucional</p><p>de permanecer calado.</p><p>Ao decretar a prisão, o juiz poderá (faculdade) determinar que o preso lhe seja</p><p>apresentado, solicitar informações da autoridade policial ou submetê-lo a exame de corpo de</p><p>delito.</p><p>O prazo de 5 dias (ou trinta) pode ser prorrogado uma vez em caso de comprovada e</p><p>extrema necessidade.</p><p>5.6.4 Revogação da prisão temporária</p><p>Base Legal: art. 316, CPP e art. 282, § 5º, CPP</p><p>Como não há previsão expressa, considera-se como base legal, por analogia, o artigo</p><p>316 do Código de Processo Penal, podendo, ainda, ser considerado o artigo 282, §5º, do</p><p>Código de Processo Penal, que trata da revogação de medida cautelar.</p><p>A revogação da prisão temporária ocorre no contexto de prisão temporária legal.</p><p>5.6.5 Relaxamento da prisão temporária</p><p>Base Legal: art. 5º, inciso LXV, da CF/88</p><p>O relaxamento da prisão temporária guarda relação com prisão ilegal, que ocorre, por</p><p>exemplo, quando o juiz decreta a prisão temporária de ofício; decreta prisão temporária na</p><p>fase judicial; quando decreta em face de crime que não consta no rol do artigo 1º, inciso III,</p><p>da Lei nº 7.960/89.</p><p>EM SÍNTESE, ALGUNS EXEMPLOS:</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA ILEGAL PRISÃO TEMPORÁRIA LEGAL</p><p>✔ Decretação de ofício pelo juiz;</p><p>✔ Fase judicial;</p><p>✔ Em crimes que não constam no rol do</p><p>art. 1º da lei 7.960/89.</p><p>✔ Decretação através de</p><p>requerimento do MP ou da</p><p>autoridade policial;</p><p>✔ Fase investigatória;</p><p>✔ Imprescritibilidade para as</p><p>investigações do inquérito policial;</p><p>✔ Se houver dúvida quanto a</p><p>identificação civil do acusado e este</p><p>se recusar a esclarecê-la.</p><p>Juiz decreta a</p><p>prisão</p><p>temporária</p><p>Prisão legal</p><p>Pedido de</p><p>revogação da</p><p>temporária</p><p>Se indeferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>Se o enunciado</p><p>referir peça</p><p>privativa de</p><p>advogado</p><p>Prisão ilegal</p><p>Pedido de</p><p>relaxamento de</p><p>prisão</p><p>Se indeferido,</p><p>habeas corpus</p><p>Se denegado,</p><p>ROC</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência</p><p>da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime</p><p>doloso contra a vida de competência da justiça federal)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>a REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, com base no artigo 316 do Código de</p><p>Processo Penal e artigo 282, §5º, do Código de Processo Penal, pelos fatos e</p><p>fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS</p><p>II) DO DIREITO</p><p>* Fundamentar o pedido de revogação da prisão temporária com o disposto no artigo 5º,</p><p>inciso LVII, da Constituição Federal/88 (princípio da presunção da inocência).</p><p>* Demonstrar a que não subsistem os motivos que ensejaram a prisão temporária.</p><p>* Por cautela, se for o caso, fazer referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282</p><p>e 319 e 320 do Código de Processo Penal.</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) A REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA;</p><p>b) A expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) Subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como medida de inteira justiça;</p><p>d) Vista dos autos ao Ministério Público.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO...</p><p>OAB...</p><p>A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)</p><p>B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da justiça</p><p>federal)</p><p>C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO</p><p>TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência</p><p>da justiça estadual)</p><p>D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA</p><p>JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime</p><p>doloso contra a vida de competência da justiça federal)</p><p>Autos nº</p><p>FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com</p><p>procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer</p><p>a RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, com base artigo 5º, inciso LXV, da</p><p>Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:</p><p>I) DOS FATOS</p><p>II) DO DIREITO</p><p>III) DO PEDIDO</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, a fim de que possa responder a eventual</p><p>processo em liberdade;</p><p>b) A expedição do respectivo alvará de soltura;</p><p>c) Vista dos autos ao Ministério Público.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>ADVOGADO...</p><p>OAB...</p><p>27) (QUESTÃO 2 - XX EXAME)</p><p>Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho,</p><p>pela quantia de R$1.000,00 (mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime</p><p>pretérito, passando a usá-lo como próprio. Tomando conhecimento dos fatos, um inimigo de</p><p>Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério Público, que requisitou a instauração de inquérito</p><p>policial. A autoridade policial instaurou o procedimento, indiciou Lúcio pela prática do crime de</p><p>receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do Código Penal), já que desenvolvia atividade</p><p>comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer</p><p>favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos. Na</p><p>condição de advogado de Lúcio, esclareça os itens a seguir.</p><p>A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão</p><p>temporária de Lúcio?</p><p>B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi</p><p>de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso</p><p>negativo, indique qual seria o delito praticado e justifique.</p><p>28) (QUESTÃO 3 - VI EXAME)</p><p>Caio, Mévio, Tício e José, após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade,</p><p>resolveram praticar um estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua</p><p>empreitada criminosa, os quatro dividiram os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da</p><p>investigação policial, apurou-se a autoria do delito por meio dos depoimentos de diversas</p><p>testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal informação, o promotor de</p><p>justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma quadrilha de</p><p>estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados.</p><p>Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente.</p><p>Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos</p><p>jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser</p><p>endereçado(s)?</p><p>B) Quais fundamentos deverão ser alegados?</p><p>PADRÃO DE RESPOSTAS</p><p>1) (QUESTÃO 3 - XXII EXAME)</p><p>Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada</p><p>contravenção penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de</p><p>entidade autárquica federal, mas a infração penal não veio a se consumar por circunstâncias</p><p>alheias à sua vontade. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público dá início a</p><p>procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com competência para atuar</p><p>no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua modalidade</p><p>tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. Maurício conversa com sua</p><p>família e procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem</p><p>interesse em aceitar transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro</p><p>benefício despenalizador.</p><p>Com base apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício,</p><p>responda:</p><p>A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade</p><p>autárquica federal, o órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é</p><p>competente para julgamento da infração penal imputada? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de</p><p>Maurício? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Apesar de a contravenção penal causar prejuízo ao patrimônio de autarquia federal, a</p><p>Justiça Federal não é competente para julgar a infração penal, tendo em vista que o Art. 109,</p><p>inciso IV, da Constituição da República Federativa do Brasil prevê expressamente que a</p><p>Justiça Federal terá competência para julgar infrações penais praticadas em detrimento de</p><p>bens, serviços ou interesses da União e de suas entidades autárquicas e empresas públicas,</p><p>excluídas as contravenções penais. Diferente da regra geral, as contravenções penais, ainda</p><p>que nas circunstâncias do dispositivo acima mencionado, devem ser julgadas perante a</p><p>Justiça Estadual, no caso, Juizado Especial Criminal Estadual.</p><p>B)</p><p>Apesar de Maurício ter iniciado a execução de uma contravenção penal e a mesma não ter</p><p>se consumado por circunstâncias alheias à vontade do agente, o que, em tese, configura</p><p>tentativa, que, pela regra do Código Penal, impõe a punição pelo crime pretendido com</p><p>redução de pena, na hipótese apresentada, a infração penal que não restou consumada foi</p><p>uma contravenção. Nos termos do previsto no Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41, não se pune a</p><p>tentativa de contravenção penal. Assim, no momento em que Maurício não conseguiu</p><p>consumar o delito por circunstâncias alheias à sua vontade, sua conduta não é punível.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Não, a Justiça Federal não é competente para julgamento de contravenções</p><p>penais, ainda que praticadas em detrimento de bens, serviços e patrimônio de</p><p>entidade autárquica da União (0,55), nos termos do Art. 109, inciso IV, da CRFB/88</p><p>OU Súmula 38/STJ (0,10).</p><p>0,00/0,55/0,65</p><p>B) O argumento a ser apresentado é que não se pune a tentativa de contravenção</p><p>penal (0,50), nos termos do Art. 4º do DL 3.688/41 (0,10).</p><p>0,00/0,50/0,60</p><p>2) (QUESTÃO 3 - XIV EXAME)</p><p>Daniel, Ana Paula, Leonardo e Mariana, participantes da quadrilha “X”, e Carolina, Roberta,</p><p>Cristiano, Juliana, Flavia e Ralph, participantes da quadrilha “Y”, fazem parte de grupos</p><p>criminosos especializados em assaltar agências bancárias. Após intensos estudos sobre</p><p>divisão de tarefas, locais, armas, bancos etc., ambos os grupos, sem ciência um do outro,</p><p>planejaram viajar até a pacata cidade de Arroizinho com o intuito de ali realizarem o roubo.</p><p>Cumpre ressaltar que, na cidade de Arroizinho, havia apenas duas únicas agências bancárias,</p><p>a saber: uma agência do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e outra da Caixa</p><p>Econômica Federal, empresa pública federal. No dia marcado, os integrantes da quadrilha "X"</p><p>praticaram o crime objetivado contra o Banco do Brasil; os integrantes da quadrilha "Y" o</p><p>fizeram contra a Caixa Econômica Federal. Cada grupo, com sua conduta, conseguiu auferir</p><p>a vultosa quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).</p><p>Nesse caso, atento tão somente aos dados contidos no enunciado, responda</p><p>fundamentadamente de acordo com a Constituição:</p><p>A) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela</p><p>quadrilha "Y"? (Valor: 0,65)</p><p>B) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela</p><p>quadrilha "X"? (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Constituição da República, em seu artigo 109, IV, estabelece que compete à Justiça</p><p>Federal o julgamento das as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou</p><p>interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Trata-se de</p><p>competência determinada ratione personae. Assim, para se estabelecer a competência de</p><p>julgamento dos crimes mencionados no enunciado, o examinando deverá, em primeiro lugar,</p><p>levar em consideração a natureza jurídica da pessoa lesada.</p><p>Destarte, no caso do item "A", a competência para julgamento do crime em que foi lesada a</p><p>CEF é da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV da CRFB/88.</p><p>Relativamente ao item "B", levando-se em conta que o lesado foi o Banco do Brasil, a</p><p>competência para o julgamento do crime praticado é da Justiça Estadual, pois, como visto</p><p>anteriormente, referida instituição está fora do alcance da regra insculpida no artigo 109, IV</p><p>da CF, sendo certo que a competência da Justiça Estadual é residual. Além disso, há o verbete</p><p>42 da Súmula do STJ sobre o tema: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar</p><p>as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu</p><p>detrimento."</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Justiça Federal (0,55), conforme disposto no Art. 109, IV da CRFB/88 (0,10).</p><p>Obs.: a mera indicação de artigo ou súmula não pontua.</p><p>0,00/0,55/0,65</p><p>B) Justiça Estadual (0,50), pois o BB está fora do alcance da regra insculpida no artigo</p><p>109, IV da CF, sendo certo que a competência da Justiça Estadual é residual (0,10) OU</p><p>Justiça Estadual (0,50), nos termos do verbete 42 da Súmula do STJ (0,10).</p><p>Obs.: a mera indicação de artigo ou súmula não pontua.</p><p>0,00/0,50/0,60</p><p>3) (QUESTÃO 1 – EXAME 2010/03)</p><p>Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de</p><p>material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos</p><p>empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um</p><p>automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa,</p><p>tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração de inquérito</p><p>para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do aludido</p><p>procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o</p><p>crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações</p><p>da mesma empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela</p><p>confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e</p><p>apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das contribuições previdenciárias</p><p>devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, ficando não paga</p><p>a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público</p><p>Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º,</p><p>I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da</p><p>localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o</p><p>aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado</p><p>audiência de instrução e julgamento.</p><p>Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando</p><p>os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera</p><p>sumariamente? (Valor: 0,2)</p><p>B) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2)</p><p>C) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Habeas Corpus, uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão que não</p><p>absolvera sumariamente o acusado, sendo cabível a ação mandamental, conforme</p><p>estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP. No caso, não seria admissível o recurso em</p><p>sentido estrito, uma vez que o enunciado não traz qualquer informação acerca da</p><p>fundamentação utilizada pelo magistrado para deixar de absolver sumariamente o réu, não</p><p>podendo o candidato deduzir que teria sido realizado e indeferido pedido expresso de</p><p>reconhecimento de extinção da punibilidade.</p><p>B) Ao Tribunal Regional Federal.</p><p>C) Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito quanto ao delito previsto no artigo 168-</p><p>A, do CP, e, após, restando apenas acusação pertinente à sonegação de tributo de natureza</p><p>estadual, incompetência absoluta – em razão da matéria – do juízo federal para processar e</p><p>julgar a matéria. Quanto à Súmula Vinculante nº 24, o enunciado não traz qualquer informação</p><p>no sentido de que a via administrativa ainda não teria se esgotado, não podendo o candidato</p><p>deduzir tal fato.</p><p>Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Habeas Corpus (0,2), uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão</p><p>que não absolvera sumariamente o acusado, sendo cabível a ação mandamental,</p><p>conforme estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP.</p><p>0,00/0,20</p><p>B) Ao Tribunal Regional Federal. 0,00/0,20</p><p>C) Extinção da punibilidade (0,25) pelo pagamento (0,1) do débito. 0,0/0,1/0,25/0,35</p><p>4) (QUESTÃO 3 – EXAME 2010/03)</p><p>Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que</p><p>acabara de sacar o valor relativo à sua</p><p>aposentadoria dentro de uma agência da Caixa</p><p>Econômica Federal e presenciado por duas funcionárias da referida instituição, as quais</p><p>prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do delito. Ao oferecer</p><p>denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público</p><p>Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem</p><p>pública, por ser o crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as</p><p>testemunhas seriam mulheres e poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em</p><p>liberdade antes da colheita de seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado</p><p>decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos argumentos apontados pelo</p><p>Parquet.</p><p>Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a</p><p>fundamentação legal pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar</p><p>a decisão judicial que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Não, pois a competência para processamento e julgamento é de uma vara comum da</p><p>justiça estadual, por se tratar de crime patrimonial e que não ofende bens, serviços ou</p><p>interesses da União ou de suas entidades autárquicas.</p><p>B) Não, pois a jurisprudência é pacífica no sentido de que considerações genéricas e</p><p>presunções de que em liberdade as testemunhas possam sentir-se amedrontadas não são</p><p>argumentos válidos para a decretação da prisão antes do trânsito em julgado de decisão</p><p>condenatória, pois tal providência possui natureza estritamente cautelar, de modo que</p><p>somente poderá ser determinada quando calcada em elementos concretos que demonstrem</p><p>a existência de risco efetivo à eficácia da prestação jurisdicional.</p><p>C) Tribunal Regional Federal, pois a autoridade coatora é juiz de direito federal.</p><p>Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Incompetência da Justiça Federal para julgar o caso (0,15), por não se enquadrar nas</p><p>hipóteses do art. 109 da CRFB (0,15). 0,00/0,15/0,30</p><p>B) Incompetência do Tribunal do Júri (0,15), considerando que o crime de latrocínio tem</p><p>natureza patrimonial (0,15). 0,00/0,15/0,30</p><p>C) Ilegalidade na decretação da prisão preventiva (0,2), com base na impossibilidade de</p><p>fundamentar a prisão na gravidade abstrata do crime OU na presunção de que as vítimas</p><p>se sentiriam amedrontadas (0,2).</p><p>0,00/0,20/0,40</p><p>5) (QUESTÃO 3 - XVII EXAME)</p><p>Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por</p><p>Antônio, que afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante</p><p>da grave ameaça, Ruth entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção</p><p>à cidade de Mogi das Cruzes, consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o</p><p>genro Thiago, que saiu em seu carro, junto com um policial militar, à procura de Antônio. Com</p><p>base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago localizou Antônio, já em Mogi das</p><p>Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em sua cintura, tendo o</p><p>policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela prática</p><p>do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da</p><p>comarca de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da</p><p>região sabem que o magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa</p><p>foi intimada a apresentar resposta à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e</p><p>que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de advogado(ntônio, aos itens a</p><p>seguir.