Prévia do material em texto
<p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Teoria das Organizações Internacionais Prof. Fernando Luz Brancoli Descrição papel das organizações internacionais em distintos cenários nacionais e internacionais e as diferentes perspectivas teóricas e epistemológicas para o comportamento dessas organizações. Propósito Compreender o comportamento dos atores transnacionais, principalmente das organizações internacionais, é central para o estudante de Relações Internacionais e de áreas correlatas a fim de se promover o entendimento de uma consideração sofisticada da arquitetura global. Objetivos Módulo 1 Os atores nas organizações internacionais</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Reconhecer as organizações internacionais e os principais atores envolvidos nessas atividades. Módulo 2 Organizações internacionais: cenários e perspectivas Identificar os elementos das organizações internacionais e suas consequências nos cenários doméstico e internacional. Módulo 3 Negociações internacionais: Estados e instituições Definir o papel dos Estados e das instituições internacionais nas negociações diplomáticas. Módulo 4 Temas sensíveis e narrativas sobre as organizações internacionais Distinguir narrativas sobre as organizações internacionais e o papel delas em temas sensíveis. Introdução Neste conteúdo, debateremos a resolução dos problemas internacionais com a criação e a sofisticação das organizações internacionais Não se trata, contudo, de indicar uma linha contínua de desenvolvimento entre antigas coligações, e sim a lógica existente na exploração de temas, estratégias e elementos 2/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais que permeiam as reflexões sobre as Ols a partir de uma melhor compreensão das conexões históricas. A literatura tradicional em Relações Internacionais é centralizada na análise dos Estados. Mesmo assim, as Ols atraem cada vez mais atenção, principalmente pela capacidade de lidar com desafios transnacionais cada vez mais complexos. Neste conteúdo, faremos uma reflexão crítica sobre o estudo das Ols no campo das Relações Os elementos que debateremos nas próximas páginas tentarão responder às seguintes questões: as Ols importam? Quais são seus efeitos nas Relações Internacionais? Onde elas se encaixam na literatura de estudos transnacionais? Como devemos estudá-las? Teorizar sobre as Ols é entender um conjunto vital de novas dinâmicas das quais passaremos a tratar. 1 - - Os atores nas organizações internacionais Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as organizações internacionais e os principais atores envolvidos nessas atividades. Origens das organizações internacionais 3/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Formação dos Estados contemporâneos Assista agora a um vídeo em que são apresentadas informações sobre a origem das organizações internacionais. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. -0- Contextualização Ratificação do Paz de na cidade de Münster, atual alemanha, em 1648. Pintura de Gerard ter Borch. Os estudiosos das Relações Internacionais datam o sistema estatal contemporâneo como um processo iniciado em 1648, quando o Tratado de Westfália encerrou a Guerra dos Trinta Anos. Embora a maioria dos artigos do tratado cite a alocação dos despojos de guerra, outras disposições revelaram-se pioneiras. Os artigos 64, 65 e 67 do referido tratado, por exemplo, estabeleceram vários princípios-chave de um novo sistema de Estado: a soberania territorial; o direito do Estado de escolher sua religião; e a proibição da interferência de autoridades supranacionais, como a Igreja Católica ou o Sacro Império Romano. tratado marcou o fim do governo das autoridades religiosas na Europa e o surgimento de Estados seculares. 4/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Negociações dos termos da Paz de Vestfália. Pintura de Fritz Grotemeyer (1902). Com a autoridade secular, veio o princípio da integridade territorial dos Estados juridicamente iguais e participantes soberanos do sistema internacional. A soberania era o conceito central nesse sistema, como afirmou o filósofo francês Jean Bodin (1530-1596). Segundo Bodin, ela é entendida como "a marca distintiva de que o soberano não pode, de forma alguma, estar sujeito aos comandos de outro, pois é ele quem faz a lei para o sujeito, revoga a lei já feita e altera a lei obsoleta" (1992, p. 25). o filósofo também reforça que que a soberania pode ser limitada pela lei divina ou pela lei natural, assim como pelo tipo de regime ou até mesmo por promessas ao povo. A natureza do sistema estatal contemporâneo e da soberania do Estado é uma questão controversa entre os teóricos das Relações Internacionais (RI). Ainda assim, as fraquezas desse sistema tornaram-se cada vez mais aparentes durante século XIX com o crescimento do comércio internacional, a migração, a democratização, a inovação tecnológica e outros desenvolvimentos que aumentaram a interdependência e destacaram as limitações impostas pela soberania dos Estados. Essas mudanças deram origem ao processo de organização internacional, processo histórico que, para Claude (1964, p. 405), "representa uma tendência secular para o desenvolvimento sistemático de uma busca empreendedora por meios políticos de tornar o mundo seguro para a habitação humana". As manifestações concretas desse processo, que continua até hoje, foram a criação de organismos internacionais e, em particular, de organismos intergovernamentais. Esse processo de organização 5/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais internacional foi impulsionado e moldado não apenas pelas fraquezas do sistema estatal, mas também por grandes guerras, mudanças tecnológicas, desenvolvimento econômico e crescente interdependência. Saiba mais De maneira mais recente, também vêm se destacando temas como a globalização, o processo de descolonização da América Latina, da Ásia e da África, além do surgimento de uma série de desafios de governança no fim do século XX e no início do XXI. Inovações iniciais em governança e as organizações internacionais A Batalha de Waterloo, por Clément-Auguste Andrieux (1852). No século XIX, o processo de organização internacional foi estimulado por uma série de tendências importantes. A derrota de Napoleão em 1815 pôs fim às convulsões que se seguiram à Revolução Francesa e ao esforço para criar um império na Europa. o surgimento de cinco grandes potências europeias - Grä-Bretanha, França, Prússia e Rússia - deu início a uma era de relativa paz que durou quase um século. 6/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Pintura de um complexo de fábricas no final do século XIX, por Robert Friedrich Stieler (1881). A industrialização iniciada na Inglaterra se espalhou por todas as partes do continente, resultando na expansão do comércio e das trocas de bens entre os países europeus, assim como entre esses Estados e suas colônias. Inovações tecnológicas, como o telégrafo, deram origem a problemas práticos nas relações interestaduais, como, por exemplo, a necessidade de estabelecer padrões comuns. As interações de Estado para Estado tornaram-se mais frequentes e intensas, enquanto a disseminação de ideias democráticas capacitava as pessoas a organizar grupos não governamentais para atender às suas necessidades, como os direitos dos trabalhadores, e aos interesses comerciais privados. Em um livro pioneiro sobre organização internacional, Inis Claude (1919) descreve três grandes inovações de governança que surgiram no século XIX: o Concerto da Europa, os sindicatos públicos internacionais e as Conferências de Haia, de que trataremos aqui. Concerto da Europa, de 1815, foi um concerto das principais potências europeias que tomaram decisões em todo o sistema por meio de negociação e consenso. A primeira inovação foi que os membros concordaram em coordenar o comportamento com base em certos direitos e responsabilidades e expectativas de reciprocidade difusa. Mesmo operando como Estados e sociedades separadas, eles atuavam dentro de uma estrutura de regras e consultas. sistema de concertos envolvia a prática de reuniões multilaterais periódicas entre as grandes potências europeias com o objetivo de resolver problemas e coordenar 7/62</p><p>/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais & R e A As fronteiras europeias definidas pelo Congresso de Viena de 1814. Comentário Embora essas reuniões não fossem institucionalizadas e não incluíssem nenhum mecanismo explícito para a implementação de ações coletivas, elas solidificaram práticas importantes que, mais tarde, as organizações internacionais seguiram. Isso incluía consulta multilateral, diplomacia coletiva e status especial para "grandes potências". Reunindo-se mais de 30 vezes no século anterior à Primeira Guerra Mundial, as grandes potências constituíram um clube de iguais, ditando as condições de entrada para outros possíveis participantes. Na última das reuniões do concerto, que ocorreu em Berlim em 1878, eles dividiram as partes antes não colonizadas da África, ampliando o alcance do imperialismo europeu. A criação dos sindicatos públicos internacionais foi a segunda inovação organizacional do século XIX. Essas agências foram inicialmente estabelecidas entre os Estados europeus para lidar com os problemas decorrentes da Revolução Industrial, da expansão do comércio, das comunicações e das inovações tecnológicas. Esses problemas funcionais envolviam questões, como, por exemplo, padrões de saúde para viajantes, regras de transporte marítimo no rio Reno, aumento do volume de correspondência e uso transfronteiriço do recém-inventado telégrafo. Muitos desses problemas mostraram-se passíveis de resolução mediante uma cooperação intergovernamental. 