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<p>Docente: Flavia Marimpietri</p><p>Discente: Caio da Fé Ramos e Carlos Augusto Andrade Caldas</p><p>Turma: T5A (Terça-Feira, Matutino)</p><p>Obra base: Documentário “criança, a alma do negócio”</p><p>No documentário referido neste fichamento, a cineasta e autora Estela</p><p>Renner faz uma análise dos efeitos práticos causados pela mídia e outros meios</p><p>publicitários de longe alcance sobre um grupo específico da sociedade: as</p><p>crianças. Através de relatos das próprias crianças, seus pais, e especialistas no</p><p>assunto, é observado o nível de influência que esses meios de comunicação</p><p>exercem, e as consequências disso, de forma que são debatidas criticamente</p><p>essas consequências, expondo os possíveis danos que possam ser causados.</p><p>O filme começa mostrando um dado interessante, de que bastam apenas 30</p><p>segundos para uma marca influenciar uma criança, de acordo com associações</p><p>americanas que estudam o assunto. Assim, logo no primeiro minuto, os</p><p>telespectadores são impactados, visto que uma informação de extrema relevância</p><p>é posta: crianças são, assim como adultos, potenciais consumidores, mas com a</p><p>característica peculiar de ser o grupo mais volátil de todos, logo o melhor público</p><p>alvo possível para uma propaganda.</p><p>Importante notar que essa publicidade não se limitar a atingir as crianças</p><p>alvos diretamente. Indiretamente, ela também passa a influenciar outros indivíduos</p><p>desta faixa etária, pois outras crianças, na escola e em outros locais nos quais</p><p>estas interajam socialmente umas com as outras, os produtos adquiridos são</p><p>visualizados, e então passam a ser vistos não apenas na televisão, mas no</p><p>inventário de amigos, que por sua vez gera desejo de aquisição.</p><p>O doutor em ciências da comunicação da USP, Clovis de Barros Filho,</p><p>explica que a propaganda não vende a sensação de posse do objeto que está</p><p>ofertando, mas ao invés disso, a promessa do sujeito, através daquele produtor,</p><p>estar inserido na sociedade. Os consumidores de um produto X acabam formando</p><p>um grupo, pois se identificam por essa característica em comum, e a partir do</p><p>momento que a criança adquire o produto, ela poderá fazer parte desse novo grupo</p><p>de donos do bem X.</p><p>La Taille, professor titular de psicologia da USP, reforça a ideia de que na</p><p>nossa atual sociedade, o sujeito não busca um bem por necessidade de uso, mas</p><p>por necessidade de inserção. Dessa forma, não basta, por exemplo, qualquer</p><p>sapato, mas apenas o sapato que é mais cotado, ou está na moda, pois este que</p><p>lhe vai inserir no ambiental social que você almeja, enquanto qualquer outro não</p><p>terá tal capacidade.</p><p>Dessa forma, desde a sua infância, o ser humano fica instigado a consumir,</p><p>visto que, como nós somos animais que dependem para sobreviver, tanto</p><p>mentalmente, quanto fisicamente de relações sociais e em comunidade, consumir</p><p>passa a ser uma necessidade para manutenção da vida sadia.</p><p>O filme mostra, por volta do minuto nove, como as crianças, de diferentes</p><p>faixas de idade, já sabem os produtos que mais anseiam, e por muitas vezes,</p><p>preferem praticar o ato de comprar em si do que brincar, pois este primeiro é mais</p><p>satisfatório.</p><p>Como mostra o filme, um dos produtos mais adquiridos pelas crianças a</p><p>partir da classe B é o celular, sendo que na maioria dos casos estas sabem qual o</p><p>modelo mais avançado, enquanto que os pais, por sua vez, não. La Taille diz que,</p><p>ironicamente, apesar do aparelho celular possuir a função primária de conectar as</p><p>pessoas, é um método diferenciador entre as crianças que serve como</p><p>determinador de classe social.</p><p>Os pais relatam que muitas vezes se encontram em condições financeiras</p><p>complicadas, pois fazem um enorme esforço para satisfazer as necessidades</p><p>consumistas de seus filhos, já que, como diz a doutora em educação e mestra em</p><p>psicologia clínica Solange Jobim, ainda que adquira o produto que deseja, a</p><p>criança sempre vai pedir outro, já que simbolicamente ele não necessita realmente</p><p>daquele produto para sua sobrevivência, mas é apenas um meio de preencher um</p><p>anseio momentâneo que logo estará vazio.</p><p>Essa cultura de consumo em massa acaba por gerar uma padronização</p><p>social mundial, através de globalização. Cada vez mais as pessoas, e crianças</p><p>estão incluídas nisso, estão parecidas umas com as outras.