</p><p>A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara</p><p>Criminal de Mogi das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de</p><p>direito material poderia ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a</p><p>pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) A medida processual é exceção de incompetência. Pela narrativa apresentada no</p><p>enunciado é possível concluir que o crime foi praticado, inclusive consumado, na cidade de</p><p>Santos, logo, na forma do Art. 70 do Código de Processo Penal, o juízo competente será o da</p><p>comarca de Santos e não o de Mogi das Cruzes. Considerando a incompetência territorial</p><p>existente, deveria o advogado de Antônio formular uma exceção de incompetência, no prazo</p><p>de defesa, nos termos do Art. 108 do Código de Processo Penal.</p><p>B) Envolvendo o mérito, deve o examinando expor que, ainda que confessados os fatos, não</p><p>houve emprego de arma na hipótese, de modo que deveria ser afastada a majorante do Art.</p><p>157, § 2º, inciso I, do Código Penal. A hipótese narrada deixa claro que Antônio abordou Ruth</p><p>e empregou grave ameaça, mas que, em momento algum, utilizou, mencionou ou mostrou a</p><p>arma que portava quando de sua prisão em flagrante. O argumento de que a faca, por ser</p><p>arma branca, não é suficiente para o reconhecimento da causa de aumento não é adequado.</p><p>O que se exigia era a demonstração de que, no caso concreto, não houve efetivo emprego da</p><p>arma, como exige o dispositivo supramencionado.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) A medida processual a ser adotada é a exceção de incompetência ou a</p><p>arguição de preliminar de incompetência na resposta à acusação (0,35), nos</p><p>termos do Art. 108 ou 396-A do CPP, respectivamente (0,10), pois o crime se</p><p>consumou em Santos, logo o juízo competente é o dessa comarca (0,20).</p><p>0,00/0,20/0,30/0,35/0,45/0,55</p><p>/0,65</p><p>B) O argumento a ser apresentado é que foi praticado um crime de roubo simples</p><p>OU que deve ser afastada a causa de aumento/majorante do Art. 157, § 2º, inciso</p><p>I, do CP (0,35), pois não houve efetivo emprego de arma (0,25).</p><p>0,00/0,25/0,35/0,60</p><p>6) (QUESTÃO 2 – EXAME 2010/03)</p><p>Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de</p><p>Belo Horizonte, para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a</p><p>Maria, jovem belíssima que conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o</p><p>convence a subtrair pertences da casa do genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele</p><p>aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. Ao chegar ao local, Caio</p><p>janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma televisão de</p><p>plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos</p><p>se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.</p><p>Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos</p><p>jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,40)</p><p>B) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,40)</p><p>C) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para</p><p>processamento da ação penal? (Valor: 0,20)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória prevista no artigo 181, II, do</p><p>CP.</p><p>B) Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter pessoal, não se comunicando</p><p>a ela (artigo 30 do CP). Assim, poderá ser punida pela prática do crime de furto qualificado</p><p>pelo repouso noturno.</p><p>C) Belo Horizonte, local em que delito se consumou, conforme artigos 69, inciso I do CPP e</p><p>6º do CP.</p><p>Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória (0,2) prevista no artigo 181,</p><p>II, do CP (0,2).</p><p>0,00/0,20/0,40</p><p>B) Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter pessoal, não se</p><p>comunicando a ela (0,2), com base no artigo 30 OU 183, II, do CP (0,2).</p><p>0,00/0,20/0,40</p><p>C)</p><p>excelência o princípio do duplo grau é a apelação, a qual devolve ao</p><p>Tribunal, para nova análise, toda a matéria de fato e de direito. Como Laura será julgada</p><p>diretamente pelo Tribunal de Justiça, não terá direito ao duplo grau de jurisdição, mas isso</p><p>não a impede de exercer o contraditório e nem a ampla defesa, estando-lhe assegurado,</p><p>assim, o devido processo legal.</p><p>Obs.: Não serão pontuadas respostas contraditórias.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A1) Não, com base no Verbete 704, da Súmula do STF (0,35) 0,00/0,35</p><p>A2) O fato de Laura ser julgada diretamente pelo Tribunal de Justiça não lhe tira a</p><p>possibilidade de manejar outros recursos OU não há que se falar em desrespeito ao</p><p>princípio do juiz natural, já que a atração por conexão ou continência não configura criação</p><p>de tribunal de exceção (0,40).</p><p>0,00/0,40</p><p>B) Não, como Laura será julgada diretamente pelo Tribunal de Justiça, não terá direito ao</p><p>duplo grau de jurisdição OU não terá direito ao duplo grau de jurisdição porque, no caso de</p><p>Laura, eventual recurso interposto aos Tribunais Superiores não avaliará matéria fática</p><p>(0,50).</p><p>0,00/0,50</p><p>10) (QUESTÃO 3 - IV EXAME)</p><p>Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armênio e Justino. Ambos</p><p>objetivavam matar Frederico, rico empresário que possuía valiosas informações contra eles.</p><p>Frederico morava na cidade de Tirol, no Estado K, mas seus familiares viviam em Arsenal.</p><p>Sabendo que Frederico estava visitando a família, Armênio e Justino decidiram colocar em</p><p>prática o plano de matá-lo. Para tanto, seguiram Frederico quando este saía da casa de seus</p><p>parentes e, utilizando-se do veículo em que estavam, bloquearam a passagem de Frederico,</p><p>de modo que a caminhonete deste não mais conseguia transitar. Ato contínuo, Armênio e</p><p>Justino desceram do automóvel. Armênio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contra</p><p>ele, Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razão pela qual não puderam</p><p>perceber que Frederico ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se após socorro prestado</p><p>por um passante. Tudo foi noticiado à polícia, que instaurou o respectivo inquérito policial. No</p><p>curso do inquérito, os mandatos de Armênio e Justino chegaram ao fim, e eles não</p><p>conseguiram se reeleger. O Ministério Público, por sua vez, munido dos elementos de</p><p>informação colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denúncia contra Armênio e Justino, por</p><p>tentativa de homicídio, ao Tribunal do Júri da Justiça Federal com jurisdição na comarca onde</p><p>se deram os fatos, já que, à época, os agentes eram deputados federais. Recebida a denúncia,</p><p>as defesas de Armênio e Justino mostraram-se conflitantes. Já na fase instrutória, Frederico</p><p>teve seu depoimento requerido. A vítima foi ouvida por meio de carta precatória em Tirol. Na</p><p>respectiva audiência, os advogados de Armênio e Justino não compareceram, de modo que</p><p>juízo deprecado nomeou um único advogado para ambos os réus. O juízo deprecante, ao</p><p>final, emitiu decreto condenatório em face de Armênio e Justino. Armênio, descontente com o</p><p>patrono que o representava, destituiu-o e nomeou você como novo advogado.</p><p>Com base no cenário acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em favor</p><p>de Armênio. Justifique com base no CPP e na CF. (Valor: 1,25)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>Primeiramente há que ser arguida nulidade por incompetência absoluta (art. 564, inciso I do</p><p>CPP), pois no caso não há incidência de nenhuma das hipóteses mencionadas no art. 109 da</p><p>CRFB que justifiquem a atração do processo à competência da Justiça Federal. Ademais, o</p><p>fato de os agentes serem ex-deputados federais não enseja deslocamento de competência.</p><p>Nesse sentido, competente é o Tribunal do Júri da Comarca onde se deram os fatos, pois,</p><p>cessado o foro por prerrogativa de função, voltam a incidir as regras normais de competência</p><p>para o julgamento da causa, de modo que, dada à natureza da infração, a competência é afeta</p><p>ao Tribunal do Júri de Arsenal.</p><p>Além disso, também deverá ser arguida nulidade com base no art. 564, IV do CPP. A</p><p>nomeação de somente um advogado para ambos réus, feita pelo juízo deprecado, não</p><p>respeita o princípio da ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB), pois, como as defesas eram</p><p>conflitantes, a nomeação de um só advogado prejudica os réus.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>Indicar duas entre as seguintes. Acertando duas, + 0,05:</p><p>A) Nulidade por incompetência absoluta com base no art. 564, I, do CPP e ausência de</p><p>qualquer das hipóteses mencionadas no art. 109 da CRFB que justifiquem a atração do</p><p>processo à competência da Justiça Federal. (0,3) O fato de os agentes serem ex-deputados</p><p>federais não enseja deslocamento de competência, inclusive porque o direito ao foro por</p><p>prerrogativa de função já havia cessado, já que os réus não se reelegeram. Assim,</p><p>competente é o Tribunal do Júri da comarca onde se deram os fatos. (0,3)</p><p>B) Nulidade com base no art. 564, IV, do CPP (0,3) A nomeação de somente um advogado</p><p>para ambos os réus, feita pelo juízo deprecado, não respeita o princípio da ampla defesa</p><p>consagrado no art. 5º, LV, da CRFB. (0,3)</p><p>C) Nulidade pela ausência da apreciação da causa pelo juiz natural do feito (0,3).</p><p>Fundamentar com base no art. 5º, LIII, da CRFB OU art. 413/414 do CPP (0,3).</p><p>0,00/0,30/</p><p>0,60/0,90/1,25</p><p>11) (QUESTÃO 3 - XXIX EXAME)</p><p>Em patrulhamento de rotina, policiais militares receberam uma informação não identificada de</p><p>que Wesley, que estava parado em frente à padaria naquele momento, estaria envolvido com</p><p>o tráfico de drogas da localidade.</p><p>Diante disso, os policiais identificaram e realizaram a abordagem de Wesley, não sendo, em</p><p>um primeiro momento, encontrado qualquer material ilícito com ele. Diante da notícia recebida</p><p>momentos antes da abordagem, porém, e considerando que o crime de associação para o</p><p>tráfico seria de natureza permanente, os policiais apreenderam o celular de Wesley e, sem</p><p>autorização, passaram a ter acesso às fotografias e conversas no WhatsApp, sendo verificado</p><p>que existiam fotos armazenadas de Wesley portando suposta arma de fogo, bem como</p><p>conversas sobre compra e venda de material entorpecente.</p><p>Entendendo pela existência de flagrante em relação ao crime permanente de associação para</p><p>o tráfico, Wesley foi encaminhado para a Delegacia, sendo lavrado auto de prisão em</p><p>flagrante. Após liberdade concedida em audiência de custódia, Wesley é denunciado como</p><p>incurso nas sanções do Art. 35 da Lei nº 11.343/06. No curso da instrução, foram acostadas</p><p>imagens das conversas de Wesley via aplicativo a que os agentes da lei tiveram acesso, assim</p><p>como das fotografias. Os policiais foram ouvidos em audiência, ocasião em que confirmaram</p><p>as circunstâncias do flagrante. O réu exerceu seu direito ao silêncio.</p><p>Com base nas fotografias acostadas, o juiz competente julgou a pretensão punitiva do estado</p><p>procedente, aplicando a pena mínima de 03 anos de reclusão, além de multa, e fixando o</p><p>regime inicial fechado, já que o crime imputado seria equiparado a hediondo. Ainda assim,</p><p>substituiu a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.</p><p>Considerando as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de</p><p>Wesley, intimado(a) para apresentação de recurso de apelação.</p><p>A) Existe argumento a ser apresentado para questionar as provas utilizadas pelo</p><p>magistrado como fundamento para condenação? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Mantida a condenação, qual o argumento a ser apresentado para questionar a sanção</p><p>penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A questão exige do candidato conhecimento sobre uma pluralidade de temas, destacando-se</p><p>os temas prova ilícita, Lei nº 11.343/06 e crimes hediondos.</p><p>Narra o enunciado que Wesley foi abordado por policiais militares e, apesar de nada ilícito ter</p><p>sido encontrado com ele, os policiais, sem autorização, apreenderam seu celular e obtiveram</p><p>acesso</p><p>às conversas de Wesley via aplicativo whatsapp e ao álbum de fotografias, onde</p><p>encontraram imagens de Wesley supostamente com armas de fogo. Com base nesse</p><p>conteúdo do celular, Wesley foi preso em flagrante, denunciado e condenado como incurso</p><p>nas sanções penais do Art. 35 da Lei nº 11.343/06.</p><p>A) Sim, existe argumento para questionar as provas que serviram de fundamento para a</p><p>condenação, tendo em vista que se tratam de provas ilícitas. As provas utilizadas pelo</p><p>magistrado foram obtidas com violação ao direito à intimidade, já que os policiais obtiveram</p><p>acesso ao teor das conversas de Wesley por mensagens e suas fotografias sem sua</p><p>autorização ou sem prévia autorização judicial. Ocorreu violação à garantia de inviolabilidade</p><p>da intimidade e vida privada, assegurada no Art. 5º, inciso X, da CRFB, já que não houve o</p><p>indispensável requerimento (e autorização judicial) de quebra de sigilo de dados. Dessa forma,</p><p>estamos diante de provas ilícitas, que devem ser desentranhadas do processo, nos termos do</p><p>Art. 157 do CPP.</p><p>B) O argumento a ser apresentado para questionar a sanção penal aplicada é o de que o</p><p>crime de associação para o tráfico não é delito equiparado ao hediondo, diferente do tráfico</p><p>do Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06, tendo em vista que não está previsto no rol taxativo do</p><p>Art. 1º da Lei nº 8.072/90. Em respeito ao princípio da legalidade, não há que se falar em</p><p>analogia in malam partem. Considerando que o crime de associação para o tráfico não está</p><p>previsto na Constituição como equiparado a hediondo e nem é mencionado no Art. 1º da Lei</p><p>de Crimes Hediondos, não pode o magistrado conferir tal natureza em sua decisão, ainda que</p><p>exista previsão no sentido de que o prazo do livramento condicional será de mais de 2/3, prazo</p><p>esse típico dos crimes hediondos e equiparados. Ademais, ainda que fosse considerada a</p><p>natureza hedionda do delito, a previsão de regime inicial fechado obrigatória vem sendo</p><p>considerada inconstitucional pelos Tribunais Superiores (Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90) por</p><p>violar o princípio da individualização da pena.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Sim, a prova foi obtida por meio ilícito (0,30), diante da ausência de autorização</p><p>judicial para quebra de sigilo de dados OU diante da ausência de autorização de</p><p>Wesley para acesso ao conteúdo de seu celular (0,25), com violação ao direito à</p><p>intimidade/privacidade/vida privada (0,10).</p><p>0,00/0,10/0,25/0,30/</p><p>0,35/0,40/0,55/0,65</p><p>B) O crime de associação para o tráfico não é delito equiparado a hediondo (0,35)</p><p>porque não está previsto no Art. 1º da Lei nº 8.072 OU porque não cabe analogia in</p><p>malam partem, OU em respeito ao princípio da legalidade (0,10), podendo ser aplicado</p><p>regime aberto (0,15).</p><p>00/0,10/0,15/0,25/</p><p>0,35/0,45/0,50/0,60</p><p>12) (QUESTÃO 1 - XXVI EXAME)</p><p>Insatisfeito com a atividade do tráfico em determinado condomínio de residências, em especial</p><p>em razão da venda de drogas de relevante valor, o juiz da comarca autorizou, após</p><p>requerimento do Ministério Público, a realização de busca e apreensão em todas as centenas</p><p>de residências do condomínio, sem indicar o endereço de cada uma delas, apesar de estas</p><p>serem separadas e identificadas, sob o argumento da existência de informações de que, no</p><p>interior desse condomínio, haveria comercialização de drogas e que alguns dos moradores</p><p>estariam envolvidos na conduta.</p><p>Com base nesse mandado, a Polícia Civil ingressou na residência de Gabriel, 22 anos, sendo</p><p>apreendidos, no interior de seu imóvel, 15 g de maconha, que, de acordo com Gabriel, seriam</p><p>destinados a uso próprio. Após denúncia pela prática do crime do Art. 28 da Lei nº 11.343/06,</p><p>em razão de anterior condenação definitiva pela prática do mesmo delito, o que impossibilitaria</p><p>a aplicação de institutos despenalizadores, foi aplicada a Gabriel a sanção de cumprimento</p><p>de 10 meses de prestação de serviços à comunidade.</p><p>Intimado da condenação e insatisfeito, Gabriel procura um advogado para consulta técnica,</p><p>esclarecendo não ter interesse em cumprir a medida aplicada de prestação de serviços à</p><p>comunidade.</p><p>Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Gabriel,</p><p>esclareça os itens a seguir.</p><p>A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso para</p><p>questionar a apreensão das drogas na residência de Gabriel? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>B) Em caso de descumprimento, por Gabriel, da medida de prestação de serviços à</p><p>comunidade imposta na sentença condenatória pela prática do crime do Art. 28 da Lei</p><p>nº 11.343/06, poderá esta ser convertida em pena privativa de liberdade? Justifique.</p><p>(Valor: 0,65)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) O argumento de direito processual a ser apresentado em sede de recurso é que o mandado</p><p>de busca e apreensão que justificou a realização de diligência na residência de Gabriel é</p><p>inválido, tendo em vista que genérico. O mandado de busca e apreensão em determinada</p><p>residência, por ser uma restrição aos direitos fundamentais da inviolabilidade de domicílio,</p><p>trazido pelo Art. 5º, inciso XI, da CRFB/88, e privacidade deve ser determinado e amparado</p><p>em fundadas razões no envolvimento com ilícito. No caso, o mandado foi genérico, sem indicar</p><p>o endereço exato onde deveria ser cumprido o mesmo, apesar de as residências do</p><p>condomínio serem separadas e identificadas. Por essas mesmas razões, houve violação,</p><p>ainda, da previsão do Art. 243, inciso I, do CPP, que diz que no mandado deve ser indicada o</p><p>mais precisamente possível a casa onde será realizada a diligência.</p><p>B) Ainda que diante do descumprimento da medida de prestação de serviços à comunidade,</p><p>não poderia ser convertida esta em pena privativa de liberdade. Desde a Lei nº 11.343/06, o</p><p>crime de posse de material entorpecente para consumo próprio deixou de ser punido com</p><p>pena privativa de liberdade, apesar de prevalecer o entendimento de que a conduta não deixou</p><p>de ser considerada crime. De acordo com o Art. 28, inciso II, da Lei nº 11.343/06, uma das</p><p>sanções que pode ser imposta em caso de condenação é a prestação de serviços à</p><p>comunidade, podendo esta ser fixada pelo prazo de 10 meses em razão da reincidência. Em</p><p>que pese a prestação de serviços à comunidade ser pena restritiva de direitos de acordo com</p><p>o Código Penal, o que, em tese, admitiria a conversão em pena privativa de liberdade diante</p><p>de descumprimento, o tratamento trazido pela Lei nº 11.343/06 é peculiar. Estabelece o Art.