8/</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Monumento à criação da ITU (International Telecommunication Union) erigido por iniciativa da UIT após a Conferência de Lisboa. A União Internacional do Telégrafo (UIT) foi formada em 1865; a União Postal Universal (UPU), em 1874. Elas facilitaram a comunicação, o transporte e, portanto, o comércio. Com níveis crescentes de interdependência, os Estados europeus acharam necessário cooperar voluntariamente para cumprir tarefas não políticas. Como a ITU e a UPU estavam entre as primeiras Ols a serem estabelecidas, elas determinaram vários precedentes. Tanto a ITU quanto a UPU foram baseadas em convenções internacionais que convocavam conferências periódicas das partes envolvidas, por exemplo. Os delegados, entretanto, vinham das administrações telegráficas e postais dos governos; assim, a diplomacia multilateral não era mais domínio exclusivo dos diplomatas tradicionais. Com os sindicatos internacionais públicos subsequentes, as duas organizações estabeleceram escritórios ou secretarias internacionais compostas por funcionários permanentes contratados em vários países. 9/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Os sindicatos públicos desenvolveram as técnicas para convenções multilaterais - tratados de legislação ou regulamentação - por meio de revisões periódicas dos regulamentos telegráficos e postais. Assim, os sindicatos e organizações internacionais públicas dedicadas a tarefas não políticas definidas deram origem ao funcionalismo e às Ols especializadas, ajudando os Estados a lidar com problemas práticos em suas relações internacionais. Primeira Conferência Internacional de Paz, em Haia (1899). A terceira inovação de governança no século XIX foi o conceito de conferências amplas nas quais todos os Estados foram convidados a participar da solução de problemas, o chamado Sistema de Haia. Em 1899 e 1907, o czar Nicolau da Rússia convocou duas conferências em Haia (Holanda), envolvendo Estados europeus e não europeus, para pensar proativamente sobre quais técnicas os Estados deveriam ter disponíveis para prevenir a guerra e em que condições a arbitragem, a negociação e o recurso legal seriam apropriados (ALDRICH; CHINKIN, 2000). Atenção! As Conferências de Haia resultaram na Convenção para a Solução Pacífica de Controvérsias Internacionais, nas comissões internacionais de inquérito ad hoc e no Tribunal Permanente de Arbitragem. A institucionalização do Tribunal Permanente de Arbitragem em 1899 foi a materialização da prática generalizada de inserir cláusulas dos tratados que exigiam a arbitragem. Composto por juristas selecionados por cada país, esse tribunal continua existindo e tem sido utilizado para lidar com fronteiras, investimentos e outras disputas envolvendo Estados, corporações e demais atores não estatais. 10/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Segunda Conferência Internacional de Paz, em Haia (1907). As Conferências de Haia também produziram várias inovações importantes de procedimento. Foi a primeira vez que os participantes incluíram Estados pequenos e não europeus - e todos com igual. que havia sido, em grande parte, um sistema de Estados europeu até o fim do século XIX tornou-se um verdadeiramente internacional no início do século XX. Pela primeira vez, os participantes utilizaram técnicas, como, por exemplo, eleição de presidentes, comitês organizadores e votação nominal, elementos que se tornaram características permanentes das organizações do século XX. As Conferências de Haia também promoveram as novas ideias de interesses comuns da humanidade e a codificação do direito internacional. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, uma terceira Conferência de Haia nunca foi convocada. No entanto, as duas primeiras, assim como várias outras conferências realizadas durante o século XIX, representaram os primeiros esforços coletivos para abordar problemas de guerra, questões decorrentes de novas tecnologias e maior comércio em uma base regular e universal. As inovações do século XIX, portanto, serviram como fundamentos vitais para o desenvolvimento das Ols do século XX e para a noção mais ampla de governança global no XXI. Como as organizações internacionais do século XXI, os organismos internacionais ativos na década de 1860 se destacaram por uma ampla variedade de atividades, a maioria delas confundindo as fronteiras entre atividades governamentais e iniciativas apoiadas por uma sociedade civil internacional cada vez mais ativa. A existência de um órgão executivo internacional nem sempre demonstra sua relevância política; portanto, a própria presença de um quadro institucional não explica suficientemente sua respectiva importância. 11/62</p><p>17:43 Teoria das Organizações Internacionais Tropas americanas durante a Primeira Guerra Mundial. Um número expressivo de organismos internacionais com objetivos e formatos distintos também dominou o campo mais politicamente sensível da época: a expansão colonial em andamento. Nesse contexto, eles se dedicavam à seguinte questão decisória: se o poder territorial, um elemento-chave da construção da nação, poderia ser compartilhado internacionalmente. Esse objetivo de territórios administrados internacionalmente resultou em arranjos extraterritoriais de todos os Embora fossem instrumentos de coerção com os Estados não ocidentais, esses acordos possibilitaram que os países pertencentes ao clube exclusivo do chamado Concerto Europeu participassem de projetos imperialistas e dividissem o poder político de uma forma até então desconhecida. Concerto europeu: 0 caso do Cabo Spartel Light Assista agora a um vídeo em que se comenta o caso da Comissão Internacional do Cabo Spartel Light, uma organização internacional que, 12/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais de 1864 a 1956, supervisionava e controlava o acesso ao Mar Mediterrâneo através do Estreito de Gibraltar. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. Nesse período, as Ols também podem ser observadas como espaços para concessão de privilégios a países ocidentais em questões jurisdicionais, econômicas e tributárias. No século XIX, por exemplo, o sultão otomano assinou, em 1861, tratados internacionais que estabeleceram um comitê internacional para a reorganização do Líbano. A governança internacional na forma de tratados multinacionais, comissões e comitês internacionais seguiu em números consideráveis até o fim desse século. Esses acordos internacionais garantiam o acesso aos rios (Reno, Danúbio e Congo), aos territórios (Congo, em 1885) e aos portos. Comitês internacionais controlaram pelo menos temporariamente as dívidas nacionais do Egito (1880), da Grécia (1897), da Macedônia (1906) e do Império Otomano (1878), além de estabelecer zonas extraterritoriais (acordo internacional em Xangai no ano de 1843). Apesar desses desenvolvimentos, os arranjos institucionais do século XIX mostraram-se inadequados para prevenir a guerra entre as principais potências europeias. Altos níveis de interdependência e cooperação em várias áreas de interesse foram insuficientes para evitar a eclosão da Primeira Guerra Mundial, apontando vividamente para as fraquezas e as deficiências dos arranjos do século XIX e do próprio sistema estatal. Experiência da Liga das Nações e construção das organizações internacionais modernas 