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<p>Espaço Agrário</p><p>1</p><p>POLÍTICA AGRÍCOLA NOS ESTADOS UNIDOS</p><p>Introdução</p><p>! Os Estados Unidos detêm hoje o índice de maior</p><p>produtividade agrícola do planeta. Apesar de</p><p>empregarem apenas 3% de sua População</p><p>Economicamente Ativa nesse setor, são o maior produtor</p><p>e exportador mundial.</p><p>! Essa grande produtividade foi, em boa parte, resultado</p><p>do estreitamento na relação entre a agricultura e a</p><p>indústria, com a conseqüente intensificação do processo</p><p>de mecanização do setor agrícola. É para caracterizar</p><p>essa forte integração entre os setores agrícola e</p><p>industrial que surgiu a expressão industrialização da</p><p>agricultura ou agricultura industrializada.</p><p>Estados Unidos : uma agricultura poderosa</p><p>A) A democratização da terra ou da propriedade da terra</p><p>(estrutura fundiária)</p><p>! A forma pela qual a propriedade capitalista da terra se</p><p>realiza em cada lugar do planeta é identificada pela</p><p>expressão estrutura fundiária.</p><p>! A estrutura fundiária não é a mesma em todos os</p><p>lugares: em países como os Estados Unidos a</p><p>propriedade da terra é, fundamentalmente, familiar e, o</p><p>uso de tecnologia agrícola é bem difundido. Por outro</p><p>lado, em países como o Brasil a propriedade familiar está</p><p>mais relacionada aos pequenos agricultores, e o uso de</p><p>tecnologia encontra-se reservado aos grandes</p><p>proprietários, os latifundiários. Em qualquer caso,</p><p>porém, depende da estrutura fundiária o maior ou menor</p><p>acesso dos trabalhadores do campo à terra.</p><p>Espaço Agrário</p><p>2</p><p>! Nos Estados Unidos, o acesso a propriedade da terra</p><p>ocorreu de modo completamente diferente do ocorrido</p><p>na América Latina.</p><p>! No Brasil=> as terras pertenciam ao rei de Portugal, que</p><p>as doava. As terras doadas = áreas de grande extensão</p><p>(sesmarias, que deram origem ao latifúndio).</p><p>! Nos Estados Unidos, o acesso à terra foi diferente. O</p><p>colonizador fixou-se com sua família na Nova Inglaterra,</p><p>em pequenas glebas, e aí desenvolveu uma agricultura</p><p>para atender às suas necessidades alimentares. A</p><p>própria Lei de Cessão de Terras (conhecida como</p><p>Homestead Act), de 1862, contribuiu para uma</p><p>distribuição mais democrática da terra nos Estados</p><p>Unidos.</p><p>! Por essa lei, quem desejasse emigrar para aquele país</p><p>receberia do governo 160 acres (1 acre equivale a 4.047</p><p>metros quadrados) de terra no oeste, com</p><p>compromisso de cultivá-las por, pelo menos, cinco</p><p>anos.</p><p>! Em síntese, o Homestead Act atraiu para os Estados</p><p>Unidos milhões de europeus. Favoreceu a ocupação do</p><p>oeste, propiciou a criação de um grande mercado de</p><p>consumo e a formação de diversas propriedades rurais;</p><p>possibilitou, portanto, a democratização do acesso à</p><p>terra.</p><p>! No Brasil, a Lei de Terras, de 1850, feita pelos grandes</p><p>proprietários rurais, foi, na verdade, uma maneira de</p><p>beneficiá-los. Criou-se, assim, no Brasil, como em toda</p><p>América Latina, uma estrutura fundiária injusta,</p><p>antidemocrática.</p><p>! Na América Latina 1,2% dos proprietários rurais são</p><p>donos de 70% da área total das propriedades (no Brasil,</p><p>Espaço Agrário</p><p>3</p><p>1,2% deles detêm 43% da área total dos</p><p>estabelecimentos rurais). Isso mostra que tanto na</p><p>América Latina como no Brasil existe uma fortíssima</p><p>concentração de propriedade rural nas mãos de poucas</p><p>pessoas.