</p><p>28, § 6º, da Lei nº 11.343/06 que, em caso de descumprimento da medida imposta em</p><p>sentença, em busca de sua execução, pode ser aplicada multa ou admoestação verbal,</p><p>permanecendo, porém, a vedação na imposição de sanção penal privativa de liberdade, tendo</p><p>em vista que a prestação de serviços à comunidade não foi aplicada como pena substitutiva</p><p>da privativa de liberdade como ocorre no Código Penal.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) O argumento é que o mandado de busca e apreensão não era válido, tendo em vista</p><p>que genérico OU que foi expedido mandado de busca e apreensão sem indicação de um</p><p>endereço específico onde a diligência deveria ser realizada (0,50), desrespeitando o Art.</p><p>243, inciso I, do CPP (0,10).</p><p>0/0,50/0,60</p><p>B) A medida de prestação de serviços à comunidade não poderá ser substituída por</p><p>privativa de liberdade, tendo em vista que o crime do Art. 28 da Lei 11.343/06 não admite</p><p>aplicação de pena privativa de liberdade OU tendo em vista que a Lei nº 11.343/06</p><p>somente admite, em caso de descumprimento, aplicação de admoestação verbal ou multa</p><p>(0,55), nos termos do Art. 28, § 6º, da Lei nº 11.343/06 (0,10).</p><p>0/0,55/0,65</p><p>13) (QUESTÃO 2 - XXVII EXAME)</p><p>Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que</p><p>ele chega do trabalho residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte</p><p>à Glória, que, de imediato comparece à Delegacia, narra os fatos,</p><p>§2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente</p><p>o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.</p><p>5) (QUESTÃO 3 - XVII EXAME)</p><p>Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por</p><p>Antônio, que afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante</p><p>da grave ameaça, Ruth entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção</p><p>à cidade de Mogi das Cruzes, consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o</p><p>genro Thiago, que saiu em seu carro, junto com um policial militar, à procura de Antônio. Com</p><p>base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago localizou Antônio, já em Mogi das</p><p>Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em sua cintura, tendo o</p><p>policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela prática</p><p>do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da</p><p>comarca de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da</p><p>região sabem que o magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa</p><p>foi intimada a apresentar resposta à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e</p><p>que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de advogado(a) de Antônio, aos</p><p>itens a seguir.</p><p>A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara</p><p>Criminal de Mogi das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de</p><p>direito material poderia ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a</p><p>pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>6) (QUESTÃO 2 – EXAME 2010/03)</p><p>Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de</p><p>Belo Horizonte, para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a</p><p>Maria, jovem belíssima que conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o</p><p>convence a subtrair pertences da casa do genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele</p><p>aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. Ao chegar ao local, Caio</p><p>janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma televisão de</p><p>plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos</p><p>se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.</p><p>Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos</p><p>jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,40)</p><p>B) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,40)</p><p>C) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para</p><p>processamento da ação penal? (Valor: 0,20)</p><p>7) (QUESTÃO 1 - XII EXAME)</p><p>Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato, mediante emissão de cheque</p><p>sem suficiente provisão de fundos. Narra a inicial acusatória que Carolina emitiu o cheque</p><p>número 000, contra o Banco ABC S/A, quando efetuou compra no estabelecimento “X”, que</p><p>fica na cidade de “Y”. Como a conta corrente de Carolina pertencia à agência bancária que</p><p>ficava na cidade vizinha “Z”, a gerência da loja, objetivando maior rapidez no recebimento,</p><p>resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi devolvido.</p><p>Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na</p><p>cidade “Y”, o ministério público local fez o referido oferecimento da denúncia, a qual foi</p><p>recebida pelo juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca. Tal magistrado, após o recebimento da</p><p>inicial acusatória, ordenou a citação da ré, bem como a intimação para apresentar resposta à</p><p>acusação.</p><p>Nesse sentido, atento(a) apenas às informações contidas no enunciado, responda de</p><p>maneira fundamentada, e levando em conta o entendimento dos Tribunais Superiores,</p><p>o que pode ser arguido em favor de Carolina. (Valor: 1,25)</p><p>8) (QUESTÃO 1 - XXI EXAME)</p><p>Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título</p><p>obtido pelo clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de</p><p>confraternização, em determinado momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio</p><p>desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca intensidade do golpe, Paulo vem a</p><p>falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte decorreu de uma</p><p>fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma</p><p>lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio e causou</p><p>sua morte. O órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do</p><p>Júri da Comarca de São Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de</p><p>morte (Art. 129, § 3º, do CP).</p><p>Considerando a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática,</p><p>responda, na condição de advogado(a) de Júlio:</p><p>A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor:</p><p>0.60)</p><p>1.2.6 Competência pela natureza da infração: art. 74 e 492 do Código de Processo</p><p>Penal</p><p>Art. 74: A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de</p><p>organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.</p><p>§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§</p><p>1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados</p><p>ou tentados.</p><p>§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da</p><p>competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a</p><p>jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.</p><p>§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência</p><p>de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410 (atual 419, CPP); mas, se a</p><p>desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir</p><p>a sentença (art. 492, § 2º).</p><p>Art. 492, CPP:</p><p>§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz</p><p>singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida,</p><p>aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei</p><p>como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes</p><p>da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.</p><p>§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida</p><p>será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o</p><p>disposto no § 1º deste artigo.</p><p>1.2.7 Competência por distribuição: art. 75 do Código de Processo Penal</p><p>Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma</p><p>circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.</p><p>Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da</p><p>decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa</p><p>prevenirá a da ação penal.</p><p>1.2.8 Causas modificadoras da competência (conexão ou continência)</p><p>1.2.8.1 Competência por conexão: art. 76 do Código de Processo Penal</p><p>Art. 76: A competência será determinada pela conexão:</p><p>I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo,</p><p>por várias pessoas reunidas (simultaneidade), ou por várias pessoas em concurso,</p><p>embora diverso o tempo e o lugar (por concurso), ou por várias pessoas, umas contra</p><p>as outras (por reciprocidade);</p><p>II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as</p><p>outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;</p><p>(lógica ou material)</p><p>III - quando a prova de uma infração</p><p>oferece representação e</p><p>solicita medidas protetivas de urgência. Encaminhados os autos para o Ministério Público,</p><p>este requer em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, bem como a</p><p>prisão preventiva de Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do CPP. O juiz acolhe os pedidos</p><p>do Ministério Público e Jorge é preso. Novamente os autos são encaminhados para o</p><p>Ministério Público, que oferece denúncia pela prática do crime do Art. 147 do Código Penal.</p><p>Antes do recebimento da inicial acusatória, arrependida, Glória retorna à Delegacia e</p><p>manifesta seu interesse em não mais prosseguir com o feito.</p><p>A família de Jorge o procura em busca de orientação, esclarecendo que o autor é primário e</p><p>de bons antecedentes.</p><p>Considerando apenas a situação narrada, na condição de advogado(a) de Jorge,</p><p>esclareça os seguintes questionamentos formulados pelos familiares:</p><p>A) A prisão de Jorge, com fundamento no Art. 313, inciso III, do Código de Processo</p><p>Penal, é válida? (Valor: 0,60)</p><p>B) É possível a retratação do direito de representação por parte de Glória? Em caso</p><p>negativo, explicite as razões; em caso positivo, esclareça os requisitos. (Valor: 0,65).</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Deveria o examinando demonstrar que a prisão preventiva decretada em desfavor de</p><p>Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, não é válida no caso</p><p>concreto. De início, é possível perceber que os requisitos previstos no Art. 313, incisos I e II,</p><p>do CPP não estão presentes, pois a pena máxima para o crime praticado é inferior a 04 anos</p><p>e Jorge é primário e de bons antecedentes. Em relação ao inciso III do Art. 313, não basta</p><p>que o crime seja praticado em situação de violência doméstica e familiar contra mulher. Para</p><p>regularidade da prisão, é preciso que seja aplicada para garantir execução de medida protetiva</p><p>de urgência. Dessa forma, somente será cabível caso exista uma medida protetiva</p><p>anteriormente aplicada e descumprida ou, ao menos, que, após aplicação da medida protetiva,</p><p>exista risco concreto de descumprimento. No caso, de imediato o magistrado, após</p><p>requerimento do Ministério Público, decretou a prisão preventiva, sem que houvesse medida</p><p>protetiva de urgência previamente aplicada. Assim, não foi válida a prisão.</p><p>B) Deveria o examinando esclarecer que o crime de ameaça é de ação penal pública</p><p>condicionada à representação, nos termos do Art. 147, parágrafo único, do Código Penal, de</p><p>modo que é possível a retratação do direito de representação. Como o crime foi praticado em</p><p>situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, contudo, alguns requisitos são</p><p>trazidos pela lei de modo a garantir que essa manifestação foi livre de pressões. Tais requisitos</p><p>são trazidos pelo Art. 16 da Lei 11.340/06, que admite a retratação antes do recebimento da</p><p>denúncia, desde que realizada em audiência especial, na presença do magistrado, após</p><p>manifestação do Ministério Público.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) A prisão de Jorge não é válida, pois o Art. 313, III, do CPP, exige que a prisão</p><p>seja decretada para garantir execução de medida protetiva de urgência OU porque</p><p>não houve medida protetiva anteriormente aplicada e descumprida (0,60)</p><p>0,00/0,60</p><p>B) Sim. A retratação da ofendida deve ocorrer em audiência especial, na presença</p><p>do magistrado e ouvido o Ministério Público (0,30), antes do recebimento da</p><p>denúncia (0,25), na forma do Art. 16 da Lei nº 11.340/06 (0,10)</p><p>0,00/0,25/0,30/0,35/</p><p>0,40/0,55/0,65</p><p>14) (QUESTÃO 4 - IV EXAME)</p><p>João e Maria, casados desde 2007, estavam passando por uma intensa crise conjugal. João,</p><p>visando tornar insuportável a vida em comum, começou a praticar atos para causar dano</p><p>emocional a Maria, no intuito de ter uma partilha mais favorável. Para tanto, passou a realizar</p><p>procedimentos de manipulação, de humilhação e de ridicularização de sua esposa. Diante</p><p>disso, Maria procurou as autoridades policiais e registrou ocorrência em face dos transtornos</p><p>causados por seu marido. Passados alguns meses, Maria e João chegam a um entendimento</p><p>e percebem que foram feitos um para o outro, como um casal perfeito. Maria decidiu, então,</p><p>renunciar à representação.</p><p>Nesse sentido e com base na legislação pátria, responda fundamentadamente:</p><p>A) Pode haver renúncia (retratação) à representação durante a fase policial, antes de o</p><p>procedimento ser levado a juízo? (Valor: 0,65)</p><p>B) Pode haver aplicação de pena consistente em prestação pecuniária? (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>Trata‐se de crime capitulado na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), conforme transcrito</p><p>abaixo:</p><p>“Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:</p><p>II ‐ a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional</p><p>e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que</p><p>vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante</p><p>ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,</p><p>perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito</p><p>de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à</p><p>autodeterminação;”</p><p>Além disso, o Código Penal assim dispõe:</p><p>“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.</p><p>§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,</p><p>ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo‐se o agente das relações</p><p>domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de</p><p>2006)</p><p>§ 10. Nos casos previstos nos §§1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas</p><p>no §9º deste artigo, aumenta‐se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de</p><p>2004)”</p><p>Sendo assim, de acordo com a Lei supracitada, a renúncia à representação só é admitida na</p><p>presença do Juiz, em audiência especialmente designada para esta finalidade, nos termos do</p><p>art. 16 da lei 11.340/2006 e, de acordo com o artigo 17 da referida lei, a prestação pecuniária</p><p>é vedada.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Não, / de acordo com o art. 16 da Lei 11.340, renúncia à representação só é</p><p>admitida na presença do Juiz, em audiência especialmente designada para esta</p><p>finalidade (0,65)</p><p>0,00/0,65</p><p>B) Não, / de acordo com o artigo 17 da Lei 11.340, a prestação pecuniária é vedada</p><p>(0,60)</p><p>0,00/0,60</p><p>15) (QUESTÃO 2 - XXIX EXAME)</p><p>No dia 01 de janeiro de 2008, após ingerir bebida alcoólica, Caio, 50 anos, policial militar</p><p>reformado, efetuou dois disparos de arma de fogo em direção à parede de sua casa vazia,</p><p>localizada no interior de grande quintal, com arma de sua propriedade, devidamente registrada</p><p>e com posse autorizada.</p><p>Apesar de os tiros terem sido efetuados em direção ao interior do imóvel, vizinhos que</p><p>passavam pela rua naquele momento, ao ouvirem os disparos, entraram em contato com a</p><p>Polícia Militar, que compareceu ao local e constatou que as duas munições deflagradas</p><p>ficaram alojadas na parede do imóvel, sendo a perícia acostada ao procedimento. Caio obteve</p><p>liberdade provisória e foi denunciado como incurso nas sanções do Art. 15 da Lei nº 10.826/03,</p><p>não sendo localizado, porém, por ocasião da citação, por ter mudado de endereço, apesar</p><p>das diversas diligências adotadas pelo juízo.</p><p>Após não ser localizado, Caio foi corretamente citado por edital e, não comparecendo, nem</p><p>constituindo advogado, foi aplicado o Art. 366 do Código de Processo Penal, suspendendo-</p><p>se o processo e o curso do prazo prescricional, em 04 de abril de 2008. Em 06 de julho de</p><p>2018, o novo juiz titular da vara criminal competente determinou que fossem realizadas novas</p><p>diligências</p><p>na tentativa de localizar o denunciado, confirmando que o processo, assim como</p><p>o curso do prazo prescricional, deveria permanecer suspenso.</p><p>Com base nas informações narradas, na condição de advogado(a) de Caio, que veio a</p><p>tomar conhecimento dos fatos em julho de 2018, responda aos questionamentos a</p><p>seguir.</p><p>A) Existe argumento para questionar a decisão do magistrado que, em julho de 2018,</p><p>determinou que o processo e o curso do prazo prescricional permanecessem</p><p>suspensos? (Valor: 0,65)</p><p>B) Existe argumento de direito material a ser apresentado em busca da absolvição de</p><p>Caio? (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>Narra o enunciado que Caio teria efetuado disparos de arma de fogo, no interior de seu quintal,</p><p>na direção da parede do imóvel em que residia, estando a casa vazia. Ademais, consta a</p><p>informação que os disparos foram realizados do quintal para o interior da residência, sendo</p><p>que as munições ficaram alojadas na parede. Os fatos, porém, foram descobertos por policiais</p><p>militares, vindo Caio a ser denunciado pela suposta prática do crime previsto no Art. 15 da Lei</p><p>nº 10.826/03.</p><p>A) A decisão do magistrado não foi correta. De fato, uma vez que o denunciado não foi</p><p>localizado para citação pessoal, seria cabível sua citação por edital. Em consequência, não</p><p>comparecendo o denunciado e nem constituindo advogado, em razão da natureza de citação</p><p>ficta, o processo, assim como o curso do prazo prescricional, deve ficar suspenso. Ocorre que</p><p>uma suspensão indefinida do prazo prescricional acabaria por criar um crime, na prática,</p><p>imprescritível, o que, de acordo com grande parte da doutrina, não poderia ocorrer através de</p><p>legislação ordinária. Diante disso, através da Súmula 415 do STJ, foi pacificado o</p><p>entendimento de que a suspensão do prazo prescricional somente poderia durar o período do</p><p>prazo prescricional, regulado pela pena máxima do crime imputado. O delito do Art. 15 da Lei</p><p>nº 10.826/03 tem pena máxima prevista de 04 anos, de modo que o prazo prescricional seria</p><p>de 08 anos. Desde a suspensão do processo, na forma do Art. 366 do CPP, passaram-se</p><p>mais de 08 anos, logo o prazo prescricional deveria voltar a correr em abril de 2016, sendo</p><p>equivocada a decisão do magistrado de, em 2018, determinar que fosse mantida a suspensão</p><p>do prazo prescricional.