</p><p>Os pais confessam que também utilizam desse consumismo de seus filhos</p><p>para seus objetivos egoísticos, pois quando finalmente dão aquele produto pedido,</p><p>garantem para si momentos de “solidão e paz”, e preenchem sua ausência na vida</p><p>dos pequenos.</p><p>No minuto vinte e três a autora mostra, através de depoimentos de pais e</p><p>filhos, como a televisão é presente na vida crianças. É onde estas passam a maior</p><p>parte do seu tempo livre, e onde ficam expostas aos produtos anunciados, que</p><p>inserem a necessidade de adquirir aquele bem, inconscientemente. As crianças,</p><p>inclusive, quando questionadas, não sabem dizer o porquê de usarem</p><p>determinados produtos e desejarem outros inúmeros.</p><p>São introduzidos também para este público, em especial o feminino, padrões</p><p>de beleza. Uma propaganda presente no documentário, por exemplo, fala que para</p><p>uma menina se tornar uma princesa precisa usar uma mochila especifica e assistir</p><p>um DVD que é demonstrado na publicidade. É curioso ver que, os produtos</p><p>vendidos</p><p>É curioso ver que, os produtos vendidos para as crianças mudam de</p><p>geração para geração. Por exemplo, a boneca no passado passava uma ideia de</p><p>maternidade, onde a menina era mãe da boneca. Hoje em dia, a boneca</p><p>representa na maioria das vezes uma projeção de como aquela criança deseja ser,</p><p>como ocorre por exemplo nas bonecas da marca “Barbie”.</p><p>Como diz Le Taille, as crianças possuem uma vida imaginaria de adultos</p><p>desde os 8 ou 9 anos de idade, do ponto de vista da sexualidade, porém, com uma</p><p>mentalidade imatura, o que acaba por gerar o comportamento consumista de um</p><p>adulto, mas sem os filtros e freios que um adulto possui devido a sua maturidade.</p><p>Experiências passam a ser cada vez mais precoces. A cineasta, talvez para</p><p>chocar, vai para um extremo e mostra a jovem Carla, de 13 anos. Carla está na</p><p>segunda gravidez, visto que perdeu o primeiro filho, e está atualmente casada com</p><p>o pai da segunda criança. Em entrevista, Carla relata que adora novelas, mas ao</p><p>mesmo tempo, por ainda ser uma criança, assiste regularmente desenhos como</p><p>Pica-pau. Obviamente outros fatores mais importantes além da influência de</p><p>propagandas contribuíram para este comportamento precoce, entretanto essa</p><p>publicidade possui sua parcela de atuação, ainda que ínfima, para a concretização</p><p>de situações como essas.</p><p>O filme mostra também que, a propaganda muitas vezes é preconceituosa,</p><p>visto que, por exemplo, coloca a mulher regularmente na posição de mero objeto</p><p>de satisfação sexual do homem. Essas propagandas machistas, em regra, não</p><p>possuem a criança como público-alvo, no entanto este grupo passa muito tempo</p><p>em frente à TV e inevitavelmente assiste a esse conteúdo. Logo, um conteúdo</p><p>racista e subliminar é derramado sobre a criança, que é ingênua e facilmente</p><p>influenciada. Carla revela inclusive que adoraria estar no lugar de mulheres que</p><p>servem cerveja em propagandas, pois esta mulher fictícia da campanha publicitária</p><p>é desejada graças as suas atribuições físicas.</p><p>Mais um dado exposto é o referente ao aumento do número de jovens que</p><p>têm a primeira relação sexual antes dos 15 anos, que passou de 11% para 32%, de</p><p>acordo com fontes do Jornal O Globo. Esse aumento tem uma serie de</p><p>fundamentos possíveis, e entre eles, está a cultura de consumo inserida na vida do</p><p>jovem e adolescente com mais intensidade de tempos para cá.</p><p>O documentário também demonstra sua preocupação em relação a produtos</p><p>alimentícios, que também tem seu lugar nesses meios publicitários. O maior</p><p>problema em relação a publicidade de alimentos dirigidas a crianças é que, em</p><p>80% destas, o alimento ofertado é calórico, com alto teor de açúcar e gorduras, e</p><p>pobre em nutrientes</p><p>(ANVISA, 2006). As próprias crianças, em entrevista, revelam</p><p>sua preferência em consumir alimentos de grandes redes de fast-food nada</p><p>saudáveis como McDonalds, ou salgadinhos como os da marca Doritos. Entretanto,</p><p>quando postas em frente a alimentos como batata-doce, que teoricamente são</p><p>ricos do ponto de vista nutricional, elas sequer sabem nomeá-los.</p><p>A foto na frente do alimento de algum desenho ou referência infantil</p><p>relevante, seja ele qual for, é uma estratégia utilizada para convencer as crianças</p><p>de consumir o produto. Ao mesmo tempo que há todo esse bombardeio de</p><p>alimentos voltados para o público infanto-juvenil, dados da ANVIDA de 2006</p><p>revelam que 30% da população infantil brasileira está com sobrepeso, e 15% está</p><p>obesa.