</p><p>! Nos Estados Unidos, esse mesmo percentual de</p><p>proprietários rurais (1,2%) domina apenas 11% da</p><p>superfície ocupada pela agricultura. Não existe, portanto,</p><p>tão grande concentração das terras nas mãos de poucos</p><p>proprietários como na América Latina e no Brasil, em</p><p>particular.</p><p>0</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>Milhões</p><p>1940 1950 1960 1970 1980 1989</p><p>Número de Estabelecimentos Rurais</p><p>0</p><p>20</p><p>40</p><p>60</p><p>80</p><p>100</p><p>120</p><p>140</p><p>160</p><p>180</p><p>200</p><p>Hectares</p><p>1940 1950 1960 1970 1980 1989</p><p>Área Média dos Estabelecimentos Rurais</p><p>Espaço Agrário</p><p>4</p><p>! As atividades agrárias nos Estados Unidos têm sido</p><p>amplamente amparadas, desde a década de 30. Esse</p><p>país foi o maior defensor da agricultura subsidiada,</p><p>desde a criação do Gatt (General Agreement on Tariffs</p><p>and Trade), em 1947.</p><p>! As críticas aos subsídios têm sido colocadas num período</p><p>mais recente (década de 80) devido ao elevado déficit</p><p>público e à incapacidade do governo americano em</p><p>manter, por longo tempo, o farto apoio às atividades</p><p>agropecuárias. Além disso, as barreiras que os produtos</p><p>americanos têm encontrado em outros mercados</p><p>levaram os Estados Unidos a defender a tese da</p><p>liberação dos mercados e da redução da subvenção</p><p>estatal.</p><p>! O neoliberalismo, nesse caso, foi a base para a</p><p>fundamentação teórica contra a subvenção e o</p><p>protecionismo.</p><p>! Em 1990, foi instituído o Farm Act que tinha como</p><p>objetivo a diminuição do amparo governamental à</p><p>agricultura, cujos preços deveriam ser estabelecidos</p><p>progressivamente, nivelando-os aos de mercado. Pelo</p><p>Farm Act, a subvenção estatal deveria se limitar, a curto</p><p>prazo, apenas aos programas de incentivo à exportação.</p><p>! Entretanto, ao longo da década de 80, a PAC (Política</p><p>Agrícola Comum) européia havia caminhado no sentido</p><p>inverso, ampliando os estímulos às atividades agrícolas e</p><p>a participação de seus produtos no mercado mundial.</p><p>! Nessa conjuntura, os Estados Unidos reviram e</p><p>expandiram significativamente os programas de subsídio</p><p>às exportações e também à produção interna.</p><p>Espaço Agrário</p><p>5</p><p>! Uma diferença fundamental da política agrícola norte-</p><p>americana em relação à européia e à japonesa é o fato</p><p>de o governo bancar o custo da subvenção, sem</p><p>transferi-lo para o consumidor. Nos Estados Unidos, os</p><p>preços do mercado interno não são superiores aos do</p><p>mercado internacional.</p><p>! Além disso, a atividade agrícola norte-americana é uma</p><p>atividade significativa no conjunto da economia e da</p><p>balança comercial. Os produtos agrícolas representam</p><p>cerca de 14% das exportações totais do país, enquanto</p><p>na Europa eles representam 2% e no Japão esse índice é</p><p>bem próximo de zero.</p><p>B) A especialização da produção agrícola no espaço territorial</p><p>dos Estados Unidos</p><p>! A agricultura dos Estados Unidos é a mais moderna do</p><p>mundo. Apresenta produção e produtividade elevadas, e</p><p>é grande exportadora de alimentos.</p><p>! A maior utilização de máquinas e equipamentos para as</p><p>mais diversas atividades permitiu aumento da</p><p>produtividade. Em 1830, a produção de 1 alqueire de</p><p>trigo exigia três homens/hora de trabalho; na segunda</p><p>metade do século XX, com o uso do trator, a mesma</p><p>tarefa reduziu-se para 1/8 homem/hora.</p><p>! Absorve 3% da população ativa e a média é de 1 trator</p><p>por trabalhador rural. Assim, os EUA são os maiores</p><p>exportadores mundiais de alimentos (50% do comércio</p><p>de trigo e mais de 80% do de milho e soja).