</p><p>B) Sim, existe argumento de direito material a ser apresentado pela defesa técnica de Caio</p><p>em busca de sua absolvição. Deveria o advogado alegar a atipicidade da conduta, tendo em</p><p>vista que nem todas as elementares do crime do Art. 15 da Lei nº 10.826/03 foram</p><p>preenchidas. Em que pese tenha Caio realizado disparos de arma de fogo, não haveria que</p><p>se falar no crime imputado, pois os disparos não foram realizados em via pública e nem em</p><p>direção à via pública. Apesar de a rua da residência do denunciado ser habitada, os disparos</p><p>foram realizados dentro de um quintal, em direção à parede da casa onde não havia ninguém.</p><p>Independentemente de a conduta ser moralmente reprovável, não foi praticado o delito</p><p>imputado.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Sim, a suspensão da prescrição somente poderia durar o período do prazo prescricional,</p><p>computado de acordo com o máximo da pena em abstrato prevista, voltando a correr em</p><p>abril de 2016 (0,55), nos termos da Súmula 415 do STJ (0,10).</p><p>0,00/0,55/0,65</p><p>B) Sim, a atipicidade da conduta (0,20), tendo em vista que o disparo não foi realizado em</p><p>via pública e nem em direção à via pública OU tendo em vista que o disparo não foi realizado</p><p>em local habitado (0,40).</p><p>0,00/0,50/0,60</p><p>16) (QUESTÃO 2 – XXI EXAME)</p><p>No dia 03 de março de 2016, Vinícius, reincidente específico, foi preso em flagrante em razão</p><p>da apreensão de uma arma de fogo, calibre .38, de uso permitido, número de série</p><p>identificado, devidamente municiada, que estava em uma gaveta dentro de seu local de</p><p>trabalho, qual seja, o estabelecimento comercial “Vinícius House”, do qual era sócio-gerente</p><p>e proprietário. Denunciado pela prática do crime do Artigo 14 da Lei nº 10.826/03, confessou</p><p>os fatos, afirmando que mantinha a arma em seu estabelecimento para se proteger de</p><p>possíveis assaltos. Diante da prova testemunhal e da confissão do acusado, o Ministério</p><p>Público pleiteou a condenação nos termos da denúncia em alegações finais, enquanto a</p><p>defesa afirmou que o delito do Art. 14 do Estatuto do Desarmamento não foi praticado, também</p><p>destacando a falta de prova da materialidade.</p><p>Após manifestação das partes, houve juntada do laudo de exame da arma de fogo e das</p><p>munições apreendidas, constatando-se o potencial lesivo do material, tendo o magistrado, de</p><p>imediato, proferido sentença condenatória pela imputação contida na denúncia, aplicando a</p><p>pena mínima de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa. O advogado de Vinícius é intimado da</p><p>sentença e apresentou recurso de apelação.</p><p>Considerando apenas as informações narradas, responda na condição de advogado(a)</p><p>de Vinicius:</p><p>A) Qual requerimento deveria ser formulado em sede de apelação e qual tese de direito</p><p>processual poderia ser alegada para afastar a sentença condenatória proferida em</p><p>primeira instância? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Confirmados os fatos, qual tese de direito material poderia ser alegada para buscar</p><p>uma condenação penal mais branda em relação ao quantum de pena para Vinicius?</p><p>Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A questão exige do(a) examinando(a) conhecimento sobre os crimes em espécie previstos na</p><p>Lei nº 10.826/03, bem como sobre a extensão dos princípios do contraditório e da ampla</p><p>defesa. Narra o enunciado que Vinícius foi condenado pela prática do crime de porte de arma</p><p>de fogo de uso permitido, pois tinha o material bélico, devidamente municiado, em seu local</p><p>de trabalho. Consta, ainda, que o laudo de exame pericial da arma de fogo e das munições</p><p>apreendidas somente foi juntado após manifestação das partes em alegações finais, tendo o</p><p>magistrado proferido sentença condenatória de imediato.</p><p>A) Em sede de apelação, deveria o advogado de Vinícius buscar o reconhecimento da</p><p>nulidade da sentença, tendo em vista que, após manifestação da defesa, houve juntada de</p><p>laudo de exame de arma de fogo, ou seja, de prova pericial, sem que fosse aberta vista às</p><p>partes em relação à documentação. O não acesso pela defesa ao laudo de exame pericial</p><p>violou o princípio da ampla defesa, em sua vertente da defesa técnica, além do próprio</p><p>princípio do contraditório, já que aquela prova não lhe foi submetida. Assim, deveria a</p><p>sentença ser anulada, sendo certo que o prejuízo foi constatado com a condenação do réu.</p><p>B) A tese de direito material a ser apresentada pela defesa técnica de Vinícius para buscar</p><p>uma condenação mais branda é de que o delito praticado pelo réu foi de posse de arma de</p><p>fogo e não de porte de arma de fogo, tendo em vista que o agente possuía, em seu local de</p><p>trabalho, arma de fogo de uso permitido. Prevê o Art. 12 da Lei nº 10.826/03 que o crime de</p><p>posse de arma de fogo poderá ocorrer não apenas quando o material bélico estiver na</p><p>residência do agente, mas também em seu local de trabalho, desde que o agente seja o titular</p><p>ou responsável legal pelo estabelecimento. No caso, todos os requisitos foram observados, já</p><p>que a arma estava no local de trabalho de Vinícius, estabelecimento do qual o agente era</p><p>proprietário e sócio-gerente. Assim, deveria a defesa buscar a desclassificação para o delito</p><p>previsto no Art. 12 da Lei nº 10.826/03.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Deveria o advogado de Vinicius requerer a anulação da sentença de primeira</p><p>instância (0,30), tendo em vista houve violação ao princípio do contraditório ou da</p><p>ampla defesa (0,15), no momento em que foi proferida sentença condenatória sem</p><p>que a defesa tivesse vista da prova pericial juntada aos autos (0,20).</p><p>0,00/0,15/0,20/0,30/0,35/</p><p>0,45/0,50/0,65</p><p>B) A tese de direito material é a desclassificação para o crime</p><p>de posse de arma</p><p>de fogo, já que Vinicius possuía arma em seu local de trabalho (0,50), nos termos</p><p>do Art. 12 da Lei nº 10.826/03 (0,10).</p><p>0,00/0,50/0,60</p><p>17) (QUESTÃO 4 – XXV EXAME APLICADO EM PORTO ALEGRE/RS)</p><p>Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é seu instrumento de trabalho, para seu</p><p>pai, Francisco, 45 anos, por um mês, já que este se encontrava em dificuldade financeira.</p><p>Após o prazo do empréstimo, Vitor, que não residia com Francisco, solicitou a devolução da</p><p>motocicleta, mas este se recusou a devolver e passou a atuar como se proprietário do bem</p><p>fosse, inclusive anunciando sua venda. Diante do registro dos fatos em sede policial, o</p><p>Ministério Público ofereceu denúncia em face de Francisco, imputando-lhe a prática do crime</p><p>previsto no Art. 168, § 1º, inciso II, do Código Penal. Após a confirmação dos fatos em juízo e</p><p>a juntada da Folha de Antecedentes Criminais sem qualquer outra anotação, o magistrado</p><p>julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva, afastando a causa de aumento, mas</p><p>condenando Francisco, pela prática do crime de apropriação indébita simples, à pena mínima</p><p>prevista para o delito em questão (01 ano), substituindo a pena privativa de liberdade por</p><p>restritiva de direito. Considerando apenas as informações narradas no enunciado, na</p><p>condição de advogado(a) de Francisco, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Para combater a decisão do magistrado, que, após afastar a causa de aumento,</p><p>imediatamente decidiu por condenar o réu pela prática do crime de apropriação indébita</p><p>simples, qual argumento de direito processual poderia ser apresentado? Justifique.</p><p>(Valor: 0,60)</p><p>B) Qual argumento de direito material, em sede de apelação, poderia ser apresentado</p><p>em busca de evitar a punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) O recurso cabível da decisão de pronúncia é o Recurso em Sentido Estrito, nos termos do</p><p>Art. 581, inciso IV, do CPP. Em relação ao argumento de direito processual, deveria o</p><p>candidato alegar que houve nulidade durante a instrução probatória, tendo em vista que o</p><p>magistrado formulou diretamente perguntas às testemunhas, sendo que o Código de Processo</p><p>Penal prevê o sistema de cross examination para oitiva das testemunhas, cabendo as partes</p><p>formularem as perguntas diretamente para as testemunhas, podendo ser complementados</p><p>pelo magistrado, na forma do Art. 411 e do Art. 212, ambos do CPP. No caso, o magistrado</p><p>formulou diretamente as perguntas, não oportunizou às partes a complementação e houve</p><p>devida impugnação em momento adequado. A conduta do juiz configura cerceamento de</p><p>defesa, de modo que devem ser anulados todos os atos desde a instrução.</p><p>B) Em relação ao argumento de direito material, deveria a defesa de Vitor questionar a</p><p>capitulação jurídica realizada pelo Ministério Público. De fato, Vitor, ao efetuar disparos de</p><p>arma de fogo contra José, em direção ao seu peito, tinha a intenção de matá-lo, como o</p><p>enunciado deixa claro. Todavia, os disparos de Vitor não foram suficientes para causar a morte</p><p>de seu inimigo por circunstâncias alheias à sua vontade, já que os projéteis atingiram a perna</p><p>de José. José recebeu atendimento médico e já estava no quarto com curativos.</p><p>Posteriormente, José veio a ser mordido por escorpião, sendo que o veneno do animal causou,</p><p>exclusivamente, sua morte. Certo é que José só estava no hospital em razão dos disparos de</p><p>Vitor, mas houve causa superveniente, relativamente independente, que por si só causou a</p><p>morte de José. Diante disso, o resultado fica afastado, mas responde Vitor pelos atos já</p><p>praticados, conforme previsão do Art. 13, § 1º, do Código Penal. Assim, por mais que José</p><p>tenha falecido, Vitor deveria responder pelo crime de tentativa de homicídio.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A1) O recurso cabível da decisão de pronúncia é o Recurso em Sentido Estrito (0,20), na</p><p>forma do Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10)</p><p>0,00/0,20/0,30</p><p>A2) O argumento de direito processual a ser apresentado é o de que houve nulidade com</p><p>a formulação de perguntas diretas por parte do magistrado, sem oportunizar</p><p>complementação das partes (0,20), o que viola o princípio da ampla defesa OU o que</p><p>gera o cerceamento de defesa (0,15).</p><p>0,00/0,15/0,20/</p><p>0,35</p><p>B) O argumento de direito material é o de que ocorreu causa superveniente relativamente</p><p>independente que por si só causou o resultado (0,35), devendo Vitor responder por</p><p>tentativa de homicídio (0,15), nos termos do Art. 13, § 1º, do CP (0,10).</p><p>0,00/0,15/0,25/</p><p>0,35/0,45/0,50/</p><p>0,60</p><p>18) (QUESTÃO 1 – XXVIII EXAME)</p><p>Matheus conduzia seu automóvel em alta velocidade. Em razão de manobra indevida, acabou</p><p>por atropelar uma vítima, causando-lhe lesões corporais. Com a chegada da Polícia Militar, foi</p><p>solicitado que Matheus realizasse exame de etilômetro (bafômetro); diante de sua recusa, foi</p><p>informado pela autoridade policial, que comparecera ao local, que ele seria obrigado a realizar</p><p>o exame para verificar eventual prática também do crime previsto no Art. 306 da Lei nº</p><p>9.503/97.</p><p>Diante da afirmativa da autoridade policial, Matheus, apesar de não desejar, viu-se obrigado</p><p>a realizar o teste do bafômetro. Após conclusão do inquérito policial, com oitiva e</p><p>representação da vítima, foi o feito encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia</p><p>imputando a Matheus apenas a prática do crime do Art. 303, da Lei nº 9.503/97, prosseguindo</p><p>as investigações com relação ao crime do Art. 306 do mesmo diploma legal. Ainda na exordial</p><p>acusatória, foi requerida a decretação da prisão preventiva de Matheus, pelo risco de</p><p>reiteração delitiva, tendo em vista que ele seria reincidente específico, já que a única anotação</p><p>constante de sua Folha de Antecedentes Criminais, para além do presente processo, seria a</p><p>condenação definitiva pela prática de outro crime de lesão corporal culposa praticada na</p><p>direção de veículo automotor. No recebimento da denúncia, o juiz competente decretou a</p><p>prisão preventiva. Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a)</p><p>de Matheus, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Poderia Matheus ter sido obrigado a realizar o teste de bafômetro, conforme</p><p>informado pela autoridade policial, mesmo diante de sua recusa? Justifique.</p><p>B) Qual requerimento deveria ser formulado, em busca da liberdade de Matheus, diante</p><p>da decisão do magistrado, que decretou sua prisão preventiva em razão de sua</p><p>reincidência? Justifique.</p><p>19) (QUESTÃO 4 – XXII EXAME)</p><p>Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas após mais</p><p>um dia de aula na faculdade, quando são abordados por Marcos, que, mediante grave ameaça</p><p>de morte e utilizando simulacro de arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e</p><p>os celulares que carregavam. Após os fatos, Diego e Júlio comparecem em sede policial,</p><p>narram o ocorrido e descrevem as características físicas do autor do crime. Por volta das 5h</p><p>da manhã do dia seguinte, policiais militares em patrulhamento se deparam com Marcos nas</p><p>proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas características físicas</p><p>do roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos quaisquer dos bens subtraídos, nem</p><p>o simulacro de arma de fogo. Ele é encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que</p><p>era triplamente reincidente na prática de crimes patrimoniais, a autoridade policial liga para as</p><p>residências de Diego e Júlio, que comparecem em sede policial e, em observância de todas</p><p>as formalidades legais, realizam o reconhecimento de Marcos como responsável pelo assalto.</p><p>O Delegado, então, lavra auto de prisão em flagrante em desfavor de Marcos, permanecendo</p><p>este preso, e o indicia pela prática do crime previsto no Art. 157, caput, do Código Penal, por</p><p>duas vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal. Diante disso, Marcos liga para seu advogado</p><p>para informar sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede</p><p>policial, para acesso aos</p><p>autos do procedimento originado do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas as</p><p>informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de acordo com</p><p>a jurisprudência dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir.</p><p>A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de</p><p>Marcos e sob qual fundamento? Justifique.</p><p>B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material</p><p>poderá ser apresentado pela defesa para questionar a capitulação delitiva constante da</p><p>nota de culpa, em busca de uma punição mais branda? Justifique.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) A defesa de Marcos deverá formular requerimento de relaxamento da prisão, tendo em</p><p>vista que não havia situação de flagrante a justificar a formalização do Auto de Prisão em</p><p>Flagrante. Narra o enunciado que, de fato, Marcos, mediante grave ameaça, inclusive com</p><p>emprego de simulacro de arma de fogo, subtraiu coisas alheias móveis de Diego e Julio, logo</p><p>praticou dois crimes de roubo. As vítimas reconheceram o acusado, de modo que há justa</p><p>causa para o oferecimento de denúncia. Todavia, não havia situação de flagrante a justificar</p><p>a prisão do acusado. Isso porque o reconhecimento e prisão de Marcos ocorreram mais de 07</p><p>horas após o fato, sendo certo que não houve perseguição e nem com o agente foram</p><p>encontrados instrumentos ou produtos do crime. Dessa forma, nenhuma das situações</p><p>previstas no Art. 302 do Código de Processo Penal restou configurada. Em sendo a prisão</p><p>ilegal, o requerimento a ser formulado é de relaxamento da prisão. Insuficiente, no caso, o</p><p>examinando apresentar requerimento de liberdade provisória. Primeiro porque, em sendo a</p><p>prisão ilegal, sequer deveriam ser analisados os pressupostos dos Artigos 312 e 313 do</p><p>Código de Processo Penal nesse momento. Além disso, a princípio, não seria caso de</p><p>reconhecimento de ausência dos motivos da preventiva, já que foi praticado crime com</p><p>circunstâncias graves e o agente é triplamente reincidente.</p><p>B) O equívoco a ser alegado em relação à capitulação delitiva refere-se ao concurso de</p><p>crimes. Sem dúvidas, confirmados os fatos, houve crime de roubo, já que foram subtraídas</p><p>coisas alheias móveis e houve emprego de grave ameaça, ainda que apenas através de</p><p>palavras de ordem e emprego de simulacro de arma de fogo. Da mesma forma, dois foram os</p><p>crimes patrimoniais praticados. Isso porque dois patrimônios foram atingidos e presente o</p><p>elemento subjetivo, tendo em vista que Marcos sabia que estava subtraindo pertences de duas</p><p>pessoas diversas. Todavia, com uma só ação, mediante uma ameaça, foram subtraídos bens</p><p>de dois patrimônios diferentes. Assim, deverá ser reconhecido o concurso formal de delitos,</p><p>aplicando-se a regra da exasperação da pena, e não o concurso material, com aplicação do</p><p>cúmulo material de sanções.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) O requerimento a ser formulado é de relaxamento da prisão (0,35), tendo em</p><p>vista que não está presente nenhuma das situações de flagrante elencadas no</p><p>Art. 302 do CPP (0,30).</p><p>0,00/0,30/0,35/0,65</p><p>B) O argumento é que houve concurso formal de crimes (0,35), tendo em vista</p><p>que, com uma só ação, foram praticados dois delitos (0,15), nos termos do Art.</p><p>70 do CP (0,10).</p><p>0,00/0,15/0,25/0,35/0,45/</p><p>0,50/0,60</p><p>20) (QUESTÃO 2 - XII EXAME)</p><p>Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o</p><p>patrimônio sem deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade,</p><p>Wilson, policial e irmão de uma das vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os</p><p>seus esforços na busca de uma maneira para prender, em flagrante, o facínora.</p><p>Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança</p><p>deste. Certo dia, decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na</p><p>próxima empreitada. Wilson diz que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica</p><p>e que bastaria ao amigo seguir as instruções. O plano era o seguinte: Wilson se faria passar</p><p>por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor momento, daria um sinal para que</p><p>Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, ocasião em que o</p><p>ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e empolgado</p><p>com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo</p><p>o roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e</p><p>anuncia o assalto. Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os</p><p>“clientes” presentes na casa lotérica eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso</p><p>em flagrante, sob os aplausos da comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso</p><p>do flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a Ricardo a prática do delito</p><p>de roubo na modalidade tentada.</p><p>Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda</p><p>justificadamente:</p><p>A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo?</p><p>B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua</p><p>responsabilidade Jurídico penal?