13/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais A primeira reunião da Assembleia da Liga das Nações ocorreu em 15 de novembro de 1920, em Genebra, na Suíça. Resultado das Conferências de Paz em Paris em 1919, a Liga das Nações moldou a comunidade de Ols de uma nova maneira. Agora, pela primeira vez, uma organização governamental internacional tentava influenciar substancialmente as relações internacionais em seu sentido mais amplo. A nova Liga se tornou um centro de atração para outras organizações, as quais, por conta disso, abriram suas sedes em Genebra, na Suíça. A Liga das Nações, em primeiro lugar, refletiu o ambiente em que foi concebida: o imediato pós-Primeira Guerra. Dois princípios básicos podem ser reforçados para se compreender essas movimentações: os Estados-membros concordaram tanto em respeitar e preservar o território, a integridade e a independência política das outras nações quanto em empregar distintos métodos de solução de controvérsias. Comentário No geral, a Liga ficou muito aquém das expectativas, em grande parte porque se baseava no princípio da cooperação voluntária e pelo fato de a soberania de seus Estados-membros permanecer intacta. Sua estreita associação com a paz injusta da Primeira Guerra Mundial e com o Tratado de Versalhes prejudicou a organização desde o início. Embora a ausência dos Estados Unidos na filiação à Liga tenha se mostrado uma fraqueza crítica, foi a relutância de outras potências importantes, principalmente a Grä-Bretanha e a França, que se mostrou essencial para o fim da organização. As duas potências foram lenientes nas respostas à agressão aberta do Japão, da Itália e da Alemanha, por exemplo. Também se pode argumentar que a própria ideia de segurança coletiva era impraticável e excessivamente idealista em um mundo de Estados soberanos. próprio pacto continha uma série de lacunas. Assim, entre 1935 e 1939, muitos membros se retiraram. Dessa forma, a Liga foi inoperante 14/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais durante os seis anos da Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945. Seus membros foram convocados uma última vez, em abril de 1946, para encerrar a organização e transferir seus ativos para as novas Nações Unidas. Apesar de suas deficiências, a Liga das Nações representou um importante passo à frente no processo de organização internacional e na governança global. A Liga realizou um considerável trabalho técnico, especialmente seu setor de saúde, além de desenvolver cooperação econômica e financeira. Ela deu para grupos marginalizados e Estados que não estavam na esfera ocidental, além de fomentar novas formas de cooperação. No entanto, a organização falhou em garantir a paz. Desse modo, no início da Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas reconheceram a necessidade de começar a planejar uma nova organização, embora o escopo fosse muito maior que o da Liga. Esse planejamento começou logo depois que os Estados Unidos entraram na guerra em 1941 e se baseou nas lições da Liga ao estabelecer as bases para a instituição sucessora: as Nações Unidas (GRIGORESCU, 2007). Comentário Com o tempo, tornou-se evidente que uma das principais tendências do século XX foi o desenvolvimento de numerosas Organizações internacionais (pequenas e grandes, de propósito geral e especializadas) para servir a objetivos díspares e gerenciar necessidades diferentes. Os conselhos em algumas não operam com base no princípio de "um Estado, um voto", mas têm disposições para votação ponderada ou qualificada, como é o caso do poder de veto dos membros permanentes do conselho de segurança. Nem todas as entidades de membros plenos (denominadas "assembleia", "assembleia geral" ou "conferência") são iguais. Embora muitas sejam compostas por representantes de todos os Estados- membros, algumas funcionam como uma entidade no nível de encontros e cúpulas. Entre as organizações regionais, apenas a Organização dos Estados Americanos tem uma assembleia geral modelada nas assembleias da Liga e da ONU. 15/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Documento original da primeira Convenção de Geneva, em 1864. Considerando as conexões estreitas entre o sistema das Ols contemporâneas e o modelo de Ols criadas no fim do século XIX, a relevância do desenvolvimento histórico dessas organizações mais recentes torna-se evidente em sua influência na criação de um sistema internacional além da diplomacia tradicional de 1860 em diante Uma rede contínua de organizações multiplicou o número de atores na política internacional, enquanto a ausência de uma diferenciação entre atividades governamentais e não governamentais nessa época fez com que a relevância política da tomada de decisão semioficial tenha aumentado. 16/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 No século XIX, o processo de organização internacional foi estimulado por uma série de tendências importantes. Sobre o processo de organização internacional, avalie estas assertivas: I. A derrota de Napoleão em 1815 pôs fim às convulsões que se seguiram à Revolução Francesa. II. A industrialização iniciada na Inglaterra, que se espalhou por todas as partes do continente europeu, resultou na expansão do comércio e das trocas de bens. III. As inovações tecnológicas, como o telégrafo, deram origem a problemas práticos nas relações interestaduais, como, por 17/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais exemplo, a necessidade de estabelecer padrões comuns. IV. A disseminação de ideias democráticas e as mudanças institucionais capacitavam as pessoas a organizar grupos não governamentais para atender às necessidades. como os direitos dos trabalhadores. e aos interesses comerciais privados. V. o aumento das tropas regulares e as chamadas Revoluções Militares criaram a necessidade de se estabelecer normas para o uso da força. Marque a alternativa correta. A Somente e estão corretas. Somente I, e III estão corretas. C Somente II e III estão corretas. D Somente II, III e V estão corretas. E Somente I, II, III e IV estão corretas. Parabéns! A alternativa E está correta. As mudanças militares estabelecidas no século XIX foram importantes e geraram transformações relevantes para o sistema internacional. Porém, naquele momento, não se criou nenhuma ferramenta normativa ou instituições internacionais relevantes para lidar com esse desafio. Questão 2 Sobre a Liga das Nações, podemos afirmar que o estudo aprofundado sobre essa instituição se torna relevante na medida em que: 18/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais A A Liga foi o primeiro momento no qual Estados empregaram o direito internacional para lidar com desafios transnacionais. A organização estabeleceu os princípios para B controlar o uso da força internacionalmente - o que seria replicado posteriormente nas Nações Unidas. Apesar de sua falha em evitar um grande conflito C global, a Liga criou procedimentos burocráticos e estruturas que seriam replicados posteriormente. A Liga promoveu o respeito entre o Sul e o Norte D globais, reforçando a necessidade do fim das práticas coloniais e imperialistas. A Liga estabeleceu a necessidade de ações militares para o respeito de direitos humanos, o que E posteriormente seria reconfigurado nas chamadas operações de paz. Parabéns! A alternativa C está correta. Parte importante dos secretariados, dos procedimentos burocráticos e mesmo das instalações da Liga das Nações foi repassada pela Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, o histórico e a compreensão da organização fazem com que possamos ter uma ideia mais sofisticada das organizações contemporâneas. 19/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais 2 - Organizações internacionais: cenários e perspectivas Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os elementos das organizações internacionais e suas consequências nos cenários doméstico e internacional. Interdependência, cooperação e multilateralismo Edifício da Organização Mundial de Saúde, em Genebra, na Suíça. Esta seção pretende debater a forma com a qual organismos internacionais podem promover práticas de cooperação e integração entre os Estados-membros - principalmente ao se levar em conta que tais instituições não possuem, a princípio, poder para obrigar que certas regras sejam seguidas. Dentro dessa lógica, alguns conceitos podem ser aplicados para entendermos essas movimentações. 