</p><p>! No avanço da agricultura para o oeste, o espaço</p><p>territorial dos Estados Unidos foi sendo organizado em</p><p>faixas, segundo o tipo de produto cultivado. Essas faixas</p><p>recebem o nome de belts, ou seja, "cinturões":</p><p>Espaço Agrário</p><p>6</p><p>! cotton belt – cinturão do algodão;</p><p>! corn belt – cinturão do milho;</p><p>! dairy belt – cinturão de criação de gado leiteiro e de</p><p>produtos derivados do leite;</p><p>! milk belt – cinturão do leite (pecuária leiteira);</p><p>! wheat belt – cinturão do trigo;</p><p>! ranching belt – cinturão da pecuária extensiva.</p><p>! Na criação desses "cinturões", as condições de solo e de</p><p>clima exerceram bastante influência.</p><p>FIGURA!!!!!</p><p>! Por exemplo, algodão, cana-de-açúcar, arroz e outros</p><p>produtos tropicais ficaram localizados no sul do</p><p>território; o trigo, nas planícies centrais; a criação</p><p>extensiva de gado estabeleceu-se a oeste das planícies</p><p>centrais, onde o clima vai-se tornando cada vez mais</p><p>seco – é onde se localizam as propriedades rurais de</p><p>maior dimensão e onde se formaram os grandes</p><p>ranchos, ou seja, extensas propriedades de criação de</p><p>gado.</p><p>! O peso ou influência da proximidade do mercado</p><p>consumidor fez surgir em todo nordeste , no leste e na</p><p>região dos Grandes Lagos a pecuária leiteira, granjas, a</p><p>agricultura de jardinagem (hortaliças, legumes)e a</p><p>fruticultura. Já no oeste (na Califórnia),</p><p>em vista do</p><p>baixo índice pluviométrico, praticam-se as culturas</p><p>irrigadas.</p><p>! Destaca-se, aí, a região do Grande Vale Central da</p><p>Califórnia. Dois importantes rios – o Sacramento e o São</p><p>Joaquim – fornecem água para irrigação das terras nessa</p><p>região, onde são cultivados frutas, cereais e algodão e se</p><p>pratica a pecuária leiteira para abastecer os centros</p><p>urbanos .</p><p>Espaço Agrário</p><p>7</p><p>! A produção dessa região é elevada: saem daí, por</p><p>exemplo, cerca de 50% das frutas cítricas</p><p>(principalmente a laranja) e dos legumes produzidos nos</p><p>Estados Unidos, isso indica que apesar de certas Regiões</p><p>possuírem o clima desértico existem técnicas eficientes</p><p>de irrigação.</p><p>! Praticamente todo o espaço territorial dos Estados</p><p>Unidos é aproveitado pela agricultura. Até mesmo nas</p><p>Espaço Agrário</p><p>8</p><p>regiões de clima seco (desértico) ou de baixo índice</p><p>pluviométrico ela é praticada utilizando-se um sistema</p><p>de irrigação bastante eficiente.</p><p>! Espalhados por todo o país existem centros de pesquisa</p><p>voltados para a agricultura e a criação de gado. Aí são</p><p>obtidas melhores mudas e sementes, são desenvolvidas</p><p>novas técnicas de produção, estocagem de produtos e</p><p>comercialização, fazendo dos Estados Unidos o principal</p><p>produtor agrícola do mundo.</p><p>! Existem três características marcantes na</p><p>agricultura dos Estados Unidos: a forte</p><p>presença de empresas que atuam em vários</p><p>países do mundo, particularmente na</p><p>América Central (agricultura empresarial</p><p>norte-americana); a existência de áreas</p><p>agrícolas especializadas, os belts (cinturões</p><p>agrícolas), onde ocorre a predominância de</p><p>um determinado produto adaptado às</p><p>condições de clima e solo de mercado; e o</p><p>elevado grau de mecanização em todas as</p><p>etapas do processo, desde o cultivo até o</p><p>beneficiamento do produto.</p>

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