</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A situação narrada configura hipótese de flagrante preparado (ou provocado). Tal prisão em</p><p>flagrante é nula e deve ser imediatamente relaxada, haja vista o fato de ter sido preparada por</p><p>um agente provocador, que adotou medidas aptas a impedir por completo a consumação do</p><p>crime.</p><p>Inclusive, o Verbete 145 da Súmula do STF disciplina que nas situações como a descrita no</p><p>enunciado inexiste crime.</p><p>Aplica-se, também, o Art. 17 do Código Penal: o flagrante preparado constitui hipótese de</p><p>crime impossível. Sendo assim, a melhor tese defensiva aplicável a Ricardo é aquela no</p><p>sentido de excluir a prática de crime com base no Verbete 145, da Súmula do STF, e no Art.</p><p>17, do Código Penal.</p><p>Note-se que o enunciado da questão deixa claro que busca a melhor tese defensiva no campo</p><p>jurídico-penal. Assim, eventuais respostas indicativas de soluções no âmbito processual (tais</p><p>como: prisão ilegal que deve ser relaxada), ainda que corretas, não serão consideradas para</p><p>efeito de pontuação, haja vista o fato de não responderem ao questionado.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Flagrante preparado (ou provocado) (0,50), pois houve a presença da figura do</p><p>agente provocador que adotou medidas impeditivas à consumação do crime (0,30).</p><p>Obs.: o correto desenvolvimento, dissociado da indicação da correta espécie de</p><p>flagrante (ou mesmo de indicação o errônea) não será pontuado.</p><p>0,00/0,50/0,80</p><p>B) A hipótese é de crime impossível (OU o fato é atípico) (0,35), consoante Verbete 145</p><p>da Súmula do STF (0,10).</p><p>Obs.: A mera indicação ou reprodução do conteúdo da Súmula não pontua.</p><p>0,00/0,35/0,45</p><p>21) (QUESTÃO 4 – XXIV EXAME)</p><p>Pablo, que possui quatro condenações pela prática de crimes com violência ou grave ameaça</p><p>à pessoa, estava no quintal de sua residência brincando com seu filho, quando ingressa em</p><p>seu terreno um cachorro sem coleira. O animal adota um comportamento agressivo e começa</p><p>a tentar atacar a criança de 05 anos, que brincava no quintal com o pai. Diante disso, Pablo</p><p>pega um pedaço de pau que estava no chão e desfere forte golpe na cabeça no cachorro,</p><p>vindo o animal a falecer. No momento seguinte, chega ao local o dono do cachorro, que,</p><p>inconformado com a morte deste, chama a polícia, que realiza a prisão em flagrante de Pablo</p><p>pela prática do crime do Art. 32 da Lei nº 9.605/98. Os fatos acima descritos são integralmente</p><p>confirmados no inquérito pelas testemunhas. Considerando que Pablo é multirreincidente na</p><p>prática de crimes graves, o Ministério Público se manifesta pela conversão do flagrante em</p><p>preventiva, afirmando o risco à ordem pública pela reiteração delitiva. Considerando as</p><p>informações narradas, na condição de</p><p>advogado(a) de Pablo, que deverá se manifestar</p><p>antes da decisão do magistrado quanto ao requerimento do Ministério Público,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual pedido deverá ser formulado pela defesa de Pablo para evitar o acolhimento da</p><p>manifestação pela conversão da prisão em flagrante em preventiva? Justifique.</p><p>B) Sendo oferecida denúncia, qual argumento de direito material poderá ser</p><p>apresentado em busca da absolvição de Pablo? Justifique.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) A defesa de Pablo deverá formular pedido de liberdade provisória, tendo em vista que,</p><p>apesar de ostentar diversas condenações pela prática de crimes graves, na situação</p><p>apresentada, com base nas informações constantes do auto de prisão em flagrante, poderá o</p><p>juiz verificar que Pablo agiu amparado por causa excludente da ilicitude, de modo que poderá</p><p>conceder liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do</p><p>processo, conforme previsão do Art. 310, parágrafo único, do CPP.</p><p>B) O argumento de direito material a ser apresentado é que Pablo deverá ser absolvido do</p><p>crime imputado porque agiu amparado por estado de necessidade, que é causa excludente</p><p>da ilicitude. Todos os requisitos estabelecidos pelo Art. 24 do CP estão preenchidos, tendo</p><p>em vista que havia situação de perigo atual ao seu filho, não provocada por Pablo, e não tinha</p><p>ele outra maneira de agir para proteção, tendo em vista que o cão adotava comportamento</p><p>agressivo e tentava atacar a criança. Além disso, em que pese a relevância da vida de um</p><p>cachorro para o seu dono, o sacrifício da vida de uma criança não era razoável exigir nas</p><p>circunstâncias do caso concreto. Não há que se falar em legítima defesa, porém, pois esta</p><p>pressupõe injusta agressão, o que, por sua vez, somente se configura com um comportamento</p><p>humano.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Liberdade provisória (0,35), nos termos do Art. 310, parágrafo único, do CPP</p><p>(0,10), já que o juiz pode verificar, com base nas informações do auto de prisão</p><p>em flagrante, que Pablo agiu amparado em causa excludente da ilicitude (0,15).</p><p>0,00/0,10/0,15/0,25/</p><p>0,35/0,45/0,50/0,60</p><p>B) A existência de estado de necessidade (0,40), nos termos do Art. 24 do CP OU</p><p>Art. 23, inciso I, do CP (0,10), que funciona como causa excludente da ilicitude</p><p>(0,15).</p><p>0,00/0,10/0,15/0,25/</p><p>0,40/0,50/0,55/0,65</p><p>22) (QUESTÃO 4 - XVI EXAME)</p><p>Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de março de 2015 porque conduzia um</p><p>veículo automotor que sabia ser produto de crime pretérito registrado em Delegacia da área</p><p>em que residia. Na data dos fatos, Wesley tinha 20 anos, era primário, mas existia um</p><p>processo criminal em curso em seu desfavor, pela suposta prática de um crime de furto</p><p>qualificado. Diante dessa anotação em sua Folha de Antecedentes Criminais, a autoridade</p><p>policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que</p><p>existiria risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos</p><p>com o aparato judicial. Você, como advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da</p><p>ocorrência da prisão em flagrante, além de tomar conhecimento da representação formulada</p><p>pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão já foi encaminhado para o Ministério</p><p>Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas.</p><p>Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa</p><p>técnica de Wesley?</p><p>B) A representação da autoridade policial foi elaborada de modo adequado?</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Considerando que o enunciado narra que foi realizada validamente a prisão em flagrante</p><p>de Wesley pela prática do crime de receptação simples, a medida processual a ser formulada</p><p>é o pedido de liberdade provisória, evitando que seja decretada a prisão preventiva do</p><p>indiciado.</p><p>B) A representação da autoridade policial não foi elaborada de maneira adequada em relação</p><p>à sua fundamentação, pois não estão preenchidos os requisitos do Art. 313 do Código de</p><p>Processo Penal, sendo estes indispensáveis para a conversão da prisão em flagrante em</p><p>preventiva. O crime praticado pelo indiciado não tem pena privativa de liberdade máxima</p><p>superior a 04 anos. Ademais, não é o acusado reincidente na prática de crime doloso, devendo</p><p>ser destacado que a existência de ação em curso não afasta a ausência de configuração do</p><p>inciso II do Art. 313. Os requisitos do inciso III também não estão atendidos, sendo incabível</p><p>a prisão preventiva, independentemente da fundamentação com os pressupostos do Art. 312</p><p>do CPP.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Formulação de pedido de liberdade provisória (0,40), com fundamento no Art.</p><p>321 do CPP ou no Art. 310, III, do CPP (0,10).</p><p>Obs.: a mera citação do dispositivo legal não será pontuada.</p><p>0,00/0,10/0,40/0,50</p><p>B) A representação da autoridade policial não foi elaborada de maneira adequada</p><p>em relação à sua fundamentação, pois não estão preenchidos os requisitos para</p><p>a decretação da prisão preventiva (0,65), do Art. 313 do CPP (0,10).</p><p>Obs.: a mera citação do dispositivo legal não será pontuada.</p><p>0,00/0,10/0,65/0,75</p><p>23) (QUESTÃO 4 – XXXI EXAME)</p><p>Paulo, estudante, condenado anteriormente por crime culposo no trânsito, em 20/08/2019</p><p>adentrou loja de conveniência de um posto de gasolina e, aproveitando-se de um descuido</p><p>dos funcionários do estabelecimento, furtou todo o dinheiro que se encontrava no caixa. Após</p><p>sair da loja sem ter sua conduta percebida, consumado o delito, Paulo avistou sua antiga</p><p>namorada Jaqueline, que abastecia seu carro no posto de gasolina, e contou-lhe sobre o crime</p><p>que praticara momentos antes, pedindo que Jaqueline, igualmente estudante, primária e sem</p><p>qualquer envolvimento anterior com fatos ilícitos, ajudasse-o a deixar o local, pois notou que</p><p>os empregados do posto já tinham percebido que ocorrera a subtração. Jaqueline, então, dá</p><p>carona a Paulo, que se evade com os valores subtraídos.</p><p>Após instauração de inquérito policial para apurar o fato, os policiais, a partir das câmeras de</p><p>segurança da loja, identificaram Paulo como o autor do delito, bem como o veículo de</p><p>Jaqueline utilizado pelo autor para deixar o local, tendo o Ministério Público denunciado ambos</p><p>pela prática do crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, na forma do Art. 155, §</p><p>4º, inciso IV, do Código Penal.</p><p>Por ocasião do recebimento da denúncia, o juiz indeferiu a representação pela decretação da</p><p>prisão preventiva formulada pela autoridade policial, mas aplicou aos denunciados medidas</p><p>cautelares alternativas, dentre as quais a suspensão do exercício de atividade de natureza</p><p>econômica em relação a Jaqueline, já que ela seria proprietária de um estabelecimento de</p><p>comércio de roupas no bairro em que residia, nos termos requeridos pelo Ministério Público.</p><p>Considerando os fatos acima narrados, responda, na condição de advogado(a) de</p><p>Jaqueline, aos questionamentos a seguir.</p><p>A) Qual argumento de direito material poderá ser apresentado pela defesa técnica de</p><p>Jaqueline para questionar a capitulação delitiva imputada pelo Ministério Público?</p><p>Justifique. (Valor: 0,65)</p><p>B) Existe argumento para questionar a medida cautelar alternativa de suspensão da</p><p>atividade econômica aplicada a Jaqueline? Justifique. (Valor: 0,60)</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>Narra o enunciado que Paulo praticou um crime de furto, já que subtraiu, sem violência ou</p><p>grave ameaça à pessoa, dinheiro da loja de conveniência de determinado posto de gasolina.</p><p>Após a consumação do delito, encontrou Jaqueline, sua ex-namorada, narrando sobre o crime</p><p>praticado. Jaqueline, então, auxilia Paulo a deixar o local dos fatos. Após descoberta do</p><p>ocorrido, o Ministério Público denunciou Jaqueline e Paulo pelo crime de furto qualificado pelo</p><p>concurso de agentes, aplicando, dentre outras,</p><p>a cautelar de suspensão do exercício de</p><p>atividade de natureza econômica à Jaqueline. A. O argumento é o de que Jaqueline não</p><p>praticou crime de furto, já que sua contribuição ocorreu após a consumação do delito</p><p>patrimonial. Não há que se falar em participação após a consumação do delito, salvo se a</p><p>contribuição, apesar de ocorrer após a consumação, já houver sido previamente ajustada. No</p><p>caso em tela, Jaqueline não havia ajustado previamente com Paulo que o auxiliaria na</p><p>empreitada criminosa, tendo concorrido para o crime somente após a consumação deste por</p><p>Paulo. Sendo assim, não há que se falar em concurso de pessoas, não devendo Jaqueline</p><p>responder pela prática do furto qualificado. Nesse sentido, Paulo deveria responder apenas</p><p>pelo crime de furto simples (Art. 155, caput, do CP). B. Nos termos do Art. 319 do CPP é</p><p>possível ao magistrado aplicar medidas cautelares alternativas. Para evitar a prisão, incentiva-</p><p>se a aplicação de medidas cautelares alternativas. Ademais, o Art. 319, inciso VI, do CPP,</p><p>prevê que poderá ser aplicada cautelar de suspensão do exercício da função pública ou de</p><p>atividade de natureza econômica, desde que haja justo receio de sua utilização para prática</p><p>de novas infrações penais. O simples fato de Jaqueline ser denunciada por crime contra o</p><p>patrimônio (de maneira inadequada, ainda!) não torna a medida de suspensão da atividade</p><p>de natureza econômica adequada, qual seja atuar em comércio de roupas em</p><p>estabelecimento do qual seria proprietária. Jaqueline era primária, de bons antecedentes e</p><p>sem qualquer envolvimento pretérito com o aparato policial ou judicial, nada no enunciado</p><p>permitindo concluir que haveria justo receio na utilização da atividade econômica para prática</p><p>de novas infrações.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Jaqueline não concorreu para o crime de furto (0,15), tendo em vista que sua</p><p>contribuição ocorreu após a consumação do delito OU tendo em vista que não</p><p>existe participação após a consumação OU tendo em vista que não havia liame</p><p>subjetivo no momento da subtração (0,50)</p><p>0,00/0,15/0,50/0,65</p><p>B) O argumento é o de que a cautelar de suspensão da atividade de natureza</p><p>econômica exige que haja justo receio em sua utilização para a prática de novas</p><p>infrações penais, o que não restou configurado na hipótese (0,50), conforme Art.</p><p>319, inciso VI, OU Art. 282, inciso II, ambos do CPP (0,10).</p><p>0,00/0,50/0,60</p><p>24) (QUESTÃO 1 – XX EXAME)</p><p>Fausto, ao completar 18 anos de idade, mesmo sem ser habilitado legalmente, resolveu sair</p><p>com o carro do seu genitor sem o conhecimento do mesmo. No cruzamento de uma avenida</p><p>de intenso movimento, não tendo atentado para a sinalização existente, veio a atropelar Lídia</p><p>e suas 05 filhas adolescentes, que estavam na calçada, causando-lhes diversas lesões que</p><p>acarretaram a morte das seis. Denunciado pela prática de seis crimes do Art. 302, § 1º, incisos</p><p>I e II, da Lei nº 9503/97, foi condenado nos termos do pedido inicial, ficando a pena final</p><p>acomodada em 04 anos e 06 meses de detenção em regime semiaberto, além de ficar</p><p>impedido de obter habilitação para dirigir veículo pelo prazo de 02 anos. A pena privativa de</p><p>liberdade não foi substituída por restritivas de direitos sob o fundamento exclusivo de que o</p><p>seu quantum ultrapassava o limite de 04 anos. No momento da sentença, unicamente com o</p><p>fundamento de que o acusado, devidamente intimado, deixou de comparecer</p><p>espontaneamente a última audiência designada, que seria exclusivamente para o seu</p><p>interrogatório, o juiz decretou a prisão cautelar e não permitiu o apelo em liberdade, por força</p><p>da revelia. Apesar de Fausto estar sendo assistido pela Defensoria Pública, seu genitor o</p><p>procura, para que você, na condição de advogado(a), preste assistência jurídica. Diante da</p><p>situação narrada, como advogado(a), responda aos seguintes questionamentos</p><p>formulados pela família de Fausto:</p><p>A) Mantida a pena aplicada, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por</p><p>restritiva de direitos? Justifique.</p><p>B) Em caso de sua contratação para atuar no processo, o que poderá ser alegado para</p><p>combater, especificamente, o fundamento da decisão que decretou a prisão cautelar?</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Tratando-se de crime culposo, o fato de a pena ter ficado acomodada em mais de 04 anos,</p><p>por si só, não impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,</p><p>sendo certo que o encarceramento deve ser deixado para casos especiais, quando se</p><p>manifestar extremamente necessário. O Art. 44, inciso I, do Código Penal, afirma</p><p>expressamente que caberá substituição, independente da pena aplicada, se o crime for</p><p>culposo. No caso, como o fundamento exclusivo do magistrado foi a pena aplicada, é possível</p><p>afastá-lo e, consequentemente, buscar a substituição em sede de recurso.</p><p>B) O fato de o acusado não ter comparecido ao interrogatório, por si só, não justifica o decreto</p><p>prisional, devendo ser entendida a sua ausência como extensão do direito ao silêncio. Hoje,</p><p>o interrogatório é tratado pela doutrina e pela jurisprudência não somente como meio de prova,</p><p>mas também como meio de defesa. Por sua vez, o direito à ampla defesa inclui a defesa</p><p>técnica e a autodefesa. No exercício da autodefesa, pode o acusado permanecer em silêncio</p><p>durante seu interrogatório. Da mesma forma, poderá deixar de comparecer ao ato como</p><p>extensão desse direito, sendo certo que no caso não haveria qualquer prejuízo para a</p><p>instrução nesta ausência, já que a audiência seria apenas para interrogatório. A prisão, antes</p><p>do trânsito em julgado da decisão condenatória, reclama fundamentação concreta da</p><p>necessidade da medida, não podendo ser aplicada como forma de antecipação de pena. A</p><p>banca examinadora considerou como adequada a alegação do não cabimento da prisão</p><p>preventiva pelo fato de o crime praticado por Fausto ser culposo, não atendendo, assim, o</p><p>requisito do art. 313, inc. I, do CPP. A mera alegação, em abstrato, de ausência dos requisitos</p><p>da prisão preventiva foi considerada insuficiente, bem como a mera citação do dispositivo legal</p><p>acima destacado.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Sim, é possível a substituição, tendo em vista que os crimes praticados foram</p><p>culposos, logo é irrelevante a pena final aplicada (0,55), nos termos do Art. 44, inciso I,</p><p>do Código Penal (0,10).</p><p>0,00/0,55/0,65</p><p>B) Poderá ser alegado que o não comparecimento para interrogatório é extensão do</p><p>direito ao silêncio ou está no âmbito do exercício de sua autodefesa/ampla defesa OU</p><p>que não cabe decretação de prisão preventiva em caso de crime culposo (0,60).</p><p>0,00/0,60</p><p>25) (QUESTÃO 4 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO)</p><p>Maria, primária e com bons antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de</p><p>transporte de crianças. Certo dia, após mudar o itinerário sempre observado, resolve fazer</p><p>compras em um supermercado, onde permaneceu por duas horas, esquecendo de entregar</p><p>uma das crianças de 03 anos na residência da mesma. Ao retornar ao veículo, encontra a</p><p>criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não conseguindo, porém, evitar o</p><p>óbito. Acabou denunciada e condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do Código</p><p>Penal (abandono de incapaz com resultado morte) à pena de 04 anos de reclusão em regime</p><p>aberto. Apesar de ter respondido ao processo em liberdade, não foi permitido à Maria apelar</p><p>em liberdade, fundamentando o juiz a ordem de prisão na grande comoção social que o fato</p><p>causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) procurou para que assumisse a defesa</p><p>de Maria. Considerando apenas as informações narradas na situação hipotética,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual recurso defensivo para</p><p>evitar a punição de Maria pelo crime pelo qual foi denunciada? Justifique.