20/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais conceito de interdependência tem sido central para aqueles que desejam explicar e compreender a dinâmica das organizações internacionais e papel dessas instituições nos processos de governança global. À medida que mundo se tornou mais globalizado, indivíduos, grupos e instituições políticas ficavam cada vez mais interligados. Descrever e explicar a natureza e as implicações dessa relação dinâmica são algo crucial para a compreensão da política mundial, das Ols e da governança global. Os Estados criam Ols para buscar uma variedade de interesses comuns e servir a uma míriade de funções que as nações não poderiam realizar individualmente. Essa comunicação regular facilita aos Estados o compartilhamento de informações e a busca por interesses comuns, o que resulta idealmente em maior cooperação por meio de ações específicas que contribuam para o alcance de objetivos comuns. Elas ajudam a implementar e monitorar os resultados dessas ações, auxiliando na coordenação das respostas globais e supervisionando e fiscalizando a conformidade dos atores com essas regras. No cenário de interdependência, as Ols também fornecem aos Estados a capacidade de coordenar suas ações reunindo recursos financeiros, tecnológicos e analíticos para cumprir objetivos comuns. Por exemplo, o Banco Mundial obtém recursos financeiros dos Estados-membros que, em seguida, levantam seu próprio dinheiro nos mercados de capital internacionais para que possam emprestar bilhões de dólares por ano aos países pobres. Os Estados pedem às Ols que elaborem leis, construam redes científicas, reconstruam Estados devastados pela guerra e ajudem a criar novas democracias. Nesse sentido, os Estados estão delegando autoridade e poder às Ols para cumprir seus interesses. 21/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Esse conjunto de princípios e práticas das Organizações Internacionais, como visto até aqui, pode ser resumido como espaços facilitadores das relações dos Estados, ao mesmo tempo em que constitui uma burocracia especializada que facilita esse processo. As organizações internacionais como valor estratégico Assista agora a um vídeo em que se comenta o valor estratégico das organizações internacionais. Para assistir a um vídeo sobre assunto, acesse a versão online deste conteúdo. -0- Organizações internacionais e processos de cooperação e integração Salão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Se as Ols promovem integração, a definição do conceito de interdependência é essencial. Esse princípio envolve a criação de 22/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais vínculos entre os atores do sistema internacional, mas significa mais do que simples interconexão. Nesse trabalho, tais elementos envolvem um relacionamento no qual duas ou mais partes estão ligadas em um sistema de ação de tal forma que as mudanças em uma parte impactam de maneira significativa a realização das necessidades, dos valores e dos resultados desejados das outras. Como Milner apontou, a interdependência, assim como a anarquia, é uma característica-chave estrutural do sistema internacional. Ela argumenta que a anarquia e a interdependência não se opõem uma à outra, como é frequentemente afirmado. Ao contrário, ambas constituem características diferentes do sistema internacional. 66 A priori não se pode determinar a extensão da interdependência [de dois atores] a partir do grau de hierarquia/anarquia presente em sua relação e vice-versa. Os dois conceitos são logicamente independentes. (MILNER, 2006, p. 15) pensamento de interdependência tem uma longa história nos estudos contemporâneos de Relações Internacionais. Escrevendo na primeira metade do século XIX, por exemplo, Karl Marx se esforçou para criar uma teoria científica da natureza e da evolução da organização social humana e da ordem mundial. A base teórica de Marx logo seria construída por Lenin e por outros que viam o modo de produção, a mudança tecnológica, as relações econômicas exploradoras e a dinâmica das relações sociais interdependentes entre as coletividades - definidas ao longo de linhas de classe, e não de linhas Oterritoriais nacionais - como constituintes dos elementos determinantes da mudança e da transformação nas Relações Internacionais. 23/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais o filósofo alemão Karl Marx. Por sua vez, enquanto a interdependência reflete uma acomodação mais próxima, o estabelecimento de alianças menos complexas pode ser entendido como cooperação, que surge quando os atores ajustam seu comportamento em relação às preferências reais ou previstas de outros. A cooperação, assim, pode ser entendida como um processo em que os Estados cumprem os acordos internacionais dos quais são parte, se abstendo de tomar ações unilaterais para resolver um problema coletivo. Hans Morgenthau foi uma das maiores personalidades do século XX para o estudos das Relações Internacionais. Nesse sentido, pesquisadores da chamada Escola Institucionalista das Relações Internacionais argumentam que as instituições promovem a cooperação entre os Estados-membros, aumentando a informação, diminuindo a incerteza e, com acréscimos da responsabilidade legal, gerando um aumento da reputação. Essas pesquisas também enfatizam o papel ativo que as Ols desempenham no processo de gestão de guerras e violências armadas, servindo como mediadores ou juízes para ajudar os países membros a resolver conflitos internacionais. 24/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais As Ols podem facilitar a cooperação entre os Estados-membros passivamente, pontuam Mitchell e Hensel (2006), algo há muito reconhecido na literatura de direito internacional. Por exemplo, se dois países reconhecem a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ), a capacidade de os dois lados levarem disputas à CIJ pode aumentar as chances de um acordo entre ambos fora do tribunal. COUR DE JUSTICE DE L'UNION EUROPÉENNE Edifício do Tribunal de Justiça Europeu, em Luxemburgo. Um processo semelhante foi observado na Organização Mundial do Comércio e no Tribunal de Justiça Europeu: os fortes mecanismos de disputa legal nessas instituições impedem os países de fazer reivindicações frívolas (BURLEY; MATTLI, 1993). Resumindo Teorias institucionalistas e racionalistas de Ols tratam as preferências do Estado como fixas e exógenas. Como os Estados são racionais e eles teriam incentivos para abandonar os acordos cooperativos ou se aproveitar do fornecimento de bens públicos internacionais sem pagar por seus custos - o chamado bandwagon. As instituições internacionais, dentro dessa realidade, ajudam a mitigar essas tendências de várias maneiras. Em primeiro lugar, as instituições internacionais estabelecem padrões de responsabilidade legal ou responsabilização. As instituições servem para reforçar acordos e contratos e ajudam a organizar relacionamentos de maneiras mutuamente benéficas, com os custos de renegociação de compromissos aumentando e os de operação dentro dessas estruturas sendo reduzidos (KEOHANE, 2020, p. 89). A segunda maneira pela qual as instituições facilitam a cooperação envolve a redução dos custos de transação e, 25/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais assim, torna mais fácil para os Estados negociar acordos. A centralização e a independência das Ols aumentam sua eficiência e reduzem os custos de negociação para os membros. As instituições, dentro dessa lógica, servem como fóruns regulares para reuniões e negociações, e vinculam vários grupos de questões, facilitando o arranjo de grandes negociações. Por exemplo, debates realizados dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC) normalmente aglutinam mais de um tema na mesma rodada de negociações. As Ols possuem um corpo técnico e um secretariado que não atuam apenas como mediadores, e sim como provedores de informações imparciais disponibilizadas para todos os membros. Ao reduzir as assimetrias de informação por meio de um processo de atualização do nível geral de dados disponíveis, os regimes internacionais reduzem a incerteza. As informações privadas criam incentivos para que os Estados representem seus verdadeiros interesses no processo de negociação. Outra forma de as instituições melhorarem as perspectivas de cooperação envolve a preocupação dos Estados com sua reputação. o argumento geral é que, quando eles atuam no contexto de regimes internacionais, é mais provável que cumpram os acordos de cooperação sem levar em consideração sua reputação em futuras negociações. Keohane (2020, p. 94), por exemplo, afirma que a "reputação de um governo, portanto, torna-se um ativo importante para persuadir outros a firmar acordos com ele". Interdependência