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<p>A transferência, um conceito fundamental na psicanálise, representa a</p><p>reedição de padrões inconscientes de relacionamento vivenciados na</p><p>infância, especialmente com figuras parentais. No contexto terapêutico, esses</p><p>padrões repetitivos se transferem para o analista, revivendo conflitos e afetos</p><p>não resolvidos do passado.</p><p>Definição da Transferência Segundo Freud:</p><p>Para Sigmund Freud, a transferência emerge como um fenômeno crucial na</p><p>análise, representando a reedição de padrões inconscientes de</p><p>relacionamento vivenciados na infância, especialmente com figuras</p><p>parentais. No contexto terapêutico, esses padrões repetitivos se transferem</p><p>para o analista, revivendo conflitos e afetos não resolvidos do passado.</p><p>O objetivo da análise freudiana, nesse sentido, reside na análise da</p><p>transferência. Através da exploração meticulosa desses padrões repetitivos, o</p><p>paciente é auxiliado a desvendar as raízes inconscientes de seus conflitos,</p><p>promovendo a maturidade emocional e a capacidade de estabelecer relações</p><p>mais saudáveis no presente.</p><p>Definição da Transferência Segundo Lacan:</p><p>Jacques Lacan, tomando como base a obra freudiana, propõe uma</p><p>redefinição radical da transferência, reconhecendo-a como um fenômeno</p><p>estruturado pela linguagem e pelo desejo. Para ele, a transferência não se</p><p>limita à reedição de padrões infantis, mas sim à manifestação do desejo</p><p>inconsciente do sujeito, que busca ser reconhecido e nomeado no Outro (o</p><p>analista).</p><p>O foco da análise lacaniana, portanto, reside na destituição do sujeito.</p><p>Através desse processo, o sujeito é levado a questionar suas identificações</p><p>imaginárias, confrontando-se com a falta de um Outro Absoluto e a</p><p>incompletude inerente à linguagem. Ao destituir-se de posições fixas e</p><p>ilusórias, o sujeito busca alcançar a simbolização, assumindo a</p><p>responsabilidade por seus desejos e ações, construindo uma subjetividade</p><p>mais autêntica.</p><p>As perspectivas de Freud e Lacan sobre a transferência, embora apresentem</p><p>diferenças em seus fundamentos e objetivos, convergem na importância desse</p><p>fenômeno para o processo terapêutico e na busca por um sujeito mais autônomo e</p><p>autorresponsável. Ao compreendermos as nuances de cada abordagem, podemos</p><p>aprofundar nossa compreensão da dinâmica psíquica e do potencial transformador da</p><p>psicanálise.</p>