</p><p>B) Qual a medida que deve ser adotada na busca da liberdade</p><p>imediata de Maria e com</p><p>qual fundamento? Justifique.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) Deveria o advogado buscar a absolvição de Maria pelo fato de não ter praticado</p><p>dolosamente o abandono de incapaz ou, ao menos, a desclassificação para homicídio</p><p>culposo. O crime de abandono de incapaz somente pode ser praticado de forma dolosa, não</p><p>admitindo a responsabilização criminal do agente a título de culpa. Na hipótese, de acordo</p><p>com o texto apresentado, Maria não teve a intenção de abandonar a criança no veículo, tendo,</p><p>de forma negligente, a esquecido no interior do carro. Dessa forma, não há como ser mantida</p><p>a condenação pelo crime de abandono de incapaz. O Art. 133, §2º, do Código Penal, apesar</p><p>de ser aplicável quando o resultado morte decorrer de culpa, exige que haja dolo na conduta</p><p>antecedente, qual seja, abandono de incapaz, o que não ocorreu na presente hipótese.</p><p>B) Para garantir a liberdade imediata de Maria, o advogado deveria impetrar habeas corpus</p><p>visando restabelecer a liberdade da ré até o trânsito em julgado da sentença condenatória. A</p><p>regra geral, que obviamente admite exceções, é a de que o acusado deve apelar na mesma</p><p>condição em que se encontrava no curso da instrução. Estando solto, apela solto; estando</p><p>preso e sendo condenado em primeira instância, em especial à pena em regime de</p><p>cumprimento fechado, poderá ser mantida a prisão. No caso concreto deveria ser combatida</p><p>a decisão que decreta a prisão preventiva de Maria. Alguns argumentos poderiam ser</p><p>apresentados pelo examinando. Primeiramente, poderia ele alegar que não houve</p><p>circunstância fática nova a justificar a decretação da prisão preventiva, que é medida cautelar</p><p>e não antecipação do cumprimento da pena. Da mesma forma, poderia esclarecer que a</p><p>motivação pela comoção social é insuficiente, pois não confunde com o risco para a ordem</p><p>pública, ademais, de acordo com jurisprudência firme dos Tribunais Superiores, comoção</p><p>social não enseja prisão cautelar. A sentença condenatória não inovou a situação de modo a</p><p>justificar a alteração do status libertatis. Por fim, poderia o examinando alegar que Maria foi</p><p>condenada a 04 anos de reclusão, em regime inicial aberto. A imposição de prisão preventiva,</p><p>que é medida cautelar, acabaria sendo mais gravosa do que a medida final aplicada, o que</p><p>violaria o princípio da homogeneidade.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) A tese a ser alegada é que Maria deve ser absolvida ou ter sua conduta</p><p>desclassificada para o crime de homicídio culposo (0,30), pois o abandono</p><p>decorreu de culpa e não de dolo (0,35).</p><p>0,00/0,30/0,35/0,65</p><p>B) O advogado deveria impetrar habeas corpus (0,25), alegando que não houve</p><p>alteração fática a justificar o decreto prisional OU que a comoção social não é</p><p>motivação idônea, OU porque com a aplicação do regime aberto, a medida</p><p>cautelar acabaria sendo mais gravoso que a definitiva (0,35).</p><p>0,00/0,25/0,35/0,60</p><p>26) (QUESTÃO 2 – XV EXAME)</p><p>Durante inquérito policial que investigava a prática do crime de extorsão mediante sequestro,</p><p>esgotado o prazo sem o fim das investigações, a autoridade policial encaminhou os autos para</p><p>o Judiciário, requerendo apenas a renovação do prazo. O magistrado, antes de encaminhar o</p><p>feito ao Ministério Público, verificando a gravidade em abstrato do crime praticado, decretou a</p><p>prisão preventiva do investigado. Considerando a narrativa apresentada, responda aos</p><p>itens a seguir.</p><p>A) Poderia o magistrado adotar tal medida? Justifique.</p><p>B) A fundamentação apresentada para a decretação da preventiva foi suficiente?</p><p>Justifique.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A questão em análise busca extrair conhecimento acerca do tema prisão preventiva. Durante</p><p>muito tempo se controverteu sobre a possibilidade de o magistrado decretar a prisão</p><p>preventiva de ofício, em especial durante as investigações policiais. A lei 12.403 conferiu novo</p><p>tratamento ao tema. Na hipótese narrada, o juiz, ainda durante a fase de investigação, sem</p><p>ação penal em curso, decretou a prisão preventiva do indiciado de ofício, o que não é admitido</p><p>pelo artigo 311 do Código de Processo Penal, tendo em vista que violaria o princípio da</p><p>imparcialidade, o princípio da inércia e até mesmo o sistema acusatório. Ainda que a</p><p>decretação da prisão preventiva de ofício neste momento fosse admitida, a fundamentação</p><p>apresentada seria insuficiente, pois a gravidade em abstrato do crime não pode justificar a</p><p>aplicação de medidas cautelares pessoais. O juiz não fundamentou a prisão preventiva,</p><p>medida excepcional considerando o princípio da presunção de inocência e o direito à</p><p>liberdade, com circunstâncias em concreto do caso.</p><p>Nesse sentido, perceba-se que a questão em análise dividiu-se em dois itens distintos.</p><p>Para receber a pontuação relativa ao item ‘A’, considerando-se o comando da questão</p><p>(“Poderia o magistrado adotar tal medida? Justifique.”), o examinando deveria responder que</p><p>o magistrado não poderia ter agido daquela forma, calcando-se no sistema acusatório que</p><p>norteia o processo penal brasileiro desde sua expressa adoção pela nossa Magna Carta.</p><p>Consoante o sistema acusatório o juiz deve ser inerte e imparcial, de sorte que a decretação</p><p>de uma prisão cautelar de ofício por parte do magistrado fere frontalmente tais postulados.</p><p>Ademais, interpretando-se o art. 311 do CPP, resta claro que o juiz não pode decretar prisão</p><p>preventiva de ofício na fase de inquérito. Tal interpretação decorre, obviamente, de uma leitura</p><p>baseada no sistema acusatório. Nesse ínterim, é oportuno destacar que eventuais respostas</p><p>calcadas no art. 311 do CPP, necessariamente, deveriam demonstrar que tal dispositivo veda</p><p>a decretação de prisão preventiva de ofício pelo juiz na fase de inquérito policial; a tal</p><p>constatação somente se chega a partir de uma interpretação principiológica, razão pela qual</p><p>não merecem pontuação as respostas que se limitarem a indicar como fundamento da</p><p>negativa o art. 311 do CPP, simplesmente, sem qualquer análise mais aprofundada.</p><p>Por fim, para fazer jus à pontuação relativa ao item ‘B’, considerando-se o comando da</p><p>questão, o examinando deveria indicar que a fundamentação apresentada pelo magistrado</p><p>não foi suficiente, pois a gravidade em abstrato do delito, segundo entendimento pacífico, não</p><p>é argumento idôneo, capaz de justificar uma prisão cautelar. Mais uma vez, a simples</p><p>indicação de dispositivo legal não deve ser pontuada, sendo necessário, tal como manda o</p><p>enunciado, que o examinando justifique sua resposta.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Não poderia, sob pena de violação do princípio da imparcialidade OU princípio</p><p>da inércia OU sistema/princípio acusatório (0,55), com base no Arts. 311 ou 282,</p><p>§2º do CPP ou Art. 129, I, da CRFB/88 (0,10) OU Não, com base no fato de que o</p><p>juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício na fase de inquérito (0,55), com</p><p>base no art. 311 ou 282, §2º do CPP ou Art. 129, I, da CRFB/88 (0,10) OU Não,</p><p>com base no fato de que o juiz só poderia decretar prisão preventiva de ofício na</p><p>fase processual (0,55), com base no art. 311 ou 282, §2º do CPP ou Art. 129, I, da</p><p>CRFB/88 (0,10).</p><p>Obs.: a mera citação do artigo não pontua.</p><p>0,00/0,10/0,55/0,65</p><p>B) A fundamentação não foi suficiente porque a gravidade em abstrato do crime</p><p>não é argumento hábil a fundamentar uma prisão (0,60).</p><p>0,00/0,60</p><p>27) (QUESTÃO 2 - XX EXAME)</p><p>Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho,</p><p>pela quantia de R$1.000,00 (mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime</p><p>pretérito, passando a usá-lo como próprio. Tomando conhecimento dos fatos, um inimigo de</p><p>Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério Público, que requisitou a instauração de inquérito</p><p>policial. A autoridade policial instaurou o procedimento, indiciou Lúcio pela prática do crime de</p><p>receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do Código Penal), já que desenvolvia</p><p>atividade</p><p>comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer</p><p>favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos. Na</p><p>condição de advogado de Lúcio, esclareça os itens a seguir.</p><p>A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão</p><p>temporária de Lúcio?</p><p>B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi</p><p>de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso</p><p>negativo, indique qual seria o delito praticado e justifique.</p><p>GABARITO COMENTADO</p><p>A) No caso concreto, a autoridade policial não poderia ter representado pela prisão temporária</p><p>de Lúcio. De início, deve ser destacado que o crime de receptação, ainda que em sua</p><p>modalidade qualificada, não está previsto no rol de delitos estabelecido pelo Art. 1º, inciso III,</p><p>da Lei nº 7.960/89. Isso, por si só, já afastaria a possibilidade de ser decretada a prisão</p><p>temporária. Ademais, os outros requisitos trazidos pelos incisos I e II do Art. 1º do mesmo</p><p>diploma legal também não estão preenchidos, uma vez que Lúcio possui residência fixa e a</p><p>medida não se mostra imprescindível para as investigações do inquérito policial. Ressalta-se</p><p>que a prisão temporária não se confunde com a preventiva, de modo que a fundamentação</p><p>com base nos artigos 312 e 313 do CPP será considerada insuficiente.</p><p>B) O crime praticado por Lúcio foi o de receptação simples e não em sua modalidade</p><p>qualificada. Prevê o Art. 180, § 1º, do Código Penal, que a pena será de 03 a 08 anos, quando</p><p>o agente “Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,</p><p>remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,</p><p>no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”.</p><p>A ideia do legislador foi punir mais severamente aquele comerciante que se aproveita de sua</p><p>profissão para ter um acesso facilitado ou maior facilidade na venda de bens produtos de</p><p>crimes. Assim, para tipificar a modalidade qualificada, é necessária que a receptação tenha</p><p>sido praticada pelo agente no exercício de atividade comercial ou industrial. Não basta que o</p><p>autor seja comerciante. No caso concreto, apesar de comerciante, Lúcio não teve acesso ao</p><p>celular produto de crime em razão de sua atividade comercial, pois o adquiriu de seu vizinho.</p><p>Além disso, essa mesma atividade comercial não facilitaria eventual revenda do bem, já que</p><p>sua intenção foi ficar com o celular para si. Dessa forma, configurado, apenas, o crime de</p><p>receptação simples.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Não poderia a autoridade policial ter representado pela prisão temporária, pois o</p><p>crime de receptação não está previsto no rol de crimes que admitem essa modalidade</p><p>de prisão (0,50), na forma do Art. 1º, inciso III, da Lei nº 7.960/89 (0,10).</p><p>0,00/0,10/</p><p>0,50/0,60</p><p>B) Não, pois o crime praticado foi de receptação simples (0,35), tendo em vista que</p><p>Lúcio não adquiriu o bem no exercício de atividade comercial (0,30).</p><p>0,00/0,30/0,35/</p><p>0,65</p><p>28) (QUESTÃO 3 - VI EXAME)</p><p>Caio, Mévio, Tício e José, após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade,</p><p>resolveram praticar um estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua</p><p>empreitada criminosa, os quatro dividiram os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da</p><p>investigação policial, apurou-se a autoria do delito por meio dos depoimentos de diversas</p><p>testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal informação, o promotor de</p><p>justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma quadrilha de</p><p>estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados.</p><p>Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente.</p><p>Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos</p><p>jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser</p><p>endereçado(s)?</p><p>B) Quais fundamentos deverão ser alegados?</p><p>GABARITO COMENTADO:</p><p>A) Relaxamento de prisão, endereçado ao juiz de direito estadual.</p><p>OU</p><p>Habeas corpus, endereçado ao Tribunal de Justiça estadual.</p><p>B) Ilegalidade da prisão, pois não há formação de quadrilha quando a reunião se dá para a</p><p>prática de apenas um delito. Não há que se falar em formação de quadrilha, subsistindo</p><p>apenas o delito único de estelionato. Nesse sentido, não se poderia decretar a prisão</p><p>temporária, pois tal crime não está previsto no rol taxativo indicado no artigo 1º, III, da Lei</p><p>7.960/89. Ademais, a prisão temporária é medida exclusiva do inquérito policial, não podendo,</p><p>em hipótese alguma, ser decretada quando já instaurada a ação penal.</p><p>DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS</p><p>ITEM PONTUAÇÃO</p><p>A) Relaxamento da prisão (0,30), endereçado ao juiz de direito estadual (0,30) OU</p><p>habeas corpus (0,30), endereçado ao Tribunal de Justiça estadual (0,30).</p><p>0,00/0,30/0,60</p><p>B1) Ilegalidade da prisão, pois não há formação de quadrilha quando a reunião se deu</p><p>para a prática de apenas um delito (0,25). Não se poderia decretar a prisão temporária,</p><p>pois estelionato não está previsto no artigo 1º, III, da Lei 7.960/89 (0,20).</p><p>0,00/0,20/</p><p>0,25 /0,45</p><p>B2) A prisão temporária é medida exclusiva do inquérito policial (0,20). 0,00/0,20</p><p>ou de qualquer de suas circunstâncias</p><p>elementares influir na prova de outra infração. (probatória)</p><p>(com destaques e comentários pessoais).</p><p>A conexão existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um</p><p>vínculo, um nexo, um liame que aconselha a junção dos processos, propiciando, assim,</p><p>ao julgador perfeita visão do quadro probatório.</p><p>São efeitos da conexão: a reunião das ações penais em um mesmo processo e a</p><p>prorrogação da competência.</p><p>• Conexão intersubjetiva: art. 76, inciso I, CPP</p><p>a) Conexão Intersubjetiva por Simultaneidade:</p><p>Diante da primeira parte do artigo 76, CPP (conexão intersubjetiva por simultaneidade),</p><p>há conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo</p><p>tempo, por várias pessoas reunidas”. Não há liame psicológico.</p><p>Exemplo: o exemplo clássico é o de diversos expectadores de um jogo de futebol,</p><p>ocasionalmente reunidos, praticarem depredações no estádio.</p><p>b) Conexão Intersubjetiva por Concurso:</p><p>Pelo artigo 76, inciso I, 2ª parte, CPP, há conexão se as infrações forem praticadas “por</p><p>várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e lugar”. É a hipótese de concurso de</p><p>pessoas em várias infrações.</p><p>Exemplo: quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade.</p><p>c) Conexão Intersubjetiva por Reciprocidade:</p><p>Pelo artigo 76, inciso I, última parte, CPP, há conexão se os crimes forem praticados</p><p>“por várias pessoas, umas contra as outras”.</p><p>Exemplo: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas em um baile.</p><p>• Conexão objetiva, lógica ou material: art. 76, inciso II, CPP</p><p>Nos termos do artigo 76, inciso II, CPP, a competência é determinada pela conexão</p><p>se, no caso de várias infrações, “se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para</p><p>facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a</p><p>qualquer delas”.</p><p>• Conexão instrumental ou probatória: art. 76, inciso III, CPP</p><p>Conforme o artigo 76, inciso III, CPP: “quando a prova de uma infração ou de</p><p>qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.”</p><p>1.2.8.2 Competência por continência: art. 77 do Código de Processo Penal</p><p>Diz que há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível</p><p>a separação.</p><p>Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:</p><p>I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (cumulação subjetiva)</p><p>II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos º, 53, segunda parte, e</p><p>54 do Código Penal. (cumulação objetiva – concurso de crimes)</p><p>(com destaques e comentários pessoais).</p><p>• Continência em razão do concurso de pessoas: art. 77, inciso I, CPP (cumulação</p><p>subjetiva)</p><p>Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham</p><p>cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser</p><p>apurado. Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários</p><p>fatos.</p><p>• Continência em razão do concurso formal de crimes: art. 77, inciso II, CPP</p><p>(cumulação objetiva)</p><p>OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:</p><p>A referência feita aos artigos 51, 52, 53 e 53 do Código Penal, atualmente</p><p>corresponde aos artigos 70, 73 e 74 da mesma norma.</p><p>O artigo 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma</p><p>conduta o agente pratica dois ou mais crimes.</p><p>O artigo 73, 2ª parte refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por</p><p>acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que</p><p>pretendia ofender lesa outra.</p><p>O artigo 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio</p><p>criminis), em que fora da hipótese anterior, o agente além do resultado pretendido, causa</p><p>outro.</p><p>Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na</p><p>essência, o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados.</p><p>1.2.9 Foro prevalente</p><p>• Competência prevalente do júri: art. 78, inciso I, CPP</p><p>Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão</p><p>observadas as seguintes regras:</p><p>I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,</p><p>prevalecerá a competência do júri;</p><p>• Jurisdição da mesma categoria: art. 78, inciso II, CPP</p><p>Considera-se jurisdição da mesma categoria aquela que une magistrados aptos a julgar</p><p>o mesmo tipo de causa.</p><p>Ocorre, porém, que pode haver um conflito real entre esses magistrados.</p><p>Exemplo: Furto e receptação (conexão instrumental). Cada inquérito foi distribuído a</p><p>um juiz diferente. Havendo conexão instrumental, torna-se viável que sejam julgados por um</p><p>único juiz.</p><p>Como ambos são de idêntica jurisdição, estabelecem-se regras para escolha do foro</p><p>prevalente:</p><p>a) Foro onde foi cometida a Infração mais grave:</p><p>Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão</p><p>observadas as seguintes regras:</p><p>[...]</p><p>Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:</p><p>a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;</p><p>Tendo em vista que o primeiro critério de escolha é o referente ao lugar da infração, é</p><p>possível que existam dois delitos sendo apurados em foros diferentes, tendo em vista que as</p><p>infrações se originaram em locais diversos (como no furto e receptação).</p><p>Assim, elege-se qual é o mais grave para a escolha do foro prevalente: se for um furto</p><p>qualificado e uma receptação simples, fixa-se o foro do furto qualificado (pena mais grave)</p><p>como o competente.