e multilateralismo como poder das organizações onternacionais 26/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio de 1998 no Palácio das Nações, em Genebra. Até agora, a discussão dos efeitos relativos das Organizações internacionais sobre o poder do Estado tem sido feita com base no pressuposto de que o papel principal delas é servir de mediadora entre os Estados. próximo passo é perguntar o seguinte: as próprias Ols têm poder? Não há dúvida de que elas, como um todo, são assimetricamente dependentes de Estados. Elas são criadas pelos países, dependem deles para seu financiamento e podem ser fechadas e encerradas pelas nações. Mas isso não significa necessariamente que as Ols sejam inteiramente dependentes. Nesse sentido, até que ponto as Ols, como atores nas relações internacionais, têm um poder distinto do poder dos Estados que as apoiam? As organizações internacionais não têm o poder tradicional, isto é, o militar. Algumas Ols, entretanto, têm alguns poderes policiais e jurídicos, podendo, por exemplo, empregar meios independentes para monitorar se os Estados estão ou não cumprindo as regras internacionais, embora seja mais frequente que elas confiem nos países para obter essas informações. É mais usual que as Ols tenham o poder de julgar: exemplos incluem a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e o Mecanismo de Solução de Controvérsias (DSM) da OMC. Nesse caso, tais órgãos judiciais adjudicam acordos e criam interpretações oficiais do direito internacional, tendo, de fato, o poder de afetar as normas internacionais de comportamento de maneiras que os Estados não podem controlar com precisão. Existem duas fontes principais de poder independente para as Ols: autoridade moral e informação. Autoridade moral é o poder de uma 27/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais organização de falar legitimamente a respeito de sua área temática a fim de fazer com que as pessoas e os Estados prestem atenção nela, mesmo nos casos em que ela não dispõe de recursos materiais. Essa autoridade fortalece a capacidade de gerar constrangimento das Ols. A maioria dos Estados aceita os princípios do multilateralismo, e as Ols representam conjuntos de regras e procedimentos com os quais os países-membros já concordaram explicitamente. Direitos humanos: a atuação das organizações internacionais Assista agora a um vídeo que explica como as negociações multilaterais são uma parte fundamental da atuação das Ols, constituindo os processos de negociação diplomática por meio dos quais a comunidade internacional confere legitimidade política ou passa a aceitar princípios generalizados. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. Compreender a natureza da diplomacia multilateral, portanto, é essencial para entender como essas instituições funcionam e os possíveis resultados da sua atuação. Em sua essência, o multilateralismo se refere à coordenação das relações entre três ou mais Estados de acordo com certos princípios. Assim, os relacionamentos são definidos por regras e elementos acordados, com os participantes das instituições esperando que os resultados gerem benefícios aproximadamente recíprocos ao longo do tempo. Em contraste, espera-se que o bilateralismo forneça reciprocidade específica e trocas aproximadamente equilibradas (mas não necessariamente iguais) por cada parte em todos os momentos. A outra maneira pela qual as Ols podem usar a autoridade moral como fonte de poder é por meio do empreendedorismo político, que é o uso de estruturas de governança por indivíduos ou organizações para promover posições políticas específicas ou para colocar questões na agenda política. 28/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Exemplo Quando o secretário-geral da ONU faz um pronunciamento importante, é natural que seja amplamente divulgado na mídia em todo o mundo. Existem poucas pessoas que podem reivindicar esse tipo de exposição automática na mídia. Ao lado da autoridade moral, a outra fonte primária de poder independente das Ols na política internacional são o controle e a capacidade de criar informações. Uma maneira pela qual ambos exercem esse controle é por meio do que alguns estudiosos chamam de "comunidades epistêmicas". Pode-se dizer que existe uma comunidade epistêmica quando todos os especialistas técnicos em uma questão concordam sobre determinado assunto. Exemplo Ols podem representar comunidades epistêmicas quando todos os cientistas que lidam com a questão da poluição no Mar Mediterrâneo concordam com um plano de ação específico. Com isso, pode ser muito difícil para os Estados da Bacia do Mediterrâneo discordar desse plano Da mesma forma, o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) é uma tentativa consciente da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) de criar uma comunidade epistêmica sobre o tema das mudanças climáticas. Isso está começando a funcionar: cada vez menos governos tentam argumentar que a mudança climática global não está acontecendo, em parte porque a comunidade epistêmica do IPCC está tornando esses argumentos cada vez menos críveis. Além das comunidades epistêmicas, as Ols podem criar padrões que afetam as maneiras como governos e os países fazem negócios. Um exemplo concreto disso pode ser encontrado na Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO). 29/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Secheron o prédio da Organização Meteorológica Mundial em Genebra, onde também está sediado o Secretariado do IPCC. Como todos os voos comerciais internacionais atuais usam os padrões da ICAO, qualquer tentativa de alterar os padrões da aviação civil internacional deve passar pela instituição. Caso contrário, a mudança seria inútil ou exigiria a criação de uma organização e a atração de uma massa crítica de países para longe da ICAO, o que seria um grande desafio político. Isso dá à OI uma posição central em todas as discussões sobre os padrões internacionais da aviação civil. A interdependência gera relações internacionais mais cooperativas, ou as Ols são simplesmente um novo fórum para políticas de poder tradicionais? A resposta, é claro, está em algum lugar entre essas duas afirmações categóricas. Mas saber quais são as inter-relações entre as Ols e o poder nas relações internacionais é uma questão para a qual a resposta provavelmente varia a depender das diferentes áreas temáticas e Ols. 30/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Nesse sentido, não há uma maneira clara de medir a potência. vezes, pode-se notar questões de poder olhando para as negociações ou para os resultados; em outra, deve-se olhar para as estruturas institucionais. 31/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As organizações internacionais são apontadas como detentoras de distintas funções que variam de acordo com a teoria e o pesquisador analisados. Nesse sentido, avalie estas assertivas: I. As Ols fornecem um fórum no qual os Estados podem se reunir regularmente para cumprir quaisquer metas que tenham estabelecido. Além disso, reforçam a circulação de informações, o que resulta idealmente em maior cooperação por meio de ações específicas que contribuam para o alcance de objetivos comuns. II. As Ols reúnem especialistas e tomadores de decisão para criar e disseminar temas e desafios transnacionais. Por exemplo, elas podem servir como instrumento de proteção militar, já que podem desenvolver ferramentas de segurança coletiva entre seus membros. III. As Ols são instrumentos contra a desigualdade, pois podem criar barreiras comerciais vinculantes contra Estados mais fortes no intuito de proteger países mais fracos. Marque a alternativa correta. A Somente a está correta. B Somente a está correta. C Somente a III está correta. D Somente as afirmativas e estão corretas. E Somente as afirmativas e III estão corretas. 