</p><p>Paralelamente ao Brasil, no entanto, vários países considerados mais</p><p>desenvolvidos adotaram medidas de regulação quanto as propagadas de produtos</p><p>considerados tóxicos a saúde. Na Inglaterra, é proibida a publicidade de alimentos</p><p>com alto teor gordura, açúcar e sal dentro e durante a programação da TV para</p><p>público menor de 12 anos; nos EUA, é estabelecido um limite de tempo para</p><p>exibição de propagandas para o grupo infantil; na Alemanha, os programas infantis</p><p>não podem ser interrompidos pela publicidade; no Canada, é proibida a publicidade</p><p>de produtos destinados à crianças em programas infantis; na Áustria, é vedada</p><p>qualquer publicidade em ambiente escolar; assim, outros inúmeros países regulam</p><p>a exibição de publicidade infantil.</p><p>De acordo com João Lopes Guimarães, promotor de justiça na vara do</p><p>consumidor (MPSP), a publicidade infantil se aproveita da falta de julgamento e</p><p>inocência da criança, e em princípio é possível arguir que qualquer publicidade</p><p>dirigida ao público infantil se aproveita de tais características. A criança é</p><p>considerada incapaz perante nossa legislação, então em regra ela não vai comprar</p><p>nada, porém não por isso a justiça deve se manter inerte.</p><p>Para a diretora, o Brasil deve seguir o exemplo de outros países, e que seja</p><p>imposta uma co-regulação, na qual Estado e mercado se comuniquem, regulando</p><p>essa associação difícil entre audiovisual (liberdade de expressão comercial) e</p><p>proteção à criança (elo mais fraco na relação de consumo).</p><p>O Brasil possui o CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação</p><p>Publicitária), um Conselho fiscalizador, organização da sociedade civil, sediado em</p><p>São Paulo. Foi criado e mantido por representantes do setor publicitário, e norteia</p><p>as éticas nas comunicações, inclusive nas propagandas infantis. Entretanto,</p><p>Guimarães faz uma crítica, muitas vezes quando o CONAR determinada que uma</p><p>determinada peça publicitaria saia do ar, a campanha já terminou, o dano foi</p><p>causado, e permanece a impunidade.</p><p>Ainda, o promotor fala que o CONAR, para efeitos práticos, promove uma</p><p>espécie de tribunal de exceção, com privilégios, para tratar de seus casos. Para</p><p>ele, falta consciência coletiva por parte da sociedade, dos formadores de opinião, e</p><p>ao mesmo tempo há o obstáculo da resistência dos setores econômicos que se</p><p>sentem atingidos por este tipo de iniciativa, e por isso trabalham firmemente para</p><p>impedir que propostas com o objetivo de disciplinar ou proibir a publicidade dirigida</p><p>as crianças sejam concretizadas.</p><p>Juridicamente falando, o discurso da publicidade é comercial, e por isso não</p><p>pode gozar da mesma proteção do que, por exemplo, um discurso político ou</p><p>religioso.</p><p>A criança não pode ser plenamente comparada com um adulto em todos os</p><p>aspectos, inclusive no que toca a questão de propagandas. Assim, o empresário ou</p><p>publicitário que se vale da inexperiência da criança para esta se tornar um</p><p>promotor de seus produtos no ambiente doméstico e social fere princípios claros do</p><p>direito como o da dignidade humana, e também ultrapassa limites éticos-morais</p><p>estabelecidos pela nossa sociedade. Na visão da diretora, a criança não pode ser</p><p>manipulada para atingir nenhum efeito. Infelizmente, tal fato é difícil de se</p><p>concretizar, visto que o mercado infantil no Brasil movimente 130 bilhões de reais</p><p>por ano (dado fornecido pela revista EXAME em 2004).</p><p>A luta é que, a busca exclusiva do lucro visada por publicitários e</p><p>empresários seja substituída por uma busca do lucro responsável, respeitando</p><p>limites éticos anexos, inserindo pautas como por exemplo o consumo responsável</p><p>perante a preservação do meio ambiente, principalmente em um país como Brasil,</p><p>que está repleto de riquezas naturais.</p><p>A mídia está cada vez mais orientando o comportamento em grupos infantis,</p><p>e por isso é essencial que a sociedade e os órgãos públicos busquem formas de</p><p>neutralizar tal pratica que chega a ser até mesmo predatória, de forma a preservar</p><p>um futuro que de mais importâncias as relações humanas, do que aos meros bens</p><p>patrimoniais.</p>

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