</p><p>b) Foro onde foi cometido o mais número de infrações:</p><p>Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão</p><p>observadas as seguintes regras:</p><p>[...]</p><p>Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:</p><p>a) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as</p><p>respectivas penas forem de igual gravidade;</p><p>Exemplo: Imagine-se que três delitos de furto simples (art. 155, CP) estejam sendo</p><p>apurados em Santa Maria/RS, enquanto um delito de receptação simples (art. 180, CP),</p><p>praticados, em tese, em conexão, esteja sendo apurado em Santa Cruz do Sul/RS.</p><p>Embora a pena do furto e da receptação sejam idênticas, o julgamento dos quatro</p><p>crimes deve ser realizado em Santa Maria/RS, onde foi praticado maior número de infrações.</p><p>c) Foro residual estabelecida pela prevenção:</p><p>Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão</p><p>observadas as seguintes regras:</p><p>[...]</p><p>Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:</p><p>d) Firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos:</p><p>Neste caso, havendo magistrados de igual jurisdição em confronto e não sendo</p><p>possível escolher pela regra da gravidade do crime (exemplo: furto simples e receptação</p><p>simples), nem pelo número de delitos (em ambas as comarcas foram praticados um delito),</p><p>elege-se o juiz pela prevenção, isto é, aquele que primeiro conhecer de um dos processos</p><p>torna-se competente para julgar ambos, avocando da Comarca ou Vara vizinha o outro. Não</p><p>haverá unidade de processo, conforme artigo 79, CPP.</p><p>Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:</p><p>I - No concurso entre a jurisdição comum e a militar;</p><p>II - No concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.</p><p>§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-</p><p>réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. (doença mental)</p><p>§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido</p><p>que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.</p><p>No caso de concurso de agentes onde um apresente uma doença mental superveniente</p><p>ocorrerá suspensão do processo para o doente e prosseguimento para os demais.</p><p>No caso da citação editalícia - artigo 366 do Código de Processo Penal, um dos</p><p>acusados citado por edital não comparece e nem constitui advogado (o processo ficará</p><p>suspenso</p><p>em relação a ele, prosseguindo para os demais).</p><p>SEPARAÇÃO FACULTATIVA: ARTIGO 80 E 81, CPP</p><p>Art. 80: Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido</p><p>praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo</p><p>número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo</p><p>relevante, o juiz reputar conveniente a separação.</p><p>Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no</p><p>processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença</p><p>absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua</p><p>competência, continuará competente em relação aos demais processos.</p><p>Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou</p><p>continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o</p><p>acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo</p><p>competente.</p><p>AVOCAÇÃO DO PROCESSO: ART. 82, CPP</p><p>Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos</p><p>diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram</p><p>perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a</p><p>unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação</p><p>das penas.</p><p>1.2.10 Da competência por prevenção</p><p>Artigo 83 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois</p><p>ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver</p><p>antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este</p><p>relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o,</p><p>71, 72, § 2o, e 78, II, c).</p><p>1.2.11 Da competência por prerrogativa de função</p><p>Determinadas pessoas, por exercerem funções específicas, possuem a prerrogativa</p><p>de serem julgadas originariamente por determinados órgãos.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Importante atentar acerca de decisão recente do STF, a qual trouxe alterações</p><p>significativas ao firmar o entendimento de que o foro por prerrogativa de função conferido</p><p>aos deputados federais e senadores se aplica apenas a crimes cometidos no exercício</p><p>do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. Ainda, o relator da respectiva Ação</p><p>Penal (AP 937), ministro Luís Roberto Barroso, estabeleceu que, após o final da</p><p>instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de</p><p>alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais</p><p>afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que</p><p>ocupava, qualquer que seja o motivo.</p><p>Legislação aplicável:</p><p>Artigo 84 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 84: A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do</p><p>Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça</p><p>dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder</p><p>perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº</p><p>10.628, de 24.12.2002)</p><p>§ 1o (Vide ADIN nº 2797) – continuidade do foro</p><p>§ 2o (Vide ADIN nº 2797) – ações de improbidade</p><p>Exceção da verdade:</p><p>Artigo 85 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas</p><p>que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de</p><p>Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção</p><p>da verdade.</p><p>Legislação aplicável</p><p>Artigos 86 e 87 do Código de Processo Penal:</p><p>Art. 86: Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar:</p><p>I - os seus ministros, nos crimes comuns;</p><p>II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da</p><p>República;</p><p>III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação,</p><p>os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos</p><p>crimes comuns e de responsabilidade.</p><p>Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos</p><p>governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal,</p><p>seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos</p><p>do Ministério Público.</p><p>Passa-se, agora, à análise de algumas hipóteses de foro por prerrogativa de função.</p><p>1.2.12 Competência do Supremo Tribunal Federal: art. 102, inciso I, alíneas “b” e</p><p>“c”, CF</p><p>O STF já firmou entendimento de que a expressão “infrações penais comuns” do artigo</p><p>102, inciso I, alíneas “b” e “c”, CF, abrange todas as modalidades de infrações penais, inclusive</p><p>os crimes eleitorais, militares e as contravenções penais.</p><p>1.2.13 Competência do Suprior Tribunal de Justiça: art. 105, inciso I, alínea “a”,</p><p>CF</p><p>Nos termos do artigo 105, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal/88, compete ao</p><p>Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, os</p><p>Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os</p><p>desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros</p><p>dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais</p><p>Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou</p><p>Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante</p><p>tribunais.</p><p>1.2.14 Competência dos Tribunais Regionais Federais: art. 108, inciso I, alínea</p><p>“a”, CF</p><p>Aos Tribunais Regionais Federais competem processar e julgar originariamente os</p><p>juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do</p><p>Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da</p><p>União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.</p><p>Na parte final do artigo 108, inciso I, alínea “a”, CF, contém a ressalva em relação aos</p><p>crimes eleitorais, de modo que, se um desses agentes praticar um crime eleitoral, será julgado</p><p>pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).</p><p>1.2.15 Competência dos Tribunais de Justiça: art. 96, inciso III, CF</p><p>Nos termos do artigo 96, inciso III, da Constituição Federal/88, compete aos Tribunais</p><p>de Justiça dos Estados julgar juízes estaduais e do Distrito Federal, bem como os membros</p><p>do Ministério Público dos Estados. Contudo, a Constituição faz expressa ressalva à Justiça</p><p>Eleitoral, de modo que, se qualquer desses agentes praticar crime eleitoral, será julgado no</p><p>TRE.</p><p>Os magistrados e os membros do MP devem ser julgados pelo Tribunal ao qual estão</p><p>vinculados, pouco importando o lugar da infração, seguindo-se a competência estabelecida</p><p>na Constituição Federal.</p><p>Assim, caso um juiz estadual cometa um delito de competência da justiça federal será</p><p>julgado pelo TJ do seu Estado.</p><p>O mesmo se dá com o juiz federal que cometa um crime da esfera estadual: será</p><p>julgado pelo TRF da sua área de atuação.</p><p>Frise-se que pouco importa o lugar da infração penal. Se um juiz estadual de São Paulo</p><p>cometer um delito no Estado do Amazonas, será julgado pelo TJ de São Paulo.</p><p>Em se tratando de crime de competência do Tribunal do Júri continua prevalecendo a</p><p>competência por prerrogativa de função, pois também prevista na Constituição Federal, ou</p><p>seja, o Juiz que praticar crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal de Justiça.</p><p>1.2.16 Competência para julgar prefeitos municipais: art. 29, inciso X, CF</p><p>Se o prefeito cometer um crime de competência de Justiça Comum Estadual, será</p><p>julgado no Tribunal de Justiça.</p><p>Contudo, se praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral</p><p>(TRE).</p><p>Se o delito for de competência da Justiça Federal será julgado pelo Tribunal Regional</p><p>Federal (TRF).</p><p>É o que se extrai da Súmula</p><p>702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça</p><p>para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça Comum</p><p>Estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de</p><p>segundo grau”.</p><p>Ver, ainda, as Súmulas 208 e 209 do STJ.</p><p>ATENÇÃO: CASOS ESPECIAIS NO ARTIGO 89, CPP</p><p>Art. 89: Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da</p><p>República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações</p><p>nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro</p><p>porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar</p><p>do País, pela do último em que houver tocado.</p><p>9) (QUESTÃO 4 - IX EXAME)</p><p>Laura, empresária do ramo de festas e eventos, foi denunciada diretamente no Tribunal de</p><p>Justiça do Estado “X”, pela prática do delito descrito no Art. 333 do CP (corrupção ativa). Na</p><p>mesma inicial acusatória, o Procurador Geral de Justiça imputou a Lucas, Promotor de Justiça</p><p>estadual, a prática da conduta descrita no Art. 317 do CP (corrupção passiva). A defesa de</p><p>Laura, então, impetrou habeas corpus ao argumento de que estariam sendo violados os</p><p>princípios do juiz natural, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa; arguiu,</p><p>ainda, que estaria ocorrendo supressão de instância, o que não se poderia permitir. Nesse</p><p>sentido, considerando apenas os dados fornecidos, responda, fundamentadamente,</p><p>aos itens a seguir.</p><p>A) Os argumentos da defesa de Laura procedem? (Valor: 0,75)</p><p>B) Laura possui direito ao duplo grau de jurisdição? (Valor: 0,50)</p><p>10) (QUESTÃO 3 - IV EXAME)</p><p>Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armênio e Justino. Ambos</p><p>objetivavam matar Frederico, rico empresário que possuía valiosas informações contra eles.</p><p>Frederico morava na cidade de Tirol, no Estado K, mas seus familiares viviam em Arsenal.</p><p>Sabendo que Frederico estava visitando a família, Armênio e Justino decidiram colocar em</p><p>prática o plano de matá-lo. Para tanto, seguiram Frederico quando este saía da casa de seus</p><p>parentes e, utilizando-se do veículo em que estavam, bloquearam a passagem de Frederico,</p><p>de modo que a caminhonete deste não mais conseguia transitar. Ato contínuo, Armênio e</p><p>Justino desceram do automóvel. Armênio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contra</p><p>ele, Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razão pela qual não puderam</p><p>perceber que Frederico ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se após socorro prestado</p><p>por um passante. Tudo foi noticiado à polícia, que instaurou o respectivo inquérito policial. No</p><p>curso do inquérito, os mandatos de Armênio e Justino chegaram ao fim, e eles não</p><p>conseguiram se reeleger. O Ministério Público, por sua vez, munido dos elementos de</p><p>informação colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denúncia contra Armênio e Justino, por</p><p>tentativa de homicídio, ao Tribunal do Júri da Justiça Federal com jurisdição na comarca onde</p><p>se deram os fatos, já que, à época, os agentes eram deputados federais. Recebida a denúncia,</p><p>as defesas de Armênio e Justino mostraram-se conflitantes. Já na fase instrutória, Frederico</p><p>teve seu depoimento requerido. A vítima foi ouvida por meio de carta precatória em Tirol. Na</p><p>respectiva audiência, os advogados de Armênio e Justino não compareceram, de modo que</p><p>juízo deprecado nomeou um único advogado para ambos os réus. O juízo deprecante, ao</p><p>final, emitiu decreto condenatório em face de Armênio e Justino. Armênio, descontente com o</p><p>patrono que o representava, destituiu-o e nomeou você como novo advogado.</p><p>Com base no cenário acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em favor</p><p>de Armênio. Justifique com base no CPP e na CRFB. (Valor: 1,25)</p><p>Competência nos casos de crimes de homicídio:</p><p>EXCEÇÃO: Em crimes contra a vida, a competência será determinada pela teoria da</p><p>atividade.</p><p>Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução</p><p>ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o</p><p>fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução).</p><p>ESTE É O ENTENDIMENTO DO STJ E DO STF:</p><p>(...) Nos termos do art. 70 do CPP, a competência para o processamento e julgamento</p><p>da causa, será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumou a infração.</p><p>2. Todavia, a jurisprudência tem admitido exceções a essa regra, nas hipóteses em que</p><p>o resultado morte ocorrer em lugar diverso daquele onde se iniciaram os atos</p><p>executórios, determinando-se que a competência poderá ser do local onde os atos foram</p><p>inicialmente praticados.</p><p>3. Tendo em vista a necessidade de se facilitar a apuração dos fatos e a produção de</p><p>provas, bem como garantir que o processo possa atingir à sua finalidade primordial, qual</p><p>seja, a busca da verdade real, a competência pode ser fixada no local de início dos atos</p><p>executórios. (...)</p><p>(HC 95.853/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 11/09/2012)</p><p>Qual é a razão de se adotar esse entendimento?</p><p>Explica Guilherme de Souza Nucci:</p><p>“(...) é justamente no local da ação que se encontram as melhores provas</p><p>(testemunhas, perícia etc.), pouco interessando onde se dá a morte da vítima. Para efeito de</p><p>condução de uma mais apurada fase probatória, não teria cabimento desprezar-se o foro do</p><p>lugar onde a ação desenvolveu-se somente para acolher a teoria do resultado. Exemplo de</p><p>ilogicidade seria o autor ter dado vários tiros ou produzido toda a série de atos executórios</p><p>para ceifar a vida de alguém em determinada cidade, mas, unicamente pelo fato da vítima ter-</p><p>se tratado em hospital de Comarca diversa, onde faleceu, deslocar-se o foro competente para</p><p>esta última. As provas teriam que ser coletadas por precatória, o que empobreceria a formação</p><p>do convencimento do juiz.” (Código de Processo Penal Comentado. 8ª ed., São Paulo: RT,</p><p>2008, p. 210).</p><p>1.2.17 Competência da Justiça Federal</p><p>A competência da Justiça Federal é residual em relação às especiais; prevalece, por</p><p>outro lado, sobre a Justiça Estadual, nos termos do artigo 78, inciso III, do Código de Processo</p><p>Penal e Súmula 122 do STJ.</p><p>Art. 78, inciso III, CPP: no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará</p><p>a de maior graduação.</p><p>Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado</p><p>dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do artigo 78,</p><p>inciso II, alínea “a”, do Código de Processo Penal.</p><p>A competência da Justiça Federal está prevista no artigo 109 da Constituição</p><p>Federal/88.</p><p>I) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,</p><p>serviços ou interesse da união ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,</p><p>excluídas as contravenções e ressalvada a competência da justiça militar e da justiça</p><p>eleitoral: artigo 109, inciso IV da Constituição Federal/88</p><p>Qualquer delito que atinja bens jurídicos de interesse da união será da competência da</p><p>Justiça Federal.</p><p>São órgãos da</p><p>Justiça Federal</p><p>(art. 106, CF)</p><p>Tribunais</p><p>Regionais Federais</p><p>Juízes</p><p>Federais</p><p>Não abrange as contravenções. Dispõe a Súmula 38 do STJ que “compete à Justiça</p><p>Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção</p><p>penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou</p><p>de suas entidades”.</p><p>Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção</p><p>penal, prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do</p><p>processo, não se aplicando neste caso o teor da Súmula 122 do STJ.</p><p>Há que se ressaltar o previsto na Súmula 147 do STJ no sentido de que é competente</p><p>a Justiça Federal para processar e julgar os crimes praticados contra funcionário</p><p>federal, quando relacionados com o exercício da função.</p><p>Evidentemente, por lesarem serviços da União, são também da competência da Justiça</p><p>Federal os crimes praticados por funcionários federais no exercício da função.</p><p>Por se limitar o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal/88, às autarquias e</p><p>empresas públicas, assentou-se no STJ que “compete à Justiça Comum Estadual</p><p>processar e julgar causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os</p><p>crimes praticados em seu detrimento” (Súmula 42 do STJ).</p><p>Por isso, não são da competência da Justiça Federal, mas da Justiça Estadual, os</p><p>crimes praticados contra o Banco do Brasil, por exemplo.</p><p>• Crimes contra os Correios:</p><p>• Exploração direta pela ECT: JF</p><p>• Franquia: Justiça Estadual</p><p>• Fundação Pública Federal – FURG</p><p>• Justiça Federal</p><p>• Bens Tombados</p><p>• Depende de quem tombou.</p><p>• Crimes Contrabando e Descaminho</p><p>• Justiça Federal do local da apreensão dos bens.</p><p>• STJ Súmula nº 140 - Competência - Crime - Índios - Processo e Julgamento</p><p>Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure</p><p>como autor ou vítima.</p><p>Recurso contra decisão que julgou o crime político, pela previsão no art. 102 da</p><p>Constituição Federal:</p><p>Art. 102: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da</p><p>Constituição, cabendo-lhe:</p><p>II - Julgar, em recurso ordinário:</p><p>b) o crime político;</p><p>II) Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando teve a</p><p>execução iniciada no Brasil, consumando-se ou devendo consumar-se no exterior, ou</p><p>vice-versa: artigo 109, inciso V da Constituição Federal/88</p><p>Compete, ainda, à Justiça Federal o processo e julgamento dos “crimes previstos em</p><p>tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha</p><p>ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente” (Art. 109, inciso V, CF).