32/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Parabéns! A alternativa D está correta. Apesar de algumas Organizações Internacionais possuírem dispositivos para tentar gerar algum grau de redução de desigualdade no comércio, como é o caso da OMC, elas não são criadas exclusivamente com esse intuito. Além disso, a maior parte não possui ferramentas vinculantes para essa movimentação. Questão 2 As negociações multilaterais são uma parte fundamental da atuação das Ols. Podemos descrever esse processo como: A coordenação diplomática entre três ou mais A Estados de acordo com certos princípios previamente estabelecidos. Um tipo de negociação que envolve B necessariamente discrepâncias de poder entre os Estados mobilizados. Um processo de produção da paz após um conflito C armado de grandes proporções. resultado da interação entre atores não estatais, D empresas e nações com o objetivo de lidar com os Objetivos do Milênio, a chamada Agenda 2030. A manifestação diplomática de países democráticos E em um processo de coligação já previsto por autores liberais como Kant. Parabéns! A alternativa A está correta. Em sua essência, o multilateralismo se refere à coordenação das relações entre três ou mais Estados de acordo com certos princípios. Assim, os relacionamentos são definidos por regras e 33/62</p><p>6/09/2024 17:43 Teoria das Organizações Internacionais elementos acordados, com os participantes das instituições esperando que os resultados gerem benefícios aproximadamente recíprocos ao longo do tempo. oderna ccine Suspension for VID-19 mRNA muscular Use Multiple-dose vial 10 doses of 0,5 mL) 5652 Suspension a CO E 19 mRNA 5 PAA165994 LOT/EXP: 3 - - Negociações internacionais: Estados e instituições Ao final deste módulo, você será capaz de definir 0 papel dos Estados e das instituições internacionais nas negociações diplomáticas. Governança global e organizações internacionais COVID-19 TESTING 19 TRE COVID-19 KEEP THE TESTING CENTRE DISTANCE Como já apontamos os principais desafios transnacionais contemporâneos ultrapassam fronteiras nacionais e demandam a atuação de instituições que consigam articular diversas ferramentas políticas. 34/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Nesse sentido, as evidências crescentes das mudanças climáticas e a pandemia da covid-19, aliadas à contínua ameaça do terrorismo global e ao ressurgimento do nacionalismo, trouxeram para todo o mundo a dimensão dos problemas complexos que o sistema internacional enfrenta atualmente. Nenhum desses problemas pode ser resolvido por Estados soberanos agindo isoladamente, já que eles requerem algum tipo de cooperação entre os países e um número crescente de instituições internacionais, principalmente com o estabelecimento de novos mecanismos internacionais de monitoramento ou a negociação de novas regras. Em 2005, dois estudiosos de Relações Internacionais observaram: "A ideia de governança global quase atingiu o status de celebridade. Em pouco mais de uma década, o conceito passou das fileiras do desconhecido para um dos temas centrais de orientação na prática e no estudo das Relações Internacionais" (BARNETT; DUVALL, 2004, p. 1). Comentário Em alguns momentos, o termo "governança global" tem sido usado apenas como um sinônimo para organizações internacionais. Mais frequentemente, no entanto, ele é usado para capturar a complexidade e o dinamismo dos muitos esforços coletivos dos Estados e uma variedade crescente de atores não estatais para identificar, compreender e abordar várias questões e problemas no mundo turbulento dos dias atuais. Desse modo, a governança global não é um governo global nem uma ordem mundial única. Não existe uma estrutura hierárquica de autoridade de cima para baixo, mas tanto o poder quanto a autoridade nessa governança estão presentes de várias maneiras e em vários graus. Revendo a evolução do conceito, Thomas Weiss e Rorden Wilkinson (2015, p. 211) concluem: "Entendemos a governança global como a soma das ideias, valores, normas, procedimentos e instituições 35/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais informais e formais que ajudam todos os atores - estados, Ols, sociedade civil e transnacionais - a identificar, compreender e resolver os problemas transfronteiriços". conceito de governança global tem raízes antigas, mas as concepções contemporâneas são, em grande parte, um produto de desenvolvimentos desde fim da Guerra Fria. Apesar de os Estados manterem sua soberania e ainda exercerem poder coercitivo, essa governança cada vez mais se apoia em outras bases de autoridade. Assim, Emmanuel Adler e Steven Bernstein (2004, p. 302) observam que "a dissociação da força coercitiva e do governo legítimo é a característica mais marcante da governança global contemporânea". o estudo desse fenômeno, portanto, requer explorar não apenas as formas que ele pode assumir, mas também inclui a política e os processos pelos quais ele se desenvolveu, assim como os atores que desempenham vários papéis e as relações entre eles. Parte do valor do conceito de "governança global", então, é a maneira que nos permite olhar para as Ols e sua atuação a longo prazo para estabelecer esforços coletivos a fim de lidar com problemas compartilhados. Organizações internacionais e a solução de questões globais Complexo de edifícios das Nações Unidas, em Nova York. 36/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais As Ols fornecem o núcleo central do mecanismo multilateral formal que constitui a "arquitetura da governança global", frisam Cooper e Thakur (2018, p. 265). Ao longo do século passado, um número expressivo de Ols foi criado para realizar as mais variadas tarefas, desempenhando funções diversas, incluindo a coleta de informações e o monitoramento de tendências, a prestação de serviços e ajuda, o fornecimento de fóruns para negociação intergovernamental e a resolução de disputas. Essas instituições ajudaram os Estados a formar hábitos estáveis de cooperação por meio de reuniões regulares, coleta e análise de informações e solução de controvérsias, bem como atividades operacionais. Outra função das Ols e particularmente da ONU tem sido o desenvolvimento de ideias e conceitos-chave sobre segurança e desenvolvimento econômico e social. A ONU gerou ideias, forneceu um fórum para debate, deu legitimidade a elas, promoveu sua adoção em políticas e gerou recursos para implementar e monitorar o progresso, explicam Jolly, Emmerij e Weiss (2009, p. 34-35). No entanto, a maneira como as Ols atendem às suas várias funções, em um contexto de governança global, varia dependendo da estrutura da organização, já que as instituições diferem quanto ao número de membros, ao escopo de atuação e às suas regras. De maneira geral, as Ols permitem a centralização das atividades coletivas por meio de uma estrutura organizacional concreta e estável e um aparato administrativo de apoio. Isso aumenta a eficiência das atividades coletivas e reforça a capacidade da organização de afetar os entendimentos e os interesses dos Estados. Com isso, os Estados se unem para participar de um fórum de negociação estável, permitindo reações rápidas em tempos de crise. Organizações internacionais: oportunidades e restrições Assista agora a um vídeo que reflete sobre a atuação das Ols, apontando os diferentes tipos de influência que elas podem exercer sobre os Estados. 37/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. -0- Outra função das Ols - e particularmente da ONU tem sido o desenvolvimento de ideias e conceitos-chave sobre segurança e desenvolvimento econômico e social. A ONU gerou ideias, forneceu um fórum para debate, deu legitimidade a elas, promoveu sua adoção em políticas e gerou recursos para implementar e monitorar o progresso, apontam Jolly, Emmerij e Weiss (2009, p. 34-35). No entanto, a maneira como as Ols atendem às suas várias funções, em um contexto de governança global, varia dependendo da estrutura da organização, já que as instituições diferem quanto ao número de membros, ao escopo de atuação e às suas regras. De maneira geral, as Ols permitem a centralização das atividades coletivas por meio de uma estrutura organizacional concreta e estável e um aparato administrativo de apoio. Isso aumenta a eficiência das atividades coletivas e reforça a capacidade da organização de afetar os entendimentos e os interesses dos Estados. Assim, os Estados se unem para participar de um fórum de negociação estável, permitindo reações rápidas em tempos de crise. Como outras burocracias, as secretarias das Ols frequentemente fazem muito mais do que seus Estados-membros pretendiam. Como a maior parte dos burocratas dessas instituições é formada por funcionários públicos internacionais, eles tendem a levar suas responsabilidades a sério, promovendo o que consideram uma "boa política" e protegendo-a de interesses conflitantes. Secretário-geral da ONU, em 2020, Antonio Guterres. As burocracias de Ols também tendem a desenvolver as próprias culturas organizacionais. Isso pode influenciar a forma como elas 38/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais definem as questões e quais tipos de soluções políticas recomendam. Por exemplo, o secretariado da ONU criou a manutenção da paz no auge da Guerra Fria e, mais tarde, planejou operações de consolidação da paz pós-conflito que incluíam uma ampla variedade de tarefas, desde assistência eleitoral até polícia e reforma judiciária. Política e eficácia da governança global A política de governança global reflete a respeito de lutas por riqueza, poder e conhecimento no mundo, bem como sobre as estruturas, os processos e as instituições globais que moldam os destinos e o bem- estar dos atores internacionais. Reunião do Conselho de Segurança da ONU, em 2017. Assim, embora as relações de poder entre os Estados ainda importem, o mesmo ocorre com os recursos e as ações de uma série de atores não estatais. Com isso, entre as questões centrais nas políticas de governança global, incluem-se as seguintes: quem são os agentes políticos que conseguem participar da tomada de decisões e quais interesses se manifestam em certas instituições. o poder é tão importante quanto a autoridade e a legitimidade dos arranjos de governança global, os quais, por sua vez, dependem cada vez mais da responsabilidade e da transparência das instituições multilaterais. Após o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, os EUA emergiram como a única superpotência; sua economia impulsionou a globalização, enquanto a democracia parecia estar se espalhando por 39/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais toda parte. No entanto, especialmente desde a invasão do Iraque em 2003, o poder e a influência dos EUA no mundo diminuíram substancialmente. Hoje, há muitos indicadores de que os Estados Unidos não estão mais no centro da política global da mesma forma que antes e que há mais Estados com mais relações entre si em uma gama mais ampla de questões. Por isso, pode ser surpreendente que muitas das definições de governança global "mascaram a presença de poder". Os arranjos de governança global existem porque os Estados e outros atores do sistema internacional os criam e os imbuem de poder, autoridade e legitimidade, bem como os consideram valiosos para desempenhar certas tarefas e servir a certas necessidades e interesses. Reflexão Ainda assim, as Ols não são apenas estruturas passivas e agentes de Estados. Como argumentam Michael Barnett e Raymond Duvall (2004), essas instituições têm poder "tanto por causa de sua forma (como burocracias racionais-legais) quanto por causa de seus objetivos (liberais)", bem como a autoridade que deriva de objetivos amplamente vistos como desejáveis e legítimos. É importante se ter em mente, contudo, que as questões de governança global desafiam uma categorização fácil. o tráfico de mulheres e crianças, assim como os problemas mais antigos de pirataria e escravidão, podem ter motivações econômicas, mas violam as normas fundamentais dos direitos humanos. Campo de refugiados de Atma, na Síria, em 2018. A questão dos refugiados é da área de direitos humanos, mas o problema está intimamente ligado à dinâmica de Estados falidos, conflitos étnicos, guerras civis, aumento da pobreza e fraqueza do governo. As mudanças climáticas e a perda da biodiversidade da floresta tropical são questões fundamentalmente ambientais, mas 40/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais qualquer ação ou inação tem ramificações econômicas e políticas críticas. As questões de desenvolvimento humano não são apenas econômicas, mas também têm ramificações sociais e políticas. Não existem categorias claras, embora as Ols tradicionais sejam frequentemente organizadas como se Atenção! Não existe um modelo único de governança global para atender a todas as questões e problemas de política, assim como não há uma estrutura única de governança global. que na verdade, é uma infinidade de abordagens que não se encaixam de maneira elegante. Como Stewart Patrick (2014, p. 59) prevê, "o futuro não verá a renovação ou a construção de uma nova arquitetura internacional, mas sim a disseminação contínua de uma expansão multilateral adaptável, que proporciona cooperação internacional em meio a uma confusão de arranjos informais e abordagens graduais". Dentro dessa lógica, a interação entre as Ols e as possíveis soluções abarcadas pela governança global também serão múltiplas e difusas. Podemos reforçar três delas: a construção de novas ideias, a promoção de agendas específicas e o monitoramento de objetivos e estratégias. A produção de novas ideias pode ser exemplificada pela atuação das Nações Unidas. A ONU tem sido tradicionalmente descrita como o centro da governança global e da promoção de novas perspectivas para lidar com desafios transnacionais. Nesse sentido, a instituição funcionaria como uma caixa de ressonância de Estados-membros, do secretariado da ONU e de órgãos importantes, 41/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais bem como de ONGs, especialistas e consultores. Exemplo Entre as ideias alavancadas pela ONU está a manutenção da paz. Trata- se da perspectiva de que militares, policiais e civis dos Estados- membros podem ser enviados, em nome da comunidade internacional, para lidar com situações de conflito por todo o globo. Essa ideia representa uma inovação institucional que não estava explícita na Carta da ONU. A ONU também tem sido fundamental para expandir o próprio conceito de segurança, partindo de uma lógica do Estado para a segurança humana. Nessa perspectiva, os indivíduos também precisam ser protegidos da violência, da privação econômica, da pobreza, de doenças infecciosas e de violações dos direitos humanos por parte dos Estados. Na área de desenvolvimento econômico, a ONU se beneficiou da criatividade de economistas que, em algum momento, foram empregados da instituição ou serviram como consultores e contribuíram com Exemplo conceito de sustentabilidade foi criado por um relatório encomendado pela Assembleia Geral e reforçou como o desenvolvimento econômico não pode ocorrer sem a garantia de que os recursos ambientais não serão explorados até a exaustão. Como resultado, a ONU e outras instituições começaram a pesar as necessidades de desenvolvimento com os imperativos ambientais. Assim como a segurança foi redefinida como segurança humana, o desenvolvimento também foi reconhecido como desenvolvimento humano. Essa ideia representa uma mudança radical no pensamento internacional, partindo da teoria econômica tradicional que mede o desenvolvimento em termos de crescimento do PIB de um Estado ao longo do tempo. A segunda estratégia que as Ols promovem dentro de um contexto de governança global, ou seja, a solução de problemas transnacionais, é a promoção de agendas específicas. Poucos duvidam do valor da ONU como um fórum sofisticado, principalmente com papel da assembleia geral, permitindo que Estados- membros se levantem e ajam em novas questões. 42/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Certamente, algumas análises reforçam que, como um fórum, a ONU tem sofrido determinadas distorções, como se pode notar em relação às discussões associando o sionismo ao racismo nas resoluções da assembleia geral. No entanto, em outras perspectivas, esse fórum proporcionou o espaço, em 2012, para o reconhecimento da Palestina e sua admissão como Estado observador não membro. Quando o conselho de segurança foi impedido, por vetos de Rússia e China, de encaminhar o governo sírio ao Tribunal Penal Internacional em 2014 por seus crimes contra seus cidadãos, a assembleia geral serviu como um fórum para mobilizar o sentimento global. Esse é o valor de se ter um lugar no qual as questões podem ser levantadas e as resoluções, apresentadas, assim como o consenso construído é capaz de definir a agenda para a comunidade internacional. Embaixadores do da Palestina, do Kuwait e da Arábia Saudita em coletiva após reunião do conselho de segurança da ONU. terceiro elemento diz respeito ao monitoramento de objetivos e estratégias. Praticamente todos os atores de governança global definem e promovem metas. Entre as Ols, a ONU é frequentemente criticada como um fórum para declarações que não fazem diferença ou são pouco verossímeis, como, por exemplo, eliminar a pobreza extrema no mundo. No entanto, uma das conclusões importantes que pesquisas sobre o tema reforçam é que o estabelecimento de metas provoca mudanças importantes no sistema internacional. Cerca de 50 objetivos econômicos e sociais, começando na década de 1960, foram criados. Tais objetivos têm sido acompanhados por meio de monitoramento sistemático e de relatórios anuais, um processo que é inclusive aceito pelos Estados. 