</p><p>Exemplo: Súmula 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando,</p><p>então, a competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o</p><p>processamento dos crimes relativos a entorpecentes”.</p><p>• Rol exemplificativo de crimes previstos em tratado e convenção internacional (Art. 109,</p><p>inciso V da CF):</p><p>• Tráfico internacional de armas de fogo: de acordo com o artigo 18 da Lei nº 10.826/03</p><p>- Estatuto do Desarmamento, que trata da conduta de importar, exportar armas de fogo, tendo</p><p>como competência a justiça federal;</p><p>• Tráfico internacional de pessoas: o artigo 231 do Código Penal tem como alvo homens,</p><p>mulheres e crianças, sendo a competência da justiça federal;</p><p>• Transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior: previsto no artigo 239</p><p>do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo a competência da justiça federal;</p><p>• Pornografia infantil e pedofilia por meio da internet: previsto no artigo 241-A do Estatuto</p><p>da Criança e do Adolescente, sendo de competência da justiça federal. Mas, para que a</p><p>competência seja da justiça federal, deve ficar demonstrado que o início da execução ocorreu</p><p>no Brasil e que a consumação da infração tenha ou devesse ter ocorrido no exterior, ou vice-</p><p>versa. Quanto à competência territorial, a consumação ocorre no local de onde emanaram as</p><p>imagens, pouco importando a localização do provedor. E o simples fato de armazenar fotos já</p><p>é considerado crime de pedofilia.</p><p>III) Causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º do art. 109: artigo</p><p>109, inciso V-A da Constituição Federal/88</p><p>Estipula o parágrafo 5º que nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o</p><p>Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações</p><p>decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,</p><p>poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou</p><p>processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal</p><p>Nesta hipótese, o deslocamento de um crime para a Justiça Federal somente deve dar-</p><p>se quando realmente houver grave violação de direitos humanos, de caráter coletivo (como,</p><p>por exemplo, um massacre produzido por policiais contra vários indivíduos).</p><p>Tal medida teria a finalidade de assegurar o desligamento do caso das questões locais,</p><p>mais próprias da Justiça Estadual, levando-o para a esfera federal, buscando, inclusive, elevar</p><p>a questão à órbita de interesse nacional e não somente regional.</p><p>IV) Crimes contra a organização do trabalho, quando envolver interesses</p><p>coletivos dos trabalhadores: artigo 109, inciso VI da Constituição Federal/88</p><p>Compete à justiça FEDERAL processar e julgar o crime de redução à condição análoga</p><p>à de escravo (Art. 149, CP). O tipo previsto no art. 149, CP caracteriza-se como crime contra</p><p>a organização do trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (Art. 109, inciso</p><p>VI da CF). STF. Plenário. RE 459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min.</p><p>Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info 809).</p><p>V) Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira: artigo</p><p>109, inciso VI da Constituição Federal/88</p><p>Como previsto no artigo 26, caput, da Lei nº 7.492/86.</p><p>Também compete à Justiça Federal apreciar “os crimes contra organização do Trabalho</p><p>e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômica e</p><p>financeira” (Art. 109, inciso VI da CF).</p><p>VI) Crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, excetuados o da Justiça</p><p>Militar: artigo 109, inciso IX da Constituição Federal/88</p><p>• Navio: é a embarcação apta para a navegação em alto mar;</p><p>• Aeronave: é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no</p><p>espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas.</p><p>Segundo o STF e o STJ, navios são embarcações de grande cabotagem ou de grande</p><p>capacidade de transporte de passageiros, aptas a realizar viagens internacionais.</p><p>Logo, somente as embarcações de grande porte envolvem a Justiça Federal.</p><p>As demais (lanchas, botes, iates, etc) ficam na esfera da justiça estadual.</p><p>Os crimes cometidos a bordo de aeronaves terão competência sempre da Justiça</p><p>Federal, pois a Constituição Federal mencionou os crimes cometidos a bordo de aeronaves e</p><p>não de aviões de grande porte.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>AERONAVE EM SOLO - COMPETÊNCIA</p><p>STF - RHC 86998 - STJ - HC 108.478 STJ</p><p>Pouco importa se a aeronave está em solo ou voando.</p><p>1ª Turma reconhece competência da justiça federal para crimes cometidos a bordo</p><p>de aeronaves</p><p>A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento (arquivou) ao</p><p>Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 86998, reconhecendo a competência da Justiça</p><p>Federal para processar e julgar crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, conforme</p><p>expresso no artigo 109, inciso IX da Constituição Federal.</p><p>O recurso relata o roubo de numerário de dentro de um avião, ocorrido no aeroporto de</p><p>Congonhas, em São Paulo/SP.</p><p>O relator, ministro Marco Aurélio, afirmou que este roubo teria ocorrido quando a</p><p>aeronave ainda estava no solo. E que poderia ter acontecido durante o deslocamento do</p><p>carro da firma de transporte de valores. Para ele, o inciso IX tenta “definir o juízo competente</p><p>ante o espaço aéreo e as águas territoriais. Não é a proteção do deslocamento em si verificado</p><p>mediante navios e aeronaves, porquanto surgiria o paradoxo em não englobar o transporte</p><p>ferroviário e rodoviário”.</p><p>Marco Aurélio ressalta que a norma constitucional busca estabelecer a área geográfica</p><p>da prática criminosa e, portanto, a comarca competente para o julgamento. “O preceito não</p><p>envolve situação concreta em que o crime ocorra enquanto atracado o navio ou estacionada</p><p>a aeronave no aeroporto”, diz o ministro. Destaca que, nestes casos, tem-se como definir a</p><p>competência, “e esta é a do juízo situado quer na área do porto, quer na localidade em que</p><p>esteja o aeroporto”.</p><p>Dessa forma, Marco Aurélio votou para prover o RHC e conceder a ordem, fixando a</p><p>competência da justiça estadual onde verificado o roubo. Ele foi acompanhado pelo ministro</p><p>Ricardo Lewandowski.</p><p>Para a ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha, no entanto, o dispositivo</p><p>constitucional é taxativo e não deixa dúvidas, ao afirmar que cabe à Justiça Federal</p><p>julgar e processar “crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves”. A ministra abriu</p><p>divergência e votou pela negação do provimento, sendo acompanhada pelos ministros</p><p>Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence.</p><p>Assim, por maioria, acompanhando o voto da ministra Carmen Lúcia, a Primeira</p><p>Turma negou provimento ao RHC 86998.</p><p>1.2.18 Competência da justiça militar</p><p>Justiça Militar da União: art. 124 da Constituição Federal</p><p>Crimes militares praticados por qualquer pessoa (inclusive civil).</p><p>Justiça Militar Estadual: art. 125 da Constituição Federal</p><p>Crime militares praticados apenas por militares dos estados (nunca julgará civil).</p><p>Julga também questões cíveis relacionadas a punição disciplinares (§ 4º, do Art. 125</p><p>da CF).</p><p>1.2.19 Competência criminal da justiça eleitoal</p><p>É fixada em razão da matéria, cabendo a Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos</p><p>crimes eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a</p><p>lei, eventual e expressamente, defina como eleitorais.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida?</p><p>O crime eleitoral é julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida será</p><p>julgado pelo Tribunal do Júri, porque a competência desses crimes está prevista na CF.</p><p>1.2.20 Justiça política ou extraordinária</p><p>Art. 52 da Constituição Federal:</p><p>Art. 52: Compete privativamente ao Senado Federal:</p><p>I - Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de</p><p>responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha,</p><p>do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;</p><p>1.2.21 Restrição ao foro por prerrogativa de função</p><p>As normas da Constituição Federal de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por</p><p>prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos</p><p>crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por</p><p>exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal,</p><p>não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela primeira instância mesmo</p><p>ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido</p><p>cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as</p><p>funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese:</p><p>O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício</p><p>do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min.</p><p>Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).</p><p>1.2.22 Marco para o fim do foro</p><p>Término da instrução: Após o final da instrução processual, com a publicação do</p><p>despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar</p><p>e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro</p><p>cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937</p><p>QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).</p><p>1.2.23 Crime de moeda falsa</p><p>Em regra, é de competência da Justiça Federal, pois é de competência da União emitir</p><p>moeda (Art. 21, inciso VII, CF). E mesmo se a falsificação for de moeda estrangeira, a</p><p>competência continua sendo da Justiça Federal, porque compete ao Banco Central fiscalizar</p><p>a circulação de moeda estrangeira em território nacional. Entretanto, quando a falsificação</p><p>de moeda é grosseira, não se trata de crime de moeda falsa, pois se a falsificação é</p><p>capaz de enganar alguém e se obteve a vantagem ilícita trata-se de crime de estelionato,</p><p>logo, é de competência da justiça estadual, no teor da Súmula 73 do STJ.</p><p>1.2.24 Justiça estadual</p><p>É a competência mais residual de todas, pois o crime somente será julgado na Justiça</p><p>Estadual quando não for da competência da Justiça Especial (Militar ou Eleitoral) e da Justiça</p><p>Comum Federal.</p><p>A propósito, havendo conflito entre a Justiça Comum Federal e Estadual, prevalece a</p><p>Justiça Federal, nos termos do art. 78, inciso III do Código de Processo Penal e Súmula 122</p><p>do STJ.</p><p>Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado</p><p>dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78,</p><p>II, "a", do Código de Processo Penal.”</p><p>QUESTÕES PONTUAIS</p><p>Crimes contra a honra praticados pelas redes sociais da internet: Competência da</p><p>JUSTIÇA ESTADUAL (regra geral) STJ. CC 121.431-SE, Rel. Min. Marco Aurélio</p><p>Bellizze, julgado em 11/4/2012.</p><p>Crime praticado em Banco Postal: Compete à JUSTIÇA ESTADUAL (e não à Justiça</p><p>Federal) processar e julgar ação penal na qual se apurem infrações penais decorrentes</p><p>da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de documento falso</p><p>em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da</p><p>Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal.</p><p>STJ. 3ª Seção. CC 129.804-PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em</p><p>28/10/2015 (Info 572).</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>Lei de drogas</p><p>Prof. Me. Mauro Stürmer</p><p>@prof.maurosturmer</p><p>2.1 Retrospectiva</p><p>Alterações trazidas pela Lei 13.840/19:</p><p>• Criou o sistema nacional de políticas públicas sobre drogas (SISNAD);</p><p>• Trouxe o plano nacional de políticas sobre drogas;</p><p>• A Lei prevê que deverão ser formados “conselhos de políticas sobre drogas”;</p><p>• Art. 23-A – passou a prever a internação do usuário (§ 2º - voluntária e involuntária)</p><p>• Art. 26-A – acolhimento em comunidade terapêutica</p><p>• Art. 50-A (destruição da droga)</p><p>A primeira lei especial de</p><p>drogas foi a Lei nº 6.368/76 –</p><p>trazia os crimes e um</p><p>procedimento especial.</p><p>Essa lei foi substituída pela</p><p>Lei 10.409/02, que também</p><p>trazia crimes e um</p><p>procedimento especial.</p><p>O Presidente da República</p><p>vetou o capítulo dos crimes.</p><p>A atual Lei de drogas – Lei</p><p>11.343/06 – trouxe crimes e o</p><p>procedimento, revogou as leis</p><p>anteriores</p><p>2.2 Características</p><p>Seria possível a combinação de Leis, entre a 6.368/76 e a Lei 11.343/06?</p><p>Usar o crime da Lei nº 6.368/76 (que tem pena menor) e o benefício da Lei nº 11.343/06</p><p>(no caso, o privilégio do §4º do art. 33), in verbis:</p><p>§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser</p><p>reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de</p><p>direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às</p><p>atividades criminosas nem integre organização criminosa.</p><p>Aplicação aos crimes praticados antes da vigência. Não é possível. Questão sumulada</p><p>- Súmula 501 do STJ.</p><p>Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que</p><p>o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu</p><p>do que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a combinação de</p><p>leis.</p><p>2.3 Usuário</p><p>Conforme o art. 28 da Lei 11.343/06:</p><p>Art. 28: Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para</p><p>consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal</p><p>ou regulamentar será submetido às seguintes penas:</p><p>I - advertência sobre os efeitos das drogas; (dizer que droga faz mal – na prática nada</p><p>ocorre, é uma piada)</p><p>II - prestação de serviços à comunidade;</p><p>Trocou a expressão “Substancia entorpecente” por “drogas”.</p><p>Permanece norma penal em branco -portaria 344/98 – SUS/Ministério da Saúde.</p><p>Respeito ao Princípio da Proporcionalidade – Traficante e Usuário.</p><p>Incrementou a multa - pode ser de até 2 mil dias multas.</p><p>III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.</p><p>O que analisará o Juiz para que</p>atividade 
comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer 
favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos. Na 
condição de advogado de Lúcio, esclareça os itens a seguir. 
A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão 
temporária de Lúcio? 
B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi 
de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso 
negativo, indique qual seria o delito praticado e justifique. 
 
GABARITO COMENTADO 
A) No caso concreto, a autoridade policial não poderia ter representado pela prisão temporária 
de Lúcio. De início, deve ser destacado que o crime de receptação, ainda que em sua 
modalidade qualificada, não está previsto no rol de delitos estabelecido pelo Art. 1º, inciso III, 
da Lei nº 7.960/89. Isso, por si só, já afastaria a possibilidade de ser decretada a prisão 
temporária. Ademais, os outros requisitos trazidos pelos incisos I e II do Art. 1º do mesmo 
diploma legal também não estão preenchidos, uma vez que Lúcio possui residência fixa e a 
medida não se mostra imprescindível para as investigações do inquérito policial. Ressalta-se 
que a prisão temporária não se confunde com a preventiva, de modo que a fundamentação 
com base nos artigos 312 e 313 do CPP será considerada insuficiente. 
B) O crime praticado por Lúcio foi o de receptação simples e não em sua modalidade 
qualificada. Prevê o Art. 180, § 1º, do Código Penal, que a pena será de 03 a 08 anos, quando 
o agente “Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, 
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, 
no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”. 
A ideia do legislador foi punir mais severamente aquele comerciante que se aproveita de sua 
profissão para ter um acesso facilitado ou maior facilidade na venda de bens produtos de 
crimes. Assim, para tipificar a modalidade qualificada, é necessária que a receptação tenha 
sido praticada pelo agente no exercício de atividade comercial ou industrial. Não basta que o 
autor seja comerciante. No caso concreto, apesar de comerciante, Lúcio não teve acesso ao 
celular produto de crime em razão de sua atividade comercial, pois o adquiriu de seu vizinho. 
Além disso, essa mesma atividade comercial não facilitaria eventual revenda do bem, já que 
sua intenção foi ficar com o celular para si. Dessa forma, configurado, apenas, o crime de 
receptação simples. 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
ITEM PONTUAÇÃO 
A) Não poderia a autoridade policial ter representado pela prisão temporária, pois o 
crime de receptação não está previsto no rol de crimes que admitem essa modalidade 
de prisão (0,50), na forma do Art. 1º, inciso III, da Lei nº 7.960/89 (0,10). 
0,00/0,10/ 
0,50/0,60 
 
B) Não, pois o crime praticado foi de receptação simples (0,35), tendo em vista que 
Lúcio não adquiriu o bem no exercício de atividade comercial (0,30). 
0,00/0,30/0,35/ 
0,65 
 
28) (QUESTÃO 3 - VI EXAME) 
Caio, Mévio, Tício e José, após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade, 
resolveram praticar um estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua 
empreitada criminosa, os quatro dividiram os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da 
investigação policial, apurou-se a autoria do delito por meio dos depoimentos de diversas 
testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal informação, o promotor de 
justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma quadrilha de 
estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados. 
Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser 
endereçado(s)? 
B) Quais fundamentos deverão ser alegados? 
 
GABARITO COMENTADO: 
A) Relaxamento de prisão, endereçado ao juiz de direito estadual. 
OU 
Habeas corpus, endereçado ao Tribunal de Justiça estadual. 
B) Ilegalidade da prisão, pois não há formação de quadrilha quando a reunião se dá para a 
prática de apenas um delito. Não há que se falar em formação de quadrilha, subsistindo 
apenas o delito único de estelionato. Nesse sentido, não se poderia decretar a prisão 
temporária, pois tal crime não está previsto no rol taxativo indicado no artigo 1º, III, da Lei 
7.960/89. Ademais, a prisão temporária é medida exclusiva do inquérito policial, não podendo, 
em hipótese alguma, ser decretada quando já instaurada a ação penal. 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
ITEM PONTUAÇÃO 
A) Relaxamento da prisão (0,30), endereçado ao juiz de direito estadual (0,30) OU 
habeas corpus (0,30), endereçado ao Tribunal de Justiça estadual (0,30). 
0,00/0,30/0,60 
B1) Ilegalidade da prisão, pois não há formação de quadrilha quando a reunião se deu 
para a prática de apenas um delito (0,25). Não se poderia decretar a prisão temporária, 
pois estelionato não está previsto no artigo 1º, III, da Lei 7.960/89 (0,20). 
0,00/0,20/ 
0,25 /0,45 
B2) A prisão temporária é medida exclusiva do inquérito policial (0,20). 0,00/0,20

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