43/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais A longa lista de tratados de direitos humanos negociados sob os auspícios da ONU estabeleceu a base normativa para os direitos humanos globais, com a organização determinando um mecanismo internacional para sua promoção por meio de um escritório específico. Em suma, as metas forneceram um foco "para mobilizar interesses, e para gerar pressões para a ação" (JOLLY; EMMERIJ; WEISS, 2009, p. 44). 44/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A interação entre as Organizações Internacionais e as possíveis soluções abarcadas pela governança global são múltiplas e difusas. Podemos reforçar três delas: A construção de novas ideias, a promoção de A agendas específicas e o monitoramento de objetivos e de estratégias. A paz global, a construção de novas ideias e o lobby B por processos que gerem maior igualdade entre os Estados. A promoção de agendas específicas, as reformas C institucionais em países do Sul global e a promoção de temas ambientais. A criação de comunidades de especialistas, a D promoção de agenda ambiental e a promoção de grupos de segurança internacional. A promoção de agendas, a construção de forças E militares transnacionais e o monitoramento de conflitos armados. Parabéns! A alternativa A está correta. Não existe um modelo único de governança global para atender a todas as questões e problemas da política, assim como não há uma 45/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais estrutura única de governança global, mas uma infinidade de abordagens. A política de governança global reflete a respeito de lutas por riqueza, poder e conhecimento no mundo, bem como sobre as estruturas, os processos e as instituições globais que moldam os destinos e o bem-estar de atores em todo o mundo. Questão 2 A política de governança global envolve manifestações de poder e cálculos hegemônicos, principalmente levando em consideração as capacidades de potências. Sobre essa afirmação, pode-se complementar: As Ols conseguem se manter afastadas dos A cálculos políticos das potências e sofrem pouca ou nenhuma pressão para articular sua agenda. o poder e as preferências de países poderosos, como os EUA, moldaram os elementos da governança global, incluindo a ONU e o sistema econômico internacional liberal. As Ols são braços dos Estados poderosos, atuando de acordo com sua agenda e nublando, de certa C forma, suas preferências em um cenário multilateral. AS Ols acabam por se transformar em palco para discussão de países relevantes, tendo pouca D capacidade de influenciar debates mais sofisticados. A tendência é que as Ols sejam influenciadas por países em desenvolvimento, fazendo com que se E tornem organizações menos democráticas e influentes. 46/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Parabéns! A alternativa B está correta. Após o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, os Estados Unidos emergiram como a única superpotência; sua economia impulsionou a globalização e a democracia parecia estar se espalhando por toda parte. No entanto, especialmente desde a invasão do Iraque em 2003, o poder e a influência dos EUA no mundo diminuíram substancialmente. 4 - Temas sensíveis e narrativas sobre as organizações internacionais Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir narrativas sobre as organizações internacionais e 0 papel delas em temas sensíveis. Organizações internacionais: constituição, personalidade e funcionários 47/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais COUR INTERNATIONALE DE JUSTICE INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE Salão da Corte Internacional de Justiça, principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas. Neste módulo vamos mapear, de forma crítica, a maneira com a qual as Ols se constituem, apontando sua dimensão jurídica e as estratégias de seus funcionários para influenciar o sistema internacional. A lógica de criação das instituições geralmente está dividida entre dois imperativos contraditórios. 0 desejo de tornar a organização 0 mais eficaz e eficiente possível. A compreensão de que resultados não podem ser alcançados sem a articulação de diversos atores importantes. Assim, em qualquer organização, existe uma disputa constante entre o imperativo da eficácia e o da legitimidade. Sempre que uma entidade é considerada muito formal, são formulados meios para contornar os procedimentos formais. Segundo a mesma lógica, sempre que ela for considerada muito informal, haverá uma chamada para fortalecer o controle sobre a tomada de decisão. Um elemento que torna a situação mais complexa é justamente a escolha de um ponto preciso sobre esses elementos, já que a política de constituição de uma instituição naturalmente envolve negociações políticas. Com isso, é natural que as decisões relativas ao desenho institucional tendem a ser influenciadas por numerosas preocupações geopolíticas, jurídicas ou econômicas. 48/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais Certamente, nenhum formulador teria planejado inicialmente dar a cinco Estados o direito de vetar quaisquer decisões no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a filiação permanente provavelmente podendo ser justificada em uma base racional, como, por exemplo, o reforço de que esses países teriam responsabilidades especiais para a manutenção da paz e da segurança internacionais. No entanto, a constituição do P5 serve a um propósito eminentemente político. P5 foi considerado o preço a se pagar para ter alguns desses Estados a bordo e, portanto, dar à Organização das Nações Unidas a chance de relevância que a Liga das Nações nunca teve. A cultura organizacional ajuda a explicar resultados intrigantes que, de outra forma, seriam difíceis de entender, como falhas de desempenho persistentes. Por que, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) falhou em promulgar um mandato robusto de manutenção da paz e força que poderia ter evitado o genocídio em Ruanda? Memorial ao Genocídio em Kigali, na Ruanda. Comentário Em suma, as Ols não são estabelecidas nem funcionam em um vácuo político. Em vez disso, elas são configuradas para atender às circunstâncias históricas particulares, seguindo objetivos de atores específicos e sempre levando em consideração elementos de legitimidade. Como debateremos na próxima subseção, parte importante desse processo se baseia na formatação jurídica e normativa. Por que o Fundo Monetário Internacional (FMI) promoveu a liberalização da conta de capital ao longo da década de 1990, apesar das evidências crescentes de que essa abertura produziu crises prejudiciais no mercado financeiro? Vários estudos demonstram os efeitos da cultura das Ols na capacidade de resposta e nas pressões por mudança. Embora existam vários 49/62</p><p>16/09/2024, 17:43 Teoria das Organizações Internacionais desafios para a cultura e a constituição das Ols, a reflexão sobre esses temas abre uma série de possibilidades analíticas. A cultura das instituições é importante e deve ser incluída ao lado de outros fatores-chave que influenciam a estrutura, os propósitos, o comportamento e a dinâmica de mudança de importantes Ols na política mundial. No entanto, como campo de pesquisa, o estudo das culturas é novo e relativamente subdesenvolvido. Personalidade jurídica das instituições internacionais Quando determinado indivíduo decide abrir uma empresa, por exemplo, no Brasil, ele precisa seguir uma série de procedimentos burocráticos para que a companhia passe a "existir" formalmente. No nosso país, a materialização desse ponto se dá com a constituição do chamado Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), que faz com que uma empresa possa, por exemplo, abrir conta em bancos ou alugar salas comerciais. A empresa, nesse sentido, também passa a ser responsabilizada por eventuais erros, podendo ser processada judicialmente. A constituição jurídica das Ols é um tema semelhante ao descrito anteriormente, embora ele envolva uma série de elementos mais complexos, já que elas atuam em uma série de países ao mesmo tempo. Se a forma como as Ols são constituídas é relevante, status jurídico das instituições também é bastante significativo para sua compreensão. uso histórico da personalidade jurídica internacional por Ols normalmente significa não mais do que uma ficção jurídica que permite às instituições participar do sistema jurídico internacional. Exemplo Nenhum direito e responsabilidade é conferido pela personalidade jurídica internacional per se além da mera participação. Para muitas instituições internacionais, essa personalidade é uma questão de fato, tendo sido expressamente prevista no instrumento constitutivo subjacente a essa entidade. 50/62</p>